18 março 2011

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18.03.2011 48 XIX

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18.03.201148XIX

estado de minas - P. 7 - 18.03.2011

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NATÁLIA OLIVEIRADeputados da Comissão de Defesa do Consumidor da

Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) visitaram ontem, acompanhados de especialistas em trânsito, seis dos 50 radares de velocidade existentes em Belo Horizonte. Du-rante as vistorias, o grupo constatou irregularidades no posi-cionamento e no tipo de equipamento instalado nos locais.

“Esses aparelhos são uma armadilha e não têm o intuito de educar”, avaliou o especialista em assuntos urbanos José Aparecido Ribeiro, da ONG SOS Multas Abusivas. Agora, os técnicos produzirão um relatório sobre os problemas en-contrados, e o documento será encaminhado pela comissão ao Ministério Público Estadual (MPE).

Em janeiro deste ano, os radares da capital começaram a ser administrados pela Splice Indústria Comércio e Ser-viços, denunciada por uma reportagem exibida no último domingo no “Fantástico”, da Rede Globo, por cobrança de propinas e outras irregularidades. Desde então, a empresa começou a instalar novos equipamentos a poucos metros dos locais em que estavam os antigos.

A visibilidade dos equipamentos nesses novos locais é questionada pelos técnicos e deputados. A comissão visitou quatro radares na avenida Raja Gabáglia, região Centro-Sul da cidade, e dois na avenida Barão Homem de Melo, na re-gião Oeste.De acordo com os especialistas, três dos seis ra-dares visitados foram instalados atrás de árvores e depois de curvas perigosas. “Não faz sentido. Isso não vai evitar acidentes, mas, apenas, gerar multas e, consequentemente, lucros”, criticou Ribeiro.

O especialista afirma ainda que os equipamentos deve-riam ser do tipo lombada eletrônica, de modo a facilitar a visualização dos motoristas. “Mesmo com as placas de si-nalização, o ideal é que os condutores visualizem os equipa-mentos”, ressaltou.Outro problema detectado nos pontos vi-sitados é o limite de velocidade. Segundo Ribeiro, o máximo permitido deveria ser 70 km/h e, não, os 60 km/h exigidos nas vias. “Os equipamentos e a velocidade são outros fatores que levam a crer que o verdadeiro intuito é multar e, não, impedir os acidentes”, disse o especialista.

Segundo o deputado Délio Malheiros (PV), a comissão continuará visitando os radares espalhados pela cidade, a fim de averiguar a recorrência das falhas constatadas. Na última segunda-feira, o parlamentar protocolou um pedido junto ao MPE exigindo que a prefeitura dê explicações sobre os critérios adotados na contratação da empresa. Malheiros pede ainda que sejam feitos levantamentos sobre as multas aplicadas desde o ano passado.

Explicações. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou, por meio de sua as-sessoria de imprensa, que realizou estudos técnicos antes de determinar os locais de instalação dos radares, levando em conta o número de veículos e pedestres que utilizam as res-

pectivas vias, além dos índices de acidentes nos locais.A empresa entende que os aparelhos não devem estar,

necessariamente, visíveis, devido à existência das placas. Se-gundo a BHTrans, a instalação dos radares segue as normas impostas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), e os equipamentos são vistoriados e aferidos pelo Instituto de Pesos e Medidas de Minas Gerais (IPEM/MG).

Em nota, a Splice informou que foi surpreendida pela reportagem e que não sabia das propinas cobradas por seus funcionários, que foram afastados. Uma sindicância interna foi instaurada para apurar os fatos.

deputados estaduais

CPI fica na promessa com retirada de assinaturas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assem-bleia Legislativa de Minas, que iria investigar as denúncias de fraude em licitações para radares, deve ficar só na pro-messa. Mesmo ainda sem confirmação, dos 38 deputados que haviam garantido sua participação na comissão, 16 já teriam retirado ontem suas assinaturas do requerimento. A informação é extraoficial e não se sabe ao certo quem são os desistentes. Informações de bastidores dão conta que o fracasso da comissão, que dependia apenas do aval do presi-dente Dinis Pinheiro, é resultado de uma articulação de alia-dos do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). Eles estariam tentando frear uma suposta estratégia para ganhar popularidade do deputado que propôs a CPI, Délio Malheiros (PV) ele é cotado para disputar a eleição para a prefeitura contra Lacerda em 2012; ele alega que não há mo-tivação eleitoreira na CPI.

