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ISSN 2358-3657 68
BASSI, A. et al. Signs and symptoms of mycobacteriosis in postoperative period of breast implant: clinical cases report. LIPH Science Journal, v.4, n.1, p. 68-79, Jan./Apr., 2017. www.liphscience.com
Iniciação Científica. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM), Brasil. Setembro/2015 a Fevereiro/2016. Banca Examinadora:
Rodrigo César Rosa
Signs or symptoms of mycobacteriosis in postoperative period of breast implant: clinical cases report Sinais ou sintomas de micobacteriose no pós-operatório de implante de prótese mamária: relato de casos clínicos
Andrew Bassi
Flávia Ribeiro Alves
Steffanie Rafaelli Bessa Santos
Marcelo Costa Araújo
Nazaré Pellizzetti Szymaniak
Abstract: Mycobacteriosis is classified after notification like suspected, possible, probable or
confirmed. The objective of this study is to verify clinical signs or symptoms of mycobacteriosis
reported in postoperative period of breast implant. The data collection was performed through the
bibliographic search of reports of clinical cases and the analysis was descriptive. The results
present seven reports of suspected or confirmed clinical cases. In conclusion, the clinical cases
confirmed or suspected of Mycobacterium infection, in patients submitted to breast implant,
showed unanimity at the clinical findings about the persistent drainage of serous, purulent or
piosanguinolent exudate, in addition to difficult scarring nonresponsive to conventional treatments.
Other clinical signs are hyperemia, edema and recurrence of the lesions. In one case, there was
fistulization.
Keywords: Mycobacteriosis. Breast Implant. Plastic surgery.
Resumo: A micobacteriose é classificada após a sua notificação como suspeita, possível,
provável ou confirmada. O objetivo deste estudo é constatar sinais ou sintomas clínicos de
micobacteriose relatados no pós-operatório de implante mamário. A coleta de dados realizou-se
por meio da busca bibliográfica de relato de casos clínicos e a análise foi descritiva. Os resultados
apresentam sete relatos de casos clínicos suspeitos ou confirmados. O estudo permite concluir
que nos casos clínicos de infecção por Mycobacterium confirmados ou suspeitos em pacientes
submetidas ao implante de prótese mamária, os achados clínicos relatados mostram unanimidade
na drenagem persistente de exsudato serosa, purulento ou piosanguinolenta, além de difícil
cicatrização não responsiva ao tratamento convencional. Outros sinais ou sintomas clínicos são
hiperemia, edema e recidiva das lesões. Em apenas um caso houve fistulização.
Palavras-chave: Micobacteriose. Implante mamário. Cirurgia plástica.
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Introdução
Silva et al. (2015) citam o primeiro caso confirmado de infecção por
Mycobacterium fortuitum no pós-operatório de implante mamário, em um
hospital público, no sudeste do Brasil.
A micobacteriose é classificada quanto ao diagnóstico laboratorial conforme os
seguintes critérios: suspeita, paciente submetido a procedimento invasivo que
apresenta dois ou mais sinais; possível, preenche os critérios de caso suspeito,
mas sem investigação laboratorial, com resposta ao tratamento específico para
Mycobacterium; provável, preenche os critérios de caso suspeito e que
apresenta granulomas em tecido obtido de ferida cirúrgica ou tecidos adjacentes,
baciloscopia positiva e cultura negativa para Mycobacterium; confirmado,
preenche os critérios de caso suspeito e apresenta cultura da ferida cirúrgica ou
tecidos adjacentes positiva para Mycobacterium (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2009).
Casos suspeitos e/ou confirmados de infecção por micobactéria não-tuberculosa
(MNT), também denominada micobactéria de crescimento rápido (MCR), devem
ser notificados à Vigilância Sanitária pelo profissional de saúde que tenha
efetuado o procedimento. Ou ainda, por um membro da Comissão de Controle
de Infecção Hospitalar (CCIH) do estabelecimento de saúde. Essa notificação
pode ser feita, inclusive pelo próprio profissional de laboratório que detectou a
MNT (SECRETARIA DE SAÙDE, 2016).
Justifica-se este estudo pela necessidade de reconhecimento dos sinais ou
sintomas da micobacteriose para a devida notificação, da suspeita ou
confirmação, no pós-operatório de implante de prótese de mama.
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Objetivo
O objetivo deste estudo é constatar sinais ou sintomas clínicos de
micobacteriose no pós-operatório de implante de prótese mamária.
Método
Trata-se da busca bibliográfica de relatos de casos de micobacteriose no pós-
operatório de implante de prótese mamária para a identificação de sinais ou
sintomas clínicos de interesse para a notificação à Vigilância Sanitária. A coleta
de dados foi baseada nos dados complementares da Ficha de Notificação de
Caso de Micobacteriose Não Tuberculosa (MCR) após Procedimentos Médicos
Invasivos (Anexo).
