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6 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento da sociedade atual faz com que esta procure mais praticidade no seu dia a dia. Com a crescente mudança de cultura, o termo “dona de casa” perde um pouco espaço para o homem, agora também “dono de casa” e a vida agitada demanda maior praticidade, principalmente na hora de cozinhar. Considerando-se que preparar o tempero à se utilizar faz as pessoas perderem muito tempo, estas tendem cada vez mais a procurar nas gôndolas do supermercado a solução para seus problemas, sem abrir mão, claro, do sabor caseiro e do frescor dos alimentos. Na fábrica, tem-se a prática de reservar uma semana inteira do ano para fazer o VSD (Value Stream Design) onde mapeia-se todo o fluxo de produção do setor de Caldos a fim de, com base nos conceitos do Pensamento Enxuto, enxergar oportunidades de redução do lead time de produção e reduzir ao máximo todas as fontes de desperdício que esta metodologia traz. Durante este mapeamento, uma informação utilizada como background é a Arvore de Perdas do setor, onde a “perda de material” se encontra em primeiro lugar na classificação dos desperdícios. Para verificar melhor qual a fonte desta perda, durante as tomadas de tempo na linha pode-se observar que a quantidade de reprocesso gerada pelas máquinas na área de envase é muito grande, e cada descarte que a máquina faz gera uma quantidade considerável de ME (material de embalagem) e MP (matéria prima) o que impacta diretamente nos custos do setor. Foi então aberto um projeto Seis Sigma, baseado no modelo DMAIC, para tratativa desta questão, onde se espera, por meio da priorização das máquinas, encontrar soluções para redução desta fonte de desperdício e replicar as atividades implementadas, se possível para as demais máquinas, além de gerar novos padrões para as atividades e promover a mudança de pensamento das pessoas por meio da quebra de paradigmas. 1.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A metodologia Seis Sigma, considerada a metodologia da qualidade do século 21, tem ganhado cada vez mais evidencia nas publicações de importantes jornais, livros, congressos e é considerada a onda econômica do futuro (WERKEMA, 2004).

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Page 1: 1. INTRODUÇÃO - unifal-mg.edu.br · Durante este mapeamento, uma informação utilizada como background é a Arvore de Perdas do setor, onde a “perda de material” se encontra

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da sociedade atual faz com que esta procure mais praticidade no seu dia a

dia. Com a crescente mudança de cultura, o termo “dona de casa” perde um pouco espaço

para o homem, agora também “dono de casa” e a vida agitada demanda maior praticidade,

principalmente na hora de cozinhar. Considerando-se que preparar o tempero à se utilizar faz

as pessoas perderem muito tempo, estas tendem cada vez mais a procurar nas gôndolas do

supermercado a solução para seus problemas, sem abrir mão, claro, do sabor caseiro e do

frescor dos alimentos.

Na fábrica, tem-se a prática de reservar uma semana inteira do ano para fazer o VSD (Value

Stream Design) onde mapeia-se todo o fluxo de produção do setor de Caldos a fim de, com

base nos conceitos do “Pensamento Enxuto”, enxergar oportunidades de redução do lead time

de produção e reduzir ao máximo todas as fontes de desperdício que esta metodologia traz.

Durante este mapeamento, uma informação utilizada como background é a Arvore de Perdas

do setor, onde a “perda de material” se encontra em primeiro lugar na classificação dos

desperdícios.

Para verificar melhor qual a fonte desta perda, durante as tomadas de tempo na linha pode-se

observar que a quantidade de reprocesso gerada pelas máquinas na área de envase é muito

grande, e cada descarte que a máquina faz gera uma quantidade considerável de ME (material

de embalagem) e MP (matéria prima) o que impacta diretamente nos custos do setor.

Foi então aberto um projeto Seis Sigma, baseado no modelo DMAIC, para tratativa desta

questão, onde se espera, por meio da priorização das máquinas, encontrar soluções para

redução desta fonte de desperdício e replicar as atividades implementadas, se possível para as

demais máquinas, além de gerar novos padrões para as atividades e promover a mudança de

pensamento das pessoas por meio da quebra de paradigmas.

1.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A metodologia Seis Sigma, considerada a metodologia da qualidade do século 21, tem

ganhado cada vez mais evidencia nas publicações de importantes jornais, livros, congressos e

é considerada a onda econômica do futuro (WERKEMA, 2004).

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1.2. O QUE É SEIS SIGMA

Segundo WERKEMA (2004), o Seis Sigma é uma estratégia muito disciplinada e altamente

quantitativa, que tem como objetivo aumentar drasticamente a lucratividade das empresas.

Esta lucratividade é gerada por meio de aumento da qualidade dos produtos, o que evita um

alto desperdício em diversas fontes, e deve ser entendido de forma mais ampla, da seguinte

forma:

- A escala.

Serve para medir o nível de qualidade associado a um processo, transformando a quantidade

de defeitos por milhão (ppm) em um número na Escala Sigma, ou seja, quanto mais alto,

maior nível de qualidade.

- Meta.

O objetivo é chegar muito próximo do zero defeito – 3,4 defeitos para cada milhão de

operações realizadas.

- Benchmark

É utilizado para comparar o nível de qualidade de produtos, operações e processos.

- Estatística

É uma característica calculada para a avaliação do desempenho das características críticas

para a qualidade em relação às especificações.

- Filosofia

Defende a melhoria contínua dos processos e da redução de variabilidade, na busca de zero

defeito.

- Estratégia

É baseada no relacionamento existente entre projeto, fabricação, qualidade final e entrega de

um produto e a satisfação dos consumidores.

- Visão

O programa visa levar a empresa a ser a melhor em seu ramo.

O padrão atual que as empresas costumam trabalhar, em nível de conformidade na Escala Seis

Sigma, é de 99,38% conforme (Quatro Sigma), sendo o nível mais alto de 99,99966%

conforme (Seis Sigma) (WERKEMA, 2004).

