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Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Tecnologia Colegiado de Engenharia Civil Márcio Carneiro Boaventura Avaliação da Resistência à Compressão de Concretos Produzidos com Resíduos de Pneus Feira de Santana 2011

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Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Tecnologia Colegiado de Engenharia Civil

Márcio Carneiro Boaventura

Avaliação da Resistência à Compressão de Concretos Produzidos com Resíduos de Pneus

Feira de Santana

2011

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Márcio Carneiro Boaventura

Avaliação da Resistência à Compressão de Concretos Produzidos com Resíduos de Pneus

Orientador: Antônio Freitas da Silva Filho Co-Orientador: Elvio Antonino Guimarães

Feira de Santana 2011

Trabalho monográfico, apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana, como parte dos requisitos para aprovação na disciplina Projeto Final II.

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Márcio Carneiro Boaventura

Avaliação da Resistência à Compressão de Concretos Produzidos com Resíduos de Pneus

Feira de Santana, 27 de julho de 2011.

_______________________________________________________

Professor Antônio Freitas da Silva Filho – Mestre em Engenharia Universidade Estadual de Feira de Santana

_______________________________________________________ Professor Elvio Antonino Guimarães – Mestre em Engenharia

Universidade Estadual de Feira de Santana

_______________________________________________________ Professor Eduardo Antônio Lima Costa – Mestre em Engenharia

Universidade Estadual de Feira de Santana

Trabalho monográfico, apresentado ao Colegiado do Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana, como parte dos requisitos para aprovação na disciplina Projeto Final II.

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Aos

Meus pais, Wilson e Neusa, pelo apoio,

carinho e incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Cada conquista realizada pelo homem é motivada também por ações de outras

pessoas, influenciando de forma direta ou indireta para concretização de um

sonho ou projeto. Durante a elaboração desse trabalho amigos e novas

pessoas que conheci, contribuíram para o desenvolvimento e a conclusão

desse projeto. A essas pessoas deixo o meu muito obrigado.

À Universidade Estadual de Feira de Santana, em especial ao Laboratório de

Tecnologia, por ceder o espaço físico e os equipamentos necessários para a

realização do trabalho.

Aos professores Antônio Freitas da Silva Filho e Elvio Antonino Guimarães,

pela orientação e disposição durante todo o período da pesquisa.

Aos amigos que conquistei durante a realização da graduação em Engenharia

Civil, em especial à Alisson, Leocleriston, Reinaldo, Thiago, Danilo, Eduardo,

entre outros que foram de fundamental importância para a realização desse

projeto.

À minha família, em especial aos meus pais, pelo apoio constante em função

do meu aprendizado.

À reformadora de pneus Socorro, por ter cedido o material utilizado nessa

pesquisa.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 13 1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................. 15 1.2 OBJETIVOS ................................................................................... 16 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................. 16

1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................... 16

1.3 METODOLOGIA ............................................................................. 17

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .................................................. 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................... 19 2.1 HISTÓRIA DA BORRACHA E O SURGIMENTO DOS PNEUS .... 19 2.2 A GERAÇÃO DE PNEUS INSERVÍVEIS ....................................... 20

2.3 IMPACTOS ORIUNDOS PELA DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE PNEUS ........................................................................................... 21

2.4 UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PNEUS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................... 23

2.5 CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND .................................... 27

2.5.1 Propriedades dos Concretos Produzidos com Resíduos de Pneus Inservíveis ...................................................................................... 28

2.6 AGREGADOS ................................................................................ 42

2.6.1 Propriedades dos Resíduos de Pneus Utilizados Como Agregados para a Produção de Concretos .................................... 45

2.7 DOSAGEM DE CONCRETO COM RASPA DE PNEU .................. 49

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL ...................................................... 52 3.1 COLETA E BENEFICIAMENTO DO RESÍDUO DE PNEU ............ 52 3.2 MATERIAIS UTILIZADOS .............................................................. 53 3.2.1 Cimento Portland ............................................................................ 53 3.2.2 Agregado Miúdo ............................................................................. 54 3.2.3 Agregado Graúdo ........................................................................... 56 3.2.4 Resíduo de Borracha ...................................................................... 58 3.2.5 Água ............................................................................................... 60 3.3 ESTUDO DE DOSAGEM E PRODUÇÃO DOS CONCRETOS ..... 61 3.4 PROPRIEDADES AVALIADAS ...................................................... 66 3.4.1 Trabalhabilidade ............................................................................. 67 3.4.2 Coesão ........................................................................................... 67

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3.4.3 Resistência à Compressão Axial .................................................... 67 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............. 68 4.1 ESTADO FRESCO ......................................................................... 68 4.1.1 Trabalhabilidade ............................................................................. 68 4.1.2 Coesão ........................................................................................... 69 4.2 ESTADO ENDURECIDO ................................................................ 70 4.2.1 Tipo de Ruptura .............................................................................. 70 4.2.2 Resistência à Compressão Axial .................................................... 70 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 75 5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................. 75 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 76

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Trabalhabilidade dos concretos produzidos com resíduos de pneus ....................................................................................... 30

Figura 02 Abatimento de tronco de cone para diferentes teores de borracha e relação água/cimento ............................................. 31

Figura 03 Massa unitária do concreto fresco em função do teor de borracha utilizado na mistura ................................................... 32

Figura 04 Teor de ar incorporado em função do teor de borracha utilizado na mistura .................................................................. 33

Figura 05 Consumo de cimento em função do teor de borracha utilizado na mistura ................................................................................ 34

Figura 06 Propriedades dos concretos com diferentes teores de borrachas nos estados endurecidos e fresco .......................... 37

Figura 07 Fator de redução de resistência à compressão e teor de borracha por volume total de agregados ................................. 39

Figura 08 Comportamento de ruptura de concretos produzidos sem adição de borracha ( a ) e com adição de resíduos de pneus ( b ) ............................................................................................. 40

Figura 09 Comparação por MEV das partículas de borrachas de pneus sem (a) e com o tratamento de NaOH (b) ................................ 46

Figura 10 Curva granulométrica do resíduo de borracha utilizado como agregado miúdo ....................................................................... 48

Figura 11 Comportamento dos agregados de borrachas em concretos submetido ao esforço de compressão ..................................... 49

Figura 12 Curva granulométrica do agregado miúdo utilizado na produção dos concretos ........................................................... 56

Figura 13 Curva granulométrica do agregado graúdo utilizado na produção dos concretos ........................................................... 58

Figura 14 Detalhe do resíduo de pneu retido na peneira # 2,36 mm ....... 59

Figura 15 Curva granulométrica do resíduo de pneu utilizado na produção dos concretos ........................................................... 60

Figura 16 Ensaio de abatimento de tronco de cone ................................. 64

Figura 17 Avaliação da coesão do concreto ............................................ 65

Figura 18 Avaliação da plasticidade do concreto ..................................... 65

Figura 19 Confecção dos corpos-de-prova .............................................. 66

Figura 20 Tipos de ruptura dos concretos produzidos ............................. 70

Figura 21 Resistência à compressão média dos concretos ..................... 73

Figura 22 Resistências relativas dos concretos produzidos em comparação ao concreto de referência .................................... 73

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Algumas Pesquisas Desenvolvidas no Brasil com

Resíduos de Pneus .............................................................. 26

Quadro 02 Propriedades no estado fresco dos concretos produzidos com proporções diferentes de substituição em volume de agregados graúdos por resíduos de borracha ..................... 34

Quadro 03 Massa Unitária e Massa Específica da Borracha em Kg/dm³ ................................................................................. 47

Quadro 04 Caracterização Física dos Agregados ................................. 48

Quadro 05 Sequência dos procedimentos de dosagem de concreto pelo método IPT ................................................................... 51

Quadro 06 Caracterização do Cimento CP II – Z – 32 .......................... 54

Quadro 07 Resultados de caracterização física do agregado miúdo .... 55

Quadro 08 Resultados de caracterização física do agregado graúdo ... 57

Quadro 09 Resultados de caracterização física do resíduo de pneu .... 59

Quadro 10 Determinação do teor de argamassa e fator A/C (inicial)

para a relação agregado/cimento 1:5 .................................. 62

Quadro 11 Traço unitário, em massa, do concreto de referência .......... 63

Quadro 12 Quantidade de materiais por metro cúbico de concreto para cada uma das misturas avaliadas ............................... 63

Quadro 13 Resultados dos ensaios de abatimento de tronco ............... 69

Quadro 14 Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos convencionais (T0) aos 28 dias ........................... 71

Quadro 15 Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos produzidos com 5,0 % em volume de borracha (T5) aos 28 dias ................................................................... 71

Quadro 16 Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos produzidos com 10,0 % em volume de borracha (T10) aos 28 dias ................................................................. 72

Quadro 17 Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos produzidos com 15,0 % em volume de borracha (T15) aos 28 dias ................................................................. 72

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LISTA DE ABREVIATURAS

A/C Relação água / cimento

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANIP Associação Nacional de Indústria de Pneumático

ASTM American Society for Testing and Materials

CAD Concreto de Alto Desempenho

CV Coeficiente de Variação

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

MPa Mega Pascal

NBR Norma Brasileira

NM Norma Mercosul

Sd Desvio Padrão

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RESUMO

A utilização de materiais alternativos é uma forma inteligente e satisfatória de

amenizar os efeitos da degradação à natureza. Pesquisas demonstram que o

uso de resíduo de pneus para produção de concretos e argamassas é

tecnicamente viável e essa prática está em ascendente expansão. Pois, a

disposição irregular desse produto acarreta enormes problemas às autoridades

governamentais de todo o mundo. Além disso, a depender da maneira e

condições com que foram acondicionados na natureza, os pneus inservíveis

podem demorar séculos para se desagregar. O objetivo desse trabalho é

analisar a viabilidade da substituição parcial do agregado natural pelo agregado

proveniente de resíduo de pneus inservíveis na produção de concreto. Visto

que, a utilização desses resíduos na cadeia produtiva da construção civil não

deve apresentar apenas benefícios de caráter ambiental e sim favorecer a

melhoria de alguma propriedade do material desenvolvido. Para isso, foram

verificados através dos ensaios de resistência à compressão axial e do

abatimento do tronco de cone as características dos concretos produzidos com

quatro teores de substituição do agregado miúdo pela borracha oriunda de

pneus inservíveis. Os resultados obtidos apontam que há uma redução na

resistência à compressão e melhoria da trabalhabilidade dos concretos

produzidos com resíduos de pneus.

Palavras-Chave: pneus inservíveis, resistência à compressão de concretos.

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ABSTRACT

The use of alternative materials is one intelligent and satisfactory way to

mitigate the effects of nature degradation. Research shows that using waste

tires in concrete and mortar productions technically feasible and this practice is

in ascending expansion. The irregular disposal of this product brings huge

problems to government authorities around the world. Moreover, depending on

the manner and conditions were kept in nature, useless tires can take centuries

to decay. The aim of this study is to analyze the feasibility of replacing the

partial of the natural aggregate by aggregates of useless tires in the production

of concrete. Whereas, the use of such waste in the supply chain of construction

should not only provide benefits to the environment, and so facilitate the

improvement of some property of the material developed. To do so, samples

of concrete with different levels of rubber from useless tires were verified

through axial compressive test and slump test. Results indicate that there is a

reduction in compressive strength and improvement of the workability of

concrete made with waste tires.

Key Words: useless tires, compressive strength of concrete.

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1 INTRODUÇÃO

A atual modernização tecnológica acelera o consumo de energia e a

exploração dos recursos naturais para a produção de novos produtos e

materiais. As questões energéticas e ambientais vêm sendo discutidas por

todos os países, ocasionando em determinadas regiões geográficas conflitos

populares tendo como foco a preservação dos recursos energéticos e

ambientais. Além disso, ainda há inúmeros outros problemas sociais a serem

enfrentados pelas autoridades e sociedades contemporâneas, a exemplo do

elevado déficit habitacional.

