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SOBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva Kátia de Oliveira Alves A CORRELAÇÃO ENTRE A SAÚDE BUCAL E A SAÚDE SISTÊMICA Brasília

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SOBRATISOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA

Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva

Kátia de Oliveira Alves

A CORRELAÇÃO ENTRE A SAÚDE BUCAL E A SAÚDE SISTÊMICA

Brasília2016

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Kátia de Oliveira Alves

A CORRELAÇÃO ENTRE A SAÚDE BUCAL E A SAÚDE SISTÊMICA

(PERIODONTIA ↔ DIABETES↔ DOENÇA RENAL↔ UTI)

Trabalho de conclusão de curso apresentado no Mestrado Profissionalizante de Terapia Intensiva da SOBRATI (Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva), orientado pela Prof.ª Drª Vanizia de Pádua como requisito para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.

Brasília 2016

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RESUMO

O objetivo desse estudo é identificar a correlação entre a saúde bucal e a saúde

sistêmica, especificamente nesse estudo relacionando a Doença Periodontal, a

Diabetes e a Insuficiência Renal. Ainda será abordado o fato de muitas vagas de UTI

estarem ocupadas por esses pacientes. Será um estudo do tipo exploratório,

bibliográfico com analise integrativa, qualitativa da literatura disponível em

bibliotecas convencionais e virtuais.Identificou se que a odontologia vem buscando

participação efetiva nas equipes multiprofissionais. A Odontologia Hospitalar ganha

força e as pesquisas envolvendo a saúde bucal como parte integrante da boa saúde

sistêmica se torna uma constante. Pacientes com diabetes tem doença periodontal

de difícil controle e vice-versa, ou seja, paciente com doença periodontal também

tem dificuldade de controle da diabetes. É uma constante também a insuficiência

renal estar sempre relacionada à diabetes e à doença periodontal. E infelizmente

muitas vagas em UTI estão ocupadas por pacientes em desequilíbrio metabólico por

decorrência do agravamento dessas patologias crônicas.

Descritores: Unidade Hospitalar de Odontologia; Saúde Sistêmica; Saúde Bucal; UTI.

ABSTRACT

The aim of this study is to identify the correlation between oral health and systemic

health, specifically in this study relating to Periodontal Disease, Diabetes and kidney

failure. Also it will address the fact that many ICU spots are occupied by these

patients. It will be a study exploratory, bibliographical with integrative, qualitative

analysis of the literature available in conventional and virtual libraries.  It identified

that dentistry has been seeking effective participation in multidisciplinary teams. The

Hospital Dentistry gains strength and research involving oral health as an integral

part of good systemic health becomes a constant. Patients with diabetes have

periodontal disease difficult to control and vice versa, ie, patients with periodontal

disease also have difficulty diabetes control. It is also a constant renal failure always

be related to diabetes and periodontal disease. And unfortunately many places in

ICU are occupied by patients for metabolic imbalance due to the worsening of these

chronic diseases. Keywords: Hospital Dental Unit; Systemic Health; Oral Health; ICU.

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1 INTRODUÇÃO

O interesse desse estudo é mostrar veementemente a correlação entre a

saúde sistêmica e a saúde bucal. Existe a proposta para demonstrar a veracidade

da via de mão dupla oculta, que se observa acontecer nos hospitais.

A via de mão dupla aqui mencionada é a seguinte:

PERIODONTIA↔DIABETES↔DOENÇA RENAL↔UTI.

Hoje com a Odontologia Hospitalar obtendo uma expressão mais

significativa nas equipes multiprofissionais, há a relação entre o agravamento e/ou a

dificuldade de controle de patologias, na maioria delas crônicas, com problemas

bucais.

Também muitos desses pacientes acometidos por essas patologias

como, diabetes e doença renal, necessitam de atendimento em UTI, para

restabelecimento das funções vitais.

