a folha dos valentes - novembro 2012

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V al en es Novembro 2012 ANO XXXVI PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 418 a folha dos 04. - TESTEMUNHOS de novos dehonianos 06. - Nova EVANGELIZAÇÃO 12. - O P. e Ernesto TONIN 15. - Dehonianos em COIMBRA 22. - Um RECOMEÇO 24. - VISÃO MISSIONÁRIA do Vaticano II 26. - Pensamentos de Bento XVI SOBRE A FÉ 35. - Rato ou VISÃO? 37. - PIRATARIA 38. - MEDO da MORTE na juventude? 39. - DENGUE: Que fazer? 41. - I Jornadas Nacionais de PASTORAL JUVENIL 44. - Cavalentes_2012_09-novembro.indd 1 29-10-2012 08:55:45

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Novembro 2012

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Page 1: A Folha dos Valentes - Novembro 2012

Valen es

Valen esNovembro 2012 ANO XXXVI

PUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA418

a folha dos

04.-TESTEMUNHOS de novos dehonianos06.-Nova EVANGELIZAÇÃO

12.-O P.e Ernesto TONIN15.-Dehonianos em COIMBRA

22.-Um RECOMEÇO24.-VISÃO MISSIONÁRIA do Vaticano II

26.-Pensamentos de Bento XVI SOBRE A FÉ35.-Rato ou VISÃO?

37.-PIRATARIA38.-MEDO da MORTE na juventude?

39.-DENGUE: Que fazer?41.-I Jornadas Nacionais de PASTORAL JUVENIL

44.-CaFÉ

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Page 2: A Folha dos Valentes - Novembro 2012

03 > alerta! > Convite a ler

04 > digo eu... > Novos religiosos dehonianos

06 > sal da terra > Nova evangelização

07 > cantinho poético > Poesia - Oração

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com . http://valentes.hi5.com

da atualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > entre nós > Missões no Cloégio Missionário

10 > entre nós > Formação laical dehoniana

11 > com Dehon > Vida plena na eternidade da vida

12 > memórias > Recordando o padre Ernesto Tonin

15 > comunidades > Pastoral dehoniana em Coimbra

dos conteúdos

18 > vinde e vereis > Reavivar a luz da fé

19 > onde moras > Beata Maria do Divino Coração

20 > doses de saber > Macau, a porta da China (I)

22 > pedras vivas > Um recomeço

24 > eclesialidade > Visão missionária do Vaticano I

24 > palavra de vida > Magna Carta do Reino

26 > leituras > Pensamentos de Bento XVI sobre a fé

28 > sobre a bíblia > Um percurso de fé através da Bíblia

30 > reflexo > Viver a santidade hoje

32 > sobre a fé > Reflexão e partilha no início do Ano da Fé

do mundo

34 > outro ângulo > Isso foi planeado ou...?

35 > novos mundos > Rato ou visão?

36 > planeta jovem > Eficiência energética

37 > nuances musicais > Pirataria

do bem-estar

38 > dentro de ti > Medo da morte na juventude?

39 > cuidar de si > Dengue: que é? que fazer?

da juventude

40 > voluntariado > Seminaristas dehonianos em Angola

41 > jd-nacional > I Jornadas Nacionais de Pastoral Juvenil

42 > em ação > Jovens da Companhia Missionária

44 > jd-Lisboa > CaFé

44 > jd-europa > Delegados Europeus em Varsóvia

46 > agenda-JD > Calendário de actividades

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > Cartaz do ano JD - Acreditar +

da família dehoniana

sumário:

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)ou (transferências internacionais):

IBAN: PT50 0010 0000 1240 8400 0015 9SWIFT/BIC: BBPIPTPL

FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: Joaquim Costa, Tiago Pereira, Amélia, Serafina Ribeiro, Inês Santos, Ricardo Pinto, Rita Andrade, José Nobre, Vítor Brito, Manuel Rito Dias, Maurília Araújo.

Fotografia: AFV, Patrícia Teixeira, Vítor Brito.

Capa: Diana nas Férias Missionárias em Gandra, Paredes.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor:Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

Valen esNovembro 2012 ANO XXXVI

PUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA418

a folha dos

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Page 3: A Folha dos Valentes - Novembro 2012

CONVITE A LER

VPaulo Vieira

alerta! – 03 da atualidade

1. Como a samaritana no poço. Não há homem ou mulher que na sua vida, como a mulher de Samaria, não se encontre junto a um poço com uma bilha vazia, com a esperança de saciar o desejo mais profundo do coração que pode dar significado pleno à existência.2. Uma nova evangelização. Consiste em conduzir os homens do nosso tempo a Jesus, com “ardor, métodos, expressões” novos.3. O encontro pessoal com Jesus Cristo na Igreja. Temos de constituir comunidades acolhedoras, nas quais todos se sintam como na sua própria casa, 4. As ocasiões do encontro com Jesus e a escuta da Escritura. Não se trata de inventar novas estraté-gias, quase como se o Evangelho fosse um produto para o mercado das religiões mas de fazer o que é inerente à nossa identidade de cristãos.5. Evangelizar-nos a nós mesmos e dispor-nos à conversão. A nova evangelização refere-se, em primeiro lugar, a nós mesmos. 7. Evangelização, família e vida consagrada. Desde a primeira evangelização a transmissão da fé, no passar das gerações, encontrou um lugar natural na família. A vida consagrada é em si mesma evangelização.8. A comunidade eclesial e os diversos agentes da evangelização. Na paróquia continua a ser decisivo o ministério do sacerdote, pai e pastor do seu povo, com todos os leigos na sua missão específica. 9. Para que os jovens possam encontrar-se com Cristo. Os bispos próximos aos jovens de um modo muito especial, porque são parte relevante do presente e do futuro de la humanidade e da Igreja. O olhar dos bispos para eles é tudo menos pessimista.10. O Evangelho em diálogo com a cultura e a experiência humana e com as religiões. A nova evangelização tem o seu centro em Cristo e na atenção à pessoa humana, para fazer possível o en-contro com Ele. 11. No Ano da Fé, a memória do Concilio Vaticano II e a referência ao Catecismo da Igreja Católica. Neste contexto, somos convidados a redescobrir a alegria de crer e a sua importância vital. 12. Contemplando o mistério e próximos dos pobres. Aos pobres devemos reconhecer um lugar privilegiado nas nossas comunidades.13. Una palavra às Igrejas das diversas regiões do mundo. Resumindo as especificidades de cada continente, os Bispos dirigem-se às Igrejas Orientais Católicas; às da África; às da América do Norte; às da América Latina e do Caribe; às da Ásia; às da Oceânia; e às da Europa. Em relação às do nosso con-tinente europeu, hoje em parte marcado por uma forte secularização, às vezes agressiva, e ainda hoje ferido por los largos decénios de governos marcados por ideologias inimigas de Deus e do homem. 14. A estrela de Maria ilumina o deserto. Na conclusão da Mensagem, os Bispos referem a figura de Maria que no orienta no caminho. Cito textualmente a parte final: “Este caminho, como nos disse Bento XVI, poderá parecer um percurso no deserto; sabemos que temos que percorrê-lo levando connosco o essencial: o dom do Espírito Santo, a proximidade de Jesus, la verdade da sua Palavra, o pão eucarístico que nos alimenta, a fraternidade da comunhão eclesial e o impulso de la caridade. É a água do poço que faz florescer o deserto e, como à noite no deserto las estrelas se fazem mais brilhantes, assim no céu do nosso caminho resplandece com vigor a luz de Maria, a Estrela da nova evangelização a quem, confiantes, nos recomendamos”.

Boas leituras!

Convido-vos a ler a Mensagem que nos enviaram os Bispos de todo o Mundo, reunidos em Sínodo, na XIII Assembleia Geral Ordinária, de 7 a 28 de outubro, em Roma, sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé. Normalmente depois de um Sínodo dos Bispos sai um documento elaborado pelo Papa, que leva o seu tempo a sistematizar as propostas dos Bispos, mas entretanto estes já nos enviaram uma bela Mensagem, com o resumo da sua reflexão sinodal. Podeis facilmente encontrar essa mensa-gem na Internet. Antes de voltarem às Igrejas particulares, os bispos dirigiram-se a todos para animar e orientar o serviço ao Evangelho nos diversos contextos em que somos chamados a dar testemunho hoje. Deixo-vos aqui alguns pensamentos dessa Mensagem para vos estimular à leitura, reproduzindo e resumindo os 14 pontos da mesma.

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04 – testemunhosda atualidade

Dois jovens dehonianos portugueses fizeram a sua profissão religiosa em setembro

TESTEMUNHOS DOS NOVOS RELIGIOSOS DEHONIANOS

Sob a insigne honra de ser religioso, terminei o meu Noviciado na Casa do Sagrado Coração em Aveiro. O clima sereno deu lugar à azáfama da Universidade, e o cenário bucólico da Casa do Noviciado rasgou-se diante da correria da cidade. Juntamente com as malas trouxe uma bagagem espiritual, muito mais leve, mas com um peso mui-to maior. A cidade de Aveiro ficou para trás no mapa e uma nova urbe, Lisboa, tornou-se o meu lar.Depois de um ano espiritualmente muito rico, um verdadeiro convite a penetrar na mística de Deus, agora, há que trans-portar essa interioridade para um espaço diferente. Com grande ânimo retomo os estudos universitários, na comuni-

Procuro conservar tudo o que aprendi...

Após 13 meses de estadia na Casa do Sagrado Coração de Jesus, com estudos, conferências, oração, trabalhos, exercício de vida comunitária, discernimento, escolha, pedido e aceita-ção do mesmo por parte do Superior Provincial e do seu Conselho… chegou o dia! A 9 de setembro de 2012, o Joaquim Costa e o Tiago Pereira fizeram os seus votos na Eucaristia, presidida pelo Pe. Zeferino Policarpo, Superior Provincial, e concelebrada por mais de 20 sacerdotes. Estiveram neste momento importante para eles e para a congregação, os fa-

VJoaquim Costa

dade dehoniana de Alfragide. Neste novo habitat procuro conservar tudo o que aprendi enriquecendo-me com o que vou aprendendo. Acompanhado por Leão Dehon, que sempre esteve presente no meu Noviciado, espero penetrar ainda mais nos mistérios do Coração de Cristo que se entregou por nós.Impõem-se novos desafios pastorais, uma postura mais proativa no mundo e na sociedade, nem sempre fácil diante das contrariedades da nossa sociedade e da crise que se faz sentir no nosso país. Comigo trago a cruz, certeza da minha esperança em Cristo. Comigo caminham com alegria 13 religiosos que tal como eu procuram seguir Cristo mais de perto. Levo no coração a força, o amor e o carinho dos familiares e amigos que sempre me apoiaram. Agradeço a todos aqueles que de algum modo se lembra-ram de mim e me tiveram na sua oração, a todos a minha eterna gratidão.Peço a Deus que envie o seu Espírito para que possa iluminar o meu caminho e acen-der no meu coração o fogo do Seu amor.

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VTiago Pereira

Também eu caí de tantos “cavalos”...

TESTEMUNHOS DOS NOVOS RELIGIOSOS DEHONIANOS

Ao olhar para aquilo que passei, ao relembrar a minha primei-ra Profissão Religiosa e ao partilhá-la com cada um de vós, brota, dentro de mim, sentimentos de gratidão. A revelação e a aceitação da minha vocação não foi, como o jovem Samuel, manifestada desde tenra idade. Como Paulo, também eu caí de tantos “cavalos”, para, aos 24 anos, decidir aceitar o apelo e o convite de Jesus: “vem e segue-me”. Não foi fácil aceitar o desfio de Cristo por muitas e variadas razões. Contudo, o dese-jo continuado de buscar o meu lugar na Igreja e na Sociedade

miliares, os confrades, alguns amigos. Na assembleia os confrades de Alfragide animavam com cânticos apropriados a tão grande momento. Também entre os familiares e amigos não faltava a participação emocionada, alegre e ansiosa na celebração que ía decorrendo... No momento mais íntimo da Profissão religiosa não faltaram as lágrimas que não conseguiram calar a emoção vivida. Louvado seja Deus! Ainda há jovens generosos, dispostos a apostar a vida toda consagrando-a a Deus e aos irmãos.

fez-me sentir o anseio de explorar novos caminhos

para a minha vida. Essa busca levou-me até aos Dehonianos onde, depois de 2 anos no Centro Dehoniano, 1 ano em Aveiro, decidi renunciar a tantas e variadas opções de vida e, numa atitude disponível, entregar a minha vida a Deus na sua Igreja ao jeito do Padre Leão Dehon. O Padre Leão Dehon, homem fantástico e tão atual, convida-nos sempre e em cada hora a “Orar e Agir e Deus fará o resto”. Foi o que procurei fazer em

todos os momentos da minha vida. O desafio é este: dis-cernir em todas as horas e lugares qual o verdadeiro sentido da nossa vida e qual a missão que Deus tem confiada para a nossa existência terrena.

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NOVA EVANGELIZAÇÃO

A Igreja deverá possuir os traços do rosto de Cristo06 – sal da terra

da atualidade

A imagem não pode deixar de interpelar! Sobretudo quando o tema da transmissão da no-vidade do Evangelho nos dias de hoje permanece como inquietação.Em causa não estará, por certo, a falência da lin-guagem da cruz, do simbolismo e do significado que determinou todos os setores sociais ao longo de dois milénios. Antes a comunicação do que é e representa em lugares distantes das pessoas e com linguagens desconhecidas em muitos con-textos.A realização de um Sínodo, em Roma, ofereceu di-ferentes contributos para que se adequem lingua-gens, se procurem novos métodos e sobretudo se motivem os anunciadores com ardor renovado e determinado. Entre os diferentes, contributos, recordo dois, os que foram avançados pelos dois bispos de Portugal que participaram no Sínodo sobre a nova Evangelização: António Couto e D. Manuel Clemente.Entre os dois, uma certeza: é necessário ser fiel a Cristo, dizer como Ele disse, pensar como pensou, amar como Ele amou. “A Igreja de ontem, de hoje e de sempre, deverá possuir os traços do rosto de Jesus Cristo”, disse D. António Couto, no Vaticano. Por outras palavras, a mesma convicção transmiti-da por D. Manuel Clemente: “A ‘novidade’ da nova evangelização não pode ser senão a redescoberta e o aprofundamento da novidade permanente de Cristo, nas atuais circunstâncias da Igreja e do mundo”.

Para se viver essa fidelidade a Cristo, interessa tomar as decisões acertadas, assumir compor-tamentos e atitudes que não impeçam esse “ser como Ele”. Uma sugestão foi transmitida em Roma, por D. António Couto, em forma de questão: “porque é que os Santos lutaram tanto, e com tanta alegria, para serem pobres e humildes, e nós esforçamo-nos tanto para sermos ricos e importantes?”No Sínodo, D. Manuel Clemente falou do que tem impedido que Portugal se abra ao “horizonte re-ligioso”: “A individualização da vida, potenciada pela tecnologia, leva ao subjetivismo e ao virtua-lismo que rarefazem a realidade social e eclesial”. Está em causa a provocação da imagem, a capaci-dade que as redes virtuais podem oferecer à “con-vivência habitual, familiar e comunitária”. Nos caminhos da nova evangelização, a pergunta tem a pertinência que a crise confirma e o desafio à vida comunitária a urgência provocada pelo au-mento das virtualidades na vida de todos os dias.

VPaulo Rocha

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VJorge Robalinho

POEM

A DE A

MOR N

UM GU

ARDA

NAPO

poesia – 07 da atualidade

Tinha ido à esplanadaCom aquele sol de verãoPedi uma laranjadaFiz meia hora de serão

O vento estava de nortadaEu... de copo na mãoE uma sede que matava...Vi um guardanapo no chão!

Estranho, tinha letra cortadaFeminina, e um coração!Era um número...fiz a chamada!Instantaneamente toca uma canção.

Ali perto, muito perto da estradaAtendem... com contenção...Estou! Com voz fina e cantada...Acenei-lhe, com voz de folião. Veio ter comigo, já cansadaEra a minha estação...A minha amada...O amor do meu coração...

Uma coisa não foi contadaO guardanapo tinha uma cançãoO amor numa balada...Neste dia de verão!

TU ÉS AMORPai do Céu,

Tu és Amor, só Amor!Só Tu és Pai!

