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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO CAROLINA MARIA FURTADO MATOS A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NO DESENVOLVIMENTO DA AUTOEFICÁCIA E COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS BIGUAÇU - SC 2018

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

CAROLINA MARIA FURTADO MATOS

A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NO DESENVOLVIMENTO

DA AUTOEFICÁCIA E COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS

BIGUAÇU - SC

2018

CAROLINA MARIA FURTADO MATOS

A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NO DESENVOLVIMENTO

DA AUTOEFICÁCIA E COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Acadêmico em Administração da Universidade

do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do

título de Mestre em Administração.

Orientadora: Profª Drª Suzete Antonieta Lizote

BIGUAÇU - SC

2018

A INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NO DESENVOLVIMENTO

DA AUTOEFICÁCIA E COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS

CAROLINA MARIA FURTADO MATOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Administração da Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, como requisito para a obtenção do grau de

Mestre em Administração.

Área de concentração: Estudos organizacionais.

Profa. Rosilene Marcon,

Dra. Universidade do Vale

do Itajaí Coordenadora do

PPGA

Banca examinadora:

Orientadora: Profa. Suzete Antonieta Lizote, Dra. Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

Membro: Prof. Miguel Angel Verdinelli, Dr. Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)

Membro: Prof. João Francisco Morozini, Dr. Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGADM)

Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)

Membro: Profa. Vanessa Nunes de Sousa Alencar Vasconcelos, Dra.

Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

Biguaçu, 19 de fevereiro de 2018

DEDICATÓRIA

Aos meus pais: Ribamar Matos (in

memorian) e Josilene Matos.

AGRADECIMENTOS

Ao meu pai (in memorian), que fez parte desse processo através do legado que ele me deixou

de caráter, humildade e muita força de vontade. À minha amada mãe, Josilene, que abdicou de

si mesma para que eu conseguisse concluir esta etapa. Aos meus irmãos, em especial ao Fábio

e minha cunhada Germana, que sempre me incentivaram e fizeram questão de acompanhar de

perto minha evolução. À minha família como um todo, em especial às minhas tias Josenilde e

Josilete, que entenderam minha ausência, me apoiaram e buscaram esse sonho junto comigo.

Aos meus amigos: Thiago Rodrigo, Denilson e Keynayanna, que me encorajaram antes e

durante essa jornada. Aos meus amigos de fé que sempre intercederam por mim e foram

essenciais com suas preciosas orações, em especial ao grupo JUFES, de modo particular

agradeço à Maria Eduarda, Heloísa e Eduardo, e suas respectivas famílias, por serem um grande

porto seguro durante esse tempo.

Aos meus colegas de turma em especial à Sayonara, Roberta, Edna, Emanuela e Claudete, que

sempre estiveram à disposição pra me ajudar no que fosse preciso. E à todos os amigos que

conquistei na UNIVALI, meu muito obrigada por tantos ensinamentos.

Gratidão também aos professores do PPGA, em especial ao Prof. Miguel, que foi um verdadeiro

anjo do início ao fim desta jornada e sempre cuidou com muito carinho de mim. À minha

querida orientadora e amiga Suzy, que me “salvou” no momento certo e podemos trabalhar em

perfeita harmonia, e pôde oferecer além de seu trabalho, sua valiosa amizade. Aos professores

da banca, pelas valiosas contribuições. Aos demais membros da banca pelas valiosas

contribuições.

Ao PROSUC/CAPES, por financiar parte do meu estudo e permitir que o finalizasse. Aos

coordenadores e professores do curso da área da saúde por autorizar a aplicação dos

questionários, bem como cada aluno que dispôs de tempo para respondê-lo.

À Deus e à Nossa Senhora Desatadora dos Nós por estarem olhando por mim e não me deixando

desamparada, mesmo que estivesse sozinha. Se cheguei até aqui foi graças às bênçãos do céu.

EPÍGRAFE

“Tudo posso naquele que me fortalece”.

Filipenses, 4:13

RESUMO

A concorrência e os altos níveis de exigências que as organizações se apresentam hoje

compõem um cenário no qual o desenvolvimento das competências empreendedoras pode

representar vantagens competitivas para as entidades. Assim, emerge um novo apanhado nas

universidades, que se volta para a educação empreendedora em campos do conhecimento como

da ciência da saúde. Os profissionais dessa área em questão têm se inserido cada vez mais como

empreendedores, no entanto a falta de formação para tornar o negócio sustentável tem gerado

dificuldades para esses indivíduos. Assim, as Instituições de Ensino Superior têm a função de

formar profissionais mais capacitados, e um desses meios é utilizando a multidisciplinaridade,

combinando diferentes áreas. A relevância teórica desta pesquisa está ao utilizar constructos

que estão associados ao empreendedorismo na área da saúde. Vale destacar também que o

empreendedorismo está cada vez mais presente na interdisciplinaridade, sendo contemplado

não somente na área de gestão. Como relevância prática, esse estudo apresenta dados que

podem ser usados por gestores da IES pesquisada, a fim de fomentar o ensino do

empreendedorismo nos cursos que não estão associados diretamente com a área da gestão. O

objetivo geral deste trabalho é avaliar a influência da educação empreendedora no

desenvolvimento da autoeficácia e competências empreendedoras dos discentes de graduação

da área da saúde. Estudos recentes apontam que estes constructos vêm ganhando destaque nas

publicações especialmente no âmbito do processo de ensino-aprendizagem. Com isso, tem-se

como objetivos específicos: a) medir a autoeficácia empreendedora através da escala de De

Noble, Jung e Ehrlich (1999); b) Mensurar as competências empreendedoras segundo o modelo

de Cooley (1990, 1991), validado por Lenzi (2008); c) Analisar a influência da educação

empreendedora. Esta pesquisa conta com a abordagem quantitativa, descritiva e correlacional,

com método de pesquisa survey. A amostra foi composta por 267 alunos da graduação de cursos

da área da saúde em dois campi de uma universidade comunitária do estado de Santa Catarina.

Para análise dos resultados, foi realizado o tratamento estatístico pelo software Statistica, no

qual foram feitos os seguintes procedimentos estatísticos: análise descritiva, Análise Fatorial

Exploratória (AFE), análise de correlação e teste t. Ambos os constructos apresentaram validade

e possuem alto grau de confiabilidade. Ao efetuar a AFE, observou-se o que que há relação

entre os itens das subescalas e dos conjuntos de competências. Por fim, o teste t e as análises

de correlação permitiram analisar que não houve diferença entre a autoeficácia empreendedora

e as competências empreendedoras dos discentes que tinham e dos que não tinham cursado a

disciplina de empreendedorismo. As hipóteses, portanto não foram confirmadas pelo fato de

não haver diferenças significativas. Como percepção do estudo tem-se que nos cursos da área

da saúde, os alunos não se sentem preparados para iniciar o próprio negócio, a partir das

premissas da autoeficácia e das competências empreendedoras, pois elas não estão relacionadas

neste estudo.

Palavras-chave: Educação Empreendedora. Autoeficácia Empreendedora. Competências

Empreendedoras.

ABSTRACT

The high levels of competition, and the strict requirements faced by organizations today, have

produced a scenario where the development of entrepreneurial skills can represent a factor of

competitive advantage. This has led to the emergence of new universities, focused on

entrepreneurial education in fields of knowledge, such as health science. Professionals in this

area have been increasingly involved in entrepreneurial activities; however, a lack of training

in how to make their businesses sustainable has hindered their progress. Institutes of Higher

Education (IHE) have the task of training more skilled professionals, and one means of doing

so is through multidisciplinarity, combining different areas. The theoretical importance of this

research is its use of constructs associated with entrepreneurialism in the area of health. It

should be highlighted that entrepreneurialism is increasingly present in interdisciplinarity, and

not only in the area of management. In terms of practical relevance, this study presents data that

can be used by managers of the IHE studied, in order to promote teaching on entrepreneurialism

in courses not directly related to the area of management. The overall objective of this work is

to evaluate the influence of entrepreneurial education in the development of self-efficacy and

entrepreneurial competencies among graduate studies in the area of health. Recent studies

indicate that these constructs have been increasingly highlighted in publications, particularly in

the scope of the teaching-learning process. Thus, the specific objectives of this work are: a) to

measure entrepreneurial self-efficacy through the scale of De Noble, Jung and Ehrlich (1999);

b) to measure entrepreneurial competence according to the Cooley model (1990, 1991),

validated by Lenzi (2008); and c) to analyze the influence of entrepreneurial education. This

research uses quantitative and descriptive approaches, correlated with the survey method. The

sample was composed of 267 graduate students of health-related courses from two campuses

of a community University in the state of Santa Catarina. For the analysis of the results, the

data were organized in an Excel spreadsheet and then submitted to analysis using the Statistica

software. The statistical procedures used were: descriptive analysis, exploratory factor analysis,

correlation analysis and the student’s t-Test. Both constructs were valid, with a high degree of

reliability. The Cronbach’s Alfa scores showed a relationship between the items of the subscales

and the sets of competencies. Finally, the student’s t-test and the analysis of correlation showed

no differences between entrepreneurial self-efficiency and entrepreneurial competencies, when

comparing students who had, and those who had not studied entrepreneurialism. Based on the

lack of significant difference, the hypotheses were rejected. It was also perceived that graduates

of health-related courses did not feel prepared to start their own businesses, based on the

premises of self-efficiency and entrepreneurial competences, as these were not listed these

study.

Keywords: Entrepreneurial Education. Self-efficacy Entrepreneurial. Entrepreneurial

Competence.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Número de artigos internacionais publicados entre 2005 e 2014 ........................ 23

Figura 02 – Número de artigos brasileiros publicados entre 1962 e 2016 .............................. 23

Figura 03 - Principais autores e escalas utilizadas para medir autoeficácia empreendedora .. 34

Figura 04 - Competências como Fonte de Valor para o Indivíduo e para a Organização ....... 39

Figura 05 - Desenho da pesquisa ............................................................................................. 56

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Principais estudos de educação para o empreendedorismo ................................ 25

Quadro 02 - Modelo de competências de Spencer e Spencer ................................................. 42

Quadro 03 - Competências empreendedoras ........................................................................... 44

Quadro 04 - Pesquisas brasileiras sobre competências empreendedoras ................................ 46

Quadro 05 - Itens da escala de mensuração do construto autoeficácia empreendedora ......... 52

Quadro 06 - Itens do constructo competência empreendedora ............................................... 53

Quadro 07 - Protocolo da pesquisa ......................................................................................... 56

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos discentes por campi e idade ........................................................ 60

Tabela 2 - Distribuição dos discentes por curso ...................................................................... 61

Tabela 3 - Correlações, médias e desvio padrão da autoeficácia empreendedora ................... 63

Tabela 4 - Correlações, médias e desvio padrão das competências empreendedoras ............. 64

Tabela 5 - Cargas fatoriais da subescala "desenvolvimento de novos produtos e oportunidades

de mercado" .............................................................................................................................. 65

Tabela 6 - Cargas fatoriais da subescala "construção de um ambiente inovador" .................. 66

Tabela 7 - Cargas fatoriais da subescala "definição do objetivo principal do negócio" .......... 66

Tabela 8 - Cargas fatoriais da subescala "desenvolvimento de recursos humanos chave para a

empresa" ................................................................................................................................... 66

Tabela 9 - Cargas fatoriais da subescala "iniciando relações com investidores" .................... 67

Tabela 10 - Cargas fatoriais da subescala "lidar com mudanças inesperadas" ........................ 67

Tabela 11 - Cargas fatoriais do conjunto de realização ........................................................... 68

Tabela 12 - Cargas fatoriais do conjunto de planejamento...................................................... 68

Tabela 13 - Cargas fatoriais do conjunto poder ....................................................................... 68

Tabela 14 - Comparações de médias para as subescalas, para os conjuntos de competências

empreendedoras, e todas elas dos alunos que cursaram ou não a disciplina de

empreendedorismo.................................................................................................................... 70

Tabela 15 - Comparações de médias para as subescalas, para os conjuntos de competências

empreendedoras, e todas elas dos alunos de Educação Física que cursaram ou não da disciplina

de empreendedorismo ............................................................................................................... 70

Tabela 16 - Matriz de correlação das subescalas da autoeficácia empreendedora .................. 71

Tabela 17 - Matriz de correlação dos conjuntos de competências empreendedoras ............... 71

Tabela 18 - Matriz de correlação das subescalas e dos conjuntos de competências ............... 72

LISTA DE ABREVIATURAS

ACIBALC Associação Empresarial de Balneário Camboriú e Camboriú

AE Autoeficácia Empreendedora

AI Ambiente Inovador

BDI Busca de Informação

BOI Busca de Oportunidade e Iniciativa

COM Comprometimento

CRC Correr Riscos Calculados

DN Desenvolvimento de Novos Produtos e Oportunidades de Mercado

EDM Estabelecimento de Metas

EE Educação Empreendedora

EQE Exigência de Qualidade e Eficiência

IAC Independência e Auto Confiança

IES Instituições de Ensino Superior

GEM Global Entrepreneurship Monitor

MI Mudanças Inesperadas

ON Objetivo Principal do Negócio

PER Persistência

PMS Planejamento e Monitoramento Sistemáticos

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRC Persuasão e Rede de Contatos

RH Recursos Humanos

RI Relações com Investidores

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

TSC Teoria Social Cognitiva

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA .......................... 15

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 17

1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 17

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 17

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 18

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 21 2.1 EMPREENDEDORISMO .................................................................................................. 21

2.1.1 Contextualização ............................................................................................................ 21

2.1.2 Educação empreendedora ............................................................................................. 24

2.1.3 Empreendedorismo e área da saúde ............................................................................ 27

2.2 AUTOEFICÁCIA ............................................................................................................... 28

2.2.1 Autoeficácia e a Teoria Social Cognitiva ..................................................................... 29

2.2.2 Autoeficácia empreendedora ........................................................................................ 30

2.2.3 Modelos de mensuração da autoeficácia empreendedora ......................................... 31

2.2.4 Modelo de autoeficácia empreendedora de De Noble, Jung e Ehrlich (1999).......... 35

2.2 COMPETÊNCIAS .............................................................................................................. 37

2.3.1 Contextualização ............................................................................................................ 37

2.3.2 Competências empreendedoras .................................................................................... 41

2.3.3 Modelos de mensuração das competências empreendedoras .................................... 42

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 50 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 50

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................ 51

3.3 VARIÁVEIS E MEDIDAS ................................................................................................ 51

3.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 54

3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ...................................................................... 55

3.6 HIPÓTESES E DESENHO DA PESQUISA ..................................................................... 56

3.7 PROTOCOLO DA PESQUISA ......................................................................................... 56

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 59 4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS .......................................................................... 59

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA .................................................. 60

4.3 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS ................................................................... 63

4.4 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA ....................................................................... 64

4.4.1 Autoeficácia Empreendedora ....................................................................................... 65

4.4.2 Competências empreendedoras .................................................................................... 67

4.5 TESTE t E CORRELAÇÕES ............................................................................................. 69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 73 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 76 ANEXOS ................................................................................................................................. 85 Anexo A - Escala de Autoeficácia Empreendedora ................................................................. 85

Anexo B - Escala de Competências Empreendedoras .............................................................. 86

APÊNDICE ............................................................................................................................. 88 Apêndice 1 – Questionário de Autoeficácia Empreendedora utilizado .................................... 88

15

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo introdutório tem como objetivo apresentar a problemática a ser estudada

nesta pesquisa. Inicia-se com a contextualização do tema, do qual o problema de pesquisa é

derivado. Em seguida são evidenciados os objetivos geral e específicos. Na sequência, é

apresentada a justificativa do estudo, dividida em relevância e contribuições; e por fim, a

estrutura desta dissertação.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

A multidisciplinaridade recorrente nos mais diversos campos de atuação traz consigo

grandes desafios para os profissionais, devido à necessidade de transitar por temas até então

pouco familiares, mas que se fazem necessários para estar à frente de um mercado tão

competitivo. O novo profissional deve ter a capacidade de inovar continuamente, propondo

sugestões que revolucionem a maneira de administrar as decisões, podendo, desta forma,

contribuir para o sucesso da organização (SCHUMPETER; 1928, 1934; MILLER; 1983;

SHANE; VENKATARAMAN; 2000).

Com o passar do tempo, surge a necessidade de adequar antigos processos e criar novos

a fim de atender as necessidades do mercado. Assim, as empresas precisam ter indivíduos

comprometidos, alinhadas com características empreendedoras e munidas de ferramentas para

proporcionarem resultados (DORNELAS, 2008). Neste contexto, as Instituições de Ensino

Superior (IES), possuem a função de produzir e socializar o conhecimento. Elas devem ser

instrumentos de renovação e mudança para contribuírem ao progresso da cultura, ciência,

tecnologia e inovação técnica e social.

A universidade, desta forma deve ser empreendedora, ou seja, analisar de maneira

inovadora as mudanças no seu contexto, identificando alterações de comportamento dos seus

alunos; oportunidades em novos segmentos (educação continuada, educação corporativa,

educação à distância) e monitorar os movimentos da concorrência, buscando adequar potenciais

oportunidades (TEIXEIRA, 2001).

Com isso, destaca-se a crescente procura por conhecimentos sobre empreendedorismo

dentro das IES, a fim de formar profissionais mais capacitados para o mercado competitivo. O

que antes era considerada temática exclusiva de áreas ligadas à economia e gestão, passa a ser

valorizado em outros setores, como da saúde. Esse fato traz à tona novas perspectivas de estudos

16

multidisciplinares, com a possibilidade de encontrar um ponto em comum que pode unir duas

áreas distintas (nesse caso, gestão e saúde) a partir da ótica do empreendedorismo

comportamental.

O crescente estudo sobre a temática de empreendedorismo desperta nos pesquisadores

maior diversificação acerca das subáreas que abrange. Conforme apresenta Gimenez (2017), há

conjuntos de temas bastante explorados na literatura encontrada sobre empreendedorismo no

Brasil, no entanto há outros ainda emergentes que oferecem margem para novos estudos. Nesse

sentido, evidencia-se a importância de novas pesquisas sobre este objeto, principalmente ao

mesclar tópicos distintos da mesma área.

No âmbito comportamental, os estudos sobre empreendedorismo ganham força à

medida que as pesquisas avançam com os olhares dirigidos para aspectos inerentes ao ser

humano, como é o caso da autoeficácia. Esse termo, iniciado por Bandura na década de 1970,

tem como base a teoria social cognitiva, e autores como Chen, Greene e Crick (1998)

associaram-o com estudos sobre empreendedorismo na perspectiva de trazer à tona que os

empreendedores devem aprimorar sua autoeficácia a fim de estarem mais adaptados aos

ambientes turbulentos. Outros estudos foram realizados com o intuito de deixar cada vez mais

evidente que a premissa que norteia a autoeficácia também deve estar aliada àqueles que se

consideram empreendedores (WOOD; BANDURA,1989; BOYD; VOZIKIS, 1994; DE

NOBLE; JUNG; EHRLICH, 1999; MORIANO; PALACÍ; MORALES, 2006; CHELL, 2008;

McGEE et al., 2009; HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2017).

