firmes na fé reuniões

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Page 1: Firmes na fé   reuniões
Page 2: Firmes na fé   reuniões

2 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

6Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor,

continuai a caminhar nele:

7enraizados

e edificados nele,

firmes na fé,

tal como fostes instruídos,

transbordando em acção de graças. (Col 2)

Page 3: Firmes na fé   reuniões

3 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri, no mês

de agosto de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos

jovens fez uma parada na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem

que voltar a encontrar suas raízes cristãs, fixamos nosso encontro em Madri, com o lema: "Enraizados e

edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na

Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que todos os jovens, tanto os que compartilham nossa fé

quanto os que hesitam, duvidam ou não creem, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a

vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, de seu amor por cada um de nós. (Papa Bento XVI)

TEMA - "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (Col 2,7)

OBJECTIVO GERAL

Descobrir na vida do Povo de Israel o caminho de fé que conduz a Cristo

Objectivos específicos

Conhecer a caminhada de fé de alguns personagens bíblicos.

Reconhecer a fé como dom divino

Aderir a Jesus Cristo como projecto de vida

Assumir na vida pessoal e social as exigências da fé

Critérios de acção

Encontro de formação: irmãs, animadores e outros.

Dia de deserto

Encontro vocacional

Visitas aos grupos

Formação bíblica

Participação nas Jornadas Mundiais da Juventude

Page 4: Firmes na fé   reuniões

4 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Meios ao dispor

Circulares, Encontros de formação

Semeando, Retiro espiritual, Dia de Deserto

Formação Bíblica

Subsídios para as Reuniões de grupos

Subsídios para as Jornadas Mundiais da Juventude

CALENDARIZAÇÃO

Data Acçao Tema Local Notas

30 de Outubro Encontro de Abertura

Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé. (Col 2,7)

Mirandela Levar a Bíblia, caderno de apontamentos e almoço.

13 de Novembro

1º Ciclo de visitas aos grupos

O meu projecto de vida: aderir a Jesus Cristo.

C. D. Abílio Grupos de: Macedo (D. Abílio), Macedo (Cidade) Pereira, Mirandela

20 de Novembro Freixo de Espada à Cinta

Grupos de: Ligares, Freixo de E. à Cinta, Sendim, Miranda do Douro, Bragança

04 de Dezembro Vilar de Nantes

Grupos de: Loivos. Celhariz, Vilar de Nantes Braga

15 de Janeiro Encontro de formação/ animadores

As parábolas de Jesus na minha vida

Mirandela Levar a Bíblia, caderno de apontamentos e almoço.

12 de Fevereiro

2º Ciclo de visitas aos grupos

Assumir na vida pessoal e social as exigências da fé

Pereira Grupos de: Macedo (D. Abílio), Macedo (Cidade) Pereira, Mirandela

19 de Fevereiro Miranda do Douro

Grupos de: Ligares, Freixo de E. à Cinta, Sendim, Miranda do Douro, Bragança

26 de Fevereiro Loivos Grupos de: Loivos. Celhariz, Vilar de Nantes Braga

5 de Março Dia de Deserto

A fé que me transforma

Sr. do Campo Tempo de trabalho individual

8 e 15 de Maio Encontro de Visitadores

Participação nos encontros de zona

10 e 11 de Junho Retiro Rezar com os Salmos

Mirandela Levar a Bíblia, caderno de apontamemtos e saco-cama

Page 5: Firmes na fé   reuniões

5 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

16 a 21 de Agosto

Jornadas Mundiais da juventude

Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé. (Col 2,7)

Madrid Em sintonia com a Diocese

SÍMBOLO A PERCORRER PELOS GRUPOS– Vela, presença de fé. Escolher e escrever uma frase

bíblica relacionada com a fé.

CATEQUESES PARA OS GRUPOS

1. Abraão, o homem do «Eis-me, Senhor»

2. Moisés, o homem que carregou com um povo

3. David, um coração parecido com o de Deus

4. Rute, a mulher que soube ser fiel

5. Jeremias: um profeta conflitivo

6. Maria a Melhor discípula

7. João; saber-se amado

8. Mulher transformada

9. Bartimeu começa a ver

10. Zaqueu: perder para ganhar

11. Samaritano: tornar-se próximo

12. A viúva pobre: entrega tudo

Estrutura das reuniões

a) Ambientação – Acolhimento dos jovens. Actividades de acolhimento e abertura do tema.

b) Palavra de Deus – Passagem bíblica que pode ser apresentada de várias formas e lida com

uma vela acesa. Os jovens devem levar a Bíblia para as reuniões.

c) Meditação – Partilhas para estudo e meditação da Palavra apresentada. Diálogo sobre o tema.

d) Para reflexão pessoal e de grupo – Propostas de trabalho individual e/ou de grupo.

e) Oração – Oração proposta que pode ser rezada de diferentes formas.

f) Compromisso – Proposta de compromisso para viver a Palavra até ao próxmo encontro.

Nota: Nas reuniões ou noutros momentos de formação/oração podem ser utilizados os materiais de

apoio que estão na segunda parte deste dossier.

Contactos:

Ir. Emília Seixas – 278461112 - [email protected]

Ir. Conceição Borges – 273300200 - [email protected]

Page 6: Firmes na fé   reuniões

6 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Inicar a reunião com os olhos fechados e partilhar as sensações que se vivenciaram.

Palavra de Deus 1Após estas ocorrências, Deus pôs Abraão à prova e chamou-o: «Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 2Deus disse: «Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e vai à região de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar.» 3No dia seguinte de manhã, Abraão aparelhou o jumento, tomou consigo dois servos e o seu filho Isaac, partiu lenha para o holocausto e pôs-se a caminho para o lugar que Deus lhe tinha indicado. 4Ao terceiro dia, erguendo os olhos, viu à distância aquele lugar. 5Disse então aos servos: «Ficai aqui com o jumento; eu e o menino vamos até além, para adorarmos; depois, voltaremos para junto de vós.» 6Abraão apanhou a lenha destinada ao holocausto, entregou-a ao seu filho Isaac e, levando na mão o fogo e o cutelo, seguiram os dois juntos. 7Isaac disse a Abraão, seu pai: «Meu pai!» E ele respondeu: «Que queres, meu filho?» Isaac prosseguiu: «Levamos fogo e lenha, mas onde está a vítima para o holocausto?» 8Abraão respondeu: «Deus proverá quanto à vítima para o holocausto, meu filho.» E os dois prosseguiram juntos. 9Chegados ao sítio que Deus indicara, Abraão construiu um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha. 10Depois, estendendo a mão, agarrou no cutelo, para degolar o filho. 11Mas o mensageiro do Senhor gritou-lhe do céu: «Abraão! Abraão!» Ele respondeu: «Aqui estou.» 12O mensageiro disse: «Não levantes a tua mão sobre o menino e não lhe faças mal algum, porque sei agora que, na verdade, temes a Deus, visto não me teres recusado o teu único filho.» 13Erguendo Abraão os olhos, viu então um carneiro preso pelos chifres a um silvado. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto, em substituição do seu filho. l 14Abraão chamou a este lugar: «O Senhor providenciará»; e dele ainda hoje se diz: «Na montanha, o Senhor providenciará.» 15O mensageiro do Senhor chamou Abraão do céu, pela segunda vez, 16e disse-lhe: «Juro por mim mesmo, declara o Senhor, que, por teres procedido dessa forma e por não me teres recusado o teu filho, o teu único filho, 17abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Os teus descendentes apoderar-se-ão das cidades dos seus inimigos. 18E todas as nações da Terra se sentirão abençoadas na tua descendência, porque obedeceste à minha voz.» 19Abraão voltou para junto dos servos, e regressaram juntos a Bercheba, onde Abraão fixou

residência. (Gen 22)

Eis-me, Senhor

Muitos homens e mulheres ao longo da história viveram numa atitude de «eis-me aqui» diante de

Deus, mas nalguns essa disponibilidade foi marcada a fogo: são aqueles que souberam manter o seu

«Eis-me, Senhor» até nos momentos terríveis em que os pés bordejam o abismo do desespero.

Nessas ocasiões, nem todos são capazes de aguentar a pé firme e de esperar contra toda a

esperança; aqueles que se atrevem a fazê-lo, encontram debaixo dos pés a rocha sólida que sustém a

sua fidelidade.

ABRAÃO, O HOMEM DO «EIS-ME, SENHOR» 1

Page 7: Firmes na fé   reuniões

7 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

A aventura de Abraão

Nas origens do povo de Israel, houve um homem que soube viver assim, na presença de Deus.

Abraão sai à procura de uma terra e de uma descendência. Deus chama-o, Abraão não vacila e

acredita no impossível. Escuta o Senhor e põe-se em marcha e a sua fé é recompensada pelo

nascimento de Isaac. Mas chega a prova decisiva. O sacrifício do seu próprio e único filho. Este relato

quer transmitir-nos a grandeza e o valor da atitude de disponibilidade, abandono e confiança. Abraão

está sempre aberto à escuta, disposto sempre a obedecer e a caminhar na presença do seu Deus com

absoluta integridade.

Seguindo as pegadas de Abraão

Abraão não nos é apresentado para brilhar por si mesmo nem para ser modelo absoluto: o único

Mestre e Senhor a quem seguimos é Jesus. Mas todos os que, de alguma forma, se foram parecendo

com ele, mesmo sem o conhecer, deixaram as suas pegadas no caminho para que nos seja mais

acessível. Seremos hoje capazes de dizer a Deus: «Eis-me, Senhor», seguindo as pegadas de Abraão?

Para reflexão pessoal e de grupo

Recorda algumas situações de perturbação, insegurança, resistência, medo…?

É-te fácil ou difícil estar todo no que fazes e aberto aos outros, à vida e, portanto, a Deus que te

chama através de tudo isso? Porquê?

Desenhar numa folha grande a expressão «Eis-me, Senhor»,de forma que ela exprima de um modo

gráfico como é que cada um vive a atitude de disponibilidade para com Deus e para com os outros.

Escrever uma carta pessoal a Abraão, contando-lhe as reacções que teve ao conhecer/recordar a sua

história, a sua maneira de agir e de responder a Deus, fazendo-lhe perguntas, etc. Podem ler-se as

cartas em voz alta e comentar.

Oração final – Sl 119 1Felizes os que seguem o caminho da rectidão e vivem segundo a lei do Senhor. 2Felizes os que cumprem os seus preceitos e o procuram com todo o coração, 3que não praticam o mal, mas andam nos caminhos do Senhor. 4Promulgaste os teus preceitos para se cumprirem fielmente. 5Oxalá os meus passos sejam firmes no cumprimento dos teus decretos. 6Então não terei de que me envergonhar, se observar os teus mandamentos. 7Poderei louvar-te de coração sincero, instruído pelos teus justos juízos. 8Hei-de cumprir as tuas leis; não me abandones mais!

Compromisso

Escolher uma frase ou expressão da oração e meditá-la ao longo da semana.

Page 8: Firmes na fé   reuniões

8 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Iniciar a reunião falando de cargos de responsabilidade na Igreja e na sociedade. Aspectos positivos e negativos dos mesmos.

Palavra de Deus 4O Senhor viu que ele se adentrava para ver; e Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!»

Ele disse: «Eis-me aqui!» 5Ele disse: «Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o

lugar em que estás é uma terra santa.» 6E continuou: «Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o

Deus de Isaac e o Deus de Jacob.» Moisés escondeu o seu rosto, porque tinha medo de olhar para

Deus. 7O Senhor disse: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor

diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. 8Desci a fim de o libertar da

mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que

mana leite e mel, terra do cananeu, do hitita, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu. 9E

agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e vi também a tirania que os egípcios

exercem sobre eles. 10E agora, vai; Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de

Israel.» 11Moisés disse a Deus: «Quem sou eu para ir ter com o faraó e fazer sair os filhos de Israel do

Egipto?» 12Ele disse: «Eu estarei contigo. Este é para ti o sinal de que Eu te enviei: quando tiveres

feito sair o povo do Egipto, servireis a Deus sobre esta montanha.» (Ex 3)

Um encontro decisivo Moisés tenta recuar ante a imensidade da tarefa que lhe é encomendada:«Quem sou eu?»

Ele procurava sacudir dos ombros aquela enorme responsabilidade e refugiava-se no terreno da sua

própria incapacidade. Mas Deus não cedeu e Moisés teve de acabar por aceitar e “carregar” com

aquela tarefa. A saída não foi fácil. O Faraó não podia tolerar que se lhe escapasse mão-de-obra tão

barata. Na outra margem está o deserto:um clima duro, falta de água, uma terra ingrata; avivam-se

as tensões entre clãs e famílias. Queixam-se, protestam, querem voltar para trás… Moisés, no

entanto, aguenta serenamente as queixas, procura sanar as divergências, luta contra a dispersão.

A força de um homem tímido

Por vezes, Moisés, sente-se no limite das suas forças e desabafa com Deus, falando-lhe como a um

amigo: «Que faço deste Povo? Por pouco não me apedrejam…»(Ex 17,4). Quando parece que é Deus

quem perde a paciência com aquele Povo (Ex 32,10), Moisés reage com uma valentia e uma audácia

inesperada: …«Se achei graça a Teus olhos, digna-te caminhar no meio de nós, embora sejamos um

povo teimoso…»(Ex 34, 8-9).

MOISÉS, O HOMEM QUE CARREGOU COM UM POVO 2

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9 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

O segredo de Moisés

De onde tirava Moisés aquela força misteriosa, aquela capacidade para seguir em frente sem se

cansar com aquele povo tão teimoso e tão rebelde?

Todos os dias, «Moisés saía em direcção à “tenda do encontro”… e quando ele entrava, a nuvem

descia e ficava à entrada da tenda, enquanto o Senhor falava com Moisés como um amigo fala com o

seu amigo… e o seu rosto estava radiante porque tinha falado com o Senhor»(Ex 33,8.1; 34,29)

Talvez invejemos esta familiaridade, esta relação tão estreita e tão fiel. Era daquele encontro com

Deus que Moisés tirava a sua força para manter a fidelidade à sua missão, como também era a sua

decisão de permanecer fiel ao compromisso com aquele povo e a defendê-lo acima de tudo o que o

punha em sintonia com Deus e o preparava para se encontrar com Ele.

Para reflexão pessoal e de grupo

Olha as responsabilidades que tens: familiares, de trabalho, sobre alguma pessoa ou grupo…

Como as vives? Cansas-te e queixas-te com frequência?

Como reages quando não vês resposta? Desanimas facilmente?

Acreditas que é possível manter uma atitude parecida com a de Moisés neste ponto?

Procura traços de Moisés em alguns homens ou mulheres de hoje. Explica no teu grupo o porquê da

tua escolha.

Oração final – Sl 119 49Lembra-te da palavra que deste ao teu servo, pois nela me fizeste colocar a minha esperança. 50É esta a consolação na minha angústia: que a tua palavra me dê vida! 51Os soberbos zombaram de mim, mas não me afastei da tua lei. 52Recordo-me dos teus decretos de outrora; neles encontro consolação, ó Senhor. 53Fico indignado à vista dos ímpios, que rejeitam a tua lei. 54Os teus preceitos são o motivo dos meus cânticos na terra do meu peregrinar. 55Durante a noite lembro-me do teu nome, Senhor, e penso muito na tua lei. 56Só isto conta para mim: obedecer às tuas instruções!

Compromisso

Procurar ter uma experiência profunda com Deus no início da semana, retirando daí coragem e força para o restantes dias.

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10 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Imaginar o coração de Deus e desenhar numa cartolina.

Palavra de Deus Deus escolhe os pequenos 1O Senhor disse a Samuel: «Até quando chorarás Saul, tendo-o Eu rejeitado para que não reine em Israel? Enche o teu chifre de óleo e vai. Quero enviar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um rei entre os seus filhos.» Samuel respondeu: «Como hei-de ir? Se Saul souber, irá tirar-me a vida.» 2O Senhor disse: «Levarás contigo um novilho e dirás que vais oferecer um sacrifício ao Senhor. 3Convidarás Jessé para o sacrifício e Eu te revelarei o que deverás fazer. Darás por mim a unção àquele que Eu te indicar.» 4Fez Samuel como o Senhor ordenara. Ao chegar a Belém, os anciãos da cidade saíram-lhe ao encontro, inquietos, e disseram: «É de paz a tua vinda?» 5Ele respondeu: «Sim. Venho oferecer um sacrifício ao Senhor; purificai-vos e acompanhai-me para o sacrifício.» Ele mesmo purificou Jessé e os filhos e convidou-os para o sacrifício. 6Logo que entraram, Samuel viu Eliab e pensou consigo: «Certamente é este o ungido do Senhor.» 7Mas o Senhor disse a Samuel: «Que te não impressione o seu belo aspecto, nem a sua alta estatura, pois Eu rejeitei-o. O que o homem vê não importa; o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração.» 8Jessé chamou Abinadab e apresentou-o a Samuel, que disse: «Não é este o que o Senhor escolheu.» 9Jessé trouxe-lhe, também, Chamá. E Samuel disse: «Ainda não é este o que o Senhor escolheu.»

