universidade federal de sergipe - repositório ... · para obtenção do título de mestre em...

88
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA JOSÉ ARNALDO SANTANA COSTA Utilização de um novo material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM- 41 na remoção de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) SÃO CRISTÓVÃO SE 2013

Upload: lethuy

Post on 22-Dec-2018

224 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLGICA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

JOS ARNALDO SANTANA COSTA

Utilizao de um novo material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41 na remoo de hidrocarbonetos policclicos aromticos (HPAs)

SO CRISTVO SE

2013

JOS ARNALDO SANTANA COSTA*

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-

Graduao em Qumica da Universidade

Federal de Sergipe, como requisito parcial

para obteno do ttulo de Mestre em

Qumica.

Orientadora: Prof(a). Dra. Luciane Pimenta Cruz Romo

Coorientadora: Prof(a). Dra. Maria Eliane de Mesquita

*Bolsista CNPq

SO CRISTVO SE

2013

i

FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

C837u

Costa, Jos Arnaldo Santana

Utilizao de um novo material mesoporoso funcionalizado

PABA-MCM-41 na remoo de hidrocarbonetos policclicos

aromticos (HPAs) / Jos Arnaldo Santana Costa ; orientadora

Luciane Pimenta Cruz Romo. So Cristvo, 2013.

86 f. : il.

Dissertao (mestrado em Qumica) Universidade Federal de Sergipe, 2013.

1. Qumica inorgnica. 2. Materiais mesoporosos. 3. PABA-

MCM-41. 4. Qumica de superfcie. 5. Adsoro. 6.

Hidrocarbonetos policclicos aromticos. I. Romo, Luciane

Pimenta Cruz, orient. II. Ttulo.

CDU 546.650

ii

iii

DEDICATRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Jos

Ireno e Maria, pelo apoio incondicional.

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me permitiu tudo isso, ao longo de toda a minha vida, e, no somente neste momento, a Ele que dirijo minha maior gratido.

Aos meus pais Jos Ireno e Maria, por sua dedicao, pelo amor que me faz mais forte, fazendo-me entender que sou capaz de ir mais alm.

minha mulher Lucilene, que participou de toda essa caminhada, apoiando, compreendendo as ausncias.

A todos os meus irmos pelo incentivo e momentos de distrao.

Aos meus familiares e amigos pelo incentivo, por acreditarem e torcerem por mim.

minha orientadora e amiga Luciane, por acreditar em meu potencial desde o incio, pela confiana, pacincia e oportunidade para o desenvolvimento deste trabalho.

minha coorientadora e amiga Maria Eliane, pela confiana, pacincia e oportunidade para o desenvolvimento deste trabalho.

Agradecimento especial minha amiga Anuska, pela amizade e ajuda no desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas Danilo, pelos momentos de descontrao e trabalho, Thiago, pela amizade e pelas dvidas tiradas, Edna e Jandyson pelo companheirismo desde a graduao.

A todos os professores do Departamento de Qumica do campus Itabaiana pela formao inicial na graduao em Qumica e pelo incentivo a seguir nesta caminhada.

A todos que fazem ou fizeram parte do LEMON, em especial: Anuska, Bruno, Jany, Alexsandra, Tssya, Valria, pelas conversas, sugestes e trabalho.

A todos que fazem ou fizeram parte do LCIOPES, em especial: Roberta, Jse, Simei, Eugnio, Lucas, Paulo, Lourdes, pelas conversas, sugestes, trabalho em grupo.

A todos que fazem ou fizeram parte do LCP, em especial: Sandro, Alberto, Marcelo, Tatiane, Jandyson, Luana, Romrio.

Agradecimento especial ao prof. Sandro por sempre ajudar nos momentos de dvidas, e por quase doar sua centrfuga, e ao prof. Marcelo, pela doao dos HPAs.

Ao Programa de Ps-Graduao em Qumica pela oportunidade em desenvolver o projeto.

Aos professores Alberto e Reinaldo pelas contribuies durante a participao na banca de qualificao e pelas dvidas tiradas.

A todos os professores do NPGQ, em especial Luciane, Eliane, Anne Michele, Mangrich, Sandro, Alberto, Marcelo, Adriano e Victor.

v

Ao CNPq pela bolsa concedida.

Em fim, a todos que acreditaram em meu potencial, e principalmente aos que no acreditaram em mim.

vi

Quando eu vim do serto seu moo Do meu bodoc A malota era um saco E o cadeado era um n S trazia a coragem e a cara Viajando num pau de arara Eu penei, mas aqui cheguei... Pau de Arara (Luiz Gonzaga)

http://www.cifraclub.com.br/luiz-gonzaga/

vii

RESUMO

Este trabalho descreve a sntese e caracterizao do material mesoporoso MCM-41 e do novo

material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41 para serem utilizados como materiais

adsorventes na remoo dos HPAs benzo[k]fluoranteno (B[k]F), benzo[a]pireno (B[a]P) e

benzo[b]fluoranteno (B[b]F). Os dois materiais foram sintetizados pelo mtodo hidrotermal,

sendo que PABA-MCM-41 foi sintetizado pelo mtodo hidrotermal/co-condensao, o qual

foi funcionalizado pelo cido 4-aminobenzico modificado. Os materiais mesoporosos

sintetizados foram caracterizados por espectroscopia na regio do infravermelho por

transformada de Fourier (FTIR), espalhamento de raios-X a baixo ngulo (SAXS),

adsoro/dessoro de N2, microscopia eletrnica de varredura (MEV) e anlise

termogravimtrica (TG). Os experimentos de adsoro em batelada foram utilizados para

determinar os efeitos da concentrao inicial do adsorbato, tempo de contato e temperatura na

remoo dos HPAs B[k]F, B[a]P e B[b]F. O mtodo da co-condensao mostrou-se eficiente

na sntese do material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41. Os dois materiais

mesoporosos apresentaram mesoestruturas hexagonais tpicas da famlia M41S, as quais

foram confirmadas por SAXS, com isotermas do tipo IV e histerese do tipo H1. Tambm,

apresentaram distribuio uniforme do tamanho de mesoporos, alta rea superficial e

estabilidade trmica. Os ensaios de adsoro mostraram que ocorreu um aumento da

quantidade adsorvida (qe) com o aumento da concentrao inicial dos HPAs, isto para os dois

materiais mesoporosos utilizados, sendo que o equilbrio de adsoro foi alcanado em cerca

de 90 minutos. Os valores de qe obtidos no equilbrio foram de 12,49; 14,06 e 18,06 g g-1,

respectivamente, na adsoro do B[k]F, B[a]P e B[b]F pelo MCM-41 e de 22,51; 27,24 e

26,58 g g-1, respectivamente, na adsoro dos mesmos pelo PABA-MCM-41. Os dados

cinticos experimentais se ajustaram melhor ao modelo cintico de pseudo-segunda ordem e o

modelo de isoterma de Langmuir descreveu melhor o processo de adsoro dos HPAs pelo

MCM-41 e PABA-MCM-41. Foi verificado que em temperaturas mais altas houve um

aumento na taxa inicial de adsoro e na constante cintica de adsoro dos HPAs pelo

PABA-MCM-41. Os parmetros termodinmicos indicaram que o processo espontneo,

endotrmico e com uma tendncia para desordem do sistema na interface

adsorvente/adsorbato. Com a funcionalizao do MCM-41 foi verificado um aumento na

eficincia de adsoro dos HPAs de 44,5; 48,4 e 32,0 %, respectivamente para o B[k]F, B[a]P

e B[b]F.

Palavras-chave: Materiais mesoporosos, PABA-MCM-41, adsoro, HPAs.

viii

ABSTRACT

This work describes the synthesis and characterization of the mesoporous material MCM-41

and a new functionalized mesoporous material, PABA-MCM-41, for use as adsorbents to

remove the PAHs benzo[k]fluoranthene (B[k]F), benzo[a]pyrene (B[a]P), and

benzo[b]fluoranthene (B[b]F). Both materials were synthesized using hydrothermal methods.

PABA-MCM-41 was synthesized using a hydrothermal/co-condensation technique, with

functionalization employing modified 4-aminobenzoic acid. The mesoporous materials were

characterized using Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR), small angle X-ray

scattering (SAXS), nitrogen adsorption/desorption, scanning electron microscopy (SEM), and

thermogravimetric analysis (TG). Batch adsorption experiments were employed to determine

the effects of initial adsorbate concentration, contact time, and temperature on the removal of

the PAHs. The co-condensation method was shown to be effective for the synthesis of

functionalized PABA-MCM-41. The two mesoporous materials presented the hexagonal

mesostructures typical of the M41S family, which were confirmed by the SAXS analyses and

by the type IV isotherms with type H1 hysteresis. The materials possessed uniform mesopore

size distributions, high surface areas, and were thermally stable. Adsorption tests showed that

for both materials, the quantity adsorbed (qe) increased as the initial PAHs concentration was

increased, with adsorption equilibrium reached in around 90 minutes. For adsorption by

MCM-41, the equilibrium qe values were 12.49, 14.06, and 18.06 g g-1 for B[k]F, B[a]P, and

B[b]F, respectively, while the corresponding values for the same PAHs were 22.51, 27.24,

and 26.58 g g-1 when PABA-MCM-41 was used. The experimental kinetic data were fitted

using the pseudo-second order model, and the Langmuir isotherm model was able to describe

the process of PAH adsorption. At higher temperatures, there were increases in the initial

adsorption rate and the kinetic constant for adsorption of the PAHs by PABA-MCM-41. The

thermodynamic parameters indicated that the processes are spontaneous, endothermic, and

with a tendency towards disorder of the system at the adsorbent/adsorbate interface.

Functionalization of MCM-41 increased the efficiency of adsorption of the PAHs by 44.5,

48.4, and 32.0% for B[k]F, B[a]P, and B[b]F, respectively.

Keywords: Mesoporous Materials, PABA-MCM-41, adsorption, PAHs.

ix

LISTA DE ABREVIATURAS

A Fator de frequncia de Arrhenius a0 Parmetro de clula unitria ACN Acetonitrila ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry BET Brunauer-Emmett-Teller BJH Barrett-Joyner-Halenda B[a]P Benzo[a]pireno B[b]F Benzo[b]fluoranteno B[k]F Benzo[k]fluoranteno Ce Concentrao no equilbrio CLAE Cromatografia lquida de alta eficincia CMC Concentrao micelar crtica Co Concentrao inicial CTABr Brometo de cetiltrimetilamnio C2 Dois tomos de carbono C4 Quatro tomos de carbono DBJH Dimetro de poro calculado pelo mtodo de BJH DTG Derivada da anlise termogravimtrica Ea Energia de ativao USEPA Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos FTIR Espectroscopia na regio do infravermelho por transformada de Fourier H Constante de Henry hi Velocidade inicial de adsoro HPAs Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos HPLC Cromatografia lquida de alta eficincia IARC International Agency for Research on Cancer IUPAC Unio Internacional de Qumica Pura e Aplicada kads Constante de velocidade de adsoro Keq Constante de equilbrio KF Constante de Freundlich k1 Constante de velocidade de adsoro de pseudo-primeira ordem k2 Constante de velocidade de adsoro de pseudo-segunda ordem LECA Agregado leve de argila expandida LC Cromatografia lquida LCT Liquid Crystal Templating MCM-41 Mobil Composition Matter of number 41 MCM-48 Mobil Composition Matter of number 48 MCM-50 Mobil Composition Matter of number 50 MEV Microscopia eletrnica de varredura M41S Mobil 41 Synthesis PABA cido 4-aminobenzico M Massa molar PV Presso de vapor P-450 Enzima Citocromo P450 qe Quantidade adsorvida no equilbrio Qmax Quantidade mxima adsorvida

x

q 1 0 0 Pico relacionado ao plano de difrao 1 0 0 rpm Rotao por minuto SAXS Espalhamento de raios-X a baixo ngulo SBET rea superficial calculada pelo mtodo de BET TEOS Tetraetilortossilicato TEPIC Isocianato de 3-(trietoxisilil) propila TG Termogravimetria t1/2 Tempo de meia-vida VT Volume total de poro XAD Resina de troca inica Wt Espessura da parede G Variao da energia livre de Gibbs H Variao da entalpia S Variao da entropia

http://portuguese.alibaba.com/products/tetraethyl-orthosilicate.html

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Exemplos de materiais micro, meso e macroporosos, mostrando domnios de tamanho de poros e distribuio de tamanho de poros.

