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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA KAROLLYNE OLIVEIRA DE CARVALHO DRENAGEM PLUVIAL URBANA CONVENCIONAL x SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE CASO NOS BAIRROS BARAÚNAS E CENTENÁRIO - FEIRA DE SANTANA - BAHIA Feira de Santana 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

KAROLLYNE OLIVEIRA DE CARVALHO

DRENAGEM PLUVIAL URBANA CONVENCIONAL x SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE

CASO NOS BAIRROS BARAÚNAS E CENTENÁRIO - FEIRA DE SANTANA - BAHIA

Feira de Santana

2010

KAROLLYNE OLIVEIRA DE CARVALHO

DRENAGEM PLUVIAL URBANA CONVENCIONAL X SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE

CASO NOS BAIRROS BARAÚNAS E CENTENÁRIO - FEIRA DE SANTANA - BAHIA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

junto ao Curso de Engenharia Civil da

Universidade Estadual de Feira de Santana, na

área de Águas e Saneamento, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Orientação: Prof. Dr. Roque Angélico Araújo

Feira de Santana

2010

KAROLLYNE OLIVEIRA DE CARVALHO

DRENAGEM PLUVIAL URBANA CONVENCIONAL X SUSTENTÁVEL: ESTUDO DE

CASO NOS BAIRROS BARAÚNAS E CENTENÁRIO - FEIRA DE SANTANA - BAHIA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

junto ao curso de Engenharia Civil da

Universidade Estadual de Feira de Santana, na

área de Águas e Saneamento, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Roque Angélico Araújo.

Feira de Santana, 10 de Agosto de 2010

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________ Prof. Dr. Roque Angélico Araújo

Universidade Estadual de Feira de Santana

_________________________________ Prof. M.Sc. Diogenes Oliveira Senna

Universidade Estadual de Feira de Santana

_________________________________ Prof. M.Sc. Carlos Pereira Novaes

Universidade Estadual de Feira de Santana

RESUMO

Esta pesquisa buscou estabelecer a relação entre os sistemas de drenagem pluvial urbana

convencional e o sustentável. Optou-se por uma abordagem qualitativa dos sistemas de

drenagem mencionados e o método utilizado foi baseado em revisão da literatura, entrevistas

e aplicação de questionários. Os resultados foram obtidos a partir do desenvolvimento das

etapas metodológicas propostas e a análise dos resultados por comparação dos dados obtidos.

Foram entrevistados os profissionais responsáveis pelo planejamento urbano municipal de

Feira de Santana, pelo sistema de drenagem da cidade, pelos serviços de esgotamento

sanitário e coleta e tratamento de lixo e 50 moradores dos bairros Baraúnas e Centenário,

selecionados para o estudo. O referencial teórico descrito no trabalho serviu de linha

condutora para a realização do estudo. Os dados coletados apontaram para o emprego apenas

da drenagem convencional, com grandes deficiências e falta de planejamento, ausência de

integração entre os serviços de melhoramento público e longe do referido sistema sustentável.

No entanto, muitos dos moradores que contribuíram com as informações para a pesquisa

revelaram-se carentes de informações sobre o planejamento da cidade e sobre os serviços de

saneamento, mostraram-se também dispostos a colaborar com a preservação do ambiente e

adotar medidas de sustentabilidade, caso estas fossem propostas pelo governo municipal, pois,

sentem-se prejudicados com as condições insalubres que enfrentam em tempos de chuva. Os

entrevistados foram à chave para esclarecimento das condições atuais encontradas em Feira

de Santana. Os resultados obtidos revelam conclusões que poderão ser utilizadas como

incentivo para que a paisagem urbana seja repensada e que sejam tomados maiores cuidados

com as questões ambientais, ao passo que estas estão cada vez mais esquecidas.

PALAVRAS-CHAVE: Drenagem. Sustentabilidade. Feira de Santana.

ABSTRACT

This study aimed to establish the relationship between the storm drainage systems and

conventional urban development. We opted for a quantitative analysis of drainage systems

mentioned and the method used was based on literature reviews, interviews and

questionnaires. Results were obtained from the proposed development of methodological

steps and analysis of the results by comparing the data obtained. We interviewed the

professionals responsible for urban planning city of Feira de Santana, the drainage system of

city services and sewage collection and treatment of garbage and 50 residents of the

neighborhoods and Baraúnas and Centenário, selected for the study. The theoretical

framework described in the work served as a guiding principle for the study. The collected

data pointed to the use only of conventional drainage, with major deficiencies and lack of

planning, lack of integration between departments to improve public and away from this

system sustainable. However, many residents who contributed information for research even

though they proved to be lacking in information about city planning and sanitation services,

were also willing to cooperate with the preservation of the environment and adopt measures

sustainability, where they were proposed by the municipal government, because they feel hurt

by the poor conditions they face in times of rain. The interviewees were the key to clarifying

the actual conditions found in Feira de Santana. The results reveal findings that could be used

as an incentive to be rethinking the urban landscape and are taken better care of

environmental issues, while they are increasingly forgotten.

KEY WORDS: Drainage. Sustainability. Feira de Santana.

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - CORTE ESQUEMÁTICO DA BIOVALETA...................................................................... 23

FIGURA 2 – EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA BIOVALETA ................................................................ 23

FIGURA 3 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA LAGOA PLUVIAL ......................................................... 24

FIGURA 4 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE COBERTURAS VERDES ................................................. 24

FIGURA 5 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE CANTEIROS PLUVIAIS DE PASSAGEM DE ÁGUA ............ 26

FIGURA 6 - CORTES ESQUEMÁTICOS DO CANTEIRO PLUVIAL DE PASSAGEM DE ÁGUA ................ 26

FIGURA 7 - EXEMPLO DE PAVIMENTO DRENANTE - BLOCOS DE CONCRETO VAZADO .................. 27

FIGURA 8 - LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE FEIRA DE SANTANA .................................................. 37

FIGURA 9 - CONDIÇÕES DOS DISPOSITIVOS DE DRENAGEM DO BAIRRO CENTENÁRIO ................. 51

FIGURA 10 - DISPOSITIVOS DE DRENAGEM NO BAIRRO BARAÚNAS. (A) BOCA-DE-LOBO COBERTA

POR LIXO (B) BOCA-DE-LOBO SEM TAMPA, COBERTA POR PAPELÃO E PEDRAS E EM DESTAQUE

DEETOS HUMANOS (C) BOCA-DE-LOBO COMPLETAMENTE ENTUPIDA NÃO PERMITE A ENTRADA

DE ÁGUA (D) BOCA-DE-LOBO SUJA POR SACOS PLÁSTICOS E OUTROS. ....................................... 52

FIGURA 11 - RUAS DO BAIRRO CENTENÁRIO APÓS CHUVA. PONTOS DE SEDIMENTO DO SOLO

APÓS PERÍODO DE CHUVA; PRESENÇA DE MATO PRÓXIMO AS CALÇADAS E ÁGUA ACUMULADA

NAS DEPRESSÕES DO PAVIMENTO. .............................................................................................. 53

FIGURA 12 - RUAS DO BAIRRO BARAÚNAS APÓS CHUVA. RUAS SEM CALÇAMENTO; GRANDE

QUANTIDADE DE ÁGUA EMPOÇADA. ........................................................................................... 53

FIGURA 13 - CONSTRUÇÃO DO PARQUE DA LAGOA - LAGOA DO GELADINHO ........................... 54

FIGURA 14 - RUAS DO BAIRRO BARAÚNAS. NOS PONTOS MAIS CRÍTICOS DE LIMPEZA FORAM

ENCONTRADOS MATOS PRÓXIMOS ÀS CALÇADAS. ...................................................................... 55

FIGURA 15 - RUAS DO BAIRRO BARAÚNA. CONDIÇÕES CRÍTICAS DA MAIORIA DAS RUAS.

GRANDE QUANTIDADE DE LIXO E MATO ESPALHADOS. .............................................................. 56

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8

1.1. ESTRUTURA DA PESQUISA ..................................................................................... 10

1.2. LIMITAÇÕES DA PESQUISA .................................................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 12

2.1. SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL URBANA ..................................................... 12

2.1.1. Sistema de Microdrenagem ..................................................................................... 12

2.1.2. Sistema de Macrodrenagem .................................................................................... 13

2.2. FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM PLUVIAL ............................ 14

2.3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SANITÁRIA DO SISTEMA DE DRENAGEM

URBANA ................................................................................................................................. 16

2.4. SISTEMA DE DRENAGEM URBANA SUSTENTÁVEL .............................................. 17

2.4.1. Práticas de Drenagem Sustentável ......................................................................... 21

2.5. PLANEJAMENTO DA DRENAGEM URBANA ............................................................ 29

2.5.1. Uso e Ocupação do Solo e Plano Diretor de Drenagem ........................................ 30

2.6. INTERVENIENTES NO SISTEMA DE DRENAGEM ................................................... 33

2.6.1. Esgotamento Sanitário ............................................................................................ 34

2.6.2. Lixo Urbano ............................................................................................................ 35

2.7. LOCAL DE ESTUDO ....................................................................................................... 36

3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 39

4. OBJETIVOS .................................................................................................................... 40

4.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 40

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 40

5. METODOLOGIA ........................................................................................................... 41

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 42

7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 60

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 62

APÊNDICE ............................................................................................................................. 66

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AO SETOR DE PLANEJAMENTO

DE FEIRA DE SANTANA .................................................................................................... 67

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SOBRE DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO

DE FEIRA DE SANTANA APLICADO A SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO

URBANO - ADAPTADO DO IBGE DU 2000 ..................................................................... 69

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO SOBRE O SISTEMA DE ESGOTO DE FEIRA DE

SANTANA APLICADO A EMBASA .................................................................................. 75

APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS EM FEIRA DE

SANTANA APLICADO A QUALIX .................................................................................... 76

APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MORADORES DOS BAIRROS

BARAÚNAS E CENTENÁRIO. ........................................................................................... 77

8

1. INTRODUÇÃO

Historicamente no Brasil, dentre todos os sistemas de infra-estrutura urbana o

funcionamento do sistema de drenagem tem afetado negativamente parte considerável dos

municípios, principalmente os que tiveram aumento apreciável em sua área urbana, fruto da

inversão que houve no quadro populacional brasileiro nas últimas décadas, com elevado

incremento da população urbana (CORDEIRO; VAZ FILHO, 2000).

Hoje, quanto a sua extensão, não se dispõe de dados confiáveis em relação à drenagem

urbana, porém se sabe que o planejamento, a elaboração de projetos, bem como a execução de

obras em macro e microdrenagem das áreas urbanas e adjacentes, têm sido seriamente

comprometidas devido à falta sistemática de recursos e escassez de mão de obra qualificada

em todos os níveis, para a realização de uma infra-estrutura necessária a evitar a perda de bens

e de vidas humanas. Estima-se, entretanto, que a cobertura deste serviço, em especial a

microdrenagem, seja superior ao da coleta de esgotos sanitários. (FERNANDES, 2002).

Quanto à macrodrenagem, são conhecidas as situações críticas ocasionadas por cheias

urbanas, agravadas pelo crescimento desordenado das cidades, em especial, a ocupação de

várzeas e fundos de vales. De um modo geral nas cidades brasileiras, a infra-estrutura pública

em relação à drenagem, como em outros serviços básicos, caracteriza-se como insuficiente o

que não tem contribuído mais eficientemente para a tranqüilidade dos cidadãos, agravada pela

irresponsabilidade tanto pública e privada da ocupação das áreas de preservação naturais,

tanto as de macrodrenagem como as de terrenos instáveis. (FERNANDES, 2002),

Segundo Zahed Filho, (2006) o acelerado processo de urbanização ocorrido nas

últimas três décadas, notadamente nos países em desenvolvimento, dentre os quais o Brasil, é

o principal fator responsável pelo agravamento dos problemas relacionados às inundações nas

ci dades, aumentando a freqüência e os níveis das cheias.

Ainda para este autor, a inexistência de Planos Diretores de Drenagem Urbana, que

procurem equacionar os problemas de drenagem sob o ponto de vista da bacia hidrográfica, a

falta de mecanismos legais e administrativos eficientes, que permitam uma correta gestão das

conseqüências do processo de urbanização sobre as enchentes urbanas e a concepção

inadequada da maioria dos projetos de drenagem urbana, contribuem para o agravamento do

problema.

9

Sem planejamento urbano as cidades sempre foram e são até hoje produto de decisões

isoladas. A ausência de plano diretor é notória e com isso, os sistemas de drenagem urbana

ganham importância ainda maior, pois se houvesse planejamento integrado, com a busca de

soluções não-convencionais, certamente se teria redução substancial na utilização de

canalizações e se conseguiria sistemas de menor custo de implantação e maior eficiência

(CORDEIRO; FILHO, 2000).

Dessa maneira, o uso de sistema de drenagem pluvial planejado e com funcionamento

eficiente, garantiria o escoamento das massas líquidas, além de proporcionar bem-estar à

população com o afastamento de problemas e minimizar o custo financeiro para sociedade.

A falta de planejamento dos sistemas de drenagem pluvial urbana (ineficiência ou até

inexistência) acarreta diversos problemas. É evidente que mantendo as condições de

comportamento da sociedade e do serviço público como estão (ocupação desordenada do

solo, e disposição inadequada do lixo nas vias públicas, serviço de manutenção do sistema de

drenagem inadequado, entre outras) a situação atual de inundações não será sanada.

Contudo, sistemas de drenagem urbana pluvial que funcionem corretamente e sejam

devidamente planejados garantem o escoamento adequado das massas líquidas, custo

minimizado para a sociedade, o mínimo ou nenhum transtorno para o comércio, indústria e

sociedade, proporcionando conforto e bem-estar para a população.

Os sistemas utilizados no Brasil são divididos em micro e macro drenagem. A

microdrenagem é constituída pelas calhas das ruas e sarjetas, bocas de lobo, galerias

secundárias, ligações das bocas de lobo com as galerias secundárias e poços de visita e ou

caixa de passagem ou de inspeção. A macrodrenagem é constituída das galerias primárias e

canais de drenagem. Porém, essas estruturas são executadas quase sempre sem planejamento e

em condições de emergência, por isso apresentam-se tão ineficientes.

Atualmente, os estudos sobre drenagem têm levado em consideração que para

solucionar os problemas decorrentes de sua falta, não é suficiente lançar mão de grandiosas

obras, mas sim, do emprego inteligente de sistemas que propiciem condições próximas do

ciclo hidrológico natural.

Nesse aspecto, entra a drenagem urbana sustentável, como técnicas alternativas e

favoráveis ao meio ambiente, sistema este largamente utilizado em países desenvolvidos, os

quais estão abandonando as obras convencionais de drenagem por provar que não são

adequadas como deveriam ser.

