aula 04 (3)

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  • CURSO ON-LINE DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO

    Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br

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    CURSO ON-LINE DIREITO PENAL TEORIA E EXERCCIOS DELEGADO DA POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: PEDRO IVO

    AULA 04 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA / CRIMES CONTRA AS FINANAS

    Futuros Delegados da Polcia Federal,

    A partir de agora comearemos a tratar de temas mais especficos do Direito Penal e o que foi visto at agora ser essencial para um bom entendimento.

    Iniciaremos esta parte do seu edital tratando dos crimes contra a Administrao Pblica, um assunto recorrente em provas, para o qual deve ser dada uma ateno MAIS DO QUE ESPECIAL.

    A fim de facilitar o aprendizado ao mximo, vou ser o mais objetivo possvel, apresentando o que vocs precisam saber para a PROVA.

    Vamos comear!

    Bons estudos!!!

    ***********************************************************************

    4.1 CONCEITOS GERAIS

    O Cdigo Penal dedica o ltimo ttulo da parte especial para tratar dos crimes contra a Administrao Pblica.

    Pretende o legislador proteger o normal desenvolvimento da mquina administrativa em todos os setores de sua atividade, proibindo, pela incriminao penal, no s a conduta ilcita dos funcionrios pblicos, mas tambm a dos particulares que venham expor a perigo de dano a funo administrativa.

    Mas qual o significado da expresso Administrao Pblica utilizada pelo Cdigo Penal?

    A Administrao Pblica pode ser analisada sob duas ticas diferentes, ora no sentido amplo, ora no sentido restrito.

    O conceito de Administrao em sentido restrito abrange apenas o poder Executivo no exerccio de sua funo tpica de administrar.

    Diferentemente, a Administrao Pblica analisada no sentido amplo o prprio Estado, sendo composta pelos trs poderes, ou seja, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Vamos entender:

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    O poder Executivo tem como funo principal a de administrar, desenvolvendo todos os atos inerentes a esta funo. Entretanto, tal como ocorre nos outros poderes, detm tambm funes de editar leis, como no caso das Medidas Provisrias, e julgar processos, como no caso das decises proferidas em seus processos administrativos.

    O poder Legislativo, por sua vez, tem como funes principais a edio de Leis e o controle. Todavia, exerce tambm a funo de administrar, em se tratando da administrao de seu pessoal, por exemplo, e a funo de julgar, como no caso do crime de responsabilidade.

    Por fim, o poder Judicirio tem como funo principal a de julgar, exercendo a funo jurisdicional em todo o mbito da administrao. Entretanto, na admisso, demisso e promoo de seu pessoal, por exemplo, pode ser verificada a ocorrncia da funo administrativa.

    Sendo assim, percebe-se que temos a funo administrativa no mbito dos trs poderes e, exatamente por isso, o legislador optou por utilizar no Cdigo Penal o conceito de Administrao Pblica em SENTIDO AMPLO, abrangendo assim o poder EXECUTIVO, o LEGISLATIVO e JUDICIRIO.

    4.1.1 CLASSIFICAES

    Os crimes contra a administrao so classificados em trs grupos:

    1. CRIMES COMETIDOS POR FUNCIONRIO PBLICO CONTRA A ADMINISTRAO EM GERAL (ART. 312 A 326);

    2. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAO EM GERAL (ART. 328 A 337); E

    3. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAO DA JUSTIA (ART 338 A 359).

    4.1.2 CRIME FUNCIONAIS

    Os crimes funcionais pertencem categoria dos crimes prprios, pois s podem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste tipo de delito, a lei exige do indivduo uma condio ou situao especfica. Os crimes funcionais classificam-se em:

    Crimes funcionais prprios So aqueles cuja ausncia da qualidade de funcionrio pblico torna o fato atpico. Exemplo claro de crime funcional prprio o delito de prevaricao, previsto no artigo 319 do Cdigo Penal.

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    Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

    Se ficar comprovado que na poca do fato o indivduo no era funcionrio pblico, desaparece a prevaricao e no surge nenhum outro crime. Percebe-se que a qualidade do sujeito ativo aparece como elemento da tipicidade penal.

    Crimes funcionais imprprios ou mistos A ausncia da qualidade especial faz com que o fato seja enquadrado em outro tipo penal. Exemplo: Concusso Art. 316; se o sujeito ativo no for funcionrio pblico, o crime de extorso art. 158.

    4.1.3 FUNCIONRIO PBLICO

    Durante a aula, falarei por diversas vezes em funcionrio pblico, mas qual o real significado desta expresso?

    Para responder a este questionamento, devemos buscar o conceito exposto no artigo 327 do Cdigo Penal. Observe:

    Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica.

    CARGO PBLICO Segundo a doutrina, cargo pblico a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente. Todavia, h conceito legal de cargo pblico. O artigo 3 da lei 8112/90 (Estatuto dos Servidores Pblicos Civis da Unio) define cargo pblico como sendo o conjunto de atribuies e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. EMPREGO PBLICO De acordo com a doutrina dominante, emprego pblico tem, substancialmente, a mesma conceituao de cargo pblico. O que os diferencia que no emprego a relao jurdica estabelecida entre seu titular e a Administrao regida pela CLT. FUNO PBLICA De forma residual, conceituamos funo pblica como a atribuio desempenhada por um agente que no se caracteriza como cargo ou emprego pblico. Assim, considera-se funcionrio aquele que, sem ter cargo ou emprego pblico, desempenha funo pblica extraordinria (contratado extraordinariamente).

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    Com base no dispositivo supra, para fins de aplicao dos artigos de lei que analisaremos a seguir, devemos entender por funcionrios pblicos todos aqueles que desempenham funo, submetidos a uma relao hierarquizada para com o ente administrativo, independentemente de ser este ente da administrao direta ou indireta, bem como de ser este labor permanente ou temporrio, voluntrio ou compulsrio, gratuito ou oneroso.

    Deste modo, o nosso Cdigo Penal adotou a noo ampliada do conceito de funcionrio pblico discutido na esfera do Direito Administrativo. E foi mais longe. No exige, para caracteriz-lo, nem sequer o exerccio profissional ou permanente da funo pblica.

    Verifica-se que o funcionrio pblico, diante do Direito Penal, caracteriza-se pelo exerccio da funo pblica. Portanto, o que importa no a qualidade do sujeito, de natureza pblica ou privada, mas sim a natureza da funo por ele exercida.

    4.1.3.1 FUNCIONRIO PBLICO POR EQUIPARAO

    Dispe o pargrafo 1 do art. 327 do CP:

    Art. 327 [...]

    1 - Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica.

    A lei n 9.983/2000 estendeu o conceito de funcionrio pblico, equiparando a este:

    1. QUEM TRABALHA EM ENTIDADE PARAESTATAL As entidades paraestatais integram o chamado terceiro setor, que pode ser definido como aquele composto por entidades privadas da sociedade civil, que prestam atividade de interesse social, por iniciativa privada, sem fins lucrativos.

    O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que o prprio Estado, e com o segundo setor, que o mercado.

    2. QUEM TRABALHA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIO CONTRATADA OU CONVENIADA PARA A EXECUO DE ATIVIDADE TPICA DA ADMINISTRAO PBLICA Difere o contrato do convnio porque naquele a Administrao Pblica, mediante concesso, quem contrata o particular para o exerccio de atividade pblica. J no convnio, verifica-se um acordo de duas ou mais entidades para a

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    realizao de um servio pblico de competncia de uma delas, que deve ser uma entidade pblica.

    O conceito de atividade tpica da Administrao Pblica vincula-se s tarefas essenciais do Estado, tais como sade, educao, transportes, cultura, segurana, higiene, dentre outras. Observe o julgado:

    4.1.3.2 CAUSA DE AUMENTO DE PENA

    Para o legislador, determinados cargos, tais como os em comisso ou de direo ou assessoramento, pela importncia e responsabilidade, devem ser valorados de uma maneira diferenciada em relao aos demais. Sendo assim, fez constar no Cdigo Penal que:

    Art. 327

    2 - A pena ser aumentada da tera parte quando os autores dos crimes previstos neste Captulo forem ocupantes de cargos em comisso ou de funo de direo ou assessoramento de rgo da administrao direta, sociedade de economia mista, empresa pblica ou fundao instituda pelo poder pblico.

    Resumindo:

    FUNCIONRIO PBLICO PESSOA FSICA QUE EXERCE FUNO PBLICA, A QUALQUER TTULO, COM OU SEM REMUNERAO. (ADMINISTRAO DIRETA OU INDIRETA)

    FUNCIONRIO PBLICO POR EQUIPARAO PESSOA FSICA QUE ATUA EM ENTIDADE PARAESTATAL OU EM EMPRESA PRIVADA, CONTRATADA OU CONVENIADA, PARA A EXECUO DE ATIVIDADE TPICA.

    OBSERVAO 01 A EQUIPARAO APLICA-SE AO SUJEITO ATIVO DO DELITO.

    OBSERVAO 02 NO CASO DE OCUPANTES DE CARGOS EM COMISSO OU DE FUNO DE DIREO OU ASSESSORAMENTO DE RGO DA ADMINISTRAO DIRETA OU INDIRETA, A PENA SER AUMENTADA DA TERA PARTE.

    STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 902037 SP 2006/0222308-1

    PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 317, CAPUT, DO CDIGO PENAL. CONCEITO DE FUNCIONRIO PBLICO PARA FINS PENAIS. ADVOGADO CONTRATADO POR MEIO DE CONVNIO FIRMADO ENTRE A PROCURADORIA GERAL DO ESTADO E A OAB PARA ATUAR EM DEFESA DOS BENEFICIRIOS DA JUSTIA GRATUITA.

    O advogado que, por fora de convnio celebrado com o Poder Pblico, atua de forma remunerada em defesa dos agraciados com o benefcio da Justia Pblica, enquadra-se no conceito de funcionrio pblico para fins penais (Precedentes). Recurso especial provido.

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    4.2 DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONRIO PBLICO CONTRA A ADMINISTRAO EM GERAL

    4.2.1 PECULATO

    O peculato o delito em que o funcionrio pblico, arbitrariamente, faz sua ou desvia em proveito prprio ou de terceiro, a coisa mvel que possui em razo do cargo, seja ela pertencente ao Estado ou a particular, ou esteja sob sua guarda ou vigilncia.

    Est definido assim no Cdigo Penal:

    Art. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo, ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio:

    Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa.

    Observe que se trata de um crime funcional imprprio, pois se retirarmos a qualidade de funcionrio pblico passamos a ter o delito de apropriao indbita, previsto no artigo 168 do Cdigo Penal. Veja a semelhana:

    Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia mvel, de que tem a posse ou a deteno:

    Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa.

    A definio do PECULATO prevista no artigo 312 se subdivide em duas espcies:

    PECULATO-APROPRIAO Definido na 1 parte do artigo 312. Ocorre quando o funcionrio pblico APROPRIA-SE.

    PECULATO-DESVIO Previsto na 2 parte do artigo 312. Recebe esta denominao quando o funcionrio pblico DESVIA.

    NOS DELITOS PRATICADOS POR FUNCIONRIO PBLICO CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA, DEVE-SE COMPROVAR A UTILIZAO DO CARGO, DO EMPREGO OU DA FUNO; CASO CONTRRIO, NO HAVER ESSE TIPO DE CRIME.

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    Para que haja a caracterizao do peculato, faz-se necessrio o cumprimento das seguintes condies:

    1. QUE O SUJEITO TENHA A POSSE LCITA DO OBJETO MATERIAL;

    2. QUE A POSSE LHE TENHA SIDO CONFIADA EM RAZO DO CARGO; E

    3. QUE HAJA UMA RELAO DE CAUSA E EFEITO ENTRE O CARGO E A POSSE.

    Podemos exemplificar o PECULATO com o seguinte caso:

    Tcio, servidor pblico federal, subtrai" de dentro da repartio onde trabalha o teclado de seu computador. Para tanto, Tcio utiliza-se de sua prpria chave da repartio, que s a possuia em razo do cargo.

    Nessa situao, Tcio est valendo-se da "qualidade especial de servidor pblico", pois s tem a chave e o computador porque servidor. Nese caso, o crime de "PECULATO".

    Para finalizar, observe o elucidativo julgado.

    4.2.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO (MUITA ATENO!!!)

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, o ESTADO, entretanto, pode figurar no plo passivo um particular, caso o objeto material seja de natureza privada.

    Para exemplificar, imagine que Mvio est em um processo judicial tentando a posse de um bem. Durante o processo, o Juiz coloca este

    TRF4 - APELAO CRIMINAL: ACR 22098 RS 2000.71.00.022098-3 O delito de peculato, para sua configurao, exige a condio de funcionrio pblico do agente ativo e que ele tenha se valido das facilidades que o cargo lhe propicia para proveito prprio ou alheio, apropriando-se ou desviando valor ou outro bem mvel. mister que a posse - entendida em sentido amplo, abrangendo no s o poder material de dispor da coisa como tambm sua livre utilizao facultada pela funo exercida - seja lcita, ou seja, que a entrega do bem resulte de mandamento legal ou inveterada praxe, no proibida por lei.

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    bem sob a guarda de um funcionrio pblico, que o desvia. Neste caso, figurar no plo passivo o particular.

    ELEMENTOS:

    Futuro(a) aprovado(a), lembra no incio da aula quando eu falei que os conceitos vistos em aulas anteriores seriam importantes...Ento...Aqui mais do que necessrio que voc saiba a diferenciao entre elemento OBJETIVO, SUBJETIVO e NORMATIVO. Embora eu tenha certeza que voc j consolidou estes conceitos, eu vou ser chato e vou relembrar. Observe:

    Agora que voc j relembrou, vamos voltar a tratar dos elementos do PECULATO desvio e apropriao:

    1. OBJETIVO: Conforme voc j estudou, a conduta pode realizar-se atravs da apropriao ou do desvio.

    Na apropriao, ocorre a inverso do ttulo de posse e o funcionrio passa a dispor da coisa como se sua fosse. Diferentemente, no desvio o funcionrio no tem a inteno do apossamento definitivo, mas emprega o objeto em fim diverso para proveito prprio.

    Imagine que Tcio ficou responsvel pela guarda de uma Ferrari e resolve utiliz-la para sair com uma amiga. Neste caso, comete peculato-desvio.

    2. SUBJETIVO: o DOLO. Exige-se a inteno de no devolver o objeto e a vontade de obter proveito prprio ou de terceiro. Ateno que aqui estamos tratando unicamente do peculato apropriao e desvio.

    ELEMENTOS OBJETIVOS OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM-SE AO ASPECTO MATERIAL DA INFRAO PENAL, DIZENDO RESPEITO FORMA DE EXECUO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC.

    ELEMENTOS SUBJETIVOS OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL, TAMBM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DO INJUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLGICO DO AGENTE, OU SEJA, SUA INTENO.

    ELEMENTOS NORMATIVOS OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOS NA SUA FORMAO QUE NO SO DE COMPREENSO IMEDIATA, COMO OS ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZO DA NECESSIDADE DE UM JUZO DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTM ELEMENTOS NORMATIVOS, ALM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSES COMO MATAR, SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI ELE AINDA EXPRESSES COMO SEM JUSTA CAUSA, INDEVIDAMENTE, FRAUDULENTAMENTE, ETC., QUE SO CONSIDERADOS ELEMENTOS NORMATIVOS.

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    3. NORMATIVO: A expresso "proveito prprio ou alheio".

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. A consumao no peculato-apropriao ocorre quando o indivduo age como se fosse dono do objeto. Por sua vez, no peculato-desvio ocorre quando o indivduo desvia o bem, sendo irrelevante se consegue ou no proveito prprio ou alheio.

    Sendo assim, no exemplo da Ferrari, se o indivduo no consegue impressionar sua amiga e obter o proveito almejado...Azar o dele!!!

    2. O Peculato um delito material e admite a figura da tentativa.

    4.2.1.2 PECULATO-FURTO

    Ainda no artigo 312 temos a caracterizao do chamado peculato-furto que, segundo o STF, ocorre quando o funcionrio pblico no detm a posse da coisa (valor, dinheiro ou outro bem mvel) em razo do cargo que ocupa, mas sua qualidade de funcionrio pblico propicia facilidade para a ocorrncia da subtrao devido ao trnsito que mantm no rgo pblico em que atua ou desempenha suas funes.

    Observe o texto legal:

    Art. 312

    [...]

    1 - Aplica-se a mesma pena, se o funcionrio pblico, embora no tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtrado, em proveito prprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionrio.

    Para melhor compreenso, veja o exemplo:

    O funcionrio A, sabedor de onde o seu colega, B, guarda o numerrio (dinheiro) recebido diariamente na repartio pblica, vale-se de tal conhecimento e, na ausncia daquele, subtrai tal valor.

    Observe que, A no tinha a posse do bem. Todavia, tinha conhecimento, decorrente do seu cargo, de onde seu colega de trabalho guardava tal numerrio.

    Agora pergunto: Se um funcionrio arromba a porta da repartio onde trabalha, adentra o recinto e subtrai bens pblicos, PECULATO-FURTO?

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    A resposta negativa, pois ele no est valendo-se da funo. Logo, responder por furto qualificado e no peculato-furto.

    4.2.1.2 PECULATO-CULPOSO

    Est descrito no Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 312 [...]

    2 - Se o funcionrio concorre culposamente para o crime de outrem:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano.

    3 - No caso do pargrafo anterior, a reparao do dano, se precede sentena irrecorrvel, extingue a punibilidade; se lhe posterior, reduz de metade a pena imposta.

    Nesta forma tpica, o funcionrio, por impercia, imprudncia ou negligncia, concorre para a prtica de crime de outrem. Assim, em face da ausncia de cautela que estava obrigado na preservao de bens do poder pblico que lhe so confiados, o sujeito facilita a outrem a subtrao, apropriao ou desvio dos mesmos.

    O crime se aperfeioa com a conduta dolosa de outrem, havendo necessidade da existncia de nexo causal entre os delitos, de maneira que o primeiro (peculato-culposo) tenha permitido a prtica do segundo. Seria o caso, por exemplo, do chefe de determinado setor que, negligentemente, esquece o armrio com peas de computador aberto e estas so furtadas.

