conjuntura comvarejistaset2011
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BOLETIM
Comércio Varejista
Número 1 – Setembro - 2011
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Governo do Estado do Pará Simão Robison Oliveira Jatene
Governador
Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial De Estado De Gestão – Seges
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
Sérgio Castro Gomes Diretor de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
Jonas Bastos da Veiga
Diretor de Pesquisas e Estudos Ambientais
Elaine Cordeiro Felix Diretora de Planejamento, Administração e Finanças
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BOLETIM
Comércio Varejista
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Expediente Diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Cassiano Figueiredo Ribeiro Coordenadoria Técnica de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Rosinete das Graças Farias Nonato Navegantes Núcleo de Análise Conjuntural Sílvia Ferreira Nunes Elaboração Técnica: Cleidianne Novais Sousa Edson da Silva e Silva Jorge Eduardo Simões Marcílio Alves Chiacchio Silvia Ferreira Nunes Colaboração: Celeste Ferreira Lourenço e Sérgio Rodrigues Fernandes Revisão: Anna Márcia Malcher Muniz e Fernanda Graim Normalização: Adriana Taís Guimarães dos Santos
Boletim Comércio Varegista, 2011./ Belém: IDESP. n. 1, 2011. Mensal 31 p. (Análise Idesp, 1) 1. Comércio paraense. 2. Varejo. 3. Pará (Estado). I. Instituto de
Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará. II.Série
CDD 381.1098115
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 6
NOTAS METODOLÓGICAS 7
1 ANÁLISE DO COMÉRCIO VAREJISTA 10
1.2 COMPORTAMENTO DO EMPREGO NO COMÉRCIO VAREJISTA-
SETEMBRO DE 2011 13
2 NOTA TÉCNICA 15
2.1 AS CAUSAS DA RECENTE EXPANSÃO NAS VENDAS DO COMÉRCIO
VAREJISTA PARAENSE 15
2.1.1 O comércio varejista até a década de 1990 15
2.1.2 A reestruturação do setor produtivo a partir dos anos 1990 16
2.1.3 Atual estágio do comércio varejista 17
2.1.4 As principais causas da recente expansão, a partir de 2005, das vendas no
comércio varejista paraense 19
2.1.5 Considerações finais e perspectivas do setor 26
3 PAINEL DE INDICADORES ESTATÍSTICOS 27
REFERÊNCIAS 30
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APRESENTAÇÃO
O boletim informativo mensal do Comércio Varejista é uma realização do
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará – IDESP. O
objetivo é disponibilizar um instrumento de análise da dinâmica desse setor da
economia paraense. As informações disponibilizadas retratam o comportamento das
vendas e das respectivas receitas nominais.
Neste boletim será apresentada, inicialmente, uma nota metodológica acerca dos
indicadores utilizados para analisar a dinâmica do comércio varejista paraense;
posteriormente a análise dos dados do comércio varejista paraense; seguido de uma
reflexão sobre as causas da recente expansão das vendas no comércio varejista paraense.
A partir dessa edição, disponibiliza também um painel de indicadores estatísticos com
séries e dados mais recentes sobre o comércio varejista, tais como, índice de volume de
vendas, índice de receita nominal entre outros.
Boa Leitura!
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NOTAS METODOLÓGICAS
Este boletim apresenta a análise do comércio varejista paraense no mês de
setembro de 2011, tomando como referência os Índices de Volume de Vendas
(IVVCV), e os Índices de Receitas Nominais (IRNCV) do País, Região Norte (Unidade
da Federação), divulgados na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Índice Nacional de Expectativas do
Consumidor (INEC), divulgado pela Confederação Nacional das Industrias (CNI);
Indicador Serasa Experian de Demanda por Crédito (IDC) e Indicador Serasa Experian
de Inadimplência (INAD), divulgados pela empresa privada, sociedade anônima S.A.
(SERASA); e os dados sobre Movimentação do Emprego Formal, disponíveis no
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) publicados pelo Ministério
do Trabalho (MTE).
Os procedimentos metodológicos utilizados são:
Índices de Volume de vendas (IVVCV) e Índices de Receita de Vendas
(IRNCV)
A partir da receita bruta de revenda são construídos indicadores para duas
variáveis: Volume de Vendas (IVVCV) e Receita de Vendas (IRNCV). São divulgados
quatro tipos de índices:
Índice de base fixa: compara os níveis nominais e de volume da receita
bruta de revenda no mês com a média mensal obtida no ano de 2003;
Índice mês/mês: compara os índices nominais e de volume da receita bruta
de revenda do mês com os obtidos no mês imediatamente anterior. São
índices cujas séries são ajustadas sazonalmente;
Índice mensal: compara os índices nominais e de volume da receita bruta de
revenda do mês com os obtidos em igual mês do ano anterior;
Índice acumulado no ano: compara os índices acumulados nominais e de
volume da Receita Bruta de Revenda de janeiro até o mês do índice com os
de igual período do ano anterior;
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Índice acumulado de 12 meses: compara os índices acumulados nominais e
de volume da receita bruta de revenda dos últimos 12 meses com os de igual
período imediatamente anterior.
Índice Nacional de Expectativas do Consumidor (INEC)
O INEC é um indicador elaborado pela Confederação Nacional das Indústrias
(CNI) que sintetiza a opinião dos consumidores, através de pesquisas, sobre alguns
aspectos capazes da afetar sua decisão de consumo. O índice de base fixa (média 2001 =
100), construído com base em seis perguntas:
P1: Expectativa de inflação;
P2: Expectativa de desemprego;
P3: Expectativa de renda pessoal;
P4: Situação financeira;
P5: Renda pessoal; P6: Compras de bem de maior valor;
Para cada uma das perguntas são calculados indicadores de base fixa, que são
obtidos a partir da freqüência relativa das respostas válidas. Calcula-se a média desses
escores ponderada pela freqüência relativa das respostas. Calcula-se então o índice de
base fixa através da divisão do índice atual pelo índice do mês base (base=2001). Por
fim calcula-se o INEC através da média dos seis indicadores de base fixa obtidos. O
INEC varia entre 0-200. INEC > 100 e subindo = melhoria (otimismo); INEC > 100 e
caindo = reversão; INEC < 100 e caindo = pessimismo; INEC < 100 e subindo =
recuperação.
