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INFORMAÇÃO DESTINADA AO PROFISSIONAL DE SAÚDE.IMPRESSO NO BRASIL.
Temasde PediatriaNúmero 81 - 2005
Atualização no Diagnóstico e Tratamento
Sepse Grave e Choque Sépticoem Pediatria
993.64.02.00.9EE.RO/ON
4 NESTLÉ - Nutrição Infantil
1NESTLÉ - Nutrição Infantil
TEMASDE PEDIATRIA
NÚMERO 81
Atualização noDiagnóstico e Tratamento
Sepse Grave e Choque Sépticoem Pediatria
2 0 0 5
Dra. Cristina Malzoni Ferreira Mângia – Médica Assistente e Vice-coordenadorados Programas de Residência Médica e Pós - Graduação Lato Sensu em CuidadosIntensivos Pediátricos do Departamento de Pediatria da Universidade Federal deSão Paulo – Escola Paulista de Medicina. Mestre em Pediatria pela UniversidadeFederal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Pós- graduanda em doutoramentopela Universidade Federal de São Paulo.
Prof. Dr. Werther Brunow de Carvalho – Professor Livre-Docente, Coordenador dosProgramas de Residência, Pós - Graduação Lato Sensu e Strito Sensu, Chefe do setorUnidade de Cuidados Intensivos Pediátricos da Disciplina de EspecialidadesPediátricas do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo –Escola Paulista de Medicina.
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O presente trabalho reflete exclusivamente o ponto de vista dos autores.
Endereço para correspondência:
Dra. Cristina Malzoni Ferreira MângiaRua dos Otonis, 880 apto 83
Vila Clementino – São Paulo – SP – BrasilCEP: 04025-002
e-mail: [email protected]
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ÍNDICE
1 – Introdução .............................................................................. 5
2 – Epidemiologia ........................................................................ 5
3 – Fatores Predisponentes ........................................................... 6
4 – Terminologia Diagnóstica ....................................................... 6
5 – Estadiamento ........................................................................ 11
6 – Fisiopatologia ....................................................................... 11
7 – Distúrbios Hemodinâmicos .................................................. 15
8 – Distúrbios Hemostáticos ....................................................... 19
9 – Disfunção de Múltiplos Órgãos e Sistemas ........................... 20
10 – Definições e Metas Terapêuticas ........................................... 22
11 – Padrão temporal ................................................................... 24
12 – Patogenia e Antibioticoterapia .............................................. 27
13 – Exames Subsidiários ............................................................. 32
14 – Diagnóstico por Imagem ...................................................... 34
15 – Princípios de Tratamento no Choque Séptico Pediátrico ....... 34
16 – Princípios de Tratamento no Choque Séptico Neonatal ........ 48
17 – Terapêuticas associadas ........................................................ 51
18 – Outras terapêuticas na sepse grave ....................................... 55
19 – Suporte Nutricional .............................................................. 55
20 – Complicações ...................................................................... 60
21 – Prognóstico .......................................................................... 61
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5NESTLÉ - Nutrição Infantil
1 – INTRODUÇÃO
Os termos sepse grave e choque sépti-
co referem-se a uma resposta inflama-
tória sistêmica deflagrada como parte
da resposta corporal a uma infecção
documentada ou suspeita e são causas
comuns de morbidade e mortalidade
em doentes criticamente enfermos. Em
2002, o American College of CriticalCare Medicine, com a colaboração de
inúmeros pesquisadores mundiais, ela-
borou um guia para manejo clínico e
hemodinâmico de neonatos e crianças
com choque séptico. O objetivo final
era estabelecer através do guideline a
boa prática clinica no manejo do cho-
que séptico na criança e, em última
análise, melhorar seu prognóstico.
A identificação da infecção, o uso pre-
coce de antibióticos, o efetivo controle
do foco infeccioso, a terapia hemodi-
nâmica dirigida por metas, o controle
da glicemia e a prevenção das compli-
cações são hoje os pontos cruciais na
condução do doente com sepse grave e
do choque séptico. Outras questões re-
lacionadas ao manejo do choque resis-
tente a catecolaminas e a identificação
da insuficiência adrenal relativa levan-
do à reposição de corticóides vêm re-
sultando em melhora da sobrevida des-
tes doentes.
O objetivo desta revisão é atualizar o
médico pediatra com relação às boas
práticas clínicas que desde então, vêm
sendo estabelecidas na literatura para o
manejo do choque séptico e da sepse
grave em pediatria.
2 – EPIDEMIOLOGIA
Apesar da expansão das pesquisas so-
bre a etiologia, patogênese e tratamento
da sepse grave, ainda é pequeno o co-
nhecimento sobre a epidemiologia em
crianças. Um recente estudo (Watson et
al, 2002), revendo todas as internações
pediátricas em sete estados norte ame-
ricanos constatou que 9675 pacientes
com critérios de sepse grave foram in-
ternados durante o ano de 1995 (0,56
casos por 1000 habitantes). A incidên-
cia de sepse grave foi maior em lactentes
jovens (5,16 por 1000 habitantes) e pe-
quena em crianças maiores (0,20 por
1000 habitantes). A incidência foi 15%
maior em pacientes do sexo masculino
(0,60 versus 0,52 por 1000 habitantes,
P < 0,001). A mortalidade hospitalar foi
de 10,3%, sendo que em 50% dos ca-
sos os doentes apresentavam uma do-
ença de base e 23% eram neonatos com
baixo peso. As infecções mais comuns
foram respiratórias (37%) e bacteremia
primaria (25%). O tempo de internação
médio foi de 31 dias. O microorga-
nismo infectante mais freqüênte foi o
Staphylococcus (17,5%). As infecções
fúngicas sistêmicas foram mais freqüen-
tes na presença de uma co-morbidade
(14,9%).
No Brasil, no período compreendido
entre 1998 a junho de 2005, houve
202.192 mil internações por sepse em
crianças (faixa etária entre 0 a 19 anos)
com 20% de mortalidade.
Um estudo multicêntrico conduzido
entre 1995 a 1998 pela Unidade de
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Cuidados Intensivos Pediátricos (UCI) da
Universidade Federal de São Paulo ve-
rificou que em 1536 internações o diag-
nóstico de choque séptico admissional
esteve presente em 187 doentes sendo
que a mortalidade do grupo foi de 39,6%,
com tempo médio de internação na UCI
de 11 dias.
3 – FATORESPREDISPONENTES
Fatores ambientais e genéticos estão
associados com reduzida função imune
predispondo as crianças ao desenvolvi-
mento de sepse e choque séptico. Estes
fatores incluem idade (prematuridade,
período neonatal, idade abaixo de 1 ano),
neoplasias e tratamento com drogas
quimioterápicas, transplantados sob tra-
tamento com drogas imunossupressoras,
deficiências imunes primárias (em geral,
níveis baixos de complemento, hipoga-
maglobulinemia, doença granulomatosa
crônica e outras), imunodeficiência ad-
quirida (neutropenia, linfopenia e
desativação monocitária) e desnutrição.
O uso prolongado de cateteres e medi-
cina invasiva também são fatores
predisponentes à sepse grave e choque
séptico. (tabela 1)
Tabela 1. Fatores predisponentes para sepse e choque séptico em pediatria
• Pneumonia
• Diarréia
• Desnutrição
• Idade menor que 1 ano
• Epiglotite
• Bronquiolite
• Meningite
• Artrite
• Celulite
• Doença crônica (Diabetes mellitus,
doença hepática, imunodeficiên-
cia, insuficiência renal crônica)
• Grande Queimado
• Trauma
• Imunossupressão (QT, radiação, corti-
costeróide, droga imunossupressora)
• Doença pulmonar crônica
• Presença de cateteres
• Procedimentos invasivos
• Antibioticoterapia Prévia
• Cirurgia Prévia
• Antecedente Esplenectomia
• Úlcera de Estresse
• Ruptura de Membrana Amniótica
4 – TERMINOLOGIADIAGNÓSTICA
Em 1992, uma reunião de especialistas
coordenada pelo “American College of
Chest Physians/Society of Critical CareMedicine“ propôs uma unificação con-
ceitual para síndrome da resposta infla-
matória sistêmica (SRIS), sepse e sua evo-
lução para choque séptico, incluindo um
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guia conceitual sobre disfunção de múl-
tiplos órgãos e sistemas (DMOS) primária
e secundária. A reunião teve por objetivo
tentar padronizar estes conceitos para
facilitar a detecção da doença o mais
precocemente possível de acordo com
sua apresentação clínica e relacionando-
a com a fisiopatologia da resposta infla-
matória e assim possibilitar intervenção
terapêutica precoce. (tabela 2).
Tabela 2. Definições para sepse de acordo com consenso de 1992 do AmericanCollege of Chest Physicians (ACCP)/Society of Critical Care Medicine (SCCM)
SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SRIS) – SRIS é o triggerde uma resposta inflamatória localizada ou generalizada à infecção, trauma,queimadura ou processos inflamatórios estéreis, como a pancreatite aguda. Émanifestada por dois ou mais critérios abaixo:1. Temperatura: > 38°C ou < 36°C2. Frequência Cardíaca: > 90 bpm3. Frequência Respiratória: > 20 mr/min ou hiperventilação verificada pela paCO2
< 32 torr4. Leucócitos: > 12000 cel/mm3, < 4000 cel./mm3, ou > 10% formas jovens (bastão).
SEPSE (SRIS + INFECÇÃO) – é a síndrome da resposta inflamatória sistêmicaassociada à infecção. O diagnóstico de sepse requer pelo menos dois critérios deSRIS associados à infecção. Sinais de infecção incluem uma resposta inflamatóriana presença de microrganismos ou invasão de um tecido estéril por estes micror-ganismos.
SEPSE GRAVE – É a sepse associada com disfunção orgânica, hipoperfusão, ouhipotensão. Hipoperfusão e anormalidades de perfusão podem incluir, mas nãoserão limitadas a:1. Nível sérico de lactato elevado2. oligúria (diurese < 30 ml ou 0,5 ml/kg por pelo menos 1 hora)3. acidose metabólica4. hipoxemia (PaO2) < 72 mmHg em FiO2 de 0,21 ou Relação PaO2 / FiO2 < 3505. Alteração do nível de consciência ou sinais e sintomas de meningite
CHOQUE SÉPTICO – É um subcenário da sepse grave e é definido como sepseassociada à hipotensão que persiste apesar da adequada reanimação fluídicaacompanhada de hipoperfusão (acidose lática, oligúria ou alteração aguda donível de consciência). Pacientes que estão recebendo drogas vasopressoras podemnão estar hipotensos mas, com a evolução temporal do processo séptico, mani-festam sinais de hipoperfusão ou disfunção de múltiplos órgãos.
DISFUNÇÃO DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS E SISTEMAS – presença de alteração defunção orgânica de forma tão grave que a homeostase não pode ser mantida semintervenção. A DMOS primária é decorrente de um insulto direto (30% das cri-anças apresentam DMOS ao serem admitidas na UCI). A DMOS secundária ocorrecomo conseqüência da SRIS.
Bone RC et al. Chest 1992; 101: 1644-55
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Hayden (1994) e Parker (1996) suge-
riram uma adaptação para o diagnós-
tico clínico de SRIS e sepse em crian-
ças, onde os parâmetros fisiológicos
deveriam estar baseados em desvios
padrões acima ou abaixo da média
apropriada para idade em substitui-
ção dos parâmetros de sinais vitais
absolutos proposto para adultos. (ta-
bela 3, 4 e 5)
Tabela 3. Definições do Consenso de 1992 do American College of Chest Physicians(ACCP)/Society of Critical Care Medicine (SCCM) modificados para a faixa etáriapediátrica
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica:• É a resposta sistêmica a uma variedade de insultos clínicos graves. A resposta
é manifestada por dois ou mais critérios abaixo:• Temperatura: > 38°C ou < 36°C• Frequência Cardíaca: Dois desvios padrões acima do esperado para idade no
percentil 50• Frequência Respiratória: Dois desvios padrões acima do esperado para idade
no percentil 50 ou PaCO2 < 32 torr• Leucócitos: > 12000 cel/mm3, < 4000 cel./mm3, ou > 10% formas jovens
(bastão) em crianças maiores de 13 anos. Em crianças menores, verificar o valorlimítrofe máximo normal esperado para idade.
Sepse (SRIS + Infecção):• Sepse: SRIS associada à infecção é manifestada por duas ou mais das seguintes
condições descritas acima resultantes de uma infecção.
Sepse grave:• Sepse associada com disfunção orgânica, hipoperfusão, ou hipotensão.
Hipoperfusão pode incluir, mas não estão limitadas a: 1- acidose lática, 2-oligúria (diurese< 1 ml/kg/h), 3- acidose metabólica, 4- hipoxemia (PaO2) < 75mmHg em FiO2 de 0,21 ou relação PaO2 / FiO2 < 350; 5- Diminuição do nívelde consciência ou sinais e sintomas de meningite. É responsiva à fluidoterapia.
Choque séptico:• Sepse associada à hipotensão apesar da reanimação fluídica adequada e vigo-
rosa (ínicio da descompensação). As alterações hipoperfusionais incluem (masnão estão limitadas a): hipoperfusão como acidose láctica, oligúria e alteraçõesagudas do estado mental. Os pacientes que estão recebendo inotrópicos ouvasopressores podem não estar hipotensos quando as anormalidades perfusionaisforam relatadas
Disfunção de Múltiplos Órgãos e Sistemas:• É a presença de função alterada de sistemas e órgãos no indivíduo gravemente
enfermo devido a dificuldade de manter a homeostase adequada sem inter-venção.
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Tabela 4. Valores de dados fisiológicos e de pressão de perfusão para definir SRISe Choque Séptico em crianças
Freqüência Freqüência Pressão PAM –PVCIdade cardíaca respiratória Sistólica
bat/min mr/min mmHg cmH2O
0 a 1 mês > 180 > 50 < 50 55
1 a 12 meses > 170 > 40 < 70 60
1 a 5 anos > 150 > 30 < 80 65
5 a 10 anos > 130 > 25 < 80 65
> 10 anos > 120 > 20 < 90 65
PAM-PVC = pressão perfusão; onde PAM= pressão arterial média e PVC= pressão venosa central
Tabela 5. Fórmulas para cálculo de pressão arterial em Pediatria e Sinais Clínicosde hipoperfusão
A – Hipotensão
Hipotensão é considerada quando a pressão sistólica reduz mais do que dois desviospadrões abaixo da média para idade.(em crianças acima de 1 ano use fórmula abaixo):PA sist. (percentil 50) = 90 mmhg + (2X idade em anos)PA sist. (percentil 5) = 70mmhg + (2X idade em anos)
B – Sinais de hipoperfusão
Acidose láticaOligúria (diurese abaixo de 1ml/kg/h)Acidose metabólicaDiminuição do nível de consciência ou meningiteHipóxia (PaO2 < 75 mmhg em FiO2 de 0,21% ou relação PaO2/ FiO2< 350)
No entanto, ainda persistiram muitas
controvérsias sobre como realizar o di-
agnóstico precoce da doença. Os crité-
rios adotados para definir SRIS e sepse
mostraram-se, com o decorrer do tem-
po, extremamente sensíveis reduzindo as-
sim a acurácia do critério; assim, muitos
pacientes que não apresentaram infla-
mação sistêmica ou infecção, foram in-
cluídos no diagnóstico de sepse. Outro
problema que surgiu após a conferência
de 1992 foi que, ao se definir critérios
estritos para sepse outros ítens impor-
tantes foram desconsiderados, como:
curso temporal do processo infeccioso,
o sítio da infecção, o agente agressor
e os processos fisiopatológicos
subjacentes. O conhecimento de da-
dos como estes seria importante para
uma melhor comparação entre os do-
entes, para avaliar a magnitude da
resposta inflamatória na dependência
de uma doença de base ou não e para
possibilitar a organização de uma pro-
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posta terapêutica dirigida baseando-se
na resposta bioquímica e inflamatória
do indivíduo.
Assim, em 2001, uma nova conferência
internacional reviu as definições de
1992 sobre sepse e condições relacio-
nadas, expandindo alguns conceitos e
introduzindo novos. Estes novos critéri-
os visam a identificação precoce do
processo patológico (tabela 6).
Tabela 6. Critérios ampliados para diagnóstico de sepse
Infecçãoa Documentada ou suspeita, e alguns dos seguintes critérios:b
Variáveis gerais Febre (temperatura central > 38°C)Hipotermia (temperatura central < 36°C)Freqüência Cardíaca > 90 bpm ou > 2 desvios padrões acima dovalor normal para a idadeTaquipnéiaAlteração do nível de consciênciaEdema significativo ou balanço fluídico positivo (> 20 ml/kg em24 horas)Hiperglicemia (Glicemia > 120 mg/dL ou 7,7 mmol/L) na ausênciade diabetes
Variáveis Leucocitose (leucócitos > 12000 cel/mm3)Inflamatórias Leucopenia (leucócitos < 4000 cel/mm3)
Leucograma normal mas com > 10% de formas imaturasProteína C- reativa > 2 desvios padrão acima do valor normalProcalcitonina plasmática > 2 desvios padrão acima do valor normal
Variáveis Hipotensão arterial (PAS < 90 mmHg, PAM < 70 mmHg ouHemodinâmicas c redução da PAS > 40 mmHg em adultos ou abaixo de 2 desvios
padrão do normal para idadeSatvO2 > 70%Índice Cardíaco > 3,5 lmin-1m-2
Variáveis Hipoxemia arterial (PaO2/FiO2 < 300)de Disfunção Oligúria aguda (débito urinário < 0,5 ml/kg/hr ou 45 mmol/l porOrgânica pelo menos 2 horas
Aumento de creatinina > 0,5 mg/dLCoagulação alterada (INR > 1,5 ou TTPa > 60 seg.Íleo (ausência de ruídos hidroaéreos)Trombocitopenia (plaquetas < 100000/mm3
Hiperbilirrubinemia (Bilirrubina Total > 4 mg/dL ou 70 mmol/L)
Variáveis da Hiperlactatemia (> 1 mmol/L)Perfusão Tissular Diminuição do enchimento capilar ou moteado
PAS, pressão arterial sistólica; PAM, pressão arterial média; SatvO2, saturação de oxigênio venoso misto;INR, razão normal internacional; TTPa, tempo de tromboplastina parcial ativada.a Infecção, definida como um processo patológico induzida por um microrganismo.b Critérios diagnósticos de sepse para Pediatria e Neonatos estão relacionados a sinais e sintomas deinflamação mais infecção com hipo ou hipertermia (temperatura retal > 38,5°C ou < 35°C), taquicardia(pode estar ausente em doentes hipotérmicos) e pelo menos uma das seguintes indicações: alteraçãodo nível de consciência, hipoxemia, aumento dos níveis de lactato sérico e pulso amplo)c Valores da SatvO2 > 70%, são normais em crianças (normalmente 75 – 80%) e, portanto, não deveráser usado como sinal de sepse em neonatos e crianças. Índice Cardíaco entre 3,5 e 5,5 são normaisem crianças e portanto não deverão ser usados como sinais de sepse em neonatos e crianças.
