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A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS: ENTRE O
IDEAL E O REAL
Conceição de Maria Silva de Andrade¹
Maria Jucileide da Silva²
Maria Jucilene Silva Guida de Sousa³
RESUMO
Este artigo aborda uma problemática de cunho nacional, a qual se estendeespecificamente em cada localidade brasileira conforme as reais necessidadeseducacionais inclusivas por que passam cada região. Objetiva-se refletir sobre aqualificação profissional real e a ideal dos intérpretes de LIBRAS atuante naeducação básica em Imperatriz-MA. Para tanto, analisa-se o Decreto5626/22/12/2005 que se constituirá neste trabalho o parâmetro para se averiguar o real e o ideal no que se refere a qualificação profissional dos intérpretes delibras que atuam na educação básica na cidade campo desta pesquisa. Aspolíticas educacionais e os programas de formação para esta área ainda sãotímidas frente a uma grande necessidade existente. A maioria dos intérpretes nãotem formação mínima exigida na legislação vigente.
Palavras-Chaves: Qualificação. Intérpretes. LIBRAS. Educação Básica.
_________________________________
¹ Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Pós- graduanda em Libras pela
Especialização e Estudos Avançados (ESEA).
² Graduada em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Pos-graduanda em Libras pela
Especialização e Estudos Avançados (ESEA). Professora da Educação Básica (SEDUC-TO).
³ Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Pós-graduanda em Libras pela
Especialização e Estudos Avançados (ESEA). Professora de Didática na UEMA.
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RESUMEN
Este artículo trata de una problemática de cuño nacional, la cual seestiende específicamente en cada localización brasileña conforme las realesnecesidades educacionales aun por que pasan cada región. Se objetiva reflejar sobre la calificación profesional real y la ideal de los intérpretes de LIBRASatuante en la educación básica en Imperatriz-MA. Para ello, se analisa elDecrepto 5626/22/12/2005 que se constituirá en este trabajo el parámetro paraaveriguar lo real y lo ideal en lo que se refiere la calificación profesional de losintérpretes de libras (señales) que actuan en la educación básica en la ciudadcampo de esta pesquisa. Las políticas educacionales e los programas deformación para esta área son timidas delante de una grande necesidad existente.La mayoria de los intérpretes no tienen formación mínima exigida em lalegislación vigente.
Palavras-Claves: Calificación. Tradutor. LIBRAS. Educación Básica.
1 INTRODUÇÃO
A realização de um estudo sobre qualificação profissional no contexto
educacional requer um olhar clínico frente a existência ou não de formação
continuada para a área específica do profissional e do como se faz valer esta
formação no plano individual (busca pessoal de qualificação) e no plano coletivo
(oferta de cursos ).
Sabe-se que um dos maiores compromissos dos profissionais que
trabalham com alunos surdos está relacionado à autonomia da criança e do
adolescente. Deve-se buscar atividades funcionais que favoreçam o
desenvolvimento da comunicação, das interações sociais, dos cuidados pessoais,
das habilidades domésticas, recreativas e sociais, sempre tendo, como base, as
preferências e potencialidades dos alunos.
Levando em consideração este cenário, identificou-se o seguinte problema:
A qualificação profissional real dos intérpretes de libras atuantes na educação
básica em Imperatriz - Maranhão é ideal conforme Decreto 5626/22/12/05?
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Dentro deste contexto, objetivou-se refletir sobre a qualificação real e a
ideal deste profissional, atuante na educação básica em Imperatriz Maranhão
verificando a situação dos mesmos em seu processo de formação, através de
uma análise dos princípios norteadores da formação do intérprete de libras sob a
ótica da legislação vigente no contexto educacional. A partir disso, identificar os
aspectos des(motivacionais) por que passa este profissional, verificando suas
maiores dificuldades na sala de aula para só assim saber se sua qualificação
atende ao mínimo necessário do que é exigido no Decreto 5626/22/12/05.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo
com aplicações de questionários abertos e fechados. Utilizou-se uma amostra de
20 (vinte) intérpretes de Libras da rede pública de ensino, a maioria da Escola
governador Archer.
A estrutura deste artigo compreende quatro partes: Na primeira parte foi
feita uma análise teórica sobre o papel do intérprete de libras e algumas
considerações sobre sua prática pedagógica. Na segunda parte foi feita uma
abordagem sobre os aspectos legais que rezam sobre a qualificação dos
intérpretes de libras e na terceira parte, apresentou-se a análise dos dados
coletados referente a pesquisa de campo desenvolvida no centro de EnsinoGovernador Archer. Na quarta parte foram feitas as considerações finais do
trabalho, assim como apresentadas sugestões para a melhoria das condições de
trabalho do intérprete de libras.
