apresentação para décimo ano de 2011 2, aula 20
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Pedalei como se fugisse. E eu fugia. Dela, das sensações, das recordações, de tudo. Pensei que depois esquecia, tinha a certeza de que ia conseguir esquecer.
Mas, agora que estou velho e que desperdicei a vida, agora que conheci tantas mulheres que me disseram «Lembra-te de mim», tendo-as esquecido a todas, ainda hoje ela é a única que eu nunca esqueci. Malena.
Mas, agora que estou velho e temporal pessoal/temporal
que desperdicei a vida, agora que pessoal temporal
conheci tantas mulheres que me pessoal pessoal disseram «Lembra-te de mim», tendo-as esquecido a todas, ainda hoje ela é a temporal
única que eu nunca esqueci. Malena. pessoal temporal pessoal
«E aqui está...» (p. 135)
1.1. O narrador refere-se aos sogros.
1.2. O sogro do narrador é cuidadoso («penteadinho», «todo catita», «fez a barba com mais cuidado»), submisso («não sei como pobre aguentava», «obediente»).
A sogra é, quase doentiamente, minuciosa («com as minúcias habituais», «a endireitar-lhe o casaco, a limpar com a ponta do lenço o que não estava sujo na cara») e perfecionista («a inventar um traço que ninguém notou», «por vontade dela engraxava a sola também»).
2. Enquanto o pintor do quadro na p. 134 parece retratar os pais com carinho, neste trecho de Lobo Antunes são destacados os traços menos agradáveis/simpáticos de cada um dos parentes.
2.1 O recurso estilístico que mais contribui para expressar essa atitude crítica relativamente às duas figuras é a ironia, presente, por exemplo, no uso de expressões paternalistas («todo catita»), nelas se incluindo os diminutivos («penteadinho», gorducho»).
[Vê o cimo da p. 336, com valores do diminutivo. No caso dos supracitados diminutivos reconheceríamos valores de ironia/sarcasmo, mas talvez também de depreciação e até de carinho/afecto.]
«Retrato do artista quando jovem» (pp. 141-142)
1./1.1 O «artista» mencionado no título e o narrador são a mesma entidade («resolvi», «meu», «cheguei», «experimentei», «fiquei», «me», entre muitas outras, são marcas desse narrador homodiegético).
1.2 Trata-se de crónica de cariz autobiográfico, ao longo da qual o narrador se retrata enquanto criança e adolescente.
2. Reflectir sobre a sua infância e sobre a opção por uma carreira artística.
3. Desde «Estranho» (linha 39) a «admiro» (linha 47).
3.1 Comparação por exclusão.
3.2 Permite ao narrador apresentar-se e, ao mesmo tempo, descrever o escritor português tipo, de cuja imagem pretende afastar-se.
4. a) «em», «a», «com», «de».
b) «franjinhas», «sapatos».
c) «resolvesse».d) «outrora».
boazinha / boa / adjectivoespetadinhas / espetada / nome (< adjetivo)
franguinho / frango / nomelombinhos / lombo / nomecampinho / campo / nomeguisadinhas / guisada / adjetivolinguinha / língua / nomecoelhinho / coelho / nome
saborzinho / sabor / nome gostosinho (gostos[oz]inho) / gosto
(gostoso) / nome (adjetivo)molhozinho / molho / nome porquinho / porco / nomegustativinhas / gustativas / adjetivoperuzinho / peru / nomesuculentozinho / suculento / adjetivopeixinho / peixe / nome
talhinho / talho / nomepoucochinho / pouco / advérbiotempinho / tempo / nomeparvalhãozinho / parvalhão / adjetivo ou nomecretinazinha / cretina / adjetivotalhantezinho / talhante / nomepegazinha / pega / nome ou adjetivoruinha! / rua! / interjeição
Os sufixos diminutivos dão à palavra primitiva valores variados (pequenez, estima, desprezo, etc.). Neste caso, a maioria dos diminutivos visava dar mostras de estima, sendo os últimos, depois de se perceber que a cliente não ia comprar carne, de ironia.
Vê também como a ligação do sufixo -inho à palavra primitiva pode requerer alguma ligação suplementar (com -z- ou com outra consoante) — molhozinho, poucochinho, cretinazinha — ou não — ruinha.
Um quilinho de kunami. N N
É kunami do bom. N A
É fruta tropical raríssima. N A A
Paizinho! N
Isto é bom, muito raro. A A
Por isso o preço é upa-upa, puxadote. N (A) A
Olh'ò kunami fresquinho! N A
Isto é só fruta podre. N A
É preciso ter um gosto sofisticado. N A
Docinho... Maravilha! A N
Isto faz um suminho... N
Alface velha, ameixas podres, ... N A N A
Com todo o respeito, a sua mulher é uma pega. A N N
É um bocadinho, é. N
Ainda há gente simpática. N A
TPC
Enquanto revisão, no manual lê a secção ‘Relações semânticas entre as palavras’ (pp. 314-316). Depois, no Caderno de Actividades, e talvez durante toda a semana, vai resolvendo — desportivamente, digamos — os exercícios relativos a ‘Relações entre as palavras’ (pp. 28-37), cujas correções estão na p. 90.