revista teletime - 160 - novembro 2012

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Ano 15 160 nov2012 www.teletime.com.br ENTREVISTA José Formoso e Gustavo Silbert contam as estratégias da Embratel para o mercado satelital e fixo ESTRATÉGIA Como a Portugal Telecom usa a tecnologia para reduzir custos em seu mercado local Teles escolhem seus fornecedores e dão o primeiro passo na montagem das redes LTE no País. Rede vai exigir novos sites, atualização das ERBs existentes e investimento em backhaul JOGO DE ARMAR

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Revista Teletime - 160 - Novembro 2012

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A n o 1 5 • 1 6 0 • n o v 2 0 1 2 w w w . t e l e t i m e . c o m . b r

ENTREVISTAJosé Formoso e Gustavo Silbert contam as estratégias da Embratel para o mercado satelital e fixo

ESTRATégIAComo a Portugal Telecom

usa a tecnologia para reduzir custos em seu mercado local

Teles escolhem seus fornecedores e dão o primeiro passo na montagem das redes LTE no País. Rede vai exigir novos sites, atualização das ERBs existentes e investimento em backhaul

JOGO DE ARMAR

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Job: 16287-211 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 16287-193-AFM-TIM-An Morena 23x30.5-pag001_pag001.pdfRegistro: 94632 -- Data: 12:13:40 09/10/2012

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As empresas europeias que no Brasil controlam as operadoras de telecomunicações (Telefónica, Telecom Italia, Portugal Telecom e

Vivendi) somavam no final do terceiro trimes-tre do ano uma dívida de 103,6 bi lhões de euros. A Telefónica liderava a lista com 56 bilhões de euros de dívida líquida, seguida pela Telecom Italia, com 29 bilhões de euros, a Vivendi, com 14 bilhões de euros, e depois a Portugal Telecom, com 4,6 bilhões de euros. Some-se a isso a dívida da América Móvil, mexicana, equivalente a 21,8 bilhões de euros. Ao todo, as empresas que decidem o futuro das telecomunicações no Brasil preci-sam se preocupar com um papagaio de mais de 125 bilhões de euros. Dívida em si não é problema, desde que as receitas e a geração de caixa compensem a exposição financeira, as estimativas sejam de crescimento, as pers-pectivas de rolagem do débito sejam boas e os juros estáveis. Por isso a dívida da América Móvil não é considerada preocupante.

No caso das empresas europeias, o cená-rio não é esse. Em seus mercados domésticos, elas perdem receitas e base de clientes. Precisam, portanto, de mais receitas, ou redu-zir o tamanho da dívida. Não é a primeira vez que operadoras europeias enfrentam uma situação como essa, mas é a primeira vez na história recente em que todas elas, ao mesmo tempo, se veem diante desse tipo de desafio.

Recentemente, em entrevista à TELETIME, o presidente da Oi, Francisco Valim, disse que não havia grandes oportu-nidades para uma expansão internacional da operadora. A bola da vez era o mercado brasileiro. Não é o que acham a América Móvil, que recentemente fez uma forte inves-tida em cima da operadora holandesa KPN, ou a egípcia Orascom, que agora tenta com-prar uma participação relevante na Telecom Italia para, a partir daí, comprar a GVT, colocada à venda pela Vivendi, que precisa fazer caixa para reduzir a dívida e voltar a distribuir dividendos aos acionistas.

O mundo definitivamente mudou. As grandes operadoras europeias, que nos anos 90 davam as cartas no mercado de telecomu-nicações, estão em posição fragilizada e em franco movimento de contração.

O Brasil, infelizmente, ainda não conse-

guiu se colocar em posição relevante nesse jogo. Ao contrário, é apenas mais um mer-cado consumidor a ser explorado por quem quer que esteja em melhores condições econômicas para investir aqui, seja um grupo mexicano, um grupo europeu ou até mesmo um grupo egípcio.

A verdade é que poucos países emergen-tes conseguiram ter empresas protagonistas no mercado de telecomunicações. O México foi o mais exitoso. A Índia e o Egito também têm empresas que se destacam, assim como alguns países do Oriente Médio.

Quando a fusão entre Oi e Brasil Telecom (BrT) foi discutida, em 2008, a recuperação desse protagonismo era justamente o que estava em pauta. Quase cinco anos depois, o que se vê é que até hoje a compra da BrT, nas condições que foram colocadas (conve-nientemente forjadas para dar uma saída financeira para Citibank, Opportunity e GP) até hoje penalizam os resultados da Oi, que arcou com mais de R$ 10 bilhões entre o que foi necessário pagar aos sócios que saíam e os buracos deixados pela gestão Opportunity na BrT. Para complicar ainda mais, a Oi passou a ocupar o papel central em todas as políticas de universalização e inclusão digital desenvolvidas desde então, o que a tornou a empresa mais onerada do ponto de vista regulatório e mais amarrada do ponto de vista financeiro.

Outro efeito perverso decorrente do fato de o Brasil ter se tornado apenas mais um mercado a ser ocupado na geopolítica das telecomunicações é que os dividendos gera-dos pelas operações locais precisam ser exportados para remunerar acionistas em apuros. Faz parte do jogo que seja assim: quem manda na empresa recebe os benefí-cios. Mas poderia ser diferente.

É difícil pensar em como mudar o jogo daqui por diante. Ações regulatórias podem, na melhor das hipóteses, trazer benefícios para os consumidores, não sem antes enfren-tarem a resistência empresarial. Fala-se em começar a discutir já um novo modelo de telecomunicações, que passará a valer a par-tir da próxima década. Há bastante tempo para planejar. É a hora de analisar com cui-dado os erros e acertos passados e perguntar, afinal, o que se quer para o futuro.

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Número

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EDitORiAl 3 | POntO DE viStA 34

ilUStRAÇÃO DE CAPA: seri

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EntREviStALição de casa Embratel mantém a estratégia de fazer o simples para ganhar rentabilidade com baixo risco: aposta em vários serviços, diversificando o portfólio de produtos para atender aos segmentos empresarial e residencial.

CAPACautelaOperadoras se mostram conservadoras na escolha dos fornecedores de redes de 4G e, ao contrário do que houve cinco anos atrás nas redes de 3G, dessa vez não foi dado espaço para novos entrantes.

EStRAtéGiAOs portugueses ensinamMesmo em crise, Portugal tem exemplos de sobra para dar ao mercado brasileiro de telecomunicações. Entre eles está uma regra de aprovação rápida da infraestrutura.

inFRAEStRUtURADe mãos dadasDeter infraestrutura passa a ser menos relevante em um cenário onde a construção de rede própria significa mais custos. Para teles, é mais interessante compartilhar e mudar o foco para qualidade de serviço.

REGUlAMEntAÇÃOBem-vindoAnatel aprova o Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) e o regulamento nasce com uma série de “remédios” para combater os males do atacado e, consequentemente, estimular a competição no varejo.

intERnEtDe olho nas metasAnatel começa a monitorar a qualidade da banda larga de provedores com mais de 50 mil assinantes. Agora, as operadoras precisarão enfrentar desafios técnicos e burocráticos para conseguir cumprir as metas da agência.

nFCVai pagar como?A grande aposta das operadoras para o pagamento móvel passa a ser a tecnologia NFC (Near Field Communications). A tendência para este mercado é o uso das experiências já em curso em países menos desenvolvidos.

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.:EntREviStA

Das grandes empresas brasileiras que disputam o mercado de telecomu-nicações, a Embratel é a que enfrenta algumas das

condições mais peculiares. É uma empresa triple-play, mas por opção do principal acionista, a América Móvil, cada perna da oferta combinada ainda está separada em uma empresa pró-pria (Net e Claro). É a empresa que tem a maior parte das receitas no seg-mento corporativo, e a única para a qual o mercado de longa distância ainda é central. Mais do que isso, a Embratel é a única operadora brasilei-ra a ter um braço próprio de operação de satélites, a StarOne (a Oi e a Tele -fônica são acionistas da Hispamar), e a única no grupo América Móvil com esse tipo de infraestrutura. Nesta entre-vista, o presidente da Em bratel, José Formoso, e o presidente da Star One e diretor executivo de mercado corpora-tivo da Embratel, Gustavo Sil bert, falam sobre os planos da empresa no seg-mento empresarial e residencial.

A Embratel acabou de lançar mais um satélite e tem outro planejado para 2014. Como enxerga hoje o seg-mento espacial dentro da estratégia da empresa?

José Formoso (JF) – Há um signifi-cado especial para nós no lançamento, porque além de renovar a capacidade atual, estamos olhando para novos ser-viços e soluções que serão complemen-tadas por satélite. Combinado com outras redes, o satélite permite capaci-dades e serviços novos.

Gustavo Silbert (GS) – O satélite é sempre um retransmissor de sinais. Esse C3 permite uma capacidade em banda Ku para foco em redes corporati-vas e backhaul de celular, que é uma das coisas que pretendemos ampliar.

JF – Além disso, ele se encaixa na

nossa estratégia de projetos complexos. Além de renovar a frota, estamos mos-trando a nossos clientes que apenas nós temos capacidade de construir, geren-ciar e distribuir capacidade por satélite.

No grupo América Móvil, só o Bra-sil tem uma operação específica de satélite. Essa nova capacidade servirá para atender todo o grupo?

JF – Hoje, no grupo, só o Brasil tem capacidade própria, através da Star One, mas todo o mundo compra capaci-dade. Temos planos de expandir para a América Latina a nossa capacidade.

GS – Em 2007 lançamos o C1, com capacidade em banda Ku para o Brasil e para o Mercosul. No C2, colocamos banda C para a América do Sul e banda Ku para América Central e México. Ainda faltava cobrir melhor a região andina, que é coberta agora com o C3.

Nosso principal cliente dessa capacida-de serão, sem dúvida, as operações do grupo América Móvil.

Até aqui essa capacidade era para atender os clientes do Brasil que precisavam de conectividade lá fora. Agora vocês pensam em comer-cializar capacidade no restante da América Latina?

JF – Já comercializamos fora, mas de fato, desde a origem da Embratel, ela sempre foi muito voltada para o Brasil. Estamos agora com um foco mais re gional, olhando Argentina e México. Va mos ampliar para Miami, México, América do Sul, região andi-na, e o pré-sal.

E o mercado norte-americano, vo -cês pretendem disputar com essa co -bertura na Flórida?

JF – Não, em princípio não, porque

Samuel [email protected]

Ovos em várias cestasEmbratel apresenta sua estratégia de atuar em vários mercados e aposta na diversidade de produtos como forma de chegar a um mix mais rentável e de menores riscos.

José Formoso Gustavo Sil bert

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vemos que lá existe muita capacidade disponível e a maior demanda está na América Latina. Temos que manter o foco aí e no Brasil. Para elencar as nossas prioridades, diria Brasil pri-meiro, e complementando com os paí-ses que ficam em torno do Brasil. Com esses últimos satélites, aumenta essa capacidade e o que se coloca é consu-mido muito rápido.

Esse satélite não será usado pela Claro TV, mas o próximo, o C4, sim. Ter um satélite próprio dá alguma vantagem?

JF – Dá uma garantia, porque você controla o ativo mais importante da operação. Temos outros satélites que poderiam cobrir a nossa capacidade. Além disso, podemos aproveitar melhor a evolução das capacidades de compres-são e multiplexação que surgem a cada seis ou oito meses, porque não precisa-mos pedir para ninguém.

GS – Com um satélite próprio você tem mais flexibilidade para colocar mais conteúdo sem ficar dependendo de capacidade de terceiros. Isso é impor-tante para a ampliação dos canais em alta definição.

Como enxergam a evolução do mercado de TV por assinatura na estratégia de vocês?

JF – Temos um mercado importante já. A Claro TV tem ganhado market share, 0,2 ou 0,3 ponto por mês. Esta-mos focados em crescer fora das áreas das grandes cidades onde está a Net. A Net está em cem cidades, vai chegar a 200, e a Claro TV está nos outros mais de 5 mil municípios não atendidos. Não falaria de um objetivo de market share, mas temos que chegar primeiro. Já estamos lá com a banda C, que é grátis, e depois passa para a TV paga.

E banda larga via satélite, está no radar de vocês?

JF – O que acontece, e isso é interes-sante, é que as pessoas querem ter capacidade de altíssima velocidade em primeiro lugar. Depois, querem banda larga via celular, com mobilidade. E os que não têm essas opções precisam de satélite. O custo não é igual. A banda Ka dá uma opção para esse mercado fora das áreas de cobertura fixa e móvel, mas é preciso ter uma capacidade em banda Ka que nós ainda não temos. Estamos estudando para ver a viabilida-

de. Mas certamente não concorrerá com a banda larga fixa. É o projeto do D1 ainda. Todos os satélites que existem no Brasil são como espelhos, passivos. Se você coloca banda Ka, o satélite se torna ativo, com roteadores e tudo. Na vida real, tem um risco gigante, porque não tem como mandar um técnico para arrumar se der problema. É outra equa-ção de custo e confiabilidade. Temos que olhar as experiências do mundo, é preciso ter mais de um satélite. Mas é um projeto que prevê que o satélite este-ja operando em 2016 ou 2017.

E como está a expansão da capaci-dade de cabos submarinos?

JF – Temos hoje muitos cabos, al -guns próprios e outros em condomí-nio, compartilhados com outras em pre- sas. Te mos um projeto para um con-domínio com todas as outras opera-ções da América Móvil para chegar a Fortaleza que estará em operação no

próximo ano. É um projeto panregio-nal, mas que nos dá mais capacidade e redundância. De qualquer forma, nossa equação sempre tem que envolver mui-tas coisas: cabo, satélite, a rede terres-tre para acesso ao cliente, fibra. Cons-truímos muito acesso terrestre para atender ao mercado corporativo.

Qual infraestrutura hoje tem sido priorizada no acesso ao cliente?

JF – Temos rede própria de fibra, rádio, ADSL com banda garantida e acesso de terceiros. Há dois anos usa-mos também o acesso e as fibras da Net para o mercado corporativo.

Essa ênfase no mercado corpora-tivo é uma forma de compensar o mercado de longa distância, que está em declínio?

JF – É um mercado que está em decli-ve há dez anos e nós trabalhamos para compensar isso de muitas formas. Com o mercado residencial, com o mercado de TV, com o mercado de satélite. É uma combinação. Tudo na vida é assim, uns caem e outros sobem. Estamos muito focados no mercado de redes complexas,

que exigem altos níveis de confiabilidade, redes grandes, não tanto para compen-sar, mas para viabilizar a empresa em uma estratégia futura. Temos os ovos em várias cestas. Pode até perder um merca-do que a Embratel não cai.

Hoje o mercado de longa distância representa quanto para a Embratel?

JF – É cerca de 35%, mas foi 70% oito anos atrás. Cai um pouco, mas menos do que caía. O crescimento do resto compensa. Mas hoje o mercado residencial e corporativo se dividem em meio a meio na Embratel, até porque o satélite está no residencial, com o DTH, e a longa distância está nos dois.

Há um debate grande hoje sobre a rentabilização dos investimentos, sobretudo para o mercado residencial. Vocês têm feito investimentos grandes em redes para o mercado corporativo. A rentabilização é mais fácil por aí?

JF – Não. Acredito que as dife-rentes empresas, a indústria como um todo, têm um mix de merca-dos que não são muito rentáveis e outros muito complexos, mas mais rentáveis, como o segmento de satélite. Mais complexos por-que exigem mais confiabilidade. Não pode cair o serviço de um

aeroporto, durante a Copa do Mundo... Um satélite tem uma alta rentabilidade, mas um Capex gigante para começar. Isso tem um desafio de rentabilidade complicado. A disputa de mercado não traz rentabilidade, ao contrário. A com-plementariedade com produtos novos demandados pelo mercado, sim. O que traz rentabilidade é ter um mix de pro-dutos. Você não vende um produto e o mercado compra. Você precisa ajudar o mercado a ter o que eles querem, a melhorar seus problemas. Essa é a nossa realidade. Não é simples.

O mercado residencial, com a Net, está ganhando relevância?

JF – Claro, a Net é relevante, mas tem seus próprios problemas para re -solver, porque investe, tem seu playba-ck e, mesmo com toda a parceria que temos, é preciso que ela tenha o seu retorno. Assim como a Claro. São três empresas independentes que têm que dar resultados, e que todos ganhem. A Net tem as casas, a Embratel tem as empresas e a Claro tem a mobilidade. É preciso ter uma combinação que gere mais valor para todos.

