revista teletime - 147 - setembro 2011

48
Ano 14 n 0 147 set2011 www.teletime.com.br ENTREVISTA Caio Bonilha explica qual será o papel da Telebrás e fala sobre os investimentos em infraestrutura REGULAMENTAÇÃO Senado aprova o PLC 116 e muda a correlação de forças entre teles e donos dos conteúdos (DES)CONEXÃO NORTE Maior região do país ainda tem grandes carências na telefonia fixa, móvel e até na instalação de telefones públicos.

Upload: converge-comunicacoes

Post on 28-Mar-2016

245 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

A n o 1 4 • n 0 1 4 7 • s e t 2 0 1 1 w w w . t e l e t i m e . c o m . b r

ENTREVISTACaio Bonilha explica qual será o papel da Telebrás e fala sobre os investimentos em infraestrutura

REGULAMENTAÇÃOSenado aprova o PLC 116 e

muda a correlação de forçasentre teles e donos dos conteúdos

(des)conexãonorte

Maior região do país ainda tem grandes carências na telefonia fixa, móvel e até na instalação de telefones públicos.

Page 2: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

A OI TAMBÉM ESTÁ COM AQUELES BRASILE IROS QUE VIVEM NUM LUGAR MUITODISTANTE: O FUTU RO.Programa Oi Inovação: Investimentos e In fraestruturapara Desenvolvimento e Pesquisa NACIONAL.

A Oi desenvolve e apoia pesquisas brasileiras em empresas, universidades e institutos como: FITec, C.E.S.A.R, CERTI, RNP, CPqD, COPPE/UFRJ e PUC-RJ. O Programa Oi Inovação estimula a criação de novos produtos,

serviços e processos, com aplicações no dia a dia dos brasileiros e em programas nacionais de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Tudo isso para levar desenvolvimento, conforto e praticidade aonde quer que os brasileiros precisem.

NBRJ1.386.015R-An Oi Institucional 46x30.5 Rev Teletime.indd 1 8/31/11 3:14:08 PM

Page 3: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

A OI TAMBÉM ESTÁ COM AQUELES BRASILE IROS QUE VIVEM NUM LUGAR MUITODISTANTE: O FUTU RO.Programa Oi Inovação: Investimentos e In fraestruturapara Desenvolvimento e Pesquisa NACIONAL.

A Oi desenvolve e apoia pesquisas brasileiras em empresas, universidades e institutos como: FITec, C.E.S.A.R, CERTI, RNP, CPqD, COPPE/UFRJ e PUC-RJ. O Programa Oi Inovação estimula a criação de novos produtos,

serviços e processos, com aplicações no dia a dia dos brasileiros e em programas nacionais de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação. Tudo isso para levar desenvolvimento, conforto e praticidade aonde quer que os brasileiros precisem.

NBRJ1.386.015R-An Oi Institucional 46x30.5 Rev Teletime.indd 1 8/31/11 3:14:08 PM

Page 4: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

4 TeleTime set_2011

Em agosto foi finalmente aprovado o PLC 116, projeto que cria um novo marco legal para a TV por assina-tura no Brasil. É uma revisão com-pleta do modelo de TV paga vigen-

te atualmente e que foi estabelecido, principal-mente, em janeiro de 1995, com a Lei do Cabo, e depois com os regulamentos específicos das demais tecnologias (MMDS e DTH).

O grande avanço do PLC 116 é justamen-te esse: o de acabar com a distinção tecnoló-gica em relação à regulamentação do serviço de TV paga. O novo Serviço de Acesso Condicionado (serviço que dará suporte a todas as formas de distribuir conteúdos por assinatura) é tecnologicamente agnóstico. Também termina com as incongruências que haviam entre o serviço de TV a Cabo e a Lei Geral de Telecomunicações, incongruências que, destaque-se, eram mais do que conheci-das desde 1997, quando a LGT foi feita, mas que lá permaneceram por opção política.

Ainda que o serviço de TV por assinatura tivesse até hoje, por conta da Lei do Cabo, algumas limitações, como a restrição ao capital estrangeiro no cabo e dificuldades para a atua-ção das teles, foi um modelo que funcionou bem por muito tempo. O mercado se estabele-ceu de forma competitiva, as operadoras de cabo se tornaram opções efetivas em termos de infraestrutura e serviços de telecomunicações, desenvolveram-se canais públicos relevantes para a democracia, como a TV Câmara e a TV Senado, e o Brasil tem hoje uma forte e invejá-vel indústria de conteúdos para TV paga. A saturação do modelo se deu, justamente, por-que se criou um ambiente intenso de competi-ção na banda larga e na própria TV paga, por meio do DTH, o que fez com que as barreiras deixassem de fazer sentido. O fim desses limi-tes será muito salutar, desde que a Anatel, na regulamentação, lembre-se também de esti-mular a atuação de grupos dispostos a estabe-lecer novas redes competitivas, e não apenas garantir às teles já existentes o caminho livre para a TV paga.

Na política de cotas de programação trazi-da pelo PLC 116, talvez o maior ponto de polê-mica do projeto ao longo dos quatro anos e meio de tramitação, há conceitualmente um avanço importante. A busca por formas de estimular a indústria nacional de conteúdos é salutar como política pública. Ainda não se

sabe se o modelo funcionará na prática, pois ele avança sobre um campo pouco testado no mundo, que é a imposição de cotas dentro de canais já existentes. Também há dúvidas se o mercado de produção nacional dará conta de atender a demanda que será criada com a qualidade necessária, mas são questões que agora o mercado em si terá que responder, positiva ou negativamente.

O PLC 116 traz, também, um ponto apa-rentemente fora de tom para os tempos de convergência e competição que vivemos: a separação dos mercados de produção e distri-buição, com o limite às teles de atuarem na produção de conteúdos até o máximo de 30% de participação e a restrição às empresas de radiodifusão e conteúdos de atuarem no mer-cado de distribuição, no limite de 50%. Sabe-se que esta separação, batizada jocosamente no mercado de novo Tratado de Tordesilhas, foi fruto de uma negociação que teve, à época, o grupo Globo como principal defensor. Não se viu no processo nenhum parlamentar especial-mente orgulhoso da ideia, uma tele que disses-se que isso fazia algum sentido além de “facili-tar a tramitação da proposta”, um acadêmico ou analista defendendo o modelo. A maior manifestação de apoio a esta separação veio do presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, na ABTA 2010: “com muita franqueza posso dizer que a entrada das empresas de telefonia também na produção e programação, com seus faturamentos interna-cionais e bilionários, traria um desequilíbrio a mais que dificilmente as empresas brasileiras poderiam suportar”, disse ele à época, ao defender o modelo. Mas colocando a própria história do mercado de TV por assinatura como parâmetro, ficam dúvidas se a Globo e outros grupos de comunicação brasileiros de fato precisariam dessa reserva de mercado. O sucesso que a programação nacional tem junto ao público, seja na TV aberta ou na TV paga, e a demanda que todas as operadoras, mesmo as estrangeiras, têm por conteúdos brasileiros de qualidade é a prova de que não existe ame-aça real à Globo ou a qualquer outro grupo nacional. O risco de se colocar em lei uma separação tão drástica é que logo, em um mundo cada vez mais dinâmico e sem frontei-ras, a lei se torne incompatível com a realida-de. É outra questão a que o mercado terá que responder, positiva ou negativamente.

Um avanço, e duas incógnitas

.:editorial Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

Instituto Verificador de Circulação

Presidente Rubens Glasberg

diretores editoriais André Mermelstein Claudiney Santos

Samuel Possebon (Brasília)

diretor comercial Manoel Fernandez

diretor Financeiro Otavio Jardanovski

editorSamuel Possebon

editora adjunta e editora de Projetos especiais

Letícia Cordeiro

editor de Mobilidade Fernando Paiva

redação Daniel Machado, Wilian Miron,

Helton Posseti (Brasília), Fernando Lauterjung

consultor especial Cláudio Dascal

arte Edmur Cason (Direção de Arte);

Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica);

Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

departamento comercial Ivaneti Longo (Assistente)

inscrições e assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente)

circulação Patricia Brandão (Gerente)

Marketing Harumi Ishihara (Diretora)

Gisella Gimenez (Assistente)

administração Vilma Pereira (Gerente)

teletiMe é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603

CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN - Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro

Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista

Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é per-mitida a reprodução total ou parcial das matérias

publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

central de assinatUras 0800 0145022 das 9 às 19 horas

de segunda a sexta-feira

internet www.teletime.com.br

e-mail [email protected]

redaÇão (11) 3138-4600

e-mail [email protected]

PUBlicidade (11) 3214-3747

e-mail [email protected]

FOTO

: AR

Qu

IVO

Page 5: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011
Page 6: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

6 TeleTime set_2011

w w w . t e l e t i m e . c o m . b r147

Número

Ano 14 | Set11

10

4242

16

editorial 4 | Ponto de Vista 44 | Ponto & contraPonto 46

10

22

28

34

36

38

40

42

16

caPa: PaUl Whitted/shUtterstock

caPaSem NorteMá qualidade, baixa disponibilidade e alto custo de serviços de comunicação fazem autoridades da região Norte ameaçarem as teles, que parecem acordar para o problema.

entreVistaGerenciando expectativasCaio Bonilha, presidente da Telebrás, assume tarefa de fazer PNBL dar certo, regulando a oferta no atacado e alinhando interesses de pequenos a grandes provedores. E, com verba reduzida, integrar capital humano e financeiro de parceiros.

tecnologiaSuperdotadosTelas 3D, identificação biométrica, displays alimentados por luz: cientistas trabalham em novas features que estão deixando os smarphones ainda mais inteligentes.

tV Por assinatUraZona de desconfortoSucesso dos provedores over-the-top força operadoras locais a desenvolver e lançar novos serviços de distribuição de vídeo. Vale tudo para manter a base.

regUlaMentaÇãoNovo mandamentoCongresso aprova PLC 116, que estabelece novo marco legal para a TV por assinatura no País. Abertura ao capital estrangeiro, mudança no Artigo 86 e novo papel da Ancine são as principais novidades.

Banda largaE agora, teles?Anatel estabelece métricas rígidas de qualidade para os serviços de banda larga, determina prazo e exige investimentos na rede caso a exigência não seja cumprida.

inFraestrUtUraTerreno jurídicoTribunais federais começam a se posicionar contra as prefeituras no imbróglio com as operadoras pela utilização do solo urbano.

redesBits velozesOperadoras começam a preparar suas redes para uma oferta massiva de ultra banda larga. Backbone, backhaul, novos equipamentos e topologia são os desafios.

recUrsos hUManosProfissional sob medidaEmpresas investem em cursos, treinamentos e universidades para formar colaboradores cada vez mais novos e adaptados às necessidades do mercado.

22

Page 7: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Untitled-1 1 01/09/2011 17:25:34

Page 8: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Untitled-2 1 01/09/2011 18:19:12

Page 9: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Untitled-2 1 01/09/2011 18:19:12

Page 10: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

10 TeleTime set_2011

Se o Brasil tem hoje, nos grandes centros, uma infraestrutura razoável de telecomunicações, o mesmo não se pode dizer em relação à Região Norte. Seja

pelo alto custo de instalação de rede, da complexa estratégia operacional, do retor-no de investimento mais prolongado, entre outros fatores, o fato é que ali as comunicações ainda estão muito longe dos padrões aceitáveis. Lá estão os piores índices de cobertura de celular, TV por assinatura e as menores taxas de compe-tição em serviços fixos.

O Norte é a segunda região menos populosa do Brasil, com 15 milhões de habitantes, além de ser a maior em exten-são territorial, com 3,6 milhões de quilô-metros quadrados (42% do território bra-sileiro) e, por isso mesmo, possui a menor densidade populacional (4,7 habitantes por quilômetro quadrado, segundo o IBGE). A principal razão desse “vazio demográfico” é a extensa área coberta pela Amazônia, um ecossistema de densa floresta que dificulta a ocupação humana, bem como a logística e a operação das teles. “Há vários lugares na região Norte, principalmente no Amazonas e Roraima, onde não há estradas asfaltadas e o aces-so é feito por rio ou avião. Sem falar das constantes chuvas, que transformam as ruas em barro”, diz Paulo Mattos, diretor de regulamentação da Oi.

A Oi e a Embratel são as duas conces-sionárias da região, onde têm obrigações legais de universalização, qualidade e disponibilidade dos serviços. Não por acaso, nos últimos tempos ambas vêm sendo os principais alvos de processos por parte de órgãos governamentais e de defesa do consumidor da região.

Somente neste ano, Procons e ministé-rios públicos estaduais e federais do Amapá, Acre e, mais recentemente, a assembleia legislativa do Amazonas, questionaram a má qualidade e as fre-quentes quedas dos serviços de telefonia fixa, móvel e de internet fixa prestados pelas operadoras. “Estamos expedindo uma recomendação para que a Oi tome

providências em relação às constantes interrupções nos serviços de telefonia móvel e Internet”, adverte a promotora de justiça do Ministério Público Estadual do Acre, Alessandra Garcia Marques. Segundo ela, só na capital Rio Branco houve dois apagões neste ano, além de Cruzeiro do Sul. O município é o segundo maior do estado do Acre, com 80 mil habitantes, “ele sofre com apagões sema-nais e há um inquérito civil contra a ope-radora tramitando”, revela.

O Ministério Público Federal do Acre também questionou a incumbent, instau-rando contra ela um procedimento admi-nistrativo para acompanhar a qualidade dos serviços de telefonia e transmissão de dados oferecidos aos acreanos.

AmazonasO estado do Amazonas foi além e esta-

beleceu uma Comissão de Gestão e Serviços Públicos (CGESP), que a partir de apurações junto a órgãos regionais e audi-ências públicas realizadas em dez cidades do Estado elaborou um relatório de 40 páginas e entregou-o ao Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de

Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) e nas mãos do presiden-te da Anatel, Ronaldo Sardenberg. “O objetivo era mostrar que a Oi e a Embratel não estão cumprindo com suas obriga-ções de universalização, qualidade e continuidade no interior amazonense. E, principalmente, exigir providências”, disse o deputado estadual Chico Preto (PP/AM), presidente da CGESP.

Com informações técnicas e fotos tiradas em campo, o documento revelou redes externas em condições precárias e prédios das centrais em estado de aban-dono. “Os acessos individuais têm quali-dade sofrível. Não se consegue completar ligações e, quando completam, são cheias de ruídos ou nível de voz muito baixo”, informa o relatório.

Com a baixa qualidade da telefonia fixa, muitos moradores do interior do Amazonas estão migrando para a telefo-nia móvel. O problema, segundo o estu-do, é que estes serviços também carecem de eficiência e disponibilidade. “As sedes municipais de Borba e Manicoré contam com estações radiobase (ERBs) que só suportam uma média de 56 ligações simultâneas para atender aproximada-mente 5 mil acessos ativos”, diz o estudo.

Os principais itens em questão no relatório são o backbone e o backhaul que, segundo o relatório, não servem devidamente à região, além do tratamen-to dado ao usuário final. “O Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU) não está sendo cumprido. Com exceção de Manaus, até hoje o backhaul não foi ins-ta lado nos 61 municípios do Ama zonas, onde se encontra 50% da população do estado”, reclama o deputado.

O backhaul para o tráfego de dados deveria estar efetivado no final de 2010. “A Oi alega que atendeu as cidades de Pre sidente Figueiredo, Manaquiri e Iran-duba, mas não é verdade”, acrescenta.

O relatório também denuncia a carên-cia de lojas físicas da concessionária e solicita que sejam reabertas, citando o Plano de Metas de Qualidade para o STFC (PGMQ), que impõe em seu artigo

Daniel [email protected]

Norte desconectadoA região sofre de má qualidade e alto custo das comunicações. Governos locais ameaçam teles. A boa notícia é que elas, enfim, preparam planos para a região.

.:caPa

Paul

Whi

tted

/shu

tter

stoc

k

Page 11: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 11

de suspensão da venda de serviços de telefonia móvel de todas as teles até que a qualidade dos mesmos seja regulariza-da. “As operadoras móveis oferecem serviços a cidades de 30 mil ha bitantes e a infraestrutura não suporta mais do que uma média de 150 ligações si multâneas. Se as teles não querem in tervenção, terão de melhorar essa qualidade. Caso contrá-rio, pediremos à Anatel que nomeie alguém de confiança para gerenciar essas operações”, acrescenta.

RespostasEm comunicado oficial, a Embratel

alegou que “todas as fotos, obrigações de backhaul e acessos individuais mencio-nados no relatório da CGESP não são de sua responsabilidade, uma vez que essas são obrigações da concessionária local” (no caso, a Oi). A Embratel informou tam-bém que sua “obrigação (de instalar TUPs em áreas distantes dos municípios que não têm oferta de telefonia local) está sendo cumprida e a qualidade sendo continuamente melhorada, apesar das adversidades, co mo falta de energia elé-trica na maior parte das áreas atendidas, uma vez que não são cidades, e sim loca-

lidades rurais.” Também em nota oficial, a

Oi informou que “o relatório da CGESP reflete uma situa-ção de infraestrutura de tele-com já superada em vários aspectos”. “Algumas imagens apresentadas no relatório estão desatualizadas e o cená-rio atual é bem diferente. Foram realizadas ações de melhoria de rede externa,

no estado na primeira quinzena de outu-bro. Para o parlamentar, essa é uma questão regional, que vai além do Amazonas. “Será realizada uma audiên-cia pública, com a presença de prefeitos e vereadores amazonenses. Mas convido também os parlamentares e executivos de outras cidades e estados da região Norte, como Roraima, Rondônia e Acre, estados que têm problemas semelhantes”, diz.

Veneno amargoO presidente da CGESP diz, em tom

ameaçador, que caso a visita da Anatel não ocorra ou se as medidas simplesmen-te forem ineficientes, já está na gaveta da assembleia amazonense a proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a Oi e a Embratel. “Veremos se a solução indicada (pela Anatel) trará respostas efetivas para nosso Estado. Caso contrário, partiremos para a CPI, um veneno mais amargo, com um forte componente de constrangimento”, adver-te. As operadoras reconhecem que exis-tem problemas técnicos em função das características da região, e sinalizam com planos de investimentos.

Tramita também na casa, segundo o parlamentar, um outro requeri-mento de intervenção na Oi e Embratel, além da solicitação

32 o atendimento de serviço pessoal em todas as sedes municipais.

TUPsPara exemplificar a baixa densidade

de terminais de uso público (TUP) na re -gião, o levantamento cita o caso do mu ni-cípio amazonense de Borba. A Anatel exi-ge a instalação de 93 unidades de TUPs na cidade, que conta com apenas quatro em funcionamento (tabela pág. 12). “No muni-cípio de São Gabriel da Cachoeira existem 400 comunidades. Mais de 90% não têm orelhões porque têm menos de 100 habi-tantes”, diz o texto. O relatório também propõe soluções, sugeridas nas au diências públicas, como “escolher du zentas locali-dades com menos de 100 habitantes e, juntamente com as teles, ela borar um projeto de atendimento com TUPs com recursos do orçamento da União”.

O deputado, um dos autores do docu-mento, também se posiciona veemente-mente contra o Projeto de Lei 6878/10, atualmente em trâmite no Congresso Federal, que destina os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para projetos de disseminação da banda larga em todos os municípios brasileiros. A proposta altera a lei do Fust (9.998/00), que deve contem-plar programas de implantação de serviço telefônico e de Internet em escolas, biblio-tecas e instituições de saúde. “Primeiro é preciso universalizar a telefonia. E univer-salização, para o Amazonas, é mais lenda do que o curupira e o saci-pererê”, diz.

Veridiana Alimonti, do Instituto Bra si-leiro de Defesa do Consumidor (Idec) con-corda e acredita que a região Norte seria a mais prejudicada no País com a alteração das regras do Fust. “As empresas teriam recursos públicos para ampliar seus servi-ços, aumentando uma rede que ficaria para elas e sem dar contrapartida alguma. Hoje várias operadoras não oferecem tele-fonia fixa sem Internet, pois não acham interessante o fornecimento só do STFC. Mas não importa se é interessante, há obrigação contratual de concessão”, diz.

O parlamentar amazonense afirma ter saído de uma reunião na Anatel, no final de agosto, com a promessa pessoal do embaixador Sardenberg da elaboração de um cronograma de ações específicas de curto, médio e longo prazo para o Amazonas. Este projeto seria apresenta-do pelo próprio presidente da Anatel em reunião realizada

Foto

: div

ulga

ção

“Veremos se a solução indicada (pela anatel) trará respostas

efetiVas para o estado. caso contrário, partiremos para a cpi.”

Chico Preto, deputado estadual (PP/AM)

Domicílios sem PC

Sem acesso à Internet

Sem dinheiro para a Internet

Custo elevado da Internet

Com Internet até 256 kbps

Contrataria web mais rápida

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Méd

ia B

rasil

Méd

ia B

rasil

Méd

ia B

rasil

Méd

ia B

rasil

Méd

ia B

rasil

Méd

ia

Bras

il

73%

100

80

60

40

20

0

61%

83%

51%

79%

43%

72%69%

43%

69%

21%

53%

Fonte: Cetic.br/2010

TICs na região Norte

Page 12: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

12 TeleTime set_2011

.:caPareformas em estações, recupe-ração de planta de TUPs, ma -nutenções de sistemas, amplia-ções de rede móvel e de estru-tura física em cidades como Manicoré, Itacoatiara, Pa rin -tins, Lábrea, Ta batinga e Borba, entre outras”.

