a folha dos valentes - abril 2012

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V a l en es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 413 ABRIL 2012 ANO XXXVI a folha dos 03. - VIVO para sempre! 05. - TITANIC – 100 anos! 10. - Encontro Anual SMPD 12. - O P. e Adriano PEDRALLI 20. - SÃO TEOTÓNIO e as origens de Portugal 24. - A parábola do FILHO PRÓDIGO 35. - RIR até mais não poder 38. - ARTRITE reumatóide juvenil 40. - XV Enc. Nacional JD 44. - Prestemos ATENÇÃO ALELUIA ! valentes_2012_04.indd 1 28-03-2012 15:11:22

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Abril 2012

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Page 1: A Folha dos Valentes - Abril 2012

Valen esPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA413

ABRIL 2012ANO XXXVI

a folha dos

03.-VIVO para sempre!

05.-TITANIC – 100 anos!

10.-Encontro Anual SMPD

12.-O P.e Adriano PEDRALLI

20.-SÃO TEOTÓNIO e as origens de Portugal

24.-A parábola do FILHO PRÓDIGO

35.-RIR até mais não poder

38.-ARTRITE reumatóide juvenil

40.-XV Enc. Nacional JD

44.-Prestemos ATENÇÃO

ALELUIA!

Fevereiro 2012 ANO XXXVIValen es

PUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA411

a folha dos

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Page 2: A Folha dos Valentes - Abril 2012

03 > alerta! > Vivo para sempre!

04 > digo eu... > Dos nossos leitores

05 > recortes do Mundo > Titanic: foi há 100 anos!

06 > sal da terra > Ao ritmo da Páscoa

07 > cantinho poético > Lembrar o que não quero esquecer

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com . http://valentes.hi5.com

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > Liturgia viva

10 > entre nós > Encontro anual de antigos alunos SMPD

11 > com Dehon > Nascente de graças

12 > memórias > Recordando o padre Adriano Pedralli

14 > comunidades > Dehonianos no vale de Loures

dos conteúdos

16 > pastoral juvenil > Evangelizar é a missão

17 > palavra de vida > Conheço as minhas ovelhas

18 > vinde e vereis > Vida na rita da ressurreição

19 > onde moras > Vida em abundância

20 > doses de saber > S. Teotónio e as origens de Portugal

22 > pedras vivas > A “pedreira” de Esgueira

24 > opinião > A atualidade da parábola do Filho Pródigo

26 > leituras > A sabedoria da tartaruga

28 > sobre a bíblia > Paz como dom pascal

30 > reflexo > Abertura para a plenitude da vida

32 > sobre a fé > O anúncio pascal

do mundo

34 > planeta jovem > Onde se escondem as estrelas?

35 > outro ângulo > Rir até mais não poder

36 > novos mundos > Carros a hidrogénio

37 > nuances musicais > Êxitos

do bem-estar

38 > cuidar de si > Artrite reumatóide juvenil

da juventude

40 > jd-Nacional > XV Encontro Nacional JD

41 > jd-Lisboa > Conhecer e viver a Via-Sacra

42 > jd-Açores > Contemplação eucarística

44 > jd-Porto > Prestemos atenção!

44 > agenda-JD > Calendário de actividades

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > Campanha logótipo JD

da família dehoniana

sumário:

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)ou (transferências internacionais):

IBAN: PT50 0010 0000 1240 8400 0015 9SWIFT/BIC: BBPIPTPL

FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: José Luís Freire; António Silva, Pedro Ferreira, Alberto Bisarro, Gonçalo Mendes, Jacinto Farias.

Fotografia: Nélio Gouveia, Adérito Barbosa, António Silva.

Capa: Torreira

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor:Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

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Page 3: A Folha dos Valentes - Abril 2012

VIVO PARA SEMPRE!

VPaulo Vieira

alerta! – 03 da actualidade

Há poucos dias, ainda durante a Quaresma, numa missa “da catequese”, as crianças fizeram-me mui-tas perguntas, algumas bem pertinentes sobre aspetos centrais da nossa fé. As duas que destaco foram: “Porque é que Jesus teve de morrer por nós, para nos salvar?”; e “O que significa dizer que Jesus ressuscitou?”“Porque é que Jesus teve de morrer por nós, para nos salvar?”Quanto à primeira, não foi fácil dizer de modo que as crianças compreendessem a passagem dos sacrifícios de animais para o perdão dos pe-cados, para o único sacrifício eficaz, feito de uma vez por todas e abrangente de todos os homens de toda a história. Na impossibilidade de o fazer convenientemente, fiquei pelo anúncio da nossa fé na imensidão do amor de Deus que oferece o Filho Unigénito “para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3, 15). Ele que afirmara que “Não há maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13). Ainda assim desafio os prezados leitores a aprofundarem a resposta a esta pergunta, sobre-tudo para tirarmos conclusões de como a nossa vida deve manifestar a gratidão pela salvação que Deus nos ofereceu e nos oferece…“O que significa dizer que Jesus ressuscitou?”Quanto à ressurreição de Jesus, que é a questão sobre a qual quero partilhar convosco este alerta da nossa edição de abril, já foi mais simples ex-plicar que a ressurreição significa “estar vivo para sempre”. Mas isto não basta porque precisamos de perceber o que implica com a nossa vida a fé em Jesus Cristo “vivo para sempre”!O facto da ressurreição de Jesus permanece, em si mesmo, inacessível à verificação histórica. Da res-surreição de Jesus não há provas científicas mas há sinais e sobretudo testemunhos que alimentam alicerçam a nossa fé.

O túmulo vazioO conjunto dos relatos da ressurreição, nos textos dos evangelhos, centra-se na ação em torno do sepulcro vazio. Eles confirmam a morte de Jesus e facilitam a identificação do Ressuscitado com Aquele que fora condenado e morto na cruz, mas não conduziram os protagonistas à fé na ressurrei-ção, nem ao testemunho. Semeou neles a surpresa e o desconcerto (Mc 16, 8). O sepulcro aberto é um sinal para quem já crê e se sente amado (Jo 20, 8).As aparições do ressuscitadoOs relatos das aparições são formas de apre-sentação dos testemunhos de encontros com o Ressuscitado. Estes encontros com o Ressuscitado são aqueles com grupos de discípulos, que cons-tituem a fundação da comunidade cristã e aque-les com crentes individuais, que apresentam a possibilidade do acesso à experiência pascal por quantos foram escolhidos por Cristo para serem suas testemunhas.O testemunhoO testemunho é o único modo eficaz de falar da ressurreição. Como qualquer experiência humana, a experiência dos Ressuscitado começa com um facto real que se transforma em linguagem para expressão pública. Se Ele não tivesse ressuscitado, não estaria vivo. Se não estivesse vivo, não apa-receria aos Discípulos. Se não aparecesse aos dis-cípulos, estes não teriam acreditado. Se eles não tivessem acreditado, não se teriam convertido em suas “testemunhas até ao fim do mundo” (Act 1, 8). O anúncio do acontecimento de Jesus de Nazaré a quem Deus “constituiu Senhor e Cristo” (Act 2, 36), a começar precisamente pela ressurreição, e o testemunho da Vida Nova que esse encontro pos-sibilita torna-se o fulcro da missão dos discípulos e ainda hoje é a primeira confissão de fé para que alguém se considere como cristão.

Boa Páscoa, porque Ele vive para sempre!

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Page 4: A Folha dos Valentes - Abril 2012

VPaulo Vieira

04 – digo eu...da actualidade

À revista A Folha dos Valentes e aos seus feitores, Os nossos sinceros parabéns por tão bela publicação.Foi com alegria que recebemos a vossa revista pelas mãos do tesoureiro da nossa Paróquia.Queremos agradecer ao Sr. P.e António Augusto tamanha gentileza na elaboração do artigo Pedras Vivas, deste mês de Março.Bonito... Uma coisa simples que mostra toda a sua delicadeza solícita em nos fazer sentir bem. Não escreveu um artigo apressado e banal...Relembramos que a amizade é um bem precioso. “Quem encontra um amigo, encontra um tesouro”, diz o provérbio.E também o dizem a nossa vontade de estarmos juntos todos os domingos às 19h na Capela de Santo António, em Baguim do Monte.As nossas risadas, a nossa cumplicidade, as nossas afinidades... E ainda a capacidade de, uns aos outros, dizermos livremente a verdade, com desenvoltura, sem hipocrisia nem engano.Tudo parece mais fácil. Quando toda a comunidade está junta e partilha tudo de coração aberto, superamos melhor as dificuldades e os imprevistos.De coração, obrigada; Deus o ilumine sempre.Comunidade de Santo António – Baguim do Monte

Gentileza do P.e António Augusto...

Excelentíssimo Diretor de A Folha dos Valentes.Cá vai uma oferta (...) para que a vossa e nossa revista, que tanto prezamos, possa continuar a trazer-nos sempre boas notícias. Um bem-haja para todos os que generosamente a fazem tão variada e bela!Votos de paz e alegria na Páscoa do Senhor!Rita Tomás – Sesimbra

Sempre boas notícias...

Aos nossos leitores: Obrigado!Agradecemos as ofertas que nos tendes enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em corres-pondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! O ano que vai na folha de rosto que acompanha a revista é referente à última oferta que nos chegou. Obrigado!

Amigos e leitores escrevem-nos

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Page 5: A Folha dos Valentes - Abril 2012

recortes do mundo – 05 da actualidade

Na noite de 14 para 15 de abril de 1912 o Titanic naufragouAmigos e leitores escrevem-nos

FOI HÁ 100 ANOS

Fotos: http://www.titanicuniverse.com

O Titanic foi o maior transatlântico

da sua época. Levou 3 anos a construir

e possuía a tecnologia mais avançada da altura.

Tinha 47 mil toneladas, e pertencia ao White Starline.

Um folheto publicitário de 1910, da companhia,

alegava que ele fora “concebido para ser inafundável”.

Na sua primeira viagem, na noite de

14 para 15 de abril de 1912, chocou com um iceberg,

ao sul da Terra Nova, a caminho de Nova Iorque.

Havia a bordo 2 224 passageiros

e tripulantes, sendo que

1 503 morreram. A orquestra de bordo

tocava, no momento

do afundamento, o hino religioso

“Mais perto de Ti, meu Deus”.

O afundamento durou 2 horas.

O primeiro contacto com a água

A partida de Southamton, a 10 de Abril de 1012

Um bote cheio de sobreviventes Parte do casco no fundo do mar

Proporção entre o Titanic e o icberg

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Page 6: A Folha dos Valentes - Abril 2012

NO RITMO DA PÁSCOA

VPaulo Rocha

Tempo de predispormo-nos para atitudes pascais06 – sal da terra

da actualidade

As celebrações em torno da paixão de Cristo, nomeadamente na Semana Santa, ganham visibilidade crescente e até merecem apostas de organizações culturais ou autárquicas.

A razão não estará apenas na dramaticidade da condenação, paixão e morte de Jesus. Em cada projeto de representação do acontecimento que mudou a história da humanidade está o realismo e o significado transcendente que lhe é próprio. E mesmo que essa não seja a primeira motivação para mobilizar recursos humanos e materiais capa-zes de atrair “turistas” da Semana Santa, não acre-dito que reine a indiferença naqueles que recriam as últimas horas da vida de Jesus nem nas pessoas que assistem, nas ruas e praças de muitas localida-des, ao sofrimento redentor vivido por Cristo.Acentuação diferente tem, nalguns contextos, a celebração da ressurreição: são menores as ma-nifestações de festa pascal e breves as ocasiões em que é possível expressar alegria porque a vi-da, a ressurreição é o fim feliz de toda a história; e, após a Páscoa, até se encontram expressões de afirmação da necessidade de descanso por causa da intensidade das celebrações da paixão, quando o momento seria de anúncio entusiasta da ressur-reição!Casos que não fazem a regra. E muito menos de-terminam a atitude a propor para quem encontra no ritmo pascal o compasso certo para todos os momentos da vida.Confirmam-no as autênticas festas no momento do anúncio da ressurreição que também se des-cobrem de Norte a Sul do País. A “Visita Pascal” (Compasso), com configurações diferenciadas de acordo com tradições locais é um bom exemplo! E mobiliza famílias e comunidades durante muitos dias em torno da proclamação do “Aleluia!”.

Há, no entanto, recantos de Portugal onde o anúncio da notícia da ressurreição cumpre tradi-ções seculares e une familiares e amigos em au-tênticas manifestações singulares de expressiva alegria. Penso sobretudo nos povos das Beiras e do Alentejo. Em cada ano, descobrem-se novas tradições da festa da Páscoa. Numas localidades, na noite e no dia da Aleluia; noutras durante to-da a semana, até à Pascoela. E, se pensarmos nas Ilhas, as tradições prolongam-se nos 50 dias após a Páscoa.A certeza de que o dia de Páscoa preenche todos os dias do ano carece de se tornar mais evidente na vida dos que fundamentam percursos de fé na ressurreição de Cristo, os cristãos. A descoberta, a participação e a valorização das tradições pascais serão um bom meio para atingir esse fim.

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Page 7: A Folha dos Valentes - Abril 2012

VJorge Robalinho

LEMBRAR O QUE NÃO QUERO ESQUECER poesia – 07 da actualidade

Fui com sorte ao teu encontroEncontrei o teu encanto

De canto bem afinadoQue o soube entretanto

O quanto te tinha amadoMais valia estar calado

E ouvir essa voz fina

Mais rica que uma minaQue adoça o paladarComo um canto a chilrrearNo meu coraçãoAmei essa porçãoQue da vida me deste a beberIsso não posso esquecer...Isso não quero esquecer...

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Page 8: A Folha dos Valentes - Abril 2012

VManuel Barbosa

MARÇO COM DEHON Março é o mês do aniversário do nascimento do Padre Dehon, no dia 14. Todas as comunidades

dehonianas celebraram dignamente o acontecimento, também em partilha com os leigos que comun-gam da espiritualidade dehoniana. A Tarde Dehoniana em Alfragide, a 18 de Março, é exemplo das várias iniciativas realizadas (www.dehonianos.org).

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

08 – recortes dehonianosda família dehoniana

DEHONIANOS DA EUROPA REFLETEM SOBRE ENVELHECIMENTO Para refletir sobre a situação de envelhecimento dos Dehonianos na Europa, encontraram-se em

Asten, Holanda, de 12 a 16 de Março, 30 Superiores Maiores e vários delegados das várias entidades. Presente também o Conselheiro Geral da Congregação para a Europa, o Padre John van den Hengel. Participaram ainda os membros do grupo de trabalho sobre o envelhecimento, a ní-vel de toda a Congregação. De Portugal estiveram presentes o Padre Zeferino Policarpo, Superior Provincial, e os Conselheiros Padre João de Deus e Padre José Armando Silva; o Padre Manuel Barbosa participou como coordenador-secretário para a Europa. A casa dehoniana de Asten, agora casa para idosos, foi o primeiro Noviciado da Congregação. De realçar que, no grande cemitério desta casa, está a sepultura do Padre André Prévot.Neste encontro, procurou-se refletir sobre o aumento da média de idades das nossas realidades, um dado concreto que deve ser compreendido e enfrentado positivamente. A procura de soluções passa cada vez mais pela colaboração com leigos e com outras congregações religiosas.Aqui fica um extrato da mensagem que foi enviada a toda a Congregação:«Muitos confrades idosos ensinam-nos o essencial da nossa vida religiosa: o zelo, a missão, a contemplação que sempre sustém o próprio apostolado ativo; na última fase da vida, o ministério dos confrades idosos exprime-se na oblação, na intercessão e na

adoração, mais do que na eficiência ativa e no anúncio direto do Evangelho. Mas estamos convencidos que o religioso, fazendo memória do passado, vive serenamente o tempo da fragilidade e da doença se souber distanciar-se de si, da sua função e dos ser-viços prestados, e se se confiar completamente e com gratuidade ao amor do Coração de Jesus.Esta é uma mensagem de esperança que queremos dar antes de mais aos nossos religiosos idosos, que na velhice podem ainda ser Sacerdotes do Coração de Jesus, fazendo da própria vida uma

missa contínua. E é uma mensagem para todos os confrades, para que juntos nos ajudemos a assumir uma visão da nossa vida a caminho da plenitude».

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Page 9: A Folha dos Valentes - Abril 2012

VAdérito Barbosa

missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Qual será a verdadeira liturgia?

