universidade candido mendes documento ... › docpdf › monografias_publicadas ›...

46
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA LIDERANÇA EM SUPERVISÃO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DE UMA GESTÃO DEMOCRATICA NO ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA Por: Andréa Domiciano de Souza Tobias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Flávia Cavalcanti Mesquita RJ 2018 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

Upload: others

Post on 08-Jun-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

LIDERANÇA EM SUPERVISÃO ESCOLAR NA

PERSPECTIVA DE UMA GESTÃO DEMOCRATICA NO

ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA

Por: Andréa Domiciano de Souza Tobias

Orientadora:

Prof.ª Dr.ª Flávia Cavalcanti

Mesquita – RJ

2018

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

LIDERANÇA EM SUPERVISÃO ESCOLAR NA

PERSPECTIVA DE UMA GESTÃO DEMOCRATICA NO

ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada – Universidade Cândido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Administração e Supervisão

Escolar.

ANDRÉA DOMICIANO DE SOUZA TOBIAS

MESQUITA -RJ

2018

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus por sua proteção e sabedoria

e, pela oportunidade de concluir mais este curso.

A minha família (meu esposo Cléber Luiz da Silva

Tobias e a minha filha Ana Clara Domiciano da Silva

Tobias) pelo incentivo e compreensão.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

4

DEDICATÓRIA

A minha filha Ana Clara para que ela entenda o valor

e a importância da Educação na vida de todo ser

humano.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

5

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade investigar quais caminhos para o

Supervisor Escolar exercer liderança em parceria com o Gestor Escolar em

uma gestão democrática no âmbito da escola publica com autoridade sem ser

“autoritário” suscitando aprendizagem significativa e autonomia aos educandos.

Considerando, concomitantemente, e primordialmente, que o trabalho da

Supervisão Escolar é considerado eficaz quando busca junto à equipe

(Gestores e Supervisores) uma visão total e abrangente do trabalho, a fim de

favorecer o desenvolvimento da escola e a qualidade das ações, bem como

promover aprendizagem significativa na formação dos alunos, na formação

continuada dos docentes e condições de promovê-las de acordo com a

realidade. E desse modo, enfatizamos que o supervisor deverá ser um

educador amoroso, como postulado por Freire, já que este é uma das colunas

do edifício educativo que a comunidade escolar ajuda a construir

cotidianamente na escola.

Palavras-chaves: Supervisor Escolar - Gestão Democrática

Participativa – Liderança

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

6

METODOLOGIA

A fim de alcançar todos os objetivos propostos utilizarei como

procedimento metodológico para desenvolvimento dessa monografia, a

pesquisa bibliográfica sobre as obras de autores que estudam o tema. E para

fundamentação teórica da pesquisa serão utilizados como referenciais as

bibliografias dos autores: Mary Rangel, Mirian P.S.Z.Grinspun, Nilda Alves,

Regina Leite Garcia, Heloísa Lück, José Carlos Libâneo e outros.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I – COMPREENDENDO O QUE É UMA GESTÃO

DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA

11

1.1-GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA 14

1.2- A REESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR 16

1.3- A LEI QUE ESTABELE A GESTÃO DEMOCRÁTICA

PARTICIPATIVA

17

CAPÍTULO II – O TRABALHO DO SUPERVISOR ESCOLAR NA

ESCOLA PÚBLICA

21

2.1 – CONHECENDO A ORIGEM DO TRABALHO DO

SUPERVISOR ESCOLAR

21

2.2 – ENTENDENDO O TRABALHO DO SUPERVISOR

ESCOLAR NA ESCOLA PÚBLICA NA PERSPECTIVA DA GESTÃO

DEMOCRÁTICA

25

2.3- REFLETINDO UM POUCO ACERCA DAS HABILIDADES

E COMPETÊNCIAS DO SUPERVISOR ESCOLAR

29

CAPÍTULO III – CAMINHOS PARA O SUPERVISOR ESCOLAR

EXERCER LIDERANÇA EM PARCERIA COM O GESTOR

ESCOLAR EM UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA NO

ÂMBITO DA ESCOLA PUBLICA COM AUTORIDADE “SEM SER

AUTORITÁRIO”, SUSCITANDO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

E AUTONOMIA DO AUTONOMIA DOS EDUCANDOS.

31

3.1- ENTENDENDO O QUE É LIDERANÇA 31

3.1.1- AS RELAÇÕES DE LIDERANÇA NO TRABALHO DO

SUPERVISOR ESCOLAR

35

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

8

3.2 – COMPREENDENDO O QUE É SER AUTORIDADE

SEM SER AUTORITÁRIO

36

3.3 – INVESTIGANDO OS PROVÁVEIS CAMINHOS PARA

O SUPERVISOR ESCOLAR EXERCER LIDERANÇA EM

PARCERIA COM O GESTOR ESCOLAR SUSCITANDO

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E AUTONOMIA DOS

EDUCANDOS.

38

CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E WEBGRAFIA 45

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

9

INTRODUÇÃO

A práxis e a liderança da Supervisão Escolar na perspectiva da gestão

democrática participativa nos limites de uma escola pública tem sido objeto de

muitas reflexões por parte dos próprios supervisores desde o surgimento do

cargo até os dias atuais.

Atentando-se para o fato de que uma das funções da escola pública ou

privada é contribuir para que os alunos se apossem do código linguístico

escrito, do domínio com plena apropriação da linguagem culta e ampliem suas

participações conscientes e críticas no mundo, de forma que sejam cidadãos

éticos e críticos, capazes de transformar positivamente a realidade onde vivem.

Sendo assim, a pesquisa teórica torna-se de grande relevância, devido à

necessidade de se melhor conhecer o trabalho do Supervisor Escolar e sua

relação direta ou indireta com a gestão democrática participativa, com o

trabalho do Gestor e com a escola em sua totalidade (corpo docente, discente,

família e comunidade).

Considerando, concomitantemente, e primordialmente, que o trabalho da

Supervisão Escolar é considerado eficaz quando busca junto à equipe

(Gestores e Supervisores) uma visão total e abrangente do trabalho, a fim de

favorecer o desenvolvimento da escola e a qualidade das ações, bem como

promover aprendizagem significativa na formação dos alunos, na formação

continuada dos docentes e condições de promovê-las de acordo com a

realidade.

Então, sobrou para o Supervisor Escolar, baseado nas novas propostas

educacionais, o compromisso de garantir a qualidade do ensino, de forma que,

entre suas funções, ele deve participar das propostas e planejamentos do

processo de ensino e mediar à prática pedagógica nas escolas.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

10

Assim, a fim de alcançar todos os objetivos propostos utilizarei como

procedimento metodológico para desenvolvimento dessa monografia, a

pesquisa bibliográfica sobre as obras de autores que estudam o tema. E para

fundamentação teórica da pesquisa serão utilizados como referenciais as

bibliografias dos autores: Mary Rangel, Mirian P.S.Z.Grinspun, Nilda Alves,

Regina Leite Garcia, Heloísa Lück, José Carlos Libâneo e outros.

Todavia, o trabalho formulado não tem a aspiração e o intento de findar

o tema escolhido, mas sim conduzir os profissionais da Educação a refletirem a

respeito do mesmo e na sua relevância. E para isso o tema foi dividido em três

capítulos, os quais detalharemos a seguir.

No primeiro capítulo, procuraremos compreender o que é uma gestão

democrática participativa. No segundo capítulo, apresentaremos o trabalho do

Supervisor Escolar na escola pública. E no terceiro capítulo, investigaremos se

existem de fato caminhos para o Supervisor Escolar exercer liderança em

parceria com o Gestor Escolar em uma gestão democrática participativa no

âmbito da escola pública com autoridade “sem ser autoritário”, suscitando

aprendizagem significativa e autonomia dos alunos. E ao final, chegaremos às

considerações finais retornando ao tema da pesquisa teórica a ser realizada

confirmará ou não a seguinte hipótese: se de fato existem caminhos a serem

trilhados pelo Supervisor Escolar em uma gestão democrática no âmbito da

escola pública para liderar com autoridade sem ser “autoritário” suscitando

aprendizagem significativa e plena autonomia dos alunos.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

11

CAPÍTULO I

COMPREENDENDO O QUE É UMA GESTÃO

DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA

“... a escola não transforma a realidade, mas pode ajudar a formar os

sujeitos capazes de fazer a transformação, da sociedade, do mundo,

de si mesmos...”

Paulo Freire

Antes de iniciar os estudos e para melhor compreender o que é uma

gestão democrática participativa, refletiremos um pouco sobre a escola, as

mudanças mundiais, e os novos tempos.

E desse modo, observamos que a escola, historicamente, responde aos

interesses da sociedade a qual está inserida, bem como sua organização e

funcionamento. De igual natureza, durante muitos anos a gestão da escola

ficou centrada na hierarquia de cargos e funções com limitadíssima autonomia.

Uma gestão alicerçada em severas regras, inflexíveis e bastante burocráticas.