O deputado Chico Preto questiona o posicionamento das duas teles, alegando que ambas têm responsabilidade legal de dis-ponibilizar TUPs, respectivamente, a até 30 quilômetros e a partir de 30 quilôme-tros de distância das sedes municipais. “Nosso relatório revela que em dez muni-cípios do interior de Amazonas deveria haver 2.026 orelhões, entretanto, apenas 145 foram localizados em condições de utilização”, finaliza.

Anatel respondeNo meio do fogo cruzado, e menos de

uma semana após a reunião com o CGESP, a Anatel enviou ofício à Oi e Embratel exigindo a apresentação de um plano de revitalização dos TUPs, que deverá incluir a vistoria e reparo de todos os orelhões até dezembro de 2011. Também foi exigida a revisão dos proces-sos e sistemas de supervisão, controle e manutenção da planta de TUPs, de forma a assegurar que as concessionárias de -tectem e corrijam rapidamente os defei-tos, priorizando as localidades atendidas exclusivamente por acesso coletivo.

A Anatel destacou também que há uma proposta de edição de Regulamento de Características de Funcionamento e Cobrança do Telefone de uso Público em análise no Conselho Diretor da agência para submissão à consulta pública.

Os estados do Norte, segundo a Anatel, receberão atenção especial, uma vez que foram constatadas irregularidades graves na manutenção dos telefones públicos nessa região.

Além disso, a Anatel exigiu que a Oi apresente, em setembro, um plano de ação para a substituição e modernização de equipamentos (estações e componen-tes) em fim de vida útil ou obsoletos e diminuição do número de interrupções ocorridas na rede da prestadora, devendo ser priorizados os estados com maior número de interrupções, que incluem os estados do Norte do País.

A representante do Idec questiona o poder de fiscalização da Anatel na região. “O Norte sofre com a ausência de serviços públicos mais do que qualquer outra

região do Brasil e a Anatel peca muito na fiscalização na região”, diz Veridiana.

Plano da OiApesar das dificuldades operacionais,

o diretor da Oi, Paulo Mattos, diz que isso não pode servir de justificativa para a má qualidade de serviços prestados e até faz um mea culpa, principalmente na área de telefonia pública. “Há chuva constan-te, a mata é densa, o acesso para a manutenção é difícil, por meio de barcos e estradas de barro, mas nada disso jus-tifica os problemas enfrentados, princi-palmente com os TUPs”, admite. “Mas estamos com um plano emergencial, monitorado pela Anatel, reforçando as equipes de manutenção para cheguar mais rápido e reparem todos os equipa-mentos”, acrescenta.

Apesar de não revelar valores, Mattos diz que a Oi é a operadora que mais investe na região e que está fazendo “aportes históricos” no Norte. “É impor-tante destacar que de forma alguma a região Norte está abandonada. Muito pelo contrário, estamos realizando inves-timentos vultosos”. O diretor diz que esses investimentos serão aplicados na manutenção da rede legada e na constru-ção de infraestruturas “mais robustas para suportar não apenas telefonia, mas também banda larga de alta qualidade”.

A Oi revela o projeto de ampliação e

modernização de sua rede para a região Norte (ver mapa). Para isso, estabeleceu parce-rias com empresas. Iluminou as capitais Boa Vista (RR) e Manaus (AM), compartilhando os cabos submarinos da Globenet e Américas 2, a rede da venezuelana CanTV, entran-do em território brasileiro pelas fibras da Eletronorte. E o próximo passo é fechar um anel de redundância, também

a partir do Américas 2, até as capitais de Roraima e Amazonas utilizando um tre-cho das redes E-Networks e Telesur, a serem lançadas na Guiana, e construir uma rede própria da fronteira até Boa Vista. Com a Guyacom, da Guiana Francesa, a Oi chegaria até Macapá (AP) com rede própria e uma parte de rede da Eletronorte, também a ser lançada. “Estamos com outros projetos em curso, como o compartilhamento do gasoduto Urucu-Manaus, da Petrobras, e o linhão de Tucuruí, que está sendo construído pela Eletronorte”, revela.

Segundo o executivo, o projeto de expansão da rede da Oi iniciou-se no final de 2008, chegando a Rio Branco (AC) e Boa Vista (RR) em setembro de 2009, e Manaus em dezembro de 2010. “A próxima etapa é passar por outras localidades, como Mujacaí, Iracema, Caracaí, Rorainópolis, em Roraima; Manaquiri e outras cidades de Manaus e do Pará. E chegaremos a Porto Velho (RO) também, via Manaus”, acrescenta. A previsão inicial para a conclusão da expansão da rede, de acordo com o executivo, era fim de 2011, mais tardar início de 2012. “O problema é que a construção do linhão de Tucuruí não depende da Oi, e a Eletronorte agora trabalha com a data de 2013”, explica.

Situação dos TUPs em municípios do Amazonas

Fonte: Assembleia Legislativa do Amazonas (CGESP/AM)

MunicípioOi / Cidade Oi / Rural Embratel /Rural

Instalados Funcionando Instalados Funcionando Instalados FuncionandoBorba 93 4 21 4 4 0Manicoré 84 6 42 1 6 1Manacapuru 280 32 62 15 6 1Itacoatira 355 20 48 18 6 0Tefé 282 18 14 3 8 2Parintins 399 27 55 13 5 0TOTal 1493 107 252 54 35 4

“É importante destacar que, de forma alguma, a região norte está abandonada. muito pelo

contrário, estamos realizando inVestimentos Vultosos”

Paulo Mattos, da Oi.

Foto

: arq

uivo

Page 13: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Untitled-1 1 31/08/2011 18:18:16

Page 14: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

14 TeleTime set_2011

.:caPaProjeto da TIMA TIM também informou à TELETIME

que investirá, neste ano, R$ 190 milhões na região. “É um aporte 57% maior que o realizado em 2010. No triênio 2011-2013 serão R$ 627 milhões em investimentos no Norte”, diz Charles Davies, diretor de operações da TIM.

O executivo revelou também que estão sendo instalados na região somente neste ano mais de 4,7 mil TRX (elemen-tos que ampliam capacidade de acesso à rede celular), que elevarão a planta instalada da empresa no Norte em 43%, para 15,8 mil TRX. “Além disso, a região receberá 201 novas ERBs e 157 antenas 3G”.

Em julho, a operadora firmou contrato com o consórcio LT Amazonas para transportar cabos por meio das torres de linhas de trans-missão e subestações de energia ao longo de 27 municípios nos estados do Amazonas, Pará e Amapá. A TIM planeja investir R$ 170 milhões neste projeto e o início do lançamento das fibras está pro-gramado para setembro deste ano e tér-mino em 2013.

Como não há, em grande parte das comunidades da Amazônia Legal, acesso por estradas de rodagem, apenas por meio aéreo e fluvial, o acesso terrestre ainda é precário, com as saídas (backbo-ne) nacionais ocorrendo basicamente por meio de capacidades espaciais (satélites), “circunstância que implica preços maiores de acesso quando comparados aos prati-cados nas demais regiões”, segundo a própria Anatel.

Um clássico exemplo disso é a Lind Net, provedor do interior do Amazonas, a 400 quilômetros de Manaus. Há seis anos, a empresa oferece Internet no município de Tefé, de 67 mil habitantes. A Lind Net aluga mensalmente um link de 3 Mbps do provedor de serviços satelitais Ozônio, por R$ 39 mil (R$ 13 mil cada 1 Mbps). Este link é revendido e compartilhado com cerca de 450 clientes residenciais de Tefé. A banda média por usuário é de 56 kbps (não dedicada) ao custo mensal de R$ 140 para cada assinante. “Não é barato, se analisarmos que há operadoras em Manaus que oferecem 5 Mbps por R$ 160, mas para os moradores da cidade é a única opção de acesso à Internet”, diz Marcio Sales, presidente da Lind Net, que garante ter uma rentabilidade média de 40% a 50%. “Arcamos com os custos ope-racionais de equipamentos e serviços, que não são pequenos”, acrescenta.

A Telebrás assinou com a Eletronorte, em julho último, um contrato de parceria para uso recíproco de infraestruturas na região Norte, com a finalidade de acele-rar a conexão em banda larga na região por meio do PNBL. “Já apresentamos ao ministro das Comunicações (Paulo Bernardo) um projeto conjunto com a Eletronorte que abrange o Maranhão, Pará, Amapá, Acre e Rondônia”, infor-mou o presidente da Telebrás, Caio Bonilha, que diz ser desafiador a instala-ção de rede na região, principalmente no Amazonas e Roraima. “Além dos trâmi-tes estaduais e do Ibama com as licenças ambientais, estamos tendo um sério pro-blema com o Sinapi”, diz.

O Sinapi, Sistema Nacional de Preços e Índices para a Construção Civil, é uma métrica criada pela Caixa Econômica Federal no final da década de 1970 cujo objetivo é balizar a análise orçamentária de projetos como o lançamento de redes terrestres e estações radiobase de teleco-municações, entre outros. “Somente neste ano tivemos três obras de pregões canceladas na região Norte, pois as empresas (instaladoras) não aceitaram renegociar o orçamento. E isso só acon-tece no Norte”, revela. “O Tribunal de Contas da União (TCU) precisa flexibili-zar o Sinapi nas regiões mais remotas da Amazônia Legal, onde o custo de instala-ção chega a ser 50% maior em relação a outras áreas”, protesta.

PotencialEm uma breve consulta no site do

Ministério da Justiça, é possível verificar

quais os problemas mais frequentes enfrentados nos últimos doze meses pelos consumidores da Oi, Claro, TIM, Vivo, Embratel, Net e Sky. Pelo menos nos estados do Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Tocantins, os únicos da região Norte integrados ao Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), seguem no topo da lista a cobrança indevida e o não fornecimento dos serviços.

Segundo Alexandre Barbosa, ge ren te do Centro de Estudos sobre as Tecnologias de Informação e da Comunicação (Cetic.br), as operadoras deveriam tratar melhor o consumidor nortista não apenas por lei ou obriga-ção, mas também por se tratar de um mercado de grande potencial. “Pelo fato de boa parte desses cidadãos estar distante das grandes cidades, eles utilizam muito a Internet para fins educacionais”, diz. Segundo dados do Cetic.br, 75% dos que acessam Inter-net na região buscam conteúdos relacionados à educação (a média nacional é de 66%) e 71% realizam pesquisas escolares, contra uma média geral de 59%.

Além disso, apesar de contar com somente 3,6% dos acessos de TV por assinatura no Brasil, a região Norte foi a segunda que mais cresceu em 2010, com uma taxa de 17%, bem acima da média brasileira, de 13%. O aumento da penetração dos serviços de terceira geração (3G) foi o maior no ano passa-do, atingindo 192% e, somente no pri-meiro semestre de 2011, cresceu 46%.

Projetos na região Norte(Backbones e cabos submarinos)

E-NetworksGuyacom/Fr. TelecomOiCaNTVTerceiroGlobeNetaméricas 2EletronorteProjeto GT&T e TeleSurRede existenteRede a construir

Fonte: Oi

Page 15: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

SAIBA ANTES NO MAIS COMPLETO EVENTO PARA OS DECISORES PÚBLICOS.

PROMOVIDO PELAS PUBLICAÇÕES TI INSIDE E TELETIME, O EVENTO TERÁ COMO FOCO A DISCUSSÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS VOLTADAS AO DESENVOLVIMENTO DO GOVERNO 2.0. PARTICIPE!

2O DE OUTUBRO DE 2011Auditório da Finatec/UnB - Brasília-DF

QUAIS ASPRIORIDADES

DE TIC DO GOVERNO

PRINCIPAIS TEMAS:

O GOVERNO E A SOCIEDADE CONECTADA As perspectivas de uma política nacional de desenvolvimento das TICs e o papel do governo, empresas e sociedade nesse esforço.

COMUNIDADES DIGITAIS Iniciativas de governos locais e privadas para o desenvolvimento da conectividade e do uso das TICs

DA BANDA LARGA AO CLOUD COMPUTING Infraestrutura e alternativas para dar suporte às novas ferramentas do governo 2.0

MOBILIDADE E GOVERNO: aplicações e ferramentas móveis que podem fazer a diferença no atendimento ao cidadão e facilitar a comunicação e a troca de informações entre órgãos públicos.

Confira a programação no site: www.convergeeventos.com.br

PARA PATROCINAR: (11) [email protected]

INSCRIÇÕES: 0800 77 [email protected]

ORGANIZAÇÃOPROMOÇÃO

PARCEIROS INSTITUCIONAIS

APOIO

Page 16: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

16 TeleTime set_2011

.:entreVista

O presidente da Telebrás, Caio Bonilha, assumiu o cargo em junho deste ano em meio a uma grave crise política entre o então

presidente da estatal, Rogério Santanna, e o ministro das Co mu nicações, Paulo Bernardo. Bonilha, que já estava na empresa como diretor comercial, chegou com a missão de colocar o projeto de atu-ação da estatal nos eixos, o que tem sido feito com discrição e pragmatismo, mas sem abandonar o projeto original que vem desde 2010. O executivo é conhecido do setor. Iniciou sua carreira na CRT, teve passagens pelo CPqD, Promon, Elebra e foi um dos fundadores da empre-sa de engenharia celular CelPlan. Em 1999, começou a prestar consultoria, ajudou a formatar os modelos de teleco-municações de várias utilities de energia elétrica e assessorou na formatação da Eletronet, que posteriormente foi vendida para a AES. Em 2006, quando o governo decidiu retomar o projeto que resultou no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), o gaúcho Bonilha foi chamado pela então ministra-chefe da Casa Civil, hoje presi-denta da República, Dilma Rousseff, para assessorar na montagem do modelo. Ou seja, mais do que “apenas” o novo presi-dente da Telebrás, Bonilha conhece pro-fundamente o modelo e o projeto por trás do PNBL.

TELETIME Como foi assumir a Telebrás após a demissão de seu pre-decessor, em um momento em que o Ministério das Comunicações falava em revisar o papel da empresa?

CAIO BONILHA Sempre tive muito claro pra mim que a Telebrás não poderia fazer nada sozinha. É impossí-vel querer fazer um plano da magnitu-de que o governo pretende, no tempo que ele pretende fazer, sem a partici-pação das operadoras. Nem que a gente tivesse todo o dinheiro do mundo a gente conseguiria fazer no tempo necessário. A Telebrás veio, e essa sempre foi a minha convicção, com o papel de rede neutra, em um modelo

sempre similar ao open reach, que existe na Inglaterra. Quando fizemos o plano, determinamos que para se aumentar a densidade e inclusão digi-tal no nível que o governo queria, o preço não poderia passar dos R$ 35. A Telebrás tinha muito claro esse papel como regulador e de determinador do preço. Todo o mundo está aderindo ao PNBL ao preço de R$ 35 com ICMS e R$ 29,90 sem ICMS. Esse é um marco, estabeleceu um patamar; e, mais, uma determinação da presidenta Dilma com o patamar da velocidade de 1 Mbps com 20% da velocidade garantida. Então são dois marcos, de preço e velo-

É impossíVel querer fazer um plano da magnitude que o goVerno pretende, no tempo que ele pretende fazer, sem a participação das operadoras.”

cidade mínima com qualidade. O outro papel é fornecer acesso, ou banda, ou conectividade IP, ou backhaul, como se preferir, a um preço fixo em todo o Brasil. O papel fundamental da Telebrás é ser um regulador de preços no atacado. Com uma rede neutra. Atendemos a todos com isonomia.

O que mudou em relação ao proje-to inicial?

Nada mudou em relação ao projeto inicial. Era mais a percepção. A comu-nicação da Telebrás não está boa. Muita gente ainda pergunta se vamos atender ao usuário final. E eu respon-do que, embora exista a previsão, não é a nossa intenção, nem estamos pre-parados para isso. Estamos prepara-dos para fornecer banda para opera-dores e provedores de qualquer tama-nho, em igualdade de condições. Com preço único. Temos de ter isonomia, porque queremos não matar os peque-nos, mas sim ampliar a competição. Melhorar a qualidade e diminuir o preço, só com competição.

E como conciliar a relação com as grandes teles e, ao mesmo tempo ser um incentivador para os pequeno competidores?

No começo houve uma reação muito grande das teles à reativação da Telebrás. O Rogério Santanna teve um papel preponderante. Não haveria Telebrás como ela é hoje sem ele, isso para mim é inequívoco. Ele fez o papel de confrontar, de abrir caminho para a Telebrás, de mostrar que ela viria a se tornar uma realidade, apesar de con-trariar interesses. Como ele mesmo disse: “nós vamos tirar as teles da zona de conforto”. E a verdade, é o

Competidora ou parceira?Telebrás adota tom mais conciliador e mostra opções de parcerias a serem perseguidas, mas ainda se vê como uma reguladora da oferta no atacado. Estatal terá papel importante na política de satélites e no cabo submarino nacional.

Foto

: mar

celo

kah

n

Caio Bonilha

Letícia Cordeiro e Daniel [email protected] e [email protected]

Page 17: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 17

que está acontecendo mesmo. Hoje, diria que já estamos em outro está-gio. As operadoras já assumiram que a Telebrás é uma realidade. E isso, de certa forma, facilitou nossa rela-ção com elas. Estamos discutindo vários negócios pontuais com elas para fazer atendimento conjunto e compartilhamento.

Quais os principais desafios de comandar uma estatal de capital aberto como a Telebrás?

Dobra o nosso esforço. Temos que contemplar dois mundos, que, às vezes, são antagônicos, o mundo estatal e o da iniciativa privada. Estamos desenvol-vendo uma série de mecanismos para trabalhar com iniciativa privada e com outras estatais também. Um dos maio-res trabalhos que estão sendo desenvol-vidos pela Telebrás não vai aparecer nunca, a não ser o resultado dele. São as parcerias com outras empresas, tanto públicas quando privadas. Estamos desenvolvendo parcerias com Eletronorte e Eletrosul. Tivemos que fazer todo um desenvolvimento jurídico, anali-sando a natureza de ambas as empresas, que tipo de negócio poderíamos fazer. É diferente da inicia-tiva privada, que é muito mais simples: os valores são esses, contrata e ponto final. Como são empresas públicas, temos de respeitar todo o ritual da empresa pública. E numa empresa S/A, temos de respeitar os minoritários. E aí está a arte de atentar para os dois lados. Não podemos ferir o interesse público nem o interesse dos sócios minoritários. Às vezes ficamos em cima de uma lâmina.

A presidenta Dilma afirmou que pensa na Telebrás como sendo o veí-culo de investimentos públicos na área de telecomunicações. Como vai funcionar isso? Onde entram as elé-tricas nesses investimentos?

A presidenta tem profundo conheci-mento do setor elétrico, pelo fato de ter sido ministra de Minas e Energia. Ela conhece todo o potencial que o setor elétrico tem no que diz respeito a tele-comunicações, com seus cabos OPGW com fibras ópticas disponíveis. Vamos utilizar esse potencial juntamente com a Telebrás. Então, por conta disso foi constituído dia 19 (de agosto) esse grupo interministerial, que tem 60 dias para apresentar os resultados do estu-

do. A gente já havia começado esse trabalho, principalmente com Furnas, que é nosso parceiro mais próximo, em termos de implantação de rede. Com Eletronorte e Eletrosul, que já têm redes de telecomunicações, estamos fechando acordos. Com Eletronorte, provavelmente na próxima semana (começo de setembro) já vamos anun-ciar o acordo de compartilhamento. Vamos interligar duas redes com eles. Estamos procurando evitar duplicar investimentos em infraestrutura, por-que isso não teria racionalidade econô-mica nenhuma. E é nesse ponto que a presidenta Dilma acha que a integra-ção tem que ser feita, por uma questão de racionalidade econômica.

E não é apenas um acordo comer-cial? Vocês tiveram de se adaptar a um arcabouço legal?

No nosso caso, é um acordo não só comercial, mas também operacional,

porque o mais importante é como inte-gramos as operações. Quem vai opera-cionalizar o que, qual nível de SLA...

Falou-se na possibilidade de cria-ção de uma empresa em conjunto para operacionalizar isso.

É uma possibilidade. Hoje, o que estamos discutindo são acordos opera-cionais de compartilhamento. No futu-ro poderia evoluir para isso se for do interesse das empresas e do governo, em geral. Vamos apresentar várias alternativas para os dois ministros (Minas e Energia e Comunicações), para serem levadas à Presidência, e será tomada a decisão.

Seria uma empresa conjunta com os ativos da Telebrás e da Eletrobrás. Seria uma empresa talvez gerenciada em nível de telecomunicações e serviços pela Telebrás, mas com a participação de todas. Não podemos esquecer que as empresas do setor elétrico têm um grande expertise em telecomunicações também, têm suas redes privadas de telecomunicações e os profissionais que têm são extremamente competentes. Eu conheço bem porque trabalhei ali muito tempo. Agora, com as smartgrids, vai ser ainda maior o envolvimento delas

com telecomunicações. Muitas redes terão de ser adequadas. Muito possivel-mente essa evolução para o smartgrid conte com a participação da Telebrás. A minha grande preocupação hoje é envolver as elétricas para viabilizar o backbone na longa distância.

O cronograma da Telebrás está bem atrasado. Isso é só decorrência da questão da liberação das verbas?