    O instituto do Peculato Culposo, nos termos do 3 do art. 312, apresenta uma espcie anmala de arrependimento posterior. Normalmente, o arrependimento posterior, que s pode ser argido em crimes praticados sem violncia ou grave ameaa, funciona como atenuante e deve acontecer at o momento do recebimento da denuncia ou da queixa por parte do magistrado. No caso do Peculato Culposo, este arrependimento funcionar como excludente, caso ocorra at a sentena transitar em julgado, ou como atenuante, manifestando-se depois do trnsito em julgado da sentena penal, situao em que reduzir a pena pela metade.

    PPAARRAA AA TTIIPPIIFFIICCAAOO DDOO PPEECCUULLAATTOO FFUURRTTOO IINNDDIISSPPEENNSSVVEELL QQUUEE OO FFUUNNCCIIOONNRRIIOO PPBBLLIICCOO TTEENNHHAA DDEE AALLGGUUMMAA FFOORRMMAA SSEE AAPPRROOVVEEIITTAADDOO OOUU VVAALLIIDDOO DDAA FFUUNNOO PPAARRAA TTEERR AACCEESSSSOO AAOO

    BBEEMM QQUUEE SSEERR OOBBJJEETTOO DDOO CCRRIIMMEE..

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    4.2.2 PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM

    Tambm denominado Peculato-Estelionato, encontra previso no Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerccio do cargo, recebeu por erro de outrem:

    Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa.

    A conduta consiste em o funcionrio pblico apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade mediante aproveitamento ou manuteno do erro de outrem.

    imprescindvel, para que ocorra o delito, que a entrega do bem tenha sido feita ao sujeito em razo do cargo que desempenha junto administrao e que o erro tenha relao com seu exerccio.

    Exemplo 01: Tcio comparece no terceiro andar de uma repartio a fim de pagar uma determinada dvida, quando na verdade o pagamento deveria ser feito no quarto andar. Mvio, que j havia trabalhado no quarto andar, aproveitando-se do erro de Tcio, apropria-se do dinheiro. Neste caso, temos o Peculato-Estelionato.

    Exemplo 02: Jos intimado a levar seu relgio para percia at a delegacia de polcia. L chegando, entrega seu bem a Joo, o porteiro, sendo que o correto seria entreg-lo ao Delegado de Polcia. Joo recebe o bem e, tendo conhecimento do ato errneo de Jos, resolve se apropriar do bem.

    4.2.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    A EXTINO DA PUNIBILIDADE PELA REPARAO DO DANO S E POSSVEL NO CRIME DE PECULATO CULPOSO.

    OBSERVAO!!! O ERRO DE QUEM ENTREGA O OBJETO MATERIAL DEVE SER ESPONTNEO. CASO HAJA PROVOCAO,

    NO PECULATO E SIM ESTELIONATO.

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    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, o ESTADO, entretanto, pode figurar no plo passivo um particular, caso seja ele a vtima da fraude.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    A apropriao de dinheiro ou qualquer outro bem;

    Que a apropriao tenha origem no ERRO de algum; e

    Seja cometido por funcionrio pblico

    2. SUBJETIVO: o DOLO. Deve abranger a conscincia do erro de outrem.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime se consuma no no momento em que o funcionrio recebe a coisa, mas no momento em que, tendo sua posse, dela se apropria.

    2. O Peculato-Estelionato um delito material e admite a figura da tentativa. Seria o caso, por exemplo, do funcionrio pblico que surpreendido no momento em que est abrindo uma carta contendo valor, a ele entregue por erro de outrem.

    4.2.3 INSERO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAO

    Este delito foi inserido no Cdigo Penal pela lei n 9.983/00 nos seguintes termos:

    Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionrio autorizado, a insero de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:

    Pena recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    Segundo Damsio, Essa incriminao tem por objetividade jurdica a Administrao Pblica, particularmente a segurana do seu conjunto de informaes, inclusive no meio informatizado, que, para a segurana de toda a coletividade, devem ser

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    modificadas somente nos limites legais. Da se punir o funcionrio que, tendo autorizao para manipulao de tais dados, vem a macul-los pela modificao falsa ou incluso e excluso de dados incorretos.

    4.2.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico devidamente autorizado para a preparao de informaes armazenadas, via de regra, em bancos de dados.

    2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, o ESTADO, entretanto, pode figurar no plo passivo um particular, caso seja ele prejudicado pela modificao dos dados.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Inserir, facilitar;

    Alterar;

    Excluir

    2. SUBJETIVO: O tipo subjetivo o DOLO, ou seja, a vontade livre e consciente dirigida insero ou facilitao da incluso de dados falsos e alterao ou excluso indevida em dados corretos em sistema de informaes da Administrao Pblica.

    Alm do dolo, o tipo requer um fim especial de agir, o elemento subjetivo do tipo contido na expresso com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem, qualquer que seja ela, ou para causar dano Administrao Pblica.

    3. NORMATIVO: Cabe ainda apontar a existncia de um elemento normativo do tipo quando se exige que a conduta do funcionrio seja indevida.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime FORMAL, atingindo a consumao no momento em que as informaes falsas passam a fazer parte do sistema de informaes.

    TRATA-SE DE UM TIPO MISTO ALTERNATIVO, EM QUE A OCORRNCIA DE MAIS DE UM DOS NCLEOS, EM UM MESMO CONTEXTO FTI-CO, CONSTITUI CRIME NICO.

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    2. admissvel a tentativa em todos os seus ncleos.

    4.2.4 MODIFICAO OU ALTERAO NO AUTORIZADA EM SISTEMA DE INFORMAO

    Qualquer sistema de informao de dados sobre empresas, programa de controle de arrecadao de contribuies sociais dos segurados, dentre outros, est agora tutelado pela norma penal.

    Poder-se-ia at criticar a utilizao do Direito Penal para esse tipo de proteo, mas dentro da sistemtica moderna de dados e da fragilidade com que, ainda, os programas podem ser invadidos por terceiros, o prprio funcionrio encarregado de manipul-los poder ser tentado prtica do ilcito. Assim, o Direito Penal foi chamado para dar uma maior proteo ao sistema, dispondo da seguinte maneira:

    Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionrio, sistema de informaes ou programa de informtica sem autorizao ou solicitao de autoridade competente:

    Pena deteno, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa.

    O objeto da tutela penal a Administrao Pblica, particularmente a incolumidade de seus sistemas de informaes e programas de informtica, que s podem sofrer modificaes ou alteraes quando a autoridade competente solicita a determinado funcionrio ou o autoriza. Desta forma, mais precisamente como determina Julio Fabbrini Mirabete protege-se, com o dispositivo, a regularidade dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica.

    4.2.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico, sem, no entanto, haver sido autorizado pela autoridade competente para promover alterao no sistema.

    2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, o ESTADO, entretanto, pode figurar no plo passivo um particular, caso seja ele prejudicado.

    ELEMENTOS:

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    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Modificar;

    Alterar;

    Mas, professor, modificar e alterar no tem o mesmo significado?

    A doutrina entende que no. Diz-se que modificar prende-se a dados que dizem respeito estrutura do sistema, j o alterar vincula-se a informaes contidas no sistema. Essa diferenciao no importante para a sua PROVA e entende-se que a colocao de dois ncleos to parecidos teve a finalidade de no deixar dvidas aos intrpretes e aplicadores da norma penal.

    2. SUBJETIVO: Esse crime, para aperfeioar-se, no necessita seno do dolo genrico, conforme classificao doutrinria, traduzido na vontade livre e consciente de praticar a conduta tpica, que a de modificar ou alterar o sistema de informaes ou o programa de informtica.

    3. NORMATIVO: Presente na expresso sem autorizao ou solicitao de autoridade competente.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Crime de MERA CONDUTA. Consuma-se com a alterao ou modificao.

    2. admissvel a tentativa. Exemplo: O funcionrio, no momento em que vai iniciar a modificao, surpreendido.

    CAUSA DE AUMENTO DE PENA

    O pargrafo nico do art. 313-B dispe que a penalizao prevista ser aumentada caso da alterao ou modificao derive dano para a Administrao Pblica. Observe:

    Art. 313-B [...]

    Pargrafo nico. As penas so aumentadas de um tero at a metade se da modificao ou alterao resulta dano para a Administrao Pblica ou para o administrado.

    TRATA-SE DE UM TIPO MISTO ALTERNATIVO, EM QUE A OCORRNCIA DE MAIS DE UM DOS NCLEOS, EM UM MESMO CONTEXTO FTICO, CONSTITUI CRIME NICO.

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    4.2.5 EXTRAVIO, SONEGAO OU INUTILIZAO DE LIVRO OU DOCUMENTO

    O delito apresenta no CP a seguinte definio:

    Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razo do cargo; soneg-lo ou inutiliz-lo, total ou parcialmente:

    Pena - recluso, de um a quatro anos, se o fato no constitui crime mais grave.

    Visa o dispositivo supra proteger a Administrao no que diz respeito ordem, regularidade e segurana de livros oficiais e documentao de natureza pblica ou privada, que devem manter-se ntegros. Exatamente por isso, pune-se o funcionrio que, tendo a sua guarda em razo do cargo, vem a desvi-los, escond-los ou inutiliz-los.

