edição 272 do jornal universitário de coimbra - a cabra

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26 DE MAIO DE 2015 • ANO XXIV • N.º 272 • GRATUITO DIREÇÃO RAFAELA CARVALHO E PAULO SÉRGIO SANTOS JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA acabra Comissão cumpriu o prometido e entregou um conjunto de propos- tas para a revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RA- BEEES). Cabe agora ao governo analisar o relatório que contém as 22 sugestões e seleccionar aquelas que melhor contributo oferecem para que o sistema se torne mais rápido e eficiente nos demais pro- cessos. A resposta ao relatório está reservada para o fim do mês. Regulamento aguarda decisão do governo RABEEES Os representantes da Associação Académica de Coimbra (AAC) ga- nharam três medalhas de ouro nos Campeonatos Nacionais Universi- tários Individuais concentrados. As modalidades galardoadas fo- ram o ténis, badminton e ténis de mesa. A importância do desporto universitário é caracterizada, por João Carocha, Vice-Presidente da Direção-Geral AAC, como “colossal” e afirma existir confiança para as competições futuras. Três medalhas de ouro para a AAC CNU’S 2015 O Decreto-Lei nº 30/2015 promete ser mais uma medida a causar polé- mica entre Estado, escolas e agentes educativos. A passagem de determi- nadas competências para domínio das câmaras municipais não reúne consenso e é vista como um ataque à autonomia autárquica e uma forma de diminuição de despesa. A poucas semanas do início da preparação de mais um ano letivo, são muitas as escolas que ainda desconhecem todos os pormenores deste decreto-lei. Descentralizar a gestão da educação ENSINO FEIRA CULTURAL DE COIMBRA De 30 de maio a 7 de junho, no Parque Dr. Manuel Braga, a Feira Cultural vai abarcar várias áreas da cultura, como o artesanato e a gastronomia, para além da habitual Feira do Livro. Música e teatro vão contar com espetáculos de rua PÁG. 7 PÁG. 5 PÁG. 8 PÁG. 11 Discussão Pública dos Estatutos da AAC aberta a todos os sócios até setembro PÁG. 5 Prazo teve início no dia 20 de maio e prolonga-se até 30 de setembro. A Presidente da Assembleia de Revisão dos Estatutos, Rita Andrade, promete que a publicação dos editais - que esclarecem a forma como os estudantes podem enviar as suas sugestões - terá lugar ainda durante “esta semana”. Comissários sublinham a importância da participação de todos Primeiro lugar garante subida ao Campeonato Nacional de Séniores. A um jogo de finalizar a época, a Secção de Futebol da AAC já ostenta o título de campeã da Divisão de Honra. PÁG. 9 ACADÉMICA - SF ENCONTROS INTERNACIONAIS DE JAZZ 2015 Coimbra com um festival que pretende oferecer “experiências singulares” PÁG. 6 CATARINA CARVALHO Entrar na Europa, com a força da maré Mediterrâneo PÁG. 2 E 3

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Page 1: Edição 272 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

26 DE MAIO DE 2015 • ANO XXIV • N.º 272 • GRATUITODIREÇÃO RAFAELA CARVALHO E PAULO SÉRGIO SANTOS

JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

acabra

Comissão cumpriu o prometido e entregou um conjunto de propos-tas para a revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RA-BEEES). Cabe agora ao governo analisar o relatório que contém as 22 sugestões e seleccionar aquelas que melhor contributo oferecem para que o sistema se torne mais rápido e eficiente nos demais pro-cessos. A resposta ao relatório está reservada para o fim do mês.

Regulamento aguarda decisão do governo

RABEEES

Os representantes da Associação Académica de Coimbra (AAC) ga-nharam três medalhas de ouro nos Campeonatos Nacionais Universi-tários Individuais concentrados. As modalidades galardoadas fo-ram o ténis, badminton e ténis de mesa. A importância do desporto universitário é caracterizada, por João Carocha, Vice-Presidente da Direção-Geral AAC, como “colossal” e afirma existir confiança para as competições futuras.

Três medalhas de ouro para a AAC

CNU’S 2015

O Decreto-Lei nº 30/2015 promete ser mais uma medida a causar polé-mica entre Estado, escolas e agentes educativos. A passagem de determi-nadas competências para domínio das câmaras municipais não reúne consenso e é vista como um ataque à autonomia autárquica e uma forma de diminuição de despesa. A poucas semanas do início da preparação de mais um ano letivo, são muitas as escolas que ainda desconhecem todos os pormenores deste decreto-lei.

Descentralizar a gestão da educação

ENSINO

FEIRA CULTURAL DE COIMBRADe 30 de maio a 7 de junho, no Parque Dr. Manuel Braga, a Feira Cultural vai abarcar várias áreas da cultura, comoo artesanato e a gastronomia, para além da habitual Feira do Livro. Música e teatro vão contar com espetáculos de rua PÁG. 7

PÁG. 5 PÁG. 8 PÁG. 11

Discussão Pública dos Estatutos da AAC aberta a

todos os sócios até setembro

PÁG. 5

Prazo teve início no dia 20 de maio e prolonga-se até 30 de setembro. A Presidente da Assembleia de Revisão dos Estatutos, Rita Andrade, promete que a publicação dos editais - que esclarecem a forma como os estudantes podem enviar as suas sugestões - terá lugar ainda durante “esta semana”.

Comissários sublinham a importância da participação de todos

Primeiro lugar garante subida ao Campeonato Nacional de Séniores. A um jogo de finalizar a época, a Secção de Futebol da AAC já ostenta o título de campeã da Divisão de Honra.PÁG. 9

ACADÉMICA - SF

ENCONTROS INTERNACIONAIS DE JAZZ 2015Coimbra com um festival que pretende oferecer “experiências singulares”PÁG. 6

CATARINA CARVALHO

Entrar na Europa, com a força da maré

Mediterrâneo

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2 | a cabra | 26 de maio de 2015 | Terça-feira

DESTAQUE

Quando a balsa se aproxima,

ergue-se a Europa

As travessias do mar Mediterrâneo levadas a cabo por imigrantes ilegais não são novidade, são cíclicas ao longo da história. A questão prende-se na atualidade com

a resposta que a União Europeia oferece ao problema, enquanto milhares de pessoas chegam às suas costas. Por João Neves e Camila Vidal

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26 de maio de 2015 | Terça-feira | a cabra | 3

DESTAQUE

O mar Mediterrâneo foi pal-co, em 2014, da travessia de cerca de 220 mil imigran-

tes. A maioria das pessoas parte em embarcações rudimentares sem quaisquer garantias de segurança. O principal ponto de partida é Tripo-li, na Líbia, cidade costeira onde se reúnem populações de vários pontos dos continentes africano e asiático. De acordo com Daniela Nascimento, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC), os migrantes provêm de países como “Mali, Eritreia, Gâmbia, Tunísia ou Síria”.

O problema não é recente mas, segundo a investigadora, acentuou--se desde 2011 com o aumento da instabilidade política nos países de origem das populações migrantes. A “Primavera Árabe” agudizou “muitos conflitos internos dos países africa-nos”, que resultaram em confrontos armados, como é o caso das guerras civis na Líbia ou Síria. O principal país de embarque, a Líbia, “foi ini-cialmente país de destino final” para muitos migrantes. Porém, é agora ponto de partida, pelo agravar dos conflitos civis, e “continuará pro-vavelmente a sustentar estes fluxos massivos de migrantes para a Eu-ropa”, remata Daniela Nascimento.

“A crise no Mediterrâneo é de toda a gente” foi o argumento em discus-são ontem, 25 de maio, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV).

Soluções para um problema antigoSão cada vez mais frequentes as no-tícias de naufrágios no mar Medi-terrâneo. Para tentar prevenir estas situações, a União Europeia (UE) canalizou fundos comunitários no sentido de “reforçar a dimensão se-curitária e controlar os barcos que

procuram chegar a terra”, esclarece Daniela Nascimento. José Manuel Pureza, professor de Relações In-ternacionais e investigador do CES, acredita que se deve olhar para a solução de um ponto de vista huma-nitário e “com uma ótica de busca e salvamento, algo que não está a ser feito neste momento”. O profes-sor reforça que se “deve garantir a segurança mínima das pessoas” e sugere uma “medida mais a prazo”, que passa pelo “equacionar do aco-lhimento destas populações”. Por último, José Manuel Pureza reforça que se deve “passar a encarar estes fluxos migratórios na perspetiva do direito das pessoas à migração e não do ponto de vista do medo da invasão ou destruição de postos de trabalho”.

Daniela Nascimento considera que a solução só pode ser concre-tizada depois do reconhecimento pleno dos problemas que estão na origem do êxodo - “pobreza, subde-senvolvimento, conflitos violentos e instabilidade política”. Isto “não se combate com mais dinheiro, não se faz de um dia para o outro”.

As medidas apresentadas pelo quadro comunitário para a preven-ção deste fenómeno passam, em primeiro lugar, pela monitorização militar, como é o caso do reforço das verbas para a agência de patrulha-mento Frontex, e pelo combate às redes de tráfico, que controlam mui-tas destas travessias. “Os governos europeus têm uma postura defensiva e têm-se mostrado extraordinaria-mente fechados e cínicos”, refere José Manuel Pureza, que critica a “pequenez das operações montadas para salvar as pessoas de naufra-garem”.

O cenário que espera estas pessoas não é o mais favorável. Quando che-gam à Europa, “há centros de acolhi-

mento, mas na verdade são centros de detenção”, refere a especialista em populações refugiadas, Lisa Matos. Acrescenta que “há, efetivamente, uma Europa de fortaleza, que pri-vilegia a livre circulação dentro da UE, mas que não facilita a cedência de vistos de trabalho para as outras comunidades”.

Na ótica de José Manuel Pureza, os problemas que existem na UE são olhados com “miopia estratégica”. O professor defende que “a vinda de imigrantes” devia ser vista como “parte da solução e não parte do pro-blema”. Uma política de acolhimento é positiva do “ponto de vista laboral, da Segurança Social, recolha de im-postos e interculturalidade” para o país que receba estas comunidades, reforça.