Já temos em caixa hoje mais de R$ 200 milhões. A questão do TCU criou um sério problema para nós por-que tivemos praticamente de parar atividades que estávamos desenvolven-do com os fornecedores. Ficamos 75 dias parados porque os fornecedores não sabiam se íamos conseguir aditar os contratos que tínhamos nas mãos. Com o acórdão do TCU ratificando a licitação, chamei os fornecedores e falei: “gente, vamos trabalhar a quatro mãos para conseguir azeitar a máqui-

na”. Quero trazê-los para dentro da Telebrás, para que com isso, mais para a frente, consigamos uma densidade maior, tentar aumen-

tar o nível de investimento, que hoje é baixo. Durante esse período em que a gente aguardou a decisão do TCU, fize-mos a negociação com as elétricas, para compartilhar infraestrutura em vez de construir do zero. A questão do investimento, pelo menos no backbone, conseguimos atenuar, ganhar tempo e diminuir o nível de investimento que tínhamos calculado inicialmente. Não tem a conta, mas foi significativo. Convertemos um revés de tempo em uma economia. Vamos atender toda aquela região do Norte e do Sul e não vamos construir infraestrutura. O que nos interessa é operar a rede na cama-da de IP. Não nos interessa operar uma infraestrutura. Até porque a gente não tem tanta gente assim para operar.

Hoje, o que existe de rede efetiva-mente da Telebrás?

O que vamos implantar este ano, que será rede nossa, é Brasília, Campinas, a ligação São Paulo-Rio de Janeiro e Brasília-Imperatriz-For ta le-za e, talvez, se der, até Natal. Estamos conversando com a Chesf para traba-lhar com eles em conjunto e, de novo, evitar a construção, ganhar tempo e reduzir investimento em backbone.

não podemos ferir o interesse público nem o interesse dos sócios minoritários. Às Vezes ficamos em cima de uma lâmina.”

Page 18: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

18 TeleTime set_2011

te, são projetos que no futuro serão estanques do PNBL. São de natureza diferente do backbone terrestre, mas serão integrados ao PNBL, uma vez que vamos precisar de satélite para dar cobertura a regiões que nossa rede não atinge. E tanto satélites quanto cabos submarinos são questões estratégicas para o País, é importante alcançar essa independência. Mas também tem o lado econômico. Hoje compramos a um valor “x” o megabit IP de cabo submarino em Fortaleza, no Rio e em São Paulo, quan-do poderíamos comprar em Miami, por um valor cinco vezes menor se tivésse-mos o cabo submarino ligando o Brasil aos EUA.

São dois cabos?É um cabo, que ligará Fortaleza a

Miami e à Europa e provavelmente será uma parceria público-privada (PPP).

Esse projeto de satélite brasileiro já é antigo, e estava estimado em R$ 800 milhões em 1997. Por que você acha que agora sai do papel?

Vontade política sempre existiu. Eu cometeria uma injustiça se dissesse que não. Talvez o que não houvesse era o veículo de telecomunicações para fazer

com que o projeto vingue, que é a Telebrás. É um satélite que tem uma parte estratégica, sensível, que é a mili-tar, mas também tem a questão da comunicação, para o atendimento do governo. O Brasil tem uma grande expertise na área aeroespacial. O proje-to está ligado à Agência Espacial Brasileira, ao complexo da Embraer, todos esses órgãos de governo. Nós fize-mos um cronograma e agora submete-mos ao grupo de trabalho. Uma coisa é o lançamento do satélite em si e a opera-ção do satélite. Mas tem outra coisa que considero tão importante quanto, que é a questão tecnológica. Queremos apro-veitar esse primeiro satélite para absor-ver tecnologia. E aí temos de fazer um processo muito bem feito para que os próximos satélites, os outros dois - em principio serão três - já tenham cada vez mais um conteúdo tecnológico nacional, dentro também da questão estratégica para o País. Passar tecnologia de ponta para empresas brasileiras e aí absorver.

Quando devemos ter o modelo for-matado?

Espero que até o fim do ano tenha-mos os dois modelos. O do cabo está mais avançado porque é mais simples. O do satélite é mais complicado porque para o governo é uma questão de defe-sa. Provavelmente o satélite será pura-mente estatal, até por questões estra-tégicas, mas no cabo a gente pode fazer uma PPP. Até o próprio ministro Paulo Bernardo está nos incentivando a fazer isso.

Com relação à portaria das Cidades Digitais, qual será a partici-pação da Telebrás?

As Cidades Digitais, em geral, são para atender cidades menores. O que o ministério quer que apoiemos é uma certa padronização dos projetos. A Telebrás vai atuar como um supervisor de projeto, para ver como as coisas estão andando.

Na feira da ABTA, em agosto, a Telebrás foi muito procurada pelos pequenos operadores de TV por assi-natura. Quais são os planos para essas pequenas operadoras de TV? Dá para usar a rede delas para ampliar a capilaridade da Telebrás?

Como regra, não. Mas como exceção, sim. Aqueles que estão em estágios mais avançados, com eles a gente pode fazer

É necessário fazer a ligação RJ-SP?Essa ligação RJ-SP teremos de

fazer porque não temos nenhum par-ceiro que tenha fibra óptica acesa nesse trecho, para que possamos colo-car a parte óptica em DWDM em cima. Como não temos fibra acesa e disponí-vel e esse trecho é crítico para o nosso anel, teremos de fazer pelo menos um trecho e depois fazer a redundância com o que já existe.

O contingenciamento de verbas não afetou vocês?

Até agora a Telebrás não teve nenhum problema. Nós temos que gas-tar e temos ainda muito gás. A questão é que não estou querendo gastar de forma ineficiente. Quero gastar de forma eficiente, até porque o dinheiro é de quem paga os impostos. Eu sinceramente ainda não senti nenhum problema e espero que para o ano que vem, mesmo com valor menor que esse R$ 1 bilhão que a presidenta anunciou, até por conta da maneira que estamos trabalhando, consigamos atingir nos-sos objetivos.

O cálculo inicial que você tinha era de R$ 1,7 bilhão por ano?

Para 2012, o cálculo geral que tínhamos feito para todos os projetos, contando que a gente ia construir tudo, era de R$ 2,7 bilhões, para fazer tudo em casa, tudo sozinho. Agora, a gente vai fazer muito mais coisa, em muito menos tempo e com menos dinheiro. Então esse valor já não é real para as nossas necessidades. R$ 1 bilhão viria muito bem para o ano que vem. Estamos azeitando a máquina. A Telebrás agora é um PMO, um escritó-rio gerenciador de projetos; e, ao mesmo tempo, estamos fazendo uma start-up operacional. Que é outro foco e outra dificuldade.

Por falar em projetos, o ministro Paulo Bernardo falou em uma quan-tia de R$ 10 bilhões a ser investida até 2015 numa rede pública de tele-com, em que estavam incluídos dois projetos de cabos submarinos e um satélite geoestacionário...

Já fizemos os estudos iniciais. Estamos agora trabalhando num mode-lo jurídico. Estamos contatando parcei-ros públicos e privados e, provavelmen-

o brasil tem uma grande expertise na área aeroespacial. queremos aproVeitar esse primeiro satÉlite para absorVer tecnologia.”

Foto

: mar

celo

kah

n

.:entreVista

Page 19: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

O Pôster Brasil Banda Larga é o principal levantamento econômico-geográfi co sobre o mercado nacional de banda larga residencial.

• Tecnologias móveis e fi xas• Frequências Wimax• Penetração banda larga fi xa• Assinantes por operadoras• E muito mais.

Garanta a presença da sua empresa entre as principais do setor de telecomunicações.

Para anunciar 11 [email protected]

O PÔSTER BRASIL BANDA LARGA 2012 ESTA CHEGANDO!

Page 20: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

20 TeleTime set_2011

que balancear o peso econômico. Hoje estamos trabalhando com dois pesos. Mas cidades que têm potencial econô-mico, em geral, são aquelas em que o provedor é pequeno e só tem grandes operadoras.

É possível colocar alguma meta de curto prazo para a Telebrás?

Para este ano, a nossa expectativa é cumprir o que estamos nos propondo, que é cobrir direta ou indiretamente pelo menos 150 cidades. E quando digo indiretamente é, ao invés de levarmos infraestrutura para a cidade, o prove-dor vem até nós, levando-a a até mais de uma cidade.

E para os próximos anos temos um desafio muito grande que é, além de aumentar a cobertura do PNBL, tam-bém começar a desenvolver os novos projetos, que são a Copa do Mundo, o satélite brasileiro e o cabo submarino. Mas para isso teremos que trabalhar, uma vez que temos limitação de recur-sos humanos e de orçamento, com inteligência. Com capital humano e capital financeiro de parceiros. Essa é a orientação que temos recebido do ministro Paulo Bernardo e da presi-denta e estamos trabalhando dentro desse parâmetro.

Qual a sua análise dos efeitos da antiga MP 495, privilegiando as compras de produtos desenvolvidos e produzidos no Brasil pelo governo?

Essa é uma das coisas mais grati-ficantes. A questão tecnológica para nós é questão de Estado. O Brasil, na década de 80, tinha tecnologia de telecomunicações de ponta, mas infe-lizmente perdeu o bonde quando che-gou a revolução do IP, coincidindo com a privatização. Não criamos mecanismos para preservar e evoluir a tecnologia nacional. Eu sempre digo que nós não somos xenófobos de capi-tal, somos xenófobos de tecnologia. Se você não tem tecnologia nacional você pode até competir, mas só comprarei das estrangeiras se o preço for muito, mas muito inferior. E agora que a lei foi regulamentada, é 25%, e ainda assim a gente não vai usar isso. Prefiro ficar nos 9%, 10%, que é a regra do TCU. O que temos visto é que a Ericsson está voltando a produzir tecnologia de rádio no Brasil, que havia tirado daqui. Em uma conversa com a Qualcomm avisei que, se que-rem alguma coisa com a Telebrás, precisam trazer para cá um projeto, e parece que vão trazer. A Telebrás, nos anos 80, tinha uma representati-vidade muito boa na UIT e a gente quer retomar isso. É lá que se decide o futuro das telecomunicações, onde se faz a padronização. Então a grande arena do futuro da LTE, o futuro das comunicações ópticas é lá, e a gente perdeu isso. O Brasil tem profissionais muito competentes, o que falta é jun-tá-los. Queremos ser o agregador dessas competências que hoje estão no CPqD, no C.E.S.A.R., Eldorado, na Anatel, nos fornecedores. Da mesma forma que a Telebrás quer unir as redes dispersas, queremos também agregar essas competências .

Quais os principais desafios daqui para a frente?

A questão é gerencial. E gerenciar também as expectativas, que são gran-des. São grandes por parte da popula-ção, do mercado, do governo. Tivemos um pecado no gerenciamento de expectativas. Não conseguimos dimen-sionar o tamanho do desafio que é implementar uma operadora do tama-nho da Telebrás. Agora estamos come-çando a entender melhor o tamanho desse desafio.

uma parceria e, eventualmente, com-partilhar. Porque eles sempre estão dispostos a compartilhar infraestrutu-ra. Desde que a rede seja neutra e possamos prover serviços a outros ope-radores. Isso é fundamental. Especificamente para os pequenos pro-vedores, desenvolvemos a rede prepa-rada para o triple play, de forma que possa atendê-los. Estamos entendendo que o interesse deles não é só TV, é triple play. Embora a gente não vá atender com os três serviços, estamos preparados para suportá-los.

Por serem pequenos, muitas vezes a compra de programação é uma difi-culdade desses operadores de TV paga. É possível fazer um cluster, colocar um headend na rede da Telebrás e usá-la para fazer a distri-buição da programação?

Sem dúvida, tranquilamente. Essa ideia a gente já levantou em várias discussões. Porque há operadoras de médio porte com operações espalhadas no Brasil todo. Numa discussão com uma delas, chegou-se até a cogitar que, com a abrangência da nossa rede, poderia-se inclusive colocar o headend com a programação em São Paulo, onde não têm operação, e usar a rede da Telebrás para levar a programação para todo o Brasil. Seria uma troca, eles ganhariam a interligação das cidades e nós poderíamos usar a rede deles para atender ao PNBL.

Como vocês estão trabalhando a capacidade da rede? O que é neces-sário para uma empresa ser parcei-ra da Telebrás?

Estou colocando 1 Gbps de rádio em cada backhaul trabalhando com 200 Mbps, que é o mínimo, mas já poderíamos começar com 1 Gbps. Isso é um conteúdo que poucas cidades de 100 mil habitantes para baixo conso-mem. Ainda assim, é necessário ter toda essa capacidade porque espera-mos um crescimento muito grande. Para ser parceiro da Telebrás é preci-so que o provedor tenha licença de SCM e esteja em dia com o governo.

Como dimensionar a capacidade? Vemos os clientes potenciais do

parceiro, para analisar se vale a pena colocar infraestrutura ali. Embora haja a questão social, também temos

eu sempre digo que nós não somos xenófobos de capital, somos xenófobos de tecnologia.”

Foto

: mar

celo

kah

n

.:entreVista

Page 21: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

APAREÇA PARA TODO O MERCADO DE TELECOMUNICAÇÕES.

Para anunciar 11 [email protected]

O ATLAS BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES TRAZ O PANORAMA COMPLETO E ATUALIZADO DO MERCADO. MAPAS, TABELAS E GRÁFICOS COM A DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS E TECNOLOGIAS, ANÁLISES POR SEGMENTO DO BRASIL E AMÉRICA LATINA, E OS DADOS DE MERCADO DAS OPERADORAS FIXAS, MÓVEIS E DE TV POR ASSINATURA.

Anuncie e garanta visibilidade para sua marca.

Page 22: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

22 TeleTime set_2011

O smartphone que chegará ao mercado nos próximos anos está sendo planejado hoje. Alguns modelos já indicam caminhos a serem trilhados,

como a incorporação de leitores biomé-tricos, câmeras estereoscópicas para gravação de vídeos em terceira dimen-são (3D), carregamento sem fio e telas capazes de reproduzir imagens tridimen-sionais sem a necessidade de óculos especiais. Paralelamente, cientistas ao redor do mundo trabalham em laborató-rios de fabricantes e de start-ups no desenvolvimento de outras tecnologias, como a transmissão de energia sem fio a metros de distância de uma tomada ou displays de LCD capazes de reaproveitar a energia da própria luz que emitem. Os desenvolvedores sonham em mesclar as novidades, como reconhecimento facial com imagens em 3D, ou juntar paga-mentos móveis via Near Field Commu-nication (NFC) com leitores de digitais. As possibilidades são infinitas, mas para que uma tecnologia se popularize é necessário que esteja madura, tanto do ponto de vista econômico quanto de usa-bilidade. A pressa, também nesses casos, pode ser inimiga da perfeição.

A reprodução de imagens 3D é a novidade que mais chama a atenção em smartphones este ano. Sua incorpora-ção em dispositivos móveis era apenas uma questão de tempo diante do suces-so do cinema em três dimensões e da promoção de TVs com essa funcionali-dade. Os três primeiros fabricantes que decidiram incorporar o 3D em smart-phones foram a LG, a HTC e a Sharp, com os modelos LG Optimus, HTC Evo 3D e Sharp Acquos, todos lançados ao longo de 2011. Por enquanto, o único com previsão de chegada ao Brasil é o modelo da LG. “Vemos a tela como vemos a vida. A experiência multimídia em 3D é incrível. Estamos anos-luz à frente do mercado”, afirma Rodrigo Ayres, gerente de estratégia de negócios da área de celular da LG no Brasil.

Ao contrário da experiência 3D do

cinema ou da TV, nos dispositivos móveis o usuário não precisa vestir óculos espe-ciais. Foi adotado um princípio conheci-do como autoestereoscopia, a partir de uma técnica batizada em inglês como “parallax barrier”. Na prática funciona da seguinte forma: a tela emite duas ima-gens paralelas, quase idênticas, e o pró-prio cérebro se encarrega de juntá-las, criando a impressão de profundidade. A experiência em 3D requer que o usuário posicione seus olhos a uma determinada distância da tela, que varia de pessoa para pessoa. Há consumidores que recla-mam de dor de cabeça ao usar os termi-nais 3D. Talvez prevendo esse desconfor-to, o HTC Evo 3D oferece uma chave lateral para que o cliente troque com facilidade entre 2D e 3D. Outro ponto negativo é que essas primeiras telas em três dimensões não reproduzem imagens com a mesma nitidez e brilho das

demais. Entretanto, pesquisas estão sendo desenvolvidas para minimizar esse problema. Empresas como a japo-nesa Hitachi e a norte-americana Master Image anunciaram a elaboração de tec-nologias para uma nova geração de dis-plays 3D para dispositivos móveis, que causaria menos dor de cabeça e melho-raria a qualidade da imagem.

Outra crítica é a falta de conteúdo em 3D para ser consumido. É uma questão de tempo para que esse obstáculo seja superado. Vale lembrar que até o YouTube já oferece um canal para vídeos em três dimensões. Além disso, os três modelos lançados até agora possuem uma dupla de câmeras traseiras para que o próprio usuário grave seu conteú-do em 3D. Os vídeos podem ser reprodu-zidos na tela do smartphone ou em TVs 3D (neste caso, os óculos são requeridos), através de uma conexão HDMI.

O fato de alguns grandes fabricantes mundiais não terem aderido às telas 3D, como Nokia, Samsung e Apple, pode ser um indício de que a tecnologia ainda não esteja madura do ponto de vista de usa-bilidade e de custo. Ou então esses con-correntes estão um passo atrás no desen-volvimento dessa funcionalidade. Isso não significa que não adotarão telas 3D no futuro. A Samsung Ventures, braço de venture capital da gigante sul-coreana, investiu US$ 15 milhões na Master Image, empresa norte-americana que, entre outras coisas, detém uma nova tecnologia para telas em 3D para dispo-sitivos móveis.

No que diz respeito aos displays, Samsung e Apple vêm pre-ferindo apostar suas fichas na melhoria da resolução e do brilho das imagens. Criaram até nomes de marketing para as tecnolo-gias usadas em suas telas, respectivamente o Super Amoled Plus e o Retina Display. “O tamanho do dis-play está crescendo. Três ou quatro anos atrás, as pesso-

.:tecnologia Fernando Paiva, do Rio de [email protected]

O smartphone de amanhãTelas 3D e identificação biométrica estão entre as novidades deste ano; cientistas trabalham em tecnologias como recarga sem fio e displays que se alimentam da própria luz.

“o rosto será nosso cartão de Visitas.”Adriano Santangeli,

do Maya Labs

Foto

s: d

ivul

gaçã

o

ŠteP

án k

áPl/

shut

ters

tock

Page 23: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

gue distinguir o que é um rosto humano usando um arquivo matriz em XML gerado a partir da compilação de dados de milhares de faces diferentes. O aplicativo é capaz de identificar três elementos básicos do rosto: olhos, nariz e boca. Com base nos ângulos e na distância entre essas partes do corpo, o software cruza a imagem captada pela câmera frontal com outras seis fotos tiradas antes pelo usuário, de preferência em ambientes e ângulos dife-rentes. O rigor da verificação para des-bloqueio é definido pelo dono do apare-lho, que estabelece uma gradação em uma escala de zero a um, onde zero é um rosto sem qualquer semelhança com o dele e um é seu rosto idêntico. Uma ques-tão que precisa ser aprimorada em sof-twares de reconhecimento facial é que o sistema pode ser burlado com o uso de uma foto impressa.

No campo do entretenimento, há grande expectativa quanto ao uso de reconhecimento facial em redes sociais. Uma empresa chamada Viewdle está desenvolvendo uma solução para dispo-sitivos móveis que permitirá reconhecer em tempo real uma pessoa na rua, usan-do a câmera do smartphone, e receber então o link para sua página no Facebook,

Há alternativas para identificação biométrica que não requerem a incorpo-ração de novos componentes de har-dware aos smartphones. É o caso do reconhecimento facial. Há inúmeras expe riên cias em andamento ao redor do mundo envolvendo essa tecnologia em dispositivos móveis para finalidades diversas, de segurança a entretenimen-to e redes sociais. Um dos primeiros aplicativos do gênero disponíveis comer-cialmente é o Facelock, criado pelo Instituto Nokia de Tecnologia (INdT), em Manaus, para desbloqueio de aparelhos Symbian^3. O usuário tira uma foto do seu rosto com a câmera frontal do tele-fone, posicionando a face sobre um molde que aparece na tela. Depois, para desbloquear o aparelho, é preciso casar a imagem gravada com aquela captada pela câmera. Variações de luz, de ângu-lo e de adereços (chapéus, óculos etc) atrapalham a identificação. O Facelock, contudo, não é exatamente um reconhe-cedor de faces. O que ele faz é comparar as duas imagens, sejam elas de um rosto ou não. Na prática, é uma solução mais simples do que reconhecimento facial “de verdade”.

O Maya Labs, outro desenvolvedor brasileiro, está trabalhando em uma alternativa mais avançada, neste caso para iPhone, também para fins de des-bloqueio do terminal. Sua solução conse-

as achariam grande um celular com tela de 4,3 polegadas, pois não caberia no bolso. Hoje isso é possível porque conseguimos tirar a moldura em volta e reduzir a espessura, o que diminuiu o peso. É uma mudança grande”, diz o diretor de produtos de telecom da Samsung no Brasil, Roberto Soboll.

