por que caem os valentes

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Por que caem os valentes

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    ANTES DE LER

    Estes e-books so disponibilizados gratuitamente, com a nica finalidade de oferecer leitura edificante aqueles que no tem condies econmicas

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    E-books Gospel

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    JOS GONALVES

    POR QUE CAEMOS VALENTES?

    Uma anlise bblica e teolgica acerca do fracasso ministerial

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    Todos os direitos reservados. Copyright 2006 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Preparao de Originais: Gleyce Duque Reviso: Luciana Alves Capa e projeto grfico: Eduardo Souza Editorao: Wagner de Almeida

    CDD: 248 - Vida Crist ISBN: 85-263-0751-7

    As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida e Corrigida, edio de 1995, da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio.

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: www.cpad.com.br

    SAC Servio de Atendimento ao Cliente: 0800-701-7373

    Casa Publicadora das Assemblias de DeusCaixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    3 Edio/2006 4 Edio 2006

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    PREFCIO

    Honra-me sobremodo, o autor da obra Por que Caem os Valentes?, meu amigo, irmo em Cristo e colega de ministrio, evangelista e professor Jos Gonalves, solicitando-me o prefcio do seu novo livro. A tarefa no fcil! honrosa, mas rdua. Nada obstante, constitui-se um privilgio para qualquer cidado prefaciar uma obra de autoria de um homem com o mrito do irmo Jos Gonalves, que telogo, filsofo, professor de Grego, Hebraico, Filosofia e Teologia Sistemtica.

    Por que caem os valentes? Logicamente, o leitor ter a resposta a esta pergunta dada pelo ilustre autor, que j deu provas claras de sua habilidade filosfica, sociolgica, cientfica e teolgica.

    Porm, aps rpida reflexo, podemos concluir que, invariavelmente, todos os valentes so auto-suficientes. So grandes aos seus prprios olhos. So vaidosos. Pensam que so donos do mundo, donos de todo o poder! Ignoram a fragilidade e pequenez de que so possudos. Parece at que se esquecem de que so limitados seres humanos, cuja valentia desaparece da noite para o dia. No pranto de Davi por Saul e Jnatas, ele inseriu estas palavras: "Saul e Jnatas, to amados e queridos na sua vida, tambm na sua morte no se separaram! Eram mais ligeiros do que as guias, mais fortes que os lees. Vs, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia de escarlata em delcias, que vos fazia trazer ornamentos de ouro sobre as vossas vestes. Como caram os valentes no meio da peleja! Jnatas nos teus altos foi ferido!" (2 Sm 1.23-25)

    Alm dos acontecimentos dos nossos dias, este livro tem algo escatolgico sobre a queda de grandes e valentes que surgem de vez em quando. Deus revelou ao profeta Isaas a runa da Babilnia com o seu poderio. Na descrio dos eventos, o Senhor disse: "Como caste do cu, estrela da manh, filha da alva! Como foste lanado por terra, tu que debilitavas as naes!" (Is 14.12) Sim, Satans, este grande valente que debilitava as naes, a quem o Senhor viu cair como raio (Lc 10.18).

    Toda valentia tem limites. Veja o que disse Jesus : "Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurana est tudo quanto tem. Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava e reparte os seus despojos" (Lc 11.21,22).

    No existe valente que no caia. As causas podem ser muitas, porm, resume-se fragilidade humana.

    O autor desta obra histrica de fatos reais cita nomes de vrios personagens, filsofos, telogos, psiclogos e outros, que

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    falaram dos valores absolutos e relativos, enfocando vrios aspectos dos diferentes segmentos da sociedade humana. Fica, ento, provado que o ser humano frgil por natureza e cuja fragilidade uma das conseqncias do pecado.

    Parabns, irmo Jos Gonalves, por mais esta obra. Para-bns, leitor que enriquece sua biblioteca com este livro.

    E gratificante prefaciar mais um livro de um colega que en-trou tambm na seara literria.

    Fraternalmente em Cristo,

    Pr. Nestor H. Mesquita

    Presidente da CEADEP Conveno Estadual das Assemblias de Deus no Piau.

    Membro da UBE-PI. Presidente do Conselho Regional do Nordeste da CCADB

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    SUMRIO

    Prefcio

    Introduo

    1. Por que?

    2. Um fenmeno meramente psicanaltico?

    3. Sob fogo inimigo

    4. Um passado cananeu

    5. O relativismo moral e a queda dos valentes

    6. Vida devocional pobre

    7. As armas dos valentes

    8. Apoio areo

    9. Tratando os feridos

    10. Placas de advertncias

    Apndice ADemnios fortes, ministros fracos?

    Apndice BSatans e o pecado no devem ser subestimados

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    INTRODUO

    Como Caram os Valentes"A tua glria, Israel, foi morta sobre os teus altos! Como

    caram os valentes! [...] Como caram os valentes no meio da peleja! Jnatas sobre os montes foi morto! [...] Como caram os valentes, e pereceram as armas de guerra!" (2 Sm 1.19-27, ARA - grifos do autor)

    Como caram os valentes! o lamento de Davi. Acredito que essa lamentao do at ento futuro monarca de Israel, pela morte de Saul e Jnatas no campo de batalha, identifica-se com cada um de ns em determinadas situaes da vida. Quem nunca experimentou esse sentimento de perda? Falando em termos ministeriais, quem nunca chorou a "queda" de um ministro do evangelho? Quem nunca sentiu um vazio, quando um pregador a quem devotvamos uma grande admirao e respeito foi tirado de cena?

    Um Ministrio em JogoH anos, em um Congresso de Jovens da Unio de Mocidade

    de meu estado, vivi de forma intensa esse "lamento de Davi".A igreja tinha se preparado para esse dia. O trabalho de

    marketing tambm havia sido bem feito pelos organizadores do evento; a mdia dera ampla cobertura quele que seria mais um grande Congresso Metropolitano da Unio de Mocidade de

    Teresina. Milhares de pessoas costumavam lotar o "Pavilho", um local espaoso destinado a feiras e eventos.

    O tempo gasto para percorrer os 42 km, distncia que separa a cidade de Altos da capital Teresina, foi o suficiente para encontrar um auditrio superlotado. A minha mente, quase que inconsciente, dirigiu-me plataforma onde estava situado o plpito. Os meus olhos procuravam o conferencista. Aquele jovem pastor era muito requisitado, pelo que no era fcil conseguir agend-lo. Eu queria saber se de fato ele teria vindo, conforme fora anunciado. Fiquei aliviado, viera e estava sentado na primeira fila de cadeiras. A sua grande eloqncias unida sua poderosa voz proftica, fez dele uma espcie de cone entre a juventude pentecostal.

    Convidado a ocupar um lugar no plpito, logo percebeu a minha chegada e convidou-me a ocupar uma cadeira ao lado da sua. A nossa amizade, fruto de longos anos, nos dava a liberdade de desfrutarmos uma comunho slida. Mas ao trocar as primeiras palavras, percebi que ele queria partilhar algo comigo, mas parecia estar "entalado". Foi ento que percebi que havia alguma coisa muito alm do corriqueiro. Com uma visvel

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    dificuldade de se expressar, ele pegou um pedao de papel, escreveu algumas palavras e entregou-me. No pequeno texto estava escrito:

    Jos, estou passando por um grande conflito. to intenso que o meu ministrio est em jogo.

    Confesso que naquele momento essas palavras cortaram meu corao. O culto seguia seu curso normal: cantores e mais cantores se revezavam no plpito, mas para mim acabara ali. O ecoar daquelas palavras impediam-me de ouvir qualquer outro som. A velocidade da luz, eu tentava racionalizar: "No deve ser nada grave". Tentava a todo custo acalmar a minha mente, afinal um ministrio to belo e maravilhoso como o daquele irmo no poderia, sob hiptese alguma, ser danificado.

    No vou entrar em detalhes sobre o desfecho desta histria, mas estou consciente de que fatos como este acontece com mais freqncia do que imaginamos. Como pregador itinerante, por onde andava, ouvia muitos relatos parecidos com esse. Outras vezes, recebia telefonemas de colegas de ministrio onde as suas falas comeavam assim: "Voc j sabia que fulano de tal caiu?" s vezes, a informao surgia velada, geralmente as perguntas originavam-se dessa outra forma: "O que voc est sabendo acerca de beltrano?" Quando respondia: "Nada", o outro completava: "Ele caiu".

    Ao escrever sobre esse assunto, fao com temor e tremor, afinal tambm sou um ministro do evangelho. Estou no mesmo barco, corro os mesmos riscos. Procurei fugir do farisasmo, caracterstica de quem s sabe criticar. Por outro lado, tambm no tive a inteno de "abrir" feridas j cicatrizadas em alguns valentes, at porque acredito que aqueles que o Senhor restaurou, esto de fato restaurados. O meu propsito levar-nos a uma reflexo acerca do "ofcio do ministro evanglico"; todavia no apenas de suas glrias, mas principalmente dos perigos que o cercam.

    Que Deus tenha misericrdia de ns e nos ajude!

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    1Por que?

    Na altura do quilmetro 30 da BR 343 da auto-estrada que liga a cidade de Altos a capital Teresina, no Estado do Piau, encontra-se erguido um grande memorial de concreto armado. Nele, se l em letras garrafais a seguinte interrogao: Por qu? H alguns anos naquele local, um caminho de carga chocou-se com um nibus de passageiros. Doze pessoas tiveram suas vidas ceifadas em conseqncia daquela coliso. Foi uma tragdia!

    Por qu? E a grande pergunta que fazemos aps presenciarmos uma tragdia. Por que morrem todos os dias crianas inocentes? Por que h tantas catstrofes? Por que existe o mal? Por que caem os valentes? As respostas das trs primeiras perguntas no so to fceis de serem dadas, elas envolvem diretamente a soberania de Deus. Mas quanto quarta pergunta, embora oferea um certo grau de dificuldade para ser respondida, acredito termos elementos suficientes nas Escrituras Sagradas para responder-lhe.

    Um dos pressupostos bsicos da lei da fsica "que toda ao, provoca uma reao". Isto pode ser dito de outra forma: "Para todo efeito h uma causa que o determina". Isso significa que possvel encontrarmos a partir dos efeitos, as causas determinantes de nossos porqus. Voltemos ao acidente entre os dois veculos para entendermos o que est sendo dito.

    Ao chegar no local do acidente, a percia constatou que o motorista do caminho invadiu a pista do nibus. Esse acidente foi causado, portanto, pelo motorista do caminho. Quer estivesse cansado, embriagado ou dopado, ele foi responsabilizado pela culpabilidade moral de seu ato. O motivo e a resposta deste fato satisfaz nossa racionalidade.

    Mas nem sempre assim. A histria humana um volumoso arquivo onde esto registradas as mais diferentes e contradizentes respostas aos mesmos porqus. Na Grcia antiga, por exemplo, um filsofo querendo responder o porque da origem de tudo, recorria gua como sendo o elemento formador desse princpio. Por outro lado, um outro filsofo achava que o elemento oposto, o fogo, explicaria melhor essa mesma origem. So os mesmos porqus, mas com respostas radicalmente diferentes.

