PSIU!BOLETIM INFORMATIVO PSICOLOGIA/UFSC

Tomaremos xeque por xeque-mate?

“Xeques” - ou desaf ios que enfrentamos frequentemente como comunidade acadêmica - tem sido tomados erroneamente como “xeques-mate”: ao nos depararmos com os problemas, desistimos do jogo, fugimos pela porta mais próxima.

Ao nos depararmos com os - por vezes - famosos problemas ou equívocos que enfrenta nosso curso de psicologia, fugimos. Isso não significa que saímos dessa universidade e não voltamos mais, mas que aprendemos a nos tornar insensíveis a eles. Por serem comuns, passam com o tempo à naturalidade, depois recebem o status de “uma situação possível nesse mundo de opiniões diversas” e por fim são verdadeiras “candidatas à nossa adesão” enquanto futuros profissionais. Quem são os culpados dessa situação infeliz? Quem são os heróis que podem nos salvar de tamanha adstringência?

Ora, é evidente que tais questões querem muito mais erguer forcas e louros que resolver alguma coisa. O desafio - ou o “xeque” - que surge de fato é que frequentemente ações de um ou poucos indivíduos costumam trazer poucas soluções e, além disso, costumam gerar sofrimento àqueles envolvidos (surge daí nossa fuga!). Uma alternativa que tem sido muito útil é procurar soluções para nossos problemas acadêmicos participando mais das atividades e reuniões promovidas pelos próprios estudantes para

avaliar e atuar coletivamente sobre as questões que interferem em nosso curso.

Além de aumentar as possibilidades de melhorar a qualidade de nosso curso, reunir-se periodicamente com nossos colegas permite desenvolver habilidades que constituem isso que chamamos de formação em psicologia. Identificar problemas e necessidades do curso, avaliá-los e tomar decisões de intervenção coletivamente, são alguns exemplos das muitas habilidades necessárias a todo psicólogo e que podemos exercitar em discussões com nossos amigos. Imagine-se, por exemplo, em uma conversa entre profissionais em uma escola, ou em qualquer outra organização, a partir da qual devem tomar decisões importantes quanto à saúde de outras pessoas envolvidas. Quais habilidades você precisaria ter bem desenvolvidas?

Os “xeques” estão dados, não existem heróis e os resultados de nossos esforços diários são muitas vezes ínfimos. A oportunidade que nós alunos temos de nos reunir coletivamente para buscar soluções mais contundentes e nos capacitarmos como profissionais de psicologia tem se mostrado frutífera para nosso processo de formação. Trabalharmos continuamente juntos tem sido, antes de tudo, uma forma de barrar o processo que nos torna insensível aos equívocos da universidade. Tem sido, fundamentalmente, uma forma de não tomarmos “xeque” por “xeque-mate”. Psiu!

Olá meus leitores, nesta sessão vocês irão encontrar algumas das atividades desenvolvidas pelo CALPSI, o Centro Acadêmico Livre de Psicologia.

- SINOPSI: O SinoPsi é um cine-clube do curso de Psicologia, que exibe quinzenalmente filmes de acordo com um tema geral e sub-temas mais específicos. Cada sessão consiste na exibição de um filme previamente escolhido, posteriormente um debate acerca do tema geral, do sub-tema e do filme embasado no conhecimento que cada estudante traz de sua área específica do conhecimento. As sessões são gratuitas e abertas e a toda comunidade acadêmica. O horário de exibição dos filmes é às 16:00 horas nas sextas-feiras no auditório ou mini-auditório do CFH, no entanto poderá ocorrer alterações devido a possibilidade de locação do espaço. Mais informações no blog: http://sinopsi.blogspot.com e na lista de e-mail: sinopsi@googlegroups.com.

Legal essa iniciativa, vamos todos participar! Aqui vai mais uma :

- Comissão da Reforma Curricular: Este é um tema de extrema relevância aos estudantes de Psicologia, pois o nosso curso está passando por uma reforma curricular que segue as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, ou seja, o currículo do curso será mudado para propciar aos estudantes uma formação dinâmica e atual em Psicologia. No entanto fique atento, pois na prática não é bem assim que acontece. Esta comissão está debatendo a proposta do novo currículo, apontando falhas, sugerindo alternativas e pensando o estudante como o centro do processo de ensino-aprendizagem. Há também uma comissão atuante junto aos professores para a elaboração deste novo currículo, porém poucas sugestões dos alunos são acatadas pela comissão dos professores, por isso, é importante estar inteirado das informações sobre o novo currículo, pois este pode mudar a sua formação básica em Psicologia.

Fique atento!!!

