conjuntura construção civil

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Construção Ano XI | nº 4 | Dezembro 2013 Conjuntura da Minha Casa, Minha Vida: 3 milhões de unidades contratadas As expectativas empresariais de acordo com a Sondagem ANÁLISES PARA UM NOVO ANO Carlos Eduardo Lima Jorge Celso Petrucci Cláudio Frischtak Francisco Vignoli Odair Senra Paulo Godoy Paulo Skaf Sergio Watanabe Silvia Mattos

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Conjuntura da construção civil brasielira

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  • ConstruoAno XI | n 4 | Dezembro 2013

    Conjuntura da

    Minha Casa, Minha Vida: 3 milhes de unidades contratadas

    As expectativas empresariais de acordo com a Sondagem

    ANLISES PARA UM NOVO ANOCarlos Eduardo Lima Jorge Celso Petrucci Cludio Frischtak Francisco Vignoli Odair Senra Paulo Godoy Paulo Skaf Sergio Watanabe Silvia Mattos

  • Conjuntura da Construo uma publicao trimestral conjunta do SindusConSP e da FGV. permitida a reproduo total ou parcial da publicao.

    Vicepresidente de Economia do SindusConSP: Eduardo May ZaidanEditores: Ana Maria Castelo e Edney Cielici Dias (executivo)Colaboraram nesta edio: Denise Inoue, Laurent Broering, Nathlia Espinosa, Roseane Petronilo, Robson Gonalves, Srgio Camara BandeiraProduo Grfica: Lucia PaivaIlustrao da capa e infogrficos: Mario KannoMontagem: Carol KamakuraJornalista Responsvel: Rafael Marko. MTE 12522Publicidade: Ana Maria Castelo, Tel.: (11) 3799 2371, Fax: (11) 3799 2375,e-mail: [email protected]. Av Paulista 548 - 6 andar, So Paulo - SP,01310-000, Tel.: (11) 3799 2371 / 2356

    Presidente: Sergio Tiaki WatanabeVicepresidentes: Cristiano Goldstein, Eduardo May Zaidan, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Haruo Ishikawa, Joo Claudio Robusti, Joo Lemos Teixeira da Silva, Luiz Antonio Messias, Luiz Claudio Minniti Amoroso, Maristela Alves Lima Honda, Maurcio Linn Bianchi, Odair Garcia Senra, Paulo Rogrio Luongo Sanchez, Yves Lucien de Melo VerosaRepresentantes junto Fiesp: Titulares: Eduardo Ribeiro Capobianco, Sergio PortoSuplentes: Joo Claudio Robusti, Jos Romeu Ferraz NetoDiretores Regionais: Eduardo Nogueira (Ribeiro Preto), Elias Stefan Junior (Sorocaba), Emilio Carlos Pinhatari (So Jos do Rio Preto), Jos Luiz Goulart Botelho (So Jos dos Campos), Lus Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente), Mrcio Benvenutti (Campinas), Mauro Rossi (delegacia de Mogi das Cruzes), Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru), Ricardo Beschizza (Santos), Sergio Ferreira dos Santos (Santo Andr)SindusConSP: Rua Dona Veridiana 55, So Paulo - SP, 01238-010,Tel.:(11) 3334 5642, Fax: (11) 3224 0566 R. 306, www.sindusconsp.com.br

    Instituio de carter tcnicocientfico, educativo e filantrpico, criada em 20 de dezembro de 1944, como pessoa jurdica de direito privado, tem por finalidade atuar no mbito das Cincias Sociais, particularmente Economia e Administrao, bem como contribuir para a proteo ambiental e o desenvolvimento sustentvel.Sede: Praia de Botafogo 190, Rio de Janeiro - RJ, CEP 22253-900 ou

    Caixa Postal 62.591 - CEP 22257-970, Tel.: (21) 3799 6000, www.fgv.brPrimeiro Presidente e Fundador: Luiz Simes Lopes.Presidente: Carlos Ivan Simonsen Leal.Vicepresidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque e Srgio Franklin Quintella.Conselho DiretorPresidente: Carlos Ivan Simonsen Leal.Vicepresidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque e Srgio Franklin Quintella.Vogais: Armando Klabin, Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque,Ernane Galvas, Jos Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Manoel PioCorra Jr.,Roberto Paulo Cezar de Andrade.Suplentes: Antonio Monteiro de Castro Filho, Cristiano Buarque Franco Neto, EduardoBaptista Vianna, Gilberto Duarte Prado, Jacob Palis Jnior, Jos Ermrio de MoraesNeto, Jos Jlio de Almeida Senna, Marcelo Jos Baslio de Souza Marinho, Mauricio Matos Peixoto.Conselho CuradorPresidente: Carlos Alberto Lenz Csar ProtsioVicepresidente: Joo Alfredo Dias Lins (Klabin Irmos & Cia.)Vogais: Alexandre Koch Torres de Assis , Ary Oswaldo Mattos Filho, Dante Letti (Souza Cruz S.A.), Carlos Moacyr Gomes de Almeida , Heitor Chagas de Oliveira, Jaques Wagner(Estado da Bahia), Tarso Genro (Estado do Rio Grande do Sul), Luiz Chor (Chozil Engenharia Ltda.), Marcelo Serfaty, Marcio Joo de Andrade Fortes, Orlando dos Santos Marques (Publicis Brasil Comunicao Ltda.), Raul Calfat (Votorantim Participaes S.A.), Ronaldo Vilela (Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Previdncia Complementar e de Capitalizao nos Estados do Rio de Janeiro e do Esprito Santo), Anglica Moreira da Silva (Federao Brasileira de Bancos), Sandoval Carneiro Junior, Srgio Ribeiro da Costa Werlang, Mauro Srgio da Silva Cabral (IRB-Brasil Resseguros S.A.), Tomas Brizola (Banco BBM S.A).

    Suplentes: Aldo Floris, Emerson Furtado Lima (Brookfield Brasil LTDA), Luiz Roberto Nascimento Silva, Jos Carlos Schmidt Murta Ribeiro, Manoel Fernando Thompson Motta Filho, Murilo Pinto de Oliveira Ferreira (Vale S.A.), Nilson Teixeira (Banco de Investimentos Crdit Suisse S.A.), Olavo Monteiro de Carvalho (Monteiro Aranha Participaes S.A.), Patrick de Larragoiti Lucas (Sul Amrica Companhia Nacional de Seguros), Rui Barreto (Caf Solvel Braslia S.A.), Sergio Lins Andrade (Andrade Gutierrez S.A.), Victorio Carlos de Marchi.

    Instituto Brasileiro de EconomiaDiretoria: Luiz Guilherme Schymura de OliveiraViceDiretoria: Vagner Laerte Ardeo Superintendncia de Clientes Institucionais: Rodrigo de Moura TeixeiraSuperintendncia de Produo de Bens Pblicos: Vagner Laerte ArdeoSuperintendncia de Estudos Econmicos: Marcio Lago CoutoSuperintendncia de Planejamento e Organizao: Vasco Medina Coeli Controladoria: Regina Clia Reis de Oliveira

    EXPEDIENTENDICE

    A Conjuntura da Construo est disponvel para download nos sites:www.construdata.com.brwww.sindusconsp.com.br

    3 Editorial Pelo aprimoramento

    institucional e do ambiente de negcios

    4 2014 vista Vises de futuro para a

    construo e para o Brasil

    11 Investimento Desafios para a

    infraestrutura

    13 Sondagem da construo

    Tempos de desacelerao e perspectivas mais positivas de longo prazo

    15 Conjuntura A marcha lenta persiste

    17 Habitao O Minha Casa, Minha Vida

    aps 3 milhes de unidades

    19 No canteiro Crescimento com mais

    segurana no trabalho

    21 Indicadores

  • DEZEMBRO 2013 3CONJUNTURA DA CONSTRUO

    Esta edio de fim de ano procura trazer refle-xes para 2014. Trata-se de uma srie de an-lises que sintetizam as inquietaes a respeito da economia brasileira em diversos aspectos. Dife-

    renas pontuais parte, verifica-se uma convergn-

    cia de diagnsticos que ressaltam a necessidade de

    melhoria do ambiente de negcios, de observncia

    da responsabilidade fiscal, de uma conduo segura

    da poltica econmica, de condies institucionais

    claras e operacionais.

    A gesto de uma economia moderna sabe-se

    uma tarefa inesgotvel e essencialmente comple-

    xa. No se devem negligenciar avanos conseguidos

    ao longo da trajetria, mas, sim, corretamente com-

    preend-los e aperfeio-los. Os fundamentos da edu-

    cao e qualificao do trabalho so frgeis no Brasil,

    bem como h pouca inovao uma realidade inquie-

    tante em qualquer viso de futuro. necessrio colo-

    car na agenda prioritria do debate pblico questes

    relacionadas baixa produtividade, ao volume limi-

    tado de investimento, s carncias em infraestrutura.

    Constata-se tambm uma deteriorao do ambien-

    te de negcios. Trata-se de um conceito amplo, mas

    bem concreto. Para investir so necessrias previsi-

    bilidade e confiana, algo que no se constri da noi-

    te para o dia, mas que deve ser perseguido continua-

    mente. Todos governos, empresas, cidados tm

    que fazer sua parte. Cada um d sua contribuio.

    Esses so nossos votos. Um excelente 2014!

    PELO APRIMORAMENTO INSTITUCIONAL E DO AMBIENTE DE NEGCIOS

    Frases

    ConstruoAno XI | n 4 | Dezembro 2013

    Conjuntura da

    Minha Casa, Minha Vida: 3 milhes de unidades contratadas

    As expectativas empresariais de acordo com a Sondagem

    ANLISES PARA UM NOVO ANOCarlos Eduardo Lima Jorge Celso Petrucci Cludio Frischtak Francisco Vignoli Odair Senra Paulo Godoy Paulo Skaf Sergio Watanabe Silvia Mattos

    01

    EDITORIAL

    POR QUE NO ANDA?No se percebe falta de vontade por parte do governo, que abandonou h cerca de dois anos a estratgia perdedora que norteou o PAC fazer os investimentos no setor serem liderados pelo setor pblico e, ainda mais, com projetos de m qualidade. Colocou tambm de forma inequvoca a questo da infraestrutura na ordem do dia; e vem tentando impulsionar o processo, mobilizando recursos tcnicos e polticos. E por que no anda? Cludio Frischtak, economista, em artigo nesta edio

    MINHA CASA, MINHA VIDAMais da metade das unidades entregues foram destinadas a famlias cuja renda est no segmento em que o dficit maior (at R$ 1.600 de renda familiar). Em todas as unidades da Federao, pelos registros que dispomos, a quantidade de unidades contratadas a maior da histria de um programa habitacional no pas. No seria possvel atingir nmeros como esses sem altssima efetividade. Jos Urbano Duarte,vice-presidente de Habitao da Caixa Econmica Federal, nesta edio.

  • 2014 VISTA4 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    VISES DE FUTURO PARA A CONSTRUO E PARA O BRASIL

    O desempenho recente da economia brasileira tem sido frustrante para grande parte dos analistas, mesmo no prprio governo federal. O ano de 2014, por sua vez, pontuado por uma srie de eventos que lhe do um carter peculiar, com duas grandes mobilizaes nacionais: a Copa e as eleies, fontes tanto de oportunidades como de incer-tezas. O certo que nesse perodo ser definido o futuro pr-ximo do pas e algumas perguntas so necessrias. Por que o Brasil no cresce de acordo com os anseios gerais? Qual a perspectiva para esse ano singular? Qual o papel da constru-o civil nesse contexto?

    Para enriquecer o debate, seguem-se consideraes de conhe-cedores privilegiados da realidade setorial e da economia brasi-leira. Mais do que eventuais divergncias, ressalta-se a conver-gncia no sentido de melhoria do ambiente de negcios, do im-perativo de responsabilidade fiscal, de conduo segura da po-ltica econmica, de condies institucionais claras e operacio-nais. Uma sntese possvel que a sociedade brasileira avanou muito nas ltimas dcadas e o desafio parece ser agora mais do nunca olhar para a frente com maturidade e esperana.