10

1.1. ESTRUTURA DA PESQUISA

O trabalho foi organizado em capítulos que serão apresentados da seguinte forma:

O Capítulo 1 com a introdução, trazendo o tema de pesquisa e sua abordagem

relacionada aos sistemas de drenagem convencionais e não convencionais ou sustentáveis e

mostrando sua importância, a organização estrutural do trabalho e as limitações encontradas

para o desenvolvimento do estudo;

O Capítulo 2 aborda conceitos gerais sobre os sistemas de drenagem urbana

convencionais e sobre sua importância do ponto de vista sanitário, mostrando os sistemas de

microdrenagem e macrodrenagem e suas formas de funcionamento em uma abordagem breve;

aponta os importantes fatores que relacionam a drenagem ao uso e ocupação do solo e o plano

diretor de drenagem; faz abordagem sobre os intervenientes do sistema de drenagem, sobre o

esgotamento sanitário e os fatores que o relaciona com a drenagem urbana; mostra a relação

entre o lixo urbano e a drenagem, falando sobre a disposição correta do lixo e as

conseqüências da disposição inadequada;

O Capítulo 3 apresenta a justificativa da escolha do tema;

O Capítulo 4 os objetivos gerais e específicos buscados;

O Capítulo 5 mostra a metodologia empregada no desenvolvimento do trabalho;

O Capítulo 6 apresenta as características e condições do sistema de drenagem em Feira

de Santana e em particular da região dos Bairros Centenário e Baraúnas – pertencentes à sub-

bacia da Lagoa do Geladinho- que é foco do estudo; fala brevemente sobre os sistemas de

esgotamento sanitário e coleta de lixo da cidade, mostrando de que forma estes interferem no

sistema de drenagem; traz comentários sobre as condições atuais e a distância que separa a da

sustentabilidade ambiental.

O Capítulo 7 apresenta as conclusões.

11

1.2. LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Na cidade de Feira de Santana, o planejamento do desenvolvimento urbano não é

concebido e aplicado de forma adequada. No âmbito da gestão de recursos hídricos,

particularmente de drenagem, ainda predominam sistemas convencionais que não atendem a

demanda real do município e o plano de desenvolvimento parece considerar um meio urbano

estático e como se não houvesse participação da sociedade local para o bom funcionamento

das estruturas construídas.

Outro fator de implicação é a separação do tratamento dado às águas pluviais e as

políticas de saneamento ambiental que tratam do abastecimento de água, da coleta e

tratamento de esgotos e da disposição final de resíduos sólidos, que provoca a gestão

desintegrada e a menor eficiência da gestão urbana em todos os seus aspectos relativos à

manutenção das cidades.

A gestão do sistema de drenagem da cidade é realizada pela prefeitura municipal,

através da SEDUR. Porém, as informações inerentes ao sistema se encontram em poder de

uma única pessoa, sem qualquer cadastro. Devido a este fato, foram encontradas muitas

dificuldades na coleta de dados, para o presente trabalho.

Quando da aplicação do questionário, alguns dados foram omitidos ou simplesmente

negados, outros foram percebidos como inválidos por comparação entre informações

concedidas pela SEDUR e pela SEPLAN.

12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. SISTEMA DE DRENAGEM PLUVIAL URBANA

Drenagem é o termo empregado para designação das instalações destinadas ao

escoamento do excesso de água capaz de ser transportada pelas calhas das vias públicas (ruas,

estradas, rodovias, etc.), evitando empoçamentos e até inundações e completando o ciclo da

água.

Segundo Cardoso Neto (s/d), a drenagem urbana não se restringe aos aspectos

puramente técnicos impostos pelos limites restritos à Engenharia, pois, compreende o

conjunto de todas as medidas a serem tomadas que visam à atenuação dos riscos e dos

prejuízos decorrentes de inundações aos quais a sociedade está sujeita.

O sistema de drenagem faz parte do conjunto de melhoramentos públicos existentes

em uma área urbana, assim como as redes de abastecimento de água, redes de esgotamento

sanitário, as redes de cabos elétricos e telefônicos, além da iluminação pública, pavimentação

de ruas, guias e passeios, parques, áreas de lazer, e outros (FCTH, 1999).

Os sistemas de drenagem são divididos em dois subsistemas distintos que devem ser

planejados e projetados sob critérios diferenciados: o Sistema de Microdrenagem e o Sistema

de Macrodrenagem.

2.1.1. Sistema de Microdrenagem

De acordo com o Ministério da Saúde (1999), a microdrenagem urbana é definida pelo

sistema de condutos pluviais em nível de loteamento ou de rede primária urbana, que propicia

a ocupação do espaço urbano ou situado na vizinhança imediata de cidades, por uma forma

artificial de assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária.

Segundo Cardoso Neto (s/d) microdrenagem é o sistema responsável pela captação da

água pluvial e sua condução até o sistema de macrodrenagem.

13

O sistema de microdrenagem quando bem projetado, construído e com manutenção

adequada, praticamente elimina as inconveniências ou as interrupções das atividades urbanas

que advém das inundações e das interferências de enxurradas. De acordo com o DNIT (2004),

é composto de:

Pavimentos de ruas – São estruturas situadas sobre a superfície das vias, que retém a

água precipitada e direcionam seu escoamento para os demais dispositivos de drenagem.

Podem também ser do tipo permeável ou semipermeável e permitir a infiltração total

ou parcial da água precipitada, mantendo as condições de saneamento do local;

Guias – Também chamado meio-fio, são blocos de concreto ou de pedra, situados

entre a via pública e o passeio, com sua face superior nivelada com o passeio, formando uma

faixa paralela ao eixo da via pública;

Sarjetas – São as faixas formadas pelo limite da via pública com os meio-fios,

formando uma calha que coleta as águas pluviais oriundas da rua;

Bocas de Lobo – Também chamadas de grelhas, são dispositivos de captação das

águas das sarjetas;

Galerias – São as canalizações públicas destinadas a escoar as águas pluviais oriundas

das ligações privadas e das bocas-de-lobo;

Poços de visita – São dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de

galerias para permitirem mudanças na direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro

e limpeza de canalizações;

Canais – São valas artificiais, que podem ou não estar revestidas de material que lhe

dê sustentação e que se destinam a passagem da água. Esses podem ser abertos ou fechados.

2.1.2. Sistema de Macrodrenagem

O Ministério da Saúde (1999) aponta a Macrodrenagem como um conjunto de obras

realizados para melhorar as condições de escoamento de forma a atenuar os problemas de

erosão, assoreamento e inundações ao longo dos principais talvegues (fundos de vale). A rede

14

de macrodrenagem urbana corresponde a rede de drenagem natural pré-existente nos terrenos

antes da ocupação, sendo constituídas por igarapés, córregos, riachos e rios localizados nos

talvegues e valas.

O sistema de Macrodrenagem é constituído, em geral, por canais (abertos ou de

contorno fechado) de maiores dimensões, projetados para vazões de 25 a 100 anos de período

de retorno. Do seu funcionamento adequado depende a prevenção ou minimização dos danos

às propriedades, dos danos à saúde e perdas de vida das populações atingidas, seja em

conseqüência direta das águas, seja por doenças de veiculação hídrica. (FCTH, 1999).

O sistema de macrodrenagem é responsável pela drenagem de vazões mais

significativas, provenientes de áreas de drenagem maiores, ou seja, sub-bacias com superfície

da ordem de alguns hectares a alguns km². Compõem os sistemas de macrodrenagem as

galerias pluviais, os cursos d’água (córregos, ribeirões, riachos etc.), canalizados ou não, os

bueiros, as pontes etc. Entre as técnicas alternativas de macrodrenagem encontram-se as

bacias de detenção, outras áreas pré-dimensionadas para o armazenamento e, eventualmente,

a infiltração de águas pluviais (grandes áreas de estacionamento, praças, terrenos de esporte

etc), os parques lineares implantados em fundos de vale, as áreas úmidas naturais ou artificiais

etc.

2.2. FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM PLUVIAL

Dentro de um espaço urbano, medidas de saneamento básico são de extrema

importância.

Entende-se por saneamento básico, um conjunto de procedimentos adotados numa

determinada região que visa proporcionar uma situação higiênica, saudável para os habitantes.

Com estes procedimentos, é possível garantir melhores condições de saúde para as

pessoas, evitando a contaminação e proliferação de doenças. Ao mesmo tempo, garante-se a

preservação do meio ambiente.

As medidas de saneamento englobam: serviços de abastecimento de água tratada;

serviços de coleta, transporte, tratamento e destino final adequado do esgoto sanitário;

drenagem urbana, serviços de coleta, transporte, tratamento dos resíduos sólidos e outros

15

serviços essenciais que, se regularmente bem executados, elevarão o nível de saúde da

população beneficiada, gerando maior expectativa de vida e consequentemente, maior

produtividade.

Infelizmente no Brasil, as condições em que se encontram estes serviços são precárias,

bastante deficientes e às vezes até inexistentes, principalmente quando se trata de drenagem

urbana.

De acordo com Tucci (2003), os problemas são gerados pelos seguintes fatos:

Falta de conhecimento generalizado sobre o assunto: a população e os profissionais

de diferentes áreas não possuem informações adequadas sobre os problemas e suas causas e

geralmente se movem da tomada de decisão para custos altos onde algumas empresas se

apóiam para aumentar seus lucros. Por exemplo, o uso de canalização para drenagem é uma

prática generalizada no Brasil, mesmo representando custos muito altos e geralmente tendem

a aumentar o problema que pretendiam resolver. A própria população, quando possui algum

problema de inundação a primeira solicitação que faz é de um canal, porque é a solução que

tem observado;

Concepção inadequada dos profissionais de engenharia para o planejamento e

controle dos sistemas: Uma parcela importante dos engenheiros que atuam no meio urbano

está desatualizada quanto à visão ambiental e geralmente procuram soluções estruturais que

sempre buscam a alteração do ambiente com excesso de áreas impermeáveis que resultam em

aumento de temperatura, inundações, poluição, entre outros;

Visão setorizada do planejamento urbano: O planejamento e o desenvolvimento das

áreas urbanas são realizados sem incorporar os aspectos relacionados com os diferentes

componentes da infra-estrutura de água (que não é somente abastecimento e saneamento);

Falta de capacidade gerencial: os municípios não possuem estrutura para o

planejamento e gerenciamento adequado dos diferentes aspectos da água no meio urbano.

A drenagem urbana tem sido desenvolvida com principio de drenar água das

precipitações o mais rápido possível para jusante, produzindo aumento da freqüência e

magnitude das enchentes. Esse aumento traz consigo o acréscimo da produção de lixo e a

deterioração da qualidade da água.

As ações públicas para soluções desses problemas no Brasil estão voltadas, na maioria

das vezes, somente para medidas estruturais. As soluções geralmente encontradas por parte do

16

poder público têm sido as redes de drenagem, que simplesmente transferem a inundação de

um ponto para outro a jusante da bacia sem que se avaliem os reais benefícios dessa obra

(ARAÚJO, TUCCI, GOLDENFUM, 2000).

Segundo Tucci (2002), a maioria destes problemas é conseqüência de uma visão

distorcida do controle por parte da comunidade de engenharia que ainda prioriza as medidas

estruturais, que os países ricos (desenvolvidos) já abandonaram devido à falta de viabilidade

econômica. O paradoxo é que países em desenvolvimento e mais pobres, priorizam ações

insustentáveis economicamente como as medidas estruturais.

2.3. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SANITÁRIA DO SISTEMA DE DRENAGEM

URBANA

A importância sanitária dos sistemas de drenagem são principalmente os descritos a

seguir:

Desobstrução dos cursos d’água de pouca profundidade e de riachos, para eliminação

de criadouros (formação de lagoas), combatendo doenças e proliferação de mosquitos

anofelinos, que podem disseminar a malária;

Evitar doenças de veiculação hídrica como exemplo de leptospirose, febre tifóide e

diarréias.

Para que sejam cumpridos os objetivos sanitários, é de fundamental importância que

sejam feitas a realização de pesquisas entomo-epidemiológicas detalhadas, para que sejam

identificados com precisão os locais de reprodução do vetor, de forma a orientar as ações de

drenagem.

A importância econômica dos sistemas de drenagem são principalmente os descritos a

seguir:

Controlar erosões do solo;

Conservar ruas;

Proteger as propriedades contra danos causados pelo acúmulo excessivo de águas

pluviais.

17

2.4. SISTEMA DE DRENAGEM URBANA SUSTENTÁVEL

A ocupação desordenada do solo provoca impactos ao meio ambiente, devido a fatores

como remoção da cobertura vegetal natural, ocupação de áreas de lagoas e planícies, além do

aumento expressivo das áreas impermeabilizadas, que impedem a infiltração e dificultam a

recarga natural dos lençóis subterrâneos. Juntamente a esse fator, a disposição inadequada de

resíduos sólidos em vias urbanas, regiões de lagoas e outros corpos d’água e a conexão

indevida de esgotos nas redes pluviais, também acarretam danos lastimáveis ao meio

ambiente.

Segundo o Relatório do Workshop de Drenagem Urbana – GO (2003) os sistemas de

drenagem pluvial foram planejados centrados na lógica do rápido escoamento da água

precipitada, transferindo o problema para jusante. Este fato aliado ao rápido crescimento da

população urbana no país trouxe um cenário caótico para as grandes e médias cidades. Foi um

erro muito comum no passado a consideração do cenário atual para o dimensionamento; não

se definia o cenário para o horizonte de projeto. Então, muitas vezes, antes mesmo das obras

serem concluídas, os sistemas já não comportavam a demanda. Foram feitas profundas

alterações na drenagem natural, procurando eliminar as características do meio que eram

julgadas inadequadas ao meio urbano. Foram usados indiscriminadamente aterros,

desmatamentos, redução dos espaços naturais, canalização e retificação de córregos e

lançamentos de água pluvial em locais inadequados.

A preocupação com a preservação do meio ambiente e a redução dos impactos

gerados pela ação antrópica levou ao desenvolvimento deste e de outros estudos sobre um tipo

alternativo de drenagem que visasse a sustentabilidade.

Até que se chegasse ao conceito atingido nos dias atuais, o planejamento da drenagem

urbana passou pelo estágio Higienista, no qual eram transferidos para jusante os problemas

com inundação, tendo que ser construídas novas obras, em geral mais onerosas (SNSA,

2005); o estágio Corretivo, onde se procurava utilizar dispositivos principalmente com o

objetivo de atuar na conseqüência do problema, priorizando o controle do escoamento por

meio de detenções (USEPA,1999); e por fim o estágio sustentável (Quadro1). Embora no

Brasil ainda impere a conceituação Higienista para a gestão da drenagem pluvial urbana, que

tem se mostrado insustentável.