O deputado João Vitor Xavier, que já pediu a retirada de seu nome do requerimento, nega uma articulação para barrar a comissão, mas acusa Malheiros. “O que ele quer é des-gastar a imagem do prefeito a fim de disputar as eleições”, disse. (Ana Flávia Gussen)

Juiz de Fora pode cancelar contrato com engebrás

O vereador Isauro Calais (PMN), de Juiz de Fora, na Zona da Mata, vai encaminhar à prefeitura um pedido de suspensão imediata das multas emitidas pelos radares da En-gebrás. A empresa é uma das acusadas de fraude pelo “Fan-tástico”, da Rede Globo.

Segundo o parlamentar, a intenção é que as multas se-jam suspensas até que as investigações sejam concluídas. “O cidadão não pode pagar pelas multas se houver irregulari-dades”, justificou Calais. O vereador disse que vai recorrer também ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao Tribunal de Contas. Ele afirmou ainda que pode instaurar uma Co-missão Parlamentar de Inquérito (CPI), para acompanhar as investigações. Ninguém foi achado na Engebrás para falar sobre o assunto. (NO)

Radares.Deputados e técnicos iniciaram ontem uma série de vistorias em aparelhos instalados na capital

Comissão comprova falhasFalta de visibilidade é um dos problemas recorrentes; relatório será enviado ao MPE

o temPo - P. 25 - 18.03.2011

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hoJe em dia - P. 3 - 18.03.2011

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o temPo - P. 2 18.03.2011 - do leitor

VarriçãoEliú NeresA prefeitura diz que

não faz mais varrição dos passeios públicos, o que por si só já é um absur-do, visto que, na conta de IPTU, pagamos por lim-peza pública.

Moro na região da Pampulha e os passeios em frente aos lotes vagos ou de casas e edifícios sem moradores viram um verdadeiro depósito de lixo. Há menos de um mês, uma vizinha estava varrendo o passeio quan-do se aproximou uma moto com dois indivídu-os que a forçaram a en-trar no imóvel. Levaram tudo o que queriam.

O interessante é que, como trabalho na avenida Brasil, próximo à praça da Liberdade, vejo que, todas as segundas-feiras, os passeios são varridos pelos garis. Seria o IPTU proporcionado pela re-gional Centro-Sul mais importante do que o da Pampulha? Isso é assun-to para o Ministério Pú-blico.

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diÁrio do ComÉrCio - P. 25 - 18.03.2011

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Os produtores rurais do município estão sendo convocados pelo Ministério Público Estadual a assinar um Termo de Ajustamen-to de Conduta (TAC) em relação às áreas de preservação. Porém, depois de várias nego-ciações, o Sindicato Rural de Uberaba (SRU) e outras lideranças conseguiram um prazo até o dia 12 de maio para aderir à medida.

O Ministério Público, através do pro-motor de Defesa do Meio Ambiente e dos Direitos do Consumidor, Carlos Valera, convocou cerca de 520 produtores para assi-nar um TAC durante esta semana. Segundo o presidente do SRU, Rivaldo Machado Bor-ges, a atitude pegou todos de surpresa. Po-rém, depois de uma reunião na segunda-feira (14), o prazo foi estendido. “Foi difícil conse-guir convencer o promotor, mas ele também

entendeu a necessidade. Agora dá tempo de o produtor pensar se realmente vai assinar o TAC ou não”, ressaltou o dirigente classista.