Ainda associado ao comportamento humano, outro destaque está relacionado às

competências empreendedoras, que nos útimos anos vem ganhando relevância em publicações, de

maneira especial com o processo de ensino-aprendizagem (FERRERAS; HERNÁNDEZ-LARA;

SERRADELL-LÓPEZ, 2017). Os estudos apontam a importância de detectar as habilidades e

competências nos indivíduos com potencial empreendedor, ou aqueles que já se consideram

empreendedores por terem o próprio negócio ou estar à frente de um.

As pesquisas atuais buscam relacionar competências empreendedoras com os mais

variáveis aspectos, como se pode destacar: teoria da vantagem de recursos (ROCHA et al.,

2010), processos de aprendizagem empreendedora (ZAMPIER; TAKAHASHI, 2011, 2014),

administração pública (LENZI et al., 2012), desempenho organizacional (LIZOTE;

VERDINELLI, 2015), insucesso empresarial (DIAS; MARTENS, 2016).

17

Observa-se, portanto, que se encontra de maneira tímida na literatura temas que

relacionem o empreendedorismo como processo de ensino-aprendizagem, e mais raro é

encontrar estudos que foquem na educação empreendedora para cursos que não são da “área-

mãe”, como Administração. Em contrapartida, observa-se que os profissionais das mais

variadas áreas de conhecimento, por uma questão de adaptabilidade ao cenário econômico e às

oportunidades, têm se inserido como empreendedores. No entanto, a falta de formação básica

para tornar o negócio sustentável gera dificuldades para esses profissionais.

O setor da saúde, com seus diversos cursos, chama atenção nesse âmbito ao trazer novas

oportunidades para aqueles que saem da universidade com a intenção de trabalhar como

autônomo ou ter seu próprio empreendimento. Contudo, as IES ainda não estão preparadas para

oferecer aos alunos um portfólio que lhes dê suporte, por isso, observa-se uma lacuna para

estudar o perfil comportamental desses futuros profissionais.

Com isso, tem-se como problemática para esta pesquisa a seguinte questão: Qual a

influência da educação empreendedora no desenvolvimento da autoeficácia e das

competências empreendedoras dos discentes de graduação da área da saúde?

1.2 OBJETIVOS

Com o intuito de dar resposta ao questionamento que norteia esta investigação, foram

estabelecidos os seguintes objetivos.

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar a influência da educação empreendedora no desenvolvimento da autoeficácia e

competências empreendedoras dos discentes de graduação da área da saúde.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Medir a autoeficácia empreendedora através da escala de De Noble, Jung e Ehrlich

(1999).

b) Mensurar as competências empreendedoras segundo o modelo de Cooley (1990, 1991),

validado por Lenzi (2008).

c) Analisar a influência da educação empreendedora.

18

1.3 JUSTIFICATIVA

Este estudo visa contribuir no fomento do empreendedorismo nas IES para cursos que

não estão diretamente associados à área de gestão de negócios, em especial os cursos de ciências

da saúde. Sendo assim, ao analisar características comportamentais inerentes aos futuros

profissionais, busca-se aprofundar a discussão acerca desses temas e apresentar de que maneira

o empreendedorismo pode auxiliar no desenvolvimento dos profissionais do setor da saúde.

No primeiro momento, em relação à contribuição teórica, ao utilizar dois constructos –

autoeficácia empreendedora e competências empreendedoras – identificando como o fomento

do empreendedorismo pode trazer novas habilidades nos futuros profissionais, tem-se nessa

pesquisa uma vasta contribuição para o meio acadêmico, visto que tal temática é pouco

explorada na literatura pesquisada, principalmente no contexto brasileiro.

Detectou-se também que os estudos que abordam os temas de empreendedorismo e

saúde simultaneamente estão, em sua maioria, publicados em periódicos da área das ciências

da saúde. Com isso, observa-se a relevância de trazer para o campo das ciências sociais

aplicadas temáticas que se associem com outras áreas de conhecimento.

O fato das IES oferecerem de maneira escassa disciplinas de empreendedorismo em

cursos que não são ligados à gestão torna-se ainda mais difícil no que diz respeito à formação

empreendedora, visto que empreender é uma prática interdisciplinar. Vale ressaltar que cerca

de 74% dos cursos de Administração no Brasil contam com disciplinas de empreendedorismo,

enquanto apenas 28% de cursos das ciências da saúde das universidades brasileiras

disponibilizam disciplinas associadas à essa temática (ENDEAVOR, 2016).

Com isso, nota-se que educação empreendedora no contexto brasileiro necessita ser

difundida nos mais diversos âmbitos, e assim apresenta-se a contribuição empírica desse estudo.

Pois, com os resultados encontrados, pretende-se devolver à comunidade universitária repostas

que mostrem a relevância de inserir formação empreendedora para os graduandos da área da

saúde.

Polakiewicz et al. (2013) corroboram com essa ideia, pois acreditam que as ciências da

saúde têm muito a ganhar com a criação de disciplinas, conferências, minicursos e outros

componentes curriculares que estejam associadas o empreendedorismo, visto que esses

profissionais também têm uma atenção voltada para a área administrativa. A pesquisa realizada

pela Endeavor (2016), igualmente aponta a inserção de disciplinas relacionadas ao

19

empreendedorismo como um caminho favorável à formação dos futuros profissionais da área

da saúde.

As IES são marcadas pelo distanciamento com o mercado de trabalho (ENDEAVOR,

2016), e esta pesquisa propõe trazer para a prática aquilo que a teoria explica, apresentando

dados científicos para fazer com que o elo teoria-prática não seja deixado de lado. Em

contrapartida, esta dissertação traz um problema empírico, visto a olhos nus, para o campo

acadêmico e assim, busca-se amenizar o afastamento que há entre o “mundo real” e a ciência.

Vale destacar também que o posicionamento racional que está por trás da emergência

do tema de competências empreendedoras está na investigação de comportamentos que

caracterizam uma atuação empreendedora e com isso busca-se, cada vez mais, a explicação

no referencial de competências. Zampier; Takahashi e Fernandes (2011) acreditam que a

abordagem de competências na área de empreendedorismo não conseguiu absorver as recentes

discussões abordadas essencialmente no campo de competências, as quais tem sido foco de

debates em áreas como estratégia, gestão de pessoas, relações de trabalho e educação. Os

autores destacam ainda um aspecto que consideram recorrente nos estudos de

empreendedorismo: como se trata de um campo interdisciplinar, eles acreditam que deve ser

reestabelecido e reforçado algumas conexões que este campo deve manter com os temas que

lhe fornecem base interpretativa para os resultados.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Essa dissertação está estruturada em cinco capítulos. O capítulo introdutório abrange a

contextualização do tema, problema de pesquisa, bem como justificativa para a realização do

trabalho e os objetivos.

O capítulo dois trata de um arcabouço teórico acerca das temáticas estudadas, sendo

estes, os principais conceitos relacionados à autoeficácia empreendedora e competências

empreendedoras, que são as variáveis norteadoras deste estudo.

O terceiro capítulo contempla a metodologia da pesquisa, sendo definida neste item a

classificação da pesquisa, população e amostra, variáveis e medidas, os procedimentos para

coleta dos dados e a forma como serão analisados os resultados, e por fim, o desenho e protocolo

de pesquisa.

20

O quarto capítulo contempla a apresentação dos resultados obtidos, bem como a

demonstração das tabelas. Por fim, o capítulo cinco conta com as considerações finais, bem

como limitações da pesquisa e sugestões de estudos futuros.

Ao final do trabalho são apresentadas as referências utilizadas neste dissertação, seguido

pelos anexos e apêndices.

21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo é apresentada uma revisão de literatura com a finalidade de dar suporte

aos propósitos do estudo. Inicialmente é feita uma breve revisão dos conceitos de

empreendedorismo e os estudos que o associam com a área de saúde. Na sequência apresenta-

se a origem e os conceitos da autoeficácia, bem como modelos de mensuração já usados e o que

foi empregado nesta pesquisa. Por fim, é feito um resgate acerca do tema de competências,

competências empreendedoras e também se evidenciam os modelos de mensuração, incluindo

o que foi utilizado para a realização deste estudo.

2.1 EMPREENDEDORISMO

2.1.1 Contextualização

O termo empreendedorismo advém de uma constante construção desde o início do

século XX, quando um dos precursores, Schumpeter, em 1928 associou o empreendedorismo à

inovação. O economista defendia que cada produto obedece a um ciclo, que, renovado de

tempos em tempos, gera novos produtos substitutos (SCHUMPETER; 1928, 1934).

Corroborando com Schumpeter, Miller (1983) ressalta que a organização pode ser

considerada empreendedora quando busca inovação constante de produtos e mercados, atuando

de maneira proativa perante a concorrência e assumindo riscos. Stevenson e Jarillo (1990)

complementam que empreendedorismo é um processo de busca por oportunidades, o qual

Shane e Venkataraman (2000) adicionam a esta ideia a identificação das oportunidades e a

exploração das mesmas economicamente.

O processo de inovar, iniciado por Schumpeter, é constantemente citado e relembrado

pelos diversos autores ao longo do tempo, no entanto, acredita-se que é preciso dedicar-se,

assumir riscos e receber recompensas de satisfação e independência financeira e pessoal

(HISRICH; PETERS e SHEPHERD, 2009).

Características como comportamento individual, competência de identificar as

oportunidades existentes, desenvolvimento da organização, criação destrutiva salutar e

capacidade de transformação organizacional surgem a partir dos estudos de Brush et al. (2003).

No entanto, McClelland (1967) identificou três características psicológicas inerentes ao desejo

22

de realização do empreendedor: 1) responsabilidade individual para resolver problemas,

estabelecer metas e atingi-las por meio de seu próprio esforço; 2) aceitação de riscos moderados

como uma função da habilidade; e 3) conhecimento dos resultados da realização da tarefa. O

pesquisador afirma ainda que o empreendedor tem a necessidade de realizar coisas novas,

inovar constantemente e colocar em prática suas ideias, conceito esse que vai ao encontro das

características do empreendedor schumpeteriano.

São destaques outras dez características tidas como fundamentais ao crescimento

econômico dos indivíduos: 1) busca de oportunidades e iniciativas; 2) exigência de qualidade e

eficiência; 3) persistência, independência e autoconfiança; 4) correr riscos calculados; 5) buscar

informações; 6) estabelecimento de metas; 7) planejamento e monitoramento; 8)

comprometimento; 9) persuasão; 10) redes de contatos (McCLELLAND, 1972).

Dessa forma, empreendedor é aquele que imagina, desenvolve e realiza visões, o qual a

partir da visão de futuro faz um planejamento que permite estabelecer condições necessárias

para efetivar seu empreendimento. O empreendedorismo é absorvido por pessoas com

diferentes graus de necessidades, não existindo uma fórmula que permita inferir o sucesso ou o

fracasso profissional. Assim sendo, não há padrões psicológicos que possam definir o perfil do

indivíduo empreendedor (FILION, 1999).

Gomes et al. (2015) destacam a necessidade da visão sistêmica sobre as organizações,

de maneira que os empreendedores devem entender que elas não se estabelecem de maneira

isolada, pois deve haver integração entre todas as partes. Os autores apontam também a

necessidade dos empreendedores descobrirem e projetarem cenários que possibilitem o alcance

dos objetivos antes planejados.

Estudos sobre empreendedorismo ganham cada vez mais relevância devido ao aumento

do número de publicações, como mostra dados de uma pesquisa bibliométrica que reuniu um

conjunto de melhores periódicos internacionais em empreendedorismo no período de trinta anos

– de 1981 a 2010, no qual contou com a análise de 1.414 artigos publicados nos oito principais

journals da área (FERREIRA; PINTO; MIRANDA, 2015). Os pesquisadores apontam

graficamente a evolução das publicações internacionais acerca do tema empreendedorismo,

com ênfase do período entre 2005 e 2014, o qual contou com um aumento significativo dos

artigos publicados, como apresenta a Figura 01.

23

Figura 01 – Número de artigos internacionais publicados entre 2005 e 2014

Fonte: Ferreira; Pinto; Miranda (2015, p. 612)

O contexto brasileiro não difere da realidade internacional, sendo encontrado os

primeiros artigos sobre este tema na década de 1960 publicados por Luiz Carlos Bresser Pereira

na Revista de Administração (GIMENEZ, 2017). Mais adiante, na década de 1990, Gimenez

(2017) destaca as publicações de Louis Jacques Filion, o qual apresentou resultados empíricos

e conceitos relacionados ao empreendedorismo. Mas foi nos anos 2000 que os estudos dessa

temática ganharam força, tendo um crescimento médio por ano de 33% no número de artigos

publicados dos anos entre 2001 e 2016, como apresenta a Figura 02 (GIMENEZ, 2017).

Figura 02 – Número de artigos brasileiros publicados entre 1962 e 2016

Fonte: Gimenez (2017, p. 15)

Os dados apresentados vão ao encontro de informações empíricas que mostram a

crescente busca pelo negócio próprio, conforme aponta o Global Entrepreneurship Monitor,

que destaca um crescimento de 39% no número de empreendedores brasileiros em 2015, ou

24

seja, dois em cada cinco indivíduos entre 18 e 64 anos têm um negócio ou está envolvido na

criação de um empreendimento (GEM, 2015).

Há divergências acerca da denominação para o termo e nota-se que não chegou à uma

definição completa, pois o acentuado aumento das pesquisas sobre empreendedorismo trazem

consigo novos conceitos, bem como complementam os estudos supracitados. Esse fator incita

que há espaço para novas pesquisas que associem o tema à outras áreas, visto a expansão de

publicações, como aponta Gimenez (2017) em um apanhado de artigos de empreendedorismo

relacionados a dois ou três temas diversificados.

2.1.2 Educação empreendedora

Diversas IES investem na educação empreendedora, pois reconhecem o poder para

inovação e desenvolvimento do país. No entanto, isso ainda não acontece com frequência no

Brasil, pois como mostram os dados, cerca de 56% dos alunos acreditam que iniciativas de

empreendedorismo – disciplina, incubadoras e eventos – podem ser essenciais para deixá-los

preparados para empreender, mas apenas 38,78% das universidades correspondem oferecendo

oportunidades equivalentes (ENDEAVOR, 2016).

Na Conferência Mundial sobre Ensino Superior, promovida pela Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 1998, o artigo 7º faz alusão

ao reforço da cooperação com o mundo do trabalho e uma análise e previsão das necessidades

da sociedade. Ainda nesse artigo, o parágrafo d destaca a preocupação com as IES em oferecer

aos estudantes o espírito de iniciativa, bem como aprender a empreender, com a finalidade de

facilitar posteriormente a empregabilidade dos graduados (UNESCO, 1998, art. 7º).

Ao discutir Novas dinâmicas do Ensino Superior e Pesquisas para a Mudança e o

Desenvolvimento Social na segunda Conferência Mundial sobre Ensino Superior, promovida

também pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)

em 2009, foi ressaltado no artigo 18º que o treinamento oferecido pelas IES deve além de visar

necessidades sociais, antecipá-los, e um dos meios que é ressaltado para que isso aconteça é a

educação empreendedora (UNESCO, 2009, art. 18º).

Azevedo (2015) destaca que não são apenas as pessoas que desejam ter um negócio

próprio que demandam por educação empreendedora, pois outras áreas também competem por

esse tipo de formação. A autora acrescenta que a educação empreendedora não se resume mais

25

apenas ao plano de negócios, como se costumava abordar cerca de uma década atrás, e que há

uma necessidade de ter nas graduações atividades vinculadas ao empreendedorismo.

Assim, nota-se a necessidade das universidades tornarem-se cada vez mais

empreendedoras para com os estudantes, pois como define Etzkowitz (2003) a universidade

empreendedora é aquela que é capaz de formular um direcionamento estratégico. Ela deve

contar ainda com objetivos acadêmicos claros e transformar o conhecimento gerado em valor

econômico social, afinal, a universidade é um ambiente propício à inovação e os alunos são

fonte potencial de empreendedores.

Em uma pesquisa conhecida como “Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras”

realizada pela Endeavor em parceria com o SEBRAE, 2230 estudantes e 680 professores

caracterizaram a amostra, à qual pertencem a mais de 70 universidades brasileiras espalhadas

pelas cinco regiões do país no ano de 2016. Esse estudo apresentou que há a disciplina de

empreendedorismo em média de 50% dos cursos de engenharias e ciências sociais aplicadas,

no entanto, é ofertada de maneira escassa em outras áreas, dentre elas ciências agrárias, da

saúde, biológicas e humanas, pois somente há apenas cerca de 30% de oferta de disciplina para

esses cursos (ENDEAVOR, 2016). Os pesquisadores destacam ainda que empreender é uma

prática interdisciplinar, que deve promover o encontro de futuros possíveis parceiros de

negócios.

Por fim, vale destacar os principais estudos da última década associados

simultaneamente à educação e ao empreendedorismo, o qual é apresentado no Quadro 01.

Quadro 01 - Principais estudos de educação para o empreendedorismo Autor (Ano) Objetivo Principais Resultados

Bastos;

Peñaloza (2006)

Compreender o perfil do aluno que

está concluindo a graduação, sob a

perspectiva de análise do

empreendedorismo.

Os alunos apresentam comportamento

empreendedor. Os que não demonstraram

interesse em desenvolver atividades

empreendedoras estavam relacionados à

motivações econômicas.

Mendes;

Ramos;

Gimenez (2006)

Contribuir para a compreensão do

processo ensino-aprendizagem

analisando os conceitos e práticas

pedagógicas em Instituições de

Ensino Superior (IES).

O ensino de empreendedorismo pode

incrementar o pensamento criativo, a

inovação e a habilidade de descobrir

problemas e resolvê-los de maneira

original.

Cunha (2007) Avaliar a disseminação da cultura

empreendedora nos cursos de

Administração e a consequente

percepção de alunos sobre os

conceitos de empreendedorismo e

características comportamentais do

indivíduo empreendedor.

A conclusão apresenta um incremento

percentual significativo na categoria

educação, demonstrando uma percepção

clara quanto à necessidade de estudo para

desenvolvimento do empreendedorismo. O

conceito de empreendedorismo está

relacionado com a educação.

Martens; Freitas

(2008)

Verificar a influência da disciplina

Empreendedorismo nas intenções de

Ocorreram mudanças nas intenções de

direcionamento profissional de alguns

26

direcionamento profissional dos

estudantes de curso superior.

estudantes ao longo do curso, aumentando

o número dos que pretendem atuar

profissionalmente como donos do próprio

negócio após ter cursado a disciplina de

empreendedorismo.

Cunha; Soares;

Fontanillas

(2009)

Estimular a necessidade do ensino de

empreendedorismo em sua

abrangência e relevância a partir dos

primeiros anos educacionais.

O estudo realizado dá ênfase ao ensino de

empreendedorismo por achar que esse é

um caminho imprescindível para a

transformação de um país.

Souza; Saraiva

(2010)

Analisar as práticas e os desafios do

ensino do empreendedorismo na

graduação sob a ótica dos docentes.

