44 caderno cultural de coaraci

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paulo AGOSTO DE 2014 - 44º vol. 23.000 DISTRIBUÍDOS - 500 EXEMPLARES COARACI - TERRA DO SOL CADERNO CULTURAL Foto: Um quintal de Coaraci

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Page 1: 44 Caderno Cultural de Coaraci

paulo

AGOSTO DE 2014 - 44º vo l . 23 .000 DISTRIBUÍDOS - 500 EXEMPLARES

COARACI - TERRA DO SOLCOARACI - TERRA DO SOLCADERNO CULTURALCADERNO CULTURAL

Foto: Um quintal de CoaraciFoto: Um quintal de Coaraci

Page 2: 44 Caderno Cultural de Coaraci

Capa, projeto gráfico, diagramação, editoração e artefinalização PauloSNSantana

Impressão Gráfica GRÁFICA MAIS

Trabalhe conosco Caderno Cultural de Coaraci - (73)8121-8056/(73)3241-2405

Cartas a redação [email protected]

Para anunciar

Alguns textos publicados no Caderno Cultural são adaptados por [email protected]

TÉCNICOS VERSOS CARTOLASTexto de PauloSNSantana

Todos os técnicos que tiveram a segunda oportunidade na seleção, fracassaram, basta lembrar Feóla em 66, Zagalo em 74, Telê Santana em 86, Parreira em 2006 e Felipão em 2014. Dunga será a bola da vez em 2018? Pelo amor de Deus! Esta estatística é terrível! Outra curiosidade é que nestes últimos vinte anos desde 94 com Parreira, os técnicos estão revezando entre as copas, mas tem aqueles que entram e não permanecem a frente da seleção, foram dez: Wanderley, Candinho, Mano Menêzes entre outros. A Alemanha em 106 anos de história só contratou para técnico da seleção alemã de futebol “dez técnicos”. Isso é trabalho em longo prazo, o que não existe no Brasil. Em uma enquete da Globo News, 79% dos brasileiros rejeitaram Dunga para treinador da seleção brasileira de futebol, enquanto 21% aprovaram a escolha. O brasileiro esta mais uma vez decepcionado, pois havia um sentimento de mudança, mas de mudança completa. Quando você busca um nome já conhecido, é como o torcedor dissesse assim: - Eu já vi esse filme! - Eu já testemunhei essa experiência!

Pode-se assistir a um filme pela segunda vez e vê alguma diferença, mas a tendência é essa, queria-se uma mudança mais profunda, e ela não veio criando um sentimento de rejeição.

Nada contra “o Dunga”, poderia ser qualquer um novamente, mas é fato, demos um passo atrás, estamos andando em circulo, você não tentar algo diferente é ruim. O que fez Dunga para comprovar que ele cresceu de lá pra cá? Dunga nada fez para merecer a convocação em termos de mudanças e de avanços na profissão, se fez ninguém sabe.

Precisamos de um intercâmbio maior. É preciso treinar mais, ensaiar as jogadas, é preciso a formar base, é preciso enriquecer mais taticamente, acabar com a arrogância de achar que o Brasil é o melhor, que é penta campeão e acabou, que agente não precisa aprender com ninguém, não temos que fazer intercambio com ninguém, e tudo que agente fizer por aqui ta bom. Até os Americanos já estão mexendo no futebol.

Não concordo com a ideia absurda de contratar um técnico de futebol estrangeiro! A solução dos problemas da seleção brasileira de futebol não passa pela simples mudança do técnico, mas em oferecer melhor qualificação, cursos no exterior, viagens para conhecer outras praças e trabalhos realizados por profissionais da área, mundialmente famosos, talvez visitar a Alemanha possa contribuir na organização de um sistema de avanços do atleta de tenra idade até o profissionalismo do futebol. Já que escolheram o Dunga, se ele apresentar-se numa nova versão é claro, mais light, menos estressado, mais cordial e disposto a se atualizar, pode ser que dê certo. Ele é um ex-jogador de futebol vencedor, disciplinador, exigente, tem personalidade e experiência.

É preciso investir em novos técnicos, oferecer, pós-graduação, mestrado e doutorado, prepara-los para o novo, atualiza-los para que sejam capazes de elaborar um projeto, um sistema de treinamentos.

Não basta ter sido jogador de futebol, para assumir função de técnico de futebol, isso não é suficiente, é preciso embasamento cientifico. Nesse ponto os estrangeiros estão bem a frente.

A CBF deve investir em escolinhas de futebol, em centros de aprimoramento desportivo infantil e juvenil, na base e no esporte amador. Precisa criar condições para manter os melhores jogadores de futebol do Brasil, em atividade no Brasil.

No mais, quero dizer que cavalo não sobe escada!

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ANOS 90 NO C.S.U.

BABA DA AMIZADE

(Em pé: Jó, Chinês,Policial,Branco,Jasson,Flaviano,Durval,BAL e Crente:Agachados: Robertinho e os três filhos,Cicero,Agnaldo e o filho,o saudoso José Raimundo,EU,Wilson Gogó,Ademar e Getúlio. Dedicamos essa foto ao inesquecível Bal.Presente em quase todos os eventos desportivos amadores da Cidade de Coaraci. Eram bons tempos, com muitos acontecimentos esportivos, quando uma ’’Associação de amigos’’ criou os ’’Babas da Amizade’’, Adelbal Alcântara, mais conhecido por ’’BAL’’, era figura carimbada, ’’O Árbitro do Jogo’’, sempre presente nos jogos e comemorações da associação..

PAULO PRETOTexto adaptado por PauloSNSantana

Paulo Preto era um senhor alto, forte, escuro e famoso. Na época que o conheci ele parecia já idoso, dizem que quando morreu já era um centenário, ou quase isso! A estatura dele era elevada,ele era robusto, braços longos, configurando grande envergadura, pernas levemente arqueadas, porte de quem já havia trabalhado na roça ou em serviços semelhantes, passo firme, moderado, feições agradáveis, na época possuía barba cerrada, olhar manso, riso muito fácil e , quando se falava das suas qualidades especiais de macho, irrompia numa gargalhada franca, gutural e estridente, se assim se pode dizer. Mas apesar de suas mãos enormes, falava suavemente.

Paulo Preto nasceu em Paulo Araújo é assim cognominado devido a sua cor. Ele estava sempre perto da sua casa, ali na ladeira da igreja, a casa de seu Paulo, a casa de Paulo Preto. Ele adorava politica, pertencia ao partido U.D.N. o mesmo do Dr. Eldebrando Pires, depois mudou para a Arena, etc. contribuía e fazia campanha, ia aos comícios e gostava de ouvir os discursos de Dr. Eldebrando, como dizia a Wanderlino.

Paulo Preto não bebia, era fazendeiro, gozava de conceito na sociedade, era cristão frequentador da igreja católica, cumpridor dos seus deveres, benquisto pelos seus trabalhadores.

Paulo Preto poderia ser cognominado de “Paulo Magno”, como foram chamados Alexandre, Carlos e outros da História. E “Magnos’’ foram grandes em muitas coisas. Se não houvesse nascido numa cidadezinha do interior, mas, digamos, por exemplo, se fosse na imortalizada Hélade, a antiga Grécia, seria “Magno”, com certeza, porque foi grande “também” na estatura, na envergadura, na alma e no coração.

Fonte Livro Garatujas, do Dr. Eldebrando Pires,pag.36. O povo da cidade sentiu a sua falta.

OS ALAMBIQUES

Texto adaptado por PauloSNSantana

Os alambiques proliferaram e bateram recordes.

Saborosa foi uma das inúmeras marcas de cachaça do

Município. Além de Saborosa, encontrava-se com

facilidade, a Índia de João de Deus, a melhor de todas, a

Sedutora de Antônio Batista, a Muié Rendeira de Zeca

Branco, e a Pixixica de Zezito Tavares. O povo bebia

demais. Cinco alambiques num Município deste

tamanhinho! Uma plantação de cana, sem fim, no meio da

imensidão de cacau e ninguém nunca produziu um grama

de açúcar, um litro de caldo de cana, nada! Tudo só pra

fazer pinga. Os proprietários dos alambiques eram todos

ricos fazendeiros. Fonte Livro Garatujas de Dr. Eldebrando

Pires.Pag.33,34,35,36.

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O CEMITÉRIO

A noite foi chegando e o rapaz já se preparava para mais uma noitada. O jovem, que deveria ter uns 19 anos, pegava sua mochila e o pé de cabra e partira para mais um roubo.