Segundo os dados do Vaticano, acabados de ser anuncia-dos, o número de católicos está próximo de 1 bilião e 200 milhões de pessoas, em 7 biliões de pessoas da humanida-de. Os católicos diminuíram na América Latina e na Europa, mas aumentaram na África de 15,15% para 15,55%.

LITURGIA VIVA!

Esta manhã fui concelebrar com o P.e Ruffini numa comunidade junto do aeroporto, chamada Nossa Senhora de Fátima. Mal chegámos à sacristia diz o P.e Ruffini para um homem: – Há muito tempo que não te vejo aqui...Diz o homem: – Mas eu tenho vindo aqui. P.e Ruffini:– Mas eu não te vejo aqui quando venho. Responde o homem: – É que eu fui a outras comunidades.Mas o P.e Ruffini insiste:– Ah! Mas aqui não tens vindo. Enfim, confusão de linguagens...

Quando vamos começar a missa o P.e Ruffini diz que desde outubro que não vai lá, porque esteve doen-te na Itália. Um velhote levantou-se e respondeu que, como os padres mudam muito, pensou que tinha sido transferido para o norte.A missa começa e quando chega ao Senhor tende piedade de nós, todos se ajoelham para o rezar. É a primeira vez que vejo uma co-munidade ajoelhar-se para rezar o Senhor tende piedade de nós.Lá a missa continuou com mais de 500 pessoas a responder e a cantar.A homilia foi traduzida pelo senhor Castigo Salvador Mabasa que lá ia aumentando um pouco ao que nós dizíamos. Traduziu em changana, mas o povo também percebe ron-ga, outro dialecto conhecido.Quando chega a altura dos avisos, chega um jovem e diz que apesar de ser o terceiro domingo da qua-resma, só agora chegou a mensa-gem do papa para a quaresma e vamos lê-la. Perguntei ao P.e Ruffini se a ia ler toda. Assim foi e as pesso-as estavam todas atentas. E depois chegaram outros breves avisos, sem ninguém se mexer da igreja.Começámos às 08h30 e terminámos às 10h30. No fim estavam todos contentes, satisfeitos e a conversar cá fora.É possível isto na Europa?Não será por estas eucaristias e liturgias vivas que o número de ca-tólicos está a aumentar em África?Usando uma linguagem africana, desculpem lá, mas vim da igreja para casa com estas ideias a ferver na cabeça e depois cozinhei-as aqui para vós.

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Page 10: A Folha dos Valentes - Abril 2012

ENCONTRO ANUAL NO SEMINÁRIO PADRE DEHON

VJosé Luís Freire

10 – entre nósda família dehoniana

Antigos alunos do SMPD: nova associação e encontro anual

NIASSA

Encontro AnualDando continuidade aos nossos encontros, a 29 de Abril vamos fazer de novo o nosso encontro anual no Seminário Missionário Padre Dehon na Portelinha em Rio Tinto. Para isso, contamos com a vossa presença nesse dia e podem trazer a família, esposa e filhos e os solteiros tragam a namora-da, (se ainda não tem não é condição necessária!).AssociaçãoA atividade dos antigos alunos não se fica por aqui. Foi criada uma associa-ção designada Associação de Antigos Alunos do Seminário Missionário Padre Dehon (AAASMPD). O grande objectivo da associação é “promover o contacto social entre os seus asso-ciados e destes com alunos, antigos alunos, e familiares, através de ativida-des de carácter lúdico, cultural, social, científico e tecnológico” .Queremos fazer deste encontro o ar-ranque desta nova Associação que foi constituída a 30 de Maio de 2011.Participa nesta festa e vem encontrar-te com colegas e amigos que já não vês há imenso tempo! Se te cruzares com algum colega que não saiba do encontro, convida-o a vir participar.

XXIII ENCONTRO ANUAL DOS ANTIGOS ALUNOS DO SEMINÁRIO MISSIONÁRIO PADRE DEHON

29 de Abril de 2012

PROGRAMA10h30 – Recepção e Boas Vindas.11h30 – Preparação para Eucaristia.12h00 – Eucarístia (com ofertório solene).13h00 – Almoço partilhado, com Feijoada do Armindo.14h30 – Reunião na sala de Teatro:

Diz na Carta Constitutiva da Família Dehoniana, que os antigos alunos são uma componente da Família Dehoniana. E de facto sentimo-nos como tal. Os nossos encontros são um testemunho dis-so mesmo. O quanto esta passagem pelos seminários, mas em concreto pelo Seminário Missionário Padre Dehon, nos ajudou a crescer e a ser o que somos hoje, faz com que valorizemos o trabalho realizado pelos nossos superiores que tanto nos ajudaram nessas alturas. Embora nem sempre compreendidos como será fácil de avaliar agora, a alguma distância, temporal e com mais algum entendimento!!

1- Apresentação e eleição dos Órgãos Sociais.2- Apresentação e aprovação do Regulamento In-terno.3- Assuntos de interesse para a Associação.

17h00 – Jogos: Futebol e Malha (trazer equipamento).18h30 – Lanche (ataque às sobras) e despedida.

Santa Páscoa para todos, são os Votos da Comissão dos Antigos Alunos.

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Page 11: A Folha dos Valentes - Abril 2012

O apelo à vida nova faz-se sentir em altos brados

com Dehon – 11 da família dehoniana

VArmando Silva

Abril chega até nós com a força da vida! Algures entre o frio do inverno e o calor de verão situa-se este mês no qual é possível ver, com facilidade, a vida a retomar o seu esplendor. Basta olhar as árvores, os cam-pos e mesmo os animais. Tudo faz apelo à vida e tudo insiste em nos mostrar a vida nova.

Também espiritualmente este apelo à vida nova se faz sentir em altos brados. De facto, é neste mês que olhamos para a vitória da vida sobre a morte. É mês de Páscoa, de Ressurreição, de vida nova consumada em Jesus e proposta para cada homem e mulher. Como nos diz o hino da hora intermédia deste tempo: “Troquemos o instante pelo eterno, Sigamos o caminho de Jesus: A primavera vem depois do inverno A alegria virá depois da cruz”.

Este mês coloca-nos na primavera que nos che-gou depois do inverno. Este tempo coloca-nos na alegria pascal que nos chega depois da paixão, depois da cruz.A alegria da ressurreição que nos chega pela vitó-ria sobre a cruz é alegria plena, é alegria que não se esgota num momento. É uma proposta para preencher toda a vida e a vida toda. É uma alegria que é tão eterna como é eterna a vida que venceu a morte pela Ressurreição e sobre a qual o pecado e a própria morte já não tem domínio.Neste ambiente grande, eloquente, intenso, amo-roso e eterno encontra o Pe. Dehon uma nascente que se alarga numa dupla corrente. De facto, dos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição e, sobretudo, desse momento eloquente que é a Última Ceia, o Pe. Dehon vê que nascem dois rios. Fiquemos com as palavras de Dehon: “Até à Quinta-Feira Santa, a plenitude do sacerdócio eterno estava concentrada em Nosso Senhor Jesus Cristo. O seu coração é um abismo infinito de glória para seu Pai e de bênçãos para o homem. Desse abismo, o céu viu surgir nesse dia um duplo rio de amor e de vida: o sacerdócio e a Eucaristia.

Este duplo rio ia espalhar as suas águas divinas em toda a Igreja de Deus para inundar tudo, tudo vivificar, regenerar e santificar” (L’année avec le Sacré-Cœur).Contemplando, pois, o Coração aberto na cruz podemos, com Leão Dehon escrever : A origem do sacerdócio é o Coração de Jesus. É d’Ele que brota este rio que chamamos sacerdócio. É o amor de Deus pelos homens e a sua vontade de permane-cer com eles até ao fim dos tempos (cf. Mt 28, 20), que leva Jesus a inventar o sacramento do amor, que é a Eucaristia, e a instituir o sacerdócio para que, sacramentalmente, a sua presença pudesse ser renovada.A vivência da nossa Páscoa seja, também, uma acção de graças por estes dois sacramentos que o próprio Jesus nos quis deixar… para se deixar a Si mesmo em comunhão constante com os homens.Pela presença de Jesus em nós e, pela nossa pre-sença em Jesus, banhemo-nos nestes rios. É o banho da regeneração, do nosso assumir de novo aquilo que somos chamados a ser porque criados por Deus como imagem d’Ele, para realizarmos ao longo da nossa vida a plena semelhança com Ele. Quantos mais semelhantes nos conseguirmos tornar, mais avançaremos na nossa realização pes-soal.A Páscoa é reunião de família, é as amêndoas e os folares, é a alegria da Ressurreição do Senhor mas, é sobretudo isto: o reencontro com o projecto ori-ginal que Deus tem para nós: sermos e realizarmos comunhão.

Boa Páscoa.

Incarnation of Bread and Wine – David G Wilson

NASCENTE DE GRAÇAS

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Page 12: A Folha dos Valentes - Abril 2012

Sabia relacionar-se bom com todos

RECORDANDO O PADRE ADRIANO PEDRALLI

12 – memóriasda família dehoniana

Padre Adriano Pedralli1928-1987

1954 era Ano Mariano: comemorava-se o primeiro centená-rio da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, e quanto entusiasmo vocacional e espiritual reinava então no Colégio Missionário! Nesse outubro, os alunos eram 122, já com açorianos, os primeiros dos quais haviam chegado em maio precedente. Os novatos desse ano foram 40. O seminá-rio era uma pujança de vida e de futuro; daí a preocupação de consolidar a equipa educadora e a tentação de aproveitar o recém-chegado Padre Adriano, levando-o a adiar a realiza-ção do sonho missionário, como aconteceria aliás com ou-tros que vieram aprender a língua e ficariam por Portugal.Nesse outubro de 1954, o Padre Adriano tinha 26 anos de idade. Quem o viu chegar recorda o seu semblante risonho e misto de entusiasmo e santa ingenuidade naquele seu modo de agir que o caracterizará e fará dele solução em situações complicadas, como o seu conterrâneo João XXIII, de quem a diplomacia vaticana se serviria para missões difíceis.Adriano Pedralli nascera em Filago, Bérgamo (Itália), a 16 de maio de 1928. Entrara, com apenas 11 anos de idade, na vizinha Escola Apostólica de Albino, onde, nos difíceis anos da guerra, fará o curso liceal; professa a 29 de Setembro de 1945, com 17 anos, e será ordenado sacerdote a 19 de se-tembro de 1953, com 25 anos.Terminado o curso teológico, a sua destinação pastoral será a jovem missão de Moçambique, com um prévio pe-ríodo de aprendizagem da língua em Portugal. No Colégio Missionário, começou por dar ajuda na assistência aos alunos. Os de então bem recordam a sua dificuldade em manter silêncio no refeitório, e o castigo fácil com que pro-curará impô-lo; o seu sorriso e bom humor atenuavam-lhe o rigor. Na segunda metade de 1955, foi ecónomo, revelando também nesse cargo rasgos, que poderiam ser geniais se não pecassem de uma certa ingenuidade: vendo os navios Lima e Carvalho Araújo trazer gado dos Açores para os ma-tadouros do Funchal e de Lisboa, porque os pais dos alunos açorianos não mandavam um boi por ano para compensar as despesas dos filhos no Colégio Missionário?!Ficaram proverbiais algumas saídas do Padre Adriano, inci-piente no português e com facilidade para a tradução lite-ral. Assim, mandava os alunos “tirar” as calças (em italiano, peúgo diz-se calza) para jogar à bola, e recomendava às se-nhoras que, no inverno, trouxessem calças, quando vinham à Missa e ao menos um lençol (pequeno lenço) na cabeça!

Era o Padre Adriano, que por estas e outras se fazia querer bem. Apreciava o humor, mas era lento em perceber a piada, acontecendo rebentar numa risada improvisa horas depois, se não no dia seguinte: só então compreen-dera o anedótico de algo que lhe fora contado!Nos finais de 1955, o Padre Adriano é transferido para Coimbra, onde inicial-mente dá ajuda pastoral à Igreja de São José, no Calhabé. De 1956 a 1958 trabalha no Colégio Luís de Camões. Em 1958 volta à Madeira, desta vez para o Colégio Infante, onde os Superiores esperam que o seu feitio suavize aspe-rezas da comunidade, resultado que ele próprio confirma numa carta de 3 de março de 1959 ao Superior Provincial, onde, ao fazer-lhe pedido formal de ir para as Missões, admite ter conseguido “aplanar algumas coisas” na dita comu-

A crónica do Colégio Missionário, Funchal, regista no dia 13 de outubro de 1954 a chegada de “mais duas novas praças, que vêm dar o seu contributo na obra da formação dos alunos: o Padre Adriano Pedralli e o Assistente Mário Marroni”. O primeiro, segundo o Cor Unum de dezembro daquele ano, ia para aprender a língua e preparar-se para a Missão de Moçambique; o segundo para passar dois anos no Colégio Missionário como prefeito.

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VJoão Chaves

nidade. Em vez das Missões, será transferido, em abril de 1964, para o Colégio Missionário como diretor espiritual e promotor vocacional. E era vê-lo, de vespa, por aquelas estradas e voltas da Madeira, visitando escolas e almo-çando à sombra das bananeiras. Deixaria cres-cer a barba para se parecer um missionário, mas logo a cortaria ao ver que a rapaziada das escolas se divertia com a barba do missionário que mais parecia a barba de um cabrito!Em 1969, na idade de 41 anos, indo à Itália ao funeral da mãe, obrigam-no a fazer uma consulta médica, por parecer andar doente. E andava! Uma doença de fígado obrigá-lo-á a um internamento no hospital de Bolonha, re-gressando a Portugal no fim desse verão para assumir o delicado cargo de Superior do novo Escolasticado de Alfragide, que aceitou com hesitação, mas confiança. As cartas então es-critas ao Superior Provincial revelam a grande carga humana do Padre Adriano.Também em Alfragide a diversidade de tem-peramentos e mentalidades dos membros da comunidade criavam problemas e, mais uma vez, o Padre Adriano foi visto como solução. Sabia relacionar-se bem com todos. É sugestiva uma resposta que, nessa circunstância, deu ao Superior Provincial, que se mos-trava preocupado com a escolha dos colaboradores que iria dar ao novo Superior, e este a pedir-lhe que não se preocupasse: “mande quem quiser. E, se um dia tiver um padre que não saiba aonde mandá-lo, mande-o para mim, que procurarei querer-lhe bem e amá-lo como irmão”. Quis fazer a convalescença em Saviore, onde os “filósofos” de Monza passavam férias. Queria aprender a lidar com essa categoria de religiosos estudantes e, ao seu bom estilo, descobriu – escreverá ao Superior Provincial – que “ali, como em Bolonha, dá-se grande liberdade e responsabilidade. O tabu do

futebol e da televisão não existe. Existia, quando se os permitia a contagotas”!Permanecerá no cargo até julho de 1974, quando é transferido para Coimbra como ecónomo e pároco de Trouxemil, paroquialidade que exercerá até janeiro de 1977. Em julho desse ano, ei-lo de novo em Alfragide, desta vez como ecónomo e pároco local. Vive um mo-mento de transitoriedade, entre Alfragide, onde deixa o economato em 1978, e a Igreja do Loreto, onde reside e colabora, sem nomeação, no ano 1979/1980. Em agosto de 1980, é transferido para Coimbra com o cargo de Superior, vindo ali a falecer a 5 de agosto de 1987.Sem grandes rasgos intelectuais e pastorais, mas de grandes dotes humanas, o Padre Adriano fazia-se amar por onde passava. Deixou gratas recordações sobretudo em Alfragide, onde procurava harmonizar a pastoral entre os que habitavam no sofisticado centro e Quinta Grande e nos bairros populares do Zambujal e Moinhos. E era ver as procissões, com os Santos de cada centro a se integrarem no piedoso cortejo para criar unidade, e outras práticas de devoção tão ao gé-nio do Padre Adriano! Privilegiava a piedade popular, mas também tinhas rasgos sociais. Foi do seu tempo a construção de um infantário no Bairro do Zambujal, o Centro Infantil de São José, que ele muito acarinhou e a quem deixou a herança paterna. Também esteve na origem do Centro Social da Paróquia de Alfragide e é do seu tempo de pároco a construção da Cabana dos Escuteiros da mesma paróquia. Tanto é que a autar-quia local achou por bem dedicar-lhe a praça junto à entrada do Seminário: Praça Padre Adriano Pedrali.A doença ameaçou-o a meio do caminho da vida; deixou-o, mas voltou, oito anos mais tarde, e desta vez tirou-lhe, aos 59 anos, a vida terrena, mas não a eterna e a da memória entre nós, que continua bem viva, mesmo sem lápides a alimentá-la.