A busca bibliográfica foi efetuada nos sistemas de banco de dados Scientific
Electronic Library Online (SiELO), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Literatura
Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), Índice Bibliográfico Espanhol
de Ciências da Saúde (IBECS), sem a delimitação de intervalos de tempo. Os
descritores em Ciência da Saúde (DeCS) utilizados para a busca nos bancos de
dados foram micobacteriose, implante mamário e cirurgia plástica. Para a
análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva com números absolutos,
percentuais, média e desvio padrão.
Resultado
Entre 7 relatos de casos clínicos de micobacteriose no pós-operatório de
implante de prótese mamária a média de idade foi 23,33 ± 4,67 anos, no período
de 2007 a 2010, até 1 relato de caso clínico notificado por ano.
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O tempo de início dos sinais de infecção foi em média 3,4 ± 5,3 meses do pós-
operatório.
O rastreamento de casos clínicos de micobacteriose no pós-operatório de
implante de prótese mamária mostrou 2 casos confirmados de Mycobacterium
fortuitum, 1 caso confirmado de Mycobacterium abscessus e outro relato de
micobacteriose não especificada, além de 3 suspeitas, conforme demonstrado a
seguir.
Caso Clínico I, confirmado Mycobacterium fortuitum (SILVA et al., 2015)
Paciente com 29 anos de idade, do sexo feminino, católica, diagnóstico médico
de hipomastia bilateral e indicação cirúrgica de implante de prótese mamária
bilateral, 310 mL em mama direita e de 280 mL à esquerda, curativo oclusivo
compressivo, uso de modelador pós-operatório, em 10 de dezembro de 2010.
No pós-operatório da primeira cirurgia, houve relato de dor leve no sítio cirúrgico
e êmese noturna.
No 14ª dia de pós-operatório, a paciente retornou ao ambulatório com sinais e
sintomas de infecção, incluindo hiperemia, calor e edema local, deiscência de
sutura com fístula na ferida cirúrgica e difícil cicatrização, além de secreção
esbranquiçada, sendo iniciada antibioticoterapia com Ceftriaxona 1 g de 12/12
horas e Ciprofloxacina 400 mg de 12/12 horas.
Após 1 mês e 8 dias, submeteu-se à segunda cirurgia para a retirada das
próteses mamárias, recebendo alta hospitalar no 1º dia de pós-operatório, sem
intercorrências. A infecção por Mycobacterium fortuitum foi confirmada no 69º
pós-operatório de implante de prótese mamária. A terceira cirurgia para novo
implante de próteses mamárias realizou-se após 1 ano e 2 meses e 23 dias,
também com alta hospitalar no 1º dia de pós-operatório.
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Caso Clínico II, confirmado Mycobacterium abscessus (WAJNBERG et al., 2011).
Paciente do sexo feminino, 23 anos, submetida à cirurgia de inclusão de
implantes mamários de silicone, redondos, com revestimento de poliuretano, 285
ml à direita e 195 ml à esquerda, por incisão periareolar inferior, e localização
retroglandular, em 3 de março de 2008. No 22º dia de pós-operatório, queixou-
se de peso em mama direita, sem sinais flogísticos locais e/ou sistêmicos. A
ultrassonografia evidenciou coleção purulenta. No 36° dia de pós-operatório,
houve drenagem espontânea de serosidade pela incisão da mama direita,
enviada para cultura e antibiograma. Iniciada antibioticoterapia empírica com
ciprofloxacino 500 mg a cada 12 horas. A cultura foi positiva para Mycobacterium
abscessus. A conduta adotada foi a retirada dos implantes mamários e
encaminhamento da paciente para acompanhamento com infectologista. Após a
retirada dos implantes, a paciente abandonou o acompanhamento ambulatorial.
Caso Clínico III, cultura negativa para micobacteriose (WAJNBERG et al.,
2011).
Paciente do sexo feminino, 31 anos, submetida à inclusão de implantes
mamários de silicone, redondos, texturizados, de 260 ml, por incisão periareolar
inferior e localização retroglandular, em 4 de fevereiro de 2009. No 15º dia de
pós-operatório, notou-se drenagem de secreção purulenta da mama direita pela
cicatriz. Foi enviada secreção para cultura e antibiograma e iniciada
antibioticoterapia com ciprofloxacino 500 mg, a cada 12 horas, por 15 dias. Os
resultados das culturas solicitadas retornaram negativos. Pela manutenção do
quadro clínico citado, no 30° dia optou-se pela retirada dos implantes mamários
e pelo reenvio de material para cultura, incluindo-se nesse material um fragmento
de tecido da loja. O resultado da cultura retornou negativo para micobacteriose,
porém o tecido retirado da loja tinha alterações compatíveis com infecção por
micobactéria de crescimento rápido: processo inflamatório crônico, tipo
granulomatoso, granulomas necrosantes, com presença de células epitelioides,
histiócitos e células gigantes. Foi iniciado tratamento para infecção por
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micobactéria de crescimento rápido com claritromicina de 500 mg, via oral, a
cada 12 horas, por 4 meses. No dia 4 de agosto de 2009, procedeu-se à
reinclusão de novos implantes mamários de tamanho e forma similares aos
anteriores, pelas cicatrizes cirúrgicas prévias na posição retroglandular, não
havendo relato de intercorrências até a presente data.
