a folha dos valentes - junho 2011

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XIV ENCONTRO NACIONAL JUVENTUDE DEHONIANA 06.sal da terra - Fazer BEM feito 09.missões - TOURNÉES às comunidades 10.fd - Grupo Missionário de QUEIJAS 12.memórias - P. e Luís GASPERETTI 18.pedras vivas - NUCHA, missionária envergonhada 20.doses saber - Espiritualidade DEHONIANA 22.missãopress - Jornadas MISSIONÁRIAS 2011 28.da Bíblia - Tu és PEDRO! 35.nuances musicais - Bandas SONORAS 39.dentro de ti - Tais pais, tais FILHOS? 40.da juventde - XIV Encontro Nacional 46.agenda - FM 2011 em TERROSO V al en es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 405 Junho 2011 ANO XXXV a folha dos Foi espectacular ! Foi espectacular ! valentes_2011_06.indd 1 02-06-2011 00:09:08

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Junho 2011

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Page 1: A Folha dos Valentes - Junho 2011

XIV ENCONTRONACIONAL

JUVENTUDE DEHONIANA

06.sal da terra-Fazer BEM feito

09.missões-TOURNÉES às comunidades

10.fd-Grupo Missionário de QUEIJAS

12.memórias-P.e Luís GASPERETTI

18.pedras vivas-NUCHA, missionária envergonhada

20.doses saber-Espiritualidade DEHONIANA

22.missãopress-Jornadas MISSIONÁRIAS 2011

28.da Bíblia-Tu és PEDRO!

35.nuances musicais-Bandas SONORAS

39.dentro de ti-Tais pais, tais FILHOS?

40.da juventde-XIV Encontro Nacional

46.agenda-FM 2011 em TERROSO

Valen esPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA405

Junho 2011ANO XXXV

a folha dos

Foi espectacular !Foi espectacular !

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Page 2: A Folha dos Valentes - Junho 2011

FICHA TÉCNICADirector: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa), Pedro Coutinho (Índia).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Armando Baptista, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: João Chaves, Isabel Silva, Marisa Couto, Telma Santos, Ricardo Pinto, André Silva, Sara, Karine, Cátia, Ana , Ana Matias, Duarte Nóbrega, Regina Rodrigues, Quim Tó, Jorge Robalinho, Manuel Durães Barbosa, Sónia Silva, Gonçalo Soares.

Fotografia: Nélio Gouveia, Paulo Vieira, Nuno Pacheco, Inês Pinto.Capa: Ricardo Amorim, do grupo de Rio de Mouro, vence-dor do Festival JD.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

03 > alerta! > Foi (é) espectacular!

04 > digo eu... > Dos nossos leitores

05 > recortes > Factos e preconceitos

06 > sal da terra > Fazer bem feito

07 > cantinho poético > Mundo mágico

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html.http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com.http://valentes.hi5.com

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > Tournées às comunidades

10 > entre nós > Grupo Missionário de Queijas

11 > com dehon > Felicitações

12 > memórias > Recordando o padre Luís Gasperetti

14 > comunidades > Alto da Serafina

dos conteúdos

15 > onde moras? > Lançai as redes

16 > vinde e vereis > Vinde a mim

17 > palavra de vida > De coração aberto

18 > pedras vivas > Nucha - Missionária envergonhada

19 > pedras vivas > Testemunho de Páscoa

20 > doses de saber > Espiritualidade dehoniana

22 > pastoral > Jornadas Missionárias 2011

24 > espaço escola > Cultivar o bem-estar (III)

26 > leituras > Pré-espriritaualidade

28 > sobre a bíblia > Tu és Pedro!

30 > reflexo > Datas e reflexões

32 > sobre a fé > Creio no Espírito Santo

do mundo

34 > planeta jovem > Um curso de Deus... ou com Deus?

35 > nuances musicais > Bandas sonoras

36 > novos mundos > Superlaboratório marítimo

do bem-estar

37 > mão amiga > Superação precisa-se!!!

38 > cuidar de si > Dar sangue

39 > dentro de ti > Tais pais, tais filhos?

da juventude

40 > jd-nacional > XIV Encontro Nacional JD - Notícia

43 > jd-nacional > XIV Encontro Nacional JD - Testemunhos

46 > agenda jd > Próximas actividades nos Centros...

46 > agenda jd > Férias Missionárias em Terroso

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > A reter...

da família dehoniana

sumário:

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)

35anosSEMPREno CORAÇÃOSEMPREJOVEM

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Page 3: A Folha dos Valentes - Junho 2011

alerta! – 03 da actualidade

Foi (é) espectacular!

VPaulo Vieira

Muitos leitores e alguns articulistas dirigem-se a nós redacção ou a vós leitores usando a expressão Valentes. É uma expressão bonita. Para ser cristão, para ser jovem, para ser bom, para ser dehoniano, para ser-se qualquer coisa na vida, é preciso ser--se valente! Mas esta expressão vem da iniciativa do fundador da revista, o P.e Fernando Ribeiro, há 35 anos, ao estabelecer o contacto, inicialmente mesmo literalmente com “uma folha” e depois com mais páginas, em primeiro lugar aos contactados vocacionalmente, por esse país fora, e depois a muitos outros jovens que chegaram a integrar a Associação dos Valentes Empenhados. Muitos de-les passaram a Casais Valentes, outros continuam a viver a valentia à sua maneira. A “ementa” era e continua a ser a evangelização à maneira da espi-ritualidade dehoniana.Entretanto, numa espécie de renovação, os deho-nianos, nos anos 80, iniciaram, sobretudo em Lisboa, o movimento chamado Jovens Leigos Dehonianos. Pelos anos 90, começámos a apostar num trabalho de pastoral juvenil mais orgânico e sistemático a nível de todos os Centros do país onde estamos em missão. Nascia a Juventude Dehoniana. Com um Plano de Pastoral Juvenil Dehoniana, consolidou-se um trabalho de conjun-to, na partilha da nossa espiritualidade, nas temá-ticas de formação e na proposta de crescimento e de participação que congrega jovens de todo o país. A Folha dos Valentes passou a ser o órgão ofi-cial da Juventude Dehoniana, embora extravase essa importante tarefa servindo a evangelização especialmente dos jovens mas também das famí-lias e de outros “homens de boa vontade”…Anualmente a Juventude Dehoniana reúne-se no Encontro Nacional, para celebrar a caminhada anual e ganhar energias para continuar a sua mis-são. Começámo-lo há 15 anos, embora este ano tenhamos feito o XIV.Foi espectacular! Dizem-nos vários articulistas ou colaboradores desta edição de A Folha dos Valentes sobre esse XIV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana. Eu corroboro!Mas uso a expressão sobretudo para falar da Pastoral Juvenil em geral e por isso digo-a a quem me fala da minha ocupação nos últimos anos,

praticamente todos os meus anos de padre até agora… É espectacular! É espectacular mas ao mesmo tempo ingrata. É espectacular poder estar com os jovens, acompanhá-los no crescimento, testemunhar e estimular a generosidade, a ale-gria, o entusiasmo, a criatividade e tantos outros valores dos jovens. Mas também é ingrato, porque tantas vezes a inconstância, a falta de capacidade de compromisso, a ausência, a atracção por outros “fascínios” nos fazem perder de vista muitos que pareciam empenhados em fazer um percurso sé-rio, com base num itinerário progressivo de elabo-ração de um projecto de vida cristã na Igreja e na sociedade, ao estilo do Padre Dehon…Trabalho não falta e destinatários também não, temos é que ser valentes!Vêm aí já as Férias Missionárias da Juventude Dehoniana do Porto, que já foram chamadas Férias Valentes, que sofreram algumas “actualizações” em relação às “de outros tempos” e que são, na essência, aquilo que deve ser a vida de um cristão, de um dehoniano, de um valente: interioridade, comunidade, missão! Serão em Terroso e nelas participarão cerca de 30 jovens que querem fazer e proporcionar aos outros uma experiência que marque para a vida!Quem não puder participar reze por (e com) eles porque… é espectacular!

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Page 4: A Folha dos Valentes - Junho 2011

VPaulo Vieira

04 – digo eu... da actualidade

Dos nossos le itores

ATENÇÃO!Agradecemos aos nossos leitores as ofertas que nos têm enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em correspondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! Obrigado!

Olá amigos Valentes,Com muita alegria leio todos os artigos de A Folha dos Valentes que me dá um pouco mais de sabedoria em muitas áreas! Hoje gostava de salientar os artigos da secção Nuances Musicais que tem apre-sentado muita criatividade e muita cultura sobre uma coisa que nos envolve quase 24 horas por dia: a música. Pena não haver espaço para artigos maiores, mas compreendo... Um bem-haja especial ao Florentino Franco! Saudações valentes, muito obrigado e um abraço a toda a equipa!Ana Santos – Coimbra

Olá a todos!Sou a Susana (...) e já não ajudo a revista desde (...).É muito tempo! Mas uma coisa eu sei: não desistiram de mim! Muito obrigada!Envio (...), sei que é pouco... mas sempre que me for possível enviarei ajuda... Um grande abraço a todos!Susana Pereira – Santo Tirso

Boa tarde, queridos amigos!Agora mesmo fiz transferência ban-cária (...) como oferta que servirá para aquilo que julgardes mais conveniente ou para, talvez, pagar a vossa revista que tenho recebido mensalmente. Até breve. Um abraço.Constantino Lago – Vila Verde

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recortes do mundo – 05 da actualidade

Portugueses trabalham pouco e têm férias a mais?

VIsabel Silva

Factos e preconceitos“Em países como a Grécia, Espanha e Portugal as pessoas não devem poder ir para a reforma mais cedo do que na Alemanha. Todos temos de fazer um esforço, isso é importante, não podemos ter a mesma moeda e uns terem muitas férias e outros poucas.” Esta afirmação é da chanceler alemã Angela Merkel e vem mostrar que afinal existe o preconceito de que nos países do Norte se trabalha, e no Sul nem por isso…Isto recorda-me uma história que me contaram, se não verídica, pelo menos verosímil, passada no Sul de Portugal. Certo senhor alemão, sempre que vinha de férias para Portugal, fazia grandes planos, esquemas e projetos para passar as suas férias de forma organizada e produtiva. E o mesmo senhor regressava à Alemanha sem conseguir fazer nada disso, pois mal aqui punha os pés a letargia e a imobilidade apoderavam-se dele…Ora, pondo de parte a anedota e voltando ao preconceito, o que terá levado a senhora Merkel a fazer tal afirmação? Ter-se-á baseado em quê? Parece que nas fontes erradas. Os indicadores publicados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico mostram que essa afirmação não é verdadeira. A idade legal de reforma é a mesma na Alemanha, em Portugal, na Espanha e na Grécia: 65 anos. Mas na prática, em Portugal, a idade de reforma efetiva nos homens é de 67 anos, enquanto que na Alemanha é de 61,8. Nas mulheres a idade da reforma é de 63,6 anos (Portugal) contra 60,5 (Alemanha). Quem se reforma primeiro, então? Os Alemães. E quanto às férias? Mais uma vez as estatísticas da OCDE e do Eurostat indicam que são os Alemães que têm mais dias de férias por ano. O mínimo legal é de 20 dias úteis, mas a grande parte dos contratos é regulada por acordos coletivos que preveem entre 25 e 30 dias de férias, ou mais. Em Portugal o mínimo legal é de 22 dias. No entanto, em Portugal, as férias podem alongar-se até 25 dias (se o trabalhador não faltar para ir ao médico, para ir a um funeral, para ir à reunião da escola do filho…) Só os trabalhadores do Estado têm um regime mais favorável.Curiosamente, a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), defende que os trabalhadores portugueses devem voltar a ter 22 dias de férias como forma de diminuir o custo unitário do trabalho e aumentar a competitividade.O preconceito existe, mas o mais grave é que existe dentro do nosso país: há quem esteja convencido de que os Portugueses trabalham pouco e têm férias a mais. Mas esta não é a realidade, embora nos andem a tentar convencer de que é.

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06– sal da terrada actualidade

Fazer bem feito

VPaulo Rocha

Dá muito mais gozo e não custa nada!

Se eu não morresse nunca! E eternamenteBuscasse e conseguisse a perfeição das cousas!

(Cesário Verde)

A frase do poeta lisboeta ganha actualidade crescente quando se procuram soluções para

problemas globais. Não só os económicos, sobre-tudo os sociais e humanos. E pode adequar-se com pertinência evidente ao momento que Portugal vive. Porque a construção de um país melhor não depende das chefias, das estruturas, das burocra-cias. Ele está indexado ao compromisso que cada um de nós colocar naquilo que faz todos os dias. Só se o fizer bem feito e sempre com mais e me-lhor criatividade é que os tempos futuros serão mais risonhos para todos.A mesma atitude é também aplicável ao contexto escolar destes dias de Junho. É um mês para a co-lheita dos bons – ou maus! – resultados após um ano de estudo.Recordo, a este propósito, a sugestão de um pro-fessor bem conhecido da família dehoniana. A forma prática como encarava as coisas e a vida levou-o a interpelar quem se lamentava por ter de estudar, dias a fio, por causa de exames e nada mais poder fazer... “Se tens de o fazer, o melhor é que faças bem feito... verás que te dá muito mais ‘gozo’ e não custa nada”, sugeria o professor.A proposta partiu do actual Superior Geral dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Na altura, o P.e José Ornelas Carvalho era professor de disciplinas bíblicas na Faculdade de Teologia da Universidade Católica.

De facto, diante de um compromisso, a melhor atitude que se pode ter é procurar cumpri-lo o me-lhor que se sabe e pode. Para além do resultado ser muito positivo e acontecerem quase milagres quando por determinação se encara com optimis-mo o que “tem de ser feito”, constrói-se felicidade ao levar por diante o que aparentemente consti-tuía um “embaraço”.Ao longo de um ano escolar, cada etapa curricular, cada participação individual, cada proposta de trabalho em equipa, cada avaliação... todos os mo-mentos são determinantes para que se chegue ao fim do ano e o aluno (e também os professores) se deixem invadir por duas felicidades: a que resulta de um percurso escolar (bem) cumprido e a que naturalmente se mostra ao ver avaliações finais positivas. E mesmo quando estas não sejam tão expressivas, a felicidade por ter feito, e bem feito, o percurso escolar é (quase) suficiente!

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Mundo mágico

cantinho poético – 07 da actualidade

VJorge Robalinho

Descobri um mundo mágicoDe caminhos e carreirosLongos horizontesE largos sentimentos.Houvera outros momentosPudessem ser este mundoEste maravilhoso mundoMágico.Vejo-te na chuvaQue cai.No solQue se põe.No ventoQue corre a falarAo meu amor.Gosto do teu coraçãoTodo o sentimento envolventeDo teu jeito.Agora, com as portas abertasEnfrento este novo mundoDo amor.Passo a passo…

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08 – recortes dehonianosda família dehoniana

VManuel Barbosa

Encontro de Benfeitores São amigos dos Dehonianos e das suas obras,

sobretudo instituições sociais e casas de forma-ção, estas chamadas de seminários. Acompanham e apoiam, pela oração e pela preciosa ajuda mate-rial. Uma vez por ano, muitos encontram-se num dia de oração e de convívio. Aconteceu, por exem-plo, no dia 15 de Maio, no Seminário de Alfragide, com três centenas de participantes, dos quais

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

Beatificações, de João Paulo II e Maria Clara… Assembleias, plenária dos Bispos e geral dos Religiosos… Encontros, de jovens dehonianos, de benfeitores amigos e de antigos semi-

naristas e dehonianos… Espaços de oração, em retiros e peregrinações… Tantos aconteci-mentos vividos, a merecerem destaque nalguns momentos.

