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A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA

ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE CURITIBA-PR

Elinês Zanoni Nicoladeli 1 Orientador: Graciliano da Silva Dias 2

RESUMO

O artigo objetivou apresentar as atividades desenvolvidas na escola abordando a participação da família na instituição de ensino de maneira a contribuir na aprendizagem dos filhos. O trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), criado pela Secretaria de Estado da Educação favoreceu esta iniciativa. Sabendo que a educação sempre foi uma atividade exclusivamente familiar e a escola uma instituição auxiliar, constituída por profissionais com qualificação especifica no processo de aprendizagem, objetivando uma formação critica e reflexiva. Tem-se observado de que há certo descaso das famílias em relação a participação na vida educacional de seus filhos. A ausência da família na escola poderá refletir de forma negativa no desempenho escolar do aluno. Optou-se por fazer este estudo diante da preocupação, por parte dos professores, da razão que leva a pouca participação dos pais na escola; Sabendo da importância dos mesmos na vida escolar dos filhos, tem por objetivo traçar metas e buscar estratégias de ação que possibilitem um repensar na atuação dos pais na educação do filho, diagnosticando as necessidades e os anseios dos pais, professores e comunidade para o desenvolvimento educativo, conscientizando da importância da relação família-escola no processo ensino aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa qualitativa-descritiva, pois, a problemática escolhida necessita passar por uma verificação do contexto sócio-histórico em que se encontra inserida. A pesquisa bibliográfica contribuirá para as reuniões com os pais e a pesquisa de campo contará com aplicação de questionário, na qual irá se analisar a relação que a família e a escola tem no processo de aprendizagem. Os resultados obtidos demonstram uma sociedade descrente, sem motivação. Pouca participação dos pais junto a escola. Uma pequena parcela se sente responsável pela educação do filho. Conclui-se que cada vez mais a escola terá de conhecer o perfil da família, onde a instituição está inserida. A educação não deve somente transmitir os conhecimento, e sim permitir ao aluno a possibilidade de transformar sua condição de vida. Palavras-chave: Sociedade e educação; Família e escola; Formação humana.

1 Pós-graduação em Magistério Superior, UTP Graduada em Pedagogia pela UTP. Atua na Escola Estadual Doracy Cezarino , cursista do projeto PDE (Plano de Desenvolvimento Educacional). 2 Historiador; Mestre em Educação e Trabalho; Dr. em Educação: Estado, Política e Sociedade. Professor Associado I do Departamento de Planejamento e Administração Escolar do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná.

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INTRODUÇÃO

A problemática deste estudo delimita-se da seguinte forma: Como

proporcionar a interação família x escola para a contribuição na melhoria da

aprendizagem? Qual é a compreensão do conteúdo da participação dos familiares

entre os professores da escola? Quais as estratégias pedagógicas e as ações

concretas que asseguram a participação dos pais na gestão do ensino e

aprendizagem de seus filhos, de modo específico da construção do desenvolvimento

do Projeto Político Pedagógico, de modo geral?

Os pais são os primeiros professores da criança e continuam

desempenhando essa tarefa no decorrer dos anos. Da experiência que a criança

adquirir no seio familiar vai depender, em grande parte, a atitude em relação à

sociedade. A educação, de modo algum, pode ficar limitada ao âmbito das

estruturas escolares.

Pais que participam das reuniões, exposições de trabalhos e demais

atividades pedagógicas oferecidas pela escola, demonstram o interesse pelo

desenvolvimento e aprendizagem do seu filho, mas, tem-se observado de que há

certo descaso das famílias em relação a participação na vida educacional de seus

filhos. A ausência da família na escola poderá refletir de forma negativa no

desempenho escolar do aluno. Optou-se por fazer este estudo diante da

preocupação, por parte dos professores, da razão que leva a pouca participação dos

pais na escola; discutindo a importância dos pais na vida escolar de seus filhos e

assim contribuir para um melhor entrosamento da família dentro da escola e

aprimoramento do ensino-aprendizagem.

O artigo foi motivado pelos vínculos pessoais e profissionais da autora para

com a comunidade onde está inserida a escola. A mesma nasceu no bairro Parolin

e, na sua infância foi aluna na referida escola, concluindo o ensino fundamental.

Concluiu o terceiro grau, graduando-se em Pedagogia. Prestou concurso e

atualmente desenvolve suas atividades como pedagoga gestora, desde 1999, na

mesma instituição que frequentava quando iniciou seus estudos. Não se trata,

portanto, de pesquisa de caráter neutro ou isenta de vontade ou subjetividade, pelo

contrário, há um caráter participante, legitimado por uma história de vida profissional

na relação da pesquisadora com a instituição pesquisada.

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A propósito destes questionamentos os professores precisam refletir e

questionar sua prática de modo que se favoreça o entendimento necessário dos

pressupostos que se seguem ao uso de uma pedagogia critica, pois só o mergulho

profundo nas bases dessa pedagogia pode propiciar um trabalho que prime pela

ética que deve existir entre discurso e prática.

Partindo da compreensão de que à escola compete a função essencial: a

socialização dos conhecimentos científicos e culturais acumulados pela

humanidade, e que nisso implica tanto a apropriação da formação técnica e

científica, humanista, histórica e política, o desenvolvimento deste artigo pretende

caracterizar as condições de ensino e aprendizagem no interior da escola pública

sob uma perspectiva pedagógica de que a participação dos familiares dos alunos é

fundamental para que isso ocorra.

É necessário um processo de conscientização, tanto por parte familiar, quanto

da instituição, da necessidade de interação família-escola, para que o ensino e a

aprendizagem sejam de forma integral e que o ensino se dê em sua totalidade

qualitativa, considerando-se que a família, do ponto de vista psicológico e social, é

um lugar seguro para crescer.

O estudo tem por objetivo traçar metas e buscar estratégias de ação que

possibilitem um repensar da participação da família no processo de educação de

seu filho, diagnosticando as necessidades e os anseios dos pais, professores e

comunidade para o desenvolvimento educativo, conscientizando da importância da

relação família-escola no processo ensino-aprendizagem.

A metodologia utilizada para atingir os objetivos propostos, prevê quatro

reuniões semanais, com os pais dos alunos que frequentam o 5º, 6º, 7º e 8º ano do

ensino fundamental da Escola Estadual Doracy Cezarino, juntamente com 10

professores do ensino fundamental, das respectivas séries, e da professora do PDE,

pelo período de três meses, nas dependências da referida instituição.

