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1 Trabalho de conclusão de curso, sob o título “UMA ANÁLISE DA CONJUNTURA ATUAL DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR DE EDIFICAÇÕES NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PB”, apresentado por: Fábio Remy de Assunção Rios como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro de Segurança de Trabalho, outorgado pela Faculdade Integradas de Patos - FIP, orientado pela Profª:.Mariana Karla Gurjão. Julho de 2013 Campina Grande Paraíba. Fábio Remy de Assunção Rios MS.c, [email protected] 1 1 Rua Capitão João de Sá 85, Campina Grande, PB. RESUMO A Construção Civil está em ascensão, empregando milhares de pessoas por todo o Brasil. Entretanto, os acidentes de trabalho são comuns nos canteiros de obras espalhados por todo o país. Neste sentido, a Construção Civil está em segundo lugar na frequência de acidentes registrados, gerando inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros neste setor. Sendo caracterizada nacionalmente por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho. Estes estão ligados geralmente aos patrões negligentes, por outro lado estão os trabalhadores que são relapsos em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Dessa forma, o ambiente de trabalho bem como suas condições tem se tornado tema de vários estudos que tem por finalidade detectar as consequências das condições insalubres de trabalho na saúde do trabalhador. Este artigo tem o objetivo de analisar a conjuntura atual da saúde e segurança do trabalho (SST) no Setor de Edificações na cidade de Campina Grande, Paraíba. Apesar de todas as leis e normas relacionadas à segurança do trabalho é comum se ver cenas de trabalhadores sem o EPI. Nessa pesquisa analisaram-se a Segurança do Trabalho na cidade de Campina Grande, através de visitas in loco, registro fotográfico, consulta a NRs, visita a canteiro de obras e empresas, pesquisa em instituições que fomentam este estudo tais como: CERESTE, INSS, SESI, SINDUSCON, etc., com vistas a diagnosticar a realidade dos trabalhadores nos canteiros de obras de Campina Grande, PB. Palavras chaves: Construção Civil, Segurança do Trabalho, Acidentes de Trabalho. ABSTRACT The Construction is on the rise, employing thousands of people throughout Brazil. However, accidents are common on construction sites scattered throughout the country. In this sense, the Construction is second in frequency of accidents recorded, generating numerous losses of human and financial resources in this sector. Being featured nationally by presenting a high rate of accidents at work. These are usually linked to negligent employers, on the other hand are the employees that are relapses in relation to the use of Personal Protective Equipment (EPI). Thus, the work environment and their conditions have become the subject of several studies which aims to detect the consequences of unhealthy work conditions on worker health. This article aims to analyze the current situation of health and safety (SST) in the Department of Buildings in the city of Campina Grande, Paraíba. Despite all the laws and regulations related to work safety is common to see scenes of workers without EPI. In this study we analyzed the Workplace Safety in the city of Campina Grande, through site visits, photographic record, consultation the NRs, visit the jobsite and companies, research institutions that foster this study such as: CERESTE, INSS, SESI, SINDUSCON, etc., in order to diagnose the reality of workers at construction sites in Campina Grande, PB. Keywords: Construction, Safety, Work Accidents.

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Page 1: Artigo uma análise da conjuntura atual da segurança do trabalho no setor de edificações na cidade de campina grande

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Trabalho de conclusão de curso, sob o título “UMA ANÁLISE DA CONJUNTURA

ATUAL DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR DE EDIFICAÇÕES NA

CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PB”, apresentado por: Fábio Remy de Assunção Rios

como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro de Segurança de Trabalho,

outorgado pela Faculdade Integradas de Patos - FIP, orientado pela Profª:.Mariana Karla

Gurjão.

Julho de 2013 – Campina Grande – Paraíba.

Fábio Remy de Assunção Rios MS.c, [email protected]

1Rua Capitão João de Sá 85, Campina Grande, PB.

RESUMO

A Construção Civil está em ascensão, empregando milhares de pessoas por todo o Brasil.

Entretanto, os acidentes de trabalho são comuns nos canteiros de obras espalhados por todo o

país. Neste sentido, a Construção Civil está em segundo lugar na frequência de acidentes

registrados, gerando inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros neste setor. Sendo

caracterizada nacionalmente por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho. Estes

estão ligados geralmente aos patrões negligentes, por outro lado estão os trabalhadores que

são relapsos em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Dessa forma,

o ambiente de trabalho bem como suas condições tem se tornado tema de vários estudos que

tem por finalidade detectar as consequências das condições insalubres de trabalho na saúde do

trabalhador. Este artigo tem o objetivo de analisar a conjuntura atual da saúde e segurança do

trabalho (SST) no Setor de Edificações na cidade de Campina Grande, Paraíba. Apesar de

todas as leis e normas relacionadas à segurança do trabalho é comum se ver cenas de

trabalhadores sem o EPI. Nessa pesquisa analisaram-se a Segurança do Trabalho na cidade de

Campina Grande, através de visitas in loco, registro fotográfico, consulta a NRs, visita a

canteiro de obras e empresas, pesquisa em instituições que fomentam este estudo tais como:

CERESTE, INSS, SESI, SINDUSCON, etc., com vistas a diagnosticar a realidade dos

trabalhadores nos canteiros de obras de Campina Grande, PB.

