trabalho sobre vygotsky
DESCRIPTION
O presente trabalho trata de estudo bibliográfico tendo como linha teórica a Psicologia Histórico-Cultural. Aborda sobre a importância da Formação de Conceitos no processo de desenvolvimento e aprendizagem do indivíduo, a partir do que propõe Vygotsky. O texto traz a importância de tal teoria á formação do professor além de compor-se como valiosa contribuição acerca de reflexões necessárias ao professor no que tange o desenvolvimento do pensamento teóricoTRANSCRIPT
FACULDADE METODISTA GRANBERY – FMGCURSO DE PEDAGOGIA
CLAUDILENA DO PATROCINIOIHNGRED RAENYTHIERRIE MAGNO
LEV VYGOSTY E A PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA
JUIZ DE FORA2012
CLAUDILENA DO PATROCINIOIHGRED RAENY
THIERRIE MAGNO
PESQUISA E REFLEXÃO SOBRE VIDA E TRABALHO DE LEV VYGOSTY E SUA CONTRIBUIÇÃO AO MOVIMENTO PEDAGÓGICO
CONTEMPORÂNEO, SUAS DIFICULDADES E NOVAS OPORTUNIDADES DE EXPANSÃO.
Trabalho de Pesquisa Acadêmica como requisito da disciplina de Filosofia da Educação do Curso de Pedagogia da Faculdade Metodista Granbery.
PROFESSOR:ANTÔNIO C. FERRAREZZI
JUIZ DE FORA2012
CLAUDILENAIHGRED RAENY
THIERRIE MAGNO
LEV VYGOSTY E A PEDAGOGIA CONTEMPORANEA
Trabalho de Pesquisa Acadêmica com o objetivo de aprovação na disciplina de Filosofia da Educação do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Metodista Granbery.
Juiz de fora,18 de Junho de 2012
____________________________________________Professor Antônio Carlos Ferrarezzi
Faculdade Metodista Granbery
DEDICATÓRIA
Dedicamos esse trabalho a todos os pensadores, estudiosos, pedagogos, psicólogos, biólogos, sociólogos, enfim, a todos que, de alguma forma, assim como Vygotsky, procuraram e buscaram a Iluminação social e pessoal a fim de promovê-la ao patamar mais benevolente, caridoso e digno da Humanidade.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos, primeiramente, a Deus por nos prover forças para
continuarmos a nossa jornada, seu amor incondicional e seu perdão revigorante e
indulgente. “Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os
meus mandamentos, para fazeres o teu ouvido atento à sabedoria; e inclinares o teu
coração ao entendimento; se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares
a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares,
então entenderás o temor do SENHOR, e acharás o conhecimento de Deus.”
Provérbios 2:1-5.
Também aos nossos familiares e cônjuges, que são a Verdade, O Amor e
a Lealdade personificadas, ora nos momentos de júbilo, ora nos momentos de
recolhimento. Obrigado pelas lições apreendidas.
A nossos amigos, por serem os melhores termômetros de nossa evolução
profissional, espiritual, social e moral. Suas contribuições não poderiam ser
expressas por nenhuma palavra existente.
E, finalmente, à Faculdade Metodista Granbery, conjuntamente ao corpo
Docente Acadêmico, por fornecer-nos um ótimo ambiente de estudo, de labor e de
crescimento social, profissional e humano. Seu comprometimento com o Curso de
Pedagogia e com seus alunos só reforça a Qualidade já reconhecida. Obrigado.
RESUMO
O presente trabalho trata de estudo bibliográfico tendo como linha teórica a
Psicologia Histórico-Cultural. Aborda sobre a importância da Formação de Conceitos
no processo de desenvolvimento e aprendizagem do indivíduo, a partir do que
propõe Vygotsky. O texto traz a importância de tal teoria á formação do professor
além de compor-se como valiosa contribuição acerca de reflexões necessárias ao
professor no que tange o desenvolvimento do pensamento teórico.
Palavras-Chave: Formação de conceitos; desenvolvimento cognitivo e
aprendizagem escolar.
ABSTRACT
The present work brings us some bibliographic studies and a theoretical line having
Historic-Cultural Psychology as its bases. It discusses the importance of Concept
Formation in the process of development and learning of the individual, from which
Vygotsky proposes. The article also discusses the importance of the theory to
teacher training and its contributions as valuable as necessary reflections about the
teacher regarding the development of theoretical thought.
Keywords: Concept formation, and cognitive development and school learning.
RÉSUMÉ
Cet article présente une étude bibliographique et il a de la psychologie historique-
culturel comme ligne théorique. Il discute de l'importance de la formation des
Concepts dans le processus de développement et de l'apprentissage individuel, à
partir de laquelle propose Vygotsky. L'article discute de l'importance de la théorie
dans la formation des enseignants ainsi que la composition en tant que valeur
réflexions de cotisation nécessaires au sujet de l'enseignant au sujet de la
développement de la pensée théorique.
Mots-clés: formation des concepts et le développement cognitive, l'apprentissage à
scolaire.
INTRODUÇÃO:
Lev Vygotsky desenvolveu a teoria sociocultural do desenvolvimento
cognitivo. A sua teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo dialético, ou
seja, que as mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem
mudanças na natureza humana.
Vygotsky abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de
orientação. Em vez de olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele
debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas
actividades sociais.
Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés,
as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções
mentais. Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do
jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um
aprendiz mais experiente. O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a
ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através
de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados
pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de
pensamento mais elevada.
Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a
compreensão do mundo, o conhecimento sozinho, Vygotsky via o desenvolvimento
cognitivo como dependendo mais das interações com as pessoas e com os
instrumentos do mundo da criança. Esses instrumentos são reais: canetas, papel,
computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos, signos.
Um pressuposto básico de Vygotsky é a de que durante o curso do
desenvolvimento, tudo aparece duas vezes:
1º a criança entra em contato com o ambiente social, o que ocorre ao
nível interpessoal.
Depois a criança entra em contato com ela própria, num nível
intrapessoal.
QUEM FOI VYGOTSKY
Pensador importante na área de Psicologia e da Educação, Lev
Semenovitch Vygotsky foi percussor ao postular que o desenvolvimento intelectual
ocorre em função das interações sociais e condições de vida do individuo. Filho de
uma próspera e culta família judia, formou-se em Direito pela Universidade de
Moscovo em 1918. Durante o seu período acadêmico estudou simultaneamente
Literatura e História na Universidade Popular de Shanyavskii.
No ano de seu bacharelado em Direito (1918), retornou para Gomel, onde
havia anteriormente lecionado. Seis anos mais tarde, em 1924, aos 28 anos de
idade, desposou Rosa Smekhova, com quem teve duas filhas. Ainda em Gomel,
ministrou um curso de Psicologia no "Instituto de Treinamento de Professores" onde
implantou um laboratório de Psicologia. No mesmo período fundou uma editora e
publicou uma revista literária.