De acordo com pesquisa realizada pela Agência de Informação Frei Tito para

América Latina (ADITAL, 2008), os dados oficiais revelam que 8 milhões de

famílias vivem sem habitação no Brasil, enquanto que os movimentos sociais

rebatem essa informação e estimam em 20 milhões de famílias na

precariedade habitacional. Analisada sob aspectos técnicos, a problemática da

moradia se agrava pelo uso e desenvolvimento insuficiente de novas

tecnologias; desperdício de materiais; baixa qualificação profissional.

A indústria da construção civil é considerada uma das esferas da economia

mundial que mais consome energia e que extrai grande quantidade de recursos

naturais para a produção de materiais de construção (ÂNGULO et al., 2004;

TOZZI, 2006; ULSEN, 2006; AFFONSO, 2005; BALLISTA, 2003). Diante desta

situação, esse setor vem sendo estimulado a aprimorar os seus processos

construtivos, de forma a garantir o uso racional dos materiais nos canteiros de

obras.

Outro fator a se considerar é a quantidade de pneus inservíveis dispostos

irregularmente na natureza. Conforme as informações divulgadas pela

Associação dos Fabricantes de Pneumáticos de Automóveis do Japão, o

descarte de pneus velhos por ano em todo mundo é de aproximadamente 1

bilhão de unidades (JATMA, 2008). Segundo a Associação Nacional das

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Indústrias Pneumáticas (ANIP), cerca de 50 milhões de pneus novos são

produzidos anualmente no Brasil. Com relação aos pneus inservíveis, somente,

26,5% têm destinação ambientalmente adequada e regulamentada (TRIGO et

al, 2008).

A limitação das jazidas minerais e o excesso de pneus dispostos de forma

inadequada na natureza proporcionam preocupação governamental, ambiental

e social, fazendo com que sejam criadas e elaboradas novas técnicas de

desenvolvimento na cadeia produtiva. Esse desenvolvimento deve ser

sustentável, garantindo as gerações futuras à utilização desses recursos

ambientais.

A geração de resíduos sólidos municipais, notadamente de resíduos de pneus

inservíveis, tem sido um dos grandes problemas enfrentados pelos

governantes e indústrias do âmbito pneumático, visto que a Resolução

CONAMA 258/1999, obriga, por parte dos fabricantes e importadores, a correta

destinação e beneficiamento desses pneus quando não apresentarem

condições de uso. Outros aspectos a serem considerados, em relação à

disposição irregular de pneus, são os prejuízos provocados à saúde pública

como o favorecimento à proliferação de vetores transmissores de doenças e a

emissão de gases tóxicos quando queimados.

O uso do resíduo de pneus inservíveis na cadeia produtiva vem sendo aplicada

pelos profissionais da construção civil para produção de diversos artefatos

(concretos, pavimentação asfáltica, meios-fios, entre outros). Esse fato

minimiza a extração dos recursos naturais e, consequentemente, o consumo

de energia necessária para a exploração desses recursos (KAMIMURA, 2002).

Dessa forma, o estudo do comportamento mecânico destes concretos

confeccionados a partir da substituição dos agregados naturais por agregado

proveniente da raspagem de pneus é indispensável para a utilização segura

dos mesmos e isso pode ser um grande avanço na questão ambiental,

econômica e social da construção civil.

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1.1 JUSTIFICATIVA

O atual avanço tecnológico acarreta no aumento exponencial na quantidade de

recursos extraídos na natureza, favorecendo o surgimento de um maior volume

dos diversos tipos de resíduos gerados pela sociedade. Esses fatores são

motivos de grande inquietação para os órgãos governamentais, pois interferem

diretamente nos índices de desenvolvimento socioeconômico de um país. Além

disso, os aspectos acima podem influenciar de forma impresumível ao meio

ambiente.

Outro fator motivado pelo crescimento demográfico, merecedor de maior

atenção por parte dos gestores, é o déficit habitacional existente no Brasil. Para

minimizar ou até mesmo extinguir essa necessidade social é preciso que novas

tecnologias e materiais sejam desenvolvidos, procurando sempre a

preservação dos recursos naturais disponíveis e a redução dos custos finais

desses produtos. A preocupação ambiental em conservar as jazidas minerais e

os custos elevados de alguns materiais utilizados na produção de concretos,

vem fazendo com que se busquem alternativas de utilizar novos materiais na

cadeia produtiva da construção civil.

A utilização de resíduo de pneus na confecção de concretos é uma prática

quem vem sendo utilizada nos últimos anos. Existem diversas pesquisas

desenvolvidas, nas quais foram produzidos concretos substituindo parte dos

agregados naturais por agregados provenientes de resíduos de pneus

inservíveis (FRANÇA et al. 2004; BARBOSA et al. 2006; GIACOBBE et al.

2008; ROMUALDO et al. 2011). Os resultados desses estudos apontam que

esses concretos são tecnicamente viáveis quando utilizados sem função

estrutural, além de serem confeccionados de forma ecologicamente correta. Ao

mesmo tempo, o uso desses resíduos na cadeia produtiva tenderá a reduzir os

transtornos ocasionados à saúde pública, além de agregar maior valor

econômico a esse tipo de resíduo.

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Portanto, justifica-se o estudo das propriedades mecânicas dos concretos

produzidos com resíduo de pneus inservíveis, colaborando através de ensaios

de laboratórios a viabilidade técnica dos mesmos e a sua aplicação para

construção de habitações de interesse social.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a viabilidade da substituição parcial do agregado natural

pelo agregado proveniente de resíduo de pneus inservíveis na

produção de concreto.

1.2.2 Objetivos Específicos

Verificar a trabalhabilidade dos concretos produzidos com a

substituição parcial do agregado miúdo pelo resíduo de pneus.

Avaliar a resistência à compressão axial do concreto, quando for

substituído parte do agregado natural por agregado procedente da

reciclagem de resíduos de pneus inservíveis.

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1.3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho de conclusão

de curso foi divida em algumas etapas de estudos e pesquisas, conforme é

apresentada abaixo:

Realização de revisão bibliográfica do tema estudado, através de

livros, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de

conclusão de curso de especialização e graduação, periódicos

técnicos e quaisquer outro meio de informação disponível;

Coleta do material pesquisado em uma empresa de recauchutagem,

reciclagem e beneficiamento de resíduos de pneus;

Caracterização dos materiais utilizados na pesquisa de acordo com

as normas técnicas vigentes no Brasil;

Estudo e desenvolvimento dos traços para a produção dos concretos

através de uma adaptação do método recomendado pelo Instituto de

Pesquisa Tecnológica (IPT);

Produção e moldagem dos corpos de prova de acordo com os

requisitos estabelecidos pela NBR 5738/03;

Execução dos ensaios dos corpos de prova, em laboratório

especializado em materiais de construção e estruturas de concreto,

conforme os procedimentos das normas técnicas brasileiras;

Análise dos resultados obtidos.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

A estrutura desse trabalho é composta por cinco capítulos, sendo que os

mesmos são apresentados de forma sucinta a seguir.

O primeiro capítulo constitui a introdução ao tema estudado, a contextualização

do assunto realçando a importância da reciclagem dos resíduos de pneus

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inservíveis. Também estão apresentados a justificativa, os objetivos e a

estrutura da monografia.

No segundo capítulo consta a fundamentação teórica sobre os resíduos de

pneus inservíveis. Onde são tratados os aspectos relativos à sua geração,

volume gerado, principais características, utilização na construção civil e as

propriedades dos concretos produzidos com esse tipo de material.

O programa experimental desenvolvido para a execução da pesquisa é

apresentado no terceiro capítulo. A procedência, a coleta, o beneficiamento, a

caracterização dos resíduos de pneus inservíveis, os materiais utilizados, a

dosagem, a produção dos concretos e as propriedades avaliadas.

A apresentação dos resultados através de Quadros e gráficos com os valores

encontrados para cada um dos concretos produzidos, a discussão dos

resultados e as análises estatísticas são mostradas e tratadas no quarto

capítulo.

A partir das discussões dos resultados da substituição parcial em volume de

agregados naturais por agregados oriundos da reciclagem de resíduos de

pneus inservíveis, foram realizadas as considerações finais, as conclusões e as

sugestões para trabalhos futuros no capítulo cinco.

As referências utilizadas para o estudo teórico que serviram de base para o

desenvolvimento experimental dessa pesquisa são apresentadas no final da

monografia.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRIA DA BORRACHA E O SURGIMENTO DOS PNEUS

Depois da descoberta do fogo a roda é considerada pelos historiadores como a

principal invenção tecnológica da humanidade, visto que a mesma permitiu que

as sociedades viajassem e transportassem coisas com maior facilidade de um

local para o outro. Além disso, essas viagens passaram a ser mais rápidas e

com maior poder de quantidade de cargas.

Muitos séculos depois foi descoberta, pelo americano Charles Goodyear, de

maneira acidental o processo de vulcanização da borracha (GOODYEAR,

2009). De acordo com a Associação Nacional das Indústrias Pneumáticas

(ANIP, 2007), a vulcanização concebeu como um marco para o processo de

industrialização mundial.

Apesar das rodas trazerem muitos benefícios a todas as civilizações elas ainda

geravam transtornos e desconfortos, pois as antigas carruagens eram

equipadas com rodas produzidas com madeira e revestidas por material

metálico. Baseado nos estudos de Ruffo (2009), os primeiros automóveis

possuíam o mesmo sistema das carruagens onde eram utilizados aros

metálicos com madeira. Ainda de acordo com o autor, após a descoberta do

processo de vulcanização esses aros começaram a serem vestidos com

borrachas vulcanizadas.

Somente a partir desse revestimento se deu o surgimento e utilização dos

pneus, pois além de revestirem as rodas aumentou a segurança nas freadas e

diminuiu as trepidações nos veículos (ANIP, 2007). A inicialização da produção

de pneus no Brasil ocorreu a partir da implantação do Plano Geral de Viação

Nacional. A concretização desse plano aconteceu em 1936 com a instalação

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da Companhia Brasileira de Artefatos de Borracha, no Rio de Janeiro, que em

seu primeiro ano de vida fabricou mais de 29 mil pneus (ANIP, 2007).

2.2 A GERAÇÃO DE PNEUS INSERVÍVEIS

A geração de resíduos sólidos é um dos problemas mais graves da sociedade

contemporânea (BARCELOS, 2009; VALÉRIO, et al., 2008; FRÉSCA, 2007).

Ainda de acordo com os estudiosos, a geração desses resíduos é reforçada

pelo crescimento desordenado das cidades e das populações. Além disso,

pode-se afirmar que o desenvolvimento tecnológico e industrial; as mudanças

de hábitos e de consumo das pessoas contemporâneas interferem diretamente

na geração de resíduos.

Entre os resíduos sólidos gerados pela população, os pneus começam a

ocupar papel de destaque na discussão dos impactos sanitários e ambientais.

Baseado nas informações divulgadas pela Associação dos Fabricantes de

Pneumáticos de Automóveis do Japão (JATMA, 2008), foi produzido cerca de

1,4 bilhões de pneus novos em todo o mundo somente no ano de 2006. Essa

mesma associação estima que o descarte anual de pneus usados atinja a

marca de quase 1,0 bilhão de unidades.

Conforme os dados publicados pela Associação Nacional de Indústrias

Pneumáticas, são produzidos no Brasil cerca de 50 milhões de pneus novos a

cada ano (ANIP, 2007). Além disso, a ANIP estima que metade dos pneus

fabricados e distribuídos no país é consumidos em apenas um único ano.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas,

53,2% dos pneus consumidos anualmente no Brasil são considerados pneus

inservíveis por não apresentarem mais condições de uso (ANIP, 2007). Do total

de pneus inservíveis gerados no Brasil, apenas 26,5% são destinados de forma

ambientalmente correta e regulamentada (TRIGO et al., 2008).

