a cabra sonhadora

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Luzilá Gonçalves Ferreira ILUSTRAÇÕES Luciano Pinheiro

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Texto de Luzilá Gonçalves Ferreira e ilustrações de Luciano Pinheiro

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Page 1: A cabra sonhadora

LuziláGonçalvesFerreiraILUSTRAÇÕES

LucianoPinheiro

Luzilá Gonçalves Ferreira é professora de língua e literatura francesas, pesquisadora e escritora. Tem vários livros publicados, entre os quais Os Rios Turvos e Muito além do corpo, que receberam prêmios nacionais e No tempo frágil das horas. Ocupa a cadeira 38 da Academia Pernambucana de Letras. Mora num casarão muito antigo, com um quintal e muitas árvores. Gosta de bichos e de plantas: tem quatro cachorros, sete cabras e trinta galinhas.

Luciano Pinheiro é pintor, gravador e arquiteto, residente em Olinda-PE. Participou de várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Atua desde os anos 1960 na arte e cultura, de maneira geral, e na formação de grupos vinculados às artes plásticas, como é o caso da O�icina Guaianases de Gravura e da Brigada Portinari. É amante da natureza e interessado em todas as causas e pessoas envolvidas com a permanência da vida na terra.

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© 2011 Luzilá Gonçalves FerreiraCompanhia Editora de Pernambuco

Direitos reservados àCompanhia Editora de Pernambuco – CepeRua Coelho Leite, 530 – Santo AmaroCEP 50100-140 – Recife – PEFone: 81 3183.2700

ISBN: 978-85-7858-075-9

Impresso no Brasil 2011

Foi feito o depósito legal

F383c Ferreira, Luzilá Gonçalves, 1936- A cabra sonhadora / Luzilá Gonçalves Ferreira ; ilustrações: Luciano Pinheiro. — Recife : Cepe, 2011. 34p. : il.

1. Ficção infantojuvenil — Pernambuco. I. Pinheiro, Luciano. II. Título.

CDU 869.0(81)-93 CDD 808.899 282

PeR — BPE 11-0452

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Luzilá Gonçalves Ferreira

ILUSTRAÇÕES

Luciano Pinheiro

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O senhor Gomes estava preocupado. Cordulina, a cabra mais bonita do rebanho, estava doente. Não, não era coisa grave não, Cordulina não corria perigo de morte nem nada. Era doença simples, mas dava pena: Cordulina estava com sarna. Passava o dia se coçando, esfregando-se nos troncos das árvores, comia pouco, dormia pouco, sempre se coçando, coitada. O pelo começara a cair e, de bonita, Cordulina estava ficando uma cabra feia.O senhor Gomes desesperava. Já experimentara uma quantidade de remédios, de chás, de pomadas, nada adiantava. O pelo continuava caindo, Cordulina sempre se coçando nos troncos das árvores.Um dia, seu Manuel, um fazendeiro das redondezas, veio visitar o senhor Gomes.Viu a pobre Cordulina, olhou bem, examinou, e falou:— Gomes, vou lhe aconselhar um remédio para essa pobre Cordulina, que é tiro e queda.O senhor Gomes não entendeu direito:

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— Tiro e queda? Vou ter que atirar em Cordulina?Seu Manuel riu:— Não, homem. Quero dizer que é um remédio eficiente.Um remédio eficiente era tudo o que senhor Gomes queria para Cordulina. Falou:— Diga, diga logo.

O fazendeiro coçou a cabeça:— Você vai pensar que não dá certo, mas experimente só. Eu, de fato, nunca provei com minhas cabras não, mas meu caseiro disse que experimentou com uma cabra dele.— Fala logo, homem. Faço qualquer coisa para ver Cordulina bonita feito antes.

— É o seguinte: você pega um bom molhe de melão-de-passarinho nos matos. Faz uma

espuma de sabão bem forte, esmaga as folhas do melão nessa espuma. Quando estiver bem

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misturado, esfregue no corpo de Cordulina. Depois, deixe secar. E para completar, meio copo de cachaça da melhor.O senhor Gomes ficou sem saber o que fazer. Esfregar espuma de melão ele já tinha feito com o cachorro Xareu, que vivia pelos matos caçando preás. E tinha dado resultado. Mas a cabra era grande, o pelo longo. E essa história de cachaça...