A princípio, esta diferença na porcentagem não parece ser muito impactante nos indicadores,

e é por este motivo que muitas pessoas acabam por duvidar dos resultados desta metodologia

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a princípio, contudo, quando estes valores são convertidos em números e em exemplos da

realidade fica fácil entender que esta pequena variação reflete uma perda muito grande. Pode-

se também mensurar o nível da qualidade Seis Sigma em ppm, de acordo com a Tabela 2 a

seguir.

Tabela 1. Equivalência entre o nível da qualidade e a linguagem Sigma.

Nível de qualidade Defeitos por milhão (ppm)

Dois Sigma 308.537

Três Sigma 66.807

Quatro Sigma 6.210

Cinco Sigma 233

Seis Sigma 3,4

Fonte: (WERKEMA, 2004).

1.2.1. O QUE HÁ DE NOVIDADE NO SEIS SIGMA?

Quanto às ferramentas de estatística utilizadas, estas já são conhecidas há muito tempo no

auxílio da eliminação dos defeitos em todos os processos da empresa. Contudo, a abordagem

e a forma de implementação são únicas e muito poderosas, o que explica seu sucesso

(WERKEMA, 2004).

Figura 1 - Estrutura que sustenta o sucesso da metodologia Seis Sigma.

Fonte: (WERKEMA, 2004).

Esta estrutura é baseada no sistema de pilares, onde os três representados na figura são

responsáveis pela sustentação do objetivo principal, o teto, que é o Sucesso Seis Sigma

(WERKEMA, 2004). Cada pilar possui a seguinte descrição:

- $$$: mensuração direta dos benefícios do programa pelo aumento da lucratividade da

empresa;

$$$

DM

AIC

CEO

Sucesso Seis Sigma

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- DMAIC: método estruturado para alcance de metas utilizado no Seis Sigma;

- CEO: elevado comprometimento da alta administração da empresa.

Outros aspectos fundamentais são:

- Foco na satisfação do consumidor (a partir das “características críticas para a qualidade” –

Critical to Quality ou CTQs);

- Infraestrutura criada na empresa, com papeis bem definidos para todos os envolvidos

(Patrocinadores, Líderes, Master Black Belts, Black Belts e Green Belts);

- Buscar continuamente a redução da variabilidade;

- Estender para o projeto de produtos e processos;

- Aplicar efetivamente nos processos administrativos, nos mais diversos ramos.

1.3. A METODOLOGIA DMAIC.

Um dos pilares da estrutura do Seis Sigma se refere a construção de equipes multifuncionais

para executarem projetos que contribuam para o atingimento das metas traçadas pela empresa,

sendo que estes projetos acontecem de acordo com uma metodologia denominada DMAIC

(WERKEMA, 2004).

Este método constitui-se de 5 etapas:

D – Define (definir): nesta etapa deve ser definido com muita clareza o escopo do projeto;

M – Measure (medir): Determinar a localização ou foco do problema;

A – Analyze (analisar): Determinar as causas de cada problema prioritário;

I – Improve (melhorar): Propor, avaliar e implementar soluções para cada um destes

problemas e

C – Control (controlar): Garantir a sustentabilidade do atingimento da meta

Figura 2 - Estrutura em ciclos do método DMAIC.

Fonte: (WERKEMA, 2004).

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1.3.1. ETAPA D: DEFINE (DEFINIR).

Na primeira etapa do projeto, é necessário que sejam definidos a meta e o escopo do projeto,

sempre alinhado com as expectativas do Sponsor, pois é ele quem “patrocina” o projeto e o

viabiliza. É muito importante tanto a meta quanto o escopo sejam categoricamente descritos,

pois um cenário bem montado no início do projeto acaba por estruturar de forma bem sólida o

andamento deste (WERKEMA, 2004).

Algumas perguntas devem ser feitas a esta altura, como: qual é o problema, qual a meta, quem

são os clientes, qual o processo relacionado ao problema e qual o impacto econômico do

projeto.

Uma ferramenta que deve ser utilizada para auxiliar na estruturação dos trabalhos é o Project

Charter, que consiste em um documento onde todos os questionamentos anteriores são

descritos de forma clara, além de trazer também os membros da equipe.

Este documento é muito importante pois com ele consegue-se convencer o Sponsor do projeto

de que realmente é importante tratar o assunto em questão, além de servir para manter o grupo

bem alinhado ao longo do projeto e dentro do escopo definido.

Outra ferramenta muito importante para a visualização do problema é o Gráfico Sequencial,

pois nele conseguimos enxergar o histórico e descobrir se existe algum tipo de tendência ou

padrão. Neste podemos traçar a meta, o benchmark, enxergar a lacuna e traçar a linha que

representa a proposta de redução desta lacuna, a meta (WERKEMA, 2004).

Basicamente, deve-se seguir um plano de atividades para construir um bom projeto, como

neste fluxograma da etapa definir apresentado na figura 3.

Figura 3 - Fluxo a ser seguido na etapa “D”.

Fonte: (WERKEMA, 2004).

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Uma ferramenta também utilizada nesta etapa é o Gráfico de Pareto. Segundo Branzani

(2013), trata-se de uma “representação gráfica que visa demonstrar as maiores perdas de um

processo produtivo”. O conceito deste estudo é baseado na teoria desenvolvida pelo

economista italiano Vilfredo Pareto, também chamada de “Princípio 80-20”, a qual nos diz

que 80% das consequências são geradas apenas por 20% das causas (BRANZANI, 2013).

A forma correta de se construir este Diagrama de Pareto é colocar primeiramente os dados em

ordem decrescente, calcular as porcentagens individuais de cada dado e também a

porcentagem acumulada, seguindo a ordem pré-estabelecida. Com os dados prontos começa a

montar o gráfico de Pareto efetivamente. Para isso utiliza-se o modelo colunas / linhas, como

segue na figura 4.

Figura 4 – Exemplo de um Gráfico de Pareto com destaque nos 80% dos modos de falha mais impactantes.

Fonte: (BRANZANI, 2013).

Nota-se que ao lado esquerdo da linha azul existem três itens separados. Isso significa que se

estes modos de falha forem tratados quase 80% dos problemas estarão sendo resolvidos.

