a folha dos valentes - março 2012

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07. - PARTILHA 09. - ”O CRESCER não acaba” 12. - Recordando o P. e Tarcísio ROTA 16. - A nossa relação com o DINHEIRO 19. - TRENTO: um concílio que mudou a História 30. - Atenção, AMOR, boas obras 37. - A fama e a MORTE 40. - Conheces? NÃO TE CALES! 44. - A BÍBLIA como Palavra de Deus 46. - AGENDA: Enc. Nac. JD 48. - Novo LOGÓTIPO para a JD PLENA QUARESMA ! V a l en es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 412 Março 2012 ANO XXXVI a folha dos

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Março 2012

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Page 1: A Folha dos Valentes - Março 2012

07.-PARTILHA

09.-”O CRESCER não acaba”

12.-Recordando o P.e Tarcísio ROTA

16.-A nossa relação com o DINHEIRO

19.-TRENTO: um concílio que mudou a História

30.-Atenção, AMOR, boas obras

37.-A fama e a MORTE

40.-Conheces? NÃO TE CALES!

44.-A BÍBLIA como Palavra de Deus

46.-AGENDA: Enc. Nac. JD

48.-Novo LOGÓTIPO para a JD

PLENA QUARESMA!

Valen esPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA412

Março 2012 ANO XXXVI

a folha dos

Fevereiro 2012 ANO XXXVIValen es

PUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA411

a folha dos

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Page 2: A Folha dos Valentes - Março 2012

03 > alerta! > Plena Quaresma!

04 > digo eu... > Dos nossos leitores

05 > recortes do Mundo > São José

06 > sal da terra > Partilha

07 > cantinho poético > Vontade de sonhar

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com . http://valentes.hi5.com

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > “O crescer não acaba”

10 > entre nós > Secretariado Nacional da Família Dehoniana

11 > com Dehon > Eucaristia: o Amor da Paixão

12 > memórias > Recordando o padre Tarcisio Rota

14 > comunidades > Seminário N.ª Sr.ª de Fátima - Alfragide

dos conteúdos

16 > missãopress > A nossa relação com o dinheiro

17 > palavra de vida > O novo templo de Deus

18 > vinde e vereis > Vinde e descansai um pouco

19 > onde moras > Convite para “jantar”

20 > doses de saber > Trento: concílio que mudou a história

22 > pedras vivas > A “pedreira” da Gisela

24 > igreja > D. Manuel Monteiro de Castro

25 > paróquias > XIII Assembleia de Párocos Dehonianos

26 > leituras > O poder de dar

28 > sobre a bíblia > Nas fontes da alegria

30 > reflexo > Quaresma

32 > sobre a fé > O pecado: drama e mistério

do mundo

34 > planeta jovem > No escurinho do cinema

35 > outro ângulo > Gestão do tempo

36 > novos mundos > Bengala robótica

37 > nuances musicais > A fama e a morte

do bem-estar

38 > cuidar de si > Pedagogia e psicologia

40 > dentro de ti > Conheces? Não fiques calado!

da juventude

41 > pastoral juvenil > Comissão reunida

42 > jd-Porto > Juntos e unidos em Oldrões

43 > jd-Açores > Ser sal e luz do Mundo

44 > jd-Porto > Candal: A Bíblia como Palavra de Deus

44 > agenda-JD > Calendário de actividades

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > Campanha logótipo JD

da família dehoniana

sumário:

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)ou (transferências internacionais):

IBAN: PT50 0010 0000 1240 8400 0015 9SWIFT/BIC: BBPIPTPL

FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Emanuel Vítor (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: David Vieira, Beto Martins, Beatriz Martins, Marisa Oliveira, José Luís Freire; Rosa Gomes, Sarsfield Cabral, Octávio Carmo, Tiago Esteves, Sónia Galinha, Sara Silva, Emília Pedro, Domingo Gomes.

Fotografia: Nélio Gouveia, Adérito Barbosa, António Silva.

Capa: Torreira

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor:Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

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Page 3: A Folha dos Valentes - Março 2012

PLENA QUARESMA!

VPaulo Vieira

alerta! – 03 da actualidade

Eis-nos em pleno na Quaresma que prepara “o centro de todo o ano litúrgico, o Tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado, que culminaráno Domingo da Páscoa”.

É um tempo de oração mais intensa, escuta mais atenta da Palavra de Deus, de penitência e “mortificação” e caridade.Acima de tudo, está a vida de oração, que é uma condição indispensável para o encontro com Deus. A escuta mais frequente e atenta da Palavra de Deus possibilita-nos perceber “as maravilhas que o Senhor realiza em nós” e permite-nos adequar o nosso passo ao ritmo do seu caminhar. A penitência consistirá em reparar os nossos “passos mal andados” e oferecer as contrariedades e sofrimentos da vida unindo-os aos sofrimentos da cruz do Senhor. O jejum e a abstinência marcam também o caminho quaresmal, nos dias próprios, e podem traduzir-se, depois, numa expressão de especial matiz quaresmal que é a caridade e a esmola. Dizia São Leão Magno: “estes dias quaresmais convidam-nos de maneira premente ao exercício da caridade; se desejamos chegar à Páscoa santificados no nosso ser, devemos pôr um interesse especialíssimo na aquisição desta virtude, que contém em si às demais e cobre multidão de pecados”.

Neste mês celebramos também, no dia 19, a solenidade de São José, esposo da Virgem e pai “nutrício” de Jesus. É o Dia do Pai...

Com o XV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana no horizonte (20-22 de abril), já há grupos por todo o país a preparar encenações e angariar meios para poder ir a Fátima.

Está também lançada uma campanha para a renovação da “imagem de marca” da JD, como podeis ver na última página e na Internet e na qual podeis participar!

Uma santa Quaresma!

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Page 4: A Folha dos Valentes - Março 2012

VPaulo Vieira

04 – digo eu...da actualidade

S ã o J o s é

Querido amigos Valentes,Sou vossa leitora fiel e ouso escrever-vos neste início de ano para partilhar convosco alguns pen-samentos. Como nos diz a sabedoria popular, “Ano Novo, vida nova”! E, de facto, assim é… ou, pelo menos, assim deveria ser!Este 2012, acabadinho de nascer é-nos apresentado como uma folha em branco, na qual regista-remos (ou serão registados) os acontecimentos que irão compor as nossas vidas. É uma porta que se abre para um mundo cheio de oportunidades (espera-se!), venturas (muitas!) e desventuras (poucas, de preferência nenhumas!).Ultimamente temos sido “bombardeados” pelas notícias referentes à profunda crise económica em que nos vemos mergulhados e pelas medidas de austeridade que têm vindo a ser implementadas e que esmagam sempre a cada vez mais os mais pobres da nossa sociedade. Corroboro o que várias personalidades públicas têm afirmado no que toca a esta crise que, muito mais do que económica se verifica ao nível dos valores de humanidade dos quais Jesus foi e é o espelho perfeito. Só Ele nos pode salvar, como tem vindo a fazer – sempre! Deixemos o Deus-Menino nascer verdadeiramente em nossos corações e saibamos vê-lo e acarinhá-lo no próximo! Se O deixássemos escrever nas páginas da nossa vida e n’Ele puséssemos toda a nossa confiança, as nossas maiores dificuldades parecer-nos-iam obstáculos insignificantes e perfeitamente transponíveis. Ele é, de facto, o único caminho, a verdade e a vida e só n’Ele encontramos a Felicidade.Envio o talão referente à transferência bancária efetuada para a vossa conta no BPI (…). Peço des-culpa por ser um valor tão baixo, mas com os salários baixos e com a precariedade constante, tornou-se difícil fazer face a tantas despesas. Esse valor é uma pequena ajuda para as revistas (não me tinha apercebido que não tinha atualizado…). Bem sei que este valor ficará aquém do necessário e desejável.Peço a Deus que a situação caótica do nosso país e que as pessoas com maiores possibilidades económicas (que as há!) ajudem obras meritórias como esta vossa e nossa revista.Espero que continuem o vosso excelente trabalho e obrigada por fazerem chegar mais longe a Palavra de Deus!Votos de um santo 2012. Até sempre!Ana Pinto – Serzedo

Crise de valores de humanidade...

Excelentíssimos Senhores responsáveis por A Folha dos Valentes.(…)Tenho vindo a reparar que a revista agora está mais intensa, os conteúdos são mais ricos. Até acho muito bem, que têm interesse para muitas pessoas.Espero que continuem a fazer o bom trabalho que fazem e faço votos para que todos vocês se sintam orgulhosos do trabalho que realizam em prol de todos, principalmente dos mais jovens.Um bem-haja para todos, com votos de paz e alegria para o novo ano que começou.Deus vos abençoe e vos faça progredir sempre.Rosa Maria – Guimarães

Intensa e conteúdos mais ricos

Amigos e leitores escrevem-nos

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Page 5: A Folha dos Valentes - Março 2012

VDavid Vieira

recortes do mundo – 05 da actualidade

S ã o J o s é19 de março, Dia de São josé, Dia do PaiAmigos e leitores escrevem-nos

A 19 de Março, celebramos a Solenidade de São José, esposo da Virgem Santa Maria.Partilho três ideias: uma do Padre Dehon, fundador da Congregação à qual pertenço, outra do meu con-frade P.e António Loureiro que pregou na celebração comunitária na qual participei e a outra como pro-posta da Tradição da Igreja.

A) Proposta do Padre DehonSão José é o modelo de vida e de santidade. Basta seguir sete caminhos, como ele seguiu:

1. O caminho da humildade e do silêncio – José não teve protagonismo, não refilou, mas foi simples e colaborante.2. O caminho da oração e da escuta da Palavra – José acolheu o desígnio de Deus, frequentava a sinagoga, orava no Templo de Jerusalém.3. O caminho do amor a Jesus – José sem-pre esteve perto de Jesus, cuidou zelosa-mente dele como se fosse verdadeiramente seu pai.4. O caminho do sofrimento – José sofreu por Jesus mesmo antes do próprio Jesus sofrer… na fuga para o Egipto, na perda no Templo…5. O caminho da pureza da consciência – José tinha uma consciência recta, não quis comprometer ninguém e por isso tinha pensado afastar-se secretamente da sua noiva para a não difamar…6. O caminho do trabalho e das obras – José foi operário: admirado como carpinteiro.7. O caminho da devoção a Maria – José partilhou a sua vida com Maria. A sua devo-ção mariana não tem paralelo.

B) Proposta do P.e António LoureiroAs quatro virtudes modelo de São José formam um acróstico.

Justo Obediente Simples Espiritual

C) Proposta da TradiçãoA Igreja celebra neste dia 19 a santa morte de José. Ele é o patrono da BOA MORTE, porque tendo morrido nos braços de Jesus e sob o olhar de Maria, teve a morte mais doce e mais santa.

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Page 6: A Folha dos Valentes - Março 2012

PARTILHA

VPaulo Rocha

Tempo de predispormo-nos para atitudes pascais06 – sal da terra

da actualidade

O mês de março é preenchido, por inteiro, pelo tempo da Quaresma. Dias de caminhada para a Páscoa, onde todas as propostas e todos os sinais assumem o único objetivo de predispor e criar es-paço interior (e exterior, já agora) para a ressurrei-ção, para atitudes pascais, que são de doação do todo de cada pessoa, em qualquer circunstância.Acontece neste mês também a Semana Cáritas. Tem por lema “edificar o bem comum, tarefa de todos e de cada um.Uma das iniciativas que marca esta semana é o peditório para a Cáritas, com muitos voluntários a colocar o símbolo da Cáritas em adros, praças, ruas e sobretudo na lapela e no coração de quem ajuda, de quem contribui para o desenvolvimento de ações de solidariedade.É a partilha, a oferta monetária ou de bens que em muito ajuda quem deles precisa, quem procura um teto, roupa ou alimentos que permitem minorar ataques à dignidade de vida de muitos cidadãos provocada por dias de pobreza extrema.Neste dinamismo de partilha – em crescimento claro cada vez que o apelo é feito numa comu-nidade, num grupo ou no todo nacional – três considerações que podem fazer dele mais do que ocasião de ajuda.

Antes de tudo, o partilhar não apenas o que sobra a quem oferece, mas o que precisa quem recebe. E essa atenção à necessidade do outro, nem sempre de ordem material, pode ser ocasião de recomeço, de ponto de partida para um itinerário de reorga-nização pessoal.Depois, o cultivo da atitude que, em teoria, faria diminuir a necessidade de partilhar, porque criaria condições para que cada pessoa fosse possuidora do que precisa. Para isso, a preocupação primeira de cada cidadão seria não partilhar o que tem a mais, antes ficar apenas com o que precisa. E não se assoberbar diante da possibilidade de ter mais, porque apenas lhe interessam os recursos naturais e os bens de que tem necessidade.Decorre desta atitude uma proposta já ouvida e que será, por certo, cada vez mais explícita: par-tilhar o que permite a uns viver em condições de vida e outros não. E nesse âmbito, o trabalho adquire grande relevância porque um direito de toda a pessoa humana. Mas fala-se em trabalho, não em emprego…

Dias de caminhada para a Páscoa, onde todas as propostas e todos os sinais assumem o único objetivo de predispor e criar espaço interior para a ressurreição.

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Page 7: A Folha dos Valentes - Março 2012

PARTILHA

VBeatriz Martins

VONTADE DE SONHAR

poesia – 07 da actualidade

Querer é uma palavra pequena,Mas muito grande ao mesmo tempoÉ uma força inexplicávelQue viaja connosco ao longo do tempo

Eu queroSeguir um sonho.Não estou a pedirNada de mais.Eu sou livre de seguirAquilo que gosto mais.

Eu, desistir?Porque havia eu de desistir?Tantas coisas para eu viver!Tantos sonhos para ter!Se este é o meu lema,Porque havia eu de desistir?

Conseguir é algo que queremosÉ alcançar alguma coisaÉ ser forte e não temer.É a alegria de viver.

Para eu poder,Tenho de querer.Para isso não posso desistirE assim vou conseguir.

Querer é uma palavra pequena,Mas muito grande ao mesmo tempoÉ uma força inexplicávelQue viaja connosco ao longo do tempo

Eu queroSeguir um sonho.Não estou a pedirNada de mais.Eu sou livre de seguirAquilo que gosto mais.

Eu, desistir?Porque havia eu de desistir?Tantas coisas para eu viver!Tantos sonhos para ter!Se este é o meu lema,Porque havia eu de desistir?

Conseguir é algo que queremosÉ alcançar alguma coisaÉ ser forte e não temer.É a alegria de viver.

Para eu poder,Tenho de querer.Para isso não posso desistirE assim vou conseguir.

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Page 8: A Folha dos Valentes - Março 2012

VManuel Barbosa

DEHONIANOS EM ASSEMBLEIA DE PÁROCOS Realizou-se em Alfragide, de 13 a 15 de Fevereiro, mais uma Assembleia de Párocos Dehonianos,

com a participação daqueles que estão ao serviço de paróquias em várias dioceses do país. Com a ajuda de D. Joaquim Mendes, Bispo auxiliar de Lisboa, os que estiveram presentes reflectiram sobre a acção social da Igreja ao serviço da caridade, com incidência nas actividades paroquiais. A mensagem final da assembleia apresenta algumas constatações:

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

08 – recortes dehonianosda família dehoniana

DEHONIANOS EM FROMAÇÃO Além dos tempos próprios de formação, os

Dehonianos procuram participar em iniciativas co-muns propostas para todas as Congregações, mascu-linas e femininas. Recentemente e sempre em Fátima, os Noviços estiveram numa semana de formação em Fátima (2 a 5 de Janeiro), os Formadores reflectiram sobre a dimensão da castidade, orientados pelo teó-logo italiano José Rovira (6 a 10 de Fevereiro), vários religiosos participaram na Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada (18 a 21 de Fevereiro), em que es-tiveram presentes mil religiosos e religiosas. O tema desta última andou à volta dos desafios à vida consa-grada, nos 50 anos de abertura do Concílio Vaticano II, na sua proposta fundamental de renovação em esperança.