Palavras chaves: Construção Civil, Segurança do Trabalho, Acidentes de Trabalho.

ABSTRACT

The Construction is on the rise, employing thousands of people throughout Brazil. However,

accidents are common on construction sites scattered throughout the country. In this sense,

the Construction is second in frequency of accidents recorded, generating numerous losses of

human and financial resources in this sector. Being featured nationally by presenting a high

rate of accidents at work. These are usually linked to negligent employers, on the other hand

are the employees that are relapses in relation to the use of Personal Protective Equipment

(EPI). Thus, the work environment and their conditions have become the subject of several

studies which aims to detect the consequences of unhealthy work conditions on worker

health. This article aims to analyze the current situation of health and safety (SST) in the

Department of Buildings in the city of Campina Grande, Paraíba. Despite all the laws and

regulations related to work safety is common to see scenes of workers without EPI. In this

study we analyzed the Workplace Safety in the city of Campina Grande, through site visits,

photographic record, consultation the NRs, visit the jobsite and companies, research

institutions that foster this study such as: CERESTE, INSS, SESI, SINDUSCON, etc., in order

to diagnose the reality of workers at construction sites in Campina Grande, PB.

Keywords: Construction, Safety, Work Accidents.

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1 INTRODUÇÃO

O segmento da construção civil, na década de 80, foi um setor estagnado e atrasado,

com o advento do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP-H), criado na

década de 90, deu um estimulo ao setor, tornando-o mais competitivo no mercado e gerando

assim uma modernização do setor e consequentemente mais produção.

Em 2000, o setor foi impulsionado pelos Programas Federais que injetaram muitos

recursos com vista as grandes obras e diminuição do déficit habitacional, estimando em 7

milhões de moradias. Em 2010, foi criado o programa Minha Casa, Minha Vida e o Programa

de Aceleração do Crescimento (PAC), que tornou o setor da construção Civil o mais

produtivo e com maiores indicadores de crescimento, chegando em 2010 ao patamar de

crescimento de 11% a.a. e com estimativa de crescimento em torno de 7% nos próximos 10

anos.

Porém, todo este crescimento nos últimos anos, não foi acompanhado pelas condições

de Segurança e Saúde Ocupacional. Contudo, o emprego da tecnologia na criação de

máquinas mais seguras e novos equipamentos de proteção, tanto individuais quanto coletivos,

além de programas de segurança com a participação de órgãos do governo, empregadores e

empregados, tem criado um novo ambiente de trabalho na construção civil.

O setor, segundo dados de 2008 dos ministérios da Previdência Social e do Trabalho e

Emprego, é o 7º no ranking de acidentes de trabalho entre as atividades econômicas. Esta

posição pode cair ainda mais se as recentes iniciativas conseguirem atingir seu objet ivo

central, que é alterar a cultura do setor. A meta principal é conscientizar os trabalhadores a

utilizarem os equipamentos. Outro fator que contribuiu para o decréscimo de acidentes foi à

evolução da legislação. Em 2012, entrará em vigor o novo seguro para acidentes de trabalho.

Ele vai variar de 0,5% a 6% da folha de pagamento e vai pesar no bolso das empresas que não

investirem em segurança, mas vale ressaltar, a fiscalização ainda é falha. Faltam fiscais e

auditores nesta área, as delegacias regionais do trabalho não têm gente suficiente para poder

autuar.

Atualmente, o setor está em fase de ascensão no Brasil, gerando muitos empregos.

Entretanto, os acidentes de trabalho são comuns nos canteiros de obras espalhados por todo o

país. “Nos últimos anos, mais precisamente, nas duas últimas décadas, a construção civil tem

seguido uma trajetória de crescimento exponencial, particularmente em termos de produção

[...]” (FOCHEZATTO; GHINIS, 2011, p. 2). A cadeia produtiva da construção civil gera

milhares de empregos, entretanto, muitos acidentes de trabalho são decorrentes das atividades

exercidas pelos trabalhadores neste setor.

Para Medeiros e Rodrigues (2001, p. 1) “a Indústria da Construção Civil é uma

atividade econômica que envolve tradicionais estruturas sociais, culturais e políticas. É

nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho”. Os

acidentes nesse setor estão ligados geralmente aos patrões negligentes, por outro lado estão

os trabalhadores que são relapsos em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção

Individual (EPI).

Segundo Araújo (1998) apud (MEDEIROS; RODRIGUES, 2001, p. 1) a construção

civil “está em segundo lugar na frequência de acidentes registrados em todo o país. Esse

perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e

financeiros no setor”.

Conforme dispõe o Art. 19 da Lei nº 8.213/91, acidente de trabalho é:

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O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do

trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão

corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Incluindo ainda as doenças relacionadas ao trabalho as LER/DORT que atingem

muitas pessoas, estas doenças equiparam-se a acidentes de trabalho. Sendo assegurado

benefício social aos trabalhadores impossibilitados de trabalhar.