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e ao microorganismo infectante, citoqui-
nas e outros mediadores, elementos ce-
lulares, proteínas hemostáticas. A fisio-
patologia pode ser então subdividida em
cinco estágios segundo Bone et al (1997):
5 – DESENVOLVIMENTODE UM ESTADIAMENTOCLÍNICO PARA SEPSE
Apesar das novas definições de sepse,
sepse grave e choque séptico terem sido
estabelecidos como exposto na tabela 6,
concluiu-se que estes termos não eram
capazes de estabelecer uma caracteriza-
ção precisa dos pacientes com estas
condições. Assim, um sistema clínico de
estadiamento foi proposto para estratificar
pacientes com a doença, refletir seu ris-
co basal de prognóstico adverso e seu
potencial de responder à terapia. Este
estadiamento é uma variação do sistema
TNM usado para a classificação do grau
dos tumores malígnos de acordo com a
característica patológica do tumor pri-
mário (T), metástase em linfonodos regi-
onais (N) e metástases à distância (M).
Foi então sugerido o sistema PIRO que
estratifica os doentes com base na sua
condição: Predisponente, a natureza e
extensão do insulto (no caso da sepse,
Infecção), a natureza e magnitude da
Resposta do hospedeiro e o grau
concomitante de disfunção Orgânica.
(tabela 7).
Tabela 7. Elementos básicos do sistema PIRO para estadiamento da sepse
P Fatores Inatos: Polimorfismo genético e deficiências da resposta imu-predisponentes ne que afetam a resposta da imunidade inata, o sistema de coagu-
lação, receptores do complemento, receptores tool-like eintracelularesAdquiridos: Queimados, trauma, imunodeficiências adquiridas
I Infecção Sítio da infecção, quantidade, virulência intrínseca, infecção lo-calizada versus sistêmica devido a um patógeno específico.
R Resposta Diferenciação das respostas baseadas no hiperesponsividade ouhiporesponsividade imune e fatores modificadores como o álcool,idade, sexo, nutrição, diabetes e outras doenças pré-existentes eestado fisiológico do paciente.
O Disfunção Número de órgãos acometidos, gravidade, padrão da disfunçãoorgânica orgânica em resposta à infecção sistêmica, DMOS primaria versus
secundária, disfunção orgânica devido a sepse versus disfunçãopré existente
6 – FISIOPATOLOGIADA SEPSE
Os componentes de reação à sepse in-
cluem fatores relacionados ao indivíduo
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ESTÁGIO 1:AGRESSÃO INFECCIOSA
Fatores Relacionados ao indivíduo
A resistência à infecção é resultante de
um número de fatores como a barreira
epitelial íntegra, condições pré-existen-
tes, fatores genéticos, imunidade
adaptativa e inata, idade, sexo entre
outros. A barreira epitelial íntegra é a
primeira linha de defesa. Esta barreira
pode ser quebrada por trauma local ou
por alterações da defesa da mucosa re-
sultante de toxinas e de alterações
hemodinâmicas. Fatores que também
previnem a infecção local incluem: flu-
xo mucociliar, pH dos fluídos corpo-
rais, volume urinário, imunoglobulinas
secretórias. Fatores predisponentes à in-
fecção como o compromisso à resposta
imune congênita ou adquirida, diabe-
tes, desnutrição e câncer também têm
seu papel na defesa contra infecções.
Fatores bacterianos e fúngicos
A bactéria possui fatores relacionados
à virulência que contribuem para esta-
belecer a gravidade da infecção. Há
evidências que o lipídeo A, que é um
componente da endotoxina das bacté-
rias gram negativas, seja o principal
elemento responsável pelas manifesta-
ções de sepse grave nos pacientes com
infecção por gram negativos. As bacté-
rias gram positivas possuem exotoxinas
que são os superantígenos. Os
superantígenos não interagem com o
complexo de histocompatibilidade ou
com o receptor toll, podendo assim
produzir ativações maciças de
linfócitos T, independente de sua
especificidade antigênica, ocorrendo
como resultado a liberação de
citoquinas que produzem uma série de
sintomas da sepse. Um exemplo desta
reação é a síndrome do choque tóxico
produzida pela toxina do S. aureus. ACandida spp é um fungo comensal do
organismo que se torna patogênico de-
vido a mudanças na imunidade do
indivíduo. Os fatores de risco para
candidíase invasiva incluem fatores
iatrogênicos e fatores próprios do in-
divíduo (tabela 8)
Tabela 8. Fatores relacionados à infecção fúngica sistêmica por Candida spp
Fatores iatrogênicos Fatores do individuo
• ≥ 3 antibióticos • Neutropenia• ≥ 4 dias de terapia intensiva • Supressão imune• > 48 horas de ventilação • Infecção concomitante pulmonar mecânica • Diabetes Mellitus
• presença de cateter central • Colonização por Cândida em ≥ 2 sítios• Nutrição parenteral • Candidúria (> 100 mil colônias/ml)• Cirurgia abdominal • Idade
• Escore prognóstico elevado
13NESTLÉ - Nutrição Infantil
Efeito pró-inflamatório potenteFator neutrofílico quimiotático
Age como pirógeno, estimula proliferaçãode linfócitos B e T, inibe a produção decitoquinas, induz imunosupressão
Ativação e degranulação dos neutrófilosCitotóxico, aumenta a permeabilidadevascular, contribui para o choque
Envolvidos nas alterações hemodinâmi-cas do choque séptico
Promove ativação neutrofílica, de macrófa-gos e plaquetas, quimiotaxia e outros efeitospró-inflamatórios.
Acentua a permeabilidade vascular e con-tribui para a lesão pulmonar aguda (LPA)
Aumenta a interação endotélio-neutrófilo, re-gula a migração e adesão leucocitária tempapel na patogênese da sepse
MediadoresHumorais
Ativação dos macrofagos, neutrófilos,plaquetas, e liberação pelo endotélio devárias citoquinas e outros mediadores.
Mediadorescelulares
Tabela 9. Mediadores da sepse
Tipo Mediador Atividade
Lipopolissácaride
Ácido lipoteicóico
Peptidoglican
Superantigenos
Endotoxina
Citoquinas
FNT-alfa e IL-1βIL-8IL-6IL-10
MIFG-CSF
Complemento
Óxido nítrico
Mediadores lipídicosFosfolipase A2PAF†
Eicosanóides
Metabólitos doácido aracdônico
Moléculas de adesãoSelectinasIntegrinas leucocitárias
ESTÁGIO 2:RESPOSTA SISTÊMICAPRELIMINARUm número expressivo de mediadores
inflamatórios e hemostáticos modulam a
resposta do indivíduo frente à sepse gra-
ve. Normalmente, a concentração local
das primeiras citoquinas pró-inflamatóri-
as e antiinflamatórias são muito maiores
que aquelas encontradas na circulação
sistêmica. Estas citoquinas pró-inflamató-
rias irão ser responsáveis pelos sinais e
sintomas de infecção sistêmica. O apare-
cimento dos sinais clínicos compatíveis
com SRIS indica que houve uma inabili-
dade para o controle local da infecção.
As citoquinas pró-inflamatórias responsá-
veis por esta resposta inicial são o fator
de necrose tumoral alfa, interleucina 1, in-
terleucina 6 e interferon gama (tabela 9)
14 NESTLÉ - Nutrição Infantil
ESTÁGIO 3:RESPOSTA SISTÊMICAAMPLIFICADAEste estágio é uma progressão do está-
gio anterior e ocorre quando o indiví-
duo não consegue conter o processo
pró-inflamatório havendo o aparecimen-
to de sintomas resultantes da atividade
sistêmica das citoquinas.
A liberação maciça de citoquinas e me-
diadores pró-inflamatórios são respon-
sáveis pela síndrome da resposta in-
flamatória sistêmica: febre, hipo/
hipertermia, taquicardia, taquipnéia,
leucocitose/leucopenia e desvio à es-
querda.
Nesta fase também ocorre a disfunção
das células endoteliais que perdem sua
habilidade de regular o fluxo sanguí-
neo, e conseqüentemente, há aumento
da permeabilidade microvascular,
vasodilatação profunda, transudação de
fluídos, disfunção orgânica e choque.
ESTÁGIO 4:REAÇÃO INFLAMATÓRIACOMPENSATÓRIAApós a ativação da cascata pró-infla-
matória inicial, o organismo lança mão
de uma resposta contra reguladora lo-
cal ou sistêmica. Imunomoduladores ra-
pidamente fazem a down-regulation das
citoquinas pró-inflamatórias. As princi-
pais citoquinas contra reguladoras in-
cluem: Interleucina 4, Interleucina 10,
Fator de crescimento transformador beta
(TGF – β), indução e regulação da ex-
pressão do HLA-DR e receptores solú-
veis de citoquinas. (Tabela 10)
Em algumas situações, a secreção de
citoquinas do estágio 4 pode ocorrer
de maneira inapropriada. A excessiva
resposta anti-inflamatória leva a
síndrome da resposta inflamatória com-
pensatória (CARS). Esta síndrome é
caracterizada pela expressão dimi-
nuída (< 30%) do HLA-DR pelos
monócitos, e pela diminuição da habi-
lidade dos monócitos em produzir
citoquinas inflamatórias (fator de
necrose tumoral alfa e interleucina 6).
Esta situação leva à imunoparalisia
relativa e predispõe o paciente a per-
sistência da infecção primária ou a in-
fecções secundárias.
ESTÁGIO 5:FALHA DAIMUNOMODULAÇÃOA dissonância imunológica é um estágio
final visto em alguns pacientes, levando
à inflamação persistente e falha para res-
tabelecer a homeostase. Neste estágio, há
marcada desativação monocitária que
ocorre quando circunstâncias a favor de
um efeito predominante TH2 induz, pelos
monócitos, à redução da produção de
TNFα e a expressão de HLA-DR, não há
assim a morte intracelular de bactérias e
fungos e a apresentação dos antígenos.
Esta situação é prejudicial, pois há redu-
ção da habilidade do paciente debelar a
infecção, podendo ocorrer infecção pri-
mária persistente, disfunção de múltiplos
órgãos persistente, infecção recorrente
(mais comumente por Gram negativos e
fungos e, ocasionalmente, por Gram po-
sitivos).
15NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 10. Principais mediadores inflamatórios e hemostáticos da Síndrome daResposta Inflamatória Sistêmica
Mediadores Pró-inflamatórios
• Fator de necrose tumoral• Interleucina -1• Interleucina - 6• Interleucina -8• Interferon gama
Mediadores antiinflamatórios
• Interleucina - 4• Interleucina -10• Receptor solúvel e receptor antagonista
Fatores hemostáticos
• Fator tissular• Trombina• Proteína C• Proteína S• Antitrobina• Inibidor do ativador plasminogênio 1 (PAI-1)• Inibidor da via do fator tissular• Plasmina• Trombina ativável - Inibidor da fibrinólise (TAFI)
Outros fatores hemostáticos
• Óxido nítrico• Bradicinina• Proteína de ligação do lipopolissacáride• Complemento• Produtos do metabolismo do ácido aracdônico• Fator ativador plaquetário• Radicais tóxicos do oxigênio• Fatores depressores do miocárdio
7 – DISTÚRBIOSHEMODINÂMICOS NOCHOQUE SÉPTICO
Uma série de alterações circulatórias
que levam a um desequilíbrio entre a
oferta de oxigênio e as necessidades
orgânicas ocorre no choque séptico
resultando em hipóxia tissular global e
regional, que é a chave para o desen-
volvimento da disfunção de múltiplos
órgãos e sistemas.
16 NESTLÉ - Nutrição Infantil
O choque séptico pediátrico é associ-
ado à hipovolemia grave e apresenta
freqüentemente boa resposta à reani-
mação fluídica agressiva. Entretanto, a
resposta hemodinâmica à reanimação
fluídica nas crianças é diferente dos
adultos. Assim, a mortalidade após re-
animação fluídica está associada ao
baixo débito cardíaco, ao contrário do
adulto que apresenta baixa resistência
vascular sistêmica. Portanto, a meta
terapêutica é objetivar um índice car-
díaco (IC) entre 3,0 a 6,0 L/min/m2 e
melhorar a oferta de oxigênio que é a
maior determinante do consumo de
oxigênio no CS pediátrico diferente-
mente dos adultos, onde a extração de
oxigênio é o maior determinante para
o consumo.
Ceneviva et al (1998) estudou 50 cri-
anças com choque refratário a fluídos
e demonstrou que 58% destas crianças
apresentavam débito cardíaco baixo
e alta resistência vascular sistêmica
e 22% apresentavam débito cardíaco
baixo e baixa resistência vascular
sistêmica. Nesta série de casos, o cho-
que séptico persistente ocorreu em
33% dos pacientes. Estes pacientes
apresentavam depressão da função
cardíaca, e alguns mostraram comple-
ta mudança de um estado de baixo
débito cardíaco para alto débito car-
díaco e baixa resistência vascular
sistêmica.
O choque séptico neonatal pode ser
ainda mais complicado devido à tran-
sição da circulação fetal para a
neonatal. Intraútero, 85% da circula-
ção fetal passa através do ducto
arterioso e do forame oval. Este fluxo
faz com que a pressão da artéria pul-
monar seja suprasistêmica. Após o
nascimento, devido a uma série de al-
terações induzidas pelo oxigênio, há
redução da pressão da artéria pulmo-
nar e o sangue passa pelos vasos pul-
monares, fechando o ducto arterioso e
o forame oval. A sepse pode induzir
acidose e hipóxia o que reduz o débi-
to cardíaco e leva ao aumento da pres-
são da artéria pulmonar, mantendo
patente o ducto arterioso, resultando
na hipertensão pulmonar persistente do
período neonatal (HPP). O choque
séptico neonatal associado à HPP é ca-
racterizado pelo aumento do trabalho
do ventrículo direito (VD). A
descompensação da função de VD
pode ser caracterizada pela regurgi-
tação tricúspide e pela hepatomegalia.
Nos neonatos com choque séptico e
HPP e que são refratários a fluídos,
dirige-se a terapia para a redução da
pressão da artéria pulmonar. Nesta fai-
xa etária também há uma série de alte-
rações do desenvolvimento que podem
alterar o curso do choque. Há, no pe-
ríodo neonatal, uma deficiência inicial
na produção de hormônios tireoidianos
e paratireoidianos, podendo haver, du-
rante o choque, necessidade de reposi-
ção de cálcio, hormônio tireiodiano ou
ambos. Há também redução dos esto-
ques de glicogênio e massa muscular
para a gliconeogênese, necessitando
monitorização constante da glicemia (ta-
bela 11 e fluxograma 1 e 2).
17NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 11. Características metabólicas e circulatórias do choque séptico.
Estágio Clínica Fisiologia Bioquímica
Hiperdinâmico(choque quente)
• Perfusão periféricaboa
• Pele quente e seca
• ↑ freqüênciacardíaca
• Instabilidade térmica
• ↑ freqüênciarespiratória
• Pulsos cheios
• Alteração do nível deconsciência
• Sinais clínicos nãorefletem a gravidade
• Débito urinárionormal ou ↓
• ↑ débitocardíaco (DC)
• ↓ da resistênciavascularsistêmica (RVS)
• Trombocitopenia
• ↑ da SatvO2
≥ 70%
• Hipóxia
• Alcaloserespiratória
• Lactato elevado
• Hiperglicemia
• ↓ PvO2
Hipodinâmico(choque frio)
• Acrocianosee/ou cianose
• Pele úmida e fria
• Pulsos finos
• Respiraçãosuperficial
• ↑ freqüênciacardíaca
• Redução do nível deconsciência
• Oligúria
• ↓ DC com ↑RVS
• ↓ DC com ↓RVS
• Trombocitopenia
• ↓ da SatvO2 <70%
• Hipóxia
• Acidosemetabólica
• Coagulopatia
• Hipoglicemia
Choque refratário a Choque que persiste após ≥ 60 ml/kg de reanima-fluídos/dopamina resistente ção fluídica na 1ª hora e com infusão de dopamina
de 10 mcg/kg/min
Choque resistente Choque persiste apesar do uso de catecolaminasa catecolaminas como a adrenalina e noradrenalina
Choque refratário Choque persistente apesar do uso de inotrópicos,vasopressores, vasodilatadores e da manutenção dahomeostase metabólica (glicemia e cálcio) e hormo-nal (tireóide e adrenal)
18 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Fluxograma 1. Seqüência temporal para diagnóstico de sepse em pediatria
Paciente comsuspeita de sepse
Avaliar se comunitárioou nosocomial
História/Exame físicoCronologia temporal
Avaliação clínicaInicial e seqüencial
Foco de infecçãoInicial identificável?
Foco +: Examessubsidiários e culturas
SRIS positivaFoco negativo:Avaliação clínicaseqüencialExames subsidiáriose culturasSinais positivos de
infecção sistêmica
1. SE comunitárioIntrodução deantibióticos de acordocom a faixa etária esítio inicial
2. SE nosocomialAvaliar perda deintegridade da pele,procedimentosinvasivos, tempo deinternação. Cobrirpara microrganismosintra-hospitalares
Sepse Grave ouChoque sépticoconfirmado?
Disfunção demúltiplos órgãosprecedente aochoque?
UTIprecoce
SIM
INICIAR REANIMAÇÃO DO CHOQUE
19NESTLÉ - Nutrição Infantil
Fluxograma 2. Investigação diagnóstica
8 – DISTÚRBIOSDA HEMOSTASIANA SEPSE GRAVE
Há uma estreita associação entre o sis-
tema de coagulação e a resposta infla-
matória. A ativação da via de coagula-
ção ocorre conjuntamente com a lesão
endotelial resultando em coagulação
intravascular e trombose da microvascu-
latura, consumo secundário de anticoa-
gulantes naturais como a antitrombina
III, proteína C e proteína S e coagula-
ção intravascular disseminada.