Neste modelo de gestão, bastante comum, e ainda hoje, facilmente encontrado

em diversas escolas, que distancia o planejamento e o funcionamento da

realidade escolar. O poder deliberativo fica concentrado nas mãos e na figura

do diretor, acentuando a autoridade única deste agente.

Entretanto, atualmente grande parte do nosso destino está situado em

uma esfera de escala mundial que independe de nossa vontade. Ocorre que

com abertura das divisas econômicas e financeiras, estimuladas pelas ideias

de livre comércio, reforçada pelo desmembramento do bloco soviético,

instrumentalizada pelas novas tecnologias da informação, a interdependência

planetária não cessa de aumentar, no plano econômico, científico, cultural e

político. Isso é o fenômeno que denominamos de globalização que trouxe

céleres e severas mudanças de uma hora para outra.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

12

E desta forma, a partir da globalização, torna-se importante pensar na

livre circulação das ideias e dos produtos, e que seria necessário algum tipo de

padronização educacional para facilitar o alcance de novos saberes por todos

que necessitassem interagir nesse mundo globalizado.

Assim, diante dessa nova realidade global as escolas vêm sendo

obrigadas a refletir seu papel diante das transformações caracterizadas pelo

processo frenético de integração e reestruturação capitalista mundial. Fato é

que diante desse novo modelo econômico, os avanços científicos e

tecnológicos, a reorganização do sistema de produção as alterações no mundo

do conhecimento, atingem a organização do trabalho e perfil dos trabalhadores,

refletindo diretamente na qualificação profissional, e consequentemente, na

educação ministrada nas instituições escolares.

E a respeito das mudanças do modelo econômico atual, LIBÂNEO

(2015, p.44) vai dizer que “este modelo é conhecido por neoliberalismo, e que

tem como princípio regulador do funcionamento da sociedade “o mercado”, ao

qual se submetem as políticas educacionais”. A seguir, destacamos o que

escrevem LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOCHI (2012, p.107) para validar as

afirmações até agora apresentadas:

As mudanças no âmbito da produção, em razão do avanço da

ciência e da tecnologia, têm gerado uma situação de

competitividade no mercado mundial (...) A competitividade

instalada e requerida pelo capital transnacional passa cada vez

mais, pelo desenvolvimento do conhecimento e pela formação

de recursos humanos, atribuindo papel central à educação.

Nesse sentido, as orientações do Banco Mundial têm sido

educar para produzir melhor.

Na década de 1980 teve início a adequação das políticas educacionais

no Brasil às orientações dos organismos multilaterais, especialmente, o Banco

do Brasil e a Unesco. Somente nos anos 1990 se intensifica as adequações a

partir da realização da Conferência Mundial sobre Educação para todos, que

ocorreu na Tailândia, cujo objetivo foi criar políticas educacionais para as

escolas de países emergentes compatíveis com o funcionamento do

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

13

capitalismo globalizado. Essas políticas propõem um currículo instrumental,

visando resultados imediatos no alcance do acesso por parte dos alunos dos

novos códigos da modernidade capitalista. De acordo, ainda com os autores

citados LIBÂNEO, OLIVEIRA E TOCHI (2012, p.115), destacamos a seguir:

A educação fundamental ganha centralidade nas políticas

educacionais, sobretudo nos países subdesenvolvidos. Ela tem

como função primordial desenvolver as novas habilidades

cognitivas (inteligência instrumentalizadora) e as competências

sociais necessárias à adaptação do individuo ao novo

paradigma produtivo, além de formar o consumidor

competente, exigente, sofisticado.

Diante dos fatos expostos, a escola precisa se fazer presente perante a

essas realidades porque esta promove formação cultural e científica, e

possibilita o contato dos alunos com a cultura, aquela provida pela ciência, pela

técnica, pela linguagem, pela ética. Uma escola de qualidade é aquela que

inclui, ampliando as possibilidades dos educandos lutarem contra a exclusão

econômica, política, cultural e pedagógica. A escola vai se transformando em

“espaço de síntese”, (segundo COLOM CANELLAS).

E de acordo com afirmativa de CANELLAS, a escola de hoje é uma

síntese entre a cultura vivenciada que acontece na cidade, na rua, nas praças,

nos pontos de encontro, nos meios de comunicação, na família, no trabalho

etc., e a cultura formal que é o domínio dos saberes, das habilidades de

pensamento. A escola necessita combinar sua capacidade de receber e

interpretar informação, com a de produzi-la, considerando o aluno ativo no

processo de construção de seu próprio conhecimento. E para que seja possível

a escola ser este espaço de síntese ela necessita atingir cinco objetivos, os

quais apresentaremos através da fala de LIBÂNEO (2015, p. 50 e 51),

destacada a seguir:

Os objetivos

Para essa escola concebida como espaço de síntese, no

exercício de seu papel na construção da democracia social e

política, são propostos cinco objetivos:

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

14

1) Promover o desenvolvimento de capacidades cognitivas,

operativas e sociais dos alunos (processos mentais, estratégias

de aprendizagem, competências do pensar, pensamento

crítico), por meio dos conteúdos escolares.

2) Promover as condições para o fortalecimento da

subjetividade e da identidade cultural dos alunos, incluindo o

desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, da

imaginação.

3) Preparar para o trabalho e para a sociedade tecnológica

e comunicacional, implicando preparação tecnológica (saber

tomar decisões, fazer análises globalizantes, interpretar

informações de toda natureza, ter atitude de pesquisa, saber

trabalhar junto etc).

4) Formar para a cidadania crítica, isto é, formar um

cidadão-trabalhador capaz de interferir criticamente na

realidade para transformá-la e não apenas formar para integrar

o mercado de trabalho.

5) Desenvolver a formação para valores éticos, isto é,

formação de qualidades morais, traços de caráter, atitudes,

convicções humanistas e humanitárias.

Diante do que foi exposto fica claro, então, que a educação formal não

pode ser fragmenta, ela é uma tarefa para ser desempenhada por uma equipe

comprometida com a responsabilidade social da escola.

O trabalho passa a ser cooperativo e nos sugere a responsabilidade

coletiva, a integração de todos envolvidos no sistema (diretores, supervisores,

professores, funcionários, pais, alunos e comunidade escolar) para então

tornarmos a escola um lugar em que todos podem participar e dar suas

contribuições fundamentando o que chamamos de gestão democrática

participativa que iremos compreender a seguir.

1.1 - GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA

Iniciando nossas reflexões traremos a seguir a conceituação de

LIBÂNEO (p.85, 2015) a respeito do termo gestão:

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

15

Organização, administração e gestão são termos aplicados aos

processos organizacionais, com significados muito parecidos.

Organizar significa dispor de forma ordenada, articular as

partes de um todo, prover as condições necessárias para

realizar uma ação; administrar é o ato de governar, de por em

prática um conjunto de normas e funções; gerir é administrar,

gerenciar, dirigir. No campo da educação, a expressão

organização escolar é frequentemente identificada com

administração escolar, termo que tradicionalmente caracteriza

os princípios e procedimentos referentes à ação de planejar o

trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais,

financeiros, intelectuais), coordenar e controlar o trabalho das

pessoas. (...) O mesmo acontece com os termos gestão e

direção, ora tomados como sinônimos, ora o primeiro

praticamente se confundindo com administração e o segundo

como um aspecto do processo administrativo.

Agora, vejamos o que LIBÂNEO (p.89, 2015) afirma a cerca dos termos

participação e democracia:

A participação é o principal meio de se assegurar a gestão

democrática da escola, possibilitando o envolvimento de

profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e

no funcionamento da organização escolar. (...) há aí um sentido

mais forte de prática da democracia, de experimentar formas

não autoritárias de exercício do poder, de intervir nas decisões

da organização e definir coletivamente o rumo do trabalho.

E ainda, tomando emprestada a fala de LIBÂNEO (p.89, 2015) dizemos

que “o conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa

a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios,

isto é, de conduzirem sua própria vida”.

Nesse caso, a autonomia vai na contramão das formas autoritárias de

tomada de decisões, e somente se realiza concretamente no exercício da

participação. Daí, conclui-se que em um modelo de gestão democrático

participativa terá como princípio relevante a autonomia, que implica na livre

escolha de objetivos e relações de trabalho e a construção coletiva do

ambiente de trabalho.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

16

Para que a gestão democrática se solidifique será necessária à

formação de uma equipe de trabalho, que trabalhe de forma colaborativa e

integrada visando à formação e a aprendizagem dos alunos. Através da

distribuição de tarefas e responsabilidades, do diálogo, da cooperação do

compartilhamento e modos de agir, a escola consegue alcançar seus objetivos

por ela estabelecidos. Conforme afirma LIBÂNEO (p.91, 2015):

A gestão da participação implica a existência de uma sólida

estrutura organizacional, responsabilidades muito bem

definidas, posições seguras em relação às formas de

assegurar relações interativas democráticas, procedimentos

explícitos de tomada de decisões, formas de acompanhamento

e de avaliação.

Assim, percebemos que a participação é um instrumento mais

democrático e uma ferramenta eficaz de se alcançar os objetivos da escola

centrados na qualidade do processo de ensino e aprendizagem.

