sgs global 13

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SGS Global Revista do Grupo SGS Portugal Outubro 2004 Ano 4 Número 13 SGS Global Gestão Sustentável Rumo à excelência empresarial Rumo à excelência empresarial Gestão Sustentável

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Revista Corporativa do Grupo SGS Portugal

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Page 1: SGS Global 13

SGS GlobalRevista do Grupo SGS PortugalOutubro 2004 • Ano 4 • Número 13

SGS Global

GestãoSustentávelRumo à excelência empresarialRumo à excelência empresarial

GestãoSustentável

Page 2: SGS Global 13

No rescaldo de dois eventos, o Seminá-

rio “Gestão Sustentável: Rumo à Excelên-

cia” e o 1º Congresso Internacional de

Golfe, a SGS Global apresenta uma edição

dedicada à Responsabilidade Corporativa

das Empresas e à Gestão Ambiental no

sector do Golfe. As reportagens que apre-

sentamos dão conta dos pontos altos dos

eventos, enquanto que as entrevistas apre-

sentam o testemunho de alguns parceiros

da SGS, que detêm importantes presenças

nestes sectores.

A Responsabilidade Social tem feito cor-

rer ‘alguma tinta’ e a SGS também aderiu

à causa! Este é um tema complexo, que

pode ser abordado das mais diversas for-

mas, desde a comunidade à perspectiva

das empresas, passando pelos colabora-

dores, até aos próprios auditores. Estes,

e muitos mais, são os actores que contri-

buem para uma crescente consciencia-

lização, que se revela importantíssima

para um desenvolvimento sustentável,

uma maior competitividade económica,

bem como para uma sociedade mais justa

e equitativa. Por esta razão, a SGS lançou

o Seminário “Gestão Sustentável: Rumo

à Excelência”, um evento que se revelou

um desafio ganho por nós e pelos nossos

parceiros, que se mostraram interessados,

pró-activos e cheios de planos para o futuro.

O Turismo é uma das actividades econó-

micas mais importantes no nosso país,

sendo que Portugal como destino turístico

de golfe está em alta e as previsões são

as melhores para o crescimento do sector.

Mas este entusiasmo de desenvolvimento

tem de ser equilibrado com outra grande

preocupação: a preservação do ambiente.

As excelentes condições que caracteri-

zam o nosso património natural são, pre-

cisamente, o nosso maior trunfo. Por esta

razão, a SGS apostou desde cedo na cer-

tificação ambiental em todos os sectores,

mas em particular em greens de golfe.

Não será por acaso que todos os greens

de golfe certificados em Portugal até ao

momento, exibem a nossa marca.

E não é, também, por acaso que a Derovo,

a única empresa de ovoprodutos em Por-

tugal, revela em entrevista à nossa revista

o segredo do seu sucesso: a inovação!

Ficha Técnica > Propriedade: SGS Portugal - Av. José Gomes Ferreira, 11, 5º piso,

1495-139 Algés, Miraflores > Telf.: 21 412 72 00 > Fax: 21 412 72 90 > Direcção: Paulo

Gomes > Redacção, Design e Produção Gráfica: Editando (www.editando.pt) >

Fotografia: Bruno Barata e Júlio Sousa (Editando) e SGS Image Bank > Pré-impressão

e Impressão: IDG > Distribuição: Gratuita > Agradecimentos: A todos os oradores do

seminário Gestão Sustentável, Belmiro de Azevedo (Grupo SONAE), Luís Rochartre

Álvares (BCSD Portugal), Deborah Leipziger (SAI), Fernando Ribeiro Mendes (RSE

Portugal) João d’Orey (ONRH), António Henriques da Silva e Jorge Moedas (Lusotur

Golfes), Pedro Silvestre (Salgados Golfe), Victor Martins e Antónia Correia (Universida-

de do Algarve), Arch Woodside (Carroll School of Management, do Boston College),

Amândio Santos (Derovo) e Carlos Manuel Oliveira (APPM)

Edit

ori

al

SumárioEditorial

DestaqueGestão Sustentável analisada em seminário da SGSRumo à Excelência

Desenvolvimento SustentávelBelmiro de Azevedo, presidente do BCSDDesenvolver para continuar a liderar

Promover e potenciar aSustentabilidade das empresas

SGS empenhada numa causa comum

SGS activa na Protecção do Ambiente

Responsabilidade SocialUma virtude da globalização

Formação de auditores SA 8000

RSE PortugalTrabalhar para um mundo melhor

Pessoas O activo mais importante das empresas

Turismo: O golfe em análiseCongresso Internacional de GolfeÀ procura da sustentabilidade

Lusotur GolfesUm percurso que fez história

Salgados GolfeUm duplo desafio

O Golfe no AlgarveO presente e o futuro

Na encruzilhada do desenvolvimento

Empresa CertificadaDerovo – OvolutionO ovo em evolução

Eventos & Notícias• Palestra sobre dioxinas e furanos• Directiva de equipamentos sob pressão:

acordos internacionais SGS• I Congresso sobre Construção Sustentável• Semana Europeia da Segurança e da

Saúde no Trabalho 2004• Assinado acordo com Associação das

Empresas de Vinho do Porto• Select Recursos Humanos recebe

certificação da qualidade• SGS ICS certifica produtos de construção

agregados da Secil Britas• Reforço da equipa em Portugal• SGS inspecciona ESP’s da Shell

Navegar

OpiniãoMarketing Sustentável e Responsabilidade Social

01

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40

Paulo GomesDirector da Revista SGS Global

Page 3: SGS Global 13

Dirigido a gestores dos sectores pú-

blico e privado, o seminário Gestão

Sustentável: Rumo à Excelência con-

tou com a presença de um conjunto de ora-

dores especialistas, nacionais e estrangeiros,

que apresentaram abordagens de gestão

inovadoras e casos práticos de sucesso nos

domínios da Certificação de Serviço, Respon-

sabilidade Social e Desenvolvimento Susten-

tável das Empresas.

Sobretudo, é de realçar como as empresas,

públicas e privadas, e a própria administração

pública, estão a desenvolver estratégias

orientadas para o cliente, em que a Certifi-

cação de Serviço surge simultaneamente

como garantia da qualidade e diferenciação

face à concorrência, a par da implementação

de regras de conduta e práticas preconiza-

doras das três grandes vertentes do desen-

volvimento sustentável. O diálogo, a transpa-

rência e os comportamentos responsáveis

para com as partes interessadas (colabora-

dores, accionistas, fornecedores, Estado, so-

ciedade em geral, …,) em domínios como o

ambiente, ética empresarial, educação, co-

municação, entre outros, estão cada vez mais

na ordem do dia das empresas portuguesas.

Na sessão de abertura, a cargo de Maria João

Nascimento, directora executiva da SGS ICS,

intervieram Paula Rodrigues, representante

do Ponto de Contacto Nacional para as Direc-

trizes das Empresas Nacionais do ICEP, e

Duarte Figueira, representante do Conselho

de Administração do Instituto Português da

Qualidade.

Paula Rodrigues apresentou as “Directrizes”

para as empresas multinacionais, elaboradas

pela OCDE em 1976, revistas em 2000, e

subscritas pelos governos de 37 países, entre

os quais Portugal. Estas directrizes, ou “ma-

nual de boas práticas/código de conduta”,

são compostas por um conjunto de recomen-

dações não vinculativas dirigidas às empre-

sas multinacionais – divulgação de informa-

ção, emprego, relações industriais, ambien-

te, corrupção, protecção dos consumidores,

concorrência, fiscalidade, ciência e tecnologia

– e têm por objectivo harmonizar a actividade

empresarial deste tipo de organizações com

as políticas governamentais e expectativas

da sociedade civil dos países onde se insta-

lam. Entre outras vantagens, estas directrizes

induzem a comportamentos éticos e respon-

sáveis, favorecem a criação de uma atmosfera

de confiança e segurança entre a comunidade

empresarial, os trabalhadores, governos e

sociedade civil, contribuem para melhorar o

clima de investimento e o crescimento susten-

tado da economia e servem como referência

na definição de políticas de gestão interna

das empresas.

Destaque

Revista do Grupo SGS Portugal02

Gestão Sustentável analisada em seminário da SGS

O seminário promovido

pela SGS a 29 de

Setembro reuniu mais

de uma centena de

participantes no auditório

da Lispólis - Pólo

Tecnológico de Lisboa.

Rumo àExcelência

Page 4: SGS Global 13

Duarte Figueira enfatizou a importância do

debate sobre as questões do desenvolvi-

mento sustentável na sociedade actual e o

modo como as variáveis da qualidade podem

contribuir para a competitividade económica

e social. Realçou, igualmente, o empenho do

IPQ, com o seu papel de gestor do Sistema

Português da Qualidade reforçado pelos novos

estatutos, em dar continuidade ao trabalho

que tem vindo a desenvolver com os orga-

nismos de certificação e, em particular, com

as organizações empresariais para promover

o aumento da qualidade.

Verdadeira orientação para o clienteO primeiro painel do seminário, moderado

por Dina Cortinhas, directora da revista Van-

tagem+, foi inteiramente dedicado à gestão

orientada para o cliente. E nesta área foram

abordadas duas vertentes essenciais: a im-

portância do cliente/consumidor para a com-

petitividade da marca e da Certificação do Ser-

viço na estratégia de satisfação de clientes

de empresas privadas, públicas e da adminis-

tração autárquica.

“A diferenciação dos produtos faz-se cada

vez mais pela marca”, realçou Carlos Manuel

de Oliveira, presidente da APPM - Associação

Portuguesa dos Profissionais de Marketing,

cuja intervenção se centrou na “Competiti-

vidade através da marca”.

“São cada vez mais cruciais no processo de

escolha e decisão do consumidor, não só as

características técnicas e físicas do produto

ou do serviço, mas também a percepção do

que ele representa, dos seus valores”. A

marca, no entender do presidente da APPM,

é “um contrato de responsabilidade com o

mercado”, em que a ética e a sustentabilida-

de podem ser características distintivas. “A

preocupação com os diversos stakeholders/

partes interessadas (clientes, accionistas,

colaboradores, Estado, sociedade, ambiente)

é um desafio para novas estratégias de mar-

keting que permitam dar resposta a esta pro-

blemática (sendo este um factor cumulativo

com os restantes atributos da marca)”, defen-

de. A responsabilidade social e a sustenta-

bilidade constituem, assim, uma oportunida-

de para novas vantagens competitivas, desde

logo pela diferenciação do posicionamento

perante o mercado, pela melhor capacitação

e optimização da gestão dos recursos e, ain-

da, pelo que representam em termos de no-

vos produtos e soluções valorizáveis pelos

consumidores.

Transparência e garantia da qualidadeCavaleiro Machado, consultor do Conselho

de Administração da Associação Portuguesa

de Franchise, apresentou a Certificação do

Serviço de Franchising, uma iniciativa pioneira

a nível mundial, desenvolvida no âmbito do

Sistema Português da Qualidade. A especifi-

cação técnica foi homologada pelo IPQ em

finais de 2003 e, nesta primeira fase, abrange

as relações entre franchisador e franchisados,

aplicando-se a empresas de qualquer sector

de actividade. Cavaleiro Machado realçou que

o sector do Franchising em Portugal já em-

prega mais de 50.000 pessoas e contribui

para 5% do Produto Interno Bruto. “A especi-

ficação técnica da Certificação do Serviço, a

par de estabelecer maior transparência nas

relações contratuais e no serviço que pres-

tam, constitui uma importante ferramenta de

gestão para as empresas”, salientou o con-

sultor. A especificação contém orientações

que vão desde a organização interna do

franchisador a requisitos dos contratos de

franchising, até à definição das regras e pro-

cedimentos de abertura de unidades dos

franchisados, entre outras variáveis.

Raul Santos Rocha, director de Distribuição dos

CTT, explicou a todos os presentes como a Cer-

tificação do Serviço em curso nos centros de

distribuição postal se enquadra nas linhas

estratégicas definidas pela Administração em

1998, altura em que a empresa assumiu uma

orientação clara para o mercado e para o clien-

te. A SGS certificou já seis centros de distri-

buição postal dos CTT a nível interno (Cartaxo,

Lagoa, Baião, Estarreja/Murtosa, Caldas de

Vizela e Penacova), estando prevista a certifi-

cação do serviço nos restantes (185) até final

de 2005. De acordo com Raul Santos Ro-

cha, os principais impactos a nível interno são

Revista do Grupo SGS Portugal 03

Destaque

Mesa do primeiro painel, dedicado ao tema ‘Verdadeira Orientação para o Cliente’(Da esq. para a dir.) Françoise Rein, responsável pela Certificação do Serviço da SGS; Pedro

Mortágua Soares, do gabinete da Qualidade do Complexo Desportivo da Câmara Municipal deTomar; Cavaleiro Machado, consultor da Associação Portuguesa de Franchise; Dina Cortinhas,

directora da revista Vantagem +; Carlos Manuel Oliveira, presidente da APPMarketing; e Raul Santos Rocha, director de Distribuição dos CTT

Paula Rodrigues,representante do Ponto deContacto Nacional para asDirectrizes das Empresas

Nacionais do ICEP; eDuarte Figueira, represen-

tante do Conselho deAdministração do IPQ

Page 5: SGS Global 13

a uniformidade e clareza dos processos e uma

maior sensibilidade e envolvimento dos co-

laboradores para a prestação de um serviço

de excelência aos clientes. A nível externo,

destacam-se o reconhecimento dos clientes

(medido por inquéritos realizados nos 6 cen-

tros), o aumento da qualidade de serviço

prestado, o cumprimento dos horários, a en-

trega dos objectos em conformidade e o re-

lacionamento cordial por parte dos colabo-

radores. Esta empresa de capitais públicos

emprega 6.388 pessoas e gere um tráfego

diário de 7.668.528 encomendas/cartas,

através de uma rede de distribuição consti-

tuída por 191 centros de distribuição postal

e 182 centros de apoio à distribuição em todo

o território nacional.

Melhor serviço ao utentePedro Mortágua Soares, responsável pelo

Gabinete da Qualidade do Complexo Des-

portivo da Câmara Municipal de Tomar, mos-

trou as crescentes preocupações das autar-

quias em satisfazerem as necessidades e em

prestarem o melhor serviço aos munícipes

/utentes, não sem antes reiterar o importan-

te trabalho que é preciso fazer ao nível da

sensibilização dos eleitos para que optem por

modelos de gestão da qualidade. Entre as

acções que é preciso desenvolver destacam-

-se a demonstração das vantagens objectivas

da certificação, como a auto-regulação do

sistema, porque só se pode gerir o que se

pode medir; conhecer em profundidade o que

se passa no ‘seu’ município, ou, de outra

forma, o aumento da satisfação do utente

(eleitor); organização de processos e uma

atitude, concretizada na prática, de melhoria

contínua. No caso do Complexo Desportivo

Municipal de Tomar, que representa um forte

investimento na melhoria da qualidade de vi-

da e bem-estar dos munícipes, a Certificação

do Serviço abrange todos os processos rela-

cionados com o ensino de natação, prática

de actividades de lazer e recreação, squash,

sauna, hidromassagem, banho turco, aluguer

de espaços de piscinas, aluguer de espaços

de actividade física, aluguer de espaços da

sala de formação, serviço de vigilância e ensi-

no de ténis.

Francoise Rein, da SGS Corporate, destacou

a vasta experiência da SGS ao nível da Certi-

ficação do Serviço em todo o mundo, desde

que há dez anos emitiu o primeiro certificado

em conformidade com a norma ISO 65/EN

45011, e o modo como esta certificação é

adequado quer a organizações de comércio

(ex. rede de concessionários de um distri-

buidor automóvel) quer a redes de franchi-

sing e a instituições da administração públi-

ca; quer ainda a empresas de pequena e

grande dimensão que se pretendem diferen-

ciar pelos serviços que prestam. A Certifica-

ção do Serviço destina-se quer aos serviços

prestados a particulares quer aos serviços

prestados a empresas. Quando não existe

uma norma de referência específica para o

serviço em questão, são elaboradas espe-

cificações técnicas validadas por uma Comis-

são Técnica de Certificação. Até hoje já foram

validados mais de 120 referenciais norma-

tivos que abrangem serviços nos sectores

automóvel, educação, internet e telecomu-

nicações, financeiros, saúde, estética, ho-

telaria e restauração, entre outros. A SGS, in-

clusive, criou o Qualicert Services, que abran-

ge 7 domínios: pessoas, ambiente de traba-

lho, produtos e serviços, transparência nas

relações, conformidade da oferta, serviços

pós-venda e outros, entre os quais se incluem

a ética e o ambiente.” Para melhor compre-

ensão das razões que levam as organizações

a optar pela Certificação do Serviço por enti-

dade externa idónea, Francoise Rein deu qua-

tro exemplos levados a cabo pela SGS: uma

cadeia internacional, com o objectivo de par-

tilha de uma visão comum; uma associação

comercial, com base num código de conduta/

boas práticas que apoia pequenos comercian-

tes na gestão do dia-a-dia; uma cadeia de

franchising, para proteger a marca da rede e

promover as boas práticas; e uma empresa

estatal, no caso a Air France, certificada desde

Setembro de 2003, e que recorreu à Certifi-

cação do Serviço como instrumento de gestão

motivador dos colaboradores e de reconhe-

cimento do seu esforço na satisfação do clien-

te.

Destaque

04

Francoise Rein, responsável pela Certificaçãodo Serviço da SGS em todo o mundo

Revista do Grupo SGS Portugal

Page 6: SGS Global 13

O II painel do seminário, moderado por Sofia

Santos, directora da revista Impactus, foi intei-

ramente dedicado às questões e aos desafios

do desenvolvimento sustentável.

Do ambiente à segurança, passando pelas

estratégias de comunicação das empresas

socialmente responsáveis, até a exemplos

de práticas de responsabilidade social como

vantagens competitivas, foram vários os

exemplos de boas práticas apresentados. No

âmbito deste painel, intervieram também o

secretário-geral do BCSD Portugal (Conselho

Empresarial para o Desenvolvimento Susten-

tável) e Fernando Ribeiro Mendes, presidente

da RSE Portugal, uma associação que tem

por objecto promover a responsabilidade so-

cial das empresas, organizações que estão

em destaque nas páginas 12/13 e 22/23, res-

pectivamente, desta edição.

Jeffrey McDonald, executive vice president

SGS SSC, encerrou o painel apresentando a

evolução da certificação na Europa.

Maria do Rosário Partidário, professora uni-

versitária e investigadora na área ambiental,

salientou a evolução da preocupação das

empresas pelo ambiente, nomeadamente no

que respeita à gestão de resíduos, substâncias

perigosas, água, energia, ar e ruído, assim

como a afirmação crescente do ambiente

como oportunidade. “Os desafios ambientais

podem levar a inovações que as empresas

usam como vantagem competitiva, por exem-

plo através dos produtos, dos processos e

das tecnologias”. Essa crescente preocu-

pação, porém, não se reflecte ao nível da certi-

ficação de sistemas de gestão ambiental de

acordo com as normas ISO 14001 e EMAS,

uma vez que apenas 300 empresas até ao

momento estão certificadas e estas, prova-

velmente, “são todas grandes empresas”.