BiometriaOutra novidade que chamou a aten-

ção da indústria móvel em 2011 foi a inclusão de um leitor de digitais no apa-relho Motorola Atrix, smartphone top de linha da fabricante norte-americana recentemente adquirida pela Google. O sensor é fabricado pela Authentec e está presente também em dois aparelhos da Fujitsu, comercializados pela NTT DoCoMo no Japão. Segundo o fornece-dor, ele suporta o desgaste de mais de 10 milhões de identificações e é à prova de arranhões. Posicionado no alto da parte traseira do terminal, o leitor é usado como uma ferramenta de controle de acesso ao telefone. Em vez de digitar uma senha, seu dono pode desbloquear o aparelho com sua impressão digital. Para a maioria dos especialistas ouvidos por TELETIME, o leitor de digitais é um recurso de nicho, que pode interessar ao mercado corporativo, mais sensível a questões de segurança, mas não ao usu-ário final. Ademais, a tecnologia requer aperfeiçoamentos. É comum o sensor não reconhecer a digital do dono quando o dedo está suado ou sujo. Também podem acontecer erros de identificação dependendo da maneira como o usuário passe o dedo no leitor.

“as ideias mais inoVadoras em tecnologia surgem da obserVação do comportamento humano.”

Jackson Feijó, do INdT

o melhor conteúdo de telecomunicações do Brasil. notícias diárias, análise do mercado, tendências e opiniões. além de acesso às revistas, suplementos especiais e aos eventos do setor.

www.teletime.com.br

Procurando visibilidade para sua marca?

Para anunciar: (11) 3138.4623

iMag

eNs

Mer

aMeN

te il

ustr

ativ

as

Page 24: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Job: 17015-036 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 17015-036-AFJ-TIM-An Rev Entregas 46x30.5_pag001.pdfRegistro: 44354 -- Data: 15:29:40 01/09/2011

Page 25: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Job: 17015-036 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 17015-036-AFJ-TIM-An Rev Entregas 46x30.5_pag001.pdfRegistro: 44354 -- Data: 15:29:40 01/09/2011

Page 26: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

26 TeleTime set_2011

por exemplo. “A face será nosso car-tão de visitas”, resume Adriano Santangeli, diretor do Maya Labs. Neste caso, o processamento não acontece dentro do aparelho, mas em servidores externos. Portanto, uma boa experiência depende de uma rede de transmissão de dados de alta velocidade e preparada para aplicações em nuvem.

Existe também o reconhecimento de voz, que compara timbres e outras par-ticularidades na fala de uma pessoa. É diferente dos sistemas de comando de voz presentes em aparelhos Android ou iPhone, que procuram entender o que é

dito independentemente de quem fala. No reconhecimento de voz o objetivo é identificar quem é o dono daquela voz. Isso pode servir para fins de segurança. O usuário precisa gravar algumas pala-vras para servirem de base de compara-ção. O software registra seu timbre e a maneira como pronuncia aquelas pala-vras, para checagem posterior. O Maya Labs está desenvolvendo um aplicativo com essa tecnologia que deve ficar pronto até o fim do ano. Nele, o usuário é convidado a falar uma frase. Depois, ela serve de senha para desbloquear o aparelho. Se outra pessoa diz a mesma frase, o terminal não é desbloqueado, porque precisa ser exatamente a mesma voz. Uma vantagem do reconhecimento de voz sobre o reconhecimento facial para fins de segurança é que o software dificilmente é enganado por uma grava-ção da voz do dono, pois a reprodução

digital costuma conter algumas variações de timbre, depen-dendo da qualidade da caixa de som.Fala-se muito em reconheci-

mento de íris, mas há alguns obstá-culos para que ela seja aplicada em dis-

positivos móveis, a começar pela dificul-dade de usabilidade, em razão da curta distância necessária entre a câmera e a pessoa. Outro problema é a baixa resolu-ção das câmeras frontais, que não seria suficiente para captar os detalhes da íris.

Energia sem fioA maior dor de cabeça dos fabrican-

tes de smartphones e de seus usuários é a duração da bateria. “A eletrônica avança, mas esbarramos no problema da bateria. Clock mais alto, display maior: tudo isso consome mais energia. A bateria de íon de lítio está meio esgo-tada. Precisamos de inovação em quími-ca e física nessa área”, comenta o geren-te de desenvolvimento de terminais da Vivo, Átila Xavier.

Cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, apresentaram este ano um projeto de tela de cristal líquido para dispositivos móveis que reapro-veita como energia a luz ambiente, a luz solar e a própria luz emitida pelo display, usando polarizadores fotovol-taicos orgânicos. A novidade, contudo, ainda está em laboratório e vai demo-rar alguns anos para se tornar disponí-

.:tecnologia

Aparelhos mais inteligentesTecnologia Descrição Exemplos de produtos

com a tecnologia Pontos a serem aperfeiçoados

Leitor de impressão digital

Sensor atua como scanner da digital do dono do smartphone para desbloqueio do aparelho

Motorola Atrix e dois modelos da Fujitsu vendidos no Japão pela NTT DoCoMo

Dificuldade de identificação quando dedo está sujo ou suado. Também pode errar dependendo da velocidade com que usuário passa o dedo no sensor

Gravação e reprodução em 3D sem óculos

Smartphones vêm com dupla de câmeras traseiras para gravar em 3D. Reprodução utiliza o princípio da autoestereoscopia com a técnica de “parallax barrier”, que dispensa os óculos

HTC Evo 3D, LG Optimus e Sharp Aquos

Brilho e nitidez da tela aquém dos concorrentes; alguns consumidores se queixam de dor de cabeça; pouco conteúdo profissional em 3D para ser consumido

Reconhecimento facial

Compara a imagem de uma ou mais fotos do rosto de uma pessoa com aquela captada em tempo real pela câmera do aparelho

Teoricamente pode funcionar em qualquer smartphone. Depende mais do software do que do hardware

Software pode ser enganado pelo uso de fotos impressas de rostos

Reconhecimento de voz

Compara frase dita pela pessoa com gravações anteriores. Verifica timbre e distância entre fonemas

Idem Se a pessoa estiver gripada ou rouca, o que altera sua voz, software pode não reconhecê-la

Recarga sem fio

Há duas técnicas: por indução (veste-se o terminal com uma capa especial e o posiciona de costas sobre uma superfície condutora conectada à tomada) ou por ondas de rádio (transmissor conectado à tomada emite ondas para receptores que estão dentro ou acoplados ao produto a ser recarregado)

Superfície condutora e capas com pontos de contato; receptores e transmissores da Witricity

A técnica de indução requer a compra de acessórios, como capas especiais. A técnica por ondas de rádio exige a proximidade entre transmissor e receptor, o que limita os benefícios de se aposentar os fios

Recarga por luz

Polarizadores fotovoltaicos orgânicos presentes em uma tela de cristal líquido captam a luz ambiente, a luz solar e a própria luz emitida pela tela e as transforma em energia

Ainda em laboratório na Universidade da Califórnia

É preciso averiguar a viabilidade comercial da tecnologia

than

k Yo

u/sh

utte

rsto

ck

Page 27: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 27

“quando a recarga sem fio atraVÉs de acoplamento flexíVel for integrada a automóVeis e ao mobiliário, o

consumidor poderá usar seus aparelhos ao longo do dia sem se preocupar com a bateria.”

Flávio Mansi, da Qualcomm

vel comercialmente.Enquanto não aparece uma solução

inovadora para a bateria de smartpho-nes, um paliativo para minimizar o des-conforto de conectar os aparelhos toda noite na tomada pode estar no uso de tecnologias de recarga sem fio, hoje dis-ponível como acessório no varejo, mas com o inconveniente de aumentar o volu-me do aparelho (é necessária uma capa externa) e a placa de indução ser grande e pesada. Circulam rumores que a Apple estaria estudando a incorporação dessa tecnologia em uma geração futura de iPhones. A Motorola, por sua vez, já lan-çou a tecnologia no Milestone 3.

Existem diferentes técnicas de trans-mitir eletricidade sem fio. As mais apro-priadas para a recarga de pequenos produtos eletroeletrônicos são a recarga por indução e a recarga por ondas de rádio. A primeira requer o uso de uma fina superfície condutora que precisa estar conectada à tomada. Os aparelhos, por sua vez, são revestidos com uma capa especial, parecida com essas comumente usadas para protegê-los de choques e arranhões, dotada de pontos de contato. Repousando o smartphone de costas sobre a superfí-cie condutora, é criada uma corrente elétrica e gerado um pequeno campo eletromagnético, captado pelos pontos de contato, que proporciona a recarga de energia. O processo leva pratica-mente o mesmo tempo do que se fosse feito com fio. A vantagem é poder recarregar mais de um aparelho ao mesmo tempo sobre a superfície e não ter que conectar e desconectar recar-regadores diariamente. Uma empresa chamada Pure Energy Solutions comercializa a solução adaptada para terminais Motorola, Blackberry e iPho-ne. As capas custam US$ 35 cada e a superfície condutora, US$ 50.

No que diz respeito à recarga sem fio, todavia, as maiores apostas estão no método de transmissão por ondas de rádio. Um transmissor é instalado em uma tomada e pequenos receptores precisam estar dentro ou acoplados aos

aparelhos a serem recarre-gados, sintonizados na mesma frequência para que a energia seja captada. As soluções comerciais disponíveis hoje em dia limitam a poucos centímetros a distância entre transmissor e recepto-res. Mas há novidades a caminho. A Witricity, uma empresa criada por pes-quisadores do MIT, nos EUA, desenvol-veu uma técnica batizada de acopla-mento magnético ressonante, com a qual conseguiu acender uma lâmpada de 60 W com um transmissor sem fio a dois metros de distância. Sua ideia é instalar esses transmissores no teto das residências e embarcar receptores nos

eletrodomésticos e lâmpadas espalha-das pela casa, assim como em smar-tphones e outros dispositivos móveis, que seriam carregados automatica-mente sempre que entrassem na zona de alcance do transmissor.

Outra empresa que pesquisa tecnolo-gias de recarga sem fio é a Qualcomm. Ela apresentou este ano sua solução batizada de WiPower, que usa uma técni-ca patenteada pela companhia chamada acoplamento flexível, através da qual se consegue transmitir energia por superfí-cies com até 65 mm de espessura. A ideia da Qualcomm é que os componen-tes de recepção venham embarcados nos aparelhos eletrônicos, para que o cliente não precise se preocupar com adaptado-res. Seus chipsets para smartphones e tablets no futuro serão compatíveis com essa tecnologia. “Quando a recarga sem fio através de acoplamento flexível for integrada a automóveis e ao mobiliário, proporcionando uma experiência de recarga ubíqua, o consumidor poderá

usar seus aparelhos ao longo do dia sem se preocupar com a bateria”, prevê Flávio Mansi, presidente da Qualcomm para América Latina.

O maior desafio para a Qualcomm na promoção da WiPower talvez seja comercial: terá que convencer o mercado de que a sua solução merece ser o padrão. Existe hoje o Consórcio de Energia Sem Fio (WPC, na sigla em inglês), cuja

finalidade é justamente definir padrões para a tecnologia de recarga sem fio. A entidade conta com 93 associados, den-tre os quais estão algumas grandes empresas do setor de telecom, como Nokia, Motorola Mobility, Samsung, LG, HTC e France Telecom. A Qualcomm anunciou até o momento parcerias com a Duracell e com a Powermatt para uso da WiPower.

DesenvolvedoresDe olho nessas novas tecnologias, os

desenvolvedores de softwares sonham com as possibilidades que serão aber-tas. Santangeli, do Maya, sugere mes-clar vídeo em 3D com reconhecimento facial, o que acabaria com o risco de fraude por uso de fotos impressas. Outra combinação interessante seria a do leitor de digital com aplicações de pagamento com Near Field Communications (NFC). Isso daria mais segurança às transações com cartão de crédito via NFC no celular, por exemplo. Um teste com esse propósito está em andamento nos EUA com o Motorola Atrix patrocinado pela NXP, pela Authentec e pela DeviceFidelity.

Alguns desenvolvedores, entretan-to, não se deslumbram pelas promes-sas futurísticas. Carlos Camolesi, dire-tor do Pinuts Studios, ressalta que é preciso haver padronização das novas tecnologias. E Gustavo Ziller, diretor da Aorta, pondera sobre o tempo necessá-rio para que as novidades se massifi-quem: “a tecnologia sempre vai andar mais rápido que a capacidade de adap-tação do ser humano”. O conselho final para os cientistas vem de Jacskon Feijó, pesquisador do INdT: “as ideias mais inovadoras em tecnologia surgem da observação do comportamento humano. É preciso entender de sociolo-gia, de antropologia, conhecer o dia a dia das pessoas.” Em suma: não basta ficar trancado no laboratório.

o leitor de digitais É um recurso de nicho, que pode

interessar ao mercado corporatiVo, mais sensíVel a

questões de segurança.

Foto

: div

ulga

ção

Page 28: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

28 TeleTime set_2011

No segundo trimestre deste ano, as seis maiores opera-doras de TV por assinatura dos Estados Unidos perde-ram aproximadamente 580

mil assinantes. Enquanto isso, as incum-bents ganharam cerca de 380 mil assi-nantes dos serviços de TV, conquistando market share. Os 200 mil que não migra-ram entre concorrentes são a causa do maior pesadelo do setor de TV por assina-tura, os chamados “cord cutters”. São assinantes que desistiram do serviço de TV paga, aderindo a for-mas mais flexíveis de compra de conteúdo, como os servi-ços online Netflix, Apple TV ou Hulu, que só dependem da banda larga. O número de cutters é ainda maior, se levar-mos em conta que grande parte da popu-lação jovem sequer entra na base de assinantes ao montar seu primeiro apar-tamento.

O fenômeno não chegou ao Brasil. Ao contrário, a base da TV por assinatura tem crescido em proporções nunca previstas e bate recordes a cada trimestre, puxada, sobretudo, pelo crescimento da TV via satélite (DTH), que já representa mais da metade da base de assinantes do Brasil. Mesmo assim, o setor começa a se movi-mentar para se preparar para a chegada e a eventual popularização dos serviços over-the-top (OTT), porque a tendência, segundo todos os especialistas ouvidos, é inevitável mesmo por aqui.

O tema dominou os debates durante o Congresso e Feira ABTA 2011, o prin-cipal evento de TV por assinatura da América Latina, que aconteceu em agosto em São Paulo. Não há dúvidas que a massificação do acesso à Internet e a chegada de serviços OTT e do mode-lo de TV everywhere estão mudando o mercado de distribuição de conteúdos. O modelo de TV everywhere, ressalte--se, já é uma resposta das operadoras de cabo à ameaça online: trata-se da oferta de conteúdos pela Internet àque-las pessoas que assinam os canais em

modelos tradicionais.Operadores e pro-

gramadores parecem não querer esperar a popularização destes serviços e pagar para ver o que acontece, temendo sofrer no mercado de vídeo a mesma coisa que a indústria fonográfica sentiu há alguns anos, quando as plataformas de consumo e distribuição de conteúdos digitais, alia-dos à pirataria, mataram o modelo de venda de CDs. Todos, de alguma manei-ra se movimentam no sentido de ofere-cer cada vez mais conteúdos sob deman-da em múltiplas plataformas para acompanhar a mudança de hábito des-ses consumidores conectados. Mas o caminho não é simples: mexe com modelos muito bem consolidados de relacionamento entre programadores e operadores e, principalmente, não apre-senta uma sustentabilidade econômica existente nos modelos tradicionais.

Segundo o diretor da empresa de con-sultoria Farncombe, Barry Flynn, em relação ao mercado norte-americano especificamente, embora tenha havido redução da base de assinantes de cabo, ainda não se pode afirmar que o fenôme-no dos cable cutters é efetivo e que exista uma substituição do serviço de TV por assinatura tradicional por serviços OTT. “Ainda é cedo para afirmar que estão cortando o serviço de cabo por conta do

OTT e que isso não seja apenas um reflexo da recessão econômica pela que o país está passando”, enfatiza. Em junho, durante o congresso da NCTA, realizado em Chicago, os maiores operadores de TV a cabo dos EUA diziam a mesma coisa.

Flynn destaca que embora o consu-mo de vídeos online esteja crescendo a taxas altíssimas, a maior parte é ainda composta por conteúdos gerados pelo usuário (UGC, na sigla em inglês). No Reino Unido, por exemplo, essa propor-ção é de 70%. “Temos cenários diferen-tes na Europa e nos Estados Unidos. Na Europa, o que vemos é pouca opção de conteúdos premium no modelo OTT e praticamente ninguém paga para ter o serviço, que funciona principalmente no modelo baseado em publicidade. Já nos Estados Unidos, que tem uma alta pene-tração de TV a cabo, o usuário está acostumado a pagar pelo conteúdo e por isso vemos sucesso no modelo da Netflix”, compara Flynn. Pesa ainda a flexibilidade dos produtores de abrirem seus conteúdos para distribuição online nos EUA, o que não acontece no resto do mundo por medo de pirataria.

Definitivamente, não é o conteúdo gerado por usuários que abalará o negó-cio da TV por assinatura. O executivo da Farncombe destaca que o “killer applica-tion” para a televisão é... mais televisão.

“A BBC lançou no Reino Unido em novembro de 2010 o seu player de stre-aming online de conteúdo e os resulta-dos mostram cerca de três vezes mais espectadores assistindo à programação no serviço catch-up, disponível no VOD da Virgin (operadora de TV paga), do que no computador”, conta.

Para o head of global media and entertainment da PriceWaterhouse Coopers, Marcel Fenez, o que fará com que usuários paguem pelo conteúdo são atributos de conveniência, experiência e qualidade, que podem garantir um mode-lo de negócios sustentável, rentável e engajado com o consumidor. “Os OTTs ainda não estão tendo grande impacto na

.:tV Por assinatUra Fernando Lauterjung e Letícia [email protected] e [email protected]

O novo modeloPressão dos provedores over-the-top de distribuição de vídeo online leva operadoras a buscar novos serviços e modelos para satisfazer seus assinantes e mantê-los em suas bases.

sash

kin

/shu

tter

stoc

k

Page 29: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 29

melhorar a experiência do assinante de TV, por outro o custo de criação da pla-taforma é alto. Para garantir uma qua-lidade superior à dos serviços por IP com distribuição na nuvem, a Net optou por usar streams DVB para a distribui-ção do seu VOD até a casa do assinante. Na prática, cada stream compreende um canal no line-up da operadora.

Para o vice-presidente de vendas para a América Latina da NDS, Nicolas Choquart, a Net está trilhando o cami-nho certo para se preparar para a con-corrência com a Netflix. “Desde que os operadores de TV paga façam a lição de casa, abracem o over-the-top (OTT) como uma oportunidade, oferecendo a seus assinantes serviços de VOD apro-veitando sua qualidade de serviço única, e sua maior programação, incluindo eventos ao vivo e sua melhor janela de

exibição para VOD premium, não têm de se preocupar: façam seu assinante feliz”, aconselhou o executivo do provedor de soluções de DRM e acesso condicional.

Além de concorrência com serviços de OTT, Choquart aponta outro fator para que operadoras de TV por assina-

tura ofereçam serviços de VOD cada vez sofisticados: o negócio da TV paga ainda está na televisão. Uma pesquisa recente feita nos EUA mostrou que, quando ques-tionados sobre onde preferiam assistir conteúdos de vídeo, 93% dos norte-ameri-canos entrevistados disseram que seu primeiro device era a TV e 43% disseram que o segundo aparelho seria o computa-dor. “Leva um tempo para que os consu-midores absorvam novas formas de assis-tir a conteúdos, e operadores de TV paga precisam aproveitar essa oportunidade para continuar crescendo”, observa.

Por outro lado, o hábito do consumi-dor tende a mudar. Segundo o CTO da Motorola Mobility, Geoff Romàn, embora o tempo gasto em frente à TV esteja aumentando, a pessoas consomem cada vez mais conteúdo online. O tempo médio que um usuário passa consumin-do o portal de vídeos premium Hulu, por

janelas na TV paga brasileira é muito maior que nos EUA, e essa é justamente a janela do Netflix.

A Net Serviços foi a primei-ra a lançar um serviço de video-on-demand em grande escala, antes mesmo da chega-da da “temida” Netflix ao País. O serviço Now, embora não seja o primeiro VOD brasileiro (a Telefônica/TVA conta com o serviço, mas apenas na sua base de assi-nantes de fibra óptica), é a mais importan-te experiência em vídeo sob demanda no Brasil até o momento. “Temos de reconhe-cer que existem outras plataformas e temos de melhorar a experiência do nosso usuário. Não é mais dinheiro, é mais expe-riência para o usuário que paga a TV por assinatura”, afirma o diretor de programa-ção da Net Serviços, Fernando Magalhães.

O serviço, lançado em abril, somava

em agosto 1,5 milhão de programas assis-tidos, sendo mais da metade deles vistos ao longo de julho. “Esse balanço comprova aquilo que já dizíamos no início, que o Now é muito mais do que uma locadora de filmes, é também um novo conceito de TV por assinatura, não-linear, no qual as pes-soas podem fazer sua programação e assistir aos programas quando quiserem”, diz José Felix, da Net. Segundo ele, 90% dos streams são de conteúdo oferecido de forma gratuita aos assinantes do serviço de TV da operadora. “O Now não é um serviço criado para ganhar dinheiro, mas para fidelizar o assinante”, disse. O grande desafio da Net é conseguir convencer o programador que o usuário não necessa-riamente vai pagar mais para ter o conte-údo on demand, mas ele precisa ter aquele conteúdo de maneira fácil, ou vai optar por caminhos alternativos.

Se por um lado a meta é apenas

receita das operadoras tradicio-nais, principalmente por conta dos eventos ao vivo, que man-têm a maior parte dos consumi-dores”, avalia.

