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i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL ANTONIEL OLIVEIRA QUEIROZ EXECUÇÃO DO PISO INDUSTRIAL DE CONCRETO COM FIBRAS DE AÇO E VIDRO: ESTUDO DE CASO FEIRA DE SANTANA 2009

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i

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

ANTONIEL OLIVEIRA QUEIROZ

EXECUÇÃO DO PISO INDUSTRIAL DE CONCRETO

COM FIBRAS DE AÇO E VIDRO: ESTUDO DE CASO

FEIRA DE SANTANA

2009

ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

EXECUÇÃO DO PISO INDUSTRIAL DE CONCRETO

COM FIBRAS DE AÇO E VIDRO: ESTUDO DE CASO

Trabalho final de conclusão de curso da

Universidade Estadual de Feira de Santana,

Engenharia Civil.

Orientador: Antonio Freitas da S. Filho

FEIRA DE SANTANA

2009

iii

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção título de

Bacharel em Engenharia Civil.

EXECUÇÃO DO PISO INDUSTRIAL DE CONCRETO

COM FIBRAS DE AÇO E VIDRO: ESTUDO DE CASO

Antoniel Oliveira Queiroz

Feira de Santana, Março de 2009.

Banca Examinadora:

Profº M. SC. Antonio Freitas da Silva Filho _______________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

Profº M. EST. Elvio Antonino Guimarães________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

Profº Drº Paulo Roberto Lopes Lima____________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

iv

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar no

mundo.

Aos meus pais, Abimael Queiroz e Maria de Fátima, e à minha família,

agradeço todo o amor, carinho, compreensão e respeito.

Aos meus irmãos Abemael, Anatanel, Anael, Adriana, Antonio e Hugo pela

ajuda e compreensão.

A minha noiva Alana pela paciência e compreensão.

Obrigado a o meus orientadores, primeiro com Profº Elvio e depois com Profº

Antonio Freitas pela paciência, ao longo destes anos.

Ao apoio dos meus amigos da UEFS, Analice, Eduardo Chargas, Elvilson,

Francisco Carlos, Paulo Mascarenhas, Cristiano Robert, Tiago Gonsalves,

Vitor, Valter e muitos outros.

v

Determinação coragem e auto

confiança são fatores

decisivos para o sucesso.

Se estamos possuídos por

uma inabalável determinação

conseguiremos superá-los.

Independentemente das

circunstâncias, devemos ser

sempre humildes,recatados e

despidos de orgulho.

Dalai Lama

vi

EXECUÇÃO DO PISO INDUSTRIAL DE CONCRETO

COM FIBRAS DE AÇO E VIDRO: ESTUDO DE CASO

RESUMO

A inserção do Brasil dentro de um contexto de economia globalizada trouxe

diversas alterações à sociedade, inclusive à tecnologia tradicionalmente

empregada na construção civil. Há alguns anos, desde a abertura econômica e

o estabelecimento de alianças comerciais, a indústria da construção civil

brasileira colocou-se diante de novas tecnologias de produtos e métodos

construtivos. Inseridos neste contexto, os pisos de plantas industriais e centros

de distribuição desempenham um importante papel, pois se constituem na

plataforma por onde o trabalho industrial se realiza e, conseqüentemente, por

onde se escoa a produção. Unidades industriais e centros de distribuição

modernos impõem condições particulares de higiene, limpeza e de operação

que exigem a especificação e execução de pisos adequados às condições de

utilização e solicitação. Infelizmente, muitos ainda são os casos de insucesso,

onde se verifica a incidência de várias patologias, advindas de falhas no

dimensionamento e ou execução dos pisos, que acarretam a deterioração

precoce desses pisos. Frente a este cenário, o presente trabalho tem por

objetivo, sistematizar as diretrizes de projeto, de execução e controle de pisos

industriais de concreto, particularmente o de concreto com fibras, de modo que

se tenha um adequado desempenho do produto final.

vii

IMPLEMENTATION OF THE FLOOR OF INDUSTRIAL CONCRETE WITH FIBER GLASS AND STEEL: CASE STUDY

ABSTRACT

The inclusion of Brazil in a context of globalized economy has brought many

changes to society, including the technology traditionally used in construction. A

few years ago, since the economic opening and the establishment of business

alliances, the Brazilian building industry placed in front of new technologies,

products and construction methods. Embedded in this context, the floors of

industrial plants and distribution centers play an important role because they

constitute the platform where the industrial work is carried out and,

consequently, for which the production flows. Industrial plants and distribution

centers require modern conditions of hygiene, cleaning and operation requiring

the specification and implementation of floors suitable for conditions of use and

application. Unfortunately, many still are the cases of failure, where there is the

incidence of various diseases, resulting from failures in design and

implementation or the floors, which lead to early deterioration of the floors.

Facing this scenario, this work has the objective, systematic guidelines for the

design, implementation and control of industrial concrete floors, particularly

concrete with fibers, so it has an adequate performance of the final product.

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Esborcinamento das Juntas 15

Figura 2.2 - Fibra de aço Dramix 25

Figura. 2.3 – Influência do fator de forma e do teor de fibra no desempenho do 26 compósito (tenacidade)

Figura 2.4 – Fibra de Vidro 28

Figura 2.5 – Armadura com tela soldada 29

Figura 2.6 – “ Salgamento “ com agregado mineral 31

Figura 2.7 – Aplicação do endurecedor de superfície de solução aquosa 32

Figura 3.1 – Formas executivas de concretagem 38

Figura 3.2 – Lançamento do concreto em caminhões betoneiras 41

Figura 3.3 – Adensamento do concreto 42

Figura – 3.4 – Trabalho com o rodo de corte 44

Figura 3.5 – Acabadora dupla 45

Figura 3.5 – Acabadora Simples 46

Figura 3.6 - Membranas de cura 47

Figura 3.7 – Ensaio de planicidade 51

Figura 4.1- Concretagem com todo prédio fechado 54

Figura 4.2 – Utilização da régua vibratória 55

Figura 4.3 – Cura do concreto 55

Figura 4.4 – Cortes das juntas 56

Figura 4.5 – Concretagem em faixas de 800m² 57

Figura 4.6 – Ensaio de planicidade 57

Figura 4.7 – Concretagem da placa teste 58

Figura 4.8 – Quebra das bordas das juntas 61

ix

Figura 4.9- Restauração da junta 62

Figura 4.8 – Rompimento dos corpos de prova 63

Figura 4.9 – Laboratório da obra 63

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Correlação entre Resist. Compressão x Módulo Ruptura, em MPA 13

Tabela 2.2 – Classificação da britas 21

Tabela 3.1 – Classificação da planicidade 50

Tabela 3.2 – Classificação do piso quanto a planicidade 52

Tabela 4.1- Caracteristica do concreto 58

Tabela 4.2 – Quantidades do traço do concreto 59

xi

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 2.1 – Índice De Suporte Californiano (CBR) 06

Equação 2.2 – coeficiente de recalque ou módulo de reação k 06

xii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

PCA - Portland Cement Association

ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT – Associação Brasileiras de Normas Técnicas

CBR - California Bearing Ratio

Dmax – Diametro máximo

Fck - Resistência à compressão característica do concreto

Fct – Resistência característica de tração

FF - Índice Face de planicidade (flatness)

FL - Índice Face de nivelamento (levelness)

ISO - International Organization for Standardization

K - Coeficiente de Recalque

kN – Kilo Nilton

MPa – Mega Pascal

NBR – Normas Brasileiras

Ph - Potencial hidrogeniônico

SPT - Standard penetration test

δ - Recalque ou a deflexão

a/c -Relação água/cimento

xiii

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................01

1.1 - IMPORTÂNCIA DO TEMA..................................................................01

1.2 - JUSTIFICATIVA....................................................................................02

1.3 - OBJETIVO..............................................................................................02

1.4 - ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO...................................................03

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................04

2.1 - ANALISE DO TERRENO DE FUNDAÇÃO.........................................04

2.1.1 - Ensaio de SPT..............................................................................04

2.1.2 - Ensaio de caracterização do solo..................................................05

2.1.3 - Índice de suporte Califórnia..........................................................05

2.1.4 - Coeficiente de Recalque................................................................06

2.2 – SUB-BASES ..........................................................................................07

2.2.1 - Funções da Sub-base .......................................................................07

2.2.2 - Sub-base com Arenoso-Brita .......................................................10

2.3 - CONCRETO.............................................................................................11

2.3.1 -Resistência do Concreto...............................................................12

2.3.2 -Retração e expansão do concreto.................................................15

2.3.3 - Características requeridas para concreto para piso......................15

2.3.4 - Exsudação do concreto................................................................17

2.3.5 - Materiais.......................................................................................18

2.3.5.1 - Cimento..........................................................................18

2.3.5.2 - Agregados......................................................................19

2.3.5.3 – Aditivos........................................................................21

2.3.5.4 – Fibras............................................................................23

2.3.5.6 - Armaduras.....................................................................28

2.3.5.7 - Selantes..........................................................................29

2.3.5.8 - Salgamento.....................................................................30

2.3.5.9 - Endurecedor de Superficie.............................................31

xiv

3 – EXECUÇÃO DO PAVIMENTO...................................................................33

3.1 – PROJETOS DE JUNTAS.......................................................................33

3.1.1 -Classificação das Juntas...............................................................34

2.5.3 - Espaçamento das Juntas...............................................................34

3.2 – TRABALHABILIDADE DO CONCRETO..........................................35

3.3 – CONCRETAGEM DO PISO.................................................................37

3.4 – MISTURA DO CONCRETO.................................................................38

3.6 – LANÇAMENTO DO CONCRETO.......................................................41

3.7 – ADENSAMENTO..................................................................................42

3.8 – ACABAMENTO SUPERFICIAL..........................................................43

3.9 – CURA DO CONCRETO........................................................................48

3.10 – CONTROLE DE QUALIDADE DO PISO..........................................49

4 – PISO INDUSTRIAL COM FIBRAS (ESTUDO DE CASO)...............................53

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................66

6 - REFÊNCIAS.............................................................................................................67

1

1– INTRODUÇÃO

1.1– IMPORTÂNCIA DO TEMA

Devido à construção civil ser uma indústria que sempre busca inovações em

métodos construtivos que combinem qualidade, economia, praticidade de execução

e prazos reduzidos, tornou-se possível o surgimento da pavimentação industrial no

Brasil.

Nas indústrias, pisos bem projetados e executados podem resistir a solicitações

conseqüentes de esforços provenientes de carregamentos dinâmicos (trânsito de

empilhadeiras e demais veículos) e estáticos (cargas derivadas de estocagem).

Porém, condições extremas de impacto sobre a sua superfície e, sobretudo, em

suas juntas, podem provocar a sua rápida deterioração, tornando-os inseguros e

criando problemas sérios tais como, a redução na velocidade de deslocamento de

insumos, o que afeta diretamente a produtividade e os custos de produção, bem

como, criando problemas de segurança.

Analisando a evolução dos pisos nos últimos vinte anos, observa-se que as

dimensões dos panos destes pisos aumentaram, exigindo dos projetistas,

construtores e fabricantes de materiais, novas tecnologias, novos métodos de

cálculo, novos materiais e novos equipamentos que aliados às boas técnicas, são

responsáveis por vencer vãos maiores objetivando atender às necessidades atuais.

2

1.2- JUSTIFICATIVA

A utilização do concreto com fibras para execução de pisos industriais, constitui-se

de tecnologia que oferece uma alternativa tecnicamente superior, com elevada

durabilidade, dureza, resistência com uma superfície sujeita ao tráfego intenso de

veículos à ação de substâncias químicas e economicamente competitiva.

Segundo Bina, Teixeira (2002), “se a maioria das futuras patologias dos pisos e

pavimentos está ligada diretamente às juntas, e se as juntas são as principais

responsáveis pelas interdições e redução da vida útil do piso, criou-se a

necessidade pela busca de uma solução capaz de atender a esse requisito, neste

caso a solução está diretamente relacionada a um melhor método construtivo que

permite a redução do número de juntas, que atualmente pode-se dizer tratar-se dos

pisos e pavimentos de concreto com fibras”.

Este trabalho busca analisar os cuidados com o projeto, execução e o uso de

materiais e equipamentos de qualidade para assim minimizar, consideravelmente, as

chances de surgirem patologias. Deve-se fazer o máximo para prevenir problemas,

já que os gastos com a recuperação podem se igualar, ou mesmo superar o custo

de execução do piso. Sendo bastante freqüentes as patologias ligadas à imprecisão

na execução, causadas por atraso no corte das juntas, cura inadequada, armaduras

mal posicionadas e problemas de acabamento.

1.3- OBJETIVOS

1.3.1 - Objetivo geral:

Apresentar um estudo de caso de piso de concreto industrial executado na

construção de uma fábrica em Feira de Santana, projetado por uma empresa

especializada em projeto de pisos e tecnologias de concreto, cimento e agregados.

3

1.3.2. - Objetivos específicos

Estudar as características do piso industrial de concreto;

Mostrar os cuidados que se deve ter com o projeto de execução

e o uso de materiais de qualidade para assim minimizar as chances de

surgirem patologias;

Detalhar e especificar o porquê da utilização de cada material e

serviço;

Analisar todos os acontecimentos ocorridos durante a execução

do piso e o que os ocasionou;

Explicar todos os problemas relacionados às patologias do

concreto que podem ocorrer no piso industrial.

