caderno de civil iii (2)

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TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Contedo que ser dado em Civil III: - Manifestaes de vontade - Contratos: - Formao dos contratos - Proteo do devedor - Limites da autonomia privada - Contratos em favor de terceiros - Fonte e contedo dos deveres contratuais - Remdios cabveis ao credor em caso de descumprimento Obs.: Estrutura do CC - Parte Geral (Negcio Jurdico) - Parte Especial (Livro do Direito das Obrigaes) - Parte geral - Parte especial (contratos) Obs. 2: h 3 maneiras de surgirem obrigaes para o CC 2002: - manifestao de vontade (contratos); - responsabilidade civil (ato contrrio ao direito); - enriquecimento sem causa. Em regra, todas as normas do Ttulo I ao IV do Livro I do CC aplicam-se a todas as obrigaes, independentemente da fonte da obrigao. Algumas dessas normas so voltadas para as obrigaes oriundas dos contratos, principalmente as normas do ttulo III e IV. Ex.: clusula penal (ttulo IV) surge uma manifestao de vontade na qual as partes acordam que se houver descumprimento da obrigao haver uma multa. Como a clusula penal depende da manifestao de vontade, ela estaria mais bem localizada na Parte dos Contratos, uma vez que no se aplica s outras formas de obrigao. Assim, a clusula penal deveria ser inserida na categoria dos remdios cabveis ao credor em caso de descumprimento, na qual se inclui a resoluo do contrato, o abatimento de preo, etc. A clusula penal uma indenizao prtarifada. - Outro ponto: imputao do devedor em caso de descumprimento contratual No basta apenas o descumprimento do contrato pelo devedor para que este seja responsabilizado. O credor no pode imputar a falta ao devedor. Essa responsabilizao est prevista no art. 392, CC. Este artigo est no Ttulo IV do CC, na Parte Geral das Obrigaes. Ele deveria estar no Ttulo V, na Parte Geral dos Contratos. Esse art. 392, CC deveria ser inserido na categoria dos remdios cabveis ao credor em caso de descumprimento. Outras formas de imputao ao devedor em caso de descumprimento, alm do art. 392, CC, esto previstos nos arts. 186, 187 e 927, CC. - CC, art. 927 trata de indenizaes em caso de culpa. O u trata nos casos de dolo.

Os critrios de imputao so variados (dolo e culpa). Assim, esses critrios no poderiam estar previstos na Parte Geral das Obrigaes, mas sim na Parte Especial. Isso porque no possvel defini-los a partir da fonte da obrigao. Isso mostra que as normas que regulam os contratos no esto concentradas no CC. Sua distribuio no foi a melhor possvel. Uma boa tcnica legislativa a resoluo por onerosidade excessiva (arts. 478 a 480, CC), que est dentro da Parte dos Contratos e pode ser aplicada eventualmente nos negcios jurdicos, mas por ser aplicada em sua maioria nos contratos, foi inserida na parte que trata destes. Estrutura do CC: - Parte Especial do CC - Livro do Direito das obrigaes - Parte Geral - Parte Especial - Contratos em geral - Disposies gerais - Formao dos contratos - Estipulao em favor de terceiros - Vcios redibitrios e evico - Da extino do contrato - Clusulas resolutivas - exceo de contrato no cumprido - resoluo por onerosidade excessiva

- Exceo de contrato no cumprido (CC, arts. 476 e 477) provoca a extino do contrato? No! De acordo com o art. 477, ela suspende temporariamente o dever de uma das partes de cumprir sua obrigao enquanto a outra parte no cumpria sua obrigao. uma falha sistemtica do CC. Mas essa falha foi inevitvel para o legislador, porque ele precisava colocar isso em algum lugar e o melhor lugar que tinha era na parte Da extino do Contrato. Isso porque o art. 475, CC j mencionava 3 remdios cabveis ao credor em caso de descumprimento pelo devedor: - resoluo do contrato; - exigir o cumprimento; - indenizao Aqui o legislador no mencionou todos os remdios que o credor tem a sua disposio (no foi taxativo). Assim, o melhor lugar encontrado pelo legislador para dispor sobre exceo de contrato no cumprido foi depois do art. 475. Manifestao de Vontade - Contagem de prazos - CC, art. 132 o prazo aqui genrico (no h um tipo de prazo). Serve para qualquer prazo. O erro do art. 132 no definir qual o dia do comeo do prazo, que pode ser o dia em que foi feito o documento, o dia em que o documento foi assinado,

o dia em que chegou ao destinatrio, o dia em que o destinatrio tomou cincia, etc.. No h, portanto, definio do dia do comeo. A regra do art. 132, CC supletiva, ou seja, s aplicada quando os contratantes no determinarem prazo especfico. O art. 132 uma regra dispositiva, ou seja, pode ser rejeitada, modificada (ao contrrio das regras cogentes). PROBLEMA: qual a data de incio? Ex.: Digamos que no dia 5 o proponente emita uma proposta. No dia 8 ele a coloca no correio, enviando para o aceitante. No dia 10 a proposta chega caixa de correio do destinatrio. No dia 12, este toma cincia da proposta. Da leitura do CC 2002 d para entender que a data de incio para contagem de prazo no caso dos contratos na data em que o documento chega ao destinatrio (data em que o documento colocado na caixa do correio). Portanto, no dia em que o destinatrio recebe a correspondncia, comea a contar a data de incio, independentemente se h ou no cincia (tese do professor). H uma lacuna no art. 132, CC. Engraado que ele uma regra supletiva e acaba sendo controverso. Na prtica, o juiz vai ter que tomar uma deciso (proibio do non liquet). - Momento em que a manifestao produz efeitos em relao ao declarante e ao declaratrio Esses efeitos podem ser alguns ou todos aqueles [efeitos] decorrentes de uma manifestao de vontade. Primeiro vamos entender a proposta contratual. Esta pode ser revogvel ou irrevogvel. Digamos que o proponente tenha feito uma proposta contratual na qual o aceitante tinha um prazo (do dia 5 ao dia 15). O proponente pode revogar a proposta contratual a qualquer momento dentro do prazo estipulado. Suponhamos que a aceitao acontea no dia 8, no dia 9 o proponente decide revogar a proposta contratual. Qual o momento em que a aceitao produz efeitos ao proponente? preciso saber os efeitos da aceitao: - a aceitao impede o proponente de revogar a proposta; - a aceitao obriga as partes a formar o contrato e cumpri-lo. Aqui a manifestao de vontade produz diferentes efeitos em diferentes momentos no tempo. A aceitao produz efeitos no dia 8 e no dia 15: a emisso da aceitao no dia 8 faz com que o proponente fique obrigado a realizar o contrato; ao final do prazo estipulado pelo proponente (dia 15), a aceitao gera a formao do contrato e obriga as partes a cumpri-lo. Entretanto, via de regra, as manifestaes de vontade geram todos os efeitos num mesmo momento do tempo. O normal que as manifestaes de vontade gerem efeitos a partir do momento em que o documento chegue ao destinatrio. Obs.: Retratao impede que a manifestao de vontade comece a surtir efeitos. feita antes que a proposta comece a gerar efeitos.

Revogao os efeitos j existem e acontecem a cessao desses efeitos. No exemplo, antes do dia 5 o declarante pode se retratar (antes da proposta chegar ao endereo do aceitante). Talvez seja possvel a revogao depois desta data, mas com certeza no caber mais a retratao. OBS.: Em geral, as manifestaes de vontade so retratveis e irrevogveis. Vamos analisar dentro dos contratos. No exemplo em que no dia 8 foi emitida a aceitao e no dia 11 a aceitao chegou ao endereo do proponente, o declaratrio tem at o dia 11 para se retratar (pois neste dia 11 iria se formar o contrato). Depois que houve a formao do contrato, este no pode ser desfeito, devido ao princpio do pacta sunt servanda. Claro que h excees. REGRA GERAL: o momento em que a manifestao produz efeitos em relao ao declarante o recebimento da proposta pelo declaratrio; o momento em que a manifestao produz efeitos em relao ao declaratrio o recebimento da declarao pelo declaratrio (igual). Com exceo tem-se no momento em que a declarao emitida. Essa parte deveria estar na regra geral dos negcios jurdicos. Mas no est. Os arts. 428 e 433, CC estabelecem as regras sobre os efeitos da manifestao de vontade: - CC, art. 428, IV estabelece a possibilidade de retratao pelo proponente Infere-se deste artigo que a retratao produz efeitos a partir do momento em que chega ao destinatrio. - CC, art. 434 estabelece que os contratos so formados (tornam-se perfeitos) no momento que a aceitao expedida. Mas o inciso I desmente isso porque admite a retratao. O inciso II estabelece um acordo entre as partes. O inciso III diz que no vai formar o contrato se a aceitao chegar a outra parte fora do prazo convencionado. A partir da aceitao pelo declaratrio, a manifestao se torna irrevogvel pelo declarante, que no mais pode se retratar. O contrato s vai ser formado se a aceitao chegar dentro do prazo convencionado e no houver retratao por parte do declaratrio. O legislador consagrou a possibilidade de retratao da proposta (art. 428, IV, CC) e de retratao da aceitao (art. 433 c/c art. 434, I, CC). - EFEITOS DA ACEITAO: gera o impedimento ao declarante de se retratar e o obriga a cumprir sua manifestao de vontade;

gera o direito do declaratrio de ao aceitar a proposta e formar o contrato, obrigar o declarante a cumprir o que prometeu (obriga a si prprio tambm quando aceitao chegar ao declarante sem que haja retratao); se a proposta for qualificada como revogvel, a emisso da aceitao impede a revogao pelo proponente. Bastava uma nica regra na Parte Geral dos Negcios Jurdicos para regular isso. Mas o legislador colocou na Parte de Formao dos Contratos, o que a torna especfica. Isso porque os efeitos valem para toda manifestao de vontade, e no somente nos contratos (uma das espcies de manifestao de vontade). REGIME JURDICO DA FORMAO DOS CONTRATOS O regime de formao dos contratos do CC de 2002 segue o regime do CC de 1916. Assim, deixou de regular alguns tipos de contratos, como o contrato de massa e o contrato-tipo. O regime de formao dos contratos do CC de 2002 baseia-se num modelo [de formao de contratos] emprico, que como os contratos acontecem na realidade. Porm, no dia a dia, existem outros modelos de contratos que ainda no passaram a ser modelos jurdicos (no tiveram ainda uma regulamentao jurdica). O modelo emprico adotado pelo CC pressupe que o contrato seja formado por meio de uma proposta, seguida de aceitao, sem muita interao entre os contratantes. Porm, muitas vezes, h discusses preliminares que precedem a formao do contrato, saindo do modelo emprico adotado. O CC pressupe que a aceitao um mero espelho (reflexo) da proposta. E isso, s vezes, no acontece, por ex, contrato entre grandes empresas: h discusses e divergncias entre proposta e aceitao. Como exemplo, o CC baseado em contatos como aqueles que fazemos quando vamos instalar um programa no computador e aparece aquele eu aceito. A proposta j est ali, fixa, e a aceitao espelho da proposta (sem divergncia). Outro exemplo: contrato de adeso no vemos uma divergncia entre os termos da proposta e os da aceitao. Mas, hoje, a formao dos contatos pode se dar de forma dinmica, dialogada, discutida, por ex, entre grandes empresas. A formao desses tipos de contratos no se d de forma individualizada, unilateral. Existem, portanto, modelos empricos de formao de contratos que o legislador no tratou de regul-los. Devemos nos ater para isso, percebendo que o CC contm regras baseadas em um modelo emprico fixo, s vezes no condizente com a realidade. 1) Formao dos Contratos Parte geral: consenso Contedo mnimo do acordo Equivalncia entre o contedo da proposta e da aceitao Disponibilidade dos termos contratuais antes da formao

Vamos analisar as regras comuns que se aplicam aos vrios modelos especficos de formao de contrato, inclusive aquele modelo especfico disciplinado no art. 427 a 435, CC. Essas regras no esto no CC. So estabelecidas pela doutrina e pela jurisprudncia.