Para a elaboração dos gráficos da realização deste trabalho e para otimizar os cálculos foi

utilizado um software estatístico chamado Minitab, um software de fácil utilização e com

muitos recursos avançados. Ele possui um menu interativo que guia através de cada etapa das

análises e ajuda a interpretar e informar os resultados, também traz uma coleção abrangente

de estatísticas e gráficos que fornecem todo o conhecimento necessário para melhorar os

processos (MINITAB, 2013). A empresa em estudo compra este software e disponibiliza o

uso para os líderes de projetos, a fim de auxiliar nos trabalhos e análises.

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1.3.2. ETAPA M: MEASURE (MEDIR).

Nesta etapa, o problema é trabalhado de forma a refina-lo e/ou focalizá-lo. Para tanto, dois

questionamentos básicos precisam ser respondidos:

- Quais os indicadores devem ser utilizados para coletar dados confiáveis afim de focalizar o

problema?

- Quais os principais focos do problema?

Por meio das atividades realizadas nesta etapa, divide-se o macro problema prioritário em

diversos outros micro problemas, os quais são necessariamente mais fáceis de se enxergar e

de tratar, ou seja, com um menor escopo ou mais específicos, mais fáceis de se resolver

(WERKEMA, 2004).

Se depois de decidido qual será a fonte dos dados verificar-se que os dados não são

confiáveis, é necessário realizar uma nova coleta de dados e garantir que esta nova coleta seja

realizada da forma correta, mas antes desta análise, a forma de estratificação deverá ser

identificada. Esta estratificação consiste na observação do problema de diferentes ângulos, a

fim de focalizar o problema (WERKEMA, 2004).

A estratificação do problema pode ser feita sob os seguintes pontos de vista:

- Tempo. Os resultados são diferentes de manhã, à tarde, à noite, no primeiro e no segundo

turno?

- Local. Os resultados são diferentes em regiões, cidades, fábricas ou linhas de produção

diferenciadas?

- Tipo. Os resultados são diferentes dependendo do fornecedor, da embalagem, do

consumidor, do produto ou do ponto de venda?

- Sintoma. Os resultados são diferentes aleatoriamente, de acordo com a interferência que

este sofre?

- Indivíduo. Os resultados são diferentes dependendo da pessoa que realiza a tarefa ou da que

coleta os dados?

Nesta etapa são verificados alguns indicadores estatísticos como a média, a amplitude, o

desvio padrão, a variação, determinar se a distribuição dos dados é normal e se as causas do

problema são comuns ou especiais. Também são construídas as cartas de controle do processo

para verificar se o processo está sob controle estatístico ou não, se ele é ou não capaz (Cp e

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Cpk devem possuir valores maiores que 1,00). A figura 5 mostra o fluxograma da etapa

“Medir”.

Figura 5 - Fluxo a ser seguido na etapa “M”.

Fonte: (WERKEMA, 2004).

1.3.3. ETAPA A: ANALYSE (ANALISAR).

Nesta etapa deverão ser determinadas as causas fundamentais para o problema prioritário

determinado na etapa anterior, sempre associado as metas propostas pra o projeto.

Basicamente nesta etapa deve-se responder a seguinte pergunta: por que o problema

prioritário existe?

Com base no problema estabelecido, descobre-se quais são as possíveis causas que geram este

problema e quais afetam mais o desempenho deste. Para descobrir as causas raízes dois tipos

de análise são realizados. O primeiro consiste em analisar o processo gerador do problema

prioritário, assim entende-se melhor o fluxo e identifica-se oportunidades para redução do

lead time e dos custos do processo. Algumas ferramentas úteis para esta etapa são o

Fluxograma, Mapa de Processo, Mapa de Produto, Análise do Tempo de Ciclo, FMEA e FTA

(WERKEMA, 2004).

A seguir analisa-se os dados do problema prioritário e do processo gerador. Nesta fase são

analisados dados provenientes do processo (principalmente os dados coletados na etapa “M”),

com o intuito de descobrir indicações ou pistas das possíveis causas raízes do problema.

Em seguida, a equipe deve identificar e organizar as causas potenciais e para isto deve ser

realizado um Brainstorm ou mesmo um Writestorm, com a participação também de

especialistas no processo e/ou problema determinado. Com isso garante-se o máximo de

chance de que possivelmente a causa raiz será levantada em algum momento, contudo não é

SIM

NÃO

O

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garantido que isto aconteça. Para estas analises as ferramentas Diagrama de Causa e Efeito,

Diagrama de Afinidades e Diagrama de Relações são muito úteis (WERKEMA, 2004).

O plano a ser seguido na Etapa “A” se encontra na figura 6

Figura 6 - Fluxo a ser seguido na etapa “A”.

Fonte: (WERKEMA, 2004).

1.3.4. ETAPA I: IMPROVE (MELHORAR).

Nesta quarta etapa geram-se ideias sobre soluções para eliminar as causas fundamentais do

problema prioritário detectadas na etapa anterior.

A literatura diz que durante um Brainstorm algumas perguntas devem ser respondidas, como:

(WERKEMA, 2004).

- Quais as ideias sobre as formas para eliminação das causas fundamentais?

- Todas essas ideias podem ser transformadas em soluções de elevado potencial para

implementação?

- Quais soluções possivelmente levarão ao alcance da meta com menor custo e maior

facilidade de execução?

- Como testar as soluções escolhidas, com o objetivo de se garantirem o alcance da meta e a

ausência de efeitos correlatos indesejáveis?

As ideias propostas necessitam de refino e devem ser combinadas de forma a produzirem as

soluções potenciais que irão resolver o problema e possibilitar atingir a meta proposta.

Algumas ferramentas são de grande utilidade para esta fase, sendo elas: Diagrama de Causa e

Efeito, Diagrama de Afinidades e Diagrama de Relações. É importante que as soluções

potenciais sejam elaboradas de forma clara e devem ser formalmente registradas

(WERKEMA, 2004).