Eu te agradeço porque me criastePara me adotar como filho

E queres que tudo o que é teu Também seja meu:

A tua vida divina, o teu amor, a tua felicidade.Antes de nascer já me amavas!

Não ficaste à espera do meu amor!Tu amaste-me primeiro!

Vivo porque me amas E amas-me como se fosse “único”!

O teu amor por mim é completo e perfeito!Muitas vezes me esqueço de ti

E não te dou a importância que mereces!Mesmo assim nunca me abandonas!

Estás sempre comigo, à minha espera,Sem te cansares nem te queixares!

Eu te abro o meu coraçãoPara que o teu amor esteja em mim.

Quero viver no teu amor,Quero ser teu filho!VAmélia – Pedroso

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VManuel Barbosa

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)08 – recortes dehonianos

da família dehoniana

OUTUBRO EM MISSÃO Outubro, mês missionário. «Vive a missão, transmite a fé» foi o lema que inspirou as iniciativas ao

longo deste mês. Todas as comunidades e obras dehonianas ocuparam-se em celebrar esta dimensão essencial da fé cristã. Sem missão, não haveria Igreja, que é comunhão e missão. De destacar as muito

DEHONIANOS EM ANO DA FÉ Ano da Fé. Aí está em pleno andamento esta importante iniciativa proposta pelo Papa para toda a

ENCONTRO DE SUPERIORES Logo nos dois primeiros dias de Outubro, os Superiores

das 15 comunidades dehonianas e o Conselho Provincial en-contraram-se para pensar o novo ano e programar iniciativas comuns, além de se avaliar o ano que passou. A abrir, o Padre Jerónimo Trigo, claretiano, apresentou uma reflexão sobre a Vida Religiosa no Concílio Vaticano II.

ENCONTROS DA CONGREGAÇÃO Em Outubro decorreram dois encontros da

Congregação com presença de confrades por-tugueses: na Polónia (8-12), o Padre Paulo Vieira presidiu ao encontro dos delegados da Pastoral Juvenil e Vocacional da Europa; em Roma (20-21), o Padre Manuel Barbosa esteve a preparar o pró-ximo encontro de Superiores Maiores da Europa, como secretário-coordenador da Europa SCJ.

NOVO GOVERNO REGIONAL EM MADAGÁSCAR O Superior Geral nomeou o novo Governo Regional Malgaxe, que terá início a 1 de Janeiro de 2013:

Padre Mario Cuomo, Superior Regional; Padres Mathieu Yvon, Luís Dinis, Jérôme e Roland, Conselheiros. Nos tempos mais recentes regressaram definitivamente a Portugal os padres Alcindo e Armando Baptista. O mesmo aconteceu com o Irmão José Manuel Braz Ferreira, que veio para a Comunidade de Alfragide, estando a trabalhar na Nunciatura Apostólica.

Igreja. Viver o Ano da Fé é convite para todos e para sempre. Também as comunidades dehonianas, inseridas em tantas iniciativas das dioceses, paróquias e movimentos, pro-curam viver fecundamente este ano. Firmes na Fé é o lema comum que está a orientar os religiosos e comunidades dehonianas ao longo deste ano. Inspirados também pela experiência de fé do Padre Dehon. Dele fica este pensamento: «Nosso Senhor ama a fé viva, a fé pura e sem misturas, que não procura as consolações e que sabe agir na aridez como na alegria espiritual. A fé pura é uma verdadeira imolação do coração».

participadas festas das missões nos seminários do Porto e do Funchal, com forte presença dos grupos missionários. Também em Alfragide decorreu a tradicional Tarde Missionária, que terminou com a celebração da Eucaristia, depois de uma tarde de testemu-nhos, reflexão e convívio.

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entre nós – 09 da família dehoniana

Ajuda às missões dehonianas ad gentes

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES NO COLÉGIO MISSIONÁRIO

VMaurília Araújo

No passado dia 21 de outubro celebrou-se o Dia Mundial das Missões, e no Colégio Missionário a JD Madeira celebrou com alegria. Foram cerca de 500 pessoas que fizeram questão de estar presente, oriundas de quase todas as partes da Ilha!O dia começou com a eucaristia, presidida pelo Padre Fernando que celebrou 50 anos de sacerdócio recentemente. O almoço foi o primeiro momento de convívio e animação com o bazar que estava exposto com comes e bebes, artigos religiosos, flores, etc.A tarde reservava vários convidados, desde grupos folclóricos, grupos de entreteni-mento, um grupo mexicano, o já conhecido madeirense João Luís Mendonça que varias vezes já participou no ENJD, e até a artista madeirense internacional Vânia Fernandes.Vários voluntários da Associação de Leigos Voluntários Dehonianos, Família Dehoniana e elementos do Grupo de Jovens da Camacha, contribuíram para o sucesso deste dia, com a ajuda na venda de vários produtos, cozinha, e demais organização, onde o resultado reverteu totalmente para as missões ad gentes dehonianas.

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Page 10: A Folha dos Valentes - Novembro 2012

VAdérito Barbosa

10 – entre nósda família dehoniana

Equipa prepara formação para Leigos Dehonianos adultos

ENCONTROS DE FORMAÇÃO LAICAL DEHONIANAQueres dar-nos sugestões?

Para o primeiro encontro, queremos ter presente aquele convite de Jesus: Vinde e vede, à pergunta do ser humano: onde moras? (Jo 1,35 – 42).Quanto ao segundo encontro, a vida como um dom de Deus, como uma dádiva, como uma graça de Deus é a mensagem que se pretende refletir e interiorizar.O terceiro encontro aborda a vocação batismal, como santidade e missão. Esta vocação batismal é a raiz de todas as outras ramificações (vocações na Igreja).Nesse sentido, apresenta-se o quarto encontro, intitu-lado como as diversas formas de vida na Igreja: voca-ção ao matrimónio, vocação consagrada, vocação ao sacerdócio, vocação laical (onde integramos também

Integrados no iter formativo para a formação de leigos adultos dehonianos, o Secretariado Nacional da Família Dehoniana apresenta uma proposta de trabalho. Para o primeiro dos quatro anos de formação, apresentamos um esquema de dez encontros para o qual pedimos o teu contributo.

os institutos seculares).O quinto encontro quer ajudar os leigos a tomarem consciência da sua identidade e da sua missão na Igreja e na sociedade, tendo presente não só o documento do Concílio Ecuménico Vaticano II, Apostolocam Actuositatem (AA), mas também o documento de João Paulo II sobre os leigos Christifidelis Laici (ChL).O sexto encontro quer entrar no tema espiritualidades em geral e cristãs, no Ocidente e no Oriente; es-piritualidades não como teorias ou ideologias, mas como experiência com o transcendente, o eterno.O sétimo encontro quer abordar a espiritualidade dehoniana, onde se agarra toda a temática do Coração de Jesus, assim como a experiência de fé do Padre Dehon e a sua tradução atual.O oitavo encontro sobre a família dehoniana pretende apresentar esta realidade de que aqueles que vivem o carisma do Padre Dehon não são só alguns milhares de religiosos dehonianos, mas também os institutos religiosos, seculares e muitos milhares de leigos voltados para este grande homem francês: Padre Dehon.Como nono encontro, sugere-se a visita às comunidades dehonianas, no país onde vivem os leigos, assim como a reflexão sobre a nossa vida como peregrinação.O décimo encontro consistiria num retiro/celebração/compromisso para iniciar o iter formativo de aprofundamento dehoniano.

Gostaria que me respondesses a quatro perguntas:– Tens sugestões diferentes para o título de cada um dos dez encontros?– Que textos de reflexão conheces que poderiam ajudar-nos a construir cada encontro?– Que textos dehonianos propões para cada encontro?– Que outras sugestões nos queres dar (ritos, símbolos…)?

Responder para: [email protected]

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Page 11: A Folha dos Valentes - Novembro 2012

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Em mês de Novembro esta afirmação de Jesus dá-me que pensar. A que abundância se refere Jesus? Sabemos que a esperança média de vida tem vindo a aumentar nos últimos séculos. Terão os cientistas feito mais que Jesus por esta “abundância de vida”? Qual terá sido a intenção profunda de Jesus com tal afirmação? Numa outra passagem o mesmo Jesus, respondendo aos seus discípulos sobre a questão do seguimento diz-lhes: “E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna” (Mt 19, 29).Se a vida é eterna Jesus não pode estar a referir-se à vida enqunto quantidade. Nem Ele nos poderia dar maior abundância. A eternidade supõe não se poder juntar nada em termos quantitativos. Isto leva-nos a perceber que, a vinda de Jesus, foi para acrescentar a nossa vida, não em quantidade mas em qualidade. No tempo que vivemos não podemos mexer porque fomos criados para a eternidade. Nos conteúdos com que enchemos essa vida sim, podemos mexer… depende das nossas opções. Segui-l’O, diz-nos Ele, é garantia de vida eterna. Ora, este seguimento pode ter diversas maneiras de se fazer. Os conteúdos a colo-car na maneira como vivemos dependem de nós. São so conteúdos que eu quero procurar junto desse homem de Deus chamado Padre Leão Dehon.Que conteúdos são propostos para quem quer seguir Jesus na senda do Pe. Dehon? Entre outros, das suas palavras podemos individuar:– Trabalhar pela minha própria conversão. Diz o Padre. Dehon: “Como é pernicioso o hábito de se inquietar com a conversão dos outros e não com a sua (P.e Dehon – Notes Quotidiennes). Não temos que mudar os outros e ser até intolerantes com eles se não mu-dam. A grande preocupação terá de ser a de nos santificarmos a nós mesmos aderindo ao projeto que Deus tem para nós. As palavras comovem mas os exemplos arrastam. Pelo nosso testemunho podemos construir e ajudar a construir um mundo melhor. A civilização do amor começa no coração de cada um.– Fazer a vontade de Deus e realizar o seu projeto. Também aqui diz-nos Dehon: “O gran-de ato do dia é o Santo Sacrifício. A preocupação contínua deve ser a de agradar a Deus e ao Salvador, Jesus. Maria não tinha outro pensamento. O grande ato da redenção ab-sorvia toda a sua alma”. A nossa identificação com Jesus tem de passar pela intimidade com Ele. Falar-lhe, escutá-l’O é fundamental para a qualidade de vida. (P.e Dehon – Notes Quotidiennes).– A união de vida a Jesus. “É necessário que todas as minhas afeições sejam sobrenaturali-zadas e, sê-lo-ão se nelas eu não procurar senão a salvação das almas, o seu melhoramento, a sua união a Deus, a paz sobrenatural e a glória de Deus” (P.e Dehon – Notes Quotidiennes). Descobrir Deus em todas as coisas, mesmo nas mais pequenas, é o segredo da alegria e da felicidade. Descobrir Deus até nas suas aparentes ausências é o segredo da vida plena e da felicidade autêntica.– A preocupação fraterna. “Ó meu salvador, eu quero que toda a minha felicidade seja de vos ver amado e de vos fazer amar. Queria que toda a vida da terra e todos os seus pode-res, povos, reis, ciências, artes, vos fossem consagradas e glorificassem o vosso nome.” (P.e Dehon – Notes Quotidiennes). Não estou sozinho na roda do mundo. Não sou nem o seu centro nem o seu extremo. Sou um com os outros. Só com eles a vida ganha sentido. Preencher o tempo da vida e a vida no tempo, com Deus e com os irmãos,… eis o segredo da “vida em abundância”. VJosé Armando Silva

UMA VIDA PLENA NA ETERNIDADE DA VIDA

com Dehon – 11 da família dehoniana

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Formador, pároco e ecónomo, com simplicidade, competência e empenho

RECORDANDO O PADRE ERNESTO TONIN

12 – memóriasda família dehoniana

Nasceu a 8 de janeiro de 1830, em San Vito d’Arsiè, Belluno, nordeste da Itália. Era, portanto, da região Trivéneta, na fronteira jugoslava. Aliás, na sua tez clara e cabelo alourado parecia denotar-se uma raiz eslava.Entrou, em 1944, na Escola Apostólica de Albino, passando para o noviciado, em Albissola, Ligúria, no verão de 1950, Ano Santo. Professou a 29 de setembro de 1951; frequentou o curso de filoso-fia em Monza, de 1951 a 1955 e, depois de um ano de estágio de vida religiosa (1955-1956) novamente em Albissola, foi frequentar em Bolonha, de 1956 a 1961, o curso de teologia, concluído com o ano de pastoral. Também para o jovem sacerdote Ernesto Tonin, a destinação foi Portugal, tendo sido colocado inicialmente na Casa de Santa Maria, em Loures, quando esta foi aberta, como pré-seminário menor, no Outono de 1961. Ali permaneceria, como orientador disciplinar, apenas um ano. Em 1962, o Padre Ernesto escreve uma carta ao Superior Regional, a pedir-lhe que o retire da Casa de Santa Maria, porque se sente sem capacidades para continuar no cargo. Que ele, Superior Regional – escre-ve – “não se preocupe porque algum ou-tro, por pouco e mal que faça, fará sempre melhor do que ele”. Não lho pedira a voz, quando passara pela igreja do Loreto, “por estar acompanhado e por timidez”. Era assim o Padre Ernesto! Já os relatórios do seu tempo de noviciado, o descrevem como pessoa tímida, calma e reservada, dócil, leal e sociável.

Os superiores fizeram-lhe a vontade, mandando-o para Coimbra em 1962, onde permanecerá até 1974, dedica-do ao pastoreio da paróquia de Trouxemil, e colaborando no serviço das Confissões de Santa Cruz, nas tardes de quarta, quinta, sexta e sábado, como consta de uma co-municação do Superior Provincial ao pároco dessa igreja da baixa de Coimbra, datada de fevereiro de 1968.Em Setembro de 1974, o Padre Ernesto é transferido pa-ra o Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, com o cargo de ecónomo local e colaborador na pastoral paroquial. Colaborará com o Padre Manuel Martins na paróquia de Carnaxide, dedicando-se prevalentemente à capelania de Queijas.

O Padre Ernesto Tonin, pároco de Trouxemil e, depois, de Queijas, esteve a trabalhar na Obra dehoniana em Portugal de 1961 a 1977; ao todo, 16 anos, que foram suficientes para deixar uma marca de originalidade e simpatia. Dele, contam-se, de facto, episódios e frases, fruto da sua ori-ginalidade e dificuldade de aprendizagem do português. Para quem o conheceu, falar no Padre Ernesto é relembrar e reviver a sua personalidade cheia de humor e piada, para além naturalmen-te do seu zelo apostólico. Os anos que passou entre nós, foram quase exclusivamente dedicados à pastoral paroquial.

Padre Ernesto Tonin1930-2008

O P.e Ernesto com um grupo de confrades, no início dos anos 1970.

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Paróquia de Nossa Senhora Rainha do Mundo.Curral dos Romeiros – Funchal

No verão de 1977, dá-se uma remodelação na pastoral paroquial da área de Carnaxide, com os religiosos en-carregados dela a trocar o dito Seminário pela residência do Santuário da Rocha. O Padre Ernesto seria colocado em Loures, para ajudar e eventualmente subs-tituir o Padre Miguel Corradini. As mudanças devem ter-lhe suscitado reservas e dificulda-des, pelo que pede aos Superiores, uma pausa de reciclagem, na Itália. Nesse mesmo verão foi enviado para Roma, hóspede da paróquia de Cristo Rei, onde faria a concedida reciclagem, para, no fim de alguns meses, regressar a Portugal e ser colocado em Loures. Em vez porém de se dedicar a essa atualização, o Padre Ernesto optou por permane-cer na Itália, passando a dedicar-se à pastoral entre os emigrantes italia-nos na Alemanha.Começaria por fazer, para usar uma sua expressão, uma simples visita de exploração a essa terra e trabalho pastoral, por que sempre se senti-ra atraído. Em novembro de 1977, escreve ao Superior Provincial de

Portugal como a desculpar-se do passo dado e a justificar a sua intenção de não regressar a Portugal: “1.º: Trabalhei muito e, se olho para trás, devo confessar que fiz um buraco na água. 2.º: Muitos me diriam que não encontraste nenhum buraco e te refugiaste aqui porque ninguém te quer. Depois, sou sempre um estrangeiro; e não quero tirar o lugar a nin-guém”.Nessa sua linguagem direta e plástica, o Padre Ernesto mos-tra sofrer com a decisão. Reconhece que o Superior Provincial da Itália do Norte, de quem passaria a depender pastoral-mente, não concorda com a opção, mas aceita-a. O Superior Provincial português insiste no regresso, convidando-o a fa-zer propostas de colocação e trabalho. A resposta foi, porém, o pedido de transferência para a Província Italiana, transfe-rência que terá lugar a 15 de Junho de 1978. Fê-la, sempre na sua óptica, por exigências de coerência: não queria “viver num lugar e pertencer a outro; ambíguo nunca fora”.A transferência não lhe fez esquecer a estadia em Portugal. Numa outra carta ao mesmo Superior Provincial confessa que ainda sente um pouco de saudade e gostaria de rece-ber o Unânimes, órgão de comunicação e informação da

Província Portuguesa.Dedicar-se-á pastoralmente aos emigrantes italianos na Alemanha, inicialmente em Leverkusen e de-pois, desde 1980, em Paderborn: um trabalho que ele considerava tam-bém exigente e sacrificado, na linha do carisma dehoniano.Falecerá na manhã de 26 de Dezembro, em Paderborn, na se-quência de um acidente de viação, sofrido dois dias antes, na vigília de Natal, quando ia distribuir aos fiéis os horários das celebrações natalícias, acidente causado por um improviso mal-estar. Tinha 78 anos de idade, 57 de profissão religiosa e 49 de sacer-

Igreja de São Tiago em Trouxemil, Coimbra, onde o P.e Ernesto trabalhou de 1962 a 1974.