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Baseado nos estudos desenvolvidos por Giacobbe et al. (2008), os pneus que

não são descartados de modo ecologicamente correto são dispostos em

lugares impróprios, a exemplo de: lixões, beira de estradas, cursos de água e

terrenos baldios, entre outros. Dessa forma esses resíduos tornam-se

potencialmente maléfico à saúde pública e ao meio ambiente.

Ainda de acordo com Giacobbe et al. (2008), o resíduo de pneu apresenta um

lento processo de decomposição e baixa compressibilidade; carecendo de

grandes áreas para armazenagem dos mesmos. Pesquisas estimam que a

depender da forma de como seja condicionados na natureza, um pneu pode

levar até 600 anos para se decompor totalmente na natureza (ALVES e CRUZ,

2007). Os autores explicam que esse longo período é motivado graças o

avançadíssimo processo químico de fabricação do mesmo.

2.3 IMPACTOS ORIUNDOS PELA DISPOSIÇÃO IRREGULAR DE PNEUS

A disposição irregular de resíduos sólidos, somente tende a promover prejuízos

ao meio-ambiente e as sociedades. Com os resíduos de pneus inservíveis não

é diferente, conforme serão, posteriormente, apresentados alguns impactos

negativos da disposição irregular desse material.

De acordo com Giacobbe et al. (2008), quando os pneus são compactados

sem serem fragmentados há uma tendência de eles voltarem à sua forma

original regressando à superfície e esse resultado é responsável por uma

possível deformação no solo. Ainda de acordo com os autores, a queima

indiscriminada dos resíduos de pneus produz uma fumaça poluente devido à

variedade de compostos liberados na combustão.

Outro ponto negativo a ser considerado, é quando os pneus são dispostos sem

nenhum tipo de preocupação ambiental e social. Pois atuam diretamente, de

forma favorável, na proliferação de vetores transmissores de doenças como a

dengue, leptospirose, picadas de escorpiões, entre muitas outras. Isso se dá

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devido aos pneus promoverem um ambiente com temperatura e condições

favoráveis para reprodução dos mosquitos Aedes Aegypti, ratos e escorpiões.

Na tentativa de minimizar e excluir todos esses problemas sociais, ambientais e

de saúde pública o governo brasileiro publicou e decretou a resolução

CONAMA 258/1999. Essa resolução é constituída pela seguinte frase: “as

empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a

coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis

existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução

relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas.”

Essa resolução ainda proíbe sua destinação final inadequada, tais como a

disposição em aterros sanitários, mar, rios, lagos ou riachos, terrenos baldios

ou alagadiços e queimas a céu aberto.

Segundo a empresa de reciclagem de pneus inservíveis, que é formada pela

Associação Nacional da Indústria Pneumática (RECICLANIP, 2011), foram

destinados de forma ambientalmente correta entre março de 2007 à abril de

2011 uma quantidade superior a 330 milhões de unidades de pneus inservíveis

no Brasil. Ainda de acordo com a RECICLANIP, no primeiro quadrimestre de

2011 foram coletados e destinados corretamente no país mais de 107 mil

toneladas de pneus inservíveis; o equivalente a 21,4 milhões de unidades de

pneus de carro de passeio.

Os pneus inservíveis são reaproveitados em diversas atividades comerciais e

industriais em todo o mundo. No Brasil, as formas de destinação são

regulamentadas pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis) e normalmente são utilizados em processo da

queima do clínquer das indústrias cimenteiras, produção de artefatos de

borrachas e na indústria da construção civil através da produção de

pavimentação asfáltica e concretos (RECICLANIP, 2011).

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23

2.4 UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE PNEUS NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

A sociedade desenvolve novos materiais para construção de bens e

equipamentos desde os tempos mais primitivos. Também é comum, a

necessidade de aprimorar as propriedades e qualidades de materiais já

existentes. Além disso, o surgimento desses materiais pode ser motivado pela

importância de reaproveitar os resíduos sólidos.

Atualmente os segmentos industriais estão sendo estimulados a

desenvolverem materiais alternativos e que são produzidos através de métodos

ambientalmente corretos. O aproveitamento dos resíduos na composição de

novos materiais é uma tendência mundial e vem crescendo em todos os ramos

das atividades econômicas. Devido a essa necessidade, os engenheiros civis

de todo o mundo tem testado e desenvolvido diversas aplicações para a

utilização dos resíduos de pneus inservíveis na construção civil.

Baseado nas informações contidas no site da Associação Americana dos

Fabricantes de Borrachas (RMA, 2011), as aplicações dos resíduos de

borrachas na engenharia civil são as mais diversas. A seguir são apresentadas

as principais utilizações, relacionadas no site daquela associação, para esse

tipo de resíduo na construção civil:

Drenagem;

Aterro e suporte de bases para estradas;

Sistema de drenagem de gases em aterros sanitários;

Estabilizadores de encostas e controle de erosão do solo;

Construção de diques e barragens;

Isolante térmico e acústico;

Material de enchimento de peso leve;

Pavimentação asfálticas e pistas esportivas;

Coberturas de parques infantis;

Concretos e argamassas.

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A característica fundamental da borracha é a sua elasticidade, embora possua

outras propriedades também de grande importância, tais como,

impermeabilidade, flexibilidade, resistência à abrasão e à compressão (LIMA e

ROCHA, 2004).

Os estudos realizados por Segre (1999) comprovaram a viabilidade do

emprego de borrachas de pneus em materiais de engenharia. Ainda baseado

nas afirmações da autora, a mistura de borracha de pneu moída e pasta de

cimento resulta num composto resistente à abrasão e à flexão, propriedades

consideradas formidáveis do ponto de vista mecânico desses materiais.

Meneguini e Paulon (2003) realizaram trabalhos com pó de borracha de pneus

usados e obtiveram resultados satisfatórios quanto à absorção de água por

capilaridade e resistência mecânica. Os autores também notaram que a

borracha pode ser empregada na construção civil como isolante estrutural, em

pontes, aeroportos e estradas, impedindo a propagação de tensões, pois

apresenta grande capacidade de absorver energia.

Conforme os estudos de Benson apud Kamimura (2002), o uso de pneus

triturados em vez dos materiais de construção convencionais apresentam os

seguintes benefícios para as obras de engenharia: redução da densidade das

peças, melhores propriedades de drenagem e melhor isolação térmica e

acústica.

Segundo Kamimura (2002), a utilização de resíduos de pneus como material de

construção é uma maneira de diversificar e aumentar a oferta de materiais de

construção, viabilizando eventualmente reduções de preço que gera benefícios

sociais adicionais através da política habitacional. A autora ainda afirma que,

esta situação pode ser favorecida pela adoção de medidas de incentivo

específicas para a produção de habitações de baixa renda, com o intuito de

resolver o problema de déficit habitacional.

De acordo com Giacobbe et al. (2008), as alternativas para utilização de pneus

inservíveis não devem ser adotadas somente como um meio de destinação do

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material, mas sim devem envolver um estudo aprofundado, no sentido de

buscar a melhoria do processo executivo, das propriedades e a avaliação de

suas consequências ambientais, durabilidade e pós-uso. Baseado nesse

raciocínio, foi aprovada e publicada a ASTM D 6270, pela a American Society

for Testing and Materials (ASTM, 1998). Essa norma regulamenta a prática do

uso de pneus inservíveis em aplicações na Engenharia Civil nos Estados

Unidos da América.

Quando se trata do critério de incorporação do resíduo de pneus para a

produção de materiais de construção, várias abordagens são encontradas.

Alguns pesquisadores optaram por utilizar o resíduo na substituição do

agregado miúdo, outros do agregado graúdo, do cimento ou ainda o

incorporado como adição ou fibras. No Brasil, diversas pesquisas já foram

realizadas e outros estudos vêm sendo desenvolvidos conforme são

apresentados no Quadro 01 alguns trabalhos concluídos no país.

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Quadro 01: Algumas Pesquisas Desenvolvidas no Brasil com Resíduos de

Pneus

Autores Ano de Publicação Título do Trabalho

SEGRE 1999 Reutilização de borracha de pneus usados como adição em pasta de cimento.

BERTOLLO et. al. 2002 Benefícios da incorporação de borracha de pneus em pavimentos asfálticos.

ALBUQUERQUE et

al. 2004 Adição da borracha de pneu ao

concreto compactado com rolo.

FRANÇA et al. 2004 Concreto com utilização de borracha residual de pneus: avaliação da aderência aço-concreto através de ensaios de tração direta.

SANTOS et al. 2004

Avaliação do comportamento do concreto com adição de borracha obtida a partir da reciclagem de pneus para aplicação em elementos pré-moldados.

MARTINS et. al. 2005 Avaliação da adição de fibras de borracha de pneus no comportamento do CAD.

MACEDO et al. 2005 Comportamento térmico e acústico de placas pré-moldadas com borracha de pneu.

VITA et al. 2006 Influência da adição de resíduo de borracha pneumática em concreto de alto desempenho.

BARBOSA et al. 2006

Estudo comparativo das propriedades mecânicas do CAD com resíduos de borracha de pneus e cinza de casca de arroz de diferentes composições morfológicas.

FILHO 2006 Influência da adição de resíduos de pneu nas propriedades físicas do concreto

GIACOBBE et al. 2008 Concreto de cimento Portland com borracha de pneus.

TRIGO et. al. 2008 Avaliação do comportamento estrutural de protótipos de lajes pré-moldada com concreto com resíduo de pneu.

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2.5 CONCRETOS DE CIMENTO PORTLAND

Depois da pedra, da argila e da madeira, o concreto é um dos materiais de

construção mais antigo que a humanidade conhece. O concreto de cimento

Portland é o material resultante da mistura, em determinadas proporções, de

um aglomerante (cimento Portland), de agregados miúdos, de agregados

graúdos e água. Caso seja necessário, ainda podem-se usar aditivos para

melhorar algumas propriedades do mesmo.

A produção de concretos é muito elevada, sendo o mesmo considerado como

uns dos compósitos mais consumidos em todos os países do mundo. Existem

estudos quantitativos da quantidade de concretos consumidos anualmente no

planeta Terra, os resultados apontam que a produção desse material

ultrapassa 5 bilhões de toneladas (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

O cimento pode ser definido como um pó fino, com qualidades aglomerantes,

aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água. A água e o

cimento, quando misturados, desenvolvem um processo chamado hidratação e

formam uma pasta que adere às frações dos agregados (NEVILLE, 1997).

Logo após a mistura dos materiais, é possível moldar a mesma com o formato

desejado. Com o passar do tempo há o endurecimento da mistura, e com o os

dias, essa adquire grande resistência mecânica, convertendo-se num material

monolítico dotado das mesmas características de uma rocha (MEHTA e

MONTEIRO, 2008). A resistência do concreto depende de três fatores básicos:

Resistência do agregado;

Resistência da pasta;

Resistência da ligação entre a pasta e o agregado.

Os concretos possuem características e propriedades que possivelmente não

são encontradas em outros materiais utilizados na construção civil, apresentam

resistência mecânica à compressão inquestionável. Quando dosados de forma

correta e produzidos atendendo os requisitos estabelecidos pelas normas

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técnicas, os concretos tornam-se um produto durável e de baixo custo de

produção. Portanto, é necessário que suas propriedades sejam estudadas,

garantindo cada vez mais a confiabilidade já conhecida.

2.5.1 Propriedades dos Concretos Produzidos com Resíduos de Pneus

Inservíveis

As questões ambientais, como a necessidade da conservação das jazidas

naturais de minerais; os aspectos sociais a exemplo dos elevados custos dos

materiais utilizados na produção de concretos e os amplos índices do déficit

habitacional, vem fazendo com que a indústria da construção civil busque

alternativas para utilização de novos materiais.