1.4 - ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho é constituído de cinco capítulos; o primeiro corresponde a introdução

composta por uma abordagem geral, juntamente com os objetivos e a justificativa

sobre a relevância do tema para a construção civil na atualidade.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida no segundo capítulo, qual foi estruturada

através do estudo do piso industrial de concreto e suas variantes, tais como:

concreto, tela soldada e fibras.

A metodologia é composta pelo método executivo do pavimento e compõem o

terceiro capítulo. Já no quarto capítulo o estudo de caso da execução do piso

industrial de concreto com fibras.

O quinto capítulo é composto pelas considerações gerais do estudo do piso

industrial de concreto com fibras.

4

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1– ANÁLISE DO TERRENO DE FUNDAÇÃO

Quando se inicia a análise de um terreno de fundação, a primeira consideração que

deve ser feita para o projeto de um pavimento, rígido ou não, refere-se ao nível de

informações geotécnicas disponíveis. Estas, por sua vez, devem ser de tal

magnitude que propiciem ao projetista o nível de segurança necessário na

elaboração de um projeto que atinja uma relação ótima entre custo e durabilidade.

De acordo com Pitta (1987), os pavimentos industriais transmitem esforços ao solo,

estes são suportados por terrenos de fundação que denominamos de subleito. A

existência de solos moles a certa profundidade não é tolerada para este terreno de

fundação, pois é desprezível para pavimentos urbanos e pode ou não, dependendo

da magnitude dos carregamentos e propriedades dessa camada, ser aceita para

pavimentos industriais. Assim sendo, no dimensionamento dos pavimentos

industriais é necessário, assim como nas rodovias, ter o conhecimento da camada

superficial do solo, obtido através de seus índices físicos (CBR) e do coeficiente de

recalque (k), bem como do conhecimento das camadas mais profundas, obtidas na

sua forma mais elementar pelas sondagens (SPT).

Dessa forma, entendemos que o projetista deve exigir uma série de ensaios antes

de iniciar qualquer procedimento de projeto. Tais ensaios, listados a seguir, são a

garantia de um processo correto do ponto de vista técnico que viabilizará a busca da

melhor solução para os pavimentos.

2.1.2 – Ensaio de SPT

O SPT (standard penetration test) deve ser executado de tal forma a possibilitar um

reconhecimento inicial do solo onde será implantado o pavimento. Com o SPT será

possível obter informações a respeito da geomorfologia do solo e da sua

heterogeneidade, além de fornecer uma medida da resistência (VARGAS, 1977,

p.68).

5

Segundo Pitta (1987), o ensaio SPT apresenta um dado fundamental para a

execução de qualquer pavimento: a existência de lençol freático e a sua

profundidade, fator de influência direta no projeto da sub-base.

2.1.3 – Ensaio de caracterização do solo

O comportamento físico de um solo depende além do seu estado, medido pelos

índices físicos, também das suas propriedades intrínsecas e tal conhecimento é

obtido por meio de ensaios laboratoriais com amostras trabalhadas e são

conhecidos por Ensaios de Caracterização do Solo (VARGAS, 1977, p.73).

De acordo com Vargas (1977), tais ensaios dividem-se em granulométricos e ensaio

dos limites de consistência de Aterberg, que permitem classificar os solos em

diversos agrupamentos, de acordo com suas características físicas.

2.1.4 – Índice de Suporte Califórnia

Tradicionalmente, utiliza-se o ensaio de suporte califórnia, que fornece o índice de

suporte Califórnia, indicado comumente pelas letras CBR (California Bearing Ratio),

para caracterizar o solo sob o ponto de vista de resistência (VARGAS, 1977, p.76)

Segundo Caputo (1978), o CBR foi desenvolvido pelo Califórnia Division of Highways

para determinar o índice de Suporte Califórnia e as características de expansão de

base, sub-base e sub-leito. É usado na seleção de material e controle de sub-leitos.

Pode ser realizado em todos os tipos de solo e é baseado na resistência de

penetração do solo testado comparado com a de um pedregulho teórico.

De acordo com Pitta (1987), compacta-se a amostra de solo, em um cilindro de

15,00 cm de diâmetro de 17,00 cm de altura, na umidade ótima, até atingir a massa

específica aparente seca que se deseja. Após a compactação inunda-se o corpo de

prova, sob pressão ou não, durante 4 dias, a fim de se procurar atingir a sua

saturação. Sob a amostra em saturação é colocado um peso de 5,00 kg para simular

a resistência que o peso do pavimento impõe a sua expansão. Aproveita-se a

saturação para se medir por meio de um deflectômetro a expansão que a amostra

6

sofre ao saturar-se. Assim preparado o corpo de prova, dá-se inicio ao ensaio. Por

meio de um macaco hidráulico reagindo contra uma armação metálica, faz-se

pressão sobre o corpo de prova com um punção cilíndrico de 5,00 cm de diâmetro.

Segundo Pitta (1987), define-se o Índice De Suporte Californiano (CBR) como

sendo:

EQUAÇÃO 2.1

Onde P é a pressão de punção para uma deformação de 2.5 mm em kgf/cm². O

valor 70 kgf/cm² corresponde á máxima resistência CBR que se espera de um solo

bom, onde ele será estabilizado e terá características ótimas para uma base de

pavimento rodoviário.

2.1.5 – Coeficientes de Recalque

A resistência do solo do subleito, medida por meio do CBR, influenciará diretamente

na espessura final da placa; esse parâmetro é largamente empregado para a o

dimensionamento com fins rodoviários. Entretanto, quando se trata de pavimentos

rígidos, emprega-se comumente o coeficiente de recalque k.

Segundo Caputo (1978), define-se coeficiente de recalque ou módulo de reação k

pela relação:

K=P/δ, em MPa/m EQUAÇÃO 2.2

Onde:

P é a pressão unitária aplicada sobre uma placa rígida em MPa

δ é o recalque ou a deflexão correspondente, em metros.

7

Segundo Souza e Thomas (1976) na determinação do módulo de reação, observa-

se que:

a) Em uma prova de carga, para grandes variações de pressão, o diagrama de

pressão e deformação não é linear, e o valor de k depende da deformação ou

recalque que se tomou como referência;

b) A medida do coeficiente de recalque é sensível ao diâmetro da placa empregada,

e as variações só deixam de ter significação para ensaios efetuados com placas de

diâmetro igual ou superior a 76,00 cm;

c) O valor do coeficiente de recalque depende da umidade do solo.

2.2 – SUB-BASES

As sub-bases são elementos estruturais que se situam intermediariamente entre as

placas de concreto e o subleito, formado pelo terreno natural ou por solo trocado,

devidamente compactado, e são de importância primordial ao desempenho do piso.

No passado, muitos pavimentos de concreto apresentaram sérios problemas pela

ausência de sub-base, sendo o mais perceptível formado pelo bombeamento, que é

a perda de material fino da camada de suporte, expelido junto com água pela junta.

O mesmo fenômeno ocorre em pisos. (SOUZA e THOMAS, 1976, p.89).

Segundo Pitta (1987), excetuando-se os casos em que ocorra a concomitância entre

baixas solicitações de cargas, subleito homogêneo, com boa capacidade de suporte,

com ausência de material fino plástico e clima seco, é fundamental a presença da

sub-base para se obter um produto final de ótima qualidade.

2.2.1– Funções da sub-base

De acordo com Pitta (1987) as sub-bases possuem três funções fundamentais:

a) Eliminar a possibilidade da ocorrência do bombeamento de solos finos plásticos.

8

O processo do bombeamento, ou pumping, é a expulsão dos finos plásticos de um

solo através das juntas, bordas ou trincas de um pavimento, diminuindo

drasticamente a capacidade de suporte do subleito, uma vez que o fenômeno

provoca profundas alterações no esqueleto sólido do solo; a falta de suporte

adequado induz a maiores deformações da placa, levando a níveis críticos as

tensões de tração na flexão do pavimento, resultando na sua ruptura. O

bombeamento está ligado a:

-existência de finos plásticos no subleito;

-saturação do subleito;

-juntas ou trincas no pavimento;

-cargas intensas móveis.

A fim de prevenir o bombeamento, não são necessárias grandes espessuras de sub-

base. Segundo Tartuce (1990), há registros de pavimentos de concreto com sub-

base com apenas 50,00 mm de espessura, apoiados em subleitos extremamente

favoráveis à ocorrência do bombeamento em que, mesmo após dez anos de

trabalho sob condições severas de tráfego, o fenômeno não se manifestou.

b) Evitar variações excessivas do material do subleito.

Os materiais de subleito, quando formados por solos expansivos, podem, em

presença de água, ou em sua ausência, sofrer fenômenos de expansão ou retração,

que podem vir a induzir à desuniformidade do suporte do piso, provocando

deformações de tal ordem que, se não houver colapso, o rolamento ficará bastante

prejudicado.

Nos casos em que o subleito é submetido ao processo de escarificação e

compactação, é fundamental a adoção de um rígido sistema de controle de

umidade, que deve ser igual ou ligeiramente superior à ótima, resultando em uma

camada cuja espessura final compactada seja de pelo menos 30,00 cm.

9

c) Uniformizar o comportamento mecânico da fundação ao longo do piso.

A presença da sub-base introduz dois novos aspectos ao comportamento mecânico

do conjunto pavimento e fundação: primeiro, uniformizando o comportamento da

fundação e, segundo, aumentando a resistência.

Ao contrário do que se poderia imaginar, a uniformidade é o aspecto mais

importante, sendo a melhoria da resistência apenas uma vantagem acessória. Tal

fato origina-se a partir do seguinte princípio: a função do conjunto pavimento e

terreno de fundação é absorver as tensões de cisalhamento oriundas do tráfego de

veículos ou de carregamentos estáticos.

A capacidade de absorção desses esforços e a conseqüente transmissão à camada

inferior é função direta do módulo de elasticidade de cada material; o pavimento de

concreto apresenta módulo de elasticidade elevadíssimo em comparação aos

materiais normalmente empregados como sub-base e ao subleito, absorvendo a

maior parte das tensões. Por exemplo, uma carga de 54,5 kN aplicada em uma

placa circular de 0,073x10-4m2 sobre uma placa de concreto de 0,20m de espessura,

transmite cerca de 22,00 KN/m2 à fundação (carga no interior da placa), para 75,00

KN/m2 de carga atuante, ou seja, a placa de concreto absorveu em torno de 97%

das tensões. Fica claro, portanto, que o pavimento dispensa fundações com alta

capacidade de suporte.

Todavia, a literatura descreve vários pavimentos construídos sem controle de

compactação do subleito e sem sub-base, cujo comportamento, mesmo após 30

anos de serviço, apresentava-se excelente onde o subleito apresentava um único

horizonte de solo, sendo naturalmente uniforme. Quando surgiam defeitos, estes

limitavam-se aos trechos de transição entre corte e aterro ou onde havia mudanças

repentinas no tipo do solo, isto é, quando o solo não apresentava comportamento

mecânico uniforme.

10

2.2.2– Sub-base com Arenoso-Brita

É um tipo de serviço de boa qualidade, quando aplicado como sub-base ou base. Os

resultados são bons para várias modalidades de tráfego.

De acordo com Fernandes (1998), a mistura de arenoso-brita possui as seguintes

características:

1°) As misturas do solo arenoso-brita apresentam granulometria descontínua e se

afastam dos critérios tradicionais.

No entanto, demonstram comportamento altamente satisfatório em pavimentos.

2°) As misturas empregadas em trechos construídos,variando-se o teor de solo entre

30 e 50%, apresentaram valores de ISO (energia modificada) superior a 80%.

4°) É recomendável o teor de brita em peso na ordem de 60% ou mais, em função

do solo ou do trafego incidente. Teores de 50% seriam insuficientes para

potencializar a condição de atrito do agregado, isto para o caso de bases.

A dosagem para a mistura do solo arenoso-brita pode ser obtida por uma usinagem

dos materiais sem grandes dificuldades, bem como a distribuição da mistura na pista

com o emprego de distribuidor de agregados. No caso do solo arenoso-brita, é

prática corrente que após a mistura dos materiais (usinada ou não) se faça a

estocagem dos mesmos.

Neste caso deve-se cobrir o material estocado com lonas para protegê-lo da ação

das intempéries e manter a umidade o mais próximo possível da indicada para

compactação. Este procedimento procura evitar a necessidade de aeração ou

umedecimento da mistura quando espalhada sobre a lista, haja visto que estas

operações aumentam os riscos de haver segregação dos materiais (concentração de

finos na camada inferior da base (FERNANDES, 1998, p.135).

11

A construção dos pavimentos em solo arenoso-brita é relativamente simples, para

qualquer porte de obra. As misturas, após compactação, demonstram baixa

permeabilidade; sendo assim, podem ser uma boa opção para pequenas

restaurações confinadas. A aplicação do solo arenoso-brita em pequenas obras se

apresenta como uma opção vantajosa, pois a brita pode ser conseguida na maioria

das pedreiras comerciais, com relativa facilidade. Não há necessidade de grande

mobilização de equipamento (mistura não usinada), o que também é altamente

interessante, do ponto de vista econômico.