Em Itália, um dos países mais afetados pelos fluxos migratórios, implementou-se uma operação co-nhecida por “Mare Nostrum”, que pretendia salvar os imigrantes e deter os traficantes. Contudo, o progra-ma foi suspenso por “pressões dos principais países da UE”, critica José Manuel Pureza. De acordo com o professor, essas pressões vieram, “designadamente, do Reino Unido e da Alemanha”. “A Europa, que foi um território de imigração, tem vin-do a negar-se a si própria”, remata.

O desespero “dos soldados da vida”Há que fazer a distinção entre as po-pulações de migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo ilegal-mente. De acordo com Lisa Matos, há dois tipos de migrantes: os força-dos e os económicos. Os migrantes forçados abandonam os seus países para fugir a conflitos armados ou a repressões políticas, raciais ou reli-giosas e, por vezes, é-lhes atribuído

o estatuto de refugiados. Por sua vez, os migrantes económicos deixam as terras natais em busca de melhores condições de vida e veem a Europa como a melhor alternativa.

Nas duas esferas de migração, há pessoas a arriscar a vida e, nas pala-vras de um estudante sírio, que pre-fere não ser identificado pelo nome, chegam a pagar “cerca de dez mil euros para poderem fazer a travessia do Mediterrâneo”, sem saberem se alguma vez mais verão terra firme.

Apesar de não se incluir entre os migrantes que atravessam de barco o Mediterrâneo, o estudante aban-donou o país quando os conflitos armados já estavam a assolar a sua cidade natal, porque “já não havia lá futuro”. Antes da guerra, a vida na Síria “era boa” e as populações viviam sem repressão. “Não era um país totalmente democrático mas havia paz”, sustenta o estudante. “Vivia numa cidade controlada pelo governo, não pelos rebeldes, mas as condições não eram as melhores: não havia água nem luz”, remata. Como este estudante, milhões de pessoas abandonaram a Síria em busca de paz e de melhores condições de vida. De acordo com José Manuel Pureza, a Turquia, o Líbano e a Jordânia “aco-lhem, neste momento, 3,6 milhões de pessoas fugidas da guerra na Síria”.

“Soldados da vida”. É assim que o dirigente da SOS Racismo, o senega-lês Mamadou Ba, chama a quem faz a travessia. “Eles estão a procurar a Europa para viverem melhor” e “se a Europa acha que as pessoas não po-dem aspirar a isso, os próprios alicer-ces do regime estão violentados”. O dirigente considera que a justificação para uma “apatia social e cultural” em relação à crise no Mediterrâneo está no racismo: “as sociedades eu-ropeias olham para os outros como

não humanos”. O senegalês aponta a “relação colonial” que a Europa tem com outros países, porque “ainda não fez a sua catarse histórica”.

Para Mamadou Ba, “não haverá nenhum arame farpado, nenhum muro, nenhum bombardeamento ou política militar que estanque o desejo que as pessoas têm de viver”.

O caso portuguêsPortugal não faz parte das principais rotas de migração. Ainda assim, o país acolhe, todos os anos, algumas centenas de migrantes com o estatuto de refugiado. O Conselho Português para os Refugiados (CPR) trabalha em colaboração direta com o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, o português António Guterres.

Com o novo sistema de redistri-buição de refugiados, proposto pela Comissão Europeia, Portugal poderá vir a receber 704 pessoas. Lisa Matos considera que esta quota é apropria-da e um número “completável” para Portugal. Esta medida pretende tirar pressão de países como a Alema-nha ou a Suécia, que recebem por ano dezenas de milhares de pedidos de asilo. Em Portugal o número de solicitações deste tipo em 2014 foi 440, um valor “ irrisório”, segundo a especialista, quando em Espanha é de 5600.

José Manuel Pureza critica a postura do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que afir-mou a 18 de maio, à saída da reunião conjunta de chefes da diplomacia e de ministros da defesa da UE em Bruxelas, ser “um esforço muito grande” para Portugal acolher os 704 refugiados. Para o professor, esta atitude reflete “o espírito com que o governo e a UE equacionam este problema.”

O problema da migração ilegal não é exclusivo do mar Mediterrâneo ou da Europa e há, pelo mundo fora, inúmeros casos de pessoas que põem a vida em risco para tentar encon-trar melhores condições de vida. Os Estados Unidos da América (EUA), pelas condições sociais e económicas, atraem, por ano, milhares de emigrantes vindos de todo o mundo. Uma grande parte deles submete-se a situações semelhantes às do Mediterrâneo: viajam em embarcações inseguras desde Cuba e atravessam o Golfo do México em direção aos estados do sudeste dos EUA, como a Flórida. Lisa Matos, especialista em populações refugiadas, explica que os migrantes cubanos “têm uma relação privilegiada com os EUA”. Os cidadãos cubanos que deem à costa norte-americana gozam de “um processo de cidadania muito mais rápido e fácil do que qualquer outro imigrante”, acrescenta a especialista.

Há outra rota privilegiada pelos migrantes da América Central: a fronteira sul do país pela facilidade de acesso. De acordo com Lisa Matos, as populações saem “principalmente da Guatemala, El Salvador e Honduras” e atravessam os desertos dos estados do sul como o Texas, Arizona ou Novo México. Este trajeto também é perigoso e o número de mortos está a aumentar, defende a especialista. As medidas de prevenção dos EUA passam por controlar as fronteiras e deportar qualquer cidadão que seja detido a fazer a travessia. Quando os migrantes chegam a solo norte-americano “entregam-se de imediato às autoridades para serem acolhidos e integrados” nos EUA, argumenta Lisa Matos. Nesta travessia, a “ideia geral é que todos os migrantes procuram uma vida melhor”, sustenta a especialista. No entanto, Lisa Matos cita um estudo que fez quando trabalhou nos EUA, para defender que a maioria das populações imigra “para fugir de violência entre gangues nos países da América Central”.

Do outro lado do planeta, a Austrália também combate um problema de migração ilegal. Desde 2009, o país intercetou cerca de 50 mil pessoas que procuravam asilo. De acordo com Jared Owens, jornalista do periódico australiano The Australian, o jornal mais vendido no país insular, a maior parte dos imigrantes é originário do Afeganistão, Paquistão, Sri Lanka e Iraque, mas embarca na Indonésia, em direção à Ilha Natal, um território australiano a 350 quilómetros de Java. Em 2013, o governo australiano tentou combater o problema ao deixar de acolher qualquer migrante e enviando de volta qualquer embarcação ilegal. Isto fez com que o número de migrantes “baixasse instantaneamente”, refere Jared Owens. Contudo, o jornalista sustenta que as organizações de proteção de refugiados defendem que “parar e enviar os barcos de volta não fez com que as mortes parassem”. Em vez disso, “só fez com que as rotas se alterassem” e deixassem de incluir a Austrália.

POLÍTICAS DE IMIGRAÇÃO PELO MUNDO

“As sociedades europeias olham para os outros como não humanos”

MAMADOU BA, DIRIGENTE DA SOS RACISMO

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4 | a cabra | 26 de maio de 2015 | Terça-feira

ENSINO SUPERIOR

Avolta ao Mundo em

Num contexto de crescen-te globalização, é cada vez maior a frequência de pro-

gramas de mobilidade. As questões de enriquecimento do currículo e de valorização pessoal estão no cerne da procura de experiências inter-nacionais. “É algo atraente para as entidades empregadoras, vê-se que o estudante teve iniciativa e espírito de abertura e conseguiu assumir o risco”, explica o vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC) para as Relações Internacionais e Mobilidade, Joaquim Ramos de Carvalho.

Pontos a favor na experiência pro-fissional são um dos principais moti-vos que levam os interessados a procu-rar um programa de mobilidade. “As pessoas entendem cada vez mais que vivem num mundo global e que têm de ter todas as opções em aberto relativa-mente à sua vida futura”, acrescenta o vice-reitor. Em consonância, Claudino Ferreira, investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da UC, afirma que os participantes retiram “muitas vantagens do ponto de vista profissio-nal, sobretudo no acesso ao emprego e na acumulação de competências”.

O cultivo de uma vivência pessoal engrandecedora constitui outro fator impulsionador da inscrição em proje-tos desta natureza. Para o Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra

(IPC), Rui Antunes, a promoção do contacto com outras “identidades nacionais” vem atenuar “os estereó-tipos que se criam sobre cidadãos de determinados países”.

UC quer mais alunos em mobilidade Acolhido pela UC como estratégia de complemento de um ciclo de estudos avançado, está inserido na sua oferta um dos programas mais expressivos no panorama europeu - Erasmus+, resultado da aglomeração das diversas ações que até agora compunham os programas Aprendizagem ao Longo da Vida, Juventude, Tempus, Erasmus Mundus, Alfa e EduLink. Em com-paração ao modelo antigo, Joaquim Ramos de Carvalho considera que a mudança, apesar de algumas proble-máticas iniciais, “permite uma saída por ciclo de estudos e para efeitos de estágio mesmo após a licenciatura”. Uma das preocupações mostradas pela UC é a atual tendência de um saldo negativo de saídas e um elevado número de entradas, motivado pela forte atratividade que a UC exerce internacionalmente. Para inverter a situação, a UC tem realizado sessões de esclarecimento e motivação regu-lares e, esclarece o vice-reitor, tem havido uma simplificação de todo o processo burocrático envolvido, com

o objetivo de atrair a oferta.Ao mesmo tempo, existem outros

programas que permitem estudar ou trabalhar no estrangeiro e facilitam a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Estão contidos nos que oferecem estágios remunerados o programa InovContacto, Agência de Inovação (ADI), a AIESEC Out e ins-tituições e orgãos da União Europeia. Com estágios gratuitos existem o The International Association for the Ex-change of Students for Technical Ex-perience (IAESTE) e ainda o CCUSA.