Calmamente ele caminhava pelas ruas para sua nova empreitada no cemitério central. Não tinha pressa, pois quanto mais tarde chegasse a seu destino melhor seria para que ninguém o visse entrar. Passou na porta do cemitério observando e estava tudo calmo pela vizinhança. Aquela seria uma noite de sorte para o rapaz. Mesmo assim, ele preferiu entrar no cemitério pelos fundos, para não chamar a atenção de quem passasse naquela hora. Conseguiu pular o muro com a maior facilidade. Caminhava por entre os túmulos em busca de algo fácil de roubar e de carregar. Já tinha conseguido duas placas de bronze quando viu um vulto passar correndo. Correu atrás por entre os túmulos para não ser visto, mas o vulto havia desaparecido. Cheio de pavor, pegou a mochila e resolveu encerrar a noitada. No mesmo horário na noite seguinte, lá estava ele pulando o muro do cemitério. Quando o rapaz já havia terminado de pegar mais alguns objetos das campas, viu o vulto passar novamente. Era uma mulher, alta e com roupas claras. O jovem não teve tempo de se esconder, pois a moça apareceu bem na sua frente. O rapaz, com o coração à boca, ficou paralisado de medo.

— Você está aqui toda noite roubando. — Dizia a moça de olhar profundo para o rapaz. O jovem engolindo em seco, respondeu. — Venho porque preciso. Ele não deixou que a moça falasse, pois saiu correndo. Pelo caminho foi pensando na aparição, que veio para questioná-lo e interrogá-lo, como se fosse um chefe de polícia. Acho a situação muito estranha e resolveu deixar passar dois dias para um novo roubo. Novamente o ritual do assalto ao cemitério e o jovem estava lá com sua mochila. Ele nem teve tempo de procurar por nada, pois a moça apareceu novamente intimando.

— Você aqui novamente? Ainda não se cansou de roubar? — Ia falando ela, cercando o rapaz.

— Chega, gritou o rapaz. O que você quer? Por que não me deixa em paz? Porque cismou comigo? — Falava ele sem paciência e já sem medo algum.

— Eu quero que você saiba que isso não é certo, pois você está importunando os mortos e saqueando as campas. — Falava ela, bem impaciente. — Além do mais, quero ver se você vai roubar a si próprio. — Disse a moça, desaparecendo. Atordoado o rapaz fitou-a, sem nada entender.

— A mulher, vendo a situação, desistiu da discussão. Chegou perto do rapaz e falou-lhe baixinho: jazigo 11, campa 37. Logo após, desapareceu.

O jovem pegou sua mochila e foi embora. No caminho foi relembrando a conversa e não conseguia entender o que ela havia falado. Com o pensamento remoendo, ele resolveu retornar ao cemitério.Pulando o muro novamente, o rapaz andou pelos corredores a procura do endereço deixado pela moça. Caminhava devagar com a respiração ofegante pela ansiedade do que viria pela frente. Seja o que for, eu enfrentarei, pensava ele. Chegando no jazigo 11, o passo diminuiu. O jovem andando bem devagar, nem precisou procurar pelo número. Ao chegar perto da campa, começou a se lembrar do passado, dos dias de roubo no cemitério, da polícia se aproximando, do tiroteio e de seu último suspiro de vida. Neste instante, a mochila caiu-lhe dos ombros e o rapaz desapareceu.

CONSIDERAÇÕES DE NOZINHO BONINA

SOBRE A POBREZA E A MISÉRIA.

Ele disse:

Existe muita gente desanimada e triste

neste país. Muitas vezes sentimos pena de

vê-los vivendo em um mundo assim. Ele acha

difícil que haja mudanças. Quem tem família

muitas vezes nem emprego tem. Quem quer

estudar muitas vezes não tem recursos.

Pessoas desconhecem o amor porque nem lar

possuem. Muita gente não está cumprindo

com seus compromissos por falta de

condições financeiras. O salário mínimo e a

aposentadoria só dão para quinze dias, o povo

já perdeu a esperança e os que se entregam a

adversidade são aqueles que não tem fé em

Deus.

Para aqueles que nunca amaram nem

foram amados a felicidade é muitas vezes

impossível de se alcançar. Pra muitos

brasileiros a felicidade é uma utopia. Uma

pequena parcela dos brasileiros são ricos e

tem recursos financeiros suficientes para

fazer o que bem entendem, a maioria dos

brasileiros vivem com dificuldades e se não

obedecerem a uma diretriz, se forem

irresponsáveis fatalmente terão um colapso

social.

Embora hoje o governo ofereça a bolsa

família, que o salário mínimo tenha

aumentado um pouco ,ainda existem muitos

pobres desassistidos no Brasil.

MENSAGEM PARA MINHA COARACIAloisio Felippe dos Santos

Pra minha Tia Candida

Essa terra tem um valor inestimável, os campinhos de futebol, o rio de água doce, a Igreja Nossa Senhora de Lourdes as canções do Padre Zezinho. As casas que as portas quase não se fechavam, tal era a tranquilidade. Há terra querida, meus pensamentos voam pra ti, quando me lembro dos parques de diversão tão simples, mas espetaculares pra mim, e as músicas daquele tempo tão decentes e harmoniosas. Lembro-me dos amigos que hoje devem ser pais de família, profissionais do trabalho, pessoas simples e importantes: prefeitos, coronéis, deputados, delegados, guardas rodoviários estadual e federal, professores, meus ilustres mestres. E a riqueza do cacau, os fieis servidores das fazendas, trabalhadores rurais que amavam e tratavam tão bem os filhos dos patrões que mais tarde tornavam-se seus amigos. Lembro das minhas tias, todas Marias prendadas, que ofereciam aos seus convidados comidas gostosas, que tempero!

Não nasci em Coaraci, mas cheguei aí ainda pequeno como amo essa terra. Lembro das estradas esburacadas, nas viagens que fiz com meu pai, e que andávamos eu ele e minha mãe até a feira livre para beber caldo de cana, foi lá que chorei pela primeira vez mas depois me recuperei.

Hoje vivo para os meus filhos, e não me canso de contar a eles sobre essa terra querida. Inimigos se eu tinha estão perdoados, pois essa terra é como mulher virtuosa, seu valor excede a um rubi, só quem viveu aqueles tempos sabe.

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MEIO SÉCULO DEPOIS, PELÉ RESGATOU UM SONHO. De José Leal

Início dos anos 60, o futebol de salão de Coaraci passou a ser reconhecido em toda região cacaueira pela organização de seus campeonatos que eram disputados na quadra dos Bancários, e que tinha no Santos Futebol Clube e no Botafogo seus principais componentes. A história do Santos não vou comentar, pois já foi contada aqui neste Informativo; a história do Botafogo é missão de Toinho. Ocorre que o nosso material, a exceção do goleiro que era igual ao do Gilmar, era curiosamente vermelho ou branco com faixa em amarelo e preto nas camisas. Nada que lembrasse o Santos paulista, que era tradicionalmente branco. Naquela época o Santos de Pelé viria jogar em Ilhéus através de uma promoção fantástica, envolvendo patrocínios, bingo de 5 veículos, e toda a região se locomoveu até aquela cidade para ver o Santos jogar. Naquele jogo, estiveram jogando pelo Santos: Cláudio, Carlos Alberto (estreia no Santos), Joel, Lima, Doval, Mengalvio Coutinho, Pelé e Pepe, outros e mais outros que entraram depois. No time de Ilhéus, Manequinha dificultou bastante a exibição de Pelé, que ainda assim nos proporcionou um belo espetáculo; Pelé o cumprimentou depois do jogo. O Santos levou Betinho goleiro de Ilhéus para testes. Não ficou por lá. Dizem que fugia da concentração. O placar do jogo: Santos 5 x 1 Seleção de Ilhéus.

Aí, nós jogadores do Santos de Coaraci, tivemos a ideia de entregar a Pelé, uma carta, onde contávamos a história do nosso time, e pedimos a ele que interferisse junto ao Santos para nos presentear com um jogo de camisas original, o que muito nos honraria. Naquele tempo era difícil ter acesso a materiais esportivos, que também eram muito caros.

Capitão Leite, então Diretor do nosso Santos, conseguiu junto a segurança do jogo que entrássemos no campo, para entregar a tal carta a Pelé. Entramos eu, Capitão Leite e Edson, nosso zagueiro. Contudo, após entregarmos a correspondência, não conseguimos sair do campo e fomos obrigados a assistir ao jogo sentados à beira do gramado. Pelé passava driblando todo mundo bem a nossa frente. Uma experiência inesquecível para os nossos olhos. A resposta da carta nunca aconteceu e tivemos que comprar o material original, caríssimo, com recursos de nossos simpatizantes, atletas e dirigentes. Decorridos 50 anos, Guto nosso amigo de família, santista, foi passar férias naquela bela cidade e contou esta história a um amigo seu que é secretário de Pelé nos dias atuais.Então ele disse a Guto: - Compre a camisa na loja da Vila Belmiro, que eu peço ao Pelé para autografar para o Sr Leal. Pelé ouviu a história, autografou a camisa (foto) e disse que naquele tempo o Santos recebia centenas de pedidos semelhantes, e que era impossível atender a todos. Ele enviou um abraço aos santistas coaracienses.

A camisa está comigo guardada a sete chaves. Posei com ela para uma foto exclusiva para o Informativo Cultural. Divido a honra deste presente com todos que comigo compuseram a história do nosso querido Santos, além de agradecer ao Guto, pela iniciativa. Depois de 50 anos Pelé fez este resgate, passando para nós a luz do seu privilegiado carisma uma grande lição de humildade e relações humanas. O Brasil sempre terá motivos para se orgulhar desse notável homem abençoado por Deus. Obrigado Pelé.