O produtor rural que optar por não as-sinar o Termo deverá responder a uma ação cível, que acaba gerando custos, pondera Ri-valdo. “Com certeza perde a causa, porque a questão da reserva é lei, e o promotor não está errado em fazer cumprir, só estamos pe-dindo um pouco mais de tempo”, aponta o presidente.

A expectativa é que até a data seja vo-tado o novo Código Ambiental, favorecen-do a agricultura e a pecuária sustentável. No entanto, o próprio Rivaldo assume que a discussão sobre o assunto é acirrada, porém ele acredita em um acordo e na aprovação da nova legislação.

Jornal da manhã - mG - ConamP - 17.03.2011

Sindicato Rural consegue prazo para assinar TAC

são João da Ponte

Políticos são afastados por desvio de verba

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o temPo - P. 4 - 18.03.2011

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o temPo - P 28 - 18.03.2011

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hoJe em dia - P. 18 - 18.03.2011

isto É - P. 31 - 02.03.2011

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Por Flávia Rosa Tupina de Mat-tos e Rafael Junior Soares

A Lei 11.340/06, alcunhada de Lei Maria da Penha, atendendo às reivindicações internas (artigo 226, parágrafo 8º, da CF) e internacio-nais,[1] trouxe ao ordenamento jurídico pátrio a proteção especial destinada às mulheres, como forma de coibir a violência praticada no ambiente doméstico, familiar ou de intimidade.

Dentre os debates que advieram na nova legislação deu-se especial atenção à necessidade (ou não) de representação no crime de lesão cor-poral de natureza leve, comumente praticado nos aludidos ambientes, prevalecendo no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o entendimen-to de que o referido delito apenas poderia ser processado mediante representação.[2] Diante disso, nos termos do artigo 16 da lei, os crimes de ação penal de iniciativa pública condicionada à representação (por exemplo: crime de ameaça), somen-te poderiam ter renunciada à repre-sentação na presença do juiz, antes do recebimento da denúncia, como forma de assegurar a manifestação espontânea da vítima. Porém, apesar do avanço derivado da nova lei, há mais que se caminhar nesta matéria, eis que até agora não se solucionou (ou sequer discutiu-se) outro pro-blema levantado, isto é, a previsão da retratação da representação de-pois do oferecimento da denúncia, visto que se trata de procedimento - numa análise lógico-jurídica - im-possível dentro da sistemática pre-sente na Constituição Federal e da legislação ordinária.

Primeiramente, há que se reali-zar a distinção entre renúncia e re-tratação da representação, visto que aquela consiste no ato unilateral efe-tuado pela vítima antes da represen-

tação, enquanto esta seria a revoga-ção da representação já externada. Numa tentativa de solucionar a má redação do legislador, Luiz Flávio Gomes assevera que a lei somente permitiria a renúncia antes do ofere-cimento da representação, situação na qual logicamente não haveria de-núncia, pois, ausente representação da vítima não há que se falar sequer em instauração de procedimento investigatório. Nessa situação es-pecífica, aplicar-se-ia o artigo 16 da Lei 11.340/06, pois o termo antes do recebimento da denúncia foi em-pregado de forma errônea (palavras inúteis), permanecendo a hipótese de retratação da representação regi-da exclusivamente pelo artigo 25 do Código de Processo Penal.[3] Por outro lado, para Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto a lei incorreu em verdadeiro equívoco ao utilizar o termo renúncia,[4] porque buscava mencionar a retratação da representação. Diante disso, numa análise da jurisprudência, conclui-se que não há qualquer distinção na aplicação do artigo 25 do CPP e do artigo 16 da Lei 11.340/06, como proposto pela primeira corrente, prevalecendo o entendimento da segunda corrente de que o legisla-dor quis tratar da retratação quando mencionou renúncia.