Apesar de sua formação em Direito, destacou-se à época por suas
críticas literárias e análises do significado histórico e psicológico das obras de Arte,
trabalhos que posteriormente foram incorporados no livro "Psicologia da Arte",
escrito entre 1924 e 1926, incluindo naturalmente a tese de doutorado sobre
Psicologia da Arte, que defendeu em 1925. O seu interesse pela Psicologia levou-o
a uma leitura crítica de toda produção teórica de sua época, nomeadamente as
teorias da "Gestalt", da “Psicanálise” e do "Behaviorismo", além das ideias do
educador e biólogo suíço Jean Piaget. As obras desses autores são citadas e
comentadas em seus diversos trabalhos, tendo escrito prefácios para algumas das
suas traduções ao idioma russo.
Tendo vivido a Revolução Russa de 1917, bem como estudado as obras
de Karl Marx e Friedrich Engels, a partir das proposições teóricas do materialismo
histórico propôs a reorganização da Psicologia, antevendo a tendência de unificação
das Ciências Humanas no que denominou como "psicologia cultural-histórica".
Entre os seus trabalhos de campo incluem-se visitas às populações
camponesas isoladas de seu país, fazendo testes neuropsicológicos entre as aldeias
nômades do Uzbequistão e do Quirguistão (Ásia Central), antes e depois do
realinhamento cultural e socioeconômico da revolução socialista, que incluía
alfabetização, cursos rápidos de novas tecnologias, organização de brigadas,
fazendas coletivas e outros, como descreve Alexander Luria em seu ensaio sobre
diferenças culturais e o pensamento.
A experiência vivida na formação de professores levou-o ao estudo dos
distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de deficiências
congênitas e adquiridas, a exemplo da afasia. Complementando a sua formação
para estudo da etiologia de tais distúrbios, graduou-se em Medicina retomando o
curso iniciado e substituído por Direito em Moscou e retomado e concluído em
Kharkov. O seu interesse em Medicina estava associado à manutenção do grupo de
pesquisa de neuropsicologia com Alexander Luria e Alexei Nikolaievich Leontiev. As
suas principais contribuições à defectologia estão reunidas no livro "Psicologia
Pedagógica".
Graças a uma conferência proferida no "II Congresso de Psicologia" em
Lenigrado, foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou. O seu
interesse simultâneo pelas funções mentais superiores, cultura, linguagem e
processos orgânicos cerebrais pesquisados por neurofisiologistas russos com quem
conviveu, especialmente Luria e Leotiev, em diversas contribuições no "Instituto de
Deficiências de Moscou", na direção do departamento de Educação (especial) de
Narcompros, entre outros institutos, além das publicações sobre o tema, encontram-
se reunidos na obra "A Formação Social da Mente", onde aborda os problemas da
gênese dos processos psicológicos tipicamente humanos, analisando-os desde a
infância à luz do seu contexto histórico-cultural.
Veio a ser descoberto pelos meios acadêmicos ocidentais muitos anos
após a sua morte, que ocorreu em 1934, por tuberculose, aos 37 anos.
ORTGEIST E ZEITGEIST: AS INFLUÊNCIAS LOCAIS E TEMPORAIS
À CONSTRUÇÃO DE PENSAMENTOS UNIVERSAIS E ATEMPORAIS
DE VYGOTSKY.
“A revolução nos libertou - especialmente a geração mais jovem – para a
discussão de novas ideias, novas filosofias e sistemas sociais. (...) fomos
arrebatados por um grandioso movimento histórico. Nossos interesses pessoais
foram consumidos em favor das metas mais amplas de uma nova sociedade
coletiva. A atmosfera que se seguiu imediatamente à Revolução proporcionou a
energia para muitos empreendimentos ambiciosos”. (Luria, 1992, p.24 e 25).
Enquanto Zeitgeist (pronuncia-se:/’ tzait.gaist) que é um termo alemão
cuja tradução significa espírito de época ou espírito do tempo, Ortgeist ( fala-
se:/’ort,gaist/) é de mesma origem e pode ser traduzido pelo espirito do lugar. O
Zeitgeist significa, em suma, o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo,
numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de
tempo ao passo que Ortgeist é a influencia do determinado local ao qual se está
inserido. Esses fenômenos são constituintes da esfera influente do pensamento
vygotskyano de de seu contexto.
O Contexto em que viveu Vygotsky ajuda a explicar o rumo que seu
trabalho tomou. Suas ideias foram desenvolvidas na União Soviética saída da
Revolução Russa de 1917 e refletem o desejo de reescrever a psicologia, com base
no materialismo marxista, e construir uma teoria da educação adequada à nova
realidade social emergida da revolução.
A época era de grandes conflitos e frenéticas transformações no mundo.
A Alemanha passa por sérios problemas, aparece Adolf Hitler(889-1945); na Itália
também aparece uma figura conhecida, Mussolini(1883-1945); Nos Estados Unidos
há uma grande expansão territorial e demográfica, entre outros acontecimentos.
Em 1914 iniciava a 1ºGuerra Mundial. Em 1917, na Rússia o governo
provisório foi derrubado, estourou o que passou a chamar de Revolução de Outubro.
Substituído por um governo Bolchevique mais radical (conhecido de comunista)
liderado por Lênin (1870-1924) teórico do marxismo, tomou o poder e transformou a
Rússia em União Soviética.
Vygotsky conheceu momentos políticos drasticamente diferentes, que
tiveram forte influência em seu trabalho. Nascido sob o regime dos czares russos
acompanhou de perto, como estudante e intelectual, os acontecimentos que levaram
à revolução comunista. O período que se seguiu foi marcado, entre outras coisas,
por um clima de efervescência artística e o pensamento inovador nas ciências, além
de uma preocupação de promover políticas educacionais eficazes e abrangentes.
Faz parte da Pedagogia Crítica que tomou grande corpo e consolidou-se como parte
significativa.
A Psicologia Sócio-Histórica é uma vertente teórica que nasceu na ex-
União soviética, embalada pela revolução e pela teoria marxista, que recebeu maior
importância no Ocidente a partir de 70, e o seu maior precursor foi Vygotsky.
A Guerra terminou em 1918 com 10 milhões de pessoas mortas, 20
milhões de feridos, onde custaram 300 milhões de dólares, e deixou uma grande
instabilidade monetária.
Em seguida veio a Gripe espanhola que matou duas vezes o número de
mortos em quatro anos de guerra, em todo mundo. A Rússia encontrava-se no caos.
Havia uma guerra civil, na qual os comunistas (vermelhos) lutavam contra, mais ou
menos ao que tinha sido anteriormente.
No século XIX foi o do desenvolvimento das ciências biológicas e da
medicina. O feito mais notável foi o estabelecimento e a comprovação da teoria da
evolução orgânica. Nesta época tendências Naturalista e humanista estavam a
emergir e a Crise da Ciência no final do século XIX manteve o ambiente em
emulsão.
Até a metade do século XIX, o estudo da natureza humana era um
atributo da filosofia. Os seguidores de John Locke, na Inglaterra, desenvolveram
suas concepções empiristas da mente, que enfatizava a origem das ideias a partir
de sensações produzidas por estimulação ambiental (problema - descrever as leis
de sensações simples combinada com as complexas).
No continente europeu, os seguidores de Immanuel Kant afirmavam que
ideais de espaço e tempo e conceitos de quantidade, qualidade e relação
originavam-se na mente humana e não poderiam ser decompostas em elementos
mais simples.