Coimbra respira ErasmusO IPC acolhe durante esta semana, de 25 a 29 de maio, a edição pioneira do evento 1st ERASMUS+ Global Week, um encontro que tem como objetivo “solidificar relações do IPC com ins-tituições parceiras internacionais”, explica Neide Martinho, membro da comissão organizadora, “bem como atrair potenciais novos parceiros”.

A decisão de criar um evento des-ta natureza prende-se, para além da partilha de experiências dos docentes a nível do Ensino Superior, com um maior envolvimento dos membros do ‘staff’. Para o Presidente do IPC, estes são uma das “principais razões” pelas quais organizaram este evento, pois “são quem dá o apoio e que estão por trás de todo o tipo de mobilidade” e

é importante “conhecer como é que os parceiros internacionais se desen-volvem” nessa área de organização.

Chegam a este evento mais de 60 participantes, docentes e membros ‘staff’, oriundos de 16 países dife-rentes para representar mais de 50 instituições internacionais. As expe-tativas, para a organizadora, passam por “proporcionar oportunidades de discussão de problemáticas comuns” e acrescenta que espera que se criem “eixos de aproximação entre todas as instituições envolvidas”.

Estudantes Erasmus não podem ser Turistas 2.0Há quem tenha ido e nunca mais voltou, há quem tenha voltado e não ficou igual. Félix Ribeiro, antigo es-tudante do Mestrado de Comunica-ção e Jornalismo da UC, frequentou o programa de mobilidade Almeida Garrett e, na partilha da sua expe-riência, confessa que com este projeto se tornou “um profissional melhor”. Apesar de este programa contemplar um intercâmbio a nível nacional, Félix Ribeiro destaca duas dimensões que considera importantes na sua expe-riência: “a oportunidade de sair do contexto de estudos normal” e o aces-so a “uma aprendizagem de diferentes modelos de ensino e organização de faculdades”. O antigo estudante da

UC compartilha as vantagens que este programa espelhou na sua vida, tornando-o “mais eficaz, útil e conhe-cedor de mais temas”.

Guilherme Queiroz, antigo estudan-te da Faculdade de Medicina da UC, ingressou na aventura para Barcelo-na. Na sua opinião, quem embarca no programa Erasmus não pode ser considerado “uma espécie de turista 2.0” que “não se mistura com a di-mensão já existente, onde só se fala a língua universal inglês, onde se vai aos mesmos sítios de sempre, onde se em-barca nos programas pré-projetados das empresas que à custa disso vivem, onde se assume a conquista de um sítio sem o conhecer, à revelia dos que a ele, de facto, pertencem”.

Para Guilherme Queiroz, só na realidade internacional é que con-seguiu aprender, verdadeiramente, as práticas de qualidade na área de profissionalização. A nível pessoal, aprendeu a “ambicionar e a não ser precário” e que “as pessoas devem trabalhar para viver e não viver para trabalhar”. Para finalizar, o antigo estudante considera “importante” o conceito de mobilidade porque “colo-ca a pessoa numa outra perspetiva do mundo, a viver outro sistema, cultura e história” e obriga a pessoa mobiliza-da a criar “capacidades de socialização e de desenrascanço”, conclui.

ECTS

Das experiências de quem foi, às oportunidades oferecidas a quem ambiciona ir. Coimbra exerce um papel importante no intercâmbio de estudantes pelo mundo fora, mas o saldo, em termos de quem sai, é negativo. Decorre, durante esta semana, um evento para a consolidação de parcerias internacionais. Por Margarida Mota e Sandro Raimundo

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26 de maio de 2015 | Terça-feira | a cabra | 5

ENSINO SUPERIOR

Discussão pública até final de setembro

Após a criação das cinco comissões especializadas, existem já algumas ideias concertadas. A discussão pública arrancou a 20 de maio, mas sócios ainda não podem participar

O período de discussão pública de-finido pela Assembleia de Revisão dos Estatutos da Associação Académica de Coimbra (ARE/AAC) teve início a 20 de maio e estende-se até 30 de setembro de 2015. Até lá, todas as propostas e sugestões enviadas por sócios, efetivos e não efetivos da asso-ciação académica, serão apresentadas

a plenário e discutidas.No entanto, apesar de constar em

Regimento Interno da ARE que a publicitação do período de discus-são deve ser feita “através dos meios de comunicação social, dos Núcleos de Estudantes, da publicação no site oficial da AAC e da afixação de edital na porta do edifício da AAC e nos lo-cais de estilo das faculdades”, até ao momento ainda não é possível aos sócios enviar as suas propostas de alteração. Segundo a Presidente da Mesa do Plenário da ARE, Rita An-drade, ainda faltam agilizar alguns pormenores como a criação de um email para recepção das sugestões. Porém, a presidente garante que a informação será afixada nos locais estipulados “ainda esta semana”.

Luís Lobo, relator da comissão de Generalidades, Sócios, ARE e Disposi-ções transitórias, apela a que os sócios “leiam os estatutos e façam chegar

propostas”, pois a participação de to-dos é “muito importante”. Já Flávio Tribuna, relator da comissão de Elei-ções, admite que as suas expectativas não são positivas e prevê pouca par-ticipação por parte da generalidade dos estudantes. Ainda assim, promete “procurar sempre entrar em contacto com os estudantes e ser porta-voz das suas opiniões”.

No segundo plenário da ARE, rea-lizado no dia 18, foi estabelecida a criação de cinco comissões especia-lizadas. Cabe a estas a elaboração de sumários fundamentados, sobre as suas áreas de competência, que serão posteriormente remetidos a plenário para serem submetidos a aprovação.

As comissões são constituídas por um mínimo de cinco delegados, sendo um deles o relator - que preside as reuniões e elabora os sumários fun-damentados - e outro que tem como função ser o secretário da comissão e

ao qual compete elaborar as atas. As comissões estão divididas por áreas especializadas: Generalidades, Sócios, ARE, Disposições transitórias; Órgãos e Estruturas; Núcleos; Secções e Quei-ma das Fitas; e, por último, Eleições.

Comissões empenhadasApesar de ainda não terem reunido, há comissões que já têm ideias pron-tas a apresentar. João André Olivei-ra, relator da comissão das Secções e Queima das Fitas, apresenta algumas propostas concretas em matéria de secções. “Tenho intenção de perce-ber como é que se pode melhorar a nível de funcionamento interno”, ex-plica João André Oliveira, que após ter travado diálogo com as secções culturais soube que muitas “têm di-ficuldade em garantir o número de sócios efectivos que são necessários para as direcções”. Na sua opinião é, portanto, necessário “estudar se se

poderá reduzir a percentagem” atual-mente instituída. Para Luís Lobo, a sua comissão vai ter como ponto mais importante a “discussão dos proce-dimentos sancionatórios”, em que estão presentes também as sanções do Conselho Fiscal. João André Oliveira, considera neste mesmo ponto, que existe muita coisa que pode ser feita e faz questão de “estar envolvido na discussão”. Flávio Tribuna, também membro do Conselho Fiscal, acredita que a sua experiência possa valer no exercício das suas funções.

Quanto ao trabalho a realizar a ní-vel dos núcleos de estudantes, Ber-nardo Nogueira, relator da comissão responsável,diz que “há vários proce-dimentos nos núcleos que têm de ser alterados”, remata sem entrar em por-menores. Para João André Oliveira, a estratégia de ir ao encontro dos sócios “é fundamental para a compreensão da realidade dos seus problemas”.

Sandro Raimundo

Propostas dos estudantes foram destacadas pelo governo, mas não é certo que o regulamento seja aprovado até ao fim do mês, como definia o prazo inicialmente avançado

O trabalho da comissão de revisão do Regulamento de Atribuição de Bol-sas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RABEEES), terminou a 30 de abril, quando as suas propostas foram apresentadas ao governo, do qual se espera agora uma resposta.

Como tem vindo a ser noticiado em

edições anteriores do Jornal A Cabra, a proposta de revisão partiu de uma co-missão composta por representantes de várias entidades. Entre essas enti-dades estão o gabinete do Secretário de Estado do Ensino Superior, o Con-selho de Reitores das Universidades Portuguesas, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, a Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado, a Direção Geral do Ensino Superior (DGES) e o movi-mento associativo estudantil.

Apesar de ainda não ter apresentado uma decisão oficial sobre as 22 propos-tas, o governo destacou já algumas de-las, entre as quais o aumento do limiar de elegibilidade, que alarga o universo de candidatos abrangidos, e a exigên-cia da realização de 36 ECTS, ao invés de 60 por cento dos créditos em que o estudante está inscrito, para que quem se inscreve a mais do que 60 ECTS –

o valor mínimo por ano – não seja prejudicado. As restantes propostas destacadas passaram, também, pelo aumento do número de prestações de alojamento, pela disponibilização, no site da DGES, dos principais mo-tivos de indeferimento de pedidos de bolsas e pela estabilização de um dia fixo para o pagamento destes apoios aos estudantes.

Muitas destas propostas, segundo indica o presidente da Federação Aca-démica do Porto Daniel Freitas, foram apresentadas no Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA) antes de serem expostas na Comissão de Revisão do RABEEES. O estudante considera importante que as propos-tas destacadas pelo governo tenham ido ao encontro do que o movimento associativo estudantil havia sugerido, também porque “muitas estavam em concordância com as questões apre-

sentadas pelas outras entidades”, assegura.

Contudo, o trabalho da Comissão pautou-se também pela negociação de opções que cumprissem o despacho da própria comissão. Isto porque “ela à partida estava condicionada pelo aumento não muito significativo da despesa do Estado”, explica o pre-sidente da Federação Nacional de Associação de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP) Da-niel Monteiro, razão pela qual “não se cumpriram todos os objectivos”. “Nós propunhamos substituir a con-tabilização dos rendimentos brutos do agregado familiar pelos rendimentos líquidos” – continua Daniel Monteiro -, mas tal não foi possível. Ainda assim, com as medidas propostas, “a despesa do Estado irá sofrer um aumento na ordem dos cinco ou seis milhões de euros” ao introduzir aproximadamen-

te 5000 novos estudantes no sistema de ação social.