O P.e Ernesto com um grupo de confrades, no início dos anos 1970.

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P.e Ernesto Tonin (continuação)14 – memórias

da família dehoniana

VJoão Chaves

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dócio. A jeito de homenagem fúnebre, na carta circular em que o então Superior Provincial de Portugal, Padre Manuel Barbosa, comunicou a notícia aos confrades, diz do Padre Ernesto que “exer-ceu as funções de formador, pároco e ecónomo com simplicidade, competência e empenho. Quem o acompa-nhou nas lides apostólicas… recorda-se certamente da sua alegria e boa disposição e da estima que por ele nutriam. Nos últimos 31 anos, esteve ao serviço dos emigrantes na Alemanha, onde se empe-nhou com o seu típico modo de ser, sempre disponível e atento às pessoas a quem se dedicava”. Os confrades da missão italia-na na Alemanha confirmam esse elogioso retrato, descre-vendo o Padre Ernesto como uma pessoa amiga de todos, sorridente, gentil e humilde, acolhedor e a irradiar con-fiança, coragem e esperança; a ele tudo se podia dizer, por-que escutava em silêncio sem maravilhar-se; tinha consci-ência de não ser um grande organizador, mas sabia deixar organizar; visitava as famílias dos emigrantes, inteirava-se dos seus problemas e dificul-dades; não se poupava; visi-tava os doentes nos hospitais ou em casa, acolhia pobres; a sua Missão era um porto de mar, a ele recorrendo para qualquer espécie de assis-tência ou facilitação: cartas, passaportes, traduções e pro-blemas de vário género; um verdadeiro assistente social. Era muito estimado na dio-cese, inclusive pela sua forma de acolher os colegas padres.Também na Alemanha, como

em Portugal, era o Padre Ernesto! Trocou Portugal pela Alemanha, não de coração leve ou para fugir ao sacrifício; a passagem fê-lo sofrer e a insistência do Superior Provincial para que repensasse prova bem a estima em que era tido entre nós. Os 16 anos que trabalhou em Portugal, naquele seu estilo “à Padre Ernesto”, dão-lhe direito a que o recordemos com simpatia e gratidão. No seu português mal aprendi-do, costumava rezar: “Os Anjos lavam a vossa majestade”. Sorríamos ao ouvi-lo, mas ele sabia distinguir entre louvar e lavar, uma vez que dedicou toda a sua vida a louvar a Deus na ação pastoral. No gozo da recompensa celeste, certamente não está esquecido dos que costu-mava alegrar e animal cá na terra, italiana, portuguesa ou alemã que fosse.Bem-haja, Padre Ernesto!

Paderborn, na Alemanha, onde o P.e Ernesto trabalhou nos últimos anos da sua vida.

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A PASTORAL PAROQUIAL DOS DEHONIANOS EM COIMBRA

Serviço em diversas paróquias, capelanias e capelas há mais de 60 anos

comunidades – 15 da família dehoniana

Desde o início da presença dehoniana em Coimbra, para além da ação de formação dos seminaristas que ali vinham conti-nuar os seus estudos, a colaboração na pastoral paroquial foi um campo a que os Dehonianos se dedicaram com zelo. Aliás, no contrato ou convenção com o então bis-po da diocese, D. Ernesto Sena de Oliveira, a concessão de abrir um seminário dehonia-no em Coimbra tinha como contrapartida, da parte da Congregação, a colocação de um determinado número de padres – ini-cialmente três e, depois, cinco – para o ser-viço pastoral da igreja diocesana.

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Dehonianos em Coimbra (continuação)

16 – comunidadesda família dehoniana

Os primeiros contatos, nesse sentido, remontam a 1951 e, no fim desse ano, a 15 de Dezembro, chegam da Itália a Coimbra os primeiros dois padres dehonianos: o Pe. Ângelo Caminati e o Pe. Mário Malagoli; a meados de Julho de 1952, chega o Padre Gastão Canova, como su-perior da nova presença dehoniana na lusa Atenas; a 17 de Agosto, chega o Padre Luís Celato com 9 seminaristas e um irmão coadjutor; a 7 de Setembro, o Padre Miguel Corradini; a 25 de Novembro, o Padre Tarcísio Rota e, a 2 de Dezembro desse 1952, o Padre António Bechetti. E eis a saga pastoral desse grupo que, ainda antes de dominar a língua portuguesa, se lança com entusiasmo e zelo na ajuda aos párocos das redondezas; quem na baixa da ci-dade, na paróquia de Santa Cruz, e quem nos arredores, em Santo António dos Olivais. Seguiram os serviços noutros lugares, como “Tovim, Chão

Igreja de Santa Cruz – Coimbra

Capela de N.ª Sr.ª da Guia – Loreto

do Bispo, Brasfemes, Lajes, Alto de São João, Carapinheira, Dianteiro, etc., lugares em que os nossos padres deram muito de si mesmos e onde se lembram ainda da nossa actividade daquele tempo”, como refere o Padre Canova nas suas Memórias.O Padre Miguel Corradini também prestou assistência na paróquia de São José, no Calhabé e, depois dele, o Padre Tarcísio Rota. Até o Padre Ângelo Favero, atual decano dos Dehonianos em Portugal, este-ve para ser transferido para Coimbra, para ajudar nessa paróquia; duraram pouco tempo a sua estadia e colaboração, tendo logo regressado a Lisboa, à igreja do Loreto, onde ficará para sempre integrado na respetiva comunidade como seu ex-libris.Na ajuda dada à paróquia de Santa Cruz, foram o Loreto e a Pedrulha os lugares confiados aos

Dehonianos, nomeadamente ao Padre Miguel Corradini, que, aos domingos, confessava das 7 às 8.30 em Santa Cruz e, a seguir, ia a pé celebrar ao Loreto. O bispo permitira-lhe romper o jejum eucarístico com alimentos líquidos, com a condição de não dar escândalo ao povo. Eis o que o zeloso dehonia-no escreve em propósito: “lá vai ele [o Padre Miguel] por volta das 8.30, depois de confessar desde as 7 em Santa Cruz, comprar por um escudo dois ovos na loja de uma esquina da Rua Sofia, hoje farmácia, para os sugar crus ao chegar a pé à sacristia do Loreto”. O Loreto – lê-se nas Memórias do Padre Canova – era então “uma capela modelo: lindas festas, belas primeiras comunhões e missas do-minicais concorridas. A Pedrulha era um deserto: igreja vazia e fria, uma dúzia de velhinhas a rezar o terço, sem entender

o que o padre dizia; serão precisos anos para ver surgir algo daquela pedreira”.Quando o Padre Ângelo Caminati se matriculou na Universidade de Coimbra, foi substituído em Santo António dos Olivais pelo Padre Luís Celato. E, com a chegada dos Padres Rota e Bechetti, alargar-se-á a ajuda pastoral. No interdito da Redinha, a pedido do bispo, assume a assistência sacramental da paróquia o Padre Ângelo Caminati, deixando a sua ação e estilo memória duradoura.O Padre Tarcísio Rota, depois de servir na Paradela e em São Martinho da Cortiça, é enviado a ajudar

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o pároco de Ançã, como coadjutor e a residir na paróquia. Dedicar-se-á sobretudo aos lugares de Portunhos, Penha e Antuzede, sendo, mais tarde, nomeado pároco desta última, onde desenvol-verá uma benemérita acção pastoral, que inclui a restauração material da igreja paroquial. Em sua memória lá está um painel com a sua fotografia. Ainda em Ançã, tornar-se-á célebre o seu “mos-quito”: uma bicicleta, pequena mas veloz, cujo mistério e sucesso “consistia – lê-se nos referidos apontamentos do Padre Miguel – em fazer accio-nar uma rodela oportunamente encostada à roda traseira da bicicleta, e que dava a ajuda que só os Santos concedem nas descidas … O mosquito fi-cava escondido pela batina e era uma maravilha para as pessoas ver aquele padre ciclista subir tão levemente a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra”. O pároco de Ançã aconselhou o Padre Rota a andar de casaco na bicicleta, pois as pesso-as da paróquia escandalizavam-se ao ver um pa-dre montar uma bicicleta de batina. O Padre Rota foi visitar os confrades de casaco, a 23 de Março de 1953. Foi um escândalo para eles: um renegado! E o Superior, Padre Canova, repreendeu-o, como se pode ler na crónica da casa desse dia!A partir do final dos anos cinquenta, com a ida do Padre Rota para as missões, aos Dehonianos de Coimbra é confiada, em vez de Antuzede, a paróquia de Trouxemil, com os vizinhos lugares de Adémia e São Facundo, onde trabalhará, primeiro, o Pe. Agostinho Azzola até 1962, seguindo-se o Padre Ernesto Tonin até à sua ida para Lisboa em 1974 e, por fim, o P.e Adriano Pedrali.A pedido do bispo D. João Alves, deixou-se a pa-róquia de Trouxemil em 1976-1977, e assumiu-se de novo o Loreto e o Bairro do Brinca, a que se juntou também a Conchada, todos esses lugares de culto dependentes da paróquia de Santa Cruz. Nestas Capelanias, a partir desse ano, trabalharam, sucessivamente, os Padres Dino Gotardi, Fernando Gonçalves, Adriano Pedrali, Miguel Corradini, Tiago Espírito Santo e, agora, o P.e Adelino Ferreira.Entretanto, a meados dos anos 90, os Padres Capuchinhos deixaram a Reitoria de Coselhas e a Capelania de Monte Formoso, passando os Dehonianos a dar, até ao presente, assistência também a essas comunidades.Em Coselhas e na sua capelania de São Pedro do Planalto (Ingote), sucederam-se, como reitores, os Padres Ferdinando de Freitas, Armando Silva e Fernando Gonçalves; em Monte Formoso, os Padres Tiago Espírito Santo e Adelino Ferreira. A VJoão Chaves

Igreja de Coselhas

reitoria de Coselhas e as capelanias situam-se na periferia norte da cidade de Coimbra e, em geral, são zonas de fracos recursos económicos e carecidas de estruturas, o que dificulta bas-tante a atividade pastoral.Neste multiplicar-se de presenças e serviços, está bem patente a disponibilidade dehoniana de colaborar com a Igreja local, nomeadamente nos lugares mais pobres e carecidos de estrutu-ras, tão ao jeito e na recomendação do Padre Fundador, Padre João Leão Dehon. A presença dehoniana na diocese de Coimbra nasceu com essa disponibilidade e estilo e assim deseja continuar, enquanto nas margens do Mondego continuar essa presença; será uma maneira de ser fiel ao carisma dehoniano e honrar o zelo e estilo apostólicos dos pioneiros dessa presen-ça.

Igreja de São José

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dos conteúdos

VFernando Ribeiro

18 – vinde e vereisO Ano da Fé e a questão vocacional?

REAVIVAR

A LUZ DA FÉO “Ano da Fé”, entre muitos outros benefícios, oferece-nos tam-bém o de renovarmos a consciência do dom recebido no Batismo simbolizado por aquela vela acesa que nos foi entregue por pais e padrinhos às palavras: “Recebei a luz de Cristo!” Luz, cuja função é precisamente iluminar. Mas que só o fará, se não for colocada “debaixo da cama” ou “debaixo do alqueire”, mas se, ao contrário, lhe foram dadas condições, quer evitando que se apague, quer tendo o cuidado de a “colocar sobre o candelabro”.Ela pode facilmente apagar-se, como infelizmente se vai vendo a cada passo à nossa volta. Compete-nos velar por ela e protegê-la. Tarefa nada fácil, hoje como ontem, como sempre. Quantas vezes essa tarefa teve de ir até às últimas consequências, até ao derra-mamento heroico do sangue. Compete-nos espevita-la. Não nos faltam meios para o conseguir, assim queiramos utilizá-los.A fé ilumina e dá sentido à nossa vida. Iluminados por ela, pode-mos defender-nos das trevas que nos cercam, das muitas con-fusões a que estamos sujeitos, das falsas luzes que brilham mas não alumiam, que distorcem a realidade e projetam à nossa volta – e quantas vezes dentro de nós – sombras aterradoras.Esta luz permite-nos conhecer de onde viemos e para onde vamos, com aquela certeza que é sinónimo de segurança e de paz. Mas não basta que ela brilhe e alumie. É preciso que os nossos olhos estejam abertos. Lamentavelmente é tão fácil tê-los fechados, como os têm muitos dos nossos contemporâneos que, entretanto, os têm abertos para muitas outras realidades de interesse duvidoso, se não mesmo pernicioso.É neste sentido que nos faz falta cultivar uma atitude de atenção e disponibilidade para todo e qualquer “vinde” do Mestre em quem acreditamos. Se é verdadeira a nossa fé n’Ele, não nos po-de faltar a certeza da garantia que Ele mesmo nos dá: “vereis”.Sabendo à partida, até pela experiência que vamos acumulando, que a luz da fé está exposta a muitas ameaças, e que a nossa pró-pria fragilidade nos pode pregar desagradáveis partidas, vamos, com certeza, viver este “Ano da fé” como uma grande oportuni-dade. Vamos “reavivar” o dom recebido, conforme recomenda S. Paulo ao seu discípulo Timóteo. Vamos “reavivar” a consciência de que nos compete velar pela “luz” que nos foi dada, a fim de que se mantenha sempre acesa. E vamos, à luz da fé, cultivar uma relação não só de proximidade mas de verdadeira comunhão com Aquele em quem acreditamos e que é quem vai continuar a dirigir-nos os seus apelos – “vinde” – e a dar-nos as suas garantias – “vereis”.Se o fizermos, nada temos a temer. Estaremos bem resguardados. E podem os outros fazer o que fizerem e dizer o que disserem, que nós temos quem nos acompanha e nos permite ter da reali-dade – de toda a realidade – uma visão livre de qualquer ilusão.“Vinde”. Sabemos quem nos convida. Não hesitamos. Vamos con-fiantes e disponíveis. “Vereis”. Bem precisamos de ver. E da cer-teza que nos é dada por Aquele que veio para dar testemunho da verdade. Sim, veremos donde vimos, para onde vamos e por onde havemos de seguir.

