02 março 2011

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02/03/2011 38 XIX

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02/03/201138XIX

VIVER BRASIL - P. 94 - 02.03.2011

01

QUEILA ARIADNEO comércio de Belo Horizonte recebeu

carta branca para manter a prática de dar des-contos nos pagamentos em dinheiro, cheque ou cartão de débito. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou a liminar concedida em agosto de 2010, que assegura aos lojistas o direito de cobrar preços diferentes à vista e no cartão de crédito. Como a ação jul-gada é de autoria do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), a autorização vale somente para os estabelecimentos da capi-tal credenciados ao órgão, que são cerca de 27 mil. “A operação com cartão de crédito tem ele-vados custos com taxas de administração, que não precisam ser repassados para quem paga à vista. Calculo que o desconto gire em torno de 5%, dependendo da política de cada loja”, esti-ma o presidente do Sindilojas, Nadim Donato Filho.

O Procon do Ministério Público Estadu-al não concorda com a distinção de preços e promete recorrer no TJMG e no Superior Tri-bunal de Justiça (STJ). O promotor Amauri Artimos da Matta acredita que, na prática, ao invés de os preços à vista caírem, os valores por cartão de crédito é que vão subir. “Quando o lojista assina um contrato com a operadora, ele se compromete a praticar o preço à vista e, quando o consumidor assina com a operadora, ele paga a anuidade para ter direito de comprar

pelo mesmo valor à vista. Com essa permissão, o cliente é lesado porque perde esse direito pelo qual pagou”, avalia o promotor. “É como se a loja ficasse só com os benefícios do contrato e descartasse as desvantagens, que são as taxas”, completa Matta.

Segundo Donato Filho, a preocupação do Procon não tem fundamento. “Se abaixa o cus-to, você consegue cobrar um preço menor, não tem como ficar mais caro no cartão de crédito. Só vamos reduzir o valor cobrado no débito, cheque ou dinheiro”, ressalta ele.

Exceção

Permissão vigora só em BH e Brasília

Só Belo Horizonte e Brasília têm autoriza-ção da Justiça para cobrarem valores diferen-ciados à vista e a prazo. No resto do país, vigora o que diz a a Portaria 118/94, do Ministério da Fazenda, que diz que “não poderá haver diferen-ça de preços entre transações efetuadas com o uso do cartão de crédito e as que são em cheque ou dinheiro”. Na capital mineira, a autorização foi solicitada à Justiça em 2009 e conseguida há seis meses. Também em 2009, por discor-dar do descumprimento da regra, o Procon do Ministério Público de Minas Gerais entrou com recurso para impedir a prática, que foi liberada em agosto e confirmada agora. (QA)

O TEMPO - P. 10 - EcOnOMIA - 02.03.2011Polêmica.Procon Estadual teme majoração de preços e anuncia que vai recorrer ao STJ

Justiça autoriza cobrar preço diferente no cartão e à vistaSindilojas calcula que descontos para débito, cheque e dinheiro será de 5%

GABRIELA SALESBandeira do sul. As prefeituras de Poços de Caldas,

Muzambinho, Cabo Verde e Bandeira do Sul, no Sul de Minas, anunciaram ontem que não vão aceitar mais a venda de serpentinas metalizadas no comércio local. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar ainda avaliam a possibilidade de estender a proibição a pelo menos outras seis cidades da região.

O material é o mesmo que provocou, de acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), o curto-circuito na rede de alta tensão que levou à morte de 15 pessoas durante o pré-Carnaval de Bandeira do Sul, na tarde do último domingo.

A medida começa a valer ainda hoje em Poços de Caldas e Bandeira do Sul, onde os prefeitos já assina-ram decretos determinando a proibição da comerciali-zação, da distribuição e do uso da serpentina.

A decisão das prefeituras se baseou numa análise feita por técnicos e engenheiros elétricos do Departa-mento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas (DME), que detectaram o perigo da utilização da ser-pentina metalizada próximo à rede elétrica e em locais fechados.

As duas embalagens do material encontradas pela polícia no trio elétrico envolvido no acidente trazem um alerta sobre o risco, mas em inglês. “Ficou compro-vado que esse tipo de produto é realmente um condutor de energia. Além disso, ele apresenta perigo igual ou maior em ambientes fechados”, afirmou o prefeito de Poços de Caldas, Paulo César Silva.

O estudo apontou ainda a existência de três tipos de serpentina metalizada no mercado, com variados siste-mas de propulsão. Eles são acionados com ar compri-mido, pólvora ou espoleta, materiais inflamáveis que oferecem perigo também quando utilizados em am-bientes fechados ou próximo a fontes de calor.

O produto tem outra contraindicação, segundo o es-tudo dos técnicos do DME: em locais com alta umidade do ar, o isolamento elétrico é menor, o que potencializa a condução de energia. Segundo o prefeito de Poços de Caldas, a medida foi necessária para evitar novos acidentes. “Temos tradição em Carnaval e precisamos preservar nossos turistas e moradores”, declarou.

Feridos. A polícia informou que uma das vítimas, que chegou a ser contabilizada entre os mortos, está, na verdade, internada. Karoline Figueiredo Alves Franco, 14, sofreu uma parada cardíaca e foi encaminhada em

estado grave para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Poços de Caldas.

O auxiliar de produção Diego Rodrigues do Prado, 24, recebeu alta ontem. Ele disse não se lembrar do que aconteceu. “Foi tudo muito rápido. Desmaiei e já acor-dei no hospital”, contou.