A partir disso, sob a ótica da Lei Maria da Penha, há alguns crimes que a legitimação para a persecução penal encontra-se guiada por outra ordem de interesses senão aquela conferida ao Estado de repressão à atividade criminosa, reservando-se à vítima o juízo de oportunida-de e conveniência da instauração da ação penal, com o objetivo de evitar a produção de novos danos em seu patrimônio, seja moral, so-cial ou psicológico. Tais delitos são apurados por meio da ação penal de

iniciativa pública condicionada à representação (condição do exercí-cio do direito à jurisdição penal[5]), em que a instauração da ação penal se dá somente após a exteriorização da vontade do ofendido. Ocorre que o marco temporal para a manifesta-ção da vítima não é indefinido, vez que está adstrita ao oferecimento da denúncia, situação na qual não mais interferirá sobre a admissão da peça acusatória. Esta conclusão é obtida porque exercido o direito de ação, por meio da dedução de uma preten-são acusatória, desde que presentes os requisitos legais, o Ministério Público não poderá desistir nem dispor do direito desempenhado,[6] inexistindo espaço para intromissão da ofendida.

Desse modo, o CP (artigo 102) e o CPP (artigo 25) ao tratarem da re-presentação da vítima trazem que a retratação a tal direito somente pode ser exercido antes do oferecimento de denúncia, visto que apresentada a exordial não mais deterá legitimi-dade para atuar no processo. Toda-via, em total contrariedade ao que está exposto em nossa legislação, o artigo 16 da Lei Maria da Penha inovou ao introduzir a possibilidade da vítima renunciar à representação depois de oferecida a denúncia, o que levaria o magistrado a rejeitá-la, com esteio em verdadeira ano-malia jurídica.

A lógica da impossibilidade da vítima não interferir no processo após o oferecimento da denúncia é simples, eis que ela não mais pos-sui titularidade ativa para alterar a pretensão deduzida pelo Ministério Público, que, apesar da existência da necessidade de representação em determinados casos, continua figu-rando como titular da ação penal de iniciativa pública (artigo 102, inciso I, CF e artigo 24, CPP).

Consultor JurídiCo - sP - ConamP - 18.03.2011

Lei Maria da Penha contraria indisponibilidade

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Segundo Eduardo Luiz Santos Cabette, “nos casos de violência doméstica contra a mulher, derro-gado o art. 25, CPP, para alongar o tempo para a retratação (jamais ‘renúncia’), teria o legislador criado uma nova formalidade pro-cessual antes do recebimento da denúncia, qual seja, a oitiva da ví-tima para que se manifeste quanto à eventual retratação da represen-tação anteriormente ofertada”.[7] Entretanto, não há fundamento que justifique a inserção de for-malidade processual no interreg-no entre o oferecimento e o rece-bimento da denúncia, de modo a obstaculizar a promoção da ação penal de iniciativa pública pelo le-gítimo titular, visto que, uma vez recebida a denúncia, a vítima so-mente atuaria como assistente de acusação, ou seja, numa atuação acessória a do Ministério Público, fato que reforça a ideia sobre a impossibilidade de sobreposição ao entendimento externado pelo Parquet.

Aury Lopes Junior, ao tra-tar da legitimidade ativa da ação penal, assevera que “É ocupada pelo titular da pretensão acusató-ria. Especificamente no processo penal, a legitimidade decorre da sistemática legal adotada pelo le-gislador brasileiro e não propria-mente do interesse. Por imperati-vo legal, nos delitos de ação penal de iniciativa pública, o Ministério Público será sempre legitimado para agir.”[8] Diante disso, não há espaço para se admitir a in-terferência da vítima nos moldes previsto na Lei Maria da Penha, eis que os princípios da obrigato-riedade e indisponibilidade con-feridos ao Ministério Público e concretizados com o oferecimen-to da denúncia, vedam o não rece-bimento da peça acusatória. Ora,

se o oferecimento da denúncia torna a ação penal indisponível ao seu titular, não há fundamento ou instituto jurídico (e muito menos lógico) que dê respaldo ao artigo 16 da Lei 11.340/06, em que a ví-tima - mesmo fora da relação ju-rídica - teria condições de dispor da ação penal. Tal interpretação não decorre de mero preciosismo na aplicação da legislação vigen-te, mas se dá por força de lógica e coerência das normas constitucio-nais e processuais penais vigen-tes, as quais prevêem os titulares da ação penal.