    4.2.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico que tem a guarda do objeto material em razo do cargo.

    2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, o ESTADO, entretanto, pode figurar no plo passivo um particular, caso seja ele prejudicado pela perda do objeto material.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Extraviar (dar destino equivocado);

    Sonegar (no restituir quando solicitado); e

    Inutilizar (tornar imprestvel para o fim ao qual servia).

    2. SUBJETIVO: o DOLO.

    CONSUMAO E TENTATIVA

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    1. Trata-se de crime de MERA CONDUTA. Consuma-se o delito com a realizao das condutas definidas na norma incriminadora, sendo irrelevante a ocorrncia de dano para a administrao pblica.

    2. admissvel a tentativa nas modalidades de extraviar e inutilizar. Com relao sonegao, no possvel.

    4.2.6 EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PBLICAS

    J pensou se o funcionrio pblico pudesse aplicar as verbas pblicas da maneira que achasse mais conveniente? Obviamente, seria uma confuso muito grande. Exatamente por isso, o ordenador de despesas est limitado na sua atuao por diversos dispositivos legais.

    Desta forma, a fim de proteger a regularidade da atividade administrativa no que diz respeito aplicao de verbas e rendas pblicas, o conhecido crime de desvio de verbas encontra sua previso no CP. Observe:

    Art. 315 - Dar s verbas ou rendas pblicas aplicao diversa da estabelecida em lei:

    Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa.

    Com base no dispositivo supra, pergunto: Imagine que a lei oramentria de determinado Estado destine verbas pblicas para a construo de um hospital. O Governador, Mvio, acreditando que os problemas comeam a ser resolvidos com o fornecimento de educao, destina os recursos para a construo de uma escola, criando o CENTRO DE EXCELNCIA ESTUDANTIL. Neste caso, poder ser ele processado e preso?

    A resposta positiva, pois no importa o fim almejado, a destinao do recurso. O que importante se a destinao LEGAL foi cumprida ou no e, no caso em tela, no foi.

    Mas professor, coitado do Mvio... Ele s estava querendo ajudar.

    Realmente, mas o examinador no est com nem um pouquinho de pena dele...

    4.2.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico que tem poder de disposio de verbas e rendas

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    pblicas. o caso, por exemplo, dos Governadores, Ministros de Estado, Diretores de Autarquias, etc.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: O ncleo do delito consiste em o funcionrio pblico dar aos fundos pblicos aplicao diversa da determinada ou no autorizada em lei. Obviamente, surge como elementar imprescindvel tipicidade do fato a existncia de lei regulamentando a aplicao do recurso financeiro.

    2. SUBJETIVO: o DOLO, ou seja, a vontade livre e consciente de aplicar verbas ou rendas pblicas de maneira diferente da destinao preceituada em lei. Aqui independe se o fato ocorreu visando ou no ao lucro.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime FORMAL. Consuma-se com a aplicao irregular de rendas e verbas pblicas, no bastando a simples indicao sem execuo.

    2. admissvel a tentativa.

    4.2.7 CONCUSSO

    Caro (a) Aluno (a), este um dos delitos mais exigidos em prova e, consequentemente, ser necessrio uma ateno especial e um aprofundamento um pouco maior. Vamos comear:

    De acordo com o artigo 316, caput, do Cdigo Penal, constitui delito o fato de o funcionrio pblico:

    Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida:

    Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa.

    CASO O AGENTE DESVIE OU SE APROPRIE DE VERBAS OU RENDAS, H O CRIME DE PECULATO E NO O CRIME DE

    APLICAO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PBLICAS.

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    Segundo Damsio Evangelista de Jesus, o termo concusso tem sua origem etimolgica derivada do verbo latino concutere, expresso empregada quando se pretende indicar o ato de sacudir a rvore para que os frutos caiam. Tambm significa sacudir fortemente, abalar, agitar violentamente.

    Como visto no artigo 316, caput, a concusso materializa-se quando o funcionrio exige para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo, ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagens indevidas. o desvio da funo pblica para esbulhar. um dos crimes mais graves contra a Administrao Pblica.

    Assim, o delito de concusso se tipifica quando o funcionrio pblico exige, impe, ameaa ou intima a vantagem espria (este termo j foi utilizado em provas) e o sujeito passivo cede exigncia pelo temor. Em outros termos, o crime de concusso uma espcie de extorso praticada pelo funcionrio pblico, com abuso de autoridade, contra particular que cede ou vir a ceder em face do metu publicae potestatis (medo do poder pblico).

    Jlio Fabbrini Mirabete, quanto objetividade jurdica do crime de concusso, leciona:

    Objetiva a incriminao do fato tutelar a regularidade da administrao, no que tange probidade dos funcionrios, ao legtimo uso da qualidade e da funo por eles exercida. Em plano secundrio, protegido est tambm o interesse patrimonial de particular, ou mesmo de funcionrio, de quem exigida a vantagem.

    4.2.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico, MESMO QUE AINDA NO TENHA ASSUMIDO O CARGO, mas desde que aja em virtude dele.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO e, secundariamente, o sujeito passivo vtima da exigncia ilegal.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: O ncleo do delito o verbo EXIGIR. Nesse sentido, ensina Jlio Fabbrini Mirabete que:

    A conduta tpica exigir, impor como obrigao, ordenar, reclamar vantagem indevida, aproveitando-se o agente do medo do poder pblico, ou seja, do temor de represlias a que fica constrangida a vtima. No necessrio que se faa a promessa de um mal determinado; basta o temor genrico que a autoridade inspira, que influa na manifestao volitiva do sujeito passivo. H um constrangimento pelo abuso de autoridade por parte do agente.

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    Ainda, sobre o tema, Antnio Pagliaro e Paulo Jos da Costa Jnior manifestaram-se a respeito, afirmando que:

    O ncleo do tipo acha-se representado pelo verbo exigir. Exigir impor, reivindicar de modo imperioso, pedir com autoridade. No caso especfico, o agente deve exigir em razo da funo por ele exercida, ou que ser por ele assumida. A conduta deve comportar a assuno, explcita ou implcita. Em suma, a exigncia dever relacionar-se com a funo que o agente desempenha ou ir desempenhar.

    2. SUBJETIVO: Aqui h dois elementos subjetivos. O primeiro o dolo. Alm dele, exige-se outro, previsto na expresso para si ou para outrem.

    3. NORMATIVO: Encontra-se na expresso indevida, que qualifica a vantagem.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. A concusso um delito FORMAL e a consumao ocorre com a exigncia, no momento em que esta chega ao conhecimento do sujeito passivo.

    OBSERVAES IMPORTANTES: 1 E SE O AGENTE EXIGE VANTAGEM QUE BENEFICIA A PRPRIA ADMINISTRAO PBLICA? NESTE CASO, NO H CONCUSSO, PODENDO OCORRER O DELITO DE EXCESSO DE EXAO, QUE AINDA TRATAREMOS. 2 E SE NO H EXIGNCIA, MAS MERA SOLICITAO? NO H CONCUSSO, PODENDO HAVER CORRUPO PASSIVA (AINDA VEREMOS). MAS PROFESSOR, QUAL A DIFERENA ENTRE EXIGNCIA E SOLICITAO? NO SE PREOCUPE COM DIFERENAS PRTICAS E, PARA A SUA PROVA, ATENTE PARA O VERBO QUE EST SENDO UTILIZADO. S SER CONCUSSO SE O VERBO FOR EXIGIR!!!

    A INDEVIDA VANTAGEM PODE SER QUALQUER UMA OU PRECISA SER PATRIMONIAL? PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE PODE SER QUALQUER VANTAGEM. EXEMPLO: SEXUAL.

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    2. admissvel a tentativa. Exemplo: Uma carta enviada com a exigncia e interceptada pela autoridade policial. Neste caso, temos a tentativa de concusso.

    4.2.8 EXCESSO DE EXAO

    Podemos dizer que o excesso de exao uma espcie do gnero concusso. Digo isto porque a diferena fundamental que aqui o indivduo no visa a proveito prprio ou alheio, mas, no desempenho de sua funo, excede-se nos meios de execuo.

    Sobre o excesso de exao dispe o Cdigo Penal:

    Art. 316

    1 - Se o funcionrio exige tributo ou contribuio social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrana meio vexatrio ou gravoso, que a lei no autoriza:

    Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa.

    Sendo assim, imagine que um Auditor Fiscal, a fim de obter o pagamento do ISS devido pela construtora JUVENAL S.A, estaciona dez carros de som em frente empresa e comea a cantar um jingle dizendo:

    JUVENAL, SEU CARA DE PAU, PAGUE O TRIBUTO E SEJA LEGAL.

    Obviamente h o emprego de um meio vexatrio (causa humilhao, tormento, vergonha) e, consequentemente, excesso de exao.

    Outra situao: Tcio exige contribuio social de determinada empresa, sabendo que ela isenta. Claramente exigiu pagamento que sabe ser indevido. Logo, caracteriza o delito de Excesso de Exao.