Posteriormente foi entregue um questionário aos pais ou responsáveis e aos

professores, para poder avaliar o relacionamento entre a comunidade (família) e

escola.

Trata-se de uma pesquisa qualitativo-descritiva, pois, a problemática

escolhida necessita passar por uma verificação do contexto sócio-histórico em que

se encontra inserida, para que, depois da análise se possa emitir valores a respeito

da mesma. A partir da pesquisa bibliográfica irá se responder os questionamentos

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levantados, que contribuirá para as reuniões com os pais com a finalidade de

demonstrar que estas podem ser mais participativas, e, ao mesmo tempo,

proporcionar um maior entrosamento com a comunidade que cerca o meio estudantil

e a instituição. A pesquisa de campo contará com aplicação de questionário, na qual

irá se analisar a relação que a família e a escola tem no processo de aprendizagem

O artigo está dividido em três partes. Na primeira procurou-se dissertar sobre

as transformações na sociedade atual e nas (implicações) sobre a educação e a

escola. Na segunda, foi examinado o caráter da família na sociedade atual. A

terceira parte aborda a família e escola, um diálogo necessário para a formação

humana.

SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E ESCOLA

A história de todas as sociedades, desde o aparecimento da propriedade

privada, tem sido a história da luta de classes, segundo Marx. Gramsci reafirma esta

análise ao dizer que é durante o processo de organização que as classes sociais

buscam a construção da hegemonia na constituição de relações de forças que são

“a avaliação dos graus da homogeneidade, autoconsciência e organização atingida

pelos vários grupos sociais. Esse momento por sua vez, pode ser analisado e

diferenciado em vários graus que correspondem a momentos diversos de

consciência política coletiva, assim como tem se manifestado até agora na história”

(GRAMSCI, 2004, p.49)

Concorda Ribeiro (1999, p. 148), ao afirmar que é a propriedade dos meios de

produção, por oposição a não propriedade destes meios que se constitui no

elemento definidor dos interesses que colocam em posições antagônicas as classes,

pois:

Os capitalistas enquanto proprietários do capital e os operários enquanto possuidores de sua energia, sem a qual os meios de produção apropriados pelo capitalista não funcionam. Por isso, o interesse básico que define os antagonismos e, consequentemente, a relação entre as classes, é a propriedade privada dos meios de produção definindo também esta relação como luta, ou mesmo como uma guerra de classes.

Para Gramsci (2004), a hegemonia da civilização burguesa se perpetua na

sociedade através de atividades e iniciativas de uma ampla rede de organizações

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culturais, movimentos políticos e instituições educacionais que difundem sua

concepção de mundo e seus valores relativos à sociedade.

O papel e a função que a educação desempenha visam o ser humano,

considerando-o como ser concreto e histórico, que em sociedade relaciona-se com

outros seres vivos. Gramsci (2004) contribui com esta afirmação quando analisa

como o homem entra em contato historicamente com os demais homens e a

natureza e nos ajuda a perceber como se dá a relação de hegemonia e contra-

hegemonia nas ações políticas e sociais e nelas inseridas as concepções educativas

Para realizar a função hegemônica a mesma classe hegemônica recorre ao que

Gramsci chama de instituições privadas, dentre elas, a escola.

O pensamento gramsciano admite que na sociedade civil circulam

ideologias, o que é explicitado por Freitag (1986, p. 38), quando afirma que “nela a

classe hegemônica procura impor à classe subalterna sua concepção de mundo

que, aceita e assimilada vai constituir o senso comum”. A educação representa para a sociedade mais do que uma organização

econômica que gera despesas ou lucro, tanto para o poder público, como para a

sociedade civil, seja ela a classe dominante ou dominada. Ela representa também

uma concepção de mundo, embasada em ideologias e ao mesmo tempo reflete esta

concepção na sociedade na qual está inserida.

Todos os “socialistas utópicos, todos os anarquistas chamaram a atenção e,

ainda mais, confiaram no ensino e na instrução como instrumentos de transformação

(MARX; ENGELS, 1992, p.2)”. Para eles, a educação, a ciência e a extensão do

conhecimento podem levar os seres humanos à emancipação e à libertação das

forças opressoras.

Azevedo (2001, p. 40), diz que a educação é compreendida por Marx como

“um dos instrumentos de apoio na organização e na luta do proletariado contra a

burguesia, muito embora questione o papel do Estado burguês como o responsável

pela educação popular”

As relações educacionais constituem o próprio núcleo da hegemonia,

portanto, qualquer análise sobre a hegemonia vai implicar em um estudo cuidadoso

sobre as atividades e instituições educacionais, pois, nem sempre as complexidades

da hegemonia, nem o significado da educação podem ser entendidos enquanto se

pensar a educação exclusivamente em termos de “relações escolares” (BUTTIEG,

2003, p.47).

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O que se percebe, entretanto, com respeito à escola, é que ela, enquanto

instituição inserida numa sociedade capitalista aparece como uma instituição neutra

dissociada de qualquer influência social. Esta idéia é referendada por Althusser

(1987, p. 57), quando afirma que na ideologia capitalista tecnoburocrática, a escola

está representada como “neutra, desprovida de ideologia”, já que é necessário ao

regime burguês camuflar os conflitos de interesses sociais.

Este caráter neutro a ela imputado faz com que a escola sofra enormes

pressões de diferentes segmentos e incorpore os valores desta sociedade, o que a

confirma como uma instituição política destituída de qualquer neutralidade. Neste

contexto a instituição educativa recebe pressões externas e a sociedade tem

demonstrado seu desagrado em relação ao trabalho realizado pelas instituições e

pelos educadores, a partir dos resultados do fracasso escolar, amplamente

divulgado no país e em órgãos internacionais.

Embora a escola não seja a única responsável pela transformação da

sociedade e pelas contradições existentes, a partir dela poderá ser construída uma

nova consciência que leve à superação do estado de dominação e desemboque na

construção de uma nova ordem social, pois, “a escola não é a alavanca da

transformação social, mas essa transformação não se fará sem ela” (GADOTTI,

1994, p.73).

Para compreender o processo educacional, sua dominação, suas

contradições, suas possibilidades e seus limites é necessário considerá-lo em

articulação com o processo social concreto. Partindo-se do pressuposto de que a

questão educacional tem que ser vista em relação às condições objetivas do mundo

da produção, convém analisar o quanto a escola tem contribuído para o domínio da

classe dominante, em acordo com as próprias políticas educacionais. Sendo que

estas políticas são veiculadas em documentos elaborados por organismos

multilaterais, respaldadas por instituições empresariais, com acentuadas

delimitações econômicas e mesmo em reflexões feitas por alguns intelectuais

afinados com essas propostas.