Neste sentido, a cidade de Campina Grande está em fase de crescimento no setor da

construção civil, porém, os acidentes de trabalho são frequentes, deixando incapacitados e/ou

afastados temporariamente das suas atividades os trabalhadores, sendo que em alguns casos

são registrados óbitos. Com construções por toda a cidade, é preocupante a quantidade de

acidentes neste setor. O estudo apresentado teve como objetivo analisar a conjuntura atual da

segurança do trabalho no Setor de Edificações na cidade de Campina Grande, Paraíba.

Dados coletados entre os SINDUSCON de cada estado revelam que no universo do setor

da construção civil brasileira 92% das empresas são de micro e pequeno porte, com média de

30 empregados. Na cidade de Campina Grande a realidade do setor não é diferente.

Os acidentes mais comuns são quedas de andaime, choque elétrico, soterramento e o

trabalhador ser atingido por algum objeto. Com avanço das metodologias de gestão e

prevenção em obras, fomentando pelo programa PBQP-H, que obriga às empresas a

certificação nível “A”, compatível com a norma ISO 9001, facilitam a implantação do SIG

(Sistema Integrado de Gestão) que consiste das Normas ISO 9001, ISO 14001, normas

OHSAS 18000, relativas à Saúde e Segurança do Trabalho, bem como as NR 10 - Segurança

em Instalações e Serviços em Eletricidade. NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho

na Indústria da Construção. Nº35 - Trabalho em Altura, NR 9 - Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais.

Certificações obrigatórias, redução da informalidade, insistência nos cursos de

treinamento e modernização dos equipamentos de segurança são algumas das mudanças que

se percebe no setor da Saúde e Segurança no Trabalho (SST) na construção civil. Por isso,

para um canteiro de obras ser declarado seguro, ele precisa ter o seguinte kit básico para os

operários: óculos e cinto de segurança, protetor auricular, luvas, uniforme, capacete e botas.

É o conhecido EPI (Equipamento de Proteção individual). Com esses itens, e a cultura de que

eles precisam ser utilizados, o risco de acidentes cai para menos de 70%, apontam as

estatísticas.

Dessa forma pretende-se mostrar a situação dos trabalhadores em relação à segurança no

trabalho no setor da Construção Civil na cidade de Campina Grande. Esse estudo pode

contribuir com diretrizes para a elaboração de políticas adequadas, bem como adotar medidas

para atenuar os riscos em obras. Servindo assim de subsídios para outros trabalhos

relacionados à Segurança no Trabalho.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 IMPACTOS NOS CUSTOS

As mudanças implementadas pelo Governo Federal na área de SST não envolvem

apenas os dados estatísticos. Desde janeiro deste ano, está em vigor uma nova legislação, que

colocou em vigor a aplicação do Fator Acidentário Previdenciário (FAP). O FAP prevê

alíquotas diferenciadas do Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) para as empresas que

investem e as que não investem em segurança e saúde dos trabalhadores. Desta forma, foi

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alterado o cálculo da contribuição paga pelas empresas à Previdência Social, que antes

recolhia uma taxa fixa de 1%, 2% e até 3% sobre a folha de pagamento, variando de acordo

com o grau de risco de seu ramo de atuação.

Com o decreto, automaticamente algumas atividades classificadas e enquadradas pela

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) tiveram o respectivo percentual

de contribuição ao SAT alterado. Sobre esses novos percentuais, agora é calculado o FAP. “E

um multiplicador aplicado às três alíquotas do SAT, incidentes sobre a folha de salários das

empresas para financiar aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de

trabalho”. Esse fator pode reduzir à metade ou dobrar as alíquotas de acordo com quantidade,

frequência, gravidade e custo dos acidentes em cada empresa.

Segundo o novo regime, as empresas que receberem carga maior na alíquota do SAT

terão desconto de 25%. As que reduziram o risco de acidente ou doença no trabalho terão

bonificação integral. De acordo com essas normas, o SAT, já aplicado o desconto de 25%,

vai levar as alíquotas máximas a 1,75% (risco leve), 3,5% (risco médio) e 5,25% (risco

grave). As alíquotas mínimas serão, respectivamente, 0,5%, 1% e 1,5%. De 2011 em diante,

os três tetos chegam a 2%, 4% e 6%. No entanto, essa nova norma vem recebendo críticas

dos empresários, que têm entrado com liminares contra a cobrança do FAP. “A expectativa

com a mudança proposta pelo governo, que contava com apoio empresarial, era que a

legislação incentivasse as empresas que investem em práticas de prevenção e combate aos

acidentes de trabalho com a diminuição do valor do seguro” (CNI, 2011).

Mas não foi isso que ocorreu. O resultado será um expressivo aumento de arrecadação

do SAT”. De acordo com cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o decreto

que mudou o enquadramento dos empreendimentos às alíquotas do Seguro de Acidente do

Trabalho aumentará os custos para cerca de dois terços das atividades econômicas no País.