Uma das vítimas, o jovem Augusto Siqueira come-morou o aniversário de 17 anos no quarto do hospital. “Eu estava a uns 5 m do trio na hora do acidente”, conta o adolescente, que teve 30% do corpo queimado.

Até a noite de ontem, dez pessoas permaneciam in-ternadas na Santa casa da cidade, e uma, no município de Campestre, a maioria com queimaduras de primeiro e segundo graus. Uma das vítimas - o estudante Ramom Andrade de Oliveira - foi transferida para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte.

Investigação

Delegado apura homicídio culposoOntem, a Polícia Civil de Poços de Caldas assumiu

o caso. O delegado Ernani Vaz informou que preten-de colher depoimentos de pelo menos 60 testemunhas para definir se vai conduzir a investigação como um homicídio culposo no qual não há intenção de matar.

O delegado já colheu depoimentos preliminares do proprietário do trio-elétrico, Jean Carlos Vieira, e do motorista, Cléber Eduardo Larudo. “Eles foram ouvi-dos para contar como foi o acidente, mas deverão ser convocados novamente”, adiantou.

Ontem, Vaz autorizou a liberação do caminhão, que estava no pátio da Polícia Civil para uma perícia. No veículo, foram encontrados três tubos de serpentina metalizada semelhantes ao que teria causado o curto-circuito um já utilizado e os outros dois lacrados.

Em depoimento, o proprietário do trio disse que não sabe quem levou as serpentinas. “Ele admitiu que não foi realizado nenhum tipo de revista nas pessoas que tinham acesso ao veículo e disse que não chegou a ver quem acionou o dispositivo”, contou o delegado.

Caso fique comprovado que houve um crime, os denunciados podem pegar de um a quatro anos de pri-são por lesão corporal e pelas mortes das 15 vítimas.

Venda. O Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) de Minas Gerais informou que a serpentina metalizada não é certificada pelo Inmetro, mas esclareceu que a falta de regulamentação ou certificação não impede a venda do produto. (GS)

O TEMPO - P. 23 - cIDADES - 02.03.2011Curto.Prefeituras de quatro cidades de Minas decidem impedir a venda de produto que provocou acidente

Serpentina é proibida no SulEmbalagem alerta sobre risco de uso do produto perto da rede elétrica

02

Assembleia quer proibir venda em MG

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Con-tribuinte da Assembleia Legislativa aprovou ontem, em caráter de urgência, o requerimento da deputada Liza Prado (PSB) pedindo o recolhimento imediato de ser-pentina metálica e também de seu lançador em todo o Estado. O pedido será enviado ao Procon Estadual e ao Inmetro.

A deputada irá apresentar hoje um projeto pedindo ao Ministério Público e ao Procon que efetuem a fis-calização no comércio de confetes metalizados, com o intuito de coibir a venda do material. (Rafael Rocha)

Poços de caldas

Fiscalização ficará a cargo de 108 fiscais

Poços de Caldas. Durante toda a semana até o fim do Carnaval, 108 fiscais da prefeitura e da Guarda Mu-nicipal vão trabalhar em Poços de Caldas, onde a ser-pentina metálica foi proibida. “No primeiro momento, vamos recolher o material e orientar o comércio. Caso for encontrado o produto em um estabelecimento já vistoriado, será aplicada multa no valor proporcional à quantidade apreendido e no valor do produto”, disse o secretário de Serviços Públicos, Marcos Tadeus de

Moraes Sales Sansão. Em Bandeira do Sul, onde a prefeitura ainda não

detectou a venda do produto, o prefeito José dos Santos disse que a medida servirá para inibir que visitantes uti-lizem a serpentina. “Acreditamos que o material tenha vindo de fora. Mesmo assim, vamos proibir a venda e utilização”. Em Muzambinho e Cabo Verde o decreto que proíbe a venda deve ser assinado ainda hoje. (GS)

Mini entrevista com Médico do SamuLeonardo FigueiredoO que mais te chocou na hora do atendimento?A agonia das pessoas. Parecia uma cena de guerra.

Parentes e vítimas nos agarravam pedindo ajuda. Quan-do cheguei ao hospital, encontrei oito corpos no chão.

O senhor já tinha vivido uma situação assim? Jamais. Faz um ano que estou no Samu e nunca vi

um acidente tão grave, com tantas mortes.O que foi pior?Foi ver que a maioria das vítimas eram jovens.

Muitos eram adolescentes que ainda tinham um futuro pela frente.

O que vai ser difícil de tirar da memória?Acho que o mais difícil vai ser esquecer o cheiro.

Era uma coisa horrível, não dá para esquecer. Lembro que, quando acabamos o atendimento, eram 2h da ma-drugada de segunda-feira. Eu fui tomar banho e esse cheiro não saía de mim. É algo pavoroso.

As repúblicas de Ouro PretoDas 308 repúblicas federais e particulares de Ouro Preto,

na região Central do Estado, apenas 81 manifestaram interesse em hospedar e vender produtos para os foliões neste Carnaval. Delas, 69 conseguiram autorização e as outras 12 ainda aguar-dam avaliação da prefeitura. A maioria dos pedidos era de mo-radias federais foram 52 e os outros 29 eram de particulares. Proibidas no ano passado de hospedar foliões pelo Ministério Público, as repúblicas federais terão agora que cumprir uma série de exigências para ter o benefício. O Executivo promete fiscalização rigorosa, e, caso elas desobedeçam as regras, po-derão ser multadas em R$1.462 e até interditadas.

