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 2 A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS: ENTRE O IDEAL E O REAL Conceição de Maria Silva de Andrade¹ Maria Jucileide da Silva² Maria Jucilene Silva Guida de Sousa³ RESUMO Este artigo aborda uma problemática de cunho nacional, a qual se estende especificamente em cada localidade brasileira conforme as reais necessidades educacionais inclus ivas por que pas sam cada região. Objetiva-se refletir sobre a qualificação profissional real e a ideal dos intérpretes de LIBRAS atuante na educação bá si ca em Impera tr iz-MA. Para tanto, analisa-se o Decreto 5626/22/12/2005 que se constituirá neste trabalho o parâmetro para se averiguar o real e o ideal no que se refere a qualificação profissional dos intérpretes de libras que atuam na educ ão básica na cida de campo de sta pesquisa. As políticas educacionais e os programas de formação para esta área ainda são tímidas frente a uma grande necessidade existente. A maioria dos intérpretes não tem formação mínima exigida na legislação vigente. Palavras-Chaves: Qualificação. Intérpretes. LIBRAS. Educação Básica.  _________________________________ ¹ Gradu ada em Letras pela Univers idade Estadua l do Maranhão (UEMA). Pós- graduand a em Libras pela Especialização e Estudos Avançados (ESEA). ² Graduada em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Pos-graduanda em Libras pela Especialização e Estudos Avançados (ESEA). Professora da Educação Básica (SEDUC-TO). ³ Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Pós-graduanda em Libras pela Especialização e Estudos Avançados (ESEA). Professora de Didática na UEMA.

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A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS: ENTRE O

IDEAL E O REAL

Conceição de Maria Silva de Andrade¹

Maria Jucileide da Silva²

Maria Jucilene Silva Guida de Sousa³

RESUMO

Este artigo aborda uma problemática de cunho nacional, a qual se estendeespecificamente em cada localidade brasileira conforme as reais necessidadeseducacionais inclusivas por que passam cada região. Objetiva-se refletir sobre aqualificação profissional real e a ideal dos intérpretes de LIBRAS atuante naeducação básica em Imperatriz-MA. Para tanto, analisa-se o Decreto5626/22/12/2005 que se constituirá neste trabalho o parâmetro para se averiguar o real e o ideal no que se refere a qualificação profissional dos intérpretes delibras que atuam na educação básica na cidade campo desta pesquisa. Aspolíticas educacionais e os programas de formação para esta área ainda sãotímidas frente a uma grande necessidade existente. A maioria dos intérpretes nãotem formação mínima exigida na legislação vigente.

Palavras-Chaves: Qualificação. Intérpretes. LIBRAS. Educação Básica.

 _________________________________ 

¹ Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Pós- graduanda em Libras pela

Especialização e Estudos Avançados (ESEA).

² Graduada em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Pos-graduanda em Libras pela

Especialização e Estudos Avançados (ESEA). Professora da Educação Básica (SEDUC-TO).

³ Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Pós-graduanda em Libras pela

Especialização e Estudos Avançados (ESEA). Professora de Didática na UEMA.

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RESUMEN

Este artículo trata de una problemática de cuño nacional, la cual seestiende específicamente en cada localización brasileña conforme las realesnecesidades educacionales aun por que pasan cada región. Se objetiva reflejar sobre la calificación profesional real y la ideal de los intérpretes de LIBRASatuante en la educación básica en Imperatriz-MA. Para ello, se analisa elDecrepto 5626/22/12/2005 que se constituirá en este trabajo el parámetro paraaveriguar lo real y lo ideal en lo que se refiere la calificación profesional de losintérpretes de libras (señales) que actuan en la educación básica en la ciudadcampo de esta pesquisa. Las políticas educacionales e los programas deformación para esta área son timidas delante de una grande necesidad existente.La mayoria de los intérpretes no tienen formación mínima exigida em lalegislación vigente.

Palavras-Claves: Calificación. Tradutor. LIBRAS. Educación Básica.

1 INTRODUÇÃO

A realização de um estudo sobre qualificação profissional no contexto

educacional requer um olhar clínico frente a existência ou não de formação

continuada para a área específica do profissional e do como se faz valer esta

formação no plano individual (busca pessoal de qualificação) e no plano coletivo

(oferta de cursos ).