Com a incidência do FAP, dado pelo nível de acidentalidade, a empresa poderia ser

bonificada com a diminuição em até 50% do valor do seguro oficial, ou penalizada até o

dobro do normal. No entanto, constatou-se que a metodologia irá punir quem emprega muito.

Além disso, em cerca de 90% das empresas foi aplicada fórmula não prevista em lei que

majora o custo do seguro. Uma indústria com direito a 40% de desconto terá apenas 20% por

essa fórmula.

Conforme a simulação feita pela CNI, com a nova aplicação do FAP, o valor do

seguro pode subir entre 50% e 500% nas empresas dos setores que tiveram majoração de

alíquota do SAT de 1% para 3%. Por exemplo, um empreendimento cujo seguro é 1% sobre a

folha de salários anual de R$ 100 milhões recolhe atualmente R$ 1 milhão ao ano a título de

Seguro de Acidente do Trabalho. Caso a alíquota dessa mesma empresa suba para 3%, o

valor do seguro aumentaria para R$ 3 milhões ao ano. Com a aplicação de um FAP

equivalente a 0,5, o valor do seguro passaria para R$ 1,5 milhão, ou seja, um aumento de

50% em relação ao total recolhido atualmente. Mas se o FAP dessa empresa for 2%, o valor a

ser pago subiria para R$ 6 milhões. Ou seja, um aumento de 500%.

2.2 CRESCIMENTO NO SETOR DE SST

Fabricante de luvas, roupas e cremes de proteção, a Cenci/Epitec possui uma perspectiva

de aumentar em 40% seus negócios em 2013. O otimismo é devido à expansão do setor de

construção civil, grande consumidor de EPIs, bem como ao volume de recursos destinados a

obras governamentais e ao lançamento de novas linhas de produtos. Com isso, devem ser

recuperadas as perdas causadas pela crise internacional no ano passado, que levaram a

empresa a reduzir seu volume de negócios em torno de 10%.

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As boas expectativas para o ano também são compartilhadas pela JGB. A empresa,

que produz 100 mil unidades de luvas e roupas técnicas por ano, comercializadas em todo o

Brasil e América do Sul, teve uma queda de negócios da ordem de 30% no ano passado,

quando no primeiro semestre a maioria de seus clientes diminuiu os pedidos devido à redução

de operação. As oportunidades de crescimento do mercado de EPIs também levaram ao

surgimento de novas empresas.

Em 2009, a Artecola, tradicional fabricante gaúcha de adesivos, lançou um novo

braço da companhia dedicado para calçados de segurança, a Arteflex. “Os calçados

representam 40% dos equipamentos do mercado de proteção, e como temos experiência na

área e sabemos que existe uma carência de ofertas diferenciadas esse foi um passo lógico a

seguir”, explica Rafael Müssnich, diretor da Arteflex.

2.3 ACIDENTES DE TRABALHO

O ambiente de trabalho bem como suas condições tem se tornado tema de vários

estudos que tem por finalidade detectar as consequências das condições insalubres de

trabalho na saúde do trabalhador.

Segundo a ANVISA (2007) saúde do trabalhador é:

O conjunto de atividades que se destina a promoção da saúde dos/as

trabalhadores/as, por meio de ações de vigilância epidemiológica e sanitária e,

ainda, visa à recuperação e reabilitação da saúde daqueles submetidos aos riscos e

agravos advindos das condições de trabalho. Sabe-se também que a qualidade do

trabalho executado, está relacionada à qualidade de atenção a saúde dos

trabalhadores, que deve ser garantida pela empresa concedente do trabalho.

No entanto, nem sempre as empresas fornecem qualidade e/ou segurança de trabalho.

Porém, a saúde e a segurança do trabalhador dependem do gerenciamento e da

responsabilidade das pessoas que compõem a empresa. Para Quelhas e Lima (2006) a

melhoria na segurança e saúde no trabalho aumenta “a produtividade, diminui o custo do

produto final, pois diminui as interrupções no processo, o absenteísmo e os acidentes e/ou

doenças ocupacionais, e proporcionando a melhoria contínua da qualidade de vida dos

trabalhadores”.

Durante o dia os trabalhadores enfrentam situações que põem em risco sua saúde física

e mental. São os riscos de trabalho que se apresentam em variadas situações. Fernandes

(2009) apud (SANTOS; OLIVEIRA, 2012, p. 2) define o risco “como a possibilidade real ou

potencial capaz de causar lesão e ou morte, danos ou perdas patrimoniais, interrupção de

processo de produção ou de afetar a comunidade ou o meio ambiente”.

Segundo a NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (BRASIL, 1978),

consideram-se riscos ambientais:

Os agentes físicos (ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,

radiações etc), químicos (compostos ou produtos que possam penetrar nas vias

respiratórias) e biológicos (bactérias, fungos, bacilos, parasitas, vírus, entre outros)

existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição são capazes de causar danos à saúde do

trabalhador.