18

Quadro 1 - Estágios de desenvolvimento da drenagem pluvial urbana nos países desenvolvidos

(Adaptado de SNSA, 2005).

Período Estágio Características

Até 1970 Higienista Escoamento pluvial transferido para jusante, através de

canalizações.

1970 a

1990

Corretivo

Amortecimento quantitativo da drenagem e controle do impacto

existente da qualidade da água pluvial. Envolve principalmente a

atuação sobre os impactos.

A partir

de 1990 Sustentável

Planejamento da ocupação do espaço urbano, obedecendo aos

mecanismos naturais do escoamento; controle dos micro-

poluentes, da poluição difusa e o desenvolvimento sustentável do

escoamento pluvial por meio da recuperação da infiltração.

Atualmente, técnicas para gestão sustentável da drenagem urbana são amplamente

empregadas em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos e Canadá, utiliza-se o Low Impact

Development (LID); no Reino Unido, o Sustainable Urban Drainage Systems (SUDS); na

Austrália é utilizado é Water Sensitive Urban Design (WSUD) e; na Nova Zelândia o Impact

Urban Design and Development (LIUDD). (MARSALEK, 2005).

Souza (2005), citado por Silveira (s/d), destaca que, no Brasil, a técnica de LID

recebeu a tradução de Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto, sendo mencionada no

Manual de apresentação de propostas para ampliação de sistemas municipais de drenagem,

elaborado pelo Ministério das Cidades (Brasil, 2006).

O LID é uma abordagem para o desenvolvimento da terra (ou re-desenvolvimento)

que trabalha com a natureza das águas pluviais para gerenciar o mais próximo possível à sua

fonte. Essa técnica emprega princípios tais como a preservação e recriação de elementos da

paisagem natural, minimizando áreas impermeabilizadas, tratando a água como um recurso e

não como um resíduo. Algumas das práticas utilizadas para aderir a estes princípios têm sido

instalações de biorretenção, jardins de chuva, telhados com vegetação, tambores da chuva, e

pavimentos permeáveis.

19

Através da aplicação desses princípios e práticas do LID, a água pode ser gerida de

uma forma que reduz o impacto das áreas construídas e promove o movimento natural da

água dentro de um ecossistema ou bacia hidrográfica. Se aplicado em grande escala, o LID

pode manter ou restabelecer uma bacia hidrológica e funções ecológicas. (USEPA, 2010).

O sistema de drenagem sustentável envolve, portanto um novo conceito sobre

drenagem. O mesmo vem sendo pensado desde o início dos anos 90, quando se passou a ter

preocupação com a destinação correta das águas pluviais.

De acordo com Parkinson et al. (2003), o desenvolvimento sustentável da drenagem

urbana o qual tem o objetivo de imitar o ciclo hidrológico natural abrange estratégias de

drenagem urbana sustentável incluem as ações estruturais, que consistem dos componentes

físicos ou de engenharia como parte integrante da infra-estrutura, e as ações não estruturais,

que incluem todas as formas de atividades que envolvem as práticas de gerenciamento e

mudanças de comportamento.

Ainda segundo estes autores, este novo modelo incorpora técnicas inovadoras da

Engenharia como a construção estacionamentos permeáveis e de canais abertos com

vegetação a fim de atenuar as vazões de pico e reduzir a concentração de poluentes das águas

de chuva nas áreas urbanas.

Silveira (s/d) citando NRDC (2004), afirma que os ganhos paisagísticos, ambientais e

econômicos reforçam as vantagens apresentadas por esta concepção do tratamento da

drenagem urbana, controlando não somente o pico, mas também o volume, a freqüência e a

duração, além da qualidade do escoamento. Souza (2005 apud Silveira (s/d)) argumenta que

além dos ganhos citados anteriormente obtidos com o planejamento por meio das técnicas de

drenagem sustentável, existem benefícios financeiros indiretos, como potencial melhoria de

qualidade de vida e elevação do valor de mercado do empreendimento, em virtude do apelo à

preservação ambiental.

Existe hoje um grande fator impeditivo para aplicação da drenagem sustentável no

Brasil que é a pouca importância dada à gestão de drenagem pluvial. Observa-se que, na

maioria dos municípios brasileiros não há planejamento específico para o setor de drenagem.

O mesmo é gerido por secretarias vinculadas a prefeitura local, estando desvinculado ao

planejamento de outros serviços de saneamento básico, como esgotamento sanitário e

resíduos sólidos.

20

Apesar da distância que ainda separa a realidade da sustentabilidade ambiental, não se

deve deixar de buscar a melhoria da qualidade de vida.

Pompêo (2000) afirma que as ações relativas à drenagem urbana, na busca pela

sustentabilidade, devem ser baseadas no reconhecimento da complexidade das relações entre

os ecossistemas naturais, o sistema urbano artificial e a sociedade.

O autor analisa que sendo a gestão de água grande parte do sistema de saneamento

urbano e caso particular da gestão de recursos hídricos, a ação institucional deve integrar, por

um lado, a gestão de recursos hídricos e, por outro, o saneamento ambiental. Por

conseqüência disso, o planejamento de atividades urbanas relacionadas à água deve estar

integrado ao próprio planejamento urbano, incluindo-se aqui o desenho da malha urbana e sua

expansão, o zoneamento de atividades, a rede viária e de transportes, fluxos de informações,

aspectos paisagísticos etc; e coloca a sociedade como parte indispensável no traçado do

caminho para o desenvolvimento sustentável.

O aspecto social da sustentabilidade está relacionado à cidadania, democracia e

cultura, e para alcançá-la deve-se buscar a participação da população como resultado da

informação e da comunicação. Ou seja, ele acredita que a sociedade precisa dispor de

conhecimentos para instrumentalizar sua participação nos níveis decisórios, executivos e de

avaliação dos resultados; e afirma que a educação ambiental, além de informar e transmitir

conhecimentos é capaz de promover a mobilização da sociedade para esta participação.

(POMPÊO, 2000)

Para alcançar a sustentabilidade não é suficiente a execução de obras de drenagem,

especialmente quando estas são realizadas com o intuído de corrigir problemas, oriundos da

falta de planejamento, ou mesmo daquelas obras de caráter emergencial. É necessário

entender a importância da drenagem para a cidade e para a sociedade. É preciso que haja

conscientização ambiental, que a população passe a atuar pela preservação e pelos cuidados

de manter o ambiente limpo e saudável, para que isso retorne como melhoria da qualidade de

vida.

21

2.4.1. Práticas de Drenagem Sustentável

Apesar de na maioria dos casos, o uso de técnicas sustentáveis terem sido empregadas

no exterior, no Brasil as técnicas são também aplicadas, inclusive por propostas incentivadas

pelo governo através do Ministério das Cidades.

No Brasil, o Ministério das Cidades, por meio do Programa de Drenagem Urbana

Sustentável, procurou promover em articulação com as políticas de desenvolvimento urbano,

de uso e ocupação do solo e de gestão das respectivas bacias hidrográficas, a gestão

sustentável da drenagem urbana com ações estruturais e não-estruturais dirigidas à

recuperação de áreas úmidas, à prevenção, ao controle e à minimização dos impactos

provocados por enchentes urbanas e ribeirinhas.

O programa apóia diretrizes de drenagem que sejam previstas no plano diretor de

drenagem urbana e afirma que em casos de municípios que não tenham o programa, os

recursos concedidos deverão ser utilizados em sua elaboração, devendo este necessariamente

atender aos princípios de Manejo Sustentável das Águas Pluviais Urbanas, apresentados pelo

programa.

As propostas, que contribuem para a sustentabilidade ambiental, visam

principalmente:

Redução de áreas de risco de inundação que afetam a população e a economia do

município;

Alcance social com promoção de qualidade de vida das famílias da região,

interligando o serviço de drenagem as obras e serviços a execução de trabalho social e

educação ambiental, visando a conservação de recursos hídricos;

Obras que privilegiem a redução, o retardamento e o amortecimento do escoamento de

águas de chuvas, como: recuperação de várzeas, renaturalização de cursos d’água,

reservatório de amortecimento de cheias, entre outros;

Uso de obras convencionais apenas quando as soluções não convencionais forem

inviáveis e/ou quando os impactos gerados pela intervenção sejam de baixa magnitude e

forem mitigados;

22

Os princípios de drenagem urbana sustentável são baseadas no Desenvolvimento

Urbano de Baixo Impacto – adaptação brasileira para o Low Impact Development (LID), que

são soluções de maior eficácia e mais econômica comparativamente aos sistemas tradicionais.

É importante lembrar que as práticas da drenagem sustentável não podem substituir

completamente necessidade de controles convencionais de águas pluviais.

Para aplicação das técnicas de drenagem sustentável é necessário conhecimentos sobre

a permeabilidade do solo, profundidade do lençol freático e inclinação do solo, entre outros

fatores. No entanto como não se espera propor a aplicação das técnicas e sim, verificar a

proximidade do sistema de drenagem empregado em Feira de Santana com o sistema

sustentável, essas informações não constam do estudo.

As práticas vão desde as aplicadas nas residências e cuidadas pelos próprios

moradores, a exemplo de jardins pluviais, tanques de retenção e coberturas ou tetos verdes,

quanto àquelas executadas e cuidadas pela ação pública municipal, como os pavimentos

permeáveis, asfaltos drenantes, lagoas de detenção, biovaletas e outros.

Segundo Duarte (2010), exemplos das práticas de drenagem sustentável podem ser

citados como:

Biovaletas, também chamadas de valetas de biorretenção vegetadas, são semelhantes

aos jardins de chuva, mas geralmente se referem a depressões lineares com vegetação que

limpa a água de chuva enquanto a valeta dirige para os jardins de chuva ou sistemas

convencionais de drenagem. (Figuras 1 e 2)

Elas podem ser aplicadas em muitas situações, mas com restrições, normalmente trata

escoamentos de vias residenciais, porque são lineares. Não são muito usadas em áreas muito

urbanizadas, pois necessitam de uma superfície relativamente grande. Não deve receber

escoamento de áreas potencialmente poluídas, como postos de gasolina e estacionamentos, já

que ela se comunica com águas subterrâneas. Normalmente, são utilizadas para drenar

pequenas áreas, e se não atinge a inclinação necessária, não removem a poluição da água.

As biovaletas não devem ser usadas para drenar áreas muito grandes, pois necessita de

muitos mecanismos para tratar esse escoamento. Usa-se plantas rasteiras e de áreas alagadas.

Elas podem funcionar para a reposição do lençol freático e para remoção de poluentes da

água.

23

Seu custo varia de acordo com o modo que é construído, mas esse custo tem que ser

considerado no contexto, pois pode ser maior que o de outras soluções, mas traz benefícios.

Lagoas pluviais, ou bacias de retenção, recebem enchentes através das drenagens

naturais ou construídas. Uma parte da lagoa fica com água entre as chuvas, então isso é um

tipo de alagado construído, mas geralmente não é para o tratamento de esgoto. A capacidade

de armazenamento é o volume entre o nível permanente da água e o nível de

transbordamento. (Figura 3)

A lagoa também é importante porque pode ser projetada para armazenar bastante água,

em volume comparável aos piscinões de São Paulo, sem que tenha tanto impacto, e pode

também abrigar brejos que são valiosos para o habitat e a qualidade da água.

Podem ser construídas em locais com até 15% de inclinação. Quando não usados em

áreas de risco de contaminação do solo, as lagoas pluviais podem se comunicar com águas

subterrâneas, para que isso ocorra deve-se usar técnicas de remoção de poluição. Elas podem

receber águas de áreas de possível contaminação caso possuam uma boa impermeabilização e

separação do lençol freático.

Uma desvantagem das lagoas pluviais é que elas necessitam uma grande área de

intervenção, o que pode tornar a sua construção bem cara. As mudanças necessárias feitas no

relevo, por serem sutis, podem ser consumidas pela vegetação, por isso é necessária

manutenção cuidadosa.

Figura 1 - Corte esquemático da biovaleta

Fonte: Duarte (2010)

Figura 2 – Exemplo de aplicação da biovaleta.

Fonte: Duarte (2010)

24

Figura 3 - Exemplo de aplicação da lagoa pluvial

Fonte: Duarte(2010)

Tetos verdes ou coberturas verdes são coberturas que tem uma vegetação plantada

em cima de um solo leve, uma barreira contra raízes, um reservatório de drenagem, e uma

membrana a prova d’água. (Figura 4)

Figura 4 - Exemplo de aplicação de coberturas verdes

Fonte: Duarte (2010)

Podem ser utilizados em edifícios comerciais, industriais ou residenciais e casas e, ao

contrário das coberturas impermeabilizadas, absorvem e armazenam águas pluviais e depois,

25

por evapotranspiração, devolvem umidade para o ambiente. Eles reduzem o impacto das

chuvas no sistema de drenagem e diminuem também o efeito da ilha de calor urbano, criam

habitat para a vida silvestre e, de fato, estendem a vida da impermeabilização do telhado.

Melhoram também o isolamento térmico das coberturas.

Podem ser usados em novos edifícios e casas ou adaptados naqueles já existentes, com

cobertura de inclinação de até 20%.

O custo de implantação de um teto verde é alto, mas deve-se considerar que devido as

suas qualidades quanto ao isolamento e ao aumento da vida útil da impermeabilização, esse

custo pode ser diluído.

Jardins de chuva são depressões topográficas que recebem água pluvial e a trata no

local. O solo, especialmente se for adicionado com composto, age como uma esponja que

suga a água enquanto os microorganismos e bactérias no solo removem poluentes.

Adicionados plantas, se aumenta a evapotranspiração e a remoção dos poluentes. Eles devem

ser localizados em estacionamentos e áreas de uso residencial.

Apesar da capacidade deles serem limitadas pelo espaço disponível, ainda assim, os

jardins de chuva pequenos são muito eficientes na melhoria da qualidade da água porque o

começo da chuva num evento é que carrega a maioria dos poluentes. Algumas horas depois de

uma chuva não deveria existir nenhuma água parada na superfície. Esse período é

normalmente definido em no máximo 72 horas.

O projeto dos jardins de chuva deve levar em conta a necessidade de manutenção,

provendo que sejam acessíveis para esse fim. Essa manutenção deve ser feita verificando o

funcionamento do sistema, que em geral tem uma taxa de despoluição alta.

Quanto ao custo, o uso de jardins pluviais é variável, variando principalmente em

relação às áreas onde são implantados e o tipo de tratamento e impermeabilização que será

usado.

