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GRADUAÇÃO 2015.2 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: TEORIA E PRÁTICA AUTORA: FLÁVIA BAHIA MARTINS

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GRADUAÇÃO 2015.2

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE:

TEORIA E PRÁTICAAUTORA: FLÁVIA BAHIA MARTINS

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SumárioControle de Constitucionalidade: teoria e prática

INFORMATIVOS — 2013 ....................................................................................................................................... 3

INFORMATIVOS — 2014 ..................................................................................................................................... 24

INFORMATIVOS — 2015 ..................................................................................................................................... 34

QUESTÕES DISCURSIVAS ..................................................................................................................................... 46

QUESTÕES OBJETIVAS ........................................................................................................................................ 54

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FGV DIREITO RIO 3

INFORMATIVOS — 2013

TELECOMUNICAÇÕES E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA — 1

Por vislumbrar aparente usurpação da competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (CF: “Art. 21: Compete à União:... XI — explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a or-ganização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais”), o Plenário deferiu pedido de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, proposta pela Associação das Operadoras de Celu-lares — Acel, a fim de suspender a eficácia da Lei 4.084/2011, do Estado de Mato Grosso do Sul. A norma impugnada versa sobre a validade de créditos alusivos à telefonia móvel. O Min. Gilmar Mendes aventou a possibilidade de converter-se a liminar em exame de mérito, principalmente, nas hipó-teses a envolver competência legislativa e matérias já pacificadas na Corte. Destacou-se que, na espécie, isso não seria possível, porquanto ausentes, nos autos, as manifestações do Procurador-Geral da República e do Advogado--Geral da União.

ADI 4715 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 7.2.2013. (ADI-4715)(Informativo 694, Plenário)

TELECOMUNICAÇÕES E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA — 2

Com base no fundamento acima expendido, o Plenário deferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada pela Associação Brasileira de Concessionárias de Serviço Telefônico Fixo Comutado — Abra-fix, para suspender a eficácia da Lei 14.150/2012, do Estado do Rio Grande do Sul. A norma questionada veda a cobrança de assinatura básica pelas con-cessionárias de telefonias fixa e móvel naquela unidade federativa. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, salientou que o processo não estaria aparelha-do para que houvesse pronunciamento sobre o mérito da ação.

ADI 4907 MC/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 7.2.2013. (ADI-4907)(Informativo 694, Plenário)

TELECOMUNICAÇÕES E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA — 3

Na mesma linha acima referida, o Plenário deferiu pedido de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada pela Associação

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FGV DIREITO RIO 4

Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas — Telecomp, para suspender a eficácia da vigência dos artigos 1º a 4º da Lei 2.659/2011, do Estado de Rondônia. O ato normativo obriga empresa con-cessionária de serviços de telefonia celular a fornecer, mediante solicitação, informações sobre a localização de aparelhos de clientes à polícia judiciária estadual, ressalvado o sigilo do conteúdo das ligações telefônicas. O Min. Teori Zavascki acompanhou a conclusão, porém, por fundamento diverso. Entreviu não se tratar de lei a disciplinar telecomunicações, mas sim produ-ção de prova em inquérito policial. Ressaltou que, como a causa de pedir em ação direta seria aberta, nada impediria a concessão da cautelar por ofensa ao art. 22, I, da CF, que trataria de matéria penal e processual penal.

ADI 4739 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 7.2.2013. (ADI-4739)(Informativo 694, Plenário)

ESTADO-MEMBRO: CRIAÇÃO DE REGIÃO METROPOLITANA — 13

Em conclusão, o Plenário, por maioria, ao acolher proposta do Min. Gil-mar Mendes, modulou os efeitos de decisão em ação direta, ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista — PDT, na qual declarada a inconstitucio-nalidade: a) da expressão “a ser submetida à Assembleia Legislativa”, cons-tante do inciso I do art. 5º; b) do § 2º do art. 4º; c) do parágrafo único do art. 5º; d) dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; e) do art. 7º; f ) do art. 10; e g) do § 2º do art. 11, todos da LC 87/97, do Estado do Rio de Janeiro. De igual modo, reconhecida a inconstitucionalidade dos artigos 11 a 21 da Lei 2.869/97, do mencionado estado-membro. Ademais, assentado o prejuízo do pedido quanto ao: a) Decreto 24.631/98, do Estado do Rio de Janeiro; b) art. 1º, caput e § 1º; c) art. 2º, caput; d) art. 4º, caput e incisos I a VII; e e) art. 11, caput e incisos I a VI, todos da LC 87/97 — v. Informativos 343, 418, 500 e 696. Estabeleceu-se que a declaração teria eficácia apenas 24 meses após a conclusão do julgamento. O Min. Luiz Fux assinalou que a súbita transferência da gestão dos serviços públicos prestados no âmbito fluminense, decorrente de imediata necessidade de adequação ao que decidi-do por esta Corte, poderia inviabilizar a continuidade dos serviços públicos prestados, bem como ocasionar incerteza jurídica e problemas substanciais aos usuários. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio, que não implemen-tava a modulação.

ADI 1842/RJ, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, 6.3.2013.

(ADI-1842)(Informativo 697, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 5

SERVIÇOS DE ÁGUA E SANEAMENTO BÁSICO — 4

Por vislumbrar aparente ofensa ao princípio da autonomia dos municí-pios, o Plenário, em conclusão de julgamento, concedeu parcialmente me-dida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, proposta pelo Partido dos Trabalhadores — PT, para suspender a eficácia dos artigos 59, V (“Cabe ao Município...V — organizar e prestar os serviços públicos de interesse lo-cal, assim considerados aqueles cuja execução tenha início e conclusão no seu limite territorial, e que seja realizado, quando for o caso, exclusivamente com seus recursos naturais, incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”), e 228, caput (“Compete ao Estado instituir diretrizes e prestar diretamente ou mediante concessão, os serviços de saneamento básico, sem-pre que os recursos econômicos ou naturais necessários incluam-se entre os seus bens, ou ainda, que necessitem integrar a organização, o planejamento e a execução de interesse comum de mais de um Município”), da Constituição do Estado da Bahia, com a redação dada pela EC 7/99 — v. 40 Informativos 166, 418 e 500. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio, que suspendia apenas o art. 59, V, da norma impugnada.

ADI 2077 MC/BA, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, red. p/ acórdão Min. Joaquim Barbosa, 6.3.2013. (ADI-2077)

(Informativo 697, Plenário)

ADI: SEGURANÇA NO TRÂNSITO E COMPETÊNCIA

O Plenário julgou procedente pleito formulado em ação direta de incons-titucionalidade proposta, pelo Procurador-Geral da República, contra a Lei 10.521/95, do Estado do Rio Grande do Sul, que estabelece a obrigatorieda-de do uso de cinto de segurança nas vias urbanas daquele estado, bem como proíbe aos menores de dez anos viajar nos bancos dianteiros de veículos que menciona. Asseverou-se haver inconstitucionalidade formal por ofensa ao art. 22, XI, da CF, que dispõe sobre a competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte.

ADI 2960/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. (ADI-2960)(Informativo 701, Plenário)

ADI: PARCELAMENTO DE MULTAS E COMPETÊNCIA

O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação di-reta ajuizada, pelo Procurador-Geral da República, contra a Lei 8.027/2003, que autorizou o parcelamento de multa vencida, resultante de infração de

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trânsito, e sua norma regulamentadora, Decreto 3.404/2004, ambos do Es-tado de Mato Grosso. Neste, autorizou-se que a penalidade de multa vencida, resultante de infração, pudesse ser dividida. Rejeitou-se preliminar de não conhecimento do Decreto 3.404/2004, porquanto se trataria de norma regu-lamentadora da lei questionada. No mérito, ante a usurpação de competên-cia legislativa privativa da União, declarou-se a inconstitucionalidade da Lei 8.027/2003 e, por arrastamento, do referido decreto. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Barbosa, Presidente, que julgavam improcedente o pleito ao fundamento de que as normas seriam um esforço do Poder Público em arrecadar o valor das multas. Observavam que os diplomas não tratariam de trânsito, mas de receita.

ADI 3708/MT, rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. (ADI-3708)(Informativo 701, Plenário)

ADI: CANCELAMENTO DE MULTAS E COMPETÊNCIA

O Plenário, por maioria, julgou procedente pleito formulado em ação di-reta proposta, pelo Procurador-Geral da República, contra a Lei fluminense 3.279/99, que dispõe sobre o cancelamento de multas de trânsito. Concluiu-se pela afronta à regra de competência privativa da União para legislar sobre a matéria (CF, art. 22, XI). Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Joaquim Bar-bosa, Presidente, que julgavam o pedido improcedente. Aquele destacava não se tratar de parcelamento, mas, cancelamento direcionado a certos veículos.

ADI 2137/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 11.4.2013. (ADI-2137)(Informativo 701, Plenário)

ADI AJUIZADA POR GOVERNADOR E LEGITIMIDADE

A O Plenário, por maioria, negou provimento a agravo regimental inter-posto de decisão proferida pelo Min. Dias Toffoli, relator, em sede de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Governador do Estado de Ala-goas. Nesta decisão, o Relator não conhecera de anterior agravo interno, haja vista que a peça não teria sido subscrita pelo procurador-geral, mas por um dos procuradores do estado-membro. Anotou-se que, nessa hipótese, fale-ceria legitimidade recursal ao ente federado. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que reconheciam a legitimidade. O Min. Marco Aurélio registrava que a referida peça teria como escopo defender interesse do autor. Considerava que a qualidade do procurador, se geral ou não, estaria restrita ao âmbito administrativo da procuradoria-geral do estado. O Min. Luiz Fux acrescia ser evidente que a pessoa interessada no agravo e conhecedora de seu

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FGV DIREITO RIO 7

conteúdo seria o governador, de modo que não seria necessário exigir a for-malidade da subscrição do recurso pelo procurador-geral do estado.

ADI 1663 AgR/AL, rel. Min. Dias Toffoli, 24.4.2013. (ADI-1663)(Informativo 703, Plenário)

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS EM RECIPIENTES REUTILIZÁVEIS E COMPETÊNCIA

O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuiza-da contra a Lei 3.874/2002, do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre a comercialização de produtos por meio de vasilhames, recipientes ou em-balagens reutilizáveis. Afastou-se alegação de inconstitucionalidade formal da norma, por suposto vício de competência legislativa, pois esta seria con-corrente dos estados-membros, do Distrito Federal e da União, no tocante à defesa do consumidor. Frisou-se que o diploma não disciplinaria matéria de direito de marcas e patentes ou relacionada à propriedade intelectual. Lem-brou-se que a Corte apreciara lei de redação idêntica em outra oportunidade (ADI 2359/ES, DJe de 7.12.2006) e também julgara improcedente aquele pleito, haja vista o disposto no art. 24, V e VIII, da CF.

ADI 2818/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 9.5.2013. (ADI-2818)(Informativo 705, Plenário)

DESTINAÇÃO DE ARMAS DE FOGO APREENDIDAS E COMPETÊNCIA

O estado-membro não tem competência para legislar sobre uso de armas de fogo apreendidas. Com base nessa orientação, o Plenário julgou proceden-te pedido formulado em ação direta, para declarar a inconstitucionalidade da Lei 11.060/2002, do Estado de São Paulo. A norma impugnada dispõe sobre o uso, pelas polícias civil e militar da referida entidade federativa, das armas de fogo apreendidas. De início, ressaltou-se que a existência de regulamen-tação federal sobre a matéria (Estatuto do Desarmamento) não impediria a análise em abstrato do diploma atacado com base exclusivamente no texto constitucional. Aduziu-se, na sequência, que a lei paulista possuiria peculiari-dade, porquanto teria previsto que a transferência das armas de fogo ocorreria nos termos da legislação federal em vigor.

Destacou-se que, ao assim proceder, a norma em tela incorporaria ao or-denamento jurídico estadual regras de competência privativa da União, a quem caberia legislar sobre comércio de material bélico e direito processu-al penal. Asseverou-se que o estado-membro não possuiria qualquer relação com o tema, de maneira que não lhe seria permitido utilizar-se da técnica

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FGV DIREITO RIO 8

de remissão à lei federal, distinto do que aconteceria se envolvida matéria de competência comum. O Min. Marco Aurélio consignou a impropriedade da manifestação do Advogado-Geral da União na defesa do ato questiona-do. Precedentes citados: AI 189433 AgR/RJ (DJU de 21.11.97); ADI 2035 MC/RJ (DJU de 4.8.2000); ADI 3258/RO

(DJe de 9.9.2005); RE 372462 AgR/DF (DJe de 15.10.2010).ADI 3193/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 9.5.2013. (ADI-3193)(Informativo 705, Plenário)

ADI E VEDAÇÃO AO NEPOTISMO

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para de-clarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 1º da Lei 13.145/97, do Estado de Goiás. Entendeu-se que o dispositivo questionado, ao permitir a nomeação, admissão ou permanência de até dois parentes das autoridades mencionadas no caput do preceito, além do cônjuge do Chefe do Poder Exe-cutivo, criaria hipóteses que excepcionariam a vedação ao nepotismo.

ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 15.5.2013. (ADI-3745)(Informativo 706, Plenário)

ADI E COMPETÊNCIA PARA PARCELAR MULTA DE TRÂNSITO

O Plenário, por maioria, julgou procedente pleito formulado em ação direta contra o art. 29 da Lei 6.555/2004, do Estado de Alagoas, na parte em que autoriza o parcelamento de débitos oriundos de multas de trânsito, inclusive os inscritos em dívidas ativas. Reputou-se que, na esteira da juris-prudência da Corte, a norma questionada estaria em conflito com o art. 22, XI, da CF, segundo o qual competiria privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio, que julgava procedente o pedido em menor extensão. Admitia o parcelamento por en-tender tratar-se de receita do estado-membro. Sublinhava, no entanto, que o legislador alagoano teria adentrado no campo do direito processual, ao pre-ver, no § 4º do art. 29 da norma impugnada, que “o pleito de parcelamento do débito implica, em si, a desistência, a renúncia a processo, a pretensão já submetida ao Judiciário”. Assentava, assim, a inconstitucionalidade do alu-dido preceito.

ADI 4734/AL, rel. Min. Rosa Weber, 16.5.2013. (ADI-4734)(Informativo 706, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 9

ADAPTAÇÃO DE VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETIVO E ACESSIBILIDADE

O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta de in-constitucionalidade proposta contra a Lei 10.820/92, do Estado de Minas Gerais, que dispõe sobre a obrigatoriedade de empresas concessionárias de transporte coletivo intermunicipal promoverem adaptações em seus veículos, a fim de facilitar o acesso e a permanência de pessoas com deficiência física ou com dificuldade de locomoção.

Salientou-se que a Constituição dera destaque à necessidade de proteção às pessoas com deficiência, ao instituir políticas e diretrizes de acessibilida-de física (CF, artigos 227, § 2º; e 244), bem como de inserção nas diversas áreas sociais e econômicas da comunidade. Enfatizou-se a incorporação, ao ordenamento constitucional, da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência — primeiro tratado internacional aprovado pelo rito legislativo previsto no art. 5º, § 3º, da CF —, internalizado por meio do Decreto 6.949/2009. Aduziu-se que prevaleceria, no caso, a densidade do direito à acessibilidade física das pessoas com deficiência (CF, art. 24, XIV), não obstante pronunciamentos da Corte no sentido da competência privativa da União (CF, art. 22, XI) para legislar sobre trânsito e transporte. Consignou-se que a situação deveria ser enquadrada no rol de competên-cias legislativas concorrentes dos entes federados. Observou-se que, à épo-ca da edição da norma questionada, não haveria lei geral nacional sobre o tema. Desse modo, possível aos estados-membros exercerem a competência legislativa plena, suprindo o espaço normativo com suas legislações locais (CF, art. 24, § 3º). Ressaltou-se que a preocupação manifestada, quando do julgamento da medida cautelar, sobre a ausência de legislação federal pro-tetiva encontrar-se-ia superada, haja vista a edição da Lei 10.098/2000, a estabelecer normas gerais e critérios básicos de promoção da acessibilidade de pessoas com deficiência. Registrou-se que, diante da superveniência dessa lei nacional, a norma mineira, embora constitucional, perderia força normativa, na atualidade, naquilo que contrastasse com a legislação geral de regência do tema (CF, art. 24, § 4º).

ADI 903/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 22.5.2013. (ADI-903)(Informativo 707, Plenário)

ADI: USO DE VEÍCULOS APREENDIDOS E COMPETÊNCIA

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta, para de-clarar a inconstitucionalidade da Lei 8.493/2004, do Estado do Rio Grande do Norte. A norma questionada determina o uso de carros particulares apre-endidos e que se encontram nos pátios das delegacias e no Departamento

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FGV DIREITO RIO 10

Estadual de Trânsito — Detran, notificados há mais de noventa dias, em serviços de inteligência e operações especiais, a critério da Secretaria de De-fesa Social. Aduziu-se que o estado— membro não poderia criar hipóteses semelhantes à requisição administrativa para incidência no período em que a destinação do veículo aguardaria definição. Observou-se que a legalidade da medida dependeria do exame no curso do processo legislativo da União. O Min. Luiz Fux enfatizou que a Constituição estabeleceria a competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI). Em acréscimo, assinalou a edição do Código de Trânsito Brasileiro — CTB, em que fixadas as consequências específicas para a apreensão de veículos par-ticulares (CTB, art. 328). Assim, ao versar sobre sanções administrativas da infração, preveria expressa e pontualmente o destino dos veículos após o de-curso do lapso de noventa dias. Reputou que a lei estadual, ao desconsiderar por completo a legislação federal, trataria do tema de forma inteiramente distinta, a tornar imperativo o emprego dos veículos mencionados em ativi-dades da própria Administração Pública. A par disso, sublinhou ser evidente existir antinomia jurídica instaurada na espécie. De igual modo, se a apreen-são estivesse fundada em ordem judicial, também configuraria inconstitucio-nalidade por usurpação da competência da União para legislar sobre direito processual. Consignou que a forma de alienação ou de emprego de bens tomados judicialmente seria questão a integrar o cerne de matéria processual, a orientar a própria atividade jurisdicional. A Min. Cármen Lúcia entendeu que a norma impugnada, inclusive, seria lacônica.