– a solidariedade como expressão so-cial da mesma caridade que deve ser vi-vida na sobriedade, como testemunho e partilha que dá credibilidade à Igreja, a partir da caridade como primado na comunidade de fé;– empenho na acção social, para uma cultura da dádiva e da diaconia da cari-dade, em ordem à civilização do amor, inspirados pela vocação social do Padre Dehon, para o qual a raiz e a causa dos males da sociedade estão na recusa do amor de Deus;– sensibilização das pessoas para o culto da caridade: combater a cultura da indiferença pelo relacionamento solidário, envolvendo toda a comunidade paroquial;– exercício, pelos centros sociais paroquiais, da sua acção dentro da paróquia e não à margem da mesma, entendendo o serviço da diaconia é a espiritualidade encarnada e não mero assistencialis-mo;– abertura da acção social a um voluntariado solidário e organizado, que não se limita à solidariedade institucionalizada;– compreensão da acção social paroquial como decorrente do anúncio do Evangelho e da celebração da fé, sempre com um rosto cristão na gratuidade e alegria do serviço aos mais pobres e carencia-dos;– interpelação dos novos desafios sociais que apelam à ousadia criativa de novas respostas, onde todos são responsáveis por todos, abrindo caminhos de esperança.

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Page 9: A Folha dos Valentes - Março 2012

“O CRESCER NÃO ACABA”(provérbio Lomwé)

VBeto Martins e Marisa Oliveira

missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Beto Martins e Marisa Oliveira, Leigos Voluntários Dehonianos,estiveram em missão, em Moçambique, no Verão

Participar numa missão provoca-nos uma amálgama emocional que dilata ao transpor cada local, ao conhecer cada pessoa. Emergiram muitos sentimentos, entre o cho-que penoso e a atracção deslumbrante. Após a receção pela comunida-de Dehoniana de Maputo seguimos para a comunidade homóloga de Nampula. O cho-que dissipava-se e o fascínio sur-gia pelos sorrisos e pela alegria contagiante dos locais. A cami-nho da missão apreciámos paisagens sublimes, sempre com crianças a pontilhar a estrada. O sol ruborizava o capim e o cansaço já se apoderava de nós quando chegamos à comunidade Dehoniana de Alto Molócuè. Após retemperar forças apresentámos o nosso projecto aos responsáveis da Comunidade, do Centro Juvenil Padre Dehon (CJPD) e da Missão. Desenvolvemos actividades formativas da área da saúde (cursos de 1.os socorros e ses-sões de educação para a saúde e prevenção das doenças com maior incidência local). Na área da educação e cultura apoiámos na organização, gestão e formação na biblioteca do CJPD; demos aulas de língua portuguesa e colaboração na formação em inglês básico. Apoiámos e promovemos actividades de costura e culinária. Para as crianças foram leccionadas aulas de apoio nas áreas da matemática, lín-

gua portuguesa e língua inglesa. Na área lúdico-recreativa foram desenvolvidas: a Hora do Conto, músicas, dança e jogos di-dáticos. Realizámos conferências destina-

das aos jovens do CJPD (volun-tariado; política e cultura), e aos formandos do IFP (ética e mo-ral na educação; saúde e cultu-ra). Aos fins-de--semana, nas comunidades, incrementámos jogos com as crianças e rea-

lizámos sessões de promoção da saúde e palestras sobre princípios e valores cristãos para os jovens e adultos.Apesar das limitações pessoais e de tem-po, demos continuidade ao trabalho dos Leigos Voluntários Dehonianos no Alto Molócuè e, porque “o crescer não acaba”, sabemos que ainda há muito trabalho a fazer, tanto com eles, como connosco, pois, lá como cá, urge a mudança de mentalida-des, que serão responsáveis pelo progres-so da sociedade alicerçado em verdadeiros valores e princípios.

Beto Martins e Marisa Oliveira, Leigos Voluntários Dehonianos,estiveram em missão, em Moçambique, no Verão

“O CRESCER NÃO ACABA”(provérbio Lomwé)

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Page 10: A Folha dos Valentes - Março 2012

SECRETARIADO DA FAMÍLIA DEHONIANA

VJosé Luís Freire e Rosa Gomes

10 – entre nósda família dehoniana

Agenda cheia e muita vontade de fazer coisas novas

NIASSA

No passado dia 28 de Janeiro reuniu pela primeira vez desde que foi nomeado o Secretariado Nacional da Família Dehoniana. Esta reunião realizou-se no Centro Dehoniano (Boavista-Porto), agora que os membros do referido secretariado são todos do Norte! Este novo secretariado resulta duma proposta apresentada no Conselho Nacional da Família Dehoniana, que se realizou em Setembro passado. Todos os nomeados estiveram presentes. Fez-se um pequeno ajuste nas funções de cada um nomeadamente no secretário e tesoureiro e incluiu-se mais um elemen-to do Secretariado da Juventude Dehoniana do Porto, ficou assim a constituição do secretariado:Coordenador: P.e Adérito Barbosa Secretário: P.e Paulo Vieira Tesoureira: Emília Meireles Vogais: Serafina Ribeiro Inês Pinto José Luís Freire Rosa GomesApós o ajuste de funções houve uma palavra de agradecimento ao secretariado cessante, do qual transita o coordenador. Todos fizemos o com-promisso de nos esforçar, para dar continuidade ao bom trabalho que tinha vindo a ser realizado. Prosseguimos com a leitura da acta do último Conselho Nacional da Família Dehoniana e de-pois passamos às informações dos Secretariados Regionais: Porto, Lisboa, Madeira, Açores. No Porto e Lisboa existe programação, enquanto Madeira e Açores o Coordenador Nacional irá lá brevemente para tentar criar em cada um dos locais Secretariados Regionais. Espera-se que seja possível, já que os exemplos de Porto e Lisboa são de facto positivos e nota-se uma crescente inter-ligação nas diferentes componentes da Família Dehoniana.O Coordenador Nacional falou na reunião que houve em Roma com os responsáveis/coordenadores da Família Dehoniana nas várias províncias. Dessa reunião veio o questionário que já foi enviado aos religiosos e alguns leigos para estes devolverem preenchido para se continuar o estudo e se possível trabalhar na elaboração de um dossier sobre a Espiritualidade da Família Dehoniana na Europa.Na continuidade deste crescimento da Família Dehoniana, realiza-se pela primeira vez na Espanha um Encontro Nacional da Família Dehoniana. Depois de terem marcado presença no nosso segundo Encontro Nacional (21-23 de Janeiro 2011), os nossos vizinhos convidaram uma delegação portuguesa, para participar no já referido encontro. Foram também abordados outros assuntos pertinentes, como por exemplo peregrinação aos lugares do fundador; estudo das homilias do Padre Dehon sobre o casamento.Por último pensou-se em alguns projectos, que ajudam ao crescimento e amadurecimento da Família Dehoniana: Encontro Nacional de Secretariados Regionais da Família Dehoniana, publicação sobre a Espiritualidade da Família Dehoniana, curso Itinerante sobre a Família DehonianaComo podemos ver o desafio é grande e espera-nos muito trabalho, não só a nós do secretariado, mas a toda a Família Dehoniana.

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Page 11: A Folha dos Valentes - Março 2012

EUCARISTIA: O AMOR DA PAIXÃOA paixão como o sinal alto do amor de Deus

com Dehon – 11 da família dehoniana

VArmando Silva

A Quaresma que agora vivemos faz-nos recordar e antecipa em nós a realidade da Paixão de Jesus. E nela não só nos recorda mas faz-nos reviver o momento privilegiado da Última Ceia: A institui-ção da Eucaristia e do Sacerdócio.Devemos, porém, olhar para a paixão como o si-nal alto do amor de Deus. Assim a vê esse homem de Deus, do passado e do presente, Padre Leão Dehon.A Eucaristia é ternura da Incarnação, é simplici-dade e escondimento de Belém e Nazaré, mas é também dureza e sofrimento da paixão. O amor de Jesus não se ficou pelas coisas mais cómodas pois afirmara que “ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). E Jesus aceita o sofrimento, a morte e a ressurreição por causa da loucura do seu amor pelo Pai e pelos homens, seus irmãos. “Na Eucaristia, Jesus demonstra-nos o amor levado ao «extremo», um amor sem medida” (João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia). Este amor é o amor reden-tor vivido por Jesus, e não só está plenamente ligado à vida e ao sofrimento de Jesus, mas dá-lhe o pleno sentido, pois “o amor incarnado é também o mesmo amor que sofreu por nós, e este coração aparece-nos precisamente na santa Eucaristia encimado pela Cruz, o sinal e o instru-mento da redenção” (Padre Dehon, Couronnes d’amour).A paixão é o culminar de toda a vida amo-rosa de Jesus, que não recusa os sofri-mentos e as humilhações, porque querfazer a vontade do Pai e porque os homens necessitam dessa entrega total para poderem reentrar no projecto de amizade e comunhão de Deus. A paixão é, por exce-lência, a obra do amor de Jesus. Ele dá tudo, até a própria vida.

Ele é, nos mistérios da paixão, o livro escrito por fora e por dentro … no qual as únicas letras que vemos traçadas são apenas estas: Amor. Por isso, este momento, antecipado pelo mandamento de repetirmos aquela refeição em sua memória, e que precede por sua vez a ressurreição, é o momento que concentra por excelência tudo aquilo que Jesus tinha anunciado e que agora realiza e é, ao mesmo tempo o momento, o início de uma vida nova da humanidade e de uma nova presença de Jesus entre os homens.É o momento antecipado e pleno do cumpri-mento do seu Ecce Venio. O que se tinha iniciado com a entrada no mundo será levado a pleno cumprimento pela morte, que é disponibilidade total, e pela ressurreição, que é sinal evidente da aceitação que o Pai faz da entrega do Filho, concedendo-lhe a glória de uma vida nova. É a nova criação em acto.A criação, que Deus reconhece como algo de bom e que concluiu constatando ser tudo “muito bom” (cf. Gen 1, 31), foi deteriorada pela desobe-diência do homem, o que lhe trouxe o sofrimento como algo que ficou a fazer parte da sua vida (cf. Gen 3, 16-17.19). A desobediência custou ao homem dores e sacrifícios e rompeu a comunhão perfeita com Deus.Pela obediência de Cristo, realizada no abaixa-mento da Incarnação e na paixão e morte, nasce a nova criação. A negação da criação trouxe o sofrimento, e o sofrimento de Cristo trouxe a nova criação.O tempo quaresmal é para viver com este sentido e com esta certeza de que estamos a nascer de novo.

Boa Quaresma!

“Na Eucaristia, Jesus demonstra-nos o amor levado ao «extremo», um amor sem medida” (João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia).

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Page 12: A Folha dos Valentes - Março 2012

Pouco formal mas dedicado, dinâmico e piedoso

RECORDANDO O PADRE TARCISIO ROTA

12 – memóriasda família dehoniana

O Padre Tarcísio Rota partiu de Nápoles, no navio Auriga, com o Padre Becchetti e o Prefeito Nardon, a 19 de novem-bro de 1952. Desembarcados em Lisboa a 24 do mesmo mês, o Padre Rota foi pernoitar em Carnide, no Asilo das Velhinhas das Irmãs da Caridade (Vicentinas), na Rua do Norte 45, prosseguindo no dia seguinte para Coimbra. O Padre Becchetti permaneceria uma semana em Linhó, arredores de Sintra, seguindo depois também ele para Coimbra, enquanto o prefeito Nardon continuava viagem para o Funchal no mesmo navio.O Padre Tarcísio Rota nascera em Almenno San Bartolomeo, Bergamo (Itália), a 19 de maio de 1922. Em 1936 entrou na Escola Apostólica de Albino; professou a 29 de setembro de 1942. O liceu, por causa da guerra, fá-lo-ia na “diáspora” (Castelfranco, Foligno, Branzi) e, terminada a guerra, em Bolonha, onde concluiu os estudos, vindo a ser ordenado sacerdote, com o Padre Agostinho Azzola, a 25 de Junho de 1950, no Ano Santo.A principal tarefa que desempenhou em Coimbra, nos seis anos que lá viveu, foi a pastoral paroquial, inicialmente dan-do colaboração nas paróquias vizinhas e, depois, assumindo a de Antuzede, na área rural a Norte da cidade. E era ver o entusiasmo com que pôs mãos à obra. Tornou-se proverbial pelo seu estilo pouco formal, linguagem pouco cuidada, capacidade de inserção no ambiente e iniciativas, tanto pastorais como de construção. Um jornal local, O Correio de Coimbra, assim se refere a ele, noticiando o novo movi-mento ou renascimento que se estava a dar na paróquia de Antuzede, após 40 anos sem pároco próprio: “novo, dinâ-mico, cheio de talento e piedoso, começou por organizar a catequese em moldes modernos e com óptimos resulta-dos… Organizou uma série de conferências de catecismo a adultos, com muito êxito, vendo-se sempre a igreja repleta de fiéis não só de Antuzede como até das freguesias vizi-nhas… O Rev.º Rota Tarcísio não se limita a fazer apostolado apenas dentro da Igreja. Como Mestre, vai à procura dos afastados e indiferentes… O decoro da igreja merece-lhe também toda a atenção”. E não só o decoro litúrgico, mas

também o externo. Restaurou a velha igreja, pedindo a colaboração do povo e do próprio Presidente da República, então o General Craveiro Lopes, que o recebeu no Palácio de Belém, e de cuja audiência se contam episódios pitores-cos, mesmo à Padre Rota. Dizia ele que tivera dificuldade em caminhar no fofo dos tapetes, e se dirigira ao Presidente num português italianizado: “Senta-me (ouça-me), Senhor Presidente”, dizendo-lhe que viera pedir-lhe uma ajuda para endireitar “a barriga” (parede lateral) da sua igreja. As memórias do Padre Ângelo Caminatti estão recheadas de outros episódios hi-lariantes da passagem do Padre Tarcísio Rota por Coimbra.Uma outra atividade a que o Padre Rota

Foram três os dehonianos italianos de apelido Rota que vieram trabalhar para Portugal. O mais conhecido é o falecido Padre José Rota, ligado à construção da igreja do Forte da Casa, Patriarcado de Lisboa. Esteve também entre nós, por uns anos, o seu irmão, de nome Tarcísio. Mas o primeiro a chegar, e não menos célebre, foi o que ficou identificado com Antuzede (Coimbra), onde foi pároco nos anos cinquenta: o Padre Tarcísio Rota, Tomás em religião, o “pecador”, como carinhosamente o apelidaram os confrades de Milão. É deste que vou falar.