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O próximo passo é a priorização das ações e para esta tarefa pode-se utilizar um Diagrama de

Matriz ou uma Matriz de Priorização. Elabora-se então um plano de ação baseado na

ferramenta 5W2H para deixar claras as ações e acompanhar o status de cada ação.

A Figura 7 apresenta o fluxograma da etapa “I”.

Figura 7 - Fluxo a ser seguido na etapa “I”.

Fonte: (WERKEMA, 2004).

1.3.5. ETAPA C: CONTROL (CONTROLAR).

A primeira atividade desta fase consiste em avaliar os dados futuros, ou seja, como o processo

tem se comportado depois da implantação das ações e avaliar o atingimento da meta em larga

escala. Os parâmetros que foram alterados devem ser monitorados para acompanhamento do

antes (dados coletados na etapa medir) e do depois (dados após o plano de ação ter sido

executado).

Segundo WERKEMA (2004), as ferramentas mais utilizadas nesta etapa são a Avaliação de

Sistema de Medição e Inspeção, Diagrama de Pareto, Carta de Controle, Histograma,

Índices de Capacidade e Métricas do Seis Sigma.

Caso a meta estabelecida o início não tenha sido atingida, deve-se retornar a etapa “M” do

DMAIC para um aprofundamento da análise ou considerar a possibilidade de implementar o

Design for Six Sigma (DFSS), para elaborar um novo projeto do produto e/ou do processo

considerado no trabalho (WERKEMA, 2004).

Se o resultado da avaliação for favorável, são construídos padrões para as alterações

realizadas, ou seja, novos procedimentos operacionais devem ser criados (ou a criação dos

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Diagramas de Trabalho Padronizado) e os procedimentos antigos devem ser revisados. Neste

caso analisa-se a possibilidade de instalação de dispositivos Poka Yoke, Andons e são

elaborados padrões para treinamento dos operadores, preferencialmente do tipo On The Job

(treinamento realizado no próprio local da mudança, o chamado “Gemba”).

De acordo com WERKEMA (2004), basicamente as entregas desta etapa e do projeto de

forma geral podem ser resumidas em três palavras: Conhecimento, Padronização e Resultado.

Figura 8 - Fluxo a ser seguido na etapa “C”.

Fonte: WERKEMA (2004).

1.4. DADOS DA EMPRESA.

A empresa onde o projeto foi desenvolvido é do ramo alimentício há mais de 140 anos e opera

no Brasil há mais de 90 anos. É líder mundial em alimentos e bebidas e gera no país cerca de

20 mil empregos diretos e mais de 220 mil indiretos. Consagrada como a maior autoridade no

mundo em nutrição, saúde e bem estar, possui 98% de penetração nos lares, conta com uma

produção de 1,4 milhão de toneladas por ano e teve um faturamento bruto em 2009 de 16

bilhões de reais, se consolidando assim como a 2ª no mercado em volume de vendas e

faturamento.

Por motivo de confidencialidade dos dados, foi solicitado que o nome da empresa não fosse

divulgado, por isso será denominada ao longo do trabalho como “Empresa do Ramo

Alimentício” (ERA).

SIM

Inovar ou retornar

à etapa M

NÃO

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1.4.1. A PRODUÇÃO.

Este setor da fábrica opera há mais de 40 anos na mesma cidade e tem crescido

exponencialmente nos últimos 10 anos. O maquinário é composto basicamente por dois

modelos de equipamento: as Corazzas e as Benhils.

As Corazzas são fabricadas pela empresa IMA INDUSTRIES S.r.l. Unipersonale que fica na

cidade de Borgonha – Itália e possuem capacidade para envasar porções de caldos que vão de

8 – 50g, a uma velocidade de 800 porções/minuto. Ela possui uma boa precisão quanto à

dosagem dos tabletes, contudo ela pode ser melhorada se for acoplada na esteira dianteira uma

balança dinâmica, a qual irá pesar cada caixinha que sai da máquina e descartará qualquer

uma que saia fora das especificações da carta de controle da balança (IMA Industries, 2013).

Figura 9 - Máquina Corazza fabricada pela IMA Industries.

Fonte: IMA Industries (2013).

O segundo tipo de máquina é a Benhil. Fabricada pela OYSTAR – Group, esta máquina

possui capacidade de dosar tabletes de 6 – 50g a uma velocidade de 500 tabletes/minuto. Esta

máquina também pode ser melhorada, quanto a qualidade dos produtos, utilizando-se de uma

balança de final de linha, além de outros dispositivos (OYSTAR, 2013).

Figura 10 - Máquina Benhil fabricada pela OYSTAR – Group.

Fonte: Oystar (2013).

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2. DESENVOLVIMENTO.

2.1. ETAPA D (DEFINIR).

A princípio, os dados do histórico sobre o reprocesso das 10 máquinas do setor foram obtidos

do registro do diário de bordo (livro presente em cada máquina onde são anotados diariamente

diversos tipos de controles necessários ao processo, como nome do operador em cada turno,

paradas imprevistas da máquina, quantidade de reprocesso gerada por turno, carta de controle

da balança que monitora o peso das caixinhas de caldo etc.).

Como nem todos os turnos anotam corretamente os valores no diário de bordo, foi adotado

como base de cálculo a quantidade dados da máquina com menor quantidade de anotações

para o mês de agosto de 2013, que foram 41 dados (ou 41 turnos ou 13,6 dias), sendo

mostrados na Tabela 2.

Tabela 2. Coleta de dados da quantidade de reprocesso em Kg por máquina durante 41 turnos.