Mudanças na CIRP Em Fátima, no dia 18 de Maio, aconteceu mudança na Direcção da Conferência dos Institutos

Religiosos de Portugal, sigla CIRP. O Padre Manuel Barbosa (sim, aquele que escrevinha estas linhas) terminou dois triénios como primeiro presidente desta instituição, que coordena e dinamiza o conjunto de todos os Institutos Religiosos em Portugal, vulgo Ordens e Congregações. Foi eleita nova Direcção, cabendo a presidência a uma religiosa, a Irmã Lucília Maria Gaspar. O Superior Provincial, Padre Zeferino, formulou «uma palavra de grande apreço e de gratidão pelo excelente trabalho que o nosso confrade Padre Manuel Barbosa realizou como Presidente da Direcção da CIRP ao longo destes últimos seis anos. A Assembleia Geral foi unânime em reconhecer a qualidade do trabalho realizado pela Direcção cessan-te». Incentivo a estarmos sempre abertos a servir as causas comuns…

Beatificações A do Papa João Paulo II é para toda a

Igreja, mas diz-nos muito pela sua ligação a Fátima. A da Irmã Maria Clara do menino Jesus também é para toda a Igreja, mas diz-nos mais respeito: nasceu na Falagueira (Amadora), onde os Dehonianos prestam colaboração pastoral, está sepultada na Casa Geral da Congregação que ela fundou, situada em Linda-a-Pastora, na paróquia de Queijas entregue aos Dehonianos, foi beatificada no Estádio do Restelo. Santos para toda a Igreja, exemplos de vida, mais santa que pecadora, para todos nós.

dois autocarros vindos do Algarve. Estiveram com os membros da comunidade desta casa, rezaram juntos (Rosário e Missa), divertiram-se e reflectiram (canções e mensagem encenada no auditório), conviveram (à volta da tradicional feijoada e outros acepipes e can-torias). Para o ano há mais, em Alfragide a nas casas do Porto, Coimbra e Funchal, pelo menos.

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missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Tournées às diversas comunidadesMissionários dehonianos em acção em Madagáscar

Quando chegamos à aldeia cristã que nos espera é a alegria. Cantam, batem palmas e fazem uma espé-

cie de procissão até ao “tranobe” – casa onde recebem as pessoas de passagem – e é lá que fazem as habituais saudações de boas vindas. Os “ray aman-dreny” – pais e pessoas adultas com responsabilidades – vão chegando aos poucos e, depois das saudações, sentam-se e vão con-versando com o padre sobre os mais diversos assuntos. Entretanto, as mulheres preparam uma boa taça de café ou chá para que o “vahiny” possa matar a sede depois da longa caminhada.Depois das saudações e satisfeitas as necessidades do corpo é o momento em que o missionário se reúne com os cristãos. Em primeiro lugar com os responsáveis da comunidade: o presidente do Komity, o tesoureiro, o ca-tequista e os responsáveis dos diversos movimentos de crianças, jovens e adultos. Cada um tem um papel deter-minante no bom funcionamento da Igreja: o presidente é aquele que preside o comité da Igreja, que informa o padre sobre o bom andamento ou problemas da Igreja, coordena e encoraja os cristãos a responsabilizar-se cada vez mais com a fé; o catequista orienta a oração dominical, ensina o catecismo e prepara as pessoas para receberem os sacramentos; o tesoureiro recebe e administra os bens

de cada comunidade que, em geral, são utilizados para fazer uma boa manutenção das Igrejas; os responsáveis das “fikam-banana Masina” (movimentos e grupos) esforçam-se por que as pessoas se empe-nhem nalguns grupos de aprofundamento da fé e participem nas diversas reuniões e actividades organizadas pelo distrito e pela diocese. Acabada a reunião dirigimo-nos todos para a igreja para celebrar a Eucaristia. Enquanto o catequista prepara a liturgia, os cânticos e leituras, o missio-nário aproveita para confessar, sobretudo os mais velhos e doentes que raramente se podem deslocar ao centro “fiadidiana”.A Eucaristia decorre sempre com muita alegria; cânticos jubilosos e ritmados. Um dos grandes problemas de muitas das nos-sas comunidades é encontrar pessoas que saibam ler. Felizmente já se vão encon-trando muitas crianças que, pelo facto de andarem na escola – pública ou da missão – já podem fazer as leituras durante as cele-brações eucarísticas. Em geral a eucaristia demora entre 1 a 2 horas. Acabada a missa o missionário está disponível para ir visitar os doentes e até levar-lhes a comunhão. Segue-se a refeição. Um bom prato arroz com qualquer coisa: ou ervas, ou carne, ou fruta… e para beber há sempre água de arroz. Acabada a visita do missionário che-ga a hora da partida. Os “ray aman-dreny” voltam ao “tranobe” para se despedirem do padre, assim como muitos cristãos e até os não-cristãos.Podemos passar a semana inteira a visitar várias comunidades. Nesse caso dorme-se nas aldeias que visitamos e comemos do que nos dão. No fim é o regresso a casa, à comunidade, ao centro da missão.

Esforçamo-nos por passar uma a duas vezes por ano nas cerca de 130 comunidades de base do Distrito de Ifanadiana. Normalmente são comunidades de difícil acesso e em lugares longínquos, aldeias no meio do mato. Para lá chegar é preciso fazer grandes caminhadas a pé que podem durar, no máximo, 8 horas a pé durante cerca de 40 km. São os cristãos que vêm procurar o padre aos centros e que nos guiam no meio de florestas altas e escuras, aldeias labirínticas, riachos ou grandes rios que é necessário atravessar em “lacanas” de madeira, campos de arroz e montanhas despidas. Atravessamos diversas aldeias onde não existem ainda cristãos e as reacções são diversas; uns fogem com medo por-que nunca viram um branco, outros aproximam-se e cumprimentam-nos, sobretudo, os que já estão habituados à passagem do missionário.

VQuim Tó

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Page 10: A Folha dos Valentes - Junho 2011

10 – entre nósda família dehoniana

Grupo Missionário de Queijas

O que mais se precisa é: disponibilidade, empenho, vocação e viver o Carisma do Padre Dehon

VRegina Rodrigues

Quando já estava de saída da pa-róquia, em 2001, o Sr. P.e António

Augusto lançou a semente à terra. A altura não era favorável. Existiam al-gumas dificuldades contextuais.No entanto, a semente germinou e tem dado algum fruto, porque a mão do Senhor faz prodígios.No dia 13 de Julho de 2001, o P.e Abel Maia, responsável então, pelos grupos missionários, declarou esse dia como o nascimento do Grupo Missionário de Queijas, nomeando a senhora Regina Rodrigues como presidente e a Maria Emília Pinheiro, como secretária.Fomos apanhadas de surpresa e ficá-mos um pouco sem saber bem o que iríamos fazer, dado que não fomos

preparadas, nem acompanhadas para tão delicada Missão. Contudo, achámos a ideia interessante e aceitámos o de-safio. Confiamos ao Senhor da Messe o nosso trabalho e a nossa oração, pedin-do a Maria, Nossa Senhora, Rainha das Missões que nos ajudasse. Começámos com 8 cooperadores nos quais estamos incluídas. No final do mesmo ano, já tínhamos 22. Em 2003, comprámos o estandarte (que é do Grupo, não da Paróquia). Em 2004, en-trou a animadora Carla Sofia Martins (uma jovem) e no final desse mesmo ano, entrou a Julieta Rosa M. Silva. Em 2006, entrou a Teresa Duarte e em 2010 a Fernanda Néry.Hoje, o grupo tem à volta de 75 coo-peradores. Este trabalho requer muito amor. Sinto que é mesmo uma vocação exercer esta tarefa no grupo missioná-rio de Queijas. Eu sinto-me bem nessa entrega.Gostaria de fazer mais e melhor, mas sei que sou limitada e há sempre dificulda-des. Obstáculos a ultrapassar!...O que mais se precisa é: disponibilida-de, empenho, vocação e viver o Carisma do Padre Dehon.O Seminário Nossa Senhora de Fátima em Alfragide tem sido um grande apoio, através dos retiros que organiza, a Tarde das Missões, a Tarde Dehoniana e as Vigílias de Oração.No próximo dia 13/07/2011, completa-mos 10 anos. Lanço este apelo: Precisa--se de pessoas, talvez mais jovens, com disponibilidade e vocação missionária.

A Presidente do Grupo

10 anos!

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Page 11: A Folha dos Valentes - Junho 2011

CRONOLOGIADEHONIANAHistóriada ProvínciaPortuguesa

1946 27e29|Dezembro

Chegada a Portugal dos primeiros dehonianos, respectivamente o P.e Gastão Canova e o P.e Ângelo Colombo.

1947 17|Janeiro

O P.e Ângelo Colombo e o P.e Gastão Canova desembarcam no Funchal.

1947 17|Outubro

Inauguração do primeiro seminário dehoniano no Funchal, com a designação de Colégio Missionário do Sagrado Coração.

1951 19|Agosto

É confiada à Congregação a Igreja Italiana de N.ª Sr.ª do Loreto, em Lisboa.A tomada de posse dá-se dois anos mais tarde, em 01-12-1953.

1952 17|Agosto

Chegada a Coimbra dos primeiros alunos do Colégio Missionário (Funchal) e início do Instituto Missionário numa dependência do Seminário Diocesano.

1953Abertura da “Escola Apostólica” Casa do Sagrado Coração em Esgueira, Aveiro.

Dehon, sociólogo e “pai” da juventude.

com dehon – 11 da família dehoniana

Vhttp://www.leodehon.com

“O Padre Dehon é por de mais conhecido em Roma, para se poder falar dele e das suas obras. É conhecido, não só pela grande obra que fundou em prol da Igreja, ou seja, a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus... Recordamo-lo, de modo muito especial, como insigne sociólogo, nas conferências que fez em obséquio às directivas do Papa Leão XIII, nas quais, em presença de numerosos Cardeais e de milhares e milhares de ouvin-tes, tratou da crise social e económica que ameaçava a Europa, indicando, com o seu iluminado pensamento, a necessidade mais urgente dos nossos tempos para sanar a sociedade, que consiste em dar especial importância à solução dos graves problemas económicos e sociais, quer fazendo convergir nela o nosso movimento religio-so-social, quer preparando o clero destinado a condu-zir dito movimento. Escreveu ainda diversas obras de sociologia, entre as quais, ‘O Manual social Cristão’, ‘A Renovação Social Cristã’... e Sociais’, e outras...” (Arquivo dehoniano, INV-Nr 0014159).

Diferente é o tom com que se lhe dirige, nessa mesma circunstância (17 de Março de 1923), o bispo de Soissons, Mons. Henrique Binet:

“Vossa Reverência é um dos filhos mais beneméritos e ilustres que esta diocese tem, de Bruxelas a Roma, na África e na América... Foi para a juventude um chefe e um pai, um iniciador e criador de obras. Fez surgir o an-tigo Colégio São João, com a sua numerosa e brilhante população escolar, que conseguia manter-se a par dos mais famosos institutos católicos de educação...Com quantos do Aisne, e sobretudo de Saint-Quentin, O conheceram e admiraram, a Si me dirijo como o antigo sacerdote se apresentou a Judite e, erguendo a mão pa-ra O abençoar, digo-Lhe: ‘És a glória da nossa Jerusalém, a alegria do nosso Israel’.” (Semaine Religieuse de Soissons, 17.3.1923).

Duas evocações diferentes da mesma pessoa: em Saint-Quentin, no contexto local, Leão Dehon é um homem de acção, o homem das obras ao serviço dos jovens; em Roma, é o homem da doutrina social, o homem da promoção do movimen-to social, com uma grande sensibilidade e competên-cia na questão social. Duas recordações por ocasião do seu 80º aniversário e que se, por um lado, reflectem as diferentes etapas da sua vida, por outro são também o eco da complexidade dos seus pontos de interesse, das suas capacidades e da sua personalidade.

O Jornal Romano, por ocasião do 80º aniversário de Dehon (14 de Março de 1923), depois de se congratular com o famoso sociólogo e fundador dos Sacerdotes do Coração de Jesus, afirma:

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Maiocchi con-tinuariam nos Salesianos, de-vendo em breve passar à Madeira, onde esperariam o visto e o em-barque para as Missões.Sentia-se, pois, a urgência de encontrar em Lisboa esse pon-to de apoio, que não podia ser a

assumindo a capelania local e ali residindo em quartos alugados; o padre Gadotti hospedar-se-ia no Seminário dos Olivais e o padre Bettoni com o irmão

12 – memóriasda família dehoniana

Um homem de tacto, tenacidade e prestígio

Nos primórdios da presença dehoniana em Portugal, houve vários dehonianos italianos que

aqui passaram um período, mais ou menos longo, al-guns deles com um notável protagonismo que deixou marcas. Um deles foi o padre Luís Gasperetti, a quem coube a responsabilidade e o mérito de estabelecer uma presença fixa em Lisboa, que inicialmente ser-viu de apoio aos missionários e confrades de passa-gem e, depois, se tornou em mais uma presença da Congregação em Portugal.Em abono da verdade, não foram os padres Colombo e Canova os primeiros dehonianos a chegar e a fi-xar-se em Portugal. Os primeiros foram missionários destinados à Missão de Moçambique, que tiveram de passar em Lisboa uns tempos à espera de visto e na aprendizagem da língua. Foram eles os padres Comi, Pezzotta, Pizzi e Agostinho De Ruschi. Os primeiros três chegaram a Lisboa, de avião, a 29 de Outubro de 1946, hospedando-se na casa dos Salesianos, aos Prazeres, para as refeições, e na igreja de São Domingos, na Baixa, para pernoitar. O último chega-ria de comboio, com as bagagens, a 5 de Novembro. Permaneceram em Lisboa cerca de três meses, em-barcando a 12 de Fevereiro de 1947, no navio Quanza, para Moçambique, com escala na Madeira, onde esta-vam, havia um mês, os padres Colombo e Canova. A 1 de Outubro de 1947, chegaria, sempre a Lisboa, um novo grupo de missionários italianos destinados a Moçambique e também devendo permanecer algum tempo na Metrópole portuguesa. Eram eles os Padres Losappio, Soldavini, Francisco De Ruschi, Bettoni e Gadotti e o irmão Maiocchi. O Padre Colombo veio de propósito da Madeira a Lisboa para os receber e encontrar-lhes alojamento, não podendo o já nu-meroso grupo continuar a servir-se da hospitalidade dos Salesianos: o padre Francisco De Ruschi iria para Linhó, para a Casa de Retiros que as Irmãs Doroteias tinham na Quinta da Fonte, servindo-lhes de capelão; os padres Losappio e Soldavini iriam para o Bairro da Liberdade do Alto da Serafina, em Campolide,

P.e Luís Gasperetti1920-2009

Recordando o Padre Luís Gasperetti

P.e Luís Gasperetti, ao centro.

hospitalidade da igreja local nem os modestos dois quartos alugados no Alto da Serafina. Não podendo assumir na totalidade as estruturas existentes e pro-jectadas da igreja do dito Bairro, surgiu então a ideia de assumir a reitoria da igreja italiana do Loreto, ao Chiado, cujo reitor, um Monsenhor italiano já idoso, carecia ser substituído.Não foi fácil porém a concretização do projecto. Mons. Biaggio Rotondano, reitor da igreja havia quatro dé-cadas, não foi pelos ajustes, chegando a recorrer ao próprio Santo Padre para fazer gorar a substituição que a Nunciatura Apostólica apadrinhava; preferia ele os Salesianos como coadjutores e futuros su-cessores. E havia outras Congregações – Consolata, Capuchinhos, Combonianos – algumas apadrinhadas por gente da alta nobreza e burguesia da capital, que tinham os olhos na dita igreja italiana do Chiado. O Dehoniano que viria concretizar o projecto seria precisamente o padre Luís Gasparetti, que chegou a Lisboa, com os padres Carrara e Franchini, a 4 de Novembro de 1947, ficando ele na capital e seguindo os outros dois para a Madeira.Nas suas memórias, o padre Canova confirma que a Província [Dehoniana] muito deve ao Padre Gasperetti. Escreve que “os inícios foram duros e trabalhosos. Homem de grandes qualidades, duma vontade de aço (os Trentinos são assim!), constante, sacerdote e religioso a sério, alegre e com piadas inteligentes..., ele [o padre Gasperetti] soube, pouco a pouco, sacri-ficando até a própria saúde, levar por diante o plano do Padre Colombo: ter em Lisboa um ponto de apoio para os missionários e para a Obra em Portugal… Granjeou a benevolência do Sr. Núncio Apostólico e a estima do Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa e conseguiu que nos fosse confiada a Igreja do Loreto” (III, 10).Também o padre Miguel Corradini, na crónica dos

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Page 13: A Folha dos Valentes - Junho 2011

memórias – 13 da família dehoniana

VJoão Chaves

primórdios da presença dehoniana em Lisboa, afirma, a 19 de Janeiro de 1949: “Padre Gasperetti iniciou e conduz bem as negociações com Mons. Mozzoni [Secretário e Auditor da Nunciatura, futuro Cardeal]… e é mérito seu se conseguimos todo o apoio e con-fiança em Lisboa”.As qualidades do padre Gasperetti fizeram dele o pri-meiro Dehoniano “colaborador local” da Nunciatura Apostólica de Lisboa. Reconhecendo esta sua mais--valia, o Núncio pediu-lhe e obteve colaboração. Estabeleceu-se logo uma estreita relação de estima e amizade entre Mons. Mozzoni e o padre Gasperetti, partilhadas pelo próprio Núncio, que o levará consigo em várias deslocações às dioceses. Essa actividade e visibilidade eclesial e social do padre Gasperetti muito contribuiriam para a consolidação e alargamento da presença dehoniana numa Igreja local nem sempre aberta à expansão, mormente em termos de pastoral vocacional, dos Religiosos. O padre Gasperetti, que em Setembro de 1948, será coadjuvado pelo padre Miguel Corradini na pastoral do Bairro da Liberdade, continuará a resi-dir neste, trabalhando nos dias feriais e a tempo cheio na Nunciatura.Foi sobretudo graças a essa colaboração que se tornou realidade o so-nho da assunção da Igreja do Loreto, que seria confiada à Congregação em Julho de 1951, mas onde se entraria só dois anos mais tarde, a 3 de Julho de 1953, depois de superadas as resistências e manobras dilatórias de Mons. Rotondano, para pôr termo às quais teve de inter-vir o próprio Cardeal Patriarca, com ameaça de medidas enérgicas e mesmo penas canónicas! O tacto, a tenacidade e o prestígio do Padre Gasperetti conseguiram-no.

