caderno de processo civil

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Intensivo 1, 2 e 3 (20102011) DIREITO PROCESSUAL CIVILDaniel Assumpo, Fernando Gajardoni, Fredie Didier Jr., Luciano Alves Rossato

ContedoContedo........................................................................................................1 INDICAES BIBLIOGRFICAS:.....................................................................4 PRINCPIOS DO PROCESSO..............................................................................4 1. PROCESSO E CONSTITUIO....................................................................4 2. PROCESSO E DIREITOS FUNDAMENTAIS...................................................6 3. PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.................................................6 4. PRINCPIOS NO PREVISTOS NA CRFB, MAS EXTRADOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL........................................................................................8 4.1 Princpio da efetividade ( tutela executiva).......................................8 4.2 Princpio da adequao.......................................................................8 4.3 Princpio da boa-f processual.............................................................9 4.4 Princpio do contraditrio.................................................................12 4.5 Princpio da durao razovel do processo........................................13 4.6 Princpio da instrumentalidade..........................................................14 4.7 Princpio da precluso......................................................................14 JURISDIO...................................................................................................17

1. 2. 3. 4.

CONCEITO..............................................................................................17 EQUIVALENTES JURISDICIONAIS.............................................................20 ARBITRAGEM..........................................................................................21 PRINCPIOS DA JURISDIO....................................................................23 4.1 Princpio da investidura.....................................................................23 4.2 Princpio da inevitabilidade...............................................................23 4.3 Princpio da indelegabilidade............................................................23 4.4 Princpio da territorialidade...............................................................24 4.5 Princpio da inafastabilidade.............................................................25 4.6 Princpio do Juiz natural.....................................................................26

5. JURISDIO VOLUNTRIA (ou integrativa)..............................................27 COMPETNCIA...............................................................................................30 6. CONEXO E CONTINNCIA.....................................................................41 PROVAS EM ESPCIE...................................................................................200 MANDADO DE SEGURANA.........................................................................217 PROCESSO CAUTELAR.................................................................................244 PROCEDIMENTOS: SUMRIOS E ESPECIAIS..................................................263 JUIZADOS ESPECIAIS...................................................................................301 FORMAS EXECUTIVAS E PRINCPIOS DA EXECUO.....................................312 TEORIA GERAL DA EXECUO.....................................................................312 1 FORMAS EXECUTIVAS:...........................................................................312 1.1. PROCESSO AUTNOMO DE EXECUO X EXECUO POR FASE PROCEDIMENTAL:.....................................................................................312 1.2. EXECUO POR SUB-ROGAO (DIRETA) X EXECUO INDIRETA.....314 2. PRINCPIOS DA EXECUO......................................................................316 A. Nulla executio sine titulo no h execuo sem ttulo........................316 B. Nulla titulus sine lege somente a lei pode criar ttulos executivos.. . . .316 C. Princpio da Patrimonialidade...............................................................316 D. PRINCPIO DO DESFECHO NICO/RESULTADO NICO: .........................317 E. Princpio da Disponibilidade da Execuo.............................................318 F. Princpio da Menor Onerosidade...........................................................318 G. Princpio da Lealdade e Boa-f Processual...........................................318 PROCESSO DE EXECUO ..........................................................................357 Direito Processual Civil Daniel Assumpo................................................485 FORMAS EXECUTIVAS E PRINCPIOS DA EXECUO.....................................485 TEORIA GERAL DA EXECUO.....................................................................485 1 FORMAS EXECUTIVAS:...........................................................................485 1.1. PROCESSO AUTNOMO DE EXECUO X EXECUO POR FASE PROCEDIMENTAL:.....................................................................................486 1.2. EXECUO POR SUB-ROGAO (DIRETA) X EXECUO INDIRETA.....487 OBRIGAO DE PAGAR QUANTIA.............................................................488 OBRIGAO DE ENTREGA DE COISA........................................................489 OBRIGAO DE FAZER/NO FAZER..........................................................489 2. PRINCPIOS DA EXECUO......................................................................489 A. Nulla executio sine titulo no h execuo sem ttulo.......................489 B. Nulla titulus sine lege somente a lei pode criar ttulos executivos... . .490 C. Princpio da Patrimonialidade...............................................................490 D. PRINCPIO DO DESFECHO NICO/RESULTADO NICO: .........................491 E. Princpio da Disponibilidade da Execuo.............................................492

F. Princpio da Menor Onerosidade...........................................................492 G. Princpio da Lealdade e Boa-f Processual...........................................492 3. SUJEITOS PROCESSUAIS..........................................................................493 3.1. RELAO JURDICA PROCESSUAL EXECUTIVA....................................493 INTERVENO DE TERCEIROS TPICAS:....................................................493 INTERVENES DE TERCEIROS ATPICAS.................................................494 3.2. LEGITIMAO ATIVA..........................................................................494 TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA..................................................495 3.3. LEGITIMAO OU LEGITIMIDADE PASSIVA.........................................497 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL SECUNDRIA......................................499 4. COMPETNCIA NA EXECUO.................................................................499 4.1. TTULO EXECUTIVO JUDICIAL................................................................499 4.1. EXECUO DE TTULO EXTRAJUDICIAL..............................................501 5. EXECUO PROVISRIA..........................................................................502 5.1. CONCEITO.........................................................................................502 5.2. PROCEDIMENTOS..............................................................................503 A AUTOS................................................................................................503 B CAUO.............................................................................................503 DISPENSA DA CAUO.............................................................................504 RESPONSABILIDADE OBJETIVA:................................................................506 EXECUO PROVISRIA CONTRA A FAZENDA PBLICA...............................506 6. TTULO EXECUTIVO.................................................................................507 6.1. REQUISITOS DA OBRIGAO EXEQUENDA.........................................507 6.2. TTULO EXECUTIVO JUDICIAL X TTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL...508 6.2. TTULO EXECUTIVO JUDICIAL X TTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL continuao.............................................................................................512 7. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL..........................................................516 7.1. OBRIGAO X RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL.............................516 7.2. BENS SUJEITOS EXECUO............................................................516 7.3. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL SECUNDRIA...............................517 7.4. FRAUDES DO DEVEDOR........................................................................519 7.4.1. FRAUDE CONTRA CREDORES..........................................................519 7.4.2. FRAUDE EXECUO....................................................................520 7.4.3. FRAUDE DO BEM CONSTRITO JUDICIALMENTE................................522 8. LIQUIDAO DE SENTENA.....................................................................522 8.1. OBRIGAES LIQUIDVEIS................................................................522 8.2. QUAIS OS TTULOS QUE SO OBJETOS DE LIQUIDAO.....................523 8.3. VEDAO SENTENA ILQUIDA.......................................................523 8.4. LIQUIDAO COMO ESPCIE DE EFEITO SECUNDRIO.......................525 8.5. ESPCIE DE DECISO QUE JULGA A LIQUIDAO...............................526 8.7. LIQUIDAO COMO FORMA DE FRUSTRAO DA EXECUO............527 8.8. NATUREZA JURDICA DA LIQUIDAO................................................528 8.9. A LEGITIMIDADE NA LIQUIDAO......................................................528 8.10. COMPETNCIA NA LIQUIDAO.......................................................528 8.11. ESPCIES DE LIQUIDAO...............................................................529 EXECUES EM ESPCIE.............................................................................532 1. CUMPRIMENTO DE SENTENA .............................................................532 PROCESSO DE EXECUO ..........................................................................535 1. PETIO INICIAL...................................................................................535 2. AVERBAO DA EXECUO.................................................................536 3. CITAO DO EXECUTADO....................................................................537 4. PENHORA (Dinamarco)............................................................................539 4.1. EFEITOS DA PENHORA.......................................................................539 4.1.2. EFEITOS MATERIAIS........................................................................539

4.2. ORDEM LEGAL DE PENHORA.............................................................539 4.3. ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DA PENHORA.......................................541 5. EXPROPRIAO DO BEM PENHORADO..................................................542 5.1. USUFRUTO DE MVEL OU IMVEL.....................................................542 5.2. ADJUDICAO...................................................................................543 5.3. ALIENAO POR INICIATIVA PARTICULAR..........................................544 5.4. ARREMATAO.................................................................................544 ARREMATAO........................................................................................546 COMO OCORRE A ARREMATAO............................................................547 EXEQUENTE.............................................................................................547 DEFESAS DO EXECUTADO...........................................................................549 1. EMBARGOS EXECUO/EMBARGOS DO DEVEDOR............................549 1.1. CABIMENTO.......................................................................................549 1.2. NATUREZA JURDICA DOS EMBARGOS DE EXECUO........................551 1.3. GARANTIA DO JUZO..........................................................................551 1.4. PRAZO PARA INTERPOSIO DOS EMBARGOS EXECUO..............552 1.5. EFEITO SUSPENSIVO..........................................................................553 1.6. PROCEDIMENTO................................................................................554 PETIO INICIAL PERFEITA.......................................................................555 2. IMPUGNAO.......................................................................................556 2.1. CABIMENTO.......................................................................................556 2.2. NATUREZA JURDICA DA IMPUGNAO..............................................556 2.3. PROCEDIMENTO................................................................................556 3. EXCEO DE PR-EXECUTIVIDADE.......................................................558

INDICAES BIBLIOGRFICAS: - Lies de Direito Processual Civil Alexandre Cmara - Manual de Direito Processual Civil Daniel Assuno (vol. nico) - Curso de Processo Civil Marinoni Obs.: no ler vol. 1 (s para Procurador da Repblica) - Novo Curso de Processo Civil - Curso Sistematizado de Processo Civil Cssio Scarpinella - Curso de Direito Processual Civil Didier - www.frediedidier.com.br

PRINCPIOS DO PROCESSO

1. PROCESSO E CONSTITUIO Os estudos do direito constitucional foram profundamente alterados aps a 2 guerra: voltou a ser o centro das atenes. Essa transformao gerou diversas consequncias, entre elas: - Desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais;

- Teoria dos princpios, com a percepo de que os princpios possuem fora normativa; Art. 126 CPC De acordo com o artigo editado em 1973, princpio era apenas uma forma de suprir lacunas. Hoje, norma. - Reforo da jurisdio constitucional: o Juiz pode controlar a constitucionalidade de uma lei. Esse movimento de transformao deu-se o nome de neoconstitucionalismo. Toda essa transformao repercutiu em todos os ramos do direito, inclusive no direito processual. O direito processual civil passou por 3 fases de desenvolvimento: 1 fase) Praxismo ou sincretismo: o direito processual no tinha autonomia. Era ramo do direito material. Cuidava apenas da prtica forense. 2 fase) Processualismo ou fase autonomista: Passa a ser encarado como algo distinto do direito material e, em consequncia, seus institutos passam a ser estudados de forma isolada. 3 fase) Instrumentalismo: processo e direito material so realidades distintas, mas convivem entre si. O processo deve servir ao direito material. 4 fase) H autores que entendem que j estamos numa 4 fase: no basta estud-lo como instrumento para o direito material, mas como uma verdadeira metodologia, utilizando todo o novo direito constitucional. H uma proposta de denominao: neoprocessualismo1. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolve-se outra denominao: formalismo-valorativo2. Assemelham-se por que so estudados por meio dessa nova concepo jurdica, no entanto, o formalismo-valorativo possui, ao contrrio do neoprocessualismo, uma preocupao com a tica processual, como a boa-f objetiva. De que maneira o neoconstitucionalismo repercute no processo? O que seria o formalismo-valorativo? H hoje um movimento crtico ao neoconstitucionalismo, ora criticando o nome,

ora a importncia que se d ao Juiz3.