Continua

CZ1* CZ2* CZ3* CZ4* CZ5* BH6** BH7** BH8** BH9** BH10**

1 7,00 0,07 0,08 2,00 0,90 13,00 0,00 2,00 8,60 4,00

2 1,00 1,20 2,80 10,00 4,00 18,00 2,50 3,00 3,96 4,00

3 0,90 1,00 5,00 0,00 6,00 6,00 5,60 5,00 0,08 2,50

4 4,00 2,00 0,10 1,00 4,50 5,00 2,50 4,00 8,50 2,40

5 1,00 2,50 0,10 0,00 14,50 15,00 2,30 3,10 1,60 6,10

6 5,00 0,00 0,55 0,00 2,00 0,00 0,80 4,00 3,00 0,00

7 2,40 0,20 0,10 0,00 7,00 4,40 0,90 0,60 18,68 3,50

8 2,30 0,10 0,10 2,00 0,20 0,00 0,35 3,00 0,38 4,00

9 3,20 1,50 0,00 15,00 0,20 1,70 6,00 3,50 18,00 6,00

10 1,00 0,50 0,00 3,00 11,50 4,50 2,00 7,00 0,60 3,10

11 2,00 0,00 20,00 0,00 2,00 9,00 0,00 0,20 9,00 4,00

12 0,50 0,00 5,00 1,00 4,80 4,00 0,32 0,20 0,00 2,00

13 3,00 0,05 8,00 1,00 3,40 2,10 0,15 0,30 0,36 3,00

14 1,00 0,08 2,00 2,00 8,00 0,90 0,00 3,50 0,90 2,10

15 4,00 10,00 3,20 20,19 6,10 0,00 0,50 0,42 1,90 2,00

16 0,00 0,00 6,00 6,00 10,00 6,35 9,00 13,00 5,00 1,00

17 0,00 0,00 8,00 7,20 28,00 0,50 0,59 1,50 20,00 2,50

18 0,00 0,50 1,00 8,90 3,00 9,30 2,80 2,00 0,08 4,00

19 0,00 1,50 0,30 26,70 10,80 2,00 0,10 0,30 0,60 2,60

20 0,00 0,00 0,13 4,70 4,00 1,60 1,50 0,00 23,00 2,00

21 8,00 0,40 2,50 8,90 8,00 5,00 5,80 0,00 28,00 2,20

22 0,10 0,00 2,00 6,30 5,86 3,40 0,00 3,30 16,00 2,50

23 0,00 0,00 6,00 5,00 5,00 2,00 15,00 2,10 1,00 2,60

24 9,00 0,83 15,00 1,40 18,00 3,00 5,00 3,00 16,80 2,30

25 0,80 20,00 15,00 12,70 10,00 11,90 6,50 8,00 0,42 2,40

26 1,00 0,00 14,00 8,00 4,00 0,00 2,10 2,00 5,00 2,60

27 17,00 4,00 8,00 3,29 0,00 1,50 0,20 1,80 14,00 2,50

28 2,00 3,50 6,00 3,00 10,00 6,40 0,40 1,30 1,00 2,30

29 1,00 1,10 11,60 0,00 18,00 0,20 0,25 0,33 30,00 2,00

30 9,00 13,50 4,50 0,00 12,00 15,50 8,00 1,50 1,50 2,00

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19

Tabela 2. Coleta de dados da quantidade de reprocesso em Kg por máquina durante 41 turnos.

Conclusão

CZ1* CZ2* CZ3* CZ4* CZ5* BH6** BH7** BH8** BH9** BH10**

31 1,20 0,00 4,50 0,00 0,00 20,00 3,60 2,00 8,00 2,00

32 2,10 1,80 10,00 15,00 5,50 3,00 0,60 1,30 1,00 4,00

33 0,00 0,50 11,50 3,00 0,00 23,90 0,10 0,21 5,00 2,00

34 5,10 0,00 10,50 2,00 0,00 0,00 0,20 0,30 0,08 2,00

35 5,00 0,00 8,00 1,60 0,00 0,45 0,00 1,03 3,03 2,00

36 2,50 0,00 0,60 0,00 0,00 7,50 0,10 1,23 2,10 4,00

37 0,00 0,00 0,30 0,00 7,00 0,00 0,30 0,20 6,00 2,00

38 4,00 0,10 6,50 0,00 6,00 13,00 0,00 0,40 3,70 4,00

39 36,00 2,00 53,00 0,00 2,50 32,50 0,40 0,25 6,00 4,00

40 2,00 2,00 0,00 0,00 7,50 17,50 0,00 0,56 2,00 3,14

41 0,00 4,00 0,00 0,00 0,00 50,60 6,75 0,73 5,00 3,00

Total 144,10 74,93 251,96 180,88 250,26 320,70 93,21 88,15 279,87 116,34

*CZ é a abreviação da palavra Corazza;

**BH é a abreviação da palavra Benhil.

De posse destes dados e sabendo que cada recurso produz 24 horas por dia e que o mês de

agosto tem 31 dias é possível então extrapolar proporcionalmente estes valores para

determinar a porcentagem de reprocesso que cada máquina produz com base em seus próprios

volumes de produção, segundo a Tabela 4.

Tabela 3. Quantidade de reprocesso total no mês de Agosto de 2013, bem como o volume de produção por

máquina e porcentagem de reprocesso gerado em cada uma.

Máquina Total de reprocesso

no mês (A)

Volume total de

produção (B)

Porcentagem de

reprocesso gerado

[(A / B)*100]

Corazza 1 326,85 113368 0,29%

Corazza 2 169,96 112937 0,15%

Corazza 3 571,51 113209 0,50%

Corazza 4 410,28 205738 0,20%

Corazza 5 567,65 206977 0,27%

Benhil 6 727,42 180262 0,40%

Benhil 7 211,42 192559 0,11%

Benhil 8 199,97 189490 0,11%

Benhil 9 634,82 180237 0,35%

Benhil 10 263,89 201330 0,13%

Com estas porcentagens foi construído um Gráfico de Pareto (Figura 10) para priorizar qual

máquina seria analisada, a fim de diminuir o escopo do projeto e focar apenas nos recursos

que mais impactam no setor.

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20

% de reprocesso 0,11 0,110,50 0,40 0,35 0,29 0,27 0,20 0,15 0,13

Percent 4,4 4,419,9 15,9 13,9 11,6 10,8 8,0 6,0 5,2

Cum % 95,6 100,019,9 35,9 49,8 61,4 72,1 80,1 86,1 91,2

Máquina

Benh

il 8

Benh

il 7

Benh

il 10

Cora

zza 2

Corazz

a 4

Corazz

a 5

Corazz

a 1

Benh

il 9

Benh

il 6

Cora

zza 3

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

100

80

60

40

20

0

% d

e r

ep

roce

sso

Pe

rce

nt

Reprocesso / Produção

Figura 11 - Pareto utilizado para priorização das máquinas.