2 O INTÉRPRETE DE LIBRAS
A história dos intérpretes da Língua Brasileira de Sinais está pautada notrabalho voluntário. A partir do momento em que pessoas surdas conquistavam
seu espaço a atividade profissional do tradutor e do intérprete foi sendo valorizada
e ganhando espaço. Em diferentes lugares emergem de maneira acentuada a
prática do intérprete. Segundo (MARTINS: 2009, p.51):
Na Suécia a atuação d intérpretes de língua de sinais ocorreu emtrabalhos religiosos por volta do final do século XIX (...). Nos Estados
Unidos conta-se que o primeiro intérprete teria sido Thomas Gallaudet,intérprete de Laurent Clerc, surdo francês que estava nos EUA parapromover a educação de surdos. (...) No Brasil, os registros encontrados
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revelam a atuação de intérpretes de língua de sinais por volta dos anos1980
O papel do profissional intérprete de libras é tão somente de intermediar
uma conversa entre aquele que fala, oralmente usando a língua portuguesa
brasileira ou gestualmente usando a língua brasileira de sinais, dependendo do
interlocutor se ouvinte ou surdo e, aquele que ouve, ou melhor, que recebe a
mensagem quer pelo meio da audição quer por linguagem gestual. No entanto,
sabe-se que esta intermediação deve ser permeada de emoção, pois a prática
efetiva se constitui em uma mola propulsora para o desenvolvimento doas
aspectos cognitivo, social e motor:
A falta de preocupação com a área da afetividade revela-se como umacortina no estudo da criança. A escola que ainda continua à margem dosestudos sobre o desenvolvimento infantil, desconhece as relações entreos aspectos, afetivo, motor, pessoal e cognitivo. (ALMEIDA: 1999, p. 11)
O aluno surdo necessita de toda ajuda e suporte indispensável para sentir-
se inserido dentro de uma sala escolar regular e um dos recursos mais eficientes
para ele é de natureza humana: O intérprete que possui a competência – é o que
se espera - necessária para transmitir o conteúdo ao surdo em sua língua
primeira:
Com as comunidades surdas interagindo cada vez mais e de forma maisaguda com as comunidades ouvintes, as possibilidades de atuação dointérprete de Libras vem crescendo e, conseqüentemente, a demandapor esse tipo de profissional e sua melhor formação e capacitação àmedida que o sujeito surdo passa a interagir com grupos, com tipos deinformações e de conhecimentos que antes não tinham acesso por causa da barreira lingüística estabelecidas tanto pelo desconhecimento
da Língua de Sinais por parte dos sujeitos ouvintes quanto pela ausênciado intérprete. Com isso, o profissional intérprete precisa atuar emquaisquer espaços onde estiverem surdos presentes para possibilitar oacesso à informação e à cidadania, garantidos por lei. (ANICETOJUNIOR: 2010. P. 2 http://www.webartigos.com).
Infelizmente a maioria das escolas de Imperatriz-MA não possui a atuação
desse profissional eficaz. O fazer pedagógico do intérprete é pouco discutido em
nosso país e exatamente por isso quase nada se sabe sobre sua maneira de agir
educacional e se de fato está havendo eficácia. Todos os envolvidos no processo
educacional precisam ter consciência de que sua prática pedagógica deve estar
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alicerçada em uma prática livre, crítica e no caso específico do intérprete de
LIBRAS, em uma prática humana:
Uma pedagogia que estrutura seu círculo de cultura como lugar de umaprática livre e crítica não pode ser vista como uma idealização a mais daliberdade. As dimensões do sentido e da prática humana encontram-sesolidárias em seus fundamentos. (FREIRE: 1992, p. 16).
É bem verdade que em nossa região por não haver um número grande de
intérpretes formados frente a exigência da Lei, muitas escolas contratam qualquer
pessoa que tenha um conhecimento em libras nem que seja superficial e isso
exige que a sociedade reflita e procure saber se exatamente nossos alunos
surdos estão inclusos no sistema educacional regular.
Imperatriz possui uma instituição pioneira no trabalho da inclusão e na
formação básica de um candidato a intérprete é a ADAI – Associação dos
Deficientes Auditivos de Imperatriz, porém este profissional precisa se aprofundar
em seus estudos - praticamente sozinhos correndo o risco de não estarem
adequadamente formados - para adquirir uma fluência maior e um vocabulário
mais amplo para que possa fazer um trabalho a contento.
