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DIREITO CONSTITUCIONAL-MODULO I E-LEARNING www.ecocursos.com.br E-LEARNING 1 DIREITO CONSTITUCIONAL 1. CONCEITO, OBJETO E TENDÊNCIAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL Conceito: é um ramo do Direito Público apto a expor, interpretar e sistematizar os princípios e normas fundamentais do Estado. É a ciência positiva das constituições Objeto: é a CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO, cabendo a ele o estudo sistemático das normas que integram a constituição Corresponde à base, ao fundamento de todos os demais ramos do direito; deve haver, portanto, obediência ao texto constitucional, sob pena de declaração de inconstitucionalidade da espécie normativa, e conseqüente retirada do sistema jurídico 2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Conceito: considerada a lei fundamental de uma Nação, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, É O CONJUNTO DE NORMAS QUE ORGANIZA OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO. Forma: um complexo de normas Conteúdo: a conduta humana motivada das relações sociais Finalidade: a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade Causa Criadora: o poder que emana do povo

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DIREITO CONSTITUCIONAL

1. CONCEITO, OBJETO E TENDÊNCIAS DO DIREITO CONSTITUCIONAL Conceito: é um ramo do Direito Público apto a expor, interpretar e sistematizar os

princípios e normas fundamentais do Estado. É a ciência positiva das constituições

Objeto: é a CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO ESTADO, cabendo a ele o estudo

sistemático das normas que integram a constituição

• Corresponde à base, ao fundamento de todos os demais ramos do direito; deve haver, portanto, obediência ao texto constitucional, sob pena de declaração de inconstitucionalidade da espécie normativa, e conseqüente retirada do sistema jurídico

2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Conceito: considerada a lei fundamental de uma Nação, seria, então, a organização

dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias; em síntese, É O CONJUNTO DE NORMAS QUE ORGANIZA OS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO.

Forma: um complexo de normas Conteúdo: a conduta humana motivada das relações sociais Finalidade: a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade Causa Criadora: o poder que emana do povo

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CONJUNTO DE VALORES: A Constituição não pode ser compreendida e interpretada,

se não tivermos em mente essa estrutura, considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo que a integra.

Origens: O Brasil já teve 7 constituições, incluindo a atual de 1988. CF 1824 - Autocrática: Liberal – Governo Monárquico: vitalício e hereditário

Estado Unitário: províncias sem autonomia; 4 poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador (Soberano); O controle de constitucionalidade era feito pelo próprio Legislativo; União da Igreja com o Estado, sob o catolicismo. “a Constituição da Mandioca”.

CF 1891 - Democrática: Liberal - Governo Republicano - Presidencialista

Federalista: autonomia de Estados e Municípios. Introduziu o controle de constitucionalidade pela via difusa, inspirado no sistema jurisprudencial americano. Separou o Estado da Igreja.

CF 1934 - Democrática: Liberal-Social - Governo Republicano – Presidencialista

Federalista: autonomia moderada. Manteve o controle de constitucionalidade difuso e introduziu a representação interventiva.

Cf 1937 - Ditatorial: Liberal-Social - Governo Republicano – Presidencialista (Ditador)

Federalista: autonomia restrita. Legislação trabalhista. Constituição semântica, de fachada. Também conhecida como “a Polaca”

CF 1946 - Democrática: Social-Liberal - Governo Republicano – Presidencialista

Federalista: ampla autonomia - Estado Intervencionista (Emenda Parlamentarista/1961; Plebiscito/1963 - Presidencialismo; Golpe Militar/1964 – Início da Ditadura. Controle de constitucionalidade difuso e concentrado, este introduzido pela EC nº 16/65

CF 1967 - Ditatorial: Social-Liberal - Governo Republicano – Presidencialista (Ditador)

Federalista: autonomia restrita - Ato Institucional nº 5 / 1969 – uma verdadeira carta constitucional: 217 artigos aprofundando a Ditadura: autorizou o banimento; prisão perpétua e pena de morte; supressão do mandado de segurança e do hábeas corpus; suspensão da vitaliciedade e inamovibilidade dos magistrados; cassação nos 3 poderes. Manteve o controle de constitucionalidade pela via difusa e concentrada.

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CF 1988 - Democrática: Social-Liberal-Social - Governo Republicano – Presidencialista Federalista: ampla autonomia - Direitos e garantias individuais: mandado de segurança coletivo, mandado de injunção, hábeas data, proteção dos direitos difusos e coletivos; Aprovada com 315 artigos, 946 incisos, dependendo ainda de 200 leis integradoras. Fase atual: Neoliberalismo e desconstitucionalização dos direitos sociais. Considerada “Constituição Cidadã”

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO � Quanto ao conteúdo: Formal: regras formalmente constitucionais, é o texto votado pela Assembléia

Constituinte, estão inseridas no texto constitucional. Material: regras materialmente constitucionais, é o conjunto de regras de matéria de

natureza constitucional, isto é, as relacionadas ao poder, quer esteja no texto constitucional ou fora dele.

Quanto à forma: Escrita: pode ser: sintética (como a Constituição dos Estados Unidos) e

analítica (expansiva, como a Constituição do Brasil). A ciência política recomenda que as constituições sejam sintéticas e não expansivas como é a brasileira.

Não escrita: é a constituição cuja normas não constam de um documento único e

solene, mas se baseie principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e em textos constitucionais esparsos.

Quanto ao modo de elaboração: Dogmática: é Constituição sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente

por um órgão constituinte; é escrita. É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento.

Histórica: é sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento

evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado. Como exemplo de

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Constituição não escrita e histórica temos a Constituição do Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte. (ex. Magna Carta - datada de 1215)

• A escrita é sempre dogmática; A não escrita é sempre histórica.

Quanto a sua origem ou processo de positivação: Promulgada: aquela em que o processo de positivação decorre de convenção, são

votadas, originam de um órgão constituinte composto de representantes do povo, eleitos para o fim de as elaborar. Ex.: Constituição de 1891, 1934, 1946, 1988.

Outorgada: aquela em que o processo de positivação decorre de ato de força, são

impostas, decorrem do sistema autoritário. São as elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição de 1824, 1937, 1967, 1969.

Pactuadas: são aquelas em que os poderosos pactuavam um texto constitucional, o que

aconteceu com a Magna Carta de 1215.

OBS: A expressão Carta Constitucional é usada hoje pelo STF para caracterizar as constituições outorgadas. Portanto, não é mais sinônimo de constituição.

