revista teletime - 155 - junho 2012

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Ano 15 155 jun2012 www.teletime.com.br LEILÃO DO 4G Começa negociação para indenização e venda das operações de MMDS IPTV Sem diferencial competitivo, teles podem se aventurar numa empreitada fracassada ROAMING INTERNACIONAL: A NOVA FRONTEIRA Operadoras remodelam pacotes de voz e dados para uso no exterior e mercado cresce

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Revista Teletime - 155 - Junho 2012

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A n o 1 5 • 1 5 5 • j u n 2 0 1 2 w w w . t e l e t i m e . c o m . b r

LeiLão do 4GComeça negociação para indenização e venda das operações de MMDS

iPTVSem diferencial competitivo,

teles podem se aventurar numa empreitada fracassada

roaming internacional: a nova fronteira

Operadoras remodelam pacotes de voz e dados para uso no exterior e mercado cresce

Em recente manifestação em uma audiência pública reali-zada no Congresso, o minis-tro das Comunicações, Paulo Bernardo, cobrou das opera-

doras de telecomunicações mais investi-mentos. Disse que o investimento históri-co das teles, de R$ 17 bilhões, tem sido inferior às necessidades do mercado, que estariam na casa dos R$ 25 bilhões. Pode haver algum questionamento aqui ou ali sobre a precisão desses valores, mas o ministro está certo, e é seu papel cobrar mais investimentos das operado-ras, assim como é papel do governo cobrar das mesmas operadoras mais compromisso com o País, com as políti-cas públicas e com a manutenção de um serviço de qualidade. Estranho seria se o ministro não fizesse isso.

Mas de outro lado, o governo pre-cisa ser cobrado permanentemente para que agilize o que pode ser feito de sua parte. Nos últimos meses, dife-rentes ministérios, órgãos públicos e mesmo empresas estatais têm tomado medidas agressivas para corrigir dis-torções econômicas existentes. Os bancos estão sendo forçados a baixar suas taxas de juros ao consumidor por meio de uma redução sistemática na Selic e, sobretudo, pela ação proativa nesse sentido dos bancos estatais. As montadoras de automóveis estão tendo suas vendas estimuladas pela redução de impostos. Outros setores também recebem benefícios.

Não se pode dizer que na área de telecomunicações não exista nada. Existe, como o programa de desonera-ção para a construção de novas redes. Mas parece que cada passo leva meses para ser dado, e os resultados ainda estão muito aquém daqueles que se poderia esperar. Nos últimos meses, o governo sinalizou não apenas com a

redução de tributos para a construção de infraestrutura, mas também com um projeto para simplificar as regras de instalação de antenas, outro para incluir infraestrutura de telecomuni-cações nas obras públicas, outro ainda para reduzir Fistel, Fust e Funttel de serviços prestados a consumidores beneficiários de programas sociais.

Todos esses programas são impor-tantes, sem dúvida, mas a sua eficácia diminui na medida em que demoram a sair do papel. O programa de desonera-ção de redes, por exemplo, levou quase seis meses entre ficar pronto no Ministério das Comunicações e ser colo-cado em prática pelo governo, e agora aguarda regulamentação. As demais propostas ainda estão em estudo.

Pode haver uma discussão ainda acadêmica sobre os impactos da banda larga no crescimento do PIB, mas é indiscutível que, quanto mais banda larga, melhor é para o desenvolvimen-to socioeconômico do País.

Quando o governo anuncia medidas de combate às crises econômicas, o pensamento é sempre imediatista, nunca de longo prazo. Dotar o País de uma infraestrutura de banda larga que seja efetivamente massificada é uma ação estratégica, não imediatista. O Plano Nacional de Banda Larga, lança-do em 2009, deve ter seus resultados aferidos a cada dia, e os eventuais rumos, corrigidos. Não basta que o Minicom tenha projetos. É preciso que o governo como um todo encampe e cobre esses projetos e os faça sair do papel, contribuindo com o que for necessário, seja na forma de projetos de lei, MPs, decretos ou reduções tribu-tárias. E é preciso que as empresas façam a sua parte, mostrando a cada instante o compromisso com um proje-to de longo prazo.

Mais ação

.:editorial Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

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Presidente Rubens Glasberg

diretores editoriais André Mermelstein Claudiney Santos

Samuel Possebon (Brasília)

diretor comercial Manoel Fernandez

diretor financeiro Otavio Jardanovski

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editora adjunta e editora de Projetos especiais

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editor de mobilidade Fernando Paiva

redação Daniel Machado, Wilian Miron, Helton Posseti (Brasília), Leandro Sanfelice (Vídeo repórter)

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arte Edmur Cason (Direção de Arte);

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departamento comercial Bruna Zuolo (Ger. de Negócios)

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marketing Harumi Ishihara (Diretora) Gisella Gimenez (Gerente)

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Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A.

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caPaRoaming internacionalTráfego de voz e dados de brasileiros no exterior cresce a uma velocidade seis vezes maior que a média internacional. Operadoras remodelam pacotes, mas preços ainda são altos.

entreviStaNovos dilemasDiretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko, fala sobre os pontos de conflitos e convergência entre os interesses da Internet e o setor de telecom em um cenário de mudanças regulatórias em vista.

iPtvQuestão de modeloSem diferencial competitivo em relação à TV por assinatura tradicional, teles que optarem pela plataforma de IPTV podem se aventurar numa empreitada fracassada.

tv Por aSSinatUraResposta eficazMercado de TV paga vence o medo dos provedores over-the-top e responde na mesma moeda. Mas as mudanças de modelo estão longe de terminar, como mostram os debates da Cable 2012.

eStratégiaApenas o começoLeilão das faixas de 2,5 GHz dá início a dois processos de negociação entre empresas, com grande potencial de serem decididos por arbitragem da Anatel.

ServiÇoS móveiSMercado em expansãoCrescimento do mercado de banda larga wireless e as alternativas para rentabilizar os conteúdos móveis foram os destaques da 11ª edição do Tela Viva Móvel.

comPetiÇÃoVoIP reinventadoDepois de encararem a frustração dos primeiros planos de negócio, empresas de telefonia por IP começam a apostar em novos serviços e construção de rede própria.

SiStemaSIntegração complicadaConsiderada o último degrau para o fornecimento de serviços convergentes, a consolidação dos sistemas de TI alcança o topo das prioridades na agenda de praticamente todas as operadoras.

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O tráfego de voz em roaming internacional está desacele-rando no mundo: atualmente sua taxa de crescimento anual gira em torno de 5% e

o viés é de queda, revelam dados da Syninverse, empresa especializada em plataformas de roaming para operado-ras. Entre as explicações estão a crise econômica mundial, os altos preços cobrados pelas teles e a concorrência de aplicativos móveis de comunicação via VoIP, como Skype e Viber. Ao contrário da tendência mun-dial, no Brasil está havendo uma aceleração no crescimen-to do roaming internacional de voz que chega a ser até seis vezes maior que a média glo-bal em algumas operadoras. Quando analisado o roaming internacional de dados, o Brasil também está à frente. Contribuem para isso o bom

Fernando [email protected]

Novas fronteiras para o roamingTráfego de voz e dados de brasileiros no exterior cresce a uma velocidade seis vezes maior que a média internacional. Operadoras remodelam pacotes, mas preços ainda são altos.

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momento econômico do País, o aumento das viagens ao exterior e o fato de as teles nacionais terem finalmente experi-mentado uma remodelação de seus pacotes para ligações em outros países, o que inclui a simplificação e a redução dos preços. Todavia, as tarifas ainda são con-sideradas altas. Há espaço para melho-rar e contratos internacionais podem ser renegociados tendo em vista os eventos de grande porte que serão sediados no Brasil nos próximos anos, como a Copa

do Mundo e as Olimpíadas.O mercado de roaming

internacional passou muito tempo estagnado no Brasil. Seu público era composto basicamente por assinantes

pós-pagos, muitos deles com linhas cor-porativas, para quem o preço final era pouco relevante. Não havia elasticidade: reduções de tarifa não geravam aumento de consumo e de receita, o que mantinha as operadoras em uma confortável inér-cia. “Havia uma concentração no topo da pirâmide, que era inelástica”, reconhece o diretor de produtos móveis da Oi, Roberto Guenzburger. Calcula-se que apenas 10% da base pós-paga do Brasil tenha o serviço de roaming internacional ativado em suas linhas.

O cenário começou a mudar diante do bom desempenho da economia bra-sileira e da valorização cambial do real frente ao dólar registrada até 2011. Os brasileiros passaram a viajar mais para o exterior, inclusive aqueles com planos pré-pagos. O novo contexto desfez a inércia das operadoras nacionais. O pri-meiro passo consistiu na simplificação das tarifas, agora agrupadas em blocos de países. Na TIM, por exemplo, são três grupos: Américas, Europa/África e Ásia/Oceania. Em alguns casos, o agrupa-mento leva em conta a presença inter-nacional da holding por trás da opera-dora: na Claro, há uma tarifa única para o roaming em países cobertos pela América Móvil. Na Oi, EUA e Portugal compõem um grupo, enquanto os outros dois são Américas e “resto do mundo”. “Fizemos uma simplificação tarifária porque antes era muito complicado”, justifica Guenzburger.

Pode parecer uma medida óbvia, mas essa simplificação tarifária requer muitos cálculos por parte das operado-ras, pois os contratos com as operadoras internacionais não são firmados em

grupo, mas individualmente. São centenas de acordos bilate-rais. Muitas vezes eles são divi-didos entre voz, SMS e dados. Para ter uma ideia, a Claro tem 329 acordos de voz em 176 paí-

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“Havia uma concentração no topo da pirâmide, que era inelástica.”Roberto Guenzburger, da Oi

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pacote de 50 minutos por R$ 49 para chamadas em roaming internacional de qualquer país do mundo para qualquer operadora. No pré-pago, cortou o preço do minuto no exterior pela metade (de R$ 6 para R$ 2,99). A Oi, por sua vez, promete uma resposta no segundo semestre, com promoções mais agressi-vas durante as Olimpíadas. Enquanto isso, procura incentivar a ativação do roaming internacional cortando pela

metade o preço das chama-das de dentro de aviões da TAM (serviço que requer a ativação do roaming, pois é feito por uma empresa de comunicação via satélite).

Além da TIM, outras operadoras também registraram neste primeiro semestre uma melhora no desempenho do roaming internacional, o que pode ser atribuído ao aumento da renda do brasileiro, que está viajando mais, e às promoções das teles. Na Oi houve um incremento de 30% no tráfego de voz em roaming internacional quando com-parado o período de abril de 2011 a março de 2012 contra abril de 2010 a março de 2011. Nesse mesmo intervalo de tempo, o tráfego de roaming interna-cional da Oi aumentou 167%, enquanto a média mundial foi de 120%, segundo a Syninverse. Na Claro, entre abril e maio de 2012 houve um aumento de 50% nas ativações de roaming interna-cional em comparação com o mesmo período do ano passado.

nas Américas, Europa e África e dava direito ao recebimento ilimitado de cha-madas e mais 50 minutos em ligações para números da TIM e telefones locais do país visitado. A versão para dados oferece navegação ilimitada, mas a velo-cidade cai de 300 kbps para 50 kbps depois de atingida a franquia de 3 MB. Foi a primeira vez que uma operadora celular brasileira lançou um serviço de roaming internacional com uso ilimita-

do. Para viabilizar essa remodelação da oferta, Resende conta que passou mais de um ano renegociando um terço (cerca de 150) dos contratos bilaterais de roaming internacional da TIM. Os resultados puderam ser sentidos ime-diatamente: em três meses, o tráfego de dados de clientes pós-pagos da TIM no exterior aumentou 150%. Para o opera-dor, contudo, apesar dos preços convi-dativos, passou a ser mais comum ter problemas de dificuldade de autentica-ção em outras redes ou mesmo serviços incompletos (roaming de voz sem aces-so a dados e vice-versa), justamente porque os acordos não foram feitos com todas as operadoras.

A novidade trazida pela TIM, por outro lado, provocou a reação das demais operadoras. A Claro criou um

ses; 271 de SMS em 147 países; e 119 de 3G em 75 países. A TIM tem cerca de 450 contratos de roaming internacional em mais de 200 países. É comum haver acordos com duas ou mesmo três opera-doras em um mesmo país para garantir cobertura para o assinante.

Os valores desses contratos levam em conta o volume de tráfego internacional trocado entre as operadoras. Quanto maior for a troca, maior é o poder barga-nha para negociar descontos. Alguns dos contratos já preveem redução de preços proporcionalmente ao aumento do volu-me de minutos. Em outros casos é preci-so renegociar. “O Brasil tradicionalmente recebe mais turistas do que envia para o exterior. Mas isso está mudando em rela-ção a determinados países, como a Argentina e alguns países europeus”, relata o gerente de parcerias estratégicas da TIM, Eduardo Resende.

PromoçõesApós a simplificação tarifária do roa-

ming internacional, as teles brasileiras começaram a testar promoções com redução de preços para determinados grupos de países e em determinados períodos, como as férias de verão. O ponto alto foi a criação dos planos Liberty Passport, da TIM, em março deste ano, com cobrança por uso diário ilimitado de roaming de voz ou dados, com ativação automática. Quando do seu lançamento, o Liberty Passport Voz, por exemplo, custava R$ 19,90 por dia

Quando o Rio de Janeiro vira Paris

Imagine viajar ao Rio de Janeiro e pagar por minuto de ligação pelo celular o mesmo que você pagaria se estivesse em Paris. O que parece um pesadelo para a maioria dos brasileiros é a realidade vivida pelos assinantes de operadoras

regionais, como Sercomtel e Algar, quando viajam para fora de sua área de atuação. Isso mesmo: as tarifas de roaming nacional cobradas pelas teles de pequeno porte se assemelham àquelas de quem viaja para o exterior. Na Sercomtel, por exemplo, o preço do minuto fora de Londrina/PR, onde fica sua sede, alcança até R$ 0,95. Ou seja: praticamente o mesmo preço cobrado pela Claro (R$ 0,99) por minuto de ligação em Paris, Tóquio ou Honolulu. “Nosso assinante que viaja muito acaba usando dois celulares ou dois chips”, relatou o então presidente da Sercomtel, Roberto Coutinho Mendes, que deixou o cargo algumas semanas após conceder entrevista para esta matéria. Neste caso, não seria melhor para o londrinense adotar alguma operadora com abrangência nacional? A não ser que ele passe mais tempo fora de Londrina que dentro, a resposta é “não”, garantiu o executivo: “Ninguém ganha da gente em cobertura e preço em Londrina”.

E se o assinante da Sercomtel viajar para fora do Brasil? Aí a saída será mesmo utilizar outro chip, pois a operadora não oferece roaming internacional. “A demanda é insignificante. O custo seria tão alto que ficaria inviável”, justificou Coutinho. A necessidade de firmar centenas de acordos bilaterais com empresas dos seis continentes dificulta a oferta de roaming internacional por operadoras de pequeno porte como a Sercomtel. Uma solução poderia ser a contratação de uma espécie de hub global, que intermediasse a conexão com as teles estrangeiras.

com os novos pacotes, em três meses, o tráfego de dados de clientes pós-pagos da tim no exterior aumentou 150%.

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.:caPaPreços nas alturasApesar dos resultados positi-

vos, os preços do roaming inter-nacional ainda são proibitivos para muita gente, especialmente clientes pré-pagos. “As pessoas ainda têm medo do roaming internacional”, admite a diretora de serviços de valor adicionado e roaming da Claro, Fiamma Zarife. Aliás, a pró-pria TIM subiu os preços dos pacotes do Liberty Passport em junho, apenas três meses após seu lançamento. A empresa alega que os valores iniciais eram temporários. O aumento variou de 50% a 100%, dependendo do grupo de países e do serviço, e afetou quem viaja para Américas, Europa e África.