De acordo com um estudo da Deloitte, apre-

sentado por Maria do Rosário Partidário, as

“empresas estão conscientes de que estão

a fazer um bom trabalho em relação à eco-

-eficiência, mas que têm ainda muito para

avançar rumo à sustentabilidade”. Em con-

clusão, no entender desta investigadora, as

três dimensões da sustentabilidade – ambien-

te, economia e sociedade – devem ser inte-

gradas no cerne da decisão estratégica da

empresa, em vez de serem questões peri-

féricas, como actualmente são encaradas.

Isto implica, desde logo, uma actuação sobre

a cultura da empresa que incida sobre a gestão

do conhecimento e da aprendizagem organi-

zacional. Implica, igualmente, a melhoria do

diálogo e a transparência entre as partes inte-

ressadas.

Segurança é vantagem competitivaRicardo Bandin, director de Segurança da

Somincor, demonstrou como a segurança é

uma vantagem competitiva para as empre-

sas, independentemente do investimento

necessário para adequar instalações, equipa-

mentos e formar colaboradores. Dando como

exemplo as Minas Neves Corvo, que pro-

duzem 1500 toneladas/dia, explicou que após

a investigação e análise das causas dos aci-

dentes, 4% destes deviam-se a condições

inseguras, enquanto 96% a actos inseguros

por parte das pessoas. “Logo, era indispen-

sável mudar a atitude dos colaboradores. Não

basta adoptar estratégias ou impor medidas,

a segurança tem de ser intrínseca à atitude

das pessoas. E essa mudança de atitude tem

de começar pela gestão. As causas dos aci-

dentes são um dos sintomas de crise na ges-

tão”, sustentou Ricardo Bandin. Em pouco

mais de nove meses, a Somincor conseguiu

atingir o alvo a que se propôs, zero acidentes.

E zero acidentes, como explicou o responsá-

vel pela segurança, representam vários mi-

lhões de euros poupados.

Nathalie Ballan, partner da Sair da Casca, uma

empresa de consultoria de comunicação na

perspectiva da responsabilidade social, come-

çou a sua intervenção desfazendo um equí-

voco ainda partilhado por uma imensa maio-

ria: mecenato, marketing relacionado com

uma causa, solidariedade/caridade e volunta-

riado, apesar de muito importantes, não têm

nada a ver com responsabilidade social. E, no

seu entender, “reivindicar a responsabilida-

de social apenas através destas áreas de co-

municação pode ter um efeito negativo, o

chamado efeito greenwashing. A comuni-

cação de uma empresa socialmente res-

ponsável deve ter por alvo as partes inte-

ressadas, ser transparente e feita numa pers-

pectiva de prestar contas; é importante ter

em conta a qualidade da informação, a inclu-

sividade/diálogo e, fundamentalmente, ser

coerente com a postura da empresa, com o que

Revista do Grupo SGS Portugal 05

Destaque

Jeffrey McDonald, executive vice president da SGS; Fernando Ribeiro Mendes, presidente da RSEPortugal; Sofia Santos, directora da revista Impactus; Luís Rochartre, secretário-geral do BCSD

Portugal; e João Reis, representante do gabinete de Imagem e Relações Públicas e Institucionais da BP Portugal

Mesas do II painel do seminário, intitulado ‘Desenvolvimento Sustentável das Empresas’

Ricardo Bandin, director de Segurança da Somincor; Maria do Rosário Partidário, professora da Universidade Nova de Lisboa; Sofia Santos, directora da revista Impactus; e Nathalie Ballan,

partner da Sair da Casca

Page 7: SGS Global 13

produz e como produz. Na perspectiva da res-

ponsabilidade social, a comunicação deve es-

tar ligada à actividade da empresa, ao seu core

business, incluir a gestão da relação com as

partes interessadas (colaboradores, accionistas,

fornecedores, sociedade, Estado, etc.), ser

transversal a todas as áreas da empresa e

constituir um “estímulo da obra”. Tem, igual-

mente, de ter uma função informativa/peda-

gógica e permitir “fazer”, e não apenas “fazer

saber”. De acordo com Nathalie Ballan, estas

regras estabelecem uma relação de win/win

entre a empresa e a sociedade, com benefícios

mútuos. Para a empresa, representa fideliza-

ção, envolvimento dos colaboradores, legitimi-

dade, credibilidade e confiança, o que se traduz

numa melhor relação com os seus públicos.

Com este posicionamento, a sociedade fica

com mais e melhor informação, tem confian-

ça, está mais aberta à resolução de proble-

mas, o que faz com que tenha uma melhor

relação com as empresas.

Responsabilidade social corporativaJoão Reis, responsável pela Imagem e Rela-

ções Públicas e Institucionais da BP Portugal,

explicou como a empresa onde trabalha

encara a responsabilidade social corporativa,

tanto em Portugal como em todos os países

do mundo onde a multinacional opera. “Negó-

cio é negócio, mas a BP tem um interesse

profundo no bem-estar económico e na pros-

peridade dos países onde opera. Queremos

assegurar que desenvolvemos o negócio de

uma forma sustentável”. Para a BP há quatro

áreas distintas que, em conjunto, formam a

definição da responsabilidade social corpo-

rativa: a primeira são as pessoas, são elas a

chave da sustentabilidade (e envolve a se-

gurança, reconhecimento e recompensa, de-

senvolvimento pessoal e profissional, mérito,

diversidade e inclusão, fomento da inovação

e o assegurar do equilíbrio entre a vida pes-

soal e profissional); a segunda área é a edu-

cação (contribuir para a melhoria do sistema

educativo de cada país – em Portugal liga-

ção à Universidade de Lisboa e à AIESEC); a

terceira diz respeito ao ambiente (no sentido

de minimizar o impacto do negócio e dos pro-

dutos que vende, nomeadamente através de

standards globais); e a quarta diz respeito à

ética (integridade, respeito pelas culturas, a

dignidade e os direitos dos indivíduos). Esta

forma de actuar traz benefícios à empresa

relativamente aos seus colaboradores (leal-

dade, espírito de equipa, entrega, vontade de

enfrentar novos desafios e orgulho, o que

se traduz num aumento da produtividade) e

perante as outras partes interessadas (reco-

nhecimento de notoriedade, potenciação do

valor da marca, criação de empatia, despertar

de potenciais colaboradores, aumento da opor-

tunidade de contactos estratégicos e de atrac-

ção e retenção de novos talentos).

Certificação na Europacontinua a crescerO painel dedicado ao desenvolvimento sus-

tentável encerrou com a prestação de Jeffrey

McDonald, executive vice president da SGS,

que apresentou o panorama da evolução da

certificação na Europa e as perspectivas futuras.

Relativamente ao ranking das certificações de

acordo com o referencial ISO 9001:2000, no

final de 2003, entre os 10 países em todo o

mundo com maior número de empresas cer-

tificadas, liderado pelo Japão (96.715), en-

contram-se cinco europeus – Itália (64.120),

Reino Unido (45.465), Espanha (31.836), Ale-

manha (23.598) e França (15.073). Na certifi-

cação de sistemas de gestão ambiental, ISO

14001, o ranking dos dez é igualmente lidera-

do pelo Japão (13.416), e nele estão presen-

tes seis países europeus: Reino Unido (5.968),

Espanha (4.860), Alemanha (4.734), Suécia

(3.404), Itália (3.068) e França (2.344). A taxa

de crescimento do número de novas certifi-

cações de acordo com a ISO 9001:2000 é de

6,5% ao ano, enquanto que a taxa relativa à

norma ISO 14001 é de 37%, o que, na pers-

pectiva de Jeffrey McDonald, demonstra o

potencial de desenvolvimento neste domínio,

sendo que os maiores crescimentos verificam-

-se também a nível dos países europeus.

No campo da responsabilidade social, desig-

nadamente da norma SA 8000, existem 354

unidades certificadas em 39 países, sendo que

no ranking dos dez com maior número encon-

tram-se a Itália e a Espanha a representar a Eu-

ropa. Relativamente à elaboração de relató-

rios de sustentabilidade existem aproxima-

damente 4.000 empresas emissoras, sendo

que destas, cerca de 50% são grandes em-

presas multinacionais. Contudo, e como realçou

o executive vice president da SGS, a tendência

de evolução é positiva, sobretudo por parte

de empresas dos países europeus.

Em crescimento está também a certificação

de acordo com normas específicas para os

diversos sectores da indústria e do retalho,

fortemente impulsionada por questões de se-

gurança, redução de desperdícios e controlo

da qualidade (de produtos mas, sobretudo,

de processos).

Como frisou Jeffrey McDonald, a “certifica-

ção está para ficar, contudo, vai continuar a

evoluir e a mudar para ir cada vez mais ao en-

contro das necessidades da indústria e da

globalização”.

Antes do encerramento, que coube a Ana

Pina Teixeira, administradora executiva do

Grupo SGS Portugal, a conferência contou

com uma breve alocução de Maria de Jesus

Barroso, presidente da Fundação Pro Digni-

tate, que elogiou a SGS pela iniciativa e apelou

a que, mais do que palavras, as empresas

concretizem na prática os valores do desen-

volvimento sustentável. �

Revista do Grupo SGS Portugal06

Destaque

Maria de JesusBarroso, presidente

da Fundação ProDignitate, esteve

presente na sessãode encerramento

Page 8: SGS Global 13
Page 9: SGS Global 13

Desenvolvimento Sustentável

Belmiro de Azevedo, presidente do BCSD Portugal

Desenvolver para

Revista do Grupo SGS Portugal08

Quais as iniciativas que o BCSD Portugal tem vin-

do a desenvolver e tem em curso para atingir os

objectivos a que se propõe?

O papel do BCSD Portugal é o de liderar a nível em-

presarial o caminho rumo ao ‘desenvolvimento

sustentável’, assegurando o desenvolvimento

económico para o país, em consonância com o

progresso social e com a vertente ambiental, e

congregando para isso empresas que encarem o

‘desenvolvimento sustentável’ como um factor es-

tratégico e que possam realmente contribuir para

uma mudança nesse sentido.

Belmiro de Azevedo, o conhecido

empresário líder do grupo

SONAE, é um cidadão activo e

empenhado no desenvolvimento

económico das empresas que lhe

pertencem mas também no do

próprio país. Por isso, defende

que, através de entidades como

o BCSD (Conselho Empresarial

para o Desenvolvimento

Sustentável), é necessário

“assegurar o desenvolvimento

económico para o país, em

consonância com o progresso

social e com a vertente

ambiental, congregando para o

efeito empresas que encarem o

‘desenvolvimento sustentável’

como um factor estratégico de

desenvolvimento”.

Page 10: SGS Global 13

Na fase de arranque que atravessámos du-

rante estes três anos, desde a criação do Con-

selho em Outubro de 2001, a grande prio-

ridade não foi aumentar o número de asso-

ciados mas sim criar um maior envolvimento

dos actuais membros, estabelecendo para

isso esforços de aproximação a uma visão

comum, criando canais de comunicação ade-

quados à sensibilização para este tema e

acções efectivamente participadas pelas

empresas. Após esta fase incial de formação

da organização entramos agora numa nova

fase de estabilização do funcionamento do

Conselho e de maior colaboração e coope-

ração entre as empresas, podendo alargar os

nossos objectivos, o que, sem dúvida, se

reflectirá no intensificar da divulgação das

nossas actividades e no natural crescimento

da organização.

Que resultados concretos já atingiu?

Nestes primeiros anos de existência, organi-

zaram-se múltiplos eventos de formação e

divulgação, elaboraram-se diversas traduções

de publicações, e estreitaram-se as relações

internas com os membros e com o WBCSD,

e as relações externas, na comunicação das

nossas actividades e do nosso papel. Estabi-

lizado o funcionamento da organização, te-

mos agora condições para lançar projectos

mais ambiciosos, que envolvam as empresas

membros e outros grupos de interesse, como

as universidades, que têm um enorme po-

tencial e com os quais se podem criar siner-

gias muito interessantes. É nossa intenção

começar a disponibilizar ferramentas às em-

presas, que lhes permitam desenvolver de

uma forma mais eficaz as suas actividades

segundo os princípios do ‘desenvolvimento

sustentável’, criando condições para que a

via da adopção das práticas correctas se

efectue de uma forma mais rápida e eficiente.

Como uma organização empresarial que

somos queremos, utilizando os mesmos

métodos que nas empresas, que as nossas

metas sejam cumpridas com a criação do

máximo valor para todos os participantes

deste processo, quer sejam os nossos asso-

ciados quer seja qualquer um dos nossos

stakeholders, acreditando que todos temos

a ganhar com este objectivo.

O BCSD deu algum contributo para a defi-

nição da Estratégia Nacional de Desenvol-

vimento Sustentável (ENDS), apresentada

no mês de Julho pelo Governo português?

Quando, em 2002, foi apresentado para

discussão pública o primeiro documento de

Estratégia Nacional de Desenvolvimento

Sustentável, o BCSD Portugal emitiu um

parecer que, resumidamente, dizia que o

documento apenas pecava por ser tardio e

por ser curto o tempo dedicado à sua dis-

cussão pública. Na realidade, o documento,

ainda que mais tarde lhe tivesse sido adicio-

nado o Plano de Implementação 2003, era

sobretudo uma declaração de princípios. Dele

dificilmente se deduziam as prioridades e a

sua hierarquização, a calendarização de ac-

ções, a definição de indicadores e o estabe-

lecimento de instrumentos de avaliação de

desempenho. Por tudo isto, o BCSD Portugal

recomendava a reformulação da ENDS e,

adicionalmente, a promoção mobilizadora dos

cidadãos para o ‘desenvolvimento susten-

tável’. Ora, recentemente, foi divulgada a nova

ENDS-Vol. I, que mais uma vez peca pelo não

envolvimento dos actores fundamentais da

sociedade civil e por não colmatar as defi-

ciências já detectadas na versão de 2002.

Mais uma vez remete para o PIENDS, o que

pressupõe a aceitação da ENDS sem uma

discussão de fundo como o tema merece.

Nada disto põe em causa a competência dos

membros do Grupo de Trabalho que produ-

ziu o documento nem a qualidade do seu

conteúdo mas parece-me estranho que não

tenha sido realizado com uma participa-

ção efectiva dos principais actores. Vamos

aguardar pelo momento de discussão públi-

ca para podermos voltar a dar os nossos

contributos e desafios com o objectivo de

mobilizar a sociedade civil em torno de

objectivos concretos de sustentabilidade,

prosperidade económica e de bem-estar

social.

Reduzir custos através daeco-eficiência e da inovaçãoAs empresas, sobretudo os líderes e ges-

tores portugueses, entendem o que está

em causa quando se fala de desenvolvi-

mento sustentável, de sustentabilidade?

Quando foi introduzido o conceito de qualida-

de nos anos 80, este foi avaliado por muitos

como mais um custo que diminuía a capaci-

dade competitiva das empresas. Hoje em dia,

garantir a qualidade do produto ou serviço

prestado é uma exigência do mercado sem

a qual uma empresa não pode sobreviver. Do

mesmo modo, as questões ambientais e so-

ciais serão cada vez mais factores essenciais

em qualquer negócio, e as empresas que se

aperceberem da oportunidade que é intrínse-

ca ao caminho do ‘desenvolvimento susten-

tável’, poderão criar vantagens imediatas de

redução de custos pela eco-eficiência e ino-

vação, e vantagens de longo prazo pela an-

tecipação das tendências do mercado, pela

melhoria na sua imagem e pela transparência

das suas actividades.

O que pode e deve ser feito, e por quem,

para que a imensa maioria de pequenos e

médios empresários o perceba?

A principal via é a da participação no processo

de mudança que este desafio representa. Há

que aumentar a percepção das vantagens do

‘desenvolvimento sustentável’ para o fun-

cionamento das empresas, como principal

motor da adesão das mesmas a estas práticas.

A demonstração de que estamos perante um

factor concorrencial positivo, gerador de

vantagens no médio e longo prazo, é funda-

mental. Depois há que disponibilizar ferra-

mentas de trabalho, que tanto poderão ser

baseadas no benchmarking de experiências

de sucesso já desenvolvidas, nacional e

internacionalmente, nas metodologias de

monitorização, nos mecanismos de comu-

nicação e também no alargamento das rela-

ções entre os diferentes stakeholders. Para

os mais descrentes há que disponibilizar

projectos que pelo seu funcionamento criem

valor para as empresas, funcionando como

Revista do Grupo SGS Portugal 09

Desenvolvimento Sustentável

continuar a liderar

Page 11: SGS Global 13

catalizador das mudanças, enfatizando a

constatação directa de experiências piloto.

Porém, o ‘desenvolvimento sustentável’ não

diz só respeito às empresas, envolve todas

as entidades e indivíduos que interagem na

nossa sociedade, tais como o governo, as

ONGs, a administração pública, as univer-

sidades, entre outros. É necessária a coorde-

nação de todos estes actores para se alcan-

çar o ‘desenvolvimento sustentável’. As

empresas, como principais criadoras de

riqueza e de desenvolvimento, têm um im-

portante papel e influência em toda a socie-

dade. Essa é a principal tarefa que o BCSD

Portugal tem entre mãos, promover a adop-

ção de práticas de desenvolvimento sus-

tentável pelo tecido empresarial nacional,

traduzindo os princípios em acções concretas

e tentando envolver todos os stakeholders

nesta missão.

Competitividade e responsabilidade social

são conceitos convergentes?

A clarificação da questão da competitividade

é deveras relevante tanto mais que ela é mui-

tas vezes referida como argumento contra os

conceitos de ‘responsabilidade social’ ou de

‘desenvolvimento sustentável’. Não estará

um país mais condicionado por um regime

ambiental ou de sustentabilidade a perder a

sua capacidade competitiva face aos seus

concorrentes? De acordo com o Relatório

da Competitividade Global de Michael Porter,

há, de forma geral, uma relação entre as exi-

gências ambientais e a capacidade competitiva

do país que evidencia o contrário, ou seja,

que os países mais competitivos são aqueles

que actualmente mais sujeitos estão e mais

atenção prestam às restrições de natureza

ambiental.

Mesmo que a curto prazo pareça poderem

surgir dificuldades em manter o mesmo nível

de competitividade, pela necessidade de

realizar investimentos estruturantes, a opção

pela ‘sustentabilidade’ e ‘responsabilidade

social’ como parte da visão estratégica da

empresa constitui a longo prazo uma forte

fonte de vantagem competitiva.

Sonae quer liderar no desenvolvimentosustentadoComo é que se aplicam os conceitos ine-

rentes ao desenvolvimento sustentável no

Grupo Sonae?

Por todo o mundo, as empresas, bem como

outras organizações, estão a ser confronta-

das com uma necessidade de ‘prestação de

contas’ de uma forma bastante distinta da-

quela que era normal ocorrer no passado

recente. Este conjunto de novas exigências

lança, pois, um desafio significativo quer

aos gestores quer aos pensadores da área de

gestão e da economia no que respeita ao

tema da accountability. Em Portugal, com

algum atraso sobre outros países, o conceito

de ‘desenvolvimento sustentável’ parece es-

tar agora a entrar mais no léxico organizacio-

nal que no passado recente, embora quer a

reflexão quer as práticas estejam ainda muito

longe da massa crítica mínima que se possa

considerar razoável e que se encontra já nou-

tros espaços económicos. Eu próprio e a

Sonae, desde muito cedo, adoptámos uma

postura de introdução das melhores práticas

mundiais neste tema, tanto mais que a ex-

posição internacional que temos em muitos

negócios nos permitiu perceber as vantagens

competitivas que adviriam para o grupo de

tal atitude. O tema da sustentabilidade, na

Sonae, está presente aos mais diferentes

níveis, quer no processo de Planeamento

Estratégico quer no esforço de prática quo-

tidiana de gestão e ainda nos diferentes fora

horizontais de partilha de co-

nhecimento e experiências

que estão disseminados pelo

grupo.