Canteiros pluviais são basicamente jardins de chuva que foram compactados em

pequenos espaços urbanos. Existem também exemplos sem infiltração, que usam só

evaporação, evapotranspiração e transbordamento. Os canteiros pluviais podem compor com

qualquer prédio, ate mesmo num espaço urbano denso. (Figuras 5 e 6)

26

Figura 5 - Exemplo de aplicação de canteiros pluviais de passagem de água

Fonte: Duarte (2010)

Figura 6 - Cortes esquemáticos do canteiro pluvial de passagem de água

Fonte: Duarte (2010)

Pavimento drenante utiliza material diferente dos outros tipos de pavimentação por

não possuir, na sua composição, os agregados miúdos, possibilitando a permeabilização da

água das chuvas. (Figura 7)

27

O uso do pavimento drenante é muito interessante para o auxilio da drenagem urbana,

mas exige que seja bem instalado tenha boa manutenção.

Como essa é uma técnica de infiltração, ela deve ser aplicada com cuidado em áreas

onde o solo, e consequentemente a água, sejam contaminados (postos de gasolina,

estacionamentos).

A utilização de pavimentação drenante diminui o acumulo de águas de chuvas.

Quando instalado em locais próximos a áreas industriais, ele deve ser instalado no mínimo de

0,6 a 1,5m do ponto mais alto do lençol freático e aproximadamente 30m de distancia de

canais de água potável. Esse tipo de pavimentação deve ser instalado em locais de trafego

moderado a médio, como áreas residenciais e estacionamentos.

A pavimentação drenante é mais cara que o concreto e o asfalto tradicionais, mas seu

uso pode ser justificado por suas vantagens.

Figura 7 - Exemplo de pavimento drenante - blocos de concreto vazado

Fonte: Duarte (2010)

Captação de água de chuva – a água de chuva precipitada pode ser captada pelo

telhados das casas e demais edificações. No entanto, essa água por não ser pura tem seu uso

recomendado para banhos, descargas, lavagem de carros, garagem, irrigação de jardins e

outras destinações.

A água precipitada é recolhida por calhas dotadas de um filtro para impedir a

passagem de impurezas como as folhas. A água recolhida é enviada para uma cisterna ou

28

tambor e no momento do uso é bombeada para caixas elevadas de onde partem as tubulações

para distribuição dessa água para os mais diversos fins.

O uso de água pluvial captada ainda apresenta um custo elevado, porém a médio e

longo prazo traz benefícios pela redução do consumo de água de abastecimento.

Os benefícios ao meio ambiente ainda são maiores, devido a redução do consumo de

água potável que tem elevado custo desde o seu represamento até o tratamento final

necessário com uso de produtos químicos; outro fato é a redução do fluxo de água que escoará

para os sistemas de água pluvial durante as chuvas, diminuindo transtornos com inundações e

alagamentos; por último, a captação de água pluvial não consome energia elétrica e os

materiais dos dispositivos podem ser reciclado e de baixo custo.

Os mecanismos de drenagem citados ilustram apenas alguns dos métodos. As

intervenções não-estruturais incluem a elaboração de estudos, projetos, planos diretores de

drenagem ou planos de manejo de águas pluviais; iniciativas de capacitação e

desenvolvimento institucional e de recursos humanos, fortalecimento social, fiscalização e

avaliação. A ação apóia iniciativas para promover e qualificar o planejamento de futuras

intervenções destinadas ao escoamento regular das águas pluviais e prevenir inundações,

proporcionando segurança sanitária, patrimonial e ambiental. (BRASIL, 2006)

Silveira (s/d) cita que alguns municípios brasileiros já implementaram algumas

práticas de sustentabilidade ambiental em seus planos diretores de drenagem urbana. Tais

práticas devem estar legalizadas através de decretos ou instrumentos legais e vinculadas ao

plano de desenvolvimento urbano. Algumas das práticas estão descritas a seguir:

Belo Horizonte – MG, 1996

Possibilidade de impermeabilização total de áreas desde que compensada com a

implantação de reservatórios na proporção de 30 litros por metro quadrado de área

impermeabilizada;

São Paulo – SP, 2001

Avaliação dos instrumentos legais disponíveis em nível municipal para o controle da

impermeabilização e proposta de alterações, como: proposta de destinação de espaço para

reservação de águas pluviais; manutenção de parcelas permeáveis dos lotes urbanos; controle

de escoamento com pavimentos permeáveis.

Guarulhos – SP, 2001

29

Obrigatoriedade do uso de reservatórios de detenção das águas pluviais para imóveis

com área superior a 1 hectare, com a possibilidade de reutilização destas águas para rega de

jardins, lavagens de passeio e para fins industriais adequados.

São Paulo – SP, 2002

Estabelecimento de limite inferior, igual a 500 m², para exigir o uso de reservatórios

nos lotes; manutenção de 30% das áreas de estacionamentos com piso drenante ou

naturalmente permeável.

Curitiba – PR, 2003

Programa de Conservação e Uso Racional de Água nas Edificações (PURAE)

objetivava incentivar o uso racional da água, a utilização de fontes alternativas e a educação

ambiental e determinação de captação da água da chuva em cisternas para usos não nobres,

como rega de jardins e hortas, lavagem de roupas e veículos, lavagem de vidros e pisos.

Rio de Janeiro – RJ, 2004

O Decreto 23.940 condicionava a regularização de imóveis com liberação de carta de

habitação à construção de reservatórios de detenção das águas pluviais, para edificações com

área impermeabilizada superior a 500m² ou prédios com mais de 50 apartamentos. Além

disso, prevê-se que 30% das áreas para estacionamentos comerciais tenham piso drenante ou

naturalmente permeável.

2.5. PLANEJAMENTO DA DRENAGEM URBANA

Planejar significa perceber a realidade, avaliar os caminhos e construir um referencial

futuro, estruturando o trâmite adequado e reavaliar todo o processo a que o planejamento se

destina.

O planejamento da drenagem urbana deve ser feito sobre critérios bem estabelecidos,

oriundos de uma política da administração pública, apoiada em regulamentos adequados.

Essas políticas e esses regulamentos devem sempre atender as peculiaridades locais, físicas,

econômicas e sociais. O planejamento deve levar sempre ao projeto de um sistema de

drenagem exeqüível, técnica e economicamente eficiente, maximizando os benefícios e

30

minimizando os custos, coerentes com outros planos setoriais e que atenda os anseios da

coletividade. (CETESB, 2010)

Um planejamento, quando bem elaborado, afasta riscos de inundações da área urbana

e elimina intervenções entre enxurradas e o tráfego, tanto de pedestres como de veículos e

danos as propriedades.

Outro fator observado do bom, planejamento é a diminuição considerável do custo do

sistema inicial, reduzindo-se, por exemplo, a extensão de tubulações enterradas.

Quando o sistema de drenagem não é projetado, ele existe naturalmente, pois as cheias

escoam pelas depressões topográficas e pelos cursos de águas naturais. Se a área urbana não

se desenvolver de forma coerente de tais fatos, são grandes os riscos de prejuízos materiais, e

de perdas de vidas humanas. (CETESB, 2010)

2.5.1. Uso e Ocupação do Solo e Plano Diretor de Drenagem

A drenagem urbana e o uso e ocupação do solo estão intimamente ligados. Contudo, a

ocupação do solo decorrente da urbanização, no Brasil, é feito de forma aleatória.

Quanto maior for a urbanização de uma área, maior será a taxa de impermeabilização,

o que promove aumento do escoamento superficial de águas de chuva.

Quando as cidades vão sendo construídas, acabam “roubando” os caminhos naturais

que as águas das chuvas percorreriam e prejudicam o ciclo natural por não oferecerem

alternativas para o retorno dessas águas aos arroios, rios e mares.

A água escoada, devido à impermeabilização do solo urbano, juntamente com a água

transbordada de condutos e canais de drenagem que não suportam determinada vazão, acabam

gerando um impacto ambiental sério que é a contaminação de águas superficiais e

subterrâneas devido a lavagem de ruas, transporte resíduos sólidos, ligações clandestinas e

contaminação de aqüíferos.

Pereira (2009) acrescenta ainda que é importante observar a interação e a unidade

funcional entre a água e outros recursos naturais, como a vegetação e o solo.

31

A preservação da cobertura vegetal é essencial para a conservação dos recursos

hídricos, pois desempenha papel importante tanto no escoamento superficial como no

deflúvio subterrâneo.

A remoção da cobertura vegetal, dada pelo processo de urbanização, reduz o intervalo

de tempo observado entre a queda da chuva e a elevação do nível dos rios, diminui a

evapotranspiração e a retenção de água nas bacias de drenagem, e aumenta o pico das cheias.

Também agrava os processos erosivos, modifica o regime hidrológico dos rios, o

comportamento do clima e das chuvas nas micro bacias.

De acordo com Rauber, citado por Silveira (1997), a drenagem urbana tem relação

direta com a ocupação do solo e, portanto, com o plano diretor dos municípios.

Segundo Souza (2008), o processo de urbanização de grandes e médias cidades

brasileiras é um problema crescente. No país, a ausência de planejamento determina, por

exemplo: ocupação de áreas impróprias (encostas, planícies de inundação, zonas costeiras,

áreas de proteção ambiental); falta de infra-estrutura de Engenharia (fornecimento de água

potável, provimento de energia elétrica, coleta e tratamento do esgoto doméstico, coleta de

águas pluviais, coleta e disposição final adequadas de resíduos sólidos); falta de condições

sociais mínimas (ausência de centros de saúde, de escolas, de segurança pública, de

transporte, de espaços e de lazer).

O potencial impacto das medidas de planejamento das cidades é fundamental para a

minimização desses problemas. No entanto, observa-se hoje que nenhuma cidade brasileira

possui um Plano Diretor de Drenagem Urbana (Ambiente Brasil, 2009).

Tucci (1995) citado por Pereira (2009) diz que os planos diretores devem ser

elaborados baseados em principais como:

Novos desenvolvimentos não podem aumentar a vazão máxima de jusante;

O planejamento e controle dos impactos existentes devem ser elaborados considerando

a bacia como um todo;

O horizonte de planejamento deve ser integrado ao Plano Diretor da cidade;

O controle dos efluentes deve ser avaliado de forma integrada com o esgotamento

sanitário e os resíduos sólidos.

Pereira (2009) cita também que o plano diretor de drenagem deve possibilitar a

identificação das áreas a serem preservadas e a seleção das que possam ser adquiridas pelo

32

poder público antes que sejam ocupadas, loteadas ou que seus preços se elevem e tornem a

aquisição proibitiva; deve ser articulado com as outras atividades urbanas (abastecimento de

água e de esgoto, transporte público, planos viários, instalações elétricas, etc.) de forma a

possibilitar o desenvolvimento da forma mais harmônica possível; deve também constar a

elaboração de campanhas educativas que visem a informar a população sobre a natureza e a

origem do problema das enchentes, sua magnitude e conseqüências. O esclarecimento da

comunidade sobre as formas de solução existentes e os motivos da escolha das soluções

propostas, é de fundamental importância. A solicitação de recursos deve ser respaldada

técnica e politicamente, dando sempre preferência à adoção de medidas preventivas de maior

alcance social e menor custo.

Cita ainda que o plano deve conter medidas preventivas e corretivas para garantir o

adequado escoamento das águas superficiais e deve ainda contemplar propostas no âmbito da

macro e microdrenagem urbana, dando ênfase à preservação dos caminhos naturais das águas.

Busca-se a implementação de técnicas compensatórias, que visam recuperar as

condições existentes antes da urbanização, reduzindo os impactos da urbanização, agindo de

forma integrada ao espaço como um todo.

Embora a elaboração de planos diretores de drenagem urbana seja vista como medida

altamente recomendável, se constituindo em estratégia essencial para a obtenção de soluções

adequadas de drenagem urbana, os planos elaborados, na maioria das vezes, carecem de

metodologia adequada às realidades socioambiental e institucional local, não considerando o

sistema de drenagem como parte de um complexo ambiente urbano que deve estar articulado

com outros sistemas (PORTO et al., 1993).

Alguns exemplos do mau planejamento de drenagem são: aumento de volumes de

escoamento superficial, aumento de vazões máximas, aumento da velocidade de escoamento,

redução de tempos de pico, transbordamento de calhas e canais e entupimentos de bueiros

(SOUZA, 2008).

O desenvolvimento urbano brasileiro tem produzido um aumento caótico na

freqüência das inundações, na produção de sedimentos e na deterioração da qualidade da água

superficial e subterrânea. À medida que a cidade se urbaniza, ocorre o aumento das vazões

máximas (em até sete vezes) devido à impermeabilização e canalização.

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização

Mundial de Saúde), citado por Pires; Filho (2009), o ideal é que cada cidade ofereça 12m² de

33

área verde por habitante, para compensar as áreas impermeáveis e apesar do índice já ter sido

adotado pelo Brasil, muitos municípios não possuem um estudo sobre a quantidade de áreas

destinadas para esse fim.

Estudos indicam que nos centros urbanos, cerca de 70 a 80% do solo encontra-se

impermeabilizados por edificações, rodovias, etc.

2.6. INTERVENIENTES NO SISTEMA DE DRENAGEM

A drenagem urbana tem relação importante com o esgotamento sanitário, uma vez

que, em todas as cidades, as redes de drenagem também são usadas para transportar esgotos

domésticos e industriais. Existe, ainda, uma vinculação com o lixo, já que a água da chuva

"lava" as áreas impermeabilizadas, arrastando os detritos para as canalizações. Além disso,

ainda há maus hábitos da população que costuma jogar o lixo na rede pluvial.

Portanto, tratar da drenagem urbana é tratar de água, de solo, de vegetação, de lixo e

de esgotos em geral. É tratar do meio ambiente urbano, é estar inter-relacionado com os

serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos e coleta e tratamento de

resíduos sólidos. É estar integrado na busca de mais saúde pública e melhor qualidade de

vida.

O esgotamento sanitário e a coleta e tratamento do lixo urbano, assim como a

drenagem pluvial fazem parte do conjunto de medidas do saneamento básico que são adotadas

para preservação ou modificação do meio ambiente visando à prevenção de doenças e a saúde

da população, possibilitando a melhora da qualidade de vida e melhora da produtividade do

indivíduo, facilitando a atividade econômica.

O dois sistemas (esgotamento sanitário e coleta e tratamento do lixo urbano) serão

descritos aqui, de forma sucinta, como forma de mostrar sua relação no sistema de drenagem

pluvial.

34

2.6.1. Esgotamento Sanitário

Sistema de esgotamento sanitário é o conjunto de obras e instalações que propiciam

coleta, transporte e afastamento, tratamento e disposição final das águas residuárias (esgotos

gerados domésticos ou industriais) de uma forma adequada do ponto de vista sanitário.