Desfalque na festa de Belo HorizonteO Carnaval de Belo Horizonte sofreu um desfalque. A Im-

pério de Nova Era não irá mais participar do desfile no Bulevar Arrudas. Em princípio, a previsão era que nove agremiações desfilassem, mas a Império de Nova Era perdeu o prazo de inscrição, que chegou ao fim na última sexta-feira. A escola representaria o bairro São Paulo, na região Nordeste da capital mineira.

O TEMPO - P. 24 - cIDADES - 02.03.2011

03

HOJE EM DIA - P. 7 02.03.2011 Prefeito multiplica bens em 40 vezes

04

HOJE EM DIA - P. 7 - 02.03.2011

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HOJE EM DIA - P. 7 - 02.03.2011

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O TEMPO - P. 6 - 02.03.2011

Luiz Ribeiro A mudança no Sistema de Gestão

Ambiental e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema), por meio de projeto de lei a ser enviado pelo governo estadual à Assembleia Legislativa, prevendo a cen-tralização em um órgão das funções do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), foi bem recebida por ambientalistas e empreendedores. No entanto, há uma preocupação em rela-ção à manutenção do “poder de polícia” na fiscalização que hoje é exercida pelo IEF, órgão que deverá ser extinto, junta-mente com o Igam e a Feam.

A questão é levantada por Lucio Aparecido Souza Silva, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conselho Estadual de Política Am-biental (Copam). Ele salienta que a cria-ção do órgão – que está sendo chamado de Instituto Ambiental de Minas Gerais (Iamig) – diminui a burocracia, mas faz um alerta sobre a necessidade de manter o poder de fiscalização.

O secretário de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, disse que o poder de fisca-lização será mantido e o exercício ficará a cargo de subsecretarias que integram sua pasta. Pelo projeto do novo instituto, as equipes atuais serão reaproveitadas.

Para o deputado Paulo Guedes (PT), que integra o bloco da oposição na Casa, a apreciação do projeto de lei será uma oportunidade para discutir a política am-biental do estado. “Os órgãos têm pra-ticado excessos, com a criação de uma indústria da multa. Queremos que agora haja uma discussão mais ampla sobre o novo órgão e sobre a sua forma de atu-ação.”

O diretor superintendente da Asso-ciação Mineira de Silvicultura (AMS), Antonio Tarcizo de Andrade Silva, disse que não pode se aprofundar no debate sobre o novo instituto ambiental porque ainda não conhece o projeto de lei que será encaminhado à Assembleia. Porém disse que apoia a centralização das ações da fiscalização e licenciamento ambien-tal numa estrutura única. “Tudo que for para desburocratizar e facilitar a nossa vida, apoiaremos”, declarou.

ESTADO DE MInAS - P. 7 - 02.03.2011 Meio Ambiente

Mudança aprovada com ressalva

07

Flávia Ayer Projeção de como ficaria a fa-

chada do centro de compras, o que não convence os que defendem a preservação das características do imóvel

Audiência pública promovida ontem na Câmara Municipal de Belo Horizonte expõe racha en-tre moradores do entorno do Mer-cado Distrital do Cruzeiro sobre projeto de revitalização do centro de compras. As duas associações com atuação no Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul da capital, batem de frente quanto à proposta de modernização. Sob análise da prefeitura, o projeto prevê, além da permanência dos atuais feirantes, a construção de dois hotéis, centro gastronômico, shopping e 2 mil va-gas de estacionamento. Diante das divergências, o secretário-adjunto municipal de Gestão Administra-tiva, Hipérides Ateniense, garante que nenhuma providência em re-lação ao imóvel, tratado como um problema pelo poder público, será tomada sem consulta à comunida-de.

De acordo com Ateniense, em três meses, consultoria internacio-nal contratada pela prefeitura para avaliar o projeto concluirá estu-dos sobre a viabilidade econômi-ca, ambiental e arquitetônica do empreendimento. Outra empresa também trabalha na análise dos impactos viários da proposta, que responde a um chamado de proce-dimento de manifestação de inte-resse (PMI) aberto em junho pela administração pública. Sem inten-ção de investir na área de mais de 7 mil metros quadrados, o objetivo da prefeitura era angariar interes-sados em apresentar propostas de revitalização do mercado, visando

a Copa do Mundo de 2014, desde que garantida a atividade comercial dos atuais permissionários.

Depois de quatro meses de PMI aberto e apenas um projeto em mãos, a prefeitura está numa sinuca de bico e se vê diante do desafio de conciliar interesses de moradores, que não se entendem sobre o assunto. “Somos obrigados a dar uma resposta a quem atende ao PMI, negativa, positiva ou com considerações, por isso contrata-mos a consultoria. Vimos pontos interessantes, como a oferta de va-gas de estacionamento, mas ainda é prematura expor qualquer opinião sobre o projeto”, afirma Ateniense.

Favorável ao projeto, a Asso-ciação dos Moradores dos Bairros Anchieta e Cruzeiro (Amoran) par-ticipou do consórcio que apresen-tou a proposta de modernização, junto da Associação de Comer-ciantes do Mercado Distrital do Cruzeiro (Acomec), da Santec Em-preendimentos e da antiga diretoria da Fundação Mineira de Cultura (Fumec), vizinha ao mercado e que causa grande impacto no trânsito da região. Pelo projeto, 800 das 2 mil vagas seriam destinadas apenas à Fumec. “Até agora, só vimos be-nefícios, pois tira os carros da rua. Também traz atrativos para a re-gião”, afirma o presidente da Amo-ran, Saulo Lages Jardim.