Padre Tarcísio Rota 1922-2004

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VJoão Chaves

se dedicou foi a pastoral vocacional. Residindo em Coimbra, passaria a colaborar, na segunda metade dos anos cinquenta, com o Colégio Missionário nesse sector, sobretudo fazendo ligação com os Açores, aonde acompanhava os seminaristas desse arquipélago em férias, contatando párocos e famílias, e recrutando candidatos daí para o Colégio Missionário. Recordo as viagens que fiz com ele, quando, como um pastor, cuidava de nós a bordo, obtendo do comandante a permissão de nos alojarmos num dos salões do navio. Uma noite, no desespero de não poder conciliar o sono, era vê-lo aos berros e palavrões contra os que descontraidamente venciam a monotonia da viagem dançando, até às tantas, na contígua sala de baile! A cena do reverendo agastado e irreverente não era certamente edificante nem para os tímidos seminaristas. Era assim o Padre Rota: consentia muita pro-ximidade e deliciava-nos com histórias da sua infância, de quando um arame farpado lhe furara uma orelha – de que se viam ainda as marcas – ao fugir de uma propriedade aonde fora roubar fruta! O seu falar e porte tinham um misto de zelo e de anedótico, mas fazia-se querer bem.O grande sonho do Padre Rota era porém as Missões. No verão de 1958, fará pedido nesse sentido ao Superior Provincial. Na carta que lhe escreveu a 29 de agosto de 1958, dirá com uma compreensível ponta de satisfação e or-gulho: “Neste mês passado voltei aos Açores e

levei para a Madeira 22 novos apostolinhos. Espero ter assim sido útil à casa da Madeira. Depois voltei a Coimbra, onde revi o meu antigo campo de aposto-lado para minha grande alegria. O bispo acolheu-me bem e mostrou-se muito satisfeito pelo trabalho que realizei. Devo mesmo dizer-lhe que vou para as mis-sões ‘toto corde et animo volenti’ (de todo coração e desejo de’alma), sinto-me feliz por realizar o sonho que sempre tive”.E foi. Trabalhará na Missão de Moçambique 8 anos, de 1958 a 1966; primeiro, na paróquia da Sagrada Família de Quelimane (1958-1962) e, depois, como superior delegado da missão de Nauela (1962-1966). Regressado à Itália, queria dedicar-se ao aposto-lado entre os emigrantes italianos na França, mas serão outros os desígnios da Providência – e ou dos Superiores. De 1967 a 1969, trabalhará para as Missões na “Casa do Missionário” em Génova; depois, como capelão do hospital de Varese e, sucessiva-mente, do hospital Paulo Pini de Milão (1969-1976). Desejoso de viver em comunidade, até pela idade que avançada, com repetidas e fastidiosas cólicas e

dificuldade em caminhar, é colocado em Albino (1976-1982), depois em Milão (1982-1987), aqui novamente como capelão de hospital e entregue ao ministério das Confissões na catedral, de que era um dos penitenciários menores. De 1986 a 1996 dá ajuda na paróquia de Grecco-Milão.Finalmente, foi transferido para Bolognano, para a casa-enfer-maria da Província, com as faculdades cada vez mais diminuídas. Aqui, tornar-se-ia proverbial o seu constante “Vamos!”, com que dava sinal da sua presença. E “foi” para o Pai do Céu, a 16 de Janeiro de 2004, com 81 anos.Ainda hoje, quando se visita Antuzede, deparamos na parede da sua igreja com um azulejo-fotografia do Padre Tarcísio Rota. Foi a homenagem de perpétuas memória e gratidão do povo da comunidade paroquial a um pastor que soube ser seu, do povo, conciliando formação com proximidade. Lá no Céu, o Senhor, a quem dedicou toda a vida, certamente não só o escutará, mas fá-lo-á sentar junto de Si: “Vamos!” – “Senta-me, Senhor!”.

Igreja de Anduzede, em Coimbra

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A fixação em Alfragide

SEMINÁRIO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA EM ALFRAGIDE14 – comunidades

da família dehoniana

Até então, os neo-professos seguiam de Aveiro para Monza, na Itália, para aí frequentar o curso de filosofia, terminado o qual, e depois de uma pausa de estágio em Portugal, passavam quem para Bologna e quem para Roma, para o curso de teologia. Passando, a meados dos anos sessenta, a ser numerosas as turmas de noviços, a ida e acolhi-mento no Instituto Missionário da Província-mãe, em Monza, tornava-se problemática, inclusive em termos logísticos. Sentia-se, portanto, a urgência de abrir também o Escolatiscado na Região de Portugal. A referida ata, que faz eco a uma reco-mendação do Governo Provincial nesse sentido, adianta que, na lógica, a sede da nova estrutura de formação só poderia ser Lisboa.Não fora nem era, porém, pacífica tal indicação. A primitiva planta do Instituto Missionário de Coimbra já reflete a perspetiva de aí albergar a etapa final da formação. O Instituto manter-se-á Seminário Menor, e só um terço do projeto inicial será construído; uma outra ala deveria prolongar-se para oeste e uma terceira para norte, onde se veio a construir o pavilhão. A amplidão de certos espaços do atual edifício reflete esse projeto. Na altura, Coimbra ainda era em Portugal a cidade universitária por antonomásia, a Lusa Atenas. As razões da opção por Lisboa são apontadas nu-ma outra ata do Conselho Regional, a de fins de janeiro de 1964: há abertura do Cardeal Patriarca nesse sentido – era então difícil obter dos bispos a autorização para abrir seminários religiosos nas dioceses –, e havia o projeto de abrir em Lisboa uma Universidade Católica; além disso, Lisboa “é sempre Lisboa”, o que – observa a própria ata – constitui um forte argumento de publicidade; a nova casa na capital poderia servir de sede para o futuro Superior Provincial, serviria também para o ano de pastoral dos jovens sacerdotes, e inclu-sive haveria que pensar no curso teológico; e em Coimbra – alternativa mais viável – já funcionava um Seminário Menor, não convindo juntar as duas etapas.

A Itália insistia para que se abrisse quanto antes em Portugal a casa de filosofia. A meados desse mesmo ano de 1964, já se procuram soluções nos arredores de Lisboa, aparecendo logo a aliciante proposta da compra do atual terreno de Alfragide, “na encruzilhada de futuras vias rápidas, a uns 10 minutos de carro do centro da cidade. Não foi difícil obter a anuência do Cardeal Patriarca, que punha as seguintes condições: não abrir ao público a ca-pela do Seminário, assumir a futura paróquia local e enviar os alunos à futura Universidade Católica.Escolhido o local, havia agora que instalar os alu-nos até a nova sede ser construída. Pensou-se em Braga, onde os Jesuítas tinham uma faculdade de filosofia; pensou-se também no Porto, aproveitan-do para o efeito a Quinta da Palmeira de Ermesinde, o Seminário Nossa Senhora de Fátima, cujo nome e secretaria de benfeitores passariam para o futuro Escolasticado. Em maio de 1967, a decisão ainda andava em alto mar: Aveiro? Porto? Lisboa? Foi no Capítulo Provincial desse ano, o primeiro da nova Província, entretanto criada e iniciada em 27 de Dezembro de 1966, que a questão foi debatida e decidida: o Escolasticado ficaria em Lisboa.Contemporaneamente, criava-se em Lisboa, no Seminário Franciscano da Luz, e por iniciativa da CNIR (Conferência Nacional dos Institutos Religiosos) o CEE (Centro de Estudos Eclesiásticos), integrando, na orientação do recente Concílio, um

As atas do Conselho Regional já manifestam, na reunião de 4 de janeiro de 1964, o propósito de abrir em Portugal o chamado Escolasticado, ou seja, a estrutura e casa de formação para os estudantes dos cursos de filosofia e teologia, última etapa da formação inicial.

Seminário de Alfragide, anos 70

Seminário de Alfragide, atualmente

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VJoão Chaves

SEMINÁRIO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA EM ALFRAGIDE

Curso Propedêutico de dois anos e um Curso Geral de quatro. Passaria a chamar-se sucessivamente ISEE (Instituto Superior de Estudos Eclesiásticos) e ISET (Instituto Superior de Estudos Teológicos). Para aí se enviariam os neo-professos de 1967, para estudarem filosofia, continuando na Itália, em Monza e Bolonha, os que lá estavam, até com-pletarem o respetivo curso; os prefeitos portu-gueses, no termo do estágio, também passariam a frequentar o ISEE-ISET. Entretanto, enquanto a casa de Alfragide não fosse construída, os jovens religiosos residiriam na Quinta posta à disposição dos Dehonianos no Prior Velho, como já referido.Com muito entusiasmo se construiu em Alfragide o Escolasticado, que herdaria da Casa de Ermesinde o nome de Seminário Nossa Senhora de Fátima. A bênção do terreno e da primeira pedra teve lugar a 22 de agosto de 1967, festa litúrgica do Imaculado Coração de Maria, que seria a padroeira da futura paróquia local. A construção não foi demorada, permitindo que se entrasse na nova casa já a 29 de Novembro de 1969. A comunidade seria nesse pri-meiro ano composta de 30 religiosos (5 sacerdo-tes: o P.e Adriano Pedrali, primeiro superior local; o Pe. Comotti, que continuaria como encarregado da formação; os Padres Colombi e Júlio Gritti, res-pectivamente Superior e Ecónomo Provinciais, e o P.e Manuel Martins, primeiro pároco de Alfragide); um irmão cooperador (o José Rodrigues Dinis, como ecónomo e encarregado da secretaria dos benfeitores) e 24 religiosos estudantes. No novo seminário viriam hospedar-se, logo de início, os seminaristas maiores da diocese do Funchal, para frequentarem a Universidade Católica, cuja Faculdade de Teologia fora aberta em Lisboa um ano antes, em Outubro de 1968. Em 1975, com o polémico e sofrido encerramento do ISET, tam-bém os escolásticos dehonianos passariam para a Universidade Católica, cumprindo aliás uma cláusula da concessão do Cardeal Patriarca para a abertura da Casa. O Seminário Nossa Senhora de Fátima daria ainda hospedagem, por algum tempo, a um grupo de retornados do ex-Ultramar português.

Em 1971, a comunidade assume também, na pessoa do P.e Manuel Martins, a paróquia de Carnaxide, que então englobava Linda-a-Velha, Queijas e o Bairro de Outorela-Barronhos. Mais tarde, alargariam a sua acção pastoral aos vizinhos bairros do Zambujal e da Boavista. Para além dos estudos académicos, os jovens estudantes reli-giosos tinham nessas comunidades eclesiais um excelente campo de treino pastoral.O Seminário Nossa Senhora de Fátima de Alfragide foi, desde o início, a Casa principal da Província Dehoniana de Portugal. Para além de Escolasticado, foi também sede do Superior Provincial até 1975, data da transferência deste para Olivais-Sul. As suas espaçosas instalações permitiam que nele se realizassem os grandes encontros da Província, como Capítulos, Assembleias e outras reuniões de sectores de actividade. Recentemente remodela-do, nele se criaria em 2009 também um Centro de Espiritualidade, que, para além de dar acolhimen-to a grupos e ações formativas de vário género, promove outros encontros pastorais para bem servir a Igreja inclusive na irradiação do carisma dehoniano.Atualmente, a comunidade é constituída de 21 religiosos: 7 sacerdotes e 14 religiosos es-tudantes, dois destes pertencentes à Província dos Camarões e um à Região de Madagáscar. O Seminário tem acolhido um ou outro sacerdote de outros Institutos ou dioceses, que frequentam cursos de estudo ou aprendizagem da língua em Portugal. Atualmente, ali reside nessas condições um sacerdote coreano.Para além de ser a comunidade mais numerosa da Obra dehoniana em Portugal e o seu pólo prefe-rencial de reuniões, o Seminário Nossa Senhora de Fátima de Alfragide é a “menina dos olhos” da mesma Obra, onde coloca a sua esperança do futuro, em termos tanto quantitativos como qua-lificativos.

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VSarsfield Cabral

A NOSSA RELAÇÃO COM O DINHEIRO

08 – recortes dehonianos16 – MissãoPress

dos conteúdos

Que estilos de vida fomentar?

Por outro lado, com o Concílio Vaticano II a Igreja deixou de desprezar os valores terrenos, como o dinheiro, o poder, o sexo, etc. Valores que devem contribuir para uma vida pessoal e colectiva mais humana. Então, em que ficamos? Tudo depende da hierarquia dos valores. E em distinguir entre meios e fins. Por exemplo, o poder político é indispensável a uma sociedade organizada e pacífica – sem ele, poderia cair-se no caos, onde os mais fortes esmagariam os mais fracos. Mas é reprovável a ambição do poder pelo poder, enquanto afirmação pessoal. O poder correctamente entendido é um serviço aos outros, à comunidade.Com o dinheiro passa-se o mesmo. Servir o dinheiro, fazer do enriquecimento material o nosso grande objectivo, é um pecado. Mas servir-se do dinheiro para construir uma sociedade onde as pessoas vivam melhor é moralmente positivo. E nesta fase de crise que atravessamos o dinheiro é essencial, desde logo para criar emprego e para ajudar os mais desprotegidos.Dito isto, é forçoso reconhecer que o dinheiro adquiriu nas sociedades actuais uma importância exagerada. Antes da Revolução Industrial, há dois séculos, o dinheiro não era encarado como factor de valorização social – predominavam outros valores, não necessariamente mais “éticos”, como nascer numa família aristocrática. Com o desenvolvimento do capitalismo, a riqueza material tornou-se gradualmente o símbolo decisivo de status social. Vivemos num tempo em que pouco ou nada pesam socialmente valores típicos de sociedades estratificadas segundo critérios de nascimento, ou seja, de nobreza. Importa colocar o dinheiro no lugar que lhe cabe, como meio para atingir sociedades mais justas onde não existam excluídos nem famílias que passam fome. Para tal é necessário combater ten-dências que se acentuaram nas últimas décadas. Uma delas é o consumismo, a tendência para procurar a felicidade na mera aquisição de bens materiais. Há como que uma tentativa de compensar frustrações de vária ordem comprando coi-sas. E uma maneira de tentar esquecer um passado de pobreza. É um engano, naturalmente, mas um engano também promovido por uma publicidade que associa o “ter” a valores simbólicos de felicidade e posição social.Assim, há que fomentar outros estilos de vida, mais sóbrios e mais virados para aquilo que é realmente importante e que pouco tem a ver com dinheiro. O mercado tem limites, nem tudo se compra e se vende. Aí os cristãos são chamados a desempenhar um papel essencial, não pelo que dizem, mas pela maneira como vivem.Até porque, com o colapso do comunismo, muitos passaram a agir como se não existissem nor-mas morais na esfera económica: vale tudo para ganhar muito dinheiro e depressa. O sector financeiro – responsável, através do crédito, por boa parte da “onda consumista” – cresceu exa-geradamente nos últimos vinte anos, sobretudo nos Estados Unidos. E sem adequada regulação, levando à crise financeira global desencadeada pelo crédito hipotecário de alto risco nos EUA.Tudo isto revela uma relação pouco saudável com o dinheiro. Será que a crise e a austeridade que ela impõe promoverão uma outra atitude face ao dinheiro? Oxalá, mas não é certo.

“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, disse Jesus (Mt. 2,24).

E São Paulo avisou: “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1Tm. 6,10).

Francisco Sarsfield Cabral

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O NOVO TEMPLO DE DEUSUm novo lugar do encontro com Deus

VJosé Agostinho Sousa

palavra de vida – 17 dos conteúdos

Vivemos o mês de março ao ritmo da caminhada quaresmal, que nos conduz à solene celebração da Páscoa do Senhor ressuscitado. Uma caminhada quaresmal é como que uma peregrinação estendida no tempo, não rumo a um lugar santo mais ou menos famoso, mas ru-mo a um acontecimento, por sinal o mais santo e o mais sagrado da História da Salvação, rumo à mais importante e mais intensa celebra-ção da nossa fé.

Os textos do Evangelho que lemos e meditamos nos domingos quaresmais transmitem-nos esta ideia de peregrinação e propõem-nos as melhores atitudes a assumir para percorrer esse caminho. O evan-gelho do 3º domingo (Jo 2, 13-25) apresenta-nos Jesus que peregrina a Jerusalém, para celebrar a festa da Páscoa.

Um Templo pervertidoJesus sobe a Jerusalém para celebrar a grande festa da Páscoa, como fazia todo o fiel judeu que tinha essa possibilidade de se deslocar à cidade santa nessa ocasião festiva. O Templo não era mais um lugar sagrado entre outros, mas era o lugar sagrado por excelência; não era mais um lugar de encontro, era o lugar de encontro por excelência. No Templo o povo encontrava-se e reunia-se para as grandes festas e celebrações e, sobretudo, mar-cava encontro com Deus. Jesus, porém, não gosta do que encontra no Templo. Os bois, ovelhas e pombas, os cambistas e as suas mesas de negócios não são a imagem de um povo peregrino que deseja encontrar-se com Deus, mas antes a imagem do barulho, da confusão e do comércio em que se tornara a mais sagrada das celebrações judaicas.

Um novo Templo de DeusAquele Templo, com aquele ambiente, já não era a imagem duma relação filial, confiante e amorosa que o povo hebreu devia manter com Deus. A religião tornara-se demasiado ritualista e carregada de preceitos. O imponente edifício do Templo devia dar lugar a um novo lugar de culto e de encontro com Deus. No caso, não se tratava já de um lugar, mas do próprio Jesus, que ao terceiro dia é capaz de tornar novas todas as coisas e abrir de par em par as portas do Templo da vida nova, da vida que a manhã da nova Páscoa da ressurreição veio inaugurar. Neste peregrinar rumo à Páscoa, convém percorrer o caminho com atenção e vigilância, tentando per-ceber o que é que nos templos da nossa vida nos impede de viver uma verdadeira relação de amor e de confiança com o Senhor da vida nova.Santa Quaresma a todos.