1 2

O vol. 1 do Marinoni sobre essa fase Ler Carlos Alberto Alvaro de Oliveira 3 Ler texto de Humberto vila

2. PROCESSO E DIREITOS FUNDAMENTAIS Os direitos fundamentais devem ser examinados em dupla dimenso: a) subjetiva: os direitos fundamentais so direitos titularizados pelas pessoas. So posies jurdicas protegidas. Houve poca em que eram encarados como valores. Ex.: a liberdade e a herana so direitos. b) objetiva: os Direitos fundamentais so normas constitucionais, por isso devem ser observadas pela legislao infraconstitucional. Orientam a produo das leis. Como o processo, ento, relaciona-se com os direitos fundamentais? O processo deve ser adequado tutela dos direitos fundamentais, sob pena de ser inconstitucional. (dimenso subjetiva) As regras processuais tm de estar em conformidade com as normas de direitos fundamentais. (dimenso objetiva) Ex.: regra que no prev contraditrio inconstitucional. Ento, o processo deve ser estruturado de acordo com os direitos fundamentais, bem como servi-los.

3. PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL o mais importante princpio do direito processual. Todos os outros dele derivam, inclusive as garantias processuais. uma clusula aberta que se revela no tempo.Art. 5, LIV. Ningum ser privado da liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal

uma garantia contra a tirania, contra o abuso de poder. Tal garantia teve origem na Germnia. Em 1215, o princpio foi estabelecido na Magna Carta. No entanto, a expresso due processo of law surgiu, pela primeira vez, na Inglaterra. Ex.: processo eletrnico nova expresso do princpio. H tambm garantias atpicas, no previstas diretamente na CRFB, mas que podem ser extradas do devido processo legal.

Ex.: durao razovel do processo. Hoje est previsto no texto constitucional, mas antes era uma garantia atpica. Texto constitucional diferente da norma: o texto pode ser o mesmo, mas a norma

(o que se extrai do texto) muda ao longo do tempo. O devido processo legal uma clusula perene de proteo da nossa liberdade, em desfavor da tirania. O significado da palavra processo, utilizada no princpio, implica qualquer meio de exerccio do poder. Posso falar em processo jurisdicional, legislativo e administrativo. Hoje, fala-se muito em devido processo legal privado (aplicado s relaes particulares), ou seja, as autoridades privadas devem exercer o seu poder em observncia ao devido processo. Ressalte-se que sua aplicao h de ser sempre ponderada com o princpio da autonomia da vontade. O princpio deve ser observado tanto na fase prcontratual, como na executiva. Ex.: o sndico no pode multar condmino sem que ele apresente defesa. Assim, qualquer poder, mesmo o privado, s pode ser exercido com observncia do devido processo legal.Art. 57 CC. (devido processo legal aplicado ao mbito privado)

A aplicao do princpio s relaes privadas denomina-se eficcia horizontal dos direitos fundamentais. Obs.: Eficcia vertical dos direitos fundamentais: aplicao na relao entre Estado e cidado4. Embora o princpio tenha origem na Inglaterra, desenvolveu-se nos Estados Unidos. Identificaram a existncia de duas dimenses: a) formal (processual): o conjunto das garantias processuais para o exerccio do poder. Ex.: contraditrio, juiz natural e produo de prova ilcita. O direito de processar e se processado de acordo com as regras previamente estabelecidas. b) material (substancial): no basta que um ato seja formalmente vlido. preciso que ele seja substancialmente devido, razovel, justo. Para o STF, o princpio da proporcionalidade (origem alem) sinnimo do

devido processo legal em sua acepo substancial (origem americana). Cabem algumas consideraes sobre o princpio da proporcionalidade: quando h um conflito entre normas constitucionais, h que se ressaltar o princpio da unidade da4

Ver informativo do STF devido processo legal e relaes privadas (2005)

constituio, segundo o qual nenhuma norma pode ser interpretada em contradio com outra do mesmo quilate. Surge, ento, o princpio da proporcionalidade em sentido estrito ou da ponderao de interesses. Torna possvel a aplicao da justia ao caso concreto e deve observar: o princpio da menor restrio possvel, da salvaguarda do ncleo essencial e da necessidade. Aqueles que so contra o entendimento do STF, afirmam que no necessria essa acepo, pois a proporcionalidade pode ser alcanada com outros princpios, como o da igualdade e o do estado de direito5.

4. PRINCPIOS NO PREVISTOS NA CRFB, MAS EXTRADOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 4.1 Princpio da efetividade ( tutela executiva) A todos garantido o direito a efetivao do seu direito. Um processo que no efetivo, no pode ser devido. Ex.: o salrio impenhorvel, salvo para dvida alimentar na viso tradicional, a regra absoluta. Mas se o salrio alto e se pode penhorar uma parte dele mantendo a dignidade do executado, possvel a penhora. (viso moderna, de acordo com princpio da CRFB).

H a seguinte jurisprudncia consolidada: a lei diz que o limite para emprstimo consignado de 30% do salrio. Ento, os juzes esto afirmando que esse percentual poder ser penhorado, sem ofender a dignidade do executado. Para Didier, o percentual deve ser analisado no caso concreto. Tambm pode ser designado de princpio da mxima coincidncia possvel: o

processo deve dar a quem tem razo o exato bem da vida a que ele teria direito, se no precisasse se valer do processo jurisdicional. O direito fundamental tutela executiva significa que: a interpretao deve ser no sentido de extrair a maior efetividade possvel; o juiz tem o poder-dever de deixar de aplicar uma norma que imponha uma restrio a um meio executivo, sempre que essa restrio no se justificar a luz do princpio da proporcionalidade; o juiz tem o dever de adotar os meios executivos necessrios prestao integral da tutela executiva.

4.2 Princpio da adequao Significa que processo devido aquele que adequado.5

O que o devido processo legal. Humberto vila. Ver tambm deciso do STF.

O que seria adequado?

O processo deve ser adequado de acordo com 3 critrios: a) adequado ao direito material que ser por ele tutelado O processo deve ser adequado as necessidades do direito material. No se pode ignorar as caractersticas prprias de cada direito. b) deve ser subjetivo As regras processuais devem observar os sujeitos que iro participar do processo. Nada mais do que a aplicao do princpio da igualdade ao processo. c) adequao teleolgica O processo deve ser adequado aos seus propsitos, as suas finalidades. Ex.: se um processo de conhecimento, deve permitir amplas discusses, ao contrrio do processo executivo. Cabe ao legislador proceder a uma adequao legislativa do processo. Pode o Juiz adequar uma regra processual as peculiaridades do caso concreto? R- possvel falar em adequao jurisdicional (princpio da adaptabilidade). O Juiz poder proceder adequao jurisdicional mesmo sem anterior previso legislativa. Ex.: Juiz que d prazo parte para juntar documentos obrigatrios do agravo, por conta do sumio dos autos principais. Ex.: Juntar aos autos 10.000 documentos. necessrio que o Juiz dilate o prazo da contestao. Ex.: Parte apresentou petio de 728 pginas. O Juiz determinou que a parte reduzisse a 5 laudas, para no dificultar a defesa. H quem denomine de princpio da adaptabilidade do processo, elasticidade ou flexibilidade do processo.

4.3 Princpio da boa-f processual Para que o processo seja devido, deve ser leal. O STF decidiu que a boa-f processual contedo do devido processo legal. O que fair trial, to utilizado nos tribunais?

R- outra denominao para devido processo legal, criada na Inglaterra, utilizada pela Conveno Americana de Direitos Humanos. H quem extraia a boa-f processual da dignidade da pessoa humana, do princpio da igualdade ou do princpio da solidariedade. Qual a diferena entre o princpio da boa-f e a boa-f subjetiva? O princpio da boa-f uma norma de conduta, o qual impe um comportamento objetivamente correto (leal). J a boa-f subjetiva o estado psicolgico de algum, portanto, um fato, um estado anmico relevante para a configurao de vrios fatos jurdicos. O princpio da boa-f aquilo que se chama de boa-f objetiva (no importa se o sujeito est bem intencionado ou no). consequncias prticas (efeitos): a) tornar ilcita qualquer conduta dolosa, imbuda de m-f; Ex.: se a sentena for produto de comportamento doloso da parte, poder ser objeto de ao rescisria. Ex.: se o autor requer citao por edital sabendo onde o ru reside. (punvel com multa de 5 salrios mnimos. Art. 233 CPC) b) veda o abuso dos poderes processuais; O abuso de direito um ilcito (exerccio do direito contrrio a boa-f). um ilcito no culposo (comete o ilcito mesmo sem querer). A existncia de prejuzo no pressuposto do abuso de direito. O prejuzo pode existir, cabendo, ento, indenizao. Ex.: fazer defesa contra texto expresso de lei. Ex.: quando o ru j apresentou a sua resposta, o autor s pode desistir com o consentimento do primeiro. Ocorre que o ru, em sua defesa, no aceitou o pedido de desistncia e pediu a extino do processo. c) proibio do venire contra factum proprium