A descontextualização histórica revela uma profunda incompreensão da

escola concreta com a qual se vive hoje, pois, é necessário reconhecer que a

história da escola no Brasil foi desde o início, vinculada ao desenvolvimento do

capital. No Brasil, apesar das intensas lutas do seu povo, o país sempre foi mantido

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numa situação de dependência externa e a educação foi utilizada para atender a

estes propósitos (SODRÉ, 1997).

Segundo o mesmo autor, mas somente durante a República com o processo

de industrialização o ensino foi pressionado no sentido de fornecer à geração em

formação instrumentalização adequada à vida.

A escola brasileira do final do século XX e início do século XXI renovará o

sentido da centralidade na educação, mas continuará adequando-se às virtudes do

mercado: realidade inescapável que aloca recursos e benefícios sob o impacto da

eficiência capitalista. Trata-se de persuadir e construir novo consenso, agora sob a

influência do neoliberalismo, da globalização da economia e da hegemonia do

capital global.

Com esta característica, a educação é compreendida como elemento

constituído e constituinte crucial de luta hegemônica numa perspectiva neoliberal e

neoconservadora que tem por objetivo adequá-la ao processo de redefinição do

novo padrão e à alternativa democrática.

De acordo com Frigotto:

As propostas neoliberais como alternativa no campo educativo expõe os limites do horizonte da burguesia e, em casos como o brasileiro, sobre-determinados por uma burguesia atrasada, elitista e despótica. Isto, como vimos, se materializa de forma exemplar no embate em torno da educação no processo constituinte (1988) e, mais especificamente, no processo em curso há mais de 5 anos da LDB (1989-1995).O discurso da modernidade esconde o profundo atraso histórico. O que vem ocorrendo por inúmeros disfarces, convênios, cooperativa etc..., é a privatização crescente e o desmonte da escola pública (FRIGOTTO, 2003, p.203).

Para discutir as alternativas educacionais em disputa hegemônica hoje, o

autor expressa o seguinte:

O embate que se efetiva em torno dos processos educativos e de qualificação humana para responder aos interesses ou às necessidades de redefinição de um novo padrão de reprodução do capital, ou o atendimento das necessidades e interesse da classe trabalhadora, firma-se sobre uma mesma materialidade, em profunda transformação, onde o processo técnico assume um papel crucial, ainda que não exclusivo (FRIGOTTO, 2003, p.139).

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Portanto, pode-se perceber a relação conflitante e antagônica presentes na

educação, por representar de um lado as necessidades do capital e de outro, as

múltiplas necessidades humanas. Este autor destaca que a necessidade e a

positividade teimam em coexistir numa mesma totalidade e num mesmo processo

histórico e que sua definição se dá pela correlação das forças dos diferentes grupos

e classes sociais. Assim, a educação, como instituição social, ela pode tanto

contribuir para a manutenção quanto para a transformação social. Numa visão

transformadora ela teria um papel essencialmente crítico e criativo. (FRIGOTTO,

2003).

Frigotto; Chiavatta (2003, p. 93) reafirmam estas questões ao dizer que: Neste sentido, a educação é tanto um direito social básico e universal quanto vital para romper com a histórica dependência científica, tecnológica e cultural do país, e fundamental para a construção de uma nação autônoma, soberana e solidária na relação consigo mesma e com outras nações. A educação é, portanto, ao mesmo tempo determinada e determinante da construção do desenvolvimento social de uma nação soberana. Além de ser crucial para uma formação integral humanística e científica de sujeitos autônomos, críticos, criativos e protagonistas da cidadania ativa, é decisiva, também, para romper com a condição histórica de subalternidade e de resistir a uma completa dependência científica, tecnológica e cultural.

Para analisar a educação e a escola como proposta de transformação, Paulo

Freire (2000), defendeu a ideia de uma proposta educacional emancipadora,

especialmente para os excluídos socialmente. O autor entende a escola não apenas

como um espaço de produção de conhecimento, mas, também de transformação

social. Ele defende que é preciso acreditar nas utopias, na transformação, numa

sociedade mais justa e igualitária. Do mesmo modo, é preciso ter dentro de si a

esperança, a ousadia, a coragem de enfrentar as “adversidades do dia-a-dia e as

repentinas”; é preciso, igualmente, acreditar na integridade, na beleza, e no poder de

transformação dentro do ser humano, principalmente daqueles a quem a vida fecha

as portas, dos “esfarrapados do mundo” (FREIRE, 2000, p. 23) e dos “demitidos da

vida”. Desta forma, buscando em Freire uma sustentação, poderia se tentar

encaminhar a escola para um rumo diferente do que tem sido trilhado por ela

enquanto espaço de luta hegemônica.

Conscientiza o autor, de que:

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[...] toda prática educativa libertadora, valorizando o exercício da vontade, da decisão, da resistência, da escolha; o papel das emoções, dos sentimentos, dos desejos, dos limites; a importância da consciência na história, o sentido ético da presença humana no mundo, a compreensão da história como possibilidade jamais como determinação, é substantivamente esperançosa e, por isso mesmo, provocadora da esperança (FREIRE, 2000, p. 23).

Neste aspecto, a escola precisaria mudar sua função de construção da

cidadania proposta pela teoria liberal ou neoliberal, concretizada por uma pedagogia

de opressão, para ser construtora, tornar-se-ia assim um local onde os educadores e

as educadoras, junto com os educandos, se sentiriam partícipes de um projeto

capaz de transformar a realidade, com alternativas que possibilitariam melhorias

para os próprios sistemas de suas vidas, de contínuas decisões, retornos,

avaliações e novas reflexões. Por isso Freire (1985, p. 79) fala que “é impossível a

educação sem que o educando se eduque a si, mediatizados pelo um mundo,

mesmo no próprio processo da sua libertação”, ele denunciou toda opressão contida

na educação, é preciso que ela se torne prática de liberdade. Com estas

características a escola passaria a ser um espaço de luta contra-hegemônica no

sentido dado por Antônio Gramsci, e estaria contribuindo, no coletivo, para o

processo de emancipação humana pensado por Marx.