A experiência de cada trabalhador, bem como o conhecimento prévio dos riscos

ocupacionais podem evitar os acidentes no ambiente de trabalho. Os acidentes podem ocorrer

também por descuido do trabalhador, estes são provocados por diferentes fatores, tais como:

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“o cansaço provocado pelas horas extras, stress, alimentação e transportes insuficientes,

precárias condições ambientais, intensificação do ritmo de trabalho, exigência de um

trabalhador polivalente, entre outras” (MENDES; WUNSCH, 2007).

Além disso, existem as doenças de trabalho que são provocadas pelas Lesões por

Esforço Repetitivo (LER) ou Distribuídas Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

(DORT), assim denominadas pelo Ministério da Previdência Social (MPAS) e pelo Ministério

da Saúde (MS). Estas constituem em sérios problemas de saúde entre os trabalhadores.

Segundo o Sindicato Químicos Unificados (2008) “cerca de 80% a 90% dos casos de

doenças relacionadas ao trabalho conhecidos nos 10 últimos anos no país são representados

pela LER/DORT, o que evidencia a gravidade e abrangência do problema”.

Ainda segundo o Sindicato (2008):

Esse é sem dúvida um dos reflexos mais diretos das mudanças ocorridas nas

condições e ambientes de trabalho, com a introdução de processos automatizados,

aumento do ritmo de trabalho, novas formas de gestão com ênfase na produtividade

e lucro, desencadeando maior pressão para a execução das tarefas. Isso sem

mencionar a redução dos postos de trabalho, o que vem provocando cada vez mais

competição entre os próprios trabalhadores.

As doenças relacionadas ao trabalho também são cobertas pela previdência social são

equiparadas a acidentes de trabalho. “A legislação se utiliza da expressão acidentes de

trabalho para se referir às doenças relacionadas ao trabalho, utilizando o termo agravos à

saúde, por considerá-lo mais abrangente” (LOURENÇO; BERTANI, 2007).

2.4 SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

A construção civil está em fase de ascensão no Brasil, produzindo inúmeros empregos,

com isso os riscos de acidentes de trabalho crescem. Dessa forma, a construção civil “está em

segundo lugar na frequência de acidentes registrados em todo o país. Esse perfil pode ser

traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros no setor”

(ARAÚJO, 1998 apud MEDEIROS; RODRIGUES, 2001, p. 1).

Neste sentido, os acidentes de trabalho na construção civil são comuns afetando a

saúde e a vida dos trabalhadores. Segundo Pinheiro e Arruda (2001, p. 1).

A ausência de segurança nos ambientes de trabalho no Brasil gerou no ano 2000 um custo de cerca de R$ 23,6 bilhões para o país, equivalente a 2,2% do PIB. Deste

total, R$ 5,9 bilhões correspondem a gastos com benefícios acidentários,

aposentadorias especiais e reabilitação profissional. O restante da despesa referem-

se à assistência à saúde do acidentado, indenizações, retreinamento, reinserção no

mercado de trabalho e horas de trabalho perdidas.

A segurança no trabalho atualmente é um problema principalmente nos canteiros de

obra, onde ocorrem os acidentes de trabalho, que são associados com frequência aos patrões

negligentes e que não oferecem condições de um trabalho seguro. Por outro lado estão os

trabalhadores que são displicentes em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção

Individual (EPI).

Entretanto, as causas dos acidentes de trabalho estão relacionadas às condições

ambientais a que estão expostos os trabalhadores e ao aspecto psicológico de cada

empregado. Para que a prevenção dos acidentes ocorra é necessário que haja treinamento

adicional e periódico para as atividades serem realizadas com segurança.

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Neste sentido, “o atual modelo de segurança no trabalho no Brasil apresenta

deficiências estruturais que afetam negativamente a saúde do trabalhador, aumentam o custo

da mão de obra e pressionam os gastos públicos em saúde, reabilitação profissional e

previdência social” (PINHEIRO; ARRUDA, 2001, p. 1). Como mostra a tabela abaixo:

Tabela 1- Brasil: Quantidade de Acidentes de Trabalho Registrados por Motivo e Coeficientes de Acidentes

para grupos de 1000 segurados.

Acidentes Registrados

por Motivo

Quantidade

Coeficiente de Acidentes

Típico 287.500 16,03

Trajeto 37.362 2,08

Doenças do trabalho 19.134 1,07

Total 343.996 19,18 Fonte: Adaptado de Anuário Estatístico da Previdência Social (2000) apud Pinheiro e Arruda (2001).

No ano de 2000 os acidentes de trabalho deixaram 80% dos trabalhadores incapazes

temporariamente de realizar suas atividades, como afirmam Pinheiro e Arruda (2001, p. 1):

Quando se observa as consequências dos acidentes do trabalho (acidentes

liquidados por consequência), verifica-se que do total de 376.240 acidentes,

304.352, equivalente a 80,8%, significaram a incapacidade temporária do

trabalhador, o que gera na maior parte das vezes, benefícios de auxílio-doença.