Corroborando a tese do pre-sente trabalho, Hélio Tornaghi afirma que “o silêncio do ofen-dido, a falta de manifestação de vontade, é obstáculo à atuação do Ministério Público. Uma vez removido esse óbice se o Minis-tério Público já iniciou a ação, com o oferecimento da denúncia, já não produz efeitos a retratação do ofendido, pois do contrário fi-caria este com o poder de invali-dar os atos do Ministério Público e o próprio processo, o que está inteiramente fora da vontade da lei”.[9] Assim, considerando que a criação de ato processual es-pecífico para oitiva da vítima foi uma solução louvável do legisla-dor, como forma de evitar mani-festações viciadas, entende-se que a audiência sobre a deliberação da retratação da representação deve ser realizada antes do oferecimen-to da denúncia, resguardando-se, dessa forma, a principologia e a sistemática legal proposta pela Lei Maria da Penha.

Portanto, a regra inscrita no artigo 16 da Lei 11.340/06 deve ser aplicada parcialmente, no que tange apenas à realização da au-diência a respeito da retratação da representação, permanecen-

do incólume a regra do artigo 25 do CPP e artigo 102, CP, porque, uma vez oferecida a denúncia pelo Ministério Público com base em regular representação, não há res-paldo legal para a vítima interferir nessa fase do processo, tendo em vista que sua atuação está exauri-da, cabendo ao parquet, titular da ação penal de iniciativa pública, promovê-la e se manifestar como lhe for pertinente.

[1] Convenção sobre a Elimi-nação de Todas as Formas de Vio-lência contra a Mulher e Conven-ção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência con-tra a Mulher. PIOVESAN, Flá-via. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 10ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2009, 196-204.

[2] HC 137.729/PE, Rel. Mi-nistra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 22/11/2010.

[3] Lei da violência contra a mulher: renúncia e representação da vítima. . Acesso em 06.dez.10.

[4] Legislação criminal es-pecial. – São Paulo: RT, 2009, p. 1058.

[5] TUCCI, Rogério Lauria. Teoria do direito processual penal: jurisdição, ação e processo penal. – São Paulo: RT, 2002, p. 126.

[6] GIACOMOLLI, Nereu José. Legalidade, oportunidade e consenso no processo penal. – Porto Alegre: Livraria do Advo-gado, 2006, p. 305-307.

[7] Anotações críticas sobre a lei de violência doméstica e fami-liar contra a mulher. . Acesso em: 06.dez.10.

[8] Direito processual penal e sua conformidade constitucional. 3ª ed. Vol.1 – Rio de Janeiro: Lu-men Juris, 2008, p. 341.

[9] Apud TUCCI, Rogério Lauria. Op. cit., p. 130.

Cont.. Consultor JurídiCo - sP - ConamP - 18.03.2011

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Por Eduardo Tergolina Teixeira e Gabriel Faria OliveiraA Constituição do Brasil, em seu artigo 5º, caput e incisos LIV

e LV, estabelece a igualdade das partes no curso do devido processo legal. Em 2009, após longo processo legislativo, com amplo deba-te popular e a participação institucional da Defensoria Pública, das Advocacias Pública e Privado, do Judiciário, do Ministério Público, o Legislativo, promulgando a Lei Complementar 132/09, positivou o óbvio constitucional no parágrafo 7º do artigo 4º, da Lei Comple-mentar 80/94. Em suma, conferiu à Defensoria Pública assento no mesmo plano do Ministério Público durante as audiências.