Caso IV, confirmado micobacteriose (WAJNBERG et al., 2011).
Paciente do sexo feminino, 34 anos, submetida à inclusão de implantes
mamários de silicone, redondos, texturizados, de 305 ml, por incisão periareolar
inferior, com localização retroglandular, em 15 de julho de 2010. No 13° dia de
pós-operatório, a paciente apresentou hematoma bilateral das mamas. Foi
realizada drenagem dos hematomas no centro cirúrgico e, após irrigação das
lojas, os implantes foram reinclusos pela mesma incisão. Drenos aspirativos
foram mantidos por dois dias. Antibioticoterapia com ciprofloxacina 500 mg, a
cada 12 horas, foi mantida por 15 dias.
No 28º dia de pós-operatório, a paciente evoluiu com aumento da mama direita
e astenia. A ultrassonografia demonstrou coleção líquida posterior ao implante
em mama direita e o hemograma apresentava-se normal. Realizada punção do
material com agulha de Klein, e o material foi enviado para cultura e
antibiograma. Por apresentar picos de febre e sinais flogísticos em torno da área
de punção, a paciente foi internada, iniciando-se antibioticoterapia intravenosa.
Não houve melhora do quadro clínico, optando-se pela retirada dos implantes
mamários e envio de novo material para cultura.
A paciente evoluiu bem, com alta em 48 horas em uso de ciprofloxacino. Três
dias após, houve resultado positivo para Bacilos Álcool-Ácido Resistentes
(BAAR) em todas as amostras, sendo introduzida claritromicina 500 mg, a cada
12 horas, via oral. Na terceira semana de pós-operatório, o resultado do exame
solicitado retornou positivo para micobacteriose, porém não especificado. A
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paciente seguiu tratamento oral com os antibióticos ciprofloxacino e
claritromicina, aguardando o término da antibioticoterapia para reinclusão de
novos implantes.
Caso V, confirmado Mycobacterium fortuitum (MACEDO; MAIEROVITCH; HENRIQUES, 2009)
Em estudo sobre micobactéria de crescimento rápido, os autores citam um caso
de infecção por Mycobacterium fortuitum em paciente submetida à mastoplastia
de aumento. Na 20a semana de pós-operatório foi possível constatar área
inflamatória entre a ferida operatória e a prótese de silicone, por meio da
ressonância magnética, sendo necessária a remoção da prótese. O tecido de
granulação apresentava-se aderido ao material retirado. Antes da retirada da
prótese, a indicação de suspeita de infecção ocorreu devido à deiscência da
ferida cirúrgica e ausência de resposta clinica aos antimicrobianos contra
estafilococos e estreptococos, comuns em infecções da pele.
Caso Clínico VI, cultura negativa para micobacteriose (WAJNBERG, G. B. et al., 2011).
Paciente do sexo feminino, 23 anos, submetida à inclusão de implantes
mamários de silicone, redondos, texturizados, de 325 ml, por incisão periareolar
inferior, com localização retroglandular, em 1º de setembro de 2009. Com 60
dias de pós-operatório, apresentou secreção purulenta pela cicatriz. Foi
introduzido ciprofloxacino 500 mg, a cada 12 horas, por 10 dias. No 9º dia,
apresentou exposição parcial do implante da mama direita. Optou-se pela
retirada dos implantes e envio do material para cultura e exame
anatomopatológico. Todos os exames foram negativos para micobacteriose.
Porém, considerando-se o quadro clínico compatível com esta afecção, foi
instituída antibioticoterapia por 6 meses, com ciprofloxacino e claritromicina. Em
16 de abril de 2010, foi realizada a reinclusão dos implantes.
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Caso Clínico VII, cultura negativa para micobacteriose (WAJNBERG, G. B.
et al., 2011).