Também o presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) Bruno Matias, indica algumas alterações propostas no ENDA que a AAC apoiou. Uma delas passava pela redução do apro-veitamento escolar mínimo para “50 por cento no primeiro ano, que é onde existe maior insucesso”. O presidente da DG/AAC reforça ainda a impor-tância do aumento do financiamento para a ação social, que contribuiu para um balanço “não extraordinário, mas positivo” da alteração do RABEEES.

O objetivo da comissão era o de que o novo regulamento fosse apresentado rapidamente, visto que estas altera-ções serão introduzidas já no próximo ano lectivo. Todavia, ainda não é certo que o novo RABEEES seja apresentado antes do fim do mês de maio.

Revisão do regulamento de bolsas espera veredito do governo

Vasco Sampaio

RAFAELA CARVALHO

ASSEMBLEIA DE REVISÃO DOS ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA

Page 6: Edição 272 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

Plataforma digital pretende arquivar espólio disperso acerca das repúblicas de Coimbra. O principal objetivo é preservar a memória, mas também mostrar um pouco mais do seu passado e presente

O Projecto R consiste num arquivo digital da história das repúblicas de Coimbra. Nuno Miguel Neves, fun-dador do projeto, descreve-o como uma “reunião numa mesma platafor-ma de toda a informação acerca das repúblicas, que se encontra fragmen-tada”. Esta dispersão de informação foi um dos motores do projeto. Ao ler acerca das repúblicas, entre livros e documentos, Mário André Carvalhal, arquiteto e cofundador do projeto, apercebeu-se que “o grosso da in-formação estava espalhada ou ina-cessível” e que “alguns documentos citavam umas fontes, outros citavam outras”. Assim, tornou-se necessário aglomerar toda esta informação numa só plataforma.

Para os fundadores, existem vários objetivos com a criação desta plata-forma. Dada a antiguidade de alguns arquivos das repúblicas, torna-se ne-cessário “preservá-los para que não se percam”, segundo Nuno Miguel Neves. Até porque, de acordo com Má-rio André Carvalhal, trata-se de “um património imaterial”. No entanto, o Projecto R não se faz só de história,

com a atualidade a assumir também um caráter premente. “É uma pre-servação necessária, dadas algumas ameaças que neste momento existem contra as repúblicas, nomeadamente o novo regime da lei do arrendamento urbano”, declara Nuno Miguel Neves. O facto de existirem repúblicas em vias de extinção, como a República da Praça, confere um cariz de urgência na preservação de “algumas memórias antes que elas desapareçam”, afirma o fundador. O projeto também pretende, segundo Nuno Miguel Neves, ser “uma outra forma de ter as casas abertas ao público, de convidar as pessoas a irem até às repúblicas e a conhecerem a sua história, passado e presente”.

Ao encontro das repúblicas O arquivo digital das repúblicas insere-se na XVII Semana Cultural da Universidade de Coimbra. Acerca disto, Nuno Miguel Neves afirma que “o projeto é, de facto, o encontro de muitas coisas”, o que o interliga ao tema da presente edição da Semana Cultural: “Tempo de Encontro(s)”. O fundador acrescenta que “é um en-contro das repúblicas com a cidade e com o mundo”, através do digital, mas também das repúblicas “com a sua própria história”.

O avanço do projeto apresentou algumas dificuldades, como alguns artigos que não se encontravam iden-tificados de maneira correta. No caso

de fotografias sem data, uma situação comum, Mário Carvalhal afirma que nessas situações é necessário “tentar perceber quem está na fotografia” e “em quantas fotografias datadas é que as pessoas aparecem”. O arquiteto ex-plica que tenta estabelecer-se o “in-tervalo temporal de cada elemento”, para que assim os objetos lançados na plataforma sejam percetíveis. Outra questão prende-se com os “graus de conservação e organização” dos arti-gos, refere. Apesar de indispensável, Mário Carvalhal admite ser “necessá-rio ter algum tempo para começar a relacionar artigos”.

Quanto à organização dos arqui-vos históricos que se encontram nas

repúblicas, Cláudia Tirone, membro da Real República Prá-Kys-Tão, uma das repúblicas incluída no projeto, acredita que a iniciativa é uma forma de “incentivar as casas a pegar em todo o espólio que têm” e “organizá--lo pela primeira vez”. Outra vanta-gem é a criação de “uma plataforma em que se pode realmente mostrar a história das repúblicas e dar uma dimensão histórica” aos eventos rea-lizados pelas repúblicas ao longo do tempo, acrescenta.

Até ao fecho da presente edição não foi possível entrar em contacto com nenhum membro da Real República Rás Te Parta, também inserida na ini-ciativa Projecto R.

6 | a cabra | 26 de maio de 2015 | Terça-feira

CULTURA

O festival Encontros Internacionais de Jazz volta a mostrar em Coimbra que o estilo ainda efervesce,quer demarcar-se pela diferença e atrair novos públicos

De 28 a 31 de maio, o jazz sai à rua. O festival Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, organizado pelo Jazz ao Centro Clube (JACC), realiza a sua 13ª edição.

A linha seguida este ano não di-fere das anteriores mas pretende “mostrar o festival e o JACC a mui-

tas pessoas que o desconhecem na cidade”, defende o diretor do JACC, José Miguel Pereira.

Os artistas vão “passear” um pou-co por toda a cidade, numa tentativa de aproximar o público ao jazz e ao património histórico. O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e o Museu Nacional Machado de Castro são dois exemplos de espaços onde vai ser possível ouvir novos sons produ-zidos através desta matéria-prima. “Proporcionar experiências singula-res em locais muito ricos da cidade” é um fator de atração, refere José Miguel Pereira.

Hernâni Faustino, contrabaixis-ta e amigo de longa data do JACC, assegura que é visível um “lado fes-tivaleiro, no verdadeiro sentido da palavra”, que não existe noutro sítio. O músico atua sábado com o grupo Elliot Levin’s Lisbon Connection na

Casa das Artes Bissaya Barreto. O talento português está na ribal-

ta, em noites que “prometem ser for-tíssimas”, afirma o diretor. Destaca--se o quarteto de Mário Barreiros, no Salão Brazil, e o lançamento do disco da trompetista Susana Santos Silva ,no Teatro Académico Gil Vicente.

Nas palavras do diretor, o festival “permitiu que uma série de pessoas se unisse em torno do jazz, com o objetivo de o promover e divulgar”, o que deu origem ao JACC. Ao longo de 12 anos de JACC e 13 edições do evento, esta continua a ser a prin-cipal meta. Este ano é esperado um “acréscimo de pelo menos dez por cento” de visitantes, revela.

Fruto desta associação, destaca-se a editora JACC Records que vai lan-çar três discos no decorrer do festival e gravar as noites de sexta e sábado para uma futura edição discográfica.

Nas palavras do diretor, pretende-se apresentar o jazz como uma “música viva, sem grandes artifícios”.

Desde a primeira edição do evento que o JACC propõe artistas que se distinguem pela novidade e frescura. “A escolha de não trazer os grandes nomes é consciente”, refere o diretor. Este garante que o festival mantém um “lugar de destaque”, tendo em conta o orçamento de 25 mil euros, inferior a outros eventos nacionais de maior dimensão e com uma “abordagem e estética semelhantes”.

O diretor deixa ainda um alerta para a “enorme dificuldade em mos-trar trabalhos ao vivo”, advogando que a procura é pouca e que não há espaço para o jazz nos ‘media’. “A música é cada vez melhor e há cada vez mais músicos a compor e tocar muito bem” sem ter “visibilidade”, conclui o diretor.

Percorrer a memória das repúblicas para perpetuar a sua história

O jazz ainda é vivo e não tem nada a esconder

A INICIATIVA É UMA FORMA DE “INCENTIVAR AS CASAS A PEGAR EM TODO O ESPÓLIO QUE TÊM” E A “ORGANIZÁ-LO”, AFIRMA CLÁUDIA TIRONE DA REPÚBLICA PRÁ-KYS-TÃO

Sofia Lima

RAFAELA CARVALHO

Cátia CavaleiroInês Duarte

RAFAELA CARVALHO

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26 de maio de 2015 | Terça-feira | a cabra | 7

CULTURA

A Feira Cultural de 2015 reflete várias áreas culturais e engloba também a Feira do Livro. Críticas apontam falta de espaço adequado e o público do evento ser “desmotivado para o livro”

A segunda edição da Feira Cultural de Coimbra inicia-se no próximo dia 30 de maio e prolonga-se até 7 de junho. Uma iniciativa que aglomera várias valências culturais, como arte-sanato, música e gastronomia; a estas artes junta-se ainda a Feira do Livro.

Para a vereadora da cultura da Câ-mara Municipal de Coimbra (CMC),

Carina Gomes, a Feira Cultural “é sobretudo uma nova forma de en-carar um evento que não estava a ser suficientemente aproveitado em Coimbra”, a Feira do Livro. Carina Gomes afirma que é “uma nova for-ma de encarar o livro, a leitura, a sua promoção e gosto”, ao mesmo tempo que se adiciona “uma série de outros fatores de atração”.

Em contrapartida, Elsa Ligeiro, responsável pela editora Alma Azul, declara que “aglutinar a Feira do Li-vro a uma feira desta dimensão, de artesanato e de comes e bebes, é o pior que podem fazer para a realização e revitalização do livro em Coimbra”. “A Feira do Livro deve ser fomentada como um espaço agradável, em que as pessoas vão desfrutar de algum tempo de lazer, mas é uma coisa sé-ria”, afirma a responsável pela Alma Azul. Elsa Ligeiro acrescenta ainda que a junção da Feira do Livro com outras valências culturais “pode tra-

zer mais público, mas será um público completamente desmotivado para a leitura e sobretudo sem condições, sem espaço físico para que essa re-lação com os livros se processe da melhor das maneiras”. No entanto, Carina Gomes considera que é “com-pletamente falso que, por estarem outras valências, o público dos livros deixe de ir aos livros”. A vereadora da cultura refere ainda que “talvez haja mais pessoas que, só havendo o livro, não iriam”, até porque “o número de expositores da área do livro aumentou significativamente”.