    Plato recorreu ao mundo das idias, um mundo completa-mente diferente do nosso e ao qual ele chamou de inteligvel para explicar a existncia de tudo. Para ele, o porqu da existncia de nosso mundo sensvel encontrava-se nesse mundo ideal, do qual o

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    nosso mundo dos sentidos era apenas uma cpia imperfeita, j Aristteles achava que no necessitava de nada disso. Para ele, tudo estava aqui e as respostas dos porqus poderiam ser dadas a partir daqui mesmo. Os escolsticos (tambm denominados fil-sofos da Escola), na Idade Mdia, acreditavam que seus mtodos eram plenamente confiveis na explicao dos porqus relaciona-dos s verdades fsicas e religiosas.

    Todavia, o filsofo francs Ren Descartes (1596 - 1650), em seu livro O Discurso do Mtodo, procurou demolir essa certeza dos escolsticos e oferecer uma nova resposta para esses porqus. Descartes, autor da famosa frase: Penso, logo existo, achou que faltou bom senso por parte dos pensadores que o precederam ao elaborarem as respostas para seus porqus.

    Gottfried Wilhelm Leibiniz (1646 - 1716) achava que as Mnadas, uma espcie de unidade pantesta formadora de todas as coisas, explicaria com preciso o porqu da dinmica do cosmo, mas por outro lado Immanucl Kant (1724 - 1804), filsofo alemo, achou puro delrio as idias de Leibiniz. Para Kant, as idias do autor da teoria monadolgica eram inviveis uma vez que em lugar de dados experimentais ele contou simplesmente com argumentos racionais. O prprio Kant achava que as respostas que a igreja dava para os porqus eram destitudas de valor, uma vez que ela no podia comprov-las com a experincia.

    Novos porqus e suas RespostasPois bem, a partir de Descartes uma viso tecnicista ou

    cartesiana do universo se popularizou. Esse novo paradigma seria conhecido como modernismo ou cientificismo. Esse novo modelo via o funcionamento do cosmo assemelhai" Se ao do uma mquina. Por aproximadamente trs sculos o modernismo reinou absoluto na cultura ocidental, todos os porqus teriam suas respostas dadas luz das novas descobertas cientficas. Aquilo que no passasse pelo crivo da razo e recebesse comprovao cientfica deveria ser posto de lado. As respostas dos porqus dadas pela religio foram colocados sob suspeio ou simplesmente ignoradas.

    Os filsofos dizem que um paradigma ou modelo est fadado ao fracasso quando ele no consegue mais dar resposta satisfatria aos novos porqus. Surge assim um novo paradigma. Foi exatamente isso o que aconteceu com o modernismo. Com o advento da fsica quntica, novas descobertas revelaram um universo diferente daquele imaginado pelo modelo cartesiano. Nas dcadas de 60 e 70, esse novo paradigma, tambm denominado ps-modernismo ou ainda de holsmo, passou a dominar todas as reas do saber. As respostas dos porqus dadas pelos ps-

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    modernos levam em conta o todo e no apenas suas partes como fazia o modernismo.

    Quando perguntamos: Por que caem os valentes?, estamos diante de um porqu cuja resposta transcende nossa racionalidade, isto , ela no depende somente do nosso entendimento racional para ser dada, depende tambm da revelao divina jorrada nas pginas da Bblia Sagrada sobre a natureza e o ofcio desses agentes do Reino de Deus. Isso, no entanto, no significa dizer que as cincias humanas no tenham suas importantes contribuies nas respostas de muitos porqus, elas tm sim; todavia o que preciso ficar bem claro que tm suas reas de ao bem delimitadas. A psicanlise, por exemplo, sabe tudo sobre o inconsciente, mas no tem nada a dizer sobre aquilo que a Bblia chama de o velho homem. A psicologia tem muito a nos dizer sobre o comportamento dos humanos, mas nada sabe a influncia que Satans causa sobre esse mesmo comportamento. A sociologia fala muito sobre agregao social, mas o que diz sobre o trabalho desagregador dos demnios em meio a essa mesma sociedade? Nada. No competncia dela.

    O nosso porqu, definitivamente, s ter sua resposta dada de forma satisfatria se nos fundamentarmos nas Escrituras Sagradas. Portanto, nosso projeto nos apoiarmos no Livro Santo.

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    2FENMENO MERAMENTE

    PSICANALTICO?Estvamos em um culto no ano de 1983, eu era um novo

    convertido, mas consigo ainda lembrar com preciso da mensagem pregada naquele domingo. J. Figueroa,1 um pregador pentecostal, era conhecido por sua eloqncia e poderosa voz proftica. Ele fora convidado naquele dia para ser o preletor em nossa igreja. O pequeno templo estava superlotado, todos procuravam uma melhor acomodao para ouvir a Palavra de Deus. A fama de ser um grande pregador do evangelho fazia a multido esperar com expectativa o momento da preleo daquele irmo. Naquela noite, ele inspirara-se na viso do vale de ossos secos para falar do poder restaurador de Deus (Ez 37.1-14). Com uma uno incomum e um carisma contagiante, discorreu sobre o seu tema. At ento, no conhecia ningum que pregasse com tanta clareza, eloqncia e conhecimento bblico como aquele amado pastor. As lgrimas corriam copiosamente na face dos presentes. Dezenas de pessoas aglomeravam-se em frente ao altar para emendar os seus caminhos, muitas outras entregaram suas vidas ao Senhor Jesus.

    Depois daquele dia, tive o privilgio de ouvir aquele irmo outras vezes. Acontecia sempre a mesma coisa: converses, reconciliaes e um forte sentimento da presena de Deus quando ele pregava. O seu nome tornou-se uma celebridade entre os pentecostais de meu estado, todos gostariam de solicit-lo como preletor de seus congressos e cruzadas. A sua igreja, mais do que as outras, promovia freqentemente eventos de natureza evan-glica. Certo dia, no vero de 1984, eu, meu irmo e um primo fomos participar de um evento promovido pela igreja daquele obreiro. Foi ali que conhecemos Madalena, uma jovem simptica, mas sem muita beleza fsica. Ela era membro da igreja de J. Figueroa. Naquele culto, como era costume acontecer, J. Figueroa pregou com uma uno assoberbante.

    Os anos passaram e por diversas oportunidades tive o privilgio de ouvir J. Figueroa pregando. Certo dia, ao chegar no templo onde me congregava, observei que um grupo de irmos conversava reservadamente. Pelo baixo tom de voz deduzi que o assunto era sigiloso. Ao me aproximar mais um pouco, ouvi a frase que gostaria de jamais ter ouvido na minha vida: J. Figueroa caiu em adultrio com a Madalena. Fiquei estupefato ouvindo aquele irmo ainda com sua voz embargada continuar o seu relato. Aquele irmo continuou a sua narrativa dizendo que J.

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    Figueroa envolveu-se com Madalena quando a aconselhava em seu gabinete pastoral.

    Muitas vezes ouvimos relatos como este, no novidade para ningum. Mas o que leva um obreiro to bem-sucedido em seu ministrio a jogar tudo fora para desfrutar de uma aventura sexual? Por que algum estaria disposto a destruir no somente a sua vida, mas tambm a sua famlia? A ltima vez que tive not-cias de J. Figueroa, ele havia abandonado a sua famlia para jun-tar-se a uma outra mulher, que no era a Madalena. Segundo um amigo que o conhece de perto, a vida daquele ex-obreiro tornou-se um verdadeiro inferno. Por qu?

    Um Simples Fenmeno de "Transferncia"?Para um psicanalista experiente, o que ocorreu entre J.

    Figueroa e a jovem Madalena foi simplesmente aquilo que os analistas denominam de transferncia.2 A jovem Madalena teria procurado J. Figueroa para ser aconselhada acerca de uma desiluso sentimental que tivera. J. Figueroa querendo melhor ajudar a Madalena procurou conhecer melhor a sua histria. Os dois tornaram-se muito ntimos durante as sesses de aconselhamento. Por fim, estavam completamente apaixonados um pelo outro. O fim voc j conhece. De acordo com a teoria psicanalista, aquela jovem viu em J. Figueroa a figura de seu pai. Um modelo ideal que ela projetou como sendo perfeito. J. Figueroa tornou-se seu prncipe encantado, o homem que ela sempre sonhara. A relao pastor/ovelha, devido s suas peculiaridades, acabou por criar esse fenmeno da transferncia. O aconselhado enxerga em seu conselheiro o seu heri, a partir da projeta em sua mente que essa a pessoa que ele precisa em sua vida. No medir esforos para ter uma aproximao maior com o seu modelo. Far de tudo para agradar-lhe: desde presentes at mesmo a gratificao sexual.

    Todo pastor de alguma forma envolve-se no ministrio de aconselhamento. No h como escapar dessa prtica, os membros necessitam de uma palavra de seu pastor. Essa proximidade peculiar ao prprio ministrio de aconselhamento cria as condies para que fatos como esse aconteam. Mas seria esse um fenmeno meramente psicanaltico? Acredito firmemente que no.

    Um Dardo Apontado para VocH um tempo tive uma experincia que me fez lembrar da

    histria de J. Figueroa. Eram aproximadamente 2h30min da madrugada de uma segunda-feira quando acordei. O sonho que acabara de ter deixou-me inquieto. Sonhara que um de meus irmos que mora em um outro estado da federao acabara de

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    chegar. Ele vestia roupas militares, trazia uma mochila sobre as costas, os seus gestos demonstravam que viera em uma misso. Havia muito tempo que no o via; quando o contemplei, indaguei-o: "O que trouxe voc aqui?" A sua resposta foi direta: "Vim para avisar-lhe que h um dardo apontado para voc". Foi quando despertei.

    Nessa poca, era funcionrio da Polcia Federal, e noite dava aulas em uma escola teolgica. Naquele dia fui para o servio muito pensativo, indagava para mim mesmo: O que isso quer dizer?

    No meu ntimo, sentia que alguma investida do Diabo estava a caminho, mas no sabia como isso aconteceria.

    Na quarta-feira encontrava-me na instituio teolgica da qual era professor. No fosse um pequeno incidente ocorrido com uma aluna, aquele seria um dia normal como os outros. Aquela aluna parecia estar com muito mau humor, procurei estimul-la para a aula, afinal era uma das melhores alunas da minha disci-plina. Os meus esforos foram em vo. Terminada a aula, uma de suas colegas confidenciou-me algo que me fez estremecer. Per-guntou-me se eu sabia a razo que levara aquela aluna a estar to mal- humorada. Respondi negativamente, e ela ento completou: "Ela est apaixonada por voc".