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Para a embratel, é ineficiente brigar Pela rede. emPresa avalia que a anatel sinalizou com o Pgmc um caminho bom e que dePois de oito anos há um modelo Para se evoluir.

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no para 2013, que será um ano muito complexo. Todas as economias fora do Brasil, e até o Brasil, estão esfriando. Os clientes de nossos clientes vão encomen-dar menos, por isso acreditamos que 2013 será um ano complicado para nossos clientes. Uma empresa que exporta e deixa de exportar vai olhar os custos, e nós somos custo. O que temos que fazer é ajudá-los a enfrentar isso. Torcemos para que o ano seja melhor, mas estamos preparados para que seja um ano mais devagar.

O que significa nesse contexto estar preparado?

JF – Controle de custos, investimen-tos bem alocados, sem festa. Se você se planeja para crescer e não cresce, só o que aumenta são os custos, por isso tem que se preparar com cuidado, sem ampliar os custos.

O projeto de satélite sofre algo?JF – É o que menos sofre porque é

sempre um projeto de longo prazo. Sabemos que a vida de tal satélite vai terminar em tanto tempo, então tem

que substituir. Mas redes, investimen-tos em curto prazo, podem ser mais cuidadosos. E buscar novos campos, co mo datacenter, que abre a possibili-dade de ex plorar um mercado de ino-vação, resolver problemas de custos das empresas clientes. Queremos que esse datacenter seja usado para servi-ços em cloud, por exemplo.

GS – Temos que levar ao cliente cor-porativo algo mais do que ele espera. Com tantas empresas fazendo datacen-ter, o que é que a Embratel pode fazer de diferente? A diferença é que estamos unidos a uma grande infraestrutura de telecom. O custo para o cliente, que te que contratar as duas coisas, é menor, porque há mais escalas e mais sinergia.

Mas de outro lado, vocês não são os especialistas em oferecer serviços de TI, datacenter, cloud. Precisam aprender a fazer isso.

JF – É um grande desafio e estamos nos preparando com parcerias com as pessoas que sabem fazer e preci-sam da nossa parte, e estamos pre-parando pessoas da área de softwa-re, TI, estamos nos estruturando de forma diferente. Não significa que a parte de telecom não seja importan-te, mas temos que desenvolver

outras áreas. O datacenter está pronto, e agora a empresa está evoluindo para essa oferta. Já investimos R$ 200 milhões só em um datacenter. E temos cinco. É uma convergência entre consultoria, TI e redes. Vamos investir mais ou menos isso em 2013, dependendo do que o mer-cado demandar. E teremos também algu-ma oferta de cloud residencial.

GS – A evolução do serviço é exata-mente essa: começar com serviços de infraestrutura até a oferta de aplicativos e terceirização de processos. Mas tem que começar do básico.

A Embratel tem uma das principais infraestruturas de telecom do País, mas o Brasil ainda é carente em mui-tas regiões. Ainda é papel da Embratel atender a essas regiões não rentáveis?

JF – A Embratel foi criada para isso e fez muito. Mas ainda há cidades que só são atendidas por satélite. Há cinco anos fizemos um investimento no cabo da fibra Porto Velho-Manaus. Não é um investimento ruim, porque tem um mer-cado importante. Sempre que é compli-

O mercado de TV por assinatura é sustentável no grau de competição e nos custos atuais?

JF – A questão não é ser rentável ou não. É um mercado que ninguém acre-ditava que teria os investimentos que houve. As pessoas achavam que só os ricos teriam TV paga, que as taxas de instalação não cairiam. Mas é preciso entender que existe um mercado consu-midor fora dos grandes centros, e ele está acontecendo.

O foco é a classe C?JF - Não só classe C, mas todas as

que estão fora das grandes cidades. Temos uma oferta nas favelas do Rio, o Via Paz, que resultou de uma parceria com os programadores para redução de custos, e já passou de 50 mil assinantes. Vendemos pelo preço do "Gato Net", que era de R$ 29,90. Foi um pedido do go -verno, todos ajustaram os custos.

GS – O usuário pode ter uma fatura com o endereço dele, e isso com-prova residência, comprova que ele existe.

Vocês baixaram os preços quando entraram no merca-do para conquistar novos assi-nantes. Mas o custo de programação ainda é alto...

JF – Os programadores estão apren-dendo que não precisam mais olhar o preço por assinante, mas, sim, como crescer o mercado e isso está levando aos clientes de menor renda. É uma evolução. Estamos trazendo clientes para o mercado, pagando fatura, impos-tos. Já estamos com 2,9 milhões, quase 3 milhões de assinantes.

Como vocês participam da estra-tégia da Net, decidindo onde eles vão crescer?

JF – Nós participamos em um pla-nejamento anual em que se seleciona as cidades. É um foco onde tem muitas casas. Hoje a Net tem 97 cidades e deve terminar 2013 com 200, e isso conti-nua. A estratégia no Brasil será com redes HFC, com a fibra chegando mais perto quando necessário, partindo os nós da rede.

Qual a expectativa da Embratel daqui para frente?

JF – O ano de 2012 foi um bom trei-

a disPuta de mercado não traz rentabilidade, ao contrário. o que traz rentabilidade é ter um mix de Produtos.”

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cado, nós fazemos. Não vejo uma mu -dança na Embratel. Ao contrário, es -taremos mais presentes naquelas ci -dades de menor porte, por conta da mudança nas regras de compartilha-mento (Nota do Editor: referência às mudanças no Regulamento de EILD e ao Plano Geral de Metas de Competição).

GS – A gente sempre teve esse DNA desbravador, de chegar com infraestru-tura onde ninguém mais chega. Satélite é um bom exemplo. Planejamos um sa -télite para atender à região do pré-sal sem ter nenhum cliente garantido nem como será o mercado.

O projeto do satélite brasileiro con-corre com vocês?

JF – Não, porque em satélite capa-cidade nunca é demais. O governo tem as suas prioridades e precisa de capacidade. Estamos ajudando eles no que for necessário, cooperando no que for necessário.

GS – Só tem crescimento nas aplicações. Sempre sur-gem novos usos da capacida-de disponível.

Vocês mencionaram a mu -dança na regulamentação de EILD e o Plano de Metas de Competição. O que a Oi, sobretudo, diz, é que vocês e outras operadoras deveriam construir mais rede e não brigar pela rede de -les. A Embratel não deveria construir mais redes próprias?

JF – Nós atendemos nossos clien-tes nacionalmente e construímos muita rede própria. Nós atendemos por nossas redes e pela redes de outros operadores. Não dizemos que eles não nos vendem rede, mas ven-dem muito mais caro do que eles pra-ticam no mercado. O que não quere-mos é esse "price squeeze".

Mais ainda não seria mais prático fazer uma rede própria?

JF – Nós temos redes nacionais e alguma rede regional. Mas é preciso complementar as redes, não duplicar.

Vocês estão construindo backhaul para a Claro?

JF – Sim, mas backhaul é diferente, é uma rede mais limitada. Capilaridade, para atender bancos, hotéis, é outra rede. Por isso tem que complementar.

Nós temos as redes nacionais e o backhaul, mas nem sempre temos o acesso. Nós fazemos muita rede e ven-demos para todo mundo, mas vende-mos backbone. É ineficiente brigar pela rede. Acho que a Anatel sinalizou um caminho bom depois de oito anos e temos um bom modelo para evoluir.

O lado negativo para vocês é que a Embratel foi obrigada a desagregar a rede de cabo.

JF – Se alguém vai pagar por isso, não tem problema. Não é tão simples tecnicamente desagregar uma rede de cabo. Mas se alguém paga, podemos vender. Só é preciso não distorcer o mercado cobrando pela rede mais do que se cobra do consumidor final.

Como vocês veem o crescimento do mercado over-the-top, que usa a rede de vocês, mas a receita não fica com a operadora de telecomunicações?

JF – É uma oportunidade para ter-mos receitas. Eles trabalham na banda larga que nós pagamos. Há oportunida-

des para fazer parcerias com eles para garantir qualidade.

Mas tem a questão da neutralidade da rede. Qual a visão de vocês?

JF – Precisamos falar muito sobre isso, pois a neutralidade tem que prote-ger o investimento feito para dar retor-no, o que vai trazer mais investimentos. Se você faz investimentos e quer que tudo seja grátis, a rede acaba. Todos queremos que seja uma Internet mara-vilha, mas tem que ter retorno para o investidor. E isso tem que ser regulado pelo regulador, pelo órgão que tem essa função de analisar o mercado e garantir a concorrência, qualidade, condições isonômicas entre as partes.

Como está o processo de integra-ção entre as três empresas, Claro, Net e Embratel? Há ofertas conjuntas, mas ainda no nível do marketing...

JF – É uma questão de evolução. Pode-se juntar tudo de uma vez ou ir

aproximando as coisas aos poucos, como fizemos, integrando backbo-nes, TI, recursos humanos. Isso vai avançando e nos próximos anos veremos as empresas mais integra-das. Comercialmente é um processo mais rápido, no qual as ofertas con-juntas já estão sendo feitas, os com-bos. Mas são três culturas, três mercados, três regulações, e nós

achamos melhor fazer isso aos poucos.

Como estão encarando as exigên-cias de qualidade na banda larga?

JF – O governo tem que cuidar dos interesses de qualidade na indústria. Tem que ter um parâmetro transparen-te de qualidade para o consumidor. É positivo, porque nenhuma empresa poderá dizer que tem uma coisa e não oferecer. Quando as regras são iguais para todo mundo, isso é positivo, mas cada empresa tem que fazer a sua parte.

Como está sendo preparada a rede para as Olimpíadas, na qual se rão os responsáveis pela infraestrutura?

JF – Vamos ter que investir muito em infraestrutura, em gestão de redes, em datacenter, satélite para as trans-missões de vídeo. Isso já começou, mas tem que fazer muita coisa. Observamos em Londres esse ano que o caminho para chegar até a estrutura adequada leva uns seis meses, mas a infraestru-tura fica para sempre.

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a gente semPre teve dna desbravador, de chegar onde ninguém mais chega. Planejamos um sa télite Para o Pré-sal sem ter nenhum cliente garantido.”

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O processo de escolha dos fornecedores das redes de quarta geração (4G) do Brasil foi marcado pela cautela. Ao contrário do

que houve cinco anos atrás nas redes de terceira geração (3G), dessa vez não foi dado espaço para novos entrantes. À exceção da Oi, todas as demais operadoras móveis optaram por manter os mesmos fabricantes já presentes em suas redes 3G. A mesma prudência se verifica no planejamento inicial da cobertura 4G, que deve cumprir minimamente as exigências determinadas pela Anatel. Para as metas de 2013, as teles pretendem reaproveitar sites existentes de 3G e construir o menor número possível de novas torres. A expectativa é de que em abril do ano que vem haja cerca de quatro mil antenas 4G funcionando no Brasil, das quais 90% instaladas em sites 3G atuais. Onde for preciso erguer torres novas, especialmente a partir das metas de 2014, o bom senso falará mais alto: todas as teles costuram acordos de compartilha-mento de infraestrutura.

Os contratos de 4G foram disputa-dos por basicamente seis concorren-tes: Alcatel-Lucent, Ericsson, Huawei, Nokia Siemens, Samsung e ZTE. Analisando-se os negócios divulgados até o fechamento desta edição (veja quadro à pág. 12), é possível dizer que a Ericsson foi a grande vencedo-ra, garantindo presença em todas as quatro grandes operadoras. A Huawei manteve boa parte do share que deti-nha no 3G, mas sofreu uma derrota na Oi, onde foi preterida em favor de Ericsson e Alcatel-Lucent. A Nokia Siemens manteve o que já tinha e conseguiu um contrato novo com a Sky, que vai operar em TD-LTE. As principais derrotadas foram as empresas que tentavam entrar nesse seleto grupo de fornecedoras de redes de acesso para as operadoras móveis brasileiras: Samsung e ZTE. “O pro-blema desses entrantes não eram os

Fernando [email protected]

Espaços preservadosNas redes de quarta geração, teles dão preferência por fornecedores atuais de 3G e aproveitam sites existentes.

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seus produtos, mas o pós-ven-das. Eles não estão prepara-dos para daqui a dois anos, quando houver milhares de torres 4G por operadora no Brasil. É preciso ter uma equi-pe grande e cada vez mais qualificada”, explica uma fonte ligada a uma grande operado-ra. “Em um país do porte do Brasil, é natural todo o mundo lutar para entrar. Mas é difícil cair aqui de para-quedas”, comenta o vice-presidente de marketing para América Latina da Ericsson, Lourenço Coelho.

Os fornecedores das redes 3G tra-ziam consigo a vantagem de já conhe-cerem bem as redes dos seus clientes, o que facilita e agiliza a instalação de novos equipamentos. Além disso, em muitos dos sites 3G bastará uma atu-alização de software para eles se transformarem em 4G. “A sinergia com a rede 3G fez com que se tornas-se mais atrativo do ponto de vista técnico e econômico manter os mes-mos fornecedores”, justifica o diretor de engenharia e redes da Claro, Márcio Nunes. Cabe lembrar também que a rede LTE (Long Term Evolution), padrão usado para o 4G, depende dos equipamentos legados das gerações anteriores para os serviços de voz. A interoperabilidade com as redes 2G e 3G pode ter sido mais um fator que pesou na escolha, portanto.

No caso da Oi, única que realizou uma mudança em seu quadro de for-necedores para o 4G em comparação com o 3G, o seu diretor do projeto 4G, Carlos Eduardo Medeiros, informou que na seleção levou em conta uma composição entre propostas técnicas, projeto de implantação, suporte ope-racional, preço, prazo e entrega de conteúdo nacional. Este último ponto merece ser destacado, pois constava entre as exigências do leilão das frequên cias de 2,5 GHz, usadas no 4G. A produção em fábrica própria com registro de PPB (Processo Produtivo Básico) pode ter sido um dos diferenciais da Ericsson. Além de atender à determinação do leilão e de reduzir os preços dos equi-pamentos, ajuda as teles a obter financiamentos junto ao BNDES. “Em 2010 revi-samos nossa estratégia fa -bril para conquistarmos mais share na América

Latina. Modernizamos a linha de produção e passamos a fabricar cartões de circuito impresso, que antes eram importados ou produzidos por parcei-ros”, relata Coelho, da Ericsson. Paralelamente, a empresa realizou um processo de reciclagem de pessoal, com treinamento intenso para apren-derem mais sobre redes LTE.

A manutenção dos mesmos fabri-cantes de 3G não significa que não tenha ocorrido uma guerra de preços durante as negociações dos contratos. Os entrantes forçaram os preços para baixo e houve negociações à exaustão, relatam fontes que acompanharam o processo. “Os preços praticados no Brasil para LTE em redes FDD (variante do LTE que será usada pelas operadoras móveis) são os menores do mundo hoje”, afirma Wilson Cardoso, dire-tor de tecnologia da Nokia Siemens. “Trata-se de um investimento em bens de capital. Não se pode olhar apenas o preço, mas a performance, o time-to-market e o custo total de posse. As teles têm consciência disso”, comenta Coelho, da Ericsson.

InstalaçãoOs fornecedores serão encarrega-

dos de realizar as instalações das novas redes, em parceria com os téc-nicos das operadoras. Apesar de a frequência usada para o 4G no Brasil

ser mais alta que aquelas adotadas nas redes 2G e 3G e, portanto, demandar mais antenas para cobrir uma mesma área, não será neces-sário construir muitos sites

novos, pelo menos para o atendimento das metas de 2013 (50% da área urbana das cidades-sede da Copa das Confederações ao fim de abril e das sedes e sub--sedes da Copa do Mundo ao fim de dezembro). “Para garantir 50% da cobertura de uma grande cidade dá para usar basicamente os sites 3G”, afirma Nunes, da

Claro. Outras fontes arriscam que cerca de 10% das torres 4G em mea-dos de 2013 estarão em sites novos.

Entretanto, conforme as metas aumentam a abrangência da cobertu-ra, será impossível evitar a construção de novas torres. Estima-se que até 2015 haverá um aumento de aproxi-madamente 30% no número de esta-ções radiobase (ERBs) existentes no Brasil por conta do 4G. Isso significa passar das atuais 55 mil para algo próximo a 70 mil antenas. A solução,

concordam todos, será o compartilhamento de sites. “É bom para as empresas e para as cidades. Estamos em conversas avançadas para compartilhar sites”, informa o dire-tor da Claro. Diretor de planejamento e tec-nologia da Vivo, Átila Branco lembra que existe uma demanda

da sociedade por redes que provo-quem menor poluição visual, o que fortalece a ideia de as teles dividirem os sites. O executivo responsável por inovação tecnológica na TIM Brasil, Janilson Bezerra, concorda: “A TIM acredita que o compartilhamento é necessário para democratizar a tecno-logia e os seus serviços, tanto no 4G quanto nas demais tecnologias exis-tentes”. Medeiros, da Oi, lembra que 30% da rede da operadora já são com-partilhados hoje.

