a folha dos valentes - julho/agosto 2012

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05. - A “dois passos” da GLÓRIA 06. - AFETOS 11. - Novo ARCEBISPO DEHONIANO 12. - O P. e António GRITTI 15. - O CENTRO DEHONIANO do Porto 22. - PADRE CUNHA: 100 anos de vida e 75 de sacerdote 38. - NOVA IGREJA em Francos 43. - Família e JUVENTUDE 44. - Embarcas na MISSÃO? V a l en es Julho/Agosto 2012 ANO XXXVI PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 416 a folha dos tempo de férias preenchido e solidário 05. - A “dois passos” da GLÓRIA 06. - AFETOS 11. - Novo ARCEBISPO DEHONIANO 12. - O P. e António GRITTI 15. - O CENTRO DEHONIANO do Porto 22. - PADRE CUNHA: 100 anos de vida e 75 de sacerdote 38. - NOVA IGREJA em Francos 43. - Família e JUVENTUDE 44. - Embarcas na MISSÃO? valentes_2012_07-Julho.indd 1 06-07-2012 02:10:07

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Julho/Agosto 2012

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Page 1: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

Valen es

05.-A “dois passos” da GLÓRIA

06.-AFETOS

11.-Novo ARCEBISPO DEHONIANO

12.-O P.e António GRITTI

15.-O CENTRO DEHONIANO do Porto

22.-PADRE CUNHA: 100 anos de vida e 75 de sacerdote

38.-NOVA IGREJA em Francos

43.-Família e JUVENTUDE

44.-Embarcas na MISSÃO?

Valen esJulho/Agosto 2012 ANO XXXVI

PUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA416

a folha dos

tempo de fé

rias

preenchido e sol idário

05.-A “dois passos” da GLÓRIA

06.-AFETOS

11.-Novo ARCEBISPO DEHONIANO

12.-O P.e António GRITTI

15.-O CENTRO DEHONIANO do Porto

22.-PADRE CUNHA: 100 anos de vida e 75 de sacerdote

38.-NOVA IGREJA em Francos

43.-Família e JUVENTUDE

44.-Embarcas na MISSÃO?

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Page 2: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

03 > alerta! > Férias Solidárias

04 > digo eu... > Dos nossos leitores

05 > recortes do Mundo > A “dois passos” da glória

06 > sal da terra > Solicitude em férias

07 > cantinho poético > Afeto

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html . http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com . http://valentes.hi5.com

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > entre nós > Família Dehoniana na Espanha

11 > com Dehon > Novo arcebispo dehoniano

12 > memórias > Recordando o padre António Gritti

15 > comunidades > O Centro Dehoniano do Porto

dos conteúdos

18 > vinde e vereis > Tecendo a trama da nossa vida

19 > onde moras > Pensar a escolha vocacional

20 > doses de saber > A Ordem dos Templários (II)

22 > pedras vivas > P.e Cunha: 100 anos de vida e 75 de padre

24 > espaço escola > Férias escolares (I)

26 > leituras > Adriano Moreira em ação da ALVD

28 > sobre a bíblia > Entre a bondade e a felicidade

30 > reflexo > Férias preenchidas e enriquecedoras

32 > sobre a fé > O Coração em Santo Agostinho (II)

34 > palavra de vida > Vinde comigo e descansai um pouco

do mundo

34 > planeta jovem > Acreditar no sonho é acreditar na vida

35 > outro ângulo > O que nãos nos dizem no casamento

38 > nuances musicais > Os festivais de verão

da juventude

39 > partilha > Encontro Anual da EMRC

40 > partilha > Nova igreja em Francos

41 > partilha > Novo postulante em Angola

42 > partilha > 500 anos da diocese do Funchal

43 > partilha > Família e juventude

44 > jd-Porto > Embarcas na missão?

46 > agenda-JD > Calendário de actividades

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > Exposição Missionária em Fátima

da família dehoniana

sumário:

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)ou (transferências internacionais):

IBAN: PT50 0010 0000 1240 8400 0015 9SWIFT/BIC: BBPIPTPL

FICHA TÉCNICA

Director: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Joaquim António (Madagáscar), Tiago Esteves (Lisboa).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Chaves, João Moura, José Agostinho Sousa, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Jorge Robalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Natália Carolina, Nélio Gouveia, Olinda Silva, Paulo Cruz, Paulo Rocha, Rosário Lapa, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: André Matias, Beatriz Martins, Catarina Oliveira, Serafina Ribeiro, Quim Xavier, Filipa Freire, Paula Franco, Pedro, Rita Barbosa, Ricardo Freire, Rinaldo Paganelli, Grupo EMRC Duas Igrejas.

Fotografia: Adérito Barbosa, António Silva, Paulo Vieira.

Capa: Caminhada para as FM em Gandra, Paredes.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939

Depósito Legal – 1928/82

ICS – 109239

Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor:Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) * Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

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Page 3: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

FÉRIAS SOLIDÁRIAS

VPaulo Vieira

alerta! – 03 da actualidade

Cá está A Folha dos Valentes para julho e agosto. Vem novamente carregada da generosidade dos articulistas, com notícias reflexões e outras propostas que cremos serem de apreciar!

É tempo de avaliação e programação. Tempo de des-canso e mudança de atividade. Tempo que pode ser muito rico e proveitoso em termos de futuro. Mas tam-bém pode ser tempo perdido e vazio. Há que escolher e aproveitar!

Depois de um ano certamente laborioso e cheio de empenhos faz falta um tempo de retemperar energias e direcionar bussolas para rumos da próxima de traba-lho, de estudo, de pastoral.

Há tempo para Férias Missionárias, voluntariado da ALVD em Moçambique e Angola e para o que puder-mos e quisermos fazer pelos outros...

Para comemorar os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, o Papa Bento XVI propôs o “Ano da fé” que começará no dia 11 de outubro de 2012, na festa de Cristo Rei, e terminará no dia 24 de novembro de 2013. Também em 2012, no mesmo contexto, de 7 a 28 de outubro, vai ter lugar a 13.ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema “A nova evan-gelização para a transmissão da fé cristã”.

Seguindo a proposta feita a toda a Igreja, a Juventude Dehoniana em Portugal prepara-se para iniciar um ano pastoral em que inicia um itinerário de cinco anos, de-pois do dos 5 valores, precisamente focando-se na fé. O grande tema, a “carimbar” com a marca de cada Centro, é “Acreditar + (mais) – Jovens Dehonianos com fé”.

Com a Jornada Mundial da Juventude do próximo ano no Rio de Janeiro no horizonte, estamos já a planear o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, para Agosto de 2014.

Que não nos faltem o entusiasmo, o empenho, o tem-po, porque… Deus não vai faltar!

Boas, proveitosas, ricas, preenchidas e solidárias férias!

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Page 4: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

VPaulo Vieira

04 – digo eu...da actualidade

Caros amigos dehonianos,(...) Já sentia saudades de ler A Folha dos Valentes, meditar e rezar... ver como a Família Dehoniana cresce entre os jovens, seminaristas, padres, famílias. É Bom! Muito bom! Envio a minha contri-buição (...) Que Deus vos abençoe! Depeço-me de todos vós com um poema:

Vida Divina Vida divina, Nascida da água e do Espírito. Força bendita e coração contrito, na fé em Jesus Cristo. Aspiro, Senhor, a esta vida de intimidade, onde no céu estarie na amizade presente, em Cristo Jesus, fonte de toda a luz. escuridão que não se apaga, vida iluminada na paz e no Espírito. Quero viver, Senhor, sempre contigo!

Maria Inês – Moita

Amigos e leitores escrevem-nos

Querida Folha dos Valentes,Sempre grata por te receber e por me ajudares a aprofundar a fé e a dar-me conta da dinâmica que o Coração de Jesus imprime nos jovens, nos missionários e em toda a Família Dehoniana, venho trazer a minha insignificante colaboração (...) para que te mantenhas bela e sempre a crescer. Gostava de inscrever (...) nas Missas Perpétuas, para que haja sempre alguém que reze por eles. Que o Bom Deus vos abençoe sempre:Graça – Carvoeiro

Muito bom!

Bela e sempre a crescer

Agradecemos aos nossos amigos que nos têm enviado donativos, neste tempo difícil para todos. Lembramos que cheques e vales devem ser endereçados a Centro Dehoniano. A transferência bancária para o NIB indicado na página 2 é uma forma cómoda e segura. Muito obrigado!

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Page 5: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

recortes do mundo – 05 da actualidade

A final do Euro 2012 até nos ficava bem

VQuim Xavier

A “DOIS PASSOS” DA GLÓRIAA “DOIS PASSOS” DA GLÓRIA

Não fomos à final, como esperávamos e mere-cíamos, mas a nossa seleção “caiu de pé”, com toda a dignidade. Um pequeno e periférico país, com todas as limitações inerentes e cir-cunstanciais, bateu-se de igual para igual com gigantes europeus.Depois de perdermos imerecidamente com a Alemanha, vencemos à Dinamarca, à Holanda, à República Checa… Na lotaria das penalida-des a sorte não nos sorriu e sucumbimos fren-te à Espanha e a final, que até nos assentava bem, escapou-se.A humildade, o espírito de equipa, a garra, a entrega total e o génio de muitos dos nossos atletas uniu de tal forma os portugueses à vol-ta da nossa seleção que surpreendeu a todos,

depois de uma fase anterior em que os resulta-dos tinham gerado descrença.Na final estivemos representados pelo árbitro Pedro Proença que nãos nos deixou ficar mal.Agora começa a preparação do Mundial de 2014, no Brasil, e é de esperar que se mante-nha o que se deve manter e se renove o que for necessário para mantermos o orgulho e a dignidade.O espírito com que se desenrolou este Euro 2012, da nossa parte, podia servir para alentar as situações das nossas vidas pessoais e da nossa situação social, no sentido de perceber-mos que, mesmo sendo “pequenos e pobres”, podemos ir longe.Parabéns à nossa seleção!

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Page 6: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

SOLICITUDE EM FÉRIAS

VPaulo Rocha

O seu agir descreve-se por entrega, dádiva...06 – sal da terra

da actualidade

Uma perspetiva sobre férias a partir de um episódio bíblico. Ele é recordado num dos domingos de julho, deste ano. E mostra Jesus a querer descansar, com os Apóstolos.Leiam o capítulo 6 do evangelista Marcos: o texto mostra Jesus rejeitado em Nazaré, na sua terra; depois descreve o envio dos 12 Apóstolos, que partem em missão, promovem a reconciliação e curam muitos doentes. Quando regressam para junto do Mestre, Ele convida-os a descansar. Diz o texto que, “de facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer” (v. 31).Neste contexto, é imediata a ideia do direito ao justo descanso, sem qualquer tipo de incómodo ou interrupção. Mas não terá sido propriamente assim: diz o texto que as populações não deixaram Jesus e, percebendoo local escolhido para o repouso, rapidamente acorreram para junto do Mestre e dos Apóstolos. Chegaram mesmo antes deles, esperando-os…“Estou de férias!” “Estamos em retiro!” “Queremos ficar sós!”Estas seriam respostas possíveis… Ou pouco prováveis para quem passou toda a vida a dar-se.De facto, Jesus compadeceu-se da multidão. Diz que “eram como ovelhas sem Pastor”, tinham fome, estavam sedentas, de água e da mensagem de Jesus, que os ensinou e alimentou.O texto segue com a narração do milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes, que permitiu alimentar “cinco mil homens” tendo sobrado doze cestos…Se o milagre de Jesus é impressivo, ainda mais a atitude revelada nesta como em todas as ocasiões: Jesus é sempre solícito!Esta atitude transparece em todos os seus atos. O seu agir descreve-se por entrega, doação, dádiva… Ela confirma-se e atinge plenitudes inumanas no horizonte da cruz, na oferta completa e em abandono total da própria Pessoa. E concretiza-se em inúmeros gestos daqu’Ele que quer saber quem lhe toca nas vestes, que dá atenção a quem sobe o sicómoro para o ver, àquela que lhe lava os pés… Em todos os momentos Jesus é solícito. Também quando resolveu “tirar férias”, descansar com os Apóstolos.É em “tempo de férias” que Cristo faz um milagre que permite alimentar uma multidão. Porque a Sua solicitude nunca “tira férias”… Outro exemplo do Mestre…

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Page 7: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

VSerafina Ribeiro

AFETO

poesia – 07 da actualidade

Afeto és tu, sou eu, somos nósTu que sorris

Escutas este poemaValorizas meu serGuardas no peito

Afeto

Afeto é cruzar na rua com um amigoQue há muito tempo não viasFicar com os olhos molhados

Lágrimas tímidasDe emoção

Sentir afeto

Afeto é olhar as estrelasCalado… em silêncio…

Sentir afeiçãoNo mistério

Da noiteAo luar do afeto

Afeto é caminhar na areia

Numa noite sem luacom minha mão na tuasentir a areia molhada

a alma aconchegadano mar do afeto

Afeto é beijar uma florRegar o jardim

Dar ao belo a beleza que temContemplar o além

Ser pessoaCom afeto

Afeto é educar para a liberdade

Para a verdade de si mesmoÉ estimular a crescer

A SerSentir-se sujeito de dignidade

Capaz de afeto

Afeto é a escolaComo regaço de mãeNo dar e receberO que não é de venderNem comprarAfeto. Afeto é ficar curadoE ir visitar a máquina a que esteve ligadoAgradecer a quem tratou,Cuidou com amor,E sentir-se vivoE reconhecido com afeto

Afeto é apertar a mãoDar um abraçoSorrir, brincarFazer bonecos de neveE jogá-losa rir, com afeto Afeto é o cruzar de um olharQue te deixa a pensarVibrar de energiaSentires-te especialE dizer: cativa-meEspero-te com afeto Afeto é ouvir a voz do ser“Já que podes fazer tudoMas nem tudo te convém”Amar é uma aprendizagemQue só tu podes fazerE viver o afeto.

AFETO

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Page 8: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

VManuel Barbosa

NOVO BISPO DEHONIANO

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

08 – recortes dehonianosda família dehoniana

O Papa Bento XVI nomeou o Padre Cláudio Dalla Zuanna como arcebispo da Beira (Moçambique). O Padre Cláudio era o Vigário

CELEBRAÇÕES DO CORAÇÃO DE JESUS A meio do mês do Coração de Jesus aconteceu a grande Solenidade do Sagrado Coração de Jesus,

festa maior da nossa Congregação. Todas as paróquias, seminários, colégios e obras celebraram condig-namente este dia, com a presença de quase todos os bispos das sete dioceses onde nos encontramos. Nesse dia 15 de Junho em Alfragide, o David Mieiro foi instituído no ministério dos Acólitos, em solene Eucaristia presidida pelo Superior Provincial.