Trata-se da sedimentação da igualdade das partes, como dito, princípio constitucional que se expressa de forma qualificada no âm-bito do processo penal, entre os órgãos estatais de acusação e defesa, cada um na atuação de suas típicas funções institucionais (autor da ação penal e defesa dos hipossuficientes).

As audiências, os atos de instrução, julgamento e peticiona-mento frente ao Judiciário consistem em momentos processuais em que os atores Essenciais à Função Jurisdicional do Estado se fazem presentes na vida dos cidadãos, para a construção dos conteúdos das leis, sob o controle próximo das partes.

Nesse contexto, que dizer de um acusador que se senta ao lado do Judiciário, em posição diferenciada, de topográfica superioridade em relação à defesa? Com que simbologia a jurisdição, composta por suas Funções Essenciais, se apresenta aos cidadãos jurisdicio-nados?

Diz-se que o fato de o Ministério Público eventualmente deixar de oferecer uma denúncia lhe daria a faceta de autoridade imparcial. Falácia para quem vive o fórum criminal (de cadeira)! Ao órgão de Estado que defende, leia-se Defensoria, e aos próprios Advogados impõe-se, também, a fiscalização da lei e sua aplicação, com lealda-de processual, comprometidos que estão com o não-ajuizamento e o não-patrocínio de causas infundadas. A mesma previsão legislativa de arquivamento de lides e teses infundadas, inerente à indepen-dência funcional de ambos os órgãos, e comunicação a órgãos de revisão (à ex. LC 75/93, artigo 63, IV, e LC 80/94, artigo 44, XII) aplica-se, em similitude, ao Ministério Público e à Defensoria Públi-ca, em franca atividade estatal de preservação da legalidade. Então, Lei Complementar por Lei Complementar, ambas as instituições são “imparciais” na medida em que, além dos interesses que defendem, impõe-se-lhes o limite de ajuizar ação e defender dentro dos precei-tos legais. Ao fim e ao cabo, com vaidades institucionais à parte, o fiscal da lei e seus conteúdos vem a ser o cidadão, já que a cidadania, em ambiente jurídico-democrático, não pode ser delegada a corpos de eleitos ou concursados.

À Comissão de Prerrogativas da Defensoria Pública da União parece que a “tradicional/costumeira” composição das salas de audi-ências, em que a privilegiada acusação se senta ao lado do membro do Judiciário, representa ao cidadão a visão de uma balança, sím-bolo totêmico da justiça, desequilibrada, cujos pratos figurativos da eqüidistância se encontram um próximo à cabeça da deusa Têmis, outro demasiadamente afastado, literalmente em patamar rebaixado, tudo a denunciar evidente descompasso da situação com a igualdade entre as partes, como manda a Constituição. Em outras palavras, um a cochichar nos ouvidos da deusa; outro a clamar, de longe, a mesma atenção.

A perplexidade em torno da situação cresce quando se lembra – e nunca é demais lembrar – que, no Brasil, o cidadão tem por direito fundamental a ampla defesa (art. 5.º, LV, da CF), não a am-pla acusação. E a questão é muito antiga, pois, desde Aristóteles, o polissêmico termo “justiça” denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade, que se inicia no simbolismo da presentação ao imparcial

julgador.A Comissão de Prerrogativas da Defensoria Pública da União,

longa manus do Defensor Público-Geral Federal, tem buscado junto às Corregedorias Regionais Federais e do Conselho da Justiça Fe-deral a efetiva implementação da norma complementar, que nada mais faz do que pormenorizar, no plano simbólico, o que já consta da Constituição. Só com eqüidistância entre defesa e acusação, até mesmo quanto ao plano topográfico, os assistidos da DPU têm as-segurados a isonomia, o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal, como direitos fundamentais.