Mas qual a explicação para os pre-ços serem tão altos, até quando se trata de chamadas entre operadoras do mesmo grupo controlador? As fontes apontam a tributação como principal vilã. No roaming internacional, além dos impostos tradicionais cobrados para serviços de telecomunicações no Brasil, como o ICMS, há a incidência de imposto de renda. Isso sem falar na tributação que a operadora visitada também paga pela receita que recebe. A questão entrou na pauta do governo brasileiro: o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse em fevereiro que pretende negociar acordos bilate-rais com outros países da América do Sul para ten-tar reduzir os impostos sobre chamadas em roa-ming no continente.

O serviço requer ainda custos adicionais com a contratação de clearing houses financeiras e de

dados. São empresas como a Syninverse e a Mach, que cruzam as informações registradas pelas operadoras para verificar quanto cada uma deve a quem no fim do mês. Para completar, há o custo da remessa financeira internacio-nal de uma operadora a outra, isso sem falar nas diferenças cambiais, que podem pesar a favor ou contra, depen-dendo da oscilação das moedas. A maioria dos contratos é em dólar, o que demanda uma gestão cambial.

WiFi, Copa e OlimpíadasA perspectiva para os próximos anos

é positiva, contudo. Uma novidade que está prestes a sair do forno é o roaming internacional WiFi. A Oi promete ser pioneira. A operadora brasileira fechou acordo com a iPass, empresa que admi-nistra uma rede com 700 mil hotspots WiFi ao redor do mundo. A ideia é oferecer aos assinantes da Oi pacotes

para acesso a essa infraestrutu-ra no exterior. A primeira ação

será feita durante as Olimpíadas de Londres. “O WiFi é mais bara-to e a velocidade é mais alta”, compara Guenzburger, da Oi. Com a popularização de smar-tphones no Brasil, essa tecnolo-gia vem ganhando força. Paralelamente, fabricantes de equipamentos WiFi estão desen-volvendo pontos de acesso capa-zes de autenticar automatica-mente os assinantes móveis, per-

mitindo o acesso à rede sem a necessi-dade de digitação de um nome de usu-ário e senha. A novidade é chamada de “hotspot 2.0” e usa um novo padrão WiFi, o 802.11u, embora ainda seja pouco utilizado em aparelhos.

Outro fator que vai colaborar para a queda dos preços do roaming interna-cional é a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Calcula-se que, somente na Copa, entre 600 mil e um milhão de turistas estrangeiros visi-tarão o País. A estimativa da Syninverse é de que o tráfego de roaming interna-cional no Brasil durante o evento aumente na ordem de 300%. Trata-se de uma boa oportunidade para as teles brasileiras renegociarem alguns de seus contratos bilaterais com operado-ras estrangeiras. Ao mesmo tempo, será necessário se preparar para rece-ber tantos usuários visitantes em suas redes. “O planejamento precisa come-çar desde já. O primeiro passo é identi-ficar de quais países virá a maioria dos turistas e verificar a situação dos con-tratos de roaming com suas operado-ras locais”, aconselha Pablo Mlikota, vice-presidente da Syninverse para América Latina e Caribe. É esperado que boa parte dos turistas estrangei-ros sejam de países vizinhos, onde a participação de pré-pagos é alta. Um dos deveres de casa será adequar suas plataformas de maneira a permitir o roaming de pré-pagos. No caso deles, há um trabalho intenso das redes de sinalização que precisam se comunicar com os sistemas das operadoras de origem para checagem de créditos, o que é feito utilizando um protocolo conhecido como Camel. Ao mesmo tempo, as teles nacionais terão que investir em backhaul e monitoramento de tráfego nos locais onde os jogos acontecerão. Afinal de contas, no roa-ming internacional é precisa fazer valer a máxima do anfitrião hospitalei-ro: mi casa, su casa.

“as pessoas ainda têm medo do roaming internacional.”

Fiamma Zarife, da Claro

“o planejamento (para o roaming internacional durante a copa) precisa começar desde já.”Pablo Mlikota, da Syninverse

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De rádio para rádio, sem fronteiras

Enquanto as operadoras celulares penam para criar pacotes atraentes de roaming internacional, a Nextel resolveu esse problema há muitos anos... pelo menos no que diz respeito à comunicação via rádio-despacho entre os seus assinantes nos

países em que a empresa atua. Usuários da Nextel pagam uma taxa extra de R$ 29,00 por mês pelo serviço batizado de “conexão direta internacional”, que permite ligações ilimitadas via rádio entre assinantes da operadora nos seguintes países: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, El Salvador, EUA, México e Peru. Há também a opção de uso ilimitado por dia, ao custo de R$ 2,50.

Esse diferencial deixou de ser exclusivo da Nextel este ano. A Vivo lançou em maio um pacote similar para seus clientes do serviço Vivo Direto, equivalente ao rádio-despacho da Nextel, porém usando a rede celular. O preço é bem parecido ao da concorrente: R$ 29,90 por mês para uso ilimitado entre clientes Vivo Direto. Por enquanto está disponível apenas para quem visitar a Argentina ou o Uruguai, mas haverá expansão para outros países da América Latina onde a Telefônica também oferece o serviço de rádio-despacho sobre rede celular.

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A Internet é, a cada dia, mais central no ambien-te das telecomunicações. Seu protocolo (IP) já domina o core das redes

e progressivamente ganha mais importância no acesso. Os serviços começam a ser dominados por alter-nativas desenvolvidas pela Internet, como VoIP, IPTV e a própria oferta de conectividade em alta velocidade. E aos poucos as redes tradicionais de telecomunicações passam a se con-fundir com a rede de Internet, com as ofertas tradicionais tornando-se serviços de valor adicionado sobre a rede de banda larga.

Demi Getschko é o diretor-presi-dente do NIC.br, o órgão implementa-dor das políticas de Internet definidas pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil, responsável pela “organiza-ção” da Internet brasileira desde seus primeiros passos comerciais, no começo da década de 90. Getschko, por sua vez, também acompanha e contribui para o desenvolvimento da Internet no País desde seus primeiros passos. Nessa entrevista, ele fala sobre os principais pontos de conflitos e convergência entre os interesses da “comunidade Internet” e o setor de telecomunicações, as mudanças regu-latórias que estão em vista e o próprio futuro da rede e dos serviços que estão se desenvolvendo.

TELETIME - Com a discussão em torno do Marco Civil, entrou-se em uma fase em que a Internet será, definitivamente, um territó-rio regulado?

DEMI GETSCHKO - Acho que esse processo demorou demais até.

O que demorou demais, a propo-sição de um marco civil ou a trami-tação do projeto?

O Marco Civil deveria ter sido colocado em funcionamento. Passou-se o período de discussão de dois

anos, nas audiências anteriores, e agora teve essa repescagem. Se não dava para colocá-lo em prática, que pelo menos se segure essas tentati-vas de regulamentação para que elas não atropelem o andamento das coi-sas, para haver uma certa ordem.

Qual a sua expectativa? Que o Marco Civil pelo menos seja apro-vado com o texto atual?

Tenho visões pessoais em relação a isso. Acho que não adianta querer

muita coisa. Neutralidade, por exem-plo, é um conceito muito amplo e difícil de definir, que abarca todas as camadas da rede. Alguns falam em neutralidade e pensam em estrutura física, em como compartilhá-la de uma forma justa e impedir que alguém que a controle tenha um poder excessivo. Mas neutralidade é mais do que isso, ela vai para níveis de cima. Por exemplo, serviços que podem ser degradados de propósito por conta de questões concorren-ciais, ou situações nas quais grupos privilegiem acesso aos seus próprios conteúdos em detrimento de outros. A neutralidade deve levar em conta sempre o princípio de que a origem e o destino não podem ser questiona-dos. E o conteúdo não deve ser exa-minado por quem presta o serviço. Faz-se uma analogia com os Correios: eles não examinam as cartas antes de entregá-las. Claro, serviços dife-rentes podem ter tratamentos dife-rentes. As cartas têm de ser tratadas de forma isonômica, assim como as encomendas, mas é claro que entre as duas pode haver diferenças de tratamento. Não pode haver é quebra de neutralidade dentro de cada um dos serviços.

Mas para fazer essa diferencia-ção não é preciso olhar o remetente e o destinatário?

Não, porque nesse caso estamos falando de serviços. O serviço de VoIP, por exemplo, é de tempo real. Se atrasar um segundo, ele não fun-ciona, se não está dando tempo real a esse serviço, ele morreu. Correio eletrônico pode atrasar dois minutos e ninguém vai se matar por isso. Os serviços têm necessidades diferentes, a vida é assim. Queda de neutralida-de não é isso, é você não deixar o cara fazer VoIP porque você vende telefonia, ou não deixar ele assistir a um vídeo porque você também vende TV a cabo. Ou ainda não deixar o

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Demi Getschko

Samuel [email protected]

Os novos dilemas da InternetNeutralidade, regulação, privacidade e comercialização são alguns dos muitos desafios que a Internet enfrenta nos dias de hoje. E as soluções para os impasses ficam cada vez menos simples.

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usuário fazer VoIP porque ele não assinou o pacote “x”.

E privilegiar conteúdos em função de acordos comerciais? Assegurar que a Netflix, por exemplo, vai fun-cionar melhor do que outros serviços de vídeo caso haja um acordo entre a prestadora de serviço e a Netflix? Isso poderia ser feito, na sua inter-pretação de neutralidade?

É uma prática comercial que pre-cisa estar clara para o cliente, ou seja, ao assinar uma determinada prove-dora ele saberá: há uma regra do jogo que ele pode gostar ou não. Mas o problema principal disso é que se o cliente não gostar, ele não tem alter-nativa. Aconteceu nos EUA, onde a banda larga se disseminou com as empresas de cabo, que vendiam o serviço de Internet para ter mais receita. Mas em um dado momento as pessoas começaram a baixar víde-os pela Internet, ameaçando as recei-tas de TV. Alguns pensaram em blo-quear o acesso a vídeos, mas aí o problema é que o consumidor não tinha, em muitos casos, outro prove-dor de banda larga a quem recorrer. Isso foi considerado uma quebra de neutralidade séria, porque obriga o cliente a comer o seu prato feito.

O provedor pode não necessariamente bloquear o acesso ao serviço, mas ele pode degradar a qualidade do vídeo pela Internet até que este não represente uma ameaça ao serviço convencional.

O importante é haver clareza nas regras e nas condições. Se eu concor-do em dar as minhas informações em troca de um conteúdo relevante para mim, tudo bem. Se o consumidor não quer que suas informações sejam par-tilhadas, isso tem de ser respeitado. Mas há casos de quebra de neutrali-dade bem-vinda pelos usuários. Por exemplo, quando o provedor filtra os emails indesejados. Desde que isso esteja muito claro, desde que o consu-midor saiba que o seu e-mail está sendo filtrado e concorde, isso pode ser feito. Pode-se por exemplo pedir o bloqueio de conteúdos adultos.

No momento em que a Internet ganha uma relevância indiscutível para empresas de rede de teleco-

municações e empresas de conteú-do, é de se esperar que essas rela-ções comerciais entre os dois seto-res cresça. Isso cria a necessidade de regulamentar a Internet?

No Brasil, tivemos poucos casos de quebra de neutralidade, pelo menos não claramente, mas isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Por isso tem de haver ferramentas, algo que o texto do Marco Civil fala quando diz “conforme a regulamen-tação”. São muitas situações possí-veis nas quais isso possa se colocar. Meu único medo é colocarmos tudo numa mesma panela. Por exemplo, de telecomunicações.

Então a regulamentação não deve ser apenas de telecom, deve ser mais ampla, é isso?

Até porque no setor de telecomu-nicações já existe essa regulamenta-ção. Por exemplo, as prestadoras são obrigadas a trocar tráfego entre si, com outras operadoras. Tem as regras de qualidade. No caso da Internet, o tráfego não é determinís-tico, é estatístico, sujeito ao melhor

esforço. É claro que também é possí-vel manipular o melhor esforço, mas obviamente é um serviço estatístico. Se você compra um apartamento com vaga na garagem, isso é deter-minístico. Se não tiver a vaga você processa o prédio. Mas os elevadores são um serviço estatístico. Se você tem quatro elevadores para 200 apartamentos, certamente não existi-rá um elevador disponível o tempo todo para você. Você atende um número de pessoas e as outras espe-ram. Esses serviços estatísticos são assim, é assim com a água, com a luz... É um jogo complexo que tem muitos lados. É um serviço estatísti-co, mas não se pode usar essa porta para dizer que os acordos comerciais podem ser firmados livremente.

Isso tem que ser feito por uma agência reguladora ou isso deve ser

feito por um outro organismo de governança da Internet?

Tem que ter o acompanhamento da agência e regulação onde houver uma concessão ou autorização públi-ca. A Internet, por sua vez, é um ser-viço que cresce sem barreira de entra-da. Há diversos órgãos que podem atuar: proteção ao consumidor, Cade e várias instâncias, por isso não acho que deva haver uma agência regula-dora da Internet, até porque ela não deve ser regulada a ponto de alguém dizer que vai dar licença para um buscador, para um portal ou uma rede social. O trabalho de impedir forças econômicas de se aglutinarem, por exemplo, pode ser feito pelos órgãos de competição, não precisa de uma agência reguladora para isso.

No mundo todo se discute se o Estado ou as empresas devem par-ticipar mais da governança da Internet. O modelo brasileiro é melhor do que esses outros mode-los propostos?

Estados interferindo na Internet vão gerar legislações específicas. A

Internet é algo imaterial, se você obriga os provedores de hospedagem a pagarem uma taxa ou restringirem algum conteúdo, isso só vai gerar um êxodo para outros países. Havia um projeto de lei que dizia que os provedores de e-mail tinham que fazer a identificação positiva do usuá-

rio. Se você faz isso, todo mundo muda para o Gmail ou Hotmail. Esse tipo de deformação só afugenta e pre-judica as empresas brasileiras que prestam esse serviço, e isso prejudica inclusive a possibilidade de uma cobertura legal. Nada impede de haver leis que protejam o cidadão, a privacidade, mas se você restringe isso na Internet, a única coisa que vai acontecer é que se vai levar o conteú-do para outros países. Vai se criar uma Internet específica para o Brasil, o que é uma deformação, como acon-tece na China ou em outros países.

Como você avalia ambientes como o Facebook ou outras redes que retomam o modelo de walled garden, em que você não precisa deixar aquela comunidade?

Isso é mal, é o que era a America Online, a Compuserve... Eles tiveram

a internet é algo imaterial, se você obriga os provedores de Hospedagem a pagarem uma taxa ou restringirem algum conteúdo, isso só vai gerar um êxodo para outros países.”

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final do ano, na qual a comunidade está se posicionando. Modelos de negócio pré-Internet são rapida-mente alterados nesse novo ambien-te, e algumas pessoas se recusam a deixar uma região de conforto em que tudo funcionava bem para ir para uma área nova e ignorada. Operadores de telefonia, por exem-plo, tinham uma vida tranquila, mas na Internet perdem essa tranquili-dade. Da mesma forma acontece com a televisão, que tinha grandes barreiras de entrada e agora enfren-ta competição feita com poucos equipamentos e pessoas. Questões como propriedade intelectual tam-bém mudam nesse novo ambiente. Não se trata de deixar de remunerar o autor, mas de mudar o modelo, como mudou para os fabricantes de

máquina de escrever quando surgiu o computador. As telcos já passa-ram pela fase de “cair a ficha” e estão buscando outros modelos. O risco é que se tenha o provedor de infraestrutura e de serviço na mesma pessoa e isso pode afetar a neutralidade do serviço.