Flynn concorda. Segundo ele, a qualidade e a experiência de assistir conteúdos na TV devem garantir vida longa ao negócio de TV paga tradicional. “As operadoras de TV por assi-natura, canais e programado-res em todo o mundo estão trabalhando para oferecer seus conteúdos onde o assinante desejar, no modelo de TV everywhere, investindo cada vez mais em transmissões de eventos ao vivo e evo-luindo tecnologicamente da alta definição para o 3D como diferencial para manter e crescer sua base de assinantes”.

Brasil “A única coisa que não podemos fazer

em relação ao Netflix é subestimá-lo”, disse o diretor geral da Globosat, Alberto Pecegueiro. Ele lembrou que o modelo de negócios do serviço norte-americano ainda está em formação e que recente-mente a empresa desatrelou a assinatura do serviço virtual daquela do serviço físico (de distribuição de DVDs, causando danos de imagem a uma marca muito bem conceituada).

O serviço deve chegar ao Brasil no pró-ximo mês e tem como público potencial os assinantes de banda larga, que são, em sua maioria, assinantes também do serviço de TV. Antônio João Filho, diretor executivo da Via Embratel, destacou que o serviço não deve chegar ao País com o mesmo potencial americano, uma vez que a pene-tração da banda larga em diversos municí-pios é inexistente ou irrelevante.

A solução, aponta José Felix, presiden-te da Net, é fazer parcerias com programa-dores para criar a oferta de novos serviços. “Podemos blindar o setor”, diz. Para Fernando Medin, VP sênior e diretor geral da Discovery Brasil, qualquer que seja a transformação no setor, a figura do progra-mador sempre será fundamental na agre-gação do conteúdo. “As marcas dos canais de TV sempre terão papel fundamental”. O problema, aponta Medin, é que as progra-madoras terão de “concorrer com outra plataforma em desigualdade de condições, pois eles não terão as cotas de conteúdo” (criadas pelo recém aprovado PLC 116).

Outra dificuldade ao modelo da Netflix no Brasil é o fato de que a quan-tidade de filmes de terceira e quarta

Foto

s: m

arce

lo k

ahn

“ainda É cedo para afirmar que estão cortando o serViço de cabo por conta do ott e que isso não seja apenas um reflexo da recessão econômica.”Barry Flynn, da Farncombe

todos se moVimentam no sentido de oferecer cada Vez mais conteúdos sob demanda em múltiplas plataformas para acompanhar a mudança de hábito desses consumidores conectados.

Page 30: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

DIAS 6 E 7 DE OUTUBRO DE 2011 RIO OTHON PALACE HOTEL

Copacabana, Rio de Janeiro, RJ

PARA PATROCINAR(11) 3138.4623 [email protected]

INSCRIÇÕES0800 77 15 028

[email protected]

A reunião de toda indústria de satélites da América Latina.

Sintonize sua frequência em Copacabana.

O RIO DE JANEIRO RECEBERÁ, PELO 11º ANO CONSECUTIVO, OS PRINCIPAIS LÍDERES DO GOVERNO E DE TODA A INDÚSTRIA DE SATÉLITES, EMISSORAS DE TV, OPERADORAS DE TELECOM E DE OUTROS SEGMENTOS PARA DEBATER OS PRINCIPAIS TEMAS DO MOMENTO.

Confira a programação completa no site www.convergeeventos.com.br

PATROCÍNIO BRONZE

PROMOÇÃOPARCEIRO DE MÍDIA REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO VIP

Jarbas ValenteConselheiro da Anatel

Maximiliano MartinhãoSecretário de Telecomunicação do MINICOM (Ministério das Comunicações)

General Celso José Tiago (Ministério da Defesa)Edson Meira (Telesat)Estevão Ghizoni (Intelsat)Erwin Mercado (O3B)Lincoln Oliveira (Star One)Russel Ribeiro (Gilat do Brasil)Scott Sprague (SES)Sebastião do Rego Barros (Hispamar)

PRESENÇA DOS PRINCIPAIS DIRIGENTES DO SETOR:

Page 31: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

DIAS 6 E 7 DE OUTUBRO DE 2011 RIO OTHON PALACE HOTEL

Copacabana, Rio de Janeiro, RJ

PARA PATROCINAR(11) 3138.4623 [email protected]

INSCRIÇÕES0800 77 15 028

[email protected]

A reunião de toda indústria de satélites da América Latina.

Sintonize sua frequência em Copacabana.

O RIO DE JANEIRO RECEBERÁ, PELO 11º ANO CONSECUTIVO, OS PRINCIPAIS LÍDERES DO GOVERNO E DE TODA A INDÚSTRIA DE SATÉLITES, EMISSORAS DE TV, OPERADORAS DE TELECOM E DE OUTROS SEGMENTOS PARA DEBATER OS PRINCIPAIS TEMAS DO MOMENTO.

Confira a programação completa no site www.convergeeventos.com.br

PATROCÍNIO BRONZE

PROMOÇÃOPARCEIRO DE MÍDIA REALIZAÇÃO

PATROCÍNIO VIP

Jarbas ValenteConselheiro da Anatel

Maximiliano MartinhãoSecretário de Telecomunicação do MINICOM (Ministério das Comunicações)

General Celso José Tiago (Ministério da Defesa)Edson Meira (Telesat)Estevão Ghizoni (Intelsat)Erwin Mercado (O3B)Lincoln Oliveira (Star One)Russel Ribeiro (Gilat do Brasil)Scott Sprague (SES)Sebastião do Rego Barros (Hispamar)

PRESENÇA DOS PRINCIPAIS DIRIGENTES DO SETOR:

Page 32: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

32 TeleTime set_2011

.:tV Por assinatUraexemplo, evoluiu de uma hora mensal em 2008 para quatro em 2010.

Além disso, lembra Romàn, o percentual de con-sumidores de Internet que visitam os sites de vídeo onli-ne por semana também aumenta. O YouTube era visi-tado por 33% dos consumido-res online em 2008. Em 2010 o percentual subiu para 36%.

A TVA também prometeu ampliar seu serviço de VOD para base de assinantes sem fibra óptica para breve. Além disso, a operadora, em parceria com a Telefônica, pretende ter um serviço OTT, que será oferecido para não assinantes do serviço de TV. E a própria estratégia da Telefônica, inegavelmente, passa pelo por-tal Terra, que já tem um inventário cres-cente de conteúdos de vídeo, inclusive com conteúdos destacados na TV por assinatura, e aposta muito na exibição de grandes eventos ao vivo, como fez com as Olimpíadas de Pequim e faz com diversos festivais de música. O Terra, destaque-se, também já tem parcerias com fabricantes de TV para a distribuição de seus conteú-dos no modelo over-the-top, por meio de aplicativos embarcados.

As pequenas operadoras de TV paga veem no VOD uma forma de se blindar. O problema, no caso das “independentes”, é bancar o custo do serviço. Durante a ABTA 2011, o CEO da NetMovies, Daniel Topel, recebeu pedidos de pequenas ope-radoras para levar o serviço OTT às suas bases de assinantes. A NetMovies, vale lembrar, é uma empresa brasileira de dis-tribuição de conteúdo por mídia física (DVDs e Blu-Rays) e pela Internet. Segundo Topel, é viável levar seu serviço online às bases de assinantes das pequenas opera-doras. Contudo, neste momento a empre-sa se dedica a preparar-se para a chega-da da concorrente norte-americana no Brasil. Ser viável não quer dizer que seja simples. “Terei que convencer os estúdios de Hollywood que é seguro armazenar os conteúdos deles em servidores em uma pequena rede no inte-rior do Espírito Santo”, ironizou.

Para se preparar para o concorrente que chega em setembro, a NetMovies conta com dois trunfos: a distribuição física, serviço que o concorren-te não deve ter por aqui, e a oferta de títulos premium em um modelo transacional (a

Netflix conta apenas com títu-los de catálogo, oferecidos por assinatura). “Estamos presen-tes em todas as cidades acima de 500 mil habitantes e ainda

em algumas outras com até menos, o que nos dá uma cobertura muito perto de 100% do PIB brasileiro. E isso é uma vantagem, porque a Netflix virá apenas com o modelo de streaming online”, revelou Topel.

Em todo o lugarA oferta de vídeo sob demanda dá às

operadoras um dos dois diferenciais dos serviço over-the-top. Estes serviço também permite assistir o conteúdo em qualquer lugar e em múltiplos dispositivos. Segundo Romàn, 29% dos consumidores estão muito interessados em assistir conteúdo em qualquer lugar e a qualquer hora, 32% estão relativamente interessados e 39% têm pouco interesse. “O consumidor já vê muita TV e o que operadores de TV por assinatura como Comcast e Verizon estão fazendo é lançar aplicativos para tablets e smartphones que servem de controle remoto, permitindo comandar a TV e pro-gramar o DVR, ao mesmo tempo que ser-vem de segunda tela para acesso a conteú-dos relacionados à programação da TV”, diz. Além disso, o streaming ao vivo para tablets e mobile devices também está se tornando importante.

Para Jeff Shell, presidente da NBC Universal International, divisão internacio-nal da maior empresa de mídia do mundo, o futuro da TV paga está no conceito de TV everywhere. Para o executivo, não se trata apenas de criar um modelo para reduzir o churn. Segundo ele, é possível aumentar o faturamento com a oferta do

conteúdo em múltiplos dispositivos e em qualquer lugar, através da publicidade.

O modelo de TV paga tradicional é conhecido de programadores e operado-res. A venda de pacotes por assinatura garante a todos os pontos da cadeia a rentabilidade adequada para sustentar o modelo. O problema, colocou Shell, é que os modelos over-the-top não têm uma proposta de negócios clara, e certa-mente são muito menos relevantes do ponto de vista financeiro do que os modelos tradicionais.

Para a Cisco, os serviços de vídeo poderão “viajar” com o assinante. “Assim como ligamos um telefone em outro país e prontamente temos acesso ao serviço de voz, deve acontecer o mesmo com o serviço de vídeo. Isso será uma realidade em no máximo três anos”, diz Bob McIntyre, CTO da Cisco. Segundo ele, os operadores de serviços de TV terão de negociar para entregar o seu conteúdo a outras redes, em uma espécie de roaming dos serviços multimídia.

Por enquanto, o que há neste sentido no Brasil é o novo serviço da Globosat, o Muu, oferecido até agora apenas aos assi-nantes da Net. “Temos um mercado rela-tivamente estável na Europa e relativa-mente pequeno nos EUA. Se o consumidor brasileiro, que comprou 10 milhões de TVs no último ano, vai querer mobilidade no conteúdo, não importa. Não vamos esperar para descobrir”, diz o diretor de mídias digitais da Globosat, Gustavo Ramos. O Muu conta com mais de 5 mil vídeos do acervo de 20 anos da Globosat. “Inovar não é caro nesse mercado. Aproveitamos parcerias, apresentamos o produto para a Net e rapidamente fecha-

mos o contrato do serviço”, conta Ramos, que garantiu que o serviço Muu não será exclusi-vo da operadora.

Além disso, a Net diz que poderá em breve levar conteú-do do Now para outros disposi-tivos. O objetivo inicial com o serviço de video on-demand é oferecer ao assinante mais uma forma de ver o conteúdo da TV por assinatura na televisão.

“assim como ligamos um telefone em outro país e

prontamente temos acesso ao serViço de Voz, deVe acontecer o

mesmo com o serViço de Vídeo.”Bob McIntyre, da Cisco

Foto

: dan

iel

ducc

i

“os otts ainda não estão tendo grande impacto na receita das operadoras, principalmente por conta dos eVentos ao ViVo, que mantêm a maior parte dos consumidores.”Marcel Fenez, da PwC

Page 33: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Contudo, a operadora não descarta ampliar a oferta deste conteúdo para outras plataformas. Alessandro Maluf, gerente de marketing da operadora, diz que em uma segunda etapa a Net deve levar esse serviço para outros dispositivos dentro da casa do assinante e, eventual-mente, permitir que seja assistido até mesmo fora da residência. “Estender o serviço para tablets e outros dispositivos é algo natural. Exigindo autenticação por parte do assinante, podemos oferecer esse conteúdo fora da nossa rede”, disse o exe-cutivo.

RedesSe os serviços estão disponíveis em

todo lugar, as operadoras passam a ter mais uma preocupação: negociar a inte-gridade nestes serviços em redes de ter-ceiros, muitas vezes concorrentes. Virgílio Amaral, diretor de estratégia e tecnologia da TVA/Telefônica, diz que esse tipo de negociação já é fundamental, mas não para trafegar o conteúdo da própria ope-radora. “Anti ga mente, os operadores podiam cuidar apenas das suas redes. Hoje quem provê infraestrutura precisa

garantir o serviço mes mo quando esse serviço passa pela rede de outra operado-ra. O operador precisa negociar parcerias de interconexão para garantir qualidade. Se o YouTube cair, o assinante vai culpar o operador”, diz o executivo. Em outras palavras, as operadoras terão de se esfor-çar também para garantir a qualidade do Netflix, seu temido concorrente.

Segundo Fernando Magalhães, diretor de programação da Net, “o assinante que contrata banda larga tem direito de aces-sar o que quiser. O nome do jogo é melho-rar tecnologicamente e dar opções para o seu assinante”. Virgílio Amaral lembrou que essa questão passa pela discussão sobre neutralidade de rede. “As operado-ras não vão querer oferecer só a conexão, porque será commodity. Tem que prover

serviços. O grande desafio é que o mundo digital é de rápida evolu-ção e de obsolescência muito curta. Estamos trabalhando com a visão de que vamos ter o OTT dos programadores, mas teremos um novo mercado onde os assi-nantes vão poder optar pelo que querem ver e temos de começar a

separar esses dois mundos.” Nicolas Choquart, da NDS aponta que

a Netflix terá que rever sua relação com as operadoras. O serviço OTT tem 22,8 milhões de assinantes só nos EUA e res-ponde por 30% do pico de consumo de banda no país, e alguém terá de pagar o preço desse excessivo consumo de banda. “No passo atual, Netflix e provedores de banda larga entrarão em breve em uma batalha. No Canadá, os provedores estão forçando cortes na banda dos usuários após certo consumo mensal e nos EUA, em um ou dois anos, vamos ver o cenário de neutralidade de rede mudar por causa da pressão dos operadores. O lobby é muito forte para permitir que os ISPs pos-sam restringir determinados provedores de conteúdo”, detalha.

outra dificuldade ao modelo da netflix no brasil É o fato de que a quantidade de filmes de terceira e quarta janelas na tV paga brasileira É muito maior que nos eua.

SET_2011 TELETIME 33

Contudo, a operadora não descarta ampliar a oferta deste conteúdo para outras plataformas. Alessandro Maluf, gerente de marketing da operadora, diz que em uma segunda etapa a Net deve levar esse serviço para outros dispositivos dentro da casa do assinante e, eventual-mente, permitir que seja assistido até mesmo fora da residência. “Estender o serviço para tablets e outros dispositivos é algo natural. Exigindo autenticação por parte do assinante, podemos oferecer esse conteúdo fora da nossa rede”, disse o exe-cutivo.

RedesSe os serviços estão disponíveis em

todo lugar, as operadoras passam a ter mais uma preocupação: negociar a inte-gridade nestes serviços em redes de ter-ceiros, muitas vezes concorrentes. Virgílio Amaral, diretor de estratégia e tecnologia da TVA/Telefônica, diz que esse tipo de negociação já é fundamental, mas não para trafegar o conteúdo da própria ope-radora. “Anti ga mente, os operadores podiam cuidar apenas das suas redes. Hoje quem provê infraestrutura precisa

garantir o serviço mes mo quando esse serviço passa pela rede de outra operado-ra. O operador precisa negociar parcerias de interconexão para garantir qualidade. Se o YouTube cair, o assinante vai culpar o operador”, diz o executivo. Em outras palavras, as operadoras terão de se esfor-çar também para garantir a qualidade do Netflix, seu temido concorrente.

Segundo Fernando Magalhães, diretor de programação da Net, “o assinante que contrata banda larga tem direito de aces-sar o que quiser. O nome do jogo é melho-rar tecnologicamente e dar opções para o seu assinante”. Virgílio Amaral lembrou que essa questão passa pela discussão sobre neutralidade de rede. “As operado-ras não vão querer oferecer só a conexão, porque será commodity. Tem que prover

serviços. O grande desafio é que o mundo digital é de rápida evolu-ção e de obsolescência muito curta. Estamos trabalhando com a visão de que vamos ter o OTT dos programadores, mas teremos um novo mercado onde os assi-nantes vão poder optar pelo que querem ver e temos de começar a

separar esses dois mundos.” Nicolas Choquart, da NDS aponta que

a Netflix terá que rever sua relação com as operadoras. O serviço OTT tem 22,8 milhões de assinantes só nos EUA e res-ponde por 30% do pico de consumo de banda no país, e alguém terá de pagar o preço desse excessivo consumo de banda. “No passo atual, Netflix e provedores de banda larga entrarão em breve em uma batalha. No Canadá, os provedores estão forçando cortes na banda dos usuários após certo consumo mensal e nos EUA, em um ou dois anos, vamos ver o cenário de neutralidade de rede mudar por causa da pressão dos operadores. O lobby é muito forte para permitir que os ISPs pos-sam restringir determinados provedores de conteúdo”, detalha.

OUTRA DIFICULDADE AO MODELO DA NETFLIX NO BRASIL É O FATO DE QUE A QUANTIDADE DE FILMES DE TERCEIRA E QUARTA JANELAS NA TV PAGA BRASILEIRA É MUITO MAIOR QUE NOS EUA.

TV por Assinatura147.indd 33 02/09/2011 23:34:48

Page 34: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

34 TeleTime set_2011

Finalmente, depois de 16 anos, o setor de TV por assinatura tem um novo marco legal, com a aprovação no Senado do PLC 116, projeto que unifi-

cou as regras para a prestação do servi-ço, e foi além.

Foi um projeto de tramitação lenta (quatro anos e meio), mas compatível com o tempo que a própria Lei do Cabo levou para ficar pronta (nesse caso, a tramitação foi de 1991 ao final de 1994). Outro desta-que é que o PLC 116 foi uma iniciativa do Legislativo (a proposta original, registre-se, foi do ex-deputado Paulo Bornhausen, que teve depois apensados projetos do deputa-do Nelson Marquezelli e dos deputados Paulo Teixeira e Walter Pinheiro), com pouca interferência do Executivo, salvo a atuação da Ancine nos bastidores e uma pressão do Planalto na fase final de apro-vação do projeto.

Mas a mudança no marco legal era esperada com ansiedade não só pelas empresas como pela Anatel, que há muito tentava encontrar uma forma de abrir o mercado de TV paga às teles sem ferir a lei.

Tanto é que a agência divulgou nota logo que o texto foi aprovado pelo Senado, mas antes mesmo da sanção presidencial, informando que a minuta de regulamento do serviço de acesso condicionado, que será criado com a aprovação presidencial do PLC 116, está em fase final de elabora-ção e deverá ser colocada em consulta pública no início de setembro. “É preciso, porém, aguardar a sanção presidencial do projeto, para eventuais ajustes na minuta, a ser encaminhada para apreciação do conselho diretor da Anatel”, diz a nota. O serviço de acesso condicionado é o serviço de TV por assinatura que engloba todas as tecnologias, criado com a aprovação do PLC 116. A aprovação pelo conselho dire-tor está prevista para novembro. Assim, a Anatel garante que tem condições de con-cluir a regulamentação da matéria dentro do prazo legal de 180 dias. Mas muito do trabalho terá que ser feito de forma coor-denada com a Ancine. A agência de tele-

com terá ainda que adequar os regulamen-tos dos demais serviços de TV por assina-tura e precisará avaliar a hipótese de manter regulamentos estanques para cada tecnologia no caso de algumas empresas optarem por não migrar para o novo servi-ço e se mantiverem nos contratos de con-cessão ou termos de autorização atuais até o fim dos seus respectivos contratos.

Pronta comemoração “A Anatel entende que a aprovação do

Projeto de Lei da Câmara 116 pelo Senado é positiva para o País, principalmente para as classes de renda mais baixa. O texto aprovado contém dispositivos que incenti-vam a ampliação dos serviços de televisão por assinatura e a expansão da infraestru-tura essencial para a massificação da Internet em banda larga em todo o territó-rio nacional, em um ambiente de maior competição, no qual se espera redução de preços aos usuários”, diz a nota.

A aprovação do projeto teve ainda apoio da Associação Brasileira de TV por

Assinatura (ABTA), do SindiTelebrasil e das teles, que individualmente trabalha-ram na aprovação do texto, notadamente Oi, Embratel e, em menor escala, a Telefônica. Todas comemorando o fim das restrições que existiam no mercado de cabo, como a limitação às teles e ao capital estrangeiro.

Apesar do discurso de que o projeto foi consensual, não foi bem assim. Para alguns setores, a aprovação é ruim. Programadores internacionais de TV paga, por exemplo, chegaram inclusive a encaminhar à Presidência da República um pedido formal de vetos ao projeto, alegando entre outras coisas inconstitu-cionalidade no fato de um projeto de lei de autoria do Legislativo ter estabelecido mudanças nas atribuições de agências

reguladoras, o que só cabe ao Executivo fazer. Até o fechamento desta edição, os técnicos do Planalto até concordavam com essa avaliação, mas ponderavam que o peso político de um veto seria pior do que enfrentar um debate no Supremo depois, e possivelmente o PLC 116 seria sancionado por Dilma Rousseff sem vetos, como recomendou o Minicom.

Para as programadoras internacio-nais, o principal problema é a política de cotas do PLC 116. Mas para empresas como Sky, grupo Bandeirantes e outras, o problema maior é a separação entre os mercados de conteúdo e distribuição, que afeta situações já existentes. A Sky, por exemplo, nunca mais poderá fazer investi-mentos diretos em conteúdo, o que é pés-simo para a estratégia da operadora, que em outros países, como nos EUA, tem uma política de fazer fortes investimentos em programas exclusivos.

