a folha dos valentes - janeiro 2013

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V al en es 04. - MIssão dehoniana em Angola: DISTRITO 13. - P.e Mário CASAGRANDE 15. - Dehonianos na MADEIRA 20. - HUMOR contra a crise 35. - Steve Vai: MÚSICA e espiritualidade 36. - Som 3D 44. - A Fé ou APEGA-SE ou apaga-se V al en es Janeiro 2013 ANO XXXVII PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA a folha dos 420 pág. 24 valentes_2013_01-janeiro.indd 1 31-12-2012 12:00:40

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janeiro 2013

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Page 1: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

Valen es

04.-MIssão dehoniana em Angola: DISTRITO

13.-P.e Mário CASAGRANDE

15.-Dehonianos na MADEIRA

20.-HUMOR contra a crise

35.-Steve Vai: MÚSICA e espiritualidade

36.-Som 3D

44.-A Fé ou APEGA-SE ou apaga-se

Valen esJaneiro 2013 ANO XXXVII

PUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA

a folha dos

420

pág. 24

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Page 2: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Victor Vieira.

Colaboradores nesta Edição: Alberto Bisarro, Catarina Ferreira, Catarina Nóbrega, Delfino Pinto, Diana Matos, Filipe Moreira, Grupo de Jovens da Buraca, Maria Encarnação, Zeferino Policarpo.

Fotografia: AFV, Vanessa Nunes, Armando Vieira, Inês Pinto.

Capa: AFV: Grupo no Centro Dehoniano.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor:Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com

da atualidade

dos conteúdos

do mundo

do bem-estar

da juventude

da família dehoniana

sumário:

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)ou (transferências internacionais):

IBAN: PT50 0010 0000 1240 8400 0015 9SWIFT/BIC: BBPIPTPL

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

03 > alerta! > A Fé traz esperança

04 > missões > Missão dehoniana em Angola: Distrito

07 > cantinho poético > Até ao fim do mundo

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > entre nós > ALVD reunida no Porto

10 > entre nós > Família Dehoniana em Nampula

11 > Breves > Novo livro + Rally dos presépios

12 > memórias > Recordando o padre Mário Caragrande

15 > comunidades > Pastoral dehoniana na Madeira

18 > vinde e vereis > Vinde e vereis em Ano da Fé

19 > onde moras > Dá-me de beber

20 > doses de saber > Humor contra a crise

22 > pedras vivas > A prenda do Menino Jesus

24 > eclesialidade > Rio in Douro: embarca neste porto

24 > palavra de vida > Programa de vida

26 > leituras > Moçambique com cheiro

28 > sobre a bíblia > O batismo de Jesus no Jordão

30 > sobre a fé > Do Jordão ao sacramento do batismo

32 > reflexo > Construir a Paz

34 > outro ângulo > “Calatxi bouca”

35 > nuances musicais > Steve Vai - Música e espiritualidade

36 > novos mundos > Que tal som 3D?

37 > minha rede > Conteúdos à nossa medida

38 > jd-Açores > Natal com crise? Quem disse?

39 > jd-Açores > Um trimestre de atividades

40 > jd-Lisboa > PacMissões2

41 > jd-Lisboa > #repara & p.repara bem o teu Natal

43 > jd-Madeira> p.repara bem o teu Natal

44 > jd-Porto > A Fé ou apega-se ou apaga-se

46 > agenda-JD > Calendário de actividades

47 > tempo livre > Passatempos

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Page 3: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

A Fé traz esperança...

VPaulo Vieira

alerta! –03 da atualidade

Um dia destes ouvi alguém dizer, a propósito da crise: “vamos guardar o pessimismo para dias melho-res”. Na verdade o povo diz: “p’ra pior já basta assim”. Haja Fé, haja Esperança; haja Caridade!A vós, nossos caros leitores, chega mais uma edição de A Folha dos Valentes, com uns pequenos ajus-tes na apresentação gráfica e nas rubricas, sempre com intuito de informar e formar na esperança. Acreditamos que a Fé traz uma Esperança firme e uma Caridade generosa. Exatamente por ser tipica-mente cristão “não deitar a toalha ao chão” – mas manter-se firme nessa esperança ativa –, narramos a história e as histórias de Jesus e dos seus discípulos carregadas da força transformadora do Evangelho. Nesse sentido, como mote para este ano, apresentamos aqui um resumo da vida de Santa Bakhita, tirado Carta Encíclica de Bento XVI, Spe Salvi, sobre a Esperança Cristã.

“Josefina Bakhita, uma africana canonizada pelo Papa João Paulo II, nascera por volta de 1869 – ela mesma não sabia a data precisa – no Darfur, Sudão. Aos nove anos de idade foi raptada pelos traficantes de escravos, espancada barbaramente e vendida cinco ve-zes nos mercados do Sudão. Por último, acabou escrava ao serviço da mãe e da esposa de um general, onde era diariamente seviciada até ao sangue; resultado disso mesmo foram as 144 cicatrizes que lhe ficaram para toda a vida. Finalmente, em 1882, foi com-prada por um comerciante italiano para o cônsul Callisto Legnani que, ante a avançada dos mahdistas, voltou para a Itália. Aqui, depois de «patrões» tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um «patrão» totalmente diferente – no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava «paron» ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um «paron» acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e pre-cisamente pelo «Paron» supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela «à direita de Deus Pai». Agora ela tinha «esperança»; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta esperança, ela estava «redimida», já não se sentia escrava, mas uma livre filha de Deus. Entendia aquilo que Paulo queria dizer quando lembrava aos Efésios que, antes, estavam sem esperança e sem Deus no mundo: sem esperança porque sem Deus. Por isso, quando quiseram levá-la de novo para o Sudão, Bakhita negou-se; não estava disposta a deixar-se separar novamente do seu «Paron». A 9 de Janeiro de 1890, foi batizada e crismada e recebeu a Sagrada Comunhão das mãos do Patriarca de Veneza. A 8 de Dezembro de 1896, em Verona, pronunciou os votos na Congregação das Irmãs Canossianas e desde então, a par dos serviços na sacristia e na portaria do convento, em várias viagens pela Itália procurou sobretudo incitar à missão: a libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a «redimira», não podia guardá-la para si; esta espe-rança devia chegar a muitos, chegar a todos. (Spe Salvi, 3)

Agradecemos a disponibilidade dos nossos colaboradores e a generosidades do leitores que se lem-bram de ajudar a custear as nossas despesas de gráfica e de correio, nestes tempos difíceis para todos... E esperamos que outros o façam também! Melhores dias virão porque os estamos a construir!A todos desejamos um ano com muita Fé que traga uma Esperança sempre ativa!

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Page 4: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

04– missão dehoniana em Angolada atualidade

A presença dehoniana em Angola passa a Distrito (evolução da autonomia de uma porção da Congregação)

VDelfino Pinto

No passado dia 8 de Dezembro, celebrámos em Viana – Km 9 –, na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, a missa solene da Imaculada Conceição, durante a qual decorreu o ato da tomada de posse do Governo do novo Distrito de Angola da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. O Superior Geral presidiu à celebração. Todos os membros das nos-sas comunidades de Viana, Luau e Luena estiveram presentes e alegram-se por esta passagem a Distrito que é a evolução e o resultado de oito anos de traba-lho missionário.Após esta celebração, houve um almoço festivo na Casa Padre Dehon, que contou com a presença de todos os confrades e seminaristas dehonianos, do Superior Geral, P.e José Ornelas, do Conselheiro Geral para África, do P.e Albert Lingwengwe, e do até en-tão Superior Maior Delegado do Superior Geral para a Comunidade Territorial de Angola, P.e Zeferino Policarpo, Superior Provincial de Portugal. Já no final da refeição não faltaram os tradicionais discursos seguidos de parabéns, bolo e champanhe.Esta etapa, é fruto de um caminho de reflexão da Congregação e dos missionários em Angola que teve o ponto alto na Assembleia Territorial que decorreu de 5 a 7 de Dezembro. É na confiança em Deus que continuaremos a construir com esperança o futuro desta realidade missionária.O Distrito de Angola tem como Superior o P.e Domingos Pestana e como Conselheiros o P.e Max, o P.e Amândio e o P.e Madella. A eles compete con-duzir, segundo a vontade de Deus, os destinos deste novo Distrito da Congregação.O Distrito conta com 5 padres e um irmão de Portugal, 2 padres dos Camarões, 1 padre da Itália do Norte e outro padre de Moçambique. Um religioso e um noviço que fará a Profissão Religiosa a 27 de Dezembro, são os primeiros frutos destes anos de presença dehoniana em AngolaQue por intercessão do Venerável Padre Dehon a missão dehoniana em Angola possa receber de Deus as bênçãos de que necessita para levar por diante este lindo projeto missionário.

O Superior Geral acaba de nomear o Governo para o Distrito de Angola. Para Superior Distrital foi nomeado o P.e Domingos Pestana. Para Conselheiros foram nomeados os seguin-tes missionários: P.e Max Atanga, P.e Amândio Rocha e P.e Maggiorino Madella. Amanhã, dia 8 de Dezembro, por decreto do Superior Geral, é ereto o novo Distrito. A tomada de posse será às 10h30, no decorrer da Eucaristia presidida pelo Superior Geral, na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Viana.Os Dehonianos estão presentes em Angola desde 2004, com a constituição da primeira comunidade na diocese de Viana. Desde en-tão foram consolidando a atividade pastoral que agora se estende à diocese de Luena com uma comunidade no Luau (desde 2005) e outra comunidade nos arredores da cidade de Luena (desde 2011). São 10 os missionários Dehonianos presentes em Angola, provenien-tes de Portugal, Itália, Moçambique e Camarões. O novo Distrito da Congregação conta já com um religioso autóctone que conclui os seus estudos nos Camarões e um noviço que fará a Profissão Religiosa a 27 de Dezembro.Desde o passado dia 5 de Dezembro que decor-re a Assembleia dos Missionários Dehonianos, onde, para além da apresentação dos relató-rios sobre a vida das comunidades, também se tem refletido sobre a organização e o futuro da presença Dehoniana em Angola.

Missão dehoniana em Angola em festa

Novo Distritoda Congregação

Nomeado Governo do Distrito e Angola

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Page 5: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

A Assembleia conta com a presença do Superior Geral, P.e José Ornelas, do Conselheiro Geral para África, P.e Albert Lingwengwe, e do Superior Maior Delegado do Superior Geral para a Comunidade Territorial de Angola, P.e Zeferino Policarpo, Superior Provincial de Portugal.Depois de uma consulta prévia realizada há cerca de um mês, a Assembleia, em geral, e cada missionário, em particular, foi chamado a pronunciar-se so-bre a nomeação do Governo Distrital. Depois de uma nova consulta, foram nomeadas as pessoas que vão ter o encargo de conduzir esta nova enti-dade da Congregação que a partir de amanhã fica sob a de-pendência do Superior Geral para aquelas matérias sobre as quais não goza ainda de total autonomia.Em meu nome que ao longo destes três anos acompanhei diretamente esta Missão em Angola, e em nome da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus felicito os missionários em Angola pela passagem a Distrito e desejo que o Governo Distrital possa continuar a im-primir a esta nova realidade da Congregação sentido missio-nário e consolidação da ativi-dade pastoral desenvolvida ao longo dos oito anos de pre-sença Dehoniana em Angola. Parabéns ao Governo Distrital e votos de muitas felicidades ao serviço da Missão!

A presença Dehoniana em Angola está a consolidar-se e o futuro apresenta-se cheio de esperança. No passado dia 8 de Dezembro Angola passou a Distrito da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Trata-se de uma entidade com bastante autonomia e que depende do Superior Geral para as decisões mais importantes. O Governo do Distrito tomou posse nesse mesmo dia. O P.e Domingos Pestana é o Superior, coadjuvado por 3 Conselheiros: Pe. Max Atanga, P.e Amândio Rocha e P.e Maggiorina Madella. Esta equipa de governo está agora a elaborar um projeto de reestruturação das três comu-nidades Dehonianas em Angola: Viana, Luau e Luena. Em inícios de Fevereiro, com o começo do ano letivo e do ano pastoral, as comuni-dades devem estar organizadas com os novos membros.Juntamente com o Superior Geral (P.e José Ornelas) e com o Conselheiro Geral para África (P.e Albert Lingwengwe) visitámos as comunidades do interior. Partilho algumas breves informações sobre a presença dehoniana em Angola.A comunidade do LuauNo Luau, a dois passos do Congo, a missão tem crescido desde que lá chegaram os dehonianos, em 2005. Ao nível das estruturas foi recu-perada (1ª fase) a igreja da Paróquia de Santa Teresa do Menino Jesus, a casa onde vivem as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e a casa dos missionários, antes em ruínas, readquiriu agora a sua velha elegância e beleza. Presentemente está em fase de conclusão a construção da ampliação escola da missão que permitirá duplicar a capacidade dos alunos que frequentam os primeiros anos da escolaridade, passando para cerca de 400 crianças. Toda a escola foi paga com subsídios vindos de uma empresa petrolífera.A par destas obras que absorveram muito do tempo do P.e Joaquim Freitas, tem sido também desenvolvido um vasto trabalho de evan-gelização e de animação da paróquia e das comunidades das aldeias que rodeiam o Luau. Esta comunidade dehoniana, que por força de várias circunstâncias ficou com um só elemento, será reforçada e, ter-minadas as obras, será possível dar ainda mais atenção às atividades pastorais.Saliente-se ainda que no Luau há um grupo de 5 seminaristas, sendo que 3 deles no próximo ano irão para o Luena, a fim de iniciarem o curso secundário, que não existe no Luau.A comunidade do LuenaEsta comunidade, até ao presente constituída pelo P.e Jorge, o P.e Madella e o P.e Jean-Paul, habita em situação muito precária e pobre num anexo que foi construído no terreno doado à Congregação pelo bispo da diocese, D. Tirso Blanco. Dista 5 km do centro da cidade, na estrada para Saurimo. Ali perto situa-se o cemitério onde terá sido sepultado Jonas Savimbi.

Missão dehoniana em Angola em festaMissão dehoniana em Angola:esperança no futuro

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Page 6: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

A comunidade do Luena dedica-se sobretudo à pastoral na paróquia do Sagrado Coração de Jesus. Trata-se de uma paróquia situada nos arredores da cidade constituída essencialmente por pessoas que estavam refugiadas no Congo e na Zâmbia. É uma paróquia onde tudo está a começar do zero e há tudo para fazer. O P.e Jorge está a construir uma igreja onde pretende celebrar missa no dia de Natal. O bispo deseja ir lá celebrar a Solenidade da Epifania. Muita coisa ainda está por acabar, mas a verdade é que o espaço onde agora se celebra a Eucaristia e se desenvolve toda a vida paroquial é minúsculo e sem condições.Terminadas as obras da igreja, o próximo grande desafio da comunidade do Luena será construir a sua residência e num futuro próximo o pequeno seminário que se pretende implantar contíguo à casa dos missionários.