1.2- A REESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR

A reestruturação educacional tem a gestão democrática com um de seus

maiores colunas. Com o propósito de fazer mudar radicalmente a forma de

pensar e efetivar a gestão dos sistemas educacionais centrados principalmente

na instituição e na sua autonomia, as discussões sobre a gestão da escola se

intensificam na procura da conquista da liberdade de ação e de decisão, maior

participação da comunidade escolar nos espaços de poder da escola e seu

envolvimento no processo administrativo, questionamento da direção da escola

por um só indivíduo e uma direção colegiada, formada por representantes de

todos os segmentos envolvidos no processo educativo.

No período da ditadura militar, os educadores clamavam pela autonomia

da escola sugerindo outras opções pedagógicas e administrativas que

auxiliassem a minimizar os altos índices de evasão e repetência na escola

primária e que e que combatessem o burocratismo e o arcaísmo das

administrações.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

17

A ideia de autonomia escolar e da liberdade dos educadores para

rebater o domínio de ações administrativas e as intervenções políticas com

projetos alheios a realidade da escola acontece nas décadas de 1950 a 1960.

Já na década de 1970 essas iniciativas, infelizmente, foram

interrompidas, justamente no momento que a escola sofria com a

predominância da centralização administração, mesmo protegida pela Lei

5.692/71, que lutava pela autonomia da escola e a descentralização

administrativa.

Os debates políticos a respeito da gestão escolar e da descentralização

administrativa voltam a ganhar força e enfoque na década de 1980, durante a

reforma do Estado e com a criação da nova Constituição Federal em 1988. E

os argumentos que defendiam a necessidade de uma gestão autônoma como

condição para se melhorar a qualidade do ensino, supunha, segundo estudos

realizados por WARDE (2000), a unidade escolar como local dessa melhoria,

“é a unidade escolar que comporta as possibilidades de aperfeiçoamento

qualitativo do ensino, porque é nela que podem ser realizadas experiências

pedagógicas alternativas”.

Na década de 1990, com base na desigualdade social, e em função

dessa realidade, muitos debates foram produzidos a cerca da necessidade de

se estabelecer um acordo entre os vários setores sociais a fim de se efetivar as

reformas estruturais nas instituições sociais, educacionais e políticas.

Assim, diante desse cenário, ainda nessa década, surge em 1996 a

LDBEN nº 9394 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que define

e destaca três aspectos principais: a descentralização administrativa, a

participação da sociedade civil e a autonomia crescente dos sistemas e das

escolas públicas.

1.3- A LEI QUE ESTABELE A GESTÃO DEMOCRÁTICA

PARTICIPATIVA

O Brasil teve oito Constituições Federais (a de 1824, a de 1891, a de

1934, a de 1937, a de 1946, a de 1967 e a de 1988) foi uma trajetória muito

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

18

longa para se chegar a inclusão da Educação como direito fundamental de todo

cidadão.

Nesta longa trajetória, apenas quatro das Constituições Federais (a CF

de 1824; a CF de 1891; a CF de 1934; a CF de 1946) foram votadas por

representantes populares e com isto trouxeram significativas conquistas no

campo dos direitos civis e da educação para todos.

E foi a partir da Constituição de 1946, que o então Ministro da Educação,

Francisco Mariani, instaurou uma comissão de educadores para propor uma

reforma geral da Educação Nacional, sendo criada a nossa 1ª LDB, que foi

aprovada após 11 meses de discussões, a chamada LEI 4.024/61.

É de suma relevância a compreensão de que a LDB é uma lei

complementar a Constituição Federal, e que esta irá tratar de assuntos mais

específicos da educação brasileira. E para validar as reflexões já apresentadas

a respeito de gestão democrática, cumpri-nos, destacar a seguir a afirmação de

GADOTTI E ROMÃO (2004, p.47):

No Brasil, a autonomia da escola encontra suporte na própria

Constituição, promulgada em 1988, que institui a democracia

participativa e cria instrumentos que possibilitam ao povo

exercer o poder diretamente (Art.1º). No que se refere à

educação, a Constituição de 1988 estabelece como princípios

básicos: o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e

a gestão democrática do ensino público (Art.206). Esses

princípios podem ser considerados como fundamentos

constitucionais da autonomia da escola (...). Na história das

ideias pedagógicas, a autonomia sempre foi associada ao tema

de liberdade individual e social, da ruptura com esquemas

centralizados e, recentemente, da transformação social.

Vale ressaltar que a educação brasileira teve três Leis de Diretrizes e

Bases (a 4.024/61, a 5.692/71 e a 9.394/96), cada uma dessas leis possuía um

caráter regulador com objetivos específicos de atuação. Vejamos a seguir o

objetivo principal de cada uma dessas leis.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

19

A Lei 4.024/61 proporcionava a flexibilização da estrutura do ensino

possibilitando o acesso ao ensino superior, independente do curso que o aluno

tivesse feito anteriormente.

A Lei 5.692/71 demorou a ser concluída, contudo contou com debates e

a participação da sociedade civil. A reforma da educação nesta lei começou

pelo ensino superior, pois as universidades estavam em situação de confronto

com o poder estabelecido, antecipando assim a reforma universitária aos níveis

anteriores ao ensino superior.

A próxima Lei que iremos apresentar é a 9.394/96 que tem grandes e

importantes eixos baseados no conceito mais abrangente da educação, na

vinculação da educação ao mundo do trabalho e com diferentes práticas

sociais, nos padrões mínimos de qualidade de ensino, na pluralidade de formas

de acesso aos diversos níveis de ensino, na avaliação qualidade do ensino

pelo poder público, na definição das responsabilidades da união, dos estados,

dos municípios, das escolas e dos docentes entre outros.

É na LDB 9394/96 que está fundamentada a gestão democrática através

dos artigos destacados a seguir.

Art.3º O ensino será ministrado com base nos seguintes

princípios:

I. igualdade de condições para o acesso e permanência na

escola;

II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a

cultura o pensamento, a arte e o saber;

(...)

VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei

e da Legislação dos sistemas de ensino (LDB 9.394/96)

O inciso VIII da LDB, fundamenta a necessidade do ensino estar voltado

para a democracia, tornando a gestão escolar o princípio desta prática que

constrói a cidadania gerando autonomia, participação, construção

compartilhada e coletiva dos níveis de decisão e posicionamento crítico. A

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

20

gestão democrática no ensino público como determina a lei fundamental

orienta para o fim da exclusão, da discriminação, da segregação social que

impossibilitam a construção histórico-social dos sujeitos participantes deste

processo.

E ainda na LDB 9.394/96 destacamos ainda outros artigos, a respeito da

gestão democrática participativa:

Art.14 Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão

democrática do ensino público na educação básica, de acordo

com as suas peculiaridades e conforme os seguintes

princípios:

I. a participação dos profissionais da educação na

elaboração do projeto pedagógico da escola;

II. participação das comunidades escolar e local em

conselhos escolares ou equivalentes;

As decisões centralizadas no diretor cedem lugar à participação dos

professores, especialistas e de todos os agentes no projeto pedagógico da

escola em busca de efetivar a função social da escola a fim de humanizar o

ensino.

E ainda, conforme consta no Artigo 15 da LDB, destacado a seguir, a

autonomia escolar é uma conquista gradativa.

Art.15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades

escolares públicas de educação básica que os integram

progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa

e de gestão financeira.

Finalmente para encerrar este panorama a acerca de uma gestão

democrática participativa no âmbito escolar, enfatizamos que esta só poderá

ocorrer com a efetiva participação da comunidade escolar, dos professores,

dos pais, dos alunos, da equipe técnica pedagógica e dos gestores em todas

as atividades educacionais da escola, pois a garantia dessa participação, que é

o princípio fundamental para promoção de uma educação de qualidade que

inclua a todos.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

21

CAPÍTULO II

O TRABALHO DO SUPERVISOR ESCOLAR NA ESCOLA

PÚBLICA

“...Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

Rubem Alves

Ao investigar o percurso da educação brasileira e, estritamente, o rumo

da escola, defrontamos-nos com o surgimento dos profissionais da educação,

os denominados especialistas. Dentre estes especialistas, está o supervisor

escolar, que tinha a princípio, a função de controlar e inspecionar o processo

pedagógico como o objetivo de manter o bom funcionamento do espaço

escolar.

Contudo, conforme muda a história também se transforma a educação, e

assim, observamos ao longo do tempo a função do supervisor escolar sofrer

várias mudanças e apresentar diversas nomenclaturas e atribuições.

2.1 – CONHECENDO A ORIGEM DO TRABALHO DO SUPERVISOR

ESCOLAR

No Brasil, a supervisão escolar foi adotada durante muitos anos para

manter a sociedade vigiada por intermédio de uma educação dominadora, para

isso necessitava de um supervisor controlador e também controlado.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

22

A organização das atribuições educativas teve início no Brasil com a

chegada dos jesuítas. Conforme explicitado por SAVIANI (1999, p.21) quando

afirma que “o supervisor educacional, tinha como função: organizar estudos;

orientar e dirigir as aulas; ouvir e observar os professores”.