Uma das tarefas da educação nas sociedades tem sido a de mostrar que os

interesses individuais só se podem realizar plenamente através dos interesses

sociais. Em outras palavras a educação ao socializar o indivíduo, mostra a este que

sozinho, não poderá desenvolver o ser humano e sim só desenvolverá

potencialidade em contato com outras pessoas, com o meio social. A coexistência

no grupo por sua vez, só é possível se o indivíduo aceitar certas regras comuns a

todos.

A abordagem de Freire (2000), considera a educação como um processo

contínuo de tomada de consciência e de modificação de si próprio e do mundo, o

que tem profundas implicações no ensino de primeiro, segundo e terceiro graus.

Portanto, na sua pedagogia, o termo método não é apenas um método didático. Tem

um sentido mais amplo, pois além de abranger as atividades que o educador

desenvolve com os alunos em sala de aula, remonta também aos procedimentos de

coleta e tratamento do conteúdo programático. Este conteúdo não se acha pronto

nos livros, deve ser pesquisado. Esse trabalho recebe o nome de investigação dos

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temas geradores para a fase da pós-alfabetização e de palavras geradoras para o

nível de alfabetização

Algumas vezes as escolas esquecem que os pais e os alunos são sujeitos do

processo educativo e que certamente, tem muitas sugestões para a melhoria dos

processos vivenciados na escola. Incluir a sociedade e escola é tarefa complicada,

pois atrai sensibilidade e valores diferenciados. Compete às equipes gestoras

analisar e colocar em práticas estratégicas as pessoas a se envolver e participar na

vida do educando na escola. Família e escola têm uma importância em comum:

preparam para a sociedade seus futuros cidadãos. Esse fato tece laços profundos

entre as duas instituições, favorecendo a troca de informações e ajuda mútua. A

escola que reconhece isso abre suas portas para a comunidade, consegue dar um

salto qualitativo em relação às outras. Em certos casos esse salto não se traduz

apenas em melhoria das ações pedagógicas, mas às vezes também na própria

garantia de sua exigência física. "A educação não é um elemento para a mudança

social, e sim pelo contrário, é um elemento fundamental para a conservação e

funcionamento do sistema social" (DURKHEIM, 1993, p.52).

Há uma grande preocupação em manter a escola em um patamar de

qualidade capaz de oferecer uma educação voltada para o pleno desenvolvimento

do ser humano. É importante que a escola construa propostas pedagógicas que

garantam a participação democrática de todos os seguimentos da sociedade. Dar

ênfase a participação da família, visando assim reflexão sobre as raízes históricas e

sociais que influenciam nas relações da dinâmica familiar e escolar na atualidade.

Tal reflexão se faz necessária ante as situações adversas que se multiplicam entre

família e escola. De um lado, estão os familiares que dizem não saber o que fazer

com os filhos e o outro, os professores que se queixam na mesma situação com

seus alunos.

É sabido que a escola é uma instituição histórica e socialmente concebida, ou

seja, socialmente determinada por um dado tipo de sociedade. Poe outro lado a

pedagogia crítica ensejou para a escola a condição de ser também determinante da

realidade social. Nesse sentido a escola que é socialmente determinada pode ser

determinante deste social na medida em que ela desenvolve um trabalho

pedagógico de modo consciente e organizado capaz de analisar e criticar o papel da

função da própria escola e da própria sociedade em que está inserida.

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2) FAMÍLIA NA SOCIEDADE ATUAL:

No atual contexto social, a família não corresponde mais aos moldes de três

décadas atrás. As mães antigamente eram responsáveis pela educação dos filhos,

hoje devido as condições socioeconômicas do país levaram as mães a saírem de

casa para ajudar no orçamento mensal. Assim, criou-se uma problemática com

relação a quem deveria passar os valores morais, éticos, enfim educacionais às

crianças.

Hoje, os pais sem tempo para educar seus filhos, incumbem essa

responsabilidade à escola, esta, por sua vez, não está estruturada para assumir

tamanha responsabilidade uma vez que a mesma deve estar em concomitância com

a família.

Para efeitos de estudos e uma melhor compreensão da família de hoje, foram

selecionados alguns modelos de família que predominaram antes do século XIX,

para poder captar o que há nelas de essencial para estudo de suas características e

estruturas emocionais, em determinados momentos de sua história. Para tanto,

Ariés (1999) apresenta quatro modelos de família: a aristocrática e a camponesa

(dos séculos XVI e XVII; a proletária e a burguesa (dos séculos XVIII e XIX)

A família aristocrática tinha como unidade de habitação o castelo, que

abrigava, além da família, parentes, dependentes, criados e clientes. As relações

entre os membros eram hierárquicas, e as funções eram fixadas por tradições

rígidas. O casamento dos filhos era decisão exclusivamente dos pais, portanto, “o

casamento pouco tinha ver com amor. Era antes de tudo um ato político, do qual os

interesses eram de aspectos econômicos”. (ARIÉS, 1999, p. 23)

Segundo o autor, na aristocracia as funções dos homens eram de servir ao rei

e de se preparar para a guerra. As funções das mulheres restringiam-se em ter filhos

e organizar a vida social no castelo. Em geral se preocupavam com a criação dos

filhos, os bebês eram amamentados por amas-de-leite e criados pelos subordinados.

As crianças eram consideradas pequenos animais, sem cuidados de amor e afeição

pelos pais. A educação aristocrática mostra que as crianças não se identificavam

com os pais, eram em geral educadas pelos habitantes do castelo ou enviadas para

outras casas para complementar sua educação. Essa aprendizagem preconizava a

obediência à hierarquia social, muitas vezes sendo utilizado o castigo físico.

A classe menos favorecida era representada pela família camponesa, revela

Ariés (1999). Apesar de ser a unidade mais comum, este não era o grupo social mas

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significativo para seus membros. Era na aldeia que todos estavam ligados por

sólidos laços de dependência. A autoridade social não estava investida nos pais,

mas sim na aldeia, prevalecendo os costumes e regimento do povoado. Tudo o que

ocorria numa família era de conhecimento da aldeia, até as relações entre pais e

filhos sofriam sanções dos aldeões. Os casamentos eram regidos por um conjunto

de procedimentos coletivos pelos quais se providenciava a formação de pares

considerados adequados.

O trabalho da mulher era de fundamental importância para a sobrevivência da

família e da comunidade, onde trabalhavam por longas horas, além de serem

responsáveis pelos serviços domésticos e dos cuidados com os filhos e animais

domésticos. Na família conjugal, as crianças não eram consideradas o centro da

vida, eram abandonadas o dia inteiro, dependendo, principalmente, da comunidade.

