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2004 Real Confraria da Cabra Velha

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2004

Real Confraria da Cabra Velha

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M I R A N D A D O C O R V O

R E A L C O N F R A R I A D A C A B R A V E L H A

Enquadramento histórico: a origem do nome da vila será latina: mirandus seria a atalaia correspondente à primitiva função do cabeço onde foi construído o castelo e onde hoje se vê a matriz. No início do séc. XVI apelidavam-na Miranda dapar de Coimbra e ainda dapar de Podentes. No 3º quartel desse século começou a chamar-se do Corvo, povoação ao tempo importante por se localizar na estrada real.

Dos tempos pré-históricos são conhecidos alguns vestígios. Depois, romanos, bárbaros e árabes terão deixado aqui alguns sinais da sua presença na agricultura, indústria e toponímia. Houve núcleos de povoação dispersos, explorando a agricultura e as indústrias rudimentares. Dos vestígios físicos da vila anteriores à nacionalidade, ressalva-se o Tesouro de Chão de Lamas e um Capitel Visigótico.

No ano de 1116, o castelo de Miranda foi tomado pelos sarracenos, fruto do avanço muçulmano na linha fronteiriça do Mondego. A 18 de Dezembro de 1136 os habitantes de Miranda recebiam foral de D. Afonso Henriques, depois confirmado por D. Afonso II. É também do séc. XII a data de fundação do Mosteiro beneditino de Santa Maria de Semide, na altura concelho autónomo, mas que iria ter grande preponderância na zona. Na revolução de 1383-85, o alcaide do castelo João Afonso Telo abriu as portas aos castelhanos.

No início do séc. XVIII o concelho tinha apenas duas freguesias: “a de Campello, & a do Espirito Santo do lugar de Lamas”. Semide era na altura um concelho autónomo. Rio de Vide pertencia à Lousã. Actualmente ele é constituído por cinco freguesias e respectivos patronos: a do Salvador, na vila, que é a matriz; a do Espirito Santo de Lamas, anexa desde tempos primitivos; a de S. João, de Vila Nova, desanexada da matriz em 1905; a de Santiago de Rio de Vide e a da Senhora da Assunção de Semide, integradas no concelho em 1853.

“O mayor trato desta Villa são oleyros (...)” afirma o Pe. Carvalho da Costa no início de setecentos. A indústria da olaria de barro vermelho, de remota origem, teve largo incremento nos sécs. XVI e XVII. A partir do séc. XVIII os oleiros deixaram a vila, onde de início a indústria floresceu, para se abrigarem nos arrabaldes. Coimbra era o principal centro de venda dos artefactos e como eles tinham cunho artístico, a olaria ficou conhecida como sendo da cidade e daí vem que o asado – atributo indispensável da imagem corrente da Tricana -, o cântaro, o púcaro de Coimbra,

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celebrados pelos artistas e etnógrafos, perderam a sua verdadeira origem. Os moringues, bilhas, talhas, cabaças de grande elegância são objectos identitários da nossa cultura e herança próprias.

A terceira invasão francesa trouxe novamente ao concelho algum protagonismo pela sua localização na linha estratégica de movimentação dos exércitos: parte do combate de Casal Novo, a 14 de Março de 1811, deu-se na freguesia de Lamas. As consequências da guerra foram grandes para a população pela carestia de géneros que sobreveio, pelos estragos materiais – Ney mandou incendiar a vila! - e pela grande epidemia que assolou as freguesias durante os meses seguintes.

No início do século XX a introdução do caminho de ferro veio revolucionar e desenvolver a arte artesanal da olaria transformando-a numa industria cerâmica que haveria de projectar economicamente o concelho. O comboio permitiria igualmente a mobilidade e uma aproximação à cidade do Mondego.

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O Ciclo da Cabra: os pratos gastronómicos apresentados incluem-se numa herança etnográfica que não surge por acaso, nem de um dia para o outro. Há uma lógica inerente ao seu aparecimento e à sua perpetuação no tempo, nem sempre fácil de deslindar nos difíceis rumos da História.

À justificação de base histórica, etnográfica e cultural tendente a justificar porque apareceram tais pratos no nosso concelho e região, poderíamos chamar, fundamentadamente “o ciclo da carne de cabra”, isto é, o aproveitamento quase integral de um produto, valioso em todos os tempos, mais ainda em épocas de crise, por uma população que sempre viveu com grandes dificuldades, mas que soube tirar partido daquilo que a Natureza colocou à sua disposição.