a proibio de comportamento contraditrio, ou seja, proibio de o sujeito comportar-se contraditoriamente a um comportamento seu anterior que gerou no outro uma expectativa legtima de que voc manteria a coerncia. Ex.: Carol do big brother que disse que no podia se envolver com ningum no BBB e ficava dando em cima do outro participante. Ex.: executado oferece geladeira para ser penhorada e, em seguida, embarga dessa penhora. Ex.: sujeito vai a Juzo, aceita a deciso, cumpre espontaneamente e depois recorre. Ex.: O Juiz entendeu que havia interesse da Unio e intimou-a para se manifestar. Essa disse que no tinha qualquer interesse no feito. Depois, a Unio recorre e pede a nulidade por que no interveio. Obs.: Hoje, o tema bastante discutido no direito administrativo. Ex.: Unio expulsa sujeito do exrcito. Depois, quando a vtima pede indenizao, a Unio afirma que a conduta do militar foi correta. d) deveres de cooperao A boa-f, no direito civil, gera para os sujeitos da relao obrigacional direitos de cooperao. Isso repercutiu no direito processual civil. Assim, todos os sujeitos processuais (inclusive o Juiz) devem agir de modo a alcanar uma soluo to justa e rpida quanto possvel. O dever da cooperao to importante que se desgarrou do princpio da boa-f e ganhou a sua autonomia, impondo deveres de cooperao a todos os sujeitos, principalmente ao Juiz. Em relao ao Juiz, esses deveres foram organizados em trs: - dever de esclarecimento Subdividi-se em 2 aspectos: o Juiz tem o deve de esclarecer as suas decises para as partes; dever do Juiz pedir esclarecimentos s partes. Ex.: o Juiz no pode deixar de deferir/indeferir um pedido por que no entendeu o que a parte queria. Deve primeiro intimar a parte para que ela esclarea. - dever de preveno se o Juiz identifica alguma falha no processo, tem o dever de indicar a falha processual e o modo como ela deve ser corrigida.

- dever de consulta o Juiz tem o dever de consultar as partes acerca de qualquer ponto de fato ou de direito relevante para a sua deciso, mesmo que esse ponto possa ser conhecido ex officio pelo Juiz. A deciso do Juiz deve ter como fundamentos aspectos que as partes se manifestaram ou puderam se manifestar. (para evitar decises surpresas). Diz respeito liberdade e contraditrio. Ex.: desembargador que decide pela intempestividade do recurso e no d oportunidade parte para se manifestar. Ex.: art. 40, 4 da lei de execuo fiscal expressa que o Juiz pode conhecer de ofcio a prescrio, mas preciso antes ouvir a parte prejudicada. No final de junho/09, uma lei acrescentou o 5, afirmando que esse dever de consulta no se impe nos casos em que o valor da dvida daqueles em que a Unio est dispensada de executar. Houve uma mitigao do dever de consulta para prestigiar a boa-f, em razo de a prpria Unio dizer que no ir cobrar esse valor.

4.4 Princpio do contraditrio Aplica-se tanto ao processo jurisdicional, como ao processo privado e administrativo. Necessita ser analisado em duas dimenses: - dimenso formal: as partes tm o direito de serem ouvidas em juzo. Ningum pode ter contra si uma deciso sem que antes lhe tenha sido dada a oportunidade de se manifestar. uma das primeiras concretizaes do devido processo legal. Contudo, preciso examinar as medidas liminares, em razo de estas serem proferidas em desfavor do ru, sem ouvi-lo. Como compatibilizar a possibilidade de deciso de liminar com o princpio do contraditrio? As liminares so compatveis com a CRFB por que so provisrias, podendo ser revistas posteriormente. Alm disso, servem para fazer valer o princpio da efetividade. Nos casos em que a liminar possvel, o contraditrio postecipado. - dimenso substancial: a parte deve ter o poder de influenciar na deciso do Juiz por meio de argumentos e declaraes.

dessa dimenso que surge o direito de produzir prova em juzo: o direito prova contedo do contraditrio. O aspecto substancial do contraditrio a ampla defesa. Tambm dessa dimenso que decorre o dever de consulta, por revelar que o Juiz tambm sujeito do contraditrio (o contraditrio exigncia de todos os sujeitos do processo, inclusive o Juiz). Uma coisa o Juiz poder agir de ofcio. Oura questo poder agir sem ouvir as partes. Se o Juiz ir decidir com base em fundamento jurdico novo, deve intimar as partes para se manifestar a respeito. Relacione contraditrio com a regra da congruncia. Obs.: regra da congruncia que o Juiz deve decidir nos limites do pedido. O Juiz fica adstrito ao pedido por que as partes s se manifestaram sobre aquele pedido. Se ele decide fora dos limites, fere o contraditrio. Juiz-SP/09 - 17. A regra da correlao ou da congruncia (A) refere-se somente causa de pedir. (B) no foi adotada pelo legislador brasileiro. (C) foi adotada pelo legislador brasileiro e no comporta excees. (D) est diretamente relacionada com o princpio do contraditrio. R-D

4.5 Princpio da durao razovel do processo Antes da Emenda n. 45, s era previsto no Pacto de San Jos da Costa Rica. Mesmo sem previso legal, era aplicado em decorrncia do princpio do devido processo legal. Hoje, possui previso legal:Art. 5 CRFB. LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao. (Includo pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

Isso no significa que ele deva ser rpido. da essncia do processo que ele demore, no entanto, a demora dever ser razovel (razovel de acordo com a causa). A jurisprudncia brasileira no fixa critrios, como fez o tribunal europeu de direitos humanos.

Para avaliar se a durao razovel, preciso analisar os seguintes critrios: - complexidade da causa; - estrutura do rgo jurisdicional; - comportamento das partes; - comportamento do juiz. As conseqncias so a responsabilidade civil pela demora irrazovel, medidas disciplinares perante os agentes pblicos, perda da competncia do juzo que excede de modo irrazovel os seus prazos (art. 198 CPC).Art. 198. Qualquer das partes ou o rgo do Ministrio Pblico poder representar ao presidente do Tribunal de Justia contra o juiz que excedeu os prazos previstos em lei. Distribuda a representao ao rgo competente, instaurar-se- procedimento para apurao da responsabilidade. O relator, conforme as circunstncias, poder avocar os autos em que ocorreu excesso de prazo, designando outro juiz para decidir a causa.

4.6 Princpio da instrumentalidade O processo e o direito material mantm uma relao de complementaridade. O direito processual determina o modo pelo qual o poder de resolver os conflitos ser exercido, enquanto o direito material determina qual ser a soluo. O direito material serve ao processo (d ao processo seu sentido, sua razo de ser). O direito processual serve ao direito material, concretizando aquilo que o direito material determina. O processo serve ao direito material, ao tempo em que servido por ele (Carnelutti). Explique a teoria circular dos planos material e processual aquela que busca explicar as relaes do direito material e processo numa perspectiva circular: um serve ao outro.

4.7 Princpio da precluso nome dado perda de um poder jurdico processual.

Obs.: a precluso para o Juiz denominada no Concurso Pblico de precluso para o juiz ou judicial. No se deve denominar de precluso pro iudicato (como se tivesse sido julgado). Esta significa considerar decidido algo que no foi efetivamente decidido. Ex.: sabe-se que o recurso extraordinrio pressupe repercusso geral. Quando chega ao STF, o relator analisa se h ou no repercusso geral por meio eletrnico. Se os outros Ministros no se manifestarem em 20 dias, o Relator entende que os outros entenderam que houve a repercusso: teve por decidido algo que no foi decidido. Para que exista a previso de perda? Para dar estabilidade ao processo, segurana, prestigiar a boa-f e garantir a durao razovel. tcnica que permite que o processo se desenrole progressivamente de forma ordenada, segura, coerente, rumo ao seu destino final. A doutrina costuma classific-la de acordo com o fato gerador dela: a) precluso temporal perda de um direito processual em razo do no exerccio dele em um determinado prazo.Art. 183 CPC. Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declarao judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porm, parte provar que no o realizou por justa causa.

b) precluso lgica aplicao do venire contra factum proprium (clusula geral do princpio da boa-f) Perde-se um poder processual em razo da prtica de um ato anterior que com ele incompatvel. Ex.: perco o direito de recorrer pq antes aceitei a deciso. Tambm aplicada ao Juiz. Ex.: O Juiz, em julgamento antecipado da lide, conclui pela improcedncia sob o fundamento de que o autor no provou o alegado. Tal sentena viola o dever de lealdade processual, boa-f objetiva, princpio da cooperao e ofendeu o contraditrio, em sua dimenso de direito prova. c) precluso consumativa perda de um poder processual pelo exerccio dele. Perceba que em todos esses casos haver precluso decorrente de um ato lcito da parte.Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declaraes unilaterais ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituio, a modificao ou a extino de direitos processuais.

d) precluso sano ao contrrio das demais, decorre de ato ilcito. Ex.: perda do poder de julgar em razo da demora irrazovel (art. 198 CPC) Ex.: atentado Ex.: duas pessoas brigam pela demarcao de dois terrenos. noite, um deles vai at o terreno e altera a marcao. O sujeito que fez isso perde o direito de falar nos autos at corrigir as conseqncias do atentado. Baseada na lio de Chiovenda, a maior parte da doutrina entende que a precluso no sano. Na verdade, est relacionada ao nus (situao jurdica consistente em um encargo de direito). Enquanto a sano a consequncia jurdica do descumprimento de uma norma jurdica, de um ilcito, a precluso decorre do no-atendimento de um nus. Contudo, como mencionado, possvel a existncia de precluso-sano, como decorrncia de ato-ilcito. Precluso, prescrio e decadncia Caducidade a designao genrica para a perda de uma situao jurdica. A precluso e a decadncia so exemplos de caducidade. A decadncia a perda de um direito potestativo, em razo do seu no-exerccio dentro do prazo legal ou convencional. Difere da precluso temporal por se referir, em regra, perda de direitos pr-processuais, enquanto a precluso temporal refere-se sempre perda de faculdades/poderes processuais. J a prescrio a perda do poder de efetivar o direito a uma prestao, por no ter sido exercitado no prazo legal. Enquanto essa se relaciona aos direitos a uma prestao de cunho material, a precluso temporal refere-se, to somente, a faculdade/poderes de cunho processual. Alm disso, prescrio e decadncia so institutos de direito substantivo, enquanto precluso instituto de direito processual. Precluso e as questes de ordem pblica Deve ser analisada em dois nveis: H precluso do poder de examinar as questes de ordem pblica?