    (Edney Cielici Dias e Ana Maria Castelo)

    PAULO SKAF, presidente da Federao e do Centro das Indstrias do Estado de So Paulo (Fiesp/Ciesp)

    O Brasil precisa resgatar a sua competitividadeRegras claras Est na hora de fazer a coisa certa. Falta uma poltica estratgica que reduza o custo de investir e produzir no pas. O governo tem que estabelecer regras claras e transparen-tes para gerar confiana e segurana jurdica que faam o empre-srio investir e disposio para isso no falta. O Brasil precisa de uma reforma tributria ampla que, alm de reduzir a carga de impostos, tambm reduza a burocracia para pag-los. Os juros podem e devem cair at ficarem no patamar dos pases com os quais concorremos e tambm h muito espao para diminuir os spreads bancrios. A meta de inflao precisa ser cumprida. O d-lar tem que parar de oscilar, precisamos de uma poltica cambial bem calibrada e confivel. O governo tem que agir mais na pol-tica comercial. Estamos atrasados no comrcio global e h mui-tos mercados desejando abrir as portas para nossos produtos. J passou a hora de fazer deslanchar o programa de concesses de infraestrutura. No d para fazer planejamento logstico com es-

    tradas esburacadas, portos, aeroportos e ferrovias lentos, supe-rados e completamente burocratizados. Tudo isso atraso, freio no crescimento. Em resumo: para crescer com todo o seu poten-cial, o Brasil precisa resgatar a sua competitividade.

    30 anos de defasagem Faz todo o sentido o mundo inteiro estar de olho no Brasil. Aqui, as perspectivas de investimentos de longo prazo so imensas e diversificadas. H praticamente todo um novo pas para ser construdo. Considerar que na nossa infraestru-tura, defasada em pelo menos 30 anos, tem muito a ser feito. Para conseguirmos extrair todo o petrleo previsto nos campos de pr--sal, o que nos tornar um dos maiores produtores mundiais, pre-cisaremos tambm de muitos parceiros e recursos. E o que dizer, ento, do padro de consumo e qualidade de vida dos brasileiros, que tambm continuar evoluindo? S esses poucos exemplos do uma ideia do tamanho do horizonte que o Brasil oferece para quem quer investir. Resta saber se o governo saber planejar bem esse fu-turo, tirar o melhor proveito para todos os brasileiros. A Fiesp pro-duziu e divulgou recentemente um estudo, muito bem fundamen-tado, no qual indica um objetivo claro: concentrar esforos para dobrar a renda per capita nos prximos 15 anos, de praticamente 11 mil dlares em 2014 para 22 mil dlares em 2029. evidente que ser um desafio enorme. O pas precisar crescer a uma taxa anual de 5,3%, mais do que os economistas preveem para este e o prxi-mo ano. Mas no impossvel chegar l.

  • DEZEMBRO 2013 5CONJUNTURA DA CONSTRUO

    Custo Brasil Nossa expectativa de que o governo consiga remover entraves e fazer deslanchar o programa de concesses, atraindo os investimentos que o Brasil precisa para crescer e me-lhorar a sua infraestrutura. E vamos torcer muito para que a eco-nomia esteja no centro dos debates polticos em 2014, no sentido de que o pas precisa de uma poltica econmica estratgica cen-trada na reduo do Custo Brasil e no resgate da competitividade.

    PAULO GODOY, presidente da Associao Brasileira da Infraestrutura e Indstrias de Base

    No modelo de concesso, quem consome pagaSoluo para o investimento O Brasil precisa destravar o investimento. O investimento em infraestrutura impulsiona crescimento econmico com pouca presso inflacionria. fundamental considerar tambm as externalidades positivas com melhoria da qualidade de vida, reduo dos gargalos eco-nmicos e aumento da competitividade. Ento o crescimento do Brasil por anos seguidos, de forma ininterrupta, passa pelo aumento do investimento em infraestrutura, sobretu-do em projetos estruturan-tes, aqueles com capacidade de remover problemas crni-cos da nossa economia e das nossas cidades.

    Metas Ainda no temos um nmero que aponte como ficar o investimento em 2013 e 2014 no setor de infra-estrutura, mas temos a con-vico que, no longo prazo, h tendncia de crescimen-to. Temos trabalhado para viabilizar os projetos de ae-roportos, portos, rodovias e ferrovias. Temos apoiado os planos dos Estados nas re-as de transporte e mobilida-de urbana. Insistimos na ne-cessidade de ampliar a par-ticipao privada na expan-so da infraestrutura de sa-neamento bsico no Brasil, mas ainda h muita ideolo-gia poltica impedindo essa diretriz. No entanto, acredi-

    tamos que possvel acelerar os atuais nveis de investimento em infraestrutura e, para isso, precisamos que as instituies e governos tenham mais disposio poltica e eficincia admi-nistrativa, mesmo com todas as limitaes que conhecemos que so criadas pela burocracia e pela oposio de viso de alguns rgos ou setores da administrao pblica. Em 2012, o Brasil investiu algo em torno de 2,5% do PIB em infraestrutura, consi-derando os setores de saneamento bsico, transportes, energia eltrica e telecomunicaes. Se incluirmos petrleo e gs natu-ral, investimos 4,5% do PIB em 2012. Temos de trabalhar para atingir 4,0 % do PIB em investimento em infraestrutura, sem considerar petrleo e gs, at 2016. Isso seria fundamental para a economia crescer com sustentabilidade, com incluso e desen-volvimento social. Por isso os programas de concesso nos seto-res de infraestrutura so to importantes.

    Concesses O balano do modelo de concesses no Brasil extremamente positivo. O modelo brasileiro inclui a presen-a de concessionrias pblicas e privadas se responsabilizando por investimentos em projetos de infraestrutura mediante con-tratos com clusulas, metas de qualidade e obrigaes diversas. Em todos os setores, ntido o avano que houve na oferta de servios pblicos dos investimentos viabilizados pelas conces-ses. Mas temos de ir mais rpido, avanar mais e sermos mais ousados nas metas. Temos um desafio gigantesco que aumen-tar a oferta de servios de infraestrutura e melhorar a qualida-de deles. Tenho plena certeza que s conseguiremos fazer frente a esses desafios se intensificarmos o uso do modelo de conces-ses, incluindo as parcerias pblico-privadas em todos os seto-res de infraestrutura.O Brasil precisa aproveitar com mais intensidade os recursos

    privados disponveis para infraestrutura. Estados e municpios, com o apoio financeiro do governo federal e das concessionrias, tm condies de comear j um amplo pacote de investimentos nas reas de infraestrutura, com planejamento, viabilidade eco-nmica, slidas estruturas de financiamento, com objetivo de re-duzir o caos cotidiano das cidades grandes e mdias.O modelo de concesso e autorizao j foi amplamente experi-

    mentado nos diversos setores de infraestrutura, incluindo energia eltrica, saneamento bsico, telecomunicaes, rodovias, ferro-vias, portos e, mais recentemente, em metrs e aeroportos. Com a conjugao de regulao estvel e regras claras e atrativas de competio, taxas de retorno atrativas ao setor privado, o mo-delo mais apropriado para ampliar a oferta de servios, melhorar a qualidade e proporcionar um preo justo. Os contratos impem metas e responsabilidades s empresas e tudo fiscalizado e re-gulado por agncias reguladoras independentes inclusive as ta-rifas. H penalidades em caso de descumprimento de obrigaes relativas a expanso e qualidade.No podemos esquecer que o modelo de concesso tambm

    mais justo. No modelo de concesso, quem consome paga. No modelo de investimento pblico, quem paga no necessariamen-te consome.

    CONFIANA E TRANSPARNCIA O governo tem que estabelecer regras claras e transparentes para gerar confiana e segurana jurdica que faam o empresrio investir e disposio para isso no falta. Paulo Skaff Nos ltimos anos, temos sentido uma deteriorao crescente no ambiente de negcios. O nimo dos investidores anda baixo. Na construo civil, isso se reflete de vrias maneiras. Sergio Watanabe

  • 6 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO2014 VISTA

    SERGIO WATANABE, presidente do SindusCon-SP

    H uma questo fundamental: o ambiente de negciosPonto central H uma questo fundamental que precisa ser profundamente modificada no Brasil. Ela relevante no so-mente para que o Brasil volte a crescer, como para o pas susten-tar um crescimento expressivo ao longo dos anos: o ambiente de negcios.Nos ltimos anos, temos sentido uma deteriorao crescente

    no ambiente de negcios. O nimo dos investidores anda baixo, e isso no acontece somente por conta de artifcios contbeis do governo nas contas pblicas. Na construo civil, isso se reflete de vrias maneiras. Para citar algumas, lembro a instituio do RDC (Regime Diferenciado de Contratao) nas licitaes de obras pblicas, o estabelecimento de limites lucratividade nas con-cesses de servios pblicos, as legislaes que confundem ter-ceirizao com trabalho escravo, a desatualizao das composi-es de preos que balizam as licitaes pblicas. A carga tribu-tria continua elevada. O aumento da Planta Genrica de Valo-res no municpio de So Paulo conduziu elevao desmedida do IPTU. A desonerao da folha de pagamentos beneficiou al-gumas empresas, mas preju-dicou outras, especialmen-te aquelas que conseguiram diminuir a utilizao intensi-va de mo de obra mediante o aumento da mecanizao no canteiro de obra. Irregula-ridades contra construtoras como as cometidas pelos fis-cais do ISS que foram presos recentemente na capital pau-lista tambm so fonte crni-ca de mal-estar no ambiente de negcios.

    Competio Consideran-do que a construo vive um ambiente de pleno emprego e que precisa investir em pro-dutividade a fim de se pre-parar para um novo ciclo de crescimento, o setor precisa-r continuar os investimentos j iniciados. Isso significar investir em capacitao pro-fissional, novas tecnologias,

    mecanizao e melhora dos processos construtivos e de gesto. Esses investimentos sero imperativos tambm porque a concor-rncia dever se acirrar e naturalmente quem investir obter uma maior eficincia, fundamental para permanecer no mercado.

    Minha Casa, Minha Vida Vejo perspectivas de um cresci-mento moderado na rea imobiliria. A construo imobiliria nos grandes centros urbanos de So Paulo e de alguns outros Es-tados dever crescer, em funo do aumento dos lanamentos e vendas registrado em 2013. Diversos estudos apontam um cresci-mento contnuo da demanda imobiliria at 2022 e esse segmen-to dever seguir sua expanso. J em relao ao Programa Minha Casa, Minha Vida, h incerteza. Embora o programa seja funda-mental para atender a maior parte do dficit habitacional que se situa na baixa renda, dois fatores esto desanimando os investi-dores: a falta de uma perenizao do MCMV e do reajuste dos va-lores pagos pelo governo para a produo. preciso que o gover-no transforme o programa numa poltica de Estado, ou que ao me-nos adiante o incio da sua prometida fase 3. Tambm necessrio haver o reajuste dos valores, porque os custos de construo tm um aumento de cerca de 8% no ano e, sem reajuste por mais de um ano, os investidores se afastam. No segmento de construo industrial, pode ser que a elevao do dlar estimule a retomada dos investimentos industriais, o que poder conduzir ao aumen-to do nmero de obras para esse setor.