Coagulação intravascular disseminada(CIVD) - A patogênese da CIVD na sepse
inicia-se com a ativação e produção de
citoquinas próinflamatórias TNF, IL-1 e
IL-6. Estas citoquinas desempenham um
ComunitárioFebreHospitalar
Sem foco evidenteAcompanhar clínica,
hematológicomicrobiológico
História/Ex. Fls.Avaliação Temporal
Linha venosa,catéteres, Pós op.,
procedimento invasivo
Aguardar culturas:Se (+) ajustar
antibióticos de acordocom agente isolado
Culturas: Sangue,Urina, Copro (diarréia)LCR (sinais), aspirados
(de focos suspeitos)
Cultura: sangue(catéter) e outro sítio,swab secreção local
Sinais infecção (+)Sinais infecção +
Introdução deantibióticos de acordo
com a faixa etáriae sítio de infecção
inicial
Cobrir bact.relacionadas à catéter ea infecção nosocomial
(S. aureus, S.epidermidis, gram –)
e penetre a barreira hematencefálica
20 NESTLÉ - Nutrição Infantil
papel importante na lesão endotelial,
ativam a cascata de coagulação e a
inibição da fibrinólise. A CIVD é resul-
tante da combinação de excesso de
produção de fibrina e da inibição da
remoção da fibrina resultante da de-
pressão do sistema fibrinolítico. A for-
mação excessiva de fibrina é resultante
de (a) lesão endotelial e ativação do
fator tissular (TF) e (b) disfunção natural
do sistema anticoagulante – antitrom-
bínico, proteína C, proteína S e fator
tissular inibidor (TFPI).
Alterações da fibrinólise - A fibrinólise é
normalmente ligada ao sistema de coa-
gulação, faz remoção dos trombos e
preserva a fluidez do sangue sendo que
é um componente essencial da homeos-
tase da microcirculação. As células
endoteliais são a principal fonte do fator
ativador tissular de plasminogênio (t- PA),
que é uma enzima primária responsável
pela ativação da fibrinólise, pela con-
versão do plasminogênio em plasmina.
A inibição da atividade fibrinolítica é
primariamente causada pelo aumento
do fator ativador-inibidor do plasmino-
gênio (PAI-1), que é um produto das
plaquetas e do endotélio e atua como
um inibidor primário da t-PA e do u-PA
(ativador tipo uroquinase-plasmino-
gênio). Uma inibição adicional da
fibrinólise ocorre através da ação da
alfa 2 antiplasmina e pelo inibidor
fibrinolítico da trombina ativada (TAFI).
Trombose da microcirculação – A
disfunção da coagulação observada em
pacientes com sepse resulta em trom-
bose da microvasculatura. Esta trombo-
se microvascular tem um importante
papel na patogênese da hipoperfusão
orgânica e da falência orgânica. A
diátese trombótica ocorre quando
citoquinas pró-inflamatorias fazem a up-regulation do fator tissular (TF), e fazem
a down regulation do sistema proteína
C/ proteína S, com comprometimento
da habilidade natural de dissolver coá-
gulos pelo estimulo da produção e libe-
ração de PAI-1. Horas após o início da
sepse, estas alterações hemostáticas
produzem um desequilíbrio favorecen-
do a trombose da microvasculatura e,
em algumas vezes, da macrovasculatura.
As anormalidades da microvasculatura
também desempenham um papel im-
portante na gênese da síndrome do
desconforto respiratório agudo (SDRA).
Portanto a sepse é descrita como uma
série complexa de vias que se interagem,
envolvendo a estimulação e a supressão
imune, hipercoagulação e hipofibrinólise.
(figura 1)
9 – SÍNDROMEDA DISFUNÇÃO DEMÚLTIPLOS ÓRGÃOSE SISTEMAS (DMOS)E ESCORES CLÍNICOS
A associação freqüênte entre DMOS com
sepse, SRIS e outros processos inflama-
tórios sugere que possa haver uma liga-
ção entre a resposta inflamatória e a
gênese da DMOS. As evidências suge-
rem que a resposta a SRIS é rapidamente
21NESTLÉ - Nutrição Infantil
Figura 1. Fisiopatologia da sepse grave
Infecção
Resposta Inflamatória do Hospedeiro
⇑ Coagulação⇓ Fibrinólise Citoquinas Citoquinas⇓ Antitrombina III Pró-inflamatórias Antiinflamatórias⇓ Proteína C
Disfunção de ÓrgãosLesão Tecidual
Coagulação, InflamaçãoPersistente
Não Sim
Recuperação Óbito
seguida em alguns pacientes por uma
resposta antiinflamatória compensatória
(CARS), que representa uma tentativa do
organismo em limitar a resposta infla-
matória não produtiva. Um balanço
subseqüente entre a resposta pró-infla-
matória (SRIS) e antiinflamatória (CARS)
é referido como síndrome da resposta
antagônica (MARS). Este balanço delica-
do é difícil de se atingir, podendo haver
uma predominância ou da resposta pró-
inflamatória ou da antiinflamatória.
Quando há uma reação próinflamatória
excessiva, o efeito resultante é a DMOS;
quando há uma resposta antiinflamatória
excessiva, o paciente apresenta maior
risco de infecções oportunistas ou se-
cundárias.
Múltiplos outros mecanismos fisiopato-
lógicos e de mediadores inflamatórios
podem agir individualmente ou coleti-
vamente e estão envolvidos na patogê-
nese da DMOS; estes potenciais meca-
nismos são: a lesão celular primária,
hipoperfusão orgânica e/ou tissular,
isquemia-reperfusão, microagregados de
microtrombos, coagulação intravascular
disseminada, lesão endotelial difusa
induzida por mediadores inflamatórios,
fatores humorais circulantes (em geral,
fatores depressores do miocárdio), fato-
res relacionados à imunidade e aos
22 NESTLÉ - Nutrição Infantil
mediadores inflamatórios, hipercata-
bolismo e desnutrição protéico-calórica,
isquemia intestinal e translocação
bacteriana, defeitos nos glóbulos ver-
melhos relacionados à forma e às pro-
priedades reológicas que podem pre-
dispor à obstrução da microvasculatura
e resultar em isquemia celular ou
tissular. E, finalmente, a disfunção or-
gânica pode ser resultante de tratamen-
tos ou medicações que foram utiliza-
dos. Um exemplo comum é a insufici-
ência renal resultante do uso de amino-
glicosídeos, anfotericina, entre outros
agentes.
Em pediatria, a DMOS é a mais fre-
qüênte causa de óbito nas unidades de
cuidados intensivos, com taxa de mor-
talidade oscilando entre 11% a 27%.
Assim, um escore deve ser utilizado para
estimar a gravidade da DMOS dando
informação adicional sobre o prognós-
tico desfavorável nestes doentes.
Um escore de DMOS utilizado atual-
mente é o PELOD (escore pediátrico
logístico de disfunção orgânica), recen-
temente proposto e validado para faixa
etária pediátrica (Leteurtre et al, 1999 e
2003). Neste escore quando uma vari-
ável é medida mais de uma vez nas
primeiras 24 horas, o valor pior é uti-
lizado para o cálculo do escore (medi-
do na admissão e repetido a cada dia).
Quando a variável não é medida nos
dias subseqüêntes, inferiu-se pelo mo-
delo que ela permaneceu a mesma do
dia anterior ou estava normal. O tem-
po de protrombina foi expresso em INR
(international normalised ratio). Para
o cálculo do escore PELOD, cada al-
teração orgânica recebeu pontos de
acordo com a gravidade da disfunção
(tabela 12).
10 – DEFINIÇÕES EMETAS TERAPÊUTICASPARA TRATAMENTODO CHOQUE SÉPTICO
O choque séptico (CS) pode ser defini-
do pelas alterações clínicas, hemodinâ-
micas, da oxigenação e do metabolis-
mo intermediário e pode ser reconheci-
do clinicamente antes que a hipotensão
ocorra pela tríade que inclui: hipotermia
ou hipertermia, alteração do estado
mental, vasodilatação periférica (cho-
que quente) ou extremidades frias
(choque frio).
Do ponto de vista hemodinâmico, obje-
tiva-se a manutenção do fluxo sangüíneo
e da perfusão dos diversos órgãos que
devem ser mantidos acima do ponto
crítico, abaixo do qual o fluxo não pode
ser mantido em órgãos individuais. O
fluxo (Q) varia diretamente com a pres-
são de perfusão (dP) e inversamente com
a resistência (R). Matematicamente, pode
ser representado por Q = dP/R, conside-
rando o organismo como um todo, esta
fórmula pode ser representada pelo dé-
bito cardíaco (DC) = pressão arterial
média (PAM) - pressão venosa central
(PVC)/resistência vascular sistêmica
(RVS). Esta relação é a mesma para outros
orgãos como os rins e o cérebro, que
23NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 12. Escore PELOD
Disfunção orgânica e variável Escore
0 1 10 20
Neurologico*
Escore de Coma de Glasgow 12-15 e 7-11 4-6 ou 3
Reações pupilares Ambos reativas NA ambos fixas NA
Cardiovascular†
Freqüência cardíaca (batimentos/min)
< 12 anos ≤195 NA > 195 NA
≥ 12 anos <150 e NA > 150 ou NA
Pressão arterial sistólica (mm Hg)
< 1 mês >65 NA 35-65 <35
1 mês -1 ano ‡ >75 NA 35-75 <35
1-12 anos ‡ >85 NA 45-85 <45
≥ 12 anos >95 NA 55-95 <55
Renal
Creatinina (mg/dL)
< 7 dias < 1,59 mg/dL NA ≥ 1,59 mg/dL NA
7 dias-1 ano ‡ < 0,62 mg/dL NA ≥ 0,62 mg/dL NA
1-12 anos ‡ < 1,13 mg/dL NA ≥ 1,13 mg/dL NA
≥ 12 anos < 1,59 mg/dL NA ≥ 1,59 mg/dL NA
Respiratório §
Razão PaO2 (mmHg)/FIO2 > 70 e NA ≤ 70 ou NA
PaCO2 (mmHg) < 90 e NA > 90 NA
Ventilação Mecânica § Não Ventilação Ventilação NA NA
Hematológico
Leucócitos (x109/L) ≥ 4·5 e 1·5-4·4 ou < 1·5 NA
Plaquetas (x109/L) ≥ 35 < 35 NA NA
Hepatico
TGO (IU/L) < 950 e ≥ 950 ou NA NA
Tempo de protrombina ¶ > 60 60 NA NA
(ou INR) (<1·40) (1·40)
PaO2=pressão arterial de oxigênio; FIO2=fração inspirada de oxigênio; PaCO2=pressão arterial de dióxidode carbono; INR=razão internacional normal; *Escala de Coma de Glasgow: use o menor valor. Se opaciente esta sedado registre o escore de Glasgow previamente à sedação. Avaliar o paciente somentequando há alteração aguda do sistema nervosa central conhecida ou suspeita; Reações pupilares: pupilasnão reativas deve estar > 3 mm; Não avaliar após dilatação pupilar iatrogênica; † Freqüência cardíacae pressão arterial sistólica: não avaliar durante choro ou agitação iatrogênica, ‡ Estritamente menor que;§ PaO2: use medida arterial somente; ¶ Percentual de atividade. A razão PaO2/FIO2, não pode seravaliada em pacientes com shunt intracardíaco, é considerado como normal em crianças com doençascardíacas cianóticas. PaCO2 pode ser medido em amostras venosas, arteriais ou capilares. Ventilaçãomecânica: uso de máscaras não foi considerada como ventilação mecânica.
Logit = 7.64 - 0.30x(PELOD ). Taxa preditiva de óbito % = 1 / (1 + expLogit)
24 NESTLÉ - Nutrição Infantil
adicionalmente apresentam regulação
vasomotora para manter o fluxo sanguí-
neo sob baixas pressões. O fluxo sanguí-
neo renal pode ser representado, por
exemplo, pela seguinte fórmula: Fluxo
sanguíneo renal (FSR) = pressão média
da artéria renal (PAMAR) – pressão média
venosa renal (PVR)/ resistência vascular
renal (RVR). Devido aos rins serem su-
pridos pelo segundo mais alto fluxo de
sangue do organismo, as medidas do
débito urinário (na ausência de estados
hiperosmolares) e do clearance de
creatinina são bons indicadores de pres-
são de perfusão adequada.
Outra causa de redução da perfusão
abaixo do ponto crítico, pode ser de-
corrente ao aumento da pressão intrabdo-
minal (PIAb). O aumento da PIAb pode
ser secundária a: edema intestinal,
ascite, diálise peritoneal e pela síndrome
compartimental abdominal. Medidas
que visam diminuir esta pressão abdo-
minal ajudam na melhora da perfusão
esplâncnica e restauração da função
renal.
O choque também pode ser definido e
tratado de acordo com o uso de medi-
das de oxigenação. Medidas do débito
cardíaco (DC) e do consumo de oxigê-
nio (CO2) seriadas têm sido propostas
em pacientes com choque persistente.
Assim, o índice cardíaco (IC) mantido
entre 3,3 a 6,0 ml/min/m2 e do CO2 >
200 ml/min/m2 estão associados a me-
lhora da sobrevida. Considerando-se uma
hemoglobina de 10 g/dL, saturação arte-
rial de O2 de 100% e IC > 3,3 ml/min/m2,
esta situação pode ser correlacionada
com uma saturação venosa mista de
O2 > 70% em um paciente com CO2
normal. A melhora da sobrevida no cho-
que refratário a fluídos e resistente à
dopamina pode ser atingida pela tera-
pêutica dirigida para as metas acima.
11 – PADRÃOTEMPORAL DOCHOQUE SÉPTICO
As manifestações clínicas iniciais da
sepse são conseqüência de uma respos-
ta inflamatória sistêmica (SRIS) associa-
da a infecção. Assim, é necessária a
realização de uma história clínica deta-
lhada para reconhecer o real início da
doença, identificando quando se inicia-
ram as primeiras manifestações de SRIS,
sepse e choque (fluxograma 1 e 2).
Shoemaker et al (1996), propôs a utiliza-
ção de um critério de análise do curso
temporal do processo, isto é da bactere-
mia à SRIS, desta à sepse e, finalmente,
a evolução para choque séptico. Este cri-
tério de avaliação temporal do curso da
doença é útil pois, através deste, os seguin-
tes pontos são melhor compreendidos:
• As alterações clínicas da bacteremia
para sepse e, finalmente, para cho-
que séptico.
• As mudanças clínicas e fisiológicas
temporais que ajudam a separar even-
tos primários precoces dos eventos
clínicos secundários.
• Identifica a exata evolução do padrão
cardíaco, pulmonar e tissular.
25NESTLÉ - Nutrição Infantil
• Auxilia na introdução de plano
terapêutico meta-dirigido para melho-
ra prognóstica.
Nos estágios precoces da doença, os
sinais clínicos incluem regulação anor-
mal da temperatura, fadiga, indisposi-
ção, sensação de frio, alteração do ní-
vel de consciência (ansiedade, confu-
são mental, irritabilidade). Estes sinto-
mas não são patognomônicos de infec-
ção podendo ser comuns a outros pro-
cessos inflamatórios e podem ser au-
sentes em processos infecciosos graves.
Pelo choque séptico ser um processo
contínuo, outros sinais irão aparecer com
o decorrer do tempo como resultado da
resposta inflamatória secundária à in-
fecção como: enchimento capilar rápi-
do, alargamento da amplitude de pul-
so, taquicardia (freqüência cardíaca >
180 batimentos/minuto em lactentes
jovens e > 160 bpm em crianças mai-
ores) e taquipnéia. Em crianças, há
hipovolemia e inicialmente redução da
resistência vascular periférica (RVP) com
aumento do débito cardíaco (DC), en-
tretanto, a pressão arterial média é
mantida por mecanismos compensató-
rios. Ceneviva et al (1998) estudou 50
crianças com choque refratário a fluí-
dos e verificou que o estado hemodi-
nâmico era progressivo nestas crianças
e que o estado clínico oscilava durante
as primeiras 48 horas.
Com a progressão do choque, há com-
prometimento da perfusão e utilização
anormal de oxigênio levando à acidose
metabólica. Inicialmente, os pacientes
são hábeis para aumentar a freqüência
respiratória e manter um pH normal (isto
é alcalose respiratória compensatória).
No entanto, a PaO2 pode diminuir re-
fletindo alteração na relação ventilação–
perfusão.
Súbitas modificações do nível de cons-
ciência como irritabilidade, sonolência,
dificuldade para se alimentar, podem
ocorrer e preceder as mudanças da
função hemodinâmica. O estado
hemodinâmico é, portanto, variável e
progressivo nas primeiras 48 horas da
instalação do choque. Com o agrava-
mento da sepse, há progressão da lesão
tissular com aumento da permeabilidade
vascular e extravasamento fluídico para
o espaço intersticial, levando à dimi-
nuição do volume intravascular, com
aumento da resistência vascular
sistêmica para manutenção da pressão
arterial média.
A depressão miocárdica é causada pela
ação de fatores depressores do miocárdio
que deprimem a fração de ejeção e di-
minuem a resposta à reanimação fluídica
vista com freqüência em crianças. Os
sinais tardios de choque séptico
descompensado incluem hipotensão,
taquicardia, pulsos finos, extremidades
frias, livedo reticular, respiração rápida,
oligúria (débito urinário abaixo de 1 ml/
kg/hora, se menor que 30 Kg ou abaixo
de 60 ml/hora se maior que 30 kg) e
nível de consciência marcadamente
reduzido. Com a evolução do choque
a acidose metabólica torna-se mais
acentuada e a hipóxia causada pelo
desequilíbrio ventilação/perfusão torna-
se significante (tabela 13)
26 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 13. Avaliação clínica na investigação da sepse grave e choque séptico
Exame clínico geral
Sinais gerais Estado de hidratação, característica da pele (pele quente e seca oupele fria e úmida), extremidades quentes ou frias, perfusão periférica(< ou > 2 segundos), pulsos (cheios ou finos), taquicardia, taquipnéia,instabilidade térmica ou febre ou hipotermia ou febre intermitente,hipotensão, sinais de hipoperfusão, livedo reticular, vasoconstricçãoou vasodilatação, petéquias púrpuras ou sinais de discrasias sanguí-neas, consciência alterada, irritabilidade, agitação ou diminuiçãodo nível de consciência
Avaliação clínica por órgãos e sistemas
Cardiovascular Veias colapsadas ou pressão venosa central baixa (antes da reani-mação). Alargamento da pressão de pulso (após reanimação), amenos que haja hipotensão grave. Gradiente térmico presente,extremidades frias e com livedo reticular. Sinais de infecção car-díaca como aparecimento de sopro ou redução dos sons cardíacos.
Pulmonar Hiperventilação com alcalose respiratória, hipoventilação comacidose metabólica. Macicez à percussão. Sinais focais de conso-lidação Estertoração secundária a alterações da permeabilidade,edema ou infecção, alteração da ausculta de sons brônquicos.
Cabeça Membrana timpânica edemaciada ou inflamada. Seios nasais dolo-e pescoço ridos e sensíveis. Eritema faríngeo ou exsudato, estridor inspiratório,
linfadenopatia cervical.