Quanto à estabilidade ou mutabilidade: Imutável: constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias

históricas – imutabilidade absoluta. Rígida: permite que a constituição seja mudada mas, depende de um procedimento

solene que é o de Emenda Constitucional que exige 3/5 dos membros do Congresso Nacional para que seja aprovada. .

Flexível: o procedimento de modificação não tem qualquer diferença do

procedimento comum de lei ordinária . Ex.: as constituições não escritas, na sua parte escrita elas são flexíveis

Semi-rígida: aquela em que o processo de modificação só é rígido na parte

materialmente constitucional e flexível na parte formalmente constitucional.

• a CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA é: escrita, analítica,

dogmática, eclética, promulgada e rígida Elementos da constituição ����

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Elementos orgânicos ou organizacionais: organizam o estado e os poderes constituídos.

Elementos limitativos: limitam o poder – direitos e garantias

fundamentais. Elementos sócio-ideológicos: princípios da ordem econômica e social Elementos de estabilização constitucional: supremacia da CF (controle de

constitucionalidade) e solução de conflitos constitucionais

Elementos formais de aplicabilidade: são regras que dizem respeito a

aplicabilidade de outras regras (ex. preâmbulo, disposições transitórias)

Teoria das Maiorias ���� As maiorias podem ser:

Simples ou Relativa: o referencial numérico para o cálculo é o número de membros presentes, desde que haja quorum (que é o de maioria absoluta). É exigida para as leis ordinárias.

Qualificada: o referencial numérico para o cálculo é o número de membros da casa,

estando ou não presentes desde que haja quorum para ser instalada. Pode ser:

maioria Absoluta: é a unidade ou o número inteiro imediatamente superior à

metade. Exigida para as leis complementares. maioria de 3/5: exigida para as emendas constitucionais. Câmara dos Deputados = 513 membros (MA = 257 e 3/5 = 308) Senado Federal = 81 membros (MA = 41 e 3/5 = 49)

• Quando a constituição diz maioria sem adjetivar está se referindo à maioria

simples. Portanto, quando a constituição não estabelecer exceção as deliberações de cada Casa serão tomadas por maioria simples, desde que o quorum seja de maioria absoluta.

quorum: é o número mínimo de membros que devem estar presentes

para que a sessão daquele órgão possa ser instalada. A Constituição exige que este número seja de maioria absoluta.

2.1. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ����

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� Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia; � Aplicabilidade: é a qualidade daquilo que é aplicável

� Logo, todas as normas constitucionais são aplicáveis, pois todas são dotadas

de eficácia jurídica. Porém, esta capacidade de incidir imediatamente sobre os fatos regulados não é uma característica de todas as normas constitucionais.

� As normas constitucionais são classificadas quanto à sua eficácia em:

Normas Constitucionais de Eficácia Jurídica Plena: - são aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral, independentemente de

legislação posterior para sua inteira operatividade; - produzem ou têm possibilidades de produzir todos os efeitos que o constituinte

quis regular; - tem autonomia operativa e idoneidade suficiente para deflagrar todos os efeitos a

que se preordena; - conformam de modo suficiente a matéria de que tratam, ou seja, seu enunciado

prescrito é completo e não necessita, para atuar concretamente, da interposição de comandos complementares.

Normas Constitucionais de Eficácia Jurídica Contida: - são aquelas que têm aplicabilidade imediata, integral, direta, mas que podem ter o

seu alcance reduzido pela atividade do legislador infraconstitucional. - São também chamadas de normas de eficácia redutível ou restringível. Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: - são aquelas que dependem da emissão de uma normatividade futura; - apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, pois somente incidem

totalmente após normatividade ulterior que lhes dê aplicabilidade - o legislador ordinário, integrando-lhes a eficácia, mediante lei ordinária, dá-lhes a

capacidade de execução em termos de regulamentação daqueles interesses visados pelo constituinte;

- a utilização de certas expressões como “a lei regulará”, ou “a lei disporá”, ou ainda “na forma da lei”, deixa claro que a vontade constitucional não está integralmente composta.

Subdividem-se em: Normas de Princípio Institutivo: - são aquelas que dependem de lei para dar corpo às instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição.

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Normas de Princípio Programático: - são as que estabelecem programas a serem desenvolvidos mediante legislação integrativa da vontade constituinte.

2.2. PODER CONSTITUINTE ���� Conceito: é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e

juridicamente organizado.

•••• O Poder constituinte é o poder que tudo pode. Titularidade do Poder Constituinte: é predominante que a titularidade do poder

constituinte pertence ao povo. Logo, a vontade constituinte é a vontade do povo expressa por meio de seus representantes.

Espécies: a) Poder Constituinte Originário - Estabelece a Constituição de um novo Estado,

organizando-se e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro, não sofre qualquer limite e não se subordina a nenhuma condição.

� Ocorre Poder Constituinte no surgimento da 1ª Constituição e também

na elaboração de qualquer outra que venha depois.

o Características:

� inicial - não se fundamenta em nenhum outro; é a base jurídica de um Estado;

� autônomo / ilimitado - não está limitado pelo direito anterior, não tendo

que respeitar os limites postos pelo direito positivo anterior; não há nenhum condicionamento material;

� incondicionado - não está sujeito a qualquer forma pré-fixada para

manifestação de sua vontade; não está submisso a nenhum procedimento de ordem formal

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b) Poder Constituinte Derivado - também chamado Instituído ou de segundo grau – é secundário, pois deriva do poder originário. Encontra-se na própria Constituição, encontrando limitações por ela impostas: explícitas e implícitas.

o Características:

� Derivado - deriva de outro poder que o instituiu, retirando sua força do poder Constituinte originário;

� Subordinado - está subordinado a regras materiais; encontra

limitações no texto constitucional. Ex. cláusula pétrea

� Condicionado – seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da CF; é condicionado a regras formais do procedimento legislativo. Este poder se subdivide em:

I) poder derivado de revisão ou de reforma: poder de editar emendas à Constituição. O exercente deste poder é o Congresso Nacional que, quando vai votar uma emenda ele não está no procedimento legislativo, mas no Poder Reformador.

II) poder derivado decorrente: poder dos Estados, unidades da federação, de elaborar as suas próprias constituições. O exercente deste poder são as Assembléias Legislativas dos Estados. Possibilita que os Estados Membros se auto-organizem.