    4.2.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico. importante ressaltar que no h obrigatoriedade

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    de o sujeito ativo estar atuando na rea tributria ou, mais especificadamente, na arrecadao de tributos.

    2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, o ESTADO, entretanto, pode figurar no plo passivo um particular, vtima da conduta.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Exigir (tributo ou contribuio social);

    Empregar (na cobrana meio vexatrio ou gravoso);

    2. SUBJETIVO: So trs:

    Dolo;

    A expresso que sabe (indevido);

    A expresso deveria saber;

    3. NORMATIVO: So dois:

    A expresso indevido;

    A expresso que a lei no autoriza, referindo-se cobrana vexatria ou gravosa.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no momento da exigncia ou do emprego do meio vexatrio ou gravoso.

    2. admissvel a tentativa.

    TIPO QUALIFICADO

    O Cdigo Penal dispe no pargrafo 2 do artigo 316:

    Art. 316 [...]

    2 - Se o funcionrio desvia, em proveito prprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pblicos:

    Pena - recluso, de dois a doze anos, e multa

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    Neste delito, o funcionrio pblico resolve chutar o balde, ou seja, fazer tudo errado. Alm de receber indevidamente, ele ainda se apropria do que recebeu.

    Mas e se ele recolher aos cofres pblicos e depois se apropriar? Neste caso, teremos o PECULATO.

    4.2.9 CORRUPO PASSIVA

    O delito em questo encontra previso no artigo 317 do CP nos seguintes termos:

    Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

    Pena recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

    Este crime, como voc sabe, quase no ocorre em nosso pas... a famosa propina exigida para comprar um ato de um funcionrio pblico.

    4.2.9.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Solicitar (vantagem indevida);

    Receber (vantagem indevida);

    Aceitar (promessa de vantagem).

    2. SUBJETIVO: So dois:

    Dolo;

    A expresso para si ou para outrem;

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    Observe que no delito no h qualquer exigncia quanto inteno de realizar ou deixar de realizar o ato de ofcio objeto da corrupo.

    3. NORMATIVO:

    A expresso indevidamente

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no momento em que a solicitao chega ao conhecimento do terceiro ou quando o funcionrio recebe a vantagem ou aceita a promessa de sua entrega.

    2. admissvel a tentativa no tocante solicitao.

    TIPO QUALIFICADO

    De acordo com o pargrafo 1 do artigo 317 temos:

    Art. 317

    1 - A pena aumentada de um tero, se, em conseqncia da vantagem ou promessa, o funcionrio retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofcio ou o pratica infringindo dever funcional.

    O pargrafo supra trata de duas situaes:

    A primeira diz respeito ao retardamento ou no prtica de qualquer ato. Seria o caso do Auditor Fiscal que retarda a lavratura de um Auto de Infrao a fim de operar-se a decadncia. Para este tipo de situao, temos a chamada corrupo passiva imprpria.

    A segunda situao trata da chamada corrupo passiva prpria, na qual o funcionrio realiza ato de ofcio violando dever funcional.

    Para os dois casos temos um aumento de pena de um tero.

    TIPO PRIVILEGIADO

    Para a chamada corrupo passiva prpria privilegiada, a pena reduzida. Diferencia-se das outras formas tpicas pelo motivo que determina a conduta

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    do funcionrio. Aqui, o funcionrio no vende ato funcional pretendendo receber uma vantagem, mas atende a pedido de terceiro, influente ou no.

    Sobre o tema, dispe o Cdigo Penal:

    Art. 317[...]

    2 - Se o funcionrio pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofcio, com infrao de dever funcional, cedendo a pedido ou influncia de outrem:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa.

    4.2.10 FACILITAO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO

    Encontra previso no artigo 318 do CP:

    Art. 318 - Facilitar, com infrao de dever funcional, a prtica de contrabando ou descaminho:

    Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa.

    4.2.10.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico. No qualquer, mas aquele a quem imposto o dever de reprimir ou fiscalizar o contrabando.

    Mas e se o funcionrio, sem infringir DEVER FUNCIONAL, concorre para o contrabando?

    Neste caso, ele responder pelo delito previsto no artigo 334 do Cdigo Penal (Analisaremos mais a frente):

    DICIONRIO DO CONCURSEIRO CONTRABANDO A ENTRADA OU SADA DE PRODUTO PROIBIDO OU QUE ATENTE CONTRA A SADE OU A MORALIDADE. DESCAMINHO A ENTRADA OU SADA DE PRODUTOS PERMITIDOS, MAS SEM PASSAR PELOS TRMITES BUROCRTICOS-TRIBUTRIOS DEVIDOS.

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    Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela sada ou pelo consumo de mercadoria

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Facilitar (o descaminho ou contrabando ).

    2. SUBJETIVO: So dois:

    Dolo

    A conscincia de estar violando dever funcional. Se o indivduo age com dolo, mas sem esta conscincia, responder pelo j citado delito previsto no artigo 334.

    3. NORMATIVO:

    A expresso com infrao de dever funcional.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a realizao da conduta de facilitao, seja ela comissiva (Ex: Aconselhar) ou omissiva (Ex: No criar obstculos).

    2. admissvel a tentativa.

    A jurisprudncia do STF j se firmou no sentido de ser possvel a aplicao do princpio da insignificncia ao delito de facilitao de descaminho, desde que o valor do tributo sonegado no ultrapasse R$ 10.000,00.

    O STJ tinha posio firmada no sentido de que tal limite seria R$ 100,00, mas em recente julgado mudou seu entendimento dispondo no seguinte sentido:

    DESCAMINHO. PRINCPIO. INSIGNIFICNCIA. A Seo, ao julgar o recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ), entendeu que, em ateno jurisprudncia predominante no STF, deve-se aplicar o princpio da insignificncia ao crime de descaminho quando os delitos tributrios no ultrapassem o limite de R$ 10 mil, adotando-se o disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. O Min. Relator entendeu ser aplicvel o valor de at R$ 100,00 para a invocao da insignificncia, como excludente de tipicidade penal, pois somente nesta hiptese haveria extino do crdito e, consequentemente, desinteresse definitivo na cobrana da dvida pela Administrao Fazendria (art. 18, 1, da referida lei), mas ressaltou seu posicionamento e curvou-se a orientao do Pretrio Excelso no intuito de conferir efetividade aos fins propostos pela Lei n. 11.672/2008 (REsp 1.112.748/TO, Informativo 406).

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    4.2.11 PREVARICAO

    A prevaricao encontra sua definio no artigo 319 do Cdigo Penal:

    Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofcio, ou pratic-lo contra disposio expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa.

    Na prtica do fato, o funcionrio se abstm da realizao da conduta a que est obrigado ou a retarda ou a concretiza contra a lei, com destinao especfica de atender a sentimento ou interesse prprios.

    4.2.11.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Retardar (ato de ofcio);

    Deixar de praticar;

    Praticar contra disposio expressa.

    2. SUBJETIVO: So dois:

    Dolo;

    A expresso para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Sem esta finalidade em consonncia com o dolo, a conduta atpica.

    3. NORMATIVO:

    A expresso indevidamente ao retardar ou deixar de praticar ato de ofcio.

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    A expresso contra disposio expressa em lei quando pratica ato de ofcio.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a omisso, o retardamento ou a realizao do ato.

    2. admissvel a tentativa.

    PREVARICAO IMPRPRIA

    Consiste na conduta de deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico, de rdio ou similar, que permita a comunicao com outros presos ou com o ambiente externo. Encontra previso no CP. Observe:

    Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciria e/ou agente pblico, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefnico, de rdio ou similar, que permita a comunicao com outros presos ou com o ambiente externo: (Includo pela Lei n 11.466, de 2007).

    Pena: deteno, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano.

    QUAL A PRINCIPAL DIFERENA ENTRE A PREVARICAO PRPRIA E A IMPRPRIA?

    NA PREVARICAO PRPRIA, EXISTE O ELEMENTO ESPECIAL DO TIPO (DOLO ESPECFICO) PARA SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL.

    NA IMPRPRIA, NO PRECISA EXISTIR ESSA FINALIDADE ESPECIAL DO AGENTE. EM SNTESE, NA PRPRIA, O DOLO ESPECFICO; NA IMPRPRIA, GENRICO.

    QUAL A EXATA DIFERENA ENTRE OS CRIMES DE PREVARICAO E DE CORRUPO PASSIVA? NA CORRUPO PASSIVA, O AGENTE ATUA VISANDO A UMA VANTAGEM INDEVIDA; NA PREVARICAO, NO EXISTE A FIGURA DA VANTAGEM INDEVIDA. O INTERESSE PESSOAL PODE SER PATRIMONIAL OU MORAL, MAS RESTRINGE-SE ESFERA SUBJETIVA DO AGENTE. CASO SEJA EXTERIORIZADO NUMA VANTAGEM INDEVIDA, PASSA A EXISTIR CRIME DE CORRUPO PASSIVA.

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    4.2.12 CONDESCENDNCIA CRIMINOSA

    Imagine que Tcio ingressa em um cargo pblico e logo no primeiro ms de trabalho, apaixona-se por Mvia, tambm recm aprovada.

    Passa-se um ano e, aps vrias tentativas sem sucesso de aproximao, Tcio nomeado para determinado cargo e Mvia passa a ser sua subordinada.