Para saber se h ou no a formao do contrato, preciso saber se h consenso entre os contratantes. Esse consenso visto pelo direito de forma binria (sim ou no)? No modelo emprico seria de forma binria (ou tem consenso ou no). Porm, num modelo genrico devemos entender que o consenso gradual. H graus de consenso. Deve-se perguntar: qual o grau de consenso satisfatrio para se formar um contrato? A resposta depende de 3 fatores: - CONTEDO MNIMO DE ACORDO deve haver um consenso mnimo, ou seja, as partes devem compartilhar de sentimentos idnticos (ainda que mnimos) para formar um contrato. - EQUIVALNCIA ENTRE O CONTEDO DA PROPOSTA E DA ACEITAO devemos saber qual o grau de equivalncia do contedo da proposta e da aceitao capaz de formar um contrato. - DISPONIBLIDADE DOS TERMOS CONTRATUAIS ANTES DA FORMAO DO CONTRATO dependendo do tipo de contrato, no se exige todos os termos contratuais para a formao do contrato. preciso, ento, estabelecer quais so os termos essenciais que ensejam a formao do contrato, bem como aqueles termos acessrios, que no precisam estar presentes para a formao do contrato. Ex : num contrato de compra/venda de passagem rea por telefone muitos termos contratuais que, a princpio, devem estar presentes num contrato, no sero presentes, mas mesmo assim haver a formao do contrato. OBS.: Proposta um negcio jurdico pelo qual uma parte concede a outra o poder de se vincular a ela com a aceitao. Ex de contrato sem proposta: um terceiro cria um documento (minuta) com a ideia de um contrato. A as partes assinam esse documento, dando formao de um contrato. No houve aqui proposta e nem aceitao. Ex 2: representao convencional (como procurao de um advogado) no possvel identificar uma proposta e/ou uma aceitao. OBS.: Consenso diferente de Consentimento Consenso o mutuo consentimento ou Consentimento uma noo unilateral. assentimento. uma noo bilateral. Ser que um consentimento genrico capaz de formar um contrato? Ex: Joo faz uma proposta para Z e diz que haver termos adicionais. Z diz que consente com estes termos, que so genricos. Esse consentimento basta? Para haver consenso suficiente para a formao do contrato, deve haver um duplo consentimento (bilateralidade) inequvoco, vlido, forte. Vamos analisar os 3 aspectos mais detalhadamente: 1.1) CONTEDO MNIMO DO ACORDO A maioria dos autores diz que o contedo da proposta deve ser certo, preciso. Eles dizem isso no sentido de que deve haver um contedo mnimo capaz de formar um contrato vlido. Esse contedo mnimo deve ser claro, preciso para dar as partes o conhecimento das obrigaes decorrentes do contrato.

Um macete para conhecer esse contedo mnimo responder: o juiz condenaria as partes se houvesse descumprimento do contrato? Se sim, o contrato possui o contedo mnimo. Uma outra anlise entender que esse contedo mnimo varia de acordo com o tipo e a complexidade do contrato, pois s analisando esses dois fatores possvel determinar quais termos so essenciais para formar um contrato. Ex: Compra/venda de uma coxinha diferente compra/venda de um avio. No existe uma regulamentao sobre os termos essenciais. A noo de termos essenciais no se confunde com o objeto do negcio jurdico (como o contrato). OBS.: CC, art. 104 validade do negcio. Pode haver pontos comuns entre termos essenciais e o objeto do contrato. Ex: objeto de um contrato de compra/venda: o preo e o bem. Pode ser que os termos essenciais sejam o preo e o bem, mas, dependendo do tipo e da complexidade do contrato, sejam exigidos outros termos como esssenciais. Portanto, para que os contratantes cheguem a um contedo mnimo de acordo devem as partes entrarem num consenso (bilateralidade) sobre os termos essenciais de um contrato. 1.2) EQUIVALNCIA ENTRE O CONTEDO DA PROPOSTA E DA ACEITAO Ser que pode haver divergncia entre o contedo da proposta e o da aceitao? Aqui preciso diferenciar o modelo tradicional de formao de contrato e os modelos atuais (que no houve regulamentao). Naquele se exige uma correta equivalncia entre os contedos da proposta e da aceitao; nestes no se exige tal equivalncia. Em alguns modelos atuais j existe a possibilidade de proposta e aceitao serem divergentes, como, por ex, em alguns casos o aceitante pode incluir na aceitao algumas regras do ordenamento que no foram levantadas na proposta. Nestes casos, devemos entender que h apenas uma divergncia formal, ou seja, apenas h termos que existem na proposta que no existem na aceitao e vice-versa. Entretanto, no h uma divergncia material, em que o contedo da proposta e da aceitao so conflitantes, de modo a impedir a formao de um consenso mnimo que possa formar um contrato. Se o aceitante acrescenta termos benficos ao proponente na aceitao, isso tambm uma divergncia formal, mas no material. No impede, pois, a formao do contrato. O CC/2002 no diz expressamente essas 2 excees (incluir regras do ordenamento ou incluir termos benficos ao proponente) a respeito da possibilidade de divergncia [formal] entre os contratantes. Contudo, a jurisprudncia j as prev. Mas, implicitamente, possvel deduzir essas excees. Devemos entender o carter finalstico do CC: a autonomia privada. Nessas excees, os contratantes no deixam de exercer a autonomia privada: eles aceitam-nas porque querem, ignorando a divergncia entre proposta e aceitao. Nos modelos atuais de contrato (nos quais h condies gerais de negcio), nos quais pode haver divergncias entre os contratantes, no h violao a autonomia privada, pois os contratantes no do importncia para as questes controversas.

O que so condies gerais de negcio? So regras genricas que compem o contrato (normalmente entre grandes empresas). No h nesses modelos atuais regras especficas para reger o contrato. Devemos entender que os contratantes ignoram essa especificidade, exercendo sua autonomia privada. - CC, art. 431 ser que deve ser seguido a risca? Ou pode haver flexibilizao, como, por ex, quando o aceitante adiciona dispositivos da lei na aceitao? Ser que preciso encarar como uma nova proposta ou pode encarar que se o proponente (inicial) aceitar, essa adio ser vlida? O mais adequado parece ser a segunda hiptese, pois, na prtica, no h uma nova proposta, mas apenas uma adequao entre proposta e aceitao, na qual os contratantes esto apenas exercendo livremente sua autonomia privada. 1.3) DISPONIBILIDADE DOS TERMOS CONTRATUAIS ANTES DA FORMAO DO CONTRATO Ser que quando o aceitante d um assentimento genrico (aceita termos que ainda no foram revelados), ser vlido para a formao do contrato? Um jurista norte-americano diz que vlido desde que esses termos adicionais no sejam abusivos e nem inesperados. H discusses sobre o tema. Uma das teses que deve haver na proposta uma advertncia a respeito dos termos que no esto a disposio dos contratantes. Esta advertncia deve ser especfica. A ideia dessa advertncia busca garantir a possibilidade do consentimento genrico. Ex: TJMG um indivduo fez um contrato de seguro-desemprego com uma seguradora. Esse contrato foi feito por um representante. O indivduo sabia de alguns termos (quanto pagaria por ms, quanto receberia). Mas alguns termos no foram apresentados, como a exigncia de que esse indivduo ficasse empregado por 12 meses depois de feito o contrato (carncia). O indivduo foi demitido depois de 6 meses. A seguradora alegou que havia aquele termo de exigncia no contrato. Quando o indivduo aceitou a proposta, ele deu um consentimento genrico. Segundo nossa aula, quem tem razo o segurado, pois a advertncia sobre a existncia de outros termos no foi precisa, clara, especfica. O juiz, porm, deu ganho de causa seguradora, entendendo que era presumvel que o segurado tivesse recebido as condies gerais de negcio, pois assinou a proposta e sabia da possibilidade de ligar para esclarecer dvidas. A deciso fere a inverso do nus da prova prevista no CDC. Ao invs da seguradora provar que o sentenciado recebeu os termos, coube a este provar que no recebeu. Alm disso, contraria essa ideia vista na aula de que os termos acessrios no devem ser abusivos ou inesperados. 2) Negociaes prolongadas ou dinmicas Vamos ver 3 problemas tpicos que ocorrem na formao dos contratos. Mas h outros problemas. 2.1) Contedo mnimo de acordo uma modificao da regra do contedo mnimo da formao dos contratos, segundo a qual as partes devem chegar a um acordo quanto aos termos essenciais (que so variveis).

Aqui as partes continuam a ter que chegar nesse acordo, mas devem chegar a acordos secundrios quanto a determinado termo que uma ou ambas as partes alegam durante o processo de negociao. Ex: contrato compra/venda normalmente o local um termo secundrio, que pode at ser preenchido pelo CC 2002. Mas digamos que uma das partes diz que no h acordo enquanto no se definir o local de pagamento. Assim, esse termo, neste caso, deixa de ser secundrio e passa a ter uma importncia maior. Essa regra no tem previso no CC 2002. Entretanto, ela est implcita no ordenamento, decorrente do respeito ao p. da autonomia privada, pois o contrato no deve ser tido como realizado at que as partes se manifestem. A jurisprudncia italiana adotou essa regra, que no est na lei. Assim, a jurisprudncia entende que se durante a formao dos contratos (processo de negociao) as partes no disserem nada sobre os termos secundrios, para formar o contrato apenas se deve ter acordo entre os termos essenciais. Porm, se alguma das partes mencionar os termos secundrios, estes, em princpio, devem ter consenso. Em princpio porque se a(s) parte(s) mencionarem os termos secundrios, mas durante o processo de negociao ela(s) no do importncia a esses termos, entende a jurisprudncia que o acordo deve se dar apenas sobre os termos essenciais, as partes no podem alegar depois que houve questionamento. Isso se deve ao respeito ao p. da boa-f e ao p. do venire contra factum proprium, que probe condutas contraditrias. Dentro do modelo de contrato proposto pelo CC, no h esse problema de acordos por termos secundrios, pois o CC v a formao de contratos como algo esttico, em que se faz a proposta e a outra parte aceita ou no essa proposta. No a interao entre os contratantes. Entretanto, essa viso do CC no condiz com a realidade, pois nesta h esse tipo de problema mencionado. OBS.: no h critrio objetivo para definir o que termo essencial e o que termo secundrio. Vai depender de como o intrprete interpreta o ordenamento e o contrato em anlise. 2.2) Efeitos da clusula de integralidade CLUSULA DE INTEGRALIDADE uma clusula que diz que todos os acordos (entendimentos anteriores) minuta (redao) final do contrato que no foram colocados nela, no pertencem ao contrato. Assim, a insero dessa clusula faz com que as partes s possam questionar os termos do contrato definitivo (no podem discutir os contratos, acordos preliminares). O contrato uma manifestao de vontade quanto ao cumprimento de determinados termos e condies. Ser materializado por meio de um documento escrito, por ex. Pode ser que antes da formao do contrato definitivo haja vrias negociaes, com varias minutas que foram sendo feitas paulatinamente at o contrato definitivo. No final, por ex, as partes podem redigir um documento nico que, teoricamente, engloba todos os termos essenciais e secundrios necessrios para o contrato. Mas pode ser que as partes tenham se esquecido de redigir neste documento uma determinada condio que fora anteriormente discutida (naquelas minutas). E digamos que neste documento final haja expressamente uma clusula de integralidade.