E os resultados vão surgindo

em cada negócio do grupo?!…

É verdade que sim e nós te-

mos consciência absoluta

desse facto. A SONAE, que

em vários dos seus negócios

tem uma forte exposição in-

ternacional, gere este tema a

dois níveis: do ponto de vista

global existem orientações

muito claras, através dos prin-

cípios de governação de ca-

da sub-holding e da holding,

que privilegiam uma orien-

tação inequívoca para o desenvolvimento

sustentável. Estes princípios têm tradução,

inclusive, ao nível de funções corporativas ou

de fora de reflexão no que respeita à orien-

tação geral, desafio e partilha de melhores

práticas que não conhecem fronteiras e que

são muitas vezes geridos por equipas multi-

disciplinares e multi-país. Adicionalmente, ao

nível local há uma responsabilização objecti-

va da gestão quer face ao cumprimento das

diferentes legislações locais quer face à

resposta que tem de ser dada, dentro de cada

negócio, no âmbito do desafio e da partilha

das melhores práticas globais. O caminho do

desenvolvimento sustentável é longo e, por

isso mesmo, quer de per si quer na interacção

com os diferentes actores de cada cadeia

de valor, os diferentes negócios da Sonae

têm ainda um percurso importante a percorrer.

A nossa vantagem advém do facto de, cons-

cientemente, estarmos dispostos a liderar

este percurso. �

Desenvolvimentos Sustentável

Revista do Grupo SGS Portugal10

“A opção pela

‘sustentabilidade’ e

‘responsabilidade social’

como parte da visão

estratégica da empresa

constitui a longo prazo

uma forte fonte de

vantagem competitiva.”

Page 12: SGS Global 13
Page 13: SGS Global 13

Desenvolvimento Sustentável

Revista do Grupo SGS Portugal12

O BCSD Portugal - Conselho

Empresarial para o

Desenvolvimento Sustentável,

constituído em 2001, tem como

propósito despertar as empresas

portuguesas para o desafio do

‘desenvolvimento sustentável’. O

percurso ainda é curto, mas a franca

adesão das empresas tem feito

sobressair a crescente preocupação

do meio empresarial com esta

temática.

Sustentabilidadedas empresas

Promover e potenciar a

Luís Rochartre Álvares,secretário-geral do BCSD Portugal

Sensibilizar as empresas para a meta

do ‘desenvolvimento sustentável’,

através da procura de modelos de

actuação capazes de simultaneamente ge-

rarem riqueza e contribuírem para a melhoria

da qualidade de vida da sociedade, é o grande

objectivo do BCSD Portugal. Esta associação

nasceu da tentativa de transpor para Portu-

gal os princípios orientadores do WBCSD –

World Business Council for Sustainable De-

velopment, uma organização que funciona

como um agrupamento de empresas empe-

nhado em prosseguir o caminho do ‘desen-

volvimento sustentável’. A Sonae, a Cimpor

e a Soporcel, empresas associadas do Con-

selho Mundial, tomaram a iniciativa de fun-

dar o BCSD Portugal, em Outubro de 2001,

no seguimento de outros conselhos que foram

sendo criados um pouco por todo o mundo.

Actualmente, o Conselho Mundial agrega

mais de 50 organizações espalhadas por

diversos países, que em comum têm a visão

partilhada de um mercado empresarial carac-

terizado pela prosperidade económica assen-

te nas regras da ética social e da protecção

do ambiente.

Em Portugal, o BCSD vem conquistando ter-

reno, ao conseguir passar a mensagem do

‘desenvolvimento sustentável’ a um número

cada vez maior de empresas. “Neste momen-

to, temos 51 associados e mais 9 empresas

em processo de pré-adesão. Segundo as

nossas perspectivas, chegaremos ao final de

2004 com cerca de 80 empresas associadas,

o que corresponde a uma duplicação de mem-

bros, já que no início do ano tínhamos 40

empresas”, constata Luís Rochartre Álvares,

secretário-geral do BCSD Portugal.

As palavras de ordem na associação são a

discussão e a partilha de ideias, pelo que Luís

Rochartre Álvares não aceita uma via única

para a obtenção de resultados. “Não há uma

forma específica de adoptar práticas de ‘de-

senvolvimento sustentável’ nas empresas,

há antes um conjunto de formas diferentes,

relacionadas com a actividade de cada em-

presa”, defende.

Ferramentas ao alcance das empresasO BSCD prefere apontar alguns princípios base

e reforçá-los com a apresentação daquilo que

considera como o business case do ‘desen-

volvimento sustentável’ e que consiste na aten-

ção a factores como a redução do risco, a efi-

ciência e a efectividade operacional, o recru-

tamento e a retenção de talentos, o aumento da

Page 14: SGS Global 13

criação de valor, a licença para operar e

inovar, a protecção da base de recur-

sos das matérias-primas e, por fim, o

sentido da vida, ou seja, a convicção de

que o negócio só é próspero numa so-

ciedade bem sucedida.

O BCSD Portugal tem vindo a elaborar

um conjunto de relatórios e brochuras

relativas ao ‘desenvolvimento sus-

tentável’ e pretende realizar a curto

prazo workshops e acções de forma-

ção que possam divulgar mais efi-

cazmente as ferramentas que já exis-

tem e que podem ser adoptadas por

cada empresa em particular. Nesse

sentido, Luís Rochartre Álvares sus-

tenta que o BCSD “pretende disponi-

bilizar às empresas um conjunto de

metodologias que lhes permita ir mais

depressa no sentido do desenvolvi-

mento destas acções, nomeadamen-

te fazendo com que o BCSD funcione

como um fórum onde as empresas

se encontrem para, de uma forma

conjunta, discutirem os problemas e

as soluções para dar resposta aos

constantes desafios que lhe são co-

locados”.

O trabalho de campo do BCSD Portu-

gal passa também, e cada vez mais,

pela adaptação à realidade de cada

empresa-membro, ajustando às ne-

cessidades específicas de cada sócio

a abordagem dos caminhos mais ade-

quados.

Para a maioria das empresas, a porta

de entrada na realidade do ‘desenvol-

vimento sustentável’ é a área ambi-

ental. Ainda que essa postura seja

louvável e merecedora de continui-

dade, Luís Rochartre Álvares chama

a atenção para a necessidade de se

prosseguir no sentido de uma pers-

pectiva integrada do ‘desenvolvimen-

to sustentável’, isto é, uma aborda-

gem que equilibre os planos ambien-

tal, social e económico. Segundo o

secretário-geral do BCSD, “algumas

empresas portuguesas já começam

a produzir relatórios de responsabi-

lidade social, outras apresentam, a

par do relatório e contas, relatórios

ambientais e há, inclusive, empresas

com relatórios de desenvolvimento

sustentável já publicados, ou seja,

relatórios com uma abordagem inte-

grada”.

Há ainda um longo a caminho a per-

correr, mas Luís Rochartre considera

que há uma evolução por parte das

empresas nacionais. Este responsá-

vel adianta também – como ideia a

desenvolver a curto prazo – que os

relatórios actuais ainda carecem de

“um processo de verificação inde-

pendente”, que à semelhança dos

actuais certificados da qualidade, pos-

sa conferir credibilidade aos relató-

rios e, consequentemente, garantir a

consistência da actuação das empre-

sas na área do ‘desenvolvimento sus-

tentável’. �

Revista do Grupo SGS Portugal 13

Desenvolvimento Sustentável

As empresas associadas ao BCSD Portugal devem preencher os

seguintes requisitos:

�Ter uma posição sólida e influente na respectiva área de

actividade;

�Ser legal e operacionalmente independentes;

�Estar representadas em Assembleia Geral pelo CEO ou um

Executivo de grau equivalente;

�Nomear um delegado para gerir a comunicação com o BCSD

Portugal e assim garantir a melhor ligação à empresa associada;

�Publicar um Relatório Ambiental num prazo de três anos após a

adesão e aspirar a alargar a sua cobertura às três vertentes do

desenvolvimento sustentável – económica, ambiental e social;

� Pagar a quota anual, determinada pela Assembleia Geral.

A adesão é proposta ao BCSD Portugal pela empresa

interessada através da apresentação da Candidatura de Adesão.

Condições de Adesão ao BCSD

Page 15: SGS Global 13

O que é que a SGS entende por ‘desenvol-

vimento sustentável’?

A melhor definição do conceito ‘desenvolvi-

mento sustentável’ foi dada em 1987, no

Relatório Brundtland, que diz o seguinte: o

‘desenvolvimento sustentável’ é aquele que

satisfaz as necessidades do presente, sem

comprometer a capacidade das gerações

futuras fazerem o mesmo. Contudo, penso

que é necessário operacionalizar o conceito,

para que o mesmo não se transforme numa

bandeira cheia de significado mas sem utili-

dade alguma. Assim sendo, a SGS interpreta

o ‘desenvolvimento sustentável’ numa pers-

pectiva integrada, composta por três ele-

mentos fundamentais: o económico, que

contempla a óbvia necessidade da sustenta-

bilidade financeira de qualquer empresa; o

ambiental, que visa minimizar os impactos

ambientais das actividades económicas e das

acções humanas; e o social, através do qual

pretendemos contribuir para um impacto po-

sitivo na comunidade, recorrendo à utilização

de práticas empresariais éticas que incluem

a disponibilização de boas condições de

trabalho e o envolvimento activo na comu-

nidade de acolhimento da empresa.

E como é que integra neste conceito o de

'responsabilidade social'?

A responsabilidade social é inerente à sus-

tentabilidade. Implica, nomeadamente por

parte das empresas, uma consciencialização

para questões como a preservação do ambien-

te, a obrigação moral e ética de respeitar os

direitos do próximo, o investimento correcto

e adequado de capitais, com vista a garantir

a continuidade da actividade, apenas para

nomear alguns exemplos. Todos eles impli-

cam uma cultura de responsabilidade e cons-

ciência social, ao mesmo tempo que são fun-

damentais para o desenvolvimento susten-

tável.

Ferramentas credíveis já operacionaisQue áreas de actividade da SGS estão

voltadas para a prestação de serviços que

apoiem as empresas portuguesas nestes

domínios, em particular?

A responsabilidade social é uma área de

grande envolvimento da SGS a nível global.

Em 1998, a SGS foi o primeiro Organismo de

Certificação a ser acreditado pela SAI para

certificar Sistemas de Gestão de Responsa-

bilidade Social, de acordo com a norma SA

8000. Este envolvimento reflecte-se, igual-

mente, em programas de avaliação de for-

necedores, de âmbito global e nacional, no

que respeita ao cumprimento de códigos de

conduta. As actividades incluídas nesses

programas abarcam o desenvolvimento de

códigos próprios, a realização de auditorias

aos fornecedores dos clientes SGS e, em al-

guns casos, o acompanhamento das acções

correctivas resultantes das não-conformidades

encontradas.

E no domínio da sustentabilidade?

A visão actual da sustentabilidade potencia

a perspectiva estratégica “Triple Bottom Line

Approach”: Responsabilidade Social, Am-

biental e Económica, pelo que torna difícil cir-

cunscrever os serviços da SGS relacionados

pela transversalidade às organizações. No

entanto, a verificação de Relatórios de Sus-

tentabilidade merece particular referência

pelos carácter inovador, uma vez que a SGS

Desenvolvimento Sustentável

Revista do Grupo SGS Portugal14

SGS empenhadanuma causa comum

Ana Pina Teixeira,

administradora

executiva do Grupo

SGS em Portugal,

tem uma visão

integrada e

integrável do

‘desenvolvimento

sustentável’.

Através dela

procura contribuir

para o bem comum

do país e dos

restantes agentes

económicos.

Page 16: SGS Global 13

é o primeiro Organismo Verificador

Independente a disponibilizar um ser-

viço estruturado de verificação. A Ve-

rificação Independente de Relató-

rios de Sustentabilidade resulta da

produção crescente dos mesmos e

das questões relacionadas com a cre-

dibilidade dos dados publicados. O

serviço SGS é sustentado em refe-

renciais válidos e credíveis interna-

cionalmente, a norma AA 1000 AS e

as Guidelines GRI, que é uma ferra-

menta versátil, pois pode ser aplicada

a relatórios sociais ou que versem a

sustentabilidade.

O Grupo SGS em Portugal é sus-

tentado e sustentável? Como o con-

seguem? Que factores pesam mais

na gestão das vossas empresas pa-

ra que os resultados sejam positi-

vos?

A SGS considera todas estas ques-

tões um desafio à sua própria orga-

nização, no sentido de tentar aplicar

internamente os conceitos de uma

forma prática e de envolver todos os

seus colaboradores. Posso dar-lhe um

exemplo mais concreto: neste mo-

mento decorre um fórum de discus-

são interno relativamente a iniciativas

a desenvolver na época natalícia. O

retorno tem sido muito positivo e as

sugestões muito originais.

A recente adesão ao Conselho Empre-

sarial para o Desenvolvimento Susten-

tável em Portugal foi outro desafio que

nos propusemos, com o objectivo de

ter uma presença mais activa e mais

visível na comunidade. E a certificação

ambiental, projecto que vai arrancar

antes do fim do ano, é outro exemplo

do nosso envolvimento com a comu-

nidade para que todos funcionemos

bem e com resultados positivos.

Membro activo do BCSD PortugalComo membro do BCSD Portugal,

que contributo a SGS pretende dar

ou está disposta a dar para o 'desen-

volvimento sustentável' do tecido

empresarial português?

Considero que o BCSD Portugal é uma

organização de grande valor, que está

a ganhar força no meio empresarial

português. O número de associados

está a crescer, assim como o número

de acções desenvolvidas. A SGS, assim

como todos os associados do BCSD

Portugal, tem uma importante função

de divulgação das acções planeadas,

de forma a reforçar o papel pedagógi-

co que o BCSD Portugal desempenha

junto das empresas. Assim sendo, é

óbvio que a SGS vai dar o seu melhor

como membro, também no sentido de

contribuir ao nível de conteúdos, fóruns

de discussão e com novas ideias para

a actividade do BCSD Portugal.

Que função gostaria que o BCSD

Portugal desempenhasse com mais

eficácia, e que acção desenvolveria

para o tornar mais visível junto das

empresas nacionais?

O BCSD Portugal é uma organização

com enorme potencial. Como integra

algumas das maiores empresas na-

cionais, tem todas as condições pa-

ra conseguir um importante impacto

na sociedade portuguesa depende

de todos os seus membros e da pró-

pria organização. A eficácia da sua ac-

ção. Mais uma vez, afirmo, que a di-

vulgação das ferramentas de que o

BCSD Portugal dispõe para auxiliar as

empresas é de importância capital,

quer para o sucesso da iniciativa quer

para o desenvolvimento sustentável

do país. �

Revista do Grupo SGS Portugal 15

Desenvolvimento Sustentável

“Em 1998, a SGS foi o primeiro Organismo de Certificação a

ser acreditado pela SAI para certificar Sistemas de Gestão de

Responsabilidade Social.”

ESCRITÓRIOS �LISBOA

Edificio Atlas II – Av José Gomes Ferreira, 11 – 5º/6º 1495-139 Miraflores – Algés Telf.: 214 127 200 Fax: 214 127 290

�LEÇA DA PALMEIRA Rua Veloso Salgado, 583/587 4450-801 Leça da Palmeira Telf.: 229 994 500 Fax: 229 994 590

�SINES Rua Emmérico Nunes, 12 7520-209 Sines Telf.: 269 634 181 Fax: 269 634 182

�MADEIRA Edif. Villas Madalena, 237 Lj. C, Caminho de Stº António 9000-321 Funchal Telf.: 291 740 360 Fax: 291 740 368

�AÇORES R. José do Canto, 21 – 2º Piso 9500-076 Ponta Delgada Telf.: 296 302 590 Fax: 296 302 599

LOGÍSTICA

�MAIA Rua do Outeiro, 29 Zona Industrial da Maia, Gemunde 4470 - 208 Maia Telf.: 229 435 610 Fax: 229 435 619

�SACAVÉM Armazéns Unifirme Quinta S. João das Areias, Camarate 2686-997 Sacavém Telf.: 219 488 320 Fax: 219 470 691

REGULAÇÃO DE SINISTROS

�R. Dr. Nicolau de Bettencourt, 45 1069-131 Lisboa Telf.: 213 843 800 Fax: 213 843 810

�Rua D. Frei João de Faro,36/38 8000 Faro Telf.: 289 812 352 Fax: 289 812 386

�Rua Vale Sepal, Urb. Planalto, Lt 6, Loja 13 2415-395 Leiria Telf.: 244 815 660 Fax: 244 836 529

LABORATÓRIOS

�CACÉM Rua Proj. ao Alto da Bela Vista Conjunto Empresarial, Edif. B 2735-319 Cacém Telf.: 214 269 450 Fax: 214 269 480

�CARTAXO Estrada Nacional, 365 - 2 Apartado 120 2071-909 Cartaxo Telf.: 243 770 060 Fax: 243 702 846

�LEÇA DA PALMEIRA R. Veloso Salgado, 619 - 1º Dir.4450-801 Leça da Palmeira Telf.: 229 994 502 Fax: 229 994 598

�SINES Terminal Petrolífero – APS 7520-953 Sines Telf.: 269 860 616 Fax: 269 860 792

www.pt.sgs.com

Page 17: SGS Global 13

De que forma é que a SGS contribui para

que as empresas controlem de modo mais

eficiente as emissões de carbono?

O Programa para a Mudança Climática da SGS

disponibiliza serviços de verificação e valida-

ção essenciais para a integridade ambiental

e financeira dos mercados de emissão de

carbono.

As emissões de carbono não podem ser me-

didas directamente. Normalmente, são cal-

culadas com base nos registos de consumo

de energia. Consequentemente, há um espa-

ço considerável para a perda de dados e erros,

o que pode até ser financeiramente atractivo

para empresas que actuam de forma fraudulen-

ta. E esse tipo de actuação deturpa a integri-

dade ambiental do mercado, pois os números

que são apresentados não correspondem ao

quadro real da totalidade das emissões.

São entidades terceiras, como a SGS, que

verificam os dados usados para calcular as

emissões, de forma isenta e independente.

A SGS pede os dados, verifica-os e emite uma

Opinião de Verificação. Mas esta ‘opinião’ só

é efectivamente emitida depois da SGS con-

firmar que as emissões estão descritas de

forma completa (que incluem todas as fontes),

consistente (que os protocolos de medição

foram correctamente aplicados), rigorosa (que

os contadores medem os fluxos de energia

com um grau aceitável de fiabilidade), trans-

parente e sem erros materiais.

Essa Opinião de Verificação destina-se

somente às empresas ou também às en-

tidades reguladoras?

É útil para ambas. As entidades reguladoras

aceitam a Opinião da SGS, nas áreas em que

está acreditada, e usam essa informação para

verificarem a conformidade entre a actuação

das empresas e as suas respectivas licenças.

