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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PROGRAMA DE MESTRADO EM LETRAS AILTON ALEXANDRE DE ASSIS Um lampião dentro da mala: o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco - memória e autobiografia São João Del-Rei 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PROGRAMA DE MESTRADO EM LETRAS

AILTON ALEXANDRE DE ASSIS

Um lampião dentro da mala:

o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco - memória e

autobiografia

São João Del-Rei

2009

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AILTON ALEXANDRE DE ASSIS

Um lampião dentro da mala:

o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco - memória e

autobiografia

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Letras da Universidade Federal de

São João del-Rei como requisito final para a

obtenção do título de Mestre em Letras.

Área de concentração: Teoria Literária e Crítica

da Cultura.

Linha de Pesquisa: Literatura e Memória Cultural

Orientadora: Profª. Drª. Maria Ângela de Araújo

Resende

São João del-Rei

2009

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Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ)

Programa de Mestrado Em Letras (PROMEL)

Área de Concentração: Teoria Literária e Crítica da Cultura

Linha de Pesquisa: Literatura e Memória Cultural

Dissertação intitulada “Um lampião dentro da mala: o arquivo pessoal de Octávio Leal

Pacheco - memória e autobiografia”, de autoria do mestrando Ailton Alexandre de Assis.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________

Profa. Dra. Maria Ângela de Araújo Resende - UFSJ (Orientadora)

______________________________________________________

Profa. Dra. Eneida Maria de Souza – UFMG (Titular)

______________________________________________________

Profa. Dra. Eliana da Conceição Tolentino – UFSJ (Titular)

_______________________________________________________

Prof. Dr. Alberto Ferreira da Rocha Júnior- UFSJ (suplente)

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Este trabalho é dedicado à minha mãe, Irene, pela

sua biografia, aos meus amigos e à família de

Octávio Leal Pacheco.

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AGRADECIMENTOS Embora a escrita da dissertação seja algo que se faça, por meses, de forma solitária,

as condições que permitem lançar no papel (ou no computador) nossas ideias, não o são.

Antes da escrita, “lê-se” os outros, discute-se com os outros, ouve-se e se é ouvido pelo

outros. Por isso, agradecer é sempre necessário.

Agradeço à minha família: mãe, irmãos, cunhados e sobrinhas. À minha mãe em

especial, desculpando-me pelas ausências em um momento difícil de nossa história de

vida.

Agradeço aos meus amigos, principalmente àqueles que continuamente me ouviam

falar do trabalho de pesquisa. Peço desculpas pelas vezes em que, por causa justamente do

trabalho, faltei àquele encontro marcado.

Agradeço aos companheiros de profissão e aos alunos da Escola Estadual Afonso

Pena Júnior, de São Tiago, pelas palavras de incentivo. Um agradecimento especial às

professoras Heloísa Helena V. Reis Oliveira e Maria Auxiliadora Antônia Caputo pelo

apoio recebido.

Agradeço à Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais por autorizar meu

afastamento para cursar o mestrado.

Agradeço aos professores e aos colegas, hoje amigos, do Mestrado em Letras da

UFSJ: muito daquilo que compõe este trabalho é fruto dos debates e leituras que

realizamos em conjunto.

Agradeço, muito especialmente, à Prof. Dra. Maria Ângela de Araújo Resende, pela

prazerosa companhia e pela confiança que se estabeleceu entre nós.

Agradeço às professoras Eneida Maria de Souza, Eliana da Conceição Tolentino e

ao professor Alberto Ferreira da Rocha Júnior por aceitarem compor a banca examinadora

desta dissertação.

Por fim, agradeço à família de Octávio Leal Pacheco, em especial Dona Ilza Rosa

Pacheco, que me possibilitou trabalhar com o arquivo pessoal de seu marido.

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Nada mais subsiste: do passado, Há somente um baú velho e amassado, Arquivo de papéis que ando a rever. (Baú Velho, Octávio Leal Pacheco)

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RESUMO

O trabalho propõe uma leitura do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco (1891-1975)

tendo como referência os conceitos de memória, arquivo e escrita autobiográfica. A partir

de uma perspectiva interdisciplinar, busca-se compreender em que medida a seleção e

arquivamento de diversos documentos (correspondências, mapas, objetos, documentos

oficiais, fotografias) podem ser reconhecidos como um projeto de escrita de si.

PALAVRAS-CHAVE: Memória, memória individual, arquivo pessoal, autobiografia.

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ABSTRACT

The present work aims at promoting a reading of Octávio Leal Pacheco’s (1891-1975)

personal archive, having as reference the concepts of memory, archive and autobiographic

writing. From an interdisciplinary perspective, this work searches an understanding of how

the selection and filling of diverse documents (letters, maps, objects, official documents

and photographs) can be recognized as a project of self writing.

KEY-WORDS: Memory, individual memory, personal archive, autobiography.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Octávio Leal Pacheco................................................................................... 14

Figura 2 - Malas, maletas, pastas, envelopes: arquivamentos.......................................

Figura 3 - "Cópia para Arquivo" - inscrição sobre cópia de telegrama.......................

Figura 4 - Cartão pessoal...............................................................................................

Figura 5 -Autógrafos: "Os grandes da democracia de antanho.....................................

Figura 6 - Ruas tortuosas, rampas: São Tiago de Antanho, atual Rua Viegas..............

Figura 7- Vista lateral da Igreja Matriz de São Tiago...................................................

Figura 8 - Inspirações modernizantes...........................................................................

Figura 9 - Plano urbanístico: residência em São Tiago, frente e verso da fotografia..

Figura 10- Residência da foto anterior sob outro ângulo. Plano urbanístico -

alinhamento de ruas.......................................................................................................

Figuras 11 e 12 - Construção da nova barragem da usina hidroelétrica de São Tiago,

década de 1950..............................................................................................................

Figura 13 - "Trocam-se então, ao champagne, vários brindes”....................................

Figura 14 - Livro de recortes: imagem de si na imprensa.............................................

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Distribuição dos documentos do arquivo de Octávio Leal Pacheco por

mala ou maleta..............................................................................................................

63

TABELA 2- Arquivo de Leal Pacheco: documentos por série..................................... 70

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11

CAPÍTULO I: O lampião – ou à luz das teorias de memória e arquivos.............. 20

1.1 Memória e memória individual............................................................................ 20

1.2 Memória e arquivos.............................................................................................. 33

1.2.1 Os arquivos pessoais............................................................................................ 39

CAPÍTULO II: As malas – a bagagem de uma longa trajetória............................ 48

2.1 O arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco....................................................... 48

2.1.1 Geografia e história do arquivo........................................................................... 56

2.1.2 “Inventariando” o arquivo................................................................................... 60

2.1.3 Analisando o arquivo pessoal.............................................................................. 67

2.2 Muito mais que um “cofre de recordações”: obsessão pelo arquivar................. 78

2.3 O público e o privado no arquivo pessoal........................................................... 82

CAPÍTULO III: O lampião dentro da mala: autobiografar-se pelo arquivo........ 85

3.1 Autobiografias e biografias: a vida é uma história.............................................. 85

3.2 Autobiografia e arquivos..................................................................................... 97

3.3 A agulha e o lampião: costurando uma narrativa – autobiografia e a ilusão

de totalidade no arquivo pessoal de Leal Pacheco...............................................

101

3.3.1 Octávio e Otávio: dois nomes, uma síntese biográfica–os documentos pessoais 102

3.3.2 A assinatura dos outros – a série correspondências............................................. 105

3.3.3 Geografia da memória – materialidade da imagem de si..................................... 117

3.3.4 Recortes da memória: mosaico autobiográfico.................................................... 130

3.3.5 Objetos autobiográficos....................................................................................... 134

3.3.6 Poesia: memória íntima........................................................................................ 136

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELETRÔNICAS.................................... 151

ANEXO I - Lista de nomes da correspondência ativa e passiva de Leal Pacheco....... 157

ANEXO II – Lista de poemas de autoria de Octávio Leal Pacheco constantes do

arquivo pessoal....................................................................................................

163

ANEXO III- Inventário dos documentos do arquivo pessoal de Octávio Leal

Pacheco................................................................................................................

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INTRODUÇÃO

Abril de 2009. Leio na revista National Geographic/Brasil reportagem sobre

Hatshepsut, rainha do Egito Antigo (cerca de 1479 a.C.), uma mulher-faraó. Segundo a

reportagem, em um monumento erigido durante o reinado de Hatshepsut está escrito: Meu

coração palpita de preocupação só de pensar no que dirão as futuras gerações. Aqueles

que hão de ver meus monumentos nos anos vindouros e tecer comentários sobre meus

feitos1.

A maior parte de nós, ao contrário da egípcia, caminha pela vida com a certeza de

que um dia chegará o fim, a morte. Por isso, para aqueles mais afeitos a preceitos

religiosos, principalmente numa perspectiva judaico-cristã, a preocupação maior está na

salvação da alma após a morte.

Entretanto, para algumas pessoas, a exemplo da mulher-faraó do Egito, a

continuação da existência individual, como memória, é ao mesmo tempo desejada e

aflitiva: como serei visto por aqueles que vierem depois de mim? A questão torna-se,

assim, o cerne da vida de alguns indivíduos que se dedicam a elaborar formas de

conquistar a imortalidade e, ao mesmo tempo, mecanismos para fixar a imagem que

desejam que tenham de si no futuro. Enfim, criam-se os monumentos, sendo que alguns

deles, como no caso de Hatshepsut, sobrevivem por milênios.

A construção dos monumentos expressa o desejo do indivíduo de garantir um lugar

no passado quando lembrado no futuro. A presente pesquisa parte dessa ideia para abordar

um arquivo pessoal: o arquivo de Octávio Leal Pacheco (1891-1975). Documentos

reunidos em velhas malas, suportes da memória para a viagem no tempo.

Antes de se apresentar o titular do arquivo, os objetivos da pesquisa e a estrutura do

texto, propõe-se um exercício de imaginação. Imagine que você, leitor, irá fazer uma longa

viagem. O que você colocaria nas malas que certamente levaria? Muito provavelmente,

nelas estariam roupas, calçados, objetos de uso pessoal, e quem sabe, nos dias de hoje, até

mesmo um computador portátil. Nelas estaria o que lhe veste o corpo; talvez as melhores

roupas fossem as escolhidas. Tentaria não se esquecer de nada. Tudo do que precisa deverá

1 BROW, Chip. O rei-mulher: porque Hatshepsut governou o Egito como homem? National Geographic/Brasil, n. 109, ano 9. São Paulo: Editora Abril, 2009, p. 45.

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estar lá ... apesar de quase sempre se esquecer de uma coisa ou outra. Levaria, por

exemplo, uma agulha de costura ou uma lanterna para usar em situações emergenciais?

Suas malas estariam, nesse início de viagem, bem organizadas: camisas e calças bem

dobradas para não amarrotar muito, meias e roupas íntimas numa parte, sapatos em outra;

objetos de higiene pessoal em seu devido compartimento? Ou você é daqueles que

displicentemente jogam ali dentro o que leva na viagem? Você certamente prepararia

ainda uma bolsa de mão, onde colocaria documentos, dinheiro, carteira, telefone celular,

algum minúsculo aparelho para ouvir as músicas das quais gosta, talvez até um livro e tudo

mais de que necessitasse com frequência e urgência. Por fim, provavelmente com algum

esforço, você fecharia as malas e se perguntaria: não me esqueci de nada? Ou ainda: será

que não estou levando coisas demais? Colocaria a etiqueta de identificação - seria tão

metódico assim? - e partiria.

Agora, leitor, tenha paciência e faça mais um exercício de imaginação: o que você

levaria se realizasse uma viagem para o futuro? Para um tempo em que você mesmo já não

existisse? O que levaria?

Pois bem, Octávio Leal Pacheco pretendeu realizar tal viagem. E na verdade a fez.

Nas malas dele não estavam os ternos dos quais gostava (dizem que era um homem

vaidoso). Na viagem para o futuro não seriam necessárias roupas, deveria levar aquilo que

veste a alma, que dissesse quem ele foi num tempo em que ele já não existia mais. Nas

malas iriam lembranças, memórias de todas as viagens anteriores que fez durante a vida, de

toda a poeira que acumulou nesse ir e vir por geografias e paisagens diversas, nesse ir e vir

por tempos diversos: o passado-presente dele até chegar ao futuro - nosso presente.

Octávio Leal Pacheco era relativamente organizado. Parte daquilo que ele lançou

nas velhas malas não foi jogado aleatoriamente. Documentos foram colocados em pastas,

envelopes, colados em velhos livros de registro, às vezes até organizados numa certa

ordem ou sequência, da mesma forma que para organizar uma mala de roupas dobram-se

as calças e camisas; colocam-se, aqui, as meias e, ali, os sapatos.

Outras coisas, entretanto, estão ali, nas malas, meio que intrusas, meio que jogadas.

Afinal, numa longa viagem podem acontecer acidentes: malas se abrem ou são abertas por

alguém, objetos somem, outros surgem, colocados por outras pessoas, quem sabe até

mesmo por um companheiro de jornada.

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Octávio Leal Pacheco conseguiu se lembrar de tudo, não se esqueceu de colocar

nada nas malas? Muito provavelmente não, essa seria uma tarefa hercúlea. Afinal, não é

possível lembrar-se ou guardar tudo, mas dentre o que ele colocou nas malas certamente

estão aquelas que ele considerava suas melhores “roupas”.

Por um lapso ou talvez até mesmo conscientemente, pode ser que ali apareça aquela

“roupa velha”. Por que foi parar ali?

Enfim, parafraseando o compositor, se ir e vir são dois lados da mesma viagem, é

preciso ir, no caso de Leal Pacheco, para o futuro e, no caso da presente pesquisa, voltar ao

passado, o trem que chega é o mesmo trem da partida.

Octávio Leal Pacheco nasceu em 31 de dezembro de 1891 (ou seria 1892?), em

Barra do Piraí, Rio de Janeiro. Era filho de filho de Antonio Candido Leal Pacheco,

funcionário público federal, e Eugenia Carolina Pacheco, “do lar”. Aos nove anos, mudou-

se com a família para Mogi das Cruzes, São Paulo, onde também realizou seus estudos: o

curso primário e o “complementar”2. Aos 19 anos, após o falecimento do pai, transferiu-se

para a capital federal, Rio de Janeiro, onde foi escriturário do Ministério da Agricultura

durante o governo do Marechal Hermes. Casou-se em primeiras núpcias com Odete do

Espírito Santo Pacheco, com quem teve sete filhos. Em 1965, casou-se em segundas

núpcias com Ilza Rosa Pacheco.

Em 15 de abril de 1912 foi admitido como condutor de trem extranumerário da

Estrada de Ferro Central do Brasil, permanecendo na empresa até 1918. Ainda em 1914,

obteve, juntamente com seus sócios, a concessão para exploração do serviço de bondes em

Mogi das Cruzes. Em 1919, obteve a concessão para os mesmos serviços em diversos

municípios do Estado de São Paulo, como Salesópolis e Santa Isabel. A concessão em

Mogi das Cruzes foi cancelada em 1920. Nesse mesmo ano, chegou a Bom Sucesso, Minas

Gerais, como agente especial do recenseamento, estabelecendo-se na região de Bom

Sucesso e do então distrito de São Tiago. Em 1922, publicou livro sobre os trabalhos de

recenseamento, impresso pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais.

Ainda nos primeiros anos da década de 1920, foi nomeado promotor de justiça

interino da Comarca de Bom Sucesso. Já em São Tiago, onde se instalou definitivamente

em 1924, Leal Pacheco e sócios criaram a Empresa de Força e Luz Santiaguense, uma

concessão para exploração dos serviços de energia no município, que durou até 1952. 2 Os dados biográficos de Octávio Leal Pacheco estão baseados na “Síntese Biográfica” que ele mesmo escreveu e nos documentos do arquivo pessoal.

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Na década de 1920, teve início seu envolvimento na política local. Em 1927 foi

nomeado inspetor escolar no distrito de São Tiago. Em 1930, criou, com outros associados,

o Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago, organização civil que teria longa

duração e da qual foi presidente e secretário-geral por vários mandatos. Já em 1926 foi

eleito vereador à Câmara de Bom Sucesso pelo Distrito de São Tiago, permanecendo no

cargo até 1930, ano em que também organizou as “Paradas do Trabalho”, mutirões para

reformar ruas e estradas da pequena localidade. Desde então pertenceu e chegou a se tornar

membro de diretórios locais e regionais de partidos políticos, a exemplo do PRM (Partido

Republicano Mineiro), PP (Partido Progressista), PSD (Partido Social Democrático), UDN

(União Democrática Nacional), PSP (Partido Social Progressista, pelo qual se lançou

candidato a deputado estadual em 1962), e ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Em

1938, de volta ao Rio de Janeiro, tornou-se sócio de “A Afiançadora S.A.”, associação

destinada a garantir e a facilitar a locação de imóveis. Participou do processo de

Figura 1- Octávio Leal Pacheco (fotografia sem data)

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emancipação do município de São Tiago, que ocorreu entre 1948 e 1949, sendo eleito

prefeito por dois mandatos: 1953-1955 e 1959-1963.

Em 1941 voltou a participar dos trabalhos de recenseamento, desta vez como

Inspetor do Serviço Nacional de Recenseamento, centrando-se na região de Rio Novo

Minas Gerais, onde fundou e dirigiu o jornal “O Censo”. Em 1954, quando era prefeito de

São Tiago, participou do III Congresso Nacional de Municípios, no qual apresentou projeto

de reforma constitucional reivindicando a redistribuição das cotas partes do Imposto de

Renda para os municípios. Ao que tudo indica, atuou como rábula, um advogado sem

formação. Ao longo da vida, escreveu poesias e gostava de teatro, atuando e escrevendo

algumas peças encenadas em São Tiago. Tornou-se membro da Academia de Letras de São

João Del-Rei no início da década de 1970. Faleceu, vítima de problemas cardíacos, em 23

de maio de 1975, no Rio de Janeiro, onde foi sepultado. Na década de 1980, os restos

mortais de Leal Pacheco foram trasladados para São Tiago.

Ao longo de sua vida de homem público, político e aspirante a poeta, Leal Pacheco

reuniu mais de mil documentos e os arquivou para compor a sua memória individual. É

esse conjunto de documentos o objeto de análise do presente trabalho. A experiência junto

aos personal papers de Octávio Leal Pacheco apresentou-se como uma possibilidade de

reflexão teórica e metodológica a respeito dos arquivos pessoais, memória e escrita

autobiográfica.

Propiciando reflexões de caráter essencialmente interdisciplinar, os arquivos

pessoais, desde a década de 1970, têm se constituído em fontes privilegiadas para

pesquisas de diversas áreas. Tais pesquisas muitas vezes assumem o caráter interdisciplinar

por conjugar elementos e conceitos da arquivologia, da história, da literatura, sociologia,

psicologia, dentre outros ramos das ciências humanas. O crescente interesse por esses

arquivos caracterizou um verdadeiro boom.

Ao possibilitar a pesquisa com fontes primárias, o desenvolvimento de análises

múltiplas do fenômeno literário, o reconhecimento de obras que estariam à margem do

“cânone” e a valorização de diversos tipos de texto, o Mestrado em Letras da UFSJ (área

de concentração: Teoria Literária e Crítica da Cultura) abre espaço para uma reflexão mais

ampla, tendo a cultura como elemento definidor, na perspectiva interdisciplinar acima

referida.

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O objeto da dissertação, um arquivo pessoal, não é um texto literário, mas é um

texto, aqui entendido em sentido amplo. Os “textos” do arquivo não se enquadram no

cânone tradicional por comprometerem o estatuto ficcional da literatura que vigorou

durante muitos anos. Referenciais por excelência escapavam ao universo textual típico, ou

pelo menos que se considerava típico, das análises literárias. Nas últimas décadas, contudo,

a escrita autobiográfica e as escritas de si, consideradas gêneros menores, abocanharam

mercados, mostraram força e atraíram pesquisadores de diversas áreas do conhecimento.

Crítica genética, biografias e autobiografias, muitas delas originadas dos arquivos pessoais,

seja de pessoas comuns ou de escritores, cientistas e políticos, tornaram-se objetos de

investigação dos pesquisadores.

Nesse sentido, arquivos pessoais podem ser percebidos como uma escrita de si:

pessoas selecionam documentos – desde aqueles mais pessoais até aqueles relacionados à

vida pública, passando por fotografias, objetos e correspondências – com o objetivo de

compor relatos de suas histórias de vida. Os arquivos pressupõem, portanto, registros e

lembranças da vida íntima, da vida profissional e, no caso, dos políticos e homens

públicos, da vida pública, das redes de convivência e solidariedade.

O arquivo pessoal não é um texto autobiográfico clássico. Por isso, a

problematização que este trabalho propõe parte justamente da definição de arquivo pessoal

para responder se tal tipo de arquivo pode ser entendido como um projeto autobiográfico.

Para tanto, a metodologia utilizada centrou-se, por um lado, na revisão bibliográfica sobre

o tema abordado e, por outro, na elaboração de um primeiro inventário do arquivo pessoal.

Na primeira etapa, foi considerada uma bibliografia, inclusive periódicos, sobre memória,

arquivos e autobiografia. Na segunda etapa, procedeu-se o levantamento dos documentos

constantes do arquivo, uma vez que o mesmo ainda possui um caráter privado e não passou

por nenhum tipo de tratamento arquivístico.

A partir disso, a dissertação se estruturou em três eixos. O primeiro é o da memória,

buscando entender como os arquivos pessoais se relacionam com a construção de uma

memória individual, uma memória arquivada e, portanto, selecionada, num contexto

contemporâneo ou pós-moderno marcado pelo boom ou cultura da memória ou ainda

dever de memória (HUYSSEN, 2004; LE GOFF, 2003; NORA, 1993). Nesse contexto, o

sujeito, sob o risco da perda da memória, é levado às práticas do colecionismo de si,

instituindo “lugares da memória”. Para tanto, discute-se os conceitos de memória

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individual e memória coletiva, a partir de Bergson (1990), Halbwachs (2006) e da leitura

que Ricoeur (2007) faz do problema da memória na cultura ocidental.

Também se discute no primeiro capítulo, o conceito de arquivos e sua relação com

a memória, recorrendo-se, sem a pretensão da exaustividade, a conceitos e temas da

arquivística, tais como arquivos públicos e privados, legislação brasileira (Lei de

Arquivos), arquivos pessoais na pós-modernidade, documentos e monumentos. As

principais referências são: Schellenberg (2006), Bellotto (1991; 1998; 2002); Cook (1998),

Ducrot (1998), Fraiz (1998) Costa (1998), Gomes (1998; 2004) e Silva (1999), Colombo

(1991), Derrida (2001), dentre outros autores.

No segundo eixo, tendo como instrumental os princípios e conceitos da arquivística

e fundamentando-se nos autores citados, discute-se o inventário do arquivo pessoal de

Octávio Leal Pacheco. Procurou-se caracterizar e identificar os documentos do arquivo: a

história e a geografia do arquivo, tipologia documental, a distribuição dos documentos por

séries documentais, princípio do respeito aos fundos ou princípio da proveniência,

princípio do respeito à ordem original, intimidade/privacidade e a pesquisa em arquivos

pessoais, o público e o privado no arquivo pessoal e um possível sistema de arranjo do

arquivo pessoal. Possível porque não é objetivo central da dissertação oferecer um arranjo

definitivo do arquivo.

No terceiro eixo, que se considera o principal, procurou-se articular a construção da

memória e a constituição do arquivo com o projeto de construção de uma memória e

imagem de si, uma escrita de si, uma escrita autobiográfica. Nessa etapa do trabalho, a

discussão se dá a partir dos conceitos de biografia, autobiografia e escritas de si, tendo

como principais referências Lejeune (2008), Foucault (s/d), Bourdieu (2006), Levi (2006),

Schmidt (2000), Calligaris (1998), Gomes (2004), dentre outros autores. O conceito básico

é autobiografia, entendida como discurso da memória, narrativa que tem centralidade no

sujeito que narra a sua própria trajetória.

Nessa etapa, os documentos identificados no inventário constituem a base para se

reconhecer o projeto autobiográfico do arquivo. Por isso, não houve um recorte entre os

mais de 1.500 documentos do arquivo pessoal. O conjunto de documentos forma o corpus

que é analisado, tendo como suporte as possíveis séries documentais apresentadas no

segundo capítulo.

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O objetivo geral da pesquisa é analisar o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco

como instrumento de construção de uma memória de si, discutindo conceitos como

arquivo, memória e autobiografia a partir de uma perspectiva interdisciplinar.

Os objetivos específicos do trabalho são:

1. Organizar, descrever e apresentar o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco, a partir de

alguns conceitos da arquivística, visando à sua divulgação e preservação.

2. Discutir como o modo de acumular documentos confere um sentido ao arquivo pessoal.

3. Problematizar a relação entre arquivo pessoal e memória individual, considerando que o

arquivo é uma construção do produtor ou de terceiros e está sujeito a constantes alterações

e reordenações.

4. Contrapor a ilusão de totalidade e coerência dos arquivos pessoais à noção de que

arquivos são narrativas, discursos construídos a partir de fragmentos.

Cabe aqui uma última pergunta introdutória: que sentido tem se ocupar do arquivo

de um “desconhecido”? Como (re)construir a trajetória de um “autor” que não se insere no

cânone seja da historiografia ou da literatura?

O titular do arquivo pessoal, Octávio Leal Pacheco, por um lado, beira à

normalidade e, por outro, à excepcionalidade. Desconhecido do grande público, ele foi um

político interiorano não muito diferente de outros políticos de sua época. O arquivo de

Leal Pacheco, quando comparado a outros arquivos de personalidades de renome nacional,

os quais reúnem muitos milhares de documentos, é realmente pequeno em extensão, mas

ainda assim constitui um acervo importante para a memória local e regional,

A excepcionalidade, por sua vez, evidencia-se, primeiramente, pelo fato do arquivo

pessoal de Octávio Leal Pacheco ter sobrevivido às vicissitudes que normalmente

acometem esse tipo de arquivo, ainda mais numa localidade pequena onde praticamente

inexistem políticas de preservação da memória histórica e cultural. Excepcionalidade que

também se manifesta pela obsessão em reunir documentos referentes à própria pessoa e

que muito caracteriza a personalidade de Leal Pacheco. Nesse sentido, entre a

normalidade e a excepcionalidade, literatura, história e até o cinema têm se ocupado das

histórias de vida, de pessoas comuns ou não, e do seu viver cotidiano: seja como figura

modal ou indivíduo único em toda sua riqueza (BORGES, 2004, p. 300).

Além disso, os critérios para reconhecer a relevância de um acervo documental

estão intimamente relacionados às lutas sociais, políticas, culturais e identitárias de cada

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época. Por isso, esses critérios mudam ao longo do tempo. A preservação e divulgação dos

acervos documentais é, dessa forma, fundamental para a memória cultural e histórica,

sejam elas locais ou em outro nível qualquer. Em jogo, está a disputa por aquilo que cada

época julga relevante guardar.

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CAPÍTULO 1. O lampião – ou à luz das teorias de memória e arquivos

1.1 Memória e memória individual

Mnemosine – a memória – era uma deusa para os gregos da Antiguidade. Filha de

Urano (o Céu) e Gaia (a Terra) e mãe das nove musas: a musa da poesia épica (Calíope), a

musa da história (Clio) e as outras musas das artes/ofícios. Era a essa deusa, e suas filhas,

que os rapsodos, os poetas, pediam inspiração e ensinamento, com elas aprendiam.

Mnemosine3 e as musas são das primeiras gerações de deuses gregos e têm a função de

passar ao poeta a inspiração para que ele narre todas as experiências desde o início dos

tempos: elas são e cantam a memória, provocam a recordação para evitar o esquecimento

salvando os homens do afogamento nas águas do Letes. Através do canto das musas, o

poeta-lembrador re-atualiza o tempo original. O que era então a memória? Um encontro

entre céu e terra e, por extensão, entre corpo e espírito, continuamente narrado e cantado

para unir o antes e o agora e dar sentido ao vivido.

O que é memória hoje? As respostas podem ser muitas: a da neurociência, da

psicologia, da sociologia, da antropologia. Memória do computador, memória eletrônica,

memória biológica... Memória pode referir-se tanto à capacidade de lembrar quanto ao que

justamente forma o conteúdo lembrado. Mas, fundamentalmente, memória continua

associada à ideia de que os indivíduos trazem em si a experiência do decorrer do tempo:

A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. (LE GOFF, 2003, p. 419)

Musas, museu, memória estavam lá no início e estão aqui hoje a nos colocar o

problema do tempo passado e sua conservação, que é a memória propriamente dita. O

canto das musas ecoa ainda hoje, e talvez ainda mais forte, numa sociedade que,

paradoxalmente, tem obsessão pelo novo e pela memória.

A pós-modernidade – essa condição sócio-cultural do capitalismo contemporâneo

ou apenas constatação de que o nosso presente tem uma identidade e se diferencia de

3 A respeito do mito de Mnemosine ver VERNANT (1990, p. 149).

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etapas históricas anteriores, em especial justapondo-se à modernidade – talvez seja a que

mais coloca na ordem do dia a questão da memória. A pós-modernidade não se caracteriza

pelos anseios de revolução – esta sim, marca da modernidade, cuja origem está nos valores

iluministas de combate à tradição e ao princípio da autoridade. Nas palavras de Andreas

Huyssen:

Se a consciência temporal da alta modernidade no ocidente procurou garantir o futuro, então pode-se argumentar que a consciência temporal do final do século XX envolve a não menos perigosa tarefa de assumir a responsabilidade pelo passado. Inevitavelmente, ambas assombradas pelo fracasso (HUYSSEN, 2004, p. 17-18).

Na pós-modernidade, memória, identidade e tradição são acionadas constantemente

– vive-se “seduzido pela memória”, como sugere o título do livro de Huyssen (2004), ou

na febre de memória, como sugere Jacques Le Goff (2003, p. 469) ou ainda na obsessão

pela memória e na mania arquivística que permeia a sociedade contemporânea e da qual

trata Fausto Colombo (1991, p.103): uma sociedade que detesta o esquecimento e remove o

esquecido como uma inquietante prova da impossibilidade de um arquivamento

totalizante. Sociólogos, historiadores, literatos, cineastas, dentre outros pesquisadores e

intelectuais, estão entre aqueles que sentem a febre dessa sedução.

Para alguns, essa guinada memorial é paralela à chamada crise das identidades,

efeito do processo da globalização capitalista que tenta sujeitar as diversas realidades

culturais a uma dinâmica de homogeneização. Tal homogeneização ampara-se nas

inovações tecnológicas – em especial nas comunicações e transportes que encurtaram a

distância e o tempo - e que são as principais marcas do espaço geográfico. Questiona-se a

possibilidade de uma identidade fixa, coerente e permanente no tempo. Stuart Hall (2005,

p. 77-78) reconhece três contradências ao abordar questão da homogeneização cultural:

• ao lado da tendência em direção a homogeneização global, há uma fascinação com

a diferença e com a mercantilização da etnia e da alteridade (p. 77). Essa

diferença representa, portanto, o local, que não deve ser confundido com velhas

identidades enraizadas e imutáveis, mas resultante do embate com o global e deste

embate surgiriam novas identificações globais e locais.

• A globalização é desigual – seja entre países ou dentro de uma mesma região, assim

nem todos participam desse “mercado global” e, portanto, da cultura global.

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• Quem é o mais afetado pela globalização? Alguns teóricos a consideram mais como

fenômeno eminentemente ocidental. Aqui cumpriria perguntar se há culturas

totalmente isoladas e intocadas.

Dessa maneira, para alguns teóricos, a globalização tem como contrapartida

também a evidenciação da diferença, do local em oposição ao global. Para Hall (2003, p.

57), trata-se de um paradoxo da globalização contemporânea: homogeneização cultural e

proliferação das diferenças. O fortalecimento das identidades locais, ainda segundo Hall

(2005, p. 86 e seg.), encontraria eco em posturas defensivas e atitudes de resgate ou

“revival” da memória e do tradicionalismo cultural, que em alguns casos pode chegar ao

racismo cultural, separatismos e fundamentalismos. Hoje não se pode falar de uma

memória, mas de memórias, de uma disputa pela memória que está no âmago da questão

identitária e da luta pela afirmação de direitos dos diversos grupos que compõem as

sociedades.

Como afirma Ulpiano Meneses, a memória está em voga:

Também a memória como suporte dos processos de identidade e reivindicações respectivas está na ordem do dia. Estado [...], entidades privadas, empresas, imprensa, partidos políticos, movimentos sindicais, de minorias e de marginalizados, associações de bairro, escolas, e assim por diante, todos têm procurado destilar sua auto-imagem – mais raramente e com dificuldade a da sociedade como um todo. Palavras-chave são “resgate”, “recuperação” e “preservação” – todas pressupondo uma essência frágil que necessita de cuidados especiais para não se deteriorar ou perder uma substância preexistente. (MENESES, 1999, p.12)

Portanto, é nesse terreno que ressurge, revalorizada e redimensionada, a memória,

parte importante para a constituição daquilo que se denomina identidade, seja individual ou

coletiva. Lembrar, recordar é se autorreconhecer tendo como foco a autodiferenciação.

No século XIX e na maior parte do século XX, o Estado-Nacional era o portador da

memória e referencial da identidade, quando então memória e nação se mesclavam. Com a

globalização e a redefinição do papel do Estado, a emergência do multiculturalismo e das

políticas de afirmação de grupos minoritários (mulheres, etnias, homossexuais, dentre

outros), os novos e velhos atores sociais e políticos necessitam constituir novos discursos

enunciadores de suas experiências e, para isso, recorrem também à memória. Foi nesse

contexto que se desenvolveram pesquisas interdisciplinares, sobretudo identificadas com

os Estudos Culturais e com a Nova História Cultural, que têm nas representações da

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memória e da identidade seu objeto. O campo da cultura e da memória passa a ser também

compreendido e discutido como campo da disputa entre diversas representações da

realidade.

Como explicitação do desejo ou “dever” de memória, ou ainda boom da memória

das últimas décadas, aparecem, por exemplo, as comemorações oficiais (centenário disso,

bicentenário daquilo), as leis e políticas públicas de preservação do patrimônio cultural, a

criação de novos espaços memoriais (museus, arquivos, monumentos, revitalização de

centros históricos e de festas populares etc.), biografias e autobiografias que chegam às

livrarias e ao cinema e caem no gosto do público.

Indivíduos, coletivos sociais e poder público voltam-se para a preservação do

passado ou, pelo menos, “de um passado”. Jacques Le Goff (2003, p. 224) fala de uma

nostalgia, de busca de raízes, expressas na moda “retrô”, no gosto pela história, no

interesse pelo folclore, pela fotografia e no prestígio da noção de patrimônio numa época

de aceleração da história. Também Andreas Huyssen refere-se a esse boom ou cultura da

memória que caracteriza as últimas décadas do século XX, especialmente nos Estados

Unidos e na Europa, e afirma: Não há dúvida de que o mundo está sendo musealizado e

que todos nós representamos nossos papéis nesse processo. É como se o objetivo fosse

conseguir a recordação total (HUYSSEN, 2004, p. 15).

Concomitantemente, enquanto portador de uma memória individual, também o

indivíduo é instado, borgeanamente, a recordar e a guardar vídeos, fotos, objetos, enfim,

documentos que dizem quem se é, sob o risco de se perder na fluidez, na instantaneidade –

outra marca distintiva da pós-modernidade. Tempo incomum esse em que a memória

encontra-se inadvertidamente sob o risco de desmemorização ou do excesso de memória!

Foi Pierre Nora (1993) que, ao discutir a relação entre memória e história, chamou

a atenção para essa multiplicação dos lugares da memória nas sociedades que vivem na

fronteira do esquecimento, em virtude das constantes e velozes mudanças da

contemporaneidade. Essas sociedades, para ele, não são sociedades da memória

espontânea, mas da história, da memória arquivística:

A curiosidade pelos lugares onde a memória se cristaliza e se refugia está ligada a este momento particular da nossa história. Momento de articulação onde a consciência da ruptura com o passado se confunde com o sentimento de uma memória esfacelada, mas onde o esfacelamento desperta ainda memória suficiente para que se possa colocar o problema de sua encarnação. O sentimento

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de continuidade torna-se residual aos locais. Há locais de memória porque não há mais meios de memória. (NORA, 1993, p. 7)

Para Pierre Nora, a memória seria algo vivo, sempre atualizado. Porém, nas

sociedades contemporâneas, a pergunta pela memória é feita através da história, a qual ele

considera como reconstrução problemática e incompleta do que não existe mais (NORA,

1993, p. 9). Reconstrução que acontece a partir de registros e no que eles têm de mais

material, concreto - daí a obsessão pelos lugares da memória e pelos arquivos, suportes de

uma memória que já não é mais vivida, experimentada e reatualizada.

Uma memória que, no decorrer do último século, foi tratada ora como um

fenômeno da subjetividade, ora como de caráter essencialmente coletivo, e que, na

contemporaneidade, cada vez mais assume aspectos privados e locais. Pode-se então

dizer que memória é marca da cultura ocidental - tema/conceito da reflexão filosófica e da

literatura desde a Antiguidade. Fausto Colombo (1991, p. 107) fala de uma “filosofia da

memória” que caracteriza a história cultural do mundo ocidental.

No último século, o tema da memória assumiu posição de destaque no debate

cultural e filosófico. Utilizando as expressões de Ricoeur (2007), podem-se distinguir duas

tradições na ou abordagens do problema da memória: a tradição do olhar interior e a

tradição do olhar exterior que estariam presentes na cultura e filosofia ocidentais.

Ao considerar a tradição olhar interior, Ricoeur aponta três traços que caracterizam

a memória como um fenômeno individual: 1- a memória é algo radicalmente singular (são

as “minhas” memórias, não as do outro) – o que o autor nomeia de minhadade; 2- a

memória é o passado das impressões individuais e garante a continuidade temporal da

pessoa (isto é, sua identidade) e 3- a memória fornece ao indivíduo a orientação temporal –

passado, presente, futuro (Cf. RICOEUR, 2007, p. 107).

Na primeira parte de A memória, a história e o esquecimento, Ricoeur (2007)

retoma e problematiza a noção da memória como experiência interior. A tradição do olhar

interior englobaria aqueles autores que se aproximariam de uma abordagem subjetiva da

memória, ou seja, atribuindo o fenômeno da lembrança ao indivíduo. Esses pensadores

também procuravam distingui-la da imaginação. A memória seria o passado construído e

transmitido por imagens e representações. O filósofo retoma as discussões de Platão (a

questão da reminiscência) e Aristóteles (a constatação da memória como algo do passado)

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passando por Santo Agostinho (a interioridade é o lugar da espacialidade da memória),

chegando a Bergson, este último na esteira de uma fenomenologia da lembrança.

A fenomenologia da lembrança, de inspiração husserliana, é um passo no processo

de superação do psicologismo uma vez que, apesar de considerar a experiência do tempo

como algo íntimo, individual, ela é também intersubjetividade: à consciência intencional

são apresentados o eu, os outros eus e o mundo. Esse é o caráter objetal da memória:

lembrar-se de alguma coisa (RICOEUR, 2007, p. 41).

Henri Bergson, autor de Matéria e Memória (1990), propõe uma análise do

fenômeno da lembrança, de sua permanência e ligação estreita com o corpo. Para ele, cada

imagem do passado formada pelo indivíduo está mediada pelo seu corpo, sempre no

presente: equivale a dizer que meu presente consiste na consciência que tenho de meu

corpo. Estendido no espaço, meu corpo experimenta sensações e ao mesmo tempo executa

movimentos (BERGSON, 1990, p.114). Mas, para escapar à ideia da percepção como

unicamente derivada da corporeidade, desse contato do corpo com o ambiente, Bergson,

dirá que a percepção está impregnada de lembranças, de conservação de uma vida

psicológica anterior, uma vez que nem toda imagem que se forma no cérebro retorna como

ação. Daí a diferenciação entre memória-hábito – quando o corpo retém os esquemas

motores de sua ação no espaço, uma afecção – e memória-lembrança – ocorre

independentemente dos esquemas motores, de caráter evocativo, uma busca. Esta última é

a constatação do passado:

Há, dizíamos, duas memórias profundamente distintas: uma fixada no organismo, não é senão o conjunto dos mecanismos inteligentemente montados que asseguram uma réplica conveniente às diversas interpelações possíveis. Ela faz com que nos adaptemos à situação presente [...]. Antes hábito do que memória, ela desempenha nossa experiência passada, mas não evoca sua imagem. A outra é a memória verdadeira. Coextensiva à consciência, ela retém e alinha uns após outros todos os nossos estados à medida que eles se produzem, dando a cada fato seu lugar e conseqüentemente, marcando-lhe a data, movendo-se efetivamente no passado definitivo, e não, como a primeira, num presente que recomeça a todo instante. (BERGSON, 1990, p.124)

Assim, viver apenas no presente puro é tornar-se puro impulso; viver apenas no

passado puro é tornar-se um sonhador. Octávio Leal Pacheco, homem cioso de sua

memória individual e de sua inserção na memória coletiva, teve o bom senso do equilíbrio

– a memória é do passado, mas trabalhada no presente dele.

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Um ser humano que sonhasse sua existência ao invés de vivê-la manteria certamente sob seu olhar, a todo momento, a multidão infinita dos detalhes de sua história passada. E aquele que, ao contrário, repudiasse essa memória com tudo o que ela engendra, encenaria sem cessar sua existência ao invés de representá-la verdadeiramente: autômato consciente, seguiria a encosta dos hábitos úteis que prolongam a excitação apropriada. (BERGSON, 1990, p. 127, grifos do autor).

Para Bergson, o sonhador jamais sairia do particular, da enumeração de fatos,

nomes, pessoas, lugares sem relação entre si, sem estabelecer conexões entre eles. O que

faz de imediato lembrar Funes, el memorioso, de Jorge Luis Borges (1974) e a sua

incapacidade de generalizar. Funes, a personagem borgeana, lembrava-se de tudo: mais

recordações tinha ele sozinho do que todos os homens juntos, mas não compreendia nada,

era incapaz de abstrair, ficava no particular.

O pensamento de Bergson é voltado para se compreender como o indivíduo se

lembra e do que ele lembra, tendo como eixo a oposição entre perceber e lembrar. Para

Ecléa Bosi (1994, p.53) o mais importante no pensamento de Bergson está justamente em

considerar o princípio central da memória como conservação do passado; este sobrevive,

quer chamado pelo presente sob as formas da lembrança, quer em si mesmo, em estado

inconsciente.

Ricoeur (2007) vê como fragilidade da tradição do olhar interior o problema da

confiabilidade da memória, ainda mais porque durante muito tempo a rememoração foi

relacionada à imaginação. A experiência interior foi relacionada à criação de imagens e

representações (a presença de uma ausência), o que resultaria na sua vulnerabilidade,

afetando a ambição de fidelidade da memória e tornando-a objeto de dúvidas e suspeitas.

Ao questionar a ideia de que a memória não constitui uma representação fidedigna

do passado, seja por causa da sua associação com a imaginação ou por causa da

possibilidade do esquecimento, Ricoeur (2007, p. 40) observa que a memória tem a

pretensão de ser fiel ao passado e que o esquecimento não deve ser tratado de forma

patológica, mas como o avesso de sombra da região iluminada da memória. Se podemos

acusar a memória de se mostrar pouco confiável, é precisamente porque ela é o único

recurso para significar o caráter passado daquilo de que declaramos nos lembrar. A

constatação de que a memória é do passado, não como uma simples afecção, mas sim

como uma anamnesis aristotélica, uma busca, fornece ao filósofo a garantia de

confiabilidade da memória:

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[...] o que deve ser alçado ao primeiro plano, na esteira de Aristóteles, é a menção da anterioridade da ‘coisa’ lembrada em relação a sua evocação no presente, Nessa menção consiste a dimensão cognitiva da memória, seu caráter de saber. É em virtude desse traço que a memória pode ser considerada confiável ou não, e que deficiências propriamente cognitivas devem ser levadas em conta, sem que nos apressemos em submetê-las a um modelo patológico, como o nome desta ou daquela forma de amnésia. (RICOEUR, 2007, p. 45)

A pergunta que se deve colocar agora é: a memória é primordialmente um

fenômeno do eu, uma experiência interior?

A fenomenologia, como foi dito acima, já havia colocado a possibilidade para

escapar ao solipsismo que cercava o problema. A fenomenologia centra-se na

intencionalidade da consciência, na intersubjetividade: a consciência é consciência de

alguma coisa.

Entretanto, opondo-se à redução dos fenômenos mnemônicos exclusivamente ao

indivíduo, desenvolveu-se a tradição do olhar exterior, de viés sociológico. Aqui se

destaca Maurice Halbwachs, cuja obra A Memória Coletiva, teve desdobramentos nos

estudos da memória coletiva realizados pela antropologia, história e psicologia. O caráter

coletivo da memória assume primazia e o sociólogo afirma:

Nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós estivéssemos envolvidos e objetos que somente nós vimos. Isso acontece porque jamais estamos sós. Não é preciso que os outros estejam presentes, materialmente distintos de nós, porque sempre levamos conosco e em nós certa quantidade de pessoas que não se confundem. (HALBWACHS, 2006, p.30)

O indivíduo, membro de um grupo, está sempre interagindo e construindo com os

outros as lembranças. As memórias individuais se alimentariam dessa memória do grupo, o

qual é importante tanto no processo de produção da memória quanto de rememoração. A

memória, portanto, não é uma invenção do indivíduo, mas uma construção social. Ao

caracterizar a “substância social” da memória, Ecléa Bosi afirma:

É preciso reconhecer que muitas de nossas lembranças, ou mesmo de nossas idéias, não são originais: foram inspiradas nas conversas com os outros. Com o correr do tempo elas passam a ter uma história dentro da gente [...]. Parecem tão nossas que ficaríamos surpresos se nos dissessem o seu ponto exato de entrada em nossa vida. Elas foram formuladas por outrem, e nós, simplesmente, as incorporamos ao nosso cabedal. Na maioria dos casos creio que este não seja um processo consciente. (BOSI, 1994, p. 407).

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Na perspectiva social da memória, até mesmo a memória individual tem como base

a memória coletiva. A memória do indivíduo se estrutura a partir das relações que ele

estabelece com os outros; ela está repleta da memória daqueles que o cercam. Por isso, a

memória também não é única e imutável. É uma memória que se modifica de acordo com

o grupo aos qual o indivíduo se vincula e que contrasta com as memórias dos grupos

estranhos ao seu.

Como afirma Pollak:

A priori, a memória parece ser um fenômeno individual, algo relativamente íntimo, próprio da pessoa. Mas Maurice Halbwachs, nos anos 20-30, já havia sublinhado que a memória deve ser entendida também, ou sobretudo, como um fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações, mudanças constantes (POLLAK, 1992, p. 2).

Entretanto, para que a memória individual se aproveite da memória coletiva

Halbwachs afirma que ela não pode deixar de concordar com a memória dos outros, ou

seja, tem de haver pontos de contato para que a lembrança se torne comum a todos os

indivíduos do grupo:

Não basta reconstituir pedaço a pedaço a imagem de um acontecimento passado para obter uma lembrança. É preciso que esta reconstrução funcione a partir de dados ou de noções comuns que estejam em nosso espírito e também no dos outros, porque elas estão sempre passando destes para aquele e vice-versa, o que será possível somente se tiverem feito parte e continuarem fazendo parte de uma mesma sociedade, de um mesmo grupo. (HALBWACHS, 2006, p.39)

Halbwachs, para confirmar que a memória coletiva é primordial, ainda diz que a

memória individual, além de evocar a memória dos outros, necessita de certos pontos de

referência que existem fora de si, portanto, na sociedade: Mais que do que isso, o

funcionamento da memória individual não é possível sem esses instrumentos que são as

palavras e as idéias, que o indivíduo não inventou, mas toma emprestado de seu ambiente

(HALBWACHS, 2006, p.72).

O indivíduo chama para a sua memória, o outro e as memórias do outro. Ao

constituir um arquivo pessoal, uma coleção de documentos, não é isso que faz Octávio

Leal Pacheco?

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O que fiz, está gravado na CONSCIÊNCIA DOS JUSTOS, CONSTA DOS JORNAES DA IMPRENSA CARIOCA E DOS ANNAES DO CONGRESSO FEDERAL.4

Assim escreve Octávio Leal Pacheco em panfleto político de 1930, cujo título era

“São Thiago Sempre!” e no qual se posiciona frente aos acontecimentos que resultariam na

Revolução de 1930. Estar na consciência dos justos, nos jornais cariocas e nos anais do

Congresso significava estar gravado na memória coletiva. A memória dos “justos”, os

jornais e anais do Congresso constituiriam um arquivo, depositário dos documentos que

comprovariam os atos do indivíduo Octávio Leal Pacheco. Estar nos arquivos era inscrever

a sua memória individual na memória coletiva.

A memória individual, nesse sentido, existe enquanto existe também o outro que

“diz” e “pensa” o indivíduo: cartas, mensagens e imagens dos outros, tudo isso Leal

Pacheco utiliza para construir a própria memória e compor seu arquivo. A memória se

constitui, por conseguinte, em narrativa, envolvendo narradores e ouvintes. Narrar é

intercambiar experiências, lembranças.

Conforme Ricoeur (2007) é a dialética entre memória individual e coletiva, ou

seja, a percepção da própria experiência individual de pertencer a um grupo e o fato de que

se aprende com os outros, que permite à memória individual tomar posse de si mesma.

Com os outros, o indivíduo recorda e se reconhece: é essencialmente no caminho da

recordação e do reconhecimento, esses dois fenômenos mnemônicos maiores de nossa

tipologia da lembrança, que nos deparamos com a memória dos outros (RICOEUR, 2007,

p. 130-31).

Para o indivíduo, a memória é a capacidade de reter o passado, de representação do

passado, voluntária ou involuntária. Por isso, ela é fundamental para o seu auto-

reconhecimento como pessoa e/ou como membro de uma comunidade pública, como uma

nação, ou privada, como uma família. [...] A memória atualiza o tempo passado,

tornando-o tempo vivo e pleno de significados no presente (DELGADO, 2006, p.38).

4 Panfleto: São Thiago, sempre!, 30/01/1930, M1/392 (grifos do autor). Doravante, as referências dos documentos do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco serão indicadas com o título do documento, a data, o número da mala onde ele se encontra (mala 1 ou M1, mala 2 ou M2, mala 3 ou M3, mala 4 ou M4, mala 5 ou M5, maleta preta ou MP, maleta vermelha ou MV e pasta azul ou PA) e o número (entrada) que o documento recebeu no inventário dos documentos do arquivo. Nas referências, o nome de Octávio Leal Pacheco pode assumir a forma da sigla OLP e também respeitou-se, nas citações, a ortografia da época.

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Nesse intercâmbio que caracteriza a relação entre a memória coletiva e a individual,

as lembranças de uns podem não se adequar às lembranças de outros e isso faz entrar no

jogo a disputa pela memória, a decisão sobre o que deve ser lembrado e esquecido:

Já repetimos muitas vezes: em medida muito grande, a lembrança é uma reconstrução do passado com a ajuda de dados tomados de empréstimo ao presente e preparados por outras reconstruções feitas em épocas anteriores e de onde a imagem de outrora já saiu bastante alterada. (HALBWACHS, 2006, p. 91).

Retomando a citação anterior de Leal Pacheco, era preciso estar na memória, mas

na memória dos “justos” para que se possibilitasse a reconstrução do passado. Por outro

lado, há também outra memória, diferente da anterior: a memória dos “injustos”, a qual

possibilitaria outra reconstrução do passado. Essa é a evidenciação do jogo de poder na

construção da memória coletiva e na qual se inscrevem as memórias individuais.

Mais que discordância entre lembranças, a memória coletiva pode ser manipulada,

uma vez que também é instrumento de poder. Daí a constatação dos usos e abusos da

memória – e também do esquecimento. Como afirma Ricoeur (2007, p.71), lembrar-se não

é apenas receber uma imagem do passado, pronta e definitiva, mas é uma busca, é fazer

alguma coisa – a memória é exercitada, trabalhada. Os “abusos” apareceriam da relação

entre a ausência da coisa lembrada e a representação que se faz dela. E nesse ponto,

Ricoeur afirma que o cerne do problema é justamente um dos aspectos mais evidentes da

memória coletiva: o de estar a serviço de uma identidade.

A memória coletiva teria a função de propiciar o sentimento de pertencer ao grupo,

o qual teria um passado comum. As memórias coletivas seriam, nas palavras de Michael

Pollak, tentativas mais ou menos conscientes de definir e de reforçar sentimentos de

pertencimentos e fronteiras sociais entre coletividades de tamanhos diferentes: partidos,

igrejas, sindicatos [...] clãs, famílias, nações. (POLLAK, 1989, p. 9). A memória coletiva

seria, enfim, base de uma identidade social. E aqui não se poderia confundir a memória

com a história ou memória histórica. Também para Halbwachs, a memória é sempre

sentida, vivida, experimentada; a história, por sua vez, seria impessoal. A memória é a

sensação de continuidade do passado, enquanto a história é uma narrativa escrita que se

impõe quando morre a memória (Cf. HALBWACHS, 2006, p. 100). A história não é

memória por haver descontinuidade entre quem a lê e escreve e os indivíduos e grupos ali

representados.

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Ricoeur problematiza a associação da memória com a identidade na medida em que

percebe três fragilidades no conceito de identidade: a primeira é o caráter temporal da

identidade: como permanecer o mesmo ao longo do tempo? Outra fragilidade é a questão

do outrem: É um fato que o outro, por ser outro, passa a ser percebido como um perigo

para a identidade própria, tanto a do nós como a do eu (RICOEUR, 2007, p. 94). A

terceira fragilidade reside na constatação de que toda identidade é fruto de uma herança

violenta: os mesmos acontecimentos podem significar glória para uns e humilhação para

outros. À celebração, de um lado, corresponde a execração, do outro. É assim que se

armazenam nos arquivos da memória coletiva, feridas reais e simbólicas. (RICOEUR,

2007, p. 95).

Na tentativa de superar a dificuldade de associação entre a memória e a identidade,

Ricoeur (2007) propõe que não se deve desconsiderar as condições históricas nas quais o

dever de memória é requerido e que esse dever vem tanto de uma coerção externa quanto

da subjetividade da obrigação, os quais devem ser amalgamadas pelo senso de justiça. A

justiça, para o filósofo, é a virtude que por excelência é voltada para o outro e a vítima teria

prioridade moral.

Diante das duas tradições, a do olhar interior e a do olhar exterior, o que se pode

concluir, com Ricoeur, é que não se pode definir qual memória assume primazia: a

individual ou a coletiva. É uma aporia. Existiria alguma lembrança exclusivamente pessoal

ou será que não se é sujeito das próprias lembranças?

Por um lado, considera-se que o indivíduo, através da linguagem, do ouvir e narrar,

partilha da memória comum, por outro, observa Ricoeur, o ato de recordar é pessoal, parte

do indivíduo para encontrar o social, algo que o próprio Halbwachs já considerava em sua

obra:

Contudo, se a memória coletiva tira sua força e sua duração por ter como base um conjunto de pessoas, são os indivíduos que se lembram enquanto integrantes do grupo. [...] De bom grado, diríamos que cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, que este ponto de vista muda segundo o lugar que ali ocupo e que esse mesmo lugar muda segundo as relações que mantenho com outros ambientes. (HALBWACHS, 2006, p. 69, grifo meu).

Ricoeur (2007) propõe explorar os recursos da complementaridade entre as duas

abordagens antagônicas, os quais, para ele, estão mascarados por preconceitos de ambas as

partes – idealista por parte da fenomenologia e positivista dos primórdios da sociologia. O

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fenômeno da lembrança é algo psíquico e não atribuir tais fenômenos ao indivíduo parece

abstrato. É a constatação da “minhadade” como traço distintivo da memória, o que se

observa a partir da forma pronominal dos verbos de memória (lembrar-se de algo é

lembrar-se de si) – ponto positivo da tradição do olhar interior (Cf. RICOEUR, 2007, p.

136). Mas atribuir a possibilidade da lembrança ao “eu” também implica reconhecer que o

outro também se lembra, o que se dá no plano da linguagem: e é essa capacidade de

designar a si mesmo como dono das próprias lembranças que [...] leva a atribuir a outrem

como a mim mesmo os fenômenos mnemônicos (Ibidem, p. 138).

O filósofo francês, portanto, não aboliu o problema das duas memórias, ele afirma

apenas que o enquadrou: propõe uma fenomenologia aplicada à realidade social no cerne

da qual se inscreve a participação de sujeitos capazes de designar a si mesmos como

sendo, em diferentes graus de consciência refletida, os autores de seus atos (RICOEUR,

2007, p. 138). O reconhecimento da memória do outro é o ponto positivo da vertente

sociológica da memória: É assim que a fenomenologia do mundo social penetra sem

dificuldades no regime do viver juntos, no qual os sujeitos ativos e passivos são de

imediato membros de uma comunidade ou de uma coletividade. (Ibidem, p. 139). Uma

coletividade em que entram os próximos e os distantes; os contemporâneos e aqueles que

vieram antes e os que virão depois do indivíduo.

O momento do encontro entre a memória individual e a memória dos outros se

constitui como linguagem: a rememoração é narrativa – é o ingresso da memória na esfera

pública. Eu lembro, mas lembro com os outros, lembro dos lugares, dos acontecimentos e

os outros me fazem também lembrar. Os indivíduos são ouvintes e narradores de

memórias: o vivido é narrado para não cair no esquecimento. Mas, como afirma Eclea

Bosi, a recordação é faculdade individual uma vez que as memórias são contadas sob o

único foco possível que é o daquele que lembra e só se tornam significativas para quem

ouve através de sua própria faculdade memorial: se faltamos nós mesmos entre as

testemunhas a lembrança não se realiza (BOSI, 1994, p. 414).

Vale aqui, por fim, citar uma exortação de Pierre Nora que discutiu o citado

contexto “dever de memória” que marca o nosso presente e no qual a memória individual é

colocada em confronto com a memória coletiva:

Porque a coerção da memória pesa definitivamente sobre o indivíduo e somente sobre o indivíduo, como sua revitalização possível repousa sobre sua relação pessoal com seu próprio passado. A atomização de uma memória geral em

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memória privada dá à lei da lembrança um intenso poder de coersão [sic] interior. Ela obriga cada um a se relembrar e a reencontrar o pertencimento e segredo da identidade. Esse pertencimento, em troca, o engaja inteiramente. Quando a memória não está mais em todo lugar, ela não estaria em lugar nenhum se uma consciência individual, numa decisão solitária, não decidisse dela se encarregar. Menos a memória é vivida coletivamente, mais ela tem a necessidade de homens particulares que fazem de si mesmos homens-memória (NORA, 1993, p.18, grifos meus).

Na imbricação entre memória individual e memória coletiva pretende-se ir ao

encontro do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco, um homem-memória. Essa é a

perspectiva desta pesquisa: narrativas do eu e narrativas dos outros sobre o eu. O arquivo é

parte de uma memória individual, mas que se mistura a outros arquivos. Leal Pacheco

arquivava e era arquivado. Por isso, apresenta-se a partir deste ponto uma discussão da

relação entre a memória e os arquivos.

1.2 Memória e arquivos

A memória pode ter uma corporeidade? Os diferentes objetos que as pessoas

produzem ou acumulam ao longo da sua existência e que sobrevivem a elas podem ser

entendidos como a presença física do passado, das lembranças, da memória? Por que então

sobrevivem alguns objetos/documentos enquanto outros desaparecem, são “esquecidos”?

A memória individual é só o que ele guarda ou também o que o outro guarda dele? O

arquivo pessoal é simplesmente resultante do ato de alguém colecionar algo ou é expressão

de uma intencionalidade? Ambos? O que diferencia arquivos públicos de arquivos

pessoais?

Antes de se considerar tais questões é preciso tentar definir o que seja um arquivo e,

no caso do presente trabalho, o que é um arquivo pessoal, levando-se em consideração a

“arqueologia” dos arquivos como recurso para romper com uma visão ingênua sobre os

mesmos – uma visão que se caracteriza por considerar o arquivo e seu conteúdo como algo

dado, imutável, definitivo e portador da “verdade”. Como afirma Terry Cook, numa

perspectiva pós-moderna dos arquivos, cabe desnaturalizar o arquivo e considerar

O contexto por trás do texto, as relações de poder que conformam a herança documental lhe dizem tanto, se não mais, que o próprio assunto que é o conteúdo do texto. Nada é neutro. Nada é imparcial. Tudo é conformado, apresentado, representado, simbolizado, significado, assinado, por aquele que

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fala, fotografa, escreve, ou pelo burocrata governamental, com um propósito definido, dirigido a uma determinada audiência. (COOK, 1998, p.139-140)

Ou seja, através de uma “arqueologia” que permite identificar a constituição dos

arquivos como um processo de produção social resultante do jogo entre o que deve ser

lembrado, portanto guardado, e o que deve ser esquecido, descartado. Ou nas palavras de

Reinaldo Marques (2007, p. 18), em artigo tratando especificamente dos arquivos

literários, uma história, enfim, ciente de que as origens estão rasuradas, perdidas, e que os

acontecimentos somente nos são acessíveis pela mediação de documentos e monumentos,

em seus usos pelo poder.

Enquanto lugar de guarda de documentos, os arquivos tiveram origem antiga:

coincide com o próprio aparecimento da escrita e o desenvolvimento de civilizações na

Mesopotâmia, no Egito e, na tradição ocidental, com a civilização grega da Antiguidade.

Templos e palácios estariam entre os primeiros “arquivos”: no templo conservavam-se os

tratados, leis, minutas da assembléia popular e demais documentos oficiais

(SCHELLENBERG, 2006, p. 25).

O surgimento dos Estados ou cidades-estado e a complexidade da vida social e

econômica fizeram aumentar a produção de documentos que regulavam as relações entre

indivíduos, em especial documentos escritos (legislação) que tinham de ser guardados para

que o Estado legitimasse e usasse o seu poder. Portanto, o arquivo nasce de uma função

social – é a seleção e guarda de documentos que garantiriam o funcionamento e

administração do Estado e regulariam a vida social. Essa é a origem do que futuramente foi

chamado de arquivo público ou oficial. Arquivo, administração, Estado e poder estão

originariamente imbricados: arquivos serviam ao Estado. Guardam-se os documentos que

cumprem uma finalidade na estrutura administrativa do Estado e que podem servir de

prova para o próprio Estado e, em épocas mais recentes, para o cidadão.

Derrida (2001) ao tratar da etimologia da palavra arquivo liga-a ao arconte –

guardião de documentos, e sua residência, arkheion, e relaciona a gênese do arquivo com

os princípios topológico e nomológico: o arquivo é o lugar da lei, da verdade, mas também

do arkhé, da origem. O arquivo é, por conseguinte, instituidor e conservador, começo e

comando.

Exterioridade de um lugar, operação topográfica de uma técnica de consignação, constituição de uma instância e de um lugar de autoridade (o

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arconte, o arkheion, isto é frequentemente o Estado e até mesmo um Estado patriárquico ou fratriárquico), tal seria a condição do arquivo. Isto não se efetua nunca através de um ato de anamnese intuitiva que ressuscitaria, viva, inocente e neutra, a originalidade de um acontecimento. (DERRIDA, 2001, p.8)

Aos poucos, à dimensão oficial dos arquivos foi incorporada outra dimensão, de

caráter cultural: o arquivo como lugar de guarda da memória coletiva, dos elementos

fundadores da identidade social e de prova histórica dos acontecimentos do passado.

A ideia de arquivo como lugar de guarda dos documentos gerados pela atividade

administrativa (valor primário dos documentos – informação, prova dos atos

administrativos) e que passam a ter valor de prova histórica (valor secundário dos

documentos - testemunho) tem assim longa tradição. Teve início com as civilizações da

antiguidade e perpassa a época medieval, quando igrejas e mosteiros passaram a ser

guardiões do saber e da memória. A partir do século XVIII, após a Revolução Francesa,

com a formação do Estado-Nação, o arquivo se consolidou enquanto instituição oficial. Foi

nessa época que apareceram as primeiras instituições públicas cuja organização se

aproxima do que hoje se reconhece como arquivo público oficial, como foi também o

momento em que ocorreu o desenvolvimento da arquivística.

Segundo Schellenberg (2006), um decreto de 1794 estabeleceu na França a

administração dos arquivos públicos, sob a jurisdição dos Archives Nationales de Paris, e o

direito de acesso aos documentos públicos: os documentos da sociedade antiga [antes da

Revolução] foram preservados principalmente e, talvez, sem essa intenção, para usos

culturais. Os da nova sociedade o foram para proteção de direitos públicos

(SCHELLENBERG, 2006, p. 27). O arquivo era essencial para a montagem do novo

Estado francês e fundamental para o cidadão, que a ele podia recorrer quando necessário.

Conclui-se, portanto, que os arquivos modernos nascem por duas razões: necessidades de

ordem prática da gestão do Estado e por razões culturais - conservação da memória e do

patrimônio documental.

Outros países criariam nos séculos seguintes os seus “arquivos nacionais”. No

Brasil, por exemplo, a instituição surgiu no século XIX, quando foi criado o Arquivo

Público do Império.

Hoje, com o crescimento da produção de documentos, redefinições do Estado e da

máquina burocrática, surgimento de documentos eletrônicos, os arquivos e a própria

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arquivística se veem frente ao desafio de propor novos paradigmas e novas técnicas de

arquivamento, recolhimento e eliminação de documentos5.

É preciso que se diga, e o lembra Reinaldo Marques (2007), que essa história não se

apresenta como uma linearidade absoluta, existindo descontinuidades, pois o arquivo é

resultante do jogo de poder, de lembrança e esquecimento. O arquivo não é a totalidade da

memória, há o “dentro e fora” do arquivo. O arquivo oficial é uma manifestação do poder

do Estado, do grupo que se instala no poder, mas não é toda a memória, uma vez que, em

geral, estão fora do arquivo a tradição oral e a memória das minorias.

Diante do exposto, pode-se tentar uma definição de arquivo. Em sentido bastante

amplo, qualquer registro da experiência humana pode ser entendido como um arquivo –

das pinturas rupestres pré-históricas aos bancos de dados da atualidade - na medida em que

tais registros são conjuntos de testemunhos e informações sobre essa experiência.

Informações que são produzidas e armazenadas em vários suportes, constituindo-se num

primeiro momento, no dizer de Le Goff, monumentos, heranças do passado:

O monumentum é um sinal do passado. Atendendo às suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos (LE GOFF, 2003, p. 526).

Numa perspectiva tradicionalista, de acordo com o Manual de Arranjo e Descrição

de Arquivos, da Associação dos Arquivistas Holandeses, obra do século XIX e publicada

no Brasil pelo Arquivo Nacional em 1973, arquivo era o arquivo público, assim definido:

é o conjunto de documentos escritos, desenhos e material impresso, recebidos ou produzidos oficialmente por determinado órgão administrativo ou por um de seus funcionários, na medida em que tais documentos se destinavam a permanecer na custódia desse órgão ou funcionário. (p.13, grifos meus)

Contemporaneamente, segundo Celso Castro (2008, p. 27), arquivo é uma

instituição destinada à guarda de documentos de origem pública e privada, e, por extensão,

também o próprio conjunto de documentos guardados. Essa última definição, digamos

funcional, identifica a essência da origem do arquivo: não é o acúmulo aleatório de

documentos, mas nasce da necessidade de um ente público ou privado.

Arquivos guardam documentos. O que são documentos? Segundo a perspectiva

tradicionalista, conforme o citado Manual de Arranjo e Descrição de Arquivos (1973),

5 A respeito ver COOK (1998); BELLOTTO (1991; 1998).

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documentos arquivísticos seriam apenas documentos escritos, desenhos e material

impresso. Outros objetos não poderiam constar do arquivo, eles integrariam coleções de

museus, bibliotecas e de particulares.

