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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI
JALMIR DEMORI
ANÁLISE HISTÓRICA DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS PESADOS NA BAÍA DA BABITONGA - SC
Itajaí - SC
2008
JALMIR DEMORI
ANÁLISE HISTÓRICA DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS PESADOS NA BAÍA DA BABITONGA - SC
Dissertação apresentada como requisito final para a obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar. Área de Concentração em Tecnologia e Gestão Ambiental.
Orientador: Profa. Dra. Valéria Regina Bellotto
Itajaí - SC
2008
JALMIR DEMORI
ANÁLISE HISTÓRICA DA CONTAMINAÇÃO POR METAIS PESADOS NA BAÍA DA BABITONGA - SC
Esta dissertação foi julgada e aprovada pela obtenção do título de Mestre em Ciências e Tecnologia Ambiental e aprovada pelo curso de Mestrado de Ciências e Tecnologia Ambiental, na Universidade do Vale de Itajaí.
Área de Concentração: Tecnologia e Gestão Ambiental
Itajaí, _______________________ de 2008.
Profª. Drª. Valéria Regina Belloto
UNIVALLI – CE do Vale de Itajaí
Orientadora
__________________________
Membro
__________________________
Membro
AGRADECIMENTOS
À minha esposa pela compreensão e pelo apoio em uma das etapas mais
importantes da minha vida.
À professora Dra. Valéria Regina Bellotto minha eterna gratidão como
pessoa e como profissional pela orientação, dedicação e pelos ensinamentos que
em todos os momentos fizeram-me abrir novos horizontes e ainda por ter
acreditado em mim nos momentos difíceis.
À minha amiga de trabalho, Patrícia Fóes Scherer Costódio, que teve
grande participação nas análises deste trabalho.
À Meta Laboratório de Jaraguá do Sul, em especial a Maristela pela
doação de alguns reagentes.
Ao meu amigo Ciro DC2P Tecnologia, pelo apoio na parte de informática.
Ao meu amigo César Weber da Natrium ville – laboratório de análises
físico-químicas pelas dicas repassadas e a facilitação da compra de alguns
reagentes.
À UNIVALI, pelo apoio e por ter tornado essa etapa concluída.
V
RESUMO
Neste trabalho foram empregadas duas abordagens distintas para avaliar a evolução temporal, em escala histórica contaminação da Baia de Babitonga por metais pesados. Uma abordagem consistiu no levantamento de dados, uma revisão junto à literatura sobre as condições de contaminação em três compartimentos (água, tecidos biológicos e sedimento) da Baía de Babitonga ao longo de três décadas (período de 1981 a 2004). Para avaliação mais detalhada foi utilizado o compartimento sedimento, pois a renovação de água da Baía é constante e para organismos marinhos alguns fatores como: pesca, predação e movimentação influenciam na análise. A região foi dividida em quatro setores para fazer uma melhor avaliação da contaminação. Os dados pretéritos dos sedimentos indicaram que a região teve um aumento na concentração de metais até meados da década de 1980, diminuindo na década de 1990 e tendo um leve aumento no começo da década 2000. Outra abordagem consistiu na análise de um testemunho da região pertencente ao Canal do Linguado, que devido à baixa hidrodinâmica do local favorece o acúmulo de sedimento mais fino, sendo transportado junto com esse material, matéria orgânica e metais adsorvidos oriundos dos efluentes industriais da região de Joinville. O testemunho foi seccionado em camadas de 5 centímetros, cada amostra passou por um processo de separação da fração fina (onde os metais são adsorvidos) da areia. Foram realizados dois processos de extração distintos nas amostras: extração total e extração parcial. Os resultados obtidos a partir dessa amostra de sedimento indicaram a mesma tendência que a dos dados pretéritos, quando analisado a concentração total, mas quando analisado pelo Fator de Enriquecimento, observa-se que houve um aumento desses elementos, porém com o testemunho pode-se analisar um período maior que compreende do fechamento do Canal do Linguado (1935) até 1998. Cádmio, chumbo e zinco são os elementos que mais apresentam riscos em caso de remobilização do sedimento, cobre, cromo e níquel não oferecem risco. O período anterior à década de 1980, mostrou que houve uma oscilação na concentração dos elementos estudados.
Palavras Chaves: Baia da Babitonga, sedimentos, metais, contaminação, análise temporal.
VI
ABSTRACT
In this work they had been raised given together to literature on the conditions of contamination in the three compartments (biological water, fabrics and sediment) of the Babitonga Bay throughout three decades (period of 1981 the 2004) where in the decade of 1980 the region reached the height of industrialization. To evaluate the region the sediment compartment was used , because the water renewal of the Bay is constant and for marine organisms some factors as fishery, prerestitution and movement influences in the analysis. The region was divided in four sectors to make one better evaluation of the contamination. The past data of the sediment metal levels had indicated that the region had an increase in the metal concentration until middle of the decade of 1980, diminishing in the decade of 1990 and having a light increase in the start of decade 2000. In laboratory analyses of a sediment core from the region name Linguado Channel had been carried through, due to low hydrodynamics of the place have one accumulate more of the fine grained sediment, being carried together with this material, organic substance and deriving adsorbed metals, most of it, discharged by industrial effluents mainly from Joinville region. The sediment core was sectioned in layers of 5 centimeters, each sample passed for a process of separation of the fine fraction (where the metals are adsorbed) of the sand. Two distinct processes of extraction in the samples had been carried through: total extraction and partial extraction (exchanged fraction). Results from sediment core analysis had indicated the same trend that registered in the publish data, when analyzed the total concentration. Nevertheless, when Enrichment Factor is applied it is observed that it had an increase of these metals concentration, taking into account that the sediment core encloses an extended period, which comprised the date of Linguado Channel closure (1935) up to 1998. Cadmium, lead and zinc are the elements that more present risks in case of sediment remobilization, while chromium and nickel does not offer risk. The previous period to the decade of 1980, showed that it had an oscillation in the concentration of the studied elements.
Keywords: Babitonga Bay, sediment, metals, contaminations, temporal analysis.
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização do ponto de amostragem e da área em estudo................................................................................................................ 32
Figura 2 - Amostra de sedimento, com 60 cm, congelada e sem uma lateral do tubo coletor coletada no ponto 4.................................................................. 43
Figura 3 - Identificação do ponto de coleta e do intervalo de 5 cm da amostra correspondente à profundidade de 15 a 20 cm.................................. 43
Figura 4 - Amostra de sedimento na cápsula contendo fragmento de conchas e restos de vegetação de mangue, indicados pelas setas vermelhas.......................................................................................................... 44
Figura 5 - Mapa da Baia da Babitonga indicando os pontos de coletas com as datas de realização, nomes dos autores e suas datas de publicação......... 48
Figura 6 - Gráfico da variação temporal da concentração de cobre em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 50
Figura 7 - Gráfico da variação temporal da concentração de zinco em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 51
Figura 8 - Gráfico da variação temporal da concentração de ferro em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 52
Figura 9 - Gráfico da variação temporal da concentração de cádmio em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 53
Figura 10 - Gráfico da variação temporal da concentração de cromo em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 54
Figura 11 - Gráfico da variação temporal da concentração de níquel em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 54
Figura 12 - Gráfico da variação temporal da concentração de chumbo em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga........................ 55
Figura 13 - Gráfico da variação temporal da concentração de cádmio em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 57
Figura 14 - Gráfico da variação temporal da concentração de mercúrio em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 58
Figura 15 - Gráfico da variação temporal da concentração de chumbo em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 59
VIII
Figura 16 - Gráfico da variação temporal da concentração de cromo em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 59
Figura 17 - Gráfico da variação temporal da concentração de níquel em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 60
Figura 18 - Gráfico da variação temporal da concentração de cobre em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 61
Figura 19 - Gráfico da variação temporal da concentração de zinco em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.................. 62
Figura 20 - Gráfico da variação temporal de cádmio em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 64
Figura 21 - Gráfico da variação temporal de cobre em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 65
Figura 22 - Gráfico da variação temporal de chumbo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 66
Figura 23 - Gráfico da variação temporal de cromo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 67
Figura 24 - Gráfico da variação temporal de mercúrio em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 68
Figura 25 - Gráfico da variação temporal de níquel em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 69
Figura 26 - Gráfico da variação temporal de zinco em amostras de sedimento da Baía da Babitonga...................................................................... 70
Figura 27 – Tabela de profundidade e cronologia do testemunho e gráfico de evolução da quantidade de matéria orgânica no perfil de sedimento. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4. ........................................................................................ 71
Figura 28 – Gráfico de evolução da concentração de cádmio (A) e o valor de cádmio normalizado (razão de Cd/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor4.............. 72
Figura 29 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de cádmio em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 73
Figura 30 - Gráfico de evolução da concentração de cobre (A) e o valor de cobre normalizado (razão de Cu/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 74
IX
Figura 31 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de cobre em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 74
Figura 32 - Gráfico de evolução da concentração de chumbo (A) e o valor de chumbo normalizado (razão de Pb/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 75
Figura 33: Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de chumbo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 76
Figura 34 - Gráfico de evolução da concentração de cromo (A) e o valor de cromo normalizado (razão de Cr/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 77
Figura 35 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de cromo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 77
Figura 36 - Gráfico de evolução da concentração de níquel (A) e o valor de níquel normalizado (razão de Ni/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 78
Figura 37 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de níquel em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 79
Figura 38 – Gráfico de evolução da concentração de zinco (A) e o valor de zinco normalizado (razão de Zn/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4............. 80
Figura 39 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de zinco em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4 ............ 80
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Concentrações de elementos em diferentes trabalhos realizados confrontados com padrões da resolução do CONAMA nº344 (2004), referentes aos níveis de classificação do material a ser dragado (utilizando os valores de nível 1: limiar abaixo do qual se prevê baixa probabilidade de efeitos adversos à biota)................................................................................... 30
Tabela 2 - Data de fundação, nomes das empresas e o setor de atuação entre os anos de 1946 a 1972.......................................................................... 34
Tabela 3 - Empresas de Joinville, por setor de atividades entre 2000 e 2005.................................................................................................................. 35
Tabela 4 - Crescimento populacional em Joinville entre os anos de 1960 e 2005.................................................................................................................. 35
Tabela 5 - Valores de referência do material certificado (SRM 1464a – NIST) e valores obtidos em análises do material certificado para a validação das análises em laboratório.............................................................................. 70
Tabela 6 – Concentração total de metais na fração fina do sedimento ( < 63 m) para os diferentes estratos do testemunho.......................................... 82
Tabela 7 - Concentração da fração trocável (extração parcial) na fração fina do sedimento ( < 63 m) para os diferentes estratos do testemunho...... 82
Tabela 8 - Percentual dos metais que podem ser disponibilizados no meio ambiente em caso de remobilização de sedimento da Baía da Babitonga...... 83
XI
LISTA DE ABREVIAÇÕES
APHA – American Public Health Association.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.
FATMA – Fundação de Amparo ao Meio Ambiente.
IBAMA – Instituto Brasileiro de Amparo ao Meio Ambiente.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
NIST – National Institute of Standards and Technology.
SRM – Standard Reference Material.
DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral.
XII
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................VI
ABSTRACT...................................................................................................................VII
LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................VIII
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................XI
LISTA DE ABREVIAÇÕES...........................................................................................XII
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................15
2 OBJETIVOS...............................................................................................................182.1 Objetivo geral...........................................................................................................182.2 Objetivo específico...................................................................................................18
3 METAIS– USOS, CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E RISCOS ASSOCIADOS........193.1 Os metais.................................................................................................................193.1.1 Cádmio..................................................................................................................203.1.2 Chumbo................................................................................................................213.1.3 Cobre....................................................................................................................223.1.4 Cromo...................................................................................................................233.1.5 Ferro.....................................................................................................................243.1.6 Mercúrio................................................................................................................253.1.7 Níquel....................................................................................................................263.1.8 Zinco.....................................................................................................................273.2 Contaminação ambiental por metais........................................................................283.3 Ambientes costeiros e sua importância...................................................................30
4 A ÁREA DE ESTUDO................................................................................................324.1 Baía da Babitonga...................................................................................................324.2 A ocupação humana e Atividades sócio-econômicas..............................................334.2.1 Joinville.................................................................................................................344.2.2 São Francisco do Sul............................................................................................364.2.3 Garuva..................................................................................................................364.2.4 Araquari................................................................................................................374.2.5 Balneário Barra do Sul..........................................................................................384.2.6 Itapoá....................................................................................................................384.3 A pesca como atividade...........................................................................................39
5 DADOS PRETÉRITOS...............................................................................................405.1 coleta e Análise temporal dos dados pretéritos.......................................................405.2 Estudos de Testemunhos........................................................................................425.2.1 Coleta do testemunho...........................................................................................425.2.2 Preparação do testemunho...................................................................................425.3 Determinação de metais..........................................................................................445.3.1 Digestão ácida para extração dos metais.............................................................45
XIII
5.3.1.1 Extração total de metais a partir dos sedimentos..............................................455.3.1.2 Extração parcial de metais a partir dos sedimentos (fração trocável)................455.3.2 Determinação quantitativa de metais....................................................................465.3.3 Validação do método de analítico ........................................................................465.4 Análise dos perfis dos metais no sedimento............................................................465.4.1 Normalização geoquímica.....................................................................................475.4.2 Fator de enriquecimento.......................................................................................47
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES...............................................................................486.1 Análise temporal dos dados pretéritos.....................................................................486.1.1 Água......................................................................................................................496.1.2 Tecidos biológicos................................................................................................566.1.3 Sedimento.............................................................................................................636.2 Análise do testemunho............................................................................................706.2.1 Validação analítica dos resultados........................................................................706.2.2 Análise dos metais................................................................................................726.2.2.1 Cádmio...............................................................................................................726.2.2.2 Cobre.................................................................................................................736.2.2.3 Chumbo.............................................................................................................756.2.2.4 Cromo................................................................................................................766.2.2.5 Níquel.................................................................................................................786.2.2.6 Zinco..................................................................................................................796.3 relação entre dados pretéritos e estudo do testemunho..........................................81
7 CONCLUSÃO.............................................................................................................84
REFERÊNCIAS.............................................................................................................86
16 XIV
1 INTRODUÇÃO
A linha de contato existente entre a terra e o mar pode ser designada por
vários termos dos quais, litoral, zona costeira, costa e orla marítima são as mais
conhecidas (FRENCH, 1997).
Brito (2006) comenta que as regiões costeiras são ecossistemas altamente
produtivos, a exemplo dos manguezais, recifes de corais e estuários. Estas áreas
de regiões costeiras têm características de grande importância ecológica e
econômica, envolvendo complexas interações entre fatores biológicos, químicos e
físicos. Estes ambientes abrigam uma grande diversidade de organismos,
considerando as quantidades de nutrientes e condições de favoráveis a
reprodução.
Essas áreas desempenham um papel importante na economia, sendo na
instalação de indústrias, na área de turismo, escoamento da produção industrial e
de pescados. Porém, por se concentrar próximo à costa o homem vem
provocando modificações neste ecossistema costeiro. Desta forma áreas de
florestas, rios e mangues foram suprimidos para dar lugar às cidades, rodovias e
pólos industriais, acelerando a deposição sedimentar, ou diminuindo esta
deposição, quando constrói barragens nos rios. Como conseqüência destas
atividades, os estuários serão preenchidos mais rapidamente ou apresentar
processos erosivos em função do déficit de sedimentos. (KRONBAUER;
CARDOSO, 1981).