Ao mesmo tempo, o processo de verificação

feito pela SGS também é extremamente útil

para as empresas, pois contribui para a iden-

tificação de áreas onde os dados não estão

a ser reportados correctamente ou em que

a exactidão desses dados pode ser melhora-

da. Isto ajuda as empresas a compreenderem

melhor as suas emissões de GHG (Green

House Gases), e a medi-las e registá-las me-

lhor daí para a frente. À medida que as empre-

sas compreendem melhor as suas emissões,

melhor se posicionam para definirem e ava-

liarem as suas estratégias de gestão, nomea-

damente para optarem por cessar ou negociar

as emissões no mercado.

Desenvolvimento Sustentável

Revista do Grupo SGS Portugal16

A SGS (através da Divisão de Ambiente) desenvolveu o

Programa para a Mudança Climática, que fornece serviços de

verificação e validação essenciais para a integridade

ambiental e financeira dos mercados de emissão de carbono.

Em entrevista, Gareth Phillips, global product manager do

programa, fala dos desafios que se colocam ao mercado do

carbono e das mais-valias do Grupo nesta matéria.

SGS activa na

Protecção do ambiente Protecção do ambiente

SGS activa na

Page 18: SGS Global 13

Quais são os principais desafios que se

colocam ao funcionamento do mercado

de carbono e, em particular, à implemen-

tação do Protocolo de Quioto?

Um dos aspectos mais importantes é, sem

dúvida, o de saber como queremos que o

mercado funcione em 2008, e onde estamos

neste momento. 2008 é o ano de arranque

da primeira fase do compromisso assumido

no Protocolo de Quioto, e que determina que

até 2012 as emissões de carbono dos países

aderentes devem ser reduzidas até atingirem

valores 5,2% abaixo dos níveis de 1990.

Depois da recusa dos EUA em assinarem o

Protocolo, todas as atenções estão viradas

para a Rússia, que anunciou recentemente

que irá ratificá-lo até ao final de Outubro, e

quando isso acontecer o documento vai poder

finalmente entrar em vigor.

A decisão da Rússia é, então, muito im-

portante?!…

Sem dúvida, até porque é importante que em

2008 tenhamos operacional um mercado que

permita o comércio livre das licenças de emis-

sões de carbono, quer às partes contratantes

(governos) quer, até preferencialmente, às

empresas e aos indivíduos. Mas para que isso

aconteça, precisamos de encontrar um meio

de controlo que permita seguir o rasto de cada

licença que é emitida ou transferida, de modo

a que cada uma delas esteja apenas regista-

da num só lugar e numa só data (para evitar

a dupla contagem). Necessitamos também

de sistemas que assegurem que uma tone-

lada de CO2, ou equivalente, é medida da

mesma forma no Japão ou em França, e

que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

(Clean Development Mechanism) funciona

uniformemente em projectos em Marrocos

ou no Brasil, por exemplo. E é igualmente

importante que se consiga atingir a equiva-

lência ambiental ou, pelo menos, acordos

políticos relativamente aos diferentes siste-

mas de comércio das emissões. Por exemplo,

teoricamente há uma ligação entre as normas

ETS (Emission Trading System) da União Eu-

ropeia e o Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo, mas as complexidades práticas para

completar a transmissão ainda não foram

inteiramente esclarecidas. Entretanto, fala-

-se com alguma frequência sobre sistemas

de negociação de emissões específicos do

Canadá e do Japão, mas ainda não se sabe

se implicam alguma ligação às normas ETS

da União Europeia.

Portanto, a questão primordial é a das re-

gras ainda não estarem completamente defi-

nidas, o que significa que há ainda um mun-

do de coisas por fazer e que haverá impor-

tantes desenvolvimentos ao longo dos pró-

ximos anos.

Uma questão de eficiênciaDe que modo é que o mercado do carbono

pode afectar as mudanças climáticas no

nosso planeta?

O impacto a curto e médio prazo é limitado

e, cientificamente, ainda é extremamente

difícil prever o que pode realmente acontecer

com o aumento da concentração de gases

na atmosfera a longo prazo. Mas há informa-

ção que já temos e que não é animadora:

sabemos que, uma vez libertada para a at-

mosfera, uma tonelada de CO2 exerce o seu

impacto durante um período de 100 anos e

que (independentemente da proveniência dos

gases – seja de um jazido carbonífero na Ín-

dia ou de gás natural na Europa) se efectiva

uma mistura de gases na atmosfera global,

o que significa que não interessa onde é feita

a emissão nem tão pouco onde ocorre a sua

redução. Consequentemente, podemos usar

o mercado para uma gestão de recursos mais

eficiente, alcançando objectivos com o míni-

mo custo ou conseguindo a maior redução

possível em função duma determinada quantia

de dinheiro. É o que se passa nos esquemas

de negociação. Aos participantes é atribuído

um número de licenças para emitirem duran-

te determinado período (uma ano, habitual-

mente). Estes, em contrapartida, comprome-

tem-se a prestar contas do controlo das emis-

sões que lhes foram atribuídas e a verificarem

se coincidem com as licenças que têm em

seu poder.

Aqueles que conseguem reduzir as suas

emissões abaixo do que lhes foi atribuído,

podem vender o que sobra aos que decidem

aumentar as emissões e exceder a sua quota.

Há uma enorme flexibilidade na forma como

os participantes podem actuar. Por exemplo,

podem optar pela redução de emissões de

CO2 instalando centrais termoeléctricas ou

adoptando soluções de maior eficiência ener-

gética; reduzir a produção, (o que não é uma

opção muito comum); racionalizar as unida-

des industriais; comprar a projectos ao abrigo

dos mecanismos CDM ou Implementação

Conjunta, ou, ainda, comprar no mercado aos

outros participantes ETS.

Então, o melhor é que o mercado funcione

por si?

Os esquemas de comércio são mais vanta-

josos do que os sistema de controlo tradi-

cionais, nos quais uma autoridade ambiental

define os limites, tentando depois fiscalizar

o seu cumprimento.

O modelo ETS é muito mais eficiente para se

atingirem objectivos bem definidos. Estas

‘regras’, ao mesmo tempo que reduzem o

impacto na atmosfera, ajudam a reduzir a mu-

dança climática e contribuem para o desen-

volvimento sustentável. O actual mercado do

carbono transacciona quantidades mínimas

de emissões, comparando com o quanto é

necessário reduzir no futuro, mas, mesmo

assim, a flexibilidade e a eficiência das regras

de mercado são fundamentais a longo prazo.

Serão as pressões do mercado que irão en-

corajar o investimento nas tecnologias ino-

vadoras necessárias para a redução de emis-

são de gases para a atmosfera. �

Revista do Grupo SGS Portugal 17

Desenvolvimento Sustentável

“Depois da recusa

dos EUA em assinarem

o Protocolo de Quioto,

todas as atenções estão

viradas para a Rússia,

que anunciou

recentemente que irá

ratifica-lo até ao final de

Outubro, e quando isso

acontecer o documento

vai poder finalmente

entrar em vigor.”

Page 19: SGS Global 13

Responsabilidade Social

Revista do Grupo SGS Portugal18

Deborah Leipziger, directora da Social

Accountability International (SAI) na

Europa, evidencia na entrevista que

concedeu à SGS Global o crescimento

significativo do número de empresas que

adoptam a norma SA 8000 e alerta os

agentes económicos para o facto dos

consumidores estarem cada vez mais

atentos ao comportamento das empresas

produtoras de bens e serviços. Mais

eficiência e maior produtividade são

alguns dos resultados que, em seu

entender, qualquer empresa pode esperar

da implementação das práticas de

responsabilidade social.

Uma virtude daglobalização

O que é a ‘responsabilidade social’ das em-

presas e porque tem vindo a adquirir cada

vez maior dimensão?

A responsabilidade social das empresas (a

que prefiro chamar ‘cidadania corporativa’) é

um acto contínuo, que vai da cidadania mínima

(o cumprimento das leis em vigor) até um

complexo relacionamento de direitos e res-

ponsabilidades interligados entre uma em-

presa, os seus colaboradores e a comunidade

em que se insere, e no qual as vertentes so-

ciais e ambientais interagem para reforçar a

estratégia da empresa.

Por que está a crescer? Porque vivemos numa

era de globalização, na qual a produção é feita

à escala mundial, facto que conduz a uma

enorme pressão sobre os salários e os bene-

fícios sociais dos colaboradores, que tendem

a diminuir. Acresce que a revolução tecno-

lógica a que temos vindo a assistir, permite-

-nos ver o que se passa nas fábricas do mundo

inteiro. Com a CNN e

a internet a funciona-

rem como funcionam,

as empresas não po-

dem continuar a es-

conder realidades co-

mo o trabalho infantil

e o trabalho forçado.

Qual o ponto de situação da aplicação da

norma SA 8000?

A adesão à norma SA 8000 cresce de ano

para ano. No final de 2004, estarão, acredito

profundamente, certificadas pela SA 8000

centenas de empresas, em mais de 30 países

e em diversos sectores de actividade. A Gucci,

por exemplo, anunciou recentemente que irá

encorajar os seus fornecedores italianos a

adoptarem a norma SA 8000 e penso que

muitas outras grandes empresas lhe seguirão

o exemplo.

É possível estabelecer uma relação de cau-

sa-efeito entre a maior ou a menor adesão

à SA 8000 e as empresas localizadas em

países que respeitam os direitos humanos

e laborais?

Há várias empresas certificadas pela norma

SA 8000 no Brasil, na China, na Índia e em

Itália. Creio que as empresas destes países

querem diferenciar-se das restantes, quer

operem nos seus mercados nacionais ou não,

uma vez que a pressão dos consumidores

também começa a fazer-se sentir. Quem com-

Deborah Leipziger

Page 20: SGS Global 13

pra, na Europa e nos Estados Unidos, quer

ter provas de que as empresas produtoras de

bens e serviços respeitam os seus traba-

lhadores, a comunidade e o ambiente. Talvez

por isso, as empresas que estão a aconselhar

os seus fornecedores a aderirem à norma SA

8000 se localizem, maioritariamente, na Eu-

ropa e nos Estados Unidos, ou seja, em paí-

ses que já ratificaram muitas das convenções

da OIT - Organização Internacional do Trabalho.

De que modo é que a SAI promove a utili-

zação da SA 8000 na União Europeia? Exis-

tem protocolos com organismos da União

Europeia e/ou dos Estados-Membros?

A Comissão Europeia disponibilizou verbas

para a SAI Europa trabalhar com o sector dos

curtumes, designadamente para ajudar as

empresas a adoptarem os procedimentos da

norma SA 8000 e para procederem à sua

implementação e certificação. E este projecto

foi um sucesso porque registámos a partici-

pação de micro-empresas de vários países

europeus. Regularmente, a SAI ministra ac-

ções de formação na área dos sistemas de

gestão e das condições sociais e tem em vi-

gor protocolos de cooperação com vários sin-

dicatos e organizações não governamentais

(ONGs).

Promover a eficiência e a produtividadeQuais são as mais-valias da norma SA 8000?

A norma SA 8000 ajuda as empresas a tor-

narem-se mais eficientes e mais produtivas

e a obterem produções de maior qualidade

percebida. Por exemplo, quando uma empre-

sa, em que a prática do trabalho infantil é

frequente, opta por trabalhar apenas com

trabalhadores adultos e qualificados, a sua

produção pode ser comercializada na íntegra,

porque os defeitos e os erros de produção

são mínimos quando comparados com os da

situação anterior. E se a rejeição é menor, a

facturação cresce e o lucro líquido também,

necessariamente. Mas há outras vantagens,

como a maior ‘fidelização’ da força de trabalho

e a melhoria do seu desempenho, a melhoria

da gestão interna da própria empresa, a me-

lhoria da gestão da cadeia de abastecimento,

a protecção da imagem e da reputação perante

a sociedade, e a possibilidade de chegar a

novos mercados e a novos clientes.

Esses resultados são mensuráveis ou

estamos perante valores intangíveis?

A Universidade de Nynerode, na Holanda,

está a desenvolver um estudo que visa medir

o impacto da norma SA 8000 e que depois

de concluído, estou certa, nos trará agradáveis

surpresas. Para já, sabemos que é difícil quan-

tificar os benefícios, pois há sempre muitos

factores e condições a ter em conta ao mes-

mo tempo, mas, felizmente, não é impossível

e uma empresa onde os colaboradores se

sentem bem porque são tratados respeito-

samente é (tem que ser!) mais rentável.

É uma norma difícil de implementar? Im-

plica, por exemplo, investimentos avul-

tados na adequação de instalações fabris

às correctas condições de trabalho?

Qualquer empresa terá sempre que fazer

algumas melhorias para alcançar o certificado

SA 8000. Todavia, o maior ou menor grau de

dificuldade varia de empresa para empresa.

Varia, sobretudo, em função do sector em

que opera, da sua dimensão, das condições

sociais da região em que está inserida e do

número e tipo de sistemas de gestão imple-

mentados. Por exemplo, para empresas que

já tenham obtido a certificação ISO 9000:2000

ou a ISO 14001, será mais fácil obter a cer-

tificação de acordo com a norma SA 8000.

Quais as razões porque não há mais em-

presas a adoptarem e a certificarem-se

em conformidade com a norma SA 8000?

Algumas empresas invocam que o processo

de certificação tem custos elevados. Outras

não o fazem porque pura e simplesmente os

seus clientes não o exigem. Outras porque a

desconhecem. E em todas estas vertentes é

necessário agir para que a pré-disposição das

empresas aumente. A SAI está atenta e procura,

através das suas associadas locais, promover

e desmistificar todas estas situações.

As entidades certificadoras acreditadas

pela SAI para procederem à certificação

SA 8000 são quase todas multinacionais

com escritórios em todo o mundo, como

é o caso da SGS. Há alguma razão em parti-

cular para isso acontecer?

Questões como o trabalho infantil e a dis-

criminação social são problemas globais e

persistem, infelizmente, em todo o mundo.

Como tal, a sua resolução carece, regular-

mente, de abordagens globais, que possam

ser adaptadas localmente. E este exercício

é fácil de fazer por parte das empresas mul-

tinacionais (como a SGS), que através das

suas estruturas locais, sustentadas numa vas-

ta rede de competências e de profissionais

espalhada por todo o mundo, conhecem me-

lhor os diversos tecidos empresariais com

que trabalham. Acresce que uma empresa

presente em vários mercados, prefere traba-

lhar em todos eles com o mesmo organismo

certificador, porque é mais eficaz e o retorno

é, obviamente, mais rápido e mais elevado

devido às sinergias que é possível optimizar.

Mas também há espaço para outros interve-

nientes. Recordo que em Itália, por exemplo,

há já duas empresas locais acreditadas pela SAI.

Quais são os projectos que a SAI prevê

realizar no curto e médio prazo?

No presente estamos empenhados em tra-

balhar com mais países, designadamente com

aqueles em que os problemas sociais e am-

bientais são mais elevados, e com sectores

propícios, infelizmente, a práticas socialmente

‘incorrectas’. É por isso, justamente, que esta-

mos a preparar a abertura de um escritório

em Saia, no Vietname, e outro na Holanda. Re-

lativamente aos sectores de actividade, o

calçado é a nossa próxima meta. �

Revista do Grupo SGS Portugal 19

Responsabilidade Social

Deborah Leipziger em português

Cidadania Corporativa

Estratégias Bem-Sucedidas para

Empresas Responsáveis

Autores: Malcom Mcintosh; Deborah

Leipziger; Keith L. Jones; Gill Coleman

Com vários exemplos de empresas

actuantes na área social, este livro

pode ser considerado um guia para as

organizações que desejem

incorporar na sua prática de

negócios os princípios da

cidadania corporativa. A

responsabilidade social na

economia global, a gestão

e estratégia que as

empresas devem adoptar

para alcançar a nova cidadania

corporativa, bem como, a abordagem

da norma SA8000, são alguns dos

temas que merecem destaque.

Page 21: SGS Global 13

Formação deauditores SA 8000

Responsabilidade Social

Revista do Grupo SGS Portugal20

Rebecca Bowens é colaboradora da SGS

na área da Responsabilidade Social como

auditora SA 8000 e como formadora de

auditores. Realiza também auditorias de 2ª

parte a fornecedores e é especialista na

elaboração de relatórios de sustentabilidade,

de ambiente e de responsabilidade social

corporativa. E esteve em Lisboa entre 27 de

Setembro e 1 de Outubro a ministrar o Curso

de Formação de Auditores SA 8000.

O curso de formação de auditores que veio

ministrar a Portugal destina-se exclusiva-

mente a colaboradores da SGS?

Não, do grupo de dez formandos, apenas dois

são colaboradores da empresa. Faço parte da

equipa da SGS que ministra este curso em

todo o mundo e nele participam sempre for-

mandos que não são colaboradores da SGS.

Este curso é obrigatório para quem quer

ser auditor SA 8000?

Sem dúvida. Se concluído com aproveita-

mento, pois durante o curso a avaliação é

permanente e no fim há um exame, o for-

mando recebe um certificado que o habilita

a credenciar-se em qualquer organização

internacional de auditores. Na SGS temos

procedimentos próprios para formar os nos-

sos auditores, nomeadamente a frequência

deste curso com aproveitamento, e a rea-

lização de um número determinado de au-

ditorias, durante as quais o seu desempenho

também é avaliado pelos auditores mais ex-

perientes que os acompanham. Só então ob-

têm a qualificação como auditores.

Da sua experiência como formadora, quais

são as áreas ou matérias de mais difícil

apreensão pelos formandos ?

Depende muito das qualificações, da expe-

riência e dos conhecimentos individuais dos

formandos que frequentam cada curso. Ha-

bitualmente temos formandos com grande

experiência em auditorias, mas que desco-

nhecem o que está em causa na área da ‘res-

ponsabilidade social’, e vice-versa. Contudo,

julgo que o mais difícil para os formandos tal-

vez seja terem a noção do que é realmente

fazer uma auditoria numa fábrica, quando estão

instalados numa sala de hotel ou de outro

qualquer local onde tenham a formação.

Como é que ultrapassam a situação?

Tentamos ultrapassá-la com simulações de

casos práticos em que cada formando tem

Page 22: SGS Global 13

de desempenhar o papel que lhe é atribuído,

desde ser o auditor ao gerente da fábrica ou

ao representante da Comissão de Trabalha-

dores, por exemplo. Usamos muito fotogra-

fias de fábricas instaladas nos diversos países

onde a equipa de formação e de auditores

em SA 8000 do Grupo tem trabalhado ao lon-

go dos anos. É importante que os formandos

possam verificar como as coisas funcionam,

que vejam e pensem, inclusive nas questões

que urge resolver em situações imprevistas.

Estou convencida que o curso da SGS está

concebido por forma a que as pessoas apren-

dam o que têm de aprender. Sobretudo, que

partilhem experiências e conhecimentos e

aprendam umas com as outras. Não se espe-

ra que os formandos que terminam o curso

sejam imediatamente auditores perfeitos,

mas sim que este lhes dê as ferramentas, as

qualificações e os conhecimentos que de-

pois podem adaptar a qualquer circunstância

durante as suas auditorias. O mais importante,

porém, é a experiência que vão adquirir depois

do curso.

Boas condições de trabalho Quais são os aspectos mais importantes

a que uma empresa tem de dar atenção

aquando da implementação dos requisitos

da norma SA 8000?

A grande maioria das empresas cumpre de

alguma forma os aspectos mais importantes,

pois os requisitos da norma têm por base as

condições de trabalho dos empregados: ho-

rário de trabalho diário e semanal, salários

justos, condições de higiene e segurança; se

não há discriminação em função do género,

da idade, raça ou religião; trabalho infantil,

etc.