A ADAI possui uma parceria bem estreita com a Escola EstadualGovernador Archer que é precursora na docência com alunos cegos e surdos e
os intérpretes que ali atuam sãos bem assessorados em suas práticas devido à
extensa experiência dessa instituição com esse alunado tão especial. Dentro do
contexto de ‘ser especial’ é importante analisar que:
Existem “crianças especiais mais” e “crianças especiais menos”. Quantoàs “crianças especiais mais”, deve-se ter muito cuidado para não exigir
demais delas, achando que por serem mais inteligentes do que a médiadevem ser superestimuladas, incubidas de um excesso deresponsabilidade (...). As “crianças especiais menos” precisam de muitacompreensão, aceitação, carinho e amor. (TEZOLIN: 2003, p. 85).
Além disso, depois da exigência legal de que os alunos especiais deveriam
frequentar as escolas regulares próximas de suas residências para que se
concretize a inclusão onde vários intérpretes atuam agora em novos ambientes
longe da tutoria mais técnica e aí perdura duas preocupações: Primeira: Se esses
novos profissionais que estão trabalhando nas dezenas de escolas espalhadas
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pela cidade estão desempenhando suas atividades de intérprete educacional
como de fato deve ser, ou será se apenas ocupam um cargo e desempenha outra
função (como é comum as pessoas envolvidas no processo quererem que o
intérprete além de interpretar para o aluno especial ajude-o em suas
necessidades particulares e até, às vezes, fazer o papel do professor regente de
sala). Segunda: Se há realmente uma interpretação coerente no que se refere ao
conceito de inclusão. Pois, concorda-se que inclusão deve ser sinônima de
mudança que, por sua vez deve atrair a solidariedade:
A inclusão traz um olhar para a mudança, para a adaptação de velhoshábitos e isso faz com que voltemos esse olhar para nós mesmos e paraa escola em que estamos trabalhando. Precisamos transformar arealidade da escola, para que possamos trabalhar com a diferença, coma diversidade e que isso não seja uma desvantagem, mas um ganho natentativa de criação de uma sociedade mais solidária, mais igualitária ecom oportunidades para todos. (HONORA & FRIZANCO: 2008, p. 9).
É bem verdade que a inclusão como uma obrigação legal traz para a
escola e para os alunos e para os pais de alunos o medo do novo e o receio por
parte dos profissionais de não estarem preparados para lidarem com os alunos
com deficiência. Inclusive em relação aos intérpretes que se vêem um tantoquanto sozinhos a enfrentarem este desafio, haja vista não receberem a
assistência adequada do governo quanto a sua formação necessária:
O Contexto linguístico em que a criança surda está inserida poderá ser determinante no seu processo de aquisição da linguagem, pois mesmoapresentando condições internas de adquirir a linguagem de formanatural e normal, como as crianças ouvintes, há possibilidade de atrasolinguístico e/ou sequelas devido à falta de input em uma língua à qual acriança tenha acesso completo o mais cedo possível. Informações e
estudos referentes ao processo de aquisição na língua de sinaisnecessitam ser compartilhadas com os pais, que muitas vezesdesconhecem essa possibilidade e deixam de entender e de serementendidos pelos filhos por um longo tempo. (QUADROS & CRUZ: 2011,p.35).
Neste sentido verifica-se que a escola possui a grande responsabilidade de
buscar estratégias para envolver os pais de alunos surdos no processo de
acompanhamento daquilo que está sendo trabalhado no cotidiano escolar de seu
filho. Para que tenha condições de participar efetivamente no desenvolvimentosatisfatório deste deficiente auditivo.
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3 ASPECTOS LEGAIS FRENTE AO INTÉRPRETE
A educação brasileira e em particular os alunos detentores de
necessidades especiais e toda a sociedade ganhou muito quando aconteceu a
legitimação da língua de sinais a ser usada na comunicação e na manifestação do
pensamento pela lei nº. 10.436 de 24 de abril de 2002 e pelo Decreto 5.626 de
dezembro de 2005. Com esse tão importante reconhecimento de uma nova língua
surgiu paralelamente a necessidade de intérpretes que permeia entre o ouvinte e
o surdo. Já que a partir disto a Língua Brasileira de Sinais ganhará maisefetividade e vitalidade com a sua utilização por mais pessoas:
A vitalidade de uma língua, contrariamente aos recursos naturais,depende de sua utilização efetiva, tanto em escala nacional, quanto emescala mundial. Quanto mais uma língua é utilizada, mais ela éameaçada de extinção. Assim sendo, é o uso social da língua quedetermina seu grau de revitalização. (SALLES: 2004, p. 26).