Conclui-se que o caso analisado

exemplifica um quadro mais amplo de

formação superior que ainda ignora muito

do que se passa fora dos muros da

universidade. Isso é, em parte, positivo,

pela perspectiva de formação

comprometida com ideais maiores do que

os do capitalismo, mas também constitui

um problema no que se refere à inclusão

de profissionais no competitivo mercado

de trabalho.

Ferreira;

Silveira;

Carvalho (2011)

Analisar as disciplinas quanto às

ementas, conhecer o entendimento

dos coordenadores e professores

sobre a inclusão do enfoque do

empreendedorismo na formação de

turismólogos, e as tendências dos

cursos de turismo.

Os resultados apontam que dos 27 cursos

estudados, 7 oferecem disciplinas de

empreendedorismo. As ementas se voltam

para o Empreendedorismo, de forma geral,

e para o Plano de Negócios. Os

coordenadores e professores entendem

como importante o enfoque do

empreendedorismo na construção de

habilidades e competências desses

acadêmicos como um diferencial

competitivo para inclusão no mercado de

trabalho.

Souza; Silva

(2011)

Identificar e descrever metodologias,

através de uma revisão literária, que

se proponham a estimular e

desenvolver a criatividade e a

inovação na formação do perfil

empreendedor.

Os resultados apontam para a existência de

diversos instrumentos que estimulam o

processo criativo, atuando diretamente em

traços de personalidade, característicos do

perfil empreendedor.

Coan (2013) Analisar como a elaboração desta

ideologia do “homem empreendedor”

foi e está sendo instituída no espaço

escolar, além de apresentar e analisar

tal formulação, buscando o

significado implícito da necessidade

de se educar para o

empreendedorismo.

A formação do homem empreendedor se

funda no espírito competitivo, mas ao

mesmo tempo solidário e preocupado com

as questões sociais. É o homem

responsável por sua própria produção da

existência que age de acordo com as leis

do mercado capitalista, capaz de se adaptar

ao novo mercado de trabalho flexibilizado,

mas, simultaneamente, preocupado com a

diminuição da miséria humana.

Lopes (2014) Apresentar os resultados de um

projeto que investigou como a prática

empreendedora impulsiona resultados

concretos de melhoria de habilidades

comportamentais.

Foi percebido que o empreendedorismo

pode ser aprendido e praticado e a

educação empreendedora pode ser uma

maneira de criarmos essa cultura de

inovação e autonomia nos alunos.

Rocha; Freitas

(2014)

Analisar um instrumento que tem

como função mensurar a

aprendizagem do ensino de

Empreendedorismo, nesse sentido,

verificando a alteração do perfil

Os resultados evidenciaram que os

estudantes que participaram de atividades

educacionais de formação em

Empreendedorismo apresentaram

alterações significativas no perfil

27

empreendedor entre 407 estudantes

universitários participantes e não

participantes do processo de

formação empreendedora.

empreendedor. As principais contribuições

mostram crescimento nas dimensões auto

realização, planejador, inovador e assume

riscos no perfil estudado.

Guimarães;

Lima (2016)

Descrever as medidas no âmbito das

universidades públicas no tocante ao

cotidiano da prática docente que

tenham como referência os fatores

unificadores da iniciativa

empreendedora, em especial nos

Cursos de Administração.

É possível desempenhar procedimentos

didático-pedagógicos orientados pelo

composto de elementos que designam a

ação empreendedora, mesmo considerando

as implicações e ambiguidades presentes

no ambiente universitário.

Fonte: Elaborado com base na literatura (2017)

Conforme é apresentado no Quadro 01, existem na literatura diversos estudos sobre

educação empreendedora, e é enfatizada a importância das disciplinas que fomentem o

empreendedorismo nas universidades. Apesar disso, não foi encontrado pesquisas que

abordassem esse tema associando educação, empreendedorismo e saúde.

2.1.3 Empreendedorismo e área da saúde

O empreendedorismo extrapola as fronteiras da gestão e chega à áreas que antes não se

podia pensar na interatividade, como aponta Gimenez (2017) em uma representação gráfica que

mostra a evolução das publicações brasileiras que associam empreendedorismo e profissões

liberais, dentre elas aquelas associadas à área da saúde.

Além de estar associado a aspectos comportamentais e econômicos, há relação com

áreas da saúde, por exemplo, pois os profissionais dessa área vislumbram cada vez mais

posicionar-se no mercado competitivo (POLAKIEWICZ et al., 2013). Assim, nota-se a

relevância de relacionar empreendedorismo e o setor de saúde, e por este motivo, buscou-se

apresentar alguns estudos já realizados. Vale ressaltar ainda que ainda são escassas as

publicações e sendo em sua maioria artigos publicados em periódicos da própria área da saúde.

Por meio da metodologia Grounded Theory, Backes (2008) teve como objetivo em sua

tese compreender o significado do cuidado de enfermagem como prática social empreendedora.

Apesar de o estudo estar associado ao profissional da enfermagem, a autora utilizou de

conceitos de uma das vertentes do empreendedorismo, com o qual confirmou que o

empreendedorismo social do enfermeiro é vivenciado por meio do cuidado de enfermagem

como prática social empreendedora.

Pardini, Brandão e Souki (2008) analisaram as competências empreendedoras e a rede

de relações sociais no processo de decisão do exercício de empreender pelos profissionais da

fisioterapia. Como principais resultados, os autores apresentaram que esses profissionais agem

28

de maneira intuitiva na concepção do próprio negócio e se abstêm de qualquer planejamento

estratégico preliminar.

Em uma pesquisa realizada com o objetivo de conhecer o perfil dos estudantes

concluintes de um curso de graduação em enfermagem quanto ao empreendedorismo, Roncon

e Munhoz (2009) apresentam que a maioria dos indivíduos pesquisados pretendem encaminhar

sua a profissão em atividades assistenciais, ao passo que nenhum dos estudantes tem a intenção

atuar em atividades administrativas. Os autores concluem que os estudantes possuem baixo

grau da presença de características empreendedoras.

Polakiewicz et al. (2013) ressaltam que para que se amplie possibilidades de integração

de áreas distintas e diversificados campos do saber, torna-se essencial a inserção de

componentes curriculares sobre empreendedorismo na área da saúde, visto que alguns serviços

estão começando a sentir o impacto da alta concorrência no mercado de trabalho. Além disso,

os autores acrescentam que as instituições de ensino devem perceber a importância de tornar

cursos da área da saúde mais flexíveis às tendências de mercado e economia, e enaltecem que

o empreendedorismo pode ser capaz de modificar a realidade econômica.

2.2 AUTOEFICÁCIA

A teoria da autoeficácia teve sua origem em 1977, sendo apresentada por Albert

Bandura, e até hoje é considerada um dos conceitos pilares desse autor. Esse termo está ligado

ao um traço de personalidade do indivíduo o qual interfere na motivação para realizar

determinadas tarefas com sucesso; bem como o grau de tolerância do sujeito para enfrentar

situações adversas; e ainda a percepção individual acerca do risco (LIZOTE; VERDINELLI;

SILVEIRA, 2013a).

Wood e Bandura (1989) associam a autoeficácia percebida com as crenças que o sujeito

tem acerca de suas capacidades para motivar-se, utilizar os recursos cognitivos e as ações

necessárias para exercer controle sobre situações adversas em sua vida. Assim, McGee et al.

(2009) complementam o conceito definindo autoeficácia empreendedora como uma construção

que mensura até que ponto a pessoa acredita na sua própria capacidade de se inserir com sucesso

em um empreendimento de risco.

Os conceitos supracitados vão ao encontro do que Bandura (1977) afirmou em sua obra

inicial de que os sujeitos com maior autoeficácia são mais aptos a persistir em uma dada tarefa.

29

Concomitante a isso, Shinnar, Hsu e Powell (2014) acreditam que esses indivíduos são mais

propensos na intenção de tornarem-se empreendedores e envolver-se em comportamentos

associados a esse traço a longo prazo.

Para que haja um entendimento mais aprofundado acerca do tema, a próxima seção

abordará a teoria social cognitiva que utiliza como conceito principal a teoria da autoeficácia.

2.2.1 Autoeficácia e a Teoria Social Cognitiva

Após apresentar o conceito de autoeficácia, quase uma década depois, em 1986,

Bandura introduziu uma teoria conhecida por teoria social cognitiva (TSC), que está

representada em uma de suas principais obras e define-se como uma teoria psicológica em

desenvolvimento, a qual agrega diferentes constructos para explicar o desenvolvimento e ação

humanas.

A TSC é baseada na visão de “agência humana”, na qual os próprios indivíduos é que

são agentes dos acontecimentos e são responsáveis pelos seu atos, agindo assim, de maneira

proativa no seu desenvolvimento (PAJARES; OLAZ, 2008). Chell (2008) complementa esse

raciocínio indicando que o indivíduo produz sua própria realidade e visão de si mesmo, e que

ele adota padrões de comportamento para lidar com as situações.

Os autores Wood e Bandura (1989) afirmam que há quatro maneiras principais que as

crenças dos indivíduos sobre autoeficácia podem ser desenvolvidas e fortalecidas, que são:

1) Experiência de domínio: é considerada uma das mais importantes, pois os indivíduos

devem ter experiência para superar obstáculos a fim de ter uma sensação resiliente da eficácia.

Os autores acrescentam ainda que os êxitos de desempenho fortalecem as auto-crenças sobre a

capacidade, mas em contrapartida as falhas geram o que ele chama de “auto-dúvidas”.

2) Modelagem (experiência vicária): transmite ao sujeito que está observando

estratégias eficazes para gerenciar diferentes situações, pois a partir de um modelo existente, o

indivíduo compara e julga sua própria capacidade.

3) Persuasão social: Os autores acreditam que se há incentivos realistas, as pessoas serão

mais propensas a se esforçarem mais e por conseguinte tornarem-se bem sucedidos. Em

contrapartida, se os indivíduos sentem-se inseguros e com dúvidas, há uma maior chance de

não serem bem sucedidos.

30

4) Estados fisiológicos: o estado emocional do indivíduo também é destaque, pois está

associado ao estado fisiológico. Os autores sugerem a melhora do estado físico do indivíduo,

bem como redução do nível de estresse e alteração de suas interpretações de informações

somáticas.

Vale ressaltar que há um processamento cognitivo a partir das informações

proporcionadas pelas fontes de eficácia as quais as crenças serão influenciadas, que os indivídos

selecionam, avaliam, integram e interpretam essas informações. Contudo, essas fontes de

infomação de autoeficácia podem ser alteradas constantemente à medida que os sujeitos

vivenciam situações e papéis distintos (BARROS; OLIVEIRA; SPYRIDES, 2012).

2.2.2 Autoeficácia empreendedora

Ainda fundamentado na perspectiva da autoeficácia proveniente de Bandura (1977), a

qual baseia-se na teoria social cognitiva apresentada anteriormente, Chen; Greene e Crick

(1998) consideram a autoeficácia altamente apropriada para o estudo do empreendedor. A

autoeficácia empresarial deve ser estável, mas não imutável, assim sendo, permite que os

empreendedores modifiquem e aprimorem sua autoeficácia em uma interação contínua com o

meio ambiente (CHEN; GREENE; CRICK, 1998).

Há uma limitação também ao definir a carreira, pois Wood e Bandura (1989) defendem

que muitas pessoas acreditam que não têm capacidades necessárias, mesmo tendo habilidades

para tal; isso faz com que o sujeito gere mais dúvidas sobre si, mesmo não sendo uma

incapacidade propriamente dita. Esse conceito está associado à baixa autoeficácia, que torna-se

um fator limitante também para os empreendedores. Com isso, Shinnar, Hsu e Powell (2014)

destacam a relevância de estudos sobre empreendedorismo verificarem a importância da

autoeficácia na formação dos empreendedores.

Vale destacar que a ação empreendedora é frequentemente intencional, pois de acordo

com as características do comportamento empreendedor, eles almejam entrar em novos

mercados, correr riscos, perseguir novas oportunidades, e raramente esse processo é não

intencional (CHELL, 2008; HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2017). McGee et al. (2009)

relacionam a autoeficácia empreededora com as intenções empreendedoras, que por sua vez, foram

definidas anteriormente por Boyd e Vozikis (1994) como uma situação mental a qual guia o

31

comportamento do empreendor a fim que haja desenvolvimento de ações associadas ao

empreendedorismo.

Os sujeitos tem intenções mais fortes quando a ação é percebida como viável e

desejável, e a viabilidade está intimamente ligada à autoeficácia empreendedora, pois esta

refere-se à confiança de que se pode executar determinado comportamento exigido com

sucesso. Essas atitudes refletem na percepção de uma capacidade que o indivíduo tem para realizar

um trabalho, com isso, a autoeficácia quando elevada reflete em uma maior iniciativa e persistência,

e por conseguinte, melhora o desempenho (CHELL, 2008; HISRICH; PETERS; SHEPHERD,

2017). Estes autores acrescentam ainda que a autoeficácia afeta na escolha da ação e no esforço que

será exercido.

Nascimento (2015) destaca que há uma ascensão na literatura sobre a autoeficácia

empreendedora, e que os artigos, de maneira geral, abordam temas que estudam a crença na

capacidade do indivíduo de tomar ações empreendedoras baseado na avaliação de gestão; e que

abrangem também habilidades técnicas e funcionais que os sujeitos devem ter.

2.2.3 Modelos de mensuração da autoeficácia empreendedora

Bandura (1977) defende que os efeitos dos determinantes da aprendizagem social da

autoeficácia podem ser medidos devido à suas possíveis variações, com isso, o autor acredita que

tem como verificar com precisão as proposições sobre as origens da autoeficácia.

Partindo desse pressuposto, Chen, Greene e Crick (1998) inovaram em seu estudo com

universitários e empresários de organizações de pequeno porte ao elaborar uma escala de

autoeficácia empresarial que reunia dimensões relacionadas com o marketing, inovação, gestão,

assunção de riscos e controle financeiro. Utilizaram ainda algumas variáveis de controle, como

idade, sexo, nível de escolaridade, número de familiares e amigos empresários e quantidade de

cursos sobre empreendedorismo que tinham realizado. Como resultado principal, foi observado que

a autoeficácia teve um efeito positivo sobre a probabilidade de ser um empreendedor, e ainda que

a assunção de risco e a inovação encontraram-se diferenciadas entre os participantes. Os

pesquisadores utilizaram os resultados de autoeficácia para diferenciar significativamente

empresários de não-empreendedores.

De Noble, Jung e Ehrlich (1999) elaboraram seu trabalho sobre a ótica de Chen, Greene

e Crick (1998), no entanto o intuito foi criar uma escala para o contexto empresarial, sendo assim

32

uma das medidas mais utilizadas até os dias de hoje. Embalados na teoria da autoeficácia

apresentada por Bandura (1977), os pesquisadores elaboraram a escala com seis subescalas. Este

estudo foi realizado com 272 estudantes universitários americanos, e tiveram como resultado

principal a correlação positiva e significante entre o escore total da escala e a intenção e a

disponibilidade atual dos estudantes iniciarem o seu negócio próprio.

A escala elaborada por De Noble, Jung e Ehrlich (1999) foi utilizada posteriormente em

um estudo com estudantes universitários na Espanha. Moriano, Palací e Morales (2006)

adaptaram a escala utilizando cinco, das seis subescalas originais: desenvolvimento de novos

produtos, construção de um ambiente inovador, relação com investidores, trabalho sob estresse

e desenvolvimento de recursos humanos.

García (2010) também utilizou a escala já apresentada anteriormente, pois seu estudo

que teve 1.810 respondentes sendo estes universitários da Espanha, Portugal, México Brasil e

Argentina, tinha como objetivo principal examinar a validade fatorial de um instrumento de

pesquisa voltado para mensurar a orientação empreendedora. Apesar de não ter como centro da

pesquisa a autoeficácia, o autor utilizou uma estrutura psicométrica para formular o seu

instrumento de pesquisa, o qual era composto por três dimensões, que são: lócus de controle,

tendo como referência os trabalhos de Rotter (1966), Levenson (1973) Cromie (2000);

autoeficácia empreendedora, utilizando a escala de De Noble, Jung e Ehrlich (1999); e

personalidade proativa, que teve como fonte os estudos de Seibert, Crant e Kraimer (1999,

2001).

Utilizando a escala de mensuração de autoeficácia do empreendedorismo coorporativo

de Ehrlich, De Noble e Singh (2005), a qual derivou do modelo de mensuração de autoeficácia

empreendedora de De Noble, Jung e Ehrlich (1999), Moriano et al. (2012) tiveram a intenção

de adapta-la e validá-la para a língua espanhola em um estudo com 248 executivos e gerentes

espanhóis. Os resultados apresentados confirmaram a validade e confiabilidade para avaliar

habilidades e atividades essenciais necessárias para liderar iniciativas empreendedoras dentro

da organização no contexto espanhol.

Com o intuito de analisar a relação entre autoeficácia empreendedora com competências

empreendedoras e a percepção de desempenho, Lizote, Verdinelli e Silveira (2013a) realizaram

uma pesquisa survey com questionário aplicado a 104 gestores de empresas instaladas em

incubadoras. Nesse estudo, para mensurar a autoeficácia empreendedora foi utilizado a escala

de De Noble, Jung e Ehrlich (1999). Por resultados obtiveram que as competências

33

empreendedoras se manifestaram de maneira distinta entre os respondentes, que proporcionou

distinguir grupos homogêneos; e no âmbito da autoeficácia, foi confirmada uma relação

positiva com desempenho.

Posteriormente, Lizote, Verdinelli e Silveira (2013b) realizaram uma pesquisa que teve

como objetivo analisar o relacionamento entre competências empreendedoras e autoeficácia

empreendedora que os estudantes do curso de Administração em uma universidade comunitária

declaram ter. Os pesquisadores utilizaram o modelo de Cooley (1990, 1991) validado por Lenzi

(2008) para mensurar as competências empreendedoras e a escala de De Noble, Jung e Ehrlich

(1999) para medir a autoeficácia empreendedora. O principal resultado desse estudo foi que a

autoeficácia se associa com as competências empreendedoras dentro do contexto estudado.

Em outro estudo, Nascimento, Verdinelli e Lizote (2014) analisaram as relações entre

os estilos cognitivos com a autoeficácia e a intenção empreendedora que os alunos que estavam

no último ano dos cursos de Administração e Ciências Contábeis em duas universidades

comunitárias do estado de Santa Catarina acreditavam ter. Foi também realizada uma survey

com questionário de autopreenchimento, o qual estava dividido em quatro blocos de acordo

com a perspectiva de atender aos objetivos da pesquisa. Dentre os blocos do questionário, o

constructo da autoeficácia empreendedora foi contemplado com a escala de Moriano, Palací e

Morales (2006). Os resultados apontaram que os alunos que possuem estilo intuitivo ou quase

intuitivo manifestaram maior autoeficácia; que há uma relação positiva da autoeficácia

empreendedora dos universitários com o comportamento planejado; e, por fim, que a associação

entre a autoeficácia empreendedora e a intenção empreendedora foi positiva e significante.