As questões-chave dependem muito do país

onde a companhia opera. Na Europa, a área

onde normalmente encontramos alguns pro-

blemas é a da saúde, higiene e segurança, e

também ao nível dos horários de trabalho.

Em Portugal, por exemplo, há leis muito res-

tritas em matéria laboral, pelo que, na maio-

ria dos casos, as empresas que cumprem a

legislação do trabalho estarão, à partida, em

conformidade com a SA 8000.

A norma SA 8000 foi redigida de acordo

com as convenções da OIT relativas a práticas

laborais. Por isso, a partir do momento em

que um país adere às convenções e inclui o

seu conteúdo na legislação de trabalho na-

cional, é provável que as empresas desse

país cumpram a maioria dos requisitos da

norma.

Mas se é assim, quais as razões porque

não há mais empresas, sobretudo na Euro-

pa, a optarem pela certificação de acordo

com esta norma? Desconhecimento?

A SA 8000 não é uma norma ISO, e prova-

velmente essa é a primeira razão. A SAI não

é uma organização tão conhecida a nível

mundial como a ISO. Outra razão pode ser a

das empresas/gestores julgarem que a nor-

ma impõe regras difíceis de cumprir. Em al-

guns países, sobretudo no Extremo Oriente,

é talvez mais difícil ‘impô-la’, mas na Europa

não vejo por que o seja.

Penso também que, ao contrário do que acon-

tece com a certificação ISO, em relação às

normas de gestão da qualidade e ambiente,

as empresas não estão a ser suficientemen-

te pressionadas para implementarem a SA

8000.

Pressionadas em que sentido?

A certificação de uma empresa de acordo

com uma norma da qualidade acaba por in-

fluenciar ou induzir a certificação das em-

presas que estão na sua cadeia de abaste-

cimento, por exemplo. Quem trabalha com

qualidade exige qualidade. E isso não acon-

tece com a certificação SA 8000, salvo em

situações que são, ainda, excepcionais. Veja-

-se o caso de Itália, o país europeu que reúne

o maior número de empresas com certifica-

ção SA 8000. E a razão é a seguinte: o sec-

tor cooperativo exige que todos os seus for-

necedores sejam certificados de acordo com

a SA 8000. Foi esta exigência que obviamen-

te impulsionou o crescimento da certifica-

ção neste país.

Para concluir, pergunto-lhe: é possível uma

empresa quantificar financeiramente resul-

tados decorrentes da implementação da

norma SA 8000?

Deixe-me colocar as coisas da seguinte forma:

esta norma foi concebida para proteger a força

de trabalho, para melhorar as condições de

trabalho dos empregados e, consequente-

mente, a imagem da organização junto de

todas as partes interessadas. Estas são acções

cujos efeitos não se sentem imediatamente

ao nível dos resultados financeiros, mas que

exercem enorme influência na performance

de uma organização devido à reestruturação

que implicam, em prol da eficiência. �

Revista do Grupo SGS Portugal 21

Responsabilidade Social

“A norma SA 8000 foi

redigida de acordo com as

convenções da OIT relativas

a práticas laborais. Por isso,

a partir do momento em

que um país adere às

convenções e inclui o seu

conteúdo na legislação de

trabalho nacional, é

provável que as empresas

desse país cumpram a

maioria dos seus

requisitos.”

Page 23: SGS Global 13

ARSE Portugal - Associação Portugue-

sa para a Responsabilidade Social

das Empresas tem como missão

promover, dinamizar e divulgar projectos intra

e inter-empresariais desenvolvidos no âmbito

da responsabilidade social, tanto a nível por-

tuguês como europeu, com vista a dar maior

visibilidade às empresas com práticas so-

cialmente responsáveis e a sensibilizar outras

para a importância de adoptarem uma postu-

ra que privilegie não só os aspectos económi-

cos mas também a vertente social e ambien-

tal. Enquanto representante nacional da CSR

Europe – instituição com sede em Bruxelas,

que visa também disseminar o conceito de

responsabilidade social das empresas a ní-

vel europeu –, a associação portuguesa tem

como objectivo dar a conhecer ao tecido em-

presarial as práticas desenvolvidas noutros

países mais avançados neste campo e in-

centivar a realização de acções de bench-

marking e de intercâmbio com os parceiros

associados da CSR Europe. “Temos também

a responsabilidade de apoiar, a nível nacional,

a realização de campanhas estruturadas que

contribuam para a disseminação do conceito

de ‘responsabilidade social’ e das conse-

quências positivas que a sua aplicação pode

proporcionar às empresas. O ano passado

organizámos, em Portugal, o primeiro semi-

nário sobre responsabilidade social, que es-

teve integrado numa acção promovida interna-

cionalmente”, lembra Fernando Ribeiro Men-

des, presidente da Direcção da RSE Portugal.

Formalizada em 2002, esta Associação (que

teve como membros fundadores empresas

como o Millennium BCP, a Caixa Económica

Montepio Geral, a IBM, a Manpower Portu-

guesa, a Select, a Novadelta, a Portucel, a

Novartis Pharma, a Ericsson e a Microsoft),

só entrou em funcionamento em 2003. Desde

então, tem apostado, sobretudo, em duas

vertentes para que o conceito de responsa-

bilidade social seja, gradual e sistematica-

mente, uma realidade no seio do tecido em-

presarial português. Numa primeira fase, a

divulgação de informação através dos meios

de comunicação social, a publicação de en-

cartes e a organização de seminários de

sensibilização assumiram particular relevân-

cia. Contudo, um ano depois, apesar da im-

RSE Portugal

Trabalhar para um mundo melhor

Responsabilidade Social

Revista do Grupo SGS Portugal22

Apoiar as empresas na

definição de estratégias e

linhas de acção no âmbito

da responsabilidade social

é um dos objectivos da

RSE Portugal, uma

associação portuguesa

que conjuga já os esforços

de 16 membros, mas cuja

intenção é a de agrupar

muitos mais.

Page 24: SGS Global 13

Revista do Grupo SGS Portugal 23

Responsabilidade Social

portância destas acções e de existirem in-

tenções de continuar a promovê-las, os res-

ponsáveis pela Associação consolidaram a

sua estratégia de actuação e optaram por

implementar uma linha de trabalho que bap-

tizaram de ‘Desenvolvimento da Comuni-

dade’. “Procurámos passar os nossos objec-

tivos e os benefícios que intrinsecamente

estão associados ao conceito ‘responsa-

bilidade social’ da teoria à prática e organizá-

mos projectos de intervenção com preo-

cupações sociais e ambientais que envol-

veram, de forma voluntária, os colaboradores

das diferentes empresas associadas. Numa

primeira experiência, que decorreu já este

ano, juntámos um grupo de pessoas na Tapada

de Mafra para participar na limpeza do espaço

e que procurou inteirar-se também da política

a seguir, com vista a recuperar e a revitalizar

a Tapada depois do incêndio que destruiu

grande parte da reserva. À semelhança desta

iniciativa, pensamos desenvolver outras do

género porque os resultados foram muito po-

sitivos”, sublinha Fernando Ribeiro Mendes.

Um projecto em crescimentoComo associadas da RSE Portugal, as em-

presas beneficiam de uma networking com

outros membros a nível nacional e europeu,

de serviços de aconselhamento, e, em es-

pecial, de apoio à elaboração de relatórios

sociais e à implementação e certificação da

norma SA 8000. A Associação disponibiliza,

ainda, formação no domínio da responsabi-

lidade social dirigida a colaboradores das

empresas associadas e informação sobre o

mercado de consultoria, uma área em franco

crescimento. “A Associação assume-se como

um facilitador das boas práticas, uma vez que

muitos dos seus associados procuram acon-

selhamento no sentido de fortalecerem as

suas relações com a comunidade local e

mesmo com os seus fornecedores e clien-

tes”, esclarece o presidente da RSE Portugal.

Para além dos membros fundadores, os mais

recentes parceiros neste projecto são a In-

tertek Labtest, a Jerónimo Martins, a KPMG,

a Cushman & Wakefield, a Nike e o BES.

Integra também a lista de associados da RSE

Portugal um grupo alargado de pessoas que

acreditam na missão da Associação e que es-

tão igualmente empenhados em promover o

conceito de responsabilidade social. Para

Fernando Ribeiro Mendes não interessam os

números, mas sim “a convicção e a motiva-

ção de todos aqueles que se querem agrupar,

em prol de uma nova consciência do contexto

social”.

É por isso que a mensagem que o responsá-

vel pela RSE Portugal ‘não se cansa’ de repetir

é que “a responsabilidade social deve ser

entendida como um instrumento de gestão

numa empresa, a par de outros, como o mar-

keting, as boas práticas no âmbito da quali-

dade e a aposta na inovação, por exemplo”.

“Agir de uma forma integrada faz parte de

um desenvolvimento estratégico que permite

à empresa afirmar-se na sociedade como uma

entidade bem sucedida em todos os planos”,

diz, convicto, Fernando Ribeiro Mendes.

A importância da esfera públicaO presidente da RSE Portugal vai ainda mais

longe, quando chama a atenção para o facto

da ideia da responsabilidade social não estar

associada apenas à esfera privada. No seu

entender, para que o crescimento sustentável

e a boa cidadania empresarial sejam cada vez

mais uma realidade entre nós, é fundamental

que se verifique um maior envolvimento da

administração pública e de outras entidades

não governamentais. Chegou o momento,

diz Fernando Ribeiro Mendes, de todos as-

sumirem a responsabilidade social de uma

forma mais concertada, para que se estimu-

lem políticas socialmente responsáveis e

se actue de forma sistemática e consolidada.

Outro aspecto fundamental para o desen-

volvimento do conceito passa, certamente,

pelo posicionamento das pequenas e médias

empresas, que desempenham também um

papel decisivo nesta área. E este é um dos

pontos a que a RSE Portugal está atenta e

para a qual perspectiva, a médio prazo, adaptar

ferramentas de responsabilidade social. “Há

muitas PME que estão a dar sinais muito bons

nesta matéria mas que, por razões várias, não

entendem a responsabilidade social como

uma área conceptual de gestão, motivo pelo

qual este é um dos pontos que a Associação

quer resolver. Contamos, para tal, com o apoio

incondicional das associações empresariais

e outros organismos nacionais, uma vez que

estão mais próximos das PME e que sobre

elas exercem grande influência”, conclui

Fernando Ribeiro Mendes. �

“A responsabilidade social

deve ser entendida como um

instrumento de gestão numa

empresa, a par de outros,

como o marketing, as boas

práticas no âmbito da quali-

dade e a aposta na

inovação.”

Fernando Ribeiro Mendes, presidente da Direcção da RSE Portugal

Page 25: SGS Global 13

Responsabilidade Social

Revista do Grupo SGS Portugal24

O que é o Observatório Nacional de Recur-

sos Humanos?

O Observatório Nacional de Recursos Hu-

manos (ONRH) é um projecto criado em 2002,

que tem por base uma parceria sólida esta-

belecida por entidades com experiência vasta

e com valências que se complementam na

consecução dos objectivos inerentes a um

projecto desta natureza: APQ - Associação

Portuguesa para a Qualidade, APG - Associa-

ção Portuguesa de Gestores e Técnicos de

Recursos Humanos, Qual - Formação e Ser-

viços em Gestão da Qualidade, Lda., e Qme-

trics - Serviços de Consultoria, Gestão e Ava-

liação da Qualidade e da Satisfação S.A..

Este consórcio procura desenvolver com a

isenção, a credibilidade e o rigor necessários

a recolha, tratamento e comparação dos re-

sultados obtidos ao nível das pessoas nas

organizações aderentes, criando-se um siste-

ma de avaliação e compreensão dos facto-

res conducentes à satisfação, lealdade e en-

volvimento dos colaboradores, baseados num

conjunto de indicadores disponibilizados perio-

dicamente. Podem assim definir-se referen-

ciais legítimos de comparação de valores e

resultados centrados nos colaboradores, tendo

por base parâmetros relevantes contemplados

em modelos de satisfação dos colaboradores,

referenciais da qualidade e da excelência (co-

mo as normas ISO 9000:2000 e o Modelo de

Excelência da EFQM).

Quantas empresas aderiram ao ONRH?

Aderiram já ao ONRH as seguintes organiza-

ções: Siemens, STCP, Celbi, Cires, TNT, Grupo

Luís Simões, IEFP, CTT, CDSS do Porto e

ECFP, que cobrem vários sectores desde a

indústria aos serviços, passando pelos trans-

portes.

No total, o Observatório já processou mais de

10 000 questionários e espera-se, de acordo

com os projectos em curso, que até ao final

de 2004 venhamos a ultrapassar a fasquia dos

15 000.

Refira-se ainda que, nos dois anos e meio de

existência deste projecto, algumas das entida-

des acima indicadas repetiram já a avaliação

da satisfação dos seus colaboradores.

Porquê e para quê medir o grau de satis-

fação dos recursos humanos?

A metodologia utilizada pelo Observatório,

nomeadamente através de um modelo estru-

tural de equações, construído com base nas

respostas ao inquérito efectuado aos colabo-

radores das organizações aderentes, permite

converter a monitorização da satisfação dos

colaboradores numa verdadeira ferramenta

de apoio à gestão.

A partir da construção dos modelos estatísti-

cos é possível identificar pormenorizadamen-

te os domínios de intervenção prioritários,

ou seja, aqueles que podem de facto poten-

ciar uma melhoria significativa ao nível da sa-

tisfação, lealdade e/ou envolvimento dos co-

laboradores dentro da organização.

A metodologia utilizada

pelo Observatório Nacio-

nal dos Recursos Huma-

nos permite converter a

monitorização da satisfa-

ção dos colaboradores

numa ferramenta de apoio

à gestão das empresas.

E esta ferramenta adquire

ainda maior relevância

quando estudos recentes

mostram que 30% dos

resultados económicos

numa organização podem

ser explicados a partir

dosindicadores de satis-

fação dos clientes e dos

colaboradores. Em entre-

vista à SGS Global, João

d’Orey, director do ONRH,

em representação do

parceiro Qual, explica

como e porquê.

PessoasO activo mais importante das empresas

PessoasO activo mais importante das empresas

Page 26: SGS Global 13

Barómetro a nível nacionalÉ possível definir um padrão tipo para a

satisfação dos colaboradores em Portugal?

A informação detalhada disponibilizada junto

de cada empresa é estritamente confidencial,

sendo que o Observatório, enquanto baró-

metro nacional da satisfação do colaborador,

promove uma vez por ano a divulgação dos

valores agregados disponíveis a partir de to-

das as respostas dadas pelos colaboradores

das diversas organizações aderentes, pelo

que são estes resultados, agregados a nível

nacional, os únicos que são do domínio pú-

blico.

Com base neles é, então, possível identificar

vários aspectos transversais, tais como o

facto do valor médio da satisfação ser superior

nas pessoas que ocupam lugares de chefia;

os graus de satisfação são particularmente

elevados para quem trabalha há menos de

um ano na organização, decaindo depois com

a antiguidade na mesma; a satisfação média

é tanto maior quanto mais elevado o nível de

habilitações académicas; o sexo feminino ul-

trapassa o masculino no que se refere ao

grau de satisfação alcançado e os níveis de

satisfação são mais elevados para jovens en-

tre os 18 e os 25 anos.

Esta ferramenta pode ser adequada às

PME (a dimensão da imensa maioria das

empresas nacionais) ou a instituições pú-

blicas, por exemplo?

Sim. Em 2003 foi desenvolvida uma variante

da nossa metodologia de trabalho, designada

abordagem simplificada, especialmente vo-

cacionada para responder a crescentes mani-

festações de interesse por parte das PME.

Quanto à aplicabilidade em entidades públi-

cas, como referi, o ONRH conta já com a ade-

são do Instituto de Emprego e Formação Pro-

fissional e do Centro Distrital de Segurança

Social do Porto.

Uma empresa socialmente responsável é

uma empresa que mede a satisfação dos

seus colaboradores?

A medição da satisfação dos colaboradores,

e actuação em consonância com os resulta-

dos obtidos, revela, por parte da empresa,

um enfoque na responsabilidade social, na

medida em que permite ter colaboradores

mais motivados e com maiores níveis de

envolvimento e lealdade.

A responsabilidade social das empresas

contribui para o desenvolvimento susten-

tável?

As boas práticas no âmbito da responsabilida-

de social são um investimento fulcral no activo

mais importante das empresas: as pessoas.

Frequentemente, alcançar padrões de ex-

celência ao nível dos processos internos de

negócio e de clientes implica diferentes com-

petências e capacidades, o que passa por

mobilizar os colaboradores no sentido de

atingir os objectivos estratégicos. Estudos

recentes mostram que 30% dos resultados

económicos numa organização podem ser

explicados a partir dos indicadores de satis-

fação dos clientes e dos colaboradores.

Esta questão redobra de pertinência estraté-

gica num país como Portugal, onde os sinais

indicam cada vez mais que o futuro depende

essencialmente da capacidade de mobiliza-

ção, desenvolvimento e envolvimento dos

colaboradores no funcionamento, melhoria e

inovação das organizações, e, consequente-

mente, do desenvolvimento sustentável. �

Revista do Grupo SGS Portugal 25

Responsabilidade Social

“A medição da satisfação

dos colaboradores revela um

enfoque na responsabilidade

social.”

João d’Orey, director do ONRH

Resultados disponíveis em Abril de 2004

Das 60 perguntas que integram o questionário, as que apresenta-

ram uma resposta média mais elevada por parte dos colaboradores

são as que dizem respeito à dedicação e emprenho da empresa,

consciência da importância do trabalho para os objectivos da qua-

lidade e satisfação dos clientes enquanto prioridade da empresa;

as respostas com média mais baixa são as relativas ao nível de

remuneração, justiça da remuneração face aos colegas e a pos-

sibilidade de participar na tomada de decisões.

Os valores médios percentuais alcançados demonstram que os

valores mais elevados correspondem ao Envolvimento, Qualidade

e Lealdade, enquanto que os mais reduzidos dizem respeito ao

Reconhecimento e Recompensa, Relações com chefias, Mudan-

ça e inovação.

Dimensões que integram o modelo

de satisfação do colaborador

Envolvimento 72,7%Qualidade 65,7%Lealdade 65,3%Expectativas 56,1%Política e estratégia 55,1%Posto de trabalho 53,2%Contexto organizacional 53,1%Satisfação 52,5%Cooperação e comunicação 50,7%Mudança e inovação 50,3%Relações com chefias 50,2%Reconhecimento e recompensa 42,8%

Page 27: SGS Global 13

Turismo: O golfe em análise

Revista do Grupo SGS Portugal26

Golfe, turismo e ambiente. A relação

entre estas três variáveis e a procura

de uma solução para a questão ‘Qual

o futuro do golfe no Algarve?’, serviram de

mote a três dias de intensos debates, que

reuniram no campus da Universidade do Al-

garve centenas de especialistas, empresários

do sector e representantes de diversas or-

ganizações no 1º Congresso Internacional de

Golfe. O estudo ‘O golfe no Algarve: O pre-

sente e o futuro’, coordenado pelos professo-

res Victor Martins e Antónia Correia, serviu de

‘pano de fundo’ à discussão. No documento

apresentado em Faro, o golfe é analisado numa

perspectiva multidisciplinar e voltada para a

sustentabilidade da actividade.

