conjuntura agropecuariaset2011
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BOLETIM
AGROPECUÁRIA
Número 1 – Setembro – 2011
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Governo do Estado do Pará Simão Robison Oliveira Jatene
Governador
Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial De Estado De Gestão - Seges
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará Maria Adelina Guglioti Braglia
Presidente
Cassiano Figueiredo Ribeiro Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Sérgio Gomes
Diretor de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Jonas Bastos da Veiga Diretor de Estudos Ambientais
Elaine Cordeiro Felix
Diretora de Planejamento, Administração e Finanças
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BOLETIM
AGROPECUÁRIA
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Expediente Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Cassiano Figueiredo Ribeiro
Coordenadoria Técnica de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Rosinete das Graças Farias Nonato Navegantes
Núcleo de Análise Conjuntural Sílvia Ferreira Nunes
Elaboração Técnica: Cristiane Alves dos Santos Cleidianne Novais Sousa Edson da Silva e Silva Jorge Eduardo Simões José Ferreira da Rocha Marcílio Alves Chiacchio Maria Glaucia Pacheco Moreira Magno Roberto Alves Macedo Renan Satiro Miranda Silvia Ferreira Nunes
Colaboração: Celeste Ferreira Lourenço e Sérgio Rodrigues Fernandes
Revisão: Anna Márcia Malcher Muniz e Fernanda Graim
Normalização: Adriana Taís Guimarães dos Santos
Boletim Agropecuária, 2011./ Belém: IDESP. n. 1, 2011.
Mensal 26 p. (Análise Idesp, 1) 1. Economia Agrícola. 2. Agropecuária. 3. Pará (Estado). I. Instituto
de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará. II.Série
CDD 630.098115
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 7
1 ANÁLISE DA AGROPECUÁRIA 8
1.1 AGRICULTURA 8
1.2 PECUÁRIA 10
1.3 CENSO AGROPECUÁRIO DE 2006 13
2 NOTA TÉCNICA 15
2.1 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA PECUÁRIA BOVINA NO PARÁ 15
3 PAINEL DE INDICADORES ESTATÍSTICO 21
3.1 AGRICULTURA 21
3.2 PECUÁRIA 25
REFERÊNCIAS 27
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APRESENTAÇÃO
O Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará – IDESP
divulga informações sobre Agropecuária, publicando dados mensais para análises desse setor.
O objetivo é disponibilizar um instrumento de análise da dinâmica da economia Paraense. As
informações disponibilizadas retratam o comportamento da agricultura e pecuária no Estado.
Neste Boletim será apresentada, inicialmente, uma análise dos dados da agricultura e
da pecuária do Pará seguida de uma reflexão sobre o comportamento da atividade pecuária no
Estado. As bases de dados utilizadas foram disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE.
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1 ANÁLISE DA AGROPECUÁRIA
A nona estimativa de safra do Pará realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)1,
indica uma produção de 7.825.238 toneladas, superior em 3,58% em relação à safra de
setembro de 2010. A expectativa de área a ser colhida em 2011 é de 979.867 mil hectares,
registrando também um aumento de 2,51% em relação ao mesmo mês no ano anterior.
1.1 AGRICULTURA
Na comparação com a LSPA de setembro de 2010, as culturas que apresentaram maior
variação absoluta positiva foram mandioca (148.529 mil toneladas), soja (73.601), cana-de-
açúcar (42.773), milho (26.967) e abacaxi (19.782 frutos). Por outro lado as culturas que
apresentaram maior queda foram o arroz (54.798 mil toneladas), coco-da-baía (6.696), laranja
(1.812), café (1.774) e pimenta do reino (207). (Ver Gráfico 1).
Segundo o Grupo de Coordenação de Estatística Agropecuária (GCEA) – Pará, as
variações na performance das culturas acima destacadas são explicadas por vários fatores.
Na cultura da mandioca a produção estimada foi 4.654.647 toneladas, com acréscimo
3,30% (148.529 toneladas). A área colhida ou a colher expandiu-se em 1,16%, passando de
291.047 hectares em 2010 para 294.434 em 2011. O rendimento médio cresceu 2,11%,
passando de 15.482ha em 2010 para 15.809 em 2011 (ver gráfico 2).
1Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, cujas informações são obtidas por intermédio das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA), da qual o IDESP faz parte; consolidadas em nível estadual pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente, avaliadas, em nível nacional, pela Comissão Especial de Planejamento Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída por representantes do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).
Produção Agrícola cresce 3,58% em setembro de 2011 Produção Agrícola cresce 3,58% em setembro de 2011
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Gráfico 1 – Previsão de safra e variação absoluta. Pará, setembro de 2011.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
No caso da soja, prevê-se elevação da produção em 30,29% (73.601 toneladas), com
produção estimada de 316.617 toneladas, em uma área a colher de 105.718 hectares (variação
de 24,01% em relação ao mesmo período do ano anterior) o acréscimo previsto no rendimento
médio é de 5,09%.
A cultura da cana-de-açúcar por sua vez, apresentou crescimento de 6,40% (42.773
toneladas), com produção estimada de 711.211 toneladas, em área colhida de 12.581 hectares
(variação de 1,76% em relação a setembro de 2010), juntamente com um acréscimo de
15,56% na área plantada e redução de 8,51% no rendimento médio.
Gráfico 2 – Variação relativa (%) na previsão de safra, área plantada, área colhida e rendimento médio. Pará, Setembro de 2011.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
A produção do milho prevista é de 544.831 toneladas, com acréscimo de 5,21%
(26.967 toneladas). A área colhida expandiu 6,65%, passando de 199.824 hectares em 2010,
para 213.121 em 2011. O rendimento médio decresceu 1,35%.
10
A previsão de safra do abacaxi, em setembro de 2011, foi de 268.246 frutos, superior
em 7,96% à safra do mesmo mês do ano anterior. Esse crescimento na produção de abacaxi é
decorrente do aumento de 6,91% na área plantada e a elevação de 0,98% no rendimento
médio.
A redução na previsão de safra do arroz de 54.798 toneladas (20,78%), entre
2010/2011 é justificada pela redução na área plantada (18,92%), na área colhida (18,87%) e
no rendimento médio (2,36%).
1.2 PECUÁRIA
Segundo a pesquisa trimestral de abate de animais – PTAA apresenta uma redução no
abate de animais (junho de 2011 em relação a janeiro de 2011) na seguinte proporção:
novilhos 14,88% (reduziu se 5.914 cabeças em janeiro de 2011 para 5.034 em junho); suínos
6,17% (de 713 para 669); aves 3,20% (de 2.924.145 para 2.830.449); e bovinos 0,55%
(168.895 para 167.960). (Ver Gráfico 3).
Os principais produtos de origem animal na pecuária são: leite, ovos de galinha, ovos
de codorna, mel de abelha. Segundo a pesquisa da pecuária municipal – PPM (2004-2009), a
produção de leite (litros) vem diminuindo ao longo do período analisado a mesma passou de
691.099 litros em 2006 para 596.759 em 2009 apresentando uma variação negativa de
13,65%, essa redução na produção de leite é justificada pela redução de 3,68% do rebanho
bovino ao longo desse período.
A produção de ovos de galinha (mil dúzias) por sua vez, vem crescendo (2004-2009) a
mesma passou de 15.464 em 2004 para 24.591 em 2009, apresentado variação de 59,02%.
Por conseguinte, a produção de ovos de codorna (mil dúzias) oscilou (2004-2009), o
destaque fica para o período de (2008-2009) em que a produção cresceu 102,32%. Neste
mesmo período a produção de mel de abelha (quilogramas) decresceu 10,75%. (Tabela 11).