Luena e LuauLuena e Luau sofreram enorme progresso nestes últimos anos. Foram construídas estradas, outras estão em fase de acabamento. A linha férrea já chegou ao Luena. O comboio circula a abarrotar de gente que vai vender e comprar produtos. Daqui a pouco tempo chegará também ao Luau. Os chineses estão a concluir os trabalhos. A velha estação do Luena foi recuperada. A do Luau foi construída de raiz, visto que a antiga estava em grande estado de deterioração. Há comércio, há automóveis, há imensas motorizadas, há escolas a funcionar, há tanta gente que num de repente invadiu estas duas localidades. O aeroporto do Luena está a ganhar uma nova gare, moderna e espaçosa.Comunidade de VianaOs dehonianos que aqui trabalham (P.e Domingos, P.e Amândio, P.e Vicente, P.e Max, P.e Amaro e Ir. Delfino) dedicam-se essencialmente à pastoral na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário e à forma-ção dos seminaristas (11 seminaristas em 2012). A

Missão Dehoniana em Angola (continuação)

VZeferino Policarpo

paróquia é enorme (mais de duzentas mil pesso-as) e os cristãos frequentam ao milhares os cen-tros de culto (sede da paróquia, Santa Bakhita, Santa Maria e Santa Filomena). Só para se ter uma ideia dos números que por aqui se usam, refiro que, no passado sábado, na igreja da Paróquia de Nossa do Rosário, foram batizadas 182 crianças, filhas de pais que não estão casados pela Igreja. Estas famílias fizeram um percurso de 6 meses de preparação com duas horas de reunião todas as semanas. Depois, há os que são batizados em idade adulta, há jovens, há as crianças filhas de pais casados pela Igreja... São centenas de ba-tismos durante o ano! Em Santa Bakhita está a concluir-se a construção de uma nova igreja que albergará cerca de 1.500 pessoas. Números que impressionam!Em Viana a situação pouco evoluiu em relação a anos anteriores. Nos bairros vivem milhares de pessoas cuja qualidade de vida deixa muito a desejar, sobretudo em tempo de chuva quando as ruas, em terra, se tornam intransitáveis aos hu-manos e aos automóveis mais pequenos. Jeep’s e botas de água são os que conseguem vencer o obstáculo da lama, do lixo e da água suja e contaminada. Por outro lado o comércio e a in-dústria desenvolveram-se muito nestes anos. A rede da água potável começa a ser instalada. A vida fervilha intensamente por entre os bairros de casas cobertas de zinco. Prevê-se que a curto prazo a qualidade de vida das pessoas dê passos significativos. A paz abriu muitas janelas de es-perança.Santuário da MuximaPude visitar o Santuário da Muxima (que signifi-ca coração), na Província do Bengo, dedicado a Nossa Senhora da Conceição. Data do século XVI e foi construído pelos portugueses na margem esquerda do rio Kuanza. A localização é mag-nífica. No monte atrás do Santuário existe uma fortaleza mandada construir por Paulo Dias de Novais, sob ordens de D. João III.O Santuário da Muxima é o principal santuário de Angola. Todos os anos, em Setembro, cerca de 800 mil pessoas deslocam-se ao Santuário para participarem nas festas em honra de Nossa Senhora da Conceição.Recentemente foi alcatroada a estrada que con-duz ao santuário e construída a ponte sobre o rio Kuanza. No passado o acesso ao Santuário fazia-se através de uma estrada de terra ou então através do rio.Que a Senhora da Muxima acompanhe esta nova fase da Missão Dehoniana em Angola.

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Page 7: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

VJorge Robalinho

poesia –07 da atualidade

Até

ao

fim

... d

o M

undo

Quero novo amorem Janeiro,Quero ser a flordo teu canteiro,Quero mais...Para ti, queroser guerreiro,ou guardião...Ou então ser passageiro,e caminhara teu lado.Quero ser teubom bocado!Ser a chavedo teu futuro,ou passado...Ser o teu dia...a dia...e correr-tenas veias...ir a todos os recantos da tua vida...e saboreartodos os encantosdo teu ser!Neste anoque começa...quero-te...de todas as formasou feitios,até ao fim...Seja lá onde ele for!...

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Page 8: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

VManuel Barbosa

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)08– recortes dehonianos

da família dehoniana

PROVÍNCIA EM JUBILEU 27 de dezembro. A Província Portuguesa dos

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) celebrou 46 anos de existência. Nesse dia, em que se lembra também a chegada a Portugal do primeiro dehoniano, Padre Gastão Canova, precisamente a 27 de dezembro de 1946, é habitual que os confrades, vindos das 15 co-munidades, se encontrem para celebrar aqueles que ao longo do ano tiveram jubileus de vida, de vida religiosa e de ordenação sacerdotal.No continente, as comemorações decorreram em

Coimbra. O dia passou-se em celebração eucarística, presidida por D. António Braga, bispo de Angra, a festejar 50 anos de vida religiosa, em convívio e em sessão comemorativa, a que se acrescentou a memória dos 60 anos da casa de Coimbra, o Instituto Missionário Sagrado Coração. O nosso confrade D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, marcou também presença.As comunidades da Madeira juntaram-se na Ribeira Brava, em celebrações semelhantes, o mesmo acontecendo com a co-munidade dos Açores. Na Madeira, D. Alfredo Caires, Bispo de Manajary, presidiu à Eucaristia, que decorreu na paróquia da Ponta do Pargo.

MISSÃO DE ANGOLA, DISTRITO 8 de Dezembro. Os missionários de Angola, quase todos portugueses, passaram a constituir-se em

Distrito, estrutura que fica agora a depender do Superior Geral. Este esteve presente na celebração que decorreu na Casa de Viana, perto de Luanda, juntamente com o Conselheiro Geral para a África

MENSAGEM DO SUPERIOR GERAL A fechar, transcrevo parte final da Carta do Superior Geral para este tempo de Natal: «Não se celebra

a vinda de Cristo na carne opondo-nos, mostrando-nos angustiados ou limitando-nos a desprezar os que não vivem o Natal porque não têm fé. Com todos é possível lançar caminhos de paz, de justiça, de perdão, de escuta recíproca. O nosso serviço, marcado pela riqueza da internacionalidade, faça crescer tudo isto. São os votos de Natal e Ano Novo que desejamos nos encontrem atentos às transformações atuais».

e o Superior Provincial de Portugal. Trata-se de um novo passo no crescimento da missão, que até agora foi conduzida pelos Superiores Provinciais de Portugal, a saber: Padre Manuel Barbosa, de 2004 a 2009, e Padre Zeferino Policarpo, de 2009 a 2012. O Padre Domingos Pestana, um dos dois primeiros missionários em Angola, passa a ser o novo superior da missão distrital. Não deixo de recordar com viva gratidão o crescimento da missão, pois coube-me desde 2003, na companhia do Padre Domingos, a preparação e a concretização des-de projeto missionário.

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Page 9: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

entre nós –09 da família dehoniana

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A ALVD reunida no Porto

No passado dia 16 de Dezembro estivemos reunidos no Centro Dehoniano da Boavista, onde somos recebidos como em casa (bem haja padre Paulo). Nesse dia o tema que o padre Adérito Barbosa escolheu para dissertar foi o ubuntu, a expres-são sul africana para dizer a plena comunhão do ser hu-mano com os que o rodeiam, ou seja, sou o que sou pelo que nós somos.Desmond Tutu diz num livro seu que uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível para os outros, não se sente ameaçada quando os outros são capazes e bons, baseada na autoconfiança que vem do conhecimento que essa pessoa tem que pertence a algo maior e sen-te-se diminuída quando os outros são humilhados ou diminuídos, torturados ou oprimidos.Fico sempre tocada por esta palavra tão pequena poder encerrar um significado enorme, só em África para se simplificar o laço forte que une uma comunidade, ou um país. Madiba (Mandela) foi o exemplo para o mundo, ele é o agregador de um povo que foi humilhado e oprimi-do e ofereceu a sua serenidade e essa humildade fez o opressor recuar.Quando se fala em voluntariado há ubuntu. Nós oferece-mos o nosso tempo e disponibilidade para dar aos outros e temos humildade para reconhecer que os outros nos oferecem muito mais. É enriquecedor passar pela experi-ência de voluntariado e finalmente perceber que a nossa vida só tem sentido quando é partilhada, quando nos damos aos outros sentimo-nos vivos e felizes. Partilhar alarga os nossos horizontes, faz-nos perceber que faze-mos parte de um todo que nos ultrapassa.O povo africano vive numa interligação muito forte uns com os outros e com a natureza, não necessitam de falar para perceber o que se passa com o próximo, ,apenas sentem por isso ficamos surpreendidos quando nos co-nhecem e dizem exatamente o que se passa connosco. São bastante observadores e essa característica que faz deles ubuntu. Esse sentimento de querer fazer parte de um todo que é maior do que as partes e que nos enche o coração talvez seja fé, talvez seja amor.VMaria Encarnação

Plena comunhão do ser humano com os semelhantes que o rodeiam

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Page 10: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

VAdérito Barbosa

10– entre nósda família dehoniana

Nampula, 18 de dezembro de 2012

A Família Dehoniana (inspirada no carisma do Padre Dehon) até está bastante bem representada em Nampula. O bispo D. Tomé é dehoniano. Além deste arcebispo, há ainda o D. Élio, em Lichinga e D. Cláudio, na Beira, que também são bispos deho-nianos.Mas situemo-nos, onde estão padres, consagra-das, leigos e leigas dehonianas.O bairro de Napipine, à entrada da cidade de Nampula tem mais de 100.000 habitantes. Aí, nes-se bairro, encontra-se uma comunidade religiosa dehoniana, presidida pelo P. Ricardo Regonezzi, tendo como pároco, o P. Elia Ciscato, grande etnó-logo e antropólogo, com vários livros sobre a cul-tura macua. A paróquia de S. Pedro engloba cinco comunidades: a comunidade do centro da paró-quia, Murrapaniwa, Nairuku, S. Paulo e Nahene.Já do outro lado do bairro, tendo a meio a igre-ja e a universidade pedagógica, encontra-se a Companhia Missionária, instituto secular com espiritualidade dehoniana. Aí, as já consagradas (Mariolina, Martina, Helena e Gabriela) orientam algumas aspirantes ao instituto, como a Lurdes, a Ana Rita, a Isabel, Dalaina, entre outras. Gerem também uma biblioteca aberta ao público sobre ciências sociais e humanas, criada pela ALVD, ao serviço das universidades de Nampula. No entanto, a Companhia Missionária tem um gru-po de leigos, e mesmo alguns padres, chamados, Amigos, que procuram beber esta mesma espiri-

tualidade do P. Dehon.Foi com algumas pessoas deste grupo (estavam 40 pessoas) que me reuni no dia 25 de Novembro pa-ra fazermos um retiro sobre a fé como caminho de vida, no mosteiro de Rex, a 10kms de Nampula.O retiro seguiu um ritmo próprio com uma primei-ra conferência seguida de um tempo de medita-ção individual, para depois fazermos uma segun-da conferência. Depois, seguiu-se o almoço e um tempo de partilha sobre a fé.Nesta partilha, houve algumas coisas curiosas, a começar pela apresentação do nome das pesso-as. O marido de um casal chamava-se o Senhor Chuva. Perguntamos logo em tom de brincadeira se a esposa se chamava nuvem. O casal Bonifácio trouxe o seu filho que se chama Vindestre, porque nasceu a 23 do mês dez (outubro).A seguir, partilhamos algumas experiências e es-clarecimentos a sobre a fé. Um ainda se lembrou perguntar se não havia um fecímetro, ou seja, um aparelho para medir a fé.No entanto, alguém referiu que a fé e a razão são como duas asas da mesma ave e as duas são ne-cessárias para controlar e equilibrar o voo.Assim, depois celebrámos a eucaristia e às 17 horas, como ameaçava já noite cada um rumou para as suas casas, levando consigo duas palavras novas que nunca tinham ouvido: catapultar (salto para a fé) e fastio (afastar tudo o que não leva à caridade).

Família Dehoniana em NampulaFamília Dehoniana em Nampula

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VJuan Noite

breves –11 da família dehoniana

Um novo livro do P.e Jacinto Farias

O P.e José Jacinto Ferreira de Farias (dehoniano) acaba de publicar um novo livro intitu-lado: A força que nos vem de

Deus - Despertar” A editora é a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). A obra tem 98 páginas e recolhe um conjunto de meditações publicadas no boletim mensal da AIS: Sementes de Esperança.Neste livro o autor, teólogo e professor na Universidade Católica Portuguesa, com o seu olhar arguto e atento ao mundo, propõe diversas atitudes para ajudar os cristãos a DESPERTAR. Socorrendo-se da sua vasta cultura e dos ensinamentos de homens e mulheres de fé, o P.e Jacinto desafia os cristãos ao compro-misso e à construção de um mundo melhor, se-

gundo Deus. O exemplo dos Pastorinhos e a mensagem de Fátima são como que o fio condutor destas incisivas reflexões

que vêm ajudar o crente a centrar mais profundamente no Evangelho o seu estilo de vida.

“É preciso despertar”, afirma convictamente o autor a certa altura do seu livro. Estas pro-postas de meditação são um bom instrumento que abre ao compromisso profético para fazer despertar um mundo novo marcado pela simplicidade e pela beleza do Evangelho.VZeferino Policarpo

Ral ly de presépios JD-MadeiraÚltima hora: Em tempo de Natal...

Foi sempre a abrir a primeira edição do rally de presépios, promovido pela JD.Numa carrinha de 9 lugares, um grupo de jovens lançou-se na aventura de apreciar alguns dos presépios que animam esta quadra natalícia. Tivemos oportunidade de admirar os mega presépios do Garachico, Galeão (S. Roque – Funchal) e Curral das Freiras, como também outros mais simples nas paróquais da Encarnação, Graça, Estreito e no Colégio Missionário. Em cada paragem comtem-plamos as várias personagens destas magnificas obras de arte, contrabalançando com cânticos

natalícios a propósito.A Eucaristia no Curral das Freiras en-cerrou este maravilhoso itinerário, onde também participaram algu-mas pessoas que por lá passavam.Tudo foi concluído com um jantar pic-nic na Eira do Serrado que, apesar do frio que lá fazia, foi um

importante momento de partilha coroado por uma poncha em Câmara de Lobos. O que se quer melhor do que isto? Só mesmo isto…De referir que este foi um pré-ensaio para outro rally que teremos no dia 5 de janeiro, este com o pretexto de cantar os Reis. Como vêm, por aqui o Natal JD é sempre a abrir!!

Desafio aos Cr istãos de hoje

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Um verdadeiro educador que viveu na simplicidade e numa cordialidade impressionantes

Recordando o padre Mário Casagrande

12– memóriasda família dehoniana

Padre Ernesto Tonin1930-2008

“Um grande homem e um homem gran-de” – foi um dos mais sugestivos ditos que se pronunciaram sobre o Padre Mário Casagrande por ocasião do seu fa-lecimento. Era Casagrande de cognome, homem grande de físico e grande homem de personalidade e merecimento. Nele tudo era grande. Era de aparência um tanto rude e de feições pouco refinadas, mas certamente também dele diria o Senhor o que disse de João Baptista: um grande homem!