Indicadores de Perspectiva (IDC E INAD)
São indicadores elaborados pelo Serviço de Proteção ao Crédito do SERASA
Experian, permitindo tanto a mensuração do crédito quanto a avaliação de
inadimplência dos consumidores e empresários. Todos os indicadores de perspectiva –
IP (IDC e INAD) oscilam ao redor do patamar 100. Este valor significa que a variável
objetivo se encontrará no seu nível de equilíbrio de longo prazo (nível normal), IP > 100
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e subindo = expansão; IP > 100 e caindo = reversão; IP < 100 e caindo = crise; IP < 100
e subindo = recuperação.
Comportamento do Emprego no Comércio Varejista
A análise do comportamento do emprego no comércio varejista toma como
referência os seguintes conceitos:
Saldo mensal: resulta da diferença entre o total de admissões e o total de
desligamentos no mês atual;
Saldo acumulado no ano: resulta da diferença entre o total de admissões e o
total de desligamentos no período de janeiro até o mês atual;
Saldo acumulado nos últimos 12 meses: resulta da diferença entre o total
de admissões e o total de desligamentos no período de doze meses tendo
como referência o mês atual;
Variação mensal do emprego: toma como referência o estoque do mês
anterior;
Variação acumulada no ano: toma como referência os estoques do mês
atual e do mês de dezembro do ano t-1, ambos com ajustes;
Variação acumulada nos últimos 12 meses: toma como referência os
estoques do mês atual e do mesmo mês do ano anterior, ambos com ajustes.
Taxa de rotatividade: mede o percentual dos trabalhadores substituídos
mensalmente em relação ao estoque vigente no primeiro dia do mês, em
nível geográfico e setorial, mas não em nível ocupacional. Assim, esse
indicador, em virtude da forma agregada como é calculado, não permite
quantificar a substituição dos trabalhadores com o mesmo perfil ocupacional.
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1 ANÁLISE DO COMÉRCIO VAREJISTA
1.1 COMÉRCIO VAREJISTA PARAENSE – SETEMBRO DE 2011
Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), o Volume de Vendas no Comércio Varejista
Paraense registrou queda de 1,11% em setembro de 2011, frente ao mês anterior
(ajustadas sazonalmente). O desempenho do Estado foi inferior ao do País, que
apresentou alta de 0,57%. Neste sentido, a redução nas vendas do Pará contribuiu para
recuo nas vendas da Região Norte na ordem de 0,90%. Essa queda representou uma
reversão no ritmo das vendas, observadas a partir de junho de 2011, mês em que o
seguimento registrou o maior volume de vendas no comércio varejista da Região. (Ver
Gráfico 1).
Gráfico 1 – Variação (%) dos Índices (Mês/Mêst-1) Volume de Vendas do Comércio Varejista. Brasil, Região Norte e Pará – Setembro de 2011.
Fonte: PMC/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
No Norte as vendas cresceram apenas nos Estados de Roraima (3,32%) e
Amapá (1,02%), e contribuíram de forma positiva para amenizar a queda no índice de
volume de vendas do comércio varejista da Região. No contraponto houve redução nas
Vendas do comércio varejista paraense caíram em setembro 2011
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vendas de 3,10% no Estado do Amazonas; 2,26% Acre; 1,93% Tocantins; 1,11% Pará;
0,78% Rondônia em setembro de 2011 (em relação ao mês anterior, com ajuste
sazonal). (Ver Gráfico 2).
Gráfico 2 – Variação (%) dos Índices (Mês/Mêst-1) Volume de Vendas do Comércio Varejista. Região Norte (Unidade da Federação) – Setembro de 2011.
Fonte: PMC/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
Nas demais comparações, o varejo paraense obteve, em termos de volume de
vendas, acréscimo na ordem de 6,37% frente ao mesmo mês do ano passado, superando
o crescimento registrado pelo País 5,56%, e Região Norte 5,55% (Tabela 1).
O pequeno aumento nas vendas do País em setembro de 2011, em relação a
agosto do mesmo ano, fez com que a taxa de crescimento acumulada no ano, do Brasil,
fosse 6,95%. A Região Norte e o Estado do Pará apresentaram taxas de 10,57% e
8,25%. (ver Tabela 1).
Tabela 1 – Variação (%) dos Índices de Volume de Vendas. Brasil, Região Norte, Pará – Setembro de 2011.
Volume de Vendas
Unidades Set-2011/Ago-
2011 Set-2011/Set-
2010 Acumulado no ano
Acumulado de 12 meses
Brasil 0,57 5,56 6,95 7,67
Região Norte -0,90 5,55 10,57 13,37
Pará -1,11 6,37 8,25 8,67
Continuação
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Receita Nominal
Unidades Set-2011/Ago-
2011 Set-2011/Set-
2010 Acumulado no ano
Acumulado de 12 meses
Brasil 1,23 11,45 12,14 7,67
Região Norte -1,05 10,74 14,87 13,37
Pará 0,56 11,24 12,25 8,67
Fonte: PMC/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP.
O crescimento moderado nas vendas do País 0,57% em setembro (em relação ao
mês anterior) ocasionou um pequeno aumento 1,23% no índice de receita nominal (com
ajuste sazonal). Por outro lado, em virtude do recuo nas vendas da Região Norte 0,90%
e do Estado do Pará de 1,11% as respectivas receitas nominais decresceram 1,05% e
0,56%. (Ver Tabela 1).