    Algum tempo depois, Tcio flagra Mvia recebendo dinheiro para retardar ato de ofcio, mas resolve tolerar tal atitude, pois, alm de seu grande amor, sabe que Mvia vem de uma famlia muito pobre.

    Neste caso, responda: Qual delito Tcio comete?

    (A) Prevaricao

    (B) Condescendncia criminosa

    A resposta correta a letra B, pois no caso em tela Tcio comete o crime que encontra previso no Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 320 - Deixar o funcionrio, por indulgncia, de responsabilizar subordinado que cometeu infrao no exerccio do cargo ou, quando lhe falte competncia, no levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:

    Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa.

    Mas, professor... Como diferenciar a condescendncia criminosa da prevaricao?

    Realmente, a diferena tnue e voc entender quando tratarmos dos elementos subjetivos do tipo.

    4.2.12.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

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    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Deixar de responsabilizar (subordinado);

    No levar o fato (cometido por subordinado autoridade competente).

    2. SUBJETIVO: So dois:

    Dolo;

    A expresso por indulgncia.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. CRIME OMISSIVO PRPRIO, consumando-se com a simples conduta negativa. crime FORMAL.

    2. NO ADMITE TENTATIVA.

    4.2.13 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA

    Caro (a) concurseiro (a), voc imaginava que existiam tantos delitos? Sei que so muitos, mas o conhecimento de todos far uma grande diferena na hora da prova. Para aliviar um pouco, vou dar um tempinho para voc ler um jornal... MAS NO A PARTE DE ESPORTES E NEM SOBRE AS NOVELAS... o interessantssimo texto que eu separei especialmente para voc descansar. Observe:

    A EXPRESSO POR INDULGNCIA SIGNIFICA QUE O SUPERIOR HIERRQUICO DEIXA DE AGIR POR TOLERNCIA, CLEMNCIA, BRANDURA ETC. SE A RAZO DA CONDUTA O ATENDIMENTO DE SENTIMENTO OU INTERESSE PESSOAL, O FATO CONSTITUI PREVARICAO. SE H PRETENSO DE OBTER VANTAGEM INDEVIDA, CASO DE CORRUPO PASSIVA.

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    O agente da Polcia Federal de Presidente Prudente, Roland Magnesi Jnior, foi condenado a um ms de priso pelo crime de advocacia administrativa, como dispe o artigo 321 do Cdigo Penal:

    Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administrao pblica, valendo-se da qualidade de funcionrio:

    Pena - deteno, de um a trs meses, ou multa.

    A deciso foi do juiz federal Renato Cmara Nigro que entendeu que o agente pblico valeu-se de sua funo, e ofendeu a lisura da administrao para garantir vantagem indevida a particular.

    Em uma interceptao telefnica, o dono da empresa Madureira Servio de Vigilncia, Silvio Csar Madureira, conversa com Magnesi Junior sobre a obteno da autorizao de funcionamento e renovao do certificado de segurana da empresa junto PF.

    As exigncias para a obteno da autorizao no haviam sido cumpridas. Segundo a acusao, era ntido o favorecimento prestado pelo agente a Madureira, j que foram passadas ao empresrio informaes ilcitas sobre como conseguir a autorizao.

    "Revelou-se claro o cometimento de advocacia administrativa por parte de Roland Magnesi Junior, em defesa dos interesses de Slvio Csar Madureira. O policial vai muito alm do mero dever de informao para aventurar-se em terreno proibido, de forma totalmente parcial e ilcita em favor da mencionada empresa", disse o juiz Renato Nigro.

    Observe que no exemplo acima, o agente valeu-se de sua funo, malferindo a lisura administrativa para garantir vantagem indevida particular em detrimento do interesse pblico que deveria proteger. Neste caso, cometeu advocacia administrativa.

    4.2.13.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    ELEMENTOS:

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    1. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Patrocinar (interesse privado) Tal termo significa facilitar, advogar etc.

    2. SUBJETIVO:

    Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Consuma-se o delito com a realizao do primeiro ato de patrocnio, independentemente da obteno do resultado pretendido. crime FORMAL.

    2. admissvel a tentativa.

    4.2.14 ABANDONO DE FUNO

    Antes de traar os aspectos pertinentes ao delito, veja como o conceitua o Cdigo Penal:

    Art. 323 - Abandonar cargo pblico, fora dos casos permitidos em lei:

    Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa.

    SE O INTERESSE PATROCINADO FOR COMPLETAMENTE LCITO, HAVER ADVOCACIA ADMINISTRATIVA? SIM. O LEGISLADOR NO RESTRINGIU A NATUREZA DO INTERESSE PRIVADO. SE FOR LEGTIMO, HAVER A FORMA SIMPLES DO DELITO. CASO SEJA ILEGTIMO, HAVER ADVOCACIA ADMINISTRATIVA NA FORMA QUALIFICADA, COM PENA DE DETENO DE 3 (TRS) MESES A 1 (UM) ANO.

    A ADVOCACIA ADMINISTRATIVA UM DELITO EMINENTEMENTE SUBSIDIRIO. DESSA FORMA, SE O FUNCIONRIO ESTIVER RECEBENDO VANTAGEM INDEVIDA PARA PATROCINAR O INTERESSE PRIVADO, HAVER DELITO DE CORRUPO PASSIVA.

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    Perceba que, embora o prprio Cdigo Penal atribua o nome abandono de funo ao crime, a tipificao do delito utiliza a palavra CARGO, que, como j vimos, apresenta um conceito mais restrito que o termo funo pblica.

    E os cargos em comisso, integram o conceito de cargo? A resposta positiva. Observe o que dispe sobre o tema a lei n 8.112/90 (que voc conhece bem):

    Art. 3o Cargo pblico o conjunto de atribuies e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

    Pargrafo nico. Os cargos pblicos, acessveis a todos os brasileiros, so criados por lei, com denominao prpria e vencimento pago pelos cofres pblicos, para provimento em carter efetivo ou em comisso. (grifo nosso)

    Desta forma, o nome correto do crime deveria ser ABANDONO DE CARGO. E o que isso interessa para voc? Absolutamente nada, pois para sua prova o crime denomina-se ABANDONO DE FUNO, mas restringe-se a CARGOS pblicos.

    Com a tipificao da conduta, o legislador visa resguardar a Administrao Pblica, garantindo a continuidade na prestao dos servios.

    4.2.14.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico, MAS este deve estar regularmente investido em CARGO PBLICO.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Abandonar Para caracterizar o delito, o abandono deve ser por um perodo razovel e deve acarretar ao menos a probabilidade de dano ao poder pblico.

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    Exemplo: Em um determinado setor, Tcio exerce a funo de chefia e, visando participar de uma festa, abandona o cargo. Mvio, amigo de Tcio, sempre o substituiu quando necessrio e, no primeiro dia de ausncia do colega, assume as funes, dando andamento normal ao expediente.

    Neste caso, poder ser caracterizado o delito de abandono de cargo?

    A resposta negativa, pois no houve probabilidade de dano para a Administrao.

    2. SUBJETIVO:

    Dolo;

    3. NORMATIVO:

    A expresso fora dos casos permitidos em lei.

    Imagine que Tcio resolve viajar para Petrpolis, municpio do Rio de Janeiro. Chegando l, uma chuva anormal acontece, gerando o deslizamento de barreiras e impedindo o retorno de Tcio por um longo perodo de tempo. Tal fato, qual seja a ausncia de Tcio, gera danos para a Administrao Pblica.

    Neste caso, h crime?

    Claro que no, pois a lei admite o abandono de cargo nas ocasies de fora maior, estado de necessidade, doena, etc.

    Diferentemente, se Tcio abandona para participar de uma festa que dura 60 dias, obviamente teremos a ocorrncia do crime.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Delito OMISSIVO PRPRIO. Consuma-se com o afastamento do cargo por tempo juridicamente relevante. crime FORMAL.

    2. NO admissvel a tentativa.

    FORMA QUALIFICADA

    O delito de abandono de funo apresenta duas situaes em que as penas so agravadas. So elas:

    1. QUANDO O ABANDONO EFETIVAMENTE GERA PREJUZO PARA A ADMINISTRAO PBLICA:

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    Art. 323 [...]

    1 - Se do fato resulta prejuzo pblico:

    Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa.

    2. SE O ABANDONO OCORRE EM REA DE FRONTEIRA.

    Art. 323 [...]

    2 - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

    Pena - deteno, de um a trs anos, e multa.

    4.2.15 EXERCCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO

    Este delito no muito exigido em prova, mas importante, ao menos, ter uma noo sobre ele. Encontra previso no art. 324 do Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 324 - Entrar no exerccio de funo pblica antes de satisfeitas as exigncias legais, ou continuar a exerc-la, sem autorizao, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substitudo ou suspenso:

    Pena - deteno, de quinze dias a um ms, ou multa.

    Segundo Damsio, o objeto jurdico a regularidade da Administrao Pblica. O irregular exerccio do cargo pblico perturba a normal atividade da mquina administrativa, causando prejuzo ao poder pblico em sua misso de prestao de servios. Da a incriminao do fato.

    4.2.15.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico.