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VFátima Pires

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Vida totalmente dedicada à congregação, às crianças e aos jovens em risco

onde moras – 19

BEATA MARIA DO DIVINO CORAÇÃO

A jovem Maria sentiu desde muito nova que o Mestre a chamava à Vida Consagrada. Fez-se religiosa na Congregação do Bom Pastor, Congregação à qual eu pertenço. Aos 25 anos de idade dá entrada na Congregação do Bom Pastor. É uma jovem missionária! Aos 30 anos é enviada para Portugal e nomeada superiora da casa do Bom Pastor no Porto, onde tra-balhou durante 6 anos, norreu nesta mesma comunidade com apenas 36 anos. A Irmã Maria do Divino Coração durante estes 6 anos dedicou a sua vida totalmente à missão própria da congregação, trabalho

Neste mês de Novembro gostaria de partilhar convosco algo acerca de uma pessoa que sendo de origem alemã, passou 6 anos em Portugal, mais propriamente na cidade do Porto. É a Beata Maria do Divino Coração, Droste zu Vischering. Filha do Conde e da Condessa zu Vischering e seu irmão gémeo Max, nasceram em 1863, no dia 8 de Setembro, dia da Natividade de Nossa Senhora, no Castelo de Darfeld, em Münster, Alemanha.

com jovens e crianças em situação de risco. Para além disso dedicou muito tempo ao acompanhamento de pessoas que a procuravam para partilharem com ela as suas dificuldades. Mesmo durante a doença, com muitas dores, ela continuou a atender as pessoas.Ela era uma pessoa que para além da muita atividade, tinha uma relação muito íntima com o nosso Mestre. Sentia que Jesus lhe pedia para comunicar com o Santo Padre e pedir-lhe que consagrasse o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. O que ela fez insistindo e sem exitar. No dia 8 de junho de 1899. Em Roma, o Santo Padre Leão XIII iniciava o tríduo preparatório para a consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus, que conciderou: “o acto mais grandioso de todo o meu pontificado”. Nesse mesmo dia, morre na cidade do Porto, a Irmã Maria do Divino Coração, após três anos de atrozes sofrimentos.

Este ano estamos a celebrar os 150 anos do aniversário do seu nasci-mento. Ela foi Beatificada em Roma no dia 1 de Novembro de 1975 pelo Papa Paulo VI. Terei oportunidade de partilhar algo mais convosco acerca da vida desta mulher. Hoje continu-am a acontecer milagres realizados por sua intercessão. Todos temos algo a aprender da sua vida entrega totalmente à vocação a que o Senhor a chamou. Que ela do Céu nos al-cance a graça da disponibilidade em responder aos apelos do Mestre.

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20 – meias doses de saberdos conteúdos

A presença portuguesa tornou-se apatecível para os interesses comerciais da China

Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890)

MACAU, A PORTA DA CHINA (I)

Detenhamo-nos na referência mais circuns-tanciada à história e importância de Macau, pequena porção de terra no litoral sul da China, que pouco a pouco se tornou poiso de uma colónia de comerciantes e navegadores portugueses. Com a tolerância das autoridades do Império do Filho do Céu, Macau passou a ser administrado pelo Reino de Portugal, na medi-da em que esta presença portuguesa se tornou apetecível do ponto de vista comercial para os interesses comerciais daquele imenso país. Esta presença de um punhado de portugueses em permanência começou a ocorrer pelo ano de 1557 na pequena península de Xiangshan, na embocadura do rio das Pérolas. Assim nasce Macau, porta da China para entrada e saída de riquezas materiais e de intercâmbio cultural e religioso. No contexto dos contatos dos navegadores portugueses com os povos do Oriente e do Extremo-Oriente que permitiram construir do-

mínios na Índia, tendo por sede Goa, as dificuldades de diálogo e de penetração surgiram no confronto civilizacional com as elaboradas culturas do Japão e da China. Os povos destes países detinham um estado de elaboração civilizacional muito avança-do que, em muitos aspectos, ombreavam e até su-peraram o estado de evolução da civilização euro-peia. Aliás, tinham uma organização social fundada no valor da harmonia, da hierarquia orgânica, do progresso técnico-científico e arquitectónico, co-mo a imprensa, que impressionaram os europeus que ali chegaram questionando o seu sentimento de superioridade eurocêntrico. Confrontaram-se nos primeiros contatos dois blocos civilizacionais, o bloco europeu e as grandes culturas chinesa e japonesa, que tinham cada uma ideia de superio-ridade civilizacional que consideravam o outro cul-tural como bárbaro, incivilizado. Os japoneses, por exemplo, apelidaram os navegadores que aporta-vam às suas costas vindos da Europa pelo Índico como Nambam, isto é, Bárbaros do Sul.

Nas diferentes épocas e contextos da história da humanidade sempre ganharam algum desta-que pequenos territórios, quase insignificantes, que tiveram funções muito especiais e decisivas. Refiro-me ao que designo como territórios-porta e territórios rampa-de-lançamento. Recordo, entre muitos outros, dois territórios muito conhecidos de nós portugueses que assumiram estas características à luz da função que vieram a desempenhar na época charneira da Modernidade no quadro das viagens marítimas dos Portugueses. O primeiro território descoberto no Oceano Atlântico, o Arquipélago da Madeira no fim da segunda década do século XV veio a desempenhar a função de rampa de lançamento, de porto, de base estratégica para as viagens de descoberta do Novo Mundo. O segundo, situado do no Extremo Oriente, Macau, tornou-se uma espécie de porta de entrada na China e ponto nevrálgico para as transações comerciais que se potenciavam entre Portugal e os povos daquela região extremo-oriental do mundo.

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VEduardo Franco

O Japão e a China detinham um estado de elaboração civilizacional muito avançado que, em muitos aspectos, ombreavam e até superaram o estado de evolução da civilização europeia.

Ora os missionários que chegaram ao Oriente pela via do Padroado Português e pela via do Padroado Espanhol com o intuito de evangelizar estes po-vos tão diferentes, com uma organização social e religiosa tão peculiar, assente ora no budismo, ora no confucionismo e no xintoísmo, entre outras filosofias e teologias, foram aqueles que mais ex-perimentaram e registaram por escrito as dificul-dades sentidas, muitas vezes até ao martírio, para tentar converter estes povos ao Cristianismo. O Padroado era uma expressão que designava um conjunto de prerrogativas traduzidas em direitos e deveres outorgados pelo Papa aos reis das coroas ibéricas para promoverem, sob a sua alçada polí-tica, o processo de missionação e de implantação da igreja nos territórios ultramarinos descobertos no quadro das viagens marítimas.Neste contexto, Macau tornou-se tanto porta de intercâmbio comercial à luz desse interesse ma-terial da China em relação à presença portuguesa naquelas paragens, como porta de entrada do Cristianismo e base de preparação de missionários para serem enviados a outros povos do extremo-oriente, nomeadamente o Japão seguindo e usan-do a rota do comércio da seda, produto muito apreciado pelos chineses.Macau, que voltou novamente ao seio da adminis-tração chinesa só no fim do século passado, pre-cisamente em 1999, acompanhando o exemplo doutro território importante vizinho, Hong Kong, de administração britânica, foi durante séculos um laboratório, uma porta de diálogo inter-civilizacio-nal muito especial na história humana.

Ainda hoje Macau, cristianizado com o nome de Cidade do Santo Nome de Deus, tem como ex-li-bris o que resta, a fachada, do famoso colégio de São Paulo fundado pelos Jesuítas. Este colégio, com nível de estudos que se igualavam ao de uma universidade, tornou-se sede de formação de missionários de grande nomeada que se vieram a destacar na evangelização da China e do Japão. Macau, como centro de formação dos Jesuítas, começou primeiramente com a atribuição aos Padres da Companhia do estabelecimento que se tornou no grande Seminário de Santa Fé em 1548, anexo ao qual, por iniciativa do jesuíta Alexandre Valignano, viria a ser edificado o Colégio de São Paulo em 1594, também conhecido pelo nome de Colégio da Madre de Deus. Por ali passaram grandes figuras da evangelização do Oriente, começando por Francisco Xavier que entrou no Japão em 1549, Mateo Ricci missionário da China, Fernão Mendes Pinto, inicialmente jesuíta e de-pois comerciante e viajante destacado.

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22 – pedras vivasdos conteúdos

UM RECOMEÇO

Santa Teresinha está a fazer-te um pedido

aqui essa animação vocacional e missionária e essa pastoral juvenil”. E acrescentava: “Garanto-lhe que não lhe vou deixar faltar trabalho.” E não deixava: Missa, sempre precedida da recitação do terço, e pregação, catequeses na igreja e nas escolas, visitas a idosos e doentes nas suas casas, reuniões com jovens e com os movimentos pa-roquiais, atividades na rua (via-sacra), confissões para crianças, jovens e adultos, missa da festa e procissão… Uma semana em cheio, um, dois, três, muitos anos, mais de 25 seguidos. E dali surgiram mui-tos Jovens Valentes, alguns dos quais fizeram a experiência das Férias Missionárias. Alguns rapazes entraram nos seminários dehonianos e da Diocese. Dos Dehonianos nenhum perseve-rou, mas dos da Diocese, um tornou-se Padre e hoje está a paroquiar uma série de paróquias… Alguns ainda permanecem como Leigos Dehonianos. Vários ainda recebem “A Folha dos Valentes” e muitos formam o Grupo Missionário de Santa Maria de Tabuado. A Tabuado, agora, tenho ido só por causa deste grupo. Sempre foi um grupo exemplar na dedi-cação às missões e a Betânia. Foi este grupo que durante muitos anos dizia: “o nosso monumento, em Betânia, é o prado”, com o cuidado de o vir roçar três ou quatro vezes por ano, por ocasião das principais festas, deixando tudo impecavel-mente limpo. Mas tudo tem os seus tempos áureos e os seus cansaços. E, não havendo renovação, tudo termi-na. Por isso, na última mensagem falei em come-ço e recomeço. O grupo começou bem, tem sido muito bom, mas agora precisa de um recomeço.

De começar e recomeçar te falei em Pedras Vivas de outubro. E de um recomeço te vou falar hoje, com a Pedra Viva deste mês. Já aqui falei de Tabuado muitas vezes, a última a propósito dos 100 anos do antigo pároco, O P.e

Joaquim Pereira da Cunha, agora em merecido repouso na Casa Sacerdotal da Diocese, onde ainda celebra todos os dias, conservando uma invejável lucidez. Desde que deixou a paroquialidade, a paró-quia ficou entregue aos cuidados pastorais de um jovem e zeloso sacerdote, o P.e Hermínio, que tendo já três paróquias ficou com mais essa. Infelizmente, a falta de Padres a isso tem levado. Desde essa hora, manifestei a minha disponibilidade para continuar a prestar o meu apoio pastoral ao novo pároco. Não tem sido tão necessário, o que é compreensível. No entanto, sempre que os seus pedidos não colidam com outros serviços já assumidos, ele sabe que pode contar comigo… A Tabuado passei a ir só por causa do grupo missionário, que lá fundei no segundo ano em que lá fui pregar, por sugestão do pároco.Na altura o pároco queria que a semana de pregação fosse a tempo inteiro, isto é, uma se-mana passada na paróquia, só para a paróquia. E quando eu lhe disse que era complicado, porque os meus serviços de “animação vocacional e mis-sionária, assim como o movimento dos Jovens Valentes (antecedente da Juventude Dehoniana), ficariam prejudicados com a minha ausência, ele não se deixou vencer pelo argumento e disse-me: “Tem aqui crianças, adolescentes, jovens e adultos, gente boa como em toda a parte. Faça

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VAntónio Augusto

A mãe ficou comovida. E logo telefonou à an-tiga presidente, para me mandar ir a sua casa. Fui. Encontrei-a a ela e ao marido. Embora com alguma apreensão por não saber se dará boa conta do recado, ofereceu-se para animadora. Gosto tanto de quem se oferece! São Pedras Vivas do Templo do Senhor, como Jesus e como Maria: “Eis-me aqui, ó Pai!” (Jesus); “Eis-me aqui, Senhor!” (Maria). Oferecermo-nos a Deus é ser-mos “Oblatos” como Jesus. E “Oblatos” foi o nome escolhido pelo Padre Dehon para os Sacerdotes do Coração de Jesus. Por um mal-entendido, mudou-se de nome, mas não de atitude e, por isso, começamos o dia com o “ato de oblação”.Fiquei muito feliz! Santa Teresinha continua a cumprir e a mandar uma chuva de rosas sobre os seus devotos. Choveu nas quatro tardes em que andei por Tabuado em busca de quem se oferecesse. Choveu também no dia em que fui a casa da Emília Rosa… A chuva foi prova (mo-lhou-me e constipou-me), mas foi também uma bênção: Depois de eu já não saber mais a quem recorrer, voltei-me para Santa Teresinha e a aju-da foi pronta. Por isso, no dia seguinte, celebrei missa em ação de graças, por Santa Teresinha, por aquela filha e pela senhora Emília Rosa e ma-rido, que deixaram o coração abrir-se a Deus e à missão. Outras animadoras virão, confio, porque Santa Teresinha, já meteu mão nisto!

Os senhores que roçavam a erva do prado deixa-ram de poder vir e ainda não apareceram outros, e a diferença é notória. A senhora D. Maria do Rosário adoeceu e teve de ir viver para casa de uma das filhas, em Rio de Galinhas, e os coope-radores ficaram sem animadora. Ora como ela tinha 90% do grupo, as coisas complicaram-se muito. Andei por lá algumas tardes em busca de alguém que a substituísse. Iam-me sugerindo nomes e mais nomes. Visitei várias pessoas a quem pedi, mas umas por isto, outras por aquilo, não podiam. Queriam continuar a ajudar, mas como animadoras não. Na falta de outra solução, no dia se Santa Teresinha, passei a enviar os parabéns pelo ani-versário de nascimento, pelo correio. Mas disse à Santa Teresinha que esperava que ELA conse-guisse o que não tinha conseguido eu: Despertar em alguém o desejo de servir as missões como animadora. Uma dessas cartas, em que eu abria o coração aos Cooperadores de Tabuado, explicando por-que mandava os parabéns pelo correio, foi lida (bem lida, porque lida por um coração missio-nário), por uma senhora, que a deu a ler à filha, também ela cooperadora missionária. A filha leu-a e disse-lhe: “Mãe, Santa Teresinha está a fazer-te um pedido. Tu és esta pessoa que o Sr. P.e António Augusto procura”.

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24 – eclesialidadedos conteúdos

Artigo MISSÃOPRESS

Foi na realidade aquele Concílio o grande evento que deu ao povo de Deus a oportunidade de to-mar consciência da sua condição missionária, e à própria “Igreja peregrina de considerar a missão como parte da sua natureza” (AG, 2).Tratou-se de uma grandiosa manifestação de ca-tolicidade e “um sinal luminoso da universalida-de da Igreja” não só pela numerosa participação de bispos mas também pela sua diversidade geográ-fica, já que, pela primeira vez na história, uma as-sembleia de bispos congregou represen-tantes da Ásia, da África, da América Latina e da Oceânia. (cf. Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2012).A nova visão missionária saída do Concílio Vaticano II é refletiva e depois transmitida através da sua própria dimensão quanto à quantidade de Padres conciliares, quanto à universalidade das suas procedências e sobretudo quanto à natureza dos próprios conteúdos conciliares ali tratados.Três grandes documentos marcaram o Vaticano II e iluminaram a Igreja para esta nova visão missioná-ria: Ad Gentes, Gaudium et Spes e Lumen Gentium. Através deles, foram dilatados os horizontes não só dos limites da Igreja como Reino de Deus, mas também do mundo a evangelizar e ainda dos agentes evangelizadores. A atividade missionária da Igreja não é outra coisa senão a “manifestação ou epifania dos desíg-nios de Deus e a sua realização no mundo e na sua his-tória” (AG, 9). Já que “a Igreja é toda ela missionária, e a obra da evangelização é um dever fundamen-tal do Povo de Deus”, a tarefa de evangelizar, para além dos pastores ordenados, compete a todos os cristãos.

A “divina Providência não nega os auxílios neces-sários à salvação àqueles que, sem culpa, não che-garam ainda ao conhecimento explícito de Deus” LG, 16),. Por isso, “o sagrado Concílio exorta todos a uma profunda renovação interior, para que to-mem viva consciência das próprias responsabili-dades na difusão do Evangelho” (AG, 35).O Concílio Vaticano II colocou no centro da sua eclesiologia a dimensão missionária e reafirmou a missão de evangelizar como paradigma de toda a atividade eclesial.A fim de alargar e intensificar ainda mais o im-perativo missionário de Jesus, é proposta agora uma Nova Evangelização e entramos no Ano da Fé no momento em que decorre o Sínodo para a Evangelização da Fé Cristã. Foi isso que, há 50 anos, já foi proposto pela Lumen Gentium: “ cada um, segundo os próprios dons e funções deve progredir pelo caminho da fé viva, que estimula a esperança e atua pela caridade” (LG 41)A Nova Evangelização não nos vai trazer um novo Evangelho; também não nos vai levar a uma nova Igreja; quer apenas dizer-nos que o Evangelho é todos os dias uma Boa Nova e que esta Igreja pere-grina está encarregada por Cristo de a levar a toda a gente.