Apesar de não retratar a opinião de todos os 48 concessionários, a vice-presidente da Acomec, Neusa Resende, espera aprovação do pro-jeto. “A revitalização é muito bem-vinda”, diz. Já a atual presidência da Fumec parece estar reavaliando a proposta apresentada pelo consór-cio. “Do jeito que está apresentado, temos muitas dúvidas”, afirma o presidente da fundação, Custódio

Cruz de Oliveira e Silva.OPInIÃO cOnTRÁRIA

Do outro lado do ringue, a As-sociação dos Cidadãos do Bairro Cruzeiro (Amoreiro), fundada re-centemente e que conta com apoio de entidades profissionais de arqui-tetos e urbanistas, repudia o projeto e teme a descaracterização do pa-trimônio histórico e os impactos no trânsito. “Esse projeto não interessa à população. Ali é o nosso quintal e não se mexe no quintal do povo dessa forma. Queremos a revitali-zação, mas não com uma proposta que cria conflitos no trânsito e des-trói o mercado”, afirma a presiden-te da Amoreiro, Patrícia Caristo.

O presidente do Sindicato dos Arquitetos, Eduardo Fajardo, apon-ta que a proposta de modernização do mercado pode apagar uma das obras de um dos mais renomados arquitetos mineiros, Éolo Maia, que assina o projeto original do Distrital do Cruzeiro, fundado há 36 anos. “É um galpão com solução arquitetônica de êxito e que precisa de uma recuperação”, ressalta, afir-mando que o projeto futurista vai “emburguesar” o mercado.

A presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil em Minas (IAB-MG), Cláudia Pires, cobra mais participação da comunidade no processo e critica a prefeitura. “Eles abriram um procedimento de manifestação de interesse sem se-quer saber quanto vale o terreno”, diz, solicitando a avaliação imedia-ta da área pelo poder público. Nove dos 41 vereadores participaram da audiência pública, organizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, e se comprometeram a evi-tar a destruição do patrimônio his-tórico.

ESTADO DE MInAS - P. 28 - 02.03.2011 DISTRITAL DO cRUZEIRO

Projetos dividem moradoresAudiência na Câmara Municipal mostra que dificilmente haverá consenso em torno da proposta de modernização do mercado, o que deixa a prefeitura de mãos atadas

08

RAPHAEL RAMOS

Vinte e quatro dias após o jo-gador do América, William Morais, 19, ser vítima de um latrocínio - roubo seguido de morte -, a juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizon-te, Neide da Silva Martins,acatou denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e vai levar a júri os três rapazes acusados do crime. A decisão foi anunciada ontem pela assessoria de comunicação do Fó-rum Lafayette.

Por se tratar de um latrocínio (roubo seguido de morte), os denun-ciados Darisson Ferraz da Silva,18, Daivisson Carlos Basílio Moreira, 18, e Hebert Lopes dos Santos, 23, que estão presos temporariamen-te, irão responder pelo crime em júri singular. Nesse caso, a senten-ça será definida por um juiz e não por um grupo de pessoas, como em casos de júri popular. A data para o julgamento ainda não foi definida.

Apesar de não atuar diretamen-te no caso, o promotor Francisco Santiago, do 2º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, explicou que é de competência do júri popular jul-gar apenas os crimes dolosos con-tra a vida. “O latrocínio tem como objetivo roubar, mas a pessoa aca-ba matando a outra. O intenção é o roubo e não a morte”, explicou o promotor.

O crime. De acordo com a de-núncia do MPE, na madrugada do dia 6 de fevereiro, William Morais saiu de uma festa no bairro Santa Terezinha, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. O jogador es-

taria conversando com uma amiga na calçada e, ao se lembrar de que havia deixado a carteira no sítio, voltou para buscá-la.

No caminho, a acompanhante do atleta percebeu que três pessoas se aproximavam para abordá-los. Ainda de acordo com o MPE, quan-do os acusados anunciaram o assal-to, a vítima correu, mas foi atingida pelos disparos.

Uma amiga de William Morais reconheceu os três acusados, sendo que Darisson da Silva teria efetuado os tiros. Por conta disso, a juíza so-licitou o laudo de necropsia da víti-ma e o laudo comparativo do projé-til retirado do corpo do jogador com a arma apreendida.

De acordo com o MPE, a arma supostamente usada no crime foi encontrada na casa de Darisson da Silva debaixo de uma pia, na mes-ma madrugada em que ocorreu o crime.

Entenda o caso6 de fevereiroO jogador William Morais saía

de uma festa na Pampulha, quando foi morto em uma tentativa de as-salto.

No mesmo dia, a polícia prende os três acusados

do crime16 de fevereiroA Polícia Civil conclui o inqué-

rito e indicia os três suspeitos da morte do jogador

18 de fevereiroO Ministério Público Estadual

oferece denúncia contra os acusa-dosFLASH

A pena por crime de latrocínio vai de 20 a 30 anos de prisão.Ela é mais rigorosa que a do crime de ho-micídio, que prevê de 12 a 30 anos de cadeia.