TGI Sinais de inflamação regional: dor e sensibilidade abdominal,distensão abdominal, ascite, náusea, vomito e diarréia. Ausência deruídos hidroaéreos. Evidencia de hemorragia do trato gastrintestinal
Pelve e Sensibilidade pélvica, ângulo costovertebral sensível, sensibilidadegenitourinário em região anexial
Osteoarticular Eritema focal, edema, hipersensibilidade, crepitação em infecçãonecrotizante, derrame articular
Nervos e Miopatia: 1. Necrotizante (fraqueza muscular e mioglobinúria);músculos 2. Atrofia por caquexia;
3. Sinais de polineuropatia séptica: flacidez dos membros e damusculatura respiratória
Neurológico Encefalopatia metabólica séptica: Alterações do nível de consciên-cia como: desorientação leve, confusão, irritabilidade, apreensão,ansiedade, agitação, letargia e coma. Sinais de infecção do sistemanervoso central: meningismo, convulsão, debilidades focais.
Hematológico Sangramento: epistaxe, hemorragia gastrintestinal, sangramento emlocais de punção. Lesões cutâneas como púrpura e petéquias.Isquemia digital
Renal Oligúria, Piúria
27NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 14. Critérios para diagnóstico do local da infecção
Local da infecção Comunitário ou hospitalar (após 48 horas de internação)
Sítio de infecção Foco presuntivo pode ser identificado na maioria dos casos. Empacientes imunocomprometidos com neutropenia, o foco deinfecção pode não ser encontrado. Uso de cateter intravascularé relacionado à sepse hospitalar. Múltiplos sítios podem serencontrados entre 6% a 15% dos pacientes.
Sítios primários Pleuropulmonar; urinário; bacteremia primária; intra-abdominal.mais comuns
Idade do doente Existem diferenças entre as diversas faixas etárias com relaçãoao risco de infecções invasivas e ao tipo de agentes infectantes.Na adolescência, as características epidemiológicas das infec-ções são semelhantes a dos adultos jovens.
Agentes infecciosos A positividade das hemoculturas é variável em pediatria; assim,e interpretação a interpretação das hemoculturas são dependentes de:da hemocultura a. Veracidade do resultado
Staphylococcus coagulase negativo é um colonizante de pelee, com freqüência, contamina amostras de hemocultura;
b. Duração da bacteremia1. Bacteremia persistente com o tempo está relacionada ao
comprometimento endovascular;2. Staphylococcus aureus é um agente comum de bacteremias
persistentes (5 a 7 dias de duração), principalmente emendocardites;
c. Padrão da bacteremiase primeiro episódio ou recorrência;
d. Sítio da coleta da hemoculturaImportante no caso de decisão antibiótica em infecções hos-pitalares;
e. Fonte1. Bacteremia primária – fonte pode não ser reconhecida2. Bacteremia secundária – fonte reconhecível;
f. Número de agentesMonomicrobiana ou Polimicrobiana
12 – PATOGENIA EANTIBIOTICOTERAPIA
A identificação do mais provável agen-
te etiológico e o tratamento efetivo da
infecção é dependente da idade do do-
ente, do foco de inicial de infecção, do
estado imune, de doenças predisponen-
tes, de co-morbidades associadas, do
tipo de infecção e do padrão local de
suscetibilidade aos antibióticos (tabelas
de 14 a 19 e figura 2).
28 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 15. Tipos de agentes etiológicos de acordo com o local de aquisição dainfecção e as características do hospedeiro
Local de aquisição da infecçãoe característica do hospedeiro
Patógenos envolvidos
Comunidade, criança sadia S. aureus, N. meninigitidis, S pneumoniae,Streptococcus pyogenes, E. coli, Salmonella spp.
Nosocomial, criança sadia S. aureus metilcilino-resistente, Staphylococcuscoagulase-negativo, Klebsiella pneumoniae, E. coli,Enterobacter sp, P. aeruginosa
Criança imunocomprometida S. aureus, Staphylococcus coagulase-negativo,Klebsiella pneumoniae, P. aeruginosa, Candida sp.
Tabela 16. Tratamento antibiótico recomendado para crianças com sepse deacordo com o patógeno isolado
Patógeno Antibioticoterapia recomendada
S. aureus metilcilino-sensível Cefalotina
S. aureus metilcilino-resistente Vancomicina
Haemophilus influenzae B não produtor Ampicilinade beta-lactamases
Haemophilus influenzae B produtor de Cefoxitina ou ceftriaxonabeta-lactamases
Streptococcus pneumoniae sensível à penicilina Penicilina
Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina Cefotaxima ou ceftriaxona
N. meninigitidis Cefotaxima ou ceftriaxona
Streptococcus pyogenes Penicilina
Bacilos gram negativos De acordo com o antibiograma
29NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 17. Bactérias Habituais envolvidas na Sepse no 1º ano de vida – AquisiçãoDomiciliar
Foco Agentes
Faixa Etária de 0 a 3 Meses
Gastrointestinal Bactérias gram negativas entéricas
Vias Urinárias Bactérias gram negativas entéricas
Pele e subcutâneo Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes
Articulações e ossos Staphylococcus aureus
Vias aéreas inferiores Streptococcus β hemolítico grupo B, Bactérias gram negativasentéricas, Staphylococcus aureus
Meninges Bactérias gram negativas entéricas, Streptococcus β hemolíticogrupo B, Listeria monoytogenes, Neisseria meningitidis
Faixa etária entre 3 meses a 1 Ano
Pele e subcutâneo Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes
Articulações e ossos Haemophilus influenzae tipo B, Staphylococcus aureus
Vias aéreas inferiores Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo BStaphylococcus aureus
Meninges Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniaeHaemophilus influenzae tipo B
OBS: Bactérias gram negativas entéricas: Escherichia Coli, Proteus mirabilis, Klebsiela pneumoniae.
Tabela 18. Bactérias Habituais envolvidas na sepse no 1º ano de vida – AquisiçãoIntra Hospitalar
GRUPO AGENTES
Interferência – quebra da barreira mucocutânea
Cateter Venoso Staphylococcus sp, Pseudomonas sp, Acinetobacter spEnterobacter sp, Bacteroides sp
Cateter Urinário Bactérias gram negativas entéricas, Pseudomonas spAcinetobacter sp
Equipamento inalatório Pseudomonas sp, Acinetobacter sp, Enterobacter spSerratia sp, Staphylococcus sp
Queimaduras Staphylococcus sp, Streptococcus sp, Bactérias gram negativasentéricas, Enterobacter sp, Pseudomonas sp
Interferência – cirurgiaGeral Staphylococcus sp, Streptococcus sp, Bactérias gram negativas
entéricas, Enterobacter sp, Pseudomonas spBacteroides sp, Serratia sp
Shunt liquórico Staphylococcus sp, Bactérias gram negativas entéricas
Cirurgia cardíaca Staphylococcus sp, Bactérias gram negativas entéricasPseudomonas sp, Acinetobacter sp
OBS: Bactérias gram negativas entéricas: Escherichia Coli, Proteus mirabilis, Klebsiela pneumoniae.
30 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 19. Esquemas iniciais de tratamentos mais usados nos casos de sepse comfoco inicial conhecido
Foco inicial Agente Antiinfeccioso
Pele com trauma Staphylococcus Oxacilina ou penicilina
Pele sem trauma/ Haemophilus influenza b, Ampicilina + cloranfenicolcelulite periorbitária Staphylococcus aureus Oxacilina, cefuroxima até
vancomicina
Pele sem trauma/ Staphylococcus, Streptococcus, Oxacilina + aminoglicosídeooutros locais Haemophilus influenza, Enterobacter ou cefuroxima
Queimados/inicial Streptococcus Penicilina
Queimados/tardio Pseudomonas aeruginosa Carbenicilina + aminoglicosídeoou ceftazidima
Gastrintestinal/ Streptococcus aeróbico, PenicilinaAcima do diafragma Streptococcus anaeróbico,
gram-negativos anaeróbios, fusobactérias
Gastrintestinal/ Enterobacter, Pseudomonas, Cef 2ª geração, + aminoglicosídeoAbaixo do diafragma Streptococcus faecalis, Bacterióides ou clindamicina + aminoglicosídeo
fragilis e outros anaeróbicos ou metronidazol
Geniturinário Anaeróbios, enterobactérias, Ampicilina ou Cef 1ª geração +(Klebisiella, Escherichia coli, Proteus), aminoglicosídeoNeisseria gonorrheae
Respiratório/ Streptococcus pneumoniae, Ampicilina ou cloranfenicolVias superiores Haemophilus influenzae, flora bucale seios paranasais
Respiratório/ Streptococcus pneumoniae Penicilina ou ampicilinavias inferiores/leve
Respiratório/ Staphylococcus, Haemophilus Oxacilina + Cloranfenicol,vias inferiores/ grave influenzae, Streptococcus pneumoniae ou cef 3ª geração
Respiratório/vias Streptococcus aeróbio ou não, Ampicilina + aminoglicosídeosinferiores/aspirativa gram negativos, anaeróbios
Esquelético e articular Staphylococcus, Oxacilina e cloranfenicol ouHaemophilus influenzae cefuroxima ou clindamicina +
cloranfenicol
Muscular/com gás Staphylococcus Oxacilina
Muscular/sem gás Clostridium, Streptococcus aneróbicos Penicilina
SNC/Abcessos Streptococcus pneumoniae, Oxacilina + cloranfenicol ouHaemophilus influenzae, vancomicina + cloranfenicolStaphylococcu, anaróbicos
Meningites < 3 meses Enterobactérias gram negativas, Ampicilina + cef 3ª geração ouStreptococcus do grupo B, listéria, ampicilina + amicacinaMeningococcus, Streptococcuspneumoniae, Haemophilus influenzae
Meningites de Haemophilus influenzae, Ampicilina + cloranfenicol ou cef.3 meses a 5 anos Streptococcus pneumoniae, 3ª geração
Meningococcus
Meningites > 5 anos Streptococus pneumoniae, AmpicilinaMeningococcus
Modificado de Branchini OAG in Choque Séptico em Pediatria, 1999Cef = cefalosporinas
31NESTLÉ - Nutrição Infantil
As medidas de ordem geral para con-
trole da infecção e indicação de
antibioticoterapia empírica incluem:
características clínicas do paciente,
aquisição da infecção intra ou extra
hospitalar, drenagem ou remoção de
potenciais focos sépticos (abcesso, ca-
teteres, drenos, sondas, etc...), excisão
de tecidos necróticos, presunção do
microorganismo infectante e potencial
antibiótico a ser utilizado, doses ade-
quadas e efetividade dos antibióticos
utilizados e ajustes de doses na insufi-
ciência renal e hepática.
O tratamento empírico deve ser dirigido
para a maior quantidade de patóge-
nos possivelmente envolvidos no proces-
so infeccioso. Em 24 a 48 horas deve-se
reavaliar o resultado do tratamento com
os resultados das culturas. Na meningi-
te, o antibiótico de escolha deverá atra-
vessar bem a barreira hematoencefálica.
Inicialmente, deve-se indicar antibióti-
cos de baixo custo, baixa toxicidade e
para o qual o paciente não tenha de-
monstrado alergia prévia. As bactérias
multirresistentes podem requerer trata-
mentos combinados, bem como nos pa-
cientes neutropênicos.
Para se realizar o tratamento empírico
deve-se focar na suspeita clínica do tipo
de infecção que esta ocorrendo com o
indivíduo:
1. Bacteremias polimicrobianas: represen-
tam 10% de todas as bacteremias, o tra-
tamento deve ser feito com base no foco,
lembrando a participação de anaeró-
bicos; geralmente, associam-se cefalos-
porinas de 3ª geração com metroni-
dazol ou ampicilina com sulbactam.
Figura 2. Sepse e a utilização de antibióticos: necessários, mas não suficientes paradeterminar a sobrevida
Infecção
AtivaçãoImunológica/Coagulação
A utilização adequada de antibióticos diminui a evo-lução para sepse grave em aproximadamente 50%
Sepse Grave
A utilização adequada de antibióticos diminui amortalidade de 10% a 15% sendo que esta permane-ce em 30% a 50%
Óbito
32 NESTLÉ - Nutrição Infantil
2. Bacteremias no paciente imunocom-
prometido, levar em consideração o
tipo de imunossupressão, presença de
foco clínico acompanhante, neutro-
penia, outras terapêuticas concomi-
tantes. Nestes casos, geralmente, há
predomínio de gram-negativos (K.pneumoniae, E. coli, P. aeruginosa),cocos gram-positivos (S. aureus,Staphylococcus coagulase negativo) efungos (Candida sp). Neste caso, a
antibioticoterapia empírica sugerida é
o uso de cefalosporina de 3ª geração
com ação antipseudomonas, carbape-
nen ou piperacilina-tazobactam. E,
quando a criança está com sepse neu-
tropênica e febril, associar antifúngicos.
3. Bacteremias relacionadas a cateteres:
Nestes casos, predominam os cocos
gram-positivos (Staphylococcusaureus, Staphylococcus coagulasenegativo), e em segundo lugar, bacilos
gram-negativos (K. pneumoniae, E.coli, P aeruginosa) e fungos. Deve-
se coletar culturas por técnicas
quantitativas e semiquantitativas e
iniciar tratamento empírico com
vancomicina. Se o cateter for perma-
nente ou semipermanente, associar
ceftazidima para cobertura de bacilos
gram-negativos. Os cateteres transi-
tórios devem ser retirados na suspei-
ta de sepse. A retirada de cateteres
permanentes e semipermanentes so-
mente deverá ser indicada quando
há: a) celulite grave na zona do ca-
teter, b) sepse sem foco; c) infecção
recorrente; d) falha no tratamento
médico (associado à cultura); e e)
infecção por: P. aeruginosa, espéciesde Bacillus, Corynebacterium,
micobactérias e fungos.
A sobrevida dos pacientes com sepse
grave é obtida com a recuperação da
microcirculação, da função dos órgãos
e da resposta imune. Assim é importan-
te que se entenda que embora sejam
imperativos o controle do foco infecci-
oso e o uso adequado de antibióticos,
a sepse grave envolve uma alteração da
resposta imune à infecção. Esta situa-
ção é uma das razões pela qual os
antibióticos têm uma habilidade limita-
da em curar os pacientes com sepse
grave. Os antibióticos não tratam as
alterações da resposta imunológica, sen-
do, portanto, limitados à sua habilidade
de “ajudar” os pacientes com sepse
grave. A administração de antibióticos
nunca deve postergar a reanimação com
volume e cardiovascular.
13 – EXAMESSUBSIDIÁRIOS
Em crianças entre 3 e 36 meses e febris
(39°C ou mais), a bacteremia está
correlacionada ao número de leucócitos.
Com leucócitos acima de 15.000 cél/mm3,
há bacteremia em 16% dos casos; com
leucócitos acima de 20.000 cel/mm3,
incidência de 25% e com leucócitos
acima de 30.000 cel/mm3, incidência
de bacteremia de 40%. Com relação ao
desvio à esquerda, um número absolu-
to de bastões acima 500 bastões/mm3 é
indicativo de infecção.
33NESTLÉ - Nutrição Infantil
As plaquetas aumentam durante a fase
aguda do estresse grave; entretanto, quan-
do sua contagem começa a cair, pode
ser resultante de sepse persistente ou
coagulação intravascular disseminada.
Considera-se trombocipênia plaquetas
inferiores a 150.000 /mm3 ou queda
acima de 50% das plaquetas em relação
ao basal do doente. A análise da coagu-
lação pode demonstrar aumento do tem-
po de protrombina (TP) e do tempo de
tromboplastina parcial ativada (TTPA).
Nas fases tardias há leucopenia e evi-
dência de coagulação intravascular dis-
seminada, com elevações do TP e TTPA,
redução dos níveis de fibrinogênio e
trombocitopenia. A gasometria arterial
pode demonstrar acidose metabólica e
alterações graves da relação ventilação
perfusão, com hipoxemia e hipercapnia.
O nível sérico de cálcio ionizado pode-
rá estar reduzido. As culturas deverão
ser obtidas nos sítios prováveis de infec-
ção como sangue, urina, fezes, secre-
ções e outros potenciais sítios de infec-
ção (tabela 20).
Tabela 20. Exames subsidiários e marcadores bioquímicos no choque séptico
Investigação inicial1- Acido básico e eletrólitos - Gasometria arterial, glicemia ou dextrostix, sódio, potássio, cálcio,lactato; 2- Hematológico - Hemograma, plaquetas e provas de coagulação (AP, TP, TTPA).3- Urina I.; 4 - Culturas de sítios prováveis de infecção - Hemocultura, coprocultura, urocultura,cultura de secreções, etc..; 5 - Imagem - solicitar exames que auxiliem no rastreamento de focosocultos como raio X, ultrassom, tomografia.
Investigação na UCI e screening para DMOSA investigação adicional deve criteriosa e ser sempre dirigida para órgãos e sistemas compro-metidos, como por exemplo: 1) Cardiovascular – CK, CKmb, DHL, ECG e ecocardiograma;2) Hematológico e coagulação - TP, AP, TTPA Fibrinogênio, D-dimer; 3) Gasometria arteriale venosa mista, eletrólitos incluindo glicemia, magnésio e fósforo; 4) Renal – uréia, creatininae clearance de creatinina para ajuste de drogas; 5) Respiratório – gasometria arterial e RxTórax; 6) Hepático - Bilirrubinas, TGO,TGP, albumina, Fosfatase alcalina, gamaGT visandoajuste de drogas; 7) SNC (se sinais de meningite) e em se descartando sinais de hipertensãointracraniana: liquor ; 8) Avaliação endócrina, imune e do TGI quando houver clínica suspeitade disfunção específica nestes sistemas; 9) Na suspeita de DMOS - Escore PELOD
Marcadores bioquímicos específicos1) Interleucina 6 – quando elevada relaciona-se com a gravidade da doença; 2) Proteína CReativa (PCR) – proteína de fase aguda inespecífica. Expressa a presença na circulação do fatorde necrose tumoral alfa, interleucina -1 e interleucina -6. Níveis aumentados e sustentados alémde 3 dias estão associados a alta mortalidade; 3) Procalcitonina - aumentada, tem melhor valorpreditivo positivo para sepse que a IL-6 e a PCR; 4) Elastase Neutrofílica - quando aumentadaesta relacionada com maior mortalidade na sepse grave; 5) Fator de von Willebrand – aumen-tado na sepse grave com ativação endotelial. É um bom preditor para lesão pulmonar aguda(LPA) e síndrome do desconforto respiratório agudo ( SDRA); 6) Albumina sérica e pré-albumina– quando baixas refletem repriorização da síntese das proteínas pelo fígado e endotelite genera-lizada ; 7) Níveis séricos de lactato arterial – Valores de normalidade entre 0,63 a 2,44 mmol/L.Pode expressar : metabolismo anaeróbico devido à hipoperfusão, produção aumentada ( emgeral pelos pulmões) e redução do clearance pelo fígado. Quando há uma terapêutica adequadaqueda de 5% a 10% por hora. Níveis patológicos > 2,2 mmol/L. Elevações seqüenciais marcadase sustentadas é indicativo de um prognóstico ruim.