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Gráfico 3 – Variação (Jun11/Jan2011) na quantidade de animais abatidos. Pará.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Na pecuária os dados, Pesquisa da Pecuária Mensal – PPM (2004-2009), indicam que
o caprino foi o rebanho que mais cresceu (15,90%), seguido do rebanho ovino que passou de
178.400 em 2004 para 197.739 em 2009 (acréscimo de 10,84%). O rebanho eqüino por sua
vez cresceu 3,68%, passando de 282.835 para 293.236. Por outro lado, os rebanhos que mais
decresceram no período analisado foram coelhos (92,55%), suíno (28,08%) e codornas
(20,61%). (Gráfico 4).
Gráfico 4 – Crescimento (2009/2004) dos rebanhos. Pará.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
No que diz respeito à quantidade de leite cru, resfriado ou não adquirido, os dados da
pesquisa trimestral do leite – PTL revelam um crescimento de 2,61% em junho de 2011 em
relação ao mês anterior, a quantidade produzida no mês de junho de 2011 foi de 27.521 litros
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(Gráfico 5). Através de tais dados ainda é possível perceber que 99,83% da produção
adquirida é industrializada, o que corresponde 27.473 litros (junho de 2011) e uma variação
de 2,60% em relação ao mês anterior (Gráfico 6).
Gráfico 5 – Quantidade de leite cru, resfriado ou não adquirido. Pará.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Gráfico 6 – Quantidade de leite cru, resfriado ou não industrializado. Pará.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Em relação ao movimento de animais os dados do Censo Agropecuário 2006
demonstram que: nasceram 2.611.216 animais, 340.901 foram vitimados, 157.234 abatidos,
983.944 comprados e 2.370.944 vendidos.
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1.3 CENSO AGROPECUÁRIO DE 2006
Segundo informações do Censo Agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (IBGE), dos 208.738 estabelecimentos na agropecuária no Estado do
Pará, 83,05% são próprios, 6,92% ocupantes, 5,71% terras concedidas (assentamento sem
titulação), 1,75% em parceria, 1,23% arrendatários. (Gráfico 7).
Gráfico 7 – Condição da propriedade na Agropecuária – Pará. 2006.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
No que diz respeito à utilização dos estabelecimentos por fator de utilização os dados
do Censo Agropecuário 2006 demonstram que 19,88% são matas e/ou florestas; 14,96%
lavouras – áreas plantadas com forrageiras para corte; 14,76 % lavouras – temporárias; 12,36
% lavouras – permanentes; 12,04% matas e/ou florestas e 11,53% pastagens – plantas em
boas condições, 11,30% construções/ benfeitorias ou caminhos; 3,50% pastagens naturais;
3,37% pastagens – plantadas degradáveis; 3,34% terras inaproveitáveis para agricultura ou
pecuária; 2,95% sistemas agroflorestais; 1,47% tanques, logos e açudes, 0,51% terras
degradadas; e 0,05% lavouras área para cultivo de flores. (Ver Gráfico 8).
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Gráfico 8 – Estabelecimento na Agricultura por fator de utilização – Pará. 2006.
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
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2 NOTA TÉCNICA
2.1 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA PECUÁRIA BOVINA NO PARÁ
O rebanho bovino brasileiro vem apresentando forte crescimento nos últimos anos,
principalmente em decorrência do aumento da demanda internacional por carne brasileira e do
aumento observado no consumo interno. Os maiores rebanhos estão nos estados de Mato
Grosso e Minas Gerais que, em 2009, possuíam efetivos de 27,3 e 22,4 milhões,
respectivamente, segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal – PPM/IBGE.
Em 1990, o rebanho bovino brasileiro era de 147 milhões de cabeças, chegando em
2009 a cerca de 205 milhões, com taxa média de crescimento anual de 1,77% no período.
Entre os estados, os nove da Amazônia Legal foram os que apresentaram maiores taxas de
crescimento do rebanho durante o período supracitado, conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Efetivo de bovinos por estado em 1990, 1995, 2000, 2005, 2008 e 2009, participação de 2009 e crescimento anual (1990-2009).
(*) Calculada para o período 1991-2009, uma vez que não há dados para o ano de 1990. Fonte: Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
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Gráfico 1 – Produção do rebanho bovino amazônico entre 1990 e 2009.