Hoje se vê empresas de teleco-municações em uma posição dife-rente da dos grupos de mídia na questão da neutralidade, por exem-plo, inclusive com esses grupos muito mais próximos ao que se diz ser o princípio original da Internet.

Talvez porque o negócio dos gru-pos de mídia não tenha mudado tanto quanto o das teles. Na Europa já se fala em cobrar taxas sobre os conteúdos, o que não faz sentido, pois o modelo de telecom é de cobrar pela infraestrutura. O Google deve pagar uma fortuna de teleco-municações nos EUA, e isso deveria remunerar a cadeia. Se não remu-nera é porque tem algo errado.

O modelo brasileiro de Internet traz desde os seus primórdios uma regra trazida pela Norma 4/95, que assegura a remuneração pela autenticação. Qual a sua visão?

Há um risco nessa discussão que está exatamente na pergunta. Que há remuneração pela autenticação. Quanto se pensou na Norma 4, esta-va clara a visão de que serviços de valor adicionado não se confundem com os serviços de telecomunica-ções. Isso se reforçou na LGT. Operadoras de telecom entendiam de redes, sinais, megahertz, mas na época não sabiam o que era um número IP. E para navegar precisa de um número IP. O golpe que se tentou foi caracterizar isso como tendo sido englobado pelas teleco-municações, e isso não aconteceu. A operadora de telecomunicações passou a operar também como pro-vedora de acesso, automaticamen-te. Isso não quer dizer que o prove-dor de acesso tenha sumido, ele só se confundiu, mas não quer dizer que seja desnecessário. Pode-se querer fazer o unbundling desse serviço de atribuir número IP. A tele pode vender pastel na feira, mas não quer dizer que o pastel seja um serviço de telecomunicações.

sucesso nesse modelo pela carência de uma rede social de amplitude, mas o conceito de deixar você lá den-tro, sem poder sair com seus amigos para outras redes, isso é algo que me parece um defeito de origem que vai se manifestar mais para frente. As pessoas não vão querer ficar amarra-das sempre, e isso provavelmente vai ser combatido com sucesso por alguém que proponha as mesmas vantagens, mas de forma aberta.

E empresas, como o Google, que optam pelo modelo de dar o serviço de graça em troca de informações pessoais que serão usadas para fins comerciais?

Até onde eu sei isso é feito com o conhecimento do usuário. O Google me parece uma empresa que de certa forma incorpora as ideias de Internet à nova economia mais profundamen-te. Não sei muito como um modelo econômico como o deles se sustenta. E também recebem muitas críticas pela nova política de privacidade deles. Mas me parece que não mudou muita coisa em relação ao que já era, exceto que as coisas estão unificadas. Os dados coletados sobre os usuários de fato são gigantescos, e se diz que se te dão um produto pelo qual você não paga, é porque pro-vavelmente você é o produto. Mas existem competidores em buscadores, e a nossa decisão de usar um buscador, que eventualmente pode coletar as palavras que utilizamos, é uma decisão pessoal. Espero que não se use essas informações para questio-nar o meu comportamento, e o Google de fato tem se mostrado resis-tente a abrir essas informações para países que o exigem. Mas não se pode dizer que vão continuar assim no futuro.

Hoje, na sua visão, o maior risco à concepção original, aos princí-pios originais da Internet, vem de empresas de rede ou de empresas de conteúdo? Ou não há risco?

A Internet parece ter essa coisa chamada “comunidade Internet”, que rapidamente se mobiliza quan-do existe um risco. Existe, por exem-plo, uma movimentação sobre essa reunião da UIT (União Internacional de Telecomunicações) de Dubai, no

a tele pode vender pastel na feira, mas não quer dizer que o pastel seja um serviço de telecomunicações.”

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O problema é que quando a Norma 4 surgiu era preciso trans-formar uma ligação telefônica em uma conexão à Internet, e isso deixou de existir...

Naquela época tinha um prove-dor que juntava dez linhas telefôni-cas da Telesp, por exemplo, coloca-va dez modems e compartilhava um link da Embratel ou outra empresa que tinha um link de Internet. Quando surgiu o ADSL, se eliminou essa etapa e a tele passou a ligar o usuário ao seu próprio link de Internet. E o provedor que agregava e estava no meio do caminho ficou sem ter o que fazer. Aí veio essa história da autenticação. Mas não sumiu a necessidade de dar IP para o usuário, só passou a ser feito pela mesma pessoa. É uma coisa natural.

E num cenário em que você tem carros conectados, casas conectadas, celulares conec-tados, não é natural que isso seja feito por uma mesma empresa?

É natural, e nem acho que se deva cobrar a mais para alguém dar o IP. Só é preciso deixar claro que existem camadas e que essas cama-das não podem ser misturadas, do contrário, Internet se torna um ser-viço de telecomunicações. Hoje nem é preciso mais ter razões sociais diferentes para fazer Internet e banda larga. Hoje até a UIT diz sobre como deve ser tratada a ques-tão do spam, e isso é algo que diz respeito ao conteúdo de uma men-sagem. É como se os Correios fos-sem filtrar a caligrafia de quem manda a carta. Não quer dizer que a UIT não tenha que trabalhar para melhorar a Internet. Só não pode ser dominado por alguém.

O que confunde um pouco é que hoje as redes das operadoras estão fundamentadas no protocolo IP, e ninguém esperava que ele fosse ser o padrão.

O IP foi desenvolvido com outros objetivos, diferentes dos protocolos da UIT, que sempre tinham uma preocupação com qualidade de serviço, bilhetagem... A Internet foi feita para ligar todo mundo, sem bilhetagem, e isso foi muito bem sucedido.

O protocolo IP sofrerá alterações para atender mais a essas necessi-dades das telecomunicações?

Existem algumas coisas revolu-cionárias acontecendo nesse campo. Não que o IP vá mudar radicalmen-te, mas a Internet do futuro vai ser diferente. No TCP/IP o pacote sem-pre tem origem e destino. Mas para algumas aplicações, é mais eficiente que não haja necessariamente uma origem e um destino. Por exemplo, buscar informações na nuvem, sem saber onde elas estão. Isso requer identificação de contexto, que é uma das coisas que estão acontecendo. Outra é você poder abrir canais nos

quais os pacotes passam sem ser analisados um a um. Como um stre-aming de vídeo ponto a ponto ou grandes conexões científicas, com redes orientadas à conexão. É uma volta à ideia de criar circuitos, só que sobre uma rede dinâmica. Por exemplo, para criar um canal para um serviço de telemedicina.

Sobre as regras de qualidade estabelecidas pela Anatel para o Serviço de Comunicação Multi mí-dia, a sua avaliação é de que elas eram necessárias?

São muito importantes, porque se você não faz isso, você permite que se transforme a natureza esta-tística da rede em algo passível de abuso comercial. Ou seja, o presta-dor te entrega um serviço péssimo alegando ser o que dá para fazer. É preciso ter parâmetros razoáveis. Não é dizer que todo mundo tem de ter 100% do que contratou, mas também não pode ter uma fração ínfima. Os parâmetros colocados pela Anatel surgiram de uma dis-cussão do NIC.br com as operado-ras, houve um consenso. Ninguém está classificando ninguém, é só estabelecer parâmetros mínimos.

Mas ainda há a questão de como se verifica isso.

Exato, são essas as definições mais complicadas. Pode-se medir da casa do usuário até a central da ope-radora, o que vai dar um resultado lindo, ou pode-se medir a realidade. Esse é um dos tópicos que insisti-mos: os pontos de medição precisam estar fora da rede da operadora, senão se estará medindo a qualida-de de uma intranet.

O que as operadoras dizem é que elas não podem assegurar a qualidade de algo que está fora da rede delas...

Mas a saída faz parte do serviço, senão não seria Internet, seria uma BBS. É pressuposto para um bom serviço de Internet o intercâmbio com outras operadoras.

Essa discussão passa pelos pon-tos de troca de tráfego (PTTs)? Porque parece que agora a respon-sabilidade de garantir esses pontos ficará mesmo com o NIC.br, e não com as operadoras.

É nos PTTs onde essas trocas entre operadoras acontecem. O que acha-mos estranho na primeira discussão proposta pela Anatel é que esses pon-tos fossem criados pelas operadoras, e um PTT tem que ser neutro. Se crio um PTT em que eu opero, posso ficar pouco ativo para buscar parceiros para trocar esse tráfego. E também tem uma confusão sobre o número de PTTs. Não precisa ter um monte de pontos de troca de tráfego, basta um para cada área de numeração. Eles têm de ser implementados onde exis-tem dois ou três sistemas autônomos, duas ou três redes. Se o PTT for bom, com vários participantes, várias opera-doras, vários provedores de conteúdo, as operadoras e provedoras de conteú-do virão até ele. Temos 22 e teremos muito mais.

Chegamos a um novo momento de necessidade de investimento em redes de saída de Internet, cabos submarinos etc., como houve no final dos anos 90?

Depende. Se os provedores de conteúdo e as operadoras de rede aderirem mais aos pontos de troca de tráfego, menor será a necessidade de saída internacional.

os pontos de medição precisam estar fora da rede da operadora, senão se estará medindo a qualidade de uma intranet.”

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A plataforma de IPTV começa a se consolidar como opção para a oferta de TV por assi-natura das operadoras de telecomunicações mundo

afora. De acordo com dados da consulto-ria Point Topic, divulgados recentemente pelo Broadband Forum, apenas no pri-meiro trimestre de 2012, 3,8 milhões de novos clientes de IPTV foram adicionados à base mundial, que totalizou ao final de março 65,6 milhões de usuários. Tal cres-cimento em grande parte se deve à China, que segundo o relatório acrescentou três vezes mais assinantes que qualquer outro país. Os chineses lideram o mercado de IPTV com cerca de 16,5 milhões de clien-tes; seguido pela França, com pouco mais de 12 milhões de usuários; e pelos EUA, em terceiro lugar com pouco mais de 9 milhões de clientes.

A grande questão aqui, entretanto, é que IPTV é apenas uma plataforma tec-nológica para a oferta de serviços de vídeo. Sem um modelo de negócios que ofereça um diferencial competitivo em relação às tecnologias convencionais de TV por assinatura, em especial a TV a cabo, a tele pode se aventurar numa empreitada fracassada.

O grande diferencial competitivo da plataforma de IPTV sempre foi a promes-sa de interatividade, uma vez que a trans-missão do vídeo se dá sobre o protocolo IP em uma plataforma convergente, característica que necessita ser bem explorada para obter resultados positivos.

“É o grande diferencial. A operadora não pode ser apenas um pipe de acesso, precisa agregar valor para competir e o provedor que terá mais sucesso no mer-cado será aquele com mais aplicativos e maior oferta de interatividade”, avalia o SDP & Prepaid Business Development da Oracle, Célio Rosa. O diretor da área de Home da Motorola, Marcos Takanohashi, concor-da: “Como a telefonia móvel, não existe um killer applica-

tion para IPTV, um único aplicativo mágico. O que vai diferenciar uma operadora é uma oferta ampla de vários serviços em cima da plataforma, a capacidade de rodar aplicativos e games, por exemplo”.

Teles em todo o mundo têm apostado em diferentes abordagens para tentar se diferenciar na oferta de conteúdos a par-tir de suas redes. Na visão do diretor de Tecnologia da Nokia Siemens Networks para a América Latina, Wilson Cardoso, é possível identificar quatro principais modelos. “Há quem prefira focar comple-tamente em rede, provendo conectivida-de pura; há quem aposte em uma opera-ção de IPTV com conteúdo próprio ape-nas com sua marca; há aque-las que fazem parcerias com

OTTs e colocam esse conteúdo em um portal para oferta on demand; e há ainda quem agregue à oferta clássica de IPTV conteúdos on demand de parcerias com OTTs”, enumera Cardoso.

O executivo cita ainda a compra de direitos esportivos e aplicações de intera-tividade como diferencial competitivo. “A BelgaCom transmite o campeonato belga de futebol em seu serviço de vídeo com marca própria e muitas operadoras na Ásia oferecem conteúdos OTT combina-dos com serviços de mensagens instantâ-neas e redes sociais”, conta.

TentativasO primeiro serviço de IPTV do Brasil,

o VideOn, da então Brasil Telecom, foi lançado em meados da década passada. A empreitada não obteve sucesso. À época, a legislação brasileira não permi-tia que operadoras de telecomunicações oferecessem uma grade de programa-ção, o que seria caracterizado serviço de TV a cabo, e o VideOn oferecia apenas uma biblioteca de VOD.

Em 2008, foi a vez da Telefônica lan-çar sua operação de IPTV sobre uma rede de fibra ótica na cidade de São Paulo, e esta sim incluía grade de progra-mação de canais (utilizando a licença de TV a cabo da TVA) e serviços de vídeo on demand. A tentativa, entretanto, não conseguiu fazer com que os potenciais clientes da Telefônica percebessem valor no serviço e podemos dizer que seu desempenho foi bem aquém do espera-do. “Tivemos menos sucesso do que a

gente gostaria. Estamos no mundo IP, mas da década pas-sada. Se oferecemos apenas IPTV, não temos diferencial e ainda temos a desvantagem da escala”, admite o diretor da rede de fibra da Telefônica/Vivo, André Krigger. Segundo ele, apesar de a rede de fibra óptica da Telefônica/Vivo já cobrir 1,042 milhões de domi-cílios, o total de assinantes de

.:iPtv Letícia [email protected]

Uma questão de modeloSem uma estratégia de negócios que ofereça um diferencial competitivo em relação às tecnologias convencionais de TV por assinatura, em especial a TV a cabo, a tele que optar pela tecnologia de IPTV pode se aventurar numa empreitada fracassada.

“o provedor com mais sucesso no mercado será aquele com

mais aplicativos e maior oferta de interatividade.”

Célio Rosa, da Oracle

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maiores malhas de fibra no core da rede e o que estamos fazendo agora é a cons-trução da última milha para entregar um serviço de qualidade”, detalha o diretor de Fibra e IPTV da Oi, Marco Dyodi Takahashi. A operação terá um headend centralizado e redundante e headends regionais para a distribuição de conteú-dos locais integrados a uma CDN para atender exigências da legislação de TV por assinatura.

A exemplo da Telefônica, a platafor-ma da Oi será a Mediaroom da Microsoft e, de acordo com Dyodi, a ideia é oferecer uma série de diferen-ciais como catch-up TV para todos os canais lineares, aplicações interativas avançadas, integração com redes sociais, recomendação de programas e TV everywhere. “A plataforma em que estamos trabalhando já nasce com a oferta de TV por assinatura também para as três telas, tablets, smartphones e computadores e como a TV everywhe-re e o catch-up envolvem mudança no modelo de distribuição, já iniciamos há algum tempo conversas com os prove-dores de conteúdo. É uma evolução do modelo e as programadoras estão entendendo isso”, conta Dyodi. O IPTV da Oi prevê ainda serviços over-the-top com parceiros de conteúdo integrados ao set-top e integração com o serviço de música Rdio.