•••• A Constituição de 1988 deu aos Municípios um status diferenciado do que antes era previsto, chegando a considerá-los como entes federativos, com a capacidade de auto-organizar-se através de suas próprias Constituições Municipais que são denominadas Leis Orgânicas.

2.3. EMENDA À CONSTITUIÇÃO Emenda à Constituição ���� A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da

Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

•••• Limitações ����

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o Vedações circunstanciais

� na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

o Vedações Materiais - Não será objeto de deliberação a proposta de

emenda tendente a abolir: (cláusulas pétreas) I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.

Procedimentos para a apresentação de uma Emenda à Constituição ����

•••• A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

•••• A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

•••• A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

o Sessão Legislativa

� Ordinária ���� período de 15/02 a 30/06 e 01/08 a 15/12. � Extraordinária ���� período de 01/07 a 31/07 e 16/12 a 14/02 (recesso)

•••• O Presidente da República NÃO SANCIONA NEM VETA Lei de Emenda à Constituição;

3. HIERARQUIA DAS NORMAS JURÍDICAS Estrutura hierarquizada: a pirâmide representa a hierarquia das normas dentro do

ordenamento jurídico - esta estrutura exige que o ato inferior guarde hierarquia com o ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a Constituição, sob pena de ser ilegal e inconstitucional - chamada de relação de compatibilidade vertical

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CF

LEIS

ATOS 3.1. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

As “COLUNAS” básicas da Constituição Federal são: a REPÚBLICA e a FEDERAÇÃO •••• Forma de Estado: FEDERAÇÃO

A forma de Estado objetiva a estruturação da sociedade estatal. Etimologicamente, significa pacto, união, aliança. Suas principais características são:

o Autonomia – financeira, administrativa e política; o Repartição de Competências – competência para legislar e cobrar impostos;

o Rigidez Constitucional – p/ alterações na CF, necessita quorum qualificado;

o STF – órgão que controla a aplicação da CF;

o Intervenção Federal – mecanismo de proteção do Federalismo;

o Unidade de Nacionalidade – a CF vale para todos os cidadãos, em todo País.

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AUTONOMIA Estados DF Municípios

Organizacional Constituição Estadual Lei Orgânica Lei Orgânica

Governamental Governador Governador Distrital Prefeito

Administrativa Orçamento Orçamento Orçamento

Legislativa Assembléia Legislativa

Câmara Legislativa Câmara Municipal

•••• Forma de Governo: REPÚBLICA

� A forma de governo tem como finalidade organizar politicamente um Estado.

Etimologicamente, significa � RES – coisa, PUBLICO – povo, ou seja “coisa do povo, para o povo”. São características básicas:

“REPRESO”

Representatividade - o povo escolhe seus representantes; Eletividade - a escolha é feita através do voto, de eleições; Periodicidade - o representante exerce mandato temporário (4 anos); Responsabilidade - dever de probidade administrativa; Soberania popular - o poder emana do povo e por ele é exercido.

Fundamentos da República Federativa do Brasil ����

•••• Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

•••• São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o

Executivo e o Judiciário. Os “ALICERCES” da Constituição Federal são os FUNDAMENTOS “SOCI DIVA PLU”

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I - SOberania; II - CIdadania; III - DIgnidade da pessoa humana; IV - VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - PLUralismo político.

Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil ���� Os “TIJOLOS” da Constituição Federal são os OBJETIVOS FUNDAMENTAIS “COGAERPRO” I - COnstruir uma sociedade livre, justa e solidária; II - GArantir o desenvolvimento nacional; III - ERradicar a pobreza e a marginalização; reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - PROmover o bem de todos, sem quaisquer preconceitos ou discriminação; Princípios que regem as Relações Internacionais ���� A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Os “VIZINHOS” da Constituição Federal são os PAÍSES AMIGOS “AINDA NÃO CONPREI RECOOS”

I - Autodeterminação dos povos; II - Independência nacional; III - Defesa da paz; IV - Não -intervenção; V - Concessão de asilo político. VI - Prevalência dos direitos humanos; VII - Igualdade entre os Estados; VIII - Repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - Solução pacífica dos conflitos;

FENÔMENOS DA MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL ���� Fenômeno da Recepção: assegura a preservação do ordenamento jurídico

anterior e inferior à nova constituição que com ela se

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mostre materialmente compatível � “Processo abreviado de criação de normas”.

� Se havia uma constituição, quando sobrevém outra, será feita a ab-

rogação (revogação total) da constituição anterior. � O fundamento de validade de uma lei no ordenamento jurídico é sua

compatibilidade com a constituição vigente. � Advinda uma nova constituição estas leis terão um novo fundamento de

validade e eficácia, desde que forem materialmente compatíveis.

Há norma constitucional inconstitucional ? Depende. NORMAS DECORRENTES DE PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO NÃO, NUNCA. Normas decorrentes de poder reformador sim, eventualmente 3.2. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS

� é a verificação de adequação, de compatibilidade, de um ato jurídico qualquer, em especial a Lei, com a Constituição;

� significa impedir a subsistência da eficácia de norma contrária à Constituição Federal;

� significa dar conferência de eficácia plena a todos os preceitos

Constitucionais em face da previsão do controle de Inconstitucionalidade por omissão;

� a idéia do controle está ligada à rigidez Constitucional

o Controle Concentrado: somente o STF (via de ação) o Controle Difuso: todos os órgãos do Poder Judiciário

Requisitos de constitucionalidade: Formais: subjetivos � INICIATIVA

objetivos � DEMAIS NORMAS DO PROCESSO LEGISLATIVO

� Aspecto Formal: quando ocorre a desobediência quanto à forma de elaboração e competência, a INCONSTITUCIONALIDADE é sempre TOTAL.

Materiais: Conteúdo da lei

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� Aspecto Material: quando ocorre a desobediência quanto ao seu conteúdo, a INCONSTITUCIONALIDADE pode ser TOTAL ou PARCIAL.

•••• se o legislador agravar a FORMA (aspecto Formal) e/ou o CONTEÚDO (aspecto

Material), abre-se espaço para o controle de constitucionalidade.

Formas de Controle: depende do momento em que é feito; o marco é o

aperfeiçoamento da lei.

Controle Preventivo Controle Repressivo Poder Legislativo - CCJ - Comissão de Constitucionalidade e Justiça

Poder Legislativo - Regulamento, Medida provisória, Lei Delegada (art. 49, V.)