Um plano de ensino foi elaborado pelo padre jesuíta Manuel de

Nóbrega, onde já apresentava a atividade supervisora. Todavia, não se

expressava com a concepção de supervisão, tal qual entendemos atualmente.

No Plano Geral dos jesuítas a supervisão era destacada das demais funções

educativas e passava a ser representada como uma tarefa específica, na qual,

era destinado um agente, também específico, denominado “prefeito dos

estudos”. E foi por meio do alvará de 1759 que eliminou o método de ensino

dos jesuítas, a função supervisora concentrada na figura do prefeito dos

estudos o qual ficara parcialmente fluidificada.

As escolas de primeiras letras foram criadas no ano de 1827 em todas

as cidades, regulamentando que os estudos acontecessem conforme o

“método do Ensino Mútuo”, sendo que nesta organização o professor acumula

o papel de docência e supervisão. E no ano de 1854 aconteceram as reformas

“Couto Ferraz”, na qual a missão do inspetor geral era “supervisionar”.

No final do século XIX, entre os anos de 1864 e 1886, debates,

pareceres, relatórios e reformas tendem para um ponto comum: a

indispensabilidade de articulação de todos os serviços de educação numa

coordenação nacional dos trabalhos exercidos pelos professores (serviços de

supervisão pedagógica na área das unidades escolares), este fato é observado

e destacado por SAVIANI (1999).

A partir de 1900, a supervisão foi introduzida na escola com o objetivo

de controlar a ação do professor, contudo, mais sob o ponto de vista

administrativo do que pedagógico. Assim, supervisão foi entendida como

inspeção administrativa. Em 1920 a supervisão passou a interessar-se pela

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

23

eficiência do professor, procurando orientá-lo para mudanças didáticas que

permitissem maior rendimento escolar.

A década de 1920 ficou afamada pelo aparecimento dos intitulados

“profissionais do ensino” (chamados Técnicos Escolares), como uma nova

classe profissional, e segundo SAVIANI (2002), esta classe apontou que a

urgência da sistematização dos trabalhos educacionais e o conceito de

supervisão ganharam formas mais complexas. Na década de 1930 ocorreu

uma revolução que culminou em reformas educacionais que sucederam no

Brasil. Assim, a educação ganha ênfase nacional, e processa-se o

desmembramento entre a “parte administrativa” e a “parte técnica” do ensino,

momento para chegada do supervisor, como função diferenciada do diretor e

bem como do inspetor.

Com início da reforma Francisco de Campos – Decreto Lei 19.890 de

18/04/1931 aparece à supervisão no Brasil, e a partir daí a supervisão assumi

uma função de liderança, com a responsabilidade da valorização dos grupos na

tomada de decisões.

No exercício de sua função, a supervisão educacional, entre 1940 a

1960, intentou sensibilizar o professor para a pesquisa. Assim, cada professor

tornando-se consciente de suas contrariedades e dúvidas acerca de sua

prática docente, e orientado pela pesquisa, conseguiriam facilmente encontrar

o caminho que o norteassem para a suplantação das mesmas.

A datar da década de 1960, fica estabelecido através da Lei 4.024/61,

que os governos estaduais e municipais devem assumir os encargos de

organização e execução dos serviços educativos.

No contexto brasileiro, conforme ALARCÃO (1996), a supervisão

apresenta-se como uma prática relativamente recente. Remonta aos anos 70 e

surgiu no cenário sócio-político-econômico, historicamente, como a função de

controle.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

24

A supervisão educacional na forma que concebemos atualmente fora

criada num cenário opressor de ditadura, segundo a ótica de VASCONCELLOS

(2002), a Lei 5.692/71 a criou como trabalho exclusivo da escola de primeiro e

segundo graus, cuja missão era majoritariamente tecnicista e controladora e,

de certo modo, ocorria à militarização escolar. A inserção da supervisão

educacional leva para dentro da escola a divisão do trabalho (fato que ocorria

somente nas indústrias), ou seja, neste momento, coexistem no âmbito escolar

a separação entre os que pensam, deliberam e mandam; e os que cumprem e

obedecem sem direito a questionamentos. Até então, o professor era o autor e

ator de suas aulas, e depois disso passou a ser privado de seu conhecimento,

surge neste contexto à imagem do técnico posicionando-se entre o professor e

seu trabalho.

Especialmente, na década de 1980, quando se intensifica o denominado

“movimento crítico” da Educação, os “especialistas de ensino” e, mormente, o

supervisor, continuaram o foco da crítica, considerados como motivadores do

fracasso escolar e outras mazelas do ensino. (FERREIRA, 1999, p.168).

Somente na década de 1990 compreende-se a supervisão com uma

ferramenta técnica contextualizada ligada aos fundamentos e processos

pedagógicos, coordenando as atividades, pelo estudo e pela prática coletiva na

escola. É nessa linha de cooperação e trabalho diário nas escolas que a

supervisão começa nos anos 2000.

Inferi-se, então, que o supervisor e o professor só conseguirão atingir os

objetivos da escola à medida que trabalharem em cooperação e integração.

Para GONÇALVES (1998, p. 18) a década de 1990 observa à redescoberta da

supervisão, apontada como instrumento essencial às transformações da

escola. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 inaugura

um novo modelo educacional que implica a reavaliação do papel de todos os

educadores.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

25

Se a regulamentação da Lei anterior a tornou centralizadora, burocrática,

autoritária e pouco flexível, a Lei atual, com a abertura que a caracteriza,

aponta para a Educação Básica alternativa inovadora, democráticas e

descentralizadoras.

Para analisar sobre a supervisão educacional no Brasil na

contemporaneidade, primeiro faz se necessário compreender os compromissos

que sustentaram e transpassaram suas vias no poder das políticas públicas e

da administração da educação desde que a função supervisora foi

profissionalizada; segundo, compreender qual origem que orienta suas práticas

e compromissos que hoje se impõe para os profissionais da educação, para

administração e políticas públicas; em terceiro, demonstrar os compromissos e

esperanças de construir uma escola de qualidade, democrática e igualitária que

auxilie a transformar a sociedade. A supervisão escolar assumiu o

compromisso de garantir a qualidade de ensino da educação da formação

humana, com um trabalho articulado e orgânico entre a real qualidade do

trabalho pedagógico que subsidiará novas políticas e novas formas de

administração escolar visando à transformação da realidade.

2.2- ENTENDENDO O TRABALHO DO SUPERVISOR ESCOLAR NA

PERSPECTIVA DA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Considerando a escola como o principal local de sistematização da

educação, e corresponsável pela formação integral de alunos e pelo

desenvolvimento de cidadãos críticos e conscientes de seu papel enquanto

sujeitos históricos, esta precisa, mais do que nunca, compreender que os

objetivos da educação devem ir muito além da informação ou do mero

desenvolvimento intelectual, abarcando toda a formação social, moral,

espiritual, ética e humana das pessoas.

Para iniciarmos nossas reflexões, destacaremos a síntese do trabalho

do supervisor escolar, segundo LIBÂNEO (2015, págs. 180 e 181):

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

26

1) Responder por todas as atividades pedagógico-didáticas

e curriculares da escola e pelo acompanhamento das

atividades de sala de aula, visando a níveis satisfatórios de

qualidade cognitiva e operativa do processo de ensino e

aprendizagem.

2) Supervisionar a elaboração de diagnósticos e projetos

para a elaboração do projeto pedagógico-curricular da escola e

outros planos e projetos.

3) Propor para discussão, junto ao corpo docente, o projeto

pedagógico-curricular da unidade escolar.

4) Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do

currículo, incluindo a assistência direta aos professores na

elaboração dos planos de ensino, escolha de livros didáticos,

práticas de avaliação da aprendizagem.

5) Prestar assistência pedagógico-didática direta aos

professores, acompanhar e supervisionar suas atividades tais

como: desenvolvimento dos planos de ensino, adequação de

conteúdos, desenvolvimento de competências metodológicas,

práticas avaliativas, gestão da classe, orientação da

aprendizagem, diagnósticos de dificuldades etc.

6) Coordenar reuniões pedagógicas e entrevistas com

professores visando a promover inter-relação horizontal e

vertical entre disciplinas, estimular a realização de projetos

conjuntos entre professores, diagnosticar problemas de ensino

e aprendizagem e adotar medidas pedagógicas preventivas,

adequar conteúdos, metodologias e práticas avaliativas.

7) Organizar as turmas de alunos, designar professores

para as turmas, elaborar o horário escolar, planejar e

coordenar o Conselho de Classe.

8) Propor e coordenar atividades de formação continuada e

de desenvolvimento profissional dos professores.

9) Elaborar e executar programas e atividades com pais e

comunidade, especialmente de cunho científico e cultural.

10) Acompanhar o processo de avaliação da aprendizagem (

procedimentos, resultados, formas de superação de problemas

etc.)

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

27

11) Cuidar da avaliação processual do corpo docente.