A geração dos esgotos se dá pela utilização da água para abastecimento que, após o

uso humano apresenta suas características naturais alteradas.

O esgoto deve ser devidamente coletado e tratado para que não se transforme em fonte

potencial de transmissão de doenças e poluição dos mananciais.

O tratamento e destinação dos esgotos sanitário pode ser feito por soluções individuais

ou coletivas que são os chamados sistemas de esgotos. Esses sistemas de esgotos podem ser

do tipo Separador Absoluto ou Sistema Unitário, como são descritos abaixo:

De acordo com o Ministério da Saúde (1999), o sistema separador absoluto é aquele

em que o esgoto doméstico - oriundo das atividades domésticas e que incluem águas contendo

matéria fecal e águas de banho e de lavagem de utensílios e roupas, e o esgoto industrial - que

compreende os resíduos orgânicos, de indústria de alimentos, matadouros, águas residuárias

agressivas, procedentes de indústrias de cerâmica e de água de refrigeração, entre outros,

ficam completamente separados do esgoto pluvial. Esse é o tipo de sistema adotado no Brasil.

O Sistema Separador Absoluto tendem a apresentar deficiências estruturais e

operacionais que acabam resultando na veiculação de esgotos pelo sistema de drenagem

urbana, tais como: ligações clandestinas, extravasores da rede e elevatórias de esgotos,

instalações prediais cruzadas, e contribuições de esgotos de loteamentos irregulares e favelas.

Ainda sendo ambientalmente mais vantajoso pela separação de águas residuárias das

águas pluviais, essas deficiências associadas à ação antrópica, contribuem negativamente para

a sustentabilidade ambiental.

Os sistemas unitários por sua vez, são aqueles que realizam o despejo de esgotos

domésticos e industriais juntamente às águas pluviais coletadas pela drenagem, em um único

coletor.

35

Esse tipo de sistema é prejudicial ao meio ambiente, trazendo o inconveniente do

tratamento desnecessário das águas pluviais, além do fato de se estar desprezando as questões

de preservação ambiental com esta ação.

Esse tipo de sistema é dimensionado, segundo Volschan (2008), com uma capacidade

hidráulica da ordem de 4 a 7 vezes a vazão de esgotos sanitários, acréscimo este que

corresponde à vazão admissível de águas pluviais, a qual está relacionada ao regime

pluviométrico característico de regiões temperadas. Chuvas de intensidade maior que aquela

considerada em projeto é somente parcialmente admitida no sistema unitário, sendo a parcela

excedente submetida a extravasamentos por meio de estruturas hidráulicas estrategicamente

localizadas no sistema de coleta e transporte, assim como na cabeceira das estações de

tratamento de esgotos.

O extravasamento citado acaba poluindo os corpos d’água. Porém, atualmente,

restrições ambientais severas apontam tendências para o uso do sistema separador absoluto.

2.6.2. Lixo Urbano

Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos, (inertes, minerais e orgânicos)

resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados,

gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. Os

resíduos sólidos constituem problemas sanitário, econômico e principalmente estético.

(Ministério da Saúde, 1999).

Tucci et al (2001), em seu estudo afirma que a produção de lixo no Brasil é da ordem

de 0,5 a 0,8 kg/pessoa/dia, mas não existem informações sobre a quantidade de lixo que fica

retido na drenagem, mesmo a nível internacional as informações são reduzidas. Considerando

que o valor citado se refere à quantidade coletada, mas não existem informações do volume

que deixa de ser coletado. Para o Brasil este volume deve ser maior, considerando que muitas

vezes a drenagem é utilizada para depósito de lixo.

Na última década houve um visível incremento de lixo urbano devido às embalagens

plásticas que possuem baixa reciclagem. Os rios e todo o sistema de drenagem ficam cheios

de garrafas tipo pet de refrigerante, além das embalagens de plásticos de todo o tipo.

36

O lixo tem que ser bem acondicionado para facilitar sua remoção. Contudo, algumas

vezes, é jogado na rede de esgoto, o que representa mais uma carga para o sistema de esgotos,

outras vezes são lançados na rede pluvial, em seus dispositivos de captação, causando

obstruções na rede e poluição da água.

2.7. LOCAL DE ESTUDO

A cidade de Feira de Santana (figura 1), onde será realizado o estudo localiza-se na

zona limítrofe entre o semi-árido e o setor mais úmido de controle costeiro (antiga zona de

Mata Atlântica), a cerca de 100 km da capital, Salvador, é a maior cidade do interior do

estado da Bahia, com população estimada em 591,707 mil habitantes (IBGE, 2009).

A temperatura média anual local é de 24°C e as precipitações médias anuais de 837,3

mm, acontecem no período de março a agosto e nos meses de setembro a dezembro.

A cidade se constitui num importante eixo rodoviário do Estado, formado por um anel

de contorno, que inicialmente delimitava sua área, interligando as BR 324, BR 116, BR 101 e

a BA 052.

Feira de Santana faz parte da Região Econômica do Paraguaçu e apresenta-se como a

cidade mais populosa da Região, concentrando um terço da população desta, além de ser o

município mais urbanizado com 87,4% de sua área urbanizada. (FEIRA DE SANTANA,

2008).

O município apresenta uma área territorial pouco acidentada e com uma formação de

solo tal que não permite uma drenagem significativa das águas pluviais.

Surgida nos padrões de colonização de exploração, Feira de Santana foi sendo

explorada sem a necessária preocupação com o meio ambiente. Este fato pode ser percebido

pelo aspecto paisagístico local, dado pela retirada indiscriminada da vegetação nativa com a

intenção de dar lugar às pastagens para gados e pelo uso desmedido e descuidado de lagoas,

rios e águas subterrâneas, causando sua degradação.

A ocupação do solo urbano pelos homens, sempre aconteceu de forma desordenada,

associada à falta de infra-estrutura urbana, vem piorando as condições de destruição

37

ambiental. O crescimento populacional e conseqüente pressão sobre o solo ocupado fazem

com que a população busque novos locais para moradia, agredindo ainda mais o meio

ambiente e seu poder de recuperação natural.

As áreas do entorno das lagoas, por muito tempo, vem sendo utilizadas para depósito

de lixo, e servindo de alternativas para ocupação humana de mais baixa renda, ou mesmo

como área de construção de grandes empreendimentos, provocando um progressivo aumento

da invasão das áreas de mananciais e, na maioria das vezes levando ao seu aterro, sem que

nenhuma providência preventiva, coercitiva, proibitiva ou mesmo educacional seja tomada.

(SANTOS, ATHAYDE, DUARTE, 2001)

Figura 8 - Localização da cidade de Feira de Santana

Ainda nos aspectos urbanos, a cidade apresenta muitas ruas com pavimentação de

paralelepípedo, piso de concreto sextavado, pedras portuguesas e asfalto, que dificultam ou

mesmo impedem a infiltração da água precipitada no solo e possui um sistema de drenagem

antigo, implantado para uma realidade diferente da atual e sem planejamento global.

O presente trabalho de conclusão de curso foi desenvolvido com o objetivo de mostrar

as condições dos sistemas de drenagem dos bairros Baraúnas e Centenário, situado na cidade

de Feira de Santana – Bahia e mostrar o quanto essas condições se aproximam ou se afastam

do sistema de sustentabilidade ambiental.

O bairro Centenário está situado próximo ao centro da cidade, em região mais elevada

em relação ao nível da sub-bacia da Lagoa do Geladinho, para onde a água de chuva captada

nas ruas é drenada.

A população do bairro apresenta nível de renda mais elevado em relação ao bairro

Baraúnas e padrão educacional também maior.

38

As ruas do bairro são pavimentadas e o bairro dispõe de sistema de esgotamento

sanitário, coleta de lixo e drenagem pluvial.

O bairro Baraúnas situa-se na mesma região do bairro Centenário porém em região

mais baixa que o Centenário e Lagoa do Geladinho. As águas de chuva captada no bairro

também são drenadas para a referida lagoa.

A população residente no bairro possível um padrão de vida – renda e educação,

inferior e por vezes bastante precário.

O bairro não possui todas as ruas pavimentadas e as que possuem pavimentação

apresentam-se em condições de destruição.

Os serviços de esgotamento sanitário e drenagem pluvial não atende todas as ruas do

bairro, porém o serviço de coleta de lixo atua em todo bairro.

O local estudado foi previamente escolhido pelo orientador do trabalho, baseado em

pressões sociais, pesquisa de campo e pesquisas na literatura.

39

3. JUSTIFICATIVA

Esse trabalho de conclusão de curso se justifica pela importância de se conhecer o

sistema de drenagem pluvial empregado no espaço urbano de Feira de Santana com parcela da

área considerada de preservação permanente e ocupado de forma irregular, bem como mostrar

que muitas vezes esse sistema encontra-se em condições precárias, fato este que juntamente a

outros fatores, como os de ocupação do solo, uso inadequado do sistema de esgotamento

sanitário e disposição do lixo em locais inadequados, podem acarretar problemas graves à

operação dos sistemas de saneamento básico e à população, facilitando e colaborando para o

aparecimento de doenças e perdas materiais muitas vezes irreparáveis.

Outro ponto a considerar é a apresentação de alternativas para os Sistema de

Drenagem Convencional através dos mecanismos da Drenagem Pluvial Sustentável, que

aparecem se mostram mais favoráveis ao meio ambiente, buscando a sustentabilidade, uma

vez que impõe condições que se aproximam do ciclo hidrológico natural e proporcionam

manejo adequado das águas pluviais captadas.

40

4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Essa pesquisa tem como objetivo geral apresentar, através de um estudo de caso, as

condições de funcionamento do sistema de drenagem pluvial da bacia da lagoa do Geladinho,

em Feira de Santana Bahia e comparar com o sistema não convencional (sustentável).

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Mostrar a realidade da drenagem pluvial dos bairros Centenário e Baraúnas, pertencentes

à sub-bacia do Geladinho, e a distância que esta se encontra do estágio de sustentabilidade

ambiental.

Apresentar a drenagem sustentável como proposta alternativa ao sistema de drenagem

urbana convencional;

Enfatizar as vantagens que traz à população e ao meio ambiente, o uso da drenagem

urbana sustentável em substituição ao sistema convencional;

Mostrar, de forma geral, a realidade da drenagem pluvial em Feira de Santana.

41

5. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caso, qualitativo, das condições de drenagem da bacia da

Lagoa do Geladinho na cidade de Feira de Santana, mostrando em que condições se encontra

a mesma, pontuando seus problemas, mostrando, também, quais seriam as soluções

econômicas e financeiramente viáveis que poderiam ser empregadas na cidade.

A elaboração desse trabalho está baseada em revisão da literatura, em fontes como

livros, artigos, teses, entre outros disponíveis como sites, revistas, bancos de dados, e como

critério de inclusão, foram utilizados os descritores: drenagem urbana pluvial, drenagem

urbana sustentável, resíduos sólidos, esgoto urbano e doenças de veiculação hídrica, bem

como em levantamentos realizados nos órgãos de administração da Prefeitura Municipal de

Feira de Santana: A SEDUR – Secretaria de Desenvolvimento Urbano, que é responsável pela

execução, fiscalização e manutenção dos sistemas de drenagem empregados na cidade; A

SEPLAN – Secretaria de Planejamento, responsável pelo planejamento global e elaboração

dos projetos da rede de drenagem da cidade, e em outros órgãos da administração pública

como: Embasa – Empresa Baiana de Águas e Saneamento, concessionária dos serviços de

abastecimento de água e esgotamento sanitário do Município, para obtenção de informações

sobre o sistema de esgotamento sanitário da cidade e na Qualix, empresa concessionária dos

serviços de coleta, transporte tratamento e destino final adequado dos resíduos sólidos – lixo

urbano, da cidade de Feira de Santana e de entrevistas com os moradores dos Bairros

Centenário e Baraúnas, para verificar as condições sanitárias da população, condições da

drenagem pluvial, dos resíduos sólidos (lixo) e do esgotamento sanitário.

42

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do estudo serão mostrados aqui através da apresentação na forma de

texto dos dados dos questionários aplicados para levantamento de informações nos órgãos de

administração pública da Prefeitura Municipal, nas empresas concessionárias de serviços de

saneamento e pessoas dos bairros escolhidos e oportunamente a discussão das informações

levantadas.

Drenagem urbana - entrevistas realizadas nos órgãos públicos SEDUR e SEPLAN

As informações inerentes ao sistema de drenagem de Feira de Santana foram obtidas

mediantes aplicação de questionário ao Engenheiro José Rogério Campos da Secretaria de

Desenvolvimento Urbano – SEDUR; e ao Secretário de Planejamento, Carlos Brito, da

Secretaria de Planejamento – SEPLAN.

Informações obtidas da entrevista na Secretaria de Desenvolvimento Urbano - SEDUR

O sistema de drenagem pluvial urbana de Feira de Santana está sob administração

direta do poder público, representado pelo governo municipal. No aspecto da gestão, o serviço

está ligado a SEDUR, que é responsável pelo planejamento e fiscalização. Quanto à execução

das redes pluviais, o município a concede a empreiteiras, que são contratadas mediante

processo licitatório. Porém, a fiscalização continua a cargo da SEDUR.

Foi afirmado ter no município instrumentos reguladores do sistema de drenagem que

são: plano diretor de drenagem urbana, plano urbanístico global para área urbana lei de uso e

ocupação do solo, legislação municipal ou da região urbana. Porém estes documentos

atualmente estão em processo de alterações para adequação a realidade do município.

O sistema de drenagem da cidade é do tipo separador absoluto, ou seja, utiliza

coletores exclusivos para transportar águas de chuva. As águas coletadas são lançadas em

cursos d’água permanente.

43

Os tipos de drenagem da cidade são superficiais e subterrâneos. Contudo, boa parte

dos bairros possuem apenas o tipo subterrâneo.

Destaca-se também que o planejamento da drenagem é feito, no entanto, algumas

vezes imprevistos ocorridos exigem que soluções emergenciais sejam tomadas.

A manutenção do sistema é feita de forma periódica no centro da cidade e nos demais

locais, somente quando da aparição de problemas. Os serviços envolvidos nessa manutenção

são: limpeza e desobstrução dos dispositivos de captação, dragagem e limpeza dos canais e

limpeza e desobstrução das galerias. A varrição e limpeza das ruas que também é muito

importante para a qualidade do sistema, são realizadas pela Secretaria de Serviços Públicos

juntamente com empresa terceirizada.

Embora com a manutenção, a cidade enfrenta problemas de assoreamento da rede

devido à quantidade de resíduo sólido encontrado no local. Ocorrem também pontos de

estrangulamento ocasionados por habitações irregulares, como invasões, que impedem a

entrada de máquinas para a limpeza dos canais.