2.3 – CONCRETO

Para Nevelli (1997), concreto é um material da construção civil composto por uma

mistura de cimento Portland, areia, pedra e água, além de outros materiais

eventuais, os aditivos e as adições.

Em suma para se obter as qualidades essenciais do concreto: facilidade de emprego

quando fresco, resistência mecânica, durabilidade, impermeabilidade e constância

de volume depois de endurecido, sempre tendo em vista o fator econômico, então

são necessários a seleção cuidadosa dos materiais (cimento, agregados, água e

aditivos) quanto a tipo, qualidade e uniformidade, o proporcionamento correto do

aglomerante em relação ao inerte, do agregado miúdo em relação ao graúdo, da

quantidade de água em relação ao material seco e do aditivo em relação ao

aglomerante ou a água utilizada, a manipulação adequada quanto a mistura,

transporte, lançamento e adensamento e a cura cuidadosa (RODRIGUES, 1989,

p.17).

2.3.1 – Resistência do concreto

Embora não seja o único parâmetro de medida, a resistência à compressão do

concreto é largamente empregada para avaliar ou definir o seu desempenho que é

mais fácil e menos dispendiosa de se medir.

Segundo Tartuce (1990), a resistência do concreto para piso irá determinar a

espessura, qualidade superficial, e também influenciar a retração hidráulica,

12

empenamento e deformações da placa. A resistência do concreto está intimamente

relacionada à resistência da pasta de cimento, do agregado e da interface pasta-

agregado.

Para Nevelli (1997), o primeiro fator a ser analisado é a relação água/cimento, a/c,

que representa seguramente o principal parâmetro da resistência do concreto e é

universalmente obtida através da Lei de Abrams. Entretanto para Bucher e

Rodrigues (1983), trabalhos experimentais indicam que a relação a/c explica, em

média, 95% das variações da resistência à compressão; quando se trata do módulo

de ruptura, tem-se observado que a Lei de Abrams, quando considerada

isoladamente, não é insuficiente para explicar as parcelas mais expressivas dessa

resistência, devendo-se lançar mão de outros fatores, principalmente da aderência

pasta-agregado.

Os agregados afetam notadamente o módulo de ruptura, devido principalmente à

natureza mineralógica, forma geométrica e textura das partículas. Ensaios

comparativos com seixo rolado, que possui superfície lisa, e calcário britado

indicaram que neste a resistência à tração na flexão pode ser até 25% maior para a

mesma relação a/c (TARTUCE 1990, p. 32). O mesmo estudo indica que, quanto

maior for o volume do agregado graúdo com relação ao total, menor será o módulo

de ruptura, devido ao aumento da dimensão média do agregado total.

Quanto à forma, agregados com partículas que se afastam da forma esférica

conferem ao concreto maior módulo de ruptura, pelo simples fato de apresentarem

maior área de contato com a argamassa e um melhor engaste. Esse afastamento

deve ocorrer dentro de certos limites, sendo que a forma ideal é a cúbica. Concretos

com agregados disciformes (forma de disco) ou aciculares (forma de agulha)

apresentam baixa resistência à flexão, além de facilitarem a formação de bolsões,

por dificultarem a saída da água exsudada, diminuindo a aderência matriz-agregado

(RODRIGUES, 1989, p.23).

No dimensionamento de pisos, emprega-se o módulo de ruptura, que é o parâmetro

mais representativo das solicitações a que este será submetido. A sua determinação

é feita em corpos de prova prismáticos com secção quadrada e comprimento

13

ligeiramente maior que três vezes a altura, sendo geralmente empregados nas

dimensões 150,00 mm x 150,00 mm x 500,00 mm. Quando comparado com o corpo

de prova cilíndrico, empregado na determinação da resistência à compressão nota-

se que a sua utilização em obra é um tanto dificultada, pelo custo das fôrmas, do

ensaio e pelas dificuldades de manuseio (BUCHER E RODRIGUES, 1983, p.87).

A correlação estatística entre a resistência à compressão e o módulo de ruptura é

possível teoricamente, tendo sido perseguida por diversos pesquisadores, no intuito

de facilitar o controle de obras onde o requisito é o módulo de ruptura. A prática tem

demonstrado que o emprego dessas correlações deve ser tomado como referência

para efeitos de dosagem.

Como exemplo de correlações entre as resistências, que podem perfeitamente ser

empregadas para os estudos de dosagem, pode-se citar duas, que apresentam

resultados bastante similares:

Estudos feitos por Bucher e Rodrigues, (1983):

Tabela 2.1 – Correlação entre Resistência Compressão x Módulo Ruptura, em MPA

Resistência

Compressão

Módulo Ruptura

20 3,4

25 3,9

30 4,3

35 4,7

40 5,1

A resistência ao desgaste é um dos principais parâmetros a serem considerados no

dimensionamento do piso, pois dela depende em grande parte o seu desempenho.

Embora seja tão importante, a sua obtenção depende de uma série de fatores de

dosagem e aspectos que muitas vezes passam despercebidos pelo engenheiro e

que podem limitar tanto a funcionalidade como a vida útil do pavimento.

14

Em primeiro lugar, a resistência ao desgaste está diretamente relacionada à

resistência à compressão e, mais intensamente, à tração do concreto. Recomenda-

se que a resistência à compressão mínima para assegurar um bom desempenho

com relação ao desgaste seja de 30 MPa (BUCHER e RODRIGUES, 1982, p.89).

Tartuce (1990, p. 96), com muita propriedade nos lembra ao comentar esta citação

que a exsudação, fenômeno de separação de parte da água do concreto, que por

ser mais leve aflora na superfície de acabamento, pode influir bastante na redução

da resistência ao desgaste. O que ocorre na realidade é que a ascensão da água

provoca um aumento da relação a/c na região da superfície da placa, reduzindo a

resistência mecânica do concreto. As causas da exsudação estão intimamente

ligadas aos teores de finos, inclusive o cimento, e ao teor de água do concreto,

havendo aditivos, como os plastificantes, que podem incrementá-la e outros fatores

que aumentam a exsudação são as operações de vibração e acabamento

excessivos do concreto, que estão relacionadas com a sua trabalhabilidade. Na

dosagem experimental do concreto, deve-se analisar cuidadosamente a exsudação

a fim de minimizá-la e reduzir seus efeitos nocivos no concreto.

2.3.2 – Retração e expansão do concreto

O concreto no estado fresco, isto é, imediatamente após a mistura dos seus

componentes, constitui-se em uma série de partículas, incluindo o cimento, que

estão temporariamente separadas por uma fina camada de água; o efeito lubrificante

dessa camada, associado com certas forças interparticulares, torna a mistura

trabalhável (TARTUCE, 1990, p.16).

Segundo Tartuce (1990), diversos fatores podem afetar a retração, como tipo de

cimento, a natureza dos agregados e dos aditivos, mas a principal causa é a

quantidade de água na mistura. As fissuras induzidas pela retração devem ser

combatidas com armaduras adequadamente posicionadas e pelas juntas de trabalho

do piso.

Para Marcel e André (2007), o concreto como um material higroscópico, após a cura

e a secagem pode absorver ou perder água, em função de variações na umidade

15

relativa do ar, apresentando uma expansão ou contração; por exemplo, a mudança

do estado saturado ao seco, com 50% de umidade relativa, causa uma retração de

aproximadamente 0,6%, ou seja, uma placa de 10,00 metros de comprimento contrai

nada menos do que 6 mm, que é a mesma variação quando há mudança de

temperatura da ordem de 40°C. Essa variação, associada à de natureza térmica,

provoca uma expressiva movimentação nas juntas ou nas eventuais fissuras que, se

não estiverem adequadamente seladas, propiciarão a entrada de material

incompressível, que causarão tensões localizadas, levando ao esborcinamento

(quebra das bordas das Juntas) da região, aumentando a abertura gradualmente

Figura 2.1.

Figura 2.1 - Esborcinamento das Juntas

Essa é uma das principais causas da redução da vida útil e aumento nos custos de

manutenção dos pisos.

2.3.3 – Características requeridas para concreto para piso.

Segundo Carvalho (2002), a escolha do concreto não deve basear-se

exclusivamente na sua resistência mecânica, mas também se deve a outros pontos

importantes, como a trabalhabilidade - que irá depender dos métodos de mistura,

lançamento, adensamento e, principalmente, de acabamento do concreto e a

16

durabilidade, que será fortemente influenciada pela retração hidráulica, exsudação e

resistência ao desgaste.

a) Consumo de Cimento

O cimento não é só importante como agente gerador de resistência mecânica no

concreto, mas também tem uma função primordial na trabalhabilidade; suas

partículas ultrafinas atuam como verdadeiros rolamentos, reduzindo o atrito entre as

outras maiores, como as da areia, além de aumentar a coesão da mistura fresca,

reduzindo a exsudação (RODRIGUES, 1989, p.91).

Segundo Nevelli (1997), essa função não é cumprida apenas pelo cimento, mas

também pelo ar naturalmente ou artificialmente incorporado durante a mistura, e

também por outras partículas, supostamente inertes, inferiores a 150 Mm, ou

mesmo pozolanas ou escória básica de alto forno.

b) Dimensão Máxima Característica do agregado

Quanto maior for a dimensão máxima característica do agregado, menor será o

consumo de cimento, mas, por outro lado, como já mencionado, o módulo de ruptura

tende a diminuir com o incremento, e o acabamento é facilitado pela redução da

dimensão máxima. Esses fatores induzem que a dimensão máxima não deve ser

superior a 32,00 mm, devendo ser preferencialmente 25,00 mm ou 19,00 mm, não

podendo ser maior do que 1/3 da espessura da placa. O agregado graúdo deve ser

referencialmente composto por duas faixas granulométricas comerciais, como 50%

de brita 1 e 50% de brita 2, ou 70% de brita 0 e 30% de brita 1, de modo a reduzir o

volume de vazios do agregado composto, permitindo a diminuição do teor de

argamassa (RODRIGUES, 1989, p.112).

c) Abatimento

O surgimento dos pisos de alto desempenho, caracterizados por elevados índices de

planicidade e nivelamento, força o emprego de concretos mais plásticos, com

17

abatimentos situados entre 70,00 mm e 100,00 mm. Isso ocorre pela necessidade de

se retrabalhar o concreto durante o período de dormência, que antecede a pega. O

emprego de aditivos, nesses casos, deve ser feita com cautela, evitando-se os

superplastificantes, tomando-se como referência a curva de perda de

trabalhabilidade do concreto, para garantir o retrabalho necessário. O abatimento do

concreto deve ser preferencialmente empregado próximo dos 70,00 mm, não

devendo exceder a 100,00 mm. (ANDRIOLO, 1993, p. 72).

d) Resistência

A resistência à tração na flexão necessária é obviamente um critério de projeto,

imposto pelo calculista. É interessante observar que a sua influência na espessura

da placa pode não ser tão grande como se imagina. Por exemplo, um incremento em

torno de 70% na resistência à compressão, passando de 21 MPa para 36MPa, leva

à redução de apenas 12% na espessura da placa (MARCEL e ANDRE, 2007,p.45).

O fato de se usar resistências mais elevadas reside na questão da durabilidade

superficial.

2.3.4 - Exsudação do concreto

Segundo Andriolo (1993), a exsudação é a segregação da água do concreto, que

aflora à superfície após o adensamento e perdurando por praticamente todo o

período de dormência do concreto.

A perda de água reduz a relação água/cimento, o que tenderia a elevar a resistência

do concreto; entretanto, a sua saída acaba criando vazios na estrutura do concreto,

anulando o primeiro efeito (TARTUCE, 1990, p.85).

Para Figueiredo (2000), este fenômeno provoca aumento substancial no teor de

água das camadas superficiais, reduzindo a sua resistência mecânica, fazendo-se

notar principalmente pela maior facilidade ao desgaste, empoeiramento e

escamamento do piso.

18

Segundo Rodrigues (1989), a exsudação embora seja um fenômeno inerente ao

concreto fresco, pode ser trazido a níveis perfeitamente toleráveis, com a adoção de

algumas medidas simples, como:

- aumentar a coesão da mistura, incrementando-se o teor de finos ou com o

emprego de aditivos para esse fim;

- evitar supervibração do concreto, que favorece a segregação;

- adotar procedimentos de cura inicial eficazes, como os produtos de cura, mas

principalmente não permitir a incidência de vento e sol sobre o concreto, pois a

quantidade de água exsudada é diretamente proporcional à evaporada.

A exsudação, na maioria das vezes desconsiderada nas estruturas, é

particularmente importante nos pisos em virtude da elevada área superficial e das

propriedades nela requeridas, já que, além de afetar a resistência ao desgaste pode

prejudicar as operações de acabamento.

2.3.5 - Materiais

2.3.5.1 – Cimento Portland

Segundo Mehta (1994), o cimento Portland é um aglomerante hidráulico produzido

pela moagem do clínquer, que é composto de silicatos de cálcio hidráulicos,

usualmente com uma ou mais formas de sulfatos de cálcio como um produto de

adição. O clínqueres são módulos de 5 a 25mm de diâmetro de um material

sinterizado, produzido quando uma mistura de matérias-primas de composição pré-

determinada é aquecida a altas temperaturas.