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    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Entrar (no exerccio de funo pblica antes de satisfeitas as exigncias legais) Imagine que Tcio, Auditor do ICMS-SP, aprovado para o concurso de AFT. Aps a nomeao, por j conhecer parte do trabalho, resolve iniciar o exerccio de suas funes, mesmo tendo plena conscincia de que no est legalmente investido no cargo. Neste caso, opera-se o delito.

    Mas quando o servidor est regularmente investido no cargo?

    Quando toma posse, nos seguintes termos da lei n 8.112/90:

    Art. 13. A posse dar-se- pela assinatura do respectivo termo, no qual devero constar as atribuies, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que no podero ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofcio previstos em lei.

    Continuar (a exerc-la depois de exonerado, substitudo, suspenso ou removido) Se o funcionrio volta a trabalhar durante as frias, incorre no tipo penal? A resposta negativa, pois no se trata de EXONERAO / SUBSTITUIO / SUSPENSO ou REMOO.

    2. SUBJETIVO:

    No caso de antecipar o incio da atividade Dolo;

    No caso da exonerao, remoo, substituio ou suspenso O dolo, somado com a expresso depois de saber oficialmente.

    Aqui no cabe a PRESUNO do conhecimento da exonerao, substituio, etc., pelo simples fato de haver sido publicado o ato no dirio oficial. indispensvel provar que o funcionrio tomou

    APOSENTADORIA COMPULSRIA NOS TERMOS DA LEI N 8.112/90, A APOSENTADORIA COMPULSRIA AUTOMTICA, OPERANDO-SE NO MOMENTO EM QUE O FUNCIONRIO COMPLETA 70 ANOS. SENDO ASSIM, O FUNCIONRIO QUE SE ENQUADRA NESTA SITUAO DEVE AFASTAR-SE DO CARGO SOB PENA DE INCORRER NO DELITO CASO AJA COM DOLO (ELEMENTO SUBJETIVO).

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    conhecimento do ato, no sendo cabvel a PRESUNO DE CONHECIMENTO.

    3. NORMATIVO:

    A expresso sem autorizao.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Trata-se de crime FORMAL. Consuma-se o delito no momento em que o funcionrio pratica o primeiro ato de ofcio.

    2. admissvel a tentativa. Seria o caso, por exemplo, de um indivduo suspenso que est prestes a finalizar um ato de ofcio e interrompido pelo seu chefe.

    4.2.16 VIOLAO DE SIGILO FUNCIONAL

    Com certeza voc se lembra do caso abaixo noticiado amplamente no pelos jornais e tele-jornais.

    O delegado Protgenes Queiroz, mentor da Operao Satiagraha, foi indiciado criminalmente ontem pela Polcia Federal.

    O corregedor da PF, Amaro Ferreira, enquadrou o criador da Satiagraha em dois crimes: quebra de sigilo funcional e violao da Lei de Interceptaes. Protgenes teria sido responsvel pelo vazamento de dados secretos da Satiagraha, investigao federal contra o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Tal conduta, na avaliao da PF, caracteriza quebra do sigilo funcional:

    Art. 325 - Revelar fato de que tem cincia em razo do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelao:

    Pena - deteno, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato no constitui crime mais grave. (grifei)

    A Administrao Pblica rege-se pelo princpio da publicidade, plasmado este no caput do art. 37 da Carta Magna. Entretanto, tal princpio no absoluto, pois certos fatos relacionados com o poder pblico devem ficar a coberto do conhecimento geral em razo do interesse funcional. Desta forma, o legislador optou por tutelar penalmente estes segredos, punindo o autor da violao de sigilo funcional.

    CARTER SUBSIDIRIO SOMENTE HAVER O CRIME DE VIOLAO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 325, CP) SE O FATO NO CONSTITUIR CRIME MAIS GRAVE (SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA). ASSIM, SE O FUNCIONRIO VIOLOU O SEGREDO, RECEBENDO VANTAGEM INDEVIDA PARA ISSO, HAVER CRIME DE CORRUPO PASSIVA E NO VIOLAO DE SIGILO (OU SEGREDO) FUNCIONAL.

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    4.2.16.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico. E se o indivduo revela segredo depois de uma demisso?

    Inexiste crime, pois falta a qualidade de funcionrio pblico.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, o particular, caso seja afetado pela revelao.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Revelar;

    Facilitar a revelao Exemplo: Deixar uma gaveta aberta.

    Aqui cabem algumas importantes consideraes:

    1- Se o terceiro j tinha conhecimento do fato, no se caracteriza o delito, pois o crime exige a possibilidade de dano.

    2- Para a caracterizao da violao de sigilo funcional, h necessidade de que o funcionrio tenha tomado conhecimento do segredo EM RAZO DO CARGO.

    Imagine que Tcio trabalha no ICMS-RJ e toma conhecimento, por circunstncias alheias sua funo, de um informe sigiloso da Polcia Federal. Nesta situao, caso revele a informao, no ser enquadrado no presente delito.

    2. SUBJETIVO:

    Dolo;

    A expresso de que tem cincia em razo do cargo

    O APOSENTADO PODE SER SUJEITO ATIVO DO CRIME DE VIOLAO DE SIGILO FUNCIONAL? SIM. O ENTENDIMENTO MAJORITRIO DA DOUTRINA PORQUE O APOSENTADO NO SE DESVINCULA TOTALMENTE DOS DEVERES PARA COM A ADMINISTRAO.

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    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O delito consumado no momento do ato da revelao do segredo. Por ser um crime formal, independe da real ocorrncia de dano, bastando a potencialidade.

    2. admissvel a tentativa.

    SIGILO FUNCIONAL DE SISTEMAS DE INFORMAO

    Com o avano da informtica, visando preservar tambm o sigilo de sistemas de informaes, a lei n 9.983/00 inseriu os seguintes dispositivos no Cdigo Penal:

    Art. 325

    1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

    I permite ou facilita, mediante atribuio, fornecimento e emprstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas no autorizadas a sistemas de informaes ou banco de dados da Administrao Pblica;

    II se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

    2o Se da ao ou omisso resulta dano Administrao Pblica ou a outrem:

    Pena recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

    4.2.17 VIOLAO DE SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRNCIA

    Um dos principais aspetos a ser verificado para a garantia da lisura de um certame licitatrio o sigilo das propostas.

    Em uma concorrncia, a idia que os participantes coloquem seus preos em um envelope lacrado e, aps o julgamento, caso a licitao seja do tipo menor preo, a empresa com a proposta de menor valor seja declarada vencedora da licitao.

    Obviamente que se as propostas forem violadas antes do julgamento, fica fcil manipular o resultado, pois basta que determinada empresa, conhecendo as propostas das outras, apresente um valor inferior. Exatamente para impedir esta situao, o Cdigo Penal preceitua:

    Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrncia pblica, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devass-lo:

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    Pena - Deteno, de trs meses a um ano, e multa.

    4.2.17.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: Como um crime prprio, s pode ser cometido por funcionrio pblico, MAS no qualquer funcionrio. O tipo exige mais uma qualidade especfica do autor: Deve ser funcionrio pblico com a funo de receber as propostas, guard-las e permitir o conhecimento a quem de direito s no momento adequado.

    2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, os participantes prejudicados.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Devassar (tomar conhecimento indevido de proposta)

    Proporcionar (a terceiro o ensejo do devassamento)

    2. SUBJETIVO:

    Dolo;

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. Crime Material. A consumao ocorre no momento em que o funcionrio ou o terceiro toma conhecimento do contedo da proposta.

    2. admissvel a tentativa.

    4.2.18 VIOLNCIA ARBITRRIA

    H uma discusso na doutrina e na jurisprudncia, no havendo posio majoritria definida, sobre a vigncia do artigo 322 do CP. Para alguns ele foi revogado em virtude da lei que tipifica os delitos de abuso de autoridade. Para outros no.

    Exatamente por isso a cobrana pelo CESPE sobre o delito, embora muito pouca, restringe-se a literalidade do Cdigo Penal que dispe:

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    Art. 322 - Praticar violncia, no exerccio de funo ou a pretexto de exerc-la:

    Pena - deteno, de seis meses a trs anos, alm da pena correspondente violncia.

    ***********************************************************************

    PASSEMOS AGORA AOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES!!!

    ***********************************************************************

    4.3 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAO EM GERAL

    O ttulo XI do Cdigo Penal traz em seu captulo I a previso dos delitos praticados por funcionrios pblicos contra a Administrao, os quais j foram estudados nesta nossa aula.

    Obviamente que apenas tipificar condutas de FUNCIONRIOS no protege o normal funcionamento da mquina administrativa. Sendo assim, no captulo II o legislador inseriu os delitos que podem ser praticados por PARTICULARES contra a Administrao.

    Dito isto, podemos afirmar que o funcionrio pblico no poder ser enquadrado nos crimes do segundo captulo?

    Claro que no, pois as denominaes crimes praticados por funcionrios e crimes praticados por particular foram utilizadas pelo legislador para diferenciar o delito prprio, que exige uma qualidade especial, do comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo funcionrio que age como particular.