Poder Executivo - veto jurídico _____________

Poder Judiciário (exceção) - Mandado de Segurança (aconteceu com a EC 20 que contrariou o art. 60, §5º)

Poder Judiciário - Ação Judicial de Inconstitucionalidade

Controle Preventivo �

� Destina-se a impedir o ingresso, no sistema legal, de normas, que em seu projeto, já revelam desconformidades com a Constituição Federal. O controle Prévio se refere a projetos (atos inacabados).

� É exercido tanto pelo Legislativo (Comissão de Constitucionalidade e Justiça)

quanto pelo Executivo (através de Veto);

� Pode, também, ser chamado de Controle Político ou Controle “a priori”. Controle Repressivo ����

� Em regra, é exercido pelo Poder Judiciário; todavia pode, também, ser exercido pelo Poder Legislativo (na Medida Provisória)

� O controle Repressivo pode se dar através de 2 métodos:

Via de Exceção - DIFUSO, CONTROLE ABERTO, INCIDENTAL, SUBJETIVO, CONCRETO

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- A alegação de inconstitucionalidade é fundamento de defesa, logo, é questão

prejudicial. - Qualquer pessoa (legitimada) pode impetrar ação de inconstitucionalidade; - O julgamento pode ser realizado em qualquer tribunal, por qualquer Juiz; - O Juiz singular poderá declarar a inconstitucionalidade de ato normativo ao

solucionar o litígio entre as partes;

- Não é declaração de inconstitucionalidade de lei em tese, mas exigência imposta para a solução do caso concreto;

- é o controle concreto, inter partes, ou incidental. - Efeitos da declaração de inconstitucionalidade � EX-TUNC – desfaz-se, desde a

sua origem, o ato declarado inconstitucional, juntamente com todas as conseqüências dele derivadas, uma vez que atos inconstitucionais são nulos; somente é aplicado ao caso concreto que foi julgado.

- Controle Difuso / Senado Federal � o STF, decidindo o caso concreto (via indireta)

poderá, incidentalmente, declarar por maioria absoluta de seus membros, a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo do Poder Público; teoricamente, esta lei continua em vigor, pois esta declaração de inconstitucionalidade NÃO A REVOGA, isto é, continua eficaz e aplicável, até que o Senado Federal, através de uma RESOLUÇÃO, SUSPENDA a sua executoriedade, no todo ou em parte.

- A Declaração de Inconstitucionalidade é do STF, mas a SUSPENSÃO é função

do Senado Federal. Neste caso, os efeitos são EX-NUNC, ou seja, DEIXAM DE VIGORAR após a publicação da citada Resolução.

Via de Ação - CONCENTRADO, CONTROLE RESERVADO, FECHADO, OBJETIVO, ABSTRATO; é realizado pelo STF

- A alegação de inconstitucionalidade OBJETIVA obter a invalidação da lei; - Na ADIN – Ação Direta de Inconstitucionalidade não há caso concreto a ser

solucionado (interesse particular);

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- Almeja-se expurgar o ato normativo que contrarie a Constituição Federal, independentemente de interesses pessoais.

- O Procurador Geral da República deve ser ouvido previamente nas ações de

inconstitucionalidade, além de poder propô-las;

- A sustentação e Defesa da Norma legal impugnada sob argumento de inconstitucionalidade serão efetuadas pelo AGU – Advogado Geral da União;

•••• O Controle Concentrado ou Via de Ação processa-se por meio de :

ADIN ���� Ação Direta de Inconstitucionalidade; ADIO ���� Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão; ADPF ���� Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental;

o Têm LEGITIMIDADE para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa; V - o Governador de Estado; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

•••• O Controle Concentrado ou Via de Ação pode processar-se, também, por meio de:

ADECON ���� Ação Declaratória de Constitucionalidade

o Têm LEGITIMIDADE para propor Ação Declaratória de Constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - o Procurador-Geral da República

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ADIN - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Genérica : Julgamento: Originalmente, cabe ao STF proceder ao julgamento. É o único foro

competente. Finalidade: Jurídica (a inconstitucionalidade); visa-se a tutela da ordem

constitucional.

Legitimidade: A legitimidade se divide em:

I) LEGITIMADOS UNIVERSAIS ou NEUTROS: aqueles em que a legitimidade é reconhecida pelo STF sem qualquer demonstração de interesse.

� Presidente da República; � Mesa do Senado Federal; � Mesa da Câmara dos Deputados; � Conselho Federal da OAB; � Procurador Geral da República; � Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional

II) LEGITIMADOS ESPECIAIS ou INTERESSADOS: Os legitimados especiais

precisam mostrar o seu interesse no reconhecimento da inconstitucionalidade.

� Mesa das Assembléias Legislativas e da Câmara Legislativa (DF); � Governadores de Estado e do Distrito Federal; � Confederação Sindical; � Entidade de Classe de âmbito nacional. � Observações:

• Somente as Confederações têm legitimidade e não as Federações, nem mesmo as Centrais Sindicais;

o Considera-se Confederação àquela que tem na sua formação no mínimo 3 Federações;

• Quanto às Entidades de Classe de âmbito nacional, o STF exige que haja representação em pelo menos 9 estados da Federação;

o O interesse das Entidades de Classe deve ser de caráter profissional ou decorrente de atividade econômica;

o Entidade de Classe de âmbito nacional híbrida não é legitimada, pois compõe-se de pessoas jurídicas e físicas;

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o Associação de âmbito nacional também não é legitimado ativo (Ex.: Associação dos Delegados da Polícia Federal);

• Associação de Associações � não são legitimados ativos;

Intervenções: o Procurador Geral da República poderá ingressar no processo como

órgão agente (quando é parte, autor) ou como órgão interveniente (quando é fiscal da lei). É chamado também o Advogado Geral da União que tem a função vinculada de defender o ato (prazo 15 dias). Nos Estado temos PGJ e o PGE, respectivamente.

Objeto: Lei ou Ato Normativo, FEDERAL OU ESTADUAL, impugnados em face de qualquer norma da constituição.

Constituição Estadual:

• pode ser objeto de ADIN já que decorre de poder constituinte decorrente

Emenda Constitucional:

• pode ser objeto de ADIN já que decorre de poder constituinte reformador.

Medida Provisória:

• também pode ser objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade

Ato normativo:

• deve ter abstração (ser abstrato; não disciplina o caso concreto), • generalidade (se projeta erga omnes) e • autonomia (ter fundamento de validade na própria Constituição).