2

Figura 02: Esquema representativo das estruturas dos materiais mesoporosos da famlia M41S: MCM-41 (a), MCM-48 (b) e MCM-50 (c).

3

Figura 03: Representao esquemtica da estrutura do MCM-41 antes (a) e aps a remoo do surfactante (b).

4

Figura 04: Representao geral dos tipos de surfactantes.

4

Figura 05: Ilustraes de agregados micelares: esfrico (a), cilndrico (b), planar (c), reverso (d), fase bicontnua (ou cbica) (e), lipossomos (f).

5

Figura 06: Representao esquemtica dos mecanismos: rota LCT (a) e rota cooperativa (b).

5

Figura 07: Interaes presentes na interface slica/surfactante para a formao da estrutura ordenada, utilizando direcionadores catinicos (a, b), aninicos (c, d) e neutros (e, f).

6

Figura 08: Equipamento de autoclave utilizado na sntese dos materiais mesoporosos, (a) o frasco de teflon e (b) a camisa de ao inoxidvel.

7

Figura 09: Esquema de obteno de materiais mesoporosos funcionalizados por co-condensao.

9

Figura 10: Esquema de obteno de materiais mesoporosos funcionalizados por ps-funcionalizao.

10

Figura 11: Vidraria Soxhlet e sistema comumente utilizado na extrao dos grupos direcionadores de estrutura por solvente.

11

Figura 12: Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos (HPAs). Nesta figura esto os 16 HPAs prioritrios em estudos ambientais de acordo com a Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1987).

13

Figura 13: Esquema de mecanismo provvel para a formao de HPAs atravs da pirlise (neste caso, mostrando a formao do benzo[a]pireno).

14

Figura 14: Esquema simplificado da ativao enzimtica do Benzo[a]pireno em diol epxidos, na formao de adutos de DNA.

16

Figura 15: Reaes dos HPAs no organismo humano.

17

xii

Figura 16: Esquema experimental montado na modificao do PABA.

21

Figura 17: Obteno do PABA modificado com TEPIC (PABA-Si).

21

Figura 18: Esquema experimental montado para a extrao do surfactante dos materiais mesoporosos.

22

Figura 19: Materiais mesoporos sintetizados MCM-41 (a) e PABA-MCM-41 (b).

23

Figura 20: Procedimento de sntese e estrutura proposta para o PABA-MCM-41.

23

Figura 21: Espectros FTIR do PABA (a), PABA-Si (b), PABA-MCM-41 (c) e MCM-41 (d).

29

Figura 22: Intensidade do espalhamento de raio-X para MCM-41 (a), PABA-MCM-41 (b), PABA-MCM-41 aps 1 regenerao (c) e PABA-MCM-41-B[a]P (d).

30

Figura 23: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o MCM-41

32

Figura 24: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o PABA-MCM-41.

33

Figura 25: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o PABA-MCM-41 aps 1 regenerao.

33

Figura 26: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o PABA-MCM-41-B[a]P.

34

Figura 27: Microscopia eletrnica de varredura para o MCM-41 (a), PABA-MCM-41

(b), PABA-MCM-41 aps 1 regenerao (c) e PABA-MCM-41-B[a]P (d).

34

Figura 28: Curvas TG/DTG para o MCM-41 aps a remoo do surfactante

CTABr, utilizando atmosfera de nitrognio e uma taxa de aquecimento de 10 C min-1.

36

Figura 29: Curvas TG/DTG para o PABA-MCM-41 aps a remoo do surfactante CTABr, utilizando atmosfera de nitrognio e uma taxa de aquecimento de 10 C min-1.

36

Figura 30: Efeito da concentrao inicial na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo MCM-41. Condies: 50 mg do MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (nas concentraes de 150, 200, 500, 800 e 100 g L), tempo de contato de 24 h e agitao de 150 rpm.

37

Figura 31: Efeito da concentrao inicial na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo MCM-41. Condies: 50 mg do MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (nas concentraes de 150, 200, 500, 800 e 100 g L), tempo de contato de 24 h e agitao de 150 rpm.

38

xiii

Figura 32: Efeito do tempo de contato na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c)

pelo MCM-41. Condies: 50 mg do MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

39

Figura 33: Efeito do tempo de contato na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41. Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

40

Figura 34: Efeito da temperatura na adsoro do B[k]F pelo PABA-MCM-41 nas temperaturas de 25 (a), 35 (b) e 45 C (c). Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo do B[k]F (concentrao de 200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

41

Figura 35: Efeito da temperatura na adsoro do B[a]P pelo PABA-MCM-41 nas temperaturas de 25 (a), 35 (b) e 45 C (c). Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo do B[a]P (concentrao de 200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

42

Figura 36: Efeito da temperatura na adsoro do B[b]F pelo PABA-MCM-41 nas temperaturas de 25 (a), 35 (b) e 45 C (c). Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo do B[b]F (concentrao de 200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

42

Figura 37: Correlao dos dados cinticos obtidos experimentalmente com os dados obtidos pelos modelos cinticos de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo MCM-41.

44

Figura 38: Correlao dos dados cinticos obtidos experimentalmente com os dados

obtidos pelos modelos cinticos de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41.

46

Figura 39: Grfico de Arrhenius para adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41 em diferentes temperaturas de adsoro.

48

Figura 40: Correlao dos dados de equilbrio obtidos experimentalmente com os dados obtidos pelos modelos de isoterma de Freundlich e Langmuir na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo MCM-41.

50

Figura 41: Correlao dos dados de equilbrio obtidos experimentalmente com os dados obtidos pelos modelos de isoterma de Freundlich e Langmuir na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41.

51

Figura 42: Interpretao dos resultados de adsoro segundo a Equao de Vant Hoff para adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41.

53

Figura 43: Efeito do tempo de contato na adsoro do B[a]P pelo PABA-MCM-41 (a) e pelo PABA-MCM-41 aps 1 regenerao. Condies: 50 mg do material mesoporosos, 5 mL de soluo do B[a]P (200 g L), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

54

Figura 44: Curva de calibrao para o benzo[k]fluoranteno. 67

xiv

Figura 45: Curva de calibrao para o benzo[a]pireno.

67

Figura 46: Curva de calibrao para o benzo[b]fluoranteno. 68

Figura 47: Cromatograma obtido na determinao do benzo[k]fluoranteno. 68

Figura 48: Cromatograma obtido na determinao do benzo[a]pireno.

69

Figura 49: Cromatograma obtido na determinao do benzo[b]fluoranteno 69

xv

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Propriedades fsico-qumicas dos HPAs.

15

Tabela 02: Potencial de genotoxicidade, carcinogenicidade e mutagenicidade dos HPAs.

18

Tabela 03: Reagentes utilizados.

20

Tabela 04: Propriedades texturais e estruturais MCM-41, PABA-MCM-41, PABA-MCM-41 aps 1 regenerao e PABA-MCM-41-B[a]P.

31

Tabela 05: Comparao dos dados cinticos obtidos pelos modelos cinticos de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem na adsoro dos HPAs pelo MCM-41.

45

Tabela 06: Comparao dos dados cinticos obtidos pelos modelos cinticos de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem na adsoro dos HPAs pelo PABA-MCM-41.

47

Tabela 07: Energia de ativao e fator de frequncia de Arrhenius calculados na adsoro em diferentes temperaturas dos HPAs pelo PABA-MCM-41.

49

Tabela 08: Comparao dos dados de equilbrio obtidos pelos modelos de isoterma de Freundlich e Langmuir na adsoro dos HPAs pelo MCM-41.

50

Tabela 09: Comparao dos dados de equilbrio obtidos pelos modelos de isoterma de Freundlich e Langmuir na adsoro dos HPAs pelo PABA-MCM-41 nas trs temperaturas estudadas.

52

Tabela 10: Parmetros termodinmicos calculados a partir da adsoro dos HPAs pelo material mesoporoso PABA-MCM-41 em diferentes temperaturas de adsoro.

53

xvi

SUMRIO

RESUMO VII

ABSTRACT VIII

LISTA DE ABREVIATURAS IX

LISTA DE FIGURAS XI

LISTA DE TABELAS XV

1 INTRODUO 1 1.1 Materiais porosos 1 1.2 Mecanismos de formao dos materiais mesoporosos 3 1.3 Mtodos de sntese 7 1.4 Funcionalizao dos materiais mesoporosos 7 1.4.1 Co-Condensao 8 1.4.2 Ps-Funcionalizao 9 1.4.3 Remoo do surfactante 10 1.5 Aplicaes dos materiais mesoporosos 11 1.6 Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos - HPAs 12 1.6.1 Caractersticas gerais 12 1.6.2 Caractersticas Fsico-Qumicas 14 1.6.3 Aspectos Toxicolgicos dos HPAs

15

2 OBJETIVOS 19 2.1 Geral 19 2.2 Especficos

19

3 METODOLOGIA 20 3.1 Reagentes 20 3.2 Procedimentos de Sntese 20 3.2.1 Modificao do cido 4-aminobenzico (PABA) 20 3.2.2 Sntese dos materiais mesoporosos MCM-41 e PABA-MCM-41 22 3.2.3 Remoo do surfactante 22 3.3 Caracterizao dos Materiais Mesoporosos 23 3.3.1 Espectroscopia na regio do infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) 24 3.3.2 Espalhamento de raios-X a baixo ngulo (SAXS) 24 3.3.3 Adsoro/dessoro fsica de nitrognio 24 3.3.4 Microscopia eletrnica de varredura (MEV) 24 3.3.5 Anlise termogravimtrica (TG) 24 3.4 Experimentos de Adsoro em Batelada 25 3.4.1 Preparaes das solues estoques dos HPAs 25 3.4.1.1 Solues individuais do B[k]F, B[a]P e B[b]F 25 3.4.2 Efeito da concentrao inicial dos HPAs e do tempo de contato 26

xvii

3.4.3 Efeito da temperatura 26 3.4.4 Estudo cintico e isotermas de adsoro 26 3.5 Regenerao do Material Mesoporoso Funcionalizado PABA-MCM-41 27 3.6 Determinao e Quantificao dos HPAs

27

4 RESULTADOS E DISCUSSO 28 4.1 Materiais Mesoporosos MCM-41 e PABA-MCM-14 28 4.1.1 Espectroscopia na regio do infravermelho por transformada de Fourier