Barbárie.William Morais foi morto em 6 de fevereiro, depois de fugir de assalto

TJ acata de núncia contra assassinos de jogadorAcusados escapam de júri popular por causa de ‘natureza do crime’

O TEMPO - P. 26 - 02.03.2011

HOJE EM DIA - P. 19 - 02.03.2011

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ESTADO DE MInAS - P. 23 - 02.03.2011 DIVERGÊncIASInquéritos que investigam envolvimento de militares em mortes no Aglomerado da Serra e de desconhecido em motel do Centro reabrem rixa histórica entre integrantes das corporações

Disputa entre as polícias

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cOnT... ESTADO DE MInAS - P. 23 - 02.03.2011

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HOJE EM DIA - P.21 - 02.03.2011

12

O TEMPO - P. 22 - 02.03.2011

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cOnT... O TEMPO - P. 22 - 02.03.2011 na Assembleia

Policiais fazem manisfestação

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cOnT... HOJE EM DIA - P.21 - 02.03.2011

15

ESTADO DE MInAS - P. 24 - 02.03.2011

16

O diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Au-gusto Eduardo de Souza Rossini, e o diretor do Sistema Penitenciário Federal, Sandro Torres Avelar, passaram um dia e dormiram dentro da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), onde está detido, desde o início do mês, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandi-nho Beira-Mar. Segundo o Ministério da Justiça, a visita, ocorrida na semana passada, foi motivada pelo desejo de ambos de conhecer as dependências e a rotina de um presídio federal.

Beira-Mar foi transferido da Penitenciária Federal de Catanduvas para Mossoró no último dia 6, após menos de dois meses no Paraná. Antes, ele estava preso em Campo Grande (MS). Segundo a Justiça, a medida foi necessária para evitar que ele “criasse vínculos” em Mato Grosso do Sul. O presídio do Rio Grande do Norte é criticado pelo Ministério Público Federal e pela Justiça Federal do Estado, que ques-tionam as condições de segurança e infraestrutura das instalações.

Beira-Mar cumpre pena de 108 anos de prisãoDe acordo com a assessoria do Ministério da Justiça, Rossini

constatou que o presídio é “absolutamente seguro, em todos os aspec-tos”. A unidade, segundo a pasta, possui “equipamentos de segurança eletrônica e de controle de acesso de última geração”, em “pleno fun-cionamento”.

O ministério não informou se Rossini e Avelar dormiram em uma cela ou no alojamento dos funcionários. Segundo a assessoria, a visita também serviu para empossar o novo diretor da penitenciária, o delegado da Polícia Federal Arcelino Vieira Damasceno.

CríticasO Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF-RN) pediu à Justiça Federal que reveja a decisão que transferiu Beira-Mar e outros cinco detentos de Catanduvas para Mossoró. De acordo com o MPF, a prisão estava interditada por problemas estrutu-

rais, o que inviabiliza transferências, e não teria condições de manter o traficante “distante das atividades criminosas”.

Conforme o MPF, inspeções da Procuradoria constaram que o a unidade prisional não tem licença do Corpo de Bombeiros para fun-cionar. Além disso, a prisão apresenta “graves rachaduras” nas pare-des, falta sistema de abastecimento de água próprio e não há equipe médica permanente no local. “As condições estruturais do Presídio Federal de Mossoró demonstram a impossibilidade de manter Fer-nandinho Beira-Mar distante das atividades criminosas, bem como de garantir os direitos inerentes à condição de apenado”, disseram os procuradores no pedido.

A penitenciária está interditada desde o ano passado, quando ins-petores constataram que não havia condições de admissão de novos presos até que fossem resolvidos os problemas estruturais, o que ainda não aconteceu, segundo o MPF. Por isso, a Procuradoria pede a recon-sideração da medida.

“O Ministério Público Federal se opõe veementemente aos ter-mos da decisão que permitiu a transferência e afirmou não existirem óbices materiais à transferência solicitada pelo fato de que as defici-ências estruturais detectadas nas inspeções anteriores estarem sendo objeto de regular processo licitatório. Ora, a simples existência de licitação em curso em nada modifica a situação fática que justificou a interdição, não sendo, portanto, tal argumento válido a justificar a transferência”, diz o documento.

Beira-Mar cumpre pena de 108 anos de prisão e, em 2009, foi condenado a mais 15 anos pela morte de João Morel, em 2001 - crime ocorrido em uma prisão em Campo Grande. De acordo com o proces-so e a interpretação dos jurados, os dois eram rivais pelo domínio do tráfico de drogas na fronteira com o Paraguai.

JB OnLInE - RJ - cOnAMP - 01.03.2011

RN: chefes do sistema prisional dormem em prisão de Beira-Mar

Justiça de Rondônia absolve agentes suspeitos de facilitar massacre de presosJulgamento só condenou detentos envolvidos nas 27 mortes em 2002

O GLOBO - P. 16 - 01.02.2011

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VEJA -. 100 A 104 - 02.03.2011

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cOnT... VEJA -. 100 A 104 - 02.03.2011

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cOnT... VEJA -. 100 A 104 - 02.03.2011

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LUCIANA COELHOEM BOSTON O maior protagonismo político do

Brasil tem feito com que o país seja mais ouvido no debate sobre direitos humanos, alerta John Ruggie, representante do secre-tário-geral da ONU para o tema.

E, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, nada pesa mais do que ser vocal.

Número 2 da ONU sob Kofi Annan, Ruggie lembra que o organismo não tem os poderes do Conselho de Segurança, e por-tanto não lhe resta mais do que a insistência para fazer cumprir mandados.

Folha - Alguns países, Brasil inclusi-ve, acusam o Conselho de Direitos Huma-nos de por vezes ser seletivo nas ações...

John Ruggie - O Conselho está se tor-nando menos seletivo do que foi no passa-do, e é menos seletivo do que a Comissão [de Direitos Humanos] que o precedeu. Sob uma perspectiva de mais longo prazo, tem avançado.

Quão efetivo o Conselho tem sido em crises?

Ele não funciona como um organismo de contenção de crises. No período mais recente, até tem convocado sessões de emergência. Mas seu papel de longo prazo é ser o lugar onde as regras para os direitos humanos são definidas, e supervisionar os procedimentos especiais.