O Padre Adriano Pedralli no Colégio Infante D. Henrique, Funchal,no Ano Lectivo 1959-1960.

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Uma presença que fica na história

OS DEHONIANOS NO VALE DE LOURES14 – comunidades

da família dehoniana

Era o “Monte das Tentações” do P.e Miguel e, sempre que levava algum confrade à capela das Bragadas, lhe contava o imaginário episódio. O facto é que os Dehonianos acabariam por pastorear o inteiro vale, vindo a tornar-se familiares, entre eles, os no-mes de Santo Antão do Tojal com Pintéus e A-das--Lebres, Fanhões com Montachique e Zambujal, São Julião do Tojal, Vialonga e Granja e, por fim, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, já nas margens do Tejo: lugarejos e paróquias que haveriam de pastorear.Tudo começou com a abertura da Casa de Santa Maria, na Quinta da Abelheira, São Julião do Tojal, em 1960. Uma das finalidades do empresário doador era a assistência espiritual e pastoral aos operários da vizinha fábrica e moradores dos ar-redores. Inicialmente, a assistência limitar-se-ia à colaboração pastoral na área, nomeadamente a um sacerdote da Obra da Rua, instalada em Santo Antão do Tojal, para logo se assumirem – o P.e Miguel, a título pessoal – as paróquias de São Julião do Tojal, Fanhões, Vialonga e, sucessiva-mente, Santo Antão do Tojal e Póvoa de Santa Iria. Numa Provisão de nomeação do Patriarca, de 16 de janeiro de 1965, o P.e Miguel já figura como “pá-roco encomendado” das primeiras quatro. A Póvoa só seria assumida em 1967. A área era imensa, mas podia contar com a colaboração dos outros padres da Casa de Santa Maria, quer dos componentes da comunidade, quer dos missionários italianos que ali faziam a aprendizagem da língua para seguir para a missão de Moçambique.

Em 1966, com a vinda do P.e Luís Celato de Loulé (Algarve), este passa a ser pároco de Fanhões e Santo Antão do Tojal, ficando o P.e Miguel com São Julião do Tojal e Vialonga. Em 1967, o P.e Miguel assumiria também a Póvoa. Em 1968, com a morte do P.e Celato, o P.e Miguel reassumiria toda a área. Mas, já em outubro de 1969, o P.e Paolo Riolfo vem colaborar com o P.e Miguel, assumindo, ainda sem nomeação de pároco, as paróquias de São Julião e Santo Antão. Em 1970, a Província dos Dehonianos já quer confiar o pastoreio da área a uma equipa de sacerdotes dehonianos, fazendo contactos com o Patriarca nesse sentido. Em 1971, é destinado à área de Loures também o P.e Dino Gottardi, que assume, inicialmente, a paróquia da Póvoa. Em 1974, o P.e Riolfo assume o título de pároco de São Julião e Santo Antão dos Tojais.Vem o 25 de Abril, quando o P.e Miguel era pároco de Fanhões e Vialonga, P.e Riolfo de Santo Antão e São Julião do Tojal e o P.e Dino da Póvoa. Em 1975, a Quinta da Abelheira é nacionalizada e a comu-nidade vai residir provisoriamente para a Cúria Provincial, à excepção do P.e Miguel, que continua a servir-se de uma casa de serventia da Quinta. Nesse ano, o P.e Dino sai da área e é substituído na Póvoa pelo P.e José Rota, outro Dehoniano que deixará memória na área. Em 1976 Fanhões passa para o P.e Riolfo, ficando o P.e Miguel apenas com a Vialonga, que, por sua vez, se desmembra, passando para a Póvoa e, por-tanto para a jurisdição do P.e Rota, o actual territó-rio da paróquia do Forte da Casa, onde se passa a celebrar missa num salão.1977 é um ano especial: também o P.e Miguel dei-xa a área, acumulando interinamente a Vialonga o P.e Rota, até ao regresso do P.e Dino em 1978, o qual assumirá a Vialonga, continuando o P.e Rota com a Póvoa e o embrião do Forte, e oP.e Riolfo com Fanhões, Santo Antão e São Julião do Tojal. A situação manter-se-á tal até 1989, quando o P.e Dino novamente deixa a área, sendo substituído na Vialonga pelo P.e Marcelino Teixeira de Freitas, e o P.e Riolfo também sai da área, substituído nas suas paróquias pelo P.e José de Andrade Braga. Em 1990, este último passa para Alfragide, sendo

Contava, em tom de anedota, o Padre Miguel Corradini, o confrade mais emblemático do pasto-reio dos Dehonianos no vale de Loures, que, nos inícios dos anos sessenta, o então Patriarca de Lisboa, Cardeal Cerejeira, o levara ao monte onde assenta a capela das Bragadas e, mostran-do-lhe o vale, que dali se avista na sua totalidade, lhe prometera que lho daria, se devoto o servisse!

Santo Antãodo Tojal

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VJoão Chaves

substituído nas três paróquias – Fanhões, Santo Antão e São Julião – pelo P.e António Jardim dos Santos. A 11 de novembro desse ano é inaugurada a nova igreja do Forte da Casa.E eis, em 1992, outra mudança significativa: as paróquias de São Julião, Santo Antão e Fanhões são entregues ao Patriarcado. O P.e Rota cede a Póvoa ao P.e Santos, ficando apenas com o Forte; o P.e Marcelino mantém a Vialonga. A presença dehoniana fica assim reduzida à Vialonga, Póvoa e Forte da Casa.

Em 1995, com a saída do P.e Rota para Vila Real de Santo António, o P.e João Manuel de Freitas e Sousa assume o Forte da Casa. Em 1998, o P.e

José Gil Ormonde Coelho substitui, na Vialonga, o P.e Marcelino, que também é transferido para o Algarve. OP.e Santos continua na Póvoa e o P.e João Manuel no Forte da Casa. Em 2001, dá-se outra mudança: também a Vialonga é entregue ao Patriarcado; o P.e Gil substitui, no Forte da Casa, o P.e João Manuel, que é transferido para Duas Igrejas (Paredes), e o P.e Santos continua na Póvoa. Assim, a presença dehoniana na área, fica reduzi-da a duas paróquias, as duas na margem do Tejo e já não no vale de Loures, o da tentação do P.e Miguel. Eram elas a Póvoa de Santa Iria, com o P.e Santos, e o Forte da Casa com o P.e Gil, situação que se mantém no presente.

Foi mais uma sucessão de datas, párocos e situa-ções, mas que bem revela a presença e empenho dos Dehoniana na área. O esforço pastoral tam-bém foi notório, com grande zelo apesar dos resul-tados aparentemente escassos. O vale de Loures, aliás como a periferia de Lisboa, não era, quando foi entregue aos cuidados dos Dehonianos, de fácil pastoreio. A situação era de escassa prática sacramental e de abandono pastoral, o que le-vava o referido Cardeal Cerejeira a considerar a área uma África – terra de missão – às portas de Lisboa. Será o êxodo do Norte e do Centro do País para essa periferia, com a construção de novos bairros residenciais a trazer vitalidade eclesial e pastoral sobretudo à Vialonga, Póvoa e Forte da Casa. A sementeira do P.e Miguel e dos primeiros colaboradores foi difícil, mas acabou por dar fruto. De todos os meios se serviam os párocos de então para catequizar as comunidades a eles confiadas; até da máquina de cinema e de outros meios audiovisuais, nomeadamente películas e diaposi-tivos, muitos deles trazidos da Itália e que hoje são recheio do arquivo da Província, constituindo um documento do zelo desses “missionários” deho-nianos “às portas de Lisboa”. Também na criação de estruturas foram esses dehonianos zelosos e beneméritos, quer dotando as antigas igrejas das necessárias estruturas para uma pastoral na linha dos tempos, quer criando novos edifícios de culto, como a já referida Capelas das Bragadas, a ampla e arquitectónica igreja de Nossa Senhora da Paz no Casal da Serra, paróquia da Póvoa de Santa Iria, e a moderna igreja paro-quial do Forte da Casa, a menina dos olhos do falecido P.e José Rota.A história do Vale de Loures fica assim indissolu-velmente ligada à história da presença dehoniana em Portugal. Bem-haja aos que nele trabalharam, dedicando-se de alma e coração, sem esperar fru-tos imediatos e vistosos.

Nossa Senhora da Assunção de Vialonga

Igreja do Sagrado Coração de Jesus do Forte da Casa

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VPaulo Vieira

EVANGELIZAR É A MISSÃO08 – recortes dehonianos

16 – Pastoral Juvenildos conteúdos

Reunião do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil

Nos dias 16 e 17 de março, em Fátima, reuniu o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil.Aí estiveram os representantes dos movimentos e dos secre-tariados diocesanos da Pastoral Juvenil de Portugal, com o Sr. Bispo D. Ilídio Leandro, vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), órgão da Conferência Episcopal Portuguesa e com o P.e Eduardo Novo, novo director do Departamento Nacional d a Pastoral da Juventude (DNPJ).

O P.e Eduardo Novo, dos Padres Marianos da Imaculada Conceição, apresentou a equipa do DNPJ. com o tema “Pastoral Juvenil: evangelizar é a missão”.A nova organização do DNPJ estando a equipa dividida por setores:O Setor de Animação e Comunicação: Pensa, reflete, planifica e executa tudo o que tem que ver com comunicação e imagem do Departamento nas atividades que propõe.O Setor de Formação: Monitoriza todas as propostas de formação feitas aos secretariados e grupo juvenis/animadores.O Setor Itinerário Espiritual: Torna realidade, em cada atividade uma caminhada Espiritual (liturgia, oração…). O Setor Logístico-executivo: Todo o trabalho de secretaria, economia e gestão.Estes setores têm como finalidade a estabilidade do traba-lho desta equipa bem como “a melhor gestão para maior apoio e dinâmica com todos os secretariados diocesanos”, como afirmou o diretor do DNPJ.A proximidade é a aposta desta nova equipa que visa incentivar e criar esperança em todos os agentes de pastoral que, de alguma forma, têm ligação à formação e educação dos jovens, outro dos pontos que o DNPJ quer reafirmar e valorizar.O DNPJ terá ainda um espaço bimestral para publicação de artigos na revista Canção Nova (e noutros espaços) e terão em conta o Itinerário de Formação definido.Ainda neste encontro perspetivou-se duas atividades: Fátima Jovem e Festival Nacional da Canção Mensagem. O Fátima Jovem decorrerá nos dias 5 e 6 de maio tendo como lema “Alegrai-vos sempre no Senhor” e as inscrições devem ser realizadas junto do DNPJ até dia 20 de Abril.O Festival Nacional da Canção Mensagem decorrerá nos dias 1 e 2 de dezembro.Ainda neste encontro foi sublinhada a vertente de formação e de compromisso de fé que tem de haver em todas as iniciativas com a juventude, enaltecendo sempre a vertente espiritual.O diretor do DNPJ avançou ainda que serão elaboradas e publicadas catequeses de preparação para as JMJ Rio 2013 para que os jovens se possam preparar da melhor forma.Este Conselho Nacional da Pastoral Juvenil (CNPJ) reunirá nos próximos dias 16 e 17 de Março; 22 e 23 de Junho; 19 e 20 de Outubro.

P.e Eduardo Novo, novo director do DNPJ.

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CONHEÇO AS MINHAS OVELHASEle veio para dar a vida pelas ovelhas

VJosé Agostinho Sousa

palavra de vida – 17 dos conteúdos

Escolhi o texto do último domingo de abril (Jo 10, 11-18). É o domingo do Bom Pastor e o texto evangélico é mais que significativo para contemplarmos esta belíssima imagem que Jesus apresenta de si mesmo. Utilizando uma imagem muito querida ao Povo de Israel, Jesus fala da sua missão de Pastor e da realidade do rebanho que lhe está confiado.

Conheço as minhas ovelhasÉ num tom de grande afeto e ternura que Jesus fala do seu rebanho. Jesus apresenta também a diferença de atitude do pastor que Ele mesmo é e do mercenário, que não tem a mesma preocupação com o rebanho, as ovelhas não lhe pertencem, é apenas um assalariado. Jesus não quer que o seu rebanho seja tratado assim, com indiferença, mas com zelo, com amor, com dedicação. Afinal, Ele veio para dar a vida pelas ovelhas, Ele conhece as suas ovelhas e as suas ovelhas conhecem-no; no rebanho de Jesus, as ovelhas não são massa anónima, não são número, cada uma conta na sua singularidade, na sua riqueza e na sua fragilidade.

As ovelhas de outro redilJesus sabe que o seu rebanho não reúne todas as ovelhas. E manifesta o seu zelo e preo-cupação: é preciso trazer para o redil as ovelhas que andam longe, que ainda não conhe-cem a voz do Pastor, que ainda não ouviram a sua Palavra. O sonho de Jesus continua por realizar, pois vai longe a ideia de um só rebanho e de um só pastor. Bem sabemos o quão distante está esta ideia de unidade e de comunhão universais. Os pastores que Jesus vai designando ao longo da história devem revestir-se deste mes-mo zelo de Jesus e tudo fazer para que este sonho de unidade e de comunhão seja cada vez mais real. Comunhão e unidade que não significam necessariamente que se anulem as sãs diferenças e a enriquecedora diversidade. Por estes tempos vivo esta experiência da diversidade de culturas, de raças e de línguas que coexistem no seio do rebanho de Jesus. Em Portugal, na França ou no Equador, podemos ter maneiras diferentes de rezar, de cantar, de celebrar; mas ouvimos e proclamamos todos a mesma Palavra de vida e de salvação, escutamos todos a mesma voz do mesmo Pastor, todos vivemos o mesmo acontecimento salvífico da paixão, da morte e da ressurreição de Jesus Bom Pastor.

Santa e Feliz Páscoa para todos!

Em abril, o difícil é escolher: as celebrações pascais trazem-nos textos evangélicos para todos os gostos, feitios e circunstâncias. Todos eles nos apresentam este grande mistério da nossa fé: a morte e a ressur-reição do Senhor constituem o núcleo central da nossa fé e da nossa esperança. Celebramos uma morte redentora, que nos projeta para uma vida sem fim, uma vida plena, que a ressurreição nos oferece.

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VFernando Ribeiro

VIDA NA ROTA DA RESSURREIÇÃO

Renovação pelas práticas quaresmais

18 – vinde e vereisdos conteúdos

Insistimos no “Vinde” e na sua ressonância ao longo dos tempos e no fundo das consciências. O Mestre que, na sua passagem pelo nosso mundo, não deixou ninguém indiferente, continua a provocar à desinstalação. Sabemos que as reações variam e vão desde a indiferença às múltiplas formas de re-jeição. Àqueles que se deixam “seduzir” é sempre dada a garantia: “Vereis”.Através da Igreja, recebemos o convite à vivência de um tempo forte de empenhamento espiritual. A Quaresma pediu-nos um esforço de conversão (entendida sobretudo como mudança de vida). E nós, cada um a seu modo e na medida da sua generosidade, procurou, com certeza, tomar cons-ciência das suas fragilidades e proceder àquelas mudanças que se impunham. Era a condição indispensável para chegar à Páscoa devidamente preparados e capazes de viver em plenitude o im-pulso renovador do triunfo de Jesus.O “Vinde” do Mestre convida-nos agora a sintoni-

zar com a liturgia da Igreja, durante uma série de semanas, nas quais as próprias orações que fazemos e, sobretudo, a Palavra de Deus nos irão ajudar a cultivar as atitudes que melhor correspondam à renovação que nos permite manter-nos e manter a nossa vida na rota apontada pela Ressurreição.Podemos utilmente fixar a nossa atenção e con-centrar o nosso espírito em apelos tão incisivos como estes:a) Na Palavra de Deus: “Uma vez que ressus-citastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus, afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus.” (1 Cor 5, 6-7) ; “Tomé, porque Me viste acreditaste. Felizes os que acreditam sem terem visto”. (Jo 20, 29) ; “Não há salvação em nenhum outro, pois não existe debaixo de Céu outro nome, dado aos homens, pelo qual tenhamos de ser salvos”. (At. 4); “Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus! E somo-lo, de facto… Ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é”(1Jo, 3); “Comportai-vos com temor, no tempo em que

viveis exilados neste mundo… A vossa fé e a vossa esperança devem estar postas em Deus” (1 Pd 1).b) Nas orações. “Aumentai em nós os dons da vos-sa graça, para compreendermos melhor as rique-zas inesgotáveis do baptismo com que fomos pu-rificados, do Espírito em que fomos regenerados e do Sangue com que fomos redimidos”; “Exulte sempre o vosso povo com a renovada juventude da alma, de modo que, alegrando-se agora por se ver restituído à glória da adopção divina, aguarde o dia da ressurreição na esperança da felicidade eterna”; “conduzi-nos à posse das alegrias celes-tes, para que o pequenino rebanho dos vossos fiéis chegue um dia à glória do reino, onde já Se encontra o seu poderoso pastor.”; “suscitai em nós o desejo ardente da morada eterna, onde Cristo introduziu a nossa humanidade”.Vamos, pois, viver o tempo pascal de olhos postos lá onde se encontram as verdadeiras alegrias.