Fonte: Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Para o mesmo período, a taxa de crescimento anual do rebanho bovino amazônico foi
de 5,12%, bem superior à taxa nacional. Já a participação da Amazônia no efetivo brasileiro
atingiu 33,03% em 2009, contra 17,85% em 1990. Dos estados amazônicos2, quatro
apresentaram crescimento maior do que a média da região amazônica (MT, RO, AC e PA). O
rebanho paraense cresceu a uma taxa anual de 5,42%.
Tal desempenho resultou na quinta colocação do Pará no ranking nacional (8,21%),
em 2009. Na Amazônia Legal, o Pará alcançou à segunda colocação, ficando atraz somente de
Mato Grosso. A produção bovina do Pará pode ser acompanhada ao longo nas últimas duas
décadas, quando o Estado deu um salto de 6 milhões de cabeças de gado em 1990 para 16,8
milhões em 2009.
A Tabela 2 apresenta o rebanho dos vinte municípios paraenses com maiores
rebanhos, de 2004 a 2009, assim como a densidade demográfica do rebanho.
2O Estado do Maranhão ficou fora dessa análise, uma vez que não é feita distinção do rebanho maranhense amazônico.
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Tabela 2 – Os vinte principais municípios produtores de gado no ano de 2009.
Municípios
Bovinos/município ovino/Km²2004 2005 2006 2007 2008 2009 (2009)
São Félix do Xingu
1.527.017 1.581.518 1.596.411 1.653.231 1.812.870 1.912.009 23
Novo Progresso 378.573 463.784 561.628 105.989 412.400 763.088 20 Cumaru do Norte
611.151 549.673 550.712 447.412 440.378 588.925 34
Marabá 816.738 759.651 645.700 430.300 478.100 510.000 34 Santana do Araguaia
565.775 571.606 492.022 475.412 485.859 505.114 44
Xinguara 529.337 490.613 445.322 400.022 477.657 468.619 124 Água Azul do Norte
587.216 575.520 581.758 409.909 436.678 453.885 59
Santa Maria das Barreiras
564.019 596.981 615.056 559.603 435.332 432.749 42
Pacajá 283.204 313.579 334.595 256.420 370.333 415.724 35 Altamira 314.217 339.517 365.034 402.340 399.512 413.625 3 Novo Repartimento
454.051 451.503 460.650 363.456 381.628 400.700 26
Rondon do Pará 288.105 360.598 373.218 352.289 372.146 371.971 45 Itupiranga 279.123 328.838 285.000 290.000 330.700 350.000 44 Paragominas 510.807 448.030 455.903 419.430 418.976 335.180 17 São Geraldo do Araguaia
423.624 392.648 330.200 275.000 292.500 312.000 95
Uruará 232.912 250.739 295.527 280.321 291.868 297.341 28 Tucumã 372.073 359.975 315.622 175.778 291.651 284.979 114 Piçarra 299.545 281.685 251.654 251.492 259.237 281.408 85 Rio Maria 300.329 303.264 277.340 271.258 256.328 274.284 67 Itaituba 180.160 243.759 270.698 174.318 267.526 270.657 4 Fonte: Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
De acordo com a Tabela 2, a evolução do rebanho desses municípios variou bastante.
À exceção do município de São Félix do Xingu, os rebanhos desses municípios variaram
negativamente em pelo menos um ano nesse período. São Félix do Xingu é um caso
emblemático, já que seu rebanho é o maior do estado e apresentou uma tendência positiva ao
longo de todo o período. Outro município que se destaca, porém, pelas reduções sucessivas
do seu rebanho é Paragominas. Isso pode ser resultado de uma mudança na base econômica
daquele município que tinha na pecuária uma das principais atividades geradoras de renda.
Municípios como Novo Progresso e Marabá apresentaram uma acentuada queda na
produção no ano de 2007, que pode ser resultado de um grande abate de fêmeas nos anos de
2003 a 2006, devido uma alta de preços do gado, o que ocasionou baixa reprodução bovina
nos anos seguintes, e de ações institucionais de combate ao desmatamento.
