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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS-PB CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA A TOXOPLASMOSE E SEU IMPACTO NA MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: UMA REVISÃO Caio Raniele Soares Costa 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

A TOXOPLASMOSE E SEU IMPACTO NA MEDICINA

VETERINÁRIA E SAÚDE PÚBLICA: UMA REVISÃO

Caio Raniele Soares Costa

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

A TOXOPLASMOSE E SEU IMPACTO NA MEDICINA VETERINÁRIA E

SAÚDE PÚBLICA: UMA REVISÃO

Caio Raniele Soares Costa

Graduando

Prof. Dr. Severino Silvano dos Santos Higino

Orientador

Patos

Dezembro de 2017

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG

C837t

Costa, Caio Raniele Soares

A toxoplasmose seu impacto na medicina veterinária e saúde pública:

uma revisão / Caio Raniele Soares Costa. – Patos, 2017.

39f.: color.

Trabalho de conclusão de curso (Medicina Veterinária) – Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2017.

"Orientação: Prof. Dr. Severino Silvano dos Santos Higino.”

Referências.

1. Toxoplasma Gondii. 2. Gato. 3. Gestação. 4. Zoonoses. I. Título.

CDU 614.9

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAUDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS-PB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

CAIO RANIELE SOARES COSTA

Graduando

Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para

obtenção do grau de Médico Veterinário.

APROVADO EM 15 /12/2017 Nota: 10,0

Prof. Dr. Severino Silvano dos Santos Higino

MSc. Carla Lauise Rodrigues Menezes Pimenta

Med. Vet. Carolina Barbosa Carvalho

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DEDICATÓRIA

À Deus, por ter guiado minha caminhada e iluminado todos os meus passos. Por ter me

dado coragem e persistência quando os obstáculos pareciam grandes. Por estar comigo

até aqui.

Aos meus pais, que fizeram todos os esforços para que esse sonho fosse realizado.

Aos, meus irmãos, Cassio, Caíque, Camila que sempre me incentivaram nessa jornada.

Ao meu filho Cauê e minha esposa Cássia que sempre estiveram comigo.

Aminha vó Mariinha que sempre me ajudou.

Aos animais, a esses eu prometo todos os esforços para honrar a profissão e fazer o melhor

possível.

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou

sobre aquilo que todo mundo vê.” (Arthur Schopenhauer)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por me conceder essa conquista, por me iluminar

e me guiar em tudo o tempo todo, por me dar coragem, persistência e força para suportar

os momentos mais difíceis dessa caminhada, em meio aos obstáculos e responsabilidades

que tive que dividir com a vida de graduação, por sempre me mostrar o caminho e abrir

as portas. “Toda honra e glória é dada ao Senhor”.

À Minha mãe Rita de Cassia, mulher forte e guerreira que sempre sonhou em ver

seus filhos formados, foi minha base e alicerce. Suas orações me ajudaram a chegar até

aqui. À minha Vó Maria Lacerda que sempre me ajudou quando precisei e sempre se

preocupou comigo. Aos meus irmãos, por estarmos juntos nos apoiando e ajudando uns

aos outros, com certeza nosso segredo sempre foi a união.

Ao meu filho Cauê por ser minha inspiração, um presente enviado por Deus,

minha esposa Cassia pelo apoio q me deu durante esses 5 anos. Essa conquista é para

vocês.

Aos companheiros de quarto da residência universitária durante esses 5 anos (digo

logo que não é fácil), Juciê e Rafael (são exemplos de pessoas, irmãos que a vida me deu,

pessoas humildes que tem histórias diferentes, mas o mesmo caráter, que me ensinaram

muito), João Pereira (sempre trazia uma paz de Deus. Deixou sua marca, um buraco na

parede de tanto ficar deitado escorado), Rafael Dione “extremista”. Júlio Cezar, João

Paulo e João Leite.

Quero agradecer aos meus colegas de curso, pense numa turma show, me sinto

orgulhoso de ter feito parte dessa turma. A equipe que estudava junta desde o início do

curso: Eu, Zé Anderson, Juciê, Luan, João Pereira e João Paulo e Marcelo. Deixo aqui

um abraço para todos que faziam parte dessa turma, não poderia deixar de falar de

Chiarelli, por quem tenho grande admiração (sempre gostava das minhas histórias).

“Baiano”, (o Raimundo) e a todos os outros que não foram citados mas que fizeram parte

de momentos durante esse período, deixo aqui um abraço carinhoso para todos que

fizeram parte da turma 2012.2.

Agradeço também a todos os professores que contribuíram para a minha formação

como Médico Veterinário, aos funcionários do Hospital Veterinário e do Campus,

especialmente os do restaurante universitário, como dona Maria e Galega, deixo aqui

meus singelos agradecimentos.

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Ao professor Silvano, por ter aceitado me orientar, um exemplo de pessoa que faz

jus as palavras “professor” e “orientador”, pelo seu comprometimento e paciência. Queria

pedir desculpas por qualquer coisa, digo que foi um prazer ter um orientador tão querido.

Sou grato às pessoas que contribuíram para a realização desse trabalho, Carla Lauise

(pelas sugestões no projeto que ajudaram na melhoria do trabalho), sou grato também a

Carolina Barbosa por ter aceitado o convite de fazer parte da banca e vir de longe pra

isso.

Sou grato também a todos os professores do Ensino Fundamental e Médio, alguns

em especial como Graça Pinto, Ceiça Ferreira e Claudia Marins, foi uma honra ter sido

aluno de vocês, pois o ensinamento que passaram contribuiu para que eu chegasse aqui.

Aos amigos que trabalham comigo no hospital de Nova Olinda, Babá, Tõe

vaqueiro, Erivan, Corrinha, Edima, Dr. Bruno, Dr Roniery, Dr Bégue, Dr Jerffeson, Dr.

Allan, Damiana, Cida e a diretora Ana Carla que sempre me ajudou para que eu pudesse

conciliar o trabalho com a faculdade.

E, por fim, a todos os meus familiares e amigos, que sempre me transmitiram todo

o seu apoio incondicional e que acreditaram desde o início que seria possível a

concretização deste trabalho. A todos, os meus sinceros e profundos agradecimentos.