Lei Delegada, Decreto Legislativo e Regimentos Internos:

• também podem ser objeto de ADIN;

Outras normas:

Lei Distrital: • a competência do DF é somatória, reúne a competência estadual

com a competência municipal, só podendo ser objeto de ADIN no STF as normas decorrentes da competência estadual.

Lei Municipal:

• só pode ser objeto de ADIN no Tribunal de Justiça Estadual, caso ofenda a Constituição Estadual; discutido pela via de exceção.

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Regulamento Interno:

• conforme o STF, os regulamentos subordinados (internos) ou de execução, NÃO PODEM SER SUJEITOS AO CONTROLE, tendo em vista que estão ligados à lei e não à Constituição.

Efeitos: “erga omnes”, “ex tunc” e vinculante. Aspectos Gerais da ADIN:

1) A petição inicial de ADIN quando inepta, não fundamentada e manifestamente improcedente será liminarmente indeferida pelo relator; desta decisão, cabe agravo;

2) Proposta a ação, NÃO SE ADMITIRÁ DESISTÊNCIA, tampouco há prazo

para ajuizamento.

3) Não se admite intervenção de terceiros. .

4) A decisão sobre constitucionalidade e sobre inconstitucionalidade somente será tomada se presentes pelo menos 8 Ministros, dependendo da aprovação de pelo menos 6 Ministros;

5) A decisão de ADIN é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos

declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória 6) A medida cautelar será concedida por decisão da maioria absoluta dos

membros do Tribunal (exceto no recesso);

7) Não cabe ADIN de norma infraconstitucional pré-existente ao texto em vigor, pois não seria caso de análise de inconstitucionalidade, mas sim de recepção ou não.

8) A não recepção de uma norma traduz a sua revogação

9) A decisão de constitucionalidade e inconstitucionalidade tem EFICÁCIA

contra todos e EFEITO VINCULANTE em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal.

Atenção:

•••• ato normativo anterior a 05/10/88, NÃO PODE ser objeto de controle concentrado;

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•••• ato normativo posterior a 05/10/88, VIGENTE QUANDO DO AJUIZAMENTO, mas

revogado no curso da ação;

•••• ato normativo posterior a 05/10/88, REVOGADO ANTES DO AJUIZAMENTO;

� para todos os casos acima, haverá CARÊNCIA DA AÇÃO.

o a causa de pedir a ADIN é aberta; permite ao STF entender inconstitucional a norma por outros motivos distintos do que foi anunciado na inicial;

Processo da ADIN: Possui natureza objetiva, ou seja, a única finalidade reside na

defesa do texto constitucional. A ADIN não é veículo adequado para apuração de relações subjetivas. Logo, inexiste litígio, os legitimados não tem poder de disposição.

Julgamento da ADIN: só será proclamado por maioria absoluta

� Atenção: permite, através do quorum de 2/3, ter efeito “ex-nuc”, por motivo de segurança jurídica.

ADII - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Interventiva: Legitimidade: somente o Procurador Geral da República Finalidade: dupla – jurídica (inconstitucional qualificada) e política (a intervenção) Objeto: Lei ou Ato Normativo impugnados em face de alteração dos

princípios sensíveis da Constituição.

� São princípios constitucionais sensíveis: • forma republicana, sistema representativo e regime

democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas da administração pública, direta e indireta; aplicação do mínimo exigido da receita dos impostos estaduais na educação.

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Cautelar: inviável, em razão da própria natureza da ação. Sentença: declara a intervenção em razão da inconstitucionalidade. Fases: a intervenção ocorre no plano normativo (decreto interventivo do

Presidente da República) e, não sendo suficiente passa-se a intervenção efetiva (usa-se a força, rompe momentaneamente a autonomia do Estado).

� a inconstitucionalidade pode decorrer de um ato administrativo (o que

não interessa para o controle) ou do exercício da competência legislativa.

� uma lei estadual por coincidir com objeto de ação genérica e

interventiva – poderá ter duas ações impugnando a mesma lei - ocorrendo esta situação o STF apensaria os dois processos, em razão da continência.

ADIO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO: Origem: Constituição de Portugal Pressuposto: norma de eficácia jurídica limitada – um direito constitucional nela

previsto, cujo exercício se mostra inviabilizado em razão da omissão (parcial ou total) do legislador ou, se o caso, do administrador.

� Na falta de uma medida legislativa (mera comunicação ao Congresso

Nacional, sem coercitividade) ou administrativa (manda cumprir em 30 dias)

� as normas de eficácia limitada causam a Síndrome de inefetividade,

já que não produzem efeitos antes da intervenção do legislador. Competência: a competência para julgar cabe ao STF. Legitimidade: os mesmos da ADIN Diferenças entre ADIN e ADIO: ADIN = efeito erga omnes (os efeitos da decisão atingem todas as pessoas)

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ADIO = efeito inter partes (os efeitos da decisão só atingem as partes do processo)

� Apesar desta diferença eles tem pontos em comum: ambos tem como pressuposto um direito constitucional previsto em uma norma de eficácia limitada - a finalidade de ambos é VIABILIZAR O EXERCÍCIO DESTE DIREITO.

� A omissão pode ser tratada de forma difusa (via de exceção) � através

de Mandado de Injunção • “ conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de

norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; “

� no Mandato de Injunção, o campo material (objeto) é restrito: a

omissão deve ser tal que inviabilize o exercício dos direitos. Deve ser impetrado pelo interessado. Admite-se o Mandato de Injunção Coletivo (através dos Sindicatos).

ADPF - ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL: Fundamento: devem ser admitidas argüições de descumprimento de preceito

fundamental contra atos abusivos do Executivo, Legislativo e Judiciário, desde que esgotadas todas as vias judiciais.

o de forma a consagrar maior efetividade às previsões constitucionais,

englobam:

� os direitos e garantias fundamentais; � os fundamentos; � os objetivos da República Federativa do Brasil;

Legitimidade: os mesmos da ADIN Foro: o STF, que poderá, de forma rápida, geral e obrigatória, evitar ou fazer

cessar condutas do poder público que estejam colocando em risco os preceitos fundamentais da República Federativa e, em especial, a dignidade da pessoa humana e os direitos e garantias individuais.