Segundo Tezuka (1999), as primeiras pesquisas, aplicações e utilizações

comerciais do concreto com resíduos foram realizados nos Estados Unidos em

1971, em seguida no Reino Unido e Japão.

O uso de resíduo de pneu na confecção de concretos é uma prática que vem

sendo desenvolvida nos últimos anos. Pesquisas já foram desenvolvidas e

apresentam resultados tecnicamente satisfatórios, nos quais os agregados

naturais são substituídos ou adicionados por agregados provenientes da

trituração de resíduos de pneus inservíveis para produção de concretos.

Apesar das pesquisas demonstrarem que a utilização dos resíduos de pneus

na produção de concretos apresenta bons resultados, foi constatado na

literatura que há uma tendência de variação de algumas propriedades dos

mesmos no estado fresco e no estado endurecido. A partir dessa variante, faz-

se necessário o estudo do comportamento dos concretos produzidos com

resíduos de pneus. A seguir serão explanadas algumas propriedades dos

concretos produzidos com resíduo de pneu, tanto no estado fresco quanto no

estado endurecido.

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Ali et al. (1993), relataram que, quando agregados de borracha são

adicionados aos concretos a quantidade de ar incorporado é aumentada

consideravelmente chegando a valores de até 14%. Khatib e Bayomy (1999),

observaram que o teor de ar incorporado cresce quando o volume de

borrachas nas misturas é acrescido. O teor de ar incorporado nos concretos

produzidos com agregados de borrachas tende a ser maior, mesmo sem a

necessidade da utilização de aditivos para essa finalidade (FREDROFF et al.,

1996).

De acordo com Epps (1994), quando agregados de borracha é adicionado à

mistura de concreto eles atraem o ar e repelem a água. Ainda de acordo com o

pesquisador, isso provoca o aumento no índice de vazios no concreto e pode

ser um dos responsáveis pela redução na resistência do concreto.

Khatib e Bayomy (1999) investigaram a trabalhabilidade do concreto produzido

com a substituição do agregado em massa pelo agregado de borracha. Os

pesquisadores observaram uma menor trabalhabilidade quanto maior o teor de

borracha utilizado na substituição do agregado em massa. Ainda foi percebido

pelos autores que concretos produzidos com um teor igual ou superior a 40%

de borracha em massa do total de agregado não apresentaram nenhuma

trabalhabilidade.

A trabalhabilidade dos concretos produzidos com a substituição em massa dos

agregados miúdos naturais pelos resíduos de pneus foi estudada por Marques

et al. (2006). Os autores perceberam que para manter a trabalhabilidade

constante para um mesmo consumo de cimento, é necessário utilizar maior

relação água/cimento nos concretos com borracha de pneu. Essa informação

pode ser comprovada através da análise da Figura 01.

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Figura 01: Trabalhabilidade dos concretos produzidos com resíduos de pneus

Fonte: MARQUES et al., (2006).

Eldin e Senouci (1992) relataram que, em geral, os lotes de concretos

produzidos com a substituição dos agregados em volume por borracha

apresentaram desempenho aceitável em termos de facilidade de manuseio,

colocação e acabamento. No entanto, os autores perceberam que quanto

maior a dimensão dos agregados de borrachas e o aumento da percentagem

substituída em massa diminuíram a trabalhabilidade da mistura. Também foi

observado pelos estudiosos que o tamanho dos agregados de borracha e sua

forma interferem diretamente nos resultados encontrados.

Ainda de acordo com Eldin e Senouci (1992), os agregados de borrachas com

forma redonda tem baixa relação superfície/volume o que resulta num menor

teor de argamassa para serem cobertos pela pasta. Os pesquisadores

diagnosticaram que agregados de borracha em formato angular formam uma

estrutura entrelaçada resistindo ao fluxo normal do concreto sob seu próprio

peso, daí estas misturas apresentam menor fluidez.

Freitas et al. (2009) conservaram a relação água/cimento e realizaram o ensaio

de abatimento do tronco de cone ao substituir em massa parte do agregado

miúdo natural pelo resíduo de pneu e diagnosticaram que houve perdas

graduais na trabalhabilidade com o concreto produzido com borracha. Os

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resultados obtidos pelos pesquisadores partiram de 190 mm no concreto de

referência para 120 mm no concreto com 5% de substituição; 23 mm no

concreto com 10% de substituição e passando a uma consistência seca e de

baixa coesão de 10 mm para o concreto com 15% de substituição. Os autores

justificam que tais resultados podem ser consequência do tipo, forma e

quantidade de partículas de borracha substituídas em massa, necessitando

aumentos na relação água/cimento para a manutenção do valor considerado

padrão para a consistência dos concretos.

De acordo com os resultados encontrados por Bewick et al. (2010), a

substituição parcial em volume dos agregados graúdos por resíduos de pneus

melhora significante a trabalhabilidade dos concretos quando se mantém

constante a relação água/cimento. Azmi, et al. (2008), estudaram a substituição

do agregado miúdo natural pelo resíduo de pneu em volume variando a

proporção entre 0 a 30% e constataram que a trabalhabilidade do concreto é

melhorada quanto maior for a ter o de borracha utilizado na mistura. A Figura

02 ilustra os resultados dos ensaios de abatimento de tronco de cone para os

concretos produzidos em diferentes relações água/cimento.

Figura 02: Abatimento de tronco de cone para diferentes teores de borracha e

relação água/cimento Fonte: AZMI et al., (2008).

Martins et al. (2005), observaram a consistência dos concretos produzidos

com adição fibras de pneus através do ensaio de abatimento do tronco de cone

e a fixação da relação água/cimento. Para o concreto convencional o

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abatimento do tronco de cone foi de 140 mm enquanto que para o concreto

com adição de fibras de borracha de pneu foi de 50 mm.

A massa unitária do concreto também varia de acordo com o teor de borracha

incorporado na mistura. Baseado nos estudos de Freitas et al (2009), a medida

que o teor de substituição de agregado miúdo por resíduo de borracha é

aumentado a massa unitária do concreto apresenta uma tendência de ser

reduzida (Figura 03). Os autores atribuem esse comportamento ao fato da

densidade da borracha ser menor que da areia.

Figura 03: Massa unitária do concreto fresco em função do teor de borracha

utilizado na mistura. Fonte: FREITAS et al., (2009).

Outra possível explicação para a redução da massa específica é a

consequência da dificuldade de adensamento do concreto produzido com

borrachas. Segundo Neville (1997), concretos mal adensados apresenta vazios

internos que diminuem a massa específica. Considerando o raciocínio acima,

pode-se decifrar que o adensamento do concreto pode ter sua qualidade

reduzida com a incorporação de borracha.

A massa específica dos concretos é influenciada de forma direta quando no

processo de mistura ou adensamento são gerados vazios que aprisionam de

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forma não proposital ar. Essas lacunas tornam o material menos denso e

vulnerável à percolação de substâncias deletérias comprometendo a

resistência mecânica e durabilidade respectivamente dos concretos. O estudo

do teor de ar incorporado nos concretos produzidos com diferentes proporções

de resíduos de pneus foi realizado por Freitas et al. (2009), conforme pode ser

visualizado na Figura 04.

Figura 04: Teor de ar incorporado em função do teor de borracha utilizado na

mistura. Fonte: FREITAS et al., (2009).

O consumo de cimento necessário para produção do concreto esta relacionado

com a massa específica dos componentes da mistura e com massa unitária do

concreto fresco (MEHTA e MONTEIRO, 2008). Ainda de acordo com os

autores, quanto menor a massa específica do concreto fresco menor será o

consumo de cimento e, portanto, será mais econômico produzir determinada

quantidade de concreto. Freitas et al. (2009), realizou um estudo comparativo

levando em consideração os teores de borrachas utilizados e o consumo de

cimento dos traços dosados conforme é ilustrado na Figura 05.

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Figura 05: Consumo de cimento em função do teor de borracha utilizado na

mistura. Fonte: FREITAS et al., (2009).

Bewick et al. (2010), desenvolveram o controle tecnológico no estado fresco

dos concretos que produziram com a substituição parcial em volume do

agregado graúdo por resíduos de borrachas. O Quadro 02 apresenta os

resultados obtidos pelos autores para os ensaios de abatimento, teor de ar

incorporado e massa unitária para os concretos produzidos com 0%, 20% e

40% de substituição.

Quadro 02: Propriedades no estado fresco dos concretos produzidos com proporções diferentes de substituição em volume de agregados graúdos por resíduos de borracha.

Substituição Abatimento (mm) Ar Incorporado (%) Massa Unitária (Kg/m³)

0% de Borracha 76 2,9 2387 20% de

Borracha 83 3,0 2290

40% de Borracha

203 4,0 2114

Todos os estudos consultados, para o desenvolvimento dessa pesquisa,

apresentaram uma variação nas propriedades mecânicas dos concretos. Essa

diferença foi constatada independente da metodologia utilizada principalmente

pela perca de resistência à compressão axial. Tal redução depende da forma,

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da quantidade e do tamanho das partículas de borracha a serem adicionadas

ou substituídas. Verificou-se que a redução da resistência do concreto

aumentou principalmente com o aumento do teor de borracha incorporado ao

volume global.

Eldin e Senouci (1993) realizaram experimentos para analisar a resistência à

compressão e a tenacidade de concretos confeccionados com borracha. Três

conjuntos de experimentos foram realizados, o primeiro conjunto utilizando

agregado de borracha grossa com 19 a 38 mm de tamanho e os segundo e

terceiro conjuntos usando menores diâmetros (6,0 mm e 2,0 mm

respectivamente). Os autores constataram que os agregados de borracha

tende a agir como um grande vazio na massa dos concretos.

Toutanji (1996), concluiu que a incorporação de resíduo de borracha de pneu

no concreto causa uma perda nas resistências à compressão e à tração por

flexão, sendo que a resistência à compressão sofre o dobro da redução em

relação à resistência à tração. O autor, concluiu que a redução em ambos os

pontos aumentou com o aumento do teor de agregados de borracha. Ainda foi

observado pelo estudo que as amostras contendo agregados de borracha

apresentaram um modo de falha dúctil, em comparação com os concretos

convencionais.

Segundo Giacobbe et al. (2008) apud Fattuhi et al. (1996), a redução na

resistência nos concretos produzidos com resíduos de pneu está ligada à ação

da borracha não absorver todo o carregamento em relação aos outros

componentes e também admitir maior deformação lateral induzindo à ruptura.

De acordo com Filho (2006), o fato da resistência à compressão diminuir nos

concretos produzidos com resíduos de pneus é corriqueiro. Ainda de acordo

com o autor, quando acrescido o teor de borracha e quanto maior for a

granulometria utilizada na produção do compósito mais expressivo será a

redução da resistência à compressão dos concretos.

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Baseado com os estudos de Topçu et al., (1997), para que o uso de borracha

não venha afetar de forma significativa a resistência mecânica dos concretos é

recomendado que a quantidade máxima de borracha a ser utilizada não

ultrapasse 35,0%. Os autores ainda afirmam que o diâmetro das partículas não

deve ser superior a 1,0 mm.

Azim et al. (2008), realizaram ensaios de compressão axial e observaram uma

redução de aproximadamente 35% nos concretos produzidos com a

substituição do agregado miúdo em volume pelo resíduo de pneu quando

comparados com os concretos convencionais. Os autores também perceberam

que a resistência à compressão diminui quando a relação água/cimento e a

quantidade de borracha são aumentadas.