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Esperou que o sol baixasse, por causa do calor. Então, desceu até a beira do riacho, colheu uns molhes de melão-de-passarinho. Pegou um bom pedaço de sabão amarelo, fez espuma, conforme o amigo lhe ensinara, esmagou o melão na espuma, que ficou toda verde, uma coisa linda. Depois, foi atrás de Cordulina. Ela correu, desconfiada, mas o senhor Gomes conseguiu apanhar a cabra, quando ela parou pra se coçar. Passou--lhe uma corda no pescoço, amarrou-a no tronco da jaqueira. E começou a operação, tendo reservado o copo de cachaça.

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O sol começava a baixar quando dona Teodora, a mulher do senhor Gomes, veio ao terraço da cozinha. Tinha acabado de arrumar tudo e ia se sentar na espreguiçadeira, pra descansar um pouco. Qual não foi sua surpresa quando viu, no fundo do quintal, um animal como nunca tinha visto. Parecia uma cabra, só que era todo verde. Andava aos tombos, encostando-se nas árvores. E os dentes estavam à mostra, como se estivesse rindo.— Gomes, vem ver uma coisa! Um monstro verde.O senhor Gomes veio correndo:— Que foi, que foi?— Olha para ali.O senhor Gomes olhou, não viu nada além da pobre Cordulina encostada num coqueiro, os olhos meio fechados e os dentes à mostra, como se estivesse rindo.— Que monstro que nada, mulher. É nossa cabra.— Valei-me minha Nossa Senhora, gritou dona Teodora. E por que está verde e por que está tombando e por que está rindo?O senhor Gomes contou a receita que o fazendeiro tinha dado. E explicou:— Não está rindo, não. O que acontece é que a cachaça deve ter afrouxado os músculos da face de Cordulina e por isso a gente vê os dentes desse jeito.

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Dona Teodora não gostou:— Você parece que perdeu o juízo. Quem já viu dar cachaça a uma cabra? — Mas seu Manuel disse que era um santo remédio.— Santo remédio, só na sua cabeça. Agora, o que fazer pra passar essa bebedeira da pobre Cordulina?— Seu Manuel não falou.— Belo serviço! Eles tinham combinado ir à cidade para comprar umas coisas que estavam faltando. Dona Teodora foi trocar de roupa, enquanto o senhor Gomes ajeitava os arreios de Ventania, o cavalo. Antes de saírem, ainda olharam a pobre Cordulina se coçando nas árvores.

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Eduardo Henrique Accioly Campos João Lyra NetoFrancisco Tadeu Barbosa de Alencar

Leda AlvesRicardo MeloBráulio Mendonça Meneses

Everardo NorõesAntônio PortelaLourival HolandaNelly Medeiros de Carvalho Pedro Américo de Farias

Marco Polo GuimarãesLuiz Arrais

Governador Vice-Governador

Secretário da Casa Civil

PresidenteDiretor de Produção e Edição

Diretor Administrativo e Financeiro

Presidente

Produção EditorialDireção de Arte

Governo do Estado de Pernambuco

Companhia Editora de Pernambuco

CONSELHO EDITORIAL

Este livro foi composto em fonte Minion Pro, corpo 15/18, miolo impresso em papel couchê fosco 150g/m2, capa em supremo 250g/m2.

Produção grá� ca Joselma Firmino de Souza / Finalização Sebastião Corrêa / Revisão Ariadne Quintella

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Luzilá Gonçalves Ferreira é professora de língua e literatura francesas, pesquisadora e escritora. Tem vários livros publicados, entre os quais Os Rios Turvos e Muito além do corpo, que receberam prêmios nacionais e No tempo frágil das horas. Ocupa a cadeira 38 da Academia Pernambucana de Letras. Mora num casarão muito antigo, com um quintal e muitas árvores. Gosta de bichos e de plantas: tem quatro cachorros, sete cabras e trinta galinhas.

Luciano Pinheiro é pintor, gravador e arquiteto, residente em Olinda-PE. Participou de várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Atua desde os anos 1960 na arte e cultura, de maneira geral, e na formação de grupos vinculados às artes plásticas, como é o caso da O�icina Guaianases de Gravura e da Brigada Portinari. É amante da natureza e interessado em todas as causas e pessoas envolvidas com a permanência da vida na terra.

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