10Jessé apresentou-lhe, assim, os seus sete filhos, mas Samuel disse: «O Senhor não escolheu nenhum deles.» 11E acrescentou: «Estão aqui todos os teus filhos?» Jessé respondeu: «Resta ainda o mais novo, que anda a apascentar as ovelhas.» Samuel ordenou a Jessé: «Manda buscá-lo, pois não nos sentaremos à mesa antes de ele ter chegado.» 12Jessé mandou então buscá-lo. David era louro, de belos olhos e de aparência formosa. O Senhor disse: «Ei-lo, unge-o: é esse.» 13Samuel tomou o chifre de óleo e ungiu-o na presença dos seus irmãos. E, a partir daquele dia, o espírito do Senhor apoderou-se de David. E Samuel voltou para Ramá. (1 Sam 16)

A balança de Deus Na bíblia encontramos as características da “balança de Deus” que avalia e “pesa” a vida das pessoas. O que interessa a Deus não é tanto que a pessoa seja inatacável, mas sobretudo generosa, magnânima, autêntica, humilde, mesmo que se tenha enganado muitas vezes. Uma personalidade complexa Se não nos acostumarmos a este tipo de balança, dificilmente poderemos entender algo da figura de David. A sua personalidade é complexa e cheia de ambiguidades; sensível, vulnerável, poeta, capaz de grandes amizades e de habilidades e astúcias de político. Corajoso e valente, é também débil e cai nos pecados mais desprezíveis. A sua história está cheia de equívocos e acertos, de fracassos e de êxitos, de pecado e de graça.

DAVID, UM CORAÇÃO PARECIDO COM O DE DEUS 3

Page 11: Firmes na fé   reuniões

11 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Mas ao fazer o balanço da sua vida, Samuel dá a seguinte avaliação: «O Senhor procurou alguém com o coração semelhante ao seu e encontrou David» (1Sam13,14). Esta semelhança está nas qualidades de espírito que o poderiam caracterizar: a magnanimidade, a transparência, a capacidade de amar. Conhecendo mais David, chegamos a conhecer melhor como é o coração de Deus.

Para reflexão pessoal e de grupo

Que palavras do Evangelho se podiam aplicar a David?

Se pudésseis conversar com ele, que perguntas lhe faríeis?

Se quisésseis simbolizar a sua personalidade com uma paisagem, qual escolheríeis?

Oração final – Sl 57 2Tem compaixão de mim, ó Deus, tem compaixão, porque em ti me refugio e me abrigo à sombra das tuas asas, até que passe o perigo. 3Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus que faz tudo por mim. 4Que Ele me envie do céu a sua ajuda e me salve dos que procuram destruir-me; que Ele envie do céu o seu amor e fidelidade. 5Encontro-me rodeado de leões, dispostos a devorar os seres humanos; os seus dentes são como lanças e flechas, e a sua língua, como uma espada afiada. 6Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza, e, sobre toda a terra, a tua glória. 7Armaram um laço para os meus pés para me fazerem cair; cavaram um fosso diante de mim, mas foram eles que lá caíram. 8O meu coração está firme, ó Deus, o meu coração está firme; quero cantar e salmodiar. 9Ó minha alma, desperta! Despertai, lira e cítara! Quero despertar a aurora! 10Hei-de louvar-te, Senhor, entre os povos, hei-de cantar-te salmos entre as nações. 11O teu amor é tão grande que chega aos céus e até às nuvens se estende a tua fidelidade. 12Ó Deus, revela nas alturas a tua grandeza, e, sobre toda a terra, a tua glória.

Compromisso

Colocar coragem nos momentos mais difíceis do dia-a-dia.

Acreditar que Deus olha mais às nossas vitórias que às derrotas.

Page 12: Firmes na fé   reuniões

12 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Inciar o encontro tentando encontrar definições para fidelidade.

Desenhar a fidelidade.

Palavra de Deus 8Booz disse a Rute: «Já ouviste, minha filha. Não vás respigar noutro campo; não te afastes deste e junta-te às minhas servas. 9Repara no campo por onde vão a ceifar e vai atrás delas. Pois ordenei aos meus servos que não te incomodem. E se tiveres sede, vai à bilha e bebe da água que eles tiverem trazido.» 10Rute, prostrando-se por terra, disse-lhe: «Porque encontrei tal bondade da tua parte, tratando-me como natural, a mim que sou uma estrangeira?» 11Replicando, Booz disse-lhe: «Já me contaram tudo o que fizeste pela tua sogra, depois da morte do teu marido: como deixaste o teu pai, a tua mãe e a terra onde nasceste e vieste para um povo que há bem pouco nem conhecias. 12O Senhor te pague por todo o bem que fizeste; que o Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te acolheste, te dê a recompensa merecida.» 13Ela respondeu: «Que eu encontre sempre bondade da tua parte, meu senhor, pois me reconfortaste e falaste ao coração desta tua escrava, embora não seja digna de vir a ser sequer uma das tuas escravas.» (Rut 2, 8-13) 9Booz disse aos anciãos e a todo o povo: «Sois hoje testemunhas de que comprei, da mão de Noemi, tudo o que pertencia a Elimélec, a Quilion e a Maalon. 10Com isto adquiro, igualmente, por mulher Rute, a moabita, viúva de Maalon, para conservar o nome do defunto, sobre a sua herança e para que este nome não seja eliminado de entre os seus irmãos e da porta da sua cidade. Vós sois, hoje, testemunhas disso.» 11Então, todo o povo que estava junto da porta respondeu com os anciãos: «Somos testemunhas! O Senhor torne essa mulher, que entra na tua casa, semelhante a Raquel e a Lia, que juntas fundaram a casa de Israel! Que sejas próspero em Efrata e o teu nome seja famoso em Belém! 12Seja a tua casa como a casa de Peres, filho que Tamar deu a Judá, pela posteridade que o Senhor te der por esta jovem.» 13Booz tomou, pois, Rute, que se tornou sua mulher. Juntou-se a ela e o Senhor concedeu-lhe a graça de conceber e dar à luz um filho. 14As mulheres diziam a Noemi: «Bendito seja o Senhor, que não te recusou um parente de resgate, neste dia. Que o seu nome seja proclamado em Israel. 15Ele te dará a vida e será o arrimo da tua velhice, porque nasceu um menino da tua nora, que te ama e é para ti mais preciosa do que sete filhos.» 16Noemi recebeu o menino e colocou-o no seu regaço, tornando-se a sua ama. 17As suas vizinhas, congratulando-se com ela, diziam: «Nasceu um filho a Noemi.» E deram-lhe o nome de Obed. Este foi pai de Jessé e avô de David. (Rut 4, 9-17)

O provisório

Pertencemos a uma civilização em que nos rodeia mais o efémero do que o duradoiro. A publicidade

inculca-nos uma mentalidade de «usar e deitar fora». Quando podemos mudamos de penteado, de

telemóvel… procuramos o novo e o diferente. Tudo o que dura muito aborrece-nos. A sociedade

leva-nos a interrogar-nos sobre a própria possibilidade de uma vinculação que dure para sempre: o

matrimónio indissolúvel, a profissão perpétua num instituto religioso, são consideradas como opções

de vida do passado porque – dizem-nos – «deve-se viver dia-a-dia». Neste elogio do provisório, do

plástico, apela-se para o espontâneo, reivindica-se uma falsa liberdade. Mas também encontramos

outras pessoas cuja existência é-nos oferecida como uma grande árvore de raízes grossas e

RUTE, A MULHER QUE SOUBE SER FIEL 4

Page 13: Firmes na fé   reuniões

13 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

profundas, como uma presença de estabilidade fiel, de permanência inamovível. É essa qualidade

que melhora o amor ou a amizade. Comunica uma segurança, uma solidez em que nos podemos

apoiar, uma fidelidade onde nos acolhermos.

Rute

A fidelidade de Rute atraiu sobre ela a protecção e o amor de um homem justo. No relato aparecem

fome, miséria, morte, solidão, tristeza, amargura, medo do futuro, incerteza. Mas a força de Deus

actua quando os homens são fiéis. Filhos de uma cultura em que a fidelidade está desvalorizada,

temos esta chamada urgente para descobrir esse valor que nos torna tão parecidos com o próprio

Deus porque nos faz oferecer aos outros o que ele nos oferece: uma rocha sólida em que nos

apoiemos, umas asas debaixo das quais nos possamos sentir seguros.

Para reflexão pessoal e de grupo

Divide uma folha de papel em duas colunas e, depois de ler o livro de Rute (tem apenas quatro

capítulos e pode ser atribuído um capítulo a cada grupo), anota na coluna da esquerda tudo o que

são situações negativas (fome, …); na da direita, as situações positivas (fidelidade, acolhimento, etc.).

14Elas choraram novamente em alto pranto. Entretanto, Orpa beijou a sua sogra e retirou-se, mas Rute permaneceu na sua companhia. 15Noemi disse-lhe: «Vês, a tua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Vai tu também com a tua cunhada.» 16Mas Rute respondeu:«Não insistas para que te deixe, pois onde tu fores, eu irei contigo e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus. 17Onde morreres, também eu quero morrer e ali serei sepultada. Que o Senhor me trate com rigor e ainda o acrescente, se até mesmo a morte me separar de ti.» 18Vendo que ela estava assim decidida, Noemi não insistiu mais com ela. (Rut 1)

Actualiza estas palavras de Rute. A quem as dirias?

Oração final – Sl 91 1Aquele que habita sob a protecção do Altíssimo e mora à sombra do Omnipotente, 2pode exclamar: «Senhor, Tu és o meu refúgio, a minha cidadela, o meu Deus, em quem confio!» 3Ele há-de livrar-te da armadilha do caçador e do flagelo maligno. 4Ele te cobrirá com as suas penas; debaixo das suas asas encontrarás refúgio; a sua fidelidade é escudo e couraça. 5Não temerás o terror da noite, nem da seta que voa de dia, 6nem da peste que alastra nas trevas, nem do flagelo que mata em pleno dia. 14«Porque acreditou em mim, hei-de salvá-lo; hei-de defendê-lo, porque conheceu o meu nome. 15Quando me invocar, hei-de responder-lhe; estarei a seu lado na tribulação, para o salvar e encher de honras.

Compromisso

Repetir e rezar a frase de Rute, atribuindo-a a tua relação com Deus: «onde tu fores, eu irei contigo».

Page 14: Firmes na fé   reuniões

14 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Conversar, no início da reunião, sobre as queixas mais comuns dos jovens e da sociedade. Apontar possíveis causas.

Palavra de Deus Um homem que pergunta Porque alcançam os maus tanto sucesso e os pérfidos vivem tranquilos na sua malvadez? (Jer 12, 1-3) 18Porque se tornou perpétua a minha dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento? Ai! Serás para mim como um riacho enganador de água inconstante? (Jer 15,18) Um homem que se queixa 7Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir! Tu me dominaste e venceste. Sou objecto de contínua irrisão, e todos escarnecem de mim. 9A mim mesmo dizia: «Não pensarei nele mais! Não falarei mais em seu nome!» Mas, no meu coração, a sua palavra era um fogo devorador, encerrado nos meus ossos. Esforçava-me por contê-lo, mas não podia. 14Maldito seja o dia em que eu nasci! 18Porque saí do seu seio? Somente para contemplar tormentos e misérias, e consumir os meus dias na confusão? (Jer 20, 7-17) Um home que denuncia 9Roubais, matais, cometeis adultérios, jurais falso, ofereceis incenso a Baal e procurais deuses que vos são desconhecidos; 10e depois, vindes apresentar-vos diante de mim, neste templo, onde o meu nome é invocado, e exclamais: 'Estamos salvos!' Mas seguidamente voltais a cometer todas essas abominações. 11Porventura, este templo, onde o meu nome é invocado, é a vossos olhos, um covil de ladrões? Ficai sabendo que Eu vi todas estas coisas - oráculo do Senhor. (Jer 7, 1-11)

Jeremias escolhido

Um dos maiores problemas da nossa vida cristã é o de fabricarmos um Deus à nossa medida. A

melhor prenda que Deus nos pode dar é fazer os nossos deuses em pedaços e dar-se-nos a conhecer

como Aquele que é sempre maior que qualquer imagem que possamos fazer dele.

Jeremias procura evitar o peso do chamamento, da responsabilidade, da missão. Pensa que talvez

possa convencer Deus com os seus argumentos e manejar os seus planos com as suas razões. Mas a

insistência de Deus é peremptória (Jer 1,7-10). O silêncio de Jeremias foi a sua primeira rendição

diante daquele que verificara ser mais forte.

A tarefa

A tarefa é dura: antes de construir ou criar algo de positivo, tinha de arrancar tudo o que em Israel

eram falsas raízes de segurança e de confiança, derrubar os muros da injustiça e derreter os gelos das

infidelidades. E para esse trabalho tão ingrato, uma só garantia: «Eu estarei contigo».

Jeremias lança-se com coragem, mas nada do que diz é do agrado do povo. A reacção do rei e dos

sacerdotes foi fulminante e Jeremias acaba preso. Experimenta amargamente a incompreensão, a

solidão, a hostilidade, o fracasso. E é no fundo desse abismo que faz a experiência mais profunda de

Deus. Um Deus que não admite resistências quando envia, que arrasta para caminhos perigosos e

JEREMIAS: UM PROFETA CONFLITIVO 5

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15 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

escuros e que exige também uma total certeza de que ele é um companheiro misterioso nesse

caminho. Jeremias lutou com esse Deus: protestou, queixou-se… mas Deus entrou na vida de

Jeremias e cumpriu a sua promessa. Ao observarmos a vida de Jeremias, não nos encontramos com

as histórias de um herói, mas com a história de um homem que se rendeu ao poder desse amor.

Para reflexão pessoal e de grupo

Estas seis imagens pertencem à missão de

Jeremias. Ampliai-as num cartaz e escrevei,

em cada uma, as situações da vossa vida,

do vosso grupo ou do vosso mundo, que

precisam dessa acção.

Talvez também tenhais queixas ou perguntas

que não tendes coragem de fazer. Reconhecei

e exprimi os vossos sentimentos. Tentai depois

chegar a uma atitude mais profunda de

adoração silenciosa diante de Deus,

cujo mistério nos inunda…

Construí uma oração onde reflictais o

que sentis diante de Deus Amor.

São lidas as orações dos grupos após

a oração proposta e antes do compromisso.

Oração - Sir 36 1Tem piedade de nós, ó Senhor, Deus de todas as coisas; olha para nós e espalha o teu temor sobre todas as nações. 4Que reconheçam, como também nós reconhecemos, que fora de ti, Senhor, não há outro Deus. 5Renova os teus prodígios, faz novos milagres, glorifica a tua mão e o teu braço direito. 10Reúne todas as tribos de Jacob, toma-as como tua herança, como no princípio. 11Tem piedade, Senhor, do teu povo, que foi chamado pelo teu nome, e de Israel, que trataste como filho primogénito. 12Tem piedade da cidade do teu santuário, de Jerusalém, lugar do teu repouso. 13Enche Sião do louvor das tuas maravilhas, e o teu povo com a tua glória.

Compromisso

Debruçar-me sobre qual será a missão que Deus me propõe e ir colocando-a em prática.

Confiar que, mesmo na tribulação, Deus está. Repetir até ao próximo encontro esta certeza: «Eu

estarei contigo».

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16 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Começar o encontro falando sobre presentes especiais que cada um recebeu e a forma que costuma

utilizar para agradecer.

Palavra de Deus 46Maria disse, então:«A minha alma glorifica o Senhor 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações. 49O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome. 50A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem. 51Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. 52Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. 53Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. 54Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.» (Lc 1, 46, 55)

Maria, a grande discípula

O Magnificat é o hino de louvor que o evangelho de Lucas põe na boca de Maria na visita a sua prima

Isabel (Lc 1,46-56). O que o Magnificat nos oferece, mais que um conjunto de palavras possivelmente

proferido por Maria, é a canção profunda da alma de Maria, a melodia com que ela conseguiu entrar

em harmonia com a música de Deus.

O louvor de Maria sobe para Deus com a velocidade de uma flecha, convidando-nos a lançarmo-nos

no espaço aberto da admiração, do assombro, do agradecimento transbordante por Deus ser como é

e por nos amar como nos ama.

Maria educa o nosso olhar para o dirigir para a glória de Deus: ensina-nos também a deixarmo-nos

observar por ele. Ajuda-nos a perceber que sobre a nossa pequenez gravita a imensa ternura de

Alguém que nos ama, precisamente porque somos pequenos e não se cansa de fazer em nós coisas

maravilhosas, se consentirmos a sua acção.

Maria converte-nos também em educadores e ensina-nos a comunicar a todos a alegria de sermos

olhados assim, pelo olhar de um Deus-Mãe que nos encoraja e de um Deus-Artista que se alegra com

a sua obra.

MARIA, A MELHOR DISCÍPULA 6

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17 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Para reflexão pessoal e de grupo

Lê em Mt 13,1-51 as parábolas do Reino que encerram grande parte da sabedoria do Evangelho para

quem queira tornar-se discípulo de Jesus. Lê devagar cada uma delas, procurando imaginar como é

que Maria as ouviu e viveu, ou melhor, deixa que seja ela, que as conservou no seu coração, a

recordar-tas.

Como nas ladainhas que fazem parte da tradição da Igreja, podes dirigir-te a Maria invocando-a:

«Maria, terra boa que acolheste a semente da Palavra e deste cem por um, roga por nós.»

Continua as invocações a Maria, a partir das parábolas em Mt 13, 1-51.