Nesse contexto o Odontólogo possui um papel importante na prevenção e

detecção precoce de muitas doenças sistêmicas. E mesmo após a doença instalada

a Odontologia continua com sua importância no controle dos sinais e sintomas, no

controle da piora do quadro clinico dos pacientes, e no efetivo tratamento do

paciente.

Ao conhecer a Odontologia Intensiva, se tornou pertinente e viável a

avaliação da condição de saúde bucal do paciente internado em uma UTI, muitas

para restabelecimento da saúde sistêmica.

Diante disso surge o questionamento: Como a saúde sistêmica e a saúde

bucal se correlacionam tão intimamente? A partir desse questionamento vamos

alavancar as respostas. O organismo humano funciona como uma orquestra: cada

órgão cumpre o papel de um instrumento. E, quando um desafina, o corpo todo pode

ser afetado. Quando a saúde bucal não está em harmonia, as bactérias, os fungos e

todos os outros microrganismos naturais dessa região podem se proliferar e atingir

outros órgãos.

Cuidar da saúde bucal, não é só cuidar dos dentes, muito menos é

apenas questão de estética, é sim condição de saúde.

De acordo com a American Dental Association (ADA), diversas doenças

sistêmicas - aquelas que eventualmente afetam todo o organismo - podem ter

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origem ou podem se agravar, por infecções orais. (SOCIEDADE BENEFICENTE

ISRAELITA BRASILEIRA, 2009).

Entre os problemas bucais mais comuns na população brasileira está a

gengivite, que quando não tratada pode evoluir para a periodontite. Conforme a

Associação Brasileira de Odontologia, menos de 22% de adultos e 8% dos idosos

têm as gengivas totalmente saudáveis. As complicações surgem quando a placa

bacteriana não é removida. Falando sobre placa bacteriana vale lembrar que

imediatamente neste momento em que se lê esse estudo, milhões microrganismos

estão se organizando entre os dentes, gengivas, língua, bochecha e outros espaços

da Boca.

São microrganismos extremamente organizados, formando colônias

complexas com canais que possibilitam o transporte de fluidos, como por exemplos

as toxinas bacterianas. São verdadeiras cidades de bactérias interligadas vivendo à

custa dos nutrientes disponíveis na boca. Em cerca de duas horas, já é possível

perceber a formação de micro colônias de bactérias. Em dois dias a placa está bem

maturada e pronta para causar danos na boca. As bactérias são de vários tipos e

vãos se formando em camadas. Cada uma tem seu papel na colônia ou na

colonização.

É possível remover a placa bacteriana com facilidade, principalmente de

forma mecânica (escova e fio dental). Importante considerar que língua, bochecha,

dentaduras, próteses sobre implantes ainda abrigam a placa, pode ser que nessas

regiões a placa seja menos virulenta, mas ela existe. Faz-se necessário a

desorganização desta placa duas ou três vezes por dia (JOHNSTON; HOLT,2008).

Quando a placa bacteriana não é removida, as complicações surgem.

Assim inicia se a inflamação da gengiva (gengivite). Suas características mais

conhecidas são a vermelhidão, inchaço, e o sangramento. Se acumulada por um

período maior, a placa começa a endurecer pela deposição de sais minerais da

saliva e dá origem ao cálculo dental o tártaro- o qual fica firmemente aderido ao

dente. Se o cálculo não for removido, agora só pela atuação do cirurgião dentista,

inicia se uma destruição progressiva e irreversível das estruturas que sustentam o

dente como osso alveolar e ligamento periodontal.

Percebe se que um simples problema bucal se transforma em um caso

mais sério, a periodontite. Essa inflamação resulta em sangramento, sensibilidade,

retração da gengiva, mau hálito, mobilidade e dor.

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Segundo afirma a Drª Leticia Bezinelli, cirurgiã dentista da unidade de

Transplante de Medula Óssea do HIAE, o grande problema da doença periodontal é

que, na maioria das vezes, ela se comporta de forma silenciosa e assintomática e,

quando o paciente percebe, já existe um comprometimento severo da estrutura

dentária e da boca como um todo (SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA

BRASILEIRA, 2009).