Assim, segundo apontam alguns elementos históricos e etnográficos, a Chanfana teria, eventualmente, surgido no Mosteiro de Semide, instituição religiosa pertencente actualmente à nossa freguesia de Semide, generalizando-se o seu consumo após a 3ª Invasão Francesa, apoiada numa região com tradição na produção vinícola e com uma indústria de transformação de barro ancestral.

Até finais do séc. XIX, todos os agricultores e rendeiros eram obrigados ao pagamento dos foros. Assim, o Mosteiro recebia dos moradores do seu couto, os foros a que estavam obrigados. Galinhas, vinho, azeite, dias de trabalho, cabras e ovelhas, eram formas de pagamento. Durante o mês de Agosto e até ao dia de S. Mateus, as freiras de Semide recebiam as suas «rendas».

Directamente na dependência do Mosteiro e explorado nas suas rendas e abluções pelas monjas beneditinas estava, lá mais ao alto, coroando a serra, o Santuário do Divino Senhor da Serra, de que resta documentação pelo menos desde o séc. XVII.

Muitos dos moradores, porque eram pastores, pagavam com cabras e ovelhas. Os foreiros, compreensivelmente, libertavam-se dos animais mais velhos que já não lhes davam o precioso leite, nem se reproduziam, originando novas crias. Ora, como as freiras não tinham disponibilidade nem meios para manter tão grande rebanho, descobriram uma fórmula para cozinhar e conservar a respectiva carne, aproveitando o vinho que lhes era entregue pelos rendeiros, o louro que tinham na sua quinta, bem como os alhos e demais ingredientes.

Surge, assim, a Chanfana que era religiosamente guardada, ao longo do ano, nas caves frescas do mosteiro. A carne assada no vinho mantinha-se no molho

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gorduroso solidificado, durante largos meses. Assim a receita poderá ter sido, primariamente, um processo de conservação de alimentos. É inegável, em termos históricos, a contribuição das ordens religiosos no aparecimento de muita da nossa gastronomia. Basta lembrarmo-nos da doçaria conventual.

O vinho tinto utilizado era de grande qualidade, pois só assim a carne ficaria mais tenra. Não se pode deixar de associar a utilização deste liquido ao facto do concelho de Miranda do Corvo, nomeadamente a freguesia de Lamas, onde o Mosteiro possuía inúmeros coutos, ser conhecida pela qualidade do seu vinho tinto “carrascão”, ainda hoje produzido em abundância. O vinho tinto é produzido segundo castas seleccionadas, naturalmente, desde há vários séculos.

Durante a terceira Invasão Francesa, as freiras terão divulgado esta fórmula gastronómica, devido a necessidades imperiosas da própria conjuntura histórica, concretamente, para evitar que os soldados franceses roubassem as cabras e as ovelhas da região. São por demais conhecidos para os estudiosos da História, os depoimentos deixados pelos nossos antepassados mirandenses que viveram tal período. O concelho de Miranda do Corvo e o então concelho de Semide não escaparam aos actos bárbaros então praticados: incêndios, mortes, violações, roubos.

Diz-se, então, que quando as tropas francesas circularam pela região de Miranda do Corvo, a população envenenou as águas para matar os franceses. Mas, como era necessário cozinhar a carne habitualmente consumida e, como a água estava envenenada, utilizou-se o vinho da região.

A Chanfana é um prato típico do concelho de Miranda do Corvo, de onde cremos ser originária, que se expandiu praticamente por toda a região centro onde adquiriu várias nuances. É muito apreciada e servida em bastantes restaurantes do nosso concelho. De salientar que constitui o prato «obrigatório» quando decorrem as festas religiosas anuais em Miranda do Corvo, nomeadamente pelo S. Sebastião, em Janeiro, e é ainda hoje imprescindível na ementa dos casamentos, sendo como tal também chamada “Carne de Casamento”.

Assim a gastronomia característica do concelho de Miranda do Corvo nasce com o modo de vida e criatividade das monjas do Mosteiro de Santa Maria de Semide, importante núcleo religioso e administrativo; no contexto político, social e económico da 3ª Invasão Francesa; condicionada pela presença de um complexo industrial de oleiros do barro vermelho e uma boa produção vinícola.

Numa época em que as dificuldades económicas prevaleciam na maior parte da população, tudo tinha de ser minuciosamente aproveitado. Assim, com a carne temos a Chanfana; com o molho e as sobras, a Sopa de Casamento; com as peles

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(depois de limpas e secas ao sol) faziam-se os “foles” para levar os cereais aos moinhos e o azeite às feiras.