O primeiro reitor deho-niano da igreja do Loreto foi naturalmente o padre Luís Gasperetti. Transformou uma igreja, até então aberta só à ho-ra das missas, num cen-tro de vida espiritual e de prática sacramental, não só para italianos, mas também e sobretudo para quantos de Lisboa

e arredores a ela acorressem. Em breve, a igreja do Loreto tornar-se-ia o principal confessionário da capital, graças à perene disponibilidade dos dehonianos nela residentes.Nos dois anos de negociações, esperanças e contratempos, para a as-sunção da igreja, surgiram alternativas de presença dehoniana nos arre-dores de Lisboa, nomeadamente em Odivelas – na Quinta dos Pombais – e em Sintra – na Quinta do Rossio –, onde se pensava instalar o futuro Noviciado dos seminaristas dehonianos que, em Coimbra, terminariam o liceu. Todas essas alternativas se esfumaram com a entrada na Igreja do Loreto, que passará a constituir uma verdadeira comunidade religio-sa dehoniana na capital e sede da Região, entretanto criada em Outubro de 1954. Será a única comunidade dehoniana na área de Lisboa até 1960, data da abertura de um seminário menor na região de Loures, a Casa de Santa Maria, na Quinta da Abelheira de São Julião do Tojal.

Com a abertura do Seminário Nossa Senhora de Fátima em Alfragide, em 1968, para este se transladaria o Governo da já Província Portuguesa dos Dehonianos. A igreja do Loreto deixaria assim de ser o principal ponto de apoio para os dehonianos de passagem por Lisboa, concentrando-se na sua função de assistência pastoral à co-munidade italiana e a quantos a ela recorressem, de modo especial no ministério das Confissões.O padre Gasperetti continuará a prestar o seu precioso serviço nessa igreja e na Nunciatura até 1960, ano em que regressa definitivamente à Itália, onde passará a trabalhar, por outros 48 anos, na igreja de Cristo Rei em Roma, dedicando-se, tam-bém aqui, sobretudo ao ministério das Confissões.Nunca se há-de esquecer dos 13 anos de estadia em Lisboa. Com indisfarçável orgulho e satisfação recorda-os aos portugueses que o visitam em Cristo-Rei ou com quem se encontra no Colégio Internacional. Em bom português, recorda-lhes as suas benemerências na implantação da Congregação em Portugal e, de modo especial, em Lisboa; benemerências a que tem jus e que lhe reconhecemos.Falecerá em Bolognano, a 4 de Janeiro de 2009, no mesmo dia em que, no Funchal, falecia também o Padre Mário Casagrande.

P.e Luís Gasperetti, à esquerda.

P.e Luís Gasperetti, com Mons. Cento, na Nunciatura.

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14 – comunidadesda família dehoniana

O promeiro campo de acção pastoral dos dehonianos em Portugal

VJoão Chaves

O Bairro da Liberdade no Alto da Serafina

Foi assim e ali que os Dehonianos começaram o seu trabalho pastoral em Lisboa, trabalho não fácil e limi-tado pela condição da capela local, dependente de diversos organis-mos e agentes de pastoral, alguns ciosos do próprio protagonismo. Por outro lado, o padre Gasperetti andava bastante ocupado com a colaboração à Nunciatura e o padre Miguel Corradini dava-se a outros apostolados, como a Obra do Soldado. É todavia uma presença e uma acção dignas de uma referên-cia de crónica.

“O Alto da Serafina situa-se em frente da zona de Campolide, separado [deste] pelo vale do caminho-de-ferro, que leva à estação dos Restauradores, no centro da cidade. O vale é atra-vessado pelos arcos do Aqueduto das Águas Livres, que liga as duas colinas… No sítio onde a canalização das águas sai da colina apoiada nos arcos para se lançar sobre o vale, existe um bairro de casas populares, na maior parte somente com rés-do-chão”. Numa dessas casas, a n.º 28, o padre Gasperetti alugou um quarto e, mais tarde, com a chegada do Padre Corradini, um outro. “Campolide depende da Conferência de São Vicente de Paulo, de que é Presidente o Director Nacional da Acção Católica Portuguesa. São 12 000 almas. O cardeal chama à zona “a África às portas de Lisboa”, e sem exageração. A Direcção é--nos favorável, mas há que ir devagar [pelas reservas da auto-ridade eclesiástica, pouco aberta aos Religiosos] … Vivo num quarto alugado … Recebo pouco, mas, se não ficamos, não meteremos pé em Lisboa por alguns anos. A capela é dedi-cada ao Coração de Jesus. É servida pelas Irmãs do Amor de Deus, espanholas. Existe a confraria do Apostolado da Oração (200 senhoras), a de São Vicente de Paulo (20) a JOC (30) e os Escuteiros (34). Quer-se construir um cinema católico, a igreja, a casa para o padre e para as irmãs, uma paróquia e uma esco-la de artes e ofícios. Se não houvesse a resistência do Cardeal, seria tudo nosso. A Nunciatura e os outros Padres italianos daqui aconselham-nos muita prudência”.

No primeiro quartel do século XX, na expansão da cidade de Lisboa e na óptica da construção dos bairros sociais, foi construído na baixa de Campolide, junto do Aqueduto das Águas Livres, o Bairro da Liberdade, ligado ao Alto da Serafina na vertente Norte do Monsanto.A Igreja, atenta às novas exigências, não podia alhear-se nem privar da sua acção pastoral a nova realidade urbanística e social. Daí que diversos organismos eclesiais se dedicassem ao serviço do Bairro, nomeadamente a Conferência Vicentina, cujo Presidente era, ao tempo, também Director Nacional da Acção Católica. Um jesuíta, P.e Maurício, celebrava a Missa e prestava alguma assis-tência pastoral ao local, mas eram sobretudo as Irmãs do Amor de Deus as grandes dinamizadoras da pastoral local.Nos finais dos anos quarenta, quando os primeiros dehonianos se fixaram em Lisboa, foi-lhes con-fiada a assistência do Bairro. O primeiro foi o P.e Luís Gasperetti, coadjuvado de Setembro de 1948 a Julho de 1951, pelo P.e Miguel Corradini, de quem se transcrevem alguns dados de crónica dessa primeira presença e acção pastoral dos Dehonianos em Lisboa.

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Page 15: A Folha dos Valentes - Junho 2011

VFátima Pires

onde moras – 15dos conteúdos

Lançai as redesCom Jesus, a pesca é fácil e abundante

Quando vemos os campos verdes e os jardins floridos, isso faz-nos recordar que estamos na Primavera. Apetece dar graças a Deus pelas belezas naturais com as quais Ele nos presenteia.

Também na nossa vida espiritual há ocasiões e momentos em que sentimos com facilidade a

presença de Jesus Cristo, o nosso Mestre. Um dia sa-íram alguns dos discípulos para a pesca e nada apa-nharam. Ao amanhecer Jesus estava na praia mas os discípulos não o reconheceram, então, Jesus iniciou o diálogo com eles e disse-lhes: “lançai as redes à direita do barco e achareis”. Lançaram então e já não tinham força para puxá-la, por causa da quantidade de peixes (Jo 21, 4-6).Com Jesus tudo se torna fácil, a pesca é abundante, sem Ele não conseguimos nada. Ele está sempre presente, habita em nós. Nunca te esqueças que o Mestre habita em ti, como nos diz um cântico muito conhecido: “quando te encontro descanso, tu reconfortas minha alma, Cristo Senhor és o guia, o Bom Pastor que me conduz e me guia”. Ele vai à frente, indica o caminho, espera por nós, chama-nos a segui-Lo.Na vida de cada um de nós há momentos agradá-veis e outros mais difíceis e complicados. No entan-to, nas horas difíceis, e às vezes dramáticas, em que somos chamados a ter coragem de dar testemunho, Jesus prometeu um auxílio excepcional do Espírito Santo: “Nessa altura vos será sugerido o que haveis de dizer, pois não sereis vós que falareis: o Espírito do vosso Pai é que falará em vós” (Mt. 10, 19-20). Foi esta força que fez dos apóstolos anunciadores do Reino. O testemunho corajoso vem do Espírito Santo que habita em nós. No entanto, o auxílio do Espírito Santo não dispensa o contributo humano. O nosso testemunho só será objectivo e convincente, se soubermos exactamente do que estamos a falar. Para isso é imprescindível escutar a voz do Espírito Divino que fala no mais íntimo do nosso ser, fazer silêncio: Ele não se ouve no meio do barulho! É co-mo uma brisa suave! Deixa-te conduzir pelo Espírito que dá vida!

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“Vinde!” Aquele que faz este convite, não somente garante que “veremos”, como também revela toda a ternura do seu

Coração, quando, noutro contexto, também acrescenta ou-tro convite ao mesmo tempo enternecedor e carregado de exigência.Neste mês particularmente dedicado o Sagrado Coração de Jesus, faz-nos bem reler uma das passagens mais co-moventes do Evangelho. Reler e meditar, aplicando-a, sem forçar a nota, à nossa realidade. Ei-la: “Vinde a Mim todos vós que andais sobrecarregados e oprimidos e Eu vos aliviarei. E aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração.”Lá está um “vinde!” dirigido à nossa fragilidade, a mes-ma que Ele assumiu, ao fazer-Se um de nós, “em tudo igual a nós excepto no pecado”, explica S. Paulo. Ou não será verdade que muitas vezes nos sentimos deveras esmagados por tantos “jugos” que põem à prova a nossa capacidade de resistência? E quan-tas vezes esses “jugos” não nos caíram em cima por acaso, nem pela maldade dos outros, nem por misteriosa permissão divina! Sim, porque, verdade seja dita, quantas e quantas vezes so-mos nós próprios os autores dos “jugos” que nos oprimem!Carregamos as consequências dos erros que nós próprios cometemos, no mau uso da nossa liberdade, ou pela nossa auto-sufici-ência e rebeldia, ou pela rejeição mais ou menos consciente, mais ou menos deli-berada das propostas de Deus, ou pela falta de resposta aos seus apelos por vezes tão claros e insistentes, numa palavra, por todas as traições à nossa própria consciência, no segredo da qual encontram eco todas as vonta-des de Deus a nosso respeito, as do dia-a-dia e as de maior alcance.“Trago nos ombros a cruz que eu mesmo fiz”, canta uma das músi-cas do Padre Zezinho. Essa cruz é, tantas vezes, o somatório das muitas e repetidas opções feitas à revelia da vontade de Deus claramente percebida mas cobardemente rejeita-da. E ela apontava caminhos de verdadeira liberdade, de felicidade garantida.

“Vinde!” Aquele que faz este convite, não somente garante que “veremos”, como também revela toda a ternura do seu

Coração, quando, noutro contexto, também acrescenta ou-tro convite ao mesmo tempo enternecedor e carregado de exigência.Neste mês particularmente dedicado o Sagrado Coração de Jesus, faz-nos bem reler uma das passagens mais co-moventes do Evangelho. Reler e meditar, aplicando-a, sem forçar a nota, à nossa realidade. Ei-la: “Vinde a Mim todos vós que andais sobrecarregados e oprimidos e Eu vos aliviarei. E aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração.”Lá está um “vinde!” dirigido à nossa fragilidade, a mes-ma que Ele assumiu, ao fazer-Se um de nós, “em tudo igual a nós excepto no pecado”, explica S. Paulo. Ou não será verdade que muitas vezes nos sentimos deveras esmagados por tantos “jugos” que põem à prova a nossa capacidade de resistência? E quan-tas vezes esses “jugos” não nos caíram em cima por acaso, nem pela maldade dos outros, nem por misteriosa permissão divina! Sim, porque, verdade seja dita, quantas e quantas vezes so-mos nós próprios os autores dos “jugos” que nos oprimem!Carregamos as consequências dos erros que nós próprios cometemos, no mau uso da nossa liberdade, ou pela nossa auto-sufici-ência e rebeldia, ou pela rejeição mais ou menos consciente, mais ou menos deli-berada das propostas de Deus, ou pela falta de resposta aos seus apelos por vezes tão claros e insistentes, numa palavra, por todas as traições à nossa própria consciência, no segredo da qual encontram eco todas as vonta-des de Deus a nosso respeito, as do dia-a-dia e as de maior alcance.“Trago nos ombros a cruz que eu mesmo fiz”, canta uma das músi-cas do Padre Zezinho. Essa cruz é, tantas vezes, o somatório das muitas e repetidas opções feitas à revelia da vontade de Deus claramente percebida mas cobardemente rejeita-da. E ela apontava caminhos de verdadeira liberdade, de felicidade garantida.

16 – vinde e vereisdos conteúdos

VFernando Ribeiro

Vinde a MimJugo suave, carga leve...

Quantas vezes o “jugo” resulta mesmo de ter algum dia rejeitado um chamamento que não se quis atender, a rejeição de um projecto que levianamente (talvez mesmo

cobardemente) se presumiu desconcertante e demasiado exigente.

Talvez não seja tarde para aceitar o “Vinde a Mim!”, à procura de refúgio, na certeza do “Eu vos aliviarei”. Mas não só. Quem

sabe se ainda a tempo de arrepiar caminho e de experimentar que, afinal Ele não ilude, quando afirma: “O meu jugo é suave e a minha carga é leve”.

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palavra de vida – 17 dos conteúdos

VJosé Agostinho Sousa

De portas trancadas... e coração abertoMês do Coração de Jesus, com a Solenidade em Julho

São João apresenta-nos o grupo dos discípulos na tarde do primeiro dia da semana, o Domingo da Ressurreição: estão metidos em casa, de portas fechadas e trancadas, com medo dos Judeus. Era a derrota total! Estava tudo perdido, tinham feito a aposta das suas vidas na pessoa errada, tinham chegado a acreditar que Jesus fosse o Messias, mas havia tempo que Ele tinha sido morto na cruz… e nada. Os discípulos assumem a atitude de quem desiste, de quem capitula, de quem reconhece o fra-casso. Além disso, têm medo: como tinham crucificado Jesus, podiam lembrar-se de começar a crucificar os seus discípulos… O melhor era mesmo prevenir. Mas, apesar de tudo, mantêm-se uma comunidade unida e reunida, solidária na tristeza e na desilusão.