Poesia “à lá carte” e músicas religiosas Para além dos expositores de livros da editora Alma Azul, a Feira Cultural conta ainda, entre outras participa-ções, com a presença da Cooperativa Bonifrates e do Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC). João Maria André, diretor

da Bonifrates, revela que vão “an-dar no espaço público do Parque Dr. Manuel Braga com duas estantes--carrinho cheias de poemas”, uns para adultos, outros para crianças, uma iniciativa chamada Feira dos Poetas. Quem se cruze com a iniciativa poderá escolher um poema e um ator da Bo-nifrates recita-o. “Poesia ‘à lá carte’”, como lhe chama João Maria André. O diretor da Bonifrates confessa estar convencido de que vai ser uma ma-neira “de trazer a poesia para a praça pública de uma forma muito pessoal e muito personalizada”. Já o GEFAC vai apresentar “músicas de cariz religioso identitárias de vários pontos do país”, diz Alexandre Barros, coordenador da Tocata. Acerca do evento em si, João Maria André diz que se deve olhar para a iniciativa “com todo o apreço” e congratular-se por se conseguir rea-lizar o evento em si e “envolver tantos agentes culturais”.

Com Vasco Sampaio

Inês Duarte

O grupo da Faculdade de Letras recria “As Rãs” de Aristófanes numa peça que conta a história de dois poetas através de humor e crítica social

O Teatro Académico Gil Vicente abre as cortinas para a peça de teatro “As Rãs” de Aristófanes, no dia 16 de junho. Encenada pela Associação Cul-

tural Thíasos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), esta é uma peça em que, segundo Ri-cardo Acácio, encenador do espetácu-lo, “rir é quase obrigatório”.

Na peça, Dionísio, o deus do vinho, decide ir ao Inferno resgatar o tra-gediógrafo Eurípedes porque pensa que não há poetas trágicos tão bons quanto ele. Contudo, “acontece uma série de peripécias” quando este decide disfarçar-se de “um Hércules gordo, de boxers e a beber um jarro de vinho“, afirma o encenador, o que desconstrói quase por completo a imagem que as pessoas têm do herói grego. Entretan-to, num plano ao lado e quase abafadas

pelos vários personagens em palco, “As Rãs” cantam durante toda a peça.

Entre discussões e gargalhadas, a crítica também tem o seu protagonis-mo. Iolanda Mendes, presidente do Thíasos, conta que há questões quoti-dianas que se conseguem ver na peça e associar ao “que se está a passar no país”. O encenador confessa que foi “difícil fazer a parte final mais cómica que o início”. Contudo, Ricardo Acácio tentou “manter uma espécie de equi-líbrio durante toda a peça”. Daniela Proença, atriz que veste o papel de estalajadeira de serviço, considera que a peça teatral “é divertida não só para o público, mas também para os atores”.

A importância das obras clássicas na sociedade também foi posta em cena e a adaptação das mesmas à atualidade é um dos objetivos. “Se existe uma piada que na altura fazia sentido, va-mos arranjar uma piada de hoje em dia que faça sentido para o público”, afirma Iolanda Mendes, que afirma ainda que a peça é feita para todos as audiências.

A Associação Cultural Thíasos, enquanto “grupo de teatro que está conectado com uma associação cul-tural” tenta sempre “fazer pequenas coisas, seja um recital de poesia, ou uma dramatização de um texto”, elu-cida Iolanda Mendes.

Thíasos leva “rãs hilariantes” a palco

Mariana Azevedo

CATARINA CARVALHO

Feira Cultural mistura livros, comida e artesanato

Associaçõesculturaisreagem aapoios da Câmara

Inês Duarte Vasco Sampaio

Em 2015, o valor do apoio financei-ro atribuído pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) ao associativismo cultural para atividade permanente foi de 502 500 euros. O maior valor foi atribuído à Orquestra Clássica do Centro, 175 000 euros. Outras apoia-das são a Cooperativa Bonifrates, o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), o Jazz Ao Centro Clube e o Ateneu de Coimbra, associações cujos representantes apontam algumas crí-ticas ao processo de financiamento.

Carlos Antunes, diretor do CAPC, declara que não considera que os cri-térios de financiamento fossem pouco transparentes, mas que “os critérios políticos se sobrepuseram aos critérios técnicos”. João Maria André, presi-dente da Bonifrates, afirma ser “muito estranho que não haja um único cri-tério que avalie a qualidade artística destes projetos”.

A vereadora da cultura da CMC, Carina Gomes, declara que “havia critérios de qualidade, mas, acima de tudo, havia critérios de interesse pú-blico municipal”. Os critérios podem ser consultados no sítio da CMC, no edital número 8 PR de 2015. Quanto aos apoios em específico, a maioria das associações afirma que estes não vão afetar gravemente a sua progra-mação cultural e que permitem a sua continuidade. Filipa Alves, diretora da Casa da Esquina, afirma que am-bicionava “ter mais algum apoio”, mas que agradece o valor atribuído. “É um montante justo e adequado às nossas necessidades”, afirma Andreia Jesus, presidente das Mondeguinas. Ainda assim, Carina Gomes confessa que “o apoio nunca é suficiente” e que a CMC gostaria de “conseguir conceder o do-bro ou o triplo, porque as associações têm feito um trabalho meritório”.

INÊS DUARTE

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8 | a cabra | 26 de maio de 2015 | Terça-feira

DESPORTO

Três medalhas de ouro para a AAC

Badminton, ténis e ténis de mesa foram as modalidades individuais em que a Associação Académica de Coimbra arrecadou três medalhas de ouro em Vila Real e em Évora

Nos Campeonatos Nacionais Uni-versitários (CNU) individuais con-centrados, que decorreram de 11 a 13 de maio em Vila Real, competiram a nível individual cerca de 150 atletas estudantes. Entre eles, e em repre-sentação da Associação Académica

de Coimbra (AAC), Mariana Rodri-gues, em ténis de mesa, e Miguel Pinto, em badminton, conquistaram o ouro. Em Évora, também inserida nos CNU Individuais, André Caiado recebeu a medalha de ouro na mo-dalidade de ténis.

João Carocha, Vice-Presidente da Direcção-Geral da AAC e responsá-vel pela área do Desporto, faz um “balanço extremamente positivo”. Todavia, o responsável associativo refere que tudo o que fica abaixo do ouro, “para uma associação que foi três vezes a melhor universidade no desporto universitário europeu, é mau”.

Nas seis provas realizadas em Vila Real, a Universidade do Porto foi a equipa mais premiada (com nove medalhas), deixando a AAC em terceiro lugar com três meda-lhas arrecadadas. O número mais baixo pode ser justificado por a AAC não ter levado atletas para todas as

modalidades a concurso. “Podíamos ter participado com xadrez ou kick-boxing mas participámos de acordo com a disponibilidade dos atletas”, afirma João Carocha. A terceira me-dalha foi conquistada por Ana Rita Amaral Dias, que ficou com o bronze na modalidade de badminton.

Mariana Gonçalves não estava à espera de ficar em primeiro lugar na modalidade de ténis de mesa. Refere que os campeonatos “foram no dia seguinte ao Cortejo da Queima” e teve de “acordar às seis da manhã”, daí que o resultado obtido tenha sido “muito positivo e o sentimento de gratificação seja grande”. Refere, ainda, que a final foi renhida pois a adversária é sua colega de equipa no Porto e o confronto “não foi fácil”.

Boas condições dadas pela AACEste ano, a organização das provas e da AAC tem sido bastante elogiada.

Mariana Gonçalves refere que sen-tiu bastante apoio e que “até foi a própria associação” que a procurou e ajudou em tudo, “o que não acon-tecera em anos transatos”. Já Miguel Pinto menciona que sempre conside-rou, “pelo menos a nível universitá-rio, que a Académica conseguia dar o apoio necessário aos seus atletas”, ao elogiar a equipa que os levou, a es-trutura da competição e o ambiente em Vila Real. João Carocha sublinha que têm feito “todos os esforços para que não haja falta de equipamentos” e para “garantir inscrição, alojamen-to e alimentação”, e conclui que em termos de organização “tudo tem corrido lindamente”.

Importância do desporto universitárioJoão Carocha vê o desporto na aca-demia como tendo “uma importância colossal” e considera que uma pessoa que “seja ao mesmo tempo atleta e

estudante” terá a segurança de poder exercer a profissão de acordo com o curso que tirou, caso deixe de ser atleta. No entanto, Miguel Pinto diz que o desporto é, para si, “uma moti-vação durante o período em que estu-dar”, enquanto Mariana Gonçalves, oriunda do arquipélago da Madeira, vê o desporto como “uma forma de o estudante não se sentir isolado quando entra na faculdade”, já que a vida académica pode ser compli-cada. João Carocha salienta que “as competições ainda não terminaram” mas que se sentem confiantes para o futuro. A AAC vai ainda competir em futebol de 7 feminino e, pela pri-meira vez, em voleibol de praia com dois atletas da Académica, naquela que pode ser uma das disputas mais competitivas já que existem equipas de outras universidades “que parti-cipam nos europeus e nos mundiais e que integram a seleção nacional”, refere o dirigente.