Baseado nos experimentos realizados por Vita, et. al. (2006), a inserção de

resíduos de borracha de pneu resulta na diminuição da resistência à

compressão do concreto de Alto Desempenho (CAD). De acordo com Barbosa

et al., (2006), estudos indicam que a resistência à compressão do CAD

produzido com pequenos teores de resíduo de pneu possui valores nos

patamares significativos para os CAD usuais.

Ali apud Segre (1999), afirma que os concretos produzidos com a adição de

partículas de borrachas de pneu com diâmetro entre 0,6 e 1,2 mm apresentam

uma diminuição de resistência a flexão de aproximadamente 28,6%; enquanto

que os ensaios de resistência à compressão apresentaram resultados ainda

menores, visto que o concreto convencional suportou uma carga de ruptura de

45,0 MPa e o concreto produzido com o resíduo pneumático rompeu com 28,0

MPa.

Bewick et al. (2010), conferiram simultaneamente a resistência à compressão

dos concretos produzidos com a substituição da brita em volume por

agregados reciclados de pneus com algumas propriedades no estado fresco

que são influenciadas diretamente pelo agregado. A Figura 06 representa de

maneira sintetizada o estudo comparativo feito pelos autores, onde é percebido

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que a redução da resistência mecânica é provocada também pelas

propriedades ligadas ao agregado utilizado.

Figura 06: Propriedades dos concretos com diferentes teores de borrachas nos

estados endurecidos e fresco. Fonte: BEWICK et al., (2010).

Estudos realizados por Bauer et al., (2001), em concretos resultou na

diminuição da resistência à tração em concretos confeccionados com a adição

de borracha, mas os autores observaram uma menor queda que a ocorrida

com a resistência à compressão. Esse decréscimo da resistência à tração foi

identificado pelos pesquisadores em dois estudos diferentes, sendo que um se

substituiu o agregado miúdo e o outro o agregado graúdo por borracha.

Baseado nos estudos de Filho (2006), a resistência à tração dos concretos

produzidos com resíduos de pneus diminui à medida que aumenta a

quantidade do resíduo.

Albuquerque et. al. (2004), estudaram concretos compactados a rolo com a

finalidade de utilização em estradas e barragens. Analisou-se a viabilidade da

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substituição parcial do agregado miúdo por borracha procedente de resíduos

de pneus em diversos teores diferentes (5,0%, 10,0%, 15,0%, 20,0% e 25,0%).

Para cada teor, a areia foi substituída por borrachas de dimensões iguais a

0,42mm a 1,5mm e fibras de até 10,0 mm. Os estudiosos perceberam que

quanto maior a quantidade de agregados substituídos por resíduo de borracha

menores valores foram obtidos nos resultados das propriedades mecânicas

avaliadas.

Para Giacobbe et. al. (2008), o decréscimo nos valores dos resultados nos

ensaios mecânicos em concretos produzidos com resíduos de pneus está

atribuída a certa dificuldade de adensamento dos materiais de granulometrias

menores, que possuem maior facilidade de deslocamento dentro da massa e

também de segregação.

Devido à literatura indicar menores resistências mecânicas para maiores

quantidades de borracha utilizada nos concretos, alguns pesquisadores

estudaram equações com a intenção de gerar um coeficiente redutivo de

resistência e consequentemente estimar as prováveis resistências que os

concretos com borrachas podem oferecer, conforme pode ser observado na

Figura 07 (GIACOBBE, 2008). A autora realça que dentre os estudos

desenvolvidos destaca-se o de Kathib e Bayomy (1999), que recomendaram

um modelo para determinação de um fator de redução de resistência à

compressão (R² = 0,93) e/ou tração na flexão (R² = 0,81), obtido pela equação

abaixo:

SRF = a + b(1 – R)m

Onde,

SRF: fator de redução de resistência;

a = (1 – b);

a, b e m = parâmetros da função;

R = teor de borracha, fator volumétrico pelo total de volume de agregados.

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39

Figura 07: Fator de redução de resistência à compressão e teor de borracha

por volume total de agregados. Fonte: KATHIB e BAYOMY apud GIACOBBE, (2008).

A equação proposta pelos autores apresenta uma previsão de resistência à

compressão de concretos produzidos com borracha, para tanto é necessário

considerar que os concretos possuem os mesmos componentes e o mesmo

teor volumétrico que um concreto de referência.

O motivo para que os concretos produzidos com a introdução de resíduos de

pneus apresentem reduções em algumas propriedades mecânicas

consideradas fundamentais estão relacionados a diversos fatores. Entre eles

pode-se destacar a própria natureza, formato e textura do resíduo, pois os

mesmos são mais leves e possuem propriedades físicas diferentes dos

agregados naturais.

Embora determinadas características mecânicas sejam diminuídas com a

incorporação de borrachas, existem outras propriedades que podem ser

aprimoradas utilizando-se a borracha, como exemplo: a resistência ao impacto

e a propagação de fissuras. De acordo com França et al., (2004) apud Accetti e

Pinheiro (2000), a borracha atua como se fosse uma empecilho impedindo a

manifestação de fissuras. Ainda baseado nas experiências de França et al.,

(2004), quando interceptarem as microfissuras que passam a existir na fase de

endurecimento da pasta, as borrachas, evitam o seu crescimento e impedem o

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aparecimento prematuro dessas microfissuras. Ainda de acordo com o autor,

as borrachas limitam a extensão e a abertura das fissuras na mistura

endurecida.

Campos e Jacintho (2010), avaliaram as propriedades mecânicas dos

concretos produzidos com adição de 5 e 10% de fibras de pneus. Entre os

ensaios realizados, os autores constataram que apesar da diminuição das

propriedades mecânicas a adição de fibras de borracha ao concreto não reduz

sua capacidade de absorção de energia.

O uso de resíduos de pneus em concretos de alto desempenho foi analisado

por Barluenga et al., (2004). Os autores perceberam que a inserção de

borracha diminui o risco de lascamento desses concretos quando os mesmos

são submetidos a elevadas temperaturas. Além disso, também foi constado

pelos autores que há uma redução da rigidez do material sem grande perda de

resistência.

O concreto produzido com adição de resíduo de borracha apresenta um

comportamento diferenciado, quanto ao tipo de ruptura, em comparação ao

concreto convencional (MARTINS, et al, 2005). Os autores chegaram à

seguinte conclusão através de observações visuais, pois a incorporação de

borracha de pneus indica um aumento na ductilidade do concreto com

borracha, em relação ao convencional. A Figura 08 ilustra o comportamento de

ruptura entre os dois tipos de concreto avaliados pelos autores.

( a )

SEM BORRACHA

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41

( b ) Figura 08: Comportamento de ruptura de concretos produzidos sem adição de borracha ( a ) e com adição de resíduos de pneus ( b ). Fonte: MARTINS, et al. (2005).

A grande vantagem da adição de resíduos de pneus nas misturas de

concretos, quando comparada com os concretos comuns, estaria na melhor

condição de deformabilidade, pela redução do módulo de elasticidade

longitudinal. Essa redução proporcionaria uma melhor redistribuição de

esforços e consequentemente um comportamento mais dúctil para a

configuração de ruína (SANTOS et al. 2004).

Além do mais, justifica-se a utilização de borracha de pneus em concretos pela

reserva dos agregados naturais, já que a borracha substitui parte do agregado,

e pela provável melhora na ductilidade deste concreto (BARBOSA et al. 2006).

Para Romualdo et al (2011), as características químicas do pneu que o faz ser

tão durável são conduzidas para o concreto tornando-o mais resistente às

intempéries, ao envelhecimento e mais elástico.

Ainda de acordo com o trabalho de Santos et al. (2004), os valores

encontrados nos ensaios de resistência à compressão em elementos pré-

moldados usados como acessórios para sinalizações de tráfego e barreiras de

proteção foram considerados usual. Além disso, os resultados dos ensaios de

resistência à tração apresentaram valores que os estudiosos consideraram

aceitáveis para os acessórios citados acima.

Foram averiguados valores aceitáveis quanto à tração na flexão, tenacidade e

compressão na substituição de 10 e 20% em massa dos agregados naturais

COM BORRACHA

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por agregados provenientes de resíduos de pneus para produção de concretos

usados em pavimentação (SUKONTASUKKUL et al, 2006). Os autores ainda

verificaram que era possível se obter maior energia de fratura e melhor

comportamento pós-pico. Apesar de apresentarem melhoras em alguns

requisitos, foi conferida através dos ensaios reduções nas propriedades

mecânicas do concreto, além de menor resistência a abrasão quanto maior a

quantidade de borracha utilizada.

Macedo et al., (2005) estudaram o comportamento térmico e acústico em

placas pré-moldadas produzidas a partir da substituição em volume do

agregado miúdo por resíduo de pneus inservíveis em quatro teores diferentes

(0,0%, 5,0%, 10,0% e 15,0%). Os estudiosos perceberam uma substancial

melhora do isolamento acústico, à medida que as porcentagens de borracha

foram aumentadas. Ainda foi constatado na pesquisa que dentre os resultados

apresentados com elevadas temperaturas não houve diferença substancial da

área carbonatada antes e após a ação do fogo.

2.6 AGREGADOS

O estudo dos agregados é encarado como um dos principais pontos da

tecnologia do concreto, pois os agregados constituem a maior parte dos

materiais utilizados na produção dos concretos. Os agregados desempenham

um importante papel nos concretos, quer do ponto de vista econômico, por

estarem em maior quantidade que o aglomerante, quer do ponto de vista

técnico, pois exercem influencias benéficas sobre algumas propriedades do

concreto como: a trabalhabilidade, retração, resistência mecânica e

durabilidade.

Mehta e Monteiro (2008), definem agregados como: “material granular, sem

forma e volume definidos, geralmente inerte, de dimensões e propriedades

adequadas para o uso em obras de engenharia”. A ABNT prescreve na NBR-

9935/11 que: “Agregado e um material sem forma ou volume definido,

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43

geralmente inerte, de dimensões e propriedades adequadas para produção de

argamassa e concreto”.

Os agregados são classificados quanto à origem, as dimensões das partículas

e o peso específico aparente. Nessa pesquisa será considerado apenas o tipo

de classificação de acordo com o tamanho dos mesmos. Neville (1997), afirma

que diferenciar os agregados em pelo menos dois grupos de tamanho é o mais

usual para produção de concretos de boa qualidade. Desse modo, os

agregados são classificados em miúdos e graúdos.

De acordo com a NBR 9935 (ABNT, 2011) os agregados miúdos são definidos

como: “Material granular com pelo menos 95%, em massa de grãos que

passam na peneira 4,75 mm”. Já os agregados graúdos são definidos por:

“Material granular com pelo menos 95%, em massa de grãos retidos na peneira

4,75 mm”.

Os agregados interferem indiretamente nas propriedades mecânicas e de

forma direta na durabilidade dos concretos e argamassas (NEVILLE, 1997).

Quanto melhor a qualidade do agregado utilizado na confecção desses

compósitos, esperam-se melhores resultados quando realizados os ensaios

mecânicos e de durabilidade.

Mehta e Monteiro (2008), afirmam que a natureza e a maneira como os

agregados foram extraídos da natureza podem interferir diretamente em

algumas características e propriedades dos concretos como: a trabalhabilidade,

compactação, massa específica, absorção de água e porosidade,

permeabilidade, carbonatação, entre outras. Ainda de acordo com os autores,

os agregados são responsáveis pela massa unitária, módulo de elasticidade, e

estabilidade dimensional dos concretos.

A influência dos agregados na resistência dos concretos não é levada em

conta, com exceção dos agregados leves e artificiais, pois a partícula do

agregado é muito mais resistente que a matriz e a zona de transição (MEHTA e

MONTEIRO, 2008). Dessa forma, pode-se afirmar que a resistência do

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agregado natural raramente é utilizada porque a ruptura do concreto acontece

justamente nas regiões menos resistentes.