Ambos os grupos mantinham-se irredutíveis em suas posições. Ambas as
tradições filosóficas desenvolviam-se tendo como pressuposto, originado a partir dos
trabalhos de René Descartes.
Apesar de o conflito entre essas duas abordagens se estender até os dias
de hoje, os termos dessa discussão, por volta de 1860, foi mudado
irrevogavelmente, pela publicação quase que simultânea de três livros: A origem da
Espécies de Darwin, que argumentava entre a continuidade essencial entre o
homem e outros animais; o segundo foi Die Psychophysik, de Gustav Fechner,
apresentava uma descrição detalhada e matematicamente elaborada da relação
entre as variações de eventos físicos determináveis e as respostas “psíquicas”
expressas verbalmente; o terceiro livro, um volume pequeno, Reflexos do Cérebro,
escrito por I.M.Sechenov, que havia estudado com alguns dos mais eminentes
fisiologistas europeus, contribuiu para a compreensão dos reflexos sensório-motores
simples usando a técnica da preparação neuromuscular isolada. Livro proibido por
algum tempo e quando finalmente foi publicado, continha uma dedicatória a Charles
Darwin.
Esses três livros, de Darwin, Fechner e Sechenov, podem ser vistos como
constituintes essenciais dos pensamento psicológico do final do século XIX. Darwin
uniu animais e seres humanos num sistema conceitual único regulado por leis
naturais. Fechner forneceu um exemplo do que seria uma lei natural que
descrevesse as relações entre eventos físicos e o funcionamento da mente humana;
Sechenev, extrapolando observações feitas em preparações neuromusculares
isoladas de rãs, propôs uma teoria fisiológica do funcionamento de tais processos
mentais em seres humanos normais. Nenhum desses autores era considerados
pelos seus contemporâneos, mas forneceram as questões centrais que
preocupariam a psicologia, uma ciência jovem, na segunda metade século: quais
são as relações entre o comportamento humano e o animal? Entre eventos
ambientais e eventos mentais? Entre processos fisiológicos e psicológicos? Várias
escolas psicológicas atacaram uma ou outra questão. Contribuindo com respostas
parciais dentro de perspectivas teóricas limitadas.
De tais escolas, a primeira fundada foi por Wilhelm Wult em 1890, que
propôs, que as funções mentais complexas, ou, como eram então conhecidas, os
“processos psicológicos superiores” (a lembrança voluntária e o raciocínio dedutivo,
por exemplo) não poderiam, em princípio, ser estudadas pelos psicólogos
experimentais. Em sua opinião, só poderiam ser pesquisadas através de estudos
históricos dos produtos culturais, tais Omo as lendas, costumes e linguagem.
Na primeira Guerra mundial os estudos introspectivos dos processos
conscientes humanos sofrem ataques vindos de duas direções. Tanto nos Estados
Unidos quanto na Rússia. Psicólogos descontentes com as controvérsias em torno
das descrições introspectivas corretas da sensações, e com a consequente
esterilidade da pesquisa resultante, renunciam ao estudo da consciência em prol do
estudo de Pavlov dos reflexos condicionados (desenvolvidos a partir de Sechenov) e
pelas Teorias de Darwin sobre a continuidade evolutiva entre os animais e o homem,
essas correntes psicológicas abriram muitas áreas para o estudo cientifico do
comportamento animal e humano.
Século XX, nas primeiras décadas, a psicologia soviética (assim como a
europeia e americana) estava dividida em duas tendências radicalmente
antagônicas: “um ramo com características de ciência natural, que poderia explicar
os processos elementares sensoriais e reflexos, e outro lado com característica de
ciência mental, que descreveria as propriedades emergentes dos processo
psicológicos superiores” (Cole&Scriner,1984, p.6)
Desse modo, existia de um lado um grupo que baseado em pressupostos
da filosofia empirista, via a psicologia como ciência natural que deveria se deter na
descrição da formas exteriores de comportamento, entendidas mecanicamente
constituídas. Esse grupo limitava-se à análise do processos mais elementares e
ignorava os fenômenos complexos da atividade consciente, especificamente
humana não poderia ser objeto de estudo da ciência objetiva, já que era
manifestação do espírito. Este grupo não ignorava as funções mais complexas do
ser humano, mas se detinha na descrição subjetiva de tais fenômenos.
Nesta época predominavam Wilhem Wundt, o fundador da psicologia
experimental, William James, representante do pragmatismo americano, ele era
estudante. Na ciência, foram seus contemporâneos, entre outros Ivan Pavlov,
Wladimir Bekhterev e John B. Watson, todos os adeptos das teorias
comportamentais privilegiadoras da associação, estímulo-resposta, além de
Wetheimer, Kohler, Koffka e Lewin, fundadores do movimento da Gestalt na
psicologia.
Vygotsky se preocupa em entender o funcionamento psicológico do ser
humano, integrando aspectos biológicos e culturais.Com relação a educação, a
teoria de Vygotsky enfatiza o papel da aprendizagem no desenvolvimento humano,
valorizando a escola, o professor e a intervenção pedagógica. Talvez por isso, suas
ideias têm tido tanta representação ente os educadores do ocidente, apesar da sua
distância no tempo e espaço.
“No Brasil, ele é estudado há pouco mais de uma década”. Segundo a
pedagoga Teresa Freitas da Universidade de Juiz de Fora(UFJF). Ela pesquisou a
difusão de seu trabalho e suas ideias, que chegaram aqui no fim dos anos 70,
trazida por estudiosos que as conheceram do exterior. Mas apenas nos anos 80,
começou a ser divulgada, por causa da linha educacional construtivista que se
expandia, impulsionada o pela psicóloga Argentina Emília Ferreira, discípula de
Piaget.
Vygotsky destaca o papel do contexto histórico e cultural nos processos
de desenvolvimento e aprendizagem, sendo chamado de sociointeracionista, e não
apenas de interacionista.
A TEORIA VYGOTSKYANA
Os homens sempre se indagaram e tiveram curiosidade em entender-se,
saber como se constitui a sua personalidade, o seu caráter e o funcionamento
psicológico do ser humano. Conhecer e entender as peculiaridades do ser humano é
falar do desenvolvimento da mente humana, entender a inteligência e como se dá o
processo de cognição, a formação da personalidade e da consciência .
Dentre as pessoas que se dedicaram a pesquisar e entender o ser
humano está Vygotsky, que em breve trajetória de vida foi protagonista de uma das
mais fantásticas pesquisas sobre a formação da psicologia humana. Vygotsky é
fundamental para que se possa compreender os processos de desenvolvimento do
pensamento e da linguagem e as funções que são inerentes a elas.
Neste processo Vygotsky valoriza muito a intervenção junto ao sujeito e
com isso o papel do professor, do educador como poucos na história. Sua obra
vasta mesmo com sua morte precoce aos 37 anos de idade, é de suma importância
para compreender o desenvolvimento infantil.