ADI 3639/RN, rel. Min. Joaquim Barbosa, 23.5.2013. (ADI-3639)(Informativo 707, Plenário)

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS EM RECIPIENTES REUTILIZÁVEIS — 3

Em conclusão, o Plenário julgou prejudicado, por perda superveniente de objeto, pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade propos-ta contra a Lei 15.227/2006, do Estado do Paraná, que dispõe sobre o uso de garrafões de água reutilizáveis por empresas concorrentes, independen-temente da marca gravada pela titular do vasilhame — v. Informativo 708. Registrou-se a revogação da norma em comento.

ADI 3885/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 6.6.2013. (ADI 3885)(Informativo 709, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 11

ADI E ATO DE EFEITO CONCRETO

O Plenário não conheceu de pedido formulado em ação direta de in-constitucionalidade ajuizada contra a modificação do Decreto 6.161/2007 pelo Decreto 6.267/2007. O diploma questionado dispõe sobre a inclusão e exclusão, no Programa Nacional de Desestatização — PND, de empreendi-mentos de transmissão de energia elétrica integrantes da Rede Básica do Sis-tema Elétrico Interligado Nacional — SIN, e determina à Agência Nacional de Energia Elétrica — Aneel a promoção e o acompanhamento dos processos de licitação das respectivas concessões. Asseverou-se inexistir fundamentação do pleito de declaração de inconstitucionalidade. Não haveria impugnação específica sobre os pontos em que a legislação adversada contrariaria a Cons-tituição. Demais disso, assentou-se que se trataria de ato de efeito concreto e que o diploma regulamentaria lei.

ADI 4040/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 19.6.2013. (ADI-4040)

ADI E CRIAÇÃO DE MUNICÍPIO

O Plenário concedeu medida cautelar em ação direta de inconstituciona-lidade, para suspender a eficácia da Lei 2.264/2010, do Estado de Rondô-nia, por vislumbrar aparente ofensa ao art. 18, § 4º, da CF, que estabelece a previsão da forma mediante a qual poderá haver a criação de novos municí-pios no Brasil. A norma impugnada criara a municipalidade de Extrema de Rondônia, a partir de desmembramento de área territorial de Porto Velho, fixara os seus limites, bem como informara os distritos que integrariam a municipalidade criada. Ponderou-se que, até a presente data, não fora editada a lei complementar a que aludiria o art. 18, § 4º, da CF (“§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu-nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei”). Destacou-se a pacífica jurispru-dência da Corte quanto ao procedimento constitucionalmente previsto para a criação de municípios, que não fora observado na espécie.

ADI 4992 MC/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.6.2013. (ADI-4992)

VOTO IMPRESSO E ART. 14 DA CF — 1

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para decla-rar a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 12.034/2009, que dispõe sobre o

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FGV DIREITO RIO 12

voto impresso [“Art. 5º Fica criado, a partir das eleições de 2014, inclusive, o voto impresso conferido pelo eleitor, garantido o total sigilo do voto e observa-das as seguintes regras: § 1º A máquina de votar exibirá para o eleitor, primei-ramente, as telas referentes às eleições proporcionais; em seguida, as referentes às eleições majoritárias; finalmente, o voto completo para conferência visual do eleitor e confirmação final do voto. § 2º Após a confirmação final do voto pelo eleitor, a urna eletrônica imprimirá um número único de identificação do voto associado à sua própria assinatura digital. § 3º O voto deverá ser depositado de forma automática, sem contato manual do eleitor, em local previamente lacrado. § 4º Após o fim da votação, a Justiça Eleitoral realizará, em audiência pública, auditoria independente do software mediante o sorteio de 2% (dois por cento) das urnas eletrônicas de cada Zona Eleitoral, respeitado o limite mí-nimo de 3 (três) máquinas por município, que deverão ter seus votos em papel contados e comparados com os resultados apresentados pelo respectivo boletim de urna. § 5º É permitido o uso de identificação do eleitor por sua biometria ou pela digitação do seu nome ou número de eleitor, desde que a máquina de identificar não tenha nenhuma conexão com a urna eletrônica”].

ADI 4543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. (ADI-4543)(Informativo 727, Plenário)

VOTO IMPRESSO E ART. 14 DA CF — 2

Asseverou-se que, nos termos do caput da norma questionada, seria per-mitido ao eleitor conferir seu voto, pois associado o conteúdo desse ato de cidadania com a assinatura digital da urna. Entretanto, anotou-se que a in-violabilidade e o segredo do voto suporiam a impossibilidade de se ter, no exercício do voto ou no próprio voto, qualquer forma de identificação pes-soal. Registrou-se, ademais, que o sigilo da votação também estaria compro-metido caso ocorresse falha na impressão ou travamento de papel na urna eletrônica, visto que necessária intervenção humana para resolver o proble-ma, o que exporia os votos registrados até então. Além disso, em eventual pedido de recontagem, seria novamente possível a identificação dos eleitores. Salientou-se que a introdução de impressoras potencializaria falhas e impe-diria o transcurso regular dos trabalhos nas diversas seções eleitorais. O mó-dulo impressor, além de apresentar problemas de conexão, seria vulnerável a fraudes. Ademais, haveria a possibilidade de cópia, adulteração e troca de votos decorrente da votação impressa. Seria também maior a vulnerabilidade do sistema, porque o voto impresso não atingiria o objetivo de possibilitar a recontagem e a auditoria.

ADI 4543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. (ADI-4543)(Informativo 727, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 13

VOTO IMPRESSO E ART. 14 DA CF — 3

Lembrou-se que o voto impresso teria sido anteriormente previsto, por força da Lei 10.408/2002, mas não teria sido levado a efeito em razão das dificuldades jurídicas e materiais constatadas. Por esse motivo, promulgara-se a Lei 10.740/2003, que abandonara aquele modelo, segundo o qual o voto digital era impresso e depositado em urna lacrada. Rememorou-se, ademais, que a partir da implementação paulatina do voto eletrônico, desde 1996, abandonara-se a impressão de votos, para incrementar o segredo desse ato, conforme assegurado na Constituição. A respeito, discorreu-se que o segre-do do voto seria conquista destinada a garantir a inviolabilidade do querer democrático do eleitor e a intangibilidade do seu direito por qualquer for-ma de pressão. Registrou-se que a história do País conteria diversos vícios nos processos eleitorais, que teriam sido consideravelmente atenuados com o sistema de votação eletrônica. Retroagir nesse ponto configuraria afronta à Constituição, e a impressão do voto feriria o direito ao segredo. Consignou--se que o cidadão não poderia ser compelido a prestar contas sobre seu voto, porquanto a urna seria espaço de liberdade cidadã, onde ele poderia realizar sua escolha livre e inquestionável, não podendo ser tolhido pelo exigir do outro, sob pena de viciar todo o sistema.

ADI 4543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. (ADI-4543)(Informativo 727, Plenário)

VOTO IMPRESSO E ART. 14 DA CF — 4

Frisou-se que, se o ato de votar seria próprio, não haveria necessidade de prová-lo ou de prestar contas. Corroborou-se que o sistema seria dotado de segurança incontestável, como reiteradamente demonstrado. Acentuou--se que eventual vulneração do segredo do voto comprometeria não apenas o art. 14 da CF (“A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:...”), mas também o art. 60, § 4º, II (“§ 4º — Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:... II — o voto di-reto, secreto, universal e periódico”), que é núcleo imodificável do sistema. Acresceu-se que o § 2º do dispositivo questionado retiraria o segredo do voto, pois o número de identificação associado à assinatura digital poderia favorecer a coação de eleitores pela possibilidade de vincular o voto a com-promissos espúrios. O eleitor seria identificado e poderia ser compelido a comprovar sua ação na cabine de votação. Explicou-se que o sistema atual permitiria que o resultado fosse transmitido às centrais sem a identificação do eleitor e com alteração sequencial dos eleitores a cada sessão, a reforçar o

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FGV DIREITO RIO 14

segredo. Sublinhou-se, ademais, que a impressão do voto criaria discrímen em relação às pessoas com deficiência visual e aos analfabetos, que não teriam como identificar seus votos, razão pela qual pediriam ajuda de terceiros, em violação ao direito de sigilo constitucionalmente assegurado. Destacou-se o princípio “um eleitor, um voto”, conquista recente que seria reforçada no sistema eletrônico, pois somente seria aberta a urna após a identificação do eleitor, que não seria substituído e não votaria mais de uma vez. Entretanto, vedada a conexão entre o instrumento de identificação e a respectiva urna, nos termos da lei questionada, possibilitar-se-ia a permanência da abertura da urna, e o eleitor poderia votar mais de uma vez, a contrariar a garantia da unidade eleitor e voto. Esse princípio sustentaria a democracia representativa, haja vista que asseguraria a correlação entre o conteúdo das urnas e a vontade do eleitorado.

ADI 4543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. (ADI-4543)(Informativo 727, Plenário)

VOTO IMPRESSO E ART. 14 DA CF — 5

Pontuou-se que a justiça eleitoral estaria em constante aperfeiçoamento de rigoroso sistema de segurança, paralelamente ao sistema de informatização, o que garantiria total inviolabilidade e transparência da votação eletrônica. Destacou-se, ainda, a Lei 10.740/2003, que instituíra o Registro Digital de Voto — RDV, a permitir o armazenamento dos votos em formato digital e a resguardar o sigilo.

Com o RDV seria possível recontar os votos de forma automatizada, sem comprometer o segredo dos votos ou a credibilidade do sistema de vota-ção. Além disso, os interessados poderiam auditar o sistema antes, durante e depois das eleições. Mencionou-se, também, outro sistema de segurança, a denominada “votação paralela”, uma simulação realizada um dia antes das eleições, monitorada por empresa de auditoria externa e acompanhada pela imprensa, pelo Ministério Público, pela OAB e por fiscais dos partidos. O Ministro Celso de Mello sublinhou o art. 312 do Código Eleitoral, a tipifi-car o crime de violar ou tentar violar o sigilo do voto, o que demonstraria a gravidade dessa prática. Além disso, destacou que esse diploma estabeleceria, em seu art. 220, a sanção da nulidade de votação, quando preterida a forma-lidade essencial do sigilo dos sufrágios.

ADI 4543/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 6.11.2013. (ADI-4543) (Infor-mativo 727, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 15

DEFENSORIA PÚBLICA: AUTONOMIA FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

O Plenário referendou medida acauteladora concedida pelo Ministro Dias Toffoli, relator, em arguição de descumprimento de preceito fundamental, com o fim de determinar a suspensão do trâmite legislativo do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de estado-membro, alusivo a 2014. No caso, o PLOA fora encaminhado à Assembleia Legislativa sem a consolidação de proposta orçamentária da Defensoria Pública estadual, cuja despesa previs-ta fora reduzida unilateralmente pela chefia do Executivo local. Além disso, a Defensoria Pública fora incluída, no mesmo ato, dentre as secretarias do Executivo.

O Tribunal afirmou que a Defensoria Pública possuiria autonomia or-çamentária, nos termos do art. 134, § 2º, da CF (§ 2º Às Defensorias Pú-blicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º). Asseverou, ainda, que a inclusão do órgão dentre as secretarias do Executivo estadual afrontaria essa autonomia. Destacou que a proposta inicialmente encaminhada pela Defensoria Pública estaria de acordo com a Lei de Dire-trizes Orçamentárias estadual. Acresceu que a medida adequada a ser tomada pelo Executivo, na hipótese, seria pleitear reduções orçamentárias perante o Legislativo, para que a matéria fosse lá debatida. Assim, o PLOA deveria ser encaminhado à Assembleia Legislativa com a proposta orçamentária da Defensoria Pública, como órgão autônomo e nos valores por ela aprovados. O Ministro Teori Zavascki, ao acompanhar o Colegiado, ressalvou seu en-tendimento pessoal quanto à legitimação ativa da Associação Nacional dos Defensores Públicos — Anadep, bem assim quanto à eventual inexistência de preceito fundamental violado.

ADPF 307 Referendo-MC/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 19.12.2013. (ADPF-307)

(Informativo 733, Plenário)

MS: PROJETO DE LEI E CRIAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS — 12

Em conclusão, o Plenário, por maioria, denegou mandado de segurança preventivo em que senador alegava ofensa ao devido processo legislativo na tramitação do Projeto de Lei — PL 4.470/2012 (Câmara dos Deputados), convertido, no Senado, no Projeto de Lei da Câmara — PLC 14/2013, que estabelece novas regras para a distribuição de recursos do fundo partidário e de horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, nas hipóteses de migração partidária — v. Informativos 709 e 710. Preliminarmente, por

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FGV DIREITO RIO 16

votação majoritária, conheceu-se do writ, vencidos os Ministros Marco Au-rélio e Cármen Lúcia. Estes consideravam que o objetivo da impetração seria controle prévio de constitucionalidade de lei, por suposta ofensa a princípios constitucionais, o que seria inadmissível, consoante jurisprudência da Corte. No que se refere a processo legislativo ordinário, acresciam que os projetos de lei apenas seriam impugnáveis, na via eleita, quando e se verificada inob-servância a dispositivos reguladores desse procedimento. Ademais, essa forma de controle também seria admissível na hipótese de emenda constitucional atentatória a cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4º). No ponto, a Min. Cármen Lúcia destacava que, se houvesse projeto de lei a contrariar essas cláusulas, o controle judicial em mandado de segurança também seria cabível, embora não fosse o caso.

MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033)

(Informativo 711, Plenário)

MS: PROJETO DE LEI E CRIAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS — 13

No mérito, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavascki. Considerou que as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discussão sobre a le-gitimidade do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequências transcendentais, com reflexos para além do caso em pauta, pois tocaria o cerne da autonomia dos Poderes. Reputou que o sistema constitu-cional pátrio não autorizaria o controle de constitucionalidade prévio de atos normativos, e que a jurisprudência da Corte estaria consolidada no sentido de, em regra, deverem ser rechaçadas as demandas judiciais com essa finalidade.

Delimitou haver duas exceções a essa regra: a) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva a cláusula pétrea; e b) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitação se verificasse manifesta afronta a cláusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. Adu-ziu que, em ambas as hipóteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente definida na jurisprudência do STF. O vício de inconstitucionali-dade estaria diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa. Nessas circunstâncias, a impetração de segurança seria admissível porque buscaria corrigir vício efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovação da norma.

MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033)

(Informativo 711, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 17

MS: PROJETO DE LEI E CRIAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS — 14

Assinalou que o caso em exame não se enquadraria em qualquer dessas duas excepcionais situações, pois sustentado apenas que o projeto de lei teria conteúdo incompatível com os artigos 1º, V; e 17, caput, ambos da CF. Res-saltou que a mais notória consequência de eventual concessão da ordem seria a universalização do controle preventivo de constitucionalidade, em descom-passo com a Constituição e com a jurisprudência já consolidada. Destacou a existência de modelo exclusivo de controle de normas, exercido pelos órgãos e instituições arrolados no art. 103 da CF, mediante ação própria. Admitir--se-ia, se prevalecente entendimento diverso, controle jurisdicional por ação da constitucionalidade material de projeto de norma, a ser exercido exclusi-vamente por parlamentar. Esse modelo de controle prévio não teria similar no direito comparado e ultrapassaria os limites constitucionais da interven-ção do Judiciário no processo de formação das leis. Asseverou que as discus-sões políticas, nesse âmbito, pertenceriam ao Legislativo e não ao Judiciário. Sublinhou o distanciamento que as Cortes constitucionais deveriam ter dos processos políticos, inclusive pela sua inaptidão para resolver, por via de ação, os conflitos carregados de paixões dessa natureza. Salientou não fazer sentido, ademais, atribuir a parlamentar, a quem a Constituição não habilitaria para provocar o controle abstrato de constitucionalidade normativa, prerrogativa muito mais abrangente e eficiente de provocar esse controle sobre os próprios projetos legislativos. Além disso, subtrair-se-ia dos outros Poderes a prerroga-tiva de exercerem o controle constitucional preventivo de leis.

MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033)

(Informativo 711, Plenário)

MS: PROJETO DE LEI E CRIAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS — 15

O Min. Luiz Fux exemplificou que, caso se considerasse que o PLC 14/2013 deveria ser arquivado, a médio e longo prazo haveria uma série de demandas da mesma espécie perante a Corte. Nesse sentido, o STF atua-ria como uma espécie de terceiro participante das rodadas parlamentares, e exerceria papel típico do Legislativo. O controle repressivo de constituciona-lidade cederia espaço, então, ao controle preventivo. O Min. Marco Aurélio afastou a tese de que o legislador estaria vinculado aos efeitos da decisão proferida na ADI 4430/DF (acórdão pendente de publicação, v. Informativo 672), o que viabilizaria a tramitação do projeto de lei questionado, embora pudesse ter, em tese, conteúdo “desafiador” de interpretação anterior do STF. Assinalou que a celeridade na tramitação do texto não afrontaria o devido

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FGV DIREITO RIO 18

processo legislativo. Apontou que a “superinterpretação” do texto constitu-cional, forma de interpretação ilegítima ou de ativismo judicial distorcido, teria como exemplo as interferências na tramitação de matéria legislativa. Arrematou que os atores do devido processo legislativo não seriam os juízes, mas os representantes do povo.

MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033)

(Informativo 711, Plenário)

MS: PROJETO DE LEI E CRIAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS — 16

Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, relator, Dias Toffoli e Celso de Mello, que concediam parcialmente a segurança, para declarar a inconsti-tucionalidade da deliberação legislativa sobre o PLC 14/2013, se aprovado para reger as eleições que ocorrerão em 2014. O relator assentava a possibi-lidade de mandado de segurança ser impetrado para suspender a tramitação de projeto de lei alegadamente violador de cláusula pétrea. Registrava que o projeto de lei em comento seria ofensivo à isonomia, à igualdade de chances, à proporcionalidade, à segurança jurídica e à liberdade de criação de partidos. Rememorava que pretender-se-ia impor interpretação constitucional diame-tralmente oposta à exarada no julgamento da ADI 4430/DF. O Min. Dias Toffoli sublinhava o caráter casuístico do projeto, porquanto grupos majori-tários no Parlamento pretenderiam atingir a essência da disputa democrática por meio de importantes instrumentos do debate político e eleitoral, que seriam acesso a rádio e televisão gratuitamente, seja pelo programa partidá-rio ou fundo partidário, disciplinados pela Lei 9.096/95, seja pelas normas para eleição contidas na Lei 9.504/97. O Min. Celso de Mello consignava a possibilidade jurídico-constitucional de fiscalização de determinados atos emanados do Executivo ou do Legislativo, quando alegadamente eivados de vício de inconstitucionalidade formal ou material, sem vulnerar a separação de Poderes. Afirmava que, mesmo que em seu próprio domínio institucional, nenhum órgão estatal poderia pretender-se superior ou supor-se fora do al-cance da autoridade da Constituição. Nesse sentido, a separação de Poderes jamais poderia ser invocada como princípio destinado a frustrar a resistência jurídica a qualquer ato de repressão estatal ou a qualquer ensaio de abuso de poder e desrespeito a cláusula pétrea. Frisava jurisprudência da Corte no sentido da possibilidade de controle jurisdicional de atos políticos. Por fim, o Tribunal cassou a decisão liminar anteriormente deferida.

MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033)

(Informativo 711, Plenário)

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FGV DIREITO RIO 19

DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DE VETO PRESIDENCIAL E ORDEM CRONOLÓGICA — 1

Ao salientar a singular gravidade do cenário fático-jurídico da situação em apreço, o Plenário, por maioria, deu provimento a agravo regimental para revogar medida liminar concedida pelo Min. Luiz Fux, em mandado de segu-rança do qual relator. Trata-se de writ impetrado por deputado federal contra ato da Mesa Diretora do Congresso Nacional consubstanciado na aprovação de requerimento de urgência para exame do Veto Parcial 38/2012, aposto pela Presidente da República ao Projeto de Lei 2.565/2011, que dispõe sobre a distribuição entre os entes federados de royalties relativos à exploração de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos. Sustenta-se, em sínte-se, violação ao devido processo legislativo por inobservância ao art. 66, §§ 4º e 6º, da CF (“Art. 66.... § 4º — O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.... § 6º — Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no §4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final”) e a dispositivos do Regimento Comum do Congresso Nacional. A decisão agravada determinara àquele órgão que se abstivesse de deliberar acerca do veto presidencial antes que se procedesse à apreciação, em ordem cronológica de recebimento da respectiva comunica-ção, de todos os vetos pendentes com prazo constitucional de análise expira-do até a data da concessão da medida acauteladora.

MS 31816 AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013. (MS-31816)

(Informativo 696, Plenário)

DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DE VETO PRESIDENCIAL E ORDEM CRONOLÓGICA — 2

De início, assentou-se a legitimatio ad causam do impetrante, bem como a adequação da via eleita. Destacou-se jurisprudência do STF segundo a qual o parlamentar no pleno exercício de mandato eletivo ostentaria legitimidade para impetrar mandado de segurança com a finalidade de prevenir atos no processo de aprovação de leis e emendas constitucionais incompatíveis com o processo legislativo constitucional. O Min. Luiz Fux aduziu inexistir alegação de inconstitucionalidade como causa de pedir, mas sim de pleito que visaria obstar a prática de ato em desacordo com a Constituição. Os Ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello ressaltaram a pertinência do instrumento escolhido e o direito público subjetivo de depu-

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FGV DIREITO RIO 20

tado federal invocar a tutela jurisdicional do Estado quando não atendidos os ditames constitucionais do processo legislativo. O Min. Celso de Mello acresceu que a índole política dos atos e dos procedimentos parlamentares, por si só, não bastaria para subtraí-los à esfera do controle jurisdicional. O Min. Gilmar Mendes, por sua vez, afirmou que o caso não envolveria a de-fesa de direito líquido e certo, porém diria respeito a mandado de segurança com perfil especial, utilizado para resolver típico conflito de atribuições. Em divergência, os Ministros Teori Zavascki e Rosa Weber consignavam o não cabimento do mandado de segurança como meio de controle preventivo de constitucionalidade, formal ou material, de atos normativos, em especial, se o impetrante não estiver incluído no rol de legitimados previsto no art. 103 da CF. O Min. Teori Zavascki frisou não estar em jogo tutela a direito líquido e certo ameaçado ou violado por ato de autoridade (direito subjetivo) e, tampouco, a prerrogativa do cargo de parlamentar, já que o impetrante objetivaria a proteção da higidez do processo legislativo.

MS 31816 AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013. (MS-31816)

(Informativo 696, Plenário)

DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DE VETO PRESIDENCIAL E ORDEM CRONOLÓGICA — 3

No tocante ao exame da liminar, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavas-cki. Obtemperou que os argumentos de ofensa a normas regimentais não mereceriam consideração, notadamente em juízo de delibação. Quanto às cláusulas constitucionais que disciplinariam a votação sobre o veto presiden-cial (CF, art. 66, §§ 4º e 6º), concordou com o Relator que teriam sido descumpridas. Mencionou que a sanção acarretada pelo não atendimento do prazo fixado na Constituição (prazo peremptório) atrairia, de forma au-tomática e sem formalidade ou necessidade de manifestação de vontade, a colocação do veto na ordem do dia, sobrestadas as demais proposições até sua votação final. Registrou, no ponto, que essa imposição alcançaria não apenas a votação de outros vetos, mas sim todas as demais proposições de competência do Congresso Nacional. Aludiu a informações sobre a inércia parlamentar, tendo em vista a existência, nos dias de hoje, de mais de 3000 vetos pendentes de análise, alguns com prazo vencido há cerca de 13 anos. Assinalou que esse quadro mostrar-se-ia mais grave quando levado em conta que a estrita observância dos preceitos constitucionais do processo legislativo configuraria pressuposto de validade dos correspondentes atos normativos. Dessumiu que a aplicação rígida dos referidos artigos constitucionais, com eficácia retroativa, não apenas imporia futuro caótico para a atuação daquela

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FGV DIREITO RIO 21

Casa Legislativa — a paralisar nova deliberação, exceto a de vetos pendentes por ordem de vencimento —, assim como causaria insegurança jurídica sobre as deliberações tomadas pelo Congresso Nacional nos últimos 13 anos.

MS 31816 AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013. (MS-31816)

(Informativo 696, Plenário)

DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DE VETO PRESIDENCIAL E ORDEM CRONOLÓGICA — 4

Ademais, explicitou a relação de compatibilidade material que deveria ocorrer entre a decisão liminar e a sentença final, a limitar o juízo de verossi-milhança, que consistiria na alta probabilidade de atendimento pela sentença definitiva da providência objeto de antecipação. Reputou que a questão em debate seria semelhante à enfrentada pelo STF no julgamento da ADI 4029/DF (DJe de 27.6.2012), razão pela qual tudo estaria a indicar o acolhimento de solução similar. A par disso, concluiu que, embora a Corte pudesse vir a declarar a inconstitucionalidade da prática até agora adotada pelo Congresso Nacional no processo legislativo de apreciação de vetos, dever-se-ia atribuir à decisão eficácia ex nunc. Excluir-se-iam as deliberações tomadas, os vetos presidenciais apreciados e os que já tivessem sido apresentados, mas penden-tes de exame. Alinhavou que, sendo essa a decisão definitiva mais provável, a medida liminar deveria, desde logo, com ela se compatibilizar. Desse modo, a improbabilidade de êxito retiraria da impetração o indispensável requisito da verossimilhança.

MS 31816 AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013. (MS-31816)

(Informativo 696, Plenário)

DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DE VETO PRESIDENCIAL E ORDEM CRONOLÓGICA — 5

A Min. Rosa Weber acentuou, com relação às normas regimentais, juris-prudência do Supremo no sentido de que sua eventual afronta caracterizaria matéria interna corporis. O Min. Dias Toffoli acrescentou que o pedido final cingir-se-ia à afirmação de existência de fila de vetos em ordem cronológica, histórica ou, ao menos, na presente sessão legislativa. Nesse tocante, não vis-lumbrou, da leitura do §6º do art. 66 da CF, a imposição de ordem crono-lógica de votação, de maneira a subtrair-se do Congresso Nacional a pauta política de votar o veto quando e na ordem que lhe aprouvesse.

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Evidenciou que, na espécie, o prazo constitucionalmente previsto não es-taria exaurido e, portanto, teria dificuldades em proferir decisão que impedi-ria outro Poder de deliberar. O Min. Ricardo Lewandowski, outrossim, não entreviu exigência de ordem cronológica na apreciação de vetos. Ressaiu que o constituinte ao referir-se à ordem cronológica, fizera-o em termos explíci-tos (CF, art. 100; ADCT, art. 86, §§ 1º e 3º; art. 97, §§ 6º e 7º). Sinalizou dúvida sobre o termo inicial em que se contaria o prazo de 30 dias para tran-camento da pauta: se da comunicação do Presidente da República ao Presi-dente do Senado ou se do recebimento do veto pelo Plenário do Congresso Nacional. Destacou que, entre esses marcos, haveria iter complexo, disposto no art. 104 do Regimento Comum daquela Casa. Além disso, sublinhou que o impetrante não trouxera informação sobre a existência de data definida para o exame do referido veto presidencial. A Min. Cármen Lúcia distinguiu os requisitos da liminar em mandado de segurança — expressos taxativa-mente no art. 7º, III, da Lei 12.016/2009 — de outras formas cautelares no processo civil em geral. Realçou a necessidade de ocorrência de relevante fundamento para que se transcendesse o aguardo do julgamento final. En-tendeu que a manutenção da liminar poderia gerar conjuntura mais gravosa ao Parlamento, à sociedade brasileira e ao Direito. O Min. Gilmar Mendes sobressaiu que, se a Corte estivesse a apreciar o mérito, pronunciar-se-ia pelo não recebimento do §1º do art. 104 do Regimento Comum do Congresso Nacional (“§1º O prazo de que trata o §4º do art. 66 será contado a partir da sessão convocada para conhecimento da matéria”). De igual modo, também não inferia da Constituição a necessidade de observância cronológica.

MS 31816 AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013. (MS-31816)

(Informativo 696, Plenário)

DELIBERAÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DE VETO PRESIDENCIAL E ORDEM CRONOLÓGICA — 6

Vencidos os Ministros Luiz Fux, Marco Aurélio, Celso de Mello e Joa-quim Barbosa, Presidente, que mantinham a decisão agravada. O Relator considerava inconstitucional a deliberação aleatória dos vetos presidenciais pendentes de análise legislativa, cuja simples existência subtrairia do Poder Legislativo a autonomia para definição da respectiva pauta política (CF, art. 66, §6º). Ressurtia ser necessária a deliberação dos vetos presidenciais em ordem cronológica de comunicação ao Congresso Nacional, a resultar na apreciação do Veto Parcial 38/2012 somente após a análise daqueles com prazo constitucional expirado. Aludia, ainda, à cognoscibilidade, em sede mandamental, das assertivas de transgressão à disciplina das regras dos re-

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gimentos das Casas Legislativas. Pontuava que, pela qualidade de normas jurídicas, elas reclamariam instrumentos jurisdicionais idôneos a resguardar--lhes a efetividade. Repelia, em consequência, a doutrina das questões interna corporis ante sua manifesta contrariedade ao Estado de Direito (CF, art. 1º, caput) e à proteção das minorias parlamentares.

Arrematava que a leitura do citado veto, em regime de urgência, violaria as disposições regimentais que impediriam a discussão de matéria estranha à or-dem do dia e a deliberação do veto sem prévio relatório da comissão mista. O Min. Marco Aurélio ressaltava que a concessão da liminar não teria implicado o trancamento da pauta do Congresso. O Min. Celso de Mello reiterava que nenhum Poder da República teria legitimidade para desrespeitar a Constitui-ção ou para ferir direitos públicos e privados de seus cidadãos. Além disso, consignava que o debate envolveria típica situação de inconstitucionalidade por omissão, a comprometer a força normativa da Constituição. Mencionava a prática institucional em que o Congresso Nacional diminuir-se-ia perante o Poder Executivo ao não exercer o dever que lhe incumbiria, pela Constitui-ção, de apreciar os vetos presidenciais, o que os transformaria, de superáveis e relativos, em absolutos. Nessa mesma linha, pronunciou-se o Presidente ao citar que se estaria diante de exemplo da hipertrofia do Poder Executivo, em face da abdicação, pelo Congresso Nacional, de suas prerrogativas.

MS 31816 AgR-MC/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 27.2.2013. (MS-31816)

(Informativo 696, Plenário)

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INFORMATIVOS — 2014

RECLAMAÇÃO: CABIMENTO E SENADO FEDERAL NO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE — 11

Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em reclamação ajuizada sob o argumento de ofensa à au-toridade da decisão da Corte no HC 82.959/SP (DJU de 1º.9.2006), em que declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/1990, que veda a progressão de regime a condenados pela prática de crimes hediondos. Na espécie, juiz de 1º grau indeferira pedido de progressão de regime em favor de condenados a penas de reclusão em regime integralmente fechado, à luz do aludido dispositivo legal — v. Informativos 454, 463 e 706. O Minis-tro Gilmar Mendes, relator, determinou a cassação das decisões impugnadas, ao assentar que caberia ao juízo reclamado proferir nova decisão para avaliar se, no caso concreto, os interessados atenderiam ou não os requisitos para gozar do referido benefício. Considerou possível determinar, para esse fim, e desde que de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Pre-liminarmente, quanto ao cabimento da reclamação, o relator afastou a alega-ção de inexistência de decisão do STF cuja autoridade deveria ser preservada.

Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014. (Rcl-4335)(Informativo 739, Plenário)

RECLAMAÇÃO: CABIMENTO E SENADO FEDERAL NO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE — 12

O relator afirmou, inicialmente, que a jurisprudência do STF evoluíra relativamente à utilização da reclamação em sede de controle concentrado de normas, de maneira que seria cabível a reclamação para todos os que comprovassem prejuízo resultante de decisões contrárias às suas teses, em reconhecimento à eficácia vinculante “erga omnes” das decisões de mérito proferidas em sede de controle concentrado. Em seguida, entendeu ser ne-cessário, para análise do tema, verificar se o instrumento da reclamação fora usado de acordo com sua destinação constitucional: garantir a autoridade das decisões do STF; e, superada essa questão, examinar o argumento do juízo reclamado no sentido de que a eficácia “erga omnes” da decisão no HC 82.959/SP dependeria da expedição de resolução do Senado que suspendesse a execução da lei (CF, art. 52, X). Para apreciar a dimensão constitucional do tema, discorreu sobre o papel do Senado Federal no controle de constitucio-nalidade. Aduziu que, de acordo com a doutrina tradicional, a suspensão da

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execução, pelo Senado, do ato declarado inconstitucional pelo STF seria ato político que emprestaria eficácia “erga omnes” às decisões definitivas sobre inconstitucionalidade proferidas em caso concreto. Asseverou, no entanto, que a amplitude conferida ao controle abstrato de normas e a possibilidade de se suspender, liminarmente, a eficácia de leis ou atos normativos, com eficácia geral, no contexto da CF/1988, concorreriam para infirmar a crença na própria justificativa do instituto da suspensão da execução do ato pelo Senado, inspirado em concepção de separação de poderes que hoje estaria ultrapassada. Ressaltou, ademais, que, ao alargar, de forma significativa, o rol de entes e órgãos legitimados a provocar o STF no processo de controle abstrato de normas, o constituinte restringira a amplitude do controle difuso de constitucionalidade.

Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 20.3.2014. (Rcl-4335)(Informativo 739, Plenário)

ADI: CHEFIA DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL E AUTORIZAÇÃO PARA VIAGEM — 1

O Plenário confirmou medida cautelar e julgou procedente pedido for-mulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade das expressões “ou do País por qualquer tempo” e “por qualquer tempo”, contidas, respec-tivamente, no inciso IV do art. 53 e no art. 81, ambos da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul (“Art. 53 — Compete exclusivamente à Assem-bleia Legislativa, além de outras atribuições previstas nesta Constituição:... IV — autorizar o Governador e o Vice Governador a afastar-se do Estado por mais de quinze dias, ou do País por qualquer tempo”;... “Art. 81 — O Governador e o Vice Governador não poderão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentarem-se do País, por qualquer tempo, nem do Estado, por mais de quinze dias, sob pena de perda do cargo”). A Corte asseverou, na cautelar, que a referência temporal contida na Constituição gaúcha não en-contraria parâmetro na Constituição Federal.