De acordo com esta priorização, podemos perceber que a quantidade de reprocesso está muito

distribuída entre as máquinas, e que de acordo com a regra 80% - 20% teríamos que priorizar

as 6 primeiras máquinas. Por isso, o grupo decidiu separar as máquinas por modelo, ou seja,

entre Corazzas e Benhils e tratar apenas uma de cada modelo, pois assim torna-se mais fácil a

replicação das ações de correção / melhorias empregadas pelo grupo ao longo do projeto.

No momento destas análises o grupo foi informado de que algumas mudanças ocorreriam

dentro do setor, mudanças estas que trariam impacto direto ao andamento das atividades. Tais

mudanças acontecerão no início de 2014, quando as Corazzas 1, 2 e 3 serão substituídas por

duas novas Benhils (as quais possuem uma produtividade maior do que as outras 3 máquinas

de modelo mais antigo). Portanto, para poupar esforços desnecessários e tomando-se como

base o Pareto da Figura 10, determinamos que as máquinas que seriam tratadas são a Benhil 6

e a Corazza 5 (0,4% e 0,27% respectivamente).

Para analisar melhor os dados e definir a meta que o projeto se propõe a atingir, foram feitas

algumas análises como, por exemplo, traçado um gráfico sequencial. Deste gráfico foi

possível observar qual o comportamento dos dados, bem como visualizar onde se encontrava

a média. Outro ponto muito importante foi definir qual seria o benchmark, ou seja, qual seria

o melhor valor de referência utilizado para poder traçar a meta de redução. A Tabela 5 mostra

os dados utilizados para determinar a meta do projeto para a Corazza 5 e Benhil 6,

respectivamente.

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21

Tabela 4. Valores utilizados para estipular a meta e determinar a redução da lacuna.

Dados Corazza 5 Benhil 6

Média (Kg) 6,10 7,82

Benchmark (Kg) 0,00 0,00

Lacuna 6,10 7,82

% proposta de redução para a lacuna

(meta) 50% 50%

Meta 3,05 3,91

Na Tabela 4, o valor para o benchmark foi adotado como base nos dados das próprias

máquinas, sendo que ambas apresentaram turnos onde a quantidade de reprocesso foi 0. As

lacunas foram calculadas da seguinte forma:

Onde:

L = lacuna;

B = benchmark (ou melhor valor já obtido para a série de dados);

Xm = média dos dados.

Assim, fazendo a proporção de redução da lacuna e subtraindo da média inicial tem-se um

novo valor para a média, o qual seria nossa meta.

Como observado na Tabela 5, considerando uma redução de 50%, conforme orientação da

empresa, levou-se o valor das médias para metade dos seus valores atuais, ou seja, de 6,10

para 3,05 para a CZ5 e de 7,82 para 3,91 para a BH6.

Outro ponto importante nesta etapa inicial do projeto, principalmente para a empresa é a

valorização monetária do projeto. É importante ter uma noção de quanto essas atividades

poderiam representar em custo evitado com a redução do reprocesso e utilizar este valor para

reforçar a importância da realização do projeto. Nesta etapa fez-se necessário o auxílio do

setor financeiro da empresa e as informações solicitadas por eles com relação as quantidades

de matéria prima e material de embalagem de ambas as máquinas encontram-se na Tabela 6.

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22

Tabela 5. Dados utilizados para a valorização de Matéria Prima e Material de Embalagem.

Corazza 5 Benhil 6 Custo Total em 12

meses

Quantidade de Reprocesso

(Kg) 567,65 727,42 -

Produção Total (Kg) 206.977 180.262 -

Horas de máquina

trabalhadas (horas) 641,71 625,09 -

Tempo de Máquina /

Produção

(min/Kg) 0,1860 0,2081 -

Quantidade de Laminado

(Kg) 18,65 22,98 -

Custo do Laminado

(R$/Kg) 2,43 2,43 -

Gasto com Laminado (R$) 45,33 55,83 R$ 1.213,92 Quantidade de Cartolina

(Kg) 28,99 31,31 -

Custo da Cartolina

(R$/Kg) 18,23 18,23 -

Gasto com Cartolina (R$) 528,40 570,63 R$ 13.188,24 Quantidade de Semi-

Fabricado (Kg) 520,00 673,14 -

Custo do Semi-Fabricado

(R$/Kg) 12,33 12,33 -

Gasto com Semi-Fabricado

(R$) 6.411,65 8.299,82 R$ 176.537,64

Total (R$) - - R$ 190.939,80

O custo total foi calculado para os materiais descartados no reprocesso, sendo estes materiais

o laminado, a cartolina e o semi-fabricado (massa de caldo já pronto para ser embalado). O

valor anual total desta valorização é de R$ 190.939,80 reais, contudo um fato que deve ser

considerado é que o semi-fabricado que fica no reprocesso não é descartado, mas sim

retornado ao início do processo e envasado novamente, portanto a valorização se torna

consideravelmente menor, cerca de R$ 14.402,16 reais/ano. Por considerar anteriormente uma

redução da lacuna de 50%, podemos afirmar que teríamos um saving projetado de R$

7.201,08 reais/ano, isso apenas para as duas máquinas em questão. Este valor é considerado

pequeno frente ao volume de produção do setor, contudo devemos lembrar que esta

valorização serve apenas para afirmar que existe um ganho financeiro com o projeto e que

segundo a visão do gerente da unidade o conceito e o propósito do projeto trarão outros

ganhos tão importantes quanto o ganho monetário, como por exemplo, liberar a mão de obra

que é necessária para reprocessar estes tabletes e liberar tempo de produção das máquinas,

além de servir como aprendizado tanto sobre a metodologia DMAIC quanto sobre os

conceitos do Lean Manufacturing, que traz como um dos principais desperdícios o reprocesso.