    ODAIR SENRA, diretor de Relaes Institucionais da Gafisa

    O setor imobilirio anda bem quando a confiana da populao est em altaHorizonte de competitividade O restabelecimento da po-ltica econmica baseada no trip econmico (meta de inflao, cmbio flutuante e responsabilidade fiscal), menor interferncia do poder pblico nas decises de investimento do setor privado e respeito aos contratos criariam o ambiente econmico necess-rio para que o setor privado volte a investir no pas, principalmen-te em infraestrutura. Por um lado, nos ltimos anos, milhes de pessoas migraram para a classe mdia e hoje formam um enor-me mercado de consumo domstico, tanto por ganho real em sa-lrios como por um importante aumento do acesso ao crdito. Por outro lado, o Brasil no se preparou para ofertar produtos e servios adequados para essa nova classe consumidora. O nos-so desafio agora ser aumentar a capacidade de oferta de nossa economia, seja atravs de investimentos e, em algum grau, pro-movendo maior abertura do pas a produtos e servios importa-dos (principalmente naqueles em o Brasil no seja competitivo internacionalmente). No longo prazo, o pas ter que pensar em

    INVESTIMENTO Temos de trabalhar para atingir 4,0% do PIB em investimento em infraestrutura, sem considerar os valores em petrleo e gs, at 2016. Paulo Godoy Os investimentos em infraestrutura no decolam em razo do excesso de burocracia e da falta de vontade poltica do governo federal em entender que a iniciativa privada no pode ser tutelada em seus ganhos. Celso Petrucci

  • DEZEMBRO 2013 7CONJUNTURA DA CONSTRUO

    reformar seus sistemas tributrio e trabalhista (sem falar numa necessria reforma poltica) e aumentar vultosamente os investi-mentos (e a eficincia desses investimentos) na educao, de for-ma a buscar gradativo aumento de produtividade do trabalhador brasileiro e colocar as empresas brasileiras em condies de com-petir no mercado internacional.

    Pas a ser construdo No mercado imobilirio, minha viso geral de que a penetrao de imveis no Brasil ainda baixa e o estoque, na maioria das vezes, de m qualidade. Ento vejo, num olhar mais macro, as perspectivas para esse setor como boas. Cla-ro que as boas decises de investimento no setor imobilirio pre-cisaro de um olhar microeconmico mais refinado, uma vez que os ltimos anos foram de muita exuberncia no setor, com lana-mentos nem sempre de produtos corretos para a regio/localida-de e, desta forma, no far sentido lanar nada novo por algum tempo, em algumas regies. Observei nesses muitos anos de vida profissional que o mercado imobilirio no Brasil sempre foi ccli-co por conta da descontinuidade de linhas de financiamento aos adquirentes e aos empreendedores, porm, hoje, sentimos que esses fundings imprescindveis para o setor existem e devero se manter por muitos anos.

    Ano curto 2014 ser um ano bastante atpico para o Brasil. En-to, para o mercado imobilirio ser um ano relativamente cur-to. Por isso, acho que teremos um 1 semestre mais forte e um 2 semestre mais fraco a tendncia que ocorra ante-cipao de decises de com-pra para o 1 semestre, o que pode turbinar seus resultados se comparado com sries his-tricas. Alm dos eventos ex-traordinrios de 2014, temos questes macroeconmicas que podero ditar o ritmo do setor em 2014, pois nos prxi-mos meses o governo Dilma ter que tomar difceis deci-ses no sentido de manter a poltica expansionista ado-tada desde a crise de 2009 ou buscar maior equilbrio fis-cal. O risco de manter as atu-ais polticas fiscal e monet-ria, tentando controlar a in-flao por meio da adminis-trao de preos, ser resultar num descontrole inflacion-rio, com perda real no salrio do trabalhador e aumento do desemprego. Para no arris-

    car seu projeto poltico de reeleio, acredito que a presidente ten-der a buscar maior equilbrio fiscal e permitir ao Banco Central a elevao dos juros bsico da economia, e tais medidas podem ajudar a restaurar a confiana do empresrio e da famlia brasi-leira. O setor imobilirio anda bem quando a confiana da popu-lao em geral est em alta.

    SILVIA MATTOS, doutora em economia e pesquisadora da FGV-Ibre

    Um novo ciclo de reformas poderia aumentar significativamente a eficincia da economiaEficincia O Brasil s passar por um novo ciclo de crescimen-to sustentvel se conseguir adotar medidas que aumentem o in-vestimento e a eficincia da economia. Estas so medidas que ele-vam a capacidade produtiva de nosso pas. Um novo ciclo de re-formas institucionais (como a trabalhista e tributria), bem como a melhora no ambiente de negcios (reduo da burocracia, sim-plificao de leis etc.) poderia aumentar significativamente a efi-cincia da economia. Outro aspecto a ser destacado o programa concesses na rea de infraestrutura. H diversos estudos que mostram a importncia do investimento em infraestrutura no desenvolvimento de economias emergentes: impulsionam a pro-dutividade e, consequentemente, o crescimento econmico. Mas no podemos nos esquecer de que o Brasil tem passado por mu-danas demogrficas relevantes, a taxa de crescimento da popu-lao vem decrescendo e a populao est envelhecendo, assim a contribuio da fora de trabalho para o crescimento do PIB ser cada vez menor. claro que temos que elevar tambm a qualida-de da educao para melhorar a produtividade da mo de obra.

    Poupana domstica Como o Brasil um pas com uma taxa de investimento muito baixa, h ainda um caminho longo a ser percorrido. A nossa atual taxa de investimento encontra-se em torno de 18,5% do PIB, bem menor que a taxa de pases como Co-lmbia (27,5%), Chile (27%), Mxico (22%) e Peru (29%). Mas, para que o Brasil inicie este novo ciclo de investimentos, temos que superar um grande obstculo: a baixa poupana domstica. Como temos baixa poupana domstica, ciclos de investimento

    elevam a necessidade de absoro de poupana externa (conta-bilmente igual ao dficit em conta corrente). E h evidncias que essa dependncia aumentou nas duas ltimas dcadas. Esse fato foi observado no perodo recente, no qual a economia apresen-tou um crescimento expressivo, quando no segundo governo Lula cresceu taxa mdia de 4,5% ao ano por quatro anos. No incio do processo, em 2004, apresentvamos uma taxa de poupana de

    CONCESSES O balano do modelo de concesses no Brasil extremamente positivo. O pas precisa aproveitar com mais intensidade os recursos privados disponveis para infraestrutura. Paulo Godoy O governo federal demorou a aceitar o modelo de parceria. Os projetos de concesses anunciados caminham num frentico vaivm de regras que desorienta as empresas e traz insegurana. Carlos Eduardo Lima Jorge

  • 8 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO2014 VISTA

    37

    55

    117 119

    3041

    64

    80,0

    2003 2006 2010 2012

    Investimento em infraestrutura em R$ bilhes e percentual do PIB preos 2012

    44,0%

    89,7%

    62,3%

    99,9%

    85,0%

    71,8%

    Transportes

    Energia eltrica

    Petrleo e gs

    Telecomunicaes

    Saneamento bsico

    Total

    Distribuio do investimento em infraestrutura de licitaes e concesses entre 2003-2012 (%)

    % DO PIB

    58,8

    34,6

    89,5

    0,0

    93,9

    59,5

    41,2

    65,4

    10,5

    100,0

    6,1

    40,5

    Transportes

    Energia eltrica

    Petrleo e gs

    Telecomunicaes

    Saneamento bsico

    Total

    Pblico Privado Pblico Privado

    Investimentos setoriais em infraestrutura entre 2003 e 2012 (%)

    Licitaes Concesses

    2,93% 4,26% 4,50%

    18% do PIB para uma taxa de investimento de 17% do PIB. O exce-dente de 1% do PIB era a poupana que exportamos em 2004. Em 2008, com o fim deste ciclo de crescimento, apresentamos taxa de poupana na casa 18,8% do PIB e taxa de investimento de 20,7% do PIB, o que correspondeu a uma poupana externa de 1,9% do PIB. Ou seja, a maior parte do crescimento da taxa de investimen-to no perodo foi permitida por elevao da poupana externa e no da poupana domstica.No entanto, recentemente j estamos em um patamar elevado

    de dficit em conta corrente, acima de 3,5% do PIB, mes-mo sem estarmos passando por um ciclo elevado de in-vestimento. Por isso h preo-cupao com relao ques-to da vulnerabilidade exter-na, caso este dficit se eleve ainda mais. Ento, para que isso no ocorra, temos que investir em setores que pos-sam elevar a nossa capacida-de de exportao. Sem dvi-da, o investimento no pr-sal pode ser uma grande oportu-nidade.

    Tempos difceis Avalio que 2014 ainda ser um ano difcil. Alm das incertezas com relao disputa elei-toral, h ainda muita incer-teza com relao ao cenrio externo. No podemos des-cartar um cenrio mais ad-verso para o Brasil em 2014, com uma nova rodada de for-talecimento do dlar e, con-

    sequentemente, de depreciao de nossa moeda. Dependen-do da intensidade desse movimento, as presses inflacionrias podem ser mais fortes, necessitando de um aperto monetrio mais intenso. Alm disso, a herana da poltica fiscal para 2014 tambm no d margem a muito otimismo. H muita dificulda-de para o cumprimento de metas de supervit primrio da or-dem de 1,5% do PIB sem descontar as despesas do PAC. Por fim, a atividade econmica continua em um ritmo muito fraco. Nos-sa previso de crescimento do PIB para este ano de 2,5%. Para 2014, esperado um crescimento menor, de 1,8%. Mesmo em um cenrio no to adverso, temos que manter a inflao sob con-trole, ento o crescimento ser penalizado.

    FRANCISCO HUMBERTO VIGNOLI, professor do Departamento de Planejamento e Anlise Econmica da EAESP-FGV

    Estamos falando de um crescimento econmico qualificado pela reduo da desigualdade socioeconmicaPapel do setor privado A economia brasileira dever cres-cer entre 2,5% e 2,8% do PIB em 2013, muito aqum das taxas vi-gorosas que se espera j h algum tempo, mas superior ao que analistas nacionais e estrangeiros vaticinavam desde o incio do ano. Fruto da perda de dinamismo de alguns setores indus-triais e, principalmente, da morosidade nos resultados dos in-vestimentos em infraestrutura, esse baixo crescimento no deve ser considerado to grave, principalmente quando se verifica o comportamento da economia mundial (o que influencia esse baixo crescimento) e a baixa taxa de desemprego na economia brasileira (em torno de 5% da PEA), situao muito confortvel

    HABITAO Minha viso do mercado imobilirio de que a penetrao de imveis no Brasil ainda baixa e o estoque, na maioria das vezes, de m qualidade. Vejo as perspectivas para esse setor como boas. Odair Senra Dois fatores esto desanimando os investidores no Minha Casa, Minha Vida: a falta de uma perenizao do programa e do reajuste dos valores pagos pelo governo para a produo. Sergio Watanabe

    Fonte: Abdib.

  • DEZEMBRO 2013 9CONJUNTURA DA CONSTRUO

    37

    55

    117 119

    3041

    64

    80,0

    2003 2006 2010 2012

    Investimento em infraestrutura em R$ bilhes e percentual do PIB preos 2012

    44,0%

    89,7%

    62,3%

    99,9%

    85,0%

    71,8%

    Transportes

    Energia eltrica

    Petrleo e gs

    Telecomunicaes

    Saneamento bsico

    Total

    Distribuio do investimento em infraestrutura de licitaes e concesses entre 2003-2012 (%)

    % DO PIB

    58,8

    34,6

    89,5

    0,0

    93,9

    59,5

    41,2

    65,4

    10,5

    100,0

    6,1

    40,5

    Transportes

    Energia eltrica

    Petrleo e gs

    Telecomunicaes

    Saneamento bsico

    Total

    Pblico Privado Pblico Privado

    Investimentos setoriais em infraestrutura entre 2003 e 2012 (%)

    Licitaes Concesses

    2,93% 4,26% 4,50%

    se comparada de outras economias.Como o PIB no longo prazo determinado pelo investimento

    e a produtividade, ou seja, pela expanso da capacidade produ-tiva, a adoo de medidas governamentais para estimular o au-mento do investimento, tanto aqueles direcionados infraestru-tura como em educao e inovao, fundamental para que o pas volte a crescer. necessrio lembrar que estamos falando de um crescimento

    econmico qualificado pela reduo da desigualdade socioeco-nmica, com manuteno da poltica de aumento real do salrio mnimo e manuten-o e fortalecimento dos pro-gramas de transferncia con-dicionada de renda. Portanto esse crescimento econmico deve tambm ser estimulado pela recuperao do dinamis-mo dos investimentos priva-dos, impulsionado pelo apro-veitamento das condies ob-jetivas proporcionadas pela orientao dada poltica econmica. Nesse sentido, fundamental que o setor pri-vado aproveite as condies institucionais que esto da-das (e os estmulos) e apos-tem na inovao, na educa-o e na capacitao de sua fora de trabalho, invertendo uma tendncia de se priorizar o mundo das finanas em de-trimento do da produo.