Já no século XX, Theodore R. Schellenberg, na obra Arquivos Modernos, assim

definiu documentos:

Todos os livros, papéis, mapas, fotografias ou outras espécies documentárias, independentemente de sua apresentação física ou características, expedidos ou recebidos por qualquer entidade pública ou privada no exercício de seus encargos ou em função de suas atividades e preservados ou depositados para preservação por aquela entidade ou por seus legítimos sucessores como prova de suas funções, sua política, decisões, métodos, operações ou outras atividades, ou em virtude do valor informativo dos dados neles contidos. (SCHELLENBERG, 2006, p. 41)

Ampliado o conceito de documentos, tem-se hoje refletido não propriamente sobre

o que seja ou não documento, mas o próprio processo de arquivamento, em virtude de se

considerar fundamental o papel da seleção de documentos e o jogo de poder presente nessa

operação: tão ou mais importante do que aquilo que o hipotético titular guarda é como ele

guarda (CASTRO, 2008, p. 32).

No arquivo, os testemunhos, rastros do passado no presente, são transformados em

documentos – aqui tomados em sentido amplo e não apenas como referência a textos

escritos.

O documento, portanto, não preexiste ao arquivo: um determinado artefato se constitui em documento na medida em que é associado, por diferentes pessoas, a uma serie de concepções de valor, memória e passado que o levam a ser preservado (CASTRO, 2008, p. 29).

Os materiais da memória guardados nos arquivos são resultantes de escolhas, de um

processo de seleção. O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é

um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o

poder (LE GOFF, 2003, p. 535-536). E é o próprio Le Goff quem alerta que esse

documento volta a se tornar monumento, conceito agora relacionado com a sua utilização

pelo poder. Todo documento é monumento: à pretensa objetividade do documento, opõe-se

a intencionalidade do monumento. Foucault, em A Arqueologia do Saber (2005, p. 33),

também observa que é necessário pôr em questão o documento: pois ele não é a verdade.

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Por isso, a história deve considerá-lo monumento. Para Foucault, o arquivo não diz a

verdade, mas diz sobre a verdade e a história.

Para Ricoeur (2007), o momento do arquivamento é o momento da inscrição do

testemunho como escrita, o que o distancia da memória vivida, que é originariamente

contada, oral. Enfim o arquivamento transforma memória em história: assume o primeiro

plano a iniciativa de uma pessoa física ou jurídica que visa a preservar os rastros de sua

própria atividade; essa iniciativa inaugura o ato de fazer história (RICOEUR, 2007, p.

178). O filósofo questiona a partir do pharmakon de Platão se os arquivos são remédio ou

veneno para a memória e constata que a defesa do arquivo

permanecerá suspensa, na medida em que não sabemos, e talvez não saibamos jamais, se a passagem do testemunho oral ao testemunho escrito, ao documento escrito, é, quanto a sua utilidade ou seus inconvenientes para a memória viva, remédio ou veneno – pharmakon (RICOEUR, 2007, p. 178).

Assim, definir o arquivo como lugar de conservação da memória não basta, é

preciso considerar o próprio ato de arquivamento ou, no dizer de Derrida (2001),

considerar a consignação - reunião de signos. Ato que não é neutro e objetivo como

preconizava uma teoria arquivística de inspiração positivista.

Um documento foi produzido por um indivíduo ou por uma instituição com um

objetivo imediato (funcional), mas só se torna “fonte” mais tarde, quando é selecionado

pelo pesquisador ou pelo arquivista. Nos arquivos institucionais, que recebem uma grande

massa de documentos, o descarte de documentos é inevitável, e tal descarte dependerá de

avaliações tendo como base o sistema de arranjo do arquivo e o arquivista – ou seja, nesse

processo de descarte entram juízos de valor (BELLOTTO, 1991; COOK, 1998). Se a

produção de documentos é cumulativa, atingindo proporções gigantescas, a seleção se

impõe como necessidade. Pode ser dito aqui, que esta seleção é um mal necessário, pois

não é possível preservar tudo. Mas a seleção não segue apenas critérios de racionalidade

técnica, os quais também não são puramente objetivos. No caso dos arquivos públicos

deve-se perguntar pela política que dirige a constituição destes lugares da memória e, como

disse Nora (1993), em que contexto se dá a demanda pela memória.

O arquivo não é a memória vivida, mas a memória selecionada. Arquivistas e

outros profissionais de arquivos escolhem, mediante alguns critérios, quais documentos são

histórica e socialmente relevantes e que, por conseguinte, serão conservados

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permanentemente. Terry Cook (1998), em artigo no qual discute os princípios da

arquivística na pós-modernidade, refere-se principalmente ao papel do arquivista no

arquivamento. A ideia de imparcialidade dos arquivistas já não é mais aceitável, uma vez

que estes não são mais passivos “custodiadores” de documentos, mas “ativos

conformadores” da herança arquivística e continua:

[...] os pós-modernistas vêem explicitamente os arquivos como fragmentos de universos de documentos agora perdidos ou destruídos. Encaram os próprios documentos como espelhos distorcidos que alteram os fatos e realidades passados, mas, ironicamente, consideram que servem como "sinais” dentro de contextos já semioticamente construídos, contextos que são, eles mesmos, dependentes de instituições (no caso de registros oficiais) ou indivíduos (se forem relatos de testemunhas oculares). (COOK, 1998, p.140, grifo meu)

1.2.1 Os arquivos pessoais

Os arquivos reúnem testemunhos transformados em documentos – testemunhos da

memória individual e da memória coletiva. O ato de arquivar - portanto de selecionar,

recortar, incluir e excluir - realizado por uma pessoa física também nasce da necessidade

de preservar os rastros de sua atividade: é voluntário, mesmo que para a constituição do

arquivo sejam chamados testemunhos não voluntários, testemunhos a contragosto.

Lembrar de si é lembrar-se do outro e com o outro.

No caso em estudo, o arquivo de Octávio Leal Pacheco, a intencionalidade do

produtor fica evidente e é afirmada a partir de expressões apostas a documentos: “cópia”,

“para o arquivo”. Como consequência dessa ação intencional, o conjunto de documentos

torna-se ele próprio um monumento: resultado do projeto do produtor de apresentar ao

futuro uma imagem de si e de exercer um controle sobre ela. Que outro motivo levaria

Octávio Leal Pacheco manter, por exemplo, cópias datilografadas ou manuscritas de

correspondências e outros documentos? Quantos de nós fazemos cópias das cartas que

escrevemos ao longo da vida e depois as guardamos?

A existência de arquivos privados, pessoais e familiares remonta à antiguidade,

antes mesmos de eles serem considerados “arquivos”. Segundo GARCIA (1998, p. 175,

grifos da autora), apesar dessa antiguidade, a noção de “arquivo privado” demorou a ser

acolhida pela doutrina e pela legislação, porque os conjuntos documentais de entes

privados não eram qualificados como “arquivos”. É recente, da época contemporânea, o

reconhecimento dos arquivos privados. A partir daí, até arquivos públicos oficiais

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passaram a custodiar arquivos de proveniência pessoal, sendo-lhes aplicado tratamento

arquivístico semelhante àquele dado aos documentos públicos. Esses arquivos pessoais

pertenceram principalmente a políticos e filósofos, escritores e artistas, membros do clero e

estadistas, enfim, uma gama de indivíduos preocupados com o arquivamento de suas

atividades, seja de forma intencional ou não. Praticamente todos pertenciam às elites –

sociais, políticas e intelectuais – de suas épocas.

À medida que houve uma democratização da alfabetização, houve uma tendência a

ampliar esse grupo. Porém, em geral, as memórias e experiências históricas de indivíduos

de camadas populares, das “pessoas comuns” e das minorias são relatadas tendo como base

documentos esparsos: os diários, as memórias e os manifestos políticos, a partir dos quais

podem ser reconstruídas as vidas e as aspirações das classes sociais inferiores são

escassos, antes do final do século dezoito, com exceção de alguns poucos períodos

(SHARPE, 1992, p. 43).

Em grande parte, essas histórias individuais são reconstruídas através da releitura

de registros oficiais produzidos sobre eles – a exemplo de documentos judiciários,

cartorários. Textos recentes da historiografia, em especial da chamada Nova História

Cultural e da micro-história, procuraram resgatar esses sujeitos, dando-lhes voz. Como

exemplo, pode-se citar o trabalho do historiador italiano Carlo Ginzburg, O queijo e os

vermes (1998), no qual aborda a trajetória de um moleiro acusado de heresia no século

XVI. Como afirma Peter Burke (1992, p.12-13): [...] vários novos historiadores estão

preocupados com a ‘história vista de baixo’; em outras palavras, com as opiniões de

pessoas comuns e com sua experiência da mudança social. Mas foi preciso desenvolver

novas metodologias, conceitos e encontrar outras fontes, que não as tradicionais, para

escrever estas histórias.

Philippe Lejeune (2008, p. 114 et seq.), ao tratar da “autobiografia dos que não

escrevem” também aborda esse “silêncio” da memória popular e de como tem se ampliado

nos últimos anos, inspirados por métodos etnográficos, os registros dos relatos de vida das

pessoas que não são das “classes dominantes”, em especial os relatos orais, gravados e

depois transformados em escrita.

Considerando o século XIX, e a realidade de parte da Europa, Lejeune pondera que

o “silêncio” vai além da questão da alfabetização, pois

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O problema da alfabetização e da aculturação esconde um outro problema: o do circuito de comunicação do impresso e da função dos textos e discursos que passam por esse canal. Esse circuito está nas mãos das classes dominantes e serve para promover seus valores e ideologia. (LEJEUNE, 2008, p. 131)

Assim, não se pretende negar a existência de arquivos de “pessoas comuns” ou que

as mesmas não são portadoras de uma memória, mas evidenciar que a constituição de

arquivos pessoais era uma prática mais afeita a grupos letrados da elite política e

intelectual. E acaso essa constatação não vale ainda hoje? Estão aí para provar, os arquivos

de políticos, empresários e intelectuais alocados em diversas instituições.

Essas considerações são relevantes porque permitem identificar o lugar de onde

falam o produtor de arquivos e seus interlocutores. No caso em estudo, o arquivo pessoal

de Octávio Leal Pacheco, é um arquivo de um político. De “baixo”? Certamente, não. De

“cima”? Talvez, considerando a inserção política e cultural de Leal Pacheco nos níveis

local e regional, apesar de o próprio Leal Pacheco se considerar “de cima”... mas isso é

para a segunda parte deste trabalho. Relevante é também não tratar os conceitos de “cima”

e “baixo”, de forma simplista, relativizando-os no tempo e no espaço.

Considerar os arquivos pessoais como “arquivos” é, como foi dito, algo recente.

Mais recente ainda é a sua valorização por pesquisadores. A arquivística tradicional era

enfática a esse respeito. De acordo com o Manual de Arranjo e descrição de Arquivos, os

“arquivos de família” constituiriam

por via de regra, um aglomerado de papéis e escritos, que os vários membros de determinada família, ou os habitantes de uma casa ou castelo, na qualidade de pessoas privadas ou a títulos diversos, algumas vezes mesmo como colecionadores de curiosidades reuniram e conservaram. Os documentos de um arquivo de família não formam «um todo»; foram, não raro, agrupados segundo os mais estranhos critérios e falta-lhes a conexão orgânica de um arquivo no sentido em que o define o presente Manual. As regras para o arquivo em sua acepção própria, não se aplicam, pois, aos arquivos de família. (1973, p. 19)

Segundo Terry Cook (1998), durante muito tempo, a arquivística tradicional tratou

os arquivos pessoais como secundários, frente aos fundos arquivísticos produzidos pelas

instituições oficiais.

Para certos arquivistas, arquivos pessoais privados eram considerados como

“coleções” e não se reconhecia neles a organicidade que seria própria dos conjuntos de

documentos de origem pública. Assim,

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Foi somente a partir da segunda metade deste século que o arranjo de papéis privados deixou de se basear em práticas e métodos biblioteconômicos. Antes, eles eram tomados como simples unidades avulsas, sem que se levasse em consideração seu caráter orgânico, perceptível pelo processo de acumulação (FRAIZ, 1998, p. 62).

Dessa maneira, arquivos pessoais quase nunca eram absorvidos por arquivos

públicos e oficiais, à exceção de alguns arquivos de homens públicos. Os arquivos pessoais

seriam, por isso, alocados em instituições como bibliotecas, universidades e centros de

documentação. Muito do preconceito residia no fato de se considerar os documentos de

arquivos institucionais acumulações “naturais e necessárias” da atividade administrativa

enquanto que os documentos de arquivos pessoais, marcados pelo propósito de construção

da imagem do indivíduo, seriam intencionais, “anárquicos”, e a acumulação desses

documentos não seguiria o padrão das instituições oficiais. Portanto, numa visão antiga, o

arquivo pessoal se aproximava mais de uma coleção do que do arquivo em si.

A diversidade de material e suporte que caracteriza os documentos dos arquivos

pessoais e o fato deles não se originarem de uma única fonte contribuíam para alimentar o

“preconceito” em relação aos arquivos pessoais. Tais características não conferiam aos

arquivos pessoais aquilo que os arquivistas mais reconheciam no arquivo oficial, cujos

documentos resultam de uma acumulação necessária: a organicidade.

Entretanto, nas últimas décadas, os arquivos pessoais passaram a ser mais

valorizados e procurados. Essa valorização ocorreu em um contexto de renovação da

prática historiográfica6: desenvolvimento da nova história cultural, redefinição e

alargamento do conceito de documento/monumento, mudanças na escala de observação (a

micro-história) e na temática (vida privada, história do cotidiano, gênero, marginais,

representações, cultura material etc.) e, por fim, “redescoberta” do indivíduo:

A história cultural que, grosso modo, vai sendo proposta a partir desse longo esforço de reflexão e aprendizado, se quer distinta porque recusa fundamentalmente a «expulsão» do indivíduo da história, abandonando quaisquer modelos de corte estruturalista que não valorizem as vivências dos próprios atores históricos, postulados como sujeitos de suas ações. (GOMES, 1998, p. 123)

Para Christophe Prochasson (1998) fontes qualitativas como as que compõem os

arquivos pessoais mudaram principalmente a perspectiva de análise da história política e da

6 A respeito ver: BURKE (1992), LE GOFF (1993), PESAVENTO (2005).

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história das ideias e da intelectualidade. A renovação da historiografia propiciou considerar

as fontes privadas não apenas capazes de acrescentar um pouco de sal a uma narrativa

austera ou de fornecer (enfim!) a chave do mistério da criação, mas fontes comuns, que se

tenta conservar como se conservam as fontes administrativas ou estatísticas

(PROCHASSON, 1998, p. 105).

Heloísa Liberalli Bellotto, em texto de seminário sobre arquivos pessoais realizado

em 1997, assim se referiu em relação ao crescimento do interesse pelos arquivos pessoais:

Interdisciplinares por excelência, dando motivos a infinitas abordagens e olhares, os arquivos pessoais não tinham merecido, até duas ou três décadas atrás, a devida atenção no que diz respeito à sua existência, rastreamento, organização e divulgação, nem tinham sido objeto de pesquisa como poderiam e deveriam ser. Hoje a situação é bem outra. Com os arquivos pessoais inspirando e documentando trabalhos acadêmicos e de ficção (literatura e cinema), dando origem a exposições e motivando a publicação de instrumentos de pesquisa, assim como a realização de um seminário do porte deste, estão demonstradas a dinamização e o crescimento dos recolhimentos, da organização e da disponibilização dos documentos de origem privada em entidades especializadas públicas ou particulares. (BELLOTTO, 1998, p. 202)

Os arquivos pessoais assumem, por conseguinte, um papel invulgar como fonte

primária e, no Brasil, vem crescendo entre historiadores e outros pesquisadores a

preocupação com a conservação e pesquisa de documentos produzidos por pessoas e

entidades privadas como forma de se ampliar os campos de estudos e as possibilidades de

interpretação. Além, é claro, da conscientização de que a preservação da memória é

elemento fundamental da construção da identidade individual e coletiva, sendo os arquivos

privados fundamentais nesse processo.

No Brasil, foi a partir da década de 1970 que arquivos privados e/ou pessoais

passaram a ser disputados por instituições diversas, desde os tradicionais arquivos públicos

até universidades, as quais criaram centros de documentação que visam à preservação da

memória e à democratização do acesso aos documentos dos arquivos (Cf. CAMARGO,

1999). Como exemplos, pode-se citar: a Fundação Casa de Rui Barbosa, o Acervo de

Escritores Mineiros da UFMG, o CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, dentre outros. No

caso da Universidade Federal de São João del-Rei, o Programa de Mestrado em Letras, em

sua linha de pesquisa “Literatura e Memória Cultural”, tem aberto frentes de trabalho que

visam à recuperação e investigação de acervos. Também os Cursos de História e de Música

da UFSJ têm se dedicado a esse tipo de investigação, face à riqueza quantitativa e

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qualitativa de acervos musicais, literários e históricos, ainda intocados na Região do

Campo das Vertentes.

Assim, nas últimas décadas, viveu-se em vários países o boom dos arquivos

pessoais, a corrida aos lugares da memória a partir dos questionamentos da história, como

afirmou Nora: menos a memória é vivida do interior, mais ela tem necessidade de suportes

exteriores e de referências tangíveis de uma existência que só vive através delas. Daí a

obsessão pelo arquivo que marca o contemporâneo (NORA, 1993, p. 14).

O reconhecimento do valor histórico e cultural dos arquivos pessoais foi também

objeto de normatização da legislação brasileira mais recente a respeito do tema. A Lei nº

8.159, de 08 de janeiro de 1991, procurou definir e regulamentar a política brasileira de

arquivos. A lei brasileira reconhece, então, dois tipos de arquivos: os públicos e os

privados:

Art. 7º Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções administrativas, legislativas e judiciárias. § 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades. [...] Art. 11. Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.

Além da lei 8.159, outras legislações tratam do tema, tais como o Decreto nº 4.073,

de 3 de janeiro de 2002 e a Resolução nº 12, de 7 de dezembro de 1999 do CONARQ

(Conselho Nacional de Arquivos). Essas leis, decretos e resoluções buscaram definir uma

política nacional de arquivos e determinar em que condições os arquivos privados podem

ser considerados de interesse público e social e a forma de acesso a eles.

Diante do exposto, pode-se tentar uma definição de arquivo privado e pessoal. Os

arquivos privados reuniriam os documentos produzidos por uma entidade privada ou

pessoa física. Nessa categoria são incluídos tanto os arquivos de instituições sociais

(empresas, igrejas, escolas, sindicatos, agremiações diversas, etc.), quanto os arquivos

propriamente pessoais, geralmente produzidos por artistas, literatos, políticos, professores

e outros profissionais. O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005)

apresenta, em verbetes separados, as definições de arquivos privados, familiares e pessoais:

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Arquivo familiar: arquivo privado de uma família ou de seus membros, relativo às suas atividades públicas e privadas, inclusive à administração de seus bens. Também chamado arquivo familial ou arquivo familiar. (p.29). Arquivo pessoal: de pessoa física (p. 34). Arquivo privado: arquivo de entidade coletiva de direito privado, família ou pessoa. Também chamado arquivo particular. (p. 35).

Assim, o citado Dicionário de Terminologia Arquivística limita-se a definir o

arquivo pessoal como de pessoa física e integrando o conjunto de arquivos privados.

Poder-se-ia ainda tentar definir o arquivo pessoal a partir dos documentos que o

compõem. Esses seriam estritamente pessoais, produzidos pela pessoa. Já os documentos

públicos são produzidos pela administração pública, pertencendo a um conjunto orgânico,

com prazo de validade (a teoria das três idades do documento). Para definir o documento

como público ou privado o que importa, portanto, é o seu local de origem.

Entretanto, considerou-se que para um arquivo pessoal como o de Leal Pacheco

essa definição também não seria suficiente, uma vez que é o arquivo de um político, de um

homem público, e que, por caminhos diversos, documentos públicos se mesclaram aos

documentos privados.

Talvez, a melhor definição seja aquela que se paute na acumulação e produção.

Arquivos pessoais reúnem documentos produzidos e/ou acumulados pela pessoa. Luciana

Heymann (1997, p. 2) aponta o aspecto mais relevante para definir o arquivo pessoal: é a

pessoa, a partir de seus critérios e interesses, que funciona como eixo de sentido no

processo de constituição do arquivo.

Apesar de reconhecer a pessoa como eixo de constituição do arquivo pessoal,

Heymann (1997), no entanto, enfatiza que é também uma ilusão considerar o arquivo

pessoal como a expressão apenas da memória do indivíduo. No decorrer do tempo de

constituição do arquivo, auxiliares, familiares e pesquisadores contribuem para a

composição desta memória.

Se se considerar de forma mais ampla, todo indivíduo - enquanto sujeito histórico e

portador de uma memória - pode constituir e produzir um arquivo. Heloísa Liberalli

Bellotto (1991) procura limitar o alcance da categoria arquivo pessoal a partir do critério

do interesse artístico, científico e social que os documentos acumulados possam despertar

ou ainda do ineditismo de informações constantes de arquivos privados. Assim, para a

autora, os arquivos privados seriam aqueles de pessoas cuja maneira de pensar, agir, atuar

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e viver possa ter algum interesse para as respectivas áreas onde desenvolveram suas

atividades (BELLOTTO, 1991, p. 179). Essa é, a priori, a perspectiva das instituições –

arquivos, centros de documentação e universidades – que recolhem e guardam arquivos de

origem privada. Reconhecem-se aqui ainda resquícios de um elitismo no tratamento dos

arquivos privados. Sim, os arquivos de escritores, políticos e cientistas devem ser

preservados. Mas, e a memória das “pessoas comuns”, reveladora de percepções de

mundo, da vida cotidiana? Essa memória ainda pouco chega aos arquivos, e talvez isso

aconteça mais sob a forma de documentos orais, gravações de som e imagens depositadas

em alguma ou outra instituição.

Outro problema relativo à definição dos arquivos privados está em um trecho da

definição presente na legislação brasileira de arquivos: consideram-se arquivos privados os

conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou jurídicas, em

decorrência de suas atividades (grifo meu). A considerar essa definição, apenas

documentos originados das funções exercidas poderiam compor o arquivo pessoal. Mas, e

os outros tipos de documentos, muito comuns nesse tipo de arquivo? O que fazer com

objetos, filmes, livros, recortes, produção literária ou artística, por exemplo?

Numa perspectiva mais tradicional, como a proposta por Ariane Ducrot (1998),

esse tipo de documentos teria um destino diferente dos demais: bibliotecas, coleções, e

alguns seriam até eliminados do arquivo. Numa outra perspectiva, a dos “arquivos totais”,

todos os tipos de documento devem ser considerados na constituição do arquivo, pois

possibilitariam estudar o produtor de arquivos de forma mais abrangente.

Esta pesquisa trata da construção de uma memória e imagem individual – a de

Octávio Leal Pacheco e, por isso, considerou-se o seu arquivo pessoal na sua totalidade,

portanto, numa perspectiva dos “arquivos totais”. Considera-se o arquivo como uma

escrita de si7, uma narrativa que, como foi dito acima, implica o outro, isto é, os

interlocutores do produtor de arquivos. O projeto da narrativa da memória e da imagem de

si supõe, por parte do produtor de arquivos, acumular e preservar todos os documentos que

conformam essa imagem. Conscientemente ele reúne documentos, mas também

7 E aqui estou utilizando a expressão de acordo com FOUCAULT (s/d) e GOMES (2004). No prólogo de Escrita de si, Escrita da História, Ângela de Castro Gomes identifica como escrita de si um gênero que abarca os diários, memórias, correspondências, biografias e autobiografias. Lejeune (2008, p. 82) considera que as expressões relatos de vida, escrita de si e escrita do eu surgiram nas décadas de 1970 e 1980, como concorrentes do termo autobiografia, considerado menos flexível e abrangente. A utilização destas expressões possibilitaria, ainda segundo Lejeune, uma ampliação do campo uma vez que designa um terreno comum aos literatos e especialistas das ciências humanas.

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inconscientemente: algo que entra ali sem o produtor se dar conta e que, no entanto,

também diz sobre a sua personalidade, mesmo que a contrapelo.

O arquivo pessoal não se confundiria com uma simples coleção. Schellenberg

(2006. p. 270) define “coleção natural” (o arquivo) como resultante da acumulação de

documentos que se formam no curso normal dos negócios ou da vida de entidades

privadas, geralmente oriundos de uma única fonte e que mantém certa organicidade. Já as

coleções artificiais são constituídas de peças soltas, de origem variada e sem organicidade.

Em que sentido então, o arquivo pessoal se diferenciaria da coleção? A resposta

pode estar na intencionalidade: a pretensão do arquivo de dar conta de uma personalidade.

É o que Renato Janine Ribeiro chama de coleção de si e que visaria a guardar a melhor

imagem de si para o futuro: o que os arquivos pessoais podem atestar, o que o desejo de

guardar os próprios documentos pode indicar, será esse anseio de ser, a posteriori,

reconhecido por uma identidade digna de nota (RIBEIRO, 1998, p.1).

É, portanto, evidente a associação entre arquivos e memória, seja esta última

considerada coletiva ou individualmente. Contudo, como se disse, não se pode considerar

tal associação como natural e imediata: o arquivo não é toda a memória e também não é a

“verdade”. O arquivo, utilizando a expressão de Le Goff, é um conjunto de documentos-

monumentos, fruto do jogo de poder que caracteriza cada sociedade e, no caso do

indivíduo, da imagem que ele pretende deixar de si no futuro. No extremo, todo

documento, como monumento, é verdadeiro e falso, uma construção que deve ser

compreendida no contexto de sua produção e de inserção em um arquivo.

Tendo como referência o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco e considerando

o conjunto de seus objetos como a materialidade da sua memória, deve-se também ressaltar

que tais documentos são a memória registrada e não o a “memória total e verdadeira”.

Voluntários ou não, os arquivos pessoais remetem à construção da identidade e da imagem

de si e do papel que o acumulador de documentos desempenhou na sociedade.

Nesta parte da pesquisa, procurou-se compreender o que é memória e memória

individual, bem como sua relação com a memória coletiva. Em seguida, tratou-se da

associação entre memória e arquivo, e que essa associação consiste em compreender o

arquivo como uma narração da memória com vistas à construção de uma imagem de si.

Agora é preciso apresentar o arquivo de Octávio Leal Pacheco. Vamos então ao arquivo!

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CAPÍTULO II: As malas – a bagagem de uma longa trajetória

2.1 O Arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco

Como chegar ao arquivo de Leal Pacheco? Como interpretá-lo?

Quando se depara pela primeira vez com um arquivo pessoal logo acende uma

curiosidade: o que teriam os documentos ali reunidos a revelar? O que teria essa ou aquela

pessoa para guardar? O voyeurismo contamina aqueles que lidam com arquivos privados –

inclui-se aqui o pesquisador, pois se supõe que os pesquisadores terão a possibilidade de

conhecer o outro mais intimamente. E, a partir da constatação de que a paixão de certos

profissionais (historiadores, sociólogos, críticos literários) por arquivos pessoais pode

muito facilmente tornar-se o vício do voyeurismo, Heloísa L. Bellotto afirma:

E é salutar que assim seja. Pois, ademais do voyeurismo, muito a sociedade poderá ganhar com essas fontes inestimáveis que são os registros pessoais, todos eivados de uma imprescindível ‘sinceridade’, ainda que nem sempre de ‘verdade’. (BELLOTO, 1998, p. 202).

Aproximar-se do arquivo pessoal envolve, portanto, o desejo de conhecer alguém

intimamente, conhecer a “sua verdade”, ainda que se saiba que não seja “a verdade”.

Verdade que, segundo Gomes (2004, p. 14), passa a ter vínculo direto com a subjetividade:

uma verdade que é plural, como são plurais as vidas individuais, como é plural e

diferenciada a memória que registra os acontecimentos da vida.

Como resultado da ação de um produtor, o arquivo pessoal não é algo neutro.

Mesmo que inconscientemente, há por trás do arquivamento um sujeito construindo a

memória que deseja legar. É sob essa ótica que se deve analisar a “autenticidade”,

“espontaneidade” e “verdade” dos documentos dos arquivos pessoais, caso contrário o

pesquisador cairia nas “malhas do feitiço” ou encanto que este tipo de arquivo pode

suscitar:

Este é o grande feitiço do arquivo privado. Por guardar uma documentação pessoal, produzida com a marca da personalidade e não destinada explicitamente ao espaço público, ele revelaria seu produtor de forma “verdadeira”: aí ele se mostraria “de fato”, o que seria atestado pela espontaneidade e pela intimidade que marcam boa parte dos registros. A documentação dos arquivos privados permitiria, finalmente e de forma muito

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particular, dar vida à história, enchendo-a de homens e não de nomes, como numa histoire événementielle. Homens que têm a sua história de vida, as suas virtudes e defeitos e que os revelam exatamente nesse tipo de material (GOMES, 1998, p. 125).

O encantamento ou feitiço dos arquivos pessoais corresponderia à crença na

suposta neutralidade dos documentos que durante muito tempo norteou a prática

arquivística em relação aos dos arquivos institucionais e oficiais. Ambos na “ilusão da

verdade”: no primeiro caso, por se acreditar que o arquivo revelasse “de fato” a

personalidade do seu produtor/acumulador, e, no segundo, por se acreditar que documentos

originários de uma atividade ou função pública por si só garantissem sua autenticidade e

veracidade dos fatos. Contra ambas as ilusões, deve-se ter como horizonte o fato de que o

arquivo é uma construção, um dos momentos do jogo de disputa pelo que deve ser

lembrado. Ou como se disse no primeiro capítulo, “desnaturalizar” o arquivo.

Se o voyeurismo e a questão da sinceridade/verdade são aspectos que não se deve

descartar ao se trabalhar com arquivos pessoais, outras questões se apresentam ao

pesquisador. Uma delas diz respeito a tentar reconhecer a ordem que o

produtor/acumulador de documentos quis dar ao seu arquivo pessoal, ou, pelo menos

aquela, que se supõe existir. Isso é sempre um desafio - especialmente quando se depara

pela primeira vez com um conjunto de documentos. Afinal, pode-se considerar que se

alguém produziu um arquivo também imaginaria que o mesmo poderia ser observado,

dissecado, tratado, manipulado por terceiros e, por isso, tentou dar uma direção a essa

observação.

A maioria das pessoas ao longo da sua vida acaba juntando algo: cartas, fotografias,

livros, diários, discos, ou o que quer que seja. Mas para algumas, esse juntar algo se torna

uma obsessão: acumular o máximo de coisas que possam dizer de si. Nesse sentido, o

colecionismo de si é mais do que simplesmente a reunião selos, cartões postais,

embalagens de um produto qualquer. A coleção então toma caráter de arquivo.

Por que algumas pessoas criam um arquivo pessoal? A necessidade imposta pelas

atividades que se exerce? A necessidade de provar algo que se fez ou que não se fez? A

necessidade de criar uma imagem de si composta de honras e glórias? A autoconsideração

de si como “alguém”, digno de ser lembrado?

Sue McKemmish (2001), no artigo Evidence of Me … discute, através de histórias

fictícias ou reais, os motivos que levam pessoas a guardar ou destruir documentos que

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constituem evidências de si. A autora utiliza a expressão recordkeeping para se referir aos

arquivos pessoais, à guarda de documentos e sua organização por uma pessoa,

considerando o arquivo como um tipo de testemunho da própria identidade:

Recordkeeping is a “kind of witnessing”. On a personal level it is a way of evidencing and memorialising our lives – our existence, our activities and experiences, our relationships with others, our identity, our “place” in the world. […] The functionality of a personal archive, its capacity to witness to a life, is dependent on how systematically we go about the business of creating our records as documents, capturing them as records (i.e. ordering them in relation to each other and “placing” them in the context of related activities), and keeping and discarding them over time (i.e. organising them to function as long-term memory of significant activities and relationships). Archivists, in particular collecting archivists, are in part in the business of ensuring that a personal archive considered to be of value to society at large is incorporated into the collective archives of the society, and thus constitutes an accessible part of that society’s memory, its experiential knowledge and cultural identity – evidence of us (MCKEMMISH, 2001, p. 1)8.

Talvez tudo isso – o desejo de glória, de ser lembrado, de permitir um testemunho –

venha a configurar o ato de arquivar-se. Porém, o sujeito que arquiva é diferente do que

simplesmente coleciona, uma vez que o arquivar é também uma forma de se perpetuar.

Numa coleção, os objetos valem por sua singularidade, no arquivo, o documento raramente

vale como peça solta, é sempre como parte do todo que deve ser considerado e isso

diferencia o arquivo de coleção (Cf. BELLOTTO, 1991, p. 24).

Philippe Artières (1998, p. 2) lembra que o arquivar não acontece de qualquer

maneira: fazemos um acordo com a realidade, manipulamos a existência: omitimos,

rasuramos, riscamos, sublinhamos, colocamos em exergo certas passagens. A

intencionalidade do arquivo pessoal, aqui entendida como projeto de construção de uma

memória e imagem pessoal, é quase autoproclamada, enquanto que nos arquivos públicos

8Recordkeeping é uma “espécie de testemunho”. Em um nível pessoal, é uma forma de evidenciar e recordar nossas vidas – nossa existência, nossas atividades e experiências, nossas relações com os outros, nossa identidade, nosso “lugar” no mundo. [...] A funcionalidade de um arquivo pessoal, sua capacidade de ser testemunho de uma vida, depende de como nós, sistematicamente, agimos para transformar nossas recordações em documentos, de capturá-las como registros (ou seja, ordená-los uns em relação aos outros e de colocá-los no contexto de atividades relatadas), guardando e descartando-os ao longo do tempo (ou seja, organizá-los para funcionar como memória de longo prazo das atividades significativas e relacionamentos). Arquivistas, especialmente os arquivistas colecionadores, fazem parte do negócio de garantir que um arquivo pessoal, considerado de grande valor para a sociedade em geral, seja incorporado ao acervo coletivo da sociedade, uma vez que ele constitui uma parte acessível da memória coletiva, do conhecimento experimental e da identidade cultural – evidência de nós. (tradução minha).

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ela tende a ser escondida sob pretensa objetividade ou racionalidade, expressas pelas

técnicas de arquivamento e por serem tais arquivos produtos de uma gestão, de uma

função.

Assim, a intencionalidade é uma das características que permeiam a composição do

arquivo pessoal. Paralelamente à intencionalidade, também caracteriza o arquivo pessoal a

questão da intimidade. Um arquivo deste tipo é constituído de documentos que não

representam apenas as funções públicas do produtor: entram ali documentos que

expressam sua visão de mundo, sua vida sentimental, seus hábitos, suas condições

financeiras. Juízos de valor, preconceitos, opiniões pessoais sobre diversos assuntos ou

sobre outras pessoas, além de outros aspectos reveladores da personalidade do produtor de

arquivos e daqueles com quem ele se relacionava através, por exemplo, da

correspondência, podem ser identificados no conjunto de documentos. Por isso, ter acesso

ao arquivo pessoal é também, em muitos casos, ter acesso à vida íntima.

O acesso aos arquivos privados, em especial os pessoais, coloca de forma mais

imediata a discussão em torno da privacidade e da intimidade. Na maioria das democracias

da atualidade, o acesso aos arquivos públicos e às informações constantes na maioria dos

documentos de origem pública é garantido ao cidadão, pois o acesso à informação passa a

ser um direito. Já em relação aos arquivos pessoais, o direito à informação passa a ter como

contrapartida o direito da pessoa à privacidade e à intimidade. Há um embate entre o

público e o privado.

Não obstante, não é fácil estabelecer a separação entre o que é público e o que é

privado nos arquivos pessoais, ainda mais no caso do arquivo de Octávio Leal Pacheco:

trata-se de um conjunto de documentos de uma personagem que exerceu diversas

atividades públicas ao longo de sua trajetória política.

Em artigo tratando do tema, Célia L. Costa (1998) reconhece o embate entre os dois

direitos – acesso à informação e garantia da privacidade/intimidade. Para a autora, o

interesse público deveria ser o fiel da balança nesse embate. O interesse público seria

representado pela demanda e difusão da informação nas democracias e pelos interesses da

pesquisa científica (COSTA, 1998). Porém, a autora reconhece que:

Na realidade, por ser muito tênue a linha divisória entre a liberdade de informação e o respeito à intimidade, torna-se quase impossível estabelecer a priori qual dos dois direitos deve prevalecer, indicando o bom senso que, na maioria das vezes, as soluções devem ser buscadas no exame de cada caso.

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Penso, contudo, que sempre que a informação seja necessária ao exercício do bem comum, o interesse público deve prevalecer (COSTA, 1998, p.8).

Diversas legislações brasileiras já citadas na primeira parte deste trabalho, em

especial a Lei 8.159/91 (“Lei de Arquivos”) e a Constituição de 1988, reconhecem ambos

os direitos. A “Lei de Arquivos” prevê que arquivos privados, pelo seu valor histórico,

cultural ou científico, podem ser declarados de interesse público, e, contudo,

permanecerem como bens privados. Prevê ainda que o acesso aos arquivos privados seja

prerrogativa dos proprietários dos mesmos. Portanto, além dos direitos de informação e de

privacidade, ao trabalhar com arquivos privados deve-se ainda considerar o direito à

propriedade privada. Novamente, Célia Costa coloca como fiel da balança o interesse

público:

Os arquivos privados classificados como de interesse público, apesar de continuarem a ser bens privados, integram o patrimônio cultural da nação. Essa contradição, aparentemente de difícil solução, tem que ser pensada a partir da idéia do interesse público que, por ser comum a toda sociedade, se sobrepõe aos interesses individuais. No caso da propriedade privada, o exercício desse direito possui limite igualmente previsto no texto constitucional brasileiro, qual seja, sua função social ou sua utilidade pública. (COSTA, 1998, p. 10-11)

Declarar um arquivo privado como de interesse público não garante acesso a ele, o

que continua como prerrogativa do proprietário, conforme o artigo 14 da Lei 8.159/91. O

acesso aos arquivos pessoais é complexo e dependerá das relações que pesquisadores e

produtores (e seus herdeiros) de arquivos estabelecem entre si, tendo em vista a

preservação do conjunto documental. Vale aqui a observação que Maria Madalena Arruda

de M. M. Garcia (1998, p. 176) faz, a partir da realidade européia, a respeito da relação

entre o legislador e o detentor de bens culturais: hoje torna-se necessário compatibilizar,

na medida do possível, a defesa dos direitos particulares com o interesse cultural ligado à

natureza insubstituível do bem e ao seu significado para a comunidade. Na sequência, a

autora alerta que se deve considerar o detentor de arquivos pessoais como um parceiro, ao

invés de um oponente, e que a legislação deverá prever os mecanismos que permitam

equilibrar os interesses em jogo.

O acesso ao arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco me foi garantido pela sua

viúva. Com Ilza Rosa Pacheco, Leal Pacheco casou-se em segundas núpcias. Foi ela quem

manteve reunidos os documentos do marido. Em abril de 2008, portanto trinta e três anos

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após a morte de Leal Pacheco, ela me entregou os documentos e permitiu que fizesse esta

pesquisa. Já idosa, Ilza Rosa Pacheco, temia pela própria saúde e não desejava deixar sem

destino o arquivo de seu esposo. Simplesmente me ofereceu o arquivo. Não teria mais

receio do que ali estava? Ou a idade e a possibilidade da morte serviam como justificativa

para esquecer qualquer receio?

A tentativa de se resguardar a intimidade talvez seja o que mais dificulta o acesso

dos pesquisadores aos arquivos pessoais. Ao tentar preservar a intimidade, titulares de

arquivos pessoais e seus familiares podem contribuir para que exclusão e até eliminação de

documentos considerados “comprometedores”.

Todavia, o produtor de arquivos pessoais quase sempre não tem o controle total

sobre a organização de seu arquivo, a não ser enquanto estiver vivo: nesse caso, pode

organizá-lo como quiser, pode acrescentar ou eliminar o que não quer que componha sua

memória. Após a morte do produtor, o arquivo está sujeito a múltiplas vicissitudes: os

acréscimos e eliminações que outros – herdeiros, pesquisadores e curiosos – tendem a fazer

e as mudanças de valores, mentalidades e gostos no decorrer do tempo. Assim, se para o

titular o arquivo pessoal é visto a partir do horizonte de totalidade, como algo fechado, essa

totalidade é impossível frente aos outros e ao tempo.

Diante das questões apontadas acima, cabe perguntar como a ciência arquivística

tem trabalhado com os arquivos pessoais.

A arquivística, como mencionado anteriormente, mediante o crescente interesse por

arquivos privados, tem problematizado a possibilidade de aplicação de princípios próprios

da organização de arquivos públicos na organização de arquivos privados. Para alguns

especialistas da área, em tempos de pós-modernidade, questiona-se inclusive a própria

aplicabilidade desses princípios até no que se refere aos arquivos públicos,

governamentais.

A partir de uma abordagem mais tradicionalista, Ducrot (1998) propõe que no

processo de organização e classificação dos documentos dos arquivos pessoais, seja

mantido um dos princípios básicos da arquivística: o princípio de proveniência – ou do

respeito aos fundos.

Ariane Ducrot (1998, p. 152), ao abordar o tratamento arquivístico a ser dado aos

arquivos pessoais, aponta três fatores essenciais na organização dos mesmos:

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a) preparação da classificação segundo orientações que evitem dificuldades posteriores –

nessa fase é fundamental a existência de uma política pública de arquivos, a preparação de

instituições para receber arquivos privados e a definição de estratégias jurídicas para

recebê-los (doação, compra, legado);

b) respeito aos fundos – ou princípio da proveniência – tratar os documentos como um

conjunto de acordo com a sua origem e não isoladamente;

c) apoiar-se em regras específicas de cada categoria (às regras do próprio arquivo). É o

princípio do respeito à ordem original.

Assim, para Ariane Ducrot (1998), o trabalho de organização e classificação dos

documentos dos arquivos pessoais pode seguir as mesmas técnicas e práticas aplicadas aos

arquivos públicos e visam a facilitar a pesquisa. Porém, devem-se reconhecer certas

especificidades no caso dos arquivos privados, em especial no que se refere à natureza

jurídica (questões de propriedade, privacidade etc.).

Pois bem, é neste ponto que se coloca o objeto de estudo: o arquivo pessoal de

Octávio Leal Pacheco e o desafio de descrevê-lo, classificá-lo. Volta-se, pois, à pergunta

inicial: como descrevê-lo?

Apesar de não se ter formação em arquivística, era preciso primeiro conhecer e

avaliar todo aquele material que tinha nas mãos. Que critérios e técnicas poderiam ser

utilizados?

Reconhecendo que o arquivo pessoal só recebe a classificação ou é nomeado de

“fundo” quando integra o acervo de uma instituição ou arquivo público, optou-se por uma

estratégica básica aplicada nessas instituições: tratar o conjunto de documentos como algo

orgânico e respeitar a organização do titular deu a seus personal papers ou ainda as

modificações produzidas por aqueles que no arquivo intervieram. Aproximou-se assim

daquilo que em terminologia arquivística chama-se de respeito ao fundo ou princípio da

proveniência. Enfim, buscou-se tratar o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco como um

conjunto específico de documentos, uma unidade a ser preservada dentro das malas em que

estavam acondicionados, para que, atendendo aos desejos da doadora, senhora Ilza Rosa

Pacheco, fosse guardado até o momento de seu recolhimento em uma instituição de

preservação da memória.

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Segundo Ariane Ducrot (1998), foi o arquivista e historiador francês Natalis de

Wailly que, em 1841, introduziu a noção de fundo e do princípio de respeito ao fundo uma

vez que

Os documentos não devem ser tratados isoladamente segundo um quadro metódico, e sim ficar agrupados em seus fundos de origem, sendo o fundo o conjunto de arquivos que provêm de uma mesma entidade — repartição, órgão público, pessoa, família, empresa etc. (DUCROT, 1998. p. 154)

Segundo Heloísa L. Bellotto, fundo é:

[...] o conjunto de documentos produzidos e/ou acumulados por determinada entidade pública ou privada, pessoa ou família no exercício de suas atividades, guardando entre si relações orgânicas e que são preservados como prova ou testemunho legal e/ou cultural, não devendo ser mesclados a documentos de outro conjunto gerado por outra instituição, mesmo que este, por quaisquer razões, lhe seja afim (1991, p.79)

Embora reconheça as críticas ao princípio de proveniência ou de respeito ao fundo,

principalmente na sua aplicabilidade aos arquivos públicos e de empresas, como foi dito

acima, Ariane Ducrot (1998) considera que o mesmo ainda pode ser utilizado quando se

trata de arquivo pessoal. Para isso, a autora aponta alguns critérios: definir a extensão do

fundo (concepção minimalista - o arquivo pessoal é de uma única pessoa, ou maximalista –

é um conjunto de vários “subfundos” de membros de uma família); definir o conteúdo do

fundo (documentos que o integram, inclusive decidindo-se pela eliminação ou não de

documentos); respeitar a ordem primitiva do fundo e, por fim, considerar se o fundo é

aberto (ainda recebe documentos da entidade produtora), fechado (não há acréscimo de

documentos), lacunar ou reconstituído.

Respeito ao fundo e respeito à ordem original do arquivo – essas foram as bases

para que se pudesse realizar o primeiro inventário dos documentos de Leal Pacheco. A

partir desses princípios pretendeu-se perceber que orientação ou sentido o

produtor/acumulador deu a seu arquivo e o que a forma de organizá-lo teria a dizer sobre o

próprio produtor e seu tempo.

Considerar o conjunto de documentos de Octávio Leal Pacheco como um fundo é

bastante útil para os propósitos deste trabalho. No entanto, a aplicação do princípio do

respeito à ordem original do arquivo não é algo simples: não há no arquivo de Leal

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Pacheco um plano prévio de arranjo de seus documentos, não há um “meta-arquivo”9. A

ordem original só pode ser deduzida, como algo subjacente ao arquivamento.

No final de sua vida, Octávio Leal Pacheco ficava por muito tempo em sua

escrivaninha, escrevendo, juntando papéis, dividindo-os em pastas, colando-os em velhos

cadernos, envelopando-os e amarrando estes envelopes com barbantes. Esses são os gestos

que permitem observar uma lógica de acumulação. Tal lógica, como se verá adiante, tem

como regra reunir documentos da vida pública dele, Leal Pacheco, como forma de manter

provas de seus atos e dos fatos que vivenciou ou foi protagonista. Além disso, e

posteriormente a ele, outras pessoas, mais provavelmente Ilza Rosa Pacheco, sua segunda

esposa, também interferiram na ordem original do arquivo e no conjunto documental,

acrescentando ou excluindo documentos.

Octávio Leal Pacheco não foi apenas um produtor de documentos. Considerando os

mesmos como um arquivo e um fundo orgânico, tal organicidade funda-se mais no

processo de acumulação do que no processo de produção. Os documentos de Leal Pacheco

não são totalmente estranhos entre si, sejam aqueles de origem pública ou privada mantém

entre si relações estruturais para criar a imagem de si que ele pretendia.

2.1.1 Geografia e história do arquivo

Um arquivo pessoal é um “lugar” da memória. De imediato a palavra lugar,

conceito fundamental da Geografia, associa-se ao que é próximo dos indivíduos, à parte do

espaço com a qual eles se relacionam direta e afetivamente. As formas, os cheiros, os

objetos, as pessoas e as relações sociais que o indivíduo estabelece no seu cotidiano

caracterizam esse lugar: daí o sentimento de “pertencer” àquela fração do espaço. Por tudo

isso, o lugar também se imprime na configuração da memória.

No caso do arquivo de Octávio Leal Pacheco, o lugar do seu arquivo era também o

lugar de sua morada. O lugar do arquivo era o lugar da pessoa que produziu e acumulou

documentos. O arquivo não estava em um escritório ou separado dos outros ambientes da

casa, misturava-se ao lugar, à casa construída por ele e pela segunda esposa, integrando o

viver cotidiano e familiar.

9 Expressão cunhada por pesquisadores de arquivos pessoais e utilizada por Priscila Fraiz (1998, p. 60). Refere-se aos documentos do arquivo que “falam” do e sobre o arquivo, de uma reflexão crítica sobre o próprio arquivo feita pelo seu produtor ou titular.

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O lugar do arquivo pessoal de Leal Pacheco é o lugar da “verdade” pessoal. Talvez,

a casa fosse o lugar de sacralização dessa verdade. Ao sair do seu lugar, da casa, o arquivo

encontraria outras “verdades”, inclusive a do pesquisador. Eis a “topologia” do arquivo

pessoal de Leal Pacheco: a casa - lugar e origem do arquivo, mas também fonte de sua

expressão nomológica, como sugere Derrida em Mal de Arquivo (2001).

A casa de Octávio Leal Pacheco em São Tiago, desprovida de luxos, simples

mesmo, era o local da espacialização do arquivo pessoal. Espalhadas pelos quartos da casa,

em cima ou dentro de guarda-roupas e até debaixo de camas, estavam as malas com os

documentos.

Porém, o lugar do arquivo, a casa e a cidade onde está a casa, não é isolado de

outros lugares. As malas reportam a outros lugares nos quais ele esteve ou de onde vieram

documentos que seriam acumulados.

O lugar da memória individual é também o lugar para o encontro com a memória

do outro, da memória coletiva que chega pelas cartas, jornais e outros objetos que se

incorporam aos documentos pessoais. Um arquivo pessoal não é estritamente pessoal – a

narrativa da memória individual é construída também através da narrativa do outro. Se o

lugar da memória individual é uma mescla de lugares, é também uma mistura de pessoas.

A casa, lugar da memória de Leal Pacheco, incorpora, além de outros lugares e

pessoas, outros tempos: mistura os tempos – passado, presente e futuro. Documentos

acumulados durante a própria produção do documento – o presente deles -, mas que já se

referem a um passado e, enquanto arquivados, projetados para o futuro.

Segundo vizinhos, Octávio Leal Pacheco, já idoso, passava horas sentado à

escrivaninha, escrevendo e organizando os documentos que acumulou ao longo das

viagens de sua vida. Na espacialidade da casa, tratava da temporalidade da memória,

trabalhando sobre os documentos. Assim, a temporalidade do arquivo e sua organização

podem ser bem diferentes da temporalidade em que os documentos foram produzidos ou

acumulados, o que pode nos sugerir que ele pensava e organizava o conjunto de

documentos que selecionou para compor a memória individual.

Em o Arquivamento do Escritor, Reinaldo Marques também observa essa diferente

temporalidade que resulta no arquivamento de documentos e inclusive do próprio

“arquivista”, no caso, o escritor:

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Ao recorrer a práticas inúmeras de arquivamento de seus papéis, documentos e materiais, organizando-os de certo modo, o escritor realiza uma segunda operação inerente à primeira: ele também se arquiva. Vale dizer, ele se desvencilha da natureza evanescente da experiência cotidiana, escapa do fluxo incessante e imprevisível do tempo presente; estanca-o, ao intervir e articular o seu passado. [...] Desvencilha-se do presente, a fim de se perpetuar no passado, pela memória, como alguém digno de vir a ser lembrado pela obra literária e intelectual que construiu (MARQUES, 2003, p.150)

Se, por um lado, foi na velhice que Leal Pacheco se voltou mais frequentemente

para a organização do arquivo pessoal na intimidade de sua residência, por outro, a

“compulsão arquivística” o acompanhou por toda a vida , o que é atestado pelas inscrições

que ele fazia nos documentos. O arquivo, apesar de parecer uma gaveta de papéis e outros

documentos desorganizados, é intencional, não foi algo aleatório.

O lugar que os documentos ocupavam – em cima de guarda-roupas, embaixo de

camas e, principalmente, dentro de malas, talvez seja revelador da memória que devia ser

mantida como o produtor/acumulador dos documentos os organizara e, posteriormente,

também pelos seus herdeiros. Naquele momento, essa memória deveria ficar nos

recônditos da casa. As malas deveriam estar fechadas, e o lampião, dentro de uma delas,

jazia nas sombras. Enfim, a memória ainda era íntima, não pública. A publicidade se daria

depois, numa outra temporalidade – a da “dessacralização” e deslocamento do arquivo para

outros lugares.

Já tinha conhecimento da existência do arquivo de Leal Pacheco, contudo, nunca

tive a oportunidade de observá-lo, apesar da curiosidade (admitamos logo, do

voyeurismo!). No fim de abril de 2008, a viúva de Leal Pacheco procurou-me e convidou-

me para ir até sua casa conhecer uns “papéis” que seu marido deixara, guardados em

malas. Ela me disse que iria fazer uma cirurgia e, já bem idosa, desejava passar os

documentos para alguém em quem confiasse.

Era manhã de domingo quando cheguei à casa de Ilza Rosa Pacheco, à Rua Viegas,

em São Tiago, MG. Lá me deparei com seis malas de cor avermelhada, cobertas com pó

por ficarem por anos em cima de guarda-roupas. Abrindo as malas, pude observar papéis,

livros, pastas, envelopes grandes cheios de outros papéis e com amarras de barbantes, além

de algum ou outro objeto, como um velho lampião, daqueles em que se colocava pavio e

querosene. Nesse momento, Ilza, a viúva, perguntou se eu não desejava ficar com tais

malas, uma vez que várias pessoas da comunidade já lhe haviam solicitado o arquivo

pessoal de Leal Pacheco. Além disso, a senhora Ilza Rosa ainda me disse que não gostaria

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que tais documentos fossem para a prefeitura da localidade – Leal Pacheco havia sido

prefeito – porque tinha receio que os “jogassem fora ou queimassem” como papéis velhos.

De imediato, disse que sim, que ficaria honrado com a oferta. “Dona” Ilza Rosa,

então, contou-me um pouco sobre Octávio Leal Pacheco: do quanto ele gostava de

escrever, de guardar documentos, que foi um personagem “importante da história política

do município de São Tiago e que muitos nem se lembram dele”. E como a atestar o que

dizia, chamou minha atenção para uma foto no porta-retratos da estante da sala, onde Leal

Pacheco aparece junto a Carlos Luz, político mineiro, e Monsenhor Francisco Elói, pároco

de São Tiago por décadas.

Ficamos ali conversando, falando de outros tempos. Por fim, para encurtar essa

história, combinei de apanhar as malas de Leal Pacheco no dia seguinte. Quando tive a

oportunidade de finalmente buscar as tais malas, para minha surpresa, havia apenas quatro

malas. Questionada, “dona” Ilza então disse que havia reunido o conteúdo das malas e por

isso duas foram esvaziadas.

Essa é uma das circunstâncias em que podem se envolver os pesquisadores dos

arquivos pessoais. Segundo Ariane Ducrot (1998), três erros são mais comuns nos casos

em que familiares decidem dar um destino aos arquivos do grupo familiar: o primeiro é

dividir-se o fundo arquivístico entre vários membros da família ou doá-los parcialmente

para instituições diversas (de acordo com as funções exercidas pelo produtor ou produtores

do arquivo). O segundo erro é fazer a entrega por remessas sucessivas. O terceiro erro é

guardar documentos: em muitos casos, os familiares retêm alguns que consideram

“valiosos” ou “comprometedores”.

Mas, fazer o quê? Reafirmei à viúva de Leal Pacheco a importância de manter a

integridade e totalidade do acervo e os meus propósitos de colaborar para a valorização e

divulgação do arquivo do marido. Não desisti de ter acesso ao restante dos documentos.

Saí feliz com as quatro malas! Dias depois, Ilza Rosa mandou que me entregassem mais

duas maletas de mão – uma preta e outra avermelhada – também repletas de documentos.

Logo em seguida, foi passado um termo de doação, em que Ilza Rosa Pacheco me

transferiu a posse do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco até que haja no município

instituição para recebê-lo definitivamente. Depois de nova conversa, em janeiro de 2009,

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quando lhe disse que não estava nas malas o lampião observado na primeira visita, ela me

entregou mais uma mala e alguns livros que teriam pertencido a Leal Pacheco10.

Teria ela retirado algum documento? Se, sim, por que o fez?

O arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco passou para minhas mãos, e, abertas

então as malas, foi possível observar melhor e perceber que elas continham centenas de

documentos. Numa avaliação rápida e superficial, percebi que o arquivo era de grande

importância para a memória local e regional.

O arquivo de Leal Pacheco não foi ainda destinado a uma instituição pública

municipal que trabalhe com preservação de documentos e memória. O local do arquivo

pessoal, por conseguinte, continua sendo um espaço privado, assim como o arquivo

também mantém seu caráter de privado, porém não mais pessoal (no sentido de não

pertencer ao seu produtor ou família). O arquivo mudou-se para o outro lado da rua onde

está a casa de Octávio Leal Pacheco em São Tiago: uma nova espacialidade para o arquivo.

2.1.2. “Inventariando” o arquivo

Deve-se reafirmar aqui que, apesar do arquivo não estar alocado em nenhuma

instituição, optou-se por considerar o arquivo pessoal como um “fundo”, acatando a

sugestão de Ariane Ducrot (1998). Portanto, utiliza-se a expressão “fundo” com o objetivo

de valorizar o aspecto orgânico do conjunto de documentos.

Decidiu-se de imediato fazer um arrolamento de todo o conteúdo das malas,

registrando cada documento e algumas de suas características, ou seja, elaborou-se o que

se está chamando de inventário dos documentos11. Não é um inventário que siga

criteriosamente normas específicas e tradicionais da Arquivística. Segundo Manual de

Arranjo e Descrição de Arquivos (1973), da Associação dos Arquivistas Holandeses, e

que tinha como horizonte os arquivos oficiais, o inventário serviria

[...] como um guia. Deve, portanto, fornecer um esquema do conteúdo do arquivo e não o conteúdo dos documentos. [...] Entrará em conflito com o propósito do inventário, quem descrever cada documento em particular. Ao tentar fazê-lo, realizará, sem dúvida, obra útil, mas de forma alguma um

10 Em meados de 2009, receberia também de Nilson Pacheco, neto de Octávio Leal Pacheco, uma pasta de papelão com mais alguns documentos. 11 Ver anexo III: Inventário dos Documentos do Arquivo Pessoal de Octávio Leal Pacheco.

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inventário de arquivo. Não comporta este a menção de tudo o que no acervo haja sobre dado assunto ou pessoa. (p. 79, grifo meu).

Além do mais, o referido manual preconizava que o inventário não deveria ser

apresentado em formato de tabela, pois seria impossível compilar um inventário inteiro

nesse formato. No entanto, no próprio Manual de Arranjo e Descrição de Arquivos

apontam-se exceções à norma, as quais se referem principalmente ao arranjo de arquivos

pequenos (p. 80).

O objeto de estudo deste trabalho – o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco – é

um arquivo pequeno quando comparado a outros arquivos pessoais, em especial os de

homens públicos de expressão nacional que podem reunir muitos milhares de documentos.

Por isso, optou-se por criar um inventário que indicasse cada documento do arquivo.

Tratava-se antes de qualquer coisa proceder a uma identificação dos documentos, uma vez

que o arquivo nunca havia sido analisado anteriormente e também, como é comum nos

casos dos arquivos pessoais, ele não possuía nenhuma espécie de organização própria.

De acordo com os objetivos da pesquisa, era importante conhecer o arquivo como

um todo e obter um instrumento que pudesse fornecer essa imagem de forma mais

imediata. Assim, longe de uma aplicação rígida de técnicas e práticas arquivísticas

tradicionais, optou-se pela tabela, na qual ainda foi incluída uma coluna com informações

sobre o conteúdo dos documentos e até mesmo citações. O conteúdo, a forma do

documento, a sua ordem no arquivo – ou até por estar “fora de ordem” – tudo isso era

relevante frente aos objetivos propostos.

Considerou-se arquivo como um fundo fechado, isto é, que as cinco malas, as duas

maletas e a pasta azul compõem o conjunto completo de documentos de Leal Pacheco, ou

seja, que a viúva entregou a totalidade do arquivo pessoal de seu esposo que estava em sua

posse. Todavia, não se descarta, e até suspeita-se, que na realidade outros familiares ainda

tenham posse de outros documentos. Se confirmada essa suspeita e caso o acesso às

demais partes do arquivo pessoal seja franqueado, os documentos deverão ser considerados

como parte do fundo, arrolados juntamente no inventário, com a devida nota explicativa

desse processo.

Quanto à extensão do arquivo, as cinco malas que compõem o arquivo de Leal

Pacheco têm dimensões muito semelhantes. As malas têm dimensões aproximadas em

torno de 70 cm de comprimento x 40 cm largura x 20 cm altura.

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Além de semelhantes nas dimensões, também são muito semelhantes quando se

considera os aspectos cor e forma, por isso foram assim identificadas à medida que foram

abertas:

• MALA 1– com etiqueta verde rasgada ou M1;

• MALA 2 – com etiqueta “Ilza Rosa Pacheco” ou M2;

• MALA 3- com etiqueta verde interna “Fábrica Mexicana” ou M3;

• MALA 4- Mala anos 70 (não contém apenas documentos dessa época) ou M4 e

• MALA 5- Mala dos livros ou M5.

Já as duas maletas de mão têm as seguintes dimensões aproximadas: 38 cm

comprimento x 28 cm largura x 5 cm profundidade. A pasta azul, doada pelo neto de Leal

Pacheco, é uma pasta de papelão de dimensões um pouco menores.

Maletas e pasta foram assim identificadas no inventário:

• Maleta preta ou MP;

• Maleta avermelhada ou MV e

• Pasta azul ou PA.

Figura 2 - Malas, maletas, pastas, envelopes: arquivamentos

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As malas e maletas guardam mais de 1500 documentos12, que abrangem um longo

período cujas datas-limites são 1892 e 1995. No entanto, no total do inventário, computa-se

apenas 1.363. O total refere-se apenas às entradas13 no inventário, pois não foram

registrados individualmente os muitos exemplares de alguns documentos, fazendo-se

apenas referência à quantidade de exemplares na coluna de observações.

Na tabela 1 pode-se observar a quantidade de documentos distribuídos pelas malas

e maletas, conforme o número de entradas no inventário do arquivo pessoal de Leal

Pacheco.

TABELA 1

DISTRIBUIÇÃO DOS DOCUMENTOS DO ARQUIVO DE OCTÁVIO LEAL PACHECO POR MALA OU MALETA

Mala Nº de entradas no inventário

Mala 1 490

Mala 2 166

Mala 3 337

Mala 4 51

Mala 5 162

Maleta preta 79

Maleta vermelha 46

Pasta Azul 32

TOTAL 1363

Fonte: Inventário dos documentos do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco.

Uma vez que Octávio Leal Pacheco faleceu em maio de 1975, pode-se

evidentemente concluir que os documentos posteriores a essa data foram ali colocados por

outra pessoa, e muito provavelmente essa outra pessoa foi sua viúva, Ilza Rosa Pacheco.

Por isso, o “fundo” Octávio Leal Pacheco inclui também um “subfundo”, Ilza Rosa

Pacheco.

Considerando-se apenas as entradas no inventário (sem considerar exemplares

repetidos ou os cerca de duzentos recibos e notas fiscais) têm-se um total de 1.363

12 Documento é toda unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato. (ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. 2005, p. 73.). 13 Entrada: ponto de acesso de uma unidade de descrição em um índice (ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, 2005, p. 84.).

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documentos. O que se denominou “fundo” Octávio Leal Pacheco (OLP) engloba 1.258

destes documentos, enquanto o “subfundo” IRP engloba apenas 105.

No fundo Octávio Leal Pacheco (OLP) foram incluídos todos os documentos com

data anterior à sua morte, e também aqueles sem data definida, mas cujo assunto permite

incluí-los nesse conjunto. Também foram incluídos no fundo OLP os documentos

produzidos ou dirigidos a outras pessoas e que se encontram misturados aos documentos

de Leal Pacheco.

Os documentos do fundo OLP constituem a maioria do acervo (aproximadamente

93% do conjunto de documentos (ver tabela 2).

Os demais documentos, que representam cerca de 7%, por serem todos com data

posterior à morte de Leal Pacheco e diretamente relacionados à sua segunda esposa, Ilza

Rosa Pacheco, constituem um subfundo (IRP), incluindo aqui alguns documentos

constantes da Pasta Azul, fornecidos pelo neto de Leal Pacheco. Excluiu-se do subfundo

IRP, entretanto, os documentos diretamente relacionados a Ilza Rosa Pacheco que têm data

anterior a maio de 1975. Esses documentos integram o fundo principal, pois estavam

misturados aos documentos de Octávio Leal Pacheco.

O subfundo IRP não pode ser considerado como um fundo a parte, tanto pelo

reduzido número de documentos quanto pelos objetivos da pesquisa. No momento de

recolhimento desses documentos em uma instituição municipal de preservação da

memória, grande parte dos documentos do subfundo IRP poderá ser eliminada.

No inventário, cada documento foi listado e recebeu um número (entrada) à medida

que foi retirado das malas. A numeração reinicia a cada mala ou maleta. Desta forma,

tentou-se respeitar a ordem dos documentos, sem separar dossiês14. Como muitos

documentos estavam reunidos em pastas, envelopes ou colados em livros, foram listados

como partes dos mesmos, mas receberam a numeração sequencial da mala.

No arquivo pessoal de Leal Pacheco foram encontrados documentos de diversos

gêneros (textuais, bibliográficos, iconográficos, cartográficos, objetos tridimensionais) e

para melhor identificá-los foi indicada quando possível, a espécie documental

14 Dossiê: conjunto de documentos relacionados entre si por assunto (ação, evento, pessoa, lugar, projeto), que constitui uma unidade de arquivamento. (ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, 2005, p. 80.).

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(correspondência, lei, certidão etc) e a tipologia15 (carta, telegrama, ofício, lei, decreto, lei

orçamentária, certidão de nascimento, certidão de tempo de serviço etc.).

Procurou-se também apresentar algumas características da forma ou suporte dos

documentos: se era manuscrito, impresso ou datilografado; se era um rascunho, um

original ou uma cópia. Indicou-se no caso dos documentos textuais o número de folhas (e

em alguns casos, as páginas) que os compõem, sendo que para documentos com uma única

folha não foi colocada nenhuma observação. Ainda considerou-se se era um recorte (caso

de jornais e revistas) e se o documento estava completo ou não.

Procurou-se datar os documentos de acordo com a data de sua produção ou

acumulação. Quando isso não foi possível incluiu-se notação s/d (sem data) e quando a

data é incerta indicou-se com um ponto de interrogação [?]. No caso de correspondências,

datas dos carimbos postais também foram consideradas. Não foi registrada a data tópica

(local).

Acrescentou-se ao inventário, como já se disse antes, uma coluna de observações,

para melhor guiar os trabalhos de pesquisa. Nessa coluna registraram-se algumas palavras-

chave, observações sobre o documento, assunto ou citações de trechos de documentos que

foram considerados mais relevantes para a pesquisa.

Ainda não foram eliminados documentos, mesmo aqueles que compõem o

subfundo Ilza Rosa Pacheco e que não se considerou relevantes para a pesquisa.

Em alguns casos há mais de um exemplar do mesmo documento no arquivo.

Quando isso ocorreu, e os vários exemplares estavam reunidos, deu-se apenas uma entrada

no inventário e indicou-se na coluna de observações a quantidade de exemplares.

Por outro lado, quando exemplares do mesmo documento foram encontrados

separadamente, na mesma mala ou em malas diferentes, deu-se uma entrada para cada uma

das ocorrências. Isso se justifica porque alguns exemplares do mesmo documento

15 Gênero documental pode ser definido como a reunião de espécies documentais que se assemelham por suas características essenciais, particularmente o suporte e o formato. Enquanto, que espécie documental é definida como divisão de gênero documental que reúne tipos documentais por suas características comuns de estruturação da informação. São exemplos de espécies documentais ata, carta, decreto, disco, filme, fotografia, memorando, ofício, planta, relatório. Tipo documental, por sua vez refere-se à divisão de espécie documental que reúne documentos por suas características comuns no que diz respeito à fórmula diplomática, natureza de conteúdo ou técnica do registro, tais como cartas precatórias, cartas-régias, cartas-patentes, decretos sem número, decretos-leis, decretos legislativos, daguerreótipos, litogravuras, serigrafias, xilogravuras. (Cf. BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006, p. 15-16).

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apresentavam correções ou inscrições que não ocorriam em outros, ou ainda por estarem

relacionados a algum dossiê.

Os dossiês, por sua vez, foram indicados na primeira coluna da tabela que apresenta

o inventário, e os itens documentais que os que os integram foram listados

individualmente.