Geral da Congregação, cabendo-lhe igualmente o acompanhamento da Província Portuguesa. Passou grande parte da sua vida como missio-nário em Moçambique, antes de ir para Roma como Conselheiro Geral em 2003.

EQUIPAS FORMADORAS E EDUCADORAS 25 de Junho em Alfragide. Estiveram reunidas as equipas educadoras dos Seminários de Coimbra,

Porto e Funchal, assim como as equipas formadoras do Postulantado (Centro Dehoniano, Porto), do Noviciado (Aveiro) e do Escolasticado (Alfragide). A manhã foi preenchida com um tempo de formação, a cargo do Padre Manuel Barbosa, sobre os dinamismos do Concílio Vaticano II hoje e sua incidência na nossa acção formativa e educativa. A tarde foi dedicada a um importante tempo de partilha, avaliação e programação do próximo ano.

CONSELHO PROVINCIAL TOMOU POSSE 1 de Julho, em Alfragide. Na celebração das Vésperas, o P. Zeferino Policarpo

tomou posse como Superior Provincial para mais três anos, assim como os no-vos conselheiros provinciais, padres Joaquim Garrido Mendes, António Loureiro, Humberto Martins e Roberto Viana. Da sua longa homilia ficou a ideia do lema para os próximos três anos: renovar. Recordo que nestes três anos andámos no dinamismo do reavivar. Agora, do reavivar ao renovar, há que intensificar o viver (na fé).

Casa do Sagrado Coração – Aveiro Colégio Missionário – Funchal

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Page 9: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

entre nós – 09 da família dehoniana

Encontro de Leigos Dehonianos da Espanha em Salamanca

NOVO BISPO DEHONIANO SECRETARIADO DA FAMÍLIA DEHONIANA NA ESPANHA

>>

Parti de Lisboa com o Pe Adérito Barbosa e juntámo-nos no Porto ao Pe Paulo Vieira e à Inês Pinto da JD do Porto, ao José Luís e à Rosa Freire, dos casais Dehonianos e à Serafina da Companhia Missionária, todos do Secretariado Nacional da Família Dehoniana.À chegada a Salamanca, calor que se fazia sentir não nos fez esmorecer, e partimos à descoberta desta bela cidade, com as suas duas catedrais, parando na Plaza Mayor para nos refrescarmos com um gelado e uma “caña” fresquinha, que alguns pensaram ser “sumo de cevada”!

Os desígnios de Deus são misteriosos, e não os deve-mos questionar. Foi neste espírito, que aceitei o con-vite que me foi feito, um pouco inesperadamente, de integrar o grupo de representantes portugueses da Família Dehoniana, no encontro de “Laicos Dehonianos” de Espanha, que se realizou nos dias 2 e 3 de Junho, em Salamanca.

De regresso ao Postulantado-Noviciado e Escolasticado de Salamanca, onde ficámos, celebrámos a missa, em portu-guês só para o nosso grupo, com algumas atrapalhações nas leituras, pois os textos estavam em espanhol.Após o jantar, esperava-nos um agradável convívio, onde os espanhóis nos presentearam com a sua hospitalidade, com canções, poesia, muita brincadeira e alguns doces espanhóis e portugueses acompanhados, como não podia deixar de ser, por Vinho do Porto.De Espanha, estavam presentes, neste encontro, os grupos de Puente de la Reina, Novelda, Madrid, Alba de Tormes e de Salamanca.No Sábado, começaram os trabalhos. Após a oração das laudes, seguiu-se a apresentação da Família Dehoniana Portuguesa. Durante uma hora e meia, demos conta a “nues-tros hermanos” de quem somos e como nos organizamos em Portugal. As dificuldades de compreensão foram ultra-passadas por um expedito tradutor (Pe Adérito), e por uma comunicação mais visual e expressiva, que culminou com a apresentação da Juventude Dehoniana, com um curto filme montado pela Inês.

Seguiu-se um momento de esclarecimentos, após o que ouvimos os testemunhos das “Laicos Dehonianos”, onde se partilharam as experiências e actividades de cada grupo. Todos os grupos reúnem-se de 15 em 15 dias, em encontros onde a oração tem uma papel importante, assim como a partilha das dificuldades do dia-a-dia.Foi realçado o papel dos Sacerdotes do Coração de Jesus, para a orientação espiritu-al destes grupos e o apoio espiritual mútuo. À pergunta de como tinham aderido a estes grupos, uma das respostas foi: “pela vontade de seguir Jesus com a comunidade que o tornou presente na nossa vida.”Foram muito ouvidas palavras como: parti-lha, participação, compromisso e família. “Queremos ser cristãos comprometidos, sen-timo-nos bem, sentimo-nos Dehonianos...”. Este foi um dos testemunhos que ouvimos. A este propósito, foi ainda citado o Padre Dehon: “Os leigos devem ser o sal da terra e a luz da vida social”.No espaço de diálogo que se seguiu, ficaram à vista algumas dificuldades de integrar nos grupos de “Laicos Dehonianos” existentes, os jovens que fazem a caminhada no grupo de jovens. Sentiu-se alguma tensão, e apesar da receptividade a que os jovens expressassem as suas necessidades para integrar e revitali-zar os grupos, muitos continuam a “desapa-recer” após esta etapa.Após o almoço, organizaram-se 5 grupos que reuniram para reflectir sobre uma questão:

“Que aspectos nos podem ajudar a repensar o futuro e como dinamizar os grupos”, colo-cada pelo Pe. Ramon scj, delegado nacional dos “Laicos Dehonianos”.

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Page 10: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

VPaula Franco

10 – entre nósda família dehoniana

Encontro dos Leigos Dehonianos da Espanha (Continuação)

Ficaram expressas as seguintes sugestões e preocu-pações:

Grupo 1A necessidade de estruturar todos os grupos de uma forma mais unificada, de modo a chegar à “Família Dehoniana”. Pede-se aos jovens de que sejam criativos.

Grupo 2A necessidade de corresponsabilidade entre religiosos e leigos; que os grupos sejam “abertos”, de modo a ter continuidade, que todos se sintam bem e se sintam parte da Família.

Grupo 3A metodologia de trabalhos dos grupos deve ser activa, com uma maior participação de todos, com compro-misso, devendo-se celebrar nos grupos a vida e a união; a diferença entre gerações não deve ser impeditiva de que se saiba ir ao encontro de diferentes modos de vida e de espiritualidade.

Grupo 4 Deve-se procurar o encontro entre os jovens e os mais velhos, nos momentos de comunhão, como a quares-ma e o advento, onde se deve aprofundar a palavra de Deus.

Grupo 5Este grupo demonstrou uma grande preocupação com a intervenção social, do próprio grupo, em resposta aos problemas da sociedade, deixando, no entanto, claro que se deve ter uma atitude prudente, propondo am-parar dentro das suas possibilidades. Dever-se-á seguir uma nova orientação sócio-cristã de apoio aos seme-lhantes, “chegando até onde o Senhor nos permita”.

Após a apresentação destas conclusões, o delegado nacional dos “Laicos Dehonianos”, Pe Ramon scj, dei-xou no ar a conclusão de que: “o que pensamos para o futuro é o que somos hoje, cada grupo deve traçar o seu caminho”.Seguiram-se os testemunhos de alguns jovens e a leitura de outros que não puderam estar presentes. Apercebemo-nos que a pastoral juvenil em Espanha, pede aos jovens que, após este processo de amadu-recimento da fé, façam um discernimento vocacional do caminho que querem seguir, assumindo as suas responsabilidades.Os testemunhos que ouvimos, foram diversificados, mas todos manifestaram o desejo de continuarem a ser dehonianos, o espírito de missão e dedicação ao Coração de Jesus.“Os dehonianos lançam pontes; proporcionam-nos uma experiência heterogénea e enriquecedora”. Foram alguns dos testemunhos que ouvimos.Apesar de estes sentimentos comuns, alguns jovens como o espanhol Jaime, sentem a necessidade de uma maior pluralidade e diversidade de modo a responder às necessidades de cada um e procuram o seu caminho fora dos grupos existentes. Foi sugerido

aos jovens que se definam pela positiva e não pela negativa. Só encontrarão o seu caminho, quando souberem “o que querem” ao invés de “o que não querem”.Após o jantar, seguiu-se um passeio nocturno pela cidade de Salamanca, onde, apesar da chuva, todos queriam ver os pontos mais belos da cidade.No domingo de manhã, celebrou-se a missa da Santíssima Trindade. Uma celebração que foi o cul-minar deste encontro de testemunhos, partilha e reflexão, onde todos nos sentimos parte da mesma família.Viveram-se momentos bastante intensos, e cada um de nós viveu-os de forma diferente. O que aqui fica, é só um resumo do que os “Laicos Dehonianos” espa-nhóis nos proporcionaram.Em aberto, ficaram futuros momentos de partilha, pois mais forte dos que as fronteiras que nos sepa-ram, é aquilo que nos une a todos, sentirmo-nos parte da mesma família, a família Dehoniana. “Dá-nos segurança saber que há outros em sintonia connosco e unidos no mesmo caminho”, como teste-munhou Magda, de Novelda, Alicante.Impressionou-nos a intensidade e seriedade com que estes grupos vivem a sua fé, e muitas das suas inquie-tudes são fruto dessa entrega, ao mesmo tempo que uma enorme alegria e sincera partilha do dia-a-dia.

O encontro foi enriquecedor para todas as partes envolvidas, e proporcionando-nos também vários pontos de reflexão, de que esperamos ter deixado aqui algumas pontas soltas.Partimos, ficando a ecoar nos nossos ouvidos as pa-lavras de agradecimento do coordenador nacional da família dehoniana de Portugal: agradeceu o con-vite e a hospitalidade da Província SCJ espanhola, na pessoa do Pe. Ramon. Realçou ainda que todos trilhamos este caminho da espiritualidade dehonia-na baseada no coração trespassado, no lado aberto, no ecce venio e no Deus Amor. Fez votos para que possamos ter outros momentos comuns em ordem à concretização destes sublinhados do evangelho.

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Page 11: A Folha dos Valentes - Julho/Agosto 2012

com Dehon – 11 da família dehoniana

O Padre Cáudio Dalla Zuana, Vigário Geral da Congregação foi nomeado Arcebispo da Beira, em Moçambique

DEHONIANO, NOVO ARCEBISPO DA BEIRA

VRinaldo Paganelli

O Pe. Cláudio nasceu em Buenos Aires (Argentina) a 7 de Novembro de 1958, de pais italianos. Ainda criança, veio para Itália e com a família foi viver em S. Nazário, município da província de Vicenza, pertencente à diocese de Pádua. Fez os seus estudos nas casas de formação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Fez os estudos iniciais e unificados em Trento e em Pádua, terminando os complementares em Monza. Fez o noviciado em Albisola Superiore onde emitiu a primeira profissão a 29 de Setembro de 1978. Em Bolonha, no Studentato delle Missioni completa os seus estudos e é ordenado sacerdote a 23 de Junho de 1984. Depois de uma breve experiência na Escola Missionaria de Pádua, a 2 de Dezembro de 1985 parte como missionário para Moçambique e aí permanece até Maio de 2003. Durante este período, exerce o cargo de superior local em Maputo de 1 de Dezembro de 1993 até a 1 de Dezembro de 1996. De 1 de Março de 1997 a 25 de Maio de 2003 è superior local da comunidade de Milevane. A 14 de Fevereiro de 1998 passa da província da Itália do Norte (ITS) à província de Moçambique (MOZ). A 18 de Abril de 2001 è no-meado primeiro conselheiro provincial. Participa no XXI capítulo geral e é eleito quarto conselhei-ro a 29 de Maio de 2003; é reeleito conselheiro a 27 de Maio de 2009, no XXII capítulo geral, e a 1 de Novembro de 2009 é nomeado vigário geral da Congregação.

A diocese da Beira, que o Pe. Cláudio vai servir, foi ereta a 4 de Setembro de 1940 pela bula Sollemnibus Conventionibus do papa Pio XII, com território da prelatura territorial de Moçambique. Contextualmente a prelatura territorial de Moçambique foi elevada a arquidiocese com o nome de Lourenço Marques (hoje arquidiocese de Maputo) e a diocese da Beira tornou-se sua sufragânea.

A 6 de Outubro de 1954 e a 6 de Maio de 1962 cedeu porções do seu território para ereção das dioceses de Quelimane e de Tete. A 4 de Junho de 1984 foi elevada a arquidiocese metropolitana pela bula Quo efficacius do papa João Paulo II. A 19 de Novembro de 1990 cedeu outra porção do seu território para ereção da diocese do Chimoio.

A diocese tem uma superfície de 78 000 Km qua-drados, com uma população de 1 422 000 habi-tantes; os católicos são 833 000, cerca de 58% do total; há 33 paróquias, 29 sacerdotes diocesanos, 49 membros de institutos religiosos masculinos, e 84 religiosas.

A Beira é a segunda cidade de Moçambique e capital da província de Sofala. A cidade está situada na costa do Oceano Índico perto da foz do rio Pungoè no centro do país. O porto da Beira tem enorme importância para o interior de Moçambique e mais ainda para o Malawi, a Zâmbia e o Zimbabwe que não têm acesso ao mar. Uma linha ferroviária, uma estrada e um oleoduto ligam o Zimbabwe ao porto da Beira através do chamado Corredor da Beira.

O Santo Padre nomeou na manhã do dia dia 29 de junho, solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Pe. Cláudio Dalla Zuanna arcebispo da Beira (Moçambique), atualmente Vigário Geral da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus.

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António Gritti nasceu em Cologno al Serio, Bérgamo (Itália), a 21 de dezembro de 1926. Entrou jovem na vizinha Escola Apostólica de Albino, onde o dito irmão, Júlio, dois anos mais velho, se encontrava com o mesmo objectivo de vir a ser religio-so e padre dehoniano. A família era profundamente religiosa; duas irmãs dos jovens seminaristas ingressaram também elas na vida religiosa: uma nas Salesianas e outra no Instituto de Maria Bambina. Com 18 anos, a 29 de setembro de 1944, fez a Profissão Religiosa. Tirou o curso de filosofia e teologia em Foligno e Bolonha; fez estágio de vida religiosa – prefeito – nos seminários menores de Albino e Vitorchiano, de 1948 a 1951, e foi ordenado sacerdote a 25 de Junho de 1954, completando o curso em 1955, ano em que foi destinado pelos Superiores para a Região Portuguesa, concretamente para o Colégio Missionário da Madeira.O órgão oficial da Província da Itália, Cor Unum, informa, no seu número de dezembro de 1955, sob o título Chegadas e Partidas, que “para Portugal partiram os Rev.dos Padres José Brambilla (missionário destinado a Moçambique), Emílio Crisetig e António Gritti, os confrades estudantes (prefeitos) Bernardino Bacchion e Luciano Michelli e os Irmãos Coadjutores (portugue-ses que tinham terminado o Noviciado em Albissola, Savona) José Agostinho Lira, Francisco António Carvalho e João da Silva de Brito. Era uma remessa que não poria raízes na nova presença

Delicado, atencioso, fino reservado, grande animador musical e recreativo.