    Perspectivas de investi-mento Se considerarmos

    os resultados do leilo do campo de Libra e, mais recentemente, o fato de cinco consrcios participarem do leilo pelas concesses dos aeroportos do Galeo e de Confins, as perspectivas so boas. Alm de grupos nacionais, participaro desse leilo operadoras dos aeroportos de Londres, Paris, Frankfurt entre outros, o que demonstra o interesse do investidor externo.Mas, para que essas perspectivas se confirmem e o investimento

    de longo prazo se realize, necessrio que fique bem claro que a orientao da poltica econmica do governo est baseada na es-tabilidade macroeconmica, na ampliao do mercado interno, nos estmulos aos investimentos privados (internos e externos) e nos investimentos em educao e inovao.Para tanto, o governo precisa, urgentemente, melhorar sua ca-

    pacidade de comunicao, de forma a reverter expectativas que tm um trao pessimista sem justificativas fundadas, inclusive estatisticamente. Nesse sentido, precisa deixar absolutamente claro para o conjunto da sociedade que: A eesponsabilidade fiscal vai ser mantida. Das economias do

    G20, o Brasil ser uma das poucas a apresentar resultado pri-mrio positivo em 2013;

    A inflao ser mantida sob controle; O regime de cmbio flutuante ser mantido; Os investimentos em infraestrutura sero ampliados, no s

    pelo redirecionamento da participao do BNDES, como pela atrao do sistema financeiro privado em financiamentos de projetos de longo prazo;

    O investimento em educao ser ampliado, atingindo 10% do PIB nos prximos cinco anos, com o incremento represen-tado pelos royalties.

    CELSO PETRUCCI, economista-chefe do Secovi-SP

    A construo civil dever agora crescer de acordo com o crescimento do pasEsgotamento Acredito que o pas j tenha explorado o cres-cimento somente se aproveitando da melhoria de mobilidade so-cial, pelo consumo e pela oferta de crdito. No segundo governo Lula, o pas deixou de lado a oportunidade de propor mudanas nos marcos regulatrios que afetam muito o crescimento. S para lembrar algumas reformas que ficaram para trs: a poltica e a tra-balhista, fundamentais para melhorar o ambiente de negcios e atrair investimentos. Agora, aps um perodo de ouro, durante o qual surfamos no crescimento internacional, o pas se encontra em dificuldades para potencializar seu crescimento. Os investi-mentos em infraestrutura no decolam em razo do excesso de burocracia e da falta de vontade poltica do governo federal em entender que a iniciativa privada no pode ser tutelada em seus

    BAIXO CRESCIMENTO Nossa previso de crescimento do PIB para este ano de 2,5%. Para 2014, esperado um crescimento menor, de 1,8%. Silvia Mattos O baixo crescimento da economia no deve ser considerado to grave principalmente quando se verifica o comportamento da economia mundial e a baixa taxa de desemprego na economia brasileira. Francisco Vignoli

  • 10 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO2014 VISTA

    ganhos e somente entrar no jogo, definitivamente, quando sentir que h segurana jurdica nas operaes desenhadas e perspec-tivas de boas rentabilidades. Essa falta de investimentos, aliada ao aumento dos gastos pblicos e piora do cenrio das dvidas internas e externas, tambm poder levar o Brasil perda do in-vestiment grade, o que tornar mais criteriosa e encarecer a cap-tao de recursos externos.

    Construo no ritmo do pas Minha percepo de que a ati-vidade da construo civil, que nos ltimos anos cresceu mais que o PIB nacional, dever, agora, crescer de acordo com o crescimen-to do pas. Isso poder acontecer porque a atividade da construo civil imobiliria colaborou bastante com a construo nos ltimos anos, mormente em 2010, e dever, em 2013 e 2014, se manter no mesmo patamar de lanamentos e vendas de 2012, ou muito pr-ximo. Assim, a atividade depender mais dos investimentos em in-fraestrutura do que da atividade imobiliria que, em nossa opinio, quando avaliamos os (poucos) dados disponveis no pas, dever atravessar perodo de ajustes entre oferta e demanda.

    Mercado imobilirio A cidade de So Paulo, nos ltimos 10 anos, absorveu demanda de 30 mil a 35 mil unidades residenciais por ano. O mercado em 2013, pesquisado at setembro, vem apre-sentando um crescimento surpreendente tanto nos lanamentos quanto nas vendas, descolado dos indicadores da economia na-cional. Costumo afirmar que o incorporador imobilirio se ade-qua s novas demandas dos consumidores, e mesmo enfrentan-do obstculos (falta de terrenos, o excesso de burocracia no licen-ciamento e o aumento de preos), vem fazendo satisfatoriamente a lio de casa. Projetamos para 2014 um crescimento na ordem de 5% sobre 2013, o que ser bom se considerarmos que teremos um ano atpico.

    CARLOS EDUARDO LIMA JORGE, secretrio-executivo da Comisso de Obras Pblicas da Cmara Brasileira da Indstria da Construo (CBIC)

    Para as empresas, o PAC deixou de representar uma vigorosa expectativaMudana de postura O Brasil tem crescido nos ltimos anos a taxas muito aqum do necessrio ou mesmo do desejado pelos governantes. As causas disso so vrias, mas uma em especial se destaca e acredito que seu enfrentamento alavancaria um con-junto de aes positivas para o crescimento do pas. Trata-se do descontrole das contas pblicas, pressionadas pelos crescentes gastos com custeio e programas assistencialistas, em detrimen-to dos investimentos. Uma mudana de postura do governo fede-

    ral em relao a essas despesas significaria importante sinal para investidores nacionais e estrangeiros.Percebendo a permanncia das dificuldades de operacionali-

    zao do conjunto de obras envolvidas no PAC, dificuldades essas que restringem a velocidade de execuo dos projetos, o governo federal jogou suas fichas no programa de concesses de infraes-trutura de transportes (rodovias, ferrovias, aeroportos, portos), procurando atrair a parceria com o capital privado.Para as empresas que executam obras de infraestrutura, o PAC

    deixou de representar uma vigorosa expectativa de expanso do mercado de trabalho, seja pela lentido dos projetos, seja pela baixa rentabilidade que estes tm representado (preos irreais, demora na aprovao de projetos, atraso nos pagamentos). Mas claro, as obras do PAC continuaro ao menos em 2014 a repre-sentar importante parcela de negcios para as empresas.A novidade para essas empresas seria o deslanche do programa

    de concesses de infraestrutura, o que de fato acabou no acon-tecendo em 2013. O governo federal demorou a aceitar o mode-lo de parceria com o capital privado como forma de agilizao de investimentos. E quando superou as barreiras ideolgicas, o fez mais por necessidade do que por convico.O fato que os projetos de concesses anunciados caminham

    num frentico vaivm de regras que desorienta as empresas e traz insegurana aos investidores. Falta ao governo assegurar a esta-bilidade das regras, de forma a reduzir o risco regulatrio e con-

    sequentemente o custo do ca-pital permitindo o aumento do investimento privado.O ano de 2013 poderia ter

    significado o perodo de deslanche das licitaes para concesses de infraes-trutura, com reflexos muito positivos para a economia em 2014. Infelizmente isso no ocorreu. O ano de 2014 ser um ano regido pelo ca-lendrio eleitoral e conse-quentemente pelos parme-tros que ganham fora e in-teresse num clima de dispu-ta poltica: lanamento de programas sem a respectiva base de sustentao; pres-ses para gastos; crescimen-to do assistencialismo; lote-amento poltico de cargos; tentativa de controle infla-cionrio a qualquer cus-to. Nesse provvel cenrio, 2014 dever apresentar taxa de crescimento igual ou me-nor a de 2013.

    REFORMAS So necessrias medidas que aumentem o investimento e a eficincia da economia. Silvia Mattos O pas deixou de lado a oportunidade de propor mudanas nos marcos regulatrios que afetam o crescimento. S para lembrar de algumas reformas que ficaram para trs: a poltica e a trabalhista, fundamentais para melhorar o ambiente de negcios e atrair investimentos. Celso Petrucci

  • DEZEMBRO 2013 11CONJUNTURA DA CONSTRUO

    DESAFIOS PARA A INFRAESTRUTURAO pas cresce pouco por um problema de falta de competitividade

    Cludio R. Frischtak

    Transitamos em anos recentes para um perodo de baixas taxas de cres-cimento. Se em 2013 e 2014 a eco-nomia crescer 2,0 a 2,5 %, fecharemos o quadrinio com uma expanso mdia de pouco mais de 2%. esse o nosso cresci-mento potencial? O que deu errado, mais alm dos equvocos na conduo poltica macroeconmica?O pas cresce pouco basicamente por um

    problema de falta de competitividade. Os custos esto fora do lugar: os de nature-za sistmica; os custos unitrios do traba-lho; e os custos de transao, de fazer ne-gcios. Esses fatores limitam a capacidade das empresas competirem e restringem seu crescimento. Nessa perspectiva, aumentar a produtividade a chave para retomar o crescimento.Entre 1992-2011, a PFT (produtividade

    do conjunto dos fatores ou fatorial total) avanou pouco mais de 0,6% a.a. J os ga-nhos de produtividade por trabalhador foram igualmente pequenos: entre 1996-2012, cresceu apenas 0,91% a.a., inferior inclusive a economias maduras, ps-in-dustriais, que retiram seu crescimento dos servios. Como se explica a baixa produtividade?

    Primeiro, por um volume limitado de in-vestimento limitado, tanto em termos agre-gados (abaixo de 18,5% do PIB), quanto em infraestrutura como se ver a seguir. Se-gundo, pela fragilidade nos fundamentos da educao e qualificao do trabalho. Terceiro, pelo limitado esforo inovador, pois em contraposio produo cien-tfica, os resultados no plano da inovao so marginais. E, finalmente, por um am-biente de negcios adverso, inclusive por

    01

    INVESTIMENTO

    2008 2009 2010 2011 2012 Mdia 2008-2012

    Governo federal 7,4 10,7 15,7 13,3 10,9 11,6

    % PIB 0,25 0,33 0,42 0,32 0,25 0,31

    Empresas estatais federais 0,4 0,4 0,6 1,1 1,7 0,9

    % PIB 0,01 0,01 0,02 0,03 0,04 0,02

    Empresas estaduais e autarquias 7,2 11,9 10,8 7,4 8,4 9,1

    % PIB 0,24 0,37 0,29 0,18 0,19 0,25

    Empresas privadas 7,9 6,3 10,1 11,6 17,4 10,64

    % PIB 0,26 0,19 0,27 0,28 0,39 0,28

    Total 23,0 29,3 37,1 33,4 38,4 32,25

    % PIB 0,76 0,90 0,99 0,81 0,87 0,87

    Investimentos em infraestrutura de transportes2008-12, por instncia de governo e setor privado

    Fonte: Empresas abertas (pblicas e privadas); Siafi, CNI; Ipeadata; Portal Transparncia; Banco Central e clculos e estimativas prprias .