DUAS BARRASTexto adaptado por PauloSNSantana

Enock Dias, pgs.65,66,259,260.

Em outubro de 54, Duas Barras também faria sua festa especial. O patriarca Antônia Dias de Cerqueira utilizou-se de um dos serviços de alto falante de Coaraci, para convidar o povo a comparecer à sua fazenda , onde es ta r i am sendo comemorados seus 80 anos de vida. Dezenas de perus, dúzias de galinhas, muitos porcos, e até um boi, foram abatidos para essa comemoração. Conjuntos musicais revezavam-se para que a festa não parasse. Quem não queria retornar à Coaraci, passava anoite na fazenda, onde foram disponibilizadas acomodações, para isso havia um revezamento. O Diário da Tarde, jornal editado em Ilhéus publicou o fato com destaque. Antônio Dias com 80 anos tinha, 12 filhos, 33 netos, 16 bisnetos e 3 trinetos. Foi uma das maiores festas da região na época. As décadas de 40 e 50 constituíram-se no apogeu de Coaraci urbano e rural. A partir daí sucessivos momentos de tristeza atingiram as Duas Barras. A presença da energia elétrica e a estrada de Itamotinga já transformada em rodovia em decorrência dos esforços das administrações de Gilberto Lyrio e a primeira administração de Joaquim Torquato com linhas regulares de ônibus não foram suficientes pra trazer de volta nenhuma das alegrias vividas nos anos 50. As Duas Barras paraíso mais alegre do interior coaraciense, estava assim, com seu destino definitivamente selado dentro da história do município. As Duas Barras ao completar sua participação na história do município teve a companhia do Brejo Mole, Ribeirão do Terto, Itamotinga e Lagoa. A região das Duas Barras ficava compreendida entre o antigo Brejo Mole é o atual Matadouro Municipal, onde em épocas passadas havia uma pequena venda, um misto de comércio e residência. O início das Duas Barras limitava-se os ao Engenho e a Fazenda do Senhor Francisco Eutíquio Andrade. Fonte: Livro Coaraci Ultimo Sopro de

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DR. ROCK (L.F.RIESEMBERG)

Max entrou na loja com o dinheiro que ganhou de aniversário de dez anos, em 1990, e foi escolher um disco novo. Muito feliz, foi olhando capa por capa, até se deparar com Greatest Hits, do Queen. Já segurava, na outra mão, O Melhor Internacional de Novelas, que tinha algumas canções legais, como viu no comercial da TV.

-Estou em dúvida - disse ao vendedor.O homem, de barba e cabelos compridos, olhou as duas

capas e disse logo:-O do Queen. Leve este.E Max saiu de lá com o disco debaixo do braço. Chegando em

casa, não se arrependeu da escolha ao ouvir a primeira faixa. E adorou o som da segunda. E de todas as canções dos dois lados daquele disco incrível. Comprar um disco naquele lugar, todos os anos, com o dinheiro do aniversário, tornaria-se tradição. Em 1991, saiu de lá com Nevermind, do Nirvana. O vendedor embolsou o dinheiro em silêncio, desta vez sem precisar ajudar o garoto a escolher. Aquele disco, com o bebê nadando na capa, seria ouvido à exaustão por longos meses.

Em 1992, Max voltou à loja de cabelos longos, usando calças jeans rasgadas, camisa de flanela xadrez e com olhos distantes, como se estivesse depressivo. O dono da loja tentou animá-lo.

-Feliz aniversário, menino. Qual vai ser o de hoje?O menino já estava segurando um do Soundgarden, mas o

vendedor lhe mostrou Rocket to Russia, do Ramones.-Por que não leva este aqui? É punk rock.Max lembrou-se do aniversário de 1990, quando comprou

seu primeiro disco de rock, e havia sido uma boa sugestão do vendedor. Assim, resolveu aceitar aquela nova proposta.

Em 1993, entrou na loja com o cabelo espetado e botons presos na jaqueta de couro. Parecia bem mais feliz que no ano anterior.

-E então, Max. Já sabe o que quer hoje?-Não sei, tio – disse, timidamente. –Queria alguma coisa

pesada, mas não tanto, entende? E que tivesse umas músicas mais lentas também. Acho que estou ficando velho.

Sem pensar muito, o vendedor tirou de trás do balcão o Fear of the Dark, do Iron Maiden.

-Ah, tio, você tem esse em cd? É que compramos um aparelho novo...

Sim, ele tinha em cd. Aliás, os discos de vinil já estavam com os dias contados.

Em 1994, aniversário de quatorze anos de Max, e ele queria Pink Floyd. Havia assistido ao filme The Wall e não conseguia parar de cantar aquelas músicas.

Em 1995 foi a vez de Metallica, o álbum preto. Em 96, The Doors. 97, Led Zepellin.Foi assim até 2001, quando completou vinte e uma primaveras. Era hábito ir, sempre no dia do aniversário, comprar um álbum de rock. Só via o vendedor uma vez por ano, mas a cada disco novo acontecia uma revolução na vida de Max. Diferentes cartazes no quarto, um novo corte de cabelo, um jeito diferente de pensar. A cada álbum, uma mudança profunda. Mas naquele ano, Max não quis ir à loja. Já tinha todos os discos possíveis em seu computador, e achou que seria perda de tempo e de dinheiro. Acabou-se a tradição. Em seu quarto, tinha acesso a mais de vinte mil músicas, sem ter pago um centavo por elas. Foi naquele mesmo ano que a loja de discos fechou e instalaram uma lan house no lugar.

Max passa dirigindo seu carro, lembra de quando entrou lá pela primeira vez, e pergunta a si mesmo por onde andará o vendedor. Aperta um botão no som do automóvel e começa a tocar uma música. Max não gosta do que ouve, e aperta novamente. Ouve cinco segundos, não gosta, e passa para a próxima. Nenhuma música daquelas tinha graça. E assim vai passando para a próxima, e a próxima, e a próxima...

MORAR EM COARACI

Texto adaptado por PauloSNSantana

Residir em Coaraci representava um sonho

indescritível para aqueles moradores das fazendas e

das roças, era uma nova dimensão de vida que surgia

principalmente para aqueles que tinham fazendas

localizadas no meio da mata sem qualquer contato

com outras pessoas. Morar em plena rua vendo

vizinhos em todos os lados, utilizando o conforto da

luz elétrica, do rádio, do cinema, do parque de

diversões era uma alegria acima do que se poderia

imaginar. A Ruínha de José Ramos, a Rua Rui Barbosa,

a Rua Três de Outubro, a Barragem tinham sempre o

mesmo aspecto. A filhada menor ocupando as ruas,

até então sem automóveis, para brincar e cantar,

Chicotinho Queimado, Cadeirinha de Pampão, Pula

Corda, Pega-Pega, Cabra-Cega, além das cantigas de

roda, uma herança trazida das noites enluaradas das

roças. Fonte: O Livro Coaraci Ultimo Sopro de Enock

Dias.Pg.230

Em maio de 2014, estiveram em Coaraci, Militares do Exercito, membros da Comissão do Exército Brasileiro. A Comitiva foi recebida pela Prefeita Municipal, vieram à Coaraci o Tenente Coronel Roosevel Fonseca, Chefe da 18º CSM (Ilhéus-Ba.), o Major Freire Chefe da 3ª Seção/18ª CSM e o 1º Te n e n t e V a s q u e s , D e l e g a d o d a 2 ª Delegacia/SM(Itabuna).Na oportunidade foi realizada uma palestra com os alunos da rede municipal de educação, e o tema foi ‘’Cidadania’’,e como ingressar nas Forças Armadas, a importância da Carteira de Reservista (CDI) e do Serviço Militar. Foi realizada uma inspeção na Junta de Coaraci, da qual Miguel Magalhães é o chefe atualmente. Também já chefiou a Junta Militar de Coaraci, por quarenta anos, Edna Silva Coelho, que exerceu a função de secretária. Em 1964 ela enviou oficio ao então Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, solicitando confirmação do Projeto de Lei Nº 3.741-61 de autoria de Osmar Cunha no sentido de aproveitar os funcionários civis de Coaraci que não eram remunerados pelo Ministério da Guerra. Fonte: Miguel Magalhães.

JUNTA MILITAR DE COARACI

ZÉ BIXIGUINHA Texto de PauloSNSantana

Era baixinho, o nariz original, meio achatado com uma pontinha empinada, a pele morena, a cabeça achatada como a dos nordestinos, o pescoço curto e inúmeras marcas remanescentes de uma varíola. Não era gordo, gostava de sorrir, gargalhar, era simpático um personagem muito querido da cidade. Possuía uma barraca na feira onde vendia entre outras coisas um gostoso sarapatel, no centro de sua barraca havia uma mesa coberta com uma toalha rendada branca, e sobre a toalha especialmente arrumadas umas quarenta lindas xícaras de chá. Perguntado porque quarenta xícaras, ele respondeu:-se gosto de uma só, imagine de quarenta!Zé gostava tanto delas que sentia-se feliz, alegre e disposto no trabalho. Fonte: Livro de Dr. Eldebrando Moraes Pires, página 54,55.