Oração – 1Sam 2

«Exulta o meu coração de júbilo no Senhor. Nele se ergue a minha fronte, a minha boca desafia os meus adversários, porque me alegro na tua salvação. 2Ninguém é santo como o Senhor. Não há outro Deus fora de ti, ninguém é tão forte como o nosso Deus. 3Não multipliqueis as vossas palavras orgulhosas. Não saia da vossa boca a arrogância, porque o Senhor é um Deus de sabedoria. Só Ele sabe descobrir as vossas acções. 4O arco dos fortes foi quebrado e os fracos foram revestidos de vigor. 5Os saciados tiveram que ganhar o pão e os famintos foram saciados. Até a estéril foi mãe de sete filhos e a mulher que os tinha numerosos, ficou estéril. 6O Senhor é que dá a morte e a vida, leva à habitação dos mortos e tira de lá. 7O Senhor despoja e enriquece, humilha e exalta. 8Levanta do pó o mendigo e tira da imundície o pobre, para os sentar com os príncipes e ocupar um trono de glória; porque são do Senhor as colunas da terra e sobre elas assentou o mundo. 9Ele dirige os passos dos seus santos, mas os ímpios perecerão nas trevas; porque homem algum vencerá pela sua própria força. 10Tremerão diante do Senhor os seus inimigos, trovejará do céu sobre eles. O Senhor julga os confins da terra! Ele dará o império ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.»

Compromisso

Cultivar um coração agradecido a Deus e aos irmãos, e praticar a palavra «obrigado».

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18 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Iniciar o encontro falando e tentando definir a amizade. Escolher três frases que resumam o que se

discutiu.

Palavra de Deus 1O que existia desde o princípio,o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram relativamente ao Verbo da Vida, 2de facto, a Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho e anunciamo-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que se manifestou a nós 3o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco. E nós estamos em comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. 4Escrevemo-vos isto para que a nossa alegria seja completa. (1 Jo, 1-4)

Saber-se amado

Quem é o homem que escreve estas coisas? Ao lê-las temos a impressão de que no seu autor há uma

grande certeza de serenidade, e que quer transmitir uma mensagem que é a conclusão de uma

experiência única. É alguém que se chama a si mesmo «o discípulo que Jesus amava». No seu

evangelho realça a sua condição de discípulo e o que constitui o núcleo mais profundo da sua

experiência crente: saber-se amado por Jesus.

João deixou-se amar por Jesus e o seu conhecimento do Mestre leva a marca desse amor. João fora

testemunha privilegiada de que o mistério do amor recíproco de Jesus e do Pai nos está aberto, nos é

oferecido e entregue.

Um Jesus a descobrir

No tempo que passou com o Mestre, João foi testemunha da humanidade tão próxima de um Jesus

que se cansa de caminhar e tem sede (Jo 4,6), que chora pela morte de um amigo (Jo 11,33), que se

angustia perante a iminência da sua paixão (Jo 12,27).

Jesus dissera: 12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. 13Ninguém tem mais

amor do que quem dá a vida pelos seus amigos. (Jo 15)

E João fará deste mandamento o motivo quase único da sua pregação: 7Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu

de Deus e chega ao conhecimento de Deus. 8Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois

Deus é amor. (1 Jo 4)

JOÃO: SABER-SE AMADO 7

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19 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Para reflexão pessoal e de grupo

Como exprimirias com palavras tuas estas frases de João:

- «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba» (Jo 7,17)

- «Vim para que as minhas ovelhas tenham vida e vida em abundância» (Jo 10,10)

João é o único evangelista que narra a cena do lava-pés onde os outros evangelistas colocam o relato

da instituição da Eucaristia. Que significado te parece ter isto?

Ser discípulo é ter um encontro pessoal com Jesus.

Ser discípulo é sentir-se amado, é confiar a própria vida segundo a Palavra de Jesus.

(Continua a definição de discípulo)

Oração – Sl 63 2Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti! A minha alma tem sede de ti; todo o meu ser anela por ti, como terra árida, exausta e sem água. 3Quero contemplar-te no santuário, para ver o teu poder e a tua glória. 4O teu amor vale mais do que a vida; por isso, os meus lábios te hão-de louvar. 5Quero bendizer-te toda a minha vida e em teu louvor levantar as minhas mãos. 6A minha alma será saciada com deliciosos manjares, com vozes de júbilo te louvarei. 7Lembro-me de ti no meu leito, penso em ti, se fico acordado, 8porque Tu és o meu auxílio, e à sombra das tuas asas eu exulto. 9A minha alma está unida a ti, a tua mão direita me sustenta. 10Os que procuram a minha ruína, cairão nas profundezas do abismo. 11Eles morrerão à espada e serão transformados em pasto de chacais. 12Mas o rei há-de alegrar-se em Deus, cantarão louvores os que juram por Ele, enquanto a boca dos mentirosos será fechada.

Compromisso

Colocar em prática o mandamento do Senhor: 12É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.

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20 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Começar a renuão falando do que mais se condena na sociedade e porquê?

Como reagem quando se vêem perante alguma condenação?

Palavra de Deus 40Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» - respondeu ele.

41«Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta.

42Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?»

43Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.»

44E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. 45Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. 46Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. 47Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.»

48Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.»

49Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?»

50E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.» (Lc 7, 40-50)

A mulher pecadora

O retrato da mulher pecadora é pintado pelo evangelista Lucas como um perfil luminoso sobre um

fundo de sombras: a figura do fariseu.

O perfil do fariseu é feito de lei, correcção, equilíbrio, ponderação, compostura, digna severidade

perante o pecado… Convidou Jesus, mas não deve conceder excessivas gentilezas àquele galileu que

convive com a gentalha. E diante dele, a mulher: um exagero de esbanjamento, perfume derramado,

beijos e lágrimas. Ela nem sequer fala, mas os seus gestos gritam o enorme perdão que lhe foi

concedido. Estava perdida à beira do mal e alguém lhe deitou a mão.

A novidade que apreendemos na vida desta mulher é para nós um factor invisível, mas é

precisamente isso que chama a atenção de Jesus e lhe causa admiração. «Coração contrito e

humilhado», essa consciência de valer pouco e não merecer nada, mas ser imensamente amado por

Deus; esse agradecimento entusiasmado por ter sido perdoado e refeito e acolhido de novo numa

relação de amizade.

MULHER TRANSFORMADA 8

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21 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Para reflexão pessoal e de grupo

A figura da pecadora perdoada mostra o respeito de Jesus pelas mulheres que a sociedade despreza

orgulhosamente. Perante ela ressalta a frieza do fariseu, alguém que se crê justo, mas que «ama

pouco porque pouco lhe foi perdoado».

À luz deste texto, façamos uma revisão da nossa vida:

- Considero-me «pecador» ou «justo?

- Sou capaz, sem necessidade de muito esforço, de recordar algumas experiências de ter sido

perdoado?

- Qual é a minha maneira concreta de exprimir a alegria de ter sido perdoado?

- Uma boa maneira de tomar consciência da nossa verdade seria escrever ou repensar graficamente a

nossa história de amor com Deus, essa história em que pusemos tudo o que é turbulento e negativo,

pobreza e incapacidade, mas Jesus interrompeu nela com toda a sua misericórdia torrencial, com a

sua capacidade de perdão que supera os nossos cálculos. Tenta então escrever ou repensar

graficamente a tua história de amor com Deus, depois de uns momentos de oração.

Oração – Sl 43 2Como suspira a corça pelas águas correntes, assim a minha alma suspira por ti, ó Deus. 3A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo! Quando poderei contemplar a face de Deus? 5A minha alma estremece ao recordar quando passava em cortejo para a Casa do Senhor, entre vozes de alegria e de louvor da multidão em festa. 6Porque estás triste, minha alma, e te perturbas? Confia em Deus: ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador. 7A minha alma está abatida: por isso, penso muito em ti, desde as terras do Jordão e dos montes Hermon e Miçar. 9Durante o dia, o Senhor há-de enviar-me os seus favores, para que eu reze e cante, à noite, ao Deus que me dá vida. 12Porque estás triste, minha alma, e te perturbas? Confia em Deus: ainda o hei-de louvar. Ele é o meu Deus e o meu salvador.

Compromisso

Experimentar o perdão de Deus na oração pessoal.

Praticar o perdão na vida do dia-a-dia.

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22 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Começar o encontro dialogando sobre os vários tipos de cegueira que podem existir.

O que nos pode impedir de ver os outros?

Palavra de Deus 46Chegaram a Jericó. Quando ia a sair de Jericó com os seus discípulos e uma grande multidão, um mendigo cego, Bartimeu, o filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. 47E ouvindo dizer que se tratava de Jesus de Nazaré, começou a gritar e a dizer: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!» 48Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!» 49Jesus parou e disse: «Chamai-o.» Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te.» 50E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com Jesus. 51Jesus perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» «Mestre, que eu veja!» - respondeu o cego.

52Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou!» E logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho. (Mc 10, 46-52)

Bartimeu, o crente

Bartimeu é descrito com uns traços comovedores que fazem com que nos identifiquemos

espontaneamente com a sua situação: é mendigo, é cego e está sentado, envolvido no seu manto, à

beira do caminho.

Ele é quem tem a iniciativa de chamar e consegue que seja essa mesma gente, que antes o tinha

impedido, que se converta agora em transmissora da sua palavra: «Coragem, levanta-te que Ele

chama-te.»

E, sob o impulso dessa chamada, Bartimeu lança fora o seu manto, como se fosse uma pele velha, e

corre alegremente ao encontro de Jesus. Mendicidade e panos ficaram para trás. Continua cego, mas

agora está a caminho para a luz. Aproximou-se de Jesus que lhe faz uma pergunta estranha, quase

surpérflua: «Que queres que te faça?»

Bartimeu tinha gritado antes: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!», mas já não repete,

porque se sente envolvido agora pela onda de compaixão que a proximidade de Jesus irradia sobre

quem dele se aproxima. Agora só lhe falta ver com os seus próprios olhos esse homem que parou e o

mandou chamar.

«Mestre, que eu veja!»

Bartimeu sente-se discípulo, começa a reconhecer a palavra de Jesus como caminho e verdade e está

seguro de que essa palavra é também a luz que pode tirá-lo da sua noite.

«Vai, a tua fé te salvou».

E uma maré de luz sobe aos olhos de Bartimeu e desperta-o das trevas. Talvez só houvesse uma troca

de olhares, porque Jesus retoma imediatamente a caminhada para Jerusalém. Atrás dele, quase

pisando as suas pegadas, vai um novo discípulo, alguém que começou a ver o mundo à sua maneira,

alguém que não parece ter medo de seguir Jesus. Bartimeu aprendeu que ver é escolher e olhar com

intensidade uma só coisa: a vontade de Deus.

BARTIMEU COMEÇA A VER 9

Page 23: Firmes na fé   reuniões

23 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Para reflexão pessoal e de grupo

Também nós somos como que mendigos sentados à beira do caminho. Torna-te consciente das tuas

zonas escuras, das tuas cegueiras, daquilo que não te deixa ver a vida em profundidade, os outros e

Deus em tudo isso. Enumera algumas.

Também nos são dirigidas essas palavras de Jesus que têm a mesma força criadora do Deus do

Génesis: «Coragem, levanta-te!». Em que momentos já sentiste este imperativo?

A pergunta de Jesus: «Que queres que te faça?» é uma mão estendida em direcção a ti, para começar

contigo um diálogo. É um convite para que ponhas diante dele a tua cegueira e a tua pobreza e que

deixes que ele te cure e te devolva a luz e a possibilidade de o seguires pelo caminho. Coninua o

diálogo imaginando que Jesus te pergunta: «Que queres que te faça?».

Oração – Como o cego do caminho

Estou aqui, Senhor, como o cego do caminho.

Passas ao meu lado e não te vejo.

Tenho os olhos fechados à luz

E sinto neles como duras escamas que me impedem de ver.

Ao sentir os teus passos, ao ouvir a tua voz,

Sinto em mim um manancial a nascer,

Como uma ave que foge, a voar,

Como uma vida que grita por ti.

Procuro-te, desejo-te, preciso de ti

Para atravessar tantos caminhos na minha vida.

Senhor, cegam-me tantas coisas.

É a vida com as suas luzes de cores.

É o prazer com a sua força irresistível.

É o dinheiro com as suas cadeias que acorrentam.

Sinto em mim uma luta dura e sem piedade.

Senhor, abre-me os olhos da tua vida.

Quero pôr os meus olhos nos teus

E ler neles a tua amizade.

Quero ver o teu rosto, abrir os meus olhos à luz do Evangelho.

Quero olhar a vida de frente e com sentido.

Quero que a fé seja farol no meu caminho.

Quero ver em cada homem um irmão.

Quero procurar em tudo as tuas pegadas.

Como o cego do caminho, assim te procuro.

Compromisso

Olhar a vida com os olhos de Deus. Dar valor às coisas mais simples.

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24 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Iniciar o encontro discutindo sobre aquilo de que cada um sente mais falta.

Palavra de Deus 1Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade. 2Vivia ali um homem rico, chamado Zaqueu, que era chefe de cobradores de impostos. 3Procurava ver Jesus e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. 4Correndo à frente, subiu a um sicómoro para o ver, porque Ele devia passar por ali. 5Quando chegou àquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.» 6Ele desceu imediatamente e acolheu Jesus, cheio de alegria. 7Ao verem aquilo, murmuravam todos entre si, dizendo que tinha ido hospedar-se em casa de um pecador. 8Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: «Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém em qualquer coisa, vou restituir-lhe quatro vezes mais.» 9Jesus disse-lhe: «Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão; 10pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.» (Lc 19, 1-10)

Zaqueu

As pessoas vêem em Zaqueu um homem rico, de negócios duvidosos, colaborador dos romanos,

chefe de publicanos. Olham para ele tal como era fisicamente: pequeno de estatura, como se o seu

físico fosse a expressão da sua condição íntima.

Esse Jesus itinerante e incansável atravessa Jericó a caminho de Jerusalém e o povo acotovelava-se

para o ver passar. Zaqueu também tentava, mas era inútil, pois entre ele e a comitiva que passava

levantava-se uma muralha de gente. Só lhe restavam duas possibilidades: ou voltar para casa ou subir

para aquela árvore à beira do caminho.

Na árvore

Decidiu-se a ficar e subir. No meio da poeira aproximava-se Jesus, que Zaqueu queria conhecer e que

ia passar mesmo ali. Mas o que Zaqueu não esperava era que Jesus se detivesse inesperadamente

para o procurar. Os olhos de Zaqueu abriram-se como enormes janelas por onde entrou um

assombro infinito: era para ele que Jesus olhava! Era o seu nome que pronunciava! Era a ele que se

dirigia: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.»

Um novo Zaqueu

O resto da narração descreve uma cena luminosa a destacar-se sobre um fundo sombrio: a

murmuração dos que se empenham em continuar a ler a vida de Zaqueu como sempre fizeram. E a

crítica rancorosa inclui também Jesus, o homem das «más companhias».

Sobre estas sombras briha calorosamente a atitude de Zaqueu: a sua pressa jubilosa, a sua alegria, a

explosão da sua generosidade.

Jesus devolveu a Zaqueu o código secreto da sua identidade. A palavra de Jesus vence uma vez mais e

Zaqueu renasce, graças a ela. O olhar de Jesus tranformou o olhar sedento de Zaqueu.

ZAQUEU: PERDER PARA GANHAR 10

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25 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Para reflexão pessoal e de grupo

A narração do encontro continua aberta. A porta da casa onde se celebra o banquete está aberta

para que entremos. Tens coragem de entrar e fazer tua a sua experiência?

Revê as «tuas riquezas», a tua «pequena estatura». De que forma estes elementos da tua vida

tornam difícil o acesso a Jesus?

Descobre que situações, ideias, atitudes, talvez pessoas, representam um obstáculo para o teu

encontro com Jesus.

Qual a árvore, isto é, aquilo que na tua vida é meio para te encontrares com Jesus?

Lês a vida dos outros olhando as aparências ou com profundidade, com os olhos de Jesus?

Oração – Sl 143

Escuta, Senhor, a minha oração; pela tua fidelidade, atende as minhas súplicas; responde-me, pela tua justiça. 2Não chames a contas o teu servo, pois ninguém é justo na tua presença. 3Os meus inimigos perseguiram-me e deitaram-me por terra; obrigaram-me a viver nas trevas, como os que já morreram há muito tempo. 4O meu espírito desfalece dentro de mim, gelou-se-me o coração dentro do peito. 5Recordo os dias de outrora, medito em todas as tuas obras e penso nas maravilhas que realizaste. 6Ergo para ti as minhas mãos; como terra seca, a minha alma está sedenta de ti. 7Senhor, responde-me depressa; estou prestes a desfalecer! Não escondas de mim a tua face, pois seria como os que descem à sepultura. 8Faz que eu sinta, desde a manhã, a tua bondade, porque é em ti que eu confio. Mostra-me o caminho a seguir, porque para ti elevo a minha alma. 9Livra-me, Senhor, dos meus inimigos, porque em ti me refugio. 10Ensina-me a cumprir a tua vontade, pois Tu és o meu Deus. Que o teu espírito bondoso me conduza pelo caminho recto.

Compromisso

Repetir e actualizar a seguinte expressão: 6Ergo para ti as minhas mãos; como terra seca, a minha alma está sedenta de ti.

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26 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Começar a reunião com todos os elementos o mais separados possível uns dos outros e partilhar o

que sentem nessa posição.

Palavra de Deus 25Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» 26Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» 29Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. 34Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ 36Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»

37Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» (Lc 10, 25-37)

O samaritano

Os juízos de Jesus sobre as pessoas coincidem tão pouco com as nossas reacções espontâneas…

Jesus entra em provocação, ao escolher a terceira personagem que, só de nomeá-la, já despertava

rejeição e prevenção receosa. Nenhuma consideração sobre as virtudes deste samaritano é dada,

apenas uma referência à sua sensibilidade. Na bíblia as funções essenciais do homem e da mulher

são designadas pelos seus órgãos corporais (coração, boca, mãos…).