    Shutterstock

  • 12 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    conta de um regime tributrio complexo e carga elevada, pela volatilidade das regras e incerteza regulatria. Sem dvida, a infraestrutura pouco

    avanou nesses ltimos anos. Os investi-mentos so parcos: em 2012, 2,33% do PIB; em 2013, projetamos 2,45%, abaixo do m-nimo necessrio para cobrir a depreciao do capital fixo per capita, calculado em 3% do PIB. A ttulo de ilustrao, o Chile e a ndia investiram 5,1% do PIB em 2008-11; o Vietn, 10,3% em 2009; e a China, 13,4% em 2010. Assim, para o pas chegar a um taxa de investimento em infraestrutura de 4,5% do PIB alvo consistente com um crescimento do PIB de 3,5% a 4% , leva-ramos neste ritmo aproximadamente 17 anos, atingindo somente em 2030 o que a maior parte dos competidores do Brasil j ultrapassou h alguns anos. Ainda que tenha havido alguns avanos

    desde 2007, na realidade, a mdia dos in-vestimentos 2001-12 (2,12% do PIB) no muito distante dos gastos projetados para o ano corrente. Ademais, no h evidncia que a qualidade dos gastos tenha melhora-do e de modo mais geral, h uma percep-o de que a efetiva modernizao da in-fraestrutura permanece distante, sem so-luo estruturada e crvel. No se percebe falta de vontade por par-

    te do governo, que abandonou h cerca de dois anos a estratgia perdedora que nor-teou o PAC fazer os investimentos no se-tor serem liderados pelo setor pblico e, ainda mais, com projetos de m qualida-de. Colocou tambm de forma inequvoca a questo da infraestrutura na ordem do dia; e vem tentando impulsionar o proces-so, mobilizando recursos tcnicos e polti-cos. E por que no anda?H certamente um problema de gover-

    nana do processo de concesses. Casa Civil, Ministrios, Tesouro (atuando de forma autnoma), agncias reguladoras e as novas institucionalidades (a exem-plo da EPL) frequentemente no se enten-dem em torno de questes fundamentais, a exemplo do papel do setor privado. Foi a ausncia de consenso no governo que le-vou a tentativa de regular administrati-vamente e no por fora da competio a taxa de retorno dos investimentos. O

    governo se divide em silos de modo geral estanques, com um claro dficit de coor-denao; compete-se abertamente pela primazia da conduo do processo, numa sucesso de czares da vez; e o exerc-cio do poder basicamente pela presso por resultados, no prazo mais curto poss-vel, atropelando a formulao de modelos mais bem desenhados, projetos mais bem elaborados e solues sustentveis. Se a governana falha, a gesto so-

    frvel pela maneira vertical e ineficiente de tomada de decises. A resistncia dos agentes privados acaba levando a mudan-as em sequncia no modelo e seus par-metros. Os ajustes no meio do caminho, o vaivm, as indecises quanto a questes crticas que no haviam sido pensadas de antemo, como no poderia deixar de ser, aumentam a incerteza e cobram um pr-mio de risco no desprezvel. No por coincidncia que o ritmo das concesses no caso da infraestrutura de transportes e os resultados tm sido sofrveis. Vale lembrar que em 2008-2012 os inves-

    timentos privados em infraestrutura de transportes somaram R$ 53,3 bilhes (ver tabela); o alvo do governo mobilizar R$ 167,7 bilhes em 2013-2017, ou seja, tripli-car o volume de investimento em logstica e mobilidade, sendo: R$ 13,2 bilhes em ae-roportos; R$ 23,5 bilhes em rodovias; R$ 56 bilhes em ferrovias; R$ 54 bilhes em portos; R$ 9 bilhes em hidrovias; e mais de R$ 12 bilhes em transportes urbanos (incluindo PPPs). Dada a baixa velocidade de execuo do programa de concesses, o alvo quinquenal dificilmente ser atingido. Ademais, esses projetos necessitam es-

    tar integrados no planejamento logstico do pas e no esto. Em nome da expe-dincia poltica, no se pode torcer o mo-delo para contornar a restries da legisla-o em vigor. O pas conta com dois exce-lentes instrumentos legais: a Lei das Con-cesses, de fevereiro de 1995, e a Lei das PPPs, de dezembro de 2004. Como o pr-prio site do governo explica, na conces-so comum, o pagamento realizado com base nas tarifas cobradas dos usurios dos servios concedidos. J nas PPPs, o agen-te privado remunerado exclusivamente pelo governo ou numa combinao de ta-

    rifas cobradas dos usurios dos servios mais recursos pblicos. Por usarem recur-sos pblicos, as PPPs esto submetidas a critrios corretamente rgidos no compro-metimento fiscal do Estado e no compar-tilhamento de riscos entre Estado e setor privado. Claro est que todas as ferrovias a serem licitadas, por exemplo, o deveriam ser sob a forma de PPPs; da mesma for-ma, como as rodovias em que o governo se compromete tambm a investir.No h, contudo por que insistir no erro.

    melhor fazer direito do que fazer mal fei-to. O primeiro passo dar um freio de arru-mao. melhor preparar projetos de qua-lidade, com base em estudos cuidadosos, em sintonia com o interesse pblico, do que fazer de forma atabalhoada, com base em modelos mal concebidos, por conta das frustraes com o crescimento do pas e premido pelo calendrio eleitoral. Finalmente, e de modo mais geral, im-

    perativo melhorar a qualidade dos gastos e a eficincia do Estado para sustentar o investimento e acelerar o crescimento. A taxa de poupana atual extremamente baixa, de apenas 17% do PIB. A mdia do G-20 acima de 24% do PIB, e essa brecha (de 7%) teria de ser coberta basicamente por fontes domsticas, na medida em que o dficit em conta corrente muito eleva-do, em torno de 3,6% do PIB. O foco num primeiro momento reduzir

    o dficit nominal do setor pblico e, numa segunda etapa, estimular o aumento da poupana das famlias, inclusive por meio de uma reforma tributria. O desafio para o setor pblico duplo: reduzir drastica-mente o crescimento dos gastos correntes e ampliar e melhorar a qualidade dos in-vestimentos, particularmente em infraes-trutura, com foco naqueles de natureza complementar aos investimentos priva-dos. Voltar a crescer acima de 4% a.a. ser predicado numa agenda de reformas que possibilitem aumentar a poupana pbli-ca e privada, de modo a dar sustentao retomada dos investimentos, com a melho-ra da qualidade da poltica econmica e do ambiente de negcios no pas.

    Cludio Roberto Frischtak doutor em economia pela Uni-versidade Stanford e presidente da Inter.B Consultoria In-ternacional de Negcios.

  • DEZEMBRO 2013 13CONJUNTURA DA CONSTRUO

    01SONDAGEM

    DA CONSTRUO

    TEMPOS DE DESACELERAO E PERSPECTIVAS MAIS POSITIVAS DE LONGO PRAZOAna Maria Castelo

    A Sondagem da Construo, do Sinduscon/SP em parceria com a FGV/Ibre, vem refletindo a de-sacelerao da atividade setorial. Na edi-o de novembro ltimo, o indicador de inteno de contratar das empresas regis-trou queda expressiva: na comparao com novembro de 2011, a reduo foi de quase 15%. De fato, ao analisar os dados de em-prego (Rais/Caged, ver grfico), verifica--se que, entre outubro de 2011 e outubro de 2013, a taxa de crescimento 12 meses do emprego saiu de 10,12% para 0,77%. A percepo relativa s perspectivas

    de desempenho para os prximos meses acompanharam a queda do indicador de desempenho atual, embora, no tenha fi-

    cado abaixo da linha de neutralidade. Para os prximos meses, a percepo seguiu se reduzindo.A deteriorao mais expressiva tem sido

    observada da percepo relacionada ao ce-nrio macroeconmico. A avaliao das empresas sobre o sucesso da poltica eco-nmica alcanou o pior resultado da srie histrica. Dessa forma, se o final de ano poca de renovar as esperanas, o empre-srio da construo no chegou ao final do ano otimista.Perguntas especficas da sondagem de

    novembro sobre 2014 mostram que os em-presrios continuam apostando na fora do crdito e dos lanamentos para a bai-xa renda. Comparativamente aos ltimos

    O aumento dos custos e a queda da produtividade afetaram a rentabilidade das empresas e seu desempenho. Paralelamente, houve diminuio das ven-das no mercado imobilirio em grande parte das capitais

    nov/10

    nov/11

    nov/12

    nov/13

    A PERCEPO E AS EXPECTATIVAS DOS EMPRESRIOS DA CONSTRUO

    Expectativas dos empresrios x pesquisa de emprego

    As perspectivas dos entrevistados

    -5%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    fev/10 ago fev/11 ago fev/12 ago fev/13 ago nov/13

    35

    40

    45

    50

    55

    60Rais/ Caged* Sondagem

    42,74

    -0,01%

    53,00

    8,84%

    53,42

    17,56%

    Fonte: SindusCon-SP/FGV

    Empresas esto confiantes no crescimento de mdio e longo prazo, mas veem a necessidadede novos estmulos para a economia e de uma nova verso para o MCMV

    Crescimento de mdio e longo prazo

    Nova verso do Programa Minha Casa Minha Vida

    Necessidades de estmulos do governo

    61,95

    67,60

    78,26

    0

    20

    40

    60

    80

    0

    20

    40

    60

    80

    0

    20

    40

    60

    80

    Inflao reduzida

    Sucesso na conduo da

    poltica econmica

    Custos da construo

    Perspectivas de desempenho da empresa

    Dificuldades financeiras

    Desempenho da empresa

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    Realizao de investimento em mquinas

    e equipamentos

    Realizao de investimento em novas tecnologias

    Facilidade no fornecimento de materiais

    de construo

    Facilidade de obteno de mo de obra qualificada

    Aumento dos lanamentos para mdia/baixa renda

    Aumento do crdito imobilirio

    Crescimento econmico

    49,5 52,5 50,2 48,4

    30,2 31,4

    54,760,157,6

    41,4

    58,158,9

    31,8

    ENTENDA A PONTUAO DA SONDAGEM: Os dados esto dispostos numa escala que vai de 0 a 100, tendo o valor 50 como centro. Isso quer dizer que valores abaixo de 50 podem ser inter-pretados como um desempenho, ou perspectiva, no favorvel. No caso de dificuldades financeiras, no entanto, valores abaixo de 50 significam dificuldades menores.Fonte: SindusCon-SP/FGV. * Taxas 12 meses.

  • 14 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    nov/10

    nov/11

    nov/12

    nov/13

    A PERCEPO E AS EXPECTATIVAS DOS EMPRESRIOS DA CONSTRUO

    Expectativas dos empresrios x pesquisa de emprego

    As perspectivas dos entrevistados

    -5%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    fev/10 ago fev/11 ago fev/12 ago fev/13 ago nov/13

    35

    40

    45

    50

    55

    60Rais/ Caged* Sondagem

    42,74

    -0,01%

    53,00

    8,84%

    53,42

    17,56%

    Fonte: SindusCon-SP/FGV

    Empresas esto confiantes no crescimento de mdio e longo prazo, mas veem a necessidadede novos estmulos para a economia e de uma nova verso para o MCMV

    Crescimento de mdio e longo prazo

    Nova verso do Programa Minha Casa Minha Vida

    Necessidades de estmulos do governo

    61,95

    67,60

    78,26

    0

    20

    40

    60

    80

    0

    20

    40

    60

    80

    0

    20

    40

    60

    80

    Inflao reduzida

    Sucesso na conduo da

    poltica econmica

    Custos da construo

    Perspectivas de desempenho da empresa

    Dificuldades financeiras

    Desempenho da empresa

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    Realizao de investimento em mquinas

    e equipamentos

    Realizao de investimento em novas tecnologias

    Facilidade no fornecimento de materiais

    de construo

    Facilidade de obteno de mo de obra qualificada

    Aumento dos lanamentos para mdia/baixa renda

    Aumento do crdito imobilirio

    Crescimento econmico

    49,5 52,5 50,2 48,4

    30,2 31,4

    54,760,157,6

    41,4

    58,158,9

    31,8

    anos, no entanto, a percepo dominante que o crescimento ser menor. Vale notar que em 2013, na Regio Metropolitana de So Paulo, houve grande crescimento das vendas no mercado imobilirio, que foram impulsionadas especialmente pelos im-veis de um e dois dormitrios.A desacelerao da atividade observa-

    da nos ltimos dois anos tambm dever contribuir para que a preocupao com a escassez de mo de obra qualificada seja menor em 2014. Ainda assim, os empres-rios indicam que devero continuar inves-tindo em novas tecnologias.Trs novas questes foram realizadas na

    sondagem de novembro. Perguntou-se so-bre as perspectivas de mdio e longo pra-zo do setor. E, a despeito de no se mostrar otimista com o curto prazo, o empresrio da construo est confiante na recupera-o do crescimento mais frente. O empre-srio acredita, no entanto, que a economia precisar de novos estmulos para voltar a crescer e para o setor importante o ann-cio de uma nova verso do Programa Mi-nha Casa, Minha Vida.