    Jamais imaginara que aquilo fosse de fato verdade. A partir da revelao feita por aquela jovem, as imagens daquele sonho que tivera dias antes comearam a fluir na minha mente: "H um dardo apontado para voc". Sim, Satans investira contra mim, e era exatamente sobre aquilo que o Senhor me avisara. A partir daquele momento comecei a observar de perto todos os movimentos daquela jovem com respeito a minha pessoa. Descobri que o seu mau humor devia-se ao fato de no haver correspon-dncia de minha parte aos seus sentimentos. No tendo mais nenhuma dvida sobre seus sentimentos em relao a mim, re-solvi conversar com ela para pr fim naquele ardil do Diabo. Ela ficou embaraada, pareceu ser pega de surpresa com minha po-sio firme em abortar aquele sentimento, mas por fim desistiu de sua fantasia. Aquele dardo inflamado do Diabo fora apagado. O Senhor me deu a vitria.

    Estou convencido de que foras espirituais so as grandes responsveis pela queda de muitos obreiros, muito mais do que temos imaginado. Em geral, a nossa compreenso desses fatos tirada de algumas concluses meramente circunstanciais. Precisamos enxergar mais longe. Jack Halford, pastor de uma grande igreja pentecostal nos Estados Unidos da Amrica, chama de batalha espiritual aquilo que um analista comumente denomina de transferncia:

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    A maior batalha de toda a minha vida espiritual foi talvez travada na poca em que tomei o importante compromisso de entrar na esfera da plenitude do poder e busca do Esprito Santo. Foi no incio do meu ministrio e sem o mnimo interesse da minha parte em "ter um caso" que, devagar, mas definitivamente, encontrei-me numa armadilha espiritual. Meu casamento era slido e meu compromisso com Cristo e com a pureza espiritual era forte. Mas meu envolvimento freqente com uma mulher de igual dedicao evoluiu para uma afinidade que, com o tempo, passou de amizade a uma paixo quase adltera.

    Durante aqueles dias sombrios de uma tentao sexual a que nunca me rendi, lutei muito em orao contra os tentculos emocionais que estavam buscando estrangular minha alma e me arrastar para o pecado. Sozinho em casa, clamava a Deus freqentemente com surtos de linguagem espiritual que brotavam em intercesso pelo meu desamparo. S posso louvar a graa e a soberania da misericrdia de Deus, por ter sido poupado da perda da minha integridade, casamento, ministrio minha vida!"1

    Ao denominar sua experincia de armadilha espiritual, Halford interpretou corretamente a natureza desse conflito. S teremos alguma chance diante de uma guerra dessa magnitude, se possuirmos a conscincia de que ela est sendo travada em outro plano nas regies celestiais (Ef 6.12).

    Isso, no entanto, no uma forma de nos eximir de nossa responsabilidade moral, pondo a culpa somente no Diabo. Fala-remos mais adiante sobre a voluntariedade de nossas aes como uma condio necessria para que sejamos culpados ou inocen-tados moralmente. Somos feitos por Deus seres livres e com ca-pacidade de escolha. Todavia, no podemos esquecer de que "No temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os prncipes das trevas deste sculo, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.10-12).

    Sim, as Escrituras afirmam enfaticamente que o Diabo est em oposio no somente aos obreiros, mas a todos os crentes. Essa oposio, no entanto, no deve ser entendida como sendo sinnimo de domnio. Para que no fique a impresso de que estou dizendo que os demnios tem super poderes sobre os crentes, estarei colocando no final deste livro dois apndices que fazem parte de um texto que escrevi tempos atrs sobre esse assunto.4 No Apndice A, procurei mostrar que completamente equivocada a crena que d super-poderes aos demnios. Deve ser observado ainda que uma coisa o cristo ser influenciado pelos demnios, outra, completamente diferente, os demnios pos-surem o crente. No Apndice B, procuro mostrar tambm um correto entendimento sobre a natureza do pecado, a fim de que no o subestimemos. O crente no pode denominar de operao demonaca aquilo que as Escrituras chamam de obras da carne.

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    Precisamos separar o joio do trigo e saber tambm que somos agentes morais.

    Notas1 Os nomes aqui so fictcios, mas a histria verdica.2 "Designa em psicanlise, o processo pelo qual fantasias in-

    conscientes se atualizam no decorrer da anlise e se exteriorizam na relao com o analista" (DORON, Roland & PAROT, J. Figueroae. Dicionrio de Psicologia. Ed. tica, So Paulo SP, 1998).

    3 HAIFORD, Jack. A Beleza da Linguagem Espiritual. Editora Quadrangular, So Paulo SP, 1996.

    4 GONALVES, Jos. Sabes o Grego? Tira Dvidas de Grego Bblico. Edies do autor, Altos PI, 2001.

    3SOB FOGO INIMIGO

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    "Sede sbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversrio,anda em derredor, bramando como leo,

    buscando a quem possa tragar."1 Pedro 5.8

    Adeodato Campos ainda bem jovem, recentemente casou-se com Selena. J assistira Adeodato pregando o evangelho, mas s recentemente convidei-o a pregar na minha igreja. Seu sermo, alis, como de costume foi vigoroso, mas com um detalhe -Adeodato atacou duramente naquela noite as foras infernais. No meu ntimo parecia que ouvi o Esprito Santo dizer-me: "Adeodato sofrer uma oposio satnica sem precedentes na sua vida". Nada lhe disse naquela ocasio. Com o tempo fiquei mais ntimo da famlia Campos. Certo dia, fui procurado pela esposa de Adeodato; queria falar-me dos conflitos conjugais que estavam passando. Conflitos no casamento no so raros, principalmente para cnjuges recm-casados. Os pastores j esto habituados a lidar com esse tipo de problema. A prtica do aconselhamento acaba por fazer os ministros bem treinados para encararem esse tipo de problema.

    Pois bem, nas primeiras semanas procurei ajud-los, usando algumas tcnicas de aconselhamento usadas com xitos em casos similares, mas parecia que nada mudava a situao. Por fim, a esposa de Adeodato confidenciou-me que j havia tomado a deciso de abandon-lo, pois, segundo me disse, no agentava mais a forma como ele a tratava. Fiquei alarmado. Ali estava uma famlia que estava se desmoronando e eu nada podia fazer. Foi ento que lembrei daquelas palavras que vieram minha cabea em que Adeodato sofreria uma oposio satnica sem precedentes. Resolvi cham-lo para contar-lhe esse fato novo. Enquanto falava, Adeodato baixou a cabea pensativamente. Ele parecia concordar com cada palavra que ouvia. O conflito estava em outro plano e precisava acordar para esse fato. A sua luta no era contra a sua esposa, mas contra os principados e as potestades. Todos os valentes se confrontaro com as foras do inferno, devemos estar preparados para esses embates. Nunca esqueci de algo que David Wilkerson disse acerca dos valentes em um de seus livros. Cora um discernimento incomum, esse profeta americano, alertou a todos os valentes sobre esse confronto:

    Voc j deve ter ouvido falar de Kathryn Kuhlman, de So Petesburgo, ministra usada de forma muito poderosa por Deus no ministrio de cura e j falecida. Deus bondosamente permitiu-me trabalhar naquela cidade por mais de cinco anos e durante esse tempo eu e minha esposa, Gwen, pudemos

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    conhec-la melhor.Lembro-me do tom calmo de sua voz quando discutamos sobre Satans e os poderes das trevas. Certa ocasio, contava-lhe acerca do nosso trabalho com viciados em drogas e lcool na cidade de Nova Iorque, quando notei que ficou entristecida. Ela deve ter imaginado que eu estava indiferente ao assunto, uma vez que se relacionava com atividades demonacas. E serenamente observou: "David, jamais fique despreocupado em relao s batalhas espirituais ou poderes satnicos. Este um assunto srio!"At onde pude perceber, Kathryn nunca temeu Satans ou os demnios. Porm, jamais considerou principados e poderes das trevas um problema leve. Deus concedeu-lhe olhos espirituais para ver parte da guerra travada nos lugares celestiais.Jesus conhecia a violncia de Satans e as armas que usava para peneirar o povo de Deus. Acho que nenhum de ns pode compreender quo grande a batalha travada hoje no campo espiritual nem perceber a determinao de Satans em destruir os crentes que colocaram em seus coraes o firme propsito de andar com Cristo. Porm, em nossa caminhada temos de cruzar a linha da obedincia. No momento em que cruzamos a linha de obedincia Palavra de Deus e dependncia exclusiva de Jesus tornamo-nos uma ameaa para o reino das trevas e alvo importante de seus principados.

    O testemunho de quem se volta para o Senhor de todo o corao inclui sbitos e estranhos problemas ou provaes. Se voc cruzou essa linha, ento est agitando o mundo invisvel. Todos ns experimentamos algum tipo de tormento do inferno.

    [...] Lembro de um jovem evangelista poderosamente usado por Deus para curar enfermos. Possua uma uno especial e havia recebido revelao da Palavra. A mo de Deus estava sobre ele. Porm, ele e sua esposa comearam a se desentender e separaram-se. Os olhos do evangelista caram ento sobre uma jovem mulher. Ele sabia estar errando em cortej-la, e decidiu ser "apenas um amigo". Ligava-lhe duas ou trs vezes ao dia "para falar de Jesus". Resultado: divorciou se e casou-se com ela.

    Seu ministrio continuou, mas era apenas uma sombra do passado. O jovem evangelista perdera Deus. Seu exemplo serve-nos de advertncia.1

    Satans Tm Tentado Destruir sua VidaNaquela noite, o pequeno templo da Assemblia de Deus, lo-

    calizado no bairro "todos os santos", na capital do Piau, estava completamente lotado. Eu havia sido convidado para ser o prega-dor em um culto promovido pelos jovens. Preguei uma mensagem intitulada: Dai de graa, porque recebestes de graa, baseado no texto do Evangelho de Mateus 10.8. O poder de Deus se revelou de uma forma especial. Mostrei durante o meu sermo como fomos alcanados pela graa de Deus, e que agora deveramos tambm de graa levar avante as insondveis riquezas de Cristo. Observei que a igreja correspondera mensagem da cruz, um mover do Esprito se fez notrio. Choros se misturavam s enunciaes em linguagem espiritual. O ambiente se tornou maravilhoso.

    J estava chegando o momento de encerrar a mensagem, quando observei um jovem deslocar-se em direo ao plpito. Parecia estar em xtase, falava em voz audvel em uma linguagem espiritual. Colando-se na minha frente, ainda transbordando do

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    EspritoSanto, ele comeou a dizer: "Meu servo, eu te ungi para o

    ministrio, Satans tem procurado destruir tua vida, mas tenho te dado grandes livramentos". Como numa frao de segundos, dezenas de eventos relacionados a livramentos que o Senhor havia me dado vieram-me mente. Ele continuou: "Satans intentar contra tua vida nesta noite, mas eu te livrarei, assim diz o Senhor". Comecei a chorar de gratido diante do Senhor, sabia que tudo aquilo era verdade; se ainda estava de p pregando a sua Palavra, era por causa da sua misericrdia.