O consenso entre as teles é comen-tado pelo CTO da Huawei para Amé-rica Latina, José Augusto de Oliveira Neto: “Alguns anos atrás, os sites eram um ativo estratégico. Hoje não se pensa mais assim. O que dificulta é a legislação, que às vezes limita o número de antenas por torre. Deveria ser o contrário”.

Nos bastidores, ventila-se a possi-bilidade de compartilhamento dos

“trata-se de um investimento em bens de caPital. não se Pode

olhar aPenas o Preço.”Lourenço Coelho, da Ericsson

“sem fibra ótica, o 4g é ‘meia-boca.’”Marcio Nunes, da Claro

até 2015 haverá um aumento de

aProximadamente 30% no número de estações

radiobase (erbs) existentes no brasil

Por conta do 4g.

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quatro vezes mais capacidade de backhaul do que um similar 3G. Por isso, a prioridade das teles é levar fibra ótica para os sites de quarta geração. Os anéis de fibra podem ter a capacidade ampliada facilmente, apenas trocando os equipamentos eletrônicos nas pontas, o que permite acompanhar o crescimento da deman-da no futuro. Onde não for possível conectar por fibra, a saída será usar rádios IP de última geração, que alcançam taxas de 1 Gbps. “Sem fibra ótica, o 4G é ‘meia-boca’. A Claro fez o dever de casa: hoje 84% da nossa rede 3G é fibrada”, diz Nunes.

As teles também estão preocupa-das quanto à limpeza do espectro de 2,5 GHz pelas companhias de MMDS. A dúvida está em quão rápido a faixa

será desocupada. Por certo tempo, haverá convívio entre os dois serviços, mas com o MMDS funcionando em caráter secun-dário. “Nós teremos prioridade no uso desse espectro. Mas é preciso ver como funcionará na prática. Precisamos nos reunir com as empresas de MMDS para discutir isso”, comenta Medeiros, da Oi.

A respeito do espectro, avalia-se reservadamente a ideia de reaproveitar para o 4G parte do espectro de 1,8 GHz, originalmente usado para o 2G na tecnologia GSM. Como a regulamentação bra-sileira não determina a tec-nologia a ser usada em cada faixa, mas sim o serviço, não haveria qualquer bar-reira regulatória. O movi-mento possibilitaria, por exemplo, ter uma rede 4G apta a receber o tráfego do

iPhone 5, que não funciona em 2,5 GHz, mas opera em 1,8 GHz. “Se forem ousa-das, as operadoras poderiam ter isso funcionando já neste Natal”, arrisca uma fonte de um fornecedor. Em tese, a operadora que possui as melhores con-dições para adotar essa estratégia seria a Oi, por ter banda em 1,8 GHz no Brasil

inteiro. Medeiros, contudo, prefere não comentar o assunto. “Vou levar a sua sugestão para o meu time”, brincou ao ser perguntado. Como tudo que cerca o 4G no Brasil, a ideia será estudada com cautela e, pelo visto, em segredo.

sua rede comercialmente em março de 2013 em quatro cidades do interior de São Paulo (Itatiba, Louveira, Valinhos e Vinhedo), totali-zando entre 20 e 30 torres, entre macro e pequenas célu-las. Para a instalação das antenas, a On usará sites de sua antiga operação MMDS, assim como de outras teles e de

empresas especializadas, como American Tower. Usando infra-

estrutura já existente, a empre-sa ganha mais velocidade no

lançamento e reduz seu Capex, justifica Nassar.

equipamentos eletrônicos nas torres, mas mantendo a ges-tão do cliente e do serviço em separado. É algo inédito no Brasil e sobre o qual as opera-doras falam de maneira ainda muito reservada. Para Branco, da Vivo, isso viria em uma segunda etapa, mais para frente. “Primeiro precisamos conseguir compartilhar a infraestrutura para depois pensar em outras formas de compartilhamento”, propõe.

TDDA Sky e a On Telecomunicações,

que prestarão serviço de

.:CAPA

banda larga fixa (ou portátil) sobre redes 4G no padrão TD-LTE, não preci-sarão garantir uma cobertura tão ampla em suas cidades em razão da própria natureza do seu produto, que não contem-pla mobilidade. Como conhe-cerá o endereço dos assinan-tes, a On Telecomu nicações construirá uma re de que cubra especificamente esses locais. “Será uma cobertura cirúrgica”, descreve o presi-dente da empresa, Fàres Nassar. A operadora lançará

Backhaul e espectroOutro desafio para as teles no 4G

consiste em aprimorar a capacidade de backhaul, ou seja, o transporte dos dados entre as torres e o núcleo das redes. Estima-se que um site 4G demande de três a

“30% DOS SITES NA REDE DA OI JÁ SÃO COMPARTILHADOS HOJE.”Carlos Eduardo Medeiros, da Oi

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quatro vezes mais capacidade de backhaul do que um similar 3G. Por isso, a prioridade das teles é levar fibra ótica para os sites de quarta geração. Os anéis de fibra podem ter a capacidade ampliada facilmente, apenas trocando os equipamentos eletrônicos nas pontas, o que permite acompanhar o crescimento da deman-da no futuro. Onde não for possível conectar por fibra, a saída será usar rádios IP de última geração, que alcançam taxas de 1 Gbps. “Sem fibra ótica, o 4G é ‘meia-boca’. A Claro fez o dever de casa: hoje 84% da nossa rede 3G é fibrada”, diz Nunes.

As teles também estão preocupa-das quanto à limpeza do espectro de 2,5 GHz pelas companhias de MMDS. A dúvida está em quão rápido a faixa

será desocupada. Por certo tempo, haverá convívio entre os dois serviços, mas com o MMDS funcionando em caráter secun-dário. “Nós teremos prioridade no uso desse espectro. Mas é preciso ver como funcionará na prática. Precisamos nos reunir com as empresas de MMDS para discutir isso”, comenta Medeiros, da Oi.

A respeito do espectro, avalia-se reservadamente a ideia de reaproveitar para o 4G parte do espectro de 1,8 GHz, originalmente usado para o 2G na tecnologia GSM. Como a regulamentação bra-sileira não determina a tec-nologia a ser usada em cada faixa, mas sim o serviço, não haveria qualquer bar-reira regulatória. O movi-mento possibilitaria, por exemplo, ter uma rede 4G apta a receber o tráfego do

iPhone 5, que não funciona em 2,5 GHz, mas opera em 1,8 GHz. “Se forem ousa-das, as operadoras poderiam ter isso funcionando já neste Natal”, arrisca uma fonte de um fornecedor. Em tese, a operadora que possui as melhores con-dições para adotar essa estratégia seria a Oi, por ter banda em 1,8 GHz no Brasil

inteiro. Medeiros, contudo, prefere não comentar o assunto. “Vou levar a sua sugestão para o meu time”, brincou ao ser perguntado. Como tudo que cerca o 4G no Brasil, a ideia será estudada com cautela e, pelo visto, em segredo.

sua rede comercialmente em março de 2013 em quatro cidades do interior de São Paulo (Itatiba, Louveira, Valinhos e Vinhedo), totali-zando entre 20 e 30 torres, entre macro e pequenas célu-las. Para a instalação das antenas, a On usará sites de sua antiga operação MMDS, assim como de outras teles e de

empresas especializadas, como American Tower. Usando infra-

estrutura já existente, a empre-sa ganha mais velocidade no

lançamento e reduz seu Capex, justifica Nassar.

equipamentos eletrônicos nas torres, mas mantendo a ges-tão do cliente e do serviço em separado. É algo inédito no Brasil e sobre o qual as opera-doras falam de maneira ainda muito reservada. Para Branco, da Vivo, isso viria em uma segunda etapa, mais para frente. “Primeiro precisamos conseguir compartilhar a infraestrutura para depois pensar em outras formas de compartilhamento”, propõe.

TDDA Sky e a On Telecomunicações,

que prestarão serviço de

.:CAPA

banda larga fixa (ou portátil) sobre redes 4G no padrão TD-LTE, não preci-sarão garantir uma cobertura tão ampla em suas cidades em razão da própria natureza do seu produto, que não contem-pla mobilidade. Como conhe-cerá o endereço dos assinan-tes, a On Telecomu nicações construirá uma re de que cubra especificamente esses locais. “Será uma cobertura cirúrgica”, descreve o presi-dente da empresa, Fàres Nassar. A operadora lançará

Backhaul e espectroOutro desafio para as teles no 4G

consiste em aprimorar a capacidade de backhaul, ou seja, o transporte dos dados entre as torres e o núcleo das redes. Estima-se que um site 4G demande de três a

“30% DOS SITES NA REDE DA OI JÁ SÃO COMPARTILHADOS HOJE.”Carlos Eduardo Medeiros, da Oi

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Há um problema para o LTE que, para muitos, trata-se de uma tragédia anuncia-da: operadoras subesti-marem o aumento do trá-

fego de dados, causando deficiência na prestação do serviço móvel e experiên-cia do usuário da mesma forma como aconteceu no 3G. Juan Pablo Anadón, diretor de soluções da Alcatel-Lucent, recomendou que as operadoras anali-sassem com antecedência os terminais 4G que serão lançados para planejar suas redes. “É o handset quem puxa o tráfego. É preciso tentar prever o que vai acontecer”, disse. O vice-presidente da Tellabs para Europa, Oriente Médio e África, Tarcísio Ribeiro, concordou e lembrou o caso do iPhone 5, que em apenas três dias de vendas já conquis-tou 6% do tráfego móvel na operadora norte-americana AT&T.

Outra maneira de garantir a quali-dade da experiência do usuário é investir em redundância. O consultor sênior da Juniper Networks, Ales-sandro Feitosa, notou uma crescente preocupação em torno do tema nas RFPs para 4G das quais participa no Brasil este ano. O País, contudo, ainda está muito distante de outros merca-dos no que tange à redundância na rede de acesso. O Brasil tem cerca de 55 mil ERBs, a mesma quantidade da Inglaterra, que tem um quarto da população brasileira e 3% da área. “O custo de redundância concorre com impostos, investimento em fibra, difi-culdade de se conseguir autorizações para novas antenas etc. Enquanto isso for desigual, as redes do Brasil vão sofrer do ponto de vista de redundân-cia”, analisou José Augusto de Oliveira Neto, CTO da Huawei.

Femto e picoO 4G no Brasil terá ainda o desafio

da cobertura indoor: a alta frequência adotada para esse serviço (2,5 GHz) tem menor penetração em ambientes fechados. A solução pode estar na adoção de antenas menores. Por isso, a indústria pede que a Anatel inclua no regulamento de femtocell

outras tecnologias de acesso com baixo impacto sobre o mobiliário urbano, como as picocells – usadas para a melhoria de cobertura em ambientes fechados – e as smallcells, cuja princi-pal característica é que a sua instalação pode ser feita em postes de energia.

O presidente da Anatel, João Rezende, deu declara-ções explicando que a proposta de regula-mento só diz respeito às femtocells, mas argumenta que nada impede outras tecnolo-gias de serem incluí-das durante a discus-são do assunto no Conselho Diretor da agência. Embora haja pontos em aber-to, de uma questão específica a Anatel parece que não vai abrir mão: a res-ponsabilidade pela gestão desses equi-pamentos é da operadora. Isso porque eles usam o espectro licenciado, e permitir que o consumidor compre os equipamentos no varejo e os instale sem o conhecimento da operadora poderia causar

interferências. “Estou vendo que não há um consenso sobre essa questão, mas entendemos que qualquer solução tem de ser de responsabilidade da operadora”, afirmou Rezende.

No setor, a Ericsson optou por não trabalhar com femto, enquanto a Alcatel-Lucent aposta no equipamento. “Nove

das dez maiores opera-doras do mundo estão comprometidas com femtocells. E 15 teles na América Latina es tão se preparando pa ra lançá--las”, argumentou o diretor de soluções sem fio da Alcatel-Lu cent para Ca ribe e América La tina, Este ban Diaz-

gra nados. O executivo su geriu também que as teles adotem soluções de rádio cognitivo, equipamento capaz de enten-der o contexto e autoajustar seus parâ-metros de potência e de banda, aprovei-tando, por exemplo, os espaços em branco em frequências licenciadas.

Pelo lado das operadoras, tanto a Oi quanto a Vivo afir-maram que querem traba-lhar com smallcells em sua arquitetura de rede, supera-dos os desafios regulatórios e mesmo técnicos, como a ade-quada convivência de femto-cells com as macrocélulas para que haja handover.

BRUNO DO AMARAL

Sobrecarga na rede

O BRASIL TEM CERCA DE 55 MIL ERBS, A MESMA

QUANTIDADE DA INGLATERRA, QUE TEM UM QUARTO DA POPULAÇÃO

BRASILEIRA E 3% DA ÁREA

“NÃO HÁ UM CONSENSO (SOBRE FEMTO E SMALL CELLS), MAS ENTENDEMOS

QUE QUALQUER SOLUÇÃO TEM DE SER DE RESPONSABILIDADE DA OPERADORA.”

João Rezende, da Anatel

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demonstrações, aplicações de videocon-ferência representam um mercado importante no valor agregado às redes de telecomunicações. Na oportunidade, Valim disse que “o futuro da Internet é o streaming de vídeos em alta definição e videochamadas com imagem nítida”, tudo isso proporcionado pela alta veloci-dade do LTE.

Por enquanto, a grande preocupação das operadoras será a construção das redes e o cumprimento das metas impostas pelo governo. Para isto, ape-nas a Oi pretende inves-tir R$ 24 bilhões até 2015. Deste montante, R$ 6 bilhões re ferem-se aos investimentos deste ano. Até o momento, a rede 4G da operadora – ainda em testes – está restrita ao Leblon.

Mesmo em países onde a tecnologia está amadurecida, como nos Estados Unidos, o uso de aplicações que agre-

guem voz e vídeo sob a plata-forma LTE ainda deve demo-rar um bocado. A Verizon Wireless, por exemplo, planeja

Tudo indica que as redes 4G devem mesmo chegar em 2013 ao Brasil. Mas o que isso vai mudar em termos da oferta de serviços e o que

isso deve agregar aos consumidores? De um modo geral, todas as operadoras apontam para um caminho similar ao das redes 3G, com uma abordagem ini-cial baseada no uso de minimodems e depois partindo para smartphones e tablets. Mas há alguns sinais de que as ofertas de 4G podem incluir serviços mais sofisticados.

Em outubro, a Claro anunciou que pretende atuar fortemente com serviço over-the-top (OTT) multiplataforma para streaming de vídeos em redes LTE.

A ideia é lançar já no primeiro tri-mestre de 2013 um produto para com-petir com Netflix e outras OTTs, aten-dendo prioritariamente quem consome vídeo em smartphones e tablets. O cliente, por sua vez, poderá acessar o conteúdo por meio de assinatura ou sob demanda, no modelo vídeo on-demand (VOD). “O mercado está pronto para experimentar as novas tecnologias”, afirmou o presidente da Claro, Carlos Zenteno, durante o lançamento do ser-viço na Futurecom deste ano.

Segundo ele, o novo produto estará disponível tanto para dispositivos iOS quanto Android. Usuários de smart TVs e videogames também poderão acessar os conteúdos. Neste caso, a empresa pretende usar tecnologia para adequar a qualidade do streaming à velocidade da conexão do cliente, seja no LTE, no 3G, ou no Wi-Fi.

Videochamadas e vozOutro serviço que tem tudo para des-

lanchar com as redes 4G é a videoconfe-rência por meio de dispositi-vos móveis. E foi justamente assim que a Oi realizou seus primeiros testes públicos da tecnologia: fazendo chama-das com vídeo entre o presi-dente da operadora, Francisco Valim, o presidente da Anatel, João Rezende, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Mais do que um serviço apropriado para

.:CAPA

O que vem com o 4G

lançar serviços de voz sobre LTE apenas no final de 2013 em fase de testes, e comercialmente no início de 2014.