O Brasil defende exaurir o diálogo an-tes de condenar. Qual é o limite?

Cada país decidir segundo sua política externa.

Os países emergentes têm reivindica-do mais espaço no palco global. Isso prevê maior atuação em direitos humanos?

O Brasil tem obrigações em relação aos direitos humanos que ele aceitou e que existem independentemente de ser emer-gente ou não. Mas o fato de ele ser emer-gente significa que outros países prestam mais atenção ao que o Brasil faz.

Eu trabalhei de perto com o embai-xador [hoje ex-chanceler Celso] Amorim em Nova York. O Brasil era um ator muito sério, e acredito que seja ainda mais sério hoje. Nos últimos dez anos, o país desem-

penhou um papel construtivo.Eu sempre tratei o Brasil como um

ator importante, mas hoje as pessoas o ou-vem mais. A percepção é que ele será um dos principais participantes do futuro.

E qual o sr. acha que é a melhor forma de atrair ao diálogo países que não coope-ram com o Conselho?

Depende de qual país. Se há uma re-lutância geral, talvez discussões informais possam ser mais efetivas do que uma con-denação pública. Mas se estamos falando de um país onde violações graves estão acontecendo, outros membros do Conselho precisam ser mais públicos e insistentes em seus pedidos.

E casos como o do Irã e da Coreia do Norte?

Os países podem tomar ações bila-terais e aplicar vários tipos de pressão. O Conselho, por sua vez, não tem como for-çar um país a fazer algo. O que ele pode e deve fazer é articular e insistir na necessi-dade de fazer valer seus mandados.

FOLHA DE SP - P. A12 - 02.03.2011“Brasil tem peso maior sobre direitos humanos”

Representante do secretário-geral da ONU diz que país é mais ouvido “A percepção é que Brasil será um dos principais participantes do futuro”, afirma o americano John Ruggie

CLÓVIS ROSSI ENVIADO ESPECIAL A GENEBRAFesteja Maria Nazareth Farani Azevêdo, a embaixadora

brasileira junto à ONU em Genebra: “O Conselho de Direitos Humanos entrou no mapa dessa gente”.

Por “essa gente”, entenda-se a coleção de chanceleres das grandes potências que passou pelo chamado segmento de alto nível das sessões do CDH, começando por Hillary Clin-ton, secretária de Estado de um país, os EUA, que sempre menosprezou o Conselho por considerá-lo “sem dentes”.

A frase da representante brasileira é a maneira informal de dizer que o CDH ganhou dentes.

Mais: está pronto para morder muita gente, a julgar pelo que diz William Hague, o ministro do Exterior do Reino Uni-do.

“Juntos, assinalamos que crimes não serão perdoados, não ficarão impunes e não serão esquecidos. É um aviso a qualquer um que pratique violações dos direitos humanos na Líbia ou em qualquer outro país”.

Catherine Ashton, que é uma espécie de ministra do Ex-terior da União Europeia, até já dá nomes.

“No Irã, tivemos forte aumento de execuções; em Be-larus, estamos muito preocupados com o número de prisio-neiros políticos; na República Democrática do Congo, há inquietantes relatórios de violência sexual, além de muitos outros locais”.

Ashton menciona a preocupação com a situação no

Oriente Médio, “incluindo os territórios palestinos”.SEM DEnTES

Essa maneira suave de referir-se aos territórios palestinos ajuda a entender por que o CDH e, mais amplamente a ONU, foi chamado de “sem dentes”: os palestinos se queixam de que a ONU é incapaz de fazer Israel devolver os territórios que ocupou ilegalmente, segundo a própria ONU, a partir de 1948.

Os EUA, por sua vez, acham que o grande número de pa-íses árabes/muçulmanos na organização leva a condenações só de Israel.

É por isso que a secretária de Direitos Humanos do Bra-sil, Maria do Rosário, se queixa de que a questão dos direitos humanos ficou subordinada muitas vezes a “alianças estraté-gicas”.

Refere-se, como é óbvio, não só a EUA/Israel, mas tam-bém a EUA (e outros países ricos) e Egito.

Nos 30 anos de reinado de Hosni Mubarak, as violações aos direitos humanos eram a regra, a falta de democracia também, mas todo o mundo só descobriu o óbvio depois que houve a revolta.

Agora, a situação começa em tese a mudar, a partir das sanções à Líbia, aprovadas tanto no CDH como no Conselho de Segurança da ONU.

“O CDH torna-se peça-chave na construção de alguma coisa, mas que coisa exatamente está por se ver”, diz Maria Nazareth.

Brasil festeja relevância de Conselho da ONUÓrgão das Nações Unidas para direitos humanos “entrou no mapa”, diz embaixadora

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Com o intuito de evitar desperdício de dinheiro público e coi-bir abusos de poder, a Constituição estabelece que nenhum servi-dor deverá receber remuneração superior àquela paga mensalmen-te aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Tal teto salarial, hoje fixado em R$ 26.723, não tem sido, no entanto, respeitado por nenhum dos três Poderes da República. Funcionários e integrantes das instituições responsáveis por ela-borar, executar e interpretar a legislação vigente lançam mão de manobras contábeis e subterfúgios normativos para descumpri-la.

O desrespeito à Constituição e ao contribuinte se vale do fato de o dispositivo que estabelece o limite às remunerações do fun-cionalismo nunca ter sido regulamentado como deveria. Ainda que seu sentido seja inequívoco, Executivo, Legislativo e Judiciário interpretam, cada um à sua maneira, quais “proventos”, “verbas”, “adicionais”, “vantagens pessoais” e “comissionamentos” devem ou não ser contabilizados como parte do pagamento de seus inte-grantes.