Segundo Helene e Terzian (1992), a velocidade da reação de hidratação é

governada pela finura do cimento. Com o aumento da finura melhora a resistência,

particularmente a das primeiras idades, diminui a exsudação e outros tipos de

segregação, aumenta a impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos

concretos.

Para Helene e Terzian (1992), a resistência a compressão através de ensaios aos

3,7,28 e 91 dias, permite a verificação do comportamento mecânico do cimento. A

19

perda ao fogo e resíduos insolúveis fornece até que ponto ocorreu a carbonatação e

hidratação devido à exposição do cimento ao ar, ou seja, o envelhecimento do

cimento. Permite também detectar a adição de substâncias estranhas, inertes, que

sejam insolúveis no ácido clorídrico.

2.3.5.2 – Agregado

Pela NBR 9935 (JUL 1987), agregado é definido como material sem forma ou

volume definido, geralmente inerte, de dimensões e propriedades adequadas para

produção de argamassas e concreto.

O agregado desempenha uma função econômica da máxima importância, pois

geralmente é o elemento de custo mais baixo por unidade, de maior volume no

concreto, o agregado atua de forma decisiva no incremento de certas propriedades,

tais como: a redução da retração, aumento da resistência ao desgastes, além de

outras.

Segundo a NBR 9935 ( JUL 1987) podemos classificar os agregados quanto à

origem, e às dimensões.

a) Origem

Quanto à origem, eles podem ser:

Naturais - são aqueles que já são encontrados na natureza sob a forma de

agregados: areia de mina, areia de rios, seixos rolados, pedregulhos etc.

Artificiais - são aqueles que necessitam ser trabalhados para chegarem à condição

necessária e apropriada para seu uso: areia artificial, brita etc.

O termo artificial, aqui usado, é quanto ao modo de obtenção, e não com relação ao

material em si.

b) Dimensões

20

Quanto às dimensões, os agregados são classificados em miúdos e graúdos.

Recebem, entretanto, denominações especiais que caracterizam certos grupos,

como: fíler, areia, pedrisco, seixo rolado e brita.

De acordo com Marcel e André (2007), os tipos de agregados são:

a) Agregado miúdo é a areia de origem natural ou resultante do britamento de

rochas estáveis, ou a mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT nª4

(4,75 mm) e ficam retidos na peneira ABNT Nº 200 (75 Mm) (NBR 7211).

b) Agregado graúdo é o pedregulho (cascalho ou seixo rolado) ou a brita proveniente

de rochas estáveis, ou a mistura de ambos, cujos grãos passam por uma peneira de

malha quadrada com abertura nominal de 152,00 mm e ficam retidos na peneira

ABNT nª 4 (4,75 mm) (NBR7211, 2005).

c) Areia é o material granular miúdo originado através de processos naturais ou

artificiais de desintegração de rochas naturais ou proveniente de outros processos

industriais. É chamada de areia natural se resultante da ação de agentes da

natureza e de areia artificial quando proveniente de britagem ou outros processos

industrias. Pedrisco, também chamado areia artificial, é a mistura, nas mais variadas

proporções de brita de graduação 0 ( zero ) com areia artificial.

d) Pedregulho é o agregado graúdo que pode ser utilizado em concreto tal qual é

encontrado na natureza sem sofrer qualquer tratamento que não seja lavagem e

seleção. Em algumas regiões, é conhecido como cascalho ou seixo rolado.

e) Brita ou pedra britada é o agregado graúdo originado através da cominuição

artificial de rocha

21

De acordo com a NBR 7211 (AGO 2005), as britas são classificadas em:

Tabela 2.2 – Classificação da britas

brita zero 4,75mm a 9,5 mm

brita 1 9,5 mm a 19,0 mm

brita 2 19,0m a 25,0 mm

brita 3 25,0mm a 37,50 mm

brita 4 37,50 mm a 76,0 mm

pedra-de-mão > 76,0 mm

Segundo a NBR 7211 (AGO 2005) a designação do tamanho de um agregado,

dimensão máxima característica é a grandeza associada á distribuição

granulométrica do agregado, correspondente à abertura de malha quadrada, em

milímetro, das peneiras das séries normal e intermediária, a qual corresponde uma

porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa.

f) massa unitária:

Quando à massa unitária, pode-se classificar os agregados em:

Leves (menor de 1 t/m3) – pedras-pomes, vermiculite, argila expandida etc ;

Normais (1 t/m3 a 3t/m3) – areias quartzosas, seixos, britas de gnaisses,

granito, etc;

Pesados (>3 t/m³) – barita, magnetita, hematita, waterita, etc;

2.3.5.3– Aditivos

Para Mehta (1994) os aditivos são substâncias adicionadas nas misturas dos

concretos com a finalidade de alterar propriedades do concreto em estado fresco ou

endurecido e apesar de estarem divididos em várias categorias, os aditivos tem um

objetivo fundamental, o de melhorar a qualidade de um concreto.

22

Segundo Mehta (1994), a aplicações dos aditivos podem melhorar a qualidade do

concreto nos seguintes aspectos:

- Trabalhabilidade

- Resistência

- Compacidade

- Durabilidade

- Bombeamento

- Fluidez (auto adensável)

E pode diminuir sua:

- Permeabilidade

- Retração

- Calor de hidratação

- Tempo de pega (retardar ou acelerar)

- Absorção de água

Segundo Neville (1997), o motivo do grande crescimento do uso dos aditivos é a

capacidade de proporcionar ao concreto considerável melhorias físicas e

econômicas. Essas melhorias incluem o uso em condições nas quais seria difícil ou

até impossível usar concreto sem aditivos. Eles também tornam possível o uso de

grande variedade de componentes na mistura.

Aditivos Retardadores

Os aditivos redutores de pega atrasam a pega inicial e o endurecimento do concreto,

com uma pequena redução na quantidade de água (ANDRIOLO, 1993). Os

retardadores não alteram a composição dos produtos da hidratação (NEVILLE,

1997, p.257).

De acordo com Mehta (1994), esses aditivos retardadores são utilizados na prática

da construção as seguintes aplicações de retardo de pega.

23

a) A uma grande ajuda em condições de temperatura desfavoráveis

particularmente em clima quente. A utilização desse aditivo é feito para

permitir o lançamento e os acabamentos adequados a superar prejuízos e os

efeitos aceleradores de temperaturas elevadas.

b) É muito importante para o controle da pega de grandes unidades estruturais

para manter o concreto trabalhável para o lançamento. Ajuda a evitar

possibilidade de ocorrências de juntas frias e descontinuidades em grandes

unidades estruturais. Este controle pode também evitar a fissuração de vigas

de concreto, de tabuleiros de ponte, e de construção mista, devido à

deflecção da forma por motivos associados ao lançamento em unidades

adjacentes. Os ajustes de dosagem, enquanto prosseguem o lançamento,

podem permitir que várias partes de uma unidade, de uma grande viga pós-

tensionada por exemplo, atinjam um dado nível de resistência inicial

aproximadamente ao mesmo tempo.

2.3.5.4 – Fibras

Segundo Bina e Teixeira (2002), os concretos reforçados com fibras são aqueles

que possuem na sua composição cimento hidráulico, água, agregados miúdos ou

graúdos e miúdos e fibras discretas descontínuas.

Fibras de aço

A baixa resistência à tração do concreto é também associada a numerosas fissuras

e a rápida propagação das fissuras sob tensão aplicada. A adição de fibras próximas

uma das outras aumenta substancialmente as resistência tanto a tração quanto

flexão, e podem interferir a propagação de microfissuras, retardando, portanto, o

início das fissuras de tração e aumentando a resistência à tração do material. Então

estudos mostraram que com o volume e os tamanhos das fibras que poderiam ser

convenientemente incorporados aos concretos convencionais, os produtos

reforçados com fibras não oferecem melhora substancial na resistência a tração

direta comparado às correspondentes misturas sem fibras. Comparado ao concreto

24

convencional, o concreto reforçado com fibras é muito mais tenaz e mais resistente

ao impacto (MEHTA, 1994, p.434).

De acordo com Tezuca (1989), a adição de fibras de aço (classificadas como fibras

de alto módulo) ao concreto inibe e dificulta a propagação das fissuras, devido ao

seu alto módulo de deformação, resultando em uma grande capacidade de

redistribuição de esforços e controle de fissuração do concreto, mesmo em

dosagens baixas. Com a incorporação de fibras, o concreto perde sua característica

de material marcadamente frágil. Isto ocorre pelo fato da fibra servir como ponte de

transferência de tensões pelas fissuras, minimizando a concentração de tensões nas

extremidades das mesmas. Disto decorre uma grande redução da velocidade de

propagação das fissuras no concreto que passa a ter um comportamento pseudo-

dúctil, ou seja, apresenta certa capacidade portante pós-fissuração.

De acordo com Marcel e André (2007), quase que na totalidade dos casos práticos,

na execução de pisos e pavimentos de concreto, o teor de fibras de aço empregado

situa-se abaixo do volume crítico, teor este que corresponde ao volume de fibras no

qual o compósito manteria a mesma capacidade portante após a ruptura da matriz,

sendo que para dosagens maiores que este volume crítico, o compósito continua

aceitando níveis crescentes de carregamento. O volume crítico de fibras, para o

caso das fibras metálicas, situa-se em torno de 1% (~ 78 kg/m³). O valor do módulo

de ruptura não é alterado com a incorporação de fibras nestes teores em relação ao

concreto sem fibras, contudo, há uma enorme mudança nas características quanto

as deformações após a primeira fissura.

Segundo Bina Teixeira (2002) “nos pisos industriais e pavimentos rígidos de

concreto apoiados sobre base elástica, as tensões produzidas pelos carregamentos

externos: cargas distribuídas, porta-pallets, empilhadeiras e trens-tipo variados são

tensões de certa forma pequenas comparadas a uma laje suspensa. Desta forma

pode-se substituir totalmente a armadura pelas fibras de aço, com dosagens que

variam de 10 a 35 kg/m³, dependendo do tamanho das placas e dos seus

carregamentos”. As fibras de aço foram introduzidas nos pisos industriais brasileiros

há cerca de 15 anos, inicialmente trazidas pela Belgo Mineira Bekaert chamadas de

fibras Dramix; posteriormente, foram desenvolvidas fibras de aço de outros

25

fabricantes como as fibras Harex fabricadas pela Vulkan e as fibras Sheikan

oriundas do sub-produto da palha de aço, conforme Figura 2.2.

Figura 2.2 - Fibra de aço Dramix (Fonte Catálogo Belgo Bekaert)

Segundo Figueiredo (2000) “as fibras de aço podem ser classificadas como fibras de

alto módulo. Logo podem ser consideradas como fibras destinadas ao reforço

primário do concreto, ou seja, não se destinam ao mero controle de fissuração”.

Como principais características das fibras de aço, esse mesmo autor destaca:

Fator de forma: é a relação entre o comprimento da fibra e seu diâmetro, (caso

sejam fibras de seção transversal não circular, deve-se considerar área equivalente).

Fator de forma acima de 65 pode causar o afloramento superficial, ou seja, a

presença de fibras na superfície. Habitualmente, recomenda-se trabalhar com fator

de forma entre 45 a 65;

Geometria da fibra: influencia de forma significativa a ductilidade dos compósitos.

Fibras com ancoragens em ganchos, na extremidade, proporcionam maior

ductilidade a flexão ao compósito.

Resistência a tração: a resistência à tração das fibras é da ordem 600 a 1200 MPa,

dependendo do processo de fabricação da mesma. As resistências maiores são

obtidas através da fabricação por processo de trefilação.

Segundo Figueiredo (2000) “recomenda-se a utilização de fibras de aço cujo

comprimento seja igual ou superior ao dobro da dimensão máxima característica do

agregado utilizado no concreto. Em outras palavras, deve haver uma compatibilidade

26

dimensional entre agregados e fibras de modo que estas interceptem com maior

freqüência a fissura que ocorre no compósito.

De acordo com Tezuca (1989) a influência do fator de forma e do teor de fibra no

desempenho do compósito (tenacidade) pode ser ilustrada pela figura abaixo, com a

melhoria da performance com o incremento nos valores destes dois parâmetros

(maior fator de forma e aumento da dosagem):

Figura 2.3 – Influência do fator de forma e do teor de fibra no desempenho do compósito

(tenacidade).

Segundo Figueiredo (2000), as grandes vantagens da fibra de aço estão

relacionadas à facilidade de execução, pois sua dosagem é realizada na esteira dos

agregados da concreteira ou no próprio caminhão betoneira. Isto significa que o

concreto é lançado já reforçado, não sendo necessário adicionar nenhum outro tipo

de armadura no piso (exceto nas interfaces com estruturas existentes – p.ex:

reforços de pilar), produzindo ganho de produtividade na obra. No Brasil, existem

várias obras realizadas com esta tecnologia, algumas com placas únicas com

dimensões acima de 1000 m² e com carregamentos variados. Alguns inconvenientes

27

são encontrados com este tipo de método construtivo. Como se trata de um número

alto de fibras por kilograma de fibra e uma quantidade elevada de fibras em um

metro cúbico de concreto - acima de 20.000 fibras - o afloramento é inevitável.