Segundo Petrucci (2003), o agregado além de atribuírem importantes

propriedades ao concreto endurecido tem também papel fundamental na

determinação do custo e da trabalhabilidade das misturas de concreto, tendo

assim grande relevância sua abordagem. Além disso, o autor afirma que os

agregados comumente utilizados na fabricação dos concretos são de diferentes

naturezas mineralógicas, tendo grande influência no desempenho destes.

Os agregados devem estar livres de impurezas orgânicas, argilas ou qualquer

material deletério e, também, não devem apresentar quantidade excessiva de

finos, para que sejam adequados para o uso em concretos (NAWY, 1996).

Devem possuir uma adequada distribuição granulométrica, a fim de se obter

maior compacidade, resultando em menor índice de vazios, permitindo maior

impermeabilidade, maior durabilidade, maior economia de cimento e

significativo ganho de resistência (JÚNIOR, 2004).

É indispensável conhecer a natureza dos agregados que servem para a

confecção do concreto. É comum que se trate os agregados como inertes;

entretanto, esses materiais possuem características físicas (modificações de

volume por variação de umidade) e químicas (reação com os álcalis do

cimento) que intervêm no comportamento do concreto. Os agregados são

constituídos por minerais variados e sua composição química global é

determinada pelos métodos clássicos das analises químicas; já composição

mineralógica e obtida a partir de exame microscópico.

Para identificação das características de um agregado deve-se coletar uma

amostra representativa e enviá-la a um laboratório que tenha condições de

proceder aos ensaios necessários. A qualidade dos agregados pode ser

avaliada por meio de certos índices, definidos pelas normas ABNT

correspondentes, de acordo com os respectivos valores de qualidade que deve

possuir um agregado; entretanto, em certos casos especiais, pode-se recorrer

às outras normas, inclusive estrangeiras, para uma orientação mais rigorosa.

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A partir da interpretação das afirmações dos autores citados acima, pode-se

deduzir que as propriedades dos concretos produzidos com agregados

reciclados de pneus inservíveis podem ser distintas daquelas apresentadas

pelos concretos produzidos com agregados naturais, tanto no estado fresco

quanto no estado endurecido. Essa analogia evidencia mais uma vez a

necessidade de se estudar o comportamento dos concretos produzidos com

resíduos de pneus.

2.6.1 Propriedades dos Resíduos de Pneus Utilizados como Agregados para a

Produção de Concretos

Os concretos e as argamassas devem apresentar características que garantam

a resistência às solicitações mecânicas e durabilidade, conferindo a vida útil e o

desempenho funcional que foram especificados durante a fase de

planejamento e elaboração dos projetos. Baseado nesse raciocínio, a

substituição dos agregados naturais por agregados oriundos da reciclagem de

pneus inservíveis, somente, deve acontecer se os concretos reciclados

atenderem as especificações estabelecidas nos projetos e nas normas

técnicas. Para isso é preciso que os agregados produzidos a partir da trituração

de pneus apresentem as seguintes características:

Resistências mecânicas suficientes iguais ou superiores as

especificações de projetos;

Granulometria e forma dos grãos que não interfiram de forma

negativa na trabalhabilidade e adensamento dos concretos;

Não facilitem o surgimento de reações químicas danosas entre a

pasta endurecida com a armadura.

Durante seus estudos, Segre (1999), constatou na literatura que uma menor

granulometria da borracha influencia positivamente no comportamento dos

materiais cimentei-os. A autora justificou a sua investigação, após averiguar

corriqueiras sugestões para futuros trabalhos como a recomendação da busca

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46

de um tratamento superficial adequado para a borracha. Além disso, tal

tratamento deveria favorecer melhor adesão entre os grãos e a matriz de

cimento. A pesquisadora avaliou os agregados de borrachas por micro

espectroscopia no infravermelho, e conferiu que não há alterações expressivas

nos grupos funcionais superficiais da borracha quando a mesma é submetida

ao tratamento superficial com solução de NaOH.

Segre (1999), também realizou microscopia eletrônica de varredura (MEV) nos

agregados reciclados de pneus com o objetivo de caracterizar a borracha

morfologicamente. As micrografias mostram que as partículas de borracha têm

forma irregular, com arestas pronunciadas e tamanhos diferentes. Além disso,

o ensaio permitiu constatar que os agregados tratados com a solução de NaOH

encontram-se aglomerados, com partículas menores aderidas às maiores. A

Figura 09 apresenta respectivamente a comparação da MEV das partículas de

borracha de pneus sem e com o tratamento de solução de NaOH.

( a ) ( b ) Figura 09: Comparação por MEV das partículas de borrachas de pneus sem (a) e com o tratamento de NaOH (b). Fonte: SEGRE, 1999.

Tantala et al. (1996), argumentam que, se a ligação entre o agregado de

borracha e pasta de cimento ao redor é melhorada, significativamente maior

resistência à compressão do concreto com borracha pode ser obtida e para

conseguir a adesão reforçada, é necessário pré-tratamento agregado de

borracha. No entanto, Segre e Joekes (2000) sugerem que os procedimentos

de baixo custo e reagentes devem ser aplicados no processo de tratamento de

superfície de borracha agregada para minimizar o custo final do material.

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Oliveira et al. (1999), utilizaram agregados oriundos da reciclagem de rejeitos

de borrachas para produção de argamassa de alvenaria e constataram que o

mesmo apresentou massa unitária no estado solto inferior a 0,80 g/cm³,

caracterizando-se assim, como material consideravelmente leve. As pesquisas

apontam que não há um consenso nos resultados quando se caracteriza o

resíduo de pneu através dos ensaios de massa unitária e massa específica,

conforme é apresentado no Quadro 03.

Quadro 03: Massa Unitária e Massa Específica da Borracha em Kg/dm³

Autores Massa Unitária Massa Específica

Real TOPÇU, 1994 0,410 – 0,472 0,650 TOUTANJI, 1995 - 0,610 HERNANDES-OLIVARES, 2002 0,840 - NIRSCHL et al., 2004 0,270 1,350 - 1400 AKASAKI et al., 2004 - 1.090 MENEGUINI, 2003 0,395 0,548 LINTZ; SANCHEZ; CARNIO (2004) 0,390 – 0,430 1,100 – 1,200 MARQUES; TRIGO; AKASAKI (2004) 0,348 1,090 MARQUES; NIRSCHL; AKASAKI (2006) 0,270 1,090

Fonte: SANTOS apud GIACOBBE, 2008.

Giacobbe (2008) interpreta que a variação das massas observadas na Quadro

3 é consequência da metodologia escolhida para a realização dos mesmos.

Ainda de acordo com a autora, esses ensaios apresentam certo grau de

dificuldade e como há mais que uma opção de procedimento os resultados são

diferentes. Além disso, a composição granulométrica influi decisivamente na

massa unitária.

Santos e Borja (2007), determinaram a massa específica da borracha através

do método do Picnômetro. Os autores adaptaram o ensaio substituindo a água

pelo Xilol, cuja densidade é menor que a água (0,71 g/cm³).

Diversos autores após realizarem os ensaios de caracterização dos materiais

constataram que os agregados naturais possuem maiores massas específicas

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e unitárias que as borrachas recicladas. Lintz e Mello (S/D), também obtiveram

essas informações ao caracterizarem os agregados e o resíduo de borracha

conforme pode ser visto no Quadro 04.

Quadro 04: Caracterização Física dos Agregados

Material Massa Específica

(Kg/dm³) Massa Unitária

(Kg/dm³) Dim. Máxima

Característica (mm) Módulo de

Finura

Areia Fina 2,57 1,35 2,4 1,95 Areia Média 2,55 1,42 2,4 2,43 Areia Grossa 3,02 1,80 4,8 2,71

Brita 2,94 1,52 9,5 7,49 Borracha 0,90 0,39 4,8 2,32 Fonte:LINTZ e MELLO, S/D.

Freitas et al. (2009), realizaram os ensaios de caracterização do resíduo de

raspagem de pneus e constataram que a distribuição granulométrica

apresentada pela borracha está dentro dos limites recomendados para o

agregado miúdo natural, conforme pode ser visualizado na Figura 10.

Figura 10: Curva granulométrica do resíduo de borracha utilizado como

agregado miúdo. Fonte: FREITAS et al. (2009).

As características físicas, químicas e mecânicas dos agregados de borracha foi

estudada por Trigo et al. (2008), os autores concluíram que os mesmos

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atendem os requisitos especificados pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas.

De acordo com o estudo desenvolvido por Nehdi e Khan (2001), quando o

concreto é submetido ao esforço de compressão são geradas tensões na parte

superior e inferior dos agregados de borrachas (Figura 11a) gerando

microfissuras na pasta por tração. Essas microfissuras se propagam

rapidamente até encontrarem a borracha (Figura 11b). Como a borracha possui

a capacidade de resistir grandes deformações, a mesma irá atuar como se

fosse uma mola (Figura 11c), atrasando o alargamento das fissuras e

prevenindo uma possível desintegração da massa de concreto.

( a ) ( b ) ( c )

Figura 11: Comportamento dos agregados de borrachas em concretos submetido ao esforço de compressão. Fonte: ELDIN e SENOUCI apud KEHDI e KHAN, 2008.

2.7 DOSAGEM DE CONCRETO COM RASPA DE PNEU

Existem diversos métodos de dosagem de concretos de cimento Portland, os

quais são mais ou menos complexos e trabalhosos. Conforme Helene e

Terzian (1993), o método preconizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas

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do Estado de São Paulo – IPT – se apresenta bastante simples e eficiente.

Ainda de acordo com os autores, o método proposto pelo instituto se baseia na

determinação de um traço inicial a partir do qual se faz um ajuste experimental

das propriedades de interesse, em função dos materiais disponíveis para a sua

confecção.

O presente estudo utilizará do método apresentado acima, de maneira

adaptada, devido a sua simplicidade de execução. Além disso, a rapidez

proporcionada por sua metodologia é fundamental para o controle da qualidade

do concreto. Segundo Helene e Terzian (1993), para a execução do método de

dosagem desenvolvido pelo IPT basta seguir a sequência ilustrada no Quadro

05.

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Quadro 05: Sequência dos procedimentos de dosagem de concreto pelo

método IPT.

Etapa Procedimento Detalhamento do Procedimento

1ª Etapa Caracterização

dos Materiais

Todos os materiais empregados na concretagem devem ser caracterizados, sendo que os principais ensaios preconizados pelo método são massa específica e unitária do aglomerante e dos agregados bem como sua granulometria.

2ª Etapa Estudo Teórico

I – Determinação da dimensão máxima característica do agregado graúdo. II – Definição da consistência do concreto. Este parâmetro é avaliado segundo o ensaio de abatimento do concreto. III – Determinação da relação água/cimento para atender às condições de durabilidade. IV – Determinação da resistência de dosagem. V – Determinação da relação água/cimento para resistência de dosagem.

3ª Etapa Estudo

Experimental

I – Determinação do teor ideal de argamassa para o traço 1:5. II – Realização de nova mistura com o teor ideal de argamassa e água para atingir o abatimento desejado em cada traço.

4ª Etapa Diagrama de

Dosagem Traçado após a ruptura dos corpos de prova.

Segundo diferentes autores a dosagem ideal de resíduo de borracha a ser

incorporada em concretos é de no máximo 15% do volume total da mistura

(LINTZ, et al. (2004); MOSCA, et al. (2005); SCUSSEL, et al. (2005)).

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3 PROGRAMA EXPERIMENTAL

A metodologia adotada foi subdividida em quatro partes: a coleta e

beneficiamento dos resíduos de pneus, a caracterização dos materiais, o

estudo das dosagens e produção dos concretos e os ensaios mecânicos no

concreto. Com a caracterização, buscou-se qualificar os materiais, obtendo-se

os parâmetros necessários para a dosagem. A dosagem foi estabelecida

através de uma adaptação do método sugerido pelo IPT, realizando os ajustes

das proporções já definidas para um abatimento inicialmente desejado. Os

ensaios mecânicos do concreto serviram para analisar a resistência à

compressão dos concretos produzidos com a substituição parcial em volume

do agregado miúdo natural pelo resíduo de pneu.