De repente, tudo se transforma! Jesus ressuscitado aparece e a esperança renasce. Os discípulos ficam de imediato cheios dos dons da ressurreição: enchem-se de alegria e recebem do Senhor os dons da paz e do Espírito Santo. Recebem es-tes dons para os colocarem ao serviço da comunidade e da missão que o Senhor também lhes confia. Aqueles homens, até então trancados em casa com medo, derrotados e desi-ludidos, são enviados por Jesus a anunciar a Boa Nova do Reino e a levar o perdão e a misericórdia do Pai a todos os povos. Já conhecemos o resto da história: os até então me-drosos saltam cá para fora e começam a testemunhar com alegria, desassombro e entusiasmo tudo o que tinham rece-bido de Jesus. Os seus corações deixaram de estar invadidos pela tristeza e a desilusão, para serem inundados de alegria, de paz e de esperança.Esta é a história da Igreja que nós somos. Nascemos destes dons do Ressuscitado. Somos esta comunidade de crentes, graças a esta acção do Espírito nos corações destes primei-ros discípulos e de todos quantos lhes seguiram o exemplo de testemunho alegre, entusiasta e desassombrado da Boa Nova do Reino. É uma história de fé e de amor que não pára, porque continua a contar com homens e mulheres que se reúnem em comunidade, atentos ao Senhor que vem de no-vo e sempre colocar-se no nosso meio e voltar a saudar-nos: “A paz esteja convosco!”. Que, ao som desta saudação, não nos fechemos em casa, de portas trancadas, mas saiamos dos nossos casulos e das nossas preocupações para dar tes-temunho alegre e entusiasta do Senhor Ressuscitado.

Junho é, já o sabemos, o mês do Coração de Jesus – embora este ano a Solenidade do

Coração de Jesus até já seja… em Julho. É, por isso mesmo, um mês sempre especial para a nossa Família Dehoniana. Mas acontece muitas vezes ser também

um mês profundamente marcado pelo tempo festivo da Páscoa. É o que sucede este ano. Se é o mês do Coração de Jesus, é também o mês do Espírito Santo. Assim,

nada melhor do que escolher o Evangelho do Domingo de Pentecostes(Jo 20, 19-23) para inspirar a nossa reflexão.

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Page 18: A Folha dos Valentes - Junho 2011

18 – pedras vivasdos conteúdos

Nucha – missionária envergonhadaEla deu-o todo: o da viagem e o das lembrancitas

O Pentecostes é a grande festa de Lourdes. Já lá fui algumas vezes, mas nunca nesta grande

festa. Este ano, porém, o feriado nacional do 10 de Junho, veio mesmo a calhar e aproveitei para organizar uma peregrinação nesta altura. Irei, pois, a Lourdes, de 9 a 12 de Junho, com um pequeno, mas muito simpático grupo de peregrinos. E por ser pequeno é que te vou falar da Pedra Viva que hoje te apresento. Para simplificar, digo-te desde já que, pela primeira vez nesta rubrica, vou usar um nome fictício. A Nucha é uma Pedra “en-vergonhada”, com uma vida complicada quanto baste, que quer manter o anonimato. Como o grupo é pequeno e eu queria levar muita gente, andava à procura de pessoas para encher um autocarro dos grandes, para ficar mais barato e ser maior o lucro para as missões. Mas a crise, e, pior que a crise, o medo dela, fez que as pessoas se retraíssem de tal modo, que quase nem dava para um autocarro pequenino… É que a Peregrinação é logo a seguir às eleições e todos sabemos, me-nos o nosso “Primeiro”, que as coisas estão más. E, como dizia alguém:– Tenho que poupar, porque sei lá como é que isto vai ficar?… Se calhar ainda vai ficar pior…”Como se pudesse!... Foi à procura de gente para esta peregrinação, que, a meados de Maio, falei à Nucha, convidando-a a ir comigo. Disse-lhe tudo quanto sei de Lourdes: Quão bela é a paisagem, como o Santuário é um conjunto harmonioso, como é maravilhosa a Via--Sacra da montanha. Como está bem conservado o moinho em que moía o pai de Santa Bernardete, assim como a cárcere em que Santa Bernardete viveu, com a família, num período de enorme mi-séria... E falei das Basílicas e Igrejas, da tenda da Adoração, das duas Vias-Sacras dos doentes na outra margem. E ela ia dizendo: – Deve ser lindo! Deve ser maravilhoso! Gostava tanto de lá ir! E quando eu já estava a ficar convencido de que ela iria pedir que a inscrevesse, foi um balde de água fria: – Quem me dera ir, mas não posso, por causa dos € 250. E como se traz sempre umas lembrancitas, pe-lo mais barato, iriam sempre uns € 300. É a minha reforma quase toda. Tenho que poupar muito para ir sobrevivendo. Às vezes nem para os remédios dá. Mas se tivesse dinheiro, era dos sítios aonde gostava de ir. Assim, tenho que me contentar em

ir uma vez por ano a Fátima… Até aqui tudo bem. Se não tinha dinheiro, iria em desejo. Quem não tem dinheiro não tem vícios. Não tendo dinheiro, não podia ir. Pedi-lhe, então, que falasse a pessoas amigas. Podia ser que houvesse alguma com algum di-nheiro, o suficiente para poder ir. E ela, amavelmente, pediu-me alguns programas para divulgar. E ficou de falar a umas pessoas, que talvez quisessem ir, que gostavam muito de Lourdes. Como ninguém se inscreveu, penso que se terá esbarrado com a mesma dificuldade com que eu me esbarrava: “Não há dinheiro. O Sócrates repartiu-o mal ou gastou-o todo a planear TGV,s e aeroportos…”. No fim da Missa, veio ela ter comigo. – Senhor Padre, por favor, mande esta pequenina oferta para o Hospital de Santa Ana, que o Bispo D. José, está a construir em Mananjary, Madagáscar. Peguei no envelope e meti-o ao Bolso tal como ela mo deu. Mais tarde, ao arrumar as contas, abri o en-velope e qual não foi o meu espanto! No envelope, aquela pobre tinha dado, exactamente os 300€, que nas suas contas, viagem mais as lembrancitas, iria gastar indo a Lourdes, onde tanto gostava de ir, e onde só não ia por falta de dinheiro. Modo esquisito de fazer contas, será? Não, bem pelo contrário. Eu é que fiquei com insónias quase a noite toda, a pensar em como ainda há gente tão generosa. A Nucha queria passear, gostava de ir a Lourdes, mas aqueles € 300, tinha decidido bem no íntimo do seu generoso coração, já não eram dela, não contava com eles; era como se já não fossem dela. No entanto, eram: mas no seu coração já os tinha dado.Afinal, porque é que eu queria levar um grande grupo, um autocarro dos maiores? Não é pelas missões, porque há sempre uma pequena “aten-ção” dos hotéis, a favor dos organizadores, porque lhes levam os grupos?… Por mim, que sei o traba-lho enorme que isto dá, só organizo estas peregri-nações, porque servem para angariar algum para as missões. Ela fez mais. Deu-o todo: O da viagem e o das lembrancitas... As lições que uma velha analfabeta sabe dar a um padre! Se te servir também, aproveita, porque esta mestra trabalha de graça, por GRAÇA DE DEUS!

VAntónio Augusto

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Page 19: A Folha dos Valentes - Junho 2011

pedras vivas – 19dos conteúdos

VGonçalo Soares

É meu dever utilizar todos os talentos que Ele me deu para O servir

Testemunhode Páscoa

Vivi muito activamentea Páscoa do Senhor.Estou muito contenteporque pus ao serviçodo Senhor Ressuscitadotudo o que sei,como a animação da missado dia de Páscoa,tocando órgão.Jesus chamou-me para o servir.E tendo-se entregado por nós,tendo corrido a Santa Via-Sacra por nós,é meu dever utilizar todos os talentosque Ele me deu e fazer tudoo que está ao meu alcance para O servir.Nestas Festas Pascais senti,finalmente, o amor de Deus,a penetrar nos coraçõesde quem O ama,de quem tem fé e amor a Ele,porque ELE, sim,é o verdadeiro Cristo Ressuscitado! Gonçalo Soares – Livramento, S. Miguel

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O Cristianismo não propõe uma espiritualidade fechada, monolítica e imobilista.

Assente na pedra angular do Evangelho, a Igreja apresenta-se com uma doutrina que se foi definido ao longo dos primeiros séculos e se foi adaptando, nos seus contornos marcados pela roupagem his-tórica dos diferentes contextos e marcas mentais e culturais, a cada tempo, sem querer, todavia, perder o essencial. No entanto, debaixo da fortaleza doutrinal que a Igreja apresenta passa um rio subterrâneo de imenso caudal com diversíssimas ramificações. Esse rio imenso é o rio da espiritualidade cristã enriquecida ao longo dos séculos pela experi-ência vivida e transmitida por muitos homens e mulheres que aprofundaram o conhecimento de Deus, sentido pela fé, compreendido pela razão e experimentado na vida. Entre esses está o grupo imenso dos fundadores de ordens e congregações religiosas que enrique-ceram a Igreja, com maior intensidade a partir dos séculos IV e V na fase da emergência do mona-quismo cristão. Cada fundador, à sua maneira, tentou destacar e dar ênfase carismático a um aspecto proposto por Cristo no Evangelho para a plenificação da vida cristã, cuja procura de perfeição maior consiste no seguimento da pessoa de Cristo, a dita sequela Christi.Os carismas das diferentes ordens e congregações idealizados e vividos pelos fundadores e seus dis-cípulos enriqueceram a Igreja com um património espiritual imenso, assente no aprofundamento especializado de uma proposta de caminhada pa-tente na Palavra de Deus consagrada na Bíblia. Todavia, essa especialização não implica necessa-riamente uma parcialização, uma fragmentação da doutrina, mas, para ter sentido evangélico e cristã e ser aceite pela Igreja, esse carisma especial deve integrar-se no conjunto da mensagem cristã e iluminá-la a partir de um ângulo de compreen-

são que reforça a procura de Deus na articulação sustentada com a totalidade da mesma mensa-gem que assim sai reforçada e resignificada na experiência da pessoa de Cristo.O Padre Dehon, no século XIX, a partir de um cami-nho espiritual que encetou centrado na espiritua-lidade do Coração de Jesus, então muito em voga na França, fez uma experiência de Deus através do seguimento de Cristo, centrando-se na percepção de Deus como Deus Amor, cujo símbolo maior é o Coração de Jesus. Vivia-se então na Europa num século marcado por fracturas em vários campos. O século de oitocentos foi o século das grandes transformações sociais, na sequência da deriva desintegradora do Antigo Regime suscitada pela influência da Revolução Francesa e dos seus ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade, de fundo cristão, aliás.A ascensão dos regimes liberais, a industrialização, as novas correntes científicas e ideológicas, a cria-ção de grandes aglomerados populacionais nas cidades, reduzindo progressivamente a marca da ruralidade que tinha marcado predominantemen-te a Europa cristã fazia do século do Padre Dehon um século de metamorfose, mas também de ins-tabilidade e convulsão social com reflexos fortes no espírito de homens e mulheres afectados pela confusão, desorientação espiritual e incertezas várias. A proposta de uma espiritualidade do coração, mais afectiva, que permitisse compreender Deus como um Deus próximo, sensível e preocupado com a histórica humana e de cada indivíduo em particular, foi vista pelo padre Dehon como me-lhor caminho para construir uma nova sociedade,

20 – meias-doses de saberdos conteúdos

Do “Reino do Coração de Jesus” à “Civilização do Amor”

Espiritualidade dehoniana para os tempos de hoje (I)

Os carismas das diferentes ordens e congregações enriquecem a Igreja com um património espriritual imenso.

“Aproximar-se ou deixar-se atrair assim do Coração de Cristo não é apenas uma visão contemplativa ou especulativa, mas um caminho que empenha a pessoa inteira, como o exige a lógica própria do coração. Torna-se proxi-midade, compreensão, identificação e transformação, a partir do pedido e da disponibilidade para receber o dom do Espírito.”

(Padre José Ornelas Carvalho)

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É certo que hoje, ao lermos a forma como o Padre Dehon co-locou por escrito o seu “património espiritual”, que nos quis legar, podemos estranhar a linguagem com as marcas muito próprias de um tempo em que a Igreja tinha os seus modos próprios de exprimir propostas de caminhos espirituais atra-vés de termos e conceitos que ferem a sensibilidade do ho-mem contemporâneo. Cabe, pois, a nós fazer esse exercício de actualização, sempre abertos ao Espírito, que, através da oração e da meditação, ins-pira o coração e a mente humana a ler e actualizar o Evangelho a cada contexto de modo a torná-lo compreensível ao homem inscrito num dado tempo, espaço e enquadramento cultural. Fundamental é, pois, captar o sentido profundo de termos e conceito da espiritualidade dehoniana expressa originalmen-te, nomeadamente os conceitos de reparação, oblação, de vítima, de desagravo do coração de Jesus ferido e ultrajado pelos pecados dos homens.

meias-doses de saber – 21dos conteúdos

VEduardo Franco

Espiritualidade dehoniana para os tempos de hoje (I)

Os carismas das diferentes ordens e congregações enriquecem a Igreja com um património espriritual imenso.

a que chamava a realização do Reino do Coração de Jesus sobre a terra e que hoje actualizamos com a expres-são edificar a Civilização do Amor, um mundo melhor. Através da abertura ao Espírito que quer sempre inspirar e conduzir os homens para o coração de Deus, a experiência do Deus-Amor a partir da contemplação da vida humana e divina de Jesus na Terra seria o ca-minho ideal para reunificar interior e exteriormente o homem contem-porâneo, demasiado racionalizado e com a fé debilitada, e libertá-lo das angústias e inquietações existenciais que o impedem de acreditar e de en-contrar a felicidade mais plena. Assim, a espiritualidade dehoniana vi-vida e transmitida pelo Padre Dehon e depois actualizada pelos que acei-taram continuar a viver o seu legado espiritual é uma espiritualidade da restauração da unidade perdida: da unidade do homem com Deus e dos homens entre si. Trata-se de reparar tudo aquilo que impede a edificação de uma vida social harmónica assen-te nos valores da justiça, do respeito pela dignidade e liberdade de todos, na promoção do acesso de todos aos bens da criação para uma vida equili-brada e fraterna.

(Continua no próximo número.)

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22 – MissãoPressdos conteúdos

Jornadas Missionárias 2011De 16 a 18 de Setembro próximo...

Voluntariado e MissãoHá temas que a agenda do mundo nos impõe.

Este é, por uma boa razão, um deles. 2011 é o Ano Europeu do Voluntariado e este é uma das expressões mais históricas e mais evangélicas do testemunho cristão. O “dar de graça o que de graça se recebeu” é um apelo que atravessou os dois mil anos de história do Cristianismo, deixan-do um rasto de serviço, sobretudo, a favor dos mais pobres. Ao assumir o tema “Voluntariado e Missão”, as Jornadas Missionárias Nacionais, a realizar na Igreja da Santíssima Trindade (Cripta – Convívio Santo Agostinho), de 16 a 18 de Setembro, querem dar o seu contributo à refle-xão sobre a gratuidade do serviço da Igreja aos mais desfavorecidos das nossas sociedades.

ProgramaAs três grandes conferências tentam abranger as três grandes dimensões do Voluntariado hoje: “Voluntariado e desafios de cidadania” abordará o sentido mais amplo desta disponibilidade para estar ao serviço da comunidade; “Voluntariado e nova consciência social” trará uma aborda-gem mais focada nas experiências de Igreja no âmbito do serviço social que a Igreja presta; “Voluntariado com Missão” incide na missão dos leigos que deixam a sua terra, a sua família e as suas seguranças aqui para oferecerem um, dois ou mais anos de vida numa Missão “fora de portas”.Haverá três painéis de testemunhos em primeira pessoa, partilhando o Voluntariado que se faz nos compromissos sociais, na evangelização aqui e na missão lá fora.Num tempo marcado pelo lucro, pelo sucesso e por uma perspectiva de vida individualista, o Voluntariado é um grande serviço prestado à humanidade, é um sinal de amor aos outros, sobretudo aos mais excluídos do nosso mundo.