Actualmente, funcionam no país mais de seis

dezenas de campos de golfe. Esta actividade

emprega cerca de 2500 pessoas e representa

8% da receita turística nacional (cerca de 500

mil euros). Mais de 40% da oferta está loca-

lizada no Algarve, sendo esta região o maior

destino nacional deste produto.

“Existe uma clara oportunidade de transformar

o turismo de golfe, hoje um cluster, num dos

grandes drivers da economia nacional, tendo

presente a dinâmica empresarial do sector, as

nossas vantagens competitivas e o cresci-

mento do golfe nos destinos dos nossos prin-

cipais concorrentes”, sublinhou Carlos Mar-

tins, secretário de Estado do Turismo, no en-

cerramento do congresso. Segundo este res-

ponsável, “o interesse estratégico desta ac-

tividade para o turismo nacional”, impulsionou

a realização de um “plano global de imagem

e comunicação do produto golfe para o perío-

do 2005 /2006, que terá por base uma parce-

ria estratégica público-privada, e que será

apresentado em breve pelo ministro do Turis-

mo, [Telmo Correia]”.

Crescimento versussustentabilidade Nos últimos anos, a actividade do golfe co-

nheceu um crescimento significativo, em par-

ticular na região do Algarve, onde existem três

dezenas de campos de golfe (com 18 bura-

cos). A actividade tem contribuído para ate-

nuar a sazonalidade turística na região e para

a qualificação geral do imobiliário turístico e da

hotelaria. Mas o processo de desenvolvi-

mento do golfe, como um produto turístico,

gera um profundo impacto no território e pode

provocar contrastes e mesmo desequilíbrios

nos locais onde são construídos os campos.

A discussão sobre o tema urge, sobretudo

porque já foram apresentados projectos para

mais 56 campos, 16 dos quais poderão ser

construídos até 2009, dependendo do ritmo

de aprovação dos respectivos licenciamentos.

Neste ponto, os empresários do sector e os

especialistas, nacionais e internacionais, pre-

sentes no congresso estão de acordo: é cru-

cial planear com cuidado as regiões de turis-

mo de golfe, onde se inclui, naturalmente, o

Algarve, a fim de compatibilizar os objectivos

económicos e sociais com a sustentabilidade

do sector turístico, com o produto, com o terri-

tório e com a comunidade local.

A protecção do ambiente e dos recursos

naturais, designadamente da água, também

estiveram no centro do debate. As práticas de

gestão, como o uso e o tipo de pesticidas e

nutrientes, e a quantidade de água empregue,

foram algumas das questões abordadas. A

Congresso Internacional de Golfe

À procura dasustentabilidade

O 1º Congresso

Internacional de Golfe

reuniu na mesma

assembleia especialistas,

empresários do sector e

representantes de diversas

organizações. Em análise

esteve o desenvolvimento

desta actividade na região

algarvia.

Page 28: SGS Global 13

Revista do Grupo SGS Portugal 27

Turismo: O golfe em análise

protecção ambiental e a implementação de

boas práticas ambientais nos campos de gol-

fe é, aliás, uma questão incontornável quando

se fala de sustentabilidade da actividade, por-

que a qualidade e quantidade dos recursos

naturais podem constituir vantagens compe-

titivas insubstituíveis.

Solução: certificaçãoNuma altura em que as críticas e as preo-

cupações ambientais sobem de tom, os em-

presários do sector procuram soluções que

diminuam os impactos ambientais directa-

mente relacionados com a construção e a ex-

ploração dos campos. Neste domínio, a cer-

tificação ambiental de sistemas e programas

de gestão tem ganho um maior protagonismo,

o que se reflecte no número cada vez maior

de empresários que procuram esta ‘ferra-

menta’.

Actualmente, seis campos algarvios possuem

um sistema de gestão ambiental certificado

de acordo com a norma ISO 14001.

A SGS, que é líder em Portugal na certificação

de campos de golfe, foi o primeiro organismo

de certificação a certificar um campo de golfe

no nosso país, segundo esta norma inter-

nacional, sendo que neste momento é o único

operador a trabalhar nesta área. Para Luís

Barrinha, director de certificação de Ambiente

e Segurança da SGS, os benefícios da certi-

ficação são ‘visíveis’ a vários níveis: “As van-

tagens existem, a médio prazo, para quem ge-

re o campo no que diz respeito às reduções

dos custos e à visibilidade do cumprimento

legal. Também é possível verificar uma melho-

ria nas relações com as partes interessadas,

nomeadamente com as câmaras locais, com

os habitantes e com os próprios clientes, uma

vez que a certificação garante que o campo é

“realmente verde” e possui as características

desejáveis à prática da modalidade. Em última

análise, a implementação de um sistema de

gestão ambiental, e a sua posterior certifica-

ção, contribuem para um aumento da vida do

campo, uma vez que promovem a utilização

adequada dos recursos naturais”, defende o

director da SGS.

Na sua intervenção Luís Barrinha chamou ainda

a atenção para os três pilares fundamentais do

referencial ISO 14000: “o cumprimento da le-

gislação, a melhoria contínua e a prevenção da

poluição. Estes são os compromissos base de

qualquer sistema de gestão ambiental e que

em muito podem contribuir para a satisfação

dos utilizadores e dos accionistas de um campo

de golfe”, disse.

As vantagens da certificação foram, também,

referidas por alguns empresários presentes no

encontro, que fizeram questão de sublinhar o

impacto que a certificação do sistema de gestão

ambiental, nos campos por eles geridos, teve

na redução de custos e na melhoria do desem-

penho da empresa, confirmando, assim, uma

das conclusões do estudo realizado pela Uni-

versidade do Algarve. (ver textos seguintes) �

Um percursoque fez história

Lusotur Golfes

Ahistória de Vilamoura [região onde

se localizam os cinco campos de

golfe geridos pela Lusotur Golfes]

mistura-se com a história do golfe no Algarve

e em Portugal”. A frase que abre a página da

Internet da Lusotur Golfes também se pode

aplicar à experiência da empresa gestora de

campos de golfe no domínio ambiental. De facto,

há muito que a Lusotor assumiu o compromis-

so de alcançar os mais altos padrões de qua-

lidade em todas as suas actividades, incluindo,

no centro desse compromisso, a qualidade do

ambiente. A Lusotur Golfes foi uma das primei-

ras empresas portuguesas a certificar o seu

sistema de gestão ambiental de acordo com os

requisitos da norma internacional ISO 14001.

A Lusotur Golfes S.A. foi a primeira empresa gestora de campos de

golfe do mundo a ter o seu sistema de gestão ambiental certificado

pela norma ISO 14001. A SGS auditou, certificou e acompanha os

progressos realizados pela empresa no domínio ambiental.

Luís Barrinha,director de certificaçãode Ambiente eSegurança da SGS

António Henriques da Silva, administrador executivo da Lusotur Golfes

Luís Barrinha,director de certificaçãode Ambiente eSegurança da SGS

Page 29: SGS Global 13

Turismo: O golfe em análise

Na Lusotur Golfes o programa ambiental

incluiu a implementação de um sistema de

gestão ambiental (SGA) em todos os seus

cinco campos de golfe (com 18 buracos) – ‘The

Old Course’, ‘Pinhal Golf Course’,’Laguna Golf

Course’, ‘Millenium Golf Course’ e, o mais re-

cente, ‘Victoria Clube de Golfe’ – e a definição

de uma política ambiental. Esta última assenta

no cumprimento dos requisitos legais aplicá-

veis em matéria de ambiente, na protecção e

redução dos impactos sobre os ecossistemas,

na utilização racional dos recursos naturais e

energéticos e no desenvolvimento das me-

lhores práticas, na prevenção da poluição e

num compromisso com a melhoria contínua

do seu desempenho ambiental.

A SGS foi a empresa escolhida para audi-

tar, certificar e acompanhar os progressos

da empresa no domínio ambiental.

“Apesar de termos iniciado o processo de

implementação de SGA há cerca de sete

anos, há muito que a protecção do ambiente

e a introdução de boas práticas ambientais

é um factor essencial da estratégia do grupo

Lusotur”, afirma António Henriques da Silva,

administrador executivo da Lusotur Golfes.

De acordo com este responsável, a certi-

ficação tem-se assumido como uma “fer-

ramenta fundamental”, uma vez que “nos

obrigou a definir e a cumprir uma política

ambiental, a monitorizar todos os proce-

dimentos e a prosseguir uma estratégia de

melhoria contínua da nossa actividade”.

Certificação com bons resultados Em Julho último a SGS auditou e certificou,

segundo os requisitos da norma ISO 14001,

o mais recente campo de golfe da Lusotur

Golfes, o ‘Victoria Clube de Golfe’. “Hoje,

em virtude da experiência que acumulámos

ao longo destes anos, temos uma estrutura

bem montada. A preocupação com o am-

biente e a introdução de boas práticas teve

início logo na fase de concepção e construção

do campo ‘Victoria’, o que nos permitiu obter

a certificação do empreendimento antes

mesmo deste ser oficialmente inaugurado”,

refere António Henriques da Silva. Mas nem

sempre foi assim. Apesar da preocupação

ambiental e do fomento de boas práticas, a

Lusotur Golfes foi “obrigada” a fazer impor-

tantes investimentos aquando da implemen-

tação do SGA nos seus campos de golfe.

“Uma das áreas onde investimos mais foi

na monitorização e preservação de um im-

portante recurso natural: a água. Foram ad-

quiridos sensores de chuva e de humida-

de, que foram colocados nos campos, e uma

estação meteorológica, que nos fornece

informações sobre a humidade, a precipita-

ção, a evaporação e a velocidade do vento,

entre outras. Estes equipamentos estão

ligados aos sistemas de rega e são eles que

nos transmitem, todos os dias, a quantidade

de água que é necessária nos greens, tees

e fairways. Anteriormente havia um maior

desperdício de água, uma vez que todo o

processo de rega era empírico. Também

introduzimos novos procedimentos na ges-

tão de resíduos. Por exemplo, para a subs-

tituição do óleo dos carrinhos de golfe pas-

sou a ser necessário um registo escrito e o

óleo queimado é entregue a uma empresa

que está licenciada para o transporte e tra-

tamento deste tipo de resíduos”, explica o

administrador executivo.

A preocupação com a qualificação e a forma-

ção dos recursos humanos é outra das áreas

que não foi descurada pela empresa. “Todos

os anos são realizadas acções de formação

que abrangem desde os membros da Admi-

nistração até ao funcionário responsável pela

mudança do óleo. E esta é uma peça funda-

mental na prossecução da melhoria contínua,

porque há sempre aspectos a melhorar”,

garante António Henriques da Silva.

Os reflexos da implementação de sistemas

de gestão ambiental são visíveis nos re-

sultados da empresa. “No que se refere ao

consumo de água, entre o primeiro e o se-

gundo ano registámos uma redução de 13%

e entre o primeiro e o terceiro essa diminui-

ção foi de 22%. É preciso ter em conta que

este cálculo não é muito fácil de fazer, uma

vez que este valor depende muito das con-

dições climatéricas. No que se refere à utili-

zação dos fitofármacos também houve uma

redução da sua utilização”.

Será a certificação uma peça crucial no futu-

ro desenvolvimento sustentado desta ac-

tividade no sul do país? António Henriques

da Silva não tem dúvida: “A manutenção da

elevada qualidade do produto ‘golfe’ no

Algarve é fundamental, e a certificação, quer

a ambiental quer a da qualidade (estamos

agora a implementar um sistema de ges-

tão da qualidade na Lusotur Golfes), são

‘ferramentas’ que o empresário não pode,

nem deve, desprezar”, afirma. �

Revista do Grupo SGS Portugal

Uma aposta do grupoPara o grupo Lusotur as preocupações ambientais

não são recentes nem se restringem à Lusotur

Golfes. “Desde 1996 que a Lusotur, sociedade

promotora de Vilamoura, decidiu apostar na im-

plementação de uma filosofia de turismo de qua-

lidade, da qual a preocupação com o ambiente é

absolutamente indissociável”, explica Jorge

Moedas, director do Departamento da Qualidade

e Ambiente da Lusotur. O compromisso assumi-

do então abrangeu todas as áreas de negócio do

grupo – o seu core business é a actividade imobi-

liária, mas a empresa tem também a seu cargo a

gestão de campos de golfe, a gestão de marinas

e a gestão de praias.

No âmbito desta ‘nova’ filosofia, o grupo aderiu,

em 1996, ao Green Globe, um programa promovido

pelo World Travel & Tourism Council, que define

parâmetros de desenvolvimento sustentado,

equilíbrio ambiental e protecção da natureza para

serem respeitados pelos diversos agentes eco-

nómicos que operam na área das viagens e do

turismo. “No caso da gestão dos campos de golfe

entendemos que, para garantirmos a sustenta-

bilidade desta área de negócio, seria importante

implementar um sistema de gestão ambiental,

processo que teve início em 1997. Em virtude dos

resultados alcançados, depressa a Lusotur es-

tendeu a implementação do SGA, primeiro à Marina

de Vilamoura e, mais tarde, à Praia da Rocha Bai-

xinha (Praia da Falésia-Vilamoura), empreendi-

mentos que foram também certificados pela SGS.

“Em Julho deste ano a SGS certificou, segundo

a norma ISO 9001:2000, a Marina de Vilamoura.

E estamos a trabalhar já na implementação da

norma ISO 9001:2000 e na sua integração com o

SGA na Lusotur Golfes, sendo que este é o novo

desafio do grupo”, adianta Jorge Moedas. �

28

Jorge Moedas,director da Qualidade eAmbiente da Lusotur

Page 30: SGS Global 13

Localizado entre Albufeira e Armação de

Pêra, o campo de golfe dos Salgados

foi construído no meio de um ecossis-

tema de lagoas naturais, as quais se encon-

tram protegidas pela Rede Natura 2000. Para

a Direcção do Salgados Golfe, esta localiza-

ção privilegiada acarreta maiores responsa-

bilidades e preocupações com a protecção

do meio ambiente e do ecossistema onde o

campo está inserido. A decisão de implemen-

tar um sistema de gestão ambiental foi o meio

encontrado para “reduzir o impacto da activi-

dade, proteger o ecossistema e, simultanea-

mente, comprovar que temos instituídas as

melhores práticas ambientais. Como este é um

ecossistema muito sensível (por vezes há pe-

quenos problemas, como a morte de alguns

peixes) quisemos salvaguardar-nos de qual-

quer acusação que se possa traduzir numa má

imagem para o campo”, justifica Pedro Silves-

tre, director-geral do Salgados Golfe.

Desde a sua construção, há dez anos, que o

Salgados Golfe faz da protecção da natureza

um dos seus objectivos. Aliás, este é, ainda,

o único campo de golfe em Portugal a utili-

zar água reciclada para a rega, um procedi-

mento defendido há muito pelas autoridades

portuguesas, mas que as empresas do sector

tardam em adoptar. “Ao contrário do que é

habitual, a nossa preocupação não se cen-

trou na diminuição do consumo de água, uma

vez que construímos uma estação de trata-

mento terciária que faz a desinfecção e fil-

tração da água proveniente da ETAR e que é

utilizada no campo. Mas, desde a imple-

mentação do SGA, houve melhorias signi-

ficativas na gestão e separação dos resíduos,

na diminuição do uso de fitofármacos e no

seu manuseamento, entre outros aspectos”,

sublinha Pedro Silvestre. “É preciso moni-

torizar e controlar para melhor gerir os recur-

sos naturais e diminuir os impactos da activida-

de, o que tem reflexos na preservação do

campo e das suas características”, defende

o director-geral do Salgados Golfe.

Já o sistema de gestão da qualidade tornou-

-se, para Pedro Silvestre, um poderoso alia-

do na monitorização dos índices de satisfa-

ção dos clientes. “Os primeiros inquéritos fo-

ram realizados há dois anos e, de então para

cá, a evolução tem sido notória. Sempre que

registamos alguma falha, esta é detectada e

actuamos num curto espaço de tempo”,

afirma.

Acérrimo defensor da implementação de sis-

temas de gestão ambiental e da qualidade,

Pedro Silvestre defende que este é o caminho

a seguir no futuro. “É uma questão de tempo

até todos os campos de golfe estarem cer-

tificados”, afirma. �

29

Turismo: O golfe em análise

Novas certificações

Salgados Golfe

Em Janeiro deste ano o campo Salgados Golfe foi o

primeiro, em Portugal, a ser certificado de acordo com

os referenciais ISO 9001:2000 e ISO 14001, normas da

qualidade e ambiente, respectivamente. Um duplo

desafio que contou com o apoio da SGS e que será, em

breve, reproduzido noutros campos de golfe do grupo

Espírito Santo.

Um duplo desafio

Pedro Silvestre, director-geral do Salgados Golfe

Revista do Grupo SGS Portugal

A ESGolfe detém actualmente seis

campos de golfe operacionais e

outros tantos estão em fase de cons-

trução/ projecto. Em Agosto foi anun-

ciada a constituição da Esay Golf

Management, uma parceria com a

espanhola Aymerich Golf Manage-

ment, que é, actualmente, respon-

sável pela gestão dos campos da

ESGolfe, dedicando-se também à

área de consultoria. Uma das primei-

ras medidas anunciada por Pedro

Pereira Coutinho, director geral da

Esay Golf Management, foi a de avan-

çar com a certificação ambiental em

todos os campos de golfe do grupo.

A medida foi justificada pelo facto

“desta ser a melhor forma de fomen-

tar a conservação da natureza e da

vida animal nas zonas de golfe e,

simultaneamente, a de garantir uma

boa gestão dos campos”.

Page 31: SGS Global 13

Oimpacto económico e empresarial

da actividade do golfe nesta região

é grande e bastante positivo”, come-

ça por explicar Victor Martins, um dos coor-

denadores do estudo ‘O golfe no Algarve: O

presente e o futuro’.

Tomando como referência o ano de 2002 – o

diagnóstico arrancou nesse ano para terminar

em 2003 – “verifica-se que o golfe é respon-

sável por uma receita total na região de cerca

de 337 milhões de euros”. Apenas 25,7%

desta verba é gasta dentro do próprio campo

de golfe. A maior parte, 74,3% é despendida

fora do campo e reparte-se entre “alojamento,

transportes internos e alimentação e bebidas”.

A análise ressalva que “a indústria do golfe,

quando medidos os seus impactos directos

e indirectos, representa cerca de 8,5% das

receitas totais da NUT II Algarve em matéria

de turismo para os dados consolidados de

2002. Este é um dado a todos os níveis as-

sinalável para um produto que tem os seus

picos de procura fora da época alta de vera-

neio”, pode ler-se no documento.

“O golfe é em si uma actividade bastante

rentável, mesmo sem os tradicionais negócios

âncora, como a hotelaria”, acrescenta Antónia

Correia, professora da Universidade do Algar-

ve e uma das responsáveis pelo diagnóstico.

“O negócio tem um break even point na or-

dem das 17 mil voltas/ano, mas em termos

ideais um campo pode vender 35 mil voltas/ano.

Turismo: O golfe em análise

Revista do Grupo SGS Portugal30

Fazer um diagnóstico da situação actual e delinear

possíveis rumos para o golfe na região, foram os

dois grandes objectivos do estudo realizado pela

Universidade do Algarve.

O Golfe no Algarve

O presente e o futuro

O que acontece é que há campos a vender

perto de 50 mil voltas/ano”, sublinha.