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................... 10

ABSTRACT ................................................................................................................................... 11

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9

2- REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 12

2.1 Etiologia ........................................................................................................................... 12

2.2 Ciclo biológico .................................................................................................................. 14

2.3 Epidemiologia .................................................................................................................. 16

2.4 Sinais clínicos ................................................................................................................... 18

2.5 Transmissão ..................................................................................................................... 19

2.6 Diagnóstico ....................................................................................................................... 20

2.7 Tratamento ...................................................................................................................... 21

2.8 Prevenção e profilaxia ..................................................................................................... 22

3- Toxoplasmose e saúde animal ........................................................................................ 23

3.1- Ovinos e caprinos ........................................................................................................... 24

3.2- Suínos .............................................................................................................................. 25

4- Toxoplasmose e saúde pública ....................................................................................... 25

5- MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 29

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 30

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Incidência de toxoplasmose no Brasil ............................................................ 26

Tabela 2. Interpretação de resultados dos exames anti-T. gondii para gestantes ........... 27

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Cistos com Bradizoítos .................................................................................... 13

Figura 2 Taquizoítos extra celulares............................................................................... 13

Figura 3 Oocistos de T. gondii ....................................................................................... 13

Figura 4 Ciclo de vida do T. gondii ................................................................................ 15

Figura 5 Meios de infecção do T. gondii ........................................................................ 20

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RESUMO

COSTA, CAIO RANIELE SOARES. A toxoplasmose e seu impacto na medicina

veterinária e saúde pública: uma revisão. UFCG, 2017. 35p. (Trabalho de Conclusão

de Curso em Medicina Veterinária, Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal).

A toxoplasmose é uma antropozoonose causada pelo protozoário Toxoplasma

gondii, cosmopolita, acometendo um terço da população mundial. Disseminada nas

regiões tropical e temperada e nos vários níveis socioeconômicos, causando desde

infecção assintomática a quadros sistêmicos extremamente graves. Os felídeos são os

hospedeiros definitivos, enquanto os demais animais homeotérmicos, incluindo animais

de companhia, produção e o homem, são os hospedeiros intermediários. Doença

oportunista, consiste em grave problema à saúde pública em todo o mundo por acometer

imunossuprimidos e as gestantes, onde o risco de comprometimento fetal e sequelas são

iminentes. Objetivou-se com esta revisão de literatura abordar aspectos relevantes da

epidemiologia e de formas de prevenção tanto da produção animal, visto que, prejuízos

econômicos são cada vez mais altos, devido ao elevado número de perdas reprodutivas

em pequenos ruminantes e suínos, como também da saúde pública, pois o

desconhecimento sobre os meios de transmissão e profilaxia da doença fazem aumentar

o índice de prevalência em todo planeta. Esse estudo constitui-se de uma revisão de

literatura que buscou realizar uma análise crítica, meticulosa e ampla das publicações

correntes acerca do tema “Toxoplasmose”, buscando proporcionar uma nova abordagem

e a possibilidade de obtenção de conclusões inovadoras. Concluímos que ainda ocorrem

surtos de toxoplasmose, aumentando a incidência, o que mostra que medidas profiláticas

contra a doença devem ser empregadas de forma mais rigorosa, destacando-se, neste

contexto, a importância da educação em saúde. Recomenda-se a prevenção

principalmente ligada aos hábitos alimentares, exames pré-natais com regularidade para

a identificação da evolução da infecção.

PALAVRAS-CHAVE: Toxoplasma Gondii, Gato, Gestação, Zoonoses.

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ABSTRACT

COSTA, CAIO RANIELE SOARES. Toxoplasmosis and its impact on veterinary

medicine and public health: a review. UFCG, 2017. 35p. (Course Completion Work in

Veterinary Medicine, Preventive Veterinary Medicine and Animal Health).

Toxoplasmosis is an anthropozoonosis caused by the protozoan Toxoplasma

gondii, cosmopolitan, affecting a third of the world population. Disseminated in tropical

and temperate regions and at various socioeconomic levels, causing from asymptomatic

infection to extremely severe systemic conditions. The felids are the definitive hosts,

while the other homeothermic animals, including companion animals, production and

man, are the intermediate hosts. Opportunistic disease consists of serious public health

problem worldwide by undertaking immunosuppressed and pregnant women, where the

risk of fetal impairment and sequelae are imminent. The objective of this literature review

was to address relevant aspects of epidemiology and prevention of both animal

production, since economic losses are increasing due to the high number of reproductive

losses in small ruminates and pigs, as well as because the lack of knowledge about the

means of transmission and prophylaxis of the disease increases the prevalence in all parts

of the world. This study is based on a literature review that sought to carry out a critical,

meticulous and extensive review of the current publications on the topic

"Toxoplasmosis", seeking to provide a new approach and the possibility of obtaining

innovative conclusions. There are still outbreaks of toxoplasmosis, increasing incidence,

which shows that prophylactic measures against the disease should be employed more

rigorously, highlighting, in this context, the importance of health education. Prevention

is recommended mainly for eating habits, prenatal examinations regularly to identify the

evolution of the infection.

KEY WORDS: Toxoplasmosis, Public Health, Gestation, Zoonoses.

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1 INTRODUÇÃO

A toxoplasmose é uma doença cosmopolita causada pelo protozoário denominado

Toxoplasma gondii, trata-se de uma importante zoonose, de grande interesse em saúde

pública, pois pode provocar sérios danos, tanto aos animais quanto aos seres humanos,

trazendo grandes riscos principalmente para mulheres grávidas. Acomete todos os

animais homeotérmicos, sendo que os únicos hospedeiros definitivos são os felídeos,

onde os gatos domésticos assumem importante papel na transmissão da doença, por isso

é conhecida como “doença do gato”, o homem e os outros animais são hospedeiros

intermediários. A transmissão da doença pode ocorrer de várias formas: pela ingestão de

tecidos de animais infectados, contendo cistos de toxoplasma, através de carne crua ou

mal cozida, pela ingestão de oocistos eliminados nas fezes de gatos, infecção congênita

ou transplacentária.

Esse protozoário merece atenção, pela persistência no ambiente por longos

períodos sob condições adversas e baixas doses infecciosas. Outro aspecto importante é

o fato de que em pessoas imunocomprometidas, a infecção por T. gondii pode ser

particularmente grave, inclusive deixando sequelas, e por muitas vezes ser fatal. Má

nutrição, estresse, doenças imunossupressoras e transplantes podem agravar a evolução

dessa parasitose. As gestantes são um grupo de vulneráveis importante, pois a infecção

pode causar aborto, nascimento prematuro, crescimento intrauterino retardado, morte

fetal e malformações severas. Entre as malformações estão: hidrocefalias, calcificações

cerebrais, retinocoroidite, hepato-esplenomegalias e retardo mental.

A toxoplasmose vem gerando um grande número de complicações em crianças e

imunodeprimidos, as quais poderiam ser evitadas primariamente através de uma

orientação adequada, quanto às medidas de prevenção pode-se destacar a não ingestão de

carnes cruas ou mal cozidas, comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água

corrente, correta lavagem das mãos após passeios em praças, evitar brincadeiras em

caixas de areia e serviço de jardinagem. No entanto, a identificação e o tratamento certo

de gatos contaminados é a forma mais eficaz de prevenir novas infecções.