Em seu trabalho de dissertação de mestrado, Simões (2016) analisou a intenção

empreendedora relacionando-a com a autoeficácia empreendedora e a autoeficácia acadêmica

em estudantes de quatro escolas em Coimbra. Na amostra de 290 alunos, a pesquisadora aplicou

o instrumento validado e adaptado por Moriano, Palací e Morales (2006). Como resultados

principais, obteve-se que o desenvolvimento das elevadas expectativas de autoeficácia

empreendedora se associam fortemente à vontade de desenvolvimento de um projeto

empreendedor e ao sentimento de que se é capaz de realizar o caminho necessário para

consegui-lo.

Recentemente, Miao, Qian e Ma (2017) realizaram uma metanálise com o intuito de

fazer uma revisão e uma síntese na literatura sobre a relação entre a autoeficácia empreendedora

e o desempenho, bem como abordaram quais moderadores influenciam essa relação. O estudo

34

teve como amostra total 5.065 empresas, em 26 estudos que os pesquisadores analisaram. Um

dos meios que utilizaram para refinar a busca na literatura foi a procura por artigos críticos que,

segundo os autores, desenvolvem a construção da autoeficácia, como Chen; Greene e Crick

(1998), De Noble, Jung e Ehrlich (1999) e Forbes (2005). Para os autores foi uma garantia que

a pesquisa havia capturado todos os estudos relevantes que relacionavam autoeficácia

empreendedora e desempenho empresarial. Como resultado, encontraram que a medição do

desempenho empresarial é um moderador significativo nessa relação.

A Figura 03 representa de forma resumida como os conceitos e escalas utilizados pelos

autores citados neste trabalho estão interligados. Iniciando pelo estudo de Chen; Greene e Crick

(1998), a qual derivou a escala de De Noble, Jung e Ehrlich (1999); que, por sua vez foi utilizada

nas pesquisas de García (2010), Lizote, Verdinelli e Silveira (2013a) e Lizote, Verdinelli e

Silveira (2013b). Bem como, a partir do instrumento citado anteriormente, derivou a escala de

Ehrlich, De Noble e Singh (2005) que foi utilizada por Moriano et al. (2012). A escala de De

Noble, Jung e Ehrlich (1999) foi adaptada por Moriano, Palací e Morales (2006), a qual

Nascimento, Verdinelli e Lizote (2014) e Simões (2016) a utilizaram.

Figura 03 - Principais autores e escalas utilizadas para medir autoeficácia empreendedora

Fonte: Elaborado com base na literatura (2017)

Observa-se, com os exemplos supracitados de modelos de mensuração da autoeficácia

empreendedora, que uma das principais escalas utilizadas para mensuração foi o instrumento

35

desenvolvido e validado por De Noble, Jung e Ehrlich (1999). Assim sendo, a próxima seção

ater-se-á a apresentar e explicitar melhor essa escala, a qual será utilizada também nesta

pesquisa.

2.2.4 Modelo de autoeficácia empreendedora de De Noble, Jung e Ehrlich (1999)

No estudo de De Noble, Jung e Ehrlich (1999) os pesquisadores elaboraram uma escala

a partir de propriedades psicométricas, que Pasquali (1997) entende como um modelo

quantitativista aplicado à Psicologia, o qual se originou no final do século XIX e nos primeiros

anos do século XX e que teve como precursores e desenvolvedores estatísticos.

Como mencionando na seção anterior, o trabalho que deu suporte na construção desta

escala foi o de Chen, Greene e Crick (1998). A partir dele, De Noble, Jung e Ehrlich (1999)

construíram uma escala mais refinada na construção de autoeficácia empreendedora; que

complementam ainda que esse refinamento deve incluir competências empresariais que são,

por sua vez, diferentes de habilidades gerenciais, como citadas com mais frequência na

literatura.

Esses autores destacam que para estudar o processo empreendedor, essa “medida

refinada” da autoeficácia pode servir como uma ferramenta de pesquisa na previsão de ações e

intenções empreendedoras. De Noble, Jung e Ehrlich (1999) afirmam ainda que há uma

influência positiva quando uma pessoa possui autoeficácia percebida para estar à frente da

realização das exigências de um empreendimento inicial e a intenção empreendedora.

O estudo teve como objetivo principal desenvolver uma medida confiável e válida de

autoeficácia empresarial, que os autores selecionaram seis subescalas , sendo dividido da

seguinte forma de acordo com as ordens dos fatores: 1) desenvolvimento de novos produtos e

oportunidade de mercado, 2) construção de um ambiente inovador, 3) iniciando relações com

investidores, 4) definição do objetivo principal do negócio, 5) lidar com desafios inesperados,

e 6) desenvolvimento de recursos humanos-chave para a empresa (DE NOBLE; JUNG;

EHRLICH, 1999).

Para melhor entendimento de cada dimensão apresentada, esta seção limita-se a detalhar

no que consiste essencialmente as perspectivas que contemplam a mensuração da autoeficácia

empreendedora no instrumento elaborado por De Noble, Jung e Ehrlich (1999):

36

1) Desenvolvimento de novos produtos ou oportunidades de mercado: relaciona-se a um

conjunto de habilidades relacionadas ao reconhecimento de oportunidade, a qual se torna

importante para os sujeitos que buscam iniciar um empreendimento, pois eles devem acreditar

fielmente no produto ou oportunidade de mercado que identificaram para que sirva como uma

base sólida para outros interessados que queiram lançar um empreendimento. Moriano, Palací

e Morales (2006) complementam o conceito afirmando que o empreendedor tem que acreditar

na própria capacidade criativa para descobrir oportunidades que concedam desenvolver seus

produtos ou serviços.

2) Construção de um ambiente inovador: está associado à capacidade que o sujeito tem

para se encorajar ao tentar novas ideias, bem como iniciar ações e assumir responsabilidade dos

resultados que foram gerados. Nessa dimensão também é avaliado a capacidade de percepção

do indivíduo de promover ações inovadoras.

3) Iniciar relacionamento com investidores: as demandas para manter essa rede de

relacionamento por vezes são subestimadas pelos empreendedores no início do negócio, no

entanto depois que começa o empreendimento, pode ser mais demorada e exigente de

habilidades significativas, além de ser parte do que o empreendedor precisa para sustentar a

visão de negócio.

4) Definição do propósito central: essa dimensão é colocada com o intuito de deixar mais

clara e objetiva a visão do empreendedor sobre seu próprio negócio, a fim de atrair investidores

e funcionários-chave, tornando-se assim, uma das dimensões essenciais. Moriano, Palací e

Morales (2006) acrescentam que se um indivíduo não se sente capaz de estabelecer o objetivo

principal do seu negócio, provavelmente ele não terá motivação para iniciar o empreendimento.

5) Lidar com desafios inesperados: no início do empreendimento, os sujeitos têm de lidar

com a ambiguidade e incerteza que envolve o ambiente, além de tolerar falta de informação,

mensagens duvidosas e rejeições que possivelmente poderão enfrentar. Os autores destacam

ainda que esses possíveis desafios poderão acontecer com feedback de investidores, flutuações

nas condições de mercados e também nos requisitos para infusões de dinheiro.

6) Desenvolvendo recursos humanos: trata-se da capacidade do empreendedor de atrair e

reter indivíduos-chave para a empresa, atividade essa que é de grande importância para as

atividades iniciais do empreendimento.

37

2.2 COMPETÊNCIAS

2.3.1 Contextualização

O conceito de competência foi colocado de forma mais estruturada na década de 70 pela

primeira vez por McClelland em seu artigo Testing for Competence rather than Intelligence,

no qual iniciou o debate entre psicólogos e administradores nos Estados Unidos acerca do tema

(FLEURY; FLEURY, 2004; DUTRA, 2016). Lizote (2013) aponta que há na literatura uma

quantidade expressiva de conceitos e enfoques utilizados para a noção de competências. No

entanto, Cardoso (2006, p. 52) apresenta a palavra “competência” advinda do latim

“competentia”, que significa a “capacidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo

assunto, de fazer determinada coisa, com habilidade, aptidão, capacidade e idoneidade”.

O termo competência recebe abordagens distintas, sustentada por duas linhas teóricas,

a americana e a europeia, a qual se difunde entre os autores ingleses e franceses (CARDOSO,

2006). Geffroy e Tijou (2002) apresentaram essas três abordagens predominantes relacionadas

ao estudo de competências da seguinte forma:

a) Americana – que tem foco nos elementos comportamentais ou atributos individuais. A

competência, segundo essa abordagem é vista como um estoque de recursos do indivíduo, ou

seja, seus conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA).

b) Inglesa (Funcional) – a identificação dos conhecimentos, habilidades e atitudes é

realizada através de uma análise do desempenho e das responsabilidades assumidas pelo

indivíduo, e as competências, por sua vez, são vinculadas aos objetivos organizacionais.

c) Francesa (Construtivista) – trata da competência prática, analisando-a como um

processo dinâmico reconhecido pelos resultados da ação.

Na perspectiva americana, as competências são sustentadas pelo fato de poder ser usadas

para referir às áreas de trabalho que cada indivíduo é competente (CARDOSO, 2006). Assim,

McClelland (1973) defende que é uma característica subjacente a um ser, que pode ser um

motivo, habilidade, aspecto da autoimagem ou papel social ou ainda um corpo de

conhecimento, o qual é complementado posteriormente por Boyatzis e por Spencer e Spencer.

Brandão (2007) assegura que além das competências estarem relacionadas a uma gama de

qualificações que o sujeito possui e que o faz exercer sobre o trabalho, elas também auxiliam

ao indivíduo lidar com determinada situação.

38

A ideia de Boyatzis auxiliou a apontar uma série de traços e características que auxiliam

a definir um desempenho superior. Assim, Fleury; Fleury (2004) definem o conceito de

competência como “um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um

alto desempenho”. Em contrapartida, os ingleses, têm o entendimento sobre competências

próximo ao que o mercado de trabalho exige e também ao que é esperado pelas organizações

(SANT’ANNA, 2010; GODOY et al., 2009).

Le Boterf (2003) traz à tona o conceito de competência afirmando e ela é um resultado

do cruzamento de três eixos: o sujeito, o qual envolve sua biografia e socialização; a experiência

profissional e a situação de sua formação educacional.

Já Zarifian (2003) denomina três elementos a fim de conceituar o termo competência: a

responsabilidade e iniciativa do indivíduo no campo profissional, a inteligência prática das

situações que se apoia em conhecimentos adquiridos e a capacidade de compartilhar desafios e

assumir responsabilidades.

Prahalad e Hamel (1990) consolidam o conceito de competência trazendo o termo core

competence que trata das competências essenciais, as quais são consideradas diferenciais para

a organização, permitindo, assim, obter vantagem competitiva por meio das competências

organizacionais, o que determinam a sobrevivência das organizações. Estes autores definem

competência como a capacidade do sujeito misturar, integrar e combinar nos produtos e

serviços, e ainda assegurar uma relação entre competências e estratégias competitivas.

Seguindo o aspecto de core competence proposto por Prahalad e Hamel (1990), Dutra

(2016) sustenta a ideia defendendo que não se pode pensar em competências individuais de

forma generalizada, mas sim associadas às competências essenciais para a organização, pois,

há um processo contínuo de troca de competências, no qual a organização transfere seu

patrimônio para as pessoas, preparando-as para enfrentar novas situações profissionais e

pessoais, seja na organização ou fora dela. Em contrapartida, ao mesmo tempo em que as

pessoas desenvolvem sua capacidade individual, elas transferem para a organização em quem

se encontra seu aprendizado, capacitando-a a enfrentar novos desafios. Assim sendo, ao

colocarem em prática o patrimônio de conhecimentos da organização, as pessoas concretizam

as competências organizacionais e fazem uma adequação ao contexto (DUTRA, 2016).

Kets de Vries (1996) acredita que competência é uma característica que envolve

diferentes habilidades, conhecimentos e traços de personalidade, que são influenciados pela

história familiar, experiência, capacitação que teve ao longo da vida, educação, aspectos

39

demográficos, entre outros fatores inerentes ao indivíduo. Boyatzis (2008) complementa

afirmando que competência é um conjunto de comportamentos relacionados, mas diferentes,

organizados em torno de uma construção subjacente, que chamamos de "intenção". Os

comportamentos são manifestações alternativas da intenção, conforme apropriado em várias

situações ou tempos.

Fleury e Fleury (2001) mostram que a noção de competência está associada a verbos

como: mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber agir, saber aprender,

saber engajar-se, assumir responsabilidades e ter visão estratégica. Para a organização, as

competências devem agregar valor econômico, enquanto para o indivíduo devem agregar

valor social. A Figura 04 apresenta como esse conceito está interligado com a interação de

competências individuais e organizacionais.

Figura 04 - Competências como Fonte de Valor para o Indivíduo e para a Organização

Fonte: Fleury e Fleury (2001)

Competência é definida então por Fleury e Fleury (2001, p. 188) como “um saber agir

responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,

recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao

indivíduo

Outro elemento que está associado ao conceito de competência é a individualidade, ou

seja, aquelas características que são particulares a cada indivíduo. Assim, a competência

individual é a capacidade de ser eficiente em determinadas situações, apoiando-se em

conhecimentos, contudo não se limitando a eles (PERRENOUD, 2001). Levy-Lebouyer

(1997) afirma que as competências estão associadas a uma tarefa e a um conjunto de atividades

e saberes articulados, realizados de forma internalizada, a medida que o indivíduo usa este

40

saber no momento que acredita ser adequado, não tendo a necessidade de consultar regras

básicas ou perguntar sobre qual conduta deve adotar.

A competência não existe de maneira isolada, pois ela é resultado da formação do

indivíduo, da formação educacional e da experiência profissional, a qual implica na relação

sujeito-meio, sendo assim sempre uma competência em situação ou competência em ação.

Bitencourt (2004) afirma que o processo de formação de competências é um contínuo e

articulado desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, sendo a própria pessoa

a responsável pela construção e consolidação de suas competências.

Takahashi (2007) complementa a ideia de competências individuais identificando que

a formação da pessoa é composta por saberes teóricos, o saber-fazer sejam eles empíricos,

relacionais, formalizados ou cognitivos, as aptidões ou qualidades, os recursos fisiológicos e

emocionais. Assim, o trabalho não se restringe a um conjunto de características associadas a

um cargo, mas torna-se a ação da competência do indivíduo no contexto profissional, que por

sua vez, está cada vez mais complexo e dinâmico (BITENCOURT; KLEIN, 2007).

A temática da formação de competências individuais recai sobre o mercado de trabalho

e suas inúmeras mudanças, as quais estabelecem a necessidade de adaptação aos novos

cenários e impõe aos indivíduos buscarem qualificar-se e desenvolver suas competências

profissionais a fim de manter-se competitivo e inserido no mercado. Ruas (2003) destaca que

a renovação do interesse acerca do conceito de competência apresenta de novo em termos de

princípios e práticas de gestão é resultado do aumento da utilização desse termo como

importante referência na gestão empresarial no Brasil.

Na área da educação a preocupação com a formação profissional que ocorre no nível

médio e superior, ganhou impulso com a aderência do conceito de competência como

orientador das decisões curriculares (GODOY; ANTONELLO, 2009). Além da formação de

currículos, Lizote (2013) destaca ainda no âmbito educacional os seguintes aspectos: processo

de ensinar e aprender, avaliação de competências docentes e enfoque na educação profissional.

As ações empreendedoras estão intimamente associadas à capacidade de gestão, à

capacidade de relacionamento em rede, senso de identificação de oportunidades, o

comprometimento com os interesses individuais e da empresa, o posicionamento em cenários

conjunturais, representando uma sinergia, uma troca equitativa de interesses entre os diversos

entes envolvidos (MAMED; MOREIRA, 2005). Lizote (2013) destaca que as competências

empreendedoras têm como base uma interação entre as competências individuais e as

41

organizacionais, tornando-se assim, fundamental o conhecimento de seus conceitos,

características e modelos.

2.3.2 Competências empreendedoras

Em uma revisão sistemática da literatura sobre a incorporação das competências

empreendedoras na educação superior realizada por Ferreras, Hernández-Lara e Serradell-

López (2017), os autores detectaram que na última década, os estudos relacionados às

competências empreendedoras e sua relação com o processo de ensino-aprendizagem

demonstrou um aumento considerável.

Lenzi et al. (2015) acreditam que os estudos na área de administração têm buscado

incorporar conhecimentos sobre o perfil empreendedor aliado ao contexto das competências.

Os autores afirmam que um empreendedor pode construir e adequar suas individualidades com

a finalidade de criar uma competência empreendedora, assim como um indivíduo é capaz de

lapidar suas próprias competências. Concomitante a esse pensamento, Zarifian (2001) já

afirmava que ninguém é obrigado a ser empreendedor, pois não se pode obrigar ninguém a ser

competente, ou seja, cada pessoa pode aperfeiçoar suas competências, e um empreendedor

pode aprimorar e criar suas próprias competências empreendedoras.

Snell e Lau (1994) definem competências empreendedoras como a junção de

competências e ações empreendedoras, as quais consistem em um corpo de conhecimento,

área ou habilidade, motivações ou direcionamentos, atitudes ou visões, qualidades pessoais ou

características, que podem contribuir de diferentes maneiras para o pensamento ou ação

efetiva do negócio. Para esses autores, criar e gerenciar um negócio estão relacionados ao

plano de vida do empreendedor, aos valores e à suas características pessoais, os quais são

refletidos na amplitude desta definição.

Mamed e Moreira (2005) consideram que em decorrência das diferentes tarefas que

são desempenhadas, a competência empreendedora pode tratar-se tanto como competência do

indivíduo, como relacionar-se à prática administrativa. Os autores destacam ainda que as ações

empreendedoras estão associadas às competências porque representa a identificação de

oportunidades, a facilidade de leitura, a capacidade de gestão e de relacionamento em rede,

habilidades conceituais, o posicionamento em cenários conjunturais e o comprometimento

com interesses individuais e da organização.

42

Brasil (2015) relata que quando migra do campo do empreendedorismo para o de

competências empreendedoras, alguns estudos têm tentado incorporar a união entre as

características do perfil empreendedor ao contexto das competências. Lenzi (2008) afirma que

o conjunto mais apropriado ao estudo de competências empreendedoras é o modelo de

competências individuais. A partir disso, torna-se essencial conhecer os modelos principais

para mensuração das competências empreendedoras.

2.3.3 Modelos de mensuração das competências empreendedoras

Em 1983, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional

(USAID) financiou uma pesquisa em três países subdesenvolvidos, Equador, Malawi e Índia

para identificar características empreendedoras pessoais. Essa pesquisa tinha o propósito de

identificar competências capazes de prever a criação e sucesso de negócios em diferentes

culturas, tendo ainda como objetivo multiplicar e estender a aplicação dos conhecimentos sobre

motivação usando a metodologia de mensuração de competências desenvolvida por Lyle

Spencer e David McClelland (LIZOTE, 2013).

Assim, essa pesquisa resultou em um conjunto de competências, as quais deram origem

a um dos modelos de competências, conforme apresenta o Quadro 02.