Temos aqui um problema: quais os efeitos dessa clusula de integralidade? Ela impedir que aquela condio esquecida, mas j discutida, seja observada? uma questo difcil de ser resolver. Isso porque ser que a insero da clusula de integralidade foi colocada no contrato de forma intencional a no admitir acordos anteriores, ou ser que essa insero se deu por ser uma prtica recorrente na elaborao de contratos e as partes seguirem o costume? Na prtica, os ordenamentos avaliam se a clusula de integralidade foi colocada com a manifestao de vontade de todos os contratantes, ou se apenas uma das partes teve a inteno de coloc-la (as chamadas condies gerais de negcio). No primeiro caso, aplica-se a clusula. J no segundo caso, ela ignorada. O juiz presume que a clusula de integralidade vlida se no houver provas robustas que comprovem que pelo menos uma das partes no tinha a completa inteno de inserir tal clusula. Se houver essa prova, a clusula afastada e insere-se o termo que antes fora discutido, em estrito cumprimento ao dever de lealdade decorrente do p. da boa-f. A jurisprudncia v com ceticismo (dvida) a existncia da clusula de integralidade. Ela avalia se no caso concreto a clusula mostra-se abusiva e, em caso afirmativo, acaba afastando-a. A existncia da clusula de integralidade tem relao com a interpretao dos contratos, uma vez que vai existir num mesmo contrato clusulas at mesmo contraditrias. preciso que exista uma interpretao do contrato no sentido de se avaliar qual clusula prevalecer. E isso depender da interpretao do aplicador a partir de seu sopesamento entre os princpios existentes no ordenamento. Os efeitos da clusula de integralidade so um problema para o CC 2002, porque este no prev uma grande interao entre as partes, no prev acordos prvios para depois se chegar a um acordo final. O modelo do CC 2002 que as partes se manifestam uma nica vez (ou poucas vezes) e no h uma discusso para negociar o contrato. As regras do CC so feitas para o modelo no dinmico (esttico) e, por isso, para o CC a clusula de integralidade deve ser cumprida. Mas, observando os princpios do ordenamento, podemos flexibilizar esse pensamento. 2.3) O problema da responsabilidade civil pr-contratual Ser que uma ou ambas as partes deve ser responsabilizada(s) pelo no cumprimento do contrato? Ex: as negociaes acontecem, uma das partes faz investimentos, gastos, e depois no h o cumprimento desse contrato. Segundo o art. 422, CC, durante a concluso do contrato (incio das negociaes at a concluso) os contratantes devem observar os princpios da probidade e da boa-f. Mas essa regra genrica. O legislador no disse se uma das partes desistir de firmar o contrato e isso resultar em perdas para a outra parte, ser responsabilizada por essas perdas. Isso, ento, ficou a cargo da jurisprudncia. Os tribunais dizem que no se pode estabelecer uma regra fixa de que sempre haver a responsabilidade prcontratual. Deve haver uma flexibilidade na deciso. Ex 1: eu vou feira e pergunto o preo do peixe, o vendedor fala o preo, eu agradeo e viro as costas. A ele alega que eu no posso fazer isso porque eu dei incio s negociaes do contrato.

Esse exemplo mostra que no pode haver uma regra fixa, pois caso houvesse geraria um sentimento de medo nas partes de iniciarem as negociaes de um contrato. O ordenamento deve chegar a um ponto de equilbrio para que as partes possam estabelecer contratos, e ao mesmo tempo para que elas tenham liberdade de desistir do contrato. O ordenamento deve servir como um seguro para uma das partes, de modo que uma das partes no seja prejudicada pela outra parte que agiu de forma a criar a real expectativa que haveria a formao de um contrato. - CASOS EM QUE A RESPONSABILIDADE PR-CONTRATUAL NO TUTELADA PELO ORDENAMENTO Ex: eu vou fazer um contrato para fazer convite de casamento com uma grfica. Neste contrato, em geral, a grfica compromete-se a mandar um projeto do convite para mim sem nenhum custo. A grfica j tem um gasto pr-contratual que no ser defendido pelo direito. Ela j faz uma estatstica de quantos projetos so feitos e quantos dentre estes viram um contrato e, por isso, diluem os gastos nesses contratos. No haver uma responsabilidade pr-contratual para mim. A grfica, no exemplo acima, no precisa de um seguro do ordenamento, pois ela j prev os possveis prejuzos que ter pela no concluso das negociaes preliminares em contratos definitivos. - CASO EM QUE O ORDENAMENTO DETERMINA A RESPONSABILIDADE PRCONTRATUAL Ex: caso dos tomates envolvendo a SICA e os plantadores de tomates. A SICA doava sementes de tomates para os produtores, os quais, ento, plantavamnas. Ambas as partes tiveram gastos. Mas os investimentos feitos tanto pela SICA tanto pelos produtores no aconteceriam se houvesse real expectativa de que houvesse o contrato. Aqui se deve observar que ambas as partes tiveram custos e estavam sujeitos a riscos caso no houvesse uma tutela pelo ordenamento. Nesse sentido, como a SICA no quis a formao do contrato, mas em virtude de sua conduta, a jurisprudncia entendeu que o ordenamento tutelaria os plantadores, determinando a responsabilidade pr-contratual da SICA pelos danos causados a eles. Entendeu o judicirio que caso os produtores soubessem que no haveria a formao do contrato com a SICA, eles no fariam os investimentos feitos. A responsabilidade pr-contratual surge como um seguro para as partes, de modo que essas no sejam prejudicadas por prejuzos causados pela outra parte. Tem-se traduzido esse seguro para a linguagem jurdica como o dever de negociao de boa-f, ou seja, as partes devem se esforar para negociar observando o dever de lealdade, de informao, de honestidade, decorrentes do p. da boa-f objetiva. Surge, assim, questes a serem discutidas: quando surge o dever de negociar? quando ele cumprido? quais as consequncias do descumprimento? qual o contedo do dever de negociar?

Ex: vamos supor que no caso da SICA ela tivesse feito o contrato sob a condio de comprar os tomates segundo o preo que quisesse. Se os produtores no aceitassem e quisessem um preo maior e a SICA no realizasse o contrato, no poderia a SICA ser responsabilizada, porque ela cumpriu o seu dever de negociar. OBS.: no modelo contratual previsto pelo CC no h regra para responsabilidade prcontratual. Isso porque nele no h a previso de gastos iniciais. No h resposta clara sobre essas perguntas sob o enfoque dogmtico. Mas o que as explica o fundamento econmico, que dar um seguro as partes. Do ponto de vista jurdico, traduz-se esse seguro como um dever de negociar de boa-f, ou seja, quando a conduta de uma parte gera o dever de negociar outra parte surge o direito de responsabilizao daquela por prejuzos decorrentes da real expectativa da formao do contrato gerada nesta. - Quando surge o dever de negociar? Surge quando uma das partes, por meio da sua conduta, cria na contraparte a real expectativa que haver a formao de um contrato. Essa contraparte faz investimentos por crer que haver o contrato, mas acaba surpreendida pela parte. Surge, assim, o dever de negociar para a parte, sob pena de responsabilizao pr-contratual. - Quando ele cumprido? Esse dever de negociar cumprido por 3 motivos: a) Quando por meio de tticas leais chega-se a um impasse (no h um acordo). b) Quando uma das partes tem um bom motivo, ou seja, aquele que mostra que efetivamente a parte cumpriu o seu dever, mas no pode mais ser o contrato realizado (ex: crise econmica, catstrofe, etc.) c) Quando h interrupo das negociaes pela outra parte, a parte j cumpriu o seu dever de negociar. Responsabilizao pr-contratual (continuao) - Conceituao das manifestaes de vontade exaradas durante o processo de negociao Muitos juristas falam que as negociaes so divididas em fases: h uma negociao anterior a proposta, em que h tratativas, discusses, entendimentos acerca do futuro contrato. Isso pode ocorrer, mas no sempre. Pode ser que haja essa tratativa e depois a proposta seja feita de acordo com aquela. Entretanto, as vezes, isso no acontece: pode ser que antes da proposta no h nenhuma tratativa, h a proposta formal, mas a a outra parte pode realizar uma tratativa, uma discusso, ou uma contraproposta. No se pode, assim, dizer que h necessariamente uma fase anterior proposta, chamada negociao preliminar, em todos os contratos existentes. E s na realidade que se sabe as fases da formao do contrato.

Os tipos de manifestao de vontade emitidos pelas partes durante a formao de contratos podem ser: - tratativas; - propostas; - aceitao de contratos preliminares ou at mesmo uma aceitao final para o contrato definitivo. OBS.: proposta diferente de tratativa Proposta cria na outra parte o poder de aceitao na esfera jurdica

Tratativa no h a criao desse poder.

- Como pode ser estruturado o processo de negociao? A diferena no processo de negociao por meio de tratativas do que por meio de propostas que naquela h uma maior flexibilizao. Quando h uma proposta, cria o poder de aceitao na outra parte e, uma vez aceita essa proposta, o proponente no pode retratar-se. Por outro lado, em teoria, nas tratativas o proponente pode se arrepender. As partes podem alterar suas manifestaes das tratativas. No h uma vinculao. Essa diferena tem sido atenuada na prtica quando surge o dever de negociar de boa-f, ou seja, as partes tm o dever de esforar-se par formar o contrato. Surgido esse dever, desaparece a diferena entre negociao por meio de proposta ou tratativa. Em ambos os casos, o dever de negociar de boa-f impede que as partes alterem suas tratativas ou propostas. diferente o ambiente de negociao quando se h contratos preliminares ao invs da realizao de apenas um contato definitivo. Por ex: um contrato preliminar pode estipular o prazo para se chegar a um contrato definitivo, dando maior segurana. Alm disso, o contrato preliminar pode dispor quais os custos sero repartidos entre as partes. Pode tambm dizer qual o tipo de custo passvel de indenizao. Ex: num contrato de emprego uma empresa pode fazer um contrato preliminar dizendo quais os custos ela pagar em virtude de moradia, alimentao, passagem para se fazer uma entrevista na cidade sede da empresa. Ex 2: quando voc leva uma impressora para consertar. O tcnico fala que o oramento fica em R$20,00. Aqui j um contrato preliminar, o qual protege o investimento pr-contratual do tcnico. Ex 3: um contrato preliminar pode dizer que durante o perodo de negociao entre as partes proibido (ou permitido) que elas negociem com terceiros. Assim, inmeras clusulas podem ser definidas no contrato preliminar, modificando substancialmente o ambiente de negociao, quando se comparado com aquele que haveria sem o contrato preliminar. Ex: um contrato preliminar pode estipular quais so as hipteses em que as partes podem desistir do contrato definitivo. Ex 2: um escritor famoso morreu. Uma editora ofereceu viva a publicao de uma coletnea da obra do marido. Foram feitos vrios contratos preliminares. Um deles foi que a editora tinha a obrigao de indenizar antecipadamente a viva do montante a ser vendido. Criou a obrigao para a editora de localizar e entregar os escritos do marido para a esposa. No contrato preliminar havia uma clusula na qual as partes tinham que chegar a um acordo sobre alguns termos futuros (como quais ensaios iriam ser publicados, o preo, o

nmero de pginas, etc.). Entretanto, a viva descumpriu esses contratos preliminares. Ela interrompeu as negociaes (m-f). No caso de descumprimento injustificado do contrato preliminar, havendo investimentos pr-contratuais, pode a outra parte exigir judicialmente: i. CUMPRIMENTO DO CONTRATO PRELIMINAR significa que obrigar a parte a retomar as negociaes. invivel, pois estar-se-ia obrigando a parte a fazer uma coisa que ela no quer, levando a prosseguir com um contrato no qual no haver a livre manifestao de vontade. INDENIZAO POR DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE NEGOCIAR DE BOA-F a contraparte fez investimentos decorrentes da conduta da parte (que gerou um dever de negociar de boa-f). Como esta descumpriu, tem que ser responsabilizada civilmente.

ii.