RECORDANDO O PADRE ANTÓNIO GRITTI

12 – memóriasda família dehoniana

Na galeria dos religiosos, já falecidos, que marcaram os inícios da presença dehoniana em Portugal e que são recordados nesta rubrica da revista, há lugar também para os que vieram cheios de sonhos e entusiasmo, mas que acabaram por regressar à Itália, mesmo optando por uma saída do Instituto. Ao menos os anos que dedicaram à Obra dehoniana em Portugal merecem consideração e memória. Falarei do Padre António Gritti, irmão do Padre Júlio Gritti, que ainda vive entre nós – este último – e foi um dos pioneiros dessa Obra.

Padre António Gritti1926-2011

da Congregação: os dois prefeitos, como previsto, deveriam ficar apenas dois anos; o P.e Brambilla seguiria, tempos depois, para Moçambique; os três irmãos acaba-riam por abandonar a vida religiosa, e os outros dois padres regressariam à Itália; o P.e António Gritti em 1961 e o P.e Emílio Crisetig, dois anos mais tarde, em 1963. Vinham todos eles, porém, cheios de es-perança e bons propósitos.A crónica do Colégio Missionário reza que, a 24 de setembro de 1955, de-sembarcavam no Funchal, de bordo do navio Santa Maria, o P.e António Gritti e o Prefeito Michelli. Os outros dois – o P.e Emílio e o Prefeito Bacchion – chegariam a 5 de outubro no bem mais modesto cargueiro Gorgulho.Era eu aluno, novato, do Colégio Missionário, e recordo bem a chegada destes novos formadores. O P.e António Gritti não tinha a linda voz de tenor do

O P.e António Gritti com o acordeão e um grupo de “bailarinos” na festa do Superior, no Colégio Missionário, em 1956.

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Paróquia de Nossa Senhora Rainha do Mundo.Curral dos Romeiros – Funchal

irmão, P.e Júlio Gritti, mas tinha a gran-de habilidade de tocar instrumentos musicais, nomeadamente órgão e fisarmónica. Será ele, de facto, que animará a parte musical, religiosa e re-creativa, do Colégio Missionário; o seu acordeão acompanhará os programas de variedade nas festas do Colégio, de que recordo o número Províncias Portuguesas das salesianas Rapaziadas Teatrais; e na capela era exímio orga-nista, deliciando a assembleia com as suas tocatas e marchas, entre as quais a Marcha Heróica de Schubert e Marcha Solene de Mendelsshon, com que, a nosso pedido, finalizava as mis-sas solenes. Este seu gosto de conten-tar nesse pormenor os alunos revela bem a sua cordialidade e desejo de agradar. No fazer assistência durante as refeições, nem sempre lhe era fácil impor o silêncio, e daí o fácil recurso ao castigo, e mesmo à bofetada, no que em geral primavam os padres e prefeitos recém-chegados, incapazes de se imporem de outra forma, até pelo handicap da língua. Esse rigor do Padre António Gritti contrastava com o seu feitio sorridente e alma musical. Recordo uma vez que a mão foi pesa-da demais ou maldestra, magoando deveras o aluno, e nós, atónitos, sem saber de quem ter mais dó e compai-xão: se do colega desfeito em lágrimas

ou do assistente, que mais tarde, no recreio, procurará remediar-lhe o agravo com rebuçados e caramelos. Foi uma das cenas que mais me ficaram gravadas dessas refeições que tomávamos em silêncio e que eram um tormento para os assistentes inexperientes e habituados a uma convivência alegre e serena connosco noutros momentos e ambientes.O P.e António Gritti deu-nos, nesses anos de 1955 a 1957, aulas de francês. Colaborava também na pastoral, prestando assis-tência religiosa sobretudo no Colégio Santa Teresinha das Irmãs Vitorianas, então sediado no Caminho do Monte, em frente do an-tigo Seminário diocesano. Foi também assistente espiritual do ART (Adveniat Regum Tuum, nome dado ao Apostolado da Reparação) e da LUC (Liga dos Universitários Católicos) feminina, um ramo da Acção Católica.Mas a atividade que mais identificará a passagem do P.e António Gritti na então Região Portuguesa dos Dehonianos foi a de superior da nova obra aberta em setembro de 1957 na Madeira: o Colégio Infante Dom Henrique. Quem melhor que ele para superintender os inícios dessa obra, nova e exigente, da educação de jovens não destinados à vida religiosa e sacerdotal? Ele, capelão do Colégio Santa Teresinha e assistente espiritual das Universitárias Católicas teria certamente sensibilidade e bagagem para a nova aventura pastoral dos Dehonianos na Madeira.Os inícios do Colégio Infante, primeiro na Quinta Favilla, nas proxi-midades da citadina Avenida do Infante, donde o nome dado ao co-légio e, depois, na sede definitiva, no Hotel Belmonte da freguesia do Monte, estão marcados pela presença e atuação do P.e António Gritti.Para a nova obra foram destinados precisamente o P.e António Gritti como Superior Delegado do Colégio Missionário, o P.e Angelo Caminati como responsável dos estudos e o jovem religioso Manuel Fernando Ribeiro como assistente de disciplina ou prefeito. Este último, único sobrevivente do trio, reconhece e confirma as dificul-dades desses inícios, quando era necessário estabelecer toda a es

O P.e António Gritti, com os professores e alunos do Colégio Infande D. Henriqueno Ano Letivo 1959-1960, na primeira fila, ao centro,

ladeado pelo P.e Ângelo Caminati e pelo P.e Adriano Pedralli.

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P.e António Gritti (continuação)

14 – memóriasda família dehoniana

trutura, assegurar a vida e a escola e demais condições de funcionamento de um estabeleci-mento de ensino, criado do nada. Foram tempos difí-ceis, mas também de entusiasmo, co-mo os de qualquer fundação. Teve aí o seu mérito também o P.e António Gritti.Os primeiros anos da presença do Colégio Infante, no

Monte, foram de estruturação e consolida-ção; havia que assegurar as três modalidades que se ofereciam – o internato, o semi-inter-nato e o externato – e organizar e preencher ciclos e turmas. O ensino primário depressa se estenderia ao ciclo preparatório, com o propósito de abranger também os dois ciclos liceais, meta alcançada com o alvará de julho de 1961. Já em 1958, o estagiário Fernando Ribeiro fora substituído pelo P.e Adriano

Pedrali; em 1960 viria o reforço do jovem sacerdote Eugénio Borgonovo e, no verão de 1961, já em substituição do P.e António Gritti, viria o dinâmico P.e Mário Casagrande.A relação e colaboração entre o Superior do Colégio, P.e António Gritti, e o Director escolástico, P.e Angelo Caminati, nunca foram fáceis, mais por questões temperamentais e mentalidades de ambos do que por outras razões; também a dependência jurídica do Colégio Missionário era fonte de tensões e incompreensões, o que foi desgastando o Superior Delegado, aconselhando os Superiores a considerar uma sua substituição. Em outubro de 1959 chegou-se a propor a nomeação do P.e António Gritti para Superior da Casa de Aveiro, então incipiente Noviciado da Região Portuguesa dehoniana. A mudança não se concretizaria, mas também a situação na direção do Colégio não melhoraria, pelo que no fim do seu mandato de Superior Delegado, no verão de 1961, o P.e António Gritti optou por regressar à Itália. Talvez a desilusão levá-lo-á a pedir, pouco depois, a exclaustração e incardinação na diocese de Tortona, onde servirá de pároco por trinta anos.Veio a falecer a 22 de julho de 2011, na sequência de um acidente rodoviário. Pouco antes viera visitar ao irmão, P.e Júlio Gritti, então gravemente enfermo na comunidade de Massamá da Congregação por este fundada. Quem dele se lembrava e o visitou na altura, encontrou o P.e António Gritti de sempre: delicado, atencioso, fino e reservado. Nas per-guntas que fez sobre pessoas e situações mostrava nunca se ter esquecido nem desinteressado da Obra que ajudara a consolidar. Também com pessoas como ele, ela crescera e se consolidara.Na memória que fazemos do P.e António Gritti fique o preito agradecido dos que hoje beneficiam da dedicação e sacrifí-cio dos confrades que, como ele, vieram da Itália e, por qual-quer razão, acharam por bem a ela regressar. Também com o seu esforço se construiu a Obra Dehoniana em Portugal.

VJoão Chaves

O P.e António Gritti, conduzido pelo P.e Giambattista Carrara de visita a benfeitores, como na foto acima.

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O CENTRO DEHONIANO DO PORTO

Centro Dehoniano: casa do Postulantado e centro coordenador da Pastoral Juvenil Dehoniana em Portugal

comunidades – 15 da família dehoniana

Como no processo geracional

da vida, de uma obra nasce outra. Assim, do seminário da Rua Azevedo

Coutinho nasceu a paróquia da Boavista e, num certo sentido, nasce-

ria desta o atual Centro Dehoniano da homónima Avenida, pois foi

para construir aquela que este encontrou

a sua sede.

Razão e visão tivera o Padre Colombo, quando troca-ra Aveiro pelo Porto: o campo do Douro Litoral, Alto Douro e Trás-os-Montes, para não falar do Minho, era fértil de vocações, mais que outros do Centro e Sul do país. Era portanto lá que conviria ter o seminário menor dehoniano do Continente. Era um campo real-mente fértil, mas havia que cultivá-lo, donde a preocu-pação da promoção vocacional. Não se tratava apenas de formar os candidatos entrados no seminário; havia que procurá-los e sobretudo, dada a abundância, seleccioná-los. Seria mais uma vez o Padre Colombo, apesar da sua idade, a dar novo impulso a uma pasto-ral vocacional abrangente, que se tornaria uma nova valência do seminário da Rua Azevedo Coutinho.

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Centro Dehoniano (continuação)16 – comunidades

da família dehoniana

O seminário transferir-se-á para a Portelinha de Fânzeres, em Gondomar, mas a pastoral vocacional manter-se-á, com outras atividades, no edifício da Rua Azevedo Coutinho. Chegado, porém, o momen-to de construir a igreja paroquial da Boavista e dotá-la de estruturas, eis uma das compensações pela demolição do seminário: uma vivenda próxima, no n.º 2423 da Avenida da Boavista, a chamada “Casa do Pinto Espanhol”, propriedade da Sociedade empenhada na construção do Parque Residencial da Boavista e respetiva igreja.Foram porém tantas as vicissitudes e dificuldades entre a aquisição da vivenda e a transferência para ela: cedida em 1972, a passagem da comunidade religiosa só se faria nos finais de 1976, de uma forma um tanto precipitada para evitar a ocupação selvagem de terceiros, tão de moda nesse conturbado pós-25 de abril. O nome que inicialmente foi dado à essa nova presença dehoniana na Avenida da Boavista foi “Centro Padre Dehon”. Para lá se mudaram, em Outubro de 1976, com bagagens e muitas esperanças e projetos, os religiosos da Rua Azevedo Coutinho, à excepção do Padre Júlio Carrara, que preferiu con-tinuar no antigo seminário, convencido de que aí serviria melhor o projeto da nova paróquia, a que se dedicava com entusiasmo.Se a mudança não fora fácil, também não o será pôr a nova nau a navegar. A pastoral vocacional da área nortenha, tão rica de vocações, tinha nova sede e uma comunidade religiosa que a ela se dedica-ria prioritariamente. O Capítulo Provincial de 1978 estabelece como finalidade do já intitulado “Centro Dehoniano” a promoção vocacional, que se desejava em moldes mais inovadores e abrangentes. Nele fora colocado o jovem e dinâmico sacerdote Ivo Nunes, acabado de se especializar em Roma no ramo da educação, mas que depressa abandonará o sacerdócio. O projecto irá patinando, com as remodela-ções da comunidade religiosa do Centro Dehoniano a se sucederem e, com elas, agregando-se novas atividades, como a pastoral missionária.

Continuava a sentir-se a necessidade de uma pastoral vocacional abrangente, a partir do Centro. O problema não era só o do pessoal, mas também a estrutura física, que não reunia condições para o efeito. E foram surgindo várias soluções, desde o seu fecho e procura de nova sede à sua adaptação. A indefinição mantém-se durante a década de oitenta, com a promoção vocacional a processa-se em parte no Seminário Missionário Padre Dehon. Abre-se a década de noventa a discutir sobre o futuro do Centro Dehoniano: se transferir os seus serviços para o dito seminário ou mesmo para a Obra ABC, para uma estrutura ali existente, mas a remodelar e ampliar para o efeito. Chega essa a ser a solução do Conselho Provincial; só que, em 1994, arranca o projeto Açores e será o empenho financeiro nesse projeto e dificuldades em desalojar uma inquilina no terreno previsto para a ampliação a pôr de lado a abertura de obras no ABC para acolher o Centro Dehoniano.E eis uma novidade que terá reflexos no debate em questão: em agosto de 1994 apresenta-se a perspec-tiva de abrir uma outra obra em Duas Igrejas de Paredes, concretamente na Quinta dos Palhais, o futuro Centro de Espiritualidade Betânia. Contemporaneamente surge uma outra oportunidade semelhante, em Famalicão da Serra, na Guarda, oferta esta que, sobretudo pela distância, é posta de lado. A aceitação da Quinta dos Palhais redimensionará a utilidade do Centro Dehoniano da Avenida da Boavista, que, por decisão do Conselho Provincial de 1995, se destinará a acolhimento pontual de candidatos mais crescidos – o Seminário da Portelinha acolheria os mais jovens – e servindo Betânia de casa de retiros.Construído o Centro de Espiritualidade Betânia, volta a pôr-se em questão a necessidade do Centro Dehoniano, cuja estreiteza de espaços e estado de conservação do edifício constituem handicaps para

O Centro Dehoniano antes e depois das obras de remodelação inauguradas em outubro de 2011.