Ressurreição – El Greco, 1597. Museu do Prado – Madrid.

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VFátima Pires

Jesus ressuscitado acompanha-nos no caminho da vida

VIDA EM ABUNDÂNCIA

onde moras – 19 dos conteúdos

Caros amigos leitores de A Folha dos valentes, a todos quero desejar abundantes graças do Senhor Ressuscitado! O Mestre veio ao mun-do para nos salvar a todos. Deus criou o paraíso perfeito Para nós e, “vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa” (Gen 1,31). O homem e a mulher tinham liberdade total para viver uma vida perfeita.

Deus permitiu que as pessoas pudessem escolher, obedecer-lhe ou viver em rebeldia contra Ele. A escolha humana resultou na queda (pecado). O pecado é a desobediência a Deus, separa o ho-mem espiritualmente de Deus. Como resultado do pecado o mundo natural começa a morrer. O solo torna-se menos fértil e a comida mais escassa. As pessoas começam a trabalhar mais para comer menos. Todos percebemos o efeito que o pecado tem nas relações humanas: crueldade, assassinato, desordem, desarmonia.No entanto, Deus continua a acompanhar a huma-nidade que criou, envia-nos o Seu Filho e “a todos quantos O receberam, aos que crêem n’Ele, deu-lhes poder de serem filhos de Deus” (Jo 1,12) O AMOR de Deus pelo ser humano é infinito, “Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Ele quer que sejamos felizes já neste mundo e te-nhamos a vida eterna no céu “Eu vim para que te-nham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10)No entanto Jesus Cristo, o Mestre que passou pelo mundo fazendo o bem, foi morto, entregou a sua vida. Deixou aqueles que o tinham acompanhado durante a vida, os Seus discípulos, estes ficaram desiludidos. No entanto, dois deles iam a caminho

de uma aldeia chamada Emaús, e “conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conver-savam e discutiam, acercou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho” iam tristes e desanimados, eles não reconheceram Jesus, que lhes perguntou “que palavras são es-sas que trocais entre vós, enquanto andais? (Lc 24, 13)Jesus Ressuscitado hoje continua connosco, acompanha-nos, nunca nos deixa sós, basta querermos, aceitarmos a sua presença, per-manecermos junto d’Ele. O Mestre chama, convida a seguirmos os Seus passos. Vale a pena correr o risco de nos deixarmos conduzir por Ele. Ele está vivo! Santas Festas Pascais, vividas na Paz e Alegria do Senhor Ressuscitado.

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Contemporâneo de D. Afonso Henriques, ganhou fama popular e eclesiástica de santidade

20 – meias doses de saberdos conteúdos

S Ã O T E O T Ó N I O E AS ORIGENS DE PORTUGAL (I)A afirmação do estatuto de santidade e o seu reconhecimento pela autoridade eclesiástica

assumem contornos, funcionalidades sim-bólicas, sociais e mesmo políticas que ultra-passam a estrita esfera espiritual e o critério

da legitimação de um dado modelo de exemplaridade cristã creditada por critérios evangélicos canonicamente estabelecidos.

Em sentido estrito, mais propriamente teológi-co, como defini António Sicari, “os santos não são heróis cristãos. São simplesmente discípu-los de Jesus, que se consideram como tal desde o início, porque por graça sentem pertencer ao Santo Filho de Deus, que se fez homem para salvação do mundo. A santidade é, portanto, um dom. Só posteriormente se tornou uma tarefa confiada ao crente: a tarefa de fazer ama-durecer no próprio coração a caridade, ou seja, o amor a Deus e ao próximo. Quando a carida-de atinge, em determinado cristão, uma forma plena e manifesta uma evidência harmoniosa e convincente, a Igreja, considera-a como norma-tiva (canónica) para todos os fiéis, e propõe-na oficialmente como modelo a ser imitado”.A demanda da proclamação pública pela Igreja da santidade de uma dada personalidade teve no passado, como hoje continua a ter implica-ções que servem desideratos que transcorrem as fronteiras dos interesses espirituais e da co-munidade eclesial enquanto capital de exem-plo e de inspiração modelar de vida cristã. Não seria descabido afirmar que, se existe uma política económica, social, militar, religiosa, também existe uma política da santidade latu sensu. O prestígio da santidade cristã reconhecida ofi-cialmente, cumprindo os critérios e as etapas canónicas que têm por grau máximo a canoni-zação (tendo em conta previamente também a importância da vox populi, que na maioria das vezes antecede, no plano do reconhecimento popular, o reconhecimento eclesiástico oficial), é de tal ordem que tem servido muito mais do que a primeiríssima função espiritual. Assumiu, de facto, uma roupagem cultural plurissigni-ficativa que ultrapassa os fins da Igreja e da religião.O investimento na proclamação oficial de uma dada personalidade como tendo tido uma vida

santa de acordo com os parâmetros cristãos serve vários fins. Primeiro, os fins canónicos e explícitos de quem é declarado santo: tornar-se modelo inspirador de vida e representar um papel intercessor diante da corte divina em favor dos humanos. Depois vêm os fins implícitos e não declarados que remetem para funcionalidades de legitimação de instituições, de movimentos, de comunidades autónomas, de na-ções que desejam confirmar e reforçar identidades distintivas com caução sustentada na esfera trans-cendente. O caso de São Teotónio, contemporâneo e amigo do Fundador da Nação Portuguesa, D. Afonso Henriques, é uma figura que ganha, desde o seu tempo, reco-nhecimento de santidade popular e eclesiástica, mas cuja função enquanto primeiro santo dos primór-dios fundacionais do reino de Portugal será muito valorizada nos processos de construção da memória histórica, adquirindo funcionalidades simbólicas de grande significado. De tal modo é ampliado o valor e a importância espiritual e até política da sua vida pela posteridade que outras figuras mais relevantes do seu tempo ficaram subalternizadas na sombra do esquecimento historiológico. Falar de São Teotónio implica assumir a tarefa de ten-tar descortinar aquilo que teria sido a sua biografia

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VEduardo Franco

histórica e distingui-la daquela que podemos chamar a sua biografia hagiográfica, nacionalizante e política, servindo o ideário de afirmação da nacionalidade e da identidade portuguesas com fundamentação de natureza sobrenatural. A fundação do Reino autónomo de Portugal por D. Afonso Henriques não se deveu apenas à sua perí-cia militar e da nobreza que juntou meios materiais e milícias armadas para formar um exército muitas vezes vencedor. Deveu-se também a uma estraté-gia de diplomacia e de investimentos no mercado simbólico, para o que a Igreja e a fé do povo muito contribuíram. De facto, o primeiro Rei de Portugal contou com qua-lificados assessores, nomeadamente eclesiásticos. Aquele que mais foi relevado na memória histórica posterior foi, com efeito, São Teotónio, apesar da sua função ter sido mais moral e espiritual e menos polí-tica. No plano político e diplomático, especialmente nas relações com a autoridade internacional da época, a Santa Sé, D. João Peculiar teve o papel pre-ponderante, apesar da história o ter relevado pouco. Este importante e politicamente empenhado arce-bispo de Braga acabou por ser secundarizado pela visibilidade e o significado atribuído pela memória escrita da figura de Teotónio devido à sua fama de santidade. São Teotónio foi de facto promovido e apoiado por D. João Peculiar que reconheceu desde logo a sua grande qualidade espiritual e capacidade para assu-mir funções eclesiásticas relevantes. Aliás, os talentos de Teotónio cedo foram notados e a sua formação foi promovida sob os auspícios de grandes figuras e instituições eclesiásticas do seu tempo.

Segundo a tradição São Teotónio teria nasci-do na terra minhota de Ganfei pertencente ao Concelho de Valença, que sediava um impor-tante convento e igreja beneditina, onde foi baptizado e recebeu os primeiros rudimentos da espiritualidade cristã juntamente com a aprendizagem das primeiras letras até aos 10 anos. Teve depois o importante patrocí-nio do bispo de Coimbra, seu tio paterno, D. Crescêncio, que promoveu a sua formação em ordem a uma carreira eclesiástica promissora. Com a morte do seu tio transferiu-se para a cidade de Viseu, onde se ordenou sacerdote com grande ardor pastoral, revelando desde cedo, na sua missão pastoral, o desejo de seguir uma via ascética de aperfeiçoamento espiritual e de dedicação ao ideal de evan-gelização. D. Gonçalo, sucessor do seu tio Crescêncio à frente do bispado de Coimbra, nomeou-o, entretanto, prior da Sé de Viseu que então dependia do bispado de Coimbra.Em ambiente de cristandade no coração da Idade Média animado pelo espírito de cruza-da e de peregrinação, o apelo da Terra Santa atraía tanto nobres guerreiros como homens espirituais com desejo de percorrer os cami-nhos do fundador do Cristianismo e experi-mentar uma maior intimidade com Deus na terra considerada santa para os Cristãos como era também para os fiéis das outras duas reli-giões do livro. Teotónio movido pelo ideário de peregrina-ção e de ascese também foi atraído pelo de-sejo de seguir a via peregrinante em direção a Jerusalém, que, no imaginário medieval, era o centro da terra e o centro por excelência da geografia do sagrado cristão, onde o cami-nho ascético de procura de maior conversão interior se consumaria mais plenamente. Abandona em nome deste ideal o priorado da Sé em favor do seu amigo Honório e arrisca em viagem à Terra Santa com trajes de pere-grino associando-se ao grande movimento medieval europeu de peregrinação aos luga-res santos. As suas hagiografias fazem-no um homem muito desprendido dos cargos ecle-siásticos mas sempre instado a aceitá-los. Por isso, no regresso, acaba por voltar a assumir as funções de prior da Sé de Viseu, dedicando-se intensamente àquilo que configura o modelo de sacerdote santo: extraordinária dedicação ao múnus de pregação da palavra de Deus e atenção sociocaritativa aos mais necessitados, em plena sintonia com o movimento europeu que preconizava um novo modelo de padre à luz da reforma gregoriana e canonical.S. Teotónio celebrando diante de D. Afonso Henriques

(Simão Álvares?, Séc. XVIII, Museu de Alberto Sampaio) (Continua no próximo número)

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Os jovens ali também são Pedras Vivas

22 – pedras vivasdos conteúdos

A “PEDREIRA” DE ESGUEIRA

Pedras e pedreiras. Alguém achou graça e disse-me que se começo a falar em pedreiras, posso esgotar o tema. Atrevo-me a correr esse risco, porque não creio que assim possa acontecer. Bem pelo contrário. Com atenção não é difícil descobri-las.Por isso, desta vez vou falar-te de mais uma pedreira: A Paróquia de Santo André de Esgueira. Estive lá de 25 de Fevereiro a 4 de Março pp., numa semana missionário, organizada pela zona 2 da ANIMAG (Animação dos Institutos Missionário “Ad Gentes”), para todo o arciprestado de Aveiro (aqui na nossa região diz-se vigararia).

Calhou-me em sorte a maior paróquia da Diocese de Aveiro, com um pároco (lá dizem prior) que conheço há bastantes anos e de quem conheço há anos o zelo e o saber pastoral, além da pie-dade e da fidelidade e amor à Igreja. Só isso já é meio caminho andado para o resto, mas não é tudo.

Percebi nesta semana em que fiz parte da paróquia, com a Irmã Zélia das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, que aquela não é do Pároco e de meia dúzia de colaborado -

res, é do Povo de Deus que lá vive e celebra e fé, com o seu pároco e vigário paroquial. Por isso não fomos impor programas nem ideias. Fomos viver com os irmãos daquela comunida-de e dar o nosso testemunho de missionários comprometidos no anúncio do reino, onde quer que vivamos e ele se manifeste. Rezámos juntos a oração de laudes. Dizia o Pároco: “Como não é tradição, talvez fiquemos só nós, Pároco e Equipa Missionária, a rezá-la. Mas assim não foi. No Primeiro vieram umas 12 pessoas e depois foram sempre aumentando. Mas nas Missas a Igreja ou as capelas estavam sempre superlotadas.

Visitámos os doentes e os idosos. Lindas histórias de vida, partilha de fé e de amor. Gente voltada para Deus, alimentada na fé pelos visitadores de doentes e ministros extraordinários da comu-nhão, representantes da comunidade cristã, que depois de celebrar na igreja, leva a mesma vida àqueles que sendo membros vivos da Igreja, já à igreja não podem vir. Foram várias dezenas de doentes e de idosos visitados nas suas casas e nos lares e centros de dia que a paróquia tem.Mas houve mais, muitas mais pedras vivas. Impressionou-me o compromisso dos jovens, que em grande número animam muitas ativida-des e estão presentes em toda a vida da paró-quia. Ali, lembrei-me muitas vezes de uma frase do Padre Dehon, que nos lembra que “As obras onde não há jovens estão feridas de esterilida-de”. Ali, nada é estéril, precisamente porque os jovens estão presentes em tudo e sempre. Não faltaria à verdade se dissesse que Esgueira é uma paróquia jovem! Ali, os jovens também são Pedras Vivas, muito vivas, aliás. Vi-o na cateque-

P.e Joaquim Martins,pároco de Esgueira.

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VAntónio Augusto

Missionáriossomos nós todos

porque somos cristãos

se, nos escuteiros, na vigília de oração em que encheram a igreja, na animação das Eucaristias dominicais. Quanta gente! Que bela participa-ção, que animação!... Mas de tanta Pedra Viva, falta-me falar da mais preciosa. A catequese. Passámos pelas diversas catequeses. Tudo bem organizado. Catequistas bem preparados, bons ambientes e materiais. Nada ao acaso, tudo bem preparado, dava gosto ver como as coisas se passavam tão naturalmente. E como mesmo crianças tão pequeninas entendiam o sentido da missão. Lembro-me de uma menina, ainda mui-to pequenina, a quem perguntei quem eram os missionários. E a resposta foi tão simples quanto profunda: “somos nós todos, porque somos cris-tãos!” Como esta menina tinha razão. Como esta resposta deveria ser ouvida por tantos cristãos, e por ventura até por alguns padres, que falam dos missionários como pessoas que deixaram a sus pátria e foram para longe… Ela entendeu melhor: São esses, mas são também todos os

batizados, estejam on-de estiverem e façam o que fizerem. E de entre todas as catequeses saliento a chamada catequese familiar. Há muito que ouvia falar de cateque-se familiar, mas confes-so que nunca entendi bem o que isso fosse. Entendi-o lá. Não se trata só de catequese feita em família, como eu pensava, embora isso também o seja e seja importante. É ca-tequese com a família, para toda a família ou pelo menos para pais e filhos.

Confesso que fiquei impressionadíssimo ao ver tantas crianças e tantos pais das 21h30 até perto das 23h00, sobretudo porque aquela sessão era de crianças do primeiro ano de catequese e de seus pais. O mesmo tema, abordado como tinha que ser, com métodos e linguagens diferentes, mas em que em conjunto se cresce na fé, se aprende a seguir Jesus Cristo e se aprende a ser Igreja.Tanto eu como a irmã Zélia viemos encantados com a experiência. Para nós valeu a pena termos estado em Esgueira. Espero que também tenha sido útil à paróquia a nossa passagem por lá.Felicito o Pároco e seu vigário paroquial, assim como o Diácono e os leigos comprometidos na evangelização.