Segundo Knie (2003) no final do século XIX e início do século XX a região
de Joinville registrou o início da especialização metal-mecânica e na metade do
século passado já exercia forte centralidade na região por apresentar as
atividades urbanas mais consolidadas. Com a atividade industrial em franca
expansão no final da década de 1970 e início da década de 1980, os problemas
de poluição ambiental por efluentes começaram a chamar a atenção e despertar a
preocupação pelo meio ambiente por parte dos órgãos ambientais.
No entorno da Baía da Babitonga encontram-se os municípios de Joinville,
maior pólo industrial de Santa Catarina; São Francisco do Sul, com seu terminal
petrolífero; Itapoá, Garuva e Araquarí, com pequenas empresas e uma economia
17
voltada para a agricultura e turismo; Balneário Barra do Sul com atividades
voltadas ao turismo e atividade pesqueira.
Os primeiros trabalhos sobre a contaminação por metais pesados na Baía
da Babitonga foram realizados pela FATMA em 1981, 1982 e 1985 onde já se
observava um indicativo de poluição por metais pesados tanto na água como nos
sedimentos.
Os efluentes industriais lançados nos corpos d’água carregam metais
pesados como zinco, cádmio e cromo que por influência de fatores físicos e
químicos depositam camadas no sedimento formando desse modo um tipo de
arquivo ambiental da região.
Os metais pesados como cobre, zinco, chumbo entre outros são tóxicos
para a maioria das plantas e animais mesmo em concentrações baixas e são
persistente no ambiente. Logo, partes dos metais lançados no ambiente através
dos efluentes industriais ou domésticos são adsorvidas a outras substâncias
presente nas águas e sedimento, como a matéria orgânica e material em
suspensão; no caso de ambientes costeiros e abrigados, como baías, onde a taxa
de sedimentação tende a ser elevada pela influência da baixa velocidade da
correntes, os poluentes vão sendo depositados em várias camadas, fazendo um
registro histórico do desenvolvimento urbano e da atividade industrial da época.
Já a outra parte dos metais pesadas permanece dissolvidos no meio, assim com
o tempo a acumulação desses sedimentos acabam modificando a estrutura do
estuário; esse sedimento é colonizado por diversas formas de animais e por
plantas que encontram suporte para se desenvolver (SALOMONS; FÖRTNER,
1984).
Partes desses poluentes depositados podem voltar a contaminar a coluna
d’água por meio da remobilização desse material, podendo ser incorporado ainda
aos organismos marinhos, resultando em bioacumulação. A maioria dos
poluentes e nutrientes permanece aprisionada embora à vegetação do manguezal
possa assimilar uma quantidade razoável desses contaminantes (FRENCH,
1997).
Neste estudo foram coletados três testemunhos de sedimentos na região
da Baía da Babitonga, optando por analisar o Canal do Linguado onde o acúmulo
de sedimento é maior. Após prévio tratamento das amostras foram utilizadas
técnicas de análises por Espectrometria de Absorção Atômica com atomização
18
por chama e Espectrometria de Absorção Atômica com atomização eletrotérmica
(forno de grafite) com correção de background por efeito Zeeman para
determinação de metais.
Com a finalidade de avaliar a contaminação da Baia da Babitonga em uma
escala histórico torna-se necessário à realização de estudos sobre a relação dos
dados encontrados nas literaturas, comparando-os com resultados obtidos em
laboratórios das amostras de testemunhos da região e seu papel na acumulação
dos poluentes metálicos lançados no meio.
19
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL:
Avaliar a contaminação por metais na Baía da Babitonga em escala
histórica.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Avaliar dados pretéritos – estabelecer uma evolução através de dados
pretéritos;
Avaliar a contaminação da baía e acumulação de metais nos
sedimentos através de análise de testemunho;
Relacionar os resultados da análise de dados pretéritos (período de
1981 a 2004) com os registros de metais nos testemunhos (período de
1896 a 1998) e estabelecer um padrão de evolução temporal - espacial
de contaminação.
3 METAIS – USOS, CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E RISCOS ASSOCIADOS
3.1 OS METAIS
O termo metal pesado não é bem definido sendo comumente utilizado para
um grupo de metais que está associado à poluição e toxicidade, contudo,
elementos com densidade maior que 5 e a massa atômica maior que 40 são
quimicamente classificados como metais pesados (SILVA, 2002).
O termo elemento-traço tem sido usado para definir metais catiônicos e
oxiânions que normalmente estão presentes em baixas concentrações no
ambiente, sendo que alguns elementos ocorrem em maiores concentrações em
ambientes costeiros. Alguns elementos-traço são considerados essenciais do
ponto de vista biológico, enquanto outros não o são. No entanto mesmo aqueles
essenciais, em excesso, podem causar impactos negativos a ecossistemas
terrestres e aquáticos, sob condições específicas, constituindo-se assim, em um
agente contaminante ou poluentes de solo e água (CORTE, 2006).
A ocorrência natural de metais nos solos depende, principalmente, do
material de origem sobre o qual o solo se formou, dos processos de formação, da
composição e proporção dos componentes de sua fase sólida. Além da natureza
do material de origem, as condições físico-químicas as quais os solos estão
sujeitas podem influenciar na disponibilização dos metais pesados no meio
ambiente (FADIGAS et al., 2002).
Atividades antrópica, incluindo a mineração, fundição, produção e geração
de efluentes aumentaram as concentrações de muitos metais no meio ambiente.
As suas propriedades físicas, químicas e toxicológicas dos metais mostram uma
ampla variação, sendo que nem todos os metais são altamente tóxicos, nem
compostos diferentes dos mesmos metais apresentam o mesmo grau de
toxicidade (PATNAIK, 2003).
Alguns metais são particularmente importantes, seja devido as suas
aplicações ou pelos seus impactos no meio ambiente e na saúde humana. Entre
eles pode-se mencionar o cádmio, o chumbo, o cobre, o cromo, o ferro, o
mercúrio, o níquel e o zinco. Sendo estes os metais encontrados nos dados
pretéritos.
3.1.1 Cádmio
O cádmio é um metal branco, maleável e mole; é oxidado pelo ar úmido,
lentamente inflama-se quando aquecido produzindo fumaça castanha de óxido
sendo que ocorre em teores de até 1% em muitos minérios de zinco e é obtido,
principalmente, como subproduto da extração e refinação do zinco, sendo esse
também encontrado junto a depósitos de minérios de chumbo e cobre.
(CARDOSO; CHASIN, 2001).
Utiliza-se o cádmio em galvanoplastia, pesticidas, indústrias têxteis,
fabricação de ligas metálicas, baterias de níquel / cádmio, células fotoelétricas,
pilhas atômicas como absorvedor de nêutrons, como referência em
espectrografia, como substância fosforescente em televisão, em corantes e
esmaltes (FATMA, 1981).
O cádmio pode acumular-se no fígado, rins, pâncreas e tiróide sendo
excretado muito lentamente quando acumulado nos rins e fígado, inclusive os
casos agudos da acumulação desse elemento são identificados como cadmiose.
Mas as primeiras disfunções renais são provocadas quando o teor de cádmio
atinge o limite crítico no córtex renal sendo que nos casos mais graves ocasiona a
osteomalacia (FATMA, 1985).
O cádmio pode penetrar no corpo pela inalação de seu pó e fumo ou pela
ingestão. Os sintomas em seres humanos são náuseas, vômito, diarréia, dor de
cabeça, dores abdominais e musculares, salivação e choque. Além desses
sintomas o pó e o fumo de cádmio podem provocar tosse, pressão torácica,
angústias respiratórias, congestão pulmonar e broncopneumonia sendo que a
dose mortal para um adulto de 60 kg é de 0,34 g de cádmio. (FATMA, 1981).
Estima–se que a meia vida biológica do cádmio no organismo humano seja
de 20 a 30 anos. A concentração de 200 μg/g pode causar lesões nos túbulos
proximais, incapacitando de reabsorver proteínas de moléculas pequenas como a
β2 – microglobulina. A doença itai – itai é responsável pelo mau funcionamento dos
rins e deformidades ósseas; o Cádmio também pode provocar inibição da
atividade enzimática através da ligação com o grupo sulfidrila (SH) (PATNAIK,
2003). O cádmio pode reagir com compostos orgânicos aumentando assim sua
toxidez (FATMA, 1981).
3.1.2 Chumbo
O chumbo é um metal mole, maleável, pouco tenaz e não elástico sendo
que o seu principal minério é a galena, PbS, que ocorre freqüentemente sobe a
forma de cristais cúbicos em grandes jazidas nos Estados Unidos, Espanha e
México. O chumbo é um metal cinza azulado, de superfície brilhante quando
cortado recente. Porém sua cor brilhante desaparece em função da formação do
óxido causada pelo ar (AUGÉ, 1960).
O chumbo é utilizado no revestimento das câmaras de fabricação de ácido
sulfúrico, na fabricação de canos para condução de gás, acumuladores e
pigmento para tintas anticorrosivas, em fungicidas, fertilizantes, baterias
eletroquímicas, aditivos para gasolina, cerâmicas, ligas metálicas. Contudo
estima-se que 40 % seja utilizado como metal, 25% como ligas e 35% em
compostos químicos (FATMA, 1981).
O chumbo é um agente tóxico com efeitos agudos e crônicos sua
contaminação se dá através de alimentos, ar e água sendo que em crianças é
comum a intoxicação por raspas de tintas que contenham o elemento. Os
sintomas como a ataxia, vômito recorrente, dor de cabeça, estupor, alucinações,
convulsões, tremores e coma; estão presentes na síndrome encefalopática. Já a
intoxicação crônica por chumbo pode afetar os sistemas nervosos central e
periférico, causando inquietação, irritabilidade e perda de memória. Porém lesões
renais provocadas por ingestão de chumbo em um curto período são reversíveis,
ao passo que um efeito mais prolongado pode desenvolver uma degradação geral
do rim, causando uma atrofia glomerular, fibrose intersticial e esclerose dos
vasos. O chumbo tem afinidade pelo grupo sulfidrila (SH) que estão presente em
muitas enzimas, ocorrendo dessa maneira à inibição da atividade enzimática
(PATNAIK, 2003).
O chumbo como outros metais pesados, apresenta sua toxicidade afetada
pelo pH (através da oxidação), dureza, matéria orgânica (na forma de
organometálicos) e a presença de outros metais (FATMA, 1981).
3.1.3 Cobre
O cobre é um metal vermelho, mole, dúctil e mecanicamente resistente,
tendo ponto de fusão moderadamente elevado. Quando puro, é um excelente
condutor de calor. O cobre é utilizado em industriais eletrolíticas, metalúrgicas,
pigmentação, fotografia, inseticidas, fungicidas e algicidas (FATMA,1981).
Apresenta uma concentração aproximada de 2,5 x10-4 mg/L na água do
mar e nos depósitos de minerais pode variar de 0,5 a 5% do peso total. Contudo
normalmente o teor de cobre nos minérios é baixo, por esse motivo ele é
concentrado pelo processo de floculação (PEDROZO;LIMA, 2001).
Em condições normais o cobre é relativamente inerte, com exceção ao
ataque de halogênios com os quais reagem violentamente. Os estados de
valência mais comum são +1 e +2; o que torna o Cu +2, mais estável é o alto valor
do calor de hidratação sendo que seus principais minérios são: cobre nativo, Cu;
cuprita, Cu2O; calcocita, Cu2S; calcopirita, CuFeS2; malaquita, Cu2CO3(OH)2 e
azurita, Cu3(CO3)2(OH)2 (PATNAIK, 2003).
No estado metálico a toxicidade do cobre é baixa e os efeitos adversos à
saúde são provocados por inalação de seu pó, fumo ou neblina. A inalação pode
causar irritação nos olhos e das membranas, perfuração nasal, tosse, garganta
seca, dor muscular e febre. Pode causar dermatite pelo contado prolongado do
cobre com a pele. O cobre pode ser acumulado pelo fitoplâncton, molúsculos e
peixes sendo que em concentrações de 0,1 mg/l é tóxico para algumas outras e é
letal acima de 3 mg/l. O cobre atua sinergicamente em presença de zinco,
cádmio, mercúrio e pentaclorofenol (FATMA,1981).
3.1.4 Cromo
O cromo é um metal branco-prateado e brilhante, muito resistente e de alto
ponto de fusão, possui grande resistência a ataques químicos e não se oxida ao
ar sendo que é utilizado em indústrias de tintas, curtumes, fabricação de tijolos
refratários, inibidores de corrosão, metalúrgicas na fabricação de aço-cromo ou
aço-níquel, cromagem de metais e cerâmicas (FATMA, 1981).
Sua produção envolve a transformação do minério em óxido. Ele possui
várias formas de cristalização; Os estados de oxidação são 0+1+2+3+4+5+ 6, dos
quais os mais importantes são o 3 e 6. Os estados 0 e 1 são relativamente raros,
sendo encontrados em alguns complexos como Cr (C6H6)2, o íon cromoso, Cr+2,
está entre os reagentes redutores mais fortes em solução aquosa. O Cr+3, é
extremamente estável, no estado de valência +5 é encontrado no íon cromila,
CrO2+3, e no percromila CrO2
+2, valência +6, que também são encontrados nos
íons cromatos e dicromatos sendo que o minério de Cromo mais importante é a
cromita, FeCr2O4 (PAULING, 1965).
O metal cromo não tem toxicidade. Seus compostos, bi e trivalentes
possuem baixos níveis de toxicidade. A exposição de poeira de cromita e ferro-
cromo pode causar doenças pulmonares, incluindo a pneumociniose e fibrose
pulmonar, entretanto, somente os sais de cromo hexavalente oferecem risco à
saúde, pois as células assimilam mais facilmente os sais de cromo hexavalente
do que qualquer outra valência. A exposição de pó de cromo hexavalente pode
causar úlcera, dermatite, perfuração dos septos nasais e lesões renais; pode
causar também reações de hipersensibilidade na pele e necrose tubular renal
sendo que o cromo é menos tóxico em água salgada, devido à inibição por
cátions, podendo alterar seu efeito tóxico pela variação da salinidade (GUSMÃO,
2004).
Muitos compostos de cromo hexavalente são carcinogênicos, podendo
causar câncer de pulmão em seres humanos e animais, este efeito é atribuído à
conversão intracelular do cromo hexa em cromo trivalente que é mais ativo e
pode ligar-se ao ácido nucléico e assim iniciar a carcinogênese (PATNAIK, 2003).
No ambiente marinho as algas bentônicas, o plâncton, os molúscos, os
crustáceos e peixes podem acumular o cromo em seus tecidos gerando dessa
forma uma bioacumulação na cadeia trófica (FATMA, 1981).
3.1.5 Ferro
O ferro puro é um metal branco-prateado, que oxida rapidamente pelo ar,
mole, flexível e dúctil. Ele representa 4,7% da crosta terrestre sendo que quase
todas as rochas e solos contêm traços de ferro. A maior parte do ferro na crosta
terrestre está presente como Fe+2, que é rapidamente oxidado na superfície do
planeta a Fe+3, sendo esse insolúvel em água, assim, como outros metais, o ferro
é um nutriente essencial para os seres vivos, pois se encontra associado à
hemoglobina existente em vários alimentos ricos em ferro entre eles estão: o
germe de trigo, folha de salsa, lentilhas, feijão, aveia, espinafre, arroz, cereal
cenoura, couve, repolho, entre outros (VENEZUELA, 2001).
O ferro é usado na indústria metalúrgica, como catalisador em reações
químicas, nas indústrias siderúrgicas, na produção de ligas metálicas, na
fabricação de imãs, tintas, pigmentos abrasivos, compostos para polimento, para
soldagem de metais e outros, sendo que os principais minérios de ferro são:
hematita (Fe2O3), limonita (Fe2O3. 3H2O), magnetita (Fe3O4) e a siderita (FeCO3)
(SCHUELER, 2005).