12) Acompanhar e avaliar o desenvolvimento do plano

pedagógico-curricular e dos planos de ensino e outras formas

de avaliação institucional.

Conforme as tarefas do supervisor escolar elencadas por LIBÂNEO

(2015, págs. 180 e 181), podemos inferir que a essência de seu trabalho está

intimamente ligada ao relacionamento que mantém com os professores

individual e coletivamente, além de planejar, coordenar, conduzir e

acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares

da escola e da sala de aula, objetivando alcançar qualidade da aprendizagem

dos alunos.

Desse modo, a supervisão escolar é a responsável pela mediação,

construção e continuação da execução do plano de ação comum dentro da

instituição escolar. É ele o profissional responsável pela motivação e apoio ao

corpo docente. E, nesta postura de motivação por mudanças e pela busca

incessante de formar o aluno com uma base integral, a realização e a aplicação

de Projetos dentro da escola tornam- se uma necessidade.

Verificam-se, de forma clara as contribuições do supervisor escolar, as

quais visam, predominantemente, somar esforços em busca da promoção da

melhoria do processo ensino-aprendizagem.

A supervisão escolar já trilhou por muitos caminhos, com posturas

questionadas e criticadas, mas com uma contribuição específica importante a

dar no processo educativo. Ao longo dos tempos, muitas são os estudos que

levam a analisar a respeito das contribuições do supervisor escolar e a sua

trajetória histórica.

O supervisor escolar deve somar esforços para desenvolver atividades

que promovam a melhoria do processo de ensino-aprendizagem dando

assistência aos professores e coordenando suas ações através de métodos,

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

28

técnicas e procedimentos que viabilizem um bom desempenho do corpo

docente. A orientação Educacional em algumas escolas se confunde com a

supervisão, ou seja, existem escolas que não possuem supervisores, então, o

orientador acumula as duas funções ou vice-versa. A orientação educacional

está voltada diretamente ao aluno, acompanhando todo o seu desenvolvimento

procurando conscientizá-lo dos valores e deveres sociais, culturais e políticos

que o seguirão para sempre em suas vidas.

O sucesso será evidenciado quando seus participantes buscarem

democraticamente e em conjunto implementar ações entre si que facilitem o

processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

É nesse ambiente que o trabalho do supervisor escolar torna-se

relevante, no sentido de trabalhar em parceria com o professor, orientando-o

sobre as vantagens da utilização de novas metodologias de ensino.

A supervisão poderá contribuir positivamente para o reconhecimento de

seu papel de articulador do projeto pedagógico de uma coletividade, ou seja, O

supervisor trabalhando em conjunto com todos da comunidade escolar

(diretores, professores, alunos, pais, etc.) , refletindo, analisando, tendo uma

visão crítica tanto da comunidade escolar, como da sociedade, buscando a

elaboração de uma nova visão de mundo, sendo solidário, reconhecendo o

indivíduo com a síntese de múltiplas determinações ajudando a construir a

vontade coletiva que transforma a necessidade em liberdade, com certeza

teremos um ensino de boa qualidade.

Neste entendimento, na contemporaneidade, pode-se inferir que a

contribuição do supervisor está atrelada à gestão da escola como um todo.

Uma vez que ele busca junto ao diretor e também ao professor minimizar as

eventuais dificuldades do contexto escolar em relação ao ensino-

aprendizagem.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

29

Cabendo ao supervisor conduzir o grupo a reflexão acerca das

mudanças constantes ocorridas na sociedade e na escola, articulando o PPP

(Projeto Político Pedagógico) em sua elaboração, execução e avaliação

(garantindo que todo o processo aconteça de forma coletiva). Além de

promover a formação continuada dos professores dentro da escola.

Enfim, todas estas definições revelam um enriquecimento das

atribuições do supervisor escolar, e para melhor pensar o seu trabalho em sua

prática é, antes de tudo, analisá-lo sob as grandes funções sem que o mesmo

se desdobra. O cunho inovador está focado em uma nova relação pedagógica,

pautada na heterogeneidade e equidade, baseada na diversidade de culturas,

vivências, ideias e na construção de identidades.

Assim, o supervisor para desempenhar plenamente suas ações

pedagógicas necessitará exercer liderança e fluidez na comunicação, que são

imprescindíveis para cumprimento das mesmas.

2.3- REFLETINDO UM POUCO ACERCA DAS HABILIDADES E

COMPETÊNCIAS DO SUPERVISOR ESCOLAR

No momento atual a escola para atender as demandas da globalização

deverá deixar de ser um ambiente opressor para se transformar em um espaço

amplo de diálogo, liberdade e construção de autonomia fomentando uma

aprendizagem significativa com uma formação cidadã e pleno desenvolvimento

dos educandos.

Para que seja possível o supervisor escolar, objeto de estudo desta

pesquisa, auxiliar no cumprimento desse importante objetivo da escola e dar

conta de desempenhar essa complexa função, este deverá desenvolver

competências e habilidades que o auxiliarão no cotidiano da escola.

Neste sentido, as competências e habilidades do supervisor escolar se

mesclam, pois percebemos que uma deverá complementar a outra. Assim,

sendo, poderemos elencar alguns aspectos de grande relevância em nas

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

30

ações do supervisor escolar em relação às mesmas; a competência do

exercício da autoridade “sem o autoritarismo” (postulado por FREIRE, 2013 –

46ª ed., no livro: Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática

educativa); o desenvolvimento das habilidades inerentes à liderança (postulado

por LUCK, 2014, 9ª ed., no livro: Liderança em gestão escolar) que são: a

gestão de conflitos, capacitação de equipe, sensibilidade para perceber e

organizar a formação das equipes de trabalho, capacidade de ousar,

empreender, mudar, contar histórias, decidir, criar, criticar, refletir, mediar,

conduzir, interagir, correr riscos, habilidades de comunição, relacionamento

interpessoal. Além do desenvolvimento dessas competências pessoais caberá

ao supervisor promover condições, na escola, no sentido de que todos que

participam da comunidade escolar possam também desenvolver suas

competências, as quais, o contexto atual exige de todos que trabalham no

espaço escolar.

Desse modo, poderemos resumidamente refletir alguns elementos

norteadores acerca das competências e habilidades do supervisor.

Inicialmente, este deverá conhecer suas forças pessoais e as potencializar, não

deixando de reconhecer suas fraquezas e limitações e as superar. Identificar os

fatores e princípios da liderança e desenvolver conhecimentos, habilidades e

atitudes para seu pleno exercício, além de conhecer a natureza humana, tendo

sensibilidade para aceitar suas próprias contradições, bem como habilidades

para lidar com ela, compreender a natureza do seu trabalho e seus vários

desdobramentos, possuir conhecimentos sólidos dos fundamentos, métodos e

técnicas necessárias para atuação profissional competente, reconhecer a

escola como uma instituição social, entendendo sua cultura, seus

desdobramentos e as limitações que deverão ser vencidas. Não deixando de

considerar a importante habilidade de comunicação fluida e objetiva que

alcance a todos.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

31

CAPÍTULO III

CAMINHOS PARA O SUPERVISOR ESCOLAR EXERCER

LIDERANÇA EM PARCERIA COM O GESTOR ESCOLAR

EM UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA NO

ÂMBITO DA ESCOLA PÚBLICA COM AUTORIDADE “

SER AUTORITÁRIO”, SUSCITANDO APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA E AUTONOMIA DOS EDUCANDOS.

Que possibilidades de expressar-se, de crescer, vem

tendo a minha curiosidade? Creio que uma das qualidades

essenciais que a autoridade docente democrática deve

revelar em suas relações com as liberdades dos alunos é

a segurança em si mesma. É a segurança que se

expressa na firmeza com que atua, com que decide, com

que respeita as liberdades, com que discute suas próprias

posições, com que aceita rever-se.

Paulo Freire

Neste capítulo, procuraremos entender o conceito de liderança aplicado

ao trabalho da supervisão escolar, ancorados na perspectiva de Heloísa Lück,

e igualmente compreender através da ótica de Paulo Freire o que ser

autoridade sem ser autoritário e por fim, investigaremos se existem de fato

possíveis caminhos para o supervisor escolar exercer a liderança em parceria

com o gestor escolar suscitando aprendizagem significativa e autonomia dos

educandos ainda tomando como base dos estudos a visão de Lück.

3.1 – ENTENDENDO O QUE É LIDERANÇA

Precipuamente é de suma relevância refletirmos um pouco a respeito do

vocábulo liderança, pois este possui vários significados e conceituação com

múltiplos sentidos. E ainda, torna-se fundamental entendermos que liderança

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

32

não é sinônimo de gestão, conforme afirma LÜCK (2014, p.26) no trecho

destacado a seguir.

Preliminarmente, cabe entender que não é possível haver

gestão sem liderança, a qual se constitui em um modo de ser

dessa atuação. No entanto, é possível identificar muitas

experiências reconhecidas como liderança, sem que

correspondam a trabalho de gestão. Como tem sido

repercutido em programas de capacitação de gestores

educacionais, o interesse em focar a liderança escolar

descontextualizada da gestão ou considerando-a como

sinônimo desse processo, cabe aqui o alerta especial a

respeito. (...) A partir desse pressuposto, julgamos importante

explicitar o significado de liderança e sua relação com a gestão

escolar como um conceito dinâmico.