    Viso da trajetriaO ano de 2010 estabeleceu para o setor

    da construo um patamar difcil de ser superado. Indiscutivelmente foi o pice do crescimento setorial: o PIB e o emprego cresceram a taxas de dois dgitos e os neg-cios das empresas se expandiram de forma bastante expressiva. A sondagem refletiu o cenrio setorial

    extremamente favorvel s empresas. A percepo de desempenho captada pela pesquisa alcanou um dos maiores pata-mares da srie histrica iniciada em 1999. Mas desde ento a pesquisa vem mostran-

    do uma mudana dos indicadores que vai alm da comparao desvantajosa com uma base muito alta. De fato, a queda observada a partir de 2011 pode ser atribuda, em par-te, base alta, mas tambm aos problemas enfrentados pelas empresas decorrentes do crescimento muito forte de 2010. Como se sabe, as empresas encontraram dificulda-des na contratao de mo de obra quali-ficada. O aumento dos custos e a queda da produtividade afetaram a rentabilidade das empresas e seu desempenho. Paralelamen-

    te, houve diminuio das vendas no merca-do imobilirio em grande parte das capitais. No segmento de infraestrutura, as em-

    presas enfrentaram altos e baixos rela-cionados ao maior ou menor ritmo das obras do PAC. No plano macroeconmico, os anos ps 2010 tambm acusaram uma mudana significativa do cenrio domsti-co. Depois do crescimento excepcional da-quele ano, o pas no conseguiu mais recu-perar uma taxa de crescimento superior a 2,5%. Junto com a deteriorao do ambien-te econmico, pioraram fortemente as ex-pectativas empresariais.Assim, a sondagem realizada em novem-

    bro ltimo mostra indicadores que resul-tam de todo esse cenrio e no sinaliza uma mudana muito relevante para os pr-ximos meses. O desempenho, que desde maio ficou abaixo do patamar considera-do neutro, permaneceu relativamente es-tvel. O baixo volume de negcios e a ren-tabilidade tm contribudo para a deterio-rao observada no ano. No mesmo pero-do, a sondagem acusou tambm o cresci-mento das dificuldades financeiras.

  • DEZEMBRO 2013 15CONJUNTURA DA CONSTRUO01

    CONJUNTURA

    A MARCHA LENTA PERSISTECrescimento setorial deve convergir para o crescimento do PIB em 2014

    Robson Gonalves, Ana Maria Castelo e Roberto Arago

    No incio de 2013, as expectativas eram modestas em relao ao que havia se verificado em perodo re-cente: esperava-se para a construo um crescimento entre 3,5% a 4%.O resultado seria prximo ao verificado no ano ante-rior, no entanto, esperava-se uma dinmica diferente. Isto , em 2012 houve uma pro-gressiva desacelerao da atividade seto-rial, que se acentuou a partir do segundo semestre. Para 2013, a retomada dos in-vestimentos deveria assegurar um cresci-mento maior a partir do segundo semestre.De fato, impulsionados pelo aumento

    da produo de bens de capital, os investi-mentos cresceram ao longo do ano, fazen-do com que a taxa de investimento voltasse a se elevar. Mas, no fechamento do ano, os indicadores setoriais apontam uma frus-trao de expectativas. O crescimento de 2013 para a construo dever atingir re-sultados ainda mais modestos que o pre-

    visto, ficando prximo a 2%. Ou seja, as taxas setoriais relativas a 2012 e 2013 te-ro sofrido uma mudana de patamar ex-pressiva, comparativamente mdia do perodo 2008 a 2011, quando o valor adi-cionado da construo expandiu-se cerca de 8% ao ano.1

    Esse desempenho tem vrias causas. No segmento imobilirio, no houve uma re-tomada da atividade. Em geral, as empre-sas prosseguiram o movimento de ajuste de estoque no mercado imobilirio. Est--se observando o encerramento do ciclo de obras do perodo 2008 a 2010. Com a reduo dos lanamentos e vendas no pe-rodo seguinte, o reincio do ciclo tem se dado de forma lenta, com mais obras sen-do concludas do que iniciadas, levando queda no nmero de empregados. Mas a

    1 Taxas referentes aos valores nominais corrigidos pelo INCC-DI.

    maior frustrao deu-se, sem dvida, no segmento de infraestrutura. O programa de concesses caminhou pouco ao lon-go do ano e as obras do PAC tiveram redu-o de ritmo.No plano macroeconmico, tambm as

    expectativas foram revistas para baixo. O ano de 2013 deve encerrar com uma expan-so do PIB de 2,5%. Passar do crescimen-to puxado pela demanda para um padro impulsionado pela eficincia e pela pro-dutividade o desafio de hoje. E isso tam-bm vale para a construo civil. S assim ser possvel voltar a crescer mais rapida-mente e, em paralelo, diminuir a presso inflacionria.Em 2014 haver eventos de impacto

    como a Copa de Mundo e as eleies. Mas, em ambos os casos, os efeitos mais ime-diatos devem recair novamente sobre a de-manda. Assim, o horizonte de crescimento do prximo ano no sugere a nfase neces-

    A TRAJETRIA DA ECONOMIA RUMO A 2014 (%)

    * Dados preliminares ** Projees Fonte: FGV e IBGE

    2012 2013* 2014**

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    ImportaesExportaesFormao de capital

    Consumo do governo

    Consumo das famlias

    PIB da construo

    PIB

    0,20,5

    -4,7

    3,11,9

    1,40,9

    8,4

    1,7

    6,5

    1,92,9

    2,02,5

    4,04,04,5

    2,01,3

    2,82,0

    Taxa deinvestimento (%)

    18,6

    19,3

    19,8

    2012 2013*

    2014**

  • 16 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    sria sobre o aumento da eficincia econ-mica. A guinada em favor da produtividade s estar bem encaminhada com a acelera-o do programa de concesses.

    Inflao e emprego H um ano, as expectativas referentes

    inflao estavam na casa de 5,5%. Mas o IPCA, ndice oficial do regime de metas, de-ver fechar o ano pouco acima disso e mui-to prximo do resultado de 2012. Em resu-mo: baixo crescimento e inflao alta de-ram a tnica do ambiente econmico bra-sileiro em 2013.A inflao mais elevada afetou a ren-

    da real dos trabalhadores. Em setem-bro, a renda real habitualmente recebida pela populao ocupada registrou alta de 2,22% em relao h 12 meses. Em setem-bro de 2012, o ganho foi de 4,33% nessa mesma comparao. Entre os trabalhadores ocupados na

    construo, a pesquisa do IBGE mostrou que houve um movimento inverso, ou seja, o rendimento cresceu mais em 2013: 2,67%, contra um aumento de 1,67% no ano passado. A taxa de desocupao no setor se mantm entre as mais baixas entre os setores da economia ficou em 2,8%, o mesmo resultado de 2012.O ritmo lento das obras de infraestrutura

    e a concluso das obras do segmento imo-biliria afetaram as contrataes realiza-das pelas construtoras em 2013. Entre ja-neiro e setembro, as construtoras contrata-ram 174 mil trabalhadores, o que represen-tou quase 30% a menos do que no mesmo perodo de 2012. No ano, o setor acumula-va crescimento de apenas 0,9% na com-parao com o mesmo perodo do ano an-terior. A desacelerao est sendo coman-dada pelo segmento imobilirio, que teve uma reduo de 1,43% no nmero de em-pregos ativos em 2013 quando comparado ao mesmo perodo do ano anterior.No entanto segmentos como Obras de

    Instalaes (5,25%) e Obras de Acaba-mento (3,77%) apresentaram crescimen-to positivo. Os dois segmentos respondem por 17% no total de empregados da cons-truo, enquanto o imobilirio represen-ta 40%. O ano de 2013 dever se encerrar com aumento de 1% no nmero de empre-

    gados com carteira, o que ser a pior taxa dos ltimos sete anos.

    Produo industrialO desempenho da produo fsica da in-

    dstria de transformao foi bem mais fa-vorvel do que o observado em 2012, quan-do houve queda de quase 3% frente ao ano anterior. No acumulado do ano at setem-bro, registrou avano de 2,1%. Apesar de positivo, o desempenho da indstria de-ver ficar abaixo do esperado no incio do ano. Na cadeia da construo, o cenrio tam-

    bm foi de recuperao, mas em ritmo len-to. A produo fsica de insumos tpicos, que havia crescido 1,3% em 2012, regis-trou aumento de 2% no acumulado deste ano at setembro. As projees da FGV so de que esse indicador encerre o ano com alta de 2,7%. O IBGE mostrou que, at se-tembro, a produo de cimento registrou declnio de 0,40% na comparao com o mesmo perodo de 2012.Em contrapartida, a produo de bens

    de capital para a construo acumulou alta de 11,6% at setembro. Para o ano fe-chado de 2013, estima-se que o a produo de bens de capital para a construo cresa mais de 25%. Estimativas da FGV indicam que o faturamento real nos segmentos de base da indstria de materiais de constru-o deve encerrar o ano de 2013 com ex-panso de 2,8%. J os de acabamento de-vem registrar alta superior a 7%.

    Uma das marcas da dinmica produti-va recente tem sido a expanso do varejo frente da produo industrial. No acumu-lado do ano at setembro, o volume de ven-das do comrcio teve alta de 3,9%.

    CrditoO saldo total dos financiamentos imo-

    bilirios alcanou R$371 bilhes, ou seja, 7,9% do PIB. Vale notar que a expanso do crdito habitacional para as famlias tem surpreendido em 2013. As contrataes com recursos da poupana, que compem parte importante dos recursos imobili-rios direcionados, registraram expanso de 35% at setembro.O nmero de unidades financiadas al-

    canou 387,2 mil neste perodo. Enquan-to o financiamento aquisio de imveis elevou-se 29%, o financiamento produ-o registra queda de 5% at setembro, o que est relacionada entrega das unida-des habitacionais das construtoras para as famlias, quando ocorre o repasse do fi-nanciamento.

    Menos consumoAs mudanas no ritmo e na composi-

    o do crescimento, registradas em 2013, devem prosseguir em 2014. Uma expan-so mais lenta, em busca de fundamentos mais slidos. O grande desafio ser a me-lhoria da qualidade do crescimento, com vistas sua acelerao ao longo do prxi-mo governo.A primeira mudana esperada se refere

    ao consumo das famlias. Esse consumo deve crescer pouco abaixo do PIB, abrin-do espao para outros componentes da demanda agregada. J os gastos do gover-no com a mquina administrativa devem acompanhar a expanso geral da econo-mia, com crescimento de 2%.O investimento deve continuar crescen-

    do. Em 2013, houve forte expanso da pro-duo de mquinas e equipamentos. No entanto, no ano eleitoral, possvel espe-rar por uma acelerao das obras pblicas. Com isso, o investimento dever crescer 4,5% no ano, isto , frente do PIB, con-tribuindo para o aumento da taxa de in-vestimento, que dever fechar o ano pr-xima a 20%.

    O saldo total dos financiamentos imobilirios alcanou R$371 bilhes, ou 7,9% do PIB. As contrataes com recursos da poupana registraram expanso de 35% at setembro.