Pedroza (2001) diz que a contaminação por ferro pode ser de forma natural
(desgaste natural de rochas contendo minério de ferro, escoamento superficial do
metal e meteoritos), e de forma antrópica (emissões de material particulado pelas
siderurgias e minerações, efluentes industriais, uso de compostos como agentes
antidetonantes na gasolina e por esgoto doméstico).
No organismo a deficiência de ferro leva o indivíduo à anemia, alteração do
metabolismo muscular e a disfunção do sistema imunológico. Porém o excesso
pode levar à pigmentação da pele, lesão pancreática com diabetes (diabetes do
bronze), cirrose hepática, carcioma hepático, atrofia das gônadas, distúrbios
endócrinos e cardiovasculares. As necessidades nutricionais de ferro dependem
da idade e do sexo. A ingestão diária de ferro recomendada está em torno de 10
mg para os homens adultos e para as mulheres após a menopausa e 20 mg para
mulheres em idade reprodutiva. .A ingestão de ferro diária de 200 mg pode estar
relacionada com efeitos adversos ao organismo e da ordem de 7-35 g pode ser
letal (SCHUELER, 2005).
3.1.6 Mercúrio
O mercúrio é encontrado raramente como elemento livre na natureza,
sendo que está distribuído por toda a crosta terrestre em baixas concentrações,
contudo é encontrado também em baixas concentrações no ar e na água. Ele é o
único metal líquido à temperatura ambiente sendo que seu ponto de fusão é 40ºC
e o de ebulição 357ºC, é um elemento muito denso (13,5 g/cm3), e possui alta
tensão superficial sendo que é imiscível em água e não se oxida a temperatura
ambiente, reage com ácido sulfúrico tanto concentrado como aquecido e com o
ácido nítrico (PATNAIK, 2003).
O minério mais importante é o cinábrio (HgS), encontrado em locais de
atividade vulcânica recente, em veios ou fraturas e próximo de fontes de água
termais (NASCIMENTO; CHASIN, 2001).
Os sais de mercúrio ou o próprio metal podem gerar por processos
biológicos, químicos ou físicos compostos de metil-mercúrio. Esses compostos
são tóxicos por serem solúveis e acabam contaminando às águas dos mares e a
biota aquática (SELLANES, et al, 2002).
O mercúrio é utilizado como catalisador na produção eletrolítica de cloro e
de soda caustica, em baterias domésticas, em várias lâmpadas, em interruptor e
termostatos elétricos, bombas de difusão a vapor de Mercúrio, manômetros, tubos
de raio X, válvulas de rádio, dispositivos de navegação. É empregado também em
medicamentos, no tratamento de minérios de ouro e prata, em fotografia, na
pintura e produção de seda artificial (NASCIMENTO; CHASIN, 2001).
O mercúrio é facilmente absorvido pelas vias respiratórias quando está sob
a forma de vapor ou poeira em suspensão. A absorção pode se dar também pela
pele só que de forma mais lenta, contudo, a ingestão ocasional do mercúrio
metálico na forma líquida não é considerada grave, porém quando inalado sob a
forma de vapores aquecidos é muito perigoso. A exposição ao mercúrio pode
ocorrer ao se respirar ar contaminado, por ingestão de água e comida
contaminada podendo assim prejudicar o cérebro, o fígado, o desenvolvimento de
fetos e causar vários distúrbios neuropsiquiátricos, já que, o sistema nervoso
humano é muito sensível a todas as formas de Mercúrio (TENÓRIO; ESPINOSA,
2000).
3.1.7 Níquel
O níquel corresponde a 0,01 % da crosta terrestre e trata-se de um metal
branco-prateado, dúctil, maleável de peso específico 8,5 g/cm3, o Níquel não se
altera ao ar (oxidação) e reage lentamente com ácidos diluídos, mas não é
atacado por álcalis, possuindo grande resistência mecânica à corrosão
(PATNAIK, 2003).
Os minerais de níquel mais importantes são os sulfetos (milerita e
pentlandita (FeNi9S8)), freqüentemente acompanhados de cobre e cobalto, e a
garnierita ou silicato hidratado de níquel e magnésio. O sulfeto é o principal
mineral utilizado, contribuindo com mais de 90% do níquel extraído (SILVA, 2001).
Cotta (2003) diz que cerca de 70% da produção mundial de níquel é
utilizada na fabricação de aços especiais sendo utilizado em eletrogalvanização
(niquelagem), pigmentos de tintas e vernizes, além de ser usado na cunhagem de
moedas com ligas de cobre e cromo e é também usado como catalisador de
hidrogenação nas indústrias químicas, em velas para motores, indústrias
farmacêuticas e de alimentos.
A toxicidade do níquel para a vida aquática indica tolerância que variam
amplamente e que são influenciadas pelas espécies, pH, efeitos de sinergismo e
outros fatores. Em concentrações de 100 g/L, não seria nocivo à vida aquática,
mas na concentração 310 g/L pode matar larvas de molúsculos bivalves marinho
(FATMA, 1981).
Para Patnaik (2003) a ingestão de níquel pode causar hiperglicemia,
depressão do sistema nervoso central, debilidade do miocárdio e lesão renal. O
contato com a pele pode causar uma dermatite, a inalação da poeira de níquel
pode causar irritação no nariz e trato respiratório.
3.1.8 Zinco
O zinco é um metal branco-azulado de textura laminosa ou granulosa e
maleável e quando puro possui fraca tenacidade, porém possui uma excelente
resistência a corrosão atmosférica. O zinco é utilizado na fabricação de pilhas e
de determinados utensílios sendo utilizado na galvanoplastia e na produção de
algumas ligas metálicas (AUGÉ, 1960).
O zinco representa apenas 0,02 % da crosta terrestre sendo um elemento
essencial para o metabolismo do homem tanto que para a atividade da insulina e
de diversos compostos enzimáticos dependem da sua presença no organismo,
inclusive, nos glóbulos brancos do sangue existem 3 % de zinco. Encontra-se o
zinco na forma de calamita (silicato hidratado de zinco), esmitsonita (carbonato de
zinco), blenda (sulfeto de zinco) e a zincita (óxido de zinco) (FATMA, 1981).
Em concentrações de 5 a 10 μg/l provoca toxidez aguda em organismos
marinhos, sendo os invertebrados os mais sensíveis, podendo acumular o zinco
através da cadeia alimentar. Fatores ambientais como oxigênio dissolvido,
temperatura e particularmente a dureza podem modificar a toxicidade dos
compostos de zinco para animais aquáticos. O aumento da temperatura e a
redução do oxigênio dissolvido aumentam a toxicidade do zinco (FATMA, 1981).
A falta de zinco no organismo pode resultar em efeitos adversos no fígado,
sistema nervoso, olhos, pele e testículos; no entanto a assimilação excessiva
também pode resultar em efeitos adversos. A toxicidade deste metal pela via da
ingestão é baixa e ele é facilmente excretado. O zinco na valência zero tem baixa
toxicidade, já no estado de oxidação ou como um óxido pode apresentar sérios
riscos à saúde. A inalação de Zn+2 ou fumo do óxido metálico pode produzir um
sabor adocicado, tosse, calafrios, febre, garganta seca, vômitos, visão distorcida,
dor, fraqueza e outros sintomas (PATNAIK, 2003).
3.2 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR METAIS
O processo de ocupação humana e desenvolvimento econômico têm
gerado muitos problemas ambientais como, por exemplo, a pesca predatória,
poluição do ar por emissão de gases tóxicos, poluição ambiental do solo e da
água por despejos de produtos químicos como petróleo e metais pesados.
(ARAUJO, et al. 2006).
Entre vários fatores para fazer uma avaliação do nível de contaminação em
ecossistemas aquáticos, o estudo dos sedimentos tem enorme importância, pois
este pode influenciar o metabolismo de todo o sistema devido a sua capacidade
de acumular vários compostos como matérias orgânicas (hidrocarbonetos,
pesticidas) e inorgânicas (metais) pelo processo de decantação em áreas de
baixa hidrodinâmica (ARAUJO, et al. 2006).
Segundo Aguiar, Novaes e Guarino (1991), os metais pesados ocorrem no
ambiente aquático sob diversas formas: em solução na forma iônica ou na forma
de complexos solúveis orgânicos ou inorgânicos; formando ou ficando retidos às
partículas coloidais minerais ou orgânicas; fixando no sedimento; ou incorporados
à biota.
A coluna de sedimentos em ambientes aquáticos, principalmente a sua
fração orgânica, realiza trocas de nutrientes com a coluna da água sobrejacente.
Em geral, os sedimentos não são apenas depósitos de produtos que chegam à
coluna da água, mas representam um compartimento onde ocorre a reciclagem
de compostos, envolvendo processos biológicos, físico-químicos (adsorção,
dessorção), químicos (precipitação, oxidação, redução e complexação) e
processos de transporte (ALMEIDA, et al. 1993).
Nos sedimentos, principalmente a partir da sub-superfície, as condições
redutoras são mais freqüentes e intensas do que na coluna da água onde é
favorecida a redissolução de muitos metais, que então passam a fazer parte da
água intersticial; os sedimentos nesse caso funcionam como reservatório de
espécies dissolvidas para a coluna da água, basicamente através da difusão
molecular via água intersticial, que ocorre no sentido do meio mais concentrado
para o menos concentrado (ALMEIDA, et al. 1993).
Segundo Almeida e colaboradores (1993) a investigação espaço-temporal
resulta na definição das origens dos elementos químicos na água e na coluna de
sedimento, sendo assim, ainda evidenciadas as variações temporais nas
intensidades dessas origens e se são de origem antrópica ou de origens naturais.
O problema de contaminação não é apenas um problema localizado, mas
um problema de escala global. No Brasil, a Baía da Babitonga não é o único
ambiente estuárino com problemas de contaminação por efluentes industriais e
domésticos.
No estuário de Santos-Cubatão o índice de geoacumulação nos
sedimentos superficiais, encontram-se entre os graus 1 e 3 em escala de 0 a 6.
Sendo o Rio Cubatão a principal via de entrada de mercúrio no estuário, pois ele
recebe quase todo o efluente do setor industrial da cidade de Cubatão (SIQUEIRA
et al, 2006)
No sistema estuarino da Baia de Vitória no Espírito Santo, estudos
demonstraram que os sedimentos de alguns pontos próximos à região da Ilha de
Vitória estão contaminados por cobre, manganês, chumbo, zinco e mercúrio
(JESUS, 2004).
No Arroio do Salso em Porto Alegre estudos mostraram que metais como
chumbo, níquel, cobre, cromo e zinco, foram introduzidos por fontes cujas origens
estão em áreas urbanas provenientes do carregamento de partículas através das
águas de escoamento e dos efluentes das áreas industrializadas. Em alguns
casos a mineralogia do local contribui para um acréscimo de metais na água e no
sedimento (SOARES et al., 2002).
No Rio Morrão, na região estuarina de Santos-Cubatão a contaminação por
níquel, zinco, cromo, cobre e chumbo, podem estar associado à atividade
industrial, sendo esses elementos utilizados em galvanoplastia, baterias,
equipamento elétricos, fotográficos e tintas de embarcações. Já o cádmio nesta
região pode estar associado à agricultura e os despejos industriais (SILVA, et. al.,
2006).
Na legislação brasileira não há uma resolução que defina padrões da
quantidade de metais em sedimento, o que se encontra na legislação é a
resolução do CONAMA 344 de 25 de março de 2004, que dispõe sobre padrões
para material a ser dragado. Comparando-se os dados dos trabalhos aqui citados
com os valores da legislação atual sobre material a ser dragado, podemos
visualizar o efeito causado pelo processo de industrialização (tabela 1).
Tabela 1 – Concentrações de elementos em diferentes trabalhos realizados confrontados com padrões da resolução do CONAMA nº344 (2004), referentes aos níveis de classificação do material a ser dragado.
Elementos mg/kgLocal Cd Cr Cu Hg Ni Pb Zn Autor / Ano
Arrio do Salso – Porto Alegre 29,58 22,79 9,56 30,49 120,71 SOARES et al (2002)
Baia da vitória – Espírito Santo 89 61 0,26 43 52 180 JESUS (2004)
Rio Morrão – Santos-Cubatão 0,73 127 91 0,45 36 104 440 SILVA et al (2006)
Baia da BabitongaJoinville 0,015 45,50 30,37 0,14 36,95 18,66 140,35 TURECK (2002)
1,2 81 34 0,15 20,9 46,7 150CONAMA (2004) Nível 1
9,6 370 270 0,71 51,6 218 410CONAMA (2004) Nível 2
OBS: valores de nível 1: limiar abaixo do qual se prevê baixa probabilidade de efeitos adversos à biota; valores de nível 2: limiar acima do qual se prevê um provável efeito adverso à biota;Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
3.3 AMBIENTES COSTEIROS E SUA IMPORTÂNCIA
A costa brasileira possui um conjunto de ecossistemas de alta relevância
ambiental, entre os quais podemos citar, os manguezais, restingas, dunas, praias
arenosas, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias, recifes de corais e
outros ecossistemas estuarinos importantes do ponto de vista ecológico como
lagunas e desembocaduras de rios, pois são nesses lugares de águas calmas e
pouco profundas, os peixes encontram condições ideais para a desova e
desenvolvimento. Esses diferentes tipos de formações devem-se, às diferenças
climáticas e geológicas da costa brasileira (IBAMA, 2005).
A densidade demográfica média da zona costeira brasileira esta em torno
de 87 hab./km2, cinco vezes superior à média nacional que é de 17 hab./km2. Pela
densidade demográfica nota-se que a formação territorial foi estruturada a partir
da costa. Hoje, metade da população brasileira reside numa faixa de até duzentos
quilômetros do mar, o que equivale a um efetivo de mais de 70 milhões de
habitantes. Por proporcionar melhores condições de habitação e de
desenvolvimento, o Homem concentrou-se mais próximo à costa (GESAMP,
2001).
Ao menos a metade das florestas de mangue do mundo foi perdida ao
longo do último século, a exemplo, e 70 % dos recifes corais estão ameaçados. A
grande importância ecológica e social dos estuários fundamenta-se,
principalmente, por serem habitats rasos. Estes habitats constituem num dos mais
produtivos ecossistemas do planeta, sendo responsáveis pela manutenção de
uma complexa teia biológica, que é iniciada na degradação das folhas por
microrganismos decompositores, chegando aos peixes e mamíferos até o homem
(BDT, 2000).
Os estuários têm uma importância histórica e contínua para o
desenvolvimento de todas as atividades do homem. Dois terços das grandes
cidades distribuídas em todo mundo estão localizadas em áreas de estuários ou
nas vizinhanças. As facilidades para as construções de instalações portuárias, a
abundância e diversificada comunidade biológica e a capacidade natural dos
estuários em renovarem sistemática e periodicamente as suas águas, foram
também as principais razões para o estabelecimento e desenvolvimento das
principais cidades brasileiras nas proximidades de estuários (MIRANDA, 1984).
Observa-se ainda que existe uma relação de equilíbrio entre a população
que ocupa as bordas dos manguezais e o nível de produção de matéria e energia
do ecossistema. Quando se inicia a influência antrópica externa e nociva, os
níveis de equilíbrio são alterados, gerando conflitos de ordem sócio-econômica,
com a diminuição dos produtos naturais provenientes de seus bosques, bem como
o comprometimento da qualidade das águas circundantes. Essa intensa ocupação
desordenada e caótica do território, muitas vezes em zonas de risco, o completo
desrespeito pela capacidade de carga dos locais, a sobre-exploração dos recursos
criam pressões e alterações significativas, conduzindo a graves conflitos de usos
como é o caso de resíduos que são depositados próximos a esses ecossistemas e
depois são transportados para o seu interior pela ação da maré. (BDT, 2000).