28

4.1.2 Espalhamento de raios-X a baixo ngulo (SAXS) 29 4.1.3 Adsoro/dessoro fsica de nitrognio 31 4.1.4 Microscopia eletrnica de varredura 35 4.1.5 Anlise termogravimtrica 35 4.2 Experimentos de Adsoro em Batelada 37 4.2.1 Efeito da concentrao inicial 37 4.2.2 Efeito do tempo de contato 38 4.2.3 Efeito da temperatura 40 4.2.4 Cintica de adsoro 43 4.2.5 Isotermas de adsoro 49 4.2.6 Parmetros termodinmicos 52 4.3 Regenerao do Material Mesoporoso Funcionalizado PABA-MCM-41 54

5 CONCLUSES

56

6 PERSPECTIVAS

57

7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

58

8 ANEXOS 67

1

1 INTRODUO

1.1 Materiais porosos

Nanocompostos inorgnicos, orgnicos ou ainda hbridos orgnico-inorgnicos

estruturados apresentam propriedades interessantes que permitem a integrao e a

miniaturizao de dispositivos (nanotecnologia) e uma conexo direta entre as grandes reas

da cincia. A habilidade de montar e organizar componentes inorgnicos, orgnicos, e mesmo

hbridos orgnico-inorgnicos em um nico material representa um desafio no

desenvolvimento de novos materiais multifuncionais que apresentam propriedades inovadoras

[1]. Atualmente, grande a procura por novos materiais sintticos com vasta aplicabilidade,

como catalisadores, suportes catalticos, sensores pticos, dispositivos para liberao

controlada de frmacos e adsorventes, principalmente, para remoo de compostos

xenobiticos grandes com alta toxicidade para meio ambiente, tais como hidrocarbonetos de

alta massa molar e pesticidas [2-6].

A sntese para o desenvolvimento desses materiais baseada em mtodos que utilizam

baixas temperaturas e presses, e so conhecidos na literatura como soft chemistry em

ingls ou chimie douce em francs [1]. As condies brandas desses processos permitem na

maioria das vezes, o controle cintico dos sistemas reacionais. Isto pode levar formao de

slidos inorgnicos ou hbridos com grandes diferenas na morfologia e estrutura, que vo

influenciar diretamente suas propriedades. Entretanto, o grau de organizao das

nanoestruturas resultantes e suas propriedades dependem no s da natureza qumica de seus

componentes orgnico-inorgnicos, mas igualmente na sinergia entre eles [7].

Os slidos porosos so de interesse particular, no apenas pela sua importncia nas

aplicaes industriais, mas tambm pela sua grande potencialidade tecnolgica em materiais

avanados (semicondutores, fibras de carbono, materiais com propriedades pticas, entre

outros) [8]. De acordo com a IUPAC, os materiais porosos (Figura 1) so classificados em trs

classes, dependendo do dimetro de seus poros [9, 10]:

Microporosos apresentam dimetro de poros inferior a 2 nm. Mesoporosos apresentam dimetro de poros entre 2-50 nm. Macroporosos apresentam dimetro de poros maiores que 50 nm.

2

Figura 1: Exemplos de materiais micro, meso e macroporosos, mostrando domnios de tamanho de poros e distribuio de tamanho de poros. Extrado de [11].

Os materiais tipo Zelitas so membros bem conhecidos da classe dos materiais

microporosos que apresentam excelentes propriedades catalticas para o refino de leo,

petroqumica e sntese orgnica em virtude da rede cristalina de aluminosilicatos. No entanto,

suas aplicaes esto limitadas pelos poros relativamente pequenos (0,2-0,72 nm) [11, 12].

Como uma soluo limitao imposta pelos microporos das zelitas, em 1992,

pesquisadores da Mobil Oil Corporation [11, 13] introduziram conjuntos supramoleculares

(agregados micelares) como surfactantes (moldes) permitindo o desenvolvimento de uma

nova famlia de materiais mesoporosos de slica e aluminossilicatos.

Domnio Domnio Domnio Microporoso Mesoporoso Macroporoso

Dimetro de Poros (nm)

3

Essa nova famlia de materiais mesoporosos foi denominada de M41S (Mobil 41:

Synthesis), e contm silicatos e aluminossilicatos com diferentes arranjos de poros conhecidos

como: arranjo hexagonal de poros unidimensionais (MCM-41); arranjo tridimensional de

poros cbicos (MCM-48) e estrutura lamelar (MCM-50) (Figura 2) [14]. Estes materiais

apresentam distribuio uniforme de tamanhos de poros, na faixa dos mesoporos, variando de

2 a 10 nm [15].

Figura 2. Esquema representativo das estruturas dos materiais mesoporosos da famlia M41S: MCM-41 (a), MCM-48 (b) e MCM-50 (c), extrado de [16].

O membro mais estudado da famlia M41S o MCM-41, que constitudo de slica

amorfa com poros na forma de canais cilndricos de dimetro uniforme [17]. Devido s suas

caractersticas peculiares, tais como ampla superfcie interna uniforme, facilidade do controle

do dimetro de poros (variando entre 1 e 10 nm), alta rea superficial (> 500 m2 g-1), alto

volume de poros e estabilidade trmica e mecnica, o MCM-41 tem-se apresentado mais

vivel para a aplicao na rea da catlise, de materiais adsorventes, de sensores, liberao

controlada de frmacos e adsoro de gases poluentes que o MCM-48 e MCM-50 [17, 18]. O

MCM-50 sofre colapso de estrutura quando calcinado para a remoo do tensoativo presente

entre as camadas de slica. Tipicamente a sntese do MCM-48 ocorre em condies mais

limitadas que a MCM-41 [19].

1.2 Mecanismos de formao dos materiais mesoporosos

O MCM-41 sintetizado utilizando uma fonte de slica (ex.: tetraetilortossilicato ou

silicato de sdio), um surfactante (ex.: brometo de cetiltrimetilamnio), um cido ou uma base

como catalisadores e gua. O surfactante age como um molde (template) na formao da

(a) (b) (c)

4

estrutura qumica da slica, sendo posteriormente removido da estrutura do material resultante

por calcinao ou extrao com solvente (Figura 3) [15].

Figura 3: Representao esquemtica da estrutura do MCM-41 antes (a) e aps a remoo do surfactante (b).

Os surfactantes possuem estruturas moleculares que consistem um grupo funcional

hidrofbico (cauda apolar) junto a um grupo hidroflico (cabea polar). Essa estrutura

conhecida como anfiflica (Figura 4).

Figura 4: Representao geral dos tipos de surfactantes.

Molculas anfiflicas se auto-organizam em uma grande variedade de estruturas. A forma

mais simples dessas estruturas a micela. Micelas so agregados moleculares possuindo

ambas as regies estruturais, hidroflica e hidrofbica, que dinamicamente se associam

CTABr

Slica amorfa

(a) (b)

5

espontaneamente em soluo aquosa a partir de certa concentrao micelar crtica (CMC).

Com formao de grandes agregados moleculares de dimenses coloidais. Esses agregados

coloidais podem apresentar diferentes microestruturas: esfrica, cilndrica, planar, dentre

outras. Algumas estruturas de agregados micelares so apresentadas na Figura 5, [20].

Figura 5: Ilustraes de agregados micelares: esfrico (a), cilndrico (b), planar (c), reverso (d), fase bicontnua (ou cbica) (e), lipossomos (f). Extrado de [20].

O mecanismo de direcionamento por cristal lquido (LCT Liquid Crystal

Templating) intuitivo e aborda vrios aspectos de outros mecanismos propostos. Ele

dividido em dois principais caminhos ou rotas, nas quais ou a fase lquido-cristalina est

intacta antes da adio das espcies de slica, ou a adio das espcies de slica produz o

ordenamento das micelas de surfactantes diludas. A Figura 6. (a) apresenta de forma

esquemtica a formao de um material mesoporoso por um mecanismo LCT de acordo com a

primeira rota [13, 21, 22].

Figura 6: Representao esquemtica dos mecanismos: rota LCT (a) e rota cooperativa (b). Extrada

de [22].

Este mecanismo consiste na formao de agregados micelares cilndricos de surfactante

catinico (S+) que acompanhados pelos contra-ons Cl-/OH- na fase aquosa se organizam

(a) (b) (c) (d) (e) (f)

(b)

(a)

6

periodicamente (hexagonal-2D) formando cristal lquido. Os grupos silanis carregados

negativamente (I-) substituem o contra-on do surfactante e precipitam em torno destes

cilindros, confinando o surfactante no seu interior. Finalmente, um tratamento trmico ou

lavagem com solvente causa a decomposio do surfactante e formao dos poros, em que h

uma interao eletrosttica entre o surfactante e as espcies inorgnicas (S+I-) [11, 16, 22]. No

entanto, as interaes que regem o mecanismo de formao desses slidos podem ocorrer por

foras de Van der Waals ou ligaes de hidrognio, conforme mostra a Figura 7.

Figura 7. Interaes presentes na interface slica/surfactante para a formao da estrutura ordenada, utilizando direcionadores catinicos (a,b), aninicos (c,d) e neutros (e,f). Extrado de [16].

Em um segundo caminho proposto (Figura 6. (b)), a interao dos nions silicato com

a micela do surfactante induz formao dos cilindros e ao arranjo silicato/micela para

formar a fase hexagonal. a denominada rota cooperativa. Antes da adio dos precursores

inorgnicos, molculas do surfactante esto em equilbrio dinmico com seus agregados

micelares esfricos e/ou cilndricos. Quando ocorre a adio da fonte de slica, os nions

silicato deslocam os contra-ons originais do surfactante, como uma consequncia direta da

diminuio da rea ocupada pelas cabeas polares catinicas do surfactante, devido

diminuio da repulso entre as mesmas. Dessa forma, estruturas orgnico-inorgnicas so

S-I+

S+I- S+X-I-

S-M+I-

S0(XI)0 S0I0/N0I0

7

geradas e se organizam numa mesofase, a qual antecede a polimerizao e formao da slica

mesoporosa [11, 16, 22].

1.3 Mtodos de sntese

Existem diversas estratgias sintticas para a obteno de materiais mesoporosos

nanoestruturados, porm a mais convencional tem sido a utilizao do processo sol-gel

atravs de sntese hidrotrmica [23, 24]. Esse mtodo consiste na pr-hidrlise da fonte de

silcio, que em seguida transferida para um recipiente de teflon, envolto em uma camisa

de ao inoxidvel (Figura 8). A esse conjunto denomina-se autoclave, cuja agitao mecnica

substituda pela trmica devido ao aumento de presso no recipiente, que mantido,

geralmente, entre 100-120 C. O tratamento hidrotrmico otimiza a sntese, isto , reduz o

tempo da etapa de envelhecimento, que constitui de longos perodos (dias) pelo processo sol-

gel convencional [25, 26].

Figura 8: Equipamento de autoclave utilizado na sntese dos materiais mesoporosos, (a) o frasco de teflon e (b) a camisa de ao inoxidvel.

1.4 Funcionalizao dos materiais mesoporosos

As matrizes mesoporosas organofuncionalizadas so obtidas principalmente pelas

rotas da co-condensao, a qual envolve uma etapa de preparao, ou ps-funcionalizao,

conhecida como post-grafting, atravs de duas etapas experimentais [27]. Ambos os

processos possuem vantagens e desvantagens, assim preciso decidir qual processo mais

(a))

(b))

8

eficiente na sntese de um determinado material e qual pode gerar melhores resultados em sua

rotina de trabalho.