    Naquela noite, despedi-me dos irmos, chamei o companheiro que andava comigo e voltamos para a nossa cidade de origem. Ainda bem prximo daquela igreja, procurava manobrar o carro em frente a um barranco, quando de repente perdi o controle do carro. Na nossa frente estava um buraco feito para o deslocamento do trem, a sua profundidade era de aproximadamente uns cinco ou seis metros. Quando percebi que o veculo iria cair naquela cavidade, tentei fre-lo, mas meus esforos foram em vo. Quando me dei conta o carro j havia cruzado a rua e passado por cima do meio fio. O veculo ficou suspenso no meio fio como numa espcie de gangorra, tanto as rodas traseiras como as dianteiras ficaram suspensas no ar. O automvel ficou com sua bandeja (ou seu centro) apoiado sobre o meio fio. Um movimento em falso e cairamos direto naquele abismo. O irmo que andava comigo, vendo que eu tentava sair do veculo, e que esse gesto poderia fazer o carro precipitar buraco adentro, falou com voz temerosa: "Cuidado, pois seno o carro desce". Apesar de tudo isso, eu parecia no demonstrar a menor preocupao, a profecia ouvida minutos antes falava ainda bem alto aos meus ouvidos: "Eu te darei livramento". Sim, o Senhor j havia providenciado o livramento. A nica marca daquele acidente foi um pequeno arranho na pintura do meu carro, que fora provocado por minha aliana quando eu e mais dez irmos retirvamos aquele veculo dali. Glria a Deus!

    Com certeza h acidentes provocados por causas diversas tais como imprudncia, embriaguez, falhas mecnicas, etc, no questiono isso. No podemos associar diretamente todos os acidentes que ocorrem s aes de demnios, mas naquela noite no tive dvidas de que sofrer um ataque de Satans.

    O apstolo Pedro demonstrou estar consciente desse conflito, ele exorta aos crentes a manterem a sobriedade e a vigilncia: "Sede sbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversrio, anda em derredor, bramando como leo, buscando a quem possa tragar" (1 Pe 5.8).

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    Alguns Detalhes Revelados nesse Texto1. A palavra sbrios traduz o termo grego nephs, ocorrendo

    seis vezes no texto grego do Novo Testamento.2 Esta palavra tem o significado de "manter a mente limpa, ser sbio". E no grego clssico significava ainda "abster-se de vinho".3

    Vejamos em que contexto ela aparece no Novo Testamento Grego:

    a) Em 1 Tessalonicenses 5.6: "No durmamos, pois, como os demais, antes vigiemos e sejamos sbrios".

    b) Em 1 Tessalonicenses 5.8: "Mas ns, que somos do dia, sejamos sbrios, vestindo-nos da couraa da f e da caridade e tendo por capacete a esperana da salvao". Nestes textos, o apstolo Paulo usa esse termo aps afirmar que "no somos da noite nem das trevas" (v. 5).

    c) Em 2 Timteo 4.5: "Mas tu s sbrio em tudo, sofre as afli-es, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministrio". Nesta passagem o apstolo usa essa palavra aps falar do pro-gresso da apostasia: "e desviaro os ouvidos da verdade, voltando s fbulas" (v. 4).

    d) Em 1 Pedro 1.13: "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sbrios, e esperai inteiramente na graa que se vos ofereceu na revelao de Jesus Cristo". Pedro fala em um contexto em que os crentes de seus dias so exortados a no mais se amoldarem s "concupiscncias que antes havia em vossa ignorncia" (v. 14).

    e) Em 1 Pedro 4.7: "E j est prximo o fim de todas as coisas; portanto, sedes sbrios e vigiai em orao". Anteriormente o apstolo fala do rompimento que o crente deve ter com o passado: "Porque bastante que, no tempo passado da vida, fizssemos a vontade dos gentios, andando em dissolues, concupiscncias, borracheiras, glutonarias, bebedices e abominveis idolatrias" (v. 3). Quer se refira ao domnio exercido anteriormente por Satans, quer ao poder que a antiga natureza possua sobre os cristos, essas Escrituras nos exortam a tomarmos conscincia da nossa nova posio espiritual. H inimigos de todos os lados.

    2. A palavra vigilante traduz o termo grego grcgor, que ocorre 22 vezes no texto grego do Novo Testamento.4 Esse termo

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    mantm o significado de ficar acordado, vigiar.

    De acordo com Frietz Rienecker, o tempo verbal grego aqui usado, o aoristo, soa agudamente como: "Estejam alerta! Sejam vigilantes!" A confiana em Deus no deve levar preguia; a batalha espiritual que enfrentamos demanda vigilncia."

    Ao falar sobre o rugir do leo, o pastor Mike Taliaferro, que pastoreia o rebanho de Deus na frica do Sul, nos mostra com preciso o que o apstolo tinha em mente ao comparar as tticas do Diabo as de um leo caando:

    J vi lees caando. Eles vivem em seu prprio territrio e no costumam perseguir as manadas migratrias. Ao contrrio, caam numa rea especfica. Quando um rebanho se aproxima de seu territrio, espreitam de longe. Os lees conhecem a direo do vento e sabem se colocar numa posio contrria, para que a presa no perceba sua presena. Muitas vezes, entretanto, no importam se a manada os percebe, tal a confiana que tm em si mesmos.

    Os lees costumam perseguir uma manada, sem pressa, sem correria, gerando medo nos animais. Ele deseja v-los em disparada, assombrados. Aos olhos humanos, o recuo da manada algo normal, mas no para o leo. Ele v ali o seu almoo. Observa os animais velhos, cansados e feridos da manada. Aquele que estar levemente manco, algo imperceptvel ao olho humano, prontamente notado pelo leo. Ele assusta a manada, a fim de destacar o fraco. Depois de escolher a presa, ele deixa todos os outros de lado, para saltar sobre o que foi escolhido.6

    Sim, os valentes esto sob o fogo do Inimigo, entretanto, muito mais sob a proteo do sangue do Cordeiro de Deus. No devemos temer. Fiquemos debaixo de suas potentes mos.

    Notas1 WILKERSON, David. Faminto por mais de Jesus. CPAD, Rio

    de Janeiro, RJ, 1992.2 HUGO, M. Petter. Concordncia Greco Espanola del

    Nuevo Testamento. Editorial CLIE, Barcelona, Espanha.3 PEREIRA, Isidro. Dicionrio Grego Portugus e Portugus

    - Grego. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto - Portugal.4 HUGO, M. Petter. Concordncia Greco Espanola del

    Nuevo Testamento. Editorial CLIE, Barcelona Espanha.5 RIENECKER, Fritz. Chave Lingstica do Novo Testamento

    Grego. Edies Vida Nova, So Paulo SP.6 TALIAFERRO, Mike. Citado em A Batalha como Derrotar

    os Inimigos de nossa Alma. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 1999.

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    4UM PASSADO CANANEU

    O Voto Precipitado

    "Era, ento, Jeft, o gileadita, valente e valoroso, porm filho

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    de uma prostituta; mas Gileade gerara a Jeft. Tambm a mulher de Gileade lhe deu filhos, e, sendo os filhos desta mulher j grandes, repeliram a Jeft e lhe disseram: No herdars em casa de nosso pai, porque s filho de outra mulher. Ento, Jeft fugiu de diante de seus irmos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com Jeft e saam com ele. E aconteceu que, depois de alguns dias, os filhos de Amom pelejaram contra Israel. Aconteceu, pois, que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel, foram os ancios de Gileade buscar Jeft na terra de Tobe.

    E disseram a Jeft: Vem e s-nos por cabea, para que combatamos contra os filhos de Amom. Porm Jeft disse aos ancios de Gileade: Porventura, no me aborrecestes a mim e no me repelistes da casa de meu pai? Por que, pois, agora viestes a mim, quando estais em aperto? E disseram os ancios de Gileade a Jeft: Por isso mesmo tornamos a ti, para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom, e nos sejas por cabea sobre todos os moradores de Gileade.

    [...] E Jeft fez um voto ao SENHOR e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mo, aquilo [ou aquele] que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso ser do SENHOR, e o oferecerei em holocausto. Assim, Jeft passou aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o SENHOR os deu na sua mo. E os feriu com grande mortandade, desde Aroer at chegar a Minite, vinte cidades, e at Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel.

    Vindo, pois, Jeft a Mispa, sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danas; e era ela s, a nica; no tinha outro filho nem filha. E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas vestes e disse: Ah! Filha minha, muito me abateste e s dentre os que me turbam! Porque eu abri a minha boca ao SENIIOR e no tornarei atrs. E ela Ihe disse. Pai meu, abriste tu a tua boca ao SENHOR; faze de mim como saiu da tua boca, pois o SENHOR te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom. Disse mais a seu pai: Faze-me isto: deixa-me por dois meses que v, e desa pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras. E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses. En-to, foi-se ela com as suas companheiras e chorou a sua virgindade pelos montes. E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela no conheceu varo. E daqui veio o costume em Israel, que as filhas de Israel iam de ano em ano a lamentar [ou celebrar] a filha de Jeft, o gileadita, por quatro dias no ano" (Jz 11.1-8; 30-40, grifo do autor).

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    H uma farta literatura comentando este texto das Escrituras, a grande parte sobre o voto precipitado que Jeft fizera. H aqueles que defendem que ele no sacrificou a sua filha conforme o texto d a entender, por outro lado h os que esto convictos de que Jeft de fato matou a sua filha. H erudio de ambos os lados.

    Li dezenas de comentrios sobre esse assunto, mas um deles escrito pelo erudito no Antigo Testamento Samuel J. Schultz me chamou a ateno. Schultz nos mostra ambas as posies, mas aqui reproduzirei apenas aquela que ao meu ver se ajusta melhor ao contexto do livro de Juizes:

    Teria Jeft, realmente, sacrificado sua filha para cumprir seu voto? Nesse dilema por certo ele no teria agradado a Deus com um sacrifcio humano, o que, em parte alguma das Escrituras, conta com a aprovao divina. De fato, esse foi um dos pecados grosseiros por cuja causa os cananeus deveriam ser exterminados. Por outro lado, como poderia ele agradar a Deus se no cumprisse seu voto? Embora os votos fossem feitos voluntariamente em Israel, uma vez que uma pessoa fizesse um voto ficava obrigado a dar-lhe cumprimento (veja Nm 6.1-21). O que fica claramente implcito em Juizes 11 que Jeft cumpriu o seu voto (veja v. 39). Mas a maneira pela qual o fez tem sido sujeita a vrias interpretaes.