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assegurar os serviços previstos. A sua proximi-dade da Universidade Católica jogava porém a favor da sua conservação, até como eventual casa de acolhimento de jovens vocacionados, nomeadamente universitários. E eis, em 2001, a ideia de fazer obras no dito Centro, possivel-mente comprando terreno a um vizinho. Mas as soluções alternativas continuam a surgir, sinal de pouca convicção ou determinação: surge a ideia de construir um novo Centro Dehonano no Bairro de Francos, numa propriedade dos Carmelitas. Verificando-se inviável a proposta, mantém-se a solução da compra do terreno do vizinho, solução também esta inviabilizada pe-lo preço e dificuldade de desalojar o inquilino. No ano 2001-2002 acolhem-se no Centro Dehoniano alunos em discernimento vocacional e fazem-se projetos de obras de restruturação do mesmo. As dificuldades porém de os aprovar na Câmara, voltam a baralhar a situação: pensa-se de novo na solução ABC e inclusive na transferência dos serviços do Centro Dehoniano para o Seminário Missionário Padre Dehon ou para Betânia. Nem o Capítulo Provincial de novembro de 2002 nem uma consulta feita à Província em dezembro sucessivo dão uma indicação consensual. Na reunião de janeiro de 2003, o Conselho Provincial opta por transferir e construir o Centro Dehoniano no terreno da Obra ABC, deixando a decisão para a Administração Provincial que seria nomeada no verão do mesmo ano. Dão-se em 2003 importantes alterações na composição das comunidades quer do Centro Dehoniano quer de Betânia, com a substituição, respetivamente, do Padre Jacinto Jardim – que entretanto também abandonara o Instituto e o exercício do ministério sacerdotal – pelo atual Superior Provincial, Pe. José Zeferino Policarpo Ferreira, e do Pe. Abel Joaquim Martins Maia – que também se orientará para a in-cardinação numa diocese – pelo Pe. António Augusto Teixeira de Sousa. As mais-valias do primeiro na pastoral juvenil e vocacional e do segundo na animação missionária acabarão por marcar a finalidade apostólica das duas obras: o Centro Dehoniano da Boavista virado para a pastoral juvenil e vocacional e futura Casa do Postulantado, e Betânia para Centro de Espiritualidade e animação missionária.O novo Conselho Provincial, na sua reunião de janeiro de 2004 decide pela continuação do Centro Dehoniano na Avenida da Boavista, decisão que o Capítulo Provincial de 2008 viria confirmar. E o proje-to de obras de restruturação do Centro Dehoniano avançará, já com a criação de um grupo de acompa-nhamento das mesmas, que a Câmara porém tardará a aprovar: só o fará em 2008.Entretanto, inicia-se a restruturação do Seminário Nossa Senhora de Fátima de Alfragide, cuja despesa inviabilizará o começo das obras do Centro Dehoniano. Encarregar-se-á a Providência de dar uma so-lução com uma conspícua herança recebida de uma benfeitora. As obras finalmente arrancarão no fim

do verão de 2010, sendo o novo Centro Dehoniano inaugurado a 1 de outubro do ano seguinte.Eis finalmente o Centro Dehoniano com a sua fi-sionomia e finalidade claras e definidas: centro de animação da pastoral juvenil e universitária e Casa de Postulantado, com a tradicional promoção voca-cional a continuar a fazer-se a partir do Seminário Missionário Padre Dehon da Portelinha.Se na Província Dehoniana portuguesa houve uma obra de prolongada e difícil gestação, o Centro Dehoniano da Avenida Boavista foi uma delas. Custou a nascer, mas espera-se que a criança cresça robusta e se torne adulta, constituindo uma mo-dalidade do que poderá vir a ser um lar vocacional substitutivo dos tradicionais seminários menor e médio. Deus sabe e o futuro dirá.

Vista do novo auditório no piso térreo do antigo edifíciopara o cláustro da parte nova.

O novo oratório do Centro Dehoniano. VJoão Chaves

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VFernando Ribeiro

08 – recortes dehonianos18 – vinde e vereisdos conteúdos

Para onde caminhamos?

TECENDO A TRAMA DA NOSSA VIDATambém em tempo para muitos de férias ou pelo menos de alguma de-saceleração no ritmo das suas vidas, é oportuno prestar atenção Àquele de quem provêm os muitos “Vinde” que preenchem a nossa caminhada. De alguns conseguimos ter consciência, mas de muitos outros nem por isso. E é pena. É pena, porque todos os “vin-de” contêm, de forma pelo menos implícita, uma promessa: “Vereis”.Com muita facilidade avançamos na vida esquecendo de onde viemos, ao que viemos e para onde vamos. De onde viemos, sabemos todos. A nos-sa fé no-lo ensina. E nós percebemos que está aí a base da nossa grandeza e da nossa dignidade. Mas não deixa de ser determinante, para a forma co-mo vamos encaminhando os nossos passos, a consciência de que, mais do que simples criaturas, quis a bonda-de de Deus e o seu amor por nós que fôssemos seus filhos muito amados.E é exatamente porque filhos, que “somos herdeiros”, como nos recorda S. Paulo: “herdeiros de Deus e herdei-ros com Cristo”. Percebemos, mesmo sem grandes considerações, de que herança se trata. É também S. Paulo que numa das suas Cartas (II Cor. 4) nos esclarece: ”Nós não olhamos pa-ra as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passa-geiras, ao passo que as invisíveis são eternas”. E acrescenta: “Bem sabemos que se for desfeita esta tenda em que habitamos, que é o nosso corpo terrestre, … recebemos uma morada eterna”.Não há dúvida de que o conheci-mento deste nosso destino e a cons-ciência desta mesma realidade dão sentido àquilo que somos e àquilo que somos chamados a ser, em toda e qualquer circunstância, mas de mo-do particular nos momentos menos fáceis por que todos mais tarde ou

mais cedo, de uma ou de outra forma, acabamos por passar, porque fazem parte da nossa condição humana. A propósi-to, é ainda S. Paulo que nos ensina: “A ligeira aflição de um momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória”.Mas fica ainda a pergunta: “Ao que viemos?” E esta tem a ver com a forma como vamos “tecendo a trama da nossa vida”, ou, por outra, como vamos realizando o projeto de Deus a nosso respeito. Cabe aqui, além do mais, a questão da vocação pes-soal, que é a forma concreta como Deus Pai quer que sejamos seus filhos e vivamos como tais. Quem já tomou decisões para o resto de vida não quer dizer que tenha a questão resolvida. Falta-lhe a questão da fidelidade, aliada à forma coerente e empenhada como ela é conseguida.Quem é mais novo, como são muitos dos destinatários de AFV, cumpre a obrigação do discernimento vocacional. Como quer Deus que eu viva a minha vida humana e cristã? Entre os muitos caminhos que se colocam à minha frente, qual é o que Ele me convida a percorrer?Também (e talvez mesmo) em tempo de mais acalmia como são as férias, a questão tem o seu lugar. E talvez o apelo de Mestre se torne mais insistente e perturbador. Assim o queira cada um entender e atender!

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VFátima Pires

dos conteúdos

VFátima Pires

Férias: tempo para interiorizar a presença de Deus e interrogar-se

PENSAR A ESCOLHA VOCACIONAL

Chegou o fim de mais um ano letivo. Para alguns é tempo de avaliar mais um ano de estudos, de interiorização de novos conhecimentos, de fazer novas experiên-cias. Para outros aproxima-se o tempo de férias, depois de um ano de trabalho. De um ou de outro modo a época de verão é geralmente um tempo muito desejado para retemperar forças.É verdade, a vida é exigente e por vezes nos sentimos fisicamente cansados. É bom conviver, relacionar-se, estar com os amigos. No entanto as relações huma-nas, embora sejam importantes, não são suficientes para uma relação plena.Deus Pai infinitamente misericordioso, ama sem limites, Ele quer dar-se total-mente a cada um de nós, numa relação íntima e profunda de amor. A história da Salvação, é repleta de casos concretos onde a manifestação de Deus se dá de forma extraordinária, provocando a adesão humana. Em Cristo Deus dá-se em plenitude, fomos redimidos pela Sua paixão, morte e ressurreição. Jesus Cristo através dos sacramentos torna-se vida em nós. Tempo de férias é também tempo para interiorizar a presença de Deus na nossa vida, estamos mais disponíveis para tomarmos consciência da presença de Deus que sempre nos protege e acompanha. Ele é o Pastor que nos conduz, que nos faz descansar em prados verdejantes, que nos leva às águas refrescantes e nos reconforta. É Ele o criador de tudo o que existe. Ele nos conhece profundamente. Então Ele tem de estar sempre connosco, mesmo em tempo de férias. E tu que és jovens, tu que tens um futuro a construir, aproveita este tempo para pensar seriamente na tua escolha vocacional. Importa estar atento, escutar Deus que chama e estar pronto e disponível a responder sim. Jesus passa pela nossa vi-da como passou pela dos discípulos. Como? Chama a quê? Para quê? Para onde? Só percebemos se fazemos silêncio no mais íntimo do nosso ser. Implica fazer escolhas, optar, discernir bem para escolher o melhor para o Reino de Deus. Quando queremos o que Deus quer estamos bem, Ele quer o nosso bem. Boas férias! Mas não te esqueças que Jesus Cristo é o Amigo que quer estar em férias contigo. Deixa-te acompanhar por Ele! Deixa que Ele entre na tua vida! Deixa que Ele faça parte do teu projeto de vida!

onde moras – 19

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20 – meias doses de saberdos conteúdos

Sobrevivência e papel decisivo em Portugal

Milagre de Ourique (António J. Pereira, c. 1880-1890)

A ORDEM DOS TEMPLÁRIOS (II)

O processo anti-templário foi liderado pelo Rei de França, Filipe, o Belo, que conseguiu a conivência do Papa de então, Clemente V, para considerar a Ordem do Templo culpada de desvios e faltas graves. De tal modo que o monarca francês lo-grou, embora hoje sem sabermos com certeza se com provas justas, obter do Papa a extinção desta Ordem e até a condenação das suas mais importantes lideranças, culminando com a morte na fogueira do seu último Grão Mestre, Jacques de Molay, em 1314. Mas o processo tinha come-çada em 1308 com uma bula papal enviada aos príncipes cristãos para clarificar a situação dos Templários e declarar a necessidade da sua extin-ção, seguida de outra bula, emitada em 1309, a or-denar a prisão dos Freires de Cristo e, finalmente, da bula Ad Providum, de Março de 1312, a decretar a anexação dos significativos bens desta Ordem e a transferi-los para a posse da Ordem do Hospital. No entanto, o rei de D. Dinis, que então presidia ao trono de Portugal, resistiu a aceitar a diretiva papal que mandava extinguir a Ordem do Templo, consciente do relevantíssimo serviço que tinha prestado e continuava a prestar na defesa e povo-amento do território português. Através de uma ação diplomática bem sucedida conseguiu obter do Papa uma solução para acatar a extinção, não extinguindo de facto esta Ordem de elite, cuja dispensa não convinha à estratégia política do Reino de Portugal. A solução passou por comutar o nome. Mantiveram-se os mesmos efetivos, os mesmos bens e a estrutura organizativa, mas mu-dou-se o nome da Ordem. A Ordem passou a cha-mar-se Ordem de Cristo. Assim, com esta jogada de diplomacia, D. Dinis salvou os Templários que passaram a ser integrados na Ordem de Cristo, no fundo, o nome novo da Ordem do Tempo ou dos Cavaleiros de Cristo. Sabemos hoje quão importante e decisivo foi este empenho político de D. Dinis em evitar a ex-tinção dos Templários em Portugal. Mais tarde, a sucedânea Ordem de Cristo liderará a promoção de uma das empresas mais importantes e signifi-cativas de toda a História de Portugal: as viagens

marítimas de descobrimento. Através da liderança de um dos mais famosos Grão Mestres da Ordem de Cristo, o Infante D. Henrique, Portugal ficou na história universal como o primeiro império global da humanidade e o pioneiro da construção da globalização. A Ordem de Cristo tutelou, no século XV, todo o processo de descobrimento de novos caminhos marítimos e de novos territórios e povos desco-nhecidos oficialmente, como consequência da política expansionista extra-europeia promovida pela Dinastia de Avis fundada pelo Rei D. João I. Depois da conquista de Ceuta em 1415, o primeiro território descoberto oficialmente no Atlântico foi o Arquipélago da Madeira em 1419/20, ao qual su-cedeu uma série de viagens que culminaram com a navegação de toda a costa africana, a passagem do temível Cabo das Tormentas, a chegada à índia por via marítima (1498) e a descoberta oficial do Brasil em 1500. Estas viagens permitiram estabelecer a primeira grande rede imperial moderna sob domínio portu-guês em concorrência com aquilo que empreendia Espanha. Esta concorrência foi regulamentada sob os auspícios da Santa Sé e consagrada no Tratado de Tordesilhas em 1494 com a divisão do mundo em duas partes, à luz da teoria do Mare Clausum, de forma a conciliar as duas monarquias cristãs no que respeitava à superintendência dos territórios descobertos e a descobrir por estas duas grandes potências europeias.

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VEduardo Franco

O ideal de universalização do Cristianismo teve sempre

na base motivadora e legitimadora fundamental,

dita pelos documentos, de todo este processo

de expansão terrestre e marítima.

O ideal de universalização do Cristianismo teve sempre na base motivadora e legitimadora fundamental, dita pelos documen-tos, de todo este processo de expansão terrestre e marítima. A construção do império era acompanhado, como sabemos, pela concomitante edificação das bases da Igreja Católica nos novos

mundos descobertos através da ação dos missionários de várias ordens. A Ordem de Cristo ficou durante muitos anos com a tutela deste processo de edificação da Igreja nos novos territórios, tendo sido a Madeira erguida como primeira grande rampa de lançamento desta política expansionista. De tal modo, que em 1514 se edificou a primeira diocese bem sucedida em território ultramarino sob domínio português: a Diocese do Funchal. Esta que foi a maior diocese do mundo aquando da sua criação e durante poucas décadas, depen-dia da Ordem de Cristo e detinha jurisdição sobre todos os territó-rios descobertos e a descobrir, isto é, envolvia três continentes.Assinalamos, pois, entre este ano de 2012 e o ano de 2014 um ciclo de acontecimentos da maior rele-vância para a história portuguesa e para o processo de universalização do Cristianismo, ao qual a medieval e polémica Ordem do Templo está umbilicalmente ligada.(Continua no próximo número)

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PADRE CUNHA: 100 ANOS DE VIDA E 75 DE SACERDÓCIOHomem profundamente realizado; via-se que gostava mesmo de ser padre!