Uma plataforma de voz sobre LTE (VoLTE) é de certa maneira parecida com o VoIP: ou seja, usa-se a banda larga 4G para a transmissão do tráfego de voz. A chamada de voz é dividida em

bits e eles são empaco-tados e transmitidos como dados em toda a rede da mesma manei-ra que um e-mail ou na música viaja pela rede. Para especialistas do setor, esta tecnologia é mais eficiente do que os tradicionais serviços de voz sem fio, permite som mais nítido do que

as chamadas convencionais e ainda têm a vantagem de permitir que outros ser-viços possam ser ligados ao VoLTE. O cronograma de lançamento deste servi-ço pela Verizon deve ser seguido por outras operadoras ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

Por enquanto há apenas algumas experiências com voz sobre LTE, como a da operadora sul-coreana SK Telecom, que anunciou o serviço recentemente. Além dela, companhias norte-america-nas como a Metro PCS, a AT&T e a Clearwire sinalizam que terão o serviço disponível aos clientes entre este fim de ano e o início de 2013.

WILIAN MIrON

“o mercado está Pronto Para exPerimentar as novas tecnologias.”Carlos Zenteno, da Claro

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mesmo em Países onde a tecnologia está

amadurecida, o uso de aPlicações que agreguem

voz e vídeo sob a Plataforma lte ainda

deve demorar um bocado.

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Notícias, entrevistas, análises e artigos sobre mobile banking, mobile commerce, mobile marketing, m-health, m-payment, games e entretenimento em smartphones e tablets.

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A Portugal Telecom (PT), quando olhada sob a ótica do mercado português, com seus pouco mais de 5 milhões de clientes fixos e

7 milhões de clientes móveis naquele país, não é nem de longe uma das maio-res operadoras do mundo. No Brasil, seria do tamanho de uma Net. Mas a operadora é uma das acionistas controla-doras da Oi, e por aí tem considerável poder de influência sobre o que acontece no Brasil. Mas afinal, a experiência e o modelo de operação da Portugal Telecom em seu próprio mercado têm aplicação direta sobre o mercado brasileiro? TELETIME esteve em Portugal durante o o Technology & Innovation Conference, evento voltado a analistas e investidores da PT, a convite da própria empresa, para conhecer um pouco sobre a opera-dora, sobretudo suas estratégias para banda larga, TV paga, mobilidade e datacenter. Indiscutivelmente, a tele con-segue se destacar como exemplo de ino-vação em muitos desses mercados. Grande parte dos lares portugueses é hoje conectado por fibra ótica (mais de 40%), o mercado é extremamente com-petitivo (três operadoras disputam os mercados de telefonia fixa, TV, celular e banda larga) e as redes 4G já cobrem quase 90% da população do país. Fica evidente que os resultados por lá depen-deram de uma série de fatores que não se reproduzem no Brasil.

Primeiro, o tamanho: Portugal é um país de 92 mil km2 e pouco mais de 10,5 milhões de habitantes. É aproximada-mente o que seria o Estado de Pernambuco no Brasil, mas com uma renda bem mais elevada e condições de infra-estrutura únicas. Quem reco-nhece essas diferenças é o próprio presidente da opera-dora, Zeinal Bava: “Não dá para comparar o que foi feito em Portugal e o que será feito no Brasil”, diz ele. Bava obser-va que a população de Portugal

é predominantemente urbana, “e aqui são 4 milhões de lares, contra 55 milhões no Brasil”.

Mas alguns resultados alcançados pela PT trazem exemplos de coisas que poderiam facilitar a vida dos operadores no Brasil. A começar pela regra de insta-lação de antenas. Em Portugal, a regra nacional prevê que em um mês os proje-tos tenham aprovação tácita do municí-pio caso não sejam analisados a tempo. A PT ainda tem o hábito de esperar um mês e meio antes de iniciar as obras. Essa regra de aprovação rápida da infra-estrutura não vale para locais de relevân-

cia histórica e não conta o tempo que os condomínios levam para aprovar os proje-tos que preveem uso de terra-ços de prédios, por exemplo.

O processo de outorgas de 4G já liberou todas as faixas

ao mesmo tempo, a começar pelo 800 MHz do dividendo digital, passando por 1,8 GHz e 2,5 GHz. O mercado português viu uma mudança importante de tributa-ção há cerca de dois anos, quando o imposto local sobre as redes de celular deixou de ser sobre o número de linhas comercializadas e passou a ser sobre o espectro ocupado.

Com isso, Portugal conseguiu ter, em nove meses desde que a rede de 4G começou a ser construída, quase 90% de cobertura populacional.

Na parte de infraestrutura urbana também há algumas características que tornam a vida da operadora mais sim-ples. Em Portugal não há praticamente a necessidade de instalação de rede em postes. Quase toda a infraestrutura urba-na é subterrânea (os dutos são da pró-pria PT) ou a rede é fixada diretamente na fachada das casas. Além disso, uma lei de 2009 estabelece que todas as novas edificações tenham uma infraestrutura interna de par trançado, fibra e cabos coaxiais, com armários padronizados para que todas as operadoras possam se conectar a essa rede interna. E o fator mais importante: até bem pouco tempo atrás, o acesso a capital era fácil, abun-dante e barato. Foi justamente o período em que a PT cresceu. “Quando tudo indi-cava que teríamos que suspender os investimentos, porque uma crise se apro-ximava, preferimos fazer investimentos e investir em rede”, disse Bava em conver-sa com jornalistas. “Acho que não esta-mos condenados a ver as receitas caírem se reinventarmos nossos modelos”.

CustosFazer as receitas crescerem é essen-

cial, pois uma hora não se pode mais cortar custos. Em 2007, a Portugal Telecom perdia 10% de suas linhas fixas ao ano. “Enfrentamos uma oferta hostil de compra, nos endividamos muito, mas fizemos uma transforma-ção, construímos as redes que hoje nos permitem crescer 5% ao ano em recei-tas residenciais”. Além disso, diz o

.:EStRAtéGiA Samuel Possebon, de [email protected]

Exemplo portuguêsA Portugal Telecom, controladora da Oi, é uma das operadoras com a rede de telecom mais moderna do mundo, mas o que aconteceu por lá pode ser reproduzido aqui?

“o futuro é fibra ótica.”Pedro Falcão, da PT

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Evento de inovação da operadora portuguesa: tecnologia de ponta.

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qualquer pessoa residente em Portugal. A capacidade oferecida é de 16 GB, o que segundo a empresa é o sufi-ciente para permitir que o usuário economize na com-pra do smartphone ou tablet e invista mais em conectivi-dade. “É uma resposta que podemos dar ao cenário de crise, pois ajudamos as pes-soas a economizarem”.

Mas o grande orgulho da PT é mesmo o projeto de fibras óticas e os serviços decorrentes dessa infraestrutura. É um projeto desafiador mesmo três anos depois de iniciado. Com todo o know--how adquirido, a instalação de um clien-te ainda leva cerca de três horas. Cerca de 30% de técnicos responsáveis pela instalação são funcionários da própria PT, mas há modelos de remuneração que recompensam o desempenho, evitando novas chamadas para o call center. Além disso os técnicos, há cerca de dois anos, passaram a ser preparados para instalar dois serviços ou mais: fibra, ADSL, telefo-ne e, eventualmente, até a instalação do DTH (a Portugal Telecom, assim como a Oi, tem parte de sua distribuição remota via satélite).

Segundo o diretor de engenharia de rede, Pedro Falcão, a PT já poderia ofe-recer acesso residencial de 1 Gbps, mas não vê necessidade, ainda. A PT tem hoje ofertas de 30 Mbps a 400 Mbps. A ope-radora ainda tem muitos clientes em ADSL2+ e não tem planos de adotar alguma solução intermediária com a fibra, como o VDSL. “O futuro é fibra”, sentencia o executivo.

No Brasil, o valor é de 5%. “Percebemos que ainda temos muito espaço para crescer na renda das famílias”.

A PT também se beneficia da mão-de-obra relativamente barata, e automatizou os processos ao máximo para garantir uma redução no custo. Com isso, a operadora apresenta hoje um dos menores custos por home-passed na ins-talação de uma rede de fibras. São cerca de 200 euros, contra mais de 800 euros na Holanda, por exemplo.

Cloud As apostas da Portugal Telecom para

ampliar suas receitas são a oferta de ser-viços em cloud, a ampliação da oferta de banda larga móvel com a rede 4G e, sobretudo, a oferta de banda larga e IPTV sobre a rede de fibras.

Na área de datacenters e serviços em cloud, a PT se prepara para colocar em operação um gigantesco site (será o ter-ceiro maior do mundo) com capacidade para mais de 50 mil servidores na cidade de Covilhã, no norte do país.

Uma das primeiras ofertas, com base na capacidade de armazenamento atual dos outros servidores da PT e nessas futu-ras instalações, é um serviço gratuito de armazenamento de informações para

presidente da operadora, existe uma queda permanente dos custos.

O custo de atendimento para clientes com fibra caiu 20% de 2010 para cá, porque a infraestrutura dá menos pro-blema. O custo de billing do mesmo assi-nante caiu cerca de 34,4%, pela simplifi-cação dos serviços, que agora ficam em uma plataforma única de CRM. E o custo de instalar um usuário com serviços tri-ple-play caiu de 2010 para cá 16,1% (isso em termos de custo de equipamentos e equipes de campo), justamente pela oti-mização dos processos.

A utilização de tecnologia de RF over-lay para a distribuição dos sinais de TV em definição padrão (SD) na casa dos usuários de TV por assinatura permitiu diminuir em 60% o custo do set-top box. Ao mesmo tempo, na oferta de banda larga por rede de fibra, o custo operacio-nal por bit é 8,7 vezes menor do que o custo operacional de um cliente com xDSL, até pela economia de energia, já que redes de fibra gastam 81% a menos do que redes de par de cobre.

No LTE, no caso das redes wireless, esse custo de operação por bit trafegado tem se mostrado dez vezes menor em relação ao 3G. Para Zeinal Bava, outro ganho adicional do investimento em novas infraestruturas de rede é a signifi-cativa redução de churn.

Para ele, o grande desafio enfrenta-do pela operadora hoje no mercado português é aumentar o “share of wal-let” do usuário, ou seja, o percentual da renda familiar dedicada a serviços de telecomunicações. Hoje, segundo estudo da própria operadora, esse número é de 1,2%, pago por um pacote triple-play.

“não estamos condenados a ver as receitas caírem

se reinventarmos nossos modelos.”

Zeinal Bava, presidente da PT

A menina dos olhos da Portugal Telecom é mesmo o seu serviço de IPTV. Trata-se do MeoTV. O serviço foi criado quan-

do a Portugal Telecom se viu forçada, por conta das restrições antitruste, a vender sua operadora de cabo (hoje sua concorrente), a Zon TV. A partir daquele momento, a PT iniciou do zero um projeto de TV paga baseado, incial-mente, na rede ADSL, mas logo ajusta-do à crescente rede de fibras que esta-

va sendo instalada por ela no país.A empresa iniciou a operação do

MeoTV em 2008 e em um ano chegou a 385 mil clientes. Em 2009 começou a instalar fibras na casa dos usuários finais. Hoje, com mais de 40% dos domi-cílios cobertos por redes de fibra (cerca de 1,6 milhão de lares), o serviço MeoTV passa de 1,2 milhão de clientes (contan-do os clientes que recebem o serviço pelo ADSL e DTH). Hoje a Portugal Telecom tem cerca de 40% do mercado de TV paga em Portugal, mas 51% do

mercado de triple play e 51% do merca-do de banda larga.

Uma das razões do sucesso da empre-sa na área de TV por assinatura é o fato de ter reinventado completamente o produto, com uma série de recursos que não são disponíveis aos concorrentes que têm a tecnologia de cabo, além de conte-údos exclusivos.

Entre os múltiplos recursos em que o MeoTV está apostando estão os aplicati-vos interativos. Segundo Vera Pinto Pereira, diretora do MeoTV, um desses

IPTV desbravador

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de comunicações: TV, Internet, telefonia fixa e móvel, tecnologia da informação e políticas públicas. A agenda

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mas sabe oferecer boas oportunidades para alavancar os negócios e os relacionamentos da sua empresa em 2013.

Governo, empresários e especialistas discutem as prioridades do setor de telecomunicações para 2013.

O ponto de encontro para quem leva mídia social a sério e quer trocar informações e experiências com profissionais de diversas empresas.

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Focado na realização de negócios e com público qualificado o evento reúne produtoras e distribuidoras de conteúdo e emissoras de TV para debater temas de interesse nacional e internacional.

Seminário que enfoca o desafio do atendimento aos clientes e consumidores no Brasil, ao longo de toda a cadeia de valor envolvida nos serviços de relacionamento.

Maior encontro sobre mídias convergentes na América Latina, é o único que congrega, em um mesmo ambiente, os principais operadores de TV por assinatura e banda larga, empresas de telecomunicações, produtores e programadores de conteúdo, empresas de tecnologia e provedores de Internet.

A realidade do mercado de satélites, novas tecnologias e aplicações, no único evento sobre o assunto na América Latina.

Seminário apresenta novas soluções de TIC para a construção civil.

Voltado para o mercado de aplicativos e conteúdos para plataformas de TV conectadas à internet, o evento debate como oferecer novas experiências aos usuários de conteúdo online em televisores.

As inovações e propostas desenvolvidas por operadoras, agências de propaganda móvel, integradores de valor agregado e soluções empresariais e fabricantes de dispositivos móveis.

Seminário que apresenta uma grade de palestras e discussões relevantes aos investimentos de TI e Telecom na área da saúde.

O Painel TELEBRASIL é o principal encontro de lideranças e autoridades da área de telecomunicações, reunidas para discutir os rumos do setor no Brasil.

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serviços é o MeoGO, um serviço de TV everywhere que permite assistir aos conteúdos dos canais pagos fora do ambiente da TV: em tablets, PCs e celu-lares, por exemplo.

“É preciso ter uma equipe inteira-mente dedicada aos conteúdos caso se queira apostar em uma interatividade de fato”, diz Vera. Ela explica que o trabalho de desenvolvimento é sempre planejado em conjunto com os programadores, e algumas experiências da MeoTV nessa área, como a parceria com o canal de notícias da SIC, são únicas no mundo, com um conteúdo totalmente interativo, informações complementares em tempo real e, o mais importante, modelos de monetização por publicidade que colo-cam a Portugal Telecom inserida no mercado de mídia. “As aplicações intera-tivas ainda não são inteiramente moneti-zadas com publicidade específica, mas essas receitas estão crescendo muito”. O que ajudou a Portugal Telecom nesse sentido é que o desenvolvimento técnico das aplicações interativas é feita pela equipe do Sapo, o maior provedor de conteúdos de Internet de Portugal, tam-bém pertencente à PT. São hoje mais de 40 aplicativos desenvolvidos, que vão desde ferramentas de comunicação até compra de serviços e produtos, quase todos com altíssimo grau de uso pelos clientes da plataforma de IPTV.

A operadora agora aposta, como todas as empresas de TV paga do mundo, no modelo de TV everywhere e desenvol-veu o MeoGo, que já tem cerca de 58 mil usuários ativos, 40% deles usando dispo-sitivos móveis. O MeoTV tem cerca de 50 milhões de programas sendo gravados por mês pelos seus clientes, 60 horas por cliente em média. E 75% dos consumido-res usam os canais não lineares de distri-buição de conteúdos, como VOD, o MeoGO. Há ainda 5 mil canais de conte-údos gerados pelos usuários, criados pelos clientes que geram mais de 20 mil horas de material. Esses conteúdos foram acessados, até agora, 45 milhões de vezes pelos demais usuários do MeoTV.

Liberdade limitadaO modelo de TV paga da

Portugal Telecom começou com uma liberdade quase total no montagem dos paco-tes, mas com o tempo a ope-radora percebeu que esse modelo era ineficiente e con-

fundia o usuário. Hoje, há poucos paco-tes disponíveis, mas o entendimento deles é simples e eficiente.

“Se dermos muita opção de escolha ao cliente, ele se perde. No começo os pacotes eram plenamente flexíveis, e isso era ruim, pois as pessoas não sabiam escolher. Voltamos ao modelo de paco-tes”, diz Vera Pereira.

A operadora também deu grande ênfase ao guia de TV próprio, porque constatou que com recursos avançados de gravação e catch-up não poderia haver erro nas informações sobre a grade. Vera explica que o desafio para ter uma grande opção de recursos de catch-up (alguns canais oferecem per-manentemente a possibilidade de recu-peração de até oito horas de programa-ção e alguns colocam os programas do

último mês para serem assisti-dos sob demanda) foi a nego-ciação com programadores.