Os documentos fiscais ou contábeis (notas, recibos), sempre que foram encontrados

em grande número e reunidos, também receberam apenas uma entrada na listagem da

mala, indicando a quantidade de documentos na coluna de observações.

Assim, como se disse, o número total de entradas no inventário, 1363, não

corresponde à totalidade dos documentos, que é bem superior. Na análise da tabela 2 deve-

se levar essa observação em consideração, uma vez que os cálculos de frequência da

ocorrência de certos documentos baseiam-se nas entradas no inventário e não na

quantidade de exemplares encontrados.

Os documentos dentro das malas e maletas não estão organizados

cronologicamente, nem por assunto: há em cada uma delas uma mistura de tempos e tipos

documentais. Existe então uma ordem original no arquivo, ou seja, é possível perceber

como se deu a disposição dos documentos?

O que se percebe no caso do arquivo de Leal Pacheco é que antes de serem

colocados nas malas, muitos documentos foram envelopados, colocados em pastas, colados

em cadernos, recortados, assinalados, copiados, anexados a outros documentos, às vezes

formando dossiês.

Portanto, não há um critério cronológico ou mesmo espacial que oriente a

organização do arquivo. Se nos arquivos públicos e privados institucionais (a exemplo de

empresas) as regras de arquivamento são em geral definidas de acordo com as

características da organização, o arquivo pessoal segue as regras do seu produtor e de

quem nele interferiu. O critério é a própria necessidade de acumular os documentos, juntá-

los, às vezes relacionando um ao outro.

Como se pode depreender da definição de arquivo privado, a unidade de cada um deles é conferida pela pessoa ou instituição que o constituiu, ou seja, por quem acumulou determinados documentos dentro do universo daqueles produzidos e recebidos. No caso dos arquivos privados pessoais, cabe a uma pessoa física, o titular do arquivo, escolher os documentos que, no fluxo dos papéis manuseados cotidianamente, merecem ser retidos e acumulados. É a pessoa, a partir de seus critérios e interesses, que funciona como eixo de sentido

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no processo de constituição do arquivo. Por um lado, porque sua vida, suas atividades e suas relações vão determinar e informar o que é produzido, recebido e retido por ela ou sob sua orientação. Por outro lado, e fundamentalmente, porque cabe a ela determinar o que deve ser guardado e de que maneira (HEYMANN, 1997, p. 2).

Octávio Leal Pacheco não procedeu a uma organização temática do arquivo, por

isso o aspecto “desordenado” das malas: todos os temas, sejam aqueles de caráter íntimo,

público ou profissional, aparecem em todas as malas.

Se é significativo o número de documentos (mais de 1.500) também é variada a

temática dos mesmos. É evidente que como político que foi Leal Pacheco, este tema tenha

preponderância, assim como assuntos relacionados à política (partidos políticos,

campanhas eleitorais, nomeações, administração pública etc.). Por outro lado são

significativos os documentos relativos à sua produção intelectual (poesia, discursos, etc.) e

sua vida empresarial. Aparecem ainda documentos que tratam da vida familiar, da

religiosidade de Leal Pacheco e outros aspectos da sua intimidade.

2.1.3. Analisando o arquivo pessoal

Um sistema de arranjo16 do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco poderia levar

em consideração aspectos fundamentais de sua trajetória como homem público e como

empresário, ou seja, levar em consideração o contexto de produção e acumulação de

documentos.

No caso dos arquivos pessoas físicas, segundo Janice Gonçalves, em texto sobre a

classificação e organização de documentos de arquivos, pode-se estudar a vida da pessoa

para estabelecer um sistema de arranjo:

Se o organismo produtor de arquivo for uma pessoa física, as fontes privilegiadas para a realização do estudo serão os documentos que concentram informações gerais sobre sua vida. Também aqui, há grande probabilidade de que estas fontes componham o próprio arquivo a ser organizado: currículos (muito úteis, por serem simultaneamente sintéticos e abrangentes), diários (ótimos para esclarecem dúvidas mais pontuais), relatos de caráter memorialístico etc. (GONÇALVES, 1998, p. 21).

16 Sistema de arranjo: conjunto de procedimentos técnicos combinados que norteiam a organização dos documentos, tendo em vista a recuperação da informação de um ou mais fundos e/ou coleções (ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, 2005, p. 156).

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Desta forma, uma possibilidade de arranjo da documentação poderá se basear nos

cargos e funções políticas ou empresariais que Leal Pacheco exerceu ao longo da vida,

com as divisões sendo representando cada um destes cargos ou funções, comportando

subdivisões.

Apesar de não se proceder nenhuma organização formal dos documentos, os quais

continuam nas malas, maletas e pasta, procurou-se, primeiramente, reconhecer os gêneros

e espécies documentais presentes no arquivo pessoal Octávio Leal Pacheco.

Foram identificados os gêneros documentais: textual, iconográfico, cartográfico e

objetos tridimensionais. Esses gêneros comportam espécies e tipos documentais, como as

descritas abaixo:

1-Documentos textuais (manuscritos, datiloscritos, mimeografados ou impressos;

podendo ser: rascunhos, originais e cópias17):

• Pessoais – relacionados diretamente à identificação de Leal Pacheco.

• Correspondência – ativa, passiva e de terceiros.

• Produção intelectual e obra – de Leal Pacheco e de terceiros.

• Legislação, jurídicos, notariais e técnicos

• Bibliográfico – Jornais, recortes, revistas e livros

• Panfletos e folders

• Peça teatral

• Contábeis e fiscais

• Diversos

2-Documentos iconográficos – fotografias, negativos, postais, desenhos.

3-Documentos cartográficos – mapas, plantas, desenhos.

4-Objetos tridimensionais – lampião, malas, canetas, cinzeiros etc.

Identificados os gêneros documentais, delineou-se outra possibilidade de arranjo do

acervo documental. Cumpre lembrar que o referido sistema de arranjo é apenas uma

tentativa de se obter uma visão global do arquivo: os documentos permanecem nas malas.

17 A Tradição Documental, parte da Diplomática, procura estabelecer o grau de relação entre o documento e sua matriz, sendo que o rascunho é um texto sujeito a correções, apresentando rasuras; a minuta é o texto passado a limpo, mas sem as marcas de validade (selos, assinaturas) e o original é o texto limpo, acabado. Cópias são documentos formalmente iguais aos originais e posteriores a eles. (Cf. BELLOTTO, 2002, p. 105-107).

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Após a realização da identificação dos gêneros e tipos documentais presentes no

inventário e, pensando-se na possibilidade de um arranjo por séries18 e subséries

documentais, segundo um critério tipológico e não funcional, pôde-se chegar à distribuição

dos documentos apresentada na tabela 2. Foram consideradas algumas grandes séries,

subdividindo-as.

A divisão em séries e subséries baseia-se nos documentos do fundo OLP. O

subfundo IRP, como se viu formado por reduzido número de documentos, foi incluído, na

tabela, como mais uma subsérie do fundo OLP.

No subfundo IRP, há documentos, em especial a maioria dos poemas listados no

inventário da Pasta Azul, que remetem diretamente ao fundo OLP. No entanto, no caso dos

poemas, trata-se de cópias ou compilações da poesia de Leal Pacheco realizadas por

familiares após a morte dele com o intuito de organizar livro de poesias para publicação,

por isso não foram incluídos no fundo OLP.

As subséries reúnem documentos que têm formato, ou seja, características formais

e de estilos de apresentação semelhantes. Por exemplo, a série correspondências comporta

três subséries: correspondência ativa, passiva e de terceiros. Em cada uma delas foram

incluídos: telegramas, cartas, bilhetes, ofícios, cartões etc.

Não se procedeu à separação entre os documentos de origem privada e os

documentos de origem pública, o que implicaria em outra possibilidade de arranjo do

arquivo pessoal.

Na tabela 2 apresenta-se o número de documentos (entradas) por série e subsérie e a

porcentagem em relação ao total das entradas no inventário.

Cabe reafirmar ainda que a divisão dos documentos do arquivo pessoal de Octávio

Leal Pacheco em séries e subséries constituiu apenas uma estratégia para se ter uma visão

geral do arquivo e que foi realizada a partir do inventário.

Os documentos não foram retirados das malas, maletas e pastas e reunidos de

acordo com as séries e subséries. Essa separação, acredita-se, só deverá ocorrer quando o

arquivo for transferido para uma instituição de custódia definitiva.

18 Série: subdivisão do quadro de arranjo que corresponde a uma seqüência de documentos relativos a uma mesma função, atividade, tipo documental ou assunto. (ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, 2005, p. 153).

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TABELA 2

ARQUIVO DE OCTÁVIO LEAL PACHECO: DOCUMENTOS POR SÉRIE

SÉRIE/SUBSÉRIE Nº DE

DOCUMENTOS (entradas)

%

Pessoais 27 1,98

Correspondência Ativa 105 7,70

Passiva 340 24,94

De terceiros 51 3,74

Bibliográfico- periódicos

Jornais e recortes 139 10,20

Revistas 17 1,25

Livros 75 5,22

Produção intelectual de OLP

Discursos e mensagens políticas 19 1,39

Poemas, acrósticos, quadras 38 2,79

Publicações 07 0,51

Produção intelectual de terceiros

Discursos 05 0,37

Poemas 34 2,49

Cartorários, jurídicos, legislação, técnicos

Leis, pareceres, recursos 35 2,57

Certidões, certificados, atestados, declarações

24 1,76

Contratos, termos, estatutos, regimentos e registros

21 1,54

Relatórios técnicos, normas, quadros, listas, relações, projetos

40 2,93

Peça de teatro Peça e separata de falas de personagem

02 0,15

Panfletos Panfletos políticos, folders, programas e propagandas de eventos

43 3,15

Contábeis, financeiros, fiscais

Notas fiscais, notas de consumo, recibos, impostos, promissórias

14 1,03

Diversos 61 4,48

Cartográficos Mapas, plantas e desenhos 13 0,95

Iconográfico Fotografias e negativos 119 8,73

Postais 13 0,95

Objetos 16 1,17

Subfundo IRP 105 7,70 TOTAL 1.363 100,00

Fonte: Inventário do Arquivo Pessoal de Octávio Leal Pacheco.

Na série “Documentos Pessoais”, foram incluídos os documentos de identificação

de Leal Pacheco: certidão de casamento, certidão de óbito e outras certidões, certificado de

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reservista, título eleitoral, cédula de identidade, atos de nomeação para cargos públicos,

diplomas e receituário médico. Incluiu-se também nessa série: a “Síntese Biográfica” e o

currículum vitae (esse não é o título do documento, que parece ser na verdade uma carta,

mas cujo objetivo era apresentar as credenciais de Leal Pacheco no momento em que ele

apresentava seu nome ao presidente Médici pleiteando indicação para cargo de prefeito na

década de 1970). Foi incluída também uma versão, sem data, da síntese biográfica de Leal

Pacheco (essa versão não foi escrita por ele, mas se aproxima muito da Síntese Biográfica

que Leal Pacheco escreveu).

A série “Correspondência” é a maior do arquivo, o que é comum em arquivos

pessoais. Subdividiu-se a série nas subséries “correspondência ativa”, “correspondência

passiva” e “correspondência de terceiros”. Totalizando 496 documentos, a série representa

aproximadamente 37% das entradas no inventário do arquivo pessoal. A série contém

cartas, telegramas, bilhetes, ofícios, cartões, convites e outros tipos de correspondência,

sejam eles de natureza privada ou pública. A troca de correspondências entre Octávio Leal

Pacheco e seus interlocutores é constantemente atestada através de expressões como:

“recebi sua carta de...”, “agradeço os dizeres elogiosos na sua carta de...”.

Os assuntos principais da série são: eleições, partidos, administração pública,

agradecimentos, cumprimentos ou congratulações, nomeações de funcionários públicos,

obras públicas, pedidos e solicitações, manifestações de admiração, negócios, notícias

familiares, poesia.

Pode-se identificar a maioria das assinaturas, remetentes e destinatários das

correspondências. No conjunto da série “correspondências” aparecem nomes de vulto da

política nacional, estadual ou local, bem como “pessoas comuns”: funcionários públicos

que pediam favores, vizinhos com as “novidades” da época, familiares e amigos. Entre

seus principais interlocutores estavam: Tancredo Neves, Aureliano Chaves, Monsenhor

Francisco Elói de Oliveira (pároco de São Tiago), Agenor de Senna19.

Os documentos da subsérie “correspondência ativa” têm datas entre 30 de

dezembro de 1921 e 19 de março de 1974, sem se considerar os documentos sem data.

Como a correspondência ativa é, a priori, uma escrita perdida, os documentos que constam

da subsérie são basicamente cópias (manuscritas, datilografadas e cópias carbono) ou

rascunhos dos originais. Predominam correspondências produzidas por Octávio Leal

19 Ver anexo I: Lista de Nomes constantes da correspondência de Octávio Leal Pacheco.

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Pacheco durante o exercício de funções e cargos públicos: prefeito, membro de diretório de

partidos políticos, membro da diretoria de instituições (Comitê de Propaganda e

Melhoramentos de São Tiago).

A correspondência ativa íntima ou privada tem pouca expressão numérica. Além

disso, não é fácil separar o privado e o público: uma mesma carta, por exemplo, pode

abordar tanto assuntos do cotidiano familiar e do círculo de amigos quanto discussões

políticas ou de interesse público.

Já a subsérie “correspondência passiva”, a maior delas, tem como datas-balizas 09

de novembro de 1921 e 04 de janeiro de 1975, novamente desconsiderando-se os

documentos sem data ou com data imprecisa. Os documentos são, em sua maioria,

manuscritos ou datilografados. Nessa subsérie também predominam correspondências

relacionadas ao exercício de funções públicas e às atividades empresariais que Leal

Pacheco exerceu ao longo da vida. No entanto, a correspondência de caráter privado,

mesmo que não exclusivamente, aparece de forma mais significativa. Amigos, vizinhos e

familiares trocavam informações e notícias, ao mesmo tempo em que tratavam de temas da

política municipal ou regional.

A subsérie “correspondências de terceiros” engloba as correspondências que têm

destinatários diversos, mas que foram incorporadas ao arquivo pessoal e guardam com ele

certa relação. Originais ou cópias, esses documentos datam do período entre 02 de abril de

1934 e 12 de fevereiro de 1975. Alguns destes documentos, inclusive, foram redigidos por

Octávio Leal Pacheco, principalmente nos casos em que ele parece estar exercendo

atividades próprias de um advogado e era procurado por pessoas para orientar recursos e

redigir requerimentos e ofícios.

A série “bibliográfico e periódicos” é composta de jornais, revistas e livros, com

datas que se estendem desde 1892 até a década de 1970. A maioria dos documentos é

representada pelos muitos recortes colecionados, às vezes colados em velhos livros ou

cadernos, mas que foram listados individualmente no inventário. Além dos recortes, há

também alguns jornais completos. O documento mais antigo do arquivo integra a série.

Trata-se do exemplar número 1 do jornal oficial do Governo de Minas Gerais: Jornal

Minas Geraes, orgam official dos poderes do Estado, anno I, n. 120, de 1892.

20 M1/72.

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Os recortes enfocam mais diretamente notícias acerca de São Tiago, da

administração municipal, publicações oficiais (recursos públicos, leis, projetos), e notícias

e notas divulgadas tanto na imprensa local ou regional (de São Tiago, São João del-Rei,

Bom Sucesso, Oliveira etc.), quanto jornais de maior expressão estadual ou nacional

(Diário de Minas, Estado de Minas, O Globo).

As revistas, apenas 17 documentos, alguns incompletos, também estão incluídas na

série “bibliográfico e periódicos”. Destacam-se duas: diversas reportagens sobre Juscelino

Kubitschek que integram uma separata publicada pela Revista Manchete21, e uma revista

com história em quadrinhos sobre J. F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos22.

No conjunto de recortes de jornais, não foram considerados os recortes de poemas

de diversos autores, os quais integraram a subsérie “poemas de terceiros”. Isto porque estes

foram considerados reveladores do estilo e gosto literário de Leal Pacheco.

A série “produção intelectual” reúne os escritos de Octávio Leal Pacheco de caráter

mais estritamente literário (subsérie poemas, trovas e acrósticos) os textos políticos

(subsérie “discursos e mensagens políticas”) e os pequenos artigos publicados em jornais

de São Tiago e Rio Novo, MG. Os documentos da série incluem manuscritos, impressos e

datilografados, originais e cópias.

No levantamento dos poemas foram arrolados 38 documentos, mas não quer dizer

que haja 38 poemas. No arquivo, há diversas cópias ou exemplares de um mesmo poema e

uma mesma folha, caderno ou caderneta pode conter mais de um poema. A caderneta de

trovas, por exemplo, reúne 12 trovas, mas no inventário se deu apenas uma entrada para a

caderneta. Os diversos poemas de Leal Pacheco compilados pelos familiares,

acondicionados na Pasta Azul e integrantes do subfundo IRP, não receberam entradas

individuais no inventário. Além disso, o número de poemas constante do arquivo não

esgota a produção que representa as aspirações literárias de Leal Pacheco, uma vez que

existem outros poemas que não se encontram no arquivo. Assim, foram identificados, entre

poemas do fundo OLP e do subfundo IRP, 44 poemas, desconsiderados cópias e poemas

com mais de um título23.

Cabe ressaltar ainda que a subsérie “poemas” é composta tanto de originais

autógrafos quanto de cópias autógrafas e heterógrafas. Em diversos casos, observa-se que

21 M2/152 22 M1/76. 23 Ver Anexo II: Lista de Poemas de Octávio Leal Pacheco

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ao copiar seus próprios poemas, Leal Pacheco fazia alterações, trocava palavras, rimas,

títulos.

A subsérie “discursos e mensagens políticas” engloba 19 documentos. Os discursos

representam a faceta de orador de Leal Pacheco. A oratória, segundo pessoas que com ele

conviveram, era uma de suas habilidades. Ele escrevia seus próprios discursos e alguns

foram escritos em tiras de papel. Nos discursos, a ideologia política de Leal Pacheco fica

evidenciada: alinhado a diversos grupos ou partidos políticos que assumiram o poder no

Brasil desde a República Velha até a ditadura militar, pode-se considerá-lo como um

político “conservador”.

Ao todo foram arrolados 10 documentos especificados como discursos: 01 de posse

e 02 de transmissão de cargo de prefeito ao final dos dois mandatos que exerceu, todos de

temática essencialmente política e administrativa, escritos entre meados da década de 1950

e o início da década de 1960; 01 discurso de posse na Academia de Letras de São João del-

Rei, década de 1970, por ocasião das comemorações da Proclamação da República, e no

qual aborda a presença dos militares na história política republicana e tece elogios aos

governos militares pós-1964; 01 discurso que supõe-se escrito em homenagem ao então

ministro da Justiça José Francisco Bias Fortes, no qual faz uma análise da situação mundial

após a Segunda Guerra Mundial e o governo Dutra no Brasil; 01 discurso, de 1943, por

ocasião das comemorações da Independência do Brasil e no qual Leal Pacheco tece

comentários sobre o Estado Novo, a Segunda Guerra Mundial, entre outros temas; 01

discurso em louvor a Nossa Senhora de Fátima, sem data, e 01 discurso de 1966,

datilografado em tiras de papel, tratando de analfabetismo, educação.

Leal Pacheco, em 03 de maio de 1956, escreveu um discurso a pedido de Ilza Rosa,

que o pronunciaria durante comemorações da abolição da escravidão no Brasil. Incluiu-se

ainda na subsérie “discursos” um manuscrito incompleto, que parece ser parte de um

discurso.

As mensagens políticas, total de 09 documentos, produzidas durante os dois

mandatos de prefeito que ele exerceu (1953-1955 e 1959-1963), tratam basicamente de

balanços da atividade administrativa do prefeito Octávio Leal Pacheco e eram destinadas à

Câmara de Vereadores de São Tiago.

A subsérie “publicações” engloba poucos documentos: 02 exemplares da obra

publicada por Leal Pacheco em 1922: Recenseamento de 1920 - Município de Bom

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Sucesso: relatório apresentado á 15ª delegacia seccional do recenseamento, editado pela

Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. Nessa obra, Leal Pacheco aborda a história

de Bom Sucesso (MG) e região, e apresenta os dados do recenseamento de 1920, trabalho

coordenado por ele na cidade de Bom Sucesso e seus distritos (São Tiago, à época, era um

desses distritos).

A subsérie “publicações” engloba ainda 12 pequenos artigos que Leal Pacheco

escreveu para o jornal “Ponta de Lança”, de São Tiago, no início da década de 1970. Tais

artigos foram publicados em diferentes números do jornal e compõem a série denominada

São Tiago de antanho, na qual narra sua trajetória política desde que chegou a São Tiago

no início dos anos 1920. Os originais manuscritos dos artigos São Tiago de antanho

também integram a série. Completam a subsérie, artigos assinados por ele, publicados em

1941 no jornal “O Censo”, de Rio Novo-MG, do qual Leal Pacheco foi diretor.

A subsérie “produção intelectual de terceiros”, é composta de 39 documentos: 05

discursos e 34 poemas. Excluído um discurso atribuído a Ilza Rosa Pacheco, segunda

esposa de Leal Pacheco, os demais são discursos de políticos publicados em livretos ou

jornais. Interessante documento histórico é o discurso “O momento político” 24, de João

Luiz Alves, de 1922, a respeito do episódio das cartas falsas, atribuídas a Arthur Bernardes

com infâmias sobre Hermes da Fonseca. Nesse documento há inscrições de Leal Pacheco.

O discurso de posse de Getúlio Vargas na Academia Brasileira de Letras, em formato de

livro, não integra a subsérie, mas a de material bibliográfico.

Completa a subsérie “produção intelectual de terceiros”, um conjunto de cópias –

manuscritas ou datilografadas - de poemas de diversos autores e mesmo os recortes de

jornais com poemas diversos. A partir desses documentos pode-se ter uma percepção dos

hábitos literários de Leal Pacheco: os autores que lia, os estilos literários apreciados e a

produção literária dos confrades da Academia de Letras de São João del-Rei, da qual foi

membro.

A série “Cartorários (ou notariais), jurídicos, legislação e técnicos”, engloba 130

documentos muito diversos: recursos jurídicos de processos nos quais Octávio Leal

Pacheco esteve envolvido; uma variedade de certidões, certificados, termos e estatutos dos

mais diversos assuntos, tanto tratando de aspectos da administração pública municipal,

quanto da atividade empresarial de Leal Pacheco. Cabe referência, às duas cópias de um 24 Discurso: “O momento político”: proferido pelo Dr. João Luiz Alves na manifestação que lhe fez o povo de Bello Horizonte em 29 de Janeiro de 1922, M2/06.

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conjunto de documentos ou dossiê sobre o projeto de reforma do abastecimento de água da

sede do município de São Tiago na década de 1950: desse conjunto fazem parte

correspondências, certidões, plantas, tabelas e quadros com especificações técnicas. Tais

documentos eram essencialmente produtos da atividade pública, mas foram incorporados

ao arquivo pessoal.

Novamente, deve-se considerar que alguns documentos da série têm mais de uma

entrada no inventário quando encontrados em malas ou dossiês diferentes. Por exemplo, há

diversos exemplares dos estatutos de uma organização civil criada por Octávio Leal

Pacheco, no início dos anos 1930: os Estatutos do Comitê de Propaganda e Melhoramentos

de São Tiago.

A série “Peça de teatro” é composta de apenas dois documentos: a peça “Os olhos

que eu matei”25, que parece ser uma cópia datilografada de 1969, e uma separata das falas

da personagem Olavo Luís, interpretada por Leal Pacheco. Não foi identificado o autor da

peça, mas sabe-se que Leal Pacheco também escrevia pequenas peças teatrais.

“Panfletos” é a série que reúne mais de 40 entradas do inventário entre panfletos

políticos, programas e propagandas de eventos. Há exemplares de alguns panfletos que se

contam às dezenas, a exemplo daqueles de divulgação da candidatura de Octávio Leal

Pacheco a deputado estadual. Destacam-se os panfletos políticos, nos quais Leal Pacheco

manifesta, individualmente ou juntamente a lideranças políticas, suas posições frente a

acontecimentos e questões políticas de caráter nacional ou local. No panfleto intitulado

São Thiago, sempre!26, de 1930, por exemplo, Leal Pacheco e outros políticos locais se

posicionam frente aos acontecimentos que antecedem a Revolução de 1930. Em outro

panfleto, na verdade um livreto de 26 páginas, intitulado Política Municipal: explicação

aos correligionários de Bom Successo27, de 1933, ele narra as disputas políticas locais num

contexto de mandonismo típico do coronelismo das primeiras décadas do século XX.

Os documentos da série “contábeis, financeiros e fiscais” totalizam 14 entradas no

inventário, mas na realidade ela comporta mais de 200 documentos entre notas fiscais,

notas de consumo, recibos de pagamentos efetuados, notas promissórias. Os documentos

tanto se referem à vida privada quanto à vida pública de Leal Pacheco. Dezenas de

documentos referem-se à empresa Companhia de Força Luz de São Tiago, da qual ele foi

25 M2/50. 26 M4/37. 27 M5/76.

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sócio. Recibos, notas revelam a personalidade meticulosa de Leal Pacheco, que tinha

necessidade de comprovar gastos, inclusive das suas constantes viagens durante mandatos

de prefeito (comprovantes de pagamentos realizados, diárias de hotéis etc.).

Já a série “Cartográficos” engloba mapas, plantas e desenhos arquitetônicos. Leal

Pacheco viajava muito e mapas rodoviários aparecem em seu arquivo. Por outro lado, os

projetos políticos de suas gestões como prefeito de São Tiago, demandavam um

conhecimento do espaço – daí as plantas que aparecem relacionadas a estes projetos.

A série “Iconográficos” é representada por 119 fotografias, 08 negativos e 13

postais. As fotografias integram-se perfeitamente ao conjunto dos documentos do arquivo:

comprovação da vida pública, dos projetos, em especial a construção da Usina

Hidroelétrica na década de 1950 e o plano urbanístico de São Tiago, também da década de

1950. A vida familiar também é retratada nas fotos: filhos e netos, a construção da

residência pessoal à Rua Viegas, em São Tiago.

Os postais poderiam ser incorporados à correspondência passiva, entretanto,

valorizando a imagem e os lugares que representam, foram listados como elementos

iconográficos. Postais de São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Caxambu, São Lourenço:

lugares que mantinham importantes significados em momentos distintos da vida de Leal

Pacheco.

“Objetos tridimensionais” formam um conjunto de utensílios de uso pessoal ou

familiar, tais como óculos, canetas, lápis, cinzeiros, abotoaduras, agulha e até um antigo

lampião. As próprias malas e maletas que acondicionam os documentos do arquivo pessoal

poderiam integrar a série, mas não receberam entradas no inventário.

Por fim, a série “Diversos” do arquivo pessoal de Leal Pacheco é composta por uma

variedade de documentos reveladores de hábitos cotidianos. Há, por exemplo, um caderno

intitulado “Rol de roupas para lavadeira e acerto da cozinheira28” e outro caderno29 com as

despesas na reforma da residência familiar em São Tiago. Há ainda pequenas anotações

com significados de palavras e expressões, como as folhas avulsas com anotações de

“Frazes latinas, inglezas, italianas etc”30 , listas de palavras e personagens da história geral

e da mitologia31 e blocos onde também anotava ideias para poemas, rimas, discursos. Há

28 M2/66. 29 M2/68. 30 M2/110. 31 M2/47.

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livretos de novenas e outros de orientação da declaração do imposto de renda. Há cartões

comemorativos, cartão de loteria esportiva e cartões pessoais, calendários, recortes de

frases, crachá.

Quanto ao estado de conservação dos documentos, poucos precisam de cuidados

urgentes, mas é preciso retirar grampos metálicos, fitas durex. Também é preciso planificá-

los e promover uma higienização. Por fim, é necessário dizer que elaborado o inventário,

os documentos foram re-acondicionados nas malas e maletas, tentando preservar ao

máximo a ordem do momento em que foram recebidos.

2.2 Muito mais que um “cofre de recordações”: obsessão pelo arquivar

Em maio de 1966, Octávio Leal Pacheco escreveu uma carta íntima para a esposa

Ilza Rosa Pacheco e nela a destinatária inscreveu a seguinte frase: Para o cofre de

recordações32. A carta reflete um momento da intimidade, da vida familiar e da relação de

ambos com a mãe de Ilza Rosa. Por isso, deveria ir para um “cofre”. Não seria

simplesmente guardada, mas guardada criteriosamente, preservando a intimidade. O

arquivo pessoal seria, portanto, um cofre, algo fechado, de acesso restrito. Mas o que é

mais importante: a carta deveria ser guardada - Ilza, a esposa, adquire os hábitos do

marido.

Leal Pacheco incentivava familiares e amigos para constituírem seus arquivos. Na

cópia da caderneta de quadras de sua autoria, datada de 1971, Leal Pacheco a destina para

o filho e inscreve na capa da caderneta: Quadras de Octávio Leal Pacheco para a Rádio

Tupi de São Paulo – Cópia para o arquivo do filho José Pacheco – Rio – Guanabara33

(grifos meus). Já em outubro de 1972, em carta dirigida a Aureliano Chaves, Leal Pacheco

escreve: Tenho recebido e devidamente arquivado, toda a correspondência que, há muito

tempo, vimos mantendo ...34.

Arquivar era uma prática constante na vida dele. Quase uma obsessão ou uma

“compulsão arquivística”35.

Por que Octávio Leal Pacheco arquivou tantos e diversos documentos?

32 Carta de OLP para Ilza Rosa Pacheco, 08/05/1966, M4/10. 33 Caderneta com quadras de Octávio Leal Pacheco, 1971, M/45 34 Carta de OLP para Aureliano Chaves, 12/10/1972, M2/28 35 Expressão utilizada por Reinaldo Marques (2003).

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As respostas podem ser várias. A primeira e mais imediata: Leal Pacheco acumulou

documentos no exercício das atividades profissionais (empresário, funcionário ou prestador

de serviços públicos), no exercício de cargos públicos (promotor, vereador, prefeito) e

também por ser membro de instituições ou associações (Comitê de Propaganda e

Melhoramentos de São Tiago, diretórios de partidos políticos, Academia de Letras de São

João del Rei).

A segunda resposta: Octávio Leal Pacheco gostava de escrever e colecionar poemas

e obras – seus e de outros autores. Considerava-se um escritor. Gostava também de ler –

colecionava livros, recortes, revistas. Transcrevia poemas que admirava e copiava e

reescrevia constantemente os próprios poemas.

A terceira e confessa resposta: Leal Pacheco mais que necessidade de guardar

documentos, tinha compulsão por guardá-los. O trecho de um documento é paradigmático

quando se trata do hábito de arquivar e possuir documentos: em 1956, após solicitar, por

várias vezes, cópias de leis ao prefeito de São Tiago, e diante da repetida sonegação das

cópias pelo prefeito, seu desafeto político, Leal Pacheco, impaciente, escreve em caixa

alta:

É PARA SATISFAZER O DESEJO DE POSSUÍ-LAS E, OPORTUNAMENTE, SE NECESSÁRIO, FAZER DELAS O USO QUE ME CONVIER, SEM PREVIA AUDIÊNCIA DE QUEM QUER QUE SEJA36. (grifos meus).

Outra evidência dessa compulsão são as cópias de documentos (principalmente

cartas) e o costume de apor a certos documentos expressões como “cópia”, “arquivo”.

Figura 3 "Cópia para Arquivo" - inscrição sobre cópia de telegrama.

36 Carta de OLP para o prefeito José Resende Santiago, em 06/03/1956. M3/85. (grifo meu)

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Uma quarta resposta possível: Leal Pacheco buscava controlar sua memória, reunir

provas dos próprios atos, fornecer dados para ser reconhecido no futuro, garantir

evidências de sua existência, daquilo que ele lia, como escrevia e o que dele se falava. Daí,

acumular desde documentos oficiais até os registros do cotidiano – as despesas com

empregados, as contas pagas, as reformas na casa, receituário médico, contratos, livros,

objetos.

Para isso era preciso guardar o escrito. Phillipe Artières (1998) aponta a

necessidade que algumas pessoas têm de exercer um controle gráfico sobre sua vida:

O anormal é o sem-papéis. O indivíduo perigoso é o homem que escapa ao controle gráfico. Arquivamos portanto nossas vidas, primeiro, em resposta ao mandamento “arquivarás tua vida” — e o farás por meio de práticas múltiplas: manterás cuidadosamente e cotidianamente o teu diário, onde toda noite examinarás o teu dia; conservarás preciosamente alguns papéis colocando-os de lado numa pasta, numa gaveta, num cofre: esses papéis são a tua identidade; enfim, redigirás a tua autobiografia, passarás a tua vida a limpo, dirás a verdade. (ARTIÈRES, 1998, p. 3)

Em uma folha de bloco onde foram anotadas diversas expressões latinas, Octávio

Leal Pacheco escreve: Verba volant, scripta manent37. Escrever para registrar, para

permanecer, para superar o esquecimento e para evidenciar a verdade individual e pessoal.

A escrita enquadra a memória, numa tentativa de superar as vicissitudes da oralidade. A

escrita de Leal Pacheco e os escritos que reunia “oficializavam” sua memória.

Priscila Fraiz ao estudar o arquivo de Gustavo Capanema afirma:

Não é preciso insistir no fato de que a construção de um arquivo pressupõe o ato da escrita ou que a escrita precede o arquivo. Contudo, convém lembrar que um arquivo implica não só a produção de discursos de seu titular, como também a acumulação de discursos de outros. Ou seja, é também pela acumulação de discursos produzidos por terceiros que Capanema busca construir sua identidade, realizando esse movimento simultâneo: produz seu próprio discurso mediante a apropriação, pela escrita, de outros discursos, ao mesmo tempo que acumula organizadamente tantos outros que lhe servirão para a mesma finalidade. (FRAIZ, 1998, p. 69)

Para Octávio Leal Pacheco, controlar a escrita própria não bastava, era preciso

controlar a escrita que o outro produzia sobre ele: guardar a correspondência ativa e

passiva, recortar notas de jornais, desqualificar os oponentes e conservar os elogios.

37 “As palavras voam, os escritos ficam”. Frase latina anotada por Leal Pacheco em bloco de anotações constante de seu arquivo pessoal. M4/20.

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Na “Síntese biográfica”38, escrita por ele mesmo provavelmente no início da década

de 1970, Leal Pacheco tenta desqualificar um historiador de Mogi das Cruzes, São Paulo.

O historiador havia criticado o fracasso da companhia de bondes urbanos, fundada, em

1918, por Leal Pacheco e sócios naquela cidade. Leal Pacheco diz, então, que o historiador

não havia compreendido a verdadeira causa do fracasso. O fracasso, para Leal Pacheco, se

deveu à eclosão da Primeira Guerra Mundial. Por isso, ele escreve que não se surpreende

com a opinião do historiador mogiano, cujo trabalho era, e sublinha essa parte na síntese

biográfica, “ligeiro registro” de alguns acontecimentos da história de Mogi das Cruzes. A

escrita do oponente é um ligeiro registro, fraco, incipiente. Ao contrário, a escrita própria é

que tem valor, forte, um discurso verdadeiro.

Assim, a escrita pessoal de Leal Pacheco vai além daquilo que efetivamente

escreveu – seus poemas, discursos, textos. Está também presente no arquivar o outro que o

escreve e inscreve na memória coletiva. Esse comportamento é na verdade uma tentativa

de controlar o que é incontrolável. A ilusão de que ele podia construir uma identidade una,

indivisível.

Segundo, FRAIZ (1998), os documentos dos arquivos privados têm basicamente

valor informativo, histórico. Contudo a autora também afirma que:

[...] se alargarmos esse conceito, também podemos dizer que, na organicidade de um arquivo pessoal, na maneira como os documentos foram organizados e mantidos em seu local de origem, é que reside seu valor de prova. Essa maneira atesta, por exemplo, as intenções e os sentidos emprestados pelo titular do arquivo relativos ao uso dos documentos acumulados. (p. 62-63)

No caso do arquivo de Leal Pacheco a junção de vários documentos formando o

que se está denominando de dossiês é um dos aspectos mais marcantes na organização que

deu a suas malas da memória. Apesar de terem sido já remexidas e documentos

acrescentados, não impede de perceber que ele pretendia transformar seu arquivo num

conjunto de provas de suas ações enquanto homem público e em instrumentos de defesa

frente aos críticos e oposicionistas.

Talvez o melhor exemplo do que se está afirmando seja o conjunto de itens

documentais que integram o dossiê “Plano Urbanístico”. O primeiro é o discurso de

transmissão de cargo, por ocasião do fim do primeiro mandato de Leal Pacheco como

38 Síntese biográfica e da ação político-administrativa do Prefeito Octávio Leal Pacheco. MP/60.

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prefeito de São Tiago, em 1955. Esse documento tem 38 folhas. Em seguida, vêm as 08

folhas do “Relatório de serviços” – investigação que partiu da denúncia do Prefeito Jose

Resende Santiago (vulgo Pererinha) contra a administração de Leal Pacheco e de

funcionários do DAM (Departamento de Assistência aos Municípios – órgão da

administração estadual da época), de outubro de 1956. Aparecem então as denúncias feitas

pelo Prefeito José Resende Santiago e pela Câmara de Vereadores, produzidas em março e

junho de 1956, totalizando 04 folhas. E, por fim, a defesa de Leal Pacheco apresentada ao

juiz relator do caso em dezembro de 1956, em duas vias de 11 folhas cada uma39.

A organização segue, portanto, uma lógica: o discurso do eu, os discursos dos

outros confirmando ou negando o discurso do eu, e o retorno ao eu, uma rearfirmação da

verdade inicial.

O inventário do arquivo pessoal de Leal Pacheco revela a existência de outros

dossiês desse tipo, há até dossiês de correspondências, nos quais reúne diversos tipos de

correspondências trocadas com seus interlocutores a respeito de um tema qualquer,

incluindo cópias das cartas ou telegramas que enviou. Também há documentos dentro de

documentos: nas correspondências, por exemplo, era comum ele transcrever trechos ou o

conteúdo integral de cartas que recebia.

2.3. O público e o privado no arquivo pessoal

Qual a fronteira entre o público e o privado num arquivo pessoal?

Numa quantificação simples, pode-se dizer que os documentos públicos ou

originados do exercício de funções públicas (políticas e administrativas) e empresariais

constituem a maioria do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco.

Documentos públicos são aqueles originados da atividade ou função pública,

reconhecidos pela sua forma e redação – exemplos: uma lei, um decreto, um ofício.

Documentos privados são emanados de pessoa física ou jurídica de direito privado:

uma correspondência íntima, um contrato, um título, um objeto etc.

Entretanto, a distinção entre o público e o privado não é tão simples. Muitos

documentos do arquivo de Leal Pacheco, a priori, deveriam estar nas instituições onde

foram produzidos, pois eram documentos da administração pública. A presença desses 39 M1/406, 407, 408 e 409. Os documentos estão unidos por grampos metálicos e constam de pasta com inscrição impressa “Prefeitura Municipal de São Tiago”.

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documentos no arquivo resultaria de uma apropriação privada do público, o que ocorre

com certa frequência nos arquivos de políticos, como apontam alguns pesquisadores.

Durante muito tempo tal prática foi considerada normal, principalmente porque em

tempos mais remotos não havia separação definitiva entre bens públicos e privados, sendo

que muitos arquivos públicos até se originavam de arquivos privados (a exemplo dos

cartórios notariais):

Nos antigos arquivos privados, pessoais ou de família, existiram desde sempre documentos de natureza pública que derivaram de funções, de cargos ou de ofícios públicos [...]. A conservação privada daqueles documentos que hoje se designam como “actos do Estado” era no passado absolutamente normal. Muitas vezes os ofícios não tinham sede própria, e os assuntos tratados na residência de quem era proposto para o ocupar. Por outro lado, os ofícios eram “venais”, isto é, vendidos aos privados por um determinado período, mais frequentemente por uma vida, mas por vezes podiam ser hereditários de uma família. (GARCIA, 1998, p. 178).

Em épocas mais recentes, essa situação se transformou: a maioria dos ofícios

públicos exercidos em âmbito privado desapareceu. Os Estados passaram a se organizar e

estabelecer um corpo de funcionários, uma estrutura administrativa e legislações que

regulamentam a circulação e arquivamento dos documentos públicos. No Brasil, essa

“racionalização” do papel do Estado foi lenta, e, segundo alguns estudiosos, uma visão

patrimonialista de Estado marcou durante muito tempo a história do país, havendo uma

confusão entre os interesses públicos e privados e a percepção de que o aparelho estatal

não seria nada mais que uma extensão do poder de quem governa40. Talvez aí se encontre a

explicação para o fato de muitos detentores de cargos eletivos e/ou de funções públicas

terem acrescentado aos seus arquivos pessoais documentos de origem pública, o que não

configuraria, na concepção deles, ato ilegal.

A presença dos documentos públicos em um arquivo privado supõe uma

reconfiguração do documento. Em um arquivo público ele poderia se “perder”, por ser

semelhante a tantos outros. E, no extremo, como provavelmente Leal Pacheco considerava,

poderia ser destruído.

No arquivo pessoal, contudo, tais documentos podem se constituir em peças únicas,

mas não soltas ou fora de contexto. Contam e comprovam ações do homem público que foi

Leal Pacheco, revelam seus métodos e projetos. Por isso, apesar da origem pública, não é

40 A respeito ver FAORO, Raimundo. Os donos do poder (1989).

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mais possível reintegrar o documento à sua origem. Além do mais perdeu os liames

orgânicos com o meio onde foi gerado, acabou por tornar-se elemento de coleção (pública

ou privada) ou mesmo objeto de guarda/posse única de um particular (pessoa física ou

jurídica) ou de uma entidade pública (BELLOTTO, 1991, p. 165-166).

Assim, na constituição do arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco, não se pode

desconsiderar a confluência entre o homem público, o político, e o indivíduo, a pessoa.

Também, é praticamente impossível tentar separar um de outro: a vida pública e a vida

privada se misturam para compor as diversas facetas do indivíduo.

Mais que isso no caso do arquivo de Leal Pacheco o que se observa é uma tentativa

de guardar provas da vida pública – o arquivo pessoal teria além do caráter informativo, o

caráter probatório. Era preciso, na perspectiva do produtor, guardar os documentos que

poderiam ser usados na sua defesa ou na promoção de sua memória. Talvez Octávio Leal

Pacheco receasse que alocados nas instituições onde exerceu funções públicas

eletivas/administrativas os documentos pudessem desaparecer.

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CAPÍTULO III: O lampião dentro da mala – autobiografar-se pelo

arquivo

No primeiro capítulo, foram apresentadas algumas abordagens sobre a questão da

memória, procurando enfocar aquelas que a identificam como uma manifestação individual

e subjetiva e aquelas abordagens que afirmam a substância social da memória, para em

seguida relacionar memória e arquivos pessoais. No capítulo 2, procurou-se caracterizar a

materialidade do arquivo pessoal de Leal Pacheco: os documentos que integram o arquivo,

os gêneros, espécies e tipos documentais. Procurou-se compreender também porque ele

arquivou e guardou tantos documentos.

No presente capítulo, pretende-se trabalhar o arquivo como uma manifestação do

gênero autobiográfico, ou seja, como uma narrativa de si construída por uma pessoa em

determinado tempo. Os conceitos básicos que nortearão o capítulo são autobiografia e

biografia, tendo como referência principalmente o trabalho do francês Philippe Lejeune

(2008), para em seguida, propor a compreensão do arquivo pessoal de Octávio Leal

Pacheco segundo um caráter autobiográfico.

3.1 Autobiografias e biografias: a vida é uma história

Pierre Bourdieu (2006) começa o ensaio A Ilusão biográfica a partir do que o senso

comum entende por história de vida. Nesse sentido, falar de histórias de vida é considerar

um conjunto de acontecimentos sucessivos que caracterizam a existência de um indivíduo.

A narrativa dos acontecimentos de uma existência individual é construída então como um

todo coerente e orientado para um final, para cumprir um projeto (a existência teria,

portanto, uma finalidade e um fim propriamente dito).

Dessa forma, as narrativas autobiográficas e biográficas, também histórias de vida,

pressuporiam uma ordem e também a existência de um sentido para a existência.

Sem dúvida, cabe supor que o relato autobiográfico se baseia sempre, ou pelo menos em parte, na preocupação de dar sentido, de tornar razoável, de extrair uma lógica ao mesmo tempo, retrospectiva e prospectiva, uma consistência e uma constância, estabelecendo relações inteligíveis, como a do efeito à causa

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eficiente ou final, entre estados sucessivos, assim constituídos em etapas de um desenvolvimento necessário. (BOURDIEU, 2006, p. 184)

Essa seria a grande ilusão biográfica de que fala o autor: considerar a vida como

uma “história”, um relato coerente e unitário. O contraponto dessa visão, segundo o

próprio Bourdieu, seria dado pelo romance moderno, momento da “descoberta” que o real

é descontínuo, fragmentado, apesar de não se poder furtar de mecanismos sociais que

favorecem ou autorizam a experiência comum da vida como unidade ou totalidade

(BOURDIEU, 2006, p. 185). Tais mecanismos estabeleceriam como padrão “normal” uma

identidade constante, duradoura, quase imóvel: o nome próprio seria um desses

mecanismos que garantiriam a estabilidade e unidade da identidade individual.

O texto autobiográfico e o texto biográfico, guardadas as diferenças, são, assim,

tentativas de dar conta de uma identidade, um processo de subjetivação: a prova de uma

existência única e singular. Essas escritas do eu ou escritas de si, entendidas aqui como

toda obra onde o autor apresenta indícios de referencialidade, estão presentes na literatura

ocidental desde a antiguidade.

Em A escrita de si, Foucault (s/d), trabalha com os hypomnemata dos gregos

antigos. Os hypomnemata não eram de imediato biográficos ou autobiográficos, mas eram

já escritas de si: constituíam um conjunto de notas e citações do que se lia, ouvia, pensava

e via e permitiam uma reflexão posterior sobre a conduta do indivíduo que escrevia tais

notas. Eram uma forma de autorreconhecimento, de consciência de si e dos próprio atos

partindo do passado. Mas não se prestavam a mostrar o oculto da personalidade, antes

registrar o já dito. Os hypomnemata, ainda segundo Foucault, não eram diários íntimos,

mas a busca de um “adestramento de si”: [...] buscam captar o já dito; reunir aquilo que se

pôde ouvir ou ler, e isto com uma finalidade que não é nada menos que a constituição de

si ( p. 137).

Foi com a difusão do cristianismo, já no final da Antiguidade, que a escrita de si

toma um caráter de mostrar aspectos, às vezes ocultos, da personalidade do indivíduo.

Exemplo maior são as Confissões, de Santo Agostinho, obra do século IV, na qual o

filósofo faz uma reflexão moral, teológica e filosófica do interior da consciência humana, a

partir da sua experiência pessoal de conversão ao cristianismo.

O escrito biográfico e autobiográfico implica uma cultura do indivíduo que não

existia nas sociedades tradicionais. Por isso, é em Rousseau (cuja obra autobiográfica

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também recebeu o título de As Confissões), no século XVIII, que estudiosos dos textos

autobiográficos apontam a origem da autobiografia como ela é compreendida nos termos

contemporâneos – uma narrativa (LEJEUNE, 2008). Os escritos autobiográficos não são

mais notas para uma orientação ética do indivíduo, como no caso dos hypomnemata, e nem

se trata de utilizar a autobiografia para dar um testemunho da conversão e da salvação do

homem, como em Agostinho. Em Rousseau, há uma laicização do discurso: ele próprio

torna-se objeto daquilo que escreve, o indivíduo é o sujeito que aparece retomando seu

passado, ordenando-a para construir sua personalidade.

A obra de Rousseau integra assim o contexto do século XVIII caracterizado pela

emergência do indivíduo na sociedade européia ocidental, na esteira dos valores

iluministas de afirmação dos direitos individuais e dos valores burgueses: há uma íntima e

evidente correlação entre o afirmar-se da literatura autobiográfica [...] e a ascensão da

burguesia enquanto classe dominante (MIRANDA, 1992, p. 26). Entretanto, deve-se

lembrar que o individualismo moderno é anterior ao século XVIII, tendo origem nos

princípios da Idade Moderna, com o Renascimento e o Humanismo, e desagregação da

ordem feudal (Cf. HALL, 2005, p. 25).

Contardo Calligaris (1998), retomando o teórico Georges Gusdorf, afirma que o

escrito autobiográfico, se nos limitarmos à autobiografia – narrativa recapitulativa e

retrospectiva de um indivíduo - data do século XVIII, quando se desenvolve na tradição

ocidental uma cultura do sentimento da história como uma aventura “autônoma,

individual”. Considerando diversas produções como autobiográficas, como no caso dos

hypomnemata, diários íntimos e memórias, é possível perceber que essa história, no

entanto, é mais antiga. Calligaris, por fim, considera que

Importa notar que a autobiografia e o journal [diário íntimo] progridem de maneira diretamente proporcional ao triunfo do individualismo ocidental. Darão mostra de si na segunda Renascença [séculos XI-XIII], explodirão na terceira [séculos XV-XVI], até que se confirme a forma-mestra da autobiografia propriamente dita entre as Luzes e o romantismo (CALLIGARIS, 1998, p.7)

Se a prática da escrita autobiográfica é antiga, as palavras autobiografia e biografia,

inexistentes no idioma grego clássico, são mais recentes. Autobiografia seria um termo do

século XVIII e se firmaria no século XIX, enquanto que o termo biografia, data do século

XVII. Portanto, a definição do gênero também é algo recente. Calligaris (1998), fala de

uma “aparição simultânea”, da biografia e da autobiografia, assim como do romance, à

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medida que a vida passa a ser compreendida como uma história – independentemente de

ser ou não narrada − não só para os outros como para o próprio indivíduo.

Os gêneros biografia e autobiografia, desde então, se situaram no limiar entre a

literatura e a história. Giovanni Levi, no ensaio Usos da biografia, afirma que um dos

problemas que marcam a biografia desde o século XVIII (e dir-se-ia também a

autobiografia) é a questão da relação entre narrativa, construção literária, e as técnicas e

métodos próprios da história. Para o autor, a biografia constitui na verdade o canal

privilegiado através do qual os questionamentos e as técnicas peculiares da literatura se

transmitem à historiografia (LEVI, 2006, p. 168).

Para um historiador, os problemas se colocavam, ainda de acordo com Levi (2006),

na dificuldade de se abordar o comportamento, as atitudes e pensamentos dos indivíduos a

partir dos documentos ou fontes de que se dispunha, bem como lidar com o caráter

fragmentário e dinâmico da identidade. Daí o aspecto lacunar das biográficas, limitado,

muitas vezes, a explicações simplistas e lineares, e à imagem, falsa naturalmente, de

personalidades coerentes e estáveis (PEREIRA, 2000, p.120).

A questão que se apresentou desde o século XVIII, segundo Levi (2006), é,

portanto, a possibilidade de um discurso autobiográfica frente a contraposição entre ilusão

literária e verdade. A obra de Rousseau mostraria que não seria impossível. A biografia

escaparia de certa forma ao dilema à medida que assumia um aspecto mais moral. A

biografia moral renunciava à exaustividade e à veracidade individuais para buscar um tom

mais didático, acrescentando às vezes paixões e emoções ao conteúdo tradicional das

biografias exemplares, a saber, os feitos e as atitudes dos protagonistas (LEVI, op. cit., p.

172).

Com o desenvolvimento de algumas teorias sociais e filosóficas do final do século

XIX e inícios do século XX, tais como o marxismo e o estruturalismo, as quais se

centravam ora no coletivo, na classe ou na estrutura, o indivíduo teve seu papel reduzido

como sujeito da história. As biografias, principalmente aquelas tradicionais, que

enfocavam a vida dos “grandes nomes da história”, e escritos autobiográficos foram

preteridos (Cf. SCHMIDT, 2000, p. 50). Mas já no início do século XX, surgiriam

contrapontos a essa posição, representados principalmente pela psicanálise e pela literatura

contemporânea (Proust, Joyce) que recolocariam a questão do indivíduo e a possibilidade

da autobiografia e da construção de um relato de vida linear:

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[...] a existência de uma outra pessoa em nós mesmos, sob a forma do inconsciente, levanta o problema da relação entre a descrição tradicional, linear, e a ilusão de uma identidade específica, coerente, sem contradição, que não é senão o biombo ou a máscara, ou ainda o papel oficial, de uma miríade de fragmentos e estilhaços (LEVI, 2006, p. 173).

O final do século XX viveu a crise dos paradigmas e conceitos totalizantes como o

marxismo, estruturalismo, classes, estruturas e viu ressurgir o interesse pelo particular,

inclusive o indivíduo, e pelas histórias de vida destes indivíduos: cada vez mais o homem

se detém sobre ele mesmo (Cf. BORGES, 2006, p. 209).

Benito B. Schmidt (1997; 2004) afirma que o interesse da sociedade contemporânea

pelas biografias (e poderia se acrescentar também a autobiografia) integra o contexto do

ressurgimento do indivíduo:

[...] a recuperação dos sujeitos individuais na história pode ser vista como uma reação aos enfoques excessivamente estruturalistas, descarnados de “humanidade”, que caracterizaram boa parte da produção historiográfica contemporânea: o modo de produção de Marx e a longa duração de Braudel, por exemplo. Metodologicamente, esta mudança implica o recuo da história quantitativa e serial e o avanço dos estudos de caso e da micro-história. (SCHMIDT, 1997, p. 2 e 3).

É nesse sentido que se pode falar de um retorno da biografia e da autobiografia.

Mas, na contemporaneidade, não se apreende o indivíduo como acabado, concluso

e completo. Biografias e autobiografias tentam se aproximar da identidade fragmentada,

dos diversos papéis sociais que o indivíduo moderno exerce e que, por vezes, parecem ser

contraditórios, realçando a complexidade da personalidade em contraposição à ideia de

uma personalidade linear, fixa.

As mudanças epistemológicas no campo das ciências humanas, em especial a

história, aliadas à renovação da temática e das fontes de pesquisa, muito se relacionam a

esse momento. Se, por um lado, principalmente no tocante à biografia, descobre-se um

novo sujeito a ser biografado (Cf. SCHMIDT, 2000), no que se refere à autobiografia,

críticos literários, historiadores, sociólogos e outros estudiosos passam também a valorizar

diversas escritas do eu de indivíduos de diferentes origens: não mais apenas os

“personagens célebres” da história, mas qualquer homem, o “homem comum”.

Entretanto, escritos biográficos e autobiográficos de “pessoas comuns”,

principalmente na forma clássica que estes escritos assumiram, são relativamente raros

para épocas mais distantes. Por isso, segundo Lejeune (1997), pode-se compreender porque

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pesquisadores se interessem mais pelas histórias de vida das “pessoas comuns” captadas

nos depoimentos orais, ainda que a valorização de novas fontes históricas e renovação

conceitual das últimas décadas tenham possibilitado o conhecimento de personagens

“comuns” da história.

Da mesma forma que a composição de arquivos pessoais, a escrita autobiográfica e

biográfica era prática mais afeita a certos grupos sociais, em especial os das elites, e aqui,

novamente, não se quer negar que pessoas comuns não possam escrever ou não tenham

escrito autobiografias. Em Arquivar a própria vida, Philippe Artières (1998), analisou, por

exemplo, os escritos autobiográficos de Emile Nouguier, um criminoso preso no fim do

século XIX.

Como exemplo de projetos biográficos elaborados nessa nova perspectiva pode-se

citar aqui novamente o Menocchio, moleiro medieval e personagem central de O queijo e

os vermes de Ginzburg (1998). No Brasil, um exemplo interessante é a obra de Júnia

Ferreira Furtado intitulada Chica da Silva e o contratador de diamantes: o outro lado do

mito (2003). Na obra, a autora procura captar a história de ex-escrava a partir também do

que ela tinha em comum e do que tinha de único em relação às mulheres forras do século

XVIII. Nas palavras da autora: Não se pretende que uma biografia seja capaz de conter a

multiplicidade dos significados de uma vida. O tempo da biografia é fragmentado, como o

da história, caracterizado por tradições e paradoxos (FURTADO, 2003, p. 21).

Já para a escrita de si de caráter mais autobiográfico e que tem como fontes cartas,

diários e arquivos, interessantes trabalhos são os já citados A dimensão autobiográfica dos

arquivos pessoais: o arquivo de Gustavo Capanema, de Priscila Fraiz (1998), e o conjunto

de textos que compõem a obra Escrita de si, Escrita da História, organizada por Ângela de

Castro Gomes (2004).

As autobiografias e as biografias estão cada vez mais presentes no mercado, em

especial as das ditas “celebridades”, assim como ainda há público para as tradicionais

biografias de “pessoas proeminentes” como afirma Rojas

reconocer el vasto y difundido interés, em amplios sectores de la población, por el conocimiento de la vida y de las vicisitudes de los itinerarios biográficos de

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los llamados ‘grandes hombres’ – que muchas vezes no son tan ‘grandes’ como sus biógrafos pretendem (ROJAS, 2000, p. 13):41.

Alimenta o boom do texto autobiográfico e biográfico da contemporaneidade o

vouyerismo, a mídia que estimula a consumir a vida dos outros (BORGES, 2006, p. 210).

Programas televisivos, publicações, sites da internet, cinema: a vida privada à disposição

do consumidor.

Mas é fundamental perceber que o interesse pela escrita de si cresceu fortemente

também entre pesquisadores no citado contexto de renovação metodológica e teórica, e

como foi dito anteriormente, passam a ter como foco, não apenas “personalidades

proeminentes”, mas qualquer indivíduo – é a valorização do indivíduo enquanto sujeito

histórico. As grandes narrativas anulavam esse sujeito, escondendo-o sob os interesses de

classe ou considerando-o determinado por estruturas sociais, políticas ou econômicas.

O texto biográfico ou autobiográfico é valorizado na contemporaneidade não

apenas por apresentar a vida pública do seu autor, mas principalmente por expressar o

sentimento, o inconsciente, a vida cotidiana, as inconstâncias. Facetas que a biografia

tradicional, em geral apologética, e a autobiografia, não realçavam ou até negligenciavam.

Por conseguinte, autobiografia e biografia afastam-se cada vez mais de uma antiga

concepção que as considerava “gênero menor” seja para a história ou para a literatura, e,

com o retorno da narrativa e do indivíduo, passam a valorizar trajetórias e relatos

individuais:

A história se cansa de ser sem rosto e sem sabor. Ela volta ao qualitativo e ao singular. E a biografia retoma seu lugar no meio dos gêneros históricos. Não renega, entretanto, os laços que sempre manteve com a moral e o imaginário (GUÉNÉE, 1987 apud BORGES 2006, p. 207).

Presenciou-se assim, nas últimas décadas, um boom da escrita de si e das histórias

de vida, o qual acompanhou o boom da memória de que se falou no capítulo I.

Autobiografias e biografias que são escritas para responder a um contexto de pergunta pela

identidade e pela memória. Biografias e autobiografias escritas não mais apenas como

exemplos de conduta moral ou criação de imagens modelo para as novas gerações, porém

produtos de um tempo de relativismo ético, de questionamento das identidades fixas e

41 Reconhecer o vasto e difundido interesse, em amplos setores da população, pelo conhecimento da vida e das vicissitudes do itinerário biográfico dos chamados ‘grandes homens’ – que, muitas vezes, não são tão ‘grandes’ como seus biógrafos pretendem. (Tradução minha).

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imutáveis, no qual não se pergunta pela verdade, mas pelo que há de verdade nessa

história. Representações enfim de uma identidade fragmentada e contraditória. É nessa

perspectiva que se pode, por exemplo, aproximar-se do texto autobiográfico de Roland

Barthes (2003):

Mas eu nunca me pareci com isto! -Como é que você sabe? Quem é este “você” com o qual você se parecia ou não? Onde tomá-lo? Segundo que padrão morfológico ou expressivo? Onde está seu corpo de verdade? Você é o único que só se pode ver em imagem, você nunca vê seus olhos, a não ser abobalhados pelo olhar que eles pousam sobre o espelho ou sobre a objetiva (interessar-me-ia somente ver meus olhos quando eles te olham): mesmo e sobretudo quanto a seu corpo, você está condenado ao imaginário. (BARTHES, 2003, p. 48)

Giovanni Levi, na tipologia que elabora ao abordar a diversidade de textos

biográficos existentes, chama a atenção para esse novo tipo de biografia da

contemporaneidade, a biografia hermenêutica: o material biográfico torna-se

intrinsecamente discursivo, mas não se consegue traduzir-lhe a natureza real, a totalidade

de significados que pode assumir: somente pode ser interpretado, de um modo ou de outro

(LEVI, 2006, 178).

A autobiografia é um conceito literário, da ordem do estético: construção narrativa

da própria experiência individual. Mas, apesar de subjetiva e da possibilidade da ficção,

não escapa aos condicionamentos do real, não deixa de ter um referencial, uma realidade

externa. Equilibrando-se entre a história e a literatura, biografia e autobiografia para

Lejeune (2008) são textos referenciais – nelas procura-se fornecer informações a respeito

de uma realidade externa ao texto e se submeter à prova da verificação, não é simples

verossimilhança, mas semelhança ao verdadeiro, ou pelo menos à verdade possível.

Representar o vivido, construir uma narrativa que tente dar conta de toda a

existência e que tenha compromisso com a verdade extratextual: eis o pacto referencial,

uma das marcas da autobiografia (LEJEUNE, 2008, p. 36). A questão da verdade, no

entanto, pode ser encarada de formas diferentes na biografia e na autobiografia. Supõe-se

que a biografia seja mais objetiva, uma vez que redigida sob pretensa neutralidade do

narrador (um pesquisador, um historiador, um jornalista etc.), “livre de ideologias”,

enquanto que a autobiografia seria menos “neutra”, muitas vezes considerada um discurso

apologético de si. Isso é mais uma ilusão, pois ambas, biografias e autobiografias, podem

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assumir aspectos ideológicos: recortando, excluindo ou realçando certos acontecimentos ou

fatos.

Por outro lado, imagina-se que a autobiografia implica um relato menos lacunar e

mais “verdadeiro”, uma vez que o autor está contanto a própria história. Eis o fascínio da

autobiografia, que é o mesmo fascínio exercido pelos arquivos pessoais apontado no

capítulo II. Em geral, acredita-se que a autobiografia irá revelar aspectos ocultos de uma

personalidade individual. Outra ilusão, embora se deva considerar que a verdade da

autobiografia não é outra senão a verdade pessoal, portanto, contada à maneira do

autobiógrafo. Conforme Lejeune (2008), ainda que o biógrafo de si minta, engane, deforme

a história contada, é um indivíduo real que enuncia como autêntica a sua memória.

Enquanto gênero literário, a autobiografia aproxima-se das memórias, biografias,

confissões e dos diários íntimos. Phillippe Lejeune, em O Pacto Autobiográfico (2008),

apresenta aquela que seria a sua primeira definição de autobiografia e que será base para os

questionamentos que se propõe. Eis a definição que ele apresentou: a autobiografia é

narrativa retrospectiva em prosa que uma pessoa real faz de sua própria existência,

quando focaliza sua história individual, em particular a história de sua personalidade

(LEJEUNE, 2008, p. 14, grifo meu).

A partir dessa definição, Lejeune (2008) pode proceder a uma diferenciação da

autobiografia em relação aos seus “gêneros vizinhos”. Assim, memórias diferem-se da

autobiografia por não atenderem a categoria de se tratar da história de uma única

personalidade, o seu centro não é o indivíduo, mas dar um testemunho de seu tempo. Na

biografia, por sua vez, o narrador não coincide com o personagem principal ou

protagonista. Já os diários íntimos diferem da autobiografia no quesito da retrospecção: os

diários são produzidos quase que simultaneamente ao vivido. Além disso, os diários

íntimos não cumprem, a priori, o pacto, na medida em que o narrador e o destinatário

(leitor) se confundem. Na escrita autobiográfica o autor se propõe uma reflexão e uma

ordenação da própria vida para outro ler, e, além disso, muitas autobiografias têm como

característica dar testemunho de uma mudança interna do “eu”: será contado não apenas o

que lhe aconteceu noutro tempo, mas como um outro que ele era tornou-se, de certa

forma, ele mesmo (MIRANDA, 1992, p. 31).

Deve-se um reter um aspecto fundamental das discussões de Lejeune (2008, p. 15):

para que haja autobiografia (e, numa perspectiva mais geral, literatura íntima), é preciso

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que haja relação de identidade entre o autor, o narrador e o personagem. A identificação

do autor, narrador e personagem, contudo, nem sempre implica o emprego da 1ª pessoa do

discurso (autobiografia clássica ou autodiegética), podendo ser escrita também em 3ª

pessoa, o que corresponderia ao primeiro sentido da palavra autobiografia: texto escrito

pelo sujeito do enunciado, mas escrito como uma biografia tradicional.

Mais que a pessoa do discurso, para Lejeune, que analisa o texto autobiográfico a

partir da perspectiva do leitor, o que define a autobiografia é o nome próprio:

É nesse nome que se resume toda a existência do que chamamos de autor: única marca no texto de uma realidade extratextual indubitável, remetendo a uma pessoa real, que solicita, dessa forma, que lhe seja, em última instância, atribuída a responsabilidade da enunciação de todo o texto escrito. (LEJEUNE, 2008, p. 23)

Nesse ponto, reside o pacto autobiográfico de Lejeune – identidade do nome (autor-

narrador-personagem) que o leitor pode apreender diretamente – a utilização do nome na

narrativa –, ou perceber como implícito – está presente no título ou em uma seção inicial

onde o autor afirma se tratar da sua história de vida. Por esse critério identitário da

autobiografia, o narrador e o personagem remetem ao sujeito da enunciação e ao sujeito do

enunciado.

No final do primeiro ensaio intitulado O Pacto Autobiográfico42, Lejeune (2008)

apresenta o conceito de espaço autobiográfico. Partindo do fato de alguns romancistas

afirmarem que suas obras seriam mais “verdadeiras” e “autênticas” do que suas

autobiografias, Lejeune aponta que, na verdade, tais romances e os autores que declaram

que essa é a maneira como devem ser lidas suas obras, reafirmam o pacto. Se o pacto

autobiográfico não é evidente, subjaz à escrita, na forma de um pacto fantasmático (Cf.

LEJEUNE, 2008, p. 41 e seg.).

Ao longo das várias visadas que Lejeune lança sobre o primeiro O Pacto

Autobiográfico, ele irá problematizar sua definição de autobiografia. Em O Pacto

Autobiográfico (Bis) já aparece uma definição mais ampla do termo: seria autobiográfico

qualquer texto em que o autor elaborasse um discurso sobre si, quaisquer que sejam as

formas em que se apresentam, mas no qual esteja presente o pacto autobiográfico (Cf.

42 Aqui estou me referindo ao ensaio “O Pacto Autobiográfico”, publicado pela primeira vez no início da década de 1970. Os demais textos são “O Pacto Autobiográfico (bis)”, de 1986 e “O Pacto Autobiográfico, 25 anos depois”, de 2001, conforme a apresentação da edição brasileira de O Pacto Autobiográfico, de 2008, escrita por Jovita Maria G. Noronha, organizadora e uma das tradutoras da obra.

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LEJEUNE, 2008, p. 53.). Essa abertura já estaria presente no conceito de “espaço

autobiográfico”, que por si só seria um contraponto ao conceito “dogmático” ou

“lexicográfico” de autobiografia proposto inicialmente.

Por outro lado, Lejeune questiona também a noção de “pacto”, ou mesmo a

utilização do termo contrato: como faz uma análise da perspectiva do leitor, Lejeune

considera agora, no “bis” do pacto autobiográfico, que todo pacto ou contrato supõe partes

interessadas, mas a relação entre as partes é também um jogo

Ao fazer um acordo com o narratário cuja imagem constrói, o autobiógrafo incita o leitor real a entrar no jogo dando a impressão de um acordo assinado pelas duas partes. Mas sabe-se que o leitor real pode adotar modos de leitura diferentes do que é sugerido e que, sobretudo, muitos textos publicados não comportam nenhum contrato explícito. (LEJEUNE, 2008, p. 57).

