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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL RICARDO RODRIGUES VILA FLOR ESTUDO COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE ENTRE A MÃO DE OBRA TERCEIRIZADA E A MÃO DE OBRA FIXA: Um estudo de caso numa empresa na indústria da construção civil. Feira de Santana 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

RICARDO RODRIGUES VILA FLOR

ESTUDO COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE ENTRE A MÃO DE

OBRA TERCEIRIZADA E A MÃO DE OBRA FIXA: Um estudo de caso numa empresa na indústria da construção civil.

Feira de Santana

2010

1

RICARDO RODRIGUES VILA FLOR

ESTUDO COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE ENTRE A MÃO DE

OBRA TERCEIRIZADA E A MÃO DE OBRA PRÓPRIA: Um estudo de caso numa empresa na indústria da construção civil.

Trabalho Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para

obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Me. Florentino Carvalho Pinto.

Feira de Santana

2010

2

RICARDO RODRIGUES VILA FLOR

ESTUDO COMPARATIVO DA PRODUTIVIDADE ENTRE A MÃO DE

OBRA TERCEIRIZADA E A MÃO DE OBRA PRÓPRIA: Um estudo de caso numa empresa na indústria da construção civil.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de

Feira de Santana como requisito para a obtenção do título

de bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Ass.__________________________________

1º Exam.: Prof. Me. Florentino Carvalho Pinto

Universidade Estadual de Feira de Santana

Ass.__________________________________

2º Exam.: Prof. Me. Luis Claudio Alves Borja

Universidade Estadual de Feira de Santana

Ass.__________________________________

3º Exam.: Prof. Carlos Antônio Alves Queirós

Universidade Estadual de Feira de Santana

3

RESUMO

Este trabalho consiste em estudar como é planejado e organizado o sistema de mão de obra

terceirizada na construção civil e suas implicações na sua produtividade. Inicialmente será

feito um estudo da contextualização histórica, levando em consideração a evolução dos

métodos produtivos e suas aplicações em setores econômicos da produção, enfatizando a

busca pelo aumento da produtividade na construção civil. A partir daí, avaliar a organização

do canteiro de obras e consequentemente a utilização das mãos-de-obra nas modalidades

contratada (própria) ou terceirizada. Foram usados alguns métodos de análise da

administração da produção como ferramentas que possibilitou o estudo avaliativo da variação

da produtividade e as dos custos decorridos em cada um dos procedimentos adotados. Por

conseguinte, se demonstraram as vantagens e desvantagens da mão de obra terceirizada em

comparação com a mão de obra fixa, envolvendo desta forma a análise comparativa

facilitando o processo decisório entre adotar uma alternativa.

Palavras-chave: Mão-de-obra, terceirizada, fixa, produtividade.

4

DEDICATÓRIA

Deus por ter me concedido a alcançar meu sonho.

A meu admirável Pai Marcio e a minha magnífica Mãe Suely.

As minhas amáveis irmãs Izabela e Rafaela.

A minha querida namorada Érica.

Aos meus parentes paternos e maternos.

Aos amigos e incentivadores.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por permitir que eu chegasse até aqui, pela sua

presença constate em minha vida.

Agradeço a minha mãe, pessoa mais importante da minha vida, pelos seus apoios

quando precisei, pois sem sua dedicação nunca chegaria aqui.

Agradeço a meu pai por sempre ser meu amigo, dando seus conselhos, e suas broncas,

e principalmente por mostrar a dignidade e o caráter que as pessoas devem ter.

Agradeço as minhas irmãs que eu amo tanto Izabela e Rafaela, por todas as coisas

boas e ruins (aprendizado) que vivemos e iremos viver...

A meu amor Érica, que me mostrou outra visão de mundo, de viver e saber aproveitar

o momento. E desde que conheci sempre esteve ao meu lado, te amo mow.

Seu Jeferson e Dona Vânia, pessoas que tenho muito carinho e admiração e por me dar

sua filha, é claro...

A meu orientador Prof. Florentino, pelos seus ensinamentos e broncas, que me

auxiliavam a elaborar este trabalho.

Ao meu grande amigo Prof. Carlos Alves, pelos seus conselhos tanto na vida quanto

na vida pessoal e acadêmica, valeu professor...

A professora Eufrosina e Gerinaldo, que lutam para dar o merecimento as que as

disciplinas de Trabalho de Conclusão de Curso merecem.

Aos professores Borja, Uchoa, Maria de Socorro (grande professora), Zorzo, Arli,

Jorge Fortes, Carmen, Teresa, Rosa Alencar, dentre outros.

Aos meus primos Braz, Jonas, Guilherme, Carlinhos, Pat, Pri, Manu, Rian, Vitor e ao

mais novo Davi, minha avó Marieta (pessoa de caráter inigualável), meus tios e a todos

familiares

Aos meus amigos Elias, Kalau, Marcelo, Edu, Bob, Renato, Kaka...

E a todos que contribuíram direta e indiretamente.

6

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 - Condições de Trabalho ............................................................................................46

Figura 2 - Estudo de tempo ......................................................................................................48

Gráfico 1 - Tempo padrão de cada empresa para cada atividade correlacionando com o tempo

médio padrão .............................................................................................................................54

Gráfico 2 - Tempo médio padrão da atividade levante de alvenaria ........................................55

Gráfico 3 - Índice de Produtividade - Alvenaria ......................................................................56

Gráfico 4 - Tempo médio, que cada empresa gasta para executar o serviço de reboco ...........57

Gráfico 5 - Tempo médio padrão da atividade reboco, não é levado em consideração o tempo

ocioso .........................................................................................................................................58

Gráfico 6 - Índice de Produtividade - Reboco ..........................................................................59

Gráfico 7 - Percentual de Programação Concluída...................................................................60

7

LISTA DE QUADRO E TABELAS

Quadro 1 - Empresa Mãe .........................................................................................................49

Tabela 1 - Sumário de Estudo - Alvenaria................................................................................50

Tabela 2 - LEV ALV 1ª ETAPA - CASA 17 ...........................................................................51

Tabela 3 - Folha de Trabalho ....................................................................................................52

Tabela 4 - Calcular a quantidade produto produzido pelo operário .........................................53

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................10

2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................11

3 OBJETIVO............................................................................................................................12

3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................12

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..............................................................................................12

4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO

CIVIL BRASILEIRA ..............................................................................................................13

4.1 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS OBSERVADAS AO LONGO DA HISTÓRIA

CORRELACIONANDO COM OS TIPOS DE MÃO DE OBRA EMPREGADOS ................13

4.1.1 Modelo escravocrata de produção ................................................................................13

4.1.2 Aspectos das mudanças dos métodos produtivos na idade média..............................15

4.1.3 Novas perspectivas do trabalho com a revolução industrial ......................................17

4.2 MODELOS DE PRODUÇÃO COMTEMPORÂNEOS E A SUA INFLUÊNCIA NOS

TIPOS DE MÃO DE OBRA EMPREGADOS .........................................................................19

4.2.1 Modelo taylorista de produção ......................................................................................20

4.2.2 Modelo Toyota de produção ..........................................................................................22

5 INSERÇÃO DA PRODUTIVIDADE NO CONTEXTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL .24

5.1 ESTUDOS CONCEITUAIS SOBRE A PRODUTIVIDADE ............................................24

5.1.1 Produtividade nos modelos de produção após revolução industrial ..........................28

5.1.2 Produtividade na construção civil .................................................................................29

5.1.3 Fatores que influenciam a produtividade na construção civil ....................................30

6 ESTUDO DE CASO .............................................................................................................34

6.1 EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL ESTUDADA ......................................................34

6.2 METODOLOGIA UTILIZADA NO TRABALHO DE CAMPO ......................................35

6.2.1 Tolerâncias pessoais e ambientais .................................................................................36

6.2.2 Determinação do número de observações ....................................................................37

9

6.2.3 Observação e preenchimento dos formulários .............................................................38

6.2.3.1 Cronometragem das atividades executadas para estabelecimento do tempo padrão .....39

6.2.3.2 Medição das atividades executadas ...............................................................................40

6.2.4 Cálculos............................................................................................................................41

6.3 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS ............................................................................53

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................61

REFERÊNCIAS.......................................................................................................................63

10

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é o setor que está tendo evoluções significativas em

termos tecnológicos, mas tardias em relação aos outros tipos de indústrias como relata a

ENEGEP1.

O mercado brasileiro da Construção Civil, com atraso, inicia processos de inovações

tecnológicas radicais. Novos materiais e equipamentos, industrialização, sistemas modernos

de gestão, novo perfil de mão-de-obra, estão rompendo metodologias e filosofias tradicionais.

(ENEGEP, 2004)

Essa demora dos avanços tecnológicos do setor é decorrente da falta de investimento

em pesquisas cientificas e devido a pouca necessidade de novos tipos de construções, ou seja,

devido aos tipos de edificações que consistiam basicamente de construções tradicionais, essas

tecnologias aplicadas foram evoluindo muito devagar, mas nos últimos anos isso vem

mudando, e a indústria da construção civil, vem passando por inúmeras modificações no

sentido de evoluir tecnologicamente, proporcionando aos métodos construtivos, variedades de

escolhas para seu poder de transformação dos insumos no produto almejado, tendo a

produtividade como parâmetro que surgiu para alavancar esses novos estudos para as

transformações da tecnologia para a engenharia civil.

A evolução dos métodos construtivos na construção civil trouxe à realidade baiana um

tipo de mão de obra bastante conhecido pelos estados do sul e sudeste. Pretende-se através

dessa monografia, avaliar como é o comportamento da mão de obra terceirizada na construção

civil baiana, buscando-se avaliar o quanto esse tipo de mão de obra poderá proporcionar um

aumento significativo na produtividade, utilizando os métodos necessários para desenvolver

os processos comparativos com uma mão de obra fixa tradicionalmente utilizada em nosso

contexto da construção civil.

Ao avaliar a produtividade da mão de obra na construção civil, faz necessário realizar

um estudo através de referencias bibliográficas no intuito de fundamentar teorias para propor

parâmetros de possam possibilitar aumento da produtividade. Além disso, foi necessário

realizar a aplicação pratica dos estudos de tempos, tendo fundamentado a importância da

1 XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP). Florianópolis-SC. 03/11/2004 a 05/11/2004.

In: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (ABEPRO). Disponível

em:http://publicacoes.abepro.org.br/index.asp?num=1&Pagina=1&kual=mesma&pchave=paper&ano=2004&his

_enegep=s. Acesso em: 21/11/2009

11

veracidade dos dados. Em seguida foi feito a analise dos dados obtidos e a formação dos

gráficos correspondentes.

2 JUSTIFICATIVA

Para que o planejamento de obras de construção civil seja o mais preciso possível é

preciso utilizar dados sobre o tempo gasto para execução de um determinado serviço. Para

tanto é necessário medir a produtividade da mão-de-obra. Utilizar, por exemplo, o dobro de

funcionários para execução de uma tarefa, não implica em dobrar a velocidade de produção.

Por este motivo é preciso relacionar a produtividade com o tamanho da equipe. Estes dados

não são encontrados facilmente na literatura, mas são de importância fundamental para o

planejamento de obras. Este trabalho vem contribuir com a comunidade técnica,

disponibilizando dados sobre a produtividade da mão-de-obra terceirizada e fixa de equipes

de pedreiros e serventes da região de Feira de Santana, na execução de alvenaria de blocos

cerâmicos e na execução de reboco.