Quadro 02 - Modelo de competências de Spencer e Spencer

I – REALIZAÇÃO

1. Iniciativa

a. Faz as coisas antes de solicitado ou antes de forçado pelas circunstâncias.

b. Age para expandir seu negócio a novas áreas, produtos ou serviços.

2. Vê e aproveita as oportunidades

a. Vê e aproveita novas oportunidades de negócios

b. Aproveita oportunidades incomuns para obter financiamentos, terreno, local de trabalho

ou assistência.

3. Persistência a. Age repetidamente ou muda de estratégia para superar um obstáculo.

b. Age frente a um obstáculo significativo.

4. Busca de informação a. Dedica-se pessoalmente a pesquisar como fornecer um produto ou serviço.

b. Consulta especialistas para obter assessoria técnica ou empresarial.

c. Procura informações ou faz perguntas para esclarecer as necessidades de um fornecedor.

d. Assume pessoalmente pesquisas de mercado, análises de mercado ou pesquisas.

e. Usa contatos ou rede de informações para obter informação útil.

5. Interesse pela alta qualidade de trabalho a. Manifesta o desejo de produzir ou vender um produto ou serviço de maior qualidade ou

qualidade superior.

b. Compara seu próprio trabalho ou o trabalho de sua empresa como sendo melhor que os

outros.

6. Comprometimento com contratos de trabalho

43

a. Faz um sacrifício pessoal ou despende um esforço extraordinário para completar um

trabalho.

b. Aceita total responsabilidade pelos problemas na conclusão de um trabalho para os

clientes.

c. Colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles para completar um trabalho.

d. Expressa interesse em satisfazer o cliente.

7. Orientação para a eficiência a. Procura ou encontra maneiras de fazer as coisas mais rápido ou com um custo menor.

b. Usa informação ou ferramentas de gestão para aumentar a eficiência.

c. Expressa preocupação pela relação custo/benefício ou sobre alguma melhoria, mudança

ou ação em curso.

II - PENSAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

8. Planejamento sistemático a. Planeja dividindo uma tarefa de grande porte em subtarefas.

b. Desenvolve planos que preveem obstáculos.

c. Avalia alternativas.

d. Usa uma abordagem lógica e sistemática para as atividades.

9. Solução de problemas a. Muda para uma estratégia alternativa para alcançar uma meta.

b. Gera novas ideias ou soluções inovadoras.

III – MATURIDADE PESSOAL

10. Autoconfiança a. Expressa confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa ou enfrentar um

desafio.

b. Mantém sua opinião frente à oposição ou falta inicial de sucesso.

c. Faz alguma coisa que ele considera arriscado.

11. Perícia (expertise)

a. Tem experiência na mesma área de negócios.

b. Possui forte perícia técnica na área de negócios.

c. Tinha experiência em finanças antes de começar o negócio.

d. Tinha experiência em contabilidade antes de começar o negócio.

e. Tinha experiência em produção antes de começar o negócio.

f. Tinha experiência em marketing/vendas antes de começar o negócio.

g. Tinha experiência em outras áreas de negócio relevantes antes de começar o negócio.

12. Reconhece suas próprias limitações

a. Declara explicitamente uma limitação pessoal.

b. Envolve-se em atividades para melhorar suas próprias habilidades.

c. Manifesta aprendizado a partir de um erro do passado.

IV – INFLUÊNCIA

13. Persuasão

a. Convence os outros a comprar seu produto ou serviço.

b. Convence os outros a fornecer financiamento.

c. Convence os outros a fazer coisas que ele quer que outras pessoas façam.

d. Manifesta sua própria competência, credibilidade ou outras qualidades pessoais ou da

empresa.

e. Manifesta forte confiança nos produtos ou serviços da sua própria empresa.

14. Uso de estratégias de influência a. Age para desenvolver contatos de negócios.

b. Usa pessoas influentes como agentes para atingir seus próprios objetivos.

c. Limita, seletivamente, as informações que dá a outros.

d. Usa estratégias para influenciar ou persuadir os outros.

V. DIREÇÃO E CONTROLE

16. Assertividade

a. Confronta problemas com os outros diretamente.

b. Diz aos outros o que eles têm que fazer.

c. Repreende ou disciplina aqueles que falham no desempenho esperado.

17. Monitoramento

44

a. Desenvolve ou usa procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado ou para

que atenda a padrões de qualidade.

b. Supervisiona pessoalmente todos os aspectos de um projeto.

VI. ORIENTAÇÃO PARA OS OUTROS

18. Credibilidade, integridade e sinceridade a. Enfatiza sua própria honestidade aos outros (por exemplo, em vendas).

b. Age para assegurar honestidade ou justiça ao tratar com outras pessoas.

c. Acompanha o resultado de sanções ou punições (a empregados, fornecedores).

19. Preocupação com o bem-estar dos empregados a. Age para melhorar o bem-estar dos empregados.

b. Realiza ações positivas em resposta às preocupações pessoais dos empregados.

c. Expressa preocupação com o bem-estar dos empregados.

20. Reconhecimento da importância de relacionamentos comerciais

a. Reconhece as relações interpessoais como um recurso fundamental para os negócios.

b. Coloca a boa vontade em longo prazo acima do lucro em curto prazo numa relação

comercial.

c. Enfatiza a importância de manter a cordialidade e um comportamento correto o tempo todo

com o cliente.

d. Age para construir relações harmoniosos ou de amizade com o cliente.

21. Providencia treinamento para os empregados

VII – COMPETÊNCIAS ADICIONAIS

22. Formação de capital (apenas em Malawi)

a. Economiza dinheiro para investir no negócio.

b. Reinveste o dinheiro no negócio.

23. Preocupa-se com a imagem dos produtos e serviços (apenas no Equador)

a. Expressa interesse em saber como os outros veem seus produtos, serviços ou empresa.

b. Mostra-se atento à divulgação de seu produto ou empresa por parte dos clientes.

Fonte: Adaptado de Spencer e Spencer (1993).

A partir do modelo de Spencer e Spencer, Cooley (1990, 1991) desenvolveu outro

modelo no qual destacou as características do comportamento empreendedor, também

conhecido por competências empreendedoras. Este, por sua vez, é utilizado pelo Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), bem como pelo Serviço de Apoio à Pequena

Empresa (SEBRAE) em programas de capacitação e desenvolvimento de empreendedores

(EMPRETEC). O Quadro 03 apresenta detalhadamente o modelo desenvolvido por Cooley.

Quadro 03 - Competências empreendedoras CONJUNTO DE REALIZAÇÃO

Busca de oportunidades e iniciativa:

Faz coisas antes de solicitado ou, antes de forçado pelas circunstâncias;

Age para expandir o negócio a novas áreas, produtos ou serviços;

Aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio, obter financiamentos,

equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.

Correr riscos calculados:

Avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente;

Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados;

Coloca-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados.

Exigência de qualidade e eficiência:

Encontra maneiras de fazer as coisas melhor e/ou mais rápido, ou mais barato;

Age de maneira a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência;

Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo

ou que o trabalho atenda a padrões de qualidade previamente combinados.

Persistência:

Age diante de um obstáculo;

45

Age repetidamente ou muda de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar um

obstáculo;

Assume responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário para atingir as metas e objetivos.

Comprometimento:

Faz um sacrifício pessoal ou despende um esforço extraordinário para complementar uma

tarefa;

Colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, se necessário, para terminar um

trabalho;

Esforça-se para manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a boa vontade em

longo prazo, acima do lucro em curto prazo.

CONJUNTO DE PLANEJAMENTO

Busca de informações:

Dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes;

Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou fornecer um serviço;

Consulta os especialistas para obter assessoria técnica ou comercial.

Estabelecimento de metas:

Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que tem significado pessoal;

Define metas em longo prazo, claras e específicas;

Estabelece metas em curto prazo, mensuráveis.

Planejamento e monitoramento sistemáticos:

Planeja dividindo tarefas de grande porte em sub-tarefas com prazos definidos;

Constantemente revisa seus planos levando em conta os resultados obtidos e mudanças

circunstanciais;

Mantém registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões.

CONJUNTO DE PODER

Persuasão e rede de contatos:

Utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros;

Utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios objetivos;

Age para desenvolver e manter relações comerciais.

Independência e autoconfiança

Busca autonomia em relação a normas e controles de outros;

Mantém seu ponto de vista, mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente

desanimadores;

Expressa confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar

um desafio.

Fonte: Cooley (1990)

Morales (2004) realizou uma análise entre a relação de competências empreendedoras

a partir do modelo de Cooley e a teoria dos tipos psicológicos de Jung (1991). No estudo de

uma amostra de 82 empreendedores de Santa Catarina, o pesquisador teve como objetivo

principal medir a intensidade com que os tipos psicológicos junganianos se relacionam com

as competências empreendedoras de Cooley. Como resultados principais, foram encontradas

duas competências empreendedoras dominantes: busca de informações e persuasão e rede de

contatos. O estudo também mostrou que houve baixa correlação entre os tipos psicológicos e

as competências.

A pesquisa realizada por Lenzi (2008) teve também como ênfase a identificação e

associação de tipos psicológicos de Jung (1991) e competências empreendedoras reconhecidas

nos indivíduos considerados empreendedores em uma amostra de 126 pesquisados em onze

46

empresas de grande porte localizadas no estado de Santa Catarina. Nesta pesquisa, as

competências empreendedoras que mais se destacaram foram: correr riscos calculados,

persistência, comprometimento, busca de informações e persuasão e rede de contatos.

Também foi possível confirmar um alto grau de significância na associação dos tipos

psicológicos predominantes às competências empreendedoras identificadas por colegas de

trabalho.

Rosa e Lapolli (2010), afirmaram em sua pesquisa que em certos contextos

determinadas competências fazem mais sentidos às ações individuais que outras, e

complementam argumentando que algumas competências podem ser até mais importantes para

atingir o alto desempenho em certo mercado, mas no geral, todas devem fazer-se presentes para

que uma ação empreendedora gere resultados esperados.

Laste et al. (2011) realizaram uma pesquisa na qual buscaram desenvolver um

levantamento de competências dos empreendedores que participaram do movimento da

Associação Empresarial de Balneário Camboriú e Camboriú – ACIBALC como forma de

analisar as suas ações desenvolvidas na empresa e atribuídas a sua origem com a participação

nos núcleos setoriais. Com uma amostra de 45 empreendedores, os resultados ressaltaram que

as competências empreendedoras estão mais presentes nos empreendedores do núcleo de

informática, destacando-se ações de persistência, comprometimento, busca de informações e

independência e autoconfiança.

A fim de complementar a exemplificação feita pelos estudos supracitados, foi elaborado

o Quadro 04 com as principais publicações brasileiras que abordam o tema de competências

empreendedoras nos anos de 2006 a 2016.

Quadro 04 - Pesquisas brasileiras sobre competências empreendedoras Autor (Ano) Objetivo Principais Resultados

Mello; Leão e Paiva

Júnior (2006)

Identificar quais áreas de

competências empreendedoras são

mais relevantes nos

comportamentos de dirigentes de

perfil empreendedor e analisar

comportamentos específicos

compõem as áreas de competências.

Os resultados demonstraram uma

predominância das competências

conceituais e administrativas. Além

disto, uma competência não prevista na

literatura – equilíbrio entre trabalho e

vida pessoal – foi descoberta.

Mello; Fonsêca e

Paiva Júnior (2007)

Esclarecer quais áreas de

competências empreendedoras são

mais relevantes no comportamento

desse empreendedor de empresa de

base tecnológica, no seu agir

empreendedor

Há uma prevalência das competências

conceituais e de visão de mercado.

O empreendedor de sucesso é alguém

com aguçada intuição,

que aprende continuamente, tem

criatividade e facilidade de avaliar riscos

em meio a cenários obscuros e de

incerteza, que vislumbra as

oportunidades de negócio sob outros

47

horizontes e que dá vazão ao

(re)inventar-se, bem como ao seu

empreendimento.

Feuerschütte e

Godoi (2008)

Analisar a configuração das

competências empreendedoras do

setor hoteleiro a partir da

reconstrução histórica de

experiências de trabalho e da

atuação dos sujeitos à frente do

empreendimento.

A partir da análise das competências

empreendedoras foi possível detectar

uma tendência à reformulação da “visão

romântica” em torno do empreendedor e

do seu “espírito aventureiro”, para uma

racionalização em sua forma de ser e de

agir.

Atributos como empatia e receptividade

foram entendidos como recursos para

expressar o diferencial do

empreendimento, revelando uma

mudança de postura do empreendedor.

Pardini; Brandão e

Souki (2008)

Analisar as competências

empreendedoras e a rede de

relações sociais no processo de

decisão do empreendedorismo com

profissionais da área da

Fisioterapia.

Os fisioterapeutas agem de maneira

intuitiva na concepção do próprio

negócio e se abstêm de qualquer

planejamento estratégico preliminar.

Lopes (2010) Identificar três modalidades de

competências vinculadas ao

empreendedorismo: as

competências relacionadas às

características pessoais do

empreendedor; as competências

ligadas à gestão; as competências

relacionadas ao seu contexto em

empresas do setor da Tecnologia da

Informação da região da Grande

Florianópolis/SC.

Notou-se um enfoque pragmático, com

destaque para competências técnicas e

gerenciais ou sistêmicas. Verificou-se

que a configuração das competências

pessoais, de gestão e de contexto dos

empreendedores, apontou uma

aproximação entre os referenciais

teóricos e a maneira como os agentes do

Fenômeno empreendedorismo concebem

e atuam na condução de seus negócios.

Rocha et al. (2010) Integrar competências

empreendedoras e geração da base

de recursos no âmbito tecnológico,

adotando pressupostos da Teoria da

Vantagem de Recursos.

Os autores destacam a importância de

um modelo empreendedor que acople

características individuais e influências

ambientais, uma vez que as

competências podem surgir como

legitimadores na medida em que o

conjunto de atributos de um membro o

torna potencial executor de uma

atividade específica.

Nassif; Andreassi;

Simões (2011)

Identificar se há competências que

distinguem empreendedores de

intraempreendedores.

Os resultados apontam diferenças e

similaridades entre os grupos,

identificando que os empreendedores

possuem competências distintas dos

intraempreendedores e são focadas em

diferentes variáveis que influenciaram a

vida deles, tais como motivações

pessoais, diferentes maneiras de

dirigirem seus negócios, apoio da família

e a construção de suas carreiras

profissionais

Zampier; Takahashi

(2011)

Contribuir para o avanço na

literatura de empreendedorismo,

apresentando um modelo conceitual

de pesquisa que integra modelos de

competências empreendedoras e de

Por se tratar de um ensaio teórico, o

artigo não conta com resultados a serem

discutidos.

48

processos de aprendizagem

empreendedora.

Lenzi et al (2012) Identificar as competências dos

empreendedores corporativos

ligados à administração pública na

Prefeitura de Blumenau/SC.

Os resultados apontam as seguintes

competências empreendedoras que mais

se destacam: comprometimento; busca

de informações; persistência;

planejamento e monitoramento

sistemático; persuasão; e rede de

contatos. Assim, pode-se afirmar que, ao

se desenvolverem estas competências, os

servidores públicos estarão mais

preparados para empreender e inovar

Minello; Scherer e

Alves (2012)

Analisar as competências dos

empreendedores antes, durante e

depois do insucesso empresarial.

As competências influenciam o

comportamento do empreendedor, e

repercutem no sucesso ou fracasso de sua

organização. Antes do insucesso

empresarial, as competências emergem

como forma de desenvolvimento pessoal

e profissional; durante, as competências

não se apresentam com tanta frequência,

ou são ausentes; e no período após o

insucesso empresarial, essas

competências ressurgem como forma de

superar a adversidade.

Zampier; Takahashi

e Fernandes (2012)

Revisitar as noções correntes

adotadas para o conceito de

competências na área de

empreendedorismo, aportar as

discussões acerca de competências

em outros campos, e propor uma

base terminológica que possa

auxiliar esforços de pesquisa

subsequentes voltados a

competências empreendedoras.

Observa-se que, no campo de gestão de

pessoas, frequentemente se tomam

noções como atitudes, traços de

personalidade ou valores pessoais como

sinônimos de competência. Tal

nivelamento pode obscurecer o

entendimento das pesquisas realizadas

sobre o tema de competências

empreendedoras.

Lizote e Verdinelli

(2014)

Identificar e avaliar quais

competências empreendedoras

estão presentes nos colaboradores

de uma empresa do ramo

alimentício localizada em Itajaí/SC.

As dez competências consideradas não

se manifestam em concordância com o

modelo teórico que as agrupa em três

conjuntos, o de realização, de

planejamento e de poder. Para a amostra,

a análise fatorial exploratória permitiu

distinguir dois grupos de competências e,

a partir deles, as posteriores análises de

variância mostraram diferenças ao

considerar o grupo em que o empregado

está inserido, seu gênero e seu tempo de

serviço na organização.

Zampier; Takahashi

(2014)

Analisar como as competências

empreendedoras de oportunidade e

administrativas foram

desenvolvidas por meio de um

processo de aprendizagem

empreendedora com proprietários e

gestores de MPE’s do setor de

educação privado de Curitiba.

Identificou-se o desenvolvimento das

competências de oportunidade e

administrativa e o processo de

aprendizagem empreendedora e

constatou-se que a competência

administrativa foi desenvolvida com um

grau superior à de oportunidade.

Lizote; Verdinelli

(2015)

Mensurar as competências

empreendedoras dos proprietários

de pousadas e hotéis fazenda

localizados nos Estados de Paraná,

As competências empreendedoras do

conjunto realização são as que estão mais

bem relacionadas com o desempenho das

pousadas e hotéis fazenda incluídas na

49

Santa Catarina e Rio Grande do Sul

e analisar se elas se relacionam com

o desempenho organizacional

percebido pelos respondentes.

análise. As cinco competências que

fazem parte do conjunto apresentam

significância, seja a 5% ou 10%, com

algum indicador do desempenho.

Dias; Martens

(2016)

Propor uma modelo conceitual

sobre competências e aprendizagem

empreendedora no contexto de

insucesso empresarial.

Apresentou-se um modelo que pôde

contribuir para a realização de estudos

empíricos, que engloba: o ambiente de

negócio percebido pelo empreendedor

como um dos aspectos que pode

impactar seu desempenho em termos de

sucesso ou insucesso empresarial; as

competências empreendedoras e o

processo de aprendizagem, sendo este

constituído pela experiência de carreira

empreendedora e pelo conhecimento

empreendedor e a jornada de

aprendizagem decorrente do insucesso.

Leite Filho; Colares

(2016)

Verificar quais competências

empreendedoras, representadas

pelos ativos intangíveis de

conhecimento, estariam

relacionadas com o crescimento das

vendas de pequenas e médias

empresas brasileiras.

Do ponto de vista da visão baseada em

recursos, a melhoria nos processos

internos deu indícios de ser uma

competência empreendedora que

influenciou significativamente a taxa de

crescimento das vendas das empresas da

amostra, portanto, há validade empírica

para evidências teóricas apresentadas ao

longo da discussão.