Igreja paroquial de Santo André de Esgueira.

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A ATUALIDADE DA PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGOPermanece no fundo mais recônditodo mistério do homem uma réstia de esperança

24 – igrejados conteúdos

O evangelho de S. Lucas, na parábola do filho pródigo (Lc 15), ilustra bem o que é o pecado, na figura do filho mais novo. Ele pede ao pai que re-parta por ele a parte da herança que lhe cabe e vai para longe, onde esbanja a sua fortuna vivendo dissolutamente. O seu destino leva-o a guardar os porcos e mesmo aí nem lhe era permitido ali-mentar-se das bolotas que os porcos comiam. Foi então que se lembrou da casa de seu pai onde os criados gozavam de uma condição incomparavel-mente superior a ele e decide regressar e pedir ao pai que o receba, não como filho, que já o não merece, mas como servo. E regressa. O pai ao vê-lo corre para ele, abraça-o, beija-o. Dá ordens aos criados para que o lavem, o vistam com o traje de festa, coloca-lhe no dedo o anel da sua condição e começa a festa. A parábola mostra a reacção do filho mais velho que nunca saíra de casa e que se sente molestado, porque nunca foi tratado assim como o pai está a tratar o seu irmão, que esbanjou a sua fortuna, vivendo com prostitutas e outras más companhias. E a resposta do pai é a chave hermenêutica de toda a narrativa: importava fazer festa, porque este teu irmão estava perdido e en-controu-se, estava morto e regressou à vida.O pecado aqui aparece então como estar perdido, como estar morto.Mas há um pormenor muito importante que só se capta se estivermos atentos ao texto original, o qual, quando fala no que dizemos ser a herança do filho, o texto diz, em grego ousia, em latim subs-tantia. A herança que o filho reivindica e que vai esbanjar é a sua ousia, a sua essentia, a sua subs-tantia, que tem a ver com a sua condição de filho, que ele vai esbanjar, degradar-se a uma condição abaixo dos porcos, o animal impuro por excelência em Israel e nas culturas semitas em geral.O pecado é assim a perda e a degradação da con-dição do homem, que desce na escala do ser, afas-tando-se e esquecendo-se de si mesmo, afundan-do-se na porcaria de uma vida perdida, da morte.Aqui está, nesta parábola, ilustrado o pecado de Adão: quis ser como Deus, gozando em seu favor da sua condição de ser alguém que está acima de toda a criatura – é ele que dá o nome às coisas e aos animais –, para se perder e nesta perdição arrastar

O regresso do Filho Pródigo: Guercino – 1619

A pobreza voluntária, a renúncia à idolatria dos bens são o único caminho que conduz à verdadeira felicidade.

consigo toda a criação que se lhe torna adversa. Nesta parábola, como em Adão, está ilustrada a condição humana e nela concentrado o percurso que a humanida-de tem percorrido ao longo dos séculos e mesmo hoje. Se tomarmos a parábola do filho pródigo como grelha de leitura, podemos enten-der melhor tudo o que está a passar-se hoje, ao nível da crise dos valores, que é a crise do que é o homem em si mesmo, hoje degradado a uma condição inferior aos próprios animais, que são mais protegidos pelas leis do que os próprios humanos. O homem contemporâneo perdeu a noção da sua dignidade, esqueceu-se de si.O pecado atinge assim a essência, a substantia do que é o homem, a sua dignidade de filho, que o homem pode estragar, mas não é capaz de restau-rar. O pecado alcança o homem no seu ser mais profundo, ao afastar-se do pai e da sua casa, o que significa o afastamento e o alheamento a respeito de si mesmo.O pecado, portanto, prejudica, antes de mais, aquele que o pratica. O pecado é um suicídio moral e espiritual, com profundas consequências psico-somáticas, como todos podemos observar, em nós mesmos e nos outros.No entanto o pecado, que corrompe, que estraga a essência do homem, ferindo-o na sua dignidade, não o destrói totalmente. Permanece no fundo mais recôndito do mistério do homem uma réstia de esperança, um apelo silencioso e escondido e que o homem, no momento de maior desgraça, pode mesmo assim escutar. Foi este apelo que fez vir à memória a dignidade que o filho tinha perdi-do, naquele estado de guardador de porcos. E foi este apelo que o moveu a empreender o caminho de regresso. No fundo, é o próprio Deus que atrai a si os filhos que estão longe da sua casa, perdidos e mesmo mortos. Esse apelo divino é mais forte do

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VJacinto Farias

Só Deus pode perdoar,restituir ao homema sua dignidade.

O regresso do Filho Pródigo: Guercino – 1619

que a morte.Só Deus pode perdoar, restituir ao homem a sua dignidade. Neste sentido só Deus é que é justo e misericordioso. E a parábola ilustra esta reconciliação entre a justiça e a misericórdia. A justiça é dar a cada um o que lhe compete. Neste caso, o que compe-te ao homem é a sua dignidade de filho, na qual Deus o constituiu. O pecado é a perda da dignidade. Quando Deus perdoa está a restituir ao homem a sua dignidade, de ser filho, o que verdadeiramente lhe compete e é devido, mas que o próprio homem não tem o cuidado de zelar e mesmo estraga. Neste sentido, Deus a respeito do homem é simultaneamente justo e misericordioso. Só Deus pode ser assim. A parábola do filho pródigo é por isso a ilustração do ca-minho percorrido por Deus na história da salvação, de que o mistério da incarnação é a mais extraordinária narração.Mas o acolhimento do filho no momento do perdão é o reingresso na casa do Pai, que faz festa. A casa do Pai recorda-nos a Igreja, a figura da mãe, que na teologia é mariana e eclesial. S. Cipriano de Cartago formulou um axioma que se tornou clás-sico em teologia: “ninguém pode ter Deus

por Pai se não tiver a Igreja por mãe”. Deus na verdade é revelado na sua paternidade. A maternidade não é divina, mas eclesial e mariana, feminina, portanto. Não podemos neste sentido alinhar nas tentativas idealistas e neo-gnós-ticas, que se vão impondo mesmo entre nós, onde se fala do amor paterno e materno de Deus. Aparentemente inofensivo, trata-se de algo muito grave. O Deus cristão é Aquele que Jesus Cristo nos revelou. A maternidade não é um título divino, a não ser nas tradições pagãs e não podemos por isso consentir na tentativa neo-gnóstica e por conseguinte neo-pagã de reduzir o mistério mais pro-fundo e central da nossa fé cristã: o mistério da Santíssima Trindade, o mistério da divina paternidade. O esqueci-mento da Igreja e da Virgem Maria na história da salvação e na vida cristã tem estas consequências. E esta redução gnóstica é sem dúvida uma das tentações dos teólogos ou pelo menos de alguns.O perdão, que esta parábola ilustra, consiste então em res-tituir ao filho a sua dignidade perdida e nisto, voltamos a insistir, manifesta-se a justiça e a misericórdia de Deus em Cristo, pois só Ele pode dar ao homem o que lhe compete: a sua dignidade que o pecado corrompe.Nesta parábola, tal como no tema de Adão e da Torre da Babel está descrita, narrativamente, a condição humana enquanto tal e por isso também a condição humana nos tempos actuais. Hoje vivemos a terceira grande crise mun-dial do sentido do homem, sobretudo na modernidade, depois das duas grandes guerras que ensanguentaram o séc. XX. Hoje não corre talvez visivelmente tanto sangue: mas o massacre dos inocentes, no aborto, o sofrimento e o desespero que resulta dos divórcios, dos adultérios, dos caminhos anárquicos do prazer como princípio absoluto numa sociedade que aposta no consumo, como se homem valesse pelo que tem e pelo que come e não pelo que é; na renúncia à condição de filho, como acolhimento e como graça, e à renúncia à condição paterna e materna (a crise da paternidade, porque os homens não querem ser pais; a crise da maternidade, porque as mulheres não querem ser mães) e tudo isto por causa da realização de si, da carreira profissional, conduz à renúncia voluntária de não querer ser filho, porque essa é a herança que o filho mais novo esbanja numa vida dissoluta, acabando por perder a sua dignidade, vivendo abaixo da condição dos animais mais irracionais. E os resultados aí estão à vista, pois o que se consome e o que se come não conduz de modo nenhum à felicidade. E por isso adquire valor sapiencial a palavra do Evangelho que proclama a primazia absoluta do primeiro mandamento – só Deus é o Senhor! Não deverá adorar os deuses que só conduzem à perdição e à morte! – e a pri-meira bem-aventurança que aponta a pobreza voluntária, a renúncia à idolatria dos bens como o único caminho que conduz à verdadeira felicidade, aquela que o mundo de hoje continua a não poder entender.

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O tempo é seu. Troque o relógio pela bússola, para manter o Norte

A S A B E D O R I A D A T A R T A R U G A26 – leituras

dos conteúdos

Embora não me querendo comparar ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa, têm-me chegado às mãos muitos livros quer em português, quer em língua estran-

geira que poderiam merecer o nosso comentário.Desta vez, apresento-vos o livro chamado A sabedoria da tartaruga, sem

pressa e sem pausa, de José Luís Trechera, professor de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade de Córdoba (Espanha).

1. O ritmo da tartaruga

Centenas de tartarugas emergem das águas do Pacífico para chegar até à praia. Com os seus movimentos vagarosos, procuram um lugar idóneo para desovar e enterrar os seus ovos na areia. Encontrado um lugar, onde a maré alta não chega, a tartaruga cava com as suas patas traseiras um profundo orifício circular. Nele, co-meça a depositar os seus ovos, mais ou menos cem. Cada fémea faz milhares de quilómetros para voltar ao sítio onde nasceu e realizar a sua viagem depois de muitos anos.Depois de 60 dias, vão aparecendo centenas de tartarugas que numa procissão interminável, lutam para sobreviver e conseguir alcançar as águas para se atirarem ao mar. Como é possível que estes corpitos pequenos possam mais tarde alcançar um peso e um ta-manho enorme?Pelo menos, as que vi nos mares de Timor Lorosae tinham mais de um metro e meio cada uma.

Lições:

– A tartaruga tem o seu ritmo, sem pressa, mas sem pausa. O importante é realizar bem a ta-refa.– É preciso ter claro o objectivo: ser fiel e cum-prir o plano proposto.– Perseverança e constância: não desanimar na primeira dificuldade.– Compromisso com a espécie: se cada exem-plar não tivesse presente a sua missão e res-ponsabilidade com os demais e deixasse de realizar o seu trabalho, mais tarde ou mais cedo desapareceriam todos.– Confiança e aposta na vida: a tartaruga põe os seus ovos sem ver depois a consequência ou o resultado do seu esforço.

2. A lebre e a tartaruga

A lebre vivia a gabar-se de que era o mais veloz de todos os animais. Até ao dia em que encontrou a tartaruga.– Eu tenho a certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora - desafiou a tartaruga. A lebre não conteve umas valentes gargalhadas.– Uma corrida? Eu e tu? Essa é boa!– Por acaso, estás com medo de perder? - perguntou a tartaruga.– É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma cor-rida contigo – respondeu a lebre. No dia seguinte, a rapo-sa foi escolhida para ser a juíza da prova. Após o sinal da partida, a lebre arrancou a alta velocidade. A tartaruga não se amedrontou e continuou na disputa. A lebre estava tão certa da vitória que resolveu tirar uma soneca.Se aquela molengona passar à minha frente, corro mais um pouco e ultrapas-so-a – pensou. A lebre dormiu tanto que não percebeu quando a tartaruga, na sua marcha vagarosa e constante, a ultrapassou. Quando acordou, continuou a correr com ares de ven-cedora. Mas, para sua surpresa, a tartaruga que não descansara um só minuto, cruzou a linha de chegada, em primeiro lugar. Desde esse dia, a lebre tornou-se o alvo de chacota de todos os animais da floresta. Quando dizia que era o animal mais veloz, todos se lembra-vam da tartaruga. Portanto, devagar, mas com persistência…

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VAdérito Barbosa

A S A B E D O R I A D A T A R T A R U G A

Lições:

A tentação que temos é logo falar da alta velocidade da vida de hoje, de

que não temos tempo… Vamos tentar

evitar esse tipo de discurso.

Os gregos distin-guiam o Chronos,

referindo-se ao tempo cronológico, do relógio,

do Kairós que é o tempo existencial que pode ser vivi-

do com qualidade no presente e que está voltado para o futuro.

O Kairós é o tempo da ocasião, o momento presente determinado

por uma qualidade, o tempo do go-zo. Kairós é o tempo de duração dos

acontecimentos. O Chronos é a mudança permanente. É o tempo que dura e o tempo

que passa.A história recente da humanidade é caracte-

rizada pela progressiva supremacia do Chronos sobre o Kairós: o tempo medido, omnipresente, quantitativo, sobre o tempo dos factos, dos acon-tecimentos. O Chronos é o Deus que devora os seus próprios filhos.O tempo Chronos faz de nós umas marionetas, arrastados sem vontade, resignados na vida.O tempo Kairós torna-nos sujeitos, protagonistas e responsáveis da utilização e do uso do tempo.Assim a velocidade e a imprudência da lebre po-deria ser comparada ao Chronos e a sabedoria e persistência da tartaruga ao Kairós.

3. Pensamentos

Este livro tem uma série de pensamentos que eu gostaria de destacar alguns

– A vida está em caminho. Para crescer, terá que ser doseada de sentido e pleni-tude. (Trechera)

– Temos tanta pressa para fazer e deixar ouvir a nossa voz no silêncio da eternida-de que esquecemos o mais importante que é viver. (Stevenson)

– O Ocidente tem o relógio, o Oriente tem o tempo. (Provérbio árabe)

– As três doenças da actual civilização são a progressiva incomunicação, uma revolução tecnológica que não temos tempo para assimilar, nem sabemos a onde nos leva e uma concepção da vida que nos leva unicamente para o triunfo pessoal e individual. (Saramago)

– Todas as coisas nos são alheias. Só o tempo é nosso. (Séneca)

– Se não me perguntarem o que é o tem-po eu sei. Se não me perguntarem eu não sei. (Santo Agostinho)

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A PAZ COMO DOM PASCALO Reino de Deus é PAZ e ALEGRIA no Espírito Santo

28 – sobre a bíbliados conteúdos

No tema anterior tinha sido tratado em plena Quaresma e chamávamos a atenção para a ironia de tratar da alegria durante esse tempo penitencial, o tema da “paz”, mais uma obra do Espírito no crente, é tratado em cenário verdadeiramente pascal, quando se entra pelo Tríduo Pascal e se contempla a Páscoa do Senhor.

Se estamos atentos às leituras bíblicas que animam as nossas celebrações litúrgicas, verificaremos que, durante o Tempo Pascal, o tema da paz voltará frequentemente. Teremos, cer-tamente, presentes as aparições do Ressuscitado, no Quarto Evangelho, que se apresenta e diz aos discípulos: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19.21.26); ou então, os “discursos de adeus” em que o próprio Jesus nos diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14,27). Além disso, recorda-se a frequência com que, nas cartas paulinas, o Apóstolo das Gentes saúda os destinatários – hoje, cada um de nós – com o binómio “graça e paz” (cf. Rm 1,7; 1Cor 1,3, entre outras).

Do shalôm à eirênêA exegese tem demonstrado que a paz bíblica (do hebraico shalôm à eirênê grega) vai muito para além da ausência da guerra. Se tivermos em conta que palavras cognatas de sha-lom (“paz”, em hebraico) significam a “plenitude”, com uma certa ideia de uma “relação restaurada”, verificamos que a paz bíblica acentua sobretudo o que poderia ser a consequência da ausência da guerra, ou seja, os tratados de paz, que, para além de armistícios, seriam o restaurar da amizade entre os povos. No entanto, a paz bíblica diz também essa totalidade do dom de Deus, bem expressa na expressão sálmica: “Paz a Israel” (Sl 125,5; 128,6), pretendendo esse voto a bênção do Deus de Israel para o Povo, não apenas na ausência de guerra, mas na era de colheitas bem sucedidas, de relações estáveis com os povos, enfim, de uma harmonia quase genesíaca. Enfim, será bom enfatizar que, na fé judaico-cristã que nos vem da Sagrada Escritura, esta paz é o resultado da Aliança, tema fundante da fé judaica, e o resultado da justiça (Is 32,17: “Obra da justiça será a paz; fruto do direito será a segurança”). Mais, diremos que esta paz tem mesmo a sua fonte em Deus, como acredita o salmista, ao professar: “Escutarei o que diz o Senhor; Ele fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis e a quan-tos voltam a ele de coração sincero” (Sl 85,8).