Os projetos de rede pluvial da cidade não preveem intervenções no sistema, tais como:

lixo urbano, esgoto e invasões e, além disso, a grande área impermeabilizada, principalmente

no centro da cidade, aumenta a vazão escoada a níveis incompatíveis com a vazão de

dimensionamento (sistema subdimensionado para a realidade local). Esses fatores

intensificam a ocorrência de inundações e enchentes na cidade.

Pode-se então pontuar de forma mais clara os fatores agravantes de enchentes, que

são:

Dimensionamento inadequado de projeto;

Adensamento populacional;

Obstrução de bueiros, bocas-de-lobo, etc.;

Lençol freático alto;

Existência de interferência física (resíduos sólidos lançados na rede).

Sobre a drenagem da área de estudo – bairro Centenário, a secretaria também não

dispunham de dados. Apenas informam que a água de chuva captada nesses bairros e em

outros dois, além da captação feita no viaduto Prefeito José Ronaldo de Carvalho, é lançada

na Lagoa do Geladinho, que se encontra completamente poluída.

44

Segundo informado, o percentual orçamentário destinado as obras de drenagem

urbana, a extensão da rede de drenagem urbana do município, o percentual de ruas

pavimentadas, o percentual de drenagem superficial e subterrânea nas ruas pavimentadas e o

percentual de ruas pavimentadas sem drenagem, são dados possuídos pela SEPLAN, os quais

a SEDUR não possui informações.

Do questionamento sobre os sistemas de drenagem sustentável ou mesmo aplicação de

gestão ambiental para controle e preservação do meio ambiente, não se obteve informações.

Informações obtidas da entrevista na Secretaria de Planejamento - SEPLAN

Sobre o sistema de drenagem de Feira de Santana, afirmou-se que a SEPLAN não

possui informações, pois, o planejamento, projeto e execução estão sob responsabilidade da

Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Afirmou-se também que não tem acesso as plantas do

sistema, que são igualmente desenvolvidas pela SEDUR.

Quanto ao percentual orçamentário destinado às obras de drenagem urbana, a extensão

da rede de drenagem urbana do município, o percentual de ruas pavimentadas, o percentual de

drenagem superficial e subterrânea nas ruas pavimentadas e o percentual de ruas

pavimentadas sem drenagem, foi alegado o desconhecimento dos dados, uma vez que não

existem cadastros dessas informações e não foram feitos mapeamentos da rede.

A respeito do plano diretor de desenvolvimento urbano e plano de uso e ocupação do

solo, afirmou-se que o município dispõe dos documentos, porém, estes se encontram

desatualizado; o plano diretor de drenagem urbana ainda não foi elaborado e, portanto não há

instrumentos reguladores do serviço de drenagem pluvial urbana.

Quanto ao questionamento sobre sustentabilidade ambiental, foi esclarecido que não

são aplicados no município sistemas de drenagem com medidas para a sustentabilidade

ambiental; que a prefeitura não possui nenhum plano ou projeto para implantação de sistemas

não convencionais sustentáveis e que não é realizada trabalhos ou campanhas de informação e

educação ambiental com a comunidade para a conscientização da importância do cuidado

com o meio ambiente.

Confrontado os dados obtidos em cada uma das secretarias, observa-se a não

veracidade sobre a existência do plano diretor de drenagem urbana. A cidade não possui todos

45

os instrumentos reguladores informados. Os planos - Diretor de Desenvolvimento Urbano e

Uso e Ocupação do Solo, existem, porém não tratam da drenagem. Segundo foi informado, a

falta de estudos, mapeamentos e planejamentos não permitiram ainda que fosse elaborado tal

plano, apesar de existir mapeamento da cidade com curvas de nível montado pela CONDER.

O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Feira de Santana foi elaborado na

década de 60, durante o governo de João Durval Carneiro e encontra-se hoje desatualizado.

Foi percebido um desencontro entre as informações fornecidas em cada órgão, o que

demonstra falta de comunicação e planejamento.

Em respeito da função do sistema de drenagem pluvial, em entrevista aos órgãos da

Prefeitura, esta foi classificada como feita em redes separadoras absolutas, no entanto, na

prática, este sistema não existe, devido a inúmeras intervenções entre os sistemas de esgoto e

drenagem.

Esgotamento sanitário - entrevista realizada na Embasa, empresa concessionária de

serviços de saneamento e abastecimento de água.

Foi solicitado em entrevista que se fizesse um comentário geral sobre o sistema de

esgotamento sanitário, que relacionasse o esgoto sanitário com a drenagem pluvial

evidenciando os problemas da intervenção. O resultado é mostrado a seguir:

O esgoto sanitário é entendido como águas que depois de utilizadas em residências,

comércios e indústrias tem suas características modificadas. Nesse contexto, vale ressaltar que

os esgotos sanitários são apenas águas usadas, não fazendo parte destes os resíduos sólidos

como latas, papéis, restos de alimentos e outros, que são erroneamente depositados pela

população nas redes de esgotos sanitários.

A captação de esgotos sanitários é importante, pois canaliza a água de forma segura

até o local onde será processado, evitando seu lançamento a céu aberto, o que pode causar

uma ameaça ao meio ambiente por poluição dos mananciais e contaminação dos solos, além

de ser um risco potencial a saúde pública por propiciar a transmissão de diversas doenças

como diarréia, leptospirose e hepatite.

46

A captação de esgotos sanitários pode também ser analisada do ponto de vista

econômico por evitar gastos com a saúde da comunidade e dias improdutivos de trabalhadores

por motivos de doença.

Tratando diretamente sobre a relação esgotos sanitários e drenagem urbana, destaca-se

primeiramente a diferença entre eles. Esgotos sanitários, como foi dito, são as águas após sua

utilização; enquanto esgoto pluvial ou drenagem pluvial é a água de chuva captada.

Em Feira de Santana, até a década de 70, o esgotamento sanitário e a drenagem de

águas pluviais faziam parte de um sistema unificado, onde eram captados juntos e lançados

nos rios. A partir daí o sistema Separador Absoluto começou a ser implantado na cidade

ficando o sistema de esgotamento sanitário administrado pela Embasa, através da concessão

dos serviços, e a drenagem urbana das águas pluvial sob gestão da Prefeitura local. O sistema

separador absoluto é mais vantajoso do ponto de vista ambiental, pois, isola o esgoto e a água

de chuva em redes diferentes, evitando a poluição.

As causas de contaminação em relação a água pluvial e rede de esgoto sanitário podem

ser relacionadas conforme segue:

Lançamento de resíduos sólidos nas redes – A população infelizmente tem o hábito de

jogar restos de alimentos, papéis, plásticos e outros resíduos na rede de esgotamento sanitário.

Essa ação indevida pode causar entupimento da rede e o esgoto pode retornar para os pontos

de captação, extravasando em seguida;

Ligações clandestinas – É também hábito da população fazer ligações clandestinas da

água de chuva das residências na rede de esgotamento sanitário. Ao contrário disso, a água

precipitada deve ser lançada nas ruas ou galerias pluviais, para que sejam conduzidas para o

sistema de drenagem pluvial;

Retiradas de tampas de poços de visita da rede de esgotamento sanitário nas vias

públicas para drenar as águas da chuva – É comum depois de ocorrerem chuvas que a água

empoçada nas vias públicas seja introduzida na rede de esgotamento sanitário, para se livrar

das águas acumuladas nas vias. Esta prática coloca em risco as residências localizadas nas

partes baixas.

O grande problema tanto das ligações clandestinas de água pluvial como da retirada de

tampas dos PV’s é que a rede de esgotamento sanitário é projetada para a vazão do esgoto e

por não suportar volume adicional, acaba transbordando;

47

Em particular, o sistema de esgotamento sanitário do bairro Centenário foi planejado e

executado pela Prefeitura municipal sob fiscalização da Embasa. Foi feito o encontro de

contas entre EMBASA e Prefeitura, por força de convênio entre as partes.

Em seguida à implantação de rede de esgotamento sanitário pela Prefeitura foram

instaladas caixas de coleta do esgoto nos passeios das residências, para que os moradores

passassem a canalizar o esgoto da suas residências para esses pontos. Porém, não se

conseguiu a total colaboração dos moradores. Muitos deles continuam a lançar o esgoto na

rede de água pluvial. Como a EMBASA não tem poder de polícia e a Secretaria de Meio

Ambiente do Município e/ou o Instituto de Meio Ambiente do Estado não adotam as

providências previstas em Lei a prática permanece sem punição.

Essas questões apontam para um sério problema, que é a falta de integração de

planejamentos e das ações dos diversos sistemas urbanos e, somado a isso está à precariedade

do sistema de drenagem na cidade.

Não se pode desprezar a importância da influência da população tanto na geração

desses problemas quanto na resolução dos mesmos. A cooperação da comunidade para a

operação dos sistemas de esgoto e pluvial e para o equilíbrio ambiental é indispensável e pode

ser conseguida através de ações educativas que promovam conscientização ambiental aos

munícipes.

Coleta e tratamento do lixo urbano - entrevista realizada na Qualix, empresa

concessionário desses serviços.

Foi solicitado em entrevista que se fizesse uma abordagem geral sobre o serviço de

coleta e tratamento do lixo, relacionando o lixo urbano com a drenagem pluvial e

evidenciando os problemas da intervenção. O resultado é mostrado a seguir:

O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade humana. Ele é

constituído de substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O problema do lixo

tem objetivo comum a outras medidas, mais uma de ordem psicológica: o efeito da limpeza da

comunidade sobre o povo.

O lixo disposto nas vias públicas acarreta uma série de problemas de ordem sanitária,

econômica e estética.

48

Os Resíduos Sólidos destinados inadequadamente geram problemas sanitários como a

contaminação das águas superficiais e subterrâneas, contaminação do solo e contaminação do

ar. Todo este cenário provoca o surgimento de vetores nocivos a saúde, ocasionando diversos

tipos de doenças que poderiam ser evitadas com o correto tratamento.

Os problemas econômicos relacionados com o lixo são evidenciados através de gastos

em saúde pública, gastos com acidentes provocados por acumulo do lixo em encostas,

entupimentos do sistema de drenagen de água pluvial e outros.

Esteticamente é possível citar a poluição visual do lixo nas ruas, beira de estradas,

queima de lixo in natura em lixões clandestinos nas periferias das cidades, etc.

A importância sanitária da coleta dos resíduos é prevenir e evitar o surgimento de

doenças, melhorando a qualidade e expectativa de vida da população, além de evitar a

poluição de mananciais.

Realizando a coleta regularmente tem-se um ganho econômico na saúde pública,

evitando e prevenindo o surgimento de doenças, reduzindo custos de internações hospitalares,

custos com medicamentos, custos de perda prematura de mão de obra por invalidez ou óbito.

Também não se pode deixar de citar o ganho ambiental com a preservação do meio

ambiente, isto impacta diretamente na economia de uma cidade evitando gastos para

recuperação de áreas contaminadas por resíduos tóxicos ou perigosos.

Danos a saúde, danos a qualidade de vida e redução da expectativa de vida.

Os danos ambientais causados pelo lixo são: contaminação do solo, do ar, da água, a

poluição visual, etc.; estes fatores poderão causar desde pequenos impactos, como a emissão

de odores provocados pela decomposição do lixo em terrenos baldios, como também grandes

impactos, citando como exemplo as grandes inundações que são agravadas pelos

entupimentos de bueiros, lixos em encostas de morros, lixos depositados em galerias pluviais

e nas margens e leitos dos rios.

Em Feira de Santana é realizada a coleta de lixo domiciliar regularmente por veículos

coletores compactadores com capacidade de 15 m3. Os setores de coleta são dimensionados

de acordo com o volume de lixo de cada bairro, isto é diretamente proporcional ao número de

habitantes, que produz em média 700 gramas de resíduo sólidos no domiciliar por dia.

Toda a cidade de Feira de Santana tem coleta de lixo domiciliar regular, infelizmente

existe munícipes que não observam o dia e horário da coleta de seu bairro, dispondo o lixo em

49

terrenos baldios ou em locais inadequados, o que vem a provocar os danos ambientais acima

citados.

Não se tem estudo sobre a quantidade destes resíduos dispostos de forma inadequada

na cidade, mas, acreditamos que possa chegar a até 5% da produção total de lixo.

No sistema de drenagem, os resíduos interferem diretamente, entupindo bueiros,

obstruindo galerias, canais, córregos e rios; tudo isto provoca inundações, deslizamentos de

encostas e outros transtorno.

Contudo, o problema de disposição inadequada do lixo pode ser minimizada através

da educação ambiental dos minícipes, fiscalização efetiva do poder público e também da

sociedade organizada, participação da população através de denuncias à prefeitura, órgãos

ambientais e ministério público. Enfim, somente com muito trabalho e participação de todos é

possível melhorar a questão ambiental do planeta.

As informações expostas nas entrevistas com as concessionárias e com os órgãos da

Prefeitura mostraram que a drenagem no município não é planejada nem operada de forma

conjunta com os demais serviços, especialmente com os de esgotamento sanitário e lixo

urbano, que integram o conjunto do saneamento básico e interferem de forma direta na

drenagem.

Foi relatado tanto na entrevista sobre o esgoto, quanto sobre o lixo, que infelizmente

grande parte dos moradores da cidade, de forma geral, não respeita a limpeza urbana e não

pratica a preservação do meio ambiente. Assim, existem muitas ligações clandestinas de

esgoto nas redes pluviais ou ligações de águas pluviais na rede de esgotamento sanitário, e

grande quantidade de lixo lançados nas ruas, causando grande prejuízo por entupimento dos

dispositivos de drenagem.

50

Estudo de campo - pesquisa realizada com os moradores dos bairros Centenário e

Baraúnas

Para conhecer melhor as condições de saneamento da cidade e mais especificamente,

as condições de drenagem pluvial, foram escolhidos dois bairros próximos, Centenário e

Baraúnas, que possuem sistema de drenagem pluvial com descarga na lagoa do Geladinho.

A pesquisa contou com uma amostra de 25 pessoas de cada bairro, escolhidas

aleatoriamente, para as quais foi aplicado um questionário visando avaliar as condições de

drenagem urbana e os fatores envolvidos no saneamento.

A seguir, serão mostrados os resultados do questionário aplicado aos moradores dos

bairros selecionados.