Confesso que o primeiro impacto não foi muito posi-tivo. Achei-o duro e até antipático. Porquê? Porque eu cheguei, como o tinha prevenido um pouco depois das 18h30, hora a que ele rezava o terço, para se lhe seguir a celebração da missa. Ora eu nunca lá tinha ido, não o conhecia nem ele a mim. Entrei pela porta do fundo e fui andando devagarinho pela igreja acima. Ouvi então um tremendo raspanete: – O cavalheiro pare. Enquanto se reza, não se passeia. Como não ninguém se mexia, percebi que era para mim. O terço estava no segundo mistério. Fiquei quieto, mas a matutar em como chegar à sacristia, sem o irritar de no-vo. E no fim do 3º mistério, parecendo-me que ele estava a olhar para outro lado, aventurei mais uns passos. Mas ele estava atento (aliás, vim a perceber depois, não lhe escapava nada!):– O cavalheiro é malcriado. Não vê que estamos a rezar? E senti o olhar reprovador de toda aquela gente… E ape-sar de ter que ir para a sacristia, não voltei a mexer-me. E no fim do 5º mistério, ele disse: – Vamos rezar a ladainha e depois o Armando vai en-saiar os cânticos até chegar o senhor padre pregador, que vem duma pregação em Ribeira de Pena… Depois começa a missa. Com essa deixa, tive mesmo que falar: – Ó senhor padre, se me deixar ir para a sacristia, come-ça já! Gargalhada geral. O homem olhou para o jovem que lhe tinha indicado o meu nome, ele acenou que sim e ele disse-me: – Ó colega, desculpe lá, mas não tem cara de padre…

A partir daí, não houve festa em Tabuado nem em Rio de Galinhas a que eu não tivesse ido pregar, sempre que pude. Tantas vezes que a certa altura lhe disse que talvez fosse bom convidar outros, porque o povo já estaria cansado de me ouvir… – Está nada. Então se estivesse consigo, o que estaria comigo?!... E fui conhecendo o HOMEM! Homem de palavra. Homem de ca-ráter. Homem generoso. Homem informado e culto. Homem de uma delicadeza inexcedível. Uma vez insisti para que ele se servisse primeiro à mesa e jurei nunca mais o fazer: – Em minha casa mando eu. Portanto sirva-se, ou não tem voto de obediência?E também fui conhecendo o PADRE!

No dia 8 de Julho completou 100 anos o P.e Joaquim Pereira da Cunha, emérito pároco de Tabuado e de Rio de Galinhas, no Marco de Canaveses. E a 8 de Agosto fará 75 anos de Padre. Aos 97 anos ainda era Pároco. Atualmente reside na Casa Sacerdotal da Diocese, na Rua Júlio Dinis, no Porto. Já falei dele nesta minha rubrica por duas ocasiões. Mas desta também o não posso esquecer.

A primeira vez que contatei com ele era eu um inex-periente padre, a dar os meus primeiros passos na vida sacerdotal. Fui pregar a Tabuado, para a festa do Coração de Jesus, que ele gostava de fazer num dos primeiros domingos da Quaresma, para que se experimentasse, pelo sacramento da reconciliação, a ternura do Coração Misericordioso do nosso Deus.

O P.e Joaquim Pereira da Cunha, homenageado aos 97 anos.

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VAntónio Augusto

PADRE CUNHA: 100 ANOS DE VIDA E 75 DE SACERDÓCIO

Padre profundamente realizado. Via-se que gostava mesmo de o ser! Padre com um fer-vor eucarístico impressionante. Padre com uma profunda devoção mariana (Coração Imaculado de Maria!) e a S. José. Padre sem-pre com tempo para atender e dialogar com os seus paroquianos. Padre capaz de conver-sas muito cultas e de conversas muito simples com a gente simples da terra, com os jovens e com as crianças. Padre muito preocupado com a formação catequética e espiritual. Padre muito organizado e inovador na Pastoral. Padre que aceitava as iniciativas que se lhe propusesse, mas só depois de as analisar e de refletir sobre elas…

Já lá vão mais de 30 anos, mas já nesse tempo me dizia: – Venho pedir-lhe o favor de vir ajudar mais uma vez, este velho pároco. E na despedida: – Para o ano, se ainda for pároco, já sabe que conto consigo. E eu recordava o aforismo: “As árvores mor-rem de pé!”. Ainda não morreu e desejo que possa viver ainda muito tempo, porque sei que continua a ser quem sempre foi. UM GRANDE HOMEM, UM GRANDE PADRE, UM GRANDE AMIGO. Parabéns, senhor vigário! Era assim que lhe chamava o povo, foi sempre assim que o tra-tei, depois de o saber... E MUITO OBRIGADO por ser um dos padres que, talvez logo a se-guir ao padre Aires Batista Moreira (o padre que me batizou e seu grande amigo), me en-sinou a ser padre!

Igreja paroquial de São Salvador de Tabuado, onde o P.e Cunha serviu durante mais de 70 anos.

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08 – recortes dehonianos24 – espaço escolados conteúdos

Descansar e manter hábitos de leitura e trabalho

FÉRIAS ESCOLARES (I)Após meses de trabalho na escola, estarão as crianças e os jo-vens preparados para manter hábitos de estudo em tempos de descanso? O período de férias será suficiente para os alunos dedicarem momentos de descanso e, simultaneamente, se de-dicarem a ler, pelo menos umas horas diárias para não esquece-rem o que estudaram? O objetivo é o de manter os hábitos de estudo e não esquecerem o que já estudaram. Preparar-se para o novo ano letivo, não é propriamente o lema, importante é não esquecer o que já sabem. Os mais novos não se queixarão. Pelo contrário, não querem deixar de ler e desenhar, brincar e es-crever e decorar lengalengas já aprendidas, desenhar, inventar jogos e textos de pequenos teatros divertidos. Desafiar outros amigos sempre que têm horas vagas é ganhar em não esquecer o que aprendeu na escola. Terminaram as aulas, mas, em pleno período de férias ainda é possível encontrar jovens a dedicar duas ou mais horas do dia à leitura, à escrita e ao estudo. Tal acontece em certos centros de estudo ou, mesmo, em casa, com colegas e amigos, onde continuam a manter a prática da leitura, embora de forma mais reduzida. e os hábitos de estudo. Brincadeiras também não faltam, não fossem as férias convida-tivas à diversão. Realizar trabalhos de casa e preparar ou ensaiar, inventar jogos, canções, teatros e passeios justificam, nas horas matinais ou mesmo encontros e passeios, na praia e no cinema, que os amigos frequentam, convidando colegas para encontros e diversões. sob o olhar atento dos pais e irmãos de manhã ou de tarde, reservando as horas, mais convenientes para a diver-são com jogos, brincadeiras ao ar livre e saídas lúdicas até ao parque, a praia, o bosque, a casa de uns ou de outros, em grupo, utilizando a imaginação para viverem, saboreando as férias, o mais alegremente possível e desejam. Embora, o facto de não poderem ficar em casa sozinhos, a isso obrigue, a constatação é de que todos querem continuar a frequentar as amigas, os ami-gos. Pequenos e graúdos são unânimes nos elogios dirigidos ao espaço e muito mais à imaginação que cada um tem para a invenção e admiração, ao ponto de saberem aproveitar aquilo que cada um, com a sua imaginação, consegue inventar sem problema. Numa simples visita pelo espaço da casa de cada um ressaltam os afetos e a cumplicidade entre todos. Aparecem, às horas que querem… Os mais crescidos, aqueles que já recebe-ram “carta branca” para ocupar as férias de outra forma, a esses o abraço efusivo e a palavra de carinho. Uns vão ficando, outros passam de relance. A porta de casa de cada um, primos, amigos e colegas, está sempre aberta nas férias para toda a família e amigos… Funcionam como de familiares se tratasse. São, so-bretudo os mais pequenos que, nas férias, permanecem no centro das atenções. A presença justifica-se com os empregos dos pais que tardam em lhes dar descanso. Mas, nem por isso se mostram insatisfeitos. Pelo contrário, a maioria chega a dizer que “nunca mais quer que as férias acabem”.

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PENSAR

• Lê muito durante as férias.

• Goza-as com alegria.

• Aproveita-as e escreve o teu diário.VManuel Mendes

Os meninos e jovens de sete e oito anitos, e menos, gos-tam de brincar com os de seis e sete, dando certa graça às brincadeiras e não querendo arredar pé. “Para além do estudo, objetivo é preciso, também, dar formação de valo-res a estas crianças”. Aos pais e irmãos mais velhos, cumpre conversar muito, dando conta da preocupação “em formar crianças e jovens responsáveis”! É uma tarefa prioritária!

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Um sábio em Carnaxide, numa ação da ALVD

ADRIANO MOREIRA NA PREPARAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS DEHONIANOSDesta vez, não vamos escrever sobre um livro, muito menos sobre o último livro do professor Adriano Moreira – A Espuma do Tempo. Memórias do Tempo de Vésperas.Além de prestigiado professor, foi um político e estadista de renome e continua a ser o presi-dente da Academia Real das Ciências. É um sábio. Alguém dizia: é um outro Agostinho da Silva que defende Portugal de unhas e dentes.

O próprio professor Adriano Moreira contou que um dia estava em Brasília (Brasil) e que o Professor Agostinho da Silva tinha-o convidado para ir almoçar com ele. Levaram-no a casa de Agostinho da Silva. Quando chegou, viu um grande terreno e ao fundo lá encontrou uma pequena barraca, onde dizia: aqui cabem 10 pessoas ou 1000 kilos. Aí dentro vivia Agostinho da Silva. O Professor Adriano Moreira foi almoçar com ele aí mesmo nessa barraca. Ao pergun-tar ao Professor Agostinho da Silva o porquê daquela situação, ele respondeu que o governo português tinha prometido fazer ali um centro da cultura e da língua portuguesa. Como não tinha feito ainda nada estava à espera que o governo português cumprisse a sua promessa e ele estava ali a guardar o terreno.

Diante de 150 pessoas presentes, o professor Adriano Moreira, observador arguto e inteligente, deu-nos a sua visão do nosso Portugal, desde o seu nascimento, remontando ao primeiro império até aos nossos dias, hoje na busca do quinto império, um império que procura a paz e a estabilidade.Portugal, país habituado a olhar o mar como local de espe-rança, particularmente desde o séc. XIX procura em África ma-térias primas, energia e mercados para o escoamento da sua produção.A África tem recursos para muitos projetos, mas infelizmente não tem projetos para os seus recursos. Muitos países africa-nos herdaram dos seus colonizadores governações que estão longe das práticas democráticas e do respeito pela igualdade entre os seres humanos. Apesar das fronteiras que os definem, não conseguem erguer-se como nação. É que a fidelidade dos povos olha mais para a etnia do que para as populações em geral.A Igreja destaca-se como um “tecido” que através do trabalho dos seus missionários, particularmente nos países de língua portuguesa, une as populações na busca de melhores condi-ções de vida, procurando, pela literacia e cultura, proporcionar um olhar mais centrado no que cada um pode fazer pela sua comunidade e para a construção do bem comum.“África precisa de ser nação para se poder projetar num futuro melhor para as suas populações.”A língua portuguesa, particularmente nos PALOP, deve ser cul-tivada, onde o movimento dos missionários/voluntários levam a cultura e a história comum ao desenvolvimento, de modo que possam olhar a língua portuguesa como uma língua que também é deles.

Na paróquia de Carnaxide, com o pároco dehoniano P.e Luciano Vieira, estão a preparar-se três grupos para fazerem voluntariado em Moçambique no próximo mês de Agosto de 2012: um grupo para Cóbue (Niassa), um grupo para Metangula (Niassa) e um grupo para o Gurué (Zambézia). Estes três grupos irão intervir na área da formação, da educação, da informática, da agricultura e da evangelização.Como uma unidade de formação, convidaram o Professor Adriano Moreira a proferir uma conferência so-bre a Europa na África, mais concretamente: caminhos de África. Do passado ao futuro pelos territórios do interior, das almas e da fraternidade estratégica da cristandade.

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VAdérito Barbosa

ADRIANO MOREIRA NA PREPARAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS DEHONIANOS

Como dizia Paulo VI, o novo nome da paz é “de-senvolvimento”. Acrescentou a voluntária Maria de Lourdes que é este também o lema que move a Associação de Leigos Voluntários Dehonianos (ALVD). Neste sentido, a mesa além de ter como figura principal o professor Adriano Moreira, tinha o moderador Paulo, a professora Raquel e o presi-dente da ALVD que enquadrou esta intervenção na formação e nos projectos da ALVD em África.Depois das intervenções, deu-se início a um de-bate de ideias, destacando-se as questões do Prof. Dr. António Matos da Universidade de Ciências de Lisboa, e o Prof. Dr. António Luís Marques da Universidade Lusófona, entre outros.

Aqui vai este apontamento quem sabe para inter-pelar outras pessoas a disporem-se a fazer volunta-riado quer em Portugal quer noutros continentes, a darem um pouco de si a quem muito preciso de si.

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08 – recortes dehonianos28 – sobre a bíbliados conteúdos

É interessante notar a forma como uma tradução moderna e muito conceituada, a Bíblia de Jerusalém (ed. 1973), traduz a palavra “bondade” com uma expressão: “bons sentimentos” (Rm 15,14; e em português, o tradutor da Difusora Bíblica utilizaria também ele uma expressão: “boa vontade”). Já à partida se ve-rifica que a palavra bondade traz consigo algo mais, para além da característica de alguém que tem um coração magnânime. Como noutros temas desenvolvidos anteriormente, o livro dos Salmos, no caso do Antigo Testamento, é importante pa-ra se poder definir o conceito, de certa forma abstracto, que aqui se propõe. Pensa-se concretamente no Sl 52,5; onde se lê: “Preferes o mal ao bem e a mentira à verdade”, a tradução grega dos Setenta tinha lido: “Preferiste a maldade à bondade, a injustiça a falar justiça”. Pelo facto de a bondade ser oposta à maldade, a justiça à injustiça, verifica-se também um certo paralelismo existente entre a maldade e a injustiça, a bondade e a justiça. Se se tem em conta que, no Antigo Testamento, a palavra justiça carrega a dimensão alargadíssima de santidade, mas também a prática da esmola, entende-se que a bondade em causa é verdadeiramente a que sai do coração.Na já citada tradução grega do Antigo Testamento, a Setenta (LXX), constitui um caso curioso que a palavra bondade (aga-thôsynê) é utilizada praticamente em textos mais tardios, de que sobressai o livro de Qohelet (ou Eclesiastes). No contexto muito concreto do livro em questão, a palavra carrega consigo também a dimensão da felicidade. Pode dizer-se que é verda-de que a felicidade é talvez um dos bens que mais se procura. Sucedem-se casos de injustiça, quando se arruinam famílias, quando às criaturas não se dá o devido lugar e sobretudo quando a Deus não se dá o devido lugar. Ora, Qohelet, como próprio nome indica, é um pregador, fazendo ressoar, porém, o convite a viver a felicidade na terra. É interessante verificar que, para dizer a felicidade, este “filósofo” bíblico se tenha servido de um conceito grego que significa a “bondade”.