“Foi preciso convencê-los das vantagens desse modelo”. Os recursos de gravação são utilizados por 75% dos clientes, que gravam em média duas horas, “mas que-remos que as pessoas gravem na nuvem com network PVR e oferta multitela de conteúdos gravados”, diz a executiva responsável pela operação de IPTV.

recomendaçãoOutro cuidado da MeoTV foi desen-

volver uma equipe dedicada a elaborar as ferramentas de recomendação e sele-ção dos destaques de programação. “É preciso um trabalho editorial de obser-var a nossa oferta e identificar aquilo que terá mais receptividade”, diz ela. Outra estratégia interessante da Portugal Telecom para promover a venda de con-teúdo é a possibilidade de que as pes-

soas se presenteiem com créditos para a aquisição de filmes ou conteúdos sob demanda. Esses cré-ditos são vendidos na forma de cartão pré-pago ou podem ser transferi-dos através do próprio set-top da TV.

Vera Pereira explica ainda que a PT acompanha atentamente as informações de audiência real dos seus assinantes e isso auxilia nas nego-ciações, nos projetos de interatividade e na venda comercial. “Mas não vamos questionar os paineis oficiais de audiên-cia, essa briga não é nossa.”, diz ela.

Tecnicamente, a Portugal Telecom precisou desenvolver as melhores manei-ras de fazer o sinal de TV ser bem distri-buído. Primeiro, teve que desenvolver um ONT (Optical Network Terminal) interoperável, que permitisse o uso de caixas e equipamentos de diferentes for-necedores para não ficar na mão de nenhum fabricante específico. Esse OTN foi desenvolvido pela PT Inovação.

Depois, a operadora percebeu que o jeito mais barato de atender a uma demanda por pontos adicionais era utili-zar a distribuição por RF dentro das residências, ou seja, os canais são distri-

buídos de forma analógica pela rede interna, para poderem ser assistidos em TVs antigas. Nesse caso, perde-se os recursos de interatividade e a alta--definição. A rede interna de distri-buição dos sinais é quase sempre uma rede coaxial, comum em Portugal. A plataforma de IPTV é o Mediaroom, da Microsoft.

o modelo de tv Paga da Portugal telecom começou com uma liberdade quase total no montagem dos Pacotes. hoje, há Poucos Pacotes disPoníveis, mas o entendimento deles é simPles e eficiente

“não vamos questionar os Paineis oficiais de audiência, essa briga não é nossa.”Vera Pereira, da PT

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Page 22: Revista Teletime - 160 - Novembro 2012

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As operadoras de telecomu-nicações parecem estar en trando em um novo es -tágio de competição entre elas. Aos poucos, fica de

lado a velha cultura de se proteger dos concorrentes por meio do controle de estruturas exclusivas de torres e sites e entra em cena a cooperação. Não por acaso, esse tem sido um mantra repeti-do incansavelmente por representantes do governo sempre que falam de polí-ticas de infraestrutura.

Esta evolução na relação entre as teles pode ser explicada pelo fato de que a cultura adotada pelo setor até então era pouco sustentável economica-mente. Se por um lado se garantia algu-ma exclusividade territorial, por outro se ampliava a necessidade de investi-mentos para a construção de redes. Agora, num am biente onde a competi-ção se dá cada vez mais pela qualidade dos serviços, ou por ofertas atraentes ao consumidor, as empresas parecem mais sensíveis a dividir os custos para implan-tação de torres para telefonia móvel ou mesmo na construção de redes terres-tres para a colocação de cabos.

Sobre este assunto, o presidente da TelComp, João Moura, afirma que “todos os astros caminham na mesma direção”. Na visão dele, isso ocorre porque nos últimos anos houve uma sucessão de questões que favoreceram a mudança no conceito de concorrência no mercado de telecomunicações. Entre eles, Moura cita a atenção maior do governo ao tema e a necessidade crescente das empresas de reduzirem os custos de suas operações. Compartilhando parte de suas torres e dutos, as companhias enxugam o inves-timento necessário sem, no entanto, diminuir a qualidade. “Agora elas enten-

dem que não é mais decisivo do ponto de vista competitivo ter a infraestrutura. Todo o mundo já tem”, afirma.

A opinião do presidente da Telcomp é semelhante à do vice-presidente de no vos negócios e assuntos corporativos da Nextel, Alfredo Ferrari. Para ele, de -ter infraestrutura deixou de ser im -portante. “Afinal, todo o mundo tem an tenas. E se você não deixar outra empresa compartilhar sua infraestrutu-ra, ela vai construir uma do lado e a cobertura fica a mesma coisa”, opina.

Diretor de regulamentação da TIM, Mário Girasole acha que dividir torres é algo fundamental para a expansão futura do setor com a quarta geração de servi-ços móveis, que demandará um número de antenas maior do que o atual no 3G. A estimativa das operadoras é de que haja a necessidade de triplicar o número atual de antenas para se alcançar com a nova tecnologia a mesma cobertura que já se tem na terceira geração da telefonia móvel. “Podemos fazer mais

agora, com a chegada do 4G, porque a tecnologia vai demandar mais sites. Então, a ideia é usar este modelo nas novas construções”, comenta.

Para Girasole, a cultura de constru-ção desenfreada de novos sites aconte-ceu com muita força nas ondas anterio-res de renovação da tecnologia de aces-so, como na implantação do 2G e do 3G. “Temos muitas redes sobrepostas por-que na época todo o mundo saiu cons-truindo sites paralelos uns aos outros”. Agora, ele acredita que os incentivos do governo para que as empresas com-

partilhem torres ajude na expansão. O governo tem sinalizado com reduções de carga tributária em sites comparti-lhados e outros estímulos. Atualmente, o nível de compartilhamento de infra-estrutura nas grandes operadoras já chega a 30% ou 40% das torres instala-das. Importante destacar que o com-partilhamento de sites não significa que todas tenham a mesma infraestru-tura, já que a parte eletrônica da rede e o sinal de rádio não são necessaria-mente compartilhados.

TerceirizaçãoEmbora no Brasil o conceito de com-

partilhamento de infraestrutura ainda esteja muito atrelado a negociações entre operadoras para uso conjunto de torres, dutos e postes, uma nova ver-tente de compartilhamento tem ganha-do espaço no mercado nos últimos meses: a terceirização das torres e postes para empresas que não são ope-radoras de telecomunicações.

Esta prática, comum nos Estados Unidos, começa a ganhar corpo por aqui com as investidas do governo para incentivar o uso conjunto de infraestrutura pas-siva. Entre as medidas estatais que estimulam o surgimento deste novo mercado estão as exigências por parte da Anatel para que as operadoras aumen-tem os esforços na construção e uso de redes conjuntamente, uma regulamentação mais

.:inFRAEStRUtURA Wilian [email protected]

Todos juntosPrática de compartilhamento de torres se torna comum e operadoras começam a ver uma oportunidade de negócio na terceirização da infraestrutura existente.

“se você não deixar outra emPresa comPartilhar sua infraestrutura, ela vai construir uma do lado

e a cobertura fica a mesma coisa.”Alfredo Ferrari, da Nextel

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a operação. Entretanto, a tele não divulgou as característi-cas dos imóveis que podem ser vendidos.

O presidente da Oi, Fran -cisco Valim, confirma o inte-resse em alugar infraestrutu-ra, mas desconversou sobre a hipótese de vender torres para fazer caixa. “Não temos pro-blemas com isto e, sempre que

tivermos oportunidade, vamos alugar”, diz. Em entrevista à TELETIME no mês de outubro, ele declarou que essa ques-tão é sempre avaliada em termos dos benefícios que a operadora terá versus os custos recorrentes que o aluguel cria.

Para o diretor executivo do Sindi -Telebrasil, Eduardo Levy, não há um pensamento homogêneo do mercado so bre o tema e, embora a venda de torres possa ser vantajosa para uma em presa, manter este ativo também pode ser estratégico para outra. “É uma decisão circunstancial de fazer ou não. Para uma operadora, pode fazer mais sentido agir desta maneira. Mas para outra, talvez seja mais interessan-te ter o seu equipamento, administrá-lo com o seu pessoal”. O SindiTelebrasil tem levantado a bandeira da desburo-cratização na construção das antenas e sites e recentemente as operadoras filiadas ao sindicato assinaram um termo de compromisso em relação ao compartilhamento das redes 4G. Foi uma forma de responder às cobranças do governo por uma otimização da infraestrutura que será construída e redução dos custos e prazos de cons-trução das redes 4G.

do negociação semelhante entre a Vivo e a American Tower. Neste caso, a cessão foi de 300 torres à com-panhia norte-americana.

De acordo com especialistas consulta-dos por TELETIME, esse movimento de venda de ativos de infraestrutura para alugá-los pode ser favorecido também por conta da necessidade que as empre-sas têm, no momento, de fazer caixa. O analista da corretora SLW, Pedro Galdi, opina que ao se desfazer destes bens, as operadoras conseguem melhorar a per-formance financeira por conta da entra-da de dinheiro extra. Desta maneira, os resultados operacionais da companhia melhoram, tanto com a ampliação no caixa, quanto com a eliminação da neces-sidade de gastar recursos na construção e administração das torres. “É algo estra-tégico, para gerar alavancagem e fazer caixa”, opina Galdi.

Seguindo os passos da Vivo, o con-selho de administração da Oi aprovou recentemente a venda direta de ativos imobiliários da empresa em diversas regiões do País. O negócio ainda depen-de de aprovação da Anatel e, se tudo der certo, a operadora deve colocar no caixa ao menos R$ 643,1 milhões com

clara sobre isso e possíveis incentivos fiscais.

Desta maneira, abrem-se novas frentes de negócios ligados às telecomunicações. Entretanto, a adoção do modelo de compartilhamento por meio de aluguel de infra-estrutura de terceiros só se tornou possível porque houve um aprimoramento do enten-dimento sobre o que é serviço de telecomunicações, comenta a advo-gada do escritório Mitico & Sigliano, Regina Ribeiro do Valle. “Hoje não há mais a insegurança neste sentido. Já está claro que empresa de telecom é aquela que 'acende' o equipamento e presta o serviço de telecomunicações”.

Com isto, empresas como American Towers e BR Towers, que atuam como controladoras terceirizadas das redes, enfrentam menor risco de serem con-fundidas com as operadoras de teleco-municações em si e isso abre novas perspectivas para seus negócios. “Agora que está mais claro, elas estão se estru-turando”, diz a advogada. Além disso, Regina destaca que a simplificação das licenças para se prestar serviços tam-bém é um atrativo a essas empresas, que passam a ter um mercado maior a explorar. Simplificação esta que ainda depende de legislação federal, em pro-cesso de debate no Congresso.

Para as operadoras, a vantagem deste modelo de negócios é que se torna possível deixar de lado a obrigação e os custos com ativos fora do core business da empresa. Assim, as teles passam a se preocupar apenas com os gastos relacio-nados à qualidade dos serviços. É o caso da Vivo, que recentemente se desfez de 1.912 construções, entre torres e postes, o que representa 80% da infraestrutura da empresa. Estes ativos foram repassa-dos à BR Towers, do fundo de investi-mentos GP Investment, numa operação que rendeu R$ 503 milhões aos cofres da tele. A operação foi aprovada em setem-bro pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e, assim, a operadora deixou de ser dona da infraes-trutura e passou a alugar os equipamen-tos da própria BR Towers.

O contrato firmado pelas duas empre-sas dá o direito de exploração das torres à GP Investments por um prazo inicial de 11 anos. Mas esta não é a primeira vez que a empresa se desfaz de antenas no Brasil. Em agosto, o órgão havia aprova-

“já está claro que emPresa de telecom é aquela que ‘acende’ o equiPamento e Presta o serviço de telecomunicações.”Regina Ribeiro do Valle, do Mitico & Sigliano Advogados

Recentemente o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, comentou a possibilida-de de as empresas de telefonia móvel terceirizarem suas infraestruturas passivas como torres, por exemplo. Segundo ele, se a moda pegar, poderá ajudar nos projetos

do governo para a área de infraestrutura, aumentando o nível de compartilhamento des-tes ativos. “Acho que o aluguel de sites pode ajudar, porque as empresas que serão donas das torres vão querer colocar várias operadoras num mesmo lugar”.

Ele lembrou que a implantação do 4G nos próximos anos precisará de uma grande quantidade de antenas. Além disso, o próprio 3G ainda precisará de novas instalações para atender às áreas ainda não cobertas com a tecnologia ou onde as teles ainda estão expandido o serviço. “E as empresas que atuarão nesta área vão tentar explorar algo razoável para o mercado”.

Paulo Bernardo explicou também o motivo pelo qual o governo trata como prioridade o decreto que regula o compartilhamento de infraestrutura: “Precisamos incentivar [o com-partilhamento] porque ainda tem aquela empresa achando que se não deixar o cara botar o equipamento na torre dela, ele vai ter menos cobertura num determinado local. Mas aí essa outra operadora coloca uma antena do lado, cobre do mesmo jeito e os dois gastam um dinheirão”. O problema é que o decreto está parado na Casa Civil há vários meses e ainda não há perspectiva de quando ele será efetivamente publicado.

O que pensa o governo

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24 TeleTime nOv_2012

O Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), apro-vado no começo de novem-bro pela Anatel, contém uma série de “remédios”

para combater os males do atacado e, consequentemente, estimular a compe-tição no varejo. Segundo o conselheiro Marcelo Bechara, relator da proposta, foi uma grande mudança de paradigma na forma como a Anatel está trabalhan-do. “Nossa intenção foi passar a olhar o mercado do ponto de vista do relaciona-mento entre as empresas. É uma nova abordagem regulatória”.

Um dos mercados mais afetados pelo plano será o de telefonia móvel, embora a sua “doença” certamente não seja a falta de competição. Pelo contrá-rio, devido à alta competição – basica-mente as quatro grandes dividem igual-mente o mercado – as empresas adota-ram todas as artimanhas possíveis para desencorajar seus clientes a realizarem chamadas para a rede de outras presta-doras, evitando assim pagar intercone-xão entre redes, a chamada VU-M. Essas artimanhas são o que a Anatel chamou de “clubes exclusivos”.

Embora reconheça os benefícios do efeito “clube exclusivo” para os consumi-dores, o PGMC pretende limitar esse fenômeno. Para estimular as empresas a oferecerem condições mais vantajosas para o tráfego fora da rede (off-net), a agência alterou a forma de remuneração entre as prestadoras, beneficiando clara-mente as empresas pequenas como a Nextel (que acaba de chegar ao mundo SMP), CTBC e Sercomtel.

Chegou a ser cogitada pela área técni-ca a inclusão de uma medida explícita que estabelecesse que a tarifa para outras redes não poderia ser mais cara que a on-net (dentro da própria rede), mas o conselheiro relator Marcelo Bechara reti-rou esse ponto da versão final do docu-mento, alegando que o PGMC trata ape-nas de medidas para o atacado. Bechara fez uma mudança significativa também

no mecanismo que vai incentivar as pequenas a adotarem preços mais bara-tos para fora da rede. A área técnica da Anatel havia proposto que, entre as empresas com Poder de Mercado Sig -nificativo (PMS) no mercado de termina-ção de chamadas de rede móvel, vigora-ria a regra de cobrança com “bill and keep” na proporção de 60/40, ou seja, quem chama fica com 60% do valor da chamada. No caso das chamadas entre empresas com PMS e entrantes (empre-sas sem PMS), o regime de “full billing” seria mantido, ou seja, quem chama fica com tudo o que é cobrado do usuário, sem precisar pagar interconexão.

O conselheiro Marcelo Bechara, sen-sível ao argumento das empresas, inver-teu essa configuração. Agora o full billing será mantido apenas entre as empresas com PMS, já que em tese elas têm um tráfego parecido sainte e entrante (fazem e recebem o mesmo número de chama-das). Entre empresas PMS e não PMS a solução aprovada foi de um bill and keep decrescente: 80/20 até fevereiro de 2015; 60/40 até fevereiro de 2016; e, a partir daí, volta o full billing. Ou seja, num pri-

meiro momento, as empresas entrantes só pagarão para as grandes quando o tráfego das primeiras para as segundas superar 80% do total.

O conselheiro explica que houve grande resistência para implantar o bill and keep entre as grandes. Segundo ele, as companhias argumentaram que se comprometeram com investimentos em qualidade (em decorrência da medida cautelar que suspendeu a habilitação de novas linhas por 11 dias) e que, ao esti-mular as chamadas para fora da rede, perde-se o controle sobre a qualidade, já que a chamada termina na rede de outra prestadora. Além isso, as quatro grandes argumentaram que os investimentos que serão feitos no 4G e que estão sendo fei-tos no 3G, somados à queda da VU-M, já são uma carga regulatória muito pesada.