É sabido que a gestão da drenagem urbana pluvial de um município é de

responsabilidade da Prefeitura Municipal, sendo que é possível existir um órgão específico na

Prefeitura encarregado em gerir o sistema. Quando indagados se os moradores possuíam

conhecimento acerca disto, no bairro Centenário, 60% dos moradores responderam que sim e,

os outros 40% não sabiam de quem era a responsabilidade. Já no bairro Baraúnas 20% dos

moradores alegaram saber quem era incumbido pela drenagem urbana pluvial e os outros 80%

não sabiam responder. Muitos dos que não sabiam, acreditavam que devia ser realizada pela

Embasa.

O plano diretor de desenvolvimento urbano é um projeto de lei que direciona as

políticas municipais para o desenvolvimento urbano. A pesquisa mostrou que no bairro

Centenário 40% da população entrevistada diziam conhecer o plano diretor de

desenvolvimento urbano da cidade ou saber da existência, os 60% restantes desconheciam.

No bairro Baraúnas, 100% dos moradores questionados não conheciam o plano.

Os moradores foram questionados sobre a existência de um plano diretor de drenagem

urbana. 20% dos questionados do bairro Centenário e Baraúnas acreditavam haver tal plano

na cidade, mas, reconheciam desconhecê-lo. Os outros 80% entrevistados de cada bairro

afirmavam que a cidade não possuía o plano.

Já foi aqui mencionada a importância do funcionamento correto dos sistemas de

drenagem pluvial. Dado este fato, foi averiguado se os dispositivos de drenagem instalados

nos dois bairros funcionavam corretamente. Na pesquisa no bairro Centenário, 60% dos

51

moradores disseram não haver problemas no sistema, e os outros 40% disseram funcionar

mal.(Figura 9)

Figura 9 - Condições dos dispositivos de drenagem do bairro Centenário

Já no bairro Baraúnas, todos os moradores reclamaram das condições precárias do

sistema, dizendo que o mesmo não funcionava. (Figura 10).

52

Figura 10 - Dispositivos de drenagem no bairro Baraúnas. (a) Boca-de-Lobo coberta por lixo (b) Boca-de-

Lobo sem tampa, coberta por papelão e pedras e em destaque deetos humanos (c) Boca-de-Lobo

completamente entupida não permite a entrada de água (d) Boca-de-Lobo suja por sacos plásticos e

outros.

Atrelado ao funcionamento do sistema de drenagem pluvial, foi perguntado aos

moradores se em dias de chuva as ruas ficavam alagadas e se na ocorrência de alagamentos

era percebido algum mau cheiro na água. No bairro Centenário, 40% dos moradores alegaram

empoçamentos em alguns locais, decorrente do sedimento do solo, em vários pontos das ruas,

ocorrido após a implantação do sistema de esgoto. 60% dos moradores relataram não perceber

esse problema nas vias. Todos os moradores do bairro concordaram não haver mau cheiro nas

águas empoçadas. (Figura 11)

53

Figura 11 - Ruas do bairro Centenário após chuva. Pontos de sedimento do solo após período de chuva;

presença de mato próximo as calçadas e água acumulada nas depressões do pavimento.

Dos interrogados no bairro Baraúnas 100% afirmou que sempre que chove as ruas

ficam alagadas e o mau cheiro percebido é bastante incomodo. (Figura 12)

Figura 12 - Ruas do bairro Baraúnas após chuva. Ruas sem calçamento; grande quantidade de água

empoçada.

54

Foi dito pelos entrevistados no bairro Baraúnas que, depois da obra de requalificação,

efetuada pela Prefeitura Municipal, na lagoa do Geladinho, a água de chuva escoada nas ruas

do bairro aumentaram em volume, piorando a situação que já era crítica. (Figura 13)

Figura 13 - Construção do Parque da Lagoa - Lagoa do Geladinho

Para esta pesquisa, foi imprescindível averiguar quais os problemas observados pelos

moradores, que afetavam o funcionamento do sistema de drenagem dos bairros. Nos dois

bairros, todos os moradores apontaram a presença de lixo nos dispositivos de captação da

água pluvial, 40% dos entrevistados do bairro Centenário e 60% do bairro Baraúnas disseram

haver bocas de lobo sem tampa, 60% de todos os interrogados falaram sobre a ligação

clandestina de esgotos na rede pluvial e do problema inverso. No bairro Baraúnas, os

55

entrevistados disseram da presença de dejetos nas águas que corriam pelas ruas, vindos das

ligações de esgoto na rede pluvial.

O serviço de limpeza pública é indispensável para manutenção das condições de

saúde, estética e bem estar dos moradores, além de ser indispensável também a manutenção

do funcionamento dos sistemas de drenagem. Por essa razão, os moradores foram

questionados sobre o desempenho da limpeza pública nos bairros. No bairro Centenário, os

moradores disseram, em 100% das respostas, que o serviço de coleta de lixo era bom,

contudo, a varrição das ruas não era feita, mas o problema não afetava de forma considerável

os dispositivos de drenagem, pois, os moradores colaboravam com a limpeza do bairro.

(Figura 14) No bairro Baraúnas, todos os moradores julgaram ótima a coleta de lixo e péssima

a varrição das ruas. Neste caso não havia colaboração dos moradores em não jogar lixo nas

ruas, mas, após as chuvas eles informaram limpar por conta própria as bocas de lobo para

desobstrução e passagem da água. (Figura 15)

Figura 14 - Ruas do bairro Baraúnas. Nos pontos mais críticos de limpeza foram encontrados matos

próximos às calçadas.

56

Figura 15 - Ruas do bairro Baraúna. Condições críticas da maioria das ruas. Grande quantidade de lixo e

mato espalhados.

O esgotamento sanitário é também um serviço de saneamento imprescindível nos

bairros e seu funcionamento deve ocorrer sem interferências na rede de drenagem. Da mesma

forma, as água pluviais não devem escoar pelas redes de esgoto. Nos bairros pesquisados,

verificou-se pelos questionamentos que esta condição não é sempre atendida. No bairro

Centenário, 60% dos entrevistados reconheciam não fazer ligação correta dos esgotos

residenciais. Estes afirmaram ter o esgoto de suas casas ligado a rede de drenagem, pois, a

rede de esgoto foi executada posteriormente a rede pluvial, a qual os esgotos já eram ligados e

hoje, a correção não é feita para evitar custos com reformas. Os 40% restantes afirmaram já

terem suas tubulações de esgoto ligadas a rede de esgotamento sanitário. No bairro Baraúnas,

20% afirmaram ter o esgoto ligado a rede de esgotamento sanitário e os 80% restantes disse

não ter feito essa ligação, estando os esgotos ligados na rede pluvial. Alguns moradores

apontaram o fato de que algumas caixas coletoras de esgoto das ruas ainda não foram

liberadas para a ligação do esgoto doméstico.

Sobre a destinação das águas de chuvas das residências, 80% dos moradores

entrevistados, nos dois bairros, disseram fazer o lançamento na rua. 20% dos questionados no

Centenário disseram lançar diretamente na rede de esgoto e os 20% do bairro Baraúnas não

faziam canalização das águas de chuva ou não sabiam para onde a água é canalizada.

Os moradores foram questionados sobre o que acham da gestão municipal de

saneamento básico. O resultado foi que, no bairro Centenário, 20% acham a gestão ruim, 60%

acham boa e 20% que precisa melhorar. Já no Baraúnas, 80% disseram ser ruim ou péssima e

20% disseram sentir necessidade de melhoras.

57

A questão ambiental, também foi pesquisada nos bairros através do questionário. Era

necessário saber o nível de instrução e conscientização ambiental da população, no âmbito da

drenagem. Inferiu-se na pesquisa que a maior parte dos moradores entrevistados em ambos os

bairros (80% do Baraúnas e 100% do Centenário) são a favor da adoção de medidas que

visem a sustentabilidade ambiental pelos serviços de drenagem pluvial. Os outros 20% do

bairro Baraúnas se mostraram indiferentes a adoção das práticas.

Em ambos os bairros, os moradores acreditam que se fossem adotados políticas de

educação sanitária e ambiental para o saneamento básico, em particular para a drenagem,

muitos problemas da gestão de águas pluviais seriam amenizados ou até sanados.

Todos os moradores questionados reclamaram da não participação da população nas

decisões de planejamento do município e caracterizaram como inativa a participação popular

nas decisões do governo municipal.

Os entrevistados do bairro Baraúnas, em sua totalidade, disseram que participariam

das ações educativas e de conscientização da preservação ambiental caso estas fossem

promovidas pelo governo. No bairro Centenário 20% dos entrevistados disseram que não

participariam, pois, possuem ocupações que os impedem de se dedicar a essas causas. Todos

os outros afirmaram que participariam das ações.

Ao serem perguntados sobre a adoção de práticas de drenagem sustentável em sua

residência, tais como a captação e reservação da água pluvial para reuso e o uso de jardins

pluviais para aumentar a infiltração da água no solo, todos os entrevistados disseram que

poderiam aderir caso fosse parte de uma proposta do governo.

Por fim, foram apresentados os mecanismos de drenagem sustentável, dados nesse

trabalho, aos moradores, que foram perguntados sobre o conhecimento anterior dessas

práticas. O resultado foi que no bairro Baraúnas, nenhum dos moradores tinha conhecimento

sobre as práticas, já no bairro Centenário, 40% disseram que conheciam ou já tinham ouvido

falar e 60% afirmaram desconhecer.

Pela aplicação do questionário nos bairros escolhidos, constatou-se que a maioria dos

moradores desconhece o responsável pela gestão do sistema de drenagem pluvial e muitos dos

moradores não sabem da existência e/ou não conhecem o Plano Diretor de Desenvolvimento

Urbano da cidade. Também não sabiam da existência ou não de um Plano Diretor de

58

Drenagem Urbana. Este fato foi um dos que evidenciou baixo nível de informação dos

munícipes a respeito planejamento e desenvolvimento da cidade.

O estudo evidenciou o problema da falta de política de esclarecimento e educação

sanitária e ambiental dos cidadãos e também a falta política e de qualificação profissional para

planejamento e gestão da drenagem pluvial.

Ficou claro que em Feira de Santana, infelizmente nada ou muito pouco está sendo

feito pela sustentabilidade ambiental e não há nenhum plano para alcançá-la. A Prefeitura

também não realiza nenhum trabalho social educativo para instruir a população para a

preservação do meio ambiente.

Percebeu-se que dentre os sistemas de drenagem, coleta de lixo e esgotamento

sanitário citados, o que possuía pior funcionamento era o sistema de drenagem. Ainda que, os

próprios moradores afirmavam que faziam ligações do esgoto direto para a rede de drenagem

ou para as ruas, alegando o fato de não ter a rede de esgoto sanitário pronta e liberada para o

uso (caso do Baraúnas) ou não quererem passar por reformas para mudança da canalização do

esgoto sanitário e pluvial de forma independente.

No momento em que foi realizado o estudo, no bairro Baraúnas, muitos moradores

foram flagrados mexendo nas bocas-de-lobo na tentativa de desobstrução para escoar a água

que já inundava as ruas. Com isso ficou evidente a falta de fiscalização e manutenção dos

sistemas de drenagem.

O planejamento da cidade é falho.O projeto de revitalização e melhoramento da lagoa

do geladinho, com a implantação do "Parque da Lagoa", trouxe maiores complicações pra o

bairro Baraúnas. Os moradores relataram que a água da lagoa depois da chuva escoa para as

ruas do bairro e os dispositivos de drenagem transbordam.

Pela situação encontrada das ruas e dos dispositivos de drenagem, a manutenção

aparenta ser muito precária.

A varrição e limpeza geral das ruas, serviço de grande importância para o

funcionamento dos dispositivos de drenagem, não é realizada nos bairros estudados ou

acontecem entre períodos muito distantes.

As ruas, principalmente do bairro Baraúnas, tem grande quantidade de lixo espalhado

e mato.

59

A pesquisa expôs as condições da cidade, que apresenta um sistema de drenagem

antigo, muitas vezes sub-dimensionado, que não atende a realidade local e puramente com

utilização de soluções estruturais de sistema convencional, sem a preocupação com medidas

não estruturais para preservação ambiental e embelezamento da cidade.

Foi possível perceber que a realidade do serviço de drenagem na cidade de Feira de

Santana ainda está muito distante do referido sistema de drenagem sustentável.

60

7. CONCLUSÃO

A drenagem urbana, devido a muitas falhas de planejamento, execução, operação e

controle representa, hoje, uma fonte de prejuízos para população urbana, decorrentes das

freqüentes inundações, das interrupções do tráfego e da deterioração ambiental.

Os danos causados pelas inundações têm aumentado em Feira de Santana, reduzindo a

qualidade de vida, o valor das propriedades, prejuízos materiais, bem como de vidas humanas.

Este processo é decorrência da urbanização sem planejamento sustentável e o

conseqüente aumento da impermeabilização das áreas e o desenvolvimento de maus projetos.

As obras e o controle público da drenagem têm sido realizados por uma visão local e

setorizada dos problemas, gerando mais impactos do que os pré-existentes e desperdiçando os

parcos recursos existentes nas cidades.

A defasagem técnica dos profissionais, não só dos técnicos do município mais também

dos demais órgãos envolvidos, a falta de regulamentação da transferência de impactos dentro

das cidades e o limitado conhecimento sobre o assunto são as principais causas dessas perdas,.

O aspecto mais sério desse problema é que os órgãos financiadores continuam defasados

tecnicamente e não aceitam projetos com investimentos sustentáveis, quando são

apresentados.

Muito pouco tem sido realizado no sentido de buscar e controlar esse processo em

Feira de Santana. Os problemas decorrentes do precário sistema de drenagem não são

interpretados de forma adequada. Os impactos gerados pela urbanização inadequada requerem

medidas preventivas, com as necessárias medidas administrativas e técnicas implantadas

através do Plano Diretor Urbano e Plano de Drenagem Urbana.

Para mudar esse processo é necessária uma nova geração de profissionais que

planejem o espaço de forma mais sustentável, e de vontade política para que a mudança

ocorra. Além disso, a legislação de controle é essencial para que os empreendedores sejam

convencidos a adotar as medidas na fonte.

Na cidade de Feira de Santana, não existe integração dos vários setores que tem

interface com a drenagem urbana no planejamento e execução das ações e não são pensadas

medidas para melhoria ambiental. A tendência desses atos é a crescente urbanização com

conseqüente deploração do meio ambiente.

61

Ainda que não fossem analisadas questões de sustentabilidade seria necessário realizar

mudanças em toda a política de desenvolvimento urbano da cidade, pois, cada medida

estrutural de tratamento da drenagem urbana que tem sido implantada na cidade, na verdade

estão apenas aumentando os problemas que futuramente serão mostrados de forma bastante

grave.