A modificao por funcionalizao com molculas orgnicas interfere na capacidade

de adsoro destes materiais mesoporosos [28]. Assim, existe a necessidade de investigar os

materiais e analisar a sua funcionalizao, visto que os mesmos podem apresentar diversas

aplicaes de interesse econmico e ambiental.

1.4.1 Co-condensao

Essa rota utilizada principalmente quando se tem a inteno de obter materiais

mesoporosos utilizando um processo mais econmico e limpo, buscando otimizao, tambm,

dos fatores tempo e energia. Assim, a co-condensao, mostrado na Figura 9, produz

materiais altamente puros. Para materiais funcionalizados preciso adicionar junto fonte de

silcio, o organossilano de interesse [29]. Na parte ampliada da Figura 9 mostrado o interior

dos poros e possvel observar os grupos hidroxila presentes na estrutura, antes da

modificao, permitindo condensao de alcxidos, como mostrado no esquema aps a

incorporao dos grupos funcionais. A presena e a quantidade de grupos hidroxila esto

relacionadas com a capacidade de imobilizao de novos grupos pelo material [30].

Outro fator importante quanto remoo do surfactante, a qual realizada por

mtodos de extrao atravs de refluxo de solvente utilizando vidraria Sohxlet ou outros

mtodos alternativos calcinao. Utilizando esta rota no haveria sentido em calcinar os

materiais, pois os grupos funcionais orgnicos inseridos seriam decompostos pela temperatura

[30]. Assim, necessrio direcionar a remoo do surfactante para processos menos

energticos, que utilizam reagentes no-agressivos ao meio ambiente, gerando o mnimo de

resduos possvel, e obtendo materiais e tecnologias mais limpas.

9

Figura 9: Esquema de obteno de materiais mesoporosos funcionalizados por co-condensao. Extrado de [30].

1.4.2 Ps-Funcionalizao

Nesse processo duas etapas experimentais so necessrias, considerando os materiais

funcionalizados. Em princpio, somente o material mesoporoso obtido, tendo os grupos

funcionais incorporados em uma segunda etapa reacional, conforme mostra a Figura 10. A

vantagem dessa rota a possibilidade de caracterizar o material mesoporoso puro,

certificando-se da formao da estrutura desejada, para que esta seja funcionalizada na

segunda etapa. Apesar de levar mais tempo, esse mtodo possui um maior controle das etapas.

No entanto, h um gasto energtico na remoo do surfactante, que geralmente realizada por

calcinao [30].

TEOS +

H+(aq) / OH-(aq)

Extrao do surfactante

10

Figura 10: Esquema de obteno de materiais mesoporosos funcionalizados por ps-funcionalizao. Extrado de [30].

A funcionalizao de materiais mesoporosos com grupos orgnicos tem apresentado

um nmero maior de pesquisas devido variedade de aplicaes. A modificao qumica

proporciona interesse direto na aplicao destes materiais funcionalizados nas reas da

adsoro, catlise, cromatografia, liberao controlada de frmaco, entre outras [31]. Uma vez

que estes materiais mesoporosos funcionalizados com grupos orgnicos apresentam

importncia e eficincia na adsoro, ou seja, so suscetveis a uma maior adsoro [2, 28,

32].

1.4.3 Remoo do surfactante

A etapa de remoo do surfactante da estrutura de extrema importncia, haja vista

que ele responsvel pela porosidade da estrutura. Assim sendo, as tcnicas de extrao do

surfactante so determinantes para obteno de uma menor perturbao do sistema, logo se

propem a preservar o arranjo poroso ordenado.

O mtodo mais comumente utilizado tem sido a calcinao, no entanto, quando h

problema em realiz-la, a extrao por solvente, que realizada em vidraria Soxhlet, como

mostra a Figura 11, utilizando etanol, ou por refluxo em soluo cida, a mais indicada. A

calcinao remove o direcionador com extrema eficincia, mantendo o material livre de

H+(aq) / OH-(aq)

11

impurezas. Porm, provoca uma reduo drstica dos grupos hidroxila da superfcie porosa,

que so de interesse na posterior funcionalizao [30, 33, 34]. Tambm bem estabelecido

que esse processo causa uma contrao da estrutura porosa, modificando o tamanho e

distribuio de poros. Por isso, o aquecimento deve ser realizado de maneira bastante

controlada, pois, variaes bruscas na rampa de aquecimento podem causar o total colapso da

estrutura [35].

Figura 11: Vidraria Soxhlet e sistema comumente utilizado na extrao do surfactante da estrutura por solvente.

Assim, o processo de remoo do surfactante por solvente pode provocar menores

perturbaes na estrutura do material mesoporoso, no entanto, isso depende do tipo de

interao na interface material/surfactante e tambm do tempo em que o material submetido

ao refluxo. Por fim, deve-se ter em mente que, quando utilizar a co-condensao como

mtodo de sntese e h grupos funcionais na superfcie do material, a nica opo utilizar

um processo mais limpo de remoo do surfactante [36-38].

1.5 Aplicaes dos materiais mesoporosos

Os materiais mesoporosos tm sido aplicados nas mais distintas finalidades. Suas

caractersticas fsico-qumicas e as infinitas possibilidades de modificao das paredes desses

12

materiais, novos hbridos orgnico-inorgnicos, os colocam em uma posio de destaque na

aplicao no meio cientfico-tecnolgico.

Os hbridos orgnico-inorgnicos, obtidos a partir da funcionalizao dos materiais

mesoporosos, tm sido aplicados nas mais diferentes reas: reaes catalticas [39]; fases

estacionrias, em cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE) [40]; dispositivos para

liberao controlada de frmacos [41]; adsoro de CO2 [5, 42], de corante [2, 43], de

compostos orgnicos volteis [44, 45], de metais [46, 47]. Assim, este trabalho retrata a

sntese e caracterizao de um novo material mesoporoso funcionalizado com o cido 4-

aminobenzico para ser utilizado como adsorvente na remoo de hidrocarbonetos

policclicos aromticos.

1.6 Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos - HPAs

1.6.1 Caractersticas gerais

Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos (HPAs), ou poliarenos, so considerados

poluentes orgnicos prioritrios em estudos ambientais, sendo alguns desses contaminantes

descritos como precursores de aes mutagnicas e tumorais em sistemas biolgicos [48].

HPAs so compostos aromticos fusionados entre si, formados por dois ou mais anis

polinucleados constitudos por tomos de carbono e hidrognio (Figura 12), organizados sob

forma linear, angular ou agrupada [49].

Os HPAs so oriundos de diversas fontes: biolgicas, a partir da sntese por algumas

espcies de organismos vivos; petrognicas, que so aqueles que ocorrem naturalmente no

petrleo e derivados; e pirognicas, em que os compostos so formados a partir da combusto

incompleta de matria orgnica, origem esta influenciada principalmente por fatores como

temperatura e presso que direcionam o perfil constituinte dos HPAs [50]. No entanto, as

maiores emisses de HPAs provem de processos industriais ligados produo de ao e

alumnio, da exausto de incineradores de rejeito e por resduos slidos industriais. Atividades

petroqumicas, como o processo de produo e refino de leo diesel e petrleo tambm

elevam os nveis de HPAs no ambiente [51, 52].

13

Figura 12: Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos (HPAs). Nesta figura esto os 16 HPAs prioritrios em estudos ambientais de acordo com a Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1987) [53]

A formao de HPAs nas fontes pirognicas muito complexa e varivel. O

mecanismo aceito para esta reao (Figura 13) consiste da re-polimerizao de fragmentos de

hidrocarbonetos resultantes da decomposio trmica das molculas de combustvel de

cadeias carbnicas de maior extenso. Logo, aps a ocorrncia da combusto parcial e do

craqueamento, fragmentos contendo dois tomos de carbono (C2), que so predominantes no

meio, podem se combinar para formar um radical livre de cadeia C4, o qual pode adicionar

outro C2 para formar um anel de seis membros. Tais reaes acontecem rapidamente quando

um dos fragmentos originais C2 um radical livre. A reao de re-polimerizao ocorre

especialmente sob condies deficitrias em oxignio, sendo que, geralmente, a velocidade de

formao dos HPAs aumenta medida que a razo oxignio/combustvel diminui. Os

14

fragmentos perdem, com frequncia, uma pequena quantidade de hidrognio, que forma gua

aps combinar-se com oxignio durante as etapas da reao. Assim, fragmentos ricos em

carbono combinam-se para formar os HPAs, que so molculas mais estveis com razo

carbono/hidrognio elevada. Como o prprio benzeno, a maioria dos HPAs possui geometria

planar e alta estabilidade fsico-qumica [54].

Figura 13: Esquema de mecanismo provvel para a formao de HPAs atravs da pirlise (neste caso, mostrando a formao do benzo[a]pireno). Adaptado de [54].

A translocao de HPAs no ambiente se d principalmente sob via atmosfrica de

transporte associado ao material particulado fino, o qual permite uma ampla distribuio

desses compostos. Uma vez emitidos na atmosfera, esses poluentes podem ser depositados

sob a forma seca (vapor ou particulada) ou mida (precipitao sob a forma dissolvida ou

particulada) em sistemas aquticos e terrestres [55].

1.6.2 Caractersticas Fsico-Qumicas

As agncias americanas ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry)

e USEPA (United States Environment Protection Agency) mantm uma lista de poluentes de

interesse prioritrio, elaborada a partir de critrios de frequncia da ocorrncia, toxicidade e

potencial de exposio humana [56], as quais consideram importante o monitoramento

ambiental de poluentes orgnicos persistentes (Figura 12). Sendo que alguns destes, tambm

so monitorados pelas legislaes, como o Conama e o Ministrio da Sade [57, 58].

Esses compostos apresentam de 2 a 6 anis aromticos fundidos e massa molar (M)

variando entre 128 e 278 g mol-1. Caractersticas fsico-qumicas dos HPAs, como

solubilidade (S) e presso de vapor (PV), so fatores importantes que direcionam a

distribuio desses poluentes entre as fases solvel e particulada, em meio atmosfrico,

aquoso e bitico (Tabela 1). A solubilidade dos HPAs varia entre os altamente insolveis (ex.:

benzo[g,h,i]perileno: 0,003 mg L-1) a pouco solveis (ex.: naftaleno, 31 mg L-1), enquanto a

Biomassa, Combustveis

fsseis CH2

CH2700 a 900 C

CH

CH22

CH

CH2n

15

presso de vapor transita entre compostos altamente volteis (ex.: naftaleno) e relativamente

pouco volteis (ex.: dibenzo[a,h]antraceno) [59].