Os olhos do samaritano: estava um homem ferido na valeta e o samaritano «viu-o». Também «o

viram» o sacerdote e o levita, mas tinham passado adiante. A particularidade do olhar do samaritano

foi a sua «conexão» com o coração: «viu-o e teve compaixão». Mas não vai ficar num mero

sentimento de pena. Agora o seu coração põe-se em «conexão» com os pés, que o conduzem para o

homem da valeta: «aproximou-se». É nesse momento que o samaritano começa a tornar-se

«próximo».

As mãos do samaritano põem-se agora em acção: «fez os curativos», derramando azeite e vinho nas

feridas; e sentando-o na sua montada, levou-o a uma pensão e tratou dele. Finamente vai ser a sua

boca, a sua palavra, a comprometer-se até ao fim com a sorte do homem de quem se tornou

O SAMARITANO: TORNAR-SE PRÓXIMO 11

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27 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

definitivamente, próximo: «No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo:

‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’»

O nome do samaritano ficou no anonimato. Não recebeu agradecimentos nem felicitações de

ninguém, seguiu o seu caminho. Mas foi o homem que conseguiu cumprir todos os mandamentos da

Lei e os Profetas, ser próximo.

A medida do cristão é a da sensibilidade, pôr em estado alerta todo o seu ser, para responder

afectivamente às chamadas que lhe vêm do concreto e ser próximo.

Para reflexão pessoal e de grupo

Lede em grupo a parábola e actualizai-a, mudando para hoje as suas personagens e circunstâncias.

Que propostas concretas faríeis aos cristãos da vossa comunidade, no sentido de serem na sociedade

de hoje os «bons samaritanos»?

Já alguma vez vos aconteceu fazer de «bom samaritano»? Comentai essa experiência em grupo.

Oração – Sl 119 9Como poderá um jovem manter puro o seu caminho? Só guardando as tuas palavras. 10Eu procuro-te com todo o coração; não deixes que me afaste dos teus mandamentos. 11Guardo no meu coração as tuas promessas, para não pecar contra ti. 12Bendito sejas, Senhor! Ensina-me as tuas leis. 13Anuncio com os meus lábios todos os decretos da tua boca. 14Alegro-me mais em seguir as tuas ordens, do que em possuir qualquer riqueza. 15Meditarei nos teus preceitos e prestarei atenção aos teus caminhos. 16Hei-de alegrar-me com as tuas leis; não esquecerei as tuas palavras. 17 Concede ao teu servo uma longa vida e eu cumprirei as tuas palavras. 18Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei. 19Sou um peregrino nesta terra; não me escondas os teus mandamentos. 20A minha alma suspira sem cessar, desejando conhecer os teus juízos. 24Os teus preceitos são as minhas delícias; são eles os meus conselheiros.

Compromisso

Fazer o compromisso de ajudar alguém necessitado, tornar-se próximo de alguém.

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28 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Ambientação Começar o encontro partilhando as experiências surgidas do compromisso da reunião anterior.

Palavra de Deus 1Levantando os olhos, Jesus viu os ricos deitarem no cofre do tesouro as suas ofertas.

2Viu também uma viúva pobre deitar lá duas moedinhas 3e disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; 4pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.» (Lc 21, 1-4)

Ostentação

Jesus está sentado diante do lugar onde se depositam as oferendas. As pessoas importantes vão-se

aproximando para cumprir o dever da esmola e fazem-no com solenidade. Têm de se comportar

como verdadeiros cumpridores da Lei. Jesus vê e guarda silêncio.

Simplicidade

Depois, quase que uma sombra, chega uma mulher. O seu modo de vestir revela a sua condição de

viúva (nenhuma ajuda, nenhum apoio, todas as dificuldades). Leva na mão tudo o que tem e, seja

qual for a sua oferta, será demasiado para as suas posses. Mas…não deixou apenas uma parte do

tudo, deixou cair tudo o que guardava e perdeu-se na multidão.

Quando o muito é pouco

Jesus deixou-a seguir o seu caminho, não a felicita, Ele sabe que o nome da mulher já está escrito no

coração do Pai. Contentou-se com um comentário sóbrio de admiração dirigido aos seus discípulos:

«Esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; 4pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.» Mais uma vez o mestre exige uma mudança de critérios, de sentimentos, de juízos. A explicação de Jesus é também dirigida a cada um de nós. É um convite a uma avaliação diferente, a preferir outros critérios, a inclinar o coração para outra maneira de viver, que não a ostentação. Quem alguma vez fez a experiência de dar tudo, sabe que entra no caminho de uma alegria que ninguém pode arrebatar, pois só Deus basta.

A VIÚVA POBRE: ENTREGA TUDO 12

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29 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Para reflexão pessoal e de grupo

Lede este poema de R.Tagore e comentai-o a partir da vossa experiência:

«Andava eu a mendigar de porta em porta, pelo caminho do povoado, quando apareceu à distância o

teu carro dourado como um sonho brilhante. Fiquei maravilhado, perguntando-me quem seria esse

rei dos reis. Cresceram bem alto as minhas esperanças e pensei com os meus botões que os meus dias

maus tinham acabado; e fiquei à espera das esmolas dadas sem ser pedidas e de um monte de

riquezas espalhadas pelo chão.

O carro deteve-se ao meu lado. Olhaste-me e desceste com um sorriso nos lábios. Senti que, por fim,

tinha chegado a sorte à minha vida. De repente estendeste a mão direita, dizendo:

- Tens alguma coisa que me dês?

Que gesto de realeza tão estranho o teu de estender a palma da mão para pedir a um mendigo! Eu

estava confuso e fiquei indeciso. Depois, lentamente, tirei do meu saco um grãozinho de milho e dei-

to. Mas qual não foi a minha surpresa quando, no fim do dia, esvaziei o meu saco no chão e encontrei

um grãozito de ouro no meio do pobre monte.

Como chorei amargamente e como desejei ter tido coração para te dar tudo o que sou!»

Comentários ao poema.

Ligações com a vida real.

Que lições tirar do poema à luz da passagem evangélica.

Construir uma oração de entrega ao Senhor.

Oração – Sl 23 1O Senhor é meu pastor: nada me falta. 2 Em verdes prados me faz descansar e conduz-me às águas refrescantes. 3 Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome. 4Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo. A tua vara e o teu cajado dão-me confiança. 5Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos; ungiste com óleo a minha cabeça; a minha taça transbordou. 6 Na verdade, a tua bondade e o teu amor hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.

Compromisso

Analisar a caminhada feita até ao momento e oferecer ao Senhor tudo o que poderei ainda dar.

Perante a caminhada de fé realizada, elaborar um projecto de vida para o próximo ano.

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30 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Neste espaço apresentamos vários tipos de subsídios que podem ser utilizados pelos grupos nas

reuniões ou em outro tipo de eventos: celebrações, encontros paroquiais, etc.

A – Mensagens do Papa

B – Os “deuses” em que não creio

C – Um lago chamado “FÉ”

D – Acreditar em Deus

E – A fé “desfeinada”

F – Os cinco sentidos da fé

G – Crer e querer…

H – Lectio Divina

I – Para que os jovens rezem

J – Bíblia, uma longa história

K - Maria

L - Credo

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31 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

MENSAGEM DO SANTO PADRE

BENTO XVI

PARA O DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE XXVI

2011

" arraigados e fundados em Cristo, na fé " (cf. Col 2:07)

Queridos amigos, Penso com frequência na Jornada Mundial da Juventude de Sidney, em 2008. Ali, vivemos uma grande festa da fé, na qual o Espírito de Deus agiu com força, criando uma intensa comunhão entre os participantes, vindos de todas as partes do mundo. Aquele encontro, como os precedentes, produziu frutos abundantes na vida de muitos jovens e de toda a Igreja. Nosso olhar dirige-se agora para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri, no mês de agosto de 2011. Já em 1989, alguns meses antes da histórica queda do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez uma parada na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, no momento em que a Europa tem que voltar a encontrar suas raízes cristãs, fixamos nosso encontro em Madri, com o lema: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Convido-vos a este evento tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. Além disso, gostaria que todos os jovens, tanto os que compartilham nossa fé quanto os que hesitam, duvidam ou não creem, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, de seu amor por cada um de nós. 1. Nas fontes de vossas maiores aspirações Em cada época, também em nossos dias, numerosos jovens sentem o profundo desejo de que as relações interpessoais sejam vividas na verdade e na solidariedade. Muitos manifestam a aspiração de construir relações autênticas de amizade, de conhecer o verdadeiro amor, de fundar uma família unidade, de adquirir uma estabilidade pessoal e uma segurança real, que possam garantir um futuro sereno e feliz. Ao recordar minha juventude, vejo que, na verdade, a estabilidade e a segurança não são as questões que mais ocupam a mente dos jovens. Sim, a questão do lugar de trabalho, e com ela a de ter o futuro assegurado, é um problema grande e premente, mas ao mesmo tempo a juventude segue sendo a idade na qual se busca uma vida maior. Ao pensar em meus anos de então, simplesmente, não queríamos perder-nos na mediocridade da vida aburguesada. Queríamos o que era grande, novo. Queríamos encontrar a vida mesma em sua imensidão e beleza. Certamente, isso dependia também de nossa situação. Durante a ditadura nacional-socialista e a guerra, estivemos, por assim dizer, "encerrados" pelo poder dominante. Por isso, queríamos ir para fora, para entrar na abundância das possibilidades do ser homem. Mas creio que, em certo sentido, este impulso de ir mais além do habitual está em cada geração. Desejar algo mais que a cotidianidade regular de um emprego seguro e sentir o desejo do que é realmente grande faz parte do ser jovem. Trata-se somente de um sonho vazio que desaparece quando uma pessoa se torna adulta? Não, o homem, na verdade, está criado para o que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. Santo Agostinho tinha razão: nosso coração está inquieto, até que não descanse em Ti. O desejo da vida maior é um sinal de que Ele nos criou, de que levamos sua "marca". Deus é vida, e cada criatura tem a vida; de um modo único e especial, a pessoa humana, feita à imagem de Deus, aspira ao amor, à alegria e à paz. Então, compreendemos que

MENSAGENS DO PAPA A

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32 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

é um contrassenso pretender eliminar a Deus para que o homem viva. Deus é a fonte da vida; eliminá-lo equivale a separar-se desta fonte e, inevitavelmente, privar-se da plenitude e da alegria: "sem o Criador, a criatura se dilui" (Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Gaudium et Spes, 36). A cultura atual, em algumas partes do mundo, sobretudo no Ocidente, tende a excluir a Deus, ou a considerar a fé como um ato privado, sem nenhuma relevância na vida social. Embora o conjunto dos valores, que são o fundamento da sociedade, provenha do Evangelho – como o sentido da dignidade da pessoa, da solidariedade, do trabalho e da família -, constata-se uma espécie de "eclipse de Deus", uma certa amnésia, mais ainda, uma verdadeira rejeição do cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perder aquilo que mais profundamente nos caracteriza. Por esse motivo, queridos amigos, convido-vos a intensificar vosso caminho de fé em Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Vós sois o futuro da sociedade e da Igreja. Como escrevia o apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Colossos, é vital ter raízes e bases sólidas. Isso é verdade, especialmente hoje, quando muitos não têm pontos de referência estáveis para construir sua vida, sentindo-se assim profundamente inseguros. O relativismo que se difundiu, e para o qual tudo dá no mesmo e não existe nenhuma verdade, nem um ponto de referência absoluto, não gera verdadeira liberdade, mas instabilidade, desajuste e um conformismo com as modas do momento. Vós, jovens, tendes o direito de receber das gerações que vos precedem pontos firmes para fazer vossas opções e construir vossa vida, do mesmo modo que uma planta necessita de um apoio sólido até que cresçam suas raízes, para se converter em uma árvore robusta, capaz de produzir fruto. 2. Enraizados e edificados em Cristo Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de deter-me em três termos que São Paulo utiliza em: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). Aqui, podemos distinguir três imagens: "enraizado" evoca a árvore e as raízes que a alimentam; "edificado" refere-se à construção; "firme" alude ao crescimento da força física ou moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de comentá-las, é preciso assinalar que no texto original as três expressões, desde o ponto de vista gramatical, estão no passivo: quer dizer, que é Cristo mesmo quem toma a iniciativa de enraizar, edificar e tornar firmes os crentes. A primeira imagem é a da árvore, firmemente plantada no solo por meio de raízes, que lhe dão estabilidade e alimento. Sem as raízes, seria levada pelo vento, e morreria. Quais são nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura de nosso país são um componente muito importante de nossa identidade. A Bíblia mostra-nos outro mais. O profeta Jeremias escreve: "Bendito quem confia no Senhor e coloca no Senhor sua confiança. Será uma árvore planta junto á água, que junto às correntes lança suas raízes. Quando chega a estiagem, não a sentirá, sua folha estará verde; no ano da seca, não se inquieta, não deixa de dar fruto" (Jer 17, 7-8). Enraizar, para o profeta, significa voltar a colocar sua confiança em Deus. D'Ele vem nossa vida. Sem Ele, não poderíamos viver de verdade. "Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu Filho" (1 Jo 5, 11). Jesus mesmo apresenta-se como nossa vida (cf. Jo 14, 6). Por isso, a fé cristã não é somente crer na verdade, mas, sobretudo, é uma relação pessoal com Jesus Cristo. O encontro com o Filho de Deus proporciona um dinamismo novo a toda a existência. Quando começamos a ter uma relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos nossa identidade e, com sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Existe um momento na juventude em que cada um se pergunta: qual sentido tem minha vida, que finalidade, que rumo devo lhe dar? É uma fase fundamental que pode perturbar a mente, às vezes durante muito tempo. Pensa-se em qual será nosso trabalho, as relações sociais que devem se estabelecer, que afetos devem se desenvolver... Neste contexto, volto a pensar em minha juventude. De certo modo, logo percebi que o Senhor me queria sacerdote. Mas, mais adiante, depois da guerra, quando no seminário e na universidade me dirigia até essa meta, tive que reconquistar essa certeza. Tive que me perguntar: é esse, de verdade, meu caminho? É, de verdade, a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de permanecer-lhe fiel e estar totalmente à disposição d'Ele, a Seu serviço? Uma decisão assim também causa sofrimento. Não pode ser de outra maneira. Mas, depois, tive a verdade: está certo! Sim, o Senhor me quer, por isso me dará também a força; Escutando-lhe, estando com Ele, chego a ser eu mesmo. Não conta a realização de meus próprios desejos, mas sim Sua vontade. Assim, a vida torna-se autêntica. Como as raízes da árvore a mantém plantada firmemente na terra, assim os alicerces dão à casa uma estabilidade perdurável. Mediante a fé, estamos enraizados em Cristo (cf. Col 2, 7), assim como uma casa está construída sobre os alicerces. Na história sagrada, temos numerosos exemplos de santos que edificaram sua vida sobre a Palavra de Deus. O primeiro: Abraão. Nosso pai na fé obedeceu a Deus, que lhe pedia que deixasse a casa paterna para encaminhar-se a um país desconhecido. "Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus" (Tg 2, 23). Estar enraizados em Cristo significa responder concretamente ao chamado de Deus, confiando-se a Ele e colocando em prática Sua Palavra. Jesus mesmo repreende a seus discípulos: "Por que me chamais 'Senhor, Senhor!' e não fazeis o que vos digo?" (Lc 6, 46). E recorrendo à imagem da construção da casa, complementa: "Todo aquele que vem a mim ouve as