Com efeito, é oportuno registrar que o Egrégio Supremo Tri-bunal Federal, instado a se manifestar sobre o tema no RMS 21.884, Supremo Tribunal Federal, relator ministro Marco Aurélio, 2ª Tur-ma, julgado em 17 de maio de 1994, determinou a equidistância entre acusação e defesa no Judiciário Militar com a vedação da pre-sença do órgão acusador na bancada exclusiva do órgão julgador:

MANDADO DE SEGURANÇA — OBJETO — DIREITO SUBJETIVO — PRERROGATIVA DA MAGISTRATURA. Tem-no os integrantes da magistratura frente a ato que, em última analise, implique o afastamento de aspecto revelador da equidistancia, consi-deradas as partes do processo, como e o caso da cisão da bancada de julgamento, para dar lugar aquele que atue em nome do Estado-acu-sador. DEVIDO PROCESSO LEGAL — PARTES — MINISTÉ-RIO PÚBLICO E DEFESA — PARIDADE DE ARMAS. Acusação e defesa devem estar em igualdade de condições, não sendo agasa-lhável, constitucionalmente, interpretação de normas reveladoras da ordem jurídica que desague em tratamento preferencial. A e inerente ao devido processo legal (ADA PELLEGRINI GRINOVER). JUS-TIÇA MILITAR — CONSELHO DE JUSTIÇA — BANCADA — COMPOSIÇÃO — CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR — ESTATUTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. A Lei Complementar n. 75/93, reveladora do Estatuto do Ministério Público, não derro-gou os artigos 400 e 401 do Código de Processo Penal Militar no que dispõem sobre a unicidade, nos Conselhos de Justiça, da bancada julgadora e reserva de lugares próprios e equivalentes a acusação e a defesa. Abandono da interpretação gramatical e linear da alínea do inciso I do artigo 18 da Lei Complementar n. 75/93, quanto a prerrogativa do membro Ministério Público da União de sentar-se no mesmo plano e imediatamente a direita dos juízes singulares ou presidentes de órgãos judiciários. Empréstimo de sentido compatí-vel com os contornos do devido processo legal.

Nada disso, sublinhe-se, implica menosprezo ao órgão de acu-sação. Nas palavras do eminente ministro Marco Aurélio, “O que contém na alínea “a” do inciso I do artigo 18 da Lei Complementar 75/93 não pode ser potencializado a ponto de mesclar juízes e partes. (…) O enfoque chega as raias do ridículo, não fazendo justiça ao papel reservado, constitucionalmente, ao Ministério Público”.

Logo, ao tempo em que rende reconhecimento aos atores pro-cessuais e exercentes de Função Essencial à Jurisdição (defensores públicos, advogados públicos, advogados privados e membros do Ministério Público), incluídos os juízes federais (Justiça Federal, Trabalhista e Eleitoral), que, em maioria, têm dado ampla eficácia aos preceitos constitucionais da igualdade, do contraditório e do de-vido processo legal, (artigos 5.º, caput, LIV e LV, da CRFB, e 4º, parágrafo 7º, da LC 80/94), a Defensoria Pública-Geral da União, a bem de seus assistidos e por meio da Comissão de Prerrogativas, convida a comunidade jurídica à reflexão sobre a indispensável eqüi-distância das partes nos atos processuais, garantindo-se ao máximo a paridade de armas e a igualdade presencial nas salas de audiência e julgamento, sobretudo, no campo processual penal, entre os que acusam e os que defendem.

Consultor JurídiCo - sP - ConamP - 18.03.2011

MP ao lado do juiz viola equidistância das partes

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Em vigor desde o final de 2009, a lei estadual paulista que obriga vendedores e fornecedores a fixar a data e o turno - ma-tutino, vespertino ou noturno - para a en-trega de produtos ou realização de serviços representa um avan-ço significativo, em matéria de direito do consumidor. Ela vale tanto para as lojas físi-cas quanto para as lo-jas virtuais, que atuam por meio da internet.