4 ÁREA DE ESTUDO
4.1 BAÍA DE BABITONGA
A Baía da Babitonga esta localiza na costa norte do Estado de Santa
Catarina – Brasil e situa-se entre as coordenadas geográficas de 26º02’-26º28’S e
48º28’-48º50’W, possuindo uma extensão de 160 Km2 de lâmina de água (KNIE,
2003).
26º00’S 48º30’W
Figura 1 - Mapa de localização do 26º30’S 49º00’W
ponto de amostragem e da área
em estudo.
Fonte: Bellotto, V.R. (2006).
A baía é o ponto inicial da colonização do nordeste catarinense, foi no
porto de São Francisco do Sul que os primeiros imigrantes desembarcaram e
foram deslocados em embarcações menores à seus destinos.
O complexo hídrico da Baía da Babitonga, com 1.400 Km2, abrange parte
dos municípios de Joinville, São Francisco do Sul, Garuva, Araquari, Balneário
Barra do Sul e Itapoá (KNIE, 2003).
A Baía da Babitonga contava com duas grandes entradas. Após o
fechamento o fluxo das águas, dos sedimentos e espécies marinhas que ficaram
restritos ao canal do norte da ilha de São Francisco do Sul (LEITE, 1991).
No complexo da Babitonga podemos encontrar uma extensa área de
mangue onde vivem e reproduzem várias espécies de aves, crustáceos etc.
Essas áreas são utilizadas como recreação através da prática de esportes
náuticos (vela e motor), pesca artesanal e semi–industrial e como via de
transporte para a população existente na região (FATMA, 1982).
Segundo Knie (2003) a Baía da Babitonga é a mais importante formação
de águas marinhas interiores no norte de Santa Catarina, a profundidade varia
entre 10 a 15 m no canal principal conferindo boa navegabilidade na região, onde
se destaca o Porto de São Francisco do Sul.
O volume da Baía da Babitonga aproximado é de 7,8 x 108 m3 de água e
que devido ao fenômeno de maré pode ter uma renovação de até 20% do seu
volume. O complexo da Babitonga recebe influência das bacias hidrográficas dos
Rios Cachoeira, Cubatão, Palmital, Pirabeiraba, Três–Barras, Parati entre outros
menores. Sendo que o Rio Cachoeira recebe e transporta grandes quantidades
de esgotos domésticos e efluentes industriais para a baia; assim como o Rio
Cubatão transporta o efluente do Distrito Industrial, além dos pesticidas e
fertilizantes da região agrícola (FATMA, 1981).
4.2 OCUPAÇÃO HUMANA E ATIVIDADES SÓCIO-ECONÔMICAS
O complexo abrange parte dos municípios de Joinville, São Francisco do
Sul, Garuva, Araquarí, Balneário Barra do Sul e Itapoá.
4.2.1 Joinville
A terra onde hoje está à cidade foi doada ao Príncipe de Joinville, em 1843,
como dote da princesa Carolina, irmã do imperador Dom Pedro II sendo que parte
das terras foi negociada com a Sociedade Colonizadora Hamburguesa e em
março de 1851 chegaram os primeiros 118 imigrantes alemães e suíços, seguidos
de um grupo de 74 noruegueses. Entre 1851 a 1902, foram trazidos 20.000
imigrantes sendo das mais variadas ordens: operários, intelectuais, agricultores e
profissionais liberais (MILBRADT, 2001).
No início do século XX, a indústria e o comércio, começavam a se
destacar, na cidade de Joinville onde já havia quatro engenhos de erva-mate, 200
moinhos, onze olarias.
No início do século XX, alguns fatores colaboraram para o aceleramento do
desenvolvimento da cidade: a inauguração da Estrada de Ferro São Paulo-Rio
Grande, que passava por Joinville, rumo à São Francisco do Sul; surgimento da
energia elétrica, o primeiro automóvel, o primeiro telefone e o sistema de
transporte coletivo. Na educação, o professor Orestes Guimarães promove a
reforma no ensino em Joinville (IPPUJ, 2006).
Muitas empresas foram fundadas entre 1946 e 1972 de Joinville, conforme
tabela 2, somente Afonso Meister S.A e Granalha de Aço não operam mais.
Tabela 2 - Data de fundação, nomes das empresas e o setor de atuação entre os anos de 1946 a 1972:
ANO NOME DA EMPRESA SETOR1946 Carrocerias Nielson Transporte Urbano1948 Strauhs Equipamento e Fundição Metal / Mecânica1950 Metalúrgia Douat Metal / Mecânica1950 Consul Transformação1950 Campeã S.A. Indústria Têxtil Têxtil1950 Afonso Meister S.A Metal / Mecânica1951 Malharia Princesa Têxtil1952 Impressora Impiranga Edição / Gráfica1953 Granalha de Aço Metal / Mecânica1953 Tecido Dona francisca Têxtil1954 Incasa Indústria comércio catarinense Transformação
Continua
continuação1956 Docol Indústria e comércio Metal / Mecânica1958 Cia Industrial H. Carlos Schineider Metal / Mecânica1960 Kavo do Brasil S.A Metal / Mecânica1963 Metalurgia schulz Metal / Mecânica1970 Albrecht Equipamento Industriais Metal / Mecânica1972 Hansen Máquinas Metal / Mecânica1955 Metalurgia Duque Metal / Mecânica
Fonte: Rocha (1997).
Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda a cidade tem 31.124
empresas registradas entre comércios, indústrias de transformação e prestação
de serviços conforme a tabela 3.
Tabela 3 - Empresas de Joinville, por setor de atividades entre 2000 e 2005:
ATIVIDADE ECONOMICA 2000 2001 2002 2003 2004 2005Comércio 10.47
1 9.421 9.232 10.160
10.314 10.566
Indústria e Transformação 1.683 1.544 1.514 1.670 1.705 1.698
Prestação de Serviço 12.679
11.404 11.313 11.53
112.04
5 12.393
Prestação de Serviço Autônomo 9.130 6.796 6.653 7.128 6.941 6.467TOTAL 33.963 29.165 28.540 30.489 31.005 31.124
Fonte: (IPPUJ, 2006).
Segundo MILBRADT (1992) Joinville se destaca como mais populoso e
industrializado município de Santa Catarina. Atraídos pelo desenvolvimento
industrial pessoas de várias cidades migraram para Joinville atrás de uma
oportunidade de emprego.
A tabela 4, abaixo demonstra a taxa a crescimento da população durante
1960 e 2005.
Tabela 4 - Crescimento populacional em Joinville entre os anos de 1960 e 2005:
Anos Taxa Média de Crescimento Número de Habitantesno final da Década
1960 a 1970 6,07% 69.6771970 a 1980 6,04% 126.0951980 a 1991 3,60% 235.8121991 a 1996 2,50% 347.1511996 a 2000 2,45% 429.6042000 a 2005 1,90% 487.045*
Obs: no Censo de 2000, não foi incluído a parte de Araquari anexado a Joinville em 05/10/2001.Fonte: (IPPUJ, 2006).
Todo o crescimento demográfico e industrial neste período trouxe danos
ambientais e estes trouxeram também problemas sociais que persistem até os
dias atuais, como desemprego, miséria, criminalidade, falta de segurança pública
e infra-estrutura deficitária (PROMOTUR, 2006)
Com a construção da rede Ferroviária, a região teve um forte impulso de
desenvolvimento. A importância dos trens para a economia de São Francisco do
Sul se mantém até hoje, já que neles os produtos do município são transportados
até o porto. No século XX, a localização do porto mudou, permitindo maior
movimento de navios (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 2006).
4.2.2 São Francisco do Sul
São Francisco do Sul é a terceira cidade mais antiga do Brasil – a ilha foi
descoberta em 1504 pelo francês Binot Paulmier de Goneville. Em 1553
chegaram os espanhóis, que construíram a capela de Nossa Senhora das
Graças, mas o povoamento efetivo da cidade só aconteceu a partir de 1658. O
tombamento do centro histórico da cidade garantiu a preservação dos prédios e
da riqueza arquitetônica da época colonial, (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO,
2006).
São Francisco do Sul é o quinto maior porto brasileiro em movimentação
de contêineres. Mais de 70% da renda do município são gerados pela
movimentação portuária, com destaque também para o turismo e o comércio. Na
área de industrial São Francisco do Sul tem o Grupo Vega do Sul e o terminal da
Petrobrás (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO, 2006).
4.2.3 Garuva
A primeira tentativa de implantar o município de Garuva aconteceu em
1841, com o colonizador francês Benoit Jules de Mure. A estrutura baseava-se
em uma colônia de produção e consumo, mas o sistema não deu certo. A
iniciativa de colonizar a região, contudo, originou o povoado de São João do
Palmital, ligado a São Francisco do Sul. O desenvolvimento arrastou-se por
décadas. A maioria dos moradores da colônia seguiu para o norte do Estado à
procura de trabalho e, próximo a BR-101, formou outra comunidade, onde hoje
fica a sede do município.
Segundo o IBGE (2000) a população de Garuva é de 11.378 habitantes.
Somente a partir de 1914, com a chegada dos portugueses Cândido da Veiga e
Tolentino Salvador, a localidade progrediu com mais rapidez. Em 29 de fevereiro
de 1964, Garuva foi desmembrada de São Francisco do Sul, tornando-se
município autônomo (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 2006).
Garuva se destaca na agricultura pelo cultivo da banana, arroz irrigado e
aipim; possui algumas microempresas no setor de alimentos, têxteis, moveleiro e
comércio. O reflorestamento ocupa uma área de 1.400 hectares de pinus e 132
hectares de eucalipto, destinados a indústria moveleira (KNIE, 2003).
4.2.4 Araquari
A História de Araquari começa 40 anos depois do descobrimento do Brasil.
O navegador espanhol Álvaro Nunes Cabeza de Vaca. Em 1658, os primeiros
bandeirantes portugueses fixaram-se na região, mas a fundação efetiva da vila só
aconteceu em 1848. A emancipação política aconteceu no dia 05 de abril de
1876. O nome definitivo de Araquari (rio de refúgio dos pássaros, em tupi-guarani)
veio apenas em 1943 (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 2006).
Do município de Araquari foram desmembrados os municípios de Barra
Velha em 7 de dezembro de 1961, e Barra do Sul, em 9 de janeiro de 1992
(PREFEITURA DE ARAQUARI, 2006).
Na cidade de Araquari a economia é predominantemente das atividades
agropecuárias, a área cultivada do município é de 2.665 hectares, onde
predominam o cultivo de maracujá, banana, arroz, e oleicultura. A pecuária conta
com um rebanho de 10.000 cabeças de bovinos e 1.000 cabeças de suínos;
embora boa parte de sua mão-de-obra produtiva trabalhe nas industriais da
cidade de joinville no município existem algumas indústrias de fundição de
pequeno porte (GOVERNO DE SANTA CATARINA, 2006).
4.2.5 Balneário Barra do Sul
Localizada a 45 km de Joinville, Balneário Barra do Sul teve sua
emancipação da cidade de Araquari em 09 de janeiro de 1992. O Balneário
começou a desenvolver-se realmente a partir da metade do século XX, com a
implantação de diversas colônias de pescadores, além de se destacar no ramo
construção naval e pesqueiro, onde se encontram hoje cadastrados 450
pescadores profissionais e 130 embarcações; ainda apresenta um número
expressivo de estabelecimentos comerciais, e de prestação de serviços, estes
perfazem um total de 262 estabelecimentos comerciais e uma indústria Balneário
Barra do Sul tem uma população de 6.832 habitantes em 110,6 km2 podendo
chegar a 50.000 mil na temporada de verão (PREFEITURA DE BARRA DO SUL,
2006).
4.2.6 Itapoá
Com as águas mais quentes do sul do Brasil, Itapoá oferece 100% de
balneabilidade durante o ano todo. A cidade foi fundada em 26 de abril de 1989.
Itapoá esta localizada no Norte do Estado, a 80 km de Joinville. O município, que
pertenceu a São Francisco do Sul e a Guaruva, tornou-se independente em 1989.
No censo de 2000, Itapoá tinha uma população de 9.440 habitantes
segundo IBGE atualmente calcula-se aproximadamente 15.000 habitantes, sendo
que durante a alta temporada de verão que vai de dezembro a fevereiro, a
população de Itapoá flutua entre 200.000 pessoas aproximadamente (ITAPOÁ,
2006).
No município de Itapoá o turismo é a principal fonte econômica, seguido da
agricultura onde são cultivadas culturas como: arroz, banana e mandioca; o
reflorestamento esta presente em 1860 hectares sendo que a pesca era uma
atividade complementar no passado, com o processo de industrialização e a
expansão da agropecuária em áreas próximas a Baia, a atividade da pesca
deixou de ser meramente uma atividade complementar, os habitantes do local
passaram a ter a pesca como atividade exclusiva de sobrevivência (KNIE, 2003).
4.3 A PESCA COMO ATIVIDADE
A pesca realizada no complexo da Baía da Babitonga é artesanal e as
principais espécies capturadas são: a tainha (Mugil curema), a miraguaia
(Pogonias cronis), o bagre (Sciadeichthys luniscutis), o camarão (Penaeus
paulensis) etc. O contingente é de mais ou menos de 1.089 pescadores que
trabalham diretamente com a pesca (IBAMA, 1998).
O potencial pesqueiro da baía pode estar sendo ameaçado pela pesca
predatória e pela destruição de seus mangues; outros impactos que interferem
direta ou indiretamente no ecossistema são a construção de novas empresas,
além do trânsito de navios que despejam hidrocarbonetos na água, as obras de
ampliação do porto destroem a fauna e flora existente no local pela dragagem de
sedimento do canal. Deixando dessa forma uma dúvida sobre o futuro ambiental
da baía.
5 DADOS PRETÉRITOS.
Foram empregadas duas abordagens distintas para avaliação da evolução
temporal e das condições atuais da contaminação da Baia da Babitonga por
metais; a primeira abordagem foi a do levantamento de dados pretéritos e a
segunda abordagem foi o estudo de uma coluna de sedimento na região do Canal
do Linguado na Baia da Babitonga.
Como há poucos registros de dados de sobre metais na região, os mesmos
foram relacionados neste trabalho.
5.1 COLETA E ANÁLISE TEMPORAL DOS DADOS PRETÉRITOS
Buscou-se junto à literatura dados sobre metais no sedimento, na água e
em organismos, os pontos de coleta estão relacionados com a data de realização
do estudo, autor de cada trabalho, data de publicação e por setor para melhor
visualização. Os primeiros trabalhos com amostras de sedimento foram realizados
pela FATMA - Fundação de Amparo Tecnológico ao Meio Ambiente (1981) -
Diagnóstico preliminar-Presença de metais pesados na Baia de Babitonga, (1982)
- Presença de metais pesados na Baia de Babitonga-segunda campanha, (1985) -
Presença de metais pesados na Baia de Babitonga; Prefeitura Municipal de
Joinville (1991) – EIA/RIMA das obras de dragagem no complexo estuarino do Rio
Cachoeira e Lagoa Saguaçú; TURECK (2002) - Avaliação do crescimento e
contaminação em Crassostreagigas (Molusca, Bivalve) cultivados na Baía da
Babitonga, Santa Catarina; OLIVEIRA (2006) - Aspectos Físico-Químicos das
águas o ambiental da Baía da Babitonga (In: Diagnóstico ambiental da Baía da
Babitonga). Não há um estudo sobre a coluna de sedimento. Os dados coletados
dos estudos anteriores são referentes a amostras de superfícies. Para a análise
de sedimento a técnica utilizada foi: espectrometria de absorção atômica.