Em consonância com a afirmativa de LÜCK (2014), percebemos que em

função do dinamismo das relações humano-sociais a aclaração dos

significados e entendimentos de fatos, fenômenos, processos e concepções

são facilmente perceptíveis os traços subjetivos de quem os observam,

analisam e vivenciam a realidade de acordo com a conjuntura histórica a qual

este indivíduo esteja inserido. Logo, em relação a essa gama de possibilidades

é que resultam os conceitos polissêmicos como é o caso da liderança.

Entretanto, sem ter a pretensão de criar a redução do significado de

liderança, mas sim identificar um ponto fulcral entre as inúmeras perspectivas,

diferentes estudiosos compilaram certos elementos básicos comuns às práticas

de liderança efetivas independentes do contexto e situação com que se

expressem. E LÜCK (2014, p.35), destaca alguns princípios que caracterizam

atuações de liderança.

Alguns elementos emergem como características comuns d

atuações de liderança efetiva e que, portanto, compõem o seu

significado:

Influência sobre pessoas, a partir de sua motivação para

uma atividade.

Propósitos claros de orientação, assumidos por essas

pessoas.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

33

Processos sociais dinâmicos, interativos e participativos.

Modelagem de valores educacionais elevados.

Orientação para o desenvolvimento e aprendizagem

contínuos.

Assim, podemos inferir alicerçados nos itens elencados por LÜCK (2014,

p.35) que liderança poderá ser conceituada como meio de influenciar pessoas

na área da gestão de recursos humanos e de processos sociais, com a

intenção de mobilizar talentos e esforços, norteados por uma perspectiva clara

e ampla da instituição em que se situa e de objetivos que se pretendam

alcançar, com a concepção do aperfeiçoamento contínuo da própria instituição

e das pessoas envolvidas. Em LÜCK, FREITAS, GIRLING E KEITH (2006,

p.33) liderança é descrita como sendo:

um conjunto de fatores associados, como por exemplo, a dedicação,

a visão, os valores, o entusiasmo, a competência e a integridade

expressos por uma pessoa que inspira os outros a trabalharem

conjuntamente para atingirem objetivos e metas coletivos e se traduz

na capacidade de influenciar positivamente os grupos e inspirá-los a

se unirem em ações comuns coordenadas.

Na enciclopédia eletrônica Wikipédia (www.wikipedia.org) é apontado

distintos sentidos para a compreensão de liderança de acordo com épocas,

contextos e enfoques diferenciados, esta enfoca: liderança ligada a posições

de autoridade e esqueleto de instituições; e como comportamento. E ainda

existem diferentes enfoques de liderança são elas: a) liderança

transformacional; b) liderança transacional; c) liderança compartilhada; d)

coliderança; e) liderança educativa; f) liderança integradora ou liderança

holística.

Cumpre- nos clarificar resumidamente cada um desses respectivos

enfoques de liderança, segundo LÜCK (2014, p.45 até 54).

a) Liderança transformacional: consiste na liderança direcionada

fortemente por valores, integridade, confiança e um sentido de

verdade, comungado por todos em uma organização, que oferecem

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

34

uma visão transformadora de processos sociais e da organização

como um todo.

b) Liderança transacional: essa liderança focaliza muito mais as

interações das pessoas e estilos de relacionamentos mantidos por

elas, como forma de promover a unidade da organização e melhores

condições de realização de seus objetivos, procura influir nos

conjunto das relações entre as pessoas participantes da comunidade

escolar, mobilizando-as para trocar experiências e ideias, a aprender

em conjunto e a se articularem na proposição e realização de linhas

comuns de ação.

c) Liderança compartilhada: esta também é chamada de liderança

distribuída, situa-se no contexto das instituições de gestão

democrática, em que a tomada de decisão é difundida e

compartilhada pelos participantes da comunidade escolar, em que as

pessoas têm liberdade e sentem-se à vontade para agir

criativamente, a fim de promoverem a realização dos objetivos da

instituição.

d) Coliderança: é exercida entre os profissionais da equipe de

gestão da escola (diretores adjuntos, supervisores, coordenadores

pedagógicos e orientadores educacionais) ou conforme definições

adotadas para estes profissionais nos diferentes sistemas de ensino.

Estes profissionais exercem formalmente responsabilidades pela

liderança geral da escola, a fim de que esta atinja os objetivos da

instituição.

e) Liderança educativa: é centrada na formação de organizações

de aprendizagem e entendida como fundamental na orientação de

organizações no sentido de se estabelecer aprendizagem efetiva e

significativa. Aliás, essa tem sido a demanda para todas as

instituições na sociedade atual, marcada pelo conhecimento e pela

tecnologia da informação. Desenvolver essa capacidade de orientar a

aprendizagem no trabalho é, portanto, a expressão da liderança

educativa.

f) Liderança integradora ou holística: trata-se de outras

adjetivações que nos ocorrem para o esforço de liderar pessoas,

levando em consideração não apenas este ou aquele aspecto da

realidade, mas o conjunto de todos eles, de forma interativa, de modo

a se conseguir um desenvolvimento global e equilibrado

simultaneamente considerando as condições ambientais e

contextuais, fatores individuais, os objetivos organizacionais, sua

visão, missão e valores, os desafios apresentados na realização do

trabalho educacional.

Desse modo, percebe-se que o supervisor escolar consciente de seu

papel de liderança e de todos os desdobramentos de seus conceitos e

aplicações destes princípios em seu trabalho cotidiano no âmbito da escola

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

35

pública poderá contribuir para a reflexão do seu papel social e político,

conferindo-lhe maior comprometimento, onde insere suas habilidades e

competências para potencializar a execução de suas funções de modo a

cooperar com o gestor na organização e estruturação da educação e

cumprimento das exigências do sistema.

3.1.1- AS RELAÇÕES DE LIDERANÇA NO TRABALHO DO SUPERVISOR

ESCOLAR

Ainda, ao estudarmos o vocábulo liderança para tentar compreendê-lo

no contexto das relações de liderança no trabalho do supervisor, observamos

como esse termo é representativo de uma realidade complexa, cujo sentido

está associado a uma série de outros termos. E a relação entre liderança e

poder, liderança e desenvolvimento e liderança e controle. LÜCK (2014, p.62),

afirma que:

A liderança, portanto, não se nega a necessidade de controle, uma

vez que se reconhece que, na medida certa e sob forma adequada,

deve ser exercido, de preferência mediante a realização de

autocontrole. Porém, a liderança se situa para além dele, garantindo

que o mesmo seja exercido de forma aberta, sem diminuir o potencial

criativo e participativo de todos que participam do processo

educacional. O controle é, porém minimizado por Kelleher (1999,

p.54) ao afirmar que “se você cria um ambiente em que pessoas

participam de verdade, não é preciso controlar. Elas sabem o que

deve ser feito e agem. e quanto mais pessoas se dedicam a sua

causa de bom grado, menos hierarquias e mecanismos de controle

são necessários”.

O supervisor escolar está envolvido direta e indiretamente em todas as

dinâmicas dos processos humanos sociais que ocorrem dentro da escola, que

posteriormente irão refletir fora do espaço escolar. E considerando o princípio

apresentado por LÜCK (2014, p.35) que vai dizer que a capacidade de

liderança não é inata e que esta se desenvolve através das interações entre os

grupos sociais.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

36

Assim, para facilitar o desenvolvimento da capacidade de liderança

poderá ser importante combinar os quatro aspectos fundamentais que estão

indicados como os quatro pilares da Educação para o século XXI

(recomendado por DELORS, 1999), que são respectivamente: aprender a ser;

aprender a fazer; aprender a conhecer; e aprender conviver.

E esse processo de desenvolvimento contínuo da capacidade de

liderança está alicerçado sobre a ação orientada para a construção de

habilidades, atitudes, competências necessárias para a atuação do supervisor

escolar nos dias atuais.

Ao supervisor escolar cabe o exercício das relações de controle e poder

com base no respeito aos princípios da liderança compartilhada, da liderança

educativa e da coliderança em todos os espaços da escola onde este atua,

seja no trato com gestores escolares, professores, alunos, responsáveis,

funcionários e comunidade escolar e local.

3.2- COMPREENDENDO O QUE É SER AUTORIDADE SEM SER

AUTORITÁRIO

Iniciaremos refletindo um pouco a respeito do conceito do vocábulo

autoridade, que segundo a Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Autoridade),

o significado de autoridade (do termo latino auctoritate) é um sinônimo de

poder. É a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no

sistema político. É uma espécie de poder continuado no tempo, estabilizado,

podendo ser caracterizado como institucionalizado ou não, em que os

subordinados prestam obediência ao indivíduo ou à instituição detentores da

autoridade.