Por ser uma doença de grande importância na produção animal e na saúde pública,

ter distribuição cosmopolita, está diretamente relacionada aos aspectos sociais e

demográficos, e pela falta de conhecimento de grande parte dos médicos humanos e

veterinários acerca da doença, é necessário estabelecer meios de orientação à população

através do uso de medidas profiláticas de forma mais rigorosa, destacando-se, neste

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contexto, a importância da educação em saúde. As regulamentações vigentes em cada

região, bem como as medidas adequadas à situação epidemiológica local, devem ser

elaboradas e implantadas de forma racional e conjunta, levando a um monitoramento mais

rigoroso e consolidando programas de vigilância para o controle da infecção por T. gondii

nos animais e no homem.

Considerando-se que a toxoplasmose pode levar a consequências graves,

causando impactos na sanidade animal e saúde pública, uma vez que o patógeno está

adaptado a diferentes tipos de hospedeiros e ambientes diversos, sendo transmitido por

várias vias de infecção, objetivou-se com esta revisão de literatura abordar aspectos

relevantes da epidemiologia e de formas de prevenção e controle do T. gondii.

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2- REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Etiologia

O agente da toxoplasmose é o Toxoplasma gondii, protozoário pertencente ao filo

Apicomplexa. É um parasita intracelular obrigatório (NEVES, 2003).

Segundo Dubey (2010) existe somente uma espécie, de T. gondii, e existem mais

de 100 cepas e pelo menos três linhagens, sendo que a patogenicidade varia entre as

diferentes espécies animais. Langoni (2006) afirma que o agente possui diversidade

genética alta e os estudos têm permitido o agrupamento em três genótipos Ι, ΙΙ e ΙΙΙ, sendo

o genótipo Ι constituído por cepas altamente virulentas para todos os hospedeiros, que

são as mais isoladas no caso de toxoplasmose congênita no homem. Os genótipos ΙΙ e ΙΙΙ

são de baixa virulência para camundongos, sendo o genótipo ΙΙ o mais isolado em

pacientes com AIDS.

O T. gondii pode ser encontrado em vários tecidos, células (exceto hemácias) e

líquidos orgânicos (saliva, líquido peritoneal, leite e esperma). Nas células do epitélio

intestinal dos felídeos não imunes, podem ser encontradas as formas do ciclo sexuado,

em outros locais do hospedeiro, formas do ciclo assexuado e também junto com as fezes

desses animais encontra-se formas de resistência no meio exterior. Sendo assim, esse

protozoário apresenta uma morfologia múltipla dependendo do hábitat e do estado

evolutivo. As formas infectantes que o durante o ciclo biológico são as seguintes:

taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos (PRADO et al., 2011).

Os bradizoítos são muito mais resistentes à tripsina e à pepsina do que os

taquizoítos e podem permanecer viáveis nos tecidos (Fig. 1) por vários anos. São formas

assexuadas e com metabolismo lento, estando localizados dentro do cisto tecidual

especialmente durante a fase crônica da infecção, chegando a permanecer por longo

tempo nos tecidos. Essa forma costuma estar presente com maior frequência no cérebro,

na retina e nos músculos esqueléticos e cardíacos, órgãos ricos em células estáveis

(LYONS et al., 2002).

Os taquizoítos (Fig. 2) apresentam forma em “arco” ou “meia lua” que, por vezes

torna-se arredondada. É a forma encontrada durante a fase aguda da infecção, de

multiplicação rápida (tachis = rápido) por um processo denominado endodiogenia. Pode

ser encontrada dentro do vacúolo citoplasmático (vacúolo parasitóforo) de várias células,

como as células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), as células hepáticas, as

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musculares, as pulmonares, nervosas, submucosas. É importante lembrar que os

taquizoítos são pouco resistentes à ação do suco gástrico no qual são destruídos em pouco

tempo (DUBEY et al., 1998).

Figura 1 - Cistos com Bradizoítos Figura 2 - Taquizoítos extra celulares

Fonte: Lyons et al. (2002). Fonte: Lyons et al. (2002).

Os oocistos (Fig. 3) são produzidos nas células intestinais de felídeos e eliminados

imaturos junto com as fezes; são esféricos medindo cerca de 12,5 x 11,0 µm e após a

esporulação no meio ambiente contém dois esporocistos com quatro esporozoítos cada.

É a forma de resistência que possui uma parede dupla bastante rígida às condições do

meio ambiente (KAWAZOE, 2002).

Figura 3 - Oocistos de T. gondii

Fonte: Dubey et al. (1998).

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2.2 Ciclo biológico

O T. gondii apresenta dois tipos de reprodução: uma assexuada em diversas

células do hospedeiro intermediário, e outra sexuada, ou coccidiana, que acontece

somente no intestino dos felídeos (NEVES, 2003).

Os gatos e outros felídeos se infectam pela ingestão de mamíferos infectados,

como pequenos roedores e de aves, por exemplo pardais e outros pássaros. Podem

também contrair a infecção, pela ingestão de fezes de outros gatos infectados,

recomeçando o ciclo (PRADO et al., 2011).

Somente os felídeos abrigam o parasita nos intestinos, local onde este desenvolve

seu ciclo enteroepitelial com a fase sexual do seu ciclo de vida, e os excretam com as

fezes por 7 a 15 dias e mais raramente por mais tempo. No meio ambiente, em presença

de oxigênio (O2) e temperatura adequada, os oocistos esporulam, em período de um a

cinco dias, tornando-se infectantes (LANGONI, 2006).

Na fase assexuada, o homem ou outro hospedeiro suscetível ingere água e

alimentos contaminados com oocistos maduros (contendo esporozoítos); cistos (contendo

bradizoítos); ou taquizoítos eliminados no leite. Esses últimos são os menos resistentes e

podem ser destruídos pela ação do suco gástrico, mas caso consigam penetrar a mucosa

oral ou serem inalados, apresentam a mesma evolução que as outras formas de parasita

(AMATO NETO, 2008).

Os taquizoítos são destruídos se chegarem ao estômago, mas são capazes de aderir

e penetrar nas células da mucosa oral. Os cistozoítos e os oocistos atravessam o estômago

e liberam, respectivamente, os bradizoítos e os esporozoítos no intestino, onde serão

capazes de aderir e penetrar nas células da mucosa local. Assim, a partir de qualquer

forma que tenha sido a infecção, o ciclo continua de forma semelhante, independente da

fase do parasita (NEVES, 2003).

Portanto, as formas infectantes do T. gondii (cistozoítos ou bradizoítos) são

encontradas nos tecidos (principalmente músculo e cérebro) dos hospedeiros

intermediários, que são os mamíferos, como os ovinos, caprinos, suínos, bovinos,

equinos, roedores e aves, como frangos, avestruzes, entre outros. Os cistos teciduais

permanecem viáveis por muito tempo e talvez durante toda a vida do hospedeiro, após a

infecção (LANGONI, 2006).