Para alguns radiodifusores, como Band, SBT, TV Bahia, grupo ORM no Pará entre outros, será necessário vender uma

parte das operações de TV por assinatura que controlam.

Não por acaso, o senador Demóstenes Torres (DEM/GO), em seu pronuncia-mento sobre o PLC 116 no momento da votação final do texto, já avisava que se o projeto fosse aprovado ele levaria o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Torres e outros senadores da oposição, como Aloízio Nunes (PSDB/SP) e Álvaro Dias (PSDB/PR), acreditam que o projeto é inconstitucional porque dá à Ancine novas atribuições, o que só poderia ser feito em projeto do Executivo. “Na Câmara o projeto foi transformado em um monstrengo. Acho que no mínimo metade dos artigos são flagrantemente inconstitucionais”, disse o senador, que é também um respeitado jurista.

a ancine passa a ter agora papel releVante na regulação das relações de programadoras, canais e empacotadoras com os operadores do serViço.

.:regUlaMentaÇão

Fim de um partoCongresso aprova o PLC 116, que cria o novo marco legal para a TV por assinatura, aberto às teles e empresas de capital estrangeiro. Entre as mudanças estão o papel da Ancine como agência reguladora da programação e a mudança no Artigo 86 da LGT.

Samuel [email protected]

Page 35: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 35

Nova agênciaMas a principal mudança conceitual

do PLC 116 é que ele introduz uma nova agência no cenário regulatório da TV paga. A partir de agora, a Ancine, que tinha um papel menor junto ao setor, res-trito à cobrança da Condecine junto a programadores, passa a ter agora papel relevante na regulação das relações de programadoras, canais e empacotadoras com os operadores do serviço. Isso é um fato inédito.

Além disso, todas as empresas de telecomunicações passam a contribuir para a Condecine. Isso deverá gerar uma receita monumental para o audio-visual dentro dos parâmetros atuais. Apenas como exemplo, para cada termi-nal móvel no Brasil (são cerca de 210 milhões de celulares) se pagará o equi-valente a R$ 3,22 por ano, e mais R$ 160 por ERB. E a cobrança, anual, se aplica a todas as operadoras de teleco-municações em todas as modalidades que possam, potencialmente, fazer a distribuição dos sinais de vídeo.

Esse novo tributo passa a ser com-pensado com uma queda proporcional no Fistel. De qualquer maneira, o setor de telecom passará a ser, de longe, o maior contribuidor para a indústria audiovisual brasileira. Quando o PL 29 começou a tramitar na Câmara, a expec-tativa era de que a cobrança sobre as teles gerasse cerca de R$ 150 milhões anuais, mas há quem diga que será muito mais do que isso.

Segundo Manoel Rangel, presidente da Ancine, deve haver uma colaboração estreita entre as duas agências para dar continuidade ao desenvolvimento do marco legal de modo harmonioso. Em um primeiro momento, é esperado um debate “para moldar uma interpretação conjunta e construir uma visão convergente” da Lei. A partir deste momento, cada agência segue seu ritmo, tratando de seus respec-tivos temas.

“Nos últimos seis ou sete meses, desde que ficou evidente que havia um entendimento em torno da aprovação do projeto, diversos agentes do mercado começaram a adiantar seus temores e suas demandas”, diz. “Todos os setores envolvidos serão ouvidos no processo regulatório”, completa o presidente da Ancine, ressaltando que todas as normas passarão por consulta pública.

A Ancine afirma ter inteligência para implantar os mecanismo de regulação, fiscalização e financiamento que serão

necessários com a conversão do PLC 116 em lei. No entanto, diz Manoel Rangel, serão necessários recursos humanos e financeiros adicionais. “Será preciso reconfigurar a agência para receber as novas atribuições”, diz. Ele deixa claro que será fundamental realizar concursos para a contratação de novos servidores.

Este noticiário apurou que, atualmen-te, a equipe dedicada a acompanhar o mercado de TV por assinatura conta com quatro servidores e tem como principais recursos de consulta os guias de progra-mação das operadoras. Além disso, não há um sistema de registro pronto para abrigar o volume de dados que a agência deverá receber e computar para dar sub-sídios ao processo fiscalizatório.

Artigo 86Para as teles, além de abrir o merca-

do de TV por assinatura, o PLC 116 tem

uma característica há muito esperada por elas: o fim do Artigo 86 da Lei Geral de Telecomunicações. Esse artigo é que vedava à concessionária de telecom ter, sob um mesmo CNPJ, qualquer outro serviço além do serviço público (telefo-nia fixa, no caso). Com o fim desse arti-go, as empresas poderão consolidar suas operações de TV por assinatura, celular e banda larga, se quiserem, sob o mesmo CNPJ da operadora de telefonia fixa, o que trará grandes ganhos tributá-rios. O governo, analisa os cenários, mas como o PLC 116 diz que esses ganhos decorrentes do fim do Artigo 86 têm que ser transferidos integralmente ao consu-midor em caso de ganhos diretos, ou compartilhados, no caso de eficiências e sinergias, já há quem diga que todo o ganho tributário se transformará em redução de tarifas. Enfim, agora o PLC 116 começa a ser testado na prática.

Principais pontos do PLC 1161) Cria o serviço de comunicação audiovisual de acesso condicionado, que engloba todas as tecnologias

de distribuição de conteúdos pagos.2) Qualquer atividade de comunicação audiovisual de acesso condicionado será enquadrada em

produção, programação, empacotamento ou distribuição.3) Nenhuma empresa direta ou indiretamente ligada à atividade de radiodifusão, produção ou

programação brasileira poderá controlar mais do que 50% do capital total e votante de empresas de telecomunicações de interesse coletivo.

4) Nenhuma empresa de telecomunicações poderá, direta ou indiretamente, controlar mais do que 30% do capital total e votante de empresas de radiodifusão, produtoras ou programadoras.

5) empresas de telecomunicações não podem adquirir diretos de imagem de eventos de interesse nacional, talentos artísticos nacionais ou direitos sobre obras de autores nacionais.

6) Cabe à ancine regular e fiscalizar o mercado de programação e produção, e a atividade de programação e empacotamento deverá ser credenciada previamente na agência do cinema.

7) a gestão, a responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção inerentes à programação e ao empacotamento são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.

8) Nos canais de espaço qualificado, no mínimo 3h30 semanais dos conteúdos veiculados no horário nobre deverão ser brasileiros e integrar espaço qualificado, e metade deverá ser produzida por produtora brasileira independente.

9) em todos os pacotes ofertados ao assinante, a cada três canais de espaço qualificado existentes no pacote, ao menos um deverá ser canal brasileiro de espaço qualificado, até um limite máximo de 12 canais (ou três canais para operadoras que só consigam distribuir até 31 canais).

10) Destes canais brasileiros de espaço qualificado, pelo menos um terço deverá ser de programadora brasileira independente.

11) empresas de telecomunicações e radiodifusão em geral passam a recolher, anualmente, a Condecine (Contribuição Nacional para o Desenvolvimento da indústria Cinematográfica), já que esta passa a ser devida por empresas que utilizem de meios que possam, efetiva ou potencialmente, distribuir conteúdos audiovisuais. uma parcela desses recursos vai para a produção de conteúdos para o serviço de acesso condicionado.

12) acabam as restrições para a oferta de tv por assinatura no serviço de acesso condicionado, cabendo à anatel fiscalizar a distribuição. todo conteúdo deve ser empacotado por empresa credenciada junto à ancine.

13) a transmissão dos sinais digitais das emissoras de tv aberta poderá ser negociada entre as partes.14) a lei do Cabo é extinta, assim como o artigo 212 da lgt e o artigo 31 da MP 2.228/01.15) as outorgas e respectivos contratos das atuais prestadoras do serviço de cabo, MMDs (inclusive as

radiofrequências associadas), DtH e tva continuarão em vigor sob as mesmas condições em que foram autorizados até o término dos prazos de validade neles consignados.

16) Muda o artigo 86 da lei geral de telecomunicações, de modo que a concessionária de stFC possa prestar outros serviços, desde que garantido compartilhamento de ganhos com os usuários, a reversão dos bens e a justa competição.

Page 36: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

36 TeleTime set_2011

Preocupada em atender uma demanda permanente dos con-sumidores e, principalmente, uma recomendação expressa da presidenta Dilma Rousseff, a

Anatel propôs um regulamento inédito, estabelecendo regras de qualidade para o Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), o que significa na prática estabele-cer metas de qualidade para a Internet em banda larga. A agência inovou, e além das usuais exigências de qualidade de atendimento e resolução de problemas, estabeleceu rigorosos parâmetros técni-cos, como a garantia de 80% da velocida-de vendida e a exigência de investimentos na rede caso ela atinja determinada capa-cidade. Hoje não existem parâmetros, e as empresas oferecem os serviços na base do melhor esforço (best effort).

A proposta, da forma como veio, teve efeito explosivo junto às empresas e vem sendo alvo de uma campanha intensa do setor para alterá-la. O problema é que as teles não querem ouvir falar em cumprir parâmetros técnicos mínimos, principal-mente de velocidade, o que, se gundo elas, acarretaria em antecipação de investi-mentos e na diminuição do nú mero de clientes que podem ser conectados simul-taneamente nos equipamentos atuais.

Para apoiar a sua argumentação, o SindiTelebrasil contratou a consultoria Price WaterHouseCoopers para realizar um estudo sobre como o tema é tratado no mundo. A PwC pesquisou dez países e afirma que, destes, apenas a Índia adotou metas, sem, no entanto, estabelecer san-ções em caso de descumprimento. No mercado indiano, os provedores frequen-temente não atingem as metas estabeleci-das para os 18 parâmetros técnicos que são avaliados.

No Reino Unido, o órgão regulador Ofcom introduziu um código de conduta que pode receber adesão voluntária por parte dos provedores. Os que aderem são submetidos a uma medição que depois é tornada pública e também devem seguir regras sobre a publicidade das ofertas. Na

Nova Zelândia, o regulador adotou um modelo parecido, porém o resultado das medições é consolidado em um relatório em que alguns parâmetros são compara-dos com metas definidas pelo órgão regu-lador e outros com os dados do ano ante-rior. Nos EUA, até agora, não há metas a serem atingidas, mas foi contratada uma empresa para realizar medições, a SamKnows. Segundo a PwC, a Federal Communications Commission (FCC) dá sinais de não adotar metas específicas.

A conselheira da Anatel, Emília Ribeiro, contudo, que foi a relatora da proposta colocada em consulta pública, defendeu o projeto durante o Congresso ABTA 2011, no começo de agosto. Para a conselheira, já é chegado o momento de o

consumidor ter parâmetros para exigir das operadoras. Além disso, diz ela, todas as operadoras acompanharam o trabalho do Comitê Gestor da Internet (CGI.br) que embasou a metodologia. “Hoje, se olhar-mos o que de fato acontece, muitas opera-doras, sobretudo as competitivas, já con-seguem oferecer parâmetros de qualida-de bem próximos aos que a Anatel está pedindo”, disse na ABTA 2011.

Para o SindiTelebrasil, a regulação deveria estar apoiada apenas na transpa-rência das ofertas, sem punição em caso de descumprimento, assim como fez a Ofcom. Assim, os usuários poderiam

escolher a sua pres-tadora a partir da comparação da qua-lidade entre as diversas empresas. Pelas estimativas do SindiTelebrasil, o investimento para atender às metas de qualidade de banda lar ga que a Anatel propõe em consulta

pú blica seria 82% maior que o previsto pelas operadoras até 2020. No caso da rede móvel, esse au mento ultrapassaria a casa dos 400%. O investimento previsto até 2020, considerando o cenário onde o país teria um perfil de consumo próximo ao de países que são referência interna-cional, seria consumido até 2014. Vale destacar que o regulamento de qualidade do SCM não se aplica ainda às redes móveis (SMP), mas a Anatel já anunciou a intenção de equalizar os parâmetros.

O SindiTelebrasil argumenta que a velocidade da conexão móvel sofre influ-ência de diversos fatores alheios à opera-dora, como limite de espectro disponível, velocidade de deslocamento do usuário e condições topográficas que podem dete-riorar o sinal.

Para as empresas, a consulta pública das regras de qualidade no SCM não traz uma análise de impacto, não encontra paralelo na experiência internacional e sua redação admite distintas interpreta-ções. Para se adap tar às regras da con-sulta, caso ela seja aprovada como está, as operadoras teriam que trocar roteado-res concentradores, além de antecipar os investimentos em rede de acesso de fibra (FTTx). O efeito alegado é a pressão para amento de preços, o que pode resultar em possível redução da oferta e desestí-mulo a investimentos.

Do ponto de vista técnico, o argumen-to para a não imposição de metas passa pela característica da rede IP. A rede de banda larga é estatística, e não determi-nística, o que significa que cada usuário

.:Banda larga Helton [email protected]

Fim do melhor esforçoProposta de metas de banda larga recebe críticas das empresas, mas Anatel precisa cumprir decreto presidencial que determina a criação de parâmetros de velocidades mínima e média até 31 de outubro.

“muitas operadoras já conseguem oferecer parâmetros de qualidade bem próximos aos

que a anatel está pedindo.”Emilia Ribeiro, da Anatel

Foto

s: d

anie

l du

cci

a proposta teVe efeito explosiVo junto Às empresas e Vem sendo alVo de uma campanha intensa do setor para alterá-la.

Page 37: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 37

qualidade, elas vão ter que baixar a velo-cidade”, afirma ele.

O SindiTelebrasil, a TelComp e algu-mas empresas separadamente solicita-ram formalmente que a Anatel adie a consulta pública por 90 dias. Dificilmente a agência acatará o pedido já que o decreto do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU III) coloca um prazo para que haja metas de qualidade na banda larga: 31 de outubro.

Além do prazo, o decreto é bem espe-cífico sobre a forma como a garantia de qualidade deve ser implementada, o que deixa a Anatel com pouca margem para mexer na proposta e tentar agradar as operadoras. Diz o texto: “A Anatel deverá adotar, até 31 de outubro de 2011, as medidas regulatórias necessárias para estabelecer padrões de qualidade para serviços de telecomunicações que supor-tam o acesso à Internet em banda larga, definindo, entre outros, parâmetros de velocidade efetiva de conexão mínima e média, de disponibilidade do serviço, bem como regras de publicidade e trans-parência que permitam a aferição da qualidade percebida pelos usuários”.

Ou seja, se o texto final da proposta ficar apenas com regras de publicidade e transparência, a agência claramente descumpre o decreto que diz que devem ser definidos parâmetros de velocidade mínima e média. A Anatel está entre a cruz e a espada e não tem muito tempo para pensar.

(COLABOROU SAMUEL POSSEBON)

motivo de segurança e para garantir a estabilidade do serviço. Além disso, de acordo com a fonte, nos principais merca-dos internacionais a diferenciação de pla-nos de serviço por tipo de tráfego é permi-tida e as operadoras, por meio de contra-tos de peering, também podem cobrar dos provedores cujos serviços geram um alto consumo de banda.

MarketingOs parâmetros de qualidade propostos

pela Anatel valem apenas para as empre-sas com mais de 50 mil assinantes. A lógica da agência é que se os pequenos não tiverem qualidade, eles não consegui-rão se estabelecer no mercado. Mas, ao mesmo tempo, se não tiverem obrigações, eles terão condições de crescer sem tanta pressão regulatória.

Para Eduardo Neger, diretor presiden-te da Abranet, a proposta da Anatel está mais relacionada com marketing do que com a parte técnica, como argumentam as teles. Para ele, a disputa com a concorrên-cia levou as empresas a lançar planos com cada vez mais banda, sendo que esse movimento não foi acompanhado pelo investimento em rede que seria necessá-rio. Assim, as empresas deveriam, na sua visão, padronizar as ofertas. Ou seja: em vez de anunciar, por exemplo, 10 Mbps, anunciariam 5 Mbps, mas com uma garantia de banda nos moldes propostos pela Anatel. “Nós somos favoráveis à pro-posta. Se elas não conseguem ofertar o serviço com esse determinado nível de

compartilha com os demais a largura de banda, e os recursos ociosos são alocados dinamicamente. Assim, não há reserva de circuitos ou garantia de banda fim-a-fim, a não ser em conexões dedicadas, comer-cializadas para o mercado corporativo a valores muito mais elevados.

Mas não é só das metas que as empre-sas não gostaram. O critério de medição também desagradou, e muito. O grande problema é que, segundo as teles, a insta-lação de um software no computador do usuário não isola perdas relativas a vírus na máquina, lentidão do processador etc. Pela proposta da Anatel, as teles é que desenvolveriam este software de medição.

Interessante notar que o CGI.br, atra-vés de seu braço executor, o Nic.br, já desenvolveu um software para medir as velocidades das conexões no Brasil. Milton Kaoru, diretor de projetos do Nic.Br, argu-menta que o Simet é capaz de eliminar as variáveis domésticas, como lentidão do processador, compartilhamento da cone-xão e uso de programas de alto consumo de banda. O software desenvolvido pelo Nic.br mede a conexão da casa do usuário até o PTT, o que segundo Kaoru, elimina a interferência de possíveis lentidões nos servidores de conteúdo.

Além dos parâmetros de qualidade, a Anatel deu um passo gigantesco ao pro-por, em regulamento, a garantia de neu-tralidade nas redes de banda larga. Foi a primeira vez que a agência sinalizou em um texto regulatório esta obrigação. Até então, a neutralidade aparecia como um dos princípios do Plano Geral de Atualização da Regulamentação (PGR) e nas contrapartidas à fusão entre Oi e Brasil Telecom, mas não em um docu-mento com poder punitivo. A iniciativa foi muito aplaudida por entidades de defesa do consumidor e pelos movimentos de democratização da Internet, e é uma das bandeiras inclusive do CGI.br.

Um representante das operadoras classificou a proposta da Anatel como “populista” e “absurda”. Para ele, a pro-posta prejudica os consumidores e benefi-cia os provedores internacionais de con-teú do, como Google e Netflix, que ofere-cem conteúdos over-the-top (OTT), atuan-do sobre a camada de redes sem remune-rá-las. “Quem ganha nesse jogo são os over-the-top, cujos serviços gozariam de uma banda larga muito mais veloz nas casas dos clientes”, diz a fonte. Para a conselheira Emília Ribeiro, a regra de neutralidade proposta dá às empresas a possibilidade de limitar o tráfego por

Parâmetros de qualidade da Consulta Pública 46

Fonte: SindiTelebrasil. Além dessas metas técnicas, há ainda metas de atendimento e a obrigação de neutralidade de rede. Além disso, a proposta do novo Regulamento do SCM proíbe as empresas de diminuírem a velocidade do acesso a menos de 50% do máximo contratado em caso de uso excedente da franquia.

Fase 1: 12 meses após exigibilidade das metas (a partir do nono mês da entrada em vigor do regulamento)Fase 2: 12 meses após primeira fase. Fase 3: a partir da segunda fase

Métrica Fase 1 Fase 2 Fase 3

velocidade instantânea (download e upload)

20% da velocidade máxima contratada em 95% dos casos

30% da velocidade máxima contratada em 95% dos casos

40% da velocidade máxima contratada em 95% dos casos

velocidade média (download e upload)

60% da velocidade máxima contratada

70% da velocidade máxima contratada

80% da velocidade máxima contratada

latência bidirecional

até 80 milissegundos (terrestre) em 95% dos casos ou 500 milissegundos (satélite) em 95% dos casos

variação de latência - Jitter (download e upload)

50 milissegundos em 95% dos casos

40 milissegundos em 95% dos casos

30 milissegundos em 95% dos casos

Perda de pacotes (taxa de pacotes descartados)

2% em 95% dos casos 1% em 95% dos casos

Page 38: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

38 TeleTime set_2011

Começam a sair dos tribu-nais superiores brasileiros as primeiras decisões sobre as leis municipais que cobram pela utiliza-

ção do solo urbano, resultado de ações que ingressaram nas cortes no início dos anos 2000. O assunto é especialmente sensível para o setor de telecom e de energia, que preci-sam utilizar o espaço público para a instalação de suas redes. Mas não é só isso. Não existe ainda uma legisla-ção clara sobre a cobrança pelo direito de passagem na chamada faixa de domínio das rodovias e fer-rovias, bem como para o uso dos postes das empresas de energia elé-trica. Isso faz com que a mera insta-lação de infraestrutura de redes se torne alvo de incertezas regulatórias e riscos jurídicos.

Depois de uma verdadeira guerra judicial, em fevereiro de 2011 o STF julgou recurso da Associação Bra-sileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp) sobre uma lei do Rio de Janeiro que institui uma “retribuição pecuniária” pela ocupação do solo urbano. O entendimento do STF é que não cabe ao município legislar sobre matéria de competência da União, como é o caso de telecomunicações.

A decisão do STF já trouxe bene-fícios. Em julho, a 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que a Prefeitura de Ribeirão Preto não impusesse à Net Serviços cobrança por ampliação da rede subterrânea de cabos. O relator do processo, desembargador Venício Salles, infor-mou que a ação ajuizada pela opera-dora é procedente, uma vez que cabe à união regulamentar o assunto, e não aos municípios.

O setor de energia também come-mora decisão parecida. Em maio de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional uma

lei do município de Ji-Paraná (RO) que exigia o pagamento de taxa pelas Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) em razão da instalação de postes de transmissão de energia elétrica em solo e espaço aéreo públi-cos. Ambas as decisões passam a ser referência para os demais tribunais no julgamento de cobrança seme-lhante por outros municípios.