12

3 OBJETIVO

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar os índices de produtividade dos funcionários da construção civil, sob

utilização dos fundamentos da administração da produção, comparando a mão de obra

terceirizada com a própria.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar o tempo padrão médios atividades observadas na empresa estudada, sob

utilização do estudo de tempos.

Avaliar a estrutura administrativa e operacional de todas as empresas com a

finalidade de demonstrar possíveis influencia em seus índices de produtividade.

13

4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE TRABALHO NA

CONSTRUÇÃO CIVIL BRASILEIRA

4.1 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS OBSERVADAS AO LONGO DA HISTÓRIA

CORRELACIONANDO COM OS TIPOS DE MÃO DE OBRA EMPREGADOS

A evolução da Organização do Trabalho tem passado por vários estágios, desde o

taylorismo até o sistema sóciotécnico, tendo sempre como objetivo conceber sistemas de

produção mais eficazes do ponto de vista econômico, técnico e social. Segundo, dentro desta

abordagem, o homem é apenas um dos elementos considerados, e sua atividade está

diretamente subordinada à eficácia do conjunto do sistema.

Dentro desta evolução, o processo organizacional do trabalho pode será abordado em

duas dimensões: a primeira delas é a dimensão histórica, que consiste na análise das

ferramentas, métodos e técnicas, máquinas e equipamentos que foram utilizados; a segunda é

a dimensão social no contexto contemporâneo dando ênfase aos indivíduos que trabalham

nesta organização (suas características individuais e sociais, incluindo atitudes, qualificação,

expectativas e crenças).

4.1.1 Modelo escravocrata de produção

A engenharia civil era fundamentada por uma série de regras e práticas empíricas que

tinham como base, a simples disposição da tentativa e erro, ou seja, era baseada em processos

de aprendizagem, que consiste numa acumulação de conhecimentos a partir de idéias

construtivas que eram postas em prática, a fim de analisar a possibilidade de verificar as

estabilidades estáticas das estruturas, sendo compostos em alguns casos, por conhecimentos

em noções de equilíbrios de forças, centro de gravidade, dentre outros. Como cita Telles

(1984), “Os construtores antigos, entretanto, mesmo tendo realizado muitas obras difíceis e

audaciosas, contavam principalmente com uma série de regras práticas e empíricas, sem base

teórica, embora tivessem evidentemente, alguns conhecimentos intuitivos”.

Essa engenharia empírica tinha como principal aspecto negativo, o fato dos

responsáveis pela coordenação e orientação não obtinham capacitação fundamentada em

bases matemáticas e físicas, que a partir desses preceitos pudessem possibilitar construções de

14

mecanismos que auxiliassem os métodos construtivos para um maior aproveitamento da mão

de obra, a partir do mesmo ou de menores esforços por parte desses operários.

A mão de obra era em sua grande maioria composta por escravos, sendo esse tipo de

trabalho determinante à inércia de tentar buscar conhecimentos para uma obtenção de avanços

tecnológicos que pudessem proporcionar benefícios para um melhor aproveitamento dessa

força empregada nessas tarefas, pois era mesurada devido a sua gratuidade, e como essa mão

de obra era abundante, compensava o longo período que levava para construir aquilo que se

pretendia como conta Ramon de Prieto (1947), “La casi totalidad de la mano de obra, estaba

constituida por los esclavos. Lo mismo en las explotaciones rurales (agricultura y ganadería)

que en las industrias (metales, construcción, orfebrería, etc.) el trabajo esclavo proveía a la

totalidad de las necesidades”2.

A existência destes citados anteriormente seria pouco provável uma mudança de

reformulações da mão de obra empregada, mas a necessidade condizente para cada época

revelou uma evolução significativa de como seria realizado e utilizado esse trabalho nas mais

variadas atividades econômicas em diferentes tempos da história do homem e das indústrias,

evidenciando que a necessidade é o maior processo transformador dos métodos de trabalho,

como cita Ramon de Prieto (1947):

La historia de las industrias del hombre, que es la historia de la humanidad a traves

de su manera, de producir, sería también, de esta manera, una historia de las,

diversas etapas o estadios por los que pasaron los hombres hasta llegar a la

civilización, tramo superior de una marcha ininterrumpida, que se manifiesta

incesantemente por un aumento gradual de necesidades...3

As necessidades humanas, dentre muitos aspectos, destina-se fundamentalmente a

possibilitar evoluções nos modelos de produções e consequentemente nos métodos de

trabalho, pois baseado-se no consumo de bens e serviços, a sociedade fez criar os seus

produtores, que inicialmente eram os próprios consumidores; como se observa ao exaltar

civilizações que lapidavam a pedra para caçar ou quando fabricavam redes, varas de pescas ou

casas de inúmeros tipos verificando-se neste momento os primeiros passos rumo ao processo

de construção de bens e a geração das necessidades primárias do homem, envolvendo o

2 “A quase totalidade da mão de obra, estava constituída por escravos. O mesmo nas explorações rurais

(agricultura) como nas indústrias (siderúrgicas, construções, e etc.) o trabalho escravo atendia a totalidade das

necessidades.” (Ramon de Prieto, 1947, traduzido por Ricardo R. V. Flor) 3 “A história das indústrias do homem, que é a história da humanidade através da sua maneira de produzir, seria

também desta maneira, uma história das diversas etapas ou estágios que passaram os homens por cada

civilização, parte superior de uma marcha ininterrupta, que se manifesta incessantemente pelo aumento gradual

das necessidades...” (Ramon de Prieto, 1947, traduzido por Ricardo R. V. Flor)

15

processo produtivo de algum artefato atrelado ao seu molde de subsistência, como cita Ramon

de Prieto (1947): “Todas las grandes épocas del progreso de la humanidad, coinciden de una

manera más o menos directa, con las épocas en que se extienden los medios de alimentarse”.

4.1.2 Aspectos das mudanças dos métodos produtivos na idade média

Devido às novas circunstâncias territoriais e as condições sociais houve uma liberação

de certo numero de escravos, que se transformaram em servos, eles por sua vez, receberam

terras para exercer cultivo coletivo mediante pagamento de tributos aos senhores feudais

responsáveis por ceder às terras, o trabalho exercido era praticamente artesanal composto pelo

cultivo agrícola e alguns seguimentos industriais, como produção de roupas, utensílios

domésticos, a construção civil dentre outros, como cita Ramon de Prieto (1947):

De esa manera las formas de producción que llegó el Imperio se vieron reforzados

por las nuevas circunstancias y condiciones sociales, consecuentes liberación de

cierto número de esclavos, que se transformaron en siervos. Estos, en la

colectividades campesinas, permanecieron aferrados a las tierras, que cultivaban en

propriedad la obrigación de prestar determinados servicios o pagar tales...4

Na idade média a construção civil evidenciava claramente métodos de processos de

produções artesanais, como nas casas dos servos que utilizavam madeiras para estrutura e

folhas de vegetações para os recobrimentos, já nos castelos dos senhores feudais como nas

construções de estradas eram utilizados máquinas e artifícios que auxiliavam o processo

artesanal, reduzindo o esforço empregado pelos operários, proporcionando uma redução do

tempo de execução dessas construções, na indústria naval ocorreu uma evolução na

construção de portos e navios, que tinham como objetivo explorar novos continentes, como

cita Ramon de Prieto (1947):

Los artesanos no sólo poseeian la capacidad técnica requerida para su función

industrial, lo cual les distinguía con una especie de privilegio frente a los grupos no

especializados... Estas haciendas medievales habían logrado un alto índice de

producción... El gran señor tenían ya sus pintores y arquitectos, los que se sujetaban

a la jurisdicción del señor.

4

“Dessa maneira as formas de produção que chegaram ao império se viram reforçados pelas novas

circunstâncias e condições sociais, tendo por conseqüência liberações dum certo numero de escravos, que se

transformaram em servos. Sendo uma coletividade camponesa, permanecerão juntos as terras, que cultivavam na

propriedade com obrigação de prestar serviços e pagar impostos...” (Ramon de Prieto, 1947, traduzido por

Ricardo R. V. Flor)

16

Em uma dessas explorações marítimas o Brasil foi descoberto e colonizado pelos

portugueses, que após a colonização foi iniciado nesse período, as primeiras obras de

engenharia com as construções de fortificações e igrejas, sendo utilizados para essas

atividades mão de obra escrava em quase sua totalidade, sendo utilizadas também mais duas

categorias de profissionais, os oficiais engenheiros do exercito português e os mestres

pedreiros que também eram chamados de mestres de risco, que projetavam e construíam com

conhecimentos acumulados ao longo do tempo, geralmente transmitido no seio familiar, como

cita Telles (1984):

Durante esse período5

atuavam duas categorias de profissionais na área de

engenharia: os oficiais engenheiros e os mestres pedreiros. Os primeiros eram

oficiais de exercito português, com o objetivo principal de executar obras de

engenharia (Alguns nem tinham curso regular na área, mas eram os únicos que

tinham algum conhecimento sistemático a respeito), e os mestres, também chamados

de mestres de risco, eram os que projetavam, e construíam as edificações em geral, e

seus conhecimentos eram passados de geração a geração (sem nenhum

conhecimento cientifico)

Esse modelo de construção baseava na experiência e conhecimento acumulado ao

longo dos anos, utilizando mão de obra predominantemente composta por escravos, que

foram explorados constantemente até meados da sua abolição, fato este que foi influenciado

pela revolução industrial, pois priorizava a utilização de mão de obra salariada.

Esse período de divisão do tipo de mão de obra empregado foi marcado por referendar

inúmeras construções realizadas até essa data sob esse modelo de produção escravista. Sendo

este modelo marcado por coordenação exclusiva dos militares detentores das expertises

necessários à construção, que somente foi aberto aos civis no século XIX, diante disso essas

construções foram vistas em vários períodos, sendo relatado no contexto subseqüentemente:

Em 1792, é criada pelo vice Rei D. Luiz de Castro, a Real Academia de Artilharia,

Fortificação e Desenho, precursora da engenharia.

Em 4 de Dezembro de 1810 o futuro Rei D. João VI assinou uma lei criando a

Academia Real Militar do Rio de Janeiro, a primeira escola de engenharia brasileira

(que posteriormente teria seu nome mudado para Escola Politécnica). Nessa época

quem executava tais serviços era chamado de engenheiro militar (mesmo não

exercendo a carreira militar)

Na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, no ano de 1858 é criado o curso de

engenharia civil, ministrado aos não militares, isto é, aos civis. O curso era voltado

as técnicas de construção de estradas, pontes, canais e edifícios.

Em São Paulo a primeira Escola de Engenharia – A Escola Politécnica de São Paulo

– nasce em 1893, e assim por diante as escolas de engenharia vão se espalhando por

todo o país (Pernambuco – 1895, Porto Alegre – 1896, Bahia – 1897) (TÉSIO, 2007,

p.6-7).

5 O período ao qual o autor se refere corresponde ao século XVI - Explorações marítimas.

17

Tendo em vista essas construções realizadas pelos militares, foi observado que foram

obras de grandes respaldos na época, de grande importância social e cultural, marcado pelo

modelo de produção que era guiado pelos militares detentores do conhecimento.

4.1.3 Novas perspectivas do trabalho com a revolução industrial

Com a experiência adquirida na idade média dos tipos de mãos de obra empregados na

produção pode observar que, o modelo econômico escravocrata limitava os processos de

produção, pois esse tipo de produção era constituído em sua totalidade por operários com

pouca ou quase nenhuma qualificação, necessária a essencial evolução da produção.