34 NESTLÉ - Nutrição Infantil
14 – DIAGNÓSTICOPOR IMAGEM
Várias modalidades de exames podem
ser solicitadas para investigação de foco
suspeito de infecção.
A radiografia do tórax fornece informa-
ções sobre: 1) a presença de infiltrados
pulmonares ocultos em pacientes
neutropênicos febris com ou sem sinto-
mas respiratórios; 2) estágios precoces
da SDRA (geralmente Raio-X de tórax
normal); 3) achados clássicos de SDRA
(opacidade bilateral, homogênea, simé-
trica, difusa e aerobroncogramas) e as
veias pulmonares marginais tornam-se
indistintas e obscuras com a progressão
da doença; 4) edema pulmonar cardio-
gênico (Linhas A e B de Kerley, distribui-
ção perihilar da opacidade, cardiome-
galia, redistribuição vascular, e efusões
pleurais). Na suspeita de sepse com foco
abdominal, solicitar RX em supino, em
pé e decúbito lateral, que auxiliam na
pesquisa de foco intraadominal quando
existir suspeita clínica de íleo, perfura-
ção abdominal ou abcesso intracavitário.
O ultrassom é util em focos abdominais
(abcessos intraabdominais) e avaliação
de partes moles, investigação hepática,
biliar e para avaliar alterações do parên-
quima renal. O ecocardiograma é uma
forma de monitorização não invasiva
para monitorar efusões pericárdicas, fun-
ção ventricular direita e esquerda, pres-
são da artéria pulmonar, dentre outras
alterações cardíacas. A tomografia
computadorizada é indicada principal-
mente em casos de pesquisas de abces-
sos abdominais com foco retroperitoneal;
nas lesões encefálicas estruturais (mas-
sas, hemorragia, déficits focais, sinusite,
otite prévia, neurocirurgia recente) e na
avaliação de hipertensão intracraniana e
nas lesões encefálicas metabólicas
(encefalopatia da sepse e meningite)
15 – PRINCÍPIOSDO TRATAMENTODA SEPSE GRAVE EDO CHOQUE SÉPTICO
A transição da SRIS para sepse grave e
a choque séptico envolve uma gama de
modificações fisiopatológicas incluindo
anormalidades circulatórias que resultam
em hipóxia tissular global e regional.
Durante as horas críticas do choque sép-
tico, o reconhecimento definitivo e tra-
tamento efetivo provêem benefícios
máximos, em termos de prognóstico.
Estas horas, geralmente, ocorrem no
setor de emergência, podendo ocorrer
também em enfermarias e, mais rara-
mente, dentro das unidades de cuida-
dos intensivos.
As recomendações atuais sobre o trata-
mento da sepse grave e do choque sép-
tico pediátrico foram subdividas em duas
fases. A primeira fase é a de reanimação
precoce e deve ser iniciada no local onde
o diagnóstico foi realizado (em geral no
pronto socorro) com duração média de
1 hora. A segunda fase deverá ser feita
na UCI (unidade de cuidado intensivo)
e é a fase de estabilização e de correção
de distúrbios específicos.
35NESTLÉ - Nutrição Infantil
As intervenções terapêuticas iniciais
visam a correção da hipóxia tissular, a
manipulação da pré-carga, pós-carga e
contratilidade cardíaca, visando equili-
brar a oferta de oxigênio com a deman-
da. Além da estabilidade hemodinâmica,
esta fase inicial objetiva manter a
oxigenação e perfusão de órgãos e te-
cidos vitais e o controle sobre a
erradicação do foco infeccioso.
Terapêutica Meta Dirigida: Envolve uma
série de abordagens precoces, cuidado-
samente controladas dos parâmetros
fisiológicos para ajudar a manter, me-
lhorar ou corrigir a homeostase a nível
celular, metabólico e endócrino, e que
devem ser iniciadas usualmente nas
primeiras 6 horas de admissão hospi-
talar quando o prognóstico é melhor.
(tabela 21).
Tabela 21. Terapia Meta-Dirigida
Parâmetro Meta Terapêutica Método de monitorização Manipulaçãofisiológico
Perfusão tissular • Enchimento capilar • Enchimento capilar • Fluídos (cristalóides, colóides): <2 segundos 20 ml/kg bolus. 40-60 ml/kg
nos primeiros 10 minutos
• Pressão arterial média • Pressão arterial média • Simpatomiméticos: Dopamina 65-70 mmHg (1ª linha), Noradrenalina ou
Adrenalina (2ª linha)
• Débito urinário >0,5 ml/kg/h • Débito urinário
• PVC 8-12 mm Hg • PVC • Vasodilatadores: Milrinona
Oxigenação • Saturação arterial de O2 >93% • Saturação O2 • FIO2
• Saturação venosa mista • Saturação venosa mista O2 • PEEP O2 >70% • Pressão arterial média
• Hemoglobina dentro dos • Concentração da hemoglobina • Transfusão (sangue total ou limites normais para a idade concentrado de glóbulos)
se Hb <10 mg/dl
• Hct 30% • Hematócrito
• Lactato sérico < 2 mmol/L • Lactato sérico
• Procalcitonina
Débito urinário • Débito urinário > 0,5 ml/kg/hr • Débito urinário • Terapêutica contínua dee perfusão renal • Clearance de creatinina substituição renal: C.V.V.H/D se
• Uréia sobrecarga de 10% de fluídos• Creatinina ou insuficiência renal aguda
• Diálise
Suporte nutricional • Glicemia de 80 a 110 mg/dl • Glicose sérica • Glicosee metabólico • Insulina
• Ca ionizado de 1,14 a 1,29 • Cálcio ionizado sérico • Cálcio
• Balanço nitrogenado positivo • Ruídos hidroaéreos e estado geral • Nutrição enteral• Peso • TPN• Albumina, pré albumina, proteína • Micronutrientes: vitaminas total, Relação albumina/globulina (vit K), minerais
• Calorimetria indireta
Suporte adrenal • Prevenção da insuficiência • Nível sérico de cortisol • Hidrocortisona adrenal e hipotensão refratária
• Pressão arterial
• Triagem terapêutica
36 NESTLÉ - Nutrição Infantil
15.1 - PASSOS TERAPÊUTICOSNA PRIMEIRA HORA DEREANIMAÇÃODe acordo com as orientações da
American College of Critical CareMedicine (2002), o suporte hemodinâ-
mico para o choque séptico pediátrico
deve ser orientado pelos os seguintes
passos:
Metas – Manter vias aéreas permeáveis,oxigenação e ventilação adequadas.Manter circulação (definida como pres-
são arterial e pressão de perfusão nor-
mais). Manter a freqüência cardíaca den-tro dos limites adequados para a idade.Objetivo final – Manter enchimentocapilar abaixo de 2 segundos; pulsosnormais sem diferencial entre pulsoscentrais e periféricos; extremidadesquentes; débito urinário acima de 1 ml/kg/hora; nível de consciência normal;pressão arterial normal para idade; con-trole da hipotermia/hipertermia.Cuidados gerais de suporte – Nesta fase,
o tratamento as medidas iniciais são de
suporte respiratório e da função
cardiovascular, suplementação de oxi-
gênio e reanimação fluídica. A introdu-
ção de antibióticos deverá ser feita de
acordo com o agente mais provável,
além de remoção e drenagem de focos
de infecção, e tratamento de outras com-
plicações.
Monitorização – Oxímetro de pulso,
eletrocardiograma contínuo, pressão
arterial média, temperatura, débito
urinário. E realização de testes
laboratoriais iniciais como gasometria
arterial, glicemia e cálcio.
15.2 - ABC DA REANIMAÇÃONA PRIMEIRA HORA
VIA ÁREA E RESPIRAÇÃO:A via aérea e a respiração deverão ser
rigorosamente monitoradas e mantidas.
Garantir via aérea aberta e oxigenação
adequada se o paciente apresenta
hipóxia, dispnéia ou relação PaO2/FiO2
abaixo de 300 (de acordo com o PALS– Pediatric Advanced Life Support). Se
o doente está sem via aérea segura, troca
gasosa ou equilíbrio ácido-básico gra-
vemente comprometido, ou se há evi-
dência de fadiga muscular, hipoventi-
lação, comprometimento do estado
mental (irritabilidade excessiva ou so-
nolência), indicar intubação endotra-
queal precoce. Não esperar exames
laboratoriais para o procedimento, a
indicação pode basear-se apenas nos
dados clínicos. Utilizar intubação por
seqüência rápida de acordo com o
PALS. Lembrar que na fase de intubação
rápida, volume deve ser administrado
devido à hipovolemia relativa ou abso-
luta, evitando-se assim baixo débito
cardíaco durante o procedimento. Agen-
tes para manter a função cardiovascular
íntegra também são indicados na fase
de intubação.
CIRCULAÇÃO:
Estabelecer rapidamente acesso vascular
de acordo com o PALS. A via intraóssea
(em qualquer faixa etária) deverá ser
considerada se dificuldade para obten-
ção de acesso venoso. Cateter venoso
central de duplo lúmen é indicado
quando há necessidade de uso de dro-
37NESTLÉ - Nutrição Infantil
gas vasoativas, evitando-se, assim, a in-
terrupção destas quando há necessidade
de infusão de outras drogas pelo cateter
(manter o acesso periférico para não
interromper a reanimação fluídica).
REANIMAÇÃO FLUÍDICA:
Infusão rápida de 20 ml/kg (SF 0,9% ou
colóides) deverá ser administrada
vigorosamente triada pelos sinais clíni-
cos de melhora do débito cardíaco,
como freqüência cardíaca no limite do
normal para a idade, débito urinário,
enchimento capilar e nível de consciên-
cia normais. Observar sinais de intole-
rância a fluídos como estertores pulmo-
nares (edema agudo de pulmão), ritmo
de galope, queda da saturação pela
oximetria, hepatomegalia e piora do
trabalho respiratório. Na ausência des-
tes achados a reanimação fluídica na
primeira hora pode chegar a 200ml/kg.
A média requerida é de 40 a 60 ml/kg
na primeira hora.
Pacientes que não respondem rapida-
mente a fluídos em bolus ou que apre-
sentem reserva fisiológica insuficiente são
candidatos à monitorização hemodinâ-
mica invasiva. A pré-carga deve ser
otimizada para obter um débito cardía-
co máximo. A pressão de oclusão da
artéria pulmonar deverá ser mantida entre
12 a 15 mmHg (fluxogramas 3 a 5).
A necessidade de grandes volumes para
reanimação fluídica não tem sido asso-
ciado, em crianças, a maior ocorrência
de edema pulmonar e edema cerebral.
A necessidade de largas taxas de infu-
são de fluídos persiste por dias.
Os fluídos que habitualmente são pres-
critos em pediatria são: cristalóides (so-
lução salina normal), e colóides (dextran,
gelatinas e albumina a 5%). Há poucos
relatos na literatura em pediatria sobre
o uso de starches, solução salina
hipertônica ou albumina hiperosmolar
a 20%, como expansores de volume.
Os fluídos deverão ser administrados
para manter perfusão e pressão adequa-
dos (fluxograma 3).
SUPORTE HEMODINÂMICO:
Deverá ser considerado no choque gra-
ve não responsivo a volume. Iniciar uso
após passagem de cateter central.
Dopamina é o agente de primeira esco-
lha nestes casos (dose inicial 5 µg/kg/
min em incrementos de 2,5 µg/kg/min).
Se o choque é resistente a dopamina,
iniciar com adrenalina (dose inicial 0,05
µg/kg/min em incrementos de 0,1 µg/
kg/min) para o choque hipodinâmico
ou noradrenalina (dose inicial 0,05 µg/
kg/min em incrementos de 0,1 µg/kg/
min) para o choque hiperdinâmico com
o objetivo de restaurar perfusão e pres-
são arterial (fluxograma 4 e tabelas de
22 a 25).
Hidrocortisona – Um estado de hipores-
ponsividade adrenal em choque sépti-
co sem insuficiência adrenal tem sido
relatado em adultos. A insuficiência
adrenal deverá ser suspeitada em crian-
ças no choque com hipotensão resis-
tente a catecolaminas em crianças com
patologias do sistema nervoso central,
uso crônico de esteróides ou na púrpu-
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40 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Fluxograma 5. Regra “7-3, 4-2” Modificada de Weill. Titulação da necessidade deinfusão de volume de acordo com a PVC ou a PcpP para manipulação da pré carga
Choque
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Medir PVC ou PcpP (mmHg)
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– Monitorizar a cada 10 minutos
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Infusão de fluídosem 10 minutos 4 ml/kg 2 ml/kg 1 ml/kg
Se PcpP > 3 e PVC > 2
PVC = Pressão Venosa CentralPcpP = Pressão capilar de Artéria PulmonarModificado de Rubbenstein JS. Crit Care Clin 1988; 4(3):621-39
41NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 22. Fluidoterapia no choque séptico
Expansor Característica
Cristalóide Recomendado como fluído inicial na reanimação. Infusão degrandes volumes de solução salina estão associados ao desen-volvimento de acidose metabólica hiperclorêmica. Quandocomparados aos colóides é necessário de 2 a 5 vezes maisvolume de cristalóides para atingir o mesmo objetivohemodinâmico. Os cristalóides, quando da presença de dimi-nuição da pressão coloidosmótica do plasma, são menos efe-tivos que os colóides para atingir uma expansão rápida dointravascular. Não existem diferenças entre a presença de edemapulmonar utilizando-se cristalóides ou colóides. A combinaçãode colóides e cristalóides são de fundamental importância nasobrevida dos pacientes com choque séptico.Iniciar 20 ml/kg e triando pela freqüência cardíaca e débitourinário.Tipos de solução: SF 0,9%, Ringer Lactato. Soluções hipertônicascontendo sódio com osmolaridade entre 400 a 2400 mOsm/L– apresentam algumas vantagens hemodinâmicas, mas podeminduzir estados hipertônicos
Colóide É uma opção de expansor contrabalanceando seu uso comsoluções cristalóides. Variam quanto a sua habilidade de ex-pansão intravascular. Apresentam um pequeno risco deanafilaxia e são mais caros.Soluções colóides disponíveis: fração de proteína plasmática,albumina 5%, gelatinas, dextrans e hidroxietil starches
Albumina Concentração sérica normal entre 3,5 a 5,0 g/dL. Indica-sealbumina a 5% como expansor inicial na presença dehipoalbuminemia grave e hipovolemia.Soluções a 20% podem ser necessárias para aumentar rapida-mente a pressão osmótica do plasma.Dose inicial 0,5 a 1,0 gr/kg/dia em 30 minutos. Não excedera 6,0 gr /kg/dia
Hetastarch Solução a 6% apresenta osmolaridade de 300 mOsm/L.(hidroxietil starch) Um litro de hetastarch, expande de 700 ml a 1 litro de volume
plasmático. Causa diminuição dose dependente ( > 1,5 L /dia)da atividade do fator VIII e prolongamento do tempo parcialde tromboplastina (TTP).
Concentrado A hemoglobina de 10 g/dL é bem tolerada em pacientesde hemácias hemodinamicamente estáveis. Indicações de hemotransfusão:
reserva cardíaca ruim, isquemia miocárdica, cardiopatia con-gênita cianótica, período neonatal, sangramento agudo,hemoglobina < 10 g/dL com acidose lática persistente, SvO2 <70%.
42 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 23. Drogas inotrópicos, vasopressoras e vasodilatadoras utilizáveis nochoque séptico pediátrico
Agente Sitio de ação Dose Efeitos cardiovasculares(mcg/kg/min) (Efeitos adversos)
Dopamina Dopaminergico 2-3 Vasodilatador Renal
beta1 e beta2 4-10 Inotrópico, aumento da freqüência cardíaca
alfa > beta 11-20 Vasoconstrição
Aumento da RVP (Disrritmias)
Dobutamina beta1 e beta2 1-20 Inotrópico
VasodilataçãoDiminui RVP
Atividade alfa débil (Taquicardia, extrassístole)
Isoproterenol beta1 e beta2 0.05-2.0 Inotrópico, aumento da freqüência cardíaca
Vasodilatação
Redução da RVP
Aumento do CMO2 (disrritmias)
Adrenalina beta > alfa 0.05-0.3 Inotropico
alfa > beta 0.3-2.0 Aumenta freqüência cardíaca
Vasoconstrição
Diminui fluxo renal, CMO2 (disrritmias)
Noradrenalina alfa > beta 0.05-2.0 Vasoconstrição
Inotrópico
Aumenta CMO2, RVS
Nitroprussiato Vasodilatador: 0.5-10 Início rápido, curta duraçãode sódio arterial> venoso
Aumenta PIC (desequilíbrio V/Q, toxicidade cianídrica)
Nitroglicerina Vasodilatador: 1-20 Diminui RVP
venoso> arterial
Aumenta PIC
PGE1 Complexo 0.05-0.2 Vasodilatação
Amrinona Inibidor fosfodiesterase 1-20 Inotrópico
Aumenta freqüência cardíaca
Vasodilatação
Milrinona Inibidor Baixas doses Inotrópicofosfodiesterase = 75 mcg/kg
Taxa de infusão = 0.75 Vasodilatação to 1.0 mcg/kg/min
(para funçãorenal normal)
Triar para Mudança mínima na freqüência cardíacaefeito desejado
Vasopressina Receptor 0.0003 – 0.002U/kg/min Vasoconstriçãovascular V1 ou 0.01 a 0.04 U/min
Fenilefrina Alfa 0.1 – 0.5 mcg/kg/min Vasoconstrição
RVP, resistencia vascular pulmonar; RVS, resistência vascular sistêmica; PIC, pressão intracraniana;CM O2, consumo miocárdico de oxigênio, V/Q, ventilação/perfusão.
43NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 24. Ações farmacológicas das drogas utilizáveis para suporte vasoativo nochoque séptico (CS)
Droga Característica
Dopamina Droga de 1ª linha, é indicada no choque refratário a fluídos. Pode haver insensibilidade a esta drogaem lactentes. Age liberando noradrenalina das vesículas simpáticas. É associada a queda do pHintramucoso gástrico, diminui a liberação de tireotrofina e de prolactina, reduz a resposta ventilatóriaa hipercapnia. Dopamina não demonstrou ter efeitos benéficos com seu uso profilático ou terapêuticosobre a função renal em baixas doses.