O conselheiro explica que a intenção não é acabar com o efeito clube exclusi-vo, mas sim dar mais opções para o usuário. “Com isso elas (as empresas pequenas) vão conseguir criar planos agressivos para as chamadas off-net. Queremos dar alternativa para o usuário que não quer ter dois ou três chips”, diz Bechara. Apesar de já estarem estabele-cidos os percentuais do bill and keep até 2016, o PGMC será revisto periodica-mente. Daqui a dois anos será reanalisa-da a designação dos grupos com PMS; e em quatros anos serão reanalisados os mercados relevantes, as medidas assi-métricas e, novamente, a designação dos grupos com PMS. “Daqui a dois anos vamos rever os grupos, depois rever os remédios. Se a entrante ficar maior que as outras, vamos rever as medidas assi-métricas”, diz o conselheiro.

VU-M e roamingO PGMC também dá mais um passo

em direção à queda da VU-M. Há cerca de sete meses a Anatel promoveu uma redução no VC (valor cobrado do consu-midor) que gera um impacto na VU-M até 2013. Na ocasião ficou definido que a partir daí, quando a agência acredita que

.:REGUlAMEntAÇÃO

Nasceu!Plano Geral de Metas de Competição é finalmente aprovado e altera o regime de remuneração de rede entre as prestadoras móveis para incentivar as companhias a baixarem os preços de chamadas off-net.

Helton Posseti e Samuel [email protected]@convergecom.com.br

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já vai estar vigorando o modelo de cus-tos, que trará uma modelagem mais precisa dos custos de operações das empresas, a VU-M seria orientada por essa variável. Em nome da previsibilida-de regulatória, entretanto, o PGMC pos-terga para 2016 a entrada do valor de referência da VU-M orientado a custo. Até lá, o PGMC determina que na resolu-ção de conflito adotará como referência em 2014 uma VU-M de 75% do valor de 2013 e, em 2015, 50% do valor de 2013. “Acho que é um direcionamento extraor-dinário em dar previsibilidade ao merca-do sobre para onde caminha a VU-M”, disse Marcelo Bechara. Pelas projeções da Anatel, a VU-M traçaria uma curva de queda: R$ 0,33 em 2013; R$ 0,25 em 2014; e R$ 0,16 em 2015.

A Anatel também procura corrigir uma distorção no mercado que prejudica as empresas que não têm redes nacio-nais: CTBC e Sercomtel. As empresas consideradas com PMS no mercado de roaming nacional (Vivo, Oi, TIM e Claro) deverão homologar as suas ofertas de referência para acesso a suas redes de clientes de outras companhias “em itine-rância”. “Os usuários dessas duas empre-sas são extremamente penalizados, pagando valores impraticáveis, o que torna o produto dessas empresas pouco atraentes”, afirma Bechara.

rede fixaAs redes de cabo coaxial foram

incluídas entre as que serão objeto das medidas assimétricas dentro do merca-do de rede fixa de acesso. São redes utilizadas por operadores de TV a cabo, como a Net. Como o grupo Telmex é considerado PMS em redes de acesso em algumas cidades, isso significa que as redes da Net terão que ser comparti-lhadas. Mas há quem alegue que esse compartilhamento é muito mais compli-cado de ser feito do ponto de vista técni-co do que o compartilhamento de par trançado. Por essa razão, alega Bechara, é que foi determinado o unbundling apenas no nível da camada de dados, ou seja, o bitstream.

Essa é uma das alterações do conse-lheiro em relação à proposta que veio do grupo formado pela Anatel depois que a proposta voltou da consulta pública.

“Identificamos que essa infraestrutura já é realidade no mercado brasileiro, implantada há bastante tempo e já amor-tizada”, diz ele. O compartilhamento da rede de acesso coaxial é compulsório apenas para velocidades de até 10 Mbps.

Ainda no mercado de rede fixa de acesso, o conselheiro alterou a taxa de transmissão mínima de 25 Mbps para até 10 Mbps para abarcar uma maior quantidade de redes de acesso. As redes de cobre deverão apresentar ofertas de referência para bitstre-am e full unbundling.

Telefônica, Telmex, Oi, CTBC e Sercomtel são as empresas com PMS no mercado de rede fixa de acesso (EILD), sendo que a dimensão geográfica desse mercado se dá por município. Por terem poder de mercado significativo, ficam sujeitas a apresentar aos concorrentes uma oferta de referência que precisa ser homologa-da pela agência. É a assimetria estabele-cida pela Anatel para tentar equilibrar o cenário competitivo. Caso a empresa não apresente a oferta ou por algum motivo ela não seja homologada, estão previstas medidas cautelares. No mercado de rede fixa de acesso as cautelares são: atendi-mento que corresponda a 20% da capa-cidade física e utilizar como valor de referência um percentual do menor preço praticado no varejo pelo grupo.

No mercado relevante de rede fixa de transporte (backbone e backhaul), Marcelo Bechara fez duas alterações importantes. A taxa de transmissão mínima das redes sujeitas às medidas assimétricas foi aumentada de 25 Mbps para 34 Mbps. Além disso, o PGMC aprovado flexibiliza a obrigação de ins-talação de Ponto de Troca de Tráfego (PTT). Pela proposta aprovada, o PTT deve ser instalado nos municípios em que houver demanda por interconexão classe V (entre redes de dados). Na proposta da área

técnica, a obrigação era a interconexão imediata ao PTT do NIC.Br. A proposta aprovada dá liberdade para a empresa se interconectar a um PTT já existente. As empresas PMS nesse mercado são Telefônica, Telmex, Oi e Sercomtel. As cautelares previstas caso a empresa não cumpra as medidas assimétricas são:

garantir atendimento das solicitações que cor-respondam a 20% da capacidade física da re de e garantir 50% do backhaul quando se tra-tar de concessionária. Como já era esperado, as redes de fibra (mesmo as apagadas) estão fora de medidas assimétricas

por nove anos. Isso foi feito para estimu-lar a construção de novas redes.

Os grupos detentores de PMS nos mercados relevantes de rede fixa de acesso e rede fixa de transporte terão 180 dias para apresentar elementos de prova para afastar a caracterização de PMS em determinadas regiões de alguns municípios. No mercado de rede fixa de acesso, a Anatel identificou 117 municí-pios com mercado mais desenvolvido, em que a empresa considerada PMS pode pedir a descaracterização do PMS em determinados bairros onde ela com-provar que há competição. No mercado de rede de transporte, esse pedido pode-rá ser feito em 137 municípios.

Infraestrutura passivaOutro mercado relevante identificado

pela Anatel é o de infraestrutura passiva, ou seja, postes, torres e dutos/valas. Nesse caso, a dimensão geográfica do mercado é nacional. Em postes não há empresas com PMS no setor de telecom, já que essa infraestrutura pertence às companhias do setor elétrico. Em torres, as empresas com PMS são Telemar, Telefônica, Telmex e TIM. E em dutos/valas Telemar, Telefônica e Telmex. A

cautelar prevista para o caso de não homologarem suas ofertas de referência é garan-tir o atendimento de solicita-ções que correspondam a 10% da capacidade. E utilizar como valor de referência, a ser estabelecido pela Anatel, um percentual do menor preço praticado pelo próprio grupo detentor de PMS.

“entrantes vão conseguir criar Planos agressivos Para as chamadas off-net.

queremos dar alternativa Para o usuário que não quer ter dois ou três chiPs.”

Marcelo Bechara, da Anatel

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as redes de cabo coaxial foram incluídas entre as

que serão objeto das medidas assimétricas dentro do mercado de

rede fixa de acesso.

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.:REGUlAMEntAÇÃO

Sem lados neutrosMarco civil garante neutralidade de rede, mas é provável que a regulamentação fique com a Anatel, contrariando a vontade do relator Alessandro Molon.

A complexidade do tema neu-tralidade de rede ficou patente na discussão no começo de novembro do Marco Civil da Internet, a

ponto de haver posições divergentes entre o Poder Executivo e o deputado-relator que é da base do governo, Alessandro Molon (PT/RJ). Depois de muita negocia-ção, o deputado concordou em retirar do texto qualquer menção ao Comitê Gestor da Internet (CGI). Originalmente, a ideia de Molon era que o comitê fosse ouvido antes de um decreto regulamentar a ques-tão da neutralidade. Mas Molon manteve a determinação de que essa regulamenta-ção seria editada por decreto do presiden-te da República. O deputado chegou a alterar o texto para que a regulamentação ficasse a cargo do Poder Executivo, mas voltou atrás após declarações do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de que, no seu entendimento, a regulamenta-ção poderia ser feita pela Anatel.

Dessa forma, as operadoras devem tratar de forma isonômica qualquer paco-te de dados, sem distinção por conteúdo, serviço, origem/destino ou aplicativo. A discriminação ou degradação do tráfego admitidas serão regulamentadas por decreto e poderão decorrer somente de requisitos técnicos indispensáveis para a prestação adequada dos serviços e priori-zação a serviços de emergência.

O texto como está, em princípio, invia-biliza dois importantes desejos das teles para fazer frente ao explosivo crescimento do tráfego de vídeo em suas redes. O pri-meiro é desenhar pacotes de serviço espe-cíficos para cada tipo de aplicação. Ao usuário que não consome serviços de vídeo seria ofertado um plano voltado para serviços de e-mail e navegação. Já aquele usuário mais avançado que baixa filmes e músicas teria um pacote tecnica-mente mais adequado “e também mais caro” para o seu tipo de uso. Os represen-tantes das empresas argumentam que isso permitiria baixar o preço do pacote “de entrada” e, por tanto, ajudaria na elevação da penetração do serviço.

Outro desejo das empresas que não é

admitido pela nova legislação é o estabelecimento de acor-dos comerciais com os gran-des provedores de conteúdo para que estes últimos tam-bém paguem pelo uso da rede. Esse ponto é especial-mente mais sensível porque mexe no equilíbrio de forças sobre o qual a Internet foi

criada e se desenvolveu até hoje. Para os seus defensores, nada mais justo do que cobrar do dono das aplicações que conso-mem muita banda uma parcela do inves-timento que as teles fazem nas redes para suportar essas aplicações. Para os seus detratores, esse tipo de acordo fere o princípio de isonomia da Internet e pode-rá impedir o desenvolvimento de novos serviços. Demi Getschko, membro do Comitê Gestor da Internet (CGI), costuma dizer que se fosse assim no começo da web, o YouTube e o Facebook não teriam surgido “já que são negócios surgidos ‘em fundo de quintal’”.

Não se sabe ainda o alcance da neu-tralidade que será implementada na prática. Como há espaço para uma regu-lamentação futura, existe a chance (mesmo com a determinação de que isso seja feito por decreto presidencial) de que essas regras sejam gestadas pela dobradinha Anatel/Minicom, que têm se mostrado alinhados com o pleito das empresas. Além disso, o texto em dis-cussão dá margem para diferentes níveis de quebra da neutralidade, já que prevê que a degradação ou discriminação de tráfego “poderá decorrer de requisitos técnicos indispensáveis à prestação ade-quada de serviços e aplicações”.

Para Paulo Bernardo, é preciso

superar esta “ideia romântica” de que a rede deva ser total-mente neutra. “Aqueles que defendem a total neutralidade de rede dizem que estão defen-dendo a democracia, mas tam-bém estão defendendo os seus negócios”, disse o ministro. Segundo ele, seria “desejável e justo” que a regulação futura separe os interesses das gran-des corporações da Internet dos interesses de usuários individu-ais. Porque, destacou, o que é preciso saber é “quem vai ganhar o quê” com o modelo de negócios hoje na Internet.

Bernardo foi um dos princi-pais críticos das primeiras ver-sões do relatório de Molon que

continham a determinação de que CGI deveria ser “ouvido” na regulamentação da lei, mas não mencionavam a Anatel. “É a Anatel que tem competência para defi-nir as regras”, disse o ministro.

Conteúdo x acessoOutra polêmica criada pelo Marco Civil

da Internet, embora esta tenha surgido às véspera da sua aprovação pelo Congresso Nacional, foi uma suposta não-isonomia no tratamento dos provedores de conteú-do em relação aos provedores de acesso, as teles. Representantes das operadoras, que preferem não se identificar, explicam que é facultado aos provedores de conteú-do guardarem os registros de acesso a aplicações (Artigo 13), o que não é permi-tido para os provedores de acesso (Artigo 12). Para as teles, essa restrição inviabili-za a evolução dos modelos de negócio. As operadoras também discordam do Artigo 15. Para elas, o texto dá aos provedores de conteúdo a possibilidade de não cum-prirem decisões judiciais de retirada de conteúdos, na medida em que podem alegar inviabilidade técnica.

Ao fechamento desta edição, o Marco Civil ainda não havia sido aprovado pela Câmara. Depois disso, o debate se trans-fere para o Senado.

(HELTON POSSETI)

“aqueles que defendem a total neutralidade de rede dizem que estão

defendendo a democracia, mas também estão defendendo os seus negócios.”

Paulo Bernardo, ministro das Comunicações

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20 de fevereiro, 2013 ROYAL TULIP BRASÍLIA ALVORADA, BRASÍLIA, DF

INSCRIÇÕES:0800 77 15 028i n s c r i c o e s @ c o n v e r g e c o m . c o m . b r

Promoção Organização

JUNTE-SE A NÓS PARA DEBATER TEMAS COMO:

CRÍTICO E ANALÍTICOBRASÍLIA VAI RECEBER O PRINCIPAL ENCONTRO DE ANÁLISE DAS POLÍTICAS

E AÇÕES REGULATÓRIAS DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES EM 2013

• As prioridades políticas do governo Dilma Rousseff • As agendas regulatórias da Anatel e Ancine • O futuro das políticas de banda larga

• A evolução dos serviços de radiodifusão• As perspectivas de mudanças no marco legal

do setor de telecomunicações

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Com o início das medições das metas de qualidade da banda larga fixa e móvel em novem-bro, em cumprimento às Re -soluções 574/2011 e 575/2011

da Anatel e à obrigação de entrega de um serviço com garantia de qualidade, todos os prestadores com mais de 50 mil aces-sos de banda larga passam a ser moni-torados. São referências sobre velocida-de e disponibilidade que deverão garan-tir a entrega da banda larga prometida em contrato pelas empresas aos consu-midores, mas há um longo caminho para assegurar que esses requisitos de fato sejam atendidos. As operadoras precisarão enfrentar desafios técnicos e burocráticos para conseguir cumprir as metas da agência.

Os compromissos impostos pela Anatel funcionam da seguinte forma: de acordo com os indicadores de velocidade instantânea, o resultado obtido pelo ser-viço de banda larga fixa e móvel não pode ser menor do que 20% da velocida-de máxima contratada pelo assinante, tanto para download quanto para up -load, em 95% das medições. Essa meta é válida até novembro de 2013 e, a cada ano, as metas aumentam (ver tabela).

Para a banda larga fixa, as empresas precisam atingir a taxa de 80 milissegun-dos (ms) de latência em 95% das medi-ções em conexões terrestres e 900 ms nas conexões por satélite. A variação da latência (jitter) e a perda de pacotes tam-bém serão monitoradas.

As empresas avaliadas na conexão fixa serão Oi, Net, Telefônica/Vivo, GVT, Algar Telecom (CTBC), Embratel, Ser -comtel e a Cabo Telecom. Para a Internet em celulares, serão monitorados os ser-viços da Vivo, Oi, Claro, TIM, Algar Telecom (CTBC) e Sercomtel.

Na banda larga fixa, as medições serão realizadas com 12 mil probes (medi-dores), batizados de whi-tebox, distribuídos por

voluntários cadastrados no site brasil-bandalarga.com.br em todos os estados. Segundo a Anatel, a medição já começou em RJ, SP, MG, DF, GO, PE, CE, ES, RS, SC e PR. Na banda larga móvel, a agên-cia deverá instalar 3,8 mil medidores em todos os estados até fevereiro de 2013. Até o fechamento desta edição, apenas o Rio de Janeiro havia começado essa medição que, apesar da natureza da conexão, será realizada com probes fixos, por uma dificuldade tecnológica. Em declaração a TELETIME no final de outubro, o coordenador do Grupo de Implantação de Processos de Aferição da Qualidade (GIPAQ) e superintenden-te de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, afirmou que não existe ainda uma solução de medição da banda lar-ga móvel que contemple o comporta-mento do serviço quando o usuário está em movimento. “A posição da Anatel é de que a medição deve ser feita com mobilidade, mas não existe solução no mundo ainda.”