Desde pequenos participavam de toda a rotina da vida da aldeia, aprendendo e

obedecendo as normas sociais. “A criança camponesa participava desde a tenra

idade em toda a rotina da vida da aldeia, gozando, portanto, da configuração

emocional de toda a aldeia”. (ARIÉS, 1999, p. 37)

As relações entre pais e filhos não se caracterizavam por intimidade ou

emoções fortes, portanto, a vida da criança era condicionada pelo ritmo da

comunidade, obedecendo aos costumes e tradições.

Com a industrialização, surge a família proletária, a qual, no início, viviam sob

condições de extrema penúria social e econômica. As condições sanitárias eram

terríveis, favorecendo o elevado índice de mortalidade infantil. Esse modelo de

família era formado pelo recrutamento dos camponeses, entretanto no decorrer da

metade do século XVIII, essa instituição familiar começou a se identificar com a

burguesia “em termos de padrões emocionais que caracteriza suas relações

internas. Isso significa que houve um aburguesamento ideológico da classe operária

no que concerne à vida familiar”. (STRAUS; GOUGH; SPIRO, 1994, p. 109)

Os filhos eram criados de maneira informal. Deixados sozinhos grande parte

do tempo ou entregues aos cuidados dos vizinhos e parentes; começavam a

trabalhar nas fábricas, aproximadamente, aos dez anos de idade. Por conseqüente,

o processo de socialização dessas crianças acontecia à disciplina das fábricas,

longe do seu lar.

Diferenciava dos modelos aristocráticos e dos campesinato, a família

burguesa, rompendo assim com os padrões vigentes. Esse modelo surgiu no fim do

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século XVIII, localizando-se em áreas urbanas. O planejamento familiar em grande

escala, começou na família burguesa, assumindo um padrão distinto de emoções e

privacidade. As mulheres eram responsáveis pela vida doméstica, organização da

casa e educação dos filhos. Dependiam totalmente do marido, servindo-o para que

este obtivesse as melhores condições para lutar no mundo dos negócios. Os filhos

eram educados para aquilo que a burguesia estabelecera; ser auto disciplinado para

progredir nos negócios, dificilmente se relacionava, com outras, os laços afetivos

estavam ligados à família. (STRAUS; GOUGH; SPIRO, 1994, p. 110)

O padrão emocional burguês é definido pela autoridade e amor restringida

aos pais, onde se criam condições para total dependência dos filhos. Enquanto a

criança aristocrata, a camponesa ou mesmo a proletária, se defrontava com uma

ampla possibilidade de identificação, a criança burguesa tinha apenas as figuras

parentais, acabava tendo, na realidade, apenas um objeto de identificação, o

progenitor do mesmo sexo em virtude da rigorosa divisão de papéis que presidia a

vida familiar.

A família brasileira, por sua vez, seria o resultado da transplantação da família

portuguesa ao nosso ambiente colonial; tendo gerado um modelo com

características patriarcais e com tendências conservadoras na sua essência. Esse

modelo genérico de estrutura familiar, comumente denominado patriarcal, serviu de

base para caracterizar a família brasileira em função do tempo, do espaço e dos

diferentes grupos sociais. O modelo patriarcal não foi predominante, especialmente

no sul do país, onde era mais comum as famílias de menor número de

componentes. E a partir desses elementos bastante concretos e calcados em

documentação, conclui-se a ineficácia de se utilizar um conceito genérico para

representar a sociedade brasileira como um todo. (PHILLIPS, 1997, p. 73)

Durante o processo de modernização geral da sociedade, conforme Phillips,

(1997) aconteceram mudanças muito importantes, tendo em vista o desenvolvimento

da sociedade como um todo. A diminuição do seu tamanho, passando de extensa à

conjugal nuclear; é decorrência da perda de sua função econômica na sociedade, à

medida que um ou mais membros começam a deixar a casa paterna para buscar

emprego no mercado de trabalho.

A fim de poder minimizar os efeitos negativos que a família pode ter na educação dos filhos, é preciso, em primeiro lugar, conhecer suas limitações e

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como elas podem ser, pelo menos em parte superadas... a insegurança e a instabilidade caracterizavam a família moderna. Por isso mesmo, a instituição familiar reduzida a família conjugal é essencialmente conservadora, traço esse que ela partilha conjuntamente com outras instituições, como escola, a fábrica e a igreja em geral. (BOTH, 1997, p. 09)

Em relação a socialização da criança, quanto mais estável for a família, mais

equilibrados serão os filhos, com personalidades bem desenvolvidas e seguros.

Essa estabilidade é grande parte, fruto da educação recebida no ambiente familiar.

Se os pais forem elementos essenciais no crescimento e na socialização da criança,

a família será fundamental para o futuro dos filhos e, poderá formar indivíduos

seguros, criativos, responsáveis e conscienciosos do papel a ser desempenhado por

eles na sociedade. (BOTH, 1997)

Também pode ocorrer o contrário, segundo o autor, indivíduos perturbados,

carentes, sejam física ou emocionalmente, passivos e irresponsáveis quanto a

assumir uma função na sociedade. “A desorganização familiar, o desemprego e a

pobreza são alguns dos efeitos desse desigual ritmo de transformação dos

diferentes aspectos da cultura”. (BOTH, 1997, p. 12)

Essa instabilidade refletir-se-á na socialização da criança, tendo em vista que

a família abandonou uma série de tarefas que antes realizava e que agora são

assumidas por outras instituições. A cada dia que passa os pais vem se ausentando

da educação dos filhos por terem que trabalhar, passando a maior parte do tempo

fora de casa e deixando toda a responsabilidade da educação para as escolas.

Porém é importante que haja uma retomada dessa prática, considerando a

essencialidade da participação dos pais no âmbito escolar.

Segundo Sá Teles (2003, p. 15) a pedagogia familiar é o conjunto de procedimentos diretivos aplicados à dinâmica e condução do lar. O seu objeto será, assim, a educação familiar. Esta para ocorrer, exige dois pressupostos: 1) estrutura correta da família a partir do relacionamento estável do binômio marido/mulher e 2) a estrutura da sociedade em seus fundamentos morais

Pelos pressupostos citados pode-se depreender o quanto está prejudicada a

educação familiar dos dias atuais, num contexto em que a instituição da família está

enfraquecida por fatores diversos que a desequilibram, e a própria comunidade

social atordoada pelas crises que a avassalam, tais como a crise econômica,

política, educacional e moral, até a crise da chamada governabilidade do país.