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33 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

minhas palavras e as pratica [...] é semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída" (Lc 6, 47-48). Queridos amigos, construí vossa casa sobre a rocha, como o homem que "cavou bem fundo". Tentai também vós acolher a cada dia a Palavra de Cristo. Escutai-o como ao verdadeiro Amigo com quem compartilhar o caminho de vossa vida. Com Ele ao vosso lado, sereis capazes de afrontar com valentia e esperança as dificuldades, os problemas, também as desilusões e os fracassos. Continuamente apresentar-vos-ão propostas mais fáceis, mas vós mesmos percebereis que se revelam como enganosas, não dão serenidade nem alegria. Somente a Palavra de Deus mostra-nos o caminho autêntico, somente a fé que nos foi transmitida é a luz que ilumina o caminho. Acolhei com gratidão este dom espiritual que haveis recebido de vossas famílias e esforçai-vos para responder com responsabilidade ao chamado de Deus, convertendo-vos em adultos na fé. Não creiais nos que dizem que não necessitais dos outros para construir vossa vida. Apoiai-vos, ao contrário, na fé de vossos entes queridos, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por tê-la recebido e tê-la feito vossa. 3. Firmes na fé Estai "enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2, 7). A carta, da qual foi tirado esse convite, foi escrita por São Paulo para responder a uma necessidade concreta dos cristãos da cidade de Colossos. Aquela comunidade, de fato, estava ameaçada pela influência de certas tendências culturais da época, que afastavam os fiéis do Evangelho. Nosso contexto cultural, queridos jovens, tem numerosas analogias com o dos colossenses de então. Com efeito, há uma forte corrente de pensamento laicista que deseja afastar Deus da vida das pessoas e da sociedade, lançando as bases e tentando criar um "paraíso" sem Ele. Mas a existência ensina que o mundo sem Deus converte-se em um "inferno", onde prevalece o egoísmo, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e os povos, a falta de amor, alegria e esperança. Ao contrário, quando as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, Lhe adoram em verdade e escutam Sua voz, constrói-se concretamente a civilização do amor, onde cada um é respeitado em sua dignidade e cresce a comunhão, com os frutos que isso implica. Há cristãos que se deixam seduzir pelo modo de pensar laicista, ou são atraídos por correntes religiosas que lhes afastam da fé em Jesus Cristo. Outros, sem deixar-se seduzir por elas, simplesmente deixaram que se esfriasse a sua fé, com as inevitáveis consequências negativas no plano moral. O apóstolo Paulo recorda aos irmãos, contagiados pelas ideias contrárias ao Evangelho, o poder de Cristo morto e ressuscitado. Esse mistério é o fundamento de nossa vida, o centro da fé cristã. Todas as filosofias que o ignoram, considerando-o "loucura" (1 Co 1, 23), mostram seus limites antes as grandes perguntas presentes no coração do homem. Por isso, também eu, como Sucessor do apóstolo Pedro, desejo confirmar-vos na fé (cf. Lc 22, 32), Cremos firmemente que Jesus Cristo se entregou na Cruz para oferecer-nos Seu amor; em sua paixão, suportou nossos sofrimentos, carregou nossos pecados, alcançou-nos o perdão e reconciliou-nos com Deus Pai, abrindo-nos o caminho da vida eterna. Deste modo, fomos libertados do que mais paralisa nossa vida: a escravidão do pecado, e podemos amar a todos, inclusive aos inimigos, e compartilhar este amor com os irmãos mais pobres e em dificuldade. Queridos amigos, a cruz geralmente provoca medo, porque parece ser a negação da vida. Na verdade, é o contrário. É o "sim" de Deus ao homem, a expressão máxima de seu amor e a fonte de onde emana a vida eterna. De fato, do coração de Jesus aberto na cruz brotou a vida divina, sempre disponível para quem aceita olhar ao Crucificado. Por isso, quero convidar-vos a acolher a cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova. Sem Cristo, morto e ressuscitado, não há salvação. Somente Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino da justiça, paz e amor, ao que todos aspiramos. 4. Crer em Jesus Cristo sem vê-Lo No Evangelho, é-nos descrita a experiência de fé do apóstolo Tomé quando acolhe o mistério da cruz e ressurreição de Cristo. Tomé, um dos doze apóstolos, seguiu a Jesus, foi testemunha direta de suas curas e milagres, escutou suas palavras, viveu o espanto ante sua morte. Na tarde da Páscoa, o Senhor aparece aos discípulos, mas Tomé não está presente, e quando lhe contam que Jesus está vivo e apareceu a eles, diz: "Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei" (Jo 20, 25). Também nós gostaríamos de poder ver a Jesus, poder falar com Ele, sentir mais intensamente ainda sua presença. Muitos hoje acham difícil ter acesso a Jesus. Muitas das imagens que circulam de Jesus, e que se fazem passar por científicas, lhe tiram sua grandeza e a singularidade de sua pessoa. Por isso, ao longo de meus anos de estudo e meditação, fui amadurecendo a ideia de transmitir em um livro algo de meu encontro pessoal com Jesus, para ajudar de alguma forma a

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ver, escutar e tocar ao Senhor, em quem Deus saiu ao nosso encontro para se deixar conhecer. De fato, Jesus mesmo, aparecendo novamente aos discípulos depois de oito dias, diz a Tomé: "Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé" (Jo 20, 27). Também para nós é possível ter um contato sensível com Jesus, colocar, por assim dizer, a mão nos sinais de Sua Paixão, os sinais de seu amor. Nos Sacramentos, Ele vem até nós de uma forma particular, entrega-se a nós. Queridos jovens, aprendei a "ver", a "encontrar" a Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo até entregar-se como alimento para nosso caminho; no Sacramento da Penitência, onde o Senhor manifesta sua misericórdia oferecendo-nos sempre seu perdão. Reconhecei e servi a Jesus também nos pobres e enfermos, nos irmãos que estão em dificuldade e necessitam de ajuda. Iniciai e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conhecei-O mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica; falai com Ele na oração, confiai n'Ele. Nunca vos trairá. "A fé é, antes de tudo, uma adesão pessoal do homem a Deus; é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou" (Catecismo da Igreja Católica, 150). Assim, podereis adquirir uma fé madura, sólida, que não se funda unicamente em um sentimento religioso ou em uma vaga recordação do catecismo de vossa infância. Podereis conhecer a Deus e viver autenticamente d'Ele, como o apóstolo Tomé, quanto professou abertamente sua fé em Jesus: "Meu Senhor e meu Deus". 5. Sustentados pela fé da Igreja, para ser testemunhas Naquele momento, Jesus exclama: "Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!" (Jo 20, 29). Pensava no caminho da Igreja, fundada sobre a fé das testemunhas oculares: os Apóstolos. Compreendemos agora que nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está vinculada à fé da Igreja: não somos crentes isolados, mas sim, mediante o Batismo, somos membros desta grande família, e é a fé professada pela Igreja que assegura nossa fé pessoal. O Credo que proclamamos a cada domingo na Eucaristia protege-nos precisamente do perigo de crer em um Deus que não é o que Jesus nos revelou: "Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser amparado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para amparar os outros na fé" (Catecismo da Igreja Católica, 166). Agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela nos faz progredir com segurança na fé, que nos dá a verdadeira vida (cf. Jo 20, 31). Na história da Igreja, os santos e mártires tiraram da cruz gloriosa a força para serem fiéis a Deus até a entrega de si mesmos; na fé, encontraram a força para vencer as próprias debilidades e superar toda a adversidade. De fato, como diz o apóstolo João: "Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" (1 Jo 5, 5). A vitória que nasce da fé é a do amor. Quantos cristãos foram e são um testemunho vivo da força da fé que se expressa na caridade. Foram artífices da paz, promotores da justiça, animadores de um mundo mais humano, um mundo segundo Deus; comprometeram-se em diferentes âmbitos da vida social, com competência e profissionalismo, contribuindo eficazmente para o bem de todos. A caridade que brota da fé lhes levou a dar um testemunho muito concreto, com a palavra e as obras. Cristo não é um bem somente para nós mesmos, mas é o bem mais precioso que temos para compartilhar com os demais. Na era da globalização, sejais testemunhas da esperança cristã no mundo todo: são muitos os que desejam receber esta esperança. Ante o sepulcro do amigo lázaro, morto há quatro dias, Jesus, antes de voltar a chamá-lo a vida, diz a sua irmã Marta: "Se credes, vereis a glória de Deus" (Jo 11, 40). Também, vós, se credes, se souberdes viver e dar, a cada dia, testemunho de vossa fé, sereis um instrumento que ajudará a outros jovens como vós a encontrar o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Cristo. 6. Rumo à Jornada Mundial de Madri Queridos amigos, vos reitero o convite a participar da Jornada Mundial da Juventude em Madri. Com profunda alegria, espero a cada um pessoalmente, Cristo quer assegurar-vos na fé por meio da Igreja. A escolha de crer em Deus e segui-Lo não é fácil. Vê-se obstaculizada por nossas infidelidades pessoais e por muitas vozes que nos sugerem vias mais fáceis. Não vos desanimeis, buscai o apoio da comunidade cristã, o apoio da Igreja. Ao longo deste ano, preparai-vos intensamente para o encontro de Madri com vossos bispos, sacerdotes e responsáveis da pastoral juvenil nas dioceses, nas comunidades paroquiais, nas associações e movimentos. A qualidade de nosso encontro dependerá, sobretudo, da preparação espiritual, da oração, da escuta em comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco. Queridos jovens, a Igreja conta convosco. Necessita de vossa fé viva, vossa caridade criativa e o dinamismo de vossa esperança. Vossa presença renova a Igreja, rejuvenesce-a e lhe dá um novo impulso. Por isso, as Jornadas Mundiais da Juventude são uma graça não somente para vós, mas para todo o Povo de Deus. A Igreja na Espanha está preparando-se intensamente para acolher-vos e viver a experiência gozosa da fé. Agradeço às dioceses, paróquias, santuários,

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comunidades religiosas, associações e movimentos eclesiais que estão trabalhando com generosidade na preparação deste evento. O Senhor não deixará de abençoá-los. Que a Virgem Maria acompanhe este caminho de preparação. Ela, no anúncio do Anjo, acolheu com fé a Palavra de Deus; com fé consentiu que a obra de Deus se cumprisse nele. Pronunciando seu "fiat", recebeu o dom de uma caridade imensa, que a impulsionou a se entregar inteiramente a Deus. Que Ela interceda por todos vós, para que na próxima Jornada Mundial possais crescer na fé e no amor. Asseguro-vos minha recordação paterna na oração e vos bendigo de coração. Dado no Vaticano, aos 6 de agosto de 2010, Festa da Transfiguração do Senhor.

ANGELUS

Domingo, 5 de Setembro de 2010

Queridos irmãos e irmãs!

Quero apresentar brevemente a minha Mensagem - Publicada nos últimos dias - para os jovens do mundo para XXVI Jornada Mundial da Juventude, a ser realizada em Madrid, entre menos de um ano.

O tema que escolhi para esta Mensagem tem uma expressão de Carta aos Colossenses Apóstolo Paulo: " Enraizados e fundados em Cristo, na fé " ( 2.7). É definitivamente uma proposta contra a corrente! Quem , por exemplo, agora oferece aos jovens a " raiz "e "equilíbrio" ? Em vez disso, ele destaca a incerteza , mobilidade, volatilidade ... que reflectem uma cultura de indecisão sobre os valores básicos, princípios pelos quais a orientar e regular a sua vida. Na verdade, eu, pela minha experiência e contactos que tenho com os jovens , sei que cada geração , na verdade cada pessoa só é chamada a fazer novamente o caminho de descobrir o sentido da vida . E é precisamente por isso que eu queria repetir uma mensagem, de acordo com o estilo bíblico, evoca imagens da árvore ea casa. Para o jovem é como uma árvore crescente necessidade de desenvolver boas raízes profundas , que , em caso de tempestades de vento, manter firmemente plantados no solo. Assim, a imagem do prédio em construção, recorda a necessidade de uma base sólida, porque a casa é sólida e segura.

E aqui é o coração da Mensagem: É na expressão "em Cristo" e " fé ". A maturidade da pessoa, a sua estabilidade interna, têm suas raízes na relação com Deus, uma relação que passa pelo encontro com Jesus Cristo. A relação de confiança profunda amizade, o verdadeiro com Jesus pode dar a um jovem que eles precisam para enfrentar a boa vida, serenidade e luz interior, a capacidade de pensar positivamente, a amplitude da mente para outros, a disponibilidade pessoalmente a pagar para a justiça , o bem e a verdade. Por último, mas muito importante: para se tornar um crente , o jovem é sustentada pela fé da Igreja , e se nenhum homem é uma ilha, muito menos que a Igreja Cristã em descobrir a beleza da fé compartilhada e testemunha de outro em companheirismo e serviço da caridade.

Minha Mensagem à juventude é datada de 06 de Agosto, festa da Transfiguração do Senhor . Que a luz do rosto de Cristo brilha no coração de cada jovem! E a Virgem Maria, acompanhada de sua maneira de proteger a comunidade e grupos de jovens para a assembleia geral Madrid 2011.

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Gostava de fazer-te uma pergunta antiga: acreditas em Deus? E depois deixar-te a pensar… Mas, antes de te deixar a pensar, ou talvez a conversar com Ele, deixa-me despertar a tua atenção para um perigo: andam por aí muitos ídolos e falsos deuses de quem se fala. Não porque haja muitos deuses, mas sim porque há muitas imagens distorcidas de Deus. É que ninguém espreita pelo buraco da fechadura do Céu para ver quem é Deus. A única hipótese que temos de o conhecer é Ele revelar-se por Amor a nós, gratuitamente. Sem esta Revelação de Deus, a religião não é mais do que a construção de imagens de Deus, que nada têm de Boa Notícia. O Homem põe-se a imaginar Deus à sua imagem e semelhança, elevando-o ao infinito para o melhor e para o pior. Por isso, o cristianismo é antes de mais a revelação de Deus em Jesus Cristo, como plenitude do Seu Projecto de Amor para todos os homens. Esta é a Fé que professamos, este é o Deus que conhecemos, o revelado em Jesus de Nazaré. Infelizmente, temos muitas vezes transformado esta Fé viva e vivificante no Deus Amor de Jesus Ressuscitado, numa religiosidade vazia de vida, própria de figuras de cera feitas por encomenda e imagens de santos com um ar adoentado. Precisamos de acordar a Fé dos cristãos que adormeceram na religião das piedades fáceis e das promessas descartáveis. Precisamos de fazer renascer a Igreja para a sua missão profética no mundo de anúncio da Boa-Nova de Jesus, sempre inquietante e provocadora para os corações abertos à Vida. Precisamos de renascer nós, ao nível do Coração, porque esta Igreja, Corpo vivo de profetas, somos nós. O mundo precisa de ti, para se tornar um lugar mais habitável. O mundo precisa de Deus, para que a vida ganhe sentido, nos horizontes largos, infinitos, plenos do Seu Amor. Sim, é verdade: o mundo precisa de Deus, mas daquele que se revelou no Profeta incómodo de Nazaré. Por isso, se alguém te voltar a perguntar, um dia destes, se tu acreditas em Deus, responde-lhe assim: “Perguntas-me se acredito em Deus? Diz-me primeiro por qual Deus me estás a perguntar, e eu te direi se acredito ou não.” Porque andam por aí muitas caricaturas… É importante termos claro em quem não acreditamos! É fundamental conhecer os rostos distorcidos a quem nos recusamos chamar “nosso Deus”! Vou partilhar contigo as imagens de Deus nas quais eu me recuso a acreditar. Recuso-me a acreditar no deus todo-poderoso, um deus que tem poder para fazer absolutamente tudo, diante do qual a atitude sensata a ter é jogar à defesa e domesticá-lo com oferendas, cultos e bons comportamentos, não vá ele virar-se contra nós… Recuso-me a acreditar no deus merceeiro, um deus que tira o lápis de detrás da orelha e faz permanentemente anotações no seu caderninho de deve-haver em que todos os nomes estão registados e do qual todas as dívidas serão saldadas, mais tarde ou mais cedo… Recuso-me a acreditar no deus bombeiro, um deus de emergência que só serve quando a vida nos começa a arder, aquele que não interessa nada a ninguém em nenhum momento mas se torna imprescindível quando já ninguém sabe como há-de resolver os problemas… Recuso-me a acreditar no deus VIP, um deus que se retrai do trato com os humildes para se tornar património de elites sabedoras dos seus segredos para as quais reserva as suas regras especiais e as benesses correspondentes…

OS “DEUSES” EM QUE NÃO CREIO B

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Recuso-me a acreditar no deus catedrático, um deus complicado que só está ao alcance de inteligentes e estudiosos, com quem dialogar é tarefa complicada que obedece a normas e rituais só à mão de uns poucos versados nessas artes mas impossível aos homens simples, ainda que de coração grande… Recuso-me a acreditar no deus securita, um deus que permanentemente apanhamos a espreitar nos buracos da fechadura da nossa vida, espiando e condenando os nossos sonhos, vontades e projectos por não terem passado pelo seu crivo, e segue cada um dos nossos passos com um vinco na testa e um dedo apontado… Recuso-me a acreditar no deus sádico, um deus que pede aos homens agruras que nem ele estaria disposto a aceitar, que para prometer uma qualquer vida depois da morte estraga a vida aos homens antes da morte, com as suas imposições e leis castrantes… Recuso-me a acreditar nestes deuses todos porque amesquinham o homem, empequenecem-no, tiram-lhe dignidade! Recuso-me a acreditar neles porque as suas supostas palavras são como espinhos que se cravam no coração da gente, nunca trazendo consigo motivos para a alegria, a esperança ou o recomeço de vida! Recuso-me a acreditar neles porque as suas supostas vontades são como um lastro pesado que se cola ao coração humano, amarrando-o, tolhendo-o, impedindo-o de aprender o gozo de viver, a arte de ser livre e o risco de amar! E, acima de tudo, recuso-me a acreditar nestes deuses e em todos os outros parecidos com estes, porque nenhum deles se revelou em Jesus Cristo! Fazem mal aos homens e estragam a vida àqueles que foram ensinados a acreditar neles, nunca saboreando o abraço libertador de Cristo nem a força recriadora das suas palavras que brotam da intimidade com um Deus Diferente… Estes deuses fazem tanto mal aos homens e dizem tanto mal de Deus, que acho que a sorte que eles têm é não existirem mesmo, porque se não eu ia atrás deles com uma pistola e havia de descobri-los a todos, atrás de qualquer nuvem ou no cume de um rochedo e, então, matava-os, um por um e para sempre:

“BANG-BANG! ESTÁS MORTO, EM NOME DO DEUS DE JESUS DE NAZARÉ!!!”