Uma nova evangelização para fortalecer e dar ra-zões da nossa fé. Levar esta mensagem aos outros é o sentido a nossa missão.

NOVA VISÃO MISSIONÁRIA DO CONCÍLIO VATICANO II

Escrevo esta reflexão no dia em que há 50 anos foi aberto o Concílio Vaticano II. O jovem padre alemão que há 50 anos participou como teólogo naquela Assembleia conciliar, hoje mesmo preside, em Roma, como papa, a uma soleníssima liturgia, abrindo nela a porta ao ANO DA FÉ.

VManuel Rito Dias

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VJosé Agostinho Sousa

dos conteúdos

A Palavra de Deus é sempre rica e abundante

palavra de vida – 25

A própria natureza se encarrega de nos conduzir a uma tranquila contemplação da vida que se re-nova. O melancólico cair da folhagem das árvores não marca o fim de tudo, mas tão só a passagem de um ciclo de vida a outro que a primavera se en-carregará de nos apresentar. As folhas caem, para que outras nasçam. E é assim sempre, num eterno ciclo da vida que se renova e se transforma.A Palavra de Deus de novembro é rica e abundan-te, como de resto o é em todos os outros meses. Entre as muitas possibilidades de escolha, optei pelo evangelho do primeiro domingo do mês, o 31º do Tempo Comum (Mc 12, 28-34). Parece-me o evangelho ideal para refletirmos nos caminhos do Reino, afinal os caminhos da vida nova que acreditamos estar para lá deste peregrinar terre-no. Tudo começa com a pergunta de um escriba, também ele à procura de caminhos de vida nova: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” A resposta de Jesus é simples, direta, completa: o mandamento maior é o AMOR, único caminho para o Reino de Deus! Um amor dado a Deus e aos irmãos. A vida de Jesus vai encarregar-se de nos explicar em que consiste esse amor. É uma explicação da-da através do anúncio da Boa Nova do Reino, mas também, e sobretudo, na paixão, morte e ressur-reição. O caminho do Reino é um amor feito dom, serviço, entrega, morte transformada em vida nova. O Mandamento Novo é a luz que nos guia pelos caminhos da vida rumo à VIDA. Por isso ele é a Magna Carta do Reino, o caminho por excelên-cia, único capaz de transformar toda a nossa vida num permanente caminho para Jesus. O escriba não está longe do Reino, porque já percebeu que um amor assim, de total doação e entrega, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios. Não há sinal maior de amor do que dar a vida pelos ami-gos. Estaremos também nós próximos do Reino se

Creio que, ao contrário do que muitas vezes se diz, novembro não é um mês es-pecialmente vocacionado para se falar de coisas tristes e enfadonhas e se meditar

sobre a morte, mas antes um tempo propício para se falar e refletir sobre a vida. Com efeito, o “mês dos mortos” não é de morte, mas de vida, porque a nossa fé

cristã faz-nos passar da terrena e dolorosa experiência da morte para a dimen-são maior da vida plena, em abundância, eterna. No horizonte duma vida que aparentemente se desfaz está uma vida que se abre e se renova, na luz nova da

ressurreição de Cristo.

MAGNA CARTA DO REINO

amarmos Deus e os irmãos num amor feito dom, dedicação e serviço.Que o mês de novembro seja para cada um de nós um olhar de intensa contemplação, gratidão e louvor pela vida que Deus dá.

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26 – leiturasdos conteúdos

Os diversos significados da fé

PENSAMENTOS DE BENTO XVI SOBRE A FÉ

Neste ano sobre a fé, dei de caras com um livro do papa Bento XVI intitulado Eu creio hoje.Ficaram-me na retina alguns pensamentos.

Primeiro PensamentoUm pagão apresentou-se ao rabi Samay, chefe da escola judaica e disse que estava disposto a converter-se à reli-gião judaica se fosse capaz de expor-lhe o conteúdo dela du-rante o período de tempo que uma pessoa estivesse apoiada num só pé. O rabi percorreu mentalmente os cinco livros de Moisés, por-que lhe parecia ter elementos suficientes para apresentar. Depois de algum tempo, ad-mitiu que não era capaz de re-sumir o conteúdo da religião judaica em duas frases.O pagão dirigiu-se a seguir ao rabi Hilel, outro célebre chefe da escola judaica e fez o mes-mo pedido. Hilel respondeu sem rodeios: não faças ao teu próximo o que lhe cria fastio. Esta é a lei. O resto é interpre-tação.Se esse homem se dirigisse a cada um de nós e pedisse em algumas frases a essência do cristianismo…

Segundo PensamentoUm homem apresentou-se a Deus e perguntou: o que devo fazer para alcançar a vida eterna?– Amarás o teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua men-te e com toda a tua alma. O segundo mandamento é semelhante ao primeiro:– Amarás o próximo como a ti mesmo (Mt 22,35-40).Quem ama é cristão e como cristão tem tudo. O amor é o conteú-do da existência cristã. Ser cristão significa ter amor. Se é suficiente o amor, para quê a fé que está sempre em conflito com a ciência?A corrupção do cristianismo consistiu em criar uma doutrina sobre Jesus Cristo em vez de falar com Ele de Deus Pai e de ser irmãos uns com os outros. É que criamos um dogma intransigente, em vez de formar para o serviço mútuo. Exigimos a fé, exigimos a pro-fissão de fé, em vez de exortarmos ao amor.Ser cristão é ter amor. Não é olhar só para nós ou fazer com que os outros olhem só para nós.A fé diz-nos simplesmente que Deus derramou o seu amor sobre nós. E cobriu todo o nosso deficit de amor. Deus corrige a nossa direção. Ultrapassa o nosso eu: eu fi-lo todo só. Não necessito de ajuda de ninguém. Só a fé destrói o egoísmo. É que crer significa reconhecer este deficit, abrir os braços e deixar-se agasalhar.

Terceiro PensamentoNum dos seus livros, Harvey Cox apresenta um relato do circo na Dinamarca que se incendiou. O diretor do circo mandou o palhaço que estava já vestido e maquiado, pronto a entrar em palco, pa-ra a aldeia pedir ajuda, em ordem a apagar o fogo. Ao vê-lo gritar, o povo ainda se ria mais, porque pensava que ele estava a representar. O povo nunca acreditou que o circo estava a arder. O povo nunca acreditou no palhaço. A sua mensagem de verdade não foi escutada…O que deveria fazer o palhaço? Trocar de roupa, desmaquilhar-se para que o povo acreditasse nele? Desta maneira, a sua mensagem seria escutada? Não acreditaram. Não tinham fé?Por vezes, quem tenta proclamar a fé a pessoas imersas na vida, pode sentir-se como um palhaço. As pessoas podem entender-nos como tenhamos saído de um sarcófago, apresentando-nos ao mundo atual com vestidos e modos antigos.A fé não é só algo formal, uma crise de roupas e vestidos…

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VAdérito Barbosa

Quarto PensamentoMartin Buber recolheu um relato judeu interessante. Um homem muito culto que tinha escutado o rabino Berdichev, visitou-o para discutir com ele e desmon-tar os seus obsoletos argumentos a favor da verdade da fé.Quando entrou no quarto do saddiq, encontrou-o, passeando, de um lado para o outro, com um livro na mão e em alta meditação. O saddiq não se apercebeu da presença do recém chegado. Daí a pouco, olhou para o visitante e referiu: talvez seja verdade.O erudito ficou atrapalhado ao ouvir esta frase. Mas o rabino Levi Yisjaq voltou-se por completo e disse:“Meu filho, os grandes da Torá com quem discutis-te, gastaram as suas palavras contigo. Depois de te despedires deles, riste-te. Não foram capazes de te vencer na discussão sobre Deus e sobre o Reino. Eu também não sou capaz. Mas não esqueças. Talvez seja verdade…”O erudito encheu-se de energia para replicar. Mas o terrível talvez quebrou-lhe toda a resistência.Ninguém pode demonstrar ao outro a existência de Deus e o seu reino. Nem o crente pode demonstrar. Mas a impossibilidade de recusar a fé assenta no tal-vez. Tanto o crente como o não crente participam à sua maneira na dúvida e na fé. Ninguém pode tirar da sua vida, a dúvida e a fé. Para uns, a fé torna-se presente contra a dúvida. Para outras, há só dúvidas.O destino da existência nunca fugirá da rivalidade da dúvida e da fé, da tentação e da certeza.

Quinto PensamentoAfinal, o que é a fé? Se não crês, se não te apoiares em Yavé, não terás nenhum apoio (Is 7, 9).A fé é manter-se de pé. A fé assenta-se no solo da Palavra de Deus. A fé é uma forma do ser humano posicionar-se no conjunto da realidade que não pode ser reduzida ao saber, nem se pode medir.Afinal quais são os diversos significados da fé?

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08 – recortes dehonianos28 – sobre a bíbliados conteúdos

UM PERCURSO DE FÉ ATRAVÉS DA BÍBLIA

A fé em quadros bíblicos

Desde dia 11 de Outubro, está em curso o Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, como “convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo” (PF, 6). A fé, na perspetiva do Santo Padre, “cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria” (PF, 7). É à luz de tudo isto que pretendo fazer uma reflexão sobre a fé, conforme a Bíblia no-la espelha, em quadros, mesmo se estou totalmente ciente da realidade de uma única fé, tal como há um só Senhor e um só batismo (cf. Ef 4,5).

ABRAÃO1. Quando olhamos para Abraão como modelo de fé, o primeiro episódio que nos vem à mente é o do seu chamamento. Um homem chamado por Deus e que, sem colocar condições, põe pés ao cami-nho e parte. O texto bíblico diz apenas que “Abraão partiu conforme o Senhor lhe ordenara” (Gn 12,4). Outros episódios se sucederão a este, todos eles marca da indelével fé de Abraão no seu Senhor. É o homem que pela fé se torna modelo e pai dos crentes. Pessoalmente marca-me a indicação do texto, sem mais: “conforme o Senhor lhe ordenara”. É aí que se joga a fé: não é por mais nada, mas pela fé que une Abraão ao Senhor, seu Deus, que ele parte. E é assim que o câ-none das Escrituras cristãs o contempla também: “Pela fé, Abraão, ao ser chamado, obedeceu e partiu para um lugar que havia de receber como herança e partiu sem saber para onde ia” (Heb 11,8).

MOISÉS2. Ao contemplar a figura de Moisés, vemos um homem mais audaz. É o persona-gem que se aproxima de um arbusto em chamas, para examinar o que se passava: “Vou adentrar-me para ver esta grande visão” (Ex 3,3). Em Moisés, vemos a figura do diálogo com Deus. É o homem a quem Deus se dá a conhecer: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob” (Ex 3,6); o homem que ousa questionar Deus acerca do plano que tem para ele (Ex 3,13-14); o homem a quem Deus dá a conhecer as suas leis, como dádiva para o Povo. Diríamos, hoje, que Moisés é a figura do orante que pretende conhecer mais e melhor o mistério do Deus que se revela. E podemos acrescentar que Moisés é a perfeita figura da-quilo que transmite aos filhos de Israel como Palavra do Senhor: “Escuta, Israel, o Senhor é o nosso Deus; o Senhor é um. Amá-lo-ás com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser” (Dt 6,4-5). Da vida e das palavras de Moisés, aprendemos a religião da escuta, origem e produto do amor a Deus, na perspetiva de Jesus, indesligável do amor ao próximo.

Abraão sacrificando Isaac, Laurent de La Hire (1606-1656), Museu Saint-Deins, Reims.

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VRicardo Freire

JEREMIAS3. De todos os profetas, escolho propor a figura de Jeremias, pela forma como nos conta a sua vocação. “Foi-me dirigida a Palavra do Senhor” (Jr 1,4). Uma nova dimensão da fé toma corpo: o contacto com a Palavra do Senhor, novamente numa dimensão de escuta, torna-se essencial. Jeremias será levado por Deus numa grande viagem às suas origens para reconhecer-se como chamado e es-colhido, ainda antes de ser dado à luz (cf. Jr 1,5). É verdade que este profeta colocará os seus obstáculos para se reconhecer como chamado: é apenas um jovem (cf. Jr 1,6), mas nunca se afasta deste diálogo com Deus que o transforma por dentro e faz dele um gran-de profeta. Produto deste diálogo inicial de Deus com Jeremias será a simbiose de palavras: Jeremias – e como ele todos os pro-fetas – não fala mais em seu nome próprio, mas fá-lo-á no nome do Senhor, será o transmissor das palavras do seu Deus, mesmo quando isso lhe causar o amargor daqueles que o não aceitam, mas um imperativo de fidelidade – e a fé é fidelidade de dois, do crente e do seu Deus – move Jeremias (cf. Jr 20,7-8).

SALOMÃO4. Um quarto modelo de fé, vejo-o no sábio que vê a sua vida dependente da providência de Deus. Figura desse sábio, en-contramo-la em Salomão, o homem que tendo a possibilida-de de pedir grandes presentes ao Senhor que lhos prometia, pede a sabedoria (cf. 1Rs 3,9). Numa reelaboração desta oração de Salomão, podemos colher a verdadeira atitude do sábio ao pedir a sabedoria a Deus; pede-lha deste modo: “Dá-me a sabedoria que se senta junto do teu trono […].Mesmo que alguém fosse perfeito entre os homens, sem a sabedoria que vem de ti, seria nada” (Sb 9,4.6). O orante sábio reconhe-cesse a necessidade da sabedoria, pela sua estreita ligação com o próprio Deus, como explicita nos vv. 11-12 da mesma ração: “Pois ela sabe e compreende tudo e guiará os meus atos com prudência, e me protegerá com a sua glória. Assim, as minhas obras te serão agradáveis, governarei o teu povo com justiça”. Pretendendo viver com prudência – o mesmo é dizer com inteligência – o orante da Sabedoria pede a Deus que seja Ele a guiar os seus passos. E assim não estamos lon-ge do modelo de todos os crentes, Abraão, o homem que partiu “conforme o Senhor lhe ordenara”.

PAULO 5. No Novo Testamento, poderíamos colher muitos exemplos de fé: Maria e cada um dos Apóstolos, as pessoas que foram tocadas por Jesus. Centro-me, contudo, na figura de Paulo. O homem fidelizado ao seu judaísmo, que chega a demonstrar orgulho no seu passado, mas também o homem que, por Cristo, chega a considerar tudo como lixo (cf. Fl 3,8-11). E porquê centrar-se na figura de Paulo? Ele próprio nos dá a razão para isso: “Estou crucificado com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2,19-20). A história de Paulo torna-se história de fé. Ele abdica totalmente de ser quem é para deixar que seja Cristo a viver nele; torna-se um espelho de Cristo crucificado, enfim, um espelho do Cristo vivo para nos dar a vida.