Mesmo trabalhando com concretos com abatimento (slump) acima de 120 mm,

“salgamento” mineral ou metálico de combate à abrasão na superfície do concreto e

estudo prévio do traço de concreto não se pode garantir que não apareça nenhuma

fibra na superfície.

Fibra de Vidro

A fibra de vidro álcali resistente tem sua resistência devido a presença de 16% de

óxido de zircônio na composição do vidro (TEZUKA, 1989 PARDELA e AGUILA,

1998) obtendo uma fibra de vidro que representava uma considerável resistência ao

ataque dos álcalis, a qual recebeu o nome comercial de CEM-FIL 1 – Figura 2.4.

Para Tezuca (1989), devido ao alto módulo de elasticidade (E=72 Gpa), a fibra de

vidro proporciona um eficaz controle das fissurações por retração no concreto, tanto

na fase plástica do concreto (endurecimento do concreto) como também na fase

endurecida, propiciando um incremento de até 18% no módulo de elasticidade do

concreto na fase endurecida. Apta, portanto, para a substituição das telas soldadas

de controle de retração.

Segundo Pardela e Aguila (1998), a composição do vidro resistente aos álcalis pode

variar, mas todos eles possuem oxido de zircônio e a quantidade ótima deste gira

entre 15% e 20%. Quantidades abaixo de 15% mostraram progressivas perdas de

resistência química e pequeno ou nenhum beneficio adicional, acima de 20%. As

fibras de vidro álcali resistente (AR) são usadas para auxiliar a diminuição do pH

elevado, mas não resolve totalmente o problema da durabilidade, devido ao

Ca(OH)2.

Segundo Pardela e Aguila (1998), a deterioração com o tempo utilizando fibra AR

não pode ser explicado apenas pelo ataque do meio alcalino do cimento Portland as

fibras. Os atores citam que dois mecanismos de degradação coexistem:

- O ataque químico das fibras de vidro.

28

- O crescimento de produto da hidratação do cimento entre os filamentos

das fibras.

O primeiro mecanismo, principal responsável pela degradação das fibras

convencional segue subsistindo com menor importância nas fibras de vidro AR,

tornando o segundo mecanismo mais relevante. O desenvolvimento e crescimento

de produtos da hidratação do cimento, principalmente o Ca (OH)2, envolvem os

filamentos de vidros, aumentando a aderência fibra-matriz e fragilizando o material

(PARDELA e AGUILA, 1998, p. 67).

Figura 2.4 – Fibra de Vidro (Fonte Catálogo Saint Gobain)

Pardela e Aguila(1998), chegou a conclusões idênticas as de Tezuca (1989), e ainda

afirmou que o processo de corrosão da fibra de vidro AR pelo ataque químico do

meio alcalino do cimento é mínima ou desprezível,creditando a causa da perda da

tenacidade da fibra a densificação da matriz na interface fibra-matriz.

2.3.5.5 – Armaduras

Segundo Bina, Teixeira (2002), o piso de concreto industrial pode possuir dois tipos

de armadura: estrutural, quando esta resiste aos esforços solicitantes oriundos de

cargas móveis ou estáticas, e distribuída, quando a função da armadura é combater

29

fissuras de retração Figura 2.5. Em ambos os tipos, a armadura é constituída por

uma malha formando quadrados ou retângulos.

A armadura, por questões de praticidade, confiabilidade e economia, deve ser

constituída por telas soldadas, que são elementos pré-fabricados constituídos por

duas séries de barras, laminadas a frio, paralelas ortogonais entre si, formando

quadrados ou retângulos. No Brasil, as telas soldadas podem ser encontradas em

aço CA - 50 ou CA - 60, podem ser fornecidas com largura de 2,45 m e comprimento

de 6,0 m para painéis e de 60 m ou 120 m para rolos (RODRIGUES, 1989, p.82).

Figura 2.5 – Armadura com tela soldada

2.3.5.6 – Selantes

Os selantes são materiais de natureza plástica, empregados na vedação das juntas

do pavimento. Sua importância é fundamental, visto que impedirá a entrada de

partículas incompressíveis na junta, que são extremamente danosas ao

desempenho do pavimento. Podem ser divididos em duas categorias principais: os

pré-moldados e os moldados no local.

Os selantes pré-moldados são aqueles que têm sua forma previamente definida no

processo industrial e são posteriormente fixados às juntas por meio de adesivos;

30

com custo mais elevado do que o dos outros tipos, geralmente são empregados em

casos específicos, como em juntas de dilatação com grande solicitação de tráfego.

Segundo Marcel e André (2007), esses selantes são normalmente produzidos em

borracha sintética, com forma geométrica apropriada para cada uso, sendo

freqüentes aqueles com a seção vazada, similar a uma mangueira. Existe em nosso

mercado uma peça plástica de PVC ou poliuretano de alta densidade, rígida, que é

comercializada como junta de piso; sua fixação é feita com o emprego de argamassa

modificada com polímeros. Tezuka (1989) e Marcel e André (2007), chegaram a

conclusão o que ocorre é que a junta se torna rígida e, quando a placa se

movimenta, existe tendência de expulsá-la, ocorrendo com freqüência a sua quebra

e fazendo com que a junta fique desprotegida. Deve-se empregar juntas pré-

moldadas quando efetivamente se pode comprovar o seu funcionamento,

absorvendo tanto as solicitações de tração como de compressão.

Nos selantes moldados no local as paredes da junta são a própria fôrma do selante.

Podem ser de dois tipos: os vazados a quente e os moldados a frio.

Os selantes moldados a frio são modernamente produzidos à base de epóxi,

poliuretano, silicone ou outro polímero apropriado, que, após a cura, formam um

elastômero estável e de resistência mecânica e química adequada ao piso. Os de

epóxi, denominados semiflexíveis, são os mais indicados quando há tráfego de

empilhadeiras. Alguns tipos, como os de silicone, podem ser obtidos em diversas

cores, sendo bastante úteis no caso de pisos decorativos (MARCEL e ANDRÉ,

2007, p.87).

2.3.5.7 – Salgamento

Segundo Tezuca (1989), “Salgamento” é definido como o processo de aplicação de

elementos endurecedores de superfície, composto de agregados minerais – quartzo,

basalto e diabásio – ou agregados metálicos – granalhas de aço de formato lamelar

(dimensões 3 a 4mm de comprimento e largura e 0,2mm de espessura), – dosados

juntamente com cimento cinza ou colorido, que são aplicados sobre a superfície do

piso, através de aspersão mecânica, logo após a etapa de sarrafeamento do

concreto, conforme Figura 2.6.

31

Segundo Bina, Teixeira (2002), o “salgamento” tem como principal função aumentar

a resistência superficial à abrasão do piso de concreto, podendo ser feito com

agregados de origem metálico ou mineral, (a função de evitar o aparecimento

superficial de fibras é apenas uma função secundária). Sua espessura aproximada

após a aplicação é da ordem de 2 mm.

Figura 2.6 – “ Salgamento “ com agregado mineral

2.3.5.7 – Endurecedor de Superfície

Como endurecedores de superfície pode-se ter também os produtos químicos de

solução aquosa, à base de silicatos e siliconatos, aplicados diretamente sobre a

superfície do piso de concreto endurecido, após 7 a 14 dias, dependendo do tipo de

cimento empregado. Sua atuação dá-se por reação química com os carbonatos de

cálcio liberados pelas reações de hidratação do cimento, com os silicatos e

siliconatos presentes na solução, promovendo um ganho de resistência superficial à

abrasão no piso de concreto da ordem de 40% (MARCEL e ANDRÉ, 2007, p.91).

32

Figura 2.7 – Aplicação do endurecedor de superfície de solução aquosa.

33

3– EXECUÇÃO DO PAVIMENTO

3.1 – PROJETOS DE JUNTAS

Segundo Bina, Teixeira (2002), os pisos de concreto são basicamente formados por

placas retangulares ou quadradas, com dimensões limitadas, separadas pelas

juntas. A função básica das juntas é permitir as movimentações de contração e

expansão do concreto, sem que ocorram danos ao piso sob o ponto de vista

estrutural e de durabilidade, permitindo a adequada transferência de carga entre as

placas contíguas.

.

As juntas representam, porém, pontos susceptíveis no piso, pois, se não forem

adequadamente projetadas e executadas, podem provocar deficiência estrutural

caso não transfiram os esforços entre as placas contíguas ou, se houver deficiência

na selagem, a entrada de materiais incompressíveis irá conduzir a esforços

localizados na região, provocando o esborcinamento das placas (MARCEL e

ANDRÉ, 2007, p.119).

No entanto, é de importância vital ao piso tanto na fase executiva, permitindo a

concretagem em etapas discretas, formando faixas com dimensões compatíveis aos

equipamentos disponíveis, quanto posteriormente, criando os pontos enfraquecidos,

que permitem a movimentação do concreto. Para contornar os problemas citados no

parágrafo anterior, deve-se procurar usá-las em menor número possível, objetivando

a maior durabilidade do piso.

Segundo Tezuca (1989), denomina-se projeto geométrico o adequado

posicionamento e dimensionamento das juntas. Esse projeto deve ser executado

tendo-se sempre em mente o processo executivo e os tipos de equipamentos e suas

limitações que serão empregados na construção. As principais recomendações a

serem feitas para permitir um projeto adequado são:

a) O piso deve trabalhar isolado da estrutura. Portanto, no encontro de pilares,

paredes, bases de máquinas etc., deverão ser previstas juntas de encontro,

permitindo que o piso trabalhe livremente e não seja solicitado pela estrutura;

34

b) As juntas deverão ser sempre contínuas, podendo apenas ser interrompidas pelas

juntas de encontro;

c) No encontro de duas juntas, o ângulo formado não deve ser inferior a 90 graus;

3.1.1 - Classificação das Juntas

Segundo Bina, Teixeira (2002), as juntas podem ser classificadas de acordo com o

método executivo e função, em:

-Junta longitudinal de construção (Junta de Construção - JC), com dispositivos de

transferência de carga ou barras de transferência ou tipo macho-fêmea (Junta

Construção - JC).

-Junta longitudinal serrada, com barras de transferência.

-Junta transversal de retração serrada (Junta Serrada), eventualmente de

construção (junta serrada), com barras de transferência.

-Junta de expansão (Junta de Encontro - JE), situada nos encontros do piso com

peças estruturais ou outros elementos que impeçam a livre movimentação do piso.

3.1.2 – Espaçamentos das Juntas

Para Carvalho (1996), o espaçamento entre as juntas em um pavimento rígido irá

depender do seu tipo - simples, com armadura distribuída ou estruturalmente

armado, da espessura da placa, do coeficiente de atrito da placa com a sub-base e

condições de cura.

Em pavimentos não armados, deve-se tomar extremo cuidado com o espaçamento

entre as juntas, que precisa ser cuidadosamente adotado. Durante a execução do

piso, é necessário um monitoramento intenso para verificar se não estão ocorrendo

fissuras causadas pela retração do concreto.

35

Segundo Carvalho (1996), essas fissuras ocorrem quando o espaçamento das

juntas foi subestimado e as tensões de tração originadas pela restrição ao

movimento da placa, devido ao atrito com a sub-base, excedem à tensão de ruptura

do concreto, ou quando as condições de cura estão inadequadas e o concreto retrai

mais rapidamente do que aconteceria em condições normais, fazendo com que as

tensões induzidas pelo movimento ocorram em um período em que a resistência do

concreto não está plenamente desenvolvida e, portanto incapaz de suportá-las. No

piso não armado, a ocorrência dessas fissuras leva a sérios problemas, já que

passam a trabalhar como verdadeiras juntas, e por não estarem seladas, deterioram-

se rapidamente, havendo a necessidade de sua recuperação. Estas muitas vezes

consistem em cortar uma faixa no local e criar uma junta na reconcretagem.

Segundo Marcel e André (2007), recomenda-se em pisos não armados a acurada

observação na região central das placas, pois, quando ocorrem, essas fissuras são

de pequena luz, quase imperceptíveis. O espaçamento recomendado para esse tipo

de piso varia de pouco mais que 3,00 m, para espessuras de placa de 125,00 mm,

até em torno de 8,00 m, quando esta for de 250,00 mm. É por esses motivos que,

para pisos industriais nos quais as juntas quase sempre representam uma limitação

ao seu desempenho, se recomendam pisos armados ou com fibras, geralmente com

a finalidade única de combater a fissuração.

Na realidade, a fissura pode até ocorrer, mas permanece fechada, imperceptível

como no concreto armado, impedindo a entrada de materiais incompressíveis que

levariam à sua deterioração. Esse mecanismo permite a adoção de placas

razoavelmente mais longas do que nos pisos não armados, havendo possibilidade

de uso de comprimentos superiores a 30,00m, onde este é muito mais função da

abertura da junta e do tipo e reservatório do selante do que propriamente das

fissuras que poderiam ocorrer (BINA TEXEIRA 2002, p.76).

3.2- TRABALHABILIDADE DO CONCRETO

Para Neville (1997), entende-se que a trabalhabilidade é a facilidade com que um

concreto pode ser misturado, manuseado, transportado, lançado e compactado com

36

a menor perda de homogeneidade. Termos como consistência, plasticidade, coesão

e fluidez expressam elementos de trabalhabilidade.