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

50

3 METODOLOGIA

Com o intuito de alcançar objetivo geral que é avaliar a influência da educação

empreendedora no desenvolvimento da autoeficácia e competências empreendedoras dos

discentes de graduação da área da saúde, neste capítulo serão elencados os procedimentos

metodológicos a serem usados neste estudo. Apresenta-se, portanto, a classificação da pesquisa,

seguida pela descrição da população e amostra. Posteriormente se assinalam as variáveis e

medidas utilizadas, bem como a técnica de coleta de dados. Na sequência, se descreve o

tratamento e análise dos dados obtidos, seguida pelo desenho e protocolo da pesquisa.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa classifica-se em sua abordagem como quantitativa, pois Creswell (2010,

p. 26) afirma que esse tipo de pesquisa trata-se de um “meio para testar teorias objetivas,

examinando a relação entre as variáveis”. Malhotra (2012) complementa destacando que os

estudos quantitativos possibilitam aplicar métodos estatísticos no esclarecimento de

fenômenos, processos ou relações e, assim, generalizar os resultados para a população

pesquisada a partir da análise de amostras representativas.

Quanto à sua natureza, esse estudo é tido como descritivo e correlacional por tratar-se

de uma associação de variáveis diante um padrão previsível para a população em análise. Na

concepção de Hair Jr. et al. (2005), as pesquisas descritivas se criam e estruturam de forma

específica para medir as peculiaridades que se buscam descrever em relação à questão de

pesquisa. Sampieri et al. (2013, p. 102) complementam tal definição afirmando que estudos

dessa natureza são aqueles que “descrevem tendências de um grupo ou população”. Cabe

destacar também que nas pesquisas descritivas são apresentadas as características de um

fenômeno, de uma população ou de uma amostra representativa e que esses procedimentos

exigem usar técnicas padronizadas de coleta e análise dos dados levantados (PRODANOV;

FREITAS, 2013).

Para obter os dados, optou-se por empregar o método de pesquisa survey (BABBIE,

1999), pois pretendeu-se descrever quantitativamente os dados levantados, bem como obter

informações acerca de características, ações ou opiniões de um determinado grupo de

respondentes indicados como representantes de uma população-alvo, por meio de instrumento

51

de pesquisa, como o questionário (FREITAS et al., 2000). Esse método tem o propósito de obter

de modo sistemático e padronizado os dados referentes a um grupo de pessoas ou eventos que

permitam identificar padrões (HAIR et al., 2005).

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população pesquisada foi constituída pelos alunos da graduação dos cursos da área de

saúde da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, sendo distribuídos da seguinte forma,

conforme os campi dessa IES: Campus Biguaçu – apenas curso de Educação Física; Campus

Itajaí – Biomedicina, Educação Física, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Enfermagem,

Farmácia, Fonoaudiologia, Medicina e Psicologia.

O fato da IES estar entre as oito melhores universidades não públicas do Brasil e ser

considerada a melhor universidade comunitária do estado de Santa Catarina foi primordial para

a escolha desta instituição (UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ, 2017).

No que se refere a amostra da pesquisa, existem vários tipos de amostragem, cabe ao

pesquisador escolher de acordo com seu estudo a melhor técnica (COOPER; SCHINDLER,

2003). Foi escolhida então uma amostra aleatória, não probabilística.

3.3 VARIÁVEIS E MEDIDAS

Tendo em vista que os constructos considerados na pesquisa foram estabelecidos, há

que definir quais as variáveis que os refletem e, principalmente, operacionalizar sua

mensuração. Segundo apontam Hair Jr. et al. (2005), para realizar isso é necessário que as

variáveis sejam observáveis empiricamente e passíveis de serem medidas, ou seja, devem ser

definidas como itens mensuráveis.

Neste estudo, foram utilizados questionários já validados no Brasil por pesquisas

anteriores a fim de medir a autoeficácia empreendedora e as competências empreendedoras dos

graduandos da área de saúde.

No constructo da autoeficácia empreendedora foi utilizada a escala de De Noble, Jung

e Ehrlich (1999), a qual, por sua vez, é sustentada por seis subescalas: desenvolvimento de

novos produtos e oportunidades de mercado (DN), construção de um ambiente inovador (AI),

definição do objetivo principal do negócio (ON), desenvolvimento de recursos humanos chave

52

para a empresa (RH), iniciando relações com investidores (RI) e lidar com mudanças

inesperadas (MI).

Este instrumento é composto por vinte e três (23) itens, no qual emprega uma escala

tipo Likert de 7 pontos, que se estende desde o “completamente incapaz” (1) a “completamente

capaz” (7). O Quadro 05 apresenta os itens que foram utilizados para medir a autoeficácia

empreendedora dos alunos.

Quadro 05 - Itens da escala de mensuração do construto autoeficácia empreendedora Construto Subescalas Itens

Autoeficácia

Empreendedora

(AE)

Desenvolvimento de

novos produtos e

oportunidades de

mercado

(DN)

DN1-Eu posso reconhecer novas oportunidades e mercados para

novos produtos e serviços.

DN2-Eu posso descobrir novas formas de melhorar os produtos

existentes.

DN3-Posso identificar novas áreas de crescimento potencial.

DN4-Eu posso projetar produtos que resolvam os problemas

atuais.

DN5-Posso criar produtos que satisfaçam as necessidades dos

clientes.

DN6-Eu posso trazer conceitos de produtos para o mercado em

tempo hábil.

DN7-Posso determinar se o negócio vai bem.

Construção de um

ambiente inovador

(AI)

AI1-Eu posso criar um ambiente de trabalho que permita as

pessoas sejam “seu próprio chefe”.

AI2-Eu posso desenvolver ambiente de trabalho que incentiva as

pessoas a experimentar algo novo.

AI3-Eu posso incentivar as pessoas a tomar iniciativas e

responsabilidades por suas ideias e decisões, independentemente

do resultado.

AI4-Eu posso formar parceria ou alianças com os outros.

Definição do

objetivo principal do

negócio

(ON)

ON1-Posso estabelecer a visão e valores da organização.

ON2-Pode inspirar os outros a abraçar a visão e os valores da

empresa. ON3-Posso formular um conjunto de ações rápidas em busca de

oportunidades.

Desenvolvimento de

recursos humanos

chave para a

empresa (RH)

RH1-Posso recrutar e treinar os funcionários-chave para a

empresa.

RH2-Posso desenvolver um planejamento adequado para

preencher os cargos-chave da empresa.

RH3-Eu posso identificar e criar equipes de gestão.

Iniciando relações

com investidores

(RI)

RI1-Posso desenvolver e manter relacionamentos favoráveis com

potenciais investidores.

RI2-Posso desenvolver relacionamentos com pessoas chaves que

estão conectadas a fontes de capital.

RI3-Eu posso identificar fontes potenciais de financiamento para

investimentos.

Lidar com

MI1-Eu posso trabalhar de forma produtiva sobre contínuo

estresse, pressão e conflito.

53

mudanças

inesperadas

(MI)

MI2-Eu posso tolerar mudanças inesperadas nas condições do

negócio.

MI3-Pode persistir frente à adversidade.

Fonte: Nascimento (2015)

O constructo de competências empreendedoras foi mensurado a partir do instrumento

advindo do modelo de Cooley (1990, 1991) e utilizado por Lenzi (2008) e Lizote (2013). Esta

escala contempla três conjuntos: a) realização: abrangendo cinco competências

empreendedoras, busca de oportunidades e iniciativa (BOI), correr riscos calculados (CRC),

exigência de qualidade e eficiência (EQE), persistência (PER) e comprometimento (COM); b)

planejamento: composto por busca de informação (BDI), estabelecimento de metas (EDM), e

planejamento e monitoramento sistemático (PMS); e, c) poder: este conjunto envolve persuasão

e rede de contatos (PRC), e independência e autoconfiança (IAC).

O questionário contem 30 itens os quais permitem a identificação de dez competências

a partir de uma escala somativa de três perguntas para cada uma delas. O participante da

pesquisa tem uma pontuação após atribuir uma nota em uma escala de 1 a 5 para cada afirmação

do instrumento. A soma mínima para cada competência é de 3, caso atribua 1 para todas as

perguntas, ou 15, caso selecione o número 5. Os itens que serviram para mensurar este

constructo se exibem no Quadro 06.

Quadro 06 - Itens do constructo competência empreendedora Constructo Conjunto Competências Itens

Realização

Busca de

Oportunidade e

Iniciativa (BOI)

BOI1 - faz coisas antes de solicitado ou, antes de

forçado pelas circunstâncias.

BOI2 - age para expandir o negócio a novas áreas,

produtos ou serviços.

BOI3 - aproveita oportunidades fora do comum para

começar um negócio, obter financiamentos,

equipamentos, terrenos, local de trabalho ou

assistência.

Correr Riscos

Calculados

(CRC)

CRC1 - avalia alternativas e calcula riscos

deliberadamente.

CRC2 - age para reduzir os riscos ou controlar os

resultados.

CRC3 - coloca-se em situações que implicam desafios

ou riscos moderados.

Exigência de

Qualidade e

Eficiência

(EQE)

EQE1 - encontra maneiras de fazer as coisas melhor

e/ou mais rápido, ou mais barato.

EQE2 - age de maneira a fazer coisas que satisfazem

ou excedem padrões de excelência.

EQE3 - desenvolve ou utiliza procedimentos para

assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou

que o trabalho atenda a padrões de qualidade

previamente combinados

Persistência

(PER)

PER1 - age diante de um obstáculo.

PER2 - age repetidamente ou muda de estratégia a fim

de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo.

PER3 - assume responsabilidade pessoal pelo

desempenho necessário para atingir as metas e

objetivos.

54

Competências

empreendedoras

Comprometimen

to (COM)

COM1 - faz um sacrifício pessoal ou despende um

esforço extraordinário para complementar uma tarefa.

COM2 - colabora com os empregados ou se coloca no

lugar deles, se necessário, para terminar um trabalho.

COM3 - esforça-se para manter os clientes satisfeitos

e coloca em primeiro lugar a boa vontade em longo

prazo, acima do lucro em curto prazo.

Planejamento

Busca de

Informação

(BDI)

BDI1 - dedica-se pessoalmente a obter informações de

clientes, fornecedores e concorrentes.

DBI2 - investiga pessoalmente como fabricar um

produto ou fornecer um serviço.

DBI3 - consulta os especialistas para obter assessoria

técnica ou comercial.

Estabelecimento

de Metas (EDM)

EDM1 - estabelece metas e objetivos que são

desafiantes e que tem significado pessoal.

EDM2 - define metas em longo prazo, claras e

específicas.

EDM3 - estabelece metas em curto prazo,

mensuráveis.

Planejamento e

Monitoramento

Sistemáticos

(PMS)

PMS1 - planeja dividindo tarefas de grande porte em

subtarefas com prazos definidos.

PMS2 - constantemente revisa seus planos levando

em conta os resultados obtidos e mudanças

circunstanciais.

PMS3 - mantém registros financeiros e utiliza-os para

tomar decisões.

Poder

Persuasão e

Rede de

Contatos (PRC)

PRC1 - utiliza estratégias deliberadas para influenciar

ou persuadir os outros.

PRC2 - utiliza pessoas chave como agentes para

atingir seus próprios objetivos.

PRC3 - age para desenvolver e manter relações

comerciais.

Independência e

Auto Confiança

(IAC)

IAC1 - busca autonomia em relação a normas e

controles de outros.

IAC2 - mantém seu ponto de vista, mesmo diante da

oposição ou de resultados inicialmente

desanimadores.

IAC3 - expressa confiança na sua própria capacidade

de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um

desafio.

Fonte: Adaptado de Lenzi (2008)

3.4 COLETA DE DADOS

Esta etapa é considerada de demasiada importância, pois a confiabilidade e a validade

das informações obtidas dependem do rigor com que os dados foram levantados. Para este

estudo, os dados consideram-se de fonte primária, obtidos por meio de uma survey (BABBIE,

1999) com aplicação de um questionário.

A estratégia da coleta deu-se através da aplicação dos questionários in loco nos dois

campi da universidade já mencionados. Esta escolha deu-se pelo fato de que se torna menos

propenso a desvios de repostas, bem como uma maior probabilidade de número de

55

respondentes, visto que quando enviados via online, muitas vezes as pesquisas não são

respondidas.

Neste trabalho, foi utilizado um questionário que se destina a levantar dados

sociodemográficos dos respondentes, e mais dois blocos relativos aos constructos autoeficácia

e competências empreendedoras. O primeiro desses blocos é composto por vinte e três

afirmações, enquanto o bloco referido às competências empreendedoras contem trinta itens a

serem respondidos conforme uma somatória de pontos.

3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Após o levantamento de dados foi realizado o tratamento e a análise dos mesmos,

constituindo a fase em que se procura organizar os dados e aplicar as técnicas mais apropriadas

para obter as informações que permitam responder à questão de pesquisa que deu origem ao

trabalho. Assim sendo, esta fase tem como objetivo e organiza-los sistematicamente de forma

que possibilitem alcançar as respostas ao problema de investigação (BEUREN, 2008).

Os dados coletados na survey para este estudo foram organizados numa planilha

eletrônica Excel® para realizar o pré-tratamento seguindo as recomendações em Hair Jr. et al.

(2005). Inicialmente analisou-se se existem dados faltantes e erros de digitação. Como o

número dos dados omissos não superou 10%, seja num respondente ou numa variável, seu valor

foi preenchido pela mediana da variável em consideração.

Uma vez depurada a base de dados a mesma foi importada para o Statistica®, o software

com o qual se calculou os descritores das variáveis. Os mesmos foram a média, o desvio padrão,

a assimetria e a curtose. Conforme apontam Hair Jr. et al. (2005) é através da assimetria e

curtose pode ser avaliada a normalidade dos dados. De acordo com Finney e DiStefano (2006),

com valores no intervalo [-2; 2] e [-7; 7] para aqueles descritores se deve considerar à

distribuição da variável como quase-normal.

Com os dados depurados, foram realizadas as análises fatoriais exploratórias para

definir quais itens compõem as subescalas da autoeficácia empreendedora. Com os somatórios

das pontuações dos itens das competências empreendedoras, superando o valor de 12, se irá

saber qual competência está manifesta.

56

3.6 HIPÓTESES E DESENHO DA PESQUISA

Quivy e Campenhoudt (1998) defendem que a hipótese responde provisoriamente as

questões de partida de um estudo, com base numa reflexão teórica e no conhecimento prévio

do fenômeno estudado. Neste estudo foram definidas as seguintes hipóteses:

H1: A educação empreendedora na graduação dos cursos de ciências da saúde influencia

a autoeficácia empreendedora dos discentes.

H2: A educação empreendedora na graduação dos cursos de ciências da saúde influencia

nas competências empreendedoras dos discentes.

Sampieri et al. (2013) acrescentam que após definido o tipo de estudo a ser realizado e

estabelecidas as hipóteses de investigação, o pesquisador deve conceber formas práticas para

responder às questões de pesquisa. Isso envolve o desenvolvimento de um desenho da pesquisa.

É possível assim, o pesquisador verificar a partir do desenho o que fazer para atingir os objetivos

do estudo. Com isso, a partir das hipóteses já estabelecidas, apresenta-se a Figura 05 que contém

um panorama geral do desenho da pesquisa.

Figura 05 - Desenho da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

3.7 PROTOCOLO DA PESQUISA

A fim de sistematizar os objetivos da pesquisa; autores da base teórica; as hipóteses

derivadas; técnica de coleta de dados e o meio que será utilizado para coletar os mesmos

elaborou-se o Quadro 07.

Quadro 07 - Protocolo da pesquisa Questão norteadora: Qual a influência da educação empreendedora no desenvolvimento da

autoeficácia e das competências empreendedoras dos discentes da graduação da área da saúde?

Objetivo geral: Avaliar a influência da educação empreendedora no desenvolvimento da autoeficácia

e competências empreendedoras do discentes de graduação da área da saúde.

57

Objetivos

específicos

Autores Hipóteses Técnica de

coleta de

dados

Meio utilizado

na coleta de

dados

Medir a

autoeficácia

empreendedora

através da escala

de De Noble, Jung

e Ehrlich (1999).

Chen; Greene e

Crick (1998); De

Noble, Jung e

Ehrlich (1999);

García (2010),

Lizote, Verdinelli e

Silveira (2013a);

Lizote, Verdinelli e

Silveira (2013b);

Ehrlich, De Noble e

Singh (2005);

Moriano et al.

(2012); Moriano,

Palací e Morales

(2006); Nascimento,

Verdinelli e Lizote

(2014); Simões

(2016)

A educação

empreendedora na

graduação dos

cursos de ciências

da saúde

influencia a

autoeficácia

empreendedora

dos discentes.

Questionário

estruturado que

será aplicado

com alunos do

último ano da

graduação nos

cursos de

ciências da

saúde.

Escala de De

Noble, Jung e

Ehrlich (1999),

que é composta

por 23 itens

divididos em seis

subescalas:

Mensurar as

competências

empreendedoras

segundo o modelo

de Cooley (1990,

1991), validado

por Lenzi (2008).

Cooley (1990,

1991); Spencer e

Spencer (1993);

Morales (2004);

Mello; Leão e Paiva

Júnior (2006);

Mello; Fonsêca e

Paiva Júnior (2007);

Lenzi (2008);

Feuerschütte e

Godoi (2008);

Pardini; Brandão e

Souki (2008); Lopes

(2010); Rocha et al.

(2010); Rosa e

Lapolli (2010);

Laste et. al (2011);

Nassif; Andreassi;

Simões (2011);

Zampier; Takahashi

(2011); Lenzi et al.

(2012); Minello;

Scherer e Alves

(2012); Zampier;

Takahashi e

Fernandes (2012);

Lizote e Verdinelli

(2014); Zampier;

Takahashi (2014);

Lizote; Verdinelli

(2015); Dias;

Martens (2016);

Leite Filho; Colares

(2016)

A educação

empreendedora na

graduação dos

cursos de ciências

da saúde

influencia nas

competências

empreendedoras

dos discentes.

Questionário

estruturado que

será aplicado

com alunos do

último ano da

graduação nos

cursos de

ciências da

saúde.

Modelo adaptado

de Cooley

(1990); conforme

três escalas:

conjunto de

realização,

conjunto de

planejamento, e

conjunto de

poder. E dez

subescalas que

totalizará trinta

questões numa

escala likert de 5

pontos.

Analisar a

influência da

58

educação

empreendedora.

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

59

4 RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa, os dados sociodemográficos dos

respondentes, a organização dos discentes dos nove cursos pesquisados, para então responder

as questões propostas nesta dissertação. Para isso foi criada uma base no Excel com os dados

do questionário, que foram posteriormente tratados estatisticamente com o software Statistica®

utilizando-se os seguintes procedimentos estatísticos: análise descritiva, Análise Fatorial

Exploratória (AFE), análise de correlação e teste t.