“A gente aposta no IPTV e o que a gente acredita é que o produto precisa acompanhar as mudanças que ocorre-ram no uso da internet e que não foram acompanhadas pela TV por assinatura no Brasil”, conclui o executivo da Oi. Mas o IPTV será um produto voltado para o segmento de alta gama. O crescimento mais massivo em TV por assinatura da operadora deve ficar concentrado no DTH, pelo menos no princípio, em um movimento de expansão forte que já é registrado desde o começo do ano.

tablets. O empacotamento da GVT também foi um diferen-cial, na opinião de Compagno. “Todos os nossos set-top boxes

são de alta definição e estão conectados à nossa rede banda larga; assim pude-mos oferecer canais HD a partir do paco-te básico de entrada e uma ampla biblio-teca de VOD e o Power Music Club para todos os assinantes”. Esses foram os diferenciais que fizeram o serviço ser bem sucedido, na opinião do executivo. “Lançamos comercialmente em janeiro deste ano e até o final de março já tínha-mos 113 mil assinantes”, conta. Em maio, a GVT TV chegou a 193 mil assi-nantes, segundo dados da Anatel, e a meta oficial da empresa é chegar ao fim do ano com 400 mil assinantes.

E a GVT não deve ficar de braços cruzados enquanto Telefônica e a Oi se preparam para lançar serviços de IPTV com a plataforma da Microsoft. “A com-petição é sempre saudável e estamos bem posicionados e preparados. Já temos serviços inovadores como o Power Music Club, o Outra Chance (catch-up TV), aplicativos interativos como Twitter e tabelas de futebol e estamos trabalhan-do para lançar uma ou duas novidades por mês até o fim do ano”, conta Compagno. Segundo ele, o futuro do ser-viço da GVT caminha para uma maior oferta de conteúdos on demand, TV everywhere e experiência enriquecida de TV com serviços interativos.

A Oi, por sua vez, prepara para o segundo semestre do ano o lançamento do seu serviço de IPTV em cima da rede de fiber-to-the-home (FTTH), que ainda está sendo construída e que chegará a

2,5 milhões de homes-passed até 2015, com foco em clien-tes de alta renda. As primeiras cidades a receber o serviço serão Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “A Oi tem uma das

TV via fibra é de apenas cerca de quatro mil. Já o total de clientes de banda larga na rede de fibra está na casa dos 85 mil assinantes. “Cada vez mais o cliente quer além da programação linear, quer vídeos, séries e filmes on demand, conteúdos OTT e interatividade”, diz.

A solução encontrada pela Telefônica então foi trocar toda a sua plataforma de IPTV. “Paramos de vender TV na rede de fibra quando deci-dimos trocar a plataforma e há um ano estamos trabalhando para relançar o serviço de IPTV no terceiro trimestre com a solução Mediaroom, da Microsoft”, revela Krigger. A operadora está em tes-tes finais da plataforma, finalizando o desenvolvimento de aplicativos. “Essa parte do desenvolvimento de aplicativos é algo novo, estamos aprendendo a fazer, mas traremos serviços e produtos inova-dores, com acesso a sites e redes sociais, além da integração com Xbox e possibili-dade de controlar a TV com o Kinect”, detalha. Ressalte-se que a Oi também planeja utilizar a mesma tecnologia.

Há pouco mais de seis meses, a GVT optou pelo lançamento de um modelo híbrido entre TV via satélite (DTH), para distribuição dos canais lineares, e IPTV, para VOD e aplicações interativas. “Mesmo a GVT tendo uma rede mais nova, já preparada para grandes veloci-dades, a distribuição de programação linear em IPTV não compensa. Decidimos por fazer a distribuição por satélite e não pensamos em mudar esse modelo, ainda que tenhamos fibra na casa do usuário”, garante o diretor de TV por assinatura da GVT, Dante Compagno. Justamente por ter a distribuição linear em DTH, a GVT TV tem um headend único central e não tem uma CDN propriamente dita. “Temos servidores espalhados pela rede para armazenamento de conteúdo on demand, mas não chega a ser uma CDN”, diz.

A escolha da plataforma híbrida, com DTH e IP, permi-tiu alguns diferenciais competi-tivos para a GVT, como a pos-sibilidade de gravação em um dispositivo central, ao qual os demais decodificadores do usuário têm acesso aos progra-mas gravados no DVR; e, em breve, o mesmo será possível para outros dispositivos conec-tados, como smartphones e

“a competição é sempre saudável e estamos bem posicionados e preparados para lançar uma ou duas novidades por mês até o fim do ano.”Dante Compagno, da GVT

“é preciso acompanHar as mudanças no uso da internet e que não foram acompanHadas pela tv paga no brasil.”Marco Dyodi Takahashi, da Oi

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É um lugar comum dizer que, no mundo das telecomuni-cações, tendências e estra-tégias mudam rapidamen-te. Mas a realidade insiste

em reforçar o clichê. Se há um ano havia um pavor generalizado no mer-cado de TV por assinatura dos EUA sobre o impacto que os serviços de vídeo over-the-top (OTT) teriam sobre as plataformas tradicionais, este ano o medo parece ter ficado para trás. Não que os serviços over-the-top tenham fracassado. É que as plataformas tra-dicionais encontraram rapidamente formas de responder a essa mudança, e se os resultados ainda não aparece-ram efetivamente, existe forte espe-rança de que eles logo aparecerão. Este é o resumo que se pode fazer do clima da NCTA Cable 2012, o maior evento de TV por assinatura dos EUA, realizado em maio, em Boston.

Em 2011, o mesmo evento tinha um vilão citado em nove de cada dez palestras: Netflix. Era o símbolo, pelo menos para as operadoras de cabo, de tudo aquilo que destruiria seus mode-los de negócio. Este ano, o principal provedor OTT já não era mais um bicho-papão. Seja porque os resulta-dos econômicos e operacionais da Netflix não têm se mostrado tão pro-missores quanto no passado, seja por-que as operadoras conseguiram res-ponder com outras estratégias.

Pat Esser, CEO da Cox (terceira maior operadora de cabo dos EUA, com quase cinco milhões de clientes), optou por definir a Netflix como um “frienemy” (amigo e inimigo ao mesmo tempo). “Ao mesmo tempo em que ela disputa comigo no conteúdo, também impul-siona minha base de banda larga. Hoje 40% de meus usuários de banda larga têm Netflix e dão importância a isso”, contou.

A própria Netflix reconhece seu papel dúbio para a indústria de TV por assina-tura. “Não acho que sejamos necessaria-mente bons nem ruins para a indústria. Estamos apenas mudando os modelos”, disse Ted Sarandos, vice-presidente de conteúdo do provedor OTT.

Além da mudança de negócios, pare-ce haver alguns efeitos novos resultantes da migração dos conteúdos para uma plataforma over-the-top. A começar com uma óbvia redução da audiência dos mesmos conteúdos nos canais lineares. “É preciso agora contar essa audiência das novas plataformas para mostrar que existe oportunidade na publicidade tam-bém ali, caso contrário isso trará custos

para as plataformas tradicio-nais”, diz o CEO da Cox. O primeiro canal que efetiva-mente sentiu esse impacto foi o infantil Nickelodeon, um dos mais ativos na distribuição over-the-top. Ele perdeu audi-ência em 2011 nas platafor-

mas tradicionais, ao mesmo tempo em que canais cujos conteúdos não estão na Netflix, como o Cartoon, cresceram.

Ao serem ameaçadas pelas plata-formas OTT, as operadoras de cabo (e também as teles Verizon e AT&T, que operam TV paga nos EUA) responde-ram de duas maneiras: com opções que já estavam na mesa, como a ampliação significativa das bibliotecas e serviços de vídeo sob demanda (VOD); e com novas soluções, como as plataformas de TV everywhere. Nesse caso, o conceito por trás é muito pró-ximo das plataformas over-the-top, ou seja, distribuir o conteúdo pela Internet. A diferença é que um serviço de TV everywhere é complementar ao serviço tradicional, e exige que o usu-ário seja autenticado a partir de uma base de clientes que assinam TV paga.

“O conceito de TV everywhere nos animou muito desde que o lançamos. O sucesso do Netflix provou que as pesso-as queriam os conteúdos on-demand. Fizemos essa inovação mais rapida-mente do que qualquer outra inovação na história da indústria, e estamos vendo isso andar rápido no mundo

.:tv Por aSSinatUra Samuel Possebon, de [email protected]

Resposta eficienteMercado de TV paga vence o medo dos provedores over-the-top e responde na mesma moeda. Mas as mudanças de modelo estão longe de terminar, como mostram os debates da NCTA Cable 2012.

Michael Powell, presidente da NCTA: há espaço para os serviços pela Internet competirem.

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CObERTURAOferecida por

Cable 2012: corte de assinaturas começa a ser levado a sério.

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trazida por empresas como Apple e Samsung.

Conteúdo em altaDe qualquer forma, o

programador ganha. David Zaslav, CEO da Discovery, é um dos exe-cutivos da indústria de conteúdo que não tem ver-gonha de comemorar esse momento. “Somos agnós-

ticos sobre a tecnologia. Só temos que decidir o formato que vamos entregar, se longos formatos ou formatos curtos; como vamos entregar; e o quantos vamos cobrar”, diz. “De fato, esse é o melhor momento da indústria de con-teúdos”, afirma Zaslav.

Mas ao mesmo tempo em que os modelos de negócio vão se alterando, também começa uma nova fase de adaptação tecnológica, e um dos pila-res da indústria de TV paga, em qual-quer tecnologia, é o set-top box. Trata-se de um elemento fundamental da tecnologia de entrega de vídeo pelas plataformas tradicionais. É o ponto de relacionamento entre o consumidor e o produto, e também um dos princi-pais custos operacionais das operado-ras. Mas o que acontece no momento em que as interfaces de tornam cada vez mais over-the-top?

“Acho que nossos parceiros Cisco e Motorola não vão ficar muito felizes com o que eu tenho a dizer. Nossa velha plataforma de vídeo funcionou bem por muito tempo, mas o futuro está em plataformas IP. Nosso objetivo é ter vídeo em qualquer dispositivo conectado, com smart TVs, consoles de jogos, boxes, e tudo isso está em IP. Temos que estar onde as pessoas que

serviços por Internet passarem a competir, complementando o mo delo existente, e mesmo para que alguns assinantes desistam da TV a cabo tradicional”, disse ele.

Para Peter Stern, principal executi-vo de estratégia da Time Warner Cable, existe ainda uma questão a ser explora-da: por quê 8 milhões dos 25 milhões de usuários da Netflix não são assinan-tes de TV a cabo. “Existe alguma coisa ai, talvez uma oportunidade”. Para ele, a migração dos serviços para platafor-mas IP é uma realidade, e “a resposta das operadoras em uma nova política de empacotamento é crítica para evitar a perda de mercado com os cable cut-ters. Quando isso for uma ameaça con-creta, já será tarde”.

O impacto econômico dos “cable cutters” sobre a indústria de TV paga ainda é algo a ser medido, mas algu-mas coisas já são certas: isso não ame-aça a indústria de programação, que continuará vendendo conteúdo, qual-quer que seja a forma de entrega.

Para Jeff Bewcas, da Time Warner, as futuras gerações podem não querer ter o conteúdo em uma grande tela de TV, porque “não importa onde assistam, continua sendo TV.” Ele lembra que o jogo das “big screen” ainda não está terminado e que muita coisa pode mudar com a inovação que deve ser

todo”, diz Jeff Bewkes, CEO da programadora Time Warner. “O desafio da TV everywhere não é simples. E para isso dar certo, é preciso trabalhar em conjunto, mesmo que seja com seu competidor, para ter uma plataforma comum e que seja entendida pelo usuá-rio”, diz Chase Carey, CEO da News Corp, controladora de canais como Fox. Para ele, não importa mais se as pessoas assistem TV fora da casa. “O importante é a conveniência, e cada plataforma tem as suas vantagens”.

Cable cuttersEstas respostas podem evitar uma

migração massiva das plataformas tra-dicionais para as novas, mas não impe-dem que algumas pessoas decidam abdicar do vídeo entregue pelos meios convencionais para ficarem apenas com os conteúdos entregues pela Internet. É o que nos EUA se passou a chamar de “cable cutters”, um fenôme-no negado pelas operadoras nos pri-meiros sinais (quase sempre atribuído mais à queda no número de residên-cias do que a pessoas que optavam por ter apenas um serviço over-the-top), mas que agora começa a ser levado a sério naquele país.

Estima-se que esse ano cerca de 200 mil a um milhão de domicílios, no total, deixem de ter TV por assinatura nos EUA até aqui.

É pouco se comparado à massa de mais de 105 milhões de lares com TV paga nos EUA, o que significa uma penetração superior a 90% no total de domicílios, mas é um indicativo impor-tante. Até 2016, as estimativas apon-tam para a perda líquida de mais de um milhão de domicílios com TV paga no modelo tradicional por ano.

Michael Powell, presidente da NCTA (a associação das operadoras de cabo dos EUA) e ex-presidente da FCC, foi o encarregado de oficializar o fenô-meno em seu discurso de abertura da Cable 2012. “Vivemos um período de inovação. As operadoras de TV a cabo lidam hoje com novos dispositivos, integrados com a Internet e com modelos de negócio diferentes. Há mais competição, cada vez mais inten-sa e saudável. As teles são agressivas, as operadoras de satélite seguem na briga tentando convencer as pessoas a se livrarem do cabo. E há espaço para

Chamou a atenção de programadores e fornecedores durante a Cable 2012 a forte presença da Oi. A empresa estava presente com seu presidente Francisco Valim, o COO James Meaney, diretor de produtos e varejo da operadora, além de Ariel

Dascal, responsável pelo DTH da empresa, e Marco Dyodi Takahashi, responsável pelo projeto de fibra e IPTV. A expectativa do mercado é de que a Oi esse ano tenha um forte crescimento na oferta de serviços de vídeo. O que mais espanta são os números citados: há quem diga que a Oi esteja se planejando para chegar a um milhão de clientes ao final do ano. Também chama a atenção a construção de um uplink center e um headend próprio no Rio (até hoje a Oi optava por utilizar a estrutura da Media Networks, da Telefônica).

De outro lado, programadores e fornecedores presentes ao evento notaram a ausência de equipes da Vivo/Telefônica. A operadora não tem sinalizado a disposição de crescer em TV paga. Ao contrário, a empresa até estaria conformada com uma redução de base, aguardando para pegar a onda da distribuição de conteúdos over-the-top e a oferta de serviços por meio de sua rede de fibra que está sendo construída.

Presença marcante

“existem muitas opções sobre como converter conteúdo e serviços para ip e ainda não está claro qual

delas vai prevalecer.”José Felix, da Net

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rem”, disse Glen Britt, CEO da Time Warner Cable, a segunda maior opera-dora dos EUA, ao responder a uma pergunta sobre o fim dos set-tops.

Uma explicação um pouco mais detalhada veio de Peter Stern, princi-pal executivo de estratégia da Time Warner Cable. “Há anos os operadores de cabo investem bilhões em infraes-trutura e em set-tops para viabilizar seus negócios. As redes estão aí, e eu não vejo a hora de me livrar desse investimento em caixas para poder me focar no que realmente interessa, que é oferecer um bom serviço ao consu-midor”, disse ele. Segundo Stern, a experiência com os set-tops é quase sempre frustrante para o usuário, pois complica a interação com a TV, adicio-na mais um controle e tira a liberdade de conexão entre os aparelhos.

Mas nem tudo é tão simples para os operadores de cabo. Tony Werner, CTO da Comcast, lembra que o set-top ainda é um elemento importante porque dá ao operador algum controle na interface. “Com o set-top, conseguimos garantir um guia de programação funcional, conseguimos agregar serviços que ainda não estão disponíveis nas TVs conecta-das e assegurar que nossos serviços serão prioritários. Se dependêssemos apenas do menu das TVs conectadas, por exemplo, quem garante que não ficaríamos nos últimos ícones?”, provo-cou. Para ele, é natural a migração dos serviços de cabo para outras platafor-mas e a adoção de aplicativos como interface com o usuário em lugar de caixas específicas, mas o modelo tradi-cional ainda teria muito a oferecer.