A TelComp ainda tem uma série de ações desse tipo contra diversas municipalidades. O gerente de infra-estrutura da entidade, Luis Henrique Barbosa da Silva, menciona algumas leis municipais que dificultam e as vezes impossibilitam que as compa-nhias instalem suas redes. Em São Caetano do Sul, por exemplo, as esta-ções radiobase (ERBs) devem estar a um distanciamento mínimo de 1 qui-lômetro entre elas. Pelo estudo da TelComp, a cidade comportaria ape-nas oito ERBs. As operadoras de tele-fonia, obviamente, têm mais do que

oito ERBs na cidade, porque a insta-lação delas foi amparada por decisão liminar da Justiça. Já em Campinas, a legislação fala que uma antena só pode ser instalada se ela for aprovada por 60% dos domicílios em um raio de 200 metros. “Algumas leis são arbitrárias, sem critério. Se a política pública é o aumento da construção de rede, isso tem que mudar”, afirma ele.

Postes e dutosSe o relacionamento entre as em -

presas e as prefeituras caminha para uma solução com as decisões judi-ciais e a criação de uma jurisprudên-cia, não se pode dizer o mesmo sobre a relação entre as próprias empresas. Luiz Henrique reclama da

falta de uma uni-formização do custo para o uso do poste das con-cessionárias de energia e do custo para a utilização da infraestrutura pertencente às concessionárias de rodovias. “Tem empresa cobran-

.:inFraestrUtUra

Os donos do soloSTF começa a julgar a favor das empresas as primeiras ações contra taxas municipais para o uso do solo urbano. Preço dos postes, por outro lado, continua sem solução.

“o posicionamento deles (aneel) não diVerge muito do nosso”

Ara Apkar Minassian, da Anatel

Foto

s: d

anie

l du

cci

erha

n d

aYi/s

hutt

erst

ock

Page 39: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 39

apontados pelas distribuidoras de energia e empresas deten-toras dessas infraestruturas.

Os argumentos usados pelas associações saíram de um estudo produzido pelo Centro Latino-Americano de Estudos da Economia das Telecomunicações (Celaet). O material concluiu que não há

previsão nem na Lei Geral de Tele co-mu nicações (LGT) nem na Lei de Concessões para que a Aneel fixe preços para o compartilhamento de infraestrutura. A conclusão pode ser estranha para o setor de telecomuni-cações, já que a Anatel estabelece uma multiplicidade de tarifas públi-cas e que tem na LGT um mecanismo claro de compartilhamento de redes (unbundling), embora nunca coloca-do plenamente em prática.

ContradiçãoNão deixa de ser contraditório

que ao auferir receitas com outros serviços, as concessionárias de ener-gia, que devem reverter essas recei-tas para a modicidade tarifária, aca-bam por prejudicar o sistema tarifá-rio de outro serviço de interesse público – telecomunicações.

Um dos argumentos daqueles que eram contrários à aprovação do PLC 116 era justamente a falta de uma legislação clara sobre a utilização dos já lotados postes e dutos das conces-sionárias de energia. Esse argumento também foi usado por aqueles que

foram contra as novas regras do SCM, que cria categorias de licença regio-nal e municipal. O estímulo ao surgi-mento de novos players só reforça a necessidade de que se tenha preços mais acessíveis e uniformes para que o acesso a infraestrutura básica não se torne um gargalo na expansão do serviço, sob o risco de que apenas quem tenha escala de negociação consiga um espaço no poste.

HELTON POSSETI

agências no caso de impasses no acerto comercial entre as empresas. O valor de referência também não se

aplicaria a contratos correntes.

HistóricoO estabelecimento de um preço

de referência para solucionar apenas casos de conflitos foi a solução encontrada para driblar um impedi-mento regulamentar da Aneel, que a impede de fixar preços para aluguel de infraestrutura, como demonstrou sua procuradoria em 2007.

Na época, a ideia de fixar um preço de referência geral (não ape-nas para os casos de conflito) não avançou porque a Aneel não teria amparo regulatório para fazê-lo. Duas contribuições a essa audiência, uma da Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Tele co mu-nicações (Aptel) e outra da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), questio-naram essa competência.

Essas duas organizações resgata-ram um estudo de 2001 que aponta-va problemas insolúveis na criação

de um sistema de cálculo. O proble-ma apontado é em âmbito regulató-rio: ao contrário da Anatel, a Aneel não possui competência legal para deliberar sobre preços de locação dessas infraestruturas. material apresentado pelas associações solici-ta uma análise mais apurada por parte da procuradoria da Aneel sobre a competência da agência nesse tema. O resultado foi um pare-cer ponderando os mesmos aspectos

do R$ 10 mil por qui-lômetro a título de direito de passagem, preço que inviabiliza qualquer plano de negócio”, diz ele. O preço para uso de poste, por exemplo, pode variar de R$ 2,50 para R$ 12, dependendo da região e de quanto tempo existe o contrato. E pelos cál-culos da TelComp, para cada quilô-metro de rede são necessários cerca de 40 postes.

Anatel e Aneel há tempos estudam uma legislação conjunta para colocar um fim nesses problemas. A novidade agora é que, ao que parece, o assunto começa a ser tratado no âmbito dos ministérios. O Ministério das Co mu -nicações já fez uma primeira reunião com o Ministério dos Transportes e pretende levar o assunto também ao Ministério das Minas e Energia.

No ano passado, Anatel e Aneel submeteram uma proposta de resolu-ção conjunta à consulta pública. Embora a previsão da Anatel fosse de que a resolução estivesse publicada ainda no ano passado, o fato é que até agora nada aconteceu. O superinten-dente de comunicação de massa da Anatel, Ara Apkar Minassian, respon-sável pela negociação com a agência de energia, explica que a proposta já foi levada a ambas as procuradorias e a da Aneel sugere algumas modifica-ções, que estão sendo estudadas pela Anatel. O processo é demorado, segundo Minassian, porque não pode haver divergências entre as agências, já que se trata de uma resolução con-junta. “O posicionamento deles não diverge muito do nosso”, afirma o superintendente da Anatel.

Minassian é cuidadoso em dar novos prazos para a publicação da resolução. Como o documento sofreu alterações em relação àquele que passou por consulta pública, o con-selho diretor da Anatel pode enten-der que é preciso uma nova rodada de consultas à sociedade.

Ficou acertado entre as duas agên-cias um preço de R$ 2,40 como refe-rência para o aluguel de postes. O valor não será imposto em nenhuma nego-ciação, mas será o parâmetro utilizado pela arbitragem conjunta entre as

“algumas leis são arbitrárias, sem critÉrio. se a política pública É o aumento da construção de rede, isso tem que mudar”Luiz Henrique Barbosa Silva da Telcomp

não deixa de ser contraditório que ao auferir receitas com outros serViços, as concessionárias de energia, que deVem reVerter essas receitas para a modicidade tarifária, acabam por prejudicar o sistema tarifário de outro serViço de interesse público, o de telecomunicações.

Page 40: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

40 TeleTime set_2011

Custou a chegar, mas os servi-ços de ultra banda larga começam a ser oferecidos pelas operadoras em diver-sas capitais e outras cidades

do Brasil. Já é comum encontrar paco-tes de 30, 50 e 100 Mbps (com uplinks menores, é verdade).

Mas o que existe por trás de tudo isso? Como as operadoras estão prepa-rando suas redes para oferecer altas taxas de transmissão com qualidade de serviço e experiência? Segundo o dire-tor de tecnologia da Nokia-Siemens para a América Latina, Wilson Cardoso, do lado do usuário é preciso haver transparência, ou seja, pouco importa a tecnologia utilizada, além de qualidade de experiência. Do lado da operadora, uma combinação entre “pouca enge-nharia e muita rentabilidade”.

Recentemente a Nokia Siemens rea-lizou um roadshow na América Latina com o objetivo de convencer as opera-doras de telefonia a reaproveitar suas redes ópticas legadas. De uns 15 anos para cá, essas fibras ópticas se deterio-raram, sofreram variações de tempera-tura, torções, e continuam operando com os mesmos equipamentos eletrôni-cos nas pontas, com throughput médio relativamente “baixo”, de até 1 Gbps. “Em muitos casos não é necessário substituir todo o link, basta trocar os elementos eletrônicos. Com isso é pos-sível chegar a 40 Gbps ou 100 Gbps e, em um segundo momento, em até 1,6 Tbps”, explica. Uma solução como essa, diz o executivo, não apenas reduz os efeitos da deterioração das fibras como também mantém a trans-missão de vídeo em alta defi-nição, mesmo com um des-compasso de até 250 picos-segundos no link da fibra. “Equipa mentos de rede mais antigos travam se esse des-compasso atingir 40 picosse-gundos”, compara.

Para Cardoso, no entanto, eletrôni-ca não é tudo. É preciso considerar todos os links de transmissão de dados. “O desafio não está só na última milha (backhaul), mas nas redes metropolita-nas e nos backbones. A partir do momento que começa-se a ter grande quantidade de usuários com ultra banda larga, as três ficam igualmente críticas”, diz.

Estudo recente do CPqD revelou que cerca de 38% de toda a planta óptica do Brasil apresenta falhas de dispersão de sinal (PMD, ou modo de dispersão de polarização, em português). Em outras palavras, possuem assimetrias e imper-feições que fazem com que as ondas viajem a velocidades diferentes e a pro-pagação dos pulsos ópticos ocorra de forma aleatória, o que limita a taxa de transmissão de dados nas fibras. Além disso, 46% dessa infraestrutura tem seu sinal enfraquecido ao longo do cabo por apresentar atenuação acima dos 0,24 decibéis (dB) por quilômetro, valor míni-mo recomendado por organismos inter-nacionais. Entre backbone e backhaul, cerca de 30 mil quilômetros de fibras foram analisados. Segundo Edna Aparecida Sabatina Saito, da gerência de Marketing de Produto e Inovação Óptica do CPqD, a amostragem representa a realidade de toda a infraestrutura óptica do país. Grande parte ainda opera com hierarquia digital síncrona (da sigla em inglês SDH), uma tecnologia inferior ao sistema de multiplexação por divisão de onda de luz (da sigla em inglês DWDM),

que permite a transmissão de dois ou mais comprimentos de onda simultâneos por um

mesmo meio de transmissão. “Nosso parque de fibras está bem desatualizado. Some-se a isso a mão-de-obra terceiriza-da, que muitas vezes corta e emenda essas fibras de qualquer maneira”, diz.

Apesar da imunidade a interferências eletromagnéticas e da maior capacidade de transmissão de dados em relação aos cabos metálicos, os cabos ópticos são compostos de fibras de vidro ou de mate-riais poliméricos com capacidade de transmitir luz de diâmetros ínfimos, da ordem de micrômetros (mais finos que um fio de cabelo) até milímetros. Por isso, são muito sensíveis a torções, dobras, trações e demais condições de estresse. Daí a dificuldade que muitas equipes estão tendo para instalar redes de fibra na casa do assinante.

Tendência é piorar Segundo a especialista, a tendência

é que este cenário piore ainda mais se nada for feito. Isso porque os serviços estão exigindo cada vez mais largura de banda e, com a evolução das redes, o enfraquecimento, perda e dispersão dos feixes de luz ao longo do cabo ópti-co também aumentarão. “Neste ano começam a surgir as primeiras RFPs (solicitações de propostas) de sistemas de 40 Gbps e a expectativa é que os de 100 Gbps cheguem entre 2012 e 2013, no Brasil em 2014”, prevê. Ela cita o exemplo de uma grande operadora nacional que migrou uma parte de seu backbone de 10 Gbps para 20 Gbps. “Fizeram e o sistema caiu, pois 73% do trecho daquela infraestrutura não esta-va apto a atender esse aumento de capacidade”, revela.

.:redes

Corrida de bitsComo as operadoras se preparam para oferecer links acima de 100 Mbps. Desafios passam por investimentos em backbone, backhaul, padronização de equipamentos e instalação adequada.

Foto

: arq

uivo

“o desafio não está só na última milha (backhaul), mas nas redes metropolitanas e nos backbones. a partir do momento em que começa-se a ter grande quantidade de usuários, as três ficam igualmente críticas.”Wilson Cardoso, da Nokia Siemens

Page 41: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 41

metros da casa do assinante. Daí até os domicílios, é cabo metálico com ADSL 2 ou VDSL, preferencialmente. Ou tra estratégia para forne-cer a ultra banda larga é ampliar a quantidade de armários e “pendurar” um número cada vez menor de assinantes por armário. “Com uma topologia assim e com uma tecnologia de cable

modem DOCSIS 3.0 é possível chegar a até 100 Mbps, mas não com banda garantida a todos os assinantes ‘pendu-rados’ na central”, diz Nelson Hiroshi Saito, diretor técnico da Furukawa.

Hoje, os desafios enfrentados pela Telefônica ainda são na padronização de equipamentos e na formação de mão-de-obra para trabalhar na constru-ção das redes. Na parte de rede interna, a Telefônica está optando por modelos alternativos para agilizar as instalações. “A distribuição dos sinais para os pon-tos de TV, por exemplo, estamos come-çando a fazer com a rede de cabos coa-xiais que já existe dentro das residên-cias”, explicou Kriger durante a ABTA 2011, lembrando que a fibra, de qual-quer maneira, continua chegando até um ponto da residência escolhido pelo usuário. “Essa rede de cabos de TV per-mite que a gente distribua até 100 Mbps”, diz Kriger.

Para Luis Andrade Lima, diretor de operações e tecnologia da Algar Telecom, primeira operadora a oferecer acesso comercial residencial no Brasil a 1 Gbps, a implementação da rede de fibra abre novas possibilidades de servi-ços e a garantia de uma rede de ultra banda larga simétrica e preparada para o futuro. “Descobrimos que quando colocamos velocidades muito elevadas na rede, os equipamentos do usuário, como o roteador doméstico, o terminal de Wi-Fi e mesmo os computadores não estão preparados para velocidades

superiores a 100 Mbps. Somos obrigados a trocar esses equipamentos em mui-tos casos”, diz.

Lima aponta também a falta de padronização nos equipamentos de redes ópticas como um grave problema para as operadoras, e diz que os CPEs (terminais de usuário), ainda são muito caros.

DANIEL MACHADO

PL 116 faz tempo. Sabíamos que isso iria acontecer e, como o vídeo é o ‘buraco negro’ do tráfego, ou seja, quanto mais banda você dá ao cliente, mais vídeo ele vai querer consumir, lan-çamos muito mais fibra que as demais operadoras”, diz. De fato, nenhuma outra tele tem investido tanto em fibras ópticas domiciliares no Brasil quanto a Telefônica desde 2009. A incumbent foi a primeira a apostar no fiber-to-the-home (FTTH) e atualmente sua rede passa de 500 mil home-passed no estado de São Paulo. Desde agosto do ano passado, oferece planos de 100 Mbps, conta com 25 mil clientes FTTH e pretende ampliar essa base a um milhão até 2015.

Mas, apesar dos bons resultados colhidos, Kriger não acredita que a ofer-ta da ultra banda larga se restrinja às redes FTTH. “As tecnologias baseadas em DOCSIS ainda têm uma evolução pela frente e não podemos desprezar concorrentes com 4 milhões de clien-tes”, diz, referindo-se ao padrão de transmissão de dados da arquitetura híbrida de fibra e cabo coaxial (HFC) e à Net, que construiu uma boa base de assinantes por meio dessa tecnologia. A GVT é outra que vem obtendo ótimos resultados, porém com rede de par trançado (xDSL) combinada com backhaul em fibra, apesar de também disponibilizar FTTH, só que por deman-da. A estratégia de ambas: levar a fibra óptica cada vez mais próxima da casa do cliente. Em diversos pontos, a opera-dora curitibana instala seus armários com fibra a uma média de 70

De acordo com a especialista, somente 4% de todo esse backbone carecia de substituição de cabos ópticos. Os outros 96% necessitavam apenas de medições, análises e algumas correções, sem gran-des investimentos. Reparos de fusões malfeitas e instalações de multiplexadores em pontos estratégicos do link, segundo ela, foram suficientes para restabelecer a qualidade de todo o trecho. Neste ponto, Edna concorda com o executivo da Nokia-Siemens. “Às vezes um equipamento mul-tiplex é o suficiente e sete vezes mais barato que um regenerador”, diz ela.

A executiva do CPqD cita outro dado para justificar a necessidade da consul-toria de uma empresa especializada antes de a operadora construir ou bus-car evoluir sua malha óptica: “a opera-dora gastará 30% em novos equipamen-tos para fazer o mesmo que faria com um simples serviço de análise e reade-quação da rede”, informa.

Recentemente, o CEO da Netflix, Reed Hastings, segundo notícia veicula-da no portal NextTV Latam, disse que os resultados da empresa na América Latina não serão tão bons quanto os do Canadá, primeira experiência da Netflix fora dos Estados Unidos. O motivo: a baixa oferta de acessos banda larga aos domicílios na região.

Nos EUA, o provedor de vídeo tem 24,6 milhões de assinantes (dados de junho) e pretende levar seus serviços a 43 países da América Latina até o final de 2011. A abertura do escritório da empre-sa no País está aguardada para setembro.

PL 116O executivo André Kriger, diretor de

fibra óptica da Telefônica, acha que o PL 116, que abre o mercado de TV a cabo às teles, será a mola propulsora que faltava para um maior e generali-zado investimento das teles nas suas redes de transmissão e acesso em fibra. Aprovado pelo Senado em agosto (mas ainda dependente de sanção presiden-cial), o PL 116 abre caminho para que as operadoras de teleco-municações assumam o controle das operações de TV a cabo e o vídeo, como se sabe, é o serviço que mais demanda capa-cidade de transmissão.

A Telefônica começou há alguns anos a investir em uma nova rede de fibra óptica. “Já esperávamos o

Foto

s: d

anie

l du

cci

“com uma tecnologia de cable modem docsis 3.0 É possíVel chegar

a atÉ 100 mbps, mas não com banda garantida a todos os assinantes

‘pendurados’ na central.”Nelson Saito, da Furukawa

“como o Vídeo É o ‘buraco negro’ do tráfego, quanto

mais banda Você dá ao cliente, mais Vídeo ele Vai

querer consumir”André Kriger, da Telefônica

Page 42: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Investir na formação dos funcioná-rios tornou-se fator preponderante para as operadoras de telecomuni-cações. Em função disso, os pro-gramas de ‘caça-talentos’ se torna-

ram um conceito cada vez mais comum às empresas do setor, que buscam ganhos em eficiência e competitividade, ao fabricar seu próprio funcionário. Na TIM Brasil, por exemplo, todos os olha-res estão voltados para os programas de estágio e talentos (trainee) “Sem Fronteiras”, duas das principais formas de suprir a demanda por profissionais qualificados dentro da operadora. “Queremos essas pessoas cada vez mais cedo”, conta Fernanda Abreu, gerente de desenvolvimento de recursos humanos (RH) da companhia. A estratégia da empresa é pegar os profissionais ainda na universidade ou, no máximo, dois anos após o término do período de estu-dos, para complementar a formação deles com a prática dentro da compa-nhia. Além das questões relacionadas às áreas específicas, a empresa também investe em competências de gerência e outras especialidades. “Damos aos fun-cionários uma formação de gestão tam-bém, para deixá-los preparados para assumir novos desafios na carreira”. Juntos os programas treinam hoje cem

pessoas, que são avaliadas periodica-mente e podem deixar a empresa caso tenham baixo aproveitamento. “Mas no caso dos talentos, de quem fica na empresa, após três anos pode até com-plementar a formação com cursos no exterior”.

Outra iniciativa da empresa para fomentar o mercado, atrair funcioná-rios e colaborar com a formação de mão-de-obra é se manter próxima às universidades. “Abrimos nossas insta-lações para visitas e levamos profissio-nais às instituições de ensino, para que eles façam palestras”.

A Alcatel-Lucent também aposta em parcerias com escolas para agregar conhecimento prático aos futuros profis-sionais da área de telecom. De acordo com Rafael Pedrosa Fernandez, diretor da universidade corporativa da empresa, atualmente existe um acordo com o Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) para desen-volver pessoas que desejam trabalhar com redes IP, um dos focos da compa-nhia. Fernandez comenta que o projeto é direcionado para ampliar o conhecimen-to dos professores e levar experiências às salas de aula. “Ofe re cemos mais espaço para que eles interajam com o mercado”. Na visão do executivo, esta iniciativa

ajuda na hora de trazer pessoas para dentro da empresa, porque divulga as oportunidades que os estudantes terão caso optem por trabalhar na Alcatel-Lucent. “O profissional que a gente está buscando é de redes IP e gente que entenda de telecom, alguém que tenha este conhecimento”.

Ele destaca que o grande problema para se conseguir trabalhadores em algumas áreas do setor decorre da evolu-ção constante das tecnologias à disposi-ção do mercado. “O currículo das univer-sidades não é compatível com a realida-de do mercado, porque surgem novas tecnologias a cada dia. Há uma defasa-gem”, diz. “Vemos essa evolução nos próprios produtos que usamos. Há cinco anos não existia iPhone, iPad e outros dispositivos que têm toda uma tecnologia por trás”, completa o executivo.