� NÃO HÁ PRAZO PARA AJUIZAMENTO;

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ADECON - AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE: Fundamentos: instituída pela EC 03/93, foi muito questionada de

inconstitucionalidade, já que as leis já gozam de presunção de validade e não precisaria de uma ação para dizer a mesma coisa;

� diziam que o STF era mero órgão consultivo, o que fere o princípio da

Separação dos Poderes, princípio do contraditório (é possível o questionamento já que decorre de poder reformador)

� o STF decidiu pela constitucionalidade da emenda - exigiu como

pressuposto que o autor demonstre a existência de decisões generalizadas pela inconstitucionalidade (demonstre a necessidade da ação), com isso fica garantido o contraditório (alegações das decisões contrárias).

Objeto: é mais restrito, pois somente as leis ou atos normativos federais

podem sem formalmente declarados constitucionais. Competência: STF Legitimidade: Presidente da República, Mesas da Câmara de Deputados e do

Senado Federal e Procurador Geral da República . Eficácia: “erga omnes” - os efeitos da decisão atingem todas as pessoas ;

“ex tunc” - os efeitos da decisão retroagem até o momento da formação do ato normativo, vai para trás, atinge tudo (tunc = tudo) e

Vinculante:

a) se o juiz ainda não proferiu a sentença – não vai mais decidir a prejudicial – stare decisis et non quieta movere (não se mexe no que já está em repouso) – poderá decidir o mérito;

b) se já tem sentença – se no mesmo sentido da ADC é mantida, se no sentido inverso, é desfeita

c) se já tem coisa julgada – não é atingida (difícil de acontecer) d) se o processo não foi ajuizado – não irá conhecer da ação – pedido

juridicamente impossível Cautelar : possível, por analogia – poder geral de cautela. Interpretação Conforme: interpretar é buscar o significado e o alcance da norma

(hermenêutica). Na prática podemos ter várias

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interpretações de uma mesma norma: uma contrária à CF, outra mais ou menos e a terceira de acordo com a CF – esta terceira é a que deve ser adotada – aplica o princípio da conservação das normas e da economia do ordenamento – visa salvar a lei – tem efeito vinculante.

4. CONCEITOS DE ESTADO E DE NAÇÃO 4.1. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO PAÍS � se refere aos aspectos físicos, ao habitat, ao torrão nacional; manifesta a

unidade geográfica, histórica, econômica e cultural das terras ocupadas pelos brasileiros.

ESTADO ���� é uma ordenação que tem por fim específico e essencial a regulamentação

global das relações sociais entre os membros de uma dada população sobre um dado território; constitui-se de um poder soberano de um povo situado num território com certas finalidades; a constituição organiza esses elementos.

TERRITÓRIO � é o limite espacial dentro do qual o Estado exerce de modo efetivo o

poder de império sobre pessoas e bens. 4.2. FORMAS DE ESTADO � considera os modos pelos quais se estrutura a sociedade estatal, permitindo identificar

as comunidades políticas em cujo âmbito de validade o exercício do poder ocorre, de modo centralizado ou descentralizado. Pode ser:

a) Estado UNITÁRIO: quando existir um único centro dotado de capacidade

legislativa, administrativa e política, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se concentram todas as competências constitucionais, ocorre a FORMA UNITÁRIA de ESTADO.

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b) Estado FEDERAL: quando as capacidades políticas, legislativas e administrativas

são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que passam a gozar de autonomias próprias, surge a FORMA FEDERATIVA. Neste caso, as autonomias regionais não são fruto de delegação voluntária de um centro único de poder, mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada de competências por ato voluntário de poder central.

•••• ESTADO FEDERADO não significa necessariamente Estado descentralizado.

FEDERALISMO: refere-se a uma forma de Estado (federação ou Estado Federal)

caracterizada pela união de coletividades públicas dotadas de autonomia político-constitucional, autonomia federativa; a federação consiste na união de coletividades regionais autônomas (estados federados, estados-membros ou estado).

UNIÃO: é a entidade federal formada pela reunião das partes componentes,

constituindo pessoa jurídica de Direito Público interno, autônoma em relação aos Estados e a que cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro.

•••• A autonomia federativa assenta-se em dois elementos:

a) na existência de órgãos governamentais próprios; b) na posse de competências exclusivas.

•••• O ESTADO FEDERAL apresenta-se como um Estado que, embora parecendo único nas relações internacionais, é constituído por Estados-membros dotados de autonomia, notadamente quanto ao exercício de capacidade normativa sobre matérias reservadas à sua competência.

4.3. FORMAS DE GOVERNO � define o modo de organização política e de regência do corpo estatal, ou seja, o

modo pelo qual se exerce o poder. Pode ser: a) REPUBLICA: quando o poder for exercido pelo povo, através de mandatários eleitos

temporariamente, surge a forma republicada,

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b) MONARQUIA: quando o poder é exercido por quem o detém naturalmente, sem representar o povo através de mandato, surge a forma monárquica de governo.

4.4. REGIMES DE GOVERNO � refere-se ao modo pelo qual se relacionam os Poderes Executivo e Legislativo.

Pode ser: a) PARLAMENTARISMO: a função de Chefe de Estado é exercida pelo Presidente

ou pelo Monarca e a de Chefe de Governo pelo Primeiro Ministro, que chefia o Gabinete. Parte da atividade do Executivo é deslocada para o Legislativo.

b) PRESIDENCIALISMO: o Presidente CONCENTRA as funções de Chefe de

Estado e de Chefe de Governo. 4.5. REGIMES POLÍTICOS � refere-se à acessibilidade do povo e dos governantes ao processo de formação da

vontade estatal. A participação do povo no processo decisório e a capacidade dos governados de influenciar a gestão dos negócios estatais comportam gradação variável em função do regime adotado. Dentro deste critério, temos:

a) REGIME DEMOCRÁTICO - a Democracia pode ser: direta: aquele em que o povo exerce, por si, os poderes governamentais, fazendo

leis, administrando e julgando. indireta: povo, fonte primária de poder, não podendo dirigir os negócios do Estado

diretamente em face da extensão territorial, da densidade demográfica e da complexidade dos problemas sociais, outorga as funções de governo aos seus representantes, que são eleitos periodicamente

semi-direta: é a democracia representativa, com alguns institutos de participação

direta do povo nas funções do governo. b) REGIME NÃO DEMOCRÁTICO: subdividido em totalitário, ditatorial e autoritário.

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SISTEMA BRASILEIRO:

• forma de estado: ESTADO FEDERAL, • forma de governo: REPUBLICANO, • regime de governo: PRESIDENCIALISTA, • regime político: DEMOCRÁTICO.