No. Podem ser examinadas enquanto o processo estiver pendente. Depois disso, s por meio de ao rescisria.Art. 267, 3o CPC O juiz conhecer de ofcio, em qualquer tempo e grau de jurisdio, enquanto no proferida a sentena de mrito, da matria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o ru que a no alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responder pelas custas de retardamento.

H precluso para o reexame das questes de ordem pblica? (questes de ordem pblica j examinadas) Para a corrente majoritria, possvel o reexame. A precluso no existe nem para o exame, nem para o reexame. No entanto, a corrente minoritria entende que h precluso para o reexame (Barbosa Moreira).

JURISDIO

1. CONCEITO Poder atribudo a terceiro imparcial para, mediante um processo,

reconhecer/efetivar/proteger situaes jurdicas concretamente deduzidas de modo imperativo e criativo em deciso insuscetvel de controle externo e com aptido para coisa julgada material. a) poder atribudo a terceiro imparcial uma manifestao de soberania (poder) que ser julgado por um estranho ao problema que ser julgado. Exatamente por ser um terceiro que se diz que a jurisdio uma forma de heterocomposio. Exatamente em razo de o Juiz ser um terceiro, fala-se que a jurisdio uma atividade substitutiva. Da a caracterstica da jurisdio: SUBSTITUTIVIDADE. A vontade do Juiz substitui a dos litigantes. Para Chiovenda, a substitutividade a marca da jurisdio.

O terceiro que exerce a jurisdio , em regra, ente estatal. Para que possa ser exercida por um ente no-estatal, preciso que haja autorizao do Estado. Ex.: arbitragem. Obs.: Na Espanha, permite-se o exerccio da jurisdio por tribunais costumeiros. Esse terceiro costuma ser o judicirio. No entanto, h caso em que os outros Poderes podem exercer, como o Senado, nos crimes de responsabilidade. A doutrina chama de impartialidade o fato de o Juiz ser terceiro no conflito. Enquanto a impartialidade objetiva, a imparcialidade subjetiva. Obs.: no confundir imparcialidade com neutralidade. b) [...] para, mediante um processo, reconhecer/efetivar/proteger situaes jurdicas concretamente deduzidas [...] A jurisdio sempre atua diante de casos concretos: o Juiz no decide abstratamente6. Diferente da legislao, em que o legislador tenta resolver problemas abstratos. Nem sempre a jurisdio envolve situaes conflituosas. Ex.: jurisdio no conflituosa alterao do nome. c) [...] de modo imperativo e criativo O ato do Juiz se impe aos sujeitos. O Juiz ao exercer jurisdio ele inova. A criatividade judicial uma marca do pensamento contemporneo da jurisdio. Obs.: Lei n.12.016/09 nova lei de MS O magistrado deve dar norma geral e abstrata aplicvel ao caso concreto uma interpretao conforme a CRFB, sobre ela exercendo controle, bem como viabilizando a melhor forma de tutelar direitos. A criatividade deve ser analisada em 2 aspectos: - Norma jurdica individualizada: o juiz determinar qual a norma jurdica para a sentena. Ele criar a norma jurdica para cada caso concreto. Alm disso, cria tambm a norma jurdica geral do caso concreto.6

A Jurisdio atua sob encomenda

- Norma jurdica geral do caso concreto: a norma geral que o juiz se baseia para criar uma norma individual. a norma que fundamenta um caso concreto a partir de princpios, controle de constitucionalidade etc. (ratio decidendi) Em toda deciso haver norma geral e norma individual. A geral estar sempre na fundamentao e poder gerar precedente judicial/smula (este sempre uma norma geral). Ex2.: O STF decidiu que parlamentar que troca de partido perde o mandato. Ento, o PSDB entra em Juzo contra Joo, em razo de ele ter trocado de partido. O Julgador determina a devoluo do mandato ao PSDB. Norma individual- Joo perde o mandato para o PSDB. Norma geral parlamentar que troca de partido perde o mandato. Ex3.: Zeca Pagodinho faz propaganda da cerveja Nova Skin experimenta. Aps 3 meses, a Brahma faz uma propaganda, em que o Zeca Pagodinho passa a ser smbolo da Brahma e tripudia a Nova Skin. Ento, a nova skin entra com ao contra Zeca Pagodinho de quebra da boa-f objetiva ps-contratual. Norma individualizada- Zeca Pagodinho deve indenizar a Nova Skin pela quebra da boaf objetiva ps-contratual. Norma geral aquele que faz propaganda para um concorrente e depois faz para o outro, quebra a boa-f objetiva ps-contratual. Esses exemplos so marcas da jurisdio. A criatividade pode, ainda, ser justificada pelo princpio da inafastabilidade da jurisdio. d) [...] em deciso insuscetvel de controle externo Os outros Poderes no podem interferir no PJ. A deciso judicial s pode ser controlada internamente (marca da jurisdio). e) [...] com aptido para coisa julgada material S as decises judiciais podem tornar-se indiscutveis, mesmo para a prpria jurisdio. Adquire imutabilidade nica. Existe coisa julgada administrativa?

Trata-se de uma metfora doutrinria para a precluso no mbito administrativo.

2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS So as tcnicas de soluo de conflito no-jurisdicionais, ou seja, fazem as vezes de jurisdio (porque resolvem conflito), mas no so jurisdio. So 4 os equivalente jurisdicionais: 2.1 Autotutela Um dos conflitantes impe ao outro a soluo do conflito, ou seja, a soluo imposta por meio do uso da fora. A princpio, conduta ilcita, inclusive, crime fazer justia com as prprias mos. No entanto, ainda h espcies que so permitidas: Ex.: guerra, greve, desforo incontinenti (reao imediata do possuidor), legtimo defesa e a possibilidade de a Administrao Pblica executar os prprios atos. Obs.: Autotutela a soluo egosta dos conflitos.

2.2 Autocomposio a soluo negocial do conflito (altrusta). Ao contrrio da autotutela, extremamente estimulada. Pode ser extrajudicial ou judicial. Ex.: separao em cartrio Ex.: qualquer autocomposio extrajudicial (poder ser homologada judicialmente).Art. 475-N, V, do CPC So ttulos executivos judiciais: V o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente

Obs.: ADRs alternative dispute resolution (meio alternativo de soluo de conflitos). Designa todo meio de soluo de conflito no-jurisdicional estimulado. A mais importante ADR autocomposio. Quando a autocomposio judicial, ela costuma ser dividida em:

a) Transao quando os conflitantes fazem concesses recprocas; b) Renncia quando o autor abdica da sua pretenso em favor do ru; c) Reconhecimento da procedncia do pedido - quando o ru abdica da sua pretenso em favor do autor. 2.3 Mediao Um terceiro se coloca entre os conflitantes para tentar fazer com que eles cheguem a uma autocomposio. O terceiro um facilitador da autocomposio. Ressalte-se que o terceiro no decide nada, mas apenas ajuda que as partes se autocomponham. 2.4 Solues de conflito por Tribunais Administrativos So solues de conflito por heterocomposio (por um terceiro), no entanto, tal deciso no definitiva, uma vez que pode ser revista pelo Judicirio. Da a justificativa de no serem jurisdio. Ex.: Tribunais de Contas, Tribunais de contribuintes, Juntas de Multa, Tribunal Martimo, Justia Desportiva, agncias reguladoras, CADE (questes relativas concorrncia).

3. ARBITRAGEM No deve ser estudada como equivalente. Um terceiro escolhido pelos conflitantes decide a causa. Tambm heterocomposio. S pode ser constituda por pessoas capazes, assim como s pessoas capazes podem ser rbitros. Apenas pode recair sobre direitos disponveis (aqueles que admitem negcio). Est intimamente relacionada autonomia privada, ou seja, trata-se de exerccio de autonomia privada. A sua fonte negocial. Contudo, a arbitragem trabalhista tem previso constitucional. Hoje, tambm se vale em arbitragem no direito administrativo (envolvendo pessoas jurdicas de direito pblico). Ex.: A lei das PPPs expressamente prev a arbitragem.

H a possibilidade, ainda, da escolha da norma de direito material a ser aplicada: as partes podem escolher a regra a serem aplicadas, assim como podem convencionar que o julgamento se realize com base nos princpios gerais do direito, costumes e regras internacionais. Diante de uma deciso arbitral, o que o Juiz Estatal poder fazer? - Pode executar a sentena arbitral ( ttulo executivo judicial). O rbitro apenas decide o conflito, no podendo executar a deciso; - O juiz estatal no pode rever a deciso arbitral. O mximo que pode fazer invalid-la, quando h alguma invalidade. Tal invalidade s pode ser decretada a requerimento do interessado, no prazo de 90 dias, contados da intimao da sentena arbitral. Aps esse prazo, ser definitiva. O mximo que cabe, como recurso, so embargos declaratrios; Ex.: rbitro corrupto, sentena sem motivao. - Ressalte-se que nem precisa homologar uma deciso arbitral: ttulo executivo judicial; - No inconstitucional, pois se trata de exerccio da liberdade. - Deve ser voluntria. Lei que exige a arbitragem inconstitucional. Obs.: a parte pode, na defesa da execuo, pedir a invalidao da arbitragem, desde que dentro do prazo. A arbitragem jurisdio? No Brasil (viso majoritria). O rbitro juiz de direito. - Na viso minoritria, no jurisdio por que no praticada pelo Estado. Crtica: o Estado pode delegar a jurisdio a ente no-estatal. - Para Marinoni, arbitragem no jurisdio por que falta ao rbitro o poder de executar Crtica: o Juiz da vara criminal condena e quem executa o juiz da vara de execuo penal. Ento o juiz penal no juiz? Isso questo de competncia e no de jurisdio. A arbitragem fruto de um negcio (conveno de arbitragem). So duas espcies: a) clusula compromissria: um pacto de arbitragem (prvio) pelo qual as partes decidem que um conflito futuro que surja em torno de um negcio, o qual dever ser resolvido por arbitragem. b) compromisso arbitral: uma conveno de arbitragem firmada aps a existncia do conflito.

Se existir clusula compromissria, o Juiz pode inadmitir de ofcio a causa. Ao contrrio, se houver compromisso arbitral, deve esperar que o ru provoque. (nica diferena processual entre as duas espcies).Art. 301, 4 CPC. Com exceo do compromisso arbitral, o juiz conhecer de ofcio da matria enumerada neste artigo.