Rui Santiago cssr http://www.jovensredentoristas.com

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Hoje vou falar-te de um Lago. Imagina: um Lago muito grande, bonito…. Juntos, damo-nos conta de que a água da margem do Lago não é límpida, não porque o Lago seja sujo, mas porque na margem a água sempre se mistura com o lodo e com a terra. E nós não gostamos muito de águas turvas… Por isso, começamos a estender o nosso olhar para o centro do Lago, e damo-nos conta de que, quanto mais nos afastamos da margem em direcção ao centro, mais límpidas as águas se tornam. Aí, no centro do Lago, a água torna-se tão cristalina que até podemos matar a nossa sede com ela, mas não com a água das margens. Deixa-me então conduzir-te no meu barco até ao centro deste Lago que se chama “Fé”. Sim, um Lago chamado Fé, porque também a Fé tem margens de crenças turvas, doutrinas pouco límpidas e religiosidades que não dessedentam a sede de Vida de nenhum coração. Um Lago chamado Fé, porque também temos que lhe descobrir o centro, o fundamental, onde a água se torna cristalina, espelho do rosto de Deus e fonte permanente de Vida Nova. Ter Fé não é possuir um produto, mas sim viver uma relação de confiança. Conheço cabeças cheias de doutrinas religiosas que coabitam com corações vazios de Fé. Então, começam a chamar Fé ao saber dessas doutrinas. É a “fé de pacote”: o que importa é ter no seu domínio o “pacote” completo das verdades aprendidas de Deus e as rezas a condizer, de preferência sabidas de cor! O pior é que nós depois bem vemos no que isso dá: ou se cai no alheamento do mundo e dos outros em nome de uma piedade intimista de devoções vazias, ou se cai no farisaísmo em nome de uma suposta lei de Deus, que está nas mãos dessa devota gente, zelosa dos bons costumes, sobretudo dos dos outros. Sabes, amigo, esta “fé de pacote”, esta fé que não faz das pessoas mais felizes, não vem de Deus, podes estar descansado! Esta é criação dos Homens! Eu vou-te dizer onde é que está a causa: o problema do costume é continuarmos sempre a confundir religião e Fé. Religião é a necessidade natural do Homem em acreditar numa divindade salvadora, para lá da história; acima de tudo, é a procura incessante do Homem, desde os primórdios, por uma salvação da vida, sobretudo diante do mistério do sofrimento e da morte. A religião é um movimento do Homem à procura de Deus, mas segundo as suas próprias forças, critérios e limitações. Mas a Fé, esta é uma experiência contrária do coração humano. É fazer a experiência do movimento de Deus à procura do Homem, e o acolhimento da Sua força, dos Seus critérios transformadores e do Seu Amor recriador. A Fé Cristã é o reconhecimento deste Amor fiel de Deus que vem ao nosso encontro desde sempre como proposta de Vida Nova e se encontra connosco definitivamente em Jesus Cristo, a ponto de nele nos assumir como membros da Sua própria Família. Quando um Cristão diz que tem Fé, tem que dizer muito mais do que “eu acredito que Deus existe.” Há milhões de homens e mulheres no mundo que também dizem “eu acredito em Deus, eu sei que Ele existe”, e nem por isso têm Fé Cristã. Porque esta é ao jeito de Jesus, o Cristo, no qual acreditar não é a prova de uma existência, mas sim o selo de uma relação de confiança. Isto é tão simples… Olha e vê: quando duas pessoas que se amam dizem uma à outra “eu acredito em ti!”, não estão certamente a dizer uma à outra “eu sei que tu existes.” “Eu acredito em ti”, no contexto de amor entre pessoas, significa: “eu confio em ti e eu confio-me a ti, porque te amo e sei que me amas!” Deus é Amor!!! Porque é que quando dizemos “acredito em Deus”, isso significa “eu sei que Ele existe”, e não “confio em Deus e confio-me a Deus, porque O amo e sei que Ele me ama”?! Só esta é a Fé que nos interessa, porque só esta brota de Jesus e do acolhimento do seu Espírito. O resto, que

UM LAGO CHAMADO “FÉ” C

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nos entra tantas vezes pelos olhos dentro, é fé das margens do Lago: turva, misturada com muita terra e lodo, que não limpa nem mata a sede. Há gente que, em nome de uma “fé aprendida”, passa a vida inteira escrava de normas rituais e leis de culto, que em nada são o rosto do Deus de Jesus Cristo, aquele Messias subversivo que há 2000 anos libertou os seus discípulos dos rituais balofos e dos cultos vazios. Acho que o profeta de Nazaré não reconheceria hoje a Sua Igreja… Como há 2000 anos vergastou o templo de Jerusalém, também hoje voltaria a “pôr em pantanas” este Templo de Deus que é cada um de nós, tantas vezes cheio de tantos nadas. Como há 2000 anos, voltaria a libertar-nos da lógica de um “deus de mortos”, e chamar-nos-ia à Vida que brota em nós, se nos abrirmos ao Deus Vivo. Como há 2000 anos, rasgar-nos-ia o coração e deitaria fora o “pacote religioso de verdades aprendidas e rezas sabidas de cor”, a que tantas vezes chamamos fé. E depois, Ele nos pegaria e conduziria pela mão à verdadeira experiência da Fé, ensinando-nos os segredos do Amor de Deus e movendo-nos à confiança n’Ele. Aprenderíamos de novo com Ele a conversar com Deus como se fala com um amigo absolutamente fiel. Irromperia no nosso coração a alegria da oração, e passaríamos a viver com Deus no centro dos nossos dias. Sim, como há 2000 anos, o Messias-Profeta de Nazaré convidaria os seus discípulos a querer muito mais do que lhes tinham ensinado… Dir-lhes-ia que era possível, que estava sempre com eles até ao fim, que lhes enviava o seu Espírito como certeza de vitória. Eu te garanto: como há 2000 anos, Jesus diria de novo “Vem e segue-me!” a todos os seus.

“Vem e segue-me!” pelos caminhos da Fé que liberta, da Esperança que nos faz fortes e do Amor que nos faz saborear a Salvação. Tenho a certeza que hoje Jesus diria tudo isto… Como aliás, acabou dizer….

Rui Santiago cssr http://www.jovensredentoristas.com

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Ao contrário do que muitos pensam “acreditar em Deus” não consiste em afirmar que Deus

existe embora não se possa provar cientificamente. Acreditar em Deus é, acima de tudo, aceitar confiar em Deus com a certeza de estar apoiado numa realidade segura.

No Antigo Testamento podem-se identificar três características fundantes da fé.

Acreditar é uma opção de vida que implica confiança total em Deus.

Acreditar é um acto de escuta, de acolhimento. É um “sim” fiel e sem condições dado a Deus.

Acreditar é uma resposta livre da pessoa à iniciativa de Deus.

No Novo Testamento a experiência de fé concentra-se em Jesus de Nazaré, reconhecido como Senhor e Filho de Deus, que nos salva com a sua Páscoa de morte e ressurreição.

Quando falamos de fé falamos de uma realidade que tem sempre duas faces, como uma moeda: uma objectiva e outra subjectiva.

O núcleo da fé é a confiança e o encontro com o Deus que salva em Jesus Cristo. Mas esta confiança pede o acolhimento dos conteúdos referidos ao Deus que salva. Estes conteúdos são acolhidos não porque haja uma qualquer demonstração objectiva mas porque há uma relação de confiança absoluta em Deus.

Em Jesus Cristo passámos a conhecer definitivamente o rosto de Deus. Um Deus que é “família”. Que é Pai, Filho e Espírito Santo. Três pessoas diferentes, unidas pelo amor. Uma família divina que, agora, é também a nossa.

Acreditar em Deus é um encontro entre o Tu de Deus, que se auto-revela na história, e a resposta livre de cada um de nós, que se confia a Ele. Este processo funciona com total liberdade para as duas partes: Deus e o homem. Esta comunhão com Deus dá-se em liberdade perfeita.

Dizer “acredito em Deus” é sinónimo de dizer “acreditamos em Deus”. A comunidade de fé (a Igreja) é anterior ao sujeito. Cada um de nós só pode acreditar em Deus porque O descobriu na Igreja: no testemunho dos irmãos, na sua celebração de fé, na Palavra escrita… Mas, ao mesmo tempo, sempre que um de nós acredita, entra em comunhão com os outros que também acreditam. E por isso o “acredito” torna-se em “acreditamos”.

O tema da fé deve também ser estudado em relação com a prática de vida da pessoa. Essa relação de total confiança em Deus, essa adesão a uma certa verdade sobre Deus traz consequências para o estilo de vida, para os valores, para o tipo de acção da pessoa. Acreditar num Deus que é amor tem consequências. Ao acreditar n’Ele, ficamos mudados e tornamo-nos como Ele: capazes de amar como Ele.

GPS3

ACREDITAR EM DEUS D

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Ontem à tarde fui tomar café com um grupo de amigos. Sentados à mesa, houve um deles que

pediu um café descafeinado. E dá-me sempre que pensar, quando alguém à minha beira pede um

café descafeinado. Acho uma invenção muito estranha. Sabes o que é um café descafeinado, não

sabes? Sabe a café, cheira a café, parece café… mas já não tira o sono. Arranjámos um modo de ficar

na boca com o gosto do café, mas de maneira a que depois possamos dormir tranquilamente.

E quando penso no café descafeinado, lembro-me sempre que se meteu muito esta lógica, no

cristianismo dos últimos tempos. Às vezes, parece que não há muito mais do que uma fé desfeinada.

Sabe a fé, cheira a fé, parece fé… mas já não muda nada, não nos transforma, nem transforma à

nossa volta. Parece que lhe tiramos muitas vezes a força transformadora e recriadora de corações –

como tirámos a cafeína ao café. Parece que fizemos da fé um suceder de rituais aprendidos, mas que

já não nos põe em casa, não nos faz estar despertos para a vida, não nos mantém acordados no

acolhimento e anúncio da palavra.

Às vezes, sentamo-nos num banco de Igreja como numa mesa onde se toma um café

descafeinado. Bebemos a nossa dose, cumprimos o ritual, deixamos nas bordas do coração um travo

leve de fé, mas de maneira a que não nos tire o sono, não nos estimule nem desinquiete, de maneira

a que não nos possa dizer que temos de mudar. Depois, costumamos levantar-nos e seguir o nosso

caminho, como se nem sequer nos tivéssemos sentado…

Rui Santiago, cssr

FÉ DESFEINADA E

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Os nossos SENTIDOS são o que nos põe em contacto com o mundo e com os outros. Somos talhados para o diálogo, para o encontro, a relação, porque só em contexto de encontro interpessoal nos construímos “por dentro”, lá onde o Homem se torna Humano. Mas, como tudo, à luz da Fé os Sentidos podem falar-nos de um “algo mais” que eles sozinhos não revelam… Acompanha-me… VISÃO Deus disse ao profeta Samuel: “Enche um chifre com óleo, e vai a Jessé, um ancião de Belém, porque EU escolhi um rei para o meu povo entre os seus filhos. Tu darás por mim a unção àquele que EU te indicar.” Samuel fez como Deus lhe disse. Ao chegar a casa de Jessé, Samuel viu Eliab e pensou de si para consigo: “Certamente é este o ungido do Senhor:” Mas Deus disse a Samuel: “Não te deixes impressionar pelo seu belo aspecto, nem pela sua alta estatura, pois EU não o escolhi! O que tu vês não importa; o homem vê as aparências, mas EU vejo o coração…” (1 Sam 16, 1-13) Ver com o coração é ultrapassar a casca das aparências. É ver como Deus vê! Isto só é possível a partir da intimidade com Deus, pelo conhecimento interior da Sua Palavra. Só assim vão desabrochando em nós os Seus critérios. Os critérios da Palavra em nós são como que “óculos” novos a partir dos quais podemos começar a ver a realidade, a que nos rodeia e a que construímos. De facto, as coisas nunca são apenas o que são… são também o modo como as vemos! E é o modo como as vemos, os “óculos” com que as olhamos e a “luz” com que as iluminamos que nos fazem agir ou reagir de uma determinada maneira e não de outra. Se aprendermos todos os dias a iluminar a realidade com a “luz” da Palavra de Deus e a olhá-la com os “óculos” do Espírito Santo, acontecerá em nós, quotidianamente, o milagre da transformação… AUDIÇÃO Eis o que diz o Senhor: Atenção! Todos vós que tendes sede, vinde beber desta água! Mesmo os que não tendes dinheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é tudo de Graça! Porque gastais o vosso dinheiro naquilo que não vos alimenta? Porque gastais o vosso salário naquilo que não pode saciar-vos?! Se me escutardes, haveis de comer do melhor e saborear pratos deliciosos. Prestai-me atenção e vinde a mim. Escutai-me e vivereis! Assim como a chuva e a neve descem do céu e não voltam mais para lá senão depois de terem empapado a terra, de a terem fecundado e feito germinar para que dê semente ao semeador e pão para comer, assim acontece com a Palavra que sai da minha boca: ela não volta para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade e sem ter cumprido a sua missão! (Is 55, 1-3. 10-11) Escutar a Palavra de Deus não é uma tarefa dos ouvidos mas sim do coração. Os ouvidos podem, muitas vezes, ouvir algumas mediações da Palavra, mas essa, só o coração a pode escutar, compreender e fazer germinar em frutos de Vida Nova. A Palavra de Deus é Deus-Palavra, Deus a dizer-Se, a comunicar-Se, a fazer-Se encontro connosco e em nós. Deus não tem palavras para dizer, Deus não diz coisas, blá-blá-blá… Deus é Palavra, Deus diz-se! E o jeito de Deus Se dizer não é um som, uma voz, uma escrita, uma codificação linguística, mas sim uma Relação. Só nos dizemos verdadeiramente a alguém, só nos comunicamos realmente a alguém através de relações, não através de palavras. Somos o que Somos, não o que dizemos! A

OS CINCO SENTIDOS DA FÉ F

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Palavra de Deus é isto mesmo. Deus a encontrar-Se connosco numa discreta, profunda e transformante relação de Amor. Escutar a Palavra de Deus não é ouvir as coisas que Deus diz, mas “dar espaço” interior à Sua acção para que Ele Se diga antes, em nós. E é esta atitude de disponibilidade que, como em lume brando, nos vai apurando a vida e transformando o coração para sermos cada vez mais ao Seu jeito…

PALADAR Enquanto comiam, Jesus e os seus discípulos, Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-o aos discípulos dizendo: “Tomai, comei! Isto é o meu corpo…” Depois, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: “Bebei dele todos!” (Mt 26, 26-29) Comer e beber é muito mais que encher a barriga. Os animais comem comida, mas nós comemos refeições. Porque os humanos tornaram a hora da comida em refeição, um encontro entre pessoas. À mesa, estamos todos face-a-face. É um lugar privilegiado de encontro e comunhão, partilha de intimidades e narração de histórias. Por isso comemos à mesa, e não numa manjedoura! Para nos encontrarmos, cara-a-cara uns com os outros, e não cara-a-cara com a comida como acontece nas manjedouras! Comer é um símbolo bíblico muito importante para falar de encontro, comunhão, convivialidade, acolhimento e intimidade. Sentar alguém à nossa mesa é abrir-lhe as portas da nossa intimidade, dar-lhe lugar na nossa vida. Além disso, comer é mais que engolir. Implica tomar o gosto às coisas, sentir-lhes o paladar. Por isso é necessário “comer e beber Corpo e Sangue de Cristo”. “Corpo e Sangue” são linguagem bíblica para dizer “Vida”! É necessário comer e beber a Vida de Cristo, alimentar-se da sua Vida Ressuscitada e fonte de Ressurreição para todos. Isto não acontece ao nível da boca nem do estômago… Comer e Beber a Vida de Cristo Ressuscitado é comungar com Ele pela escuta da sua Palavra e pelo acolhimento do seu Espírito, interpelante através de tantas mediações. Além disso, é tomar-lhe o gosto… Alimentar-se da Vida de Cristo é “tomar-lhe o gosto” e ficar “com o gosto de Cristo na vida” para que o dia-a-dia possa ser Saboreado com este paladar. Sim! Saborear a realidade com o paladar de Jesus Cristo, este é o segredo da verdadeira Sabedoria! Aquela Sabedoria dos Felizes, dos Fiéis, dos Profetas que deixam em brasa o chão por onde passam…

OLFACTO Quando Deus fez a Terra e o Céu, ainda não havia na terra nenhuma planta do campo, pois no campo ainda não havia brotado nenhuma erva: Deus não tinha feito chover sobre a terra e não havia homem que cultivasse o solo e fizesse subir da terra a água para regar a superfície do solo. Então Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente. (Gen 2, 4-7) O olfacto é um dos Sentidos mais extraordinários, porque é através dele que estamos permanentemente a interagir de maneira única com o ambiente que nos rodeia. Estamos permanentemente a inspirar e expirar, isto é, a introduzir em nós o ambiente que nos rodeia, e a expirá-lo, ou seja, a marcarmos o ambiente com o que brota de dentro de nós. Por causa de estarmos sempre a inspirar e expirar nesta interacção permanente com o ambiente em que vivemos, os nossos antepassados na Fé perceberam o ar como símbolo do Espírito Santo, e a inspiração-expiração como símbolo da nossa relação com Deus. Por isso falamos em “inspiração divina”, ou “estar inspirado”… A inspiração é uma linguagem de acolhimento, encontro interior, assimilação do outro em nós para nos modelarmos intimamente ao seu jeito. Por isso o “sopro primordial de Deus”, que no original em hebraico também significa “Beijo”, na simbologia bíblica é a primeira “expiração” de Deus para nós, e a nossa primeira “inspiração”, como bebés acabados de nascer e chamados á Vida! Não à existência somente, mas à Vida, aquela que não acontece, mas a que se constrói, com opções, atitudes e recomeços no Sentido do Amor. Deus é permanente “expiração” para nós pelo Espírito Santo, que é apenas outra maneira bíblica de dizer que Deus é Graça, Dom, para nós… Na “plenitude da história”