Por fim, no que diz respeito à variação da receita nominal em setembro (em
relação ao mesmo período do ano anterior), a Tabela 1 demonstra um crescimento de
11,45% na receita do País, 10,74% da Região Norte e 11,24% do Estado. No acumulado
do ano as mesmas cresceram 12,14%; 14,87% e 12,25% respectivamente. Já em relação
ao acumulado de 12 meses as receitas nominais cresceram em 7,67% País, 13,37%
Região Norte e 8,67% Estado do Pará.
O crescimento moderado das vendas no comércio varejista do País no mês de
setembro e a variação negativa na Região Norte, Estado do Pará são acompanhados por
alguns indicadores que procuram promover uma leitura conjuntural da dinâmica entre
oferta e demanda, dentre eles destacam-se: o Indicador de Inadimplência das Empresas
e Consumidores (INAD-E e INAD-C); Indicador de Demanda por Crédito por parte das
Empresas e Consumidores (IDE e IDC); Índice Nacional de Expectativa do Consumidor
(INEC).
A análise desses indicadores é de suma importância para que possamos
compreender o comportamento do comercio varejista paraense, e, por conseguinte, um
importante instrumento no auxilio de tomada de decisões, tanto por parte dos
consumidores como por parte dos empresários. Nesse sentido, como demonstram os
indicadores, a dinâmica do comércio no mês de setembro se deu com a redução da
inadimplência dos consumidores e dos empresários 3,03% e 2,06% (em relação ao mês
anterior), respectivamente. Quando se verifica a captação por crédito o resultado
Continua
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também é uma redução de 10,69% e 6,70% por consumidores e empresários,
seqüencialmente. No que diz respeito ao estado de expectativas do consumidor,
mensurado pelo INEC, os dados revelam uma melhoria no estado de expectativa do
consumidor em setembro de 2011, o mesmo cresceu 0,37%, registrando o patamar de
112,40 pontos. (Gráfico 3).
Quando cruzadas essas informações com a variação nas vendas do varejo,
observa-se que o (INAD-E e INAD-C) (Gráfico 3, superior a direita) passa a ter uma
relação quase direta na expectativa de demanda (Gráfico 3, inferior a direita); e que a
variação negativa das vendas (Gráfico 3, superior a esquerda) é justificada, em parte,
pela redução na demanda de crédito (Gráfico 3, inferior a esquerda) , tanto por
empresários quanto por consumidores (Ver Gráfico 3).
Gráfico 3 – Relação entre variação das vendas com variação do IDC na Região Norte e relação entre INEC e INAD-C no Brasil. Setembro de 2011.
Fonte: IBGE, CNI, SERASA Experian (2011) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
1.2 COMPORTAMENTO DO EMPREGO NO COMÉRCIO VAREJISTA EM
SETEMBRO DE 2011
Segundo dados Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED),
divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no mês de setembro de
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2011, entre admitidos e desligados no comércio varejista, o Brasil apresentou saldo
positivo na oferta de empregos formais 34.765, equivalente à variação de 0,51% no
estoque de assalariados com carteira assinada em relação ao mês anterior, com uma taxa
de rotatividade 4,44%. No ano o saldo positivo de empregos formais foi de 191.796, o
equivalente a variação de 2,86% no estoque. Nos últimos 12 meses o saldo positivo foi
de 424.986, o equivalente a variação no estoque de 6,56%.
A região Norte, por sua vez, acompanha essa tendência de saldos positivos na
oferta de empregos formais no setor de comércio brasileiro, a região apresentou saldos
de 2.220 em setembro, equivalente a variação de 0,64% no estoque (em relação ao mês
anterior), com uma taxa de rotatividade 4,23%, (Tabela 2). No ano o saldo positivo foi
de 12.762, variação de 3,68% no estoque. Nos últimos 12 meses o saldo positivo foi de
25.400, o que representou um acréscimo de 7,32% no estoque de empregos.
Entre os estado da Região Norte o Pará encerrou o mês de setembro em
primeiro lugar no ranking de geração de novos postos de trabalho no comércio varejista,
com um volume de 835, equivalente a variação de 0,56% no estoque (em relação ao
mês anterior), e uma taxa de rotatividade de 3,85%. No ano o saldo positivo foi de
5.862, o equivalente a variação de 4,01% no estoque. Nos últimos 12 meses o saldo
positivo foi de 10.770, variando o estoque de empregos em 7,62%.
Tabela 2 – Evolução do emprego e da taxa de rotatividade no setor comércio. Brasil, Região Norte, Pará. Setembro de 2011.
Evolução do Emprego no Comércio Varejista
jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11
ADM. (BR) 307.595 320.701 328.390 330.567 349.279 336.312 326.790 349.080 344.140
DES. (BR) 335.567 314.118 338.408 294.414 328.136 311.419 305.434 312.585 309.375
SAL. (BR) -27.972 6.583 -10.018 36.153 21.143 24.893 21.356 36.495 34.765
ADM. (RN) 13.748 14.286 15.249 15.684 16.758 16.658 16.554 16.907 17.025
DES. (RN) 16.075 13.299 16.947 13.497 16.054 15.978 14.932 15.384 14.805
SAL. (RN) -2.327 987 -1.698 2.187 704 680 1.622 1.523 2.220
ADM. (PA) 5.197 5.743 5.722 5.753 6.336 6.673 6.425 6.377 6.557
DES. (PA) 5.875 4.830 6.287 5.211 5.934 6.132 5.502 5.799 5.722
SAL. (PA) -678 913 -565 542 402 541 923 578 835
Evolução da Taxa de Rotatividade
jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11
BR 4,57 4,58 4,89 4,36 4,81 4,54 4,4 4,53 4,44
RN 4,02 3,85 4,43 3,93 4,69 4,61 4,3 4,41 4,23
PA 3,6 3,26 3,92 3,52 4,12 4,22 3,74 3,91 3,85
Fonte: MTE - CAGED Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
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2 NOTA TÉCNICA
2.1 AS CAUSAS DA RECENTE EXPANSÃO NAS VENDAS DO COMÉRCIO
VAREJISTA PARAENSE1
O comércio varejista apresenta-se como um dos setores em expansão no atual
cenário econômico paraense. No Estado, segundo dados da RAIS (2005 a 2010) o
número de estabelecimento no comércio varejista cresceu 40,05%, passando de 15.846
em 2005 para 22.193 em 2010.