Fruto/obra do Espírito Ficava, assim, bem patente que esta paz, que, agora, tratamos como fruto/obra do Espírito Santo, somente poderia ter a sua fonte na di-vindade. Se a tratamos como dom pascal, tratamo-la como dom do Cristo ressuscitado e glorificado à direita do Pai, e que nos transmite todos os dons do Pai. Seria interessan-te trazer à discussão um texto de Paulo, em que, dirigindo-se aos Efésios, afirma: “Ele [Cristo] é a nossa paz, aquele que, na sua carne, de dois povos fez um só, que abateu o muro da separação que nos dividia, ou seja, da inimizade” (Ef 2,14). Paulo continuará para mostrar que se refere à anulação da Lei que vedava o acesso dos pagãos à salva-ção, reservando-a apenas aos judeus; os dois povos que, em Cristo, por meio do seu corpo morto e ressuscitado, se tornam um, os judeus e os pagãos. Estamos, de facto, ao nível dos primeiros esclareci-mentos que demos sobre a relação justificação e obra do Espírito: a obra de Cristo na cruz, a justificação, continua pela via do Espírito que tra-balha em nós. Neste sentido,

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VRicardo Freire

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. (Jo 14, 27)

afirmar que Cristo é a nossa paz, numa metonímia, em que o autor (Jesus Cristo) é definido pela sua obra (a paz), mostra bem a fé do Apóstolo: a cruz de Cristo, onde também ele se sente crucificado (cf. Gl 2,19), é destruidora da inimizade e criadora de uma nova or-dem religiosa, em que os povos – já não separados pela Lei restritiva de Moisés – não estão em inimizade, mas em amizade.Sobre a paz como tendo origem em Deus, podería-mos destacar, com o Novo Testamento, que Deus “não é um Deus de confusão, mas um Deus de paz” (1Cor 14,33), fundamentando, assim, que, também na comunidade cristã, os carismas, que vêm de Deus, não devem gerar confusão, mas, sendo colocados ao serviço da comunidade, devem gerar a paz. Por outro lado, quando, nos Atos dos Apóstolos, no contexto particular do alargamento da fé aos pagãos, Pedro se dá conta que Deus não faz aceção de pessoas, abrin-do assim a possibilidade de ser membro do Povo de Deus a todos os povos onde se tema ao Senhor, expri-me-o do seguinte modo: “[Deus] enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando-lhes a Boa-Nova da paz, por Jesus Cristo, Ele que é o Senhor de todos” (Act 10,36). É significativo que, num contexto semelhante ao da Carta aos Efésios que lemos anteriormente, ou seja, do alargamento da salvação também aos pa-gãos, Pedro o interprete como paz que vem de Deus, anunciada por Jesus Cristo (o fator da paz) como boa notícia.Que a paz seja um fruto do Espírito em nós, podemos verifica-lo quando Paulo a coloca a par da alegria a de-finir o Reino de Deus: “O Reino de Deus não é questão de comida ou bebida, mas paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17). Sobre a alegria que o Espírito, que nos habita, gera em nós, falámos abundantemente no artigo anterior; agora, junta-se-lhe a paz, sempre no (talvez, “por meio do”) Espírito Santo.Se a paz é obra do Espírito Santo em nós, que pode-remos dizer sobre os frutos concretos dessa obra na nossa vida? Diremos que a obra maior que o Espírito pode fazer em nós é tornar-nos semelhantes a Cristo. Quando Zacarias bendiz o Senhor pelo nascimento do seu filho, João Batista, profetiza que ele irá à frente da salvação que vem do alto “para dirigir os nossos passos no caminho da paz” (Lc 1,79), referindo-se a Jesus.

Paz como obra de CristoOra, exatamente aquando do nasci-mento de Jesus, os anjos cantam no céu: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,14), demonstrando a priori que a vida de Jesus será pautada pelo anún-cio da paz aos crentes; será de facto, com angústia, que Jesus dirá sobre Jerusalém: “Se tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!” (Lc 19,42), referindo-se à recusa de Jerusalém em aceitá-lo como Rei e Messias. Se esta se afigura como a missão de Jesus, não é menos nossa. Jesus, em contexto de Bem-aventuranças, reserva uma des-sas sentenças de felicidade presente para os “pacificadores porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9) e, se temos em conta que a paz vem de Deus e que é realizada por Cristo, glorificado e, por isso, Deus, um filho de Deus continuará a obra de seu Pai. E poderemos ilustrar isto com uma última citação das palavras de Jesus: “Tende sal em vós e estai em paz uns com os outros” (Mc 9,50), depois de ter falado do sal que, perdido o seu sabor, não mais pode salgar. Se, no sal, virmos metaforicamente a presença de Cristo e do Espírito em nós, então, quanto mais estivermos salgados com o sal de Cristo e do seu Espírito, mais poderemos salgar o mundo, ou seja dar frutos de boas obras (interpreta-ção de Mt 5,16, para a “luz do mundo” colocada a par do “sal da terra”, ambos modelos para os quais Jesus convida os seus discípulos).Se fomos acentuando longamente a paz como obra de Cristo, com fonte em Deus Pai, para a destacar como pa-pel do crente apenas no final, de certa forma, correspondendo à frequência da palavra no Novo Testamento, pode-mos também concluir pela grandeza da missão que Deus nos propõe: a paz é obra divina; a sua construção, porém, é proposta ao Homem, marcado pela presença de Cristo que nele habita.

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Sabias que:A palavra páscoa significa passagem. Para o povo de Israel, a Páscoa comemora a saída do povo do Egito (Ex 12 e 13) a caminho da Terra Prometida. Para nós, cristãos, é a recordação da morte e ressurreição de Jesus que deu a vida pela salvação de todos. A Páscoa é libertação. Pela sua morte e res-surreição, Jesus, libertou-nos das amarras da morte. Jesus apresentou-se como sendo a ressurreição e a vida. Por isso a Páscoa é a ce-lebração da vida e da esperança cristã. Jesus veio ao mundo anunciar a Boa Nova de Deus e veio para que tenhamos a vida.A Páscoa recorda-nos três momentos: a liber-tação do Egito, a nossa caminhada de hoje como seguidores de Jesus e a nossa realida-de futura, porque a libertação do Egito e a ressurreição de Cristo são símbolo da nossa libertação do pecado e a passagem para a vida eterna.Jesus ao dar a vida por todos assume o duplo sentido da páscoa judaica: sentido de liberta-ção e de aliança. Ele instituiu a nova páscoa, a páscoa da libertação do mal, do pecado e da morte e restabeleceu a aliança com Deus.Após a caminhada da quaresma, somos convidados a viver a alegria do Senhor Ressuscitado, a fazer a experiência da vida nova, fruto da nossa conversão e penitência.Como vier a alegria do Senhor Ressuscitado? Ter gestos de vida nova, procurar viver como Jesus nos ensinou. Há gestos, atitudes e com-portamentos que podem manifestar essa vida nova que há no íntimo de cada um de nós.Podemos ser testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo se em vez de estarmos sempre prontos para criticar e julgar os outros, pro-curarmos festejar porque Deus habita neles e

30 – reflexodos conteúdos

Depois da caminhada da Quaresma, somos convidados a viver a alegria do Senhor Ressuscitado

ABERTURA PARA A PLENITUDE DA VIDA

todos somos filhos de Deus.Damos testemunho da ressurreição se em vez de olharmos sempre para aquilo que nos divi-de, formos capazes de ficar alegres com o que nos une.Damos testemunho da ressurreição se em vez de nos focarmos sempre nas trevas da vida, tivermos a capacidade de olhar a luz que nos rodeia e nos chama para a vida nova que Jesus veio inaugurar.Damos testemunho da ressurreição se formos capazes de mudar o nosso discurso. Deixar de lado os pensamentos e palavras de pessimis-mo, de difamação e mentira; e tudo fazer para que as nossas palavras sejam de acolhimento, aproximação, carinho a edificantes.Damos testemunho da ressurreição se olhar-mos para a vida com gratidão, agradecendo todos os dias o que o Senhor nos concede, e não viver sempre a lamentarmo-nos e a fazer a lista das nossas desilusões crescer.Damos testemunho da ressurreição se deixar-mos de lado o ódio que tantas vezes enche o nosso coração e domina o nosso sentir e procurarmos um caminho de santificação com paciência e serenidade.Damos testemunho da ressurreição se deixar-mos que a nossa vida seja vivida com esperan-ça e confiança em Deus e não seja dominada por preocupações, queixas e egoísmos.Damos testemunho da ressurreição se sen-tirmos a presença de Deus em nós, no nosso dia-a-dia, na nossa oração, e deixarmos de lado que outras seduções nos afastem do caminho de Deus.Jesus Ressuscitado interpela-nos a viver com alegria a nossa fé caminhando para a liberta-ção.

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VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado.

Lê com calma a passagem do evange-lho.

Como reagir aos sinais da vida no-va? Como viver em sintonia com Jesus Ressuscitado?

Faz uma oração a Deus

A Palavra de Deus diz: Jo 20, 1-9: Naquela manhã tudo estava calmo, em silêncio enquanto Maria de Magdala se dirige para o lugar onde tinham colocado o corpo de Jesus. Ao encontrar o sepulcro vazio tudo muda e as palavras que sugerem movimento surgem umas atrás das outras, como que a dizer que o que estava morto, sem vida, sem movimento, afinal está vivo e quer fazer viver. Afinal o que parecia uma derrota é uma vitória. Jesus mostra que uma vida dedicada a Deus e aos irmãos abre-se para a plenitude da vida.

Tenho de: Não foi fácil para as primeiras testemunhas da ressurreição perceberem que afinal Jesus estava vivo. A sua fé cresceu entre dúvidas e incertezas. Aos poucos os olhos do seu coração foram vendo a realidade, João foi o primeiro a compreender os sinais da ressur-reição, depois Pedro e todos os outros e a sua fé torna-se inabalável.Como posso testemunhar a vida nova que há em mim? Que situações concretas quero ressuscitar?

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Jesus vivo é o Senhor exaltado na Glória

O ANÚNCIO PASCAL:“EU ESTOU SEMPRE CONVOSCO”

32 – sobre a fédos conteúdos

A grandeintervenção

de Deus, ressuscitando Jesus,

inaugurou os tempos novos.

O que não é a ressurreiçãoA mensagem da ressurreição de Jesus é simultaneamente a profissão de fé e o testemunho fundamental da Igreja e é natural que este evento, que se situa para além da história, desafie a razão humana e seja objeto constante de reflexão teológica.A ressurreição de Jesus não é um acontecimento histórico, nem pode ser objeto de conhecimento natu-ral, como a sua vida terrestre e a sua morte na cruz; também não é um prodígio de ordem física, comparável ao caso de Lázaro, chamado de novo à vida (revivificação do cadáver). Não é um facto físico, no seu conteúdo, na sua substância, no seu desenro-lar fenomenal. Nada aconteceu, na ordem dos fenómenos sensíveis. O evangelho de Mateus, cujo tipo de narrativa, segue o “tipo Galileia”, que atenua ao máximo o aspeto sensorial, fala do terramoto e do anjo do Senhor que removeu a pedra do sepulcro e se sentou sobre ela. Este facto fez com que os guardas, aterrados, comuni-cassem o sucedido às autoridades (Cf. Mt 28,1-20). Não se trata de um relato histórico, mas a representação simbólico-teológica do que significa a ressurreição de Jesus: a grande inter-venção de Deus, que ressuscitando Jesus, inaugurou os tempos novos, os

tempos que hão-de vir (terramoto) e triunfou da morte (remoção da pedra, acentuada pela posição do anjo) e das forças que lhe são adversas. Descreve-se, portanto, o encontro fundamental e fundador da Igreja, sob a forma de irrupção gratuita e definitiva d’Aquele que está entronizado no céu, mas também está autenticamente entre os seus, tornando sempre atual, aquilo que a Escritura disse Dele mesmo: é o Emanuel, Deus connosco. Na mesma perspetiva podemos situar o evangelho de Marcos (Mc 16,1-8), que nos informa que as mulheres vão ao túmulo e veem um jovem vestido de branco, sentado à direita, o qual proclama a ressurreição de Jesus. Também aqui, não se trata de uma visão sensível mas de um “sinal mudo”, que fala mais profundamente que as palavras. O jovem vestido de branco parece significar o próprio Jesus res-suscitado, porque a expressão “senta-do à direita”, remete-nos para o salmo 110 que a Igreja apostólica sempre aplicou à ressurreição, ou seja, à glori-ficação pascal ou exaltação celeste de Jesus-Messias.

Vivendo tempos de dificuldade e de aparente ausência de alegrias e de esperança, celebramos a Páscoa de Cristo, celebração anual que nos recria e nos ajuda a transcender a própria realidade, enchendo-a de plenitude, de festa e de vida, pois a presença glorificada do Senhor faz-se notar, tal como um dia prometera: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.” (Mt 28,20). Assim, em contexto pascal, fazemos algumas considerações sobre o acontecimento central para a fé cristã, que é a ressurreição de Jesus.

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VNélio Gouveia

“Porque procurais entre os mortos aquele que está vivo?”.

(Lc 24, 5)

Outras expressões da fé pascalNos evangelhos de Lucas e de João encontramos um outro tipo de narrativas, em estreita ligação com a comunidade de Jerusalém. Estas narrati-vas oferecem-nos um esquema tripartido. Num primeiro momento, o ressuscitado mani-festou-se, apareceu àqueles que tinham estado com Ele. Esta sua iniciativa apanha as testemu-nhas de surpresa, a ponto de as fazer concluir: Deus interveio diretamente, agiu em Jesus de Nazaré, fazendo com que Ele se fizesse ver e se mostrasse vivo, depois de ter estado morto. Neste sentido, desde os inícios, os testemunhos cristãos expressam a fé pascal socorrendo-se dos conceitos de exaltação celeste, glorificação e de vida. Se, umas vezes, se diz que Deus res-suscitou Jesus de entre os mortos (talvez seja esta uma das proclamações pascais primitivas), também se diz que Deus elevou Jesus ao céu, introduzindo-O na glória; Jesus vivo é o Senhor exaltado na glória, Ele que “fez-se obediente até à morte e morte de cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo”, como canta um hino da liturgia primitiva (Cf. Fl 2,6-11). Portanto, o evangelista Lucas prefere exprimir-se, para falar da ressurreição de Jesus, em categorias de “vida”, que são mais acessíveis à cultura grega e pouco interessam à apocalíptica judaica. Assim, aos testemunhos de Marcos e de Mateus, o evangelista Lucas completa a mensagem dos anjos: “porque procurais entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5) e, pela boca de Festo, resume o conflito entre Paulo e os judeus: “dis-cussões sobre um tal Jesus que morreu e Paulo afirma estar vivo” (Act 25,19).

Por seu lado, o quarto evangelho, prefere falar de glorificação ou elevação do Filho do Homem na cruz, que é sinal eloquente, não só do imenso amor de Deus pela humanidade, que é salva, mas também é sinal da exaltação celeste do Filho, que pela sua morte e ressurreição nos in-troduz, com Ele, no mundo de Deus. Portanto, para S. João o mistério pascal é descrito como o trânsito do Filho para o Pai (Jo 13,1), a subida de Jesus para Deus (Jo 20,17).Um segundo momento do referido esquema tripartido, diz respeito ao reconhecimento do ressuscitado, que esteve morto, mas agora vive. Este re-conhecimento é progressivo: inicialmen-te o ressuscitado aparece como uma “persona-gem ordinária” e depois é re-conhecido pelos discípulos como o Senhor, que tudo plenifica e envolve com a sua presença e sua graça vitorio-sa. Salienta-se que o ressuscitado está subtraído às condições da existência terrena (parece e desaparece), mas não é um fantasma (daí a in-sistência nos contactos sensíveis). Por fim, num terceiro momento, do tal esquema tripartido, depois desta experiência singular - vivida de uma forma tão intensa a ponto de ser transformante - por parte das testemunhas da ressurreição, é-lhes confiada uma missão para o futuro. Esta missão não consiste em continuar simplesmente a atividade pré-pascal de Jesus, mas em transfigurar essa mesma atividade, pela força do seu Espírito, que faz novas todas as coi-sas e nos sustenta no caminho fé, tornada agora anúncio de salvação e de alegria para todos.