Mário Casagrande nasceu a 25 de julho de 1930 na cidade de Vittório Véneto, Norte da Itália. Entrou, aos 11 anos, no seminário menor dos Dehonianos em Trento. Por motivos da guerra, passaria para o congénere seminário de Albino, para frequentar o 2º e 3º anos, regressando ao de Trento para com-pletar o chamado ginásio, primeiro quinquénio da escola secundária. Fez o noviciado em Albissola, professando a 29 de Setembro de 1948; o curso liceal e filosófico em Monza, de 1948 a 1952; o es-tágio de vida consagrada, em Pagliare, nas Marcas, de 1952 a 1954, e o curso teológico e ano pastoral em Bolonha, de 1954 a 1959, sendo ordenado sacerdote a 23 de Junho de 1957, no fim do ter-ceiro ano de teologia, como então era de norma. Em 1959 teve a sua primeira destinação pastoral: Portugal e, mais concretamente, o Colégio Luís de Camões, que os Dehonianos orientavam em Coimbra.Pouco se sabe da breve estadia do P.e Casagrande nesse colégio da Lusa Atenas, onde a vida não era fácil para os Dehonianos, obrigados a partilhar a tarefa educativa e a direção com um sócio leigo, que seguia outros critérios e objetivos.No verão de 1961, para colmatar a saída do P.e António Gritti do Colégio Infante do Funchal, o jo-vem P.e Casagrande é transferido para este último, a que dedicará, a ele e sucessivamente à Escola da APEL (Associação Promotora do Ensino Livre), o resto dos seus anos de atividade.

O P.e Mário Casagrande era uma personalidade original. Os seus formadores de Bolonha já lhe apontavam características, que viriam a definir o retrato que nos deixou: piedoso, observante, in-telectualmente dotado, trabalhador e de grande espírito prático, mas também um tanto teimoso, frontal e, por vezes, rude, o que levará os supe-riores a adiar por algum tempo a sua admissão às Ordens Menores. Eram aparentes limitações, mas que já revelavam a personalidade forte, um tanto esquiva e silenciosa, mas ativa, persistente e, ao mesmo tempo, humana e humilde, que viria a revelar-se e a dar-lhe sucesso.O P.e Mário Casagrande foi superior do Colégio Infante de 1965 a 1971, não aceitando, no fim, voltar a desempenhar semelhante cargo, em nenhuma comunidade. Não se coibia de conside-rar-se “burro de carga”; lhe dessem trabalho, que o realizaria, pois trabalhar lhe dava alegria, mas organizar ou dirigir trabalho não era com ele! E assegurava ao Superior Provincial que não o dizia por humildade, mas por convicção: não queria cru-cificar-se nem crucificar os outros! Voltaria, porém a ser superior do dito Colégio de 1974 a 1977, nos difíceis anos do imediato pós-25 de Abril, quando esteve em causa o futuro do colégio. Também fez

Padre Mário Casagrande1930-2009

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parte, como Conselheiro, do primei-ro governo da Província Portuguesa dehoniana, de 1966 a 1971. Em 1972 acumula a direção do Colégio, cargo que manterá até 1978, quan-do passará a assumir a direção da dita Escola da APEL, criada para dar continuidade, nos 10º-12º anos, aos colégios católicos da Região.Também e sobretudo nesta Escola, o P.e Mário Casagrande revelará os seus grandes dotes de educador e “facto-tum”: a funcionar em prefabricados, havia que instalar nela serviços ele-mentares, inclusive água e luz, área onde o diretor também era mestre: carpinteiro, torneiro, eletricista, serralheiro, pintor… Não existindo ainda o Contrato de Associação com a Região, esses primeiros tempos da Escola da APEL foram difíceis; as mensalidades eram altas, e eis o Padre Casagrande mendigar bolsas de estudo para facilitar alunos po-bres. Chegou a pensar num lar para estudantes das freguesias do campo, em terreno da Escola, se o Governo o ajudasse, o que não viria a suceder. Passava o dia na Escola, residindo porém na comunidade religiosa: a do Colégio Infante até 1980 e a do Colégio Missionário de 1980 a 2000, ano em que regressará à do Colégio Infante.Outra expressão da humanidade do P.e Mário Casagrande eram as formas de pastoral que acumulava com a direção do Colégio e Escola: capelão do Sanatório Dr. João de Almada e das cadeias da cidade, as dos Viveiros e Cancela. Em 1984, fez um período de reci-clagem, ano sabático, em Roma. Foi sintomática a área que escolheu pa-ra essa reciclagem: um curso de re-cuperação de tóxico-dependentes. Preferiu esse curso “prático” – justifi-cará ao Superior Provincial, perplexo e reticente com a escolha – porque “as teorias sempre conciliaram o seu sono” e assim realizava “o sonho que sempre tivera de ajudar a resolver o problema de tantos pobres jovens”.

Estava convencido da necessidade e atualidade do curso, mes-mo continuando a trabalhar no campo da educação: drogados já os encontrara no colégio e na cadeia!Para se dedicar a essa pausa sabática, o P.e Mário Casagrande dei-xará o cargo de diretor da Escola da APEL. Em 1985, regressa ao Colégio Infante, retomando ali a docência, para voltar a assumir a direção da dita Escola em 1987, cargo que manterá até 2000, quando se retirará definitivamente para o seu Colégio Infante, mas continuando a servir a Igreja local enquanto as forças lho permitiram. Celebrava aos domingos na igreja do Colégio, sen-do muito apreciado pelas suas homilias, concretas e vivenciais.O seu trabalho na área da educação granjear-lhe-á um reco-nhecimento oficial: a “Ordem de Instrução Pública, no grau de Comendador” por “serviços em prol da educação e do ensino”, condecoração que lhe será entregue a 5 de Outubro de 1998 pelo então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio. Pelo mesmo mérito, também a ADECOM (Associação de Desenvolvimento Comunitário do Monte) o galardoará, postumamente, em Janeiro de 2009.Faleceu a 4 de Janeiro de 2009. As suas exéquias, na igreja do Monte, foram a expressão de quanto era estimado na Região da Madeira. Foram presididas pelo bispo emérito da diocese, D. Teodoro Faria, concelebrando o arcebispo emérito de Évora, D. Maurílio Gouveia e numeroso clero, com uma significativa parti-cipação de fiéis e admiradores. O Bispo da diocese estava ausen-te da Madeira. O Presidente do Governo da Região, Dr. Alberto João Jardim, considerou “uma perda grande para a Madeira” a morte do P.e Mário Casagrande, reconhecendo-o como “um verdadeiro educador e um verdadeiro formador”. Também a imprensa da Região foi abundante em testemunhos de estima. Foi sepultado no vizinho cemitério do Monte, perto do Colégio a que dedicou grande e a melhor parte da sua vida. O Superior Geral de então, o madeirense P.e José Ornelas, deu do P.e Mário Casagrande um sugestivo testemunho: “O P.e Mário era, na Madeira, o último representante de uma presença de Dehonianos italianos que, a partir da Pérola do Atlântico, plan-

Escola da APEL

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mo embaixadores de boa vontade, conferenciar com a temida Irmã Bemvinda. O P.e Mário usou toda a sua força retórica para convencer a freira e alguns dias depois, num sá-bado à tarde, estacionava à porta do Colégio um autocarro repleto de alunas do Santa Teresinha, acompanhadas por uma jovem freira bem mais condescendente do que a Irmã Bemvinda! São tan-tas as recordações… Recordo-o como um mestre e protector que soube deixar-me descobrir o meu mundo e desde muito cedo me ensinou a ser independente e a reflectir. Estava sempre lá, e no entanto não se mostrava demais, esta era a sua arte. Incutia-me princípios da curiosidade e da ge-nerosidade; durante muitos anos foi como um pai. Nunca Lhe disse isto, como nunca lhe contei quase nada sobre mim. Talvez não fosse preciso, não sei, mas sinto agora a necessidade de partilhar convosco estas memórias”.E elas aqui ficam para partilhar com os leitores de A Folha dos Valentes. Acho que este depoimento é a melhor memória e homenagem ao caríssimo e saudoso P.e Mário Casagrande.

P.e Mário Casagrande (continuação)14– memórias

da família dehoniana

VJoão Chaves

taram a Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus em Portugal. Como Cristóvão Colombo, que nestas ilhas viveu, se casou e sonhou os novos mundos, eles souberam ser lídimos portugueses, sem deixar de ser italianos, enriquecendo-se e enriquecendo-nos, projectando e dando vida a um grande pro-jecto do Evangelho e da cultura… Deixaram rasto na Igreja e na sociedade da Madeira, não apenas pela sua acção pessoal, mas também pela continuação do seu trabalho”.Também o ex-Superior Geral dos Dehonianos, P.e António Panteghini, que conhecia bem o P.e Mário Casagrande e que, como prefeito, trabalhara dois anos no Colégio Missionário, testemunhou dele: “impressionava a sua rumorosa cordialidade, o seu optimismo a toda a prova, o seu modo de minimizar as dificuldades com uma piada. É importante o exemplo que nos deixou: seriedade pessoal e religioso convicto e sacerdote zelo-so, honestidade profissional e grande amor pelos jovens”.O melhor elogio do P.e Casagrande creio, porém, que lhe fez um ex-aluno, o Jorge van Krieken, filho de uma colaboradora do New York Times e que fora acolhido no Colégio Infante em 1963. Escreve ele, do Marvão, a 4 de Janeiro de 2009, mal soube da mor-te do P.e Mário Casagrande: “Cheguei ao colégio um par de dias antes do começo das aulas, em Setembro [de 1963], e fiquei alo-jado no último andar, o das águas furtadas, num pequeno quarto com duas camas com colchões de palha…. Passaram-se 45 anos e recordo bem a solidão assustadora daquela primeira noite. Foi o P.e Mário que me foi deitar. Vejo-o ainda hoje ali a conversar co-migo, semi-deitado na cama do lado, protegendo-me do medo e da solidão ate que adormeci, reconfortado. Nunca mais esqueci esse seu gesto solidário, Hoje ele morreu e lamento nunca lhe ter contado o quão importante foi para mim aquela primeira noi-te em que adormeci em paz porque tinha um guardião… O P.e Mário era um homem grande. Ironicamente chamava-se Mário Casagrande e era isso mesmo. Calçava uns sapatos enormes que – brincava ele – encomendava da Itália, pois na Madeira eram de pé pequeno: Quase sempre eram umas sandálias com aspecto pobre; vestia-se sem vaidade e uma boa parte do tempo com roupa arremendada, de trabalho; o grande nariz separava uns olhos pequenos, muito observadores e expressivos; quando se zangava, ficava vermelho-pimentão e viam-se-lhe duas grossas veias na testa como a rebentarem de exaltação. Tinha uma mão enorme que quase escondia as que cumprimentava em longos e calorosos abanões de apertos de mão, que terminava muitas vezes puxando a mão do interlocutor para baixo do seu braço, arrastando-o para um passeio de braço dado, enquanto falava no seu forte sotaque italiano: allora conta, como vai a tua vida, que fazes?... ahhhh… mamma mia, santo cielo!... Gostava de es-fregar a cabeça quando reflectia sobre um problema e sempre o vi a cantarolar de um lado para o outro, com bicho de carpin-teiro; fazia obras, limpava, reparava o colégio e avisava que um dia aquilo caía tudo, mas que ele não deixava, santo cielo, porca miséria! Uma dia, nós os internos, fizemos uma discoteca nas caves do colégio e quando se aproximou a inauguração aper-cebemo-nos de um problema por resolver: não havia raparigas. Fomos então o P.e Mário e eu ao Colégio de Santa Teresinha, co-

O P.e Mário Casagrande com a sua meda-lha de Comendador, em 1998.

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A PASTORAL PAROQUIAL DOS DEHONIANOS NA MADEIRA

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Sempre houve muita colaboração, mesmo antes da assunção da “zona paroquial” da Ribeira Brava

comunidades –15 da família dehoniana

Chegados à Madeira em 1946 e instalando-se, inicialmente, na Obra do Padre Laurindo, que daria lugar à Escola Salesiana e, a partir de 1947, no Colégio Missionário da Levada, os Dehonianos não se limi-tariam à ação educativa dos seminaristas, bastante exigente e absor-vente, mas, com igual generosidade, se dedicariam também à ajuda pastoral à Igreja local. Era vê-los de bicicleta, vespa e outros meios de transporte, ir confessar, celebrar Missa e pregar, ainda antes de dominar suficientemente a língua portuguesa. Essa disponibilidade, oferecida a párocos e comunidades religiosas femininas da ilha, esta-va aliás no seu DNA: a oblação dehoniana.