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O conteúdo e objetivo da pedagogia familiar, de acordo com o mesmo autor,

são de uma complexidade e diversidade deslumbrantes, abrangendo toda uma

gama e hábitos, atitudes, relacionamentos, comportamentos, entre outros, que vão

desde os cuidados pré-natais da mãe gestante, até os problemas de direção e

administração da casa; ou desde como ensinar os primeiros passos ao filho, até o

relacionamento adequado no universo familiar; e desde o cumprimento de horários

até a administração das crises que porventura surjam no seio do lar; e, finalmente,

desde a democracia participativa e persuasiva entre pais e filhos pelo amor que

deveria reinar em casa até a aplicação justa do princípio de autoridade nas ocasiões

em que se esgotarem outras tentativas de convencimento.

Daí, concluir-se o quanto é difícil, mas não impossível, a chamada educação

para a vida, uma das metas da pedagogia escolar e da escola como instituição

formal, mas também da família, com seu exemplo, seus métodos informais, seus

procedimentos e objetivos educacionais de convivência social.

As vantagens e eficácia da educação familiar serão alcançadas plenamente

se os pais tiverem consciência clara e perfeita do seu dever educativo e sentirem

intimamente a obrigação de cumprir a sua missão de maneira conjunta, completa e

total. Para se chegar às condições desse alvo é necessária a força do exemplo dos

pais; segurança e estabilidade no lar; harmonia e união na vida conjugal. (SÁ

TELES, 2003, p. 17)

A força do exemplo dos pais é decisiva na educação familiar. Os familiares

proporcionam a atmosfera na qual a criança realiza suas primeiras experiências e

reconhece os valores e convenções da vida social. Sua orientação em relação à vida

social e escolar deriva das diretrizes que recebe e que desenvolve sob as condições

das características de sua família. As influências exercidas pelos pais traduzem sua

postura de ordem econômica, religiosa, cultural, social e atingem a criança, que pela

expressão desses valores de um cônjuge para com o outro, que de ambos para com

a criança. A biografia do indivíduo desde o nascimento, é a história de sua relações com outras pessoas; defronta-se com indivíduos (adultos, crianças) que têm características particulares, produto tanto das experiências vividas como dos padrões sociais que regem o contexto sócio cultural onde estão inseridos. (POROT, 1998, p. 21)

Conforme o mesmo autor, as relações entre pai e mãe estabelecem o padrão

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para as relações interpessoais no seio da família. Se são competitivos entre si, o

espírito de competição caracterizará as relações da família. Por outro lado, quando

os pais são cooperativos e cordiais entre si, os filhos têm melhor oportunidade para

desenvolver tendências no mesmo sentido e, mais tarde, em relação a outras

pessoas não pertencentes à família, no grupo social ou escolar. Se os pais são

ordeiros ou desorganizados, cooperadores ou antagônicos, participantes ou

distantes, a atmosfera da família apresentará aos filhos tais padrões de

comportamento característicos como padrão generalizado de vida. Portanto, o

modelo familiar pode induzir os filhos à inclinação para comportamento idêntico ao

do modelo, desenvolvendo valores característicos e conceitos, especialmente

quando estes são aceitos e reforçados pelos pais.

Sempre existiu a convicção de que a criança só pode desenvolver-se,

integralmente, no seio da família. Apesar das dificuldades que esta vem enfrentando

em seu papel de educadora básica, ainda assim a criança continua a ela exposta.

Diz Sá Teles (2003, p. 22) que, mesmo a grande revolução tecnológica em

curso nos tempos atuais e as transformações pelas quais o mundo tem passado,

não conseguiram minimizar a importância educativa da família. A formulação dessa

importância se estriba, dentre outros elementos indicadores do prestígio sócio-

pedagógico do lar, nos conceitos a seguir: A educação da família é uma educação orgânica, fundada no amor

conjugal; Busca a harmonia, integração e funcionalidade, no sentido em que

pretende a solidariedade e união de seus membros, desenvolve e exercita em todos os aspectos as forças culturais do homem;

É por natureza e essência uma educação básica, fundamental, que serve de base e apoio para o desenvolvimento do homem nas fases ulteriores de sua vida;

É completa e equilibrada, porque se nutre de forças que se interajudam no mostrar os caminhos da educação aos filhos, sejam as forças da paternidade - que por natureza, devem representar, no esquema doméstico, firmeza para a disciplina, severidade para a ordem, responsabilidade e determinação para servir de exemplo aos filhos - ou sejam as forças da maternidade - que encarnam o afeto, a bondade, o carinho, a doçura no trato, enfim, maior poder de empatia que a mãe possui na compreensão dos problemas que envolvem a alma infantil.

A educação familiar é algo perceptível, porque inspirado no dever natural, na responsabilidade e obrigação dos pais em ajudar as necessidades do filho às leis internas de seu crescimento;

Tem um caráter preparatório de relevante importância social, no sentido em que desenvolve na criança a compreensão ordenada das demais formas de sociedade humana, o ideal de servir e ajudar o próximo, o respeito ao princípio da autoridade, e da dignidade da pessoa humana.

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Para tudo isso é necessário que a família esteja alicerçada em sólidos

fundamentos morais e num absoluto senso de responsabilidade para criar,

alimentar, vestir, cuidar da saúde e educar os filhos.

Faz-se necessário falar do adolescente, visto as reuniões com os pais de

alunos, são previstas a partir da 5ª série, que de acordo com o Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA), a adolescência corresponde ao período da fase de

desenvolvimento humano, geralmente ocorre a partir dos 12 anos e se encerra aos

18 anos de idade. A adolescência é um período intermediário entre a infância e a

fase adulta.

Na visão de Solomon (2002), o adolescente deixa o papel anteriormente

exercido, enquanto criança e passa a assumir outros valores voltados para a vida

adulta. Esta transição de papel, de criança para adulto, desencadeia insegurança

psicológica e física, fazendo com que o adolescente busque reencontrar sua

identidade através da aceitação social. Nos grupos sociais, o adolescente se

encontra e encontra seus pares, esta relação está pautada por estilo de roupas,

amigos, atividades, linguagem, escolhas musicais, as quais determinam um estilo

social.

O adolescente enquanto sujeito social e histórico passa pela dubiedade de

ser influenciado e de influenciar o meio em que vive. A partir das relações sociais

que vivencia nas diferentes comunidades ao qual pertence, o adolescente cria e

recria a cultura do seu contexto. Segundo Calligaris (2000, p. 12) “a adolescência é

em síntese: prisma pelo qual os adultos olham os adolescentes e pelo qual os

próprios adolescentes se contemplam. Ela é uma das formações culturais mais

poderosas de nossa época.”