Tabela 1: Propriedades fsico-qumicas dos HPAs, adaptado de [59]

HPAs N

anis M

(g mol-1) S

(mg L-1) PV (Pa)

H (Pa m3 mol-1)

Log Koa

Naftaleno 2 128 31 10,4 43,01 3,37

Acenaftileno 3 150 16,1 0,9 8,4 4,00 Acenafteno 3 154 3,8 0,3 12,17 3,92 Fluoreno 3 166 1,9 0,09 7,87 4,18 Fenantreno 3 178 1,1 0,02 3,24 4,57

Antraceno 3 178 0,045 0,001 3,96 4,54 Fluoranteno 4 202 0,26 0,00123 1,037 5,22 Pireno 4 202 0,132 0,0006 0,92 5,18 Benz[a]antraceno 4 228 0,011 0,011 0,581 5,91

Criseno 4 228 - - 0,065 5,86 Benz[b]fluoranteno 5 252 0,0015 0,00015 - 5,80 Benz[k]fluoranteno 5 252 0,0008 0,0008 0,016 6,00 Benzo[a]pireno 5 252 0,0038 0,0038 0,046 6,04 Indeno[1,2,3-cd]pireno 6 278 - - 0,003 -

Dibenzo[a,h]antraceno 5 278 0,0006 0,0006 - 6,75 Benzo[g,h,i]perileno 6 268 0,00026 0,00026 0,075 6,50

N = nmero de anis aromticos, M = massa molar (g mol-1), S = solubilidade (mg L-1), PV = presso de vapor (Pa - Pascal), H = constante de Henry (Pa m3 mol-1), Log Koa = coeficiente de partio (octanol/gua).

De acordo com Tabela 1, possvel observar que a massa molar inversamente

relacionado com a solubilidade dos HPAs, a qual diminui com o aumento do nmero de anis

aromticos. Com relao s caractersticas lipoflicas dos HPAs, seus constituintes so

classificados como moderadamente a altamente lipossolveis, apresentando coeficientes

logartmicos de partio octanol/gua (log Koa) entre 3,37 e 6,75. O mesmo pode ser

relacionado com a volatilidade dessa classe de substncias, que so compostos com menor

massa molar e apresentam elevada presso de vapor e consequentemente ampla disperso [49,

60].

1.6.3 Aspectos Toxicolgicos dos HPAs

Os HPAs no so compostos qumicos propriamente mutagnicos. Sua transformao

ocorre no organismo que os absorveram, por meio de oxidao enzimtica (uma

monooxigenase), determinada pelo citocromo P-450, presente nos tecidos animais.

Fisiologicamente o citocromo P-450 atua com a desintoxicao dos agentes txicos orgnicos

16

(xenobiticos) ingeridos, convertendo-os em derivados hidrossolveis, suscetveis a serem

eliminados pelo organismo [61].

A enzima citocromo P-450 executa as reaes de epoxidao nos HPAs, no caso do

benzo[a]pireno, ocasionando a formao de um benzo[a]pireno-diol epxido (oxa-ciclo-

propano). Os diolepxidos formados a partir dos HPAs so molculas reativas, tanto quanto

os epxidos. Eles se adsorvem, por mecanismos complexos sobre o DNA, e produzem

transformaes no material gentico que esto na base do processo de carcinognese [62, 63]

conforme mostrado na Figura 14.

Alguns estudos levam a crer que a atuao do carcinognico efetivo seja derivado do

ataque nucleoflico do nitrognio do grupo amina da guanina, uma das bases do DNA, ao oxa-

ciclo-propano. A guanina alterada afeta a dupla hlice do DNA, levando replicao

defeituosa da molcula [61], mostrada na Figura 15.

Benzo[a]pireno

P450

O

7,8 B[a]P-xido areno

Epxido Hidroxilase

OHHO

7,8 B[a]P-trans-dihidrodiol

OHHO

O

OHHO

O

7,8 B[a]P-trans-dihidrodiol epxidos

+

Figura 14: Esquema simplificado da ativao enzimtica do Benzo[a]pireno em diol epxidos, na formao de adutos de DNA. Adaptado de [61-63].

17

Figura 15: Reaes dos HPAs no organismo humano. Adaptado de [61].

A bio-acumulao dos HPAs e seu metabolismo pelo citocromo P-450 foi estudada em

diversos organismos, abrangendo os marinhos. Esses estudos foram realizados por meio de

testes enzimticos baseados na induo e na atividade do citocromo P-450 na presena dos

HPAs, sendo utilizados como indicadores da ocorrncia desses poluentes no ambiente

aqutico [49, 61, 64].

O potencial mutagnico e carcinognico dos HPAs esto reportados na Tabela 2 e so

baseados nos dados publicados pela Agncia Internacional de Pesquisa do Cncer

(International Agency for Research on Cancer IARC) [65] e pela Agncia Americana de

Proteo Ambiental (Enviromental Protection Agency EPA) [66]. Assim, de acordo com a

Tabela 2 possvel observar que as potencialidades mutagnicas e cancergenas aparecem

para os HPAs a partir de quatro ciclos aromticos. Logo, a presena destes compostos no

meio ambiente expe os indivduos a riscos.

Guanina

Citosina

Fosfato

Acar

B[a]P

OH

OH

OH

N

N

N

N

NH

O

N+

N

NH

O

OO

OH

OH

OH

O

P

OO

OH

OH

OH

O

P

18

Tabela 2: Potencial de genotoxicidade, carcinogenicidade e mutagenicidade dos HPAs [49]

HPAs Genotoxicidade Carcinogenicidade Mutagenicidade

Acenaftileno N N - Fluoreno L I - Fenantreno L I + Pireno L N + Benzo[a]antraceno S S + Criseno L L + Benzo[k]fluoranteno I S + Benzo[a]pireno S S + Indeno[1,2,3-cd]pireno I S + Dibenzo[a,]antraceno S S + Dados disponveis para a comprovao do efeito: S = suficientes; I = insuficientes; L = limitados; N = no apresenta atividade Mutagenicidade (teste de Ames): positivo (+); negativo (-).

Devido s caractersticas supracitadas destes compostos, mecanismos de remoo do

ambiente devem ser propostos. Alguns trabalhos reportam a utilizao de diversos materiais

adsorventes. Nkansaha e colaboradores (2012) [67] utilizaram um agregado leve de argila

expandida (LECA) como adsorvente para remoo de fenantreno, fluoranteno e pireno em

meio aquoso. Lee e colaboradores (2004) [68] utilizaram diferentes resinas XAD para

remoo de vapores de HPAs. Tambm reportado a adsoro de HPAs por materiais

mesoporosos MCM-41 e Al-MCM-41 em soluo de isooctano [69], por carbono ativado

[70], por um carvo imaturo (leonardite) [71], por organosslica mesoporosa modificada [3] e

por material mesoporoso do tipo MCM-41 [72].

19

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Sintetizar e caracterizar os materiais mesoporosos MCM-41 e o PABA-MCM-41, bem como, avaliar suas capacidades de adsoro dos HPAs.

2.2 Especficos

Sintetizar o material mesoporoso MCM-41 e o material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41;

Caracterizar os materiais sintetizados por espectroscopia na regio do infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), anlise termogravimtrica (TG), espalhamento de raios-

X a baixo ngulo (SAXS), microscopia eletrnica de varredura (MEV) e

adsoro/dessoro fsica de nitrognio;

Utilizar os materiais mesoporosos MCM-41 e o PABA-MCM-41 como adsorventes para remoo dos HPAs benzo[k]fluoranteno, benzo[a]pireno e benzo[b]fluoranteno;

Avaliar os parmetros: efeito da concentrao inicial dos HPAs e o tempo de equilbrio dos processos de adsoro pelo MCM-41 e PABA-MCM-41, e a temperatura de adsoro

pelo PABA-MCM-41;

Reutilizao material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41.

20

3 METODOLOGIA

3.1 Reagentes

Os reagentes utilizados na sntese e nos ensaios de adsoro foram utilizados sem

purificaes prvias.

Tabela 3: Reagentes utilizados

Reagente Frmula qumica M (g mol-1)

Procedncia

Brometo de cetiltrimetilamnio

(CTABr) C19H42BrN 364,45

Vetec

Tetraetilortossilicato (TEOS) Si(OC2H5)4) Aldrich

Isocianato de 3-(trietoxisilil) propila

(TEPIC)

(C2H5O)3Si(CH2)3NCO

247,36 Aldrich

cido 4-aminobenzico (PABA) H2NC6H4CO2H 137,14 Aldrich

Clorofrmio CHCl3 119,38 Tedia

Etanol CH3CH2OH 46,07 Tedia

Benzo[a]pireno C20H12 252,31 Aldrich

Benzo[b]fluoranteno C20H12 252,31 Aldrich

Benzo[k]fluoranteno C20H12 252,31 Aldrich

Acetonitrila CH3CN 41,05 Tedia

cido clordrico HCl 36,46 Tedia

3.2 Procedimentos de Sntese

A modificao do cido 4-aminobenzico e sntese dos materiais mesoporosos MCM-

41 e PABA-MCM-41 foram realizadas segundo a metodologia descrita por Li e Yan, com

modificaes [73].

3.2.1 Modificao do cido 4-aminobenzico (PABA)

A modificao do PABA foi realizada da seguinte maneira: 1 mmol do PABA foi

dissolvido em 20 mL de CHCl3, sob agitao. Em seguida, 2 mmol (~5 mL) de TEPIC

(isocianato de 3-(trietoxisilil) propila) foi adicionado gota-a-gota, na soluo de refluxo. A

mistura foi aquecida a aproximadamente 75 C por aproximadamente 12 h em atmosfera de

nitrognio (Figura 16). Aps o trmino da reao, foi possvel observar a formao de uma

amostra de leo amarela denominada de PABA-Si (Figura17).

21

Figura 16: Esquema experimental montado na modificao do PABA.

Figura 17: Obteno do PABA modificado com TEPIC (PABA-Si).

22

3.2.2 Sntese dos materiais mesoporosos MCM-41 e PABA-MCM-41

O material mesoporoso MCM-41 foi sintetizado por meio de uma sntese hidrotermal

da seguinte forma: 1,1 g de brometo de cetiltrimetilamnio (CTABr) foi dissolvido em 12 mL

do catalisador NH3 concentrado, em seguida foi adicionado 26 mL de gua deionizada e 5,5

mL de TEOS como fonte de slica. J o material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41

foi sintetizado pela mesma rota, utilizando-se do mtodo da co-condensao, sendo que o

PABA-Si, obtido na etapa 2.2.1, foi adicionado como grupo funcionalizador no meio

reacional. Em seguida, o mesmo procedimento de sntese foi realizado para obteno dos dois

materiais mesoporosos, ou seja, as misturas foram agitadas, separadamente, a temperatura

ambiente por 24 horas e transferidas para um frasco de teflon fechado em uma autoclave, que

foi ento aquecido a 100 C por 48 h em estufa (Figura 8). Aps esse perodo, os produtos

slidos obtidos foram filtrados, lavados com gua deionizada e seco ao ar por 12 h em

temperatura ambiente.

3.2.3 Remoo do surfactante

O procedimento realizado para a remoo do surfactante consistiu da extrao, por

refluxo, em soluo de HCl/CH3CH2OH 1 mol L-1 por 2 dias [50, 74-76] (Figura 18). Por fim,

os slidos foram filtrados, lavados com gua deionizada e secos sob vcuo, a temperatura

ambiente (Figura 19). O esquema simplificado para obteno do PABA-MCM-41 est

representado na Figura 20.

Figura 18: Esquema experimental montado para a extrao do surfactante dos materiais mesoporosos.

23

Figura 19: Materiais mesoporos sintetizados MCM-41 (a) e PABA-MCM-41 (b).

Figura 20: Procedimento de sntese e estrutura proposta para o PABA-MCM-41.