Adrenalina É um potente agonista α- e β-adrenérgico. É mais utilizada no CS pediátrico do que em adultos. Éindicada como droga de 1ª linha no choque frio. Reduz o fluxo esplâncnico, aumenta os níveis delactato sérico local e sistêmico. Aumenta a pressão arterial pelo aumento do índice cardíaco e dovolume de ejeção com pequeno efeito na resistência vascular sistêmica e freqüência cardíaca. Temefeitos mínimos sobre a pressão da artéria pulmonar e na resistência vascular pulmonar.
Noradrenalina É um potente agonista alfa adrenérgico com efeitos beta menos pronunciado. É indicada quando háfalha com a utilização de dopamina no choque quente. É relatado o uso de doses máximas de 3,3mcg/kg/min. Exibe menor efeito cronotrópico do que a dopamina.
Dobutamina Inotrópico potente via estimulação de receptores beta 1 adrenérgicos. Crianças < 12 meses temresposta reduzida a esta droga. Tem propriedades vasodilatadoras e pode precipitar ou piorar ahipotensão. Pode ter efeitos acentuados sobre o cronotropismo e sobre o ritmo cardíaco.
Isoproterenol É um agonista adrenérgico beta 1 e beta 2. Aumenta o índice cardíaco sem diminuir a pressão arterial,mas com elevação excessiva da freqüência cardíaca. Os efeitos cronotrópicos via estimulação dereceptores beta 1 podem induzir à isquemia miocárdica.
Fenilefrina É um agonista alfa 1- adrenérgico puro sem ação beta, tem efeito vasoconstritor e nenhuma açãoinotrópica. Há poucos dados sobre seu uso no choque hiperdinâmico. Aumenta a pressão arterialmédia, resistência vascular sistêmica, índice cardíaco e fração de ejeção. Não compromete a funçãocardíaca e renal. Pode ser uma boa opção quando as taquiarritmias limitam o uso de outrosvasopressores.
Inibidores da Agem prevenindo a hidrólise do monofosfato cíclico de adenosina e potencializando o efeito estimu-fosfodiesterase lante beta no tecido cardíaco e vascular. A down regulation dos receptores beta 1 e beta 2 pode
ser revertida por estas drogas. Estas drogas possuem ação inotrópica, cronotrópica e de vasodilataçãoarterial, principalmente em leito pulmonar. Melhoram o índice cardíaco, o trabalho do ventrículoesquerdo, a oferta de O2 enquanto reduzem a RVS e a resistência vascular pulmonar (RVP). Indicadosno CS com PA normal com baixo debito cardíaco devido à disfunção de ventrículo direito e altaresistência vascular pulmonar. Utilizamos milrinona com freqüência maior, geralmente em dosesmoderadas e sem dose de ataque. Como efeitos adversos possuem meia vida de eliminação longa,podem induzir a taquiarritmias e hipotensão. A hipotensão pode ser revertida com fluídoterapia ecom o uso de noradrenalina (que age aumentando o monofosfato cíclico de adenosina no tecidovascular pelo estimulo de receptor alfa).
Arginina É um potente vasoconstrictor não catecolamínico. Indicado no CS resistente à noradrenalina por nãovasopressina usar o receptor alfa. No CS, os níveis de vasopressina podem estar diminuídos, havendo aumento
da sensibilidade à vasopressina e diminuição da sensibilidade às catecolaminas. Vasopressinapotencializa a efetividade das catecolaminas e aumenta a liberação de ACTH. Pode induzir ao reboteda hipotensão e deve ser utilizada por vários dias.
Terlipressina Análogo sintético da vasopressina (Glypressin‚) e tem meia vida de 6 horas. Não induz hipotensãorebote após a interrupção. Dose única de 1-2mg (IV) em adultos determinou um aumento progressivoda PAM que se manteve por cinco horas, permitindo a redução ou interrupção da infusão de noradrenalina.
Pentoxifilina É um derivado da metilxantina que modifica a função leucocitária e inibe a liberação do fator de(período neonatal) necrose tumoral alfa com ação moderada na redução da produção de IL-6. Estudos randomizados
e quasi-randomizados tem demonstrado efeito benéfico na sepse grave em neonatos prematuros, comqueda na taxa mortalidade (p= 0.046), sugerindo efeito benéfico no curso da infecção. Atua no fluxosangüíneo esplâncnico, provavelmente por aumentar a concentração intracelular de monofosfatocíclico de adenosina e liberar prostanóides vasodilatadores.
44 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Tabela 25. Resumo das principais mudanças e ações no manejo do choqueséptico e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas.
• Administrar pelo menos 60 ml/kg de fluídos
• Dar hidrocortisona para a insuficiência adrenal clássica e relativa
• As crianças podem apresentar qualquer condição hemodinâmica, mais freqüentementetêm resistência vascular sistêmica elevada e falecem habitualmente de falência car-díaca
• Os vasopressores são necessários, mas inotrópicos, vasodilatadores e inodilatadoressão utilizados. Pentoxifilina é efetiva para crianças prematuras
• A utilização de oxigenação por membrana extracorpórea é uma tentativa efetiva nochoque refratário no período neonatal (80% de sobrevida) e deve ser considerado nochoque refratário em pediatria (50% de sobrevida)
• Utilizar óxido nítrico inalatório para hipertensão pulmonar persistente do recém nas-cido
• Utilizar volume corrente efetivo de 6 ml/kg e minimizar o volutrauma
• Pacientes com insuficiência renal realizar hemodiálise / filtração diariamente
• Reversão agressiva da coagulação intravascular disseminada: são achados clínicosruins o sangramento e a trombose
• Manter a pressão de perfusão normal e a saturação venosa mista de O2 ≥ 70%
• Manter o paciente normoglicêmico. Utilizar insulina
• Utilizar antibióticos com uma concentração inibitória mínima < 1
• As crianças falecem porque elas não podem aniquilar a infecção. Interromper otratamento com imunosupressores prescrevendo fatores estimuladores de colôniasgranulócitos-macrófagos para os pacientes com neutropenia e imunoglobulina para ahipogamaglobulinemia
• O choque séptico é reversível DMOS = microangiopatia trombótica não tratada einfecção não erradicada
• Patologia similar à púrpura trombocitopênica trombotica está presente em criançascom disfunção de múltiplos órgãos associada a trombocitopenia. A troca de plasmaprolongada (plasmaferese) pode reverter a patologia
• Ocorre a depleção linfóide e a desativação monocitária. Interromper os agentesimunossupressores e/ou quimioterápicos. Neste caso a utilização de fator de estimulaçãode colônias granulócitos - macrófagos ou interferon podem ser úteis
• Os corticosteróides podem reverter a síndrome de desconforto respiratório agudo nãoresolvida sem infecção
hidrocortisona para o tratamento da insu-
ficiência adrenal relativa varia de 1 a 2
mg/kg e na presença de choque persis-
tente a dose recomendada é de 50 mg/kg
(ataque) seguida de 2,0 mg/kg/h em 24
horas de infusão (manutenção) que pode
ser mantida até a estabilização do cho-
que com esquema de regressão a seguir.
45NESTLÉ - Nutrição Infantil
15.3 - ESTABILIZAÇÃO NAUNIDADE DE CUIDADOSINTENSIVOS (UCI) APÓSA PRIMEIRA HORA DEREANIMAÇÃOMetas: Manter a perfusão (PAM – PVCou PAM – PIA) adequada para a ida-de, saturação na veia cava superiorou saturação do sangue venoso mistoacima de 70%, índice cardíaco (IC)entre 3,3 L/min/m2 a 6,0 L/min/m2.Monitorização: Oximetria de pulso,eletrocardiograma continuo, PAMinvasiva, temperatura, debito uriná-rio, pressão venosa central, satura-ção venosa de oxigênio, pressão ar-téria pulmonar e saturação arterial deoxigênio, débito cardíaco, glicose ecálcio.Objetivos terapêuticos: Enchimento
capilar abaixo de 2 segundos, pulsos
normais sem diferencial entre pulsos
periféricos e centrais, extremidades
quentes, débito urinário acima de 1
ml/kg/h, nível de consciência normal,
IC entre 3,3 L/min/m2 e 6,0 L/min/m2,
saturação na veia cava superior ou sa-
turação do sangue venoso misto
(SatVO2) ≥ 70%. Maximizar a pré-carga
para maximizar o IC. Em doentes com
choque séptico, a SatVO2 pode estar
elevada devido a má distribuição do
fluxo sanguíneo. A utilidade do uso da
SatvO2 como índice de perfusão glo-
bal e como guia de tratamento não
tem ainda conclusões consistentes,
embora saturações abaixo de 65%
usualmente indiquem redução da
perfusão.
INDICAÇÃO DEMONITORIZAÇÃO INVASIVAE CATETER DE ARTÉRIAPULMONAR
O monitorização hemodinâmica mini-
mamente invasiva deverá ser utilizada
na criança com choque responsivo a flu-
ídos. Em crianças com choque refratário
a fluídos deverão ser utilizados cateter
venoso central (PVC) e cateter arterial
(PAM) para monitorização hemodinâ-
mica. A manutenção da pressão de
perfusão (PAM – PVC ou PAM – PIA, se
o abdome está tenso secundariamente
ao aumento da pressão intrabdominal) é
necessária para manter os órgãos bem
perfundidos, principalmente os rins.
O cateter de artéria pulmonar deverá
ser indicado nas situações de perfusão
global ruim manifestada por débito
urinário persistentemente baixo,
acidose metabólica e/ou hipotensão
que persiste apesar do suporte
hemodinâmico guiado pelo exame clí-
nico, análise da pressão sanguínea,
ecocardiograma e pela saturação arte-
rial de oxigênio e pela SatvO2. A tera-
pia deverá ser ajustada para manter a
SatvO2 > 70%, o índice cardíaco > 3,3
L/min/m2 e a pressão de perfusão nor-
mal para a idade (PAM - PVC).
AVALIAÇÃO CLÍNICAE LABORATORIAL:
A avaliação clínica e a monitorização
invasiva deverão assegurar perfusão glo-
bal e regional. A pressão arterial média
deverá ser mantida normal para idade,
assim como a pressão de perfusão.
46 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Durante a reanimação, o lactato deverá
ser coletado em medidas seriadas. A
elevação do lactato indica perfusão
inadequada.
A fluidoterapia deverá ser revista con-
tinuamente com monitorização rigoro-
sa e mensuração das perdas fluídicas
(devido a hipovolemia decorrente da
endotelite generalizada que persiste por
dias). A fluidoterapia deverá ser mantida
para manter débito cardíaco e perfusão
adequados e a hemoglobina dentro dos
limites apropriados para a idade, em
geral ≥ 10g/dL.
A reanimação fluídica deve ser inter-
rompida e iniciada drogas vasoativas
quando há: redução da PaO2 maior que
15% do basal, hipotensão não
responsiva a fluídos que é comum em
pediatria, persistência de diurese abai-
xo de 1,0 ml/kg/h ou abaixo de 60 ml/
h em crianças mais velhas, saturação
venosa de O2 (SatVO2) abaixo de 65%
ou acima de 85% persistente e sem
melhora, persistência de vasodilatação
ou vasoconstrição, sinais clínicos e ra-
diológicos de edema pulmonar e sinais
clínicos de edema periférico.
15.4 - DROGAS VASOATIVAS
15.4.1 - Choque hipodinâmico:baixo índice cardíaco (IC)e baixa resistência vascularsistêmica (RVS):
A droga de 1ª linha indicada é a
adrenalina em altas doses quando do
choque resistente à dopamina. Se a
hemodinâmica é dependente da
adrenalina e o nível de cortisol está < 20
mg/dl, introduzir dose de hidrocortisona
para o tratamento da insuficiência
adrenal absoluta ou se > 20 mg/dl, as-
sociar dose de estresse. Se os níveis de
TSH estão baixos, excluir síndrome do
eutireoidiano doente e, se necessário,
repor com levotiroxina oral ou liotironina
EV (de preferência), para restaurar os va-
lores apropriados para idade.
15.4.2 - Choque hipodinâmico:Baixo índice cardíaco (IC),pressão arterial (PA) normal eresistência vascular sistêmica(RVS) alta:
Geralmente, é um quadro evolutivo de
crianças que responderam mal à reani-
mação fluídica e ao uso de dopamina.
Este tipo de choque caracteriza-se por
função miocárdica deprimida, diminui-
ção do débito cardíaco e elevada RVS.
Geralmente, há comprometimento da
função contrátil do ventrículo direito de
forma importante. Nestes casos, iniciar
terapia inotrópica com dobutamina.
Iniciar terapêutica inotrópica com
dobutamina com 5 mcg/kg/min com
incrementos de 2,5 mcg/kg/min a cada
10 minutos. Doses de manutenção
satisfatórias são menores que 20 mcg/
kg/min. Crianças com menos de 12
meses podem responder mal à
dobutamina devido à insensibilidade
de receptores nesta faixa de idade e a
sepse também poder induzir a uma in-
sensibilidade da estimulação beta
adrenérgica. Então, nestes casos, utili-
zar adrenalina em baixas doses como
droga de 1ª opção.
47NESTLÉ - Nutrição Infantil
Outra opção nos pacientes que persis-
tem com DC baixo, normotensos e com
RVS alta são os vasodilatadores como
o nitroprussiato e nitroglicerina. A van-
tagem destas drogas é, uma vez cessa-
da a infusão, seu efeito cessa. O risco
de toxicidade pelo cianeto ou
tiocianato induzida pelo nitroprussiato
ou metahemoglobina pela nitrogliceri-
na, são fatores limitantes ao uso. Em
adição, esta terapia com nitroprussiato,
causa vasodilatação venosa que pode
resultar em indesejável queda na
pré-carga de ventrículo direito, além
de piorar a relação ventilação/perfusão
com conseqüente hipoxemia sistêmica
grave e suas conseqüências hemodi-
nâmicas.
Temos indicado como droga de 1ª esco-
lha (ao invés das drogas acima descritas
e guiados por ecocardiograma) a utili-
zação de inibidores da fosfodiesterase
como a milrinona, que possui meia vida
mais curta. A ação é independente dos
receptores beta adrenérgicos. Estas dro-
gas possuem ação inotrópica, cronotró-
pica e de vasodilatação arterial, princi-
palmente em leito pulmonar, melhoran-
do, desta forma, o índice cardíaco, o
trabalho do ventrículo esquerdo e a ofer-
ta de O2, enquanto reduz a RVS e a
resistência vascular pulmonar RVP. Uti-
lizamos milrinona, geralmente, em do-
ses moderadas e sem dose de ataque.
Os efeitos adversos incluem meia vida
de eliminação longa, indução a taquiar-
ritmias e hipotensão. A hipotensão pode
ser revertida com fluídos e com o uso
de noradrenalina.
15.4.3 - Choque hiperdinâmico:Alto DC e Baixa RVS
A droga de 1ª linha nestes casos é a
noradrenalina. Iniciar com doses de 0,05
a 0,1 mcg/kg/min com incrementos de
0,1 mcg/kg/min a cada 10 minutos, de
acordo com a resposta. Doses de manu-
tenção satisfatórias estão entre 1 a 2 mcg/
kg/min. Nestes casos se há refratariedade
a catecolaminas, verificar o nível sérico
de cortisol e dos hormônios tireoidianos
(se baixos, iniciar terapêutica de reposi-
ção tireoidiana).
15.4.4 - Choque refratário
No choque catecolamina resistente
pesquisar causas não reconhecidas de
morbidade como derrame pericárdico,
pneumotórax, choque adrenal, hipotireoi-
dismo grave, perdas sanguíneas, catástro-
fes intrabdominais, tecidos necróticos e
outros. Se estas morbidades são excluí-
das, a OMEC (oxigenação por membrana
extracorpórea) pode ser indicada.
15.4.5 - Metas finais daTerapêutica Hemodinâmicana UCI
Restaurar e manter a pressão de perfusão
adequada para prevenir a DMOS. Reali-
zar a reanimação fluídica efetiva para o
resgate da hipóxia tissular. Avaliar conti-
nuamente a perfusão sistêmica e regional.
15.4.6 - Avaliação da perfusãosistêmica
Manter a PAM dentro dos limites da
normalidade. Elevação do lactato em
medidas seriadas indica perfusão tissular
inadequada. A saturação venosa mista
48 NESTLÉ - Nutrição Infantil
de O2 (Satv O2) pode ser utilizada como
índice de perfusão global (reflete o
balanço entre a oferta e o consumo de
oxigênio) e como guia de tratamento.
Valor normal da SatvO2 em pacientes
graves varia entre 70% e 75% com uma
diferença menor que 20% entre a satu-
ração de oxigênio arterial (Satart O2) e a
SatvO2 (em pacientes com hipoxemia
arterial grave). Sua elevação nos paci-
entes sépticos pode ser devida à má
distribuição de fluxo. Queda da satura-
ção (≤ 65%) pode indicar diminuição:
do débito cardíaco, da perfusão, da taxa
de hemoglobina ou ser hipóxia arterial,
indicando que se deve melhorar a ofer-
ta de oxigênio para os tecidos.
15.4.7 - Avaliaçãoda Perfusão regional
É avaliada pela adequação da função
dos órgãos: alterações da coagulação,
isquemia miocárdica, alteração da fun-
ção renal (oligúria, aumento da uréia e
creatinina), alteração do nível de cons-
ciência, alteração da função hepática
(aumento das transaminases, desidroge-
nase lática e bilirrubina), e por sinais de
hipoperfusão esplâncnica (úlcera de
estresse, íleo paralítico e má-absorção).
15.4.8 - Objetivos finais daterapêutica hemodinâmica
Pressão arterial média, pressão de
perfusão e freqüência cardíaca adequa-
das para idade. PVC entre 8 a 12 mmHg;
débito urinário ≥ 0,5 ml/kg/hora; Satv O2
> 70 %; SatartO2 ≥ 93%; hematócrito ≥
30%; Lactato declinando ou normalizan-
do com o tratamento; índice cardíaco
entre 3,3 a 6,0 L/min/m2; consumo de
O2 150 mL/min / m2; pressão de oclusão
de artéria pulmonar de 12 a 15 mm Hg.
16 – PRINCÍPIOS DOTRATAMENTO DOCHOQUE SÉPTICO NOPERÍODO NEONATAL
De acordo com as orientações da
American College of Critical CareMedicine (2002), o suporte hemodinâmi-
co para o choque séptico neonatal deve
ser orientado pelos os seguintes passos:
16.1 - DIAGNÓSTICO – O choque
séptico deverá ser suspeitado no perío-
do neonatal quando há desconforto res-
piratório e redução da perfusão, princi-
palmente quando há história materna de
corioaminionite ou ruptura prolongada
de membranas. Clinicamente, os neona-
tos com choque séptico apresentam
aumento da pressão da artéria pulmonar
que leva a hipertensão pulmonar e à
falência da função do ventrículo direito.