Consta que também os Negalhos remontem a esse difícil período da época da terceira Invasão Francesa, em que as necessidades de sobrevivência e de miséria se acentuaram ainda mais. Estando a rarear a carne, porque os invasores franceses roubavam os rebanhos, a população teve de aproveitar tudo, inclusivamente as tripas dos animais cuja carne – preciosa e agora rara - utilizava na sua alimentação.

Experimentaram, então, cozinhar as tripas segundo a receita da Chanfana e terá dado resultado. Ainda hoje se confeccionam os Negalhos nas casas particulares de Miranda do Corvo e são servidos em alguns restaurantes locais. É um prato típico bastante apreciado.

Há um factor extremamente importante para o sucesso destes pratos, que se prende com as condições de cozedura. Tanto a Chanfana, como os Negalhos são cozinhados em caçoilas de barro vermelho tapadas com folhas de couve. Neste concelho desenvolveu-se uma indústria artesanal de olaria de barro vermelho de que há notícias, pelo menos, desde o séc. XVI.

O forno de lenha, elemento fundamental na cozedura da broa, é previamente aquecido e, depois de fechada a boca, deve ser vedado com barro. Como estes pratos apenas são consumidos no dia seguinte, devem ser mantidos no forno até à hora de serem servidos. Nessa altura o barro é picado para abrir a porta e a caçoila é retirada e colocada sobre as trempes junto à lareira para aquecer lentamente.

Comia-se carne apenas em épocas especiais – festas, casamentos - e os legumes plantados em pequenas hortas, a par do pão, foram, desde sempre, os alimentos de maior consumo pela população portuguesa. Como tal o aproveitamento de um produto tão precioso como a carne tinha que ser total, evitando todo e qualquer desperdício. Assim, comida a Chanfana, com o molho faz-se a “Sopa de Casamento”.

Alguma investigação feita no «terreno» prova a validade da nossa tese. Assim, interrogando algumas pessoas, já de provecta idade, a maioria já a ultrapassar os setenta, estes sublinham que estes pratos eram já conhecidos, pelo menos desde os seus avós. A Sra. Maria das Souravas questionada – de forma indirecta para não condicionar a resposta - sobre como eram os casamentos no tempo dos seus pais, responde a dado passo: “O almoço era constituído por sopa de grão de bico ou canja, CHANFANA e arroz doce.” A Dona Emília de Semide é mais taxativa referindo mesmo que: “Na ementa da boda só era utilizada carne de cabra: canja, sopa de casamento, arroz de fressura das cabras, massa guisada com carne, chanfana e negalhos.”

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Era tradição dar aos convidados o almoço no dia seguinte ao casamento, e como já não havia carne suficiente, com o molho fazia-se a dita sopa e enfeitava-se com os restantes pedaços de carne. Trata-se de um aproveitamento óptimo do molho da chanfana, que nunca é totalmente consumido. Como é muito saboroso e rico, não só em gordura mas também nos sucos de carne, seria uma pena desperdiçá-lo. Tal como a Chanfana, este prato é cozinhado em recipiente de barro vermelho para depois ir ao forno apurar. A sopa acaba por ser o fechar do ciclo de aproveitamento da cabra.

Em nenhum outro concelho se assiste a um aproveitamento total de um produto, como a cabra, traduzido em diferentes receitas gastronómicas, como aqui no concelho de Miranda do Corvo. Da cabra, começa-se por aproveitar o leite, rentabilizando-se igualmente o nascimento das suas crias. Quando esta envelhece, com a sua carne faz-se a Chanfana; com as suas tripas e bucho confeccionam-se os Negalhos, que evoluíram para petisco apreciado; com as sobras da Chanfana e o molho desta dá-se ainda lugar à confecção da Sopa de Casamento. Engenho e arte de um concelho, quase milenar, que soube fazer das dificuldades de vida, vantagens; que soube, com a sua sabedoria tirar partido do que lhe era oferecido.

O Património de uma região, seja ele de que categoria for, deve ser sempre preservado, de forma a assegurar a sua existência. Desta forma, o património gastronómico deve continuar a existir à nossa mesa, fazendo-nos recordar os seus sabores, ligando o presente ao passado e cuidando sempre para que tal herança, legada pelos nossos antepassados, nunca se perca no futuro, nem seja desvirtuada.