Para complementar a aferição dos medidores, serão utilizados aplicativos. No caso da banda larga fixa, uma ferra-menta em Java no site do programa pode ser acessada nos moldes de demais plataformas de medição de velocidade disponíveis na Internet. Para os serviços móveis, um aplicativo estará disponível para iOS e Android até o final de novem-bro também pelo site ou pelas respecti-vas lojas de apps oficiais.

FibraA tarefa de cumprir essas

metas não será fácil para as operadoras. Há dois camin-hos: um passa pelo marketing,

ou seja, parar de vender produtos cuja capacidade não possa ser assegurada pela rede. E nesse sentido há quem aposte que o Brasil deverá ver, no próxi-mo ano, ofertas mais cautelosas de velo-cidades acima de 35 Mbps, justamente para evitar que o consumidor se frustre com o produto final.

Outro caminho é técnico: ampliar a capacidade. Nesse sentido, as operado-ras deverão investir na infraestrutura, seja melhorando o que já têm ou adi-cionando mais equipamentos como redes de fibra ou estações radiobase (ERBs). Talvez por isso mesmo o tema seja sensível às teles. Das prestadoras procuradas pela reportagem, apenas a TIM aceitou falar e, assim mesmo, com reservas. Durante informe de resulta-dos financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2012, o CMO da TIM Brasil, Roger Solé, disse que as metas de qualidade para a banda larga móvel são mais complicadas de atender do que com a oferecida pelo produto fixo Live TIM (de fibra até um nó, usando coaxial a partir deste ponto). “Existe um controle de qualidade móvel, mas a capacidade depende da quantidade de clientes conectados. Por isso é tão importante fazer o fiber-to-the-site (FTTS), porque consegue aumentar muito a capacidade e conectar as tor-res”, explica. Apesar disso, o aumento da cobertura 3G da operadora em 74 novas cidades durante o último trimes-tre não foi necessariamente com fibra. “Estamos incrementando [a cobertura]

e indo cada vez mais para o interior, mas não é feito com fibra, são linhas alugadas. Nosso foco [com fibra] é nas capitais, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro”, ex -plica, sem detalhar como se -ria então a melhora para o cumprimento de metas na demais localidades.

Para a oferta Live TIM, as previsões de cumprimento de

.:intERnEt Bruno do [email protected]

Qualidade combina com fibraPonto sensível para operadoras, o cumprimento de metas de qualidade para banda larga fixa e móvel, que começou a valer a partir desse mês, depende de melhoria da infraestrutura. Solução converge para as conexões óticas, segundo especialistas.

“é imPortante fazer o fiber-to-the-site (ftts), Porque consegue aumentar muito

a caPacidade e conectar as torres.”Roger Solé, da TIM

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Modelo de negóciosCorroborando a alega-

ção da TIM, o diretor de consultoria da Promon-Logicalis, Luiz Minoru, explica que o ponto-chave para o cumprimento das

metas de qualidade pode estar na infraes-trutura de fibra. Assim como os cabos óticos promovem melhores conexões fixas, eles são necessários para as redes móveis como backhaul, mas dependem de um investimento alto e não trazem necessariamente um retorno financeiro imediato. “O grande desafio das operado-ras será ganhar capilaridade de estrutura de fibra, o que demanda dois desafios: investimento muito alto e velocidade de implantação de redes”, explica.

Ele ressalta ainda a característica de uso de banda larga móvel como única conexão, o que acaba aumentando a de - manda dos usuários por um serviço de melhor qualidade. Isso é possível com aumento da capilaridade de fibra para fornecimento de Internet via 3G e 4G. Um equilíbrio maior entre os serviços fixos e móvel também desafogaria o tráfego das redes de celular, o que inclui a utilização de hotsposts Wi-Fi como solução convergente para desafogar a banda larga móvel. “Outro grande desa-fio é pla nejar, tentar criar uma arquite-tura que seja melhor para fazer a oferta de banda larga fixa, fixa sem fio e móvel”, afirma Minoru. Ele diz que ope-radoras estão estudando soluções como satélite, que ainda considera inviável pelo custo, e com espectros alternativos. “Empresas começam a estudar a faixa de 450 MHz não como tecnologia de acesso, mas de transmissão de dados, embora não enxerguemos isso como solução a curto prazo.”

de operadoras com poder de mercado significativo (no caso, Telefônica, Telmex, Oi e Sercomtel/Copel) precisarem

instalar novos pontos em municípios onde houver demanda por intercone-xão classe V (entre redes de banda larga), isso não levará em conta as redes de fibra, que estão fora das medi-das assimétricas por nove anos para estimular a construção dessa infraes-trutura mais avançada.

Para a rede móvel, o executivo da ISPM diz que é possível melhorar o ser-viço com a infraestrutura existente. “Nos grandes centros não precisamos de mais ERBs, mas precisa aumentar a capacida-de delas e o tráfego de informação”, avalia, embora reconheça que algumas localidades realmente demandem mais estações radiobase.

De qualquer forma, Helder Ferrão se mostra otimista em relação ao cumpri-mento de metas. “Acho que é possível fazer isso, há operadoras que têm mais atenção e outras que, se não demons-tram tanta atenção, pelo menos focam estratégias direcionadas em outros inte-resses”, diz. Para ele, a discussão nunca é técnica. “Sempre digo que não existe problema que a técnica não resolva; o que se discute é quanto custa.” Ainda assim, ele reitera que a preocupação com a qualidade se reflete na fidelização do cliente, o que acaba gerando receita. “Talvez (as operadoras) devessem se pre-ocupar muito mais do que fazem hoje”.

metas são mais otimistas. Mesmo com o serviço lançado antes da regulamentação da Anatel, a operadora já prome-te em contrato um índice de entrega mínima de 60% da velocidade, embora afirme que está excedendo os resulta-dos. “Do ponto de vista de performance, a entrega é até superior, pois prometemos 35 Mbps e entregamos 37 Mbps de download”, diz o executivo responsá-vel pelo Live TIM, Rogério Takaynagi.

DificuldadesA medição estará a cargo da entida-

de aferidora de qualidade de banda larga (EAQ) e a PriceWaterhouse Cooper (PwC) foi contratada para fazer o servi-ço. Apesar de ter perdido a licitação para a EAQ, a empresa ISPM chegou à fase final do processo com uma tecnolo-gia brasileira que, agora, está sendo negociada com as próprias operadoras para medições internas de maneira pró--ativa para auxiliar na tomada de deci-sões sobre ações e otimizar o cumpri-mento das metas. O executivo para desenvolvimentos de produtos da empresa, Helder Ferrão, afirma não haver uma solução simples para o pro-blema. “Depende muito de avaliação e acompanhamento contínuo, não existe uma única resposta”, afirma.

Ferrão critica a ofertas que concen-tram serviços próximos ao backbone das operadoras, consumindo mais recursos de rede ao se distanciar da própria demanda. “O ideal, pensando em uma maneira de otimizar os investi-mentos, é adotar estratégias para colo-car os grandes provedores de conteúdo na borda da rede, o mais próximo pos-sível do consumidor”, afirma. Outra saída, diz, seria instalar mais pontos de troca de tráfego (PTT) entre operadoras, criando uma estrutura mais eficaz para roteamento. Segundo o Ptt.br, projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), atualmente são 20 os pontos de interconexão no Brasil, a maioria con-centrada na região Sudeste. “Se houver mais pontos, não é preciso trafegar tanto da rede de quem está originando a consulta para quem está fornecendo a informação, sem precisar atravessar estruturas complexas”, explica. No entanto, a redação final do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) flexibi-lizou a instalação de novos PTTs: apesar

“não Precisamos de mais erbs, mas sim aumentar a caPacidade delas e o tráfego de informação.”Helder Ferrão, da ISPM

Metas da Anatel para a banda larga móvel e fixaPrazo Taxa de Transmissão Média

(download e upload)Taxa de Transmissão Instantânea (download e upload)

Novembro, 2012 60% da velocidade máxima contratada

20% da velocidade máxima contratada

Novembro, 2013 70% da velocidade máxima contratada

30% da velocidade máxima contratada

Novembro, 2014 80% da velocidade máxima contratada

40% da velocidade máxima contratada

telnov oleksii/shutterstock.com

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FornecedoresPara o diretor de tecnologia

para a América Latina da Nokia Siemens, Wilson Cardoso, as variantes da equação são tantas quanto a complexidade das ações. Ele defende que haja previsibilidade nas redes móveis sobre dispositivo utiliza-do, localização do usuário, ajus-te às imprevisibilidades e con-dições externas que podem alterar a performance do servi-ço. “O grande ponto é como colocar todas as variáveis para atender a uma meta única de qualidade”, define. A Nokia Siemens é fornecedora para telefonia móvel da TIM, Claro e Oi, além de ter soluções de banda larga fixa para a Oi e ser “grande integrador da rede IP” da Telefônica/Vivo.

Até mesmo problemas de forneci-mento elétrico são apontados como uma variável. E isso existe, de fato. A região Nordeste sofreu um apagão no final de outubro e, por redes sociais, muitos usu-ários reclamaram de queda nos serviços de algumas operadoras. “É uma realida-de: há roubo de baterias em sites”, diz Cardoso. “Tivemos casos em que 30% dos sites de uma operadora tiveram esse problema”, observando que é um caso atípico no mundo inteiro, mesmo em comparação com países em desenvolvi-mento como Índia.

Ele aponta como um dos caminhos para a questão de cobertura a utilização de arquiteturas que criem múltiplos pontos de acesso, formando uma rede de pequenas células interconectadas, permitindo redução de custo no tráfego. Outra proposta da companhia é de uma solução que aumenta em 60% a capaci-

dade das antenas em uma ERB, melhorando a rede de macrocélulas. “Fizemos um teste em Chicago combinan-do macro e smallcells em um

bairro, e conseguimos 70% mais cober-tura e quase triplicamos a capacidade. Se usar todas as soluções combinadas, melhoram a cobertura e os indicado-res”, diz Cardoso.

Ele afirma que a tecnologia 3G ainda apresenta crescimento no Brasil e, com melhorias na rede, ela é capaz de melho-rar a conexão. “Hoje já colocamos cone-xões a 42 Mbps e já estamos chegando a 84 Mbps”, afirma, citando picos teóricos do HSPA+. O executivo destaca ainda a implementação do IP na conectividade de sites, que simplifica a rede e ajuda na redução de perda de pacotes (que acaba provocando mais tráfego ao exigir reen-vio de dados). E também destaca a rele-vância de uma maior capilaridade da rede ótica. “Com isso, você evita uma série de roubos de micro-ondas, enlaces ou mesmo gargalo na rede de backhaul. Com fibras em sites, melhora a capacida-de, diminui a latência e deixa as metas mais alcançáveis”.

A Huawei também enfatiza a neces-sidade pela fibra. “Um bom exemplo dos benefícios disso foi um relatório recente da Portugal Telecom falando que a implantação massiva de fibra fez com que o custo de atendimento tenha

caído e a rentabilidade por bit trafegado tenha aumentado em função da economia de escala pela capacidade aumen-tada, eficiência de energia e por ser uma rede mais moder-na que requer menos manu-tenção”, explica o CTO da for-

necedora chinesa na América Latina, José Augusto de Oliveira Neto. Para ele, o elo está na banda larga fixa. Ele diz que “o tráfego nesta rede é 40 vezes maior, por mais que tenha crescido o tráfego da rede móvel”, e defende o tratamento único nas redes para redu-ção de prazo e custo, até pelo uso da fibra em backhauls móveis.

Entretanto, Oliveira Neto estabelece um diferencial extremamente crítico: enquanto no acesso fixo a capacidade do ponto pode crescer de forma exponencial com o uso de múltiplos comprimentos de onda na fibra, na rede móvel isso está limitado ao espectro disponível, que tem capacidade muito inferior. “A rede móvel compensa isso com evolução tecnológica, por isso o LTE é o caminho para dar mais eficiência em bits por hertz trafega-dos e com uma latência menor, fazendo com que essas redes tenham eficiência espectral seis vezes maior (do que a 3G).”

Ele discorda de Helder Ferrão, da ISPM, sobre a questão da quantidade de ERBs. Para o CTO da Huawei, é preciso sim ampliar a quantidade de estações radiobase, até pela necessidade de cober-tura LTE na faixa de 2,5 GHz, que tem um alcance menor. “A implantação de mais estações vai trazer a capacidade necessária, mas a gente começa a se deparar com uma série de dificuldades, como a legislação”, argumenta o executi-vo da Huawei, adicionando ainda o pro-blema com os impostos no País. “Isso acontece com fibra também: não se con-segue a instalação em estradas e vias, há uma série de limitações.”

Se há uma clara necessidade de con-vergência de ações em alinhamento com a demanda fixa/móvel para atender às metas da Anatel, há um entendimento de que é preciso acompanhar todo o proces-so na rede, estudando e entendendo como ela se comporta para garantir a qualidade. “Para que isso aconteça, mes- mo que haja esforço das operadoras, é necessário que os governos federal, esta-dual e municipal reconheçam os benefí-cios das teles para o desenvolvimento econômico, garantindo a infraestrutura necessária e serviço de qualidade.”

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Enquanto no Brasil se discute a dificuldade de melhoria das redes, nos Estados Unidos as operadoras de banda larga fixa têm mostrado resultados acima do esperado. Segundo levantamento divulgado em julho sobre a qualidade da banda

larga realizado pela Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador das telecomunicações americano, a velocidade ofertada chega a passar do anunciado pela operadora nas conexões por fibra. Na média, o estudo mostrou que os provedores de Internet entregaram 96% da velocidade prometida durante os horários de pico – dias de semana, entre as 19h e 23h no horário local do usuário.

Considerando por tecnologia e em termos de velocidade “sustentada” (ou seja, desconsiderando explosões de velocidade), as conexões DSL entregaram as taxas de download ofertadas 84% das vezes. Serviços de cabo chegaram a 99%, enquanto a fibra alcançou 117% da velocidade ofertada – ou seja, obteve um resultado acima do esperado. Para upload, na média de todas as tecnologias, a velocidade entregue foi 107% da prometida, quatro pontos percentuais acima do registrado em 2011. Em termos de latência, o tempo que leva para um pacote de dados ser entregue de um ponto a outro da rede, a taxa saiu dos 33 milissegundos em 2011 para 31 ms neste ano.

Realidade aumentada

“o grande desafio das oPeradoras será ganhar caPilaridade de estrutura de fibra.”Luis Minoru, da PromonLogicalis

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O mercado de pagamentos e transações financeiras por meio de telefones móveis vive um paradoxo. Ainda que seja uma grande apos-

ta de operadoras e desenvolvedores de aplicações para telefonia celular, os casos mais promissores vêm justamen-te de mercados menos desenvolvidos. A expectativa das operadoras, contudo, é de que tecnologias de comunicação por proximidade, como a NFC (Near Field Communications), possam mudar essa realidade. Foi isso o que se viu no NFC & Mobile Money Summit, realiza-do em outubro, em Milão.

As previsões da própria indústria indicam que, em 2020, haverá 24 bilhões de equipamentos móveis conectados em todo o mundo. Um pouco antes, até 2015, a comunicação móvel deve contribuir com US$ 1,9 trilhão para a economia mundial e com a oferta de 9,8 milhões de empre-gos, segundo Franco Bernabè, CEO da Telecom Italia e chairman da GSMA, a associação que reúne os players da indústria da comunicação móvel. “Os celulares impulsionam a economia do mundo conectado”, diz.

Embora sejam pouco difundidas em muitos lugares do mundo, princi-palmente nos países desenvolvidos, as aplicações de pagamentos móveis são uma realidade relevante e, hoje, indis-pensável em países em que boa parte da população não tem acesso ao siste-ma financeiro formal. Existem hoje, no mundo, cerca de 2,5 bilhões de adultos sem contas bancárias. Desses, um bilhão tem telefone celular. É na sobreposição entre essas duas realida-des que está a aposta de desenvolvi-mento imediato do mercado de transa-ções financeiras por celular. Não por acaso, no Brasil o governo prepara o Programa de Pagamento Mó vel por Celular – que pretende incluir esses excluídos bancários, bem como aumentar a concorrência e baixar os

custos das transações eletrônicas com cartões de crédito e débito.