- Horário Discente: O horário discente foi (e ainda é) uma conquista dos estudantes de Psicologia. O horário das 09h10min até às 10h00min das sextas-feiras foi criado com o intuito de reunir os alunos para debater temas relacionados ao curso. No entanto nos últimos anos este horário foi pouco explorado pelos estudantes. O CALPSI teve a iniciativa de criar uma comissão para reavivar este horário com café e bolo, rodas de violão, debates sobre temas relacionados diretamente ao curso, palestras, etc. Se você tiver sugestões de como utilizar proveitosamente este horário participe das reuniões do CALPSI ou converse com os seus membros.

- Grupo de estudos sobre a Universidade: Esta não é propriamente uma comissão, mas uma reunião de um grupo de estudantes para debater e construir uma opinião mais crítica a respeito da função da universidade, seus objetivos de aprendizagem e metas e o que realmente acontece com a universidade brasileira. Os debates são baseados em textos específicos sobre o assunto. O grupo de estudo sobre universidade tem encontros quinzenais às terças-feiras, das 19h às 21h. O próximo encontro é dia 07 de abril na BU, próximo à prateleira da psicologia. Participe!

Legal, vamos aprender a pensar mais criticamente, e aí vai mais uma atividade:

-Semana do calouro: É uma iniciativa para auxiliar os calouros quanto as informações importantes da universidade, introdução à vida acadêmica, integração dos calouros com os veteranos, etc. A semana do calouro acontece na primeira semana de aula com a realização de palestras, oficinas, psiquenique e outras atividades. É uma semana para conhecer os colegas de faculdade e os veteranos, e também conhecer mais profundamente como funciona uma universidade pública.

-Semana da Psicologia: Está sendo organizada a IV Semana Acadêmica da Psicologia. Com a idéia de integrar os estudantes de Psicologia e fazer uma formação extra sala de aula abordando temas pertinentes ao profissional psicólogo e a sociedade no geral. Reuniões nas segundas-feiras às 12:30 na sala do CA.

E por fim, tem... quem mais?!!?! Ah, é claro, EU!

- Boletim Informativo Psiu!: O boletim informativo é uma ação para melhorar a comunicação entre os acadêmicos do curso de Psicologia. No boletim serão publicados acontecimentos pertinentes ao curso de Psicologia, ao CFH e à Universidade. Também iniciativas do Centro Acadêmico, textos de estudantes, charges, ofertas de estágios, eventos, congressos e etc. As reuniões ocorrem às sextas-feiras, às 13h30min na sala do CALPSI. Para mais i n f o r m a ç õ e s , d ú v i d a s , s u g e s t õ e s e e n c a m i n h a m e n t o s d e t e x t o s : boletimcalpsi@gmail.com.

Viu, quanta coisa? Essas são as comissões, participe, conheça, interaja, e bem-vindo ao mundo da Psicologia!

As reuniões do Centro Acadêmico ocorrem nas terças e quintas-feiras, às 12h30min até às 13h30min, na sala 311 do CFH. Visite o nosso site: http://www.calpsi.ufsc.br/ e o nosso blog: www.calpsi.blogspot.com.

ABRIL 2009 - Nº 02

Reforma Curricular

“Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo”Galileu Galilei

Ensinar e aprender não são processos estáticos e nem passivos. Ninguém detém o poder do conhecimento e ninguém detém a ignorância total. Ou seja, o professor não é aquele que têm o conhecimento e o aluno não é aquele que não sabe nada, sendo somente um receptáculo. Paulo Freire denuncia e chama este processo de “concepção bancária da educação” - o professor faz “depósitos” de conhecimento no aluno, que simplesmente recebe e repete.

O mesmo Paulo Freire propõe o método da educação problematizadora, que consiste em superar esta dicotomia professor-aluno, equiparando-os num nível de diálogo sobre a realidade e proposições de mudança da mesma. Ou seja, dar-se condições para que o aluno compreenda a sua realidade, avalie o momento que vive, proponha soluções possíveis e possa, realmente, mudar o seu ambiente cotidiano. Esta discussão parece distante do curso de graduação em Psicologia da UFSC, mas não é. Pense nas suas aulas. Já pensou como em muitas vezes você é somente mais um a “absorver” o que o professor diz? Você já se sentiu como se o professor falasse para todo mundo, mas ao mesmo tempo para ninguém? Você já sentiu que tudo o que é esperado por você na sala de aula é repetir o que o professor diz? Quantas vezes você já sentiu que o que o professor está falando pouco ajudará na sua prática profissional? Já pensou que você está inserido em uma sociedade com certas características, mas que pouca coisa sobre ela são debatidas no contexto de sala de aula?

Uma maneira de mudar isso é por meio de um processo de Reforma Curricular. Pois o currículo é um documento que deveria orientar o trabalho dos professores. Este processo de reforma consiste em mudar o currículo de maneira que se adapte as necessidades e problemas da sociedade, mas não para repetir o que já existe! O currículo deve compreender a sociedade em que se está inserido e a partir desde contexto específico propor mudanças e reflexões proporcionando um crescimento coletivo.