3.3 Caracterizao dos Materiais Mesoporosos

O MCM-41 e o PABA-MCM-41sintetizados foram caracterizados por espectroscopia

na regio do infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), espalhamento de raios-X a

baixo ngulo (SAXS), adsoro/dessoro fsica de nitrognio, microscopia eletrnica de

varredura (MEV), anlise termogravimtrica (TG).

(a) (b)

CTABr

+

NH2

COOH

2(C2H50)3Si(CH2)3N=C=OCHCl3

75 CHOOC NH (CH2)3Si(C2H5O)3N

H

C

O

PABA-Si

CTAB, H2O, OH-

TEOS

PABA-MCM-41

(com CTABr)

Remoo do direcionador

CH3CH2OH/HCl

OH

OH

O Si (CH2)3 NH C

O

NH CO

OH

Si

Si (CH2)3 NH C

O

NH CO

OHSi O

Si O Si (CH2)3 NH C

O

NH CO

OH

24

3.3.1 Espectroscopia na regio do infravermelho por transformada de Fourier

(FTIR)

Os espectros FTIR foram obtidos na regio de 4000 a 400 cm-1 em um

espectrofotmetro Spectrum BX Perkin Elmer, a temperatura ambiente, utilizando pastilhas

de KBr.

3.3.2 Espalhamento de raios-X a baixo ngulo (SAXS)

Os experimentos de SAXS foram realizados utilizando-se a linha de feixe de luz D2A

do Laboratrio Nacional de Luz Sncronton (LNLS, Campinas, Brasil), em um comprimento

de onda de 1,488 nm e resoluo de energia (dE/E) de 0,1. O feixe dos raios-X foram

condicionados por um monocromador de silcio e detectado por um detector Pilatus 300 k em

uma rea colocadas a 1300 mm de distncia a partir da amostra. O detector foi deslocado do

centro principal do feixe de raios-X para o vetor de espalhamento (q = (4/) sin; 2 =

ngulo de espalhamento) 0,5-5,0 nm-1.

3.3.3 Adsoro/dessoro fsica de nitrognio

As isotermas de adsoro/dessoro foram construdas a -196,15 C usando um

aparelho NOVA 1200. Antes das anlises as amostras dos materiais passaram por um

processo de desgaseificao a uma temperatura de 90 C por 1 h. A rea superficial foi

calculada pelo mtodo de Brunauer-Emmentt-Teller (BET) na faixa de variao de presso

relativa entre 0,01-0,95. Os volumes dos poros das amostras foram determinados a partir do

volume de N2 adsorvido a uma presso relativa de cerca de 0,95. As curvas da distribuio dos

tamanhos dos poros foram calculadas a partir das isotermas de adsoro pelo mtodo de

Barrett-Joyner-Halenda (BJH) [77].

3.3.4 Microscopia eletrnica de varredura (MEV)

As imagens de MEV foram obtidas em ampliao de 200-5000 k, usando um aparelho

Leica-Zeiss Modelo LEO 440 com voltagem de acelerao de 20 kV.

3.3.5 Anlise termogravimtrica (TG) As anlises termogravimtricas (TG) foram realizadas em uma balana da TGA-50

(Shimadzu) sob atmosfera dinmica de nitrognio de 40 ml min-1, na faixa de temperatura de

25

30 e 900 C, razo de aquecimento de 10 C min-1 e uma massa de aproximadamente 5 mg

em um porta amostra de platina.

3.4 Experimentos de Adsoro em Batelada

Os testes realizados para investigar o efeito da concentrao inicial do B[k]F, B[a]P e

B[b]F e do tempo de contato foram conduzidos separadamente, com agitao (150 rpm, 25C)

em frasco tipo mbar. Todos os testes foram realizados em duplicata, utilizado-se 5 mL de

soluo dos HPAs e 0,05 g de cada material mesoporoso (MCM-41 e PABA-MCM-41),

separadamente. Aps intervalos predeterminados, as amostras foram deixadas em repouso por

10 min, para decantao do material mesoporoso, em seguida centrifugada a 3500 rpm por 2

min. As concentraes dos HPAs foram quantificadas usando um HPLC (Shimadzu, Japo)

com detector de fluorescncia. Em cada anlise uma soluo-branco dos reagentes, de cada

material mesoporoso, foi preparada em ACN/gua (2:98 %) e uma soluo controle foi

preparada apenas com a soluo dos HPAs.

Os resultados obtidos foram expressos em termos de quantidade adsorvida, calculados

a partir da expresso abaixo:

em que qe a quantidade adsorvida dos HPAs (g g

-1), Co e Ce so as concentraes inicial e

no equilbrio dos HPAs (g L-1), respectivamente; V o volume da soluo (L) e m a massa

do material mesoporoso adsorvente (g).

3.4.1 Preparao das solues estoque dos HPAs

3.4.1.1 Solues individuais do B[k]F, B[a]P e B[b]F

Exatamente 5 mg dos trs HPAs individuais foram dissolvidos em acetonitrila (ACN)

em bales volumtricos de 5,00 mL. A concentrao da soluo padro estoque foi de 1000

mg L-1. Em seguida, essas solues preparadas foram transferidas para bales volumtricos de

250 mL e o menisco aferido com gua desionizada, obtendo assim uma concentrao final de

20 mg L-1, em proporo gua/ACN de 98:2 %. As solues resultantes foram transferidas

para frascos de borossilicato e agitadas a 300 rpm durante 30 min para assegurar uma

distribuio homognea dos HPAs. Assim, os estudos de adsoro com o MCM-41 e o

26

PABA-MCM-41 foram realizados a partir da diluio desta soluo estoque de 20 mg L-1, na

mesma proporo de gua/ACN.

3.4.2 Efeito da concentrao inicial dos HPAs e do tempo de contato

O efeito da concentrao inicial dos HPAs em soluo foi investigado nas

concentraes 150, 200, 500, 800 e 1000 g L-1, por um perodo de tempo de 24 horas. J o

efeito do tempo de contato foi investigado na concentrao de 200 g L-1 com tempo de

contato variando entre 0300 min. Apesar de ocorrer um aumento da quantidade adsorvida

dos HPAs com o aumento da concentrao dos mesmos, optou-se em realizar os testes

cinticos de adsoro na concentrao de 200 g L-1, pois nesta concentrao os valores de qe

obtidos foram satisfatrios, bem como, sabido que em concentrao maiores seria difcil a

solubilizao dos analitos em meio aquoso. Tambm, houve a preocupao em reduzir gastos

com os padres dos HPAs.

3.4.3 Efeito da temperatura

O efeito da temperatura de adsoro dos HPAs pelo PABA-MCM-41 foi investigado

nas temperaturas de 25, 35 e 45 C, com tempo de contato variando entre 0300 min. Os

parmetros termodinmicos foram calculados a partir dos resultados de adsoro obtidos nas

trs temperaturas estudadas. importante frisar que esse estudo no foi realizado para o

material mesoporoso MCM-41, pois para este s foi feito testes preliminares com o intuito de

verificar sua eficincia na capacidade de adsoro dos HPAs em estudo. Portanto, foi

observado que a eficincia do MCM-41 na adsoro desses HPAs esteve bem abaixo da

eficincia do PABA-MCM-41.

3.4.4 Estudo cintico e isotermas de adsoro

Os dados experimentais cinticos foram testados usando os modelos cinticos no-

lineares de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem nas temperaturas de 25, 35 e 45 C.

Tambm, aps os respectivos tempos de equilbrio alcanados, para cada concentrao

estudada, os resultados encontrados foram explorados usando os modelos no-lineares de

isotermas de Freundlich e Langmuir para as temperaturas estudadas.

27

3.5 Regenerao do Material Mesoporoso Funcionalizado PABA-MCM-41

A regenerao do PABA-MCM-41 foi realizada aps o primeiro ciclo de adsoro do

B[a]P, em seguida o PABA-MCM-41 utilizado passou pelo mesmo processo de retirada do

surfactante dos poros do material, conforme o item 3.2.3. Porm nesta etapa o objetivo era a

retirada do B[a]P adsorvido no PABA-MCM-41. Assim, aps esse processo o material

mesoporoso foi novamente caracterizado pelas tcnicas de caracterizao e aplicado

novamente nos teste de adsoro do B[a]P. importante destacar que o teste de regenerao

do PABA-MCM-41 s foi realizado apenas na adsoro do B[a]P, pois os outros HPAs

estudados apresentam caractersticas semelhantes ao B[a]P.

3.6 Determinao e Quantificao dos HPAs

A determinao dos HPAs foi realizada utilizando um equipamento HPLC da

Shimadzu (LC-20A Prominence, Japan), equipado com uma bomba (LC-10AT), um injetor

automtico (SIL-20AT HT) e um detector de fluorescncia (RF-20A). A coluna C-18 (Vydac

201 TP 54) com dimenses (250 x 4.6 mm, 5 m) e volume de injeo de 20 L. A

temperatura da coluna foi de 30 C e os comprimentos de onda de excitao e emisso usados

para a deteco do B[k]F, B[a]P e B[b]F foram: excitao/ emisso = 290/430; 269/398 e 290/

430nm, respectivamente. A fase mvel consistiu de acetonitrila (A) e gua (B) (ACN/gua,

80:20 v/v) com fluxo isocrtico de 1 mL min-1, tempo total de corrida de uma anlise de 30

min.

O mtodo da padronizao externa foi utilizado para a determinao da concentrao

dos HPAs nas amostras. A linearidade do mtodo foi encontrada por injeo dupla das

solues padres dos HPAs para concentraes entre 1001000 g L-1. Uma regresso linear

foi aplicada para a construo da curva de calibrao dada por rea do pico versus

concentraes dos HPAs, cujos valores de r2 (coeficientes de correlao linear) encontrados

foram de 0,997; 0,999 e 0,999, respectivamente, para o B[k]F, B[a]P e B[b]F.

28

4 RESULTADOS E DISCUSSO

4.1 Materiais Mesoporosos MCM-41 e PABA-MCM-14

4.1.1 Espectroscopia na regio do infravermelho por transformada de Fourier

(FTIR)

Os espectros de FTIR foram utilizados para confirmar a presena do grupo orgnico

PABA ligado covalentemente ao MCM-41, bem como para verificar a presena da slica

condensada, responsvel pela formao das paredes dos materiais mesoporosos [78]. Os

espectros do PABA, PABA-Si, PABA-MCM-41 e MCM-41 esto ilustrados na Figura 21. O

espectro do PABA-Si (Figura 21b) apresentou bandas de absoro em 1199 cm-1 (estiramento

C_Si) e, em 1110 e 1042 cm-1 (estiramento Si_O), que so caractersticas do grupo funcional

trialcoxissilano. O enxerto do TEPIC no PABA foi confirmado pela presena da banda em

1682 cm-1 correspondente absoro de grupos amidas (_CONH_), e nas bandas centradas em

2934 e 2882 cm-1 correspondentes s vibraes de metileno (_(_CH2)3_) do TEPIC [73]. Alm

disso, a banda em 1554 cm-1 ( NH) confirma a formao dos grupos amidas.