A segurança é fundamental para que o trabalhador desempenhe suas funções com

segurança e qualidade. O uso do Equipamento de Proteção Individual é essencial, bem como

as condições ofertadas pela empresa, indústria.

2.5 ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES DO TRABALHO NA PARAÍBA

No estado da Paraíba os acidentes de trabalho ocorrem de várias formas, sendo estes

no trajeto do trabalho, no ambiente de trabalho e devido às doenças do trabalho (Tabela 2). A

ocorrência de acidentes de trabalho implica em danos a saúde e bem estar dos trabalhadores,

além disso, pode deixá-los incapacitados de exercer suas atividades.

Tabela 2 – Quantidade de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo, segundo o grupo de sexo, no

estado da Paraíba – 2008-2010.

Grupos

por

sexo

QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO

Total

Com CAT Registrada

Sem CAT

Registrada

Total Motivo

Típico Trajeto Doença do

Trabalho 2008 2009 2010 2008 2009 2010 2008 2009 2010 2008 2009 2010 2008 2009 2010 2008 2009 2010

Masculino 3.525 4.016 4.058 2.487 2.641 2.567 2.019 ### 1.969 364 438 469 104 164 129 1.038 1.375 1.491

Feminino 752 898 899 311 360 357 185 226 197 65 69 69 61 65 61 441 538 542

TOTAL 4.277 4.914 4.957 2.798 3.001 2.924 ### ### 2.166 429 507 568 165 229 190 1.479 1.913 ###

Fonte: Adaptado de DATAPREV, CAT, SUB, 2011.

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Como mostra a tabela os acidentes de trabalho na Paraíba são maiores entre os

homens, sendo em menor quantidade entre as mulheres.

Os acidentes são mais frequentes no ambiente de trabalho, caracterizando-se em

acidentes típicos. Na construção civil não é diferente os acidentes ocorrem no local de

trabalho, isso ocorre devido o aquecimento no setor da construção civil, que emprega muitos

trabalhadores. É comum ver trabalhadores não utilizando EPI, e exercendo suas funções

principalmente nas alturas, ou seja, em construções e realizando serviços elétricos entre

outros.

Neste sentido “uma das principais causas de acidentes de trabalho graves e fatais se

deve a eventos envolvendo quedas de trabalhadores de diferentes níveis. Os riscos de queda

em altura existem em vários ramos de atividades e em diversos tipos de tarefas” (NR-35,

2012, p. 4).

Na construção civil essa norma rege os regulamentos para os serviços em altura, tendo

que ser planejado os trabalhos a serem exercidos para evitar os riscos em alturas. Entretanto,

“a construção civil apresenta diversos problemas de ordem gerencial, que inclui falhas na

comunicação e gerenciamento. Problemas quanto à gestão da segurança no trabalho são

muitas vezes considerados comuns e não despertam as atenções da gerência e dos operários

[...]” (MEDEIROS; RODRIGUES, 2001, p. 3).

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa buscou analisar a conjuntura atual da segurança do trabalho no setor de

edificações na cidade de Campina Grande, PB. Como procedimento metodológico foi

realizado uma pesquisa bibliográfica em periódicos especializados e livros. Com coleta de

dados em órgãos públicos e registro fotográfico de trabalhadores exercendo suas atividades

sem segurança no ambiente de trabalho.

Nessa pesquisa analisaram-se a Segurança do Trabalho na cidade de Campina

Grande, através de visitas in loco, analise de trabalhos anteriores realizados por pesquisadores

da área, registro fotográfico, consulta a NRs, consulta em sites especializado no assunto, visita

a canteiro de obras e empresas, pesquisa em instituições que fomentam este estudo tais como:

CERESTE, INSS, SESI, SINDUSCON, etc, com vistas a diagnosticar a realidade dos

trabalhadores nos canteiros de obras de Campina Grande PB.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE – PB

O município de Campina Grande está localizado na Mesorregião Agreste Paraibano,

possui 385.213 habitantes, com área de 594 km² (IBGE, 2010).

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Mapa 1- Localização da cidade de Campina Grande no estado da Paraíba e bairros.

Fonte: Wikipédia, 2013.

As principais atividades econômicas do município de Campina Grande são: extração

mineral, agricultura, pecuária, indústrias de transformação, beneficiamento e desenvolvimento

de software, comércio varejista, atacadista e serviços.

4.2 SEGURANÇA DO TRABALHO EM CAMPINA GRANDE E MACRO REGIÃO

Nos últimos anos o setor da construção civil cresceu consideravelmente em Campina

Grande. Com isso, houve geração de empregos, consequentemente os acidentes de trabalho

neste setor cresceram. Entretanto, as condições nos canteiros de obras oferecem riscos aos

operários. Segundo Medeiros e Rodrigues (2001, p. 2) os riscos “são agravados pelas

variações nos métodos de trabalho realizados pelos operários, em função de situações não

previstas, mas que, na realidade, são uma constante no trabalho, pois, não existem

procedimentos de execução formalizados na maioria das empresas”. Porém, o que existem são

instruções verbais o que não são medidas concretas relacionadas à segurança contra acidentes.