Assim como os demais setores da atividade econômica, o comércio varejista
paraense vem passando por transformações relacionadas às alterações no
comportamento empresarial, padrão tecnológico, nas formas de gestão, contratação,
formalização, remuneração da mão-de-obra a partir de 1990.
Esse estudo técnico pretende realizar uma breve caracterização do comércio
varejista, analisando as transformações ocorridas a partir dos anos 1990, o atual estágio
do comércio varejista, e investigar as principais causas da recente expansão, a partir de
2005, das vendas no comércio varejista paraense.
2.1.1 O comércio varejista até a década de 1990
Antes do processo de abertura econômica e reestruturação produtiva na década
1990, o varejo brasileiro, em especial o paraense, se caracteriza por ter capital
majoritariamente nacional, com poucas empresas estrangeiras operando dentro do
território nacional. A concorrência entre as companhias não era tão acirrada, haviam
poucas lojas especializadas atuando em nível local, poucas cadeias de porte médio
atuando regionalmente e raras com presença nacional.
O relacionamento entre o fornecedor e o varejista era restrito ao âmbito
comercial, limitando-se basicamente, à realização de negociações de preços e de forma
de pagamento. Com isso, o fluxo de mercadorias entre ambos era precário, não havendo
ainda, uma logística sofisticada que pensasse a qualidade dos padrões de controle
interno, principalmente em estoques e compras.
1Estudo realizado pelo Núcleo de Análise Conjuntural do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (IDESP).
16
Neste período, “a arquitetura organizacional das unidades econômicas estava
alicerçada na gestão familiar, condição essa, que contribui para o enfraquecimento do
planejamento estratégico, enquanto ferramenta na gestão dos negócios” (Simões, 2008).
Em função do baixo nível de profissionalização das empresas ocorriam disparidades
acentuadas nos padrões de administração, como por exemplo, informalidades nas
operações; freqüente indefinição de foco do negócio; demanda intensiva de mão-de-
obra; elevada rotatividade dos empregados e a mais grave das disparidades o alto
endividamento das empresas. Na realidade a força da gestão familiar na década de 1990
parecia ser o jeito regional de cuidar dos negócios, de modo que muitas vezes o
“olhometro” ou mais particularmente o “animal spirits” – como dizia Keynes (1936) –
fragiliza o processo de criação e multiplicação da riqueza econômica.
Devido ao período de alta inflação, sobretudo na década de 1980, as empresas
varejistas brasileiras possuíam um comportamento ofensivo através da remarcação
constante de preços e ganhos através da lucratividade financeira, não se baseando,
portanto, numa estratégia de concorrência voltada para redução de preços e custos entre
empresas. Entretanto, a partir dos anos 1990, essa configuração se altera. Diversos
fatores contribuíram para esse processo e serão descritos a seguir.
2.1.2 A reestruturação do setor produtivo a partir dos anos 1990
Na década de 1990, a reestruturação produtiva trouxe diversas conseqüências
para o mundo do trabalho brasileiro, em especial o paraense, as quais, em larga escala,
continuam até hoje, tanto no que tange aos processos produtivos, como nas relações de
trabalho.
O período foi marcado por mudanças na conjuntura política e econômica como o
Plano de Estabilização Econômica, Plano Real, a abertura comercial e financeira, as
privatizações, a sobrevalorização do câmbio e juros elevados, que geraram um quadro
recessivo na economia.
Inserido neste cenário de transformações, o comércio varejista também sofreu
influências e alterações. O Plano Real, implantado em julho de 1994, reduziu
drasticamente a inflação, interrompendo o processo de superinflação que desestabilizava
a economia brasileira. Logo, as receitas financeiras diminuíram e as empresas foram
obrigadas a se adequarem à nova realidade buscando se tornarem mais competitivas.
Destacam-se a introdução da gestão profissionalizada nas empresas e o ingresso de
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novas tecnologias no setor. A administração familiar empregada era pouco eficiente
neste novo contexto, com isso, novas metodologias de gestão empresarial precisavam
ser implementadas visando maior qualidade, eficiência e produtividade. A adoção
intensiva de novas tecnologias facilitaria esse processo.
No setor, a principal novidade observada foi à entrada de capital externo, seja ela
através de fusões e aquisições, ou através da abertura de capitais das empresas
nacionais, adentrando no mercado financeiro. Isso significava a oportunidade para que
capitais internacionais adquirissem participação no mercado nacional.
2.1.3 Atual estágio do comércio varejista
Após as crises, processos de mudanças, e adaptações motivadas pela conjuntura
política e econômica da segunda metade da década de 1990, o comércio varejista
chegou ao ano 2000, muito diferente do período anterior.
Em 2000 as vendas do comércio varejista paraense estavam em franca
recuperação conjugado com um processo de desenvolvimento inovativo que também
podem ser entendido como tendências do setor. Entre elas, destacam-se: convergência
dos formatos das lojas; padronizações de procedimentos de operações entrem
fornecedores e varejistas; avanços da tecnologia da informação; definição e
reformulação da imagem e do marketing; maior automação comercial, busca de
eficiência operacional; crescimento dos canais interativos de vendas; diferenciação em
qualidade e criatividade nos serviços e no atendimento ao consumidor; modernização de
gestão; profissionalização e gerência por categoria de produto; ampliação das formas de
crédito, através da aceitação de cartões de créditos; terceirização das atividades de
financiamento ao consumidor, e por fim; a otimização das áreas de vendas.