Dedicou-se com especial atenção ao desenvolvimento infantil, apontando
para a necessidade da intervenção do adulto, como por exemplo o professor e na
escola. Chamou atenção para a importância do brinquedo, pois o brinquedo
aproxima a criança do mundo simbólico, das significações socioculturais. Afirma
Vygotsky:
“Desde os primeiros dias do desenvolvimento
da criança, suas atividades adquirem um
significado próprio num sistema de
comportamento social, e sendo dirigidas a
objetivos definidos, são refratadas através do
prisma do ambiente da criança. O caminho do
objeto até a criança e desta até o objeto
passa através de outra pessoa. Essa
estrutura humana complexa é o produto de
um processo de desenvolvimento
profundamente enraizado nas ligações entre
história individual e história social."
1.1 PLANOS GENÉTICOS
Uma das principais características de sua abordagem são os planos
genéticos de desenvolvimento. Com estes demonstra Vygotsky que o conhecimento
não é dado e não nasce no sujeito de forma inata. Entende-se que o conhecimento
não é transmitido, dado por alguém como pacotes prontos e fechados. Vygotsky é
sociointeracionista, ou seja, entende que todo conhecimento depende de uma matriz
genética que interage com o meio sociocultural em que o sujeito está inserido.
Segundo ele, são quatro as entradas que fazem com que o ser humano se
desenvolva psicologicamente: A filogênese, a ontogênese, a sociogênese e a
microgênese.
A filogênese diz respeito a história do desenvolvimento do indivíduo ligada
a uma certa trajetória que caracteriza determinada espécie, no caso de ser humano,
ou “homo sapiens” com as características peculiares da mesma, como ser bípede,
binocular, características que vão se impondo os seus membros em seu
desenvolvimento. Cada espécie tem suas especificidades, como por exemplo, na
espécie humana, o movimento de pinça nos dedos.
Dentre todas as características da filogênese humana, destaca-se a
flexibilidade do cérebro humano, que permite que ele se adapte as mais variadas
situações. Isso é possível pelo fato do ser humano não possuir um cérebro
predeterminado geneticamente ao nascer. O homem não sabe quase nada ao
nascer, tudo terá de ser desenvolvido, sendo uma das criaturas mais indefesas e
frágeis da natureza, mas que lhe permite uma maior abertura e flexibilidade no seu
desenvolvimento, ou seja, ele está por ser constituído e se adapta as mais variadas
situações.
A ontogênese equivale ao desenvolvimento de cada ser dentro de sua
espécie, ou seja, a trajetória de vida da espécie se coloca com limitação e
característica que são peculiares a espécie, sendo que cada membro da espécie se
desenvolve e se constroem nessa determinada trajetória. Em cada espécie há um
caminho. O desenvolvimento deste membro será o resultado da passagem deste por
esta sequência da espécie. O homem por exemplo ao nasce, por um bom período
depende totalmente do adulto, fica deitado, engatinha, aprende a andar, falar, etc.
Uma outra via de desenvolvimento ou plano genético em Vygotsky refere-
se a sociogênese. Os indivíduos estão inseridos em um meio social e cultural,
resultado do processo histórico desta sociedade, e que emprega certas
características aos seus membros. Aqui não estamos tratando da história e da
cultura em si, mas suas características presentes nesta sociedade, com as quais o
indivíduo entra em contato por estar neste meio, e acaba se desenvolvendo
enquanto sujeito e caracterizando o seu desenvolvimento. São jeitos de se
comportar, de vestir, alimentar entre outros.
O plano genético da sociogênese pode ser visto sob dois aspectos: Em
uma situação ele pode ser alargador das potencialidades humanas, pois pela cultura
o homem pode libertar-se, ou transgredir alguns determinismos naturais que lhe se
impõem. Como exemplo os óculos, que são lentes que podem suprimir deficiências
visuais resultantes de processos naturais que alteram a capacidade de ver. Também
o avião que permitiu que o homem voasse mesmo não sendo por natureza apto a
voar.
O outro aspecto da sociogênese se apresenta sob a forma de
organização de cada cultura a partir de seu desenvolvimento o que se apresenta na
vida da sociedade de forma diferente, sendo que o indivíduo se desenvolve a partir
destas configurações.
Assim cada cultura relê as fases do desenvolvimento do ser humano do
seu jeito, ou seja, com as características históricas e culturais, as configurações
peculiares à mesma. Ela relê e reescreve a sua sociedade recriando, alterando a
cultura e as pessoas. Em nossa sociedade um exemplo interessante que serve para
uma compreensão da sociogênese é o conceito de “terceira idade”. Idosos sempre
estiveram presentes em nossa sociedade, porem, o conceito de terceira idade é uma
invenção cultural da sociedade. Criou-se uma série de características para essa
fase, com moda, roupas, estilos, comportamentos para a “terceira idade”.
A microgênese diz respeito a fenômenos experiências de cada fenômeno
psicológico de cada membro de uma espécie. São histórias que dizem respeito a um
determinado fenômeno psicológico, a sua história. Cada um de nós faz uma
experiência para aprender a amarrar sapatos, ou a falar, a andar de bicicleta. Até a
apreensão de um determinado (fenômeno) ou habilidade. Em cada sujeito esse
fenômeno acontece de forma diferente e que só diz respeito a cada sujeito. Como
cada fenômeno tem sua história, ele é considerado micro, pois não se refere ao
desenvolvimento de forma global, mas mais partícula r de um fenômeno.
A microgênese tem uma característica digamos muito interessante em e
que se destaca entre as outras. Enquanto que nos planos genéticos da ontogênese
e da filogênese temos um certo determinismo biológico, sendo que todos os
membros desta espécie terão de passar por um processo similar praticamente pré-
determinado, bem como na sociogênese de forma similar mais de aspecto e cultural,
há um certo determinismo cultural em que os sujeitos irão se desenvolver. Na
microgênese temos uma maior abertura, pois ela é diferente em cada membro da
espécie de forma que permita que se desenvolva a particularidade de cada. A
microgênese faz com que sejamos diferentes um dos outros.
A microgênese é porta aberta par ao não determinismo. Diferente dos
outros planos, a microgênese é que permite que as pessoas sejam diferentes,
singulares pois, as pequenas histórias são características que configuram a
individualidade de cada um.
1.2 MEDIAÇÂO SIMBOLICA
Para Vygotsky (1998) o homem se constitui a partir da relação com o
outro, tendo como principal elemento dessa relação, a linguagem. Neste sentido, a
aprendizagem para a criança somente acontecerá se houver a intervenção de um
terceiro elemento dentro da relação. Quando ocorre a intervenção desse elemento,
ocorre o que Vygotsky vai chamar de mediação simbólica. O elemento mediador,
torna a relação mais complexa no momento que interfere nesta. Com o passar do
tempo, quanto mais elementos mediadores ocorrem na relação, mais direta essa
relação fica, ou seja, o sujeito que sofre a mediação, ao longo da sua constituição,
não mais precisará dessa interferência para desenvolver algo. Existem dois tipos de
elementos mediadores: Os instrumentos e os signos. O instrumento trata-se de
objetos concretos que mediam a relação do homem com o mundo. Da mesma
maneira que os instrumentos, os signos também mediam a relação individuo/objeto,
mas apresenta-se num caráter psíquico, necessitando passar por um processo de
internalização.
Para que a relação se torne direta, é necessário que o indivíduo passe
por um percurso que vai ajudá-lo a desenvolver certas funções que estão num
processo de amadurecimento, buscando tornar-se funções consolidadas. A este
processo, Vygotsky vai denominar de passagem da zona de desenvolvimento
proximal, para o nível de desenvolvimento real.