Na fase sexuada, felinos (Fig. 4) infectam-se por meio da ingestão de presas

contendo cistos teciduais ou ao ingerirem oocistos esporulados de ambientes

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contaminados. São considerados hospedeiros definitivos ou completos, pois, em seu

epitélio intestinal ocorre o ciclo sexuado do parasita com a eliminação de milhões de

oocistos nas fezes que contaminam o meio ambiente (FRENKEL, 1971).

Figura 4 Ciclo de vida do Toxoplasma gondii no gato

Fonte: Goulart, (2015)

Entre o terceiro e o vigésimo dia após a infecção, tem início à eliminação dos

oocistos, quando eliminados, estão na forma de esporoblastos não infectantes tornando-

se infectantes para mamíferos, incluindo o homem e aves. O oocisto é capaz de se manter

vivo, ou seja, ficar ativo por pelo menos um ano após maturação (esporulação), resistindo

à temperatura ambiente entre 20ºC e 37,5ºC (FRENKEL; NELSON; ARIAS-STELLA,

1975). Resistem por uma hora à tintura de iodo a 2%, à solução sulfocrônica e ao ácido

hipocloroso a 10% (AMATO NETO; MARCHI, 2002).

Os cistos sobrevivem algum tempo em temperaturas frias, mas são, em geral,

mortos pelo congelamento. O aquecimento acima de 66ºC, seguramente, mata-os

rapidamente (FRENKEL, 2002).

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O grande número de oocistos liberados pelos gatos contaminam o ambiente. A

forma esporulada sobrevive no solo por meses e até anos. Quando estão no solo podem

ser mecanicamente transportados para outros lugares por invertebrados, como insetos

(HILL; DUBEY, 2007).

Segundo Montaño et al. (2010), os gatos normalmente eliminam oocistos somente

na primoinfecção e tornam-se imunes por toda a vida. Nem mesmo quando se tornam

imunodeficientes, como nas infecções como FIV e FeLV, há aumento do risco desses

gatos se reinfectarem e os eliminarem novamente.

2.3 Epidemiologia

A toxoplasmose é prevalente em muitas áreas do mundo, sendo considerada como

a mais cosmopolita de todas as zoonoses (SILVA et al., 2003).

Tem grande importância na medicina veterinária e médica por possuir várias

maneiras de transmissão e por ser causa de abortos e doença congênita em várias espécies

de hospedeiros intermediários. Estudos apontam que aves tem grande importância na sua

transmissão, pelo fato do grande consumo de sua carne e ovos por humanos e felinos em

geral (MAROBIN et al., 2004).

Os felídeos, principalmente os gatos, são o ponto–chave da epidemiologia da

toxoplasmose por participarem de um papel fundamental na transmissão do T. gondii,

pois são os únicos hospedeiros definitivos do parasito e responsáveis pela transmissão

sexuada. Geralmente apenas 1% da população de gatos liberam oocistos em algum

momento da vida. Mesmo essa liberação ocorrendo por um curto período (HILL;

DUBEY, 2007).

São a única fonte de infecção dos animais herbívoros, que se contaminam

ingerindo pastagens contendo os oocistos do parasito que foram eliminados pelas fezes

(DAGUER et al., 2004).

Estudos mostram que felinos selvagens também podem eliminar oocistos no

ambiente. Em seu trabalho, Ullmann et al. (2008) confirmaram a frequência de T. gondii

em 57 felinos neotropicais mantidos em um zoológico no Paraná encontraram em 38

animais soropositivos (66,7%) dos 57 animais avaliados esses animais infectados são

fontes de infecção para outros animais que vivem no mesmo ambiente.

Em suínos a toxoplasmose também é de grande importância, pois a falta de manejo

adequado, má higienização das granjas e presença de felinos podem contribuir para a

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infecção desses animais (MILLAR et al., 2008). Que se contaminam com ingestão de

água, ração, ou alimentos contaminados com oocistos (VALENÇA et al., 2011).

Em bovinos, foram encontrados mundialmente anticorpos séricos para T. gondii,

mesmo assim a toxoplasmose clínica nesses animais adultos ainda não foi confirmada.

Sabe-se que os fatores de risco da toxoplasmose em bovinos se dá através da

contaminação das pastagens e água por oocistos liberados pelo gato (DUBEY, 2010).

Ainda de acordo com o autor, a ingestão de carne de vaca ou seus derivados não é

considerada importante na epidemiologia da doença.

Galinhas criadas sem confinamento (Semiconfinamento) podem representar uma

fonte de risco de contaminação para o homem quando a manipulação de sua carne crua

contendo cistos de T. gondii, é feita sem medidas de higiene. Além disso, a prevalência

desse protozoário em galinhas é um bom indicador de contaminação do ambiente por

oocistos de desse agente, uma vez que elas se alimentam no solo (DUBEY, 2010).

O Protozoário pode prejudicar o sistema nervoso de ratos, camundongos, outros

animais e humanos infectados, resultando em anormalidades na memória e no

comportamento (DUBEY, 2010). Vyas et al. (2007) relatam em seus trabalhos que

camundongos que ingerem oocistos presentes no ambiente, adquirem cistos em seu SNC.

Isso faz com que estes roedores tenham o comportamento oposto ao natural, pois

começam a ter atração por seus predadores (gatos), ao invés de fugir deles. Essa alteração

pode ser explicada como estratégia do protozoário para se manter no ambiente

denominando-se de Manipulação comportamental.

Quando encontrado T. gondii nas aves silvestres, é um indicativo de que há

contaminação no solo água ou alimentos próximos a região. Nos suínos, ovinos, equinos

e caprinos a principal interferência da toxoplasmose seria por causar perdas reprodutivas,

por aborto; e as implicações da saúde pública, consumo de carne mal cozidas, ou cruas

desses animais. O equino é uma das espécies mais resistentes aos sinais clínicos da

toxoplasmose (GONDIM et al., 2010).

Mais do que um terço da população mundial está infectada com o T. gondii, devido

a grande facilidade que o parasito tem de propagar-se, a soroprevalência é de 37-58% em

mulheres e recém-nascidos na Europa Central e de 54-77% em países africanos. Dados a

cerca da soroprevalência na América Latina são escassos. Um estudo realizado no Brasil

detectou em 67,3% das mulheres anticorpos para a doença (BECK et al., 2013). Uma

baixa na imunidade deixa às pessoas suscetíveis a infecção (SPALDING et al., 2010).

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A toxoplasmose tem sido um grande problema na saúde pública. As Pessoas

imunodeprimidas podem desenvolver uma toxoplasmose gravíssima (MONTAÑO et al.

2010). Em gestantes este parasita pode causar abortos espontâneos, nascimento

prematuro, morte neonatal, ou sequelas severas no feto (AMENDOEIRA; CAMILLO-

COURA, 2010).