Futuro incertoO presidente da Net Serviços, José

Felix, presente ao evento, chamou a atenção para um momento importante vivido pela indústria de cabo nos EUA: o de decidir pela forma como os conte-údos e serviços serão convertidos para IP e poderão funcionar de maneira transparente em múltiplos dispositi-

vos. “O problema não é como fazer. É que existem muitas opções sobre como fazer e ainda não está claro qual delas vai prevalecer”. Ele compara esse momento àquele em que as operado-ras de TV por assinatura precisavam digitalizar suas redes para conseguir ampliar a quantidade de canais e aco-modarem os serviços de banda larga.

Algumas inovações tecnológicas que há algum tempo já vêm sendo dis-cutidas no ambiente das telecomuni-cações, como padronizar as platafor-mas de software dos set-tops com HTML5, começam a virar padrão entre os fabricantes de set-tops de TV paga. A ideia por trás disso é permitir uma diversificação na elaboração de aplica-tivos e a migração dos conteúdos entre plataformas como smartphones e tablets, que também utilizam HTML5, por exemplo.

Plataformas como Google TV e o Mediaroom, da Microsoft (já utilizado nos serviços de IPTV da Oi e Telefônica), também começam a movimentar o mercado de TV a cabo, ainda que nem Google, nem Microsoft, manifestem planos de competir diretamente com as operadoras de TV paga.

Segundo Mário Queiroz, vice-presi-dente do Google responsável pelo desenvolvimento da Google TV, a pla-taforma (que provavelmente chegará ao Brasil no segundo semestre) deve continuar focada em busca e agrega-ção de conteúdos de diferentes prove-dores. Ou seja, ser um serviço de busca de vídeo e organização desses conteúdos, disponíveis em múltiplas plataformas, para o usuário.

A Google TV aposta que a renova-ção anual de cerca de cem milhões de televisores todos os anos será impor-tante para impulsionar a plataforma, que deve começar a vir embarcada em muitos desses aparelhos. Sem dar números, Queiroz não negou a estima-tiva dada pelo chairman da empresa, Eric Schmidt, de que a ideia do Google é estar em metade das TVs conectadas fabricadas no mundo. A previsão foi lembrada pelo moderador da sessão.

“É uma plataforma de software, baseada em Android. É aberta e com-patível entre diferentes dispositivos, e por isso acreditamos que ela rapida-mente estará em muitos dos televiso-res fabricados pelos nossos parcei-ros”, diz ele. Entre os desafios, ele coloca, está a adaptação aos processa-

.:tv Por aSSinatUraFechamento da sessão geral do painel da

indústria no Cable Show 2012. Da esquerda para a direita: Piers Morgan, da

CNN; Jeffrey Bewkes, da Time Warner; Chase Carey, da News Corporation; Pat Esser, da Cox Communications e Ted Sarandos, da Netflix.

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As maiores operadoras de TV a cabo dos EUA anunciaram uma parceria de interoperabilidade

das suas respectivas redes WiFi. Com isso, os usuários da Comcast (22,3 milhões de clientes), Time Warner Cable (11,9 milhões de clientes), Cox (4,8 milhões de assinantes), Cablevision (3,2 milhões de clientes) e Bright House (2,1 milhões) poderão partilhar os cerca de 50 mil hotspots controlados por essas MSOs em conjunto em suas cidades de atuação. As redes passarão a utilizar um nome único (CableWiFi). Nos EUA, as operadoras de cabo não disputam mercados entre si, já que o modelo de segmentação do mercado é por região.

Não é a primeira vez que as operadoras se unem em uma estratégia única para o mercado wireless. Há cerca de seis anos elas se aliaram para entrar como investidoras da Clearwire, operadora de banda larga por WiMAX que utilizava as frequências das próprias operadoras e da Sprint. O resultado do projeto foi abaixo do esperado e as operadoras de cabo saíram da joint-venture, acertando um acordo de venda do seu espectro para a operadora de celular Verizon Wireless por US$ 3,6 bilhões.

Na onda do WiFi

dores utilizados nos aparelhos de TV e algumas questões específicas referen-tes ao processamento de vídeo. “O Android foi desenvolvido originalmen-te para dispositivos móveis, e lidar com o processamento de vídeo por horas ininterruptamente, com alta definição, tem alguns desafios”, disse Queiroz, que participou do desenvolvi-mento do Android também.

Já a Microsoft tem como principal produto o Mediaroom, que se utiliza do hardware do Xbox, originalmente pensado como um console de games, mas que a cada dia se torna mais rele-vante para o consumo de mídia. Segundo Gerard Kunkel, media strate-gy advisor da Microsoft e da platafor-ma Xbox, hoje o consumo de conteú-dos de mídia já está “eclipsando” o uso para jogos no Xbox Live, rede online dos usuários do console. É por ela que os conteúdos são distribuídos. Segundo Kunkel, existem cerca de 60 milhões de consoles Xbox no mundo, dos quais cerca de 40 milhões estão conectados à rede Live. É importante notar que esse crescimento no consumo de mídia está acontecendo em paralelo com um

crescimento no consumo de games, diz Gerard Kunkel. “Nossos usuários consomem, pela Xbox Live, 84 horas de conteúdos de mídia por mês. Nos EUA, segundo a Nielsen, a audiência média de TV é de 150 horas por mês”, exemplificou o executivo.

E se os conteúdos das redes de TV por assinatura tendem a migrar para outras plataformas, isso certamente terá um impacto sobre as redes de celular.

A Verizon Wireless tem registrado volumes impressionantes de tráfego de dados desde que lançou a sua platafor-ma LTE. Segundo Dan Mead, CEO da empresa, que participou da Cable 2012, em 18 meses o volume de tráfego de dados na rede 4G já é maior do que todo o tráfego na rede 3G da operado-ra, que já está em funcionamento há quase cinco anos. “É um volume espan-tosos de tráfego com o qual precisamos aprender a lidar”. Segundo Mead, uma das respostas da Verizon Wireless é criar modelos de empacotamento por volume de dados. A Verizon Wireless, segundo informações de mercado, teria perto de cinco milhões de usuários LTE para uma base total de cerca de 88 milhões de clientes pagantes.

“Queremos que o usuário saiba que existe um limite de consumo de dados e que cada limite tem um preço dife-rente”, diz o CEO da operadora móvel.

A Verizon Wireless aproveitou o evento para anunciar sua própria pla-taforma de integração de vídeo, como a Google TV, marcando um novo passo das operadoras de celular no mercado de TV paga.

Glenn Britt, da Time Warner (esq.), com David Zaslav, da Discovery Communications: “o futuro está na plataforma IP”.

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O leilão das faixas de 4G rea-lizado pela Anatel em junho teve o desfecho mais previ-sível: as principais faixas, de cobertura nacional, fica-

ram com as grandes operadoras de celular, não houve interessados na faixa rural de 450 MHz e o interesse pelas faixas regionais está limitado apenas às regiões de maior poder aqui-sitivo. Mas, mais importante que isso, o leilão marca o começo de um ciclo e o término de outro.

O ciclo encerrado se iniciou com a edição da Resolução 544 de 2010, que abriu a faixa de 2,5 GHz para poder ser leiloada no futuro, deixando as empre-sas de MMDS com 70 MHz, de um total de 190 MHz. Além disso, a Resolução 544 também introduziu novos serviços que podem ser prestados na faixa: o de acesso a banda larga (SCM), o móvel (SMP) e até mesmo o serviço fixo (STFC) serão prestados em caráter primário em todo o bloco FDD (de 2.500 MHz a 2.570 MHz e de 2.620 MHz a 2.690 MHz) a partir de junho de 2013, quando tam-bém o MMDS ficará restrito ao bloco TDD (2.570 MHz a 2.620 MHz). Lembrando que os blocos TDD são para tecnologias não-pareadas, como o TD-LTE e o WiMAX, enquanto o FTD é para tecnologias pareadas, como o LTE.

Já o ciclo que começa agora será marcado por dois tipos de negociação, com um potencial enorme para serem decididas pela arbitragem da Anatel. Em primeiro lugar, as empresas de MMDS têm direito a uma indenização a ser negociada com aquelas companhias que arremataram os 120 MHz destinados a outros serviços. Na outra negociação, Telefô-nica/Vivo e Claro precisarão se desfazer das operações de MMDS das suas coligadas (TVA e Net Serviços, respecti-vamente), uma vez que opta-ram pela renúncia em 18 meses para poder participar da disputa pelas faixas nacio-nais de 4G. Caso elas não

vendam essas operações dentro desse período, a renúncia é efetivada.

Pelas regras do edital, quem com-prou as áreas adjacentes àquelas onde essas empresas têm outorgas de MMDS tem direito de preferência na aquisição da operação. Ou seja, a Sky terá prefe-rência na compra da operação da Telefônica em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba e da Net em Curitiba, Porto Alegre e Recife. Isso por-que a empresa adquiriu no leilão a banda U de 35 MHz nas áreas de regis-tro (código de DDD) nas quais essas capitais estão inseridas. A existência dessas faixas complementares se deve ao fato de que o MMDS tem um raio de

apenas 35 km, enquanto a área de registro é muito maior.

De acordo com o superin-tendente de serviços privados

da Anatel, Bruno Ramos, o direito de preferência significa, “em princípio”, uma negociação com a empresa que comprou a área complementar. Se essa negociação não prosperar, a interessada na operação (no caso concreto, a Sky) pode pedir arbitragem da agência. “Vai ser tudo tratado caso a caso”, disse ele. Existem ainda 119 lotes que não foram leiloados porque não houve renúncia das operadoras de MMDS que ocupam atualmente as faixas. Mas essas opera-ções poderão ser objeto de negociação espontânea entre as empresas. Quem comprar essas operações de MMDS, seja as que devem ser vendidas em 18 meses ou não, tem direito ao uso da faixa pelo prazo remanescente da outor-ga. Até mesmo quem comprar os lotes de áreas complementares terá suas licenças válidas pelo prazo remanescen-

.:eStratégia Helton [email protected]

Apenas o começoO leilão das faixas de 2,5 GHz dá início a dois processos de negociação entre empresas, com grande potencial de serem decididos por arbitragem da Anatel.

“as quatro empresas que ganHaram sabiam que teriam que participar. deverão arcar com os custos da indenização de acordo com a parte que cada uma tem da faixa.”Bruno Ramos, da Anatel

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Indenização Outro ponto previsto nas

regras e que precisa ser resol-vido entre as empresas, mas que possivelmente será arbi-trado pela agência, é a inde-nização para as empresas de MMDS desocuparem a faixa. A Resolução 544 prevê que a nova entrante na faixa deverá arcar com os custos de subs-tituição ou remanejamento

para a desocupação das subfaixas. O edital de licitação, por sua vez, adicio-nou os fatores a serem levados em conta pela Anatel, caso ela seja aciona-da: os custos incorridos em serviços técnicos de manutenção, de operação e de instalação, os investimentos realiza-dos em equipamentos ainda não amor-tizados e não depreciados, bem como os custos de migração dos equipamen-tos e da base de usuários. O problema, neste caso, é que as faixas perdidas pelas em presas de MMDS foram ocu-padas por quatro empresas (Vivo, Claro, Oi e TIM), e elas deverão indeni-zar as empresas de MMDS, de acordo

complementos das áreas 51 (Porto Alegre), 81 (Recife) e 11 (São Paulo). Uma coisa é certa: a Sky não poderia ficar com a banda U e a banda P, porque uma mesma compa-nhia não pode controlar espectro em FDD e TDD na mesma área de presta-ção, de acordo com a Resolução 546. Então, a banda P deve ser vendida para outra empresa, que venceu a banda U nas áreas complementares, com prefe-rência para TIM e Oi. É difícil imaginar como seria operacionalizada uma nego-ciação envolvendo duas empresas com-pradoras e uma vendedora: “Tem de fazer essa engenharia de espectro e societária. É difícil, mas dá para fazer”, afirma Ramos.

te da outorga da empresa de MMDS daquela determinada área de registro. Assim, a Anatel pretende igualar o ven-cimento dessas outorgas. Nas áreas onde não há MMDS a outorga é válida por 15 anos, prorrogáveis por mais 15.

DúvidasNesse cenário já bastante complexo

de acomodação do espectro que se abre, há pelo menos um ponto nebuloso sobre essa negociação entre as empresas de MMDS que precisam renunciar às faixas em 18 meses (Net Serviços/Claro e TVA/Vivo) e as que compraram as áreas adjacentes. No leilão, a Anatel vendeu a banda U (35 MHz) e também a banda P (10 MHz + 10 MHz). De acordo com o superintendente Bruno Ramos, os ven-cedores da banda P nas áreas adjacen-tes terão preferência para ficar com a banda P das empresas de MMDS. Isso coloca no jogo a TIM e a Oi. A TIM ven-ceu o lote de complemento da banda P nas áreas de registro 41 (Curitiba) e 21 (Rio de Janeiro) e a Oi venceu a P nos

“a anatel não colocou o mmds nessa licitação.

por que nos obrigar a sermos as únicas a fazer o mmds?”

Carlos André de Albuquerque, da Neotec

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com o tamanho da faixa que adquiri-ram no leilão. Bruno Ramos, contudo, acredita que as empresas chegarão a um bom termo sem a Anatel precisar intervir. “As quatro empresas ganhado-ras sabiam que teriam de participar. Deverão arcar com os custos da indeni-zação de acordo com a parte que cada uma tem da faixa”, afirma ele.

Negociar a indenização com as gran-des companhias é a principal preocupa-ção das empresas de MMDS. Desde a fase de consulta pública, a Neotec (asso-ciação que representa as empresas desse setor) solicitou à Anatel definição no edital, uma vez que isso não foi feito pela Resolução 544, de um método de cálculo para a indenização. A agência, por outro lado, optou por apenas indicar os fatores levados em conta caso tenha de arbitrar algum caso. “O mercado de MMDS é muito díspar. Algumas empre-sas investiram e outras não. Chegando para a Anatel, eu vou analisar o caso concreto”, afirma o superintendente Bruno Ramos.

FlexibilidadeMas a grande batalha das empresas

de MMDS, sobretudo aquelas que leva-ram as faixas regionais (Sunrise e Sky), é outra: como prestar o serviço de banda larga sem o peso da regulamen-tação de TV paga aplicada a estas mes-mas faixas e para qual elas são autori-zadas. A Neotec formalizou um pedido para que as empresas autorizadas ao MMDS fiquem isentas de prestar o ser-viço de TV paga no bloco TDD. “É com-

pletamente inviável. Vamos transmitir pouquíssimos canais e não vamos ser competitivos em banda larga”, argu-menta Carlos André de Albuquer que, presidente da associação e diretor de operações da Sunrise, empresa de MMDS que também levou algumas fre-quências para operar banda larga em cidades do interior paulista. O pleito, atualmente analisado pelo gabinete da conselheira Emília Ribeiro, já era men-cionado informalmente pela associação quando da edição da Resolução 544. De lá para cá, contudo, a manutenção do serviço de MMDS na faixa ficou ainda mais complexo por causa da aprovação da Lei 12.485/2011, que criou o SeAC (Serviço de Acesso Condicionado) e introduziu uma série de canais de transmissão obrigatória. “A Anatel não colocou o MMDS nessa licitação. Por que nos obrigar a ser as únicas a fazer MMDS?”, completa o presidente da associação.