Segundo Carvalho (2002), muitas vezes a trabalhabilidade é confundida com a

plasticidade do concreto, provavelmente devido ao fato de o tipo estrutural ser

predominante, e neste a consistência, medida pelo ensaio do tronco de cone

(slump), é a que melhor espelha a trabalhabilidade. Há, entretanto, outras, como a

coesão e a aspereza que são bastante importantes à mistura fresca.

Para Metha (1994), a trabalhabilidade do concreto irá depender fundamentalmente

das características particulares e proporcionamento relativo dos seus diversos

constituintes, cimento, agregados e água:

- areias grossas tendem a produzir misturas pouco coesas e ásperas, sendo o

mesmo efeito observado em misturas com baixos teores de finos;

- agregados graúdos com dimensão característica baixa requerem maior quantidade

de argamassa para uma mesma trabalhabilidade;

- agregados graúdos lisos e arredondados necessitam de menores teores de

argamassa, enquanto, se as partículas forem lamelares, a necessidade se inverte;

- quantidades excessivas de agregado graúdo dão como resultado misturas com

pouca coesão e mobilidade;

- a plasticidade aumenta quando a relação água/cimento cresce, podendo a coesão

diminuir;

- o aumento da quantidade de cimento e outros materiais finos favorecem a

plasticidade e aumenta a coesão, reduzindo a segregação.

37

3.3 – CONCRETAGEM DO PISO

Segundo Andriolo, (1993), quando da concretagem do piso ocorrem diversas

manifestações que influenciarão no desempenho final deste, que são comumente

designadas de patologias ou, mais adequadamente, defeitos que ocorrem. Dentre

eles, pode-se chamar a atenção para os pisos com baixas resistências ao desgaste,

fissuras de natureza plástica, escamamento, rugosidade excessiva, absorção

elevada e outros mais.

Essas assertivas indicam que a concretagem deve ser objeto de intenso controle

executivo, precedido de treinamento dos operários que irão executá-la. É

recomendável que se execute preliminarmente um pequeno trecho,

preferencialmente fora da área definitiva, que poderá ser usado como padrão de

qualidade, que é denominado placa teste. Esse procedimento, embora

extremamente simples, permite que se estabeleça de maneira clara e inequívoca

uma referência executiva inquestionável, principalmente no que se refere à textura

superficial.

Segundo Rodrigues (1989), o concreto empregado em pisos difere em diversos

aspectos do normalmente empregado em estruturas; as principais diferenças são:

- nos pisos, a relação área/volume é muito maior, indicando que o concreto estará

muito mais sujeito aos fenômenos de superfície, como a exsudação e a retração

plástica;

- a placa de concreto é muitas vezes empregada sem revestimento, exercendo dupla

função, estrutural e de acabamento;

- O concreto irá trabalhar sem armadura estrutural e qualquer procedimento

inadequado de concretagem ou adequação do material poderá vir a prejudicar a sua

resistência à tração na flexão.

Para Bina Texeira (2002), a concretagem do piso pode ser executada de duas

maneiras distintas: em xadrez ou em faixas - Figura 3.1. O primeiro procedimento é

38

mais antigo e seu nome vem do esquema executivo, onde cada placa é feita

isoladamente das vizinhas, que só são concretadas 24 horas após.

Concretagem em faixas

Concretagem em Xadrez

Figura 3.1 – Formas executivas de concretagem

Segundo Marcel e André (2007), quando foi concebido, imaginava-se que parte da

retração poderia ocorrer antes que houvesse a concretagem seguinte, fazendo com

que as juntas apresentassem menos movimentação. A premissa não é válida, visto

que a retração do concreto só irá ocorrer de modo significativo quando cessarem os

procedimentos de cura, que devem perdurar por cerca de 7 dias. Mesmo assim,

como o concreto já atingiu grande parte da sua hidratação, a retração irá processar-

se lentamente, e para tirar partido do pressuposto inicial, seria preciso esperar um

longo período para completar a concretagem das “casas” complementares do

tabuleiro.

De acordo com Carvalho (1996), hoje em dia, a concretagem em xadrez deve ser

evitada a todo custo, podendo ser empregada apenas em trabalhos muito simples e

sem importância, em pisos industriais, jamais. O grande problema do sistema é que

existe uma série de fatores que prejudicam o desempenho do piso, como o número

exagerado de juntas construtivas, que irão prejudicar ou mesmo impedir a adoção

dos mecanismos de transferência de cargas, ocorrendo com freqüência assustadora

falhas nos cantos das placas, caracterizadas por fissuras a 45 graus unindo juntas

transversais e longitudinais.

Outra limitante do sistema refere-se à execução, já que em determinado estágio os

equipamentos terão o tráfego dificultado pelo sobe-e-desce em placas prontas, e os

39

que são empregados em acabamento têm que ficar mudando de local a todo

instante, prejudicando a produtividade.

Segundo Carvalho (1996), o modo melhor e mais seguro para a execução dos pisos

é o que é feito por faixas, onde um longo pano é concretado e posteriormente, as

placas são cortadas, fazendo com que haja continuidade nas juntas longitudinais e

que os mecanismos de transferência de carga nas juntas também possam ocorrer

por intertravamento dos agregados.

Além do mais, a concretagem pode ser executada com muito mais facilidade, visto

que haverá sempre uma faixa livre contígua, pronta ou não, permitindo o trânsito dos

equipamentos, e o acabamento pode ser feito continuamente, sem necessidade de

mudar os equipamentos de local.

3.4- MISTURA DO CONCRETO

O uso do concreto pré-misturado ou usinado em nosso país está bastante

disseminado, principalmente quando se trata de obras de porte relativo, como

geralmente o são as obras industriais. Não o bastante, freqüentemente, no momento

de executar o piso, o construtor depara-se com um dilema: produzir na própria obra

ou comprar o concreto.

Segundo Andriolo (1993), outro fato que colabora com a decisão da auto-produção

é o de o lançamento do concreto ser mais uniforme, já que os misturadores de obra

produzem entre 0,5 a 0,75 m³ de cada vez, enquanto o usinado se processa em

bateladas, de 5,00 a 8,00 m³. A diferença básica é que o tempo de pega dos

pequenos lotes no primeiro caso se dá gradativamente, facilitando e dando

continuidade às operações de acabamento. A mistura do concreto na obra é

geralmente executada com misturadores do tipo eixo móvel ou eixo horizontal,

sendo o último mais adequado. Os misturadores com eixo vertical raramente são

empregados para esse fim, pois são pesados, de instalação complexa, e necessitam

elevados fornecimentos de energia. A mistura manual não é em hipótese alguma

admitida.

40

Segundo Carvalho (1996), as principais recomendações para produzir concretos de

qualidade aceitável em obra podem ser sumarizadas em:

- os constituintes devem ser preferencialmente dosados em central gravimétrica;

quando o volume a ser produzido não comporta uma instalação desse tipo, o

cimento deve ser medido em número inteiro de sacos e os agregados dosados em

volume;

- na dosagem volumétrica dos agregados, deve-se usar recipientes previamente

aferidos; o volume medido do agregado não deve ser superior ao do recipiente que o

contém, isto é, não são convenientes medidas com o material coroado. A prática

mostra que a correção do volume em conseqüência do inchamento da areia é

complexa e ineficaz, sendo mais interessante procurar mantê-la sempre com a

mesma umidade, ou seja, cobrindo-a nos períodos de chuva e molhando-a quando

muito seca;

- a descarga dos materiais secos - cimento e agregados - no misturador deve ser

simultânea;

- a prática tem demonstrado que a colocação do cimento antes ou após os

agregados torna a mistura mais difícil, e o ideal é que ele seja introduzido quando

aproximadamente 10% do agregado foi lançado;

- a água deve ser preferencialmente colocada junto com os materiais secos e a sua

descarga deve ser efetuada em tempo inferior a 25% do total da mistura;

- a qualidade da mistura deve ser aferida pelo menos pelo ensaio de abatimento a

cada metro cúbico produzido e moldagem de corpos de prova para serem rompidos

com 1 dia de idade para controle de produção, e a idade j dias para determinação da

resistência característica.

3.5 - LANÇAMENTO

O lançamento do concreto em pisos é em geral uma operação relativamente

simples, já que os equipamentos podem quase sempre atingir diretamente o local de

41

aplicação. Por exemplo, caminhões betoneiras podem também ser empregados no

lançamento Figura 3.2.

Os pequenos dumpers são equipamentos bastante versáteis e indicados nesse tipo

de obra, conferindo grande agilidade aos trabalhos. As bombas também podem ser

empregadas, mas seu uso acaba ficando limitado à capacidade de acabamento e

devido ao entupimento das tubulações com ouriços do piso formados com as fibras

de aço.

Segundo Marcel e André (2007), que embora simples, as operações de lançamento

podem alterar substancialmente o desempenho do piso, visto que freqüentemente

são observados defeitos advindos da alteração da posição original da armação.

Figura 3.2 – Lançamento do concreto em caminhões betoneiras

Deve-se, portanto, tomar cuidado nessa fase, não permitindo o trânsito de operários

por sobre a tela durante os trabalhos, municiando-os com ferramentas adequadas

para que possam espalhar o concreto externamente à região.

42

O espalhamento deve ser uniforme e em quantidade tal que, após o adensamento,

sobre pouco material para ser removido, facilitando os trabalhos com a régua

vibratória.

3.6- ADENSAMENTO

Para Bina Texeira (2000), as grandes áreas dos pisos aliadas as suas baixas

espessuras sugerem que o adensamento do concreto deva ser feito com o emprego

exclusivo de réguas vibratórias Figura 3.3. Essa operação é facilitada pela própria

natureza do piso, que é desprovida de elementos complicadores, como taxas

elevadas de armação ou locais pouco acessíveis. Como conseqüência, há raros

exemplos de falhas devido ao adensamento, que passa a ser mais importante como

elemento preliminar aos trabalhos de acabamento.

Os vibradores de imersão podem ser empregados em pisos, consorciados com as

réguas, se bem que haja restrições de ordem mecânica, já que, devido às pequenas

espessuras, a agulha acaba trabalhando praticamente na horizontal, reduzindo a

sua vida útil. Outro aspecto negativo é que a refrigeração do equipamento é feita

pelo próprio concreto, e, se o vibrador não trabalha imerso, poderá sofrer as

conseqüências do aquecimento (ANDRIOLO, 1993, p.205).

Figura 3.3 – Adensamento do concreto

43

Para Carvalho (1996) em pisos não muito espessos, que empreguem concretos

plásticos com abatimento em torno de 80,00 a 100,00 mm, o adensamento pode ser

feito preliminarmente na fase de espalhamento, utilizando-se uma ferramenta similar

ao ancinho de jardinagem, que é cravado no concreto, aplicando-se então

movimentos vibratórios. Posteriormente, emprega-se a régua vibratória. Após a

passagem desta, o nivelamento final da superfície pode ser feito com réguas

simples, com ligeiros movimentos de vaivém.

3.7- ACABAMENTO SUPERFICIAL

Segundo Marcel e André (2007), a superfície do piso é a principal fonte de medida

do seu desempenho, pois é ela que estará em contato com todas as ações

solicitantes. Pode-se dividir os pisos de concreto em dois grandes grupos: os de

camada única, onde o próprio concreto da laje funciona como revestimento, e os

com revestimento, muitas vezes impropriamente chamados de revestimentos de alta

resistência, que podem ser executados por dois procedimentos distintos,

denominados úmido-sobre-úmido e úmido-sobre-seco.

Para Rodrigues (1989), o fato de o piso ser executado em camada única não

significa necessariamente que vá possuir menor resistência ao desgaste que o outro

tipo. Na realidade, são largamente empregados nos Estados Unidos e, dependendo

do tipo do concreto e do tratamento a que foram submetidos, podem dar origem a

pisos com alta resistência ao desgaste, com uma série de vantagens adicionais

sobre o sistema de dupla camada.

Sob o ponto de vista executivo do acabamento, tanto o sistema simples como o

duplo usam os mesmos equipamentos básicos.

Segundo Marcel e André (2007), a regularização da superfície do concreto é

fundamental para a obtenção de um piso com bom desempenho em termos de

planicidade. Essa operação, embora aparentemente simples precisa ser executada

com esmero e habilidade. A ferramenta empregada é o chamado “rodo de corte”,

constituído por uma régua de alumínio ou magnésio, de três metros de comprimento,

fixada a um cabo com dispositivo que permita a sua mudança de ângulo, fazendo

44

com que o “rodo” possa cortar o concreto quando vai e volta, ou apenas alisá-lo,

quando a régua está plana Figura 3.4. Deve ser aplicado no sentido transversal da

concretagem, algum tempo após a concretagem, quando o material está um pouco

mais rígido. Seu uso irá reduzir consideravelmente as ondas que a régua vibratória e

o sarrafeamento deixaram.

Segundo Bina Texeira (2000), o desempeno mecânico do concreto (floating) é

executado com a finalidade de embeber as partículas dos agregados na pasta de

cimento, remover protuberâncias e vales e promover o adensamento superficial do

concreto.