Graças à Lei 13.747, mais conheci-da como Lei da Entre-ga, os consumidores não precisam ficar de plantão um dia intei-ro à espera dos pro-dutos e serviços que adquiriram. Nos 14 meses de vigência desse texto legal, a Fundação Procon - o órgão encarregado de aplicá-lo no Estado de São Paulo - fiscalizou 374 empresas, autuou 201 estabelecimentos e aplicou multas no valor total de R$ 32 milhões.

Durante sua tra-mitação na Assem-bleia Legislativa, o projeto da Lei da En-trega sofreu forte re-sistência de entidades do comércio. A Asso-ciação Comercial de São Paulo alegou que, em vez de beneficiar o consumidor, ela o pre-

judicaria, pois as lojas seriam obrigadas a re-passar para o preço fi-nal de seus produtos o custo do aumento das frotas de entrega.

Pela Lei 13.747, caso o consumidor não receba o produto ou serviço compra-do na data e no turno previamente marca-do, ele deve procurar o Procon e denunciar a empresa vendedora, que poderá ser multa-da, com base no Códi-go de Defesa do Con-sumidor. A legislação deixa a critério dos compradores a esco-lha - dentre as opções apresentadas pelas empresas - dos dias e horários disponíveis para a entrega de pro-dutos ou prestação de serviços. E aquelas que não cumprirem o que foi acertado fi-cam sujeitas a multas que variam de R$ 400 a R$ 750 mil. Em ca-sos extremos, a multa pode chegar a R$ 3 milhões. A penalidade máxima é a suspensão do alvará de funciona-mento do estabeleci-mento. A Lei 13.747 também determina que os serviços de en-trega devem respeitar as regras e restrições de cada município paulista.

No entanto, à me-dida que as fiscaliza-ções do Procon se tor-

naram mais rigorosas, o Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo pas-sou a conceder limi-nares, suspendendo os efeitos da Lei da En-trega até o julgamento de mérito. A primeira liminar foi concedida em janeiro de 2010 a uma rede de eletro-domésticos. Segundo seus advogados, ela não teve tempo hábil para reformular o es-quema de entrega de seus produtos. Ale-gando que as empre-sas que prometem en-trega agendada com o pagamento de taxas têm aparato logísti-co para cumpri-la, a Procuradoria-Geral do Estado conseguiu cassar a liminar. No entanto, a empresa re-correu e a 3.ª Câmara de Direito Público do TJ suspendeu o paga-mento da multa.

Essa decisão esti-mulou lojas de depar-tamento, supermerca-dos, redes varejistas e empresas de comércio eletrônico a contestar judicialmente a Lei da Entrega - e o julga-mento de mérito deve demorar anos. Eviden-temente, isso prejudi-ca os consumidores e enfraquece a atuação dos órgãos de defesa do consumidor. Afi-nal, se eles não pude-rem aplicar multas, as autuações das empre-

sas que desrespeitam a legislação acabarão sendo inócuas.

O que está ocor-rendo em São Paulo também vem aconte-cendo nos municípios - como Rio de Janeiro e Belo Horizonte - e Estados - como Mato Grosso do Sul - que têm Leis da Entrega. As empresas - com apoio das associações e federações do co-mércio - alegam na Justiça que os muni-cípios não têm com-petência para legislar sobre a matéria. Nos caso dos Estados, as empresas deixaram de lado o argumento jurídico, atribuindo às chuvas, enchentes, congestionamentos e até ao rodízio de ve-ículos a culpa pelo não cumprimento das entregas previamente agendadas.

Em alguns Esta-dos, é grande o núme-ro de liminares con-cedidas às empresas. Em outros, os Tribu-nais de Justiça têm sido mais comedidos. Independentemente da decisão de mérito que o Judiciário vier a tomar nessa polêmica entre empresas e Pro-curadorias estaduais e Procons, a Lei da En-trega dá a medida da maturidade do merca-do consumidor brasi-leiro.

o estado de sP - P. a3 - 18.03.2011

A Justiça e a Lei da Entrega

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