Page 7: 44 Caderno Cultural de Coaraci

Infância de meninoCrônica

De Hilton Valadares

Doce saudade foi o que restou, tempos inesquecíveis

onde espalhafatosamente a infância convivia com um menino.

Parque de diversões, Carrossel, roda gigante.

O mundo mágico do circo, entre muitas travessuras,

gritar palhaço, eu vou ali e volto já

vou comer maracujá.

E arremedar seu Thomas, Vai pra frente vai pra trás.

Naquele dia não se tomava banho a marca da tinta era o ingresso,

muitos usavam de estratégia distrair o vigia,

entrando por baixo da lona, quando não ela surpreendido.

Tudo à flor da pele: Pula ali, pula acola, com a bola no pé,

jogando pião, empinando pipa. Brincadeiras de pega, pega, bola de

gude, atiradeira, nadando no rio jogando canga.

Interagindo com os meninos nas rodas de cirandas,

ciranda cirandinha vamos todos cirandar,

vamos dar à meia volta a meia volta vamos dar,

o cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada,

o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada.

A rosa vermelhaé meu bem querer,

a rosa vermelha e branca hei de amar até morrer.

Crescendo e se modificando, pulando a cerca nos quintais, roubando goiabas do vizinho,

êta frutas suculentas. Espionando o sexo feminino no banho,

babando de desejo.

pelo buraco da fechadura, no desenrolar da toalha, contempla peça íntima, cobrindo a mais íntima, banhando-se de prazer.

As brigas com os moleques da rua eram constantes,

tudo se resolvia ali no simples aperto de mão.

Na escola a professora era soberana, régua, palmatória, sabatina,

o castigo como prêmio, supremacia da inteligência,

valorizando o ensino e à educação, capacitando crianças

para entender os adultos. Olhando mas pela natureza,

cuidando dos animais, aliados a exemplos de sabedoria, tornando-nos menos irracionais.

Na hora do recreio quantas guloseimas: Banana, pão, goiaba.

Chegam as férias e com elasO São João é uma festa.

Fogueiras, bandeirolas, quadrilhas, balões, fogos de artifícios, iluminando a

noite. Sobre a mesa iguarias tradicionais:

Cocada, canjica, arroz doce, pamonha,milho, amendoim e muito licor, aturdido de contentamento.

Dezembro final de ano: Mistura tristezas e alegrias,

entrega das provas, despedidas dos colegas, enfim é natal só alegria,

tempo de presentes, de esperança no Papai Noel,

Sapatinho na janela, Inocência de criança

sem se dar conta que eram seus pais. São tantas lembranças! As trocas de olhares, namoro no escurinho,

o beijo roubado,a primeira mulher.

Adolescentes sorrindo felizes! Bons tempos aqueles.

Recheados de saudade, onde o menino vivia o mundo,

de ponta cabeça que nem um vira lata, fuçando aqui e acolá, revirando o mundo.

MARCHA DOS SUBJUNTIVOS(Roger Póvoas)

Tudo é lindo é maravilhosoSistema de saúde,transporteeducação

Zero fome,salário avantajadoEmprego tá sobrando,lazer e diversão

Violência,marginalidadeIsso não existe é pura invenção

Furto,roubo,desonestidadeÉ tudo utopia,papo de oposição

A liberdade que se pregaNão é a mesma que se vê

Somos obrigados a fazer coisasTemos candidatos a escolher

Administrados e julgadosPor pessoas com pecados e esconder.

SAUDADE DO PISA NA FULÔ

(TRIBUTO A ALFEU)(Roger Póvoas)

Há muito tempo não se vê balãoUltimamente não se vê forróInfelizmente não vê xaxado

Nem se vê um xote, tradição tá indo ao pó

Canjica de milho é coisa do passadoArroz doce, pamonha viram peças de museu

Não quero nem pensar se vai chegar o tempoQue todos vão dizer que o São João morreu

Ai,ai,ai,oi,oi,ôAi que saudade do meu pisa na fulô

Tenho saudade da quadrilha na escolaOnde o passo se marcava na base do rastapé

Do milho assado lá na beira da fogueiraMenino soltando bomba,chuvinha e buscapé

POESIA,LETRA & MÚSICAPROJETO SIM (CULTURA) NA

PRAÇA IV EDIÇÃO

Aconteceu no dia 1º de Agosto a IV Edição do Projeto Som (Cultura) na Praça, na Rua J. J. Seabra (cruzamento do Bradesco, próximo ao Bar do Renato e Sorveteria Clonagem). O evento foi mais um sucesso dos artistas e músicos da Terra do Sol, e teve presença maciça da comunidade, principalmente dos jovens. O Projeto sobrevive com ajuda de patrocinadores e colaboradores da boa Terra..

Wellington

Nascimento

Vocalista

da

Banda

Vó Filu

lança seu

novo CD!

Confira

mais um

artista

Coaraciense

WELLINGTON

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ARMADILHA

Autor PauloSNSantana

Essa estória é baseada em fatos ocorridos nos anos noventa, no município de Tacuru, num acampamento de ciganos. Os nomes das cidades e personagens e o conteúdo da estória são fictícios.

A caminho de Tacuru, uma pequena equipe de policiais civis e dois militares, sob o comando de um delegado municipal, tinham a missão de localizar, prender e recambiar para a cidade de Tiriti o cigano Ramírez, acusado de roubo e agiotagem, além de assassinatos na região. Para isso teriam que entrar em território do inimigo, um acampamento de ciganos.

A equipe era pequena e vulnerável para aquela missão difícil, o cigano Ramirez era um criminoso perigoso que vivia em um município vizinho,portando outra jurisdição, e no seio de sua gente ele era respeitado,temido e venerado.

A viagem foi programada com antecedência, sairam na madrugada de um Sábado, pois pretendiam, retornar ainda pela manhã. Jonas Albuquerque era um homem de posses, um cinquentão e o delegado municipal, Lucas Barbacena seu auxiliar era um jovem com uns trinta e poucos anos, habilidoso com armas, destemido e voluntarioso, Juacir e Atanásio, eram os dois soldados, desgastados pelo tempo de serviço, sem preparo para a ação e carregavam fuzis e revolveres e pouca munição.

O delegado era um homem sistemático, metódico, rígido e exigente no cumprimento do dever.

Barbacena era um oficial sem patente, servidor publico municipal, lotado na delegacia de Tiriti, onde fazia diligencias e investigações, efetuava prisões o que fosse necessário para manter a lei e a ordem. Os policiais militares eram parte de um pequeno contingente existente em Tiriti.

O armamento que conduziam era velho e ultrapassado, e eles estavam despreparados para aquela missão, mas determinados a prender e trazer o bandido para Tiriti. Eles não tinham a menor ideia do que os esperava. Noticias ruins vazam, e um cigano da região de Tiriti, soube e mandou avisar a sua gente em Tacuru. Os ciganos são extremamente corporativistas, e não costumam respeitar limites quando se trata de manter a honra e a união das famílias, são conhecidos pela fala mansa e o dom de enganar e ludibriar as suas vitimas. A família de Ramirez era conhecida pela agressividade e crimes contra cidadãos da região do cacau.A equipe seguia viagem em uma Rural e um Escorte, cada carro com dois ocupantes, o delegado e seu auxiliar e os dois policiais militares, respectivamente.A distancia de Tiriti a Tacuru era relativamente curta, mas o percurso deu tempo para os policiais conversarem sobre amenidades, e no carro da frente, o delegado combinar com seu auxiliar como abordar o bandido e como reagir diante de uma resistência. No segundo carro os policiais militares estavam apreensivos, muito nervosos com aquela missão perigosa que iriam cumprir, eles eram acostumados a ações melindrosas apenas no município onde eram lotados e isso causou medo e apreensão , eles estavam cometendo um terrível erro, ao subestimar um bandido e sua quadrilha, e pra piorar não comunicaram a ação à policial de Tacuru.

Após duas horas de viagem chegaram ao acampamento de onde avistava-se a cidade a uns cinco quilômetros.

Para chegarem ao acampamento foi necessário subir um morro, uma estrada de aproximadamente dois quilômetros, serpenteando abismos, rodeado de fazendas de cacau e pecuária. Finalmente avistaram o acampamento e constataram que havia cavalos, motocicletas, carros e gente eufórica, algumas alcoolizadas, que freneticamente cantavam e dançavam ao som mecânico de um automóvel. Havia muitos ciganos, mas a equipe concluiu que estavam comemorando alguma coisa, que era uma festa. Talvez um casamento. As festas ciganas são tradicionalmente organizadas, e os ciganos obedecem a um ritual milenar, que começa com oferta de presentes aos noivos e seus familiares, danças tradicionais e solenidade religiosa. Uma festa de ciganos pode durar até uma semana. Havia também crianças, mulheres, o que tranquilizou a equipe, infelizmente um engano fatal.Aproximaram-se mais, e a cem metros do lugar, foram recebidos por uns cinquenta ciganos, entre eles mulheres que olhavam os chegantes nervosamente. A musica continuava alta, e a festa colorida pelas roupas das ciganas, dava um tom amistoso ao ambiente, os ciganos ostentavam jóias, relógios e sorrisos dourados. As belas ciganas seus corpos sensuais e suados.