As bandas de absoro em 3460 cm-1 so correspondentes ao estiramento da ligao

O_H de molculas de gua adsorvida nos materiais mesoporosos e dos grupos silanis

(Si_OH) (Figuras 21c e 21d) [79, 80]. A partir da anlise das Figuras 21c e 21d, possvel

observar as bandas caractersticas da formao do quadro de slica condensada (SiOSi) dos

materiais mesoporosos PABA-MCM-41 e MCM-41, confirmada pelas bandas localizadas em

1085 cm-1 (as, Si_O), 802 cm-1 (s, Si_O) e 460 cm-1 (, Si_O_Si) [73, 81]. Alm disso, as

bandas correspondentes s vibraes de amida _CONH_ (1638 e 1615 cm-1), estiramento C=O

de cido carboxlico (1710 cm-1) e vibraes de grupos metileno (2934 e 2853 cm-1)

referentes ao PABA-Si, foram observadas no material mesoporoso funcionalizado PABA-

MCM-41 (Figura 21c). Essas bandas esto ausentes no material mesoporoso no

funcionalizado MCM-41 (Figura 21d). A funcionalizao do material mesoporoso PABA-

MCM-41 foi confirmada pela presena do grupo PABA-Si e permaneceu intacta no quadro de

slica do PABA-MCM-41, aps reaes sucessivas de hidrlise-condensao e do processo de

extrao do surfactante [82].

29

3500 3000 1500 1000 500

(d)

(c)

(b)

46

0

80

2

1085

16

15

16

38

17

10

28

53

29

34

34

60

10

42

11

10

11

9915

54

16

82

28

82

29

34

Abs

orb

ncia

(u.a

.)

Nmero de Onda (cm-1)

(a)

Figura 21: Espectros FTIR do PABA (a), PABA-Si (b), PABA-MCM-41 (c) e MCM-41 (d).

4.1.2 Espalhamento de raios-X a baixo ngulo

As medidas de SAXS podem ser utilizadas para caracterizar materiais mesoporosos,

bem como, materiais hbridos nanoestruturados. Os padres de SAXS para o MCM-41,

PABA-MCM-41, PABA-MCM-41 aps 1 regenerao e para o PABA-MCM-41 utilizado

aps a adsoro do B[a]P (PABA-MCM-41-B[a]P) so mostrados na Figura 22. Os padres

de SAXS para MCM-41, PABA-MCM-41 e PABA-MCM-41 aps 1 regenerao (Figuras

21a, b e c, respectivamente) apresentaram quatro picos, q1 0 0, q1 1 0, q2 0 0 e q2 1 0, relacionados

aos planos de difrao (1 0 0), (1 1 0), (2 0 0) e (2 1 0), respectivamente [83, 84]. No entanto,

os picos q1 0 0, q1 1 0, q2 0 0 e q2 1 0 para PABA-MCM-41 e o PABA-MCM-41 aps 1

regenerao foram observados em ngulos de espalhamento maiores que os encontrados para

o MCM-41, haja vista que o pico q2 1 0 apresentou uma baixa intensidade para os dois

materiais (Figura 22b e c), isto est relacionado com a dificuldade de espalhamento dos raios-

X nos poros dos materiais mesoporosos funcionalizados, devido presena dos grupos

orgnicos funcionalizantes PABA-Si. O mesmo foi observado para o PABA-MCM-41-B[a]P,

que alm da presena do PABA-Si nos seus poros, tambm h o B[a]P adsorvido, haja vista

que os picos q1 1 0, q2 0 0 e q2 1 0 apresentaram uma baixa intensidade relativa.

30

As mesoestruturas dos materiais mesoporosos foram confirmadas pela anlise dos

raios das distncias relativa entre os picos (q1 0 0/q1 0 0, q1 1 0/q1 0 0 e q2 0 0/q1 0 0) que foram,

respectivamente, 1:3:2. Estes so raios tpicos de mesoestruturas hexagonal (P6mm),

caracterstica de uma estrutura compacta de tubos cilndricos. Assim, as curvas de SAXS da

Figura 22 so indicativas de mesoestruturas hexagonais que so tpicas da famlia M41S,

confirmando o sucesso da sntese dos materiais mesoporosos MCM-41 e PABA-MCM-41.

Tambm importante ressaltar que o material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41

preservou sua mesoestrutura depois de utilizado como adsorvente na remoo do B[a]P e

depois de ser regenerado para ser reutilizado (Figuras 22c e d).

Figura 22: Intensidade do espalhamento dos raios-X para MCM-41 (a), PABA-MCM-41 (b), PABA-MCM-41 aps 1 regenerao (c) e PABA-MCM-41-B[a]P (d).

A posio do primeiro pico, q1 0 0, permite determinar a direo da distncia central

entre os tubos adjacentes, usando

( ) em que d vale [83, 84]:

q2 1 0

q2 0 0

q1 1 0

(a)

(d)

(c)

(b)

2 3 4 5

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

q (nm-1)

q1 0 0

31

Os valores calculados de d e ao para o MCM-41, PABA-MCM-41, PABA-MCM-41_1RG e

PABA-MCM-41-B[a]P esto representados na Tabela 4.

Tabela 4: Propriedades texturais e estruturais MCM-41, PABA-MCM-41, PABA-MCM-41 aps 1 regenerao e PABA-MCM-41-B[a]P

Materiais Mesoporosos d1 0 0 (nm)

SBET (m2 g-1)

V (cm3 g-1)

VT (cm3 g-1)

DBJH (nm)

a0 (nm)

Wt (nm)

MCM-41 4,06 617,10 0,39 0,57 3,92 4,69 0,77

PABA-MCM-41 3,67 556,36 0,35 0,52 3,61 4,24 0,63

PABA-MCM-41 aps 1 regenerao

3,69 544,52 0,33 0,51 3,59 4,26 0,67

PABA-MCM-41-B[a]P 3,39 276,96 0,29 0,40 1,80 3,91 2,11

d100: d(100) distncia interplanar; a0: parmetro de cela unitria (a0 = (2/3)d; SBET: rea superficial; V: volume de poro; VT: volume total de poro; DBJH: dimetro de poro; W: espessura da parede, calculado como a0 DBJH.

4.1.3 Adsoro/dessoro fsica de nitrognio

As isotermas de adsoro/dessoro de N2 para o MCM-41, PABA-MCM-41, PABA-

MCM-41 aps 1 regenerao e para o PABA-MCM-41-B[a]P esto mostradas nas Figuras

23, 24, 25 e 26, respectivamente, bem como suas respectivas distribuies dos tamanhos de

poros. Assim, possvel observar que o MCM-41 e o PABA-MCM-41 apresentaram

isotermas do tipo IV com loop de histerese do tipo H1, as quais segundo a classificao da

IUPAC, so caractersticas de materiais mesoporosos da famlia M41S, com distribuio

uniforme do tamanho de mesoporos [85-88]. Isto foi confirmado por uma estreita distribuio

do tamanho de poros, caracterstica da presena de um nico pico. Assim, segundo as Figuras

25 e 26, pode-se inferir o mesmo tipo de isoterma e histerese para o PABA-MCM-41 aps 1

regenerao e para o PABA-MCM-41-B[a]P.

A presena do loop de histerese, que um indicativo da condensao capilar [86], em

presses relativas (P/P0) >0,39 sugere a presena de mesoporos regulares bem ordenados,

caractersticas importantes para a obteno de eficincia no processo de adsoro.

A rea superficial e o tamanho de poros foram calculados usando os mtodos de

BrunauerEmmettTeller (BET) e BarrettJoynerHalenda (BJH), respectivamente. As

propriedades texturais e estruturais (rea superficial, volume de poros, volume de poros total,

dimetro de poros e espessura da parede) esto apresentados na Tabela 4.

A partir da anlise da Tabela 4, possvel observar uma diminuio dos valores de d1 0

0 e a0 para PABA-MCM-41 em comparao ao MCM-41, a qual est relacionada, como j

32

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

120

160

200

240

280

320

360

0 10 20 30 40 50

dV(d

) (c

m3

g-1

nm-1

)

Dimetro de Poro (nm)

Adsoro Dessoro

Vol

ume

Ads

orvi

do (c

m3

g-1 )

Presso Relativa (P/P0)

mencionado anteriormente, h um pequeno deslocamento dos picos de difrao do PABA-

MCM-41 que ocorre devido presena do grupo orgnico funcionalizante PABA-Si nos

poros do material mesoporoso, contribuindo para menores valores de SBET, V, VT e DBJH.

Observaes anlogas dessas propriedades texturais e estruturais podem ser inferida para o

PABA-MCM-41 aps 1 regenerao quando comparado ao MCM-41, visto que suas

propriedades foram semelhantes ao PABA-MCM-41. No entanto, possvel observar uma

diminuio mais acentuada dos valores das propriedades texturais e estruturais do PABA-

MCM-41-B[a]P, exceto para Wt, isto devido presena do B[a]P adsorvido nos poros do

PABA-MCM-41.

Figura 23: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o MCM-41.

33

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

90

120

150

180

210

240

270

300

330

360

0 10 20 30 40 50 60 70 80

dV(d

) (cm

3 .g-

1 nm

-1)

Dimetro de Poro (nm)

Adsoro Dessoro

Vol

ume

Ads

orvi

do (c

m3

g-1 )

Presso Relativa (P/P0)

0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

100

150

200

250

300

350

0 20 40 60 80

dV

(d) (

cm3

g-1

nm-1

)

Dimetro de Poro (nm)

Presso Relativa (P/P0)

Vol

ume

Ads

orvi

do (c

m3

g-1 )

Adsoro Dessoro

Figura 24: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o PABA-MCM-41.

Figura 25: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o PABA-MCM-41 aps 1 regenerao.

34

Figura 26: Isotermas de adsoro/dessoro e distribuio do tamanho de poros para o PABA-MCM-41-B[a]P.

Figura 27: Microscopia eletrnica de varredura para o MCM-41 (a), PABA-MCM-41 (b), PABA-MCM-41 aps 1 regenerao (c) e PABA-MCM-41-B[a]P (d).

0,2 0,4 0,6 0,8 1,050

100

150

200

250

0 10 20 30 40

Dimetro de Poro (nm)

dV(d

) (cm

3 g-

1 nm

-1)

Presso Relativa (P/P0)

Vol

ume

Ads

orvi

do (c

m3

g-1 )

Adsoro Desoro

(a) (b)

(c) (d)

35

4.1.4 Microscopia eletrnica de varredura

As imagens de MEV foram utilizadas para determinar a morfologia das partculas dos

materiais sintetizados. As imagens de MEV obtidas para MCM-41, PABA-MCM-41, PABA-

MCM-41 aps 1 regenerao e PABA-MCM-41-B[a]P esto apresentadas na Figura 27. A

partir da anlise da Figura 27 possvel observar a presena de partculas esfricas

aglomeradas, que so uma caracterstica tpica dos materiais mesoporosos [89].