O intérprete de libras e língua portuguesa para formalmente estar nessa
categoria bilíngue precisa ser certificado pelo exame nacional de proficiência –
Prolibras que torna o profissional habilitado para traduzir e interpretar a libras que
é um conjunto linguístico de caráter visual motora.
O Decreto 5.626 garante um intérprete dentro da sala de aula que tiver o
aluno que usa a língua brasileira de sinais para se comunicar. Tal profissional
precisa se dedicar exclusivamente para o ato da interpretação e em nenhum
momento ser desviado de sua função principal para desempenhar outras
atividades que não lhe cabem desenvolver, por mais que seja conveniente à
instituição que lhe contratou ou ao professor que lhe é parceiro.
No capítulo IV do Decreto 5626/05 que fala do uso e da difusão da Língua
Brasileira de Sinais e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à
educação especificamente o artigo 14, § 2°, o qual ressalta que:
O professor da educação básica, bilíngue, aprovado em exame deproficiência em tradução e interpretação de Líbras - Língua Portuguesa,pode exercer a função de tradutor e intérprete de Líbras - LínguaPortuguesa, cuja função é distinta da função de professor docente.
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Dessa forma percebe-se que a situação profissional dos intérpretes de
LIBRAS deve estar intimamente relacionada ao exame de proficiência. No
entanto, sabe-se que as aprovações neste exame são muito poucas e não
contemplam a demanda de profissionais que emergem nesta área.
Já no capítulo V que fala da formação do tradutor e intérprete de LIBRAS –
Língua Portuguesa consta de forma detalhada os procedimentos legais em que os
profissionais postulantes a este cargo deve se apoiar. No artigo 17 está escrito
que “a formação do tradutor e intérprete de Líbras - Língua Portuguesa deve
efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com
habilitação em Líbras - Língua Portuguesa”.A considerar dez anos após 2005, ano de publicação desse decreto e não
haver profissionais formados de acordo com o que reza o artigo acima, as
instituições poderão contratar os profissionais que possuem as características
destacadas no artigo 19, incisos I e II, que diz:
I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência emLíbras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira
simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência,promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições deensino médio e de educação superior; II - profissional ouvinte, de nívelmédio, com competência e fluência em Líbras para realizar ainterpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, ecom aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério daEducação, para atuação no ensino fundamental.
A nossa comunidade imperatrizense culturalmente, no âmbito acadêmico,
infelizmente, está despida de iniciativas que confirme as exigências do texto legal.
Esta realidade precisa mudar rápido tendo em vista que Imperatriz é um pólo
universitário amplo e importante para a região e influência três outros Estados.
4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
A pesquisa de campo foi realizada com 20 (vinte) intérpretes de Libras da
cidade de Imperatriz-MA, os quais estão atuando em escola pública.
Quando questionados sobre sua formação 60% (12 pessoas) responderam
que são formados em Pedagogia, apenas 5% (01 pessoa) responderam que
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estão concluindo o curso de licenciatura em Letras Libras, 30% (06 pessoas)
responderam que são formados em Letras Português/inglês, 5 % responderam
que são formados em outro curso. Isso mostra que embora os intérpretes de
Libras tenham alguma graduação estão aquém do que é exigido no Decreto
5626/22/12/05. Pois, apenas um intérprete está concluindo o curso de Letras
Libras, o que seria o ideal para a qualificação básica deste profissional.
Em relação a qualificação complementar foi questionado quais os cursos
de libras já cursados por eles. 95% (19 pessoas) responderam que estão
concluindo o curso de Pós-graduação em Libras. 5% já possuem a Proficiência
em Libras. Ressalta-se que para fazer o curso de Pós-graduação há que se ter o
curso de Libras básico (120 horas). Percebe neste quesito que há uma sede por
formação continuada e os profissionais estão – de forma particular - procurando
sua qualificação, embora as oportunidades sejam ainda mínimas (formação
continuada oriundas de programas governamentais) proporcionalmente às
necessidade reais que estes profissionais possuem em sua prática em sala de
aula e fora dela.
Ao serem questionados sobre a quantidade de tempo que atuam como
intérpretes de Libras 30% (seis pessoas) responderam que há mais de 06 (seis)anos; 50% (dez pessoas) responderam que há mis de 03 (três) anos; apenas 20%
(quatro pessoas) responderam que estão em seu primeiro ano de atuação.
Analisa-se que o tempo de atuação, no geral, é pouco, o que ratifica a negligência
das autoridades governamentais e educativas em assistirem aos deficientes
auditivos. Fato este que está mudando gradativamente.