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

A proposta inicial era coletar os dados apenas com alunos do último ano de curso,

variando entre o 7º e 12º período, a depender do curso. No entanto, pela impossibilidade da

presença de parte dos discentes devido ao estágio curricular obrigatório, que, por sua vez, a

maioria dos cursos exige que o graduando se ausente das dependências da universidade e se

desloque até hospitais, clínicas, escolas, entre outros; optou-se por aplicar os questionários com

os alunos que ainda não tivessem obrigatoriedade do estágio, estando estes ainda nas

dependências da universidade.

Esta estratégia deu-se pelo fato de ter a intenção de aplicar a pesquisa com os discentes

que estão próximos da saída para o mercado de trabalho, pois tem-se a ideia de haver uma

propensão para tornar-se um empreendedor nesta fase. Considerando que o estágio exigido

pelos cursos de graduação é uma das maneiras de inserção no mercado de trabalho, optou-se

então de pesquisar os discentes do ano anterior à obrigatoriedade do estágio. Para que isso fosse

possível, buscou-se nas coordenações de cada curso as informações sobre quais períodos

estariam disponíveis para participar da pesquisa, conforme os critérios estabelecidos.

Vale ressaltar que, conforme será apresentado na caracterização dos dados

sociodemográficos, os períodos cursados pelos respondentes varia do 2º ao 10º. Isso se dá pelo

fato de que, apesar das turmas visitadas serem específicas daquela fase da graduação, alguns

alunos estão matriculados nos períodos iniciais, porém cursam disciplinas isoladas, e

porventura se misturam com os alunos das fases mais avançadas.

A priori, os dados foram organizados com o auxílio de uma planilha eletrônica Excel.

Posteriormente foi realizado um pré-tratamento com a fim de verificar os dados faltantes. Com

isso, identificou-se 78 células com dados ausentes, ou seja, 0,55% do total das respostas. No

60

bloco de Autoeficácia Empreendedora averiguou-se 21 dados omissos, enquanto no bloco de

Competências Empreendedoras foram 57, o que representa respectivamente, 0,34% e 0,71%

das células de cada bloco. Esses valores consistem em um percentual muito aquém máximo

admitido de 10% (HAIR Jr. et al., 2009). Por fim, os dados faltantes foram substituídos pela

mediana.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA

Após a organização dos dados, tem-se a caracterização da amostra que é apresentada

nas Tabela 1 e 2, que, por sua vez, é dividida por curso. O total de questionários válidos ficou

em 267, tendo apenas no campus de Biguaçu o curso de Educação Física, com 33 respondentes.

Os demais, 234 questionários foram aplicados no campus de Itajaí nos cursos de Biomedicina,

Educação Física, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e

Psicologia.

Como apresentado na Tabela 2, somente dos alunos de Biomedicina e Educação Física

cursaram disciplina de Empreendedorismo.

Na Tabela 1 é apresentada de maneira descritiva a caracterização da amostra separada

por curso:

Tabela 1 - Distribuição dos discentes por campi e idade

Curso

Campus Idade

Biguaçu Itajaí Total Até 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 Acima de 50

Biomedicina 0% 100% 13 8% 85% 8%

Ed. Física 54% 46% 61 3% 85% 11%

Farmácia 0% 100% 17 6% 94%

Fisioterapia 0% 100% 27 11% 85% 4%

Fonoaudiologia 0% 100% 17 100%

Medicina 0% 100% 14 7% 93%

Nutrição 0% 100% 28 18% 79% 4%

Odontologia 0% 100% 42 5% 95%

Psicologia 0% 100% 48 4% 79% 8% 6% 2%

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

61

Tabela 2 - Distribuição dos discentes por curso

Curso

Sexo Cursou

F M 2 4 5 6 7 8 9 10 S N

Biomedicina 62% 38% 85% 15% 77% 23%

Ed. Física 44% 56% 7% 31% 62% 46% 54%

Farmácia 71% 29% 12% 88% 0% 100%

Fisioterapia 67% 33% 63% 37% 0% 100%

Fonoaudiologia 82% 18% 100% 0% 100%

Medicina 64% 36% 7% 93% 0% 100%

Nutrição 71% 29% 57% 43% 0% 100%

Odontologia 55% 45% 57% 43% 0% 100%

Psicologia 81% 19% 2% 2% 2% 6% 13% 42% 33% 0% 100%

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

No curso de Biomedicina, a maioria dos alunos (85%) estão na faixa etária de 21 a 30

anos, enquanto os que têm até 20 anos totalizam 8%, bem como os que estão acima de 50 anos.

O sexo feminino é predominante neste curso, sendo 62% dos respondentes. Os dados foram

coletados com os discentes que estavam cursando o último ano, sendo distribuídos em 85% dos

respondentes no 7º período e os demais no 8º período. Vale ressaltar também que é ofertada a

disciplina de Empreendedorismo como optativa, e dentro da amostra pesquisada, 77% dos

alunos cursaram.

Educação Física é o único curso que contempla os dois campi da universidade, com a

maioria dos respondentes (54%) no campus de Biguaçu. Os dados integram a amostra extraída

de ambos os campi, apresentando 85% de jovens de 21 a 30 anos; 56% do sexo feminino; e

62% cursavam o 8º período, mas há alunos do 7º (31%) e do 6º (7%) períodos. Além disso,

nota-se que sua maioria (54%) não cursou a disciplina de empreendedorismo. Vale destacar que

a disciplina não é oferecida no campus de Biguaçu, onde está localizada a maioria dos

respondentes.

Os demais cursos estão concentrados apenas em Itajaí, e em nenhum destes é ofertada a

disciplina de empreendedorismo, e por conseguinte, não foi cursada pelos discentes.

O curso de Farmácia apresenta uma amostra relativamente jovem, pois 94% dos

discentes estão na faixa etária de 21 a 30 anos, enquanto os demais possuem até 20 anos. A

maior parte é do sexo feminino (71%), e cursa o 7º período (88%). Fisioterapia mostra dados

similares ao anterior: maioria de jovens de 21 a 30 anos (85%) e do sexo feminino (67%).

62

Diferindo na concentração dos alunos por período: 63% cursavam o 6º período enquanto os

demais respondentes cursavam o 7º.

Já no curso de Fonoaudiologia, todos os alunos que responderam à pesquisa cursavam

o 7º período e possuíam entre 21 e 30 anos, e sua maioria era composto por pessoas do sexo

feminino (82%).

No curso de Medicina foi realizado a pesquisa no 7º período, no entanto apenas 1 (um)

aluno estava matriculado no 2º período e respondeu à pesquisa por estar presente na sala no

momento da coleta de dados. A maior parte dos discentes de Medicina são do sexo feminino

(64%). Apenas 1 (um) dos respondentes possui 20 anos, enquanto os demais contemplam a

faixa etária de 21 a 30 anos.

Nutrição está distribuído da seguinte forma: 79% possuem entre 21 e 30 anos, 18% têm

até 20 anos e 4% estão na faixa etária de 31 a 40 anos; 71% dos respondentes são do sexo

feminino; e 57% cursavam o 6º período, e os demais estavam matriculados no 7º período.

Na Odontologia, a maioria dos alunos (95%) estão na faixa etária de 21 a 30 anos,

enquanto os demais tem até 20 anos; as pessoas do sexo feminino apresentam-se em 55%; e os

dados foram coletados no 7º e 8º períodos, sendo 57% e 43% respectivamente a

representatividade dos respondentes.

O curso de Psicologia foi o que apresentou maior diversidade nas respostas, tanto

relacionado à faixa etária, como ao período cursado. Ainda assim, ficou dentro da uniformidade

dos dados apresentados dos cursos anteriores: 79% dos graduandos com a faixa etária de 21 a

30 anos; 42% cursavam o 9º período, e 33% estavam no 10º; e 81% eram do sexo feminino.

Apesar da pesquisa ter sido realizada em cursos diferentes, e por vezes campi da

universidade distintos também, observa-se que os dados dos respondentes, em suma são

similares. A começar pela faixa etária, a qual a maioria expressiva encontra-se entre 21 a 30

anos; seguido pelo sexo, que grande parte dos participantes da pesquisa são do sexo feminino,

vale a ressalva do curso de Educação Física. Em relação ao período cursado pelos alunos no

semestre que os questionários foram aplicados, tem-se como maior representatividade os

discentes do 7º período, com exceção dos cursos de Fisioterapia e Nutrição, que apresentam a

maioria no 6º período, Educação Física no 8º e Psicologia no 9º período.

Ao analisar as Tabelas 1 e 2, nota-se que uma pequena parcela dos alunos cursaram a

disciplina de empreendedorismo, totalizando 45 dos 267 respondentes, o que corresponde à

aproximadamente a 16,85% do número total de questionários respondidos. Esse valor já era

63

previamente esperado pelo fato de, como já é de conhecimento, apenas 2 dos 9 cursos

pesquisados apresentarem oferta da disciplina de empreendedorismo. Com isso, as análises que

seguem levam em consideração ao número total de participantes da pesquisa, sendo realizado

apenas o Teste t para comparação dos alunos que cursaram a disciplina de empreendedorismo.

Após apresentar descritivamente os dados gerais da pesquisa, o item a seguir irá mostrar

de maneira detalhada os resultados obtidos relativos a cada constructo.

4.3 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS

Nesta etapa, foram elaboradas tabelas que exibem os resultados relativos aos

constructos. Cada indicador apresenta os parâmetros da estatística descritiva dos valores da

média, desvio padrão e alfa de Cronbach para as seis subescalas de autoeficácia empreendedora,

conforme é exibido na Tabela 3. Os cálculos foram realizados no software Statistica®.

Tabela 3 - Correlações, médias e desvio padrão da autoeficácia empreendedora

Subescalas Média D.P. SE1 SE2 SE3 SE4 SE5 SE6

Desenvolvimento de

novos produtos e

oportunidades de mercado

5,36 1,01 (0,840)

Construção de um

ambiente inovador 5,41 0,99

0,803 (0,813)

p=0,00

Definição do objetivo

principal do negócio 5,51 0,99

0,837 0,809 (0,762)

p=0,00 p=0,00

Desenvolvimento de

recursos humanos chave

para a empresa

5,23 1,11 0,874 0,786 0,790

(0,779) p=0,00 p=0,00 p=0,00

Iniciando relações com

investidores 5,38 0,95

0,947 0,912 0,923 0,933 (0,745)

p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

Lidar com mudanças

inesperadas 5,37 0,98

0,923 0,869 0,938 0,950 0,991 (0,505)

p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

A Tabela 3 apresenta as correlações entre as somativas das subescalas, e demonstra

também os valores do alfa de Cronbach para cada subescala do constructo de autoeficácia

empreendedora indicados na diagonal da tabela entre parênteses. Apenas a subescala “lidar com

mudanças inesperadas” apresentou valor menor que o sugerido, que é de 0,7. Contudo, a escala

total exibe uma alfa de Cronbach de 0,957, o que demonstra um alto grau de confiabilidade

deste constructo dentro dos dados pesquisados.

64

Foi realizado o mesmo procedimento para as três dimensões dos conjuntos de

competências empreendedoras, destacando igualmente conforme os valores da média, desvio

padrão e alfa de Cronbach, como é apontado na Tabela 4.

Tabela 4 - Correlações, médias e desvio padrão das competências empreendedoras

CE Média Desv.Pad. Conjunto

Realização

Conjunto

Planejamento

Conjunto

Poder

Conjunto

Realização 11,86 1,62 (0,784)

Conjunto

Planejamento 12,07 2,12

0,694 (0,841)

p=0,00

Conjunto

Poder 11,13 2,16

0,531 0,461 (0,635)

p=0,00 p=0,00

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Observa-se que no constructo de competências empreendedoras, apenas o “conjunto

poder” possui o alfa de Cronbach inferior a 0,7. Ainda assim os constructos são considerados

válidos e sua confiabilidade total, calculado pelo alfa de Cronbach, é de 0,876.

Por fim, os resultados do teste de esfericidade de Bartlett foram todos significativos

(p<0,05) e indicaram que com os dados levantados para os construtos pode-se empregar a

análise fatorial.

4.4 ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA

Por meio da AFE foram avaliados os constructos conforme esclarecido no capítulo de

metodologia. Logo, neste capítulo são apresentados os resultados obtidos em cada um dos

constructos. A priori serão demonstrados os testes para a Autoeficácia Empreendedora, seguido

pelos das Competências Empreendedoras.

Estes testes também foram realizados com o software Statistica®. Vale ressaltar que o

objetivo era investigar se cada dimensão dos constructos está relacionada com um único fator

que recuperasse mais que 50% variância extraída por ele, e que as cargas fatoriais fossem

maiores ou iguais a 0,5.

65

4.4.1 Autoeficácia Empreendedora

Este constructo foi mensurado a partir da escala de De Noble, Jung e Ehrlich (1999), a

qual foi adaptada para o contexto pesquisado: alunos da graduação da área da saúde, conforme

é apresentado no Apêndice 1.

Para avaliar se havia relação entre os itens das subescalas, foi realizada a AFE a partir

da matriz de correlações, utilizando o critério de Kaiser para reter os fatores e cargas fatoriais

maiores ou iguais a 0,5. Em decorrência disso, foi excluído o item 20 da escala (determinar se

o negócio vai bem).

A realização da AFE gerou seis fatores, sendo identificados e demonstrados nas tabelas

que seguem:

O Fator 1, apresentado na Tabela 5, corresponde à subescala “desenvolvimento de novos

produtos e oportunidades de mercado”, a qual inclui 5 itens, a saber: 3 (reconhecer novas

oportunidades de mercado para novos serviços), 6 (descobrir novas formas de melhorar os

serviços existentes), 8 (identificar novas áreas de crescimento potencial), 12 (desenvolver

serviços que resolvam problemas correntes), e 16 (criar serviços que satisfaçam as necessidades

dos pacientes/clientes).

Tabela 5 - Cargas fatoriais da subescala "desenvolvimento de novos produtos e oportunidades

de mercado"

Itens Fator 1

A3 -0,7765

A6 -0,7981

A8 -0,8297

A12 -0,7757

A16 -0,7227

Var. Expl. 3,0524

% da Var. 61,0477

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

O Fator 2 faz referência à subescala “construção de um ambiente inovador”, e conta

com as seguintes afirmativas: 14 (criar um ambiente de trabalho que permita aos colaboradores

serem "seu próprio chefe"); 18 (desenvolver um clima que promova que os colaboradores

queiram fazer coisas novas); 19 (usar conceitos comerciais antigos de uma maneira nova); e 21

(apoiar aos colaboradores para tomarem iniciativas e responsabilidades das suas ideias e

decisões), conforme se mostra a Tabela 6.

66

Tabela 6 - Cargas fatoriais da subescala "construção de um ambiente inovador"

Itens Fator 2

A14 -0,7235

A18 -0,8363

A19 -0,8023

A21 -0,8388

Var. Expl. 2,5701

% da Var. 64,2537

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

O Fator 3, o qual pode ser visto na Tabela 7, diz respeito à subescala “definição do objetivo

principal do negócio”, e por sua vez, apresenta 3 itens: 5 (estabelecer a visão e valores para seu

negócio); 10 (inspirar os outros para aceitar a visão e os valores de seu negócio); e 17 (formular

ações rápidas que permitam perseguir as oportunidades).

Tabela 7 - Cargas fatoriais da subescala "definição do objetivo principal do negócio"

Itens Fator 3

A5 -0,8007

A10 -0,8599

A17 -0,8080

Var. Expl. 2,0334

% da Var. 67,7799

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

O quarto fator está relacionado à subescala “desenvolvimento de recursos humanos

chave para a empresa”, e conta também com 3 itens, como apresentado na Tabela 8: 4

(selecionar e treinar colaboradores chave para seu negócio); 9 (desenvolver um planejamento

adequado para potencializar seu negócio); e 22 (identificar e resolver os problemas de gestão

de seu negócio).

Tabela 8 - Cargas fatoriais da subescala "desenvolvimento de recursos humanos chave para a

empresa"

Itens Fator 4

A4 -0,7765

A9 -0,8632

A22 -0,8575

Var. Expl. 2,0833

% da Var. 69,4443

Fonte: dados da pesquisa (2017)

Já o Fator 5, contemplado na Tabela 9, corresponde à subescala “iniciando relações com

investidores”, com 4 itens: 2 (desenvolver e manter relacionamentos favoráveis com

67

investidores potenciais); 7 (desenvolver relacionamentos com pessoas chave para obter capital);

13 (identificar recursos potenciais de financiamento); e 23 (formar associações ou alianças com

outros profissionais).

Tabela 9 - Cargas fatoriais da subescala "iniciando relações com investidores"

Itens Fator 5

A2 -0,7526

A7 -0,7498

A13 -0,7015

A23 -0,8048

Var. Expl. 2,2683

% da Var. 56,7068

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Por fim, o sexto fator está atrelado à subescala “lidar com mudanças inesperadas” e

conta com 3 itens: 1 (trabalhar eficazmente sob contínuo estresse, pressão e conflito); 11 (tolerar

as mudanças inesperadas nas condições do negócio); e 15 (persistir frente à adversidade),

conforme a Tabela 10:

Tabela 10 - Cargas fatoriais da subescala "lidar com mudanças inesperadas"

Itens Fator 6

A1 -0,5306

A11 -0,8320

A15 -0,7460

Var. Expl. 1,5303

% da Var. 51,0096

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Conforme pode ser averiguado das tabelas acima, cargas fatoriais superam o valor em

módulo 0,5 e, por sua vez, o fator extraído recupera mais do que 50% da variância.

4.4.2 Competências empreendedoras

Este constructo foi mensurado a partir de um segundo bloco de 30 afirmativas, sendo

agrupadas por fatores, conforme demonstra as tabelas que segue. A Tabela 11 faz referência ao

conjunto realização, que reúne 5 competências: busca de oportunidade e iniciativa (BOI), correr

riscos calculados (CRC), exigência de qualidade e eficiência (EQE), persistência (PER) e,

comprometimento (COM). Cada uma das competências possui 3 afirmativas.

68

Tabela 11 - Cargas fatoriais do conjunto de realização

Itens Fator 1

BOI -0,5922

CRC -0,7914

EQE -0,8370

PER -0,7484

COM -0,6899

Var. Expl. 2,7137

% da Var. 54,2737

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

O segundo fator representa o conjunto de planejamento, o qual agrupa as seguintes

competências: busca de informação (BDI), estabelecimento de metas (EDM) e, planejamento e

monitoramento sistemáticos (PMS).

Tabela 12 - Cargas fatoriais do conjunto de planejamento

Itens Fator 2

BDI -0,8608

EDM -0,8668

PMS -0,8845

Var. Expl. 2,2748

% da Var. 75,8265

Fonte: dados da pesquisa (2017)

Por fim, o Fator 3 faz referência ao conjunto poder, que reúne apenas duas

competências: persuasão e rede de contatos (PRC) e independência e auto confiança (IAC).

Tabela 13 - Cargas fatoriais do conjunto poder

Itens Fator 3

PRC 0,8560

IAC 0,8560

Var. Expl. 1,4654

% da Var. 73,2716

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Observa-se, então a partir dos dados apresentados acima que, no constructo de

competências empreendedoras, cargas fatoriais também superam o valor em módulo 0,5, bem

como o fator extraído recupera mais do que 50% da variância.

