[vitor borges] internacionalização – impacto na gestão de hst

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SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 1 Internacionalização – Impacto na gestão de HST O desafio da internacionalização é, no passado recente, no presente e no futuro a médio prazo, quase uma obrigação para as médias e grandes empresas na área da construção e das montagens industriais. Estamos no mercado global e temos que saber jogar em vários tabuleiros ao mesmo tempo. Em matéria de HST isto é especialmente relevante ao nível da legislação, normalização, qualificações de pessoas ou mesmo das boas práticas. O desafio da internacionalização é, no passado recente, no presente e no futuro a médio prazo, quase uma obrigação para as médias e grandes empresas na área da construção e das montagens industriais. Estamos no mercado global e temos que saber jogar em vários tabuleiros ao mesmo tempo. Em matéria de HST estes desafios colocam-se a vários níveis. Talvez o mais relevante de todos seja a legislação. Deparamo-nos com diferentes realidades, desde regimes legais extremamente detalhados e restritivos em que todos os assuntos possuem uma interpretação fechada, passando por quadros legais extensos mas em que as definições não são fechadas, carecendo de análise e interpretação técnica, ou até países onde não existe um quadro legal definido e onde se segue por vezes de forma oficiosa o modelo de um outro país que teve uma influência política e cultural sobre esse, no passado.

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Internacionalização – Impacto na gestão de HST

O desafio da internacionalização é, no passado recente, no presente e no futuro a médio

prazo, quase uma obrigação para as médias e grandes empresas na área da construção e

das montagens industriais. Estamos no mercado global e temos que saber jogar em vários

tabuleiros ao mesmo tempo. Em matéria de HST isto é especialmente relevante ao nível da

legislação, normalização, qualificações de pessoas ou mesmo das boas práticas.

O desafio da internacionalização é, no passado recente, no presente e no futuro a médio

prazo, quase uma obrigação para as médias e grandes empresas na área da construção e das

montagens industriais. Estamos no mercado global e temos que saber jogar em vários

tabuleiros ao mesmo tempo.

Em matéria de HST estes desafios colocam-se a vários níveis. Talvez o mais relevante de todos

seja a legislação. Deparamo-nos com diferentes realidades, desde regimes legais

extremamente detalhados e restritivos em que todos os assuntos possuem uma interpretação

fechada, passando por quadros legais extensos mas em que as definições não são fechadas,

carecendo de análise e interpretação técnica, ou até países onde não existe um quadro legal

definido e onde se segue por vezes de forma oficiosa o modelo de um outro país que teve uma

influência política e cultural sobre esse, no passado.

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Internacionalização – Impacto na gestão de HST

Estas diferenças quase podem ser organizadas geograficamente em termos continentais.

Genericamente, o primeiro modelo está muito enraizado no continente americano, quer seja na

América do Norte ou Latina. No continente europeu, embora existam duas grandes correntes, a

comunitária e a britânica, em ambas há uma importância relevante da componente técnica na

interpretação das definições. O continente africano encontra-se em grande desenvolvimento

nestas matérias, sendo no entanto ainda hoje bastante claras as influências francófonas o norte

de África ou portuguesas nos PALOP.

Em relação à forma de implementação de cada um dos modelos considero que nenhum deles

minimiza o papel dos técnicos e especialistas. Em todos eles somos importantes de formas

diferentes.

Por exemplo, quando o quadro legal define exactamente quando uma situação de trabalho se

define como trabalho em altura a nossa competência técnica está a ser menosprezada?

Considero que não! Diria que tem uma grande vantagem: é claro para todos e a todos os níveis,

minimizando por ventura a influência do factor humano na percepção do risco. Ou seja,

qualquer trabalhador a qualquer nível pode não atribuir um nível de risco relevante a uma

determinada actividade mas sabe que a mesma inclui uma obrigação legal.

O modelo europeu dá especial relevância à componente de avaliação técnica, no entanto a

experiência mostra que existem algumas coisas que podem ser consideradas como fragilidades

do mesmo. Por exemplo, a formação técnica e científica dos técnicos, a efectiva

implementação da interdisciplinaridade ou o eterno problema da afectação de técnicos e o

seu ratio por número de trabalhadores.

Por último, o trabalho em países que não possuem um quadro legal completo ou não o possuem,

pura e simplesmente. Estes podem ser, ao mesmo tempo, os melhores ou os piores países para

se implementar um sistema de gestão da prevenção e segurança. Tudo depende dos

intervenientes em cada projecto. Do padrão de exigência do dono de obra, bem como de todos

os intervenientes ao longo de todo processo. Desde a fase de projecto até à exploração.

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Há ainda que ter conta os aspectos culturais, os climatéricos, os normativos ou mesmo os

demográficos, no entanto pela extensão e relevância tentarei abordá-los noutros textos.

Voltarei a este tema da internacionalização em futuros artigos, no entanto nesta minha primeira

intervenção quis deixar um ponto de partida para uma reflexão que é importante fazermos

todos, porque cada vez mais estas são as questões com que nos deparamos no dia a dia. A título

de exemplo, escrevi este texto a bordo de um avião rumo à Dinamarca onde farei uma visita de

acompanhamento do desempenho da equipa no local, num projecto em consórcio com uma

empresa italiana, onde a engenharia pertence a uma empresa americana e o dono de obra é

dinamarquês e a exploração de uma empresa petrolífera britânica. Penso que só por si legitima a

escolha para o tema deste texto.

Vítor Borges

O meu nome é Vitor Borges, sou QHSE Manager na SIMI – Soc. Int. De

Montagens Industriais.

A minha experiência profissional está intimamente ligada à gestão da

prevenção, higiene e segurança no trabalho e certificações, principalmente

nas áreas de actividade da construção civil e obras públicas e montagens

industriais. Paralelamente, o meu percurso profissional tem sido acompanhado

por uma actividade académica relevante na área da docência, em matérias

ligadas à minha formação em eng.a química e HST.

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