Estacionaram a camionete no centro do acampamento, junto a uma fogueira ainda esfumaçante, a festa tinha virada a noite. Os soldados estacionaram a uns vinte metros do local, desligaram o motor, e ficaram junto ao carro. O delegado e seu auxiliar foram levados por uns vinte ciganos até o Chefe do acampamento, que era um homem alto, cabelos e bigode grisalhos, usava um chapéu de couro, fumava um grande charuto e na cintura havia um parabélum 44. O homem educado, sorridente e tranquilo, apresentou-se como Zidane. Os esperados visitantes foram saudados calorosamente, e nos primeiros instantes pareciam convidados dos ciganos. Infelizmente eram policiais com a difícil missão de prender e tirar dali o filho mais jovem do homem mais respeitado e amado da tribo. Mas Ramirez era bandido, ladrão e assassino e tinha que ser conduzido preso para cadeia de Tiriti para pagar pelos seus delitos. O Cigano com rosto rosado, olhos grandes e alguns dentes de ouro, silenciou-se um instante, como a pensar qual palavras usar naquele momento..., mas finalmente perguntou:

-O que faziam ali e quem os havia convidado, se vieram para festa de casamento de sua filha. As ciganas aproximaram-se curiosas, farejavam tudo, atentas a resposta dos estranhos.

As mulheres ciganas estavam preocupadas e ansiosas para saber o que aqueles estranhos faziam ali, naquela hora.

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Quando o Delegado começou a explicar o motivo da presença ali e o objetivo que os havia levado até lá, o clima mudou de vinho pra água suja! Ordenaram que parasse a música, e a festa acabou imediatamente! As ciganas começaram a gritar e chorar, armou-se um grande barraco, os ciganos estavam bravos e descontrolados. Um enxame deles aproximou-se dos dois policiais civis, armados até os dentes.

Era uma festa com muitos convidados e uma prisão seria inaceitável naquele momento, os dois homens da lei estavam extremamente pressionados, o delegado e seu auxiliar estavam de pés junto ao chefe dos ciganos, mas corriam naquele momento sério risco de serem agredidos, pois estavam rodeados de ciganos bêbados e raivosos manifestando revolta e agressividade. O delegado municipal inabalável estava muito seguro e em nenhum momento demonstrou medo, procurou sair do meio daquela gente, recuou dizendo que tudo iria se resolver na justiça, mas a cada passo eram cercados por uma teia de feras aos gritos, ameaçando-os de agressão, ordenando que saíssem imediatamente dali.

Os soldados persentiam o perigo e o medo era inevitável, estavam na verdade apavorados. O cigano criminoso surge no meio da multidão, o procurado pela lei, que já havia sido preso pelo mesmo delegado, semanas antes, e que estava solto por falta de provas, alegou aos gritos, que esteve preso em Tiriti e que na cadeia foi espancado. Disse que não voltaria pra Tiriti, de jeito nenhum, que só sairia dali morto! Foi a gota d’agua!O descontrole já era visível,havia ciganos armados com facões, biscó, revolveres e rifles de repetição, algumas mulheres estavam armadas. Foi quando um cigano saíu da multidão acertou o maxilar do auxiliar do delegado com um golpe de facão, Barbacena gritou e caiu desacordado, com um corte profundo no rosto e o queixo deslocado, os ciganos ataram a vitima com facadas, golpes de facão, um massacre, quando o serviço havia sido feito partiram pra cima do delegado que também foi brutalmente assassinado. Os soldados atiravam para cima para amedrontar a multidão, mas também foram ameaçados pelos ciganos descontrolados que passaram a atirar pedras e paus no carro, só não matando os dois porque o Zidane interferiu, gritando:

-Policial de farda nós não matamos não! Deixem eles em paz, que vão embora e levem seus mortos.

Vamos sair todos daqui agora! Carreguem o que puderem e vamos embora agora! Abandonaram os corpos dilacerados e inertes, cobertos de sangue, estendidos no terreiro. Em pouco mais de dez minutos o acampamento estava vazio e silencioso. Os ciganos fugiram do local apressadamente, levando o que podiam carregar. O sol estava quente, eram aproximadamente treze horas, os dois homens da lei permaneciam inertes, estirados no chão quente agonizando, sob os olhares dos soldados que rezavam pelas almas, choravam pelos amigos.

Foi quando um deles seguiu em disparada para Tacuru, para comunicar o fato a policia local, que imediatamente deslocou-se para a cena dos crimes. Foi solicitado um rabecão, para conduzir os corpos ao Instituto Médico Legal de Itabicas. Foi aberto um inquérito para investigar os crimes e punir os culpados, mas como foi um linchamento, os verdadeiros culpados permaneceram impunes.Quanto ao bandido Ramirez, nunca mais foi visto, dizem que os ciganos fugiram para o sul do país. Os soldados foram ouvidos e continuaram servindo no mesmo pelotão. O Delegado Jonas Albuquerque e seu oficial Lucas Barbacena foram velados e sepultados no cemitério de Tiriti . Acredite se quiser!

MÁQUINA DE COSTURAA máquina de costura sempre fui um objeto

indispensável em qualquer casa da família coaraciense, desde que aqui chegaram Manoel Peruna e Manoel Pereira de Souza, por volta de 1920 a 1928. Em algumas casas eram vistas mais de uma máquina de costura tal a importância no dia a dia das famílias. Costurar e bordar eram atividades que passavam de mãe para filha por quase meio século de nossa história. Lençóis, fronhas, toalha de mesa, roupas femininas e até algumas masculinas eram confeccionadas em casa.

Fonte Coaraci Ultimo Sopro.

VERMIFÚGAS

Apesar da vida saudável dos anos 30, 40 e 50, muitos pais não se esqueciam de dar aos filhos os horrorosos vermífugos “tiro- seguro” ou ainda “saúde dos meninos”, para eliminar alguns tipos de parasitas que se alojavam nos intestinos. Esse tratamento era completado com tradicional fortificante Biotônico Fontoura.Esse Fortificante era comercializado em dois tamanhos: tamanho médio e grande e acompanhava a embalagem um folheto contando a história da vida do personagem “Jeca Tatu”, uma criação do escritor Monteiro Lobato. Segundo o livrete Jeca era um pobre roceiro, feio, magro, doente e cheio de vermes até que um dia receitaram esse fortificante. Em pouco tempo Jeca ficou bonito, gordo, saudável e rico, a ponto de num determinado dia colocar em fuga a socos e pontapés uma onça pintada que espreitava sua criação na fazenda. Por volta de 1957 o folheto só vinha na versão grande, mas não por muito tempo. Uma nota na embalagem avisava o endereço para os interessados adquirirem pelo correio. Mesmo assim essa concessão não durou muito tempo. A popularidade desse fortificante era tão grande que os folhetos eram encontrados na maioria das casas do município ou jogados nas ruas. Durante muito tempo as farmácias eram o melhor lugar para se adquirir folhinhas e almanaques fartamente distribuidos pelos laboratórios. Fonte:C.U.Sopro

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O DEVER DO ESTADO, A IMPORTÂNCIA DA POLÍCIA E O

PAPEL DA SOCIEDADEPaulo Tadeu Rodrigues Rosa

Enviado por Paulo Tadeu Rodrigues Rosa em 30/04/2007

Código do texto: T469139

A violência está tomando conta do Brasil de norte a sul do país, e tem assustado as pessoas, brasileiros e estrangeiros que residem no país, os quais se sentem inseguras e com medo. A impunidade tornou-se infelizmente uma realidade para o cidadão infrator, que não mais respeita a lei previamente estabelecida, e muitas vezes ironiza em suas ações o Estado de Direito, para que muitos mais se assemelha as histórias de Matrix do que qualquer outra coisa. O Estado Moderno foi instituído para que a autotutela, o olho por olho dente por dente fosse abandonada, ou seja, deixar de lado a lei do talião, e ainda que os conflitos sociais fossem resolvidos com base apenas e tão somente na lei, que é o instrumento mais importante para efetiva aplicação da Justiça, que deve pacificar a lide e possibilitar em vida em sociedade, com a observância dos direitos e garantias fundamentais.

As pessoas estão morrendo como se existisse no país uma guerra, ou melhor, uma guerrilha urbana. As famílias sentem dor, mas muita dor, ao comparecerem no Instituto Médico Legal, IML, para o reconhecimento de um ente familiar, que foi morto em um assalto ou mesmo em um sequestro. Nesses momentos, surge a seguinte pergunta, até quando, mais e mais brasileiros terão que morrer?