As nações ao observarem a real importância de reformulações desse modelo arcaico de

produção, modelo escravista, proporcionaram investimentos na produção de ferramentas e

maquinas que fossem perfeitamente manejadas por operários qualificados, pois precisariam

além de transformar a matéria prima no produto com melhor qualidade e em maiores

quantidades, como também necessitariam de um mercado que consumisse esses produtos

objetivando a geração de riquezas, como cita Ramon de Prieto (1947):

Pero no es posible concebir una sociedad dueña de herramientas perfeccionadas

manejadas por un trabajo esclavo. Las herramientas perfeccionadas exigen un

desarrollo mental elevado y una buena educación técnica en la clase productora, si

los grupos directores quieren realmente obtener del instrumental moderno todo el

promedio que esté puede rendir.6

Seguindo esses preceitos a revolução industrial iniciada no século XVIII fundamentou

como fato marcante para uma nova forma de modelo de produção que buscava maior

produtividade, pois proporcionou em seu pioneirismo a mecanização dos sistemas de

produção, sustentada por uma ávida possibilidade de ascensão de lucros pela burguesia, que

trouxe alternativas de melhoramento da produção, proporcionando maiores demandas dos

bens a serem produzidos.

A Inglaterra foi o país que saiu a frente, pois possuía grandes reservas de carvão,

mineral responsável para movimentar máquina e as locomotivas da época, havia também

6 “Mas não é possível conceber uma sociedade dona de ferramentas perfeitamente manejadas por trabalhadores

escravos. As ferramentas perfeitamente exigem um desempenho mental elevado e uma boa educação técnica na

classe produtora, se os grupos diretores querem realmente obter um instrumento moderno tem que ser feito por

um meio que poça render.” (Ramon de Prieto, 1947, traduzido por Ricardo R. V. Flor)

18

incentivos da burguesia que financiavam as fábricas e uma abundante disponibilidade de mão

de obra, como cita João Simão (2002):

A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a

principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor.

Além da fonte de energia, os ingleses possuíam grandes reservas de minério de

ferro, a principal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra disponível

em abundância (desde a Lei dos Cercamentos de Terras), também favoreceu a

Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades

inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar

as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado

consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu

para o pioneirismo inglês.

Esse pioneirismo foi decorrente de fatores subseqüentes favoráveis ao aspecto da

mudança da produção artesã em uma produção que aumentasse consideravelmente o volume

de bens a serem produzidos, dando espaço a construções de locais de produção comumente

conhecidos como indústrias ou fabricas, inicialmente precárias com poucas ou nenhumas

condições de trabalho e que com isso proporcionarão algumas mobilizações para melhoria

nesse aspecto, foi observado ao longo da história constate tentativas de evolução desses

ambientes de trabalho, sendo evidenciado no texto subseqüente, como cita João Simão

(2002):

As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos

ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes

com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores

eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os

empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos

físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias,

décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer

outro benefício...

[...]

... Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por

melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade

unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho

dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o

ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas

invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta

com relação a vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de

atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os

trabalhadores.

Isso evidência que com a qualificação da mão de obra e com os devidos investimentos

na educação, os operários cada vez mais buscariam melhores condições de trabalho, pois

teriam acesso as informações necessárias que servissem de base para fundamentar o

conhecimento dos seus direitos, ou reformulações desses direitos, de uma forma que

possibilitasse a diminuição de modelo de exploração do trabalho.

19

No Brasil esse novo modelo de produção ganhou foca no final do século XIX, com a

importação de conhecimentos e maquinas pelos europeus, que foi inicialmente utilizado na

produção do café, observado também em seu escoamento devido à necessidade de construir

linha férrea, na mineração também fazia a utilização da máquina a vapor, produto que

impulsionou a busca por maiores produtividades, termo ainda pouco difundido na época,

sendo que a mão de obra era composta por operários livres, com capacidade suficiente para

operar essas máquinas.

A engenharia civil do século XIX acompanhou principalmente o método de produção

no sentido da não utilização da mão de obra escrava, continuando com grande forca o método

produtivo artesanal, mas apesar disso devido a riqueza existente na época, foram construídas

obras riquíssimas e imponentes, erguidas nos grandes centros das cidades, sendo de grande

valor histórico.

O País passou por muitas mudanças no final do século XIX e início do século XX,

nesse período devido à cultura do café e posteriormente o desenvolvimento industrial, as

riquezas geradas serviram de alavanca para o crescimento.

Essas mudanças se viam nas grandes obras riquíssimas e imponentes erguidas nos

centros das cidades, sendo hoje de relevante valor histórico. Este patrimônio que

conta a memória dos tempos áureos do café, e tantas outras histórias da cidade de

São Paulo e do Brasil estavam esquecidas, até mesmo perdidas diante das grandes

obras que a evolução e o futuro trouxeram. (TÉSIO, 2007, p.7)

4.2 MODELOS DE PRODUÇÃO COMTEMPORÂNEOS E A SUA INFLUÊNCIA NOS

TIPOS DE MÃO DE OBRA EMPREGADOS

As recentes inovações tecnológicas introduzidas no setor da Construção Civil

modificaram, sobremaneira, a sua tradicional forma de organização do trabalho. As tarefas

reduziram-se, subdividiram-se e suas execuções tornaram-se, razoavelmente, simples. O

segmento da Construção Civil acabou sendo caracterizado pela intensidade de mão-de-obra,

baixo nível de escolaridade e qualificação profissional inferior. As mudanças que começam

acontecer deverão ter repercussão significativa na qualificação de mão-de-obra. Há a

expectativa que na Construção Civil se repita o fenômeno verificado nos setores de autopeças,

eletromecânico, entre outros, em que a inserção de novos materiais, equipamentos com bases

tecnológicas controlados por computadores, novos métodos de gestão e organização do

trabalho venham a substituir trabalhadores em larga escala.

20

4.2.1 Modelo taylorista de produção

O modelo de produção rudimentar que era baseado no processo produtivo familiar

evidenciado na idade media, deu lugar a um método novo em que consistia numa produção de

gerência capitalista monopolista, onde o proprietário (capitalista) obtinha as funções de

gerencias por serem proprietários dos meios de produção.

Segundo Braverman (1977), tem-se com a reunião dos produtores em um único local

de trabalho, no modo de produção capitalista, a necessidade de uma gerência do trabalho em

forma rudimentar. As funções de concepção e execução assumem a forma de gerência e o

capitalista assume as funções de gerência por ser dono dos meios de produção. (1977 apud

LAZAGNA, 2002)

Esse novo modelo de produção era baseado em concentrar trabalhadores de uma

mesma função, num determinado espaço tendo máquinas e equipamentos que auxiliavam

nesse processo produtivo, esses locais recebeu a denominação de fabrica, termo esse que

designa ao que se refere em sua origem, ou também conhecido como indústria, como cita

Angela:

...ao analisarmos a transformação do modo de produção capitalista no seu período

imperialista, podemos observar que a transformação do capitalismo em capitalismo

monopolista exigiu um crescimento das empresas e, consequentemente,

aumentaram-se seus órgãos administrativos e de gestão e uma nova forma de

organização da produção teve que ser desenvolvida. (LAZAGNA, 2002)

No decorrer da evolução produtiva e com o aumento do consumo populacional,

estimulou a indústria a um aumento em grande escala, demandando então contratações de

trabalhadores para um tipo de produção em maiores proporções, devido aos novos modelos de

produção que surgem com Taylor a partir de 1890, idéias que se adequassem de uma forma

mais viável a larga produção de mercadorias.

Esse aumento na escala da produção implicou na conquista de formas pré-

capitalistas de produção e contratação de um grande número de trabalhadores

externos ao processo histórico de constituição dos antagonismos classistas com o

desenvolvimento da indústria capitalista... O Taylorismo surgiu e se desenvolveu

justamente no momento em que a configuração do modo de produção capitalista se

transforma o que exige novas formas de organização do processo produtivo para que

seja viável a larga produção de mercadorias. (LAZAGNA, 2002)

Para Taylor, engenheiro norte americano, a organização do trabalho era feita de forma

a proporcionar a inter-relação que dizia que a prosperidade do operário não existia sem a

21

prosperidade do empregador, buscando uma maior produção possível dos homens,

constituindo esse processo uma busca pela qualificação dos operários no aspecto da

coletividade, perdendo com isso a qualificação individualizada, pois os operários iriam

realizar tarefas mais especializadas, perdendo um pouco da criatividade ora integrante em seu

processo produtivo. Por tanto, a apresentação do Taylorismo seria dessa maneira, tal sistema,

um modo de organização do trabalho planejado e testado nos Estados Unidos pelo engenheiro

Frederic Taylor, a partir de 1890. Para Taylor, os interesses entre patrão e empregado não

seriam antagônicos, mas únicos e, nesse sentido, a prosperidade do empregador não poderia

existir sem a prosperidade do empregado e vice e versa (LAZAGNA, 2002).

Segundo o modelo de produção Taylorista o trabalhador deveria em seu processo

produtivo ser capacitado e especializado no intuito de fornecer ao mesmo uma execução de

trabalho muito simplificada, para que a indústria promovesse um ganho produtivo, pois eram

executadas atividades seqüenciadas, propondo um modelo de produção denominado como

linha de produção, onde eram montado arquitetamente esses locais de execução das tarefas,

hoje sendo executado esse modelo de produção por maquinas e robôs, relatados no trecho

subseqüente.

Para Taylor, os antigos sistemas de administração impunham que a cada trabalhador

fosse entregue a responsabilidade de executar seu trabalho, de forma que melhor lhe

correspondesse, sem auxílio e orientação da gerência. (LAZAGNA, 2002)

Devido as suas particularidades e unicidade a indústria da construção civil, não

adquiriu em sua totalidade a execução desse método de produção, comumente utilizado pelas

indústrias nessa época, utilizando esses preceitos do Taylorismo, somente em algumas

atividades componentes da construção.

Uma tentativa que demonstra conceitos de Taylor se exemplifica quando ao executar

construções de casas, faz seqüenciamento de fundações, levantes de alvenaria, rebocos,

telhados e pinturas. Demonstrando o modelo de produção em serie, diferente da idéia inicial,

onde o operário ficaria parado em seu posto de trabalho, enquanto uma esteira mecanizada

leva o produto aos operários de forma de montagem seqüenciada como é observado na

indústria automobilística. Nessa adaptação da engenharia civil o operário da construção, tem

vários postos de trabalho tendo que deslocar de um espaço para outro, mas evidenciando que

a atividade executada será a mesma.

22

4.2.2 Modelo Toyota de produção

O Toytismo surge com preceitos de capacitação do trabalhador, da valorização do

trabalho em equipe, da multifuncionalidade e da flexibilização, com o objetivo de superar

falhas do Taylorismo, sendo constituída por revoluções de idéias, no sentido de proporcionar

ao seu operário maior poder de decisão perante as problemáticas encontradas, proporcionando

também melhores condições de trabalho.

Da crise do modelo fordista, nasce um novo modelo, fundamentado em fórmulas

inovadoras com o objetivo de superar as falhas do taylorismo/fordismo. Este

modelo, chamado de Toyotismo, elabora um discurso voltado para a valorização do

trabalho em equipe, da qualidade no e do trabalho, da multifuncionalidade, da

flexibilização e da qualificação do trabalhador. Oculta, porém, a exploração, a

intensificação e a precarização do trabalho, inerentes à busca desenfreada do lucro

pelo sistema de metabolismo social do capital, por não ter limites, configura-se

como ontologicamente incontrolável (MESZÁROS, 1995).