A grande maioria dos pacientes com periodontite de difícil controle tem

diabetes, e pacientes com diabetes não alcançam o controle da doença enquanto

não controlam a progressão da periodontite.

Diabetes mellitus é uma epidemia silenciosa que exige mudanças nos

hábitos de vida e desafia o sistema de saúde a garantir acesso a medicamentos e

cuidados. Segundo a Federação Internacional do Diabetes (IDF), há 387 milhões de

pessoas, quantidade de pessoas equivalentes à população da América do Sul,

vivendo com diabetes no mundo, 80% delas nos países de média e baixa renda.

Cerca de 9 milhões de brasileiros acima de 18 anos sabem que possuem a doença,

segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) DE 2013, mas esse número pode ser

ainda maior, porque 46% das pessoas que tem diabetes não sabem que têm, como

aponta o Atlas 2014 sobre a enfermidade, publicado pela Federação Internacional

do Diabetes; IDF, da sigla em inglês.

Estimular e viabilizar o diagnóstico, prover informações adequadas e

garantir o acesso a medicamentos e materiais essenciais para o controle da glicose

são alguns dos desafios do SUS. Visto que Diabetes se tornou um problema de

saúde pública. Ate 2035 a expectativa é que 592 milhões de pessoas estejam

vivendo com Diabetes. Para quem convive com a doença, a principal lição é

aprender a equilibrar os limites de seu próprio corpo.

O diabetes mellitus é uma doença crônica que afeta os níveis de glicose

no sangue, uma das principais fontes de energia para o corpo. O primeiro termo

indica a perda de líquido através da urina, já o segundo vem de "mel" e lembra a

presença de açúcar no organismo. O pâncreas não fabrica insulina, hormônio

responsável por controlar a glicose, ou as células não utilizam essa substância

adequadamente. Com o desequilíbrio, pode acontecer tanto a elevação,

hiperglicemia, quanto a queda, hipoglicemia. Entre os primeiros sinais mais comuns,

estão aumento da urina, da fome e da sede e perda de peso.

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Os estágios mais graves podem levar a infecções na pele e nas unhas,

fraqueza muscular, feridas nas pernas e pés (que demoram a se cicatrizar),

problemas de visão, nos rins, na circulação e infecções bucais na gengiva

principalmente, periodontites, de difícil controle (FIOCRUZ, 2015).

Outro fato bastante relevante é a ligação entre a diabetes e a periodontite

com a doença renal.

A insuficiência renal é a condição em que os rins perdem a capacidade de

remover resíduos e equilibrar os fluidos.

Tipos mais comuns:

A) Insuficiência renal aguda—Condição em que os rins deixam, repentinamente, de

filtrar os resíduos do sangue.

B) Insuficiência renal crônica—Doença prolongada nos rins que leva à falência renal.

A insuficiência renal crônica, também chamada de doença renal crônica, é

a perda lenta do funcionamento dos rins, cuja principal função é remover os resíduos

e o excesso de água do organismo.

A insuficiência renal crônica ocorre quando uma doença ou outra

condição de saúde prejudica a função renal, causando danos aos rins – que tendem

a agravar-se ao longo de vários meses e até mesmo anos. Entre as doenças e

condições que geralmente causam doença renal crônica estão a Diabetes tipos 1 e 2

e Hipertensão. Há outras causas, porém para nosso estudo essas duas causas são

as mais relevantes.

A insuficiência renal crônica leva a um acúmulo de líquidos e resíduos no

organismo. Essa doença afeta a maioria dos sistemas e funções do corpo, inclusive

a produção de glóbulos vermelhos, o controle da pressão arterial, a quantidade de

vitamina D e a saúde dos ossos. Vale lembrar que o sistema estomatognático

apresenta várias estruturas ósseas.