Paulo Sérgio SantosClaudia Carvalho Silva

Meeting internacional de natação fecha o mês de maio. Prova conta ainda com participação de atletas paraolímpicos e inclui workshops sobre treinos

É nos próximos dias 30 e 31 de maio que decorre o VIII Meeting Internacio-nal Cidade de Coimbra/XXVII Torneio Internacional da Queima das Fitas, uma das provas mais conceituadas

do calendário nacional de natação, no Centro Olímpico de Piscinas Mu-nicipais. O evento é organizado con-juntamente pela Secção de Natação da Associação Académica de Coim-bra (SN/AAC) e pela Câmara Muni-cipal de Coimbra. Para o presidente da SN/AAC, Miguel Abrantes, a sua importância estende-se ao panorama internacional, dado tratar-se de um “dos últimos meetings em que será permitida a obtenção de marcas mí-nimas para participação nos Jogos Olímpicos e também nos Mundiais de Kazan”, na Rússia, que decorrem em agosto.

Com as inscrições já fechadas, o presidente da SN/AAC começa por sublinhar o acréscimo no número de participações, “de 46 em 2014 para

69 este ano”, entre clubes e seleções. Para além da presença da seleção por-tuguesa, o destaque vai para Ari-Pekka Liukkonen, “um finlandês que acabou de conquistar o terceiro lugar nos 50 metros livres na Taça do Mundo e que é um excelente velocista”, descreve Miguel Abrantes. A Federação Inter-nacional de Natação (FINA) enviou atletas do Irão, Quirguistão, Arménia e Ilhas Maurícias, e há ainda a salientar a comparência de uma equipa holan-desa e de duas equipas espanholas.

A SN/AAC vai igualmente participar com os seus atletas. Num meeting que tem um programa olímpico, com o sistema de eliminatórias de manhã e finais à tarde, o presidente da SN/AAC adianta que o objetivo é “conse-guir chegar aos pódios, em especial

nas provas curtas, onde a secção tem atletas de topo, e estar presente no máximo de finais possível”.

A prova conta ainda com duas no-vidades. A primeira é a inclusão de “três atletas paraolímpicos surdos, que vão tentar obter mínimos para os Mundiais de Natação para surdos”, que se vão realizar em San Antonio, no Texas, adianta Miguel Abrantes. A se-gunda novidade prende-se com a nova legislação, que obriga os treinadores a arranjar créditos para manterem a cédula profissional. Nesse sentido, durante o meeting vão decorrer dois ‘workshops’, “um sobre o treino de fundistas e outro onde vai estar um treinador holandês a falar sobre a filosofia holandesa no treino de velo-cidade”, conclui.

Secção de Natação organiza prova internacionalRAFAELA CARVALHO

Paulo Sérgio Santos

FOTO GENTILMENTE CEDIDA POR JOÃO CAROCHA

MARIANA RODRIGUES EM TÉNIS DE MESA, MIGUEL PINTO EM BADMINTON E ANDRÉ CAIADO EM TÉNIS SÃO OS TRÊS ATLETAS DA AAC MEDALHADOS A OURO NOS CNU INDIVIDUAIS 2015

CAMPEONATOS NACIONAIS UNIVERSITÁRIOS INDIVIDUAIS 2015

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DESPORTO Quando ainda resta um jogo, e um troféu, para terminar a época, já se pode dizer que 2015 foi um ano de sucesso para a Académica-SF. A comemorar a subida ao Campeonato Nacional de Seniores, depois do primeiro lugar na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Coimbra, é tempo de começar a preparar a próxima época. O objetivo passa agora por manter os jogadores que se destacaram e reforçar posições deficitárias, bem como definir duas questões essenciais: mantém-se o Estádio Universitário de Coimbracomo casa da Secção de Futebol e o treinador campeão continua? Por Paulo Sérgio Santos

Depois do título, a Supertaça?“Para nós ainda não acabou

a época”. É assim que João Pereira, médio e capitão da

Secção de Futebol da Associação Aca-démica de Coimbra (Académica-SF), caracteriza o momento. A presença no próximo jogo, a Supertaça da Associa-ção de Futebol de Coimbra (AFC), foi garantida pelo primeiro lugar na Divi-são de Honra, numa época que Bruno Ferreira, treinador da Académica-SF, classifica como “histórica”. O título de campeão assegura, assim, o direito a participar no Campeonato Nacional de Seniores (CNS) em 2015/16.

“Quando planificámos a época, pensámos ficar nos quatro, cinco pri-meiros lugares e acabámos a época em primeiro, foi extremamente po-sitivo”, começa por afirmar Rui Pita, presidente da Académica-SF e antigo avançado da secção, que aproveita para acrescentar que “esse objetivo nunca foi delineado de forma clara”. Apesar da postura sóbria da direção, para Bruno Ferreira a meta era clara desde o arranque da temporada: subir de divisão. “Desde o primeiro dia, a 20 de agosto, sempre foi isso que eu quis incutir nos meus atletas”, explica.

O momento-chaveO treinador e o capitão são unâni-mes na eleição do primeiro jogo da segunda volta, contra a equipa B da Académica/Organismo Autónomo de Futebol (OAF), treinada à data por José Viterbo, como fundamental. A 1 de fevereiro, no Campo da Pedru-

lha, a Académica-SF perde por 3-1 a 25 minutos do final. Bruno Ferreira é claro ao confidenciar que “atirei a toalha ao chão, internamente”. Con-tudo, dois golos de Seixas e um de Garcês viram a contenda e colocam o marcador final em 3-4. “Foi quando percebemos, efetivamente, que afinal tínhamos aqui um grupo que podia lu-tar pela conquista do título”, transmite João Pereira.

O principal adversário foi o União F.C., de Penacova. “Duas equipas que não se assumem como candidatas e que lutaram até às últimas três jor-nadas pelo título”, evidencia Bruno Ferreira. No entender de João Pereira, as dificuldades passaram também pe-los confrontos e pela regularidade de mais quatro equipas, “o Penelense e o Carapinheirense, na primeira volta, às quais se juntaram na segunda o Febres e a Académica/OAF.”

Destaques e futuroAo longo de uma época de 30 jogos, fora o jogo da primeira eliminatória da Taça da AFC, estiveram em evidên-cia vários jogadores. Eduardo Seixas, sénior de primeiro ano mas a cumprir a sua segunda época na equipa prin-cipal da Académica-SF, foi o princi-pal destaque, ao apontar 16 golos no campeonato, segundo estatísticas do sítio foradejogo.net. Bruno Ferreira é da opinião que “um atleta que se evidencia a fazer golos é sempre uma referência e o Eduardo Seixas merece uma oportunidade” noutro patamar

competitivo. O capitão da Académica--SF partilha a mesma ideia e acres-centa outros nomes, como Ricardo Bem-Haja, Garcês, Dani Alves, Bruno Simões, Marco Paiva, Brito, Gerardo e João Alves, como importantes para o feito da subida e prontos para outros palcos.

2015/16 marca, então, a presen-ça da Académica-SF no CNS. Para o presidente, o orçamento, que diz apenas respeito às “despesas relativas aos jogos – organização, deslocações, alimentação e material desportivo”, vai aumentar. “As contas das organi-zações de jogos vão ser superiores e as deslocações são maiores”, justifi-ca. Também o recinto onde vão jogar ainda é uma incógnita. O desejo de continuar no Estádio Universitário de Coimbra existe mas, segundo Rui Pita, “ainda é muito cedo” para se saber. As alternativas podem passar pelo “Santa Cruz, que é possível utilizar no CNS; há ainda o Estádio Sérgio Conceição, que não sabemos se poderíamos lá jogar mas também seria uma opção”, refere.

Quanto a reforços, Rui Pita sublinha que “ainda é uma fase muito embrio-nária” para decisões. Por seu lado, Bruno Ferreira já sabe que “a nível defensivo, gostava de reforçar com um central; a nível ofensivo, precisava de dois alas, porque a época acabou sem dois atletas que saíram por motivos profissionais. E um ponta de lança”. Contudo, a grande questão é mesmo a permanência do treinador: “dou prio-ridade, sem dúvida nenhuma, ao clube

que me levou a subir de divisão mas é óbvio que também quero dar as melhores condições aos meus atletas, o que é fundamental para ter sucesso”. João Pe-reira é lesto ao dizer que tal pode não ser benéfico, dado que “ao vir um novo treina-dor, normalmente há uma mudança de treino e dentro de campo, um período de habituação dos jogadores a novas regras”. Incógnitas à parte, todos são unânimes em afirmar que o objeti-vo passa pela rápida manutenção no CNS e tentar ir o mais longe possível.

Bruno FerreiraÀ beira de completar 30 anos, Bruno Ferreira entra definitiva-mente para a história da Secção de Futebol da Associação Aca-démica de Coimbra ao assegurar o título de campeão da Divisão de Honra da Associação de Fu-tebol de Coimbra, e a conse-quente subida ao CNS. Natural de Coja, enquanto treinador conta com passagens pelas camadas jovens do Tourizense e do Arganil, e pelos seniores do Arganil, Pampilhosense, S. Pedro Alva e Desp. Lagares. A ficar, será um dos trunfos para assegurar a manutenção.

Sérgio GarcêsReforço proveniente do Mor-tágua, o ala ambidestro trouxe à Académica-SF experiência da antiga III Divisão. Com 13 golos marcados ao longo de 29 jogos, foi praticamente to-talista no onze escalado por Bruno Ferreira, numa tática que favoreceu as suas características e posicionamento em campo. Numa época que foi a mais pro-dutiva da sua carreira, a massa adepta da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra certamente esperará uma repetição das estatísticas de 2014/15 no CNS.

1 27 anosAla direito/esquerdo29J/13G2469 minutos

Eduardo SeixasO jovem médio foi o principal destaque da equipa que asse-gurou uma subida histórica, à custa dos 16 golos marcados. Com formação totalmente fei-ta na cidade de Coimbra, na Académica/OAF e, a partir do segundo ano de iniciado, na Académica-SF, Eduardo Seixas estreou-se na equipa principal na época passada, ainda com idade de júnior. É um dos jo-gadores a quem se adivinha um futuro promissor, caso consiga manter a regularidade e o nível exibicional noutros patamares competitivos.