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MissãoPress – 23dos conteúdos

VManuel Durães

O Voluntariado Missionário é uma revolução na missão da Igreja por diversas razões. A primeira é por-que se dá um legítimo protagonismo aos leigos que também têm o direito (e o dever) de partir para aquelas que foram chamadas as “linhas da frente da Missão’” outrora um exclusivo para membros con-sagrados de Institutos Missionários; o voluntariado missionário está a fazer uma revolução na Igreja porque envolve mais as famílias, as sociedades e as comunidades paroquiais. Quando partia o padre ou a irmã, quase só o Instituto e os familiares directos davam por isso. Hoje, com a partida de leigos, as famílias sentem-se envolvidas, umas apoiam e outras colocam dificuldades, mas o certo é que ninguém fica indiferente. E – talvez o mais significativo – na hora do regresso, a partilha do testemunho e o en-volvimento de familiares e amigos em projectos, faz com que a missão fique mais próxima das pessoas. O anúncio deste Evangelho libertador de todas as formas de opressão ganha um impacto mais forte quando os leigos se envolvem de alma e coração e levam para a missão o que sabem fazer e a fé que lhes vai no coração.O Voluntariado Missionário é, na actualidade, um dos rostos mais visíveis da intervenção criativa da Igreja na evangelização, sobretudo com a participação dos jovens. Hoje há cerca de 40 instituições que preparam, enviam e acolhem no regresso Leigos (jovens e menos jovens) que partem em Missão.Há uma nova onda missionária que não rebenta com a antiga, mas ajuda a aumentar o dinamismo no mar da Missão hoje.

P.e Manuel Durães Barbosa, CSSpDirector Nacional OMP – Texto conjunto da MissãoPress

VoluntariadoMissionárioO Voluntariado Missionário está a fazer, em Portugal, uma “revolução silenciosa” na Igreja e na sociedade. Foi em 1988 que um grupo de Jovens Sem Fronteiras foi enviado ao interior da Guiné-Bissau para cavar os alicerces da Escola Sem Fronteiras de Caio – Tubebe, no meio da etnia manja-ca. Foi nesse mesmo ano de 1988 que o primeiro grupo de Leigos para o Desenvolvimento montou a sua tenda em terras de S. Tomé e Príncipe para nunca mais de lá sair. E depois par-tiu para Moçambique, para Timor, para Angola.

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24 – espaço escolados conteúdos

Aulas terminadas, filhos em casa. Nada de horários, lições, ir e voltar de casa para a escola e vice-versa. Enfim, missão cumprida. Muitos pais temem e outros comemoram as férias

dos filhos. As férias são longas. Mas representam um descanso bem merecido para uns e outros. Fazem as suas férias coincidir com o período de interrupção da escola sempre que podem; apreciam conviver com os filhos, aproveitam para dialogar mais com eles colocando todos os assuntos em dia, passeiam juntos. É hora de reunir a família. Outros, porém, não sabem o que fazer com os filhos sem escola, pois não podem faltar ao trabalho e têm dores de cabeça para conciliar os seus afazeres com o descanso dos filhos. Estes, habituados aos horários escolares, impedem a possibilidade de os seus pais planearem férias conjuntas. Daí ficarem ansiosos e acabarem por desejar que o ano letivo recomece no mais curto espaço de tempo. As férias são importantes para as crianças e adolescentes se refazerem do cansaço causado pelas atividades escolares. É um período que pode ser aproveitado pela família toda. O ideal é que aqueles que gostam de participar ativamente da vida dos filhos passem férias conjuntas. As férias são merecidas por todos: os que foram aprovados e mesmo os que não foram. Todos trabalharam durante o ano, cumpriram os deveres, empenharam-se! Nada de impedir os filhos de gozarem as suas férias! Levá-los a estudar um pouco, estabelecendo um calen-dário leve de recuperação, poderá ser benéfico, sobretudo nos dias em que a família não pode ter férias.

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Em pouco tempo, conseguirão reencaminhar os seus estudos, sabendo que têm o apoio incondi-cional dos pais, facilitando e animando os estudos no ano letivo seguinte. Seja como for, os pais de-verão ter o cuidado de conseguir um tempinho juntando toda a família. Tentem os pais criar um espaço de convívio agradável, pelo menos aos fins de semana: praia, viagens, acampamentos ou permitam-lhes escolher o que desejam fazer. O ideal é que todos tenham boas férias! Isto não dispensa uns momentos de leitura, mesmo de es-tudo programado para não perderem o contacto com os livros, aliás para ocuparem sadiamente o tempo. É verdade que, em muitos casos, a família, avós, tios, primos, de perto ou de longe, sempre agrade-cem uma visitinha. Manter contacto com os cole-gas de escola é, também, uma forma agradável de divertir as crianças e jovens, passando um ou mais dias na casa de uns e de outros. Combinar passeios, visitas e diversões será uma forma atraente de se manterem unidos e de reforçar amizades. Por que razão não aproveitar as férias para piqueniques,

VManuel Mendes

espaço escola – 25dos conteúdos

Cultivar o bem-estar (III)

• Examina o teu percurso escolar neste final de ano.

• Desenvolveste as tuas capacidades?

• Tiveste êxito ou poderias ter melhor resultado?

É hora de reunir a família

(Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico)

PENSAR

O ideal é que todos tenham boas férias. Isto não dispensa uns momentos de leitura e mesmo de estudo programado.

passeios com toda a família a parques de diversão, jardins zoológicos, trilhos e desporto? Os centros comerciais não são propriamente locais de verão, mas poderão proporcionar às crianças e jovens momentos de ocupação lúdica: cinema, lanche, leitura, fantoches, etc. A imaginação dos pais e dos filhos poderá sempre organizar atividades atraentes e educativas. Importante é organizar aquilo que mais atraia e cumpra o gosto de todos. Importante será descobrir centros de interesse pedagógico para oferecer aos filhos aquilo que eles merecem: descanso e qualidade. Importante é apoiar os filhos estudantes, eles darem alegria aos pais e todos alcançarem a felicidade comple-ta. Só assim se poderá falar de verdadeira família e conseguir o bem-estar de todos.

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26 – leiturasdos conteúdos

P r é - e s p i r i t u a l i d a d eA fonte do desejo de nos amarmos uns aos outros

1. A ESPIRITUALIDADEDO ORFISMO E DO PITAGORISMO

As doutrinas órficas surgidas na Trácia e em Creta, influenciaram o pensamento helénico. Preocupam-se pelo destino da alma como salvação. A alma caiu no pecado e necessita de purificação para escapar à prisão do corpo e ganhar de novo a pátria divina (ritos órficos). O orfismo distingue-se por um carácter moral e, ante a segurança que proporciona a esperança da felicidade eterna, ensina a olhar a morte como libertação.O orfismo e pitagorismo influenciaram Platão, mas mais Pitágoras (570 a. C. – 480 a. C.) que, além de filósofo e matemático, foi reformador moral, teólogo e fundador de uma comunida-de religiosa onde o princípio moral era magis-ter dixit. Os seus amigos consideravam todas as suas palavras como de um Deus e mandavam guardar o segredo sobre elas. Pitágoras reco-mendava não comer seres vivos. Alimentava-se de mel, pão e legumes. Proibia as brincadeiras e as anedotas. Os discípulos deviam ter todas as coisas em comum.

Os preceitos morais de Pitágoras eram os seguin-tes: honrar os deuses imortais; respeitar o juramen-to; buscar um amigo entre os homens virtuosos; respeita-te a ti mesmo; suporta com calma e paci-ência a tua sorte; pensa antes de actuar; evita fazer o que provoca inveja; medita; ama e vive as coisas que te porão no caminho da natureza divina.Para Pitágoras, a raça dos homens é divina. Depois de morrer, o homem será um deus imortal. Para chegar a este fim, há que fazer um exame de cons-ciência diário e praticar a abstinência, a pobreza, a fidelidade, o silêncio, fazer o bem, dizer a verdade. Todas estas virtudes nos aproximam de Deus. Acreditava na transmigração e no retorno periódi-co das almas. A transmigração significa castigo e sofrimento. Através da purificação de uma prática ascética, a alma liberta-se das reincarnações e vol-ta à sua origem divina. Pelo ano 530, Pitágoras fundou, no Sul da Itália, uma seita religiosa de vida muito austera e or-ganização selectiva com graus de iniciação para homens e mulheres. Depois da sua morte, muitos consideravam-no um super-homem.

Há dias encontrei um livro que me pareceu interessante: Espiritualidade para insatisfeitos, do espanhol José Maria Castillo. Estando eu convencido de que na Igreja há muitos ritos,

muitas fórmulas, muitas cerimónias, mas pouca interioridade, pouca profundidade e até pouco conhecimento das coisas, parece-me razoável partilhar convosco alguns pensamen-tos neste sentido. Para compreender a nossa espiritualidade hoje, é preciso recuar a raízes anteriores que vão ajudar a espiritualidade cristã, como o orfismo, pitagorismo, cinismo e estoicismo.

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VAdérito Barbosa

leituras – 27dos conteúdos

P r é - e s p i r i t u a l i d a d e

2. A ESPIRITUALIDADE DOS CÍNICOS E ESTÓICOS

Sócrates fundou a Ética, mas deixou questões importantes abertas que alguns grupos filo-sóficos tentaram definir. Uns deles foram os Cínicos, cujo fundador foi Antístenes (445-365 a.C). Para este filósofo, o bem consiste na virtude, a qual é suficiente para fazer a vida feliz. As demais coisas (honras, prazeres, riqueza e poder) são indiferentes. O homem que queira viver conforme a razão não se deixará escravizar por elas, mas resistirá com a sua força de carácter. Nisto consiste a doutrina dos Cínicos, baseada na autarquia do sábio. Isto leva a desprezar os bens exteriores e com eles a vida social, política e cultural e até o pudor e as boas maneiras (daí o significado da palavra cínico). Bom expoente desta atitude é Diógenes que andava pelas praças com uma candeia à procura de um homem. Para afirmar a sua autarquia moral, vivia numa gruta, ocupado em meditar sobre a inutilidade dos bens aparentes que tanto atraem os homens. Diógenes era um natu-ralista e vivia como um mendigo, ensinando que a virtude permite ao homem ultrapassar-se a si mesmo.Esta mentalidade anuncia a doutrina estóica segundo formulou Zenão de Citio que fundou esta escola pelo ano 300 a. C. Nela se ensinava que o sofrimento humano não reside tanto nas coisas externas mas mais na atitude do homem que está pendente delas. O verdadeiro sábio prescinde de lamentar-se das coisas adversas, com o qual se torna independente delas, conseguindo a sua liberdade interior.Zenão dizia que as normas morais se deduzem no homem de um princípio que é a expressão da natureza, com o princípio moral básico de “vive conforme a razão”. É a tradução do que manda viver conforme a natureza, ou seja, a ordem universal. O Estoicismo afirmava a espiritualidade e a imortalidade da alma, também a providência divi-na. Compreende-se a afinidade entre espiritualidade estóica e cristã. Por isso, alguns afirmam que Séneca terá influenciado S. Paulo. Segundo Séneca, a espiritualidade estóica exige a sin-ceridade e a simplicidade, o amor e a pobreza, o afastamento do mundo, o pensamento da morte, o desprezo dos males e a não ter inveja; mas também uma vida sacrificada e austera com uma virtude firme.

Diógenes à procura de um homem.

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28 – sobre a bíbliados conteúdos

Tu és Pedro!Tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus

A liturgia da Igreja celebra, a 29 de Junho, dois grandes apóstolos: Pedro e Paulo. Para tal, distingue-os e mostra a sua complementaridade numa expressão que bem os pode definir: “Pedro, Apóstolo, e Paulo, doutor das gentes”. Destes dois, sobretudo Pedro entra na pieda-de popular, talvez pela sua ligação histórica à pesca, pelo que, sobretudo em comunidades piscatórias, encontramos alguns arraiais que fazem deste grande santo um dos três santos populares, juntamente como Santo António e São João Baptista. Tentaremos conhecer Pedro para além da piedade popular, concretamente, tentando elaborar sinteticamente o seu percurso num dos evangelhos sinópticos, o de Mateus.

Pedro: confissão de fé e identidade reveladaÉ fácil verificar a sua proeminência ao longo deste evan-gelho, que culmina com a chamada Confissão de Pedro, em Mt 16, 13-20. Não é um texto de todo específico de Mateus, assumindo, porém, contornos específicos – isso sim! – neste evangelho. Nos três evangelhos sinópticos, é Pedro que, depois de terem sido declaradas as opini-ões das pessoas acerca de Jesus, diz a fé dos discípulos acerca do mesmo Jesus, a quem seguem como mestre. Disso pode ser demonstrativo o facto de Jesus pergun-tar no plural (“E vós quem dizeis…?”) e de a resposta ser dada por um deles (“E Simão Pedro respondeu…”). Sem que o evangelho o diga concretamente, verificamos que Pedro toma o lugar de porta-voz ou mesmo de chefe do grupo dos doze apóstolos, ao responder em nome deles: “Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16). Segue-se, então, a declaração de Jesus acerca da figura de Pedro no futuro: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão con-tra ela” (Mt 16, 18).Deste passo, é significativo que, do mesmo modo que Pedro mostra a identidade de Jesus, tal como ela vem sendo entendida pelos doze, também seja o próprio Jesus a mostrar a identidade verdadeira de Pedro, aque-la para a qual ele foi chamado: ao “Tu és Cristo”, de Pedro, corresponde o “Tu és Pedro”, de Jesus. Se quisermos transportar estes dados da vida de Pedro com Jesus pa-ra a nossa existência cristã, poderemos dizer que, antes de mais, é o próprio Jesus a revelar-nos quem somos verdadeiramente. Diremos, depois, que somente no confronto com a realidade de Jesus, enquanto Filho de Deus, poderemos verdadeiramente saber quem somos.

Pedro e a comunidade dos ApóstolosSe continuarmos no mesmo passo evangélico, deparamo-nos com outra declaração de Jesus: “Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na Terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu” (Mt 16,19). Surpreende que Jesus faça deste personagem o homem forte da Sua Igreja. Poderemos entender este passo como a fundação da Igreja en-quanto instituição? Porquê a Pedro? E o resto da comunidade dos Apóstolos, a Igreja? – serão perguntas que nos assal-tam quando lemos este passo.Mesmo não sendo propriamente sim-ples, a resposta poderá encontrar-se num outro passo, em Mt 18, 18, a meio de um significativo curso de ensinamentos acer-ca das pretensões de Jesus sobre a comu-nidade que funda, ou seja, sobre a Igreja. Aí, não já no singular – referido, portanto, a Pedro – como em Mt 16, 19, mas no plural – referido a todos os Apóstolos, e portanto, à Igreja nascente – Jesus dirá:

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sobre a bíblia – 29dos conteúdos

Tu és Pedro!

VRicardo Freire

O poder de ligare desligar,conferido a Pedro,faz sentidosomentese inseridona comunidadeeclesial.

“Tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tu-do o que desligardes na Terra será desligado no Céu”. Este ensinamento insere-se particularmente na ques-tão do perdão e da correcção na vida em comunidade, reflectindo a preocupação da comunidade de Mateus com aqueles que, tendo ingressado na comunidade de Jesus, teriam posteriormente abandonado ou si-do forçados a abandonar essa mesma comunidade; hoje, poríamos este discurso num contexto de ad-ministração do direito, ou mesmo do sacramento da Penitência. Diremos simplesmente que a passagem do singular, de Pedro, para o plural, referido à comu-nidade, mostra que o poder dado a Pedro não pode ser entendido fora da comunidade dos outros discí-pulos. Dito de outra forma, o poder de ligar e desligar, conferido a Pedro, faz sentido somente se inserido na comunidade eclesial. Numa actualização ao sucessor de Pedro que a Igreja Católica vê no Bispo de Roma, o Papa, diremos que o poder papal somente pode ser entendido na comunhão com os outros bispos; o mesmo é verdade para o poder de cada bispo, à frente das Igrejas locais, as dioceses, cujo poder somente po-de ser entendido dentro de uma noção de comunhão com o bispo de Roma, que, precisamente, preside à comunhão das Igrejas.