Sabe-se que um dos maiores compromissos dos profissionais que

trabalham com alunos surdos está relacionado à autonomia da criança e do

adolescente. Deve-se buscar atividades funcionais que favoreçam o

desenvolvimento da comunicação, das interações sociais, dos cuidados pessoais,

das habilidades domésticas, recreativas e sociais, sempre tendo, como base, as

preferências e potencialidades dos alunos.

Levando em consideração este cenário, identificou-se o seguinte problema:

A qualificação profissional real dos intérpretes de libras atuantes na educação

básica em Imperatriz - Maranhão é ideal conforme Decreto 5626/22/12/05?

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Dentro deste contexto, objetivou-se refletir sobre a qualificação real e a

ideal deste profissional, atuante na educação básica em Imperatriz Maranhão

verificando a situação dos mesmos em seu processo de formação, através de

uma análise dos princípios norteadores da formação do intérprete de libras sob a

ótica da legislação vigente no contexto educacional. A partir disso, identificar os

aspectos des(motivacionais) por que passa este profissional, verificando suas

maiores dificuldades na sala de aula para só assim saber se sua qualificação

atende ao mínimo necessário do que é exigido no Decreto 5626/22/12/05.

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo

com aplicações de questionários abertos e fechados. Utilizou-se uma amostra de

20 (vinte) intérpretes de Libras da rede pública de ensino, a maioria da Escola

governador Archer.

A estrutura deste artigo compreende quatro partes: Na primeira parte foi

feita uma análise teórica sobre o papel do intérprete de libras e algumas

considerações sobre sua prática pedagógica. Na segunda parte foi feita uma

abordagem sobre os aspectos legais que rezam sobre a qualificação dos

intérpretes de libras e na terceira parte, apresentou-se a análise dos dados

coletados referente a pesquisa de campo desenvolvida no centro de EnsinoGovernador Archer. Na quarta parte foram feitas as considerações finais do

trabalho, assim como apresentadas sugestões para a melhoria das condições de

trabalho do intérprete de libras.

2 O INTÉRPRETE DE LIBRAS

A história dos intérpretes da Língua Brasileira de Sinais está pautada notrabalho voluntário. A partir do momento em que pessoas surdas conquistavam

seu espaço a atividade profissional do tradutor e do intérprete foi sendo valorizada

e ganhando espaço. Em diferentes lugares emergem de maneira acentuada a

prática do intérprete. Segundo (MARTINS: 2009, p.51):

Na Suécia a atuação d intérpretes de língua de sinais ocorreu emtrabalhos religiosos por volta do final do século XIX (...). Nos Estados

Unidos conta-se que o primeiro intérprete teria sido Thomas Gallaudet,intérprete de Laurent Clerc, surdo francês que estava nos EUA parapromover a educação de surdos. (...) No Brasil, os registros encontrados

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revelam a atuação de intérpretes de língua de sinais por volta dos anos1980

O papel do profissional intérprete de libras é tão somente de intermediar 

uma conversa entre aquele que fala, oralmente usando a língua portuguesa

brasileira ou gestualmente usando a língua brasileira de sinais, dependendo do

interlocutor se ouvinte ou surdo e, aquele que ouve, ou melhor, que recebe a

mensagem quer pelo meio da audição quer por linguagem gestual. No entanto,

sabe-se que esta intermediação deve ser permeada de emoção, pois a prática

efetiva se constitui em uma mola propulsora para o desenvolvimento doas

aspectos cognitivo, social e motor:

A falta de preocupação com a área da afetividade revela-se como umacortina no estudo da criança. A escola que ainda continua à margem dosestudos sobre o desenvolvimento infantil, desconhece as relações entreos aspectos, afetivo, motor, pessoal e cognitivo. (ALMEIDA: 1999, p. 11)

O aluno surdo necessita de toda ajuda e suporte indispensável para sentir-

se inserido dentro de uma sala escolar regular e um dos recursos mais eficientes

para ele é de natureza humana: O intérprete que possui a competência – é o que

se espera - necessária para transmitir o conteúdo ao surdo em sua língua

primeira:

Com as comunidades surdas interagindo cada vez mais e de forma maisaguda com as comunidades ouvintes, as possibilidades de atuação dointérprete de Libras vem crescendo e, conseqüentemente, a demandapor esse tipo de profissional e sua melhor formação e capacitação àmedida que o sujeito surdo passa a interagir com grupos, com tipos deinformações e de conhecimentos que antes não tinham acesso por causa da barreira lingüística estabelecidas tanto pelo desconhecimento

da Língua de Sinais por parte dos sujeitos ouvintes quanto pela ausênciado intérprete. Com isso, o profissional intérprete precisa atuar emquaisquer espaços onde estiverem surdos presentes para possibilitar oacesso à informação e à cidadania, garantidos por lei. (ANICETOJUNIOR: 2010. P. 2 http://www.webartigos.com).

Infelizmente a maioria das escolas de Imperatriz-MA não possui a atuação

desse profissional eficaz. O fazer pedagógico do intérprete é pouco discutido em

nosso país e exatamente por isso quase nada se sabe sobre sua maneira de agir 

educacional e se de fato está havendo eficácia. Todos os envolvidos no processo

educacional precisam ter consciência de que sua prática pedagógica deve estar 

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alicerçada em uma prática livre, crítica e no caso específico do intérprete de

LIBRAS, em uma prática humana:

Uma pedagogia que estrutura seu círculo de cultura como lugar de umaprática livre e crítica não pode ser vista como uma idealização a mais daliberdade. As dimensões do sentido e da prática humana encontram-sesolidárias em seus fundamentos. (FREIRE: 1992, p. 16).

É bem verdade que em nossa região por não haver um número grande de

intérpretes formados frente a exigência da Lei, muitas escolas contratam qualquer 

pessoa que tenha um conhecimento em libras nem que seja superficial e isso

exige que a sociedade reflita e procure saber se exatamente nossos alunos

surdos estão inclusos no sistema educacional regular.

Imperatriz possui uma instituição pioneira no trabalho da inclusão e na

formação básica de um candidato a intérprete é a ADAI – Associação dos

Deficientes Auditivos de Imperatriz, porém este profissional precisa se aprofundar 

em seus estudos - praticamente sozinhos correndo o risco de não estarem

adequadamente formados - para adquirir uma fluência maior e um vocabulário

mais amplo para que possa fazer um trabalho a contento.

A ADAI possui uma parceria bem estreita com a Escola EstadualGovernador Archer que é precursora na docência com alunos cegos e surdos e

os intérpretes que ali atuam sãos bem assessorados em suas práticas devido à

extensa experiência dessa instituição com esse alunado tão especial. Dentro do

contexto de ‘ser especial’ é importante analisar que:

Existem “crianças especiais mais” e “crianças especiais menos”. Quantoàs “crianças especiais mais”, deve-se ter muito cuidado para não exigir 

demais delas, achando que por serem mais inteligentes do que a médiadevem ser superestimuladas, incubidas de um excesso deresponsabilidade (...). As “crianças especiais menos” precisam de muitacompreensão, aceitação, carinho e amor. (TEZOLIN: 2003, p. 85).

Além disso, depois da exigência legal de que os alunos especiais deveriam

frequentar as escolas regulares próximas de suas residências para que se

concretize a inclusão onde vários intérpretes atuam agora em novos ambientes

longe da tutoria mais técnica e aí perdura duas preocupações: Primeira: Se esses

novos profissionais que estão trabalhando nas dezenas de escolas espalhadas

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pela cidade estão desempenhando suas atividades de intérprete educacional

como de fato deve ser, ou será se apenas ocupam um cargo e desempenha outra

função (como é comum as pessoas envolvidas no processo quererem que o

intérprete além de interpretar para o aluno especial ajude-o em suas

necessidades particulares e até, às vezes, fazer o papel do professor regente de

sala). Segunda: Se há realmente uma interpretação coerente no que se refere ao

conceito de inclusão. Pois, concorda-se que inclusão deve ser sinônima de

mudança que, por sua vez deve atrair a solidariedade:

A inclusão traz um olhar para a mudança, para a adaptação de velhoshábitos e isso faz com que voltemos esse olhar para nós mesmos e paraa escola em que estamos trabalhando. Precisamos transformar arealidade da escola, para que possamos trabalhar com a diferença, coma diversidade e que isso não seja uma desvantagem, mas um ganho natentativa de criação de uma sociedade mais solidária, mais igualitária ecom oportunidades para todos. (HONORA & FRIZANCO: 2008, p. 9).