Obs.: Juiz no verificou que havia clusula compromissria, assim como o ru no se manifestou na sua defesa houve revogao tcita da conveno de arbitragem7.

4. PRINCPIOS DA JURISDIO

4.1 Princpio da investidura Somente pode ser exercida por quem tenha sido devidamente investido na funo jurisdicional. Pode se d por concurso, indicao (STF) e na arbitragem pela escolha dos conflitantes.

4.2 Princpio da inevitabilidade A jurisdio inevitvel, exerccio de poder.

4.3 Princpio da indelegabilidade O exerccio da jurisdio indelegvel. Obs.: a arbitragem no delegao, mas autorizao legal para que as partes constituam um rbitro. O Juiz pode, entre outros, quatro poderes: - poder decisrio de julgar7

Editorial n. 33

- poder diretivo de conduzir o processo - poder instrutrio de produzir provas - poder executivo poder de executar as suas decises O nico desses poderes que indelegvel o poder decisrio. Os outros podem ser delegados em certas circunstncias: - o poder diretivo pode ser delegado a serventuriosArt. 93, XIV da CRFB os servidores recebero delegao para a prtica de atos de administrao e atos de mero expediente sem carter decisrio; Art. 162 4 CPC Os atos meramente ordinatrios, como a juntada e a vista obrigatria, independem de despacho, devendo ser praticados de ofcio pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessrios

- os tribunais podem delegar poder instrutrio aos juzes de 1 instncia. Ex.: no mensalo, o Min. Joaquim Barbosa delegou a oitiva de testemunhas aos juzes federais. - os tribunais podem delegar o poder de executar suas decises aos juzes (poder executivo).Art. 102, I, m CRFB a execuo de sentena nas causas de sua competncia originria, facultada a delegao de atribuies para a prtica de atos processuais;

4.4 Princpio da territorialidade A jurisdio sempre se exerce sobre um dado territrio. Na justia estadual, o territrio da jurisdio denominado de Comarca (cidade ou conjunto de cidades) ou Distrito (bairro ou conjunto de bairros uma subdiviso territorial da comarca). Na justia federal, fala-se em seo judiciria (sempre um Estado) e sub-seo judiciria (cidade ou conjunto de cidades). Obs.: Nas Comarcas contguas8 ou que pertencem a uma mesma regio metropolitana, o oficial de justia de uma dessas comarcas pode se dirigir a outra comarca para fazer citaes ou intimaes (apenas os atos de comunicao). caso de extraterritorialidade.Art. 230. CPC Nas comarcas contguas, de fcil comunicao, e nas que se situem na mesma regio metropolitana, o oficial de justia poder efetuar8

diferente de vizinhas. Contguo fronteirio

citaes ou intimaes em qualquer delas.

Obs.: Imvel com partes em 2 comarcas a jurisdio do Juiz se estende por todo o imvel, mesmo que fora da sua jurisdio caso de extraterritorialidade.Art. 107. CPC Se o imvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se- o foro pela preveno, estendendo-se a competncia sobre a totalidade do imvel

Obs.: deve-se distinguir o territrio onde a deciso deva ser proferida, daquele onde a deciso ir produzir efeitos. Ex.: deciso de um juiz brasileiro produz efeitos em todo o territrio nacional. Ressalte-se que a deciso de um juiz brasileiro pode surtir efeitos em qualquer lugar do mundo, desde que haja homologao.Art. 16 da lei de ao civil pblica A sentena civil far coisa julgada erga omnes, nos limites da competncia territorial do rgo prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar outra ao com idntico fundamento, valendo-se de nova prova.

o artigo mais bizarro do ordenamento, pois se trata da proteo de um direito difuso, o qual s produz efeitos nos limites da competncia territorial. Esse artigo veio acabar com a ao coletiva no Brasil (inconstitucional)9.

4.5 Princpio da inafastabilidade A lei no excluir da apreciao do poder judicirio leso ou ameaa de leso ao direito (art. 5, XXXV da CRFB). Consagra o direito de ao (acesso aos Tribunais). Obs.: a arbitragem no inconstitucional por que a prpria pessoa a excluiu voluntariamente. Pode a lei condicionar ida ao Judicirio ao esgotamento da discusso no mbito extrajudicial? Existem vrias leis que exigem isso: habeas data, acidente do trabalho, smula vinculante etc.

9

Em concurso para AGU, deve-se defender o artigo. Ao contrrio, para o MP.

A princpio, no h inconstitucionalidade. Se no caso concreto revelar-se situao de urgncia, o indivduo pode recorrer de forma direta ao judicirio. Obs.: ADIN 2160 o STF deu liminar para dar interpretao conforme CLT, deixando claro que o trabalhador no obrigado a ir comisso de conciliao prvia antes de reclamar. Exceo: Justia desportiva a previso constitucional: as questes desportivas devem ser resolvidas primeiro no mbito desportivo, por expressa previso constitucional. Obs.: - a priori: tipo de juzo que se faz em tese, sem experimentar (juzo antes da experincia) - a posteriori: juzo depois da experincia. Ex.: A posteriori essas leis podem ser inconstitucionais se houver urgncia. O Judicirio sempre decide a posteriori, enquanto o legislador sempre legisla a priori

4.6 Princpio do Juiz natural O princpio tem origem moderna. Resulta da conjugao de dois artigos:Art. 5 CRFB. XXXVII - no haver juzo ou tribunal de exceo; LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente;

A todos garantido o direito de ser julgado por juiz natural, ou seja, juiz competente e imparcial (aspecto objetivo). J a imparcialidade o aspecto subjetivo. O juiz dever ser competente na forma da lei, ou seja, a lei que outorga competncia ao juiz: o judicirio atua nos limites da competncia que o legislador atribuir. preciso que a competncia tenha sido fixada por lei anterior ao fato que se vai julgar. A garantia do juiz natural probe o Juiz ex post facto, ou seja, juiz constitudo aps o fato. Probe o juiz ad hoc, ou seja, designado para resolver determinado fato. Da a CRFB vedar o tribunal de exceo. Obs.: O Tribunal de Nuremberg foi um tribunal de exceo. Hoje, existe o Tribunal Penal Internacional para julgar os crimes de guerra.

No entanto, at hoje se encontram atos que desrespeitam tal princpio: Presidente do Tribunal que designa Juzes para atuar em determinada causa. princpio difcil de ser identificado. No basta dizer que o Juiz deve ser competente, com base em lei geral e previamente determinada. Alm disso, a competncia estabelecida na lei indisponvel, ou seja, as regras fixadas pelo legislador no podem ser alteradas pela vontade do Juiz. O Juiz no pode deixar de julgar uma causa de sua competncia nem julgar causa de outro. S o legislador pode alterar regras de competncia. Obs.: Num local h uma Vara pra julgar as causas da OI se h uma lei que estabelece que qualquer ao contra a OI ser julgada por aquela vara no fere o princpio, uma vez que a lei geral e abstrata. Alm de competente, o juiz deve ser imparcial. Trata-se de um atributo da jurisdio. H vrias maneiras de se controlar a imparcialidade do julgador: alegao de impedimento e suspeio do Juiz. No entanto, h outros instrumentos que servem imparcialidade: Ex.: exigncia de distribuio por sorteio, garantias para a magistratura (quando se d garantias para sua independncia, ele fica menos suscetvel a foras externas). Obs.: Reclamao 417/93 Quando criado o estado de Roraima e em conseqncia, o Tribunal de Justia, foram convidados diversos Juzes para trabalharem como desembargadores. Aps, foi feito concurso para juzes. Contudo, foi proposta ao popular. Se todos os Juzes estavam em estgio probatrio, no tinham independncia para julgar, pois estavam submetidos aos Desembargadores. No havia, portanto, juiz natural. O STF entendeu que os Desembargadores no poderiam apreciar as causas dos juzes do 1 grau.

5. JURISDIO VOLUNTRIA (ou integrativa) 5.1 Caractersticas gerais Trata-se de uma funo, atribuda aos juzes, de fiscalizar e integrar alguns atos jurdicos. Se os requisitos estiverem presentes, o Juiz torna o ato apto produo dos efeitos jurdicos desejados.

A jurisdio voluntria costuma ser necessria. Em regra, esses atos jurdicos somente podem produzir efeitos aps a fiscalizao judicial. Contudo, h situaes excepcionais nas quais a jurisdio voluntria aparece como uma opo do autor: Ex.: Separao consensual sem que envolva interesse de incapaz: pode ser feita em cartrio ou em juzo. A jurisdio voluntria tem, em regra, natureza constitutiva, ou seja, constitui situaes jurdicas novas ou extingue/altera situaes jurdicas j existentes. O processo de jurisdio voluntria se caracteriza pela inquisitoriedade, ou seja, refora-se o papel do juiz no processo. Assim, vrios procedimentos podem iniciar de ofcio. Pode, inclusive, o Juiz tomar deciso contra a vontade dos interessados.Art. 1.109. CPC O juiz decidir o pedido no prazo de 10 (dez) dias; no , porm, obrigado a observar critrio de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a soluo que reputar mais conveniente ou oportuna.

O artigo consagra expressamente a possibilidade de o Juiz no observar a legalidade, permitindo juzo de equidade. Confere ao Juiz amplo poder criativo. No entanto, convive com o artigo 126, que com ele incompatvel:Art. 126. CPC O juiz no se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe- aplicar as normas legais; no as havendo, recorrer analogia, aos costumes e aos princpios gerais de direito.

O artigo 1.109 mitiga o positivismo do artigo 126 do CPC. poca da edio do artigo 126, princpio era tcnica para suprir lacuna. Hoje, isso est superado, uma vez que princpio norma. A partir desse novo entendimento, houve uma abertura do sistema, permitindo decises por equidade. Duas aplicaes do artigo 1109: - interdio: o juiz obrigado a interrogar o interditando. No entanto, se no caso concreto o interrogatrio inadequado, o Juiz pode dispens-lo. O artigo 1109 pode ser compreendido como clusula geral de adequao do processo de jurisdio voluntria10 - guarda compartilhada de filhos: foi regulamentada no ano passado, mas j existia na prtica. A Jurisdio voluntria se encerra por sentena, a qual apelvel11.10

Ver princpio da adequao

Existe contraditrio em jurisdio voluntria: todos os possveis interessados na causa devem ser citados para se manifestar em 10 dias.Art. 1.105. CPC Sero citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como o Ministrio Pblico. Art. 1.106. CPC O prazo para responder de 10 (dez) dias.