ADI 775/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 3.4.2014. (ADI-775)(Informativo 741, Plenário)

ADI: CHEFIA DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL E AUTORIZAÇÃO PARA VIAGEM — 2

O Plenário confirmou medida cautelar e julgou procedente pedido for-mulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da expressão “por qualquer tempo”, contida no inciso X do art. 54 e no “caput” do art. 86

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da Constituição do Estado do Paraná, com a redação dada pela EC 7/2000 (“Art. 54. Compete, privativamente, à Assembleia Legislativa:... X — con-ceder licença, bem como autorizar o Governador e o Vice-Governador a se ausentarem do País por qualquer tempo, e do Estado, quando a ausência exceder a quinze dias”;... “Art. 86. O Governador e o Vice-Governador não poderão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-se do País, por qual-quer tempo, e do Estado, quando a ausência exceder a quinze dias, sob pena de perda do cargo”). A Corte asseverou, na cautelar, que o processo legislativo dos Estados-membros deveria obedecer aos parâmetros federais. Aduziu ha-ver falta de simetria com o modelo federal (CF: “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:... III — autorizar o Presidente e o Vice--Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias”).

ADI 2453/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 3.4.2014. (ADI-2453)(Informativo 741, Plenário)

ADI: PRIORIDADE EM TRAMITAÇÃO E COMPETÊNCIA PROCESSUAL

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para de-clarar a inconstitucionalidade da Lei 7.716/2001, do Estado do Maranhão. A norma estabelece prioridade na tramitação processual, em qualquer ins-tância, para as causas que tenham, como parte, mulher vítima de violência doméstica. O Tribunal esclareceu que a competência para normatizar tema processual seria da União e, por isso, a lei estadual impugnada teria afrontado o art. 22, I, da CF.

ADI 3483/MA, rel. Min. Dias Toffoli, 3.4.2014. (ADI-3483)(Informativo 741, Plenário)

INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI E DECISÃO MONOCRÁTICA — 2

É possível o julgamento de recurso extraordinário por decisão monocráti-ca do relator nas hipóteses oriundas de ação de controle concentrado de cons-titucionalidade em âmbito estadual de dispositivo de reprodução obrigatória, quando a decisão impugnada refletir pacífica jurisprudência do STF sobre o tema. Com base nessa orientação, por maioria, o Plenário recebeu os em-bargos de declaração como agravo regimental e a este negou provimento. Na espécie, tratava-se de declaratórios opostos de decisão monocrática proferida pelo Ministro Dias Toffoli (CPC, art. 557, § 1º, a), na qual assentada — com fundamento na jurisprudência consolidada da Corte — a inconstitucionali-dade de lei que dispõe sobre a criação de cargos em comissão para funções

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que não exigissem o requisito da confiança para o seu preenchimento. Na mencionada decisão, o relator destacara que os cargos, consoante a norma impugnada, deveriam ser ocupados por pessoas determinadas conforme a descrição nela constante — v. Informativo 707. Em acréscimo, o Ministro Teori Zavascki, tendo em conta a natureza objetiva do recurso extraordinário nesses casos, destacou que o procedimento se justificaria pelas mesmas razões que autorizariam a dispensa da cláusula da reserva de plenário (CPC, art. 481, parágrafo único), invocáveis por analogia. Observou, também, que a análise pelo órgão colegiado não estaria excluída, pois poderia ser provocada por recurso interno. Vencido o Ministro Marco Aurélio quanto à conversão e ao mérito. Destacava impossibilidade de o relator, monocraticamente, julgar o tema de fundo de processo objetivo a envolver controvérsia constitucional.

RE 376440 ED/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18.9.2014. (RE-376440).(Informativo 759)

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 4.663/2005 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. AUTORIZAÇÃO PARA A COMERCIALIZAÇÃO, EM FARMÁCIAS E DROGARIAS, DE PRODUTOS DE CONSUMO COMUM E ROTINEIRO (ARTIGOS DE CONVENIÊNCIA). LEI FEDERAL 5.991/1973. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR, POR MEIO DE NOR-MAS GERAIS, SOBRE PROTEÇÃO E DEFESA À SAÚDE. OFENSA AO DIREITO À SAÚDE. INOCORRÊNCIA. POSICIONAMENTO ALCANÇADO PELO PLENÁRIO DESTA CORTE, À UNANIMIDA-DE, NO JULGAMENTO DA ADI 4.954/AC, REL. MIN. MARCO AU-RÉLIO. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.

I — A aferição de compatibilidade da norma estadual ora impugnada com os dispositivos constitucionais invocados — principalmente aqueles relativos às regras de repartição da competência legislativa entre os entes federados — não prescinde, em absoluto, do prévio cotejo entre o ato local contestado e a legislação federal mencionada. Ação direta conhecida.

II — O Plenário, ao apreciar legislação acriana em tudo semelhante ao diploma objeto desta ação direta, assentou à unanimidade que a disciplina nela disposta — autorização para a comercialização de determinados produ-tos lícitos de consumo comum e rotineiro em farmácias e drogarias — não guarda relação com a temática da proteção e defesa da saúde (art. 24, XII, da CF), visto que somente aborda, supletivamente, o comércio local.

III — A Lei Federal 5.991/1973 não veda expressamente a comercialização de artigos de conveniência em drogarias e farmácias, e a exclusividade, por ela fixada, para a venda de medicamentos nesses estabelecimentos não autoriza interpretação que obste o comércio de qualquer outro tipo de produto. Atu-ação legítima da iniciativa legislativa estadual no campo suplementar.

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IV — É completamente destituída de embasamento a suposta correlação lógica, suscitada na inicial, entre a venda de produtos de conveniência em farmácias e drogarias e o estímulo à automedicação.

V — Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga impro-cedente. ADI N. 4.949-RJ, RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDO-WSKI.

(Informativo 761)

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. ART. 5º DA LEI N. 12.034/2009: IMPRESSÃO DE VOTO. SIGILO DO VOTO: DIREITO FUNDAMENTAL DO CIDADÃO. VULNERAÇÃO POSSÍVEL DA URNA COM O SISTEMA DE IMPRESSÃO DO VOTO: INCONSIS-TÊNCIAS PROVOCADAS NO SISTEMA E NAS GARANTIAS DOS CIDADÃOS. INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE.

1. A exigência legal do voto impresso no processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital do eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa.

2. A garantia da inviolabilidade do voto impõe a necessidade de se assegu-rar ser impessoal o voto para garantia da liberdade de manifestação, evitando--se coação sobre o eleitor.

3. A manutenção da urna em aberto põe em risco a segurança do sistema, possibilitando fraudes, o que não se harmoniza com as normas constitucio-nais de garantia do eleitor.

4. Ação julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei n. 12.034/2009. ADI N. 4.543-DF, RELATORA: MIN. CÁR-MEN LÚCIA.

(Informativo 763)

EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ATOS QUE INSTITUÍRAM SISTEMA DE RESER-VA DE VAGAS COM BASE EM CRITÉRIO ÉTNICO-RACIAL (CO-TAS) NO PROCESSO DE SELEÇÃO PARA INGRESSO EM INSTI-TUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO SUPERIOR. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 1º, CAPUT, III, 3º, IV, 4º, VIII, 5º, I, II XXXIII, XLI, LIV, 37, CAPUT, 205, 206, CAPUT, I, 207, CAPUT, E 208, V, TODOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.

I — Não contraria — ao contrário, prestigia — o princípio da igualdade material, previsto no caput do art. 5º da Carta da República, a possibilidade de o Estado lançar mão seja de políticas de cunho universalista, que abran-gem um número indeterminados de indivíduos, mediante ações de natureza estrutural, seja de ações afirmativas, que atingem grupos sociais determina-

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dos, de maneira pontual, atribuindo a estes certas vantagens, por um tempo limitado, de modo a permitir-lhes a superação de desigualdades decorrentes de situações históricas particulares.

II — O modelo constitucional brasileiro incorporou diversos mecanismos institucionais para corrigir as distorções resultantes de uma aplicação pura-mente formal do princípio da igualdade.

III — Esta Corte, em diversos precedentes, assentou a constitucionalidade das políticas de ação afirmativa.

IV — Medidas que buscam reverter, no âmbito universitário, o quadro histórico de desigualdade que caracteriza as relações étnico-raciais e sociais em nosso País, não podem ser examinadas apenas sob a ótica de sua compa-tibilidade com determinados preceitos constitucionais, isoladamente consi-derados, ou a partir da eventual vantagem de certos critérios sobre outros, devendo, ao revés, ser analisadas à luz do arcabouço principiológico sobre o qual se assenta o próprio Estado brasileiro.

V — Metodologia de seleção diferenciada pode perfeitamente levar em consideração critérios étnico-raciais ou socioeconômicos, de modo a asse-gurar que a comunidade acadêmica e a própria sociedade sejam beneficiadas pelo pluralismo de ideias, de resto, um dos fundamentos do Estado brasilei-ro, conforme dispõe o art. 1º, V, da Constituição.

VI — Justiça social, hoje, mais do que simplesmente redistribuir riquezas criadas pelo esforço coletivo, significa distinguir, reconhecer e incorporar à sociedade mais ampla valores culturais diversificados, muitas vezes considera-dos inferiores àqueles reputados dominantes.

VII — No entanto, as políticas de ação afirmativa fundadas na discrimi-nação reversa apenas são legítimas se a sua manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro de exclusão social que lhes deu origem. Caso contrário, tais políticas poderiam converter-se benesses permanentes, instituídas em prol de determinado grupo social, mas em detrimento da co-letividade como um todo, situação — é escusado dizer — incompatível com o espírito de qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios empregados e os fins perseguidos.

VIII — Arguição de descumprimento de preceito fundamental julgada improcedente. ADPF N. 186-DF, RELATOR: MIN. RICARDO LEWAN-DOWSKI.

(Informativo 764)

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ADI: NORMA PROCESSUAL E COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para de-clarar a inconstitucionalidade do art. 7º e parágrafos da Lei 6.816/2007 do Estado de Alagoas. O dispositivo criara como requisito de admissibilidade, para a interposição de recurso inominado no âmbito dos juizados especiais, o depósito prévio de 100% do valor da condenação. O Tribunal sublinhou que a norma atacada versaria sobre admissibilidade recursal e, consequentemente, teria natureza processual. Dessa forma, seria evidente a inconstitucionalidade formal por ofensa ao art. 22, I, da CF (“Compete privativamente à União le-gislar sobre: I — direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”). Ademais, a mencionada lei dificultaria ou inviabilizaria a interposição de recurso para o conselho recur-sal. Assim, vulneraria os princípios constitucionais do acesso à jurisdição, do contraditório e da ampla defesa, contidos no art. 5º, XXXV e LV, da CF.

ADI 4161/AL, rel. Min. Cármen Lúcia, 30.10.2014. (ADI-4161).(Informativo 765)

ADI: DIVULGAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS E PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada em face da Lei 11.521/2000 do Estado Rio Grande do Sul, a qual obriga o Po-der Executivo do referido Estado-membro a divulgar na imprensa oficial e na internet a relação completa de obras atinentes a rodovias, portos e aeroportos. A Corte apontou não se verificar a existência de vício formal ou material na edição da norma em comento, visto que editada em atenção aos princípios da publicidade e da transparência, a viabilizar a fiscalização das contas públicas.

ADI 2444/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 6.11.2014. (ADI-2444).(Informativo 766)

ADI: ÓRGÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E VÍCIO DE INICIATIVA

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada em face da EC 10/2001, que inseriu a Polícia Científica no rol dos órgãos de segurança pública previsto na Constituição do Estado do Paraná. A Corte afirmou que não se observara a reserva de iniciativa legislativa do Chefe do Poder Executivo para disciplinar o funcionamento de órgão administrativo de perícia.

ADI 2616/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 19.11.2014. (ADI-2616).(Informativo 768)

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ADPF: FUNGIBILIDADE E ERRO GROSSEIRO

O Plenário desproveu agravo regimental em arguição de descumprimen-to de preceito fundamental, na qual se discutia a inconstitucionalidade por omissão relativa à Lei 12.865/2013. O Tribunal, de início, reconheceu a pos-sibilidade de conversão da arguição de descumprimento de preceito funda-mental em ação direta quando imprópria a primeira, e vice-versa, se satisfei-tos os requisitos para a formalização do instrumento substituto. Afirmou que dúvida razoável sobre o caráter autônomo de atos infralegais impugnados, como decretos, resoluções e portarias, e alteração superveniente da norma constitucional dita violada legitimariam a Corte a adotar a fungibilidade em uma direção ou em outra, a depender do quadro normativo envolvido. Ressaltou, porém, que essa excepcionalidade não estaria presente na espécie. O recorrente incorrera naquilo que a doutrina processual denominaria de erro grosseiro ao escolher o instrumento formalizado, ante a falta de elemen-tos, considerados os preceitos legais impugnados, que pudessem viabilizar a arguição. No caso, ainda que a arguição de descumprimento de preceito fundamental tivesse sido objeto de dissenso no STF quanto à extensão da cláusula da subsidiariedade, nunca houvera dúvida no tocante à inadequação da medida quando o ato pudesse ser atacado mediante ação direta de incons-titucionalidade. Por se tratar de impugnação de lei ordinária federal pós--constitucional, propor a arguição em vez de ação direta, longe de envolver dúvida objetiva, encerraria incontestável erro grosseiro, por configurar atua-ção contrária ao disposto no § 1º do art. 4º da Lei 9.882/1999. Os Ministros Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia negaram provimento ao agravo por outro fundamento. Consideraram que o requerente, Sindicato Nacional das Empresas de Medicina de Grupo, por não ser uma confedera-ção sindical, não preencheria o requisito da legitimação ativa “ad causam”.

ADPF 314 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (ADPF-314).(Informativo 771)

ADI: CHEFIA DA POLÍCIA CIVIL E INICIATIVA LEGISLATIVA

O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para dar interpretação conforme ao § 1º do art. 106 da Constituição do Estado de Santa Catarina, no sentido de que se mostra inconstitucional nomear, para a chefia da polícia civil, delegado que não integre a respectiva carreira, ou seja, que nela não tenha ingressado por meio de concurso público. A norma impugnada, na redação conferida pela EC estadual 18/1999 — esta última de iniciativa parlamentar —, dispõe que o chefe da polícia civil, nomeado pelo governador, será escolhido entre os delegados de polícia. Na sua redação

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originária — norma também impugnada — o dispositivo determinava que a escolha recaísse sobre delegados de final de carreira. O Colegiado asseverou que, no caso, estaria viabilizada a disciplina da matéria em comento mediante emenda constitucional, considerado o parâmetro da Constituição Federal, portanto, a simetria. Não procederia, assim, a alegação de vício formal de-corrente do vício de iniciativa privativa do Poder Executivo. No tocante ao vício material, ressaltou que, consoante disposto no art. 144, § 4º, da CF (“Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apura-ção de infrações penais, exceto as militares”), as polícias civis seriam dirigidas por delegados de carreira. Não caberia, portanto, a inobservância da citada qualificação, nem a exigência de que se encontrassem no último nível da organização policial.

ADI 3038/SC, rel. Min. Marco Aurélio, 11.12.2014. (ADI-3038).(Informativo 771)

VEDAÇÃO AO NEPOTISMO E INICIATIVA LEGISLATIVA — 1

Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Esse o entendimento do Plenário, que, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário para reconhecer a constitucionalidade da Lei 2.040/1990, do Município de Garibaldi/RS, que proíbe a contratação, por parte do Executivo, de parentes de 1º e 2º graus do prefeito e vice-prefeito, para qualquer cargo do quadro de servidores, ou função pública. Discutia-se eventual ocorrência de vício de iniciativa. Na espécie, o acórdão recorrido, proferido em sede de ação direta de inconsti-tucionalidade, declarara a inconstitucionalidade formal do referido diploma normativo sob o fundamento de que, por se tratar de matéria respeitante ao regime jurídico dos servidores municipais, a iniciativa do processo legislativo competiria ao Chefe do Poder Executivo. O Colegiado, de início, rejeitou preliminares suscitadas acerca das supostas intempestividade do recurso e ile-gitimidade do Procurador-Geral do Estado para a interposição de recurso ex-traordinário contra acórdão proferido em ação direta de inconstitucionalida-de estadual. No tocante à legitimidade do Procurador-Geral do Estado para o recurso, a Corte destacou o que disposto no § 4º do art. 95 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul (“Quando o Tribunal de Justiça apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou de ato normativo, citará previamente o Procurador-Geral do Estado, que defenderá o ato ou texto impugnado”), que repetiria, por simetria, o disposto no § 3º do art. 103 da CF (“Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-

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-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado”). Pela teoria dos poderes implícitos, se a Constituição atribuísse competência a determinada instituição jurídica, a ela também deveria ser reconhecida a possibilidade de se utilizar dos instrumentos jurídicos adequados e necessários para o regular exercício da competência atribuída. No caso, a Constituição Estadual confe-rira ao Procurador-Geral do Estado — em simetria com o Advogado-Geral da União — o papel de defesa da norma estadual ou municipal atacada via ação direta, o que o tornaria, portanto, legitimado para a interposição de re-curso extraordinário contra acórdão que tivesse declarado a inconstituciona-lidade da norma defendida, sob pena de se negar a efetiva defesa desta última.