O cartão fidelidade foi uma novidade no dia-a-dia dos consumidores implantada
no período recente. A administração desses cartões ficou, em grande parte, sob
responsabilidades dos bancos, através de convênios, contratos e parcerias firmadas com
as empresas varejistas. Serviços que antes eram típicos do sistema financeiro passaram a
ser ofertados e administrados pelo varejo, como venda dos cartões fidelidade, crédito,
financiamento e pagamento das contas.
18
Em 2001 as vendas do comércio varejista foram novamente abatidas por uma
crise, dessa vez pela crise de racionamento de energia, já que, neste período, as vendas
do comércio varejista decresceram, em média, 0,64%. (Ver Gráfico 1).
O fim do racionamento no início do ano seguinte começa a demonstrar sinais de
recuperação das vendas, dado que as mesmas cresceram 4,92% (Gráfico 1). Contudo,
este sinal de recuperação tem vida brevíssima, pois, em dezembro de 2002, as vendas no
comércio varejista decresceram 6,34% como reflexo da retração do consumo das
unidades familiares em decorrência das incertezas eleitorais. Em 2003, as vendas
decresceram em média 0,62%.
Gráfico 1 – Índice1 e taxa2 de crescimento do volume de vendas no comércio varejista3
Fonte: PMC/IBGE (2011) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP (1) Índice de volume de vendas no comércio varejista - IVVCV (2) Taxa de crescimento (3) Com ajuste sazonal
Com o fim do período de incertezas eleitorais, a partir do segundo semestre
2003, o Brasil inicia um processo de crescimento econômico, através do aumento da
capacidade de consumo da população (via aumento do salário mínimo, acesso a crédito
e os programas sociais do Governo Lula, como o Bolsa Família, por exemplo), as
empresas passaram a oferecer melhores condições de pagamentos/financiamentos para
produtos de consumo popular. Essas novas características, alicerçadas em uma nova
situação social, política e econômica vivida pelo País, têm oferecido bons resultados
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para o varejo. Em vista dos resultados de 2003, o crescimento das vendas em média
7,51% em 2004 foi bom.
Entre 2005 e 20112 os resultados apresentados ainda foram melhores, as vendas
no comércio varejista no estado cresceram em média 7,99%, com exceção do final de
2008, em que as mesmas cresceram apenas 1,82% em decorrência da crise econômica
do setor imobiliário americano, que posteriormente se transformaria em uma crise
financeira internacional. Sendo que, no Brasil, as políticas macroeconômicas adotadas
para conter os efeitos da crise financeira internacional estimularam a economia interna.
Neste sentido os impactos da política econômica sobre o comércio varejista serão
explicados detalhadamente na próxima seção.
O quadro econômico brasileiro no período de 2005 a 2011 tem sido favorável
para a expansão das vendas do comércio varejista, com destaque para o ano de 2010
onde as mesmas cresceram 12,98% (em relação ao ano anterior).
2.1.4 As principais causas da recente expansão, a partir de 2005, das vendas no
comércio varejista paraense
Há diversos fatores que ajudam a explicar a expansão das vendas no comércio
varejista paraense, a partir de 2005. Dentre eles destacam-se: estabilidade dos preços;
queda na taxa de juros (Selic); expansão no crédito (aumento na demanda por crédito);
ganhos reais do salário mínimo; melhoria no estado de confiança do consumidor.
Em primeiro lugar, um fator de suma importância para a expansão das vendas no
comércio varejista a partir de 2005 decorre da política de estabilização dos preços
decorrentes do Plano Real em 1994, pois na década de 1970, 1980 e no início da década
de 1990, a principal “doença” da economia brasileira era a inflação3, com taxas de até
três dígitos. Neste sentido, a estabilização dos preços no patamar4 entre 2,8% e 6,48%
(2005 a 2011) foi um dos fatores responsáveis pela expansão das vendas no comércio
varejista. (Ver Gráfico 2).
2Até Setembro de 2011. 3INPC acumulado (2005 a Set 2011). 4 Índice Nacional de Preços ao Consumidor.
20
Gráfico 2 – IVVCV1 x INPC2
Fonte: PMC/IBGE (2011) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP (1) Índice de volume de vendas no comércio varejista – IVVCV (2) Índice nacional de preços ao consumidor – INPC
Outro aspecto que merece atenção, refere-se à expressiva queda na taxa de juros
(taxa Selic). A partir de meados de 2005, a taxa de juros5 iniciou um expressivo
movimento de baixa, com exceção de 2008, ano inicial da crise imobiliária americana,
em que a taxa de juros cresceu 5,10%, atingindo o patamar 12,48% (Gráfico 3). A
redução expressiva da taxa de juros, neste período, é um fator muito importante para
explicar a expansão nas vendas, dado que a redução na taxas de juros tem impactos na
economia tanto pelo lado da oferta (empresários), quanto pelo lado da demanda
(consumidores).
Considerando a oferta de mercado, a redução da taxa de juros faz com que se
reduza o custo de oportunidade do capital (redução na taxa de juros dos empréstimos
para o setor produtivo), e, por conseguinte, aumente a demanda de crédito por parte do
setor empresarial; redução nos custos das mercadorias; preço de venda; e estimule a
demanda. (Ver Gráfico 3).
5 Acumulada no ano (2005 a Set 2011).
21
Gráfico 3 – ISEDEC1 - RN , ISEDCC2 - RN, IVVCV x Taxa Selic
Fonte: IBGE (2011), SERASA (2011), BACEN (2011) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP (1) Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito da Região Norte, disponíveis a partir de 2007, por esse motivo os anos de 2005 e 2006 serão considerados base = 100. Utilizou-se a média dos indicadores mensais (2007 a Set 2011). (2) Indicador Serasa Experian de Demanda dos Consumidores por Crédito da Região Norte, disponíveis a partir de 2007, por esse motivo os anos de 2005 e 2006 serão considerados base = 100. Utilizou-se a média dos indicadores mensais (2007 a Set 2011). (3) Índice de volume de vendas no comércio varejista – IVVCV, com ajuste sazonal, (2005 a Set 2011).