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A vida vivida com sentido nunca é supreendida pela morte

V I V E R A S A N T I D A D E H O J E30 – reflexo

dos conteúdos

Sabias que:Este mês de novembro faz-nos pensar sobre a vida. Inicia o mês com a celebração de todos os santos e depois a comemoração dos fiéis defuntos. Os santos estão no céu junto de Deus. Ao recor-dá-los esperamos a sua intercessão. Admiramos aqueles que foram capazes de acolher o proje-to de Deus e segui-lo com fé, coragem, e amor. Mas diversas épocas da história da humanidade depois de Jesus houve aqueles que “deixando tudo” optaram por Deus. Em todos os momen-tos da história houve fatores que ajudaram a fa-zer um caminho de santidade. Cada tempo tem os seus desafios, as suas dificuldades. Também pode haver santos hoje? Claro que sim. E há santos de verdade. As circunstâncias que hoje vivemos são terríveis, nada favoráveis. Todos vivemos assustados, com medo do futuro, não sabemos para onde nos levam. Todos os dias ouvimos notícias que nos deixam inquietos. Mesmo não querendo somos invadidos por sentimentos que em nada nos ajudam a cami-nhar com alegria e entusiasmo. Mas não será no meio das dificuldades e tribulações que nos aproximamos mais de Deus? Não parece lógico – nem devia sequer ser dito – mas é na dor e no sofrimento que mais procuramos Deus, parece que Ele anda sempre associado ao que há de pior para o ser humano. Ele é o Deus de amor, misericórdia, perdão, doação, alegria e felicida-de. Nós é que nos aproximamos mais d’Ele nos momentos “escuros” da vida. É neste momento que muitos de nós somos chamados a fazer um caminho de santidade: ser sinal de luz, esperan-ça neste nosso mundo. Mais do que antes é ne-cessário quem dê um verdadeiro testemunho da fé em Deus e no projeto apresentado por Jesus. O Papa Bento XVI afirmou que a Igreja Católica tem de apostar no diálogo cultural e no testemunho pessoal de fé para promover uma ação de nova evangelização nos cinco continentes. “Para além dos métodos tradicio-nais de pastoral, sempre válidos, a Igreja pro-cura lançar mão de novos métodos, valendo-se também de novas linguagens, apropriadas às diversas culturas do mundo, para implementar um diálogo de simpatia e amizade”, disse, du-rante a homilia da missa conclusiva do Sínodo dos Bispos, realizado em Roma durante o mês

de Outubro. Segundo Bento XVI, a Igreja já optou por um “caminho de criatividade pastoral para se aproximar das pessoas afastadas ou à procura do sentido da vida, da felicidade e, em última ins-tância, de Deus. Todos os homens têm o direito de conhecer Jesus Cristo e o seu Evangelho; a isso corresponde o dever dos cristãos – de todos os cristãos: sacerdotes, religiosos e leigos – de anunciarem a Boa Nova”. A melhor maneira de nos sentirmos envolvidos neste dinamismo de esperança e renovação passa por dar verdadeiro testemunho de fé. O contexto em que vivemos não nos deve abater, mas há desafios, problemas diante de nós, mas estes problemas são oportu-nidades para a Igreja, para evangelizar, para mar-car um presença positiva no mundo dos crentes e não crentes.“Em todos os lugares se sente a necessidade de reavivar a fé, que corre o risco de apagar-se em contextos culturais que colocam obstáculos ao seu enraizamento pessoal, à sua presença so-cial”, alertaram os bispos, na mensagem final do Sínodo.Esta corrente de mudança, de renovação, de nova evangelização ajuda-nos a não esconder a morte. Houve épocas em que a morte nos era próxima, fazia parte do ciclo da vida e todas as gerações conviviam com ela. Note-se que ainda hoje em muitas culturas o momento da morte é uma oportunidade para a família se reunir e fazer festa. Entre nós, hoje, a morte esconde-se, assim já não se encarra como natural, embora misterio-sa. Depois de celebrar todos os santos recordamos todos os que já partiram desta vida. Diante da morte há um silêncio que não compreendemos, mas que nos reduz ao essencial e nos apega à vida. A morte faz-nos pensar no sentido da vida. Ela relativiza coisas que são tão importante no nosso pensar, mas que não o são de verdade. Ela torna-nos atentos às pequenas coisas da vida, como os afetos, gestos simples de amor, solida-riedade. A morte é sempre um mistério. A morte é sempre vivida por quem está vivo. A paz e a serenidade invadem quem partilha momento de dor, sofrimento de ver alguém partir. As palavras reduzem-se e não aparecem.A vida vivida com sentido nunca é surpreendida pela morte.

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VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado.

Lê com calma a passagem do evangelho.

Qual o teu santo predileto? Conheces a sua vida?

Qual o valor da tua vida?

E quando pensas na morte?

Faz uma oração a Deus

A Palavra de Deus diz: Lc 5, 1-11. Porque temos de seguir o projeto de Jesus? O que é que Deus espera de cada um de nós? Este episódio narrado por S. Lucas, da vida de Jesus, ajuda-nos a responder a estas questões. Pedro, chamado por Jesus para ser pescador de homens, sente-se indigno e peca-dor. É fundamental acreditar na palavra de Jesus. Todos são chamados por Deus para serem pescadores de homens.

Tenho de: Temos que acreditar que é possível construir um mundo mais fraterno, um mundo novo, com princípios novos. Há valores que devem aparecer cada vez mais: perdão, partilha, serviço e respeito pelos outros. Já pensaste que também a ti te é pedido que tires “peixe” do oceano do mal em que tantos se afogam? O que fazer concre-tamente? Que serviço prestar?

V I V E R A S A N T I D A D E H O J E

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Dia Arquidiocesano do Animador em Braga

32 – sobre a fédos conteúdos

REFLEXÃO E PARTILHA NO INÍCIO DO ANO DA FÉNo passado dia 13 de outubro decor-reu em Braga o Dia Arquidiocesano do Animador, um encontro vocacionado para animadores de grupos de jovens da Arquidiocese de Braga como for-ma de partilhar e conhecer mais e melhores formas de se ser animador perante os desafios com que hoje os jovens se deparam. E se esta tarefa por si só não tem um caminho fácil e reto, muito maior é o desafio num Ano em que o Papa convida a Igreja a refletir e a professar a sua fé.

Assinalando, assim, o Ano da Fé, entre 11 de outubro de 2012, data em que se comemoram os 50 anos do Concílio Vaticano II e 24 de novembro de 2013, soleni-dade de Cristo-Rei, Senhor do Universo, o Papa convida a uma profunda reflexão so-bre a fé. Uma reflexão sobre a Fé universal, a Fé que a Igreja professa e que impele a que seja vivida por cada cristão, em autenticidade e coerência, reconhecendo que “Os cristãos não conhe-cem o conteúdo e o significado da fé cristã.” (Ratzinger).Foi neste sentido que o P.e Adérito Barbosa decidiu criar um documen-to que pudesse apoiar os jovens e os animadores a (re)descobrirem e a refletirem sobre o significado da fé que professam, resultando numa “proposta pedagógica para […] am-pliar horizontes de vida, de formação e de missão…”(Prefácio, D. António Francisco dos Santos).“Cristãos com Fé” é o resultado desse apelo à reflexão e à redescoberta passo-a-passo, em cada átrio da nos-sa vida, dos desafios que a fé coloca a cada crente, que a recebeu como Dom no Batismo e que precisa de de-

senvolver, aprofundar e fortalecer. É uma proposta que segue um itinerário de fé que se vai aprofundando e aproximando do objetivo profundo de cada cristão, sem nunca apresentar respostas ou caminhos fáceis, pois, escreve o autor “qualquer grande projeto na vida exige que se ultrapassem grandes obs-táculos” (p.16), tal como deve ser o nosso crescimento na fé.E foi precisamente no Dia Arquidiocesano do Animador que o P.e Adérito Barbosa apresentou aos animadores esta proposta de reflexão sobre a fé, numa manhã pautada pela profunda reflexão, pela partilha e pela vontade de levar para cada jovem esta possibilidade de (re)encontro com as raízes da sua fé e da descoberta de um caminho de fé profundo e coerente que re-sulte em verdadeiros testemunhos de fé.A proposta de trabalho do P.e Adérito Barbosa aos animadores consistiu na reflexão sobre um pensamento por si exposto e uma referência bíblica, que se interligavam no sentido e per-mitiam refletir sobre o significado da fé. Não se revelou tarefa fácil tendo em conta a profundidade das questões colocadas e

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Em cada tema, o mesmo é inicialmente desenvolvido de uma forma clara e funda-mentada, são colocadas depois algumas perguntas sobre o mesmo para suscita-rem a reflexão, sugerem-se algumas lei-turas bíblicas e finalmente apresenta-se a bibliografia de alguns estudos sobre o tema.O livro termina com uma oração para alcançar a fé de Paulo VI, sugerindo que cada meditação sobre a fé e cada encon-tro em grupo seja sempre concluído com uma oração que nos relembre o Credo que todos professamos como Igreja do Povo de Deus, um povo testemunha da fé em todos os tempos.“Se esta proposta servir para dares um só passo na tua fé com Deus e a partilhares com os irmãos, fico feliz...” (Apresentação, p. 19).

VVítor Brito

REFLEXÃO E PARTILHA NO INÍCIO DO ANO DA FÉdas reflexões suscitadas. No entanto, o desafio foi levado a cabo com profundo sentido de maturidade e de esfor-ço reflexivo que resultaram em conclusões profundas e alicerçadas na Palavra sobre a fé e sobre a vivência da fé de cada um no dia-a-dia e na realidade das nossas comu-nidades. Nem tudo foram respostas claras e concretas, o tempo foi de partilha e reflexão e a caminhada sobre a fé é para ser feita ao longo do ano, com apoio em pro-postas sérias, no dia-a-dia, em comunidade e reavivando sempre este Dom recebido no Batismo, Porta pela qual entramos no Reino de Deus.Após a reflexão em grupos, O P.e Adérito partilhou alguns aspetos essenciais presentes no seu livro que permitirão, a todos quantos o lerem e o utilizarem, refletir e fazer es-ta caminhada de forma consciente e profunda, tentando “que este trabalho possa ajudar cada um a (re)descobrir o encanto que existe em conhecer a Boa-Nova de Jesus Cristo e oferecê-la ao outro em comunidade.” (Boa proposta para animadores e grupos juvenis, Alberto Gonçalves).O livro está, assim, organizado em 10 temas que refletem a caminhada de cada um de nós:

1. As nossas preocupações quotidianas, a nossa vida em cada momento;

2. O átrio da Igreja, simbolizando o espaço das interroga-ções e das perguntas;

3. A Porta da Fé, o Batismo, a fronteira entre o que está fora e o início da nossa vida como cristãos;

4. Os símbolos da Igreja, nomeadamente o ambão, lugar da Palavra de Deus;

5. A Igreja, como convocação e missão, com a sua simbolo-gia e as atitudes a ter;

6. A espiritualidade, enquadrada na religião, na fé e na vida;

7. O Credo e a fé como conceito, como reflexão e como experiência de vida, apresentando as atitudes face à fé atuais e as atitudes dos verdadeiros modelos de fé, procu-rando uma profunda reflexão sobre as características da fé de Abraão, da fé de Maria e da fé de Jesus;

8. A doação, mostrando que a vida de cada pessoa vale na medida em que se dá;

9. A reflexão sobre os símbolos mudos, o sal, a luz e o fer-mento, que nos apelam a iluminar e a dar sabor à vida;

10. Por fim, a espiritualidade do Coração de Jesus, reco-nhecendo que “caminhar na fé é esforçar-se por ter um coração igual ao de Jesus.” (Palavras de um superior pro-vincial, Zeferino Policarpo, SCJ).

Da parte da tarde do mesmo dia esteve pre-sente o atual diretor Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, o P.e Eduardo Novo, que partilhou os projetos a nível nacional.

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VAlícia Teixeira

E ISSO FOI PLANEAD O OU. . . ?

Muitos de nós não fomos planeados34 – outro ângulo

do mundo

Arrisco-me a dizer que esta é uma das primeiras per-guntas, ou expressões, ou pensamentos que ocorrem à maioria das pessoas quando recebe a notícia de que al-guma mulher, do seu conhecimento, está grávida. Vá lá, seja sincero! Se não pergunta, ao menos, pensa nisso! A probabilidade aumenta quando se trata de um casal de namorados ou de recém-casados (como o nosso caso) ou de alguém muito jovem, ou uma mulher solteira ou um casal com uma “certa idade”.Acredito que muitos de nós não fomos planeados e não foi por isso que fomos mais ou menos amados. Nem sempre o que é inesperado e, até certo ponto, pouco oportuno não será num futuro próximo o melhor que nos aconteceu (tanto na gravidez como em outra questão). Alias, tenho algum receio em relação aos seres ansiosamente aguar-dados, pois aí as espectativas são mesmo muito elevadas e as desilusões ou as perdas são muito difíceis de aceitar (mas também não é mau por isso!). E aí que entram outras afirmações que mesmo que a mulher/casal tenha as suas reservas, e nem ainda se mentalizou que serão pais, ou outros teimam em saber: “e tens preferência se for menino ou menina? Acho que vai ser menino/menina por causa da idade de pai!” Ou, “o que interessa é que seja perfeitinho e com saúde”. A minha pergunta é: Deveremos profun-

damente desapontados e revoltados se “encomenda” não corresponder aos parâmetros desejados?

Compreendo que todas essas “adivinhan-ças” são a forma das pessoas que nos

rodeiam vivenciarem a gravidez e demonstrarem o seu carinho

e preocupação. Contudo, na minha sensível

opinião, essas perguntas

ou afirmações são por vezes incómodas e pouco úteis para uma mulher/casal que aceita, ainda que com receio, o grande de-safio de trazer ao mundo um ser que será por longos anos da sua responsabilidade.A beleza desta fase é que cada mulher, cada organismo sente de forma única este verdadeiro milagre. Umas serão mais sensíveis a estes aspetos que outras. Nesta primeira experiencia senti realmente necessidade de afastar-me de todo esse alvoroço, pelo menos no 1.º trimestre. De certa forma para proteger-me e protege-lo(a) das espectativas e poder ser eu a compreender, saborear e decifrar calma e conscientemente o grande mistério que Deus nos proporcionou. Se calhar feri al-gumas suscetibilidades…vamos pensar que se deve à alteração hormonal!Se o “plano” fosse só decisão nossa, acredi-to que estaríamos a aguardar eternamen-te o tal momento certo. E agora consigo agradecer à Deus por não nos ter pedido opinião em relação aos Seus desígnios.Se tudo correrá maravilhosamente bem? Se será “perfeitinho(a) e com saúde”? Se será menino ou menina? Se terá os caracóis e os olhos azuis do pai ou o mau feitio da

mãe? Sinceramente? Vou deixar que os outros se preocupem agora com

isso. Cumpro e cumprirei com o que me compete e a

Deus encarregamos do resto!

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VAndré Teixeira

novos mundos – 35do mundo

A empresa afirma que a tecnologia já está pronta para comercialização. Portanto, não será necessá-rio esperar muito mais para puder usar os olhos para fazer pontaria nos jogos em primeira pes-soa ou para navegar pelo Google Street olhando apenas para onde queres ir. Até será possível que navegues pelo já tão conhecido Facebook só a olhares para o teu iPad. Tu não sei, mas eu espero ansiosamente para fazer isso no meu!Definitivamente, estamos cada vez mais próximos de um “Novo Mundo”.Fonte: inovacaotecnologica.com

Caro leitor, há uns meses atrás trouxe cá uns óculos que te iriam permitir ver o mundo de outra forma… Este mês ve-nho informar-te que tal já é possível sem qualquer acessó-rio! Trata-se apenas de uma ferramenta, a mesma que estás a usar neste momento… Exato, a visão!Quando tu queres saber qual é a função de um ícone ou um programa no computador basta passares o rato. Simples, isto toda a gente sabe. Mas, e se para isso bastasse somente passar “os olhos”?Em laboratórios tal já se conseguiu fazer em ambientes virtuais, como jogos ou simuladores. Mas agora a empresa japonesa Fujitsu anunciou o desenvolvimento de uma tec-nologia que, através de led’s das câmaras já incorporados

Navegar no Facebook apenas olhando para o iPad?

RATO ou VISÃO?

na maioria dos portáteis, smartphones e tablet’s, te permitirá utilizar a visão como se de um rato se tratasse.Os engenheiros da empresa supera-ram o problema das imagens ilegíveis devido à alta velocidade de monitori-zação necessária para registar o movi-mento da pupila a fim de determinar o ponto exato para onde tu olhas. A direção do olhar é calculada usando a relação entre a reflexão da pupila e da córnea.