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VPedro Ferreira

As “nossas estrelas” continuam lá para sempre

34 – planeta jovemdo mundo

ONDE SE ESCONDEM AS ESTRELAS QUANDO O DIA NASCE?

Depois de um título como este julgo ser capaz de adivinhar os primeiros pensamentos… Haverá quem pense: “Essa é fácil… Elas não se escondem… Simplesmente a Terra realiza o seu movimento de rotação e nós deixamos de as conseguir ver durante o dia…” Pode haver também quem pense: “Este tipo antes de escrever foi para os copos e agora vem para aqui escrever dispara-tes…” Seriam ambos pensamentos válidos, mas eu agora vou complicar o enredo… E se eu disser que não estou a falar desse tipo de estrelas? Daquelas que se vêem à noite no céu… Nem desse tipo de dia? Daqueles com 24 horas… Pois é… E se as estrelas forem pessoas importantes? E se o dia novo de que falo corresponder ao momento em que essas pessoas importantes deixam de ser tão visíveis? … Talvez tão reconhecidas? …De novo são aceitáveis os seguintes pensamentos: “Ah eu sei… Quando aque-le actor que participava na novela depois do telejornal que eu via ficou muito velho foi viver com os filhos…” ou ainda “Se a pessoa importante tiver sido jogador da bola então agora deve ser treinador…”.E aqui eu pergunto: “E Jesus Cristo não foi uma pessoa importante? Uma es-trela nas nossas vidas e nos nossos corações? E os seus apóstolos? Mas eu nem preciso de falar de nomes que sejam reconhecidos pela maior parte do mundo… E que tal os nossos entes queridos que já foram chamados para jun-to d’Ele? Não foram também eles importantes?”Pois é… O ponto onde eu queria chegar é que este texto foi todo construído à volta de uma pergunta com uma grande rasteira… Porque a verdade é que, pelo menos para mim, as nossas estrelas não se escondem quando um dia no-vo nasce, elas continuam lá sempre… Pois quer seja porque nos lembramos delas… Porque falamos delas… Ou inclusive porque agimos de determinada forma devido à influência que elas um dia tiveram em nós…Se as pessoas são de facto importantes para nós elas nunca se escondem com o nascer de um novo dia. Não aconteceu com Jesus que ainda hoje é lembra-do? Não aconteceu com a princesa Diana, cujo trabalho meritório é ainda hoje recordado?… Mas não só de grandes nomes falo… Pois tenho a certeza que todos nós conhecemos alguém que cabe nesta definição de estrela.As estrelas nunca se escondem… Vamos todos juntos ajudar a que, para além delas não se esconderem, possam brilhar para sempre e com mais força…

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VAlícia Teixeira

Segundo São Tomás de Aquino, “o humor é essencial para a vida”

RIR ATÉ MAIS NÃO PODER

outro ângulo – 35 do mundo

Durante todo o dia são imensas as mensagem que chegam ao meu telemóvel com anedotas enviadas por amigos. Aproveito e agradeço, pois dou por mim, muitas vezes, a rir sozinha e a partilhar com outros amigos meus. Sei que nem todos acham graça às mesmas piadas que eu, por isso tenho sempre o cui-dado de selecionar a quem vou mandar esta ou aquela piada….dá uma certa maçada mas só em saber que alguém dará a mesma gargalhada que eu… vale a pena!!Para mim, o riso (de preferência gargalhada!) sincero e descontrolado é a melhor terapia para os nossos momentos menos bons! Tenho por hábito dar pelo menos uma gargalhada por dia. São muitas as pes-soas que vão ao meu encontro na expetativa de resolver algum problema que as apoquenta! Quando tal não é possível, procuro pelo menos faz¬ê-los rir/sorrir como forma de os “relaxar” e terem abertura para voltar acreditar que as coisas vão se resolver. Muitas vezes saem do meu gabinete e dizem com um sorriso rasgado: “Jesus, ao tempo que eu não ria assim” ou “ao tempo que não ouvia essa anedota”.Por vezes as pessoas pensam que dar um ar sisudo irá fazer com que os outros tenham mais respeito por eles….no fundo para “não dar confiança”. O engraçado é estudos constatarem que são os chefes que dizem mais piadas do que os subordinados…escusado seria dizer que mesmo não tendo piada nenhuma (ou não percebendo a graça) rimo-nos com receio de sermos mal interpretados.Segundo são Tomás de Aquino “o humor é essencial para vida” (só por esta frase, acho que nos daríamos muito bem!). O riso para além de ser uma reação inata, faz bem a alma e tem apenas vantagens para a nossa saúde mental e fisiológica, ora bem:

• ativa o sistema cardiovascular, aumentando a frequência cardíaca e pressão arterial; • aumentam o fluxo sanguíneo dos orgãos devido às contrações fortes e repetidas dos músculos da parede torácica, abdomen e diafragma;• eleva o fluxo de oxigénio no sangue dada a respiração forçada as chamadas gargalhadas• quando dizemos “ai que já não posso rir mais” deve-se a tensão muscular que diminui ativando assim o relaxamento dos mesmos;• o riso ajuda sistemas fisiológicos, como o sistema imunitário. O riso também pode promover mu-danças hormonais benéficas. Cientistas acreditam que o riso liberta transmissores neuroquímicos chamados endorfinas, o que reduz a sensibilidade à dor e promove sensações de prazer e bem estar. Não é por acaso que o projeto “Dr. Palhaço” apresentou desde logo resultados fantásticos.

No fundo o que vos quero transmitir é que: “tristezas não pagam dívidas”! Não tenha vergonha de dar uma Valente gargalhada ou de fazer alguém rir….faça disso a sua boa ação do dia!

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VAndré Teixeira

Já são conhecidos carros elétricos e híbridos... e a hidrogénio?

CARROS A HIDROGÉNIO

36 – novos mundosdo mundo

No mês de março houve aumento no preço dos transportes.Por isso, já a pensar no futuro aqui apresento uma ideia para os leitores que acompanham A Folha dos Valentes. Já são conhecidos os automóveis elétricos, mas, e a hidrogénio?Alguns pesquisadores do Instituto de Física, em São Carlos (Brasil), fizeram avanços importantes rumo a veículos elétricos alimentados por hidro-génio. Atualmente, a onda de carros elétricos baseia-se em dois tipos de tecnologias: o primeiro tipo é formado pelos carros híbridos que possuem mo-tores elétricos e um pequeno motor a combustão, que pode ser usado para fornecer potência extra necessária, enquanto que o segundo tipo são os carros realmente elétricos, os mais usuais, movi-dos unicamente por baterias. Mas há ainda um terceiro tipo, mais direcionado para o futuro e mais promissor, mas que ainda depende de alguns avanços tecnológicos neces-

sários que estão a ser estudados.São os carros alimentados a hidrogénio, cuja ele-tricidade para os motores elétricos não é forneci-da primariamente por baterias, embora elas even-tualmente continuem a existir, mas por células a combustível, que por sua vez são alimentadas por hidrogénio. Uma célula a combustível de hidrogé-nio consome gás para gerar eletricidade e emite apenas água como subproduto.Outra parte da pesquisa concentra-se numa eta-pa anterior do processo, na produção do próprio combustível hidrogénio.Neste caso, os cientistas estão a testar o uso do cobalto como dopante, em vez do cobre.Neste momento esses materiais não são viáveis economicamente para uma produção em larga escala. Mas, num futuro breve, isso mudará.Aguardo ansiosamente pelos carros movidos a água ou a ar.

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É sabido que os êxitos se querem simples e eficazes

VFlorentino Franco

nuances musicais – 37 do mundo

ÊXITOS

Sem que nos apercebamos bem de onde vieram, como se tornam êxito e como é possível manterem-se no ouvido, os temas do momento estão ro-deados de particularidades curiosas.

Escrever sobre hits musicais que invadem o mercado é um “chover no molhado”,mas também um desafio interessante face a um tema muito explorado.

É claro que tenho de especificar o incontornável Michel Teló com “Ai Se Eu Te Pego”. Já referi em artigos anteriores a importância crucial do ma-rketing para a explosão de um êxito. Aqui está um exemplo rodeado de um marketing eficaz aliado a um por acaso (ou não) de Cristiano Ronaldo decidir fazer parte da coreografia do tema quando marcou um golo. O certo é que o próprio Michel Telo reconheceu e agradeceu a ajuda, que o levou a quadruplicar o número de visualizações no Youtube, bem como a su-bida nas paradas de venda em vários países do mundo. Deixando o marketing à parte façamos uma análise ao tema musical em si. É sabido que os êxitos querem-se simples e eficazes, porque, pa-ra ficar no ouvido de muito mais gente, a com-plexidade harmónica e melódica não é grande ajuda. Assim sendo temos aqui um exemplo de simplicidade extrema que, não é preciso estar muito atento para o identificar como um déjà vu de outros êxitos anteriores. Para justificar esta afirmação está a sequência harmónica simples presente em milhares de outras músicas, o solo que acordeão também simples que se repete durante toda a música, o ritmo distribuído en-tre as sonoridades reagge e pagode que o torna atractivo mas não impressionante. Agora o que daria destaque sem me alargar em comentários, é a letra. É certo que, como já referi atrás, para um êxito ser êxito, quer-se simples e eficaz, no entanto, convém que uma letra tenha princípio

meio e fim, nem que seja numa vertente surrealista. Sendo assim é de “bra-dar aos céus” quando se tem uma letra que nem tem a vertente surrealista, que tem princípio, parece que vai ter meio, mas de repente parece que o artista ficou sem inspiração e decidiu repeti-la assim incompleta durante todo o tema. Assim, fica a dúvida se o marketing ou as outras nuances que constroem cer-tos êxitos são capazes de enaltecer uma mediocridade, ou então o conceito de construção lírica e musical está mesmo a mudar.

Michel Teló

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Inflamação de articulações pode ocorrer em várias idades

38 – cuidar de sido bem estar

ARTRITE REUMATÓIDEJUVENIL

SintomasEm aproximadamente 40% das crianças com artrite reumatóide juvenil, apenas uma ou duas articula-ções são afectadas. Em 40% dos casos, mais de duas articulações são afectadas e, nos 20% restantes, a artrite reumatóide juvenil é sistémica, ou seja, afecta todo o corpo, não apenas as articulações, e é acom-panhada por febre, uma condição denominada do-ença de Still.A inflamação de apenas algumas poucas articula-ções ocorre tipicamente antes dos 4 anos de idade (geralmente em meninas) ou após os 8 anos (geral-mente em meninos). A criança apresenta dor, edema e rigidez articular, mais comumente no joelho, no tornozelo ou no cotovelo. Ocasionalmente, uma ou duas articulações (p.ex., um dedo da mão ou do pé, um punho ou a mandíbula) tornam-se edemaciadas e rígidas. Os sintomas articulares podem persistir ou podem ser intermitentes (vêm e vão).As meninas apresentam uma propensão particular a apresentar iridociclite (inflamação da íris) crónica, a qual geralmente não causa sintomas e é detectada apenas durante um exame oftalmológico. A iridoci-clite pode causar cegueira e, por essa razão, a criança deve ser acompanhada e a doença deve ser tratada imediatamente.A inflamação de várias articulações pode ocorrer em qualquer idade. As meninas são mais afectadas que os meninos. A dor, o edema e a rigidez articu-lar podem começar gradualmente ou subitamente. Em geral, as articulações primeiramente afectadas são as dos joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos. Posteriormente, podem ser afectadas as articulações

de ambas as mãos, do pescoço, da mandíbula e das ancas. Geralmente, a inflamação é simétrica, afectando a mesma articulação nos dois lados do corpo.

A artrite reumatóide juvenil é uma inflamação persistente das articulações (artrite) semelhante à artrite reumatóide do adulto, mas que inicia antes dos 16 anos de idade. A sua causa é desconhecida. Fatores hereditários podem aumentar o risco de ocorrên-cia da artrite reumatóide juvenil.

A incidência da artrite reumatóide juvenil sisté-mica é a mesma em ambos os sexos. A febre é intermitente, sendo geralmente mais elevada ao anoitecer (39 °C ou mais) e, a seguir, retor-na rapidamente ao normal. Durante a febre, a criança pode sentir-se muito mal. Uma erupção cutânea plana rósea ou cor salmão, principal-mente no tronco e na porção superior dos mem-bros superiores e inferiores, aparece durante pouco tempo (frequentemente ao anoitecer), migra e desaparece e, em seguida, reaparece. Pode ocorrer aumento de volume do baço e de alguns gânglios linfáticos. A dor, o edema e a rigidez articular podem ser os últimos sintomas a se manifestarem.

Joelho saudável Joelho afetado por artrite

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VJoão Moura

Inflamação de articulações pode ocorrer em várias idades

Joelho saudável Joelho afetado por artrite

Qualquer tipo de artrite reumatóide juvenil pode interferir no crescimento. Quando ela interfere no crescimento da mandíbula, a artrite reumatóide juvenil pode causar micrognatismo (queixo retra-ído).O fator reumatóide, um anticorpo que é comu-mente detectado no sangue de adultos com artrite reumatóide, raramente está presente em crianças com artrite reumatóide juvenil. É mais frequente o factor reumatóide estar presente em meninas que apresentam muitas articulações afectadas.

Prognóstico e TratamentoOs sintomas da artrite reumatóide juvenil desapa-recem completamente em até 75% das crianças. O prognóstico é pior para aquelas que apresentam muitas articulações afectadas e que também apre-sentam factor reumatóide.Geralmente, as doses elevadas de aspirina con-seguem suprimir a dor e a inflamação articular. Outros antiinflamatórios não esteróides são fre-quentemente prescritos no lugar da aspirina, pois o uso desta aumenta o risco de desenvolvimento da síndrome de Reye. Uma criança pode ser medi-cada com corticosteróides orais quando a doença é sistémica e grave. Contudo, esses medicamen-tos podem retardar a velocidade do crescimento e, quando possível, devem ser evitados. Os corti-costeróides também podem ser injectados direc-tamente nas articulações afectadas para aliviar a inflamação. Uma criança que não responde à aspi-

rina ou a outros antiinflamatórios pode ser tratada com injecções de sais de ouro. A penicilamina, o metrotrexato e a hidroxicloroquina podem ser uti-lizados quando os sais de ouro são ineficazes ou produzem efeitos colaterais.

O exercício previne a rigidez articular. Imobiliza-dores podem impedir o bloqueio de uma articu-lação em uma posição complicada. Os olhos são examinados a cada 6 meses a fim de controlar a ocorrência da iridociclite (inflamação da íris). A iridociclite é tratada com um colírio ou uma po-mada de corticosteróide e com medicamentos que dilatam a pupila. Ocasionalmente, a cirurgia é necessária para correcção das deformidades e melhoria da qualidade de vida.

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40 – jd-Nacionalda juventude

VSecretariados JD

Celebração da caminhada do ano: todos os Centros, em FátimaAmigos e leitores escrevem-nos

Na senda de Dehon, embarcar na missãoFátima – 20-22 de Abril de 2012Tema: Na senda de Dehon, embarcar na missão.Objectivo geral: Celebrar a caminhada do ano. Objectivos específicos:• Congregar a JD e os jovens envolvidos nas actividades organizadas pelos dehonianos.• Reflectir sobre o tema: Na senda de Dehon, embarcar na missão.• Promover o convívio, a oração e a partilha de amizades.• Realizar uma caminhada.• Realizar o Festival de Encenações.