A partir dessa conceituação percebemos que o vocábulo autoridade,

assim como, liderança, é igualmente, polissêmico e que seu sentido dependerá

do contexto que este será aplicado.

Para melhor aclarar nossas ideias a cerca de autoridade, tomaremos

emprestada a fala de FREIRE (2013, p.89), e revelaremos que ensinar é uma

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

37

especificidade humana e esta deverá ser baseada nas relações de respeito,

segurança, competência profissional e generosidade, pois que ele afirma, que

segura de si, a autoridade não necessita de, a cada instante, fazer o discurso

sobre sua existência, sobre si mesma. Não precisa perguntar a ninguém, certa

de sua legitimidade, se “sabe com quem está falando”. Segura de si, ela é

porque tem autoridade, porque a exerce com indiscutível sabedoria.

Apoiados na fala destacada de FREIRE, percebemos que a segurança

da autoridade seja do supervisor escolar, ou do docente está

fundamentalmente atrelada na competência profissional, e ainda, nenhuma

autoridade no âmbito escolar acontece ausente desse “know-how”, o

supervisor que não leve a sério sua formação, que não se atualize estudando,

que não se esforce para aprender a lidar com situações novas que estão

diretamente ligadas a sua tarefa não terá condições morais de coordenar as

atividades, por este, propostas.

Ainda, segundo FREIRE (2013), o qual afirma que isso não significa que

a opção e a prática democrática do supervisor escolar sejam determinadas por

sua competência científica. Existem profissionais cientificamente preparados,

todavia autoritários a toda prova.

O autoritarismo tradicionalmente é naturalmente relacionado em um

contexto educacional ligado à educação religiosa ou militar adotada por muito

tempo no trabalho pedagógico, tendo sua principal característica a total

ausência de diálogo, pois consideram que as tomadas de decisões serão

realizadas somente por quem “tem autoridade”, algo que nunca pode ser

debatido ou argumentado.

Desse modo, não contribuindo para a construção democrática da

autonomia que vem a ser base da autoridade sem autoritarismo em

concordância com FREIRE (2013, p.91) destacamos:

(...) A autoridade coerentemente democrática está convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que desperta. (...) Mas, por

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

38

outro lado, a autoridade coerentemente democrática jamais se omite. Se recusa, de um lado, silenciar a liberdade dos educandos, rejeita, de outro, a sua supressão do processo de construção da boa disciplina. Um esforço sempre presente à prática da autoridade coerentemente democrática é o que a torna quase escrava de um sonho fundamental: o de persuadir ou convencer a liberdade de que vá construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que, embora vindos de fora de si, reelaborados por ela a sua autonomia.

Assim sendo, é justamente na construção da autonomia dos educandos,

dos docentes e de toda a comunidade escolar que o supervisor escolar

consegue ter autoridade sem ser “autoritário” dentro dos processos

democráticos de construção de conhecimentos coletivos e processos sociais

baseados na liberdade, ética, respeito, responsabilidade e qualificação

profissional.

3.3 – INVESTIGANDO SE EXISTEM CAMINHOS POSSÍVEIS PARA O SUPERVISOR EXERCER LIDERANÇA EM PARCERIA COM O GESTOR

ESCOLAR SUSCITANDO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E AUTONOMIA DOS EDUCANDOS.

A função do supervisor escolar tem como objetivo primordial propiciar

auxílio técnico no planejamento pedagógico- didático e administrativo, na

implementação das ações e no desenvolvimento das mesmas, bem como na

avaliação das práticas educativas, em nível de sistema ou unidade escolar,

aspirando ao bom resultado das atividades pedagógicas exercidas por parte

dos docentes, a melhor atuação e aperfeiçoamento constante dos sujeitos

(corpo docente e discente, além de pais e ou responsáveis e a comunidade

escolar) envolvidos na ação do processo dinâmico de ensino-aprendizagem.

Nos dias de hoje, o supervisor escolar tem a singularidade de seu

trabalho especificado pelo exercício de uma liderança democrática

participativa, em consonância com o que foi antevisto na LDB (Lei de Diretrizes

e Bases da Educação) 9394/96 (Art. 32, parágrafo I a IV), no que tange a

garantir e assegurar o direito à educação, destacado a seguir:

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

39

I. O desenvolvimento de capacidade de aprender, tendo meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamentam a sociedade;

III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV. O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Diante dessas novas exigências estabelecidas pela lei que rege a

Educação Brasileira, verifica-se que o supervisor escolar necessitará

modernizar suas estratégias de trabalho a fim de competir com as novas

tecnologias e contextualizado às realidades que se apresentam no cotidiano da

escola, procurando assim corrigir as falhas de aprendizagem, as dificuldades

de compreensão e falta de interesse dos alunos pelos estudos, postura exigida

pela LDB 9394/96, art. 3,§ I e IX, que trata sobre a garantia do padrão de

qualidade e igualdade de condições para o acesso e permanência do

educando na escola.

Ainda, com base nos dias atuais, dentre as novas atribuições do

supervisor escolar inclui-se, também, sua participação efetiva na construção do

Projeto Político Pedagógico (PPP) na escola, que é uma exigência da LDB

9394/96 que em seu art.15 que postula a autonomia da escola na definição de

sua proposta pedagógica.

Nesse cenário, surge o Projeto Político Pedagógico da escola que visa a

estabelecer a ideologia de trabalho de uma instituição escolar e recomendar

políticas educacionais, de forma comunitária e pública em que prevaleça a

qualidade do ensino, onde o aluno aprenda a cultivar os valores humanos,

torne-se um cidadão crítico, livre e consciente, e que este seja capaz de

desenvolver competências e habilidades necessárias para conquistar seu lugar

na sociedade e realizar as transformações sociais.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

40

Na lei também estão presentes outros princípios que amparam o

processo da educação, apesar de não tão explícitos como os citados

anteriormente, onde se pode verificar a flexibilidade e a liberdade que são

pressupostos necessários para a democratização de uma educação de

qualidade.

Assim posto, observamos diante das atribuições específicas de

supervisão pedagógica escolar que, segundo LIBÂNEO (2015, págs. 181, 182

e 183), são:

1) Coordenar e gerir a elaboração de diagnósticos, estudos e discussões para a elaboração do projeto pedagógico –curricular e de outros planos e projetos da escola. 2) Assegurar a unidade de ação pedagógica da escola, propondo orientações e ações de desenvolvimento do currículo e do ensino e gerindo as atividades curriculares e de ensino, tendo em vista a aprendizagem dos alunos. 3) Prestar assistência pedagógico-didática direta aos professores, através de observação de aulas, entrevistas, reuniões de trabalho e outros meios, especialmente em relação a:

Elaboração e desenvolvimento dos planos de ensino.

Desenvolvimento de competências em metodologias e procedimentos de ensinos específicos da matéria, incluindo a escolha e utilização do livro didático e outros materiais didáticos.

Práticas de gestão e manejo de situações específicas de sala de aula, para ajuda na análise e solução de conflitos e problemas de disciplina, nas formas de comunicação docente.

Apoios na adoção de estratégias de diferenciação pedagógica, de soluções a dificuldades de aprendizagem dos alunos, de reforço na didática específica das disciplinas, e de outras medidas destinadas a melhorar as aprendizagens dos alunos, de modo a prevenir a exclusão e a promover a inclusão. Realização de projetos conjuntos entre os professores.

Desenvolvimento de competência crítico-reflexiva.

Práticas de avaliação da aprendizagem, incluindo a elaboração de instrumentos.

4) Cuidar dos aspectos organizacionais do ensino: supervisão das atividades pedagógicas e curriculares de rotina, coordenação de reuniões pedagógicas, elaboração do horário escolar, organização de turmas de alunos e designação de professores, planejamento e coordenação do conselho de classe, organização e conservação de material didático e

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

41

equipamentos, e outras ações relacionadas ao ensino e à aprendizagem.

5) Assegurar, no âmbito da coordenação pedagógica, em conjunto com os professores, a articulação da gestão e organização da escola, mediante:

Exercício de liderança democrático-participativa.

Criação e desenvolvimento de clima de trabalho cooperativo e solidário entre os membros da equipe.

Identificação de soluções técnicas e organizacionais para gestão das relações interpessoais, inclusive para mediação de conflitos que envolvam professores, alunos e outros agentes da escola.

6) Propor e coordenar atividades de formação continuada e de desenvolvimento profissional dos professores, visando aprimoramento profissional em conteúdos e metodologias e oportunidades de troca de experiências e cooperação entre os docentes.

7) Apoiar diretamente os alunos com dificuldades transitórias nas aprendizagens instrumentais de leitura, escrita e cálculo, para além do tempo letivo, para integrar-se ao nível da turma.

8) Organizar formas de atendimento a alunos com necessidades educativas especiais, identificando articuladamente com os professores, as áreas de desenvolvimento e de aprendizagem que, em cada aluno, manifestem maior fragilidade, bem como a natureza e as modalidades de apoio suscetíveis de alterar ou diminuir as dificuldades inicialmente detectadas.