Em O Pacto Autobiográfico, 25 anos depois, Lejeune (2008) argumenta que o

contrato ou pacto entre autor e leitor é distinto de outros contratos jurídicos: a

reciprocidade não é absolutamente implícita a ele e o leitor pode ou não querer ler a obra,

bem como a ler como quiser. O autobiógrafo lança no texto o compromisso de dizer a

verdade sobre si mesmo e cabe ao leitor se aproximar do texto para contestá-lo ou não:

você [o leitor] se envolve no processo: alguém pede para ser amado, para ser julgado, e é

você quem deverá fazê-lo (LEJEUNE, 2008, p. 73).

Lejeune (2008) tentou desde o início uma distinção entre o pacto romanesco e o

pacto autobiográfico – o primeiro centrado na ficção, e o segundo na identidade do autor-

narrador-personagem (referencial), por isso foi tão categórico na primeira definição de

autobiografia – era “tudo ou nada” e um romance autobiográfico seria uma contradição de

termos. O autor francês reconsidera então suas definições, que se restringiam aos

elementos à margem do texto (o nome, o pacto) para destacar também os aspectos internos

do texto (o estilo, o conteúdo, as técnicas narrativas). Isso o levou a ponderar que a

autobiografia poderia se apresentar inclusive em verso, e não apenas em prosa ou ainda

assumir diferentes aspectos. Reconhece, então, os gêneros fronteiriços: a autobiografia que

finge ser uma biografia e a biografia que finge ser uma autobiografia, Nas palavras de

Lejeune (2008): Democratizei-me: passei a me interessar pela vida de qualquer um e pelas

formas mais elementares e também mais comuns do discurso e da escrita autobiográfica

(p. 66) e mais adiante: Todo homem traz em si uma espécie de rascunho, perpetuamente

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remanejado, da narrativa de sua vida: é o que busca captar, no gravador, a história oral

(p. 67).

A contestação da primeira definição de autobiografia passa também pela autocrítica

que Lejeune (2008) faz ao considerar a possibilidade das autoficções e romances

autobiográficos. Nesse tipo de narrativa, o nome do autor, narrador e personagem podem

ser os mesmos ou não, mas não há pacto de verdade, o texto é lido como romance e não

como recapitulação da história individual. Nas autoficções, portanto, pode ocorrer uma

ficcionalização do eu. O romance autobiográfico seria a narrativa em que se poderia

reconhecer acontecimentos da vida do autor, sem, no entanto, estabelecer relação de

definitiva veracidade.

Na literatura contemporânea, esse jogo entre ficção e não-ficção está a desafiar uma

classificação mais canônica a respeito do gênero autobiográfico, a exemplo de O Falso

Mentiroso, de Silviano Santiago (2004). É um romance, o que impediria o pacto

autobiográfico de se estabelecer plenamente, e o personagem principal não tem o mesmo

nome do autor, mas ali se misturam aspectos da biografia do autor e ficção, sob a

advertência do narrador: “posso estar mentindo, posso estar dizendo a verdade”.

Lejeune (2008, p. 74) se faz ainda outra crítica: o fato de ter associado narrativa

com ficção: hoje, sei que transformar sua vida em narrativa é simplesmente viver [...]. A

ficção significa inventar algo diferente dessa vida. E a partir disso conclui que a

autobiografia não é um tipo particular de romance, mas romances e autobiografias são

tipos particulares de construção da narrativa. Retomando a filosofia de Paul Ricoeur,

Lejeune (2008) afirma que a escrita autobiográfica é trabalho de criação de identidade

narrativa:

Ao seguir as vias da narrativa, ao contrário, sou fiel [o autobiógrafo] a minha verdade: todos os homens que andam na rua são homens-narrativas, e é por isso que conseguem parar de pé. Se a identidade é um imaginário, a autobiografia que corresponde a esse imaginário está do lado da verdade. Nenhuma relação com o jogo deliberado da ficção. (LEJEUNE, 2008, p. 104).

Lejeune reafirma que o compromisso de verdade, de alguém que se predispõe a

contar sua vida “verdadeiramente” continua sendo essencial para a autobiografia:

certamente é impossível atingir a verdade, em particular a verdade de uma vida humana,

mas o desejo de alcançá-la define um campo discursivo e atos de conhecimento, um certo

tipo de relações humanas que nada tem de ilusório (LEJEUNE, 2008, p, 104).

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O compromisso referencial da autobiografia, no entanto, não exclui procedimentos

estilísticos de construção da narrativa. Ao considerar o estilo na composição da

autobiografia, Lejeune conclui que o gênero pode comportar desde o texto mais

estritamente referencial (o currículum vitae) até a poesia pura.

Analisando textos de Graciliano Ramos e Silviano Santiago, Wander Melo Miranda

(1992, p. 25), observa que a autobiografia não é um simples discurso, mas um discurso

literariamente intencionado. Portanto, na sua configuração não se pode desconsiderar os

procedimentos de escrita de um indivíduo que no presente retoma sua vida passada.

Contudo, não é o estilo e, sim, o pacto referencial que se estabelece entre o autor que se

nomeia e o leitor que procura tal texto que caracteriza a autobiografia.

O compromisso referencial é, portanto, marca do texto autobiográfico, mas Lejeune

(2008) reconhece a diversidade de textos que se colocam agora sob a expressão “escrita do

eu” (escritas de si): um conjunto de práticas e textos que vão além da autobiografia,

incluindo a própria ficção literária. Alargam-se o campo e o corpus de pesquisa: tudo o que

pode ser guardado como prova de uma existência, de testemunho e que exprime tentativas

de apreender todo o eu, uma constância.

3.2 Autobiografias e arquivos

Como se escreve uma biografia? A biografia supõe que alguém vá narrar a vida de

outro, por isso, num primeiro momento o trabalho do biógrafo se aproxima do trabalho do

historiador - recorre-se ao testemunho: os depoimentos do biografado e/ou daqueles que o

conheceram, os documentos que “provariam” a existência e atos do biografado. Como no

trabalho do historiador, a documentação conferiria certa confiabilidade ou verossimilhança

ao texto escrito. Contrapor-se-iam versões, depoimentos, documentos e, por fim, o texto

seria redigido.

Como se escreve uma autobiografia? Uma autobiografia, etimologicamente, é um

relato de si escrito pelo próprio interessado. São as próprias impressões, pensamentos,

sentimentos e avaliações sobre a trajetória vivida. Haveria, portanto, ausência de um

intermediador, de um pesquisador, de um redator. Por isso mesmo, a priori, não é

necessário recorrer a documentos: o indivíduo, fulano de tal, declara que viveu isso ou

aquilo. Dessa forma, instaura-se o pacto entre o autor e o imaginado leitor da escrita

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autobiográfica: a promessa do autor de contar tudo o que viveu com sinceridade, e a

convicção, por parte do leitor, de que o que foi escrito remete ao real, ainda ele que não

concorde com a maneira com que os fatos foram narrados.

Aqui, no entanto, se coloca o problema do autor e da escrita: um texto

autobiográfico pode ser escrito por outra pessoa, que não o próprio autobiografado?

Lejeune (2008, p. 121) afirma: A vida de um homem pode muito bem surgir através da

narrativa de um outro. Ou melhor: a fala ou a escrita do modelo podem ser coletadas e

montadas por um terceiro.

Nesse sentido, é que são produzidas às autobiografias escritas com colaboração, as

quais colocam novos problemas para o gênero. A autobiografia composta quebra a unidade

entre autor (narrador) e personagem. Entra no jogo um terceiro, que escreve como se fosse

o próprio protagonista. Tal distinção põe em evidência algo subjacente mesmo às

autobiografias “autênticas”: um trabalho de escrita, uma elaboração uma vez que toda

pessoa que decide narrar sua vida, segundo Lejeune, comporta-se como seu próprio nègre

(redator): Somos sempre vários quando escrevemos, mesmo sozinhos, mesmo nossa

própria vida (LEJEUNE, 2008, p. 118).

No caso das autobiografias escritas em colaboração há uma divisão dos papéis. O

autobiografado ou modelo é a fonte, e narra, a partir do presente, sua história de vida. O

redator fará o trabalho da composição escrita. Recortará, escolherá fatos, organizará a

narrativa, recriará diálogos, sempre na suposição de ser fiel ao modelo, e tendo no

horizonte não um distanciamento, mas uma identificação com o modelo: o redator tem um

estilo, porém escreve como se fosse o modelo. Esse trabalho, que se dá após a coleta das

informações, segundo Lejeune, aproxima o autobiógrafo mais de um romancista. Depois,

para se manter o pacto, o nègres deverá “desaparecer” – o que nem sempre acontece.

Assim, as autobiografias compostas são textos intermediários entre a autobiografia

e a biografia. Aproximam-se da autobiografia, quando o relator apaga-se quase

completamente, e, no caso contrário, aproximam-se da biografia. O que importa na

perspectiva de Lejeune (2008, p. 128) é o leitor: o estatuto de autor faz parte do valor que o

leitor admira, por isso, o autor deve assumir a escrita ou pelo menos nela deve estar a sua

“representação simbólica” – a assinatura.

Diante do exposto, pode-se perguntar se em um arquivo pessoal é possível

apreender um caráter autobiográfico. Considerando o que Bourdieu (2006) diz a respeito

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de biografias e autobiografias serem narrativas construídas na perspectiva de que os

sucessivos acontecimentos na vida de um indivíduo têm um sentido, uma direção, o

arquivo pessoal poderia ser uma forma de apreensão desses acontecimentos, organizados à

medida que se dá o processo de produção, acumulação e organização do arquivo pelo seu

próprio produtor? Ou seja, no arquivo estaria também presente uma reordenação da

memória do passado individual cujo objetivo é apresentar a personalidade única que o seu

produtor quer evidenciar?

Neguemos, a princípio, essa possibilidade. Em que medida ela pode ser negada?

Primeiramente, considerando-se literalmente o primeiro conceito de autobiografia que

Lejeune (2008) apresentou: narrativa em prosa, de caráter retrospectivo de toda uma

existência individual feita por uma pessoa real.

Prosa - texto escrito sem divisões rítmicas, em oposição ao texto versificado;

podendo ser definida ainda como o texto no qual não predomina a função poética, uma vez

que um texto escrito em prosa pode ser poesia e nem todo texto escrito em verso é poesia,

como já afirmava Aristóteles no início da Poética:

Desta maneira, se alguém compuser em verso um tratado de medicina ou de física, esse será vulgarmente chamado “poeta”; na verdade, porém nada há em comum entre Homero e Empédocles, a não ser a metrificação: aquele merece o nome de “poeta”, e este, o de “fisiólogo” (ARISTÓTELES, 1987 p. 201).

A prosa, além disso, serve tanto ao texto referencial quanto ao ficcional (a novela, o

conto, o romance). A forma do texto por si só não seria garantia de se referir a algo real.

Retrospectiva – aqui no sentido de uma visada sobre o passado a partir do presente.

Um indivíduo toma os fatos e acontecimentos de sua existência a partir da sua realidade

atual, como a fazer um balanço, uma reflexão, uma retrospecção que é também

introspecção.

Pessoa real – alguém de existência comprovada narra sua própria trajetória, garantia

referencial: aquilo que se narra aconteceu, é “verdade”.

Um arquivo pessoal é de uma pessoa real. Um arquivo pessoal, à medida que é

organizado pelo seu produtor, é uma retrospecção. Mas o arquivo pessoal não é uma

narrativa em prosa. No “tudo ou nada” inicial de Lejeune, portanto, o arquivo não poderia

ser uma autobiografia.

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Segundo ponto para negar o caráter autobiográfico do arquivo pessoal: ele apenas

não é um texto em prosa, mas nunca foi transformado em um texto (literalmente falando)

pela própria pessoa. Haveria uma autobiografia em um texto não escrito? Ou a acumulação

de documentos produzidos pelo próprio sujeito e por outros por si só poderia configurar

uma prática autobiográfica, um texto em sentido amplo?

Terceiro ponto: a narrativa em prosa pressupõe uma narração contínua, não

fragmentada, pois uma narrativa de vida não é apenas uma soma de informações (que

poderiam ser obtidas por outros meios): é, antes de tudo, uma estrutura (a reconstrução de

uma experiência vivida em discurso) e um ato de comunicação (LEJEUNE, 2008, p.154).

Um arquivo pessoal considerado apenas como soma de informações, fragmentado, ou seja,

como colecionismo de documentos sem relações entre si, também não poderia ser

autobiográfico. Não basta juntar fragmentos, mas é necessário que esses fragmentos

formem um todo que dê conta da ilusão autobiográfica do indivíduo.

Lejeune, entretanto, reviu seu conceito original de autobiografia, que era um tanto

formalista: autoficções e autobiografia em versos são possíveis, assim como qualquer texto

em que o autor propõe ao leitor um discurso de si é autobiográfico. Já na primeira versão

de O Pacto Autobiográfico, o estudioso francês afirma que essencial para a autobiografia,

inclusive para diferenciá-la de outros gêneros vizinhos, são a identidade autor-narrador-

personagem e o caráter retrospectivo (Cf. LEJEUNE, 2008, p. 15).

Essas são as características que devem demarcar o pacto de leitura que caracteriza a

autobiografia. Além disso, Lejeune reconhece que há espaços autobiográficos, nos quais

ainda que o pacto de leitura não seja evidente, ele subjaz ao texto – o pacto fantasmático,

indireto, e que caracteriza a obra literária e outros textos nos quais se mesclam ficção e

não-ficção. O pacto fantasmático constitui-se de semelhanças que levam o leitor a supor

uma identidade entre autor, narrador e personagem que, no entanto, não é afirmada

explicitamente

Isso na literatura. E no tocante aos arquivos e seu possível caráter autobiográfico?

Artières (1998) afirma que a prática de arquivar documentos não somente não é algo

neutro, mas também uma ocasião de um indivíduo se fazer ver tal como ele se vê e

desejaria ser visto, daí sua intenção autobiográfica.

Arquivar a própria vida, é simbolicamente preparar o próprio processo: reunir as peças necessárias para a própria defesa, organizá-las para refutar a representação que os outros têm de nós. Arquivar a própria vida é desafiar a

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ordem das coisas: a justiça dos homens assim como o trabalho do tempo. (ARTIÈRES, 1998, p.29).

Artières (1998) afirma ainda que tal arquivamento se dá também em função de um

leitor autorizado ou não (nós mesmos, a família ou outra pessoa) e por isso tem um aspecto

público: arquivar a própria vida é uma maneira de publicar a própria vida, escrever um

livro que sobreviverá ao tempo e à morte.

Na perspectiva da intenção autobiográfica que subjaz às práticas de arquivamento,

Priscila Fraiz43 (1998) realizou um trabalho a partir do arquivo pessoal de Gustavo

Capanema. No trabalho, Fraiz privilegiou, entre os milhares de documentos do arquivo

pessoal, um conjunto de documentos que falavam do próprio processo de arquivamento

que Capanema realizou ao longo de sua trajetória – os meta-arquivos - e também

fragmentos de escritos propriamente autobiográficos. O trabalho de Fraiz, como o que aqui

se desenvolve, compreende os arquivos como momento de construção do eu e da imagem

de si. A autora observa como através da escrita autobiográfica fragmentária e da constante

organização e reorganização do arquivo, Capanema produziu um sentido para sua vida.

Partindo da perspectiva apontada por Fraiz, procura-se trabalhar o arquivo pessoal

de Octávio Leal Pacheco como possibilidade de um discurso autobiográfico. No entanto, o

arquivo pessoal com o qual se trabalha, não tem a dimensão do arquivo de Capanema e

nem um conjunto de documentos que a autora privilegiou no seu trabalho – os meta-

arquivos e os fragmentos autobiográficos.

3.3 A agulha e o lampião: costurando uma narrativa - autobiografia e a ilusão de totalidade

no arquivo pessoal de Leal Pacheco

O que permite então tratar o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco como

autobiográfico? Nesta seção, tentar-se-á responder a questão a partir da análise dos

documentos do arquivo pessoal e da perspectiva que Lejeune (2008) tem de autobiografia.

Retomam-se aqui também algumas das séries documentais da possível classificação dos

documentos do arquivo pessoal apresentada no capítulo II.

43 O artigo de Fraiz intitulado A dimensão autobiográfica dos arquivos pessoais: o arquivo de Gustavo Capanema, publicado no n. 21 da Revista Estudos Históricos, segundo a própria autora, é uma versão condensada de sua dissertação de mestrado intitulada A construção do eu autobiográfico: o arquivo privado de Gustavo Capanema, defendida em 1994, no programa de pós-graduação em Literatura Brasileira da UERJ.

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3.3.1 Octávio e Otávio: dois nomes, uma síntese biográfica – os documentos pessoais

Octávio Leal Pacheco nasceu. Fato. Mas, a referência à sua existência concreta

curiosamente chega primeiro pela sua certidão de óbito, pelo seu fim. Ou ainda pelo que

ele foi ou fez: certidão de casamento, certificado de reservista, certidões de exercício do

cargo de prefeito, dentre outros. Documentos cartorários, atestadores de uma existência

única, registrada nos arquivos oficiais, garantia de referencialidade, da pessoa real. Esses

são documentos que comprovam quem é o indivíduo para a sociedade, mas ao compor o

arquivo pessoal são ressignificados: são memória ou discursos da memória individual.

Octávio Leal Pacheco foi batizado e recebeu o nome. O nome próprio que o

individualiza, o define como um sujeito pleno, total. Entretanto, Octávio ou Otávio? Os

documentos oficiais são contraditórios, as duas grafias aparecem. Otávio aparece na cédula

de identidade. Em outros documentos, a grafia Octávio é a que predomina: no título

eleitoral, no certificado de reservista, em certidões diversas. Octávio é como ele assina.

Octávio é o nome público que está inscrito no cartão de apresentação pessoal.

A grafia Octávio é a fixação da imagem da personalidade dele próprio como

homem público. Diferente, atribui importância: “não sou um qualquer”. Uma anedota

contada por pessoa que o conheceu talvez reflita essa personalidade que gostava de ser

diferente: Leal Pacheco, apesar de destro, segurava a xícara de café com a mão esquerda

“para ser diferente”. Aos poucos, o Otávio desaparece, a assinatura pública é de Octávio. A

certidão de nascimento que conteria o registro inicial desapareceu, não consta do arquivo,

apesar de, em um envelope vazio, haver uma inscrição de que ali estaria tal documento. O

certificado de reservista faz referência a ela.

O nome próprio é uma das bases do pacto de leitura que caracteriza a autobiografia:

O primeiro nome recebido e assumido – o nome do pai – e sobretudo o nome próprio, que nos distingue dele, são, sem dúvida, dados fundamentais na história do eu. Prova disso é que o nome nunca nos é indiferente, quer o adoremos ou o detestemos, quer aceitemos o que nos foi dado ou que tenhamos preferido escolhê-lo nós mesmos [...]. (LEJEUNE, 2008, p. 35)

Mas na construção da memória individual, que será inscrita na memória coletiva, há

uma escolha do nome que Leal Pacheco faz. A possível autobiografia é de Octávio, o

público. Não é um pseudônimo, não é um nome fictício, portanto, não são

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“pseudomemórias”. Octávio é a pessoa do arquivo pessoal. E a maioria dos documentos

pessoais posteriores à certidão de nascimento, registram a grafia pública.

O nome próprio, como afirma Lejeune (2008), é o que identifica o autor, é a marca

da realidade extratextual, remete à pessoal real, cuja existência pode ser verificada através

dos registros, das certidões. Contudo, curiosamente, a certidão de nascimento, o registro

civil, de Octávio Leal Pacheco não consta do arquivo, fazendo permanecer a dúvida em

relação à grafia original do nome e à data de nascimento, como se verá adiante.

Figura 4: Cartão pessoal

Para Octávio eram endereçadas correspondências, Octávio assinava poemas e

panfletos. O pacto autobiográfico é assinado com Octávio, ele não engana o “leitor”.

Octávio procurará não romper o contrato – os documentos do arquivo são em sua maioria

os dele, não os de um Otávio. A autobiografia é de um eu, mas a referencialidade do texto

autobiográfico não se limita a perceber o eu como sujeito da enunciação, é preciso dizer

quem é esse eu que fala, identificá-lo, nomeá-lo.

Bourdieu (2006), ao discutir a ilusão biográfica, aponta o nome próprio como uma

das instituições que dariam ao indivíduo a ideia de constância de si. Nome próprio e

assinatura participariam da criação da ilusão de totalidade e unidade do eu:

Por essa forma inteiramente singular de nominação que é o nome próprio, institui-se uma identidade social constante e durável, que garante a identidade do indivíduo biológico em todos os campos possíveis onde ele intervém como agente, isto é, em todas as suas histórias de vida possíveis. É o nome próprio “Marcel Dassault” com a individualidade biológica da qual ele representa a forma socialmente instituída, que assegura a constância através do tempo e a unidade através dos espaços sociais dos diferentes agentes sociais que são a

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manifestação dessa individualidade nos diferentes campos, o dono de empresa, o dono de jornal, o deputado, o produtor de filmes etc.; e não é por acaso que a assinatura, signum autthenticum que autentica essa identidade, é a condição jurídica das transferências de um campo a outro, isto é, de uma agente a outro, das propriedades ligadas ao mesmo indivíduo instituído. (BOURDIEU, 2006, p.186-187)

Se a autobiografia tem como protagonista um eu privado e íntimo, no caso do

arquivo pessoal de Leal Pacheco o eu privado é absorvido pelo eu público. É de Octávio

Leal Pacheco o nome através do qual se reconhece um nexo em todo o papelório

acumulado. A autobiografia é de um sujeito que se nomeia e assina, e que ele, Leal

Pacheco, tende a fixar a partir da grafia Octávio.

Octávio Leal Pacheco nasceu. Fato. Mas quando? Teria Otávio nascido em 1892?

Octávio Leal Pacheco nasceu em dezembro 1892, mas também em dezembro de 1891. O

certificado de reservista traz a data 31/12/1891, a mesma que ele aponta na “Síntese

Biográfica”. Na cédula de identidade e na certidão de casamento com Ilza Rosa Pacheco,

contudo, está registrada a data 31/12/1892. Na certidão de óbito, ocorrido em 1975, consta

que Octávio faleceu com 83 anos, portanto, teria nascido em 1892. O título eleitoral ainda

traz a data 31/01/1892, mas é o único documento que traz essa referência, e aqui pode ser

um erro de registro. Documentos contraditórios de uma pessoa real. Qual a verdade? Por

que duas datas? Por que dois nomes? Simples erros de registro? Se assim o fosse, por que

ele, homem meticuloso, apreciador e leitor da legislação, utiliza todos os registros? Nem

ele nem os documentos explicam. Mas, a construção da imagem de si se baseia no Octávio

e nas duas datas – 1891-1892.

No início da década de 1970, Octávio Leal Pacheco escreveu a “Síntese biográfica

e da ação político-administrativa do Prefeito Octávio Leal Pacheco” 44. Escrita em terceira

pessoa, é praticamente um curriculum vitae. O uso da terceira pessoa é a saída para falar de

si como se outro é quem falasse. Segundo Lejeune (2008) a escrita em terceira pessoa pode

implicar tanto um orgulho imenso quanto certa forma de humildade. Na síntese, LEAL

PACHECO45 escreve sobre Octávio Leal Pacheco. O uso da grafia Octávio, na síntese

biográfica e em outros documentos, talvez reflita mais um orgulho pessoal muito grande.

44 Síntese biográfica e da ação político-administrativa do Prefeito Octávio Leal Pacheco, nos períodos: 1953 a 1955 e 1959 a 1963, MP/60. 45 Na “Síntese”, o nome Leal Pacheco aparece em caixa alta.

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Além disso, para afirmar o distanciamento entre pessoa que narra e aquela que é

sujeito do enunciado, dá o nome de síntese biográfica e não de autobiografia. Nesse

curriculum vitae, o que Leal Pacheco faz é caracterizar brevemente sua vida política e

pública, desejando a neutralidade que o suposto uso da terceira pessoa poderia conferir.

Traiu-se várias vezes, como, por exemplo, quando contestou um comentário crítico a

respeito do fracasso de um projeto empresarial em Mogi das Cruzes no início do século

XX – a concessão para exploração dos serviços de bonde na cidade.

A “Síntese Biográfica” talvez seja o que há de mais meta-arquivo no arquivo

pessoal de Octávio Leal Pacheco. Escrita já no final de sua vida, quando segundo

informações de familiares e vizinhos, ele se debruçava sobre a escrivaninha retomando e

organizando os documentos, a “Síntese” representa um roteiro para a elaboração do relato

autobiográfico possível ou daquilo que Octávio selecionou para compor um texto

autobiográfico. Os documentos do arquivo seriam a comprovação das informações da

“Síntese Biográfica”. Orientações para um imaginado nègre.

Como a “Síntese Biográfica” é a de Octávio, o homem público, nela a vida privada

é praticamente ignorada. Aliás, poucos documentos do arquivo são reveladores da

intimidade e da vida familiar de Leal Pacheco. Declara que foi batizado, sendo seus

padrinhos João Conrado Niemeyer e esposa. Diz que estudou, mas refere-se apenas aos

primeiros estudos (primário e complementar). Não teve formação superior (embora atuasse

como “rábula”). Nomeia os pais, Antonio Candido Leal Pacheco, funcionário público

federal, e Eugênia Carolina Pacheco, de prendas domésticas, mas não nomeia a primeira

ou a segunda esposa, nem os filhos, nem sequer faz referências a eles. Lista os cargos que

ocupou e as empresas e projetos de que participou.

A síntese e os documentos da série “documentos pessoais” podem ser lidos como a

capa ou texto introdutório de apresentação da autobiografia “autorizada” que o arquivo

pessoal a princípio propõe: nomeia o sujeito do enunciado e estabelece a condição de

distanciamento que ele pretendia dar ao narrar sua própria trajetória. Ali está a sua

assinatura “autenticando” os documentos do arquivo e apresentando sua versão como

sujeito pleno e coerente: obras e ações do homem público à espera do “leitor” de arquivos.

3.3.2 A assinatura dos outros – a série correspondências

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Uma autobiografia é um discurso do eu. Retrospecção que se faz a partir da própria

memória individual. Entretanto, será possível relacionar o arquivo pessoal apenas à

memória individual e, além disso, ele daria conta do sujeito pleno e coerente que o

produtor se imagina, a ilusão biográfica a que se refere Bourdieu (2006)? O arquivo seria

representativo de toda uma vida?

Luciana Quillet Heymann (1997), ao refletir sobre os arquivos pessoais, afirma que

não se deve, desde o início da acumulação de documentos, identificar imediatamente

arquivo pessoal e trajetória individual. A autora salienta que a acumulação pode não ser

apenas um ato individual, uma vez que colaboradores – secretários, assessores, familiares –

podem interferir nesse processo, além de outras circunstâncias interferirem no processo de

seleção e guarda de documentos. Por outro lado, Heymann também considera que não se

pode cair em outro extremo: o arquivo como uma acumulação arbitrária de documentos,

pois ele expressa uma vontade individual de guardar.

Interferência de terceiros, processos de seleção, documentos de terceiros: um

arquivo pessoal é um mosaico de outras biografias, a desafiar ilusão autobiográfica que seu

produtor quer afirmar. Como se afirmou no primeiro capítulo, a memória individual tem

um substrato social. Por um lado, é o indivíduo que se lembra e tenta institucionalizar sua

memória a partir do arquivo, por outro, no arquivo, está sempre presente o discurso do

outro – seja ele afirmador ou contraponto da imagem de si que o produtor de arquivo

deseja fixar.

A série de correspondências do arquivo de Octávio Leal Pacheco representa um dos

espaços do arquivo onde se encontram o discurso do eu e o discurso do outro a respeito da

personalidade de seu produtor. A correspondência ativa leva Pacheco ao outro. A

correspondência passiva traz o outro para a composição da narrativa autobiográfica, mas é

o outro selecionado porque não se guarda toda a correspondência – passiva ou ativa:

Na correspondência que recebemos, jogamos algumas cartas diretamente no lixo, outras são conservadas durante um certo tempo, outras enfim são guardadas; com o passar do tempo, muitas vezes fazemos uma nova triagem. O mesmo acontece com as nossas próprias cartas: guardamos cópia de algumas, seja em razão do seu conteúdo, seja em razão do seu destinatário. (ARTIÈRES, 1998, p. 3)

O discurso do outro na correspondência passiva, seja ela de caráter íntimo ou

público, deverá confirmar a imagem pública que Leal Pacheco produziu de si. Mesmo a

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correspondência ativa, a priori, uma escrita perdida, tem a função de remeter ao outro essa

imagem a ser apreciada e receber dele uma chancela. Segundo Foucault, em A escrita de si

(s/d), a correspondência supõe que o missivista se apresente ao outro e receba dele o

julgamento. A carta atua sobre o próprio autor, no momento da escrita, e sobre o

destinatário no momento da leitura. E o filósofo continua

Escrever é pois ‘mostrar-se’, dar-se a ver, fazer aparecer o rosto próprio junto ao outro. E deve-se entender por tal que a carta é simultaneamente um olhar que se volve para o destinatário (por meio da missiva que recebe, ele sente-se olhado) e uma maneira de o remetente se oferecer ao seu olhar pelo que de si mesmo lhe diz. De certo modo, a carta proporciona um face-a-face (FOUCAULT, s/d, p.150).

Enquanto escrita de si, a correspondência implica numa relação de troca entre o

remetente e o destinatário (Cf. GOMES, 2004). Nessa relação de troca, um e outro se dão a

ver. Por isso, para Leal Pacheco era fundamental reter a correspondência, tanto aquela que

recebia, quanto aquela que enviava. Fazer cópias ou guardar os rascunhos da

correspondência ativa era uma forma de exercer o controle sobre o imagem de si que ele

oferecia ao outro.

Assim se via e se dava a ver Leal Pacheco:

[...] em matéria política, não transijo e nem entro em accordos. Possuo, sou o primeiro a reconhecer, o maior dos defeitos, fonte de todos os outros: é ser liberalíssimo, sincero, dedicado [...] defendo sempre os interesses collectivos46. Obscuro auxiliar, porém soldado disciplinado do meu partido47.

Conhecendo bem a política do Estado de Minas, pois, nela milito há mais de 25 anos, se nada sou no momento, também nada quero para mim48. Espírito progressista, combativo e idealista. Incansável batalhador49 [todos os grifos são meus].

Liberal, amigo leal e sincero, político preocupado com a coisa pública, militante da

política mineira, humilde auxiliar, inteligente, progressista. Era assim que Leal Pacheco se

definia e se dava a ver.

46 Panfleto-livreto: Política Municipal: Explicação aos correligionários do Município de Bom Successo, por OLP, 1933, M3/41. 47 Panfleto: Ao altivo povo bomsucsessense, 1936, M1/131. 48 Carta de OLP para Presidente Eurico Gaspar Dutra, 16/09/1946, M1/361. 49 Síntese biográfica e da ação político-administrativa do Prefeito Octávio Leal Pacheco, MP/60

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Mas não bastava como ele se via. Fundamental era guardar a correspondência com

a confirmação que o outro tinha dessa imagem que ele tinha de si mesmo, seja ela

expressão espontânea do interlocutor ou resposta a um pedido do próprio Leal Pacheco.

Em 1921, após concluído o trabalho como agente especial do recenseamento, Leal

Pacheco escreve ao seu superior e solicita que ele ateste sua conduta. O superior avalia o

trabalho de Leal Pacheco e acrescenta ao ofício o atestado solicitado, escrevendo

(novamente todos os grifos nas citações que se seguem são meus):

[...] tendo escrupulosamente cumprido os deveres do seu posto e demonstrado nessa commissão brilhantes predicados de intelligência e de caráter50

Em 1956, o médico e amigo Antonio Castanheira de Carvalho escreve para Leal

Pacheco

Você tem em cada um de nós um grande amigo e admirador. Mamãe falava sempre de sua inteligência e da sua qualidade de amigo em todas as horas51.

Já Monsenhor Francisco Elói de Oliveira, pároco de São Tiago, e um dos principais

interlocutores de Leal Pacheco escreve:

que o ilustre amigo seja sempre portador daquela paz de que goza, por ter a consciência de que sua vida foi sempre útil, transmitindo aquele mesmo sorriso que faz bem a todos que lhe são peculiares!52

Somos idealistas e entusiastas pelo nosso S. Tiago!. Pena é que seja tão forte a tempestade do atual governo municipal!53

Em 1933, Carlos Luz, político mineiro, respondendo a carta de Leal Pacheco

escreve:

Nas diversas vezes em que conversamos, tive a oportunidade de reconhecer o seu cavalheirismo, lealdade e dedicação ao município, para o qual trabalhava desinteressadamente...54

50 Ofício de OLP para Delegado Geral do Recenseamento em Minas Gerais. 30/12/1921, M1/101 51 Carta do médico Dr. Antonio Castanheira de Carvalho para OLP, 23/01/1956, M1/379. 52 Carta de Monsenhor Francisco Elói de Oliveira para OLP, 04/01/1974, M1/115. 53 Carta do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP, 03/11/1956, M3/130. 54 Carta de Carlos Luz para OLP, 13/10/1933, M3/227.

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Ainda em 1933, momento em que Leal Pacheco entrou em conflito político e de

interesses com o prefeito de Bom Sucesso (MG), em função da nomeação de funcionários

públicos, ele solicitou a vários políticos mineiros, além do citado Carlos Luz, que

atestassem sua conduta. Affonso Neves, da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior

de Minas Gerais, escreve que nunca viu Leal Pacheco jactar-se de ser o chefe político de

Bom Sucesso, sendo o mesmo incapaz de trair os interesses da política de S. Tiago55.

Novamente: brilhante, inteligência, amigo leal, idealista, dedicado. Esses são os

“predicados” que os interlocutores utilizam para falar da personalidade de Leal Pacheco.

Essa é a correspondência selecionada, a correspondência que traz a assinatura do outro

confirmando a imagem de si. O dar-se a ver e o ser visto.

Entretanto, a correspondência não se limitava a obter do outro a confirmação da

própria imagem. As correspondências também deveriam confirmar a “importância”

política que ele, Leal Pacheco, se atribuía. Guardar a correspondência, desde um simples e

breve telegrama, passando por correspondências estritamente oficiais, até as cartas

reveladoras de maior intimidade, objetivava estruturar uma rede de solidariedade, realçar

amizades e relações políticas importantes.

Pela correspondência pode-se conhecer essa rede de solidariedade e de contatos de

Leal Pacheco. Nomes de destaque da política nacional, regional ou local com quem ele se

relacionava e que o faziam ser “alguém” no cenário político regional ou pressupor que

mantinha intimidade com o poder: Arthur Bernardes agradece visita de Leal Pacheco56;

Aureliano Chaves escreve a Leal Pacheco sobre a amizade entre ambos: o prazer de fazer

amigos como você57; Juscelino Kubitschek, em telegrama por ocasião do fim do primeiro

mandato de prefeito de Leal Pacheco, agradece útil e valiosa colaboração [com o] governo

Estado58; José Bonifácio [Andrada?] em bilhete para Odilon [Berhens?] afirma ser Leal

Pacheco: colaborador de primeira ordem59. Ou ainda é Tancredo Neves que se refere ao

amigo Leal Pacheco, sugerindo a intimidade dos que se frequentam:

Estou precisando de conversar com o amigo. Caso pretenda vir ao Rio, por esses dias, ficar-lhe-ia grato se telefonasse para nossa residência, discando 37-

55 Carta de Affonso Neves para OLP, M1/118. 56 Cartão de Arthur Bernardes para OLP, 09/11/1921, M1/220. 57 Carta de Aureliano Chaves para OLP, 23/03/1967, M1/114. 58 Telegrama de Juscelino Kubitschek para OLP, 05/02/1955, M3/254 59 Bilhete de José Bonifácio para Odilon, 21/11/1929, M1/225.

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71-87. Se, porem, é seu pensamento permanecer por mais tempo em São Tiago, rogo-lhe avisar-me. Toneleiros, 257, Ap 902, Copacabana60.

A correspondência do homem público Leal Pacheco permite, assim, conhecer as

articulações políticas locais ou regionais, as alianças, desafetos e intrigas políticas.

Em cópia de carta, escrita provavelmente na segunda metade da década de 1950,

Octávio Leal Pacheco escreve a Tancredo Neves, comentando boatos sobre a ida deste

último para a Casa Civil da Presidência da República:

E a casa civil da Presidência, você vae aceitar a investidura? Aos nossos amigos e correligionarios e até mesmo a adversarios e ‘amigos ursos’, quando por eles interrogado, analisando os fatos e raciocinando, respondo sempre: ‘Não creio em tal coisa! [...] Na atual conjuntura política, tanto para o Tancredo como para o nosso Presidente Juscelino politicamente não haveria vantagem viesse a ser provido na conformidade dos boatos em curso. O Tancredo é, por temperamento, combativo e irriquieto. Hoje aqui, amanhã ali, depois acolá, tem ele no setor político, com a habilidade que todos lhe reconhecem, mais possibilidades de ser útil ao Governo do que preso a uma chefia trabalhosa como é a casa civil da Presidência da República’.61

Em outra ocasião, recebe carta de José Wanderley Lara, político local, o qual

sugere que Leal Pacheco se encontre com Juscelino Kubitschek em busca de apoio

político:

Você esteve com o nosso amigo Dr. Juscelino? Veja se pode estar com ele e esponha-o o que esta passando-se aqui com nossos amigos. Pois nas horas incertas e duras quem esteve no batente fomos nós sem nenhum auxílio e tudo fisemos para a vitória de nosso partido62.

Em setembro de 1946, escreve carta ao presidente Eurico Gaspar Dutra, tratando do

chamado “caso mineiro” – a disputa interna no PSD entre Carlos Luz e José Francisco Bias

Fortes pelo governo do Estado de Minas Gerais. Leal Pacheco então sugere, em “caráter

reservadíssimo”, que Dutra acabe com o racha interno e indique um terceiro nome.

Pacheco, por fim, apresenta a Dutra dois nomes de políticos mineiros do seu próprio

círculo de relações: Augusto Viegas e Agenor Senna e continua a carta afirmando seu

desinteresse na disputa, sua humildade, uma vez que nada quer para si63.

60 Carta de Tancredo Neves para OLP, s/d, M1/135. 61 Carta de OLP para Tancredo Neves, s/d, M3. 62 Carta de José Wanderely Lara para OLP, 10/03/1946, M1/97. 63 Carta de OLP para Presidente Dutra, 16/09/1946, M1/361.

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A correspondência servia para tecer e trocar impressões pessoais sobre políticos

adversários ou do próprio grupo. A respeito de Tancredo Neves, por exemplo, Agenor [de

Senna?], na década de 1940, escreve para Leal Pacheco o seguinte e ambíguo bilhete: Mais

uma vez se confirma o juízo que sempre fizemos do Tancredo Neves: um dos mais belos

ornamentos da nova geração mineira64. Um elogio? Uma ironia? Difícil saber.

Já em carta de abril de 1954, Pedro Aleixo, político da UDN, escreveu a diversos

políticos mineiros frente aos acontecimentos do Governo Vargas, encaminhando a

correspondência inclusive a Leal Pacheco, então no PSD. Aleixo avalia a situação política

nacional e escreve:

[...] considerei ser meu dever enviar algumas palavras a diversos mineiros de velha têmpora, entre os quais, pelo conhecimento que o convívio em outras lutas me propiciou, tenho sempre presente na memória seu nome. Se algumas vêzes temos lutado em campos opostos, nem por isso, de minha parte, sofreu qualquer restrição o conceito em que o tenho e até, ao contrário, posso afirmar que as vicissitudes adversas mais ainda consolidaram aquele conceito65.

Leal Pacheco era fluminense, mas sua trajetória política foi construída em Minas,

por isso Pedro Aleixo o inclui ente os “mineiros de velha têmpora”. Aleixo solicita, na

correspondência, que seus interlocutores, inclusive Leal Pacheco, considerem apoiar

nomes da legenda udenista e termina por fazer uma crítica aberta a Vargas:

Para dizer-lhe uma palavra franca, continuo considerando que o maior inimigo do regime democrático é exatamente quem, graças à fidelidade aos princípios nesse regime constituídos, depois de apeado do poder ditatorial, voltou à chefia da Nação pelo voto equivocado de relativa maioria do colégio eleitoral66.

A correspondência é utilizada também para relatar infortúnios de Leal Pacheco,

bem como receber o consolo dos amigos. Em 1952, Agenor de Senna, político e advogado,

responde a carta na qual Leal Pacheco se queixava do resultado de eleição municipal, uma

vez que, apesar de eleito prefeito, recebeu menos votos que o vice-prefeito eleito:

Nesse caso, foi o primeiro golpe que lhe deram e certamente outros virão, mais tarde. Não se incomode, pois a política, como sabe muito bem, continúa, cada vez mais, cheia de dissabôres e ingratidões67.

64 Bilhete de Agenor [de Senna?] para OLP, 27/05/1947, M1/133 65 Carta de Pedro Aleixo para OLP, 17/04/1954, M3/114. 66 Carta de Pedro Aleixo para OLP, 17/04/1954, M3/114. 67 Carta de Agenor de Senna para OLP, 12/11/1952, M3/294

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Em 1971, Leal Pacheco escreveu a Aureliano Chaves lamentando-se das críticas

que vinha recebendo porque obras prometidas não “apareciam”68 e por isso temia se tornar

centro da crítica e escárnio dos oposicionistas.

As constantes mudanças de posição política também se refletem na correspondência

ativa, passiva ou de terceiros, bem como em panfletos impressos, verdadeiras cartas

públicas. Às vésperas da Revolução de 1930, através de panfletos, Leal Pacheco se

propunha a apoiar Júlio Prestes:

o candidato dr. Julio Prestes, é uma energia moça a serviço do opulento Estado de São Paulo, foi líder da maioria, estando pois, política e administrativamente, habilitado a prestar optimos serviços á Patria e á Repúblicaa [sic]69.

Mas logo que Vargas chega ao poder, Leal Pacheco se coloca a seu lado. Em 1941

escreve sobre Getúlio e o Estado Novo:

[...] devemos apoiar, sem restrições, a acção patriótica e desassombrada do Presidente Getúlio Vargas, o eminente creador do Estado Novo, o guia seguro e intemerato dos nossos destinos70.

Na década de 1950 escreve carta afirmando que as lideranças políticas de São

Tiago estavam com Getúlio desde 1929:

Em fins de 1929, êste município, então distrito de Bom Sucesso, já se manifestava pública, franca e patrióticamente em favôr da candidatura de Vossa Excelência à suprema magistratura da Nação, contrariando, assim, as preferências do Govêrno Federal, notória e sabidamente partidário da candidatura Julio Prestes71.

Daí em diante, escreverá a quase todos os governadores e presidentes da República,

de Getúlio aos presidentes do período militar: fazendo solicitações de audiência, tecendo

elogios, apresentando projetos de lei, dentre outros motivos, chegando até a pedir emprego

a Getúlio Vargas e colocando seu nome à disposição dos militares para assumir qualquer

prefeitura do país nos anos da ditadura militar.

68 Carta de OLP para Aureliano Chaves, 19/09/1971, MV/34. 69 Panfleto “São Thiago, Sempre!, 30/01/1930, M1/392 70 Jornal “O Censo”, ano 1, n. 1, 09/02/1941, M1/233 71 Carta de OLP para Getúlio Vargas, 27/11/1953, cópia, M1/215

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Na década de 1970, em rascunho de carta para Castelo Branco, na qual Leal

Pacheco evidencia sua adesão aos militares que se instalaram no comando do país, discorre

sobre a presença dos militares na história republicana brasileira e afirma:

Mais uma vez (a História nos alerta) coube às nossas Forças Armadas, por meio de um de seus mais conspícuos integrantes, dar uma lição de brasilidade e civismo à inoperante e vastíssima rêde de políticos profissionais, todos eles ávidos de vantagens pessoais, porém, desprovidos de espírito público [...] Dos inconformados de toda espécie, à falta de outros argumentos convincentes, ouvimos: ‘Sou contra o Castelo e o Costa e Silva, por serem ambos militares’. [...] Entretanto não foram, em absoluto, os militares os responsáveis pelo caos que vinha ameaçando a República e as nossas instituições democráticas. Vossa Excelência, para maior gloria das Forças Armadas do país, foi a férrea cunha (honra, austeridade, patriotismo e trabalho) introduzida no organismo político-administrativo da Nação, para libertá-la do cipoal espêsso das prevaricações e fraudes, mazelas do profissionalismo político72.

Leal Pacheco esteve de todos os lados na política, mas permaneceu um político de

ideologia conservadora. A correspondência é reveladora dessa constante mudança de

posição, mas não de ideologia, quase sempre para apoiar os que chegavam ao poder. Pela

correspondência podem-se perceber quais eram seus aliados e influências políticas em

momentos distintos da história política brasileira. No início da década de 1920, os nomes

de destaque que aparecem na correspondência e outros documentos são Arthur Bernardes,

Paulo de Frontin, Afonso Pena Júnior, ou seja, principalmente políticos da República

Velha. Com a Revolução de 1930, os nomes de destaque passam a ser políticos ligados ao

getulismo, em especial Benedito Valadares, Carlos Luz e outras lideranças do PSD. Nas

décadas de 1940 e 1950, Tancredo Neves assume a preponderância entre os interlocutores,

mas nomes da UDN como Milton Campos e Pedro Aleixo também aparecem na

correspondência. Com o golpe de 1964, Leal Pacheco, ao contrário de muitas lideranças do

PSD que se alinham com o MDB, aproxima-se de políticos que apoiaram a ditadura

militar: Aureliano Chaves, Rondon Pacheco, Magalhães Pinto e outros da ARENA.

Paralelamente à “grande política”, as disputas políticas locais foram uma constante

na correspondência, em especial as disputas com José Resende Santiago (Pererinha), que

sucedeu Leal Pacheco na prefeitura de São Tiago na década de 1950. A esse respeito,

vários dos interlocutores na localidade de São Tiago mantinham Leal Pacheco, que não se

72 Carta de OLP para Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, s/d, MP/76.

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encontrava em São Tiago, “informado”, quase em tom de fofoca, a respeito da situação

política no município:

Venho por esta dar-te algumas noticias de nosso São Tiago. Pererinha continua com suas mesma [sic] atitudes; fazendo pulica [política?] contra Zizi e Julio de Carvalho. Como sabe fomos nós quem dirigimos ao Sr Júlio quando nosso querido São Tiago estava em jogo de dar ou não seu grito de indepedencia. Graças a Deus deu ....serei com meu voto julista mesmo de faca no peito73.

Ou ainda

Soube da última reunião da Camara? Que decepção para o prefeito; toda a Camara contra êle. Se perdoar as injustiças é uma obra de misericordia, castigar os que erram, é outra também, igual à primeira!74

O Pererinha continua implicante. O Snr. Prefeito declarou o Serrado [bairro da cidade] de utilidade pública e quer desapropriar a Igreja e fazer novo plano [urbanístico] e loteamento. Maluquices do Pererinha!75

Como o nosso ‘amigo Pererinha’ só cuida de fazer o mal e de fazer perseguições, aviso-lhe que ele está aí em B.Hte. Quem sabe há alguma vítima? 76

Uma cópia de carta de vereadores de São Tiago para o presidente da Assembléia

Legislativa de Minas Gerais, escrita provavelmente com a anuência de Leal Pacheco, e

talvez até redigida por ele, é reveladora de como a afirmação da própria imagem implica na

desqualificação do seu opositor. Os vereadores denunciam o prefeito José Resende

Santiago, acusado de abandonar projetos ou obras iniciadas por Leal Pacheco:

pelo simples fato de haverem sido iniciadas por administrador de outra corrente política [no caso, o próprio Leal Pacheco] ou, como no caso em tela, para que o novo administrador, vaidosamente, mostrasse à opinião pública que é possuidor de idéias próprias.77

Personalidades vaidosas em disputa: a do próprio Leal Pacheco e a de seu

adversário. Mas na verdade disputa-se principalmente a memória – atacar as obras de Leal

Pacheco seria atacar sua memória e a imagem que ele procurava construir de si. Mais

73 Carta de Jose Jacintho Lara para OLP, 04/12/1951, M4/06. 74 Carta de Monsenhor Francisco Elói de Oliveira para OLP, 08/11/1957, M3/124. 75 Carta de Ademar Mendes para OLP, 28/05/1957, MP/61. 76 Carta de Sebastião Morais para OLP, 13/01/1957, M3/49. 77 Carta de Vereadores de São Tiago para o presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, [195?], M3/12.

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adiante se verá que a inscrição da imagem de si que Octávio Leal Pacheco pretendia se

dava também na configuração da paisagem do município que ele administrou por duas

vezes.

A correspondência íntima, por outro lado, é pouco expressiva numericamente no

conjunto de correspondências: aparecem algumas cartas de irmãos, filhos e netos, uma

carta de Leal Pacheco para a segunda esposa Ilza Rosa Pacheco e cartas de alguns amigos.

A correspondência íntima revela certa afetividade e aparente harmonia na vida familiar,

embora não faça referências à convivência familiar do período em que Octávio Leal

Pacheco esteve casado com sua primeira esposa e mãe de seus filhos. Cartas estritamente

pessoais são trocadas entre filhas e netos de Leal Pacheco e sua segunda esposa.

No entanto, na correspondência íntima, Leal Pacheco e seus interlocutores também

abordam assuntos da vida pública. Em meio às notícias sobre a vida familiar, os vizinhos,

doenças, a chuva, o calor, aparecem a eleição, as obras públicas, as solicitações de favores

por funcionários públicos, comentários sobre a política: Aqui tudo na mesma; na política,

boatos e mais boatos; no tempo, chuvas dia e noite, sem cessar78.

O significativo número de cópias e rascunhos da correspondência ativa de Leal

Pacheco, seja ela privada ou de origem pública, revela o zelo de um político, que pretende

reter o que disse e a quem disse, prática comum quando se trata de homens que exercem

cargos públicos. Mas indo além dessa função comprobatória e de seu uso na defesa

pessoal, as cópias de cartas também compõem o projeto de construção da imagem de si,

retendo o que supostamente seria uma escrita perdida. Reter a escrita, para não se perder a

verdade pessoal e a imagem que ele sinceramente fazia de si.

A correspondência passiva demonstra que essa imagem chegava ao outro e que os

outros respondiam a ela, confirmando-a na maioria das vezes. Uma coletânea de cartas

recebidas era para Octávio Leal Pacheco também uma coletânea de assinaturas, e não de

quaisquer assinaturas: autógrafos de personalidades da política mineira e personalidades

políticas de renome nacional afiançavam a escrita de si, a narrativa autobiográfica que

pretendia.

No início da década de 1970, ao rascunhar uma correspondência para o militar que

ocupava a presidência da república, Leal Pacheco faz um balanço da própria vida pública e

não deixa de valorizar a importância que dava a essa rede de contatos políticos que

78 Carta de Agenor de Senna para OLP, 26/01/1949, M3/06

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estabeleceu: Carrego [...] uma grande bagagem de experiência e desilusões provindas

daqueles contatos com os ‘grandes da democracia de antanho’.79

Ainda que grande parte da correspondência seja de caráter oficial: telegramas

curtos, insípidas mensagens políticas, negociações de obras públicas ou nomeação de

funcionários, o que nelas era mais importante era o autógrafo ou nome que continham e

aos quais se juntava o próprio nome de Octávio Leal Pacheco. Assim também ele poderia

escrever: Não sou um desconhecido80.

79 Carta de OLP para presidente [?], s/d, MP/40. 80 Carta de OLP para Major Alencastro Guimarães, Diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, 05/05/1943, M1/276.

Figura 5-Autógrafos: "Os grandes da democracia de antanho"

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3.3.3 – Geografia da memória – materialidade da imagem de si.

A imagem de si que Leal Pacheco constrói não se restringia à correspondência, ela

era reproduzida e tornada pública: dar-se a ver também pela própria imagem na fotografia

ou imprimi-la no espaço, na paisagem. A imagem de um “progressista” deveria sobrepor-

se ao passado, ao “retrógrado”.

Leal Pacheco se via como “diferente”, mas era mais que isso, era um “estrangeiro”

nas terras mineiras onde se fixou. Vinha do Rio de Janeiro, a “moderna e republicana”

capital que passara pelas reformas urbanas de Pereira Passos. A capital dos bondes, das

revoltas populares, dos operários, dos imigrantes, a primeira com 1 milhão de habitantes no

país, o centro político da República Velha. Chegou ao interior mineiro como Delegado do

Recenseamento de 1920. Encontrou pequenas cidades e vilas, controladas por elites rurais,

que exerciam o mandonismo local típico do coronelismo das primeiras décadas da história

republicana brasileira.

Leal Pacheco era diferente: moderno, progressista, contudo não combateu a política

tradicional das pequenas localidades mineiras em que se estabeleceu – Bom Sucesso e São

Tiago. Pelo contrário, ele se infiltrou na política local e regional: a modernização se dava

na imagem, não no conteúdo. Seu projeto político não era revolucionário, mas

conservador. Ele era um visionário de reformas, modernizações, mas não de mudanças

estruturais na sociedade. Na sua “Síntese biográfica” afirma, como sempre usando a

terceira pessoa do discurso, esse compromisso com o progresso de São Tiago desde que ali

chegou:

Daí por diante, jamais deixou de manter contato com a gréi santiaguense, tornando-se grande amigo desta terra e sincero entusiasta por tudo que lhe proporcionasse grandeza e progresso81

Em julho de 1920, como Delegado do Recenseamento Geral da República, Leal

Pacheco chegou, a cavalo, ao “velho arraial” de São Tiago, distrito de Bom Sucesso, com

população em torno de 5000 habitantes. Eis a sua impressão relatada, em jornal local,

cinquenta anos depois da chegada:

[...] São Tiago que nos idos de 1920 então ostentava em beleza e confôrto, apenas, a sua privilegiada configuração topográfica. A sede Distrital,

81 Síntese biográfica e da ação político-administrativa do Prefeito Octávio Leal Pacheco, MP/60

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desprovida de iluminação, era de aspecto desolador [...]. Suas ruas e praças sem passeios, eram tortuosas e inúmeros becos, davam a impressão de terra abandonada. Seu contacto exterior, era feito pelos primitivos meios de transporte e por estradas ínvias e sem conservação. Não havia água potável suficiente para o abastecimento dos lares existentes, servindo-se a população de chafarizes esparsos pelo arraial. Não havia grupo escolar e a Igreja do Rosário [...] apresentava desolador aspecto externo. Ao redor da Matriz, tétrico cemitério circundado por muro de pedras, empanava a imponência daquele templo que, por sua vez, desprovido de passeios em derredor, dava-nos a impressão de um corpo sem pés82.

Figura 6- Ruas tortuosas, rampas: São Tiago de Antanho, atual Rua Viegas.

Leal Pacheco vinha, como se disse, da moderna e republicana Rio de Janeiro do

início do século XX, cidade que se contrapunha em tudo ao pequeno arraial descrito. A

herança colonial de São Tiago, para ele, era “desoladora”, “escura”, “tétrica”, “tortuosa”.

São Tiago precisava de luzes, em todos os sentidos.

São Tiago estava a exigir do patriotismo de seus filhos e habitantes trabalho intenso e resoluto para poder sair da estagnação que contrastava com a índole e os anseios de grandeza, liberdade e progresso de sua gente83. (grifos meus).

82 “São Tiago de Antanho” – série de pequenos artigos de OLP publicados no Jornal Ponta de Lança, de São Tiago, em 1971, MP/28. 83 “São Tiago de Antanho”, 1971, MP/28.

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Qual de seus habitantes poderia trazer o progresso, a luz? O “estrangeiro” que vinha

do Rio de Janeiro cuja reforma urbana84 espelhava-se na reformada Paris, Cidade Luz:

Entusiasmado com o apoio que me ofereciam e que de fato recebi, de um grupo de santiaguenses, a cuja frente se encontravam Francisco de Paula Lara, Job Altivo da Mata, Capitão João Pereira, Dorval Augusto da Mata, Henrique Pereira Santiago e outros, resolvi enfrentar a luta pelo empreendimento [...] requerendo, inicialmente à Câmara Municipal de Bom Sucesso, a indispensável concessão para, em meu nome individual ou no de Sociedade ou empresa que se organizasse, construir e explorar pelo prazo de 20 anos os serviços de luz e fôrça hidroelétrica no antigo arraial, sede do distrito de São Tiago85.

Aqueles que se opunham ao progresso e à modernidade agiam, segundo Leal

Pacheco, pela ignorância, mesquinhês, conformismo pela adaptabilidade ao desconfôrto e

má fé. Eram retrógrados, sofriam de neofobia86.

Leal Pacheco começava assim a inscrever-se na paisagem da pequena São Tiago,

que perdia a herança colonial e assumia os “ares progressistas”, mais de acordo com o

“espírito progressista” do homem que veio do Rio do início do século XX. Nas primeiras

décadas da República brasileira, as transformações nas sociedades européias e norte-

americanas advindas com a Segunda Revolução Industrial alimentavam o “sonho de

progresso” de certos grupos políticos republicanos. Um discurso cientificista e técnico de

inspiração positivista que associa o progresso à modernização e industrialização, progresso

que, no dizer de Leal Pacheco, é vida nova

Um tempo mais acelerado, impulsionado por novos potenciais energéticos e tecnológicos, em que a exigência de acertar os ponteiros brasileiros com o relógio global suscitou a hegemonia dos discursos técnicos, confiantes em representar a vitória inelutável do progresso e por isso dispostos a fazer valer a modernização a ‘qualquer custo’ (SEVCENKO, 1998, p. 27).

Depois de participar de empresas que obtiveram a concessão para explorar o

serviço de bondes e linhas férreas em Mogi das Cruzes e outras cidades do estado de São

84 Na primeira década do século XX, durante o mandato de Francisco Pereira Passos como prefeito do Rio de Janeiro, teve início a reforma urbana da cidade. Pereira Passos conheceu o projeto de reforma urbana de Paris, que lhe inspirou o próprio projeto de urbanização: alargamento e abertura de ruas, demolição de cortiços, reforma do porto, saneamento. Esse período ficou popularmente conhecido como “Bota-abaixo”. (Cf. SEVCENKO, 1998, p. 23). Um dos colaboradores de Pereira Passos foi o engenheiro e político Paulo de Frontin, que também participava do círculo político em que se encontrava Leal Pacheco. Esse mesmo Paulo de Frontin, em 1926, apresentou no Senado projeto de construção de ramal ferroviário que chegaria a São Tiago (documento: Parecer do Senado Federal n. 632, 1926, M3/231). 85 “São Tiago de Antanho”, 1971, MP/28. 86 Idem.

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Paulo, por volta de 1918, era a vez de Leal Pacheco envolver-se em um novo

“investimento modernizador”, dessa vez em Minas Gerais. Em 1925 instalou a primeira

usina hidroelétrica em São Tiago, a Usina do Rio Sujo – luz para o progresso. O arraial e

depois cidade de São Tiago passou a ser tela para representação pública da imagem que ele

tinha de si – luminosa.

Dar fim ao ar colonial que então ostentava o “velho arraial” significava superar o

passado, o atraso, a escuridão. Um “empreendedor” iniciava um novo tempo. Em 12 de

agosto de 1925, bandas de música, nas palavras de Leal Pacheco, despertavam a população

de São Tiago na mais entusiástica e vibrante alvorada de luz, de alegria e de esperanças,

destinada a despertar, para os encantos de uma nova vida, mais promissora e confortável,

um povo bom e merecedor87. Bailes, fogos de artifício e cinema ao ar livre para festejar o

progresso.

Em 1934, Leal Pacheco avalia seu projeto modernizador num panfleto político

intitulado “Ao povo de São Thiago”, assinado por ele e outros políticos:

[...] quer queiram ou não os nossos adversários, a actual organização politica de São Thiago é a que mais beneficios lhe trouxe, a que mais o elevou fóra de suas fronteiras, tornando-o conhecido por meio da propaganda fallada e escripta. [...]. Só os cégos, os inconscientes, os inimigos da verdade e da grandeza santhiaguense, pregam o contrario. Incapazes do bem, apregoam o mal.88

A inauguração da usina hidroelétrica marca o início dessa inscrição da imagem de

si no espaço. Entre o final da década de 1920 e início da década de 1930, Octávio Leal

Pacheco, atuou como vereador por São Tiago junto à Câmara de Bom Sucesso, e deu

prosseguimento à “modernização”, ou melhor, seu “bota-abaixo” da então vila de São

Tiago: demolições (muitas aliás sem nenhuma indenização, como ele mesmo observa),

melhoramento e abertura de ruas.

Uma medida mais forte e violenta se deu logo depois: para por fim aos “ares

tétricos” que o muro de pedras e o cemitério em torno da matriz davam à praça central, sua

luta agora passou a se dar em torno da retirada do muro (e em seguida do cemitério)

contando com o apoio do pároco Pe. José Duque de Siqueira. Violenta porque os

moradores não se sentiam confortáveis com a possibilidade de derrubada do dito muro e

com o trasladar dos corpos sepultados no adro.

87 “São Tiago de Antanho”, 1971, MP/28 (grifos meus). 88 Panfleto: Ao povo de São Thiago, 31/08/1934, M3/171.

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Sepultar os corpos no interior e adro das igrejas era uma prática comum desde o

período colonial, mas, a partir do final do século XIX, tal prática passou a ser condenada

pela emergência de um discurso higienizador e sanitarista. Temendo reações, Leal Pacheco

tratou de agir sem aumentar a ojeriza da parte ignara, agir silenciosamente, ou utilizando

aqui uma expressão popular, na calada da noite. Encontrou-se com o arcebispo de Belo

Horizonte e trouxe autorização para a remoção do cemitério, que se deu numa madrugada,

como ele mesmo narra, parecendo gostar da “aventura”:

Silenciar. Foi o que fiz até que se arrefecesse o calor contraditório. Já havia combinado com o saudoso padre José Duque que, para evitar ‘falinhas’ e o ‘disse me disse’ que tanto o contrariavam, iria eu a Belo Horizonte a fim de expor ao Arcebispo Dom Antônio dos Santos Cabral, a verdadeira situação do adro e do cemitério em derredor da Matriz. [...] Dêle ouvi o seguinte: -Pacheco, sou o Superior espiritual e a administração das Paróquias, está afeta aos respectivos vigários, pois, só êles sabem a conveniência e oportunidade de determinadas obras, consultando, é óbvio o interêsse das Paróquias e dos paroquianos. Quando estive em São Tiago, falando a uma comissão que me procurou para tratar do assunto, opinei efetivamente, no sentido de que o muro do adro fôsse substituído por um gradil de ferro, isto porque, tive receios de desmoralizar o Vigário administrador da Paróquia, cuja opinião sôbre o assunto, até então ignorava. Agora, ante o que você acaba de me expor e a dificuldade de um gradil que ficaria, de fato, dispendioso, concordo com a demolição de tal muro, cessando, assim, os grandes inconvenientes que oferecem89.

Leal Pacheco então pede a opinião do arcebispo por escrito em carta dirigida a Pe.

Josè Duque de Siqueira e prossegue:

Regressando de Belo Horizonte, cheguei a São Tiago às três horas da tarde de um sábado. Após estar com a família e deliciar-me com um banho, dirigi-me para a residência de Padre Duque. O virtuoso Vigário recebeu-me com uma de suas jocosas piadas, convidando-me, a seguir, para o jantar que, naquele instante ia ser servido. Como recusasse, pois, chegado de viagem achava que, naquele dia, devia jantar com a família, padre Duque, não obstante, insistiu e, chamando um garoto, deu-lhe uma cesta com bananas e uma garrafa de vinho dizendo: ‘Entregue na casa do Pacheco e diga à Odete, que ele vai jantar aqui’. À mesa, ocupei lugar ao lado Padre Duque. Havia uma visita também para jantar. Agora não me lembro quem. Pensei comigo: Se neste momento entregar a carta de Dom Cabral, padre Duque vai lê-la e, talvez, comentá-la durante a reza de hoje e missa de amanhã... Recrudescerá em consequência, a toada oposicionista que irrita o vigário e o almejado evento será, mais uma vez adiado! Assim refletindo, prudentemente relatei ao padre Duque, durante a refeição, o êxito da viagem empreendida e disse-lhe que, a respeito do adro, Dom Cabral me fizera portador de uma carta a êle dirigida, carta essa que havia deixado na minha pasta, em casa, pois não era minha intenção visitá-lo naquele momento e, sim, após a reza... (mentira! Será pecado? Não, porque, depois,

89 “São Tiago de Antanho”, 1971, MP/28.

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confessei-lhe o ardil, arrancando do padre gostosa gargalhada.) Findou-se o jantar. Saímos juntos. Padre Duque dirigiu-se para a igreja e eu, com a carta no bolso, tornei a minha residência. Às oito horas, voltei à presença do inesquecível sacerdote. Postei-me eu na esquina da Avenida Cel. Benjamim Guimarães com a Rua Dom Viçoso [...] e ali, à espreita, aguardei por alguns instantes, que o padre José Duque terminasse a leitura do breviário, o que êle fazia tôdas as noites, andando de um lado para outro, em sua sala de visitas. No momento oportuno entreguei-lhe a carta de Dom Cabral. RESULTADO? Aguardem90.

Ardil, astúcia e sutilezas numa narrativa em que o “herói” da política higienizadora

de São Tiago se mostra também capaz do jogo político menos convencional, mais do que

ele evidencia na formal “Síntese biográfica”. A narrativa é sobre São Tiago, mas o

protagonista é ele, Leal Pacheco. A série de Artigos “São Tiago de Antanho”, publicada no

Jornal “Ponta de Lança”, em 1971, constitui-se do que parece totalizar 13 pequenos textos

e é um contraponto à “Síntese Biográfica”.

Nos pequenos artigos, o narrador, Leal Pacheco, utilizando com frequência a

primeira pessoa do discurso, conta a história das transformações da cidade no século XX,

mas o que na verdade se percebe é que a história da cidade é contada para contar a própria

história pessoal. Não são apenas memórias, no sentido de testemunho de um tempo, mas é

falar de si, é também escrita de si. O uso da primeira pessoa aqui contrasta com a pretensa

neutralidade e formalidade observadas na “Síntese Biográfica”.

Outro aspecto interessante da série de artigos “São Tiago de Antanho” é que a cada

número do jornal saía um pequeno artigo, como se fosse um pequeno capítulo da história.

Como numa novela ou folhetim, ele terminava cada artigo conclamando o leitor a esperar

pelo próximo número do jornal utilizando expressões: “Aguardem!”, “continua no próximo

número”, “no próximo número tratarei de ...”. Ele ainda recria diálogos para dar um estilo

mais ligeiro e menos monocórdio à narrativa. Falas do outro que não se chocam com seus

projetos, daqueles que não são “ignaros”. Dava voz a quem confirmava seu projeto e

silenciava a “toada oposicionista”.

Os artigos da série “São Tiago de Antanho” revelam nova faceta de Leal Pacheco.

Faceta que vai além da imagem de homem que não entra em acordos e não transige, a qual

grande parte da correspondência confirmava. Na série de pequenos artigos São Tiago de

Antanho a vigilância sobre si parece menos forte e possibilita ver outras facetas daquele

que pretende se mostrar como o indivíduo coerente e uno registrado na “Síntese

90 “São Tiago de Antanho”, 1971, MP/28.

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Biográfica”. Ambos os documentos, a síntese biográfica e os pequenos artigos, são da

década de 1970, porém o primeiro é marcado pela solenidade e formalidade na composição

da personalidade do homem público, e o outro, despretensioso e quase anedótico, quebra a

totalidade desejada. E, por isso, não se pode aqui, deixar de contar o final da história. Leal

Pacheco entrega a carta de Dom Cabral a Pe. José Duque, que concorda com a demolição

do muro, chegando a discutir por momentos como o fazer, até que Leal Pacheco se retirou

da residência do dito padre.