A pressão sobre os recursos naturais remete-

-nos para outra das vertentes analisadas n’

‘O golfe no Algarve’: a ambiental, que assume

um papel importante, ou não fosse o golfe,

“de entre os jogos que utilizam o solo como

suporte, aquele que provavelmente terá uma

interacção mais forte com o ambiente”.

A aposta na certificação A este nível, o estudo revela que, embora

não se registem grandes agressões ao meio

ambiente, “há uma grande margem a me-

lhorar relativamente ao desempenho ambien-

tal médio dos campos de golfe. Deve-se

destacar que a melhoria necessária no de-

sempenho ambiental dos campos pode ser

incrementada pela implementação siste-

mática de ferramentas de gestão ambiental”.

Actualmente, “17% dos campos de golfe em

análise encontram-se certificados ambien-

Page 32: SGS Global 13

talmente (de acordo com a norma ISO 14001);

em 37% foram definidas políticas ambientais

e em 30% foram implementados programas

ambientais (sete de acordo com o Committed

to Green, um com o Audubon e outro com a

norma ISO 14001), o que demonstra a preo-

cupação dos gestores destes campos em

identificarem e integrarem os aspectos am-

bientais na gestão da sua actividade”, ressalva

o estudo. Sobre este aspecto, Victor Mar-

tins chama a atenção para o facto de “os cam-

pos com as melhores performances (ambien-

tais e de resultados do negócio), serem aque-

les que implementaram e certificaram o seu

sistema de gestão ambiental. Depois, em

termos de resultados, temos os campos que,

embora não se encontrem certificados, já

instituíram boas práticas ambientais. Contudo,

em cerca de 30% dos campos visitados ainda

se verificam consumos excessivos de água

(nalguns casos cerca de três vezes mais do

que o consumo registado num campo certi-

ficado) e de fitofármacos. Do ponto de vista

empresarial há, nestes casos, uma má gestão

e uma má racionalização dos custos. Isto só

acontece quando um recurso não tem um

preço que obrigue o empresário a pensar duas

vezes antes de gastar”, sublinha o professor.

À procura do equilíbrio O desenvolvimento sustentável para o golfe

no Algarve nos próximos 15 anos deverá

pautar-se por um crescimento moderado da

oferta de campos. Traçados vários cenários

para o desenvolvimento da actividade, o

estudo conclui que o número de campos

poderá situar-se num intervalo entre 29 (nú-

mero actual de campos com 18 buracos) e

41. Este número, de acordo com o indicado

no relatório, deve ser entendido como o limite

máximo da oferta, o que não significa que

seja o mais favorável, quer para as empresas

quer para o ambiente. “Com efeito, os índices

de rendibilidade média observados na pro-

ximidade deste número começam a ter va-

lores muito próximos do zero”.

Segundo Antónia Correia, a sustentabilidade

da actividade reside no equilíbrio entre os di-

ferentes vectores. “É possível compatibilizar

as ópticas empresarial, sócio-económica e

ambiental num sentido positivo. Será nesse

intervalo [29-41] que serão maximizados os

benefícios: o crescimento de uma procura de

qualidade será satisfeito, o nível médio de

preços praticados poderá ser mantido, a ren-

dibilidade das empresas assegurada, enquan-

to os efeitos sobre a economia da região cres-

cerão proporcionalmente à actividade”, lê-se

no documento.

Mas este cenário pode, infelizmente, ser con-

trariado se a tendência para a “massificação”

persistir. “Com um aumento excessivo da

oferta a tendência do empresário será a de

diminuir o preço, baixando o padrão da quali-

dade, o que pode pôr em causa o elevado

padrão da qualidade associado actualmente

a este destino”, alerta também Victor Martins.

O coordenador do estudo salienta ainda que,

no futuro, os impactos ambientais só não se-

rão um problema para a região se forem adop-

tadas boas práticas e sistemas de gestão dos

recursos naturais.

Refira-se que o estudo ‘O golfe no Algarve:

O presente e o futuro’ foi realizado pela Uni-

versidade do Algarve entre 2002 e 2003, ten-

do a análise incidido sobre 29 campos de

golfe (18 buracos). O diagnóstico contou com

o apoio dos empresários e associações do

sector, como a AHETA - Associação dos

Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Al-

garve, da Algarve Golfe, e da Comissão de

Coordenação e Desenvolvimento Regional

do Algarve. �

Revista do Grupo SGS Portugal 31

Turismo: O golfe em análise

Victor Martins e Antónia Correia, responsáveis pelo estudo ‘O Golfe no Algarve’

“Um desenvolvimento sustentável para o golfe no

Algarve nos próximos 15 anos deverá pautar-se por um

crescimento moderado da oferta de campos. Traçados

vários cenários para o desenvolvimento da actividade,

o estudo conclui que o número de campos poderá situar-

-se num intervalo entre 29 (número actual de campos

com 18 buracos) e 41.”

Page 33: SGS Global 13

Nos últimos anos o golfe cresceu de for-

ma exponencial no Algarve. Como avalia

este crescimento, bem como os seus im-

pactos na região?

A actividade de golfe atravessa hoje uma

fase bastante positiva, de grande cresci-

mento. O Algarve foi uma das últimas re-

giões da Europa a desenvolver a actividade

e possui condições naturais fantásticas para

a prática da modalidade. A grande questão

que se coloca agora prende-se com a ca-

pacidade das autoridades locais saberem

manter e gerir os actuais níveis de cresci-

mento, sem que se registe uma degradação

dos padrões sociais e ambientais. No que

concerne à actividade do golfe, o Algarve

está a sair da “adolescência” e a entrar na

“vida adulta”. Por isso, este é o momento

certo para se analisar a situação e definir,

em linhas gerais, o seu futuro.

Como caracteriza a relação que existe

entre o golfe e o turismo?

É uma relação natural. Estas duas actividades

são indissociáveis. Quantos mais campos

[de golfe], mais turistas. Quantos mais tu-

ristas maior é a tendência para se construí-

rem novos campos. O problema é que um

crescimento baseado simplesmente nestas

duas premissas não pode continuar por mui-

to mais tempo, porque há limites naturais

ao crescimento.

Podemos falar de três níveis de impacto: o

imediato, a médio prazo e a longo prazo.

Só no final do período intermédio é que os

impactos negativos do crescimento se tor-

nam visíveis. Por exemplo, com o desen-

volvimento imobiliário, resultante da cons-

trução de novos campos, a população local

irá sentir uma diminuição do poder de aqui-

sição de novas habitações. A nível ambiental

as pressões sobre os recursos naturais tam-

bém vão aumentar.

Só para ter uma ideia, na região do Mediter-

râneo existem actualmente cerca de 200

campos de golfe, os quais consomem um

volume de água semelhante ao de uma

cidade de 12 000 habitantes. Os efeitos de

um crescimento desequilibrado são já vi-

síveis nalguns países, como a Turquia, que

é, aliás, um exemplo paradigmático, onde

se verificam consumos elevadíssimos de

água e um sub-desenvolvimento da popula-

ção local. As hipóteses do Algarve vir a sofrer

problemas semelhantes no futuro são muito

elevadas, o que não é desejável.

Revista do Grupo SGS Portugal32

Depois de um período de

grande crescimento da

actividade do golfe, o

Algarve encontra-se hoje

numa ‘encruzilhada’.

Para o especialista

norte-americano Arch

Woodside, a certificação

ambiental é um

mecanismo fundamental

para alcançar a tão

almejada susten-

tabilidade económica,

social e ambiental.

Turismo: O golfe em análise

Na encruzilhada dodesenvolvimento

Arch Woodside

Page 34: SGS Global 13

A importância da certificaçãoQue papel pode desempenhar a certificação

ambiental no controlo dos impactos nega-

tivos provocados pelo crescimento da ac-

tividade?

Em minha opinião desempenha um papel

fundamental. Lado a lado com a necessidade

de uma maior intervenção das autoridades

centrais, no regulamento e no controlo da

expansão dos campos de golfe.

O Algarve alberga cerca de três dezenas de

campos de golfe. A questão que se coloca

é: Poderá albergar 40, 60 ou 80 campos?

Tecnicamente até pode, mas quais os efeitos

deste crescimento a nível ambiental? Existe

uma relação, um feed-back, entre o ambiente

e os negócios. O que se tem verificado é que,

a longo prazo, o que é melhor para os negócios

é, também, o melhor para o ambiente. Mas

não podemos colocar a tónica desta discussão

apenas na questão económica, urge também

encontrar soluções ambientais. Por exemplo,

no Estado da Louisiana, onde vivi, a dada altura

os problemas ambientais existentes, desi-

gnadamente os elevados níveis de poluição,

vieram pôr em causa o próprio crescimento

económico deste Estado.

Se se observarem os relatórios económicos

que existem para esta região portuguesa, é

possível verificar duas coisas: em primeiro

lugar, estes tendem a minimizar a importância

dos impactos ambientais e, em segundo, as

associações e organizações ambientais ainda

não são encaradas pelas autoridades centrais

como parceiras no processo de decisão, mas

antes como um problema a ultrapassar. O

estudo que foi aqui apresentado surge em

muito boa hora.

Entre bons e maus exemplos A mensagem que deixou neste congresso

não parece ser muito positiva…

É uma mensagem moderada. O Algarve não

pode continuar a registar um elevado ritmo

de crescimento do número de campos de

golfe sem que se verifiquem também impac-

tos negativos. E esta é uma discussão que é

preciso trazer a público. Para alcançar um de-

senvolvimento sustentável é preciso que haja

uma maior acção preventiva, legisladora e

fiscalizadora por parte do Estado. A preo-

cupação e a manutenção de boas práticas

ambientais é, igualmente, uma questão fun-

damental.

O golfe é, hoje, uma actividade extremamen-

te rentável, mas os empresários não podem

ser os únicos a beneficiar. É preciso estender

os efeitos positivos, não só económicos, mas

também sociais e ambientais, à população

local. Esta é uma mensagem que nem to-

dos os empresários gostam de ouvir. Contu-

do, em última análise, é preciso que compre-

endam que havendo problemas ambientais,

de saúde pública, entre outros, haverá reflexos

negativos para a sua actividade turística.

Falou da região do Mediterrâneo como um

mau exemplo. E exemplos positivos de

países que conseguiram ultrapassar os

efeitos negativos do crescimento? Ou é

impossível falar de um crescimento sus-

tentável desta actividade?

Há vários exemplos. A Costa Rica e a Tas-

mânia constituem dois bons exemplos. Am-

bos têm uma extensa actividade de golfe

“amiga do ambiente”, mas em ambos foram

tomadas medidas preventivas que limitam o

crescimento desmesurado do número de

campos de golfe. Simultaneamente, nos cam-

pos existentes foram privilegiadas as espé-

cies e o habitat locais, havendo pouca inter-

venção a este nível.

O Algarve ainda é um bom exemplo que

queira mencionar nas lições que profere?

Por agora é um exemplo fantástico. Mas é

preciso compreender que esta região está

numa ‘encruzilhada’ e que é preciso precaver

e acautelar o futuro. �

Revista do Grupo SGS Portugal 33

Turismo: O golfe em análise

Quem é Arch Woodside?

Arch Woodside é professor de

marketing na Carroll School of

Management, do Boston College

(EUA), autor e co-autor de

vários obras, como “Middle-range

theory construction of the

dynamics of organizational

marketing-buying behaver”

(2003) e “Comparing Consumers’

plans and actual behavior”

(a editar só em 2005). Este

especialista norte-americano

é membro da Sociedade Real

do Canadá, da Sociedade para

o Avanço do Marketing e da

Sociedade de Psicologia Ameri-

cana. É o editor principal do

Journal of Business Research

e editor do Designing Winning

Products. É, ainda, membro da

Academia Internacional de

Investigação de Turismo e

co-fundador do Advertising

and Consumer Psychology

Symposium. Arch Woodside

trabalhou como consultor de

marketing e gestão de turismo

para o Governo australiano,

para o Estado do Hawai e para

o Estado da Carolina do Norte.

Page 35: SGS Global 13

Além de única, esta empresa resulta

da união de 70 avicultores, num uni-

verso de 140, que representam

cerca de 75% da produção ovípara nacional,

para fazer face à crise de sobreprodução e

retracção do consumo que o sector viveu no

início da década de 90.

Sedeada em Pombal, a Derovo produz actual-

mente 7500 kg de ovoprodutos/hora e 15

milhões/ano, o correspondente a cerca de

8% dos ovoprodutos consumidos em Por-

tugal.

Um ano depois de entrar em funcionamento,

a Derovo começou a exportar para Espanha

o seu primeiro ovoproduto e a sua primeira ino-

vação em formato de embalagem (ovo líqui-

do pasteurizado em embalagens de 1000 kg –

o “ovo quadrado”), estratégia que compen-

sou o forte investimento realizado na capa-

citação e compra de equipamentos para a

indústria de grande consumo. Hoje em dia,

e fruto desta orientação, 70% da produção

da empresa é colocada no mercado vizinho.

“Investimos na melhor tecnologia disponível

na Europa, a tecnologia de pasteurização Te-

tra Pack, factor que se revelou essencial para

garantirmos a qualidade dos produtos e tam-

bém para ganharmos a confiança dos nossos

clientes. Inicialmente, apostámos na indústria

de grande consumo, tal como o fizeram a Dan

Cake e a Confeitaria Carlos Gonçalves (que

são, inclusive, nossos clientes), para conse-

guirmos criar a capacidade produtiva neces-

sária ao desenvolvimento da empresa. Porém,

o nível de consumo ficou abaixo do previsto

e rapidamente percebemos que tínhamos de

adaptar as linhas de enchimento a outros

segmentos de mercado, nomeadamente à

restauração colectiva e ao sector horeca”,

lembra Amândio Santos, director geral da

Derovo.

Em 1998, a fábrica já estava, por isso, ape-

trechada para encher embalagens de 1 e 20

kgs e os ovos líquidos pasteurizados come-

çavam a chegar a todos os segmentos de

mercado, motivo pelo qual os resultados não

tardaram. “A Eurest, empresa líder do mer-

cado da restauração colectiva em Portugal,

fez então um importante trabalho connosco

e hoje, enquanto seus fornecedores, abas-

tecemos a grande maioria das escolas, hos-

pitais e cantinas do país”, diz Amândio Santos.

Garantir a qualidade deprocessos e matérias-primasFoi também em 1998 que o sistema de gestão

da qualidade começou a ser estruturado e

implementado, processo que culminou em

2000 com a certificação de acordo com a

norma ISO 9001:2000, atribuída pela SGS.

Este trabalho representa, por isso, o início de

uma parceria que ainda hoje se mantém e

que, como defende o director geral da Derovo,

é para aprofundar no futuro.

“Queríamos que a certificação servisse para

nos ajudar a melhorar os processos e que o

parceiro com quem viéssemos a trabalhar

nos desse a garantia de que era (e é!) de facto

o mais indicado para os nossos objectivos e

preocupações em relação à qualidade e se-

gurança dos nossos produtos. A SGS, com

Empresa Certificada

Revista do Grupo SGS Portugal34

A Derovo – Derivados

de Ovo, SA, é a única

empresa de

ovoprodutos em

Portugal. Criada em

Julho de 1996, aposta

na inovação e

qualidade para se

afirmar num mercado

em que as

importações ainda

dominam.

Derovo – Ovolution

O ovo em evolução

Amândio Santos,director geral

Page 36: SGS Global 13

a experiência que detém no sector alimentar,

o rigor, a ética, e a exigência que coloca nas

auditorias e o reconhecimento de que goza

a nível mundial, pareceu-nos o parceiro ade-

quado. E, de facto, é uma empresa em que

podemos confiar, que tem bons profissionais

e que tem uma boa imagem junto do mer-

cado”, sublinha Amândio Santos.

Em 2002, a Derovo recebeu o galardão “Egg

Product Company of the Year” (Melhor Em-

presa de Ovoprodutos do Mundo), atribuído

pelo International Egg Comission, com sede

em Londres e que confirma a excelência, o

rigor e a qualidade das matérias-primas e dos

processos implementados. E que confirma

igualmente que a empresa está a conseguir

seguir o caminho definido.

HACCP e outros voosEm 2003 a SGS certificou o sistema HACCP

da Derovo e, se tudo correr como previsto,

em 2005 irá certificar o sistema de gestão

ambiental, que a empresa já está a imple-

mentar. Em 2005 iniciar-se-á também o pro-

cesso de certificação do produto ou, mais

precisamente, dos ovoprodutos, uma vez que

a Derovo já não se limita a produzir ovo líquido

pasteurizado e a inovação não se ficou pelo

“ovo quadrado”, alusivo à caixa onde o come-

çou a embalar. A par dos desenvolvimentos

internos, a Derovo conseguiu penetrar no

mercado do catering para aviação com ome-

letes que distribui em exclusivo no mercado

português e é fornecedora da matéria-prima

de uma marca de doce de ovos para recheio

e cobertura importada pela indústria alimentar

nacional.

Ao nível da produção interna, como explica

Amândio Santos, “a Derovo entendeu que

deveria continuar a inovar e a alargar a oferta

de produtos. Em 2003 começámos a produzir

ovo cozido (em embalagens pequenas para

os mercados horeca e catering e em em-

balagens grandes para a indústria), e este ano

desenvolvemos o ovo em spray, que é usado

por um nicho muito específico do mercado

(pastelaria). Entretanto, no início de 2003, de-

senvolvemos e patenteamos o Fullprotein,

uma bebida muito agradável feita à base de

clara de ovo, muito procurada nos ginásios

por quem pratica desporto de forma intensiva

e necessita de alimentação rica em proteínas.

É uma bebida saudável, cuja receptividade

tem sido positiva, o que nos levou a desen-

volver novos produtos na gama da alimentação

saudável. Até ao final do ano iremos colocar

no mercado uma barra de cereais enriquecida

com proteína de ovo. Este produto, que vai

chamar-se ‘Fullsnack’, está a ser desenvolvido

em consórcio com empresas estrangeiras,

mas a Derovo fica com a exclusividade da sua

produção e comercialização em Portugal.

Estamos igualmente a trabalhar no sentido

de em Abril do próximo ano, durante a

Alimentária, conseguirmos apresentar um

conjunto de novos produtos na área das so-

bremesas líquidas e queremos que todos eles

obtenham em breve a certificação do produto

da SGS”.

E porque a Derovo ‘não brinca em serviço’

em matéria de segurança, vai criar um código

de boas práticas que garanta o controlo da

produção a montante. “Os produtores que

nos fornecem – que no caso são os accionis-

tas da empresa – já estão a implementar

sistemas de gestão da qualidade e/ou de au-

to-controlo impostos pela legislação em vigor.

Mas queremos ir mais longe e criar um códi-

go de boas práticas para o sector ovípara, para

garantirmos que nada falha desde o início da

cadeia. E também aqui iremos aprofundar a

relação de parceria com a SGS, pois enquanto

entidade terceira, independente e idónea,

pode fazer as auditorias e assegurar que todos

os processos são devidamente controlados”,

conclui o director geral da Derovo. �

Revista do Grupo SGS Portugal 35

“Em 2003 a SGS certificou o sistema HACCP da Derovo e, se tudo correr

como previsto, em 2005 irá certificar o sistema de gestão ambiental. Em

2005 iniciar-se-á também o processo de certificação do produto.”