No entanto, como foram mostradas no trabalho, as práticas aplicadas à drenagem

sustentável são medidas que já são utilizadas amplamente em países desenvolvidos,

justamente por se mostrarem muito eficazes, trazendo retorno de qualidade de vida a

população e benefícios relevantes ao meio ambiente.

Essas técnicas deveriam passar a serem pensadas e implantadas em Feira de Santana

para mudar o presente quadro de destruição do meio natural.

62

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66

APÊNDICE

67

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO AO SETOR DE PLANEJAMENTO

DE FEIRA DE SANTANA

SISTEMA DE DRENAGEM CONVENCIONAL

1. De que forma é vista a importância do sistema de drenagem para a cidade?

2. Qual a importância do planejamento do sistema de drenagem de uma cidade?

3. De que forma os aspectos relacionados a drenagem podem afetar a população?

Ex. riscos a saúde, danos materiais, danos as vias publicas, etc.

4. Em termos de cobertura dos serviços de drenagem na cidade de FSA, qual o alcance da

microdrenagem e da macrodrenagem?

5. De que forma é definido o tipo de recurso utilizado para o sistema de drenagem de Feira de

Santana?

6. Quais são os fatores que comprometem o planejamento, elaboração de projetos e execução de

obras de drenagem?

Ex. falta de recursos, escassez de mão de obra qualificada em todos os níveis, para a

realização da infra-estrutura.

7. Qual a situação do sistema de drenagem de FSA em relação a seu desempenho e conservação?

8. O sistema de drenagem está adequado a realidade local?

9. Existe um planejamento eficaz para solução da demanda por drenagem na cidade?

10. A atuação da prefeitura frente a problemas de drenagem é de caráter remediativo ou

preventivo?

11. Existe na cidade um plano diretor de drenagem urbana?

12. Esse plano avalia o sistema tanto do ponto de vista da bacia hidrográfica e também da correta

ocupação do solo urbano?

13. O planejamento da drenagem urbana está integrado aos demais planejamentos?

Ex. esgotamento sanitário e desenvolvimento urbano, entre outros.

14. Como são definidas as áreas prioritárias para execução do sistema de drenagem e manutenção

deste?

15. Quais os principais problemas enfrentados pelo poder publico municipal para efetuar

melhoramentos na cidade com o sistema de drenagem?

Ex. ligações clandestinas de esgoto, deposição inadequada do lixo doméstico e/ou industrial,

ocupação de áreas de lagoas, ocupação desordenada do solo urbano.

68

16. A ONU e OMS especificam que em locais urbanos deve-se ter 12m² de área verde por

habitante, para compensar as áreas impermeabilizadas. Qual é a realidade de Feira de Santana

nesse aspecto?

SISTEMA DE DRENAGEM NÃO CONVENCIONAL

1. Quais as principais falhas do sistema convencional de drenagem que ocasionam impactos

ambientais?

2. Em sua opinião, a continuação do uso de sistemas convencionais de drenagem traz problemas

graves ao meio ambiente?

3. O sistema convencional de drenagem trata da água pluvial como um recurso ou como um

resíduo?

4. Qual a preocupação do setor com o controle da impermeabilização do solo urbano e com a

preservação e reuso das águas precipitadas?

5. Qual o ganho que teria a população e o meio ambiente caso fossem adotadas na cidade

sistemas de drenagem sustentável?

Ex. reservação dos volumes precipitados, diminuindo a vazão escoada; maior infiltração das

águas através de áreas verdes reabastecendo os lençóis com águas mais conservadas; reuso da

água para regas de jardins, etc.

6. O governo municipal dispõe de recursos que obriguem ou mesmo estimulem o uso de

dispositivos de drenagem sustentável?

Ex. reservatórios de água de chuva; pavimentos drenantes; manutenção de parcelas

permeáveis dos lotes urbanos.

7. Qual o papel da sociedade para o alcance da sustentabilidade ambiental?

8. O governo municipal prevê ações de incentivo a sustentabilidade?

Ex. campanhas de educação ambiental.

9. O Ministério das Cidades, através do programa Drenagem Urbana Sustentável, preconiza que

os planos diretores de drenagem devem necessariamente atender aos princípios de Manejo

Sustentável das Águas Pluviais Urbanas, apresentados pelo programa. Esse preceito está

sendo atendido na cidade de Feira de Santana?

69

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SOBRE DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO

DE FEIRA DE SANTANA APLICADO A SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO

URBANO - Adaptado do IBGE DU 2000

A ENTIDADE

1. Constituição jurídica da entidade

Administração Direta do Poder Público

Empresa Com Participação Majoritária no Poder Público

Empresa Privada

Autarquia

Outra _______________________________________________________________

2. Esfera administrativa da entidade

Governo Federal

Governo Municipal

Governo Estadual

Particular

SITUAÇÃO DO SERVIÇO DE DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO

3. A que secretaria ou setor o serviço de drenagem urbana está ligado?

Secretaria de Saneamento

Secretaria de Obras e Serviços Públicos

Secretaria de Saúde

Secretaria do Meio Ambiente

Gabinete do Prefeito

Serviço Autônomo de Água e Esgoto e Drenagem Urbana

Outra - ________________________________________________

4. Qual percentual do orçamento é destinado a obras de drenagem urbana?

Até 5%

Mais de 5 a 10%

Mais de 10 a 20%

70

Mais de 20%

Não há previsão orçamentária

5. Existe(m) instrumento(s) regulador(es) do sistema de drenagem urbana no município?

Sim

Não (passe ao quesito 7)

6. Qual (is) o(s) instrumento(s) regulador(es)?

Plano Diretor de Drenagem Urbana

Plano Urbanístico Global para Área Urbana

Lei de Uso e Ocupação do Solo

Legislação Municipal ou da Região Urbana

Outro_______________________________________________________________

7. A legislação municipal exige aprovação e implementação de um sistema de drenagem pluvial

para loteamentos novos e/ou populares?

Sim

Não

8. O município concede a gerência dos serviços de drenagem urbana a empreiteiras?

Sim – Quantas?___________________________________________________________

Não

SISTEMA DE DRENAGEM URBANA

9. Como é feita a drenagem urbana do município?

Rede unitária (coletores de águas de chuva ou galerias pluviais que são utilizados para

transportar o esgoto sanitário)

Rede Separadora (coletores para transportar somente águas de chuva)

10. Qual a extensão da rede de drenagem urbana do município?

Macro/mesodrenagem _________km

Microdrenagem _________km

Total _________km

71

11. Pontos de lançamento da rede de drenagem urbana

Cursos d’água permanentes

Cursos d’água intermitentes

Áreas livres públicas ou particulares

Reservatório de acumulação ou detenção

Outros - _________________________________________________________________

12. Existe manutenção e conservação periódica do sistema?

Sim

Não (passe ao quesito 14)

13. Qual(is) a(s) atividade(s) envolvida(s) na manutenção do sistema?

Limpeza e desobstrução dos dispositivos de captação

Dragagem e limpeza dos canais

Limpeza e desobstrução das galerias

Varrição e limpeza das vias

Outras - _________________________________________________________________

14. Existe problema de desassoreamento da rede de drenagem?

Sim

Não

15. Existem pontos de estrangulamento que resultam em inundações?

Sim

Não

16. Houve inundações ou enchentes nos últimos 2 (dois) anos?

Sim – Área inundada – ____________________________________________________

Não

17. Qual(is) o(s) fator(es) agravante(s) de enchentes nos últimos 2 (dois) anos?

Dimensionamento inadequado do projeto

72

Adensamento populacional

Obstrução de bueiros, bocas-de-lobo, etc.

Obras inadequadas

Lençol freático alto

Existência de interferência física

Outros - _________________________________________________________________

18. Existe bacia de detenção/amortecimento?

Sim – _______________número

Não

19. O município apresenta problemas de erosão que afetam o sistema de drenagem urbano?

Ocupação intensa e desordenada do solo

Condições geológicas e morfológicas características de processo erosivo

Desmatamento

Sistema inadequado de drenagem urbana

Outros – _________________________________________________________________

20. Ocorreram erosões no perímetro urbano nos últimos 2 (dois) anos?

Sim

Não (passe ao quesito 22)

21. Qual(is) o(s) tipo(s) de erosão que ocorreram no perímetro urbano nos últimos 2 (dois) anos?

Erosão do leito natural

Ravinamento (voçoroca)

Erosão laminar de terrenos sem cobertura vegetal

Erosão de taludes

Outros - _________________________________________________________________

22. Existem ruas pavimentadas no perímetro urbano?

Sim

Não (passe ao próximo bloco)

73

23. Qual o percentual das ruas pavimentadas?

Até 20%

Mais de 20 a 40%

Mais de 40 a 60%

Mais de 60 a 80%

Mais de 80 a 100%

24. Qual(is) o(s) tipo(s) de drenagem urbana nas ruas pavimentadas?

Superficial

Subterrâneo

25. Qual o percentual de drenagem superficial nas ruas pavimentadas?

Até 25%

Mais de 25 a 50%

Mais de 50 a 75%

Mais de 75 a 100%

26. Qual o percentual de drenagem subterrânea nas ruas pavimentadas?

Até 25%

Mais de 25 a 50%

Mais de 50 a 75%

Mais de 75 a 100%

27. Qual o percentual das ruas pavimentadas sem drenagem?

Até 25%

Mais de 25 a 50%

Mais de 50 a 75%

Mais de 75 a 100%

SISTEMA DE DRENAGEM ESPECIAL

28. Existem áreas de risco no perímetro urbano que demandem drenagem especial?

Sim

74

Não (passe ao quesito 30)

29. Qual(is) a(s) área(s) de risco?

Ocupações em taludes ou encostas sujeitas a deslizamento

Ocupações em áreas sem infra-estrutura de saneamento

Ocupações em áreas de pântanos sujeitas a inundações e/ou proliferação de vetores

Áreas urbanas com formações de grotões, ravinas e processos erosivos crônicos

Outras áreas______________________________________________________________

30. Existem encostas no perímetro urbano?

Sim

Não (passe ao próximo bloco)

31. Qual a situação das encostas?

Sujeita(s) a deslizamento

Dotadas de estruturas de contenção (estabilização de taludes), associadas a elementos de

drenagem superficial

Outra - __________________________________________________________________

OBSERVAÇÕES

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

75

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO SOBRE O SISTEMA DE ESGOTO DE FEIRA DE

SANTANA APLICADO A EMBASA

1. Qual a importância sanitária do esgotamento sanitário?

2. Qual a importância econômica do esgotamento sanitário?

3. Qual a diferença entre esgoto pluvial e drenagem pluvial?

4. Qual o tipo de sistema de esgotamento sanitário utilizado em Feira de Santana?

5. Quais as deficiências estruturais e operacionais apresentadas por esse sistema?

6. Qual o tipo de sistema ambientalmente mais vantajoso?

7. Como é avaliada a ação do homem no sistema de esgoto?

De que forma o esgoto está relacionado com a rede de drenagem?

8. Quais os problemas enfrentados com o lixo urbano na rede de esgoto sanitário?

OBSERVAÇÕES

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

76

APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS EM FEIRA

DE SANTANA APLICADO A QUALIX

1. Que tipos de problemas sanitários, econômicos e estéticos os resíduos sólidos geram?

2. Qual a importância sanitária da coleta de resíduos sólidos?

3. Qual a importância econômica da coleta de resíduos sólidos?

4. Quais os principais danos gerados pela disposição inadequada de resíduos sólidos ao

homem?

5. Quais os principais danos gerados pela disposição inadequada de resíduos sólidos ao

meio ambiente?

6. Como é feita a coleta de resíduos sólidos em Feira de Santana? (falar brevemente)

7. Qual a periodicidade?

8. Qual a quantidade média de lixo produzido na cidade?

9. Qual a porcentagem desse lixo é disposto de forma adequada e qual a porcentagem

(estimada) lançados em vias públicas ou similares?

10. De que forma o lixo urbano interfere no sistema de drenagem da cidade?

11. De que forma poderia ser amenizada a questão da deposição inadequada de resíduos

sólidos? (por ex. ações educativas ambientais)

77

APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MORADORES DOS BAIRROS

BARAÚNAS E CENTENÁRIO.

Drenagem urbana pluvial

1. Você sabe de quem é a responsabilidade pela gestão da drenagem pluvial?

Sim

Não

2. Você conhece o plano diretor de desenvolvimento urbano da sua cidade?

Sim

Não

3. Você saberia informar se a sua cidade possui plano direto de drenagem urbana?

Sim

Não

4. Você conhece o sistema de drenagem de águas pluviais – sua importância e sua

utilidade?

Sim

Não

5. Os dispositivos de drenagem do seu bairro funcionam adequadamente?

Sim

Não

6. Quando chove as ruas ficam alagadas?

Sim

Não

7. Em caso de alagamento, é percebido algum mal cheiro na água acumulada na vias?

Sim

Não

8. Quais dos problemas abaixo relacionados você observa nos dispositivos de drenagem?

Lixo

Canais abertos passando, esgoto e lixo

78

Boca-de-lobo sem tampa

Água de chuva escoando pela rede de esgoto

Outros - ________________________________________________________

9. Como você avalia a limpeza pública – varrição e recolhimento de lixo, no seu bairro?

Péssima

Ruim

Regular

Boa

Ótima

10. No seu bairro há problema com disposição inadequada de lixo nas vias públicas?

Sim

Não

Qual sua colaboração para manutenção das condições de saneamento do seu bairro e da

cidade?

11. Você tem hábito de jogar lixo nas ruas?

Sim

Não

12. Na sua casa, a rede de esgoto é ligada a rede da EMBASA?

Sim

Não

Não sabe

13. Para onde é canalizada a água de chuva da sua casa?

Para a rua

Para a rede de esgoto

Não sabe

14. O que você acha da gestão municipal do saneamento básico do seu bairro e da sua

cidade?

Ruim

Regular

Bom

Muito bom

Precisa melhorar

15. Você é a favor de políticas de incentivo a sustentabilidade ambiental?

Sim

79

Não

Indiferente

16. Se a prefeitura promovesse trabalhos de incentivo à preservação ambiental, você

participaria?

Sim

Não

17. Como você julga a participação da população nas decisões de planejamento urbano da

prefeitura municipal?

Participativa

Inativa

18. Você acha que políticas de educação sanitária e ambiental ajudaria a reduzir os

problemas da gestão das águas?

Sim

Não

Indiferente

19. Você conhece as medidas de drenagem sustentável?

Sim

Não

20. Você é a favor da adoção dessas medidas?

Sim

Não

Indiferente

21. Caso fosse proposta pelo governo a adoção de medidas de drenagem sustentável, você

adotaria alguma medida em sua residência? (por ex. reservação de água de chuva em

tanques para regas de jardim, lavagem de carro e garagem)

Sim

Não