Acontece , porém, que, saindo da residência do saudoso Vigário, preocupado com o assunto, puz-me novamente a conjeturar: - amanhã ... domingo ... Padre Duque pode falar a alguém sôbre a resolução tomada ... outras ‘demarches’ aleatorias poderão surgir... por que não deixei para amanhã a entrega da carta... Assim, poderia dar início ao serviço segunda-feira ... E neste solilóquio, veio-me à mente a seguinte resolução: iniciar, naquele momento, a demolição do adro da Matriz!.. Eram nove horas da noite. No terreno ao lado, ora pertencente ao Sr. Jandir, contíguo ao Bazar de propriedade do Senhor Sebastião José de Castro, em uma casa igualmente por mim demolida, havia uma padaria e confeitaria, de Cristiano Cardoso de Paula, sanjoanense que, durante alguns anos residiu entre nós. Resoluto, entrei naquele estabelecimento e, dirigindo-me a todos: Amigos, vamos demolir o muro da Igreja? .. “Quando?” – um dos circunstantes perguntou. Agora, neste momento, respondi. E dizendo-lhes do que se passava e das causas determinantes, daquela minha apressada resolução, recebi de todos o necessário e entusiástico apoio. No momento achavam-se naquela confeitaria: Antônio Marçal Sampaio, Inácio Pantaleão de Paula, Inácio Corrêa, Carlos Ribeiro de Carvalho (Carlito), Antônio Vitorino de Almeida, João Candeia e, por ser sábado, como de costume, lá estavam vários outros operários, de cujos nomes não me recordo agora. Luiz Caputo emprestou-me 5 ou 6 alavancas e, imediatamente, os trabalhos foram iniciados.[...] E, com entusiástica alegria, a turma foi aumentando a cada minuto que passava e, assim, antes da meia noite, já ultrapassava a casa dos 30, os demolidores do Adro e, dentre êles lá estavam Henrique Pereira, Antônio Procópio, Chico Lara, João Mateus, um viajante de tropas de nome Crisóstomo de Tal e seu camarada que, naquela noite estavam hospedados na pensão de Sabino Ferreira; enfim, como mais de 30 homens trabalhando com alegria, as 2 horas da madrugada a demolição do Adro foi concluída. Naquela mesma noite foi destruído o estaleiro que existia ao lado esquerdo da Matriz e, assim na manha do dia imediato, um domingo, a nossa Igreja crescia, em beleza e graça, diante do olhar estupefato daqueles que demandavam o [sic] nosso belo templo católico, para o santo sacrifício da Missa dominical. Da grande maioria então, partiam elogios a mim e ao saudoso padre José Duque, ao mesmo tempo em que, insignificante minoria, verberava, por inconsciente atraso tão magnificente evento. Concluída aquela demolição iniciou-se imediatamente, a trasladação para o cemitério local, dos restos mortais, dos que haviam sido sepultados no adro em referência e levada a efeito a construção do atual passeio em derredor da Igreja91.

A pequena vila de São Tiago começava a se tornar monumento, enquanto expressão

da imagem e da memória de si de Leal Pacheco, apesar de toda oposição dos “neófobos”.

E, como se viu no capítulo I, monumento, nesse sentido, é uma construção resultante do

91 “São Tiago de Antanho”. 1971, MP/28.

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jogo de poder em um dado contexto em virtude da memória que deverá sobreviver no

futuro.

Leal Pacheco, iluminava e reformava, inscrevendo-se na cidade e via-se como

verdadeiro “lampião” a afugentar as sombras do passado e do atraso. A imagem de si

refletia-se na dinâmica espacial do pequeno núcleo urbano, o que foi registrado pelas

fotografias, plantas, mapas e croquis constantes do arquivo. Autobiografar-se pela

paisagem urbana, ela própria tornando-se documento da escrita de si.

Figura 7- Vista lateral da Igreja Matriz de São Tiago – demolidos o muro e o cemitério construíram-se

os jardins.

Na década de 1930, Leal Pacheco também liderou as “Paradas do Trabalho”,

mutirões em que ele reunia “a classe laboriosa” (os trabalhadores) para realizar reformas

no perímetro urbano e para construção de estrada entre São Tiago e São João del-Rei.

Conquistou ainda recursos para construir pontes. Nessa época, fundou o Comitê de

Propaganda e Melhoramentos de São Tiago, uma organização civil que teria longa duração

e que se propunha a promover o “progresso” de São Tiago. Octávio Leal Pacheco será um

membro constante da diretoria da instituição até sua morte na década de 1970. O “Comitê”

é mais uma etapa de seu projeto político pessoal: a instituição servia aos seus propósitos

modernizantes, por isso os arquivos da instituição acabam se misturando ao próprio

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arquivo pessoal. Não há distinção entre eles porque o eu público Octávio assume

preponderância em todas as instâncias de sua vida e trata o público como privado.

O projeto político de Leal Pacheco incluía ainda a transformação administrativa da

própria vila de São Tiago, então distrito de Bom Sucesso. Junto às lideranças locais e

contando com apoio de políticos estaduais, participou da campanha para emancipação do

distrito92, o que ocorreu em 1948, com a instalação do município em 1949. Emancipado o

município, o momento maior de monumentalização da memória se deu quando Octávio se

tornou o segundo prefeito eleito no município e lançou o plano urbanístico.

O plano urbanístico, lançado durante seu primeiro e curto mandato de prefeito –

1953-1955 e continuado no segundo mandato - 1959-1963, era uma forma de inscrever

definitivamente na paisagem local a imagem que tinha de si. O plano seria a coroação de

toda a reforma que ele iniciou nas décadas de 20 e 30 do século XX.

A inspiração modernizante agora é Juscelino Kubitschek, o que foi declarado no

plano de governo apresentado durante a sua primeira campanha eleitoral municipal pelo

PSD93. Um exemplar da revista Manchete94, na verdade uma separata que reunia

reportagens a respeito de JK, e o desenho95 enviado pelo neto Wagner, provavelmente de

data posterior à década de 1960, simbolizam, no arquivo, esse projeto, político e

individual, de modernidade e progresso. Leal Pacheco mantém, enquanto prefeito, o

espírito modernizante já manifesto nas décadas anteriores e que agora o aproximava do

contexto político brasileiro entre as décadas de 1950 e 1960, período caracterizado

justamente pela “utopia modernizante”, cujo principal símbolo fora JK.

[...] O final da década de 1950 e o início da década de 1960, apesar das profundas contradições sociais e econômicas que se faziam visíveis no cotidiano do cidadão brasileiro, apresentavam-se como um tempo de cultivar utopias, como um tempo de possibilidades mágicas para as pessoas e organizações que acalentavam projetos transformadores para o país (NEVES, 1994, p. 62)

Para Leal Pacheco, essa modernização era o momento de superação definitiva do

aspecto colonial da cidade. Por isso, ele valorizou construções modernas, ruas retilíneas e

92 Diversos documentos referem-se ao envolvimento de Leal Pacheco na campanha pela emancipação. Cito aqui o panfleto intitulado “Ao povo de São Tiago: Ofício dirigido ao Deputado Último de Carvalho”, lido na Assembléia Legislativa em setembro de 1948, M1/263. 93 Panfleto Ao Povo de São Tiago, campanha eleitoral de 1952, M1/383. 94 Revista Manchete – separata, Bloch Editores, s/d, M2/152. 95 Desenho em papel vegetal, MP/43.

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empenhou-se pela normatização da ocupação do solo urbano. A lei municipal número 153,

de agosto de 1953, que integrava o Plano Urbanístico, estabeleceu rigidamente as normas

para construções no perímetro urbano: fachadas, pintura, tamanho dos cômodos,

acabamento. Da lei, inclusive constava um artigo, mais que draconiano, segundo o qual as

chaves das novas construções, depois de concluídas, deveriam ser entregues à prefeitura

para vistoria.

Figura 8- Inspirações modernizantes

Inscrever-se na paisagem da cidade significava enquadrá-la no projeto

modernizador que ele assumiu para si ao longo da vida e que, naquele momento era

representado pelo programa de governo apresentado durante a campanha eleitoral

municipal e que tinha como título: Luz-Força e Urbanismo em 2 anos96. Além dos

documentos referentes à lei do plano urbanístico, Leal Pacheco incorporou ao arquivo

pessoal fotografias que registram a cidade “moderna”, as construções que julgava

adequadas.

As plantas e projetos técnicos do seu arquivo pessoal representam a edificação da

sua memória pública. Desmonta-se uma memória geográfica e histórica anterior, colonial,

e instala-se uma nova, moderna, desenvolvimentista – muito ao gosto modernizante de

96 Panfleto “Ao Povo de São Tiago”, 27/10/1952, M1/383

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Leal Pacheco. O plano urbanístico, a usina hidroelétrica, as fotografias das ruas deveriam

mostrar sua visão modernizadora, sua vitória contra os “retrógrados”.

Remodelar a cidade para monumentalizar publicamente sua memória. Luz, água,

urbanismo: na esteira de JK, ele elaborava sua plataforma política e impregnava o meio

urbano da pequena São Tiago com sua assinatura. No discurso da posse do primeiro

mandato de prefeito ele reafirma o compromisso com o progresso, a modernização e

conclama: marchemos para um porvir mais luminoso97. Encontrou é certo reações: afinal

era um estranho ainda pouco ligado afetivamente à terra em que chegara e por isso se

permitia reformar, derrubar. Na década de 1960 apoiou a demolição, com o consentimento

do pároco local, da antiga Igreja do Rosário. Resguardou-se solicitando do departamento

de Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN) uma certidão de

que a igreja não era um bem cultural tombado.

97 Discurso de posse no primeiro mandato de OLP, s/d [década de 1950], M3/306.

Figura 9- Plano urbanístico: residência em São Tiago, frente e verso da fotografia. No verso, lê-se: Residência de Henrique dos

Santos Almeida (Cocoza). De acordo com o

plano urbanístico da cidade. São Tiago

1.955.

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Figura 10- Residência da foto anterior sob outro ângulo. Plano urbanístico - alinhamento de ruas.

Terminado o primeiro mandato de prefeito, o projeto urbanístico de Leal Pacheco

foi duramente atacado pelo seu sucessor, o já citado José Resende Santiago. Uma série de

recursos e denúncias de ambos os lados, inclusive sobre os custos de obras públicas, foram

feitas. No entanto, relatório técnico do DAM, Departamento de Administração Municipal,

da Secretaria do Interior do Estado de Minas Gerais, foi francamente favorável a Leal

Pacheco, reforçando a imagem luminosa que ele tinha de si:

O senhor Octávio Leal Pacheco é, sem favor algum, pessoa de grande prestígio, de grande conceito e de elevada posição social em São Tiago. Administração das mais profícuas. O plano de urbanismo de São Tiago [...] foi um dos mais brilhantes trabalhos executados pela administração anterior98 (grifo meu).

Estava em julgamento mais a imagem do homem público Octávio do que o projeto

urbanístico. Octávio era “brilhante” e seu adversário, José Resende Santiago não era nada

“brilhante”, estava, nos dizeres do relator, numa posição ‘posição oposta e obscura’.

Inscrever-se na memória social implicava, portanto, obter o reconhecimento do

projeto modernizador que ele, Octávio, escolheu como sua marca no espaço. Espaço que

assumia forma e feição de um projeto político e de um projeto individual. Em documento

já citado, vereadores (e provavelmente Leal Pacheco) denunciam o desmonte do plano

urbanístico levado a cabo pelo prefeito José Resende Santiago. Na correspondência se lê

98 Relatório de Serviços Técnicos do DAM/Secretaria do Interior, 23/10/1956. M1/ 407.

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que tal desmonte era para que o prefeito vaidosamente, mostrasse à opinião pública que é

possuidor de idéias próprias99. Ora, as ideias modernizantes eram dele, o autor

“verdadeiro” do plano urbanístico, ou seja, Octávio Leal Pacheco.

Plantas, mapas, projetos técnicos, fotografias – as imagens do arquivo são imagens

da memória. A cartografia presente no arquivo é a idealização do espaço a ser

transformado. Luz, progresso, modernidade – a cidade é o lugar da vida moderna, ainda

que fosse uma pequena cidade, emancipada recentemente. Espaço imaginado, desejado

individualmente. Fotografias captam o espaço em transformação: o velho (atraso) e o novo

(progresso), imagens do projeto modernizador implantado e a ser defendido e preservado.

Mas o espaço urbano idealizado, por mais que Leal Pacheco desejasse associá-lo a

si, memória individual, é também coletivo, fruto do jogo de forças sociais e, portanto,

sujeito à leitura e intervenção do outro e à própria historicidade do projeto: a usina

hidroelétrica da firma Pacheco e Mata, por exemplo, passou por reformas na década de

1950 e a concessão foi cancelada, sendo a Usina transferida para o poder público

municipal100, e depois, não atendendo às necessidades da comunidade, teve suas atividades

encerradas e o fornecimento de energia local foi encampado pela CEMIG, na década de

1960.

99 Carta de vereadores de São Tiago para o presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, M3/12. 100 VIEGAS, 1972.

Figuras 11 e 12 - Construção da nova barragem da usina hidroelétrica de São Tiago, década de 1950

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O plano urbanístico foi revisto e abandonado nas décadas seguintes, apesar de,

ainda hoje, se observar, no traçado urbano da pequena cidade de São Tiago, vestígios do

projeto.

O Comitê de Propaganda e Melhoramentos, instituição criada por Leal Pacheco e

que zelaria continuamente pelo progresso local, é a metáfora da historicidade do projeto:

sua imagem permaneceu por décadas como um prédio inacabado, até ser definitivamente

encampado pelo poder público municipal, tornando-se um edifício da administração

pública, após a morte de Leal Pacheco.

3.3.4 Recortes da memória e da imagem: mosaico autobiográfico

A imagem de si como homem moderno, renovador, progressista que Octávio Leal

Pacheco inscrevia na paisagem deveria ir além das fronteiras: assim como as cartas

levavam essa imagem a interlocutores importantes, as obras e projetos políticos a

inscreviam na geografia local, as constantes viagens que ele fazia entre Rio de Janeiro,

Belo Horizonte, São Paulo, e principalmente a imprensa levavam Octávio, o homem

público, para outros ambientes.

Um arquivo é composto de fragmentos de memória, retalhos reunidos para compor

a imagem que se pretende eternizar. No arquivo pessoal de Leal Pacheco, centenas de

recortes e jornais inteiros foram acumulados, às vezes metodicamente colados em velhos

livros de registro. Não é algo esporádico que ele guardou aleatoriamente e apenas em uma

fase da vida. Enquanto retalhos da memória, recortar jornais, colá-los nos velhos livros e

cadernos para dar a eles uma ordenação, como se escrevesse uma narrativa, ainda que não

linear, implica num processo de seleção do que lembrar para compor o mosaico de si. Todo

esse processo é um dizer de si, é autobiográfico: ainda que muitos dos documentos sejam

recortes de publicações oficiais, com aprovação de emendas, leis e obras públicas, a

coleção de recortes reflete mais uma vez a personalidade de Leal Pacheco e sua obsessão

por tudo que se refira à sua imagem ou aos seus projetos políticos e empresariais.

Entre 1918 e 1919, Leal Pacheco participou como sócio de um projeto de instalação

de bondes e linhas férreas na região de Mogi das Cruzes (SP), cidade onde passara parte da

infância e juventude. O Jornal A Vida - Orgam do Partido Republicano Governista, de

Mogy das Cruzes, n.578, de 22 de junho de 1919, noticiou a inauguração dos primeiros

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trilhos da empresa. Relatando o evento, o jornal citou discurso de Eduardo da Gama

Cerqueira que falou sobre a participação de Leal Pacheco no empreendimento. O artigo

realçava aspectos da própria personalidade que Leal Pacheco valorizava: a perserverança,

a intelligencia e persidade do Sr. Octavio Leal Pacheco que ha alguns anos já se dedica a

esse empreendimento [grifos meus]. O repórter ainda escreveu sobre o papel de Leal

Pacheco no evento: Trocaram-se, então, ao champagne, vários brindes: do senhor Octavio

Pacheco às autoridades do municipio e à familia mogyana101. O evento também foi

noticiado pelo Jornal Correio Paulistano, em 30 de maio de 1919102.

A perseverança, inteligência e espírito progressista compunham a imagem que o

próprio Leal Pacheco tinha de si, e a imprensa construía um discurso que referendava essa

imagem. Não há no arquivo, portanto, recortes que tragam notícia posterior sobre o

projeto, que fracassou. Os recortes, como as correspondências, também foram

selecionados. Leal Pacheco guardava apenas o que refletia a própria imagem que tinha de

si: brilhante, progressista, cidadão e político empenhado pelo bem público.

Figura 13- "Trocam-se então, ao champagne, vários brindes”. Fotografia sem data. Mogy das Cruzes?

Inauguração das linhas de bonde?

101 Jornal A Vida- Orgam do Partido Republicano Governista, Mogi das Cruzes, 22/06/1919, M3/176. 102 Jornal Correio Paulistano, 30/05/1919, M3/177.

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Assim são sugestivos os títulos das reportagens e artigos sobre São Tiago nos quais

Leal Pacheco e seus projetos eram sempre citados:

Uma localidade fadada a um brilhante futuro. (Estado de Minas, 1932)103.

Uma progressista localidade mineira (Estado de Minas, 1934)104

Parada do trabalho – um empolgante movimento de civismo (Estado de Minas,

1932)105 (grifos meus).

Figura 14- Livro de recortes: imagem de si na imprensa

Vaidoso, Leal Pacheco guardou até recortes com simples notas a seu respeito, como

a publicada em jornal de Belo Horizonte em 1956: Encontra-se na capital o Sr. Leal

Pacheco, ex-prefeito de São Tiago106.

Ou ainda a simples menção a uma correspondência de Leal Pacheco para Vargas

noticiada como uma pequena nota no Diário Oficial da União de julho de 1954107.

103 Jornal Estado de Minas, 19/01/1932 M1/239. 104 Jornal Estado de Minas, 16/03/1934, M1/240. 105 Jornal Estado de Minas, 16/07/1932, M1/242. 106 Jornal [?], 20/06/1956, M3/108. 107Jornal Diário Oficial – Estados Unidos do Brasil, 13/07/1954, M1/413.

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Assim como a correspondência, as notas e artigos publicados na imprensa

reforçavam a imagem de si e atestavam a importância política que ele se atribuía ou que de

fato tinha.

Na sua “Síntese Biográfica”, Leal Pacheco deu especial relevo a um fato de sua

vida política retratado pela imprensa: durante um congresso de municípios ele apresentou e

defendeu um projeto de reforma constitucional. Pelo projeto, alterava-se a forma de

distribuição dos recursos financeiros do imposto de renda destinados aos municípios

brasileiros (posteriormente o projeto foi aprovado pelo governo e transformado em lei,

algo semelhante ao atual Fundo de Participação dos Municípios). Em maio de 1954, o

jornal Diário de Minas, de Belo Horizonte, publicou reportagem, com foto de Leal

Pacheco discursando em São Lourenço, por ocasião do III Congresso Nacional de

Municípios, durante o qual foi apresentado o projeto, e novamente a reportagem é elogiosa

a respeito de Pacheco:

O nosso interesse em focalizar o trabalho dêsse esforçado administrador de um pequeno município se justifica quando se sabe que o seu trabalho provocou os mais vivos debates em plenário. Cêrca de duas horas, no ensejo da primeira reunião plenária, delegados dos mais distantes municípios brasileiros desfilaram objetivas exposições às quais, em sua maioria, coadunavam perfeitamente com o ponto de vista do prefeito da cidade de São Tiago108. (grifos meus)

Mais do que o projeto em si, o que ressalta no texto da reportagem é a imagem de

Leal Pacheco como administrador, por isso, recortes semelhantes a esse devem compor o

arquivo pessoal. Em 1961, em discurso na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o

deputado Sady da Cunha solicitou que fosse registrado nos anais da Assembléia voto de

congratulações a Leal Pacheco em virtude do projeto de reforma de distribuição dos

recursos do imposto de renda para os municípios109.

Por um lado, portanto, a imprensa dava a ver a imagem pública de Octávio. Por

outro lado, os recortes de jornais são também confirmadores das convicções políticas ou

íntimas de Leal Pacheco: há recortes sobre “os grandes da democracia de antanho” e sobre

questões políticas; há recortes com críticas ao comunismo, para ele uma “ideologia

exótica”, há recortes sobre temas religiosos (melhor dizendo, católicos) e recortes de

poemas.

108 Jornal Diário de Minas, Belo Horizonte, recorte, 25/05/1954, M1/227. No arquivo pessoal, também existe um rascunho do projeto (M1/390). 109 Recorte do jornal Minas Gerais, 17/11/1961, M1/231.

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Os recortes, portanto, não se encontram isoladamente no arquivo pessoal, mas

completam-se e relacionam-se com correspondências, fotos, panfletos e outros

documentos. A partir desses fragmentos mais uma vez ele tece uma narrativa de si. Leal

Pacheco ao arquivar artigos de jornais que se referiam a ele próprio e principalmente ao

selecionar e colar alguns deles em livros e cadernos, seleciona o que considera importante

na própria biografia, dando forma, mais uma vez, à ilusão autobiográfica – fragmentos que

poderiam compor uma unidade desejada.

3.3.5 Objetos autobiográficos

Já se teve a oportunidade de dizer, neste trabalho, que um arquivo pessoal,

diferentemente de outros arquivos, reúne uma diversidade de documentos que se

apresentam em vários suportes, além dos documentos textuais propriamente ditos. Tal

diversidade, segundo a arquivística tradicional, seria um dos fatores que não permitiriam

reconhecer aos arquivos pessoais o atributo propriamente de “arquivos”, e sim de coleções.

No entanto, na perspectiva dos “arquivos totais”, os objetos e livros participam da

organicidade do arquivo pessoal e do projeto de construção de imagem de si que o norteia.

Meneses (1998) afirma que os objetos, para além de seus aspectos físicos, estão

sujeitos às constantes transformações seja na sua morfologia, função ou sentido. Eles

trazem em si uma trajetória, uma biografia. O sentido dos objetos, portanto, não é

intrínseco a eles mesmos. Os objetos assumem sentidos diversos na medida em que

participam da trajetória do indivíduo.

Os objetos que uma pessoa coleciona geralmente são vistos, pelos outros, como

desgastados pelo uso, velhos, e até como “quinquilharias”. O sentido desses objetos está

em, justamente, envelhecerem com seus possuidores e constituírem, portanto, objetos que

se relacionam à experiência do vivido. Jean Baudrillard, em o Sistema dos Objetos (1973),

considera os objetos antigos como objetos marginais porque escapam à ideia do cálculo

funcional: os objetos antigos parecem contradizer às exigências do cálculo funcional para

responder a um propósito de outra ordem: testemunho, lembrança, nostalgia, evasão (p.

81), acham-se presentes para significar o tempo.

Baudrillard observa que todo objeto tem duas funções: a primeira de uso, imediata.

Nesse sentido, o objeto é uma máquina, resposta a questões práticas da existência no

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mundo. A segunda função é a de ser possuído, sendo que o significado dado ao objeto

depende unicamente do indivíduo que o possui, tornando-se um objeto puro: privado de

função ou abstraído de seu uso, toma um estatuto estritamente subjetivo: torna-se objeto

de coleção (BAUDRILLARD, 1973, p. 94)

Um objeto é adquirido e guardado, para ser então ressignificado no momento em

que se insere no espaço e no tempo da história de vida individual e também do arquivo. Os

objetos do arquivo estão impregnados de memória, para além do uso ordinário que

tiveram. Eles falam de lugares, de pessoas e da experiência vivida, enfim, tornam-se

documentos.

Em artigo no qual discute a relação entre crítica genética e a biografia a partir dos

arquivos de escritores, Eneida Maria de Souza (2008, p. 123), também considera essa

função dos objetos: canetas, papéis soltos, mesa de trabalho, dentre outros objetos

incorporam-se à biografia do escritor.

Nesse sentido, o que dizem os objetos do arquivo pessoal de Leal Pacheco?

Malas são testemunhos de uma vida itinerante de um homem que se estabeleceu

entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, das constantes viagens que os mapas rodoviários, os

recibos de diárias e a utilização de papéis timbrados dos hotéis para escrever poemas ou

cartas registram. Octávio era um viajante: nasceu em Barra do Piraí, viveu parte da

infância e juventude em Mogi das Cruzes, depois se estabelecendo no Rio de Janeiro.

Sempre atento às possibilidades empresariais e políticas, deslocou-se para o interior de

Minas Gerais. Mas são constantes as idas e vindas: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,

Belo Horizonte, Rio Novo, São João del-Rei, São Lourenço, Bom Sucesso, São Tiago.

Malas para os ternos sempre alinhados, para as abotoaduras; maletas para documentos:

imagem pública de um político e empresário, um homem “moderno” e “viajado”, em

constante deslocamento.

Mas, as malas e maletas de Leal Pacheco, além de evidenciarem o homem

moderno e errante, assumem outros sentidos. Fechaduras defeituosas, forros rasgados,

enfim, malas usadas por muitas vezes. Reutilizadas, passam a ser o suporte da memória

individual.

E para onde viaja uma mala repleta de memórias? As malas, enquanto arquivos,

também simbolizam o que deve ser guardado e remetido a outro tempo, tempo posterior ao

produtor do arquivo pessoal. Repositório da imagem que se cria de si. Sob o risco de serem

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desviadas, são remetidas ao futuro do viajante. O desvio seria necessariamente o

esquecimento e a perda de sua memória e imagem.

Nas malas e maletas estão canetas, lápis, óculos, cinzeiros, lampião, agulha,

abotoaduras. Acompanhantes do homem que organizava suas viagens – pela política, pelo

espaço, pela poesia e pelo tempo. Canetas sem tinta, óculos quebrados, malas sem fecho,

cinzeiros, lampião apagado, velha flâmula de um congresso da década de 1950 - depósitos

de restos. Resto de uma escrita, resto de uma luz, resto de uma viagem, resto de uma ideia,

resto de uma vida pública. Resto, mas também rastro, testemunho – inscrição no arquivo

pessoal, portanto, na história individual. Testemunhos do leitor, do escritor, do orador, do

político, do viajante. Objetos que, como afirma Ecléa Bosi, dizem sobre a identidade dos

seus possuidores: quanto mais votados ao uso cotidiano, mais expressivos são os objetos:

os metais se arredondam, se ovalam, os cabos de madeira brilham pelo contato com as

mãos, tudo perde arestas e se abranda (BOSI, 1994, p. 441).

Por isso, objetos do arquivo pessoal podem ser tomados metonimicamente: a partir

de um objeto pode-se chegar ao conjunto de documentos. A parte pode falar pelo todo. O

lampião é o melhor exemplo. O arquivo pessoal de Leal Pacheco, aqui tratado como

intenção ou espaço autobiográfico, reflete a construção da imagem de si que ele próprio

elabora ou pelo menos dirige. Em que está se baseando essa leitura da imagem de si que se

vem fazendo do arquivo pessoal? Naquilo que ele, Leal Pacheco, mais procurou ressaltar

da sua personalidade: modernizador, progressista, brilhante, luminoso, iluminador. Ora,

nada melhor no arquivo para representar essa personalidade que o lampião e o que ele

representa – luz, archote, arconte, arquivo. A imagem que o futuro deverá ter e ver do

homem Leal Pacheco é aquela que é possível à luz do arquivo, dos documentos

selecionados e organizados por ele mesmo ao longo da vida. O passado ilumina o futuro. A

memória é do passado, mas lança luz no presente. É essa a concepção de história que tem

Leal Pacheco: a história totalizante e totalizadora, capaz de dizer sobre si, seus feitos e sua

personalidade.

3.3.6 Poesia: memória íntima

O projeto autobiográfico que o arquivo pessoal de Octávio Leal Pacheco evidencia

é, como se tem destacado nas seções anteriores, o de um eu público. Esse projeto

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conforma-se com a imagem que Leal Pacheco cria de si e de como essa imagem se dá a ver

pela correspondência, pelos projetos urbanísticos, pela imprensa.

No arquivo de Leal Pacheco o eu público domina o eu privado. A intimidade, algo

que se atribui de imediato a um arquivo privado, não é o que imediatamente chega aos

olhos daquele que lida com o arquivo de Leal Pacheco. Entretanto, uma história de vida é

composta de trajetórias, de posições diferentes que o sujeito ocupa no espaço, com

colocações e deslocamentos vários (Cf. BOURDIEU, 2006, p. 189) e por mais que

Octávio, homem público, se imponha, sua intimidade também se insinua a partir de

documentos do arquivo. O poeta, o pai, o avô, o ator, o amigo, o amante, o galanteador

estão nas malas.

Octávio tinha suas crenças íntimas: era católico praticante. Lia jornais e revistas

católicos, frequentava missas; citou na sua “Síntese Biográfica” seu batizado e padrinhos,

além de juntar ao arquivo pequenos livretos de oração e novenas. O homem público de

ideologia conservadora coadunava com o ideário de lideranças católicas tradicionais:

bispos e padres integravam seu círculo de relações pessoais e com eles trocava

correspondências.

Apesar de ser aspecto da intimidade, a religiosidade também configura o público da

pessoa de Leal Pacheco: ao político e empresário se junta o católico praticante, e isso não

destoava da personalidade politicamente “conservadora”. É o que fica evidente no discurso

de posse na Academia de Letras de São João Del-Rei, quando elogia os governos da

ditadura militar colocando a religião acima de tudo:

A frase latina atribuída a Cícero, “cedant arma togue” – as armas devem ceder a toga - aqui não tem aplicação. No Brasil, a espada e o livro, em busca do ideal, caminham juntos, enlaçados, encimados pela Cruz de Cristo110

Fazia da religiosidade, por conseguinte, um dos principais temas de sua produção

poética, grande parte sonetos, expressando aspectos de suas crenças íntimas. A

religiosidade, em Leal Pacheco, tem estreita relação com a instituição Igreja Católica e

seus dogmas, como se observa no poema Ante o Salmo 99:

Aclamo a todo instante o nome do Senhor, E sirvo, com ufania, a sua Santa Lei, Entrando em sua Igreja, exulto, porque sei,

110 Discurso de posse na academia de Letras de São João del-Rei, fl 15. M1/71

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Reinar naquele Templo o mais sublime amor. Na glória de viver, bendigo a própria dor, De vez que ela deflui do Deus que sempre amei. Daquele Deus que é CRISTO e eternamente Rei, Do universo inteiro, excelso Criador. A Terra, o Mar, o Céu e a Luz resplandecente, E tudo mais que existe a bem da humanidade, São áureas criações do Artífice Onipotente. Tão grande e esplendoroso é em sua Majestade [sic], Perdoa o pecador por ser Onisciente E a suma perfeição do Amor e Caridade.111

Ou ainda no poema Fé:

Ó Jesus, doce filho de Maria, Da Virgem, Santa Mãe Imaculada. Sem teu perdão, por certo, ao grande Nada, Ao pó da argila o Homem tornaria. Toda alma, na aspereza da jornada Sem teu amor, sem luz, sucumbiria. E ao teu reino jamais ascenderia. Fatal e eternamente condenada. Mas, se o crente confia em teu amor, Na justiça divina que não falha, Remindo a humanidade pela dor Aos embates do mal, então, revida Faz da fé seu escudo de batalha E sorve, estoicamente, o fel da vida.112

Paralelamente ao catolicismo tradicional, os poemas de Leal Pacheco

autobiografam sua visão de mundo e sua ideologia política. O poema-acróstico A nova

capital exemplifica essa mescla de poesia e convicções políticas. Brasília, como se viu em

seção anterior deste trabalho, compunha o imaginário de modernidade que Octávio Leal

Pacheco tanto perseguia.

A NOVA CAPITAL

111 PA/11 112 M1/128

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Brasília! És a cidade de real beleza, Reflexo do vigor de um povo altivo e nobre, Alvorada de luz, de paz e de grandeza, Sem a luxúria vil, que o fausto sempre encobre!... Imersa no esplendor da própria realeza, Luzeiro que inebria e, do Planalto desce, Intemerata e livre, em plena natureza, Alcançando para a glória que o amor aquece. Quando te conheci, Brasília, eras criança, Recém-nascida, ainda: marco da esperança Dos que confiam e crêem num Brasil gigante. Não só pela própria natureza, mas avante Nas artes, nas ciências e que de sul a norte, Unido e indivisível, austero,rico e forte, Imponha pelo exemplo a paz ao mundo inteiro, Excelsa aspiração do povo brasileiro113.

Ao lado da poesia religiosa e daquela reveladora de suas convicções políticas, a

poesia amorosa e galanteadora de Leal Pacheco é também parte da construção da imagem

pública que outros documentos do arquivo propõem. Os projetos públicos seduziam pela

modernidade e progresso, e o homem Leal Pacheco seduzia pela imagem garbosa das

fotografias, aproveitada também no teatro, e pelos poemas de amor. Ao lado da imagem de

progressista e moderno ele construía a imagem do amante, do romântico:

ANGÚSTIA E ela não é minha! Casta e pura, Amando-a, se por ela fosse amado, Seria então bem menos desgraçado, Ate tombar na paz da sepultura. Ser feliz? Nunca mais!... Que atroz tortura, Na solidão de um quarto. Desolado, Eu sinto o coração dilacerado, Chorando a ausência dessa criatura. Se é pecado... não sei! Se é destino Sigo o meu fado e, ao planger de um sino, Buscando em minha fé, consolação. Vou rezando seu nome bem baixinho, Como se fosse um triste passarinho, Pipiando nas grades da prisão.

113 PA/29

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CREPÚSCULO

Quando a tarde morre e o sol, num beijo ardente, Com seus raios toca a Terra em despedida, Como sentimos, a sós, ser triste a vida! Quanta saudade sentem de um bem ausente!... E o sino que tange? E a luz que no poente Se apaga ao cair da noite que intimida Trazendo em seu bojo a treva indefinida, Que aumenta a dor da saudade que se sente?... É que a tarde assim morrendo, lentamente, Traz melancolia estranha e assaz dorida, Que enternece a alma e faz chorar a gente... E a negra noite, desminta quem quiser!... Com seu manto apavorante enluta a vida, Dos que amam em silêncio um nome de mulher.114

Poemas esses ofertados a mulheres: Em vão, à senhorita Cybelle Araujo (1941);

Desejo, a uma telefonista (1931); Dedicatória [ou Oferenda], a uma fã de Catulo Cearense

(1948); Três de outubro (pelo aniversário de minha esposa Ilza), (1967); Fascinação, á

senhorita Mirna Vianini; Aniversário, à senhorita Zizinha; Feitiço, à senhorita Edy Dutra

(1941). Alguns desses poemas escritos em forma de acróstico:

TRISTEZA EM FESTA Aqui o vai e vem de gente lesta, Luzes na praça, fogos e balões, Intensos movimentos nos leilões, Cobriram de esplendor a grande festa. Improvisaram bailes, diversões, Nada faltou, mas a verdade é esta: Havia a tristeza manifesta, Ante a ausência de alguém pelos salões.115

Sedução que ele exercia, na intimidade, através do galanteio e também através do

humor, seja nas relações com familiares, seja nos contatos com amigos próximos. Leal

Pacheco era considerado “bom papo”, pessoa agradável, divertida, enfim, sedutora. Em

114 PA/14. 115 PA/14

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1960, ele recebeu carta, de um interlocutor não identificado. Na carta, o remetente exprime

saudade e sente falta de conversar com o amigo Leal Pacheco:

Não posso viver isolado completamente de notícias dos bons amigos. Eis o motivo de me dirigir a você hoje, para ter uma palavra sua, convidando-o a vir aqui quando puder, pra nos encontrarmos e muito conversarmos116

Entre amigos, a convivência agradável, a boa conversa e o humor, ou seja, uma

intimidade que se insinua no arquivo e em simples poemas e trovas. O uso da linguagem

coloquial exprime essa intimidade:

TROVAS Ela passava catita, Numa rua da Gambôa, Quando um "jeca" pára e grita: “Óia que coisa mais boa!..” Boas trovas ninguém logra Construir sem meditar. Entretanto, a minha sogra, Não cessa de “trovejar”. RECEITANDO Ao distinto casal amigo Odette e Jasminor P’ra você, que assaz gripada Pouco dorme e já não come. Que tem tosse e não tem fome Que precisa ser curada... Que o marido (cá p’ra nós), Com apetite feroz, Quase chega a ser glutão, Quando você, receitada, Até cachaça queimada Já tomou, mas tudo em vão... Agora... Com o xarope que aí vai, Um composto de agrião Vejamos se a tosse sai Se ela dá o fora ou não! Encontrei-o facilmente E o produto sempre vinga Quando a tosse impertinente

116 Carta de [?] para OLP, 09/11/1960, M3/236.

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Resiste aos goles da pinga... Tome-o, pois, conforme a bula, Ele tem um bom sabor!... Quem sabe até regula A fome do Jasminor?...117

Assim, a intimidade e até a vida familiar, as esposas, Odette e Ilza, os filhos e os

netos excluídos da “Síntese biográfica”, portanto, da vida pública de Octávio, são, contudo,

presenças mais constantes nos poemas. As comemorações familiares, as paixões e a

admiração marcam correspondências estritamente pessoais e poemas escritos para os

familiares, às vezes de forma leve e humorada como no pequeno poema para a neta Sônia

Formiga, por ocasião do nascimento da primeira bisneta de Leal Pacheco:

Ser pai, sublime missão! Ser avô, ventura infinda, Nosso amor mais cresce ainda, No escrínio do coração. E bisavô? Exultando Com tal evento, netinha, Feliz me sinto saudando A bisneta “Formiguinha”118

Ou ainda no P.S. de carta para a neta Selma quando do nascimento de outra bisneta:

Escrevi Celma com “C”, Diz a Ilza que é com “S”, Seja ou não, creia você, Com “C” melhor me parece. Se errei, se não estou certo, Esta carta não conserto, Ficaria feia e suja: É carta que tem por meta Saudar mais uma bisneta E a neta, que é “mãe coruja”.119

Essa é a vida familiar dos poemas e de algumas correspondências: harmoniosa,

tranquila. A intimidade possível que no arquivo convém registrar. Não é, porém, toda a

vida íntima, com seus conflitos e angústias. Mais uma vez, documentos são selecionados 117 PA/14. 118 PA/29. 119 PA/29

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pelo titular do arquivo ou por aqueles que intervieram no processo de arquivamento. Como

viveram Leal Pacheco e sua primeira família? Como foi seu relacionamento com Odette, a

primeira esposa? Não há documentos para essa fase: não existem, no arquivo, certidões de

casamento, de nascimento dos filhos, cartas íntimas do casal, fotografias, há apenas mais

um poema-acróstico escrito em São Paulo, em 1918:

ODETTE Olha querida que teu nome santo, De hora em hora levo a soletrar Enquanto da avezinha o lindo canto, Traz-me à tardinha, triste meditar; Tirando-me o riso e dando-me o pranto, Eis o meu gozo: sofrer, por te amar.120

A constante reescrita dos poemas, as rasuras, os recortes, as escolha de novos

títulos, os rabiscos, a pesquisa de rimas e anotações de significados de palavras121, enfim,

os “bastidores da criação”, nas palavras de Souza (2008), demonstram que essa escrita foi

trabalhada e também vigiada. O que Leal Pacheco desejava era a conformação de sua

imagem através de um controle sobre o que escrevia. O arquivo deveria dar conta da

totalidade e do sujeito coerente e uno que ele pretendeu criar.

Assim, o vouyer se decepcionaria com o arquivo pessoal: os segredos íntimos, se

existem, permanecem secretos. A intimidade possível, idílios e cenas de ciúmes foram

selecionados nos papéis que ele, Leal Pacheco, reuniu para encher as malas, baús velhos:

BAÚ VELHO Houve um tempo em que tudo nos sorria, E a cegueira do amor nos envolvia, Nos sonhos da esperança e do prazer! Risos e flores, músicas e perfumes, Idílios, doces cenas de ciúmes, Que jamais poderíamos esquecer! Um milhão de castelos, de hora em hora, Erguíamos sem pensar no entardecer, Tão rizonha nos era a vida outrora, Imersos na alegria de viver!... Nada mais subsiste: do passado,

120 M3/143 121 Além das várias versões de alguns poemas, outros documentos do arquivo pessoal remetem ao processo de escrita de Octávio Leal Pacheco. Entre eles pode-se citar a lista de palavras e personagens da história geral e da mitologia grega (M2/47) e as folhas com anotações de significados de palavras e rimas (M4/20).

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Há somente um baú velho e amassado, Arquivo de papéis que ando a rever.122

As malas autobiografam o que se podia e o que se deveria ver de Octávio, de sua

vida pública e íntima. Enquanto construção da autobiografia de Leal Pacheco, o arquivo

estabelece as condições para a narrativa. Narrativa costurada ora a pontos juntos e fortes, e

ora a pontos largos e frouxos, cheia de espaços para reticências. Narrativa ora iluminada e

iluminadora sobre uma história de vida, mas que também jaz à sombra de um lampião

apagado.

122 PA/14

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A forma autobiográfica dá a cada um de nós a oportunidade se crer um sujeito pleno

e responsável. Mas basta descobrir-se dois no interior de mesmo ‘eu’ para que se manifeste a

dúvida e que as perspectivas se invertam. Somos talvez, enquanto sujeitos plenos, apenas

personagens de um romance sem autor.

(Philippe Lejeune, O Pacto Autobiográfico, 2008, p. 123-124)

A ideia de alguém que se debruça sobre a própria história individual e prepara o seu

lugar no passado de forma a ser reconhecido no futuro foi o norte deste trabalho. Octávio

Leal Pacheco, na sua escrivaninha, acumulando e organizando documentos, guardados

posteriormente em velhas malas, agiu conscientemente, intencionalmente. Autobiográfico,

o arquivo se impõe como instrumento de transmissão da imagem de si construída pelo

autor ou produtor do arquivo: unitária, coerente, linear, verdadeira ou sincera.

Homem brilhante, inovador, progressista, leal, político comprometido com a coisa

pública, de vida familiar tranquila. Eis o narrador autodiegético, o qual pretende direcionar

seu imaginado negrè. Há no arquivo um eu que enuncia e afiança o discurso da memória,

que atesta uma verdade.

Mas, o arquivo não é o relato coerente e linear que se poderia esperar de um projeto

autobiográfico tradicional. Os documentos do arquivo pessoal são como fragmentos de um

caleidoscópio. Dentro das malas, os fragmentos tanto podem ser iluminados pelo lampião,

emitindo o brilho que talvez o arquivista Leal Pacheco se atribua, quanto permanecer na

escuridão: sem a luz o caleidoscópio não existe.

A cada giro do caleidoscópio, uma imagem. No caso de Leal Pacheco ora quer-se

acreditar nele, na “sinceridade” de seus propósitos, na sua religiosidade, na sua tranquila

vida familiar, na honestidade do homem público, ora quer-se acreditar que seu arquivo seja

apenas o exercício narcisista de quem deseja atribuir-se a “importância que não tem” 123,

como foi acusado por um de seus interlocutores.

123 Panfleto/livreto: Política Municipal: Explicação aos correligionários do Município de Bom Successo, por Octávio Leal Pacheco, 1933, M3/41. Documento, de vinte e seis páginas, no qual Leal polemiza com o prefeito da cidade de Bom Sucesso, Bento Castanheira, que o acusava de querer “exibir-se”. Na verdade, há

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Os arquivamentos do eu são, aqui, a escrita de si e evidenciam uma pretensão de

totalidade do indivíduo. Leal Pacheco acumula documentos na expectativa de que o outro

reconheça no arquivo a sua verdade. Verdade atestada pelos documentos, provada. É como

se no pacto autobiográfico que propõe ele dissesse: “Acreditem, esse sou eu. Esse é o

homem, o político, o poeta, o amante, o empresário, que, na verdade, são um só”.

Esse Leal Pacheco existiu? Ou o texto autobiográfico que o arquivo sugere é uma

invenção? Personagem de si mesmo? Leal Pacheco é o político que “não transige”, como

ele mesmo afirma, ou o político ardiloso? O “servo fiel do partido”, ou aquele que namora

tanto o PSD quanto a UDN? Um homem politicamente engajado ou um oportunista? O

progressista modernizador ou o demolidor de uma tradição? O empresário bem sucedido

ou o sonhador com pouca capacidade administrativa? Um pai e avô carinhoso ou a

exclusão, no arquivo, da vida sentimental e íntima com as esposas?

O arquivo constituiu, portanto, para Leal Pacheco a possibilidade da escrita

autobiográfica que ele se permite, não é algo neutro ou colecionismo puro, mas

intencionalidade demarcada, ou nas palavras de Philippe Artières (1998): os arquivamentos

do eu significam preparar o próprio processo, a própria defesa.

O arquivo, nomológico e topológico, pretende-se instituidor da unidade, expressa

sinceramente. Entretanto, na contemporaneidade deu-se conta da impossibilidade da

completude do indivíduo moderno, como afirma Ângela de Castro Gomes ao analisar as

abordagens mais recentes da escrita de si e o risco do fetiche que exercem as fontes (os

arquivos):

A sinceridade expressa na narrativa, que pretende traduzir como que uma essência do sujeito que escreve, obscureceria a fragmentação, a incoerência e incompletude do indivíduo moderno (GOMES, 2004, p. 15).

Talvez Leal Pacheco seja tudo que ele acredita ser e tudo isso ainda não seja tudo:

outras facetas do homem podem surgir. O texto autobiográfico não é o reflexo de uma

essência e não é também um efeito, uma pura invenção.

Desse modo, o autobiógrafo e arquivista narra a própria experiência e torna-se o

ideólogo e organizador da própria vida. Leal Pacheco selecionou, organizou e interpretou documentos dentro do documento, uma vez que foram transcritas diversas cartas relacionadas às disputas políticas entre Leal Pacheco e o referido prefeito. Mais uma vez é como se Leal Pacheco compusesse um dossiê, reunindo falas de diversos personagens para defender suas próprias convicções e desqualificar o discurso do oponente do momento. Ele dá voz a apenas um dos oponentes, mas cita muitos outros que fazem comentários elogiosos a seu respeito.

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os acontecimentos de sua vida: ao falar de si em uma autobiografia, o sujeito representa-

se, reproduz-se em um ato performativo, ficcionalizando a própria vida. [...] Narrar-se não

é diferente de inventar-se uma vida (CALLIGARIS, 1998, p. 10).

Autor, narrador e personagem vão se construindo. Ao mirar-se sobre o seu

passado, Leal Pacheco torna-se narrador do seu próprio percurso. Ao mesmo tempo em

que vive, elabora a história da própria vida e volta-se sobre ela, retrospectivamente, para

compor o que se chama de identidade individual. Assim, defende-se que a escrita de si é

ao mesmo tempo constitutiva da identidade de seu autor e do texto, que se criam

simultaneamente, através dessa modalidade de produção do eu (GOMES, 2004, p. 16).

O arquivo pessoal de Leal Pacheco, enquanto lugar da memória, expressa um

itinerário de viagem sob luz de um arconte: há um lampião que ilumina o caminho. Há

aquele que guia e ilumina. Mas, paradoxalmente, nem todas as memórias devem estar sob

a luz do lampião.

Lampião que, no arquivo, por si só representa uma das incoerências e paradoxos da

personalidade de Leal Pacheco. Por um lado, pode ser visto como a luz que vem do

passado e ilumina o futuro – coloca-se a própria vida como digna de ser contada e exemplo

ou modelo para os que virão depois, a história mestra da vida. Por outro lado, é um

lampião velho e apagado dentro da mala, sugerindo sombras sobre o passado, bem como

atraso, destoando da imagem de progressista e modernizador que o homem, proprietário de

usina hidrelétrica, tinha de si mesmo.

Entretanto, a memória escrita, a autobiografia suposta seria a do modelo? O pacto

de leitura que subjaz a esse arquivo é: o autor se propõe a escrever e juntar informações

sobre si. O leitor (pesquisador) parte desse referencial: aquilo diz algo sobre alguém que

teve uma existência real, não é ficção. A credibilidade do discurso autobiográfico apoia-se

no critério identitário, ou seja, a identificação do sujeito da enunciação e do sujeito do

enunciado, como propõe Lejeune (2008).

O discurso enunciado pelo arquivo pessoal, contudo, submete-se aqui à intervenção

do pesquisador. O discurso autobiográfico, que subjaz ao arquivo, não é natural,

espontâneo. Para compreender esse discurso é preciso considerar o processo de

arquivamento e o trajeto do pesquisador. O arquivo diz do seu produtor, mas o relato é

escrito por outro. Há dois sujeitos, há enunciações possíveis que, através dos documentos,

o produtor tenta controlar e o pesquisador procura estabelecer uma interpretação. Por um

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lado é como dizer “eis o que digo sobre mim e o que se pode e deve dizer sobre mim”, e,

por outro lado, “eis o que se pode escrever sobre o sujeito do arquivo”. Uma autobiografia

autorizada.

No embate entre a lembrança e o esquecimento, resta a lembrança possível,

iluminada pelo lampião. A luz, archote, dirige o que foi selecionado para compor a

memória pessoal e o que seria reconhecido pela memória coletiva. À luz do lampião, Leal

Pacheco fornecia material – documentos, e instrumentos – agulha, para a composição do

tecido (texto) autobiográfico. Portanto, dirigida, selecionada, permitindo a tessitura da

narração, costurando-se com agulha os restos que guardou: cartas, recortes, fotografias,

livros, documentos oficiais.

Ainda que se escape ao fetichismo dos documentos do arquivo, ou seja, que não se

acredite que eles falem por si só e apresentem a “verdade de uma vida”, e também ainda

que não se possa associar imediata e totalmente o arquivo pessoal com uma única pessoa,

uma vez que ele sofre as interferências de terceiros, no caso do arquivo de Leal Pacheco

percebe-se a sua obsessão pela constituição do acervo: ele é um guarda-memória124, um

indivíduo tomado pela mania arquivística. Por isso, é possível falar de construção de uma

memória e de uma imagem individual a partir desse arquivo.

Arquivo e documentos participam da monumentalização de si: a escrita de si que o

arquivo pessoal propõe, resgata o tempo, identifica fatos e personagens reais, mas a ênfase

está no indivíduo que elabora a própria representação de si e de seu tempo tendo sempre no

horizonte a imagem futura da própria pessoa. Leal Pacheco, como a mulher-faraó citada na

introdução, almeja estar no futuro. Ainda que não seja reconhecido no seu próprio tempo

ou que a “sua” verdade não encontre eco entre os coetâneos, anseia pelo reconhecimento

dos que virão depois dele. Daí Leal Pacheco citar, em discurso de por ocasião do fim do

segundo mandato de prefeito, uma frase por ele atribuída a Rui Barbosa: A injustiça pode

irritar-se, porque é precária; a verdade não se impacienta porque é eterna125. Dizendo-se

cansado com os esforços que o cargo exigia, ele lamenta as críticas ou falinhas ao pé do

ouvido dos incautos, deturpando a verdade dos fatos126 e deseja deixar que a posteridade

julgue seus erros e acertos.

124 Lejeune (1997) utiliza essa expressão, que não é dele mesmo, para se referir aos que arquivam. 125 Discurso de OLP por ocasião de transmissão de cargo ao novo prefeito [1963], M3/25. 126 Idem.

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O arquivo não é apenas a memória do indivíduo Octávio Leal Pacheco, mas o

projeto de inscrição do indivíduo numa memória coletiva – preservar e reunir documentos

que comprovassem sua participação na vida pública seja ela municipal ou regional. O

dever de memória era garantir o merecido reconhecimento social da imagem individual

que ele próprio tinha de si. A personalidade de Leal Pacheco evidencia desde o início que

esse arquivo não é algo involuntário, mas resultante da consciência de que se fez parte

dessa história e deseja-se ser reconhecido por isso. O ato de arquivar de Leal Pacheco é

determinado por uma intencionalidade: ele deseja o futuro, por isso preserva o passado,

tem consciência do papel que exerceu na sociedade de sua época e tenta evitar o

esquecimento.

Como guarda-memória, Leal Pacheco tornou-se um narrador privilegiado da

história. Ele, ator e testemunha da história, tem a autoridade para falar, está do lado da

verdade, ainda que seja a “sua” verdade. Leal Pacheco é um profissional da memória, um

mnemon. À posteridade deve ficar a possibilidade do julgamento, o qual deverá estar

fundamentado no arquivo, no documento, no registro e discurso que o caráter

autobiográfico do arquivo autoriza.

Subjaz ao arquivo pessoal de Leal Pacheco aquilo que Ribeiro (1998) identifica

com forjar uma glória. Porém, como observa Ribeiro (1998) esse desejo é tão forte, mais

forte que a própria razão, que se chega ao paroxismo: tanto se pode guardar o que celebra a

glória, como também o que a contesta, a voz do outro e não apenas a voz do eu. Mas

importa é que se guarde o registro, o testemunho. Entre outros documentos, o panfleto da

candidatura de Leal Pacheco a deputado estadual na década de 1960 é revelador desse

desejo de glória futura de um homem, quase um herói, que até a própria vida, segundo ele

mesmo, colocou em risco em virtude de seus ideais:

O Povo de São Tiago, o eleitorado consciente e os Diretorios Coligados, aqueles que me elegeram seu Prefeito, que julguem agora da minha condução como homem público, como simples cidadão, como amigo, como o companheiro que, mesmo sentindo em risco a própria vida, aqui sofreu e viveu os dias mais tristes, tenebrosos e insertos, que ainda recentemente nos cobriam de vergonha e nojo127.

127 Panfleto da Campanha eleitoral de OLP a deputado estadual: “Ao nobre povo de São Tiago”, setembro de 1962. M5/78.

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O arquivamento do eu é a escrita autobiográfica de Leal Pacheco, a construção da

imagem de si. É autobiográfica porque é também uma análise da própria vida, com uma

pretensão de sinceridade, ou de verdade individual. Mas, ao contrário de uma autobiografia

típica, resultado de uma criação ou elaboração literária e que comporta uma transfiguração

da realidade, o caráter autobiográfico do arquivo só pode ser subentendido, às vezes até

desejado. A invenção de si é lacunar e fragmentada. Semelhanças e dessemelhanças

surgiriam no confronto da memória individual com a memória coletiva. A autobiografia

não é apenas autobiografia, é também heterografia, história simultânea de si e dos outros.

O arquivo de Leal Pacheco é de um homem da elite, mas também de um homem

que ficou à margem: esquecido, talvez a contragosto dele mesmo, numa pequena cidade. À

margem da “grande política”. O arquivo é o último grito de um sujeito que deseja o

reconhecimento. Por isso mesmo, como acontece com toda autobiografia, que de acordo

com Lejeune (2008) supõe um pacto no qual o leitor é parte fundamental, é também uma

forma de não eximi-lo do julgamento dos outros e da história.

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SANTIAGO, Silviano. O falso mentiroso: memórias. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

SCHELLENBERG, Theodore R. Arquivos modernos: princípios e técnicas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

SCHIMIDT, Benito Bisso. Grafia da vida: reflexões sobre a narrativa biográfica. In: História Unisinos, vol. 8 nº 10, jul-dez , 2004, pp. 131-142.

SCHMIDT, Benito B. Luz e papel, realidade e imaginação: as biografias na história, no jornalismo, na literatura e no cinema. In: SCHMIDT, Benito B. (org.). O biográfico: perspectivas interdisciplinares. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2000, pp. 49-70.

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SCHMIDT, Benito Bisso. Construindo biografias... Historiadores e jornalistas: aproximações e afastamentos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 19, 1997, pp. 1-17 Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/207.pdf (acesso em 18 de fevereiro de 2009).

SEVCENKO, Nicolau. Introdução. O prelúdio republicano, astúcias da ordem e ilusões do progresso. In: NOVAIS, Fernando A. (coord.) e SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida privada no Brasil: República – da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, v.3, pp. 7-48.

SHARPE, Jim. A história vista de baixo. In: BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992, pp. 39-62.

SILVA, Zélia Lopes da (org.). Arquivos, patrimônio e memória: trajetórias e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP:FAPESP, 1999.

SOUZA, Eneida Maria de. A biografia, um bem de arquivo. Alea: Estudos Neolatinos, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, junho de 2008, pp. 121-129.

VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos. 2ª.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

VIEGAS, Augusto das Chagas. Notícia histórica do município de São Tiago. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1972.

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ANEXO I

LISTA DE NOMES DA CORRESPONDÊNCIA ATIVA E PASSIVA DE OCTÁVIO

LEAL PACHECO

(Obs.: cargos indicados conforme constam nas correspondências)

Abgar Renault, Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.

Adalcindo de Amorim, Prefeito de Araguari.

Ademar Mendes.

Affonso Neves, Secretaria de Estado de Negócios do Interior de Minas Gerais

Afonso Augusto Moreira Pena Júnior, político mineiro.

Agenor de Senna, político, juiz de direito

Alencastro Guimarães, Diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, major.

Alva Romeiro Silva, professora e diretora de escola.

Álvaro Leal Pacheco, irmão de Leal Pacheco.

Américo Lopes Cançado, Assistente da diretoria do Banco Hipotecário.

[?] Francisco Marcos.

Antonio Affonso Moraes Filho, chefe de gabinete do Governador de MG.

Antonio Belfort da Mata, prefeito de São Tiago.

Antonio Braga, juiz de direito.

Antonio Castanheira de Carvalho, médico.

Antonio das Chagas Viegas, político.

Araújo Cavalcanti, Gabinete Civil da presidência da República.

Arinos Câmara, Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais.

Aristóbulo Codevilla Rocha, Diretor Superintendente da Comissão Vale do São Francisco.

Armando Leite Naves, médico psiquiatra.

Arthur Bernardes, político mineiro.

Artur da Costa e Silva, militar e presidente da República.

Ataualpa de Oliveira, Prefeito de Cassiterita.

Augusto Costa, deputado.

Augusto das Chagas Viegas, advogado e político.

Aureliano Chaves, político mineiro.

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Bendito Valadares Ribeiro, político mineiro.

Bento Gonçalves Filho, deputado mineiro.

Basílio Magalhães.

Camilo Nogueira da Gama.

Carlos Luz, político mineiro.

Celso Murta.

Chardinal Ferreira.

Colombo Etienne Arreguy, chefe de gabinete do Secretário da Educação de Minas Gerais.

Constantino Dutra Amaral, secretário do Governador de Minas Gerais.

Cristiano de Araújo, Bispo de Divinópolis.

Cyro Maciel, político.

Demerval Pimenta, administrador da RMV.

Dorotéa Gaudêncio de Morais.

Eder de Oliveira Fonseca, chefe do departamento administrativo da Secretaria de Viação

de Minas Gerais.

Edgar Magalhães.

Edgar W. Lara.

Edith Pacheco, filha de Leal Pacheco.

Edmundo Loures, engenheiro.

Emílio Garrastazu Médici, militar e presidente da República.

Ernani Braga, superintende do Serviço Especial de Saúde Pública, Ministério da Educação

e Saúde.

Eurico G. Filho, chefe do gabinete do diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, major.

Eurico Gaspar Dutra, militar e presidente da República.

Euvaldo Lodi, deputado.

Fernando Otto Von Sperling, Diretoria de Engenharia de MG, Serviço Especial de Saúde

Pública do Ministério da Educação e Saúde.

Filinto Muller, militar e político brasileiro.

Francisco de Assis Sobrinho.

Francisco Dornelles, secretário do presidente do Conselho de Ministros.

Francisco Elói de Oliveira, monsenhor.

Gabriel de Rezende Passos, político mineiro.

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Geni Lara.

Gentil Palhares, Academia de Letras de São João Del-Rei

Geraldo Campos.

Geraldo Freire, deputado federal.

Geraldo Pereira da Silva, diretor do Departamento de Estradas de Rodagem.

Geraldo Praxedes.

Geraldo Starling Soares, político mineiro.

Getúlio Vargas, presidente da República.

Gil Vilela, deputado.

Gilberto Faria, deputado federal.

Gustavo Capanema, político.

Henrique Furtado Portugal, chefe de gabinete do secretário de Saúde de Minas Gerais.

Henrique Maia Penido, médico e político.

Henrique Pereira Santiago.

Humberto de Alencar Castelo Branco, militar e presidente da República.

Ildeu Duarte Filho, Secretário de Viação e Obras Públicas de Minas Gerais

Ilza Rosa Pacheco, professora, segunda esposa de Leal Pacheco

Israel Pinheiro, governador de Minas Gerais.

J. Carvalho Lopes, engenheiro.

J. Pimenta da Veiga, Chefe de Gabinete do governador de Minas Gerais.

J. Ruy de Souza, engenheiro, Secretário das Comunicações e Obras Públicas de MG

Jarbas Gonçalves Passarinho, militar e político.

Jason Duarte, Chefe do Serviço de Assuntos Municipais de Minas Gerais.

João de Freitas, Juiz de Direito.

João Ewerton Quadros, Chefe de Gabinete do governador de Minas Gerais.

João Gomes Teixeira, Chefe de Gabinete do governador de Minas Gerais.

João Kubitschek Figueiredo, engenheiro.

João Nogueira de Rezende, deputado federal.

Joaquim Vivas da Mata, prefeito de São Tiago

Jofre Gonçalves de Souza, Chefe de Fabinete do Secretário de Finanças de Minas Gerais.

José Afrânio da Mata.

José Belem Barbosa, engenheiro.

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José Carlos.

José de Magalhães Pinto, governador

José Francisco Bias Fortes, político mineiro.

José Jacinto Lara.

Jose Jerônimo Moscardo de Souza, Secretário Particular do Presidente da República.

José Jorge Teixeira, Chefe de Gabinete do Secretário de Educação de Minas Gerais.

José Lima Barcellos, Secretário das Comunicações e Obras Públicas de Minas Gerais.

José Luis Pinto Coelho Filho, deputado.

José Machado Sobrinho, Chefe do Gabinete do Ministro de Minas e Energia,

José Medeiros Leite, bispo de Oliveira.

José Navarro.

José Orlando.

Jose Resende Santiago, prefeito de São Tiago.

José Ribeiro Pena, Secretário de Viação e Obras Púbicas de Minas Gerais.

José Wanderley Lara.

Juarez de Sousa Carmo, Secretário de Agricultura de Minas Gerais.

Júlio Ferreira de Carvalho, político e advogado mineiro.

Juscelino Kubitschek de Oliveira, Governador de Minas Gerais e presidente da República.

Lourival Fontes, Secretário da Presidência da República.

Lucas Lopes, presidente da CEARG.

Lúcio de Sousa Cruz, Secretário de Viação e Obras Públicas de Minas Gerais.

Lucy Lara de Andrade, professora.

Luiz Pereira dos Santos, genro de Leal Pacheco.

Manoel da Silva Costa, Chefe do Departamento de Assistência aos municípios.

Marcio Chagas Bicalho, Secretário do Interior, Minas Gerais.

Maria das Dores Andrade, professora.

Maria de Lourdes Rezende, professora.

Maria do Rosário Santiago, funcionária pública

Maria José Fonseca, professora.

Maria Lucia Lara, professora.

Maria Pacheco Barja, filha de Leal Pacheco.

Mario Hugo Ladeira, médico e político, secretário de Saúde e Assistência de Minas Gerais.

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Mario Veiga, oficial de Gabinete do Presidente do Conselho de Ministros.

Mauricio Jefferson Pinto.

Milton Salles, Chefe do Serviço de Assuntos Municipais do Palácio da Liberdade.

Milton Soares Campos, governador de Minas Gerais.

Milton Viegas, prefeito de São João Del-Rei.

Mozart Novaes, Academia de Letras de São João Del-Rei.

Nelson Lombardi, deputado.

Nilda Reis Mata, professora.

Nilson Caputo, prefeito de São Tiago.

Odilon Behrens, político mineiro.

Oribes Batista Leite, Prefeito de Divinópolis.

Osório Nunes, presidente da comissão organizadora do III Congresso de Municípios.

Osvaldo Costa, médico.

Ovídio de Abreu, deputado.

Paulo Camilo de Oliveira Penna, Secretário do Governador de Minas Gerais

Paulo Campos Guimarães, chefe de gabinete de governo de Minas Gerais.

Paulo Peltier de Queiros, diretor-superintendente da Comissão do V. São Francisco.

Pedro Aleixo, político mineiro.

Pedro Braga, desembargador

Pedro Câmara Simões, médico

Raul Soares de Moura, Governador de Minas Gerais.

Raul Wilson da Mata, prefeito de São Tiago.

Rondon Pacheco, Governador de Minas Gerais

Sady da Cunha, deputado, Secretário de Comunicação e Obras Públicas de Minas Gerais.

Sebastião Morais.

Sebastião Resende, advogado.

Sinval Amaral, prefeito de Ritápolis.

Sirlei de Castro Gonçalves, professora.

Sônia, neta de Leal Pacheco

Sylvio de Vasconcellos, Chefe do 3°. distrito do Departamento do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional

Tancredo de Almeida Neves, político mineiro.

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Terezinha do Sacramento Viriato.

Tiago, padre.

Tito Guimarães, presidente de partido (PSP)

Valdir Lisboa.

Vicente Mendes.

Vínícus Távora Chefe de Gabinete da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos,

Waldemar Santiago, agrônomo, Secretaria de Agricultura

Walter Oliveira.

Zezé, filho de Leal Pacheco.

Zizinha, irmã de Leal Pacheco.

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ANEXO II

LISTA DE POEMAS DE AUTORIA DE OCTÁVIO LEAL PACHECO

CONSTANTES DO ARQUIVO PESSOAL

À filha Mariazinha, 1975

À filha Mariazinha, por ocasião de sua aposentadoria.

À minha filha Edith (acróstico)

À minha neta Selma

À minha neta Sônia por ocasião do nascimento de minha primeira bisneta Lívia.

A Noite, 1918

A nova capital (acróstico)

Acróstico e versos em folha avulsa

Aleluia, Ressurreição 1960

Angústia

Aniversário, à senhorita Zizinha

Ante o Salmo 99, A Dom José Medeiros Leite, ínclito Bispo de Oliveira

Ao prezado e ilustre amigo dr. Adolfo da Clínica Guanabara (acróstico)

Baú Velho (acróstico)

Boemia triste

Conselho (à boníssima irmã Esmeralda)

Crepúsculo

Dedicatória, a uma fã de Catulo Cearense, 1948 [ou Oferenda]

Desejo, a uma telefonista, 1931

Em vão, à senhorita Cybelle Araujo, 1941

Fascinação, á senhorita Mirna Vianini [ou Soneto]

Feitiço, à senhorita Edy Dutra, 1941

Gota de Orvalho (acróstico)

Haicais (05)

Hino à mocidade

História (uma história)

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Homenagem à D. Felícia Grimaldi pelo transcurso de seu nonagésimo aniversário natalício

Homenagem póstuma, á menina Regina Maria (acróstico)

No templo, 1953

Odette, 1918.

P.S. em carta dirigida à minha neta Selma, felicitando-a pelo nascimento de minha segunda

bisneta Simone.

Quando ela passa

Receitando, ao distinto casal amigo Odette e Jasminor

Saudação (à filha Edith pela sua aposentadoria)

Saudação a São Tiago; Saudação, por ocasião do 25° aniversário de emancipação política.

Saudade de Mogi das Cruzes (Ao poeta Melo Freire), 1964 [Saudade, ao poeta mogiano

Melo Freire]

Saudade, à minha filha Theresinha

Saudade, visita a Mogi das Cruzes após 35 anos de ausência.