A maioria dos trabalhadores da construção civil usa somente, botas, capacete e luvas,

equipamentos básicos. Sendo que muitos trabalhadores não utilizam o EPI e realizam os

trabalhos desprotegidos (Figura 1) e em outras empresas não oferecem as condições mínimas

necessárias para a prevenção de acidentes, tais como: a sinalização interna e placas de

comunicação (Figura 2).

Figura 1,2 e 3 - Respectivamente: Trabalhadores sem EPIs, Área sem sinalização, Trabalhadores sem EPIs.

Fonte: Fábio Remy (2013).

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Apesar de todas as leis e normas relacionadas à segurança do trabalho é comum se ver

cenas de trabalhadores sem o Equipamento de Proteção Individual (EPI) (Figura 1). Na Figura

02, percebe-se que o canteiro de obra e desprovido de sinalizações e faixas de proteção, bem

como expõem o trabalhado aos riscos inerentes aos processos construtivos, pois não possuem

sistema de escoramentos laterais das encostas nem possui nenhum tipo de sinalização

alertando sobre possibilidades de acidentes naquela área especifica. Percebe-se também a falta

de passarelas ou outras vias de fluxo para os funcionários, instaladas de forma correta e de

acordo com os padrões estabelecidos pelas NRs. Na produção propriamente dita, a empresa

não disponibiliza de equipamentos de proteção individuais - EPI, para os funcionários,

conforme foto 04, percebe-se que os funcionários estão sem os EPIs mais básicos, como

exemplo: capacetes, botas, fardamentos, luvas, etc., estando expostos ao sol e chuva sem

nenhuma áreas de vivencia, almoxarifado, banheiro, etc, próximo da produção, também nota-

se a ausência de placas de sinalização e advertência quanto aos pontos de perigo e

possibilidades de acidentes. Dessa forma, existem muitos perigos em meio à construção civil,

os acidentes são ocasionados pela não utilização destes equipamentos (Figura 3).

A nova norma regulamentadora NR-35, prevê o uso de cinto de segurança, tipo

“paraquedas” a partir de 2m de altura, porém o que se percebe, conforme figura abaixo é a

falta deste acessório, sobretudo em obras que são empreitadas por trabalhadores avulsos que

devido à falta de fiscalização se submete aos perigos e situações que podem provocar

acidentes (Figura 4). Geralmente estas obras são de reformas, colocação de letreiros e

instalações elétricas.

Figuras 3 e 4 – Respectivamente: Trabalhador sem EPI.

Fonte: Fábio Remy (2013).

Muitos dos acidentes que ocorrem com os trabalhadores são por falta de

conhecimento das leis e normas relacionadas à segurança no trabalho (Figura 4). As

empresas são responsáveis por fornecer EPI aos trabalhadores, entretanto, ainda existem os

que não utilizam, sendo uma situação arriscada principalmente para os trabalhares em altura

realizando manutenções (Figura 5), aliado a falta de fiscalização que contribui para que tal

situação permaneça, expondo o trabalhador a situações de extrema periculosidade.

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Figuras 4 e 5 - Trabalhador sem EPI exercendo seu trabalho.

Fonte: Fábio Remy (2013).

“No decorrer do dia, os trabalhadores enfrentam situações, onde podem trabalhar com

segurança ou em situações de risco, e fatores ambientais como layout do local de trabalho,

equipamentos e ferramentas impróprias podem impactar na segurança destes trabalhadores”

(WILLIAMS; GELLER, 2000 apud SANTOS; OLIVIERA, 2012, p. 2).

Neste sentido, a maioria dos acidentes em altura é decorrente do manuseio de

ferramentas manuais ou por mau estado de conservação. O uso de equipamentos impróprios

para o serviço entre outros. Assim, o treinamento para os trabalhadores é fundamental para

que situações como essas venham a ser evitadas.

Segundo o Manual NR-35 (2012, p. 9) “o programa de capacitação em altura deve ser

estruturado com treinamentos inicial, periódico e eventual. O treinamento inicial deve ser

realizado antes dos trabalhadores iniciarem suas atividades em altura”. Deveria ser assim em

todas as empresas, porém não é o que acontece na realidade.

Dessa forma, “o trabalhador deve ser treinado a conhecer as analises de risco,

podendo contribuir para o aprimoramento das mesmas, assim como identificar as possíveis

impeditivas à realização dos serviços durante a execução do trabalho em altura” (MANUAL

NR-35 2012, p. 9).

Embora os trabalhadores devam ser capacitados não vemos isso no dia a dia, mas sim

uma serie de irregularidades que põem em risco a vida dos trabalhadores (Figura 6).

Figura 6 – Trabalhadores no topo do edifico sem EPI.

Fonte: Fábio Remy (2013).

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A segurança no trabalho é essencial para garantir o bem estar e evitar acidentes. Para

tanto, implantar o Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho é importante para

manter o bem estar e a segurança dos operários.