Prazos incompatíveisOutro desafio negocial a ser venci-

do: pelas regras da Resolução 544, as empresas de MMDS têm direito a ocu-par os 190 MHz da faixa até 30 de junho de 2013. Depois disso, o MMDS permanece apenas no bloco TDD (2.570 MHz a 2.620 MHz). O problema é que esse prazo é incompatível com o colo-cado pelo edital para que as empresas Oi, Claro, TIM e Vivo atendam às sedes da Copa das Confederações com o LTE até 30 de abril de 2013. Todas as cidades-sede são ocupadas por empre-

sas de MMDS: Belo Horizonte (Mais TV/Sky), Brasília (Mais TV/Sky), Forta-leza (TV Show), Recife (Net Serviços), Rio de Janeiro (TVA/Telefônica) e Salvador (BahiaSat).

A Anatel aceitou sugestão da Neotec na consulta pública para haver um prazo limite para essas negociações serem concluídas: quatro meses a par-tir da assinatura dos termos. Mesmo assim, Carlos André de Albuquerque teme não existir tempo hábil para que as empresas de MMDS façam a migra-ção de todos os seus assinantes para um novo sistema e as teles, por sua vez, façam todos os testes necessários para ativar o LTE até abril de 2013. “Esse tratamento tem que ser feito com res-peito e responsabilidade com os clien-tes. Não se trata apenas de uma nego-ciação econômica”, afirma ele.

Novos entrantesO edital de venda das faixas de

2,5 GHz proporcionará a entrada de dois novos competidores em banda larga nas principais cidades do Brasil. Um deles é a Sky, que já mantém uma oferta comer-cial em Brasília através da ITSA, adquiri-da em 2009. O outro é a Sunrise, cujo controle passou para as mãos de um fundo administrado pelo investidor nor-te-americano George Soros, que promete injetar na companhia algo em torno de R$ 500 milhões.

As duas companhias fizeram lances pelos lotes da banda U, colocados em leilão. Na disputa entre as empresas, a Sky entrou com mais apetite e arrematou 12 dos 14 lotes aos quais apresentou proposta. Assim, a empresa somará algo em torno de 300 cidades às 101 onde já atua por meio da ITSA ou da TV Filme. Ao todo, a Sky desembolsou cerca de R$ 91 milhões nas novas licenças, que abrangem as áreas complementares de Curitiba, Porto Alegre e São Paulo.

A Sunrise, por sua vez, foi bem mais modesta do que se esperava. Apresentou proposta para três lotes e acabou arrematando dois deles: a área 19, correspondente à região de Campinas, e a área 12, que engloba municípios da região de São José dos Campos, ambas no interior de São Paulo. A companhia não foi vencedora no lote da área 11. A Sunrise apresen-tou proposta de R$ 19 milhões, que foi superada pela da Sky, de R$ 19,950 milhões. Ao todo, a companhia gastou R$ 19,094 milhões.

a grande batalHa das empresas de mmds é outra: como prestar o serviço de banda larga sem

o peso da regulamentação de tv paga.

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As faixas nacionais de 4G foram arrematadas, sem grandes surpresas, por Vivo, Claro, TIM e Oi, sendo que as duas primeiras

arremataram os blocos de 20 MHz + 20 MHz. A Vivo desembolsou R$ 1,05 bilhão pela faixa X no maior ágio do leilão, de 66,6%. A Claro, por sua vez, parece ter sido a companhia que fez o melhor negócio. A operadora do grupo América Móvil conseguiu a licença nacional de 20 MHz + 20 MHz do bloco W pagando R$ 844,519 milhões (ágio de 34,01%) e de quebra ainda arrematou outros 19 lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz dos blocos P por R$ 144,285 milhões. Ou seja, a Claro pagou R$ 21,1 milhões por MHz adquirido na faixa W e R$ 7,2 milhões por MHz na faixa P, que é regio-nal. E mesmo somando os dois valores, o montante ainda é menor que o total gasto pela Vivo apenas para a licença nacional de 20 MHz + 20 MHz no bloco X.

Na comparação entre Oi e TIM, que levaram as licenças nacionais de 10 MHz + 10 MHz, a subsidiária italiana parece ter se saído melhor. Apesar de ter pago um ágio um pouco maior do que a Oi pela licença nacional (7,9% contra 5%) e ter adquirido menos lotes regio-nais de 10 MHz + 10 MHz da banda P, a TIM conseguiu ficar com 20 MHz em mais mercados-chave do que a Oi, e gas-tando menos.

A TIM pagou R$ 340 milhões pela licença nacional de 10 + 10 MHz (R$ 17 milhões por MHz), e gastou outros R$ 42,238 milhões em apenas seis blocos adicionais de 10 MHz + 10 MHz (R$ 2,1 milhões por MHz), mas conseguiu esses blocos P em áreas estratégicas como as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. O total gasto pela TIM somou R$ 382,238 milhões.

A Oi acabou forçando a subida dos preços das faixas nacionais de suas concorrentes e foi a que menos ágio pagou (5%) arrematando sua frequ-ência nacional de 10 MHz + 10 MHz por R$ 330,851 milhões (R$ 16,5 milhões por MHz) e pagando outros R$ 68,93 milhões por mais

11 lotes regionais de 10 MHz + 10 MHz do bloco P (R$ 3,4 milhões por MHz). O destaque da Oi ficou pela aquisição do bloco P da região metropolitana de São Paulo, além de ter conseguido ainda as áreas de Salvador, Recife e Porto Alegre. O montante a ser desembolsado pela Oi no leilão é de pouco mais de R$ 399,78 milhões.

Satisfação geralTanto Carlos Zenteno, presidente da

Claro, quanto Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica/Vivo, disseram--se extremamente satisfeitos com as fai-xas adquiridas. “O êxito do leilão em um momento particularmente difícil da eco-nomia mostra a importância do mercado brasileiro para as operadoras internacio-nais”, afirmou Valente. Segundo o execu-tivo, era o objetivo da operadora conse-guir a banda que tinha como compromis-sos de cobertura rural em 450 MHz para as áreas do interior de Minas, São Paulo e no Nordeste. “São áreas complementa-res à nossa cobertura e o Nordeste é um dos mercados que mais crescem no País”, explica Valente. “Sabemos que há uma grande diferença entre ter 10 MHz e 20 MHz. Para uma empresa com um mercado de dados tão importante como temos, era importante ter a largura de espectro de 20 MHz como meio necessá-rio para manter a liderança no mercado”, acrescentou Valente.

Já Carlos Zenteno, da Claro, explicou que a ideia inicial da operadora era não apenas con-seguir uma faixa de 20 MHz +

20 MHz, capaz de ofertar velo-cidades teóricas de 4G de até 100 Mbps, mas também de conseguir o bloco W, que prevê compromissos de cobertura de banda larga rural em 450 MHz na região Norte. “Fomos a única companhia a apoiar o processo de licitação do 4G desde o ano passado e nos esforçamos desde o primeiro lance para garantir o resultado

com um bloco de 20 MHz + 20 MHz para oferecer maior velocidade para o usuá-rio”, afirma Zenteno.

Em resposta à provocação dos presi-dentes da Claro e da Vivo, que arremata-ram as faixa de 20 MHz + 20 MHz, o presidente da Oi, Francisco Valim, foi categórico: “O nome do jogo agora é retorno sobre o capital e a Oi acha que conseguiu o melhor possível”, disse ele em clara referência ao preço elevado pago pelos concorrentes.

Frustração no 450 MHzSe houve alguma surpresa no leilão,

foi a ausência de interessados pela faixa de 450 MHz. A sueca Net1, que inicial-mente demonstrou interesse pela faixa, na hora “h” não apresentou proposta. Tudo indica que a garantia de execução dos compromissos de R$ 1,8 bilhão tenha sido decisiva para que a empresa ficasse fora da disputa - esse foi o motivo de um pedido de impugnação do edital apresen-tado pela companhia. Outra que cogitava participar da disputa era a Oi, que até realizou testes de cobertura em 450 MHz em áreas de diferentes perfis geográficos.

Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a faixa de 450 MHz não foi vendida isoladamente à de 2,5 GHz por dois motivos. Primeiro, por insatisfa-ção em relação às garantias. Já as teles nacionais não entraram porque, na sua visão, prefeririam fatiar as obrigações da área rural entre elas.

Resultado esperado

“o nome do jogo agora é retorno sobre o capital.”

Francisco Valim, da Oi

“o êxito do leilão em um momento particularmente difícil da economia mostra a importância do mercado brasileiro para as operadoras internacionais.”Antônio Carlos Valente, da Telefônica/Vivo

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Tudo indica que o mercado de conteúdos e aplicativos móveis continuará aquecido nos próximos anos, conse-quência (e ao mesmo tempo,

causa) da acelerada expansão do uso das redes de banda larga móvel. Números apresentados pelo analista da Frost & Sullivan, Renato Pasquini, durante a 11ª edição do Tela Viva Móvel, evento organizado pela Converge em maio, mostram que a receita de dados das operadoras saltará dos atuais 17% para 35% em oito anos. Pelo levanta-mento feito pela consultoria, a cobertura 3G deve chegar a 100% dos municípios até 2019, ao mesmo tempo em que as expectativas para a adoção da tecnolo-gia de 4G no Brasil apontam para 22 milhões de conexões no País até 2017, impulsionadas principalmente por seu uso em smartphones e tablets. Apenas em 2013, primeiro ano de implantação do serviço no mercado bra-sileiro, estima-se que haverá 500 mil acessos 4G, a maior parte deles por meio de modems.

Pasquini, no entanto, adverte que a adoção pelo Brasil da frequência de 2,5 GHz, diferente da usada nos Estados Unidos, de 700 MHz, pode impactar numa dificuldade para se obter terminais 4G no País, num pri-meiro momento. Isto atrapalharia a adoção maciça da tecnologia. Na pre-visão do consultor, este problema tende a ser superado por fabricantes de aparelhos e operadoras no mé- dio prazo, sobretudo com a eventual adoção da mesma faixa de espectro por outros países, como a China. “A tendência de ado-ção da tecnologia é forte, mas ela vai coexistir com o 3G ainda por um bom tempo”, ponderou.

A consequência dessa expansão nas redes de banda larga móvel é evidente: mais usuários 3G e 4G significa mais usuários dos serviços móveis. E o Brasil é a bola da

vez. O Foursquare, rede social baseada em localização, já avalia a constituição de um escritório local no País. A base regional da empresa atenderá a toda a América Latina nos próximos 12 meses. Charles Birnbaum, executivo de desen-volvimento de negócios da companhia, afirmou no evento que a escolha não é aleatória. Afinal, o Brasil é o terceiro maior mercado do Foursquare no mundo, atrás apenas de EUA e Indonésia. “O País não é apenas o mer-cado mais importante da América Latina, é também o mercado nosso que mais cresce em número de usuários, 800% nos últimos 12 meses”.

DestaqueOutro tema discutido no

evento foi o de estratégias

para rentabilizar os centenas de milha-res de apps disponíveis nas lojas de apli-cativos, como Google Play e AppStore.

Os dois caminhos mais promissores são a publicidade e a venda de conteú-dos adicionais dentro do aplicativo, conhecida como “in-app purchase”.

Mas quando o assunto é publicidade móvel, o que se viu é que o mercado ainda está cheio de práticas pouco sau-dáveis. Sobretudo o uso de mecanis-mos enganosos para gerar resultados falsos em cima do uso inadvertido das plataformas móveis por crianças, como banners clicáveis e vendas de conteú-dos dentro dos aplicativos. Isso gera uma distorção: o número de clicks num determinado banner, por exemplo, não coincide com o número de acessos efe-tivos à página para a qual o banner

aponta. “A criança clica sem querer no banner, e antes de gerar a visita para o site móvel, aperta o botão home do apare-lho”, alerta Marcelo Castelo, diretor da F.biz, agência de mobile

.:ServiÇoS móveiS

Mercado em expansãoSeminário Tela Viva Móvel debateu o crescimento do mercado de banda larga wireless e as alternativas para rentabilizar os conteúdos móveis.

“a tendência de adoção da tecnologia 4g é forte, mas ela vai coexistir com o 3g ainda por um bom tempo.”Renato Pasquini, da Frost&Sullivan

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Tela Viva Móvel 2012: mercado espera novas aplicações com a implantação do 4G.

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marketing que tem combatido esse tipo de prática por conside-rar o resultado nocivo para a indústria como um todo. Segundo ele, esta rejeição espontânea do usuário aumenta o custo da ação de marketing mobile, que inicial-mente é, em média, de R$ 0,10 por usuário, e acaba subindo para R$ 0,50. “Há uma discrepância de 80% entre cli-ques e visitas efetivas ao site, porque de cada dez cliques contabilizados, apenas dois viram, de fato, acessos ao site móvel da empresa”. Castelo lembra, contudo, que essa discrepância leva à redu-ção do preço da CPM (custo por mil) paga.

É por este motivo que o diretor geral da AdLead no Brasil, Vlademir Bin, acredita que o uso de artifícios para forçar o usuário de conexões móveis a acessar um app é uma ação antiética. “Somos contra qualquer ação incentivada ou pouco clara ao cliente. Acho que o acesso ao conteúdo deve ser apenas por interesse do usuário”, ressalta.

Michel Lent, sócio da Aorta, acredi-ta que não há receita pronta para se fazer publicidade móvel. O segredo, por ora, é identificar a natureza do aplicativo no qual se espera pôr o anúncio. “Se for um jogo, o modelo ideal pode ser a remuneração por ação, ou seja, quando um usuário de fato usa o serviço”, afirma. Outra alternativa apontada por Lent é adotar o modelo de CPM, caso o objetivo do anúncio seja apenas divulgar a marca. Este formato de cobrança já é consoli-dado para publicidade em outras mídias. Ou, em outros casos, se for uma aplicação ou prestação de servi-ços, cabe usar a remuneração do custo fixo por download do programa.

“somos contra qualquer ação

incentivada ou pouco clara

ao cliente.”Vlademir Bin,

da AdLead

Prêmio Oi Tela Viva Móvel

Durante o evento, foram premiados os melhores cases de 2011 na

área de aplicações para mobilidade. Veja quem foram os vencedores da quarta edição do Prêmio Oi Tela Viva Móvel,

organizado pela Converge. Na edição deste ano, ao

todo, foram registrados mais de 14 mil votos.

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32 TeleTime jUn_2012

A competição acir-rada no merca-do de telefonia fixa, somada ao crescimento a ce-

lerado dos serviços móveis e à qualidade ainda instável da banda larga brasileira, tem levado a estratégia das empre-sas de telefonia fixa via IP (VoIP) praticamente a nocaute.

Na análise de especialistas consultados por TELETIME, o VoIP não decolou no Brasil por-que o modelo de negócios pensa-do inicialmente para a oferta do serviço era baseado na oferta de telefonia a baixo custo, especial-mente para ligações de longa dis-tância nacional e internacional. Entretanto, contrariando as previ-sões do mercado, o serviço foi pouco atrativo ao cliente residencial que, diante de um serviço com baixa qualidade, optou por se manter fiel à telefonia fixa convencional, ou preferiu utilizar plataformas de grupos interna-cionais como Skype, que proporciona chamadas gratuitas entre usuários do software. Restou às empresas de VoIP apelar ao mercado corporativo, com companhias em busca de redução de custos com a telefonia.

Agora, com mais alternativas de comunicação, essas empresas estão mudando seu modelo de negócios e apostando em novas formas de tornar o produto VoIP algo mais atraente aos olhos dos clientes. Programadas para atender a custos baixos o mercado cor-porativo, especialmente as pequenas e médias empresas, as operadoras de VoIP parecem não ter alcançado os

resultados que esperavam quando começaram a atuar no Brasil, na pri-meira metade dos anos 2000. A prova disto é um levantamento realizado pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), que revela: esta modalidade de telefonia é adotada por menos de um quarto das corporações entrevista-das. Em situação semelhante estão os serviços de videoconferência feitos por meio da conexão em banda larga do cliente, assinalada como em uso por apenas 24% dos responden-tes do estudo.