Saudades de Terezinha, 1931

Três de outubro (pelo aniversário de minha esposa Ilza), 1967

Tristeza em festa (acróstico)

Trovas para o programa de Rádio “E a saudade continua” (Rádio 9 de julho, São Paulo) –

12 trovas

Último batizado de Frei Orlando

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ANEXO III

INVENTÁRIO DOS DOCUMENTOS DO ARQUIVO PESSOAL DE OCTÁVIO

LEAL PACHECO

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INVENTÁRIO DOS DOCUMENTOS DO ARQUIVO PESSOAL DE

OCTÁVIO LEAL PACHECO

Por

Ailton Alexandre de Assis

Junho de 2008 a Junho de 2009

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INVENTÁRIO DOS DOCUMENTOS DO ARQUIVO PESSOAL DE OCTÁVIO LEAL PACHECO

SÍNTESE BIOGRÁFICA

Octávio Leal Pacheco nasceu em 31 de dezembro de 1891 (1892?), em Barra do Piraí, RJ. Era filho de filho de Antonio Candido Leal

Pacheco, funcionário público federal, e Eugenia Carolina Pacheco, “do lar”. Aos nove anos, mudou-se com a família para Mogi das Cruzes,

SP, onde também realizou seus estudos: o curso primário e o “complementar”. Aos 19 anos, após o falecimento do pai, transferiu-se para a

capital federal, Rio de Janeiro, onde foi escriturário do Ministério da Agricultura durante o governo do Marechal Hermes. Casou-se em

primeiras núpcias com Odete do Espírito Santo Pacheco e com quem teve sete filhos. Em 1965, casou-se, em segundas núpcias, com Ilza Rosa

Pacheco. Em 15 de abril de 1912 trabalhou como condutor de trem extranumerário da Estrada de Ferro Central do Brasil. Ainda em 1914,

obteve, com outros sócios, a concessão para exploração do serviço de bondes em Mogi das Cruzes. Em 1920, chegou a Bom Sucesso (MG)

como agente especial do recenseamento, estabelecendo-se na região de Bom Sucesso e do distrito de São Tiago (MG). Em 1922, publicou pela

Imprensa Oficial do Estado livro sobre os trabalhos de recenseamento. No início da década de 1920, foi nomeado promotor interino de justiça

da Comarca de Bom Sucesso. Em 1923, já em São Tiago, onde se instalou definitivamente em 1924, Leal Pacheco e sócios criaram a Empresa

de Força e Luz Santiaguense. Inaugurou a primeira usina de hidroeletricidade e serviço de iluminação pública na localidade em 1925. Nessa

época, teve início seu envolvimento na política local. Em 1927 foi nomeado inspetor escolar no distrito de São Tiago. Em 1930, criou, com

outros associados, o Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago, organização civil que teria longa duração e da qual foi presidente

e secretário-geral por vários mandatos. Já em 1926 foi eleito vereador à Câmara de Bom Sucesso pelo Distrito de São Tiago, permanecendo no

cargo até 1930. Organizou as “Paradas do Trabalho” em 1930. Desde então pertenceu e chegou a se tornar membro de diretórios locais e

regionais de partidos políticos: PRM, PR, PSD, UDN, PSP (pelo qual se lançou candidato a deputado estadual em 1962, não sendo eleito) e

ARENA. Em 1938, no Rio de Janeiro, tornou-se sócio de “A Afiançadora S.A.”, associação destinada a facilitar e a garantir a locação de

imóveis. Participou do processo de emancipação do município de São Tiago, que ocorreu em 1948, sendo eleito prefeito por dois mandatos:

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1953-1955 e 1959-1963. Em 1941 voltou a participar dos trabalhos de recenseamento, desta vez como Inspetor do Serviço Nacional de

Recenseamento, centrando-se na região em Rio Novo (MG), onde fundou e dirigiu o jornal “O Censo”. Em 1954, quando era prefeito de São

Tiago, participou do III Congresso Nacional de Municípios, no qual defendeu a tese vitoriosa de reforma constitucional para a redistribuição

das cotas partes do Imposto de Renda para os municípios. Ao longo da vida, escreveu poesias e gostava de teatro, sendo ator em algumas

peças encenadas em São Tiago, e tornou-se membro da Academia de Letras de São João Del-Rei no início da década de 1970. Faleceu, vítima

de problemas cardíacos, em 23 de maio de 1975, no Rio de Janeiro,.

O ARQUIVO PESSOAL

• Os documentos estão acondicionados em 05 malas de cor avermelhada e em duas maletas de mão, uma avermelhada outra preta. Além

de uma pasta de papelão azul.

• Apesar de ter conhecimento a respeito deste acervo, somente no dia 3 de maio de 2008 pude vê-lo. Originalmente estava acondicionado

em 6 malas, mas a viúva os redistribuiu em 05 e mandou me entregar. Em maio de 2008, entregou-me 4 malas, e em janeiro de 2009 mais uma

mala e alguns livros avulsos, passando termo de doação e de autorização de pesquisa. Em junho de 2009, o neto de Leal Pacheco, Nilson

Pacheco, entregou-me uma pasta azul com outros documentos.

• Segundo a viúva, Ilza Rosa Pacheco, os documentos foram selecionados e organizados, em sua maior parte, por seu marido, às vezes

guardados dentro de envelopes ou colocados aleatoriamente nas malas.

• Observou-se uma pequena parte de objetos incorporados ao arquivo pela viúva ou outros familiares, os quais provavelmente

interferiram na composição do arquivo.

• Conteúdo:

� Acervo textual - composto por documentos de natureza pessoal e da vida política e empresarial: correspondências, pareceres,

processos, projetos de lei, artigos e recortes de jornais, discursos, panfletos, folhetos, livros, revistas, poemas, recibos e notas

fiscais, anotações, etc.

� Fotografias.

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� Mapas, plantas, desenhos e objetos de uso pessoal ou familiar.

• Assuntos: a documentação refere-se a diversos assuntos, tais como: negócios, impostos, campanhas políticas, administração municipal,

política municipal, estadual e nacional, vida familiar, religião, poesia.

• A descrição dos documentos foi feita por mala e seguindo a ordem em que tais documentos foram retirados de cada mala. Cada

documento recebeu uma entrada, representada por um número, que reinicia a cada mala ou maleta. Aqueles que estão acondicionados em

pastas, envelopes ou reunidos por outro meio, formando “dossiês”, foram arrolados com a indicação da pasta, envelope ou dossiê, mas sempre

mantida a numeração sequencial de cada mala ou maleta.

• Quando o documento textual era composto por mais de uma folha, a quantidade foi indicada (fl.), assim como também foi indicado se

era manuscrito, datilografado, mimeografado, original, rascunho, cópia (manuscrita, carbono, fotocópia). Também foi indicado se o

documento é completo ou não, e se é um recorte (caso dos jornais e revistas).

• Quando encontrados reunidos muitos exemplares de um mesmo documento na mesma mala, foi dada apenas uma entrada no inventário

e a quantidade de exemplares foi indicada na coluna de observações.

• A datação, no caso dos documentos textuais, foi baseada nas datas neles contidas. Não havendo data precisa, procurou-se, quando

possível, estabelecer uma datação provável. No caso de correspondências, foram consideradas, em alguns casos – principalmente os

telegramas - datas de carimbos postais. Quando não foi possível tal procedimentos indicamos como s/d (sem data) ou [?] (data não confirmada

ou desconhecida).

• Também acrescentamos uma coluna onde se apresentam palavras-chave, observações ou citações do documento.

• Ainda não foi elaborado um plano definitivo de arranjo dos documento e tambpem não foi eliminado nenhum documento.

• Datas limites: 1892-1995.

• O conjunto documental foi considerado um “fundo” arquivístico e comporta um subfundo:

o Fundo: Octávio Leal Pacheco (OLP)

o Sub-fundo: Ilza Rosa Pacheco (IRP)

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MALA 1 (M1) – COM BOLSO INTERNO E ETIQUETA VERDE RASGADA

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

CAIXA AMARELA Esta caixa reúne principalmente jornais - certamente recolhidos pela viúva, pois quase todos datam de período posterior à morte de OLP: Os jornais encontram-se dobrados dentro da caixa, estado de conservação bom. -Único jornal que possivelmente foi lido por Pacheco, O

diário, Belo Horizonte, 12 de abril de 1953. Suplemento.

1. 01/03/1987 Jornal O Globo, Caderno Carnaval 87 12 fl.

2. 09/03/1987 Jornal o Globo, Caderno Copacabana, incompleto. 02 fl.

3. março/1987 Jornal UTE Informa, n. 16, ano VII, Belo Horizonte 04 fl. 4. Mar/1987 Jornal Lar Católico, n. 11, ano 75, Belo Horizonte/Juiz de

Fora. 06 fl.

5. Março/1987 Jornal Vida Diocesana, n. 1, ano 1, Oliveira, MG 6. Nov-

dez./1986 Jornal Informativo Santiaguense, n. 103, ano IX. São Tiago,

02 fls.

7. Jan. fev/1987 Jornal Informativo Santiaguense, n.104, ano X, São Tiago.

02 fls

8. Março/1987 Jornal UTEInforma, sub-sede São João del Rei, 03 fls 9. s/d Jornal/informativo das atividades do dep. federal Luiz

Dulci. 02 fls

10. Nov.1986 Jornal UTE Informa , n. 14, Belo Horizonte. Incompleto, 11. 11/10/1986 Convite de casamento de Lídia e Paulo para Ilza Rosa 12. Julho/1986 Jornal Informativo Santiaguense, n 99, ano IX, São

Tiago, 04 fl.

13. Junho/1986 Jornal Informativo Santiaguense, n 98, ano IX, São Tiago,

04 fl.

14. 03/091986 Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte 02 fls 15. 28/08/1986 Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte. 02 fl. 02 fls 16. 12/04/1953 Jornal O Diário, Suplemento, Belo Horizonte.

02 fls, p.1 e 2, p. 9 e 10. Suplemento literário-cultural; assinaladas a biografia de João Etienne Arreguy Filho, notícia sobre coroação de Elizabeth II (Inglaterra).

17. 24/08/1986 Jornal Estado de Minas, BH, caderno 1º. 07 fls.

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18. 23/08/1986 Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte, 02 fls. 19. Jan. 1987 Convite para Baile de Seresta feito por Vicente Ribeiro

enviado a Ilza Rosa. 01 fl. Mimeografado.

FOTOGRAFIAS 20. s/d Fotografia, p&b, 13 x 18 cm.

Escrito no verso: Festa de Posse do Pref. Octavio Leal Pacheco (almoço).

21. s/d Fotografia, p&b, 11,5x17 cm Construção do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago128. OLP na foto.

22. s/d Fotografia, p&b, 11,5x17 23. s/d Fotografia, p&b, 12x18 cm. 24. s/d Fotografia, p&b, 12x18 cm. 25. s/d Fotografia, p&b, 11x 16,5cm Fachada do Ginásio Santiaguese. 26. 01/11/1970 Fotografia, p&b, 11, 5 X17 cm.

Escrito à tinta no verso, caligrafia de OLP: Chegada do Governador Rondon Pacheco a São João del-Rei, em 1-11-970 (parece ser a caligrafia de Pacheco).

27. 01/11/1970 Fotografia, p&b, 11, 5 X17 cm.

Escrito no verso, a tinta: Chegada do Governador Rondon Pacheco a São João del-Rei, em 1-11-970 (caligrafia de Pacheco). Escrito a lápis: S. João del-Rei, 1° de novembro de 1970 Chegada do Governador eleito pela Arena Deputado Rondon Pacheco (não é caligrafia de OLP).

28. s/d Fotografia, p&b, 11x17cm. Posto de Higiene (atual Hospital). 29. s/d Fotografia, p&b, 11,5x17 cm, com moldura em papelão. Quatro fotos idênticas de OLP

acompanhado de outros senhores. Carimbo no verso: Foto Victor, Av. Afonso Pena, 574, Belo Horizonte.

30. s/d Fotografia, p&b, 11,5x17 cm, com moldura em papelão. 31. s/d Fotografia, p&b, 11,5x17 cm, com moldura em papelão. 32. s/d Fotografia, p&b, 11,5x17 cm, com moldura em papelão.

BLOCO DE ANOTAÇÕES: Dentro da capa de

33. s/d Capa de bloco Jockey de anotações Sem páginas internas. 34. 03/09/1954

Telegrama de Henrique Furtado Portugal, chefe de gabinete do secretário de Saúde para prefeito OLP.

Contrato, secretaria de saúde

128 Doravante, denominado apenas como “Comitê”.

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bloco estão os documentos listados

35. 29/01 /1954?

Telegrama de Mario Hugo Ladeira, secretário de saúde e assistência para o prefeito OLP

Contratos, secretário de estado de saúde.

36. 23/01/1953 Telegrama do secretário de saúde e assistência Mario Hugo Ladeira, ao Prefeito OLP

Solicitação de médico para São Tiago.

37. 5/11/1972

Carta de OLP ao diretor do Departamento de Estradas de Rodagem, Geraldo Pereira da Silva.

02 fl. Cópia carbono datilografada. Em nome do Comitê Solicita mudança no trecho da estrada.

38. 05/06/1953 Carta de Colombo Etienne Arreguy, chefe de gabinete do secretário de educação, para o prefeito OLP.

Datilografado. Educação: material escolar

39. 13/08/1962

Cartão Paulo Camilo de Oliveira Penna, secretário particular do governador de MG, para prefeito OLP.

Datilografado. Acusa recebimento de carta, estrada.

40. 20/10/1961 Cartão do deputado estadual Sady da Cunha Pereira ao amigo Otávio Leal Pacheco.

Datilografado, recursos para construção do prédio prefeitura.

41. 26/09/1961 Cartão de Paulo Camilo de Oliveira Penna, secretário particular do governador de MG, para prefeito OLP.

Acusa recebimento de carta.

42. 08/05/1961 Cartão de Paulo Campos Guimarães, chefe do gabinete do Gov. ao prefeito OLP.

Datilografado. A respeito de funcionário de coletoria estadual

43. 08/05/1961 Cartão de Milton Salles, chefe de serviço de assuntos municipais ao senhor OLP

Acusa recebimento de correspondência, educação.

44. 01/12/1960 Cartão de Bento Gonçalves Filho, secretário de viação e obras públicas de MG, ao prefeito OLP

Datilografado. Recursos para estrada, pontes

45. 04/07/1961 Cartão de Sady Cunha Pereira, 2º secretário da Assembléia, ao prefeito OLP.

Datilografado. Concessão de verba DNER. Os documentos de n. 39 a 45 encontram-se dentro de envelope Envelope com timbre do Governo do Estado/Palácio da Liberdade - destinatário prefeito OLP

46. 1971[?] Recorte de jornal Lei municipal n. 246 de 1971, município de Nazareno. Jornal não identificado.

47. 12/07/1961 Carta do Gov. Magalhães Pinto ao prefeito OLP. Impresso? Com envelope, reunião dos governadores de MG e ES com presidente da república.

48. s/d Correspondência [?] Documento incompleto, cópia-carbono, datilografado. Eletrificação.

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49. 02/06/1953

Carta do Prefeito OLP para Dr. Osvaldo Costa Datilografado.

50. 12/12/1974 Recorte do.Jornal O Globo Lei de auxílio aos maiores de 70 anos 51. 04/03/1962

Telegrama José Machado Sobrinho, chefe de Gabinete do Ministro de Minas e Energia, ao pref. OLP.

CEMIG

52. 03/03/1962 Telegrama de Gabriel Passos do Ministro das Minas e Energia, ao prefeito OLP

Eletrificação, CEMIG

53. 24/05/1961

Telegrama do oficial de Gab. do presidente do conselho de ministros, Mario Veiga, ao prefeito OLP.

Luz, iluminação. Os documentos 52, 53 e 54 encontram-se unidos por grampo metálico

54. 17/031962 Telegrama de Francisco Dornelles, secretário do presidente do conselho de Ministros, a OLP

Acusa recebimento de carta, ligação Oliveira-Barbacena

55. s/d Mensagem Eu ...sou Mimeografada (à tinta). Enviada a OLP pela neta Maria da Glória

56. 28/12/1953

Carta do Secretário de Saúde e Assistência de MG, Mário Hugo Ladeira para o prefeito OLP, datilografada

Nomeação de médico, posto de higiene

57. 16/10/1953 Telegrama do médico Pedro Câmara Simões para prefeito OLP

58. 14/01/1954 Telegrama do médico Pedro Câmara Simões para prefeito OLP

59. 03/08/1953 Telegrama do médico Pedro Câmara para prefeito OLP

Flâmula 60. Maio/1954 Flâmula do III Congresso Nacional de Municípios. São Lourenço, 15-22 de maio de 1954. Correspondência 61. 31/10/1973 Carta de Miguel Bernardes de Assis e João Lara Filho

para Dr. Pedro Aleixo, Rascunho. Redigida por OLP. PRD, filiação, comissão regional

Livreto (ou folheto?)

62. 09//11/1962 Lei Municipal n. 324/62, orça a receita e a despesa para o exercício de 1963

Impresso, 03 exemplares.

Livreto 63. 30/10/1953 Lei Municipal n.163, orça a receita e fixa a despesa para o exercício de 1954.

Impresso.

Livreto 64. 29/11/1961 Lei Municipal n 288, orça a receita e fixa a despesa para o exercício de 1962

Impresso

Correspondência 65. 3/02/1963 Carta de OLP para Magalhães Pinto Manuscrito, rascunho. OLP agradece apoio do governador.

Panfleto 66. 12/01/1948 Panfleto: Política de Bom Sucesso: Aos valorosos amigos Impresso. Protesto contra anulação de

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e correligionários do Município votos, eleição municipal. Correspondência 67. 04/11/1960 Carta do Prefeito OLP dirigida ao presidente da câmara de

vereadores de São Tiago, Ademar Mendes de Almeida. Datilografado, cópia-carbono, 06 fls.. Responde a ofício da câmara e fala sobre sua administração.

Correspondência 68. 19/03/1974 Carta de OLP para Aureliano Chaves Parte datilografada, parte manuscrita. Política, doença.

Correspondência 69. 13/05/1946 Carta de Antonio Viegas para OLP. Manuscrito. Política, candidaturas, PSD. Correspondência 70. 09/05/1948 Carta de Augusto Viegas para OLP Manuscrito. Política. Discurso 71. s/d Discurso de OLP na Academia de Letras de São João del-

Rei. Manuscrito, 17 folhas, rascunho com rasuras. História, império, inconfidência, república, militares, governo Médici.

Jornal 72. 21/04/1892 Jornal Minas Geraes, orgam official dos poderes do Estado, anno I, n. 1.

Impresso, 01folha de 32x47 cm, dobrada em quatro partes, 8 páginas impressas.

Correspondência 73. 06/07/1961 Telegrama do Dep. Bento Gonçalves Filho, PSP, convenção regional Livro 74. 1962 Representação Política, Departamento Estadual de

Estatística (Órgão do Conselho Nacional de Estatística – IBGE), Belo Horizonte.

Anexo cartão de oferecimento da obra

Jornal 75. 06/01/1963 Jornal Gazeta de Minas, Oliveira, n 628 01 fl. p. 1 e 2. Revista em quadrinho

76. s/d Revista em quadrinho: John F. Kennedy – presidente dos Estados Unidos da América. Bloch Editores, Rio de Janeiro

Revista 77. Ago/1946 Revista Santuário de Santo Antônio. Divinópolis, ano 19, nº 8, 1946.

Fotografias As 15 fotografias (documentos 79 a 93) estavam dentro de envelope. Com inscrição: retratos da minha Ilza (a “gatinha”). Com autoridades por ocasião da

78. 08 fotos sem data, e no verso têm escrito à lápis o que parece ser o número 49.

Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm Que cidade está retratada?Quem são as pessoas?

79. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 80. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 81. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 82. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 83. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 84. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 85. Fotografia, p&b, 5,5x8,5 cm 86. s/d Fotografia, p&b, 8x11,5 cm Mons. Francisco Elói. No verso se lê: N°

9, Mons. Francisco Elói de Oliveira.

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entrega de diplomas aos alunos que completaram a 4ª série do curso primário Grupo Escolar de São Tiago Entretanto as fotos não correspondem à descrição do envelope.

Vigário de S. Tiago e Mercês de Água Limpa –Diocese de Oliveira –Minas. Ex-capelão militar da F.E.B. p&b.

87. s/d Fotografia, p&b, 8,5x13 cm Senhora (Ilza Rosa?) e menina à frente da barragem da usina ainda em construção.

88. s/d Fotografia, p&b, 8,5x13 cm Edifício São José 89. s/d Fotografia, p&b, 8,5x13 cm Igreja de Mercês de Àgua Limpa 90. 1955 Fotografia, p&b, 8,5x13 cm No verso está escrito (caligrafia de OLP):

Residência de Henrique dos Santos Almeida (Cocoza)./De acordo com o plano urbanístico da cidade./São Tiago, 1.955.

91. 1955 Fotografia, p&b, 8,5x11,5 cm Estádio Augusto das Chagas Viegas, em São Tiago

92. s/d Fotografia, p&b, 8,5x11,5 cm Residência de Nilda Reis Mata, em São Tiago

Correspondência 93. 1948 Carta ao presidente Eurico Gaspar Dutra, Datilografado, 04 folhas. Aposentados e pensionistas solicitam reajustes. Sem assinatura ou remetente.

Caderneta 94. s/d Caderneta deve/haver Em branco. Correspondência 95. s/d Carta de Ilza Rosa Pacheco para o deputado Nelson

Lombardi. Manuscrito, rascunho. 02 fls. Redigida por OLP. Aposentadoria de OLP

Envelope 96. 02/09/1959 Envelope cinza Destinatário: Professora Ilza Rosa Pacheco, sem remetente.

ENVELOPE DE PAPEL COM INSCRIÇÃO DOCUMENTOS E CARTAS DE IMPORTÂNCIA / DISCURSO NA ACADEMIA

97. 10/03/1946 Carta de José Wanderley Lara para OLP Datilografadas. Política, nomeações, iluminação de São Tiago 98. 15/03/1946 Carta de José Wanderley Lara para OLP.

99. 08/07/1953

Radiograma de Juscelino K para Augusto Costa. Datilografado. Reencaminhado para OLP.

100. 13/08/1956

Parecer sobre recurso n. 27/55.

Datilografado, cópia-carbono com nota manuscrita dirigida a OLP. Parecer da Comissão de Constituição, Legislação de Justiça da Assembléia de Deputados de MG. Recurso de vereadores de São Tiago

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contra ato do prefeito José Pereira Santiago anulando plano urbanístico.

101. 30/12/1921

Ofício de OLP para Delegado Geral do Recenseamento em Minas Gerais.

Manuscrito. OLP solicita atestado sobre a sua conduta como Agente Especial do Recenseamento. O atestado foi aposto ao documento. Não é bom o estado de conservação do documento.

102. 14/10/1974 Carta de Álvaro Leal Pacheco para o irmão OLP. Manuscrito, c/ envelope. Vida familiar. 103. 16/01/1969 Carta de Raul Wilson da Mata a OL Datilografado. Administração municipal,

ideias e projetos legados por OLP 104. 03/01/1968

Carta do Mons. Francisco Elói para OLP

Manuscrito. (Esta carta e a de Raul estão dentro de envelope, que conteria também fotos)

105. 18/08/1956

Cartão do Dep. Est. Gil Vilela para OLP Manuscrito. Anulação do plano urbanístico de OLP.

106. 03/11/1958 Carta de Augusto Viegas para OLP, Datilografado, 02 fls. Eleição de OLP para prefeito.

107. 14/10/1974 Carta de ex-aluna, Maria Aparecida Reis Almeida, para a professora Ilza Rosa Pacheco.

Manuscrito, com envelope.

108. s/d Pronunciamento de vereador de São Tiago em reunião da Câmara [?]

Manuscrito. Críticas ao prefeito Jose Resende Santiago (Pererinha).

109. 06/09/1963 Cartão de Constantino Dutra Amaral, secretário do Governador do Estado de MG, para OLP

Datilografado. Encaminha documentos da secretaria de finanças.

110. s/d

Carta [?] de Jofre Gonçalves de Souza chefe de gabinete do secretário de finanças, para OLP

Cópia datilografada. Vencimentos de funcionários de grupo escolar.

111. 12/11/1971 Carta de Aureliano Chaves, deputado, para OLP Datilografado, c/ envelope. Acusa recebimento de correspondência.

112. 01/08/1961

Cartão de Milton Salles, Chefe de Serviços de Assuntos Municipais, para OLP

Datilografado. Comunica recebimento de correspondência.

113. ? Telegrama de Vicente Mendes e outros para OLP 114. 23/03/1967

Cartão de Aureliano Chaves para OLP,

Manuscrito, com envelope. Agradece dizeres elogiosos de OLP

115. 04/01/1974 Carta do Mons. Francisco. Elói para OLP, Manuscrito, com envelope. 116. s/d Carta de OLP ao desembargador Pedro Braga. Manuscrito, rascunho.

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117. 11/03/1959 Carta de Colombo Etienne Arreguy, coordenador do CNER, para OLP

Datilografado. Ginásio Santiaguense, projeto de horto

118. 11/10/1933

Carta de Affonso Neves para OLP. Datilografado, timbre da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior. A pedido de OLP atesta que nunca o viu “jactar-se de ser o chefe político de Bom Sucesso” “incapaz de trair os interesses da política de S. Tiago”

119. 24/05/1961 Cartão de Paulo Camillo de Oliveira Penna, secretário particular do Governador de MG, ao prefeito OLP

Datilografado, encaminha informação.

120. 30/05/1955

Carta de OLP para Manoel da Silva Costa, chefe do Departamento de Assistência aos municípios.

Datilografado. Cópia-carbono? Solicita atestados junto ao órgão público.

121. 28/09/1953

Cartão de Bento Gonçalves Filho, Secretário de Viação e Obras Públicas, para prefeito OLP

Escola Afonso Pena, obras públicas.

122. s/d Cartão do Governador Juscelino Kubitschek Boas festas 123. 25/02/1954 Telegrama de Marcio Chagas Bicalho, Secretário do

Interior, para Prefeito OLP

124. 11/01/1932

Carta de [B de Campos Valladares?] para o Cel. OLP. Datilografado. OLP foi coronel?

125. 17/12/1962

Carta de Tancredo Neves para prefeito OLP

Datilografado. Tancredo sugere que OLP compre ações de empresa jornalística que apoiava o partido deles.

126. 05/10/1965

Ofício [?] do Chefe de Gabinete do secretário de Educação, José Jorge Teixeira, para OLP.

Datilografado. Criação de escola rural.

127. s/d Poema Chuva, da neta Sonia Pacheco Barbosa, Datilografado, cópia-carbono? 128. s/d Poema Fé, de OLP, Manuscrito 129. s/d Recorte de jornal oficial Escola agrotécnica em São Tiago 130. s/d

Discurso Manuscrito em 10 fls. (tiras de papel) (ver

verso). Bias Fortes, diretório do PSD. Segunda guerra e pós-guerra, revisão do código penal, Dutra, comunismo (ideologias exóticas), infância abandonada, ministério da justiça, sistema penitenciário

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131. 01/06/1936 Panfleto: Ao altivo povo bomsuccessense. Impresso. Candidatos a vereadores e juiz de paz pelo Partido Progressista de Bom Sucesso, política municipal

132. 12/02/1963 Carta Bento Gonçalves Filho a OLP. Datilografado. Partido Social Progressista.

133. 27/05/1947

Bilhete de Agenor [de Senna?] para OLP

Datilografado. “Mais uma vez se confirma o juízo que sempre fizemos do Tancredo Neves: um dos mais belos ornamentos da nova geração mineira” (uma crítica ou elogio?).

134. Agosto/62 Panfleto Partido Social Progressista

Impresso. Candidatura de OLP a deputado estadual. Municipalista.

135. s/d Carta de Tancredo Neves para OLP. Manuscrito, política 136. 22/01/1952 Cartão de Antônio Viegas para OLP Manuscrito 137. 31/05/1962 Carta de Maria das Dores Andrade (Zizinha) Manuscrito. Nomeação de funcionária 138. 11/02/1962 Carta de Nilda Reis Mata Documentos 134 ao 140 em envelope com

inscrição: IMPORTANTE! 139. s/d Envelope de correspondência para OLP Endereço: Hotel Londres, BH

Certidão 140. 07/03/1964 Certidão da Coletoria Estadual de São Tiago Tempo de serviço de Ilza Rosa Pacheco (2ª via), datilografada.

Correspondência 141. 05/02/1959 Carta da Companhia Editora Nacional para Ilza Rosa Pacheco

Datilografado.

Certidão 142. 08/05/1968 Certidão de casamento de OLP e Ilza Rosa (segundas núpcias de OLP).

Casaram-se em 6 de fevereiro de 1965, com regime de separação de bens. de OLP, “industrial”, natural Barra do Piraí, RJ, data de nascimento: 31 de dezembro de 1892, tinha na ocasião 73 anos. Ilza nasceu em 03 de outubro de 1921, 43 anos, natural de Bom Sucesso.

Correspondência 143. 19/08/1966 Carta do deputado Aureliano Chaves para Isla (sic) Rosa Pacheco

Datilografada

Correspondência 144. 16/06/1966 Carta de Pio Canedo para Aureliano Datilografada. Carta anexa à anterior. Correspondência 145. 05/02/1969 Carta de D. Sinhá Lara para Ilza Rosa, no Rio de Janeiro Manuscrito, 02 fl. Notícias de vizinhos e

amigos

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Discurso 146. 09/10/1977 Discurso Escrito e proferido por Ilza Rosa Pacheco por ocasião de homenagem a ela nos festejos de 50 anos da EE Afonso Pena Júnior

Folha avulsa 147. s/d Folha de caderno avulsa, contendo versos Versos sobre os Estados. Folhas avulsas 148. 04/10/1995 Folha com cânticos para missa, Mimeografado, Cantos religiosos 149. 1992 Folhas contendo informações sobre organização de missa, 02 fls Calendário 150. 1992 Folhinha/calendário do ano de 1992, com imagens de São

Tiago 02 exemplares

Revista 151. Fev/1961 Revista Alterosa Impresso. p. 29 a 100 Jornal 152. 14/11/1987 O Globo, Rio de Janeiro Jornal 153. 14/11/1987 O Dia, Rio de Janeiro CINZA (com inscrição na capa interna: União 56)

154. 20/07/1953 Cartão de Juscelino K. para prefeito OLP Datilografado. Recebimento de correspondência, estrada.

155. 09/02/1944 Oficio nº 63, do agrônomo da Secretaria de Agricultura, Waldemar Santiago, para o presidente do Comitê (OLP?)

Datilografado. Cita planta de ‘banheiro carrapaticida’

156. s/d Recorte de jornal: Diário Oficial da União, M. Minas e Energia ,

Emenda n 54, Verba usina hidrelétrica e obras de captação de água.

157. 28/01/1973

Panfleto do prefeito Nilson Caputo de Resende a respeito de sua administração.

Impresso

158. 31/10/1960 Carta Bento Gonçalves Filho, Secretário da Viação, para o prefeito OLP

Datilografado.

159. s/d Carta de Armando Leite Naves, psiquiatra, para OLP Manuscrito. 160. 22/04/1959 Carta de Cyro Maciel secretário de Educação, para

prefeito OLP. Datilografado. Nomeação de professoras

161. 21/071959 Oficio 42/59 do prefeito OLP para Dep. Gabriel Passos. Datilografado, cópia-carbono 02 fls. Linha telegráfica, projetos de Posto de Puericultura e Campo de Aviação, poços artesianos. DOCUMENTOS 159 A 161 DENTRO DE ENVELOPE

162. 10/12/1956

Certificado de recebimento de ofício Datilografado 02 fls. Diretor da Diretoria de Engenharia do Serviço Especial de Saúde Pública, do Ministério da Educação

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e Saúde, certifica, a pedido, recebimento de ofício sobre projeto de abastecimento de água. Contém transcrição do ofício de OLP

163. s/d Carta de José Belém Barbosa ao ex-prefeito OLP. Datilografado, 02 fls. Projeto de abastecimento de água, administração de OLP.

164. 08/05/1954

Recado (bilhete) de [?] para OLP,

Em papel timbrado, datilografado, 02 vias (original e cópia-carbono), abastecimento de água

165. s/d Dotação para serviço de abastecimento de água em vários municípios situados no Vale do São Francisco.

02 vias, datilografado, 02 fls, cópias-carbono

166. 20/05/1954

Requerimento do prefeito OLP ao Presidente do III Congresso dos Municípios Brasileiros em São Lourenço.

Datilografado, cópia-carbono. Projeto de abastecimento de água

167. 04/05/1954 Oficio do prefeito OLP para Diretor-superintendente da Comissão Vale do São Francisco

Datilografado, cópia-carbono? Energia elétrica.

168. 20/08/1952 Telegrama da empresa AEG para OLP Usina hidroelétrica. 169. 12/10/1946

Telegrama João Gomes Teixeira, Chefe de Gabinete do Governador de MG, para OLP.

Cópia Datilografada. Abastecimento de água.

170. 14/09/1963 Carta de Tito Guimarães, presidente em exercício do PSP, para OLP.

Datilografado, abastecimento de água

171. s/d Bilhete [para OLP?] Manuscrito, assinam JF e PP (?) sugestões para discurso.

172. 23/09/1963

Telegrama do dep. Fed. Bento Gonçalves Filho para OLP Abastecimento de água.

173. 01/06/1954 Telegrama de Paulo Peltier de Queiros, superintendente da Comissão do V. S FCo. para prefeito OLP

Agradece correspondência.

174. 30/10/1954 Telegrama de Tancredo Neves para OLP Contrato Comissão do Vale do S. Francisco (CVSF)

175. 24/08/1953 Carta de Tancredo Neves para prefeito OLP. Datilografado. Abastecimento de água. 176. s\d Recibo de telegrama de OLP para Edgar W. Lara Abastecimento de água. 177. s\d Recibo de telegrama de OLP para Joaquim V. Mata 178. 15/02/1954

Telegrama de Henrique Maia Penido, do serviço especial de saúde pública, para prefeito OLP

Abastecimento de água.

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179. 17/06/1954

Telegrama de Paulo Peltier de Queiros, superintendente da Comissão do V. S Francisco, para prefeito OLP

Convênio com CVSF

180. 24/01/1963 Jornal Minas Gerais- Diário do Executivo Páginas 11, 12,13 e 20. Obras públicas: ponte

181. 1947 Projeto Legislativo [399], do deputado Antônio Mafra, Datilografado, cópia-carbono 03 fls. recuperação rodovia Oliveira-SJDR

182. 1947 Parecer sobre o Projeto 399/1947 Datilografado, cópia-carbono, 03 fls. Foi assinado por JK? Comitê, paradas do trabalho, economia regional, plano rodoviário nacional, ramal ferroviário

183. s/d Informação (do Eng. João Kubitschek Figueiredo, Diretor DER)

Datilografado. Estrada Oliveira-SJDR

184. 25/07/1963

Carta de Celso Mello de Azevedo, presidente [da CEMIG?], ao governador.

Cópia datilografada. Ponte.

185. 23/08/1966 Carta de OLP, secretário Geral do Comitê, para o governador Israel Pinheiro. Datilografado

Os documentos 185 a 188 integravam Memorial sobre estrada Oliveira-SJDR, elaborado por OLP. 186. 11/08/1966 Carta de Oribes Batista Leite, Pref. de Divinópolis, e D.

Cristiano de Araújo Sena, Bispo de Divinópolis, para governador Israel Pinheiro (2 vias). Datilografado. Cópias

187. 19/07/1966 Carta do Prefeito de SJDR ao governador Israel Pinheiro. Datilografado, cópia-carbono

188. 18/07/1966 Carta do Prefeito de SJDR ao governador. Manuscrito, rascunho redigido por OLP.

189. 05/12/1969

Carta de Ataualpa de Oliveira, Prefeito de Cassiterita, para OLP. Datilografado.

Ponte rio do Peixe

190. 16/10/1969 Recorte do Jornal Minas Gerais, Rodovias. 191. 12/11 Recorte do Jornal [Estado de Minas?] Rodovia Divinópolis-SJDR 192. 12/11/1965 Jornal Minas Gerais Páginas 5 e 6.Obras públicas: Ponte 193. 24/01/1963 Jornal Minas Gerais Páginas 11 e 12.Obras públicas: Ponte 194. 01/12/1965 Jornal Minas Gerais Páginas 7 e 8. Obras públicas: Ponte 195. 20/09/1953 Telegrama de Alexandre, AEG, para prefeito OLP Projeto usina 196. 24/02/1954 Telegrama de Adalcindo de Amorim, Prefeito de Solicita apoio de OLP para questão de

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Araguari, para prefeito OLP ferrovia. 197. 25/08/1961

Carta de José Ribeiro Pena, Secretário de Viação e Obras Públicas de MG, para OLP

Datilografado. Obras públicas: Ponte

198. 14/02/1968 Carta de OLP para Éden [?] Datilografado, cópia-carbono, 02 fls. Obras públicas: Ponte

199. 27/09/1972

Telegrama de Rondon Pacheco, governador de MG, para Aureliano Chaves.

Obras públicas: Ponte. Reencaminhado para OLP

200. Maio/1970

Carta de [OLP, pelo Comitê?] ao presidente Emílio G. Médici.

Datilografado, cópia-carbono. Rodovia Divinópolis–SJDR.

201. 30/05/1962

Ofício n. 3640, do chefe do departamento administrativo da secretaria de Viação, Eder de Oliveira Fonseca, para prefeito OLP.

Datilografado. Obras públicas: Ponte

202. 20/09/1971 Telegrama de deputado federal, João Nogueira de Resende, para OLP

203. 05/11/1965 Carta de OLP a José Orlando [?] Cópia manuscrita, 05 fls. OLP justifica porque pede a intervenção de Orlando: pois, com vistas às próximas (ou remotas) eleições, necessito desmascarar os que aqui me combatem, aliás, todos inimigos do próprio governo, derrotados nas urnas!

204. 12/03/1954 Certidão emitida pela Seção de Contratos da Assistência Jurídica da Secretaria de Viação e Obras Públicas de Minas Gerasi

Datilografado. Encampação de Ponte pelo Governo do Estado

205. 13/09/1963 Carta de OLP para Gov. Magalhães Pinto. Manuscrito, 02 fls. Rascunho? Estrutura metálica de ponte sobre rio das Mortes.

206. 13/09/1963 Carta de OLP para Gov. Magalhães Pinto. Manuscrito. Rascunho? Repete a carta anterior

207. 05/10/1961 Cartão de Paulo C. Oliveira Penna, secretário do Governador de MG, para pref. OLP

Datilografado

208. 18/09/1965 Jornal Minas Gerais. Página 17. Obras públicas: Ponte 209. 23/08/1954 Telegrama Celso Murta para prefeito OLP Solicita apoio de OLP em campanha

eleitoral. 210. 08/10/1971 Carta de OLP para Chardinal Ferreira. Cópia manuscrita, 02 fls. Ponte Rio das

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Mortes 211. 08/08/1963 Carta de Lúcio de Sousa Cruz, secretário de Viação e

Obras Públicas de MG, para OLP Datilografado. Ponte metálica da CEMIG

212. 30/12/1961 Termo de Contrato para execução de reforma na estrada de São Tiago-Bom Sucesso.

Datilografado. Cópia carbono. 04 fls

213. 10/08/1960 Termo de Contrato para execução de reforma na estrada de São Tiago-Bom Sucesso.

Datilografado. Cópia carbono, 03 fls.

214. 05/01/1934 Jornal Estado de Minas (incompleto) 01 fl. Assinalada notícia sobre inauguração de ponte, construção de igreja em São Tiago. OLP representando o Jornal Estado de Minas

215. 27/11/1953 Carta de OLP, prefeito de São Tiago, ao Presidente Getúlio Vargas.

Datilografado. Cópia-carbono, 03 fls Cópia carbono. Analisa situação política do município diante da revolução de 30, relata caso de ferrovia e construção de rodovia e pede ajuda para plano urbanístico e comitê.

LIVRO DE RECORTES CAPA ESVERDEADA Vários recortes soltos ou colados em velho livro de registro de frequência escolar.

216. 07/08/1929 Carta de Afonso Pena Júnior, Secretário do Interior de MG, para OLP.

Manuscrito. Autoriza impressão de trabalho de OLP sobre o Censo de 1920.

217. 20/04/1945 Carta de Arthur Bernardes para OLP Manuscrito. Analisa situação política do país e convida OLP a reorganizar PR.

218. [1951?] Certidão emitida pelo Diretório Nacional do PSD Datilografada, transcrição de apartes de OLP registrados em ata de convenção nacional do PSD, de 1951; reforma nos repasses de recursos para pequenos municípios.

219. Nov/1947 Panfleto: Ao povo e eleitorado de São Tiago. Impresso. Disputas entre UDN e PSD. 220. 09/11/1921 Cartão de Arthur Bernardes, Pres. Do Estado de MG, para

OLP. Manuscrito. Bernardes agradece visita de OLP.

221. 01/08/1954 Cartão de Mário Hugo Ladeira, ex séc. Saúde e Assistência.

Manuscrito. Agradece a OLP e declara admiração.

222. 16/07/1932 Recorte Jornal Estado de Minas. Artigo: Uma localidade fadada a um brilhante futuro.

223. s/d Recorte de jornal Artigo sobre Parada do trabalho em São

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Tiago: Um empolgante movimento de Civismo. [Estado de Minas?]

224. 25/05/1954 Recorte Jornal Diário de Minas, BH. Aprovação da proposta de OLP no III Congresso de Municípios.

225. 21/11/1929 Bilhete de José Bonifácio para Odilon Manuscrito. José Bonifácio (Andrada?) Odilon (Berhens?).

226. 26/05/1954 Recorte do Jornal Diário de Minas. Com foto de OLP discursando em São Lourenço

227. 25/05/1954 Recorte do Jornal Diário de Minas, BH. Aprovação de proposta de OLP no III Congresso de Municípios.

228. 14/05/1953 Carta do Dep. Euvaldo Lodi para prefeito OLP Datilografado. Felicitações. 229. 12/04/1954 Carta do Dep. Euvaldo Lodi para prefeito OLP Datilografado. Deputado agradece por

terem dado seu nome a logradouro público de São Tiago.

230. 08/06/1941 Folder-Programa das Festas de Encerramento do Recenseamento em Rio Novo

Impresso

231. 17/11/1961 Recorte do jornal Minas Gerais Dep. Sady da Cunha faz discurso sobre projeto de modificação do texto constitucional referente cotas partes do IR para os municípios e solicita registrar nos anais da Assembléia voto de congratulações a OLP.

232. 14/07/1941 Jornal O Censo, Rio Novo. Encarte sobre o recenseamento de 1940

01 fl (02 páginas) Fotos de OLP e outros políticos, OLP Diretor do Jornal.

233. 09/02/1941 Recortes Jornal, O Censo, Ano I, n 1. 01 recorte e 01 folha do jornal. Recenseamento e política. Texto de OLP.

234. 14/07/1941 Jornal, O Censo, Ano I, recortes Homenagem a OLP 235. s/d Recorte do Jornal Estado de Minas. Entrevista OLP. Estrada Bom Sucesso-

São João del Rei- Belo Horizonte 236. 24/07/1933 Recorte do Jornal Folha Nova, São João del Rei. Parada do Trabalho: um povo bom, uma

terra encantadora. 237. 07/02/1930

ou seria 36? Recorte do Jornal “O Globo”, Rio Malaventuras de um ramal ferroviário,

sobre São Tiago. 238. 19/11/1953 Recorte do Jornal Estado de Minas Associação mineira de municípios, OLP

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membro 239. 19/01/1932 Recorte do Jornal Estado de Minas Uma localidade fadada a um brilhante

futuro – sobre São Tiago 240. 16/03/1934 Recorte do Jornal Estado de Minas Entrevista com OLP “Uma progressista

localidade mineira” 241. 18/02/1934 Recorte do Jornal Estado de Minas Ponte Carlos Luz sobre o Rio Jacaré, São

Tiago 242. 16/07/1932 Recorte do Jornal Estado de Minas Parada do trabalho – um empolgante

movimento de civismo 243. s/d Recorte de jornal Inauguração de campo de aviação. 244. 02/06/193? Jornal Estado de Minas 02 fls. Elevação de São Tiago a Vila,

reproduz memorial apresentado à Comissão Revisora da divisão administrativa do Estado por OLP

245. 21/10/1945 Jornal O Correio (de São João del-Rei?) Recorte Homenagem aos expedicionários santiaguenses.

246. s/d Recorte de Jornal Visita de comitiva política de São Tiago a Bom Sucesso (é posterior a 1948). Jornal não identificado.

247. s/d Recorte de jornal Texto “São Thiago” Parada do trabalho. Jornal não identificado.

248. 01/03/1955 Recorte do Jornal Diário do Comércio (SJDR). Notícia: Ex-prefeito de São Tiago [OLP] responde ao correspondente de ‘O Diário de Minas’

249. 24/07/1932 Jornal Folha Nova de SJDR, 02 fls. O2 fls. Parada do Trabalho: um povo bom, uma terra encantadora

250. 02/12/1965 Jornal Minas Gerais Páginas 9 e 10. Ponte Rio das Mortes 251. 15/10/1971 Carta do Dep. Nelson Lombardi para OLP Datilografado. Nomeação de delegado 252. 23/11/1965 Página do Jornal Minas Gerais 01 fl. Ponte Rio das Mortes 253. 23/06/1971 Recorte do Jornal Estado de Minas. Os 80 km que salvam São Tiago, 02

exemplares. 254. s/d Telegrama de OLP para dep. Nogueira Rezende. Estrada Oliveira-SJDR 255. 17/1/1948 Recorte do Jornal Estado de Minas. “O caso político-eleitoral de Bom

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Sucesso” Anulação 1.479 votos em São Tiago para favorecer a UDN em eleição municipal de 1947.

256. s/d Recorte de Jornal Posse de Augusto Viegas na secretaria de finanças, OLP presente, foto. Jornal não identificado.

257. 06/04/1941 Jornal O Censo, Rio Novo, Ano I, n. 4. Recorte p. 1 e p. 4. Culturas cheias de fé, a serviço do Brasil, artigo de OLP.

258. 21/08/1966 Recorte do Jornal Estado de Minas Rodovia Oliveira-SJDR 259. 07/09/1966 Recorte do Jornal Estado de Minas. Rodovia Oliveira -SJDR 260. s/d Recorte de Jornal Nova diretoria do Comitê em São Tiago 261. s/d Recibo Telegrama de OLP para Pres. Dutra, 262. 12/01/1948 Panfleto: Política de Bom Sucesso. Impresso. Sobre anulação de votos em

1947. 263. 1948? Panfleto: Ao povo de São Tiago: Ofício dirigido ao

Deputado Último de Carvalho, lido na Assembléia em setembro de 1948

OLP assina em nome do Comitê.

264. 12/10/1953 Panfleto - Ao povo Impresso (04 exemplares). O prefeito OLP informa a população sobre questões relacionadas à instalação da energia elétrica

265. 22/08/1953 Lei Municipal n. 153 regula as construções e reconstruções de prédios e passeios dentro do perímetro urbano e suburbano

Impresso (02 exemplares) panfleto.

266. 1947 Projeto 399 abre crédito para reparos na rodovia São Tiago-Morro Velho.

Impresso. Com anotações de OLP no verso e data 27/10/1947, anota quem fez pareceres favoráveis ou contrários ao projeto.

267. 1947 Projeto 399 abre crédito para reparos na rodovia São Tiago-Morro Velho

Impresso. Exemplar com várias correções feitas por OLP.

268. 1926 Parecer 445 do Senado Federal. Impresso. Documentos referentes à extensão de ramal ferroviário até São Tiago.

269. Parecer 580 do Senado Federal 270. Parecer 632 do Senado Federal.

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271. 20/11?/195? Telegrama de Ademar Mendes, Mauricio J. Pinto, Mons. Elói, Raul Mata e Walter Oliveira para OLP

Energia elétrica, CEMIG

272. s/d Cartão do dep. Est. José Luis Pinto Coelho Filho para OLP.

Manuscrito. Solicita informações obras da usina para comentar na tribuna da assembléia num esforço de realçá-lo no cenário administrativo estadual, afim de que outros prefeitos se sintam com coragem de imita-lo.

273. 18/03/1952 Telegrama de Lucas Lopes, presidente da CEARG, para Cia Força e Luz Santiaguense.

Equipamentos para usina de Itutinga

274. 26/11/1954? Telegrama de Aristóbulo Codevilla Rocha, Diretor Sup. Comissão Vale do São Fco, para pref OLP

Convênio obras da usina hidrelétrica.

275. 19/12/1953 Telegrama de Tancredo Neves para prefeito OLP Serviços de água e luz 276. 05/05/1943 Carta de OLP para o Major Alencastro Guimarães, Diretor

da Estrada de Ferro Central do Brasil, Datilografado, 05 fls. OLP sugere criação de Departamento dentro da estrutura da empresa e se coloca à disposição. Não sou um desconhecido” fl. 4. Cita como referências pessoais (Carlos Luz e Gabriel Passos)

277. 05/10/1943 Carta do Major Eurico G. Filho, chefe do gab. do diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil para OLP.

Datilografado. Responde a carta OLP.

278. 01/12/1944 Jornal Diário de Notícias P. 3-6, 02 fls. Noticia sobre construção de casas para funcionários da Central, assinalada por OLP. Os documentos 276 a 278 estão unidos por clip metálico.

Fotografia 279. s/d Fotografia p&b, 12x17cm. Moldura em papelão. Comemoração. OLP está na foto?

Ofício 280. 28/06/1953 Oficio do Secretário de Saúde e Assistência, Mário Hugo Ladeira, para prefeito OLP.

Datilografado. Posto de Higiene

Carta 281. 08/09/1966 Carta do Chefe de Gabinete do Secretário das Comunicações e Obras Públicas, engenheiro J. Ruy de Souza, para OLP, secretário do Comitê.

Datilografado. Estrada São Tiago - Bom Sucesso

Carta 282. 28/06/1953 Oficio n. 248 do Secretário de Saúde e Assistência, Mário Cópia-carbono distrito de Mercês de A.

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Hugo Ladeira, para prefeito OLP. Limpa, desmembramento. Carta 283. 08/09/1966 Carta do Chefe de Gabinete do Secretário das

Comunicações e Obras Públicas, engenheiro J. Ruy de Souza, para OLP, secretário do Comitê.

Cópia-carbono

Jornal 284. 22/07/1945 Jornal do “O Correio”, de São João del Rei. 02 fls (4 p.) Retorno das FEB e homenagem ao monsenhor Francisco Elói

Estatuto 285. s/d Estatutos do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago.

Datilografado, Cópia carbono, 09 fls.

Correspondência 286. 17/11/1967 Carta do secretário do comitê, OLP, ao ministro das Relações do exterior, José de Magalhães Pinto.

Datilografado, cópia carbono. Construção da ponte do rio das Mortes (Ibitutinga).

Correspondência 287. 09/04/1956 Carta de OLP secretário e outros membros do Comitê, ao Prefeito de São Tiago [José Resende Santiago]

Datilografado, 02 fls. Cópia-carbono Protesta contra construção que estaria fora do plano urbanístico.

Correspondência 288. 18/10/1967 Carta do comitê, OLP secretário, ao Prefeito de São Tiago, Raul Wilson da Mata.

Datilografado, Cópia carbono, 03 fls. Rodovia (Divinópolis-SJDR).

Correspondência 289. 18/09/1967 Ofício n. 135/67 do Prefeito de São Tiago, Raul Mata, para OLP

Datilografado. Comunica que deu o nome de OLP para nova rua da cidade.

Correspondência 290. 08/05/1969 Oficio n° 25, do Chefe de Gabinete da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Vinícius Távora, ao presidente do Comitê.

Datilografado. Posto de correio de Mercês de Água Limpa.

Correspondência 291. 15/03/1969 Oficio 83/69, do prefeito Raul Mata, ao diretor geral do Departamento dos. Correios e Telégrafos, Rubens Rosado.

Datilografado. Construção do prédio dos correios em ST.

Correspondência 292. 01/12/1969 Carta de Pe. Tiago para OLP e Ilza. Datilografado. Correspondência 293. 03/08/1969 Oficio n. 916 [?] Chefe de gabinete do Depto. Correios e

Telégrafos, Alvaro Teixeira de Assumpção, ao prefeito de São Tiago Raul Mata.

Cópia. Posto do correio em Mercês de A. Limpa. Ver data: agosto ou setembro?

Correspondência 294. 15/03/1968 Carta do Comitê, OLP secretário, para Diretor Depto. Correios e Telégrafos.

Datilografado, cópia. Posto dos correios.

Correspondência 295. 17/07/1963 Carta da Diretoria Geral de Juiz de Fora (Correios) para governador Magalhães Pinto.

Cópia datilografada. Posto dos correios. Anexa ao documento 298.

Correspondência 296. 17/08/1966 Carta do secretário do comitê, OLP, para Secretário das Comunicações e Obras Públicas de MG, José Lima Barcellos.

Datilografado, cópia-carbono. Estrada São Tiago a Bom Sucesso.

Correspondência 297. 12/09/1966 Carta do chefe de gabinete do Secretário das Datilografado. Reforma da rodovia.

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189

Comunicações e obras públicas de MG, Eng. J. Ruy de Souza, para OLP (comitê).

Correspondência 298. 27/10/1966 Carta do chefe de gabinete do Secretário das Comunicações e obras públicas de MG, Eng. J. Ruy de Souza, para OLP – comitê.

Datilografado. Recursos para ponte Rio das Mortes (Ibitutinga).

Correspondência 299. 08/08/1966 Carta do chefe de gabinete do Secretário das Comunicações e obras públicas de MG, Eng. J. Ruy de Souza, para OLP – comitê.

Datilografado. Recursos ponte Ribeirão Água Limpa. Os documentos 298 a 301 estão unidos por clip metálico.

Correspondência 300. 22/08/1960 Telegrama do Presidente Juscelino K para governador Bias Fortes.

Cópia datilografada. Abastecimento de água.

Correspondência 301. 29/08/1960 Cartão de José Francisco Tamm Bias Fortes, para prefeito OLP.

Datilografado. Encaminha carta de JK

Correspondência 302. 07/08/1948 Carta de OLP, pelo Comitê, ao presidente da Comissão de Estudos da Revisão Administrativa e Judiciária de Minas Gerais.

Datilografado. cópia-carbono? 02 fls. Protesta contra possibilidade de se desmembrar Mercês de Água Limpa de São Tiago.

Correspondência 303. 02/08/1968 Carta de OLP, pelo Comitê, para Alva Romeiro Silva, diretora do Grupo Escolar Afonso Pena Júnior.

Datilografado, cópia-carbono. Educação, material escolar.

CINZA COM INSCRIÇÃO: PASTA BRASIL

304. 10/8/1953 Normas técnicas para apresentação de projetos Datilografado, 03 fls. 305. s/d Recorte de Jornal Jornal não identificado. Secretaria de

Turismo 306. 25/03/1944. Cartão de João Ewerton Quadros, chefe de gabinete do

governador, para OLP, Manuscrito. Estatutos do Comitê.

307. 28/11/1961. Carta da diretoria do Jornal O Renovador, de São Tiago, para OLP

Entrevista com OLP.

308. 20/09/1950 Cartão de Julio de Carvalho para OLP. Manuscrito. Eleição. 309. 23/08/1966. Carta do secretário do Comitê, OLP, para o Governador

Israel Pinheiro. Datilografado, cópia-carbono. Estrada Divinópolis-SJDR Os documentos 307 ao 311 estavam dentro de envelope ainda lacrado cujo destinatário era: Dr. Pierre Cartianu., M.D. Diretor da Cia. Estanho de São João del-Rei – Nazareno (Minas).

310. Mar/1957 Folheto do Movimento Municipalista Mineiro- Histórico-I Impresso

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Congresso dos Municípios. 311. Mar/1957 Folheto do Movimento Municipalista Mineiro-

Financiamento para obras municipais - I Congresso dos Municípios.

Impresso

312. 12/01/1948 Panfleto: Política de Bom Sucesso Impresso. 02 exemplares, Anulação de votos de São Tiago.

313. 01/03/1955 Jornal Diário do Comércio, São João del-Rei 02 fls. Assinalado artigo sobre OLP 314. 12/03/1955 Jornal Diário da Assembléia Páginas 1 e 2 ; 7 e 8. Incidente na câmara

de São Tiago, presidente cancela sessão, prestação de contas de OLP.

315. 08/04/1960 Jornal Minas Gerais- Diário do Legislativo, Páginas 6 e ?. Deputado relata eleição de OLP pelo PR, com apoio da UDN e PTB em 1958

316. 28/07/1970 Telegrama de Geraldo Freire, presidente da câmara deputados para OLP

Candidatura de OLP a prefeito.

317. 16/11/194? Telegrama de Wanderley Lara para OLP Posse interventor de MG 318. 16/11/194? Telegrama de Aristides de Sousa Monteiro, pres. PSD de

Bom Sucesso, para OLP Posse interventor de MG.

319. 30/05/1956 ou 66

Telegrama de Jose Jerônimo Moscardo de Souza, Secretário particular do Presidente da República, para OLP

Estatutos Comitê.

320. 07/04/1954 Telegrama de Osório Nunes, comissão organizadora do III Congresso de Municípios, para prefeito OLP

III Congresso Nacional de Municípios

321. 11/03/1954? Telegrama de Antonio Affonso Moraes Filho, chefe de gabinete do Governador de MG, para prefeito OLP

Acusa recebimento de correspondência.

322. Julho 1961? Telegrama da família de Gabriel Passos para prefeito OLP Luto oficial por ocasião do falecimento de Gabriel Passos.

323. Jan. 1963 Telegrama do Gov. Magalhães Pinto para OLP Agradece visita 324. 13/06/1963 Telegrama dep.fed. Gilberto Faria para OLP Verbas e orçamento 325. Nov/1962 Telegrama do dep. Bento Gonçalves Filho, presidente do

PSP, para OLP Eleição de Adhemar de Barros, PSP

326. 23/08/? Telegrama de Lourival Fontes, secretário da presidência da república, para OLP

Audiência.

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327. 29/08/1962 Telegrama de Jason Duarte, chefe do serviço de assuntos municipais de MG, para prefeito OLP

Presença em ato do governador em Nepomuceno.

328. 21/12/19?? Telegrama do Dep. Fed. Bento Gonçalves Filho para prefeito OLP

Plebiscito de 6 de janeiro [ano?]

329. 16/11/195? Telegrama de Lourival Fontes, secretário da presidência da república, para OLP

330. 27/ Telegrama de..... para OLP 331. 03/01/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Instalação do município 332. 10/02/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Eleições. 333. 07/02/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Eleições 334. 15/02/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Eleições 335. 16/02/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Eleições 336. 01/03/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Eleições 337. 27/02/1949 Telegrama de Benedito Valadares para OLP Registro do diretório (PSD?) 338. 24/10/1953 Telegrama do Chefe Gab. Secret. Saúde, Henrique

Furtado Portugal, para prefeito OLP Nomeação de médico.

339. 27/09/1950 Telegrama de Gustavo Capanema para OLP Eleições 340. 26/09/1955 Telegrama de Juscelino Kubitschek para OLP Eleições presidenciais: Minas gerais não

falhará nesta hora. 341. 09/07/1954 Telegrama de Camilo Nogueira da Gama para pref. OLP Cota do imposto de renda 342. 23/05/19? Telegrama de Tancredo Neves para OLP Tancredo pede para OLP aguardá-lo em

BH. 343. 23/05/19? Telegrama de Tancredo Neves para OLP 344. 28/09/1961 Telegrama de Tancredo Neves para pref. OLP Tancredo agradece apoio à investidura no

cargo de presidente do Cons. de Ministros 345. 16/10/1956

[?] Telegrama de Tancredo Neves para OLP Remoção de funcionário

346. 16/09/1961 Telegrama de Tancredo Neves para pref. OLP Tancredo comunica que foi escolhido primeiro-ministro

347. 15/04/1923 Telegrama de Raul Soares para OLP (em Bom Sucesso) Agradece envio de relatório de recenseamento (livro de OLP?)

348. 16/12/195? Telegrama de Tancredo Neves para OLP 349. 22/11/1973 Carta de OLP para Senador Magalhães Pinto. Datilografado, cópia carbono. 350. 14/11/1970 Carta da Comissão Executiva Regional da ARENA para Datilografado, Convenção estadual

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OLP 351. 1947? Voto do Exmo Sr Juiz Dr. Sebastião de Souza, ao apreciar

o recurso 1.363, originário de Bom Sucesso. Datilografado. 04 fls. Recurso da UDN junto á justiça eleitoral, Eleições.

352. 08/12/1947 Carta de Agenor de Senna para OLP. Datilografado. Anulação de eleição. 353. 14/02/1951 Carta de OLP para prefeito de São Tiago, Joaquim V

Mata. Datilografado, cópia carbono. Planta para prédio da prefeitura .

354. 1947 ou 48? Carta de OLP, secretário do diretório do PSD de São Tiago, para Pres. Dutra.

Datilografado, cópia-carbono. 04 fls. Disputas entre PSD e UDN, anulação dos votos de São Tiago deu vitória à UDN : Falsos democratas de 2 de dezembro de 1945 e de 19 de janeiro de 47 (refere-se à UDN?)

355. s/d Bilhete para Calistrato, Biblioteca da Imprensa Oficial, Rio

Manuscrito, com cartão pessoal de OLP

356. 30/07/1971 Carta de Aureliano Chaves para OLP. Datilografado, c/envelope. 357. Set 1972 Identificação do trabalhador rural (orientação? Instrução?) Impresso ou

mimeógrafo a tinta? Funrural, carteira de trabalho

358. 11/09/1953 Carta da Comissão da Semana Ruralista de Santo Antonio do Amparo para prefeito OLP

Datilografado. OLP participa de mesa redonda

359. 25/09/1960 Telegrama do Governador Bias Fortes para prefeito OLP Agradece por manifestação de OLP 360. 01/10/1960 Telegrama de Magalhães Pinto para OLP OLP presidente do PSD, eleições

governador. 361. 16/09/1946 Carta de OLP para Dutra. Datilografado, cópia carbono 02 fls.

solução para o “caso mineiro” – a disputa interna no PSD entre Carlos Luz e José Francisco Bias Fortes. OLP sugere, em “carater reservadíssimo”, que Dutra acabe com o racha interno e indique outro nome. Sugere os nomes de Augusto Viegas e Agenor Senna para tentar contornar a situação: conhecendo bem a política do Estado de Minas, pois, nela milito há mais de 25 anos, se nada sou no

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momento, também nada quero para mim. 362. 03/03/1969 Carta de Raul Mata para OLP Datilografado. 363. 09/02/1941 Jornal o Censo, de Rio Novo-MG, n 1. 02 fls. OLP era o diretor do jornal e assina

alguns artigos. 364. 28/02/1941 Jornal o Censo, de Rio Novo-MG, n 2. 02 fls. 365. 06/04/1941 Jornal o Censo, de Rio Novo-MG, n 4. 02 fls 366. 14/07/1941 Jornal o Censo, de Rio Novo-MG, n 6. 06 fls. 2 exemplares, com encarte sobre censo de

1940 367. 22/08/1953 Lei Municipal 153 Impresso. Panfleto da prefeitura de São

Tiago. Regula construções no perímetro urbano.

368. 12/10/1953 Panfleto: Ao Povo Impresso. Reforma das instalações hidroelétricas.

369. 05/05/1969 Telegrama de Magalhães Pinto para OLP Agradece correspondência de OLP 370. 24/02/1967. Carta de Magalhães Pinto para OLP 371. 1947 Parecer sobre o Projeto 399 Datilografado, 05 fls, cópia? Relatado

pelo dep. Antonio Mafra, para a comissão de transportes e comunicação – Exemplar de documento já listado.

372. 196?

Carta de OLP para presidente Artur da Costa e Silva. Datilografado. Cópia-carbono. Golpe de 64: Costa e Silva vae procedendo a necessária filtragem dos costumes políticos que tanto nos infelicitavam...

373. 10/03/1970 Carta de OLP e Benjamim Almeida, do Comitê, ao ministro da Educação e Cultura Jarbas Passarinho.

Datilografado, cópia carbono, 02 fls. Escola.

374. 08/12/1963 Termo de Visita ao Grupo Escolar feita por José Augusto de Rezende, diretor de Grupos Escolares de MG,

Cópia manuscrita, 02 fls. Caligrafia de OLP. Escola, educação

375. 1955? Panfleto de eleição: Marcha Pro-Bias Impresso. 04 exemplares 376. s/d Planta baixa do prédio da Agência de Correios de São

Tiago

377. 25/10/1972 Convite da Academia de Letras de SJDR, para o confrade OLP,

Manuscrito com envelope, Palestra

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378. 14/07/1960 Cartão do Dep. Est. Sady da Cunha, datilografado Verba obras sociais da paróquia de São Tiago,

379. 23/01/1956 Carta do médico Dr. Antonio Castanheira de Carvalho a OLP.

Manuscrito, com envelope. Você tem em cada um de nós um grande amigo e admirador. Mamãe falava sempre de sua inteligência e da sua qualidade de amigo em todas as horas

380. 1963 ANDRADA, José Bonifácio Lafayette de Andrada. Contra a reforma constitucional, na defesa do homem do campo: discurso proferido em 8 de maio de 1963. Brasília, Departamento de Imprensa Nacional, 1963.

Impresso. Discurso do Dep. José Bonifácio Lafayette de Andrada (UDN) da Câmara dos Deputados. Livreto.

381. 21/03/1972 Cartão de Álvaro Viana Filho e Gentil Palhares, da Academia de Letras de São João del-Rei para OLP, datilografado, com envelope.

382. 15/12/1971 Cartão da Academia de Letras de São João del-Rei, c/envelope

383. 27/10/1952 Panfleto Ao Povo de São Tiago, impresso. OLP apresenta sua candidatura a prefeito pelo PSD. Programa Luz-Força e Urbanismo em 2 anos. JK

384. s/d Poema Ressurreição de OLP Manuscrito (cópia autógrafa ou original?) 385. Nov. 1970 Poema Soneto, Manuscrito (cópia autógrafa ou original?) 386. Maio/1948 Recurso do PSD ao Supremo Tribunal Federal. Datilografado, cópia carbono, 16 fls.

Eleições municipais de 1947. 387. 01/07/1966 Carta de OLP, pelo Comitê, para a Diretoria da Belgo-

Mineira. Datilografado, cópia carbono. Recursos para construção sede comitê.

388. 24/04/1968 Carta de OLP, pelo comitê, para professora Terezinha do Sacramento Viriato.

Datilografado, cópia carbono. Doa cadernos.

389. s/d Jornal Variante, n.9, Ano 1 02 fls. Notícias de São Tiago 390. 1954 [?] Projeto [tese] apresentado no III Congresso Nacional de

Municípios Manuscrito, rascunho. 06 fls. Eleva de 10 para 20% a cota parte do imposto de renda destinado aos municípios, excluindo as capitais e os mais ricos.

391. 11/02/1955 Carta de Milton Campos para OLP. Datilografado. Agradece por terem colocado nome em praça

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392. 30/01/1930 Panfleto: São Thiago, sempre! Impresso. “0 que fiz, está gravado na CONSCIÊNCIA DOS JUSTOS, CONSTA DOS JORNAES DA IMPRENSA CARIOCA E DOS ANNAES DO CONGRESSO FEDERAL.” Coloca-se ao lado de Júlio Prestes.

393. 12/01/1948 Panfleto Política de Bom Sucesso Impresso. Exemplar de documento já listado.

394. s/d

Telegrama de OLP, secretário-geral do PSD, para Milton Campos,

Cópia datilografada. 02 fls. OLP narra disputa com UDN e diz que “pretendem derrotados no pleito de 23 de novembro reimplantar processos que motivaram queda velha democracia em 1930...”

395. 12/06/1955 Carta de Agenor [Senna?] para OLP. Datilografado. Comenta processo eleitoral de Bias Fortes e Juscelino, além de afirmar que o prefeito de ST tenta desfazer o que OLP realizou.

396. 16/03/1957 Jornal Minas Gerais Páginas 1 e 2. 397. 19/03/1957 Jornal Minas Gerais Páginas 1 e 2 398. 23/03/1957 Jornal Minas Gerais Páginas 1 e 2 399. 11/04/1957 Jornal Minas Gerais Páginas 3 e 4 400. 12/03/1957 Jornal Minas Gerais Páginas 3 e 4

PASTA CINZA COM INSCRIÇÃO PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO TIAGO Balancete

401. 26/02/1962 Mensagem do prefeito OLP à Câmara de Vereadores de São Tiago

Datilografado, cópia-carbono. . Administração municipal.

402. 03/02/1963 Carta de OLP ao Governador de Minas José de Magalhães Pinto

Datilografado, cópia-carbono. Agradece apoio durante seu mandato

403. 1961 Mensagem 01/61 do prefeito OLP à Câmara de Vereadores de São Tiago

Datilografado, 07 fls. Administração municipal.