Na avaliação de dados das amostras de água foi acrescentado aos
trabalhos já citados o estudo realizado por OLIVEIRA (1998/1999) -
Monitoramento Físico-Químico e Bacteriológico das Águas da Baía da Babitonga;
As coletas de amostras eram feitas a mais ou menos 20 cm de profundidade. Nas
análises de água, as técnicas utilizadas foram: espectrometria de absorção
atômica e espectrometria UV.
Para a avaliação da contaminação dos organismos marinhos foram
utilizados os dados dos trabalhos da FATMA (1981, 1982, 1985); TURECK
(2002); BRITO (2005) – Avaliação dos efeitos biológicos da contaminação
química na Baia da Babitonga – SC, utilizando biomarcadores de efeitos (teste do
vermelho neutro e micronúcleo) em Perna perna e Myella guvanensis; OLIVEIRA
(2006) - Diagnóstico ambiental da Baía da Babitonga . Para análise de metais em
tecido, as amostras eram compostas de diversas espécies de peixes e
crustáceos, entre eles podemos destacar: robalos (Centropomus paralellus), a
tainha (Mugil curema), a miraguaia (Pogonias cronis), o bagre (Sciadeichthys
luniscutis), o camarão (Penaeus paulensis), siris (Callinectes sp ), caranguejos
(Ucides cordatus), mexilhões (Perna perna) e ostras (Crassostrea sp). O tipo e
material também coletado eram as vísceras e músculos. Para a análise de tecidos
as técnicas utilizadas foram: espectrometria de absorção atômica.
Os dados foram organizados em forma de tabelas por segmentos
(sedimento, água e organismos) onde as colunas indicam as concentrações dos
metais e as linhas os respectivos anos em que o estudo foi realizado, sendo os
mesmo analisados por setores definidos pelos pontos de amostragem de cada
trabalho.
Foram definidos os seguintes setores:
Setor 1 – Lagoa do Saguaçú;
Setor 2 – Palmital;
Setor 3 – Canal Principal;
Setor 4 – Canal do Linguado.
Com os dados já organizados foram gerados gráficos para cada elemento
(metal) para melhor visualização da evolução do elemento durante o período de
industrialização da região e comparação com os limites estabelecidos pela
legislação atual.
5.2 ESTUDOS DE TESTEMUNHOS
5.2.1 Coleta do testemunho
Foi coletado um testemunho de 65 centímetros na Baia da Babitonga em
área de baixa hidrodinâmica próximo a Ilha dos Papagaios, no canal que antes
dava acesso ao Balneário Barra do Sul (coordenadas 26o19’59”S/48o41’30”W);
nessas áreas há um acúmulo maior de sedimento fino.
Para coletar o testemunho foi utilizado um tubo de PVC de 70 mm de
diâmetro cortado na transversal e unido com fita branca. Depois de introduzido o
tubo no sedimento foi fechado sua parte superior para criar pressão e poder puxar
a coluna de sedimento; sendo a parte inferior também fechada após a retirada da
amostra, assim, devidamente lacrado o tubo com o testemunho foi congelado.
5.2.2 Preparação do testemunho
Depois de congelado, a fita que envolvia o tubo foi retirada com o auxílio
de bisturi de aço inox; uma lateral do tubo foi retirada com cuidado para fazer uma
avaliação de coloração do sedimento como mostrada na figura 2.
Para o fracionamento da amostra adotou-se o intervalo de cinco
centímetros, esse intervalo refere-se à datação radiológica realizada para tese de
doutorado ALEXANDRE (2006), no mesmo testemunho.
Figura 2 - Amostra de sedimento, com 60 cm, congelada e sem uma lateral do tubo coletor coletada no setor 4. Fonte: BELLOTTO, V.R. (2006).
Em seguida a amostra foi seccionada com uma espátula de polietileno para
evitar a contaminação por metais.
Cada amostra foi colocada em uma cápsula devidamente identificada com
o ponto de coleta e a profundidade correspondente à coluna de sedimento,
figura3.
Figura 3 - Identificação do ponto de coleta e do intervalo de 5 cm da amostra correspondente à profundidade de 15 a 20 cm. Fonte: BELLOTTO, V.R. (2006).
Com o auxílio do bisturi de aço inox, a amostra foi totalmente
desmanchada para retirada de materiais como restos de material vegetal grosso
(restos da vegetação do mangue) e material carbonáceo (fragmentos de conchas)
como observado na figura 4.
Figura 4 - Amostra de sedimento na cápsula contendo fragmentos de conchas e restos de vegetação de mangue, indicados pelas setas vermelhas.Fonte: BELLOTTO, V.R. (2006).
Após a retirada de todos os fragmentos grosseiros (conchas e fibras
vegetais) as amostras foram colocadas na estufa a 50°C para secagem até
obtenção de peso constante. Depois o material foi macerado e homogeneizado
com o auxílio de um almofariz e um pestilo (MUDROCH; AZCUE 1997).
Terminado o processo de preparação do material, foi utilizada a peneira de
diâmetro de malha de 63µm para separar a fração silte + argila da fração arenosa.
A peneira é de polietileno para evitar a contaminação da amostra por metais O
processo de peneiramento foi feito por via úmida. Novamente o sedimento fino foi
levado à estufa para secagem.
5.3 DETERMINAÇÃO DE METAIS
Foram empregados dois métodos de extração distintos, com o objetivo de
avaliar a proporção dos metais biodisponíveis, presentes na fração trocável, em
relação à concentração total de metais no sedimento. A determinação quantitativa
foi realizada por espectrometria de absorção atômica.
A espectrometria de absorção atômica (AAS) revolucionou a determinação
de elementos metálicos durante os anos de 1950 e 1960. O método consiste em
determinar a presença e a quantidade de um determinado metal em uma solução
injetada num atomizador usando como princípio a absorção de radiação
ultravioleta (RIBEIRO; ARRUDA; CADORE, 2001).
5.3.1 Digestão ácida para extração dos metais:
5.3.1.1 Extração total de metais a partir dos sedimentos
A digestão foi realizada em béquers de teflon devidamente identificados;
foram pesadas amostras em triplicata de ± 0,5 gramas de sedimento seco e
homogeneizado. Foram adicionados 2ml de H2O purificada no sistema Milli-Q. Em
seguida adicionado 5ml de HNO3, 5ml de HF e 5ml de HCl e levado ao bloco
digestor a 150°C, por 5 horas e em seguida evaporado até secura total da
solução, com posterior redissolução à quente com 15ml de HNO3 1% (SupraPur ®
- marca Merck). Após a digestão as amostras foram transferidas para frascos de
polietileno e conservadas a 4°C (APHA, 1999).
5.3.1.2 Extração parcial de metais a partir dos sedimentos (fração trocável)
Para a análise de metais na fração trocável foram pesadas amostras em
triplicata de ± 1,00 grama de sedimento e adicionados 10ml de HCl 0,5N. As
amostras foram mantidas em suspensão sob agitação de 35 rpm em uma mesa
agitadora orbital a temperatura ambiente durante 24 horas. Após esse processo
de digestão as amostras foram centrifugadas a uma rotação de 2500 rpm durante
5 minutos, sendo a parte líquida da amostra recolhida e acondicionada em frascos
de polietileno e conservada a 4°C, para posterior leitura (APHA, 1999).
5.3.2 Determinação quantitativa de metais
As análises foram efetuadas com o Espectrofotômetro de Absorção
Atômica com atomização por chama (AAS marca Perkin Elmer modelo 3110) para
Fe e Espectrometria de Absorção Atômica com atomização eletrotérmica (forno
de grafite) com correção de background por efeito Zeeman (AAS marca
Analytikjena modelo ZEEnit 600), com injeção automática de amostras através de
sistema auto-amostrador, para cádmio, chumbo, cobre, cromo, níquel e zinco
(APHA, 1999).
5.3.3 validação do método Análítico
Para avaliar a exatidão analítica dos procedimentos empregados na
digestão total dos sedimentos utilizou-se o material de referência certificado SRM
1464a – NIST de sedimento estuarino. Três alíquotas de mesma massa do
material de referência sofreram o mesmo procedimento analítico das amostras e
ao mesmo tempo que elas.
5.4 ANÁLISE DOS PERFIS DOS METAIS NO SEDIMENTO
Foram analisados os perfis verticais com os dados brutos e normalizados.
Além disso, determinou-se o fator de enriquecimento para cada metal no
sedimento.
5.4.1 Normalização geoquímica
Para avaliar a ocorrência de contaminação por metais traço nas amostras
de sedimento foi feita a normalização geoquímica, através da identificação de um
elemento da geologia local que seja representativo, ou seja, um elemento natural
que apresenta uma concentração elevada e que suas concentrações serão
alteradas apenas por fenômenos naturais, como por exemplo, modificações na
mineralogia ou granulometria. A normalização geoquímica baseia-se na
normalização matemática das concentrações de metais traço com as
concentrações de um elemento representativo das mudanças relacionadas ao
tamanho de grão e mineralogia (FORSTNER & SALOMONS,1984).
5.4.2 Fator de enriquecimento
O fator de enriquecimento é utilizado para quantificar a concentração de
um elemento em amostras de sedimentos, em relação ao “background”, ou seja, o
nível da base natural. Os efeitos de granulometria e de mineralogia são
minimizados pela utilização de um elemento normalizador (SILVA, 2006).
F.E = (X/Me)1/ (X/Me)ref
onde: X1 é o elemento a ser investigado;
Me: é o elemento normalizador da amostra;
(X / Me)ref: são valores de referência padrão
Os valores utilizados para (X/Me)ref: 4,1 % Fe; 0,11 µg/g Cd; 14 µg/g Pb;
50 µg/g Cu; 100 µg/g Cr; 80 µg/g Ni e 75 µg/g de Zn, foram obtidos da literatura
em função de não ter um nível da base natural local. Esses valores são referentes
aos valores da crosta terrestre para os metais investigados (FORSTNER &
SALOMONS,1984).
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 ANÁLISE TEMPORAL DOS DADOS PRETÉRITOS
Todos os pontos de coletas foram identificados no mapa da área de estudo
segundo a data de coleta, o nome do autor e a data de publicação de cada
trabalho.
Figura 5 - Mapa da Baia da Babitonga indicando os pontos de coletas com as datas de realização, nomes dos autores e suas datas de publicação.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2007).
Como a
variação
● 1981 FATMA (1981) ●1998-1999 OLIVEIRA (1999)● 1982 FATMA (1982) ■ 2000-2001 TURECK (2002)● 1985 FATMA (1985) ■ 2002-2003 BRITO (2005)● 1991 Prefeitura Municipal de Joinville (1991) ■ 2003-2004 OLIVEIRA (2006)
nas concentrações dos metais é significativa, cada elemento será avaliado
individualmente e por compartimento (água, organismos biológicos e sedimento).
6.1.1 Água
No presente trabalho os dados levantados na literatura foram compilados e
discutidos sob o aspecto da evolução temporal das concentrações dos metais
entre a década de 1980 e de 2000. Sendo que para a avaliação da existência e
níveis de contaminação, tomou-se por base a legislação brasileira, a resolução do
CONAMA 357, que dispõe sobre qualidade das águas (CONAMA, 2005).
Os principais metais investigados, desde a década de 1980, na Baía da
Babitonga foram: cádmio, chumbo, cobre, cromo, níquel e zinco. Na maior parte
dos estudos foram analisadas amostras de água coletadas em diferentes setores
da Baía da Babitonga: Lagoa do Saguaçú, Canal do Palmital, Canal Principal e
Canal do Linguado. As amostras sofreram digestão ácida e analisadas por
espectrometria de absorção atômica e espectrometria UV.
Dentro de um contexto de evolução, os metais tiveram comportamento
semelhante em todos os setores da Baía, podendo ser divididos em três grupos.
Os elementos: cobre, zinco e ferro, tiveram um padrão semelhante entre si,
verificando-se uma alta expressiva nas concentrações de 1981 até 1999, seguida
de uma diminuição, nos anos seguintes para todos os setores.
Pela legislação a concentração máxima permitida de cobre em águas
salobras de classe 1 é de 0,005 mg/L.
Produtos a base de cobre figura 6, para conservação de madeira,
pesticida, cobre de origem geológica e produtos utilizados nos processos
industriais podem ter contribuído para o aumento de Cobre na água nos quatro
setores, podendo-se observar o mesmo padrão de elevação na concentração
entre os anos de 1981 a 1999 nos setores: Lagoa do Saguaçú, Canal do Palmital
e Canal Principal, onde a concentração desse metal atingiu quase 0,5 mg/L, valor
este quase 100 vezes acima do limite estabelecido pela legislação. Entretanto, a
partir de 1999 verifica-se uma queda na concentração de cobre na água, mesmo
assim todos os valores estão acima do padrão, segundo a legislação, como
mostra a figura 6. Os metais presentes em amostras de água indicam
contaminação recente, pois na Baía a renovação da água é constante. Santos et.
al (2004) diz que os valores variavam entre 0,054 a 0,107 mg/L de cobre na Baia
de Paranaguá no Paraná, demonstrando que esse ambiente está muito menos
impactado que a Baia da Babitonga. Valores menores também foram encontrados
no Estuário da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul, onde, segundo Barbosa
(2006), a média de cobre no ano de 1997 foi de 0,0268 mg/L e ano de 2001 de
0,0026 mg/L.
00,050,1
0,150,2
0,250,3
0,350,4
0,450,5
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Cu
(mg/
L)
1981198519981999200020012003
Figura 6 - Gráfico da variação temporal da concentração de cobre em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Na literatura foram encontrados valores acima de 0,09 mg/L de zinco, nos
anos de 1981, 1985 e 2001 nos setores da Lagoa do Saguaçú e Canal Principal.
Nos setores Lagoa do Saguaçú, Palmital e Canal do Linguado, podem observar-
se um decréscimo na concentração de zinco entre os anos de 1985 a 2003, no
mesmo período no setor Canal Principal observou-se uma oscilação durante a
diminuição na concentração, essa oscilação pode ser devido ao aumento do
trafego naval e pequenas empresas da região de São Francisco do Sul, como
mostra a figura 7.
Limite estabelecido pelo CONAMA 357/2005
00,050,1
0,150,2
0,250,3
0,350,4
0,45
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Zn (m
g/L)
1981198519981999200020012003
Figura 7 - Gráfico da variação temporal da concentração de zinco em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Santos et. al. (2004) encontrou valor médio de 0,255 mg/L de zinco na Baia
de Paranaguá, os valores encontrados ficaram acima aos da Baia da Babitonga,
podendo este ser causado pelo fluxo de navios. Concentrações de zinco na água
superficial do estuário da Lagoa dos Patos apresentaram valores próximos a
0,0326 mg/L no ano de 1997 e de 0,009 mg/L no ano de 2001, segundo Barbosa
(2006), estuário da Lagoa dos Patos não apresenta impacto por zinco quando
comparado com a Baia da Babitonga e a Baia de Paranaguá.
Na literatura foram encontradas análises de ferro nos setores Lagoa do
Saguaçú, Palmital e no Canal Principal nos anos de 1998 e 1999; observou-se um
decréscimo nos valores encontrados, mesmo assim está acima do limite
estabelecido pelo CONAMA 357 de 0,3 mg/L de Ferro como mostra a figura 8.