A insuficiência renal aguda é a perda súbita da capacidade dos rins

filtrarem resíduos, sais e líquidos do sangue. Quando isso acontece, os resíduos

podem chegar a níveis perigosos e afetar a composição química do seu sangue, que

pode ficar fora de equilíbrio. Também chamada de lesão renal aguda, a insuficiência

é comum em pacientes que já estão no hospital com alguma outra condição. Pode

desenvolver-se rapidamente ao longo de algumas horas ou mais lentamente,

durante alguns dias.

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Pessoas que estão gravemente doentes e necessitam de cuidados

intensivos estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal aguda. A doença

pode ser fatal e requer tratamento intensivo. No entanto, pode ser reversível. Tudo

depende do estado de saúde do paciente (HACHUL; MAURICIO, 2008).

É uma opção de tratamento para os pacientes que sofrem de doença

renal crônica avançada é o transplante renal. No transplante renal, um rim saudável

de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de insuficiência

renal crônica avançada. Através de uma cirurgia, esse rim é implantado no paciente

e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas. Seus

próprios rins permanecem onde eles estão, a menos que estejam causando infecção

ou hipertensão (CAINE et al., 1978).

Após o transplante de rim, o paciente ficará tomando remédios chamados

de imunossupressores, a mais usada é a ciclosporina. Os imunossupressores

diminuem a chance de rejeição do órgão que ele recebeu. Os pacientes

transplantados devem usar medicações durante todo o tempo que forem

transplantados. O abandono da medicação pode ter sérias consequências como a

perda do rim transplantado e outras complicações (PLUM, 2002).

As áreas mais propensas à infecção em transplantados renais são: trato

gastrointestinal incluindo cavidade oral (periodontites), trato respiratório e pele.

Os candidatos a este procedimento devem ser submetidos a exame

odontológico antes de iniciar o tratamento, pois a doença periodontal, pode ser um

sítio de infecção quando o transplante se efetiva (ANGELOPOULOS; GOAZ, 1972).

Os problemas periodontais em transplantados, normalmente são

ocasionados pela ciclosporina, imunossupressor mais utilizado. (WOLFE; MCCAN;

SANFILIPO, 1986).

A maioria dos autores concorda que um programa de higiene oral atua

positivamente sobre a hiperplasia gengival induzida por ciclosporina, diminuindo o

grau de inflamação, sangramento e dor na cavidade oral. Inúmeras vezes se faz

necessário a hospitalização, até em UTI para restabelecendo das funções vitais de

um paciente transplantado. Muitas vezes essa admissão do paciente na UTI

acontece em condições bucais não favoráveis ao completo restabelecimento da

saúde sistêmica, sendo necessária a atuação do odontointensivista na ajuda do

controle dessa infecção. (SEYMOUR; HEASMAN,1988).

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O que se espera alcançar com este estudo, é mostrar a importância da

introdução efetiva da Odontologia nas equipes multiprofissionais, contribuindo

sobremaneira para adequação da saúde dos pacientes. Cientificamente auxiliará na

demonstração da importância de pesquisas envolvendo a Odontologia como uma

ciência que estuda uma parte importante do corpo.

2 OBJETIVOS

Identificar e discorrer sobre a correlação entre a saúde bucal e a saúde

sistêmica. Demonstrar que pacientes com doenças sistêmicas como diabetes e/ou

Insuficiência Renal que apresentam problemas bucais como doenças periodontais,

têm mais dificuldades no controle das mesmas, apresentando complicações com

mais frequência e de difícil tratamento, necessitando muitas vezes de uma

internação em UTI para restabelecimento do equilíbrio metabólico do paciente.

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, exploratório, descritivo com

análise integrativa. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas,

obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e

virtuais.

Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais

em saúde, especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde - Bireme. Foram

utilizados os descritores: Unidade hospitalar de Odontologia, Saúde Sistêmica,

Saúde Bucal, UTI.

O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações

apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação em Ciências

da Saúde - LILACS, MEDLINE e SCIELO, no período de 2005 a 2015; com um

relevante trabalho do ano de 1986.