• Nosso modelo é de uma DEMOCRACIA SOCIAL (promover justiça social, promovendo o bem de todos e erradicando a pobreza, com diminuição das desigualdades), PARTICIPATIVA (caminha para democracia semi-direta) e PLURALISTA (pluralismo político).

Objetivos fundamentais do Estado brasileiro: a Constituição consigna como objetivos

fundamentais (art. 3º):

• construir uma sociedade livre, justa e solidária; • garantir o desenvolvimento nacional; • erradicar a pobreza e a marginalização; • reduzir as desigualdades sociais e regionais; • promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e de outras formas de discriminação.

5. EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL DO BRASIL � A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil

compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição Federal.

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• Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

• Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de PLEBISCITO, e do Congresso Nacional, por LEI COMPLEMENTAR.

5.1. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 Requisitos do Federalismo:

a) repartição de competências: b) repartição de rendas: entes federativos com capacidade de instituir

impostos e repartir receitas tributárias; c) existência de constituições estaduais: poder de auto-organização dos

Estados-membros, com supremacia da Constituição Federal;

d) rigidez constitucional: federalismo protegido por cláusula pétrea; e) indissolubilidade: união indissolúvel dos entes federativos e integridade

nacional; f) representação senatorial: o Senado Federal é órgão de representação dos

Estados-membros no Congresso Nacional (representação paritária), 3 senadores por Estado, eleitos por maioria simples;

g) defesa da Constituição: o STF é o guardião da Constituição; h) Intervenção Federal: a União, em casos extremos, pode intervir nos

Estados-membros; 5.1.1. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO: DIVISÃO ESPACIAL DO PODER

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INSTITUTOS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA DO POVO

1) INICIATIVA POPULAR: admite-se que o povo apresente projetos de lei ao

legislativo, desde que subscrito por número razoável de eleitores .

2) REFERENDO POPULAR: caracteriza-se pelo fato de que projetos de lei, já

aprovados pelo legislativo, devam ser submetidos à vontade popular, atendidas certas exigências, tais como, pedido de certo número de eleitores, de certo número de parlamentares ou do próprio chefe do executivo, de sorte que só será aprovado se receber votação favorável do corpo eleitoral, do contrário, reputar-se-á rejeitado. É atribuição exclusiva do Congresso Nacional autorizá-lo, tendo liberdade para estabelecer critérios e requisitos.

3) PLEBISCITO: é também uma consulta popular, semelhante ao referendo; difere

deste porque visa a decidir previamente uma questão política ou institucional, antes de sua formação legislativa, ao passo que o referendo versa sobre aprovação de textos de projeto de lie ou de emenda constitucional, já aprovados; o referendo ratifica ou rejeita o projeto já elaborado, enquanto que o plebiscito autoriza a sua formação. Pode ser utilizado pelo CN nos casos em que decidir seja conveniente e em casos específicos como a formação de novos Estados e Municípios.

5.1.2. UNIÃO

���� São bens da UNIÃO:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,

ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

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VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-

históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

� Compete à UNIÃO:

• assegurar a defesa nacional; • decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; • emitir moeda; • administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza

financeira;

• manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; • organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria

Pública do Distrito Federal e dos Territórios; • organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e

cartografia de âmbito nacional;

5.1.3. ESTADOS FEDERADOS

� Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições Estaduais e leis que adotarem, observados os princípios da Constituição Federal.

� Cabe aos Estados EXPLORAR diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

� Os Estados poderão, mediante lei complementar, INSTITUIR regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e micro-regiões, constituídas por agrupamentos de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

���� Incluem-se entre os bens dos ESTADOS:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

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II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;

III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

5.1.4. DISTRITO FEDERAL

� O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por LEI ORGÂNICA, votada pela Câmara Legislativa;

• Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.

5.1.5. MUNICÍPIOS

� O MUNICÍPIO reger-se-á por LEI ORGÂNICA, votada pelos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federa e na Constituição do respectivo Estado.

• o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de 5% (cinco por cento) da receita do município;

� Compete aos MUNICÍPIOS:

• legislar sobre assuntos de interesse local; • suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

• criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

� É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

5.1.6. TERRITÓRIOS

���� A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos TERRITÓRIOS.

• Os Territórios PODERÃO ser divididos em Municípios;

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• As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.

• Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.

5.1.7. INTERVENÇÃO FEDERAL � Em regra nós temos autonomia dos entes federativos, União, Estados, Distrito Federal

e Municípios, caracterizada pela tríplice capacidade de auto-organização, normatização, autogoverno e auto-administração. Excepcionalmente, porém, será admitido o afastamento desta autonomia política, COM A FINALIDADE DE PRESERVAÇÃO da existência e unidade da própria Federação, através da INTERVENÇÃO FEDERAL.

INTERVENÇÃO: consiste em medida excepcional de supressão temporária da

autonomia de determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no texto constitucional, e que visa à unidade e preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

� A UNIÃO, em regra, somente poderá intervir nos Estados-membros e no Distrito

Federal, enquanto os Estados somente poderão intervir nos Municípios de seu território.

• A UNIÃO não poderá intervir diretamente nos Municípios, salvo se

pertencentes a Território Federal. • É ato privativo do Chefe do Poder Executivo, na União por decreto do

Presidente da República e, nos Estados pelo Governador do Estado, a quem caberá também as medidas interventivas.

���� A UNIÃO intervirá nos Estados e no Distrito Federal, para:

I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação

em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

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IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de

dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias

fixadas na Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; VII - assegurar a observância dos seguintes princípios

constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime

democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e

indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de

impostos estaduais, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

���� O ESTADO intervirá em seus MUNICÍPIOS e a UNIÃO nos Municípios localizados em Território Federal, quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; iIII - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na

manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

� O procedimento da Intervenção Federal pode ser explicado em quatro fases, porém, nenhuma das hipóteses apresenta mais de três fases conjuntamente. São:

a) iniciativa; b) fase judicial: somente em duas das hipóteses de intervenção; c) Decreto interventivo d) Controle político

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� A intervenção se formaliza através de decreto presidencial, que deve especificar a amplitude, o prazo e as condições de sua execução e, se necessário for, afaste as autoridades locais e nomeie temporariamente um interventor (como se fosse servidor público federal), submetendo essa decisão à apreciação do Congresso Nacional, em 24 horas, quando realizará o CONTROLE POLÍTICO que:

poderá rejeitar a medida: o Presidente cessa a intervenção, sob pena de crime

de responsabilidade ou aprovar a medida: expede decreto legislativo

5.1.8. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS � O princípio da predominância do interesse é o princípio geral que norteia a

REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA entre as entidades, segundo o qual:

• à UNIÃO caberão as matérias e as questões de predominante interesse geral,; • com os ESTADOS ficarão as matérias e os assuntos de interesse regional; • com os MUNICÍPIOS, as questões de predominante interesse local.

CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS � Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um campo específico. I) Quanto à finalidade: a) MATERIAL: refere-se à prática de atos políticos e administrativos. Pode ser: Exclusiva: é a pertencente exclusivamente a uma única entidade, SEM

POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO (ex. art. 21) Cumulativa: ou paralela b) LEGISLATIVA : refere-se à prática de atos legislativos. Exclusiva: cabe apenas a uma entidade o poder de legislar, sendo

INADMISSÍVEL QUALQUER DELEGAÇÃO (ex. art. 25, § 1º)

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Privativa: cabe apenas a uma entidade o poder de legislar, MAS É POSSÍVEL A DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA a outras entidades (ex. art. 22 e seu parágrafo).

Concorrente: competência CONCOMITANTE de mais de uma entidade para

legislar a respeito de matéria (ex. art. 24). Suplementar: cabe a uma das entidades ESTABELECER REGRAS GERAIS e à

outra A COMPLEMENTAÇÃO DOS COMANDOS NORMATIVOS (ex. art. 24, § 2º)

II) Quanto à extensão: Exclusiva: é a atribuída a uma entidade com exclusão das demais, SEM

POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO (ex. art. 21), Privativa: quando, embora própria de uma entidade, seja passível de delegação. Comum, cumulativa ou paralela: quando existir um campo de atuação comum às

várias entidades, sem que o exercício de uma venha a excluir a compet6encia da outra, atuando todas juntamente em pé de igualdade,

Concorrente: quando houver possibilidade de disposição sobre o mesmo assunto

ou matéria por mais de entidade federativa, COM PRIMAZIA DA UNIÃO NO QUE TANGE ÀS REGRAS GERAIS (ex. art. 24),

Suplementar: é o poder de formular normas que desdobrem o conteúdo de

princípios ou normas gerais, ou que supram a ausência ou a omissão destas (ex. art. 24, §§ 1º e 4º).

COMPETÊNCIA DA UNIÃO: art. 21: competência material exclusiva expressa ou enumerada, art. 22: competência legislativa privativa expressa ou enumerada, art. 23: competência material comum, cumulativa ou paralela, art. 24: competência legislativa concorrente, art. 24 e parágrafos: competência legislativa suplementar, art. 154, I: competência tributária residual, art. 153 e incisos: competência tributária enumerada ou expressa. COMPETÊNCIA DOS ESTADOS: art. 25, § 1º: competência reservada ou remanescente, art. 25, § 2º: competência material exclusiva enumerada e expressa,

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art. 23: competência material comum, paralela ou cumulativa, art. 24: competência legislativa concorrente, art. 24 e parágrafos: competência legislativa suplementar, art. 155: competência tributária enumerada ou expressa. COMPETÊNCIA DO DISTRITO FEDERAL: art. 32, § 1º: competência reservadas ou remanescentes dos Estados e Municípios, art. 23: competência material comum, cumulativa ou paralela, art. 24: competência legislativa concorrente, art. 155: competência tributária expressa ou enumerada, COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS: art. 30: competência enumerada ou expressa, art. 23: competência material comum, cumulativa ou paralela, art. 156: competência tributária enumerada ou expressa.

PRIVATIVA DA UNIÃO

CONCORRENTE UNIÃO / ESTADOS/ DF COMUM A TODOS DOS MUNICÍPIOS

NORMAS GERAIS Diretrizes, Política, Sistema

INTERESSE REGIONAL

MATERIAL Zelar, proteger, cuidar, fiscalizar, estabelecer, fomentar, proporcionar

INTERESSE LOCAL No que couber, local, com cooperação

Direitos: Eleitoral, Civil, Comercial, Aeronáutico, do Trabalho, Marítimo, Agrário, Espacial, Penal

Direitos: Penitenciário, Urbanístico

Zelar: CF, leis, instituições democráticas. Conservar: Patrimônio Público

Legislar: Assuntos de interesse local

Direito Processual Procedimentos em Matéria Processual

Fiscalizar: as concessões de recursos hídricos e minerais

Criar e prestar: serviços públicos de interesse local

Seguridade Social Previdência Social, Proteção e Defesa da Saúde

Cuidar: Saúde, Assistência Pública e Proteção das Pessoas portadoras de Deficiência

Prestar: serviços de atendimento à saúde da população (com a cooperação financeira da União e Estado)

Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Educação, Cultura, Ensino e Desporto

Proporcionar: meios de acesso à cultura, à educação e à ciência

Manter: programas de educação pré-escolar e ensino fundamental (com cooperação da União e Estado)

Política: Financeira, Sistemas: Monetário e de Medidas

Direito Tributário, Financeiro e Econômico

Sistema Cartográfico, jazidas, minas, informática, energia e telecomunicações,

Florestas, caça, pesca conservação: natureza e recursos naturais proteção: do meio

Preservar: florestas, fauna e flora.

Promover: no que couber, adequado ordenamento territorial

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metalurgia. ambiente e poluição Desapropriação Orçamento Comércio Exterior, Interestadual e Propaganda Comercial

Produção e Consumo Fomentar: Produção agropecuária

Registros Públicos Juntas Comerciais Trânsito e Transporte Interestadual Diretrizes da Política de Transportes

Estabelecer: política de educação para a segurança do trânsito

Transporte Urbano

Defesa: Territorial, Aeroespacial, Marítima, Civil e Mobilização Nacional

Proteção: Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico, Turístico e Paisagístico

Proteger: meio ambiente Combater: poluição Impedir: evasão e destruição de obras de arte e bens de valor histórico

Promover: proteção do patrimônio histórico e cultural local, observada a lei e a ação fiscalizadora federal e estadual

Organização Judiciária: Ministério Público, Defensoria Pública do DF e dos Territórios

Criação e funcionamento dos Juizados especiais Custas dos serviços forenses. Assistência Jurídica e Defensoria Pública

Resumo Didático elaborado por Dr. Eber Paulo Cruz Referências Bibliográficas: - Constituição Federal do Brasil.