A adolescência é a etapa da vida do aluno em que se faz necessária a

educação enquanto serviço ao desenvolvimento global do indivíduo. Na escola está

o espaço mais privilegiado de (con)vivência do aluno adolescente, pois nela está

centralizado o local físico, social, cultural e ideológico em que os adolescentes

passam grande parte do dia com seus pares, durante alguns anos.

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3)FAMÍLIA E ESCOLA: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO PARA A FORMAÇÃO

HUMANA:

3.1)CONCEITOS PRELIMINARES:

O complemento da educação no lar é a escola como instituição encarregada

de educar formalmente a infância e juventude, inclusive consolidando hábitos e

atitudes educativas iniciados no lar, que melhor ajustem a criança para viver no

futuro, como cidadão. Assim, escola e família devem se completar no seu afã

educativo.

Antigamente era dever exclusivo da família dar instrução aos filhos. Hoje está

dividido com a escola o conjunto de conhecimentos a ser transmitido. A escola é tão

importante na educação que, se deve preparar a criança para ir ao seu encontro.

Cabe aos pais escolher um bom colégio para seus filhos, isto é, uma instituição onde

os membros possuam uma boa formação pedagógica, iniciativas extra-curriculares

como: associações de pais e professores com reuniões periódicas, grêmios. É

necessário que os programas sejam cumpridos dentro de uma flexibilidade, levando

em consideração os interesses e a base cultural de cada aluno.

Deve-se mostrar ao filho de que o colégio é algo agradável, onde há muitos

amiguinhos e onde vai aprender muitas coisas. O ambiente novo constitui algo

gerador de desconfiança e de angústia. Os primeiros passos já dentro da escola são

de extrema importância e devem ser cercados, tanto pelos pais quanto professores,

de cuidados especiais, sem as quais as próprias relações da família com a escola

correm o risco de serem prejudicadas. (DREIKURS, 2002, p. 51-52)

Quando surgem alguns problemas, conforme orienta o autor acima, os pais

devem imediatamente o professor e saber a razão. Infelizmente muitas vezes os

professores não conseguem tomar contato com muitos pais, o que lhes torna a

tarefa mais difícil. Criticar negativamente o professor na frente dos filhos é

verdadeiro crime, pois além de desprestigiá-lo na sua autoridade, terá ainda maiores

dificuldades para obter bons rendimentos na aprendizagem do aluno.

Para Martin (2002), os colégios que possuem associação de pais e mestres

facilitam a aproximação da família, pois, pais e professores discutem assuntos de

educação ou assistem palestras sobre como criar e instruir os filhos. É preciso tirar o

máximo de proveito dessas reuniões, pois o êxito de qualquer empreendimento

depende do nível de relações humanas existentes entre as pessoas envolvidas. A

finalidade de reuniões com os pais é trocar informação, combinar idéias e

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experiências, desenvolver a sociabilidade e o espírito de cooperação. Se o

relacionamento com a escola for positivo eles aceitam bem as iniciativas da mesma;

se os alunos se sentem satisfeitos, em geral os pais se sentem da mesma maneira.

As observações casuais de atividades escolares possibilitam uma maior

compreensão do que a escola vem fazendo.

Os pais precisam sentir o interesse da escola para seu filho a fim de confiar

na mesma e, consequentemente cooperar. Investir na educação é criar novos

direitos, é vivenciar uma cidadania plena e garantir a participação na construção de

uma sociedade onde impera a igualdade. Por sua vez, a escola deve ser cidadã,

lutar pela integração do aluno na sociedade e fazer dele um instrumento de

construção de uma nova comunidade solidária. Por isso as relações eficientes entre

a escola e a família são baseadas em um reconhecimento mútuo da importância dos

objetivos do programa da escola e exigem diálogo claro e contínuo entre os dois

grupos de pessoas. Pais e professores são parceiros na educação e o aluno deve

ser o denominador comum em suas atividades.

3.2) ESTUDO DE CASO: AS CONDIÇÕES DA PARTICIPAÇÃO DOS

FAMILIARES NA VIDA ESCOLAR DOS FILHOS:

A proposta do presente trabalho teve como temática a participação da família

na aprendizagem escolar: um estudo de caso em um colégio da rede pública do

Estado do Paraná em Curitiba.

A comunidade escolar, na sua maioria, é composta de famílias amparadas

por políticas públicas (vale gás, bolsa família, leite das crianças). A maioria são

catadores de papéis.

No intuito de melhorar o relacionamento entre a comunidade (família) e

escola, foram realizados quatro encontros semanais, com duração de uma hora e

trinta minutos cada encontro, nas dependências da Escola Estadual Doracy

Cezarino, com a participação da família dos educando e da professora PDE, pelo

período de três meses. Os pais foram divididos em grupos, sendo 15 pais do 6º ano;

15 pais do 7º ano; 15 pais do 8º ano e 15 pais do 9º ano do ensino fundamental e 10

professores do 6º ao 8º ano do ensino fundamental.

Foram apresentados alguns vídeos como: “Mãos talentosas” e “Vida de

Maria”, que tratam dos aspectos históricos da família, para melhor compreensão da

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família de hoje. Resgatando a estrutura emocional em determinados momentos da

sua história. Com este embasamento foram tomadas algumas estratégias de ação,

como por exemplo: mostrar aos pais da importância deles na vida dos filhos. Houve

amplo debate. Sendo a escola um instrumento de transformação da sociedade, sua

atuação não pode ser a de transmitir o conhecimento, pois é indispensável a

contribuição da família, no ensino-aprendizagem.

Este procedimento teve como objetivo observar como a comunidade,

na qual a escola está inserida, reage frente as reuniões tradicionais

de pais e mestres, em paralelo com a reunião participativa.

No segundo encontro oportunizou-se aos pais a liberdade de expressão sobre

as falhas da escola. Esta dinâmica permite que os pais se sintam mais a vontade e

pouco a pouco tenham coragem de dizer e reconhecer suas próprias falhas,

libertando-se dos bloqueios emocionais expressando seus sentimentos, interesses

pessoais e comunitários. O objetivo principal é uma maior aproximação da escola e

família.

O terceiro encontro foi livre. Cada participante poderia debater sobre a

necessidade de fazer mais reuniões sociais, através de festividades da escola,

comemorações, passeios, festas, feira de ciências, com a participação de outros

membros da família.