Paciente do sexo feminino, 24 anos, submetida à inclusão de implantes
mamários de silicone, redondos, texturizados, de 235 ml, por incisão periareolar
inferior, em localização retroglandular, em 24 de maio de 2007. Após 15 meses,
submetida à retirada do implante da mama direita por seroma. No intraoperatório,
não se evidenciou sinal de infecção, tendo sido enviado material para cultura e
anatomia patológica. Todos os exames foram negativos para micobactéria. Após
6 meses, a paciente foi reinternada para a retirada de ambos os implantes, por
exposição parcial dos Porém, em decorrência do quadro clínico compatível com
micobacteriose, foi instituída antibioticoterapia por 6 meses com ciprofloxacino e
claritromicina. Em 3 de novembro de 2009 foi realizada a reinclusão dos
implantes.
De modo geral, os sinais ou sintomas clínicos de micobateriose no pós-
operatório de implante de prótese mamária apresentaram em unanimidade
exsudato persistente e a difícil cicatrização da ferida operatória. O aspecto do
exsudato apresentava-se seroso, purulento ou piosanguinolento. Todos os
pacientes apresentaram no mínimo 2 sinais clínicos que levaram à suspeita de
micobacteriose, entre esses, edema, hipertermia, fistulização ou recidiva da
lesão (Tabela 1).
Tabela 1 – Sinais clínicos de pacientes submetidas ao implante de prótese mamário com micobateriose pós-operatória suspeita ou confirmada.
I II III IV V VI VII Total n %
Exsudato persistente 1 1 1 1 1 1 1 7 25,9
Difícil cicatrização 1 1 1 1 1 1 1 7 25,9
Edema 1 1 - 1 1 1 1 6 22,2
Hipertermia 1 - - 1 1 - 1 4 14,9
Recidiva da lesão - - - 1 - - 1 2 7,4
Fistulização 1 - - - - - - 1 3,7
Subtotal 5 3 2 5 4 3 5 27 100
Fonte: Os Autores, 2017.
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Em relação aos casos clínicos descritos na literatura sobre micobacteriose no
pós-operatório de implante de prótese mamária, na maioria dos relatos houve
confirmação, sendo dois casos de Mycobacterium fortuitum, um de
Mycobacterium abscessos e outro não especificado. Os demais casos clínicos
foram suspeitos por apresentaram dois ou mais sinais, entretanto com achados
laboratoriais negativos.
Discussão
Os pacientes apresentando drenagem de secreção na topografia da ferida
cirúrgica ou coleção intracavitárias devem ser avaliados por ultrassonografia,
tomografia ou ressonância magnética, além de exames microbiológicos, para a
identificação da espécie e do perfil de sensibilidade e o correto direcionamento
terapêutico. Ao menos um fragmento deve ser acondicionado em formol a 10%
e enviado para exame histopatológico. Além da coloração de hematoxilina-
eosina, com atenção para a detecção de granulomas, e deve ser realizada a
coloração de Ziehl-Neelsen (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2009).
No ano de 2005, ocorreu o primeiro surto de infecção por MCR em Campinas,
no Estado de São Paulo, Brasil, relacionado ao procedimento cirúrgico estético.
Os sinais e sintomas relatados foram deiscência da cicatriz cirúrgica, secreção
serosa, com inflamação de aspecto granulomatoso aproximadamente após um
ano de pós-operatório (SECRETARIA DE ESTADO DE SAO PAULO, 2008).
Em um surto de infecção por Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR) em
pacientes submetidos a procedimentos estéticos, na Republica Dominicana, no
ano de 2004, os sintomas de infecção começaram em torno da 5a semana de
pós-operatório, com presença de sinais flogísticos, abscesso na ferida
operatória e drenagem de líquido seroso (CENTER FOR DISEASES CONTROL,
2004).
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A micobacteriose em implante de prótese mamária está relacionada à
contaminação de instrumentais cirúrgicos somados aos fatores imunológicos do
hospedeiro (MACADAM; MEHLING; DUFTON, 2007).
Conclusão
Nos casos clínicos de infecção por Mycobacterium, confirmados ou suspeitos,
em pacientes submetidas ao implante de prótese mamária os achados clínicos
relatados mostraram unanimidade na drenagem persistente de exsudato serosa,
purulento ou piosanguinolenta, além de difícil cicatrização, não responsivo a
tratamentos convencionais. Outros sinais ou sintomas clínicos foram hiperemia,
edema e recidiva das lesões. Em apenas um caso houve fistulização.
Referências
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Disponível em: www.anvisa.gov.br/hotsite/hotsite.../nota_tecnica_conjunta.pdf.
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Micobacteriose Não Tuberculosa (MCR) após Procedimentos Médicos Invasivos.
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http://saude.es.gov.br/Media/sesa/LACEN/Micobacteriose%20N%C3%A3o%20Tube
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ISSN 2358-3657 79
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Anexo – Ficha de Notificação de caso de Micobacteriose Não Tuberculosa (MCR) após Procedimentos Médicos Invasivos
Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2016.