3.1 COLETA E BENEFICIAMENTO DO RESÍDUO DE PNEU

No processo de recauchutagem, o pneu sofre uma raspagem mecânica através

de cilindros metálicos. Este procedimento gera uma “nuvem” de borracha que

se espalha pelo piso da empresa reformadora e nas proximidades de onde está

sendo processado. O material utilizado nessa pesquisa foi coletado numa

empresa reformadora de pneus na cidade de Feira de Santana, no Estado da

Bahia. Efetuou-se a coleta segundo prescrições contidas na NBR 10007,

(ABNT, 2004) – Amostragem de resíduos sólidos.

O método de beneficiamento se deu em duas etapas. Primeiramente foi feito

uma inspeção visual do resíduo de borracha com a finalidade de retirar

manualmente todos e quaisquer materiais provenientes do processo de

raspagem (escórias metálicas oriundas do equipamento de raspagem e fibras

de aço da estrutura dos pneus). Logo em seguida, foi feito o peneiramento

através do emprego de um peneirador mecânico com o objetivo de separar e

descartar a parte graúda do material. Para isso, foi utilizada a peneira com 4,75

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mm de abertura de malha e todo material passante foi armazenado em

reservatórios fechados do tipo tonel.

A borracha utilizada não passou por nenhum tipo de tratamento antes da

incorporação no concreto. Esta opção foi tomada com base nas

recomendações de John e Zordan (2001), que propuseram minimizar custos e

simplificar os métodos para tornar economicamente viável a reciclagem de

resíduos na indústria da construção civil.

3.2 MATERIAIS UTILIZADOS

O critério para escolha dos materiais utilizados foi a facilidade de obtenção dos

mesmos na cidade de Feira de Santana, na Bahia, assim sendo, foram

selecionados para esta finalidade os materiais relacionados abaixo.

3.2.1 Cimento Portland

O cimento utilizado na pesquisa foi o CP II – Z – 32 e seu emprego se deu

devido ao grande uso desse material na cidade de Feira de Santana. As

informações de caracterização desse material foram obtidas junto ao fabricante

e utilizadas para o desenvolvimento do estudo segundo é apresentado no

Quadro 06.

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Quadro 06: Caracterização do Cimento CP II – Z – 32

Propriedades (Método) Unidade Resultados Especificações NBR 11578/1991

Resíduo na peneira # 75 µm (MB 3432/ABNT,

1991) % 1,5 ≤ 12

Início de pega (NBR NM 65/ABNT, 2003) h 2:30 ≥ 1

Fim de pega (NBR NM 65/ABNT, 2003) h 3:40 ≤ 10

Expansibilidade a frio (MB 3435/ABNT, 1991) mm 1,5 ≤ 5

Resistência a compressão

(NBR 7215/ABNT, 1996)

1 dia

MPa

12,3 ≥ 10

7 dias 22,4 ≥ 20

28 dias 38,6 ≥ 32

Massa específica (NBR NM 23/ABNT, 2001) g/cm³ 3,01 -

3.2.2 Agregado Miúdo

O agregado miúdo utilizado na produção dos concretos foi à areia lavada do

tipo média, proveniente do rio Jacuípe. Esse agregado foi caracterizado de

acordo com as normas técnicas vigentes. Os resultados de caracterização da

areia empregada no estudo e a metodologia de cada ensaio estão ilustrados no

Quadro 07.

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Quadro 07: Resultados de caracterização física do agregado miúdo

Ensaios Resultados Especificação

NBR 7211 (ABNT, 2009)

Composição granulométrica (NBR NM 248/ABNT,

2003) % RI % RA

-

Abertura da peneira

4,75 mm 0 0

2,36 mm 3 3

1,18 mm 9 12

600 µm 26 38

300 µm 43 81

150 µm 16 97

Fundo 3 100

Dimensão máxima característica (mm) 2,36

Módulo de Finura 2,32

Massa específica

(NBR NM 52/ABNT, 2003)

Aparente 2,49 kg/dm³

- S.S.S 2,51 kg/dm³

Agregado Seco 2,54 kg/dm³

Absorção de água (NBR NM 30/ABNT, 2003) 0,7 % -

Massa unitária (NBR 7251/ABNT, 1982) 1,43 kg/dm³ -

Material pulverulento (NBR NM 46/ABNT, 2003) 1,5 % ≤ 5%

Matéria orgânica (NBR NM 49/ABNT, 2001) Mais clara Mais clara que a

solução padrão

A curva granulométrica do agregado miúdo utilizado para o desenvolvimento

dessa pesquisa, juntamente com as zonas ótimas e utilizáveis prescritas pela

NBR 7211 (ABNT, 2009) encontra-se representada na Figura 12.

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Figura 12: Curva granulométrica do agregado miúdo utilizado na produção dos

concretos.

3.2.3 Agregado Graúdo

O agregado graúdo utilizado na produção dos concretos possui dimensão

máxima característica igual a 25,0 mm. Esse agregado foi caracterizado de

acordo com as normas técnicas vigentes. Os resultados de caracterização da

brita empregada no estudo e a metodologia de cada ensaio está ilustrada no

Quadro 08.

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Quadro 08: Resultados de caracterização física do agregado graúdo

Ensaios Resultados Especificação

NBR 7211 (ABNT, 2009)

Composição granulométrica (NBR NM 248/ABNT,

2003) % RI % RA

-

Abertura da peneira (mm)

25 0 0

19 17 17

12,5 79 96

9,5 4 100

6,3 0 100

4,75 0 100

Fundo 0 100

Dimensão máxima característica (mm) 25,0

Módulo de Finura 7,16

Massa específica

(NBR NM 53/ABNT, 2003)

Aparente 2,81 kg/dm³

- S.S.S 2,79 kg/dm³

Agregado Seco 2,78 kg/dm³

Absorção de água (NBR NM 53/ABNT, 2003) 0,3 % -

Massa unitária (NBR 7251/ABNT, 1982) 1,49 -

Material pulverulento (NBR NM 46/ABNT, 2003) 0,2 % ≤ 1 %

A curva granulométrica do agregado graúdo utilizado para o desenvolvimento

dessa pesquisa, juntamente com os limites inferiores e superiores para

agregados graúdos prescritos pela NBR 7211 (ABNT, 2009) encontra-se

representada na Figura 13.

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58

Figura 13: Curva granulométrica do agregado graúdo utilizado na produção dos

concretos.

3.2.4 RESÍDUO DE BORRACHA

A forma acicular do resíduo de borracha dificulta a determinação de sua

granulometria conforme pode ser visto na Figura 14, contudo foram adotados

os procedimentos estabelecidos pela NBR NM 248 (ABNT, 2003). Os

resultados de caracterização da borracha empregada no estudo e a

metodologia de cada ensaio estão ilustrados no Quadro 09.

Curva Granulométrica do Agregado Graúdo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 10

Log Abertura das Peneiras (mm)

Retid

o Ac

umul

ado

(%)

Granulometria do Agregado Graúdo Limite Inferior Limite Superior

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59

Figura 14: Detalhe do resíduo de pneu retido na peneira # 2,36 mm.

Quadro 09: Resultados de caracterização física do resíduo de pneu

Ensaios Resultados Especificação

NBR 7211 (ABNT, 2009)

Composição granulométrica (NBR NM 248/ABNT,

2003) % RI % RA

-

Abertura da peneira

4,75 mm 0 0

2,36 mm 10 10

1,18 mm 31 41

600 µm 34 75

300 µm 20 95

150 µm 4 99

Fundo 0 100

Dimensão máxima característica (mm) 4,75

Módulo de Finura 3,32

Massa unitária (NBR 7251/ABNT, 1982) 0,38 kg/dm³ -

O resultado da análise granulométrica da borracha indica que esse material

possui característica de agregado miúdo de granulometria média, compatível

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60

com uma areia média a grossa. A curva granulométrica do resíduo de pneu

utilizado para o desenvolvimento dessa pesquisa, juntamente com as zonas

ótimas e utilizáveis para agregados miúdos naturais prescritos pela NBR 7211

(ABNT, 2009) encontra-se representada na Figura 15.

Figura 15: Curva granulométrica do resíduo de pneu utilizado na produção dos

concretos.

3.2.5 ÁGUA

A água utilizada para a produção dos concretos foi a disponibilizada pela rede

de água da Universidade Estadual de Feira de Santana.

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61

3.3 ESTUDO DE DOSAGEM E PRODUÇÃO DOS CONCRETOS

Segundo Neville (1997), para conseguir misturas satisfatórias não basta

calcular ou avaliar as quantidades dos materiais disponíveis, mas também é

necessário que se façam misturas experimentais os quais auxiliam na dosagem

ideal dos materiais.

Após a caracterização dos materiais, desenvolveu-se o estudo do teor de

argamassa ideal para os traços dos concretos produzidos. O teor de

argamassa é de fundamental importância no estudo de dosagem, pois a falta

da mesma pode ocasionar em falhas na concretagem ou porosidade no

concreto, por outro lado o excesso de argamassa produz um concreto

visivelmente melhor, no entanto seu preço é mais elevado e estando mais

sujeito a fissuração por origem térmica e por retração de secagem (HELENE e

TERZIAN, 2003). O Quadro 10 apresenta o estudo desenvolvido e utilizado

para encontrar o teor de argamassa dos concretos produzidos nessa pesquisa.

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62

Quadro 10: Determinação do teor de argamassa e fator A/C (inicial) para a

relação agregado/cimento 1:5

Relação Cimento/Agregado 1:5

Teor Inicial (%) 50

Brita (kg) 15,00

A/C Inicial 0,50

Areia (Kg) Cimento (Kg)

Teor Traço Unitário Massa

Total

Acréscimo na

Mistura

Massa

Total

Acréscimo na

Mistura

% (1:a:p) kg kg kg kg

50 1 2,00 3,00 10,00 0,51 5,00 0,10

51 1 2,06 2,94 10,51 0,53 5,10 0,11

52 1 2,12 2,88 11,04 0,55 5,21 0,11

53 1 2,18 2,82 11,60 0,58 5,32 0,11

54 1 2,24 2,76 12,17 0,60 5,43 0,13

55 1 2,30 2,70 12,78 - 5,56 -

Teor de argamassa adotado: 55 %

Relação água/cimento adotada: 0,62

Para avaliar o comportamento da substituição do agregado miúdo natural pelo

agregado reciclado de pneu foi produzido um traço sem substituição do

material e outros três traços distintos com a substituição do agregado miúdo

natural pelo reciclado de pneu. O primeiro traço foi confeccionado para servir

como padrão de referência (concreto convencional) frente aos concretos onde

a borracha foi incorporada. Os traços dos concretos reciclados foram

estabelecidos fazendo-se a compensação de volumes de materiais, uma vez

que os agregados de borrachas apresentam menores massas específicas que

os agregados naturais.

Baseado nas informações disponibilizadas nas literaturas que tratam sobre o

tema, os teores de substituição dos agregados miúdos naturais pelo resíduo de

pneu nesse trabalho foi de 0,0% (T0); 5,0 % (T5), 10,0 % (T10) e 15,0 % (T15)

em volume. Para a determinação do traço do concreto convencional foi

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63

empregado o método de dosagem recomendado pelo IPT (HELENE e

TERZIAN, 1993) de maneira adaptada, conforme mencionado em 3. Com base

no método e como apresentado no Quadro 10, foi estabelecido um teor de

argamassa de 55 %, para um traço intermediário de 1:5 (cimento:agregados).