    Que os lderes no se moldavam religio pura, nos dias dos Juizes, patente no registro bblico.1 Jeft, que tinha um passado meio cananeu, pode ter se conformado aos costumes pagos dominantes, ao sacrificar sua prpria Mina.2 Visto que os montes eram considerados smbolos de fertilidade pelos cananeus, sua filha se retirou para as montanhas, a fim de lamentar sua virgindade, para evitar qualquer possvel rompimento na fertilidade da terra. Periodicamente, a cada ano, donzelas israelitas passavam quatro dias a reinterpretar o lamento da jovem sacrificada".3

    Jeft possua um passado meio cananeu. E esse passado cananeu o calcanhar de Aquiles de muitos valentes. J sabemos pelas Escrituras que "se algum est em Cristo, nova criatura : as coisas velhas j passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17). O passado no deveria ser mais problema, mas a verdade que ele ainda continua sendo para muitos. No Apndice B procuro mostrar que o problema do nosso velho homem, nosso antigo eu, j foi resolvido na cruz do calvrio (Rm 6.6); esse um fato incon-testvel, porm no h como negar que muitos crentes continuam ainda prisioneiros de seu passado. Satans encontra a uma porta para lev-los queda.

    Conheci um pregador famoso que teve seu ministrio preju-dicado, devido a uma ao de divrcio impetrada por sua esposa. Quando eu soube do acontecido, disseram-me que sem uma razo aparente, aquela senhora acionou seu esposo perante a justia. O casamento acabou. Anos depois conversei com um irmo que conhecia de perto aquele casal. Ele me informou que mesmo antes

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    de se casarem, aquela esposa possua um cime doentio por aquele irmo. Ele saia muito de casa para atender aos inmeros convites que recebia para pregar. Depois de muitos anos de casados, ela comeou a imaginar que ele tinha outras mulheres. Foi essa herana do passado que Satans usou para arruinar aquele ministrio to belo.

    Eu tambm j tive problemas com o passado, "ainda hoje continuo mortificando os feitos do corpo pelo Esprito" (Rm 8.12,13).4 Antes de conhecer ao Senhor Jesus, eu conhecera o mundo, converti-me com a idade de dezoito anos. Pois bem, como a grande maioria dos nossos jovens no evanglicos, a minha se-xualidade foi despertada precocemente. Tempos depois de minha converso, verifiquei que antigos desejos de lascvia estavam voltando com muita intensidade. Travei uma luta rdua contra a minha natureza terrena. Procurei disciplinar hbitos que detectei como sendo pecaminosos, a luta diminuiu a sua intensidade, mas parecia ainda querer dominar-me. Resolvi fazer um jejum. De incio programei um jejum de trs dias, quando estava chegando ao seu final, resolvi continuar por mais trs, e assim continuei at completar um perodo de quinze dias.

    Foi durante esse perodo de abstinncia que tive a ntida percepo que estava lutando no somente contra a minha carne, mas tambm com as foras espirituais do mal. No dcimo segundo dia, tive um sonho em que me vi numa grande luta e um co enorme ladrando prximo de mim. Quando acordei, tive a sen-sao de que aquele co simbolizava a ao de demnios. No dcimo terceiro dia, aproximadamente s 19:00 horas, encontra-va-me sentado na sala da biblioteca, quando me pareceu ouvir a voz de algum prximo a mim: "Antes que complete os quinze dias, esse esprito que te resiste cair". No tive dvidas de que fora o Senhor que me falara. Na noite do dcimo quarto dia para o dcimo quinto, tive um outro sonho. Nele, me encontrava em uma avenida da cidade, do lado oposto vi minha esposa em um ponto de nibus. Observei que ela estava acompanhada de uma pessoa que identifiquei como sendo um missionrio que eu conhecia. Observei que aquele homem com grande astcia estava assediando minha esposa. Fiquei preocupado, pois observei que ela no estava sabendo das reais intenes daquele homem. O nibus chegou e minha esposa entrou nele, nesse momento aque-le indivduo fez um pequeno bilhete em forma de um "aviozinho" e jogou para dentro daquele nibus. Aconteceu algo que ele no esperava: o bilhete entrou por uma janela do nibus e saiu pela janela oposta, vindo na minha direo. Quando ele percebeu o que havia acontecido, correu desesperado no meu rumo tentando pegar o bilhete antes de mim, mas quando chegou eu j estava

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    com o bilhete em mos e j havia lido o seu contedo. Naquele papel havia frases de contedo sedutor. Quando ele se aproximou de mim foi logo dizendo que no era nada daquilo que eu estava pensando. Nesse momento, disse-lhe que j sabia de tudo, pois havia lido o bilhete; ele ento emudeceu. Falei que o seu projeto havia falhado e olhando para cerca de seis soldados do exrcito que estavam ao meu lado, falei: se voc quiser me resistir, saiba que eu no estou s, h todos esses soldados do meu lado, prontos para agir a um comando meu. Ele ento se retirou. Acordei. Olhei para o relgio, eram aproximadamente 3 horas da madrugada.

    Sentado na minha cama, o Esprito Santo comeou a dar-me o significado daquele sonho. A minha esposa que estava sendo assediada significava o meu ministrio que estava sendo seduzido. O missionrio que eu conheci significava o demnio que estava in-flamando os desejos do velho homem. O Senhor me deu a enten-der que a camuflagem de missionrio que ele usava significava a sua perspiccia na sua ao (2 Co 11.14). A sua inteno era que eu pensasse que estava tratando apenas com desejos que eram meus, meramente humanos, e que eu os poderia venc-los sem muito esforo. O contedo do bilhete era toda aquela guerra mental que estava sendo travada. O Senhor ainda me mostrou que a orao associada ao jejum foram os responsveis pela interceptao daquele bilhete, trazendo revelao sobre todo o seu ardil. Os soldados eram anjos que vieram pelejar a meu favor (Hb 1.14). A batalha estava terminada, o Senhor havia me dado a vitria.

    Tenha cuidado com o seu passado cananeu, mantenha ele sob a cruz, no deixe ele se transformar em uma arma nas mos do Diabo.

    Notas1Gideo fez uma estola de ouro, que fez os israelitas pende-

    rem para a idolatria. A vida de Sanso esteve longe de ser um exemplo de religio pura.

    2 Esse ponto de vista foi mantido por intrpretes judeus at ao sculo XII d.C.

    3 SCHULTZ, Samuel J. A Histria de Israel no Antigo Testamento. Edies Vida Nova, So Paulo, SF, 1986.

    4 Tony Evans comenta: "Deixe-me dizer duas coisas objetivas. A primeira que a Bblia nunca o condena por ser homem e ter desejos de homem. Deus o fez desse jeito. Seus desejos so coisas normais e voc vai morrer com eles. Portanto, a resposta tentao no negar quem e o que voc . A Segunda que a Bblia nunca permite que voc apresente desculpas para o pecado baseadas em

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    sua masculinidade e seus desejos normais dados por Deus. Por qu? Porque suas tentaes para pecar no so de Deus (Tg 1.13-16) e porque Deus fornece armas para que tenhamos vitria sobre a tentao" (citado em Vitria Sobre a Tentao, obra citada).

    5O RELATIVISMO MORAL

    E A QUEDA DOS VALENTES"No h nenhum relativista que goste de ser tratado relativamente."

    Josh MacDowell

    Sculos aps sculos o padro moral da civilizao ocidental

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    vem sofrendo corroso. O impacto provocado por essa relatividade da cultura tm surtido um efeito devastador. A linha divisria entre o moral e o imoral cada vez mais tnue. Sem padres morais bem definidos, o valente est merc das investidas do Diabo. Ainda me lembro de que quando fazia faculdade de filosofia em uma Universidade Federal, tnhamos uma professora de histria da filosofia que era uma verdadeira sumidade. Todos gostavam das suas aulas, ela se destacava dos demais professores graas a sua erudio. Certa vez, durante uma de suas aulas, exaltava o pensamento de determinado filsofo. Quando eu e outros colegas nos posicionamos contrariamente quele pensa-mento, ela esbravejou: "Eu no aceito juzo de valores". Podamos tudo, menos emitir uma idia contrria ao pensamento daquele filsofo a quem ela fizera referncia. Por qu? Por que tudo era relativo, no havia verdades absolutas, ningum segundo ela podia dizer que estava com a verdade.

    Afinal, no h um certo e um errado? impossvel falarmos de valores que norteiam a vida do cristo, sem nos referirmos a problematicidade da tica e da moral.

    Mas o que moral? Ou em palavras mais simples: o que certo e o que errado? possvel estabelecermos um padro que distinga o certo do errado?

    A discusso em torno dos problemas ticos e morais no nova. Aristteles escreveu um volumoso tratado em dez volumes denominado de "tica a Nicmaco", no qual trata em mincias dos problemas ticos. Todavia, muito tempo antes do filsofo grego, Hamurabi (sculo XVIII a. C.) deu ao mundo o seu famoso "Cdigo de Hamurabi", um tratado sobre problemas ticos, jurdicos e morais. No Antigo Testamento, encontramos o Pentateuco, obra escrita pelo legislador hebreu Moiss, onde nos seus cinco livros encontra-se uma vasta explanao acerca de problemas ticos e morais.

    Adolfo Sanchez Vazquez faz distino entre tica e moral. Para esse filsofo mexicano, a tica " a teoria ou cincia do com-portamento moral dos homens em sociedade",1 enquanto a moral " um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos homens".2

    Pela definio de Vazquez, a moral seria aquilo que est no campo da prtica normas sociais que regulam o nosso dia-a-dia e a tica, uma reflexo acerca dessa prtica moral. Em palavras mais simples, a tica e a moral se complementam, enquanto uma (a moral) regula as nossas aes em sociedade, a outra (tica) reflete sobre o significado dessa ao.

    Pois bem, tudo que falamos at aqui nos leva a um outro questionamento no menos importante: qual a origem da tica e

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    da moral? Em outras palavras, qual a origem ou a causa dos nossos valores?

    A Fonte da MoralAo longo da histria, trs fontes so dadas como

    originadoras do comportamento moral: Deus, a natureza e o homem.

    Deus - Se Deus a origem de nosso comportamento moral, isso significa dizer que nesse caso a moral algo exterior ao homem, isto , a moral no criao humana, mas algo que lhe dado. A moral baseada na divindade uma moral revelada, que transcende ao prprio homem. Podemos denomin-la de moral vertical.

    Natureza - A crena de que o homem em nada difere das outras coisas criadas gerou uma moralidade horizontalizada. O instinto biolgico seria ento o agente regulador do comporta-mento moral humano. Com o advento do ps-modernismo, cor-rente filosfica que ganhou fora a partir das dcadas de 60 e 70, esse pensamento ficou em evidncia. Para os holstas, o homem deve estar em perfeita harmonia com a natureza, afinal um todo harmnico, dizem.

    O homem - Nesse caso os valores morais so criao do pr-prio homem. o homem quem estabelece os valores. Mais adiante neste trabalho, veremos como essa forma de pensar influenciou drasticamente o pensamento ocidental.

    Valores Absolutos e RelativosDefinir o que absoluto e o que relativo tem sido um desa-

    fio, tanto para a teologia como para a filosofia.Podemos dizer que um valor absoluto quando ele vale para

    todos os povos, em todas as pocas e em todos os lugares; por outro lado o valor relativo seria o oposto disso. Um valor absoluto tem validao universal, enquanto aquilo que se relativo no goza dessa prerrogativa. contigente ou circunstancial.