Com a crise do modelo fordista, o capital estabeleceu mutações em sua estrutura,

elaborando uma saída para essa situação. Com base nas experiências vividas pelo Toytismo

cria um novo modelo de produção, com a intenção de tentar solucionar os problemas gerados

pela crise. Tendo como resultado a ascensão do neoliberalismo com suas características que a

fundamenta, esse modelo de produção possui como características a flexibilidade de

produção, saindo se um modelo que preconizada a execução mecânica dos operários, e indo

para a participação continua destes, dando tratamento a eles como seres pensantes, que podem

criar e decidir, segundo palavras de Antunes (1999, p.25):

Escapa a um grau significativo de controle precisamente porque ele emergiu, no

curso da história, como uma estrutura de controle totalizante das mais poderosas,

(...) dentro da qual tudo, inclusive os seres humanos, deve ajustar-se, escolhendo

entre aceitar sua viabilidade produtiva ou, ao contrário, perecendo. Não se pode

pensar em outro sistema de controle maior e mais inexorável – e, nesse sentido,

totalitário – do que o sistema de capital globalmente dominante, que impõe seu

critério de viabilidade em tudo...

O Toyotismo surge com idéias de transformar um modelo que se baseava na produção

em serie onde dada ao redor de uma linha de montagem que separava a elaboração da

execução, suprimindo a dimensão intelectual do operário, que era tratado simplesmente como

uma peça que executava tarefas simplistas de muito baixa qualificação. Esse modelo surge

com técnicas e preceitos como a produção limpa, kanban, dentre outros, que auxiliavam a

23

produção de uma forma que os operários participarem do processo construtivo,

proporcionando a partir de contribuições intelectuais, como cita Antunes (1999, p.44-45):

Os capitalistas compreenderam que, em vez de limitar a explorar a força de trabalho

muscular dos trabalhadores, privando-os de qualquer iniciativa e mantendo-os

enclausurados nas compartimentações estritas do taylorismo e do fordismo, podiam

multiplicar seu lucro explorando-lhes a imaginação, os dotes organizativos, a

capacidade de cooperação, todas as virtudes da inteligência.

Na construção civil muitas dessas idéias do Toyotismo foram utilizadas,

principalmente pelos setores de qualidade que utiliza na construção enxuta, onde minimizasse

o desperdício de materiais, esse modelo proporcionou também a realização de algumas

atividades do setor, como quando na realização de atividades que formam equipes que

discutem e interagem na realização das mesmas, como exemplo quando, os operários

levantam paredes realizam a instalação hidráulica e elétrica, e pintam tudo ao mesmo tempo

em um mesmo espaço.

Na engenharia civil o kanban técnica utilizada pelo Toyotismo, onde as informações

são livremente reveladas para obtenção de um melhor planejamento e controle das atividades

executadas, faz a utilização em por muitas construtoras nas suas respectivas obras, sendo

utilizadas em atividades de fundamental importância como no controle de materiais, sendo

realizado pelos almoxarifes.

24

5 INSERÇÃO DA PRODUTIVIDADE NO CONTEXTO DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Nos últimos anos o estudo da produtividade de obras vem ganhando espaço na

literatura nacional. Observa-se na construção civil, um intenso movimento no

desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade. Exemplos desse movimento em

direção à qualidade e à produtividade estão em parcerias de entidades, sindicatos de empresas

construtoras e outros órgãos, tais como: Programa da Qualidade e Produtividade na

Construção Civil do Rio Grande do Sul, Clube da Qualidade da Construção do Rio de Janeiro

e Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras do Sinduscon/São Paulo. A

busca de indicadores de qualidade e produtividade é um dos principais pontos enfatizados em

todos esses programas. Apesar do esforço no sentido da busca de indicadores, é praticamente

inexistente na literatura nacional trabalhos sobre índices e comportamento da produtividade

de obras brasileiras.

As obras de caráter repetitivo são um caso especial, apresentando diversos estudos e

artigos em nível de literatura internacional. Nestas obras surge um fenômeno, denominado

efeito aprendizagem, o qual possibilita aumentos expressivos de produtividade, através da

repetição da execução dos serviços da obra.

5.1 ESTUDOS CONCEITUAIS SOBRE A PRODUTIVIDADE

Produção envolve um conjunto de entradas (input), que vão desde os recursos

humanos, que planejam, organizam, desenvolve e produzem, passando pelos materiais

utilizados, com características de, melhorar cada vez mais a racionalização, até os novos

equipamentos e ferramentas que produzem metas de elevar a produtividade, conceito esse que

utiliza métodos para poder alcançar redução de tempo e melhorar cada vez mais a qualidade

dos produtos acabados. Esses recursos serão usados dentro do ambiente, processo de

transformação, com o objetivo de construir bens ou serviços para atender as necessidades

decorridas pelo consumidor, como cita Stevenson (2001):

A gerência de operações é responsável pela criação de bens e serviços. Isto engloba

a aquisição de recursos e a conversão desses inputs em outputs através da utilização

de um ou mais processos de transformação. Isso envolve o planejamento,

coordenação e controle dos elementos constituintes do processo... que subsidiam a

corrente sanguínea de uma organização competitiva.

25

Os recursos de entrada podem ser tratados como recursos transformadores, que são os

bens e serviços que auxiliam o processo de produção, como materiais, informações e

consumidores, os recursos podem ser também de transformação que como o nome já define

como os meios fundamentais ao processo de transformação, como exemplos podem ser

citados as instalações e os quadros de funcionários, como cita Stevenson (2001):

Os inputs são utilizados para obter produtos acabados ou serviços, utilizando-se uma

ou mais processos de transformação (por exemplo, armazenamento transporte,

recortagem). Para assegurar que seja obtidos os outputs desejados, medições são

tomadas em vários pontos do processo de transformação, gerando-se então um

feedback...

Segundo Severiano Filho (1999) a configuração tecnológica dos sistemas de

manufatura avançada, assim como a dos sistemas derivados de suas matrizes, incluem

modernas técnicas de produção, cujo desempenho em termos de produtividade constitui

objeto de investigação científica em diversas áreas do conhecimento. Ao longo dos anos, os

termos produção e produtividade têm sido largamente confundidos, apesar dos significados

extremamente diferentes que os envolvem.

De acordo com o autor, o conceito de produção designa a transformação de entradas

escolhidas em saídas desejadas. Com o desenvolvimento das atividades de processamento e a

organização do setor terciário, o termo produção foi estendido ao de operação, para designar

também as atividades de realização de serviços.

Por outro lado, tradicionalmente a produtividade tem sido definida como sendo a

relação entre as saídas geradas por um sistema e os insumos necessários à produção dessas

saídas, ou seja, a comparação entre as saídas e as entradas de um sistema de fabricação. Deste

modo, a definição de produtividade como a relação entre resultados e recursos aplicados

decorre de uma visão genérica, que coloca a empresa como um sistema, cujos processos

internos não são totalmente explicitados.

Uma percepção mais clara da definição da produtividade condiz como um índice que

mede quanto certa quantidade de insumo se transforma em produtos finais, esse ou esses

índices gerados, podem se referir a um único input (quando a produtividade e parcial, a mais

de um input (quando a produtividade é para um conjunto de fatores), ou a todos os inputs

(produtividade total), como cita Stevenson (2001):

26

A produtividade é um índice que mede a relação entre o output gerado (os bens

produzidos e os serviços fornecidos) e o input utilizado (a mão de obra, os materiais,

a energia e outros recursos) para produzir aquele output... Os índices de

produtividade pode se referia a um único input, a mais de um input ou a todos os

inputs.

Os índices de produtividade são utilizados por muitos setores da economia em

praticamente todos os países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Japão e Coréia,

sendo que são utilizados tanto em determinados departamentos quanto para a organização

como um todo. Esses índices são utilizados para avaliar os desempenhos das atividades

realizadas em relação ao tempo, sendo que esse aspecto de busca por parte das empresas por

índices cada vez mais elevados, tem por conseqüência uma maior competitividade entre elas,

principalmente as que atuam no setor agrícola e no setor industrial, como cita Stevenson

(2001):

Os índices de produtividade servem essencialmente para constituir como que fichas

de registro de eficácia do uso de recursos. Os lideres de empresas se preocupam

coma produtividade porque ela está relacionada com a competitividade... Os índices

de produtividade são úteis em uma série de níveis administrativos. Seja para um

determinado departamento ou para a organização como um todo. Os índices de

produtividade podem ser utilizados para se acompanhar o desempenho no decorrer

do tempo.

Existem muitos fatores que afetam a produtividade, dentre alguns desses podemos

citar os métodos, o capital, a qualidade, a tecnologia e a gestão. Para exemplificar podemos

observar a execução de levante de alvenaria realizada por um pedreiro que consegue levantar

1,5m2 de parede por hora, tendo isso em mente podemos evidenciar que este operário poderia

aumentar a sua produtividade participando de cursos de capacitações que proporcionasse

maiores habilidades para a execução, outro método seria da utilização de ferramentas, para

adquirir velocidade nos procedimentos, como cita Stevenson (2001):

Numerosos fatores afetam a produtividade. Entre eles estão os métodos, o capital, a

qualidade, a tecnologia e a gestão. Considere um estudante que planeja digitar um

extenso trabalho semestral. Suponha ser ele um datilografo mediano, e que consiga

datilografar cerca de três paginas por hora... poderia aumentar a produtividade...

inscrevendo-se num breve curso oferecido pela universidade para melhorar

habilidade... outro modo seria a substituição da maquina de escrever...

Dentre os fatores que influenciam a produtividade da mão de obra o desempenho dos

funcionários tende a ser o tema mais complexo, pois os gestores lidam com dificuldades

relacionadas às diferenças das pessoas, variando em sua capacidade, personalidade, interesses,

27

ambições níveis de energia, educação, treinamento, e experiência. Todas essas variáveis são

importantes para serem estudadas, pois a utilização de métodos para melhorar o desempenho

do trabalho pode não obter a eficácia para todos os funcionários, e para tentar solucionar esse

aspecto muitas empresas desenvolvem programas de capacitação para melhorar as habilidades

dos funcionários como cita lista Stevenson (2001):

O desempenho do empregado no trabalho é um tema complexo, porque todas as

pessoas são diferentes. Capacidade, personalidade, interesses, ambições níveis de

energia, educação, treinamento, e experiência variam muito. É importante que os

gerentes de operações considerem essas diferenças, porque abordagens gerais ou

universais para melhorar o desempenho no trabalho não podem não ser eficazes para

todos os empregados.

Dentro das inúmeras variáveis que compõem a equação da produtividade, uma das

mais complexas é a motivação dos funcionários a tomar ação à realização de uma

determinada atividade. Existem cinco níveis de necessidades identificados por Maslow que

proporcionam motivação as pessoas, sendo elas as fisiológicas, a segurança, sociais, estima e

auto-realização.

Esses níveis de necessidades são organizados hierarquicamente, formando uma escala

que a medida as necessidades de níveis mais baixos tornam-se satisfeitas, as de níveis mais

altos surgem como motivadoras, sendo que os de níveis mais baixos são levados em

programas de incentivo ao trabalho, e as de níveis mais altos podem representar uma

promessa para os gerentes, como cita a lista Stevenson (2001):

Motivação Talvez seja a variável mais complexa da equação da produtividade.