Digamos que uma criança tenha ganhado uma bicicleta recentemente dos
seus pais. Ela não consegue andar sozinha na bicicleta. Então seu pai, resolve
segurar a bicicleta enquanto a criança pedala. Num dado momento, o pai larga a
bicicleta, a criança anda um pequeno espaço sozinha e cai. O pai, vai ao seu
encontro para auxiliá-la. A criança levanta, monta novamente na bicicleta, o pai
segura e vai empurrando, até que resolve soltar novamente a bicicleta e a criança
sai andando sozinha por um espaço mais longo.
Nesta pequena história pode-se identificar alguns dos conceitos
explicitados acima. No momento em que o pai segura a bicicleta para a criança, este
ocupa um lugar de mediador na relação criança x bicicleta. Daí a queda que a
criança toma no momento em que seu pai a solta, serve de função da zona de
desenvolvimento proximal. Digamos que ela tenha caído algumas vezes, mas que á
medida que levanta, ao montar na bicicleta novamente todas essas vezes, a criança
conseguia andar uma percurso maior que o anterior, até o dia que conseguiu, sem
auxílio de outra pessoa, andar sozinha na sua bicicleta. Dessa forma a relação do
sujeito com o objeto, torna-se uma relação direta.
A respeito dos elementos mediadores, a bicicleta pode ser considerada
como o instrumento da relação, enquanto que o fato da criança, utilizar seu
conhecimento prévio de como pedalar e se equilibrar no instrumento, ocupa o lugar
dos signos desta relação.
Mas o que ocorreu primeiro? O aprendizado ou o desenvolvimento? Para
Vygotsky, esses dois elementos estão inter-relacionados desde o primeiro dia da
vida do sujeito, porém, em situações que não ocorrer aprendizagem,
consequentemente não haverá desenvolvimento.
O desenvolvimento linguístico da criança, se dá por meio da interação
deste com pessoas mais velhas do seu convívio. No inicio da vida o sujeito, apesar
de conhecer a função social da fala, desconhece a função simbólica da palavra. É
por isso que a comunicação da criança neste estágio da vida, é feita por choro,
balbucio, etc. Aos dois anos de idade, quando já consegue inter-relacionar o
pensamento com a linguagem, a criança desenvolve o pensamento verbal.
Uma criança que está aprendendo a falar, quando existe um mediador
para desenvolver sua capacidade linguística, e quanto mais estímulos ela receber,
mais facilmente será seu desenvolvimento intelectual.
Outro facilitador da aprendizagem para a criança é a partir do brincar.
Através do ato de brincar a criança tem a possibilidade de significar momentos da
sua vida que tenham sido importantes para ela, reproduzindo-os, por exemplo, na
brincadeira do faz-de-conta. Nas brincadeiras pode-se perceber que estão
envolvidas as vivencias de prazer e de desprazer pelas quais o individuo
experienciou em determinado momento. Nesses momentos, as crianças conseguem
fazer uma representação do mundo e de si a partir do que já foi aprendido
anteriormente, representações estas que corroboram para desenvolver sua
capacidade cognitiva, favorecendo, dessa forma nas tomadas de decisão, raciocínio,
soluções de problemas e criatividade. A importância do brinquedo para o
desenvolvimento humano, tem que ver com a forma com influencia esse
desenvolvimento. Numa perspectiva sistêmica, pode-se considerar que o ato de
brincar, apresenta-se numa relação de recursividade, onde o objeto que a criança
utiliza, modifica seu comportamento, ao mesmo tempo que a criança transforma o
significado deste objeto, utilizando-o com outras finalidades.
Segundo Vygotsky (1984), o brinquedo não é uma simbolização da
realidade, e sim uma atividade que a criança exerce para significar essa realidade.
Considera também que o brinquedo não é um aspecto indispensável para a infância,
mas que este assume um papel importante no desenvolvimento infantil, mostrando
que o ato de brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal, pois, a criança
quando brinca, se comporta de uma maneira mais elevada em relação às suas
possibilidades maturacionais, imitando as atitudes de pessoas mais velhas do seu
convívio. Deste modo, considerando que a aprendizagem não pode ser significativa
se não houver variáveis de necessidade e interesses acompanhando seus métodos,
percebe-se que nada melhor que a brincadeira educativa para despertar o interesse
da criança em diversas atividades, contribuindo dessa forma, também para o
desenvolvimento da subjetividade.
1.3 PENSAMENTO E LINGUAGEM
Existem duas grandes vertentes na Psicologia que explicam a aquisição
da linguagem: uma delas defende que a linguagem já nasce conosco, outra, que é
aprendida no meio, segundo Vygotsky raízes genéticas do pensamento e da
linguagem é considerada como instrumento mais complexo para viabilizar a
comunicação, a vida em sociedade. Sem linguagem, o ser humano não é social,
nem histórico, nem cultural. Segundo Vygotsky a relação entre pensamento e
linguagem é estreita. A linguagem (verbal, gestual e escrita) é nosso instrumento de
relação com os outros e, por isso, é importantíssima na nossa constituição como
sujeitos. Além disso, é através da linguagem que aprendemos a pensar .As funções
da linguagem a linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial é a
comunicação, expressão e compreensão. Essa função comunicativa está
estreitamente combinada com o pensamento. A comunicação é uma espécie de
função básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o
pensamento. Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: a
linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e seria
a primeira linguagem que surge.
O significado da palavra, para Vigotski, não pode pertencer somente a
fala ou a palavra em si, uma vez que o significado é uma generalização, um
conceito, logo são atos do pensamento, pois é nele que estão os conceitos. Mas
uma palavra sem significado é um som vazio, então Vigotski afirma que o significado
das palavras é um fenômeno do pensamento verbal, pois o significado da palavra é
um fenômeno de pensamento apenas na medida em que o pensamento ganha
corpo por meio da fala, e só é um fenômeno da fala quando ligada ao pensamento.
Segundo o autor, o fato mais importante revelado pelo estudo genético do
pensamento e da fala é que a reação entre ambos passa por várias mudanças. O
progresso da fala não é paralelo ao progresso do pensamento. As curvas de
crescimentos de ambos cruzam-se muitas vezes; podem atingir o mesmo ponto e
correr lado a lado, e até mesmo fundir-se por algum tempo, mas acabam se
separando novamente. Isso se aplica tanto à filogenia como à ontogenia.
Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano
analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação
do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas
inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e
emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa fala e no nosso pensamento.
1.4 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
Para Vygotsky, aprendizagem gera o desenvolvimento. O aprendizado
adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em
movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam
impossíveis. Jean Piaget, ao contrário, defende que é o desenvolvimento
progressivo das estruturas intelectuais que nos torna capaz de apreender.
Vygotsky enfatiza muito os jogos simbólicos, jogo dos papéis, na
brincadeira a criança transita no mundo imaginário, mas com regras, a imposição de
regras que vem da cultura, as regras do adulto traz para o desenvolvimento da
criança.
Existem, pelo menos dois níveis de desenvolvimento identificados por
Vygotsky: Nível de desenvolvimento real: já adquirido ou formado, que determina o
que criança já é capaz de fazer por si própria e o Nível de desenvolvimento
potencial: a criança ainda não tem mas está próxima de se desenvolver, a
capacidade de aprender com outra pessoa.