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RECEITAS

Pratos à base de Carne de Cabra Velha

CHANFANAIngredientes: carne de cabra velha; vinho tinto; alho; louro; sal.Confecção: corta-se a carne aos bocados, que se colocam numa caçoila de

barro. Tempera-se com sal, cabeças de alho inteiras, colorau, pimenta e louro. Cobre-se com vinho tinto. Vai ao forno de lenha, previamente aquecido. Durante o tempo em que a Chanfana está a assar, normalmente cerca de 4 horas, a boca do forno deve manter-se completamente vedada com barro. Geralmente, a Chanfana confecciona-se na véspera de ser consumida. Assim, deixa-se ficar no forno até à hora de ser servida. Nessa altura, o barro é picado para se abrir a porta do forno. Serve-se, geralmente, com batata cozida e grelos.

SOPA DE CASAMENTOIngredientes: pão; couve lombarda; carne e molho da Chanfana.Confecção: começa-se por colocar pão rijo partido aos bocados, no fundo da

caçoila, até determinada altura. Seguidamente colocam-se as couves que estiveram previamente a cozer. Estas couves, propositadamente ainda mal cozidas, são colocadas, sem escorrer, por cima do pão. Seguidamente, juntam-se os bocados de chanfana desfiados e por fim um pouco do molho da mesma. Leva-se de seguida ao forno e a sopa acabará de cozer no próprio molho.

NEGALHOS

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Ingredientes: bucho de cabra cortado aos bocados grandes; tripas e bucho de cabra cortados em bocados pequenos; vinho tinto; cabeças de alho inteiras; sal; louro.

Confecção: lavam-se bem o bucho e as tripas e deixam-se a apurar com limão e sal durante algumas horas. Dentro de cada bocado de bucho grande colocam-se bocadinhos de tripas e de bucho cortados, temperados com sal, colorau e salsa. Seguidamente faz-se uma espécie de «bola» que se fecha, atando-se com uma tripa fina ou, mais comum, cosendo-se com linha. Seguidamente os Negalhos são colocados nas caçoilas. Cobrem-se com vinho tinto, cabeças de alho inteiras, sal, colorau e louro. Vão ao forno de lenha, previamente aquecido e servem-se simples ou com batata cozida.

CHISPEIngredientes: perna da cabra; alho; sal; piri-piri em vagem ou em pó; azeite;

vinho branco; folhas de louro.Confecção: para preparar esta receita à base da perna da cabra, envolva

numa pequena tigela de barro vermelho os seguintes ingredientes: alho esmagado, sal, piri-piri em vagem ou em pó e um fio de azeite. Após isto barre a perna com o preparado. Numa pingadeira de barro coloque a peça de carne assim preparada, regando-a com vinho branco e sobre este, coloque umas folhinhas de louro seca. Vai ao forno de lenha previamente aquecido cerca de 1 hora e trinta minutos. Sirva com batatinhas assadas e grelos.

Doces Conventuais

Nabada:Ingredientes: 1,500 Kg de nabos muito tenros; sal; açúcar; 125g de miolo de

amêndoa pelado.Confecção: descasque os nabos, lave e corte em rodelas. Coza-os durante 5

minutos em água com sal. Escorra e mude as rodelas para uma tigela grande de louça. Cubra com água fria e deixe de molho durante 3 dias, mudando várias vezes a água. Escorra e ponha as rodelas num pano. Esprema bem e reduza a puré. Pese o polme obtido. Pese igual porção de açúcar e leve ao lume com 1 chávena de água. Ferva até obter uma calda em ponto de cabelo. Junte o miolo de amêndoa ralado e o polme de nabo. Ferva em lume brando, mexendo, até o doce fazer estrada. Deixe arrefecer um pouco e mude para taças. Depois de frio, tape com papel vegetal humedecido em aguardente.

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Súplicas:Ingredientes: 4 ovos inteiros + 8 gemas; 400g de açúcar; 500g de farinha; 1

colher de sopa de canela; raspa de casca de 1 limão grande.Confecção: Batam-se os ovos inteiros e as gemas com o açúcar até estar bem

branco. Junte-se a canela, a raspa do limão e a farinha. Misture-se bem e cozam-se as súplicas no forno em forminhas de queques untadas e polvilhadas com farinha.