Motivação é aquilo que motiva uma pessoa a agir de determinada maneira. Maslow

identificou cinco níveis de necessidades que motivam as pessoas a agir: fisiológicas,

a segurança, sociais, estima e auto-realização. Essas necessidades são organizadas

numa hierarquia, de psicologias no nível mais baixo, a auto-realização no nível mais

elevado. Somente necessidades não satisfeitas são motivadoras...

O absenteísmo, a rotatividade e a baixa qualidade de produtos e serviços são

problemas que acumulam, esse aspecto deve ser observado pelos gestores de maneira a

proporcionar aos funcionários funções de trabalho que satisfação as suas necessidades, pois os

empregados satisfeitos tendem a não faltar ao trabalho, preferem ficar em seus empregos a

entrarem em outros e também concentram seus esforços em produzirem produtos e serviços

com qualidade elevada, como cita a lista Stevenson (2001):

28

...Outra resposta igualmente importante é que empregados satisfeitos tem menos

probabilidade de se ausentar do trabalho, menos probabilidade de sair dos seus

empregos para entrar em outros, e mais probabilidade de produzir produtos e

serviços de alta qualidade. No ambiente de trabalho de hoje, em que o absenteísmo,

a rotatividade e a baixa qualidade de produtos e serviços são problemas que se

sobrepõem, essa razão sozinha parece ser suficiente para que os gerentes de

operações se interessem em projetar funções de trabalho de uma maneira que

envolva uma faixa mais ampla de satisfação das necessidades dos empregado.

5.1.1 Produtividade nos modelos de produção após revolução industrial

O modelo de produção Taylorista foi um dos pioneiros a dar maior ênfase à

produtividade de cada indústria, foi marcado por avaliar e eliminar o tempo inútil, no sentido

de proporcionar estudos de logística dos materiais e de utilização dos membros dos operários,

com isso fez a criação da linha de produção que utilizava esses funcionários para realizarem

atividade em que o material circulasse e não eles. Devido a esse posicionamento dos

funcionários perante os materiais, verificou que os funcionários conseguiam aumentar a

produção para um mesmo tempo, fundamentando assim o estudo da produtividade, como cita

Zanetti (2009):

O ideário Taylorista, na historiografia sobre movimento operário, esteve

predominantemente associado ao propósito de desqualificar o operário: por meio da

observação do processo de trabalho, em que se estudam o tempo e os movimentos

empregados nas tarefas, um saber fazer é sistematizado e transferido para um grupo

especialmente designado, o qual passa a concentrar a capacidade de decisão sobre

como aquelas tarefas devem ser realizadas. [grifo do autor]

A produtividade abordada por Taylor visava à apropriação do conhecimento e

exploração física dos operários, pois ao designar tarefas simplistas e continuas a esses

funcionários, conseguia obter um domínio da execução dessas tarefas por parte dos operários

tornando-as muito especializada. Essa idéia de produção foi comumente utilizada pela

indústria automobilística, sendo utilizadas por Henry Ford.

Um tipo de homem é necessário para planejar e outro diferente para executar o

trabalho. [...] em quase todas as artes mecânicas, a ciência que rege as operações do trabalho é

tão vasta e complexa que o melhor trabalhador adaptado a sua função é incapaz de entendê-la,

quer por falta de estudo, quer por insuficiente capacidade mental (TAYLOR, 1990, p.43).

A preocupação de Taylor também era o desperdício. As normas, princípios e leis

“científicas” da administração do trabalho taylorista visaram, sobretudo, a exploração do

trabalho em seu limite máximo. (BATISTA, 2009)

29

No Brasil os princípios do taylorismo seguiram a tendência internacional de influencia

européia, sendo utilizada principalmente na indústria automobilística, praticamente não sendo

utilizada em outros setores da indústria.

Na observância das falhas do modelo taylorista, surge o modelo Toyota de produção

onde a capacitação, a valorização do operário e do espaço que se encontrava, anteriormente

negada, mostra como suporte para o desempenho dos funcionários, ou seja, o Toyotismo

atinge índice de produtividade superior ao taylorismo, sendo que diferente desse, o toyotismo

mostra resultados de aumento de produção devido à capacitação desses operários, a condições

de salubridade do espaço de execução de atividades, e devido ao trabalho de discussões, para

obter sugestões de aperfeiçoamento do produto final, como cita Batista (2009):

O Sistema Toyota de Produção, ou toyotismo, foi concebido para eliminar

absolutamente o desperdício e superar o modelo de produção em massa americano...

A nova lógica impôs aos operários um sistema de gestão total que incorporava ao

trabalho repetitivo o trabalho multifuncional, intensificando a atividade do trabalho

e penetrando na “alma” do trabalhador.

Esses modelos de produção foram padrões de desenvolvimento e produtividade da

indústria brasileira, sendo utilizados tardiamente em relação aos países como a Inglaterra,

Estados Unidos, Alemanha e o Japão, revelando os baixos níveis de produtividade, sendo

esses índices de produtividades explicados por algumas das principais características

históricas que condicionaram os padrões de desenvolvimento econômico brasileiro, como cita

Macedo (2009):

Os baixos níveis de produtividade no Brasil podem ser explicados por algumas das

principais características que marcaram historicamente os padrões de

desenvolvimento da economia brasileira, em particular aquelas vinculadas ao seu

processo de industrialização.

[...]

O deslanche da industrialização brasileira ocorreu em condições tardias em relação

ao desenvolvimento industrial de países como a Inglaterra, os Estados Unidos, a

Alemanha e o Japão.

5.1.2 Produtividade na construção civil

O conceito produtividade ganhou maior ênfase na construção civil no final do século

XX, formada em sua base por conceitos e aplicações que visam planejamentos bem

estruturados e sustentados por informações de qualidade, que tem por objetivo principal tentar

30

garantir menor impacto de incertezas enfrentado pelos nos empreendimentos, essa visão por

planejamentos cada vez mais eficientes, tem por conseqüência adquiris maiores índices de

produtividade, pois essa situação tentar eliminar grande parte dos problemas que afetam uma

produção cada vez mais eficiente da construção civil, como cita Santos; Barbosa; Maggi

(2006):

Desde o final do século XX, a construção civil vem tentando desenvolver formas de

obter processos produtivos mais eficientes. Para atingir esses objetivos, a etapa de

planejamento deve ser bem elaborada. Um planejamento estruturado, sustentado por

informações de qualidade, garante menor impacto de incertezas enfrentadas durante

a execução do empreendimento.

[...]

Neste cenário, destaca-se a importância da produtividade da mão de- obra, pois é

uma das maiores responsáveis pelo ritmo dos trabalhos. Conhecendo-se esta

produtividade são alcançados vários benefícios como: previsão do consumo de mão-

de-obra, previsão do tempo de duração do serviço, avaliação e comparação dos

resultados e desenvolvimento e aperfeiçoamento dos métodos construtivos.

Devido ao crescente aumento da inserção da mão de obra terceirizada na indústria da

construção com abrangência em todos os seus seguimentos de atuação, fez necessária a

realização de estudos voltados à produtividade desse tipo de mão de obra, esse aspecto possui

abordagem para desde a crescente capacitação desses operários, melhoramento na qualidade

da gestão dessas terceirizadas, essa inserção de fundamentos que auxiliam o aumento da

produtividade nessas empresas influenciam diretamente, a qualidade dos serviços prestados

pela contratante dessas terceirizadas.

Sozen; Kuçuk (1999) estabelecem que apesar de várias pesquisas tenham

reconhecido a importância dos subempreiteiros, não se visualiza a forma como os problemas

encontrados pelo emprego fornecedores desse tipo tem sido resolvido. Além disso, os

problemas podem ser entendidos ainda mais na cadeia produtiva, uma vez que os

subempreiteiros podem contratar outras empresas ainda menores, criando outro elo desta

cadeia, os subempreiteiros secundários.

5.1.3 Fatores que influenciam a produtividade na construção civil

A capacitação e o treinamento é um dos fatores que não só proporciona aumento da

produtividade na construção civil, como também em muitas outras áreas, esses parâmetros

têm por finalidade proporcionar maior desenvolvimento intelectual para todos que buscam

31

essa qualificação. Além disso, a construção civil é o setor da economia que mais necessita de

capacitação, pois é detentora da maior concentração de mão de obra semi-analfabeta e

analfabeta, revelando a necessidade da qualificação dessa mão de obra, como está relatado no

Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP) na construção civil do estado de

Minas Gerais (2009):

Atualmente, a cadeia produtiva do setor da construção é um dos mais importantes

setores da atividade econômica no Brasil. Expressa uma das mais completas e

extensas cadeias de produção, englobando cinco subsetores: material de construção,

bens de capital para a construção, edificações, construção pesada e serviços

diversos... Toda esta demanda de trabalhadores empregados no setor da construção

civil, associados às mudanças que vêm ocorrendo por conta da adoção de novas

tecnologias e ao pouco conhecimento que se tem das transformações que acometem

o setor, direciona a uma necessidade muito grande na capacitação e qualificação da

mão-de-obra.

Para Gitahy (1994) capacitação é toda influência que o indivíduo recebe do ambiente

através do treinamento, assimila-as de acordo com suas inclinações e predisposições e

enriquece ou modifica seu comportamento dentro dos seus próprios padrões pessoais. A

capacitação pode ser institucionalizada e exercida não só de modo organizado e sistemático,

como também pode ser desenvolvida de forma difusa, desorganizada, e assistemática como no

lar e nos grupos sociais a que o individuo pertence, sem obedecer qualquer plano

preestabelecido.

Outro aspecto importante da capacitação é entendê-la como um conjunto de

competências profissionais que significa englobar as noções do “saber” (conhecimentos),

“saber fazer” (capacidade de transformar o conhecimento teórico em trabalho) e “saber ser”

(dimensão comportamental – conjunto de habilidades, qualidades, competências), apresentada

por Gitahy (1994).

Desta forma, como concluiu Castro (1995), deve-se levar ainda em consideração que

os padrões de capacitação são resultado e processo, a um só tempo. Resultado por expressar-

se em qualidade ou credenciais de quem a possui, sendo, porém socialmente construída por

ter todas umas ideologias subjacentes, que define regras de restrição à ocupação,

coletivamente produzidas, partilhadas e barganhadas.

A capacitação profissional visa a preparar o homem para uma profissão em

determinado mercado de trabalho. Também, visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar o homem

para seu crescimento profissional em determinada carreira na empresa ou para que se torne

mais eficiente e produtivo no seu cargo.

32

Dentre muitos desses aspectos abordados, o setor da indústria da construção civil, vem

sendo criado e difundido programas de capacitação para essa mão de obra, que visa além do

preparo dos operários para execução das tarefas, a sua formação cidadã de busca pelos

direitos, e de uma forma cada vez mais digna, sendo relatado por Heineck et al (2003):

É possível identificar dois ciclos de melhorias introduzidas no setor da construção

civil. Na década de 90, as ações são traduzidas através dos Programas de Qualidade e da

entrada em vigor da norma NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção). O programa de melhoria da qualidade iniciado nesta década caracterizou-se por

ações internas e individuais das empresas. Interna porque valorizava fortemente a

padronização dos procedimentos da empresa, porém com pouca ênfase na interface com

fornecedores de materiais e serviços, projetistas e com o próprio cliente. Individual, porque de

uma maneira geral, ficou restrita a empresas com estrutura de recursos humanos capaz de

conduzir por si a busca pela certificação ou com recursos financeiros suficientes para garantir

a assessoria de consultores.