A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura
nas zonas de desenvolvimento proximal (distância entre aquilo que a criança faz
sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto,
potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas, ou seja,
distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial, estando ambos no
processo de aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionado).
Este conceito tem um valor explicativo na teoria mas não tem um conceito
instrumental, é muito flexível e muito complexo, não é fácil de desenvolver na
prática. Um aspecto muito importante na teoria de Vygotsky, é a intervenção das
outras pessoas no desenvolvimento, e educação no sujeito.
Para Vygotsky, a ausência do outro, o homem não se constrói homem.
A influência do ambiente o sujeito absorve um ambiente estruturado. O sujeito não
percorreria o caminho de desenvolvimento sem ter a experiência de aprendizado
com a intervenção de outras pessoas. O sujeito depende dessa intervenção para a
aprendizagem.
1.5 PENSAMENTO GENERALIZANTE
Em um aspecto cultural, é possível dizer que estão envolvidos os meios
socialmente estruturados pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa que a
criança em crescimento enfrenta, e os instrumentos mentais e físicos de que a
criança necessita para aprender a tarefa. Um dos principais instrumentos utilizados é
a linguagem, e baseado nisso, Vygotsky baseou toda sua obra na linguagem e sua
relação com o pensamento. A linguagem humana tem para Vygotsky duas funções
básicas: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de
servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e
generaliza a experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias
conceituais cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem. E o
aspecto histórico se junta com o cultural, pois os instrumentos que o homem usa,
para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento, foram criados e
modificados ao longo da história social da civilização.
Para Vygotsky, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem
estão totalmente ligados, de forma que não seria possível separá-los. Desde que
nascem, as crianças, têm constante interação com os adultos, pois estes,
naturalmente procuram passar para as crianças sua maneira de se relacionar e sua
cultura. E é através deste contato com os adultos que os processos psicológicos
mais complexos vão tomando forma. Esse processo, no inicio é intrapsíquicos, ou
seja, partilhado entre pessoas, quando a criança vai crescendo os processos
acabam por ser intrapsíquicos, realizado pela própria criança.
Segundo os estudos realizados por Vygotsky, em um primeiro momento
os aspectos motores e verbais do comportamento estão misturados, a fala envolve
os elementos referenciais, a conversação orientada pelo objeto, as expressões
emocionais e outros tipos de fala social. Como a criança está cercada por adultos na
família, a fala começa a adquirir traços demonstrativos, e ela começa a indicar o que
está fazendo e de que está precisando. Após algum tempo, a criança, fazendo
distinções para os outros com o auxilio da fala, começa a fazer distinções para si
mesma. E a fala vai deixando de ser um meio para dirigir o comportamento dos
outros e vai adquirindo a função de auto direção.
1.6 INTELIGÊNCIAS PRÁTICAS E ABSTRATAS
A inteligência prática e abstrata é algo que surge ao convergirem a fala e
a atividade prática. Essas características, puramente humanas, surgem com o
desenvolvimento intelectual que depende da descontextualidade, por isso, a
linguagem é essencial nesse processo. Dominar a linguagem abstrata dá subsídios
para o desenvolvimento do pensamento. A capacidade de utilizar os instrumentos
desenvolve a inteligência prática e o uso dos signos e seus sistemas permitem o
desenvolvimento da inteligência abstrata.
A capacidade de expressão por linguagem falada é, para Vygotsky, o
desenvolvimento do uso de sistema de signos mais importante que existe. A fala
inicia como um processo social, pois, desenvolve-se para a comunicação evoluindo
para a fala egocêntrica, a qual media ações e por fim, resulta na fala interna.
Quando o indivíduo alcança esse nível sua capacidade de compreender objetos e
eventos se torna real e o mundo faz sentido para ele. Nesse momento, ele é capaz
de abstrair independentemente do meio externo.
A Inteligência pratica é a ausência de presença da mediação simbólica
(primórdios do pensamento) e a abstrata funciona em plano simbólico: lembrar, criar,
imaginar, planejar
1.7 LINGUAGEM EGOCENTRICA E FALA INTERIOR
A progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o processamento
de perguntas e respostas dentro de nós mesmos o que estaria bem próximo
ao pensamento, representa a transição da função comunicativa para a função
intelectual. Nesta transição, surge a chamada fala egocêntrica. Trata-se da fala
que a criança emite para si mesmo, em voz baixa, enquanto está concentrado
em alguma atividade. Esta fala, além de acompanhar a atividade infantil, é um
instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma resolução para a
tarefa durante a atividade na qual a criança está entretida.
A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, não
uma linguagem social, com funções de comunicação e interação. Esse “falar
sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as ideais e planejar melhor as
ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um problema que, nós
adultos, resolveríamos apenas no plano do pensamento /raciocínio.
Neste momento, a criança faz a maior descoberta de sua vida: todas as
coisas têm um nome. Vygotsky da uma das suas maiores contribuições o fato de
que, por volta dos dois anos de idade, o desenvolvimento do pensamento e da
linguagem que até então eram estudados em separado se fundem, criando uma
nova forma de comportamento.
Este momento crucial, quando a linguagem começa a servir o intelecto e
os pensamentos começam a ovalizar-se a fase da fala egocêntrica é marcado pela
curiosidade da criança pelas palavras, por perguntas acerca de todas as coisas
novas (“o que é isso?”) e pelo enriquecimento do vocabulário.
A partir do método genético da experimentação Vygotsky investiga a fala
interior que, segundo o autor, não é a ausência de som, nem mesmo uma
reprodução da fala na memória. A fala interior é o contrário da fala exterior, pois
consiste na tradução do pensamento em palavras, ao que o processo inverte-se: a
fala interioriza-se em pensamento. Vygotsky afirma que Piaget foi o primeiro a
prestar atenção na fala egocêntrica na criança, mas seus resultados foram
distorcidos por não considerar a característica mais importante da fala egocêntrica
que é a sua relação genética com a fala interior. Se a fala egocêntrica é um estágio
da fala interior e a primeira desaparece na fase escolar, ao tempo em que a segunda
surge, Vygotsky conclui que uma se transforma na outra.
1.8 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
Nesse caso a aprendizagem seria um processo puramente externo, que não
participa ativamente do desenvolvimento nem o modifica, ainda que sejam
processos paralelos. Para Vygotsky, os que defendem essa linha de raciocínio a de
que entendem que existe uma completa independência entre o processo de
desenvolvimento e o de aprendizagem. Nessa perspectiva, a aprendizagem seria
uma superestrutura do desenvolvimento e, essencialmente, não existiria intercâmbio
entre ambos os momentos, já que o desenvolvimento precederia sempre a
aprendizagem. O segundo grupo de teorias se fundamenta basicamente em que a
aprendizagem é desenvolvimento.
Essa premissa é completamente oposta à anterior. Neste caso, existe um
desenvolvimento paralelo dos dois processos, de forma que a cada etapa da
aprendizagem corresponde a uma etapa do desenvolvimento. Para Vygotsky, o
problema principal está em saber qual é o processo que precede e qual é o que se
segue, já que o princípio que nos rege é a simultaneidade e a sincronização entre
ambos.