Já na demanda de mercado, a redução na taxa de juros possibilitou o aumento na
procura por empréstimos por parte dos consumidores, por conseguinte, o aumento nos
gastos de consumo; aumento na demanda por produtos do comércio varejista (Gráfico
3). Note que há duplo estímulo à demanda agregada, tanto pelo lado dos empresários
(ofertantes), quanto pelo lado dos consumidores (demandantes).
No período de 2005 a 20116 temos uma queda expressiva na taxa de juros da
ordem de 48,23%, atingindo o patamar de 9,86% em 2011. Fator esse que contribuiu
para a expansão na demanda de crédito; tanto por parte dos empresários na ordem de
19,75% (2007 a 2011), atingindo 108,22 pontos; quanto por parte dos consumidores
43,60% no mesmo período, registrando 120,90 pontos. Tais fatores contribuíram para o
crescimento médio de 7,99% (2005 a2011) nas vendas no comércio varejista, e a mesma
atingisse o patamar de 178,60 pontos em 2011.
6Acumulada até setembro de 2011.
22
Outro fator que contribui significativamente para o “boom” nas vendas no
comércio varejista (2005 a 2011) foi o crescimento do salário mínimo real acima do
crescimento da inflação, ou seja, nesse período o salário mínimo teve ganhos reais, com
isso aumentou a capacidade de compra da famílias, principalmente das classes (C, D e
E)7, que são as classes que mais cresceram e as principais responsáveis por esse
“boom” nas vendas do comércio varejista. Através do (Gráfico 4) é possível perceber
isso, pois, o salário mínimo real cresceu em média 6,18% nesse período, enquanto a
inflação cresceu em média 4,95 %. Outro ponto a destacar é o pequeno crescimento do
salário mínimo real em 2011, de apenas 0,64%8, sendo o mesmo R$ 552,37, em
contrapartida temos um decréscimo na taxa de inflação de (1,75%), atingindo o patamar
de 4,60%.
Gráfico 4 – S.M1 (R$), Tx. Cres. S.M (%) x INPC, Tx. Cres. INPC
Fonte: MTE (2011) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP (1) Salário Mínimo Real
Outra razão para a expansão das vendas no comércio varejista, a partir de 2005
decorre da melhoria no estado de confiança do consumidor, medido pelo INEC, o
7Classe C, parcela da população com renda domiciliar total de todas as classes entre R$ 1.127,00 e R$ 4.854. Classe D, parcela da população com renda domiciliar total de todas as classes entre R$ 706,00 e R$ 1.126,00. Classe E, parcela da população com renda domiciliar total de todas as classes de até R$ 705,00. (Neri, 2010). 8 Em relação ao ano anterior.
23
mesmo cresceu 6,15% (2005 e 2011) e registrou 113,16 pontos no ano de 2011 (Gráfico
5) .
Gráfico 5 – Índice Nacional de Expectativas do Consumidor
Fonte: CNI (2011) Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
A partir da análise dos sub-índices, componentes do INEC, é possível perceber
que a principal preocupação dos consumidores ainda continua sendo o mesmo da
década de 1970, 1980 e início da década 1990, o “fantasma” da inflação. Fazendo uma
relação entre o sub-índice de inflação (expectativa futura) e o INPC (estado atual)
podemos perceber que o INEC (Inflação) é um importante indicador de percepção da
economia brasileira. Isto fica visível no (Gráfico 6). Entre (2005 e 2006) o INEC
(inflação) cresceu 11,57%, registrando 131,37 pontos no final do período, enquanto que
o INPC decresceu 44,35%, atingindo 2,81%. Nos anos posteriores, os dados revelam
uma reversão no estado de expectativa do consumidor em relação à inflação para a
economia brasileira nos próximos 6 meses. Entre (2007 e 2011) o sub-índice de inflação
decresceu 20,55% registrando 104,38 pontos em 2011 e foi o principal responsável por
frear o crescimento do INEC no período de (2005 a 2011). O INPC por sua vez
decresceu 10,68%, registrando o patamar de 4,60%.
24
Gráfico 6 – INEC (Inflação) X INPC
Fonte: CNI (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
Por outro lado os demais componentes do INEC cresceram e contribuíram
positivamente para a melhoria no estado de confiança do consumidor entre 2005 e 2011.
O INEC (desemprego) melhorou 11,32%, registrando 131,05 pontos em 2011,
evidenciando o momento de “aquecimento” do mercado de trabalho paraense, da
Região Norte, do Estado do Pará, em decorrência das grandes obras infra-estruturais em
andamento (ver Gráfico 5). No estado, os setores de atividades que mais contribuíram
para a geração dos 41.254 novos postos de empregos formais no ano de 20119 foram:
Serviços com a geração de 14.952 novos postos, correspondendo a 36,24% do total de
empregos gerados no ano no Pará; Construção Civil com 11.119 empregos (26,95% do
total); Comércio com 7.386 novos postos de trabalho (17,90% do total). (ver Gráfico 7).
Gráfico 7 – Ranking do saldo de emprego acumulado no ano do Pará. 2011
Fonte: MTE/CAGED (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
9 Acumulado no Ano.
25
O INEC (própria renda) melhorou 8,26% entre 2005 e 2011 registrando 113,24
pontos no final do período. O INEC (situação financeira) cresceu 7,80% registrando
112,63 pontos no mesmo período (ver Gráfico 5). A melhoria na confiança do
consumidor, medida pelo INEC (própria renda, situação financeira) é decorrente do
crescimento do salário mínimo acima da inflação, como anteriormente já mencionado
(Gráfico 4).
A política macroeconomia adotada pelo governo brasileiro para conter os efeitos
da crise financeira, através da redução da taxa de juros, ampliação na oferta de crédito
(anteriormente mencionados) foi de suma importância para a expansão das vendas no
comércio varejista, a partir de 2005. Mas como na economia “tudo tem o preço”, o
preço pago pela expansão das vendas no comércio varejista foi o crescimento da
inadimplência do Consumidor. Neste sentido o INEC (endividamento) cresceu 5,40%
entre 2005 e 2011, registrando 106,70 pontos em 2011 (ver Gráfico 5). O INAD-C por
sua vez, cresceu 62,63%, registrando 126,86 pontos em 2011 (gráfico 8).