Depois da benignidade, vem a bondade enquanto obra do Espírito Santo nos crentes. Salta a pergunta: qual poderá ser a diferença entre benigni-dade e bondade? Poder-se-ia enveredar por uma distinção filológica e mesmo de distinção, a que se prefere, aqui, a linha de continuidade ou complementaridade entre ambas. Se a benignidade traz consigo a ideia de bem, já a bondade traz a ideia do bom; o bem como característica do inato, o bom como característica daquilo que, na pessoa humana, vai nas-cendo de bom.

ENTRE A BONDADE E A FELICIDADEExiste um paralelismo entre a bondade, a justiça e a felicidade

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VRicardo Freire

Na base da bondade, da justiça e da verdade,

está a decisão pela vida cristã.

Deixemos que a vida de Jesus Cristo actue e faça de nós uma morada dig-na do Espírito, para que, pelo mesmo Espírito, possamos ser pessoas be-nignas e boas. Para que a nossa felicidade possa brotar da nossa vida em diálogo com o Criador, que nos criou para essa mesma felicidade.

Impõe-se, a este ponto, uma reflexão sobre a bondade enquanto fruto do Espírito Santo. Dizia-se – e isso verifica-se – que toda a gente almeja por felicidade e todos dizem saber qual o caminho para a encontrar. Do ponto de vis-ta paulino, porém, as coisas não se colocam a partir desse prisma: para construir a felicidade, é necessário que a vida passe por um diálogo com Deus, deixar-se guiar pelo Espírito Santo. Ora, é nesta perspectiva que se pode entender a bondade como um fruto da obra do Espírito em nós.A bondade aparece ainda, a par da justiça e da verdade, como o fruto da luz (Ef 5,9). O passo da Carta aos Efésios éclaro numa identificação de fronteira entre o que os Efésios eram e o que são, no momento em que a Carta lhes é escrita. Antes, eram filhos das trevas, mas agora são filhos da luz. No fundo, na base da bondade, da justiça e da verdade, que Paulo pretende dos Efésios, está a decisão pela vida cristã. Se conjugamos o que se diz agora com a ideia de bondade como felicidade com esta outra ideia, verificamos que o cristianismo não pode pre-tender a infelicidade das pessoas; se a bondade é equiparada à felicidade, essa só é possível pela adesão a uma pessoa, Jesus Cristo.

ENTRE A BONDADE E A FELICIDADE

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Os jovens devem ser exemplo e estímulo para os adultos

F É R I A S PREENCHIDAS E ENRIQUECEDORASSabias que:Estamos nos meses de férias. Este tempo é espe-rado e desejado por todos, em especial aqueles que estudaram ou trabalharam ao longo de um ano e estão a precisar de recuperar as forças. Nada melhor que umas merecidas férias para se recompor e depois recomeçar mais um ano de trabalho por empenho e forças renovadas. No tempo que vivemos, as férias são, também, um problema para muitas famílias. Nem sem-pre há disponibilidade económica para realizar as férias que se desejam. Depois há os mais novos que ficam dois meses e meio sem escola. Muitas instituições vão ajudando promovendo iniciativas de ocupação de tempos livres, que ajudam a resolver a ocupação das crianças, adolescentes e jovens. Cada vez há mais famí-lias a passar as suas férias “cá dentro”. O tempo de férias, só porque não se vai viajar, não pode ser visto como um tempo de tédio, de não fazer nada. Há muitas coisas que po-dem ocupar as férias de forma interessante e proveitosa, sem ter a sensação de não ter nada para fazer e ainda sem gastar muito dinheiro.Em casa haverá, certamente, mudanças, ma-nutenção a fazer. Nem todos têm jeito para trabalhos em casa, mas podemos fazer alguns trabalhos, ao nosso gosto: pintar um quarto, mudar um móvel, colocar uns quadros. Muitas vezes basta mudar um pouco a decoração da casa, com o que já lá existe, para que ela fique diferente e mais acolhedora.Há sempre por perto um espaço de lazer, um quintal ou espaço público onde se possa pra-ticar desporto. Uma caminhada com amigos e colegas, um jogo, ou mesmo algum tempo de descanso. As férias são um tempo bom para ler. Pode ser um livro que ao longo do ano não tivemos tempo para o fazer. Pode ser uma revista de estudo. O importante é que a leitura ajude a descontrair, mas que possa ser útil para proje-tos futuros. Porque não escrever, uma pequena história, elaborar um projeto de vida, pequenos poemas.Porque não dedicar as férias ajudando os ou-tros? De acordo com os dados destes dias são cada vez mais as pessoas que dedicam as suas férias a ações de voluntariado, são milhares os que se dedicam a ajudar os outros. Muitas des-

tas ações são em países em desenvolvimento, promovendo projetos e iniciativas de curta duração, cerca de um mês. As áreas de inter-venção são variadas e abrangem a educação, cultura, formação, saúde, pastoral, promoção social, criação de infraestruturas. Há, também, aqueles que o fazem junto de associações de solidariedade nos locais onde vivem.Ao participar em alguma iniciativa de volunta-riado são desenvolvidas aspetos importantes a nível pessoal e comunitário, tais como: amor ao próximo, alegria, paz, paciência, delicade-za, bondade, fidelidade, humildade, domínio próprio. Vive-se experiência de profunda soli-dariedade, sentimento de ajuda, de caridade, de participação, de apoio, num compromisso responsável com as ações, e com as pessoas. Permite que se desenvolvam as capacidades de se adaptar a situações novas, previstas e impre-vistas. Ajuda a saber discernir, criticar, censurar e reconhecer erros e acertos nas ações realiza-das. Possibilita o trabalho em equipa. O Papa Bento XVI manifestou profunda gra-tidão aos que oferecem o seu tempo e esfor-ço, de forma gratuita, em favor dos outros, destacando que, para os católicos, o trabalho voluntário não é meramente uma expressão de boa vontade, mas uma experiência pessoal de Cristo. “Somos chamados a servir os outros com a mesma liberdade e generosidade que caracteriza o próprio Deus. Assim fazendo, tor-namo-nos instrumentos visíveis do seu amor num mundo que anseia por amor no meio da pobreza, da solidão, da marginalização e da ig-norância que vemos à nossa volta”, disse o Papa no encontro com voluntários.O voluntariado católico não pode responder a todas as necessidades, facto que não deve desencorajar o trabalho de levar alívio aos necessitados. Nesse mesmo encontro o Papa Bento XVI frisou que o voluntariado se tornou um elemento da “cultura moderna”, reconheci-do universalmente, com origem “na particular atenção cristã pela salvaguarda, sem descrimi-nações, da dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus”.O tempo de férias pode ser muito bom, mesmo que não seja passado longe de casa, em hotéis, praias, ou só em puro “nada fazer”.

30 – reflexodos conteúdos

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VFeliciano Garcês

Faz silêncio e reza: Procura um local sossegado.

Lê com calma a passagem do evangelho.

Como vão ser as minhas férias? Já tenho algum programa elaborado?

Porque não fazer algo pelos outros?

Onde posso ser voluntário?

Faz uma oração a Deus

A Palavra de Deus diz: Lc 24, 46-53. Neste texto em que se relata a ascensão de Jesus, somos convidados a não estar a olhar só para o céu, mas a olhar para a terra, para os homens no meio dos quais somos cha-mados a dar testemunho das palavras e obras de Jesus Cristo. Os discípulos estavam cheios de alegria, e foram levar a boa nova de Deus a toda a parte. Estas devem ser as atitudes que marcam a nossa vida.

Tenho de: Diz S. Lucas que os discípulos estavam em Jerusalém com grande alegria, e bendiziam a Deus. Estavam felizes por-que Jesus está vivo, venceu a morte. Ao subir ao céu Jesus não foi para outro lugar, não se afastou, mas ficou com os homens. A sua maneira de estar presen-te já não é a mesma, mas está presente em toda a parte. Procura viver a alegria de ser cristão junto de quem mais pre-cisa.

F É R I A S PREENCHIDAS E ENRIQUECEDORAS

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Para sermos instruídos pelo Mestre, precisamos de ter um coração humilde, à imagem do Coração de Cristo

32 – sobre a fédos conteúdos

O CORAÇÃO EM SANTO AGOSTINHO

Um coração iluminado por Cristo, associado à sua Páscoa

Deus nunca deixa de falar ao coração do homem. Agostinho recorda-o constantemente aos ouvintes do seu Comentário ao Evangelho de João (In. ev. tr. 22,1; 39,6; 40,5). Na sua ótica, o falar do pregador, daquele que tem por missão anunciar o Evangelho e exortar os irmãos, é um trabalho inútil e vão se a sua instru-ção não for acompanhada e apoiada pelo ensinamento interior de Cristo. Isto mesmo é também referido no seu Comentário à Epístola de S. João (Cf. ep. Io. tr. 3,13), quando afirma: “o ensina-mento exterior é uma ajuda, um convite a prestar atenção. Está no céu, o Verbo feito carne que instrui os corações. É por isso que Ele diz no evangelho: ‘na terra não vos deixeis chamar por mes-tres: um é o vosso Mestre, o Cristo’. Que seja Ele a falar, portanto, no íntimo, onde nenhum homem pode entrar, porque mesmo se alguém está ao teu lado, ninguém está no teu coração! Não, não há ninguém no teu coração: então que Cristo esteja no teu coração, que a sua unção esteja no teu coração para que ele não se destrua no deserto por falta de fontes que lhe deem de beber. Portanto, é o Mestre interior que instrui, é Cristo quem instrui, é a sua inspiração que instrui. Onde não há inspiração e unção, é inutilmente que as palavras ressoem no exterior”.

No anterior artigo abordámos o tema do Coração em Santo Agostinho, no qual está e age o próprio Deus. Ele é o seu Criador. Mas, o coração humano não tem apenas um Autor, possui um Doutor, que é Jesus, o Mestre.

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VNélio Gouveia

O CORAÇÃO EM SANTO AGOSTINHOSanto Agostinho serve-se de duas imagens para caracterizar o ensina-mento do Mestre interior: a luz que ilumina o coração e a fonte em que nos saciamos. Tal como o sol res-plandece para todos os homens, e uma pessoa vê e a outra, que é cega não vê, do mesmo modo, Cristo “está presente em todo o lugar porque a Verdade está em todo o lado, porque a Sabedoria está em todo o lado”, mas nem todos “têm os olhos do coração com os quais poderiam ver” (Io. ev. tr. 35,4; en Ps. 57,21-22). Para ver, isto é, para compreender, é necessário que o olho do coração seja são: “a humil-dade da carne” que o Filho, o Verbo de Deus, tomou é o “colírio” que pode

curar (In. ev. tr. 2,16). Dito doutra forma é a fé na encarnação do Filho de Deus que purifica o olho do coração e abre o homem à compreensão da Palavra divina. Deixar-se instruir pelo Mestre interior é “beber na fonte”. Esta expressão é aplicada em particular ao evangelista S. João que, na Ceia de Despedida, “repousava sobre o peito do Senhor”, ou seja, com-preendia, “atingia os segredos mais profundos no íntimo do seu coração” (Io. ev. tr. 18,1 e 1,7). Para o Bispo de Hipona, o Coração de Cristo, portanto, é a fonte em que o crente é convidado a beber. Deve notar-se, contudo, que este tema, esta abordagem agostiniana raramente está, explicitamente, asso-ciada ao comentário da passagem de Jo 19, isto é,

ao episódio do lado aberto, mas à passagem de Jo 13 ou de Jo 7 (“No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou: ‘Se alguém tem sede, venha a mim; e quem crê em mim que sacie a sua sede! Como diz a Escritura, hão-de correr do seu coração rios de água viva.’ Jo 7,37-38). Neste sentido, afirma: “para levar a nossa boca à fonte de água que nunca se extingue”, é necessário “ser introduzidos no íntimo”. Aqui, neste exercício ou neste movimento espiritual, Santo Agostinho opõe ao orgulho, que empurra para o exterior e leva a cair, a humildade, que “introduz no íntimo” e é condição para nos mantermos “sempre em pé” (In. ev. tr. 25,7). Deste modo, só o coração, que não tem pretensão de ser autossuficiente, pode expe-rimentar a alegria interior do escutar o Verbo de Deus. É portanto, impossível ser instruído pelo Mestre interior sem ter um coração humilde, à imagem do Coração de Cristo que por nós se fez “Mestre de humildade” (In. ev. tr. 25,7). Em suma, a ilumina-ção do coração, através da Palavra que ilumina e rega, supõe a sua transformação, tornada possível pela “incorporação” em Cristo, ou seja, pela par-ticipação na sua Páscoa; isto é, só assumindo os sentimentos e as disposições interiores de Cristo, de obediência e de humildade, é que o coração humano não só se ilumina mas se fortalece, ad-quirindo assim aquele Espírito – que é próprio de Cristo – para poder enfrentar, com serenidade e determinação, as tribulações e canseiras inerentes à nossa condição de peregrinos.

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Há muia gente a salvar, mas também é preciso descansar

VINDE COMIGO E DESCANSAI UM POUCO

34 – palavra de vidados conteúdos

Escrevo este texto numa manhã em que me encontro quase de abalada de Quito para Portugal. De todos os Evangelhos propostos para os diferentes Domingos de Julho e de

Agosto, escolhi o do XVI Domingo Comum, 22 de Julho (Mc 6, 30-34). Estando em terra de missão e de partida para uns dias de celebrações e de descanso em Portugal, nada melhor do

que olhar para os caminhos da missão de Jesus e dos Apóstolos.

A missão de Jesus e a missão dos discípulosJesus tinha enviado os discípulos em missão, dois a dois. Havia-lhes recomendado que fossem completamente livres e disponíveis, que não levassem nada que lhes atrapalhasse a missão de anunciar a Boa Nova do Reino. Enviara-os também com o poder de perdoar pecados e de expulsar toda a espécie de males e de enfermidades. Os discípulos foram e chegam agora en-tusiasmados e com muito para contar a Jesus e uns aos outros.Jesus tinha-lhes transmitido o zelo pela missão e os discípulos estão entusiasmados por poder participar na construção do Reino. Mas Jesus não quer que eles se deixem levar por um ativis-mo desmesurado, lembrando-lhes que há mais vida para além do envolvente e desgastante anúncio do Reino. Há muito mal a combater, muitos pecados a perdoar, muita gente para sal-var, mas é também preciso descansar, é preciso cuidar de si.