As motivações que levam as empresas a adotarem Sistemas de Gestão da Segurança e

Saúde no Trabalho “devem-se principalmente a melhoria contínua, melhoria na imagem,

maior competitividade, chance de reduzir os custos com gestão, novas oportunidades de

mercado, produtividade mais alta e pressões exercidas por autoridades públicas, comunidades

locais e clientes” (SALAMONE, 2008 apud SANTOS; OLIVEIRA, 2012, p. 2).

Com isso, a empresa fica mais competitiva angariando valor aos seus produtos ou

obras, com o risco mínimo de acidentes com os trabalhadores.

3.3 ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES DE TRABALHO NA CIDADE DE CAMPINA

GRANDE

O setor da construção civil em Campina Grande está aquecido em toda parte pode-se

observar construções. Este setor se destaca pelo crescimento e geração de empregos, com

isso, os acidentes de trabalho tendem a crescer. Os acidentes ocorridos têm várias origens, são

ocasionados em diversos setores e também provenientes da construção civil (Figura 7).

Figura 7 – Trabalhadores sem EPI.

Fonte: Fábio Remy (2013)

Dessa forma, entre 2007 e 2012 ocorreram vários acidentes em diferentes setores

inclusive no setor da construção civil, como mostra a tabela 3.

Tabela 3 – Dados de acidentes ocorridos entre 2007 e 2012 na cidade de Campina Grande-PB.

TIPOS DE ACIDENTES

REGISTRO DE ACIDENTES

Acidentes graves 582

LER/DORT 386

Manuseio de material biológico 42

Intoxicação exógena 47

Perda Auditiva Induzida por Ruído -

PAIR

2

Fonte: Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador - CEREST, 2013.

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Segundo o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador de Campina

Grande (CEREST, 2013), em 2011 foram notificados 46 acidentes graves de trabalho.

Entretanto, houve um aumento no ano seguinte, em 2012 foram registrados 53 casos de

acidentes de trabalho, com dois casos de óbitos.

No ano de 2013 foram registrados alguns acidentes de trabalho, tendo um caso de

óbito no primeiro trimestre de 2013 na região de Campina Grande (Tabela 3).

Tabela 3 – Acidentes de Trabalho na Região de Campina Grande.

JAN. FEV. MAR. ABRIL MAIO TOTAL

LER/DORT 7 18 2 - 5 32

ACID. DE TRABALHO GRAVE 19 25 11 28 31 114

ACID. DE TRABALHO COM

EXPOSIÇÃO

8 8 3 11 12 42

PNEUMOCONIOSE 1 1 - - - 2

TRANSTORNO MENTAL - - 1 1 - 2

192

Fonte: CEREST, 2013.

Sendo que todos os casos notificados foram de trabalhadores com carteira assinada.

No entanto, existem muitos casos que não são notificados, sendo estes trabalhadores

informais sem registro na carteira.

Neste mesmo sentido, Maracajá, Monteiro e Lucas (2006, p. 2) afirmam que “a

construção civil possui grande importância na geração de emprego, mas existem muitas obras

clandestinas que criam empregos informais, precários e sem condições de segurança [...]”. Os

acidentes provindos nestas construções não são considerados pelas pesquisas, uma vez, que

são trabalhos informais sem registro na carteira. Sendo que os motivos para os empregadores

não assinarem as carteiras são variados entre eles estão: a rigidez das leis trabalhistas, o

excesso de tributação, altas taxas de juros entre outros que contribuem para tal situação. A

consequência dessa situação é o desamparo desses trabalhadores pela Previdência Social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção da construção civil, por possuir caráter artesanal, favorece o aumento

dos indicadores de acidentes do trabalho, agravado pela falta da cultura do uso de

EPIs, EPCs, treinamentos e sensibilizações;

A região, devido o forte atraso na construção civil e pela cultura local que se

manifesta no trabalho sem prevenção é um forte concorrente aos acidentes de

trabalho, sobretudo pelo fato de muitas empresas locais não investirem em EPIs,

treinamentos e sensibilizações;

A falta de fiscalização devido a falta de infraestrutura dos setores responsáveis ou

por motivos outros, favorecem no aumento dos indicadores de acidentes na região,

sobretudo no setor da construção civil que configura-se como um dos mais

atrasados no que diz respeito a prevenção de acidentes de trabalho.

Urge a necessidade de ampliação das ações preventivas de sensibilização,

conscientização e orientação por parte das empresas e setores de fiscalização no

que diz respeito as exigências e implantação das NRs e uso de EPIs.

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REFERÊNCIAS

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Ministério do Trabalho e Emprego, Brasília, 23 nov. 90. Disponível em:

<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf>

Acesso em: 28 jun. 2013.

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mil acidentes de trabalho anualmente. Campina Grande, 2013. Disponível em:

<http://cerestcg.blogspot.com.br/2013/05/brasil-registra-700-mil-acidentes-de.html> Acesso

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MENDES, J. M. R.; WUNSCH, D. S. Elementos para uma nova cultura em segurança e

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Norma Regulamentadora NR-18: Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria

da Construção (118.000)