2.4 Sinais clínicos

Nos gatos, não é comum a manifestação clínica da toxoplasmose (FIALHO et al.,

2009). Qualquer órgão pode ser acometido, nos pulmões causa pneumonia, sendo a

alteração clínica mais comum, podendo levar os gatos a óbito (DUBEY, 2010). Em filhote

causa diarreia leve, devido à replicação do microrganismo no intestino (GASKELL;

BENNETT, 2001). Nos olhos aproximadamente 75% dos animais com uveíte são

soropositivos para Toxoplasma (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

Nos cães o aparecimento da doença é marcado por pneumonia, sintomas nervosos,

ataxia e diarreia. Vários estudos afirmam com frequência que a toxoplasmose respiratória

muitas vezes está associada com cinomose, devido o vírus deixar esses animais

imunodeprimidos, facilitando a infecção por T. gondii. A forma generalizada da

toxoplasmose se mostra pelos seguintes sinais: febre intermitente, diarreia, dispneia,

vômito, pneumonia e linfadenopatia. No entanto, a forma neuromuscular é caracterizada

por radicomielite e miosite, que levam a paresia, paralisias progressivas e convulsões

(DUBEY et al., 2006).

Pessoas do grupo de risco, ou seja, indivíduos imunossuprimidos e mulheres que

contraem a infecção durante a gestação, podem sofrer danos maiores tais como, cegueira

e lesões cerebrais, podendo às vezes, em casos extremos, evoluir para a morte (GARCIA

et al.,1999).

Na toxoplasmose congênita, que pode ocorrer quando a mulher torna-se infectada

durante a gravidez, a parasitemia provoca placentite seguida por disseminação do parasita

para o feto (DUBEY et al., 2009), caracterizando a transmissão vertical (SU et al, 2010).

O nascimento de crianças aparentemente normais, que apresentam cistos em

estado latente, vindo a manifestar a doença mais tardiamente, aproximadamente entre os

10 e 15 anos de vida, pode ser devido às modificações hormonais (PIZZI, 1997).

A toxoplasmose ocular se manifesta por retinocoroidite em mais de 80% dos

casos, ainda pode ser observado os seguintes sinais: uveíte, opacidade de córnea,

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nistagmo e microftalmia. A lesão ocular é frequente e quase sempre bilateral em recém-

nascidos (LANGONI, 2006).

Apesar de o T. gondii ser bastante disseminado em várias partes do mundo a

infecção adquirida é menos frequente, podendo a pessoa apresentar os seguintes sintomas:

febre, mal-estar, mialgia, artralgia, pneumonia, miocardite, miosite, meningoencefalite e

erupções cutâneas maculopapulares (LANGONI, 2006).

2.5 Transmissão

As formas mais frequentes de se adquirir infecção do T.gondii (Figura 5) são:

ingestão de carne crua ou mal passada contaminadas com o oocisto consumidas cruas ou

mal passadas, leite não pasteurizado e ovo cru contaminados por cistos do T. gondii (que

contém os bradizoítos); ingestão de frutas, verduras e água contaminadas por oocistos do

parasita; contato com terra (jardinagem) ou areia (caixa de dejetos) contaminados com

oocistos esporulados presentes no meio ambiente, liberados nas fezes dos gatos.

(PEREIRA et al., 2010). Pode ocorrer ainda, a transmissão por via cutânea ou percutânea,

através de manipulação, uso de facas e outros utensílios com carnes cruas contaminadas,

além das superfícies onde são preparados os alimentos. Esta forma de transmissão

somente ocorre quando há lesão de continuidade da pele ou através do contato com

mucosas, mesmo que intactas (CADEMARTORI, 2007).

Alguns médicos recomendam erroneamente que gestantes desfaçam de seus gatos,

isso aumenta o número de gatos errantes, o afastamento ou eutanásia desses animais não

soluciona o problema, pois nem todo gato é portador de T. gondii (MONTAÑO et al.,

2010).

Os gatos defecam e enterram suas fezes em terra fofa ou areia, estas são

consistentes e podem permanecer no local por meses. A menos que o gato esteja doente,

pouco ou nenhum resíduo fecal fica aderido à região perianal e em geral, não apresentam

diarreia durante o período de excreção dos oocistos. Por causa de seus cuidadosos hábitos

de limpeza, matéria fecal não é encontrada na pelagem de animais clinicamente normais;

portanto a possibilidade de transmissão para seres humanos pelo ato de tocar ou acariciar

um gato é mínima ou inexistente (BRESCIANI et al., 2013).

Em mulheres grávidas pode ocorrer a transmissão transplacentária. Enquanto a

infecção em crianças ocorre pela ingestão de oocistos infectantes provenientes de caixa

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de areia, em parquinhos, onde os gatos tenham defecado, são locais onde crianças

costumam brincar (LANGONI, 2006).

Aves, principalmente a criação doméstica em pequena escala e aves de vida livre

são vetores de disseminação do agente (LANGONI, 2006). Outra importante via de

transmissão é o consumo de carne suína, os cistos não são detectáveis ao abate e se forem

ingeridos cru ou mal cozido, causam infecção (MILLAR et al., 2008).

Figura 5. Meios de infecção do T. gondii

Fonte: Pereira et al. (2010).

2.6 Diagnóstico

O diagnóstico da toxoplasmose é baseado na sorologia, porém os resultados

devem ser interpretados simultaneamente à clínica, história e sintomatologia do paciente.

O diagnóstico sorológico é o principal meio de identificar a infecção recente ou ativa,

sendo o ELISA o método amplamente mais utilizado (ETTINGER; FELDMAN, 1997).

As respostas imunes de um hospedeiro à toxoplasmose podem ser naturais ou

adquiridas. Quando um hospedeiro se infecta com o parasito, após a multiplicação na

porta de entrada, segue-se a sua disseminação por todo o organismo através das vias

sanguínea e linfática. Durante este período, inicia-se a formação de anticorpos específicos

e o desenvolvimento de mecanismos imunecelulares que são responsáveis pela destruição

dos taquizoítos extracelulares. Durante a fase crônica da toxoplasmose, somente os

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bradizoítos ou taquizoítos intracelulares persistem e são responsáveis pela manutenção

de títulos sorológicos que podem durar toda a vida do hospedeiro (KAWAZOE, 2002).

Encontram-se também vários outros testes disponíveis para identificação dos

anticorpos anti - toxoplasma, além dos métodos de ELISA que são pesquisa de anticorpos

das classes IgG, IgM, IgA e IgE, pode-se fazer outros com alta especificidade como

quimioluminescência ou RIFI (reação de imunofluorescência indireta) (GRANATO,

2008).

No diagnóstico sorológico, os anticorpos IgM específicos são geralmente os

primeiros a serem detectados. Os anticorpos IgG aparecem mais tarde, elevam-se bastante

durante a fase aguda e, depois, diminuem gradualmente até títulos baixos, que persistem,

na maioria dos casos, ao longo da vida do indivíduo. Os anticorpos IgM desaparecem

após a fase aguda, entretanto, métodos sensíveis podem detectar IgM por longos períodos

após a infecção de meses até anos (KAWAZOE, 2002).