16.2 - DIAGNÓSTICO DIFEREN-CIAL – Distinguir o choque séptico do
choque cardiogênico que ocorre devi-
do ao fechamento do PCA em neonatos
com cardiopatias congênitas complexas
canal dependente. Em todo neonato em
choque, com hepatomegalia, cianose e
diferença de pressão entre extremida-
des superiores e inferiores, deve-se ini-
ciar prostaglandina E1 até que se des-
carte a existência de cardiopatia congê-
nita complexa pelo ecocardiograma.
49NESTLÉ - Nutrição Infantil
16.3 - PASSOS TERAPÊUTICOSNA PRIMEIRA HORA DEREANIMAÇÃOMetas – Manter vias aéreas permeáveis,oxigenação e ventilação adequadas.Manter circulação (definida como pres-são arterial e pressão de perfusão nor-ma). Manter a freqüência cardíaca den-tro dos limites adequados para a idade.Manter a circulação neonatal.Objetivo final – Manter o enchimentocapilar abaixo de 2 segundos, pulsosnormais sem diferencial entre pulsoscentrais e periféricos, extremidadesquentes, débito urinário acima de 1 ml/kg/hora, nível de consciência normal,pressão arterial normal para idade, di-ferença entre saturação arterial de O2
pré e pós ductal menor que 5% e satu-ração de oxigênio maior 95%.Monitorização – Temperatura, oxímetro
de pulso pré e pós-ductal, eletrocardiogra-
ma contínuo, pressão arterial (intraumbi-
lical ou periférica), temperatura, débito
urinário. E realização de testes labora-
toriais iniciais como gasometria arterial,
glicemia e cálcio.
16.4 - ABC DA REANIMAÇÃONA PRIMEIRA HORAVia área e ventilação -A via aérea e a ventilação deverão estar
permeáveis e monitoradas. Indicação intu-
bação de acordo com a clínica como au-
mento do trabalho respiratório, estado clí-
nico deteriorando progressivamente ou
estado moribundo. Realizar intubação por
seqüência rápida e reposição de volume
concomitantemente devido à hipovolemia.
Circulação –Estabelecer rapidamente acesso vascular
de acordo com o PRN (Programa deReanimação Neonatal). Instalar acesso
arterial e venoso umbilical. Na impos-
sibilidade da colocação destes catete-
res, instalar acesso venoso central em
outra veia e cateter arterial periférico.
Reanimação fluídica –Infusão rápida de 10 ml/kg (SF 0,9% ou
colóides) deverá ser administrada
vigorosamente. Observar sinais de into-
lerância a fluídos como estertores pul-
monares (edema agudo de pulmão),
ritmo de galope, queda da saturação
pela oximetria, hepatomegalia e piora
do trabalho respiratório. Os fluídos de-
vem ser administrados em pushobjetivando perfusão e pressão normal
(fluxograma 6).
Suporte hemodinâmico –Deverá ser considerado no choque gra-
ve não responsivo a volume. Iniciar uso
após passagem de cateter central. Ape-
sar da dopamina ser o agente de pri-
meira linha nestes casos, seu efeito so-
bre a resistência vascular pulmonar deve
ser considerado. Habitualmente utiliza-
se dopamina (< 8 mg/kg/min) associada
a dobutamina (até 30 mg/kg/min). Se o
paciente não é responsivo a esta tera-
pia, indicar adrenalina para restaurar a
pressão arterial normal e a perfusão.
Hipertensão Pulmonar Persistente doPeríodo Neonatal –Indica-se hiperoxigenação com O2 a
100% e iniciar a alcalinização metabó-
lica (pH = 7,50) com bicarbonato de
50 NESTLÉ - Nutrição Infantil
CHOQUE SÉPTICO NEONATAL
Reconhecer redução da perfusão, cianose, SDR.Manter via aérea e estabelecer acesso de acordo com PRN
Bolus de 10 ml/kg de solução isotônica ou colóides.Até 60 ml/kg ou mais. Corrigir Hipoglicemia e Hipocalcemia. Iniciarinfusão de prostaglandinas até ecocardiograma não demonstrar PCA.
CHOQUE REFRATÁRIO A FLUÍDOS
Estabelecer via de acesso central e acesso arterialTriar dopamina e dobutamina
CHOQUE REFRATÁRIO A FLUÍDOSE RESISTENTE A DOPAMINA
Triar adrenalina. Alcalinização sistêmica se presença de HPP
CHOQUE RESISTENTE A CATECOLAMINAS
Dirigir terapia usando ecocardiogramae monitorização arterial e PVC
Choque frio ou quenteFunção VD ruim ou HPPSatvO2 < 70%
Óxido Nítrico Inalado
CHOQUE REFRATÁRIO A FLUÍDOS
Fluxograma 6. Fluxograma baseado em evidências de acordo com ACCCM para su-porte hemodinâmico no choque séptico em neonatos. PRN, programa de reanimaçãoneonatal; SDR, sindrome do desconforto respiratório; PCA, persistência do canalarterial; HPP, hipertensão pulmonar persistente do período neonatal; VE, ventrículoesquerdo; VD, ventrículo direito; OMEC, oxigenação pro membrana extracorpórea.
Adaptado de Carcillo JA, Fields AI: Clinical practice parameters for hemodynamic support of pediatricand neonatal patients in septic shock: American College of Critical Care Medicine Task Force CommitteeMembers. Crit Care Med 2002;30:1365–1378
0 min5 min
15 min
CHOQUEFLUÍDO
RESPONSIVO
Observarna UCIN
Choque frioPAS normalFunção VE ruimSatvO2 < 70%
Choque quentePAS baixa
Triar vasodilatador ouinibidores da fosfodiesterasetipo III (milrinona).Triar volume
Triar volume eadrenalina (vasopressinaou angiotensina?)
60 min
OMEC
51NESTLÉ - Nutrição Infantil
sódio. Pode-se também realizar a
hiperventilação moderada (PaCO2 = 35
mmHg) objetivando-se saturação de O2
de 100% e diferença pré e pós ductal
menor que 5%. Deverão ser realizadas
sedação e analgesia profunda com o
objetivo de reduzir a pressão da artéria
pulmonar. Se não houver redução da
pressão da artéria pulmonar iniciar
óxido nítrico inalatório.
16.5 – ESTABILIZAÇÃO NAUNIDADE DE CUIDADOSINTENSIVOS (UCI) APÓS APRIMEIRA HORA DEREANIMAÇÃOMetas: Manter freqüência cardíaca den-tro dos limites para idade. Manter ade-quada perfusão (PAM – PVC) e PAMadequada para a idade. Manter circula-ção neonatal. Saturação na veia cavasuperior ou saturação do sangue veno-so misto (SatvO2) acima de 70%.Monitorização: Oximetria de pulso, pHarterial, eletrocardiograma contínuo,PAM invasiva, temperatura, débitourinário. Pressão venosa central e satu-ração de oxigênio, glicemia e cálcio.Objetivos terapêuticos: Enchimentocapilar abaixo de 2 segundos, pulsosnormais sem diferencial entre pulsosperiféricos e centrais, extremidadesquentes, débito urinário acima de 1 ml/kg/h, nível de consciência e pressãoarterial normal para idade, saturaçãoperiférica acima de 95%, diferença desaturação pré e pós ductal menor que5%, SatvO2 acima de 70%, ausência deshunt direito-esquerdo, regurgitação
tricúspide ou alteração da função deventrículo direito pelo ecocardiograma.Reanimação fluídica: As perdas fluídas ea hipovolemia persistente secundária àlesão endotelial generalizada perdurampor dias. Assim, a fluidoterapia deveráser realizada de acordo com metas clí-nicas e hemodinâmicas (PVC). Os crista-lóides são fluídos de escolha, em pacien-tes com hemoglobina > 12g/dL. Hemo-transfusão deverá ser considerada emneonatos com hemoglobina < 12g/dL.Suporte Hemodinâmico: A terapia de-
verá ser dirigida para a redução da
pressão da artéria pulmonar. Em um
paciente com pressão da artéria pul-
monar suprasistêmica, a disfunção do
ventrículo direito tende a acompanhar
o choque. Assim, deve-se tomar cuida-
do ao se interromper as medidas
dirigidas a HPP. A hiperreatividade da
vasculatura pulmonar tende a diminuir
após 5 dias. Na eventual persistência
da hipertensão pulmonar (HP), inicia-
se o óxido nítrico como uma forma de
reduzir a HP. Quando há concomitante
redução da função do ventrículo es-
querdo (secundária a HP) e pressão
arterial normal, pode-se associar
nitrovasodilatadores ou inibidores tipo
III da fosfodiesterase.
17 – TERAPÊUTICASASSOCIADAS
Ventilação Pulmonar Mecânica(VPM): Quando indicada precocemen-
te, melhora a sobrevida pois reduz o
52 NESTLÉ - Nutrição Infantil
gasto energético pela musculatura res-
piratória durante o choque séptico. As
estratégias de ventilação com proteção
pulmonar reduzem a mortalidade em
adultos com SDRA. Ao se indicar a
VPM, empregar volumes correntes efe-
tivos de 6 ml/kg e PEEP ótima. Ações
estas protegem contra o volutrauma
mantendo a capacidade residual fun-
cional e a complacência ótima. A
determinação da PEEP ótima pode ser
realizada utilizando a relação PaO2/
FiO2 e/ou a complacência dinâmica,
desde que não haja comprometimento
hemodinâmico. Temos utilizado em
nosso serviço a hipercapnia permissi-
va naqueles doentes, quando do diag-
nóstico de síndrome do desconforto
respiratório agudo.
Terapêutica antipirética: Visa reduzir o
consumo e a demanda de oxigênio pelos
tecidos, sendo que pode interferir na
resposta imune normal.
Sedação e analgesia sem paralisianeuromuscular: Reduz a demanda e o
consumo de oxigênio. Deverá ser con-
siderada em pacientes sob ventilação
pulmonar mecânica
Hidrocortisona: O uso de hidrocor-
tisona (e não metilpredinisolona) deve-
rá ser indicado na criança com choque
resistente à reposição adequada de
volume e às catecolaminas e na insufi-
ciência adrenal (absoluta ou relativa)
suspeita ou comprovada. A insuficiên-
cia adrenal e o hipoaldosteronismo po-
dem ser comuns em crianças com cho-
que séptico. A hidrocortisona é reco-
mendada também para pacientes com
risco aumentado para insuficiência
adrenal como as crianças com púrpura
fulminante associada à síndrome de
Waterhouse-Friedrichson, crianças que
recebiam previamente terapia com
esteróides para alguma patologia crôni-
ca, e crianças com alterações hipofisárias
ou da adrenal. O diagnóstico da insu-
ficiência adrenal absoluta é estabeleci-
do quando os níveis séricos de cortisol
estão entre 0 a 20 mg/dL. Os corticoeste-
róides em doses fisiológicas e de estresse
podem melhorar a função dos recepto-
res α- e β-adrenérgicos e diminuir a
duração da terapêutica vasopressora.
A dose recomendada pelo consenso do
American College of Critical CareMedicine (2002) para tratar situações
de estresse varia de 1 a 2 mg/kg e no
choque a dosagem é de 50 mg/kg (ata-que) seguida de 2,0 mg/kg/h em 24
horas de infusão (manutenção).
Reposição de hormônio tireoidiano: É
indicado quando os níveis de hormônios
tireoidianos estão baixos (TSH) e a
síndrome do eutireoidiano doente for
excluída. É um fator contribuinte para o
choque resistente a catecolaminas. A
reposição hormonal com levotiroxina
oral (T4) pode ter absorção errática no
choque e deve ser guiada pela norma-
lização dos níveis hormonais. O uso de
triiodotironina (T3) endovenoso tem sido
utilizado em pós operatório de cirurgia
cardíaca mas não existem estudos
no choque séptico pediátrico. O
hipotireoidismo pode ser encontrado nas
crianças com trissomia do 21 e em cri-
53NESTLÉ - Nutrição Infantil
anças com doenças neurológica de ori-
gem central (hipopituitarismo).
Terapêutica para Hipertensão PulmonarPersistente (HPP) do período neonatal:Indica-se óxido nítrico, que é um
vasodilatador pulmonar seletivo, para a
HPP não complicada. A alcalinização
também deverá ser realizada durante o
choque pois a HPP, durante o choque
séptico, pode ser revertida pelo controle
da acidose. OMEC (oxigenação por
membrana extracopórea), permanece
como a terapia de escolha para pacien-
tes com HPP refratária e sepse.
Trombocitopenia e coagulopatia: São
comuns em pacientes com sepse e não
requerem suplementação com plaquetas
e plasma fresco congelado, a menos que
haja evidência de sangramento ativo. A
reposição de fatores antitrombóticos como
o plasma fresco congelado e criopreci-
pitado ainda é controverso. O uso de
plasma a fresco congelado está indicado
para corrigir o TP e TTPA e não deverá
ser infundido em pushes devido ao seu
efeito hipotensor causado pelas cininas
vasoativas de sua composição. O con-
centrado de plaquetas deverá ser utiliza-
do para minimizar o risco de sangramento
no paciente sob ventilação mecânica,
mantendo-as em torno de 50000/mm3.
Na presença de sangramento ativo, e/ou
patologias do sistema nervoso central
mantê-las em 100000/mm3.
Terapêuticas extracorpóreas de substi-tuição renal: Hemofiltração arteriovenosa
contínua, hemofiltração venovenosa
contínua e hemodiafiltração são indica-
das na insuficiência renal oligúrica para
remover o excesso de fluído extravas-
cular e pulmonar. Não há evidencias
suficientes de que estas terapias possam
reduzir os mediadores inflamatórioscirculantes reduzindo os efeitos da SRIS.Na hemodiálise contínua, a remoção de
solutos é proporcional ao gradiente deconcentração e do tamanho da molécu-la e a remoção de solutos depende da
taxa de fluxo do dialisado. Na hemofil-tração contínua, há remoção de partícu-las de baixo peso molecular. Estes mé-
todos são indicados na insuficiência re-nal oligúrica para remover excesso defluído extravascular e pulmonar. A
ultrafiltração isolada é indicada na reti-rada de volume sem outros distúrbios
metabólicos associados.
Profilaxia da úlcera de estresse: Os fato-
res etiológicos envolvidos na úlcera de
estresse incluem alteração do fluxo
esplâncnico, aumento da permeabilidade
da mucosa gástrica e diminuição do pH
gástrico intramucoso. O risco de
sangramento é maior em pacientes sob
ventilação pulmonar mecânica por mais
de 48 horas, tempo internação em UCI
próximo a duas semanas e DMOS, prin-
cipalmente renal. O choque séptico pode
induzir a distúrbios gastrintestinais, in-
cluindo hemorragia, íleo paralítico, atrofia
da borda em escova intestinal e translo-
cação bacteriana. Na profilaxia da úlcera
de estresse, tem sido habitualmente uti-
lizado o bloqueador de receptor H2 como
a ranitidina e/ou inibidores da bomba de
próton. O sulcraflato tem sido associado
à diminuição de sangramento agudo e à
54 NESTLÉ - Nutrição Infantil
prevenção de pneumonias em pacientes
sob ventilação pulmonar mecânica
Glicemia: A hiperglicemia está associada
com a resistência periférica à insulina sen-
do comum em doentes críticos não dia-
béticos. A situação de hiperglicemia
mantida pode levar à predisposição de
infecções graves, polineuropatia, DMOS
e óbito. Deve-se realizar o controle es-
trito da glicemia, mantendo-se níveis
entre 80 e 110 mg/dL. Pode-se utilizar
insulina para manter os níveis de glicose
sérico < 110 mg/dL. Por outro lado, a
hipoglicemia pode causar graves danos
neurológicos e deverá ser rapidamente
reconhecida (dextrostix ou glicemia na
admissão e seqüencial) e tratada.
Reposição de Cálcio: A hipocalcemia é
um fator contribuinte para a disfunção
cardíaca e deve ser reconhecida e tra-
tada. A reposição de cálcio deve ser
dirigida para normalizar os níveis de
cálcio iônico.
Uso de Bicarbonato: Para o bicarbonato
ter efeito tamponante efetivo a nível celu-
lar, o fluxo sangüíneo deverá ser restau-
rado para eliminar o excesso de dióxido
de carbono dos tecidos periféricos e per-
fusão pulmonar adequada para exalar o
CO2. Se a perfusão tissular ou pulmonar
esta comprometida, a utilização de bi-
carbonato pode reduzir o pH intracelular
nos tecidos periféricos pela difusão do
CO2 para dentro das células. O uso do bi-
carbonato deve ser considerado na sepse
grave com pH abaixo de 7,25 que não
responde a medidas de melhora da ofer-
ta de O2. A hiperventilação leve induzida
pela ventilação mecânica pode ser utili-
zada para atenuar a acidose metabólica.
Anemia: A hemoglobina deverá ser
mantida dentro dos parâmetros normais
para a idade nas crianças com choque.
A hemoglobina (Hb) deve ser mantida
no mínimo de ≥ 10 g/dL, que é bem
tolerada em pacientes com estabilidade
hemodinâmica e pouco tolerada em pa-
cientes com pobre reserva cardíaca, com
evidência de isquemia miocárdica,
cardiopatia congênita cianótica ou que
esteja no período neonatal, quando de-
verá ser mantida a níveis mais eleva-
dos. Deve-se lembrar que a oferta de
oxigênio (DO2) depende da concentra-
ção da hemoglobina (DO2 = IC X (1,36
X hb X SatO2% + PaO2 X 0,003).
Oxigenação por membrana extracor-pórea (OMEC) e intervenções relaciona-das: A OMEC deverá ser indicada nochoque refratário após serem excluídas as
seguintes patologias: pericardite, pneumo-tórax, hemorragia, insuficiência adrenal,hipotireoidismo, erros inatos do metabo-
lismo, cardiopatia congênita cianótica ouobstrutiva. A oxigenação por membranaextracorpórea tem seu papel aumentado
como medida de suporte em crianças comchoque séptico refratário ou quando aPaO2 se mantém persistentemente abaixo
de 40 mmHg após máxima terapia. O flu-xo da OMEC deverá ser mantido > 110ml/kg se há ocorrência de vasodilatação.
A manutenção e oxigenação por mem-brana extracorpórea com prime de san-gue total ou hemodiluição parcial com
concentrado de glóbulos requer normali-zação do nível sérico de cálcio (300 mg
55NESTLÉ - Nutrição Infantil
de cloreto de cálcio por unidade de con-
centrado de glóbulos).