    4.3.1 USURPAO DE FUNO PBLICA

    Usurpar derivado do latim USURPARE, que significa apossar-se sem ter direito. Usurpar a funo pblica , portanto, exercer ou praticar ato de uma funo que no lhe devida. Encontra previso no Cdigo Penal nos seguintes termos:

    Art. 328 - Usurpar o exerccio de funo pblica:

    Pena - deteno, de trs meses a dois anos, e multa.

    4.3.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

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    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionrio que exerce funo que no lhe compete.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO.

    ELEMENTOS:

    4. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Usurpar (o exerccio de funo pblica) Neste ponto, cabe um importante comentrio. Imagine que Tcio, particular, diz para todos os seus amigos e familiares que exerce determinada funo pblica. Podemos dizer que ele comete o delito em tela?

    A resposta NEGATIVA, pois o entendimento majoritrio o de que para ocorrer usurpao o particular deve realizar ao menos um ato oficial.

    5. SUBJETIVO:

    Dolo (Exige-se o dolo para a caracterizao do crime);

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com a prtica do primeiro ato de ofcio, independentemente do resultado, ou seja, no importando se o exerccio da funo usurpada gratuito ou oneroso.

    2. admissvel a tentativa.

    TIPO QUALIFICADO

    Encontra previso no pargrafo nico do artigo 328, ocorrendo se o agente obtm vantagem moral ou material em razo da usurpao. Veja:

    Art. 328 [...]

    Pargrafo nico - Se do fato o agente aufere vantagem:

    Pena - recluso, de dois a cinco anos, e multa.

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    4.3.2 RESISTNCIA

    Imagine que Tcio est estudando para fazer prova para Auditor Fiscal e, aps a sua aprovao, designado pelo seu superior para fazer uma diligncia em determinada empresa.

    Voc acha que existe alguma empresa que ADORA receber a visita de um rgo fiscalizador? claro que no! Exatamente por isso, o CP tenta resguardar os agentes do poder pblico da conduta de quem, mediante VIOLNCIA FSICA ou GRAVE AMEAA, tenta impedir a execuo de ato legtimo.

    Observe o artigo 329:

    Art. 329 - Opor-se execuo de ato legal, mediante violncia ou ameaa a funcionrio competente para execut-lo ou a quem lhe esteja prestando auxlio:

    Pena - deteno, de dois meses a dois anos.

    4.3.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Regra geral, cometido pela pessoa a quem se dirige o ato, mas nada impede que seja cometido por terceiros. o caso, por exemplo, do particular que vai ser preso e sua famlia tenta impor resistncia.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Opor-se (mediante violncia ou ameaa);

    2. SUBJETIVO:

    Dolo de agir com violncia ou ameaar; e

    Finalidade de impedir ato funcional.

    3. NORMATIVO:

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    No tipo h dois elementos normativos necessrios para a caracterizao do crime: O ato deve ser "legal" e cometido por funcionrio competente para a execuo do ato. Assim, se a resistncia oposta contra um ato legal que executado por servidor incompetente, o fato atpico.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. delito formal, consumando-se no momento da violncia ou ameaa.

    2. admissvel a tentativa.

    TIPO QUALIFICADO

    Normalmente a resistncia no impede o poder pblico de agir, somente dificulta a ao. Caso o ato no seja realizado em virtude da resistncia, incide a qualificadora do pargrafo 1 do artigo 329:

    Art. 329

    1 - Se o ato, em razo da resistncia, no se executa:

    Pena - recluso, de um a trs anos.

    CONCURSO DE CRIMES

    Nesta aula, tratamos de alguns crimes que apresentavam o chamado carter subsidirio, ou seja, o agente s seria incriminado caso no houvesse tipo mais grave.

    Com relao resistncia, isto no ocorre. Se da violncia advm uma leso corporal ou at mesmo um homicdio, responde o agente por LESO CORPORAL + RESISTNCIA OU HOMICDIO + RESISTNCIA. Observe o disposto sobre o tema no CP:

    Art. 329 [...]

    2 - As penas deste artigo so aplicveis sem prejuzo das correspondentes violncia.

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    Para este caso, em que as penas de todos os crimes so aplicadas cumulativamente, o Direito Penal d o nome de CONCURSO MATERIAL.

    4.3.3 DESOBEDINCIA

    Encontra previso no artigo 330 do CP nos seguintes termos:

    Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionrio pblico:

    Pena - deteno, de quinze dias a seis meses, e multa.

    Quanto a este delito, o CP bem claro ao dizer que ele caracterizado pelo no cumprimento de ordem LEGAL do funcionrio pblico. Vamos analis-lo:

    4.3.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionrio, desde que o objeto da ordem no esteja relacionado com suas funes.

    E se estiver relacionado com as funes?

    Neste caso, no h que se falar em desobedincia, podendo ocorrer, por exemplo, o delito de prevaricao.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Desobedecer (ordem legal de funcionrio pblico).

    2. SUBJETIVO:

    Dolo necessrio que o indivduo saiba que tem o dever de cumprir e esteja consciente de que no esta cumprindo.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com a ao ou omisso do desobediente.

    2. admissvel a tentativa.

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    4.3.4 DESACATO

    Este o delito que encontramos escrito em papis colados na parede da maioria dos rgos que atendem pblico.

    Encontra previso no artigo 331 do CP nos seguintes termos:

    Art. 331 - Desacatar funcionrio pblico no exerccio da funo ou em razo dela:

    Pena - deteno, de seis meses a dois anos, ou multa.

    Tutela-se a Administrao Pblica no que concerne dignidade, ao prestgio e ao respeito devidos aos seus agentes no exerccio da funo.

    4.3.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. H uma divergncia doutrinria e jurisprudencial muito grande sobre quando um funcionrio pblico pode cometer desacato. No vou esmiuar o tema, pois informao intil para voc. Para sua PROVA, o funcionrio pblico pode cometer o delito de desacato quando na posio de PARTICULAR.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: elementar do tipo:

    Desacatar (funcionrio pblico no exerccio da funo) O desacato pode ser por gestos, gritos, agresses etc. indispensvel, entretanto, que o fato seja cometido na presena

    NO CRIME DE DESACATO, O FUNCIONRIO PBLICO DEVE ESTAR NO EXERCCIO DA FUNO; OU, AINDA QUE FORA DO EXERCCIO, A OFENSA DEVE SER FEITA EM RAZO DA FUNO. O CASO, POR EXEMPLO, DO PARTICULAR QUE ENCONTRA UM JUIZ EM UM SUPERMERCADO E DIZ: JUIZ TUDO LADRO, INCLUSIVE VOC. NO DESACATO, A OFENSA NO PRECISA SER PRESENCIADA POR OUTRAS PESSOAS.

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    Eu vou desviar, mas j consumou o desacato!!

    do sujeito passivo. No h desacato na ofensa por carta, telefone, televiso etc., podendo ocorrer o delito de injria.

    2. SUBJETIVO:

    Dolo

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. O crime consumado com o ato ofensivo.

    2. Segundo doutrina majoritria, NO admissvel a tentativa.

    3. Alguns autores dizem ser possvel a tentativa, como no caso de um indivduo que joga alguma coisa em um funcionrio pblico e erra. Mas, repetindo, para A SUA PROVA siga a doutrina majoritria e afirme que no admissvel a figura tentada do delito.

    4.3.5 TRFICO DE INFLUNCIA

    o delito praticado por particular contra a Administrao Pblica, no qual determinada pessoa, usufruindo de sua influncia sobre ato praticado por funcionrio pblico no exerccio de sua funo, solicita, exige, cobra ou obtm vantagem ou promessa de vantagem para si ou para terceiros.

    Apresenta a seguinte redao tpica:

    Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionrio pblico no exerccio da funo:

    Pena - recluso, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

    Para ficar mais claro, podemos dizer que este delito caracteriza uma forma de fraude, em que o sujeito, alegando ter prestgio junto a funcionrio pblico, engana a vtima atravs da promessa de poder alterar algum ato praticado pelo poder pblico.

    A expresso a pretexto significa com a desculpa, no sentido de que o agente FAZ UMA SIMULAO.

    Mas, professor... E se ele realmente tiver prestgio frente ao funcionrio pblico?

    O DESACATO UM CRIME FORMAL E, CONSEQUENTEMENTE, INDEPENDE SE O FUNCIONRIO SENTIU-SE OFENDIDO OU NO. BASTA QUE A CONDUTA SEJA CAPAZ DE CAUSAR DANO SUA HONRA PROFISSIONAL.

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    Mesmo assim, persiste o delito, pois o que caracteriza o trfico de influncia a FRAUDE, ou seja, ele promete que vai influenciar ato com a idia de no fazer nada.

    4.3.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO

    SUJEITOS DO DELITO:

    1. SUJEITO ATIVO: crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.

    2. SUJEITO PASSIVO: o ESTADO.

    ELEMENTOS:

    1. OBJETIVO: So elementares do tipo:

    Solicitar;

    Exigir;

    Cobrar;

    Obter;

    2. SUBJETIVO:

    Dolo;

    A expresso para si ou para outrem.

    CONSUMAO E TENTATIVA

    1. No verbo obter, trata-se de CRIME MATERIAL e a consumao ocorre no momento em que o sujeito obtm a vantagem (ou a promessa). Nos verbos solicitar, e