De acordo com o artigo 1.105, o MP ser ouvido em qualquer ao de jurisdio voluntria? No. preciso tambm que envolva interesse indisponvel. Ex.: separao consensual sem menor envolvido. Pontos em discusso a) Natureza jurdica 1 corrente) corrente administrativa - a jurisdio voluntria tem natureza administrativa: administrao pblica de interesses privados, sob o fundamento de que no h lide. E por no haver jurisdio, no h ao e sim requerimento. Da no se poder falar em jurisdio voluntria. Em conseqncia, se no h ao, nem jurisdio, no h processo, mas apenas procedimento. Alm disso, no h partes, mas interessados. Ento, no h coisa julgada. Doutrina tradicional - ainda prevalece. O raciocnio tautolgico: No h lide --- no h ao --- no h processo --- no h parte --- no h coisa julgada 2 corrente) corrente jurisdicional Por que no h lide? Ex.: retificao de registro de imvel: todos os vizinhos devem ser citados. Se eles no aceitarem a retificao, haver lide. Assim, h uma lide em potencial. Na verdade, a jurisdio voluntria no pressupe lide, ou seja, no precisa haver lide para que seja instaurada. A jurisdio depende de uma situao concreta, seja ela litigiosa ou no. Ento, a doutrina moderna entende que:11

Isso tambm discutvel, pois alguns entendem que jurisdio voluntria no processo.

Pode haver lide --- h ao --- h processo --- h parte --- h coisa julgada Para Didier, o nico ponto que indiscutvel que h processo. At a atividade administrativa se submete a um processo. Em relao coisa julgada, as duas correntes defendem seu posicionamento com base no mesmo artigo do cdigo:Art. 1.111. CPC A sentena poder ser modificada, sem prejuzo dos efeitos j produzidos, se ocorrerem circunstncias supervenientes.

A 1 corrente defende que no h coisa julgada por que a sentena pode ser modificada. J para a 2 corrente, o fato superveniente se refere aos fatos do futuro, enquanto a coisa julgada diz respeito aos fatos do passado. Se h uma situao nova, nova deciso deve ser proferida. Toda deciso judicial submete-se clusula rebs sic stantibus. Em suma, h coisa julgada com base no art. 1111. Alm disso, na jurisdio voluntria o juiz atua para atender interesse privado como terceiro imparcial, enquanto a administrao age no seu prprio interesse.

COMPETNCIA 1. CONCEITO Instituto no exclusivo do direito processual, pois se estende a vrios ramos do direito (competncia legislativa, administrativa etc). Na verdade, existe em qualquer manifestao de poder. a medida do Poder. a parcela de poder que se atribui a determinado rgo. No Estado de Direito, um limite ao exerccio do poder. o resultado de critrios para distribuir entre vrios rgos as atribuies relativas ao desempenho da jurisdio. A competncia indisponvel e tpica (princpios relacionados distribuio de competncia e que compem o contedo do devido processo legal). preciso que esteja prevista em lei.

Existem ainda, as chamadas competncias implcitas (implied power), as quais so extradas do sistema. Por isso, sempre haver um juzo competente. Na ausncia de texto expresso, dever-se- verificar de qual regra poder ser extrada aquela competncia. Ex.: o rol da competncia do STF est prevista na CRFB. No rol no h previso de que cabe ao STF julgar embargos de declarao do seu julgado. 2. DISTRIBUIO DA COMPETNCIA A primeira distribuio feita pela CRFB, dividindo a jurisdio no Brasil em cinco grandes organizaes judicirias: Justia Federal, do Trabalho, Eleitoral, Militar e Estadual, sendo que cabe a ltima uma competncia residual. A falta de competncia constitucional implica invalidade ou inexistncia da deciso?

Ex.: Fredie no Juiz. J se o julgador for Pablo, a deciso invlida. Ao contrrio, Ada Pelegrine entende que inexistente. Aps a distribuio da CRFB, feita por leis e medidas provisrias. Quanto ltima, proibida que verse sobre matria processual (at 2001 era possvel). H MPs editadas antes de 2001 que duram at hoje. Ex.: MP 2180-35/01 regula a Fazenda Pblica em juzo. Pode, ainda, ser feita por meio da Constituio e leis estaduais. Por fim, feita com o regimento interno do Tribunal, o qual distribui a competncia internamente. Todas essas regras so abstratas. 3. DETERMINAO OU FIXAO DA COMPETNCIA Identificar qual o Juiz competente para o caso concreto.Art. 87. CPC Determina-se a competncia no momento em que a ao proposta. So irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o rgo judicirio ou alterarem a competncia em razo da matria ou da hierarquia.

Na data da propositura da ao se saber qual o juzo competente para a sua causa: a data da distribuio ou, se no houver necessidade de distribuio, a data do despacho inicial do Juiz.

Art. 263. Considera-se proposta a ao, tanto que a petio inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuda, onde houver mais de uma vara. A propositura da ao, todavia, s produz, quanto ao ru, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado.

Identificado qual o juzo da causa, pouco importa o que acontecer depois (irrelevantes as modificaes de fato e de direito). Essa regra visa a dar estabilidade ao processo. Denomina-se de perpetuao da jurisdio. A terceira parte do art. 87 CPC traz duas excees perpetuao da jurisdio, as quais fazem que a ao seja redistribuda: - supresso do rgo judicirio - alterao da competncia em razo da matria ou hierarquia: Onde se l competncia em razo da matria ou hierarquia, leia-se competncia absoluta. Ex.: Com a Emenda 45, todas as causas relativas a acidente de trabalho foram remetidas Justia estadual, salvo se j haviam sido julgadas (STF e STJ). Obs.: em relao competncia relativa, o fenmeno da perpetuao s ocorre no momento da no-oposio da exceo. Obs.: Kompetenkompetenz Competncia da competncia todo juiz tem sempre a competncia de examinar a sua competncia. Por mais incompetente que seja, ter a competncia para se dizer incompetente. (competncia mnima) - Competncia por distribuio:Art. 251. Todos os processos esto sujeitos a registro, devendo ser distribudos onde houver mais de um juiz ou mais de um escrivo. Art. 252. Ser alternada a distribuio entre juzes e escrives, obedecendo a rigorosa igualdade.

Trata-se de regra indisponvel e, portanto de competncia absoluta. O seu no cumprimento fere o princpio do juiz natural. 4. CLASSIFICAO DA COMPETNCIA

4.1 Competncia do foro e do juzo Enquanto a primeira regulada pelo CPC, a segunda pelo regimento interno dos tribunais. 4.2 Competncia originria e derivada absoluta 4.3 Competncia absoluta e relativa a) absoluta criada para atender ao interesse pblico, no podendo ser alterada pelas partes. Alm disso, pode ser conhecida de ofcio pelo Juiz e alegada por qualquer das partes, qualquer forma e enquanto o processo estiver pendente. Terminado o processo, ainda posso me valer de ao rescisria. b) Relativa Criada para atender interesses de uma das partes, podendo ser alterada pela vontade das partes. A incompetncia relativa no pode ser conhecida de ofcio pelo Juiz. S o ru pode alegar e deve fazer no primeiro momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de precluso. Alm disso, deve ser alegada por meio de exceo de incompetncia. A exceo uma pea escrita separada da contestao.Smula 33 STJ. A incompetncia relativa no pode ser declarada de ofcio.

H vrios julgados do STJ que aceitam a alegao de incompetncia relativa feita pelo ru no bojo da contestao, desde que no cause prejuzo ao autor. Qualquer que seja a incompetncia, no gera a extino do processo, mas a remessa dos autos ao Juzo competente (translatio iudice). Se a incompetncia for absoluta, alm da remessa, os atos decisrios sero nulos.Juiz-SP/2009. 16. Acolhida exceo de incompetncia e remetidos os autos ao foro indicado pelo excipiente, o juiz deve, ao receb-los, (A) dar andamento ao processo, mesmo que no se considere competente. (B) suscitar conflito negativo, caso se considere incompetente. (C) devolv-los origem, caso se considere incompetente. (D) acolher nova exceo, caso se considere incompetente. R- A

H, porm, dois casos de incompetncia que geram a extino do processo:

- incompetncia nos Juizados extingue o processo - incompetncia internacional extingue A modificao decorrente da incompetncia relativa pode ser: - tcita: quando no ope exceo de incompetncia. - expressa: foro de eleio. As partes de um negcio decidem, de forma expressa, que as causas relativas quele negcio devem ser processadas no foro que elas escolheram (interpretao ou execuo do negcio). De acordo com o STJ, a incompetncia relativa no pode ser conhecida de ofcio, salvo se advier de clusula de foro de eleio em relaes de consumo. Ento, veio a modificao no CPC:Art. 112. Pargrafo nico. CPC A nulidade da clusula de eleio de foro, em contrato de adeso, pode ser declarada de ofcio pelo juiz, que declinar de competncia para o juzo de domiclio do ru. Art. 114. Prorrogar-se- a competncia se dela o juiz no declinar na forma do pargrafo nico do art. 112 desta Lei ou o ru no opuser exceo declinatria nos casos e prazos legais. (precluso)

O CPC consagrou para alm das relaes de consumo. Trata-se de caso de incompetncia que pode conhecer de ofcio (absoluta), mas at ouvir o ru, sob pena de precluso (relativa). Competncia mista. ABSOLUTA Atende ao interesse pblico RELATIVA Atende precipuamente ao interesse particular Pode ser alegada a qualquer tempo, por Somente pode ser argida pelo ru, no qualquer das partes, inclusive, reconhecida prazo de resposta de 15 dias, sob pena de de ofcio pelo Juiz. precluso e prorrogao da competncia do A parte que deixar de alegar no primeiro juzo momento arcar com as custas do retardamento. Pode ser desconstituda por meio de rescisria A alegao feita em preliminar e no A alegao feita por meio de exceo suspende o processo instrumental, autuada em apenso e produz o efeito de suspender o processo (at a sua rejeio pelo Juiz de 1 grau).