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23

Ao final desta etapa, a equipe do projeto foi construída, composta por 4 membros além do

líder, sendo estes o Coordenador de Produção do setor, a Apoio do Processos, um Operador

de Máquina da área de envase e um Mecânico responsável pela manutenção destes modelos

de máquinas em estudo.

2.2. ETAPA M (MEDIR).

Com os dados todos já preparados, iniciou-se a etapa “Medir”, onde seria verificado qual o

comportamento do processo. Continuou-se a utilizar como indicador os dados apontados no

diário de bordo, pois no início do projeto o grupo realizou juntamente com a coleta uma

conscientização com os trabalhadores do setor sobre a importância de serem anotados tais

dados, a fim de melhorar o processo e a forma de trabalho dos próprios colaboradores.

Fora definido anteriormente que o foco do projeto seria reduzir o reprocesso em geral no

setor, porém focando primeiramente nas duas máquinas prioritárias. Foram coletados novos

dados do diário de bordo para dar sequência com as novas análises.

Na Tabela 7 estão apresentados os novos dados utilizados.

Tabela 6. Dados (em Kg) sobre o reprocesso referentes ao mês de setembro/2013.

Corazza 5 Benhil 6

1 2 21 0 1 0 21 0

2 0,5 22 3 2 0,09 22 0

3 0,8 23 10 3 0,2 23 0

4 1 24 10 4 10,2 24 0

5 5 25 2 5 0,3 25 2

6 9,4 26 8 6 0 26 1,6

7 0 27 5 7 0 27 0,5

8 8 28 6 8 0,32 28 3,1

9 9 29 2 9 0 29 5,7

10 13 30 7,5 10 0 30 5,43

11 9,4 31 0 11 16,4 31 5,1

12 0,5 32 2 12 0,4 32 10,1

13 0 33 28,5 13 0,1 33 1,6

14 0,5 34 15 14 5,2 34 0,252

15 0 35 22 15 0 35 1,92

16 15 36 11 16 21,625 36 10,1

17 6 37 20 17 1,1 37 14

18 5 38 6 18 4 38 19,2

19 4 39 2 19 0 39 21,3

20 4 40 7 20 0 40 7

Total (Kg) 322,1 Total (Kg) 168,837

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24

Primeiramente era necessário saber se as máquinas se encontravam sobre controle estatístico

ou não e para isso utiliza-se uma Carta de Controle, a qual traz uma gama de informações

bem como se o sistema é capaz ou não. As figuras 12 e 13 mostram as cartas para a CZ5 e

BH6 respectivamente.

37332925211713951

30

20

10

0

-10

Observation

In

div

idu

al

Va

lue

_X=6,50

UC L=21,08

LC L=-8,08

37332925211713951

30

20

10

0

Observation

Mo

vin

g R

an

ge

__MR=5,48

UC L=17,91

LC L=0

1

1

1

Carta de Controle - CZ5

Figura 12 – Carta de Controle da Máquina Corazza 5.

37332925211713951

20

10

0

-10

Observation

In

div

idu

al

Va

lue

_X=4,22

UC L=15,99

LC L=-7,55

37332925211713951

20

15

10

5

0

Observation

Mo

vin

g R

an

ge

__MR=4,43

UC L=14,46

LC L=0

11

1

1

11

11

Carta de Controle - BH6

Figura 13 – Carta de Controle da Benhil 6.

Val

ore

s In

div

idu

ais

Flu

tuaç

ão d

a V

aria

ção

V

alo

res

Ind

ivid

uai

s

Flu

tuaç

ão d

a V

aria

ção

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25

Na Figura 12 quase não conseguimos observar uma tendência muito clara, somente no ponto

33, onde os valores dão um salto e vão de 2 Kg para 28,5 Kg e vem decrescendo em escada.

Este ponto merece uma atenção maior, pois a variação que o processo sofreu pode ser uma

entrada para as análises posteriores. A Figura 13 apresenta diversos pontos onde não houve

reprocesso, contudo indica 4 pontos fora do limite superior de controle, estes pontos também

merecem destaque e atenção em nossas futuras análises. Em ambos os casos, os pontos fora

nos mostram ter causas especiais, que são mais difíceis de se tratar.

Outra análise imprescindível que deve ser realizada é a análise da capabilidade do processo,

ou seja, verificar qual será o Cp e o CPk para cada conjunto de dados, ambos representados

nas Figuras 14 e 15 para ambas as máquinas.

Figura 14 – Capabilidade do processo da Corazza 5.

Figura 15 – Capabilidade do processo da Benhil 6.

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26

Os limites superiores e inferiores utilizados na confecção dos gráficos foram os mesmos

obtidos na confecção dos dados primários (referentes ao mês de agosto), com a finalidade de

entender se o processo se encontrava com uma distribuição satisfatoriamente centralizada

(Cp) e se a média dos dados continuava dentro dos limites estabelecidos pelos dados

anteriores, sem flutuação e deslocamento (Cpk). A análise dos gráficos mostra que ambos os

processos foram capazes quanto à ambos os termos, sendo que para a CZ5 o Cp=1,11 (>1,00)

e o Cpk=1,08 (>1,00), e para a BH6 o Cp=1,79 (>1,00) e o Cpk=1,48 (>1,00).

2.3. ETAPA A (ANALISAR).

Ao definirmos que ambos sistemas eram capazes, podemos então analisar as ocorrências e

partir para o plano de ação. Para a iniciar a análise das possíveis causas raízes, o grupo

preferiu ao invés de construir fluxogramas e mapas de processo, fazer uma visita no setor de

envase, o que chamamos de gemba walk e visualizar no local quais as etapas do processo e

onde podem estar ocorrendo desvios que impactam diretamente na geração de reprocesso.

Com base na visita ao processo e nas conversas com os operadores de máquinas do setor, o

grupo partiu então para uma reunião onde foi realizado um brainstorm e para estruturar as

ideias que surgiram utilizamos um diagrama de causa e efeito, ou Diagrama de Ishikawa, o

qual determinamos as possíveis causas raízes do problema através dos 6 “M” principais:

método, máquina, medida, meio ambiente, mão de obra e material.