CC: Contrato preliminar arts. 462 a 466 - CC, art. 462 se o contrato preliminar j contm os requisitos essenciais para a formao do contrato, no h a necessidade da formao do contrato definitivo. Isso reduz substancialmente a possibilidade das partes de negociarem preliminarmente. Esse artigo reduz o nmero de contratos preliminares a serem admitidos pelo CC. A disposio desse artigo deve-se a um contexto histrico especfico: a regulamentao da promessa de compra e venda. comum na sociedade brasileira que o contrato de compra e venda seja feito no mesmo instante da transferncia da propriedade. Entretanto, muitas vezes, devido ao tipo de propriedade, preciso o registro pblico para existir o contrato definitivo. Ento, surgiu o contrato de promessa de compra e venda, um contrato preliminar no qual havia todos os requisitos essenciais do contrato definitivo. Esse contrato era particular e depois era levado ao Cartrio de Registro de Imveis, para se tornar definitivo. Como entre o ato da posse do comprador e o registro no cartrio levava tempo, o vendedor tinha medo de transferir a propriedade e no receber o dinheiro. Assim, surgiu o contrato de promessa de compra e venda, que, por ter os requisitos essenciais do contrato definitivo, garantia que o vendedor receberia pelo imvel. Uma sada era fazer um contrato de venda com reserva de domnio, ou seja, a propriedade s seria transferida (o domnio) a partir da satisfao de uma condio estabelecida (no caso, o dinheiro). Mas, na prtica, as pessoas utilizam-se do contrato de promessa de compra e venda. Como esse possui os requisitos essenciais de um contrato definitivo, acaba obrigando as partes a cumpri-lo (art. 463, CC). OBS.: o CC regulamentou a parte contrato preliminar tendo em vista um modelo especifico. - CC, art. 464 uma medida que permite que o juiz transforme o contrato preliminar em um contrato definitivo. Lgico que isso s ocorrer se o contrato definitivo se aproximar muito do contrato definitivo (tem que possuir os requisitos essenciais), exceto quanto forma. salvo se a isto se opuser a natureza da obrigao deu a entender que possvel a existncia de contratos preliminares que no possuem os requisitos essenciais.

- CC, art. 465 se a contraparte no cumprir o contrato preliminar, a parte pode se valer de 2 remdios: - resoluo (art. 475, CC) - indenizao (art. 475, CC) Mas esses remdios no so taxativos. O credor pode tambm se valer da: - exceo de contrato no cumprido (arts. 476 e 477, CC). No era nem necessrio o art. 465, CC. Qualquer remdio cabvel em virtude do descumprimento de um contrato definitivo, com as devidas ressalvas, cabe tambm no descumprimento de contrato preliminar. - CC, art. 466 faz referncia a um contrato preliminar chamado contrato de opo. O contrato de opo ocorre quando as partes querem dar um prazo de aceitao grande, no qual uma das partes remunera a outra para que ela crie um contrato em que a aceitao da proposta pode ser feita dentro de um prazo maior que o normal. Ex: Joo quer vender um imvel para Paulo (faz uma proposta). S que Paulo oferece um contrato de opo: remunera Joo por um valor X para que durante um tempo Paulo pense se quer ou no aceitar a proposta. Durante um perodo de tempo grande, provavelmente o proponente no vai fazer uma proposta que seja irrevogvel, pois perigoso para o negcio (ele corre riscos). Ele faria a proposta, mas admitiria que ela fosse revogada. Porm, no contrato de opo, o aceitante remunera o proponente para que a proposta seja irrevogvel. O art. 466 fala que se o prazo para aceitao no for estipulado no contrato de opo, ele pode o ser depois. Mas isso no faz sentido. invivel para o proponente (no existe na prtica). - Circunstncias em que h o dever de negociar de boa-f H o dever de negociar de boa-f quando necessrio oferecer um seguro parte que vai ter investimentos pr-contratuais, sem o qual [o seguro] seria invivel diante do gasto. Ento, quando houver investimentos pr-contratuais e for preciso oferecer um seguro para a parte, surge o dever de negociar de boa-f, assegurando que os gastos feitos sejam ressarcidos em caso de descumprimento. Mesmo que as partes no estipulem expressamente no contrato preliminar que existe um dever de negociar, est implcito que h esse dever, pois no faria sentido faz-lo. - Quando se considera que h o cumprimento do dever de negociar de boa-f Quando acontecer as seguintes hipteses: a) IMPASSE quando depois das partes se esforarem para negociar e formar um contrato, elas no chegarem a um consenso ou um acordo. Se acontecer um impasse, est cumprido o dever de negociar de boa-f. O impasse mostra

que infrutfero que as partes continuem a negociar. Isso se deve falta de acordo entre eles, mesmo que tenham usado tticas leais. b) BOM MOTIVO quando h um motivo capaz de interromper as negociaes entre a(s) parte(s). algo a ser analisado no caso concreto. Ex: mudana da economia.

c) INTERRUPO DE NEGOCIAO PELA OUTRA PARTE quando a parte, tendo negociado de boa-f, no tem mais condio de negociar em virtude da interrupo das negociaes pela outra parte, independente se esta tem ou no razo. Acontecendo isso, a parte cumpriu o seu dever de negociar. - Consequncias de no celebrao do contrato Se ambas cumpriram o seu dever de negociar de boa-f, cada parte arcar com seus prejuzos. Se ambas as partes no cumprirem com esse dever, cada parte arcar com seus prejuzos. Se apenas uma parte descumpriu o seu dever de negociar de boa-f, caber a ela arcar com os prejuzos prprios e da outra parte (responsabilizao prcontratual). - O que deve e o que no deve ser considerado uma violao da boa-f Algumas tticas de negociao so desleais. Ex: negociar ao mesmo tempo com terceiros sem informar a outra parte. Mas se a parte informar, a j passa a ser uma ttica leal e um possvel contrato com esse terceiro no violao ao dever de negociar de boa-f. Ainda, a propositura de termos que gerem uma onerosidade excessiva ou que se mostrem inviveis com o intuito de prejudicar a outra parte, ttica desleal.

MODELO TRADICIONAL DE FORMAO DOS CONTRATOS arts. 427 a 435, CC 1) REGIME JURDICO DA PROPOSTA O CC no divide o regime jurdico da proposta do regime jurdico da aceitao, mas o professor dividiu por questes didticas e pragmticas. Apesar do CC no fazer essa diviso formal, percebe-se que os arts. 427, 428 e 429 referemse ao regime jurdico da proposta. J os arts. 430 ao 435 referem-se ao regime jurdico da aceitao. H, porm, uma grande ressalva: apesar dos arts. 427 a 430 tratarem do regime da proposta, a ordem de apresentao no condiz com a apresentao do professor. Alm disso, o CC no trata de todos os pontos apresentados pelo professor. Dentro do regime jurdico da proposta, devemos entender que existem 2 grupos de normas: - um que trata da identificao da proposta; e - outro que trata da perda da eficcia da proposta.

O objetivo do primeiro grupo dar ao intrprete a capacidade de identificar se existe ou no uma proposta. J o objetivo do segundo grupo dar ao intrprete a capacidade de saber quando a proposta no gera mais efeitos. - CC, art. 427 trata da perda da eficcia da proposta por meio da revogao por parte do proponente. a. Como identificar e interpretar uma proposta a.1) requisitos mnimos da proposta A proposta tem que conter, no mnimo, os requisitos essenciais do futuro contrato. Se a manifestao de vontade no contiver todos os requisitos essenciais, ela no ser qualificada pelo direito como uma proposta, mas sim como uma tratativa. O segundo requisito : inteno do declarante de criar certos efeitos jurdicos. Esses efeitos so: i. Criar um poder de aceitao na esfera jurdica da outra parte. No depende de aceitao. Feita a proposta, cria-se esse poder. ii. Sujeio do proponente aos termos que ele prometeu na proposta. Depende da aceitao vlida. iii. Obrigao do proponente de cumprir o que declarou. A inteno do proponente no caso concreto aferida por meio de presunes (aspectos objetivos). Se o proponente no fala nada sobre esses efeitos que a proposta gera, h a presuno, por ex, nas relaes comerciais, de que haver esses efeitos. No caso, por ex, de relaes afetivas, no h a presuno de que a inteno do proponente criar um poder de aceitao e obrig-lo a cumprir o que prometeu. Ex: se eu dou uma carona para algum, no h a presuno de que o proponente (eu) quer fazer um contrato. Claro se houver meno expressa de se criar um vnculo, a se presume os efeitos. Existem relaes no comrcio que so excees a regra de que se presume que a proposta gera os efeitos supra. Ex: propaganda de aluguel de um apartamento. H anncios que falam o preo, o nmero de quartos, o valor do IPTU, o valor do aluguel. Mesmo que haja os termos essenciais, no considerado uma proposta, capaz de gerar os efeitos mencionados acima. Isso porque se trata de um costume no meio imobilirio. Se eu quiser alugar o imvel, eu tenho que ir imobiliria e l sim haver uma proposta [formal] vlida, apta a gerar os efeitos de criao do poder de aceitao e a obrigao do proponente de cumprir o que prometeu. Resumindo, os requisitos mnimos so: - conter, no mnimo, os requisitos essenciais do futuro contrato - inteno do declarante de se vincular a proposta feita. O CC 2002 no traz esses requisitos mnimos. a.2) anncios dirigidos ao pblico como propostas So considerados propostas? Depende se o anncio satisfaz aos requisitos mnimos supra.