4.1.5 Anlise termogravimtrica

As Figuras 28 e 29 apresentam as curvas TG/DTG para o MCM-41 e para o PABA-

MCM-41, respectivamente, aps a remoo do surfactante CTABr. Os materiais mesoporosos

apresentaram curvas termogravimtricas tpicas de materiais mesoporosos da famlia M41S

[90]. possvel observar que o MCM-41 e PABA-MCM-41 apresentaram um evento de

perda de massa, em cada curva, na faixa de temperatura entre 26,74133,59 C e 38,50

152,75 C, respectivamente, que atribudo eliminao de gua e solventes fisicamente

adsorvidos aos materiais mesoporosos [91]. Mais dois eventos de perda de massa foram

observados no PABA-MCM-41 (Figuras 29), o segundo evento entre 170,75354,88 C est

relacionado decomposio da matria orgnica do PABA-Si enxertado nos poros do

material mesoporoso funcionalizado, e o terceiro foi observado na faixa entre 372,45750,00

C, o qual atribudo combusto da matria orgnica residual do PABA-Si, bem como,

condensao de grupos silanis adjacentes resultantes das ligaes dos grupos siloxanos

situados nos poros do material mesoporoso [81, 92-94]. Assim, pode-se inferir que a

percentagem em massa de grupo funcionalizante PABA-Si, que foi enxertado ao material

mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41, corresponde, aproximadamente a percentagem

perdida nos dois ltimos eventos, ou seja, 22,0 % de PABA-Si.

36

Figura 28: Curvas TG/DTG para o MCM-41 aps a remoo do surfactante CTABr, utilizando atmosfera de nitrognio e uma taxa de aquecimento de 10 C min-1.

Figura 29: Curvas TG/DTG para o PABA-MCM-41 aps a remoo do surfactante CTABr, utilizando atmosfera de nitrognio e uma taxa de aquecimento de 10 C min-1.

200 400 600 800

93

94

95

96

97

98

99

100

TG

DT

G (%

C

-1)

Mas

sa (%

)

Temperatura (C)

-0,10

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

4,43 %

DTG

100 200 300 400 500 600 700 800 900

75

80

85

90

95

100

TG

DT

G (%

C-1

)

Mas

sa (%

)

Temperatura (C)

-0,20

-0,16

-0,12

-0,08

-0,04

0,00

DTG

19,34 %

2,70 %

2,23 %

37

A partir dessas observaes possvel sugerir que o material mesoporoso

funcionalizado PABA-MCM-41 termicamente estvel em temperaturas abaixo de 170 C,

podendo ser utilizado em processos de adsoro em que sejam necessrios a elevao da

temperatura.

4.2 Experimentos de Adsoro em Batelada

4.2.1 Efeito da concentrao inicial

As Figuras 30 e 31 mostram o efeito da concentrao inicial das solues dos HPAs

B[k]F, B[a]P e B[b]F adsorvidos pelos materiais mesoporosos MCM-41 e PABA-MCM-41,

respectivamente. possvel observar que houve um aumento da quantidade adsorvida (qe) dos

HPAs com o aumento da concentrao inicial dos mesmos. No entanto, os valores de qe foram

maiores na adsoro dos HPAs pelo PABA-MCM-41.

Figura 30: Efeito da concentrao inicial na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo MCM-41. Condies: 50 mg do MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (nas concentraes de 150, 200, 500, 800 e 1000 g L-1), tempo de contato de 24 h e agitao de 150 rpm.

200 400 600 800 1000

10

20

30

40

50

60

70

HPA (a) Benzo[k]fluoranteno (b) Benzo[a]pireno (c) Benzo[b]fluoranteno

Co (g L-1)

q e (

g g-

1 )

38

Figura 31: Efeito da concentrao inicial na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41. Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (nas concentraes de 150, 200, 500, 800 e 1000 g L-1), tempo de contato de 24 h e agitao de 150 rpm.

4.2.2 Efeito do tempo de contato

As Figuras 32 e 33 mostram o efeito do tempo de contato na adsoro do B[k]F, B[a]P

e B[b]F pelo MCM-41 e pelo PABA-MCM-41, respectivamente. A partir da anlise da Figura

32, na adsoro dos HPAs B[k]F, B[a]P e B[b]F pelo MCM-41 possvel observar que o

tempo de equilbrio foi alcanado em aproximadamente 90 min, sendo que os valores de qe

obtidos no equilbrio foram de 12,49; 14,06 e 18,06 g g-1, respectivamente, obedecendo a

seguinte ordem crescente dos valores de qe : B[k]F < B[a]P < B[b]F.

200 400 600 800 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

HPA (a) Benzo[k]fluoranteno (b) Benzo[a]pireno (c) Benzo[b]fluoranteno

q e (

g g-

1 )

Co (g L-1)

39

Figura 32: Efeito do tempo de contato na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo MCM-41. Condies: 50 mg do MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

Analisando a Figura 33, na adsoro do B[k]F, B[a]P e B[b]F pelo PABA-MCM-41,

possvel observar que o tempo de equilbrio tambm foi alcanado em praticamente 90 min,

com valores de qe obtidos no equilbrio de 22,51; 27,24 e 26,58 g g-1, respectivamente. No

entanto, a ordem crescente dos valores de qe foi B[k]F < B[b]F < B[a]P. Tambm, possvel

observar que o material mesoporoso funcionalizado PABA-MCM-41 apresentou uma maior

eficincia na adsoro dos HPAs que o material mesoporoso no funcionalizado MCM-41,

haja vista que os valores de qe obtidos no equilbrio para PABA-MCM-41 foram bem maiores

que os obtidos para MCM-41. Com a funcionalizao do MCM-41 foi verificado um aumento

na eficincia de adsoro dos HPAs de 44,5; 48,4 e 32,0 %, respectivamente para o B[k]F,

B[a]P e B[b]F. A partir destes resultados obtidos, apenas o PABA-MCM-41 foi utilizado nos

demais testes de adsoro.

0 50 100 150 200 250 30011

12

13

14

15

16

17

18

HPA (a) Benzo[k]fluoranteno (b) Benzo[a]pireno (c) Benzo[b]fluoranteno

Tempo (min)

q e (

g g-

1 )

40

Figura 33: Efeito do tempo de contato na adsoro do B[k]F (a), B[a]P (b) e B[b]F (c) pelo PABA-MCM-41. Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo de cada HPA (200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

4.2.3 Efeito da temperatura

A temperatura um dos fatores importantes que podem influenciar em processos de

adsoro, uma vez que afeta a taxa de adsoro de muitos processos. De acordo com

Robinson et al. [95] e Ho e Mckay [96], a mobilidade e a energia cintica do adsorbato

aumentam com a elevao da temperatura de adsoro.

O efeito da temperatura aparece na constante cintica de adsoro. Experimentos

realizados em trs ou mais temperaturas diferentes podem ser usados para obteno de suas

correspondentes constantes cinticas, as quais so utilizadas para calcular a energia de

ativao do processo a partir da equao de Arrhenius abaixo [97-99]:

em que kads a constante de velocidade de adsoro de 1 ou 2 ordem, A (s

-1) o fator de

frequncia de Arrhenius, Ea (kJ mol-1) a energia de ativao do processo de adsoro, R a

constante dos gases (8,314 J mol-1 K-1) e T (K) a temperatura absoluta.

0 50 100 150 200 250 300

22,2

22,3

22,4

22,5

26,2

26,4

26,6

26,8

27,0

27,2

HPA (a) Benzo[k]fluoranteno (b) Benzo[a]pireno (c) Benzo[b]fluoranteno

Tempo (min)

q e (

g g-

1 )

41

Com isso, um grfico de ln kads em funo de 1/T deve apresentar uma correlao

linear com coeficiente angular igual a Ea/R. A partir do coeficiente angular pode-se calcular

a energia de ativao para o processo de adsoro. O fator de frequncia de Arrhenius (A)

obtido a partir do coeficiente linear (ln A).

O efeito da temperatura de adsoro dos HPAs pelo material mesoporoso

funcionalizado PABA-MCM-41 foi investigado nas temperaturas de 25, 35 e 45 C. A partir

da anlise da Figura 34, para a adsoro do B[k]F nas trs temperaturas, possvel observar

que no houve aumento significativo da quantidade adsorvida do B[k]F com a elevao da

temperatura de 25 para 35 C, sendo que os valores de qe obtidos no equilbrio foram de 22,51

e 22,54 g g-1, respectivamente. No entanto, foi observado um pequeno aumento do valor de

qe (22,86 g g-1) quando a temperatura de adsoro foi elevada para 45 C.

Figura 34: Efeito da temperatura na adsoro do B[k]F pelo PABA-MCM-41 nas temperaturas de 25 (a), 35 (b) e 45 C (c). Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo do B[k]F (concentrao de 200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

O mesmo comportamento tambm foi observado com a elevao da temperatura de

adsoro do B[a]P pelo PABA-MCM-41 (Figura 35), haja vista os valores de qe encontrados

de 27,24; 27,26 e 27,27 g g-1, respectivamente para as trs temperaturas estudadas. Assim

possvel observar que no houve diferena significativa entre os valores de qe encontrados

para as trs temperaturas estudadas. No entanto, possvel observar a ocorrncia de um

0 50 100 150 200 250 300

22,2

22,3

22,4

22,5

22,6

22,7

22,8

q e (

g g-

1 )

Tempo (min)

Benzo[k]fluoranteno (a) 25 C (b) 35 C (c) 45 C

42

aumento significativo da quantidade adsorvida do B[a]P nos primeiros minutos de adsoro a

partir da elevao da temperatura.

Figura 35: Efeito da temperatura na adsoro do B[a]P pelo PABA-MCM-41 nas temperaturas de 25 (a), 35 (b) e 45 C (c). Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo do B[a]P (concentrao de 200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

Figura 36: Efeito da temperatura na adsoro do B[b]F pelo PABA-MCM-41 nas temperaturas de 25 (a), 35 (b) e 45 C (c). Condies: 50 mg do PABA-MCM-41, 5 mL de soluo do B[b]F (concentrao de 200 g L-1), tempo de contato entre 0300 min e agitao de 150 rpm.

0 50 100 150 200 250 300

26,2

26,4

26,6

26,8

27,0

27,2

q e (

g g-

1 )

Tempo (min)

Benzo[a]pireno (a) 25 C (b) 35 C (c) 45 C

0 50 100 150 200 250 30026,4

26,6

26,8

27,0

27,2

27,4

27,6

q e (

g g-

1 )

Tempo (min)

Benzo[b]fluoranteno (a) 25 C (b) 35 C (c) 45 C

43

A partir da anlise da Figura 36, a qual nos mostra o efeito da temperatura na adsoro

do B[b]F pelo PABA-MCM-41, possvel observar que houve um pequeno aumento do valor

da quantidade adsorvida do B[b]F com a elevao da temperatura de 25, 35 e 45 C, assim, os

valores de qe encontrados no equilbrio para as trs temperaturas foram de 26,58; 27,37 e

27,67 g g-1, respectivamente.

4.2.4 Cintica de adsoro

A obteno dos parmetros cinticos de adsoro muito importante para uma melhor

compreenso do mecanismo e da eficincia do processo de adsoro. Os modelos cinticos de

pseudo-primeira e pseudo-segunda ordem so os dois modelos mais utilizados na literatura

para a obteno dos parmetros cinticos de adsoro [100]. O modelo cintico de pseudo-

primeira ordem representado pela seguinte equao:

em que qt e qe so as quantidades dos HPAs (g g

-1) adsorvidos no tempo t e no equilbrio,

respectivamente, e k1 (min-1) a constante de velocidade de adsoro de pseudo-primeira

ordem. Pela integrao da Equao (5) e aplicando as condies de contorno qt 0 para t

0, quando qt qt para t t obtm-se a seguinte Equao:

( ) A partir desta Equao, os valores de qe e k1 podem ser encontrados por ajustes no-lineares.

O modelo cintico de pseudo-segunda ordem pode ser