O art. 144 da CF estabelece que, “A segurança pública, dever do Estado, direito e

Ao invés da unificação da Polícia Militar com a Polícia Civil, o Estado deve incentivar uma integração entre as Polícias Civis e as Polícias Militares, cada qual com o Ciclo Completo de Polícia e com uma competência previamente delimitada. As Guardas Municipais devem receber o Poder de Polícia, inclusive atuando em determinados crimes de menor potencial ofensivo de forma integral, ou seja, com direito ao ciclo completo de Polícia. Os Municípios que tiverem mais de 500.000 habitantes e rendimentos para tanto devem possuir uma Guarda Municipal efetiva e se for o c a s o u m P o d e r J u d i c i á r i o Municipal.Somente desta forma o princípio federativo estará sendo observado de forma efetiva. O sistema penitenciário passa por uma crise que tem sido acompanhada de perto pela imprensa e noticiada pelos principais jornais do país, a qual está representada pelas diversas rebeliões e a falta de vagas para os cidadãos infratores que foram presos pela Polícia. Mas, essas questões não podem impedir o Estado de responder por suas obrigações sob pena de responsabilidade na forma do art. 37, § 6o, da CF. Além disso, os presos devem trabalhar durante o cumprimento da pena, sob pena de que cada dia não trabalhado poderá representar um dia a ser adicionado ao cumprimento da pena. As críticas ao sistema de segurança pública devem estar voltadas para a melhoria da qualidade dos serviços que são prestados à população, art. 37, caput, da CF. A sociedade e os meios de comunicação devem incentivar a união entre o Estado e o cidadão no combate à violência na busca da diminuição do número de homicídios, latrocínios, roubos, furtos, extorsão mediante sequestro, que produzem um saldo negativo, o qual somente pode ser comparado a epidemias e as guerras. O Brasil não está em guerra, mas por ano no país morrem mais de 50.000 pessoas vítimas da violência.A polícia canadense tem incentivado a participação dos cidadãos nas questões de segurança pública por meio do serviço policial voluntário. O Brasil também poderá incentivar os jovens e mesmo os adultos a participarem das tarefas relacionadas com a manutenção da ordem pública em seus diversos aspectos, segurança pública, tranquilidade e salubridade pública. O mesmo caminho tem sido seguido pelo NYPD, Departamento de Polícia de Nova Iorque. Neste sentido, por quais motivos o Brasil não pode adotar o mesmo procedimento?

responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos policiais”. Assim, não se pode permitir que a violência seja a regra na sociedade brasileira, e a tranquilidade e a paz social uma exceção, que possa alcançar algumas famílias ou alguns eleitos que possuem condições econômicas para contratarem seguranças ou empresas especializadas em segurança pessoal. A integridade física é um direito que deve ser efetivamente preservado. As pessoas não querem promessas, elas precisam de uma proteção que seja efetiva.

A força policial é uma das mais importantes Instituições do Estado. Segundo Javier Barcelona Llop, “as forças policiais têm como missão a preservação, a manutenção e restauração da segurança e da ordem pública” (Policía y Constitución, Madrid: Tecnos, 1997, p. 195). O desenvolvimento da sociedade, a geração de novos empregos, e ainda a vinda de investimentos, dependem da estabilidade política, social e econômica. Se o país tem como característica a violência, isso significa a perda de investimentos e o aumento das desigualdades sociais. Afinal, nenhum investidor estrangeiro quer investir seu dinheiro onde os direitos fundamentais não são efetivamente respeitados. Por força do texto constitucional, não é apenas o Estado que é o responsável pela segurança pública, mas todas as pessoas que integram a sociedade. Nesse sentido, é chegado o momento de uma maior participação dos cidadãos nas atividades de segurança pública, que são essenciais para a vida em sociedade e a busca da realização dos o b j e t i v o s n a c i o n a i s .As associações de moradores e outras instituições sociais devem participar a t i v a m e n t e d a s a t i v i d a d e s desenvolvidas pela Delegacia de Polícia e a Companhia de Polícia Militar do Bairro.Os serviços de denúncia, os chamados Disque Denúncia, devem ser incentivados e as políticas municipais de segurança precisam ser uma realidade, inclusive com a criação de uma Secretária Municipal de Segurança Pública, com um chefe de Polícia Municipal, caso seja necessário para a diminuição dos índices de violência.

QUANDO

O GOVERNO ESTADUAL

IRÁ CONSTRUIR UMA

NOVA DELEGACIA DE

POLICIA EM COARACI?

???

Page 11: 44 Caderno Cultural de Coaraci

A Sociedade, o Estado e a Polícia, devem estar juntos na busca da paz, no intuito de diminuir a violência que tanto atormenta a maioria da população brasileira, que não mais aceita ser refém dos infratores em suas próprias residências, o que não afasta a possibilidade de serem vítimas de roubos, homicídios ou mesmo sequestros em seus lares, que segundo o art. 5o., inciso XI, da CF, “é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.

As transformações na comunidade devem ocorrer por meio da educação e a modificação dos paradigmas. A impunidade deve ser afastada da crença do infrator, que deve respeitar a lei e ter a certeza que será punido pelos crimes praticados. A polícia deve caminhar ao lado da coletividade e esta deve acreditar em seus policiais e colaborar diretamente com o Estado para o combate a criminalidade. Somente a união entre os diversos grupos sociais é que permitirá que o Brasil seja um país melhor, respeitado no exterior, e não mais objeto de questionamentos em razão da violência que tem tomado conta das principais cidades do país.

O serviço voluntário nas forças policiais deve sair da teoria e tornar-se uma realidade, o que permitirá que os policiais, civis, militares e f edera i s , que desenvo lvem se rv i ços administrativos fiquem a disposição para a realização de atividades operacionais. O jovem que for dispensado do tiro de guerra poderá colaborar com a sociedade em trabalhos junto à administração policial, as escolas públicas, participando de projetos contra as drogas, educação no trânsito, entre outros.O cidadão que conhece a realidade do seu bairro e participa de questões que lhe dizem respeito se sente valorizado como pessoa, e percebe que tanto a Polícia como o Estado estão próximos da realidade social e participam ativamente para a sua melhoria. A sociedade não pode e não deve ser excluída das discussões dos temas que são importantes e deve colaborar com as autoridades na busca do bem comum e do interesse público.A violência no Brasil somente será modificada com uma melhor distribuição de renda, saúde, educação, igualdade de oportunidades, que exigem investimentos nos setores sociais, na geração de novos empregos, e ainda na busca dos investimentos estrangeiros. Mas enquanto essas questões não são resolvidas, os efeitos da violência devem ser combatidos. O aumento das penas que devem ser aplicadas aos infratores com o surgimento de leis mais severas não significa necessariamente a diminuição do número de crimes. O que não deve existir é o senso de impunidade, que traz como consequência o aumento do número de crimes que colocam em perigo, à vida, à liberdade, à integridade, à propriedade e à segurança.Por fim, a segurança pública também deve ser levada para as Escolas e Faculdades, como forma de se preparar os jovens e os educadores para participarem das atividades de Estado. A sociedade, a Polícia e o Estado, unidos serão capazes de encontrarem as soluções necessárias para a construção de um país onde a liberdade, a igualdade e a fraternidade, possam ser uma realidade ao alcance de todas as pessoas que vivem no território brasileiro de norte a sul.·.

PIONEIROS DE COARACIElias de Souza Leal veio para Coaraci por volta de 1928, explorar os

recursos da região que alguns ainda insistiam em chamar de Beira do Rio e outros de Macacos. Ele pretendia instalar-se como corretor de terras de fazendas. Ele era muito simples, só com sua potencialidade e facilidades encontradas para vender terras, ganhou muito dinheiro aponto de logo adquirir uma fazenda na região de Palmeira próxima a José Eusébio e Afonso Tavares. Posteriormente adquiriu uma fazenda no limite da sede do Distrito, final da rua do cacau. Elias acompanhou o crescimento do povoado e chegou a ocupar o cargo de Administrador, tendo o privilegio a receber o governador Antônio Mangabeira em 1948. Era casado com dona Noêmia e teve dois filhos Elias de Souza Leal Filho e Edila Leal. Ele faleceu repentinamente em meados de 1967.

Quando José Augusto Quadros em 1937 chegou aqui já trabalhava o doutor João Batista Homem Del Rey, casado com a professora Carmem Del Rey e constituindo-se no primeiro médico de nossa história. Posteriormente chegaram José Lira médico, doutor Silvio Brito dentista, doutor Ricardo Liborio dentista, doutor Antenor Araújo médico, doutor Vanderlino dentista, doutor Venâncio médico, doutor Laércio dentista, doutor Pedrito dentista. Coaraci em seus primeiros anos de história recebeu muitos irmãos todos de importância para o desenvolvimento do povoado. A família Lira foi uma delas, destacou-se Antenor Lira dentista, possuidor do primeiro cartório de registro civil. José Lira era médico e possuía uma farmácia gerenciada por Campelo; Edgar Lira dedicou-se ao comércio, enquanto Edson Lira notabilizou-se como advogado, chegando a possuir a fazenda Bela Visão ao longo da rodovia em direção à Itajuípe. Jairo de Araújo Góes foi o primeiro tabelião conhecido no povoado. Tornou-se administrador e mais tarde Prefeito de Coaraci e teve Tuquito e Jácomo como irmãos, todos de grande destaque dentro de nossa história. Fonte: Coaraci Último Sopro de Enock Dias Cerqueira.Pág. 86.