O conceito vem de países em desenvolvimento, principalmente da África, onde muitas transações finan-ceiras são feitas diretamente pelo celu-lar. Nessas localidades, boa parte dos aparelhos não de modelos altamente sofisticados: ao contrário, são celula-res mais simples. O serviço mais popu-lar no continente africano, o M-Pesa (M de ‘mobile’ e Pesa de ‘dinheiro’, em suaíli – um dos idiomas oficiais do Quênia, onde o M-Pesa nasceu), usa comunicação por mensagens de texto (SMS) para fazer as operações finan-ceiras. Ou seja, pode-se usar qualquer celular para par ticipar do sistema.

O M-Pesa foi criado há quase seis anos pela Sa faricom, a maior operado-ra móvel do Quênia, em parceria com a inglesa Vodafone. Atualmente, ope-

radoras em outros 35 países africanos já investiram na criação, no desenvol-vimento e na implantação de opções de pagamento móvel. O dinheiro móvel já é oferecido por 34% das operadoras do continente na forma de pagamento de contas, transferência de dinheiro e opção para salários e benefícios do governo. E mais: outros 22% das ope-radoras planejam lançar seus serviços em breve. Em um ano, entre junho de 2011 e junho de 2012, o número de usuários de sistemas de mobile money dobrou e passou de 12 milhões.

O atual diretor de Mobile Money da Vodafone, Michael Joseph, era o CEO da Safaricom quando a empresa lançou o M-Pesa. “Não sabíamos como fazer dar certo. Tivemos sorte de esco-lher as melhores opções”, conta. Ele explica que são necessários de três a quatro anos para que se comece a ver algum retorno do investimento feito no sistema. “O valor por transação é muito baixo: em média, US$ 30. É um serviço de valor agregado, não exata-mente uma fonte de renda para a ope-radora.” Disponível atualmente em sete países, o serviço tem cerca de 15 milhões de usuários que fazem 7 milhões de transações diariamente. Todos os meses, o sistema movimenta US$ 1 milhão.

Segundo Joseph, a medida do sucesso de uma operação como essa não é o número de usuários, mas a quantidade de transações financeiras que eles fazem regularmente. Os nú -meros do M-Pesa impressionam: em junho, fo ram processadas 186 milhões de operações e movimentados US$ 931 milhões. “Ainda é possível adicio-nar mais valor, pois o mobile money permite ousar muito mais.”

A criação desses novos serviços, muitas vezes, sofre com a regulamen-tação dos sistemas. A Grameenphone, de Bangladesh, começou a oferecer seus serviços financeiros móveis em 2006, quando ainda havia poucas

.:nFC roseli Andrion, especial para a TELETIME, de Milã[email protected]

Em suaves prestaçõesO mercado de telefonia móvel sonha em abocanhar uma parte do setor de pagamentos e transações financeiras, e as tecnologias de comunicação por proximidade como a NFC são a aposta do momento. Mas a realidade tem se mostrado complexa.

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interoperabilidade (para que todos os sistemas se reconheçam), facilidade de uso, disponibilidade (inclu-

sive quando o aparelho estiver offline) e abertura para outros provedores de serviços e para a comunidade desen-volvedora são fundamentais. Franco Bernabè, da GSMA e da Telecom Italia, completa a lista adicionando alcance global (se o celular acompanha o usuá-rio aonde quer que ele vá, não poderia ser diferente) e privacidade. “Ao colo-car todos os seus dados numa platafor-ma, o usuário requer todas essas garantias”, ressalta.

Mas a realidade ainda tem sido dura para os entusiastas desse mer-cado. Muitos projetos falharam por não terem investido corretamente em um ou mais desses itens. “E dos pro-jetos que estão hoje em funcionamen-to, poucos atingiram massa crítica e um número ainda menor conseguiu produzir retorno econômico”, enfati-za Drillhon.

Vallée, da Gemalto, ressalta que toda semana um milhão de aparelhos com NFC são vendidos no mundo e que, até 2016, 85% dos terminais PoS devem permitir transações por proxi-midade. “É importante que se criem novas aplicações: NFC vai muito além de pagamentos e transporte”, diz.

Um dos serviços que melhor tem aproveitado as possibilidades do NFC é o dos sistemas de transporte público em várias cidades europeias. Já é pos-sível pagar a passagem com o celular utilizando essa tecnologia de proximi-dade em Londres, Barcelona, Milão e algumas cidades francesas.

As aplicações com NFC têm sido implantadas e tes-tadas de forma gradual. A

regras para o setor. Em 2011, um novo modelo regulatório foi posto em prática no país, a empresa teve de reconsiderar algumas decisões e passou a trabalhar mais perto dos ban-cos. “Essas regras são a chave para qualquer modelo de negócios e é preciso ser flexí-vel para ter sucesso”, ensina o diretor de Serviços Finan-ceiros da empresa, Del war Hossain Azad.

Na Nigéria, a Monitise também teve de se adaptar a algumas regula-mentações. Pa ra garantir a competi-ção, o banco central nigeriano exigia que, antes de qualquer lançamento comercial, houvesse 16 empresas querendo explorar o mesmo merca-do. “Por esse motivo, o piloto demo-rou 18 meses e deixou os investidores confusos”, diz o presidente de Mercados Emergentes da Monitise, Prateek Shrivastava.

NFCServiços que usam a tecnologia

NFC já estão em teste há alguns anos no Japão, na Coreia do Sul e na França. Recentemente, a adoção se expandiu para Cingapura, EUA, Canadá, Reino Unido e Turquia. Segundo Philippe Vallée, vice-presi-dente executivo de telecom da Gemalto (fabricante de SIMcards e chips NFC), outros países devem aderir em breve, entre eles o Brasil. “Agora, o movi-mento está mais rápido”, avalia. Há algumas semanas, foi lançado nos EUA o sistema ISIS – encabeçado pelas operadoras AT&T, T-Mobile e Verizon. “Pesquisas mostram que 86% dos consumidores estão interessados no sistema, 68% deles por razões de conveniência”, diz Vallée.

O diretor de Global Mobile Solutions do Citibank, Tomasz Smilowicz, avalia que a introdução de novos métodos de pagamento demora pelo menos dois anos para deslanchar. “Existe um tra-balho técnico intenso por trás de um lançamento como esses. Imagino que, em dois anos, a tecnologia NFC esteja largamente difundida.”

Xavier Drilhon, CEO da Oberthur Technologies (outra fabricante de SIMcards e chips NFC), lembra que o sucesso do produto depende do ecossiste-ma em torno dele: segurança,

Telecom Italia, por exemplo, acaba de dar início aos testes em Roma e Milão, mas o piloto comercial deve acontecer ape-nas no ano que vem e a im -plantação em larga escala fica apenas para 2014. Em Milão, a operadora é parceira da empre-

sa de transporte da cidade, a ATM, que cuida de ônibus, bondes e metrô na cidade italiana.

A ATM tem uma plataforma bas-tante completa: um único cartão per-mite usar qualquer um dos meios de transporte público ou, ainda, alugar uma bicicleta ou um carro, ou estacio-nar um veículo (em estacionamentos ou na rua, usando parquímetro). Parte desse sistema está disponível via celu-lar com NFC, na parceria com a Telecom Italia. O uso é bem simples: basta encostar o celular no leitor e, instantaneamente, o equipamento informa que a passagem foi paga e/ou abre a catraca para que se entre na estação. “Milão já é considerada como referência para soluções tecnológicas na Itália”, diz o supervisor de Desen-volvimento da ATM, Danilo Arosio.

Os próximos passos são a melhoria da interoperabilidade para que o siste-ma fique disponível para outras opera-doras, a junção de mais valor agrega-do, com opções de uso de bicicletas, carros e estacionamentos, bem como de micropagamentos, e a expansão do sistema para uso na Grande Milão. “Estamos buscando transformar Milão em uma Smart City”, explica Arosio.

A associação da tecnologia NFC a pagamentos móveis é a mais óbvia, mas as aplicações vão muito além. Segundo Drilhon, da Oberthur, esse é o primeiro serviço a se oferecer, “mas não vai ser o diferencial competitivo”. As opções incluem outros tíquetes de transporte público (aviões e táxis, por exemplo, bem como bicicletas e carros compartilhados), cartões de fidelida-

de, cupons de desconto, con-trole de acesso (chaves de casa, do carro e do quarto de hotel, por exemplo) e identi-ficação pessoal.

ExpansãoComo tudo no mundo da

tecnologia, a aposta é que os mercados orientais acabem dando escala para terminais e impulsionem novos mode-

“é imPortante que se criem novas aPlicações: nfc vai muito além de

Pagamentos e transPorte.”Philippe Vallée, da Gemalto

“os celulares imPulsionam a economia do mundo conectado.”Franco Bernabè, da Telecom Italia

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los de negócio. Na China, por exemplo, a China Mobile já tem uma versão em teste e deve lançar, em 2013, seu pro-duto comercial baseado em NFC. “Esse é o terceiro grande marco nas comuni-cações móveis. Os dois primeiros foram voz e serviços de valor adiciona-do”, diz o vice-presidente da operado-ra, Xiong Hui. Os planos da empresa são ambiciosos: vender dez milhões de aparelhos com NFC em 2013 e trans-formar três milhões de clientes em usuários da tecnologia.

A tele tem planos claros de cobrar pela facilidade – embora muitos exe-cutivos que já têm serviços de paga-mento móvel em funcionamento defendam que o oferecimento do ser-viço deva ter um caráter de valor adicionado, não de geração de renda. “No estágio inicial, pode ser incenti-vado o uso gratuito ou haver promo-ções. Depois, a cobrança será feita de forma flexível, por uso ou por mês”, exemplifica Hui.

Nas Filipinas, os projetos envolven-do pagamentos móveis também estão avançando. Recentemente, a operado-ra Smart se uniu ao PlaNet Finance Group para criar o mBank – que ofere-ce poupança e empréstimos para 21 milhões de filipinos que não têm contas bancárias, mas são assinantes de celu-lares. Outra operadora filipina, a Globe Te lecom, já está há alguns anos no

mercado de pagamentos móveis e tem um portfólio abrangente de parcerias: por um lado, é a responsável por fazer o pagamento de benefícios governa-mentais para famílias pobres; por outro, tem parcerias com empresas como Amex e Starbucks, cujo público alvo são consumidores com maior poder aquisitivo.

Na Coreia do Sul, a busca é pela identificação de um uso cotidiano para o NFC. Atualmente, dos dois milhões de comer-ciantes do país, apenas 80 mil (4% do total) têm o PoS que permite receber pagamentos via NFC. No transporte público, incluindo táxis, a cobertura atinge 100%. Uma pesquisa da KCC (órgão regulador coreano na área de telecom) estima que, em 2013, 71% dos smartphones no país terão a tecnologia. A pesquisa descobriu, ainda, que ape-nas 5,1% dos coreanos entrevistados sabem de fato para que serve o NFC. Outros 18,5% consideram conhecer bem a tecnologia. “90% dos donos de celulares com NFC nunca usaram a tec-nologia”, diz a vice-presidente executiva de Inovação de Serviços da operadora coreana KT, Jung-Hee Song.

Uma das soluções para esse dile-ma, segundo Jung-Hee, é a oferta de

cupons disponíveis apenas para NFC. “A carteira eletrônica precisa adicio-nar valor, não basta que ela seja ape-nas ‘mais leve’”. Enquanto isso, a KT trabalha em parceria com a japonesa NTT DoCoMo para desenvolver um

serviço além-fronteiras e facilitar a vida de turistas nos dois países – a previsão é de que ele entre em operação em setembro de 2013.

E não são apenas as operadoras que apos-tam nos pagamentos móveis. O Google tem trabalhado intensamen-te no aperfeiçoamento

da sua Google Wallet, lançada no ano passado. Em agosto, foi introduzido um modelo mais aberto de adição de cartões. Para a próxima atualização do aplicativo, há quem fale em suporte a iPhone (que não tem NFC) – o que vai significar uma diversificação das opções de pagamento.

A corrida das teles em direção a esse mercado de pagamentos móveis é uma tentativa de abocanhar uma parte das receitas hoje controladas por ban-cos e empresas de cartão de crédito. E a julgar pelo ritmo com que esse casa-mento entre mobilidade e mercado financeiro está acontecendo, nada indica que será fácil.

a aPosta é que os mercados orientais

acabem dando escala Para terminais e

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O mundo da Internet vive um paradoxo: ao mesmo tempo em que a vida privada das pessoas é cada vez mais socializada, também é cres-

cente a preocupação do usuário com sua segurança e privacidade na rede mun-dial de computadores. O internauta quer compartilhar com a família e amigos fotos da última viagem ou do primeiro sorriso do neto, por exemplo, mas quer ter a garantia de que essas imagens não sejam apropriadas indevidamente.

Cada vez mais, no Brasil e no mundo, as pessoas querem ter o conforto de pagar uma conta ou de fazer uma aplica-ção bancária pela Internet, sem ter que sair de casa ou do trabalho. Mas temem ter sua conta violada, o saldo alterado ou a senha copiada. Mecanismos de segu-rança são apresentados todos os dias, mas não evitam, por exemplo, que infor-mações sejam usurpadas para montar um perfil detalhado do hábito de consu-mo dos internautas.

O tema privacidade é um dos assun-tos que mais deveriam estar em discus-são no Congresso Nacional no processo de elaboração do Marco Civil da Internet, assim como a discussão de limites para o uso que os provedores de conteúdo e de serviços “online” fazem dos dados pessoais e do conteúdo aces-sado pelos usuários.

É comum abrirmos o computador e sermos bombardeados por propagandas do produto que é o primeiro da nossa lista de consumo. Pesquisamos o preço da geladeira e, no dia seguinte, as pági-nas acessadas na Internet vêm com pro-pagandas de refrigeradores duas portas, dispenser de gelo e tela sensível ao toque interativa, exatamente como queremos.

É um oráculo moderno adivinhan-do nossos desejos? Não, é uma espécie de “big brother” nos vigiando a cada momento e cruzando informações que saem todos os dias de nossos compu-tadores, sem nos darmos conta, vio-lando nossa privacidade e ameaçando nossa segurança.

A discussão da privacidade, porém, não tem ganhado tanta atenção como a chamada neutralidade. Apenas a neu-tralidade da rede, que pouco está entre as preocupações dos usuários, vem sendo objeto de tratamento. Mesmo assim, o tema não vem sendo tratado de maneira ampla, incluindo aquela neu-tralidade que deve ser garantida pelos provedores de conteúdo e provedores de serviços online. Um usuário, ao pro-curar informação sobre um determina-do assunto, deveria receber uma lista de sites numa ordem absolutamente neu-tra, sem qualquer interferência do pro-vedor de serviço online.

A discussão da neutralidade deve envolver todos os seus aspectos, e não apenas a rede. A rede deve, sim, ser neutra quando estamos tratando dos mesmos serviços e aplicações. O e-mail do fulano tem que ser entregue com a mesma urgência do e-mail de sicrano, mas não deve ter a mesma prioridade de uma videoconferência de telemedi-cina, em que o paciente está sendo operado com a orientação, à distância, de um especialista.

É aí que entra a gestão de redes como um elemento benéfico para o bom fun-cionamento dessa infraestrutura. A ges-

tão de redes é necessária para a prestação adequada, segura e confi-ável de serviços. Redes inteligentes e gerenciadas asseguram robustez e eficiência da transmissão de dados e dão suporte à criação e prestação de serviços inovadores. Diversas práticas de gerenciamento de redes já são empregadas atualmente para

enfrentar ameaças à segurança, como o controle de spams.

O consumidor quer uma Internet aberta, transparente, segura e que

garanta a sua privacidade. Quer poder escolher um plano de acesso que melhor atenda às suas necessidades, mesmo que tenha que pagar mais por isso. É assim com um carro mais potente e confortá-vel, com a entrega rápida de encomen-das, com transporte aéreo e outros tan-tos setores. Usuários e aplicações que demandem recursos especiais de rede não devem produzir a socialização dos custos gerados por esse privilégio. Tratar quem consome muito como quem conso-me pouco aumenta o custo para todos.

Ao se regular a Internet, portanto, é necessário estar atento para evitar regras que engessem as empresas na capacidade de inovar em seus modelos de negócio e serviços, evitando, conse-quentemente, a redução de receita e o desestímulo aos investimentos. Deve -mos estar atentos também para não permitir que novas regras venham a favorecer empresas que não contri-buem para o desenvolvimento do País, não pagam impostos e não criam empregos. A responsabilidade pelo futuro da Internet no Brasil está nas mãos de todos os atores envolvidos e deve ser discutida com responsabilida-de e sem atropelos.

Eduardo Levy *[email protected]

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* Diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil).

A Internet, a privacidade e a neutralidade

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