A Expulsão dos Mercadores do Templo – Giotto (1267-1337)

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VFernando Ribeiro

VINDE... E DESCANSAI UM POUCORenovação pelas práticas quaresmais

18 – vinde e vereisdos conteúdos

Vamos viver todo o mês de Março em clima qua-resmal. Trata-se de um tempo litúrgico particu-larmente significativo para a vivência cristã. Não só a proximidade da celebração anual da Páscoa, precedida pela da Paixão e Morte de Jesus, nos in-terpela fortemente e justifica a preparação que a liturgia pedagogicamente propõe, mas a série de semanas que constituem o tempo quaresmal são um eco reiterado e vibrante de um “Vinde e vereis” digno da nossa maior atenção.Podemos com toda a justeza reportar-nos à situ-ação de que o Evangelho dá conta: os discípulos tinham-se dispersado para uma primeira expe-riência apostólica, seguindo as instruções do Mestre, no fim da qual se Lhe juntaram felizes mas extenuados. De facto, o Evangelho refere que era tantos aqueles que os procuravam que quase não lhes sobrava tempo para comer.A sua situação assemelhava-se à de quantos hoje experimentamos a voragem do tempo que é sem-pre escasso, o peso das responsabilidades que são sempre superiores às nossas forças, a pressão do muito que há a fazer e que nunca mais acaba. É o famoso “stress” que oprime e desgasta e que tantas vezes comanda as nossas vidas. E, quando digo “as nossas vidas”, refiro-me a tudo aquilo que delas faz parte e é expressão: os sentimentos, os comportamentos, as opções, os valores.Tudo como que é posto em questão. Desencontra-

mo-nos de nós próprios e perdemos facilmente a capacidade de discernimento, inclusivamente no tocante aos nossos valores e convicções.Aos discípulos Jesus fez uma proposta concreta cheia de humanidade e de pedagogia: “Vinde pa-ra um local isolado e descansai um pouco”. E nós compreendemos do que se tratava. Tratava-se de isolar-se em relação à situação por que tinham passado, para estar com Ele. E quem não vê que também a este “vinde “ circunstancial correspon-dia, ainda que implicitamente, a possibilidade de “ver”.A Igreja, como “Mãe e Mestra”, imitando a atitude de Jesus em relação aos discípulos, propõe-nos, ano pós ano, esta possibilidade. A de um tempo forte de renovação das nossas vidas e das nossas pessoas, através das práticas quaresmais, entre as quais é de destacar o contacto mais frequente e mais atento com a Palavra de Deus, o recurso os sacramentos (nomeadamente o da Penitência), o diálogo mais profundo e consciente com Aquele que, se Lho consentirmos, pode abrir-nos os olhos para “vermos” de maneira diferente a nossa própria realidade. Tudo isto tem a ver com aquela “conversão” sempre necessária e nunca cabalmen-te conseguida a que o tempo da Quaresma insis-tentemente nos convida.Neste tempo muito especial acolhamos de alma aberta o convite: “Vinde e vereis”.

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VFátima Pires

Não se pode responder negativamente a um convite especial para “jantar”

CONVITE PARA JANTAR

onde moras – 19 dos conteúdos

Mas, ao abrir o Evangelho de S. Lucas, deparei-me com uma parábola sobre o Reino de Deus, conhecida de todos nós, mas que nos mostra algo ainda mais profundo acerca do AMOR de Deus por ti e por mim e por todos. O Reino de Deus é Reino de Paz, Justiça, Amor. Podemos ver que este Reino é semelhante a um homem que queria dar um jantar e convida vá-rias pessoas, todas elas rejeitaram o convite, devido aos seus trabalhos. Então, tomado de cólera, o dono da casa disse ao seu servo; vai depressa pelas praças e ruas da cidade, e traz para cá os pobres, os aleija-dos, os cegos e os coxos. Depois o servo veio dizer: Senhor, foi feito o que ordenaste e ainda há lugar. O Senhor disse então ao servo: Vai pelas estradas e jardins, e força as pessoas a entrem, afim de que a minha casa fique cheia. Pois eu vos digo, nenhum da-queles que tinham sido convidados provará do meu jantar” (Lc. 14, 15-24 ).

O jantar estava preparado, o Senhor queria a casa cheia, os convidados rejeitaram o convite a uma relação privilegiada com este homem que queria oferecer uma refeição especial, então perderam a oportunidade!

O Mestre chama-nos a todos! Que belo e profundo é o chamamento a ser enviado a anunciar o Evangelho, a socorrer os necessitados, a dar uma mão amiga àqueles que dela precisam. Ser padre, religioso ou religiosa, ou consagrado ou consagrada. É algo de muito belo, é responder a um chamamento especial.

Tu jovem, o que sentes? A que te chama o Senhor? Que quer Ele de ti? O Mestre continua a chamar a di-zer “vem e segue-me”. Que resposta dás? Não percas a oportunidade! Arrisca, não voltes as costas não re-jeites o convite para o “jantar”! O Mestre tem muitas surpresas para ti!

Ao fazer uma viagem de longo percurso, fui reflectindo sobre as mara-vilhas da Criação, a beleza do Amor de Deus, e ainda sobre os diversos Dons que Deus vai dando a cada pessoa, senti muito forte a presen-ça de Deus presente nas belezas da natureza, no desenvolvimento tecnológico, nas diferentes formas de acolhimento e colaboração de tantas pessoas com quem me fui relacionando.

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Com Trento a Igreja mobilizou-se e revestiu-se de um dinamismo novo

20 – meias doses de saberdos conteúdos

Há gestos, há factos, há acontecimentos e, no ca-so que vamos tratar, há reuniões que mudaram a história. A história da Igreja tem sido marcada pela realização de concílios que estabelecem novas fases na sua história, na sua teologia, na sua forma de olhar o mundo, com impacto na cultura dos po-vos. Os chamados concílios ecuménicos, reuniões que apelam à reunião de todos os bispos da Igreja à volta do Papa, para tomar decisões importantes do ponto de vista do governo e da doutrina ca-tólica, têm desde a história antiga definido quer o património doutrinal da Igreja que se torna a referência do seu magistério, quer a forma de se relacionar com o mundo, com os Estados, com a Sociedade e com as outras religiões. Por isso, os concílios costumam ter um impacto que transvasa a própria Igreja. Recordo aqui dois concílios que marcaram a história ocidental: o mais recente, o Concílio Vaticano II (1962-1965), muito aplaudido pela cultura contemporânea pela marca de aber-tura e diálogo que deixou, e o Concílio de Trento realizado no século XVI, que ficou famoso por ter impulsionado a chamada Contra-Reforma Católica por reação à chamada Reforma Protestante.O Protestantismo nascente a partir do gesto de Lutero que enunciou por escrito e pregou, a 31 de Outubro do ano de 1517 na porta da catedral de Wittenberg, as 95 teses críticas à situação da Igreja naquele tempo, agudizou o sentimento de neces-sidade de reforma da Igreja Católica reclamado por muitos homens e mulheres de fé profunda desde há várias décadas e no contexto de afrouxa-mento da exigência de vida cristã nas sociedades do tempo do Renascimento.

Nesta nova fase, importará, no plano internacional, tratar daquele que foi um acontecimento nuclear e fundante para a reforma católica: o Concílio de Trento, XIX Concílio Ecuménico da Igreja, reali-zado, depois de várias tentativas falhadas para reunir um novo concílio ecuménico pelo papado, na Cidade de Trento – com uma parte das sessões feitas em Bolonha (nos anos 1547 e 1548) – entre os anos de 1545 e 1563.Importa destacar a participação neste concílio de bispos e teólogos portugueses que partici-param em Trento, sendo o mais destacado Frei Bartolomeu dos Mártires ao lado de outros como Frei Jerónimo de Azambuja, Frei Luís de Soto Maior, João Pais, entre outros, nas suas diferen-tes fases (1.ª – 1545/1548; 2.ª – 1551/1552; 3.ª – 1562/1563). O Concílio despertou a Igreja para a necessidade de se mobilizar para os novos de-safios da evangelização universal suscitados pelas viagens marítimas promovidas pelos Reinos da Península Ibérica, Portugal e Espanha. Os chama-dos Descobrimentos de novos espaços, novos po-vos, novas culturas tinham oferecido à Igreja um campo de anúncio da mensagem de Cristo nunca antes visto, pois permitiria levar o Evangelho a todos os cantos da Terra, cumprindo plenamente o mandato de Cristo deixado aos apóstolos antes da sua ascensão ao Céu: “Ide por todo o mundo e anunciai a Boa Nova”. Noutra frente, a Igreja pre-cisa urgentemente de responder ao desafio do Protestantismo e à sua crítica à urgência de reno-vação, de regresso às fontes da fé e do fomento de uma vida mais profunda, mais coerente, mais consentânea com os ditames do Evangelho.

Sessão conclusiva do Concílio de Trento.

Pintura atribuidaa Nicolò Dorigatti, 1711

Museu Diocesano Tridentino.

T R E N T O : UM CONCÍLIO QUE MUDOU A HISTÓRIA

O Concílio de Trento foi o XIX Concílio Ecuménico da Igreja, realizado, de-pois de várias tentativas falhadas para reunir um

novo concílio ecuménico pelo papado, na Cidade

de Trento – com uma parte das sessões feitas em Bolonha (nos anos 1547 e 1548) – entre os

anos de 1545 e 1563.

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VEduardo Franco

O Concílio fez revisão e reafirmação de doutrinas fundamentais para a Igreja, promoveu uma formação mais sólida do clero através de seminários diocesa-nos e de currículos mais exigentes e profundos, reviu, reforçou e refundou a missão dos bispos na Igreja à frente das Igrejas locais, as Dioceses. Estabeleceu orientações para combater a função episcopal como lugar de promoção e prestígio social, como cargo mais honorífico e menos vocacional, impondo a obrigatoriedade da fixação de residência dos bispos nas suas dioceses, da prática de visitas pastorais às paróquias, do acompanhamento da ação dos padres, do cuidado com a formação do clero. Entendeu-se que uma das causas da decadência da Igreja passava pela desvirtuamento da nobre missão episcopal que deveria ser configurada à imagem de Cristo pastor, que cuida do seu rebanho.De facto, com Trento a Igreja mobilizou-se e começou a revestir-se de uma face nova à luz de um dinamis-mo novo. Em Portugal, destacou-se na sequência de Trento, Dom Frei Bartolomeu dos Mártires enquanto Arcebispo de Braga e a dinâmica de renovação impri-mida na sua arquidiocese através de visitas pastorais regulares, da criação de um Seminário Conciliar para a formação do clero. De tal modo, foi benéfica a sua ação que hoje está em curso o processo da sua cano-nização depois de já ter sido beatificado pelo Papa. O reforço institucional e pastoral da Igreja operado pelos decretos tridentinos mobilizou o catolicismo

para uma dinâmica de renovação e de reação ao avanço do movimento protestante. Todavia, a imagem que ficou impressa na cultura por-tuguesa laica deste concílio nem sempre é a melhor. Especialmente a partir o século XIX, as inter-pretações decadentistas de autores emble-máticos do sector laico e anticatólico como Antero de Quental e o seu opúsculo muito influente intitulado Causas da Decadência dos Povos Peninsulares, preparado para apresentar nas célebres Conferências do Casino em 1871, atribuem de forma simplista à influência de catolicismo de Trento a decadência dos povos ibéricos em favor do progresso dos povos pro-testantes do Centro e do Norte da Europa. Esta tese, que por vezes vem ao de cima ao lado jun-tamente com a responsabilização dos Jesuítas pelo atraso português, deve ser olhada na sua inscrição ideológica que procuraram encontrar causas únicas, simples, para explicar movimen-tos de decadência e progresso dos povos que na realidade têm na base um conjunto mais complexo de fatores. Se Trento e os Jesuítas fos-sem a razão do bloqueio progressivo dos povos ibéricos porque não o foram na França católica (sem falar de outros povos católicos progressi-vos) que a partir do século XVII se tornou uma das potências europeias e onde se deu a revo-lução francesa?

Diário do Concílio de Trento.

Edição portuguesado Concílio de Trento, Lisboa, 1751.

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Sempre a tomar iniciativas, atenta a tudo e a todos

22 – pedras vivasdos conteúdos

A “PEDREIRA” DA GISELA

Tudo o encantava,especialmente

as criançase os doentes.

Participei no início deste mês em algumas das atividades da visita pastoral que D. Manuel Clemente, bispo do Porto, fez à Paróquia de Baguim do Monte. Como sempre acontece nestas visitas, houve pompa e circunstância. E com mais razão desta vez, pois apanhou em pleno a festa de S. Brás, a maior de todas as que se fazem na Paróquia. Houve, também por isso, arraial e foguetes no ar. Não interes-sa aqui fazer a apologia do foguetório, nem o seu contrário. E nem sei se saberia responder a alguém que me perguntasse se isso é ou não expressão da devoção ao Santo. Creio que deve ser, mas o que me importa é que foi a pensar na visita pastoral a esta paróquia que tive a ideia de te apresentar as Pedras Vivas – outra pedreira – de que te vou falar. Como celebrante habitual da missa domini-cal na Capela de Santo António, da dita paró-quia fui convidado para participar na procis-são em honra do santo, no dia da festa, e no almoço com o Bispo e os Padres da Vigararia, no domingo, na conclusão da visita. Aceitei o convite, mas como “residente” de Baguim desde os meus 10 anos, quis estar também na missa da festa de S. Brás. No domingo houve crisma de 29 jovens e adultos e por isso também quis concelebrar. Havia alguém da pequena comunidade de santo António que iria receber o crisma e que me foi inteirando da preparação que estava a ter. E oxalá todos a tenham levado tanto a sério como a Gisela! Por isso, prometi a mim mesmo que só não estaria presente se de todo em todo ficasse impedido de o fazer.

Aliás, porque a conheci na dita capela como pessoa muito empenhada na vida da comunidade, sempre a tomar iniciativas, atenta a tudo e a todos, procurando formas de atrair mais pessoas para a celebração, preo-cupada em distribuir tarefas e funções, sempre tinha pensado que fosse crismada. De algum modo esclareci uma expressão que na altura me soou a enigmática, do meu condiscípulo e atual bispo de Mananjary, em Madagáscar: «Sabes, António, qual a descoberta que faço todos os dias, nestas terras ainda de primeira evangelização? Descobri que o Espírito Santo chega sempre antes de mim.» Tinha toda a razão. E foi nisso que pensei quando a própria Gisela me comunicou que estava muito feliz porque o Pároco a tinha admitido ao Crisma. Não sei as razões, nem isso é importante para este artigo, porque não o foi mais cedo. Sei, isso sim, que, para tudo, Deus tem uma hora. E pensei: “Se até agora ela era e fazia tanto, o que não será e fará depois?!”Quis testemunhar esse ato. Agendei-o de imediato, antecipei de meia hora uma das minhas missas domi-nicais. Mas consegui. E vi como chegou cedo à Igreja, bem acompanhada pelo marido e pelos filhos. Vi a concentração no momento do seu crisma. E dei graças a Deus por ser “capelão” duma comunidade tão peque-na, mas com gente tão grande! Sim, porque a partir daí, passei a estar ainda mais aten-to às pessoas que lá se reúnem e rezam. E a verdade é que senti o entusiasmo com que rezam, o amor que

Pedra ou pedreira tem sido, já por vá-rias vezes, uma opção difícil. Bem sei que o facto de assinar uma rubrica com um título no plural me facilita a tarefa, porque tanto dá para falar só de uma Pedra, como de um milhar delas...