69

4.5 TESTE t E CORRELAÇÕES

No constructo de autoeficácia emprendedora foi realizado o teste t considerando o sexo

dos respondentes, mas não houve nenhuma diferença significativa ao 5%, e por isso, não foi

apresentado em tabela. Porém, nos alunos que fizeram a disciplina de empreendedorismo a

subescala “construção de um ambiente inovador” mostra diferença entre homens e mulheres a

10%, tendo a maior pontuação média as mulheres, com 5,46; e para os homens, 4,89.

Já ao considerar todos os respondentes que não cursaram a disciplina, existe a diferença

a 10% na subescala “construção de um ambiente inovador”, sendo a maior média para mulheres

(5,54) que a dos homens (5,47). Estes resultados indicam que as mulheres em geral, tenham ou

não cursado a disciplina de empreendedorismo, são mais propensas a inovar nos

empreendimentos.

Para analisar se existem diferenças entre a autoeficácia e as competências

empreendedoras dos discentes que aprovaram a disciplina de empreendedorismo e aqueles que

não participaram ainda dessa disciplina se realizou um teste t considerando os 267 respondentes.

Destes apenas 45 tinham aprovado empreendedorismo e 222 não tinham participado.

As comparações foram feitas primeiro considerando as médias de cada uma das seis

subescalas da autoeficácia (SE1 a SE6) e da escala completa (AE). A seguir foram feitas as

comparações de médias para cada conjunto de competências empreendedoras (CR, CPl e CPo)

e para as médias das dez competências tomadas em conjunto (CE). Para cada contraste se

avaliou a homocedasticidade das variáveis por meio do teste de Levene, verificando-se que em

nenhum caso as variâncias foram heterocedásticas (p > 0,05).

Como se exibe na Tabela 14, em nenhuma das comparações houve diferenças

significativas entre as médias dos que cursaram ou não a disciplina de empreendedorismo.

Contudo, como poderia existir influência do curso que o respondente estava realizando os

mesmos testes foram feitos com os alunos de Educação Física, curso no que a disciplina

empreendedorismo é obrigatória e se ministra com carga horária de 60 horas-aula.

70

Tabela 14 - Comparações de médias para as subescalas, para os conjuntos de competências

empreendedoras, e todas elas dos alunos que cursaram ou não a disciplina de

empreendedorismo

Fonte: dados da pesquisa (2017)

Ao contrastar os valores de médias dos 30 alunos de Educação Física que já tinham

aprovado a disciplina obrigatória de empreendedorismo com os 31 que ainda não tinham

participado se constata que não existiram diferenças para nenhuma dos contrastes feitos. Os

resultados dessas comparações estão expostos na Tabela 15, na qual se pode observar que as

variâncias daquelas distribuições foram todas homogêneas, conforme o teste de Levene.

Tabela 15 - Comparações de médias para as subescalas, para os conjuntos de competências

empreendedoras, e todas elas dos alunos de Educação Física que cursaram ou não da

disciplina de empreendedorismo

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

71

Os resultados obtidos confirmam que a percepção dos discentes a respeito de sua

autoeficácia e competências empreendedoras não são influenciadas pelos conhecimentos que

adquiram na disciplina de empreendedorismo.

Ao fazer a análise de correlação entre as subescalas da autoeficácia empreendedora,

tem-se conforme apresentado na Tabela 16 que todas possuem uma relação linear forte (maior

que 0,7), bem como se correlacionam positivamente.

Tabela 16 - Matriz de correlação das subescalas da autoeficácia empreendedora

DN AI ON RH RI MI

DN 1 0,803 0,837 0,874 0,947 0,923

p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

AI 0,803

1 0,809 0,786 0,912 0,869

p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

ON 0,837 0,809

1 0,790 0,923 0,938

p=0,00 p=0,00 c p=0,00 p=0,00

RH 0,874 0,786 0,790

1 0,933 0,950

p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

RI 0,947 0,912 0,923 0,933

1 0,991

p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

MI 0,923 0,869 0,938 0,950 0,991

1 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00 p=0,00

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Já ao analisar os conjuntos de competências empreendedoras, pode-se observar na

Tabela 17 que eles apresentam relação entre si, no entanto é considerada uma relação linear

moderada. O que demonstra que há uma maior dispersão entre as respostas encontradas.

Tabela 17 - Matriz de correlação dos conjuntos de competências empreendedoras

CR CPl CPo

CR 1 0,694 0,531

p=0,00 p=0,00

CPl 0,694

1 0,461

p=0,00 p=0,00

CPo 0,531 0,461

1 p=0,00 p=0,00

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Por fim, foi realizado o teste para verificar a relação entre as subescalas da autoeficácia

empreendedora e os conjuntos de competências empreendedoras. A Tabela 18 apresenta os

resultados encontrados:

72

Tabela 18 - Matriz de correlação das subescalas e dos conjuntos de competências

CR CPl CPo

DN 0,098 0,036 0,138

p=0,111 p=0,554 p=0,024

AI 0,099 0,094 0,087

p=0,108 p=0,126 p=0,155

ON 0,031 0,017 0,098

p=0,609 p=0,783 p=0,111

RH 0,135 0,107 0,117

p=0,028 p=0,082 p=0,056

RI 0,099 0,070 0,119

p=0,107 p=0,258 p=0,052

MI 0,094 0,069 0,116

p=0,126 p=0,263 p=0,058

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Os resultados acima demonstram que a relação linear é indefinida, pelos valores de r

encontrados inferiores a 0,2. Pode-se considerar, assim, que as subescalas do constructo da

autoeficácia empreendedora e os conjuntos de competências empreendedoras não possuem

relação.

73

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para elaboração deste último capítulo, é necessário retomar os objetivos dessa

dissertação, a qual propôs avaliar a influência da educação empreendedora no desenvolvimento

da autoeficácia e competências empreendedoras dos discentes de graduação da área da saúde.

A análise a partir dos objetivos específicos, bem como as hipóteses propostas, permite chegar

à conclusão que todos foram atingidos, conforme será apresentado a seguir.

Para o constructo de autoeficácia empreendedora foi considerada a partir do conceito de

Chen; Greene e Crick (1998), que consideram a autoeficácia altamente apropriada para o estudo

do empreendedor. Ao calcular Teste de esfericidade de Bartlett, todos os valores se mostraram

significativos, pois os valores sempre ficaram com valores p < 0,05 indicando que a matriz de

correlações é apropriada para realizar a análise fatorial.

A análise fatorial exploratória (AFE) pode ser utilizada quando o pesquisador quer

confirmar ou refutar a estrutura fatorial de determinado instrumento (BROWN, 2006). Neste

construto os itens ficaram expressos por um fator próprio para cada subescala. Apenas no Fator

1, que faz referência ao “desenvolvimento de novos produtos e oportunidades de mercado” foi

encontrado uma variável com baixa comunalidade, sendo esta: “determinar se o negócio vai

bem”. Esse item foi excluído por não apresentar relação com os demais itens reunidos neste

fator. Após a exclusão, foi rodada uma nova análise fatorial a qual foi apresentada.

A matriz de correlação apresenta uma forte relação linear entre as subescalas, ou seja, o

instrumento utilizado apresenta validade e confiabilidade. Dado esses resultados, pode-se

afirmar que o primeiro objetivo específico que é medir a autoeficácia empreendedora através

da escala de De Noble, Jung e Ehrlich (1999) foi alcançado. Em consonância, a hipótese H1

que compreende: educação empreendedora na graduação dos cursos de ciências da saúde

influencia a autoeficácia empreendedora dos discentes não se confirmou, a partir do resultado

do teste t que foi realizado.

O segundo objetivo específico que é mensurar as competências empreendedoras

segundo o modelo de Cooley (1990, 1991), validado por Lenzi (2008), também foi alcançado

devido às análises fatoriais exploratórias e análise de correlação. Nesse constructo, não foi

excluída nenhuma afirmativa, pois todas apresentaram alta comunalidade dentro dos fatores,

que por sua vez, foram segmentados de acordo com os conjuntos de competências.

Esse constructo apresenta números estatisticamente menores que o constructo da

74

autoeficácia empreendedora, e, portanto, a hipótese H2, a educação empreendedora na

graduação dos cursos de ciências da saúde influencia nas competências empreendedoras dos

discentes também não foi suportada. O item que obteve menor carga fatorial corresponde ao

conjunto realização, a saber: busca de oportunidade e iniciativa (BOI). Com isso, entende-se

que os graduandos sentem-se limitados em relação à ter iniciativas e buscar novas

oportunidades de negócios.

Ao fazer a matriz de correlação unindo os dois constructos, que por sua vez, responde

ao terceiro objetivo específico: analisar a influência da educação empreendedora, tem-se quem

dentro do contexto analisado, os constructos não se relacionam por possuírem os valores de r <

0,2. Ou seja, a educação empreendedora, nesse contexto, não influencia no comportamento

empreendedor dos alunos da graduação da área da saúde.

Diferentemente da pesquisa que ofereceu o instrumento de mensuração para esse estudo,

o trabalho de De Noble, Jung e Ehrlich (1999) teve como resultado uma correlação positiva e

significante entre os constructos analisados. Com isso, pode-se concluir que nos cursos da área

da saúde, os alunos não se sentem preparados para iniciar o próprio negócio, a partir das

premissas da autoeficácia e das competências empreendedoras, pois elas não estão relacionadas.

Apesar das hipóteses propostas nessa pesquisa não terem sido suportadas, aponta-se

como uma limitação o fato de poucos alunos terem cursado a disciplina de empreendedorismo.

Por esse motivo, ainda assim é apontado a inserção de disciplinas relacionadas ao

empreendedorismo na área da saúde, pois acredita-se que é um caminho favorável para

formação destes profissionais (ENDEAVOR, 2016). Com esse incentivo proporcionado pelas

IES, pode-se então realizar uma nova pesquisa, de caráter longitudinal, na qual deve ser

aplicada o mesmo questionário antes, durante e depois da participação do aluno na disciplina

de empreendedorismo. Assim, poderia ter resultados mais precisos, e provavelmente diferentes

dos encontrados nesse estudo.

A limitação do estudo compreende também pela dificuldade do acesso aos respondentes,

desde a autorização dos diretores, coordenadores e professores, à colaboração dos alunos, que

por vezes se recusaram a responder. Posteriormente, tem-se também como limitação a

realização da pesquisa em apenas uma universidade, e desta forma, os resultados alcançados

nessa pesquisa não podem ser generalizados para todas as universidades.

Com isso, sugere-se a replicação desse estudo, como os instrumentos já validados, em

outras universidades, inclusive de diferentes regiões do país. Utilizar dados da pesquisa como

75

as realizadas pela Endevoar (2016) pode auxiliar na escolha de universidades consideradas por

eles como “empreendedoras”, e verificar se há diferença entre as IES que contam com ensino

de empreendedorismo e aquelas que não possuem. Uma outra sugestão seria associar a

metodologia quantitativa à qualitativa, para assim poder compreender o porquê desses alunos

não sentirem-se prontos para empreender.

A relevância teórica dessa dissertação está ao utilizar constructos que estão associados

ao empreendedorismo na área da saúde, pois há poucos estudos sobre essa temática, e nestes

nota-se a necessidade de aprofundamento. Vale destacar também que o empreendedorismo está

cada vez mais presente na interdisciplinaridade, sendo contemplado não somente na área de

gestão.

Como relevância prática, esse estudo apresenta dados que podem ser usados por gestores

da IES pesquisada, a fim de fomentar o ensino do empreendedorismo nos cursos que não estão

associados diretamente com a área da gestão. Além disso, pode servir de modelo para outras

instituições de ensino que desejam adotar práticas empreendedoras como forma de incentivo

do aluno antes da entrada no mercado de trabalho.

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85

ANEXOS

Anexo A - Escala de Autoeficácia Empreendedora

Escala de Autoeficácia Empreendedora:

Em relação às ações abaixo descritas, assinale de acordo com o grau de sua capacidade de

realiza-las, sendo 1 equivalente a completamente incapaz e 7 a completamente capaz. Lembre-

se, não há respostas certas ou erradas, apenas marque a alternativa que melhor descreve como

você se sente no momento, em relação a cada frase.

1 2 3 4 5 6 7

Completamente

ineficaz

Muito

incapaz

Pouco

incapaz

Capaz Bastante

capaz

Muito

capaz

Completamente

capaz

SE GERENCIAR UMA EMPRESA, VOCÊ ACREDITA QUE

PODE:

1 2 3 4 5 6 7

1 - Trabalhar eficazmente sob contínuo estresse, pressão e conflito

2 - Desenvolver e manter relacionamentos favoráveis com

investidores potenciais

3 - Reconhecer novas oportunidades de mercado para novos

produtos e serviços

4 - Selecionar e treinar os empregados chave para a empresa

5 - Estabelecer a visão e valores da organização

6 - Descobrir novas formas de melhorar os produtos existentes

7 - Desenvolver relacionamentos com pessoas chave para obter

capital

8 - Identificar novas áreas de crescimento potencial

9 - Desenvolver um planejamento adequado para preencher os

postos chave da empresa

10 - Inspirar os outros para aceitar a visão e os valores da empresa

11 - Tolerar as mudanças inesperadas nas condições do negocio

12 - Desenhar produtos que resolvam problemas correntes

13 - Identificar recursos potenciais de financiamento

14 - Criar um ambiente de trabalho que permita às pessoas ser "seu

próprio chefe"

15 - Persistir frente à adversidade

16 - Criar produtos que satisfaçam as necessidades dos clientes

17 - Formular ações rápidas que permitam perseguir as

oportunidades

18 - Desenvolver um clima laboral que promova que as pessoas

intentem fazer coisas novas

19 - Usar antigos conceitos comerciais de uma nova maneira

20 - Determinar se o negócio vai bem

21 - Apoiar às pessoas para tomarem iniciativas e

responsabilidades das suas ideias e decisões

22 - Identificar e construir equipes gestores

23 - Formar associações ou alianças com outros

86

Anexo B - Escala de Competências Empreendedoras

Este questionário se constitui de 30 afirmações breves. Leia cuidadosamente cada

afirmação e atribua uma classificação numérica que melhor identifique a sua forma de

atuar no trabalho (considere-se como você é hoje, e não como você gostaria que fosse).

1) Selecione o número que corresponde à afirmação que o descreve:

1= Nunca; 2 = Raras Vezes; 3= Algumas Vezes; 4 = Quase Sempre; 5= Sempre.

2) Anote com um ‘X’ o número na coluna correspondente. Favor designar uma

classificação numérica para cada uma das 30 afirmações.

Nº PONTUAÇÃO 5 4 3 2 1

1 Lidera ou executa novos projetos, ideias e estratégias que visam conceber, reinventar,

produzir ou comercializar novos produtos ou serviços.

2 Toma iniciativas pioneiras de inovação gerando novos métodos de trabalho, negócios,

produtos ou mercados para empresa.

3 Produz resultado para empresa decorrente da comercialização de produtos e serviços gerados

da oportunidade de negócio que identificou e captou no mercado.

4 Avalia o risco de suas ações na empresa ou no mercado por meio de informações coletadas.

5 Age para reduzir os riscos das ações propostas.

6 Está disposto a correr riscos, pois eles representam um desafio pessoal e poderão de fato

trazer bom retorno para a empresa.

7 Suas ações são muito inovadoras, trazendo qualidade e eficácia nos processos.

8 É reconhecido por satisfazer seus clientes internos e externos por meio de suas ações e

resultados.

9 Estabelece prazos e os cumpre com padrão de qualidade reconhecido por todos.

10 Age para driblar ou transpor obstáculos quando eles se apresentam.

11 Não desiste em situações desfavoráveis e encontra formas de atingir os objetivos.

12 Admite ser responsável por seus atos e resultados, assumindo a frente para alcançar o que é

proposto.

13 Conclui uma tarefa dentro das condições estabelecidas, honrando os patrocinadores e

parceiros internos

14 Quando necessário, “coloca a mão na massa” para ajudar a equipe a concluir um trabalho.

15 Está disposto a manter os clientes (internos e externos) satisfeitos e de fato consegue.

16 Vai pessoalmente atrás de informações confiáveis para realizar um projeto.

17 Investiga pessoalmente novos processos para seus projetos ou idéias inovadoras.

18 Quando necessário, consulta pessoalmente especialistas para lhe ajudar em suas ações.

19 Define suas próprias metas, independente do que é imposto pela empresa.

20 Suas metas são claras e específicas, e entendidas por todos os envolvidos.

21 Suas metas são mensuráveis e perfeitamente acompanhadas por todos da equipe.

22 Elabora planos com tarefas e prazos bem definidos e claros.

23 Revisa constantemente seus planejamentos, adequando-os quando necessário.

24 É ousado na tomada de decisões, mas se baseia em informações e registros para projetar

resultados.

25 Consegue influenciar outras pessoas para que sejam parceiros em seus projetos viabilizando

recursos necessários para alcançar os resultados propostos.

26 Consegue utilizar pessoas-chave para atingir os resultados que se propõe ou conseguir os

recursos necessários

27 Desenvolve e fortalece sua rede de relacionamento interna e externa à empresa.

87

28 Está disposto a quebrar regras, suplantar barreiras e superar obstáculos já enraizados na

empresa.

29 Confia em seu ponto de vista e o mantém mesmo diante de oposições.

30 É confiante nos seus atos e enfrenta desafios sem medo.

88

APÊNDICE

Apêndice 1 – Questionário de Autoeficácia Empreendedora utilizado

1 2 3 4 5 6 7

1 Trabalhar eficazmente sob contínuo estresse, pressão e conflito.

2 Desenvolver e manter relacionamentos favoráveis com investidores

potenciais.

3 Reconhecer novas oportunidades de mercado para novos serviços.

4 Selecionar e treinar colaboradores chave para seu negócio.

5 Estabelecer a visão e valores para seu negócio.

6 Descobrir novas formas de melhorar os serviços existentes.

7 Desenvolver relacionamentos com pessoas chave para obter capital.

8 Identificar novas áreas de crescimento potencial.

9 Desenvolver um planejamento adequado para potencializar seu negócio.

10 Inspirar os outros para aceitar a visão e os valores de seu negócio.

11 Tolerar as mudanças inesperadas nas condições do negócio.

12 Desenvolver serviços que resolvam problemas correntes.

13 Identificar recursos potenciais de financiamento.

14 Criar um ambiente de trabalho que permita aos colaboradores serem

"seu próprio chefe".

15 Persistir frente à adversidade.

16 Criar serviços que satisfaçam as necessidades dos pacientes / clientes.

17 Formular ações rápidas que permitam perseguir as oportunidades.

18 Desenvolver um clima que promova que os colaboradores queiram fazer

coisas novas.

19 Usar conceitos comerciais antigos de uma maneira nova.

20 Determinar se o negócio vai bem.

21 Apoiar aos colaboradores para tomarem iniciativas e responsabilidades

das suas ideias e decisões.

22 Identificar e resolver os problemas de gestão de seu negócio.

23 Formar associações ou alianças com outros profissionais.