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Para o resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que

abordassem o tema e possibilitassem um breve relato da relação entre saúde

sistêmica e saúde bucal.

Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura

analítica, por meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização

das idéias por ordem de importância e a sintetização destas que visou a fixação das

idéias essenciais para a exposição do proposto pelo estudo.

Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do

comentário feito pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao objeto de estudo e

conhecimentos prévios. Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de

resultados, pois ajustaram o exposto no estudo ao trabalho efetivo que possa ser

feito. Realizada a leitura interpretativa se iniciou a tomada de apontamentos que se

referiram a anotações que consideravam o presente estudo, ressalvando as idéias

principais e dados mais importantes.

A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram

confeccionados dado estruturados em um documento do Microsoft Word, que

objetivaram a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras,

o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos registros.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estudos associando a saúde sistêmica com a saúde bucal não é uma

pratica recente. Porém hoje com a Odontologia Hospitalar mais atuante, se tem um

foco mais centrado e voltado para efetividade dessa associação.

Muitos estudos mostram que algumas características bucais presentes

em pacientes com doenças sistêmicas, aceleram a manifestação de sinais e

sintomas e dificultam muito o tratamento dessas comorbidades.

Podemos mensurar alguns desses fatores. Os sintomas mais comuns em

indivíduos portadores de Diabetes Mellitus são: polipsia; poliúria; polifagia, polipsia

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associada à xerostomia, hálito cetônico, problemas periodontais severos (NELSON,

2008).

A sensação de boca seca (xerostomia) é um sintoma que pode ou não

estar relacionado à falta de saliva, ou seja, nem sempre a boca seca indica uma real

falta ou diminuição na produção de saliva.Para diferenciar se a queixa de boca seca

representa uma diminuição na produção salivar é preciso consultar um profissional

habilitado que deverá realizar uma consulta detalhada e testes específicos para

avaliar os padrões salivares (qualitativamente e quantitativamente) para assim poder

fazer um diagnóstico correto.

Assim, é fundamental identificar, através de um exame clínico detalhado e

de um teste chamado sialometria (que pode ser realizado com um Kit para medir a

produção de saliva), se a queixa de sentir a boca seca está ou não associada a uma

real diminuição na produção de saliva.Utilizamos o termo xerostomia quando há a

sensação de boca seca, porém sem uma real diminuição na produção de saliva, e

os termos hipossalivação ou hipossialia, quando há uma diminuição real na

produção salivar.

As causas mais frequentes que levam à xerostomia são fatores que

desidratam a boca e ressecam a mucosa bucal. Entre estes fatores encontramos a

respiração bucal e o ronco, utilizar excessivamente a fala devido à profissão e a

desidratação corporal excessiva. No entanto, outras causas mais raras podem

provocar esta sensação, que deverão ser investigadas e tratadas, se for o caso.

As causas da hipossalivação, que ocorre no caso de uma real diminuição

na produção salivar, decorrem de inúmeros fatores como o estresse excessivo e

prolongado, doenças como a Síndrome de Sjögren, Diabetes Mellitus, doenças das

glândulas salivares, como consequência da radioterapia de cabeça e pescoço e

frequentemente como consequência da ingestão prolongada de medicações

específicas, que diminuem a produção de saliva como efeito colateral. Estima-se

que existam mais de 400 medicações que podem causar a hipossalivação, sendo as

mais comuns os antidepressivos, antialérgicos, calmantes, diuréticos e anti-

hipertensivos.

É importante lembrar que a saliva faz muito mais do que simplesmente

manter a boca úmida. Ela ainda ajuda a digerir o alimento, proteger os dentes das

caries, prevenir infecções ao controlar as bactérias da boca e tornar possível a

mastigação e a deglutição (WWW.BOCASECA.COM.BR).