404. 30/05/1960 Mensagem do prefeito OLP à Câmara de Vereadores de São Tiago

Datilografado, 04 fls, 02 vias em cópia-carbono. Administração municipal.

405. 16/03/1960 Mensagem 01/60 do prefeito OLP à Câmara de Vereadores de São Tiago.

Datilografado, cópia-carbono, 05 fls. Administração municipal.

406. s/d Discurso de OLP Por ocasião da transmissão de cargo no

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fim do primeiro mandato. Manuscrito, rascunho, 38 fls. Usina, cinema, luz, água.

407. 23/10/1956 Relatório de serviços de técnico do DAM/Secretaria do Interior

Datilografado, cópia-carbono, 08 fls. Investigação sobre denúncia de Jose Resende Santiago (Pererinha) contra a administração de OLP e de funcionários do DAM (departamento de assistência aos municípios – órgão da adm. Estadual): o senhor OLP é, sem favor algum, pessoa de grande prestígio, de grande conceito e de elevada posição social em São Tiago”. Administração das mais profícuas “o plano de urbanismo de São Tiago... foi um dos mais brilhantes trabalhos executados pela administração anterior”

408. 19/03/1956 Denúncia de Jose Resende Santiago contra OLP no Tribunal de Contas de MG, datilografado, cópia carbono, 03 fls

O discurso de transmissão de cargo, o relatório do DAM. Secretaria do Interior, as denúncias de Jose Resende Santiago e da Câmara e a defesa de OLP estão reunidos num único documento, como um dossiê (documentos 406 a 410).

409. 05/06/1956 Denúncia do presidente da câmara (João Batista dos Reis) contra OLP. Datilografado (cópia?)

410. 15/12/1956 Defesa de OLP datilografado, cópia carbono, 11 fls. 02 vias.

411. s/d Telegrama de OLP e do engenheiro José Carvalho Lopes para Dr. Ernani Braga, Superintendente do Serviço Especial de Saúde Pública do Ministério da Saúde

Cópia datilografada, 02 fls. Abastecimento de água

412. 10/12/1954 Diário Oficial – Estados Unidos do Brasil Termo de convênio com a Cia. Vale do São Francisco. 02 exemplares.

413. 13/07/1954 Diário Oficial – Estados Unidos do Brasil Noticia recebimento de telegrama pelo presidente do Brasil.

414. 21/12/1953 Diário Oficial – Estados Unidos do Brasil Páginas 21671 e 21672. Abastecimento água

PASTA CINZA: VIA N. 3 SÃO TIAGO

415. 15/01/1954 Parecer do SESP sobre projeto de abastecimento de água para a cidade de São Tiago, MG.

Datilografado. Engenheiro: Gilson de Oliveira,

416. s/d Relação de desenhos técnicos Datilografado, 03 fls. Relação de

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ABASTECI-MENTO D’ÁGUA Dossiê do Projeto de Abastecimento de Água

desenhos constantes do projeto de abastecimento

417. 21/09/1953 Carta [Ofício?] de OLP para Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Arinos Câmara.

Datilografado. Cópia-carbono. Encaminha o processo para parecer prévio do tribunal de contas.

418. 18/09/1953 Lei Municipal n. 155. Datilografado, 02 fls. Cópia-carbono. Autoriza execução de obras de abastecimento e operação de crédito

419. 18/09/1953 Certidão de registro da Lei Municipal 155 no livro de registro de leis da prefeitura.

Datilografado. Cópia-carbono.

420. 18/09/1953 Certidão de votação e aprovação da Lei Municipal 155 pela Câmara de vereadores.

Datilografado. Cópia-carbono.

421. 18/09/1953 Demonstração do aumento provável da renda do Serviço de Abastecimento de Água de São Tiago, decorrentes das obras e serviços que se pretende executar. Datilografado.

Datilografado. Cópia-carbono.

422. 10/09/1952 Certidão negativa de débitos emitida pela Prefeitura de Bom Sucesso para o município de São Tiago

Datilografado. Cópia-carbono.

423. 15/01/1953 Quadro: Balanço Patrimonial da Prefeitura Municipal de São Tiago

Datilografado. Cópia-carbono.

424. 31/08/1953 Quadro da arrecadação municipal dos três últimos exercícios, com denominação das rubricas e respectiva médias trienais – 1950-1952

Datilografado. Cópia-carbono.

425. 12/11/1952 Lei Municipal n. 143: orça a receita e fixa a despesa para o exercício de 1953

Impresso. Livreto

426. 31/08/1953 Quadro: Demonstração da dívida flutuante de São Tiago. Datilografado. Cópia-carbono. 02 fls. 427. 31/08/1953 Quadro : Demonstração da dívida fundada de São Tiago. Datilografado. Cópia-carbono. 428. 15/01/1954 Ofício n. 226 do superintende do Serviço Especial de

Saúde Pública, Ministério da Educação e Saúde, Dr. Ernani Braga, para prefeito OLP

Datilografado.

429. 07/12/1953 Carta [Ofício?] do Prefeito OLP para presidente Getúlio Vargas.

Solicita verba para abastecimento de água.

430. s/d Memorial/relatório técnico do projeto de abastecimento de água, José Belem Barbosa, engenheiro.

Datilografado, cópia-carbono

431. s/d Relação das peças especiais e orçamento Datilografado, cópia-carbono

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432. s/d Quadro de Vazões Datilografado, cópia-carbono, 03 fls. 433. s/d Quadro dos Diâmetros Datilografado, cópia-carbono, 05 fls 434. s/d Quadro de “Orçamento” Abastecimento de Água Datilografado, cópia-carbono, 435. s/d Quadro de “orçamento”: Reservatório Elevado

Capacidade 100 m³ Datilografado, cópia-carbono.

436. s/d Planta do reservatório com capacidade para 100.000 l. Datilografado, cópia-carbono 437. s/d Planta da rede de distribuição do sistema de abastecimento

de água de São Tiago Com inscrição: Aprovado. Reunião extraordinária dos dias 15 e 16 de setembro de 1953. João Lara Filho, presidente da Câmara

PASTA CINZA: VIA N. 4 SÃO TIAGO ABASTECIMENTO D’ÁGUA Dossiê do Projeto de Abastecimento de Água Esta pasta praticamente repete a anterior.

438. 21/09/1953 Ofício de OLP para Presidente do Tribunal de Contas do Estado, Arinos Câmara.

Datilografado. Encaminha o processo para parecer prévio do tribunal de contas.

439. 18/09/1953 Lei Municipal n. 155. Datilografado, 02 fls.Autoriza execução de obras de abastecimento e operação de crédito (Cr$ 1.500.000.00)

440. 18/09/1953 Certidão de registro da Lei Municipal 155 no livro de registro de leis da prefeitura

Datilografado, cópia-carbono

441. 18/09/1953 Certidão de votação e aprovação da Lei Municipal 155 pela Câmara de vereadores.

Datilografado, cópia-carbono

442. 18/09/1953 Demonstração do aumento provável da renda do Serviço de Abastecimento de Água de São Tiago, decorrentes das obras e serviços que se pretende executar.

Datilografado.

443. 10/09/1952 Certidão negativa de débitos emitida pela Prefeitura de Bom Sucesso para o município de São Tiago

Datilografado.

444. 15/01/1953 Quadro: Balanço Patrimonial da Prefeitura Municipal de São Tiago.

Datilografado.

445. 31/08/1953 Quadro da arrecadação dos três últimos exercícios, com denominação das rubricas e respectiva médias trienais – 1950-1952, datilografado

Datilografado, cópia-carbono

446. 12/11/1952 Lei Municipal n. 143: orça a receita e fixa a despesa para o exercício de 1953

Livreto

447. 31/08/1953 Quadro : Demonstração da dívida flutuante de São Tiago Datilografado, 02 fls 448. 31/08/1953 Quadro : Demonstração da dívida fundada de São Tiago Datilografado

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449. s/d Memorial-relatório técnico. Datilografado, cópia-carbono 450. s/d Relação das peças especiais e orçamento Datilografado, cópia-carbono 451. s/d Quadro de Vazões. Datilografado, cópia-carbono, 03 fls 452. s/d Quadro dos Diâmetros Datilografado, cópia-carbono, 05 fls. 453. s/d Quadro “Orçamento” – Abastecimento de água São Tiago Datilografado, cópia-carbono 454. s/d Quadro “Orçamento” – Abastecimento de água São Tiago Datilografado, cópia-carbono 455. s/d Planta do reservatório com capacidade para 100.000 l. 456. s/d Planta da rede de distribuição do sistema de abastecimento

de água de São Tiago Com inscrição: Aprovado. Reunião extraordinária dos dias 15 e 16 de setembro de 1953. João Lara Filho, presidente da Câmara

Resultado de exame

457. 1965 Resultado de exame de sangue de OLP Documento está no bolso da mala.

Calendário “folhinha”

458. 1990 Calendário da Prefeitura Municipal de São Tiago 1990. IRP

Calendário “folhinha”

459. 1991 Calendário da Prefeitura Municipal de São Tiago 1990.

460. 1953 Caderno de Planos de Lição da professora Ilza Rosa 461. 29/10/1989 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 142, anexo

Semanário Tribuna de Minas, ano 2, n 92, 04 fls., 462. - Jornal (do sindicado de professores de MG?), incompleto,

04 fls. 463. 10/11/1989 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 143, anexo

Semanário Tribuna de Minas, n. 94, 04 fls., 464. 14/01/1990 “Jornal de São João del Rei”, anexo Semanário Tribuna de

Minas, anexo Tribuna de Minas, . 04 fls. 465. 11/02/1990 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 149, anexo

Semanário Tribuna de Minas, anexo Tribuna de Minas 04 fls.

466. 08/04//1990 “Jornal de São João del Rei”, ano V, n. 152 anexo Semanário Tribuna de Minas, anexo Tribuna de Minas, 04 fls.

467. 28/01/1990 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 148 anexo

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200

Semanário Tribuna de Minas, anexo Tribuna de Minas, 04 fls.

468. 26/11/1989 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 144, anexo Semanário Tribuna de Minas, anexo Tribuna de Minas, 04 fls.

469. 24/12/1989 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 146, anexo Semanário Tribuna de Minas, anexo Tribuna de Minas, 04 fls.

470. 15/10/1989 “Jornal de São João del Rei”, ano IV, n. 141, anexo Semanário Tribuna de Minas, anexo Tribuna de Minas, 04 fls.

471. Maio/1991 Jornal “Trocando em miúdos” boletim informativo do Dep Antonio Fuzatto, n. 1. 02 fls.

472. Mar-abril/1991

Jornal do Sindicato Único, n 93, 06 fls.

473. Panfleto 1 de maio – dia de luta (cópia ou mimeografado a tinta?)

474. 25/02/1990 Jornal de São São João del Rei, incompleto, 02 fls. 475. 1990 Jornal (do sindicato de professores), incompleto 476. 1990 Jornal-panfleto Boca aberta, língua solta, da subsede do

SindUte de São João del Rei, n. 15. 477. Mar/abr-

1989 Jornal UTE-Informa, n 28, 06 fls.

478. Set-out/1990 Jornal do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de MG, n. 1.

479. Out-1990 Jornal-panfleto Boca aberta, língua solta, da subsede do SindUte de São João del Rei, n. 14

480. Jornal UTE-informa, incompleto 04 fls. 481. Fev. 1988 Jornal UTE-informa, ano VII, n. 21, 04 fls 482. 15/05/1988 Jornal Evangelização 2000, Macaia-Bom Sucesso, 02 fls. 483. Abr-

mai/1988 Jornal UTE-informa, ano VII, n. 23, 04 fls.

484. Jul/1988 Jornal UTE-informa, ano VII, n. 24, 06 fls.

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485. Set/out-1988 Jornal “Correio do Leitor”, ano I, n. 1, 04 fls. 486. Ago/1988 Jornal UTE-Informa, ano VII, n. 25, 06 fls. 487. Nov/1988 Jornal UTE-Informa, n. 26, 12 fls 488. Fev/1989 Jornal UTE-Informa, n 27, 06 fls. 489. Jul-ago/1991 Jornal PT Parlamento, da bancada do PT na Assembléia

Legislativa, n. 1, 04 fls. 490. Set-out/1991 Jornal do Sindicato Único dos trabalhadores em educação

de MG, n. 4, 08 fls.

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MALA 2 ( M2) – COM ETIQUETA “ILZA ROSA PACHECO”

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

Lista 1. s/d Lista de Nomes para membros do diretório regional da ARENA, secção Minas Gerais

Datilografado, 02 vias.

Discurso 2. 03/05/1956 Discurso Manuscrito, 13 fls. Escrito por OLP a pedido de Ilza Rosa a respeito do 13 de maio (abolição). Anexo bilhete de OLP para Ilza Rosa.

Correspondência 3. 19/10/1972 Carta do Dep. Nelson Lombardi, vice-líder do governo de MG, para OLP

Datilografada, com envelope. Aposentadoria de Ilza Rosa

Mensagem política 4. 01/02/1954 Mensagem do prefeito OLP à câmara relatando gestão de 17 de abril a 31 de dezembro de 1953.

Datilografada, cópia-carbono, 13 fls.

Discurso 5. 1943 Discurso escrito por OLP a respeito do7 de setembro Manuscrito, 03 fls. história, governo Vargas, guerra mundial

Livreto 6. 29/01/1922 “O momento político”: discurso proferido pelo Dr. João Luiz Alves na manifestação que lhe fez o povo de Bello Horizonte em 29 de Janeiro de 1922

Sobre militares e levantes, cartas falsas, atribuídas a Arthur Bernardes com infâmias sobre Hermes da Fonseca. Tem anotações de OLP.

Nota de consumo 7. 1968 Nota de consumo 02 documentos (material de construção) Guias de arrecadação

8. 1972 Guias de arrecadação estadual em nome de Maria da Anunciação Lara

4 vias

Jornal 9. 23/06/1972 Jornal Estado de Minas - caderno de Turismo 02 fls. Notícia sobre São Tiago. OLP é um símbolo da tenacidade e da união do povo santiaguense

Estatuto 10. 1966 Estatutos do Comitê 02 exemplares, livretos Jornal 11. 11/07/1972 Jornal Ponte da Cadeia, SJDR 02 fls, 4 páginas. Jornal 12. 05/07/1972 Jornal Estado de Minas, Páginas 5 e 6. Partes assinaladas Jornal 13. 02/07/1972 Jornal Estado de Minas – 1 caderno Páginas 1 a 16 Jornal 14. 27/08/1972 Jornal Gazeta de Minas, Oliveira 03 fls, 06 páginas. Partes assinaladas Capa de bloco “jockey” – dentro da qual estavam

15. s/d Desenho á lápis e caneta - “Uma árvore ou um coqueiro No pichaim se afunda. Calor no Rio de Janeiro

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diversos documentos

A gente sente na bunda”. 16. Out/1971 Carta do dep. Fed. João Nogueira de Rezende, Brasília,

para OLP 02 cartas no mesmo envelope, datilografadas. Recursos públicos, Colégio Santiaguense. Com recorte de publicação de emenda.

17. Out/1971 Carta do dep. Fed. João Nogueira de Rezende, Brasília, para OLP

18. 12/12/1968 Carta de OLP, secretário do Comitê, para Prefeito de São Tiago, Raul Mata

Datilografada, cópia-carbono, sem assinaturas.

19. 16/07/1971 Carta do Santuário Nacional do Poderoso Menino Jesus de Praga. São Paulo

Impressa.

20. s/d Estatutos da União Sírio-Libaneza de São João del Rei, Tipografia Progresso.

Impresso, Livreto

21. s/d Novena de Santa Filomena e Preces Livreto 22. 18/09/1972 Panfleto de campanha eleitoral de João Marques Pereira e

Enir Avelar, candidatos pela ARENA 02 exemplares

23. s/d Recorte de jornal 24. s/d Recorte de jornal- 25. s/d Poema de OLP – Aleluia Datilografado, com estrofe escrita a mão. 26. 09/10/1972 Carta de OLP, secretário do Comitê, ao Prefeito de São

Tiago, Nilson Caputo de Resende. Rascunho manuscrito 03 fls

27. 09/10/1972 Carta de OLP, secretário do Comitê, ao Prefeito de São Tiago, Nilson Caputo.

Exemplar da mesma carta documento 26. Datilografado (cópia-carbono?), 02 fls. Protesta contra obra na praça.

28. 12/10/1972 Carta de OLP para Aureliano Chaves Manuscrita, 02 fls. Rascunho. Tenho recebido e devidamente arquivado, toda a correspondência que, há muito tempo, vimos mantendo a respeito das pontes sobre o Rio das Mortes e Ribeirão Água Limpa...

29. 10/10/1972 Telegrama do Governador de MG, Rondon Pacheco, Belo Horizonte, para Benjamim Amadeu de Almeida, São Tiago

Acusa recebimento de carta.

30. s/d Anotação de endereço em Divinópolis de Antonio André Santiago.

Manuscrito

31. s/d Poema de OLP: Fascinação, á senhorita Mirna Vianini Datilografado

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32. s/d Anotações “negócios do ratinho” 33. s/d Anotações sobre arrolamento de bens de Carmindo

Santiago Manuscrito. OLP anota sobre inventários de terceiros.

34. 24/08/1956 Poema “Eu quero a doçura de viver” de [?] Datilografado com assinatura do autor. Oferecido a OLP:

35. s/d Propaganda eleitoral de Aureliano e Magalhães Pinto Impresso, formato de cédula eleitoral. 36. 21/12/1971 Carta Benjamim Amadeu de Almeida, presidente do

diretório municipal da ARENA para secretário de Educação de MG, Caio Benjamim Dias

Manuscrito - rascunho. 02 fls. Redigido por OLP Contratação de pessoal.

37. s/d Versos de um poema [?] Manuscrito, versos de OLP? 38. 15/06/1972 Carta de OLP a Mozart Novaes Manuscrito. Poesia. 39. 27/06/1972 Recorte de jornal Estado de Minas Pavimentação de estrada 40. s/d Poema de OLP: Último batizado de frei Orlando Datilografados, cópias-carbono? 41. s/d Poema de OLP: Ante o salmo XCIX 42. s/d Poema de OLP: Ressurreição 43. s/d Poema de OLP: Fé

Correspondência 44. 21/09/1972 Carta de Bento O. Castanheira para OLP Manuscritas, no mesmo envelope. Correspondência 45. 05/10/1972 Bilhete (nota) de OLP para dep. Nelson Lombardi Certificados 46. 1956 e 1970. Título de Sócio (acionista) do Comitê de Propaganda e

Melhoramentos de São Tiago Impresso. 104 exemplares, alguns preenchidos ou assinados com datas de

Anotações pessoais 47. s/d Lista de palavras e personagens da história geral e da mitologia grega

Manuscrito

Livro 48. 1969 PALHARES, Gentil. Frei Orlando: o capelão que não voltou. Belo Horizonte, Ed. Associadas do Brasil, 1969. Col FEB

Livro 49. s/d História do Brasil para uso dos Ginásios, por F.T.D., Livraria Francisco Alves, São Paulo

Peça teatral 50. 01/10/1969 Peça teatral ”Os olhos que eu matei”, Datilografado, 14 fls. OLP atuou.Ele era também o autor?

51. - Falas da personagem Olavo Luis (Leal Pacheco) na peça “Os olhos que eu matei”

Manuscrito.

Jornal 52. 14/05/1972 Jornal Ponta de Lança, São Tiago, n. 29 e 30. Mimeografado a tinta? 06 fls, em formato pequeno. Artigo de OLP Brasil-Portugal

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Jornal 53. 21/10/1972 Jornal Ponta de Lança, São Tiago, n. 36 e 37. 04 fls. Jornal 54. 15/09/1972 Jornal Ponta de Lança, São Tiago, n. 33. 34 e 35.. 06 fls. 02 exemplares Jornal 55. 11/06/1972 Jornal Ponta de Lança, São Tiago, n. 31 04 fls. Jornal 56. 15/09/1972 Jornal Ponta de Lança, São Tiago, n. 29 e 30. Panfletos 57. 10/10/1972 Panfleto do diretório municipal da ARENA: “ao

eleitorado esclarecido e independente deste município” Impresso, 15 exemplares, Eleições de 1972.

Livreto 58. 1972 Eleições Municipais de 15 de novembro de 1972, orientações aos diretórios municipais. Senado Federal, 1972

Correspondência 59. 03/10/1972 Cartão de felicitações de Léia para Ilza Rosa Manuscrito, com envelope Atestado 60. 13/09/1968 Atestado de pobreza Assinado por Miguel Bernardes de Assis,

juiz de Paz. Livro 61. 1948 BARBEDO, Alceu. O fechamento do Partido Comunista

do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948 Com dedicatória

Correspondência 62. 19/08/1974 Carta de Lucy Lara para OLP Manuscrita, 06 fls. Jubileu de Prata de São Tiago.

Correspondência 63. 1965 Carta da filha Edite para OLP Manuscritas, notícias familiares. Correspondência 64. 27/09/1965 Carta da neta para OLP Correspondência 65. 20/06/1967 Carta de OLP para o prefeito Raul W. Mata Manuscrito, rascunho. 04 fls. OLP Fala de

sua vida pública, projeto urbanístico “os riscos da própria vida em holocausto” (está falando do atentado que sofreu?)

Caderno 66. 1968 Caderno “Rol de roupas para lavadeira e acerto da cozinheira”

Manuscrito, com anotações dos gastos domésticos. Na última folha versos satíricos sobre “Pererinha” (prefeito José Resende Santiago).

Foto 67. 1961 Foto, p&b. Sobrinho de Ilza e OLP. Caderno 68. - Caderno de anotações Despesas com obras na casa de OLP em

São Tiago Relação 69. 04/1/1963 Relação de obras e recursos destinados à Prefeitura de São

Tiago. Datilografado. Pontes, estradas.

Panfleto 70. 25/11/1945 Panfleto: Partido Social Democrático: Ao nobre povo e ao eleitorado independente de S. Tiago

Impresso. Eleição presidencial de 1945, Eurico Gaspar Dutra

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Livreto-manual 71. 1971 Como e por que pagar Imposto de Renda, pessoa física 1971

02 exemplares

Envelope enviado por Lucy Lara

72. 1970 Fotografia, 18x11,5 cm, p&b da

Visita de Rondon Pacheco a SJDR, anotação no verso.

73. 1974 Fotografia 18x11,5 cm, p&b Jubileu de prata de São Tiago (anotações de Lucy Lara no verso) 74. 1974 Fotografia 18x11,5 cm, p&b

75. 1974 Fotografia 18x11,5 cm, p&b 76. 1974 Fotografia 18x11,5 cm, p&b 77. 1971 Cartão natalino para OLP e Ilza 78. 1957 Cartão natalino para OLP 79. 1971 Cartão Postal do Rio de Janeiro de Lídia para Ilza Rosa 80. s/d Cartão Postal de São Paulo 81. s/d Cartão Postal de São Paulo 82. s/d Cartão Postal de São Paulo 83. s/d Cartão Postal de São Paulo 84. s/d Cartão Postal de São Paulo 85. s/d Cartão Postal de São Paulo 86. s/d Cartão Postal de Santos

Foto 87. 18/11/1945 Fotografia, 18x12 cm, p&b Com moldura em papelão. Inscrição: “Salve! 18-XI-45”. OLP na foto.

Poema 88. - Acróstico e versos em folha avulsa Manuscrito, caligrafia de OLP Recibo 89. 1969 Recibo dos correios com anotações no verso Correspondência 90. 10/07/1969 Programa-Convite: Inauguração do Ambulatório São João

Batista em Morro do Ferro Impresso

Correspondência 91. s/d Cartão da Academia de Letras de SJDR para OLP Datilografado Carta-recurso 92. 12/08/1971 Carta de Cecília Silva Fonseca para Agente Regional do

INPS em São João del Rei Datilografada, 02 fls. Redigida por OLP?

Ata 93. 30/04/1962 Ata da Câmara de São Tiago (transcrição) Datilografado, cópia-carbono. Divisas do distrito de Mercês de Água Limpa.

Livreto 94. 1971 Estatutos da Academia de Letras de SJDR Correspondência 95. 10/12/1968 Carta da diretoria do Comitê de Propaganda e

Melhoramentos de São Tiago para presidente da Câmara de São Tiago

Manuscrito, 02 fls, rascunho

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Ato Complementar 96. 1969? Ato complementar n. 54 de 20/05/1969 Datilografado, 06 fls. Legislação Convenções partidárias

Registro cartorário 97. 1943 Registro de Sociedade Civil e dos Estatutos do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago

Manuscrito, 08 fls.

Correspondência 98. 20/12/1950 Carta da diretoria do Comitê para Prefeito de São Tiago Joaquim Vivas da Mata

Datilografado, cópia-carbono. Comitê

Caderneta 99. s/d Caderneta com 12 trovas de OLP Datilografado. Capítulo de livro? 100. s/d Aos simples e outros poemas Parece ser capítulo de livro de poemas Capítulo de livro? 101. s/d Aos simples Jornal 102. 30/09/1972 Jornal Paládio, Rio Novo, n 720 02 fls. Jornal 103. 30/09/1972 Jornal Paládio, Rio Novo, n 718 02 fls. Livreto 104. 1972 Campanha Nacional de Alimentação Escolar – Semana da

Comunidade - Setor Regional de Oliveira

Jornal 105. 20/09/1969 Jornal Diário Oficial: Minas Gerais, Diário do Legislativo, 2 fls, p. 3 a 6. Assinalado discurso de Magalhães Pinto na ONU

Livro 106. 1970 Manual da ARENA de Minas Gerais Eleições municipais de 1970 Livreto 107. s/d Estatutos e orações da Irmandade do Santíssimo

Sacramento da Paróquia de São Tiago

Correspondência 108. 12/10/1972 Cartão do advogado Sebastião Resende para OLP Datilografado, c/ envelope Poema 109. 1923 Poema Portugal, de Eduardo da Gama Serqueira Com dedicatória do autor para Agenor de

Senna. Capítulo de livro? Folha avulsa 110. s/d Folhas avulsas com “Frazes latinas, inglezas, italianas etc” OLP seleciona frases e anota a pronúncia

das palavras. 02 folhas; Jornal 111. 04/07/1972 Jornal Ponte da Cadeia, SJDR, n 249 02 fls. OLP escreve no jornal a palavra

“Arquivo” Jornal 112. 02/10/1970 Diário Oficial de Minas Gerais, Diário do Legislativo. Páginas 1 e 2, 7 e 8. Trechos da

Constituição do Estado de Minas Gerais Livro 113. s/d SOUZA, Olyntho de. Geografia no curso de Admissão. Livro didático. Livro 114. 1942 Código Civil Brasileiro, 8 edição. São Paulo: Livraria

Acadêmica Saraiva, 1942.

Cartões pessoais 115. - Cartões pessoais 04 cartões pessoais Correspondência 116. 1955 Cartão de falecimento de Pe. José Duque Jornal 117. ? Recorte de jornal

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Artigos 118. [Dec. 1970?] Manuscritos da série de artigos “São Tiago de antanho” Rascunhos, 04 fls. Pequenos artigos foram publicados no Jornal Ponta de Lança, de São Tiago.

Revista 119. 1970 Anuário Profissional de Belo Horizonte Estatuto 120. 1966 Estatuto do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de

São Tiago – Fundado em 1930 03 exemplares (livretos).

Jornal 121. Jan/1963 Recorte de Jornal Opinião de Pio XI sobre comunismo. Jornal 122. 08/08/1969 Recorte do Jornal Minas Gerais Certidão 123. 1967 Certidão de casamento de Edmundo da Mata e Maria

Taveira de Jesus – para fins do INPS

Declaração 124. 1968 Declaração Juiz de Paz e delegado atestam nome de casada de Maria Taveira de Jesus

Correspondência 125. 04/06/1971 Carta de “Zizinha” para o irmão OLP Manuscrito – vida familiar. Páginas de livro 126. s/d Páginas de livro de História Correspondência 127. 1969? Carta de Francisco Quirino de Rezende para Ten-Cel

Lário Lopes Serrano, chefe da divisão de relações públicas do Ministério do Exército (rascunho manuscrito redigido por OLP.)

Estes documentos estão unidos por clipe. Ex-combatente requer nomeação para o serviço público. Correspondência 128. 18/11/1969 Bilhete de Vicente Mendes para OLP – manuscrito

Correspondência 129. 17/10/1969 Carta do Tem. Coronel Lario Lopes Serrano, Divisão de Relações Públicas do Ministério do Exército para Francisco Quirino de Resende -datilografada

Correspondência 130. - Requerimento de Ex-combatente solicitando nomeação em cargo púbico – 02 vias (original e cópia carbono em branco)

Correspondência 131. 12/11/1969 Ofício n. 6447 do Chefe da Seção Especial da FEB, Ten-Cel. Heyder Giordano Medeiros para Francisco de Paula Rezende

Contrato 132. 01/10/1971 Contrato Particular de Locação de serviços agrícolas Manuscrito, 04 fls. Redigido por OLP. Correspondência 133. 25/09/1969 Carta do secretário do Comitê, OLP, para Chefe

Departamento de Circulação de Mercadorias- Secretaria das Finanças MG

Datilografada. OLP escreveu na carta: “Cópia para Pacheco”.

Correspondência 134. 20/02/1970 Bilhete do Prefeito Raul Mata para OLP OLP responde no próprio bilhete em forma de versos.

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Jornal 135. 05/10/1972 Jornal Ponte da Cadeia, n. 260 02 fls. Jornal 136. 19/10/1972 Jornal Ponte da Cadeia, n. 261 02 fls. Jornal 137. 22/08/1972 Jornal Ponte da Cadeia, n. 255 02 fls. Capa de bloco Jockey

138. s/d Anotação Endereço de José Justino da Silva em Belo Horizonte

139. 17/09/1971 Cartão de Gentil Palhares /Academia de Letras para OLP Datilografado. 140. 01/09/1970 Carta de OLP para José Afrânio da Mata Manuscrito, rascunho. OLP convida o

destinatário para compor chapa para eleição municipal.

Correspondência 141. 06/09/1971 Programa-Convite da Sociedade de Concertos Sinfônicos de SJDR para Concerto de Gala em Homenagem à Semana da Independência.

Impresso

Poema 142. s/d Poema “O Lopes”, Arthur de Azevedo, do livro “Prosa em versos”

Cópia datilografada, 03 fls.

Panfleto 143. 03/06/1941 Panfleto: Recenseamento Geral da República – ao nobre e cavalheiresco povo rionovense

Impresso. 03 exemplares

Livro 144. 1968 Plano diretor 1968-1972. ACAR/Governo de Minas Gerais

Correspondência 145. 04/08/1971 Carta da filha Maria Pacheco Barja para OLP Manuscrito, 02 fls. Noticias familiares. Correspondência 146. 01/10/1968 Ofício n. 352/68 do chefe da seção de engenharia sanitária

do Ministério da Saúde , Alberto Cambraia Netto, ao prefeito de São Tiago [Raul Wilson da Mata]

Saneamento

Jornal 147. 08/7/1972 Diário Oficial Minas Gerais – Diário do Executivo 02 fls. Páginas 7 a 10 Jornal 148. 15/10/1972 Jornal Gazeta de Minas – n. 1116, Oliveira 03 fls. Jornal 149. 07/10/1972 Minas Gerais – Diário do Executivo 14 fls. Contrato 150. 25/05/1965 Contrato de arrendamento de terreno em zona rural Redigido por OLP, que também assina

como testemunha. Revista 151. Ago/1969 Revista dos municípios mineiros – Órgão oficial do DAM Revista 152. s/d Revista Manchete – separata, Bloch Editores Reunião de reportagens sobre JK Jornal 153. 10/09/1972 Jornal Lar Católico 04 fls. Jornal 154. 03/07/1968 Jornal Estado de Minas 03 fls Correspondência 155. 19/10/1970 Circular do DAM para o prefeito [Raul Wilson da Mata] Datilografado. Lei 156. s/d Lei n, 1.209 de 25/10/1950 Inclui na Reserva do Exército Datilografado. 02 vias.

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enfermeira que participaram de operações de guerra junto à FEB.

Lei 157. s/d Estudo comparativo da Lei n, 1,209 de 25/10/1950 para fins de aplicação aos capelães da FEB

Datilografado.

Informe 158. s/d Descrição- Informações sobre empreendimento turístico em Camargos

02 exemplares, datilografados, 08 fls cada um.

Estatutos 159. s/d Estatutos do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago.

10 fls. Rascunhos e colagens.

Correspondência 160. 18/02/1969 Carta de Monsenhor Francisco Elói para Ministro do Exército

Datilografado. Original e Cópia-carbono, 02 fls cada um. – relata ações do sacerdote durante Segunda Guerra

Informação 161. 20/02/1969 Informações pessoais de Francisco Elói de Oliveira para obtenção de benefício junto ao Exército na condição de ex-combatente.

Monsenhor Fco. Elói relata suas condições físicas

Correspondência 162. 1971 Convite da Sociedade de Concertos Sinfônicos de SJDR Impresso. Concerto de gala em homenagem à Semana da Independência

Correspondência 163. 19/09/1970 Carta de Ilza Rosa para Tiago Manuscrito, 02 fls. Redigida por OLP ? 164. s/d Manuscrito de OLP 01 fl. Carta? Discurso? Governos

militares da história republicana do Brasil. Jornal 165. 31/07/1968 Jornal O Renovador – São Tiago 02 fls Jornal 166. s/d Recorte de jornal Redação infantil

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MALA 3 (M3) - COM ETIQUETA VERDE INTERNA “FÁBRICA MEXICANA”

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/palavras-chave/citações

Correspondência 1. 17/10/1938 Carta de Agenor de Senna para OLP. Datilografados. Nomeação de servidora (filha de Agenor de Senna).

Correspondência 2. 23/10/1938 Carta de Agenor de Senna para OLP. Correspondência 3. 23/10/1938 Carta de Agenor de Senna para OLP. Correspondência 4. 02/11/1938 Carta de Agenor de Senna para OLP. Correspondência 5. 13/11/1938 Carta de Agenor de Senna para OLP. Correspondência 6. 26/01/1949 Carta de Agenor de Senna para OLP. Datilografado. Aqui tudo na mesma; na

política, boatos e mais boatos; no tempo, chuvas dia e noite, sem cessar.

Correspondência 7. 14/01/1954 Carta da AEG-Cia. Sul-Americana de Electricidade- RJ para o prefeito OLP

Datilografado. 02 fls. Projeto e custos para aproveitamento hidroelétrico do Ribeirão do Sítio

Mensagem 8. 25/05/1959 Mensagem n.2 /59do prefeito OLP à Câmara de Vereadores

Datilografado, cópia-carbono, 04 fls. Luz, água, Tancredo Neves, obras.

Mensagem 9. 1959 Mensagem n.1/59 do prefeito OLP à Câmara de Vereadores de São Tiago.

Datilografado, cópia-carbono 11 fl.

Correspondência 10. 29/05/1956 Ofício do Chefe do 3°. distrito do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN)/ Ministério da Educação e Cultura, Sylvio de Vasconcellos, para OLP

Datilografado. Referente consulta de OLP sobre antiga Igreja do Rosário (que não estava tombada).

Correspondência 11. 11/09/1957 Carta de Adhemar Mendes, presidente da câmara de vereadores de São Tiago, para OLP

Manuscrito. Câmara Municipal de São Tiago e prefeito José Resende Santiago.

Correspondência 12. [195?] Carta de vereadores de São Tiago para o presidente da Assembléia Legislativa de MG,

Datilografado. 04 fls, cópia-carbono. Denunciam atos do prefeito José Resende Santiago e da Câmara contra Plano diretor aprovado na administração de OLP. Fala de abandono de obras: pelo simples fato de haverem sido iniciadas por administrador de outra corrente política ou, como no caso em tela, para que o

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novo administrador, vaidosamente, mostrasse à opinião pública que é possuidor de idéias próprias.

Correspondência 13. 30/11/1947 Telegrama de Antonio Castanheira para OLP Política Correspondência 14. 30/11/1947 Telegrama de Jose Carlos para OLP Política Correspondência 15. 03/01/194? Telegrama de Tales (?)para OLP Política – emancipação de São Tiago Correspondência 16. 04/01/1949 Telegrama de José Orlando para OLP Política – emancipação de São Tiago Correspondência 17. 05/01/1949 Telegrama de Antonio Castanheira para OLP Política – emancipação de São Tiago Correspondência 18. 04/01/1949 Telegrama de José Carlos para OLP Política – emancipação de São Tiago Correspondência 19. 15/01/1949 Telegrama de Jair para OLP Política – emancipação de São Tiago Correspondência 20. 20/01/1949 Telegrama de Júlio de Carvalho para OLP Nomeação de intendente Correspondência 21. 17/08/1950 Telegrama de Valdir Lisboa para OLP Política Correspondência 22. 09/16/1948 Telegrama de Antonio Castanheira para OLP Felicita por conquista da emancipação. Correspondência 23. 17/04/1956 Oficio n. 38/56 da Prefeitura ao Snr. Construtor Benjamin

Amadeu de Almeida Cópia manuscrita, a caligrafia é de OLP. Alinhamento de rua e plano urbanístico.

Mensagem 24. 24/01/1961 Mensagem de OLP à Câmara Municipal de São Tiago Manuscrito, rascunho 06 fls. contas municipais.

Discurso 25. [1963] Discurso de OLP por ocasião de transmissão de cargo ao novo prefeito

Manuscrito, rascunho, 28 fls. Final do segundo mandato. OLP fala do cansaço e esforço que exige o cargo Chegam ao prefeito até casos privados e quando não pode corresponder aos desejos de uma ou outra parte, cai em desagrado: “surgem daí as falinhas ao pé do ouvido dos incautos, deturpando a verdade dos fatos...” Deixar ao julgamento da posteridade os erros e acertos Cita Rui Barbosa: “A injustiça pode irritar-se, porque é precária; a verdade não se impacienta porque é eterna” Diz que São Tiago, antes sem luz, sem grupo escolar, sem passeios, foi sacudido,

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acordou e começou a caminhar Vanguardeiros do bem e do belo Operários – braços e suor Situação política do Brasil, renúncia de Jânio, posse de Jango, parlamentarismo, plebiscito de 61, inflação

Jornal 26. 02/03/1955 Jornal Diário do Comércio - SJDR 01 fl. 02 páginas. Notícia: Autocracia em São Tiago

Panfleto 27. Set/1958 Panfleto: propaganda eleitoral. Impresso. Candidatura a prefeito de OLP. Correspondência 28. 25/10/1956 Ofício 405, do diretor do DAM, Manoel da Silva Costa,

para secretário de Estado dos negócios do Interior, José Ribeiro Pena.

Cita relatório de Técnico sobre visita a São Tiago.

Correspondência 29. 21/05/1952 Telegrama de OLP para Tancredo Neves OLP comunica que estará em BH Correspondência 30. [?] Telegrama de Joaquim Vivas da Mata para OLP Solicita presença de OLP em reunião de

diretório Correspondência 31. [?] Telegrama do secretário geral da ABM, Araujo

Cavalcante Sem destinatário

Correspondência 32. 27/03/195? Telegrama de Paulo Peltier de Queiroz, Diretor Superintendente da Comissão Vale do São Francisco para prefeito OLP

Projeto abastecimento de água

Correspondência 33. 01[?]/02/195?

Telegrama da Cia. Vale do São Francisco para prefeito OLP

Abastecimento de água

Correspondência 34. 29/05/1957 Telegrama de Adhemar Mendes para OLP Reunião de vereadores Correspondência 35. 05/1957 Telegrama de Adhemar Mendes para OLP Jornal 36. 28/11/1963 Recorte do Jornal Minas Gerais Página 6 Panfleto 37. Fev/1949 Panfleto ”Ao eleitorado do município de São Tiago” Impresso. O diretório local do PSD

apresenta seus candidatos para a primeira eleição municipal.

Folha de pagamento

38. Abril/1956 Folhas de pagamentos de operários que trabalharam na construção da sede do comitê.

Manuscrito, 02 fls.

Correspondência 39. 19/11/1952 Carta de OLP para delegado Regional do Imposto de Renda

Datilografado, cópia-carbono. Cancelamento de inscrição da empresa Força e Luz de São Tiago, a prestação destes serviços passou a ser feita pela

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municipalidade. Correspondência 40. 1949 Carta de aposentados e pensionistas de Institutos

Previdenciários de MG para Presidente Datilografado. 05 fls, com várias inscrições cuja caligrafia parece ser de OLP

Panfleto/livreto 41. 1933 Política Municipal: Explicação aos correligionários do Município de Bom Successo, por OLP

Impresso, 26 páginas. Política municipal de Bom Sucesso, A respeito de telegramas de políticos importantes diz que não os mostrou ao Prefeito de Bom Sucesso para que “não interpretasse o meu gesto como o de quem quer ser importante” (p.2) “Você sabe que, em matéria política, não transijo e nem entro em accordos”. P.4 “Possuo, sou o primeiro a reconhecer, o maior dos defeitos, fonte de todos os outros: é ser liberalíssimo, sincero, dedicado...defendo sempre os interesses collectivos” p. 5. Bento Castanheira, o prefeito, diz de OLP: “disciplina partidária, é cousa que V. S. pouco respeita, sempre que pensa poder exhibir-se e mostrar a importância que presume ter”p. 10

Revista 42. Maio/54 Revista Social Trabalhista, BH, Páginas 35 a 38. Administração de São Tiago.

Mensagem 43. 27/02/1954 Mensagem n.4/54 do prefeito OLP à câmara de São Tiago Datilografado, cópia carbono Diploma 44. 1954 Diploma de participação no III Congresso Nacional de

Municípios

ENVELOPE COM O TIMBRE DO PARTIDO REPUBLICANO – DIRETÓRIO DE SÃO TIAGO.

45. 26/10/1956 Carta de Abgar Renault, Secretário da Educação MG, para OLP

Datilografado.

46. 27/05/1953 Carta de Mário Hugo Ladeira, secretário de Estado de Saúde e Assistência, para o prefeito OLP

Datilografado.

47. 02/10/1959 Carta do Eng. Randopho Trindade Filho, Diretor do DERMG, para o prefeito OLP

Datilografado.

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48. 18/05/1957 Cartão de J. Pimenta da Veiga, chefe de Gabinete do Governador de MG, para OLP

Datilografado.

49. 13/01/1957 Carta de Sebastião Morais para OLP Manuscrito, “como o nosso ‘amigo Pererinha’ só cuida de fazer o mal e de fazer perseguições, aviso-lhe que ele está aí em B.Hte. Quem sabe há alguma vítima?”.

50. 01/08/1956 Carta de Geni para OLP Manuscrito, Nomeação, “prestígio do senhor junto as autoridades de nosso Estado”

51. 26/06/1958 Carta de Joaquim Vivas da Mata (Zizi) para OLP Manuscrito. 03 fls. Zizi diz estar cansado com a política, e solicita que OLP volte a São Tiago para ser candidato.

Correspondência 52. 04/11/1952 Cartão de Colombo Etienne Arreguy, chefe de gabinete do Secretário da Educação, para OLP

Manuscrito, c/envelope.

Correspondência 53. 12/05/1948 Carta de Antonio Castanheira Carvalho para OLP Manuscrito, política. Correspondência 54. 03/10/1952 Carta de (?) para OLP Manuscrito, política. Correspondência 55. 30/01/1957 Carta de Nilda para OLP Manuscrito. Férias-prêmio de funcionária. Correspondência 56. 26/04/1957 Carta de Abgar Renault. Secretário da Educação MG,

para OLP Datilografado.

Correspondência 57. 20/01/1964 Carta de Geraldo Campos, de São Brás do Suaçuí, para OLP

Datilografado. Remoção de funcionária pública. “já tendo conhecimento do grande prestígio que V, Sa, tem com as autoridades do Estado”.

Correspondência 58. 07/07/1955 Cartão de José Francisco Bias Fortes para OLP Agradece “Marcha pró-Bias”. Correspondência 59. s/d Carta de OLP para Tancredo Manuscrito, com inscrição indicando que

é uma cópia. 03 fls. Comenta boatos a respeito de Tancredo assumir Chefia da Casa Civil da República.

Correspondência 60. 24/08/1952 Telegrama de OLP para Gov. Juscelino Kubitschek Cópias-carbono datilografadas, OLP informa que foi escolhido como candidato a prefeito,

Correspondência 61. Telegrama de OLP para José Francisco Bias Fortes. Correspondência 62. Telegrama de OLP para Deputado Benedito Valadares Correspondência 63. Telegrama de OLP para Dep. Tancredo Neves

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Correspondência 64. Telegrama de OLP para Dr. Augusto Viegas Correspondência 65. 15/03/1972 Carta de OLP, secretário do Comitê, para Comissão pro-

agência bancária em São Tiago. Manuscrito.

Correspondência 66. 16/09/1966 Telegrama de José Bonifácio para OLP Rodovia Correspondência 67. Maio/1970 Carta de OLP, secretário do Comitê, para o governador

Rondon Pacheco Datilografada, com várias correções de OLP. Rodovia Divinópolis-SJDR.

Correspondência 68. 19/05/1958 Carta do Monsenhor Fco. Eloi de Oliveira para OLP Manuscrito. Ginásio, verbas, iluminação em Mercês de Água Limpa

Correspondência 69. 16/10/1956 Carta do Monsenhor Fco. Eloi de Oliveira para OLP Manuscrito. Comenta atos do Prefeito “Pererinha” em Mercês de Àgua Limpa. Documentos 68 e 69 estão em um mesmo envelope.

Correspondência 70. 18/09/1952 Cartão do dep. Augusto Costa, PSD, para OLP. Datilografado. Correspondência 71. 31/12/1957 Carta de Francisco de Assis Sobrinho para OLP Manuscrito. Política. Panfleto 72. s/d Panfleto com Marcha pro-Bias. Impresso. Propaganda eleitoral de Bias

Fortes Correspondência 73. 04/05/1963 Cartão de Constantino Dutra Amaral, secretário particular

do Governador de Minas, para OLP Datilografado. Outra pessoa assina pelo secretário.

Correspondência 74. 03/06/1967 Cartão de J. Pimenta da Veiga, chefe de Gabinete do Governador de Minas Gerais, para OLP

Datilografado, rodovia Oliveira-SJDR.

Correspondência 75. 13/03/1957

Carta do dr. Josaphat Macedo ao Governador Bias Fortes Datilografado. Cópia. Ruralistas, imposto territorial

Correspondência 76. 13/03/1957 Carta do Governador Bias Fortes ao Dr. Josaphat Macedo Datilografado. Cópia. Responde à carta anterior

Correspondência 77. s/d Panfleto: Considerações em tôrno do Impôsto Territorial, de Josaphat Macedo

Impresso, transcrito de “O Diário”, de 09/4/1957). Documentos 75 e 77 estão reunidos.

Correspondência 78. 12/09/1952 Carta da AEG-Cia Sul-Americana de Electricidade para OLP

Datilografado. Projeto da nova usina hidroelétrica.

Livro 79. 1949 Constituição do Estado de Minas Gerais de 1947 e Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946, Imprensa Oficial de Minas Gerais

Termo de recebimento

80. 08/02/1952 Termo e [sic] recebimento de bens e valores pertencentes ao patrimônio municipal

Datilografado. Cópia-carbono, OLP passa bens e valores para o novo prefeito

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Correspondência 81. s/d Carta de Gentil Palhares ao “Ilustre poeta” OLP Datilografado. Correspondência 82. 24/06/1958 Carta do Bispo Dom José Medeiros Leite para OLP. Manuscrito. Linhas telegráficas. Discurso 83. 08/02/1954 Discurso proferido em homenagem a OLP, patrono do

Clube de Leitura da 4ª série da do Grupo Escolar de São Tiago.

Manuscrito, 02 fls (tiras de papel) (caligrafia de Ilza Rosa Pacheco?)

Correspondência 84. 1953 Carta dos membros do Clube de Leitura do Grupo Escolar de São Tiago para OLP.

Manuscrito. OLP patrono do Clube de Leitura. Documentos 83 e 84 dentro do mesmo envelope.

Correspondência 85. 06/03/1956 Carta de OLP para o prefeito José Resende Santiago Datilografado, cópia-carbono. OLP requer enfaticamente resposta do prefeito sobre solicitação que fez de documentos e termina escrevendo em caixa alta: “É PARA SATISFAZER O DESEJO DE POSSUÍ-LAS E, OPORTUNAMENTE, SE NECESSÁRIO, FAZER DELAS O USO QUE ME CONVIER, SEM PREVIA AUDIÊNCIA DE QUEM QUER QUE SEJA”

Correspondência 86. 06/03/1956 Carta de OLP para prefeito José Resende Santiago. Datilografado, cópia-carbono. Carta semelhante ao documento 85, com mesma data.

Recurso jurídico 87. 08/10/1956 Recurso ordinário junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Datilografado, cópia-carbono, 07 fls. Contra revogação da lei do plano urbanístico da gestão municipal de OLP.

Correspondência 88. 11/01/1947 Telegrama de Benedito Valadares para Edgar Magalhães Cópia ou rascunho? Anexo Bilhete de Edgar para OLP

Correspondência 89. 05/10/1953 Bilhete do engenheiro J. Carvalho Lopes para prefeito OLP

Manuscrito. Poço artesiano

Correspondência 90. 31/10/1956 Carta de Dorotéa Gaudêncio de Morais para OLP Manuscrito. Remuneração de funcionária pública.

Correspondência 91. 23/09/1956 Carta de Dorotéa Gaudêncio de Morais para OLP Manuscrito. DOCUMENTOS 90 E 91 EM MESMO ENVELOPE.

Correspondência 92. 21/10/1952 Telegrama (recibo) de OLP para Tancredo Posto de saúde. Correspondência 93. 09/10/1958 Telegrama Geraldo Praxedes para OLP Cumprimentos por vitória em eleição

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Correspondência 94. 07/10/1958 Telegrama Antonio Belfort para OLP municipal Correspondência 95. 09/10/1958 Telegrama Geraldo Praxedes para OLP Correspondência 96. 07/10/1958 Telegrama Tomas para OLP Correspondência 97. Set/1953 Telegrama de Demerval Pimenta, administrador da RMV,

para prefeito OLP

Correspondência 98. [?] Telegrama de OLP para Ministro da Justiça Tancredo Neves

Rascunho. Indicação de funcionário para posto de saúde.

Correspondência 99. 10/08/1953 Telegrama de Tancredo Neves para prefeito OLP Emenda criando posto telegráfico em São Tiago.

Correspondência 100. 03/08/1954 Telegrama de Ovídio Abreu para OLP “conhecedor seu prestígio e possibilidades eleitorais nessa próspera zona”, solicita apoio para campanha eleitoral.

Correspondência 101. Telegrama de Walter para OLP Correspondência 102. 1948 Telegrama de Edgar para OLP Correspondência 103. 1948 Telegrama de Castanheira para OLP Correspondência 104. 22/02/1958 Carta de José Jacinto Lara para OLP Manuscrita, “São Tiago tudo velho. Só o

Pereira continua com suas besteiras como sempre”.

Correspondência 105. 02/11/1954 Carta de Francisco Marcos para OLP Manuscrito. Correspondência 106. 12/06/1958 Carta do Mons. Fco. Elói para OLP Manuscrita, Diante da proximidadedas

eleições para deputado escreve: “Seria bom que o senhor não retardasse muito a sua vinda, afim de se abrirem melhores horizontes, no panorama geral do município” “Mas depois das demarches ai, é preciso o senhor vir por aqui, pois as saudades ferem os corações dos amigos”.

Jornal 107. 19/05/1955 Recorte do Jornal Diário de Minas, BH, p.5 Comitê de Melhoramentos de São Tiago e OLP

Jornal 108. 20/6/1956 Recorte de jornal “Encontra-se na capital o Sr. Leal Pacheco, ex-prefeito de São Tiago”

Jornal 109. 30/03/1957 Recorte de jornal Diário Oficial? Sobre recurso do prefeito

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José Resende Santiago. Correspondência 110. 28/11/1938 Carta de Agenor de Senna para OLP Datilografado. Correspondência 111. [?] Telegrama de OLP para Dr. Edgar Magalhães Recibo de telegrama Correspondência 112. 08/11/1950 Carta do Dep. Júlio de Carvalho para OLP Datilografada. Eleição para deputado. Correspondência 113. 17/06/1956 Carta de Maria do Rosário Santiago para OLP Manuscrito, indicação para cargo público. Correspondência 114. 17/4/1954 Carta de Pedro Aleixo para OLP Datilografado, 02 fls. c/envelope.

“Vivamente empenhado na campanha que se anuncia e sinceramente convencido de que os bons cidadãos , em hora de tanta perplexidade e de tantos riscos para a democracia, devem unir-se para o bom combate, considerei ser meu dever enviar algumas palavras a diversos mineiros de velha têmpora, entre os quais, pelo conhecimento que o convívio em outras lutas me propiciou , tenho sempre presente na memória seu nome. Se algumas vêzes temos lutado em campos opostos, nem por isso, de minha parte, sofreu qualquer restrição o conceito em que o tenho e até, ao contrário, posso afirmar que as vicissitudes adversas mais ainda consolidaram aquele conceito”. Segue pedindo para considerar nomes dentro da legenda udenista “Para dizer-lhe uma palavra franca, continuo considerando que o maior inimigo do regime democrático é exatamente quem, graças à fidelidade aos princípios nesse regime constituídos, depois de apeado do poder ditatorial, voltou à chefia da Nação pelo voto equivocado de relativa maioria do colégio eleitoral.”

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Correspondência 115. 02/08/1957 Cartão de Tancredo Neves para OLP Datilografado. Remoção de funcionário. Correspondência 116. 17/06/1957

Carta de José Belém Barbosa para OLP Datilografado. Remoção de funcionário

(genro de Belém) Correspondência 117. 13/06/1957 Carta de José Belém Barbosa para OLP Manuscrito. Correspondência 118. 05/04/1954 Carta da comissão organizadora III Congresso Nacional

de Município para OLP Datilografado. Inscrição de OLP no congresso.

Correspondência 119. 14/06/1965 Carta o dep. Fed. Gilberto Faria para OLP Datilografado. Obras públicas. Correspondência 120. 25/12/1952 Carta de OLP, prefeito, para governador Juscelino

Kubitschek Manuscrito, rascunho. 02 fls. Nomeação de médico.

Correspondência 121. 23/01/1954 Telegrama de OLP, prefeito, para governador JK Cópia-carbono datilografada, nomeação de médico.

Correspondência 122. 23/01/1954 Telegrama de OLP, prefeito, para Mario Hugo Ladeira, Secretário da Saúde e Assistência de MG,

Cópia-carbono datilografada, nomeação de médico.

Correspondência 123. 29/11/1957 Carta do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Manuscrito, 02 fls. Ginásio Santiaguense. Correspondência 124. 11/01/1955 Carta de (?) para OLP Datilografado. Correspondência 125. s/d Carta de OLP, secretário do Comitê, para Júlio Ferreira de

Carvalho, deputado estadual Manuscrito, 04 fls. O Comitê coloca-se contra a criação do distrito de Mercês de A. L. no momento em que São Tiago pleiteia emancipação.

Manifesto [?] 126. s/d Razões que desaconselham a criação do distrito de Mercês de Água Limpa pertencente ao futuro município de São Tiago

Este documento e a carta anterior devem ser de data anterior a dezembro de 1948.

Notas fiscais, de consumo, recibos

127. Dec. 1970 Notas fiscais, notas fiscais ao consumidor e recibos de material de construção em nome de OLP.

62 documentos.

Correspondência Documentos dentro de envelope cujo remetente é Vigário de São Tiago.

128. s/d Cartão do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Cemitério, Morro do Ferro. 129. 08/11/1957 Carta do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Manuscrito, 02 fls. Estrada de ferro, obras

sociais, biblioteca paroquial e municipal etc. “Soube da última reunião da Camara? Que decepção para o prefeito; toda a Camara contra êle. Se perdoar as injustiças é uma obra de misericordia, castigar os que erram, é outra também, igual à primeira!”

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130. 03/11/1956 Carta do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Manuscrito, 05 fls. Ginásio Santiaguense, Bandas de Música, Ferrovia, Correios. “Somos idealistas e entusiastas pelo nosso S. Tiago!. Pena é que seja tão forte a tempestade do atual governo municipal!”

131. 04/11/1958 Carta do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Manuscrito. Ginásio Santiaguense 132. 21/02/1957 Carta do Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Manuscrito. Ginásio \santiaguense.

Jornal 133. 15/05/1968 Recorte do Jornal Estado de Minas Crônica “Assembléia Geral” Recibos 134. 1973 Recibos de diárias hospitalares de OLP 04 recibos Jornal 135. 17/5/1968 Jornal “O Jornal” Páginas 3 a 6. 02 fls. Incompleto.

Diversas notícias assinaladas Livro 136. 1965 Normas de contabilidade, DAM/Secretaria de Estado do

Interior e Justiça,

Poema 137. s/d Poemas de OLP “Aleluia” e “Fé” Cópia carbono datilografada Correspondência 138. 15/12/1949 Carta de Agenor de Senna para OLP “qual o motivo do seu silêncio, tão

completo e demorado?” Revista 139. Set/1953 Revista Social Trabalhista, ano XV, n. 68, BH São Tiago e OLP p. 25 Livro 140. s/d Livro: Corações Generosos, conto, de Bice Braggio PASTA CINZA – PASTA DOS POEMAS

141. s/d Poema de OLP: Saudade, ao poeta mogiano Melo Freire Manuscrito 142. Out/1931 Poema de OLP: Desejo, a uma telefonista Datilografado 143. s/d Poemas de OLP: Saudades da Terezinha

e “Odette” Datilografado. O primeiro poema seria de 1931 e o segundo de 1918.

144. s/d Poema: Esta vida, de Guilherme de Almeida Cópia manuscrita por OLP, 02 fls 145. s/d Poema: As duas sombras, de Olegário Mariano Cópia manuscrita por OLP 146. s/d Poema de OLP: Ultimo batizado de Frei Orlando Manuscrito (cópia ?) 147. 22/09/1958 Poema: Soneto, Asterack Germano de Lima Datilografado. 148. s/d Poema: Num leque Datilogrado, sem autor. 149. s/d Poema: Borboleta Azul, ao meu amigo Mozart Novais

Autor: Asterack Germano de Lima Datilografado.

150. 08/12/1965 Poema: Despedida, de Asterack Germano Filho Datilografado 151. 1963 Planta: Projeto para construção de uma residência à rua

Viegas, Santiago [sic]

152. 06/12/1964 Recorte de Jornal com poema o Vale, de Olavo Bilac

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153. Set/1964 Poema de OLP: Saudade, ao caro amigo, poeta Melo Freire

02 cópias carbono, datilografadas

154. 1957 Certidão emitida por escrivão criminal Impresso. 155. s/d Poemas: “A vida!” e “Instantâneo”, de F. A. Pitanguy Datilografado 156. s/d Poema: Os Três olhares de Maria, de Emilio de Menezes Cópia manuscrita por OLP 157. Dez/1963? Recorte de Jornal do poema: Ode a São João del Rei, de

Asterack Germano de Lima

158. s/d Poesia de OLP: Hino à mocidade brasileira. À passagem do 7 de setembro

Manuscrito, 02 fls

159. s/d Poema: Boemia triste Sem autor (de OLP?) 160. s/d Recorte de jornal com poemas: Soneto, de Abgar Campos

Tirado, e Crepúsculo, de Álvaro Vianna Filho

161. s/d Recorte de jornal com poema: Confidência, de Álvaro Vianna Filho

Poema com data de 25/08/1972

162. s/d Recorte de jornal Ponte da Cadeia com poema: Por que senhor?, de Álvaro Vianna Filho, da Academia de Letras de SJDR

163. s/d Poema : Palavras de minha mãe, Olegário Mariano Cópia manuscrita por OLP 164. s/d Recorte de jornal com poema: O criador e sua obra, de

Álvaro Vianna Filho

165. s/d Recorte de jornal: trovas de autores diversos 166. Nov/1973 Jornal Lar Católico -Suplemento litúrgico 04 fls. 167. s/d Panfleto da “Marcha Pro-Bias” Impresso 168. s/d Página de jornal Com poema História de um cão, de Luis

Guimarães Júnior

169. 23/05/1975 Certidão de óbito de OLP Faleceu em 23/5/1975, no Rio de Janeiro, profissão: securitário, aos 83 anos, de enfarto agudo do miocárdio, cardioesclerose.

170. - Certidão de óbito de OLP Fotocópia. LIVRO CAPA PRETA “OLP

171. 31/08/1934 Panfleto: Ao povo de São Thiago Impresso, 02 exemplares. Diretório do Partido Progressista, “quer queiram ou não os nossos

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EMPREEN DEDOR”

adversários, a actual organização politica de São Thiago é a que mais beneficios lhe trouxe, a que mais o elevou fóra de suas fronteiras, tornando-o conhecido por meio da propaganda fallada e escripta.

172. Década de 1940

Prospecto para a venda de lotes de terreno destinados á constituição de uma grande Sociedade Nacional, para a construção da “Cidade Parque Industrial e Residencial Brasileiro”

Datilografado, 05 fls, cópia-carbono. Nesse documento são oferecidos lotes no município de Paraíba do Sul, tendo em vista a constituição do Parque industrial e residencial. “A companhia ou Sociedade em organização além do Parque residencial, tem como principal objetivo instalar em suas imediações um grande parque industrial destinado ao fabrico de máquinas em geral, principalmente máquinas e ferramentas para a Lavoura...” Tal projeto é benéfico para a economia nacional porque contribui para “diminuição na balança de importação de máquinas agrárias..” Documento interessante. Redigido por OLP?

173. Ago/1936 Certidão de Registro e cancelamento de registro de firma Manuscrito, Certidão de registro e baixa de firma Palumbo e Matta e Pacheco e Matta (ou Mattar?)

174. 29/08/1919 Projeto de criação da Companhia de Viação Norte São Paulo (The North St.. Paul Railway Co.)

-Datilografado, como várias anotações/correções com a caligrafia de OLP. Inclui: Mapas e Tabela. -Construção, exploração e uso de serviço de transporte ferroviário e bondes e criação de companhia de viação na região de Mogy das Cruzes, Sallesopolis e Santa Isabel e outras cidades.

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175. 1919 Prospectos da Cia. De Viação Norte São Paulo (The North St.; Paul Railway Co.)

Praticamente o mesmo conteúdo do anterior. -A firma OLP e Co. já detinha concessões de linhas de bonde e férreas em Mogy das Cruzes, Sallesopolis e Santa Izabel.

176. 22/06/1919 Jornal “A Vida”- Orgam do Partido Republicano Governista, Mogy das Cruzes, n.578

Notícia sobre início da construção de linhas de bonde em Mogy das Cruzes. No discurso em cerimônia, Eduardo da Gama Cerqueira “salienta a perserverança, a intelligencias e persidade do Sr. Octavio Leal Pacheco que ha alguns anos já se dedica a esse empreendimento” “Trocaram-se, então, ao champagne, vários brindes: do senhor Octavio Pacheco às autoridades do municipio e à familia mogyana”

177. 30/05/1919 Jornal Correio Paulistano Notícia sobre construção das linhas de bonde em Mogy das Cruzes

178. 1918 Termo de concessão para assentamento de linhas de bonde e transporte de passageiros e cargas, de que são consignatários OCTAVIO LEAL PACHECO & CIA.

-Cópia datilografada, de documento de 1914. 09 fls. Inclui outros documentos além do termo de concessão. A prefeitura de Mogy das Cruzes concede a firma OLP e Cia. Concessão de exploração por 20 anos das linhas de bonde.

179. 10/09/1919 Escritura de contrato de concessão, exploração, uso e gozo de linhas férreas

Traslado. Manuscrito, 09 fls. Contrato entre prefeitura de Sallesopolis e OLP e Cia.

Envelope com inscrição: Leal Pacheco Documentos e

180. 15/06/1965 Carta de OLP, pelo Comitê, para delegado fiscal do Tesouro Nacional

Datilografado. Cópia-carbono, 02 fls. Coletoria (exatoria federal)

181. 15/06/1965 Carta de OLP, pelo comitê, para delegado fiscal do Tesouro Nacional

Manuscrito, rascunho do documento 180.

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recibos Reforma das instalações hidro-elétricas de São Tiago.

182. Envelope Retes

serviços fotográficos,

Belo Horizonte: Fotografias sem datas Fotos e

negativos de construção da Usina

Hidrelétrica de São

Tiago, de ruas de São Tiago e outras. s/d

Foto, p&b, No verso: Uzina de S. Thiago. Prolongamento do 4º tombo da “cachoeira do Vigia

183. Foto, p&b. No verso: Uzina de S. Thiago. 4º tombo da “cachoeira do Vigia

184. Foto, p&b. No verso: 1º Entrada do canal e barragem, vendo-se acima, o primeiro tombo não aproveitado. Uzina de São Thiago;

185. Foto, p&b. No verso:...5 Construção da Usina de São Tiago. 186. Foto, p&b

187. Foto, p&b. 188. Foto, p&b 189. Foto, p&b 190. Foto, p&b 191. Foto, p&b [sépia?] No verso: 2

Construção da barragem da Usina hidroelétrica de São Tiago, trabalhadores.

192. Foto, p&b. [sépia?] 193. Foto, p&b [sépia?] 194. Foto, p&b [sépia?] 195. Foto, p&b [sépia?] 196. Foto, p&b [sépia?] 197. Foto, p&b [sépia?] 198. Foto, p&b No verso: Uzina de São Thiago, parte

inferior da “cachoeira do Vigia” 199. Foto, p&b No verso: Uzina de São Thiago, 2º tombo

da cachoeira do “Vigia” 200. Foto, p&b No verso: Uzina de São Thiago, 3º tombo

da ‘cachoeira do Vigia” 201. Foto, p&b No verso: Uzina de São Thiago,

Penúltimo tombo da “Cachoeira do Vigia”, ao lado fica a casa das máquinas.

202. Foto, p&b No verso: 23. Construção da barragem 203. Foto, p&b.

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204.

Foto, p&b 205. Foto, p&b, Casa, verso: 82 206. Foto, p&b, Rua de São Tiago, verso: 06

(Rua Pe. José Duque de Siqueira?) 207. Foto, p&b, Casa, verso: 06 208. Foto, p&b, Construção, verso: 06. (Salão Paroquial

de São Tiago) 209. Foto, p&b Casa, verso: 06 , residência em São Tiago. 210. Foto, p&b, Verso: 06

Foto da esquina entre a Pça Ministro Gabriel Passos e atual Rua Teófila Navarro.

211. Foto, p&b, Casa em construção, verso: 06 (casa de Nilda Reis)

212. Foto, p&b, Rua de São Tiago, verso: 06 213. Negativo Negativos de fotos da Usina Hidrelétrica

de São Tiago 214. Negativo 215. Negativo 216. Negativo 217. Negativo 218. Negativo 219. Negativo 220. Negativo 221. Foto p&b. OLP sobre trilhos de ferrovia. No verso:

Casa Filme – Juiz de Fora 222. Foto, p&b. Inscrição sobre a imagem: Corte sobre

rocha, na estrada de Bom Sucesso a Ibituruna e São João d’El Rey No verso, a lápis: “Fala grosso miserave” e impresso Foto A. Luiz.

223. Postal, p &b. Bom Sucesso, Oeste de Minas, Rua dos Passos

224. 11/04/1951 Cartões comemorativos dos 60 anos de sacerdócio de Pe. 03 exemplares

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José Duque de Siqueira 225. Década de

50? Anotações: Para o nosso programa 03 folhas manuscritas. Projetos pra

compor o programa político de campanha eleitoral.

226. 14/09/1942 Carta de Carlos Luz para OLP Datilografado. Nomeação de juiz. 227. 13/10/1933 Carta de Carlos Luz pra OLP Datilografada. Respondendo a carta em

que OLP solicita de Luz uma palavra a respeito dele OLP, Luz diz: “Nas diversas vezes em que conversamos, tive a oportunidade de reconhecer o seu cavalheirismo, lealdade e dedicação ao município, para o qual trabalhava desinteressadamente...”

228. 01/03/1934 Carta de Carlos Luz para OLP Datilografado. Agradece por terem dado seu nome á ponte sobre rio Jacaré.