    Na Grcia antiga, surgiu uma escola filosfica denominada "A Sofistica" (os sbios). O seu principal expoente foi Protgoras de Abdera (490-410 a. C). No h como negar que Protgoras o pai do relativismo ocidental. Ele negava que houvesse valores absolutos e eternos. Segundo ele, todos os valores so humanos. conhecida a frase atribuda a ele: "O homem a medida de todas as coisas". E interessante conhecermos melhor o pensamento desse filsofo grego, para entendermos o que

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    acontece hoje em nossa cultura no que diz respeito aos valores morais.

    Giovanni Reale, famoso historiador da filosofia, comenta sobre Protgoras:

    A proposta basilar do pensamento de Protgoras era o axioma: "O homem a medida de todas as coisas, daquelas que so por aquilo que so e daquelas que no so por aquilo que no so". Por medida, Protgoras entendia a "norma de juzo", enquanto por todas as coisas entendia todos os fatos e todas as experincias em geral. Tornando-se muito clebre, o axioma foi considerado e efetivamente quase a magna carta do relativismo Ocidental. Com esse princpio, Protgoras pretendia negar a existncia de um critrio absoluto que discriminasse o verdadeiro e o falso.

    O nico critrio somente o homem, o homem individual: "Tal como cada coisa aparece para mim, tal ela para mim; tal como aparece para ti, tal para ti". Este vento que est soprando, por exemplo, frio ou quente? Segundo o critrio de Protgoras, a resposta a seguinte: "Para quem est com frio, frio; para quem no est, no ". Ento, sendo assim, ningum est no erro, mas todos esto com a verdade (a sua verdade).1

    A Genealogia da MoralEsse relativismo radical de Protgoras influenciou muitos

    pensadores. O alemo Friedrich Nietzsch (1844 - 1900) absorveu profundamente a filosofia de Protgoras. Ele tornou-se um dos mais fortes inimigos da moral crist. A sua filosofia influenciou e continua influenciando o mundo acadmico.

    Nietzsch atacou duramente os pensadores gregos Scrates e Plato, acusando-os de "domesticar" o ser humano atravs de princpios morais. Para ele, antes desses dois pensadores, o homem primitivo no seguia a normas morais inventadas, mas agia de acordo com seus instintos. Prevalecia ento o que ele denominava de "vontade de potncia". Nietzsch, para ilustrar o seu pensamento recorreu a duas personagens da mitologia grega os deuses Apoio e Dionsio. Na mitologia grega, Dionsio a imagem da fora instintiva, a fonte dos prazeres e da paixo sensual. Por outro lado, Apoio o deus da moderao, aquilo que faz as coisas seguirem o seu equilbrio. Para ele, o que Scrates e Plato fizeram foi "anular" o lado dionisaco do homem, negando seus instintos e afirmando somente o seu lado racional. Essa "anulao" foi feita atravs de princpios morais ardilosamente inventados. Em seu famoso livro: A Genealogia da Moral,4 ele procura provar que todos os valores morais so criao do prprio homem.

    Nietzsch acusou tambm os cristos de anular esse lado dionisaco do homem, implantando aquilo que ele denominava de "moral de escravo". Na sua fria contra o cristianismo, esse pensador chegou a chamar o apstolo Paulo de "o mais sangui-

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    nrio dos apstolos". Mas o seu furor contra os valores morais cristos est bem sintetizado nessa frase de sua autoria: "Scrates foi um equvoco, toda a moral do aperfeioamento, inclusive a crist, foi um equvoco".

    O Existencialismo e o RelativismoUm outro pensador que influenciou grandemente a nossa

    cultura foi Jean, Paul Sartre (1905-1980). Sartre sofreu influncias diretamente de Heidegger e indiretamente de Nietzsch. Sartre afirmou:

    Se Deus no existisse, tudo seria permitido. Ai se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo permitido se Deus no existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, j que no encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegar [...] Se por outro lado Deus no existe, no encontramos diante de ns valores ou imposies ou desculpas [...] o existencialismo no pensar que o homem pode encontrar auxlio num sinal dado sobre a terra, e que o h de orientar, porque pensa que o homem o decifra mesmo esse sinal como lhe aprouver.1

    A moral sartriana no necessita de um ser transcendente, ela construda a partir da existncia do prprio homem.

    A Fonte da Moral CristVemos, pois, que a problemtica tico e moral est centrada

    naquilo que a fundamenta, ou seja, em sua origem. Foi Schopenhauer (1788-1860) quem disse: "Pregar a moral fcil, fundamentar a moral difcil".6

    Como vimos, quando Deus no a fonte ou origem dos valo-res morais, ns no temos uma base slida para fundament-la. Para ns cristos, o alicerce de nossos valores morais est em Deus, no em um deus qualquer, mas no Deus que se revelou ao longo da histria (Gn 12.1-3; x 3.1-12). Essa revelao est codificada na Bblia Sagrada, nossa nica regra de f e prtica. Para o Cristo, h sim um modelo ou paradigma para as questes morais - Deus.

    Assim sendo, o cristo pode falar de valores universais e eternos. Ele no est sujeito ao relativismo moral, pois o Deus a quem ele serve universal e eterno.

    Josh MacDowell, pensador cristo contemporneo, ilustra a questo da universalidade e eternidade dos valores em sua regra dos trs "P" - preceito, principio e pessoa.7 Por trs de todo pre-ceito bblico, quer seja uma norma quer um mandamento, h um princpio, que por sua vez se fundamenta em uma pessoa, que Deus. Nesse caso, para o cristo a norma moral "no adulterars" tem valor absoluto (universal), pois esse preceito (norma) traz o

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    princpio de que ningum quer ser trado, e que esse princpio tem sua origem em um Deus fiel e que no tolera a infidelidade. Da mesma forma, a norma "no matars" trs em si o princpio de que todos tm direito vida, e a pessoa que a fundamenta Deus o originador da vida. Esse princpio de universalidade dos valores morais foi um dos pilares da filosofia kantiana: "Age de tal modo que a mxima de tua vontade possa valer-te sempre como princpio de uma legislao universal".8

    Fica, pois, estabelecido que a origem dos valores morais para o cristo, bem como a sua fundamentao, est em Deus, e que a sua forma codificada a Bblia Sagrada.

    Como se comportam aqueles que no tm um padro que distinga o certo do errado? A filsofa Maria Lcia de Arruda Ara-nha, ao falar dos "jeitinhos brasileiros", traz uma revelao inte-ressante sobre o assunto:

    Todo mundo j ouviu falar do "jeitinho brasileiro". Poder, no pode, mas sempre se d um jeito... Muitos at chegam a achar que se trata de virtude a complacncia com a qual as pessoas "fecham os olhos" para certas irregularidades e ainda favorecem outras tantas.

    Certos "jeitinhos" parecem inocentes ou engraados, e s vezes at so vistos como sinal de vivacidade e esperteza; por exemplo, quando se fura a fila do banco. Ou ento pegar o filho na escola, que mal h em pararem fila dupla?

    Outros "jeitinhos" no aparecem to s claras, mas nem por isso so menos tolerados: notas fiscais com valor declarado acima do preo para o comprador levar sua comisso, compras sem emisso de nota fiscal para sonegar impostos, concorrncias pblicas com "cartas marcadas".

    O que intriga nessa histria toda que as pessoas que esto sempre "dando um ]eitinho" sabem, na maioria das vezes, que transgridem padres de comportamento. Mas raciocinam como se isso fosse absolutamente normal, visto que comum; s eu? e os outros? Todo mundo age assim, quem no fizer o mesmo trouxa. Quem no gosta de levar vantagem em tudo?9

    esse relativismo que enfraquece a vida espiritual de muitos valentes. Certo dia, recebi em minha casa a visita de um amado irmo. A nossa amizade permitia-nos compartilhar nossas alegrias e tristezas. Pois bem, aquele irmo trazia em mos uma folha de papel escrita, e pediu para que eu a lesse. Lendo-a, logo nas primeiras linhas percebi que se tratava de uma carta de amor, havia frases como: "Meu bem, eu te amo", "No posso viver sem voc", etc. Contou-me que uma jovem da sua igreja havia endereado-lhe aquela carta. O mesmo filme de sempre ele estava dando uma de "conselheiro" para aquela jovem. Aps uma longa conversa, mostrando-lhe os perigos que ele estava correndo, aconselhei-o a tomar imediatamente uma deciso radical a res-peito daquilo, peguei a carta e rasguei na sua frente. Disse-lhe que da mesma forma ele deveria tratar com aquela situao. Todavia, procurou relativizar o problema. Disse que no era to grave como

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    eu pensava, e que estava no controle da situao. Afinal, estava ajudando algum. Estava equivocado. A ltima vez que o vi, estava afastado dos caminhos do Senhor.

    Quando lemos as Escrituras somos informados do alto padro moral exigido para os valentes de Deus. Paulo deixou isso bem claro na sua carta endereada a Tito: "Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbteros, como j te mandei: aquele que for irrepreensvel, marido de uma mulher, que tenha filhos fiis, que no possam ser acusados de dissoluo nem so desobedientes. Porque convm que o bispo seja irrepreensvel como despenseiro da casa de Deus, no soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobioso de torpe ganncia; mas dado hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a s doutrina como para convencer os contradizentes"(1.5-9). Acredito que esse texto que o apstolo escreveu a Tito uma das mais belas exposies bblicas acerca dos valores cristos.

    No versculo 5, Paulo usa a expresso: epidiorthos que vem do verbo grego epidiortho, significando "colocar em linha reta, colocar em ordem, endireitar". Para Paulo, os valores que ele iria exigir daqueles que viessem a ser lderes tinham o poder de "en-direitar, corrigir e colocar em linha reta". Lembramos que a pala-vra epidiortho formada pela juno de trs palavras gregas: epi, que uma preposio significando "sobre, acima de"; dia, uma outra preposio significando "atravs de" e orths cujo significado "direito, correto" etc, esta ltima aparece em Atos 14.10, onde Paulo disse ao paraltico: "Levanta-te direito sobre teus ps" (grifo do autor). O verbo grego na sua forma composta tem seu significado intensificado. Em outras palavras, o propsito do aps-tolo era que Tito seguisse as suas recomendaes, e seguindo-as com certeza estava colocando os valentes de Deus em uma linha reta. Analisemos alguns desses valores:

    v. 6. Anenkltos - nossas Bblias traduzem esta palavra como "irrepreensvel". O clssico Dicionrio do Novo Testamento Grego de Vine, assim define esta palavra:

    Significa que no pode ser chamada a pedir contas, isto , sem acusa-o alguma (como resultado de uma investigao pblica), irrepreensvel (1 Co 1.8; Co 1.22; Tt 3.10, 1.6,7). Implica no somente mera absolvio, mas a inexistncia de qualquer tipo de acusao contra uma pessoa.10

    v. 7. Oikonomos - "mordomo, administrador da casa. A pala-vra enfatiza a tarefa a algum e a responsabilidade envolvida.