18
No que diz respeito à densidade demográfica dos bovinos e, tendo como base a análise
dos vinte municípios de maior produção no estado, conforme Tabela 2, nota-se que Altamira e
São Félix do Xingu, por terem as maiores extensões territoriais do Pará, respectivamente,
apresentam-se com baixa densidade demográfica. No entanto, esses municípios têm tido
tendências crescentes nos últimos anos em seus rebanhos o que, de certa forma, contribuiu
para a manutenção da taxa de crescimento do rebanho bovino na Amazônia acima da média
nacional.
Figura 1 – Rebanho bovino municipal paraense – 2000, 2005 e 2008.
Fonte: Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
O crescimento do rebanho amazônico a taxas superiores do restante do Brasil não é
mera coincidência. A fronteira agropecuária está justamente na região amazônica, uma vez
que há terra disponível e mais barata do que em outros estados brasileiros, clima favorável,
além de outros incentivos, como as linhas de créditos de fácil acesso aos produtores do setor
19
agropecuário. Porém a pecuária tem seu crescimento relacionado diretamente com o
desmatamento, fato que tem chamado a atenção do poder público.
Tão importante quanto a disponibilidade e o preço da terra (além de fontes de
financiamento), a crescente demanda – tanto por boi vivo quanto por carne bovina – acaba por
ser decisiva para o aumento do rebanho. Além da demanda interna, a demanda externa
desempenha papel fundamento para este processo.
Dados do IBGE dão conta de um rebanho bovino amazônico fortemente representado
por Mato Grosso e Pará. Nesse sentido o destaque a ser dado ao estado do Pará diz respeito a
grande exportação de boi vivo que em 2009 alcançou a cifra de US$ 423 milhões, segundo
informação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), um aumento
de 18% em relação ao ano anterior. Desse total, US$ 13,4 milhões corresponderam a boi para
reprodução. Ainda longe de se equiparar às exportações minerais, a exportação de boi vivo
representou cerca de 5% de tudo que foi exportado pelo estado em 2009. Mesmo ainda tendo
pouca representatividade na balança comercial do estado, o bovino paraense deteve, em 2009,
95% de participação das exportações nacional de boi vivo. Os principais destinos foram
Venezuela (83,2%) e Líbano (16,4%).
Já sobre a exportação de carne, que significa uma maior agregação de valor, quando
comparada com exportação de boi vivo, o Pará não tem expressão nacional. Em 2009, o Pará
exportou apenas US$ 57 milhões, o que representa menos de 2% das vendas nacionais ao
exterior. De qualquer forma, observa-se um aumento nas exportações de carne bovina, pois há
cinco anos o Pará exportou menos de US$ 1 milhão.
Nos últimos anos o cenário exportador de bovino tem apresentado comportamento
bastante interessante para o pecuarista paraense: tem-se um mercado com crescente demanda
por gado vivo, um aumento expressivo da exportação de carne – ainda baixa quando
comparada a exportação de boi vivo –, e um maior leque de produtos exportados da atividade
pecuária. Assim a produção pecuária como um todo já representa mais de 6% da pauta de
exportação paraense.
Contudo, a atividade não é dedicada apenas ao setor exportador, ela também atende o
mercado interno com suas variações, como é o caso da produção de leite. A atividade leiteira,
que é predominantemente realizada por pequenos pecuaristas e que vem sendo incentivada
pelo Governo estadual, tem sido bastante desenvolvida nos municípios produtores de gado.
No sudeste do estado essa atividade criou uma conformação de Arranjos produtivos Locais
(APL), uma aposta do Governo para dinamizar a atividade e irradiar seus efeitos positivos
entre os agentes participantes.
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Sobre a atividade leiteira, merece destaque o fato de o Pará ter sido em 2009, segundo
dados da PPM/IBGE, a 9ª maior unidade da federação em termos de quantidade de vacas
ordenhadas e, como já listado, possui o 5º maior rebanho bovino. Mesmo estando entre os
nove possuidores de efetivo de vacas ordenhadas no Brasil, o Estado do Pará é apenas o 11º
em quantidade produzida de leite, alcançando cerca de 600 milhões de litros em 2009. Outro
tema que fica evidente é a baixa quantidade de leite produzida por vaca ordenhada no estado.