Na década atual, os programas iniciados ganharam força e maturidade, uma vez que os

órgãos públicos, provedores de serviços e recursos financeiros para a construção civil, passam

a exigir das empresas a comprovação de níveis crescentes de qualidade e de outro lado,

instituições como SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SEBRAE (Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Sindicatos trabalham em conjunto para

dar suporte a esta nova fase. Em decorrência deste contexto, inicia-se um novo ciclo no setor

da construção civil que merece investigações acerca de suas contribuições.

Os acidentes do trabalho têm influencia direta sobre a produtividade e por

conseqüência sobre os custos de produção, envolvendo os custos diretos e indiretos do

acidente, abordando a importância da redução destes para o aumento de competitividade da

empresa, mostrando desta forma que a prevenção de acidentes se torna um investimento para

a organização e não um custo elevado.

É do conhecimento de todos os profissionais envolvidos na segurança do trabalho que

eliminar 100% dos acidentes é uma tarefa praticamente impossível devido a variedades de

fatores que rodeia o ambiente do trabalho. No entanto a meta “Acidente Zero” deve ser

sempre perseguida para que cada vez mais se reduzam os acidentes.

Machline et al. (1984) enfatiza dificilmente alguma empresa obterá índices elevados

de produtividade quando a segurança do trabalho for deixada em segundo plano, pois a

33

salubridade do trabalho está diretamente relacionada aos resultados favoráveis em relação à

motivação, satisfação e conseqüentemente à boa qualidade e produtividade no trabalho.

Um dos objetivos do enfoque do trabalho sem risco que merece ser observado é a

necessidade de despertar nos empresários o interesse pela magnitude e conseqüências que os

acidentes do trabalho possuem, principalmente sobre o impacto que causam ao trabalhador,

sua família e sobre a produtividade da empresa. Grande parte dos acidentes ocorridos se deve

a causas evitáveis, seja por insuficiência ou falta de medidas e ações preventivas de acidentes,

que na sua maioria são soluções de baixo custo.

Comparando as causas com as conseqüências, vale afirmar que é necessário orientar as

empresas quanto à importância de criar-se a cultura da prevenção acidentes, para que se

obtenha um aumento da produtividade.

34

6 ESTUDO DE CASO

6.1 EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL ESTUDADA

A empresa estudada foi fundada em Salvador possuindo 20 anos de experiência no

setor da construção civil, onde desde seus primeiros anos fazia uso da mão de obra

terceirizada, revelando uma pratica que possibilitou a mesma certa experiência para utilização

desse tipo de serviço.

Em seus primeiros anos a utilização de mão de obra terceirizada não ultrapassava a

30% do total de trabalhadores utilizados, hoje devido à experiência acumulada e a decisões da

administração central, a utilização desse tipo de trabalhador já ultrapassa 50% de toda mão de

obra empregada, evidenciando também uma realidade que está presente não somente nesta

empresa como em outras empresas da Bahia, mostrando um setor crescente no meio da

indústria da construção civil.

Como em outros setores, a construção civil no intuito de proporcionar maior agilidade

e eficácia, vem optando pela utilização de empresas que prestem serviços na forma de

terceirização, tendo em vista também uma diminuição da sobrecarga dos serviços a serem

realizados, fincando somente sob a responsabilidade de fiscalização desses serviços com

priorizando qualidade final do produto.

Tendo em vista essa tendência da construção civil, a empresa estudada possui uma

construção de casas residenciais em Feira de Santana, onde será realizado o estudo da

produtividade de alguns serviços realizados nessa obra tanto pela mão de obra terceirizada

quanto pela mão de obra fixa.

Nessa obra possui um efetivo de mais de 60% de utilização de mão de obra

terceirizada, sendo composta por quatro empresas distintas, que atuam em quase todos os

serviços executados, desde fundação até pintura. Essas empresas possuem quantitativos de

trabalhadores diferentes em seu quadro funcional.

As empresas terceirizadas nessa construção possuem uma diferença bastante

significativa em relação às empresas que prestam esse tipo de serviços, pois elas não se

limitam a executar um único tipo de serviço, elas executam muitos serviços ao mesmo tempo,

atuando em vários setores da obra, com inúmeros tipos de funcionários como pedreiros,

encanadores, eletricistas, dentre outros.

35

Dentre os serviços executados que serão estudados comparativamente pelas empresas

sob âmbito da produtividade são três, sendo que um deles será mostrado somente comparativo

entre as empresas terceirizadas, enquanto os outros dois serão mostrados a comparação entre

as empresas terceirizadas entre si e com a mão de obra fixa empregada, sendo exemplificados

abaixo os serviços que foram estudados:

Execução de levante de alvenaria

Execução de reboco interno e externo

Execução do telhado

6.2 METODOLOGIA UTILIZADA NO TRABALHO DE CAMPO

O estudo constitui-se da aplicação do método de avaliação da produtividade através do

estudo de tempo e o que foi produzido nesse intervalo de tempo da mão de obra terceirizada e

fixa da obra executada pela empresa Mãe na cidade de Feira de Santana.

Para realização do trabalho, foram empregados os seguintes passos:

Observar a operação em estudo e assegurar que o método utilizado é padronizado.

Registrar detalhes da operação referentes a método, operados, estação de trabalho

Dividir a operação em elementos com pontos finais definidos.

Determinar número de observações

Registrar ritmos e tempos de elementos para determinados números de ciclos

Converter os tempos observados em tempos normais

Medir a produção final

Comparar o índice de produtividade adquirido entre as mãos de obra

Para isso foi necessário a utilização de métodos de cálculos e formulários de

preenchimento prontos no livro de Swan, Ken; no livro Técnicas de aumento da

produtividade, onde mostra alguns métodos para calculo do tempo ideal para qualquer

atividade, desde que siga alguns roteiros para os cálculos desses índices.

36

6.2.1 Tolerâncias pessoais e ambientais

Segundo Swan (1977), fala que apesar do interesse demonstrado nos problemas de

fadiga dos últimos anos e do crescente interesse em pesquisas ergonômicas e de higiene,

segurança e medicina do trabalho, é necessariamente preciso que se faca o estudo necessário a

dar melhores condições de trabalho aos operários no intuito de proporcionar maior retorno

produtivo, ou seja, devido a uma maior valorização do operário ele retorne com maiores

índice de produtividade, a tabela abaixo mostra algumas tolerâncias pessoais e ambientais:

Figura 1 – Condições de Trabalho

Fonte: (Swan -1977)

37

6.2.2 Determinação do número de observações

Segundo Swan (1977), em qualquer estudo de tempo, existirá uma variação nos

tempos dos elementos registrados, e dessa forma, torna-se necessário estabelecer uma numero

mínimo de observações que garanta um nível aceitável de erros. O número de observações

mínimo a ser feito dependerá do nível de confiança, do erro relativo e da variância dos tempos

dos elementos.

Para obter maior precisão é necessário atribuir um método de determinação do numero

de observações para proporcionar maior exatidão e veracidade dos dados coletados em

campo, sendo que para maioria dos métodos são admitidos erros relativos em torno de 5%, e

para determinar esse numero de observações o método utilizado foi o que se baseia num

gráfico do numero de observações pela razão de amplitude da amostra pela media aritmética.

Essa determinação segue os seguintes passos:

Passo 1. Fazer uma amostra-piloto de 4 a 10 tempos normais de um elemento(n):

1,67; 1,51; 1,41; 1,40; 1,39;

Passo 2. Calcular a media aritmética simples(M):

Passo 3. Calcular a amplitude (R):

Passo 4. Calcular a razão amplitude média:

Passo 5. Do gráfico da Fig., determinar o valor de P, que é o produto do número de

observações previsto e o da amostra-piloto:

Passo 6. Para determinar o número previsto de observações, dividir P pelo número de

observações na amostra-piloto(n):

Passo 7. Como o número de observações na amostra piloto foi pequeno for pequeno é

necessário compensá-lo:

Passo 8. O número de N tem que ser múltiplo de 10, então o valor das observações

corresponde a 30.

38

Figura 2 – Estudo de tempo

Fonte: (Swan -1977)

6.2.3 Observação e preenchimento dos formulários

A partir do método de determinação do número de observações necessário a analise do

objeto de estudo pode notar que deveria ser realizado 30 ensaios que foram divididos para

equipes de três operários de cada empresa, para determinada atividade executada, ou seja, foi

montada equipes de três operários para cada serviço executado, de cada empresa terceirizada

e para a mão de obra fixa da empresa Mãe, sendo divididas igualmente as observações

necessárias entre os integrantes de cada equipe, fincando 10 para cada um integrante de cada

equipe.

39

Quadro 1 - Empresa Mãe

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Além da divisão dos ensaios para cada equipe, foi observada a composição das etapas

para de cada serviço, como exemplo o levante de alvenaria que subdivide em preparação da

argamassa (fase não cronometrada), marcação do local onda ficara a alvenaria (fase não

cronometrada), colocação da linha mestra para nivelar a altura, colocação da argamassa no

local onde apoiara o bloco, colocação do bloco, alinhamento do bloco. Essas fases

componentes dos serviços tiveram a necessidade dessa divisão, pois ao realizar a

cronometragem do tempo de execução da mesma, haveria um ganho de precisão, em relação a

cronometragem do todo.

6.2.3.1 Cronometragem das atividades executadas para estabelecimento do tempo padrão

Segundo Swan (1977), existem dois métodos para cronometragem dos tempos, o

primeiro é a leitura repetitiva onde o tempo do elemento é lido e o disparador do cronometro é

acionado fazendo com o que o ponteiro retorne ao zero e comece a registrar o tempo do

próximo elemento, o segundo método consiste em acionar o cronometro no início e os tempos

ao final de cada elemento (sem tocar no disparador) e, no final, os tempos de cada elemento

os tempos são estabelecidos por subtração.

Empresa Mãe

Empresa terceirizada A

Equipes com três integrantes para cada atividade

Cada operário com 10

observações

Empresa terceirizada B

Equipes com três integrantes para cada atividade

Cada operário com 10

observações

Empresa terceirizada C

Equipes com três integrantes para cada atividade

Cada operário com 10

observações

Mão de Obra fixa

Equipes com três integrantes para cada atividade

Cada operário com 10

observações

40

Dentre os métodos apresentados o utilizado foi o primeiro, pois consiste em zerar

sempre que se faz uma leitura, e como o tempo total é dividido em pequenos tempos

correspondentes a cada fase componente da atividade, então essa técnica se aproxima do

tempo padrão para cada atividade estudada.

Tabela 1 - Sumário de Estudo - Alvenaria

SUMÁRIO DE ESTUDO - ALVENARIA

Atividade: Empresa: Condições de trabalho: Responsável:

Operador: Data: Número de ciclos:

do

elem

ento

Descrição

de

ob-

serv

ações

Tem

po p

adrã

o

(min

)

Tempo médio por empresa (min)

Tem

po n

orm

al

(min

)

A B C FIXA

1

Agarrar e por

argamassa de

assentamento

no tijolo

30 0,058 0,056 0,06 0,062 0,055 0,0583

2

Posicionamento

do tijolo na

fiada

30 0,29 0,28 0,3 0,31 0,275 0,2913

3

Nivelamento

horizontal na

fiada

30 0,174 0,168 0,18 0,186 0,165 0,1748

4

Raspagem da

argamassa

excedente

30 0,058 0,056 0,06 0,062 0,055 0,0583

Total 0,58 0,5825

Fonte: Swan (1977)

6.2.3.2 Medição das atividades executadas

A produtividade e composta por duas partes principais a serem estudadas que são o

tempo necessário a ser executa por uma atividade, e a outra e diante desse tempo medir aquilo

que se foi produzido, com o melhor aproveitamento possível, de todos os processos de

transformações que o produto fica submetido. Diante dessas observações, o próximo passo a

ser estudado após a cronometragem do tempo necessário, será medir aquilo que se foi

produzido.