Para a sua execução, a superfície deverá estar suficientemente rígida e livre da

água superficial de exsudação. A operação mecânica pode ser executada quando o

concreto suportar o peso de uma pessoa.

Figura – 3.4 – Trabalho com o rodo de corte.

Segundo Carvalho (1996), os equipamentos empregados são geralmente as

acabadoras de superfície, simples ou duplas Figura 3.5 e 3.6, com diâmetro entre

90,00e 120,00 cm, com quatro pás cada uma, com largura próxima a 250,00 mm,

acionados por motor elétrico ou a explosão; esses equipamentos são popularmente

chamados de helicóptero ou bambolê.

45

O desempenho deve ser executado com planejamento, de modo a garantir a

qualidade da tarefa. Ele deve ser sempre ortogonal à direção da régua vibratória ou

do sarrafeamento e deve obedecer sempre à mesma direção. Cada passada deve

sobrepor-se em 50% à anterior (MARCEL E ANDRE, 2007, p.117).

O alisamento superficial ou desempeno fino (troweling) é executado após o

desempeno, para produzir uma superfície densa, lisa e dura. Normalmente, são

necessárias duas ou mais operações para garantir o resultado final, dando tempo

para que o concreto possa gradativamente enrijecer-se

Figura 3.5 – Acabadora Dupla

46

Figura 3.6 – Acabadora Simples

Segundo Carvalho (1996), na primeira passada, a lâmina deve estar absolutamente

plana e de preferência já usada, que possui os bordos arredondados; nas seguintes,

deve-se aumentar gradativamente o ângulo de inclinação, de modo que aumente a

pressão de contato à medida que o concreto vai ganhando resistência.

3.8- CURA DO CONCRETO

Denominam-se cura do concreto todas as medidas tomadas para manter as

condições de hidratação do cimento, isto é, umidade e temperatura (NEVILLE, 1997,

p. 325). Como regra geral, no Brasil os períodos de baixas temperaturas não

interferem e os procedimentos de cura acabam limitando-se apenas à manutenção

da umidade.

A cura do concreto, além de relacionar-se com a resistência, está intimamente

relacionada também aos problemas de superfície, podendo invalidar todos os meios

empregados na dosagem, mistura, lançamento, adensamento e acabamento para

reduzir os defeitos tão prejudiciais ao desempenho do piso. Ela pode ser dividida em

duas etapas no período de hidratação do cimento: a cura inicial e a complementar

(TEZUKA, 1989, p.45).

47

Segundo Bina Texeira (2000), a cura inicial é a que é executada imediatamente às

operações de acabamento do concreto, podendo até mesmo iniciar-se de modo

indireto após o adensamento. É no seu período que há maior influência dos

fenômenos de superfície e, diferentemente das estruturas, assume papel

fundamental nos pisos.

Para Marcel e André (2007) manter a umidade ou, mais propriamente, evitar a

evaporação da água de amassamento, sem prejudicar ou danificar a superfície do

piso é freqüentemente um exercício de criatividade e dedicação do construtor, pois

os procedimentos muitas vezes têm que principiar já após o adensamento, evitando

a ação do vento e da insolação.

Após o acabamento final, quando a superfície já não é tão frágil, isto é, já se

encontra a meio caminho do fim de pega, pode-se empregar meios diretos, como a

aplicação de membranas de cura, filmes plásticos e outros meios.

Segundo Rodrigues (1989), as membranas de cura, Figura 3.7, são bastante

empregadas, principalmente em áreas externas, devido fundamentalmente à

facilidade de aplicação, aliada às baixas probabilidades de danos à superfície. São

emulsões à base de polímeros, notadamente o PVA, aliadas ou não a um corante,

que, com a secagem da água, formam na superfície um filme impermeável.

Figura 3.7 - membranas de cura

48

Para Rodrigues (1989) as membranas de cura são menos eficientes do que os

filmes plásticos, mas em compensação podem ser aplicadas mais precocemente.

Como intermediários, há os papeis impermeáveis, hoje em dia pouco empregados

em virtude do desenvolvimento dos polímeros que dão origem a filmes plásticos

leves e baratos.

Segundo Rodigues (1989) a cura complementar deve iniciar-se após o fim de pega

do concreto, independentemente de terem ou não sido aplicadas membranas de

cura. Nesta fase, a cura do concreto não se restringe apenas ao impedimento da

evaporação, mas sim pela saturação com água da superfície concretada. A sua

execução é feita simplesmente com a colocação de materiais absorventes na

superfície, que já deve ter resistência suficiente para permitir o caminhar de

pessoas. Periodicamente, procede-se à sua saturação.

Segundo Metha (1994) os materiais mais empregados são as sacarias de aniagem,

camadas de areia ou qualquer outro material inerte, com boa capacidade de

retenção de água e que não cause manchas de nenhuma espécie.

Para Rodrigues (1989) a cura complementar deve prolongar-se até que o concreto

tenha alcançado pelo menos 75% da sua resistência final, quando então a sua baixa

permeabilidade garantirá por si própria a manutenção da umidade para a completa

hidratação do cimento.

Segundo Marcel e André (2007) da mesma forma que a cura inicial, a cura

complementar está condicionada às condições atmosféricas, como o calor, ventos e

principalmente a umidade relativa do ar. Vale observar que em dias frios a

evaporação da água pode dar-se com mais facilidade por causa de ventos fortes e

baixos valores de umidade relativa; por esse motivo, os três parâmetros devem ser

sempre analisados conjuntamente.

49

3.9 – CONTROLE DE QUALIDADE DO PISO

Como em toda atividade produtiva, os pisos industriais devem ser submetidos a

controles de execução, incluindo materiais e processos. Materiais como cimento e

agregados podem ser inspecionados individualmente, no caso do concreto

produzido na própria obra, ou, nos casos mais comuns, verificando-se apenas as

propriedades do concreto, quando este é fornecido já misturado.

Para Marcel e André (2007), há dois pontos importantes que devem ser

considerados na execução de pisos industriais:

- Planicidade e rugosidade da sub-base ou subleito

- Tolerâncias superficiais

Adicionalmente, deve-se também adotar critérios de aceitação para o alinhamento

das juntas, principalmente as construtivas, e posicionamento das barras de

transferência.

A espessura da sub-base pode variar de 5,0% a 10,0% do valor de projeto e a sua

planicidade é aceitável se o perfil do topo variar entre -5,00 mm e +10,00 mm com

relação ao nível de projeto.

Entretanto, as variações excessivas de planicidade podem acarretar alterações na

espessura do concreto, trazendo conseqüências em termos de custos, já que o topo

deste possui tolerâncias superficiais bem mais rigorosas.

A superfície do piso é o local onde há maior rigor no controle da qualidade, pois é

ela que vai refletir os cuidados tomados durante a execução e, principalmente,

definir o nível de desempenho, juntamente com a capacidade estrutural, do produto

final.

A principal característica superficial é a planicidade, que define a quantidade de

ondulações e outras imperfeições superficiais. O seu valor está fortemente

relacionado às operações de acabamento.

50

Segundo Bina Texeira (2002), a planicidade era medida pela máxima luz (ou

abertura) entre o piso e uma régua de 3,00 m, livremente apoiada sobre ele. De

acordo com isso, classificava-se a planicidade como sendo:

Tabela 3.1 – Classificação da planicidade

Planicidade mmConvecional -Desempenada 12 -Sarrafeada 08Plana 05Muito Plana 03

Embora esse procedimento tenha sido empregado por mais de 50 anos,

apresentava uma série de deficiências, entre as quais se pode citar :

- Dificuldade em ensaiar grandes áreas;

- Dificuldade na amostragem aleatória do piso;

- Não reprodutibilidade dos resultados;

- Fracasso do método na determinação da planicidade de superfícies rugosas;

- O método não permite determinar o nivelamento da superfície.

Segundo Marcel e André (2007), para contornar essas dificuldades, a American

Society for Testing and Materials desenvolveu um procedimento de medida das

características da superfície, que introduz o conceito do F-Number System, formado

por dois valores distintos para medir o perfil do piso Figura 3.8:

O FF, índice Face de planicidade (flatness), que define a máxima curvatura permitida

no piso em 600,00mm, calculado com base em duas medidas sucessivas de

elevações diferenciais, tomadas a cada 300,00mm.

O FL, índice Face de nivelamento (levelness), que define a conformidade relativa da

superfície com um plano horizontal, medido a cada 3m.

O par de valores F-Number, é geralmente apresentado na forma FF /FL, de modo

que uma especificação indicada como 25/20 significa que o FF é 25 e o F L é 20.

51

Teoricamente, os valores do FF podem variar de zero a infinito; na prática, situam-se

entre 10 e 50, nos casos mais comuns, ou próximos a 100, em casos especiais. A

variação do FF é linear, isto é, um piso com FF = 30 é duas vezes mais plano do que

outro com FF= 15. (BINA TEXEIRA, 2002, p.285).

Figura 3.8 – Ensaio de planicidade

Em pisos elevados, onde o FL não tem significado por causa da deformação da laje,

indica-se, por exemplo, um piso cujo FF é 35 como F35. O mesmo critério deve ser

usado em pisos inclinados, como as rampas de acesso, onde o FL também não tem

significado (MARCEL E ANDRÉ, 2007, p.135).

De acordo com Bina Texeira (2002), o FF /FL, o piso pode ser classificado conforme

a Tabela 3.2. Os valores do FF e FL mínimos locais são os menores valores

admitidos para cada linha de medida, tomada de acordo com a norma ASTM E

1155-87.

52

Tabela 3.2 – Classificação do piso quanto a planicidade.

Área de Teste Val. mínimos LocaisFF FL FF FL

Convencional -Desempenado 15 13 13 10 -Sarrafeado 20 15 15 10Plano 30 20 15 10Muito Plano 50 30 25 15

Valores mínimos de FF e FLTipo de Piso

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4 – PISO INDUSTRIAL COM FIBRAS (ESTUDO DE CASO)

Este estudo de caso foi realizado em uma Fábrica de Pneus Localizada em Feira de

Santana e coube a ela desenvolvimento completo do piso industrial, desde a

identificação de terreno apropriado e à contratação de uma Construtora, para

execução do serviço, identificação das necessidades operacionais, estabelecimento

de um programa de implantação e o desenvolvimento dos projetos executivos para

atender seus planos de investimentos e finalização do processo com a garantia da

construção dentro do prazo e qualidade necessária.

Dentro desta modalidade contratual a construtora têm uma responsabilidade que

extrapola a construção, comprometendo-se com o desempenho do empreendimento

dentro da expectativa da Fábrica e no caso de uma obra deste porte (69.000,00 m²

construídos em um prazo de 10 meses), os pisos têm fundamental importância. Para

fazer frente a este desafio, formou-se um grupo de trabalho com a equipe de

engenharia da construtora, seus consultores e projetistas para, em conjunto com a

engenharia da fábrica, identificar todas as rotinas de tráfego, carregamento, layout e

fluxos preferenciais para que os pisos tivessem seu dimensionamento adequado à

operação da Fábrica.

A operação da fábrica funciona com exigências em relação à perfeita planicidade e

resistência do piso interno para um bom desempenho na circulação de veículos de

carga (empilhadeiras com rodas de poliuretano) e também para o armazenamento

de materiais. Para que estes não sejam prejudicados com inclinações indevidas, e

para que o piso externo (docas) tenha bom desempenho de resistência com a

circulação de veículos pesados, vários caminhões diários na entrada e saída de

materiais.

A escolha do piso tem como objetivo trazer maior agilidade nos trabalhos de

execução do piso, assegurar a melhor planicidade e desempenho do piso e garantir

a viabilidade do custo-benefício em relação a outras soluções.

Uma empresa de consultoria de São Paulo, foi a responsável pelo projeto, analisou

o tipo de veículo que transitaria sobre o piso e suas cargas. Foram calculados os

54

esforços que atuariam sobre o piso devido às cargas aplicadas sobre o mesmo.

Sendo assim, foram definidas suas especificações quanto à resistência necessária

para o suporte das cargas aplicadas, o tipo de material de reforço que seria utilizado,

a espessura da placa de concreto que seria feita e o tipo de acabamento necessário

para suportar a abrasão exercida pelo contato com as rodas dos veículos, bem como

para uma boa estética do local (Anexo A).

As características mais importantes que determinaram a escolha deste piso foram a

resistência requerida e determinada em projeto, devido às necessidades de

usuabilidade como cargas e planicidade; e o tipo de solo do local. Para que isso

fosse atendido, as especificações feitas em projeto determinaram:

As concretagens deveriam ser executadas com o fechamento lateral e superior

evitando os efeitos de vento e pó sobre o piso em execução Figura 4.1;

Figura 4.1- Concretagem com todo prédio fechado

A utilização da régua vibratória para garantir uma melhor planicidade e agilidade ao

trabalho bem como a redução das juntas de construção Figura 4.2;

55

Figura 4.2 – Utilização da régua vibratória

Que sejam feitas corretamente as curas após as concretagens Figura 4.3;

Figura 4.3 – Cura do concreto.

56

O corte e preenchimento das juntas conforme especificado Figura 4.4.