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VAntónio Augusto

põem nas iniciativas que tomam, o esforço que todos fazem para angariar fundos para manter a capela e o culto e poupar algum em vista de obras mais avultadas e, se tempos mais propícios vierem, que não há crise que sempre dure, quem sabe se até a construção de uma capela nova, que para isso, terreno já têm, a cuidada preparação que fa-zem da liturgia, com um grupo de leitores muito variado, que engloba crianças, adolescentes, jo-vens e adultos, devoção eucarística e mariana que alimentam com a adoração ao santíssimo e com o terço, a devoção ao Santo... Apesar de a missa ser na tarde de domingo, nun-ca a celebrei sem grupo coral, sem acólito/s, sem ministro/a da comunhão. Há muito que fazem uma folhinha dominical com pequenos excertos das leituras, os cânticos, as informações paroquiais e uma mensagem que pode ser também para quem não veio à celebração. Fazem também um cartaz semanal que faz penetrar a mensagem do evange-lho pelos olhos dentro. Uma nota me impressionou, muito positivamente, desde o início: o amor à Igreja, que ali se revela no respeito pelas orientações do Pároco e do Bispo e pelas iniciativas paroquiais, vicariais e diocesanas.

Por isso, não quis falar apenas de uma Pedra Viva, chamada Gisela, mas da pedreira de pedras preciosas de que ela faz parte. Porque também poderia falar da organista e do grupo coral, dos jovens acólitos, do velho sacristão, da zeladora que tanto cuidado tem na ornamentação da ca-pela, mesmo sendo só para uma missa semanal, do gosto que todos sentem por serem da comu-nidade. Esta comunidade de Santo António é um sinal de esperança, numa comunidade paroquial, dormitório do grande Porto, onde a presença é cada vez mais anónima e pouco motivadora. Ali, cada um tem o seu lugar. Ali, todos contam. Ali, a comunidade é família. É para este tipo de comunidades que a Igreja terá de caminhar.

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D. MANUEL MONTEIRO DE CASTRO, CARDEALO 47.º cardeal português da história

24 – igrejados conteúdos

O novo cardeal português, D. Manuel Monteiro de Castro, foi apresentado pelo Vaticano como um diplomata que se manifestou “em defesa dos mais fracos”, promovendo os Direitos Humanos e a paz.D. Manuel Monteiro de Castro tem uma longa experiên-cia diplomática ao serviço da Santa Sé, que o fez passar, entre outros países, pelo Panamá, Guatemala, Vietname, Austrália, México, Bélgica, Caraíbas, El Salvador, Honduras, África do Sul e Espanha, onde permaneceu entre 2000 e 2009; foi também observador permanente do Vaticano na Organização Mundial do Turismo.Natural de Santa Eufémia de Prazins, Guimarães, onde nas-ceu a 29 de março de 1838, o novo cardeal foi ordenado padre em 1961 e bispo em 1985.A biografia elaborada pela redação do jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, sublinha a proximidade da terra natal do cardeal Monteiro de Castro com São Mamede, Guimarães, “o famoso campo de batalha caro aos portu-gueses, pela independência do seu país”.O terceiro cardeal português do século XXI (47.º da história) e primeiro a ser designado no atual pontificado recebeu ho-je, das mãos do Papa, a diaconia (cardeal-diácono) de uma igreja de Roma, dedicada a São Domingos de Gusmão (1170 -1221), fundador da ordem religiosa dos Dominicanos.“Através da atribuição do título duma igreja desta Cidade [de Roma] ou duma diocese suburbicária, os novos carde-ais ficam, para todos os efeitos, inseridos na Igreja de Roma guiada pelo sucessor de Pedro, para cooperar estreitamen-te com ele no governo da Igreja universal”, explicou Bento XVI, na reflexão que proferiu na Basílica de São Pedro.Apesar da universalização do Colégio Cardinalício, cada car-deal continua a ser simbolicamente inserido numa destas ordens: episcopal, presbiteral ou diaconal.Os três cardeais portugueses pertencem a uma ordem diferente e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, é mesmo um dos seis cardeais-bispos (a que se juntam, num grau hierárquico inferior, os patriarcas das Igrejas católicas de rito oriental) da Igreja, os únicos que elegem e podem ser eleitos para o cargo de decano do Colégio Cardinalício, sendo responsá-veis pelas igrejas que São Pedro fundou à volta da cidade de Roma (chamadas suburbicárias), no século I. VOctávio Carmo

No dia 18 de fevereiro realizou-se o consistório público para a criação de 22 novos cardeais, entre os quais D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé.

D. Manuel Monteiro de Castro

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paróquias – 25 dos conteúdos

XIII ASSEMBLEIA DE PÁROCOS DEHONIANOS

A ação social da Igreja ao serviço da caridade

De 13 a 15 de Fevereiro de 2012, reali-zou-se no Seminário de Nossa Senhora de Fátima – Alfragide, a Assembleia de Párocos Dehonianos. Participaram 34 Dehonianos empenhados pastoral-mente em paróquias, reitorias, cape-lanias e outros encargos pastorais que nos estão confiados vindos das comu-nidades presentes nas dioceses do Algarve, Angra do Heroísmo, Aveiro, Coimbra, Funchal, Lisboa, Porto e nas missões de Angola e Madagáscar.

Sob o tema “A ação social da Igreja ao serviço da caridade” fomos convidados a refletir sobre o lugar privilegiado que a acção social assume na vida da Igreja e a centralidade que deve ter na nossa pas-toral paroquial. A partir da reflexão de D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa, sobre A acção social da Igreja a partir do docu-mento da Comissão Episcopal da Pastoral Social “Serviços paroquiais da ação social, para uma cultura da dádiva” e apoiados em conferências e painéis, tomámos maior consciência da impor-tância da ação social na paróquia e identificámos algumas constatações: 1. A partir da caridade como primado na comuni-dade de fé, surge a solidariedade como expressão social da mesma caridade que deve ser vivida na sobriedade, como testemunho e partilha que dá credibilidade à Igreja. 2. A vocação social do Padre Dehon inspira-nos no nosso empenho da acção social, para uma cultura da dádiva e da diaconia da caridade, em ordem à civilização do amor. Com o Padre Dehon tomámos consciência que a raiz e a causa dos males da so-ciedade estão na recusa do amor de Deus. 3. Dado o papel central da ação social nas paró-quias, a nossa pastoral tem que sensibilizar as pessoas no culto da caridade: combater a cultura da indiferença pelo relacionamento solidário, en-volvendo toda a comunidade paroquial.

4. Os centros sociais paroquias devem exercer a sua acção dentro da paróquia e não à margem da mesma. O serviço da diaconia é a espiritualidade encarnada e não mero assistencialismo. 5. A ação social não se limita à solidariedade ins-titucionalizada mas abre-se a um voluntariado solidário e organizado. 6. A ação social paroquial decorre do anúncio do Evangelho e da celebração da fé e terá sempre um rosto cristão na gratuidade e alegria do serviço aos mais pobres e carenciados. 7. Os novos desafios sociais apelam à ousadia cria-tiva de novas respostas, onde todos são responsá-veis por todos, abrindo caminhos de esperança. O que refletimos, partilhámos e rezámos juntos leva-nos a agradecer a Deus, o que temos, somos e fazemos. A ação social tende a aumentar. As res-postas institucionais tendem a faltar. Os “pobres” chegarão cada vez mais às nossas comunidades. Façamos como Jesus ordenou: “Dai-lhes vós de comer”. Os Participantes na Assembleia

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“Dá-me a tua mão”... ou “toma a minha mão”?

O P O D E R D E D A R26 – leituras

dos conteúdos

1. Urgências

Em Dezembro de 2004, o tsunami no Sul da Ásia matou milhares de pessoas e deixou um milhão de pessoas sem tecto. Houve uma re-acção mundial de ajudar os sobreviventes. Dez milhões de pessoas de todo o mundo reagiram imediatamente e enviaram ajudas. O mundo inteiro reuniu nove mil milhões de euros para apoiar. A generosidade foi a resposta das pes-soas a esta necessidade.Existem muitas outras catástrofes e necessida-des: limpeza étnica no Darfur, Sudão, a crise da HIV, a mortalidade infantil.Em 7 biliões de pessoas na humanidade, a situação é a seguinte: uma em quatro morre de fome; mais de um bilião e meio de pessoas não tem água potável; quase vinte milhões de pessoas sofrem com a guerra; em cada segundo morre uma criança com uma doença que pode-ria ser tratada; quase um bilião de pessoas não sabe ler, nem escrever; nos Estados Unidos, país rico, cada ano há três milhões de pessoas sem abrigo.

2. Dar?

O que podemos perder no momento de dar?Podemos perder tempo, dinheiro e oportu-nidades. No entanto, ganharemos amizades, aprenderemos a ser generosos, alcançaremos uma maior integridade pessoal, sentido de li-berdade, alegria e amor.O que podemos fazer para ajudar a curar as feri-das dos outros e as nossas?Podemos dar. Todos temos algo para dar: tem-po, dinheiro, sabedoria, amor e outras coisas, como oferecer ideias, habilidades e recursos.Podemos dar esperança, amor e cuidado. E pode ser que o primeiro a necessitar sejamos nós mesmos. O acto de dar, de oferecer é uma necessidade humana que beneficia as duas par-tes: nós e os outros.É caso para me interrogar: o que posso dar?

É que o dar outorga sentido, mais entusiasmo, mais energia e mais prazer na vida. Quando damos alcançamos alguns objectivos: partilhar a importância do poder de dar; dar re-gularmente melhora as relações, a produtividade e a felicidade; consciencializar que podemos dar sempre um pouco mais.Traz benefícios a quem dá: influência positiva, alcançar o nosso potencial como pessoas. Traz-nos mais felicidade, novas re-lações, sentimentos de segurança, trabalho, boa saúde, poder ajudar os outros, felicidade, paz e amor…Quando damos com alegria, desprendi-mento e amor beneficiamos enormemente. Mahatma Gandhi referia que para encontrar-te a ti mesmo, deves abandonar-te ao serviço dos outros.O sufi Nasrudin (sufi é um sábio espiritual no mun-do muçulmano) conta a história de uma pessoa que se estava a afogar. As pessoas gritavam: dá-me a tua mão e salvar-te-emos. Ele duvidava. Até que alguém referiu: toma a minha mão. Ele agarrou logo. Estava mais habituado a receber e não a dar. Há outra história de um carpinteiro. Pediu ao pa-trão que queria reformar-se. O patrão disse só que-ria que ele lhe construísse mais uma casa. Contra a sua vontade, fez a vontade ao patrão. Construiu a casa com materiais mais fracos. Quando acabou a casa, o patrão fez a supervisão e ofereceu-lhe essa casa por ser a última construída por ele. Se soubesse que estava a construir a sua própria casa, de certeza que seria diferente.Cada um é carpinteiro da sua própria vida. A vida é um projecto que construímos com amor e cui-dado.

Livro: Azim, J. e H. Mckinnon (2010). O poder de dar. Barcelona: Luciérnaga.

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VAdérito Barbosa

O P O D E R D E D A R

3. Religiões

Diz a Biblia: semeia e colherás. Como se pode encontrar a felicidade? Se queremos felicidade temos que dar felicidade. Se queremos riqueza temos que dar riqueza. Se queremos amor temos que dar amor. Só no dar se encontra o que se rece-be. O acto de dar enriquece a vida de significado, de satisfação e de riqueza. Mas há quem sugira coisas que podemos dar aos outros: amor, conhecimento, riso, liderança, espe-rança, vida, tempo, dinheiro, habilidades, contac-to, atenção, conselho.As grandes religiões promovem a generosidade e o cuidado para com os demais. No cristianismo fa-la-se de fé, esperança e o amor, sendo esta a maior (1Cor 13). No budismo, um dos sete tesouros que os praticantes devem cultivar é a generosidade. No judaísmo, tzedakah, ou caridade, é a receita para construir um mundo melhor e ensina-se aos judeus para realizar o mitzvahs, ou seja, as boas acções. O Corão sugere aos seus seguidores que ajudem o próximo, sobretudo os mais necessita-dos. Noutras religiões como o hinduísmo, louva-se a generosidade. E podíamos continuar a falar de religiões…

4. Dar a quem? Como? Quanto? Onde?

A quem dar?Cada um pode dar a si mesmo, à sua família, à comunidade a que pertence, a organizações sem fim lucrativo e ao planeta.Dar a si mesmoA caridade começa em casa. Se cada um tem caridade para consigo, então pode ter para com os demais.Dar à famíliaCriar harmonia na família significa criar harmo-nia no mundo.Dar à comunidadeDar a uma comunidade sem fins lucrativosDar ao planetaTodas as religiões ensinam o conceito de res-ponsabilidade que poderia chamar-se o cuida-do pela criação. Foram-nos confiados grandes recursos: água, ar, terra, animais e alimentosComo dar?Se temos sempre as mãos nos bolsos, não damos nada. Já que se dá, não se deve dar de qualquer maneira, mas dar com o coração.Dar com respeitoDar com humildadeDar incondicionalmenteQuando dar?Amanhã? Não. Hoje.Onde dar?Quanto dar?

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NAS FONTES DA ALEGRIAO Reino de Deus é ALEGRIA no Espírito Santo

28 – sobre a bíbliados conteúdos

Poderá ser irónico tratar da alegria, quando estamos em plena Quaresma. É exatamente esta ironia que torna o tema ainda mais desafiante e não quisemos adulterar a ordem das obras do Espírito que temos vindo a tratar. Buscar o sentido pleno da alegria pode consistir num itinerário quaresmal que nos há-de conduzir, necessariamente, à alegria plena da Páscoa de Jesus Ressuscitado. Efetivamente, esta é a atitude dos discípulos que, “ao verem o Senhor, ficaram cheios de alegria” (Jo 20,20). No entanto, para lá chegarmos, teremos de passar o itinerário quaresmal.

Alegria de Jesus CristoMas a alegria tem também a sua dimensão cristológica que – digamo-lo desde já – não é alheia a esta dimen-são pneumatológica que acabámos de elencar. No Evangelho de Lucas, diz-nos o narrador que Jesus “exultou [= alegrou-se] no Espírito Santo” (Lc 10,21) e exclama de alegria um lou-vor ao Pai que se revela aos simples. Temos aqui uma dimensão cristológica da alegria – uma vez que se tra-ta da alegria de Jesus – ope-rada pelo Espírito Santo que leva Jesus a dirigir-se ao Pai. Poderemos concluir que a obra do Espírito em nós, por quanto à alegria diz respeito, nos leva a imitar Jesus na sua relação com o Pai que ama e cuja obra vem cumprir.Quando introduzimos os “frutos/obras do Espírito Santo”, no mês de Janeiro, falámos da alegoria da vi-deira, proposta por Jesus, onde éramos convidados a permanecer em Jesus, quais ramos que permanecem na videira. No final dessa mes-ma alegoria, afirma Jesus: “Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja

Experiências humanas da alegriaTratando-se, antes de mais, de uma atitude humana, é necessá-rio saber o que a possa causar. Ficamos alegres quando, depois de longo tempo de aparente ausência, um amigo nos contacta. A este respeito, poderia falar-se de uma alegria que é provocada pela presença de alguém que amamos ou a quem procurámos. Na verdade, o próprio texto bíblico, mostra esta alegria, por exemplo, quando os magos veem a estrela que os levaria até ao presépio (cf. Mt 2,20). Depois de aparente ausência, esse sinal importante que os guia faz-se presente e é motivo de alegria para eles.Uma segunda experiência de alegria diremos que vem de um reconhecimento de algo que é importante. Assim, quando cum-pro uma difícil tarefa ou quando as coisas correm de acordo com o que eu desejo, tenho motivos para ficar alegre. Se quisermos encontrar um exemplo desta alegria no texto bíblico, poderemos citar Paulo que chama aos crentes de Filipos “minha alegria e co-roa” (Flp 4,1). Particularmente, o facto de a alegria estar ladeada por “coroa” faz ver que se trata do fruto do trabalho apostólico paulino que o faz alegrar-se devido ao reconhecimento vivo e presente naquela comunidade cristã a quem tanto se dedicou.

Espírito Santo e alegriaQue a alegria esteja associada ao Espírito Santo, poderemos vê-lo não apenas na lista de Gl 5,22 que a faz depender desse Espírito, mas também em Rm 14,17: “O Reino de Deus […] é justiça, paz e alegria no Espírito Santo”. Os próprios crentes aco-lhem a Palavra de Deus, na pregação apostólica de Paulo, “com a alegria do Espírito Santo mesmo no meio de grandes tribu-lações” (1Ts 1,6). Podemos, então, concluir que se trata de uma alegria que está ao nível de uma força que é externa ao próprio ser humano, mas que brota de uma fonte mais profunda, do Espírito Santo. Espontaneamente surge em nós a analogia en-tre o papel do Espírito na criação, que faz surgir coisas novas, e a novidade da alegria que o mesmo Espírito Santo opera na-queles que se deixam guiar por Ele.