A Figura 16 mostra o diagrama montado.

Reprocessode Caldos

Alimentícios

Quebra na encaixadeiraDescartarcaixas de caldo sem

necessidade

Falha no Laminado

Caixas com rebarbaFalta de treinamento

adequado

Tempo debatimento da

massa

Falha no bico da cola

Quebra da pinça quepuxa o laminado

Balança / Sensor de faltade unidade de produto

desregulado

Figura 16 – Diagrama de Ishikawa elaborado pelo grupo.

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27

Algumas outras ideias também surgiram durante a discussão do grupo, contudo as que foram

retratadas no diagrama são as que o grupo considerou como de maior importância. As que

estão destacadas em vermelho no diagrama são as principais e com maior recorrência, tanto

que estas duas foram as responsáveis por causar os pontos fora nas cartas de controle de

ambas as máquinas (Figuras 12 e 13).

De posse desta estrutura montada parte-se para próxima etapa, a fase I (Improve).

2.4. ETAPA I (MELHORAR).

Nesta etapa devemos em primeiro lugar priorizar as ações e elaborar um plano de ação para

corrigir as possíveis causas raízes. A Tabela 8 mostra como ficou o plano de ação elaborado

baseado no 5W1H (do inglês – O que, Onde, Quando, Porque, Quem e Como). Lembrando

que as máquinas são de modelos diferentes, mas basicamente estas ações principais valeriam

para ambas, pois acabariam tendo um sistema de funcionamento parecido.

Tabela 7. Plano de ação elaborado.

Continua

O que? Onde? Como? Porque? Quando? Quem?

Quebra na

encaixadeira.

Na Corazza 5 e na

Benhil 6.

Iniciar

manutenção

planejada nestes

recursos.

Para aplicação da

manutenção

planejada.

Seguindo

cronograma de

implementação da

fábrica.

Gerente da área

de Caldos

Alimentícios.

Falha no

Laminado. Em todo o setor.

Reavaliar as

especificações

junto ao

fornecedor.

Para garantir que

as bobinas de

laminado

cheguem nos

padrões de

utilização.

28/02/2014

Coordenador da

Garantia da

Qualidade.

Descartar caixas

de caldos sem

necessidade.

Em todo o setor.

Realizar

treinamento com

os operadores e

padronizar

quando deve ser

descartada.

Para descartar

somente as que

não atingem um

padrão mínimo de

qualidade.

31/03/2014

Coordenador de

Educação e

Treinamento.

Tempo de

batimento da

massa.

Setor de

fabricação.

Verificar se o

padrão de

batimento está

correto e

atualizado.

Para ver se o

tempo atende

realmente à

necessidade.

31/03/2014

Apoio de

Processos de

Caldos.

Falha no bico da

cola.

Parte de

acabamento das

caixas.

Trocar o bico de

cola da Corazza 5

O bico antigo está

com defeito. 31/03/2014 Manutenção.

Quebra da pinça

que puxa o

laminado.

Parte que embala

os tabletes.

Iniciar

manutenção

planejada em

ambas as

máquinas.

Evita novas

paradas e modos

de defeito.

Seguindo

cronograma de

implementação da

fábrica.

Gerente da área

de Caldos

Alimentícios.

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28

Tabela 7. Plano de ação elaborado.

Conclusão

O que? Onde? Como? Porque? Quando? Quem?

Balança /

Sensor de Falta

de unidade de

produto

desregulado.

Parte final das

máquinas.

Aplicar

ferramentas

estatísticas para

avaliar as

balanças.

Com a avaliação

é possível

calibra-las

novamente.

31/07/2014

Coordenador de

Melhoria

Específica.

Falta de

treinamento

adequado.

Em todo o setor.

Realizar

treinamento

sobre boas

práticas de

fabricação.

Os

colaboradores

não sabem

quando

descartar ou

não.

31/03/2014

Coordenador de

Educação e

Treinamento.

Caixas com

rebarba. Em todo o setor.

Reavaliar as

especificações

junto ao

fornecedor.

Para garantir

que as caixas

cheguem nos

padrões de

utilização.

28/02/2014

Coordenador da

Garantia da

Qualidade.

Com este plano de ação já elaborado, o próximo passo foi implementar tais ações e

acompanhar a evolução do índice de reprocesso por pelo menos 4 meses para saber se estas

ações foram eficazes ou não. Este documento já foi entregue aos gestores da fabricação e

também foi apresentado o porquê de cada ação. Como mostrado, a maioria estão para datas a

partir do final de fevereiro, sendo assim, nenhuma das ações ainda foram implementadas e

dependem apenas do plano estratégico que os gerentes do setor e da fábrica traçaram juntos e

do orçamento disponível para tais atividades.

3. CONCLUSÃO

Concluímos que a metodologia Seis Sigma é bastante eficaz na tratativa dos modos de desvio

e na busca das causas raízes, pois mesmo sem resultados concretos, podemos perceber que o

foco maior da metodologia é buscar sempre a fonte do problema, atacar ativamente a causa e

não remediar o efeito. O método se torna ainda mais eficiente quando o unimos ao

pensamento enxuto (Lean Thinking), que visa sempre a redução do lead time através da

eliminação dos desperdícios. Um exemplo desta busca é a ação de reavaliação de tempo de

batimento da massa, onde a metodologia nos faz perguntar: será que este tempo é realmente

necessário? Será que não podemos reduzir este tempo? Se algum processo nestas etapas for

desnecessário, podemos eliminá-lo?

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29

Outro ponto muito importante é focar e definir muito bem seu escopo, pois apenas com uma

boa base construída podemos construir um projeto de sucesso, e o estreitamento deste à

apenas duas máquinas, uma de cada modelo, nos possibilitou observar e aprender o

funcionamento de ambas tecnologias, e estar aptos para futuras replicações.

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30

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IMA Industries. Corazza FB8 Automatic dosing & wrapping machine for butter. 2012.

Disponível em: <http://www.ima-industries.com/en/news/events/corazza-fb8-automatic-

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