Estudar é como conhecer mundos diferentes. Tempo de novidade a cada dia. Tempo de alegria a

cada hora. Tempo de se preparar para a vida...

Page 12: 44 Caderno Cultural de Coaraci

AGRICULTURA FAMILIAR

Foi lançado este ano o Projeto de Aquisição de Alimentos (PAA). O projeto prevê a compra dos produtos dos pequenos agricultores familiares e doação às entidades assistenciais do município envolvido e para a merenda escolar. Os pequenos produtores terão um teto de compra de até R$ 3.500 em até 8 meses que, após atingido o limite, será automaticamente renovado. O lançamento do PAA atraiu a atenção de muitos municípios baianos. O projeto foi realizado por Epifânio Soares Neto, articulador do PAA em Coaraci e em outros municípios regionais. Neto como é mais conhecido, informou que o PAA injetou 22 milhões na economia baiana em 2008.Ele disse que em Coaraci o projeto ampliou a renda do produtor. Um dos exemplos mostrados pelo articulador de como o PAA pode melhorar a vida do produtor é o preço de uma caixa de cajá que normalmente era vendida por R$ 4 reais e agora é comprada por até 12 reais pela Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Almada (Cooafba). A chegada do projeto já traz esperança, é um alento para os pequenos produtores da região. Um dos assentados disse que "o projeto é muito bom pois agora pode plantar e sabe a quem vender".

EVOLUÇÃO DO FUTEBOL EM COARACITexto de PauloSNSantana

O futebol foi um laser que mais resistiu ao tempo em Coaraci. As primeiras peladas aconteceram timidamente nas Duas Barras por volta de 1930 no campo cuidadosamente gramado da fazenda de Antônio Dias de Cerqueira, pai do saudoso Enock Cerqueira, e aos poucos foi sendo difundido por outras fazendas. Não era uma atividade contínua. Jogava-se, jogava-se, e de repente caia num total esquecimento por longos meses às vezes um dois ou mais anos. O futebol atingiu seu apogeu nos anos 40 e 50 favorecido pelo grande número de filhos dos agricultores e pelo razoável número de empregados motivados pela fase áurea da cacauicultura. Cerca de duas dezenas de campos eram encontrados nas fazendas, integrando famílias espalhadas por toda região. A região da Lagoa, São Roque, Duas Barras e Brejo Mole eram os mais concorridos e durante os jogos chegavam registrar cerca 200 torcedores em torno do campo, muita gente de Coaraci. Muitas frutas eram distribuídas aos visitantes torcedores enquanto assistiam aos jogos, as pessoas deslocavam se em direção às fazendas num vai e vem desde do início do dia. Esses pequenos campos eram também utilizados pela meninada de 13 e 14 anos, enquanto os adultos trabalhavam na roça. Os primeiros jogos de futebol aconteceram por volta de 1935 e 1936, logo após em Itacaré ter sido elevado à condição de povoado em 1933. O primeiro campo de Coaraci era rústico e ficava localizado nas cercanias da Rua 1º de Janeiro, por isso conhecida na época como a rua do campo. Quando o campo foi desativado o local foi ocupado por imóveis residenciais, transformados em casas de prostituição. O nome Rua do Campo assim se manteve por 13 a 14 anos. O atual campo de futebol de Coaraci surgiu em 1944 e foi um justo premio pela elevação a condição de Vila, logo após a inauguração da Ponte principal. Pelas suas dimensões o campo de futebol era adequado a jogadores com idade superior a 14 anos. Até 1947 aconteceram jogos de pouca importância envolvendo o Coaraci e os Comerciários, os dois primeiros clubes esportivos da história. O futebol tomou impulso com a criação de uma liga e início do primeiro campeonato amador da Terra do Sol. As equipes do Coaraci e do Comercial foram dissolvidas e seus atletas redistribuídos entre os recém-fundados times: Associação Atlética, Flamengo, Nacional, Madureira, posteriormente é substituído por Vasco da Gama e Tupinambás, nome indígena. De lá pra cá, houve uma evolução técnica e tática e organizacional, com criação de nova liga, inscrição nos Torneios Intermunicipais, realização de Campeonatos de Bairros, Campeonatos Amadores de Futebol e o Campeonato Interbairros. Acredito que já se faz necessário a realização de um Campeonato Profissional de Futebol na Região Sul. Que se faça um projeto voltado a formação da base, dando oportunidade aos jovens atletas da região circunvizinha a Coaraci, para então se fazer uma composição da futura Seleção de Futebol da Cidade.Fonte:Coaraci Ultimo Sopro,pg.233,234.

COLABORADORES QUE

ACREDITAM NO PROJETO:

CADERNO CULTURAL DE COARACI

COLABORADORES QUE

ACREDITAM NO PROJETO:

CADERNO CULTURAL DE COARACI

TETEUConhecido por Folclore

Texto de PauloSNSantanaSeu nome era Aristeu Jasmineiro de Santana. Teteu bebia pra

danar, bebia cachaça, cerveja, uísque, conhaque Macieira, chamado por ele de cinco estrelas. Ele não cuidava da saúde, também nunca sentia nada, pois vivia conservado no álcool. Andava pelas ruas da cidade sempre carregando uma garrafa do conhaque. Uma ocasião bebeu tanto que foi parar na emergência do hospital, passando mal. Após período de recuperação, quando já se sentia melhor, abandonou o leito e fugiu sorrateiramente, entrando no primeiro boteco onde comprou uma garrafa do conhaque macieira cinco estrelas seu amigo inseparável. Não se sabe quando morreu, mais talvez tenha sido na segunda fuga do hospital, encharcado de álcool. No seu atestado de óbito deve constar coma alcoólico. Com certeza ele morreu feliz por fazer aquilo que mais gostava, beber, beber o bom conhaque macieira seu companheiro inseparável. Fonte Livro Minhas Garatujas, de Dr. Eldebrando Morais Pires, pg. 54

COLABORADORES

Evandro Lima, José Leal, Genebaldo RamosJosenaldo Barros, Rosivaldo Carvalho, Presidenteda Câmara de Vereadores de Coaraci.

44º

Page 13: 44 Caderno Cultural de Coaraci

DRAGÃO DA MALDADELAMPIÃO

Para alguns historiadores, um l i de r revo luc ionár io .Pa ra outros,um chefe de crime organizado que gostava de matar atravessando um punhal na base da clavícula e perfurando os pulmões. O fato é que Virgulino Ferreira da Silva e seu bando foram responsáveis por mais de mil mortes nas décadas de 1920 e 1930. As pilhagens, os estupros e os assassinatos foram combatidos por grupos de po l i c i a i s d i s f a r çados de cangace i r o s .A mor te de Lampião, seguida da de Corisco (1907-1940),marcou o fim do cangaço, que tinha começado no Nordeste no século 18.

A MALDIÇÃO DA TAÇA JULES RIMET

A taça mais importante do futebol teve cinco donos provisórios: cada um dos países que venceu a Copa do Mundo entre 1930 e 1970. Quando o Brasil se tornou o primeiro tricampeão, ganhou o direito a ficar em definitivo com a Jules Rimet. Isto é, até ela ser roubada, pela segunda e última vez.Em janeiro de 1966, a taça foi enviada pelo Brasil, o vencedor da Copa de 1962, para o país-sede do evento seguinte, a Inglaterra, onde o torneio seria realizado em julho. Em março, foi exibida no Westminster Central Hall. A segurança não era das melhores, e ela desapareceu. Quem a encontrou, enrolada em jornal em uma calçada no sul de Londres, foi o vira-lata Pickles. O responsavel pelo sumiço, Edward Betchley (1920-1969), que tinha sido preso sem estar com a taça, faleceu em 1969. O troféu continuou na Inglaterra que venceu a Copa de 1966. Quatro anos depois, voltou ao Brasil, onde ficou em exposição no museu da CBF, no Rio de Janeiro. Em 19 de dezembro de 1983, José Luiz Vieira e Francisco José Rocha Rivera o roubaram e o entregaram a Sérgio Pereira Ayres, que repassou ao comerciante de ouro Juan Carlos Hernandes. Em sete horas, a Jules Rimet foi derretida. Francisco morreu em 1989. Os demais foram capturados, cumpriram pena e estão livres. Quando a Jules Rimet sumiu na Inglaterra, a federação local encomendou uma réplica, afinal a Copa do Mundo ia começar. E ela é que foi exposta até a devolução da original para a FIFA, em 1970. Depois, ficou escondida, até ressurgir em 1997 e ser leiloada. Hoje é exibida no Museu Nacional do Futebol, em Manchester. Por sua vez a CBF encomendou sua própria cópia. Essa nunca foi roubada.