A PASTORAL PAROQUIAL DOS DEHONIANOS NA MADEIRA

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Dehonianos em na Madeira (continuação)

16– comunidadesda família dehoniana

Os Dehonianos na Madeira ajudavam, mas não assumiam paróquias, até porque a diocese do Funchal tinha clero suficiente para cobrir o território; algumas paróquias até ti-nham, para além do vigário, um cura, geralmente um padre novo em rodagem ou algum mais idoso mas menos dotado. Nos anos sessenta, D. David alterará profundamente o ma-pa das paróquias, desmembrando-as e criando uma grande quantidade de novas, o que lhe merecerá o jocoso epíteto de D. Divide. Veio a crise pós-conciliar e a mudança de situação em ter-mos de assegurar a todas as paróquias da ilha um sacerdo-te. E eis abrirem-se para os Dehonianos na Madeira novos campos de ajuda pastoral, para além do ensino no Colégio Infante e, sucessivamente, na Escola da APEL (Associação Promotora do Ensino Livre).Sobrevoando a assunção de capelas, onde, a convite dos pá-rocos, assegurar também a Missa dominical – Nazaré, Ajuda, São Lourenço, Lombo dos Aguiares –, merece especial men-

ção, na caminhada de abertura à assunção de paróquias por parte dos Dehonianos, o compromisso destes com as paróquias de São Roque do Faial e do Curral dos Romeiros, assumido pela comunidade religiosa do Colégio Infante nos finais da década de setenta e inícios da de oitenta. A atitude da Província Portuguesa Dehoniana, relativamente à sua presença e ação na Madeira, continuava fechada à assunção de paróquias. Quando ao dehoniano P.e Francisco Avelino da Vargem Andrade, em fase de incardinação na diocese, lhe foi oferecida, sempre em 1980, uma paróquia, o Superior Provincial da altura teve o cuidado de precisar que a assun-ção era a título pessoal, sem compromisso futuro por parte da Congregação. Igual condição seria posta na autorização de assumir as referidas paróquias de São Roque do Faial e do Curral dos Romeiros, por parte respetivamente dos pa-dres Marcelino Teixeira de Freitas e Eugénio Borgonovo. A figura jurídica que os superiores dehonianos propunham para o efeito era a de “vigário ecónomo”, precisamente para assegurar o carácter pessoal e transitório do compromisso. A abertura à assunção de paróquias na Madeira por dos

Dehonianos veio a dar-se em 1982, sen-do bispo da diocese D. Teodoro de Faria. Afirmando-se também na diocese do Funchal a modalidade da “zona pastoral”, D. Teodoro propõe aos Dehonianos que aceitem um grupo de paróquias, cons-tituídas em zona. O Governo Provincial da altura, ciente das mudadas situações e da necessidade real da diocese, abriu-se à proposta e acabou por aceitar, em agosto de 1983, quatro paróquias na zona da Ribeira Brava: a homónima pa-róquia e as da Serra de Água, São João e São Paulo.A primeira comunidade religiosa deho-niana da Ribeira Brava foi constituída pelos Padres José Gil Ormonde Coelho, como pároco da Ribeira Brava e da Serra de Água; José Jorge de Sousa Alves, como pároco de São João e São Paulo, e Irmão José Manuel Braz Ferreira, transferido pouco depois para a Missão dehoniana de Madagáscar. A ereção oficial da comunidade terá lugar a 10 de fevereiro seguinte. Suceder-se-ão e revezar-se-ão Deho-nianos na cura dessa zona pastoral, que assumirão e aperfeiçoarão com zelo e entusiasmo. É sugestivo o relatório, que em 1998, após 15 anos de presença e atividade na paróquia da Ribeira Brava, será redigido e comunicado numa reu-nião da Congregação: investira-se seria-mente na catequese, organizando-a em centros, pondo assim termo à tradição

Igreja paroquial de São Roque do Faial,onde foi pároco o P.e Marcelino Freitas

Igreja paroquial do Curral dos Romeiros,onde foi pároco o P.e Eugénio Burgonovo

Igreja paroquial de São João

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VJoão Chaves

da catequese dada na casa das catequistas; dos seis anos de cate-quese passara-se sucessivamente a 8 e a 10, inserindo-se no projeto nacional de catequese. Para além de na formação dos catequistas, investira-se também na dos fiéis, introduzindo o CIR (Curso de Instrução Religiosa), com aulas e currículos definidos, e a catequese de adultos. Havia-se reanimado grupos existentes, mas inativos, e criado novos: reestruturação das duas Confrarias do Santíssimo e de São Bento, recuperação da Conferência Vicentina, criação de grupos de jovens, leitores, acó-litos, ministros extraordinários da Comunhão e grupos corais, grupos então inexistentes. Havia-se introduzido os Discípulos do Mestre, o CPM, o Caminho Neo-ca-tecumenal e as Equipas de Nossa Senhora e instalara-se na paróquia uma comunidade religiosa femi-nina: as Irmãs da Apresentação de Maria. Fora criado o Conselho Pastoral Paroquial e o Conselho de Assuntos Económicos; renovara-se a igreja paroquial e, no campo social, havia-se criado o Centro Social Paroquial de São Bento, um

lar da terceira idade e um ATL. Mais tarde, já depois do ano 2000, restaurar-se-iam as capelas da Apresentação e da Meia Légua, bem como a residência paroquial. Em 2004 arrancar-se-ia com a construção de mais um lar de idosos e de um centro de aco-lhimento das vítimas de maus tratos. Uma boa folha de serviços, portanto.Em 2008 celebrou-se o 25º aniversário na presença dehoniana na zona, com significativas iniciativas a dar visibilidade ao trabalho nela realizado nos diversos âmbitos da pastoral. Em 2011, a comu-nidade religiosa passou a residir numa vivenda oferecida por um benfeitor local à Congregação, na central Rua São Bento.Campo e estruturas não faltam, e trabalho também não. Haja vontade de dar continuidade ao zelo e disponibilidade dos vários Dehonianos que se dedicaram à zona pastoral da Ribeira Brava,

Igreja paroquial do Curral dos Romeiros,onde foi pároco o P.e Eugénio Burgonovo

Igreja paroquial de São João

perseverando no esforço de enrique-cer as respetivas co-munidades eclesiais

também com a mais-valia do ca-risma dehoniano e com um estilo condizente com a modalidade de “zona pasto-ral”, com que se aceitou o pedido de colaboração paroquial com a Igreja local.

Igreja paroquial de São Paulo,onde é pároco o P.e João Manuel Sousa

Igreja paroquial da Ribeira Brava,onde é pároco o P.e Bernardino Trindade

Igreja paroquial da Serra de Água,onde é pároco o P.e Fernando Ribeiro

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dos conteúdos

VFernando Ribeiro

18– vinde e vereisComo pessoas de fé, podemos e devemos esperar surpresas de Deus...

Vinde e vereis em Ano da Fé

“Vinde e vereis”. Estas palavras de Jesus, nas suas múltiplas aplicações que têm vindo a ser feitas nesta rubrica de uma forma quase sistemática, aplicam-se também a este 1.º mês de mais um ano que acaba de começar. Com efeito, cada etapa da nossa vida – e toda ela, como sabemos, é constituída por uma sucessão de etapas que se sucedem uma às outras – é, na prática, um “vinde” que convida a deixar para trás o que lá vai, a fim de avançar passo a passo rumo ao desconhecido.“Deixar”… nem sempre é fácil. No entanto, muitas vezes é ao contrário. Trata-se, com efeito, de esquecer tristezas e desilusões que não deixam saudades e sobre as quais com gosto se passaria uma esponja. No caso da nossa situação, como cidadãos de um país em crise, o que passou pode, de facto, não ter deixado saudades, dadas as dificuldades e sobressaltos que perturbaram muita gente e causaram sofrimentos de vária ordem.Como cristãos, não podemos esquecer que estamos a viver o “Ano da Fé”. A fé, quando é firme e escla-recida, projeta uma luz diferente sobre a realidade que, sem ela, deixa muitas vezes de fazer sentido e pode adquirir contornos assustadores. Esta fé que somos chamados a viver e testemunhar, assim como ilumina o passado, ajudando-nos a tirar dele as lições que nos podem ajudar, também determina as atitudes com que devemos encarar o futuro por mais sombrio e ameaçador que nos possa parecer.Ao “vinde” segue-se o “vereis” como garantia para o futuro. Donde podemos concluir que da fé nasce a esperança. Aliás, fé e esperança não só se completam como se reclamam reciprocamente, no sentido em que, se acredito deveras em Deus Criador e, sobretudo, Pai, n’Ele confio e d’Ele espero tudo aquilo que me faz falta para enfrentar os desafios do futuro. Isto, por um lado. Por outro, se confio e tenho esperança num futuro melhor, é porque acredito e posso dizer como o Apóstolo: “Sei em quem acreditei”.“Vereis”. Sim, “veremos”. Veremos, com certeza, que, por mais densas que sejam as nuvens que pairam sobre todos nós no início de um ano novo anunciado (ia a dizer “agoirado”) co-mo um “ano particularmente difícil”, a esperança cristã deve inspirar as nossas atitudes e comportamentos. E, assim como se diz muitas vezes que “há males que vêm por bem”, quem sabe se o bom Deus, cuja Providência tira o bem até do próprio mal, não nos reserva para o novo ano agradáveis surpresas? Como pessoas de fé, é isso que devemos pensar e esperar.No caso concreto dos jovens (rapazes e raparigas), quem sabe se a situação dramática, em que se sentem mergulhados, não contribuirá para os ajudar a perceber que não há só o desemprego e a falta de oportunidades, no plano meramente material da vida. E que, como diz o poeta, “outros valores mais altos se alevantam”.Colocando-nos muito oportunamente numa perspetiva vocacional – perspetiva sempre subjacente, de forma mais ou menos explícita, a tudo o que se tem vindo a escrever nes-ta rubrica, não será caso para nos interrogarmos se tudo estará bem na nossa vida de crentes, quando, por um lado, o flagelo do desemprego destroça tantas vidas preciosas, e, por outro, continuam a ser atuais, pertinentes e interpeladoras as palavras de Jesus que todos conhecemos talvez sem nelas refletirmos como devíamos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”.“Veremos”. Que o novo ano seja para todos uma bela oportunidade para “vermos” com olhos de ver, conscientes de que a questão não se coloca do lado de Deus, mas, ao contrário, toda do nosso lado, uma vez que é a nós que compete abrir os olhos a fim de poder “ver”. Sem esquecer que continua a ser verdadeira a sentença da sabedoria popular, segundo a qual “não há cego mais cego do que aquele que não quer ver”.

Vinde e vereis em Ano da Fé

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VFátima Pires

dos conteúdos

Vinde e vereis em Ano da Fé

Um encontro com Ele dar-nos-á a oportunidade de pedirmos de beber

onde moras –19

Dá-me de beberÀ entrada de um novo ano, desejo partilhar um pouco da minha reflexão sobre o encontro de Jesus com a Samaritana. Um belo dia Jesus «Precisava atravessar a Samaria. Chegou, pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto das terras que Jacó deu a seu filho José; era ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, estava Jesus assim sentado ao pé da fonte; era cerca da hora sexta. Uma mulher da Samaria veio tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar ali-mentos. Disse-lhe, então, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? Os judeus não se comunicam com os samaritanos.» (João 4,4-9)Jesus cansado! O cansaço é uma expressão que nos demonstra bem a sua humanidade associada à Natureza Divina. Jesus é Deus, ele é o Filho que vem á terra para nos salvar, para nos dar a dignidade de filhos de Deus. Mas Jesus assume a natureza humana. Além de cansado sentia sede, precisava de al-guém que lhe desse água. No entanto precisava de algo mais, a sua sede era outra, era diferente, era acolher aquela mulher que precisava de ser confron-tada com a sua própria realidade. Jesus foi ao encontro, Ele pediu água, Ele iniciou o diálogo com esta mulher que tanto necessitava de um verda-deiro encontro libertador, Jesus sem-pre toma a iniciativa. Para quê? “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e Ele te daria água viva!” (João 4,10). Para que esta mulher te-nha a oportunidade de beber da água da vida, que é o próprio Jesus.Hoje Jesus, o Mestre espera por ti e por mim! Para quê? Para nos pedir água, para nos pedir que façamos alguma coisa por Ele… “tudo o que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos é a mim que o fazeis”. Mas também para que tenhamos um encontro com Ele, para que tenhamos a oportunidade de lhe pedir água viva, que nos dará em abundancia. Para podermos de-pois levar um pouco desta água aos nossos irmãos.Sim, Ele hoje espera que façamos algo por aqueles e aquelas que vivem per-to de nós e necessitam, pelas pessoas que se cruzam connosco diariamente. Algumas necessitam apenas de um sorriso, para se sentirem melhor.Implica estarmos atentos às necessi-dades dos outros, descentrarmo-nos de nós mesmos para termos a alegria de chegar a quem precisa de nós. A quem pede um copo de água porque tem sede.

Cristo e a Samaritana no Poço – Moretto (1498-1554)

Vinde e vereis em Ano da Fé

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20– meias doses de saberdos conteúdos

As coisas mais respeitáveis do mundo são as piadas mais antigas da face da Terra

Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890)

Humor – antídoto para a(s) crise(s)

No entanto, o povo português é sensível ao humor e é também criador de humor significativo. Basta ter em conta o nosso anedotário que engrossa parte importante da nossa cultura popular, a tradi-ção das cantigas de escárnio e maldizer, sem falar do sucesso de muitos programas de humor que melhoram a nossa disposição através da rádio e da televisão, desde os Parodiantes de Lisboa, pas-sando pelos Malucos do Riso até os mais recentes e geniais Gato Fedorento, só para referir alguns. Ora o humor é um assunto tão abrangente que até pode ser objeto de estudo, que permite de forma interessante uma abordagem diversa na ótica de várias disciplinas científicas. Desde as Ciências Literárias à História, desde a Sociologia à Antropologia, desde o Direito à Psicologia, desde a Teologia às próprias Ciências Biomédicas, desde a Etnografia às Ciências Políticas o humor pode ser analisado na sua anatomia reveladora de uma das expressões mais sedutoras da cultura de certos grupos sociais e mesmo de um povo. Aliás, têm sido criadas instituições científicas internacionais só para o estudo do humor. Recentemente uma dessas instituições especializadas, a Sociedade Internacional para o Estudo do Humor Luso-Espânico realizou pela primeira vez na Europa, e mais concretamente na cidade de Lisboa, um grande congresso dedicado ao tema do humor nas suas diferentes perspetivas.O humor pode se de facto uma forma extraordi-nária de terapia, de antídoto contra crises, depres-sões e obsessões que nos inquinam o equilíbrio psicossomático.

Tanto mais em tempo de grave crise económi-ca que ameaça fazer rebentar as consequentes crises sociais. Em época de crise, o humor não deixa de apresentar-se como uma espécie de terapia, talvez mesmo como uma dose diária de salvação para relativizar, para espantar os nos-sos fantasmas e receios que acendem conflitos e criam bloqueios psicológicos e sociais. O humor é, pois, uma espécie de antídoto para fazer descer do pedestal que lá colocam os nos-sos medos e as formalidades sociais as coisas demasiado sérias, demasiado conspícuas que tolhem a descontração necessária e até o espí-rito crítico. Escrevia sobre o humor G. K. Chesterton no seu livro intitulado Hereges: “Certa vez, um crítico objetou-me, com um ar de indignada razoabilidade: ‘Se queres fazer piadas, ao menos não as faças sobre assuntos sérios’: Respondi, com natural simplicidade e admiração: “Sobre quais outros assuntos, fora os sérios, podemos fazer piadas?’ É totalmente inútil dizer pilhérias profanas. Toda a anedota é, por natureza, blasfema, no sentido de que deve ser a perceção súbdita de algo que se pensava solene e que, afinal, não é tão solene assim. Se uma piada não é uma piada sobre religião e moral, é uma anedota sobre magistrados, pro-fessores de ciência ou universitários vestidos como a rainha Vitória”. (…) No entanto, as coisas mais sérias e respeitáveis do mundo são, todas, as piadas mais antigas da face da Terra – estar casado, ser enforcado”.

Um dos traços dominantes com que se tende a

caracterizar Portugal é de ser um país triste, de-

primido, pessimista. Já Miguel Unamuno nos di-

ferenciava da exuberância do carácter espanhol

na mesma Ibéria comum de que fazemos parte

pela melancolia e pela fatal tristeza que marcaria

o português caseiro e reservado.

H UMO R

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O humor pode ser alíviopara os nosso tormentos quotidianosque nos impedem de sermos autênticose nos criam doenças que envenenamas relações interpessoais.

Humor – antídoto para a(s) crise(s)

VEduardo Franco

Na verdade, muitas vezes as coisas demasiado sérias ficam demasiado distantes, demasiado divinizadas, logo tornam-se muito desumani-zadas. Por isso, apresentam-se no horizonte da nossa mundividência social como superegos que nos vigiam e nos fazem estar sempre em sentido.