Empresa Certificada

Investigação e tecnologia

sempre em evolução na

Derovo

Page 37: SGS Global 13

Orientada por Marc Van Ryckeghem,

responsável do Instituto de Croma-

tografia Aplicada do Laboratório SGS

Bélgica, a palestra teve como objectivo sen-

sibilizar os participantes para as graves con-

sequências dos poluentes orgânicos persis-

tentes (POP).

Num grupo vulgarmente denominado dioxinas,

está integrado um conjunto de 210 diferentes

compostos que contêm carbono, oxigénio e

cloro como constituintes base, sendo que, deste

conjunto, apenas 17 são tóxicos.

O Instituto de Cromatografia Aplicada é o cen-

tro de competências do Grupo SGS, no âmbito

de análises a dioxinas. O Laboratório da SGS

Bélgica tem sido um dos centros de emissão

de resultados em diversas crises de conta-

minação nos últimos anos.

Conferência «Mercado do carbono: oportunidadespara as empresas»O mercado do carbono encontra-se numa

fase decisiva, quer em termos de decisões

políticas quer em termos de definição de

políticas empresariais.

A conferência ‘Mercado do carbono: oportuni-

dades para as empresas’ tem como objectivo

reflectir e discutir o mercado do carbono como

oportunidade para a indústria portuguesa ate-

nuar os efeitos das alterações climáticas, re-

converter a sua tecnologia e ainda beneficiar

da venda de créditos de emissão. �

� Mais Informações

Tel.: 218 111 302 · Fax: 218 111 300

E-mail: [email protected]

www.ambienteonline.pt/conferencia/carbono

Eventos & Notícias

Revista do Grupo SGS Portugal36

A SGS organizou uma

palestra de sensibilização

sobre dioxinas e furanos

para alguns dos seus

clientes do Laboratório

Alimentar, assim como para

representantes da Indústria

e da Distribuição.

Directiva deequipamentos sobpressão: acordosinternacionais SGS

A SGS Portugal é organismo no-tificado de acordo com a Directiva97/23/CE, do Parlamento Europeue do Conselho, de 29 de Maio,relativa aos equipamentos sobpressão. Através de acordosinternacionais com as afiliadas do Grupo, a SGSPortugal está,actualmente, aefectuar acertificaçãode confor-midade deequipamen-tos sobpressão naBélgica, Itália eRoménia. Demomento, estão a decorrernegociações com outros paísesemergentes do Leste da Europa,entre outros. �

Palestra sobredioxinas e furanos

Page 38: SGS Global 13

Irá realizar-se, nos próximos dias 28 e 29 de

Outubro, o I Congresso sobre Construção

Sustentável, na EXPONOR, em Leça da Pal-

meira, Matosinhos, que pretende constituir

um fórum de reflexão sobre a temática da

construção sustentável.

Este evento tem como principais objectivos:

� Abordar o estado da arte sobre a Cons-

trução Sustentável em Portugal e na Europa.

� Potenciar o conhecimento do Plano Nacio-

nal de Desenvolvimento Sustentável.

� Debater aspectos de regulamentação,

regime jurídico e certificação associados às

actividades de construção e obras públicas.

� Discutir a problemática da construção bio-

climática.

�Constituir um espaço de reflexão sobre es-

tratégias de gestão integradas de resíduos

da construção e demolição.

� Apresentar conhecimentos e desenvolvi-

mentos científicos, inovações, tecnologias e

recursos disponíveis no âmbito da Construção

Sustentável.

� Promover o intercâmbio de experiências

entre os profissionais do sector.

A Organização do I Congresso sobre Constru-

ção Sustentável é da responsabilidade do

Conselho Regional Norte do Colégio de En-

genharia do Ambiente (CRNCEA) da Ordem

dos Engenheiros (OE), da Associação Portu-

guesa de Comerciantes de Materiais de Cons-

trução (APCMC) e do Núcleo Regional Norte

(NRN) da Associação Portuguesa de Enge-

nheiros do Ambiente (APEA).

Para mais informações, por favor, contacte:

� Secretariado do I Congresso sobre Cons-

trução Sustentável

Ordem dos Engenheiros - Região Norte

R. Rodrigues Sampaio, 123

4000-425 PORTO

Telefone: (+351) 222 054 102 / 222 087 661

Fax: (+351) 222 039 647

E-mail: [email protected]

Revista do Grupo SGS Portugal 37

Eventos & Notícias

ASGS celebrou um acordo com a Associação

das Empresas de Vinho do Porto (AEVP),

para a avaliação da qualidade do serviço pres-

tado e das condições de funcionamento dos

Centros de Visita das Caves do Vinho do Porto.

As caves de Vinho do Porto são o local privile-

giado para tomar contacto com esta bebida

nacional e toda a sua história. Abertas ao pú-

blico, oferecem a oportunidade de degustar

este precioso néctar, conhecer o seu percurso

ao longo dos tempos, a região onde é produ-

zido e a forma como é obtido.

Esta avaliação será efectuada de acordo com

uma check-list elaborada em colaboração com

a AEVP e em concordância com o seu regula-

mento interno. O acordo abrange as instala-

ções dos 17 Centros de Visita das Caves das

empresas associadas da AEVP. �

I Congresso sobre

ConstruçãoSustentável C

onstruir em Segurança’ é o tema da

maior campanha de sempre da UE, que

visa reduzir os elevados custos humanos e

financeiros resultantes da fraqueza das nor-

mas de segurança no sector da construção

na Europa.

A campanha ‘Construir em Segurança’ cul-

mina na anual Semana Europeia da Segu-

rança e da Saúde (18-22 de Outubro de 2004),

e coloca em destaque os riscos para a segu-

rança e a saúde no sector da construção na

Europa, bem como possíveis soluções, em

mais de 30 países do continente, o que a

torna a maior campanha de sempre deste

tipo.

Este é, também, o tema do Seminário que a

Associação Industrial do Minho, o IDITE--Mi-

nho e a SGS Portugal apresentaram em par-

ceria no dia 19 de Outubro, em Braga. O

evento teve como objectivos apresentar aos

agentes envolvidos no sector da construção

civil a legislação relativa à segurança no tra-

balho, as vantagens da segurança e os bene-

fícios de alcançar uma certificação pelas

OHSAS 18001.

O IDITE-MINHO e a SGS aproveitaram a oca-

sião para dar a conhecer aos participantes a

legislação comunitária relativa à Marcação

CE de materiais de construção, obrigatória

desde 1 de Junho deste ano, sendo que, sem

ela, os produtos agregados não podem ser

comercializados legalmente no mercado

comunitário. �

Semana Europeia daSegurança e da Saúdeno Trabalho 2004

Assinado acordo com

Associação das Empresas de Vinho do Porto

Page 39: SGS Global 13

Eventos & Notícias

Revista do Grupo SGS Portugal38

Para saber mais informação sobre todos

os temas abordados nesta edição da revista

SGS Global, consulte os sites indicados

já a seguir. De Portugal ao resto do mundo,

há muitos dados para descobrir!

Portugal� http://www.bcsdportugal.org/

Conselho Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável em Portugal (BCSD Portugal)

� http://www.agencia.ecclesia.pt/pub/

40/default.asp?jornalid=40

Associação Cristã de Empresários

e Gestores (ACEGE)

� http://www.icep.pt/empresas/dirempmulti.asp

Directrizes Para As Empresas Multinacionais -

Responsabilidade Social das Empresas do ICEP

� http://www.fpg.pt/

Federação Portuguesa de Golfe

� www.ualg.pt/anuncios/Divulgacao/

golfe/GolfeCenarios.PDF

Estudo sobre o golfe no Algarve,

da Universidade do Algarve

União Europeia� http://www.csreurope.org/

CSR Europe, organização não lucrativa

que promove a responsabilidade social

das empresas

Internacional� http://www.bsr.org

Business for Social Responsibility (BSR),

organização internacional não lucrativa que

promove as responsabilidade social das

empresas

� http://www.wbcsd.org/

World Business Council for Sustainable

Development (WBCSD), Conselho Empresarial

Mundial para o Desenvolvimento Sustentável

� http://www.unglobalcompact.org/

The Global Compact, iniciativa das Nações

Unidas para a responsabilidade social das

empresas

� http://www.sa-intl.org/

Social Accountability International (SAI),

organização que a responsabilidade social

das empresas e a certificação de acordo

com a SA 8000

� http://www.socialfunds.com/

Site dedicado ao investimento socialmente

responsável

� http://www.sustainablebusiness.com/

Site dedicado ao investimento socialmente

responsável

Navegar

ASecil Britas S.A. acaba de ver os seus produtos de construção agregados certificados

pela SGS ICS, no âmbito da directiva 89/106/CEE, obtendo, assim, a Marcação CE.

A SGS ICS avaliou a conformidade dos seguintes produtos: agregados para betão, agregados

para misturas betuminosas e tratamentos superficiais em estradas, aeroportos e outras

áreas sujeitas à acção de tráfego, agregados para argamassa, agregados para materiais

granulares não-tratados e para materiais com ligantes hidráulicos para utilização em

trabalhos de engenharia civil e construção de estradas, agregados para estruturas de

protecção marítima e agregados para balastros de

vias-férreas.

Neste processo, a SGS ICS verificou o cumprimento

dos requisitos essenciais de segurança dos produtos,

como a resistência mecânica e estabilidade, a segu-

rança na utilização, entre outros, e a sua aptidão para

o uso a que se destinam.

Refira-se que a Secil Britas já possuía o seu Sistema

de Gestão da Qualidade certificado pela SGS ICS

desde Março de 2000.

A Marcação CE de agregados é obrigatória desde

1 de Junho deste ano, sendo que sem ela os pro-

dutos não podem ser comercializados legalmente

no mercado comunitário. �

SGS ICS certifica produtos deconstrução agregados da Secil Britas

ASelect Recursos Humanos, em-

presa líder em serviços de ce-

dência de pessoal em regime de tra-

balho temporário, acaba de ver o seu

Sistema de Gestão da Qualidade re-

conhecido pela SGS ICS, de acordo

com os requisitos da norma ISO 9001:-

2000.

Mário Costa, administrador delegado

da Select Recursos Humanos, afir-

mou: "A certificação do nosso siste-

ma de gestão foi mais um passo im-

portante para a cultura da qualidade

que a nossa empresa tem vindo a se-

guir. Este trabalho não se esgota com a cer-

tificação, pelo que teremos de prosseguir

com o objectivo de aumentar, ainda mais, os

níveis de eficiência e a qualidade global do

serviço que prestamos aos nossos clientes."

O certificado constitui o reconhecimento

do empenho colocado por todos os colabo-

radores da Select Recursos Humanos na

implementação do Sistema de Gestão da

Qualidade. �

Select Recursos Humanosrecebe certificação da qualidade

Page 40: SGS Global 13

OGrupo SGS Portugal acaba de reforçar

a sua equipa com a nomeação de novos

colaboradores: Anabela Gonçalves, Francisco

Palma, Pedro de Melo e Tomé Pintão. Estas

nomeações reforçam a aposta do Grupo nas

componentes de supervisão, inspecção e co-

ordenação da segurança nos sectores da

indústria e da construção.

Anabela Gonçalves foi nomeada nova directo-

ra da área de Consumer Testing Services –

Alimentar. Anabela Gonçalves está na SGS

desde 1996, tendo exercido até agora funções

de direcção no Laboratório da SGS. Licenciada

em Engenharia Química, pela Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade Nova

de Lisboa, e com um mestrado em Gestão

da Qualidade pela Universidade Aberta, Ana-

bela Gonçalves dispõe de uma elevada ex-

periência na área laboratorial e do controlo da

qualidade.

Francisco Palma é o novo director da área de

Automotive. Formado em Engenharia Mecâ-

nica pelo Instituto Superior Técnico, possui

uma pós-graduação em Engenharia Industrial

(Gestão de sistemas industriais e de produ-

ção) pelo INETI. Anteriormente, era respon-

sável pela implementação e gestão de uma

nova unidade de negócios do Banco FIAT Bra-

sil, com a missão de desenvolver e comercia-

lizar um vasto conjunto de serviços de mobili-

dade e Customer Relationship Marketing pa-

ra o sector automóvel.

Pedro de Melo é o novo responsável pelo De-

partamento de Construção & Edifícios da Divi-

são Industrial do Grupo. Com um Bacharelato

de Engenharia Civil, concluído em 1979, pelo

Instituto Superior de Engenharia de Lisboa,

frequentou igualmente o curso de Arquitectura

na ARCA, em Coimbra. Previamente a esta

nomeação, foi responsável pelas áreas de

Norte de África, América do Sul e Macau no

Departamento Internacional da Soares da

Costa, após o qual desenvolveu actividade

própria, com especial incidência nas áreas de

projectos de arquitectura e engenharia, licen-

ciamentos e gestão/fiscalização de emprei-

tadas.

Tomé Pintão assume o cargo de responsável

pelo Departamento de Segurança da Divisão

Industrial do Grupo SGS em Portugal. Licencia-

do em Engenharia Mecânica, pela Faculdade

de Ciências e Tecnologia da Universidade de

Coimbra, possui uma pós-graduação em Higie-

ne e Segurança pelo Instituto Superior Técni-

co. Previamente a esta nomeação, foi gestor

de segurança do Grupo Agro-Industrial Nutasa,

onde desenvolveu o sistema de gestão de

segurança e higiene das instalações industriais

do Grupo. �

Reforço da equipa em Portugal

AShell seleccionou a Divisão Industrial da

SGS para realizar as inspecções dos

equipamentos sob pressão a todos os seus

postos de abastecimento em Portugal.

Esta decisão foi baseada na reconhecida ca-

pacidade e experiência da SGS no âmbito dos

equipamentos sob pressão, assim como na

qualidade e celeridade já habitual dos servi-

ços prestados.

Apesar do ambiente económico adverso, a

Shell consegue manter a liderança em renta-

bilidade, no sector da distribuição de produtos

petrolíferos, tendo mesmo reforçado a sua

posição no mercado em alguns sectores. A

Shell adopta uma estratégia de conquista da

preferência dos clientes, através de uma oferta

diversificada entre produtos e serviços de

valor acrescentado e produtos e serviços de

qualidade a preços competitivos. Refira-se

que é a primeira vez que este tipo de contrato

de outsourcing é formalizado por uma petrolífera

em Portugal, para a sua rede de postos. �

SGS inspecciona ESP’s da Shell

Revista do Grupo SGS Portugal 39

Eventos & Notícias

Anabela Gonçalves Francisco Palma Pedro de Melo

Tomá Pintão

Page 41: SGS Global 13

Numa época de acentuada concor-

rência/competition (talvez o termo

anglo-saxónico seja mais forte para

caracterizar a situação), falar em responsabi-

lidade e preocupação social, poderá não pare-

cer tão excitante – tão sexy – para quem está

envolvido no marketing e na gestão empresa-

rial.

De facto, as escolas de gestão ao colocarem,

e bem, acentuado ênfase na concorrência le-

vam, por vezes inopinadamente, os jovens

formandos a conclusões precipitadas, no

sentido de que tudo o que se relacione com

a preocupação social por parte de uma em-

presa é de matéria irrelevante, desinteres-

sante, até maçadora.

A realidade a que começamos a assistir é,

contudo, bem diferente. Diferente pela atitu-

de de algumas empresas e empresários, so-

cialmente conscientes do seu papel no mundo

actual, procurando justamente a maximização

dos seus resultados, mas não esquecendo

que uma das razões fundamentais da sua

existência é a criação de condições para que

todos – as pessoas – possam cada vez mais

viver num mundo que se quer habitável e pro-

porcione aos seus, actuais e futuros, habitan-

tes o desejo e a alegria de viver.

O marketing, como forma de gerir as empre-

sas com ênfase especial no consumidor, tem

a responsabilidade social de encontrar so-

luções que satisfaçam os agentes econó-

micos e, no caso particular dos consumido-

res/cidadãos, os seus desejos de consumo

imediato, mas também – e, até na plena con-

formidade com o topo da pirâmide de Mas-

low – os seus desejos e interesses, de uma

vida saudável, de qualidade e de futuro para

as gerações vindouras.

A preocupação por estes temas tem consta-

do, aliás, das agendas de diversas organiza-

ções internacionais, desde as Nações Unidas

à União Europeia, até a instituições privadas

da área do marketing, como a ESOMAR, a

EMC e a EMAC, que nos seus congressos e

conferências deste ano irão debater a respon-

sabilidade social e sustentabilidade do mar-

keting e a qualidade de vida.

Coincidência? Falta de imaginação e de cria-

tividade? Ou exercício de consciencialização

da importância e da imprescindibilidade do

debate desta temática, num mundo em que

a poluição ambiental e o desordenamento do

espaço vão proliferando, ao sabor de interes-

ses mais imediatistas e sem visão de futuro.

Não devemos ter complexos em encarar

frontalmente estes nossos problemas que

o serão certamente, também, dos nossos

filhos e netos. Não se trata de uma moda,

de posições sociais, mais ou menos cono-

tadas com qualquer campo do espectro po-

lítico, mas sim da emancipação do ser hu-

mano, do empresário, do político, perante

uma realidade – perigo – emergente.

O desenvolvimento – o marketing – susten-

tável, trata da satisfação das necessidades

dos presentes sem comprometer a possibi-

lidade das gerações futuras satisfazerem as

suas. Segundo Jacqueline de Larderel, direc-

tora da UNEP - United Nations Environment

Programme, “o consumo sustentável não

significa consumir menos mas consumir de

forma diferente, eficiente e com uma quali-

dade de vida cada vez maior”.

A cidadania empresarial e o desenvolvimen-

to sustentável não são uma opção, mas uma

necessidade que cada dia se torna mais pre-

mente, indissociável do marketing, o qual

constitui uma peça-chave para a resolução do

problema. Neste contexto, o seu papel estra-

tégico está na base da concepção de novos

produtos, dos canais de distribuição a utilizar,

das formas de comunicação com o mercado,

da imagem e da reputação empresarial.

Esta perspectiva da gestão pode aportar à

empresa e à “marca consciente” um acrés-

cimo de competitividade, pela preferência

reconhecida do consumidor e pela satisfação

dos diversos stakeholders envolvidos. É por

isso que afirmamos que a responsabilidade

social – e não “a caridadezinha avulsa” – e a

sustentabilidade constituem uma oportu-

nidade para novas vantagens competitivas,

pela possibilidade de melhor capacitação e

optimização da gestão de recursos, técnicos,

ambientais e humanos, e pela diferencia-

ção, através de soluções valorizáveis pelos

consumidores.

O lado positivo da questão é o de que al-

guns empresários já tiveram a visão desta

nova realidade, percebendo que a sustenta-

bilidade poderá, mesmo, constituir um factor

de vantagem competitiva diferencial. Al-

guns cidadãos estão igualmente despertos e

valorizam o empenho social das empresas, o

respeito pelas normas de desenvolvimento,

e não só crescimento, económico.

De qualquer forma, e afinal, não serão a or-

ganização social e a vida empresarial jus-

tificadas pelo fim último da construção de um

mundo à medida dos cidadãos?

A responsabilidade é de todos nós. �

Opinião

Revista do Grupo SGS Portugal40

Marketing Sustentável e Responsabilidade Social

Carlos Manuel Oliveira, presidente da Associação Portuguesa dos

Profissionais de Marketing

“O desenvolvimento – o

marketing – sustentável,

trata da satisfação das

necessidades dos presentes

sem comprometer a

possibilidade das gerações

futuras satisfazerem as

suas. “