Figura 4.4 – Cortes das juntas

Para o traço do concreto foi utilizada uma granulometria bem fechada dos

agregados para que fossem reduzidos os espaços vazios no interior da placa do

piso, garantido menor absorção de umidade pelo concreto. O plano de concretagem

foi feito de maneira a serem executadas faixas diárias de 800m² com juntas serradas

ao meio Figura 4.5. A programação da execução das placas do piso foi especulado

uma duração de 90 dias trabalhados, seguindo os planos de concretagem citados

acima, encerrando toda a concretagem interna, só que a construtora cometeu um

erro em não ter montado uma mini-usina na obra devido ao grande porte da mesma,

ficando a mercê do fornecimento de concreto da única usina da cidade, sendo que a

mesma demorava ate 14 horas para fornecer os 120,00m³ de concreto , o que

causou varias complicações no piso, como juntas frias, concretos vencidos,

desgaste dos colaboradores e o não comprimento da entrega de volume requerido,

então foi decidido que seria fornecidos somente 60m³ por dia para que fosse

moldado o concreto das 07:00 as 14:00 h e o restante do dia ocorresse a fase de

acabamento e cura. Foi executado também o ensaio de FWD, Figura 4.6, em

seqüência aos trabalhos de concretagem para verificar a planicidade das placas de

piso recém concretadas. O projetista definiu também o grau adequados de

57

compactação do solo e sua planicidade, além da utilização de endurecedor de

superfície sugerido para um bom acabamento do piso e resistência à abrasão.

Figura 4.5 – Concretagem em faixas de 800m²

Figura 4.6 – Ensaio de planicidade

Dados do projeto

Solo: CBR de 10%;

Espessura da sub-base: 15 cm, feita com solo brita;

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Espessura da placa de concreto: 15 cm;

Resistência de 30 MPa com fctmk de 4,2 na tração;

O teor de argamassa maior que 48%.

Reforço para o concreto com Fibra de Aço RC 80/60 BN e de Fibra de Vidro

W-70 em dosagem específica;

Salgamento utilizando agregados minerais em dosagem específica.

O concreto foi desenvolvido e fornecido pela concreteira da cidade, atendendo

orientações do projetista. Tais solicitações previam:

Tabela 4.1- Caracteristica do concreto

Fck 30,0 MPa

Fct 4,2 MPa

Slump 90±10 mm

Dmax 19,0mm

O concreto utilizado foi estudado previamente em laboratório e testado em placa

teste na obra Figura 4.7.

Figura 4.7 – Concretagem da placa teste

O cimento utilizado foi o CPIII 40 RS e o aditivo. As quantidades por m³ seguem

abaixo:

59

Tabela 4.2 – Quantidades do traço do concreto

Cimento 390 kg/m³

Areia quartzosa 350 kg/m³

Areia de rocha 324 kg/m³

Fibras de aço 26 Kg/m³

Fibras de vidro 1,4 Kg/m³

Brita 0 159 kg/m³

Brita 1 905 kg/m³

Água 194 litros/m³

Aditivo 1,2 litros/m³

O principal cuidado foi garantir a homogeneidade total do concreto, a partir do

controle de qualidade de seus materiais constituintes. Durante a produção

propriamente dita, um rígido controle da quantidade de água adicionada ao concreto

propiciou a obtenção de misturas com consistências bastante homogêneas que é

um requisito essencial em obras de pisos industriais.

A partir das observações obtidas nas placas teste, melhorias foram introduzidas em

todas as etapas do processo de uma central de concreto, a saber: recebimento de

materiais, armazenamento e manuseio de materiais, dosagem, carregamento,

mistura, transporte e entrega. As etapas subseqüentes do processo, inerentes a

obra, também foram melhoradas, a saber: recebimento, lançamento, adensamento e

cura do concreto.

Para a estratégia de entrega do concreto foi estudado o tempo de transporte da

central até a obra, juntamente com o volume diário de entrega. Com essas

informações devidamente apuradas, foi possível dimensionar a frota de betoneiras

para proporcionar a otimização do atendimento.

A fibra de aço escolhida para esta obra foi a Dramix, produzida na fábrica da BBA

(Belgo Bekaert Arames) de Hortolândia/SP. Fabricadas a partir de fios de aço

trefilados de primeira qualidade, isentos de oleosidade ou pó, garantem uma

60

aumentando assim a tenacidade do concreto (nível de deformação do concreto) e

pequena variação dimensional.

A fibra de aço utilizada como reforço estrutural do piso desta obra foi a RC 80/60 BN.

Possui comprimento de 60,00mm, diâmetro de 0,75mm e fator de forma 80 (relação

L/D). A quantidade de fibras por kilo é de 4600 fibras, promovendo um altíssimo

controle de fissuração. Além dessas características a fibra é colada em pentes de 36

fibras o que promove uma mistura muito mais homogênea e evita a formação de

“ouriços” durante o processo da mistura (aglutinação de fibras em forma de bolas).

Devido à formação desses ouriços não foi possível a utilização da bomba de

concreto, para facilitar a confecção do piso, pois a mangueira da bomba poderia

entupir com as fibras.

A fibra de vidro utilizada no concreto desta obra foi a Cem-Fil AR (álcali resistente)

Anti-Crak HD W70 - produzidas pela Cem-Fil Reinforcements e comercializadas no

Brasil pela Construquímica Comercial Ltda - que atende à norma ASTM

C1666/C1666M-07 que estabelece os padrões para que uma fibra de vidro seja

considerada Álcali Resistente (AR) e possa ser usada como reforço para concreto,

argamassas, pré-fabricados e demais materiais cimentícios.

Tais fibras de vidro são facilmente incorporadas e homogeneizadas na mistura.

Sendo assim, não afloram na superfície nem decantam, proporcionando um efetivo

reforço randômico no controle das fissurações por retração e melhorando o

acabamento superficial e a aparência final do piso.

A construtora terceirizou os serviços para uma empresa especializada na confecção

de pavimentos de concreto, fornecendo mão de obra e equipamentos especializados

para a execução do mesmo e também contratada para o tratamento de todas as

juntas da obra. A empresa terceirizada que é uma empreiteira pequena, não teve

estrutura para executar a confecção do piso, que teve vários atrasos impossibilitando

que ela produzisse para assim lucrar, fazendo com que ela quase abandonasse a

obra.

Segundo Marcel e André (2007), o concreto pode apresentar uma expansão ou

contração; essa variação, associada à de natureza térmica, provoca uma expressiva

61

movimentação nas juntas ou nas eventuais fissuras que, se não estiverem

adequadamente seladas, propiciarão a entrada de material incompressível, que

causarão tensões localizadas, levando ao esborcinamento (quebra das bordas das

Juntas) da região, aumentando a abertura gradualmente. Na obra da fábrica houve

um erro no planejamento do piso, pois o preenchimento das juntas com selantes foi

assentado com vinte e cinco dias de atraso quando a época correta é de sete dias

após a moldagem do concreto, então com isso ocorreu a quebra das bordas das

juntas neste em algumas placas, Figura 4.8, fazendo com que a construtora

produzisse reparos com lábios poliméricos Figura 4.9.

A necessidade de redução do prazo de concretagem, objetivando a liberação do

piso para os serviços posteriores e início de ocupação pelo cliente final, bem como

da qualidade final do piso, foram decisivos para a definição das faixas a serem

executadas e dos equipamentos empregados na execução. Foram realizadas várias

reuniões de programação com o cliente e os demais envolvidos no processo do piso

(executor da terraplenagem, fornecedor de concreto e projetista) para definição de

datas de início, execução de placa teste, volume de concreto necessário

diariamente, volume mínimo de concreto a ser fornecido por hora e paginação de

execução.

Figura 4.8 – Quebra das bordas das juntas

62

Figura 4.9- Restauração da junta

Em razão da largura da placa, área a ser executada, velocidade de concretagem,

volume de concreto e índice de planicidade e nivelamento do piso, foi utilizado para

o sarrafeamento, nivelamento e adensamento do concreto a régua vibratória,

equipamento eficiente, preciso e rápido na execução de pisos industriais. Somente

com a régua vibratoria foi possível superar este desafio de executar o piso

atendendo as exigências de qualidade especificadas no projeto. O não comprimento

de um planejamento e logística detalhados, como dito anteriormente impossibilitou a

execução diária de faixas de piso com 800,00m², mas também o cuidado rigoroso no

controle de qualidade dos materiais e processo construtivo, pois eventuais falhas

seriam críticas frente à grande produção diária e ao prazo do empreendimento, a

construtora montou um laboratório no canteiro da obra para moldagem e rompimento

dos corpos de prova Figura 4.10 e 4.11.

O agregado mineral para endurecimento da superfície foi aplicado manualmente

com a utilização de uma pa, com isso apareceram variações na coloração no piso

acabado, devido a não uniformidade da dosagem deste agregado, a partir daí a

construtora observou o erro em não ter adquirido um equipamento de aspersão

como a Spreader, projetado para garantir uniformidade de dosagem, velocidade de

63

aplicação, uniformidade de acabamento, uniformidade de coloração e minimização

dos riscos de delaminação superficial, garantindo assim uma superfície com

resistência à abrasão adequada e acabamento liso e uniforme.

Figura 4.10 – Rompimento dos corpos de prova

Figura 4.11 – Laboratório da obra

Os critérios de qualidade estabelecidos para a execução englobam uma superfície

lisa e polida, sem presença de fibras, agregados e obturações no piso. Outro fator

importante foi o índice de planicidade Ff=50 e índice de nivelamento Fl=30.

64

Etapas da execução

1ª Etapa

Colocação das fôrmas que servirão para a delimitação da área que será concretada

e também para contenção da “massa” de concreto aplicada;

2ª Etapa

Colocação da camada de deslizamento, constituída de filme de polietileno (lona

plástica), cuja finalidade é garantir a movimentação da placa em decorrência das

variações de comprimento por retração e dilatação térmica do piso de concreto;

3ª Etapa

Posicionamento das barras de transferência nos locais pré-determinados conforme

paginação das juntas e no posicionamento das armações de reforços junto à pilares,

caixas e demais elementos inseridos no piso;

4ª Etapa

Lançamento, sarrafeamento, adensamento e nivelamento do concreto. Neste caso,

o lançamento do concreto foi realizado com o caminhão entrando direto na pista.

Esta etapa é realizada com a régua vibratória, sendo que este equipamento é

nivelado pela forma. A barra vibratória, em função de sua grande potência de

vibração, termina o alisamento com uma precisão e aparência impossíveis de se

conseguir com outros sistemas. Desta forma, faz melhor homogeneização e

adensamento do concreto, aumentando sua resistência à tração na flexão, à

compressão e à abrasão.

5ª Etapa

Aplicação do rodo float de madeira para abertura de porosidade do concreto, para a

aplicação posterior do agregado mineral;

6ª Etapa

Aplicação do agregado mineral de base cimentícia para endurecimento de

superfície, neste caso na dosagem de 4 kg/m², com a utilização do equipamento de

aspersão Spreader;

65

7ª Etapa

Aplicação do rodo float de madeira para incorporação do agregado mineral ao

concreto;

8ª Etapa

Início do processo de acabamento com as alisadoras duplas de alta rotação com

disco de flotação para argamassaneto da superfície;

9ª Etapa

Aplicação do rodo de corte para correção de possíveis ondulações, objetivando a

planeza da superfície, de modo a assegurar a obtenção do índice de planicidade

especificado;

10ª Etapa

Operações finais do processo de acabamento com as alisadoras duplas de alta

rotação, dotadas de pás inclinadas para garantir o acabamento liso da superfície;

11ª Etapa

Marcação e cortes das juntas serradas, conforme paginação das placas definidas

em projeto;

12ª Etapa

Execução de cura úmida mediante o emprego de mantas de não-tecidos molhadas

para retenção de água sobre o piso por um período mínimo de 7 dias.

Para a garantia do produto final foi desenvolvido um rigoroso programa de controle

de qualidade, envolvendo desde a preparação do sub-leito e base, dosagem do

concreto e fibras em usina, resistência do concreto na obra, execução do piso com a

régua vibratória e controle do nivelamento das fôrmas por um topógrafo, aplicação

de agregados para resistência superficial à abrasão e controle completo da

planicidade e rugosidade através de auditoria independente.

66

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As características do método construtivo do piso industrial de concreto com fibras

combina qualidade, economia, praticidade de execução e prazos reduzidos, para

que isso ocorra é preciso que o construtor domine as técnicas de execução

execução do pavimento e conheça os problemas relacionado a concreto com fibras,

então durante a confecção do piso, alguns cuidados devem ser tomados que são:

-Conferência da uniformidade da sub-base e cota acabada do piso para garantia da

espessura definida em projeto;

-Recebimento do concreto em tempo e quantidade suficiente para atendimento ao

volume previsto e à velocidade de execução, bem como, uniformidade de dosagem

do concreto;

Lançamento do concreto em camadas uniformes, sem formar pilhas;

Adensamento do concreto junto às fôrmas, pilares e áreas com reforços de

armação (no restante das áreas o adensamento é feito pela régua vibratória);

Aspersão uniforme do agregado mineral para evitar possíveis delaminações e

diferenças de coloração do piso acabado;

Operações regulares e freqüentes de rodo de corte para garantir planicidade;

Retirada de eventuais fibras que afloram na superfície;

Corte das juntas em tempo;

Início imediato da cura logo após o corte das juntas.

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