Se, por ex, eu fao um anncio vago, sem a presena de termos essenciais, presume-se que eu no tenho a inteno de criar efeitos jurdicos. Por outro lado, pode o anncio conter os requisitos essenciais (e at mais), mas o declarante deixa claro que no h a inteno de criar efeitos jurdicos. Na prtica, normalmente, os anncios so vagos. Assim, a inexistncia de termos essenciais pressupe a inexistncia de inteno do declarante. H regras no CC que determinam que se o anncio for suficientemente preciso, ele ser qualificado como uma proposta vlida. - CC, art. 429, caput diz que a oferta ao pblico que contm os requisitos essenciais do futuro contrato considerada uma proposta. O CC pressupe aqui que h uma inteno do declarante do anncio de criar efeitos jurdicos. Devemos entender que o art. 429 foca nas relaes comerciais. A ressalva feita pelo caput do art. 429 diz que a oferta dirigida ao pblico no ser considerada proposta em virtude das circunstncias do caso (ex: o declarante deixa expresso que no tem a inteno) ou dos costumes (ex: hbito no comrcio aquele tipo de anncio, sem entend-lo como proposta). Existem outras regras de qualificao de uma manifestao de vontade como proposta. Ex: CC, art. 431 uma regra de identificao da proposta. uma regra controversa para o professor. b. Perda da eficcia da proposta: Para analisarmos a perda da eficcia da proposta, devemos pressupor que a proposta eficaz, j produz efeitos. E quais so esses efeitos? So 2: o efeito de criar na outra parte o poder de aceitao; e, consequentemente, a submisso do declarante a esse poder. OBS. 1: revogao diferente de perda da eficcia Revogao espcie (privativa do Perda da eficcia gnero proponente) OBS. 2: retratao impede o incio da eficcia da proposta. Acontece a retratao antes da aceitao Esses efeitos da proposta sero perdidos: por iniciativa do aceitante; por decurso do tempo; por iniciativa do proponente; por outros eventos. b.1) por iniciativa do aceitante Pode se dar por: - rejeio - contraproposta O CC no trata de forma explcita essas 2 maneiras, que no decorrem do art. 431, CC. - REJEIO: o ato pelo qual o aceitante no aceita a proposta. Ex: Joo faz uma proposta para Toim, o qual diz expressamente que no a aceita.

A regra geral no sentido de que uma rejeio faz com que a proposta perca seus efeitos. Materialmente, isso se deve proteo da confiana do proponente. A rejeio faz com que o proponente no esteja mais vinculado ao possvel aceitante, assim ele pode negociar com um terceiro. Formalmente, a rejeio indica que o aceitante renunciou o seu poder de aceitao. A perda de eficcia da proposta por parte da rejeio admite excees. A doutrina norte-americana, por ex, admite que quando uma rejeio for fraca, houver dvida (ex: no digo expressamente que rejeito a sua proposta, dou a entender que posso aceit-la depois), ela no suspender os efeitos da proposta. Outra exceo fundamenta-se no p. da autonomia privada. Por ex: o proponente coloca na proposta uma clusula expressa que diz que mesmo que o aceitante rejeite a proposta, este ter um tempo para desistir da rejeio e aceitar a proposta (o proponente deixa em aberto). Tanto a regra de que a rejeio faz perder os efeitos da proposta quanto as regras das excees no esto previstas no CC 2002. - CONTRAPROPOSTA: o aceitante, ao receber a proposta, faz uma nova proposta para o proponente. Uma contraproposta do aceitante ainda menos claro do que uma rejeio, pois no possvel saber se o aceitante aceita ou no a proposta. O aceitante pode ou no ter a inteno de rejeitar, mas deixar isso implcito ou explcito. Pelo fato do aceitante fazer uma contraproposta no se sabe se ele aceita ou no se submeter aos termos da proposta inicial. Pode ser que ele aceite ou no. Ex: Joo faz uma proposta para Toim, dizendo que ele tem 15 dias para a aceitao. Toim faz uma contraproposta, mas Joo rejeita essa contraproposta, dizendo que s haver o contrato de acordo com a sua proposta original. A Toim desiste da sua contraproposta e aceita a proposta original de Joo. O art. 431, CC trata de uma resposta ambgua. No se sabe se a inteno da rejeio (ou da contraproposta) acabar com os efeitos da proposta. O CC entende que a resposta ambgua gera uma nova proposta, mas no fala nada da perda da eficcia da proposta inicial. Ex: Pedro faz uma proposta a Manoel, que d uma resposta ambgua (nova proposta, na viso do art. 431, CC): diz que no vai aceitar a proposta original naquele instante, mas que vai assin-la depois. Para o professor, no se trata de uma nova proposta, porque a proposta original continua valendo. Apesar do CC no falar nada sobre a perda da eficcia da proposta por parte da rejeio ou da contraproposta, infere-se isso a partir do p. da proteo da confiana do proponente. b.2) por decurso do tempo Se o proponente deu um prazo para que o aceitante d uma resposta proposta, findo este prazo a proposta perde a eficcia. No caso em que o proponente no fixou um prazo para a aceitao, cabe ao ordenamento faz-lo. Temos 3 possibilidades: o prazo infinito; a proposta perde a eficcia imediatamente aps o proponente fazer a proposta e no houver aceitao; uma posio intermediria na qual o ordenamento prev um tempo razovel (ex: 10 dias, 15 dias...) ou deixar a cargo do juiz fix-lo em virtude do caso concreto (ex: os contratantes moram em lugares distantes; a complexidade da proposta; se o bem

negociado perecvel ou no; se o bem possui valor de mercado voltil; enfim, qualquer critrio que interfira de maneira substancial no contrato). - CC, art. 428: Inciso IV no trata da perda da eficcia. No h nem o incio da eficcia da proposta; Inciso III uma regra desnecessria (j tem o art. 434, III, CC); OBS.: ausente aqui no aquele relacionado ao instituto da ausncia. Ausente aqui aquele que no est no local, ao vivo, fazendo o contrato. Inciso I quando os contratantes tiverem presentes, a proposta perde a eficcia imediatamente aps ter sido feita, se no houver a aceitao. Inciso II quando os contratantes tiverem ausentes, a proposta perde a eficcia depois de decorrido tempo suficiente para chegar a aceitao ao conhecimento do proponente. Aqui o legislador pensou no tempo que demora para a proposta chegar ao aceitante mais o tempo para que a aceitao chegue ao proponente. Para o professor, essa regra no condiz com a realidade atual. Primeiro, porque muito difcil de ter contrato entre ausentes e tambm porque preciso analisar outras coisas alm do tempo que demora a troca de informaes. Para o professor, independentemente do contrato entre presentes ou ausentes, deve-se observar certos critrios importantes para se chegar a um tempo suficiente. Por ex, deve-se analisar a complexidade do bem; se perecvel ou no; se o seu valor voltil, etc.. Assim, no caso concreto que se chegaria a um tempo suficiente, razovel. Claro que em determinados contextos razovel que se aplique o inciso I. Ex: feira da avenida Brasil eu chego l na muamba, vejo uma cmera fotogrfica e pergunto ao vendedor o preo. Como no h um preo prefixado, o vendedor d o preo que ele quiser, de acordo com o fregus. A ele fala um preo (proposta) e eu devo aceitar ou no imediatamente aps. No faz sentido ter um prazo posterior para que haja a aceitao, em virtude da informalidade, da instabilidade desse mercado especfico. Ex 2: contrato de compra/venda de uma cmera fotogrfica nas Casas Bahia j existe uma proposta fixa, no precisa o aceitante dizer que aceita ou no logo aps a proposta. Este um contrato mais formal, estvel. Neste caso, no preciso que a aceitao seja emitida logo aps a chegada da proposta ao aceitante. O fator determinante, assim, no a proposta feita entre presentes ou ausentes. Vai depender do tipo de negociao. Nosso ordenamento, em carter excepcional, acolhe a regra de que permanece aberta a proposta por tempo indeterminado, mas no instituto da promessa de recompensa ( um ato unilateral art. 854 e ss., CC). Formalmente, ela um ato unilateral, mas muito parecida com o contrato. A diferena que para que haja a vinculao naquela preciso apenas a palavra do proponente. Ex: eu prometo que pago R$1000,00 para quem trazer meu cachorro. Assim como numa proposta contratual, o promitente pode estipular um tempo na promessa de recompensa para que ela tenha eficcia. Mas se o proponente fixou um prazo certo, ser que ela perde eficcia de forma imediata? Ou ser que fica vigente por tempo indeterminado at que o proponente a revogue?

Em regra, o proponente (no caso do contrato) fixa um prazo para que haja a aceitao, pois, caso contrrio, ele correria riscos relativos mudana de valor do bem, ou ficaria impedido de negociar com terceiros. Esse tipo de problema no afeta tanto a promessa de recompensa, pois o bem presumivelmente tem um valor constante, muitas vezes at um valor emocional (ex: promessa de recompensa se for achado um cachorro). Assim, no h necessidade de proteo pela perda de eficcia com o decurso do tempo, pois no h riscos, como a modificao do preo. No caso de uma promessa de compra/venda. Ex: eu prometo comprar um notebook X se custar at R$2000,00. No estipulo prazo. Nesse caso pode-se aceitar que a proposta produzir seus efeitos at que o promitente a revogue, porque o valor do bem constante, no sofrendo alteraes com a mudana de mercado. - CC, art. 856 uma qualificao da promessa de recompensa como irrevogvel quando se estipula um prazo certo. A contrario sensu, a promessa de recompensa ser revogvel se no for estipulado prazo certo, desde que feito com a mesma publicidade. No h no CC nada previsto sobre o tempo que a promessa de recompensa produz efeitos, como h com os contratos (CC, art. 428). O professor entende que o prazo indeterminado, baseando-se em previses do direito comparado. Alm disso, o prazo tem o fim de proteger o proponente, como no caso de promessa de recompensa no h perigo para o proponente (o valor constante), no h necessidade de prazo. b.3) por iniciativa do proponente O ato do proponente que faz com que a proposta perca a eficcia a revogao. Primeiro, preciso saber as regras de qualificao da proposta como revogvel ou irrevogvel. b.3.1) Regras de qualificao da proposta As regras de qualificao da proposta podem ser: iniciais ou aps a emisso de uma aceitao. - Regra de qualificao inicial - CC, art. 427 estabelece uma presuno da irrevogabilidade da proposta, exceto nos casos previstos neste artigo. A presuno surge no caso de haver dvida sobre a natureza da proposta. Se no houver nenhuma qualificao, presume-se que a proposta irrevogvel.

OBS.: CC, art. 427 traz uma terminologia ambgua. O sentido de obrigatrio no art. 427 no igual ao do art. 428. No art. 428 a palavra obrigatria significa: se cria ou no um poder de aceitao na contraparte. J no art. 427 significa: obrigatrio tem a ver com o fato de a proposta ter natureza irrevogvel ou revogvel. Se a proposta for revogvel, ela ser obrigatria no sentido do art. 428; se for irrevogvel, o sentido do art. 427. H ainda um terceiro sentido: obrigar o proponente a cumprir o que prometera no caso de uma aceitao vlida.