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Se a síndrome da boca seca está bem avançada pode usar substitutos da

saliva, eles umedecem e lubrificam a boca, mas não estimulam as glândulas

salivares a produzir saliva. Estes vêm em uma variedade de apresentações: elixires

bucais, sprays, geles e pastilhas que se dissolvem na boca

(WWW.BOCASECA.COM.BR).

Pode ainda ser prescrito PILOCARPINA, um medicamento que ajuda a

estimular a produção de saliva. Porém essa medicação causa efeitos colaterais

consideráveis, que talvez inviabilizem seu uso (ZIMMERMAN et al., 1997).

Estudos têm comprovado que o Diabetes Mellitus é um fator de risco para

as doenças periodontais, enquanto que outros trabalhos defendem a hipótese de

que a periodontite pode ser um fator de risco para o mau controle glicêmico nos

pacientes com Diabetes. Além disso, também tem sido constatado que esses

pacientes apresentam maior perda óssea, maior perda de inserção e maior

profundidade de sondagem do que os não portadores de Diabetes (SMYTH;

HERON, 2006).

Vários mecanismos têm sido propostos para explicar o aumento da

susceptibilidade à doença periodontal nesses indivíduos, como alterações na

resposta imune e na microbiota subgengival, metabolismo do colágeno,

vascularização e hereditariedade. Por outro lado, a infecção periodontal pode

agravar o controle glicêmico, elevar o nível de citocinas pró-inflamatórias, causar a

bacteremia e consequentemente, aumentar o risco de complicações

cardiovasculares (SMYTH; HERON, 2006).

Além da doença periodontal, a ausência do controle metabólico pode

estar relacionada à presença de infecções fúngicas.A candidíase foi a doença mais

observada e que se mostrou mais frequente nos pacientes com Diabetes. A adesão

da Cândida albicans aos tecidos bucais é facilitada pelo nível de glicose salivar

alterado e pela diminuição do fluxo salivar, constante nos pacientes com Diabetes.

(SMYTH; HERON, 2006).

Outra relação intima que acontece é a existência da Insuficiência Renal

Crônica (IRC) no paciente com Diabetes.

A IRC associada ao diabetes se instala de maneira gradativa,

assintomática, evoluindo com perda de função renal e a necessidade de tratamento

com dialise ou transplante, limitando a qualidade de vida e aumentando o risco de

morte prematura. (REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES)

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O Diabetes Mellitus é uma doença crônica caracterizada por graus

variáveis de resistência e deficiência insulínica. A nefropatia diabética resulta da

longa exposição à glicemia elevada, associada ao mau controle da pressão arterial,

dos níveis de colesterol, do hábito de fumar e também de fatores genéticos.

(REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES).

A chance de um portador de Diabetes Mellitus ter algum tipo de nefropatia

diabética é ao redor de 30%. A nefropatia diabética é classificada em estágios,

sendo que o 1 e´ o mais brando e o 5 é o estágio mais avançado, que leva o

paciente a necessitar de terapia substitutiva, dialise ou transplante renal (REVISTA

DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES).

A prevenção da nefropatia diabética está centrada no bom controle

glicêmico, associado ao controle de pressão arterial, na dieta sem excesso de

proteína, na parada do habito de fumar e no controle dos níveis de gordura no

sangue. É importante não usar remédios que possam lesar o rim (REVISTA DA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES).

Outro ponto importante é que sejam realizados exames rotineiros para

checar a presença de proteínas na urina ou se o ritmo de filtração glomerular está

em declínio ou não (REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES).

Quando há aumento dos níveis de creatina e ureia no sangue e perda

acentuada de albumina na urina é sinal que a insuficiência renal está em fase

terminal. Há sinais e sintomas como falta de apetite, fraqueza geral, náuseas,

anemia, inchaço no corpo devido à retenção de água no organismo, aumento da

pressão arterial, aumento dos níveis de potássio e acidose metabólica, ou seja, o rim

é incapaz de controlar a concentração de vários sais vitais para o corpo, o volume

de líquido e de excretar as substâncias tóxicas ao nosso organismo.