De acordo com José Luiz Pelosini, diretor de telecomu-

nicações da America Net, uma das empresas que tem investido em rede própria, o principal entrave aos servi-

ços de voz sobre IP é a percepção do cliente com relação ao custo-benefí-

cio que ele terá com o serviço. Ou seja, num cenário onde operadoras de

telefonia fixa criam planos de minutos cada vez mais atraen-tes para os clientes, o discurso de telefonia a baixo custo deixa

de ser um chamariz a novos adeptos das chamadas via rede IP. “Em muitos casos, os clientes ficam insatisfeitos com a qualidade das ligações e prefe-rem adotar planos de operadoras que têm rede própria, uma vez que o custo

por minuto de ambas as moda-lidades de acesso já está

muito próximo”.De acordo com ele,

sem um novo modelo de negócios, a tendên-cia é que o mercado

do VoIP pago seja “redu-zido ao máximo” nos próximos cinco

anos. Segundo ele, é preciso um novo modelo, “encontrando novos produtos e serviços para oferta agregada”.

A opinião de Pelosini é comparti-lhada por Cristiano Salimen, gerente de marketing de produtos da GVT. Segundo ele, o fenômeno do desinte-resse dos clientes corporativos pelo VoIP não é um hiato no mercado de telefonia fixa local apenas. Os minutos de uso por cliente (MOU) estão caindo tanto nas ligações locais quando em longa distância. A causa, segundo ele,

é a substituição fixo-móvel e o uso de outros dispositivos para comunicação. Alguns chegam a ter custo zero para a empresa. “Cada vez mais o cliente que tem aces-so à banda larga busca fazer contatos por outras plata-formas de mensagens ins-tantâneas, por exemplo. E, por isto, estão consumindo menos telefone”.

.:comPetiÇÃo Wilian [email protected]

VoIP reinventadoEmpresas de telefonia por IP, depois de encararem a frustração dos primeiros planos de negócio, começam a apostar em novos serviços e construção de rede própria.

“clientes ficam insatisfeitos com a qualidade das ligações e preferem adotar planos de operadoras que têm rede própria,

uma vez que o custo por minuto já está muito próximo.”José Luiz Pelosini, da America Net

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tinente. Outras oito cidades estão com o projeto em fase de implantação: Piracicaba, Santos, Cam pinas e Sorocaba (SP), Porto Alegre, Belo Hori-zonte, Curitiba e Salvador.

O motivo deste esforço é que nos últimos anos as transformações competiti-vas do mercado pegaram parte das empresas de sur-presa. A Transit precisou

mudar sua rede e agregar novos ser-viços e aplicações, como produtos de videoconferência e outros serviços a preços considerados mais acessíveis. Fernanda Barchese, superintendente de produtos da operadora, explica que, ao optar pelo VoIP, o cliente espe-ra pagar menos usando a telefonia e ter a mesma qualidade da ligação convencional. E ainda não há como fazer ofertas desta maneira se a ope-radora usar apenas a rede pública ou o acesso à Internet que o usuário já possui. “O comportamento do consu-midor deste mercado é não pagar qualquer quantia se o serviço for ofer-tado com menos qualidade”, relata.

próprias para garantir a qua-lidade dos serviços e otimizar o investi-mento com a oferta de Serviços de Valor Adicionado (SVAs).

A Transit Telecom é um exemplo de mudança de estratégia. Ela tem aposta-do alto na oferta de serviços dentro de um modelo de rede própria, construída com fibra ótica e tecnologia NGN. A empresa investiu R$ 200 milhões na construção de uma rede de seis mil qui-lômetros e, até o final deste ano, a pers-pectiva é dobrar a extensão desta rede. Com a nova rede, a operadora atenderá ao menos dez cidades como São Paulo e Florianópolis, onde a empresa já atua com fibra. Na capital catarinense, os cabos instalados conectam a ilha ao con-

Entretanto, ele afirma que, apoiado na força da marca GVT, o Vono (serviço de ligações por meio da rede IP oferecido pela operadora paranaense) tem con-trariado as estatísticas, assim como a telefonia convencional da companhia. De acordo com Salimen, nos últimos três anos o número de usuários do produto de VoIP da GVT cresceu 26%, enquanto a quantidade de linhas fixas da empresa aumentou 40%, na estei-ra da oferta de pacotes combinados com banda larga. O executivo assegu-ra que a estratégia da operadora para este serviço é se aproveitar do nome da empresa, em diversas regiões associado à qualidade, para driblar as restrições geográficas para a presta-ção de serviços e, desta maneira, garantir algum serviço onde a empre-sa ainda não atua.

Caminho das pedrasAs companhias que entraram no

mercado de telefonia nos anos 2000 focadas no mercado de VoIP têm apos-tado, agora, na construção de redes

“ao optar pelo voip, o cliente espera pagar menos

usando a telefonia e ter a mesma qualidade da ligação

convencional.”Fernanda Barchese, da Transit

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Em outras palavras, não compensa insistir na ideia de convencer o cliente a usar o serviço tomando como base apenas o preço por minuto da ligação.

A Transit tem mais de 80% de suas receitas vindas da prestação de serviços de voz local e longa distância. E dos 23 mil contratos (empre-sas atendidas) pela operado-ra, ao menos 4 mil são de usuários do serviço VoIP, um número significativo. “O importante é que com esta rede, o cliente pode escolher se quer fazer e receber chamadas via Internet, com o VoIP, ou acesso Transit baseado no STFC convencional”.

Com uma rede própria, diz a exe-cutiva da Transit, torna-se possível oferecer banda larga e pacotes de serviços combinados, tendência irre-versível do mercado de telecomunica-ções e principal impulsionador do crescimento em número de linhas fixas nas operadoras competitivas. “Rede própria se tornou uma premis-sa para crescer na cadeia de valor para o cliente, oferecendo banda larga e aplicações”. Hoje a empresa tem serviços de voz e dados, Internet convencional e ponto a ponto. Com a consolidação dos investimentos, tudo indica que o portfólio da Transit vai evoluir, num curto prazo, para dispo-nibilização de outras aplicações.

Cristiano Salimen, da GVT, avança um pouco nesta questão e aponta a falta de estrutura de boa parte daque-les que se propuseram a fazer VoIP como um dos problemas para o desenvolvimento do mercado. “Era fácil de se fazer e por isso surgiu o problema da falta de qualidade, por-que havia empresas muito pequenas e

sem rede própria, ou com outros problemas de ges-tão”. Em partes, esta visão

ajuda esclarecer as razões de o servi-ço estar hoje restrito a poucas empre-sas, a maior parte delas operadoras já estabelecidas com outros serviços de telecomunicações.

Salimen acredita que hoje, com a popularização dos smartphones e uma conexão de banda larga móvel cada vez melhor, a tendência é que o serviço ganhe fôlego com uma escapada para a mobilidade, com o acesso através de

aplicativos. “É uma alternativa, por-que o cliente pode ter a linha da empresa dele em qualquer lugar. Pode ser interessante para muita gente que fica o dia fora do escritório”. Confiante nesta possibilidade, ele menciona que a GVT está prestes a lançar um aplica-tivo do Vono. “Pode vingar sob o apelo de o cliente ter um telefone fixo na palma da mão”.

DisputaPara o executivo da GVT, nos últi-

mos anos as concessionárias encon-traram dificuldade para oferecer ao cliente múltiplos serviços e boa qua-lidade da rede: “GVT e Net, por exemplo, ofertam combos e se dão bem porque as concessionárias estão apenas começando neste tipo de atu-ação”. Outro problema para elas é o fato de manterem uma rede antiga, que é incapaz de entregar velocida-des maiores. “Com uma rede mais ‘moderna’, GVT e Net têm mais faci-

lidade para fazer isto. Afinal, os clientes querem cada vez mais banda larga”, afirma.

A situação atual mostra que houve um ligeiro avanço na quantidade de linhas fixas instaladas entre 2010 e 2011. Este número, no entanto, é impulsionado pela perfor-mance das operadoras com-petitivas. Fernanda Barchese, da Transit, afirma que este

movimento tem ocorrido devido à expansão dos serviços de banda larga. Neste cenário, o grande desa-fio das concessionárias é enfrentar as operadoras competitivas que che-gam com redes novas, baseadas em fibra ótica e tecnologia IP. “As con-cessionárias têm redes TDM, de par metálico, e é difícil mudar tudo de uma hora para outra”.

.:comPetiÇÃo

Pensando em rentabilizar mesmo durante as ligações gratuitas, o Skype anunciou recentemente que vai introduzir anúncios publicitários durante as chamadas de seus usuários. As propagandas aparecerão em forma de banners com imagens, sem anima-

ções, durante as ligações entre usuários que não possuem créditos no serviço ou a assinatu-ra de algum plano de minutos.

O novo modelo de negócios chama-se Conversation Ads e sua proposta é se tornar uma oportunidade para as marcas atingirem centenas de milhões de usuários conectados.

Se forem levados em conta os números oficiais do Skype, a nova janela publicitária será um negócio e tanto para exposição de marcas. De acordo com a própria empresa, no mundo há 41 milhões de usuários únicos ativos no serviço de VoIP e eles usam em média 13 minu-tos diários de conversas pelo software.

Skype terá anúncios durante chamadas

“cada vez mais o cliente que tem acesso à banda larga busca fazer contatos por outras plataformas de mensagens instantâneas, e está consumindo menos telefone.”Cristiano Salimen, da GVT

com a popularização dos smartpHones e uma conexão de banda larga móvel cada vez melHor, a tendência é que o serviço ganHe fôlego com uma escapada para a mobilidade, com o acesso através de aplicativos.

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Há algum tempo que a visão da tecnologia da informa-ção (TI) apenas como uma área de suporte e de manu-tenção dos recursos compu-

tacionais e sistemas de comunicação de uma empresa foi superada. Especialmente para operadoras de telecom, que histori-camente dispensaram grande parte de seus recursos e esforços nas redes de telecomunicações mas que, de alguns anos para cá, passaram a dar à TI um status de área estratégica.

A plena integração e gestão inteligen-te dos sistemas de TI ainda é a última fronteira para o fornecimento de um pacote de serviços realmente convergen-te que signifique não apenas a venda em si, mas o gerenciamento e atendimento a clientes de forma integrada (o que rara-mente acontece), até os processos de requisição e ativação do back office, suporte, manutenção e billing. Tudo necessita ser integrado e gerenciado cor-retamente, e é aí que está a grande difi-culdade, ainda hoje, para as operadoras.

Num segundo momento, uma ope-ração integrada permitiria, por exem-plo, operações mais complexas. Como o contact center entender que o assi-nante também é usuário de telefonia móvel ou banda larga fixa e tem um determinado perfil de uso premium que o credencia a receber uma oferta espe-cífica. Ou para que esse mesmo usuário seja capaz de utilizar seus créditos de celular para assistir filmes pay-per-view no serviço de TV paga.

Segundo a consultoria Analysys Mason, um estudo sobre o gerencia-mento da experiência do assinante mostrou que as operadoras só con-quistarão a lealdade do cliente quando aprimorarem a experiência dele a partir do gerenciamento inteligente de todas as interações. Em 2008, segun-do a consultoria, essa melhoria da experiência do cliente absorveu inves-timentos de US$ 1,7 bilhão por parte das operadoras no mundo todo. A

previsão para 2013 é de algo em torno dos US$ 4,4 bilhões.

Somente as plataformas de entrega de serviços receberão aporte de US$ 924 milhões em 2013, valor quase quatro vezes maior que o de 2008. Os sistemas de billing (tarifação) absorverão investi-mentos de US$ 914 milhões, um cresci-mento de 88% em cinco anos.

Prioridade zeroOs sistemas de tarifação, aliás, apare-

cem no topo da lista de preocupação e prioridade de praticamente todas as operadoras quando o assunto é consoli-dação de sistemas. Um estudo divulgado pela Accenture em abril deste ano reve-lou que a carência de sistemas de billing que atendam as demandas desse cenário conectado e multidispositivo é o principal obstáculo para as empresas nesse momento. A consultoria ouviu 50 execu-tivos de grandes companhias de mídia e comunicação da América Latina, Europa, Oriente Médio e África. Para 66% deles, as plataformas dos sistemas de bilheta-gem e cobrança das teles têm dificuldade em gerenciar a variedade crescente de novos serviços e dispositivos. É uma pre-ocupação que rivaliza com a explosão de

dados consumidos pelos clientes. A falta de efetividade no trato dessas demandas, para esses executivos, representa o prin-cipal impedimento para que suas empre-sas lancem produtos, serviços e modelos de negócios mais coerentes com a reali-dade convergente. Para esses 66%, esse é um fator crítico para seus negócios. Para outros 28%, é importante.

Torre de BabelMas como integrar o billing e os

demais softwares de gestão do alto de uma verdadeira Torre de Babel de siste-mas de comunicação? Com a consolida-ção das operadoras brasileiras do grupo América Móvil em 2005 (Embratel, Net e Claro), a Claro acumulou 900 sistemas diferentes somente no Brasil. A Vivo/Telefônica, que também passou por pro-cesso semelhante de integração, inicia-do em meados de 2010, totalizou mil sistemas. E essa é a média das incum-bents, empresas que nasceram no mundo da telefonia fixa décadas atrás e trazem de herança um amontoado de sistemas de TI para administrar, em sua maioria, sistemas obsoletos ou simples-mente desnecessários.

O diretor de desenvolvimento de

.:SiStemaS Daniel [email protected]

Integração complicadaConsiderada o último degrau para o fornecimento de serviços convergentes, a consolidação dos sistemas de TI alcança o topo das prioridades na agenda de praticamente todas as operadoras.

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.:SiStemaSsistemas possível para o atendimento do negócio”, revela Christiane.

A redução de sistemas da Vivo/Telefônica envolve as áreas de atendi-mento ao cliente (CRM, CRM massivo, CRM individual, canais eletrônicos); ofer-tas e billing (pré-pago, medição, BSS); back office (ERP e folha de pagamento); e sistema de suporte operacional (OSS).

Na Claro, um projeto semelhante foi lançado bem antes, em 2009, porém em princípio somente para o segmento cor-porativo. Batizado de Claro Plataforma Corporativa (CPC), esse projeto tem o objetivo de simplificar a operação e reduzir a quantidade de sistemas lega-dos e proprietários de vendas, gerencia-mento e atendimento de clientes, requi-sições e ativações do back office. Cerca de dois anos e meio após o lançamento do CPC, a quantidade de sistemas da Claro no segmento corporativo despen-cou de 900 para 250, resultado que parece ainda não ser suficiente. “Nossa meta é reduzir para cem sistemas nos próximos dois anos”, diz o diretor de Projetos e Arquitetura da Claro, Wilson Teles Marcolin, que destaca o fato de o CPC ter se tornado um case de sucesso internacional e estar sendo replicado em todas as outras operadoras do grupo América Móvil.

Previsto para 48 meses, o CPC foi dividido em quatro etapas de consolida-ção: CRM, CRM Sales (vendas), Ordering (requisição e ativação) e EPC (catálogo). A próxima empresa do grupo a ter seus sistemas consolidados é a operação de varejo da Claro. “O roll-out na área de consumo deve começar em janeiro ou fevereiro do ano que vem”, prevê. “Será excelente, pois teremos um único siste-ma para todas as operações. Na análise de crédito, por exemplo, cada operação utiliza um sistema diferente. A unifica-ção de toda essa base irá gerar econo-mia, pois essas instituições de análise de crédito nos cobram por volume. Tendo um sistema só, compraremos com mais escala e ganharemos poder de negociação”.