* * *

Arroz Doce: não constituindo uma especialidade exclusiva da região, é sobremesa obrigatória nas bodas de baptizado e casamento. Algumas semanas antes da cerimónia de casamento e num ritual hoje perdido, o arroz doce era oferecido aos familiares e amigos como cartão de participação e convite. Geralmente entregue pelas noivas, as travessas eram transportadas em tabuleiros ou açafates cobertos com belos panos de linho confeccionados nos teares da região. Ao fazerem a devolução das travessas, os convidados entregavam também os seus presentes de casamento. O arroz doce tradicional desta região deve ficar bastante consistente e, para ser servido, é cortado com uma faca. Talvez porque, assim, se podia distribuir mais facilmente por todos quantos, não sendo convidados, apareciam no dia da cerimónia à porta dos noivos

Ingredientes: 250 g de arroz; 1 l de leite; 300 g de açúcar; 1 limão; canela em pó.

Confecção: coze-se o arroz em água com umas pedrinhas de sal. Coloca-se o leite ao lume com o açúcar e a casca de limão cortada fininha e, logo que o arroz esteja a meio da cozedura, deita-se sobre ele o leite, que também deve estar a ferver. Deixa-se cozer bem e serve-se em travessas polvilhado de canela.

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Corpos Sociais

A Real Confraria da Cabra Velha vem homenagear a nobreza da gastronomia Mirandense, assente na carne de cabra velha criada em pastos do domínio eclesiástico, confeccionada pelas monjas do Mosteiro Beneditino de Santa Maria de Semide, em caçoila de barro vermelho das olarias do Carapinhal, num regime conjuntural marcado pela pobreza.

A denominação dos Órgãos Sociais desta Confraria tem, pois, tudo a ver com Miranda do Corvo – suas gentes, sua história e “saber-fazer” tradicional.

Assembleia da Sagração (Assembleia Geral):Nome inspirado na Hierarquia Eclesiástica Medieval. Ordem maior, de

sacramento completo. Sagração pode advir do sagrado ou o efeito de entronar, isto é, sagrar rei.

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Cargos superiores na arte e ofício de Oleiro; figuras de prestígio na sociedade medieval. Acumulavam funções administrativas:

- Juíz de Ofício (Presidente)- Vice-Juíz (Vice-Presidente)- Escrivão (Secretário)- 1º Mestre (1ª vogal)- 2º Mestre (2ª vogal)

Assembleia das Dignidades (Direcção):Nome inspirado na Hierarquia Eclesiástica Medieval. Engloba aqueles cuja vida

digna no campo social, económico, político, etc. os destaca como mestres do saber.Categorias hierárquicas da Ordem de S. Bento. Cabe a estes organizarem e

direccionar a ordem de trabalhos no Mosteiro:- Real Decano (Presidente)- Vice-Real Decano (Vice-Presidente)- Semanário (Secretário)- Tonsurado (Tesoureiro)

Cargo típico das Confrarias:- Real Provador (Vogal)

Assembleia de Jurisdição (Conselho Fiscal):Nome inspirado na Hierarquia Medieval Eclesiástica. Detentores do poder

jurisdicional. A aplicação das normas, as infracções e a punição são o seu campo de reflexão e trabalho.

Categorias hierárquicas da Ordem de S. Bento. Funcionam como ecónomos. Responsáveis pela economia e bens do Mosteiro:

- Celeiro (Presidente)- Porteiro-Mor (1ª Vogal)- Porteiro (2ª Vogal)

Assembleia de Prestígio (Conselho de Fundadores):

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Nome inspirado na Hierarquia Medieval Eclesiástica. Também denominada como “escala de precedência”. Trata-se de um rol hierarquizado, onde todos têm direito ao seu lugar por um ou outro feito, embora de forma escalonada.

Traje: reinterpretação do traje beneditino da ordem que professou no Mosteiro de Semide, sendo no entanto a cor alterada para um tom castanho imitando o da Chanfana e generalidade dos pratos, após a sua confecção. Trata-se de uma peça única, aberta à frente, cobrindo a totalidade do tronco e dos membros e, nas costas, com um capuz característico.