Outro ponto que foi discutido é a visita do professor à casa do

aluno, para conhecer as circunstâncias que envolvem a vida familiar.

No último encontro com os pais, aplicou-se um questionário simples,

com perguntas abertas, do qual, inclusive, alguns alunos (respectivos

filhos) puderam participar. Os professores também tiveram a oportunidade de

responder questionário específico.

A proposta contou também com a participação 06 professores do Grupo de

Trabalho em Rede (GTR) de forma virtual.

O objetivo das reuniões era atingir pelo menos 50% dos pais de alunos que

frequentam a instituição. Mas, infelizmente, não houve demanda. Procurou-se fazer

reuniões em outro horário e fim-de-semana, para maior comparecimento. Não houve

resposta positiva. No primeiro dia compareceram 8 pais, depois 6 pais, e na última

reunião, onde foi ofertado um lanche como encerramento, compareceram 10 pais

Mesmo assim procurou-se dar andamento à proposta. Os pais/responsáveis que

frequentaram as reuniões foram participativos, houve amplo debate sobre “de como

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gostariam que a escola fosse”. O que eles esperam da instituição. De que maneira

os pais poderiam contribuir na aproximação mais efetiva junto a escola e melhoria

na aprendizagem do filho. Os pais estão cientes de que podem influenciar na

aprendizagem que os filhos adquirem na escola, através de atitudes e valores que

passam a eles. As experiências são muito importantes para a estruturação da

personalidade.

Dos 120 questionários foram entregues, alguns através dos alunos, somente

60 retornaram. Mesmo assim, as respostas obtidas apontam para pais preocupados

com a aprendizagem dos filhos. Conscientes da importância da integração entre a

escola e a família, através de reuniões, exposições e trabalhos escolares. Os pais

avaliaram as reuniões na escola como “um momento de orientação para os pais de

como contribuir no processo ensino-aprendizagem”, um dos melhores momentos de

integração, alguns salientaram que esses eventos deveriam ocorrer com mais

frequência. Os pais foram unânimes ao responder o último quesito do questionário

que procurava saber, de que forma contribui no processo ensino-aprendizagem do

filho. Todos acompanham as lições, esclarecem dúvidas, cobram deveres bem

feitos. Interessam-se pelo aprendizado e pelo que foi transmitido em sala de aula.

Estes pais conseguem separar claramente o que seria: competência da

escola e função da família.

Das respostas obtidas dos 20 professores entrevistados, encontraram-se

algumas controvérsias. Boa parte deles alegou que os pais não comparecem à

escola, somente em casos de “emergência”. Todos acham importante a participação

dos pais, principalmente na construção do PPP, mesmo aqueles que não têm

conhecimento pedagógico. Infelizmente não há muita interação entre escola e

família; falta iniciativa por parte da mesma, comparecem somente nas feiras,

palestras, reuniões, APM.

O que se observa é paradoxal, de um lado alguns pais acham importante a

participação da família junto a escola, por outro os professores apontam o descaso

por parte dos pais. Como realizar um “elo de ligação” para que esses dois pontos se

unam?. Aqui se encontra um desafio, tanto para a família quanto para a escola.

Os professores do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) argumentaram que a

responsabilidade da escola e da família está confusa, acreditam que a consciência

de participação vem passando de geração em geração, porém não se concretiza. Há

necessidade de entender a realidade do aluno e da família, valorizando a cultura de

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cada um. Há algumas famílias que estão desestruturadas, por isso deve-se

encontrar outro caminho nas relações pais/filho. Precisam surgir momentos de

reflexão com a comunidade. Proporcionar eventos como: grêmios estudantis, teatro,

jogos, filmes, danças, sorteios, estas realizações aproximam as famílias da escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Os resultados obtidos demonstram uma sociedade discrente, sem motivação.

Pouca participação dos pais junto na escola. Uma pequena parcela se sente

responsável pela educação do filho. As atitudes do aluno dentro da sala de aula são

o espelho do que acontece em casa, na rua, no ambiente em que vive.

Independente da condição social dos pais, eles são responsáveis pelo seu

filho.

A articulação, de modo mais orgânico, entre a escola e a comunidade,

traduzida pelas relações entre educadores/professores e família/pais na

concepção e no desenvolvimento do projeto pedagógico, foi a preocupação

constante que orientou a realização deste trabalho.

Conclui-se que cada vez mais a escola terá de conhecer o perfil da família e

toda a comunidade onde a instituição está inserida. A educação não deve

somente transmitir os conhecimento, e sim permitir ao aluno a possibilidade de

transformar sua condição de vida. Os professores terão que olhar para os alunos

por outro ângulo, como seres em formação, dar a eles a base que a sociedade

não consegue e o apoio muitas vezes não encontrado em casa. Não tirando a

autoridade dos pais, mais sim fazer vê-los de que os pais também precisam de

apoio. Os pais são partícipes desta sociedade

A sugestão seria: organizar oficinas profissionalizantes para pais, através

dessa iniciativa, melhoraria a participação deles, tornar-se-ão “alunos” também.

Conclui-se que, as raízes da falta de comprometimento dos pais, junto à

educação dos seus filhos, são mais profundas e estão ligadas à lógica e no

funcionamento da nossa sociedade.

No entanto, à escola cabe inovar no sentido de criar mecanismo que

facilitem e estimulem a participação dos pais e familiares na vida escolar dos seus

filhos.

Dentre esses mecanismos destacamos a necessidade do desenvolvimento

de atividades culturais abertas à comunidade no espaço da escola, como: grupos

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de teatro e coral da comunidade; gincana com os pais; grupos esportivos;cursos

profissionalizantes para os pais, etc.

A criação desses mecanismos, no entanto, está ligada não só ao necessário

envolvimento político pedagógico dos professores que atuam na escola, como

pela garantia, por parte da mantenedora (SEED), das condições materiais para

sua constituição. Dentre essas condições estão colocadas à ampliação da carga

horária dos profissionais necessários para por em movimento os referidos

mecanismos. Além do apoio da mantenedora os profissionais da escola devem

buscar parcerias com universidades e instituições públicas para fazer os projetos

acontecer.

Com base na pesquisa realizada para este estudo e na experiência

profissional da autora, indicamos a necessidade de mais aprofundamento nos

estudos relacionados à temática anterior com:

1.Sociedade atual; 2.Família na sociedade atual; 3.Escola nos dias de hoje; 4.Escola e Comunidade; 5.Escola e Corpo Docente; 6.Influência das Políticas Governamentais;

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