Contudo, como dizia o poeta “todos os deuses caiem quando convivem com os homens”. São estes ídolos demasiado sisudos e implacáveis que, muitas vezes, nos atormentam a vida. O humor pode ser, pois, alívio para os nossos tormentos quotidianos, na medida em que contribuem para atenuar, aliviar mesmo, a im-portância excessiva que damos a protocolos diversos que por vezes nos impedem de ser autênticos e nos criam doenças psicossomáti-cas que envenenam as relações interpessoais.

O humor é filho da inteligência, se for, como se deseja, um humor inteligente. Os romanos diziam que rir e humorizar é uma forma de casti-gar os maus costumes, os desvios, as fraquezas humanas.Também a Igreja como a sociedade precisa de praticar, de forma saudável, o humor. Uma Igreja que sabe rir, que sabe cultivar a sã alegria poderá contribuir de forma inteligente para uma autocrítica e lidar melhor com a carga dramática da vida quotidiana que se abate muitas vezes sobre os cris-tãos obrigados ao “serviço de redenção da humanidade”. Mundo religioso precisa de muito humor para aliviar as ten-sões que o peso da responsabilidade de moral muito séria e rigorosa cria, ferindo muitas vezes as boas relações entre as pessoas. Cultivar o Humor poder ser uma via de temperar o Amor, que é a vocação fundamental do cristão no mundo.

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22– pedras vivasdos conteúdos

A prenda do Menino Jesus

Amar a Deus e servi-l’O como acólita

Mudou a página do calendário. Foi-se 2012. Chegámos, graças a Deus, a 2013. E sobre isso: – Entre em 2013 com o pé direito, sr. Padre, que é o ano tem 13, é de muito azar… A avaliar pelas vezes que ouvi isto, deveria ser verdade, mas há muito que entendi que só a mentira tem necessidade de ser dita muitas vezes. E, mesmo assim, continua a ser mentira. Neste caso, nem disso se trata, é só superstição. Que também é mentira e engano, e há muita gente que disso se aproveita, mas que é, sobre-tudo, maluquice de quem se deixa ir por aí. Por isso me perguntei, porque gosto muito de me questionar sobre as coisas da vida, o que se-ria entrar com o pé direito. Sei, com efeito, o que é entrar: Entra-se por portões, portas e portinho-las… e até por cancelas e janelas; entra-se em casas, em escolas, oficinas, armazéns, estádios e até igrejas; entra-se em ruas e em estradas, com o pé direito ou o esquerdo e o melhor é que seja com ambos… Mas entrar num ano com o pé di-reito?!... Não. Perdoem-me a franqueza, mas não sei o que seja, ou, melhor, sei. É superstição, ou seja, engano, nada… Então, como é que se entra num Ano Novo, sem ser com o pé direito, nem com o esquerdo, nem com ambos?... Simplesmente, com o coração! E estes são os meus votos para ti, caro leitor des-ta nossa querida Folha dos Valentes. Se em 2013 entraste com o coração pleno de fé, para acreditares que este ano, como todos os outros que já viveste, é um grande dom de Deus, serás feliz. Se entraste com o coração cheio de esperança, mesmo sabendo que nem tudo o que queremos se alcança, por ventura porque nem sabemos querer, mas que o sonho deve comandar a vi-da, levando-a ao encontro do sonho de Deus: A CONSTRUÇÃO DO SEU REINO ENTRE OS HOMENS, serás feliz. Se, finalmente, entraste neste 2013, com o cora-ção cheio de amor, o verdadeiro amor, aquilo a que nós, cristãos, chamamos caridade, então, só podes sentir-te feliz, porque quem ama é feliz! E apontei só as três virtudes maiores, que há mui-

tas outras que nos devem preencher o coração e pelas quais temos que lutar constantemente.Acho que foi com um coração assim que a Vanessa, da paróquia de Real, Castelo de Paiva, quis entrar neste novo ano; com a fé que nunca tinha perdido, com a esperança de quem deseja um ano mais saudável e com a caridade de quem a acolheu de sorriso franco e sincero. E quem é a Vanessa? É uma adolescente do grupo de acólitos de Real, que são bastantes e bons. Desde 1 de Novembro de 2012 que tenho ido lá celebrar aos domingos e dias santos, porque o Pároco está doente. Fui conhecendo os (e as, que são bem mais) acólitos/as. Mas no domingo antes do Natal, na sacristia, encontrei uma nova adolescente. Estava triste, abraçada à D. Fátima, uma senhora que eu já conhecia, por ser ministra da comunhão. Vi que a Vanessa estava com olhos de chorar e perguntei o que se passava. Sabe, sr. Padre, a Vanessa também é acólita, e até era das mais assíduas, mas também foi contaminada… A Vanessa precisa de uma palavrinha do sr. Padre, que ela já está curada, mas falta-lhe a coragem de voltar. Ela bem sabe que pode voltar, como voltou o meu marido e outro sr. que também é

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VAntónio Augusto

ministro da comunhão e outros acólitos e outras pessoas... Entendi. E para que entendas, a paróquia de Real está a passar por uma dura provação. Há meses que surgiu lá um surto de tuberculose. E se bem que a tuberculose já tenha cura, é sempre uma doença complicada e contagiosa com a qual é necessário ter certos cuidados. O Pároco foi atin-gido e teve que se afastar da paróquia. Está em tratamento e há meses que lá não exerce o seu ministério para não contaminar mais ninguém, que antes de o saber, foram contaminadas várias pessoas, algumas das quais ainda em tratamen-to. E a Vanessa foi uma das contaminadas. E das que mais sofreu com isso, talvez por pensar que não se curaria… Felizmente a D. Fátima tinha em casa o exemplo do marido. Felizmente as outras acólitas souberam acarinhá-la e dizer-lhe que voltasse. Felizmente a única palavra que me ocorreu, quando a D. Fátima disse que ela preci-sava de uma palavrinha foi: – Já ando aqui há dois meses e nunca te vi acoli-tar. Prometes-me que vens no Natal? Sem pensar estava a furar o esquema, a não respeitar a lista, a não consultar o grupo dos

acólitos… E tive que esperar, no absoluto silên-cio que, de repente, se fez naquela sacristia... Ela olhou para mim e para as suas colegas acólitas e, com a voz embargada de emoção, respondeu baixinho: – Sim. E ficou de lágrima no canto do olho. As outras acólitas ficaram com um sorriso de orelha a orelha. Eu fiquei com um nó na garganta, que me impediu de dizer o que quer que fosse. Mas naquela missa pedi ao Menino Jesus que estava para vir que ela não voltasse atrás. Aquela jovem de fé, que amava a Deus e como acólita o servia, precisava de recuperar a esperança, precisava de voltar à vida… E voltou! No dia de Natal, como prometeu. Rodeada, abraçada e acarinhada por todas as outras acólitas, ela lá estava a realizar o seu sim, dado na dor, mas felizmente dado. No momento da Paz disse-lhe: – Obrigado, Vanessa. Ter-te, hoje, como acólita, foi a prenda que pedi ao Menino Jesus neste Natal. Estou muito feliz por teres vindo… E vi, acredita se quiseres, aquele rosto lindo, mas até aí ensombrado pela tristeza, abrir-se num dos mais belos sorrisos, se não o mais belo, que algum dia tenha visto! E vi a felicidade estampa-da no rosto da D. Fátima, das outras acólitas e de toda aquela assembleia celebrante. Foi um Natal com o coração no Coração do Menino Deus. É assim que deve ser no Novo Ano. É assim que desejo que seja 2013 para ti. Sem superstições e sem medos. Um ano em que tudo te faça crescer na fé e no amor e em que nada te faça perder a esperança…

Feliz Ano Novo!

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24– eclesialidadedos conteúdos

Não podendo ir ao Rio de Janeiro, teremos Rio in Douro

“EMBARCA NESTE PORTO”A pastoral Juvenildo Porto (Movimentos e Secretariado Diocesano) está a preparar uma atividade para realizar simultaneamente à Jornada Mundial do Rio de Janeiro (27 e 28 de julho). Será na praia do Cabedelo, em Vila Nova de Gaia, onde costuma realizar-se o festival Marés Vivas.

Haverá preparação prévia a nível de Vigararias, com catequeses e outras dinâmicas ao longo da Quaresma, no Dia Diocesano da Juventude.

Prevê-se a che-gada dos jovens, no dia 27

de manhã, a 4 pontos circun-dantes de onde partirão em cami-nhada para o recinto o encontro. Aí, na tarde e noite de sábado e na manhã de domingo, haverá espaço e tempo para workshops, oração, festa, alimentação, vigília, euca-

ristia, ligações em direto ao Rio de Janeiro…

Jovens, grupos, movimentos, vigararias devem manter-se atentos

aos próximos desenvolvimentos, para saber da preparação e das inscrições!

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VJosé Agostinho Sousa

dos conteúdos

Abrir-se à novidade do Deus encarnado

palavra de vida –25

Programa de vida

Uma Palavra bem fundadaEm linguagem muito simples e muito nossa, pode-mos dizer que São Lucas começa o seu Evangelho dizendo ao que vem: vem pôr por escrito os impor-tantes acontecimentos ocorridos e que ele sente ne-cessidade de partilhar. Partilha-os com o seu amigo Teófilo ou, se quisermos, significando o nome Teófilo “amigo de Deus”, temos que São Lucas quer partilhar o seu escrito com todos os teófilos, com todos os ami-gos de Deus. E para quê esta partilha? Para que não restem dúvidas sobre os fundamentos e solidez dos ensinamentos transmitidos pelos primeiros discípu-los acerca de Jesus.

Uma Palavra que se cumpreUm pouco mais adiante, é Jesus que nos diz ao que vem: vem para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos cativos… Vem para que se cumpra a palavra do Profeta. Com Jesus, aquela Palavra lida na sinagoga de Nazaré deixa de ser uma promessa ou uma profecia, passa a ser Palavra cumprida, Palavra incarnada. Esta Palavra cumpre-se na sinagoga de Nazaré e cumpre-se ao lon-go de todo o Evangelho de São Lucas, on-de este tem a preocupação de apresentar Jesus a percorrer os caminhos da Galileia e da Judeia, até chegar a Jerusalém, onde se concretiza o cumprimento definitivo de todas as profecias e promessas. Jesus é o Verbo incarnado, a Palavra que continua a cumprir-se nos caminhos das nossas vidas, nos trilhos das nossas aldeias, vilas e cidades. O anúncio da Boa Nova aos pobres e a libertação dos cativos prolonga-se no anúncio e testemunho de todos os discípulos de Jesus, de todos os tempos. Jesus quer continuar a fazer-Se caminho connosco. Que este ano da fé que estamos a viver nos ajude a redescobrir a presença de Jesus nas nossas vidas.Um ano 2013 muito feliz para todos, cheio de boas caminhadas com Jesus, a Palavra salvadora e libertadora. Que o nosso pro-grama de vida seja sempre e cada vez mais um caminhar com Jesus e para Jesus.

O início de um novo ano é sempre ocasião para traçar novos sonhos e projetos, para procu-rar novos programas de vida. Fazer promessas, propósitos e apostas é hábito de muito boa

gente, que muitas vezes se vê pouco depois confrontada com a frustração de não dar em nada essas boas intenções. Mas pode ser que desta vez, quem sabe, seja diferente, e que os

nossos sonhos, projetos e promessas sejam concretizados. A Palavra de Deus é sempre uma boa inspiração…

De todos os textos propostos para os domingos deste mês de Janeiro, escolhi o do 3º domingo do Tempo Comum (27 de janeiro), o texto que marca o início do Evangelho de São Lucas e o começo da missão de Jesus (Lc 1, 1-4; 4, 14-21). Penso que é um texto bem inspirador para começar esta caminhada deste ano 2013.

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26– leiturasdos conteúdos

Cheiro da vida, fascínio de África

Moçambique com cheiro

Moçambique tem íman, tem vida, tem cor, tem dança, tem cheiro, tem tempo, tem beleza. Dúvidas? Se não puderem vir cá, pelo menos leiam Mia Couto ou Paulina Chiziane.Esta terra fascinante de 801.590 km2 com quase 24 milhões de pessoas, continua com algumas carências ao nível da saúde, da educação e da organização, embora tenha um governo legitimamente constituído que vai construindo as regras da democracia. Como noutras democracias, há partidos da oposição (Renamo acantonada na Gorongosa) e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) sediado na Beira.Nesse sentido, nós, ALVD, temos estado apoiar e a intervir no Niassa, na Zambézia, em Nampula.A área da Província do Niassa tem praticamente 130.000 km2, com uma população a ron-dar os 2 milhões de pessoas, com a capital de Lichinga a albergar 145.000 pessoas.A grande particularidade desta província é que é a maior província de Moçambique. Tem um bispo dehoniano. E quanto a nós, é a província mais pobre e menos desenvolvida. Por isso, estamos a fazer um esforço para intervir com projetos de desenvolvimento a partir dos leigos dehonianos.A Zambézia é uma Província com uma área de 105.000 km2, com uma população de quatro milhões de pessoas. Tem por capital a cidade de Quelimane povoada de grandes palmeirais. Nesta província, pontificam as comunidades religiosas dehonianas. A primeira presença dehoniana em Moçambique começou nesta província mais propriamente no Alto Molócuè em 1947.A Província de Nampula com uma área de 81.600 km2, é a província com mais população, ultrapassando os 4 milhões. A primeira capital de Moçambique situa-se nesta área, ou seja, na ilha de Moçambique. Aqui o arcebispo também é dehoniano, D. Tomé.

Quem nasceu em Moçambique e saiu do país, quem como estrangeiro viveu em Moçambique, quem fez alguma experiência em Moçambique como missionário (a), voluntário (a) ou mesmo profissional, parece que levou um novelo enorme com uma ponta que ficou em Moçambique e outra que está amarrada ao seu coração. Não fica satisfeito enquanto não vem à procura da ponta que ficou em Moçambique. Parece que este fio nunca se rompe, nunca se parte.