É bem verdade que a inclusão como uma obrigação legal traz para a

escola e para os alunos e para os pais de alunos o medo do novo e o receio por 

parte dos profissionais de não estarem preparados para lidarem com os alunos

com deficiência. Inclusive em relação aos intérpretes que se vêem um tantoquanto sozinhos a enfrentarem este desafio, haja vista não receberem a

assistência adequada do governo quanto a sua formação necessária:

O Contexto linguístico em que a criança surda está inserida poderá ser determinante no seu processo de aquisição da linguagem, pois mesmoapresentando condições internas de adquirir a linguagem de formanatural e normal, como as crianças ouvintes, há possibilidade de atrasolinguístico e/ou sequelas devido à falta de input em uma língua à qual acriança tenha acesso completo o mais cedo possível. Informações e

estudos referentes ao processo de aquisição na língua de sinaisnecessitam ser compartilhadas com os pais, que muitas vezesdesconhecem essa possibilidade e deixam de entender e de serementendidos pelos filhos por um longo tempo. (QUADROS & CRUZ: 2011,p.35).

Neste sentido verifica-se que a escola possui a grande responsabilidade de

buscar estratégias para envolver os pais de alunos surdos no processo de

acompanhamento daquilo que está sendo trabalhado no cotidiano escolar de seu

filho. Para que tenha condições de participar efetivamente no desenvolvimentosatisfatório deste deficiente auditivo.

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3 ASPECTOS LEGAIS FRENTE AO INTÉRPRETE

A educação brasileira e em particular os alunos detentores de

necessidades especiais e toda a sociedade ganhou muito quando aconteceu a

legitimação da língua de sinais a ser usada na comunicação e na manifestação do

pensamento pela lei nº. 10.436 de 24 de abril de 2002 e pelo Decreto 5.626 de

dezembro de 2005. Com esse tão importante reconhecimento de uma nova língua

surgiu paralelamente a necessidade de intérpretes que permeia entre o ouvinte e

o surdo. Já que a partir disto a Língua Brasileira de Sinais ganhará maisefetividade e vitalidade com a sua utilização por mais pessoas:

A vitalidade de uma língua, contrariamente aos recursos naturais,depende de sua utilização efetiva, tanto em escala nacional, quanto emescala mundial. Quanto mais uma língua é utilizada, mais ela éameaçada de extinção. Assim sendo, é o uso social da língua quedetermina seu grau de revitalização. (SALLES: 2004, p. 26).

O intérprete de libras e língua portuguesa para formalmente estar nessa

categoria bilíngue precisa ser certificado pelo exame nacional de proficiência –

Prolibras que torna o profissional habilitado para traduzir e interpretar a libras que

é um conjunto linguístico de caráter visual motora.

O Decreto 5.626 garante um intérprete dentro da sala de aula que tiver o

aluno que usa a língua brasileira de sinais para se comunicar. Tal profissional

precisa se dedicar exclusivamente para o ato da interpretação e em nenhum

momento ser desviado de sua função principal para desempenhar outras

atividades que não lhe cabem desenvolver, por mais que seja conveniente à

instituição que lhe contratou ou ao professor que lhe é parceiro.

No capítulo IV do Decreto 5626/05 que fala do uso e da difusão da Língua

Brasileira de Sinais e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à

educação especificamente o artigo 14, § 2°, o qual ressalta que:

O professor da educação básica, bilíngue, aprovado em exame deproficiência em tradução e interpretação de Líbras - Língua Portuguesa,pode exercer a função de tradutor e intérprete de Líbras - LínguaPortuguesa, cuja função é distinta da função de professor docente.

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Dessa forma percebe-se que a situação profissional dos intérpretes de

LIBRAS deve estar intimamente relacionada ao exame de proficiência. No

entanto, sabe-se que as aprovações neste exame são muito poucas e não

contemplam a demanda de profissionais que emergem nesta área.