Nesta fase, faz-se necessária a utilização de terapia renal substitutiva,

diálise ou transplante. O transplante renal é uma terapia eficaz, que leva a um

aumento importante da qualidade de vida e sobrevida do paciente (REVISTA DA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES).

Os cuidados, limitações e as implicações da associação entre a saúde

sistêmica e a saúde bucal são de fundamental importância para a conduta clinica

dos pacientes.

A associação entre as manifestações simultâneas das patologias, como a

diabetes ligada às doenças periodontais, a doença renal ligada intimamente à

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diabetes e, portanto, também à doença periodontal, obrigam aos profissionais da

saúde a um estudo mais cauteloso e enfático da situação, buscando evitar que as

debilidades advindas dessas doenças crônicas levem a internações hospitalares, as

vezes de repetição, e em UTI para restabelecimento das funções vitais.

Diabetes e DRC (Doença Renal Crônica) são doenças que podem se

originar ou se agravarem a partir de um estado de descuido da cavidade oral,

principalmente com as gengivas, levando às doenças periodontais.

Esse grupo de pacientes já apresentam muitas fragilidades, e essas se

acentuam nas internações, aumentando severamente o risco de infecções. Apesar

de ser necessário ainda muito estudo com relação a ligação intima entre saúde

sistêmica e saúde bucal, o que se sabe já fundamenta a luta por qualidade de vida

para esses pacientes.

O acumulo de fatores de risco para esses pacientes pode significar a

morte, visto que estão sujeitos a sepse com muito mais facilidade que pessoas sem

patologias já instaladas.

Dentre tantos problemas a que esse grupo de pacientes está propenso a

desenvolver, os bucais podem ser amenizados com a presença do cirurgião dentista

na equipe multidisciplinar, para proporcionar melhor qualidade de vida para esses

pacientes.

5 CONCLUSÃO

O objetivo desse estudo foi identificar e correlacionar a relação intima

entre saúde sistêmica e saúde bucal.

Após a análise dos estudos foi possível concluir que a saúde sistêmica e

a saúde bucal apresentam expressiva ligação e que os controles das doenças da

boca, principalmente dos problemas periodontais, interferem no controle de doenças

sistêmicas como diabetes e insuficiências renais e principalmente o controle das

doenças crônicas como diabetes e insuficiências renais interferem no controle dos

problemas bucais como periodontites. As complicações das doenças crônicas levam

os pacientes para recuperação em leitos de UTI.

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Este estudo possibilitou perceber que esse grupo de pacientes já

apresentam muitas fragilidades, e essas se acentuam nas internações, aumentando

severamente o risco de infecções. Ainda nota se que as internações e reinternações

nos hospitais, seja no ambulatório ou em UTI oneram muito os custos hospitalares.

Viabilizando as ações que possibilitem diminuir esse risco eminente de internações

sucessivas, como por exemplo a valorização do cirurgião dentista, inserindo-o com

as suas potencialidades nas equipes multiprofissionais.

Percebe se, portanto, a necessidade de muito estudo com relação a

ligação intima entre saúde sistêmica e saúde bucal, mesmo assim com o que se

sabe já há uma luta fundamentada por qualidade de vida para os pacientes

portadores de doenças crônicas. O acumulo de fatores de risco para esses

pacientes pode significar a morte, visto que estão sujeitos a sepse com muito mais

facilidade que pessoas sem patologias já instaladas.

Dentre tantos problemas a que esse grupo de pacientes está

propenso a desenvolver, os bucais podem ser amenizados com a presença do

cirurgião dentista na equipe multidisciplinar, para proporcionar melhor qualidade de

vida para esses pacientes.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANGELOPOULOS, A. P.; GOAZ, P. W. Incidence of diphenylhydantoin gingival hyperplasia. Oral Surgery, Oral Medicine, and Oral Pathology, St. Louis, v. 34, n. 6, p. 898-906, Dec.1972.

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