O terceiro grupo de teorias busca conciliar os extremos das duas teorias anteriores,
fazendo-as coexistir. Vygotsky não toma partido por nenhuma dessas teorias, mas
dá destaque às que se situam no terceiro grupo e observa três pontos inovadores.
Primeiro aproxima as duas primeiras, isto é, aglutina-as porque os dois pontos de
vista anteriores não se excluem. Em segundo lugar, considera a questão da
interdependência: o desenvolvimento é produto da interação de dois processos
fundamentais. Um aspecto, e o mais importante para ele, consiste na ampliação do
papel da aprendizagem no desenvolvimento da criança; ao mesmo tempo,
determina, do ponto de vista pedagógico, o fracasso da teoria da disciplina formal,
isto é, a aprendizagem em determinado campo tem uma influência mínima sobre o
desenvolvimento geral da criança. Dos estudos de Vygotsky sobre a interação entre
aprendizagem e desenvolvimento é o de que a aprendizagem não é em si mesma
desenvolvimento, mas que este último se consegue graças a uma correta
organização de “dita aprendizagem”, já que a aprendizagem vai ativar todo um grupo
de processos de desenvolvimento que não poderia se produzir sem ela. Em síntese,
a característica fundamental da hipótese levantada por Vygotsky é a noção
de que os processos evolutivos não coincidem com os processos de aprendizagem.
Pelo contrário, o processo evolutivo vai a “reboque” do processo de aprendizagem,
seqüência essa que se converte em “zona de desenvolvimento proximal”.
1.9JOGOS SIMBOLICOS
Podemos sintetizar dizendo que a regra e a situação imaginária
caracterizam o conceito de jogo infantil para Vygotsky que enfatiza muito os jogos
simbólicos, jogo dos papéis, na brincadeira a criança transita no mundo imaginário,
mas com regras, a imposição de regras que vem da cultura, as regras do adulto traz
para o desenvolvimento da criança.
Também não é todo jogo da criança que possibilita a criação de uma
Zona de Desenvolvimento Proximal, do mesmo modo que nem todo o ensino o
consegue; porém, no jogo simbólico, normalmente, as condições para que ela se
estabeleça estão presentes, haja vista que nesse jogo estão presentes uma situação
imaginária e a sujeição a certas regras de conduta. As regras são partes integrantes
do jogo simbólico, embora, não tenham o caráter de antecipação e sistematização
como nos jogos habitualmente "regrados". Também é detectado no jogo outro
elemento a que atribui grande importância: o papel da imaginação que coloca em
estreita relação com a atividade criadora. (Vygotsky, 1999). Ele afirma que os
processos de criação são observáveis principalmente nos jogos da criança, porque
no jogo ela representa e produz muito mais do que aquilo que viu.
Ao desenvolver um jogo simbólico a criança ensaia comportamentos e
papéis, projeta-se em atividades dos adultos, ensaia atitudes, valores, hábitos e
situações para os quais não está preparada na vida real, atribuindo-lhes significados
que estão muito distantes das suas possibilidades efetivas.
2.0 VISÃO PROSPECTIVA
Em sua visão prospectiva do desenvolvimento humano, a aprendizagem
seria propulsora do desenvolvimento, antecipando e promovendo avanços, fato
explicitado em um dos conceitos mais difundidos de sua análise teórica, a Zona de
Desenvolvimento Proximal. Sua preocupação com a influência social no
desenvolvimento humano foi marcante. Professa que desde o nosso nascimento
somos socialmente dependentes dos outros em um processo histórico cultural.
Analisa a atividade mental superior, que nos distingue dos animais, como
sendo a possibilidade do homem pensar em objetos ausentes, imaginar fatos não
acontecidos, planejar ações futuras entre outras possibilidades. O que habilita o
homem a essa condição é a sua capacidade de simbolizar, de representar
mentalmente e de utilizar a linguagem para comunicação e para apoiar o
pensamento.
2.1 ZONA DE DESENVOLVIMENTO REAL (ZDR)
E ZONA DE DESENVOLVIENTO PROXIMAL (ZDP)
A zona de desenvolvimento proximal é distância entre aquilo que a criança faz
sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto,
potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas, ou seja,
distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial, estando ambos no
processo de aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionado.
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) (зона ближайшего развития), é um
conceito elaborado por Vygotsky, e define a distância entre o nível de
desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem
ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de
um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro
companheiro. Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a
potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos
fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis
Vygotsky descreve dois níveis de desenvolvimento, denominados desenvolvimento
real e desenvolvimento potencial. O desenvolvimento real é aquele que já foi
consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-lo capaz de resolver situações
utilizando seu conhecimento de forma autônoma. O nível de desenvolvimento real é
dinâmico, aumenta dialeticamente com os movimentos do processo de
aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas habilidades que o
indivíduo já construiu, porém encontram-se em processo. Isto significa que a
dialética da aprendizagem que gerou o desenvolvimento real, gerou também
habilidades que se encontram em um nível menos elaborado que o já consolidado.
Desta forma, o desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir.
A ZDP muitas vezes é tomada como um dos níveis de desenvolvimento, porém,
trata-se precisamente do campo intermediário do processo. Sendo o
desenvolvimento potencial uma incógnita, já que não foi ainda atingido, Vygotsky
postula sua identificação através do entendimento da ZDP. Tomando como premissa
o desenvolvimento real como aquilo que o sujeito consolidou de forma autônoma, o
potencial pode ser inferido com base no que o indivíduo consegue resolver com
ajuda. Assim, a zona proximal fornece os indícios do potencial, permitindo que os
processos educativos atuem de forma sistemática e individualizada.
A INTERVENCAO PEDAGÓGICA
Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do
psicólogo bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da
instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção
pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o
conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que
estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não
domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a
criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa
Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo
mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma
habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas
da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também
capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.
Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como
impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A idéia de um maior
desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se
deve apresentar uma quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos. O
importante, para o pensador, é apresentar às crianças formas de pensamento, não
sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las
CONCLUSÕES FINAIS SOBRE A TEORIA VYGOTSKYANA
A preocupação com o processo de construção e aquisição de
conhecimentos nos remete ao estudo dos diversos elementos que compõem tal
processo, afim de se efetuar algumas reflexões que nos levem à reconstrução de
nossa ação enquanto profissional em Educação.
Tal problemática requer refletir ideias e elementos, que constituem o
processo de aprendizagem, assim como as bases determinantes que propiciam o
desenrolar da aprendizagem nos vários contextos, especialmente o contexto
escolar. Portanto é necessário relacionar o indivíduo enquanto ser em
desenvolvimento e o meio enquanto promotor de aprendizagem e desenvolvimento.
Para analisar tal processo partimos do pressuposto vygotskyano que
considera a linguagem processo de abstração e generalização que liberta o
pensamento do contexto perceptual imediato, tornando o indivíduo capaz de fazer
uso de suas funções psicológicas, reorganizando a sua atividade consciente. Para
tanto, ater-nos-emos às teorias que se preocuparam em explicar como se dá a
construção do pensamento que envolve o aprender, bem como os meios utilizados
pelo sujeito no percurso desse aprender.