- Excees do art. 427,CC: i. ii. Se o proponente qualificar a proposta como revogvel; Se a natureza do negcio objeto do contrato determinar ser a proposta revogvel. Ex: contrato de mandato de advogado eu fao uma proposta para uma pessoa, mas devido ao fator confiana que se espera da contraparte, eu posso revogar a proposta se achar por bem. Se as circunstncias do caso determinarem a revogabilidade da proposta. Circunstncias do caso quer dizer as peculiaridades do caso concreto devem dar a entender que mais justo que a proposta seja revogvel. Ex: contrato de opo sem remunerao. perigoso para o proponente que a proposta seja irrevogvel. - Regras de qualificao da proposta aps a emisso de uma aceitao H casos em que no momento da criao da proposta esta seja revogvel, mas ela pode vir a se tornar irrevogvel com a emisso de uma aceitao. Ex: o aceitante emite a aceitao no dia 8. No dia 9 chega ao endereo do aceitante uma notificao de revogao da proposta. Apenas no dia 10 chega a aceitao ao proponente. E a? A partir do momento em que emitida, a aceitao j gera efeitos e transforma a proposta em irrevogvel. A regra que fundamenta esse exemplo o p. da proteo da confiana do aceitante. No CC 2002 essa regra colocada indiretamente por uma fico jurdica, segundo a qual h a formao do contrato a partir da expedio da aceitao (art. 434, caput, CC). - CC, art. 434 prev tambm excees fico de que a chegada da aceitao enseja a formao do contrato. Mas o CC prolixo. Inciso III - Ex: o proponente estipula at o dia 15 para que chegue a aceitao, mas esta s chega no dia 18. b.3.2) Formalidade exigida para a revogao Nos casos em que o proponente tem o direito de revogar a proposta, tem que existir alguma formalidade? Sim! Est prevista no art. 429, par. nico, CC. Mas preciso diferenciar as propostas dirigidas a um particular e as propostas dirigidas ao pblico em geral. No primeiro caso, a revogao pode ser feita por qualquer meio, independentemente do meio usado na publicao da proposta. No

iii.

segundo caso, a revogao s pode ser feita pelo mesmo meio utilizado para publicar a proposta. Ex do primeiro caso: a proposta feita por escrito, mas a revogao feita por telefone. Ex do segundo caso: a proposta feita pelo rdio, a revogao s pode ser feita por rdio. Presume-se que o pblico que toma conhecimento da proposta, tomar conhecimento da revogao. A exigncia da publicidade da revogao baseia-se no p. da confiana dos potenciais aceitantes. Em alguns casos, quando o proponente pode saber quem do pblico tem interesse em aceitar a proposta, ele precisaria revogar pelo mesmo meio e ainda emitir uma notificao. Ex: participao em competio o proponente pode saber parte das pessoas que tem interesse em aceitar a proposta: aquelas que j se inscreveram na competio deveriam ser notificadas pessoalmente, alm da revogao pelo mesmo meio. Alguns ordenamentos j prevem esse complemento. No direito brasileiro essa complementao tambm possvel com base no p. da boa-f objetiva. OBS.: CC, art. 429, par. nico o pode est incorreto. O certo deve. Mas o legislador foi obrigado a fazer isso, pois h 2 regras dentro desse dispositivo bem diferentes: uma regra a da formalidade exigida na revogao; j a outra a de qualificao inicial da proposta (prevista no art. 427, CC). O legislador foi redundante, Ele utilizou o pode porque o proponente tem a faculdade de revogar ou no a proposta se esta for revogvel. - Consequncias da revogao Sempre que a revogao for permitida, uma consequncia inexorvel da revogao fazer com que a proposta perca a eficcia. Se a revogao no for permitida, mas for feita, no gerar efeitos, ser nula. Em alguns casos, alm de retirar a eficcia da proposta, a revogao obriga o proponente a indenizar o aceitante em razo de prejuzos por este ter confiado na proposta. Ex: casos em que a aceitao ocorre pela realizao de um ato, como o indivduo que se inscreve na competio e paga uma taxa ou compra uma passagem. Ex 2: proposta de um contrato para a venda de um bem qualquer. O proponente estipulou que s consideraria como aceitao vlida o efetivo pagamento. O valor do bem era R$20.000,00 e o aceitante, como no tinha esse valor, pediu um emprstimo para aceitar a proposta. Com a revogao, que era possvel porque foi prevista, o proponente deve indenizar o aceitante que, embora no tenha depositado o dinheiro ainda, teve gastos com a taxa de abertura de crdito e eventuais juros de amortizao (mesmo que ele devolva todo o valor emprestado). Essa regra no est prevista expressamente no regime jurdico de formao dos contratos, mas pode ser adotado como analogia ao art. 856, par. nico, CC do regime da promessa de recompensa. possvel estender essa regra porque a promessa de recompensa extremamente parecida com o contrato quando a aceitao depende da prtica de um ato. a) por outros eventos

A proposta pode perder a eficcia em virtude da morte de um dos contratantes. Por ex: em obrigaes personalssimas somente a parte pode cumprir o contrato, assim se ela morrer, no ser mais possvel o cumprimento da obrigao (nem por terceiros), logo a proposta perde a eficcia. No caso, por ex, de uma proposta de venda de um bem. Se o proponente (vendedor) morre, depois de j ter feito a proposta, esta poder gerar efeitos, pois no se trata de uma obrigao personalssima (os herdeiros podem realizar o contrato). Outra hiptese a onerosidade excessiva superveniente. Isso ser regulado na parte do regime de proteo do devedor. Assim, se sobrevier um fato fortuito que cause uma onerosidade excessiva ao proponente (como uma catstrofe, crise econmica), a proposta pode perder seus efeitos. 2) REGIME JURDICO DA ACEITAO Os tipos de aceitao mais comuns so: (no exaure todos os tipos. Esse esquema no deve ser encarado como uma lista que engloba todos os tipos de aceitao)

a) Aceitao promissria (ou pela promessa) aquela em que o aceitantese compromete a realizar a prestao no futuro. Pode ser: a.1) Expressa aquela em que o aceitante diz claramente, expressamente que aceita a proposta. a.2) Tcita aquela em que o aceitante no diz expressamente que aceita a proposta, mas em virtude de um ato (comissivo ou omissivo) infere-se que ele aceitou a proposta. Pode ser: pela conduta ou pelo silencio.

b) Aceitao pelo cumprimento da prestao devida aquela em que oaceitante cumpre a prestao prevista na proposta, dando a entender que quis a aceitao da proposta. O fundamento das aceitaes promissria e pelo cumprimento da prestao que ambas exprimem o sentimento do contratante de aceitar a proposta e se vincular a ela. A diferena que na aceitao promissria o aceitante forma o contrato num momento, mas somente posteriormente ele cumprir com a prestao devida. J na aceitao pelo cumprimento da prestao devida o aceitante forma o contrato e ao mesmo tempo ele j cumpre a prestao por ele devida. Ex.: um banco ou uma operadora de carto manda para o meu endereo um carto de crdito bloqueado. Eu posso eventualmente desbloquear aquele carto e passar a usufrui-lo. Digamos que eu o faa. Que tipo de aceitao ser essa? Certamente, est havendo a formao de um contrato, no qual teve-se uma aceitao tcita pela conduta, pois efetivamente a prestao devida seria pagar a anuidade do carto mais os gastos que eu tive. O mero fato de eu desbloquear no a obrigao que eu devo. A conduta que gera a aceitao o fato de ir ao banco e desbloquear o carto. Muitas vezes d para confundir a aceitao tcita pela conduta com a aceitao pelo cumprimento da prestao devida. Uma forma de distingui-las observar o tipo de aceitao que o proponente exigiu. Se ele no exigir nada, o melhor entender que uma aceitao promissria tcita pela conduta. Se ele exigir

uma prestao, melhor entender como uma aceitao pelo cumprimento da prestao devida. Ex: eu fiz uma proposta de venda de um bem. Eu dei o numero da minha conta. Ai o comprador vai e deposita o dinheiro na minha conta. E a? uma aceitao tcita pela conduta ou aceitao pelo cumprimento da prestao devida. Nesse caso h uma dvida. Aqui melhor observar a exigncia do proponente. Na aceitao promissria o aceitante promete cumprir o contrato e efetivamente o faz expressamente (ape a assinatura) ou tacitamente (dependendo das circunstncias do caso a conduta do agente indica que ele aceita a proposta). Ex.: quando eu fao um sinal para o taxista, essa conduta tcita de aceitao da proposta daquele contrato de prestao de servios. Quando o taxista para o carro e abre a porta, tambm uma conduta tcita. A aceitao tcita pode ser pela conduta ou pelo silncio. A pela conduta pressupe-se uma conduta ativa por parte do aceitante; j pelo silncio no h qualquer tipo de conduta por parte do aceitante, este fica inerte, com a passagem do tempo, o fato dele no recusar a proposta, infere-se tacitamente que ele aceitou a proposta (neste caso, quem cala, consente). 2.1) Tipos de aceitao vlida - Tipos de aceitao e o interesse do proponente Em virtude do princpio da autonomia privada o proponente pode regular na proposta o tipo de aceitao que ele considerar vlida. Ele pode dizer, por ex, que s aceita a aceitao que concorde com as questes x, y e z da proposta. O proponente, ento, pode determinar qual a formalidade da aceitao que ele considerar vlida (por ex: se for por escrito; o tipo de escrito carta registrada, por formulrio prprio; ele diz que no aceita uma carta do aceitante; ele pode estipular que na aceitao o aceitante tem que preencher alguns tpicos do formulrio). Isso so opes dadas ao proponente em virtude do princpio da autonomia privada. Uma discusso interessante : ser que a formalidade exigida pelo proponente pode ser desconsiderada no caso concreto se ele tacitamente renunciar a formalidade que exigiu para formar o contrato? Ex: o proponente diz que s aceita a aceitao se tiver o preenchimento de alguns quesitos do formulrio. Mas depois ele acaba prosseguindo na formao do contrato sem questionar a aceitao. Outro problema: quando a aceitao foi colocada para beneficiar o aceitante e no o proponente, ela ser vlida? Ex 1: no caso de locao de imvel. O empresrio (seguradora) me coloca como proponente, mas ele quem redige a proposta e, portanto, sou eu que formalmente a fao. Uma das clusulas diz respeito ao tipo de aceitao que ser considerada vlida. Digamos que o proponente (eu) aceite essa proposta. A a empresa no cumpre a formalidade que ela mesma colocou. Ela est tacitamente renunciando aquela proteo que colocou para si ao redigir a proposta? Algumas jurisprudncias tm aceitado essa aceitao tcita vlida, pois esse tipo de aceitao foi colocado no interesse do aceitante que redigiu a proposta, e no do proponente. Se ele no a cumpre, est aceitando tacitamente. Ex 2: seguradora que redigi a proposta e fala que a aceitao deve ser feita por formulrio, mas depois faz a aceitao por email. vlida tacitamente. ????Enfim, quando a aceitao que se considera vlida for benfica ao aceitante (por ter este redigido a proposta), necessrio preservar os interesses do proponente. Para saber se a aceitao vlida, devemos ver se materialmente o aceitante ignorou a formalidade para aceitao. Se sim, deve-se preservar o proponente, de modo a entender que est formado o contrato, pois a clusula foi