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VAdérito Barbosa

A presença dehoniana também está em Maputo (com 26.000 km2 e uma população de 1 milhão e meio de pessoas).Isto sem esquecer a nova presença dehoniana na Diocese da Beira através do arcebispo D. Cláudio dalla Zuanna, ordenado a 7 de Outubro passado.Como sempre, e em todas as sociedades, nem tu-do é perfeito…Fui engraxar os sapatos em Nampula que já tinham uma camada de pó acumulada durante dez dias. Estava um jovem forte a engraxar os seus. Esperei a minha vez ali na estrada frente à Faculdade de Direito da UCM. Quando acabou, levantou-se e foi embora sem mais nem menos. Perguntei ao homem que estava a engraxar: ele não paga? É polícia. Por isso, não paga. Eu pensei talvez os protege dos ladrões. Quando terminou de engra-xar os meus, perguntei quanto é que ele deveria pagar. Começou a rir, porque sabe que branco tem de pagar mais, porque branco é sinal de dinheiro. Lá lhe dei o dobro do que costumam receber ou seja, 20 meticais (50 cêntimos).No entanto, enquanto engraxava, meti conversa com uns miúdos que estavam ali. Disseram eles: Oh a vida deve ser cara em Lisboa. Nós aqui por dez meticais (20 cêntimos) comemos uma mão de xima (massa de milho cozida) e meio carapau e já é um bom almoço. Fiquei a pensar na alimentação deles…Também fui ao famoso mercado que há ao domin-go em Nampula. Fui com um padre

moçambicano, pároco de Namarrói. Quando eu estava perto dele, os comerciantes pediam sem-pre o dobro do valor das coisas. Quando eu esta-va perto, a camisa custava 100 meticais. Quando eu me afastava, eles pediam só 50 meticais.E para acabar… chegou o rapaz da rua que ven-de o jornal de notícias que custa 15 meticais. Dei-lhe uma nota de cinquenta meticais (um euro). Não tinha troco. Foi buscar o troco. Nunca mais apareceu. Três dias depois encontrei-o a vender o jornal da véspera (porque nunca há jornal do dia) e disse sem mais para me dar o jornal. Nem pestanejou. Ainda tenho crédito de 20 meticais. Dois dias depois encontrei-o noutro lado e deu-me mais um jornal. Ainda ficou com 5 meticais de crédito.Nem tudo é perfeito. É uma sociedade a aper-feiçoar-se, a desenvolver-se ao seu estilo. É um livro a ser escrito ao ritmo da pena do povo mo-çambicano. É a luta por uma vida melhor. Penso que Moçambique tem futuro, porque não tem perfume fabricado, mas tem o cheiro da vida, o fascínio da África.

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08 – recortes dehonianos28– sobre a bíbliados conteúdos

O Batismo: da penitência à filiação divina

Pode imaginar-se a perplexidade de João Batista que vê chegar Jesus – que João sabe quem é – para ser batizado: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti, e Tu vens a mim?” (Mt 3,14). Essa perplexidade é, hoje, a nossa, quando nos abeiramos destes textos; também nós nos perguntamos, por que Jesus se terá submetido a um batismo que era de penitência?

Um batismo em vista da conversãoQue a Igreja nascente compreendia o batismo de João como batismo de penitência, fica claro na hermenêuti-ca do discurso de Paulo em Antioquia da Pisídia: “João preparou a vinda de Jesus, anunciando um batismo de penitência a todo o povo de Israel” (At 13,24). A palavra “batismo” provém de um verbo grego, baptizein, que significa “mergulhar”, portanto, algo relacionado com água, como é bem sugerido pelo lugar onde João ba-tiza, no Rio Jordão.Alguns dicionários apresentam já o significado de “la-var” (ritualmente) para este mesmo verbo. Efetivamente, parece ser uma prática de alguns grupos do judaísmo intertestamentário a purificação ritual através do ba-nho/mergulho numa piscina ritual. A título de exemplo, deixa-se aqui a interpretação que se faz desse banho – no caso, prévio a uma refeição – na comunidade de Qumran, provavelmente de essénios. Aí, o banho assu-me claramente a significação de uma purificação, que vai para além da exterior: “[Os homens da injustiça] não entrarão na água para participar da refeição pura dos homens da santidade, porque eles não estarão limpos, salvo se se afastarem da impiedade: porque todos os que transgridem a palavra de Deus são impuros” (Regra da Comunidade, V,13-14).Ora, tendo em conta as ligações íntimas do Evangelho de Lucas com os Atos dos Apóstolos, facilmente se verá que a mensagem de João Batista, aliada ao banho ritual (o mesmo é dizer batismo), se pautava exatamente por esta dimensão da necessidade de conversão que vá pa-ra além do ritual: isso está bem patente nas perguntas e consequentes respostas do diálogo do Batista com a multidão, os publicanos e os soldados, em Lc 3,10-14.

“Realizar toda a justiça” (Mt 3,15)Diante de tamanha perturbação por parte de João Batista, no Evangelho de Mateus, Jesus dá uma resposta enigmá-tica. Contudo, percebendo o significado dessa resposta, percebe-se o objetivo de Jesus ao submeter-se ao batismo de João, no Rio Jordão. Diante da perplexidade de João, respondeu Jesus: “Deixa estar por agora. Convém que assim realizemos toda a justiça” (Mt 3,15). No ponto anterior, ao referir a Regra da Comunidade de Qumran, deixava-se claro que o banho ritual da-quela comunidade não fazia sentido para os “homens da injustiça”, supondo então que, ao entrar na piscina, houvesse tam-bém uma vontade interior de conversão. Do mesmo modo, também em Mateus, o banho ritual de João está orientado à justiça humana que não pode ser outra senão a que vem do próprio Deus, o ver-dadeiramente justo. Ocorre então a ques-tão: e que injustiças tem Jesus para deixar nas águas do Jordão?A exegese bíblica, secundada pela teo-logia sacramental, tem falado de uma solidariedade de Jesus com aqueles que deixariam as suas injustiças nas águas da purificação do ritual de João Batista. Desse

O Batismo de Jesus no Jordão

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VRicardo Freire

modo, Jesus apresentava-se desde o início do seu ministério como o que realiza em si a profe-cia de Isaías, do Servo do Senhor, aquele “que carrega em si as nossas culpas” (Is 53,4). Quando entra nas águas do Jordão, Jesus solidariza-se com os homens da injustiça que se propõem viver um caminho da conversão inte-rior, de uma total adesão à von-tade de Deus, de um propósito de obediência a Deus que é seu Pai. Por outro lado – e levando ao extremo a profecia de Isaías –, ao entrar no Jordão, Jesus carrega consigo não as suas culpas, uma vez que não conheceu pecado, mas as culpas da humanidade que carrega de forma solidária. Deste modo, no Jordão, no ato do seu batismo, Jesus prepara o momento da paixão, quando será reconhecido como o Servo do Senhor, que, carregado com a cruz aos ombros, carrega sobre si as nossas culpas, como inter-preta 1Pd 2,24.

“Este é o meu Filho amado”Todos os Evangelhos Sinóticos, com uma ligeira variação, regis-tam a frase da voz vinda do céu: “Tu/Este é o meu Filho amado, em Ti/nele me deleitei” (cf. Mc 1,11; Lc 3,22; Mt 3,17). Em todos, está bem patente a referência a Sl 2,7: “O Senhor disse-me: «Tu és meu filho, Eu hoje te gerei»”.A questão da filiação de Jesus, de ser Filho de Deus, há-de ser vista como blasfémia pelas autoridades judaicas e arremessada a Jesus como crime para lhe dar a morte (cf. Jo 19,7). Se tivermos em conta que, nas narrações bíblicas, sempre que há uma voz do céu que fala, estamos perante a própria voz de Deus, vemos que o próprio Deus confirma a sua paternidade em relação a Jesus. Ora dessa relação entre o Pai e o Filho, todos nós recebemos. É porque Jesus é Filho, que também nós temos acesso à adoção como Filhos. E por isso, no batismo de Jesus, também as nossas culpas foram carregadas, para que nos fosse garantido o acesso à filiação divina.

O Batismo de Jesus no Jordão

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Jesus santifica as águas com que os cristãos haveriam de ser batizados

Do batismo no Jordão ao sacramento do BatismoA celebração litúrgica do Batismo do Senhor que conclui as festividades natalícias adquire um significado teológico, bem sintetizado no prefácio da missa da mesma festa; dirigindo-se a Deus Pai, de Jesus e nosso, canta: “Nas águas do rio Jordão, realizastes prodígios admiráveis, para ma-nifestar o mistério do novo Batismo”. Esses prodígios, diz o mesmo texto litúrgico, são resumidos na manifestação do Verbo de Deus na carne humana e na consagração de Jesus como Messias, ou Cristo. Importará, agora, compreender de que modo tudo isso entra no mistério do sacramento do Batismo cristão.

A santificação das águasNa liturgia ortodoxa da Epifania, que abarca todo o mistério do Natal, desde o nascimento de Jesus até ao seu batismo no Jordão, diz o hino de bênção das águas: “Hoje santifica-se a natureza das águas, o Jordão divide-se e suas águas deixam de correr; porque nele se vê o Senhor a ser batizado”. Numa interpretação da relação do batismo de João com o batismo que João administra a Cristo, poderemos dizer que Cristo não foi à procura da própria santificação, mas Ele próprio santifica as águas do Jordão. Num único ato, Jesus santifica não apenas as águas do Jordão e todas as pessoas que tinha recebido um batismo de penitência, mas inaugura o tempo novo e santifica todas as águas com que os cristãos haveriam de ser batizados.Não por acaso, na bênção das águas, prévia ao batismo cristão, na Vigília Pascal ou na celebração do batismo durante o ano litúrgico, se faz referência ao batismo de Cristo no Jordão; depois de falar desse passo da vida de Cristo, pede-se: “Receba esta água, pelo Espírito Santo, a graça do vosso Filho Unigénito, para que o homem, criado à vossa imagem, no sacramento do Batismo, seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo”. E neste momento, na Vigília Pascal, mergulha-se o Círio Pascal na água que servirá para o Batismo, sendo esse Círio a presença de Cristo que tinha, outrora, santificado as águas do Jordão e, ainda hoje, no contexto da liturgia eclesial, santifica as águas e nelas os crentes que nelas foram ou serão batizados.Ainda neste aspeto, vejamos como o entendia já a Igreja antiga, ao tempo de São Gregório de Nazianzo, no séc. IV: “João ministra o batismo; Jesus abeira-se dele, talvez para santificar aquele pelo qual é batizado na água, mas também certamente para sepultar totalmente nas águas o homem velho. Santifica o Jordão antes de nos santifi-car e santifica-o por nós. E, uma vez que era espírito e carne, santifica no Espírito e na água”.

30– sobre a fédos conteúdos

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VNélio Gouveia

Do batismo no Jordão ao sacramento do Batismo

Batismo para a remissão dos pecadosO Catecismo da Igreja Católica (n. 1224), ao comentar o sa-cramento do Batismo, esclarece que “Nosso Senhor sujei-tou-se voluntariamente ao batismo de São João, destinado aos pecadores, para cumprir toda a justiça. Este gesto de Jesus é uma manifestação do seu «aniquilamento»”, reme-tendo para um texto da Carta aos Filipenses: “esvaziou-se [isto é, aniquilou-se] a si mesmo, tomando a condição de servo” (2,7).Deste modo, ao remeter para um texto que diz a vida de Jesus, do seu ser divino até à sua manifestação na carne (ou seja, no seu assumir a vida humana), o Catecismo indi-ca que o batismo de Jesus diz todo o seu mistério em favor dos homens, desde o seu assumir a condição de servo, o servo que solidariamente carrega as culpas da humanida-de. Por isso mesmo é que Ele se sujeita ao batismo dos pe-cadores, mesmo sem ter pecados para deles ser purificado: Ele carrega em si todos os pecados da humanidade e puri-fica esta mesma humanidade nas águas do Jordão. Parece ser possível estabelecer uma ligação com outro texto que o Evangelho de São João coloca na boca de Jesus e que re-sume toda a sua vida: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). E que vida melhor podemos esperar, senão uma vida sem pecados, uma vida sem esse obstáculo que nos separa de Deus?No sacramento do Batismo, entre outros efeitos, podemos destacar este do perdão dos pecados, como bem sintetiza o Catecismo da Igreja Católica (n. 1263): “Pelo Batismo, to-dos os pecados são perdoados, o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas devidas ao pecado”.

A filiação divinaPor último, no Batismo de Jesus, é clara em todos os relatos dos Evangelhos, a afirmação da Trindade (a voz do Pai que fala, depois de o Espírito Santo aparecer em forma de pomba, sobre o Filho que acaba de ser batizado) bem como a manifestação da filiação de Jesus: Ele é Filho de Deus Pai que fala. A catequese cristã costuma ligar a afirmação da nossa filiação divina adotiva ao mistério pascal de Jesus Cristo, tal como o mistério do batismo de Cristo no Jordão é lido, por muitos teólogos, em ligação com a mor-te e ressurreição de Jesus; neste sentido, afirma o Papa Bento XVI, no seu livro, Jesus de Nazaré: “O significado pleno do Batismo de Jesus, o facto de carregar «toda a justiça» revela-se somente na cruz; o batismo é a aceitação da morte pelos pecadores da humanidade, e a voz do céu - «Este é o meu Filho predileto» (Mc 3,17) – é uma referência antecipada à sua ressurreição. Assim se compreende a razão pela qual nos discursos de Jesus a palavra Batismo designa a sua morte (cf. Mc 10,38; Lc 12,50)”.Por isso, o já citado São Gregório de Nazianzo não tem problemas em falar do batismo de Jesus no Jordão com pa-lavras semelhantes às que se virão a usar acerca do mistério pascal de Jesus: “Jesus emerge das águas e transporta consigo todo o cosmo. Vê os céus que se fende e se abre, os céus que Adão tinha fechado a si próprio e a toda a sua descendência, os céus fechados e barrados como o fora o paraíso com a espada flamejante”. As palavras de São Gregório constituem uma boa conclusão: na revelação da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, no Jordão, Jesus Cristo faz a ponte entre o céu e a terra, entre o Deus infinitamente Santo e o pecador, cujos pecados são lavados com a entrada de Cristo nas águas do Jordão. Jesus abre ao homem pecador o caminho da santificação, o caminho de ser também o homem Filho de Deus.

A catequese cristã costuma ligar a afirmação da nossa filiação divina adotivaao mistério pascal de Jesus Cristo,tal como o mistério do batismode Cristo no Jordão é lidoem ligação com Sua a morte e ressurreição.