Brasão: propondo como seu principal propósito a defensão das características e a divulgação de pratos tradicionais nesta região – tais como a Chanfana, os

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Negalhos e a Sopa de Casamento -, a Real Confraria da Cabra Velha tem assim definido o seu ideário num brasão com os seguintes pontos:- Sobre um monograma de Miranda do Corvo (MC), debruado a negro e com as

cores da Bandeira Portuguesa (verde e vermelho), fixa-se ao centro um medalhão de fundo azul celeste onde se nos expõe a Cabra. Velha, pois claro, se é dela que depende em boa medida a gastronomia por cá praticada. Em torno desse medalhão, uma moldura amarelo-dourado onde se inscreve a frase latina «NON VESTRA SED NOSTRA», cuja tradução no mais vernáculo português (Não vossa mas nossa) pretende marcar, pela nossa parte, uma inequívoca posição acerca da Chanfana, suas origens e seus mais fidedignos cultores.

- Na base, uma faixa, de cor ocre-velho, onde se lê o nome oficial desta nossa Confraria, nele se destacando a palavra Real, que o mesmo será dizer verdadeiro, genuíno, autêntico.

- No canto superior direito, uma folha de videira, vulgo parra, uma vez que o vinho é ingrediente indispensável em muitos dos petiscos nascidos e sublimados por aqui, e mormente nos três que são fundamento e assumido objectivo desta pretendida aproximação e convívio de confrades, quaisquer que venham a ser os seus credos futebolístico-político-religiosos, se até na proverbial e milenária filosofia chinesa se consagra que «o melhor caminho para o coração passa pelo estômago».

Pois assim seja, a bem de quantos formos, poucos ou muitos, desde que bons e sempre firmes nos opíparos intentos de bem empunhar faca e garfo, sem que o copo nos olvide nem embacie as ideias.

(Abrunheiro)

Restaurantes:

A PARREIRINHARua Dr. Rosa FalcãoTel: 239 532 312 Dia de Descanso: domingo ao almoço

ALHÊDA “CARACOL”Avenida José FalcãoTel: 239 532 335 Capacidade: 35 Pax

FIKA KETORua Dr. Rosa FalcãoTel: 239 532 234 Capacidade: 70 Pax

A TEIARua D. Afonso Henriques, 25Tel: 239 531 936 Capacidade: 250 Pax

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Dia de Descanso: Domingo Dia de Descanso: Segunda-feira ao jantarCOLHER DE PAU Rua Mota Pinto, 157 Loja ATel: 239 531 417 Capacidade: 50 PaxDia de Descanso: Terça-feira

O CANIÇOLargo Manuel Pereira Batalhão, 25Tel. 239 532 158 Capacidade: 74 PaxDia de Descanso: Quinta-feira

O GRELHADORPraça da LiberdadeTel. 239 532 075 Capacidade: 25 Pax

O TELHEIROZona IndustrialTel. 239 533 485 Dia de Descanso: Domingo

O ESPANHOLZona IndustrialTel. 239 531 053 Capacidade: 35 PaxDia de Descanso: Domingo

ZÉ PADEIRO

Rua Arménio da Costa SimõesTel. 239 532 108Capacidade: 110 Pax

O SÉCULORua Dr. Rosa FalcãoTel. 239 533 312 Capacidade: 55 PaxDia de Descanso: Segunda-feira

PARISRua da Casa do GaiatoTel. 239 531 890 Capacidade: 45 PaxDia de Descanso: Domingo ao jantar

S. MIGUELRua Dr. Fausto Lobo – Cruz BrancaTel. 239 532 202 Capacidade: 35 PaxDia de Descanso: Domingo

ARAUJORua Dr. José Carlos P. de CarvalhoTel. 239 532 156Capacidade: 20 PaxDia de Descanso: Segunda -feira

MIRANPIZZA

Rua Mota PintoTel. 239 531 526

Churrasqueira FAJUPraça da LiberdadeTel. 239 533 202Capacidade: 28 PaxDia de Descanso: Segunda -feira

Churrasqueira O RECANTORua João Paulo IITel. 239 531 922Dia de Descanso: Terça-feira

O ALENTEJANO

LamasTel: 239 531 656

O CARECACasais S. Clemente – Lamas

O CARPINTEIROMoinhos – M. do Corvo

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Tel: 239 532 221 Capacidade: 300 Pax

Tel: 239 531 291 Capacidade: 300 Pax

O FERRADORPedreira – Rio de VideTel: 239 549 362 Capacidade: 50 Pax

MIRANTE ( FORRÓ)Senhor da Serra – SemideTel: 239 542 124 Capacidade: 80 Pax

O PEDROSOSenhor da Serra – SemideTel: 239 549 438 Capacidade: 280 Pax

VARANDAS DO CEIRAEstrada da Beira – Pego NegroTel: 239 549 833 Capacidade: 400 Pax

Miranda do Corvo, 2004