JESSE JAMES1847-1882

O Robin Hood de Missouri começou no crime em 1866 e liderou uma série de assaltos a bancos e trens. Perseguido constantemente, estava em baixa quando um de seus seguidores mais próximos, Robert Ford acertou um tiro pelas costas na casa de James.

NED KELLY1854-1880

Ele já era muito famoso quando

foi executado na Austrália, aos

25 anos. Nasceu em uma família

de irlandeses especializada em

roubo de gado. Em 1880 foi

capturado enquanto resistia com

uma armadura feita de panelas.

BILLY THE KID

1859-1881

Batizado William H. Bonney, era muito bom no

gatilho. Não costumava comprar brigas, mas

matava quem o provocasse. Era pouco

conhecido até 1881, quando estava foragido e

o governador do Novo Mexico, Lew Wallace

afereceu uma recompensa de US$ 500 por sua

cabeça.Morreu com 21 anos.

BELLE STAR1848-1881

Por um lado, Myra Maybelle recebeu uma formação esmerada, sabia tocar piano muito bem. Por outro, mantinha amizades pouco recomendáveis com bandidos do Missouri, especialmente, Jesse James. Acabou se tornando líder de uma gangue de roubo de gado e assaltos a bancos, até que teve o fim mais comum aos fora da lei, foi morta a tiros.

Page 14: 44 Caderno Cultural de Coaraci

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COARACI - BAHIA

O Centro Espírita Bezerra de Menezes, comemora no dia 04 de agosto 46 anos de trabalho e dedicação a comunidade carente de Coaraci. Sendo o presidente Senhor Valdivino Henrique dos Santos, um homem de muita fé, e muito amor que vem dedicando sua vida à causa espírita. A Jornada acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de agosto, com diversos palestrantes, que estarão também comemorando os 150 anos de edição do livro "O evangelho Segundo o Espiritismo", o qual será Tema central da Jornada este ano. E aproveitamento o espaço convidamos desde já a comunidade para compartilhar essa Jornada de aniversário que será uma luz a ascender na nossa cidade, com benefícios espirituais de muita paz, fraternidade e amor.

O SOPÃO DO CHICO é um projeto do Centro Espírita Bezerra de Menezes trabalhando já há um ano na comunidade, o qual nasceu com a proposta de demonstrar ao próximo o amor que devemos ter um para com os outros, levando o pão, a sopa e o evangelho aos necessitados. O sentimento de altruísmo é nosso lema constante de vida. Os voluntários dessa Sopa se reúnem toda quinzena do mês no Centro Espírita para promover a entrega de Sopa, pão, roupas, sapatos e tudo que possa ser de necessidade básica para as pessoas carentes. O projeto SOPÃO DO CHICO ainda se estende à comunidade de Itamotinga, que também é beneficiada com Sopa e pão. Muitas vezes o que não nos é mais útil em nossas casas, faz diferença no lar de outra pessoa. Esse projeto tem o apoio silencioso de muitas pessoas da comunidade de Coaraci, amigos, comerciantes. E aproveitamos esta oportunidade para agradecer a comunidade Coaraciense por acreditar cada vez mais nesse projeto que também tem levado o evangelho aos corações carentes de amor e fraternidade. Pensando dessa forma, cada um dando o que tem, contribuindo com um pouco, torna-se muito para os necessitados. Muita paz a todos!

Já existe no face o grupo de Amigos, de Poetas, de Artistas, e de intelectuais de Coaraci. Você pode fazer parte daquele que se identificar melhor.

É possível visitar o espaços públicos ciberneticamente, é simples postar fotos, publicar receitas, marcar eventos. Coaraci já é conhecida não somente na região cacaueira, mas no mundo através dos sites da região do cacau, do site do Caderno Cultural de Coaraci, do Caderno Cultural de Coaraci Eletrônico, e dos E-mails.É possível tuitar com amigos em todo o Brasil e até no exterior, informar e colher informações, conhecer o passado desta boa terra.

No Facebook já é possível encontrar uma parte da história de Coaraci, contada através das imagens de milhares de fotos antigas e outras tantas contemporâneas, é possível assistir vídeos e clips de shows carnavalescos, acompanhar flashes de festas juninas e religiosas pelo WhatsApp. A sociedade coaraciense, inclusive da classe “C” compartilham informações através dos telefone celulares, e passou a ser mais conhecida e a se conhecer mais.

A b r i u - s e u m l e q u e d e

oportunidades para pequenos e

grandes empresários, pequenas e

grandes empresas de comunicação,

vestuár ios, construção c iv i l ,

alimentação, financeiras.

O novo se estabeleceu aqui, os

tempos mudaram.

De certa for não foi tão ruim,

esfriou-se a relações pessoais, mas

não foi tão ruim, esquecemos alguns

costumes culturais, mais não foi tão

ruim, afinal a fila anda. E quem não se

adaptar as novas regras do convivio

social ficará no esquecimento.

COARACI CONECTADA

Texto de PauloSNSantana

Novos tempos chegaram e a terrinha do sol, Coaraci, adapta-se e acompanha a evolução da nova sociedade dos homens. Utiliza agora a potente e nova intercomunicação, que chegou para minimizar as dificuldades nas relações humanas. O Facebook, o WhatsApp, o Twitter, se instalaram em nossas vidas, e agora ficou fácil conversar com pessoas que não conhecemos pessoalmente, trocar ideias com novos amigos, marcar encontros, escolher um grupo de amigos que se identifique conosco. Graças a esses espaços gratuitos, o coaraciense ganhou voz, e vez, podendo publicar seus pensamentos filosóficos, políticos e sociais, podendo exteriorizar a felicidade ou chorar as suas mágoas publicamente.

Os computadores chegaram para ficar e foram substituindo os rádios de cabeceira, televisores, dvds, vídeo cassetes, mudaram decisivamente os costumes da sociedade.

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Professora Associada do

Departamento de Pediatria e Coordenadora do Núcleo

Universitário de Tele-saúde do Complexo HUPES Salvador - Bahia

PATROCINA ESSE CADERNO CULTURAL

Dra.Suzy S.Cavalcante

DIA 03 DE AGOSTO

PARABÉNS AOS

C A P O E I R I S TA S

DE COARACI.

Texto de PauloSNSantana3

A banda Prosa Xique, surgiu no fundo do quintal da casa de Madinho, que tocava teclado e acordeom. Passaram-se os anos até o dia em a banda passou a apresentar-se no município, tocando em festas, e apresentando-se no período de carnaval, junino, natalino, entre outras datas comemorativas, além de participar de carreatas nas campanhas politicas, até profissionalizar-se e passar a ser contratada para tocar em toda a região Cacaueira. Os moradores da rua José Evangelista de Farias, eram premiados com os ensaios fantásticos da banda, e anualmente em cima de um trio elétrico, tocavam musicas de carnaval, forro, e arroxa, todos saiam em suas portas e janelas, para assistir aqueles jovens músicos e cantores, promovendo a festa e a alegria do povo coaraciense. Tempos bons aqueles. Foram seis ou mais anos de estrada com muito sucesso. Autores de musicas consagradas como: meu segredo, me leva pra namorar, cai a chuva, entre outras, composições de Wanderley, o cantor e guitarrista da banda. O grupo de músicos era composto por Madinho no acordeom e no teclado, Luciano no baixo, Toninho o baterista, Reginho o percursionista e a figura símbolo da banda, Zé do Pandeiro que tocava a zabumba e percussão. A banda contava ainda com um grande colaborador, conhecido por Ronaldo Gama.

Descrevo a banda no passado porque eles desfizeram o conjunto, há alguns anos, alguns seguiram carreira solo, como no caso do músico e cantor Wanderley. Outros retornaram as suas profissões anteriores, de forma que deixaram uma enorme lacuna, e quem perdeu com isso mais uma vez foi a Terra do Sol, Coaraci.

PRA DESCONTRAIREstava um bêbado no ônibus:-Se meu pai fosse um pato e minha mãe uma pata eu era um patinho...-Se meu pai fosse um cachorro e minha mãe uma cadela eu era um

cachorrinho...-Se meu pai fosse um gato e minha mãe uma gata eu era um gatinho...Claro, chegou a hora que ninguém mais agüentava o bêbado. O

trocador foi o primeiro a perder a paciência:-E se teu pai fosse um viado e sua mãe uma puta?-Aí eu era trocador...

O bebum passa em frente de um daqueles cultos e escuta o maior barulho:

gente chorando, gritando, desmaiando... Ele pergunta para alguém que está na porta:

- Hic... que tá havendo aí dentro?A pessoa responde:- Deus está operando, irmão!E o bêbado:- Hic... esse cara não usa anestesia não?

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CADERNO CULTURAL DE COARACI Email:[email protected]

Site - www.informativocultural.wix.com/coaraci(73) 8121-8056 # 9118-5080 # 3241-2405

Foto: ORTA DE ZURICO NO BEIRA RIO - quem quer fazer faz , quem não quer manda fazer!