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VJosé Nobre

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

36 – planeta jovemdo mundo

Conjugar redução com eficiência, conforto e segurança

A UE lançou uma estratégia para a economia de energia, que possa ajudar a cumprir os objetivos traçados no Protocolo de Quioto. Para a UE, a energia apresenta-se como um dos maiores de-safios a enfrentar, em que o bem-estar do povo europeu, da indústria e da economia dependerá sempre da utilização de uma energia mais segura, sustentável e acessível. No Tratado de Lisboa, fica-ram descritos os objetivos centrais para a política energética da UE, que são a segurança do abaste-cimento, a competitividade e, a sustentabilidade. Prevê-se portanto para os próximos 10 anos um investimento necessário em energia na ordem de 1 trilião de euros. Faz parte dos objetivos a longo prazo, nomeadamente até 2050, que possa existir uma redução de 80-95% de emissões de GEE. As alterações climáticas que derivam das grandes emissões de GEE são, entre outras, a subida do nível médio do mar, o aumento da temperatura global, períodos de precipitação intensa ou perí-odos de seca extrema. As políticas e medidas de mitigação são assim imperativas. Segundo dados da UE, os objetivos para uma maior utilização de energias renováveis encontram-se perto de serem cumpridos, embora no que diz respeito à eficiência energética e emis-sões, os resultados estejam aquém dos esperados. A nova estratégia para a energia foca-se portanto nos seguintes pontos: alcançar uma Europa com energia eficiente; construir um verdadeiro mer-cado de energia; responsabilizar o consumidor a atingir um maior nível de segurança; estender a liderança da Europa em tecnologia e inovação na energia; reforçar a dimensão externa do mercado energético da EU.Os Estados Membros e autoridades regionais são chamados a intensificar o seu trabalho neste âm-bito, com os seus Planos de Acão Nacionais para a

Eficiência Energética. Com esta perspetiva foram também traçadas algumas metas importantes, nomeadamente a redução das emissões de GEE em 20%, o aumento de 20% na quota de energias renováveis e o melhoramento em 20% da eficiên-cia energética europeia constituem objetivos para 2020. Segundo a diretiva da UE o setor público pre-cisa de estar na frente de tudo isto, devendo traçar objetivos concretos de poupança para o consumo energético do setor público. Os municípios são um dos protagonistas da mudança necessária, portanto, as iniciativas como o Pacto de Autarcas devem ser reforçadas. O Pacto dos Autarcas é uma iniciativa europeia que demonstra um forte suporte local e incentiva as comunidades locais a tornarem-se um fator significativo nas políticas de decisão para a gestão equilibrada de energia e desenvolvimento sustentável; onde podem cola-borar fortemente para um objetivo importante ao nível nacional e europeu, onde as principais me-didas são a redução de emissões de CO2, os des-perdícios e dependência energética, bem como, o aumento da eficiência energética na iluminação pública e na mobilidade urbana. Sabendo que as cidades e áreas urbanas consomem até 80% da energia, deteta-se assim neste setor a necessidade de apostar e incentivar soluções para uma maior eficiência energética. É portanto, imperativo apre-sentar soluções capazes de tornar as cidades mais sustentáveis, com soluções energéticas inovado-ras para que a eficiência e, a redução no consumo de energia sejam aplicadas, sem que nunca se perca a competitividade, a segurança e o conforto dos cidadãos. Há que desenvolver recursos agora, para mais tarde obter os resultados ambiciosos, só assim o sucesso será garantido.

A relação estreita entre a energia e ambiente tem levado a que, a preocupação pela sustentabilidade ambiental e energética estejam cada vez mais na ordem do dia. Esta preocupação está em foco principalmente no sector governamental que no caso de Portugal, apresenta um estratégia comum aos países Europeus que compõem a União Europeia (UE).

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Um dos maiores problemas para a indústrias musicais

PIRATARIA

nuances musicais – 37do mundo

VFlorentino Franco

Não é só a indústria musical que se sente afetada por esta transação de dados à mar-gem da legalidade. Tudo o que é possível piratear, é encontrado online. Já várias empresas de software, bandas musicais e editoras processaram sites que se dedicam a disponibilizar o material que era para ser vendido por valores muito superiores aos que se gasta em fazer um download ilegal. No en-tanto, é sempre provável que apareça novamente outro site que volte a disponibilizá-lo. Agora vejamos o que nos impele a fazer um down-load ilegal. Num estudo feito à margem das con-venções éticas adjacentes às industrias, os princi-pais motivos são: o fator económico, a ausência de material existente nas lojas e a comodidade e rapidez na aquisição. Não está bem definido qual a ordem de prioridade, no entanto, podemos tirar alguma conclusões. Restringindo-nos apenas à área musical é inegável a opinião comum do exorbitante preço de alguns álbuns, em cd, vinil ou DVD. O certo, é que este debate tende a culpar o estado pelos exagerados impostos, ou então, a margem de lucro que as editoras se proponhem a auferir. Então os artistas que compõem saem a perder? Aparentemente sim, contudo, tendo em conta que existem artistas que disponibilizam um álbum na integra através da internet antes de ele sair em CD, algo está a mudar. Será que estamos perante o “Se não o podes combater junta-te a eles”? Ou então é uma técnica de markting inte-ligente. Sim, porque ouvindo a opinião de alguns artistas que repudiam os downloads ilegais, reco-nhecem que é uma maneira de expandir a divul-gação e chamar público para os concertos.

Será uma tendência para as mudanças na in-dústria musical? Talvez, mas neste momento há uma coisa a ter em conta, a qualidade das musicas descarregadas, geralmente em mp3, é muito menor do que a dos cd’s ou vinis ori-ginais. Mas isto talvez sejam uma preocupação apenas de quem gosta de ouvir um bom som e apreciar a definição orquestral. Então, como o mercado não se cinge apenas a essa minoria é natural que a tendência seja para disponibilizar na Internet com excelente qualidade. Neste momento temos que nos dividir entre a ética marginalidade para contornarmos os obstácu-los que nos impedem de ouvir boa música.

Um dos maiores problemas da indústria musical é, sem dúvida, a aquisi-ção do material através de downloads ilegais. Já muito foi escrito acerca deste tema, sendo que, o debate é sempre um pouco controverso.

PIRATARIA

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38 – dentro de tido bem-estar

Pensar na morte de maneira serena e calma não é uma questão de morbidez

MEDO DA MORTE NA JUVENTUDE?

VRosário Lapa

O Dia de Todos os Santos, é comemorado anu-almente, no dia 01 de Novembro em honra de todos os santos, mártires e cristãos heróicos, celebrados ao longo do ano.Todos os santos são aqueles que viveram serenos e brandos, sem darem nas vistas ao longo dos séculos, no silêncio da noite e à claridade do dia, e foram testemunhas e imitadores de DEUS, na transparência dos seus gestos e da sua imagem. Olharam o mundo com amor e os homens como irmãos. Seguiram DEUS de modo admirável.Neste dia, é também celebrado (por antecipa-ção), o dia dos Fiéis Defuntos, que se realiza a 02 de Novembro e é dedicado a homenagear todos os nossos entes queridos, que já partiram. Mas será que o medo da Morte só se Justifica na Juventude?Os jovens que receiam a morte, podem legitima-mente sentir amargura, dor e angústia por terem sido defraudados do melhor que a vida lhes po-dia oferecer. Sentem que ainda não cumpriram a sua missão na terra. “Porquê eu?”As famílias também não estão num momento em que consigam falar com os jovens. O homem atual anda meio perdido de valores e de certe-zas, de conhecimento, desenvolvimento e fé no ser humano, pilares essencias, para a construção e crescimento dos jovens. Eu não acredito que o fascínio pela morte seja maior na adolescência. Eu penso é que este en-contro é mais arriscado, porque os adolescentes são mais frágeis e pouco resistentes, e é nesta fase que colocam imensas questões sobre a vida, o seu valor e se vale mesmo a pena viver, não encontrando na maior parte das vezes respostas a estas questões.

Acho que é a vida que nós levamos que nos faz ter uma concepção da morte. A vida é uma experiên-cia, e com ela podemos aprender, a morte é uma distração que aos poucos tentamos circunscrever. Vivemos uma época diferente, numa sociedade consumista, que significa a queda das grandes referências (incluindo a religião), dos grandes dis-cursos dominantes e do poder e quando chega a hora da morte estamos totalmente desprovidos.Pensar na morte de maneira serena e calma não é uma questão de morbidez, ou falta de vontade de viver. Na realidade trata-se da consciencialização de que ela vai acontecer de qualquer forma e com todos, quer queiramos quer não.Até lá vamos caminhando… Se o caminho se faz caminhando, a felicidade vive-se vivendo. A forma como reagimos a um acontecimento, dita o nosso grau de felicidade. Sei que o mundo está a falar co-migo. Preciso de o escutar, para ser mais feliz, mais belo, mais intenso e apaixonado. Aproveita o que a vida tem de melhor… o resto vem embrulhado nesta vida, que nos esquecemos muitas vezes de admirar, mesmo no sofrimento…

“Em tempos de sofrimento e de dor abra-çar-te-ei e embalar-te-ei, e tomarei o teu sofrimento e fá-lo-ei meu. Quando cho-ras, eu choro, e quando sofres, eu sofro. E juntos tentaremos conter as marés de lágrimas e desespero e conseguir passar os buracos negros das ruas da vida”.

(O Diário da Nossa Paixão – Nicholas Sparks)

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cuidar de si – 39 do bem-estar

Alerta na Madeira – prevenir e curar

DENGUE O QUE É? O QUE FAZER?

Tipos de Dengue:Existem quatro tipos de dengue, uma vez que o vírus causador apresenta quatro serotipos: Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4. Clinicamente esta doença pode manifes-tar-se de quatro formas: Infeção inaparen-te, dengue clássica, febre hemorrágica e síndrome de choque. Sendo os mais preva-lentes a clássica e a febre hemorrágica. A dengue clássica é a forma mais leve da doença e que se assemelha à gripe. É carac-terizada por apresentarem febres altas (39º a 40ºC), dores de cabeça, cansaço muscular e articular, indisposição, manchas verme-lhas na pele entre outros, estes sintomas podem durar até uma semana.Já a febre hemorrágica é considerada a ma-nifestação da doença mais grave e que se caracteriza por alterações de coagulação sanguínea da pessoa que está infetada. Inicialmente ocorre tal como a clássica, mas rapidamente evolui provocando hemorragias. Podem observar-se hemor-ragias nasais e gengivais, na forma mais leve e mais grave apresentando lesões nos órgãos internos.

Dengue é uma doença infeciosa febril aguda, causada por um vírus da família flaviridae e é transmitida através do mosquito Aedes Aegytis, mais concretamente a fêmea deste.

VRita Andrade

O cicloda Dengue

PrevençãoInfelizmente, não existem vacinas preventivas nem qualquer outro tipo de terapêutica para evitar que esta doença se manifeste. Por isso, a prevenção passa em evitar o nascimento e proliferação do mosquito. Ações simples como colocar o lixo em sacos plásticos fechados e evitar deixar água, prin-cipalmente limpa, parada em qualquer recipiente, preencher os pratos dos vasos das plantas com areia podem prevenir a proliferação desta doença. Acredita-se que em cada dez pessoas infetadas uma ou duas ficam doentes.

TratamentoO tratamento é feito como se de uma gripe se tratasse, por isso é importante muito repouso e a ingestão de muitos líquidos. Também podem ser administrados antipiréticos devido às febres ele-vadas. Importante realçar que não devem ser usa-dos anticoagulantes, como a Aspirina e Brufen pelo risco de hemorragia. Ter em atenção sintomas tais como: dores abdominais, desconforto respirató-rio, coloração azulada nas extremidades do corpo, fraqueza uma vez que podem ser a manifestação mais grave desta doença. Em caso de suspeita que possa apresentar den-gue, procurar a ajuda de um médico para que ele possa orientar, principalmente se já tem alguma doença crónica.

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40 – voluntariadoda juventude

VRicardo Pinto

Experiência de voluntariado no fim do 12º ano

SEMINARISTAS DENONIANOS PORTUGUESES EM ANGOLA

Partimos de Lisboa no dia 4 de Agosto. Após uma noite de viagem, chegámos ao aeroporto de Luanda. Algum nervosismo nos dominava. Apesar da curta formação que tivemos, in loco a realidade é diferente.Nas primeiras três semanas, na Casa Padre Dehon, le-cionámos as seguintes áreas: no inglês o P.e Humberto, na informática o António e na música o Micael e eu, Ricardo. O Micael leciona guitarra e eu órgão e canto. As inscrições tiveram bastante adesão por parte da população, como podemos verificar pelos números: cerca de 70 alunos em inglês, 40 em informática, 20 em guitarra e 30 em órgão e voz. Deste modo, tive-mos que criar duas turmas, assistindo uma de manhã e outra de tarde. Ao longo da semana fomos, paulati-namente, recebendo mais inscrições.As aulas correram bem. Tendo em conta o curto tem-po de que dispusemos e o acesso a material ser um pouco restrito, as turmas têm progredido significati-vamente apesar das dificuldades normais subjacentes a qualquer estudo sério. Ao fim-de-semana reunimo-nos com alguns catequistas da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, confiada aos Dehonianos, para refletir sobre alguns temas. Foi uma boa oportunidade de comunhão e partilha de experiências e traços cul-turais que nos têm ajudado a crescer mutuamente.

Na Casa Padre Dehon aproveitámos também para conviver com os seminaristas Dehonianos. Alguns deles estão a concluir o ensino e ou-tros frequentam já o Curso de Filosofia na Universidade. São pessoas que, como nós, fazem a sua caminhada vocacional tendo em vista a consagração ao Senhor na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus.

Os seminaristas que terminaram o 12.º ano no Instituto Missionário em Coimbra, o António, o Micael e o Ricardo, acompanhados pelo P.e Humberto, prepararam um mês de volunta-riado nas nossas missões de Angola e realiza-ram-no no passado mês de agosto.

Aproveitámos também para visitar alguns lo-cais de modo a conhecer as várias realidades do país. Tivemos oportunidade de visitar a capital, Luanda, a cidade de Viana (com visita obriga-tória ao Paço Episcopal), a zona para os lados de Benfica, Miradouro da Lua, e ainda algumas comunidades da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário: Santa Maria, Santa Baquita, Santa Filomena e Santo André.Fomos ainda ao Luau e a Luena e visitámos as comunidades Dehonianas. Este tempo de missão em Angola foi bastante enriquecedor para todos nós, tanto a nível pessoal como religioso, pois crescermos mais interiormente e para Deus.

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VPaulo Vieira

jd-Porto – 41 do mundo

1.as Jornadas Nacionais de Pastoral Juvenil

“FÉ E NOVA EVANGELIZAÇÃO: Ide e fazei discípulos”Realizaram-se em Fátima, a 19 e 20 de outubro, as primeiras nossas Jornadas de Pastoral Juvenil, com o tema “Fé e Nova Evangelização: Ide e Fazei Discípulos”. Mais de 250 agentes de pastoral juvenil dos secretariados diocesanos e de mui-tos movimentos participaram neste primeiro grande encontro de reflexão.

Alfredo Teixeira e Riccardo TonelliNa noite de sexta-feira, o Doutor Alfredo Teixeira, soci-ólogo e docente da Universidade Católica Portuguesa, reuniu e analisou os dados fornecidos, em forma de análise SWOT, pelos secretariados diocesanos de pasto-ral juvenil e movimentos, bem como alguns dados do último senso à prática dominical. Entre forças e fraquezas, ameaças e oportunidades, sur-giu uma juventude mais aberta à religiosidade (do que há 20 ou 30 anos, que terminavam a caminhada de fé na comunhão. Nascem novas linhas de ação na cultura ju-venil e uma necessidade de acompanhamento por parte dos sacerdotes e Bispos. “Se a Igreja quiser continuar a ser significante para a vida dos jovens, essa mensagem tem de atravessar as culturas juvenis de forma muito mais ampla”.No sábado, o P.e Riccardo Tonelli, salesiano e especialista em pastoral juvenil, conseguiu cativar o auditório cheio. O sacerdote italiano chamou os animadores a falarem de Jesus aos jovens como “São Pedro falou ao coxo em vez de lhe dar dinheiro”, na Porta Formosa do Templo. Dizia: “O animador tem de conseguir «desmancar» o coxo, com palavras de Jesus, para isso é preciso ter “ouvidos de amor” para perceber os jovens.” O P.e Riccardo disse estar “convencido que se anunciarmos o amor de Jesus desencadeamos em vocação”.

D. Ilídio Leandro e P.e Eduardo NovoD. Ilídio Leandro, bispo de Viseu e vogal da CELF, abriu as jornadas e presidiu à eucaristia no dia de sábado. Na sua homilia destacou que “os animadores de jovens precisam de ser referência, em 4 atitudes: serem lugares de acolhimento, acompanharem os jovens, terem coragem de orientar e cuidarem da sua própria formação”.O diretor do DNPJ, P.e Eduardo Novo, realça-va estas jornadas como forma de proximi-dade e reunião de todos os que trabalham em pastoral juvenil. “Tratou-se de espaço de formação que há muito era necessário e estamos a sonhar a pastoral juvenil. Agora saímos daqui inquietos, com tudo o que ouvimos e partilhámos, fica só o desafio de descobrir os sinais, ler a realidade e saber agir no testemunho de ser cristão.”