“Altos e baixos” da vida com JesusProcurámos apresentar um dado concre-to da vida de Pedro. Este dado evangé-lico era positivo. Mas não podemos es-quecer que, logo após este passo, Pedro se oporá à lógica de Jesus, ou seja, de ser um Messias por via do sofrimento e da paixão e morte que precederão a res-surreição. Isso vale a Pedro ser chamado de Satanás, por ser um estorvo ao cum-primento do desígnio de Jesus, de um Messias humilde, por via do sofrimento e da obediência ao projecto de amor do Pai. A questão, porém, é mais profunda: Pedro, que fora declarado feliz por lhe ter sido revelado por Deus e não pela carne e o sangue que Jesus era o Messias (Mt 16, 17), é agora repreendido por os seus pensamentos não serem os de Deus mas os dos homens (Mt 16, 23).Esta chamada de atenção para um passo mais “negativo” da vida de Pedro mos-tra que a fé do cristão pode ter altos e baixos; isso foi o que aconteceu com Pedro. Mas a sua constante proximida-de a Jesus mostra que, tal como Pedro, independentemente dos altos e baixos, podermos fazer uma caminhada rumo à total identificação com Jesus.

S ão Pedro de Rubens, S éc. X VI I ,

Museu do Prado, em M adrid.

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30 – reflexodos conteúdos

Datas e reflexõesEste mês sugere muitas reflexões

Sabias que:

Estamos a entrar no mês de Junho. Neste mês celebramos várias datas que são muito

importantes e que nos podem sugerir várias reflexões. Logo no inicio do mês celebramos o dia 10 de Junho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Este dia nasceu com a República quando Lisboa escolheu pa-ra feriado municipal o 10 de Junho, em honra de Camões. Camões representava o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial e era este o significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho. Este dia começou a ser festejado a nível nacional com o Estado Novo, regime ins-tituído em Portugal em 1933, sob a direcção de António de Oliveira Salazar. O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é pois uma homenagem à data do falecimento de Luís Vaz de Camões em 1580, e é utilizada para relembrar os feitos passados do povo por-tuguês e também os milhões de Portugueses que vivem fora do seu país em todas as partes do mundo.O mês de Junho é o mês dos Santos Populares: Santo António, S. João e S. Pedro. Três homens que no seu tempo tiveram, mesmo com as suas fragilidades humanas, coragem de proclamar e viver o Amor a Deus.Três homens iguais a tantos outros, mas san-tos. Tiveram a coragem se seguir Jesus. Três pessoas de situações sociais e económicas dife-rentes, de níveis culturais e académicos muito quase opostos. Mas tinham algo em comum, estavam unidos no mesmo Amor, marcados e apaixonados pelo mesmo Jesus. Viveram com simplicidade e humildemente a sua vocação e missão que Deus lhes pediu. Três dos Santos mais venerados por toda a Igreja e mais res-peitados em todas as culturas e mesmo pelas outras religiões. Três homens que são para nós exemplo e estímulo para vivermos a Santidade

que recebemos no Baptismo. Talvez por isso eles sejam tão populares entre nós: porque sendo do povo, apontam para Aquele que deu a Sua Vida pelo Povo. Por fim, este ano este mês, é, também, de elei-ções. A crise económica e financeira acabou por nos fazer cair numa crise política. Mais uma vez lá teremos que ouvir todos os progra-mas eleitorais da esquerda à direita passando por aqueles que nem sabem bem o que são. Impõe-se que a delicadeza da situação leve a tomadas de atitude diferentes. Vivemos um tempo de incerteza, mas atravessamos um tempo de esperança: este é o tempo de dizer a verdade, toda a verdade. Aos políticos cabe a tarefa de dizer aos portugueses toda a verda-de, pois não podem, nem devem esconder a realidade, já muito foi escondido e hoje sofre-mos todos as consequências disso. Ouvimos nos últimos tempos, vindos de pessoas respei-táveis, recomendações e pedidos, para que os políticos sejam transparentes e verdadeiros, não prometam o que não podem cumprir, informem sobre tudo quanto eles têm direito de saber, respeitem-se uns aos outros, pensem mais no país que nos interesses partidários. Do que se tem visto, parece que nada vai mudar e a verdade uma vez mais ficará escondida. Por isso não é de estranhar que muitos cidadãos se desinteressam da política ou a vêem só nos aspectos negativos. Valores como a verdade, transparência, respei-to mútuo, responsabilidade, coragem, valen-tia, audácia, espírito de sacrifício, bem comum e amor aos outros fizeram de nós, enquanto nação, no tempo de Camões, um povo épico, donde surgiram tantos heróis e, ainda hoje, tantos filhos deste pedacinho de terra à beira mar plantado, levam tão alto e tão longe o no-me de Portugal.

Datas e reflexões

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reflexo – 31dos conteúdos

VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado. Olha ao teu redor. Tem perceber quais as motivações dos homens de hoje?

Porque trabalham? O que os faz viver? Que meios usam para atingir os seus ob-jectivos? Onde está a sua felicidade?

Lê o texto de S. Mateus. Neste texto aparecem duas realidades: a lógica dos homens e o projecto de Deus. Enquanto os homens procuram o êxito e a eficácia, Deus mostra a sua preferência pelos mais pobres e débeis. A grandeza aos olhos de Deus é uma loucura para os homens. Num mundo duro, violento e egoísta, é possível viver o ideal proposto por Jesus? O único caminho para a felicidade são as Bem-aventuranças, assim o disse Jesus. É uma proposta diferente, radical, mas segura e digna de fé.

Faz uma oração a Deus.

A Palavra de Deus diz: Mt 5, 1-12. O Sermão da montanha inicia com a proclamação das bem-aventuranças. São oito as bem-aventuranças que o evangelho nos apresenta, todas se podem resumir na primei-ra: “Bem-aventurados os pobres”. Para se ser realmente pobre não basta não ter nada, é preciso ser pobre em espírito, isto é, ter feito a escolha de não acumular bens para si e ter renun-ciado ao uso egoísta das próprias capacidades, para colocar tudo o que se tem e é ao serviço dos irmãos.

Tenho de: Diante da proposta das bem-aventuranças como vou agir? O que Jesus nos propõe é demasiado forte e radical. Para ajudar e contribuir para a instauração do Reino de Deus, do mundo novo, Deus precisa de “loucos” que depositem n’ Ele toda a confiança. E tu? Que vais Fazer? Não importa fazer muito, mas que cada dia tenhas a consciência tranquila por fizeste algo.

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O Espírito Santoé o “Senhor que dá a vida” e renova todas as coisas.

32 – sobre a fédos conteúdos

Crer no Espírito Santo é adorá-Lo do mesmo modo que ao Pai e ao Filho

Creio no Espírito Santo

O Espírito Santo e JesusNa própria vida de Jesus, o Espírito Santo está presente. No Credo, professamos que Ele “encarnou pelo poder do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria”. Na verdade, à pergunta ex-tasiada de Maria sobre como será Mãe do Altíssimo, o Anjo Gabriel respondia: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35), e a iconografia cristã, desde cedo, representou a cena da encarnação com o Espírito Santo em forma de pomba que pousava sobre Maria. Este mesmo Espírito acompanha Jesus na sua vida e missão e não deixa de ser significativo, a este propósito, que S. Lucas coloque na boca de Jesus – ao iniciar o seu ministério – o texto de Isaías que começa precisamente com a frase: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu (…) e me enviou” (Lc 4, 18 e Is 61, 1). Efectivamente, o Espírito Santo é força de Deus que conduz Jesus no seu caminho de obediência ao Pai e, neste sentido, conduz Jesus ao deserto para aí ser tentado (Cf. Mt 4,1). Podemos ver, ainda, que Jesus, ao longo da sua vida, é o descendente de David sobre quem repousam as qualida-des pré-anunciadas para o rei messias da linhagem de Jessé; e que a tradição cristã imortalizou nos sete dons do Espírito Santo (Cf. Is 11, 1-2). Jesus é o homem sábio, forte, obediente porque temente a Deus, verdadeiro modelo para os crentes que se devem deixar guiar por este mesmo Espírito.

No culminar do tempo pascal celebramos o Pentecostes, como um acontecimento onde Deus se manifesta, como

“Senhor que dá a vida”, que renova todas as coisas. É neste evento alto do mistério pascal de Cristo, que o Espírito Santo – Espírito que une e é comum ao Pai e ao Filho – constitui for-malmente a Igreja, que aparece, neste sentido, como a comuni-dade do Espírito. Este mistério dá-nos a oportunidade de reflectir sobre a presen-ça do Espírito Santo na vida e no ministério de Jesus, na Igreja e no coração de cada crente. Da sua importância para a nossa vida podem dizer duas frases de Jesus, que encontramos nos evangelhos. A primeira, do evan-gelho de S. João, no contexto da despedida de Jesus, Ele diz aos apóstolos: “é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei” (Jo 16, 7); a segunda, do evangelho de S. Lucas mostra a necessidade de pedir o Espírito Santo ao Pai, revelando ao mesmo tempo, que es-te é “coisa boa”: “Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!” (Lc 11, 13; Mt 7, 11).

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sobre a fé – 33dos conteúdos

VNélio Gouveia

O Espírito Santo é dom de Deusque decorre da Páscoa de Jesus,como mostra S. João,ao colocar na boca de Jesus ressuscitadoas palavras: “recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 22).

O Espírito Santo na Igreja Na obra continuada de S. Lucas, já nos Actos dos Apóstolos, o evangelista não poderia deixar de colocar a Igreja nos seus iní-cios como aquela que segue a vida de Jesus, concretamente na descida do Espírito Santo sobre Maria e o Apóstolos reunidos no Cenáculo. É o tempo da vivaci-dade e do rejuvenescimento, tal como tinha profetizado Joel (Cf. Jl 3, 1-2). Este tempo será caracterizado necessariamente pelo primado do Espírito que, conduzindo a Igreja é o verda-deiro protagonista da missão e da expansão da boa nova de Jesus, tal como nos recorda e recomendação final da assem-bleia magna de Jerusalém: “O Espírito Santo e nós próprios resolvemos” (Act 15, 28).

O Espírito Santo e o discípulo de JesusSobre o Espírito Santo que habita em nós, S. Paulo mostrou o quanto é essencial este dom para a vida dos crentes, na Igreja. Na reflexão pau-lina é fácil darmo-nos conta de que o Espírito Santo e a vida no Espírito são dons que decorrem da vida em Cristo, crucificado e ressuscitado, e que esse Espírito nos faz tomar consciência da filiação divina, le-vando-nos a rezar ao Pai. Não será isso que o apóstolo pretende dizer, ao afirmar a cada um de nós. “os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus” (Rm 8, 14)? O Espírito Santo é como o dom do amor de Deus que foi der-ramado nos nossos corações; é ele que nos faz gritar ao coração de Deus, chamando-O: “abba, ó Pai!” (Rm 5, 5; 8, 15).Podemos concluir que o Espírito Santo é dom de Deus, e que decor-re da Páscoa de Jesus, como mos-tra S. João, ao colocar na boca de Jesus ressuscitado as palavras: “re-cebei o Espírito Santo” (Jo 20, 22), donde vem o poder dado à Igreja para ligar e desligar, poder para ad-ministrar os sacramentos no nome

de Jesus ressuscitado. Além disso, a experiência de recepção do Espírito Santo só pode ser feita em Igreja, como acontece com os apóstolos e Maria reunidos no Cenáculo e nos sucessivos Pentecostes que os Actos dos Apóstolos nos vão narrando. Por último, dissemos que o Espírito é dom essencial para que possamos viver a nossa vida cristã. S. Paulo mos-tra-se convicto de que a força do Espírito Santo já é activa na vida dos crentes (Cf. Rm 8). Além disso a vida do Espírito Santo em nós é forte, a tal ponto que produz frutos que podem dar testemunho da nossa vida com o Espírito, e esses frutos são: “amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio” (Gl 5, 22-23).Em suma, crer no Espírito Santo significa adorá-Lo do mesmo modo que ao Pai e ao Filho. Significa acreditar que Ele vem ao nosso coração para que, como filhos de Deus, conheçamos o Pai do Céu e movidos pelo seu Espírito podermos mudar a face da terra (Cf. Youcat, 113). Os primeiros cristãos experienciam o Espírito Santo como uma unção curadora, uma água viva, uma tempestade ruidosa ou um fogo ardente. O próprio Jesus designa-O por advogado, consolador, mestre e Espírito da Verdade. O Espírito Santo é dado nos sacramentos da Igreja, mediante a imposição das mãos e a unção com o óleo santificado. É o Espírito Santo que edifica a Igreja, impele-a e recorda-lhe a sua missão; chama homens e mulheres para servi-la, concedendo-lhes os dons necessários, em ordem ao bem comum. É Ele, enfim, que nos introduz cada vez mais profundamente na comunhão com Deus e ajuda-nos a estar mais disponíveis para os ou-tros.

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pois como nos deparamos com dificulda-des atrás de cada pedra que encontramos, não é difícil pensarmos que estamos com-pletamente sozinhos neste percurso… Mas NÃO É VERDADE! Deus está e estará sempre connosco, ao longo da nossa vida académica… A nós, cabe-nos trabalhar o mais arduamente possível… E depois tudo correrá bem…Toda esta conversa universitária tem para mim um significado muito especial, parti-cularmente neste ano. ESTOU PRESTES A TERMINAR O MEU CURSO!!!Ao fim de 3 anos de curso e analisando todo o percurso que fiz, dou graças a Deus por Este estar sempre presente nos bons e maus momentos.Foi também este ano que participei na bênção de fitas de finalista… Esta cerimó-nia tem para os cristãos um significado diferente do que para os restantes estu-dantes. Para os restantes estudantes, a benção das fitas significa apenas o fim do curso. Para o cristão, o significado é mais profundo… Significa o agradecimento a Deus pela ajuda que Ele deu, bem como o assumir de um compromisso perante Ele de aplicar os conhecimentos adquiridos ao serviço do bem.A minha benção de fitas de finalistas foi um dia muito feliz, por estar rodeada dos amigos e da família, mas principalmente com Deus. Partilhei com eles estes mo-mentos, pois foi graças a eles que atingi esta grande etapa da nossa vida.

34 – planeta jovemdo mundo

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Um curso de Deus... ou com Deus?

VSónia Silva

Desde pequenos que sonhamos, com o que queremos ser quando crescermos… Em conjunto com sonhos

de prendas é de certeza um dos sonhos mais comuns das crianças… Ao longo da nossa vida, vemo-nos em profis-sões como veterinária, cantora, médica, bombeira, advo-gada… E tantas mais quanto a nossa imaginação deseja ou sonha…A vida corre… Os anos passam… E chegamos ao 12.º ano… E nesse momento chega uma das horas da verdade mais importantes da nossa vida… Chega a hora de esco-lher, que vamos estudar para sermos alguém no futuro? Mil e uma visitas à orientadora escolar, conversas com professores e professoras em quem confiamos e tudo pa-rece tão complicado… Ou tão simples? De uma forma ou de outra, acabando o 12.º ano e fazendo os exames, um dos passos seguintes passa normalmente pela entrada na faculdade. E agora?Caímos de pára-quedas num local completamente dife-rente do ambiente em que estávamos habituados a viver, não conhecemos ninguém, temos que fazer novas amiza-des, adaptarmo-nos às diferenças uns dos outros.A primeira grande vivência deste percurso académico é as praxes… Que medo! Mas não deve ser uma experiência aterrorizadora… Porque é uma oportunidade para fazer-mos novos amigos, alguns que ficam e outros que vão… Mas estamos todos juntos a partilhar a mesma experiên-cia, um mundo completamente novo…Conhecemos os professores e deparamo-nos com desa-fios, tais como, frequências atrás de frequências, traba-lhos atrás de trabalhos e só nesses momentos é que nos ocorre… De facto quem tinha razão era o meu professor do secundário (qualquer um deles) que me dizia que na faculdade tudo iria ser pior… É nestes momentos difíceis que costumamos pôr a nossa fé numa fasquia tão alta,

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VFlorentino Franco

Sugiro que estejam atentos às próximas bandas sonoras

que ouvirem.