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VRicardo Freire

“Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a

vossa alegria seja completa”. (Jo 15, 11)

completa” (Jo 15,11). Que alegria será esta? A alego-ria da videira insere-se no contexto dos discursos de adeus de Jesus, depois da Última Ceia e quando o seu fim está próximo. Poderia Jesus manter uma atitude de alegria num momento triste como este? Pensamos poder afirmar que a resposta se encontra no facto de Jesus estar a entrar num momento que, apesar da sua tristeza, contém a questão decisiva da sua vida: o cumprimento da vontade do Pai (cf. Jo 14,28: “Se me tivésseis amor, havíeis de alegrar-vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai é mais do que Eu”). Quando Jesus conduz a sua vida em ordem ao cum-primento da vontade do Pai, isso deve ser fonte de alegria não apenas para Ele mas também para os seus discípulos. Enfim, diremos que a alegria que vem de Jesus – aquela que está nos discípulos de Jesus - será necessariamente diferente da alegria que o mundo tem: se por um lado o mundo se alegrará com a ausência de Jesus, ao passo que os discípulos sofrerão, contando porém com a promessa de Jesus de que o seu sofrimento pela ausência do Mestre se-rá convertido em alegria (cf. Jo 16,20), dado que está efetivamente presente quando a ausência de Jesus se transforma em presença na ressurreição, produ-zindo nos discípulos o sentimento de alegria (cf. Jo 20,20). Na verdade, a presença de Jesus produz sempre alegria, como podemos ver nas Tradições de João Baptista que nos chegam pelos evangelhos: (a) ao dirigir-se a Maria como Mãe do Senhor, Isabel dá nota da exultação de João Baptista no seu seio; esta exultação será fruto não da presença de Maria, mas de Jesus que ela transporta no seu seio; (b) igualmente, em Jo 3,29, afirma-se que “o amigo do esposo, que está ao seu lado e o escuta, sente muita alegria com a voz do esposo”, sendo Jesus o esposo e João Baptista o seu amigo que exulta com os sinais da sua presença e, concretamente, com a sua voz e, consequentemente, com a sua pregação.

Na Quaresma, que alegria?Em plena Quaresma, será útil, por último, deixar uma dimensão de alegria que vem das chamadas pa-rábolas da misericórdia de Lc 15. A concluir cada uma das parábolas, as suas personagens convidam normal-mente à alegria: assim acontece (a) com o pastor que encontra a ovelha perdida: “Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida” (v. 6); (b) com a mulher que encontra a dracma perdida: “Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida” (v. 9); (c) com o pai em diálogo com o filho mais velho ao retorno do filho mais novo: “Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado” (v. 32). Além disso, as duas primeiras parábolas terminam com a afirmação de Jesus de que haverá maior alegria no céu por um só pecador que se arrependa (vv. 7.10). Neste contexto, a alegria, aparece claramente como atitude do próprio Deus na sua relação de procura e de encontro de cada um de nós, enquanto ovelhas tresmalhadas; mas, na sua pregação, Jesus mostra que este Deus misericordioso não se contenta com a alegria do céu, con-vidando cada um de nós a entrar na sua alegria pela conversão dos que se tinham transviado do caminho que Ele nos propõe.

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Sabias que:O Papa Bento XVI, na mensagem para a qua-resma de 2012, a partir da passagem da carta aos hebreus (Heb 10, 24) faz-nos um conjunto de propostas para a vivência espiritual da qua-resma.A quaresma é um tempo favorável para, através de um itinerário espiritual, crescer na fé, olhando para o essencial da vida cristã: a vivência do amor.Para fazer este caminho, o Papa Bento XVI, re-corda os meios que temos ao nosso dispor: “es-te é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a es-perança de viver a alegria pascal”.Na passagem da carta aos hebreus podemos ler: “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (10, 24). Esta simples frase, inserida numa passagem em que somos exortados a acolher Jesus e a confiar n’Ele com coração sincero. Nela estão três aspetos que são fundamentais para a vivência cristã: estar atentos aos outros, a reciprocidade e a santidade pessoal.O primeiro é um convite a prestar atenção aos outros, quer dizer estar atento, olhar bem, ob-servar cuidadosamente. Este convite faz muito sentido. Vivemos num mundo em que tantas vezes nos deixamos levar pela indiferença, o desinteresse, ficamos como que anestesiados diante dos problemas, dificuldades, dramas dos que vivem ao nosso lado. Todos os dias os meios de comunicação nos apresentam tantos dramas, crimes, horrores que olhamos, escutamos, mas não damos atenção, nem se-quer paramos para olhar, compreender o que se está a passar, parece que é tudo “normal”. Neste tempo da quaresma somos convidados a estar atentos ao que se passa em nosso re-dor. Olhar, observar, compreender. Não ficar indiferente. Só assim poderemos depois ir ao encontro dos que sofrem e estendem a mão a

30 – reflexodos conteúdos

Quaresma: tempo para ir ao essencial da vida cristã

ATENÇÃO, AMOR, BOAS OBRAS

pedir ajuda. Deste interesse pelos outros nas-cem os sentimentos de solidariedade, justiça, misericórdia e compaixão. Destes sentimentos nascem as obras do bem que devem vencer o mal que está presente no mundo. O bem promove, suscita e protege a vida. “O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspeto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, ten-do em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabi-lidade espiritual pelos irmãos”. Entre as obras espirituais de misericórdia encontramos a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Devemos dar voz ao bem.O segundo apelo leva-nos a olhar uns pelos outros. Como seguidores de Jesus Cristo vive-mos numa comunhão que nos liga uns aos ou-tros como membros de um só corpo. A nossa existência está intimamente ligada aos outros, não vivemos e existimos sós. Em todos os mo-mentos, no bem e no mal, estamos unidos uns aos outros e influenciamos a nossa vivência. Procuremos viver os mesmos sentimentos em Cristo como nos pede o apóstolo Paulo. Por fim, o convite a caminhar juntos na san-tidade. A nossa vida concede-nos um tempo para descobrir e realizar boas obras. Neste tempo de quaresma somos convidados a viver o bem para chegarmos à plenitude do amor e das boas obras. A mensagem para a quaresma termina com uma exortação: “Que todos, à vista de um mun-do que exige dos cristãos um renovado teste-munho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tem-po santo de preparação para a Páscoa”.

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VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado.

Lê com calma a passagem da Carta aos

Hebreus.

O que te sugere a frase: “Prestemos aten-ção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”? (Heb 10, 24)

Faz uma oração a Deus

A Palavra de Deus diz: Heb 10, 19-25. Diz-nos o Papa Bento XVI: “o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo-sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firme-mente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25)”.

Tenho de: O tempo da quaresma é um tempo de con-versão. Juntamente com a Igreja, a pedido do Papa, procuraremos estar atentos aos outros, uns aos outros, para caminhar na santidade, sendo melhores e tornando o mundo melhor. Que compromisso vou as-sumir ao longo desta quaresma? O que me proponho fazer? Do compromisso assumido e da sua con-cretização dependem a vivência da alegria pascal de Jesus Ressuscitado.

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O pecado é, ao mesmo tempo, um drama e um mistério inerente à condição humana

O PECADO: DRAMA E MISTÉRIO

32 – sobre a fédos conteúdos

Este ano, todo o mês de Março está marcado pela vivência pessoal e eclesial do tempo da Quaresma, que com os seus símbolos, os gestos e ritos que nos recorda a todos o apelo central do Evangelho: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. É um tempo para nos reencontrarmos, porque andamos distraí-dos, dispersos e desviamo-nos, muitas vezes, do caminho, isto é, do caminho pascal a que constantemente a palavra de Cristo nos chama. Neste tempo, não só a sua espiritualidade, mas também a sua liturgia, leva-nos a tocar e a experimentar, mais de perto, o drama e o mistério do pecado. Esta última expressão, reflecte-se ou, se quisermos, se concretiza naquilo a que S. Paulo define como “mistério da iniquidade” (2Tess 2,7), fazendo-nos perceber que por detrás do mal feito existe algo que se esconde, algo de obscuro e de inex-plicável no pecado. Afinal, onde está a raiz do pecado? Este é, sem dúvida, obra da liberdade do homem. Todavia, dentro da realidade desta experiência humana agem factores, pelos quais ela se situa para além do humano, na zona limite onde a consciência, a vontade e a sensibilidade do homem estão em contacto com forças obscuras que, segundo o Apóstolo, agem no mundo até ao ponto de quase o dominarem (Cf. Rm7,7-25).

O pecado é um fenómeno humanoPelo que foi dito, o pecado é simultaneamente um drama e um mistério, que pertence à condição humana. Trata-se, portanto, de um fenómeno universal, tal como o é a culpa, a penitência (isto é, reparação de uma ofensa cometida) e a reconciliação. Como podemos verificar, a partir da história da humanida-de, desde sempre a prática do mal faz parte da experiência humana. Nas sociedades primitivas, o mal que é realizado aparece como uma transgressão às regras da comunidade, e por esta é castigada. Também nas sociedades politeístas, o mal aparece como uma infracção à ordem do mundo es-tabelecida pelos deuses e que pode provocar a sua ira. Na Sagrada Escritura, no Antigo Testamento, o mal aparece – no contexto da Aliança -, sobretudo, como uma viola-ção, uma ruptura na aliança, que é de amor, entre Deus e o povo, manifestada em acções de infidelidade e de in-cumprimento da Lei, o que faz com que Deus entregue o povo à sua triste sorte até que, pelo arrependimento, lhe perdoe e o salve. Mas, é, sobretudo, no Novo Testamento, com o Evento Cristo, que o conceito de pecado se apro-funda. Assim, o pecado é visto essencialmente como: desobediência e ofensa a Deus, estabelecido no mundo pela desobediência de Adão, fazendo com que o homem ficasse, assim sujeito ao poder de Satanás, conduzindo-o à morte. Mas, a obediência de Cristo (Cf. 2Cor 1,18-22), o Filho de Deus feito homem, enviado pelo Pai, por um acto sublime de misericórdia, salvou-o da situação de perdi-ção, através da entrega e do sacrifício da sua própria vida na Cruz e da sua ressurreição.

Nesta ordem de ideias, a Exortação Pós-Sinodal “Reconciliação e Penitência” (1984) é um texto esclare-cedor e bem actual, porque entende o pecado como uma realidade que faz parte da “verdade integrante acerca do homem”, constituindo, assim, um drama. Servindo-se de textos bíblicos, a documento afirma: “como escreve o Apóstolo S. João “se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele que é fiel e justo perdoar-nos-á os pecados”(1Jo 1,8s). Estas palavras da Escritura introduzem melhor do que qualquer outra expressão humana a reflexão sobre o pecado, “elas apreen-dem o problema do pecado no seu ho-rizonte antropológico, enquanto parte integrante da verdade acerca do ho-mem, mas inserem-no imediatamente no horizonte divino, no qual o pecado é confrontado com a verdade do amor de Deus, justo, generoso e fiel, que se manifesta sobretudo pelo perdão e pela redenção” (nº13).

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VNélio Gouveia

O pecado como desobediência a DeusA Quaresma, portanto, lembra a todos, a nós que - por graça - temos os “olhos iluminados” pela fé (Ef. 1,18), as consequências do pecado, que são motivo de divisão e de ruptura, não só no interior de cada homem, mas também nos vários círculos em que ele vive: familiar, ambiental, profissio-nal e social. E isto mesmo é verificável, se tivermos em conta a imagem bíblica referente à cidade de Babel e à sua torre. (Cf. Gn11,1-9). Tendo a in-tenção, refere a Exortação, “de construir aquilo que devia ser, simultanea-mente, símbolo e foco de unidade, aqueles homens encontraram-se mais dispersos do que antes, confundidos na linguagem, divididos entre si e incapazes de consenso e de convergência.” (nº 13). E isto, foi consequên-cia dum pecado: da excessiva confiança em si mesmos e desconfiança em relação a Deus. Para a Exortação Pós-Sinodal esta narração bíblica fala-nos do mistério do pecado e segundo a sua perspectiva, desta imagem bíbli-

O pecado é uma desobediência

do homem por um acto livre

e consciente.

ca da construção da torre de Babel emerge um primeiro elemento, que nos ajuda a compreender o pecado: “os homens pretendem edificar uma cidade, reunir-se numa estrutura social, ser fortes e poderosos sem Deus, se bem que, talvez, não contra Deus. Neste sentido, a narração do primeiro pecado no Éden e a narração de Babel, não obstante as diferenças notáveis, de conteúdo e de forma, têm um ponto de convergência: em ambas nos encontra-mos diante da exclusão de Deus, pela oposição frontal a um mandamento seu, por uma atitude de rivalidade em relação a Ele, na ilusória pretensão de ser “como Ele” (Cf.

Gn 3,5). Na narração de Babel a exclusão de Deus não aparece tanto num tom de contraste com Deus, mas como esquecimento e indiferença em relação a Ele, como se o mesmo Deus não merecesse nenhum interesse no âmbito dos desígnios empreendedores e associativos do homem. Mas em ambos os casos a relação com Deus é cortada com violência. No caso do Éden aparece com toda a sua gravidade e dramatismo, o que cons-titui a essência mais íntima e mais obscura do pecado: a desobediência a Deus, à sua lei, à norma moral que Ele deu ao homem, gravando-lha no coração e confirmando-a e aperfeiçoando-a com a revelação” (nº14). Portanto, o pecado é uma desobediência do homem, que – por um acto livre e consciente – não reconhece o senhorio de Deus sobre a sua vida, pelo menos naquele momento determinado em que viola a sua lei, es-quecendo e negando, em certo sentido, a sua dignidade e vocação. E conclui o texto: exclusão de Deus, ruptura com Deus e desobediência a Deus, eis o que tem sido, ao longo de toda a história humana, e continua a ser, sob formas diversas, o pecado, que pode chegar até à negação de Deus e da sua existência.

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verda-de não está em nós”. (1Jo 1, 8).

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NO ESCURINHO DO CINEMA

VTiago Esteves

Hoje podemos ir quase à hora da sessão

34 – planeta jovemdo mundo

– Capacidade da sala: 90 lugares– Ocupação média: 20 lugares (Estimada pela minha cabeça e para facilitar contas)– Preço médio unitário actual: 6€– Lucro por sessão: 20×6€=120€Agora a minha pessoa vai fazer magia com os números, vejamos:– Preço sugerido unitário: 3€– Ocupação espectável: 90 lugares– Lucro espectável: 90×3€=270€

Bom, digamos que é só uma diferença de 150€ mas se multiplicarmos isto por 8 a 10 salas, acho que dá para ver o lucro a aumentar! Pronto podem também afirmar que se as salas tiverem mais de metade da sua lotação média dão um lucro supe-rior ao efectuado pelas minhas contas, no entanto eu pergunto quantos filmes hoje em dia conse-guem encher uma sala de cinema?Concluindo a minha especulação baseada em na-da mais senão na minha cabeça meio avariada, di-gamos que salas cheias implicaria com toda a cer-teza, um maior fluxo de dinheiro que, pelo pouco que eu percebo de economia é o que falta neste momento. Se a isto associarem um preço mais acessível para as pipocas e para as bebidas, acho que tínhamos reunidas as condições suficientes e necessárias para o cinema passar de uma miragem acessível só a alguns, para uma realidade a intro-duzir de novo nos quotidianos da população. Até à próxima revista!

PS: Relembro aos mais distraídos que este artigo tem uma base científica praticamente nula, ga-rantindo somente que as contas efectuadas estão correctas.PS2: No mês dos Óscares, acho que vale a pena ir até ao cinema ver os filmes nomeados, uma pe-quena sugestão de fim-de-semana.