Outro exemplo é a área de requisição e ativação da Claro, composta por dez sistemas diferentes que, no futuro, devem

sando várias áreas, fica tudo bem amal-gamado na organização, muitas vezes até absorvido na cultura da empresa”.

InexorávelO processo de consolidação de siste-

mas pode ser demorado, complexo e oneroso, porém é algo inexorável. Para Christiane Edington, diretora executiva de tecnologia da informação da Vivo/Telefônica, não há escapatória. “Sem convergência de sistemas não há conver-gência de serviços e nem integração da

organização como um todo”, adverte. Bravo concorda e lembra que o pró-

prio presidente da Vivo, Antônio Carlos Valente, chegou a dizer recentemente que a integração dos sistemas é o maior desafio da operadora no Brasil. É bom lembrar que somente no processo de integração das operações móveis sob o guarda-chuva da Vivo, iniciado em 2003 a partir das aquisições de diversas ope-radoras regionais espalhadas pelo País, havia seis estruturas diferentes de bilhe-tagem pré e pós-paga, além de 15 solu-ções de front-office, seis sistemas de provisionamento e de softwares antifrau-de, três ERPs, duas soluções de interco-nexão, seis modelos de mediação e oito datacenters. Em 2006, foi a vez da Vivo migrar seu sistema CDMA para GSM e novamente os softwares de gestão foram decisivos para a empresa.

TI em obrasDesde o início deste ano, a Vivo traba-

lha em um plano estratégico para redu-zir, ao longo dos próximos três anos, os cerca de mil sistemas que rodam em seus computadores. “Há muita coisa duplicada em função das duas opera-

ções. Mas à medida que con-solida, essa quantidade cai, no mínimo, para a metade. Nossa ideia é ter o mais sim-plificado e menor número de

negócios da Amdocs, Maurício Falck, explica de forma resumida como isso aconteceu. “Durante muito tempo, para atenderem demandas pontuais, as ope-radoras compravam soluções específi-cas para cada serviço que iriam lançar no mercado”, diz. “Na hora de oferecer banda larga, instalavam um sistema de tarifação específico para o serviço, liga-do ao sistema de tarifação de voz. Outros compravam um sistema só para (atender) o mercado corporativo. Resolvia o problema em curto e médio prazo, mas depois não conse-guiam evoluir“, resume.

O vice-presidente da Amdocs no Brasil, Nelson Wang, ratifica a opinião do colega, mas acredita que esse foi um processo necessário e até certo ponto inevitável pelo qual as operadoras tinham de passar. “A integra-ção poderia ter sido pensada antes? Acho que não. Não era o momento naquela época em pensar em integração, pois (telecom) era um mercado ainda crescente e era preciso primeiro conquis-tar maior fatia de mercado. Em determi-nados momentos, o time-to-market é mais importante”, explica.

Ele lembra que o processo de conso-lidação dos sistemas foi iniciado pelas operadoras entre 2007 e 2008, mas teve de ser interrompido em 2009, com a crise financeira mundial. “Esse é um processo complexo e demorado, que leva de três a quatro anos”, diz Falck. “Não é uma atualização como a do Windows, envolve muita gente, é como trocar a roda em movimento ou a asa do avião em pleno vôo. É preciso fazer a migração dos sistemas legados e, ao mesmo tempo, tocar o processo de inte-gração maior. Geralmente a operadora tem de fazer dois investimentos em paralelo”, acrescenta.

O diretor de Soluções para Telecomunicações na América Latina da Oracle, Alceu Bravo, complementa: “Não basta adquirir equipa-mentos e software para inte-grar os sistemas e processos de gestão de uma operadora. É preciso também investir em inteligência, gente, áreas de negócio, logística. Um softwa-re de gestão é utilizado por usuários em um processo que atravessa toda a empresa, começa lá na loja, passa pelo contact center e vai atraves-

“sem convergência de sistemas não Há convergência de serviços e nem integração da organização como um todo.”Christiane Edington, da Telefônica/Vivo

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o processo de consolidação de sistemas pode ser demorado, complexo

e oneroso, porém é algo inexorável.

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ser consolidados em um só. A mesma sorte terá a plataforma de CRM, que dis-põe de 30 sistemas. “Futuramente isso será excelente para ver melhor o cliente, como ele se relaciona, se é pré-pago, pós, se tem TV por assinatura ou não”.

Recorde-se que a Claro, juntamente com Embratel e Net Serviços, lançou recentemente uma oferta integrada de serviços, mas isso funciona apenas na oferta em si. Na prática, os sistemas das três empresas ainda são completamente separados e a administração dos clientes “convergentes” é feita de forma pratica-mente manual, segundo fontes próximas ao processo.

Corrida dos sistemasNessa corrida da consolidação dos

sistemas, Falck, da Amdocs, faz uma análise que dá a proporção exata da importância do assunto, atribuindo a ele uma dimensão de sobrevivência. “O pri-meiro que consolidar e integrar seus sis-temas (entre as quatro grandes operado-ras) ganhará muito dinheiro. O segundo vai ganhar muito também. O terceiro, somente algum dinheiro. E o último vai ficar bem para trás”, resume.

Obviamente, na visão de Christiane Edington, a Vivo está na dianteira dessa corrida. “Acredito firmemente que a nossa operadora sairá na frente dos con-correntes nesse desafio. Estamos traba-lhando e investindo muito para isso. Quem sai na frente sempre leva vanta-gem e já estamos lá”. Marcolin, da Claro, pensa diferente e rebate: “Estamos bem na frente das outras operadoras pois somos ousados, trabalhando as quatro etapas simultaneamente, treinando mais de 30 mil funcionários em uma verdadei-ra operação de guerra”, diz.

Sistemas vs. redesBravo considera a convergência “o

grande tema da agenda das operado-ras”. Porém, segundo o diretor da Oracle, para consolidar é preciso antes transformar. “Transformação é o nome que os especialistas dão ao projeto de integração dos sistemas. Mas pode ser chamado também de evolução, porque

é um caminho evolutivo, não de ruptura”, acrescenta.

Para Christiane, o driver dessa evolução na Vivo/Telefônica tem nome e sobrenome: plano de negócios. “Não olhamos para dentro da TI para ver o que precisa ser melhorado, mas sim do ponto de vista de negócios, quais os drivers de crescimento, analisamos e agimos menos em função de deficiên-cias e mais em função de alavancar o negócio”, diz.

Para a executiva da Vivo, a rede, apesar de fundamental, já virou com-modity para as operadoras. E a bola da vez é TI. “Saímos de um mundo onde imperava o monopólio estatal, no qual o cliente comprava aquilo que era ofe-recido. O mais importante para as ope-radoras era a engenharia, a rede. Com a privatização, a área de serviços de TI passou a ser mais valorizada e a parte

da rede se tornou commodity. Rede, todas (as operadoras) têm. Onde vão se diferenciar? Na qualidade de serviços, no atendimento ao cliente.”

Dividir para somarMas nem mesmo o assunto mais

estratégico do momento é consenso no mundo das telecomunicações. Com uma abordagem diferente, a TIM não demonstra pressa alguma em integrar todos os seus sistemas e ainda classifi-ca essa ação como um engessamento das operações. “Muitas vezes essa con-vergência acaba jogando contra o foco e a eficiência das empresas”, adverte Cícero Olivieri, CCO (diretor de comuni-cação) da TIM Fiber. “O mercado fixo e o móvel têm focos muito diferentes, desde a maneira como o cliente está conectado, a forma de se relacionar, a percepção de qualidade de serviço e a

relação com a área operacio-nal”. A TIM, ressalte-se, aca-bou incorporando ao longo dos últimos anos as opera-ções da Intelig e, posterior-mente, da Atimus, e cada uma delas veio com uma quantidade considerável de sistemas operacionais.

O diretor de marketing da TIM/Intelig, Rafael Marques, converge no raciocínio. “Em

vez de fundir, mantivemos os sistemas separados. A gente acredita que é impor-tante dividir para somar. Quando divido, dou o devido foco, acabo especializando. A maturidade do ciclo de venda da ope-ração fixa é muito diferente da móvel”, diz. “Não vamos convergir porque o mer-cado todo está convergindo e nos tornar reféns de um sistema que engessa, não traz a flexibilidade que o cliente precisa e ainda enfia tudo empacotado goela abai-xo desse cliente.”

Talvez essa estratégia oposta à do mercado se justifique pelo fato de a TIM ser a única entre as quatro grandes ope-radoras que nasceu no mundo móvel e, justamente por esse motivo, não tem um legado tão extenso quanto o das demais

para administrar. Mesmo assim, a operadora estabeleceu parce-ria com a Sky e adquiriu gran-des operações, como a Intelig e a Atimus, mas optou por mantê--las funcionando de maneira bem separada. “Se integrásse-mos a Intelig com a operação

móvel, perderíamos o foco no segmento corporativo, que merece uma aborda-gem distinta”, justifica Olivieri.

“Por causa dessa estratégia, e por não termos sistemas rodando há 20 ou 30 anos, como é o caso das incumbents, conseguiremos iniciar ainda neste ano uma operação de banda larga dentro de um período de quatro a seis meses, entre lançamento da fibra, projeto e lançamen-to”, antecipa o diretor da TIM Fiber.

Marques destaca que a convergên-cia dos sistemas de TI só será colocada em prática na TIM onde fizer sentido. “A gente não dividiu tudo. Há áreas que valem a pena integrar e estão integra-das, como os sistemas de TI e supri-mentos. Uma plataforma de CRM tam-bém é pensada para atender todas as empresas do grupo. Já o billing único está no nosso roadmap, mas não é uma demanda prioritária”.

“transformação é o nome que os especialistas dão ao projeto de integração dos sistemas. mas pode ser cHamado também de

evolução, porque é um caminHo evolutivo, não de ruptura.”Alceu Bravo, da Oracle

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a tim não demonstra pressa alguma em integrar todos os seus sistemas e ainda classifica essa ação como um engessamento das operações.

38 TeleTime jUn_2012

Com a concretização do lei-lão do espectro de 4G, está dada a largada para a entrada do Brasil no ainda seleto grupo de países que

estão implementando a tecnologia de quarta geração móvel.

Definidas a alocação de espectro e as empresas que utilizarão as frequên-cias nos próximos anos, agora vem a tarefa mais difícil: transformar esta perspectiva em serviços válidos para os usuários, satisfazer a expectativa do governo quanto à banda larga móvel e também monetizar estes ser-viços para viabilizar o retorno destes investimentos para os acionistas que estão se lançando, por diferentes razões, nesta nova tecnologia.

Era esperado que as operadoras móveis brigassem por este espectro, simplesmente porque não poderiam correr nenhum risco de debilitar sua posição dominante no mercado. Trata-se, sem dúvida, de uma evolução tecno-lógica que obriga as empresas a investi-rem. Se não o fizessem, arriscavam ser penalizadas pelo futuro dos negócios.

A grande vantagem da tecnologia 4G é a possibilidade de altas velocida-des efetivas de transmissão de dados. Isso é muito atrativo para empresas que hoje têm dificuldades de obter garantias de serviço com qualidade. Em termos de aplicações, é uma gran-de oportunidade para vídeo, que demanda essas grandes velocidades.

Duas questões que se colocam são a da mobilidade e a da bidirecionali-dade em aplicações de grande fluxo de dados. Video streaming é tipicamente download na distribuição massiva, pode ser bidirecional nas redes sociais e incluir criação coletiva de conteúdos, o que exige também um bom upload. Para distribuição assimétrica, o down-load uma rede 3G tem qualidade sufi-ciente. Mesmo para necessidades simétricas de até 14 Mbps as redes 3G com HSPA+ são suficientes, desde que devidamente calibradas. Mas quando se acrescenta a variável mobilidade, o problema fica mais complexo, pois um grande fluxo de dados requer disposi-

tivos maiores, como tablets ou note-books, e mais atenção do usuário. Por isso, o vídeo tem mais as característi-cas nomádicas, e não as de mobilidade plena. Claro que em viagens de trem e de ônibus pode haver uma utilidade, mas por si só isso não sustentaria os investimentos necessários.

Outra questão a ser considerada é que não podemos fazer um paralelo entre a situação do LTE nos Estados Unidos e o que ocorrerá aqui, pois o fato de a frequência nos Estados Unidos ser na faixa de 700 MHz cria uma maior economia dos investimentos. Aqui, como em boa parte da Europa, a banda de 2,5 GHz cria questões de cobertura e penetração que exigirão muito mais em termos de sites e de investimento, tornando mais difícil a

obtenção de retorno, ou então ficando a sua aplicação restrita a zonas mais densas ou comercialmente viáveis.

Esta questão contraria a expectati-va política do governo, que vê no LTE uma solução para a banda larga no País. Parte desta expectativa poderá ser atendida pelos lotes menores arre-matados pelas empresas de televisão por assinatura, que vão com esta tec-nologia expandir sua oferta para voz e dados, mas neste caso há muito espa-ço ainda a ser coberto.

Outro aspecto ainda a ser analisa-do e abordado diz respeito à voz sobre LTE, ou VoLTE, que carece ainda de terminais disponíveis. O 4G, na práti-ca, está mais focado nas aplicações de dados e nomádicas. Mas a voz é nova-mente uma situação a ser analisada, já que o grosso da receita das operado-ras móveis é de minutos falados e logicamente, enquanto assim for, elas

farão de tudo para proteger e defender a sua receita. Assim, tudo indica que o 4G será aplicado em situações especí-ficas, como a Copa do Mundo, onde se queira dar um ar de modernidade ao Brasil. Não teremos aeroportos, mas teremos 4G!

Outra questão é a disponibilidade de terminais, lembrando que a diversi-dade das frequências adotadas no mundo cria a situação de que um ter-minal que funciona nos Estados Unidos não funcionará aqui.

Assim, a maior probabilidade é que as empresas que façam seus investi-mentos em 4G tenham de resolver a questão de proliferação de sites e antenas e se concentrar em aplicações de nicho até que os terminais multi-banda estejam disponíveis, que o VoLTE seja uma realidade e que a interoperabilidade com as redes 2G e 3G esteja resolvida satisfatoriamente. Neste meio-tempo, temos muito traba-lho pela frente para completar a cober-tura 3G e melhorar a qualidade das redes existentes.

Com a liberação do espectro da TV analógica em 2016, talvez possa voltar à discussão a migração do LTE para a faixa de 700 MHz, viabilizando assim sua massificação.

Fica para ser entendida a estraté-gia da Nextel, que está ainda em fase de construção de sua rede 3G e é sim-plesmente atropelada pela entrada de uma nova tecnologia em todos os mer-cados em que ainda está implantando ou iniciando esses serviços. Uma situ-ação típica da evolução das tecnolo-gias, num cenário onde a Nextel deci-diu investir pesado para salvar sua base, que estava com uma tecnologia moribunda, o iDEN, e é atropelada por uma tecnologia mais eficiente justa-mente para clientes que demandam mais banda e velocidade, tipicamente seu mercado.

Nunca é demais lembrar que é ques-tão imprescindível para a implantação do 4G a simplificação das posturas municipais para a implantação de sites, de preferência com uma legislação nacional em vez de regras locais.

.:Ponto&contraPonto Cláudio [email protected]

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Luz verde para a 4G. E agora?

aqui, como em boa parte da europa, a banda de 2,5 gHz cria

questões de cobertura e penetração que exigirão muito

mais em termos de sites e de investimento.

TODOS ESTÃO DE OLHO NA MOBILIDADE. CHEGOU A

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QUE É CONSULTADA O ANO INTEIRO.

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