Muitas bandas sonoras são autênticas obras de arte

nuances musicais – 35do mundo

Bandas sonorasO universo musical associado a bandas sonoras

prende-se, não só no mundo dos filmes, como também de videojogos, spots publicitários e per-suasão de público em eventos e campanhas.Muitas das bandas sonoras são umas autênticas obras de arte musical, representadas por com-positores de renome, relembro aqui Trevor Jones em The Mission e The Last of The Moicans, Ennio Morricone em The Good, the Bad And the Ugly entre outros. Relativamente também a filmes, muitos são uma compilação de músicas adequadas ao tema, ape-sar de não serem criadas exclusivamente para tal. Muitas delas são impostos pelas editoras como incentivo e projecção e outras até são tornadas hinos autênticos devido à sua enorme projecção. Das mais conhecidas, comercialmente falando, não podemos deixar de realçar a banda sonora do Titanic que apesar de ter só uma música com letra, (My Heart Will Go On) foi uma das mais conhecidas bandas sonoras de sempre, levando a que essa música composta por James Horner e interpreta-da por Celine Dion fosse das mais ouvidas de sem-pre, ganhado mesmo o Oscar de melhor canção original para filme.

Os compositores que estão associados à indústria do cinema já estão acostumados, por formação própria ou por experiência, a compor temas adequados aos ambientes do filme. No entanto, existem músicas já editadas, nunca colocadas em bandas sonoras de filmes e que são uma autêntica composição cinematográfica. Neste molde que acabei de referir, ao invés de estar a exemplificar com músicas que eu acho susceptíveis de serem banda sonora de filmes, deixo à vossa imaginação, evitando assim ser tendencioso com as minhas preferências, não só analíticas como sentimentais.Não podemos deixar aqui de referir uma banda sonora marcante da história do cinema, compos-ta por algumas músicas já anteriormente criadas e adaptadas para o filme em si. Estou a falar do Moulin Rouge que conta, entre outras, com a im-provável Smells Like Teen Spirit dos Nirvana. Cada banda sonora marca um filme se for encaixa-da de forma exímia nos contornos do tema deste, e geral há esse cuidado. No entanto cada qual é que sente se está a ser levado pela música, genial-mente encaixada no filme, ou se esta é chata e inadequada. Eu pessoalmente já senti essas duas emoções.

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36 – novos mundosdo mundo

VAndré Teixeira

Pesquisa marítima

Superlaboratório marítimoTerminado que está o Encontro

Nacional é tempo de colocar mãos à obra para mais uma edição da Folha. No última dia em Lisboa, num pequeno passeio, deparei-me com o Oceanário, naquele que é um enorme espaço reche-ado de beleza interior natural com todos aqueles animais. Ora, sendo o dia 05 de Junho o Dia Mundial do Ambiente, trago-vos algo de “outro mundo”…Um Superlaboratório Marítimo. A ideia provém da Noruega, que prevê a cons-trução de um “monstro aquático” do futuro. Enquanto neste momento alguns cientistas brasileiros sonham em apro-veitar uma plataforma de petróleo que se encontra desactivada, para construir um laboratório marinho, os Noruegueses começam a planear algo mais high-tech.Devido à grande ligação histórica do país com os mares (por exemplo o tão famoso bacalhau da Noruega), e também pela dependência futura de recursos oceâni-cos, estes cientistas e alguns engenhei-ros decidiram apresentar este projecto que tem como objectivo bem claro o de:

“transformar o país num líder internacional em pes-quisa e desenvolvimento de tecnologias marítimas.”Prevê-se que seja possível aos operários e cientistas um trabalho fora e dentro de água (imagem1).“Nós não sabemos ainda do que vamos precisar para entender o oceano nos próximos 50 anos, mas está claro que serão necessários avanços em termos de conhecimento e tecnologia”, afirma o consórcio res-ponsável.O termo Space tem uma dupla conotação, sendo a primeira voltada para pesquisas oceânicas mas tam-bém como uma referência ao avanço das tecnologias espaciais e futuras.Esta estrutura terá capacidade para todos os instru-mentos necessários à pesquisa, incluindo barcos, robôs, submarinos e equipamentos de mergulho (imagem2).Na prática este projecto será financiado pelo Ministério da Indústria e Comércio, sendo que este espaço será também usado para pesquisas na área da energia – geração de energia a partir de ondas e marés – mineração e pesca.É de facto, um Novo Mundo!

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com

Imagem 2

Imagem 1

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O que fazer? Parar? Que rumo dar à vida?

mão amiga – 37do bem-estar

Superação precisa-se!!!

VAmândio Rocha

Quando fiz a faculdade, tinha uns colegas que terminavam as suas licen-ciaturas e rapidamente “se metiam” nos mestrados e não colocavam de

parte a possibilidade de um dia fazerem o doutoramento. Eram motivados pelo gosto do saber, mais do que pela necessidade financeira, um doutor

ganha sempre mais do que um licenciado. Mas não era esta, como disse, a sua grande motivação.

Passados uns anos, pouco menos de dez, já poucos pensam assim. E o número dos que arriscam mestrados ou doutoramentos diminuiu muito. Deve-se isto ao fantasma do desemprego. Esta é a inquietação do nosso

leitor.O que fazer? Parar? Que rumo dar à vida?

Há uma palavra que deve começar a fazer parte do nosso vocabulário: superação. A nossa vida, caro amigo, está cheia de oportunidades, saber

aproveitá-las e obter os frutos desejados constitui o centro das nossas as-pirações. Hoje fala-se muito de excelência profissional e de que o êxito está ao alcance de cada um, mas muitas destas fórmulas centram-se mais numa

posição económica do que na superação pessoal. A verdadeira superação não se refere à quantidade mas sim à qualidade.

A superação é o valor que motiva a pessoa a aperfeiçoar-se a si mesma no aspecto humano, espiritual, profissional e económico, vencendo os obstá-

culos e as dificuldades que se apresentam, desenvolvendo a capacidade de encontrar formas para superar cada objectivo a que se propõe.

O principal obstáculo somos nós próprios, com medos encobertos pelas desculpas, com uma vaga esperança na “oportunidade de ouro” ou mesmo

deixando-nos invadir pelo pessimismo próprio de um conformista.A superação não chega com o tempo, o simples desejo ou com a auto-

motivação; requer acções imediatas, planos, esforço e trabalho contínuo. Em muitos dos casos a superação não aparece associada a uma grande

mudança plena de benefícios económicos.Para o estudante significa dedicar mais tempo à sua preparação, conhecer

e aplicar novas técnicas de estudo que facilite uma melhor aprendizagem e com resultados desejáveis; desenvolver uma investigação pessoal e melho-

rar a qualidade dos trabalhos que realize.Os pais de família, podem dedicar um tempo à leitura sobre como educar

melhor os seus filhos segundo a sua idade.O âmbito espiritual, com muita frequência descuidado, oferece muitas

possibilidades com o conhecimento dos preceitos e valores próprios da fé que professa e na prática dos mesmos; pode-se contar com a assistência de

um Director Espiritual; procurar o diálogo com Deus de maneira contínua, não só quando temos um problema grave; frequentar os sacramentos e as

práticas religiosas.A superação pessoal encontra-se na pessoa e não nos bens materiais.

Vamos então superar-nos a nós mesmos!E força! Desanimar e desistir é dos fracos!

Nós somos fortes!!!!

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38 – cuidar de sido bem-estar

Dar sangue

VJoão Moura

Dar sangue... que melhor acto de caridade?

No nosso organismo, circulam cerca de 5 litros de sangue, dos quais são apenas colhidos 450 milili-tros no momento da doação sanguínea. Esta quantidade não fará falta ao dador, pois o organismo

rapidamente repõe o sangue que foi doado.As mulheres podem doar sangue de 4 em 4 meses, e os homens podem doar de 3 em 3 meses. Não demora mais do que 30 minutos, uma doação de sangue, pouquissimo tempo para um gesto que pode salvar uma vida. Pode doar sangue quem tenha entre 18 e 65 anos, sendo que a primeira doação deve ocorrer até os 60 anos de idade.Não devem doar sangue os utilizadores de drogas por via endovenosa, os portadores dos vírus do he-patite B e C e HIV, epilepticos, hipertensos graves, diabéticos e pessoas submetidas a tratamentos com hormona do crescimento, bem como pessoas que se submeteram a cirurgia nos seis meses anteriores.Para segurança, todos os candidatos que decidirem doar sangue são alvo de uma triagem, responden-do um questionário confidencial, onde será estabelecido se a pessoa é ou não, apta a doar. O sangue que é doado passa por exames laboratoriais para segurança de quem irá recebe-lo. Após a triagem, profissionais capacitados colhem o sangue do doador, usando na colheita, materiais descartáveis e es-terilizados, visando evitar o risco do doador contrair doenças.

São três os componentes do sangue, e cada um desempenha funções diferentes:. Glóbulos Vermelhos: Responsáveis pelo trans-porte de oxigénio no corpo. Plaquetas: Responsável pela coagulação do sangue. Glóbulos Brancos: Ajuda no combate aos agentes infecciosos.

Há quatro tipos de sangue: A, B, AB e O. Também temos o factor RH (Rhesus) = positivo (RH+) ou nega-tivo (RH-).É a conjugação entre o grupo san-guíneo e o factor rhesus que deter-minará a compatibilidade entre o doador e o receptor.A acontecer, antes da doação, o doador deverá ingerir uma refeição leve, evitar fazer esforços físicos, abster-se de bebidas alcoólicas e do fumo, e beber muita água ou sumos naturais. O retorno à vida normal poderá ser feita nas 24 ho-ras seguintes.

Dia 14 de Junho, é Dia Internacional da Doação de Sangue. Como

de costume trago-vos algumas noções sobre temas em destaque, sendo que este será

provavelmente um dos actos mais altruístas de que vos poderei

falar nesta rubrica.

componentes do sangue

processos de colheita

tipos de sangue e doação

Há dois processos de colheita: um é dádiva total ou dádiva por aférese. O mais comum, e o que é feito com maior frequência é a Dádiva Total.. Dádiva total: Numa so colheita são obtidos todos os componentes sanguíneos, sendo poste-riormente separado o plasma, as plaquetas, e os glóbulos vermelhos. . Dádiva por aférese: Os componentes do san-gue são colhidos separadamente com recurso de um equipamento automático apropriado Pode-se neste processo colher as plaquetas, ou o plasma separadamente.

Doar sangue é salvar vidas!! Queres me-lhor acto de caridade?

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dentro de ti – 39do bem-estar

Tais pais, tais filhos?

VOlinda Silva

Estilos parentais

Um aspecto fundamental é, evidentemente, o temperamento, mas algumas investigações sugerem que os estilos educati-

vos parentais também podem afectar a competência da criança para lidar com o seu mundo.Na sua investigação pioneira, Diana Baumrind (1971) estudou 103 crianças durante o período pré-escolar provenientes de 95 famílias. Através de entrevistas, testes e observações em casa, avaliou o funcionamento das crianças e identificou três estilos educativos parentais e descreveu os padrões de comportamen-tos típicos das crianças educadas de acordo com cada um des-ses estilos.Os pais autoritários valorizam o controlo e a obediência inques-tionável. Tentam fazer com que as crianças se conformem com um determinado padrão de comportamento e punem--nas violentamente pelas suas asneiras. Estes pais são mais distantes e menos calorosos comparativamente aos restantes estilos. Os seus filhos tendem as ser mais descontentes, inibidos, introver-tidos e desconfiados.Os pais permissivos valorizam a auto-expressão e auto-regu-lação. Consideram-se recursos e não se veêm como modelos. Fazem poucas exigências e permitem às crianças monitorizar as suas próprias actividades tanto quanto possível. Quando precisam de estabelecer regras, explicam as razões para tal. Também consultam as crianças acerca das decisões que eles próprios devem tomar e raramente punem. Embora não sejam nada exigentes, nem controladores, estes pais são geralmente bastante afectuosos. Os seus filhos tendem a ser imaturos, ex-plorando pouco o meio que os envolve e têm baixos valores de autocontrolo.Os pais com autoridade democrática respeitam a individuali-dade da criança mas também enfatizam os valores sociais. Têm confiança na sua capacidade para orientar as crianças, mas também respeitam as decisões, interesses, opiniões e personali-dades destas. São afectuosos, consistentes, exigentes, firmes na afirmação dos padrões e dispostos a aplicar uma punição limi-tada e sensata, quando necessário, dentro do contexto de uma relação calorosa e apoiante. Estes pais explicam qual é o raciocí-nio que está subjacente aos seus padrões e encorajam muito o diálogo entre estes e as crianças. Os seus filhos, aparentemente, sentem-se seguros por saberem que são amados e por percebe-rem exactamente o que é esperado deles. Estas crianças tendem a ser mais autoconfiantes, controladas, assertivas, exploradoras e alegres.

Porque é que a Sílvia morde e bate na pessoa que estiver mais próxima quando não consegue acabar um puzzle? Porque é que a Ana trabalha no puzzle durante 20 minutos e depois encolhe os ombros e tenta outro? Qual o motivo pelo qual as crianças reagem de forma tão diferente à mesma situação?

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40 – jd-Nacionaldo bem estar

Realizou-se entre os dias 6 e 8 de Maio o XIV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana, o VII dedicado à Canção, em Alfragide, que contou com a presença de

cerca de 200 jovens vindos dos Açores, Algarve, Coimbra, Lisboa, Madeira e Porto. Foi a primeira vez que este encontro se realizou fora de Fátima, devido às obras a decorrer no Centro Pastoral Paulo VI. Respondendo ao apelo do Superior Provincial, que queria uma Pastoral Juvenil renova-da e aberta aos jovens, a inovação e as inúmeras surpresas que apareceram ao longo do encontro marcaram todo o fim-de-semana e deram o ar da sua graça, permitindo em conjunto partilhar a experiência do tema da Comunhão Eclesial, que foi meditado e vivido por estes jovens ao longo do ano.Todos se esforçaram por dar o seu melhor e o resultado foi uma bonita festa, corres-pondida com a alegria e entusiasmo de cada jovem ao longo de todo o encontro, integrando-se com gosto nas actividades propostas. De facto, foi bonito de se ver como jovens tão diferentes e vindos de várias zonas do país se juntaram em peque-nos grupos e partilharam entre si as suas experiências de vida, opiniões, sonhos e desejos para o futuro.

XIV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana

A sexta-feiraNa sexta-feira, depois do concerto musical do Padre João Paulo Vaz, vindo directamente de Coimbra, e da oração da noite, que contou com o hastear das ban-deiras das cidades/arquipélagos presentes e com um espectáculo de fogo-de-artifício, deu-se as boas-vindas a todos os participantes num longo momento de con-vívio. Aí, os jovens puderam pegar nas suas guitarras e animar eles mesmos a festa! Foi espectacular! Cada um à sua maneira conseguiu alegrar os outros e contribuir para que a festa fosse isso mesmo. O grupo vindo dos Açores foi o último a chegar e, mesmo assim, também fez questão de lá ir animar um pouco a malta com a sua alegria e boa disposição, apesar do cansaço da viagem.

F o i e s p e c t a c u l a r !