João PereiraNuma época em que evidenciou a sua polivalência em campo, atuando algumas vezes a cen-tral, o capitão da Secção de Fu-tebol da Associação Académica de Coimbra demonstrou uma vez mais a sua importância e o porquê de envergar a bra-çadeira. Longe dos oito golos de 2012-13, o médio ficou-se pelos três. Todavia, espera--se que continue a ser um dos esteios da formação coimbrã na época de estreia no Cam-peonato Nacional de Seniores, passando a mística aos reforços que chegarem.

2 2 19 anosMédio (centro)25J/16G1973 minutos1 2 26 anos

Médio (centro)21J/3G1539 minutos0T 29 anos

21V 6E 3D67-28 em golos

SECÇÃO DE FUTEBOL DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA

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10 | a cabra | 26 de maio de 2015 | Terça-feira

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

Projeto de Resolução e petição pedem proibição do uso de herbicida GlifosatoEm Portugal são utilizadas mais de mil toneladas de glifosato, por ano. Partidos e organizações mostram preocupação pelos efeitos nocivos que resultam do seu uso

No passado dia 30 de abril, o Par-tido Ecologista “Os Verdes” (PEV) entregou à Assembleia da República um Projeto de Resolução que reco-menda ao governo a interdição do uso do glifosato. Por sua vez, a Plataforma Transgénicos Fora (PTF) elaborou a petição online “Proibição do Her-bicida Glifosato em Portugal”, cujo propósito é “lançar um alerta nacional para os perigos graves e cientifica-mente demonstrados do herbicida”, explica Margarida Silva, ativista da PTF e professora na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto (ESB-UCP).

“Autarquias sem glifosato” é o nome da iniciativa desenvolvida pela Asso-ciação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) e pela PTF que tem como objetivo travar o uso do herbicida. Classificado como “car-cinogénico provável para o ser hu-mano” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a substância química comercializada pela multinacional Monsanto apresenta vários riscos para a saúde humana e para o meio ambiente.

A iniciativa pretende alertar as autarquias para as consequências negativas do glifosato e apela “a que as câmaras se comprometam a não utilizarem herbicidas na erradicação em espaço urbano” de ervas daninhas, explica Paulo Andrade, membro da

direção do Núcleo Regional da Quer-cus em Coimbra. Braga, Castelo de Paiva, S. Vicente e Vila Real são os municípios que já aderiram à inicia-tiva. A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) “já foi contactada”, segundo o membro da direção da Quercus Coim-bra, mas ainda não emitiu qualquer resposta.

No caso de Vila Real, Susana San-tos, técnica superior da autarquia, explica que a alternativa adotada pas-sa por “retirar manualmente todas as

[plantas] infestantes”. Paulo Coelho, deputado na Assembleia Municipal de Coimbra e membro do PEV, enu-mera outras alternativas, ao referir que em espaços públicos “podem ser utilizadas técnicas mecânicas ou a cobertura do solo”. Em culturas agrí-colas e jardins, “pode ser utilizada a sacha, a monda mecânica e a monda térmica”, acrescenta.

O glifosato é a denominação do princípio ativo presente no herbicida ‘Roundup’. O composto químico tem

como finalidade “combater infestan-tes anuais e vivazes em diversas cultu-ras”, explica Paulo Coelho, e é absorvi-do apenas pelas folhas, pelo que “não tem ação residual, inativando-se em contacto com o solo”. Por outro lado, Margarida Silva afirma que contraria-mente ao que se pensava, “o glifosato não é inócuo nem biodegradável”. É utilizado em grande escala em Por-tugal e na União Europeia, princi-palmente para fins agrícolas e “na limpeza de vias públicas e linhas de

água”, como refere o Grupo Municipal da Coligação Democrática Unitária na moção apresentada à CMC.

Herbicida potencia problemas de saúdeEm relação aos riscos para a saúde pública, o deputado do PEV refere que a OMS, através da Agência Inter-nacional para a Investigação sobre o Cancro, identificou uma relação entre a exposição ao glifosato e um tipo de cancro do sangue, “o Linfoma não Hodgkin” (LNH). Segundo Margarida Silva, Portugal apresenta “uma taxa de mortalidade por LNH superior à média da União Europeia”. A ativis-ta acrescenta que no nosso país são utilizadas “acima de mil toneladas de glifosato por ano”, sendo o herbicida mais utilizado em território nacional.

O contacto com o herbicida induz ainda a “resistência a antibióticos nas bactérias com que entram em contacto”, de acordo com um estudo científico publicado pela Sociedade Americana de Microbiologia, referido por Paulo Coelho. Margarida Silva explica que a perda de eficácia dos antibióticos está a representar um “enorme desafio para a saúde pública” e acrescenta que qualquer químico que torne “os microrganismos patogé-nicos mais fortes” deve ser interdito.

Outros problemas de saúde podem estar relacionados com a exposição a curto e a longo prazo ao glifosato, “embora as evidências ainda sejam preliminares”, de acordo com a do-cente da ESB-UCP. “Autismo, dese-quilíbrio da flora intestinal, anomalias morfológicas em esperma, cardiopa-tias e morte celular” são os exemplos referidos por Margarida Silva.

Apesar dos riscos para a saúde pú-blica, os agricultores continuam a usar o herbicida por ser “uma substância eficaz” no controlo de ervas silvestres e ter um “baixo custo monetário”, de-clara Paulo Coelho.

Contactado pelo Jornal A Cabra, o Ministério da Agricultura e do Mar recusou-se a prestar declarações sobre o assunto.

Cátia CavaleiroSara Pinto

A “GPU Research Center” é uma distinção que tem como objetivo premiar o trabalho liderado por dois investigadores na área da computação paralela

A NVIDIA, a maior fabricante mundial de unidades de proces-samento gráfico (GPU), ofereceu a distinção “GPU Research Center”

ao Laboratório de Multimédia e Processamento de Sinal, do De-partamento de Engenharia Ele-trotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnolo-gia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

O docente da FCTUC e investi-gador no Instituto de Telecomuni-cações, Gabriel Falcão, considera que o reconhecimento é “muito importante” e traz vários bene-fícios. Uma das vantagens passa pelo “acesso a ferramentas, pro-cessadores, hardware, software e todo o tipo de tecnologia” que lhes será facultado antes de entrar no

mercado. Isto vai permitir à equipa “tentar encontrar novas soluções e investigar novas abordagens” em primeira mão, acrescenta o docente.

Os principais critérios que dita-ram a escolha da NVIDIA foram a análise da qualidade e quantidade de publicações feitas pela Faculda-de de Ciências e Tecnologia e pelo Instituto de Telecomunicações em revistas, livros e conferências in-ternacionais. O investigador expli-ca ainda que os GPU “são placas que cabem dentro de um compu-tador normal e que têm chips com milhares de processadores” que

permitem “acelerar o tempo de processamento intensivo”, que é exigido por algumas aplicações.

Para Gabriel Falcão, o processo tem aplicações práticas, “nomea-damente na área médica”: permite a melhoria de procedimentos de diagnóstico como “endoscopias, identificação automática de pato-logias do sistema gastrointestinal” ou sistemas de imagiologia, onde se obtém uma “imagem precisa em tempo real”. Para além da vertente médica, os GPU podem ser úteis em campos como a engenharia ou as finanças, ainda que a fase inicial do projeto se tenha focado “numa

classe de algoritmos corretores de erro”, que permitem uma maior eficácia em sistemas de comuni-cação de dados.

O docente da Faculdade de Ciên-cias e Tecnologia ressalva que o facto de ser a NVIDIA a atribuir a nomeação de “GPU Research Cen-ter” “é muito bom e significativo”, já que se trata “de uma empresa de referência”, que é líder “na área”. A concluir, Gabriel Falcão admite que o trabalho da equipa e a dis-tinção permitem “ganhar uma vi-sibilidade no sentido de competir com as melhores universidades a nível mundial”.

NVIDIA premeia trabalho de computação da FCTUC

Claudia Carvalho Silva

INÊS DUARTE

O COMPOSTO É UTILIZADO NA ERRADICAÇÃO DE INFESTANTES ANUAIS E VORAZES NOS JARDINS URBANOS

Page 11: Edição 272 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

Governo pretende transferir competências da gestão educativa para a alçada camarária. Autarquia e escolas de Coimbra criticam o processo

Todos os anos, por esta altura, as escolas primárias, básicas e secun-dárias vivem uma azáfama total. Seja pelas avaliações, exames na-cionais ou preparação do próximo ano letivo, os estabelecimentos de ensino não têm mãos a medir.

O ano letivo de 2015/2016 pode sofrer uma profunda alteração com a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 30/2015, aprovado em Conse-lho de Ministros de 12 de janeiro e promulgado a 6 de fevereiro. O projeto do governo foi polémico e gerou algum desconforto entre professores e diretores de estabe-lecimentos de ensino.

Entre outras coisas, o decreto-lei, que pretende descentralizar servi-ços como a educação, vem alterar o funcionamento do Ministério da Educação e Ciência (MEC) e trans-ferir algumas competências para os municípios. Assim, as políticas educativas, a organização peda-gógica e administrativa e a gestão de recursos humanos e materiais são algumas das novas valências atribuídas às câmaras municipais. De fora fica, por agora, a gestão de recursos humanos do pessoal docente.

Os problemas começam a surgir ainda antes da abertura do ano leti-vo 2015/2016. Uma das vozes mais críticas à proposta do governo é Manuel Machado, quer enquanto Presidente da Câmara Municipal

de Coimbra (CMC), quer como Pre-sidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, cargo que ocupa desde novembro de 2013. O autarca rejeita o decreto-lei e consi-dera que é um ataque à autonomia das câmaras. “O preâmbulo do de-creto fala em descentralização dos serviços mas, na verdade, o que se vai fazer é uma delegação de tare-fas”, sustenta Manuel Machado. O líder do executivo municipal não é contra a descentralização dos ser-viços, pelo contrário, já que critica apenas a forma como o governo descarta responsabilidades de pro-blemas que “não foi capaz de re-solver”. Manuel Machado vai mais longe e considera que a delegação

de competências vai transformar os municípios em “meras repartições do serviço central”.