RE 570392/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.12.2014. (RE-570392).(Informativo 771)

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FGV DIREITO RIO 34

INFORMATIVOS — 2015

“AMICUS CURIAE”: RECORRIBILIDADE E LEGITIMIDADE

O Plenário negou provimento a agravo regimental em que discutida a ad-missibilidade da intervenção, na qualidade de “amicus curiae”, de instituição financeira em ação direta de inconstitucionalidade. Preliminarmente, o Cole-giado conheceu do recurso. No ponto, a jurisprudência da Corte reconhece-ria legitimidade recursal àquele que desejasse ingressar na relação processual como “amicus curiae” e tivesse sua pretensão recusada. Por outro lado, não se conheceria de recursos interpostos por “amicus curiae” já admitido, nos quais se intentasse impugnar acórdão proferido em sede de controle concentrado de constitucionalidade. No mérito, o Plenário entendeu que não se justifi-caria a intervenção de instituição financeira para discutir situações concretas e individuais, no caso, a situação particular que desaguara na decretação de liquidação extrajudicial da instituição. Sob esse aspecto, a tutela jurisdicio-nal de situações individuais deveria ser obtida pela via do controle difuso, por qualquer pessoa com interesse e legitimidade. O propósito do “amicus curiae” seria o de pluralizar o debate constitucional e conferir maior legitimi-dade ao julgamento do STF, tendo em conta a colaboração emprestada pelo terceiro interveniente. Este deveria possuir interesse de índole institucional, bem assim a legítima representação de um grupo de pessoas, sem qualquer interesse particular. Na espécie, a instituição agravante careceria de legitimi-dade, uma vez não possuir representatividade adequada.

ADI 5022 AgR/RO, rel. Min. Celso de Mello, 18.12.2014. (ADI-5022)(Informativo 772)

ADI E SUBMISSÃO DE MEMBROS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO PODER LEGISLATIVO — 2

Em conclusão de julgamento, o Plenário conheceu em parte de pedido formulado em ação direta, e, na parte conhecida, julgou-o procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos incisos XXXI e XXXII do art. 33 da Constituição do Estado de Roraima, na redação dada pelas EC 23/2009 e EC 30/2012 — v. Informativo 777. De início, o Colegiado afirmou, no tocante ao art. 111, §§ 1º e 2º, do mesmo diploma, que o pleito não deveria ser conhecido, por ausência de fundamentação pelo requerente. De igual modo, o pedido também não deveria ser conhecido quanto ao inciso XVIII do art. 33, haja vista que o dispositivo, trazido em aditamento à inicial, teria sido impugnado, em sua redação original, em outra ação direta (ADI 2.167/

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RR, pendente de julgamento), mas não teria sido questionado na inicial da presente ação. Relativamente às demais normas, reputou sua inconstitucio-nalidade. O inciso XXXI dispõe sobre o afastamento e nulidade dos atos praticados por pessoas indicadas para certos cargos da alta Administração direta e indireta, caso seus nomes não sejam submetidos à Assembleia Legis-lativa estadual. Já o inciso XXXII obriga os titulares da Universidade Estadual de Roraima, da Companhia de Água e Esgoto, além de outros membros da Administração Pública a comparecer anualmente ao Poder Legislativo para prestar contas, sob pena de serem sumariamente destituídos do cargo. O Colegiado afirmou que esses incisos, por tratarem de regime jurídico de ser-vidores públicos sem observância da iniciativa privativa do Chefe do Execu-tivo, ofenderiam a Constituição, em seu art. 61, § 1º, c, mesmo porque os preceitos não adviriam da redação originária do texto estadual, mas sim de emendas à Constituição local, que deveriam observar as regras de iniciativa privativa. Do ponto de vista material, o inciso XXXI seria inválido em rela-ção ao Procurador-Geral do Estado e aos presidentes de empresas públicas e sociedades de economia mista, mas não no que diz respeito a dirigentes de autarquias e fundações. No que se refere ao inciso XXXII, prescreveria mo-delo de fiscalização exacerbado e incompatível com o princípio da separação de Poderes. Reajustou seu voto o Ministro Ricardo Lewandowski (Presidente e relator).

ADI 4284/RR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 9.4.2015. (ADI-4284)(Informativo 780)

ART. 27 DA LEI 9.868/1999 E SUSPENSÃO DE JULGAMENTO — 4

Em ação direta de inconstitucionalidade, com a proclamação do resultado final, se tem por concluído e encerrado o julgamento e, por isso, inviável a sua reabertura para fins de modulação. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, resolveu questão de ordem no sentido de afirmar que o exame da presente ação direta fora concluído e que não seria admissível reabrir discussão após o resultado ter sido proclamado. Na espécie, na data do julgamento estavam presentes dez Ministros da Corte, porém, não se teria obtido a maioria de dois terços (oito votos) para se modular os efeitos da decisão, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/1999 (“Ao declarar a inconsti-tucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Fede-ral, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado”) e o julgamento fora encerrado Na sessão subsequente, tendo em conta o comparecimento do Mi-

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nistro ausente da sessão anterior, cogitou-se prosseguir no julgamento quanto à modulação — v. Informativos 481 e 776. A Corte destacou que a análise da ação direta de inconstitucionalidade seria realizada de maneira bifásica: a) primeiro se discutiria a questão da constitucionalidade da norma, do ponto de vista material; e, b) declarada a inconstitucionalidade, seria discutida a aplicabilidade da modulação dos efeitos temporários, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/1999. Assim, se a proposta de modulação tivesse ocorrido na data do julgamento de mérito, seria possível admiti-la. Ressalvou que não teria havido erro material e, uma vez que a apreciação do feito fora conclu-ída e proclamado o resultado, não se poderia reabrir o que decidido. Por conseguinte, estaria preclusa, à luz do postulado do devido processo legal, a possibilidade de nova deliberação. Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Menezes Direito e Teori Zavascki, que admitiam a retomada do julgamento quanto à modulação dos efeitos. Para o Ministro Teori Zavascki, teria havido “error in procedendo”. Apontava que, em caso de modulação, se não fosse alcançado o quórum e houvesse magistrado para votar, o julgamento deveria ser adiado.

ADI 2949 QO/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 8.4.2015. (ADI-2949)

(Informativo 780)

EC 88/2015 E APOSENTADORIA COMPULSÓRIA — 1

O Plenário, por maioria, deferiu pedido de medida cautelar em ação dire-ta de inconstitucionalidade para: a) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC 88/2015, por vulnerar as condições materiais necessá-rias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CF; b) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC 88/2015, de que o art. 100 do ADCT não pudesse ser estendido a outros agentes públicos até que fosse editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CF, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementar de iniciativa do STF, nos termos do art. 93 da CF; c) suspender a tramitação de todos os processos que envolvessem a aplicação a magistrados do art. 40, § 1º, II, da CF e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da ação direta em comento; e d) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou admi-nistrativo que afastasse, ampliasse ou reduzisse a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base neste fundamento, assegurasse a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado 70 anos de idade. A norma impugnada — introduzida

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no ADCT pela EC 88/2015 — dispõe que, “até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Alegava-se, na espécie, que a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” incorreria em vício material por ofensa à garantia da vitaliciedade (CF, art. 93, “caput”) e à separação dos Poderes (CF, art. 2º), exorbitando dos limites substantivos ao poder de reforma da Constituição (CF, art. 60, §4º, III e IV).

ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316)(Informativo 786)

EC 88/2015 E APOSENTADORIA COMPULSÓRIA — 2

A Corte, inicialmente, assentou a regularidade processual na cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle con-centrado, o que se daria na espécie, vencido o Ministro Marco Aurélio. Asse-verou que a cumulação de ações seria não só compatível como também ade-quada à promoção dos fins a que destinado o processo objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, destinado à defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional, reiterado o que decidido na ADI 1.434 MC/SP (DJU de 22.11.1996). Além disso, a cumulação objetiva de demandas con-substanciaria categoria própria à teoria geral do processo. Como instrumen-to, o processo existiria para viabilizar finalidades materiais que lhes seriam externas. A cumulação objetiva apenas fortaleceria essa aptidão na medida em que permitiria o enfrentamento judicial coerente, célere e eficiente de questões minimamente relacionadas entre elas. Não seria legítimo que o pro-cesso de controle abstrato fosse diferente. Outrossim, rejeitar a possibilidade de cumulação de ações — além de carecer de fundamento expresso na Lei 9.868/1999 — apenas ensejaria a propositura de nova demanda com pedido e fundamentação idênticos, a ser distribuída por prevenção, como ocorreria em hipóteses de ajuizamento de ADI e ADC em face de um mesmo diploma. Ademais, os pedidos articulados na inicial não seriam incompatíveis jurídica ou logicamente, sendo provenientes de origem comum. Por outro lado, o requisito relativo à existência de controvérsia judicial relevante, necessário ao processamento e julgamento da ADC (Lei 9.868/1999, art. 14, III), seria qualitativo e não quantitativo, isto é, não diria respeito unicamente ao nú-mero de decisões judiciais num ou noutro sentido. Dois aspectos tornariam a controvérsia em comento juridicamente relevante. O primeiro diria respeito à estatura constitucional do diploma que estaria sendo invalidado nas instân-

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cias inferiores — a EC 88/2015, que introduzira o art. 100 ao ADCT —, ou seja, uma emenda à Constituição, expressão mais elevada da vontade do parlamento brasileiro. Em segundo lugar, decisões similares poderiam vir a se proliferar pelos Estado-Membros, a configurar real ameaça à presunção de constitucionalidade da referida emenda constitucional.

ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316)(Informativo 786)

EC 88/2015 E APOSENTADORIA COMPULSÓRIA — 3

Com relação ao mérito, o Plenário asseverou que a EC 88/2015 alterara o corpo permanente da Constituição para possibilitar, na forma a ser definida por lei complementar, a aposentadoria compulsória de servidores públicos aos 75 anos (CF, art. 40, §1º, II). Até que viesse a lume a referida lei comple-mentar, a emenda constitucional em questão estabeleceria regra transitória para alguns servidores públicos, permitindo que os ministros do STF, dos tribunais superiores e do TCU se aposentassem compulsoriamente apenas aos 75 anos de idade, nas condições do art. 52 da CF. Nessa senda, tornar-se--ia necessário delimitar o preciso sentido da expressão impugnada, qual seja, “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Em uma primeira leitura, a referência poderia parecer sem sentido, afinal a única previsão do art. 52 pertinente ao caso cuidaria do ingresso de cidadãos nos cargos de ministros de tribunais superiores e do TCU (CF, art. 52, III, a e b). Não haveria regras no art. 52 da CF que tratassem da aposentadoria de magistrados e membros do TCU. Daí ser curioso que o art. 100 do ADCT determinasse que a apo-sentadoria fosse processada com base em dispositivo que não trataria de apo-sentadoria. Essa perplexidade inicial, porém, seria dissipada tanto pela leitura sistemática da EC 88/2015 quanto pela análise dos debates legislativos que lhe deram origem. Assim, pelo ângulo sistemático, seria evidente que o art. 100 do ADCT cumpriria provisoriamente o papel da lei complementar indi-cada na nova redação do art. 40 da CF. Esse papel seria exatamente o de fixar as condições para aposentadoria aos 75 anos. Isso porque, pela redação atual do artigo 40, §1º, II, da CF, a aposentadoria do servidor público ocorreria, em regra, aos 70 anos, embora fosse possível a extensão desse limite para os 75 anos segundo critérios a serem fixados em lei complementar. O art. 100 do ADCT simplesmente teria esclarecido que, provisoriamente e quanto aos agentes públicos ali mencionados, as condições de permanência até os 75 anos seriam idênticas àquelas de ingresso. Mais especificamente, a condição seria a sabatina perante o Senado Federal. Essa interpretação seria confirmada pelo ângulo histórico, na análise de documentos que integraram o processo legislativo resultante na EC 88/2015. Não haveria dúvidas, portanto, de que

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a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” fixaria, ine-quivocamente, nova sabatina perante o Senado Federal como requisito para a permanência no cargo, para além dos 70 anos, de ministros do STF, dos tribunais superiores e do TCU. Assim, a presente controvérsia jurídica diria respeito à validade material da condição imposta pelo constituinte derivado.

ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316)(Informativo 786)

EC 88/2015 E APOSENTADORIA COMPULSÓRIA — 4

A Corte ressaltou que o controle judicial de emendas constitucionais co-locaria em evidência a tensão latente que existiria entre soberania popular e Estado de Direito. De um lado, seria certo que as cláusulas pétreas (CF, art. 60, §4º), ao consubstanciarem limites materiais ao poder de reforma da Constituição, consagrariam um núcleo mínimo de identidade constitucio-nal, a afastar da esfera de atuação dos agentes políticos determinados valores considerados mais elevados. Por outro lado, as cláusulas pétreas não deveriam ser interpretadas como se incorporassem um sufocamento absoluto das ten-tativas de o próprio povo brasileiro redesenhar as instituições do Estado na busca do seu contínuo aperfeiçoamento. A sutileza que se colocaria perante o STF seria, portanto, a de encontrar o ponto ótimo de equilíbrio entre a deferência em relação às decisões do constituinte derivado e a salvaguarda dos princípios e valores mais fundamentais do Estado Democrático de Direito. Nesse quadro, o controle de constitucionalidade das emendas deveria ser re-servado às hipóteses de inequívoca violação ao núcleo das cláusulas pétreas, o que ocorreria no caso em análise. A CF/1988 teria conferido algum grau de densidade semântica ao postulado da separação dos Poderes, a afirmar serem-lhe atributos próprios a independência e a harmonia (CF, art. 2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe-cutivo e o Judiciário”). Na situação dos autos, interessaria, em particular, a in-dependência entre os Poderes. Embora fosse saudável que houvesse, em certa medida, influências recíprocas entre os Poderes da República, mecanismos de “checks and balances” não poderiam jamais comprometer a independência funcional de cada braço da autoridade do Estado. A harmonia a que alude o art. 2º da CF não poderia significar cumplicidade entre os Poderes, particu-larmente em relação do Poder Judiciário, cuja independência seria pressupos-to indispensável à imparcialidade necessária a qualquer ato de julgamento. Não seria o caso, porém, de, com isso, interditar toda e qualquer iniciativa do legislador em reformar as instituições existentes, inclusive o Poder Judiciário. Não se poderia jamais transigir, no entanto, com a imparcialidade da função jurisdicional, cuja mitigação vulneraria o núcleo essencial da separação dos

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Poderes (CF, art. 60, § 4º, III). Na espécie, portanto, haveria verossimilhança nas alegações de que a nova sabatina, introduzida pela EC 88/2015, degra-daria ou estreitaria a imparcialidade jurisdicional. Seria tormentoso imaginar que o exercício da jurisdição pudesse ser desempenhado com isenção quando o julgador, para permanecer no cargo, carecesse da confiança política do Po-der Legislativo, cujos atos, seriam muitas vezes questionados perante aquele mesmo julgador. Por outro lado, estaria configurado o “periculum in mora”. No âmbito do TCU e dos tribunais da cúpula do Poder Judiciário, haveria ao menos 20 ministros em vias de se aposentar compulsoriamente nos próximos três anos. Considerando que a sabatina seria designada para período anterior àquele em que o agente público completasse os setenta anos de idade, seria de se imaginar que o preceito impugnado produziria efeitos no curto lapso de tempo, o que caracterizaria o perigo na demora.

ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316)(Informativo 786)

EC 88/2015 E APOSENTADORIA COMPULSÓRIA — 5

O Plenário destacou que haveria uma segunda questão colocada na hipó-tese em exame, que se desdobraria em outras duas. De um lado, estaria em discussão o sentido da expressão “lei complementar” na nova redação do art. 40, §1º, II, da CF. No contexto específico da magistratura, restaria definir se a aludida lei complementar seria de caráter nacional ou de caráter estadual. No ponto, porém, e em relação à magistratura, não haveria dúvidas de que se trataria da lei complementar nacional, de iniciativa do STF, indicada no art. 93 da CF. De outro lado, seria debatida a validade, à luz da noção de unidade do Poder Judiciário, da regra transitória contida no artigo 100 do ADCT, que limitara a eficácia imediata da aposentadoria compulsória aos 75 anos apenas aos integrantes da cúpula do Poder Judiciário e do TCU. Nesse diapasão, constatar-se-ia que o princípio da igualdade não proibiria de modo absoluto as diferenciações de tratamento. Vedaria apenas distinções arbitrá-rias. Nesse sentido, a carreira da magistratura seria nacional. Independente-mente da instância em que atuassem, os magistrados estariam submetidos a um mesmo regime jurídico, na medida em que integrantes de uma única carreira. Não obstante isso, seria constitucionalmente possível que houvesse distinções pontuais entre os cargos da magistratura, especialmente quanto às condições para o seu provimento e vacância. Assim, o ingresso no cargo de ministro de tribunal superior ou do TCU decorreria da aprovação em sabati-na e seria exaurida em evidente processo político com notória peculiaridade. Igualmente, as funções desempenhadas pelos destinatários atingidos pelo art. 100 do ADCT seriam técnicas, mas de resplandecente repercussão política,

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social e econômica, o que legitimaria o estabelecimento de critérios distintos daqueles dispensados aos demais agentes públicos. Então, a referida distinção consubstanciaria fundamento razoável para a existência de regra de transi-ção exclusiva para os magistrados do STF e tribunais superiores bem como para os membros do TCU sabatinados em relação à futura vacância do cargo oriunda da aposentadoria compulsória. O referido discrímen não alcançaria o cerne fundamental do regime jurídico da magistratura, mas apenas o mo-mento a partir do qual haveria compulsoriedade da aposentadoria. Assim, a distinção de tratamento dispensada pelo art. 100 do ADCT seria legítima, materialmente constitucional e, por não ofensiva à isonomia, deveria ser ob-servada pelos demais órgãos do Poder Judiciário, caracterizado, portanto, o “fumus boni juris”. O “periculum in mora” também estaria configurado na medida em que haveria o elevado risco de que magistrados não integran-tes da cúpula do Poder Judiciário e do TCU obtivessem decisões liminares favoráveis que afastassem a regra veiculada pelo art. 40 § 1º, II, da CF, in-troduzida pela EC 88/2015. O afastamento da referida exigência, mediante uma vulgarização indevida alicerçada em errônea aplicação do princípio da isonomia e da unicidade da magistratura, poderia comprometer a legítima vontade do parlamento, que apenas teria reconhecido a eficácia imediata da majoração da idade da aposentadoria compulsória para um grupo muito es-pecífico de agentes públicos. Vencidos, em parte, os Ministros Teori Zavascki e Marco Aurélio, que davam interpretação conforme à parte final do art. 100 do ADCT, introduzido pela EC 88/2015, para excluir enfoque que fosse conducente a concluir-se pela segunda sabatina, considerado o mesmo cargo em relação ao qual ocorrida a primeira sabatina. Vencido, ainda, o Ministro Marco Aurélio, que não conhecia do pedido com conteúdo de ação decla-ratória de constitucionalidade, por entender incabível a cumulação de ações procedida por meio de aditamento à inicial, e, superada a questão, indeferia a concessão de cautelar, porquanto esta medida seria prevista pela Constitui-ção unicamente quanto à ação direta de inconstitucionalidade. Não caberia, assim, a suspensão de processos em curso nas diversas instâncias do Judiciá-rio, que deveriam tramitar, considerado o devido processo legal. O exame de ameaça ou lesão a direito pelo Poder Judiciário configura cláusula pétrea que não poderia ser afastado sequer por lei.

ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316)(Informativo 786)

NORMA ESTADUAL E PRINCÍPIO DA SIMETRIA

Por reputar inexistir ofensa ao princípio da simetria, o Plenário julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade

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FGV DIREITO RIO 42

proposta contra a expressão “e ao Vice-Governador”, constante do art. 65 da Constituição do Estado do Mato Grosso (“Aplicam-se ao Governador e ao Vice-Governador, no que couber, as proibições e impedimentos estabele-cidos para os Deputados Estaduais”). A Corte assentou que a determinação de observância aos princípios constitucionais não significaria caber ao cons-tituinte estadual apenas copiar as normas federais. A inexistência da vedação no plano federal não obstaculizaria o constituinte de o fazer com relação ao vice-governador. Asseverou que o estabelecimento de restrições a certas ati-vidades ao vice-governador, visando a preservar a sua incolumidade política, seria matéria que o Estado-Membro poderia desenvolver no exercício da sua autonomia constitucional. Precedentes citados: ADI 4.298 MC/TO (DJe de 27.11.2009) e ADI 331/PB (DJe de 2.5.2014).

ADI 253/MT, rel. Min. Gilmar Mendes, 28.5.2015. (ADI-253)(Informativo 787)

SISTEMA MAJORITÁRIO E FIDELIDADE PARTIDÁRIA — 1

A perda do mandato em razão de mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da sobe-rania popular e das escolhas feitas pelo eleitor. Essa a conclusão do Plená-rio, que julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar inconstitucional o termo “ou vice”, constante do art. 10, e a expressão “e, após 16 (dezesseis) de outubro corrente, quanto a eleitos pelo sistema ma-joritário”, constante do art. 13, ambos da Resolução 22.610/2007 do TSE [“Art. 10. Julgando procedente o pedido, o tribunal decretará a perda do cargo, comunicando a decisão ao presidente do órgão legislativo competente para que emposse, conforme o caso, o suplente ou o vice, no prazo de 10 (dez) dias.... Art. 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi-cação, aplicando-se apenas às desfiliações consumadas após 27 (vinte e sete) de março deste ano, quanto a mandatários eleitos pelo sistema proporcio-nal, e, após 16 (dezesseis) de outubro corrente, quanto a eleitos pelo sistema majoritário”]. Ademais, conferiu interpretação conforme à Constituição ao termo “suplente”, constante do citado art. 10, com a finalidade de excluir do seu alcance os cargos do sistema majoritário. Preliminarmente, o Colegiado assentou o cabimento da ação direta. No ponto, assinalou que, embora a Re-solução 22.610/2007 do TSE, já tivesse sido objeto de controle concentrado perante o STF [ADI 3.999/DF (DJe de 17.4.2009) e ADI 4.086/DF (DJe de 17.4.2009)], a Corte apenas se pronunciara sobre a constitucionalidade formal da norma. Além disso, a questão da legitimidade constitucional da perda de mandato nas hipóteses de cargos eletivos do sistema majoritário não teria sido suscitada anteriormente, e não houvera decisão a respeito, muito

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FGV DIREITO RIO 43

embora a causa de pedir, na hipótese, fosse aberta. No mérito, o Plenário comparou os sistemas eleitorais praticados no Brasil: majoritário e propor-cional. O majoritário, utilizado para eleição de prefeito, governador, sena-dor e do presidente da República, contemplaria o candidato que obtivesse o maior número de votos, e os dos demais candidatos seriam desconsiderados. O proporcional, por sua vez, adotado para eleição de vereador, deputado estadual e deputado federal, contemplaria os partidos políticos. O número de cadeiras que cada um deles teria na Casa Legislativa estaria relacionado à votação obtida na circunscrição. No sistema aqui adotado, de lista aberta, o eleitor escolheria um candidato da lista apresentada pelo partido, sem ordem predeterminada. A ordem de obtenção das cadeiras seria ditada pela votação que os candidatos, individualmente, obtivessem. Porém, o sucesso individual dependeria impreterivelmente da quantidade de votos recebida pelo partido ao qual filiados (quociente partidário). Esse sistema apresentaria várias dis-funções: o custo elevado de campanha, o fato de cerca de 7% dos candidatos, apenas, serem eleitos com votação própria, e a criação de disputa direta e personalista entre candidatos de um mesmo partido.

ADI 5081/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 27.5.2015. (ADI-5081)(Informativo 787)

SISTEMA MAJORITÁRIO E FIDELIDADE PARTIDÁRIA — 2

O Colegiado analisou que a Constituição atual optara por desenho insti-tucional que fortalecesse os partidos políticos, inclusive mediante a criação do fundo partidário e da garantia do acesso gratuito ao rádio e à televisão (CF, art. 17, § 3º). Esse cenário, somado com a possibilidade de criação de coligações nas eleições proporcionais, permitiria que partidos sem densidade mínima para atingir o quociente eleitoral conseguissem representatividade. Assim, haveria multiplicidade de partidos, a destacar as chamadas “legen-das de aluguel”, existentes somente para obter dinheiro do fundo partidário e acesso aos meios de comunicação. A política ficaria afastada do interesse público e se tornaria negócio privado. Nesse cenário, surgiria a tradição de infidelidade partidária, a culminar em posicionamento do STF sobre o tema [MS 26.602/DF (DJe de 17.10.2008), MS 26.603/DF (DJe de 19.12.2008) e MS 26.604/DF (DJe de 3.10.2008)]. A Corte, à época, chancelara en-tendimento no sentido do dever constitucional de observância da regra de fidelidade partidária, possuindo como pano de fundo o sistema proporcional. Posteriormente, o TSE editara a resolução ora em debate, para aduzir que a mesma linha de entendimento seria aplicável quanto ao sistema majoritário, aos fundamentos de centralidade dos partidos políticos no regime democrá-tico e de os candidatos do sistema majoritário também se beneficiarem da

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FGV DIREITO RIO 44

estrutura partidária para se elegerem. O Plenário reputou, entretanto, que haveria fundamento constitucional consistente apenas para vincular a regra da fidelidade partidária ao sistema proporcional. Sucede que, no sistema ma-joritário, como a regra seria da maioria de votos e não do quociente eleitoral, o candidato eleito seria o mais bem votado. Portanto, não seria necessário impor a fidelidade partidária como medida para preservar a vontade do elei-tor. Não se trataria de corolário natural do princípio da soberania popular (CF, artigos 1º, parágrafo único; e 14). Ao contrário, no sistema majoritário, a imposição da perda do mandato por infidelidade partidária seria antagônica à soberania popular. Nos pleitos dessa natureza, os eleitores votariam em can-didatos e não em partidos (CF, art. 77, § 2º). Embora fosse relevante o papel dos partidos, não se poderia invocar seu fortalecimento como fundamento para violar a soberania popular, ao retirar mandatos de candidatos escolhidos legitimamente por votação majoritária. Em suma, a Resolução 22.610/2007 do TSE, ao igualar os sistemas proporcional e majoritário para fins de fide-lidade partidária, violaria as características essenciais dos sistemas eleitorais, extrapolaria a jurisprudência da Corte sobre o tema e, sobretudo, violaria a soberania popular.

ADI 5081/DF, rel. Min. Roberto Barroso, 27.5.2015. (ADI-5081)(Informativo 787)

EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO RESCISÓRIA

A decisão do Supremo Tribunal Federal que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das decisões anteriores que tenham adotado entendimen-to diferente. Para que haja essa reforma ou rescisão, será indispensável a inter-posição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial (CPC, art. 495). Com base nessa orientação, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário em que discutida a eficácia temporal de decisão transitada em julgado fundada em norma superveniente declarada inconstitucional pelo STF. À época do trânsito em julgado da sentença havia preceito normativo segundo o qual, nos casos relativos a eventuais diferenças nos saldos do FGTS, não caberiam honorários advocatícios. Dois anos mais tarde, o STF declarara a inconstitucionalidade da verba que vedava hono-rários. Por isso, o autor da ação voltara a requerer a fixação dos honorários. Examinava-se, assim, se a declaração de inconstitucionalidade posterior teria reflexos automáticos sobre a sentença anterior transitada em julgado. A Corte asseverou que não se poderia confundir a eficácia normativa de uma sentença

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FGV DIREITO RIO 45

que declara a inconstitucionalidade — que retira do plano jurídico a norma com efeito “ex tunc” — com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa decisão. O efeito vinculante não nasceria da inconstitucionalidade, mas do julgado que assim a declarasse. Desse modo, o efeito vinculante seria “pro futuro”, isto é, da decisão do Supremo para frente, não atingindo os atos passados, sobretudo a coisa julgada. Apontou que, quanto ao passado, seria indispensável a ação rescisória. Destacou que, em algumas hipóteses, ao de-clarar a inconstitucionalidade de norma, o STF modularia os efeitos para não atingir os processos julgados, em nome da segurança jurídica.

RE 730462/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 28.5.2015. (RE-730462)(Informativo 787)

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FGV DIREITO RIO 46

QUESTÕES DISCURSIVAS

FUNCAB — DPC/RJ — 20131. “O controle de constitucionalidade configura-se, portanto, como ga-

rantia de supremacia dos direitos e garantias fundamentais previstos na cons-tituição que, além de configurarem limites ao poder do Estado, são também uma parte da legitimação do próprio Estado, determinando seus deveres e tornando possível o processo democrático em um Estado de Direito”. (KEL-SEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes. p.734.)

a) O que se entende pela modulação temporal dos efeitos no controle de constitucionalidade? b) Qual o posicionamento do STF sobre a possibilidade de sua aplicação no âmbito do controle difuso?

CESPE/UNB — DPE/DF — 20132. Por serem as normas constitucionais normas jurídicas, sua interpreta-

ção requer o entendimento de conceitos e elementos clássicos. Todavia, as normas constitucionais apresentam determinadas especificidades que as sin-gularizam. Em razão disso, foram desenvolvidas ou sistematizadas categorias doutrinárias próprias, identificadas como princípios específicos ou princí-pios instrumentais de interpretação constitucional, que constituem premissas conceituais, metodológicas ou finalísticas que devem anteceder, no processo intelectual do intérprete, a solução concreta da questão posta. Tais princípios, embora não expressos no texto da Constituição, são reconhecidos pacifica-mente pela doutrina e pela jurisprudência. Luís Roberto Barroso. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a cons-trução do novo modelo. 4.ª ed., 2013, p. 322 (com adaptações).

Considerando que o fragmento de texto acima apresentado tem caráter meramente motivador, discorra sobre o significado dos seguintes princípios de interpretação constitucional: unidade da Constituição [valor: 1,20 pon-to]; interpretação conforme a Constituição [valor: 1,20 ponto]; presunção de constitucionalidade [valor: 1,20 ponto]; efetividade [valor: 1,20 ponto].

FEPESE — Defensor Público PGE/SC — 20123. Qual a relação entre supremacia constitucional e controle de constitu-

cionalidade?

FEPESE — Defensor Público PGE/SC — 20124. No art. 28, parágrafo único, da Lei 9868/99, estão previstas as chama-

das “decisões interpretativas”. Explique o que são essas decisões, quais os seus tipos e efeitos.

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FGV DIREITO RIO 47

FGV — Juiz TJ/AM — 20135. Considere a edição de lei que atribua 50% (cinquenta por cento) da

pontuação total, nos concursos públicos de provas e títulos para provimento de cargos efetivos de professor de certo Estado da Federação, em razão de exercício anterior da mesma função pública (professor do quadro da rede estadual de ensino), na qualidade de ocupante de cargo em comissão ou con-tratado temporário. O Procurador‐Geral da República efetuou a impugna-ção do diploma via ação direta de inconstitucionalidade deflagrada perante o Supremo Tribunal Federal, sendo certo que a medida cautelar para a suspen-são da lei foi deferida por ato singular do relator, ainda pendente o referendo do Plenário. Ato contínuo, o Governador do Estado declarou a nulidade da investidura de todos os servidores que ingressaram em cargos públicos de provimento efetivo após a vigência da referida lei. Ante o quadro, responda aos itens a seguir. A) É constitucional a referida lei estadual?

B) É legítimo o ato do Governador?(As respostas devem ser objetivamente fundamentadas).

FGV — Juiz TJ/AM — 20136. Tendo em vista o alto nível de ruídos que as aeronaves produzem ao de-

colar e aterrissar, a Assembleia Legislativa de certo Estado da Federação apro-vou, por iniciativa própria, lei com o propósito de determinar às empresas de navegação aérea que instalem dispositivos de redução de ruídos nas suas aeronaves e restrinjam os horários de utilização do aeroporto. Igualmente, a lei determina que caberá à Secretaria Estadual de Meio Ambiente fiscalizar o cumprimento da legislação e aplicar as multas dela decorrentes. O projeto foi sancionado pelo Governador. Analise a constitucionalidade da lei em ques-tão. (A resposta deve ser objetivamente fundamentada).

7. É admissível ação declaratória de constitucionalidade formulada em relação a direito pré-constitucional? Explique.

8. A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da Constituição Federal, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal. Indaga--se:

a) O que deve ser considerado preceito fundamental decorrente da Cons-tituição?

b) A ofensa a qualquer norma constitucional poderá ser objeto da arguição inscrita no § 1° do art. 102 da Constituição?

9. Diga o que entende por Inconstitucionalidade Progressiva segundo a jurisprudência do STF.

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FGV DIREITO RIO 48

10. Já se tornou lugar comum na doutrina brasileira recente e na jurispru-dência do Supremo Tribunal Federal a qualificação do processo de controle normativo abstrato de http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=SJUR&s1=processo+adj+objetivo+e+constitucionalidade&u=http://www.stf.gov.br/Jurisprudencia/ — h0http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=SJUR&s1=processo+adj+objetivo+e+constitucionalidade&u=http://www.stf.gov.br/Jurisprudencia/ — h2constitucionalidade como sendo um “http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=SJUR&s1=processo+adj+objetivo+e+constitucionalidade&u=http://www.stf.gov.br/Jurisprudencia/ — h1http://gemini.stf.gov.br/cgi-bin/nph-brs?d=SJUR&s1=processo+adj+objetivo+e+constitucionalidade&u=http://www.stf.gov.br/Jurisprudencia/ — h3processo objeti-vo”. Explique o significado que se tem atribuído à noção de “processo ob-jetivo” e indique os aspectos processuais que o caracterizam, relativamente à propositura e tramitação da ação direta de inconstitucionalidade genérica (ADI) e da ação declaratória de constitucionalidade (ADC), com a respectiva fundamentação constitucional e legal, se houver.

11. A Medida Provisória n. 409, de 6-1-94, convertida na Lei n. 8.852, de 4-2-94, sofreu alteração substancial em seu conteúdo normativo, com re-percussão imediata sobre o dispositivo impugnado (art. 4º, inciso I), ao qual se conferiu nova redação, com modificação de seu alcance normativo, a par das inovações introduzidas em normas conexas. Governador de Estado ajuíza ADI pedindo a declaração de inconstitucionalidade da referida MP. À luz da jurisprudência do STF, o que ocorrerá com a referida ação?

12. O Estado “Z” editou lei que institui uma Taxa de Fiscalização de Es-tradas, impondo o pagamento de uma elevada quantia para o acesso ou para a saída do território daquele Estado por meio rodoviário.

Sobre a hipótese sugerida, responda, fundamentadamente, aos seguintes itens.

A) O Governador do Estado “Y” pode impugnar a lei editada pela Assem-bleia Legislativa do Estado “Z” por meio de Ação Direta de Inconstitucio-nalidade?