Valores superiores ao da Baia da Babitonga foram encontrados na Baia de
Paranaguá por Santos et. al (2004), onde a concentração variou entre 0,4191 a
1,043 mg/L.
Limite estabelecido pelo CONAMA357/2005
00,10,20,30,40,50,60,70,80,9
1
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
setores
Fe (m
g/L)
19981999
Figura 8 - Gráfico da variação temporal da concentração de ferro em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Em outro grupo de elementos, cádmio, cromo e níquel, tiveram um padrão
semelhante entre si e contrário ao do primeiro grupo. Neste grupo verificou-se
uma diminuição nas concentrações de cromo e níquel até 1985, seguida de uma
elevação até 2003. Cádmio teve um comportamento diferente no setor do Canal
Principal dos demais metais analisados.
Segundo a legislação do CONAMA nº. 357 de 17 de março de 2005, para
águas salobras classe 1, a concentração limite de cádmio é de 0,005 mg/L. O
primeiro trabalho realizado que detectou cádmio na água foi realizado pela
FATMA em 1981; foi observado um valor de 0,1 mg/L de cádmio no setor da
Lagoa do Saguaçú. Segundo Tureck (2000) os valores próximos a 0,12 mg/L
encontrado no canal principal provavelmente pode sido encontrado devido à
dragagem do canal ocorrido no final do ano de 2000. Em relação às análises
realizadas em 2003 (OLIVEIRA et. al, 2006) em todos os setores a concentração
de cádmio na água sofreu uma redução notável, porém mantendo-se ainda acima
do permitido pela legislação como mostra a figura 9.
A concentração média de cádmio verificada no ano de 1997 na Baia de
Paranaguá foi de 0,0025 mg/L segundo Barbosa (2006), essa concentração é a
metade permitida pela legislação. Comparando os valores entre esses dois
Limite estabelecido pelo CONAMA357/2005
ambientes, a Baia da Babitonga mostra um grau de contaminação muito elevado
em relação à Baia de Paranaguá.
00,020,040,060,080,1
0,120,14
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Cd
(mg/
L) 1981
2000
2001
2003
Figura 9 - Gráfico da variação temporal da concentração de cádmio em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
A concentração de 0,1 mg/L de cromo foi constante no ano de 1981
(FATMA, 1981) para todos os setores e oscilou entre 0,01 mg/L e 0,03 mg/L entre
os anos de 1985 (FATMA, 1985) a 2003 (OLIVEIRA et. al., 2006) nos quarto
setores, como mostra a figura 10. Pela variação encontrada nos últimos trabalhos
a Baía da Babitonga não esta contaminada por cromo, já que a concentração de
cromo pela legislação do CONAMA nº. 357 é de 0,05 mg/L. No Arroio Portão,
Naime e Fagundes (2004) encontraram oscilações entre 0,25 a 1 mg/L,
mostrando ser um ambiente bem mais impactado que a Baia da Babitonga.
Limite estabelecido pelo CONAMA357/2005
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Cr (
mg/
L)19811985199819992003
Figura 10 - Gráfico da variação temporal da concentração de cromo em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Os valores de níquel observados no gráfico da figura 11 destacam uma
oscilação, houve uma diminuição na concentração de níquel de 1981(FATMA,
1981) a 1985 (FATMA, 1985) e ao decorrer desta data ocorreu um acréscimo até
2003. Em 2000 (TURECK, 2002) houve um acréscimo considerável na
concentração de níquel. Somente os valores de 1985 (FATMA, 1985) ficaram
abaixo do limite estabelecido segundo CONAMA 357 0,025 mg/L.
00,050,1
0,150,2
0,250,3
0,350,4
0,45
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Ni (
mg/
L)
19811985200020012003
Figura 11 - Gráfico da variação temporal da concentração de níquel em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Limite estabelecido pelo CONAMA 357/2005
Limite estabelecido pelo CONAMA 357/2005
O último elemento analisado foi o chumbo. Dois trabalhos apenas
detectaram o elemento na água, 1981 (FATMA, 1981) e 2003 (OLIVEIRA et. al.,
2006) como mostra a figura 12. Os valores encontrados na Lagoa do Saguaçú e
no Canal do Linguado em 1981 (FATMA, 1981) estão no limite da concentração
determinado pela legislação do CONAMA 357; os demais pontos estavam acima
do limite, bem como todos os valores encontrados em 2003 (OLIVEIRA et. al.,
2006), cujo valor máximo chegou a ficar oito vezes acima do permitido que é de
0,01 mg/L.
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Pb (m
g/L)
1981
2003
Figura 12 - Gráfico da variação temporal da concentração de chumbo em amostras de água nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Santos et. al.(2004), encontrou chumbo em dois pontos analisados, os
valores variavam entre 0,019 a 0,020 mg/L de chumbo na Baia de Paranaguá,
estando esses valores próximos ao encontrados na Baia da Babitonga nos
setores do Canal do Palmital e no Canal Principal em 1981 e valores muito
inferiores ao da última análise realizada em 2003 (OLIVEIRA et. al., 2006), porém
quase o dobro permitido pela legislação do CONAMA 357. Barbosa (2006)
encontrou concentração de 0,0098 mg/L no ano de 1996 e no ano de 2001 uma
concentração de 0,00084 mg/L, comparado com o estuário da Lagoa dos Patos e
a Baia de Paranaguá, a Baia da Babitonga apresenta nível de contaminação
elevado.
Limite estabelecido pelo CONAMA357/2005
6.1.2 Tecidos biológicos
Os principais metais investigados, desde a década de 1980, na Baía da
Babitonga foram os mesmos investigados em amostras de água: cádmio,
chumbo, cobre, cromo, níquel e zinco. Nos estudos foram analisadas amostras de
tecidos biológicos (vísceras e músculos) de diferentes tipos de organismos
aquáticos coletados em diferentes setores da Baía da Babitonga: Lagoa do
Saguaçú, Canal do Palmital, Canal Principal e Canal do Linguado. Os tecidos dos
organismos foram transportados em isopor com gelo. Ao chegarem ao laboratório
foram retirados os tecidos com instrumentos de inox e bancada esterilizada com
álcool 70 % e lavada com água destilada. As amostras foram analisadas por
espectrometria de absorção atômica
No presente trabalho os dados levantados na literatura foram compilados e
são discutidos sob o aspecto da evolução temporal das concentrações dos metais
entre a década de 1980 e de 2000. Para avaliação da existência de contaminação
e níveis de contaminação, tomou-se por base a legislação brasileira, a Portaria nº.
685 de 27 de Agosto de 1998 (ANVISA, 1998), a qual trata dos princípios gerais
para o estabelecimento de níveis máximos para contaminantes químicos em
alimentos.
Na maioria dos casos as amostras de tecidos eram amostras compostas
(peixes, crustáceos e moluscos) para o setor, dificultando dessa maneira na
construção do gráfico; contudo vale ressaltar que ostras e mexilhões acumulam
mais elementos traços por serem organismos filtradores e que o trabalho de 1981,
1982, 1985 não se tem a informação se os dados são reportados em massa seca.
Os elementos: cádmio, mercúrio e chumbo, tiveram um padrão semelhante
entre si, verificou-se uma alta nas concentrações durante os anos de 1981
(FATMA, 1981) a 2003 (OLIVEIRA et. al. , 2006) para todos os setores.
O elemento cádmio foi encontrado em 1981 (FATMA, 1981), em 2001
(TURECK, 2002) e 2003 (OLIVEIRA et. al.,2006), nesses trabalhos a
concentração teve uma leve elevação, apesar de não ser acentuada como os
demais elementos, os níveis ficaram bem abaixo do limite estabelecido pela
legislação da Portaria 685, que é de 1 mg/Kg. Com exceção do trabalho de 2001
(TURECK, 2002) o nível de cádmio chegou próximo a 0,1 mg/Kg para todos os
setores, como mostra a figura 13.
00,10,20,30,40,50,60,70,80,9
1
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Cd
(mg/
Kg)
1981
2001
2003
Figura 13 - Gráfico da variação temporal da concentração de cádmio em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).Obs: em 2001 somente foi analisados molusco
Esse também foi o valor de cádmio encontrado em ostras no estuário de
Cananéia – SP, por Machado et. al, (2002) em 1996. Em 1996, Pereira et. al.
(2002) também analisando moluscos da região da Baixada Santista encontrou
valores Próximos a 0,08 mg/Kg de cádmio. Mostrando dessa maneira que não há
contaminação por cádmio ou biodepuração nesses ambientes.
Apesar de um aumento em todos os setores, a concentração de mercúrio
não ofereceu perigo à população que se alimenta desses organismos, pois a
maior concentração encontrada foi de aproximadamente de 0,15 mg/Kg de
mercúrio e segundo a Portaria 685, o limite em alimentos é de 0,5 mg/Kg, como
mostra a figura 14. Valor inferior a 0,02 mg/Kg foi encontrado por Machado et. al
(2002) em ostras de mangue (Crassostrea brasiliana) em 1996 no estuário de
Cananéia e por Pereira et. al. (2002) em 1996, na região da Baixada Santista
(0,018 mg/kg na Prainha e 0,029 mg/kg Ponta Forte). Comparando com esses
dois ambientes a Baia da Babitonga esta mais impactada.
Limite estabelecido pela Portaria 685/1998
00,020,040,060,080,1
0,120,140,160,18
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Hg
(mg/
Kg)
19811985
2003
Figura 14 - Gráfico da variação temporal da concentração de mercúrio em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O chumbo mostrou uma pequena oscilação nos trabalhos realizados pela
FATMA em 1981, 1982, 1985 com exceção do Canal do Linguado e do Canal
Principal em 2003 (OLIVEIRA et. al., 2006) que tiveram uma elevação acentuada
nas quais seus valores chegaram próximos a 1 mg/kg de chumbo, a Portaria 685
estabelece o valor de 2 mg/Kg de chumbo em alimentos como mostra a figura 15.
Na região da Baixada Santista, Pereira et. al (2002) em 1996 encontrou
concentrações de 0,2 mg/Kg na Prainha e 0,18 mg/Kg na Ponta Forte, sendo
esses valores semelhantes ao da Baia da Babitonga, já no estuário de Cananéia
Machado et. al (2002) encontrou a concentração de 0,08 mg/kg em 1996.
0,5
Limite estabelecido pela Portaria 685/1998
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Pb (m
g/K
g)1981198219852003
Figura 15: Gráfico da variação temporal da concentração de chumbo em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O cromo permaneceu acima do limite de 0,1 mg/Kg estabelecido pela
Portaria 685 a partir de 1985 (FATMA, 1985) como pode observar o gráfico da
figura 16.
Figura 16 - Gráfico da variação temporal da concentração de cromo em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Cr (
mg/
Kg) 1981
1982198520022003 (B)
2003(O)
Limite estabelecido pela Portaria 685/1998
2
Limite estabelecido pelo CONAMA357/2005
Limite estabelecido pela Portaria 685/1998
Nos setores Lagoa do Saguaçú, Palmital e Canal do Linguado, os valores
mais elevados oscilaram próximos 0,9 mg/kg. No Canal Principal e Canal do
Linguado até 1982 (FATMA, 1982) o nível da concentração de cromo estava
baixo do limite que é de 0,1 mg/kg de cromo, a partir de 1985 o cromo sofreu uma
pequena oscilação no Canal Principal e depois teve um acréscimo de quase nove
vezes o valor permitido pela legislação em 2003 (BRITO, 2005). Em Macaé no
Rio de Janeiro, Carvalho et. al. (2000) encontrou em amostras de peixes
(Linguado, papa-terra, pescada-foguete e Maria-Luiza) uma média de 0,3 mg/Kg
em 1997, estes valores são intermediários aos encontrados nos estudos
realizados na Baia da Babitonga, revelando ser também um ambiente impactado.
As concentrações de níquel oscilaram entre 0,1 e 0,5 mg/Kg, com exceção
de um evento ocorrido em 2001 (TURECK, 2002) onde a concentração
encontrada foi próximo de 2 mg/Kg, como mostra a figura 17.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Lagoa doSaguaçú
Palmital CanalPrincipal
CanalLinguado
Setores
Ni (
mg/
Kg)
1981
19821985
20012003
Figura 17 - Gráfico da variação temporal da concentração de níquel em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O limite estabelecido pela Portaria 685 é de 5 mg/Kg de níquel. No litoral
de Macaé Carvalho (2000) encontrou níveis abaixo de limite de detecção (<0,03
mg/Kg) em amostras de Linguado, papa-terra, pescada-foguete e Maria-Luiza em
1997. Morgado; Bebianno (2005) encontraram uma oscilação de 0,22 a 0,32
mg/Kg, em tecidos de mexilhões no Rio Formosa em Portugal no ano de 2001;
Limite estabelecido pela Portaria 685/1998
5
comparando com os níveis encontrados na Baia da Babitonga, os dois ambiente
não apresentam contaminação por níquel.
Na Lagoa do Saguaçú, o cobre em 2003, Brito (BRITO, 2005) encontrou
valores próximos a 25 mg/Kg em amostras de mexilhões. No mesmo ano
OLIVEIRA et. al (2006) analisou peixes e siris e encontrou valores próximos a 5
mg/Kg, como mostra a figura 18.
Figura 18 - Gráfico da variação temporal da concentração de cobre em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008)
Os mexilhões por serem organismos filtradores conseguem concentrar
mais metais do que outros organismos por filtrarem os metais adsorvidos em
materiais em suspensão. No Canal do Linguado os níveis de cobre sofreram uma
elevação chegando a quase 29 mg/Kg. No Palmital houve um acréscimo
considerável de 1981 (FATMA, 1981) a 2002 (BRITO, 2005) e no Canal Principal
ocorreu uma oscilação aonde a concentração máxima chegou a 15 mg/Kg, mas,
todos os valores encontrados permaneceram abaixo de 30 mg/Kg, estabelecidos
pela Portaria 685.
Carvalho (2000) encontrou uma média de 0,58 mg/Kg em amostras de
Linguado, Papa-terra, Pescada-foguete e Maria-Luiza em 1997, no litoral de
Macaé, valor muito inferior ao encontrado na Baia da Babitonga. Mesmo sendo
um dos ambientes costeiros mais contaminados do país, Pereira et. al, (2002) em
Limite estabelecido pela Portaria 685/1998
1996 encontrou 20 mg/Kg na Prainha e 19,1 mg/Kg Ponta Forte na região da
Baixada Santista, sendo esses semelhante ao da Baia da Babitonga.
Os valores de zinco nos anos de 1982 (FATMA, 1982) e 1985 (FATMA,
1985) não ultrapassaram o valor permitido pela Portaria 685 de 50 mg/Kg nos
setores Lagoa do Saguaçú, Palmital e Canal Principal, no Canal do Linguado a
concentração até 2002 (BRITO, 2005) não havia ultrapassado a concentração
limite estabelecido pela Portaria 685 como mostra a figura 19.
Figura 19 - Gráfico da variação temporal da concentração de zinco em organismos aquáticos nas diferentes áreas da Baía da BabitongaFonte: Elaboração Jalmir Demori (2008)
No Palmital e na Lagoa do Saguaçú os valores ficaram oscilando acima do
limite a partir 1985 (FATMA, 1985); mostrando estar com alto nível de
contaminação. O Canal Principal é o setor onde se verificou uma concentração de
zinco mais elevada durante o período de 1981 (FATMA, 1981) a 2003 (OLIVEIRA
et. al., 2006). No setor do Palmital foi registrado um evento aonde se verificou
uma concentração de 531 mg/Kg de zinco em tecido de organismo, devido à
movimentação dos organismos dentro da Baía, o mesmo poderia ter
bioacumulado o metal em outra região e sendo capturado no Palmital no ano de
2003 (OLIVEIRA et. al., 2006), esse valor é quase 11 vezes acima do permitido
pela Portaria 685.