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Vinde comigo para um lugar isoladoNo tempo de Jesus, como no nosso tempo, há multidões famintas e sedentas, não só de pão, mas também de vida, de sentido para a vida. Com a força que Jesus lhes transmite, os discípulos sentem que podem fazer muito bem, ajudar as pessoas a ter vida melhor. Mas é preciso dosear esforços, lembra-lhes Jesus. Sem tempo para retemperar energias, dificilmente se consegue ter força e presença de espírito que permitam continuar a missão.Jesus convida os discípulos para descansar, num lugar isolado. Sabemos como Jesus fazia esse descanso: encontrava-se silenciosamente com o Pai na intimidade da oração. É para este en-contro de amor e de fé que Jesus continua a convidar os seus discípulos hoje. A vida não pode ser feita apenas de azáfama e de atividade sem fim, por muitas que sejam as solicitações e as necessidades. Contudo, os planos de Jesus saem frustrados, porque as multidões interrompem essa neces-sidade de descanso, de silêncio e de tranquilidade, indo de novo ao seu encontro. Jesus en-che-se de compaixão de toda aquela gente que eram como ovelhas sem pastor e começa a ensinar-lhes muitas coisas… Vemos assim como a reconhecida necessidade de descanso dá lugar a um redobrado zelo apostólico. Julho e Agosto são habitualmente meses que servem para abrandar o ritmo, para retemperar forças, para descansar. E é necessário procurar esse tempo para o descanso e para o encontro pessoal com o Pai, no silêncio e na tranquilidade. Mas essa necessidade não pode alhear-nos da eventual premência da missão, se ao nosso encontro vier gente faminta e seden-ta de Deus e de sentido para a vida. Que no encontro tranquilo com Deus descubramos a luz que nos permita viver em justo equi-líbrio entre a urgência de agir e a necessidade de parar. Boas férias, bom descanso!

VJosé Agostinho Sousa

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VBeatriz Martins

ACREDITAR NO SONHO É ACREDITAR NA VIDA!

“A borboleta azul”: um filme de Léa Pool que merece ser visto

Inspirada numa história verídi-ca, Léa Pool realizou um filme chamado “A Borboleta Azul”. Este filme apresenta-nos de um menino com um tumor ce-rebral. O menino de nome Pete encontra-se numa cadeira de rodas devido à falta de equilíbrio. Tendo os médicos dado poucos de meses de vida a Pete, este de-cide concretizar o seu maior sonho, apanhar a borboleta azul, mas esta encontra-se nas florestas da América Central e só com a insistência da mãe, dedicada e companheira, conseguem convencer um entomólogo, o ídolo de Pete, a levá-los ao local da borboleta. Os vários momentos de aventura ou de alegria são acompanhados por uma be-la banda sonora. Gostei da relação entre estes pois houve uma boa conjugação entre os momentos e ocorridos e os sons produzidos pela banda.O filme mostra-nos uma misturar de senti-mentos visto que está presente a solidarie-dade por parte das pessoas que posterior-mente ajudarão o Pete. Mostra-nos também a disponibilidade do entomólogo por levar o Pete sua mãe para as florestas virgens da América Central. Acho os sentimentos impor-tantes porque eles ajudam-nos a ser melhores cidadãos, que demonstram preocupação por construir uma melhor sociedade.Também senti necessidade de refletir depois de ver o filme visto que quando o menino regressa a casa encontra-se curado. Achei um bom filme porque nele está bem pre-sente o verbo acreditar e o valor que é a esperan-ça, pois desistir de um sonho é como desistir da própria vida. Aconselho-vos a ver “A Borboleta Azul”.

36 – planeta jovemdo mundo

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VAlícia Teixeira

Identifiquem-se! Deixem a vossa marca!

O QUE NÃO NOS DIZEM NA PREPARAÇÃO DO CASAMENTO

outro ângulo – 37do mundo

“Isto agora só casa quem tem dinheiro”… Nunca ouviu ou fez este comentário? Como se de um luxo se tra-tasse. Não estou a criticar quem mantém um relacionamento saudável e que, em casal, opta simplesmente por não casar, mas sim aqueles que arranjam mil e umas desculpas esfarrapadas para não dar este passo tão importante na vida de um homem e de uma mulher. Nunca foi meu sonho de menina casar numa igreja, mas neste relacionamento senti, sentimos, que era exatamente isso que queríamos. Estou casada de fresco e a decisão/necessidade/vontade de nos unirmos na presença de Deus e Maria foi o aspeto mais fácil. Mas vamos rebobinar uns mesitos atrás? Quando iniciámos os preparativos, comecei a pesquisa para planear “o grande dia”. Para grande tristeza minha, ou se calhar inocência, vim a aperceber-me que está enraizada a ideia de que esse grande dia deverá seguir sempre os mesmos moldes: os pais têm que contribuir. O vestido de noiva quem paga é a mãe da noiva. O fato do noivo, a mãe do noivo. As alianças oferecem os padrinhos. A igreja e/ou lugar do copo d´agua deverá ser enfeitado como se de um jardim botânico se tratasse…”fica bem isto”, “é de bom tom aquilo”! Ah claro! A noiva tem de ser o centro das atenções! Impensável fazer diferente! Criam-se mitos de contos de fadas, pressão no futuro casal em questões que nada tem a ver com o maravilhoso passo que em breve darão juntos (e não a noiva!)! Confesso, que foram várias as vezes que recuamos em fazer a tal festa, pois não tínhamos dinheiro para “essas coisas”. Nessa altura adorava ter encontrado um artigo que me desse as seguintes dicas:

1.º Este dia é vosso, assim como o resto das vossas vidas. Prepare-se para ignorar muitos “teóricos de café” (mais próximos do que você imagina). Toda gente sabe de tudo, mas ninguém quer saber qual é o vosso orçamento.2.º Terá de “picar muita pedra” até os serviços que contratar (flores, restauração, fotografia) e os seus familiares entenderem que é um momento especial para os dois…e nada de glamour não é crime….nem agoira a felicidade do casamento (quer dizer, acho eu!)3.º É possível realizar com pouco dinheiro (os preços que me indi-cavam, eram absurdos e apostei comigo própria que faria por me-tade…ainda conseguimos fazer por menos!). Isto, se tiver amigos verdadeiros como nós, ou for bem persistente como eu.4.º Se acredita que para casar com a pessoa que ama “deve ter tu-do o que tem direito” e que o vestido/fato tem de custar 1500€ (ou mais)…não se case!5.º Não pense que os seus “papás” têm que lhe pagar o que quer que seja! Este é o primeiro passo enquanto casal (pense bem e verá que tenho razão).6.º Convidem única e exclusivamente as pessoas que fazem real-mente sentido (só sobre este tópico tenho pano, não para mangas, mas para um vestido de noiva!)!7.º Organize o dia como mais gostar. Esqueça que no casamento da prima tal, fizeram assim ou assado…identifiquem-se, deixem a vossa marca.

Após mentalizar estas dicas, posso garantir-vos que realizámos tal e qual desejámos!E no meio de tanto pormenor, qual foi o momento inesquecível? Aquele terno beijo e abraço do meu marido!

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A palavra rock vende, independentemente do cartaz

VFlorentino Franco

38 – nuances musicaisdo mundo

OS FESTIVAIS

Certo é que nem sempre a qualidade atrás referi-da se concerne apenas à parte musical, porque se vai muita gente à procura de música, vai também muita à procura de diversão, e aí já implica toda a logística de entretenimento nas áreas dos referidos eventos. Sim, porque já me deparei com assíduos frequentadores de festivais que não estão propria-mente interessados num cartaz que valha apena no seu todo, ou seja, que tenha musica sim, mas sem grande exigências a nível de qualidade, o que procuram afinal de contas é bom entretenimento e sentir toda aquela “vibração” do festival.

Este ano não estive nem vou estar pre-sente em nenhum festival. No entanto, já pude assistir confortavelmente no sofá a partes de um pela televisão, pois a orga-nização cedeu gentilmente a transmis-são de umas partes em direto. Outros, fiz uma ronda pelos cartazes e tirei algumas conclusões, não que valham de muito, mas há factos curiosos. Um dos factos é, como já referi noutro artigo, a palavra ro-ck vende independentemente do cartaz ser essencialmente de rock ou não. Uma outra curiosidade é que existem bandas estrangeiras que vêm inúmeras vezes a Portugal num curto espaço de tempo. E acentuo este exagero apesar de serem bandas que estão no leque das minhas preferidas. É curioso também as enchentes que se notam apesar da crise, o que é bom, por-que os festivais dão emprego e há que lutar contra ela. Agora, a nível de coerência de cartaz, nem sempre tem sido a mais feliz, visto que, por vezes a qualidade é posta em causa em prole da quantidade e existem os artistas que “caem de paraquedas” no cartaz de certos festivais.Mas tenho um exemplo positivo a realçar que é o festival Paredes de Coura deste ano. Para demonstrar a isenção do que digo, nenhuma das bandas ou artistas do festival está entre o leque dos meus favoritos. No entanto, há uma coerência de estilos com boas bandas sem que sejam de grande projeção comercial. Aí está um festival que, para quem gosta do estilo, não deve perder.

Se nos esquecermos ou deixarmos de seguir, quais fãs dedicados, a presença por terras de Portugal dos nos

nossos artistas favoritos, a publicidade dos festivais en-carrega-se disso. No entanto, nos extensos cartazes dos fes-

tivais de verão podem estar ausentes um, dois ou mais artistas que faça não compensar a deslocação e o preço do bilhete.

Para os organizadores dos festivais impõe-se a tarefa de conseguir conjugar artistas que garantam público, orçamentos, coerência de

estilos e acima de tudo qualidade geral.

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A Escola EB 2,3 de Cristelo participou

ENCONTRO ANUAL DA EMRC

VGrupo EMRC

partilha – 39 do mundo

No dia 25 de Maio, sexta-feira realizou-se o X en-contro anual de alunos de EMRC no parque da cidade do Porto. A nossa escola fez-se representar por 77 alunos do 7.ºano que à chegada deram o seu contributo solidário na entrega de bens ali-mentares para as famílias mais carenciadas da dio-cese e que fez com que este encontro se tornasse mais solidário.Na passagem pelo palco fomos recebidos com um forte aplauso, que foi muito dirigido à Professora Serafina, que apesar de estar aposentada, marcou presença neste dia inesquecível.A meteorologia não previa um dia de muito calor, o que se veio a tornar ótimo, porque quando mar-camos o nosso espaço a multidão já era tanta, que as zonas de sombras já estavam todas ocupadas.O verde da relva deu a lugar a milhares de cores, trazidas pelos milhares de alunos provenientes das diversas escolas da diocese do Porto, que fi-zeram do parque da cidade um jardim florido de diversidade, de alegria e de muita felicidade.Na hora de almoço tivemos uma sobremesa que a todos surpreendeu pela positiva, que dignifica e autentifica o lugar da disciplina de EMRC na escola, a presença da direção que confraternizou connosco durante este momento. A tarde foi preenchida por jogos de grupo, ativi-dades radicais, pelo momento do gelado e com a

presença eletrizante do cantor Edmundo que pôs a plateia em euforia.Mais do que tudo, este dia foi a prova de que a dis-ciplina de EMRC está bem viva e é capaz de marcar nos alunos e nos professores que educar também passa pela prática de valores como a alegria, a ci-dadania, o respeito e a partilha.

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40 – partilhada juventude

Dedicada no dia 17 de junho, por D. Manuel ClementeAmigos e leitores escrevem-nos

VRicardo Freire

NOVA IGREJA EM FRANCOSFoi no domingo, 17 de Junho, que, com o rito da dedicação da igreja e do al-tar, foi inaugurada e votada ao culto cristão a igreja dos Pastorinhos, em Francos, lugar da Paróquia de Nossa Senhora da Boavista, no Porto. Presidiu à celebração o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, tendo concele-brado vários sacerdotes. A comunidade paroquial empenhou-se, em diversos modos, na concretização da grande festa deste dia, seja pela preparação atempada da liturgia, a nível de cânticos e serviços de acolitado, seja pelos acabamentos de arranjos exteriores que contaram, em muito, com a presença e a dedicação das po-pulações locais, seja mesmo pela massiva presença no dia da festa propriamente dita.

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Com es-ta frase de Pessoa bem se poderia resumir a obra da nova igreja de Francos, intitulada aos Pastorinhos de Fátima, Beatos Francisco e Jacinta Marto. Não foi com estas palavras, mas com o mesmo senti-do que o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, se referiu à obra da nova igreja. De facto, nos seus agradecimentos, o prelado teve palavras de apreço para com o P.e Giulio Carrara e todos aqueles que, de perto, colaboraram para que a obra viesse à luz. Salientava assim adinâmica comunitária que rege a vida eclesial e, por isso, também a vida paroquial de Nossa Senhora da Boavista.

A igreja dos Pastorinhos é, de facto, um sonho tornado realidade. Foi querida e pensada durante gerações anteriores, mas só este ano se concre-tizou. Representa uma grande mais-valia para a celebração do culto cristão na zona de Francos. Construída com linhas muito simples, que não deixam de exaltar a nobreza do espaço litúrgico, a nova igreja pretende favorecer o encontro com Deus e com os irmãos, apostando na proximidade às populações. De certa forma, vem de encontro à história da celebração do culto cristão naquela zona, dando seguimento aos sonhos e exigências de outros tempos, tão bem recordados pelo P.e Carrara, no momento dos agradecimentos, no dia da festa.

Por tudo isto e muito mais, fica um grande sentido de gratidão e de louvor a Deus e uma saudação de parabéns para a Paróquia de Nossa Senhora da Boavista que vê, assim, alargado o espaço dedica-do a Cristo no seu território.

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VAndré Matias

partilha – 41 do mundo

Festa e Alegria nas comunidades dehonianas em Angola

NOVO POSTULANTE DEHONIANO EM ANGOLANo dia 15 de Junho, dia da Solenidade do Coração de Jesus, mais um jo-vem deu um passo na consagração à vida religiosa na congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Fica aqui o seu testemunho.