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A Paz implica que a convivência humana seja baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça

C o n s t r u i r a P A ZSabias que:Desde 1968, por iniciativa do papa Paulo VI, todos os anos se celebra o Dia Internacional da Paz. Na 1.ª Mensagem para esse dia o papa dizia: “Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de Janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, co-mo augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e be-néfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”.Este ano, na sua mensagem para o XLVI dia da Paz, Bento XVI escolheu como tema «Bem-aventurados os obreiros da paz».Transcrevemos aqui o número 3 da Mensagem para refletires individualmente ou em grupo.A paz: dom de Deus e obra do homem3. A paz envolve o ser humano na sua integrida-de e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vonta-de; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação. Como es-creveu o Beato João XXIII na Encíclica Pacem in terris – cujo cinquentenário terá lugar dentro de poucos meses –, a paz implica principalmente a construção duma convivência humana baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça. A negação daquilo que constitui a verdadeira natureza do ser humano, nas suas dimensões essenciais, na sua capacidade intrínseca de co-nhecer a verdade e o bem e, em última análise, o próprio Deus, põe em perigo a construção da paz. Sem a verdade sobre o homem, inscrita pe-lo Criador no seu coração, a liberdade e o amor depreciam-se, a justiça perde a base para o seu exercício.Para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus, Pai misericordioso, pelo qual se implora a re-denção que nos foi conquistada pelo seu Filho Unigénito. Assim o homem pode vencer aquele

germe de obscurecimento e negação da paz que é o pecado em todas as suas formas: ego-ísmo e violência, avidez e desejo de poder e domínio, intolerância, ódio e estruturas injus-tas.A realização da paz depende sobretudo do reconhecimento de que somos, em Deus, uma única família humana. Esta, como ensina a Encíclica Pacem in terris, está estruturada mediante relações interpessoais e instituições sustentadas e anima¬das por um «nós» comu-nitário, que implica uma ordem moral, interna e externa, na qual se reconheçam sinceramen-te, com verdade e justiça, os próprios direitos e os próprios deveres para com os demais. (...) A paz não é um sonho, nem uma utopia; a paz é possível. Os nossos olhos devem ver em pro-fundidade, sob a superfície das aparências e dos fenómenos, para vislumbrar uma realida-de positiva que existe nos corações, pois cada homem é criado à imagem de Deus e chama-do a crescer contribuindo para a edificação dum mundo novo. (...)Por isso mesmo, a Igreja está convencida de que urge um novo anúncio de Jesus Cristo, primeiro e principal fator do desenvolvimento integral dos povos e também da paz. Na rea-lidade, Jesus é a nossa paz, a nossa justiça, a nossa reconciliação (cf. Ef 2, 14; 2 Cor 5, 18). O obreiro da paz, segundo a bem-aventuran-ça de Jesus, é aquele que procura o bem do outro, o bem pleno da alma e do corpo, no tempo presente e na eternidade.A partir deste ensinamento, pode-se deduzir que cada pessoa e cada comunidade – reli-giosa, civil, educativa e cultural – é chamada a trabalhar pela paz. Esta consiste, principal-mente, na realização do bem comum das várias sociedades, primárias e intermédias, nacionais, internacionais e a mundial. Por isso mesmo, pode-se supor que os caminhos para a implementação do bem comum sejam tam-bém os caminhos que temos de seguir para se obter a paz.

32– reflexodos conteúdos

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VPaulo Vieira

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado.

Lê com calma as passagens do evangelhos.

Todas as Bem-aventuranças estão relacionadas

com a Paz? Porquê?

Que lugar tem a Paz no todo da missão de Jesus?

Como posso contribuir para a cosntrução da Paz?

Faz uma oração a Deus

A Palavra de Deus diz: Mt 5, 3-12 e Lc 6, 20-23. Na tradição bíblica, a bem-aventurança é um género lite-rário que traz sempre consigo uma boa nova, ou seja um evangelho, que culmina numa promessa. Assim, as bem-aventuranças não são meras recomendações mo-rais, cuja observância prevê no tempo devido – um tempo localizado geralmente na outra vida – uma recompensa, ou seja, uma situação de felicidade futura; mas consistem sobretudo no cumprimento duma promessa feita a quantos se deixam guiar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor.

Tenho de: É evidente a necessidade de promover a paz. Esta requer uma vida interior rica, referências morais claras e válidas, atitudes e estilos de vida adequados. Que pen-samentos, palavras e gestos de paz posso fazer para promover uma mentalidade e uma cultura da paz, uma atmosfera de respeito, honestidade e cordialidade?

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Page 34: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

O poder do silêncio traduz-se na capacidade de não julgar o outro34– outro ângulo

do mundo

Para quem vê a novela “Gabriela” – peço des-culpa se isto se enten-de como publicidade – conhecerá esta ex-pressão “das irmãs dos Reis”, não fossem elas as guardiãs “da moral e dos bons costumes”. Reflito convosco mais um tema que não sou nada “expert” e de grande dificuldade para mim, mas apre-sentando algumas me-lhoras: O Silencio. Não me refiro ao silêncio de “engolir sapos” ou “ficar entalado na garganta” …que já é grande avanço! Não desanimemos. Refiro-me ao silêncio que nos torna seres mais sábios, tranquilos e felizes com os nossos atos. Para os mais céticos, observei o comportamento de outros seres humanos, como o meu marido, e comprovei que existe mesmo! Vivemos por um longo período em que reina a indigna-ção, andamos desorientados, onde todos têm opiniões e palpites sobre tudo. Passamos a maior parte do tempo a queixar-nos (com alguma razão), considerando que da nossa parte não há mais nada a fazer. E eu apenas penso: poluição sonora! Neste aspeto também não sou lá muito ecológica, mas estou melhor!O poder do silêncio não se traduz apenas em “não abrir o bico”, mas também na capacidade de não julgar o outro, diferente de mim, através dos meus valores e das minhas opiniões. Estar em silêncio, é mais do que desli-gar-se de alguns aspetos, com vista a não criar conflitos. Aliada a esta ferramenta fundamental, está a escuta atenta ao outro. Perceber o que nos está a transmitir, em vez de ouvir o que estamos a pensar (normalmente consideramos que é uma afronta!)A verdade é que a maioria dos relacionamentos huma-nos passam, quase que de forma exclusiva, na troca de palavras (faladas ou escritas). Por vezes estamos em

grupo e, do nada, esta-belece-se aquele silêncio constrangedor…é aí que alguém fala do tempo! Porquê? Porque o silêncio assusta! Vivemos à sombra de ruídos que até tememos o silêncio! Permanecer em silêncio permite pensar antes de agir e respeitar a nossa própria inteligência e sanidade mental quando somos criticados ou injus-tiçados.Principalmente nos rela-

cionamentos mais íntimos, se faltar a calma e o silêncio

de certeza os “minaremos” com problemas. Por vezes vi-

vemos em conflito interno por termos dificuldade em selecionar

quando devemos permanecer em silêncio, ou tocar no assunto que tanto

nos enraivece. Mas…se eu não me calo, que moral terei eu de esperar que o outro aceite e permaneça em silencio? Num encontro Internacional de Equipas Jovens de Nossa Senhora, em Roma, uma amiga do Brasil ofereceu-me uma t-shirt que diz: “O Segredo de Maria: Escute e Reze”. Não queira ter sempre razão. Cale-se”. Atenção, deu porque eu pedi muito! Tenho muitas histórias infelizes e até de-sastrosas, quer como “vítima” quer como “agressora”, simplesmente pela falta de silêncio. Temos de crescer e aprender com elas! Aceitar que as provocamos e evitar futuras reclamações vazias. Apercebi-me do poder do silêncio quando resolvi ca-lar-me e manter a calma para não ferir ou influenciar o futuro de alguém que já amo muito…e que ainda está para vir! Deus ensina-nos e não precisa dizer absoluta-mente nada!

“Calatxi bouca”

VAlícia Teixeira

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Page 35: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

VFlorentino Franco

Música que envolve a vida toda

Steve Vaimúsica e espiritualidade

A perti-nência desta particularidade deve-se ao génio em si, que a meu ver mere-ce destaque não só pela música como pela forma de vida que abrange vários campos de performance e altruísmo.Steve Vai deu recentemente dois concer-tos em Portugal respectivamente no Porto e em Lisboa. Tive a oportunidade de assistir ao concerto da realizado na Aula Magna, que, embora não tenha sido excelente em adequação acústica foi deveras um momento de música raro de interpretação, performance, criação e comple-xidade artística. Para melhor situar algum leitor não tão conhece-dor da música de Steve Vai apraz-me referir que este é considerado um génio da guitarra eléctrica. Auto denominado-se um artista Rock alia a tecno-logia à complexidade da execução. Sendo eu suspeito para elogiar as virtudes deste mestre compositor, apenas vou cingir-me a uma pequena conversa que tive a oportunidade de ter com ele pouco antes do concerto, dando a conhecer um pouco das suas motivações rotinas e regras.Ser um artista conceituado da vertente rock, com-por e tocar músicas na sua maioria instrumental, requer um conhecimento, uma formação e uma inspiração fora do comum. Isto porque, não é

muito comercial na atualidade dar

concertos rock de mú-sica instrumental e man-

ter um público que abrange todas as idades.

Um dos segredos para esta ma-neira de estar na vida e conseguir

sucesso é definido pelo próprio como “... Fazer o melhor, em cada momento,

no agora, sendo esse o paradigma de vida a seguir...” É sem dúvida, apesar de cliché, uma

referência que podemos assimilar a vários modos de vida. Na sua rotina, a criação e composição não implica apenas a prática do instrumento como também todas as vivencias diárias. O tempo para a medi-tação é muito importante na sua vida. A necessi-dade de realizar ações caritativas através da sua fundação, “Make a Noise Fundation” fazem-no sentir-se responsável pelo legado a deixar para o futuro. Por várias razões, o reconhecimento da sua música tem abrangido diversos campos levando-o a ser solicitado para colaborações com outros artistas bem como fazer-se acompanhar pelos melhores músicos das suas áreas. Muito mais haveria da dizer sobre este genial artista. Deixo então duas sugestões, das várias que podem ser encontradas na internet, para entrar dentro do universo musical de Steve Vai. Whispering a Prayer e Crying Machine.

nuances musicais –35do mundo

“Calatxi bouca”

Neste espaço de Nuances Musicais, nunca antes tinha dedicado um artigo a um

músico ou banda em particular. Embora já tenha referido

e até citado, esta é a primeira vez que o

faço em exclu-sividade.

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36– outros mundosdo mundo

Que tal SOM 3D?Engenheiors coreanos criam “bolas de som”

Caro leitor, antes de tudo desejo um santo e feliz ano 2013! Se estás a ler isto, é porque o mundo não acabou, e ainda bem, pois trago-te uma novidade…Quando se ouve falar em 3D pensamos logo em óculos… Mas isso já é assunto batido. Que tal SOM 3D? Já ouviste falar?Engenheiros coreanos desenvolveram um novo sistema de processamento de áudio, que me-lhora consideravelmente a atual tecnologia de efeitos acústicos 3D. Normalmente os altifalan-

tes estéreo, surround, caixas de som ou até os phones geram uma ilusão para

quem ouve, de que os sons estão a ser reproduzidos no espaço 3D à sua volta.Os coreanos (sim, tinham de ser coreanos!) Yang e Jung criaram algo a que chamaram: “Bolas de Som”. A novidade é o fato das bolas acompanharem o indivíduo conforme se deslo-ca pelo espaço onde está. Um novo conjunto de “equações integrais desenvolvidas por nós podem ser aplicadas em certos tipos de altifalantes. Usamos diversos altifalantes para construir múltiplas fontes sonoras virtuais que podem

dar ao ouvinte mais liberdade para se mover, sem perder a ilusão

auditiva que o som reproduz”, disse Yang.

Esta tecnologia está pronta para incorporação imediata em produtos comerciais, ou atualizar os teus sistemas de áudio pessoais e domésti-cos, elevando a qualidade de som para algo semelhante a um estúdio ou outro ambiente profissional.Já estou a imaginar uma Oração de Taizé com este tipo de sistema… Será algo para um Novo Mundo!

VAndré Teixeira

Que tal SOM 3D?

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Page 37: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

minha rede –37 do mundo

De utilizadores passivos, passámos a produtores de conteúdos

VVictor Vieira

Na ótica do utilizador, hoje a informática oferece-nos, através das ainda

chamadas “novas tecnologias”, meios nunca antes experimentados que possibilitam uma quase ilimitada

partilha de informação e comunicação. Caindo num lugar comum, eu ainda sou do tempo em que receber ou enviar

as novidades da família e amigos era feito através da carta escrita à mão, pois seria caro “fazer a ligação” através do

telefone, um luxo para a maioria no que tocava às chamadas internacionais.

Conteúdos à nossa medida

Hoje, é impensável dispensar o computador, o tablet, o telemóvel ou as consolas de jogos, prin-cipalmente para os jovens e os que depressa se habituaram a estas tecnologias. Rapidamente nos conectamos a qualquer parte do mundo, seja para comunicar com familiares ou amigos, seja para visitar locais remotos ou para pesquisarmos informação para o trabalho da escola ou porque precisamos de informação para satisfazer o nosso patrão.Após uma primeira fase em que o acesso à Internet funcionava em especial na base da utilização pas-siva, ou seja, o utilizador procurava informação e pouco ou nada interagia com o(s) autor(es), surgiu aquilo que hoje é bem conhecido como a Web 2.0. Isto não é mais do que o uso da Internet, na mais variada tipologia de instrumentos, numa ótica do utilizador interativo. O utilizador passa a ser, graças ao desenvolvimento de har-dware e, em especial aos aplicativos que surgem a uma velocidade imensurável, um participante que interage em várias redes. Surgem, assim, as redes sociais.Hoje, vivemos aquilo que supostamente é denominado de Web 3.0. O utilizador lê, escreve e produz. A participação não se quer apenas de interação mas também de produção e execução. Lembro-me cla-ramente do tempo em que para elaborar uma simples página na Internet tínhamos de usar software específico para a execu-tar, tendo de dominar linguagem própria

se quiséssemos complicar as coisas. Agora não, o desenvolvimento de aplicativos tornou a ta-refa tão simples quanto concretizar um simples documento do tipo texto, folha de cálculo ou apresentação de slides.Nesta nova rubrica da nossa revista, a preten-são passa por apresentar de forma simples, e sempre na ótica do utilizador, formas de contri-buirmos para a produção de conteúdos à nossa medida. Não vamos apenas ostentar ou discutir as modas e as redes sociais, mas permitir ao lei-tor a escolha à sua medida. Poderão utilizar as sugestões para a produção de conteúdos para aformalar com a família, amigos ou em contex-to de estudo ou de trabalho. Aqui vão ficar os estímulos, depois cabe a cada um dar-lhes o devido uso.

Na ótica do utilizador, hoje a informática oferece-nos, através das ainda

chamadas “novas tecnologias”, meios nunca antes experimentados que possibilitam uma quase ilimitada

partilha de informação e comunicação. Caindo num lugar comum, eu ainda sou do tempo em que receber ou enviar

as novidades da família e amigos era feito através da carta escrita à mão, pois seria caro “fazer a ligação” através do

telefone, um luxo para a maioria no que tocava às chamadas internacionais.

Conteúdos à nossa medida

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Page 38: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

38– jd-Açoresda juventude

Natal com crise?

Quem disse?

No Domingo, terceiro de Advento, consagrado domingo da

alegria, o grupo JD Samaritanos e um grupo de catequistas, viveu o Natal antecipado

com um grupo de crianças e jovens que vivem em casas fundadas pela obra do Pe. Américo.

Poder-se-á dizer que o ambiente de ternura, de partilha e brin-cadeira que se viveu veio, sem dúvida, dar outro sabor a este tempo

de espera do nascimento do Salvador.Durante aquele convívio pudemos ser manjedoura que acolheu, pudemos

ser estrelas que por breves instantes deram mais luz e cor àqueles que connosco partilharam o seu sorriso, a sua alegria, a sua inocência, pudemos aquecer os corações

entristecidos pelas mais variadas situações de vida. Pudemos ser anunciadores de esperança de um futuro mais risonho e mais colorido para aquelas crianças. Sentimo-nos visitados e invadidos pela “magia” desta época, mas com a certeza de que ser Samaritano tem muito mais sabor porque me dou ao meu próximo sem deixar de acreditar que a vida apenas tem brilho porque nos doamos inteiramente pela caridade, cultivando a espe-rança e fortalecendo a nossa fé.