Podemos observar o T. gondii nos exames de sangue sob a forma taquizoita em

macrófagos. A secreção nasal e ocular preparadas em esfregaço e coradas pelo Giemsa

também poderão permitir o diagnóstico, outra forma também, se dá através da citologia

e histopatologia em biopsias de linfonodos infartados (HILL; DUBEY, 2002). Na

necropsia podem-se observar lesões características da toxoplasmose em diversos órgãos

(DAVIDISON, 2000).

Outro método de diagnóstico que pode ser realizado por provas biomoleculares

como a reação em cadeia da polimerase (PCR) (LANGONI, 2006). A PCR envolve a

amplificação de uma porção específica de uma sequência de ácidos nucléicos (PEREIRA

et al., 2010). Um método bastante sensível é a PCR “real-time” (RtPCR) para detectar

quantitativamente o DNA do antígeno (HILL; DUBEY, 2002).

2.7 Tratamento

No tratamento da toxoplasmose em cães e gatos, a clindamicina se constitui o

principal medicamento de eleição pelos médicos veterinários, também são usados as

sulfonamidas ou combinações sinérgicas de sulfonamida e pirimetamina

(MCCANDLSH, 2001). Em gatos, como terapia auxiliar contra uveíte, pode ser

administrado colírio de prednisona a 1% (BIRCHARD; SHERDING, 2003).

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Nos animais de produção, o tratamento utilizado é uma combinação sulfametazina

e a pirimetamina, bastante usada em surtos de abortos, durante três dias, faz-se esse

procedimento três vezes com intervalo de cinco dias (RADOSTITS et al., 2009).

O tratamento em pessoas saudáveis, imunocompetentes, não é necessário, já em

pacientes imunodeprimidos, utiliza-se associação mais usada do mundo de dois fármacos:

sulfonamida e pirimetamina (PEREIRA 2010; DUBEY, 2010).

Nas gestantes com suspeita de infecção por T. gondii que adquiriram durante a

gravidez devem ser tratadas com espiramicina durante toda a gestação para prevenir a

transmissão do T. gondii para o feto (AMENDOEIRA; CAMILLO-COURA, 2010).

Não há nenhuma droga capaz de eliminar os cistos teciduais de animais e

humanos, esses cistos podem se reativar quando houver uma queda na imunidade

(MONTAÑO et al., 2010).

2.8 Prevenção e profilaxia

Ainda existe o desconhecimento das pessoas sobre a doença, quanto as fontes de

infecção e as medidas de prevenção, assim ações de educação em saúde são essenciais e

devem ser direcionadas à população buscando diminuir a prevalência da enfermidade

(KIJLSTRA; JONGERT, 2008).

Em situações domésticas a prevenção de infecção requer lavar as mãos ao

manipular carne crua, limpeza diária dos locais usados por esses animais e a remoção

adequada das fezes, evitar o consumo de água não filtrada e de leite não pasteurizado,

assim como de alimentos expostos às moscas, baratas, formigas e outros insetos.

(AMENDOEIRA; CAMILLO-COURA, 2010).

Devem ser observadas também precauções higiênicas como lavar bem as tábuas

de carne, as pias e qualquer objeto que entraram em contato com a carne crua (cistos),

lavar verduras e/ou frutas (oocistos) com água e sabão (MONTAÑO et al., 2010). E o uso

de luvas apropriadas em jardinagem, pois os canteiros de flores e de verduras são áreas

onde os gatos gostam de defecar. Mulheres grávidas não devem efetuar a limpeza de

gatos. Além disso, gatos não devem ser alimentados com carne crua. No campo, o

controle é mais difícil, mas devem-se recobrir as rações dos animais, para impedir o

acesso de gatos, roedores e insetos (HILL; DUBEY, 2002).

É de fundamental importância a educação sobre comportamentos preventivos para

gestantes não imune e suscetíveis (SOUZA et al., 2010).

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Os gatos devem ser alimentados adequadamente, com ração ou outros produtos

comerciais de qualidade. Em casos em que os gatos comem carne, deve-se utilizar

somente se for bem cozida (66°C). Acredita-se que com a alimentação adequada eles não

se infectem por não comerem suas presas. Os recipientes de gatos devem ser lavados

diariamente com água fervente, ou ainda com amônia quartenária. A utilização de

monensina (ionóforo carboxílico de Streptomyces cinnamonensis adicionado a refeição

dos gatos) suprime a excreção de oocistos pelos animais. Indica-se também controlar

pulgas e moscas para diminuir a chance de funcionarem como vetores de oocistos

(LANGONI, 2006).

Proprietários de gatos devem ser orientados que animais que possuem acesso à

rua podem adquirir o parasita (DABRITZ; CONRAD, 2010). Eles devem preferir manter

seus gatos dentro de casa e coletar suas fezes diariamente para que se evite com que os

oocistos esporulem e se tornem infectantes (DABRITZ; CONRAD, 2010). As fezes dos

gatos também podem ser jogadas no vaso sanitário, queimadas ou enterradas

profundamente (LANGONI, 2006). Os animais domésticos devem ficar isolados de áreas

de preparação de alimentos (PEREIRA et al., 2010).

Há a necessidade de um planejamento de saúde animal na origem da cadeia de

produção e da conscientização dos produtores para transformarem seu produto em fator

positivo para a saúde animal e pública, e que também possam atender às exigências

sanitárias (LAGONI, 2006). Em animais de produção a prevenção basicamente envolve

um bom manejo da alimentação e da água para evitar a contaminação destes por oocistos

liberados por gatos. A ração de animais de produção deve ser guardada em locais

inacessíveis para roedores e gatos, associando com um controle ideal de roedores e

castração de gatos para diminuir sua população (RADOSTITS et al., 2009). Deve-se

evitar a entrada de gatos em granjas de suínos (DUBEY, 2009).

3- Toxoplasmose e saúde animal

Os animais de produção na epidemiologia da enfermidade são muito importantes,

pois são uma importante fonte de infecção para os seres humanos. Dentre as diversas

espécies animais, os caprinos, ovinos e suínos são mais sensíveis à infecção pelo T. gondii

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quando comparados aos bovinos, equinos e aves, os quais raramente apresentam

sintomatologia (MILLAR et al., 2008).

3.1- Ovinos e caprinos

SILVA (2009), afirma que entre os animais de produção, ovinos e caprinos são os

mais suscetíveis à infecção pelo T. gondii, sendo este protozoário reconhecido como uma

das principais causas de aborto em pequenos ruminantes (AHMED et al., 2008; DUBEY,

2010).

Em ovelhas, não é frequente a doença clínica, mas a transmissão congênita do T.

gondii, em fêmeas destas espécies persistentemente infectadas com o parasita pode

ocorrer. Em caprinos jovens e adultos a toxoplasmose pode ser clínica ou podem

desenvolver a forma fatal de toxoplasmose aguda (DUBEY, 2010).