41

A realização dessa parte consiste no estabelecimento de um ponto de referência

conhecido como ponto zero, que serviu como comparativo após o estabelecimento de um

tempo de referência para a realização das comparações entre as empresas, sendo esse tempo

correspondente à uma hora para cada operário, diante disso foi medido o que foi produzido

por cada um a partir desse ponto de referência.

Tabela 2 - LEV ALV 1ª ETAPA - CASA 17

26.05.09 27.05.09 TOTAL

0<H<1,0 1<H<2,3 0<H<1,0 1<H<2,3 0<H<1,0 1<H<2,3

P01A 0,00 0,00 4,00 0,00 4,00 0,00

P02A 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P03A 0,00 0,00 1,00 0,00 1,00 0,00

P04C 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P05B 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P06B 0,00 0,00 1,00 0,00 1,00 0,00

P07B 0,00 0,00 4,00 4,00 4,00 4,00

P08B 0,00 0,00 4,00 4,00 4,00 4,00

P09B 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P09A 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P10A 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P10B 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P11A 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P12B 0,00 0,00 1,00 0,00 1,00 0,00

P13A 0,00 0,00 3,00 0,00 3,00 0,00

P14B 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P15B 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

P16B 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

6.2.4 Cálculos

Os cálculos para determinação do tempo padrão, além do preenchimento na tabela da

subdivisão das atividades e dos tempos correspondentes, devem-se realizar os cálculos de

acordo com os parâmetros e as tabelas abaixo, e logo em seguida determinar o tempo normal

padrão, que pode ser transformado no tempo padrão normal, multiplicando pelo fator de

ritmos correspondentes a cada atividade. Esses cálculos foram realizados através do roteiro de

cálculos, segundo Botelho e André (2001).

42

Foram levantados dados das três empresas terceirizadas e da mão de obra fixa que

compões a empresa Mãe, dentre as atividades foram analisados serviços de alvenaria e

reboco.

Dados obtidos na empresa terceirizada A:

ALVENARIA (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,56h. → 33,6 min.

28 min (T. efetivo)

5,6 min. (T. ocioso)

REBOCO (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,59h. → 35,4 min.

31,9 min. (T. efetivo)

3,5 min. (T. ocioso)

ALVENARIA:

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

1 Agarrar e por argamassa de assentamento no tijolo 0,056

2 Posicionamento do tijolo na fiada 0,28

3 Nivelamento horizontal na fiada 0,168

4 Raspagem da argamassa excedente 0,056

Total Tempo de operação 0,56

*Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 5,6 minutos que corresponde a

16,6% do tempo total.

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,56h (vide tabela)

TN = 0,56h x V

43

TN = 0,56 x 0,89 = 0,498h

TN= 0,498h

TP = 0,498 x FT

TP = 0,498 x 1,12

TP= 0,56h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 16,14m² de

alvenaria.

0,56h ----- 1m²

9h ----- x

x = 16,14 m²

REBOCO:

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

1 Alcançar a argamassa 0,0295

2 Aplicar a argamassa 0,118

3 Sarrafeamento 0,295

4 Desenpenamento 0,1475

Total 0,59

* Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 3,5 minutos que corresponde a

10 % do tempo total.

Obs:

O fator de ritmo do operário é igual, devido ser o mesmo pedreiro da alvenaria.

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,59h (vide tabela)

44

TN = 0,59h x V

TN = 0,59 x 0,89

TN = 0,525h

FT = 1,12

TP = 0,525 x FT

TP = 0,525 x 1,12

TP = 0,59h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 15,25 m² de

reboco.

0,59h ----- 1m²

9h ----- x

x = 15,25m²

• Dados obtidos na empresa terceirizada B:

ALVENARIA (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,60h. → 36 min.

29,5 min (T. efetivo)

6,5 min. (T. ocioso)

REBOCO (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,61h. → 36,6 min.

32,2 min. (T. efetivo)

4,4 min. (T. ocioso)

ALVENARIA :

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

1 Agarrar e por argamassa de assentamento no tijolo 0,06

2 Posicionamento do tijolo na fiada 0,3

45

3 Nivelamento horizontal na fiada 0,18

4 Raspagem da argamassa excedente 0,06

Total Tempo de operação 0,6

*Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

• Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 6,5 minutos que corresponde a

18% do tempo total

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,60h (vide tabela)

TN = 0,60h x V

TN = 0,60 x 0,83 = 0,50h

TN= 0,50h

TP = 0,50 x FT

TP = 0,50 x 1,12

TP= 0,56h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 16,14m² de

alvenaria.

0,56h ----- 1m²

9h ----- x

x = 16,14 m²

REBOCO:

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

46

1 Alcançar a argamassa 0,0305

2 Aplicar a argamassa 0,122

3 Sarrafeamento 0,305

4 Desenpenamento 0,1525

Total 0,61

*Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

• Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 4,4 minutos que corresponde a

12 % do tempo total .

Obs:

O fator de ritmo do operário é igual, devido ser o mesmo pedreiro da alvenaria.

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,61h (vide tabela)

TN = 0,61h x V

TN = 0,61 x 0,83

TN = 0,506h

FT = 1,12

TP = 0,506 x FT

TP = 0,506 x 1,12

TP = 0,57h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 15,87 m² de

reboco.

0,59h ----- 1m²

9h ----- x

47

x = 15,87m²

• Dados obtidos na empresa terceirizada C:

ALVENARIA (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,62h. → 37,2 min.

30,4 min. (T. efetivo)

6,8 min. (T. ocioso)

REBOCO (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,61h. → 36,6 min.

31,8 min. (T. efetivo)

4,8 min. (T. ocioso)

ALVENARIA :

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

1 Agarrar e por argamassa de assentamento no tijolo 0,062

2 Posicionamento do tijolo na fiada 0,31

3 Nivelamento horizontal na fiada 0,186

4 Raspagem da argamassa excedente 0,062

Total Tempo de operação 0,62

*Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

• Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 6,8 minutos que corresponde a

18,2% do tempo total

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,62h (vide tabela)

TN = 0,62h x V

48

TN = 0,62 x 0,94 = 0,58h

TN= 0,58h

TP = 0,58 x FT

TP = 0,58 x 1,12

TP= 0,65h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 13,84m² de

alvenaria.

0,65h ----- 1m²

9h ----- x

x = 13,84 m²

REBOCO:

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

1 Alcançar a argamassa 0,0305

2 Aplicar a argamassa 0,122

3 Sarrafeamento 0,305

4 Desenpenamento 0,1525

Total 0,61

*Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

• Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 4,8 minutos que corresponde a

13 % do tempo total .

Obs:

O fator de ritmo do operário é igual, devido ser o mesmo pedreiro da alvenaria.

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,61h (vide tabela)

49

TN = 0,61h x V

TN = 0,61 x 0,94

TN = 0,57h

FT = 1,12

TP = 0,57 x FT

TP = 0,57 x 1,12

TP = 0,64h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 14,06 m² de

reboco.

0,64h ----- 1m²

9h ----- x

x = 14,06m²

• Dados obtidos na empresa Mãe - fixa:

ALVENARIA (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,55h. → 33 min.

27,5 min (T. efetivo)

5,5 min. (T. ocioso)

REBOCO (m²):

PEDREIRO → Cronometragem média → 0,58h. → 34,8 min.

31,3 min. (T. efetivo)

3,5 min. (T. ocioso)

ALVENARIA :

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

50

1 Agarrar e por argamassa de assentamento no tijolo 0,055

2 Posicionamento do tijolo na fiada 0,275

3 Nivelamento horizontal na fiada 0,165

4 Raspagem da argamassa excedente 0,055

Total Tempo de operação 0,55

*Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

• Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 5,5 minutos que corresponde a

16,6% do tempo total

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,55h (vide tabela)

TN = 0,55h x V

TN = 0,55 x 0,88 = 0,31h

TN= 0,49h

TP = 0,49 x FT

TP = 0,49 x 1,12

TP= 0,55h

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 16,36m² de

alvenaria.

0,55h ----- 1m²

9h ----- x

x = 16,36 m²

51

REBOCO:

Estudo dos tempos do Pedreiro

ITENS DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS CRONOMETRAGEM

MÉDIA (h)

1 Alcançar a argamassa 0,029

2 Aplicar a argamassa 0,116

3 Sarrafeamento 0,29

4 Desenpenamento 0,145

Total 0,58

* Estudo feito a partir do término do preparo da argamassa.

• Verificou-se, para cada m² construído, um tempo ocioso de 3,5 minutos que corresponde a

10 % do tempo total .

Obs:

O fator de ritmo do operário é igual, devido ser o mesmo pedreiro da alvenaria.

Atualmente a capacidade produtiva da Empresa na operação em questão é:

TC = 0,58h (vide tabela)

TN = 0,58h x V

TN = 0,58 x 0,88

TN = 0,51h

FT = 1,12

TP = 0,51 x FT

TP = 0,51 x 1,12

TP = 0,57h

52

Observa-se que trabalhando 9h por dia , o operário produzirá aproximadamente 15,74 m² de

reboco.

0,57h ----- 1m²

9h ----- x

x = 15,74m²

Após a determinação do tempo padrão faz o preenchimento desses valores na tabela

abaixo para determinarmos o valor do tempo médio padrão, e logo em seguida gerarmos os

gráficos correspondentes:

Tabela 3 - Folha de Trabalho

FOLHA DE TRABALHO

Empresa: Responsável:

Operador: Tempo Padrão:

do

elem

ento

Descrição

Estudo 1 2

Tem

po n

orm

al

méd

io p

or

obse

rvaç

ão

(min

)

Fre

quên

cia

Tem

po n

orm

al

méd

io p

or

cicl

o

Tole

rânci

a(%

)

Tem

po P

adrã

o

Conte a b

1

2

3

4

5

Fonte: Swan (1977)

A tabela abaixo foi desenvolvida para calcular a quantidade de produto produzido pelo

operário, caso for alvenaria será calculado a área da parede, casa for reboco ira calcular sua

área correspondente, esse calcula se dará automaticamente a partir do preenchimento da tabela

de obtenção dos valores de medição preenchida inicialmente no campo

53

Tabela 4 - Calcular a quantidade produto produzido pelo operário

COMP. (M) ALTURA (M)

QTD FIADAS PRODUÇÃO (M²)

BRUTO 0<H<1,0 1<H<2,3 0<H<1,0 1<H<2,3

P01A 3,53 3,53 2,53 2,30

0,00

P02A 3,53 2,83 2,83 2,30

0,00

P03A 2,44 2,44 2,44 2,30

0,00

P04C 2,68 2,68 2,68 2,30

0,00

P05B 1,27 1,27 1,27 2,30

0,00

P06B 2,35 2,35 1,35 2,30

0,00

P07B 3,02 3,02 2,02 2,30

0,00

P08B 3,79 3,79 3,79 2,30

0,00

P09B1 3,35 2,55 2,55 2,30

0,00

P09B2 1,71 1,01 1,01 2,30

0,00

P09A1 2,43 2,43 2,43 2,30

0,00

P09A2 1,06 1,06 1,06 2,30

0,00

P10A 1,11 0,51 0,51 2,30

0,00

P10B 1,59 0,89 0,89 2,30

0,00

P11A 1,00 1,00 0,90 2,30

0,00

P12B 2,49 2,49 2,49 2,30

0,00

P13A 2,49 2,49 2,49 2,30

0,00

P14B 1,54 1,54 1,54 2,30

0,00

P15B 0,99 0,19 0,19 2,30

0,00

P16B 1,29 1,29 1,29 2,30

0,00

TOTAL 0,00 Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

6.3 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

O gráfico abaixo mostra o tempo padrão de cada empresa para cada atividade

correlacionando com o tempo médio padrão das mesmas:

54

ALVENARIA

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Esse gráfico mostra o tempo médio, que cada empresa gasta para executar o serviço de

levante de alvenaria, revelando que as empresas terceirizadas B e C, possuem consumo maior

de tempos, em comparação com a empresa terceirizada A e com a mão de obra fixa. O calculo

para esse tempo médio baseia-se no método de estudo de tempo, onde considera o tempo

efetivo e o ocioso.