Se for reconhecida, remetem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos os atos decisrios Suas regras no podem ser alteradas pela vontade das partes

Remetem-se os autos ao juiz competente e no se anulam os atos j praticados

As partes podem modificar as suas regras, tanto pela no oposio de exceo, como pelo foro de eleio No pode ser alterada por conexo ou Pode ser alterada por conexo e continncia continncia Competncia em razo da matria, pessoa Competncia territorial e valor da causa e funcional. Em alguns casos, a competncia em razo do valor e territrio COMPETNCIA INTERNACIONAL Visa a delimitar o espao em que deve haver jurisdio, na medida em que o estado possa fazer cumprir soberanamente suas sentenas. o princpio da efetividade. Pode ser:

- Concorrente ou cumulativa Tambm podem ser julgadas por tribunais estrangeiros. A sentena l proferida ser eficaz no Brasil desde que seja homologada pelo STJ.Art. 88. competente a autoridade judiciria brasileira quando: I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao; III - a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Pargrafo nico. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal.

- Exclusiva A sentena proferida no estrangeiro no produz qualquer efeito no Brasil, sequer poder ser homologada.Art. 89. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra: I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil;

II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.

Obs.: Competncia concorrente e a litispendnciaArt. 90. A ao intentada perante tribunal estrangeiro no induz litispendncia, nem obsta a que a autoridade judiciria brasileira conhea da mesma causa e das que lhe so conexas. (CONTNUAO COMPETNCIA)

5. Critrios de Determinao da Competncia. importante registrar que os critrios que sero estudados convivem entre si quando da fixao da competncia. No se aplicam isoladamente. So eles: 5.1. Critrio Objetivo De acordo com esse critrio o legislador leva em considerao os elementos da demanda como o fator determinante da competncia. Ou seja, os elementos da demanda determinaro a competncia. Da o nome objetivo. Os elementos da demanda so trs: a) Parte: quando o legislador leva em considerao o elemento parte, a competncia fixada em razo da pessoa. Tambm um caso de competncia em razo da pessoa aquela da Justia Federal para julgar as demandas em que parte a Unio. A competncia em razo da pessoa absoluta. Ateno para a Smula 206 do STJ. A vara privativa atrai as causas da sua comarca, ou seja, no atrai as causas que esto em outras comarcas. No altera competncia territorial. Eis o teor da smula:smula 206 STJ. A existncia de vara privativa, instituda por lei estadual, no altera a competncia territorial resultante das leis de processo.

b) Pedido: competncia que fixada levando-se em considerao o valor da causa, este que, como se sabe, estabelecido de acordo com o pedido.

No possvel dizer que a competncia do valor da causa sempre relativa, consoante prev o art. 111 do CPC. Prova disso a competncia absoluta dos juizados federais fixada em razo do valor da causa. J nos juizados estaduais a competncia relativa.

c) Causa de pedir: Trata-se da chamada competncia em razo da matria, cuja natureza absoluta. De acordo com a natureza da relao jurdica discutida, o legislador distribui a competncia. Isto , a natureza da relao jurdica discutida vai determinar a competncia. Ex: relao cvel, relao de famlia, relao locatcia etc. 5.2 Critrio Funcional Ao logo do processo sabe-se que o rgo jurisdicional chamado a exercer diversas funes. Desse modo, o legislador quando do seu mister legiferante, ao tratar das regras de competncia, vendo-se diante dessas diversas funes, as distribui aos diversos rgos jurisdicionais. Ao distribuir tais funes processuais entre diversos rgos o legislador est se valendo exatamente do critrio funcional. A competncia funcional tem natureza absoluta. So irrelevantes os aspectos objetivos (partes, pedido e cauda de pedir), importando apenas quem o rgo que ir julgar. A Competncia funcional pode ser examinada em dupla dimenso: a) Competncia Funcional Vertical

aquela examinada entre instncias. A distribuio que se d entre a 1 e 2 instncia funcional vertical.

b) Competncia Funcional Horizontal

aquela fixada no mesmo nvel hierrquico. Ex.: no jri cada rgo de mesmo nvel hierrquico tem uma funo distinta: um pronuncia, outro julga e o outro fixa a pena e regime de cumprimento.

5.3 Critrio Territorial

Lugar onde as causas devem ser analisadas. A regra de que a competncia territorial relativa. Nada impede, entretanto, que o legislador crie hipteses excepcionais de competncia territorial absoluta. Parcela da doutrina entende que a competncia territorial absoluta funcional. Fredie no concorda com tal posicionamento. O Art. 2 da Lei da ACP ao dizer que tem competncia funcional o foro do local do dano (caso clssico de competncia territorial absoluta) acaba por criar tal confuso.

Art. 2 As aes previstas nesta Lei sero propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juzo ter competncia funcional para processar e julgar a causa.

Quando o dano for nacional a competncia de qualquer capital ou de Braslia. O art. 209 do ECA tambm traz uma regra de competncia territorial absoluta, s que no mais se referindo competncia funcional, e sim absoluta. Eis o seu contedo:Art. 209. As aes previstas neste Captulo sero propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ao ou omisso, cujo juzo ter competncia absoluta para processar a causa, ressalvadas a competncia da Justia Federal e a competncia originria dos tribunais superiores

O Estatuto do Idoso, no art. 80, tambm trouxe uma redao acertada, ao prever que o domiclio do idoso ter competncia absoluta. Veja-se o teor do art. 80:

Art. 80. As aes previstas neste Captulo sero propostas no foro do domiclio do idoso, cujo juzo ter competncia absoluta para processar a causa, ressalvadas as competncias da Justia Federal e a competncia originria dos Tribunais Superiores.

Fredie ressalta que esta regra se aplica s aes coletivas que digam respeito a idoso. Na ao individual por ele ou contra ele proposta, o domiclio do idoso hiptese de competncia relativa, isso porque tem o idoso o direito de escolher se quer demandar em seu domiclio ou no. Na verdade, nessa hiptese, segue a previso da competncia relativa ao consumidor prevista no art. 101 do CDC, que diz:

Art. 101. Na ao de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e servios, sem prejuzo do disposto nos Captulos I e II deste ttulo, sero observadas as seguintes normas: I - a ao pode ser proposta no domiclio do autor;

De igual modo a competncia na ao de alimentos relativa, cabe ao alimentando ou seu representante optar entre o foro estabelecido pela lei ou aquele do alimentante. Dessa forma, se na prova cair competncia e no tiver a opo como sendo uma competncia absoluta, mas sim funcional, marcar esta.

Regras Gerais de Competncia Elas esto nos artigos 94 e 95 do CPC. Para compreender as regras gerais preciso saber a distino entre ao pessoal e ao real/imobiliria. A pessoal diz respeito a um direito pessoal. J a real diz respeito a um direito real. Logo, uma classificao de acordo com o direito que se afirma ter. J a distino entre mobiliria e imobiliria encontra-se no objeto que se pretende: mvel (mobiliria); imvel (imobiliria).

H uma tendncia equivocada de relacionar ao mobiliria com ao pessoal e ao imobiliria com ao real. H casos de ao mobiliria de natureza real: usucapio de um carro. H, por outro lado, caso de ao pessoal e imobiliria, v. g., ao de despejo. Enfim, a ao real pode ser mobiliria ou imobiliria, assim como ocorre com a ao pessoal. Exame do artigo 94:Art. 94. A ao fundada em direito pessoal e a ao fundada em direito real sobre bens mveis sero propostas, em regra, no foro do domiclio do ru. 1o Tendo mais de um domiclio, o ru ser demandado no foro de qualquer deles. 2o Sendo incerto ou desconhecido o domiclio do ru, ele ser demandado onde for encontrado ou no foro do domiclio do autor. 3o Quando o ru no tiver domiclio nem residncia no Brasil, a ao ser proposta no foro do domiclio do autor. Se este tambm residir fora do Brasil, a ao ser proposta em qualquer foro. 4o Havendo dois ou mais rus, com diferentes domiclios, sero demandados no foro de qualquer deles, escolha do autor.

o foro para as aes pessoais e mobilirias. Exame do art. 95:Art. 95. Nas aes fundadas em direito real sobre imveis competente o foro da situao da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domiclio ou de eleio, no recaindo o litgio sobre direito de propriedade, vizinhana, servido, posse, diviso e demarcao de terras e nunciao de obra nova.

Foro da situao da coisa (forum rei sitae) competncia relativa. Caso das aes reais imobilirias. No caso do art. 95 h trs opes de foros competentes: foro da situao da coisa, foro do domiclio e foro de eleio. Ateno para o detalhe que se extrai do texto final (texto grafado de verde). O Autor no pode optar entre os foros mencionados (situao da coisa, domiclio ou eleio). A causa tem que tramitar necessariamente no foro da situao da coisa, o que faz afirmar que nesses casos a competncia territorial absoluta. Ver no Livro de Nelson Nery importante quadro diferenciando cada ao imobiliria, fazendo meno aos prazos, base legal etc. S a titulo de exemplo de ao mencionada nesse quadro, tem-se a Ao Publiciana hiptese de ao real. a ao reivindicatria sem ttulo. Ou seja, o sujeito reivindica a coisa, mas no dispe de um ttulo de propriedade, pois se dispusesse ingressaria com a ao reivindicatria. cabvel, p. ex., quando o sujeito usucapiu um

bem mas ainda no tem a sentena declaratria da aquisio. Pode entrar com a reivindicatria para retom-la de que injustamente a tenha. Estudo das sete situaes tratadas no art. 95 do CPC: Pense numa formao de um time de futebol levando-se em conta cada posio, para fixar as excees que tratam da competncia absoluta vista na parte final do art. 95. Propriedade Posse Nunciao de Obra Nova Diviso Modificao de competncia - voluntria: no oposio de exceo de incompetncia (no sendo argida, prorroga-se a competncia) e foro de eleio - legal: conexo e continncia Servido Direitos de Vizinhana Demarcao de Terras

6. CONEXO E CONTINNCIA Foi visto que as regras de conexo e continncia podem alterar, modificar a competncia relativa. Da dizer que so regras de modificao legal da competncia relativa. O fenmeno litispendncia (pendncia de causas iguais) pode ensejar outro fenmeno, qual seja, o lapso de tempo entre a data de nascimento de um processo e a sua morte. Quando pendem simultaneamente dois processos que nada tem haver um com outro, tal fenmeno no tem nome, pois irrelevante para o direito. Porm, pode acontecer de dois processos serem diferentes, mas guardarem entre si uma relao. De algum modo mantm certo tipo de vnculo. Nesse caso, tal fenmeno relevante para o direito. A conexo e continncia so exatamente essas situaes de semelhanas entre causas diversas. Os critrios e efeitos jurdicos da semelhana tambm variam conforme o direito positivo. ele quem vai dizer o que acontece tendo em vista a semelhana.