B) Caso a lei do Estado “Z” seja impugnada por um partido político, por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade, pode prosseguir a ação em caso de perda superveniente da representação do partido no Congresso Nacional?

13. Em sede de apelação civil, A 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado X constatou a incompatibilidade material de uma lei federal de 1980 para com a Constituição da República. Sabendo-se do princípio da reserva de plenário, previsto no art. 97 da CRFB/88, questiona-se:

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FGV DIREITO RIO 49

a) O órgão fracionário deverá remeter a análise da norma federal ao ple-nário do Tribunal?

b) Em sede de recurso extraordinário, caso o STF confirme a incompa-tibilidade da lei, deverá encaminhar a decisão para a suspensão do Senado Federal, como determina o art. 52, X, da CRFB?

14. CESPE — Juiz Federal — TRF — 5ª Região — 2011“Discorra sobre o fenômeno da objetivação, objetivização ou abstrativiza-

ção do controle difuso de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Fede-ral. Em seu texto, explicite o conceito desse fenômeno, apresente exemplos, analise as relações do fenômeno com outras modalidades de controle consti-tucional e com procedimentos decisórios vinculativos, como a súmula vincu-lante e a repercussão geral, e enfoque, ao final, as consequências de todas essas novidades para a aplicação jurisdicional da Constituição Federal.”

MP/MG — Promotor de Justiça — 201315. Em um município mineiro, está em vigor lei, de iniciativa parlamen-

tar, que estendeu a gratuidade no transporte público municipal aos idosos a partir dos sessenta anos de idade. Indaga-se: essa lei é material e formalmente constitucional? Fundamente.

(no máximo quinze linhas).

UEG — DPC GO — 201316. O art. 52, X, da Constituição Federal, dispõe que compete privativa-

mente ao Senado Federal suspender a execução no todo ou em parte de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Fe-deral. Assim, em que forma de controle se exerce a atribuição de controle de constitucionalidade do Senado e qual o alcance dos efeitos da decisão do STF neste caso? Tem o Senado discricionariedade no cumprimento do disposto no art. 52, X, da Constituição Federal, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial?

Instituto Cidades— Defensor Público/GO — 201117. O que vem a ser “preceito fundamental” para fins de se propor uma

arguição de ser descumprimento (ADPF)?

OAB — XI Exame18. O partido político “X” move, perante o Supremo Tribunal Federal,

ação direta de inconstitucionalidade contra a lei do Estado “Y”, que dispõe sobre licitações e contratos administrativos no âmbito daquele Estado fede-rado, para atender às suas peculiaridades, sem afrontar normas gerais preexis-tentes. O partido alega que a referida lei estadual é inconstitucional, uma vez

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FGV DIREITO RIO 50

que a competência privativa para legislar sobre a matéria é da União, confor-me o Art. 22, XXVII da Constituição da República. Parecer da Procuradoria--Geral da República opina no sentido do não conhecimento da ação, uma vez que o partido político “X” possui em seus quadros apenas seis Deputados Federais, mas nenhum Senador, não sendo dessa maneira legitimado a mo-ver a referida ação direta. Além disso, não estaria demonstrado na inicial o requisito da pertinência temática. A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) É caso de se acolher o parecer da Procuradoria-Geral da República no sentido do não conhecimento da ação? (Valor: 0,65)

B) Quanto ao fundamento de mérito apresentado, tem razão o partido po-lítico ao questionar a constitucionalidade da norma impugnada? (Valor: 0,60)

OAB — XI Exame19. Determinado Estado-membro aprovou uma lei que incluiu a discipli-

na de formação para o trânsito nos currículos do 1º e do 2º graus de ensino da rede pública estadual.

A esse respeito, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurí-dicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Analise a constitucionalidade dessa lei estadual. (Valor: 0,65)B) O Governador de outro Estado pode ajuizar ADI ou ADPF contra esta

lei? Por qual (is) motivo (s)? (Valor: 0,60)

OAB — X Exame20. Proposta de emenda à Constituição é apresentada por cerca de 10%

(dez por cento) dos Deputados Federais, cujo teor é criar novo dispositivo constitucional que determine a submissão de todas as decisões do Supremo Tribunal Federal, no controle abstrato de normas, ao crivo do Congresso Na-cional, de modo que a decisão do Tribunal somente produziria efeitos após a aprovação da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em ses-são unicameral. A proposta é discutida e votada nas duas casas do Congresso Nacional, onde recebe a aprovação da maioria absoluta dos Deputados e Se-nadores nos dois turnos de votação. Encaminhada para o Presidente da Repú-blica, este resolve sancionar a proposta, publicando a nova emenda no Diário Oficial. Cinco dias após a publicação da emenda constitucional, a Mesa da Câmara dos Deputados apresenta perante o Supremo Tribunal Federal ação declaratória de constitucionalidade em que pede a declaração de constitucio-nalidade desta emenda com eficácia erga omnes e efeito vinculante.

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FGV DIREITO RIO 51

A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos questio-namentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apre-sentando a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Há inconstitucionalidades materiais ou formais na emenda em ques-tão? (Valor: 1,00)

B) A ação declaratória de constitucionalidade poderia ser conhecida pelo Supremo Tribunal Federal? (Valor: 0,25)

OAB — X Exame21. Lei do Estado “Y”, editada em abril de 2012, com base no Art. 215, §

1° da Constituição da República, regulamenta a chamada rinha de galo, prá-tica popular em que dois galos se enfrentam em lutas e espectadores apostam no galo que acreditam ser o vencedor. Comumente, os dois galos saem com muitos ferimentos da contenda, e não raras vezes algum animal morre ou adquire sequelas permanentes que recomendam seu abate imediato. A Asso-ciação Comercial do Estado “Y” ajuíza ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal em que pleiteia a declaração de inconstitucio-nalidade da referida lei estadual.

Em defesa da norma, parlamentar que votou pela sua aprovação, diz, em entrevista a uma rádio local, que a prática da conhecida briga de galos é comum em várias localidades rurais do Estado “Y”, ocorrendo há várias gerações. Além do mais, animais, especialmente aves, são abatidos diariamente para servir de alimento, o que não ocorreria com as aves destinadas para as rinhas.

Responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal per-tinente ao caso.

A) Quanto ao mérito do pedido, é cabível a declaração de inconstitucio-nalidade da lei do Estado “Y”, que regulamenta a chamada rinha de galo? (Valor: 0,65)

B) Há regularidade na legitimidade ativa da ação? (Valor: 0,60)

OAB — X Exame22. Determinado Ministério apresentou desempenho considerado insufi-

ciente pela imprensa e pela opinião pública, havendo sério questionamento quanto aos gastos públicos destinados para a sua manutenção. Dessa forma, um Senador pelo Estado Y apresentou um projeto de lei no sentido de extin-guir este Ministério. Tal projeto foi votado em plenário em um dia em que 32 (trinta e dois) dos 81 (oitenta e um) senadores estavam presentes, sendo apro-vado pelo voto da maioria dos presentes e encaminhado à Câmara dos Depu-tados. Contando com forte apoio popular, a proposta legislativa foi aprovada pela maioria absoluta dos deputados federais e encaminhada ao Presidente da República, que a sancionou doze dias úteis depois de tê-la recebido, deter-

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FGV DIREITO RIO 52

minando sua imediata publicação no Diário Oficial da União. Uma semana após a publicação da lei na imprensa oficial, a CONAMP (Associação Nacio-nal dos Membros do Ministério Público) ajuizou uma ação declaratória de constitucionalidade em que pleiteava a declaração de conformidade da nova norma legal com a Constituição.

Responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal per-tinente ao caso.

A) Há algum vício que fulmine a constitucionalidade da norma em ques-tão? (Valor: 0,80)

B) A CONAMP poderia ter ajuizado a ação declaratória de constitucio-nalidade? (Valor: 0,45)

A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

OAB — IX Exame23. A Lei Orgânica do Município “Y”, que integra o Estado “X”, ao dis-

por sobre ingresso na administração pública municipal, e em observância aos princípios da eficiência e da moralidade, estabeleceu que os cargos, empregos e funções públicas seriam acessíveis aos brasileiros naturais do Estado “X”, que tivessem residência no Município “Y”, e que seriam investidos nos car-gos mediante aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. Contra esse dispositivo da Lei Orgânica foi ajuizada, junto ao Tribunal de Justiça, uma Ação Direta de inconstitucionalidade, nos termos do Art. 125, § 2º da CRFB, alegando violação a dispositivo da Constituição estadual que, basicamente, reproduz o Art. 37 da CRFB. O Tribunal de Justiça conheceu da ação, mas julgou improcedente o pedido, entendendo que, respeitados os limites constitucionais, o Município pode criar regras próprias, no exercício da sua capacidade de auto-organização.

A partir do caso apresentado, responda justificadamente aos itens a seguir.A) O Município tem autonomia para criar a regra citada no enunciado,

conforme entendeu o Tribunal de Justiça? (Valor: 0,40)B) A ADI estadual pode ter por objeto dispositivo de Lei Orgânica? (Va-

lor: 0,45)C) Dessa decisão do Tribunal de Justiça, cabe Recurso Extraordinário ao

STF? (Valor: 0,40)

OAB — VIII Exame24. Uma agência reguladora federal editou, recentemente, uma portaria

proibindo aos médicos prescrever a utilização de medicamentos que não te-nham similar nacional. A Associação Brasileira de Profissionais da Saúde,

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FGV DIREITO RIO 53

entidade de âmbito nacional constituída há mais de dois anos, propôs uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) contra aquela medida.

A respeito da situação acima, responda aos itens a seguir, utilizando os ar-gumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) É possível a propositura da ADPF contra a portaria emitida pela agên-cia reguladora federal? (Valor: 0,40)

B) A Associação tem legitimidade para a propositura daquela ADPF? (Va-lor: 0,40)

C) Pode um Estado instituir uma ADPF no plano estadual? Nesse caso, qual o instrumento jurídico apto à criação do instituto? (Valor: 0,45)

OAB — VII Exame25. Renata, servidora pública estadual, ingressou no serviço público antes

da edição da Constituição da República de 1988, e é regida pela Lei X, esta-tuto dos servidores públicos do Estado-membro. Sobre a situação funcional de Renata, responda justificadamente:

A) O que ocorrerá coma Lei X caso ela não tenha sido editada conforme os trâmites do processo legislativo previstos pela atual Constituição? (Valor: 0,40)

B) É possível que Renata questione, em ação individual, por meio de con-trole difuso, a inconstitucionalidade formal da Lei X perante a constituição revogada? (Valor: 0,40)

C) Tendo em vista que Renata já estava inserida em um regime jurídico, é possível afirmar que a mesma tem direito adquirido a não ser atingida pela Constituição de 1988 no que tange à sua situação funcional? (Valor: 0,45)

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FGV DIREITO RIO 54

QUESTÕES OBJETIVAS

FCC — Analista Judiciário-Oficial de Justiça Avaliador Federal/TRT 16ª Região — 2014

1. Sobre a ação declaratória de constitucionalidade considere:I. A decisão que declara a constitucionalidade da lei ou do ato normativo

em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos de-claratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

II. Ajuizada Ação Declaratória de Constitucionalidade não é admissível a desistência.

III. Contra a decisão do Relator que indeferir a petição inicial caberá agravo.Está correto o que se afirma em(A) I e II, apenas.(B) I e III, apenas.(C) II e III, apenas.(D) I, apenas.(E) I, II e III.

CESPE/UNB — Titular de Serviços de Notas e de Registros/Remoção TJ/SE — 2014

2. Assinale a opção correta de acordo com a disciplina constitucional, legal e jurisprudencial referente ao controle de constitucionalidade.

A) No processamento de ação direta de inconstitucionalidade, o relator poderá, em despacho irrecorrível, admitir o ingresso de assistente simples que tenha interesse no julgamento da causa.

B) A legitimidade ativa para a propositura de representação interventiva estadual está restrita ao procurador-geral de justiça.

C) De acordo com o STF, o efeito vinculante das decisões proferidas em sede de controle abstrato atinge inclusive o Poder Legislativo, que ficará proi-bido de legislar em sentido diverso ao precedente fixado pela corte constitu-cional.

D) Conforme a CF, o controle de constitucionalidade das leis é realizado somente de forma repressiva.

E) Segundo o STF, a ação direta de inconstitucionalidade pode ser uti-lizada para questionar lei federal anterior à CF, desde que seja relevante o fundamento da controvérsia.

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FGV DIREITO RIO 55

FCC — Analista Judiciário-Oficial de Justiça Avaliador Federal/TRF 3ª Região — 2014

3. Lei que instituísse tributo interestadual incidente sobre passagem aérea, ferroviária ou rodoviária de transporte de passageiro seria

(A) constitucional, mas não poderia ser cobrada no mesmo exercício fi-nanceiro em que tenha sido publicada a lei que instituiu o tributo.

(B) constitucional, mas não poderia atingir as passagens emitidas anterior-mente ao fato gerador.

(C) inconstitucional, pois é vedado estabelecer limitações ao tráfego de pessoas por meio de tributos interestaduais.

(D) inconstitucional, pois já existem pedágios e taxas de embarque em aeroportos.

(E) inconstitucional, por violar o princípio da capacidade contributiva.

CESPE/UNB — Titular de Serviços de Notas e de Registros/Provimento TJ/DF — 2014

4. Com base no disposto na CF e na jurisprudência do STF, assinale a opção correta acerca do controle de constitucionalidade.

A) O reconhecimento, pelo STF, da presença da repercussão geral em de-terminada matéria exime outros recorrentes do dever de apresentar prelimi-nar sobre a presença da repercussão geral em recursos que tratem da mesma questão afetada.

B) No julgamento de reclamação constitucional, é possível ao STF reali-zar a reinterpretação e, portanto, a redefinição do conteúdo e do alcance da decisão paradigma apontada pelo reclamante como violada.

C) A cláusula de reserva de plenário deve ser aplicada aos casos em que determinado tribunal reconheça a não recepção de norma anterior pela nova ordem constitucional.

D) É incabível a interposição de recurso extraordinário contra decisão de tribunal de justiça proferida em ADI estadual ou distrital.

E) A concessão de provimento cautelar é incompatível com o rito da ADI por omissão.

FCC — Analista Judiciário-Oficial de Justiça Avaliador Federal/TRT 19ª Região — 2014

5. Projeto de lei de iniciativa parlamentar dispondo sobre aumento da remuneração dos empregados públicos da Administração direta federal foi aprovado pelo Congresso Nacional, tendo sido sancionado e promulgado pelo Presidente da República. Meses depois, o Presidente da República ajui-zou ação direta de inconstitucionalidade — ADIN em face da lei, susten-tando que estaria eivada de vício material e formal de inconstitucionalidade, este último em razão de tratar de matéria de iniciativa legislativa privativa do

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FGV DIREITO RIO 56

Presidente da República. Neste caso, (A) há vício formal de inconstituciona-lidade, podendo o Presidente da República propor ADIN, em que pese tenha sancionado a lei impugnada.

(B) há vício formal de inconstitucionalidade, mas o Presidente da Re-pública não pode propor ADIN, uma vez que sancionou a lei impugnada, quando lhe era facultado vetá-la por motivo de inconstitucionalidade.

(C) há vício formal de inconstitucionalidade, que pode ser arguido em ADIN apenas pelo Presidente da República, a fim de defender as prerrogati-vas do Chefe do Poder Executivo.

(D) não há vício formal de inconstitucionalidade, mas o Presidente da República pode propor ADIN no que toca ao vício material de inconstitu-cionalidade, ainda que tenha sancionado a lei impugnada.

(E) não há vício formal de inconstitucionalidade, mas o Presidente da República não pode propor ADIN no que toca ao vício material de incons-titucionalidade, uma vez que sancionou a lei impugnada, quando lhe era facultado vetá-la por motivo de inconstitucionalidade.

Procurador 17º Concurso — MPT6. Sobre a arguição de descumprimento de preceito fundamental, assinale

a alternativa INCORRETA, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal:

(a) O veto imotivado de Prefeito a projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal é matéria insuscetível de controle judicial pela via da arguição de descumprimento de preceito fundamental.

(b) A arguição de descumprimento de preceito fundamental é instrumen-to adequado para o controle judicial de medida provisória que fixou o salário mínimo sem observar o art. 7º, IV, da Constituição da República.

(c) O ajuizamento da ação constitucional de arguição de descumprimento de preceito fundamental rege-se pelo princípio da subsidiariedade.

(d) A arguição de descumprimento de preceito fundamental pode ser pro-posta para reparar lesões a preceitos fundamentais, de forma autônoma ou incidental, mas não admite a utilização dessa via de controle concentrado de constitucionalidade para prevenir dano.

(e) Não respondida.

FCC — Analista Judiciário/área judiciária TRT 12ª Região — 20137. O artigo 33, § 2o, da Lei no 11.343/2006 tipifica como crime as con-

dutas de “induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de drogas”. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente ação direta de incons-titucionalidade, tendo por objeto referido dispositivo legal, para “dele ex-cluir qualquer significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de

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FGV DIREITO RIO 57

qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou então, viciado, das suas faculdades psicofísicas”.

Nesta hipótese, em relação ao dispositivo legal em questão, o STF proce-deu à

(A) declaração de inconstitucionalidade, com redução de texto.(B) declaração de constitucionalidade, com redução de texto.(C) interpretação conforme a Constituição, com ampliação do alcance do

texto normativo.(D) declaração de inconstitucionalidade, com pronúncia de nulidade.(E) interpretação conforme a Constituição, com redução do alcance do

texto normativo.