NO ESCURINHO DO CINEMA

Este mês vou aproveitar o cantinho que me reser-vam e os vossos cinco minutos de atenção para falar de algo que parece já estar fora de moda, ci-nema! Talvez o termo “estar fora de moda” não seja o mais apropriado mas antes usar um termo que nos temos acostumado a ouvir ou ler em todas as televisões, rádios, ou jornais, “fora das possibilida-des socioeconómicas”.Não sou uma pessoa velha mas vejo-me obriga-do a dizer, eu ainda sou do tempo em que senão comprássemos os bilhetes com algum tempo de antecedência havia uma grande possibilidade de, ou não ter bilhetes ou ir para a primeira fila fazer uma ginástica enorme para ver o filme! Hoje em dia podemos ir quase à hora do filme que quase de certeza vamos ter lugar!Crise? Pirataria? É possível que estas sejam as respostas mais fáceis de dar por parte das gran-des distribuidoras de filmes. No entanto, será que estas já pensaram no preço que elas praticam? Confesso-vos que sou uma pessoa bastante crítica quanto aos preços desajustados, chateia-me ver preços gananciosos e depois salas vazias! Vamos fazer um pequeno exercício de matemática (des-culpem não resisto):

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VAlícia Teixeira

O tempo passa e nós vamos adiando

GESTÃO DO TEMPO

outro ângulo – 35 do mundo

Passamos a maior parte do tempo a passar o tem-po. A frase não é da minha autoria, mas a atitude aqui descrita, sim!A falta de tempo por vezes é uma desculpa para não resolvermos questões importantes, pois são incómodas de o fazer. O meu pai costuma dizer que dizemos pelo me-nos duas verdades durante o dia. A 1.ª é de ma-nhã: “tenho tanta coisa por fazer”. A 2.ª é à noite: “passou o dia e não fiz nada”. Por vezes atolamos a nossa mente com tantos problemas, com tan-tas “pieguices” (palavra que está agora na moda) e não conseguimos perceber: Disto tudo, o que é realmente é importante? Quais destas tarefas farão realmente a diferença? O que faço no meu dia-a-dia para avançar e melhorar o meu estilo de vida e atitude… acreditem que estou a fazer estas perguntas como quem se olha ao espelho! Eu sou o reflexo! “Hoje não conclui tal relatório porque não sei… quem pediu-me ajuda para não sei quantas…” O tempo passa e nós vamos adiando. Os dias, as semanas são todos iguais. Surge então a frustra-ção de chegar ao fim do dia, sentindo o cansaço e a sensação de que nada se fez. Acabamos nesta correria e estamos a solucionar apenas casos ur-gentes (aquelas tarefas que eram “para ontem”). Por vezes sente-se assim? Calma! Nada está per-dido! Há realmente estratégias que nos poderão auxiliar. Eu indico algumas que tento seguir.Planeamento: anual, mensal, semanal e diário do que pretende fazer! Acredite, fazer uma lista não é perda de tempo. Só que o segredo dessa lista consiste em atribuir um grau de importância e ur-gência à tarefa e a prever quanto tempo precisa.

De todas as tarefas importantes e urgentes… Vivenciar a Quaresma fará parte da sua lista?

FORCAR-SE: Foque-se em atingir resultados e não em fazer horas extra-ordinárias. O seu patrão não ficará mais satisfeito só porque fez mais horas (até pode ser prejudicial à empresa).

DISTINGUIR: Aprenda a fazer a distinção entre as tarefas que pode delegar e as tarefas que tem mesmo de fazer. Escolha fazer aquelas que mais ninguém poderá fazer e que tenham a máxima importância na sua função para o bem da em-presa onde trabalha.

DESLIGAR: Esta, para mim, é a mais complica-da. Quando está a trabalhar nas tarefas impor-tantes, faça tudo o que estiver ao seu alcance para não ser interrompido. Desligue o telefone, não veja o e-mail, coloque o “ocupado”.

DIZER NÃO: Saber dizer não! Ou seja, por vezes estamos atolados com tanta coisa e mesmo as-sim ainda aceitamos mais uma tarefa/respon-sabilidade…e se é dos que gosta de se entregar a 100% a tudo o que faz…

DECIDIR: Por vezes, por medo de errar, ficamos num impasse e receamos decidir… ficamos sem-pre no mesmo sítio à espera que alguém resolva por nós.

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VAndré Teixeira

Uma bengala para ajudar de forma ativa

BENGALA ROBÓTICA

36 – novos mundosdo mundo

Caros leitores, trago-vos este mês algo que certa-mente poderá já ajudar alguns do que acompanham A Folha, ou então no futuro, a todos quantos leem.É verdade, uma bengala é um “instrumento” que poderá fazer parte do dia-a-dia de cada um de nós a determinada altura da nossa vida… Por isso, porque não pensar numa que nos ajude de forma especial?Foi com esse propósito que a famosa empresa Toyota inventou uma bengala robótica que promete ajudar o usuário de forma ativa, caso este comece a cair… O aparelho, que tem a sua origem no Instituto de Tecnologia de Illinois (EUA), também poderá ser usado em fisioterapia ou durante exercícios de rea-bilitação.A bengala possui vários acelerómetros que detetam o nosso “estado de equilíbrio”, ou seja, ela “sabe” quando estamos equilibrados ou inclinados. Na extremidade que toca o chão pequenas rodas de borracha com dois eixos giram em qualquer direção. Imagina uma cadeira de escritório… A bengala tem um funcionamento semelhante, só que motorizada.O controlo da bengala fica no punho desta, para que se consiga controlar os sensores de força que embu-timos com a nossa mão. Quando mais força fizermos, mais energia a bengala deteta e aplica nos motores. Portanto se tendermos a cair automaticamente te-mos o impulso de apertar a bengala e esta automati-camente mobiliza um movimento contrário para que não cheguemos a cair.Bem, assim cada vez mais apetece “envelhecer”! Mas até lá, vamos pôr mãos à obra pois “As obras em que a juventude não participa estão golpeadas de esteri-lidade” (Pe. Dehon).

Fonte: Revista Americana Hight3ch

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Michael Jackson, Amy Winehouse e Whitney Houston aparecem na comunicação social como uma bomba

VFlorentino Franco

nuances musicais – 37 do mundo

A FAMA E A MORTEVêm muitas vezes do nada e chegam ao “paraíso”. Vivem em casas fantásticas, deslocam-se em viaturas de luxo, sur-gem em revistas famosas, usufruem de viagens de sonho...São vestidos por estilistas famosos, desejados nas festas de elite, ansiados pelos fotógrafos e fãs que gritam e se emocionam à sua passagem.O dinheiro surge e multiplica-se com facilidade e circula a uma velocidade es-tonteante servindo como moeda de tro-ca a serviços que visam essencialmente o bem estar... a idílica felicidade.Rodeiam-se de “amigos”, colaboradores, agentes, secretarias, todos eles indispen-sáveis, amistosos, cooperantes e “fieis” que tudo fazem para lhes agradar.O que leva então uma pessoa que tem, ou teve, acesso a todo este “glamour” terminar, voluntária ou negligentemen-te , com a sua própria vida?Provavelmente um enorme vazio. Uma dolorosa solidão acompanhada. Uma enorme pobreza dourada.

Os consumos de álcool e drogas surgem simplesmente como uma consequência natural de uma vida de excessos a todos os níveis. O próprio ambiente que os rodeia pro-picia o seu consumo numa busca desesperada pela ins-piração artística ou simplesmente por um bem-estar que o dinheiro não lhes consegue proporcionar. Lentamente a fama obtida num dado momento da carreira começa a desvanecer-se ou simplesmente a deixar de fazer o senti-do que fazia inicialmente.Surgem dívidas acerca das verdadeiras intensões das pes-soas até então consideradas “amigas”, da qualidade do seu trabalho, da sua real importância no mundo.Imagino que estas “celebridades” entrem então, tal como a maioria de nós, no “sensível” campo da procura de autoco-nhecimento, de um caminho que nos leve até às respostas que tanto ansiamos. Perante o sofrimento, as injustiças, a doença, a solidão, a luta pela sobrevivência diária, a pre-sente indefinição do “certo” e do “errado” chegamos a um ponto em que justamente nos poderemos questionar se o nosso percurso de vida de facto valerá a pena.

Casos mediáticos como o de Elvis Priesley, Jimmy Handrix, Curt Coubain e mais recentemente Michael Jackson, Amy Winehouse e Whitney Houston surgem na comunicação social como uma “bomba” e fazem-nos questio-nar e refletir acerca do que, na realidade, é importante na nossa vida.De que necessitamos verdadeiramente para sermos felizes? A resposta a essa questão é simples mas de difícil acesso e exige de cada um de nós uma aprendizagem de formas de sentir e viver a vida para a qual não so-mos educados desde sempre.

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De que forma a educação e a saúde contribuem para a dignificação da pessoa?

38 – cuidar de sido bem estar

PEDAGO GIA E PSICOLO GIA POSITIVA: INTERAÇÕES EM EDUCAÇÃO E SAÚDE

Os autores P.e Adérito Gomes Barbosa, Débora Wilza de Oliveira Guedes, Elizabeth Moraes Liberato, José Ferreira-Alves, Margarida Pedroso de Lima, Mariangela Faggionato dos Santos, Odete Borralho, Ramiro Marques e Sónia Alexandre Galinha, Professores do Ensino Superior em Portugal e no Brasil, já com várias publicações anteriores e reuni-dos a boa hora nesta interessante obra, apresentam um precioso olhar pedagógico-científico sob um prisma de análise epistemológico sistematizado internacional acerca da importância da proteção da vida humana. Lançam, assim, agora em novidade, sob a chancela da editora LIVPSIC, referências, pers-petivas e propostas sobre os seguintes principais pontos:

. “De que forma a Educação e a Saúde têm um papel fundamental nas comunidades, no seio da dinâmica social para favorecer a realização individual e o florescimento das pessoas, dos grupos e das instituições? . Qual o contributo que a escola pode dar para a aquisição das virtudes intelectuais e das virtudes do carácter? . De que forma a Educação e a Saúde, em interação, contribuem para a dignificação da criança, do jovem, do adulto e do idoso? . De que forma a Educação e a Saúde têm um papel pró-ativo propicio à construção e ao desenvolvimento de um projeto do devir humano com finalidades nobres?. Como vemos, hoje, o que se passa nas nos-sas comunidades? Como sentimos hoje o que se passa à nossa volta? Como interpretamos os sinais? Que sinergias potenciamos?. Como respeitamos e dignificamos os exclu-ídos e as vítimas? De que forma? Aplicamos os princípios basilares da responsabilidade social?”

Morin define a complexidade como “um tecido complexo de constituintes heterogéneos inseparavelmente associados” – Necessariamente, as ciências são chamadas a afirmar o hu-mano. Assim, esta consciência holística permite uma consci-ência cósmica e ecológica que no plano educativo se traduz na superação de paradigmas. A so-ciedade é, na sua essência e na sua horizontalidade e espiral, um processo. O prisma socioe-ducativo é um prisma interde-pendente e interrelacionado. É importante a determinação e a flexibilização sociopedagogica, a racionalização de recursos psicológicos, o voluntariado organizado, a procura de efici-ência, prospetando formação na sociedade do conhecimento planetária.De facto, e de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a Educação é vista atu-almente como a chave para os problemas sociais e económi-cos. Este compromisso é antes de mais, um trabalho horizontal e transversal na sua natureza ecossistémica de pessoas, pro-cessos, contextos, comunida-des. A Educação e a Saúde de hoje e do futuro é um campo interdisciplinar incontornável para uma compreensão mais aprofundada do cérebro social, do devir humano, e da expres-são comportamental através da qual se manifesta. É disso exem-plo a forma como são assumi-

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PEDAGO GIA E PSICOLO GIA POSITIVA: INTERAÇÕES EM EDUCAÇÃO E SAÚDE

VSónia Galinha

das e tratadas as temáticas desta obra, quando cons-tatamos que é necessário que se revalorize a ética, as virtudes, a cidadania, que se procure a co-construção do conhecimento em contextos de aprendizagem, que favoreçam o desenvolvimento de um Projeto de Homem, que se supere a vulnerabilidade com o fortalecimento e expressão auto-afirmativa do Ser e a inclusão, através de comportamentos de proteção, capazes de devolver ao outro a dignidade e o lugar que lhe são devidos. A Educação e Saúde, é deste modo, cada vez mais, chamada a este trabalho profundo, complexo, mas também sensível, da procura do sentido, num compromisso sério com as suas potencialidades e forças, na atuação no campo de ação dos compor-tamentos e das trajetórias de risco, das negligências, das vulnerabilidades individuais e coletivas, vetores importantíssimos no campo de análise e objeto de estudo desta obra, trazidas numa linguagem clara. Se o século XXI, trouxe novos campos de reflexão aos países, em torno de um conjunto de problemá-ticas, também ainda hoje a Educação e a Saúde têm um imperioso caminho emergente para otimizar as pessoas, os recursos, as famílias, as comunidades, a fé e a esperança. Destacamos o valioso testemunho do trabalho da ALVD. É nesta génese que este livro surge! Um bom livro! Boas leituras!

Disponível para todos na LIVPSIC – Livraria de Psicologia e de Ciências de Educação www.livpsic.com ou diretamente na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Tel. 967033743 – 220156971.

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VOlinda Vinhas

CONHECES? NÃO FIQUES CALADO!

40 – dentro de tido bem-estar

As consequências da violência doméstica manifestam-se tanto ao nível físico como ao nível psicológico

A violência doméstica é um problema univer-sal que atinge milhares de pessoas grande parte das vezes de modo silencioso e dissimu-ladamente.Ao contrário do que se costuma pensar, trata-se de um problema que afeta ambos os sexos e não costuma obedecer nenhum nível social, económico, religioso ou cultural específico.O conceito de violência doméstica é bastante amplo. Trata-se de qualquer comportamento ou omissão de natureza criminal, reiterada e/ou intensa ou não, que inflija sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos ou económicos, de modo direto ou indireto, a qualquer pessoa que resida habitualmente no mesmo espaço doméstico ou que, não residindo, seja cônjuge ou ex-cônjuge, companheiro/a ou ex-com-panheiro/a, namorado/a ou ex-namorado/a, ou progenitor de descendente comum, ou esteja, ou tivesse estado, em situação análoga; ou que seja ascendente ou descendente, por consanguinidade, adopção ou afinidade (APAV, 2011).

Em Portugal, o Código Penal já contempla expressamente (no art. 152.º – Violência Doméstica) que é considerado crime de

violência doméstica quando existam “maus-tratos físicos e psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais “ com quem o agressor “mantenha ou tenha mantido uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem habitação”.

Adicionalmente a lei também criminaliza, por exemplo, as ameaças, a coação, a difa-mação, as injúrias, a violação de obrigação

de alimentos, a violação, o abuso sexual e o homicídio ou tentativa de homicídio.

As consequências manifestam-se quer ao nível físico, quer ao nível psicológico na

vítima. Os efeitos físicos incluem não apenas os resultados directos das agressões sofridas pela vítima (fracturas, hematomas, etc.), mas também respostas do nosso corpo ao stress a que foi sujeito. Todavia, estas reacções não

aparecem todas ao mesmo tempo e a sua intensidade poderá variar de pessoa para pessoa. Alguns efeitos poderão ser: perda

de energia; dores musculares; dores de cabeça e/ou enxaquecas; distúrbios ao nível da menstruação; arrepios e/ou afrontamen-

tos; problemas digestivos.A variedade e a intensidade dos efeitos psicológicos podem levar as pessoas a

considerarem a acharem que estão a ficar loucas ou a perder o seu equilíbrio psíquico.

No entanto, estas são reações normais perante acontecimentos de vida, esses sim,

anormais.Algumas das consequências psicológicas

da vitimação poderão ser: dificuldades de concentração; pesadelos; dificuldades em tomar decisões; tristeza; desconfiança

relativamente aos outros; diminuição da auto-estima; dificuldades de memória.

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VPaulo Vieira

Reuniu no Centro Dehoniano a Comissão Provincial para a Pastoral Juvenil e Vocacional

saber mais – 41 da juventude

A Comissão Provincial para a Pastoral Juvenil e Vocacional reuniu no Centro Dehoniano, no dia10 de Fevereiro de 2012. Uma agenda bem recheada proporcionou muito diálogo e animado e frutuoso debate.Em cima da mesa estiveram temas como o anda-mento ano nos Centros a nível de Pastoral Juvenil e Vocacional; o XV Encontro Nacional JD; o Encontro Europeu JD de 3 a 10 agosto de 2014; o Itinerário JD a médio e longo prazo (2012/13 a 2017/18); entre outros.