A produtividade das vacas ordenhadas do Pará ficou em torno de 1,81 litro/vaca/dia, o que
colocou o Pará como o 22º colocado em termos de produtividade, em 2009.
Frente a esta baixa produtividade, algumas medidas estão sendo tomadas para reverter
este quadro. Uma delas é o incentivo ao melhoramento genético do gado. Coordenado pela
Emater/PA, com parceria da Secretaria Estadual de Agricultura (SAGRI) e outros órgãos, o
Programa Municipal de Melhoramento Genético da Bovinocultura já vem atuando neste
sentido. Com a melhoria da qualidade da produção leiteira, a produtividade aumenta e traz
consigo uma série de benefícios, onde se pode destacar i) o aumento da renda dos produtores
e ii) uma menor necessidade de expansão de pastagens para aumentar a produção. Este último
ponto é de grande relevância, uma vez que a diminuição por abertura de pastagens significa
menor degradação de florestas nativas.
Junta-se ao exposto, o fato de o rebanho paraense ser de boa qualidade, mais o bom
trabalho de imunização do rebanho que o mantém livre de febre aftosa (com destaque para o
sul e sudeste do Pará), o que se tem é um cenário com perspectivas promissoras para o setor e
que devem ser geridas a partir de medidas sustentáveis, levando sempre em consideração a
questão ambiental. Tal observação é feita devido ser a pecuária a principal causa imediata do
desmatamento no Estado da Pará, e na Amazônia como um todo
21
3 PAINEL DE INDICADORES ESTATÍSTICO
3.1 AGRICULTURA
Tabela 3 – Previsão de Safra. Pará, Setembro de 2011.
Dados de Previsão de Safra
Produção - Unidade da Federação: Pará - Setembro 2011
Produto Período
Variação Relativa (%)
Variação AbsolutaSafra 2010 Safra 2011
Abacaxi (Mil frutos)
248.464 268.246 7,96 19.782
Arroz (Toneladas) 263.658 208.860 -20,78 -54.798
Banana (Toneladas) 514.922 531.927 3,30 17.005
Cacau (Toneladas) 55.164 62.194 12,74 7.030
Café (Toneladas) 12.770 11.026 -13,66 -1.744
Cana-de-açúcar (Toneladas)
668.438 711.211 6,40 42.773
Coco-da-baía (Mil frutos)
243.940 237.244 -2,74 -6.696
Feijão (Toneladas) 37.316 37.202 -0,31 -114
Guaraná (Toneladas)
23 21 -8,70 -2
Juta (Toneladas) 27 64 137,04 37
Laranja (Toneladas) 202.412 200.600 -0,90 -1.812
Malva (Toneladas) 1.621 1.694 4,50 73
Mandioca (Toneladas)
4.506.118 4.654.647 3,30 148.529
Milho (Toneladas) 517.864 544.831 5,21 26.967
Pimenta-do-reino (Toneladas)
39.061 38.854 -0,53 -207
Soja (Toneladas) 243.016 316.617 30,29 73.601
Total 7.554.814 7.825.238 3,58 270.424
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
22
Tabela 4 – Área plantada. Pará, Setembro de 2011.