Jovens Dehonianos “Samaritanos”

VCatarina Ferreira

Os Samaritanos naquele encontro foram apenas instrumentos de Deus, portadores de uma Boa Nova: amar é fazer os outros acreditarem que são amados incondicionalmente por um Deus que nos visita e que apenas quer ser acolhido. Este Deus que nos visita para que cada um de nós tenha a certeza que somos escolhidos por Ele e para Ele.E por fim, que o Natal vos traga a alegria de sentir este amor divino e que os dons de Deus sejam uma constante nos dias do próximo ano. E em jeito de despedida, como se diz cá pelas ilhas: haja saúde e até à próxima se Deus quiser.

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Um trimestre cheio de atividadesNo último trimestre deste ano de 2012, os jovens “Soldados de Cristo” dedicaram-se, sobretudo, à ani-mação das Eucaristias de sábado, dedicadas à catequese. Os elementos do grupo juntam as suas vozes à do coro juvenil, bem como os seus instrumentos musicais. A Eucaristia é na verdade, o centro de toda a vida cristã, assim sendo, não há melhor oração, nem melhor preparação para a vida, do que a vivência da mesma.

Este último trimestre ficou também marcado pe-la participação no dia mundial das missões em Outubro. O grupo preparou uma encenação men-sagem, que apresentou na Eucaristia de Domingo e mais tarde no convívio realizado no centro missio-nário. A encenação teve como base a mensagem do Santo Padre para o dia mundial das missões e o tema do ano da fé, que este ano litúrgico quer tornar presente.O mês de Novembro foi preenchido por duas acti-vidades em prol da comunidade paroquial: ajuda à Caritas paroquial e apoio ao jantar de angariação de fundos para a igreja paroquial. O grupo prepa-rou e distribuiu, cerca de uma centena de cabazes com géneros alimentícios, pelas famílias mais ne-

Jovens Dehonianos “Soldados de Cristo”

VAlberto Bisarro

cessitadas na paróquia. Os bens forma provenientes do banco alimentar contra a fome. No que diz respeito ao jantar, alguns elementos do grupo contribuíram com “pratos” de comida e sobremesas para o evento, que tinha como objectivo ajudar a igreja paroquial, neste período um pouco mais difícil em termos económicos. Todo o grupo participou do referido jantar com a sua presença.Já neste mês de Dezembro participámos na festa do idoso, evento organizado pela junta de freguesia

local. Foi um momento para convivermos com os velhinhos da nossa terra. Todos aplaudiram e nossa peça de teatro, que teve como tema: como os velhinhos pensam a juventude.Estamos a preparar o presépio na igreja e a animação da missa do dia de natal, na qual nos juntamos aos catequistas e seus catequi-zandos, para celebrar o Natal.Estas foram as nossas actividades, neste úl-timo trimestre. Cá estaremos nós, prontos para continuar a testemunhar Jesus Cristo, presente no meio de nós. É este o nosso propósito e compromisso de vida: ser jovem cristão onde quer que nos encon-tremos.

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40– jd-Lisboada juventude

PacMissões2

JOVENS, FÉ E AMOR: RECEITA SIMPLES PARA UM DIA MEMORÁVEL

Os grupos de jovens de Lisboa foram desafiados a par-ticipar na atividade PacMissões dinamizada pela Juventude Dehoniana no passado dia 24 de Novembro no intuito de empa-cotar livros e enviá-los para uma Universidade nova de Moçambique. Juntaram-se no Seminário de Alfragide e, com as tarefas repartidas, os diferentes grupos partilharam a experiência colectiva de voluntariado, algo que relembrarão com alegria ao sentirem que também podem aju-dar o próximo mesmo em convívio. Enquanto uns separavam os livros por anos de escolaridade e por temas, outros colocavam-nos em caixas que eram depois identificadas e sela-das. Este foi um processo de interajuda que resultou no cumprimento do objectivo do projecto: ocupar um contentor para o envio dos livros.Seguidamente deu-se um momento de convívio e oração e finalizou-se mais um evento Dehoniano de sucesso.

VDiana Matos

PacMissões2

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Page 41: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

No dia 1 de Dezembro, reuniram-se no seminário de Alfragide, mais uma vez, todos os grupos JD de Lisboa,

para começar a preparar o advento, aprofundar o tema anual e para a apresentação do #re.para.

Fomos, como sempre, muito bem recebidos e reunimo-nos todos numa sala, onde começá-

mos por ouvir um pouco o Padre Loureiro a falar sobre a Fé.

Seguidamente, foi-nos apresentado o #re.para, que não é nada mais nada menos, um recurso fantástico para nos ajudar e

rezar no advento. Está dividido por dias, e cada dia tem um pequeno texto biblíco e uma

pequena mensagem para refletirmos. E para acom-panhar esta fantástica ideia, ainda criaram podcasts que podemos ter no nosso mp3 caso queiramos ir a ouvir de manhã no autocarro, ou no caminho para a escola. A JD mostrou mais uma vez amor e dedicação, com esta excelente ideia e com o trabalho árduo que está por detrás deste #re.para!

#.repara

VGrupo de Jovens da Buraca

PREPARAÇÃO E APRESENTAÇÃO DA CAMINHADA DE ADVENTO

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42– jd-Lisboado mundo

RETIRO DE ADVENTO DA JD-LISBOA

Como não podia falhar, a JD Lisboa, preparou mais uma vez o retiro de advento pa-ra “teens” e “vintage”, tendo este ano a participação de mais de sessenta jovens.Foi um dia rico em partilha e de aprendizagem sobre o Natal e sobre o advento. Foi mais um dia para parar, reparar no que há à nossa volta e p.repara.r bem a chegada menino.

VTiago Esteves

p.repara bem o teu Natal

No fim do encontro ficou a vontade de voltar e o coração repleto de ale-gria, certo de mais um dia bem pas-sado.Temos a agradecer a presença dos vá-rios grupos de jovens que tornaram este dia, num grande dia e, temos a esperança de os voltar a ver todos outra vez e quem sabe ainda mais jovens!

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Page 43: A Folha dos Valentes - Janeiro 2013

jd-Porto –43 da juventude

O lugar que Ele merece!

Retiro de Advento da JD- Madeira na Eira do Mourão

Nos dias 8 e 9 de dezembro alguns jo-vens reuniram-se com a JD Madeira, na Eira do Mourão – Ribeira Brava, para um retiro de advento: “Porquê Acreditar?”. Foram 13 que, durante 24 horas, para-ram e refletiram na razão da sua fé.Nas primeiras horas vivemos uma vigília de oração sem palavras! Fizemos uma adoração da cruz. Foi bastante impor-tante e até arrepiante colocar as minhas mãos e a minha cabeça apoiadas na cruz, onde percebi que não é preciso ver Jesus Cristo para acreditar que Ele existe…“Bem-aventurados os que, sem terem visto acreditam!”Foi essencial a nossa eucaristia, porque percebi que ela é o que nós fazemos dela!Sai do retiro com respostas mais concre-tas para “Porque ser Cristão?” e “Porquê Acreditar?” e com a certeza de que reti-rar-me da rotina do dia-a-dia é impor-tante para poder parar e pensar em mim e dar a importância que Ele merece.

VCatarina Nóbrega

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44– jd-Portoda juventude

Criatividade, descobertas e aprendizagem

Retirode Advento

O encontro começou de manhã pelas 10h00 e desde logo se per-cebeu que ia ser um dia bem animado, pois o Pe. Francisco Costa o podia proporcionar a todos nós com o seu ar descontraído. Para dar início fizemos uma simples apresentação, e começámos com uma música para nos ambientar, a oração da manhã e logo de seguida começámos com a “formação” e reflexão. Surgiram então perguntas como: O que é a fé? Como alimentar essa fé?Como todos nós precisamos de tempo para reflexão e para pensar melhor sobre a fé. Foram-nos apresentadas três perguntas para pensarmos interiormente e respondermos. Refletimos sobre isto e partilhámos alguns dos nossos pensamen-tos com o resto das pessoas. Como é habitual e como a convivência e a partilha são valores que existem entre todos nós, na hora de almoço partilhámos tudo o que trouxemos para nos alimentarmos e termos energia para a parte da tarde que ainda estava para vir.

Decorreu, no passado dia 9, o Retiro

JD do Advento. Foi no Centro Dehoniano, na Boavista. Integrado

no Ano da Fé e no Acreditar MAIS da Juventude Dehoniana de 2012-2013, desta vez o tema que foi abordado foi a FÉ, algo que é muito debatido na nossa vida e na sociedade. Questionamo-nos mui-

tas vezes e somos nós que devemos fazer com que essa questão seja

comum a cada vez mais pessoas.

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VFilipe Moreira

Da parte da tarde continuámos com o tema que nos levou até ao Porto e trabalhámo-lo

com São Marcos, São Pedro, São João e São Mateus, lemos a Sagrada Escritura

e pusemos em prática tudo o que aprendemos durante o dia. Por fim celebrámos a eucaristia, feita por todos nós, uma vez que devia em todas as comunidades ser feita sempre assim, e está comprovado que uma eu-caristia é partilha, é união, mas também animação.Passado mais um dia em comunidade, fo-mos todos enviados para as nossas casas e desta vez com um pensamento sobre o qual todos devíamos refletir, que é o se-guinte: “A Fé ou se apega ou se apaga”.

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(Padre Dehon)

VPaulo Vieira

DEHUMOR

46– agendada juventude

JD-LisboaJaneiro12− Filme com Pipocas. 25 − Encontro Mensal.Fevereiro09 − Baile de Máscaras.16 − Lançamento do CROSSOVER +.26-27 − CROSSOVER +.

JD-MadeiraJaneiro05 − Cantar dos Reis. Instituições e casas de amigos. 06 − Encontro da Paz SDPJ. Fevereiro 03 − Encontro JD – Colégio Missionário – “Caminhadas de fé”10 − Festival da Canção JD – Colégio Infante18-22 − Jornadas PJ: “Falar de fé em contexto juvenil”.

1.ª quinta-feira – das 21h às 22h00

No Porto, um tempo com espaço para a interioridade com a oração tipicamente dehoniana aberto à Juventude Dehoniana, à Família Dehoniana e a todos os ami-gos, jovens e menos jovens. Depois da adoração despedimo-nos com um chá.

AdOração no Centro Dehoniano

“Pax! Pax! Antes de tudo, conservara paz do coração.”

2013 é ano de Festival de Música!

Prepara já, com o teu grupo, uma can-ção, sobre a Fé: “Acreditar MAIS”.Informa-te no teu Centro: (Açores, Algarve, Lisboa, Madeira e Porto)

JD-PortoJaneiro03 − AdOração no Centro Dehoniano. 06 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. Sextas, sábados e domingos − Cantar Janeiras.Fevereiro03 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso. 07 − AdOração no Centro Dehoniano. 10 − Passeio Carnaval JD.24 − Formação JD

PENSAVA QUE A PAZ ERA ATIVA

E SE CONSTRUIA . . .

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tem piada curiosidades

VPaulo Cruz

Solução de dezembro2 cortes na vertical e um terceiro paralelamente à base do bolo a meia altura deste (4 dos convivas ficavam sem cobertura...)

Ou em alternativa fazer os dois primeiros cortes na vertical e depois rearranjar as fatias numa linha horizontal fazendo então o terceiro corte, obtendo assim fatias exatamente iguais (cobertura e tudo)!

combo iosUm tipo aproveitou a cunha de um tio, concorreu a guarda de passagem de nível na CP e foi chamado para uma entrevista.

quebra-cabeçasa menor distância

passatempos –47 tempo livre

o mundo dos sonhosO mundo dos sonhos é bastante complexo e cheio de particularidades. Seguem algumas curiosidades:1. O corpo está literalmente paralisado durante o sonho, devido a uma hormona que faz com que os neurónios enviem sinais para a medula espinhal fazendo o corpo relaxar completamente;2. Estímulos externos são incorporados nos nossos sonhos – um exemplo disso é quando dormimos com sede e durante um sonho, estamos a beber água;3. Apenas 12% da população

— Que fazia o senhor — perguntaram-lhe — se visse que dois com-boios iam em direcção um ao outro e estavam prestes a chocar?

— Mudava as agulhas de um dos comboios — res-pondeu ele, que tinha a lição sabida. — E se a coisa não funcionasse? — Corria para a linha —disse ele sem se atrapalhar— e usava a alavanca manual para trocar as agulhas. — E se a alavanca manual estivesse partida? — Sinalizava de maneira que os comboios vissem a tempo de travar. — E se o mecanismo falhasse? O tipo pensou, voltou a pensar, ponderou muito bem e respondeu: — Nesse caso ia chamar o meu tio... — Porquê? Por ele ter experiência de trabalhar com comboios? — Não, porque em toda a sua vida nunca viu dois comboios chocarem...

por c inco euros— Quer o senhor dizer que matou a sua avozinha, só para lhe roubar cinco euros? — Bem, o sr. Dr. Juiz compreende: cinco euros aqui, cinco ali...

condenação à morteCondenado à morte, um soldado francês implorou a Napoleão que lhe perdoasse. — Não posso consentir no que me pedes — respon-deu o imperado — Senhor, confesso ter perpetrado o crime de que me acusam e reconheço que devo ser castigado; mas o género de morte que me destinais é horroroso. — Sendo só isso o que te inquieta, poderei conce-der-te um favor. — Qual, senhor?

mundial sonha a preto-e-branco. Os restantes sonham a cores;4. Os rostos que vimos em sonhos são reais. Durante a nossa vida inteira, vemos centenas de milhares de pes-soas diferentes e o nosso cérebro regista essas faces;5. Toda a gente sonha, impreterivelmente!6. As pessoas esquecem 90% dos seus sonhos. Cinco mi-nutos após acordar, metade do sonho já foi esquecido; após dez minutos, o restante desapareceu;7. Pessoas que nasceram cegas não veem imagens nos seus sonhos. Porém, os que ficaram cegos após o nasci-mento têm sonhos com imagens;8. Quando a pessoa está a ressonar, não está a sonhar;9. As crianças só sonham consigo mesmas a partir dos 3 anos de idade;10. É mais fácil lembrar-se de um sonho se a pessoa for acordada no meio do processo REM (rapid eye mo-viment), do que quando desperta naturalmente após uma noite de sono tranquilo.

— Escolheres a maneira como preferes acabar a vida. — Mil vezes obrigado, senhor. Aceito. — Escolhe: como queres morrer? — De velhice. Estes dois carros cruzaram-se na auto-

estrada entre Lisboa e o Porto. Sabendo que o carro A saiu do Porto às 14h00 e que o carro B saiu de Lisboa às 15h00, qual dos carros está a menor distância de Lisboa?

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