Dosagem sérica de drogas: O metabo-
lismo das drogas é alterado durante a
infecção, sepse e DMOS. A dosagem
de drogas deverá ser considerada com
relação a farmacocinética (níveis plas-
máticos das drogas) ou farmacodinâmica
(efeitos fisiológicos). Crianças com
DMOS tem redução de 90% na sua
capacidade de metabolizar drogas.
Atenção especial deverá ser dada à
interação entre drogas.
18 – OUTRASTERAPÊUTICAS NASEPSE GRAVE
Fatores de estimulação de colôniagranulocítica e fatores de estimulaçãogranulócitos/macrófagos (GM/CSF):Têm sido utilizados em crianças com
febre e neutropenia. Recentemente o
GM_CSF tem sido indicado na DMOS
persistente (> 3 órgãos) por mais de três
dias, na persistência da infecção primá-
ria ou no desenvolvimento de nova in-
fecção, mais comumente associada com
bactérias gram-negativas e fungos. A
dosagem de GM_CSF ainda não está bem
estabelecida em pacientes não
neutropênicos, podendo ser utilizada a
dosagem de 125 mcg/m2 por 12 horas
uma vez ao dia por sete dias
Imunoglobulina intravenosa: Indicado
em situações clínicas específicas do
período neonatal como tratamento
adjuvante no prematuro com infecção
incontrolável, ou o uso profilático no
prematuro com baixos níveis de IgG e
infecções recorrentes. Neste caso reco-
menda-se a dose de 500 a 1.000 mg/Kg
a cada duas semanas, se necessário
19 – SUPORTENUTRICIONAL
A nutrição enteral tem se tornado ummétodo de escolha para crianças grave-mente enfermas, pois mantém ou me-lhora a integridade gastrintestinal e di-minui a incidência da disfunção demúltiplos órgãos. O jejum por períodoprolongado altera as funções da barreiragastrintestinal, tendo como resultado aatrofia intestinal, desnutrição do lúmen,translocação bacteriana e alterações dafunção imune. A atrofia intestinal ocasi-ona perda do vilo, da borda em escova,com diminuição da atividade dedissacaridases e conseqüente má absor-ção de açúcares. Adicionalmente, existeuma diminuição do conteúdo mucosoalterando a função intestinal e aumen-tando a permeabilidade para antígenose macromoléculas. As conseqüências dadesnutrição do enterócito são semelhan-tes às da atrofia intestinal e se caracte-rizam por: atrofia da mucosa intestinal,achatamento do vilo, diminuição daabsorção e ruptura das funções de pro-teção da barreira intestinal. À medidaque existe progressão da atrofia intesti-nal e desnutrição do lúmen, o intestinoperde a sua integridade, aumentando orisco de translocação bacteriana. As fun-
56 NESTLÉ - Nutrição Infantil
ções imunológicas também são afetadascom a ruptura da barreira intestinal.
Portanto, temos que ter como objetivo
manter o menor tempo possível da falta
de oferta de nutrientes por via enteral
na criança gravemente enferma. A ta-
bela 26, evidencia uma lista de even-
tos fisiopatológicos que ocorrem com
a ausência de fornecimento de nutri-
ção enteral, as implicações clínicas es-
pecíficas e as intervenções para o seu
manejo.
Tabela 26. Implicações clínicas da fisiopatologia do jejum prolongado
Efeito adverso Implicações clínicas Intervenções/Perspectivas
Achatamento e Diminuição da área de Quando indicado, iniciar alimentaçãoperda do vilo superfície de absorção, enteral contendo proteína de alta
possível perda da qualidade e digestibilidade, isto é,borda em escova proteína hidrolisada; iniciar com pequenos
volumes, aumentando cautelosamente
Diminuição da Má absorção de açúcares Monitorizar a possibilidade de má absorção.atividade de Avaliar fórmula infantil/leite sem lactosedissacaridases
Atrofia mucosa e Diminuição das células Oferecer hidrolisados, preferencialmenteperda de massa e área de superfície di e tripeptídeosmucosa disponível para absorção
Perda do Alteração da função,conteúdo de DNA possível morte celular —nos enterócitos
Diminuição do Aumento do potencial de Investigar a possibilidade de sepse;turnover dos ligação das bactérias às intensificar técnicas assépticas e outrasenterócitos células do lúmen estratégias para prevenção de infecção
Diminuição das Diminuição da função Estimular a função imune com prebióticoscélulas da lâmina imune do intestino e probióticosprópria
Diminuição da Perda da inibição Prebióticos, probióticos e simbióticosfermentação competitiva da flora normal
pelos microrganismospatogênicos
Aumento da Invasão de bactérias nos Probióticos, medidas para incrementar atranslocação tecidos submucosos e função da barreira intestinal (ex.: TGF-beta)bacteriana e de sistema vascularendotoxinas
Diminuição da Diminuição da absorção Utilizar triglicérides de cadeia médiaformação de ácidos de gordurasbiliares
Retenção de fezes Aumento do shunt Monitorizar os níveis de bilirrubina;enterohepático ocasionando descompressão gástricahiperbilirrubinemia; possívelocorrência de íleo funcional
57NESTLÉ - Nutrição Infantil
A nutrição enteral é atualmente um
método bem estabelecido de ali-
mentação de pacientes criticamente
enfermos. Existe um aumento do nú-
mero de pesquisas randomizadas,
objetivando determinar se a nutrição
enteral melhora a evolução (em rela-
ção a vários desfechos clínicos), mas,
infelizmente, foram realizadas princi-
palmente em pacientes adultos e base-
adas em amostras pequenas de paci-
entes.
Finalmente, a utilização de micronu-
trientes no paciente em sepse, deve ser
realizada com atenção voltada para
dois objetivos: aceleração do processo
de cicatrização e melhora da resposta
imunológica. Acredita-se que o zinco
seja necessário para o processo de
cicatrização e que a sua deficiência
determine diferentes respostas imuno-
lógicas. Deve-se ter uma atenção es-
pecial em não se administrar excesso
de zinco, pois este interfere com o
metabolismo do cobre. O cobre pode
ser necessário no paciente em sepse,
especialmente se houver perdas diges-
tivas, pois a sua deficiência ocasiona
diminuição da função imunológica e
alteração da cicatrização. Outros
microelementos que devem ser adici-
onados incluem: o manganês, cromo,
selênio e molibdênio. Acredita-se que
a vitamina A, vitamina E, vitamina C e
vitaminas do complexo B sejam tam-
bém essenciais na sepse, embora as
necessidades desses nutrientes não es-
tejam estabelecidas para pacientes
sépticos.
19.1 - NEONATOLOGIA(RECÉM-NASCIDOPREMATURO EENTEROCOLITE NECROSANTE)
Um estudo neonatal recente de Berseth
et al, em 2003 foi realizado objetivando
verificar a incidência de enterocolite
necrosante. Dois grupos de recém-nas-
cidos pré-termo receberam dois tipos
de protocolo de alimentação: um gru-
po foi alimentado com 20ml/kg/dia du-
rante os primeiros 10 dias de estudo
(enteral mínima) e outro foi alimenta-
do no início (primeiro dia) com 20ml/
kg/dia, sendo o volume aumentado de
20ml/kg/dia até 140ml/kg/dia e manti-
do até o 10º dia de estudo. A pesquisa
foi encerrada precocemente porque
sete crianças que receberam protocolo
de aumento progressivo do volume de-
senvolveram enterocolite necrosante,
comparativamente a apenas uma rece-
bendo enteral mínima (10% versus
2,4%), concluindo que os neonato-
logistas devem considerar a alimentação
com volumes mínimos até que pesqui-
sas futuras avaliem a segurança da uti-
lização de incrementos progressivos de
volume. Outro estudo recente, de Flidel-
Rimon et al em 2004, avaliou as
interrelações entre a nutrição enteral
precoce, enterocolite necrosante e sepse
intra-hospitalar, e demonstrou que a
nutrição enteral associou-se com a di-
minuição do risco de sepse intra-hospi-
talar, mas não houve alteração no risco
de enterocolite necrosante em recém-
nascidos de muito baixo peso.
58 NESTLÉ - Nutrição Infantil
19.2 - ABORDAGEM DADIARRÉIA NO PACIENTEADMITIDO EM UNIDADES DECUIDADOS INTENSIVOS
19.2.1 - A Criança com DiarréiaAguda Infecciosa
Na criança com diarréia aguda (dura-
ção igual ou inferior a 14 dias), reco-
menda-se, de acordo com as evidênci-
as, a reintrodução precoce dos alimen-
tos (Fig. 3), visto que esta conduta re-
duz o aumento da permeabilidade in-
testinal que ocorre na gastrenterite agu-
da (Isolauri et al, 1989) e também
melhora a regeneração do enterócito,
além de promover a recuperação da
membrana da borda em escova, con-
tendo a dissacaridase (Levine et al, 1974;
Newton et al, 1996). (figura 3)
Figura 3. Manejo da alimentação na diarréia aguda
Gastrenterite Aguda
Nutrição
Alimentação com Alimentação semleite materno leite materno
Continuar durante a Reidratar (4 horas)reidratação e fases e então reiniciar a dieta
de manutenção adequada para a idade
Se a diarréia persiste:• pH fecal (ácido?)• substâncias redutoras presentes
Avaliar exclusão de lactose
Adaptado de Murphy MS, 1998
59NESTLÉ - Nutrição Infantil
19.2.2 - Diarréia Persistente(quadro de diarréia com maisde 14 dias de duração)
Recomenda-se a realimentação utilizan-
do fórmulas com proteínas hidrolisadas.
Nos pacientes com anorexia persisten-
te, iniciar a alimentação por sonda
nasogástrica com gotejamento contínuo
(de preferência) ou intermitente. Nas
crianças com insucesso no manejo
nutricional acima, utilizar fórmulas ele-
mentares por via enteral contínua. Caso
ainda não se obtenha sucesso, indicar
o uso de nutrição parenteral.
19.2.3 - Diarréia Crônica (diarréiacom duração superior a 30 diasou 3 episódios de duração curtaem um intervalo de 2 meses)
A terapêutica é orientada de acordo com
o diagnóstico etiológico, objetivando
um tratamento específico (por ex.: ex-
cluir o glúten da dieta na doença
celíaca, excluir o leite de vaca e deri-
vados na alergia à proteína do leite de
vaca, prescrever enzimas pancreáticas
na fibrose cística, etc). Atentar sempre
para as deficiências nutricionais gerais
e/ou específicas no sentido de uma
intervenção nutricional adequada.
Uma pesquisa realizada em 1974 por
Adibi et al comparou a absorção de
aminoácidos livres, dipeptídeos e
tripeptídeos no jejuno de pacientes com
diarréia crônica (má absorção), e reve-
lou que a absorção de di e tripeptídeos
foi superior à de aminoácidos livres,
mesmo quando existe uma diminuição
acentuada do transporte de membrana.
Além disso, em situações de lesão in-
testinal, os di e tripeptídeos são me-
lhor absorvidos que os aminoácidos
(Fairclough et al, 1980) e o seu efeito
trófico sobre a mucosa intestinal é su-
perior ao dos aminoácidos (Zaloga et
al, 1991).
19.2.3 - Diarréia na CriançaGravemente Enferma na Unidadede Cuidados Intensivos
A incidência de diarréia varia de 35 a
63% (Leite et al, 1992; Kelly et al, 1983),
mas uma pesquisa recente de Briassoulis
et al, em 2001, evidenciou uma
prevalência de apenas 5,6%. A diarréia
tem sido relacionada a uma série de
fatores, como:
• Osmolaridade da dieta
• Tipo de fórmula
• Baixa concentração de albumina sérica
• Utilização de fármacos
Um estudo de Stroud et al, em 2003, em
adultos, mostrou que a utilização de
outros fármacos, em especial antibióti-
cos, é habitualmente a causa da diarréia
relacionada à nutrição enteral. Esta
mesma pesquisa, com linhas gerais para
alimentação enteral em pacientes hospi-
talizados, recomenda evitar a supressão
da acidez gástrica, além da interrupção
da alimentação, para permitir a diminui-
ção do pH, que ajuda a prevenir o
supercrescimento bacteriano durante a
nutrição enteral (Fig. 4), sugerindo tam-
bém que a alimentação contendo fibras
solúveis pode melhorar a diarréia relaci-
onada à nutrição enteral por seus efeitos
sobre a microbiota intestinal.
60 NESTLÉ - Nutrição Infantil
Duas pesquisas recentes avaliaram os
efeitos da administração de probióticos
na função da barreira intestinal em pa-
cientes gravemente enfermos. Um dos
estudos avaliou os efeitos do simbiótico,
uma combinação de probióticos (Trevis)
com o prebiótico (oligofrutose) (Jain et
al, 2004). Observou-se uma redução sig-
nificativa da colonização gástrica com
múltiplos organismos e de bactérias po-
tencialmente patogênicas no grupo que
utilizou simbiótico, sem nenhum efeito
sobre complicações sépticas, mortali-
dade e tempo de internação.
Em outra pesquisa randomizada, a ad-
ministração de probiótico (Proviva) as-
sociou-se com atenuação tardia da res-
posta inflamatória sistêmica (menores
níveis de IL-6 no 15º dia, p= 0,04), mas
sem qualquer outra alteração na evolu-
ção clínica. Assim, mais pesquisas são
necessárias para recomendar a utiliza-
ção de probióticos em pacientes grave-
mente enfermos.
20 – COMPLICAÇÕES
As complicações incluem aquelas rela-
cionadas ao choque, a DMOS e ao tra-
tamento e são: hipotensão refratária às
catecolaminas, necrose tubular aguda,
síndrome do desconforto respiratório
agudo, distúrbios da coagulação, insu-
ficiência hepática, encefalopatia,
polineuropatia, disfunção gastrintestinal,
imune e endócrina, distúrbios hidro-
eletrolíticos e ácido-básico, diarréia as-
sociada a antibióticos e a infecção
nosocomial.
Figura 4. Fatores relacionados com aumento da permeabilidade intestinal
Resultado• Edema intestinal• Diminuição do
peristaltismo• Estase bacteriana• Permeabilidade
intestinal?
Fatores Exógenos• Drogas vasoativas• Ausência de nutrientes• Antibióticos• Medicação anti H2, inibidores
da bomba de próton
Fatores Endógenos• Extravasamento capilar• Hipoalbuminemia• Inflamação• Lesão de reperfusão
INTESTINO
61NESTLÉ - Nutrição Infantil
21 – PROGNÓSTICO
Vários fatores são determinantes do prog-
nóstico no choque séptico, como a res-
posta hemodinâmica do paciente frente
à sepse, o desenvolvimento e extensão
da DMOS, os sitos de infecção e viru-
lência dos organismos envolvidos e a
presença de co-morbidades. A taxa de
mortalidade varia entre 30% a 80%. De
70% a 80% da mortalidade é esperada
entre os primeiros sete a quatorze dias.
A mortalidade é mais elevada em paci-
entes normotérmicos ou hipotérmicos do
que em pacientes febris. A DMOS é
responsável pela maioria dos óbitos se-
cundários ao choque séptico. O número
de órgãos insuficientes é inversamente
proporcional à sobrevida em crianças.
Assim, os sobreviventes têm em média 1
orgão comprometido, entretanto os não-
sobreviventes tem em média 3 a 4 orgãos
comprometidos. Embora o prognóstico
de choque séptico pediátrico varie am-
plamente, a melhora das medidas de
suporte diminuiu a morbidade e morta-
lidade por esta patologia. A terapia meta
dirigida, quando adequadamente utili-
zada, melhora a sobrevida de pacientes
com choque séptico.
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NOTA IMPORTANTE
AS GESTANTES E NUTRIZES PRECISAM SER INFORMADAS QUE O LEITE MATERNO ÉO IDEAL PARA O BEBÊ, CONSTITUINDO-SE A MELHOR NUTRIÇÃO E PROTEÇÃOPARA O LACTENTE. A MÃE DEVE SER ORIENTADA QUANTO À IMPORTÂNCIA DEUMA DIETA EQUILIBRADA NESTE PERÍODO E QUANTO À MANEIRA DE SE PREPARARPARA O ALEITAMENTO AO SEIO ATÉ OS DOIS ANOS DE IDADE DA CRIANÇA OUMAIS. O USO DE MAMADEIRAS, BICOS E CHUPETAS DEVE SER DESENCORAJADOPOIS PODE TRAZER EFEITOS NEGATIVOS SOBRE O ALEITAMENTO NATURAL. A MÃEDEVE SER PREVENIDA QUANTO À DIFICULDADE DE VOLTAR A AMAMENTAR SEUFILHO UMA VEZ ABANDONADO O ALEITAMENTO AO SEIO. ANTES DE SERRECOMENDADO O USO DE UM SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO, DEVEM SERCONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS FAMILIARES E O CUSTO ENVOLVIDO. A MÃEDEVE ESTAR CIENTE DAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DO NÃOALEITAMENTO AO SEIO - PARA UM RECÉM-NASCIDO ALIMENTADO EXCLUSIVAMENTECOM MAMADEIRA SERÁ NECESSÁRIA MAIS DE UMA LATA POR SEMANA. DEVE-SELEMBRAR À MÃE QUE O LEITE MATERNO NÃO É SOMENTE O MELHOR, MAS TAMBÉMO MAIS ECONÔMICO ALIMENTO PARA O BEBÊ. CASO VENHA A SER TOMADA ADECISÃO DE INTRODUZIR A ALIMENTAÇÃO POR MAMADEIRA É IMPORTANTE QUESEJAM FORNECIDAS INSTRUÇÕES SOBRE OS MÉTODOS CORRETOS DE PREPAROCOM HIGIENE, RESSALTANDO-SE QUE O USO DE MAMADEIRA E ÁGUA NÃO FERVIDASE DILUIÇÃO INCORRETA PODEM CAUSAR DOENÇAS.
OMS - CÓDIGO INTERNACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO DE SUBSTITUTOS DO LEITE MATERNO.WHA 34:22, MAIO DE 1981. PORTARIA NO 2051 - MS DE 08 DE NOVEMBRO DE 2001 ERESOLUÇÃO NO 222 - ANVISA - MS DE 5 DE AGOSTO DE 2002.
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4 NESTLÉ - Nutrição Infantil
INFORMAÇÃO DESTINADA AO PROFISSIONAL DE SAÚDE.IMPRESSO NO BRASIL.
Temasde PediatriaNúmero 81 - 2005
Atualização no Diagnóstico e Tratamento
Sepse Grave e Choque Sépticoem Pediatria
993.64.02.00.9EE.RO/ON