No processo civil brasileiro conexo e continncia tem os seguintes efeitos:a) reunio das causas em um nico juzo; b) processamento simultneo.

ConexoArt. 103. Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.

Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras

A despeito de o CPC adotar a teoria tradicional do conceito de conexo, a que se reputa mais correta a materialista, o qual entende que h conexo quando h identidade da relao jurdica material. Inicialmente importante frisar que tudo que aqui vai ser falado sobre conexo aplica-se continncia. No existe um conceito universal de conexo. Ao legislador cabe a fixao do grau de semelhana entre os processos a firmar a conexo. A conexo s altera regras de competncia relativa. Quando se muda a competncia de uma causa conexa para o outro juiz tambm competente, tal competncia, antes relativa, passa a ser funcional (absoluta). Ateno para o fato de que as causas esto tramitando em juzos competentes, mas, em razo da conexo, um juzo perde a competncia para julg-la e o outro ganha uma nova competncia. Se as causas so semelhantes convm julg-las no mesmo juzo para que sejam julgadas com celeridade e sejam decididas de forma harmnica. Logo, economia processual e decises harmnicas so os dois fundamentos para a conexo. Pode acontecer de haver conexo sem reunio dos processos. Conexo a semelhana entre causas. A reunio dos processos efeito da conexo. Exemplos de tal situao: 1 Causas conexas que tramitam em juzos com competncia absoluta distinta. Se for absoluta obviamente que no vai poder reunir, pois conexo no muda competncia absoluta. Nessa situao dever ocorrer a suspenso de uma das causas at a deciso da outra, de sorte a evitar decises contraditrias.

2 O outro exemplo o tratado na Smula 235 do STJ:A conexo no determina a reunio dos processos, se um deles j foi julgado.

Ou seja, se um dos processos j foi julgado, a conexo no produzir o efeito da reunio dos processos. Distino entre modificao da competncia relativa com alegao de incompetncia relativa. Modificao da Competncia Relativa Alterao da Incompetncia Relativa em razo da conexo - questo de ordem pblica - pode ser reconhecida de ofcio - pode ser alegada por qualquer das partes - o autor alega a conexo na petio inicial e pugna por distribuio por dependncia. - no questo de ordem pblica - no pode ser reconhecida de ofcio - somente o ru pode alegar - o ru alega por exceo incompetncia.

de

- o ru alega a conexo na contestao. - pode ser alegada a qualquer tempo. No - no pode ser alegada a qualquer tempo. est sujeita precluso. Est sujeita precluso. - a competncia para julgar causas conexas torna-se absoluta uma vez modificada a competncia. Remete os autos ao juzo prevento Remete os autos ao juzo relativamente competente Quando que duas aes so conexas? A resposta dada pelo art. 103 do CPC. Eis o seu contedo:Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir.

Desse modo, h conexo quando duas ou mais aes possurem em comum o mesmo objeto ou a mesma causa de pedir.

O art. 103 do CPC consagra hipteses mnimas de conexo. Pode haver conexo fora desses casos. E tal ocorre sempre que a deciso de uma causa afetar a soluo da outra. Elas esto ligadas entre si, portanto devem ser reunidas. H uma relao de prejudicialidade que gera a conexo. Da dizer que existe conexo por prejudicialidade, no prevista legalmente, mas perfilhada pela doutrina e jurisprudncia. O exame nesses casos decorre da Teoria Materialista ou Material da Conexo. Quando que a soluo de uma afeta a da outra? Quando ambas as causas discutem a mesma relao jurdica ou quando as causas discutem relaes jurdicas ligadas entre si. Ex. de causas que discutem a mesma relao jurdica:a) consignao em pagamento de alugueis e despejo (relao locatcia); b) ao para anular um contrato e ao para execut-lo (mesmo contrato)

Ex. de causas que discutem relaes jurdicas diversas ligadas entre si: investigao de paternidade e alimentos (relao de filiao e parentesco);

Quando que ocorre continncia? A resposta encontrada no art. 104 do CPC. Veja o seu teor:Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

Logo, ocorre quando so idnticas as partes e a causa de pedir, mas o objeto de uma, mais amplo, abrange o das outras aes. Toda continncia uma conexo? Como na continncia as causas de pedir das aes so sempre iguais estar preenchida uma hiptese de conexo, qual seja, a identidade de causa de pedir. Da ser correto dizer que toda continncia uma conexo! A continncia, portanto, um exemplo de conexo. Fredie diz, em face disso, que a continncia no Brasil intil. - Conexo entre conhecimento e execuo.

admitida pelo STJ. Ex.: mandar executar um contrato em um juiz e determinar a extino em outro. Obs.: A preveno no fator de determinao de competncia, mas instrumento para que se saiba em qual juzo sero reunidas as causas conexas.Art. 106. Correndo em separado aes conexas perante juzes que tm a mesma competncia territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Art. 219. A citao vlida torna prevento o juzo, induz litispendncia e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrio. (Redao dada pela Lei n 5.925, de 1973) (em juzos de competncia territorial diversa)

Continuao - competncia 1. CONEXO NAS CAUSAS REPETITIVAS So aquelas causas individuais, mltiplas, em que se discute uma mesma tese jurdica e tem origem comum. Ex.: correo das contas de FGTS, poupana, constitucionalidade de um tributo, pede reajuste para categoria de funcionrios, em sntese, so as causas de massa. Tais causas so responsveis pelo excessivo nmero de demandas no Poder Judicirio. Numa viso tradicional do tema, as causas repetitivas no so conexas entre si, uma vez que a causa de pedir e o pedido no so iguais. No entanto, so muito parecidas. Ex.: quando Joo pede o reajuste das suas contas de FGTS, pq suas contas foram lesadas. J quando Antnio pede, foram as contas dele. Uma causa de pedir so as contas de Joo e outra, as de Antnio. O legislador percebeu que as causas justificam um julgamento nico. Diferenas (da conexo comum): - estabeleceu essa conexo apenas nas instncias extraordinrias (s no STJ e STF) - havendo vrios recursos extraordinrios repetitivos, escolhem-se alguns deles, enquanto os outros ficam paralisados. O julgamento do modelo valer para todos os outros automaticamente.Art. 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idntica controvrsia, a anlise da repercusso geral ser processada nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. (Includo pela Lei n 11.418, de 2006). 1o Caber ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvrsia e encaminh-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais at o pronunciamento definitivo da Corte. (Includo pela Lei n 11.418, de 2006). 2o Negada a existncia de repercusso geral, os recursos sobrestados considerar-se-o automaticamente no admitidos. (Includo pela Lei n 11.418, de 2006). 3o Julgado o mrito do recurso extraordinrio, os recursos sobrestados sero apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformizao ou

Turmas Recursais, que podero declar-los prejudicados ou retratar-se. (Includo pela Lei n 11.418, de 2006). 4o Mantida a deciso e admitido o recurso, poder o Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acrdo contrrio orientao firmada. (Includo pela Lei n 11.418, de 2006). 5o O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal dispor sobre as atribuies dos Ministros, das Turmas e de outros rgos, na anlise da repercusso geral. (Includo pela Lei n 11.418, de 2006). Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idntica questo de direito, o recurso especial ser processado nos termos deste artigo. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 1o Caber ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvrsia, os quais sero encaminhados ao Superior Tribunal de Justia, ficando suspensos os demais recursos especiais at o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justia. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 2o No adotada a providncia descrita no 1 o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justia, ao identificar que sobre a controvrsia j existe jurisprudncia dominante ou que a matria j est afeta ao colegiado, poder determinar a suspenso, nos tribunais de segunda instncia, dos recursos nos quais a controvrsia esteja estabelecida. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 3o O relator poder solicitar informaes, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvrsia. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 4o O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justia e considerando a relevncia da matria, poder admitir manifestao de pessoas, rgos ou entidades com interesse na controvrsia. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 5o Recebidas as informaes e, se for o caso, aps cumprido o disposto no 4o deste artigo, ter vista o Ministrio Pblico pelo prazo de quinze dias. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 6o Transcorrido o prazo para o Ministrio Pblico e remetida cpia do relatrio aos demais Ministros, o processo ser includo em pauta na seo ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferncia sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam ru preso e os pedidos de habeas corpus. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 7o Publicado o acrdo do Superior Tribunal de Justia, os recursos especiais sobrestados na origem: (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). I - tero seguimento denegado na hiptese de o acrdo recorrido coincidir com a orientao do Superior Tribunal de Justia; ou (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). II - sero novamente examinados pelo tribunal de origem na hiptese de o acrdo recorrido divergir da orientao do Superior Tribunal de Justia. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 8o Na hiptese prevista no inciso II do 7o deste artigo, mantida a deciso divergente pelo tribunal de origem, far-se- o exame de admissibilidade do recurso especial. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008). 9o O Superior Tribunal de Justia e os tribunais de segunda instncia regulamentaro, no mbito de suas competncias, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Includo pela Lei n 11.672, de 2008).

2. CONFLITO DE COMPETNCIA Obs.: TRF 4 Regio Santa Catarina, Paran e Rio Grande do Sul. TRF 3 Regio So Paulo e Mato Grosso do Sul

TRF 2 Regio Rio de Janeiro e Esprito Santo TRF 5 Regio Cear, Rio Grande do Norte, Paraba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe TRF 1 Regio Bahia, Minas Gerais, Gois, Tocantins, DF, Mato Grosso, Par, Amap, Roraima, Acre, Amazonas, Rondnia, Maranho e Piau. 2.1 Conceito um litgio entre juzos em que se discute a competncia para julgar uma ou mais causas. Poder ser positivo ou negativo. Trata-se de um incidente processual de competncia originria de um Tribunal.Art. 115. CPC H conflito de competncia: I - quando dois ou mais juzes se declaram competentes; II - quando dois ou mais juzes se consideram incompetentes; III - quando entre dois ou mais juzes surge controvrsia acerca da reunio ou separao de processos.

Pode ser suscitado por qualquer dos juzos conflitantes, partes ou MP. Se o MP no suscitar o conflito, caber a ele intervir obrigatoriamente.Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministrio Pblico ou pelo juiz. Pargrafo nico. O Ministrio Pblico ser ouvido em todos os conflitos de competncia; mas ter qualidade de parte naqueles que suscitar.

A parte no pode, ao mesmo tempo, suscitar o conflito e alegar incompetncia do juzo (exceo de incompetncia). No entanto,