  • DEZEMBRO 2013 17CONJUNTURA DA CONSTRUO01

    HABITAO

    O MINHA CASA, MINHA VIDA APS 3 MILHES DE UNIDADESGrandes questes que envolvem o programa e sua implementao

    Edney Cielici Dias

    O final de 2013 traz um marco impor-tante do Programa Minha Casa Mi-nha Vida (PMCMV), com o cumpri-mento da meta original de contrataes 3 milhes de unidades, considerando as duas fases do programa. A essa meta, fo-ram adicionadas 750 mil unidades ainda em fase de contratao, a serem cumpri-

    das at o fim de 2014. At meados de ou-tubro, havia sido concludo 1,68 milho de unidades e realizada a entrega de 1,38 milho. Trata-se de nmeros que falam por si quando se considera o histrico de produo de moradias no pas. Razo h para comemorar e tambm para fazer um balano da poltica pblica. Este artigo

    faz um breve comentrio de questes que envolvem a implementao do PMCMV.O programa representou uma dupla que-

    bra de paradigma. Em uma perspectiva, inovou pelo volume de subsdios, aproxi-madamente R$ 110 bilhes na meta origi-nal das duas fases. O papel do setor priva-do, em outro ponto de vista, passou a ser

    UMA VISO DAS NECESSIDADES HABITACIONAIS

    Fontes: Elaborao prpria com base em Caixa Econmica Federal e Furtado, Lima Neto e Krause (2013).

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    SPMGBARSPRRJGOMASCPEPAALCEMTPBPIRNMSESAMSERODFTOAPRRAC

    Contrataes em Regies Metropolitanas e participao da RM no dfict habitacional (%)

    As nove RMs analisadas neste grfico concentram

    27,9% do dficit habitacional brasileiro

    Nelas, foram contratadas

    24,4% das unidades do PMCMV0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    So PauloRio de Janeiro

    Belo Horizonte

    SalvadorRecifeFortalezaPorto Alegre

    CuritibaCampinas

    Contrataes Dficit total

    5,44,6

    2,22,41,41,7

    2,62,02,2

    10,4

    5,5

    2,21,91,91,81,71,31,3

    O dficit habitacional brasileiro estimado em

    6,6 milhesde unidades

    Dficit habitacional (%)

    Mdia nacional de entrega na Faixa 1 at nov/2013

    51,5%

    Total de contrataes (%)

  • 18 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    decisivo na formulao e execuo de pro-jetos de moradia social, contanto com uma estrutura indita na Caixa Econmica Fe-deral. Dessa forma, deu-se materialidade participao do setor privado, de orga-nizaes no-governamentais e das pr-prias comunidades beneficiadas na for-mulao dos projetos, uma recomenda-o de vozes pelo mundo afora desde pelo menos os anos 80.Mas, segundo o prprio governo, a ope-

    rao do PMCMV significava a troca de pneu de um carro em movimento, uma obra em progresso relacionada s metas de estmulo economia contra os efeitos da crise financeira mundial. Assim, quatro preocupaes acompanham a implemen-tao do programa desde seu nascimento:

    Trata-se de uma poltica de governo, no de Estado, o que no sinaliza sua continuidade no caso de alternncia de poder e tampouco uma sistematizao de padres e metas;

    H sempre a questo do preo estipula-do pelo governo para as unidades habi-tacionais, o que tende inviabilizar pro-jetos em reas valorizadas, como nos grandes centros, em especial num con-texto de mercado imobilirio aquecido;

    A distribuio programa no territrio, seja do ponto de vista da focalizao das reas de dficit habitacional, seja no contexto scio-urbanstico propria-mente dito, de presena satisfatria de infraestrutura e de servios pblicos;

    A qualidade em si da unidade habita-cional, uma vez que se trata de bens ofertados em uma estreita conta de chegada.

    No que se refere perenidade do progra-ma, a questo procede sob vrios aspec-tos, a comear pelo fato de que se espera do pas um comprometimento de Estado com relao ao combate ao dficit habi-tacional. Adicionalmente, o engajamen-to do setor privado mais efetivo medi-da que se desenha um horizonte mais am-plo e concreto.

    A questo dos preos das unidades al-tamente relacionada ao preo da terra. O problema poderia ser equacionado se os municpios destinassem, por meio da exe-cuo de polticas urbanas baseadas no Es-tatuto da Cidade, terrenos moradia de in-teresse social, o que se d muito aqum do necessrio. Adicionalmente, um programa dessa natureza pressupe ganhos de pro-dutividade da construo civil, o que no h indicaes que esteja ocorrendo no rit-mo desejado. Isso se deve a diversos moti-vos a prpria perspectiva de investimen-to continuado um fator condicionante de investimentos, bem como solues relacio-nadas ao treinamento de mo de obra e ao financiamento s empresas.Como mostram os grficos, a distribui-

    o das contrataes do PMCMV guarda uma relao prxima com a distribuio do dficit habitacional nos Estados. Esse

    aspecto mostra-se no entanto mais com-plexo nas metrpoles, como no caso da Re-gio Metropolitana de So Paulo (RMSP). Ressalve-se que a questo mais proble-mtica do que os grficos mostram se con-siderados somente os empreendimentos da faixa 1, cuja contratao difcil em reas de alta valorizao da terra.No que concerne qualidade das mora-

    dias, estudo do Ipea revela um dado pro-vocador: em uma escala de 0 a 10, bene-ficirios do PMCMV atriburam nota m-dia de 8,8 sua satisfao com a moradia recebida.Estas rpidas consideraes reconhe-

    cem que muito foi conquistado, mas que necessrio um grande esforo de gerao de conhecimento e de aperfeioamento institucional, de forma a fazer com que a poltica habitacional brasileira d mais um salto em quantidade e qualidade.

    Qual a sua avaliao do processo de implementao do PMCMV?A principal avaliao a dos beneficirios. Tem sido muito positiva. Pesquisas tm mostrado um nvel de satisfao elevado. Estamos caminhando para 3 milhes de unidades contratadas e mais da metade j concludas. Mais da metade das unidades entregues foram destinadas a famlias cuja renda est no segmento em que o dficit habitacional maior (renda familiar at R$ 1.600). Em todas as unidades da Federa-o, pelos registros que dispomos, a quantidade de unidades contratadas a maior da histria de um programa habitacional no pas. No seria possvel atingir nmeros como estes sem altssima efetividade. Entendemos que a implementao do progra-ma tem sido bastante positiva.

    Quais os pontos que devem ser melhorados?Produo de unidades habitacionais um processo que envolve diversos agentes an-tes, durante e depois da construo. A modernizao de instncias importantes que participam desse processo e a recuperao da capacidade de investir e corresponder expectativa do seu papel so fundamentais. Cartrios e concessionrias de servi-os pblicos, especialmente na rea de gua e esgoto, tm muito ainda a evoluir para acompanharem o investimento que se tem feito.

    (Edney Cielici Dias e Ana Maria Castelo)

    ENTREVISTA: Jos Urbano Duarte, vice-presidente de Habitao da Caixa Econmica Federal

    No seria possvel atingir nmeros como estes sem altssima efetividade

  • DEZEMBRO 2013 19CONJUNTURA DA CONSTRUO01

    NO CANTEIRO

    CRESCIMENTO COM MAIS SEGURANA NO TRABALHOA incidncia de acidentes na construo civil se reduziu entre 2008 e 2011

    Daniel Furletti*, Ieda Maria Pereira Vasconcelos** e Luis Fernando Melo Mendes***

    Muito se comenta sobre diversos dados de acidente no trabalho, mas na maioria das vezes es-sas informaes no so provenientes de fontes oficiais e apresentam divergncias. A adequada anlise sobre o tema deve considerar fonte oficial de divulgao de informaes. Anualmente, o Ministrio da Previdncia Social e o Ministrio do Trabalho e Emprego divulgam o Anu-rio Estatstico de Acidentes do Trabalho

    (Aeat). Publicado desde 2000, possibilita uma adequada abordagem sobre o tema. Antes de comear a anlise dos indi-

    cadores de segurana divulgados na re-ferida publicao, preciso considerar que a construo civil iniciou, em 2004, um forte ciclo de crescimento. Essa pon-derao essencial para o entendimen-to do crescimento do nmero absoluto de acidentes de trabalho no setor. Con-siderando os ltimos dados oficiais di-

    vulgados pelo Ministrio da Previdncia Social, ocorreram em todo o pas 59.808 acidentes de trabalho na construo civil em 2011, contra 37.394 em 2007, um incre-mento de 59,94%. Analisando somente es-ses nmeros absolutos, a primeira avalia-o que no houve nenhum avano na questo da segurana do trabalho no se-tor. Entretanto, essa no a realidade. preciso avaliar os resultados em relao quantidade de vnculos de trabalho, de

    Fonte: Anurio Estatstico de Acidentes de Trabalho (AEAT)/Ministrio da Previdncia Social.

    Evoluo dos indicadores de acidente de trabalho na construo civil(Brasil, 2007-2011)

    30

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    Indicador Taxa de incidncia Taxa de incidncia especfica

    de acidentes detrabalho tpicos

    Taxas de mortalidade

    Taxa de letalidade

    Taxa de incidncia especfica de doenas do

    trabalho

    Taxa de incidncia especfica de incapacidade temporria

    2007 24,63 16,99 21,01 8,53 0,68 21,35

    2008 27,32 17,21 19,86 7,27 0,49 23,46

    2009 25,97 16,45 18,99 7,31 0,52 22,59

    2010 21,46 14,05 17,50 8,15 0,40 18,88

    2011 20,58 13,52 16,21 7,88 0,33 17,90

  • 20 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    forma a permitir um diagnstico correto dos acontecimentos.Nesse mesmo perodo, o nmero m-

    dio de vnculos de emprego no setor cres-ceu expressivamente. Tambm de acor-do com os dados utilizados pelo Minis-trio da Previdncia, observa-se que, en-quanto em 2007 esse nmero era de 1,518 milho, em 2011 foi de 2,906 milhes, ou seja, o crescimento foi de 91,42%. Portan-to, observa-se que o aumento do nmero de trabalhadores no setor (91,42%) foi su-perior ao crescimento do nmero absolu-to de acidentes (59,94%), evidenciado que a anlise do nmero absoluto de aciden-tes, sem considerar o nmero de vncu-los, no consegue expressar a realidade.Os diversos indicadores divulgados

    pelo Ministrio da Previdncia corrobo-ram essa anlise. Um deles a taxa de incidncia, expressa na relao entre o nmero de novos acidentes do trabalho a cada ano e a populao exposta ao risco de sofrer algum tipo de acidente. Indica o nmero de acidentes ocorridos ao longo de um ano para cada 1.000 vnculos de trabalho. Esse indicador revela que a in-cidncia de acidente de trabalho na cons-truo civil se reduziu 24,67% entre 2008 e 2011, ao passar de 27,32 em 2008 para 20,58 em 2011, um resultado que sugere avanos relacionados melhoria das con-dies de trabalho e segurana promovi-dos nos canteiros de obras.