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Deus beijou-nos com o beijo definitivo em Jesus Cristo. Nele, Deus beija a Humanidade com lábios e definitivos, e neste beijo apaixonado transmite-lhe de maneira nova o Seu “Hálito de Vida”, o Espírito Santo. Um beijo divino que nos diviniza, na medida em que Deus diviniza o que nós humanizamos, Deus plenifica o que nós construímos de nós próprios à Sua imagem e semelhança, ou seja, com o jeito do Amor… TACTO Jesus atravessou de barca para o outro lado do mar. Uma numerosa multidão reuniu-se junto dele, e Jesus ficou na praia. Depois, Jesus pôs-se a caminho. E numerosa multidão o seguia e o apertava de todos os lados, a ponto de quase sufocar. Eis que chegou uma mulher que sofria de hemorragias havia doze anos; tinha padecido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que tinha e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. A mulher tinha ouvido falar de Jesus. Então veio por entre a multidão, aproximou-se de Jesus por detrás e tocou-lhe na capa, porque pensava: Mesmo que toque só na sua capa, ficarei curada. A hemorragia parou imediatamente. E a mulher sentiu no corpo que estava curada da doença. Jesus percebeu imediatamente que uma força tinha saído dele. Então virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem foi que me tocou? Os discípulos disseram: Vês como a multidão te aperta e ainda perguntas: "quem me tocou?". Mas Jesus continuava a olhar em volta para ver quem o tinha tocado. A mulher, cheia de medo e a tremer, percebeu o que lhe havia acontecido. Então foi, caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. Jesus disse à mulher: «Minha filha, foi a tua fé que te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença». (Mc 5, 21-34) Quando, na vida, dizemos que “alguém nos toca muito” pelo seu modo de ser ou falar, não estamos certamente a falar do “toque do tacto”, mas sim do “toque do coração”. Nos evangelhos de Jesus, tocar é um verbo muito importante, e que ganha um valor profundamente simbólico quando aparece no contexto da multidão. A multidão é o contrário da intimidade. Nos evangelhos de Marcos e de Lucas, de maneira especial aparece esta simbologia. A Intimidade com Jesus, o verdadeiro Encontro é quase sempre traduzido por duas linguagens: “Tocar” e “Entrar em casa”. Jesus tocava nos doentes para os curar (Mc 10, 22-26), abençoava as crianças impondo-lhes as mãos (Mc 10, 13-16)… A multidão é nos evangelhos um símbolo da superficialidade com que muitas pessoas estavam (e continuam a estar…) na sua relação com Jesus. O contrário da multidão, como símbolo de superficialidade, é o “sentar-se à mesa”, como símbolo de intimidade (Mt 9, 9-11). De facto, os desconhecidos não passam da soleira da nossa porta. E as pessoas com quem não temos confiança, tratam os seus assuntos à entrada, de pé. Só aqueles que “nos tocam” se sentam à nossa mesa! A mesa da refeição é um lugar de intimidade. Por isso Jesus tantas vezes se sentava à mesa na casa de alguém, sobretudo pecadores públicos e impuros segundo a Lei, para lhes mostrar que estavam também eles chamados à intimidade da Mesa do Banquete de Deus, que é o Banquete Eterno da Vida! É muito importante compreender quem eram aqueles por quem Jesus se sentia tocado e aqueles que se deixavam tocar por Jesus… Tocar com o coração é o oposto a encontrar-se à “flor da pele”. Bem o sabemos… os únicos encontros na vida que valem realmente a pena são aqueles que acontecem “por dentro”, ao nível da interioridade pessoal de cada um. “À flor da pele” a vida corre e passa, não se constrói. A vida que acontece, desaparece… só a Vida que se constrói permanece! E não há outra maneira de construir a Vida senão “por dentro”. “Tocar” é a impossibilidade da “multidão”, exactamente porque na multidão não há intimidade nem individualidade. Todos são todos, ninguém é alguém! A massa desumaniza porque rouba identidade e liberdade. Na multidão ganha sempre o querer da multidão, ainda que não seja o querer de ninguém! A multidão empurra, sufoca, silencia, absorve… mata! Era tão bom se nós percebêssemos que ninguém se encontra com Cristo “à flor da pele”, na lógica da “multidão” e das massas incógnitas…

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Como tudo mudaria se mais nos déssemos conta de que os encontros verdadeiros ou acontecem “por dentro” ou nunca chegam a acontecer realmente… Vou dizer-te uma curiosidade: a pele é o maior órgão do corpo humano! Estamos talhados para o encontro, para tocar e ser tocados. Todos os Sentidos são possibilidades de encontro e relação. Para tocar e ser tocados… Mas os Sentidos fazem apenas parte da “casca da gente”… Quando dizemos que “há pessoas que nos tocam”, não estamos falar de tacto! A linguagem dos Sentidos deve conduzir-nos à intimidade do coração para cumprirem até ao fim a sua missão. Porque são pontos de encontro. Mas os encontros de verdade acontecem bem mais fundo do que eles “pensam”… Acontecem no “País da Maravilhas que se chama Coração” e para o qual só eu e o Bom Deus conhecemos o caminho… E tu também, se quiseres… Rui Santiago, cssr

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46 Reuniões de grupo JEF – 2010/2011

Já reparaste como costumamos dizer o Credo nas nossas Eucaristias? Parecemos um grupo de meninos na escola a dizer em coro a cartilha, com os sítios das respirações já sabidos de cor, a mesma entoação feita por todos, e o mesmo ar de enfado de quem não se importaria nada de “saltar essa parte”… Século após século, geração após geração, fomos fazendo da Fé uma Doutrina a ser sabida e ensinada. Mas a Fé não é coisa de saber e ensinar em regime de pergunta-resposta como se fosse tabuada; é uma experiência pessoal e comunitária que se Vive e Testemunha. A doutrina mete-se na cabeça como se fosse um esquema matemático de verdades inquestionáveis. Depois, falamos nos que “têm fé”, e nos que não “têm fé”. Ter?! A Fé não é um produto que se tem, mas sim a novidade de uma Revelação de Deus que se acolhe e uma Relação com Deus que se vive. Nas minhas andanças por aí, tenho encontrado algumas cabeças cheias de doutrinas religiosas que coabitam com corações vazios de Fé. Então, começam a chamar “fé” ao saber dessas doutrinas… é a “Fé de Pacote”: o que importa é ter no seu domínio o pacote completo das verdades aprendidas de Deus e as rezas a condizer, de preferência sabidas de cor. Se pensares um bocadinho, vais-te dar conta de que Jesus teve muitos problemas com este tipo de “crentes”… chamavam-se Fariseus (e hoje também chamam, mas já não são judeus; são católicos…) e achavam que sabiam tudo de Deus. Eram os que tinham o “Pacote da Fé” melhor apetrechado, mais perfeito e cheio de “extras”, totalmente fechados à novidade do Deus diferente que se revelava diante dos seus olhos em Jesus de Nazaré. Foi deles que Jesus disse: “Não se mete Vinho Novo em bilhas velhas!” (Lc 5, 37-39), mas mesmo assim aquelas bilhas não se quiseram renovar… Foi a eles que Jesus disse: “Ai de vós, hipócritas, que sois como sepulcros, caiados por fora e cheios de podridão por dentro! Honrais Deus com os lábios, mas o vosso coração não está na Sua presença…” (Lc 11, 44; Mt 15, 8). É por isso que é preciso estares atento e de coração disponível a que Deus hoje aconteça em ti de um jeito novo. Deus é Amor pleno, imenso, inesgotável! Como é possível que haja tanto quem julgue tê-lo todo dentro da sua cabecinha devidamente arrumado nos seus esquemas religiosos?! Deus é sempre mais desconhecido do que conhecido. Por isso não podemos deixar de viver abertos à sua novidade, ainda que nos desinstale, ponha em causa, transforme, desconfigure falsas imagens de Deus que em nós gravaram, porque o “Vinho Novo” que é o Espírito Santo quer fazer “bilhas novas” do nosso coração e da nossa mente. Jesus de Nazaré não nos deixou uma nova filosofia, doutrina ou ética. A sua Revelação é a novidade de uma Relação. Por isso, quando dizemos “Creio!” não estamos a proclamar uma fé em verdades ou uma religião de doutrinas. Estamos a proclamar relações interpessoais de confiança e compromisso. O cristão não “Crê QUE…” (verdades aprendidas), mas “Crê EM…” (pessoas, relação de confiança). Creio em Deus-Família de três Pessoas em plena e perfeita comunhão no Amor: Pai, Filho e Espírito Santo. Não é um “divino solteirão” sentado no pico de uma qualquer nuvem, mas um Deus-Comunidade-Amor, fonte permanente de Vida e plenitude de todos os viventes… Creio em Deus-Pai, Criador por Amor, que desde o princípio me sonhou e conheceu para ser Seu filho, dom permanente de Vida, Graça, Palavra e Sentido de plenitude… Creio em Deus-Filho, Salvador por Amor, que acolheu sem ciúme o sonho do Pai de fazer de toda a Humanidade uma comunidade de filhos Seus, que rejubilou, revelou e realizou o Seu Amor Fraternal

CRER E QUERER… G

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em Jesus de Nazaré, o “mediador da Nova e Eterna Aliança de Deus com os Homens” (1Tim 2, 5; Heb 12, 24) que é uma Aliança Familiar… Creio em Deus-Espírito Santo, Divinizador por Amor, “amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rom 5, 5) na morte-ressurreição de Jesus Cristo, “o Espírito do Filho que faz de nós também filhos amados de Deus-Pai, e em nós clama: Abbá! Papá!” (Gal 4, 4-7), o Sangue de Deus em mim, que diviniza o que eu humanizo para um dia me fazer nascer, pleno, na Festa Eterna da Vida de Deus como membro da Sua Família: filho de Deus-Pai e irmão de Deus-Filho na “consanguinidade” de Deus-Espírito Santo… Creio na Igreja, Sacramento do Amor, que é chamada a ser sinal vivo e verdadeiro da Fé que professa, que tem no mundo a missão de continuar a presença profética, reveladora e libertadora de Cristo, esta Igreja que começo por ser eu, chamado a alimentar-me da Palavra de Deus e a saciar-me da Água Viva do Espírito para não esmorecer pelo caminho… Como vês, o Credo é outra coisa bem diferente do papaguear de frases feitas… é a proclamação da Fé como uma nova Relação de confiança e compromisso, inaugurada em Cristo, de pessoas com pessoas! Temos que ter bem consciente que estamos a proclamar três relações de Confiança (Pai-Filho-Espírito Santo) e um Compromisso de missão no mundo que delas deriva e a elas mais profundamente conduz (Igreja). Por isso, não basta CRER… é preciso QUERER viver ao jeito desta Fé! Talvez seja mesmo aqui que se joga o momento decisivo do cristianismo… Para não ficarmos em doutrinas ocas, morais caducas e piedades inconsequentes, é necessário passar do Crer ao Querer. Este é o caminho da Fidelidade, o caminho daqueles que, de pé, dão testemunho da sua Fé com as palavras porque estão dispostos a continuar esse testemunho com as acções. Bem aventurados os que não separam o que Crêem do que Querem, porque esses descobrem o segredo da felicidade verdadeira, duradoura e transformante. Porque Queremos ser o que Cremos, ou seja, pomos os pés ao caminho na estrada da Fidelidade, é que logo a seguir fazemos a “Oração dos Fiéis”, para que Deus consagre o nosso Crer em Querer e demos fruto abundante de Vida Nova no mundo. Porque, na verdade, é no Querer das nossas acções que se julga o Crer das nossas palavras: “O meu Pai é glorificado sempre que vós dais fruto abundante e viveis como meus discípulos”, diz-nos Jesus… (Jo 15, 8)

Rui Santiago, cssr

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A lectio divina é uma forma de rezar com a Bíblia. Esta deve ser lida com fé, humildade e amor.

Neste tipo de oração o processo é feito de cinco passos:

lectio

meditatio

oratio

contemplatio

actio

O número de passos não é tão importante como o desafio de encontrar Deus e a atitude com que o fazemos.

Lectio Uma leitura ou escuta simples da passagem. Uma escuta com os “ouvidos do coração”. Nesta

nossa oração vamos rezar com a seguinte passagem (Lc 10,30-37):

«“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: “Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.” Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?” Respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele.” Jesus retorquiu: “Vai e faz tu também o mesmo.”»

Agora é tempo de “esmiuçar” o texto. Para te ajudar nessa análise do texto segue os passos que se seguem (podes e deves riscar o texto à vontade):

1) Identifica os personagens

Individuais ou colectivos

Que sabes sobre eles?

Que profissão têm?

Qual o seu estilo de vida

2) Identifica os lugares

3) Quais os factos mais importantes?

LECTIO DIVINA H

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4) Identifica as palavras difíceis

5) Associar verbos e personagens

Ou adjectivos e personagens

6) Quais os protagonistas

Que procura cada um?

O que o ajuda?

O que dificulta?

O resultado final corresponde ao que se desejava no início?

7) Partilha com o grupo a reflexão que fizeste. É o momento de esclarecer alguma coisa que tenha ficado menos perceptível.

Meditatio “Este é um momento de reflexão interior, no qual a nossa alma se volta para Deus e tenta perceber o

que é que a Palavra nos diz, nos dias de hoje” (Papa Bento XVI).

Neste passo (meditatio) trazemos a leitura até à nossa vida pessoal. Para o fazermos é importante perceber o contexto em que foi escrita. Antes de lermos novamente a passagem deixamos alguns momentos para incorporarmos o contexto desta passagem.

Lê uma segunda vez a passagem.

«“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: “Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.” Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?” Respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele.” Jesus retorquiu: “Vai e faz tu também o mesmo.”»

Fecha os olhos e imagina-te dentro da história

o que vês?

o que ouves?

com quem é que mais te relacionaste?

Quando quiseres abre os olhos e reflecte até que ponto esta passagem retrata algo da tua vida neste momento?

Aproveita esta ocasião para examinar a tua situação actual e organizares o teu futuro à luz da Palavra.

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Oratio Só a experiência do silêncio e da oração oferece o ambiente adequado para maturar e desenvolver-se

um conhecimento mais verdadeiro, aderente e coerente daquele mistério cuja expressão culminante aparece na solene proclamação do evangelista João: «E o Verbo fez-Se homem e veio habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14).

(Papa João Paulo II, Novo Millenium Ineunte, 20)

Oratio significa rezar. Quando entramos em diálogo com Deus. Abrimo-nos intimamente a Deus e ouvimos a Sua voz no nosso coração. Este tempo de oração é pessoal. Cada um é convidado a colocar-se diante de Deus.

Durante alguns momentos dialoga intimamente com Deus.

O que estás a sentir? Alegria, dor, medo, gratidão?

O que é que a Palavra inspirou em ti?

Deixa que Deus te responda e faz com que a Sua voz seja ouvida no teu coração.

Contemplatio “… à plena contemplação do rosto do Senhor, não chegamos pelas nossas simples forças, mas

deixando a graça conduzir-nos pela sua mão.” (Papa João Paulo II, Novo Millenium Ineunte, 20)

Contemplatio surge espontaneamente da meditatio. Vai até onde a graça do Espírito Santo te levar.

Não há regras na contemplatio. Cada um deve experimentar que encontrar Deus é graça, é dádiva gratuita. Não podemos fazer com que este encontro aconteça. É suficiente estarmos abertos e disponíveis para recebermos Deus, na medida em que Ele quer vir ao nosso encontro.

Simplesmente fica na presença de Deus, desfrutando do Seu amor por ti.

Actio “Construir a vossa vida em Cristo, aceitar a Sua palavra com alegria e pôr os seus ensinamentos em

prática. Isto, juventude do terceiro milénio, deve ser a vossa meta.” (Papa Bento XVI)

Este é o último passo e talvez, dos mais importantes. O apóstolo Tiago recorda-nos: “Mas tendes de a pôr em prática e não apenas ouvi-la…” (Tg 1,22).

Lê outra vez a passagem.

Ouve e reflecte naquilo que Deus te está a pedir para fazeres ou seres. No final, partilha a tua reflexão com o grupo.

Escuta atentamente o trabalho do Espírito Santo em cada uma das pessoas, como Deus trabalhou no coração de cada um.

Para finalizar o nosso momento de oração, de mãos dadas, rezamos por cada um, com as palavras que Jesus nos ensinou. Pai nosso…

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Ideias, estratégias e recursos

Quando os jovens crentes rezam, não o fazem segundo esquemas pré-estabelecidos. Não dependem de momentos, lugares ou fórmulas para rezar. Aceitando o convite que Bento XVI fez aos jovens em Colónia para fazerem a “experiência vibrante da oração como diálogo com Deus, pelo qual sabemos que somos amados e o qual, por nossa vez, desejamos amar”, eles vivem a oração como diálogo e encontro com Aquele que melhor ‘nos’ conhece, a quem falamos como a um amigo. E como silêncio. Silêncio que permite concentrarem-se no que de mais profundo os habita: ocasião para um balanço, reflexão sobre os seus problemas, um encontro consigo mesmos, deixar cair as máscaras, agradecer... E rezando em grupo, o silêncio não os assusta. Conto um facto: num retiro de um dia para jovens que se preparavam para o Crisma propus que os jovens tivessem algum momento de oração. Estava eu na Igreja e vejo entrar um grupo de jovens; para meu espanto começam a rezar o terço. O terço? Jovens? É verdade. Como não sabiam bem os “mistérios”, intercalavam cada sequência de “Ave-Marias” e “Pai-nosso” com um canto juvenil e deixavam um pequeno tempo de silêncio. Depois continuavam. Quem é que os ensinou a rezar as-sim? “O Catequista” - responderam-me. Ora aí está: para aprender a rezar, são necessários modelos de fé fortes, pessoas verdadeiramente orantes, que partilhem a sua experiência e sejam capazes de iniciar a outros na oração. Experiências simples e profundas. Experiências que colocam as pessoas em caminho. Da Oração aos Sacramentos Nos jovens crentes há um desejo de oração associado à necessidade de compreender aquilo que a oração deveria ser. Muitas vezes, não sabem é como. É verdade que a catequese que temos não é muito eficaz na educação para a oração. Fica-se pelo genérico, pelo de sempre. Sem dar espaço a uma interioridade rica, a um acompanhamento profundo que oriente a vida para Deus, fazendo com que tudo na vida seja oração. A oração, em itinerário simultâneo à vida, requer uma continuidade de propostas. Os sacramentos são horizonte da concretização das mesmas propostas e escola quotidiana de pequenos passos a merecer sentidos de orientação, encontro e abertura à acção do Espírito.