Incerteza nas escolasOs estabelecimentos de ensino de Coimbra ainda não estão certos de todos os pormenores deste decreto--lei. A diretora do agrupamento de escolas Coimbra Centro, Amélia Loureiro, não vê nem “grandes vantagens nem desvantagens” na proposta do governo. O diretor do agrupamento de escolas Eugénio de Castro, António Couceiro, partilha da mesma opinião porque “não há nada de novo” na proposta. António Couceiro afirma ainda que os esta-belecimentos de ensino já desem-

penham indiretamente algumas das competências que o governo pretende descentralizar e considera que é indiferente se trata das ques-tões com “a CMC ou com o MEC”.

Amélia Loureiro questiona, toda-via, se as verbas a transferir para a CMC estarão disponíveis “atempa-damente para fazer face aos proble-mas” e, então, agilizar os processos burocráticos e de gestão.

Fazer mais com menosUma das grandes bandeiras que o governo aplicou no desenvolvimen-to deste decreto-lei foi o aumento de eficácia e eficiência dos serviços do governo central “sem aumentar a despesa pública do Estado”, como

se pode ler no documento publicado em Diário da República.

Manuel Machado não crê que se consiga cumprir mais respon-sabilidades e mais tarefas com o mesmo número de funcionários e, portanto, sem aumentar a despesa. “O governo quer impor que não haja mais contratações” mas quer que as autarquias desempenhem mais competências.

O Jornal Universitário de Coim-bra - A CABRA contactou todos os agrupamentos e escolas secundá-rias da cidade mas, por indispo-nibilidade ou impossibilidade dos regulamentos internos, a maioria escusou-se a fazer quaisquer co-mentários sobre o assunto.

26 de maio de 2015 | Terça-feira | a cabra | 11

CIDADE

Câmaras passam a gerir educaçãoDESCENTRALIZAÇÃO DE SERVIÇOS

POLÍTICAS EDUCATIVAS, ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA E ADMINISTRATIVA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS PASSAM PARA AS CÂMARAS

RAFAELA CARVALHO

Manuel Machado considera, no entanto, que aproveitando o “potencial turístico da cidade, o Centro de Congressos pode atrair investimento e gerar emprego”

O Centro de Congressos e Espaço Cultural (CCEC) do Convento de São Francisco (CSF) é “um dos maiores ativos culturais do País”. Quem o diz

é o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado, que acrescenta ainda que o CCEC é tão grande como se se “juntasse toda a área coberta da Casa de Serralves, a Cadeia da Relação e dois teatros Tivolis”.

Ainda por terminar, o espaço rece-beu no passado dia 22 a conferência internacional “Conversas no Conven-to”, na qual João Aidos, coordenador do projeto do CSF, apresentou o plano estratégico para o CCEC. O projeto para o espaço é diversificado e pode acolher áreas como “exposições, con-gressos, seminários, conferências e todo o tipo de espetáculos artísticos e produções culturais”, adiantou João Aidos.

O CCEC vai estar equipado com

um grande auditório, cuja capacida-de é de 1125 pessoas, preparado com caixa de palco e um fosso dedicado a orquestra. A Igreja também fará parte do equipamento e conta com capaci-dade para 600 pessoas e ainda três estúdios. Para além disso, o CCEC dispõe de espaços exteriores como os claustros do convento, a praça frontal e um pátio interior.

Tendo em conta a dimensão do es-paço cultural – João Aidos apontou 2300 metros quadrados de área expo-sitiva e 35 mil para salas de reuniões e eventos -, Manuel Machado assegurou aos presentes na conferência e aos agentes culturais da cidade que “o Convento não vai retirar público aos outros espaços culturais nem competir com eles porque são salas diferentes

com escalas diferentes”. O autarca acrescentou que, em Coimbra, “todos têm lugar para introduzir mais cultu-ra” e afirmou que é preciso que haja sabedoria para gerir todos os espaços da “melhor forma e aproveitar todos os recursos disponíveis”.

De acordo com o coordenador, o CCEC é um equipamento que pode po-tencializar “novas dinâmicas urbanas entre todas as partes da cidade: a Alta e a Universidade, a Baixa e a Rua da Sofia e o CSF e Santa Clara”. Contudo, nas palavras do presidente da CMC, a rentabilização do espaço vai ser “di-fícil” mas, aproveitando o “potencial turístico da cidade, o CCEC pode atrair investimento e gerar emprego”.

O reitor da Universidade de Coim-bra (UC), João Gabriel Silva, também

esteve presente na sessão de abertura da conferência e adiantou que a “UC aceita o desafio que lhe compete em ajudar a dinamizar o espaço”. O reitor revelou, ainda, que o turismo cultural da UC aumentou 40 por cento em 2014 e que poderiam ser criados esforços para direcionar algum deste fluxo tu-rístico para “a outra margem do rio”.

A CMC aponta ao último dia do ano para o término das obras no convento mas não adiantou ainda uma data para a inauguração formal do equipamen-to. Na sessão de abertura estiveram igualmente o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, e o secretário de Es-tado do Ambiente, Paulo Lemos, que referiram a importância do espaço do Convento de São Francisco.

Câmara prevê rentabilização “díficil” do Convento S.Francisco

João Neves

João Neves

Page 12: Edição 272 do Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra

1A Assembleia de Revisão dos Estatutos da Associação Académica de Coim-bra (ARE/AAC) já está em funções e teve como uma das suas primeiras ações a definição de um período de discussão pública aberto a todos os

sócios da AAC, efetivos e não efetivos. Louve-se a iniciativa de, numa associa-ção em que grande parte dos membros de secções e organismos autónomos não são estudantes, permitir que todos os que são abrangidos pelos estatutos possam dar a sua opinião. Todavia, a discussão pública que teve início a 20 de maio e se prolonga até 30 de setembro parece ainda não ter pernas para andar. Segundo a Presidente da ARE, Rita Andrade, os editais de divulgação não foram colocados nos locais de estilo por que falta acertar algumas questões, entre elas, a criação de uma conta de email para a receção das sugestões. Rita Andrade promete que no decorrer desta semana a questão esteja resolvida. Espera-se que sim dado que, como refere Flávio Tribuna, um dos comissários da ARE, se prevê pouca participação dos estudantes, em especial os menos ligados à AAC. E o cenário pode mesmo ser esse dado que a discussão já começou num pós-queima lotado de frequências, ainda não foi publicitada a poucos dias do final do ano letivo e decorre na sua maioria durante o período de férias. Quanto mais tarde for comunicado aos estudantes a forma como podem participar, pior.

2O tema da morte de refugiados no Mediterrâneo já parece desatuali-zado. Ultimamente, as atenções prendem-se mais com a destruição de Património da Humanidade pelo Estado Islâmico. Mas o estar desa-

tualizado não significa, não significa mesmo, que esteja resolvido. E é isso que preocupa. A par de tantas outras questões sociais, esta é somente mais uma em que a inoperância da União Europeia, em geral, e dos países afetados, em particular, fica explícita. Enquanto numa qualquer cidade situada no imenso território europeu se discutem novas medidas para o problema, por pessoas que não o conhecem, alguma embarcação precária acaba de ficar à deriva. Conseguirão os seus tripulantes ser resgatados ou as correntes levá-los-ão até perto da costa? São seres humanos que fogem de conflitos armados, da fome, da pobreza, da inexistência de alternativas à sua realidade. Há quem defenda que a Europa perdeu o seu rumo, o seu caráter, a sua identidade aglutinadora e decai agora sobre si mesma. É um argumento que se torna cada vez mais complicado de contornar.

Passando a uma realidade mais local, é igualmente complicado de contornar o que se passa em matéria cultural em Coimbra. Há um Centro Cultural “di-fícil” de rentabilizar, caracterização feita pelo próprio presidente da Câmara Municipal. Também ainda não há a revelação de uma data marcada para a sua inauguração formal, embora já receba reuniões camarárias e uma conferência internacional.

Onde não há dúvidas é na época histórica da Secção de Futebol da AAC (Académica-SF). Sagraram-se campeões da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Coimbra e garantiram, por essa via, a subida ao Campeonato Nacional de Seniores. O feito, que passará despercebido a muitas pessoas, é de importância proporcional à recente vitória na Taça de Portugal da outra Académica. Em suma, uma época que demonstrou o que a casa vale.

Por Rafaela Carvalho e Paulo Sérgio Santos

Editorial

A discussão já começou num pós-queima lotado de frequências, ainda não foi publicitada a poucos dias do final do ano letivo e decorre na sua maioria durante o período de férias. Quanto mais tarde for comunicado aos estudantes, pior”

Quanto mais tardE, pior!

DireçãoPaulo Sérgio Santos Rafaela Carvalho

Equipa Editorial Sandro Raimundo (Ensino Superior) Inês Duarte (Cultura)Cátia Cavaleiro (Ciência e Tecnologia)João Neves (Cidade)

FotografiaCatarina Carvalho, Carla Sofia MaiaInês Duarte, Rafaela Carvalho

Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.; Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: [email protected]

Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra

Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra, Rádio Universidade de Coimbra

Tiragem 3000 exemplares

Ficha Técnica

Jornal Universitário de Coimbra - A CABRADepósito Legal nº183245/02 Registo ICS nº116759Propriedade Associação Académica de Coimbra

Colaborou nesta ediçãoAna Paula Santos, Camila Vidal, Claudia Carvalho Silva,Margarida Mota, Mariana Azevedo, Sara Pinto, Sofia Lima, Vasco Sampaio

Colaboradores permanentesDiana Craveiro, Camilo Soldado,Filipe Furtado, João Gaspar, Maria Eduarda Eloy, Teresa Borges

PaginaçãoRafaela Carvalho

JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

acabra

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acabra.wordpress.comMais informação disponível em

CARLA SOFIA MAIA