Workshop com José Alberto Carvalho

Cristoteca na noite de sexta-feiraFogo-de-artifício a concluir a oração da noite

Oração da Noite ao ar livre

Póvoa de Santa Iria à mesa Sarau com o padre João Paulo Vaz

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da juventude

VNuno Pacheco

jd-Nacional – 41

O sábadoO sábado começou com a oração da manhã e contou com a presença de inúmeras personalidades do nosso país que trabalham em várias áreas da cultura e que nos brindaram com

F o i e s p e c t a c u l a r !

a sua experiência em 15 workshops. De tarde, os jovens puderam partilhar as suas opiniões e conhecer as dos outros em vários temas organizados e distri-buídos por várias mesas no campo de futebol – as flashtables, e aí viu-se como os jovens preocupam-se com a socie-dade onde vivem e com alguns temas mais fracturantes da mesma. A noite terminou com uma bonita vigília de oração que marcou, de facto, todo o encontro.

As bandeiras dos Centros à frente do Seminário

Workshop com Valéria Carvalho

Workshop com Catalina Pestana

Workshop com José Alberto Carvalho

Workshop com Vanessa Carvalho

Workshop com Carlos LizEncenação de Outurela na Vigília de sábado

Vigília de sábado

Missa com 12 na manhã de sábado

Mesa redonda. Os padres respondem sobre a Comunhão.

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O domingoO domingo foi o dia dedicado à experiência con-creta da comunhão eclesial, onde todos os jovens foram convidados a participar na eucaristia nas diversas paróquias e capelanias assumidas pelos dehonianos.À tarde, o festival: “foi espectacular”! Com apre-sentação da nossa já conhecida Romy – vinda directamente do Porto, e da nossa VOZ conhecida da RTP, Rogério Gil, que se disponibilizou a partici-par e a contribuir com a sua experiência e boa dis-posição para este momento. O carinho, a alegria e o entusiasmo de cada grupo da composição de cada uma das 11 músicas apresentadas em festival fez-se notar, sobretudo no final apoteótico que se viveu. De salientar também a presença de muitos pais e familiares dos participantes, em especial um autocarro vindo propositadamente do Porto. Ganharam todos os que participaram e assistiram e a canção vencedora, aplaudida por todos, foi “Juntos em comunhão” do grupo de Rio de Mouro. Parabéns! A festa foi de todos e para todos. Valeu a pena! Foi espectacular!

42 – jd-Nacionalda juventude

XIV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana

Os GRANDES apresentadores do Festival:Romy Ferreira e Rogério Gil

Eucaristia em Carnaxide

VMarisa Couto – Açores

A animação reinou no Festival da canção!

O grupo de Rio de Mouro interpreta a canção vencedora: Juntos em Comunhão

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jd-Nacional – 43da juventude

Testemunhos

Sorrisos sinceros! Com a ânsia de partilhar, a alegria de ser jo-vem e confiante em Deus, o grupo JD-Açores, da Fajã de Cima, voou sobre o Atlântico rumo ao XIV ENJD, em Alfragide.Comunhão foi o lema e crescer em grupo foi a missão que, mesmo com as dificuldades e problemas vividos na adolescência, foi alcan-çada, pois com as mãos dadas e a força do amor de Deus no coração nada nos pára.Desde a acolhedora recepção até ao último minuto da despedida, foi imensa a alegria que sentimos por dar e receber sinceros sorrisos que transbordavam o amor de Deus presente em nós.No silêncio da oração ou no cantar das nos-sas vozes, reflectimos sobre quem somos, os nossos objectivos e o caminho que percorre-mos até aqui chegar.

Gostámos muito!Deixámos, por 3 dias, a nossa igreja de Altura e par-timos para o XIV ENJD que decorreu no Seminário de Alfragide. Durante esses três dias, foram muitas as experiências vividas que nos marcaram.Conhecemos muitos jovens de várias regiões do país, que connosco partilharam esta fé que temos em Cristo e que esteve sempre presente nos nossos temas de conversa. Tivemos a oportunidade de par-ticipar em diversos workshops, nomeadamente de jornalismo, artes plásticas, danças regionais, etc. As instalações eram óptimas, fomos muito bem acolhidas e durante esses dias sentimo-nos como se estivéssemos em casa.O Festival, na tarde do dia 8, correu muito bem, e conseguimos obter o 4.º lugar, pelo que estamos bastante orgulhosas!É por estes motivos, e muitos outros, que gostámos muito da experiência e que temos muita vontade de voltar a participar para o próximo ano.VSara, Karine, Cátia, Ana e Ana Matias – Algarve

VMarisa Couto – Açores

dos Açores

do Algarve

XIV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana

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44 – jd-Nacionalda juventude

XIV Encontro Nacional da Juventude Dehoniana

de Lisboa

Foi espectacular!Foi espectacular! Superou em tudo a grande expectati-va que tinha! Tendo no curriculum a experiência de vá-rios encontros, muitos dos quais participei desde tenra idade, ao ponto de poder dizer que fui crescendo na JD. Participei no XIII Encontro Nacional, em 2010, e fiquei completamente rendida à experiência lá vivida! Este ano o grupo a que pertenço (Outurela) não foi apurado para participar no Encontro deste ano como uma das canções representantes de Lisboa, e, no início, todo o grupo ficou muito triste e nunca pensou que tal pudes-se ser para nós um ponto até positivo! Chegámos à con-clusão de que só assim aproveitámos aquele encontro ao máximo! Vivemos realmente em comunhão com os outros grupos, fizemos parte de cada um deles e eles de nós. Toda a equipa que organizou este encontro foi exí-mia: nunca estive num encontro assim! Apostaram na novidade e fizeram muito bem! Da cristoteca à vigília, do fogo-de-artifício aos workshops, tudo foi perfeito e concluiu com um grande festival! Um encontro a pensar em toda a juventude! Muito obrigada, JD!

VTelma Santos – Lisboa

de CoimbraComunhão – ponto alto! Penso que o XIV ENJD esteve muito bem organizado e, o facto de ser em Alfragide também foi positivo devido ao ambiente mais pessoal e acolhedor.Gostei muito dos workshops, ao longo da manhã de sá-bado, e de todas as outras surpresas como por exemplo o concerto do padre João Paulo Vaz. O Festival da Canção foi bom, boas músicas e as partici-pações “porreiras pá”!Não obstante, o ponto mais alto do encontro para mim foi a vigília de sábado à noite. Estava deveras bem preparada e conseguiu, na minha opinião, unir os par-ticipantes naquilo que foi o nosso tema para o fim-de-semana, Comunhão Eclesial.Apesar de participar já há alguns anos neste encontro, cada ano é diferente e este marcou-me pela positiva. Espero pelo próximo ano, e que seja repleto de mais sur-presas e alegrias unidos sempre ao nosso bom Deus.VRicardo Pinto – Coimbra

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do Porto

da Madeira

jd-Nacional – 45da juventude

Novidades e união! Foi o meu 1.º ENJD e, sentir-me integrado com outros 200 jovens presentes, foi algo que desde o início des-pertou a minha atenção!Algo diferente mas agradável… Uma maneira de en-contrar e conhecer novas pessoas de outros Centros. Nunca tinha tido um acolhimento tão especial… Começámos em grande com o concerto do P.e João Paulo Vaz, que adorei, pois tivemos a oportunidade de presenciar um grande talento e uma bela mensagem!Este ano tivemos uma novidade: os workshops! Foram locais onde pude aprender bastante acerca da minha fé. Todos eram interessantes, o que me dificultou a escolha de apenas 3.O Festival da Canção foi bastante divertido, gostei de ver o trabalho de todos os grupos pois todas as can-ções eram bonitas e alegraram-nos durante a tarde, fazendo que 2 horas me parecessem 20 minutos!Sentiu-se uma grande união entre todos os grupos e partilhei um pouco com todas as pessoas que falei, por isso espero ter a oportunidade de repetir e despe-ço-me dizendo: Até para o ano!!!

Espectativas superadas! Três horas de viagem marcadas pela impaciência, inquietude e acima de tudo pela curiosidade de saber se realmente seria tão espectacular como já me tinha sido contado.Levava as expectativas elevadas e depressa percebi que tinha motivos para tal… Cheguei e já muita festa havia na garagem, tudo em comu-nhão. Aproveitei para rever com prazer alguns rostos conhecidos, pôr a conversa em dia e envol-vendo-me no já conhecido espírito JD tentei não pensar muito na enorme pilha de livros e folhas que tinha deixado em cima da secretária. Entre os workshops e actividades o tempo que sobrara foi nenhum… AINDA BEM! Há que aproveitar porque tudo se passa muito depressa. A entrea-juda para se cumprirem as tarefas honrou o tema do encontro e mesmo na hora de encontrar a canção vencedora do festival só me lembro de ver tudo à frente do palco a saltar! Se há sempre uma indecisão em ir, em 2012 não a vou ter.

VDuarte Nóbrega – Madeira

VAndré Silva – Porto

Testemunhos

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» JD — AçoresJunho12 − Vigília de Pentecostes.15 − Encontro de preparação para as JMJ.

» JD — LisboaJunho15 − Encontro de preparação para as JMJ.Julho15 − Encontro de preparação para as JMJ.

» JD — MadeiraJunho05 − 2.º Dia Diocesano da Juventude.

» JD — PortoJunho05 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 10 − Caminhada para as FM em Terroso.23-24 − São Josão CD e cidade.24 − Reunião Comissão PPJV no CD.Julho01 − Solenidade do Coração de Jesus Encontro da Família Dehoniana do Porto. Às 21h00, em Betânia.03 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.16-24 − Férias Missionárias em Terroso − Póvoa de Varzim.

Ó Ritinha, esta frasedo Padre Dehon

parece dita especialmente para as Férias Missionárias.

14 de Junho – Retiro dos Leigos – Alfragide18 de Junho – Vigília do Coração de Jesus19 de Junho – Festa do Coração de Jesus

(Padre Dehon)

46 – agendada juventude

VPaulo Vieira

Sim, Inês, deve ser por issoque o “chefe” não aceita

qualquer candidatura às FM,mas escolhe criteriosamente

cada participante!...

PROGR AMA

Terroso

Póvoa de Varzim!

FÉRIAS

MISSIONÁRIAS 2011

16-24 JULHO

– Formação. – Preparação de actividades.

– Saída (doentes, idosos, crianças, cultura, praia...).– Terço por grupos nos sítios.– Missa.

– Adoração.– Encontros: Catequistas, Pais, Movimentos e grupos...– Avaliação / Programação / Convívio.– Descanso.

– Missa Festiva.– Tarde de festa/convívio para toda a comunidade.

Manhãs

Tardes

Noites

Domingo

Férias Missionárias JD-Porto• Forte experiência de Interioridade – Encontro com Deus.• Forte experiência de Comunidade – Encontro com os outros.• Forte experiência de Missão – Encontro com a comunidade.jdporto@

dehonianos.orginformações e candidaturaspor Mail(cartas já não se usam!)e niguém ficaautomaticamente inscrito!

serser comser para

DEHUMOR“A juventude deve ter o entusiasmo na acção,

a sedução na forma, a audácia na execução.”

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Page 47: A Folha dos Valentes - Junho 2011

passatempos – 47tempo livre

tem piada curiosidades

VPaulo Cruz

Soluções de MaioFiguras dos séculos XVII-XIX: 1a, 2b, 3c, 4a, 5c, 6a, 7a, 8c, 9c

asteriscosOs asteriscos lembraram-se de fazer uma festa, só para asteriscos. Não entrariam nem letras, nem nú-meros ou outros símbolos. Assim foi, a festa ia boa, quando cerca das 23h00 tocam à porta. Foram ver e o que viram foi um ponto final. – Pá tás a ver, isto hoje é só para asteriscos, não insis-tas, dá de frosques. Vira-se o ponto final: – Bolas meu, põe um gajo um bocado de gel na ca-beça e já não nos conhecem..!

estagiárioUm estudante de agricultura foi estagiar para casa de um agricultor. No primeiro dia olha para um cam-

Se toda água da Terra – doce, salgada e congelada – fosse dividida entre seus habitantes, cada pessoa teria direito a 8 piscinas olímpicas cheias.Mas, se dividirmos somente a água potável entre as mes-mas pessoas, cada uma teria direito a apenas 5 litros de água.A quantidade de água no mundo é praticamente a mesma

a água

quebra-cabeças

1. Pioneiro da aviação em Portugal, realizou com Sacadura Cabral a primeira travessia aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Trata-se de: a) Hermenegildo Capelo b) Gago Coutinho c) Roberto Ivens2. Médico e investigador, o seu contributo para a ciência valeu-lhe a distinção com o Prémio Nobel da Medicina em 1949. De quem se trata? a) João Lobo Antunes b) José Saramago c) Egas Moniz3. Nasceu em 1883. Fundou e dirigiu a revista “Pela Grei” e foi direc-tor da revista “Seara Nova”. De quem se trata? a) Leonardo Coimbra b) António Sérgio c) Agostinho da Silva4 . Pintor português, figura de referência na história da arte moderna em Portugal, nasceu em 1887, próximo de Amarante. Trata-se de: a) Eduardo Viana b) Almada Negreiros c) Amadeo de Souza-Cardoso5. Compositor e musicólogo, nasceu em Lisboa, em 1902. Compôs peças para canto e piano sobre textos de poetas portugueses. a) Frederico de Freitas b) Carlos Seixas c) João de Freitas Branco6. Figura marcante do teatro português do século XX, dirigiu com o marido a sua própria companhia no Teatro Nacional D. Maria II durante cinco décadas. Trata-se de: a) Amélia Rey Colaço b) Palmira Bastos c) Maria Matos7. Artista de referência na arte portuguesa contemporânea, foi dis-tinguida com o Prémio Pessoa em 1990. De quem se trata? a) Menez b) Graça Morais c) Paula Rego8. Militar e político, foi o primeiro Presidente da República a seguir ao 25 de Abril de 1974. Trata-se de: a) Ramalho Eanes b) António de Spínola c) Costa Gomes

figuras dos Séculos XVII-XIX

informáticoO Informático recém-licenciado, na entrevista para um emprego.– Quais são as suas pretensões salariais? - perguntou o entrevistador. – Aproximadamente uns € 7 000 por mês, mais benefícios. Quais os benefícios que a sua empresa oferece?– Normalmente, oferecemos 6 semanas de férias por ano, fundo de pensões complementar, um BMW no-vo em cada dois anos, cartões de crédito, telemóvel pago, plano de saúde integral para todos os depen-dentes e uma viagem aos Estados Unidos duas vezes por ano.– Está a brincar, não? – pergunta o Informático.– É claro! Mas foi você quem começou!

engenheirosVão quatro engenheiros no carro, quando este ava-ria.

há milhares e milhares de anos. Mas o número de pessoas que vivem na Terra aumenta a cada dia. Mais gente para a mesma quantidade de água.Se nada for feito em re-lação à água, especialis-tas prevêem que haverá conflitos entre países por disputa de água num futuro não muito distante.

Cada engenheiro dá sua sugestão.Engenheiro mecânico: A caixa de velocidades deve ter avariado.Engenheiro químico: Não concordo. O proble-ma está na composição do combustível.Engenheiro electrotécnico: Nada disso! é a bateria que está descarregada.Engenheiro informático: E se nós saíssemos e en-trássemos novamente?

po onde uns grãos que doiravam ao sol e diz: – Os seus métodos são muito anti-quados. Duvido que consiga tirar 20 alqueires de trigo deste campo. – Também eu. Isso é centeio.

serser comser para

“A juventude deve ter o entusiasmo na acção,a sedução na forma, a audácia na execução.”

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O Site da Pastoral Juvenil e Vocacionaldos Dehonianos em Portugal

http://www.dehonianos.org/juventude/

A Folha dos Valentes no Faceboockhttp://www.facebook.com/reqs.php#!/profile.

php?id=1740476493

A Folha dos Valentes na Internethttp://www.dehonianos.org/valentes/index.html

O Site dos Dehonianos em Portugalhttp://www.dehonianos.org/

Flashtables Pátio interior do Seminário de Nossa

Senhora de Fátima, em Alfragide.XIV Encontro Nacional

da Juventude Dehoniana07 de Maio de 2011. Foto AFV.

É claro que estamos na Internet!Alguns leitores perguntam... Já falámos disso na revista e qualquer “motor de busca” pode levar-vos até os nossos sites e

páginas. Para os mais “distraidos”, cá ficam os dados:

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