Momentos diferentes nas JNPJA noite de sexta-feira terminou com “Acordes de Fé”, com O Mendigo de Deus e a Irmã Maria Amélia Costa num concerto orante onde predominou a entrega do dia. Os jovens, dispostos pela capela do Centro Missionário da Consolata e à luz de peque-nas velas, foram convidados a um momen-to de reflexão e oração pessoal, ação de graças e paragem ao som de música.No início da tarde de sábado o P.e Adérito Barbosa apresentou o seu livro para o Ano da Fé: Cristãos com fé. Depois os participan-tes foram divididos em grupos para partilha de experiências de pastoral juvenil, uma oportunidade de partilha e conhecimento de novas realidades.

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42 – em açãodo mundo

Jovens da Companhia Missionária em reflexão, oração e convívio

ENCONTRO DE JOVENS CONSAGRADASDe 16 a 18 de Julho de 2012, realizou-se, em Bolonha, um encontro com as jovens consagradas da Companhia Missionária (CM) provenientes de quatro continentes: Ásia (Indonésia), África (Moçambique e Guiné-Bissau ), América Latina (Argentina) e Europa (Portuga e Itália).As comunicações apresentadas, durante os três dias, incidiram sobre o nosso ser CM: a identidade, o carisma, o sentido de perten-ça e a história dos 55 anos de existência. As reflexões propostas foram ricas de conteúdo e coloridas de entusiasmo porque perpas-sadas pela experiência das irmãs que nos precederam nesta caminhada, e que são testemunhas vivas de um busca contínua e aberta à ação do Espírito e aos desafios que as necessidades emergentes nos colocam.Passo a citar alguns excertos dos testemu-nhos de missionárias que participaram no encontro:

Somos jovens consagradas da Companhia Missionária. Reunimo-nos, na sede central de Bolonha, durante alguns dias. Foi um aconte-cimento que fez história, seja a história pesso-al de cada uma de nós, seja a história de uma só família: a CM. (…) Antes de regressarmos à Indonésia, encontrámo-nos com Pe Dalla Zuanna, que fora nomeado há pouco novo bispo dehoniano da Beira em Moçambique, e

Foi plantada uma camélia com terra levada de quatro Continentes.

o seu secretário, irmão Vicente, indonesiano.

(Mudji – Indonésia)

A dimensão internacional do encontro trouxe uma grande riqueza ao seio da Companhia Missionária … Os momentos de que desfrutámos deram-nos a possibilidade de nos conhecermos e de trocarmos experiências culturais, num ambiente de escuta recíproca. (Antonieta N’Dequi – Guiné Bissau)

Parecia o dia de Pentecostes. Cada uma falava na sua língua, mas a gente compreendia tudo… Foi também um momento de ação de graça porque temos ainda connos-co o nosso fundador Pe. Albino que com os seus 93 anos de idade algumas de nós foi a primeira vez que o viram.

(Ivone Gomes –Guiné Bissau)

Partimos as três. Em Lisboa, o Padre Adérito esperava-nos. Rumamos até Cascais, uma cidade turística, fresca e com boas sardinhas, almoçamos, passeamos e fomos à paró-quia, onde nos juntamos com um grupo de voluntários que faziam a cerimónia de Envio, alguns dos quais para Moçambique.

(Julieta Mendes – Maputo, Moçambique)

Com esta pequena reflexão quero exprimir a minha grati-dão por tudo o que pude colher, nestes três dias de encon-tro, de aprofundamento da história e da espiritualidade e pela experiência vivida da inculturalidade e pelas viagens que fizemos de visita a Roma, Veneza, Monguelfo, entre vários outros sítios. (…) No dia 12 partimos para Lisboa, o Padre Adérito foi-nos buscar ao Hotel onde estivemos hospedadas. Mostrando-nos vários sítios em Lisboa, le-vou-nos à praia de Cascais onde nos ofereceu um almo-ço e daí fomos visitar uma paróquia dos Dehonianos… Participamos na cerimónia do envio dos voluntários para as terras de missões e, depois de um jantar comunitário, um dos padres acompanhou-nos até ao hotel. (Helena Enoque – Moçambique)

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Foi recolhida, em pequenas caixas, uma porção da terra misturada e enviada para cada um dos grupos CM. Este gesto simples, na sua riqueza sim-bólica, evoca a presença de todas e cada uma nas diversas realidades espalhadas pelos quatro conti-nentes e a comunhão que somos chamadas a ser e a transmitir. Agradecemos ao P.e Adérito Barbosa a disponibilidade e o acolhimento com que pre-senteou as nossas irmãs africanas, da Guiné e de Moçambique. São estes e outros pequenos gestos que tecem laços de família e que dão rosto à ver-dadeira fraternidade cristã.

VSerafina Ribeiro

Foi plantada uma camélia com terra levada de quatro Continentes.

O que aprofundamos nestes dias nos compromete para o futuro, nos empenha a repetir o nosso “eis-me aqui” com renovada confiança, sabendo que o dom de Deus que recebemos é grande. Voltemos a partir com o desejo que o NÓS CM cresça e, como uma flor, possa germinar ali onde cada uma das realidades CM está presente. (Paola Berto – Itália)

O encontro das jovens consagradas sin-tetizo-o numa palavra: foi um tesouro. Um símbolo encerrou este maravilhoso encontro. Cada uma tinha levado um pouco de terra do seu País, colocada depois num recipiente. Anna Maria, Presidente da CM, misturou toda esta terra com as suas mãos, dando assim a imagem daquilo que é hoje a CM: uma comunhão de diversas culturas. Nesta terra foi depois colocada uma bonita roseira que plantamos no nosso jardim.

(Rosa M. González – Argentina)

VSerafina Ribeiro

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44 – jd-Lisboada juventude

Compatibilidade entre vida académica e vida cristã

“caFé”

O encontro teve lugar no jardim do estádio universitário de Lisboa onde ambiente universitário não faltou. Foram convidados quatro jovens com percursos de vida distintos para darem o seu testemunho, essencialmente sobre como é ou não difícil a conjuga-ção entre a vida de estudante e a vida cristã. Os testemunhos foram bastante ricos e prenderam a atenção de todos, já que os jovens convidados tinham idades próximas dos jovens que assis-tiam e mostraram que é possível estar na universidade e continuar a ter uma vida em Cristo e para Cristo.

VInês Santos

No passado dia 7 de Outubro a JD Lisboa dinamizou uma actividade intitulada caFé, subordinada ao tema Vida cristã E Vida académica. O principal objectivo era conversar “sem preconceitos” com os jovens, neste caso sobre um tema que lhes é particularmente próximo – a entrada na universidade e todas as alterações que vêm com essa nova etapa da vida.

Todos eles foram unânimes em dizer que não se deixa de ter vida ao entrar para a Universidade, mas a verdade é que a vida fica diferente, muda, “pas-samos a ser nós a escolher o nosso caminho” comenta Rita Reis, referindo que foi precisamente a entrada na uni-versidade que a fez querer partilhar a sua fé e dar catequese aos mais novos bem como embrenhar-se noutras acti-vidades.

A uma pergunta muito pertinente – “alguma vez se sentiram em “crise de fé” durante a estadia na universidade?”, um dos convidados – João Guedes – referiu que “na universidade tive mais espaço para me afirmar como cristão” enquanto que os outros referiram também que não sentiram “crise” mas que por vezes era difícil explicar os seus pontos de vista de forma a que os colegas entendessem (Daniela Reis). Um grande testemunho foi também dado pelo seminarista Tiago que foi precisamente na sua estadia na universidade a tirar o curso de geografia que sentiu que “precisava de buscar mais” e descobriu a sua vocação para a vida religiosa. Refere que não perdeu nada daquilo que era e que apenas desco-briu “o seu lugar onde é feliz”. Incentiva os jovens e diz-lhe que “vale a pena, em qualquer altura da nossa vida, mudar-mos” e encontrarmos o nosso lugar.

Entre cafés e pipocas os jovens partilharam ex-periencias de vida que podem fazer uma grande diferença naqueles que agora começam uma nova jornada, que se vão deparar com muitas crises e que vão ser postos à prova na sua fé. Como nos diz Rita Reis “o melhor testemunho de fé a nossa acção, o nosso exemplo” e foi esta a mensagem que quisemos passar a estes jovens nesta tarde de Domingo.O dia terminou com a Eucaristia no colégio uni-versitário Pio XII onde fomos interpelados a ver que marca deixaremos no mundo, que diferença vamos fazer na vida dos que se vão cruzar connos-co? Às vezes é preciso “sairmos da nossa zona de conforto” (João Guedes) e mostrarmos aos outros aquilo em que acreditamos!

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jd-Europa – 45 da juventude

VPaulo Vieira

DELEGADOS EUROPEUS EM VARSÓVIA

Reunião habitual de outubro para partilha, avaliação, programação e formação

O tema “Deus chama, eu escolho – Fé e liber-dade na descoberta vocacional” congregou religiosos dehonianos de toda a Europa na ha-bitual reunião de outubro. Na casa provincial da província Polaca, em Varsóvia. O superior

Partilha, avaliação, programação, forma-ção, oração, convívio e visitas culturais e religiosas marcaram mais um Encontro dos Delegados Europeus da Pastoral Juvenil e Vocacional Dehoniana. Foi em Varsóvia, de 8 a 12 de outubro e de Portugal foram os padres Ricardo Teixeira e Paulo Vieira.

provincial polaco, Artur Sanecki, deu as boas-vin-das a todos e fez uma apresentação do trabalho dos dehonianos nas regiões de leste dependentes da Polónia. Deu também algumas informações de caráter social, político e religioso.Tivemos um espaço aberto de partilha dos con-frades das várias províncias da Europa acerca do seu trabalho na pastoral juvenil e vocacional. Parece que todas as províncias aqui representadas estão a trabalhar seriamente, com base em proje-tos sólidos, quer a nível de pastoral juvenil como vocacional, num mundo que não se apresenta facilidades.De seguida abordaram-se os empreendimentos comuns futuros.Nós portugueses apresentámos os primeiro esboço para o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, que será e, Portugal, de 3 a 10 de agos-to de 2014, o qual terá certamente em conta o fac-to de ser o 100.º aniversário do início da I Grande Guerra ligado à nossa dimensão de “servidores da reconciliação”, bem como ao lugar de Fátima na construção da Paz.

Sobre Jornadas Mundiais da Juventude, no próxi-mo ano, no Rio de Janeiro e o encontro dehoniano que os nossos confrades estão a preparar, não te-mos muitas informações e também das províncias da Europa não há muita adesão, sobretudo pelos encargos económicos com as viagens. No entanto a província da Alemanha já tem um grupo fechado 35 participantes.A vantagem em continuar com a Semana Vocacional a nível de Europa, fez parte dos nossos trabalhos. Confirmou-se a possibilidade de realizar a próxima de 1 a 8 Setembro de 2013 e a hospitali-dade será oferta da província de Itália do Norte.Foi-nos proporcionado um excelente momento de formação com uma conferência do P.e Krzysztof Pawlina, reitor do seminário maior de Varsóvia, sobre a realidade dos jovens polacos, na qual re-conhecemos também a situação dos jovens dos outros países da Europa.Visitámos lugares significativos de três mártires polacos Maximiliano Kolbe (mártir da Segunda Guerra Mundial – 1942), Jerzy Popiełuszko (már-tir do fim do Comunismo – 1984) e André Bobola

(mártir jesuíta do séc. XVII). E tivemos oportunidade de visitar um pouco da capital da Polónia.Foi um belo tempo fraterno, marcado pela excelente hospitalidade dos nos-sos confrades polacos, que agradece-mos.

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(Padre Dehon)

VPaulo Vieira

DEHUMOR

46 – agendada juventude

JD-LisboaNovembro09-11 − Encontro Mensal: Tema do ano.16-18 − Encontro Nac. Secretariados JD em Alfragide.

Dezembro01 − Encontro Mensal.16− Retiro de Advento.

JD-MadeiraNovembro16-18 − Encontro Nac. Secretariados JD em Alfragide.

Dezembro08-09− Retiro de Advento - São Paulo - Porque acreditar?19 − Oração de Taizé no Colégio Missionário.19− Jantar JD.

1.ª quinta-feira – das 21h às 22h00

Um tempo com espaço para a interioridade com a oração tipicamente dehoniana aberto à Juventude Dehoniana, à Família dehoniana e a todos os amigos, jovens e menos jovens. Depois da adoração despedimo-nos com um chá.

AdOração no Centro Dehoniano

“A razão e a fé são duas filhas de Deusque não devem estar em desacordo”.

Eu rezei muito......para isto estar certo!

JD-PortoNovembro01 − AdOração no Centro Dehoniano. 04 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.16-18 − Encontro Nac. Secretariados JD em Alfragide. 27 − CFA “Acreditar MAIS” em Gandra + magusto.

Dezembro02 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 06 − AdOração no Centro Dehoniano. 09 − Retiro de Advento - Centro Dehoniano. 21 − Presépio e ceia de natal no CD.

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TEM PIADA C U R I O S I D A D E S

VPaulo Cruz

Solução de setembro/outubroConsidere que são negócios independentes.Lucra 100€ na primeira venda, compra por 600 vende por 700 + 100€ da segunda venda, compra por 800 ven-de por 900 um total de 200€ em todo o negocio.

V i n h o d o P o r t o— Sabe, Josefina, que o vinho do Porto a torna muito mais bonita? — Ora deixe-se de coisas. Eu não bebi vinho do Porto... — Mas bebi eu.

quebra-cabeçashotel

passatempos – 47 tempo livre

o dia da criançaO dia da criança é comemorado em diversos países, em datas diferentes, no entanto, o dia Universal da Criança é dia 20 de novembro, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), aludindo ao dia em que foi

Três comerciantes queriam hospedar-se num hotel, mas o gerente só tinha um quar-to disponível, sugerindo que ficassem os 3 nesse quarto pela quantia de 30€. Cada um dos comerciantes pagou 10€ e foram para o quarto. Mais tarde num muito raro rebate de consciência o ge-rente decide devolver 5€ aos

aprovada a Declaração dos Direitos da Criança (1959).Os festejos iniciaram-se durante o ano de 1960, quando um diretor de uma fábrica de brin-quedos resolveu divul-gar essa data como o dia da criança e assim incentivou as famílias a presentearem os seus filhos aumentando as vendas, a estratégia funcionou, e foi seguida por outras marcas que apostaram em campa-nhas de marketing para assinalar o dia.

a m o r i n c o m p r e e n d i d oA amiga: — Mas então... a família dele não concorda com o vosso amor? Ela: — Não. Fazem tudo para nos separar. A amiga: — Que horror! Como po-de haver pessoas assim?! Ela: — E a pior de todas é a mulher dele!...

q u i n h e n t o s e u r o s e h o t e lNum restaurante, um homem janta só. Na mesa ao lado, uma jovem está também sozinha. A dado mo-mento, ele levanta-se, inclina-se para ela e pede-lhe delicadamente: — Dá-me licença que leve a mostarda?

comerciantes porque lá pensou que tinha cobrado demais..., chamou um empregado deu-lhe 5€ em moedas de 1€ e mandou-o ir levá-las ao quarto dos comerciantes. Pelo caminho o empregado reparou que não conseguiria dividir as 5 moedas de 1€ em partes iguais, então, decide retirar 2 moedas de 1 € para o seu bolso, devolvendo somente 1 moeda de 1€ a cada um dos comerciantes...Isto quer dizer que :Cada comerciante pagou 9€ pela noite no hotelO empregado “abarbatou” 2€Ora 3 x 9 =27€ ...... + os 2€ do empregado = 29€ ..... onde está então o outro euro????

— É lamentável o que me está a propor! — grita a jovem. — O senhor não tem vergonha? Todo o restaurante se vira para eles. O homem, vermelho co-mo um tomate, balbucia: — A senhora compreendeu mal. Eu apenas lhe pedi a mos-tarda... — Nunca ouvi uma coisa como

esta! O senhor é um ordinário! O homem volta para o lugar, observado severamente por toda a gente. A mulher paga a sua despesa, vai à mesa dele e diz em voz baixa: — O senhor desculpe a minha atitude. Tenho de lhe dar explicações. Sou socióloga e estou a preparar uma tese sobre as reacções dos homens perante uma situação embaraçosa na presença de público. Eu fiz este teste e espero que não fique a pensar mal... É a altura de o homem gritar: — O quê? Quinhentos euros mais o hotel?! Você não vale tanto!

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A nova imagem da Juventude DehonianaUm novo logótipo que apresenta o Coração, no qual cabe todo o Universo, no qual todos temos lugar e a partir do qual somos convidados a viver, para que os nossos rostos possam manifestar o sorriso (J;D) evangelizador.

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