Pois é isto que um psicólogo deveria ser apto a fazer! Reconhecer as relações existentes na sociedade, quais influenciam o sujeito e como mudar as relações sujeito-sociedade. No entanto, o currículo em construção está essencialmente vinculado ao “bancarismo”, no sentido de que estrutura um curso sem a clareza dos papéis das disciplinas e do profissional como um todo. Formando profissionais para se adequarem às relações de poder existentes na sociedade, sem equilibrá-las.

Se promovermos uma Reforma Curricular com a prerrogativa de contemplar as preferências de cada professor, o que lhes é mais conveniente, a formação do psicólogo fica submetida ao acidentalismo.

O projeto de um currículo deviria dar condições para os alunos desenvolverem as habilidades que um psicólogo precisa para intervir eficientemente a partir de problemas e necessidades que enfrenta a sociedade e o sujeito.

Este novo currículo está em construção e a participação dos estudantes está sendo mínima. Não há espaços para debates de conceitos, funções e objetivos quanto a um curso de formação em Psicologia. Isso é grave e sério, pois nós seremos os futuros psicólogos formados por uma instituição ainda arcaica.

Reforma Curricular: em rítmo de preservação ambiental

Caros colega, reformar é simples: começamos fazendo uma grade curricular que mantenha nossos empregos e depois completamos com princípios.

Mas não precisamos saber precisamente o papel que as disciplinas têm na formação dos estudantes?

Em tempos modernos precisamos evitar o consumo desnecessário de qualquer tipo de papel.

Departamento e curso de psicologia: meios de interferir na qualidade do curso

Por ocasião das iminentes eleições para chefe de departamento e coordenador do curso de psicologia desta universidade, uma questão surge entre nós alunos: O que são essas instâncias universitárias afinal?

Ao nos perturbarmos com a qualidade de nosso curso de graduação, é comum buscarmos formas de solução pouco eficientes e geradoras de muito sofrimento para as pessoas envolvidas nessas tentativas. Um exemplo disso são as reclamações que fazemos muitas vezes em sala de aula, onde a dificuldade de avaliarmos o problema, “somado” a freqüente “falta de abertura” dos professores transforma a oportunidade de aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem em uma verdadeira fonte de desconforto, desamparo e depressão. Não precisamos desistir de nossos esforços cotidianos em sala, mas é importante termos clareza do que são 'departamentos acadêmicos' e 'cursos de graduação' e de como podemos intervir em nossa formação por meio desses órgãos.

Apesar de nos preocuparmos com a qualidade de nosso curso, nós alunos ainda temos dificuldade de perceber que existem órgãos que são responsáveis pela qualidade de nossa formação: um relacionado à produção de conhecimento em psicologia - departamento de psicologia - e outro relacionado à capacitação para atuação profissional - curso de graduação em p s i c o l o g i a . M a i s q u e c o n j u n t o s d e professores/cientistas que se reúnem em núcleos, promovem reuniões, deliberam, ministram aulas

etc, as organizações chamadas departamento acadêmico e curso de graduação constituem o núcleo da instituição universitária e, portanto, possuem papé is que não podem ser desconhecidos ou ignorados pelos professores e alunos envolvidos.

Estamos literalmente postos de lado de tudo isso que chamam de curso de psicologia. Nossas inquietudes, aprendizagens, desejos tem sido, nas diversas esferas desse curso, fatores que “atrapalham o trabalho do professor”, como se o que eles fazem fosse independente do que acontece com a gente. Ora! Em função de que este curso está trabalhando afinal? Que concepção de ensino e de benefício social têm os profissionais deste curso a ponto desconsiderar o principal motivo de existir uma universidade: os alunos? Avalie em paralelo a essas questões, quanto investimento a sociedade não faz para manter instituições universitárias gratuitas, como a nossa. Como você entende tudo isso?

Estamos propondo, enquanto centro acadêmico de psicologia, um primeiro passo nessa longa caminhada. A fim de esclarecer o que é curso e departamento de psicologia e como podemos melhorar o curso através deles, realizaremos um debate com alguns professores que nós indicamos na lista que foi passada em sala. Além disso, para orientar esse debate, é importante que respondamos um pequeno questionário que também será passado em sala. O horário e local do debate será informado em breve. Acompanhe essa movimentação e tomemos juntos esse problema como um xeque, nunca como o fim do jogo.

Só caminhamos com firmeza e autonomia hoje, porque quando bebês ensaiamos pequenos e desajeitados passos.

Galeria

Marilia Bittencourt - fotografia digital

Se você é aluno/artista da psico, envie sua obra para o e-mail do psiu! e permita de os demais colegas possam apreciar a sua arte.boletimcalpsi@gmail.com

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