Foi questionado sobre quais as maiores dificuldades enfrentadas por eles
(intérpretes), no dia a dia da sala de aula, 50% (dez pessoas) afirmaram que é afalta de formação continuada; 20% (quatro pessoas) responderam que é o
desinteresse dos alunos surdos; 30% (seis pessoas) responderam que é a falta
de planejamento do professor. Percebe-se aqui que a maioria dos entrevistados
sente-se inconformada e desassistida quanto a continuidade de sua formação.
Em seguida vem a problemática da falta de planejamento do professor.
Consequentemente o aluno sente-se desmotivado e desinteressado em aprender.
O intérprete de Libras por sua vez sofre com a situação sentindo seu trabalhoineficaz.
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Quando questionados sobre se conheciam o Decreto 5626/22/12/05 90%
(dezoito pessoas) responderam que conhecem superficialmente, através dos
cursos que fizeram: Libras básico e Libras em Contexto. 10% (duas pessoas)
responderam que nunca ouviram falar. Este é um fato curioso, pois é inadmissível
que tendo feito os cursos básicos e ainda cursando a pós-graduação em Libras,
nunca se tenha ouvido falar deste Decreto. Isso mostra que alguns profissionais
estão desatentos quanto às suas informações básicas. O intérprete de Libras
precisa conhecer profundamente esta legislação para poder se posicionar mais
criticamente diante de sua realidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A preocupação e o interesse por deficiência auditiva estão crescendo
gradativamente. A surdez tem longa história dentro do desenvolvimento do saber.
Práticas, metodologias e a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS para os surdos
vieram a ser focalizadas com mais ênfase e com mais interesse técnico apenas
nas últimas décadas.A LIBRAS como a língua materna dos surdos vem ganhando palco de
estudos também dos ouvintes em todas as áreas do conhecimento
gradativamente. Neste sentido, o Brasil ao oficializá-la Idioma oficial dos surdos é
neste sentido privilegiado. Por isso, o profissional tradutor e o intérprete de Libras
estão ganhando mais espaço no cenário educacional brasileiro, principalmente
depois da Lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 e do Decreto nº 5.626 de 22 de
Dezembro de 2005, que regularizaram a Língua Brasileira de Sinais como asegunda língua oficial do país, impulsionando assim as políticas de inclusão de
surdos e o uso desta língua em todas as esferas sociais e, no âmbito da
educação, em todos os níveis e modalidades de ensino.
Diante dessa realidade surgiu uma nova problemática: A carência de
formação continuada para este profissional que emerge no contexto educacional
inclusivo. Pois, as políticas educacionais e os programas de formação para esta
área ainda são tímidas frente a uma grande necessidade existente.
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Sabe-se que embora haja uma mudança gradativa existe uma
desproporcionalidade entre o número de surdos existentes no Brasil e o número
de intérpretes que surgem no cenário educacional. Este na maioria das vezes
sem a formação mínima exigida na legislação vigente.
Acredita-se que investir na formação continuada dos intérpretes de libras
elevaria em muito a qualidade da aprendizagem dos surdos que compartilham da
mesma sala dos ouvintes. Dessa forma, as autoridades governamentais,
especificamente os governos federais, estaduais e municipais devem planejar e
realizar políticas públicas educacionais que atendam a toda a clientela envolvida
neste contexto de inclusão.
Os intérpretes de Libras, por sua vez, devem buscar inteirar-se de toda
legislação que se relacionam com sua profissão para assumirem uma atitude
crítica e reivindicatória por mudança através de leituras e grupos de estudos nas
suas unidades de trabalho.
Sugere-se a criação e a implantação de fóruns e simpósios municipais e
estaduais para os intérpretes a se realizarem anualmente, assim como a criação
de blogs municipais específicos para que estes profissionais estejam realizando
intercâmbio de suas experiências.Faz-se necessário por parte do governo estadual, através das escolas
públicas estaduais a criação de uma revista eletrônica científica para que haja
produções dos intérpretes de libras e surjam mais pesquisas nesta área visando
mais qualidade para aprendizagem dos surdos.
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REFERÊNCIAS
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http://www.webartigos.com
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MÁRCIA, Honora & FRIZANCO, Mary L. Esclarecendo as deficiências:
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MARTINS, Diléia Aparecida. Trajetória de formação e condições de trabalho
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SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima (Et al). Ensino de Língua Portuguesa
para Surdos. Caminhos para a prática pedagógica.Brasília: MEC, SEESP,
2004.
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TEZOLIN, Olganir Merçon. Re-criando a educação. Uma nova visão da
psicologia do afeto. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
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