Dados de Previsão de Safra
Área Plantada - Hectare - Unidade da Federação: Pará - setembro 2011
Produto Período
Variação Relativa (%)
Variação AbsolutaSafra 2010 Safra 2011
Abacaxi (Mil frutos)
126.809 102.818 -18,92 -23.991
Arroz (Toneladas) 8.361 8.939 6,91 578
Banana (Toneladas) 38.836 39.911 2,77 1.075
Cacau (Toneladas) 73.106 83.375 14,05 10.269
Café (Toneladas) 12.129 10.469 -13,69 -1.660
Cana-de-açúcar (Toneladas)
10.887 12.581 15,56 1.694
Coco-da-baía (Mil frutos)
23.791 24.423 2,66 632
Feijão (Toneladas) 53.671 52.029 -3,06 -1.642
Guaraná (Toneladas)
46 41 -10,87 -5
Juta (Toneladas) 18 50 177,78 32
Laranja (Toneladas) 12.110 11.995 -0,95 -115
Malva (Toneladas) 1.980 2.138 7,98 158
Mandioca (Toneladas)
291.797 294.434 0,90 2.637
Milho (Toneladas) 201.804 213.121 5,61 11.317
Pimenta-do-reino (Toneladas)
18.533 17.825 -3,82 -708
Soja (Toneladas) 85.250 105.718 24,01 20.468
Total 832.319 877.049 5,37 44.730
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
23
Tabela 5 – Área colhida. Pará, Setembro de 2011.
Dados de Previsão de Safra
Área Colhida - Hectare - Unidade da Federação: Pará - Setembro 2011
Produto Período
Variação Relativa (%)
Variação Absoluta Safra 2010 Safra 2011
Abacaxi (Mil frutos)
8.361 8.939 6,91 578
Arroz (Toneladas) 126.736 102.818 -18,87 -23.918
Banana (Toneladas) 38.706 39.911 3,11 1.205
Cacau (Toneladas) 73.106 83.375 14,05 10.269
Café (Toneladas) 12.080 10.469 -13,34 -1.611
Cana-de-açúcar (Toneladas)
10.818 12.581 16,30 1.763
Coco-da-baía (Mil frutos)
23.670 24.423 3,18 753
Feijão (Toneladas) 53.625 52.029 -2,98 -1.596
Guaraná (Toneladas)
46 41 -10,87 -5
Juta (Toneladas) 18 50 177,78 32
Laranja (Toneladas) 12.108 11.995 -0,93 -113
Malva (Toneladas) 1.980 2.138 7,98 158
Mandioca (Toneladas)
291.047 294.434 1,16 3.387
Milho (Toneladas) 199.824 213.121 6,65 13.297
Pimenta-do-reino (Toneladas)
18.533 17.825 -3,82 -708
Soja (Toneladas) 85.250 105.718 24,01 20.468
Total 955.908 979.867 2,51 23.959
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
24
Tabela 6 – Rendimento médio. Pará, Setembro de 2011.
Dados de Previsão de Safra
Rendimento Médio - Unidade da Federação: Pará - Setembro 2011
Produto Período
Variação Relativa (%)
Variação Absoluta Safra 2010 Safra 2011
Abacaxi (Mil frutos) 29.717 30.009 0,98 292
Arroz (Toneladas) 2.080 2.031 -2,36 -49
Banana (Toneladas) 13.303 13.328 0,19 25
Cacau (Toneladas) 754 746 -1,06 -8
Café (Toneladas) 1.057 1.053 -0,38 -4
Cana-de-açúcar (Toneladas)
61.789 56.531 -8,51 -5.258
Coco-da-baía (Mil frutos)
10.305 9.714 -5,74 -591
Feijão (Toneladas) 695 715 2,88 20
Guaraná (Toneladas)
500 512 2,40 12
Juta (Toneladas) 1.500 1.280 -14,67 -220
Laranja (Toneladas) 16.717 16.724 0,04 7
Malva (Toneladas) 818 792 -3,18 -26
Mandioca (Toneladas)
15.482 15.809 2,11 327
Milho (Toneladas) 2.591 2.556 -1,35 -35
Pimenta-do-reino (Toneladas)
2.107 2.180 3,46 73
Soja (Toneladas) 2.850 2.995 5,09 145
Total 162.265 156.975 -3,26 -5.290
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) / IBGE (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
25
3.2 PECUÁRIA
Tabela 7 – Efetivo dos Rebanhos. Pará.