Segundo o diretor da universidade corporativa da Alcatel-Lucent, o canal direto com os formadores oficiais de mão-de-obra facilita no trabalho de garimpagem dos grandes talentos de áreas importantes, como engenharia e TI. “Certamente os melhores alunos estarão mais perto de uma vaga na empresa”, afirma. Fernandez avisa aos jovens que almejam uma oportuni-dade sobre a necessidade de se desta-car no programa de estágio, promovi-do pela Alcatel.

Atrair é fundamentalO sucesso dos programas de forma-

ção profissional oferecidos pelas empre-sas depende da postura do empregador, que deve sempre fidelizar os colaborado-res, oferecendo oportunidades para quem deseja deslanchar na carreira. Esta é a opinião de Andreza Santana, gerente de marketing da Monster, con-sultoria internacional de recursos huma-nos. “As companhias terão que ser cada vez mais atrativas para o funcionário, pois o mercado de trabalho mudou e elas estão vendo que não são mais as todo--poderosas”, diz, ao justificar que “o mercado de trabalho está passando por

.:recUrsos hUManos Wilian [email protected]

Os desafios da formaçãoDisputa por profissionais começa cada vez mais cedo e empresas buscam modelos de parcerias com universidades e centros de treinamento internos para formar colaboradores sob medida.

Como atrair os melhores talentos3 Desenvolver um programa de treinamento e estágio que agregue conhecimento sobre a área de atuação dos colaboradores e a respeito dos conceitos da empresa.

3 Oferecer ambiente agradável aos funcionários.

3 Ter plano de desenvolvimento e carreira para quem se destaca.;

3 Fazer parceria com as universidades, para atrair os alunos.

3 Divulgar e cuidar da imagem da empresa como boa empregadora

42 TeleTime set_2011

Page 43: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

set_2011 TeleTime 43

empresa que entra na disputa simplesmente com valores. “Se eles têm expectativa de crescer e saem da média, certamente darão resultados e terão aumentos na remuneração de maneira natural”, diz George Bettini. “Hoje a maioria dos candidatos já tem um plano de carreira e prefere as empresas que vão investir neles”, conclui.

Fernanda Abreu, gerente RH da TIM Brasil, também vê mais van-tagens na formação de profissionais dentro da empresa, em vez de contratar do mercado a preço de ouro. Para ela, a grande diferença está no fato de a com-panhia ter a oportunidade de desenvol-ver o profissional ‘sob demanda’. “Tem uma série de valores da empresa que eles conseguem absorver, enquanto uma pessoa que vem de fora não terá”. A executiva também destaca a questão

da má formação dos pro-fissionais e os vícios do mercado como pontos negativos na hora de buscar mão-de-obra fora. “Esses problemas come-

çam na base da pirâmide. Portanto, trazer do mercado muitas vezes é um risco”, diz. “Mas é claro que tem tam-bém suas vantagens, ele oxigena os processos, traz coisas novas”, conclui. A gerente de RH da TIM afirma que hoje a principal dificuldade da operadora é encontrar gente com as capacidades que a empresa quer, “profissionais que não se contentem com o status quo”. O diretor da universidade corporativa da Alcatel-Lucent, Rafael Pedrosa Fernandez, disse que entende a guerra de salários como um problema, tanto para a empresa quanto para o funcioná-rio, “porque, no longo prazo a remune-ração acima do mercado acaba pesando para a companhia e o emprego da pes-soa pode entrar em risco”.

Por outro lado, a vice-presidente de RH da Ericsson defende uma política de

estímulos no mercado para os super profissio-nais. “A gente tem que incentivar a competição saudável, inclusive com a remuneração. Mas, é claro, se a pessoa troca de emprego apenas pelo salário, no longo prazo ela não fica”.

temente, dificuldades para contratar. “Eles provavel-mente estarão em treina-mento a partir do segundo semestre do próximo ano, porque ainda estamos em fase final de planeja-mento para a nova turma”. Após entrar no programa, os estagiários ficarão na empresa por 12 ou 18 meses, e os melhores têm grandes chances de serem contratados. O gerente de RH da operadora acrescenta que, para colher bons frutos e sustentar seu crescimen-to, a GVT impõe critérios rigorosos de seleção e acompanhamento dos jovens

profissionais. “Nos últimos anos fize-mos um reforço em nossa estrutura de recrutamento e, inclusive, parceria com as agências de caça-talentos de Curitiba”, explica Bettini.

VantagensBuscar talentos precoces nas univer-

sidades, ou mesmo em programas de treinamento, ajuda as empresas a fugir das guerras de salário para tirar funcio-nários estratégicos da concorrente. “Esse movimento diminuiu muito, principal-mente porque os profissionais entendem que ganhando inicialmente um salário alto, eles podem ficar estagnados”, comenta. Ele acredita que uma empresa que capacita os profissionais e mantém planos de carreira tende a atrair mais

funcionários de ponta do que uma

transformações e, hoje, vivemos em um cenário onde não é mais o fun-cionário quem corre atrás do emprego e, sim, o contrário”, con-clui.

É com apostas como esta que a Ericsson tem investido em seu pro-grama de estágio, que recebe anual-mente uma média de 12 mil candi-datos para 50 vagas. “Nossa melhor propaganda é a satisfação interna, pois o colaborador é quem faz o boca a boca”, comemora Vera Gobetti, vice-presidente de recursos humanos da Ericsson no Brasil. Ela acredita que o sucesso dos programas de formação de mão-de-obra deve-se às oportunidades de crescimento que os funcionários veem na empresa. “Quando eles enxergam uma política de crescimento atrelada a desafios, certa-mente vão pensar dez vezes antes de nos trocar por uma concorrente”, declara.

Para a executiva, deixar o departa-mento de RH mais próximo dos trabalha-dores é também uma maneira de reter os talentos lapidados nos programas de formação, estágio e trainee, justificando os custos com treinamento e garantindo competitividade à empresa. “Temos mais de sete mil colaboradores e a satisfação deles é o nosso principal marketing”.

Na GVT a qualificação dos funcioná-rios ajuda a reduzir o peso dos super profissionais, que chegam à empresa com altos salários. “Temos suprido algu-mas necessidades com a capacitação interna”, comenta George Bettini, geren-te de recursos humanos da operadora. Ele também destaca que a propaganda positiva dos funcionários tem contribuí-do para atrair novos colaboradores para a empresa. “Temos recebido um número significativo de currículos para cargos de média gerência para cima. Este é um movimento que não víamos antes”.

A guinada da GVT nesta área acon-teceu em meados de 2007, quando a empresa desenvolveu o “Edutec”, um projeto de carreiras, que aliviou a pres-são por contratações em setores mais escassos como: TI e engenharia. Devido ao sucesso da iniciativa, a empresa estuda ampliar o programa para a área financeira, hoje o calcanhar de Aquiles do grupo, em franca expansão pelo Brasil. “Se não tivéssemos implantado, estaríamos com sérios problemas”. Bettini conta que, em 2012, a empresa pretende recrutar e capacitar 17 pesso-as para atuar nas áreas onde atual-mente existem gargalos e, consequen-

“nossa melhor propaganda É a satisfação interna, pois o colaborador É quem faz o boca a boca.”Vera Gobetti, da Ericsson

“ViVemos em um cenário onde não É mais o funcionário

quem corre atrás do emprego e, sim, o contrário.”

Andreza Santana, da Monster

Foto

s: d

ivul

gaçã

o

a má formação dos profissionais e os Vícios do mercado são os pontos negatiVos na hora de buscar mão-de-obra fora.

Page 44: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

44 TeleTime set_2011

Trânsito parado, semáforos desligados, iluminação públi-ca apagada, pessoas na rua sem poder trabalhar, sem se comunicar com a família ou

amigos, cenas de depressão, desespero e agonia. Não é a descrição de um terre-moto, tsunami ou o fim do mundo. É o possível retrato do momento em que a Internet parar.

Talvez seja exagero dizer que a Internet mudou tudo, mas é seguro dizer que o comportamento humano, o conhe-cimento, a rotina diária e a maneira como trabalhamos e nos relacionamos com as pessoas e com o mundo sentiram a sua pesada influência. Hoje quase tudo está em rede ou é parte integrante da rede. Há algumas semanas foi comemo-rado o “Dia da Internet” em alguns paí-ses. Mas será que aqui no Brasil temos realmente o que “comemorar”, com nos-sos índices de uso, disponibilidade e qualidade dos serviços ofertados de aces-so à rede por banda larga?

De acordo com o Relatório Global de Tecnologia da Informação do Fórum Econômico Mundial, de 2009 a 2010 os países da América Latina (representados por Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México) tiveram aproxima-damente 6% de penetração da conectivi-dade de banda larga e os custos de assi-natura foram dez vezes mais caros do que os preços dos países da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) – conside-rando Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Espanha.

No ritmo atual, ainda vão décadas para que os países da América Latina alcancem os níveis da OCDE: a região tem 45% de penetração da Internet e 6% de penetração da banda larga, enquanto a OCDE apresenta 85% de penetração da Internet e quase nove vezes o percentual de penetração da banda larga.

Uma pesquisa realizada pela consul-toria Point Topic no fim de 2010 demons-trou que a América Latina tem a conecti-

móvel uma solução possível para o desa-fio do acesso rápido à Internet. No entan-to, apesar da importância fundamental da banda larga sem fio, México e Brasil adotaram uma estratégia de taxação que reduz seu potencial de penetração ao incluir ainda encargos adicionais para a compra de aparelhos e serviços. Tais impostos dificultam a difusão dessa tec-nologia, em especial no Brasil.

A difusão da banda larga hoje parece ser essencial, já que a conexão discada não é uma opção aceitável nem mesmo para a população de baixa renda. Pesquisa realizada pela Intel no País apontou que, entre os que possuem aces-so à Internet em casa, 80% tem banda larga fixa. Além disso, mais de 60% dos donos de PCs no Brasil não podem viver sem acessar a Internet diariamente, além dos 13% que não possuem PC, mas nave-gam todos os dias.

Partindo da experiência e de casos de sucesso em outros países, observa-se que para a implantação eficiente de sistemas compatíveis com a necessidade que o mercado apresenta, é indicado que indústria, governo e universidades discu-tam e desenvolvam juntos os melhores modelos para a realidade brasileira e, a

partir daí, criem inicia-tivas que sejam eficien-tes para o consumidor final, rentáveis para os fornecedores do servi-ço, e que contribuam para o fortalecimento da economia. Só aí, finalmente, desastres naturais à parte, talvez possamos evitar que a cena descrita logo no início desse texto seja causada por falta de

infraestrutura tecnológica. E teremos algo a celebrar em um “Dia da Internet”, falando com orgulho de banda larga e conectividade em nosso País.

Fabio Tagnin*[email protected].:PontodeVista

Foto

: div

ulga

ção

O contínuo desafio da banda larga no Brasil

vidade de banda larga mais cara do mundo. De acordo com o relatório, o preço médio por Mbps cobrado para o DSL é superior aos US$ 22. É mais caro do que o cobrado no Oriente Médio e África (US$ 20).

A conectividade de banda larga mais barata do mundo pode ser encontrada em Hong Kong: US$ 0,028 por Mbps, seguido por Japão (US$ 0,048/Mbps). Pen sando nisso, a Telecom Advisory Ser-vices LLC solicitou que a GSM Association calculas-se o impacto dos impostos no desenvolvimento do segmento de banda larga móvel nos países emer-gentes. Esta pesquisa foi baseada em estudos de casos de países como México e Brasil, cuja tri-butação é considerada bastante pesada. O estudo chegou à conclusão de que para cada dólar reduzido dos impostos, os países emergentes gerariam um PIB adicional variando entre US$ 1,40 e US$ 12,60.

As desvantagens econômicas da banda larga fixa tornam a banda larga

*Diretor de expansão de mercado da Intel Brasil.

apesar da importância fundamental da banda larga sem fio, mÉxico e brasil adotaram uma estratÉgia de taxação

que reduz seu potencial de penetração.

Page 45: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Conecte-se a esta nova rede.

8 de novembro de 2011Hotel Paulista Plaza

das 9h as 18hAlameda Santos, 85 - São Paulo, SP

INSCRIÇÕES 0800 77 15 [email protected]

PARA PATROCINAR 11. 3138 [email protected]

Saiba mais sobre a programação em www.convergeeventos.com.br

PRINCIPAIS TEMAS AS LOJAS DE APLICATIVOS E SEUS MODELOS DE NEGÓCIOS | OS CONTEÚDOS PATROCINADOS | DAS MÍDIAS SOCIAIS À TV SOCIAL

O GINGA E AS PLATAFORMAS ABERTAS | CONTEÚDO E ENTRETENIMENTO | SERVIÇOS DE REDE E MUITO MAIS!

Venha participar do TV APPs 2011. Evento pioneiro que reunirá fabricantes, desenvolvedores de aplicativos e detentores de conteúdos para discutir interatividade e conectividade na TV.

EVENTO INÉDITO!

Calhau_TVApps.indd 1 02/09/2011 19:32:38

Page 46: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

46 TeleTime set_2011

A aprovação do PLC 116 muda a cara da televisão por assinatura. Haverá novos players e as operadoras de telefonia, entrando no setor sem

nenhuma maquiagem ou disfarce, vão fazer com que o cenário de distribuição de canais e pacotes fique turbinado. Com a participação de grupos com recursos para investir pesado na atividade, espera-se muita ação e muita novi-dade, em primeiro lugar utilizando as tecnolo-gias já autorizadas, e em curto prazo com a entrada pesada de IPTV. Mais tarde, as novas outorgas permitirão que qualquer grupo possa inclusive desenvolver seu negócio local de TV por assinatura, além de permitir a entrada de grandes grupos especializados neste negócio. A Anatel se prepara para abrir novas autoriza-ções em municípios onde não há serviço de cabo e expandir a competição nos mercados onde já existem empresas prestando o serviço, desde que haja manifestação de interesse.

Assim, um mercado que era há alguns anos extremamente controlado e regulado, com as limitações da Lei do Cabo, com outor-gas limitadas e carente de capital, fica agora escancarado. O resultado que se espera e que justifica esta mudança é a alegação de que assim poderá haver maior concorrência, melhores conteúdos, menores preços e melhor qualidade, beneficiando o usuário. É o que a expectativa de um mercado com múltiplos concorrentes nos traz.

Os elementos introduzidos pelo PLC 116 trazem um alento de modernidade para a área de comunicação de massa, inclusive com a autorização de participação de capital estrangeiro. A grande crítica, como exceção ao caminho da modernidade, é a de obrigar conteúdos nacionais sem critérios de qualida-de, criando novos cartórios e entidades inefi-cientes, como marca do Brasil retrógrado. Acabamos dando passos à frente, mas no final sempre um passo para trás.

Redes modernas e regulação moderna permitirão ofertas de programação, voz e banda larga nas redes triple play com qualida-de e com grande capilaridade pelo país afora, à semelhança de outros países que enxerga-ram esta necessidade há mais tempo e já vêm trilhando este caminho com determinação, coerência e continuidade.

Alguns cuidados, entretanto, devem ser tomados, pois a TV por assinatura se desenvol-veu nos últimos anos graças a uma situação favorável de renda, que ampliou a massa da população que pode ter acesso e pagar por este serviço. Destaque-se ainda a valorização do real frente ao dólar, que permitiu que os custos dos conteúdos ficassem menos proibitivos para as distribuidoras. É um fator importante, pois como o mercado de língua portuguesa sempre foi menos relevante que o de língua hispânica, nossos custos da programação importada foram sempre muito mais altos do que os pagos no resto da América Latina. O real forte faz com que esta relação fique mais suportável pelas distribuidoras, mas pode não ser uma relação permanente. A movimentação internacional e as crises econômicas podem afetar esta balança no longo prazo.

Outro elemento relevante para a populari-zação do serviço são os pacotes populares de entrada, que enfrentam a concorrência da TV aberta, que no Brasil é de boa qualidade.

Outro aspecto importante do PLC 116 é aquele que separa os mercados de produção e distribuição, impedindo que as operadoras de telefonia e de TV por assinatura sejam tam-bém produtoras de conteúdo e vice-versa. Essa separação veio do temor de que os grupos de telecom entrassem na área de mídia e conteú-dos. Essa política se choca com o relato feito por Jeff Shell, presidente mundial da NBC Universal International, o braço internacional da empresa que é controlada pela Comcast, durante a ABTA 2011. A razão do sucesso do maior operador de cabo dos Estados Unidos é exatamente a de ser o dono de conteúdos de vários estúdios e bandeiras, o que faz da NBC Universal, ao lado da Comcast, o maior conglo-merado de mídia do mundo.

Diante deste cenário que se desenha, de modificação do cenário da TV por assinatura no Brasil, é surpreendente que Jeff Shell des-taque a estratégia da Comcast de utilização de conteúdos próprios para alavancar sua oferta

de TV a cabo.Vale lembrar que no início deste ano a Comcast adquiriu por US$ 32 bilhões a NBC Universal da GE, se tornando um grupo de mídia e distribuição com faturamento de mais de US$ 50 bilhões. Com esta aquisição do conglomerado da NBC, a Comcast incorpo-rou uma grande gama de canais, estúdios e conteúdos com marcas famosas como Universal, USA, E! e muitos outros. A estraté-gia declarada da Comcast é levar canais de TV, banda larga de qualidade e voz, em paco-tes variados e alavancando sua presença e atratividade com conteúdos premium. Shell manifestou interesse em participar deste mer-cado no Brasil, e se este interesse estiver ligado à distribuição por cabo, poderá ter problemas com a interpretação do PLC 116, por exemplo. O mesmo vale para teles que queiram entrar em conteúdo, como a Vivendi, controladora da GVT.

Esta colocação estratégica da Comcast tem um quê de ironia para o mercado brasi-leiro, pois a história do setor de TV por assi-natura começou com a Abril e a Globo apos-tando que a TV por assinatura era veículo para seus conteúdos. Desde o início do mer-cado, no começo dos anos 90, se lançaram em uma competição ferrenha onde o diferen-cial competitivo estava associado aos conte-údos exclusivos de cada rede de distribuição. Com o tempo, essa estratégia mudou e os grupos de comunicação venderam as empre-sas de distribuição.

No momento em que os grupos de mídia estão se afastando desta atividade de operar TV paga, vemos justamente a Comcast revi-vendo aquela estratégia de valorizar seus con-teúdos para alavancar o negócio de distribui-ção. É uma tese que tem seus fundamentos, ainda que para gerar mais valor, o conteúdo tenha que ser distribuído no maior número de plataformas concorrentes possíveis. Esta ideia de valorizar conteúdos já passou por algumas tentativas que não tiveram sucesso, como o caso da AOL e Time Warner.

No Brasil, contudo, a coisa fica mais com-plicada, pois passa a ser tema de lei e não de decisão de negócios. É uma reviravolta que vai levar algum tempo para ser totalmente implan-tada e assimilada, e pode ser que não seja a última vez que as coisas mudam.

.:Ponto&contraPonto Cláudio Dascalcartas.tele ti me@con ver ge com.com.br

FO

TO

: AR

QU

IVO

o plc 116 traz um alento de modernidade para a área de

comunicação de massa.

A nova cara da TV por assinatura

Page 47: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011

Assine por um preço especial e ganhe 10% de desconto nos eventos

da Converge Comunicações.

Saiba mais sobre os eventos: www.convergecom.com.br/eventos

LIGUE GRÁTIS PARA0800 014 [email protected]

Preç

os vá

lidos

até

30/

09/2

011

som

ente

par

a o

terri

tório

nac

iona

l.

Revista TELA VIVAHá mais de 15 anos a principal revista

brasileira sobre TV aberta e paga, cinema e novas mídias em multiplataformas.

Realizada por uma equipe especializada no segmento de audiovisuais.

1 ANO = 11 EDIÇÕES + 3 ESPECIAISPagamento único R$ 150,00

Cartão de crédito 3x R$ 50,00

Revista TELETIMELeitura obrigatória para o profi ssional

de telecomunicações. Jornalismo independente e confi ável, acompanhando

e antecipando tendências do mercado de telecom desde 1997.

1 ANO = 11 EDIÇÕES + 4 ESPECIAISPagamento único R$ 186,00

Cartão de crédito 3x R$ 62,00

Revista TI INSIDE Publicação especializada em gestão e soluções de tecnologia da informação para os negócios. Abordagens instigantes em linguagem acessível a todos os públicos.

1 ANO = 11 EDIÇÕESPagamento único R$ 132,00Cartão de crédito 3x R$ 44,00

Revista TELETIMELeitura obrigatória para o profi ssional

de telecomunicações. Jornalismo independente e confi ável, acompanhando

e antecipando tendências do mercado de telecom desde 1997.

+ 4 ESPECIAISPagamento único R$ 186,00

Cartão de crédito 3x R$ 62,00

Revista TELA VIVAHá mais de 15 anos a principal revista Revista TI INSIDE

Publicação especializada em gestão e soluções de tecnologia da informação para os negócios. Abordagens instigantes em linguagem acessível a todos os públicos.

11 EDIÇÕESPagamento único R$ 132,00Cartão de crédito 3x R$ 44,00

Revista TELETIMELeitura obrigatória para o profi ssional

de telecomunicações. Jornalismo independente e confi ável, acompanhando

e antecipando tendências do mercado de telecom desde 1997.

4 ESPECIAISPagamento único R$ 186,00

Cartão de crédito 3x R$ 62,00

Revista TI INSIDE Publicação especializada em gestão e soluções de tecnologia da informação para os negócios. Abordagens instigantes em linguagem acessível a todos os públicos.

1 ANO = 11 EDIÇÕESPagamento único R$ 132,00Cartão de crédito 3x R$ 44,00

Page 48: Revista Teletime - 147 - Setembro 2011