Rezar, rezando E cá está, surge a pergunta do costume: “Como é que isto se faz/ensina/vive?”. Faz-se, fazendo. A oração não é uma actividade paralela à vida de quem reza: parte da vida e aponta para transformar toda a vida. Abrir a vida à presença de Deus é o primeiro passo, aprendendo que é de Deus (o Deus de Jesus Cristo e não outros “deuses”) que “vivemos, existimos e nos movemos”. Mas há mais: descobrir, criar e exercitar atitudes de escuta, de silêncio, de encontro com Deus que se faz Palavra, Amor, Verdade. Ensinar meios para o encontro: a Palavra, a expressividade, o exercício do corpo, o uso de símbolos, o ambiente, as palavras e silêncios certos … E porque a oração nasce da vida e volta à própria vida, é preciso discernir caminhos, deixar-se acom-panhar, abrir totalmente a existência, ancorando progressivamente a vida em Deus e encontrar, assim, n’Ele o motor da própria vida. Quem procura sinceramente a Deus e O encontra, não pode

PARA QUE OS JOVENS REZEM I

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“não rezar”: é uma necessidade vital que realiza a vida no seu todo, na contemplação, no amor que se faz amor ao próximo. A necessidade de se encontrar e estar com Deus deixa cair os falsos pietismos ou as falsas devoções. Este espírito de oração cultiva-se e alcança-se através da fidelidade a meios simples: diferentes exer-cícios de oração, horários marcados para rezar, progresso e purificação de atitudes, sem “obrigações” nem rotinas (que matam a novidade do encontro com Deus), espaços adequados, tempos de Deus. Até ao ponto em que a oração se torna alimento indispensável para o jovem crente. E para fazer da vida oração, uma vida de oração cristã, não nos podemos esquecer que a nossa ora-ção é impulsionada pelo dom de Jesus Cristo que leva cada crente a encontrar-se com Deus, a quem chamamos Pai, como Jesus nos ensinou, como Jesus fez, como Jesus quer que façamos.

Como é que podemos “fazer os nossos adolescentes rezar”? É uma pergunta fácil com respostas difíceis. “Precisamos de outras coisas”. De coisas novas. As propostas muito estruturadas criam dificuldades aos adolescentes. Precisam de experiências. As mais variadas e mais ricas (= autênticas) possível. Aos adultos pedimos que façam da vida experiência de oração. Aos adolescentes temos de propor experiências que enriqueçam a sua vida com a oração. A intimidade com Deus é importante (embora se corra o risco do “intimismo” e de um “deus à minha medida”). O acompanhamento pessoal é muito importante para percebermos as necessidades, os anseios, as alegrias e situações (reais) de vida que cada um vai fazendo. Descobrir aquilo que valorizam. E fazer disso conteúdo e forma de oração. E a partir dessa realidade propor a oração como experiência. Sem grandes coisas, nem muito complexas. Com palavras simples e ambientes de qualidade e intimidade. Com o gesto e com o símbolo. Sem misturas (nem com crianças, nem com adultos). Valorizando cada contributo e dando-lhes protagonismo (mesmo com coisas simples). Procurando a relação e o encontro (tratando a Deus como “amigo que nos ama e a quem aprendemos a amar”). No dia a dia da vida. Com os sinais mais e os sinais menos. Na certeza de ter do “outro lado”, esse “Outro” que nos ama incondicionalmente e espera por nós: com o que somos e temos, para nos compreender e, sobretudo, amar. Fazendo disto diálogo, encontro, partilha. Como é que isto se faz? Com paciência e persistência. Muita amabilidade e sentido de fé (e missão). Propondo momentos especiais e concretos para a oração. Valorizando os acontecimentos das suas vidas (um aniversário, uma etapa bem sucedida, um momento especial, …). Deixando espaço à partilha. Acreditando na fé e nas respostas de fé dos “nossos” adolescentes. Com optimismo e alegria. Usando cantos com conteúdo e ao gosto dos adolescentes. Percorrendo um caminho com avanços e recuos. Não esperando feedback imediato. Deixando Deus fazer a Sua parte…

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O quadro esquemático que se apresenta no documento “Bíblia uma longa história” é muito ambicioso: quer dizer muitas coisas em poucas palavras. Para que seja esclarecedor e significativo para os jovens, é conveniente que conheças as principais chaves de explicação. 1. A CRONOLOGIA A cronologia marca o ritmo de interpretação de todo o quadro, que é o seguinte: o nosso Deus é um Deus que diz quem é e como é por meio dos factos, actuando salvificamente na história da humanidade. As datas indicadas, sempre com certo grau de aproximação histórica, são as essenciais na História da Salvação e marcam as etapas fundamentais da actuação salvadora de Deus. Antigo Testamento - Ano 1850 antes de Cristo. Deus chamou Abraão para que ele saísse da sua terra. Fez-lhe a promessa de o tornar pai de um grande povo. Os seus descendentes foram: lsaac e Jacob, os grandes patriarcas. Jacob teve doze filhos, entre os quais se evidenciou de modo especial José. - Ano 1250 a.C. O povo de Israel saiu da escravidão do Egipto — Êxodo ou primeira Páscoa —, comandado por Moisés. A libertação completou-se com a Aliança do Sinai (Eu serei o teu Deus e tu serás o meu povo), e com a entrada na Terra Prometida. Assim surgiu Israel como o Povo de Deus. - Ano 1000 a.C. David foi constituído rei como autêntico representante de Deus na terra e figura do Messias. O povo tomou consciência de ser um reino protegido por Deus, organizado e forte diante das nações vizinhas. Foi o momento histórico de maior esplendor do povo. A David sucedeu seu filho Salomão. À sua morte Israel dividiu-se em dois reinos, o do norte e o do sul; a capital deste último era Jerusalém. - Ano 587 a.C. Jerusalém foi destruída e o reino do sul foi levado para o exílio em Babilónia. O reino do norte já tinha sido desfeito no ano 721. Por causa de tudo isto, o povo perdeu o Rei, o Templo de Jerusalém e a sua Terra. Deste modo, nada mais lhe resta a que se apegar a não ser a Lei de Deus. Com o exílio, a dispersão – diáspora - foi total. Muitos judeus acomodaram-se à nova situação nos países estrangeiros. Apenas alguns — um resto — permaneceram fiéis, regressaram à sua terra de Israel e reconstruíram o Templo de Jerusalém. Mas o povo de Israel já não teve nem sombra do seu antigo poder e esplendor. Nessas circunstâncias foram os Profetas que conservaram a esperança do povo e que serviram de mediadores da vontade de Deus. - Ano 333 a.C. Alexandre Magno conquistou a terra de Israel e impôs a língua e cultura gregas, ameaçando colonizar culturalmente as tradições religiosas judaicas; isso era mais grave do que a própria subjugação militar. Os sábios e apocalípticos judeus tomaram consciência deste perigo e trataram de conservar puras as raízes da fé judaica, ou, pelo menos, de as adaptar à nova linguagem e mentalidade gregas. Este foi o período do judaísmo como condição de fé e de vida, que já não se apoiava em estímulos exteriores — o Rei, o Templo, a Terra — mas sim na adesão pessoal à Lei de Deus.

BÍBLIA, UMA LONGA HISTÓRIA J

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Naquelas circunstâncias esperava-se a chegada de um Messias que devolvesse ao povo o seu antigo esplendor; e ao mesmo tempo antecipava-se o final deste estado de coisas. Novo Testamento - Ano 30. Segunda e definitiva Páscoa: Morte e Ressurreição de Cristo. Definitiva revelação e reconciliação entre Deus e a humanidade em Cristo. A Virgem Maria e os Doze Apóstolos escolhidos por Jesus para O acompanharem durante a sua vida e que depois da Ressurreição foram suas testemunhas no mundo, constituíram o núcleo do novo Povo de Deus, a Igreja. Simbolizado no acontecimento de Pentecostes, teve lugar o anúncio do Evangelho por todo o mundo conhecido e o nascimento da Igreja como a comunidade dos seguidores de Cristo. Pedro pregou aos judeus e Paulo aos pagãos. A oferta salvífica de Deus abriu-se a todos os homens e mulheres do mundo. O Evangelho foi pregado até aos confins da terra com a certeza da promessa de Jesus: Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo. Época em que se escreveram os livros A cronologia do final do documento faz referência à época em que se redigiram os escritos do Antigo e do Novo Testamento. - É praticamente certo que os primeiros escritos bíblicos apareceram por volta do ano 1000 a.C., motivados por um período de prosperidade e de cultura da monarquia unida. Redigiram-se nessa época, pela primeira vez, os relatos dos patriarcas e até as primeiras narrações da origem do mundo e do homem, bem como do acontecimento do Êxodo. Deste modo formou-se o núcleo inicial daquilo que viria a ser o Pentateuco, cuja redacção ficou concluída no s. IV a.C. Também se recolheram por escrito as façanhas do Rei David e dos seus descendentes, dando origem ao primeiro núcleo dos livros históricos. - Até esse momento, as diversas tradições referentes à actuação salvadora de Deus nos antepassados e no povo santo foram-se conservando oralmente ou em pequenos relatos ou textos legais escritos. Durante mais de oitocentos anos, com uma admirável fidelidade, foram-se transmitindo de pais a filhos, sentados à lareira, histórias e lendas do povo e da intervenção de Deus na sua história. - O Livro da Sabedoria foi escrito pouco tempo antes de Cristo, aproximadamente pelo ano 63, e foi o último livro do Antigo Testamento que se escreveu. Um século mais tarde a ortodoxia judaica fixou os textos sagrados que, a partir de então, permaneceram inalteráveis, tanto para a religião judaica como para a cristã. - Também a redacção dos escritos do Novo Testamento teve uma pré-história oral e de pequenos e fragmentários relatos escritos, desde os anos 30 até aos anos 50, altura em que apareceram as primeiras cartas de São Paulo. Os Evangelhos, que reflectem mais directamente a tradição histórica sobre Jesus, não apareceram antes dos anos 70-80. 2. A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO A leitura da História da Salvação, que se oferece neste documento por meio de um gráfico, é parcial. Apresenta-se em forma de aloquete que se fecha, chegando a personalizar-se em Cristo; e a partir de Cristo abre-se de novo. De facto, de acordo com a visão cristã desta história, Deus começou com a humanidade, simbolizada em Adão, um diálogo salvador, interrompido repetidamente pela mesma humanidade com o pecado. Então Deus escolheu em Abraão uma família concreta de povos. Dele, em promessa, surgiu o povo de Deus, Israel. Com ele estabeleceu, a partir do Êxodo, uma

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Aliança de amizade. Mas também este povo foi infiel, e Deus ficou apenas com um resto fiel que, no final se personalizou na figura do Messias. Para os cristãos esse Messias esperado pelos judeus foi Cristo. Ele salvou não só o povo judeu, mas, através dele, toda a humanidade, reconciliando-a com o seu Criador, como nos momentos iniciais desse diálogo salvífico. E agora a história caminha lutando simplesmente para que a redenção que Cristo realizou chegue de forma efectiva a todos os homens de todos os tempos, raças e culturas. 3. OS LIVROS Livros em que se narra, indica, em relação à linha cronológica, a série de livros do Antigo Testamento e, depois, do Novo Testamento, onde se narram por escrito as etapas da História da Salvação que acima se enunciam. Época de redacção, indica os amplos períodos de tradição oral e de passagem a escrito tanto dos livros do Antigo como do Novo Testamento. E claro que na Bíblia, mais do que em qualquer outro tipo de literatura, não há simultaneidade entre o suceder dos factos e a sua redacção escrita. Apenas nalguns livros bíblicos, especialmente nos proféticos, há contemporaneidade entre ambas as coisas. Na maioria dos casos, há séculos de diferença; por exemplo, passaram mais de oito séculos entre a existência da figura de Abraão e os primeiros escritos bíblicos que falam dele. 4. AS TRÊS DATAS MAIS IMPORTANTES - A primeira Páscoa, o Êxodo, foi um tríplice acontecimento histórico-salvífico: a saída da escravidão do Egipto, a Aliança no Monte Sinai, a entrada na Terra Prometida. Neste tríplice acontecimento do Antigo Testamento Deus revelou-se em toda a sua plenitude ao seu povo como Salvador, dando-lhe a sua Lei como sinal de Aliança. - A segunda Páscoa, a morte e Ressurreição de Cristo, constituiu a nova e eterna Aliança, selada com o sangue de Cristo na Cruz. Nestes acontecimentos Deus revelou de modo definitivo o seu plano de salvação para toda a História de Salvação. Deus de tal modo amou o mundo que lhe enviou o seu Filho para que Ele, morrendo pelos pecados de todos e ressuscitando para sua salvação, reconciliasse de forma definitiva a humanidade com Deus. - A última data é o hoje concreto que estamos a viver. A nossa história também é História de Salvação, história bíblica. Com as personagens bíblicas e como elas, somos convidados a reconhecer na nossa própria vida e na nossa própria história a actuação salvadora de Deus, e a aplicar na nossa realidade e no nosso mundo a salvação que Deus nos trouxe.

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Lc 1, 26-38 Bom Deus, as pessoas vulgares que encontramos na vida não nos deixam saudades. Mas há outras, aquelas cuja lembrança ainda nos faz sorrir ou chorar… Há pessoas que passam nas nossas vidas cujos olhos parecem reflectir o Teu olhar, cujos gestos transparecem a Tua ternura, cujas palavras transportam a Tua paz… Há pessoas assim, Bom Deus, que se abrem a Ti de tal maneira que nos abrem a Ti através delas… Era uma vez uma jovem assim… Chamava-se Maria, como tantas outras lá da aldeia onde morava. Mas esta tinha um brilho especial, daqueles que vem de dentro. Era uma vez uma jovem que fez da vida um enorme SIM, e do coração um permanente FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA VONTADE! Esta jovem, como tantas Marias de Nazaré, era casada. Como tantas Marias de Nazaré, deu à luz. Mas tudo era especial no dia-a-dia da jovem alegre de Nazaré… Não fazia coisas diferentes, mas fazia tudo de um jeito diferente… Nada do que fazia era extraordinário na vida da aldeia. Mas era extraordinária a alegria e a simplicidade irradiantes com que fazia todas as coisas, até as mais pequenas. Ia à fonte buscar água, passava manhãs inteiras no tanque da aldeia a lavar cueiros do filhote e roupas suadas do marido carpinteiro, cozinhava em pequenas panelas de ferro e potes de barro… Não era mais rica nem mais pobre que as outras Marias de Nazaré. Mas era mais feliz… Tu eras o centro do seu coração, e ela era a menina dos Teus olhos. Foi para Jesus transparência da Tua ternura, mediação do teu Amor, voz da Tua Palavra.

MARIA K

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Ao seu colo e ao seu lado, Jesus cresceu em sabedoria, em estatura e em graça, porque ela própria era uma mulher grande. Quem a via, não via mais que a simples e alegre Mariazinha de Nazaré. Mas nós sabemos que ela era também a mulher de coração forte, porque ser-Te fiel sem condições não está ao alcance dos fracos. Era também a mulher com coragem inquebrável, porque entregar-Te nas mãos a iniciativa da vida só é possível a quem está disposto a arriscar sem garantias. Era também a mulher de fé inabalável, porque confiar que Tu continuas a ser fiel mesmo quando a vida nos esbofeteia sem avisar e nos faz sofrer injustamente é um privilégio dos profetas. Era uma vez uma jovem simples de Nazaré que era uma mulher grande. Somos do tamanho das nossas opções. E Maria é do tamanho do seu SIM, um SIM do tamanho do mundo, que ainda hoje continua a ecoar no coração dos que cantam a Boa Nova da Salvação: já estamos salvos, já somos filhos amados de Deus Pai, já a nossa vida é assumida em Deus e tornada plenitude nele. Porque um Menino um dia nasceu… E porque o Menino era filho de Maria. Era uma vez uma jovem, tão jovem quanto eu… Livre, sonhadora… Como eu…À escuta…Disponível… Era uma vez uma jovem que fez da sua vida um SIM do tamanho do mundo. Bom Deus, há um mundo à minha espera, à espera de um SIM, ao menos, do tamanho do meu coração… Até quando? Até quando à espera? Bom Deus, se eu não for ainda capaz de o gritar, se eu não for ainda capaz de o dizer de peito aberto, faz-me então dizê-lo num sussurro que Tu escutes… Bom Deus, esse será o nosso segredo… Que a minha vida seja um SIM!

Rui Santiago cssr www.jovensredentoristas.com

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Creio em um só Deus,

Pai todo poderoso,

Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio num só Senhor Jesus Cristo,

Filho unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos:

Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;

Gerado, não criado, consubstancial ao Pai.

Por Ele todas as coisas foram feitas.

E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos céus.

E encarnou pelo Espírito santo no seio da Virgem Maria e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;

Padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras;

E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai.

De novo há-de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida

E procede do Pai e do Filho;

E com o Pai e o Filho é adorado e glorificado:

Ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.

Professo um só baptismo para remissão dos pecados.

E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir.

CREDO L

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Neste espaço colocamos os cânticos que irão ser utilizados nos encontros da JEF e poderão ser trabalhados também nas reuniões de grupo.

1. Hino da JEF

2. Firme na fé

3. Renasce em mim

4. Aumenta a minha fé

5. Carta escrita de Deus para ti

6. Desperta! Alguém chama por ti

7. Dias depois

8. Faz-te ao largo

9. Guiados pelo Espírito

10. Viemos adorar-te, Senhor!

11. Com S. Paulo corremos para a meta

12. Creio em Ti

13. Cânticos de Taize

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