colocada em prol do aceitante, e validar a aceitao agir injustamente com o proponente. ???? 2.2) Como os tipos de aceitao afetam o regime da formao dos contratos Afetam em alguns aspectos. Ex.: a aceitao pelo silncio, por ser excepcional, a nica que recebe uma regulamentao mais detalhada. No temos dispositivos que tratam diretamente dos outros tipos de aceitao (porque no precisa, as outras no tem carter excepcional). Outro impacto a questo das conseqncias da revogao da proposta (revogabilidade da proposta contratual). Lembrar das aulas anteriores. No caso de aceitao pelo cumprimento da prestao devida, a revogao da proposta gera a obrigao ao proponente de indenizar o aceitante pelos prejuzos eventualmente causados, pois a conduta do proponente criou uma real expectativa no aceitante de que, cumprida a prestao, o contrato seria formado. Portanto, pelo fato da conduta do proponente ter criado um dever de negociar de boa-f, ele ter que indenizar o aceitante (responsabilidade pr-contratual). ???? Outro impacto diz respeito ao momento da formao do contrato: dependendo do tipo de aceitao, haver diferentes momentos na formao do contrato. No caso da aceitao expressa, o momento um; no caso da aceitao tcita divergente. 2.3) retratao da aceitao H uma discusso se configura abuso de direito o abuso do exerccio do direito de retratao na aceitao. O art. 433, CC permite a retratao da aceitao. Antes de a aceitao chegar ao endereo do proponente, o aceitante tem o direito de se retratar e impedir a formao do contrato, mas, para isso, a retratao tem que chegar ao mesmo tempo ou antes da aceitao. Ex.: aceitao feita por carta; retratao feita por email. O problema surge quando o aceitante abusa do direito de retratar-se. Ele abusa quando, por ex, o proponente espera ter um aceitao rpida (venda de bens perecveis) e o aceitante no o faz. Digamos que o aceitante d uma aceitao por um meio bem lento, agindo de m-f, de modo que ele possa esperar a mudana do mercado e, se for prejudicial, ele manda uma retratao por um meio mais rpido (na prtica o aceitante est apenas especulando, agindo de m-f). Uma maneira possvel de resolver a questo no ordenamento invalidar a retratao tendo em vista que ele agiu com abuso de direito, violando o princpio da boa-f (art. 187, CC). 2.4) O silncio como aceitao Apenas em carter excepcional o silncio do aceitante pode ser considerado uma aceitao vlida. excepcional porque se no fosse assim haveria uma baguna. Ex.: teramos que passar a escrever carta, a recusar expressamente a proposta. Isso at violaria o princpio da autonomia privada, pois o aceitante estaria vinculado a vrios contratos que ele no quis. Ele no teria uma liberdade de contratar. Como identificar esses casos excepcionais?

Em primeiro lugar temos que fazer uma distino entre os casos de aceitao tcita pela conduta e os casos de aceitao tcita pelo silncio. Ex.: as partes tm uma relao duradoura (um comerciante e um fornecedor). Um j sabe mais ou menos a demanda do comerciante. Antes de o comerciante pedir o produto, o fornecedor j o envia por contra prpria. Nesse caso no h uma aceitao pelo silncio do comerciante. uma aceitao pela conduta do comerciante, por receber o produto (ele no inerte). Aqui tambm a proposta tcita pela conduta do fornecedor. Em alguns outros casos no vai haver a formao do contrato e pode ser visto sobre o tema do enriquecimento sem causa. Ex.: Larenz havia um terreno baldio que normalmente as pessoas utilizavam-no como estacionamento. Um dia o terreno foi cercado e uma pessoa (o dono ou um comprador) comeou a explorar comercialmente aquele terreno como um estacionamento. Um fulano que acostumava parar o seu carro nesse terreno, sentiu-se no direito de continuar a parar o carro ali sem pagar. possvel construir um contrato aqui? No! Porque no h um acordo de vontades (no h um consentimento recproco). O fulano disse expressamente que no estava de acordo com a proposta. A Jurisprudncia alem no deu fundamento para o caso, ela apenas disse que fulano teria que pagar. A jurisprudncia alem elaborou uma teoria das relaes contratuais de fato. Para o professor, dizer que h um contrato ultrapassar os limites da noo de contrato. O assunto pode ser resolvido sobre a idia do enriquecimento sem causa. Se o fulano para o seu carro, usufrui dos benefcios daquela propriedade e no paga nada, ele esta se enriquecendo sem causa. Ele est obrigado a pagar porque ele se apropriou de um beneficio que ele no tinha direito sem o pagamento. Ele se beneficiou de um direito alheio que ele no tinha direito de gozar. Aqui no h a aceitao tcita. Existem algumas situaes que alguns autores dizem que aceitao pelo silncio que no propriamente aceitao pelo silncio. Ou aceitao por um conduta ou casos de enriquecimento sem causa (em que no h aceitao e nem formao de um contrato, pois no h uma manifestao de vontade bilateral). Em tese, o assunto da aceitao pelo silncio regulado pelo art. 432, CC. - CC, art. 432 parece colocar duas hipteses em que o silncio da parte poderia configurar-se aceitao. Uma das hipteses diz respeito ao costume nas relaes comerciais em que o silncio configura aceitao. O professor desconhece essa hiptese e entende que difcil que ela exista na prtica. Os autores do como exemplo aqueles casos em que h relaes comerciais duradouras (comerciante e fornecedor). O professor acha que uma aceitao tcita pela conduta (porque o comerciante tem uma conduta: aceitar o produto). A segunda hiptese aquela em que o proponente dispensa expressamente a aceitao. Isso no muito claro. Essa regra precisa ser complementada, preciso que o proponente dispense e no caso concreto o aceitante tenha uma real inteno de formar o contrato. No basta apenas a dispensa expressa, porque presumir-se-ia que o silncio do aceitante enseja a aceitao da proposta, o que nem sempre verdade. Viola-se o princpio da autonomia privada do aceitante, alm deste ter o incmodo de ter que rejeitar toda proposta que tenha essa clusula que dispense a aceitao.

Para o professor, o art. 432, CC faz uma descrio imprecisa das hipteses de aceitao pelo silncio que o ordenamento brasileiro aceita como vlidas. O professor v uma explicao para o legislador ter criado o art. 432, baseada no direito comparado. O modelo de formao do contrato brasileiro baseouse no modelo suo. Mas neste no se trata da aceitao tcita pelo silncio. Ele trata dos tipos de aceitao considerados vlidos e o interesse do proponente. Ex.: fiz a proposta de vender um bem, dei o preo e o nmero da conta bancria. O aceitante vai e deposita o dinheiro. Para ser considerada vlida, preciso que a aceitao seja comunicada ao proponente ou ela vlida tacitamente pelo cumprimento da prestao devida. O CC suo fala que se houver um costume dizendo que no preciso que haja a comunicao para a aceitao ser vlida ou se o proponente dispensar a aceitao, esse ato ser considerado uma aceitao vlida. Mas no CC suo no est tratando de aceitao tcita pelo silncio, mas sim de aceitao pela conduta (ou aceitao pelo cumprimento da prestao devida). O legislador brasileiro de 1916, ao incorporar os modelos de formao do contrato, fez uma leitura errada dessa regra do cc suo e transformaram-na numa regra de aceitao pelo silncio. Mas isso gerou problema, pois essa regra no est adaptada para tratar da aceitao pelo silncio.

Por isso, o professor dividiu assim: 2.4.1) Proteo do proponente (casos em que a aceitao protege o proponente) - o proponente tem urgncia em receber a resposta e h incentivos econmicos (especulao) para que o aceitante retarde a emisso dessa resposta Caso tpico: um agricultor quer fazer um contrato de seguro para a sua plantao quanto a determinados riscos (geada). H uma possibilidade que ocorra nos prximos dias uma geada que arrase sua plantao. A ele envia uma proposta para a seguradora. Ele tem urgncia em receber a aceitao da proposta por causa da geada, por isso se ela no aceitar ele vai correr atrs de outra seguradora. E h uma regra no CC que diz que proibido fazer 2 contratos de seguro simultaneamente. Ele, ento, quer saber logo. Por sua vez, a seguradora tem incentivos econmicos para esperar a aceitao. H indcios metereolgicos que no vai ocorrer a geada. A ela atrasa a emisso da reposta. Os ordenamentos consideram que o silncio das seguradoras depois de um tempo considerado uma aceitao. Caso ela no queira se vincular aquela proposta, ela precisa recus-la rapidamente. Ex.2: previsto no art. 303, CC aqui h uma proposta para formao de um contrato de assuno de dvida. Imagine que A credor de B. Digamos que B deu um imvel como garantia de pagamento da dvida (hipoteca). A credor hipotecrio. Digamos que B vende o imvel para C. Se o B no pagar a divida, A poder executar o imvel. C tem o interesse de que B pague a divida. Alguns institutos permitem que C pague a dvida de A. Um instituto a assuno de dvida (art. 303, CC). Outro instituto o pagamento por terceiro (art. 304, CC). Neste caso, s se admite quando h o vencimento daquela dvida. C no assume a divida de B. No caso da assuno de dvida, C assume a dvida de B antes mesmo do vencimento. Se C tem receio que B no pague, ele tem interesse em realizar o contrato de assuno de dvida. C tem o

interesse tambm de saber se o A aceita o contrato de assuno de dvida, pois se A no aceitar ele tomar precaues para fazer o pagamento por terceiro, que ser feito em juzo. Ento, C tem urgncia e A tem incentivos econmicos para atrasar a emisso da aceitao do contrato de assuno de dvida (A tem a certeza que vai receber de um e de outro, mas ele quer atrasar porque sabe que pode receber juros decorrentes da dvida). Por isso, o art. 303 diz que, se a aceitao num contrato de assuno de divida no for questionada at 30 dias, ela ser vlida. - convite a negociao e contraproposta O aceitante pode ter convidado a outra parte a fazer uma proposta de acordo com alguns termos que ele especifica. A o proponente faz a proposta de acordo com esses termos feitos pelo aceitante. Se posteriormente o aceitante permanece em silncio, algumas decises judiciais entendem que o silencio equiparado a uma aceitao tcita. Essas decises fundamentam-se no princpio da confiana do proponente, pois se o proponente fez uma proposta nos termos especificados pelo aceitante, previsvel e gera a confiana que este ir formar o contrato. A sua conduta contrria gera a confiana do proponente. Tem-se presente aqui tambm a violao ao princpio do venire contra factum proprium. Ex.: nos casos em que o aceitante originrio faz uma contraproposta, com os termos bem parecidos da proposta inicial. Se o proponente permanece em silncio, entende a jurisprudncia que esse silncio equivale a uma aceitao vlida. Isso tambm baseado no p. da confiana do aceitante (proponente secundrio). 2.4.2) Proteo do aceitante (casos em que a aceitao protege o aceitante) - hipteses de contratos gratuitos Casos em que o aceitante s receber benefcios com aquele contrato e no teria nenhum nus. Ex.: formao de proposta de um contrato de doao (art. 539, CC) o doador pode fixar um prazo para o donatrio. Se este no se manifestar dentro desse prazo, entende-se que ele concordou com a proposta. O fundamento aqui que o contrato s traria benefcios para o aceitante. Esse pressuposto nem sempre valido. Nem sempre uma doao trar benefcios para o aceitante. Imagine se o doador est fazendo uma proposta apenas para embaraar o donatrio. Ex.: por um jogo poltico, faz-se a proposta de uma doao como tentativa de enquadrar o aceitante no caso de corrupo, no caso de no se manifestar dentro do prazo. Nesse caso, no se pode falar que o silncio vai ser uma aceitao vlida. Vai depender do caso concreto. - dispensa do proponente de uma aceitao expressa Esses casos s vo ser considerados aptos a gerar uma aceitao nos casos em que isso operar em beneficio para o aceitante. No vo operar em benefcio para o proponente. S podem existir, portanto, para beneficiar o aceitante. Pois se no chegaramos a ponto de ter que sempre ter que recusar expressamente qualquer proposta. Para verificar isso, temos que ver se h algum indcio do aceitante de ter a inteno de aceitar a proposta. Ex.: eu j sou assinante de uma revista. A a empresa faz uma proposta de renovao do contrato de venda de revistas. A jurisprudncia entende que o silncio do aceitante gera a aceitao vlida.