CESPE/UNB — Procurador do Estado Substituto PGE/PI — 20148. Assinale a opção correta acerca do controle abstrato de constitucionali-

dade estadual e seu delineamento pela jurisprudência do STF.A) Declarada no todo ou em parte a inconstitucionalidade em abstrato de

lei ou ato normativo estadual ou municipal, o Poder Legislativo responsável pela sua emissão terá de ser comunicado com vistas à suspensão da execução dos textos invalidados.

B) Por constituir a ação direta de inconstitucionalidade estadual processo de índole político-administrativa, não cabe recurso extraordinário contra de-cisão final nela proferida.

C) É dever dos estados seguir com simetria o modelo de propositura da ação estabelecido para o controle abstrato de constitucionalidade federal, fa-zendo, para tanto, as devidas adaptações dos entes legitimados.

D) Tribunal de justiça, por seu plenário ou órgão especial, pode declarar a inconstitucionalidade de leis e atos normativos tanto estaduais quanto muni-cipais; nesse último caso, poderá fazê-lo em face da constituição estadual ou da respectiva lei orgânica municipal, excluindo-se, em qualquer hipótese, a declaração de inconstitucionalidade em face da CF.

E) Ao julgar ação direta de inconstitucionalidade estadual, o respectivo tribunal de justiça poderá analisar, incidentalmente, eventual inconstitucio-nalidade do próprio parâmetro de controle estadual invocado na inicial.

FCC — Analista Judiciário/TRT 1ª Região — 20139. O artigo 5o, caput, da Lei no 12.034/09 criou, para vigorar “a partir

das eleições de 2014, inclusive, o voto impresso conferido pelo eleitor”. Entre outras regras, estabeleceu em seus parágrafos que, “após a confirmação final do voto pelo eleitor, a urna eletrônica imprimirá um número único de identi-ficação do voto associado à sua própria assinatura digital”, a fim de viabilizar a realização de auditoria de urnas eletrônicas, por amostragem, por meio da contagem dos seus votos em papel e comparação com os resultados apresen-

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FGV DIREITO RIO 58

tados pelo respectivo boletim de urna. Em sessão realizada em outubro de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu medida cautelar em sede de ação direta de inconstitucionalidade, proposta pelo Procurador-Geral da República, para suspender a eficácia do referido dispositivo legal, na íntegra.

Nesse caso:I. A questão de mérito posta à deliberação do STF diz respeito à com-

patibilidade de dispositivos de lei federal com a Constituição da República, em face do direito fundamental ao voto secreto, considerado mecanismo de exercício da soberania popular, matéria protegida inclusive contra proposta de emenda à Constituição que tenda à sua abolição.

II. O Procurador-Geral da República possui legitimidade para a proposi-tura da ação e prescinde da demonstração de pertinência temática para esse fim, a exemplo do que ocorre, entre outros legitimados, com o Presidente da República e os partidos políticos com representação no Congresso Nacional.

III. O quorum exigido para a decisão proferida no caso em tela é o da maioria absoluta dos membros do STF, devendo estar presentes na sessão pelo menos oito Ministros.

IV. A decisão proferida pelo STF, no caso, é dotada de eficácia contra to-dos e produz efeitos ex nunc.

Está correto o que se afirma ema) I e II, apenas.b) I e III, apenas.c) II e IV, apenas.d) I, III e IV, apenas.e) I, II, III e IV.

FCC — Procurador do Estado Nível 1 PGE/SP — 201310. Norma de Constituição Estadual que exige prévia licença da Assem-

bleia Legislativa para que o Governador possa ausentar-se do país por qual-quer prazo é

(A) inconstitucional, por violação do princípio da simetria.(B) inconstitucional, por vício de iniciativa.(C) constitucional, pois se trata de matéria sobre a qual o constituinte

estadual possui plena liberdade para definir.(D) constitucional, pois a própria Constituição Federal previu essa possi-

bilidade para as ausências do Presidente da República.(E) constitucional, pois é matéria que a Constituição Federal incluiu nas

competências do Poder Legislativo para fiscalizar as atividades do Poder Exe-cutivo.

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FGV DIREITO RIO 59

FCC — Analista Judiciário-Oficial de Justiça Avaliador Federal/TRT 2ª Região — 2014

11. Para responder a questão abaixo, considere o que se propõe em cada uma delas e assinale:

(A) está correto o que se afirma em I, apenas.(B) está correto o que se afirma em II, apenas.(C) está correto o que se afirma em III, apenas.(D) está correto o que se afirma em I e II, apenas.(E) está correto o que se afirma em I, II e III.Sobre:(A) (B) (C) (D) (E)I. Caso não seja cabível a ação direta de inconstitucionalidade proposta,

é lícita sua conversão em arguição de descumprimento de preceito funda-mental com base no princípio da fungibilidade, caso estejam presentes todos requisitos de admissibilidade desta.

II. O juízo proferido em sede de ação direta de inconstitucionalidade so-bre a incompletude ou insuficiência do diploma impugnado ante as exigên-cias impostas no texto constitucional autoriza a conversão da demanda, em face do princípio da fungibilidade, em ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

III. O julgamento de mérito proferido em sede de ação direta de incons-titucionalidade que decide mediante a técnica da interpretação conforme a Constituição importa, segundo a jurisprudência do STF, em juízo de impro-cedência da ação.

FCC — Analista Judiciário/TRT 9ª Região — 201312. De acordo com a Constituição Federal brasileira, em matéria de con-

trole difuso de constitucionalidade, o Senado Federal poderá editar uma re-solução suspendendo a execução, no todo ou em parte, de lei ou ato norma-tivo declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Esta resolução senatorial

a) não terá efeitos erga omnes, porém os efeitos inter partes serão ex tunc, ou seja, anteriores a sua publicação.

b) terá efeitos erga omnes, porém ex nunc, ou seja, a partir da sua publica-ção.

c) não terá efeitos erga omnes, sendo que os efeitos inter partes serão ex nunc, ou seja, a partir da sua publicação.

d) terá efeitos erga omnes e ex tunc, ou seja, anteriores a sua publicação.e) somente terá efeitos ex tunc depois de aprovada por maioria absoluta do

Senado Federal e um terço do Congresso Nacional.

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FGV DIREITO RIO 60

FCC — Analista Judiciário/TRT 9ª Região — 201313. No tocante à Ação Declaratória de Constitucionalidade, considere:I. Pode ser proposta por Confederação Sindical ou entidade de classe de

âmbito nacional.II. O Procurador-Geral da República e a Mesa da Câmara dos Deputados

têm legitimidade ativa para a sua propositura.III. Tem a finalidade principal de transformar a presunção relativa de cons-

titucionalidade em presunção absoluta, em razão dos seus efeitos vinculantes.IV. Pode ter como objeto a lei ou ato normativo federal ou estadual que se

pretenda declarar constitucional.Está correto APENAS o que se afirma ema) III e IV.b) I, II e IV.c) I e IIId) II e III.e) I, II e III.Gabarito: E

FCC — Analista Judiciário/TRT 18ª Região — 201314. Sobre a Ação Declaratória de Constitucionalidade, cuja competência

para julgamento é do Supremo Tribunal Federal, é INCORRETO afirmar:a) É requisito da peça inicial, dentre outros, a demonstração da existência

da controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.

b) A declaração de constitucionalidade dar-se-á pelo quorum da maioria absoluta dos onze Ministros do Supremo Tribunal Federal, respeitado o qu-orum, mínimo, de oito ministros para instalação da sessão de julgamento.

c) O Supremo Tribunal Federal, por decisão de pelo menos um terço de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade.

d) Se o Relator considerar inepta a peça inicial e indeferi-la liminarmente, caberá agravo contra esta decisão.

e) Não é admitida a desistência da ação declaratória de constitucionalida-de após o seu ajuizamento e, também, a intervenção de terceiros.

FCC — Juiz do Trabalho Substituto/ TRT 18ª Região — 201415. Considerando a disciplina jurídica do controle de constitucionalida-

de e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal na matéria, (A) súmula vinculante pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade que, se julgada procedente, produzirá eficácia contra todos e efeito vinculante rela-tivamente aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração pública direta, indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

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FGV DIREITO RIO 61

(B) ato administrativo que contrarie súmula vinculante não pode ser obje-to de reclamação proposta perante o Supremo Tribunal Federal, uma vez que a reclamação é cabível apenas contra decisão judicial, que poderá ser cassada pelo STF, com a determinação de que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

(C) o cabimento do recurso extraordinário está sujeito à demonstração da existência de repercussão geral das questões discutidas no caso, podendo o STF recusá-lo pela manifestação de dois terços dos seus membros.

(D) a aprovação de súmula vinculante, a qual poderá ser provocada pelos legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade, produzirá efeitos vinculantes apenas em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração pública direta, mas não em relação à Administração pública indireta e ao Poder Legislativo.

(E) é vedado ao Superior Tribunal de Justiça o exercício do controle difu-so de constitucionalidade, considerando que a competência para processar e julgar o recurso extraordinário é do Supremo Tribunal Federal.

FCC — Juiz do Trabalho Substituto/ TRT 18ª Região — 201416. O Presidente da República, a pretexto de exercer seu poder regula-

mentar, editou decreto, sem que existisse lei tratando da matéria por ele disciplinada, pelo qual criou obrigações que somente poderiam, à luz da Constituição Federal, ter sido instituídas por lei formal. Por esse motivo, a constitucionalidade do referido decreto foi arguida em um caso concreto, como questão prejudicial para o julgamento do pedido principal da peti-ção inicial, ensejando, em segundo grau de jurisdição, o pronunciamento do plenário de determinado Tribunal declarando a inconstitucionalidade da norma, pelo voto da maioria absoluta de seus membros.

À luz da Constituição Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o decreto presidencial

(A) não poderia ter sido declarado inconstitucional pelo Tribunal, mas tão so-mente ilegal, uma vez que o decreto foi editado com fundamento no poder regu-lamentar do Presidente da República, motivo pelo qual a sua inaplicabilidade a um caso concreto não dependeria de prévia manifestação do plenário do Tribunal.

(B) não poderia ter sido declarado inconstitucional pelo plenário do Tri-bunal, mas tão somente ilegal, uma vez que o decreto foi editado com funda-mento no poder regulamentar do Presidente da República, mas, ainda assim, a declaração de sua inaplicabilidade ao caso concreto dependeria de manifes-tação do plenário do Tribunal, visto tratar-se de norma geral e abstrata.

(C) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo plenário do Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem qualquer amparo legal, mas, por tratar-se de ofensa indireta à Constituição Federal, é dispensável o quó-rum da maioria absoluta do Plenário.

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FGV DIREITO RIO 62

(D) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem qualquer amparo legal e com ofensa di-reta à Constituição Federal, sendo, no entanto, desnecessária a manifestação plenária do Tribunal, uma vez que a declaração de invalidade dessa espécie normativa não está sujeita à reserva de plenário.

(E) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo plenário do Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem qualquer amparo legal e com ofensa direta à Constituição Federal, sendo dispensada a manifestação plená-ria do Tribunal se o plenário do Supremo Tribunal Federal já tiver declarado a inconstitucionalidade do mesmo decreto.

FCC — Juiz do Trabalho Substituto/ TRT 24ª Região — 201417. Com a redação que lhe conferiu a Lei no 6.515, de 26 de dezembro de

1977, o art. 100, I, do Código de Processo Civil vigora com o seguinte enun-ciado: Art. 100. É competente o foro: I − da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; Tal preceito legal, em face do regime constitucional em vigor:

(A) cabe ser afastado incidentalmente por órgão fracionário de Tribunal de Justiça, caso julgue que seu comando normativo é incompatível com a Cons-tituição, mesmo que não tenha havido manifestação a respeito pelo respec-tivo plenário ou órgão especial, bem como pelo Supremo Tribunal Federal.

(B) estabelece indevida situação discriminatória que revela insuficiência da disciplina legislativa em face do direito fundamental à igualdade entre ho-mens e mulheres, indicando, portanto, a ocorrência de inconstitucionalidade por omissão parcial.

(C) não cabe ser considerado compatível com o texto constitucional por órgão fracionário de Tribunal de Justiça, caso não tenha havido manifestação a respeito pelo respectivo plenário ou órgão especial, bem como pelo Supre-mo Tribunal Federal.

(D) não cabe ser considerado incompatível com o texto constitucional, desde que lhe seja conferida interpretação conforme a Constituição de modo a excluir qualquer significado que implique restrição discriminatória por mo-tivo de gênero em sua aplicação.

(E) comporta vício de inconstitucionalidade em face do direito funda-mental à igualdade entre homens e mulheres.

FCC — Juiz do Trabalho Substituto/ TRT 1ª Região — 201318. Segundo a disciplina jurídica da ação direta de inconstitucionalidade

(ADIN), é correto afirmar que(A) não é permitida a sustentação oral dos representantes judiciais do re-

querente, no julgamento do pedido de medida cautelar, em decorrência da garantia da celeridade processual.

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FGV DIREITO RIO 63

(B) se a ação for julgada procedente, seu relator deverá comunicar o Presi-dente da República, o qual, no prazo de quarenta e oito horas, deverá requi-sitar ao Senado Federal a suspensão da execução, no todo ou em parte, da lei declarada inconstitucional.

(C) a decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ADIN pode ser objeto de recurso por meio de embargos infringentes.

(D) em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos da ADIN, poderá o relator fixar data para, em audiência pública, ouvir depoi-mentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.

(E) se o autor desistir da ação antes do julgamento de mérito, o Advogado--Geral da União deverá assumir o polo ativo da ADIN para dar prossegui-mento ao julgamento.

Gabarito: D

FCC — Juiz do Trabalho Substituto/ TRT 6ª Região — 201319. Atenção: Considere o relato a seguir para responder a próxima questão.Medida provisória (MP) editada para abertura de crédito extraordinário,

destinado à cobertura de despesas correntes de órgãos da Administração Fe-deral, tais como o pagamento de despesas com a manutenção e o funciona-mento de escritórios regionais e a continuação de programas em andamento, é objeto de ação direta de inconstitucionalidade (ADI) ajuizada, perante o Supremo Tribunal Federal, por partido político com representação no Con-gresso Nacional. Setenta dias após sua edição, a MP é convertida em lei, sem alterações, antes do julgamento da ADI. 47.

No caso relatado, a ação direta de inconstitucionalidade(A) reúne condições de admissibilidade quanto à legitimidade para propo-

situra e objeto da ação, diante da disciplina constitucional da matéria.(B) perdeu objeto, diante da conversão da medida provisória em lei, não

sendo admissível sequer a emenda da inicial para incluir a lei no escopo da ação.

(C) não poderia ter por objeto medida provisória, cujos requisitos de ur-gência e relevância não são sindicáveis em sede de controle concentrado de constitucionalidade.

(D) não poderia ter sido ajuizada por partido político, por ausência de pertinência temática com o objeto da demanda.

(E) não poderia ter por objeto medida provisória que versasse sobre ma-téria orçamentária, por se tratar de questão típica de decisão política, não passível de controle jurisdicional.

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FGV DIREITO RIO 64

Juiz do Trabalho — TRT 14ª Região — 201320. Analise as assertivas abaixo e após marque a única alternativa correta.I. Os Estados-membros podem adotar controle abstrato de normas de

direito estadual ou municipal, tanto por ação, quanto por omissão, em face da Constituição Estadual ou da Constituição Federal, desde que sejam ob-servados os princípios gerais previstos em legislação federal que normatiza o exercício do controle concentrado no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

II. Embora seja discricionária a competência exercida pelo Senado Fede-ral, isso no que diz respeito à suspensão da execução de lei declarada incons-titucional, em decisão definitiva, pelo Supremo Tribunal Federal em controle difuso, se for exercitada, não é possível, em face da violação ao primado da segurança jurídica, que posteriormente o Senado revogue a resolução suspen-siva, para retorno da execução da aludida lei.

III. Assim como os demais produtos do processo legislativo, as emendas constitucionais estão

sujeitas a controle de constitucionalidade, tanto formal quanto material, motivo pelo qual é cabível mandado de segurança coletivo no STF, proposto por partido político com representação no Congresso Nacional, a fim de que se discuta a ordem de apreciação dos vetos presidenciais.

IV. Considerando a previsão existente na Constituição de 1988, os decre-tos legislativos são hierarquicamente superiores às resoluções.

a) Apenas o item I é verdadeiro.b) Apenas o item II é verdadeiro.c) Apenas o item III é verdadeiro.d) Apenas o item IV é verdadeiro.e) Todos os itens são falsos.

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FGV DIREITO RIO 65

FLÁVIA BAHIA MARTINSMestre em Teoria do estado e direito Constitucional na pUC-RJ. Bacharel em direito pela Universidade Católica de Salvador.

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FGV DIREITO RIO 66

FICHA TÉCNICA

Fundação Getulio Vargas

Carlos Ivan Simonsen LealPRESIDENTE

FGV DIREITO RIO

Joaquim FalcãoDIRETOR

Sérgio GuerraVICe-dIReTOR de eNSINO, peSQUISA e pÓS-GRAdUAÇÃO

Rodrigo ViannaVICe-dIReTOR AdMINISTRATIVO

Thiago Bottino do AmaralCOORdeNAdOR dA GRAdUAÇÃO

Andre Pacheco MendesCOORdeNAdOR dO NÚCLeO de pRÁTICA JURÍdICA – CLÍNICAS

Cristina Nacif AlvesCOORdeNAdORA de eNSINO

Marília AraújoCOORdeNAdORA eXeCUTIVA dA GRAdUAÇÃO