Gráfico 8 – INAD - C
Fonte: SERASA EXPERIAN (2011). Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
O INEC (compra de bem de maior valor) por sua vez cresceu 9,72% registrando
112,06 pontos em 2011(Gráfico 5). A melhoria no estado de confiança do consumidor
(compra de bem de maior valor) decorre da política econômica adotada, através
ampliação e facilidade para a captação de crédito, impulsionando a demanda por crédito
26
por parte dos consumidores, e, por conseguinte, a ampliação dos gastos de consumo em
bens duráveis.
2.1.5 Considerações finais e perspectivas do setor
A junção destes fatores: estabilidade dos preços; queda na taxa de juros (selic);
expansão no crédito; ganhos reais do salário mínimo; melhoria no estado de confiança
do consumidor; aumento do número de postos no mercado de trabalho, em virtude do
crescimento econômico, contribuíram para a recente expansão das vendas no comércio
varejista paraense, a partir de 2005, através do fortalecimento do mercado interno e
amenizaram os efeitos da crise financeira mundial que assola as principais economias
mundiais. Em grande parte essa expansão na vendas deve-se a ampliação da capacidade
de compra das classes C, D, E.
As mudanças recentes no quadro econômico trouxeram questionamentos sobre o
futuro da economia mundial, brasileira. O debate conjuntural voltou a ser dominado
pela questão da inflação em 2011. E não é para menos, visto que o aumento dos preços,
especialmente de alimentos apresenta-se como um fenômeno mundial, com
conseqüência desastrosas para os mais pobres.
A alta da inflação tornou mais nebuloso o cenário econômico. Os bons
resultados auferidos no setor nos últimos anos (2005 a 2011) pode não seguir no mesmo
ritmo e patamar daqui para frente.
Como resposta para conter a alta da inflação de 2,26% em 2010 (em relação ao
ano anterior), sendo a mesma 6,46%, o Banco Central resolveu em 2011 aumentar a
taxa de juros em 0,87%, atingindo 9,86%. No entanto os reflexos dessa política
monetária sobre o comércio varejista começam a ser sentida a partir de setembro de
2011 com a redução de (1,11%) nas vendas.
Neste contexto, o atual quadro econômico começa a ser preocupante, pois a
expansão do comércio é bastante robusta, ou seja, baseia-se no crescimento da renda e
na expansão do crédito.
27
3 PAINEL DE INDICADORES ESTATÍSTICOS
Quadro 1 – Índice de volume de vendas no comércio varejista. Brasil, Região Norte e Pará. (Set/2010-Set/2011)
Variável = Índice de volume de vendas no comércio varejista (Percentual)
Tipos de índice = Variação mensal e acumulada de 12 meses
Mês Brasil Região Norte Pará
set/10 Var. mensal 11,97 26,33 11,16
Var. acumulada 10,69 19,47 13,21
out/10 Var. mensal 8,73 24,33 8,30
Var. acumulada 10,69 20,97 13,04
nov/10 Var. mensal 9,89 23,01 11,04
Var. acumulada 10,79 22,00 13,07
dez/10 Var. mensal 10,24 21,90 9,88
Var. acumulada 10,89 23,03 12,67
jan/11 Var. mensal 8,25 22,40 9,54
Var. acumulada 10,70 23,88 12,41
fev/11 Var. mensal 8,47 13,91 10,24
Var. acumulada 10,42 23,08 12,15
mar/11 Var. mensal 3,97 7,50 4,56
Var. acumulada 9,46 21,51 11,09
abr/11 Var. mensal 10,21 11,47 12,84
Var. acumulada 9,54 20,50 10,96
mai/11 Var. mensal 6,26 8,79 3,23
Var. acumulada 9,19 19,17 9,80
jun/11 Var. mensal 7,07 9,20 10,69
Var. acumulada 8,86 17,82 9,65
jul/11 Var. mensal 7,11 10,33 8,37
Var. acumulada 8,54 16,62 9,34
ago/11 Var. mensal 6,19 10,50 9,96
Var. acumulada 8,19 15,34 9,26
Set/11 Var. mensal 5,28 4,75 5,47
Var. acumulada 7,67 13,37 8,67
Fonte: PMC/IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural - IDESP.
28
Quadro 2 – Índice de volume de vendas no comércio varejista. Brasil, Região Norte (Unidade da Federação). (Set/2010-Set/2011)
Variável = Índice de volume de vendas no comércio varejista da Região Norte (Número índice)
Tipos de índice = Índice base fixa com ajuste sazonal (2003=100)
Mês Brasil Regiã
o Norte
Rondônia
Acre Amazona
s Roraim
a Pará Amapá
Tocantins
set/10 174,24 230,72 250,66 274,17 199,75 218,36 170,60 185,02 316,48
out/10 174,44 227,08 252,84 274,11 198,24 199,12 172,00 178,63 315,81
nov/10 175,51 226,42 251,18 278,02 199,32 180,68 172,00 184,68 319,03
dez/10 175,8 228,84 252,60 288,44 197,46 185,98 173,00 180,87 323,55
jan/11 178,07 233,38 258,68 290,77 203,31 210,14 175,04 181,86 313,89
fev/11 178,25 235,51 260,27 287,53 201,35 198,76 174,30 190,70 335,67
mar/11
180,08 234,01 257,13 281,38 201,70 195,20 176,72 178,85 347,08
abr/11 179,82 236,07 250,77 289,33 202,17 194,43 179,43 180,22 356,12
mai/11 181,24 235,66 264,94 289,65 201,75 192,60 175,93 173,18 351,60
jun/11 181,77 239,33 267,63 276,47 204,08 194,08 180,63 191,16 361,24
jul/11 184,29 243,72 277,30 290,98 202,49 202,49 183,42 176,46 373,47
ago/11 182,88 245,74 269,89 293,81 206,09 212,71 183,51 182,58 371,56
set/11 183,93 243,53 267,78 287,16 199,70 219,77 181,47 184,44 364,38
Fonte: PMC/ IBGE. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural - IDESP.