    Olhar acuradoUma anlise mais atenta permite ve-

    rificar que essa taxa ainda menor. Isso porque, retirando do total de acidentes de trabalho aqueles que so considerados acidentes de trajeto, ou seja, que acon-tecem no trajeto entre a residncia e o lo-cal de trabalho do segurado, e vice-versa, portanto, fora das dependncias da em-presa, o nmero altera. Nessa avaliao, o resultado de 2011 seria de 18,42. Nesse caso, acidentes de trajeto passam

    a ser ainda mais crticos, pois mesmo no estando relacionado s condies de sa-de e segurana do canteiro de obras one-ra sobremaneira o empreendedor, princi-palmente aquele que o modelo de negcio utilizar maior quantidade de trabalhado-

    res, pois as penalizaes incidem sobre a totalidade da folha de pagamentos, impu-tando valores elevados ao empresrio da construo, ainda que relacionado a uma varivel que no est sob seu controle.A taxa de letalidade , por sua vez, um

    indicador da gravidade dos acidentes. calculada com base no nmero de bitos decorrentes dos acidentes do trabalho e no nmero total de acidentes reflete o nmero de bitos que aconteceram a cada 1.000 acidentes. Esse indicador tambm apresentou reduo nos ltimos anos: era de 8,53 em 2007 e passou para 7,88 em 2011, uma queda de 7,62%. A taxa de mortalidade um indicador

    que mede a relao entre o nmero total de bitos decorrentes dos acidentes do trabalho verificados no ano e a popula-o exposta ao risco de se acidentar. In-dica o nmero de bitos ocorrido em um ano para cada 100.000 vnculos de tra-balho. Na construo civil, enquanto em 2007 o indicador era de 21,01, em 2011 foi de 16,21, o que representou reduo de 22,85%. Apesar de os resultados indica-rem avanos na rea de segurana do tra-balho, o setor no comemora. Isso por-que o respeito vida est acima de qual-quer estatstica.Outro indicador, a taxa de incidncia

    especfica para incapacidade temporria tambm demonstra reduo em 2011 em comparao com os anos anteriores. Nele so considerados os acidentes do trabalho nos quais os segurados ficaram tempora-riamente incapacitados para o exerccio de sua capacidade laboral, ou seja, os aciden-

    tes com consequncia de afastamento de mais de 15 dias. Assim, observou-se que no setor ele apresentou queda de 23,70% em 2011, quando registrou 17,90, em relao a 2008, quando atingiu o maior nmero dos ltimos anos: de 23,46.Considerando a anlise dos acidentes de

    trabalho liquidados, ou seja, aqueles cujos processos foram encerrados administrati-vamente pelo INSS, depois de completa-do o tratamento e indenizada as sequelas, observa-se que a maior consequncia dos acidentes de trabalho na construo civil o afastamento do trabalhador por um pe-rodo inferior a 15 dias (43,43%). A segun-da maior a incapacidade do trabalho por mais de 15 dias (40,42%). A assistncia m-dica vem em seguida, com 13,20% de parti-cipao no total de acidentes liquidados, enquanto a incapacidade permanente res-ponde por 2,19%.A participao dos bitos nos acidentes

    de trabalho liquidados de 0,76% e tambm apresentou reduo. Em 2007, 0,82% dos aci-dentes liquidados tinha como consequncia a morte dos trabalhadores. Em 2011, esse per-centual foi reduzido para 0,76%.

    Esforo coletivoO esforo da construo civil para redu-

    zir os acidentes de trabalho em seus can-teiros de obras aparece retratado nos in-dicadores divulgados pelo Ministrio da Previdncia. A ampla divulgao da ne-cessidade do cumprimento das normas regulamentadoras, o apoio s iniciativas de preveno, o incentivo ao treinamento de funcionrios e o reconhecimento dos trabalhos desenvolvidos nessa rea so alguns dos esforos realizados pelo setor para que esses nmeros sejam definitiva-mente eliminados dos canteiros de obras. preciso cada vez mais valorizar a vida,

    a dignidade e a integridade dos trabalha-dores. Por isso, a construo civil est realizando esforos para que a sade e a segurana do trabalho nos canteiros de obra sejam fortalecidas.

    *Daniel Furletti economista, coordenador do Banco de Dados da Cmara Brasileira da Indstria da Construo e coordenador sindical do Sinduscon-MG.** Ieda Maria Pereira Vasconcelos economista do Banco de Dados da CBIC e assessora econmica do Sinduscon-MG .*** Luis Fernando Melo Mendes assessor econmico da CBIC.

    A construo civil est realizando esforos para que a sade e a segurana do trabalho sejam fortalecidas

  • CUSTOS SETORIAIS EM ALTA

    Em outubro, o Custo Unitrio Bsico (CUB) da construo civil do Estado de So Pau-lo, que acompanha a evoluo dos preos junto s construtoras, registrou alta de 7,14% no ano. Em 2012, a elevao do CUB no mesmo pe-rodo foi de 7,06%, indicando ligeira acelera-o. Na anlise por componente, verificou-se uma dinmica diferenciada: houve maior ace-lerao dos custos com mo de obra, que em 2012 apresentavam crescimento acumulado de 9,74% e registraram em outubro de 2013 10,47%. Assim, a despeito da desacelerao da atividade setorial, a mo de obra continuou pressionan-do fortemente os custos. A cesta de materiais e equipamentos apresentou elevao menor em 2013 (2,24% contra 3,59% no ano anterior). Os custos administrativos, por sua vez, registra-ram a maior acelerao no perodo, passando de 7,68% em outubro de 2012 para 12,44% no acumulado de 2013.

    O ndice Nacional da Construo Civil (INCC-M) tambm vem apresentando ritmo maior de alta. At outubro, o aumento foi de 7,53%, contra 6,68% no mesmo perodo de 2012. O componente relativo a Materiais e Equipamen-tos passou de 4,38% para 6,21% na mesma com-parao. Em 2013, materiais com peso elevado na cesta de materiais, como cimento e vergalho, vm registrando taxas superiores s observadas no ano passado o cimento apresenta aumento acumulado de 6,76% e o ao de 12,77%.

    O ndice relativo Mo de Obra manteve o pa-dro dos ltimos quatro anos, ou seja, o com-ponente com maior taxa acumulada at outu-bro, 9,20% ante 8,96% em 2012, respondendo por 63% da alta total do INCC-M at outubro de 2013. Nesse mesmo perodo, o componente Ser-vios foi o nico que registrou desacelerao, passando de 4,48% em 2012 para 4,12%.

    ConstruoIndicadores da

    DEZEMBRO 2013 21CONJUNTURA DA CONSTRUO

    Materiais de construo consumo e produo 22

    Mercado imobilirio 23

    Investimentos em habitao 24

    Rentabilidade do mercado brasileiro de imveis comerciais 25

    Custo da construo residencial no Estado de So Paulo 26

    Preos de materiais de construo no Estado de So Paulo 27

    Emprego da construo nos Estados 28

    Emprego da construo nos Estados 29

    Emprego da construo brasileira por segmento 30

    Emprego da construo paulista por segmento 31

    INDICADORES

  • 22 DEZEMBRO 2013CONJUNTURA DA CONSTRUO

    Materiais de construo consumo e produo

    Perodo

    Consumo de cimento Vergalhes Brasil Produo brasileira

    de materiais de construo (ndice: mdia

    de 2002 = 100)

    Brasil So Paulo Produo Consumo aparente

    Mil t

    Variao (%)

    Mil t

    Variao (%)

    Mil t

    Variao (%)

    Mil t

    Variao (%)

    No ms No ano No ms No ano No ms No ano No ms No ano

    2012 Jun 5.459 -10,3 9,0 1.123 -16,3 3,4 400 8,0 6,3 408 4,3 14,6 129,17

    Jul 6.080 11,4 9,0 1.333 18,7 3,2 423 5,8 6,4 385 -5,6 13,7 136,22

    Ago 6.571 8,1 9,0 1.489 11,7 3,8 423 -0,1 6,8 388 0,7 12,4 145,43

    Set 5.777 -12,1 7,6 1.269 -14,8 2,9 392 -7,3 6,1 381 -1,9 11,2 132,86

    Out 6.321 9,4 7,8 1.343 5,9 3,2 372 -4,9 3,7 365 -4,1 9,8 143,34

    Nov 5.886 -6,9 7,4 1.281 -4,6 2,9 361 -3,2 3,5 343 -6,0 8,4 134,88

    Dez 5.150 -12,5 6,7 1.051 -17,9 2,1 249 -30,8 1,9 332 -3,4 8,4 119,83

    2013 Jan 5.659 9,9 6,6 1.158 10,2 1,6 329 31,9 -11,0 321 -3,1 -4,5 126,42

    Fev 5.141 -9,2 2,3 1.123 -3,0 -2,4 349 6,1 -5,2 320 -0,5 -3,2 119,37

    Mar 5.581 8,6 -1,6 1.241 10,5 -5,5 391 11,9 -2,0 387 21,0 -0,3 133,90

    Abr 6.008 7,6 1,8 1.287 3,7 -2,4 374 -4,2 -1,9 384 -0,7 1,3 136,80

    Mai 6.067 1,0 1,3 1.299 0,9 -2,6 404 8,1 0,3 393 2,2 1,1 138,56

    Jun 5.292 -12,8 0,6 1.211 -6,8 -1,0 379 -6,3 -0,7 336 -14,4 -2,4 135,16

    Jul 5.959 12,6 0,2 383 0,9 -2,1 385 14,6 -2,1 141,69

    Ago* 6.133 2,9 -0,8 395 3,3 -2,7 404 5,0 -1,2 143,17

    Set* 5.926 -3,4 -0,4 399 0,9 -2,2 398 -1,6 -0,6 139,80

    Out* 6.218 4,9 -0,5Fonte: SNIC, IABr e IBGE. * Dados para consumo de cimento so preliminares.

    CONSUMO DE CIMENTO ANUAL BRASIL

    VERGALHO BRASIL

    CONSUMO DE CIMENTO ANUAL SO PAULO

    PRODUO MATERIAIS DE CONSTRUO BRASIL

    mil toneladas

    mil toneladas

    mil toneladas

    ltimo ms do ano - mdia 2002 = 100

    139,80

    Fonte: IBGE *dados de setembro

    57.983

    69.328

    Fonte: SNIC * dados de agosto a outubro so preliminares.

    15.156

    7.319

    Fonte: SNIC *dados de janeiro a junho

    4.461

    3.329

    Fonte: IABr *dados at setembro

    30.000

    40.000

    50.000

    60.000

    70.000

    80.000

    2013*20122010200820062004200220001998

    1.000

    2.000

    3.000

    4.000

    5.000

    ConsumoProduo

    2013*20122010200820062004200220001998

    80,0

    97,5

    115,0

    132,5

    150,0

    2013*20122010200820062004200220001998

    5.000

    10.000

    15.000

    20.000

    2013*20122010200820062004200220001998

    3.403

    4.388ConsumoProduo

    A produo e o consumo aparente no mercado de vergalhes registraram at setembro quedas de 2,17% e 0,57%, respectivamente, na comparao com igual perodo de 2012.

  • DEZEMBRO 2013 23CONJUNTURA DA CONSTRUO

    Mercado imobilirio

    Perodo

    Velocidade de venda (%) Lanamentos ICMS no Estado de So Paulo CDHU

    Belo Horizonte

    Porto Alegre So Paulo

    Municpio de So Paulo RMSP

    Repasses CDHU

    (R$milhes)

    Investi mentos

    (R$milhes)

    Unidades habitacionais

    Unidades

    Variao (%)

    Unidades

    Variao (%)

    Entregues no ano

    Em andamento

    (mdia do ano)No ms

    Em 12 meses No ms

    Em 12 meses

    2012 Jul 4,7 6,3 9,1 1.737 27,2 -16,8 2.794 90,6 -21,2 80 127 1.194 36.210

    Ago 8,2 4,8 9,9 2.078 19,6 -25,1 883 -68,4 -26,5 80 131 285 37.627

    Set 5,5 4,7 17,7 3.805 83,1 -22,1 2.690 204,6 -9,9 80 114 1.153 37.754

    Out 5,6 8,2 10,2 2.359 -38,0 -20,4 2.155 -19,9 -12,9 80 124 564 38.101

    Nov 14,3 8,4 12,8 4.894 107,5 -19,2 3.752 74,1 -16,7 80 133 1.600 36.332

    Dez 5,3 5,4 12,5 4.038 -17,5 -26,2 9.574 155,2 -3,6 80 146 3.452 34.106

    2013 Jan 5,8 3,9 4,0 660 -83,7 -26,4 738 -92,3 1,7 112 112 - 34.226

    Fev 22,9 6,1 8,7 1.816 175,2 -22,1 630 -14,6 7,7 - 97 - 34.366

    Mar 9,7 14,0 17,8 2.845 56,7 -18,7 1.249 98,3 4,1 117 119 370 34.407

    Abr 14,8 11,1 16,0 2.716 -4,5 -14,5 1.423 13,9 12,0 39 108 292 34.232

    Mai 4,1 7,8 1