Efetivo dos Rebanhos – Cabeças
Unidade da Federação: Pará
Tipo de Rebanho 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Variação
(2009-2004) Bovino 17.430.496 18.063.669 17.501.678 15.353.989 16.240.697 16.856.561 -3,29
Eqüino 282.835 290.769 276.474 283.410 286.950 293.236 3,68
Bubalino 463.754 466.210 429.246 435.775 442.405 435.937 -6,00
Asinino 25.251 22.321 22.823 20.933 20.621 20.998 -16,84
Muar 92.943 102.736 100.969 102.175 100.834 101.057 8,73
Suíno 1.043.464 1.015.415 870.450 779.307 761.403 750.414 -28,08
Caprino 78.714 80.311 79.485 91.697 94.507 91.230 15,90
Ovino 178.400 203.027 201.559 213.599 202.005 197.739 10,84 Galos, frangas, frangos e pintos
9.801.586 9.918.115 9.391.876 10.069.783 10.073.082 10.070.372 2,74
Galinhas 3.073.430 3.215.121 3.235.044 2.993.559 2.991.021 2.953.023 -3,92
Codornas 43.758 43.869 43.680 41.436 34.140 34.739 -20,61
Coelhos 967 927 869 561 484 72 -92,55 Fonte: Pesquisa da Pecuária Municipal - PPM / IBGE (2004-2009). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Tabela 8 – Quantidade de leite cru, resfriado ou não (litros). Pará.
Quantidade de leite cru, resfriado ou não (mil litros) – Pará
Período Adquirido Industrializado
jul/10 28.036 28.005
ago/10 25.426 25.404
set/10 21.037 21.006
out/10 23.324 23.280
nov/10 29.234 29.191
dez/10 29.590 29.475
jan/11 24.686 24.653
fev/11 21.835 21.800
mar/11 21.724 21.635
abr/11 23.744 23.694
mai/11 26.822 26.776
jun/11 27.521 27.473 Fonte: Pesquisa Trimestral do Leite - PTL / IBGE (jul10-jun11). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
26
Tabela 9 – Movimento de animais. Pará.
Movimento 2006
Nascidos 2.611.216
Vitimados 340.901
Abatidos 157.234
Comprados 983.944
Vendidos 2.370.944 Fonte: Censo Agropecuário / IBGE (2006) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Tabela10 – Rebanho efetivo. Pará.
Efetivo/Rebanho jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11
Bovinos 168.895 161.700 179.606 158.441 168.448 167.960
Aves 2.924.145 2.779.765 3.400.547 2.519.826 3.111.817 2.830.449
Suínos 713 739 802 703 697 669
Novilhas 5.914 4.643 6.906 5.358 5.435 5.034 Fonte: Produção trimestral de Abate de Animais - PTAA / IBGE (2006). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Tabela11 – Quantidade de produtos de origem animal. Pará.
Produtos 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Leite (Mil litros) 639.102 697.021 691.099 643.192 599.538 596.759
Ovos de galinha (Mil dúzias) 15.464 17.433 22.387 21.929 22.992 24.591
Ovos de codorna (Mil dúzias) 605 635 400 335 301 609
Mel de abelha (Quilogramas) 199.419 223.597 261.159 359.308 397.423 354.688 Fonte: Pesquisa da Pecuária Municipal - PPM / IBGE (2004-2009). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
27
REFERÊNCIAS
GONÇALVES, R. Exportação de bovino vivo: problemas, riscos e soluções. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2008. Disponível em <www.ie.ufrj.br/>. Acesso em: 15 set. 2011.
IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal. 2011. Disponível em
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/>. Acesso em: 20 set. 2011.
_____. Sistema IBGE de recuperação Automática SIDRA. 2011. Disponível em:
http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/> Acesso em: 11 set. 2011.
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL.
Evolução da quantidade de vacas ordenhadas por cabeça (2000-2011).
<http://www.sie.pa.gov.br/>. Acesso em 22 set. 2011.
_____. Evolução do rebanho bovino por cabeça (2000-2009). <http://www.sie.pa.gov.br/ >
Acesso em: 20 set. 2011.
VALENTIM, J. F.; ANDRADE, C. M. S. Tendências e perspectivas da pecuária bovina na
Amazônia brasileira. Amazônia Ci. & Desenvolvimento, Belém, v. 4, n. 8, jan.-jun. 2009.