Na prtica, deve-se analisar cada caso separadamente. O ordenamento deveria fazer uma nova descrio da regra da aceitao pelo silncio. Ele deveria abandonar a regra do art. 432, CC. 2.4.3) Como operacionalizada a aceitao pelo silncio atravs da passagem de um perodo de tempo razovel que permita que o aceitante possa recusar a proposta contratual e impea a formao do contrato. Esse prazo pode ser fixado pelo legislador (art. 303, CC) ou ficar a cargo do juiz, ao analisar as circunstancias do caso concreto. 2.5) A aceitao tardia Vamos tratar aqui da aceitao fora do prazo pelo aceitante como uma resposta proposta. A aceitao tardia gera a constatao bvia que no haver a formao do contrato com a mera chegada da aceitao. Temos outros problemas: se mesmo a aceitao estando fora do prazo, o proponente no se importar e quiser a formao do contrato, ser a aceitao vlida? razovel garantir ao proponente um meio que preserve a sua autonomia privada, pois, s vezes, o atraso da aceitao se deu por motivos alheios a vontade do aceitante (e muito menos do proponente). Por isso, preciso respeitar a autonomia das partes. 2.5.1) O poder do proponente de vincular o aceitante O prazo para aceitao tem a funo de resguardar os interesses do proponente. razovel que a aceitao tardia se torne vlida se o proponente a aceita. O art. 431, CC d a entender, por ser genrico, que basta o fato da aceitao chegar fora do prazo que automaticamente ela ser qualificada como nova proposta, permitindo ao proponente originrio o poder de vincular o aceitante. Ser que esse poder dado ao proponente razovel? No! Especialmente nos casos em que o aceitante no tem mais a inteno de restar vinculado aquele contrato. Ex.: a aceitao chega muito tempo depois do prazo determinado (3 anos depois). No parece razovel conferir ao proponente o poder de vincular o aceitante, pois este j pode ter mudado de idia, no querer mais firmar aquele contrato. Digamos que o proponente no tenha comunicado ao aceitante o atraso da aceitao (nova proposta para o CC). A depois dos 3 anos o proponente recebe a aceitao e v que extremamente favorvel para ele fazer aquele contrato. Aqui no razovel. Assim, a regra do art. 431 deve ser relativizada. Deve-se saber se o aceitante ainda tem o interesse de formar aquele contrato. Ns temos 2 tcnicas para tratar da aceitao tardia: - O CC 2002 diz que a aceitao tardia ser considerada uma nova proposta, em que o proponente original passa a ser o aceitante. - Uma tcnica do direito comparado permitir a ratificao da aceitao tardia. Se o proponente ratificar aquela aceitao tardia, ela se torna vlida e haver a formao do contrato. Essa tcnica j aceita em alguns pontos do CC. Ex.: eu

vendo uma propriedade para um terceiro, no sendo o verdadeiro proprietrio. O real proprietrio pode ratificar a venda. Em termos prticos, qual a diferena entre o emprego da primeira ou da segunda tcnica? Ex.: Digamos que a aceitao deveria chegar no dia 15, mas chega no dia 18. No caso da primeira tcnica, o novo aceitante (proponente orginario) deveria emitir uma aceitao dessa nova proposta (aceitao antiga). Quando essa nova proposta chegar ao proponente secundrio que haver a formao do contrato (dia 21). No caso da segunda tecnica, o proponente ratifica a aceitao e comunica no dia 21 ao aceitante que ratificou aquela aceitao tardia. O proponente est conferindo validade a um ato que aconteceu no passado. O ato comea a gerar efeitos a partir do dia 18, que o momento em que a aceitao chegou ao proponente. Basicamente, a diferena o momento do inicio da formao do contrato. Dentre as 2 tcnicas, a mais razovel a segunda, pois reflete de maneira mais adequada a vontade inicial das partes: tanto o proponente como o aceitante queriam formar o contrato naquele prazo j estipulado. No h uma regra para empregar uma ou outra tcnica. O importante observar as circunstncias do caso concreto para se usar a tcnica mais razovel. H casos em que no razovel dar ao proponente o poder de vincular o aceitante, por exemplo. 2.5.2) O problema da confiana do aceitante E se o proponente no quiser vincular o aceitante, no quer aceitar a aceitao tardia? Se o aceitante emitiu a aceitao com antecedncia e por um motivo qualquer a aceitao chegue atrasada, ele tem a confiana que o contrato ser formado. Deve-se assim garantir a confiana do aceitante. Cabe ao proponente o dever de informar o aceitante de que a aceitao no chegou no prazo e no haver a formao do contrato. Se ele calar-se, ele ser responsabilizado pelos prejuzos do aceitante, com base no princpio da confiana do aceitante. O princpio da confiana do aceitante est previsto no art. 430, CC. O art. 431, CC fala que a aceitao fora do prazo importar nova proposta. Ela ser qualificada juridicamente como nova proposta. O problema que o CC d ao proponente originrio um poder de vincular o aceitante. Assim, o CC inverteu a ordem lgica das coisas. Primeiro, deveria vir o art. 431, para depois vir o art. 430. Isso demonstra uma falta de clareza por parte do legislador ao estruturar o regime da formao dos contratos. Ex.: Digamos que a aceitao deveria chegar no dia 15, mas chegou no dia 18, e o proponente no tem mais o interesse de formar o contrato. O aceitante j pode estar sofrendo prejuzo por confiar que houve a formao do contrato? Pode! A partir do momento que postou o documento nos correios ele pode ter a confiana de que houve a formao do contrato. Ele j pode ter feito investimentos e gastos

decorrentes dessa confiana, ele pode ter deixado de contratar com terceiros. A princpio, o proponente no tem como evitar esses gastos do aceitante. Mas ele, ao receber a aceitao fora do prazo, pode ter como evitar que o aceitante continue a sofrer prejuzo em virtude dessa crena. Por ex, se ele vir a data do carimbo. Ele tem o dever de informar ao aceitante que no haver mais o contrato, de modo a impedir que este continue tendo prejuzos. O proponente deve usar um meio rpido. Ele no pode usar de um meio lento, pois isso gera maior prejuzo para o aceitante. Se o proponente tem como comunicar no mesmo dia, ele tem o dever de faz-lo. Se no o fizer, ser responsabilizado pelos prejuzos do aceitante. Assim, nos casos em que o proponente tinha como evitar o prejuzo do aceitante, ele arcar com esses prejuzos se no cumprir o seu dever de informar. uma questo de nexo de causalidade: entre a omisso do proponente em cumprir o seu dever de informar e o prejuzo do aceitante decorrente dessa omisso. Esse dever de informar do proponente tem fundamento no princpio da confiana do aceitante. Se no era razovel para o aceitante pensar que a aceitao chegaria dentro do prazo e houvesse a formao do contrato, o proponente no tem a obrigao de informar a aceitao tardia. Ex.: o aceitante emite a aceitao no dia 14 por meio de carta convencional, sendo que o prazo at o dia 15. No razovel esperar que a aceitao vai chegar dentro do prazo. Ex. 2: a aceitao chega 2 anos depois do prazo fixado. No h um dever do proponente de informar ao aceitante, pois razovel que este soubesse que no houve a formao do contrato. O dever de informar surge a partir do momento em que o proponente recebe a aceitao fora do prazo desde que haja no aceitante a possibilidade razovel de acreditar que houve a formao do contrato. - CC, art. 430 o professor acha que era preciso que o legislador especificasse que o proponente tambm possa reconhecer a falsa crena do aceitante de que houve a formao do contrato. O comunicar imediatamente pelo meio mais rpido exigvel no caso. O proponente arcar somente com as perdas e danos que decorrem diretamente da sua omisso, quando ele tinha o dever de informar.

2.6) Momento da formao do contrato segundo diferentes modalidades de aceitao: - promissria: Expressa Tcita:

- pela conduta - pelo silncio

- pelo cumprimento da prestao devida Nos casos em que no possvel reconhecer claramente uma proposta e uma aceitao, a formao do contrato no seguir o que ser dito aqui, mas decorrer de um consenso entre as partes. QUAL A RELEVNCIA DE SE SABER O MOMENTO DA FORMAO DO CONTRATO?

i.

Um dos aspectos saber quando as partes comeam a ter que cumprir com as obrigaes que acordaram, pois o CC fala que o contrato deve ser cumprido imediatamente aps a formao (arts. 134 e 330, CC). O momento da formao do contrato importante para se determinar o momento em que exigvel o cumprimento do contrato. relevante esse momento para saber qual dentre os possveis aceitantes tem prioridade (ex.: proposta dirigida ao pblico e h limite de estoque). Quando se estabelece o momento da formao do contrato, sabe-se quantas pessoas formaram o contrato e aquelas que no formaram o contrato. relevante tambm em relao aplicao do direito intertemporal, pois o contrato um ato jurdico perfeito e, portanto, no pode ser atingido por lei que entre em vigor aps sua formao. QUANDO SER O MOMENTO DA FORMAO DO CONTRATO?

ii.

iii.

a. No caso da aceitao promissria expressa, o momento da formao do contrato parece ser o momento em que a aceitao chega ao proponente. Essa ideia decorre da interpretao do art. 434, CC; b. No caso da aceitao tcita pela conduta, tem-se 3 alternativas: - incio da realizao da conduta; ou - trmino da realizao da conduta; ou - cincia tomada pelo proponente da realizao da conduta. Para escolher uma dentre essas alternativas, preciso analisar a discusso acerca do dever ou no do aceitante comunicar a aceitao ao proponente. No caso em que no h esse dever de comunicar, provavelmente a regra a ser aplicada ser do trmino da realizao da conduta. Se, porm, h esse dever, a regra a ser aplicada a cincia tomada pelo proponente da realizao da conduta. Obviamente, a primeira alternativa (incio da realizao da conduta) no parece aconselhvel, pois no daria oportunidade do aceitante de desistir da conduta, pois o incio da conduta implicaria a aceitao e, consequentemente, a formao do contrato. Alm de trazer prejuzos para o aceitante, essa alternativa pode trazer prejuzos para o proponente, uma vez que aquele que iniciou a conduta pode desestimular os outros interessados a formar o contrato, eliminando que melhores condutas ensejassem a formao do contrato.

c. No caso de uma aceitao tcita pelo silncio, o momento da formao docontrato o trmino do prazo para rejeio da proposta. Esse prazo pode ser fixado pelo legislador (ex: assuno de divida 30 dias) ou pode ser aberto, a ser verificado nas circunstancias do caso. d. No caso de aceitao pelo cumprimento da prestao devida, tem-se tambm 3 alternativas: - inicio da realizao da conduta; ou

- termino da realizao da conduta; ou - cincia tomada pelo proponente da realizao da conduta. Ex.: proposta que promete a formao de um contrato de construo civil ao primeiro que apresentar um projeto concreto. A conduta a ser realizada pel