Uma oscilação de 156 a 321 mg/Kg foi encontrada em 2001 por Morgado e
Bebianno (2005) em tecidos de mexilhões no Rio Formosa em Portugal no ano de
Limite estabelecido pela Portaria685/1998
2001, essa oscilação é quase o dobro do encontrado na Baia da Babitonga,
mostrando estar mais impactado que a Baia.
Devido ao tempo de vida, a movimentação dos organismos e ao processo
de pesca artesanal, torna-se difícil avaliar se houve uma evolução temporal na
contaminação desses organismos.
6.1.3 Sedimento
No presente trabalho, os dados levantados na literatura foram compilados e
são discutidos sob o aspecto da evolução temporal das concentrações dos metais
entre a década de 1980 e de 2000. Para avaliação da existência de
contaminação, tomou-se por base a Resolução do CONAMA 344 de 25/03/2004,
refere-se à qualidade do material a ser dragado, já que não há uma legislação
específica que trata da quantidade de metais em sedimento. Em seu artigo 3º a
resolução classifica o material a ser dragado em 2 níveis: nível 1 – limiar abaixo
do qual se prevê baixa probabilidade de efeitos adversos à biota; nível 2 – limiar
acima do qual se prevê um provável efeito adverso a biota (CONAMA, 2004).
Para a avaliação do sedimento foi utilizado os valores do Nível 1.
Espacialmente cobre, cromo, chumbo, mercúrio e zinco apresentaram um
padrão de distribuição espacial semelhante, com concentrações mais elevadas
sempre na Lagoa do Saguaçú, que representa o corpo receptor dos efluentes
vindos da região de Joinville. Chumbo, mercúrio e zinco apresentaram pequena
variação temporal nas concentrações, na maior parte da Baía, com exceção do
setor da Lagoa da Saguaçú, que apresentou variações bastante marcadas.
Cobre, cromo e níquel apresentaram variações temporais mais
pronunciadas e semelhantes em todos os setores da Baía investigados.
O processo evolução da industrialização, teve seu auge no início da
década de 1980, sendo observado até 1985 (FATMA, 1985) as maiores
concentrações dos metais investigados na Baía, com exceção de cádmio.
O cádmio oscilou em todos os pontos próximo a 0,1 mg/Kg com exceção
do de um evento ocorrido no Canal Principal em 2000-2001 (TURECK, 2002) no
qual a concentração de cádmio que chegou próximo a 0,8 mg/Kg. Contudo esse
valor ficou abaixo do limite estabelecido pela legislação que é de 1,2 mg/Kg de
cádmio no material a ser dragado como mostra a figura 20.
Figura 20 - Gráfico da variação temporal de cádmio em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
No sistema estuarino da Baia de Vitória no Espírito-Santo, estudos
realizados por Jesus (2004) demonstraram que o sedimento próximo à região da
Ilha de Vitória não tinha a presença de cádmio. Silva et. al. (2006) encontraram
0,73 mg/Kg no Rio Morrão, na região estuarina de Santos-Cubatão, estando esse
valor também abaixo do permitido pela legislação.
Os níveis de cobre ficaram acima do permitido pela legislação que é 34
mg/kg, na Lagoa do Saguaçú somente nos anos de 1982 (FATMA, 1982) e 1985
(FATMA, 1985) e no Palmital em 1985 (FATMA, 1985) como mostra a figura 21.
Esses valores podem ser de origem mineralógica, efluente das áreas
industriais de Joinville, de Garuvá, Itapoá ou das áreas agrícolas dessas cidades.
Para os demais setores, o cobre oscilou de 5 a 15 mg/Kg. Jesus (2004) encontrou
próximo à região da Ilha de Vitória no Espírito Santo, uma concentração em de 61
mg/Kg em 2000-2001, esse valor ficou acima do que foi encontrado na Baia da
Babitonga e da legislação, o que demonstrou ser um ambiente mais impactado
em relação a Baía. Silva et. al. (2006) encontraram 0,73 mg/Kg de cobre em
amostras de sedimento no Rio Morrão, na região estuarina de Santos-Cubatão -
SP, em 1997-1998, estando esse valor abaixo do permitido pela legislação.
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
Figura 21 - Gráfico da variação temporal de cobre em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Chumbo apresentou valores elevados em 1982 (FATMA, 1982) e 1985
(FATMA, 1985) na Lagoa do Saguaçú, sendo que em 1982 (FATMA, 1982)
encontrou-se próximo a 40 mg/Kg e em 1985 (FATMA, 1985), 50 mg/Kg de
chumbo no sedimento. Nos trabalhos seguintes observou-se uma queda
significativa em sua concentração. Nos demais setores a concentração de
chumbo oscilou próximo a 10 mg/Kg, concentração abaixo do que é estabelecido
pela legislação 46,7 mg/Kg, sendo observado também a diminuição de sua
concentração em todos os setores a partir de 1985 (FATMA, 1985), como mostra
a figura 22. Soares et al (2004), em 2001-2002 encontrou 30,49 mg/Kg no
sedimento do Arroio do Salso em Porto Alegre – RS, estando abaixo do limite
estabelecido pela legislação também. Comparando com os trabalhos realizados
por Jesus (2004) nos anos de 1997-1998 onde encontrou próximo à região da Ilha
de Vitória uma concentração de 52 mg/Kg e por Silva et. al. (2006) que encontrou
uma concentração de 104 mg/Kg em 1997-1998, no Rio Morrão no sistema
estuarino Santos-Cubatão, demonstra que esses ambientes estão mais
impactados que a Baia da Babitonga.
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
Figura 22 - Gráfico da variação temporal de chumbo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Na Lagoa do Saguaçú a concentração mais elevada de cromo foi
verificado pela FATMA em 1982 , aproximadamente 75 mg/kg; em 1991
(PREFEITURA MUNICIPAL DE JOINVILLE, 1991), o nível de cromo no
sedimento mostrava uma queda significativa, tornando a aumentar em 2004
(OLIVEIRA et. al., 2006). No Palmital, observou-se o inverso da concentração da
Lagoa do Saguaçú, onde se pode notar a diminuição na concentração de cromo
em 1982 (FATMA, 1982) e um aumento um pouco maior do que verificado em
1982, em 1985 (FATMA, 1985).
No Canal Principal a concentração de cromo no sedimento mostra-se em
declínio desde 1981 (FATMA, 1981), sendo em 2004 (OLIVEIRA et. al., 2006) foi
verificado a menor concentração de cromo, aproximadamente 10 mg/Kg, como
mostra a figura 23.
Apesar de ter valores elevados no começo da década de 80, todos os
valores ficaram a baixo do valor estabelecido pela legislação que é de 81 mg/kg
de cromo. A concentração de 29,58 mg/kg foi encontrado por Soares et. al.
(2004) em 2001-2002 no Arroio do Salso em Porto Alegre – RS, indicando que
esse ambiente apresenta um grau de impacto menor do que o verificado na Baía
da Babitonga, pois sua concentração esta abaixo dos valores encontrados na
Baía. Em 2000-2001, Jesus (2004) encontrou 89 mg/Kg de cromo no sedimento
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
do sistema estuarino da Ilha de Vitória no Espírito Santo e Silva et. al. (2006) em
1997-1998, acharam 127 mg/Kg, no Rio Morrão no sistema estuarino Santos-
Cubatão. O sistema estuarino da Ilha de Vitória no Espírito Santo e o sistema
estuarino Santos-Cubatão, apresentaram um grau de impacto maior que o da
Baia da Babitonga
Figura 23 - Gráfico da variação temporal de cromo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O mercúrio apresentou em 1985 (FATMA, 1985) uma concentração
elevada na Lagoa do Saguaçú, aproximadamente 0,4 mg/Kg sendo que
legislação prevê uma concentração de 0,15 mg/Kg. Em 1991 (PREFEITURA
MUNICIPAL DE JOINVILLE, 1991) e 2004 (OLIVEIRA et. al., 2006) os valores
chegaram próximos de 0,2 mg/Kg, nos demais setores as concentrações
oscilaram próximas a 0,1 mg/Kg, como mostra a figura 24. No Rio Morrão no
estuário de Santos-Cubatão foi encontrado 0,45 mg/Kg em amostras de
sedimento por SILVA et. al. (2006) em 1997-1998 e no sistema estuarino da Ilha
de Vitória no Espírito Santo 0,26 mg/Kg em 2000-2001 por Jesus (2004), esses
dois ambientes mostraram-se mais impactados do que a Baia da Babitonga.
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
Figura 24 - Gráfico da variação temporal de mercúrio em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O limite de níquel pela legislação é 20,9 mg/Kg. Esse limite foi
ultrapassado em 1982 (FATMA, 1982) e 1985 (FATMA, 1985) na lagoa do
Saguaçú. Nos setores Lagoa do Saguaçú, Palmital e Canal do linguado desde
1981 (FATMA, 1981) até 1985 (FATMA, 1985), observaram um aumento em sua
concentração e depois de 1985 (FATMA, 1985) até 2004 (OLIVEIRA et. al., 2006)
mostrou-se em declínio. A concentração de níquel oscilou entre 5 a 10 mg/Kg, no
Canal Principal a concentração ultrapassou o limite somente no trabalho realizado
pela FATMA em 1981, contudo mostrou em declínio até 2004 (OLIVEIRA et. al.,
2006) como mostra a figura 25.
Os valores de níquel encontrados no sistema estuarino da Ilha de Vitória
no Espírito Santo em 2000-2001 por Jesus (2004), 43 mg/kg e por Silva et. al.
(2006) que encontrou 36 mg/kg em 1997-1998, no Rio Morrão no sistema
estuarino Santos-Cubatão mostrou estarem mais impactados no mesmo período
do que a Baia da Babitonga.
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
Figura 25 - Gráfico da variação temporal de níquel em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
A concentração de zinco permitido pela legislação é 150 mg/Kg, em 1982,
foi encontrado pela FATMA a concentração de 517 mg/Kg, a partir dessa data
houve um decréscimo na concentração para 280 mg/Kg em 1991(PREFEITURA
MUNICIPAL DE JOINVILLE, 1991), contudo esse valor permanece acima do
limite. Nos demais setores a concentração oscilou entre 10 a 105 mg/Kg de zinco,
como mostra a figura 26. A concentração de zinco é maior na Lagoa do Saguaçú
que nos demais setores evidenciando uma contribuição do aporte industrial da
região de Joinville. O valor de 440 mg/Kg encontrado no Rio Morrão no estuário
de Santos-Cubatão por Silva et. al. (2006) em 1997-1998 e de 180 mg/Kg no
sistema estuarino da Ilha de Vitória no Espírito Santo em 2000-2001 por Jesus
(2004), são valores semelhantes ao da Lagoa do Saguaçú demonstrando estarem
impactados por zinco. Soares et. al. (2004) em 2001-2002 no Arroio do Salso em
Porto Alegre encontrou o valor de 120,71 mg/kg, valor abaixo do estabelece a
legislação o que demonstra haver uma pequena contaminação, já sua
concentração esta próxima do limite.
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
Figura 26 - Gráfico da variação temporal de zinco em amostras de sedimento da Baía da Babitonga.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
6.2 ANÁLISE DO TESTEMUNHO
6.2.1 Validação analítica dos resultados
Para a validação da metodologia utilizada na determinação dos metais, foi
utilizado o material certificado de referência SRM 1464a - NIST para o controle de
exatidão analítica como mostra a tabela 5.
Tabela 5 - Valores de referência do material certificado (SRM 1464a - NIST) e valores obtidos em análises do material certificado para a validação das análises em laboratório.
SRM Cu Cd Cr Pb Fe Ni Zn1646a mg/Kg mg/Kg mg/Kg mg/Kg mg/Kg mg/Kg mg/Kg
Medido Média 9,31 0,17 32,60 16,32 18758 28 42Desvpad 0,524 0,003 0,468 0,72 880 1,03 3,14
Certificado média 10,01 0,15 40,9 11,7 20080 23 49Desvpad 0,34 0,01 1,9 1,2 390 2
Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2007)
Limite estabelecido pelo CONAMA 344/2004
Cada amostra de sedimento, o material de referência e a amostra em
branco foi tratada em triplicata. Depois de obtidos os valores das análises os
dados foram planilhados e passaram por um processo de normalização. Foi
utilizado o ferro como elemento normalizador, concentração na mineralogia local é
alta e demonstra ter interferência antrópica. Essa normalização serve para ajustar
as concentrações dos elementos devido à mineralogia e contribuições antrópica
carregadas pelo sedimento.
O ponto de coleta da coluna de sedimento (BB4) pertence ao Canal do
Linguado. A profundidade de 25 a 30 centímetros, esta relacionada com a data de
fechamento do Canal, como pode ser observado na figura 27, onde mostra
também a evolução da deposição de matéria orgânica junto ao sedimento. Com o
começo do desenvolvimento do parque fabril da região e o fechamento do canal a
hidrodinâmica foi alterada, alterando também a taxa de sedimentação. Como
conseqüência houve um acúmulo maior de sedimento provenientes das regiões
do entorno da Baia, já que para o desenvolvimento industrial fosse possível houve
um crescimento populacional o qual passava a ocupar áreas onde eram
consideradas de risco, expondo ainda mais o solo a algum tipo de erosão. Junto
com o aumento da população e o fechamento do Canal do Linguado ocorreu
outro processo na Baia da Babitonga, a acumulação de matéria orgânica por
sedimentação.
Figura 27 – Tabela de profundidade e cronologia do testemunho e gráfico de evolução da quantidade de matéria orgânica no perfil de sedimento. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.
Fonte: adaptado de Alexandre (2006)
6.2.2 Análise dos metais
Foram realizadas duas extrações: uma extração total para verificar a
concentração total e uma extração parcial para saber posteriormente qual a
quantidade de metal que pode ser disponibilizado novamente para o meio
ambiente em caso de obras de dragagem.
6.2.2.1 Cádmio
O cádmio apresentou uma concentração de 0,15 mg/Kg próximo do ano
1935. Através da figura 28 (A) observa-se que a concentração do metal que
declinou até aproximadamente 0,11 mg/Kg em 1989, esse valor está abaixo do
que exige a Resolução do CONAMA 344 de 25/03/2004. Porém quando são
normalizados os dados nota-se que a concentração de cádmio (figura 28 B)
sofreu uma oscilação entre 0,030 a 0,046; sendo que na década de 1980, durante
o ápice do processo de industrialização da região até 1998, a razão de cádmio
teve uma leve elevação, seguida de uma diminuição a partir dessa data.
Figura 28 – Gráfico de evolução da concentração de cádmio (A) e o valor de cádmio normalizado (razão de Cd/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Para avaliar uma possível contaminação por cádmio utilizou-se o fator de
enriquecimento, onde próximo ao ano de 1935 indicava um valor de 1,5. Ao longo
do período após o fechamento do canal, observa-se o valor do fator de
enriquecimento oscilou entre 1,25 a 1,75 retornando ao índice próximo a 1,5 no
ano de 1998 como mostra o gráfico da figura 29.
Durante o ápice do processo de industrialização da região na década de
1980 (compreende a profundidade de 10-15 cm), o gráfico mostra um leve
aumento de enriquecimento de cádmio na região, contudo a concentração
começou a declinar a partir de 1998.
Figura 29 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de cádmio em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4 Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Esse valor mostra que a Baia da Babitonga apresenta uma leve
contaminação por cádmio, já que a escala varia de 0 a 6. Possíveis fontes de
cádmio são os efluentes industriais, defensivos agrícolas, emissões atmosféricas
e a geologia local já que cádmio pode estar associado a outros metais como zinco
e cobre.