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    uma metfora extrada da vida contempornea e retrata o admi-nistrador de uma casa ou estado."" Esta palavra deu origem a nossa palavra portuguesa "economia" e significa primeiramente o governo de uma famlia ou dos assuntos de uma famlia (oikos - uma casa, nomos - lei), isto , o governo ou administrao da propriedade dos outros, e por isso se usa de uma mordomia, Lc 16.2 [...] nas epstolas de Paulo, se aplica:

    a) A responsabilidade que lhe foi confiada de pregar o evan-gelho (1 Co 9.17).

    b) Da administrao que lhe foi entregue para que anuncias-se "cabalmente a palavra de Deus".

    c) Em Efsios 1.10 se usa da disposio ou administrao de Deus.12

    v. 7. Authade - no arrogante. "Obstinado em sua prpria opinio, teimoso, arrogante, algum que se recusa a obedecer a outras pessoas. E o homem que mantm obstinadamente a sua prpria opinio, ou assevera seus prprios direitos e no leva em considerao os direitos, sentimentos e interesses de outras pes-soas."13 Autocomplacente (autos, auto, e hdomai, complacente), denota uma pessoa que, dominado pelo seu prprio interesse, e sem considerao alguma pelos demais, afirma arrogantemente sua prpria vontade, "soberbo" (Tt 1.7); "contumaz" (2 Pe 2.10) o oposto de epieks, amvel, gentil (1 Tm 3.3), "um que supervaloriza de tal maneira qualquer determinao a que ele mesmo chegou no passado que no permitir ser afastado dela".14

    v. 7. Orgilos -que no seja: irascvel, inclinado ira, de tem-peramento quente.15

    v. 7. Proinos - no dado ao vinho. Um adjetivo, literalmente, que tem seu entretenimento no vinho (para, en, oinos, vinho), dado ao vinho [...], provvel que tenha o sentido secundrio, dos efei-tos da embriaguez, isto , um brio.lb

    v. 7. Plkts - no violento. Briguento, espancador. A palavra pode ser literal: "no pronto a bater em seu oponente".17

    v. 7. Aischrokerds - no cobioso. Algum que lucra deso-nestamente, adaptando o ensinamento aos ouvintes a fim de ganhar dinheiro deles [...], refere-se ao engajamento em negcios escusos.18 Este vocbulo formado por duas palavras gregas: aischros (vergonhoso) e kerdos (ganncia).

    v. 8. Philksenos - amor aos estranhos, hospitaleiro.v. 8. Philgathos - amigo do bem, amante do que bom. De-

    nota devoo a tudo o que excelente.v. 8. Sphrona - sbrio. Denota mente s (sozo - salvar,

    phren - a mente); da, com domnio prprio, sbrio, se traduz "sbrio" em Tito 1.8 (a Reina - Valera traduz como "temperado");

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    em Ti to 3.2, significa "prudente". 19v. 8. Dkaion - justo, aquele que age com justia.v. 8. Hsios - devoto, santo. Significa religiosamente reto,

    santo, em oposio ao que torto ou contaminado. Est comumente associada a retido. Refere-se a Deus em Apocalipse 15.4; 16.5 [...] Em Tm 2.8 e Tt 1.8 se utiliza do carter do cristo, na Septuaginta hsios freqentemente traduo da palavra hebraica hasid, que varia entre os significados de "santo" e "mi-sericordioso".20

    v. 8. Enkrat - que tenha domnio de si. A Bblia de Jerusalm traduz como "disciplinado". Significa tambm "autocontrole, completo autodomnio, que controla todos os impulsos apaixonados e mantm a vontade leal vontade de Deus".21 Denota ainda o "exerccio do domnio prprio, algum que dono de si mesmo".22

    v. 9. Antechmenon - apegado a, firme aplicao. Na voz mdia significa "manter-se firmemente ao lado de uma pessoa". Paulo usa o termo associando ao lder que apegado Palavra de Deus.

    Para ns cristos, a fronteira entre a verdade e o erro est bem demarcada. H sim um padro divino que estabelece a di-ferena entre o certo e o errado. Os valentes de Deus devem ter isso bem definido em suas mentes. Agindo de acordo com o modelo divino exposto na Palavra de Deus, o valente no ir ter problemas com o relativismo moral.

    Notas1 VAZQUEZ, Adolfo Sanchez. tica. Ed. Civilizao Brasileira.

    Rio de Janeiro, 19982 Id. Ibid.3 REALE, Giovanni. Histria da Filosofia, vol. I. Ed. Paulus.

    So Paulo - SP, 1990.4 NIETZSCH, Wilhelm. A Genealogia da Moral. Editora Morais

    Ltda. So Paulo - SP, 1991.5 SARTRE, Jean - Paul, O Existencialismo um Humanismo.

    Coleo os Pensadores. So Paulo, Abril Cultural.6 SCHOPENHAUER, Arthur,. Sobre o Fundamento da Moral.

    Ed. Martins Fontes, So Paulo - SP, 1995.7 McDOWELL, Josh. Certo ou Errado. Editora Candeia, So

    Paulo, 1997.8 KANT, Emmanuel Crtica da Razo Prtica. Editora Ediouro,

    Rio de Janeiro - RJ.9 ARANHA, Maria Lcia de Arruda. Temas de Filosofia. Edito-

    ra Moderna. So Paulo - SP, 1992.10 VINE, W. E. Diccionario Expositivo de Palabras dei Nuevo

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    Testamento. Vol. 2. Ed. CLIE. Barcelona-Espanha.11 RIENECKER, Fritz. Chave Lingstica do Novo Testamento

    Grego. Ed. Vida Nova, So Paulo, 1988.12 VINE, W.E. op. cit. Vol. 113 RIENECKER, Fritz. Opc.cit.14 VINE, W.E. op.cit. vol. 215 RIENECKER, Fritz, Chave Lingstica do Novo Testamento

    Grego. Op.cit.16 VINE, W.E Diccionario Expositivo de Palabras dei Nuevo

    Testamento. Op. cit. Vol.2.17 RIENECKER, Fritz. Chave lingstica do Noi'o Testamento

    Grego. Edies Vida Nova, So Paulo - SP.18 REINECKER, Frietz, op.cit.19 id.ibib.20 VINE, W.E. Op.cit.21 REINECKER, Fritz. Chave Lingstica. Op. cit.22 VINE, W.E. op.cit.

    6VIDA DEVOCIONAL POBRE

    "Exercita-te na piedade.1 Timteo 4.7

    Por que caem os valentes? Estou certo de que a negligncia na nossa vida devocional de orao, o que acaba por empobrecer a

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    nossa espiritualidade, tem sua grande parcela de culpa nisso. No fcil manter uma vida disciplinada quando a prtica envolvida a orao. Todo pastor est consciente desse fato. Sabemos que precisamos orar, mas no oramos. Por qu? H todo um conjunto de fatores envolvidos, mas a falta de conscincia acerca da importncia vital da orao para ns se sobressai aos demais. Certo obreiro disse que se encontrava em casa orando, quando foi interrompido por um irmo que desejava falar com ele. Quando o obreiro saiu na porta, aquele irmo perguntou-lhe: "O pastor estava fazendo o qu?" A esta indagao, o pastor respondeu: "Eu estava orando". Aquele irmo visitante ento ponderou: "Ah! Que bom, o irmo no estava fazendo nada mesmo!" exatamente isso o que pensam muitos acerca da orao: uma perda de tempo.

    Todo valente que deseja ser um vencedor nos conflitos espirituais deve levar a srio a vida de orao. No h desculpas. A negligncia aqui fatal. Certo dia, recebi a visita em minha casa de um menino; ele trazia em mos algo parecido com uma carta. Aquela criana disse-me que fora sua me, uma das senhoras integrantes do crculo de orao da nossa igreja, que havia mandado. Comecei a l-la. A carta falava de um sonho que ela tivera comigo. No sonho ela via um antigo petromax, que fora de minha propriedade, abandonado e enferrujado. O petromax ainda funcionava, possua leo em seu tambor e mantinha uma chama muito alta. Naquela narrativa, ela dizia que ficou admirada com o poder de fogo daquele petromax. Mas eu estava abandonando o petromax, e essa era a causa da sua oxidao. Naquelas imagens onricas que ela tivera, via-me dizendo: "Eu vou buscar de volta o meu petromax, ele foi a minha salvao no passado e ser agora no presente".

    Quando li aquelas palavras, senti profundamente no meu ntimo que deveria voltar para a corrida. Deveria renovar o meu compromisso com a orao. Desde que me voltei para o Senhor aps a minha converso, procurei levar uma vida disciplinada na orao. Li todos os livros que pude encontrar que falava sobre o assunto, passei a gostar de orao. Mas naqueles dias que recebi aquela correspondncia, a minha vida de orao estava pobre e negligenciada. Deus, na sua muita misericrdia estava me exor-tando. No dia seguinte, acordei com as palavras da msica de Srgio Lopes na minha mente:

    Me faz lembrar daquelas madrugadas de orao e das Lgrimas no cho e que o tempo ao passar vai tentando Apagar do corao.

    Me faz lembrar onde deixei o meu Primeiro amor, se for preciso eu vou recomear, mas Confesso que dependo do Senhor.

    A nossa gerao j foi denominada defast food e gerao

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    shopping center. Esta a gerao da alimentao self-service, das embalagens descartveis e da religiosidade superficial. Vivemos em um contexto onde se busca atalho para se chegar mais rpido ao cu; o que importa so frmulas que funcionem em curto prazo.

    Falar de vida devocional dentro desta tica parece um contra-senso. A orao como principal moeda da vida devocional parece desvalorizar-se a cada dia nesta cultura. A razo parece simples - a mesma consome tempo em demasia daqueles que pretendem se dedicar, e como o tempo uma mercadoria valiosa demais para ser "desperdiada" na nossa cultura ps-moderna, o melhor parece deixar com os "msticos" a vida de meditao.

    Tornou-se mais fcil aderir s frmulas, chaves e modismos do que gastar longas horas em orao ou na leitura da Bblia. Por que perder tempo orando e lendo as Escrituras quando se pode "amarrar" os demnios e at mesmo mandar em Deus?

    Falar de homens como John Wesley, que acordava todos os dias s 4 horas da madrugada para orar por duas horas seguidas, parece uma loucura para muitos cristos modernos. O que dizer ento de George Mller que chegou a ler a Bblia toda 20 vezes^ Sem dvidas, no faltaro vozes dispostas a afirmar que esses homens viveram em outro contexto e em outra cultura.