Sou o André Gromico Cristóvão Matias e nasci no dia 04 de Março de 1986 na Província do Cuanza Norte. A minha vocação surgiu da seguinte maneira. Em 1998 fui convidado a acolitar por ocasião da abertura do

ano académico no Seminário Médio de Ndalatando, e no momento da apre-sentação dos novos seminaristas na Sé Catedral senti a pri-meira inquietação. O que significava aquilo não compre-endia bem, só me lembro que fiquei muito emocionado. Uma segunda oca-sião foi em plena ca-tequese. Lembro-me do meu catequista, o irmão Jorge, per-

tencia a Congregação dos Irmãos Maristas, numa das sessões de catequese ele afirmara que para se ser missionário era necessário deixar tudo e viajar pelo mundo e anunciar onde fosse necessário. A partir daí despertei para a possibilidade de um dia ser missio-nário e sacerdote.Passado alguns anos e depois de ter participado em reuniões de vocacionados na minha Paroquia de origem, S. João Baptista em Ndalatando, vim para Luanda e assim no ano 2007 conheci os padres dehonianos. A princípio fiquei curioso pelo nome, fiz alguns estudos aprofundados e percebi que não era o nome que verdadeiramente me estava atrair mas sim o seu carisma e comecei a participar nas adora-ções com santíssimo exposto e a perceber que Cristo está visivelmente presente no sacramento da euca-ristia, na adoração.Em 2008, tentei contactar um padre dehoniano, e por intermédio de duas irmãs pertencentes às Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição (Ir. Sandra e Ir. Edvalda) cheguei ao P.e Domingos Pestana. Dou graças a Deus por o ter colocado no meu caminho e com ele aprendi os primeiros passos e sinais da Vida Dehoniana. No ano 2010 comecei a participar nos encontros vocacionais scj que se fa-

ziam e fazem uma vez por mês na Casa Padre Dehon. Aí fui sabendo mais e aprofundado a vida Dehoniana e dos Sacerdotes do Coração de Jesus. No final do ano de 2010 fizeram-me o convite para ingressar no Seminário Casa Padre Dehon. Parecia viver um sonho e percebi que deveria agradecer em todas as minhas orações ao Coração de Jesus que é a fonte da nossa vida e aspiração para todos aqueles que, como eu, O querem seguir mais de perto.Assim no dia 30 de Janeiro de 2011 dei entrada ao Seminário. Lembrar-me-ei sempre deste dia e deste ano, considerado por mim como o ano da graça, onde com algumas dificuldades fui caminhando, mas Deus e, em especial, o Coração de Jesus deu-me sempre força, consolou-me, refrescou-me em cada cansaço.No ano de 2012 fui convidado, pela graça do Coração de Jesus a começar a minha caminhada como Postulante na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus. É com muita alegria que o meu pobre coração acolheu este convite em poder fazer uma caminhada mais séria rumo ao sacerdócio. E teve lugar no dia 15 de Junho na nossa Paróquia de N.ª Sr.ª do Rosário, em Viana, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.Como postulante gostaria pedir a oração a todos os articulistas da AFV, Dehonianos e Família Dehoniana, não só mim, mas também pelos que querem abraçar a espiritualidade Dehoniana, sob a proteção do Sagrado Coração de Jesus. E para que Ele continue a iluminar a mente de muitos jovens que se querem consagrar a Cristo, sem esperarem nada em troca, senão o amor que o mesmo Coração nos dá.

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42 – partilhado mundo

A primeira Diocese Global: História, Cultura e Espiritualidades

500 ANOS DA DIOCESE DO FUNCHALCongresso Internacional

A Diocese do Funchal foi a primeira diocese portu-guesa da Igreja Católica instituída fora da Europa, na sequência das viagens marítimas de descober-ta que potenciaram a experiência de globalização. Esta diocese pioneira, que se estruturou (e que perdurou até hoje, pois outras houve que se re-velaram inviáveis e não perduraram) no contexto da expansão portuguesa, foi erigida na capital do Arquipélago da Madeira, o primeiro território ultramarino a ser descoberto oficialmente pelos portugueses. A Madeira viria a tornar-se uma plataforma estratégica da expansão ibérica para os mundos que então se abriam como novos aos olhos da Europa Cristã. Sediada num dos pontos gravitacionais do proces-so de globalização comercial, cultural e religiosa em curso, a Madeira afirmar-se-ia como um ponto nevrálgico do concomitante processo de univer-salização do Cristianismo que as viagens de des-coberta proporcionaram à Cristandade europeia. A diocese ali fundada em 1514 transformar-se-ia numa base importante para a construção da igreja missionária ultramarina. Embora por um período breve, à Diocese do Funchal foi dada, nas primei-ras décadas da sua existência, jurisdição canónica sobre a Igreja em implantação sobre todos os ter-ritórios descobertos e a descobrir sob a alçada do Reino de Portugal, o que a tornava então a maior diocese do mundo. No seu começo, a Diocese do Funchal era, portanto, a sede administrativa do processo de institucionalização da Igreja nos territórios africanos, asiáticos e americanos, sob a alçada do Padroado Português, tutelado pela coroa através da Ordem de Cristo. Nessa medida, a história da Madeira é cimentada sob a modelação fundamental do património da espiritualidade e

da doutrina cristã católica, que dá sentido e ímpe-to de participação na construção da Igreja univer-sal em termos planetários. Além de uma cultura de cunho franciscano, mar-cada por uma espiritualidade de ligação profunda entre o homem, a natureza e Deus, a Igreja madei-rense viria a tornar-se formadora de missionários que participaram de muitos modos da dinâmica da evangelização em diversos cenários do globo. Assim, o espírito de mobilidade que marca a his-tória da Madeira não se revelou apenas na procura de uma vida melhor em outras paragens mais prósperas do mundo em nome de um melhora-mento das condições materiais, mas também se manifestou na vocação de muitos para contribuir para o melhoramento espiritual do mundo.Ao longo da história multissecular desta diocese, pode-se observar uma cooperação estreita entre a Igreja e o projeto político de construção de uma sociedade organizada, num arquipélago que en-tronca, por sua vez, a sua história com a história de povos, culturas e religiões de vários pontos do mundo. É, portanto, a riquíssima história da Diocese do Funchal, enquanto instituição e polo de estrutura-ção religiosa, social e cultural de um povo insular que cruza a sua história com a história de outros povos, que é constituída como objeto de estudo multidisciplinar em sede de congresso internacio-nal. Esta reunião científica pretende, com o contri-buto de especialistas e investigadores de diversas áreas, assinalar a passagem do quinto centenário da fundação da Diocese do Funchal, contribuindo para o conhecimento aprofundado da sua história e perspetivando o seu futuro a partir da análise dos desafios do presente.

1514 2014

18, 19 e 20 SETEMBRO 2014Funchal – MadeiraCasino Park HotelReitoria da Universidade da MadeiraAuditório do Centro de Estudos de História do Atlântico

Mais informação:http://www.congressodiocesefunchal500anos.org/

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VFilipa e Pedro

jd-Porto – 43 da juventude

Semana da Juventude em Besteiros – Paredes

FAMÍLIA E JUVENTUDE

Com um passo, os jovens da Paróquia de S. Cosme e S. Damião – Besteiros iniciaram a Semana da Juventude.Começámos por conhecer a nossa vivência da fé e, depois de uma análise, sabemos que alguns de nós estão um pouco distanciados da vida cristã. Por isso, nada melhor que termos começado por co-nhecer a família de Jesus Cristo, que viveu plenamente no amor de Deus.Para tentar compreender qual o sentido da nossa vida, debatemos vários temas que foram, de seguida, refletidos pelos vários grupos. No final de cada sessão, os grupos apresenta-ram os seus trabalhos de uma forma alegre e criativa.E com outro passo, acabámos esta semana que tornou-nos uns cristãos mais fortes, sem medo e vergonha de o demonstrar. E queremos viver a nossa fé na família, na comunidade cristã e na nossa vida pessoal!

Realizou-se uma semana da juventude, de 24 a 30 de junho, em Besteiros, Paredes, paróquia recentemente confiada aos Dehonianos, na pessoa do P.e João de Deus.Cerca de 50 jovens animaram-se e viveram uma semana de refle-xão, convívio, trabalhos e muita música, pois eles gostam muito de cantar e fazem-no muito bem!Sendo “Família e Juventude” o tema, de acordo com a cami-nhada pastoral da diocese do Porto para este ano, estiveram bastantes famílias a acompanhar os jovens, particularmente na sexta-feira, dia dedicado à família. Fica aqui o texto das conclusões dos jovens.

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44 – jd-Portoda juventude

Caminhada para as Férias Missionárias 2012 em Gandra: Qual é a tua Missão?

No dia 10 de junho, realizou-se a caminhada de prepara-ção das Férias Missionárias 2012, na paróquia de Gandra – Paredes.Pelas 14 horas, encontravam-se por volta de 40 jovens prontos para caminhar, rezar, divertir e claro, conviver.Reunidos em roda no adro da igreja foram feitas as apre-sentações e em seguida foi referido o que de importante se fazia naquela caminhada, ”qual será a nossa missão?”….Iniciámos a caminhada em fila indiana um pouco, de-sordeira, em direção a primeira paragem aproveitamos para cantarolar, para conversar e ganhar novos laços de amizade.Chegados à primeira paragem ficámos a conhecer um pouco da história de Gandra e de todas as atrações que esta tem, refletindo também na segunda pergunta da nossa jornada.Depois de concluída a conversa e reflexão, seguimos a nos-sa caminhada em direção à praça onde encontraríamos numa árvore a terceira pergunta proposta para a nossa missão. Aí recebemos uma espada simbólica: a espada de S. Miguel, patrono da comunidade paroquial de Gandra. Continuámos o percurso até ao fim da nossa caminhada, onde nos deparámos com um magnífica cascata e onde nos deitámos na relva, para refletir. De seguida pudemos partilhar o farnel que cada um levou, com o objetivo de convivermos uns com os outros.De volta à igreja de Gandra, sentámo-nos na rotunda em volta de uma cartolina onde escrevemos qual será a nossa missão na semana missionaria em que íamos participar, terminando assim a nossa caminha. Cantámos “A vida

não vai parar” enquanto recebíamos um “doce da festa” e o passaporte para as tao ansiadas Férias Missionárias. Nelas todos podem participar: uns estando a 100%; outros apoian-do; outros visitando; e todos rezando pelo seu secesso! “Embarcas connosco na missão”?

EMBA

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ISSÃO

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jd-Porto – 45 da juventude

VRita barbosa e Catarina Oliveira

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(Padre Dehon)

VPaulo Vieira

DEHUMOR

46 – agendada juventude

» JD — AçoresJulho13 − Oração de Taizé no Centro Missionário.27-29 − Campo de Férias (Ilhas).

» JD — PortoJulho01 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.02-07 − Semana da Juventude em Sobrosa.21 − AdOração no Centro Dehoniano. 21-29 − Férias Missionárias 2012 em Gandra.

Agosto05 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.

Setembro02 − Dia Solidário – Lar Pinheiro Manso.14-16 − Jornadas Missionárias 2012 – Fátima.23 − Valentíadas 2012 – Betânia.

Não houve tempo para o fazer...

19 de julho – das 21h às 22h00

Um tempo com espaço para a interioridade com a oração tipicamente dehoniana aberto à Juventude Dehoniana, à Família dehoniana e a todos os amigos, jovens e menos jovens. Depois da adoração despedimo-nos com um chá.

atenção! vêm aí: Férias Missionárias 2012 em Gandra!São todos bem-vindos! ... mas damos prioridade aos mais assíduos.

AdOração no Centro Dehoniano

“O tempo passa depressa,sonhemos com a eternidade”.

E onde é que está o cartoon relacionado

com a frase do Padre Dehon?

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TEM PIADA C U R I O S I D A D E S

VPaulo Cruz

Solução de junhoLembramos: 4 quadrados azuis, 3 vermelhos, 3 brancos, 3 verdes, 3 amarelos, e nenhuma cor aparece repetida em nenhuma linha ou coluna ou diagonal.

i n s a n i d a d e t e m p o r á r i aO advogado não queria acreditar que o juiz tinha declarado o réu inocente e pergunta: — Mas como é possível que não o considere culpa-do? — Insanidade temporária. — E você vem nesse estado fazer um julgamento?

o r a r a n t e s d e c o m e rEle ia jantar pela primeira vez em casa da namorada.

quebra-cabeçassequência lógica

passatempos – 47 tempo livre

pipocas saudáveisQuem é que não gosta de assistir a um bom filme en-quanto come pipoca? A pipoca tem sido condenada por alguns nutricionistas, mas, quando preparada com os ingredientes certos, tem poucas calorias, faz bem ao coração e é nutritiva. Possui mais polifenóis (substân-cias antioxidantes), do que as frutas e os vegetais. Os polifenóis já foram associados à diminuição das doen-ças cardíacas e de certos tipos de cancro. E, por se tratar de um alimento integral, a pipoca também é uma boa fonte de fibras, no entanto deve evitar a manteiga, o óleo de cozinha e o excesso de sal, que diminuem seus benefícios. Estudos revelam que, grande parte das pipocas vendi-

das nos cinemas, possuem demasiadas calorias, sal e gordura saturada, sendo quase a mesma coisa que comer um lanche em ca-deias de fast food. A melhor opção é a tradi-cional pipoca de panela, feita em casa, com um pou-co de azeite de oliveira.

Origem da pipocaA pipoca surgiu na América, há mais de mil anos. Os primeiros europeus que chegaram ao continente des-creveram a pipoca, desconhecida por eles, como um salgado à base de milho, usado pelos índios, tanto como alimento, quanto como enfeite para o cabelo. Sementes de milho usadas para fazer pipoca foram encontradas por arqueólogos, não só no Peru, como também no actual Estado de Utah, nos Estados Unidos, o que su-gere que ela fazia parte da alimentação de vários povos americanos.

Estes elementos têm algo lógico em comum:

Qual dos próximos três elementos será o seguinte na mesma lógica?

Quando ia atacar a sopa, reparou no olhar severo da futura sogra, que lhe per-guntou friamente: — Em sua casa não costu-mam orar, antes de come-çarem a comer? — Não, minha senhora — disse ele atrapalhado —.

A minha mãe é muito boa cozinheira...

a m a i s l i n d a d o m u n d o— O meu namorado diz a toda a gente que vai casar com a mais linda rapariga do mundo...

— Oh! O estúpido! E tu deixas que ele faça isso de-pois de andar contigo tanto tempo?

d e s e j o c u m p r i d oUm casal de namorados vai ao lago dos desejos. O ra-paz atira uma moeda, debruça-se e formula o desejo. A rapariga prepara-se para fazer o mesmo que ele, mas debruça-se de mais e cai para dentro do lago. O rapaz, espanta-do, diz: — E não é que isto resulta mesmo?

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!visita :não percas a oportunidade: visita!

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