6.2.2.2 Cobre
Segundo Siqueira (1983) do Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM) através da carta matalogenética folha SG.22-Z-B, Joinville, Garuva e
Araquari possuem cobre em sua geologia. O gráfico na figura 30 demonstra que a
concentração de cobre oscilou entre 16,76 a 19,89 mg/Kg no sedimento. Quando
os dados são normalizados para retirar a interferência, observou-se que o período
de maior acúmulo de cobre foi entre 1938 a 1978, neste período houve um
número grande de empresas instalando-se na região principalmente em Joinville
como mostra a tabela 2 no capítulo 4. No período do ápice da industrialização no
começo da década de 1980, tanto a concentração (A) quanto a razão (B) de cobre
no sedimento tiveram um aumento até 1989, seguido de declinio até 1998, como
relatado em estudos anteriores.
Figura 30 - Gráfico de evolução da concentração de cobre (A) e o valor de cobre normalizado (razão de Cu/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4. Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O cálculo do fator de enriquecimento como mostra o gráfico na figura 31,
demonstrou que o cobre seguiu um mesmo padrão temporal de oscilação em
relação aos dos dados normalizados. Com o índice próximo a 0,6 a Baia da
Babitonga apresenta um baixo índice de contaminação.
Figura 31 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de cobre em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
6.2.2.3 Chumbo
O chumbo esta presente em Garuva e na parte norte de Joinville associado
a zinco e ao cobre (SIQUEIRA, 1983). O gráfico da figura 32 (A) demonstra que
após o fechamento do Canal do Linguado a concentração de chumbo oscilou ao
longo do período, variando de 28 a 41,83 mg/kg. Observou-se que entre anos de
1962 a 1989, o qual houve grande número de empresas instalando-se na região,
houve uma diminuição na concentração de chumbo no sedimento. Fazendo a
normalização dos dados (32 B) pode-se observar de que houve somente uma
elevação na concentração sendo mais acentuado a partir do ano de 1989.
Figura 32 - Gráfico de evolução da concentração de chumbo (A) e o valor de chumbo normalizado (razão de Pb/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4. Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O resultado do fator de enriquecimento mostrou uma situação preocupante,
pois o fator chegou a 4,5 demonstrando que o ambiente passou do nível leve para
moderado como mostra o gráfico 33.
Entre os anos de 1978 a 1989 o fator de enriquecimento manteve-se
estável, sendo o maior aumento registrado a partir dessa data.
Figura 33: Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de chumbo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Apesar de fazer parte da geologia local, outros fatores como: efluentes
industriais, emissões atmosféricas e da tinta utilizada em embarcações podem ter
contribuído para o aumento da concentração de chumbo no sedimento.
6.2.2.4 Cromo
Somente em Garuva o cromo faz parte de geologia, nas demais áreas
nada consta desse elemento (SIQUEIRA, 1983). O cromo manteve um padrão de
pequenas oscilações durante o período de industrialização da região como mostra
o gráfico da figura 34 (A), em comparação à concentração da base,
aproximadamente 54 mg/kg o topo do testemunho registrou valor de quase 63
mg/Kg. Fazendo a normalização dos dados (34 B), observou-se que o cromo teve
um comportamento semelhante ao do chumbo, no período entre 1962 a 1989,
quando houve um aumento considerável na razão de cromo no sedimento.
Pela análise do testemunho no período que compreende o ápice da
industrialização houve um aumento na concentração de cromo no sedimento em
comparação aos dados obtidos pela literatura em relação a Lagoa do Saguaçú e
Canal principal.
Figura 34 - Gráfico de evolução da concentração de cromo (A) e o valor de cromo normalizado (razão de Cr/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4. Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
O cromo teve um padrão de aumento da concentração semelhante ao do
cobre, pois os valores aumentam até o ano de 1998 e depois diminui um pouco
chegando ao valor de 0,89. Cromo apresentou um baixo nível de contaminação
como mostra o gráfico da figura 35.
Fontes como: efluentes industriais, emissões atmosférica, pesticidas
podem ter contribuído para o aumento da concentração de Cromo no sedimento
alem da geologia local.
Figura 35 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de cromo em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
6.2.2.5 Níquel
O níquel esta presente somente em Garuva assim como o cromo
(SIQUEIRA, 1983), a concentração de níquel diminuiu até o ano de 1978,
chegando próximo de 38 mg/Kg. De 1978 a 1989, a concentração de níquel teve
um leve aumento como mostra o gráfico da figura 36 (A). Quando os dados são
normalizados (36 B), observa-se a que após o fechamento do Canal do Linguado
a razão de níquel diminui até 1962, após essa data a manteve-se em elevação
constante.
Figura 36 - Gráfico de evolução da concentração de níquel (A) e o valor de níquel normalizado (razão de Ni/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
A elevação na concentração de níquel foi constatada também nos estudos
realizados anteriormente.
Fazendo o cálculo do fator de enriquecimento, observou-se que a
quantidade de níquel no sedimento seguiu um padrão semelhante de evolução
em relação aos dados normalizados como mostra o gráfico da figura 37 o valor do
fator de enriquecimento chegou a 0,8 indicando baixo índice de contaminação
sendo que a escala varia de 0 a 6.
Figura 37 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de níquel em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Fontes como efluentes industriais e emissões atmosféricas pode ter
contribuído para essa elevação na concentração.
6.2.2.6 Zinco
O zinco esta associado ao cobre e o ferro em quase toda região ao
entorno da Baia da Babitonga (SIQUEIRA, 1983). A concentração de zinco teve
uma elevação significativa entre os anos de 1978 a 1989 durante o processo de
desenvolvimento do parque fabril de toda a região como mostra a figura 38 (A).
Os valores da elevação da concentração de zinco no sedimento ficam mais
evidenciados quando feito à normalização dos dados (38 B).
Figura 38 – Gráfico de evolução da concentração de zinco (A) e o valor de zinco normalizado (razão de Zn/Fe) (B). O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4.Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Utilizando o cálculo para o fator de enriquecimento, o zinco mostrou
valores preocupantes, pois a quantidade de zinco no sedimento indicou que a
região estava próxima do nível moderado de contaminação como mostra o gráfico
da figura 39.
Figura 39 - Gráfico de evolução do fator de enriquecimento de zinco em amostras de sedimento da Baía da Babitonga. O intervalo de 25-30 cm corresponde a data de fechamento do Canal do Linguado no setor 4 Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Fontes como efluentes industriais, emissões atmosféricas, tintas navais e a
geologia podem ter contribuído para essa elevação na concentração.
6.3 RELAÇÃO ENTRE DADOS PRETÉRITOS E ESTUDO DO TESTEMUNHO
Avaliando os dados pretéritos referentes à concentração em água nos
quatro setores da Baia da Babitonga nota-se que os valores mesmo estando
muito acima do padrão permitido mostraram-se em diminuição, com exceção do
chumbo. Os valores obtidos em amostras águas são referentes aquele momento,
pois dentro da baia a renovação da água é influenciada pelas marés.
Em amostras de tecidos as contaminações podem ter níveis diferentes,
sendo que os moluscos têm índices mais altos por que são animais filtradores.
Em peixes devido à mobilidade dentro da baia torna-se difícil afirmar a possível
contaminação de uma área. Cádmio, mercúrio, chumbo e níquel permaneceram
abaixo do limite estabelecido pela legislação, porém ao longo do período a
concentração desses elementos aumentou. Cromo e zinco tiveram uma oscilação
em suas concentrações, contudo mantiveram-se acima do limite da legislação.
Cobre teve uma oscilação durante o período, mas permaneceu abaixo da
concentração.
Em uma avaliação dos dados pretéritos podemos dizer a Lagoa do
Saguaçú apresenta grau maior de contaminação por metais, seguido do Palmital.
O Canal Principal e o Canal do Linguado demonstram apenas contaminação por
níquel em apenas um evento cada um, mesmo assim há necessidade de novos
estudos, buscando entender os efeitos causados em uma possível remobilização
desse sedimento.
Fazendo a avaliação dos resultados obtidos a partir do testemunho
analisado podemos observar que os estratos apresentam algum nível de
contaminação. Para a confirmação dessa suspeita foram verificadas as
porcentagens de cada metal que pode ser disponibilizada no ambiente, na coluna
de água, calculando-se o percentual de metais que estão na forma trocável, em
relação à concentração total. Para isto foram utilizados os resultados da
determinação da concentração total de metais, mostrados na tabela 6
(concentração da extração total – fração fina) e os resultados da concentração na
forma trocável (concentração da extração parcial – fração fina) mostrados na
tabela 7.
Tabela 6 – Concentração total de metais na fração fina do sedimento ( < 63 m) para os diferentes estratos do testemunho.
EXTRAÇÃO TOTAL
Prof Cd (mg/Kg)
Cu (mg/Kg)
Pb (mg/Kg)
Cr (mg/Kg)
Ni (mg/Kg)
Zn (mg/Kg)
0-5 0,11 18,96 41,83 62,97 43,02 128,735-10 0,114 16,76 31 59,07 35,37 107,6710-15 0,116 19,89 30,88 61,43 38,37 123,1115-20 0,118 17,57 33,61 58,62 37,6 102,2620-25 0,126 17,98 38,36 61,29 39,44 105,2225-30 0,134 19,33 29,99 55,96 39,94 82,5430-35 0,161 17,02 26,5 53,74 41,41 76,4835-40 0,111 15,57 29,81 50,46 37,19 113,4340-45 0,192 16,84 29,4 54,82 37,01 91,2645-50 0,176 15,76 27,6 56,28 36,63 74,3350-55 0,212 15,75 33,3 56,84 38,71 82,555-60 0,189 19,58 37,5 55,66 43,35 103,17
Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Tabela 7 - Concentração da fração trocável ( extração parcial) na fração fina do sedimento ( < 63 m) para os diferentes estratos do testemunho.
EXTRAÇÃO PARCIAL
Prof Cd (mg/Kg)
Cu (mg/Kg)
Pb (mg/Kg)
Cr (mg/Kg)
Ni (mg/Kg)
Zn (mg/Kg)
0-5 0,078 6,79 26,37 7,15 5,55 82,715-10 0,085 5,41 19,08 6,26 5,07 57,9310-15 0,086 5,3 20,51 6,29 5,83 74,7915-20 0,078 2,5 19,46 6,83 5,59 68,6720-25 0,078 2,37 19,35 6,72 5,75 48,7225-30 0,082 3,17 17,91 5,46 5,47 44,7230-35 0,099 3,51 17,15 5,31 5,73 40,6635-40 0,067 2,75 19,23 5,52 5,18 86,3640-45 0,173 3,48 17 5,2 5,7 38,8645-50 0,16 3,46 16,8 5,04 5,71 44,7850-55 0,183 3,48 16,49 5,6 5,73 44,5455-60 0,106 1,65 17,75 6,11 5,49 70,93
Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Tabela 8 - Percentual dos metais que podem ser disponibilizados no meio ambiente em caso de remobilização de sedimento da Baía da Babitonga.
% DE METAL DISPONIBILIZADO AO MEIO AMBIENTE EM CASO DE REMOBILIZAÇÃO
Prof Cd (%) Cu (%) Pb (%) Cr (%) Ni (%) Zn (%)0-5 70,91 35,81 63,04 11,35 12,90 64,25
5-10 74,56 32,28 61,55 10,60 14,33 53,8010-15 74,14 26,65 66,42 10,24 15,19 60,7515-20 66,10 14,23 57,90 11,65 14,87 67,1520-25 61,90 13,18 50,44 10,96 14,58 46,3025-30 61,19 16,40 59,72 9,76 13,70 54,1830-35 61,49 20,62 64,72 9,88 13,84 53,1635-40 60,36 17,66 64,51 10,94 13,93 76,1440-45 90,10 20,67 57,82 9,49 15,40 42,5845-50 90,91 21,95 60,87 8,96 15,59 60,2450-55 86,32 22,10 49,52 9,85 14,80 53,9955-60 56,08 8,43 47,33 10,98 12,66 68,75
Fonte: Elaboração Jalmir Demori (2008).
Quando o percentual de um dado metal na forma trocável representar 50
% ou mais do total deste metal presentes no sedimento (tabela 8), considera-se
que ambiente é contaminado (SALOMONS; FÖRTNER, 1984).
Esses cálculos indicam que uma parcela considerável (53 a 90%) dos
metais cádmio, chumbo e zinco poderiam ser disponibilizados para a coluna de
água em uma eventual atividade de dragagem dos sedimentos depositados no
Canal do Linguado.
7 CONCLUSÃO
Os valores dos dados pretéritos apesar de não seguirem uma cronologia
temporal seqüencial, permitem fazer uma projeção das condições ambientais da
região. Os primeiros trabalhos foram realizados a partir de 1981, a datação
geocronológica realizada, data o testemunho de 1896 até 1998, sendo que o pólo
industrial desenvolveu-se entre os anos de 1946 a 1972, chegando ao auge na
metade da década de 1980. Contudo os resultados obtidos em literatura com os
resultados do testemunho mostram a mesma tendência, diminuição na
concentração dos elementos estudados. Porém, quando analisado o percentual
de enriquecimento observa-se uma elevação em todos os elementos.
Cada trabalho que era realizado as amostras eram coletadas em pontos
diferentes, onde a taxa de sedimentação e a hidrodinâmica foram alteradas com o
fechamento do Canal do Linguado em 1935; condições de ocupação humana,
desenvolvimento industrial e emissões atmosféricas podem ter contribuído para o
acréscimo dos metais estudado no sedimento. Uma outra condição que pode ter
influenciado os resultados foi à quantidade de pontos de coleta de cada trabalho
(dados pretéritos), ou seja, em alguns setores a quantidade de amostras era
maior que em outros.
Os gráficos obtidos a partir dos dados pretéritos mostram que houve uma
diminuição na concentração dos metais da Lagoa do Saguaçú em direção ao
Canal Principal.
A partir da coluna de sedimento coletado no setor Canal do Linguado e
designado como BB4, pode-se ter uma melhor compreensão da quantidade de
metais ali depositados ao logo do período de desenvolvimento da região. Em
relação aos dados pretéritos a faixa dos intervalos 05-10 e 10-15 corresponde
respectivamente aos anos de 1978 a 1989 do testemunho. Ao analisar os metais,
cádmio, chumbo e zinco apresentaram os maiores fatores de enriquecimento,
indicando haver contaminação por esses elementos.
São também os que apresentaram os maiores percentuais na fração
trocável, que corrobora a hipótese de contaminação e acumulação destes metais
nos sedimentos. Uma grande porcentagem destes elementos presentes nos
sedimentos poderiam ser remobilizados para a coluna de água em caso de
remobilização dos sedimentos por dragagem, por exemplo
Um metal particularmente preocupante na Baia é o Hg. As concentrações
registradas pelos diversos trabalhos levantados mostram uma tendência de
elevação considerável e contínua nos organismos coletados em quase toda a
Baia, com exceção do Canal Palmital. Além disso, na Lagoa de Saguaçu, os
níveis de Hg excedem o limite estabelecido pela legislação brasileira para
sedimentos naturais.
Em caso de dragagem além dos metais serem disponibilizados ao meio
ambiente, a fração fina do sedimento iria formar um manto escuro impedindo a
penetração da luz do sol na água diminuindo assim à produção primária e a pesca
na Baia da Babitonga.
Para uma melhor compreensão do grau de contaminação faz-se
necessária uma investigação com testemunho nos demais setores da Baía da
Babitonga.
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