    A nossa ConcorrnciaGeorge Barna nos adverte que os concorrentes dos crentes

    atuais no so as outras igrejas, mas "a televiso, os maus hbi-tos culturais, os campeonatos esportivos que chegam a se tornar manias, as atividades em famlia, os passatempos pessoais entre outros".1 No vamos aqui ser extremistas a ponto de amaldioar-mos a mdia, mas por outro lado no podemos ser infantis e pen-sar que tudo o que nela veicula de uma inocncia anglica. s vezes, corremos o risco de sabermos mais acerca de suas trivialidades do que acerca das coisas de Deus. Pude verificar a veracidade desse comentrio feito por George Barna, durante a final da copa do mundo. Tendo o Brasil chegado final do campeonato, muitos pastores comearam uma verdadeira operao de desmonte de suas programaes. A razo era simples, o jogo seria s 8 horas da manh de domingo, exatamente no horrio da Escola Bblica Dominical. Cultos matutinos no domingo foram cancelados, tudo para atender a uma demanda do mundo. Na minha igreja havamos programado com antecedncia a ceia do Senhor para esse dia quando o Brasil passou pelas quartas de final; senti a presso de alguns membros para que esse culto fosse cancelado. Alguns, para garantir presena na final, trataram logo de procurar outras congregaes para anteciparem

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    as suas ceias.Lembrei do grande despertamento de 1904, ocorrido no Pas

    de Gales nos dias de Evans Roberts. Ele era apenas um jovem de dezoito anos, mas no se conformava com o estado de letargia de sua igreja. A frieza que dominava os rituais dos cultos o incomodava. Naqueles dias, a mania era os campeonatos de briga de galos. O povo deixava de ir aos cultos para assistir aos galos brigando! Por um perodo de um ano, Roberts agonizou diante de Deus clamando por um avivamento. Deus ouviu seu servo e en-viou uma chuva de avivamento. Milhares de pessoas foram alcanadas como conseqncia desse despertamento.

    No me entenda mal, no estou dizendo que futebol coisa do Diabo; no, futebol uma manifestao cultural como tantas manifestao cultural alguma. No podemos organizar a agenda do Reino de Deus em funo da agenda do mundo. Assistir a um evento esportivo uma coisa, programar-se em funo dele outra completamente diferente. Outro dia fui convidado a minis-trar estudos bblicos em determinada igreja. Aps a ministrao da Palavra, no horrio da tarde, fomos para um jantar. Os assun-tos foram variados at que algum comentou a participao de um ex-governador no programa Show do Milho. Pronto, isso foi o suficiente para que as virtudes intelectuais de alguns dos parti-cipantes desse programa fossem exaltadas. Cada um dos presen-tes demonstrava est por dentro de tudo que se passava nos pro-gramas de auditrio. Uma senhora afirmou que ficou impressio-nada com a quantidade de acertos que um tal "Luiz" tivera nesse programa. Da para frente, o prximo passo era o Programa do Ratinho. Logo ficou claro para mim que os crentes eram os res-ponsveis por boa parte do IBOPE desse programa. Ningum segurou mais, os comentrios giravam em torno de Raul Gl, Casa dos Artistas, Big Brother, etc.

    Mais uma vez vamos deixar as coisas bem claras: no pode-mos isolar os crentes do mundo civilizado, nem tampouco proibi-los de usufruir as benesses que a mdia nos traz. Isso seria, no mnimo, uma tolice. A Bblia chama isso de farisasmo. Conheo colegas que se vangloriam de no possuir um aparelho de televi-so em casa, todavia os filhos esto sendo humilhados e escorraados da casa do vizinho. Ficam olhando pelo buraco da fechadura. Precisamos nos conscientizar. Por outro lado, ao utili-zarmos os modernos meios de comunicao de massa, deveramos ser mais cuidadosos na filtragem de todo entulho produzido por eles. R. Kent Hughes nos alerta:

    essa sensualidade "legal", as concesses socialmente aceitveis, que derruba os homens. As longas horas diante da TV, o que no apenas aceito culturalmente, mas at mesmo esperado do homem, o altar mximo da

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    dessensibilizao. As conversas que se esperam de um homem com duplo sentido, humor de baixo calo e sorrisos provocados por coisas que nos deveriam encher de vergonha outro agente mortal. Sensualidades aceitveis tm afetado insidiosamente homens cristos, como as estatsticas atestam. Um homem que sucumbe falta de sensibilidade gerada pela sensualidade 'legal' est fadado a cair.2

    Acerca desse poder da "Indstria Cultural", a Escola de Frankfurt em sua crtica da sociedade tem a sua parcela de contribuio para nos dar:

    O homem civilizado quase no pode viver sem os meios de comunicao social: imprensa, rdio, televiso, etc. [...] A mera ausncia de toda propaganda e de todos os meios doutrinrios e de informao e diverso lanariam o indivduo num vazio traumtico.3

    Essa denncia da Escola de Frankfurt de uma atualidade impressionante. A menos que o cristo saiba lidar com Indstria Cultural e disciplinar sua vida devocional, ele ter muitos pro-blemas em desenvolver a sua vida espiritual. A sua vida como adorador ser pobre.

    Em meio a uma cultura imediatista, s vezes parece difcil o lder impor o seu prprio ritmo. Muitos evidentemente acham mais cmodo render-se ao modelo imposto pela sociedade. Ho-mens de Deus que at pouco tempo eram arautos de um cristia-nismo bblico renderam-se aos apelos da cultura ps- moderna. Alan Jones, telogo anglicano, observa em seu livro Sacrifcio c Alegria que:

    muito difcil nadar contra a corrente e ser ministro da Palavra, quando o que a cultura quer um camel da religio adaptado ao consumo pblico.4

    Nesta cultura ps-moderna, a adorao foi relegada ao se-gundo plano. O obreiro est sob constantes presses para atender aos apelos das massas. O seu lugar de "orculo divino" usurpado pelo "artista de plpito". tentado a todo o momento a se tornar um animador de culto. Adorar da maneira bblica se torna difcil. Todavia, devemos estar conscientes de que no po-demos nos conformar com os apelos desse mundo e esquecer a nossa maior vocao a adorao. Precisamos voltar a nos de-dicar a orao e a Palavra (At 6.4).

    Notas1 BARNA, George. O Poder da Viso - ed. Abba Press, So

    Paulo - SP.2 HUGHES, R, Kent. Citado em Vitria sobre a Tentao.

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    Editora Mundo Cristo, So Paulo - SP.3 NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e Anti-Humanismos

    uma Introduo Antropologia Filosfica. Ed. Vozes. So Paulo, 1977.

    4 JONES, Alan. Sacrifcio c Alegria Espiritualidade para o Ministro Religioso. Ed. Paulus, So Paulo, 1995.

    7AS ARMAS DOS VALENTES

    No livro de 2 Samuel 23.8-22, lemos a respeito dos valentes que serviam ao rei Davi:

    "Estes so os nomes dos valentes que Davi teve: Josebe-

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    Bassebete, filho de Taquemoni, o principal dos capites; este era Adino, o eznita, que se opusera a oitocentos e os feriu de uma vez. E, depois dele, Eleazar, filho de Dod, filho de Ao, entre os trs valentes que estavam com Davi, quando provocaram os filisteus que ali se ajuntaram peleja e quando de Israel os homens subiram, este se levantou e feriu os filisteus, at lhe cansar a mo e ficar a mo pegada espada; e, naquele dia, o SENHOR operou um grande livramento; e o povo voltou atrs dele somente a tomar o despojo. E, depois dele, Sama, filho de Ag, o hararita, quando os filisteus se ajuntaram numa multido, onde havia um pedao de terra cheio de lentilhas, e o povo fugira de diante dos filisteus. Este, pois, se ps no meio daquele pedao de terra, e o defendeu, e feriu os filisteus; e o SENHOR operou um grande livramento. Tambm trs dos trinta cabeas desceram e vieram no tempo da sega a Davi, caverna de Adulo; e a multido dos filisteus acampara no vale dos Refains. Davi estava, ento, num lugar forte, e a guarnio dos filisteus estava, ento, em Belm.

    E teve Davi desejo e disse: Quem me dera beber da gua da cisterna de Belm que est junto porta! Ento, aqueles trs valentes romperam pelo arraial dos filisteus, e tiraram gua da cisterna de Belm que est junto porta, e a tomaram, e a trouxeram a Davi; porm ele no a quis beber, mas derramou-a perante o SENHOR. E disse: Guarda-me, SENHOR, de que tal faa; beberia eu o sangue dos homens que foram a risco da sua vida? De maneira que no a quis beber. Isso fizeram aqueles trs valentes. Tambm Abisai, irmo de Joabe, filho de Zeruia, era cabea de trs; e este alou a sua lana contra trezentos, e os feriu, e tinha nome entre os trs. Porventura, este no era o mais nobre dentre estes trs? Pois era o primeiro deles; porm aos primeiros trs no chegou. Tambm Benaia, filho de [oiada, filho de um homem valoroso de Cabzeel, grande em obras, este feriu dois fortes lees de Moabe; e desceu ele e feriu um leo no meio de uma cova, no tempo da neve. Tambm este feriu um homem egpcio, homem de respeito; e na mo do egpcio havia uma lana, porm Benaia desceu a ele com um cajado, e arrancou a lana da mo do egpcio, e o matou com a sua prpria lana. Estas coisas fez Benaia, filho de Joiada, pelo que teve nome entre os trs valentes. Dentre os trinta, ele era o mais nobre, porm aos trs primeiros no chegou; e Davi o ps sobre os seus guardas."

    H algumas observaes interessantes que podemos fazer, quando lemos a histria desses valentes:

    1. Eles fazem coisas incomuns (v. 8)Nessa passagem lemos que um dos valentes de Davi, de

    nome Josebe-Bassebete, feriu a 800 homens de uma vez!

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    2. Eles nunca fogem luta (v. 11)Aqui vemos Sam, um dos valentes que se ops aos filisteus

    quando todo o povo fugira.

    3. Eles lutam com as armas que tm (v. 21)Esse o ponto mais interessante que eu acho nesse texto, as

    armas com que os valentes lutam. Benaia, filho de Joiada, apenas com um simples cajado, enfrentou um egpcio que a Escritura diz que era de grande estatura e ainda estava armado com uma lana. A Bblia diz que Benaia com aquele cajado arrancou a lana da mo do egpcio e com ela o matou!

    s vezes, fico pensando que Benaia leva vantagem sobre ns. Benaia no possua uma arma possante, mas sabia lutar; ns, ao contrrio, possumos armas poderosas (2 Co 10.3-5), mas no sa-bemos lutar. E por que no sabemos? Somos mal treinados. Espi-ritualmente, estamos com excesso de peso.

    Alimentao sem exerccio torna a pessoa obesa, preguiosa e propensa a uma srie de problemas fsicos. O que verdadeiro para o corpo fsico tambm o para o interior, a no ser que nos entreguemos ao exerccio espiritual, o alimento que ingerimos provavelmente nos far mais mal do que bem. H muitos santos comendo muito e se exercitando pouco e por isso que Paulo colocou juntos comida e exerccio quando escreveu estas pa