9) Criar as condições necessárias para integrar os alunos na vida da escola mediante atividades para socialização dos alunos, formas associativas e de participação em decisões etc.

10) Promover ações que assegurem o estreitamento das relações entre escola e família e atividades de natureza pedagógica, científica e cultural.

11) Formular e acompanhar os procedimentos e recursos de avaliação da aprendizagem dos alunos, com a participação dos professores.

12) Acompanhar e avaliar o desenvolvimento do projeto pedagógico-curricular e dos planos de ensino, a atuação do corpo docente, os critérios e as formas de avaliação da aprendizagem dos alunos, por meio de práticas colaborativas.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

42

De acordo com as atribuições específicas da supervisão escolar, já

apresentadas anteriormente, refletiremos agora a respeito da existência ou não

de caminhos possíveis para o supervisor exercer a liderança em parceria com

gestor, este poderá utilizar os conhecimentos da liderança compartilhada que é

um tipo liderança coerente a gestão democrática no qual a tomada de decisões

é difundida e distribuída por todos os integrantes da comunidade escolar, em

que os participantes têm liberdade e são envolvidos na participação ativa no

que cerne a realização dos objetivos da escola.

Além de precisar mesclar alguns aspectos da coliderança que com

liberdade e respeito pelos participantes, é que supervisor constrói sua

autoridade sem ser autoritário, considerando que a liberdade é a mola

propulsora da construção da participação voluntária coletiva que gera

autonomia, a qual é à base de todo processo de democrático de gestão. A fim

de validar essas considerações destaco a seguir o diz LIBÂNEO (2015, pág.

91):

Todavia, é preciso considerar que a participação implica processos de organização e gestão, procedimentos administrativos, modos adequados de fazer as coisas, a coordenação, o acompanhamento e a avaliação das atividades, a cobrança das responsabilidades. Ou seja, para atingir os objetivos de uma gestão democrática e participativa e cumprimento de metas e responsabilidades decididas de forma colaborativa e compartilhada é preciso uma mínima divisão de tarefas e a exigência de alto grau de profissionalismo de todos.

Portanto, em síntese a instituição escolar social que é representado pela

escola pública possui objetivos claros: o desenvolvimento das potencialidades

dos educandos por meio dos conteúdos (conhecimentos, habilidades,

procedimentos, atitudes e valores), a fim de suscitar aprendizagem significativa

e autonomia por parte dos educandos para constituírem-se em cidadãos

participativos na sociedade onde vivem. Cabe também ao supervisor escolar

contribuir positivamente no cumprimento dos objetivos da escola pública

trilhando nos caminhos de uma gestão democrática participativa.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

43

Ao longo da pesquisa podemos inferir que não existem modelos prontos

a serem seguidos pelo supervisor escolar, o caminho se faz ao longo da

caminhada profissional com as experiências adquiridas na prática singular de

cada sujeito, ou seja, aprender a fazer “ fazendo”, observando e trocando

experiências aprendendo a conviver com outro, e ainda ao longo do caminho

aprender a ser que é um princípio primordial para crescimento profissional

qualquer ser humano, para se tornar um agente social promotor de mudanças

e capaz de construir aprendizagens significativa ao longo da vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados no presente trabalho trilhamos um longo

caminho para chegar até aqui.

No primeiro capítulo, buscamos entender o que é uma gestão

democrática participativa e descobrimos que este modelo de gestão está

fundamentado na LDB 9.394/96 em seus artigos 14 e 15 que visam atender as

sérias importantes demandas que a globalização trouxe para o contexto

educacional na educação escolar no âmbito da escola pública, e descentraliza

o poder deliberativo das não do gestor escolar.

Já no segundo capítulo, procuramos conhecer o trabalho do supervisor

escolar na escola pública, descobrindo a origem do seu trabalho, entender o

trabalho deste na perspectiva da gestão democrática e refletir um pouco acerca

das habilidades e competências deste profissional.

E finalmente no terceiro capítulo, investigamos se existiam de fato

caminhos possíveis para o supervisor escolar exercer liderança em parceria

com o gestor escolar em uma gestão democrática no âmbito da escola pública

com autoridade sem “ser autoritário”, suscitando aprendizagem significativa e

autonomia dos educandos. E neste cenário, averiguamos o que é liderança,

bem como tentamos compreender o que ser autoridade sem ser autoritário e

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

44

analisamos os possíveis caminhos para o supervisor exercer liderança

promovendo aprendizagem significativa e autonomia.

E o resultado da pesquisa teórica, que não tem a pretensão de se

esgotar aqui, revelou a não existência de um modelo pronto a ser seguido pelo

supervisor escolar para encontrar os possíveis caminhos a serem trilhados, a

fim de realizar seu trabalho com liderança e autoridade, cabendo ao supervisor

escolar observar que ocorre uma necessidade urgente de repensar alguns

fundamentos da educação e principalmente respeitar a liberdade dos alunos

sem abrir mão da autoridade, como postula FREIRE (2013, p.105) no livro

intitulado Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa;

“Uma coisa me parece muito clara hoje: jamais tive medo de apostar na

liberdade, na seriedade, na amorosidade, na solidariedade, na luta em favor

das quais aprendi o valor e a importância da raiva.” E, além disso, lançar mão

das competências e habilidades (caracterizadas pela criatividade, inovação,

capacidade de articulação e resolução de problemas, em constante movimento

de realização) necessárias a uma atuação efetiva que desconstrua essa

maneira engessada e limitadora de desenvolvimento humano e seus processos

sociais dentro da escola, a fim de engendrar autonomia e aprendizagens

significativas.

E sendo assim, além de tudo que foi investigado através da pesquisa

bibliográfica de diferentes autores que estudam o tema pesquisado,

consideramos que é caminhando que se faz o caminho, ou seja, agregando

experiências adquiridas através das práticas diárias e das trocas com outro que

o Supervisor Escolar poderá seguir aplicando com liderança e autoridade os

princípios contidos nos pilares da Educação para século XXI (DELORS,1999),

do aprender a fazer “fazendo” e bem como aprender conviver com o outro

respeitando as opiniões e opções, assim, aprendendo a aprender, e ainda o

pilar que é essencial para o crescimento profissional de qualquer ser humano,

para se tornar um sujeito ativo e autônomo na tomada de decisão e na

construção de aprendizagens significativas é aprender a ser.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALARCÃO, Isabel. Ser Professor Reflexivo.Formação reflexiva de

professores: estratégias de supervisão. Porto Alegre: Porto, 1996.

BRASIL. Lei No 9394/96 (LDB – Lei de Diretrizes e Bases). Brasília, DF, 23

de dezembro de 1996.

DELORS, Jacques ET AL. Educação: um tesouro a descobrir. 3ª Ed. São

Paulo: Cortez/Unesco/MEC, 1999.

FERREIRA, Naura S. C. (Org.).Supervisão Educacional Para uma escola de

Qualidade da Formação a Ação. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática

educativa. 46ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

GADOTTI, Moacir e ROMÃO, José E. (Orgs.). Autonomia da Escola:

Princípios e Propostas. São Paulo: Cortez, 2004.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6ª

Ed. Revista e Ampliada. São Paulo: Heccus Editora, 2015.

LÜCK, Heloísa. Gestão Participativa na Escola.11ª Ed. Petrópolis, RJ:

Vozes, 2013.

_____________. Ação Integrada: Administração, supervisão e orientação

educacional. 29ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

_____________. Liderança em Gestão Escolar. 9ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes,

2014.

GRINSPUN, Mirian P. S. Z (Org.). Supervisão e Orientação Educacional:

perspectivas de integração na escola. 4ª Ed. Ampliada. São Paulo: Cortez,

2008.

SAVIANI, Demerval. A Nova Lei da Educação: Trajetória, Limites e

Perspectivas. 3ª Ed. São Paulo: Autores Associados, 1999.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO ... › docpdf › monografias_publicadas › K235545.pdfcéleres e severas mudanças de uma hora para outra. 12 E desta forma, a partir da globalização,

46

_______________.A Supervisão Educacional em Perspectiva Histórica: da

Função à Profissão pela Mediação da ideia. São Paulo: Cortez, 1999.

VASCONCELOS, Celso S. Coordenação de Trabalho Pedagógico: do

Projeto Político-Pedagógico ao Cotidiano da Sala de Aula. 6ª Ed. São

Paulo: Liberdad, 2006.

WARDE, Miriam Jorge; HADDAD, Sérgio. Apresentação. In: TOMASSI;

WARDE e HADDAD (Orgs.). O Banco Mundial e as Políticas Educacionais.

São Paulo: Cortez, 2000.

WEBGRAFIA

https://www.pensador.com/frases_de_pensadores_da_educacao/. Acessado

em 25/04/17.

www4.planalto.gov.br › Página Inicial › Legislação › Legislação histórica .

Acessado 26/06/17.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C

3%A3o_Nacional V. Acessado 26/06/17.

http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2014/10/a-atuacao-do-

supervisor-escolar-na.html. Acessado 26/06/17.

http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/posdistancia/35340.pdf.

Acessado 26/06/17.