0,56 0,60 0,62

0,55

0,56 0,56 0,56 0,56

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

A B C FIXA

TEM

PO

S M

ÉDIO

S(m

in)

EMPRESAS

GRÁFICO TEMPOS MÉDIO(min)

Tempos das empresas Tempo médio padrão - 0,58

55

Gráfico 2 - Tempo médio padrão da atividade levante de alvenaria

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Esse gráfico mostra o tempo médio padrão da atividade levante de alvenaria, onde não

é levado em consideração o tempo ocioso, somente o tempo efetivo de cada operário, ele

baseia-se no método do estudo de tempos, alem disso esse gráfico revela que apesar da

empresa B possuir um tempo total médio menor do que as outras empresas, seu tempo efetivo

apresenta-se equiparado com o tempo padrão da empresa A e da mão de obra fixa.

0,56 0,56

0,65

0,55

0,56 0,56 0,56 0,56

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

A B C FIXA

TEM

PO

S M

ÉDIO

S(m

in)

EMPRESAS

GRÁFICO TEMPOS PADRÃO MÉDIOS(min)

Tempos das empresas Tempo médio padrão - 0,56

56

Gráfico 3 - Índice de Produtividade - Alvenaria

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Esse gráfico foi gerado com dados obtidos sob anotações do que os operários

produziram num tempo fixado em uma hora para cada observação, tendo predefinido que

diferentemente no estudo do tempo padrão onde os operários estavam cientes da avaliação,

nessa avaliação os mesmos não sabiam que estavam sendo avaliados, para garantir maior

eficiência do estudo.

Além disso, o gráfico mostra o índice de produtividade (m2/h) de cada pedreiro, esse

estudo revelou que entre as empresas esses índices mostraram equivalência em relação ao

tempo padrão médio de cada uma, esse gráfico revelou também que a empresa A, obteve

índices de produtividade próxima ao da mão de obra fixa, e diferente índice em relação às

outras terceirizadas.

Os principais motivos para essa discrepância se baseiam em parâmetros de

gerenciamento, dentre eles são:

Falta de planejamento: onde não havia preocupação por parte das empresas B e C

em cumprir ao menos a programação semanal feita pela empresa Mãe, como mostra

no gráfico PPC (percentual de programação concluída) subseqüente, além disso,

não havia um estabelecimento de metas mínimas de produção necessárias a cobrir o

custo da mão de obra empregada.

1,71 1,74

1,42 1,38

1,68 1,65

1,81 1,80

1,65

1,85 1,86

1,76

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

1,80

1,90

m2/

h

ÍNDICE DE PRODUTIVIDADE - ALVENARIA

EMPRESA A EMPRESA B ÍNDICE MÉDIO - 1,79 EMPRESA FIXA EMPRESA C

57

Falta de liderança: Um problema visto principalmente na empresa B, onde havia

uma troca constante do encarregado responsável pelos operários, proporcionando a

falta de uma referência para os operários, que necessitavam de uma atuação

constante de uma líder, que designasse e estabelece meios para alcançar as metas de

produção pretendidas. Para a empresa C, houve poucas trocas de encarregados, mas

havia pouca atuação do proprietário da empresa, que deixava muito toda a

responsabilidade de controle da produção com o encarregado.

Falta de controle: devido a falta de planejamento e da falta de liderança, nas

empresas B e C, não havia um controle eficiente para que os dados coletados no

campo pudessem proporcionar a identificação dos problemas que afetassem a

produtividade, esse controle não foi feito por nenhuma dessas duas empresas.

Condições de salubridade: apesar das empresas estarem no mesmo ambiente de

trabalho, havia uma maior preocupação com as condições de trabalho dos seus

funcionários por parte da empresa terceirizada A e da empresa Mãe, não sendo vista

essa atitude nas outras empresas terceirizadas. Um fato que revela isso, é que a

empresa terceirizada A e a empresa Mãe, havia em seu quadro de funcionários um

técnico de segurança.

Reboco

Gráfico 4 - Tempo médio, que cada empresa gasta para executar o serviço de reboco

0,59 0,61 0,61 0,58

0,6 0,6 0,6 0,6

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

A B C FIXA

TEM

PO

S M

ÉDIO

S(m

in)

EMPRESAS

GRÁFICO TEMPOS MÉDIOS(min)

Tempos das empresas Tempo médio padrão - 0,60

58

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Esse gráfico mostra o tempo médio, que cada empresa gasta para executar o serviço de

reboco, revelando que as empresas terceirizadas B e C, possuem consumo maior de tempos,

em comparação com a empresa terceirizada A e com a mão de obra fixa. O calculo para esse

tempo médio baseia-se no método de estudo de tempo, onde considera o tempo efetivo e o

ocioso.

Gráfico 5 - Tempo médio padrão da atividade reboco, não é levado em consideração o tempo ocioso

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Esse gráfico mostra o tempo médio padrão da atividade reboco, onde não é levado em

consideração o tempo ocioso, somente o tempo efetivo de cada operário, ele baseia-se no

método do estudo de tempos, alem disso esse gráfico revela que apesar da empresa B possuir

um tempo total médio menor do que as outras empresas, seu tempo efetivo apresenta-se

equiparado com o tempo padrão da empresa A e da mão de obra fixa.

0,59 0,57

0,64

0,57

0,58 0,58 0,58 0,58

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

A B C FIXA

TEM

PO

S M

ÉDIO

S(m

in)

EMPRESAS

GRÁFICO TEMPOS PADRÃO MÉDIOS(min)

Tempos das empresas Tempo médio padrão - 0,58

59

Gráfico 6 - Índice de Produtividade - Reboco

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

Esse gráfico foi gerado com dados obtidos sob anotações do que os operários

produziram num tempo fixado em uma hora para cada observação, tendo predefinido que

diferentemente no estudo do tempo padrão onde os operários estavam cientes da avaliação,

nessa avaliação os mesmos não sabiam que estavam sendo avaliados, para garantir maior

eficiência do estudo.

Além disso, o gráfico mostra o índice de produtividade (m2/h) de cada pedreiro, esse

estudo revelou que entre as empresas esses índices mostraram equivalência em relação ao

tempo padrão médio de cada uma, esse gráfico revelou também que a empresa A, obteve

índices de produtividade próxima ao da mão de obra fixa, e diferente índice em relação às

outras terceirizadas.

Os principais motivos para essa discrepância se baseiam em parâmetros de

gerenciamento, dentre eles são:

Falta de planejamento: onde não havia preocupação por parte das empresas B e C

em cumprir ao menos a programação semanal feita pela empresa Mãe, como mostra

no gráfico PPC (percentual de programação concluída) subseqüente, além disso,

não havia um estabelecimento de metas mínimas de produção necessárias a cobrir o

custo da mão de obra empregada.

1,48

1,68

1,33 1,33

1,54 1,57

1,63 1,65

1,43

1,71 1,67

1,65

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

1,80

m2/

h

ÍNDICE DE PRODUTIVIDADE - REBOCO

EMPRESA A EMPRESA B ÍNDICE MÉDIO - 1,79 EMPRESA FIXA EMPRESA C

60

Falta de liderança: Um problema visto principalmente na empresa B, onde havia

uma troca constante do encarregado responsável pelos operários, proporcionando a

falta de uma referência para os operários, que necessitavam de uma atuação

constante de uma líder, que designasse e estabelece meios para alcançar as metas de

produção pretendidas. Para a empresa C, houve poucas trocas de encarregados, mas

havia pouca atuação do proprietário da empresa, que deixava muito toda a

responsabilidade de controle da produção com o encarregado.

Falta de controle: devido a falta de planejamento e da falta de liderança, nas

empresas B e C, não havia um controle eficiente para que os dados coletados no

campo pudessem proporcionar a identificação dos problemas que afetassem a

produtividade, esse controle não foi feito por nenhuma dessas duas empresas.

Condições de salubridade: apesar das empresas estarem no mesmo ambiente de

trabalho, havia uma maior preocupação com as condições de trabalho dos seus

funcionários por parte da empresa terceirizada A e da empresa Mãe, não sendo vista

essa atitude nas outras empresas terceirizadas. Um fato que revela isso, é que a

empresa terceirizada A e a empresa Mãe, havia em seu quadro de funcionários um

técnico de segurança.

Gráfico 7 - Percentual de Programação Concluída

Fonte: Ricardo R. V. Flor (2009)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C FIXA

85%

71%

48%

92%

PPC DAS EMPRESAS

61

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tipo de estudo desenvolvido neste trabalho é de grande relevância para um melhor

conhecimento para a importância da utilização da mão de obra terceirizada na indústria da

construção civil. Deve-se observar o quanto pode ser eficiente a utilização desse tipo de

serviço quando bem administrado.

O estudo procurou entender como esse tipo de mão de obra foi inserido no contexto da

engenharia civil, e como esta sendo utilizado no estado da Bahia, tentando analisar

qualitativamente e quantitativamente a viabilidade da utilização desse serviço nesse estado,

buscando essas informações através dos estudos de tempos, e da produtividade da mão de

obra terceirizada.

O estudo revelou que a utilização dessa mão de obra era realizada pelas empresas no

aspecto da especialização, onde cada empresa ficava responsável por uma determinada

atividade, mas para empresa estudada isso não foi observado, pois havia uma política que as

empresas terceirizadas eram contratadas para executar quase que todos os serviços,

proporcionando uma maior exigência de conhecimento de administração da produção, para

obter melhores resultados, como exemplo a empresa A.

Ao observar a empresa A com a utilização da mão de obra fixa pode observar pouca

variação, em termos dos índices de produtividade, revelando que a empresa terceirizada

atuantes em várias atividades ao mesmo tempo, quando bem geridas, pode obter bons

resultados.

A empresa B apesar de obter um tempo padrão médio equivalente ao da empresa A e

da mão de obra própria obteve seu índices de produtividade inferiores ao dessas empresas,

pois foi identificado que seu tempo de ociosidade era maior, mostrando que poderia equiparar

esse índices.

Dois artifícios são bastante significativos para fundamentar esses resultados, pois

revela atributos de redução da produtividade pelas empresas, sendo o percentual de

programação concluída (PPC) e a listagem de alterações e modificações que as empresas

tiveram ao longo do estudo.

Dentre as empresas que foram feitos os estudos a única que ainda permanece

prestando serviços de terceirização para a empresa contratante foi empresa A, tendo as outras

62

duas a não adequação necessária para obtenção resultados que as manteriam prestando esses

serviços para a empresa mãe.

63

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