Uma profusão de extras continua a sair dos cofres públicos e a engordar os salários de servidores, sem serem, entretanto, consi-derados como parte “oficial” de sua remuneração.

Ministros de Estado, por exemplo, que ao final de 2010 ti-veram seus ganhos equiparados aos dos integrantes do Supremo, ultrapassam o teto ao somarem a seus salários pagamentos prove-nientes da participação em conselhos de empresas públicas -práti-

ca comum na Esplanada. É no Executivo, todavia, que se constata maior rigor no cumprimento à regra estabelecida pela Constitui-ção.

No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a maioria dos 30 mi-nistros recebeu mais do que o limite determinado pela lei em todos os meses do ano passado, segundo reportagem desta Folha. A pre-sidência do STJ afirma que segue normas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nos cálculos, mas persistem questionamentos no Supremo Tribunal Federal sobre as interpretações.

Como é costume no país, busca-se agora criar novas regras, cada vez mais detalhadas, a fim de tapar as brechas utilizadas para desrespeitar o propósito da lei. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) propõe legislação específica para determinar o modo de con-tabilizar os componentes da remuneração de funcionários públi-cos, a fim de coibir os abusos praticados.

É deplorável constatar que tal medida se faça necessária. O sentido do artigo da Constituição que institui o teto salarial é mais do que claro e corresponde a um anseio evidente da opinião públi-ca por austeridade no trato com o dinheiro do contribuinte.

Cada Poder deveria zelar pelo cumprimento do teto, em vez de sabotá-lo a qualquer oportunidade e pretexto. Dentre eles, con-tudo, o exemplo do Judiciário é o que mais salta aos olhos, por se tratar precisamente do principal guardião da eficácia das leis.

FOLHA DE SP - P. A2 - 01.03.2011 Teto de vidroMinistros do STJ recebem mais que o teto previsto na Constituição; Judiciário deveria dar o exemplo no respeito ao dispositivo

Manoel Hygino dos Santos

A maioria da popula-ção acha que a Justiça no Brasil precisa ser mais rá-pida. Considera que os ma-gistrados poderiam aplicar sentenças sem a avalanche de recursos que impedem a agilidade nas ações e pu-nir culpados por crimes e delitos, que terminam se perdendo na memória. Mas como fazê-lo? A impunida-de é má conselheira, e nisso evidentemente o povo tem razões de sobra. Aliás, os próprios juízes não estão acordes com esse estado de coisas. Os magistrados não são, contudo, os autores da lei, apenas seus agentes, seus intérpretes e aplicado-res.

Há algum tempo, um promotor dos Estados Uni-dos, Adam Kaufmann, cri-ticou a “lentidão da Justiça brasileira e a dificuldade do país em ter sentenças defi-

nitivas em casos de crime financeiro”. E não só fi-nanceiros, sabemos aqui. Para Kaufmann, “a Justiça brasileira precisa mudar. Se o país quer manter di-nheiro de crime congelado nos Estados Unidos, terá de produzir decisões finais sobre esses casos”, o que não acontece. Aliás, o pro-motor se referia ao caso em que um tribunal norte-ame-ricano decidiu não liberar cerca de US$ 500 milhões do Opportunity retidos lá, porque não há sequer de-cisão de primeira instância sobre o processo. E, certa-mente, não é caso primeiro e único.

Pesa sobre nossos juí-zes graves deveres porque merecem a confiança de ponderável parcela da so-ciedade, mesmo diante de procedimentos inadequados de alguns, que não primam por boa conduta e ilibada ética.

Os juízes estão em jul-gamento popular todos os dias, diante dos aconteci-mentos que o cidadão repu-dia. Como no caso dos in-tegrantes de uma torcida de futebol, que assassinaram um simples e solitário sim-patizante de outro grêmio, sem chances de defesa, em plena via pública. Os agres-sores, com ficha policial, foram simplesmente soltos dias depois, deixando estar-recida a opinião pública. In-vestigar, descobrir autores de delitos, indiciá-los, levá-los à cadeia é o ritual que se completa com a libertação em seguida.

Como ocorreu com três suspeitos de matar o joga-dor de futebol William Mo-rais, jovem, filho único de 19 anos, morto após assalto em 6 de fevereiro, quando saia de uma festa em Belo Horizonte.

Grande parte da popu-lação não entende como cri-

minosos são tão agilmente libertados e voltam a come-ter graves delitos. Em ver-dade, há mais criminosos nas ruas do que nas cadeias, já insuficientes para que o cidadão se sinta seguro. Sendo impossível manter um agente da lei - honesto - ao lado de cada marginal pronto para agir, o homem de bem se sente prisioneiro das circunstâncias.

Este, incontestavel-mente, um dos grandes de-safios das instituições, que conduz pessoas ao crime, porque sabem que nele se ganha mais e se pode ter es-perança de não ficar tranca-fiado. Sendo assim, as vias públicas estão infestadas de bandidos, que a polícia só prende em flagrante, mes-mo assim consciente de que logo estarão circulando livremente e levando inse-gurança a mais pessoas. É um quadro constrangedor e inquietante.

O cidadão e a lei HOJE EM DIA - P. 4 - 02.03.2011

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Aloísio de Toledo CésarAgrava-se no Estado de São Paulo

o clima de desânimo na Polícia Civil, sobretudo entre delegados de polícia, em decorrência dos vencimentos e das condições de trabalho inferiores em re-lação aos congêneres de outros Estados e da própria Polícia Federal.