Presença do Superior PorvincialTivemos a presença sempre grata do Superior Provincial, P.e Zeferino Policarpo que, depois da oração inicial, agradeceu o trabalho que fazemos na Província e na Igreja e apresentou algumas li-nhas de incentivo ao nosso trabalho em campos nem sempre fáceis, mas prioritários.Constatámos que os Centros estão a trabalhar com a melhor das vontades, no meio de dificuldades e ao mesmo tempo de potencialidades que são tan-to circunstanciais como próprias destes setores de pastoral desde sempre…

XV Encontro Nacional JDNo que respeita ao XV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, de 20 a 22 de Abril, que os Secretariados já tinham preparado a nível de con-teúdos e programa, uma vez que o Centro Paulo VI, em Fátima já estará pronto, vamos fazê-lo lá. Será, uma vez mais, um momento alto do ano com convívio, celebração, reflexão, oração e festa a congregar jovens de todo o país. Procuraremos que a qualidade que tem vindo a crescer nos nos-sos encontros se mantenha nessa tendência.

Itinerário JDApreciámos a proposta de Itinerário para a Juventude Dehoniana para os próximos anos e concretamente já para o ano 2012/13, que o

P.e Adérito Barbosa está a elaborar e procurámos dar achegas que completem o seu muito e quali-ficado trabalho. Como 2012/13 é o Ano da Fé, no contexto da Celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II a primeira etapa desse itinerário vai refletir essa rica circunstância na nossa perspetiva dehoniana, como não podia deixar de ser!

Encontro Europeu JDLembrámos a organização para 2014 (03 a 10 de agosto) do Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, que assumimos como Comissão e como Província. Trata-se de um encontro que se realizará no contexto do centenário do início da I Grande Guerra e que, por isso, deverá reflectir a nossa missão de sermos servidores e construtores da Paz. Prevemos preparar um encontro que seja digno da sua dimensão, dentro das nossas reais possibilidades.

Outras partilhasAbordámos ainda questões ligadas à nossa ação pastoral, como o Site da Pastoral Juvenil e Vocacional e a publicação de guiões, subsídios úteis ao nosso trabalho e proveitosos para os que nos “estão confiados”.A Família Dehoniana e o Voluntariado da Associação de Leigos Voluntários Dehonianos e A Folha dos Valentes também fizeram parte da nos-sa partilha, porque somos parte de uma família onde todos contam e procuramos trabalhar em comunhão fraterna.“Embarcados na Missão” continuemos a remar pelo Reino!

PASTORAL DEHONIANAEM DEBATE

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Na vida como na “Aldeia da Música”

42 – jd-Portoda juventude

VSara Silva

JUNTOS E UNIDOS É MELHOR, EM OLDRÕES

No dia 12 de fevereiro de 2012, por iniciativa das nossas catequistas, o P.e Paulo Vieira veio visitar os catequizantes do décimo ano da pa-róquia de Oldrões. A catequese começou pela música “Arco-Íris” da “Aldeia da música”. Através dessa música aprendemos que, se estivermos todos juntos e unidos, formamos uma orquestra, onde cada um de nós é um como um instrumento. Também aprendemos que se faltar um instru-mento à orquestra ela não toca tão bem, ou seja, por muito diferentes que sejamos dos outros instrumentos fazemos falta.Depois fizemos um jogo onde nos foi entre-gue um puzzle para nós montarmos. O puzzle era feito por várias peças que nós tínhamos de encaixar, com todas as peças diferentes. Com essas peças tínhamos de formar um quadra-do. Depois de muita dificuldade e colabora-ção lá conseguimos… Quando terminámos o quadrado verificámos que todos somos peças importantes para construirmos a nossa Igreja.Gostámos muito da visita do P.e Paulo Vieira. Foi uma catequese diferente, divertida e que nós não nos importávamos de repetir!

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jd-Açores – 43 da juventude

Foi no passado dia 5 de Fevereiro que o Grupo JD “Os Samaritanos”, de Fajã de Cima, São Miguel – Açores, fez uma caminhada à casa de saúde de S. João de Deus, que alberga homens men-talmente desequilibrados e com dependências.

“Samaritanos” da Fajã de Cima em ação

SER SAL E LUZ NO MUNDO

O encontro foi maravilhoso, marcado pela entrega, dedicação, partilha e amor ao próximo. Jesus esteve presente no agir de cada jovem.No desenrolar da tarde e durante o lanche partilhado a animação foi constante, o grupo tocou, cantou e alguns doentes, ainda que com muitas limitações, também cantaram connosco e para nós. Aqueles rostos espelhavam a verdadeira alegria e felicidade. Foi muito gratificante.Encontrámos Jesus Cristo naqueles irmãos doentes e reconhecemos em seus olhos o olhar de Jesus.

VEmília Pedro

É neste contexto que retiramos a lição de que a vida só faz sentido se a cada gesto, a cada sorriso e na ternura par-tilhada virmos o reflexo da vontade do Senhor e vivermos o Amor pleno de Deus.

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Formação no Candal

44 – jd-Portoda juventude

A BÍBLIA COMO PALAVRA DE DEUSNo dia 19 de Fevereiro, a Juventude Dehoniana – Porto organizou um encontro na Paróquia do Senhor da Vera Cruz do Candal (Vila Nova de Gaia). Mais uma vez, pessoas ligadas à Juventude Dehoniana e à pastoral daquela paróquia uniram-se para tratar um tema muito especial: A Bíblia como Palavra de Deus. Por volta das 9h30, começámos um jogo para “quebrar algum gelo” entre nós, em que se fez a apresentação de cada um de uma forma bastante interactiva. Continuando o programa, o orador, P.e Ricardo Freire, começou por problematizar o tema da Palavra de Deus, a partir das suas várias noções. Revendo a história do Antigo Testamento, levou-nos a compreender que Deus se manifestou aos patriarcas, juízes, reis e profetas; e estes por sua vez expressaram-se através dos escritos que chegaram até nós. Mas estará toda a Palavra de Deus contida na Bíblia? O P.e Ricardo explicava que não. Nesse sentido, mostrava a importância de estar atentos, não só às Escrituras, mas também aos momentos da nossa vida em que Deus nos vai falando. Preparamo-nos para a Eucaristia, celebrada na Igreja do Candal. Era uma das eucaristias domi-nicais da paróquia, a que presidiu o P.e Ricardo Freire, orador anterior, e em que cantou o grupo coral da paróquia. De realçar o pequeno momento de acção de graças, em que os jovens dehonianos apresentaram uma dinâmica diferente, que realça-va a união entre a Sagrada Escritura, a Igreja, o tra-balho, a juventude e a família. Estes temas viriam a ser tratados mais tarde neste mesmo encontro.Após o “encontro com o Senhor”, encontrámo-nos novamente para conhecer mais sobre a Palavra de Deus e os modos de a interpretar. Neste momento, debatemos a forma como Deus se comunica no nosso dia-a-dia e na história. O P.e Ricardo Freire

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VDomingo Gomes

jd-Porto – 45 da juventude

A BÍBLIA COMO PALAVRA DE DEUSdestacou duas componentes da Sagrada Escritura: a Palavra que Deus nos dirige e nós que nos dirigi-mos a Deus com a sua Palavra. Terminou com um desafio a encontrar sinais da revelação de Deus no mundo contemporâneo.Ao almoço, para além dos farnéis partilhados, foi servida uma sopa quente, oferecida pela Paróquia do Candal. Como não poderia deixar de ser, num grupo cristão, o almoço foi aberto com uma ora-ção, na voz inconfundível do P.e António Barbosa, Pároco do Candal.Depois de um momento de descanso, recome-çámos os trabalhos às 14h30, onde nos teríamos de inscrever em dois dos quatro temas propostos: Bíblia e Trabalho (orientada pelo Eng. Fernando Perpétua), Bíblia e Família (orientado pelo Prof. José Carlos Carvalho), Bíblia e Catequese (orien-tado pelo Dr. Marco Costa) e Bíblia e Vocação (orientada pelo P.e Feliciano Garcês). Em todos, se procurou mostrar uma relação directa entre a Bíblia, qual Palavra de Deus, e a nossa vida nestas dimensões fundamentais. As diferentes perspec-tivas dadas por cada orador proporcionaram um bom momento de reflexão e de partilha de expe-riências.O encontro continuou na Capela do Santíssimo Sacramento, onde rezámos e cantámos, motiva-dos pela Palavra de Deus, concretamente, pelo Salmo 23, que canta Deus como Bom Pastor. Reconhecemos, assim, a necessidade de nos dei-xarmos alimentar por Jesus, Bom Pastor, e nomea-damente pela Palavra que nos dá.Ao P.e António Barbosa e à Paróquia do Candal, gostaríamos de deixar o nosso agradecimento por, mais uma vez, nos ter sido possível realizar es-te encontro de formação nos espaços paroquiais do Candal.

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(Padre Dehon)

VPaulo Vieira

DEHUMOR

46 – agendada juventude

A penitência é uma disposição de espírito e de coração.

XV ENCONTRO NACIONAL

DA JUVENTUDE DEHONIANA

Centro Paulo VI – Fátima20-22 de abril 2012

inscreve-te

PARTICIPA!

mais informações:[email protected]

Estou perdoado?

» JD — AçoresMarço12 − Oração de Taizé no Centro Missionário18 − Encontro sobre o Padre Dehon no Centro Missionário.

Abril13 − Oração de Taizé no Centro Missionário20-22 − Encontro Nacional da Juventude Deho-niana em Fátima.

» JD — PortoMarço04 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.15 − AdOração no CD (21h00-22h00).18 − Retiro de Quaresma e Compromissos.

Abril01 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso 02-07 − Peregrinação a Santiago de Compostela.20-22 − Encontro Nacional da Juventude Deho-niana em Fátima.23-30 − Semana da Juventude em Sobrosa.

» JD — LisboaQuaresma

Está disponível na Página da JD Lisboa:http://www.facebook.com/jdlisboa?v=app_128953167177144

Hmmm...Tenta, antes, um bilhete

para o Dubai...

prepara uma encenação com o teu GRUPO

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TEM PIADA C U R I O S I D A D E S

VPaulo Cruz

Solução de fevereiroQuem vê caras não vê corações.

c o n s e r v a t ó r i oNa prova de admissão de um baterista para o con-servatório, o professor toca no piano duas notas: dó e mi. Depois pergunta:– O que é que eu toquei?– Hum... Posso ouvir outra vez?O professor repete as duas notas.O baterista pensa por um bocado e torna a pedir para ouvir novamente.O professor acede e o baterista finalmente diz:– Já sei! É um piano!

d o i s e l e f a n t e sEstão dois elefantes a voar.Nisto, diz um deles para o outro:

quebra-cabeças

O provérbio escondido começa por M e lê-se de cima para baixo, de baixo para cima, da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita.

provérbio escondido

passatempos – 47 tempo livre

tédio mata! Da próxima vez em que disser que está “a morrer de tédio”… Saiba que está mesmo. Literalmente. Investigadores ingleses afirmam que o tédio pode estar, de fato, a roubar alguns anos preciosos de vida. A possível explicação é que quando as pessoas ficam muito, mas muito entediadas mesmo, tendem a cair em hábitos pouco saudáveis, como o cigarro e a bebida – companheiros que diminuem a esperança de vida.Para comprovar esse efeito, recuperaram as fichas de 7 524 pessoas entrevistadas entre 1985 e 1988 sobre o ta-manho do tédio que costumavam sentir. Depois, inves-tigaram quais delas tinham morrido (e de quê tinham morrido) de lá para cá.

– Ei... Os elefantes não voam...– Xi... Pois não...Os dois caem violen-tamente no chão.Enquanto recuperam, diz o segundo elefan-te para o primeiro:

XV ENCONTRO NACIONAL

DA JUVENTUDE DEHONIANA

inscreve-te

PARTICIPA!

Eis as estatísticas do estudo: os voluntários que se disseram ente-diados com frequência nas entrevistas dos anos 80 eram 37% mais propensos já te-rem falecido em 2010.Segundo os investiga-dores, quem vive em “altos níveis de tédio” (veja bem, não de stress, como a gente sempre vê por aí, e sim de tédio) tem duas vezes mais probabilidade de ter proble-mas cardíacos ou morrer de derrame do que o pessoal satisfeito com a vida.Ou seja: nada de sofá!

marçoO nome “março” surgiu na Roma Antiga, quando era o primeiro mês do ano e chamava-se Martius, de Marte, o deus romano da guerra. Em Roma, onde o clima é me-diterrânico, março é o primeiro mês da primavera, um evento lógico para se iniciar um novo ano, bem como para que se comece a temporada das campanhas mi-litares.Muitas culturas e religiões ainda celebram até hoje o Ano Novo em março.No calendário judaico, o fim de fevereiro e o começo de março é chamado de adar, o último mês, enquanto que o fim de março e começo de abril é chamado de nisã, e é considerado o primeiro mês.

– Espera aí... Os elefantes também não falam...

a m i g a sUma amiga diz a outra:– Ontem vi o teu marido, mas ele não me viu.– Eu sei, ele contou-me...

l o i r a n a b i b l i o t e c aUma loira entra numa biblioteca, aproxima-se do balcão e diz ao bibliotecário:– Queria um hamburguer simples e uma coca-cola!– Minha senhora... Isto é uma biblioteca...A loira fica completamente embaraçada, fica um pouco vermelha, olha em redor, olha novamente para biblio-tecário e diz baixinho:– Desculpe. Queria um hamburguer simples e uma coca-cola...

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um novo logótipo para a Juventude Dehoniana

um novo logótipo para a Juventude Dehoniana

Desde os anos 90…Quando, em meados dos anos 90, se in-crementou o trabalho da Pastoral Juvenil Dehoniana de forma sistemática e coor-denada por Centros, surgiu o presente

Necessidade de renovar…Passados estes anos, sentimos a necessidade de renovar e actualizar o nosso símbolo comum, como foi expresso na sondagem feita, há pou-cos anos, junto dos jovens que frequentam a nossa proposta pastoral. Por isso lançamos este “concurso”, a fim de que o nosso símbolo seja fruto do trabalho criativo dos próprios jovens.Entre 15 de fevereiro e 15 de abril está aberta a participação de quem queira propor um novo logótipo para a Juventude Dehoniana.

Características…Um logótipo é como uma assinatura: uma repre-sentação gráfica que identifica uma realidade. O logótipo da Juventude Dehoniana deve ser colorido, simples, “jovem” e “dehoniano”, ou seja deve de alguma maneira reflectir juventude e a

logótipo da Juventude Dehoniana, composto pelo “J”, pelo “D”, pelo coração (referência à espi-ritualidade dehoniana, do Coração de Jesus), e pela cabeça com boné, de “ar juvenil”.

“dehoneidade” (os cinco valores: interioridade, disponibilidade, solidariedade, comunhão ecle-sial e sentido de missão).

Participação / envio…Cada logótipo deve ser enviado junto com um texto que identifique o autor, bem como a expli-cação do logótipo nos seus elementos e cores. O logótipo deve ser enviado em formato JPEG ou PNG, com boa resolução, para o e-mail:

[email protected]émioO autor do logótipo vencedor vencerá como pré-mio a sua divulgação n’ A Folha dos Valentes, no Site da Pastoral Juvenil e Vocacional Dehoniano, no Facebook de cada Centro e ainda um ano grátis de A Folha dos Valentes e um kit de mate-riais dehonianos.

O logótipo vencedorLogótipo vencedor será anunciado no final do XV Encontro Nacional da Dehoniana, em Fátima, a 22 de Abril de 2012 e passará a ser a nossa “imagem de marca” substituindo o atual.

PropriedadeDepois de aprovado, o logótipo passa a ser pro-priedade da Pastoral Juvenil Dehoniana.

PARTICIPA!até 15 de Abril envia a tua proposta de logótipo JD para:

[email protected]

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