Quadro 3 – INEC, IDC-PJ, IDC-PF, INAD-PJ, INAD-PJ. (Set/2010-Set/2011)
Variável = Índice das variáveis INEC, IDC-PJ, IDC-PF, INAD-PJ e INAD-PF, avaliadores do comércio varejista (Número índice)
Tipos de índice = Variação dos últimos 12 meses
Mês INEC IDC-PJ IDC-PF INAD-PJ INAD-PF
set/10 118,32 105,09 121,42 92,55 111,69
out/10 120,65 100,47 117,52 91,60 113,74
nov/10 119,07 103,74 124,83 97,17 117,74
dez/10 117,11 97,81 126,75 99,79 119,07
jan/11 115,31 98,43 118,21 101,74 115,14
fev/11 115,08 103,61 116,84 101,58 112,50
mar/11 114,49 105,07 123,49 112,58 116,49
abr/11 112,02 99,67 119,85 108,18 118,24
mai/11 112,13 110,04 133,32 116,90 127,92
jun/11 111,80 106,62 129,35 111,98 133,99
jul/11 113,24 110,26 127,79 117,07 137,83
ago/11 111,98 117,09 138,1 119,24 141,98
set/11 112,4 109,2 123,3 116,8 137,7
Fonte: CNI, SERASA Experian. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural - IDESP.
29
Quadro 4 – Emprego no comércio varejista. ((Set/2011), (Acumulado do ano) (Em 12 meses))
Emprego no comércio varejista
Unidades
set/11
Total admis. Total deslig. Saldo Var.% emprego
Brasil 344.140 309.375 34.765 0,51
Norte 17.025 14.805 2.220 0,64
Rondônia 3.799 3.208 591 1,03
Acre 862 736 126 0,75
Amazonas 2.931 2.650 281 0,44
Roraima 611 416 195 1,71
Pará 6.557 5.722 835 0,56
Amapá 948 773 175 0,97
Tocantins 1.317 1.300 17 0,05
Unidades
Acumulado do ano
Total admis. Total deslig. Saldo Var.% emprego
Brasil 3.149.849 2.958.053 191.796 2,86
Norte 159.802 147.040 12.762 3,68
Rondônia 33.576 31.354 2.222 3,92
Acre 7.672 7.215 457 2,7
Amazonas 30.323 27.889 2.434 3,82
Roraima 6.331 5.744 587 5,23
Pará 59.219 53.357 5.862 4,01
Amapá 8.569 7.949 620 3,48
Tocantins 14.112 13.532 580 1,69
Unidades
Em12 meses
Total admis. Total deslig. Saldo Var.% emprego
Brasil 4.254.171 3.829.185 424.986 6,56
Norte 216.252 190.852 25.400 7,35
Rondônia 43.928 40.429 3.499 6,32
Acre 10.666 9.655 1.011 6,18
Amazonas 41.939 36.330 5.609 9,26
Roraima 9.177 7.847 1.330 12,68
Pará 79.805 69.035 10.770 7,62
Amapá 11.428 10.127 1.301 7,59
Tocantins 19.309 17.429 1.880 5,70
Fonte: MTE - CAGED. Elaboração: Núcleo de Análise Conjuntural – IDESP
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REFERÊNCIAS
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<http://www.bcb.gov.br/?SELICMES> Acesso em: 10 set. 2011.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Programa de disseminação de
Estatística do trabalho. 2011. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/pdet/index.asp>
Acesso em: 11 set. 2011.
______. Evolução de Emprego do CAGED. 2011. Disponível em:
<http://www.mte.gov.br/pdet/pages/consultas> Acesso em: 11 set. 2011.
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<http://www.mte.gov.br/pdet/pages/consultas> Acesso em: 11 set. 2011.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS. Metodologia do Índice
Nacional de Expectativas do Consumidor. Abr. 2011. Disponível em:
<http://www.cni.org.br/portal/> Acesso em: 10 set. 2011.
______. Índice Nacional de Expectativas do Consumidor. 2011. (Série Histórica).
Disponível em: < http://www.cni.org.br/portal/> Acesso em: 11 set. 2011.
IBGE. Sistema IBGE de recuperação Automática SIDRA, 2011. Disponível em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/> Acesso em: 11 set. 2011.
KEYNES, J. A. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: editora Nova Cultura, 1936.
NERI, Marcelo C. A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres. Rio de
Janeiro: FGV; CPS: 2010.
SERASA. Indicador Serasa Experian de Perspectiva: Objetivo, Metodologia e
Principais Resultados. 2011. Disponível em: <http://www.serasaexperian.com.br/>
Acesso em: 10 set. 2011.
31
______. Indicador Serasa Experian de Demanda dos Consumidores por Crédito:
Região Norte. 2011. Disponível em: < http://www.serasaexperian.com.br/> Acesso em:
10 set. 2011.
______.Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito: Região
Norte. 2011. Disponível em: < http://www.serasaexperian.com.br/> Acesso em: 10 set.
2011.
______.Indicador Serasa Experian de Inadimplência dos Consumidores por
Crédito: Região Norte. 2011. Disponível em: < http://www.serasaexperian.com.br/>
Acesso em: 10 set. 2011.
SIMÕES, Jorge Eduardo Macedo. Índice de Confiança do Consumidor da
Microrregião Belém – ICC. 2008. 92 p. Trabalho de conclusão de curso (graduação
em Ciências Econômicas) – Centro de Estudos Sociais Aplicados, Universidade da
Amazônia, Belém, 2008.