Já no capítulo V que fala da formação do tradutor e intérprete de LIBRAS –

Língua Portuguesa consta de forma detalhada os procedimentos legais em que os

profissionais postulantes a este cargo deve se apoiar. No artigo 17 está escrito

que “a formação do tradutor e intérprete de Líbras - Língua Portuguesa deve

efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com

habilitação em Líbras - Língua Portuguesa”.A considerar dez anos após 2005, ano de publicação desse decreto e não

haver profissionais formados de acordo com o que reza o artigo acima, as

instituições poderão contratar os profissionais que possuem as características

destacadas no artigo 19, incisos I e II, que diz:

I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência emLíbras para realizar a interpretação das duas línguas, de maneira

simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de proficiência,promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições deensino médio e de educação superior; II - profissional ouvinte, de nívelmédio, com competência e fluência em Líbras para realizar ainterpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, ecom aprovação em exame de proficiência, promovido pelo Ministério daEducação, para atuação no ensino fundamental.

A nossa comunidade imperatrizense culturalmente, no âmbito acadêmico,

infelizmente, está despida de iniciativas que confirme as exigências do texto legal.

Esta realidade precisa mudar rápido tendo em vista que Imperatriz é um pólo

universitário amplo e importante para a região e influência três outros Estados.

4 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

A pesquisa de campo foi realizada com 20 (vinte) intérpretes de Libras da

cidade de Imperatriz-MA, os quais estão atuando em escola pública.

Quando questionados sobre sua formação 60% (12 pessoas) responderam

que são formados em Pedagogia, apenas 5% (01 pessoa) responderam que

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estão concluindo o curso de licenciatura em Letras Libras, 30% (06 pessoas)

responderam que são formados em Letras Português/inglês, 5 % responderam

que são formados em outro curso. Isso mostra que embora os intérpretes de

Libras tenham alguma graduação estão aquém do que é exigido no Decreto

5626/22/12/05. Pois, apenas um intérprete está concluindo o curso de Letras

Libras, o que seria o ideal para a qualificação básica deste profissional.

Em relação a qualificação complementar foi questionado quais os cursos

de libras já cursados por eles. 95% (19 pessoas) responderam que estão

concluindo o curso de Pós-graduação em Libras. 5% já possuem a Proficiência

em Libras. Ressalta-se que para fazer o curso de Pós-graduação há que se ter o

curso de Libras básico (120 horas). Percebe neste quesito que há uma sede por 

formação continuada e os profissionais estão – de forma particular - procurando

sua qualificação, embora as oportunidades sejam ainda mínimas (formação

continuada oriundas de programas governamentais) proporcionalmente às

necessidade reais que estes profissionais possuem em sua prática em sala de

aula e fora dela.

Ao serem questionados sobre a quantidade de tempo que atuam como

intérpretes de Libras 30% (seis pessoas) responderam que há mais de 06 (seis)anos; 50% (dez pessoas) responderam que há mis de 03 (três) anos; apenas 20%

(quatro pessoas) responderam que estão em seu primeiro ano de atuação.

Analisa-se que o tempo de atuação, no geral, é pouco, o que ratifica a negligência

das autoridades governamentais e educativas em assistirem aos deficientes

auditivos. Fato este que está mudando gradativamente.

Foi questionado sobre quais as maiores dificuldades enfrentadas por eles

(intérpretes), no dia a dia da sala de aula, 50% (dez pessoas) afirmaram que é afalta de formação continuada; 20% (quatro pessoas) responderam que é o

desinteresse dos alunos surdos; 30% (seis pessoas) responderam que é a falta

de planejamento do professor. Percebe-se aqui que a maioria dos entrevistados

sente-se inconformada e desassistida quanto a continuidade de sua formação.

Em seguida vem a problemática da falta de planejamento do professor.

Consequentemente o aluno sente-se desmotivado e desinteressado em aprender.

O intérprete de Libras por sua vez sofre com a situação sentindo seu trabalhoineficaz.