O traço unitário utilizado inicialmente para produção do concreto convencional

encontra-se ilustrado na Quadro 11.

Quadro 11: Traço unitário, em massa, do concreto de referência

A quantidade de água utilizada no processo de hidratação dos elementos

constituintes das misturas foi em função da fixação da trabalhabilidade pelo

método do ensaio de abatimento de tronco de cone. O abatimento adotado

para o concreto de referência foi 80 ± 10 mm e à medida que necessário foi

acrescentado água e posteriormente encontrada a relação água/cimento

utilizada em todos os traços produzidos. Conforme ilustrado no Quadro 1, a

relação água/cimento que atendeu o critério pré-estabelecido para o

abatimento de tronco de cone foi igual a 0,62. No Quadro 12 é apresentada a

quantidade de cada um dos materiais necessários para produzir 1,00 m³ de

concreto.

Quadro 12: Quantidade de materiais por metro cúbico de concreto para cada uma das misturas avaliadas

Traço Cimento (kg) Areia (kg) Brita (kg) Água (kg) Borracha (kg)

0 352,69 811,19 952,26 217,12 0,00

T5 352,69 770,63 952,26 217,12 10,63

T10 352,69 730,07 952,26 217,12 21,26

T15 352,69 689,51 952,26 217,12 31,89

A elaboração dos concretos foi realizada empregando-se uma betoneira de

eixo inclinado, com capacidade para 320 litros. Todos os materiais foram

Traço Unitário (kg)

Cimento Areia Brita Água

1 2,30 2,70 0,62

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pesados em uma balança calibrada e colocados na betoneira segundo uma

mesma ordem: primeiramente foram colocados os agregados, o resíduo de

pneu, metade da água e procedido à mistura por 3 minutos; posteriormente,

adicionou-se o cimento e o restante da água, deixando-se a betoneira rodando

por mais 3 minutos para garantir uma boa homogeneidade da mistura. A

incorporação da água foi realizada sob um controle rigoroso, já que sua

variação influi na trabalhabilidade e resistência do concreto.

Transcorrido o tempo estipulado para a mistura dos materiais, os concretos

foram submetidos a ensaios para a determinação das propriedades do

concreto no estado fresco – abatimento de tronco de cone – conforme pode ser

visto na Figura 16. Posteriormente foi verificada através de observação visual

se os concretos apresentavam coesão (Figura 17) e a plasticidade da mistura

(Figura 18). Logo após, os concretos foram lançados nos moldes e adensados

com vibrador de agulha de imersão (Figura 19), esses procedimentos

satisfizeram os requisitos prescrito na NBR 5738 (ABNT, 2003).

Figura 16: Ensaio de abatimento de tronco de cone.

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65

Figura 17: Avaliação da coesão do concreto.

Figura 18: Avaliação da plasticidade do concreto.

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66

Figura 19: Confecção dos corpos-de-prova.

Os corpos-de-prova foram curados ao ar nas primeiras 24 horas, cobertos com

lona plástica. Após esse período os corpos-de-prova foram desmoldados e

curados em imersão dentro da câmara úmida disponível no Laboratório de

Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, até a idade de

ruptura.

3.4 PROPRIEDADES AVALIADAS

O presente estudo avaliou no estado fresco a trabalhabilidade e coesão e no

estado endurecido foi averiguada a resistência à compressão dos concretos

produzidos com substituição parcial em volume do agregado miúdo natural pelo

agregado proveniente da reciclagem de resíduos de pneus inservíveis.

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67

3.4.1 TRABALHABILIDADE

A trabalhabilidade dos concretos fresco foi determinada de acordo com as

recomendações da NBR NM 67/98. Esse ensaio foi realizado logo após a

conclusão do tempo determinado para a mistura dos materiais em betoneira

mecânica de eixo inclinado.

3.4.2 COESÃO

A coesão dos concretos foi determinada através das recomendações de

Helene e Terzian (1993). Esse ensaio foi realizado logo após a medição do

abatimento de tronco do cone, através de golpes com um bastão metálico na

lateral do tronco de cone. Trata-se de um ensaio visual onde pode ser

observado se a mistura apresenta segregação dos materiais que constituem o

concreto.

3.4.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO AXIAL

A resistência à compressão axial dos corpos-de-prova foi determinada de

acordo com as recomendações da NBR 5739 (ABNT, 2007). Os concretos

foram ensaiados aos 28 dias de idade. No ensaio foram utilizados corpos-de-

prova cilíndricos com dimensões de 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura.

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68

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta pesquisa avaliou-se a influência da substituição do agregado miúdo

natural pelo resíduo de pneu na produção de concretos, no que tange à sua

resistência à compressão e trabalhabilidade. Conforme apresentado em 3.3, os

teores de substituição dos agregados miúdos naturais pelo resíduo de pneu

nesse trabalho foram de 0,0% (T0); 5,0 % (T5), 10,0 % (T10) e 15,0 % (T15),

em volume.

4.1 ESTADO FRESCO

Fixou-se a relação água/cimento e o consumo de cimento e agregado graúdo

em todos os traços, variando apenas a quantidade de agregado miúdo e o teor

de borracha. Durante o processo de mistura, foi observado que em

aproximadamente dois minutos após a introdução do cimento na betoneira

todos os concretos, produzidos a partir dos diversos traços, já apresentavam

aspectos satisfatórios de homogeneidade. Também foi constatado que não

houve aderência de argamassa na parede da betoneira e que a mistura manual

utilizando colher de pedreiro também foi satisfatória manifestando boa

plasticidade. A seguir, serão apresentados e discutidos a trabalhabilidade e a

coesão dos concretos.

4.1.1 Trabalhabilidade

Conforme apresentado no item 3.4.1, a trabalhabilidade dos concretos foi

verificada através do ensaio prescrito na NBR NM 67/98, cujos resultados dos

ensaios de abatimento de tronco de cone estão ilustrados no Quadro 13.

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69

Quadro 13: Ensaio de abatimento de tronco

Traço Abatimento (mm)

T0 75

T5 85

T10 90

T15 100

De acordo com a análise dos resultados observa-se que:

Os concretos produzidos com a substituição do agregado miúdo pelo

resíduo de pneu (T5, T10 e T15) apresentaram maiores abatimentos

quando comparados com o concreto de referência (T0). Tais

constatações são compatíveis com os relatos de Azmi, et al. (2008) e

Bewick et al. (2010);

Quanto maior o teor de agregado miúdo substituído, maior a

trabalhabilidade do concreto. Tal melhora na trabalhabilidade nos

concretos decorre, provavelmente, do aumento da relação

água/materiais secos e da menor massa específica do resíduo.

4.1.2 Coesão

A coesão dos concretos produzidos foi verificada de forma visual, conforme as

instruções recomendadas pelo IPT (HELENE e TERZIAN, 1993), e todos os

concretos apresentaram uma boa coesão.

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70

4.2 ESTADO ENDURECIDO

4.2.1 Tipo de Ruptura

Verificou-se que os concretos produzidos com borracha apresentaram um

comportamento distinto, quanto ao tipo de ruptura, em comparação ao concreto

de referência. A incorporação da borracha de pneus pode proporcionar um

aumento na ductilidade dos concretos. Tal observação vai ao encontro das

considerações de Nehdi e Khan (2001); Martins, et al, (2005) e Barbosa et al.

(2006). A Figura 20 ilustra tal comportamento.

Figura 20: Tipos de ruptura dos concretos produzidos.

4.2.2 Resistência à Compressão Axial

Os Quadros 14 a 17 apresentam os resultados dos ensaios de resistência à

compressão axial, aos 28 dias de idade, realizados em corpos de prova

confeccionados a partir dos traços T0, T5, T10 e T15.

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71

Quadro 14: Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos convencionais (T0) aos 28 dias

Corpo de Prova Tensão de Resistência (MPa)

1 25,5

2 25,7

3 22,8

4 21,7

5 24,4

6 26,3

7 25,1

8 27,1

9 23,7

Média 24,7

Sd 1,63

CV (%) 1,73 Sd: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação Quadro 15: Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos produzidos com 5,0 % em volume de borracha (T5) aos 28 dias

Corpo de Prova Tensão de Resistência (MPa)

1 20,8

2 21,6

3 21,3

4 21,5

5 22,8

6 20,8

7 22,1

8 21,9

9 22,0

Média 21,6

Sd 0,61

CV (%) 0,64 Sd: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação

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72

Quadro 16: Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos produzidos com 10,0 % em volume de borracha (T10) aos 28 dias

Corpo de Prova Tensão de Resistência (MPa)

1 21,3

2 22,0

3 20,1

4 17,8

5 20,0

6 19,8

7 20,5

8 19,1

9 19,3

Média 20,0

Sd 1,16

CV (%) 1,23 Sd: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação Quadro 17: Resultados dos ensaios de resistência à compressão dos concretos produzidos com 15,0 % em volume de borracha (T15) aos 28 dias

Sd: Desvio Padrão CV: Coeficiente de Variação

Corpo de Prova Tensão de Resistência (MPa)

1 18,6

2 18,4

3 18,5

4 11,1

5 16,4

6 18,0

7 16,5

8 17,3

9 18,8

Média 17,1

Sd 2,27

CV (%) 2,41

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73

A Figura 21 apresenta os resultados médios dos ensaios de resistência à

compressão de todos os concretos produzidos nessa pesquisa.

Figura 21: Resistência à compressão média dos concretos.

A partir dos resultados médios de resistência à compressão axial, foram

determinadas as resistências relativas à compressão dos concretos produzidos

com resíduos de pneus em relação ao concreto de referência, cujos resultados

estão apresentados no gráfico da Figura 22.

Figura 22: Resistências relativas dos concretos produzidos em comparação ao

concreto de referência.

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74

A análise dos resultados obtidos permite as seguintes considerações:

Quanto maior o teor de borracha utilizado menor é a resistência à

compressão apresentada pelos concretos para uma mesma relação

água/cimento. Provavelmente tal comportamento pode ser creditado a

uma maior incorporação de ar quando da produção de concreto com

resíduo e uma possível redução de aderência na interface resíduo/pasta

de cimento. Tais considerações são compatíveis com as efetuadas por

Giacobbe et al (2008) e Segre (1999);

A diferença de resistência entre os concretos confeccionados com 5,0 e

10,0% de borracha em volume é pequena, atingindo uma variação na

resistência à compressão de apenas 7,0 % entre os mesmos. Já para

15% de substituição verificou-se que uma representativa redução;

Com base nas considerações efetuadas, pode-se depreender que o teor

ótimo de substituição situa-se no intervalo entre 5 e 10%.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos na presente pesquisa, é possível tecer as

seguintes considerações:

Os resultados apresentados corroboram os dados disponíveis na

literatura com relação ao teor de substituição do agregado miúdo por

resíduo de pneu inservível;

Embora a resistência à compressão axial tenha sido reduzida,

constatou-se que as propriedades estudadas em todos os concretos

com substituição do agregado miúdo, em volume, por resíduo de

borracha de pneu sem tratamento prévio apresentam potencial de

aplicação em certas áreas da construção civil;

A indústria da construção civil é um mercado de grande potencial para

absorver uma parcela dos pneus inservíveis gerados anualmente no

Brasil e no mundo, devido à grande quantidade e diversidade de

materiais que consome. Inteiros ou triturados, em substituição ou

adicionados aos materiais de construções convencionais.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A seguir são apresentadas algumas sugestões para trabalhos futuros:

Avaliar o módulo de elasticidade dos concretos produzidos com resíduos

de pneus;

Realizar o estudo de outras propriedades mecânicas, a exemplo de

resistência à tração na flexão, dentre outras;

Estudar o comportamento termo acústico de concretos com resíduos de

pneus.

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REFERÊNCIAS

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