Estudos com pequenos ruminantes no Brasil são mais restritos à região Nordeste,

sendo que constataram 31,7% dos caprinos e 16,9% do ovinos avaliados eram positivos

para toxoplasmose na região avaliada (PEREIRA et al., 2012).

De acordo com esses dados a infecção pelo T. gondii encontra-se disseminada nos

rebanhos caprinos e ovinos da região e para o controle da infecção devem ser

considerados alguns fatores de risco, como exploração leiteira e manejo intensivo, pois

nestas criações há maior concentração de animais associada à oferta de alimentos

contaminados, o que favorece a transmissão do agente. Portanto, a presença de gatos e a

falta de higiene nas instalações podem ser consideradas fatores de risco (PEREIRA et al.,

2012).

Observa-se que tanto para ovinos como caprinos, umas das principais vias de

contaminação é a ingestão de água contaminada com oocistos esporulados (MILLAR et

al., 2008).

Moraes et al. (2010) detectaram a presença de T. gondii em sêmen de ovinos e

caprinos, mostrando que a monta natural e a inseminação artificial também pode ser

considerada como mecanismo de transmissão, desta forma devem ser adotadas medidas

sanitárias para controlar os diversos fatores de risco (PEREIRA et al., 2012).

Por fim, denota-se que o isolamento do protozoário em órgãos e leite de pequenos

ruminantes demonstra a relevante importância destas espécies para a Saúde Pública

(MOURA et al., 2011; SILVA et al., 2011).

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3.2- Suínos

Em suínos a infecção pelo pode ocorrer por meio da ingestão de água, ração, ou

outros alimentos contaminados por fezes de felinos que contenham oocistos esporulados

e até mesmo pela ingestão de roedores ou outros animais contendo o protozoário

(VALENÇA et al., 2011).

Os principais problemas observados na toxoplasmose suína estão relacionados às

perdas reprodutivas, como repetição de estro, aumento no número de natimortos, fetos

mumificados e abortos (VALENÇA et al., 2011).

Segundo relatos de Millar et al. (2008), a frequência da toxoplasmose em suínos

pode ser bastante variável, dependendo da presença de felinos nas granjas, do manejo,

tipo de criação e faixa etária dos animais do plantel.

Pesquisas diversas, como as de Pastiu et al. (2013), demonstraram essas variações

que relataram que suínos criados em forma de subsistência apresentaram prevalência de

30,5% para o T. gondii, enquanto que suínos de granja foram negativos para o

protozoário. Porém, estes resultados são diferentes dos de Valença et al. (2011), que

detectaram prevalência de 26,9% em suínos de granjas tecnificadas.

A alta produção e o considerável consumo de carne suína no Brasil, a elevada

disseminação e prevalência do T. gondii associada ao fato de que os cistos podem

permanecer viáveis na musculatura dos suínos infectados por até 875 dias e de acordo

com Koski (1990), não serem detectáveis ao abate, torna este alimento uma importante

via de transmissão da toxoplasmose ao homem quando ingerido cru ou mal cozido.

4- Toxoplasmose e saúde pública

A falta de condições sanitárias adequadas expõe a população a uma variedade de

doenças, dentre as quais a toxoplasmose destaca-se nos países em desenvolvimento, onde

a elevada soropositividade para o T. gondii é mais comum entre as pessoas de baixo grupo

socioeconômico (BAHIA-OLIVEIRA et al., 2003), demonstrando tal quadro, estes

autores encontraram 84% de soropositividade neste extrato, em comparação com 62% e

23% dos grupos socioeconômicos médio e superior, respectivamente.

As implicações em saúde pública da toxoplasmose estão relacionadas diretamente

aos grupos de risco, como gestantes, crianças e indivíduos imunodeprimidos. É uma

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doença de notificação compulsória, todos os casos de toxoplasmose aguda devem ser

notificados (PEZERICO, 2004).

No Brasil, a taxa de prevalência de anticorpos contra o protozoário em adultos

varia de 54% no Centro-Oeste a 75% no Norte, aumentando com a idade (Tabela 1).

Particularmente em João Pessoa-PB, a soroprevalência chegou a 83,8% em 2006, este

resultado alarmante extrapola a estimativa para as diversas regiões do Brasil (25 a 80%)

e se mantém acima da grande maioria dos dados disponibilizados na última década para

vários estados brasileiros (COSTA JUNIOR; MONTEIRO, 2010).

As pesquisas na área da toxoplasmose são de grande importância, por esta doença

se constituir numa das zoonoses de maior difusão do mundo. Estudos soro

epidemiológicos demonstram que as taxas de prevalências são variáveis dentro das

comunidades humanas, devendo-se principalmente às diferenças de condições

socioeconômicas, hábitos culturais e alimentares da população e aspectos climáticos da

região envolvida (SANTO et al., 2000).

A toxoplasmose congênita é considerada importante causa mundial de

mortalidade infantil, estima-se que nasçam anualmente no Brasil cerca de 60.000 crianças

com a doença, segundo Silva (2008).

Tabela 1- Incidência de toxoplasmose no Brasil

Local Incidência/1000

Nascimentos

Número/

amostras

Metodologia Referências

Diversas

regiões/Brasil

0,3 140.914 Pesquisa de

anticorpos IgM, em

papel de filtro

Neto et al.,

(2000)

Uberlândia

(MG)

5,0 805 Pesquisa de IgM

e/ou IgA do sangue

de cordão umbilical

Segundo et al.,

(2004)

Passo Fundo

(RS)

0,8 1.250 Pesquisa de

anticorpos IgM de

amostras de sangue

do cordão umbilical

Mozzato e

Procianoy

(2003)

Porto Alegre

(RS)

1,2 2.513 Acompanhamento

da gestante da

criança

Lago et al.,

(2009)

Noroeste do

(RS)

2,2 2.126 Acompanhamento

da gestante da

criança

Spalding et al.,

(2003)

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Fonte: Misuka-Breanó et al., (2010)

Dias et al. (2011) detectaram que dentre as mulheres grávidas avaliadas, aquelas

com renda familiar mensal menor que um salário mínimo e com um baixo nível de

escolaridade, menos de oito anos, apresentaram maiores chances de infecção pelo T.

gondii. Outro estudo com gestantes constatou o elevado desconhecimento da doença e

das principais fontes da infecção pelas participantes como fator associado à infecção

(CADEMARTORI, 2007).

Na maior parte das regiões brasileiras, é realizado um teste sorológico de rotina

(Tabela 2) na primeira visita pré-natal da gestante, a um pedido do médico, mas na

maioria dos casos o teste não é repetido durante a gravidez. Um sério problema é que

algumas gestantes não recebem nenhum cuidado pré-natal ou são assistidas já em período

avançado da gravidez, geralmente no fim do terceiro trimestre (AMENDOEIRA;

CAMILLO-COIRO, 2010).