O resultado dessa atmosfera pessi-mista pode ser medido pela crescente migração de policiais paulistas, apro-vados em concurso, para trabalhar nos outros Estados, onde os vencimentos são bem maiores. Não são só os dele-gados que se inclinam pela migração: também escrivães e investigadores fa-zem o mesmo.

O risco deste fenômeno é a perda de cérebros e de profissionais expe-rientes numa área bastante sensível da vida de todos nós. Neste momento, por exemplo, 18 mil advogados de todo o Brasil estão inscritos no concurso em realização pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para o preenchimento de aproximadamente 100 vagas de juiz, com vencimentos iniciais em torno de R$ 17 mil.

Esse enorme interesse dos advo-gados pela magistratura paulista, que permite a seleção de pessoas qualifica-das, decorre, é claro, de vencimentos atraentes e das condições de trabalho. Mas com a Polícia Civil paulista, em especial relativamente aos delegados de polícia, ocorre o contrário.

Com a realização do último con-curso em São Paulo, foram aprovados 180 novos delegados de polícia, po-rém, entre eles, 31 já se exoneraram do cargo para atuar em outros Estados, que remuneram mais adequadamente a atividade.

Não só os novos delegados de po-lícia, mas também os mais antigos na carreira, passaram a se inscrever em concursos programados nos outros Es-tados do País e deixam entrever que a migração, lamentavelmente, terá conti-nuidade.

As consequências se refletem dire-tamente no policiamento e na seguran-ça do mais populoso e mais rico Estado brasileiro. Basta ver, por exemplo, que

31% dos municípios paulistas se en-contram sem delegados, ou seja, com as delegacias vazias ou ocupadas tão somente um ou dois dias por semana por algum delegado que acumula o en-cargo sem nenhuma vantagem pessoal.

O mais preocupante é que o pre-enchimento das vagas de delegado e de outros policiais civis, decorrentes des-sas migrações e das aposentadorias na-turais, demora no mínimo dois anos. Se um delegado ou escrivão migra ou se aposenta, não há substituto e a função que vinha exercendo permanecerá em aberto, num cenário que se agrava, sem a menor perspectiva de solução.

Mais grave de tudo é que os venci-mentos dos delegados paulistas, com o líquido abaixo de R$ 4 mil, fazem com que muitos deles se sintam humilhados e desprestigiados, uma vez que conti-nuam a ser os salários mais baixos do País. A circunstância de o Estado mais rico pagar o pior salário é vista como afronta e como desprezo à atividade, como se ela tivesse reduzida importân-cia.

Em verdade, aqui já se disse isto e é a pura verdade: mesmo Estados de re-conhecida pobreza, como Maranhão e Piauí, remuneram seus delegados com importâncias bem mais elevadas. Isso para não falar da Polícia Federal, em que os delegados recebem aproximada-mente R$ 17 mil por mês no início de carreira, para o exercício de atividades similares.

Sem nenhuma dúvida, viu-se que a elevação dos vencimentos federais a esse patamar conferiu nova dimensão àquela polícia, que se mostra muito mais eficaz, embora com o grave com-portamento de muitas vezes preferir o espetáculo e a aparição na mídia.

A corrupção de que se tem notícia em muitas delegacias de polícia no Es-tado de São Paulo não se justifica em hipótese alguma, mas, sem dúvida, os baixos vencimentos ajudam a compre-ender por que ela ocorre. Os policiais civis, além do risco de vida, convivem no combate ao crime com a escória da sociedade, verificando-se muitas vezes ser tênue, bastante tênue, a linha divi-

sória entre uma atividade e a outra. Aí mora a tentação do abismo.

É evidente que a população do Es-tado de São Paulo deseja e merece uma polícia muitas vezes melhor. Mas, em virtude das frequentes notícias envol-vendo a reputação de policiais civis, os esforços para a melhoria de condições de trabalho e de vencimentos esbarram em dificuldades políticas difíceis de su-perar.

Uma das principais reivindicações dos delegados de polícia, por exemplo, é a aprovação de um projeto de reestru-turação da carreira que tramita pela As-sembleia Legislativa do Estado há mais de dez anos sem nenhuma solução. O projeto, se aprovado, reduziria de 14 para 7 as carreiras policiais, criando o ambiente profissional melhor que a classe deseja.

Os delegados, no entanto, têm uma lamentável fragilidade associativa. Não conseguem se unir e dirigir esforços no mesmo sentido, de tal forma que esbar-ram sempre em dificuldades políticas e em ambições pessoais dentro da carrei-ra.

Nos dias presentes, cresce o clima de tensão da Polícia Civil em relação ao Palácio dos Bandeirantes, tendo em vista a frustração pós-eleitoral de expectativas. Entre os delegados, não há esperança de que o novo governo pretenda constituir uma Polícia Civil melhor e que a aparelhe mais adequa-damente. Pelo andar da carruagem, di-zem, as prioridades não os alcançam e se refletirão progressivamente na segu-rança de cada um de nós.

A falta de diálogo cria um clima quase de antagonismo dos delegados em relação ao governador, dando a en-tender que, se assim se mantiverem as coisas, novos e lamentáveis incidentes poderão se repetir, como a greve de 59 dias em 2008, que levou a um conflito entre policiais civis com militares, bem próximo ao Palácio.

DESEMBARGADOR APOSEN-TADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO.

E-MAIL: [email protected]

O ESTADO DE SP - A3 - 02.03.2011

Policiais paulistas migram por salários

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