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Quando questionados sobre se conheciam o Decreto 5626/22/12/05 90%

(dezoito pessoas) responderam que conhecem superficialmente, através dos

cursos que fizeram: Libras básico e Libras em Contexto. 10% (duas pessoas)

responderam que nunca ouviram falar. Este é um fato curioso, pois é inadmissível

que tendo feito os cursos básicos e ainda cursando a pós-graduação em Libras,

nunca se tenha ouvido falar deste Decreto. Isso mostra que alguns profissionais

estão desatentos quanto às suas informações básicas. O intérprete de Libras

precisa conhecer profundamente esta legislação para poder se posicionar mais

criticamente diante de sua realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preocupação e o interesse por deficiência auditiva estão crescendo

gradativamente. A surdez tem longa história dentro do desenvolvimento do saber.

Práticas, metodologias e a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS para os surdos

vieram a ser focalizadas com mais ênfase e com mais interesse técnico apenas

nas últimas décadas.A LIBRAS como a língua materna dos surdos vem ganhando palco de

estudos também dos ouvintes em todas as áreas do conhecimento

gradativamente. Neste sentido, o Brasil ao oficializá-la Idioma oficial dos surdos é

neste sentido privilegiado. Por isso, o profissional tradutor e o intérprete de Libras

estão ganhando mais espaço no cenário educacional brasileiro, principalmente

depois da Lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 e do Decreto nº 5.626 de 22 de

Dezembro de 2005, que regularizaram a Língua Brasileira de Sinais como asegunda língua oficial do país, impulsionando assim as políticas de inclusão de

surdos e o uso desta língua em todas as esferas sociais e, no âmbito da

educação, em todos os níveis e modalidades de ensino.

Diante dessa realidade surgiu uma nova problemática: A carência de

formação continuada para este profissional que emerge no contexto educacional

inclusivo. Pois, as políticas educacionais e os programas de formação para esta

área ainda são tímidas frente a uma grande necessidade existente.

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Sabe-se que embora haja uma mudança gradativa existe uma

desproporcionalidade entre o número de surdos existentes no Brasil e o número

de intérpretes que surgem no cenário educacional. Este na maioria das vezes

sem a formação mínima exigida na legislação vigente.

Acredita-se que investir na formação continuada dos intérpretes de libras

elevaria em muito a qualidade da aprendizagem dos surdos que compartilham da

mesma sala dos ouvintes. Dessa forma, as autoridades governamentais,

especificamente os governos federais, estaduais e municipais devem planejar e

realizar políticas públicas educacionais que atendam a toda a clientela envolvida

neste contexto de inclusão.

Os intérpretes de Libras, por sua vez, devem buscar inteirar-se de toda

legislação que se relacionam com sua profissão para assumirem uma atitude

crítica e reivindicatória por mudança através de leituras e grupos de estudos nas

suas unidades de trabalho.

Sugere-se a criação e a implantação de fóruns e simpósios municipais e

estaduais para os intérpretes a se realizarem anualmente, assim como a criação

de blogs municipais específicos para que estes profissionais estejam realizando

intercâmbio de suas experiências.Faz-se necessário por parte do governo estadual, através das escolas

públicas estaduais a criação de uma revista eletrônica científica para que haja

produções dos intérpretes de libras e surjam mais pesquisas nesta área visando

mais qualidade para aprendizagem dos surdos.

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REFERÊNCIAS

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Terra, 1992, 150 p.

JUSBRASIL. Decreto 5626 de 25 de Dezembro de 2005. Acesso em 05 de

 janeiro de 2011.www.jusbrasil.com.br/legislação/9

MÁRCIA, Honora & FRIZANCO, Mary L. Esclarecendo as deficiências:

Aspectos teóricos e práticos para a contribuição com uma sociedade

inclusiva. São Paulo: Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda, 2008.

MARTINS, Diléia Aparecida. Trajetória de formação e condições de trabalho

do Intérprete de Libras em Instituições do Ensino Superior . Campinas: Puc-Campinas. 121 p.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica. Guia para eficiência nos estudos.

4 ed. São Paulo: Atlas, 1996.

SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima (Et al). Ensino de Língua Portuguesa

para Surdos. Caminhos para a prática pedagógica.Brasília: MEC, SEESP,

2004.

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TEZOLIN, Olganir Merçon. Re-criando a educação. Uma nova visão da

psicologia do afeto. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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