Tabela 1- Interpretação de resultados dos exames de infecção e imunidade anti-T. gondii

pelo IgG e IgM para gestantes

IgM e IgG

Negativo:

IgM positivo e IgG

negativo

IgM positivo e IgG

positivo

IgM negativo e

IgG positivo

Nunca teve contato

com a doença

Está com a doença

no momento

Teve a doença

recentemente

Teve a doença há

algum tempo e não

há problemas

Fonte: Misuka-Breanó et al. (2010)

A idade da gestante pode estar relacionada com a soropositividade. Estudos em

Porto Alegre, RS, mostraram que mulheres acima de 32 anos apresentam maior

prevalência da doença. Isso provavelmente ocorre pelo maior tempo de exposição ao

agente causal, o que reforça a importância da triagem sorológica de rotina durante a

gestação (MONTAÑO et al., 2010).

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Quando a gestante adquire a toxoplasmose durante o primeiro trimestre, a

incidência da infecção congênita é bem pequena (4.5%) e aumenta nos últimos dois

trimestres (segundo trimestre, 17.3% e terceiro trimestre, 75%). A severidade da forma

congênita vai depender da idade do feto. A infecção no início da gestação tende a estar

associada ao aborto ou a sequelas mais severas, enquanto que a infecção tardia, embora

seja mais frequente, leva a sequelas relativamente menos severas (AMENDOEIRA;

CAMILLO-COIRO, 2010).

A placenta possui dimensões pequenas, quando a mulher está no primeiro

trimestre da gestação, portanto a chance do Toxoplasma chegar a este tecido é baixa.

Neste caso, a chance de infecção nos fetos é de 15%. Entretanto, é nesta época que

acontece a organogênese, tornando-se uma infecção grave. No segundo trimestre, a

placenta está um pouco maior, aumentando assim a chance de infecção (30%). Por outro

lado, neste momento, boa parte da organogênese já se completou. A infecção torna-se um

pouco menos grave. No terceiro trimestre, a placenta possui dimensões maiores,

consequentemente a chance de contaminação é muito maior, chegando a 60%, logo a

chance de ter uma infecção mais grave é remota (GRANATO, 2008).

Em 31 de agosto de 2010, o Ministério da Saúde aprovou a Portaria n. 2472, Art.

6º, que inclui a toxoplasmose aguda gestacional e congênita na Lista de Notificação

Compulsória em Unidades Sentinelas (LNCS). Doenças e eventos constantes no Anexo

III desta Portaria devem ser registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação

(SINAN), obedecendo às normas e rotinas estabelecidas para o Sistema” (BRASIL,

2010).

O impacto socioeconômico da doença em humanos é enorme, pois geram muitos

gastos para a saúde, especialmente tratando-se de crianças com retardo mental e cegueira

(HILL; DUBEY, 2002). A toxoplasmose é uma importante doença para indivíduos com

HIV, estima-se que 10-50% dos portadores de HIV com toxoplasmose latente

desenvolvem encefalite e pelo menos 10 % desses pacientes podem vir a óbito

(DABRITZ; CONRAD, 2010).

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5- MATERIAL E MÉTODOS

Esse estudo constitui-se de uma revisão de literatura que buscou realizar uma

análise crítica, meticulosa e ampla das publicações correntes acerca do tema

toxoplasmose, realizada entre setembro de 2016 e novembro de 2017, no qual deu-se

início a uma consulta por livros e por artigos científicos selecionados.

Após a coleta de dados, foi realizada à leitura de todo o material e as principais

informações foram compiladas. Em seguida, realizou-se uma análise descritiva das

mesmas buscando estabelecer uma compreensão e ampliação do conhecimento sobre o

tema.

Foram revisados artigos científicos indexados nas bases de dados bireme (Centro

Latino Americano de informações em ciências da saúde). PubMed (National Center for

Biotechnoloy Information) e Scielo (Scientific Eleronic Library Online), nos idiomas

português, inglês e espanhol; disponíveis on-line, de forma completa e gratuita.

Desta forma, buscou-se não apenas realizar uma repetição do que já foi escrito,

mas sim, proporcionar uma nova abordagem e a possibilidade de obtenção de conclusões

inovadoras.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O T. gondii apresenta distribuição cosmopolita e variável prevalência nas diversas

regiões do mundo, dependendo de fatores relacionados ao hospedeiro, fatores ambientais

e socioeconômicos, hábitos alimentares, condições sanitárias e dos testes utilizados na

avaliação. A toxoplasmose pode causar aborto e doença congênita em homens e animais.

É uma zoonose muito importante. O agente pode ser encontrada nas fezes de felídeos, na

água, no ambiente, e até mesmo nos músculos e órgãos de alguns animais como, suínos,

caprinos, ovinos, acometendo diversas espécies, tornando-se ampla as formas de

contaminação, no entanto podemos afirmar que o gato não é o único responsável pela

transmissão.

Assim, o impacto econômico da enfermidade em questão é elevado, devido à

gravidade dos quadros nos diversos tipos de hospedeiros, complicações associadas,

tratamento e os custos sociais.

O convívio entre gatos e mulheres grávidas é saudável quando as gestantes são

orientadas sobre os mecanismos de transmissão da doença. Profissionais da saúde

(veterinários, médicos, enfermeiros, entre outros) devem ajudar na orientação da

população sobre as verdadeiras formas de transmissão da doença, enfatizando que

medidas de higiene são fundamentais para diminuir a incidência.

Determinar as fontes de infecção é tecnicamente difícil, porque no momento em

que a infecção pelo T. gondii é diagnosticada, a fonte original da infecção pode não estar

mais presente. Apesar de tais dificuldades, diversas vias de contaminação foram descritas

na epidemiologia da toxoplasmose, as quais são importantes na transmissão congênita ou

adquirida, em homens e animais. A partir disto, várias medidas de prevenção e controle

têm sido preconizadas.

Porém, ainda ocorrem surtos de toxoplasmose, o que mostra que medidas

profiláticas contra a toxoplasmose devem ser empregadas de forma mais rigorosa,

destacando-se, neste contexto, a importância da educação em saúde. Novas pesquisas

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devem ser feitas para detectar e inativar os oocistos das fezes, do solo e da água e para o

descobrimento de vacinas eficazes, sem efeitos colaterais. Novos estudos

epidemiológicos também devem ser realizados para que médicos e médicos veterinários

tenham uma abordagem diagnóstica e terapêutica mais eficaz.

Portanto, as regulamentações vigentes em cada região, bem como as medidas

adequadas à situação epidemiológica local, devem ser elaboradas e implantadas de forma

racional e conjunta, levando a um monitoramento mais rigoroso e consolidando

programas de vigilância para o controle da infecção por T. gondii nos animais e no

homem.

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