229. 03/02/1947 Ofício do prefeito de Bom Sucesso, Francisco Sales de Freitas, para OLP

Datilografado. Criação de Liga de Defesa da Democracia Brasileira no distrito de São Tiago.

230. 02/04/1934 Telegrama do Min José Américo para secretário da Agricultura Israel Pinheiro

Cópia datilografada.

231. 1926 Parecer do Senado Federal n. 632 Impresso, Ramal ferroviário até São Tiago. Os documentos 226 A 231 estão em um mesmo envelope.

232. s/d Recorte de jornal com poema Angustia!, de Olemar Dias Coelho.

233. 27/05/1947 Jornal Minas Gerais – Diário da Assembléia 01 folha. Abastecimento de água na Vila de São Tiago.

234. 02/04/1959 Cartão de Antonio Braga, Juiz de Direito, Pouso Alegre, para OLP

Manuscrito. Felicita OLP por eleição para prefeito de São Tiago, “que afinal ficou livre dos desatinos do famigerado ‘Pererinha’, homem sem as qualidades necessárias para dirigir um município”

235. 30/11/195? Telegrama de Pedro Paulo Drumond, secretário particular Ponte.

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(do Governador?), para prefeito OLP 236. 09/11/1960 Carta de (?) para OLP “Não posso viver isolado completamente

de notícias dos bons amigos. Eis o motivo de me dirigir a você hoje, para ter uma palavra sua, convidando-o a vir aqui quando puder, pra nos encontrarmos e muito conversarmos”

237. 1951 BRAGA, Antônio. Bom Sucesso e sua evolução, 1951 Pequeno livro da história da cidade de Bom Sucesso.

238. s/d Foto p&b, 8,5x12 cm No verso: n. 3. Vila Ozanan em São Tiago

239. Dez/1955 Cartão de José Francisco Bias Fortes Datilografado. C/envelope. 240. 22/09/1935 Jornal Minas Geraes. Páginas 9 e 10. 241. 23/05/1953 Carta de Juarez de Sousa Carmo, secretário de agricultura,

para OLP Datilografado. Posse de OLP. C0 envelope

242. 30/04/1953 Carta de Odilon Behrens para OLP Datilografado. Posse de OLP 243. 16/11/1952 Cartão de Júlio Ferreira de Carvalho, advogado geral do

Estado de MG, para OLP Manuscrito, c/envelope. Eleição de OLP.

244. 18/04/1953 Cartão de Maria José Fonseca para OLP Manuscrito, c/envelope. Posse de OLP 245. 16/05/1953 Carta do Bispo Dom José Medeiros Leite, Oliveira, para

OLP. Datilografado. c/envelope. Posse de OLP.

246. 17/04/1953 Cartão de Agenor de Senna para OLP Datilografado. Cumprimenta OLP pela posse.

247. 06/09/1952 Cartão de J. F. Bias Fortes para OLP Datilografado. OLP candidato a prefeito. 248. 16/04/1953 Cartão de J. F. Bias Fortes para OLP Datilografado. Posse, c/envelope. 249. 27/09/1953 Jornal Diário do Comércio, de SJDR. 02 páginas. 250. 19/07/1952 Carta de Odilon Behrens, gabinete do secretário de estado

de educação, para OLP Datilografada. Nomeação de professores

251. 10/09/1953 Telegrama do bispo d. José para OLP 252. 10/09/1953 Telegrama do dep Ovídio de Abreu para prefeito OLP 253. 04/07/1953 Telegrama de Tancredo Neves para pref. OLP 254. 05/02/1955 Telegrama do governador JK para OLP No momento em que OLP deixa

prefeitura, JK agradece “útil e valiosa

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colaboração governo Estado” 255. Jul/1961 Telegrama de Araújo Cavalcanti, Gabinete Civil da

presidência da República, para pref. OLP Audiência de OLP com presidente

256. 07/07/1961 Telegrama de Araújo Cavalcanti, Gabinete Civil da presidência da República, para pref. OLP

257. 10/1958 Telegrama de Caio Takito, subchefe casa civil da presidência da República, para OLP

258. 19/04/1953 Telegrama de Odilon Behrens para OLP Posse de OLP. 259. 21/04/1953 Telegrama de Edgar Magalhães para pref OLP Posse de OLP. 260. 21/04/1953 Telegrama de José Navarro para pref OLP Posse de OLP. 261. 29/04/1953 Telegrama de Mario Hugo Ladeira para pref. OLP Posse de OLP. 262. 17/09/1957 Jornal O Globo, recorte “Mais uma voz contra o nacionalismo” 263. 18/04/1953 Programa da posse dos novos vereadores, prefeito e vice-

prefeito de São Tiago Impresso, dois exemplares.

264. 31/08/1962 Carta de Mons. Francisco Elói de Oliveira para OLP Lactário. 265. 02/09/1962 Telegrama de ..... para OLP Recibo de telegrama 266. 18/04/1953 Telegrama de Augusto Costa para OLP Posse de OLP. 267. 18/04/1953 Telegrama de Augusto Viegas para OLP Posse de OLP. 268. 20/04/1953 Telegrama de Colombo Arreguy chefe de gabinete do

secretário de educação de MG, para OLP Posse de OLP.

269. 18/04/1953 Telegrama de Júlio de Carvalho para OLP Posse de OLP. 270. 20/04/1953 Telegrama de Tancredo Neves para OLP Posse de OLP. 271. 1952 Telegrama de Geraldo Starling Soares para OLP Posse de OLP. 272. Ago/1946 Relatório Técnico de Engenheiro para a Empresa Força e

Luz Santiaguense Datilogrado. Cópia, 02 fls. Relatório técnico do Engenheiro Edmundo Loures a respeito da usina hidroelétrica.

273. s/d Carta de OLP para Presidente Getúlio Vargas Cópia, datilografada. 02 fs. OLP pede para ser nomeado para cargo público.

274. 15/5/1934 Carta do superintendente de viação de MG para Antonio das Chagas Viegas

Datilografado. Estrada SJDR - São Tiago - Morro do Ferro.

275. 1947 Parecer sobre projeto 399 de 1947 Datilografado, cópia-carbono, 05 fls. Parecer de deputado da Assembléia Legislativa de MG. Estrada, ferrovia.

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276. 30/08/1953 Jornal “O Correio”, SJDR, n 2663 02 fls. 02 exemplares. 277. 21/05/1961 Telegrama do Dep. Bento Gonçalves Filho para OLP OLP candidato a deputado estadual pelo

Partido Social Progressista 278. 1961 Telegrama de João de Freitas, Juiz de Direito, para pref

OLP Instalação do distrito de Mercês A. Limpa

279. 18/02/1962 Telegrama do dep. Bento Gonçalves Filho para OLP Reestruturação do PSP 280. 22/05/1962 Telegrama do dep, Bento Gonçalves Filho para OLP Convenção estadual do PSP 281. 18/02/1953 Telegrama de Bento Gonçalves para OLP 282. 21/03/1945 Nota promissória assinada por OLP no valor de 6000

cruzeiros 283. 09/12/1952 Nota promissória Assinada por OLP no valor de 5000

cruzeiros 284. 05/01/1953 Nota promissória Assinada por OLP no valor de 1500

cruzeiros 285. 10/01/1951 Nota de empréstimo Contraído por OLP com Antonio

Procópio Resende no valor de 6.400 cruzeiros

286. Dez/1947 Nota de empréstimo Contraído por OLP com José Wanderley Lara no valor de 3.400 cruzeiros

287. Nov/1953 Jornal “A Sentinela”, São Tiago, n. 1 02 fls, 05 exemplares.

288. 13/05/.... Propaganda de espetáculo teatral no Cine-Teatro Odeon de São Tiago

Comédia Hotel dos Amores, um dos atores era OLP. 07 exemplares

289. 09/05/1953 Jornal “O Juvenil”, Bom Sucesso 02 fls. Nota sobre posse de OLP 290. 23/01/1949 Jornal “Gazeta de Paraopeba”, Paraopeba, MG Instalação do município de São Tiago,

cita OLP, 02 fls. 291. 15/10/1953 Jornal “O Juvenil”, Bom Sucesso, n 2.577 Cita participação de OLP na semana do

ruralista de Santo Antonio do Amparo 292. 25/08/1953 Jornal “Diário do Comércio”, SJDR, n. 4.623 03 fls. OLP em SJDR. 293. Dec.40 Recibos, notas fiscais, pagamentos de impostos Cerca de 120 documentos referentes a

notas e pagamentos efetuados pela empresa Força e Luz Santiaguense, Pacheco e Matar.

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294. 12/11/1952 Carta de Agenor de Senna para OLP Datilografado. Eleição de OLP, que recebeu menos votos do que o vice-prefeito, fala em traição. “Não se incomode, pois a política, como sabe muito bem, continúa, cada vez mais, cheia de dissabôres e ingratidões”.

295. s/d Telegrama (recibo?) de Cristiano (?) para OLP Nomeação de professores, política 296. s/d Telegrama (recibo?) de Cristiano (?) para OLP

297. s/d Telegrama (recibo?) de Afonso Pena Júnior para OLP 298. 10/07/1925 Telegrama (recibo?) do dep. Basílio Magalhães para OLP 299. 12/08/1951 Carta de OLP, para prefeito e vereadores de São Tiago Datilografado. Cópia carbono. Reformas

nas instalações hidroelétricas de São Tiago

300. s/d Carta de (Benedito Valadares?) para OLP Banda de música Santa Cecília. 301. Abril/1931 Certidão emitida pela Prefeitura de Bom Sucesso Manuscrito, 04 fls. Certidão dos projetos

apresentados por OLP e os aprovados, quando era vereador pelo distrito de São Tiago.

302. 27/10/1952 Panfleto: Ao povo de São Tiago Impresso. OLP programa de governo de sua 1ª candidatura a prefeito pelo PSD. Impresso, 02 exemplares.

303. 12/11/1933 Título de Ação em sociedade recreativa “Club dos “70”, em Bom Sucesso

Ação em nome de OLP.

304. s/d Relação de pagamentos feitos em São Tiago, para a dissolução da firma Pacheco e Matta e reformas nas instalações hidroelétricas d’aquela vila.

Manuscrito, 02 fls.

305. 21/10/1952 Telegrama do governador JK para OLP Acusa recebimento de telegrama 306. s/d Discurso de posse no primeiro mandato de OLP Manuscrito, caligrafias de Ilza Rosa e de

OLP. Força e luz, progresso, Getúlio, marchemos para um porvir mais luminoso, diz que perdoa os inimigos e adversários tudo em nome de São Tiago

Revista 307. 1980 Revista Manchete Especial – Papa João Paulo II Saco plástico com 308. - Revista Capricho Incompleta

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material didático e envelope escrito Ilza Rosa Pacheco

309. 17 Livros Livros didáticos de inglês, desenho e textos. 310.

311. 312. 313. 314. 315. 316. 317. 318. 319. 320. 321. 322. 323. 324. 325. 326. 1966 Jornal Audiovisual Informativo Divulgação de material didático 327. Material didático infantil 04 folhas mimeografadas 328. 1978 ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 historinhas:

antologia Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1978.

329. 1979 ANDRADE, Carlos Drumond de. De notícias & não notícias faz-se a crônica: histórias, diálogos, divagações. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1979.

330. s/d XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estevão: ditado pelo espírito de Emmanuel. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira

331. 1985? XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar: ditado pelo espírito de André Luiz. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira

332. 1977 MACIEL, Carlos et al. Português treinamento, criatividade 1 Grau, 7 série: manual do professor. Belo Horizonte: Vigília, 1977.

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233

333. 1981 BRASIL (PETROBRAS). O petróleo e a Petrobrás. Rio de Janeiro: Serviço de Comunicação Social, 1981.

334. 1981 BRASIL (PETROBRAS). Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: Serviço de Comunicação Social da Petrobrás, 1981.

335. 1972 SARAIVA, Maria TerezinhaTourinho e CUNHA, Ciro Vieira da. Guia de Civismo : Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 1972.

336. 1965 OLIVEIRA, Nélson Custódio de. Português ao alcance de todos. Guanabara: Gráfica Barbero S. A., 1965.

Objeto 337. s/d Agulha de metal grande

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MALA 4 (M4) - “MALA DOS ANOS 70”

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

Jornal 1. 18/04/1974 Jornal “O Dia”, Rio de Janeiro Partes assinaladas sobre ocupação e criação de parques industriais no Rio. p. 2.

Recorte 2. s/d Recorte de jornal. Jornal não identificado. Livreto 3. 1972 Síntese biográfica do presidente Emílio G. Médici.

Brasília, Presidência da República, Assessoria Especial de Relações Públicas/Departamento de Imprensa Nacional, Brasília, 2 ed.

Correspondência 4. 22/06/1972 Carta do médico Antonio Castanheira de Carvalho para OLP

Manuscrito.

Livro 5. 1973 MÈDICI, Emílio Garrastazu. Anônimos construtores. Brasília: Departamento Nacional de Imprensa/secretaria de Imprensa da Presidência da República.

Correspondência 6. 04/12/1951 Carta de José Jacintho Lara para OLP Manuscrito. “Venho por esta dar-te algumas noticias de nosso São Tiago. Pererinha continua com suas mesma [sic] atitudes; fazendo pulica [sic] contra Zizi e Julio de Carvalho. Como sabe fomos nós quem dirigimos ao Sr Júlio quando nosso querido São Tiago; estava em jogo de dar ou não seu grito de indepedencia [sic]. Graças a Deus deu....serei com meu voto julista mesmo de faca no peito” Dissidência no PSD local.

Livro 7. 1941 CIDADE, F. de Paula (Cel.) e CORREIA, Jonas. Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). N. 260

Correspondência 8. 30/05/1974 Carta de Maria de Lourdes Rezende para OLP Datilografada. Solicita dados biográficos de OLP.

Correspondência 9. 06/09/1974 Carta de Sirlei de Castro Gonçalves para OLP e Ilza Manuscrita Correspondência 10. 08/05/1966 Carta de OLP para a esposa Ilza Rosa Manuscrita. 02 fls. Ilza anota na carta

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“Para o cofre de recordações”. Livro 11. 1971 MÈDICI, Emilio Garrastazu. O Jogo da verdade.

Brasília: Departamento de Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República.

Jornal 12. 31/03/1974 Jornal o Globo, Domingo. Páginas. 1 e 2, 11 e 12.

Postal 13. 1974 Cartão-postal de São Lourenço-MG de Lucy Lara para OLP

Lucy se lembra de Pacheco que defendeu tese municipalista em São Lourenço.

Livro 14. 1973 MÈDICI, Emilio Garrastazu. Os vínculos da fraternidade. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República

Guia/Álbum 15. s/d Rio de Janeiro – cidade dos contrastes, por Paulo S. Guimarães, ed 2. Tecnoprint Gráfica S. A.

Álbum de imagens do Rio de Janeiro, textos em inglês, francês, espanhol e português. Inscrição: “Pertence a Sonia Pacheco Barbosa. Rua Oliveira Paiva, 59, Senador Câmara”

Postal 16. 13/7/1974 Cartão-posta de Salvador de Maria Lúcia Lara e [?] para OLP

Livro 17. 1973 MÈDICI, Emilio Garrastazu. Nosso caminho. 2ed. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República

Livro 18. 1971 MÈDICI, Emilio Garrastazu. Tarefa de todos nós. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República

Livro 19. 1974 FERREIRA FILHO, João Alberto. Minas espoliada! Até quando...? Brasília-DF, 1974.

Discurso proferido pelo Senador José Augusto no Senado Federal em 1974.

Bloco de anotações: Anotações de viagem

20. 1974 [?] Folhas do bloco de anotações Diversas anotações: significados de palavras, rimas. Entre elas: “verba volant, scripta manent”: as palavras voam, os escritos ficam”

21. 1974 Calendário de 1974 22. 08/09/1973 Fotografia, cor No verso: “7 de setembro de 1973 São

Tiago (desfile) ultimo ano que cooperei, pois nesta mesma data fui aposentada

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tendo a publicação do ato saído dia 8/9/1973”. Caligrafia de Ilza R.Pacheco

Planta 23. 1959 Plantas – fachada de residência 03 plantas Diploma 24. 14/07/1968 Diploma de Cidadão de São Tiago conferido a OLP Diploma 25. 14/07/1968 Diploma de Cidadão de São Tiago conferido a Ilza Rosa

Pacheco

Calendário 26. 1974 Calendário Turístico Brasil, 1974- Embratur/ Ministério da Indústria e Comércio

Livro 27. 1972 VIEGAS, Augusto das Chagas. Notícia histórica do município de São Tiago. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1972

Poema 28. Dez/1973 Poema/acróstico de OLP: Ao ilustre Dr. Adolfo Impresso, 26 exemplares Postal 29. s/d Cartão postal, de Lucy Lara para OLP Caxambu Correspondência 30. 16/02/1972 Carta de Edith para Ilza Rosa Manuscrita. Notícias familiares,

tratamento médico de OLP. Correspondência 31. 16/02/1972 Carta de Mariazinha para Ilza Rosa Manuscrita, praticamente o mesmo

conteúdo da carta de Edith. Correspondência 32. 14/04/1955 Cartão de Júlio Ferreira de Carvalho para OLP e Zizi Inauguração de agência dos correios em

Mercês de A. Limpa. Mensagem 33. Ago/1971 Mensagem Para você Papai – umas considerações Mimeografado, Dia dos pais Correspondência 34. 21/09/1956 Carta de Monsenhor F. Elói para OLP Manuscrita. Política local, recursos para

obras sociais. “Todos tem saudades suas e alguns pessimistas acham que o senhor não voltará mais aqui”

Objeto 35. 1974 Flâmula do jubileu de prata de São Tiago – 1949-1974. Correspondência 36. 07/11/1976 Carta de Ilza Rosa para Fátima Suely Cópia-carbono, datilografada, agradece

por terem dado o nome de OLP à EE de Mercês de Água Limpa.

Panfleto 37. 30/01/1930 Panfleto São Thiago, sempre! Impresso. Neste exemplar do documento há diversas anotações nesse documento,: “Por que veio parar por aqui justamente nesta época? Desígnios de Deus. Boletim que apareceu por acaso, embalando santo de algum contrabando.

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Até as pedras se encontram” Jornal 38. s/d Recorte de jornal Jornal não identificado Correspondência 39. 10/01/1977 Carta da enteada Mariazinha para Ilza Manuscrita. Noticias da família Lei 40. Dez/1974 Lei n. 614 Orça a Receita e Fixa a despesa para o

exercício de 1975. Prefeitura de São Tiago. Livreto

Livro 41. 1973 MÈDICI, Emilio Garrastazu. Nova Consciência de Brasil. 2 ed. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República.

Livro 42. 1974 MÈDICI, Emilio Garrastazu. A compreensão do povo. Departamento de Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República

Desenho 43. s/d Desenho da fachada da casa de OLP em São Tiago Livro 44. 1963 MONTEIRO, Clóvis. Nova antologia brasileira. 18 ed.

Rio de Janeiro: F. Briguiet e Cia. Editore, 1963 Com carimbo de registro da Biblioteca do Colégio Belisario dos Santos.

Livro 45. 1973 FILHO, Castanheira. História de Bom Sucesso. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1973.

Com cartão em que o Prefeito de Bom Sucesso oferece o livro a OLP. Cita OLP nas p. 36 (recensceamento), 56 (promotor interino).

Correspondência 46. s/d Carta de Fátima Suely, diretora da EE de Mercês de A. Limpa para Ilza Rosa

Comunica que foi escolhido o nome de OLP para a escola.

Correspondência 47. 30/06/1963 Carta de OLP para Governador José Magalhães Pinto Trajetória política, nome de OLP foi cotado para ser Diretor do Departamento de Assistência aos Municípios (pede ao governador para considerar com atenção tal possibilidade). Datilografado

Correspondência 48. 30/06/1963 Carta de OLP para Gov. José Magalhães Pinto Manuscrito da carta que foi listada acima. Revista 49. Nov/1972 Revista Country, Rio de Janeiro, n. 6. nov, 1972 Fotografia 50. s/d Foto p&b De Eugênia (mãe de OLP?). No verso, lê-

se: “Ao Pachequinho, prova de amizade de sua noiva Eugênia. Photografia de Carlos Alberto, rua sete de sentembro, n, 41, 2º andar. Rio de Janeiro

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Esta foto estava dentro da revista Country. Jornal 51. 15/03/1975 Jornal Estado de Minas - Suplemento especial

MALA 05 (M5) – “MALA DOS LIVROS”

TIP0/PASTA/

DOSSIÊ Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

Livro 1. 1955 OLIVEIRA, Juscelino Kubitschek de. Diretrizes gerais do plano nacional de desenvolvimento. Belo Horizonte: Livraria Oscar Nicolai, 1955

Livro 2. s/d ASSIS, J. M. Machado de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Edições de Ouro. (Coleção Clássicos Brasileiros).

Livro 3. s/d PENA, Martins. Comédias de Martins Pena. Rio de Janeiro: Edições de Ouro. (Col. Clássicos Brasileiros, Edição crítica por Darcy Damasceno).

Envelope 4. s/d Envelope oficio com timbre do Comitê de Propagandas e Melhoramentos de São Tiago

Poema 5. s/d Poema”O Tédio”, J. Albergaria Datilografado, assinatura do autor? No verso, assinatura BCanabrava.

Projeto de Lei 6. 1947 Projeto de Lei n° 399/1947, Câmara dos Deputados Impresso. Deputado propõe reforma da estrada Morro do Ferro- São Tiago-São João Del-Rei como forma de corrigir injustiça histórica (questão do ramal ferroviário), com nota de OLP no verso.

Parecer 7. 1947? Parecer de deputado sobre o projeto n° 399/1947, Câmara dos Deputados

05 fls. Datilografado. Documento anexado ao listado anteriormente.

Certidão 8. 12/10/1958 Certidão de termo de visita de promotor a cartório em São Tiago

Manuscrito.

Certidão 9. 10/04/1957 Certidão de escritura de doação de terreno da prefeitura de São Tiago ao Estado de Minas Gerais, ocorrida em 1950

04 fls. Manuscrito. Doação de terreno para construção de Cadeia Pública e Delegacia, na Rua São José.

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Panfleto 10. s/d Panfleto “Marcha Pro-Bias” (com a música as águas vão rolar)

Impresso, 03 exemplares. Da campanha de Bias Fortes, candidato a governador

Certidão/Registro de Imóvel

11. 06/04/1935 Registro de imóvel, terras e benfeitorias no lugar “Vigia” Manuscrito, 07 fls. Registro do terreno onde foi instalada a usina hidrelétrica de São Tiago, comprado pela firma Pacheco & Matta.

Correspondência 12. 12/02/1975 Carta do primo “Tininho” (A. F. Pereira), Belo Horizonte, para Ilza Rosa Pacheco, no Rio de Janeiro

Manuscrito, 07 fls, com envelope. Carta e foto dentro do mesmo envelope

Fotografia 13. 1975 Fotografia, p&b Livro 14. 1963 FREIRE, Mello. Crepúsculo (versos). São Paulo: s/ed,

1963 Livro de poemas com dedicatória : “Ao distinto, querido e velho amigo Octávio Leal Pacheco, 21-7-1964”

Poemas 15. - Poemas de OLP: “A Noite” e “Desejo (a uma telephonista)”

Manuscrito. 02 fls. A noite é de abril de 1918 e Desejo é de 1931

Jornal 16. s/d Recorte de jornal Impresso, jornal não identificado Jornal 17. 24/05/1964 Recorte de jornal com poema Santa Cecília, de D.

Marcolino Dantas Impresso, jornal não identificado, parece ser religioso.

Poema 18. s/d Poema “Na tasca” (tradução francesa de Raimundo Correia)

Manuscrito, cópia de poema feita por OLP

Poema 19. s/d Poema “As Pombas”, de Raimundo Correia Cópia manuscrita feita por OLP Poema 20. s/d Poema “suave amargor”, de Hermes Fontes Cópia manuscrita feita por OLP Poema 21. s/d Poema “Minha Terra”, de Luiz Peixoto Cópia manuscrita feita por OLP Poema 22. s/d Poema “Pudor”, de Raul de Leoni Cópia manuscrita feita por OLP.

Os documentos 15 a 22 estavam dentro do livro de poemas Crespúsculo.

Correspondência? 23. s/d Carta do filho Zezé para OLP Datilografado. Incompleto. Notas 24. s/d Anotações de significados de palavras. Manuscrito de OLP Fotografias (todas estão dentro de envelope com inscrições: Papai, retratos)

25. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm OLP e família, construção da casa em São Tiago 26. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm

27. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 28. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 29. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 30. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm

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31. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 32. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 33. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 34. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 35. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 36. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 37. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm 38. 12/08/1973 Fotografia p&b, 9,9 cm Com dedicatória da bisneta para OLP 39. s/d Fotografia p&b, 9x9 cm Cena de casamento, no verso escrito a

lápis “Juraci” 40. 04/09/1972 Fotografia, cor, 12,5x9cm Com dedicatória do médico e admirador

de OLP, Adolfo 41. 03/1972 Fotografia, cor, 9x9cm, OLP, Iza e bisneta Lívia, com dedicatória

para o avô. 42. 03/1972 Fotografia, cor, 9x9cm, OLP, Iza e neta Lívia, com dedicatória

para o avô. 43. 1973 Fotografia,cor, 9x9 cm. Bisneta Gisele, com dedicatória para OLP 44. 07/04/1971 Fotografia, cor, 9x9 cm. Da bisneta Lívia para OLP

Poemas/quadras 45. 1971 Pequena caderneta com quadras de Octávio Leal Pacheco Manuscrito. Na capa: “Quadras de Octávio Leal Pacheco para a Rádio Tupi de São Paulo – Cópias para o arquivo do filho José Pacheco – Rio – Guanabara”

Livro 46. 1941 BRASIL-DIP. O Brasil novo: Getúlio Vargas e sua vida, para a criança brasileira. São Paulo: DIP, Cia Lithographica Ypiranga, 1941.

Correspondência 47. s/d Cartão de Americo Lopes Cançado, assistente da diretoria do Banco Hipotecário, para OLP

Notas 48. s/d Anotações referentes a valores de produtos Livro 49. 1960 WAITSMAN, Maurício. Integração nacional (conquista

das selvas). Rio de Janeiro: J.Ozon Editor, 1960.

Cartão religioso 50. 09/09/1951 Cartão com imagem de São Pedro Lembrança de batizado de Wagner José. Recorte 51. s/d Recorte de jornal? Jornal não identificado Recorte 52. s/d Recorte de jornal. Jornal não identificado

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Recorte 53. 25/10/1973 Jornal Estado de Minas, recorte Estradas de Minas (asfalto) Recorte 54. s/d Jornal Gazeta de Minas, Oliveira, MG. Recorte. Noticia “estrada para São João d’el Rei”. Caderno de recortes 55. s/d Caderno de recortes Caderno onde foram colados diversos

recortes com textos de assuntos escolares. Provavelmente de Ilza Rosa Pacheco.

Recorte 56. 06/09/1953 Recorte do jornal “Correio do Dia” Cinema, festa de são João. Notas 57. s/d Anotações (provavelmente para uma aula) 04 fls. Manuscrito de Ilza Rosa Pacheco

com anotações sobre Revolução Americana, Revolução Francesa e Inconfidência Mineira.

Jornal 58. 13/05/1967 Jornal “Minas Gerais”, órgão oficial dos poderes do Estado de MG, n. 87

04 fls. Edição Especial -publicação da Constituição do Estado de Minas Gerais

Jornal 59. 18/03/1973 Jornal “Gazeta de Minas”, Oliveira, n 1139 02 fls, incompleto. Mapa 60. 1969 IBGE, Mapa do Brasil (rodovias) Jornal 61. 09/10/1969 Jornal oficial “Minas Gerais”, Página 3 e 4. Com pronunciamento e

biografia de Emílio G. Médici Jornal 62. 14/02/1967 Jornal oficial “Minas Gerais”, n. 28, Anexo 04 fls. Anexo com a Constituição do

Brasil de 1967. Jornal 63. 28/10/1969 Jornal oficial “Minas Gerais”, n. 206, Anexo 06 fls. Emenda à constituição de 1967 Livro 64. 1954 Constituição do Estado de Minas Gerais de 14 de julho de

1943 e leis complementares 1,2,3 e 4 de 1951 e Organização Municipal. Belo Horizonte: Gráfica Belo Horizonte, 1954, 45 p.

Com diversas marcações de OLP.

Livro 65. 1955 OLIVEIRA, Martins de. Presidente Bernardes. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1955.

Livro 66. 1939 RIVAROLA, Rodolfo. Mistre e Osório na Guerra do Paraguai. Trad. De J. Paulo de Medeyros. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional/DNP

Com carimbo do Comitê de São Tiago

Livro 67. 1953 CHAGAS, Paulo Pinheiro. A resposta de Juscelino. Belo Horizonte: s/e, 1953

Livro 68. s/d Constituição dos Estados Unidos do Brasil promulgada em 18 de setembro de 1946. Rio de Janeiro: Aurora.

Revista/guia turístico

69. 1972 Revista/guia turístico: Beagá assim como é. Ano 3, v 27, Belo Horizonte: Editora Beagá de Publicações, 1972

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Correspondência 70. 31/0/1972 Carta de OLP para Deputado Geraldo Freire Manuscrito. Inscrição: “cópia”. 04 fls. OLP sugere mudanças na lei Eleitoral brasileira, frente às derrotas que sofreu para o MDB em São Tiago

Livro 71. 1945 COSTA, Sergio Corrêa da. A diplomacia do Marechal: intercenção estrangeira na Revolta da Armada. Rio de Janeiro: Ed. Zelio Valverde, 1945.

Recorte 72. 1970 Recorte de jornal como poema “Sete de Setembro” de CL Darcy Freire.

Jornal não identificado

Livro 73. 1959 BRASIL. Operação pan-americana. Documentário IV. Rio de Janeiro: Presidência da República/Serviço de Documentação, 1959

Documentos históricos do governo JK sobre operação de contenção do comunismo na América do Sul através do desenvolvimento econômico.

Livro 74. 1902 BRASIL. Projecto do Codigo Civil Brazileiro: trabalhos da commissão especial da Câmara dos Deputados. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1902.

Livro 75. s/d ROLLEMBERG, Luiz Dias. Emancipação econômica do Brasil. São Paulo: Livraria Martins, s/d

Panfleto/Livreto 76. 1933 PACHECO, Octávio Leal. Política Municipal: explicação aos correligionários de Bom Successo, 1933.

Impresso,

77. Agosto/1962 Panfleto de campanha eleitoral: OLP apresenta sua candidatura a deputado estadual pelo PSP (Partido Social Progressista)

Impresso. 53 exemplares.

Panfleto 78. Setembro/1962

Panfleto da Campanha eleitoral de OLP a deputado estadual: “Ao nobre povo de São Tiago”.

Impresso, 30 exemplares. “Sempre fugindo ao bom combate, meus adversário mentem, atraiçoam e negam cooperação às iniciativas que aí estão em franco andamento e que visam futuro mais promissor e fecundo “O Povo de São Tiago, o eleitorado consciente e os Diretorios Coligados, aqueles que me elegeram seu Prefeito, que julguem agora da minha condução como homem público, como simples cidadão, como amigo, como

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o companheiro que, mesmo sentindo em risco a própria vida, aqui sofreu e viveu os dias mais tristes, tenebrosos e insertos, que ainda recentemente nos cobriam de vergonha e nojo”

Discurso 79. 05/09/1966 Discurso Datilografado, 05 fls (mas falta a primeira, estas folhas estão recortas em tiras). Analfabetismo, alfabetização de adultos, patriotismo. Discurso de OLP?

Anotações 80. s/d Anotações (provavelmente para um discurso ou aula) sobre a república e a bandeira brasileira

Manuscrito. 01 fl. Caligrafia de Ilza Rosa.

Revista 81. Setembro/1960

Revista Social Trabalhista, Ano XX, n. 72, Belo Horizonte, 1960

Reportagens sobre municípios (São Tiago, p. 28) OLP “figura de real prestígio nos meios políticos e sociais de Minas”.

Poema/acróstico 82. Dez/1973 Poema/acróstico de OLP em homenagem ao médico Dr. Adolfo

Impresso, 12 exemplares, documento que já teve outros exemplares citados neste inventário.

Correspondência 83. 21/12/1973 Carta de Monsenhor Fco. Elói para OLP. 02 fls, manuscrito. Colégio São Tiaguense Livro 84. 1954 SENNA FILHO, Agenor de. Furto familiar: à escusa

peremptória do art. 181 do Código Penal.Belo Horizonte: Tipografia Brasil, 1956.

Com dedicatória para OLP.

Caderno 85. s/d Caderno com título: Poetas, dom do meu sangue Neste caderno foram transcritos poemas de OLP: Fascinação, O Último Batizado de Frei Orlando, Ante o Salmo 99, Fé, Aleluia. (não foi OLP quem fez a transcrição)

Discurso 86. s/d Discurso Manuscrito, 02 fls (em tiras), caligrafia de Ilza Rosa Pacheco. “Revolução de 64”, “ameaça do comunismo”.

Livro 87. s/d FLEURY, Renato Sêneca. Prudente de Morais: com vocabulário e síntese biográfica. São Paulo: Melhoramentos.

Livro 88. 1957 OLIVEIRA, Juscelino Kubitschek de. Mensagem ao Congresso Nacional: remetida pelo presidente da

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República na abertura da sessão legislativa de 1957. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1957.

Livro 89. 1973 MÉDICI, Emílio G. A verdadeira paz. Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República, 1973.

Livro 90. 1973 MÉDICI, Emílio G. O povo não está só. Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República, 1973.

Livro 91. 1973 MÉDICI, Emílio G. O sinal do amanhã. Imprensa Nacional/Secretaria de Imprensa da Presidência da República, 1973.

Livro 92. 1971 LAGO, Ataliba. Temas educacionais. Belo Horizonte: Veloso S.A., 1961.

Livro 93. 1956 ALLGEMEINE ELEKTRICITATS-GESELLSCHAFF. AEG- manual para instalaciones electricas de alumbrado y fuerza motriz.

Com dedicatória ao “operoso” prefeito OLP, 1960

Livro 94. 1966 “Livro de Ouro” do Comitê de P. M. de São Tiago Livro de registro de doações ao Comitê e de registro de visitas “ilustres”

Caderno 95. s/d “Livro de Ouro – Comitê” Em branco Caderno 96. s/d Livro “Meu Céu Interior”, poemas. Incompleto Livro 97. s/d KABERRY, C. J. The children’s book of the bible:

Oxford University Press.

Livro 98. s/d BADARÒ, Murilo. Reforma e revolução: uma interpretação político-econômica da crise mineira. Belo Horizonte: Editora G Holman Ltda, s/d

Acompanha cartão do autor, com data de 02/08/1970.

Livro 99. 1963 DIAS, L. Gonzaga. Imagens mutiladas Catanduva/SP: Ed. Irmãos Boso.

poesias

Livreto 100. 1950? Hora santa para a adoração noturna no lar (de Pe. Mateo) Poema 101. s/d Poema “Gota de Orvalho”, de Octávio Leal Pacheco Datilografado. Livro 102. 1922 PACHECO, Otávio Leal. Recenseamento de 1920

Município de Bom Sucesso: relatório apresentado á 15ª delegacia seccional do recenseamento. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1922.

Folder/programa 103. 1956 Programa dos festejos e inauguração do monumento de Inscrito o nome de Ilza Rosa

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Nossa Senhora de Bom Sucesso Livro 104. 1952 MONTE, Nivaldo (Pe.) Formando para a vida. Rio de

Janeiro/São Paulo: Vozes.

Livreto 105. s/d Estatutos e regulamentos da “A Afiançadora S/A”: Companhia destinada a garantir a renda proveniente da locação de imóveis. Rio de Janeiro

Impresso. OLP aparece como membro da diretoria, na qualidade de “industrial”. Algumas páginas queimadas.

Livreto 106. 1938 Regulamento da “A Afiançadora S/A”: Companhia destinada a garantir a renda proveniente da locação de imóveis. Rio de Janeiro

Impresso. OLP aparece como membro da diretoria, cargo de inspetor.

Livro 107. 1954 Anuário de Belo Horizonte. BH: Imprensa Oficial, 1954 Fotografia 108. 1953 Fotografia, p&b, 7x11 cm Ilza Rosa e outras professoras Fotografia 109. s/d Fotografia, p&b, 7x9 cm, Três homens (OLP?) recortada

irregularmente. Fotografia 110. 1972 Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Antiga casa de OLP Fotografia 111. 1958 Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Rua Pe. José Duque de Siqueira, São

Tiago. Aparece OLP. Fotografia 112. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Construção da casa de OLP? Fotografia 113. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Antiga casa de OLP, sendo demolida?

Aparece OLP e Ilza. Fotografia 114. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Construção da Usina Fotografia 115. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Construção da Usina Fotografia 116. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Construção da Usina Fotografia 117. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Construção da Usina Fotografia 118. s/d Fotografia, p&b, 11x17,5 cm Construção da Usina Fotografia 119. s/d Fotografia, p&b, 12x16,5 cm Padre José Duque de Siqueira. Foto-cartão 120. s/d Foto-cartão de Getúlio Vargas Foto-cartão 121. s/d Foto-cartão de Cachoeira de Pirapora Livro 122. 1953 VIEGAS, Augusto. Notícia de São João Del Rei. Belo

Horizonte: Imprensa Oficial, 1953 Com dedicatória para OLP

Livro 123. 1944 VARGAS, Getúlio. Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro: Americ Edit, 1944

Certidão 124. 1975 Certidão de óbito de OLP Fotocópia. Carta 125. 09/06/1975 Carta de Ilza Rosa Pacheco para Henrique Neves Júnior, Datilografado. Sem assinatura. Agradece

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Presidente da Academia de Letras de São João Del Rei. homenagem por ocasião da morte de OLP Carta 126. 02/09/1975 Carta de Nelson José Lombardi, Diretor da Hidrominas,

BH, para Ilza Rosa Pacheco Sobre pedido de revisão de aposentadoria de Ilza Rosa Pacheco.

Cartão de identificação

127. 1971 Cartão de identificação do contribuinte Receita Federal.

Lei 128. 1968 Lei publicada no “Minas Gerais”, em 14/12/1968 Datilografado. Cópia. Livro/revista 129. 1960 Livro ou revista “A Grandeza de Minas Gerais”. No verso: “Separata do O Observador

econômico e financeiro, n 298, dezembro 1960”.

Mapa 130. s/d Mapa rodoviário de parte do Sudeste brasileiro Oferta de um posto de combustível. Certificado 131. 1944 Certificado de quitação definitiva do serviço militar em

tempo de paz Certificado de reservista, com carteira do ministério da guerra. Nascimento em 31-12-1891

Panfleto 132. s/d Panfleto com o título: “538” Impresso. Panfleto anônimo, provavelmente escrito por membros do PSD, que fazem comentários mordazes sobre a UDN (final da década de 1940?) em São Tiago, quando o PSD derrotou a UDN por uma diferença de 538 votos.

Discurso 133. s/d Discurso em louvor a Nossa Senhora de Fátima por ocasião da visita da imagem ao grupo escolar.

Manuscrito, 02 fls (tiras), caligrafia de OLP.

Dicionário 134. 1954 Minidicionário: “Dicionário Mirim Francês-Português”, Edições LEP

Com inscrição: “Ilza Rosa. Lembrança de José Pacheco. Est. Da Guanabara, 20-7-1960”.

Objeto 135. s/d Lampião Vidro com suporte metálico Objeto 136. s/d Cinzeiro Vidro transparente Objeto 137. s/d Cinzeiro de louça Formato do “Popeye” Objeto 138. s/d Cinzeiro Vidro transparente, liso. Objeto 139. s/d Carimbo com logotipo do Comitê de P. M. de São Tiago. Objeto 140. s/d Canetas Sheaffer’s 02 unidades, uma vermelha outra preta. Objeto 141. s/d Óculos Óculos, com bolsa amarela Objeto 142. s/d Calçadeira (p/ sapatos), metálica Objeto 143. 1932 Moeda de 400 Réis Moeda comemorativa do IV centenário da

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colonização do Brasil – 1532-1932 Objeto 144. 1952 Moeda 5s. Cara: GEORGIVS SEXTVS REX

Coroa: 5 SSUID-AFRIKA -1652-1952 – SOUTH AFRICA

Objeto 145. s/d Abotoaduras 04 pares

OS LIVROS ABAIXO FORAM ENTREGUES COM A MALA 5, MAS NÃO ESTAVAM EM SEU INTERIOR Livro 146 1972 CHRISTIE, Agatha. O assassinato de Roger Ackroyd.

Porto Alegre: Editora Globo, 1972

Livro 147 s/d RAMPA, Losang. O Eremita. Rio de Janeiro: Record Livro 148 1945 GERALDY, Paul. Eu e você : “Toi et moi”. Trad.

Guilherme de Almeida. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1945.

Poesia.

Livro 149 1940 O Tesouro Escondido. Niterói: Escolas Profissionais Salesianas, 1940.

Livro 150 s/d SILVA, Gastão Pereira da. Rodrigues Alves e sua época. Rio de Janeiro: Editora A Noite

Livro 151 1962 HÜNERMANN, Wilhelm. O santo e o seu demônio: vida do pobre cura de Ars. Juiz de Fora: Lar Católico, 1962.

Livro 152 1940 DU MAURIER, Daphne. Rebeca: a mulher inesquecível. Tradução de Lígia Junqueira Smith e Monteiro Lobato. São Paulo: Cia. Editora Nacional.

Livro 153 s/d GUARESCHI, Giovanni. Don Camilo e seu pequeno mundo. São Paulo: Difusão Européia do Livro; Lisboa: Livraria Bertrand, s/d.

Livro 154 1966 VANDE, Adrian. Nervos: cura radical de seus males. São Paulo: Mestre Jou, 1966.

Livro 155 1970 MACHADO FILHO, Aires da Mata. Dicionário Ilustrado Urupês. São Paulo: Urupês, 1970.

Tomos I, II e III

Livro 156 1945 DUMAS, Alexandre. Os três mosqueteiros para a juventude. Rio de Janeiro: Editora Minerva Ltda.

Livro 157 1961 LAGO, Ataliba. Falas e conselhos. Belo Horizonte: Velloso, 1961

Livro 158 s/d COBRA, Rubem. Viagem à antiguidade. Edições

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Aventura e Saber Livro 159 s/d FINK, David. H. Domine o seu sistema nervoso. Rio de

Janeiro: Edições Científica.

Livro 160 1897 FREIRE, Olavo. Primeiras noções de Geometria Pratica. Rio de Janeiro/São Paulo: Alves & Cia, 1897

Livro 161 1952 BRAGA, Antonio. Bom Sucesso e sua evolução. Com dedicatória do autor para OLP. Livro 162 1944 DUPUY, Daniel Hammerly. O superhomem na história.

Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1944.

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MALETA PRETA (MP)

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

Livro 1. 1972 FILHO, Castanheira. Roseiral. Belo Horizonte: Editora Gráfica Maciel Ltda.

.

Anotação 2. s/d Anotação Sobre Lei n. 1039 de 12-12-53 - distrito de Mercês de Água Limpa

Mensagem 3. s/d As maiores maravilhas do mundo Nota 4. - Nota fiscal ao consumidor Clinica beneficente Guanabara Mensagem 5. s/d Caminhos para a felicidade Título eleitoral 6. 28/01/1958 Título eleitoral de OLP Anotação 7. s/s Anotações de Medidas de basculantes Cartão de loteria 8. 1975 Cópia de cartão de aposta da loteria esportiva Cédula de identidade

9. 1974 Cédula de identidade de OLP

Cartão 10. 1975 Cartão de falecimento de João Batista dos Reis. Recortes [não são de jornais]

11. s/d Recortes com frases Diversos pequenos recortes. “As cousas não obedecem as partes que somos nós. Mas apenas ao todo que é Deus” “A mulher é o alicerce da sociedade”. “Tudo é força mas só Deus é poder”

Anotação 12. s/d Anotações de Compras e pagamentos feitos por OLP. Poemas 13. s/d Poemas Visita ao colégio, de J. Godoi Gomes, e

Contraste, de Pe. Antonio Tomas Cópias manuscritas feitas por OLP

Receita 14. 04/12/1974 Receituário médico para OLP Cartão 15. s/d Cartão pessoal de OLP Fotografia 16. s/d Foto p&b OLP Recorte 17. 12/07/1974 Recorte do jornal “O Globo” Artigo sobre Aureliano Chaves. Correspondência 18. 17/11/1972 Carta do Senador Filinto Muller para OLP Datilografada, agradece envio de boletim

sobre o diretório municipal da ARENA. Certidão 19. 31/10/1973 Certidão emitida pela Prefeitura de Bom Sucesso Certifica que OLP foi vereador de 1927 a

1930

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Datilografada. Original e cópia carbono. Certidão 20. 26/12/1966 Certidão de tempo de serviço emitida pela Estrada de

Ferro Central do Brasil Foi admitido como condutor de trem (em Realengo), em 15 de abril de 1912, praticante de conferente, em 1916. Fica na empresa até 1918.

Certidão 21. 03/7/1967 Certidão emitida pela Câmara de Bom Sucesso Certifica que OLP foi vereador de 1926 a 1930 (data contrasta com a certidão do prefeito de Bom Sucesso de 1973)

Certidão 22. 29/11/1965 Certidão emitida pelo prefeito de São Tiago Certifica que OLP foi prefeito de 18 de abril de 1953 a 31 de janeiro de 1955 (primeiro mandato) e de 31 de janeiro de 1959 a 31 de janeiro de 1963 (segundo mandato).

Certificado 23. 1972 Certificado de quitação definitiva do serviço militar em tempo de paz

Fotocópia, com autenticação. Ano de nascimento de OLP 1891, o que contradiz outros documentos, que indicam o ano de 1892.

Poema 24. 11/05/1975 Poema de OLP: À filha Mariazinha. Certidão 25. 26/09/1973 Certidão emitida pelo prefeito de São Tiago Certifica que OLP foi prefeito de 17 de

abril de 1953 a 31 de janeiro de 1955 (primeiro mandato) e de 31 de janeiro de 1959 a 30 de janeiro de 1963 (segundo mandato). As datas não condizem com aquelas do documento n. 22.

Correspondência 26. 13/06/1972 Carta do dep. Geraldo Freire para OLP Agradece sugestões sobre lei eleitoral. Estatutos 27. 1966 Estatuto do comitê de propaganda e melhoramentos de

São Tiago Livreto

Artigos 28. 1971 Artigos da Série “São Tiago de Antanho”, de OLP, publicada no Jornal Ponta de Lança – São Tiago

São Tiago ostentava de beleza e conforto apenas sua privilegiada configuração topográfica. A sede distrital, desprovida de iluminação, era de aspecto desolador.. . suas ruas e praças sem passeios, eram tortuosas e inúmeros beco, hoje

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desaparecidos davam a impressão de terra abandonada..na havia abastecimento de água, só chafarizes, ao redor da Matriz, tétrico cemitério. Arrancar São Tiago das trevas.

Poema 29. 1974 A vocês, camaradas, de Walt Whitman Impresso. Fotografia 30. 1954 Foto p&b III Congresso Nacional dos Municípios,

São Lourenço O congresso ocorreu em 1954. Duas fotos com moldura em papel onde aparece OLP.

Fotografia 31. 1954 Foto p&b Fotografia 32. 1954 Foto p&b

Correspondência 33. 07/12/1960 Carta de José Augusto de Resende para o Governador José F. Bias Fortes

Manuscrito com caligrafia de OLP.

Logotipo 34. s/d Logotipo do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago

Impresso.

Correspondência 35. Recibos de telegramas em branco Correspondência 36. - Convite do Gov. Rondon Pacheco para cerimônia de

transmissão de Cargo a Aureliano Chaves para OLP

Correspondência 37. 08/05/1971 Carta de Aureliano Chaves para OLP Datilografada, Aureliano encaminha curriculum de OLP para Gov. Rondon Pacheco

Correspondência 38. 22/07/1971 Telegrama de Aureliano Chaves para OLP Diz que recebeu a carta Mapa 39. - Mapa rodoviário Correspondência 40. s/d Carta de OLP para o presidente [qual?] Manuscrito. Rascunho. OLP fala de si,

seu apoio à Revolução de 1964, sua experiência política “carrego (...) uma grande bagagem de experiência e desilusões provindas daqueles contatos com os ‘grandes’ da democracia de antanho”. Incompleto.

Poema 41. Dez/1973 Poema/acróstico de OLP: Ao ilustre Dr. Adolfo Impresso, 16 exemplares (já foram listados outros 26 exemplares desse impresso).

Jornal 42. 21/12/1972 Jornal Diário Oficial (da União) Página Turismo/ hotel

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Desenho 43. s/d Desenho em papel vegetal Desenho de Brasília: Inscrição: Vovô isso pode ser impresso assim mesmo, inclusive o papel vegetal facilita. É só por a medida que o sr. quizer pela largura ou pela altura. Um beijo do neto Wagner.

Estatuto 44. 1966 Estatuto do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago

Livreto

Panfleto 45. s/d Propaganda eleitoral do candidato a dep. Estadual Nelson Lombardi, pela ARENA.

Impresso

Correspondência 46. 26/06/1972 Carta de Aureliano Chaves para OLP Datilografado, conclusão de pontes Correspondência 47. 26/06/1972 Carta de Aureliano Chaves para Gov. Rondon Pacheco Cópia carbono, anexa à carta anterior. Jornal 48. 12/06/1972 Recorte do Jornal Estado de Minas Estrada São João-Oliveira Correspondência 49. 28/05/1971 Telegrama do dep, Geraldo Freire para OLP Audiências com governador. Correspondência 50. 0712/1972 Telegrama do dep, Geraldo Freire para OLP Correspondência 51. CONFERIR Telegrama do governador Rondon Pacheco para dep.

federal Geraldo Freire Correspondência 52. 13/09/1971 Carta do dep. Geraldo Freire para OLP Datilografado. Recibos 53. [1974?] Recibos de despesas médicas 09 recibos em nome de OLP, em envelope

onde se lê: recibos para imposto de renda, 1974

Correspondência 54. 27/03/1974 Carta do Dep. Federal Aureliano Chaves para OLP Datilografado. Correspondência 55. 07/11/1972 Telegrama de Geraldo Freire, Dep e presidente da

ARENA, em MG para OLP Agradece relatório

Correspondência 56. 08/11/1972 Carta do dep. Fed. Aureliano Chaves para OLP Datilografada Certidões 57. 06/08/1973 Certidões de contagem de tempo no serviço público

estadual de Ilza Rosa Pacheco

Jornal 58. 14/03/1975 Jornal Estado de Minas Incompleto. Artigos assinalados por OLP Envelope 59. s/d Envelope com timbre da Estrada de Ferro Central do

Brasil No envelope está escrito: minha certidão de casamento e nascimento, mas o envelope está vazio.

Biografia 60. s/d Síntese biográfica e da ação político-administrativa do Prefeito Octávio Leal Pacheco.

Datilografado. Cópia-carbono. Redigida por OLP, que utiliza a 3ª pessoa. Não trata da vida pessoal.

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Correspondência 61. 28/05/1957 Carta de Ademar Mendes para OLP Manuscrita. Política Correspondência 62. 04/11/1972 Telegrama da secretária do dep Geraldo Freire para OLP Correspondência 63. 02/07/1971 Carta do dep. Fed. Geraldo Freire para OLP Sobre curriculum vitae de OLP e pedido

de aproveitamento. Correspondência 64. CONFERIR Telegrama de OLP para Aureliano Chaves Escrito: cópia para arquivo Correspondência 65. 04/01/1975 Cartão do dep. Fed. Aureliano Chaves para OLP Deseja boas festas e próspero ano novo. Recibo 66. 1975 Recibo de entrega de declaração de imposto de renda Nº Registro 67. s/d Registro Número de OLP no instituto Félix

Pacheco Jornal 68. 05/04/1975 Jornal O Globo Páginas 2 e 3, 21 e 22. Folder 69. 1970 Folder de propaganda da Cemig: ABC de Minas Gerais e

da Cemig

Abaixo-assinado. 70. s/d Abaixo-assinado, acompanhado de justificativa e assinaturas

Fazendeiros solicitam da comissão revisora da divisão administrativa e judiciária do Estado de Minas Gerais, retificação das divisas entre São Tiago e Rezende Costa.

Livreto 71. 1975 Manual de orientação – Imposto de Renda pessoa física Mapa 72. s/d Mapa de Minas Gerais Carta de nomeação 73. 12/01/1924 Carta de nomeação de OLP para o cargo de Promotor

Interino Secretaria do Interior de Minas Gerais nomeia OLP para o cargo de promotor interino da comarca de Bom Sucesso.

Diploma 74. 26/11/1958 Diploma eleitoral Número de votos na eleição para prefeito em 1958

Diploma 75. 13/11/1952 Diploma eleitoral Número de votos na eleição para prefeito em 1952. Dos 702 votos válidos, recebeu 702.

Carta 76. s/d Carta de OLP para Humberto de Alencar Castelo Branco Manuscrito, 09 fls. Rascunho Governos militares na história do Brasil..

Crachá 77. 1954 Crachá do III Congresso Nacional de Municípios Objeto 78. 1957 Flâmula do I Congresso Municipalista Mineiro, Belo

Horizonte Pequena flâmula

Objeto 79. s/d Lápis com tampa

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MALETA VERMELHA (MV)

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

Livro 1. 1922 PACHECO, Otávio Leal. Recenseamento de 1920 Município de Bom Sucesso: relatório apresentado á 15ª delegacia seccional do recenseamento. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1922.

Desenho 2. 1956 Desenho da fachada de um projeto de estação rodoviária para São Tiago

Emenda constitucional

3. s/d Projeto de Emenda constitucional Manuscrito. Projeto de emenda constitucional elaborado por OLP.

Correspondência 4. 20/6/1953 Bilhete de Mario Hugo Ladeira, da secretaria de saúde e assistência para OLP

Abastecimento de água.

Correspondência 5. 21/05/1971 Carta de OLP para a Zizinha Manuscrito, rascunho. Correspondência 6. 14/01/1972 Convite da Academia de Letras de São João del-Rei, para

OLP Comemoração do primeiro ano de fundação da Academia.

Correspondência 7. 16/10/1958 Carta de Mons. Fco. Eloi para OLP Manuscrito. Pede para OLP encontrar governador e solicitar liberação de recursos para obras sociais e colégio

Correspondência 8. 25/02/1972 Carta de Lucy Lara para OLP Manuscrito. Correspondência 9. 19/11/1965 Carta do engenheiro da I COP para o chefe da DPOP Cópia datilografada do original, pontes

em São Tiago. Correspondência 10. 26/09/1961 Cartão do secretário do governador, Paulo C O Penna,

para pref. OLP Governador agradece carta e encaminha exame de projeto de reconstrução de ponte.

Correspondência 11. CONFERIR Carta de OLP e José Jacinto Lara para Gov. Magalhães Pinto

Construção de estrada entre São Tiago, Bom Sucesso e S, Ant. do Amparo. Cópia datilografada.

Correspondência 12. 15/03/1971 Carta de Antonio Castanheira de Carvalho para OLP Manuscrito. No início: Babilônia, 15 de março de 1971.

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Correspondência 13. Nov/1971 Carta de OLP, pelo Comitê, para secretário [?] Manuscrito, rascunho. Ponte, estrada, turismo.

Correspondência 14. 29/11/1967 Carta de OLP, pelo Comitê, para Milton Viegas, Prefeito de SJDR

Datilografada. Cópia. Ponte do Rio das Mortes, OLP agradece apoio.

Correspondência 15. 29/11/1967 Carta de OLP, pelo Comitê, para Sinval Amaral, Prefeito de Ritápolis

Datilografada. Cópia. Ponte do Rio das Mortes, OLP agradece apoio.

Correspondência 16. 1/12/1967 Carta de OLP, pelo Comitê, para secretário das comunicações e obras públicas.

Datilografada. Cópia. Ponte do Rio das Mortes, OLP agradece apoio.

Titulo/ação 17. s/d Títulos de ações do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago

Impresso. 03 exemplares.

Correspondência 18. 08/11/1963 Carta do secretário das comunicações e obras públicas para dep Sady da Cunha

Reencaminhada para OLP, ponte.

Anotação 19. 10/06/1966 Anotação de número de portaria e nome de engenheiro. Correspondência 20. 22/10/1965 Carta de OLP para Aureliano Chaves, Secretário

Comunicações e Obras Públicas. Ponte no rio das Mortes, manuscrito.

Correspondência 21. 28/01/1966 Carta de Aureliano Chaves para OLP Datilografado. Ponte no rio das Mortes. Correspondência 22. 26/01/1955 Carta de OLP, prefeito, para diretor do SESP Datilografado. Abastecimento de água. Correspondência 23. [1961?] Ofício de OLP ao DER para reconstrução de estrada. Datilografado. Estrada. Correspondência 24. [1961?] Ofício de OLP ao DER para reconstrução de estrada. Datilografado. Estrada. Correspondência 25. Abri/1954 Telegrama da comissão do III Congresso de Municípios

para pref. OLP

Correspondência 26. Maio/1954 Telegrama da comissão do III Congresso de Municípios para pref. OLP

Correspondência 27. 12/03/1958 Telegrama de Mons. Fco. Elói para OLP Colégio Santiaguense. Recibos 28. - Recibos de diárias de hotel. Cartão 29. - Cartão com nomes do secretário da viação e obras

públicas, Ildeu Duarte Filho, e do oficial de gabinete do secretário.

Jornal 30. 27/8/1971 Jornal Minas Gerais Páginas 5 e 6. Rodovia Oliveira-SJDR Correspondência 31. 19/11/1966 Carta de Nelson Lombardi, pref. de São João del Rei,

para diretor do DER, Eliseu Resende Datilogrado. Cópia carbono, estrada Oliveira- SJDR

Ato de nomeação 32. 25/5/1927 Nomeação de OLP como inspetor escolar de São Tiago Correspondência 33. 12/07/1966 Carta de OLP, pelo Comitê, para prefeito Antônio Belfort Cópia carbono, distribuição de cadernos e

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lápis para alunos carentes. Correspondência 34. 19/09/1971 Carta de OLP para Dep Aureliano Chaves Manuscrito. Pontes, OLP é criticado

porque obras não aparecem, projeto de ensino federa.

Certidão 35. 1971 Certidão negativa de débito de Geraldo Moreira da Silva Folder ou revista? 36. s/d Folder turístico de Natal e São Luís, rodovia n. 290 Jornal 37. 14/7/1941 Jornal O Censo, Rio Novo, n. 6 Carta 38. CONFERIR Carta de OLP para presidente Médici Datilogrado, incompleto. Estrada

Oliveira-SJDR, Carta 39. 18/06/1966 Carta de OLP, pelo Comitê, para secretário de estado de

educação Datilografado, cópia-carbono.

Carta 40. 18/06/1966 Carta de OLP, pelo Comitê, para chefe da seção de material da SEEMG

Datilografado, cópia-carbono.

Jornal 41. s/d Recorte de jornal Jornal não identificado. Declaração 42. 26/3/1971 Declaração de concordância de proprietários rurais com

mudanças em divisas de terras. Datilografado, cópia. Sem assinaturas.

Abaixo-assinado 43. Abaixo-assinado Folhas com várias assinaturas de moradores de São Tiago.

Atestado 44. 27/06/1967 Atestado de registro em cartório do Comitê de Propaganda e Melhoramentos de São Tiago

Certidões 45. Certidões de exercício em cargo público e de contagem de tempo de serviço de Ilza Rosa Pacheco

06 folhas.

Carta 46. 28/04/1967 Carta de Sebastião Resende para Sebastiana Antonia das Dores

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PASTA AZUL (PA)

TIP0/PASTA/ DOSSIÊ

Nº DATA DESCRIÇÃO Observações/Palavras-chave/ citações

Fotografia 1. 1934 Fotografia, p&b, 14x9 cm Foto de OLP com inscrições: “À minha querida Mãe, com o meu abraço de saudades, 18/11/1934. Octávio” “Salve, 18/11/1934! À minha querida mãe, abraço, beijo e saúdo, pela passagem da grande data de seu anniversário natalício. Salvev18/11/1934, São Thiago, Octávio.”

Carteira de sócio 2. [1975?] Carteira de sócio Carteira de sócio do clube Pedra Branca Social Clube, Senador Câmara, GB, de Therezinha P. dos Santos.

Poema 3. s/d O último batizado de Frei Orlando, de OLP Manuscrito, não é caligrafia de OLP, com diversas correções.

Poema 4. s/d Poema de OLP Ante o Salmo 99 Cópia Xerox. Familiares preparavam um livro de poemas e dois dos capítulos seriam “Religiosidade” e “lírico”

Biografia 5. s/d Octávio Leal Pacheco – Traços biográficos 04 fls, cópia xerográfica de documento manuscrito. Documento que se aproxima da Síntese Biográfica, mas a caligrafia do documento original não era de OLP.

Cartão 6. [1975] Cartão da Academia de Letras de São João Del-Rei para Senhorinha Lucy

Lucy Lara? Notícia da sessão da Academia de Letras por ocasião do falecimento de OLP

Poema 7. s/d Poemas de OLP Desejo – a uma telefonista, e Gota de Orvalho.

Manuscrito, não é caligrafia de OLP.

Poema – trovas 8. s/d Poema de OLP: E a saudade continua Manuscrito, não é caligrafia de OLP. Trovas ou poema?

Poema - trovas 9. 1970 Trovas de OLP Manuscrito de OLP, 02 fls, 12 trovas Poema 10. s/d Poema de OLP: Ressurreição Manuscritos de OLP, 02 fls, com

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11. s/d Poema de OLP Ante o Salmo 99, A Dom José Medeiros Leite, ínclito Bispo de Oliveira.

numeração: 14 e 15

Poema 12. s/d Poema de OLP: Uma história Manuscrito de OLP, 05 fls, com numerações e diversas correções.

Poemas – trovas 13. s/d Trovas Manuscrito de OLP. 13 trovas. As trovas seriam da autoria de OLP?

Poemas – caderno 14. s/d Caderno de Poemas Manuscrito. Parece que OLP estava reunindo seus poemas. Transcreve-os e também reescreve os poemas. Poemas:

1. Dedicatória, a uma fã de Catulo Cearense, 1948

2. No templo, 1953 3. Desejo, a uma telefonista, 1931 4. Aleluia, 1960 5. Gota de Orvalho (acróstico) 6. Baú velho (acróstico) 7. Tristeza em festa 8. Saudade de Mogi das Cruzes (Ao

poeta Melo Freire), 1964 9. Último batizado de Frei Orlando 10. Receitando, ao distinto casal

amigo Odette e Jasminor 11. a 12. Feitiço, à senhorita Edy Dutra.,

1941 13. Em vão, à senhorita Cybelle

Araujo, 1941 14. Quando ela passa... 15. Acróstico, à querida neta Selma 16. Angústia 17. Lágrima (apenas o título) 18. Saudação a São Tiago 19. Acróstico, à querida filha Edith

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20. Saudades de Terezinha 21. Ante o Salmo 99, A Dom José

Medeiros Leite, ínclito Bispo de Oliveira

22. À minha esposa Ilza, Salve! 3 de outrubro de 1967

23. História (uma história) Carta 15. [1975] Carta do presidente da Câmara Municipal de São Tiago

para família de OLP Datilografado. Condolências pelo falecimento de OLP

Biografia 16. s/d Dados biográficos Datilografado, 01 fl, com correções a mão,

Livro 17. 1972 VIEGAS, Notícia Histórica do município de São Tiago, Belo Horizonte, Imprensa Oficial de MG, 1972

Jornal 18. 10/07/1975 Jornal “O Juvenil”, Bom Sucesso, MG Com nota sobre falecimento de OLP Titulo 19. 10/10/1964 Titulo de ação do Comitê de Propaganda e

Melhoramentos de São Tiago Em nome de Terezinha Pacheco dos Santos

“Curriculum vitae” 20. 18/03/1971 “Curriculum vitae” Manuscrito, 04 fls. OLP escreveu um currículum sobre sua vida pública: “Octávio Leal Pacheco, entusiasta dos princípios que norteiam a Revolução de 1964, sincero admirador do ínclito Presidente Emilio Garrastazu Médici e do preclaro Governador Rondon Pacheco, aos quais deseja servir, é candidato a qualquer das prefeituras a serem preenchidas pelos Governos da República e do Estado.” (fl.4)

Título eleitoral 21. 1976 Título eleitoral de Theresinha Pacheco dos Santos Filha de OLP e Odette Titulo - acionista 22. 28/01/1965 Titulo de ação do Comitê de Propaganda e

Melhoramentos de São Tiago Em nome de Nilson Pacheco dos Santos, neto de OLP

Diploma 23. 01/08/1971 Diploma de OLP como sócio correspondente da Academia Sanjoanense de Letras,

Carta 24. 24/04/1975 Carta de OLP para o genro Luiz Pereira dos Santos Manuscrito Decreto 25. 23/05/1975 Decreto Municipal 233/75 Luto Oficial em São Tiago pelo

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falecimento de OLP Carta 26. 14/12/1974 Carta de OLP para o genro Luiz Pereira dos Santos Manuscrito, 02 fls

Humor: pede para o genro esperá-lo na rodoviária com “Gordine” e lamenta importunar o genro, dizendo que logo terá um “magrine”

Biografia resumida 27. s/d Biografia resumida de OLP, com poemas anexados Datilografado. Biografia 01 fl, poemas 08 fls: Saudação a São Tiago, No templo, Fé, Conselho, Angústia, Tristeza em festa, Gota de Orvalho, Quando ela passa, E a saudade continua, Fascinação, Baú Velho, Crepúsculo, Trovas, Haicais

Notas 28. 1994 Neta Selma escreve sobre OLP e seus poemas Manuscrito. Uma apresentação para um livro?

Poemas 29. s/d Poemas de OLP Cópias xerográficas de poemas, reunidos pelos familiares que estavam organizando livro sobre OLP. 38 fls.

1. No templo 2. Três de outubro (pelo aniversário

de minha esposa Ilza) 3. Em vão 4. Feitiço 5. Angústia 6. Conselho (à boníssima irmã

Esmeralda) 7. Trovas (10) 8. Saudação (á filha Edith pela sua

aposentadoria) 9. Fascinação 10. Haicais (05) 11. À minha filha Edith (acróstico) 12. À minha neta Selma (acróstico) 13. Homenagem póstuma, á menina

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Regina Maria (acróstico) 14. Baú Velho (acróstico) 15. Tristeza em festa (acróstico) 16. Gota de orvalho (acróstico) 17. Ao prezado e ilustre amigo dr.

Adolfo da Clínica Guanabara (acróstico)

18. A nova capital (acróstico) 19. Quando ela passa 20. Crepúsculo 21. Saudade, à minha filha

Theresinha 22. Desejo, a uma telefonista 23. Oferenda [ou Dedicatória], a uma

fã de Catulo da Paixão Cearense 24. À minha neta Sônia por ocasião

do nascimento de minha primeira bisneta Lívia.

25. P.S. em carta dirigida à minha neta Selma, felicitando-a pelo nascimento de minha segunda bisneta Simone.

26. Aniversário, à senhorita Zizinha 27. Trovas [ou poema?] para o

programa de Rádio “E a saudade continua” (Rádio 9 de julho, São Paulo, 04 trovas.

28. Hino à mocidade 29. Homenagem à D. Felícia

Grimaldi pelo transcurso de seu nonagésimo aniversário natalício

30. Saudade, visita a Mogi das Cruzes após 35 anos de ausência.

31. Saudação, por ocasião do 25°

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aniversário de emancipação política.

32. À filha Mariazinha, por ocasião de sua aposentadoria.

33. Fé

Projeto de Livro sobre OLP

30. s/d Projeto impresso de livro sobre OLP Versão não concluída de um livro sobre OLP, com dados biográficos e os mesmos poemas listados no documento 29.

CD 31. s/d CD- Livro Arquivos digitais do livro citado no documento 30.

CD 32. s/d CD Octávio Leal Pacheco e suas poesias Dois CDs, com gravações de OLP recitando poesias, próprias e de outros poetas.

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