Preço por participante: 35,00 €

XV ENCONTRO NACIONAL DA JUVENTUDE DEHONIANA

PROGRAMA - HORÁRIO:20 de abril – sexta-feira20h00-22h00 – Acolhimento (sem jantares)22h00 – Abertura do XV Encontro Nacional JD – Entrega dos logótipos JD para votação?22h30 – Apresentação por Centros 23h30 – Oração da noite com o tema do ano (Lisboa)24h00 – Descanso

21 de abril – sábado08h00 – Pequeno-almoço 09h00 – Oração da manhã09h30 – Partida para o lugar da Caminhada10h00 – Caminhada13h00 – Almoço 18h00 – Ensaios das Encenações – Salão Bom Pastor 19h30 – Jantar – Ensaios das Encenações) – Entrega da votação para o logótipo JD21h30 – Oração Mariana na Capelinha das Aparições23h00 – Vigília00h30 – Descanso

22 de abril – domingo 08h00 – Pequeno-almoço09h00 – Oração da manhã10h00 – Tempo livre10h30 – Eucaristia no Salão Bom Pastor12h30 – Almoço14h00 – Festival de Encenações no Salão do Bom Pastor17h30 – Despedida

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Celebração da caminhada do ano: todos os Centros, em Fátima

VGonçalo Mendes

A JD-Lisboa preparou a Páscoa

saber mais – 41 da juventude

CONHECER E VIVER A VIA-SACRA

Estava um dia de calor e um clima

bastante propício para a reflexão no Seminário

de Alfragide onde realizámos uma Via-sacra com a simpática

e marcante presença de Catalina Pestana.

Numa primeira fase reunimo-nos na capela onde pudemos analisar a história da Via-sacra, tendo sido um momento bastante interessante de aprofundamento do nosso conhecimento teológico. De seguida fomos divididos em pequenos grupos onde tivemos a oportunidade de ler e explorar as diferentes estações da Via Sacra em que cada grupo tinha como função preparar uma mímica, encenação, música ou mensagem que transmitisse a importância de cada estação.Depois de concluído o trabalho em cada grupo, realizámos então a Via Sacra com a participação de Catalina Pestana que ia dando a conhecer os seus ideais, a sua caminhada e um pouco da sua relação com cada estação.Foi uma tarde bastante interessante de onde pudemos tirar importantes conclusões, a reflexão deu asas para o aprofundamento da importância da Via-sacra e o testemunho dado pela Catalina Pestana sobre alguns temas actuais que se podiam ligar a algumas estações permitiram olhar para a nossa sociedade de um prisma diferente.

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Em S. Miguel foi tempo de orar, refletir, mudar e programar

42 – jd-Açoresda juventude

CONTEMPLAÇÃO EUCARÍSTICA, É FONTE DE TODA A AÇÃO MISSIONÁRIAA JD Açores, no tempo da quaresma, centrou a sua acção em quatro realidades marcantes da espiritualidade dehoniana: oração, adoração, contemplação e reflexão. Os nossos jovens tenta-ram aproveitar ao máximo a riqueza espiritual deste tempo litúrgico que vivemos. A Quaresma foi uma ocasião propícia e privilegiada para avaliar, refletir, mudar e programar. Sabe sempre bem, fazer silêncio, olhar, nem que seja por breves instantes, para dentro do nosso coração, reflectir sobre aquilo que na nossa vida, nos impede de sermos cada vez mais de Deus.

O grupo de jovens os “Samaritanos”, da Fajã de Cima, participou na oração mensal de Taizé na sua paróquia. Já os grupos do Livramento, os “Veritas” e os “Soldados de Cristo” estiveram em-penhados na festa e celebração do Lausperene, que se realizou no fim-de-semana de 3 e 4 de Março. Ambos os grupos organizaram e partici-param num momento de adoração Eucarística. À do grupo “Veritas” juntou-se um grupo de jo-vens da freguesia vizinha de Cabouco. Foi uma oportunidade para juntos louvarem o Senhor da messe pela vivacidade, alegria e disponibi-lidade da juventude dehoniana.O grupo “Soldados de Cristo” integrou na sua oração e no seu momento de adoração a co-munidade presente na igreja. Ninguém ficou de fora. Diante do altar e frente a Jesus sacra-mentado, ornamentado por um jardim de flo-res, os jovens quiseram dizer a Jesus que tam-bém sabem fazer oração. Sim, com o seu jeito muito próprio, mas também sabem agradecer a Deus, por tanta maravilha que ele realiza nas suas vidas.

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CONTEMPLAÇÃO EUCARÍSTICA, É FONTE DE TODA A AÇÃO MISSIONÁRIA

VAlberto Bisarro

Um imenso sentimento de Paz, de tranquilidade e serenidade invadiu os nossos corações. Quais discípulos de Emaús de olhar fito no Senhor ressus-citado, com o coração ardente por estar na sua presença. Quais girassóis virados para o sol, captando toda a sua energia e toda a sua vida. Não há alegria maior do que a alegria da contemplação. A contemplação é a fonte de toda a acção missionária da igreja.

Os jovens deixaram junto do altar uma “marca”, um sinal da sua presença em oração. Gravaram com tinta e em papel as suas mãos, simbolizando a sua generosidade e disponibilidade para o ser-viço, o serviço aos irmãos e o serviço à igreja de Jesus Cristo. Em cada mão deixaram registado um propósito, para recordar a todos que a oração sem acção não produzirá frutos de redenção.A quaresma é o tempo litúrgico por excelência para a conversão interior e para o encontro com Deus. Assim sendo, a juventude dehoniana tem virado a sua atenção para a importância da vivên-cia da oração. É urgente criar hábitos de oração na sociedade actual. A “crise” de que agora tanto se fala é consequência disto mesmo: a falta de tempo para Deus. O ritmo alucinante das nossas rotinas diárias tira-nos tempo para falar com Deus. E quanto menos se reza, menos vontade temos de rezar. Nós jovens temos de ser portadores de uma nova dinâmica. Não há maior conforto para o cor-po e para o espírito do que abrir o nosso coração a Deus e desabafar com Ele, partilhar com Ele toda a nossa vida, pois só Ele tem a resposta e a solução para as nossas dificuldades. Resta-me terminar, fazendo minhas as palavras do salmista que diz: “Uma só coisa peço ao Senhor. Habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida”.

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Retiro de Quaresma e Compromissos da JD-Porto

44 – jd-Portoda juventude

“PRESTEMOS ATENÇÃO!”

Chegados todos os participantes, deu-se início ao dia de reflexão, por volta das 10h20. Como é habitual, hou-ve uma breve introdução do orientador, Pe. Feliciano Garcês, seguida da apresentação de cada um dos pre-sentes. Tendo em conta a mensagem de Bento XVI para a Quaresma, refletiu-se ao longo do dia sobre o tema: “Prestemos atenção”. Mas, antes de percebermos qual a essência destas palavras, foi importante a explicação do porquê da Quaresma e das exigências que este tempo propõe. A Quaresma não se resume a um espaço de 40 dias, em que nos lembramos de cumprir com mais fidelidade as determinações cristãs. Isto porque, o especial deste tem-po, está na perspicácia de saber parar e refletir sobre as ações passadas e as decisões futuras. Qualquer jovem cristão tem presente que este é um tempo para melhor escutar e ler com regularidade a Palavra de Deus, para rezar mais intensamente e para reavivar a sua fé.

No seguimento desta reflexão, ca-da um, no seu espaço, teve a opor-tunidade de repensar nas palavras do orientador e de se por na atitude fundamental de um retiro: ques-tionar-se. Mais tarde, este “ponto de interrogação interior” deixa o nível do pensamento e concretiza-se na escrita. Cada jovem tinha na sua posse uma folha branca, onde poderia reter algumas conclusões do que refletira e escrever em prol disso rascunhar o que podia ser as-pecto de mudança na sua vida. Como o retiro não se faz só de silêncio, pelas 13h30 deu-se um momento de convívio e de “reabastecimento” de energia, para se poder dar continuidade à meditação. Aproveitou-se a boa disposição, para na parte da tarde constituir grupos de debate sobre a mensagem do Papa Bento para a Quaresma deste ano. Os resultados destes trabalhos foram interes-santes dinâmicas de explicação, daquilo que cada grupo entendeu como sendo o essencial do texto.

No dia 18 de Março, no Centro Dehoniano, a Juventude Dehoniana do Porto organizou o retiro da Quaresma e dos Compromissos.

Este encontro foi especialmente dirigido aos jovens, que de uma maneira ou de outra, estão ligados às

actividades da Pastoral Juvenil Dehoniana.

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VAntónio Silva

“PRESTEMOS ATENÇÃO!”

Após as últimas orientações do Pe. Feliciano, preparou-se o espaço para dar lugar ao à celebração da Eucaristia. Os jovens dispuseram da sua característica alegria, para animar a celebração e tor-ná-la ainda mais festiva. De realçar, o momento em que alguns jovens fizeram o compromisso, pela primeira vez, na juventude dehoniana. Aqueles que já o tinham feito em anos anteriores renovaram o seu compromis-so JD e testemunharam o dos “novatos”, assinando o livro da “memória JD”. Depois de um dia de reflexão concluído, os jovens levaram para casa esta mensa-gem: “Atenção! Pára e presta atenção aos outros e a Deus!”

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(Padre Dehon)

VPaulo Vieira

DEHUMOR

46 – agendada juventude

As nossas luzes não nos salvarão,mas as nossas obras sim.

XV ENCONTRO NACIONAL

DA JUVENTUDE DEHONIANA

Centro Paulo VI – Fátima20-22 de abril 2012

inscreve-te

PARTICIPA!

mais informações:[email protected]

Quando era criançatinha medo do escuro...

» JD — NacionalAbril20-22 − Encontro Nacional da Juventude Deho-niana em Fátima.

» JD — AçoresAbril13 − Oração de Taizé no Centro Missionário20-22 − Encontro Nacional da Juventude Deho-niana em Fátima.

Maio11 − Oração de Taizé no Centro Missionário26 − Vigília de Pentecostes.s/d − Voluntariado - Droga.

» JD — PortoAbril01 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso 20-22 − Encontro Nacional da Juventude Deho-niana em Fátima.23-30 − Semana da Juventude em Sobrosa.

Maio06 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso 19-20 − CFA em Gatão - Amarante.21-27 − Semana da Juventude em Besteiros.

Agora, vendo a últimafactura da EDP,

tenho medo é da luz!

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TEM PIADA C U R I O S I D A D E S

VPaulo Cruz

Solução de marçoMais vale tarde do que nunca.

o m e l h o r p r e s e n t eEram três filhos que saíram de casa, conseguiram bons empregos e prosperaram.Anos depois, eles encontraram-se e estavam a dis-cutir sobre os presentes que conseguiram comprar para a mãe, que já era bem idosa.O primeiro disse:

quebra-cabeças

O provérbio escondido começa por D e lê-se de cima para baixo, de baixo para cima, da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita.

provérbio escondido

passatempos – 47 tempo livre

ponte 25 de abril Com mais de 45 anos de história a ponte 25 de Abril já proporcionou inúmeras situações curiosas.

Desgostos amorososHá uns anos atrás um Homem de 28 anos atirou-se da ponte. Tudo começou com uma zanga com a namora-da. O jovem ameaçou atirar-se da ponte 25 de Abril e cumpriu mesmo a promessa. A sorte esteve do seu lado, ao cair em cima duma cobertura de alumínio sobre o mercado Rosa Agulhas que amorteceu a queda de 40 metros. Transferido para o hospital, saiu, passados uns dias, pelo seu próprio pé e sem danos graves.

O sem abrigo protestanteNo dia 21/12/2006, ano em que a ponte fez 40 anos, o protesto de um sem-abrigo causou o caos na ponte, onde as filas de trânsito atingiram os 14 km. O homem esteve desde as 13h00 pendurado por uma corda exi-bindo um cartaz dizendo:”sem amor, sem abrigo!”. Só ao fim da tarde a GNR conseguiu convencer o homem a sair em segurança desta situação, sendo depois detido e presente ao tribunal de Almada.

XV ENCONTRO NACIONAL

DA JUVENTUDE DEHONIANA

Espírito RadicalO primeiro homem a aventu-rar-se foi Mário Pardo, ganhou asas, e de pára-quedas saltou da ponte. Apenas alguns au-tomobilistas que circulavam na Ponte 25 de Abril e outros tantos transeuntes que apro-veitaram uma tarde de sol à beira rio tiveram o privilégio de assistir a mais uma ousada aventura de Mário Pardo.

Escalada arriscadaNoutra aventura radical Alain Robert escalou um dos pilares da ponte 25 de Abril, no dia 6 de Agosto de 2007. O alpinista urbano, que já escalou mais de 70 edifícios ou estruturas em todos os continentes, chegou ao ta-buleiro da ponte num táxi e lançou-se de imediato na tarefa de trepar por um cabo acima, sem o auxílio de corda nem rede. O percurso de 190 metros na vertical demorou 60 minutos e foi acompanhado por uma câ-mara num helicóptero. Já em segurança o alpinista foi detido e só seguiu viagem após pagar 120 euros.

– Eu consegui comprar uma mansão enorme para a mãe.O segundo disse:– Eu enviei-lhe um Mercedes topo de ga-ma com motorista.O terceiro sorriu e disse:– Com certeza ga-nhei-vos em matéria de presentes. Vocês sabem como a mãe gosta da Bíblia, mas ela está praticamente cega e não consegue mais ler. Então, mandei-lhe um papagaio castanho, raro, que consegue recitar a Bíblia todinha. Foram 12 anos de treino num mosteiro, por 20 mon-ges diferentes. Eu tive de doar 5 000 Euros por ano para o mosteiro, durante 10 anos, mas valeu a pena. A mãe precisa apenas dizer o capítulo e oversículo, que o papagaio recita-o sem um único erro.Tempo depois, os filhos receberam da mãe uma carta de agradecimento pelos presentes:“José, a casa que me compraste é muito grande. Eu moro apenas num dos quartos e canso-me bastante a limpar a casa toda”.“Chico, eu estou muito velha para sair de casa e viajar. Eu fico em casa o tempo todo e nunca uso o Mercedes que me deste. E o motorista também é muito mal-educado.”“Querido António, foste o único filho que teve bom senso para saber o que a tua mãe realmente gosta. Aquela galinha estava deliciosa, muito obrigada.”

e l e c t r i c i d a d eProfessor: – De onde vem a electricidade?

Aluno: – Do Jardim Zoologico!

Professor: – Do Jardim Zoologico?!?

Aluno: – Pois! O meu pai, quando falta a luz em casa, diz sempre: “Aqueles camelos...”.

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Desde os anos 90…Quando, em meados dos anos 90, se in-crementou o trabalho da Pastoral Juvenil Dehoniana de forma sistemática e coorde-nada por Centros, surgiu o presente logóti-po da Juventude Dehoniana, composto pelo

Necessidade de renovar…Passados estes anos, sentimos a necessidade de reno-var e actualizar o nosso símbolo comum, como foi ex-presso na sondagem feita, há poucos anos, junto dos jovens que frequentam a nossa proposta pastoral. Por isso lançamos este “concurso”, a fim de que o nosso símbolo seja fruto do trabalho criativo dos próprios jovens.Entre 15 de fevereiro e 15 de abril está aberta a par-ticipação de quem queira propor um novo logótipo para a Juventude Dehoniana.

Características…Um logótipo é como uma assinatura: uma represen-tação gráfica que identifica uma realidade. O logótipo da Juventude Dehoniana deve ser colorido, simples, “jovem” e “dehoniano”, ou seja deve de alguma ma-neira reflectir juventude e a “dehoneidade” (os cinco valores: interioridade, disponibilidade, solidariedade, comunhão eclesial e sentido de missão).

“J”, pelo “D”, pelo coração (referência à espiritualidade dehoniana, do Coração de Jesus), e pela cabeça com boné, de “ar juvenil”.

Participação / envio…Cada logótipo deve ser enviado junto com um texto que identifique o autor, bem como a explicação do logótipo nos seus elementos e cores. O logótipo deve ser enviado em for-mato JPEG ou PNG, com boa resolução, para o e-mail:

[email protected]émioO autor do logótipo vencedor vencerá como prémio a sua divulgação n’ A Folha dos Valentes, no Site da Pastoral Juvenil e Vocacional Dehoniano, no Facebook de cada Centro e ainda um ano grátis de A Folha dos Valentes e um kit de materiais dehonianos.

O logótipo vencedorLogótipo vencedor será anunciado no final do XV Encontro Nacional da Dehoniana, em Fátima, a 22 de Abril de 2012 e passará a ser a nossa “imagem de marca” substituindo o atual.

PropriedadeDepois de aprovado, o logótipo passa a ser propriedade da Pastoral Juvenil Dehoniana.

PARTICIPA!até 15 de Abril envia a tua proposta de logótipo JD para:

[email protected]

um novo logótipo para a Juventude Dehoniana

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