Deste modo o nosso referencial teórico se sustenta na teoria histórico -
cultural defendida por Vygotsky e persistida por Luria e Leontiev que tinham como
ponto chave o desenvolvimento da mente humana, onde a atividade consciente do
homem está diretamente ligada às formas de relações sociais vividas por ele .É
importante ressaltar que a teoria histórico - cultural, preconiza o fato de que o
desenvolvimento cognitivo está diretamente ligado às formas culturais vivenciadas
pelo indivíduo, onde a interação com o outro através dos instrumentos de mediação
como a linguagem, leva ao desenvolvimento das funções mentais do indivíduo,
constituindo - se assim a atividade consciente do homem.
Segundo a psicologia marxista postulada por Vygotsky dois fatores foram
decisivos para a determinação da atividade consciente do homem, a primeira se
refere ao trabalho social e a divisão composta neste, que dá origem às novas formas
de comportamentos, o modo de produção e as relações mantidas na produção
determina o modo de ser do indivíduo. O segundo fator que possibilita ao homem
tornar-se homem através da sua atividade consciente se refere ao aparecimento da
linguagem. É nas relações mantidas no decorrer do trabalho social que surge no
indivíduo uma necessidade de comunicação que com o tempo vai se
evoluindo ,tornando-se um sistema de códigos imprescindível para o
desenvolvimento da atividade consciente do homem.
Essa abordagem diferencia-se abertamente das demais posto que "as
origens da consciência humana não se buscam nem nas profundidades da alma,
nem nos mecanismos cerebrais, mas sim na relação do homem com a realidade, em
sua história social, estreitamente ligada com o trabalho e a linguagem.
De acordo com essa perspectiva pretendemos estabelecer relações entre
o que a literatura a partir de um ponto de vista histórico - cultural afirma
especificamente sobre a elaboração e organização de conceitos e o processo de
aprendizagem escolar.
O presente trabalho tem por finalidade chamar a atenção para a
necessidade deste tema para a formação de o professor entender sobre o processo
de formação conceitual nos parece imprescindível para uma ação docente
competente e de qualidade.
Deste modo a temática do trabalho se centra na discussão teórica sobre a
elaboração e organização conceitual e a importância de tal elemento para o
processo de aprendizagem. O que nos importa aqui são as modalidades de
pensamento utilizadas durante a construção de conceitos, os ideais teóricos
vygotskyano e seus possíveis desdobramento dos mesmos. A aprendizagem é
compreendida como a elaboração e reelaboração da realidade, relacionar ideias e
saberes, generalizando e abstraindo conceitos que libertam do contexto perceptual.
Ao considerar importante que o pensamento abstrato e generalizado,
constituísse na capacidade do sujeito de desprender-se da realidade imediata,
fazendo uso de suas funções psicológicas superiores, organizando conceitos e
elaborando assim o mundo em que vive é que vimos propor esse estudo. O presente
trabalho caracteriza-se como estudo teórico sobre o desenvolvimento de conceitos
feito por Vygotsky e suas implicações na aprendizagem escolar.
Vygotsky defende a ideia de que a criança não é a miniatura de um adulto
e sua mente funciona de forma bastante diferente. Esta compreensão tem grandes
implicações para os professores porque nos obriga a compreender o aluno da forma
com que ele é, e não da forma com que nós compreendemos o mundo.
Assim, para a formação docente é de vital importância o estudo das
diferentes teorias do desenvolvimento de forma que nos permitam abordar o
processo de ensino-aprendizagem do modo que o mesmo venha a responder às
necessidades particulares da natureza infantil.
Vygotsky considera que o desenvolvimento do indivíduo implica não
somente em mudanças quantitativas, mas sim, em transformações qualitativas do
pensamento. O pensador reconhece o papel da relação ente o indivíduo e a
sociedade e, em Vygotsky é esta relação que determina o desenvolvimento do
indivíduo.
Face a esse entendimento de Vygotsky temos que nos perguntar, como
professores, que tipos de ambientes de aprendizagem são mais adequados para
gerar aprendizagens e favorecer o desenvolvimento da criança.
Vygotsky tem uma visão sócio construtivista do desenvolvimento com
ênfase no papel do ambiente social no desenvolvimento e na aprendizagem; a
aprendizagem se dá em colaboração entre as crianças e entre elas e os adultos. Já,
Piaget, coloca que a aprendizagem se produz pela interação do indivíduo com os
objetos da realidade, onde a ação direta é a que gera o desenvolvimento dos
esquemas mentais.
Colocando de outra forma, para Vygotsky a aprendizagem é produto da
ação dos adultos que fazem a mediação no processo de aprendizagem das
crianças. Neste processo de mediação, o adulto usa ferramentas culturais tais como
a linguagem e outros meios, e muito mais que ser um processo de assimilação e
acomodação (Piaget), é um processo de internalização, no qual a criança domina e
se apropria dos instrumentos culturais como os conceitos, as ideias, a linguagem, as
competências e todas as outras possíveis aprendizagens.
Para ele, portanto, o desenvolvimento dos processos cognitivos
superiores, é resultado de uma atividade mediada. Mediador/a é aquele que ajuda a
criança a alcançar um desenvolvimento que ela ainda não atinge sozinha. O/a
professor/a e os colegas com maior experiência são os principais mediadores na
escola.
Resumindo: Vygotsky nos fornece uma pista, sobre o papel da ação
docente: o professor é o mediador da aprendizagem do aluno, facilitando-lhe o
domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais. Mas, a ação docente
somente terá sentido se for realizada no plano da Zona de Desenvolvimento
Proximal. Isto é, o professor constitui-se na pessoa mais competente que precisa
ajudar o aluno na resolução de problemas que estão fora do seu alcance,
desenvolvendo estratégias para que pouco a pouco possa resolvê-las de modo
independente.
É preciso que a Escola e seus educadores atentem que não tem como
função ensinar aquilo que o aluno pode aprender por si mesmo e sim, potencializar o
processo de aprendizagem do estudante. A função da Escola é fazer com que os
conceitos espontâneos, informais, que as crianças adquirem na convivência social,
evoluam para o nível dos conceitos científicos, sistemáticos e formais, adquiridos
pelo ensino. Eis aí o papel mediador do docente.
O que me leva a perguntar agora: se esse postulado fosse bem
compreendido, será que teríamos tantos problemas com a avaliação? Será que se
houvesse a compreensão de que cabe ao adulto, ao professor, intermediar a
aprendizagem do aluno naquilo que ele ainda não é capaz de resolver sozinho, a
partir de estratégias que o levem a tornar-se independente, deixaríamos de ouvir
tantos o aluno não aprende, eu dou a matéria mas eles não aprendem? E, como
deveria ser o processo avaliatório baseado nesta função primordial da ação
docente?
Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como
impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A idéia de um maior
desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se
deve apresentar uma quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos. O
importante, para o pensador, é apresentar às crianças formas de pensamento, não
sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las.
E por último, este grande pensador não torna su propria teoria uma
suposiccao terminada e restrita, mas sim, uma porta aberta a novas consideracoes e
oportunidades de crescimento intelectual para pesquisadores posteriores
confrontarem, adicionarem, ou debaterem as postulacoes.