revista teletime - 136 - setembro 2010

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Ano 13 n 0 136 set2010 www.teletime.com.br ENTREVISTA Byrro, da Nokia Siemens, fala dos baixos investimentos e da política industrial para o setor SERVIÇOS MÓVEIS Candidatos a MVNO começam a se movimentar, mas questão regulatória ainda gera dúvidas INTERNET REGULADA ESPECIAL MOBILIDADE CORPORATIVA Backhaul, neutralidade, universalização... Brasil começa a debater o controle (ou não) da rede

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Revista Teletime - 136 - Setembro 2010

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ENTREVISTAByrro, da Nokia Siemens, fala dos baixos investimentos e da política industrial para o setor

SERVIÇOS MÓVEISCandidatos a MVNO começam

a se movimentar, mas questãoregulatória ainda gera dúvidas

internet regulada

especial

mobilidade

corporativa

Backhaul, neutralidade, universalização... Brasil começa a debater o controle (ou não) da rede

diga oi pra suas férias.chegou oi pontos.

Consulte regulamento no site.

Se você é cliente pós-pago da Oi, já está acumulando pontos desde 01/06/2010. Em breve,você poderá trocá-los por serviços Oi ou prêmios dos parceiros da rede Multiplus Fidelidade.

Com o programa de relacionamento da Oi, tudo que você já usa no móvel, na internet banda larga, no fIxo, DDD e DDI da Oi vira pontos pra você trocar pelo que quiser. passagens aéreas TAM e até combustível nos postos ipiranga.

oi.com.br/oipontos

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NBRJ1.137.030R-ANUNCIO OI PONTOS 46x30.5 Rev Teletime Aviao.indd 1 9/14/10 2:59:02 PM

diga oi pra suas férias.chegou oi pontos.

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NBRJ1.137.030R-ANUNCIO OI PONTOS 46x30.5 Rev Teletime Aviao.indd 1 9/14/10 2:59:02 PM

A entrevista desta edição, com Aluizio Byrro, chairman da Nokia Siemens Networks, um dos mais experientes executi-vos do setor de telecomunica-

ções e profundo conhecedor da realidade dos fornecedores, traz um questionamento sobre o qual é preciso refletir: será que o nível de investimentos das operadoras no Brasil não estaria baixo? Olhando-se os dados levantados pelos fornecedores, pare-ce que sim. O percentual de Capex das operadoras sobre o faturamento bruto vem caindo ano a ano e em 2010 ameaça ficar abaixo de 10%, nível nunca visto desde a privatização. Pode-se justificar de várias maneiras: as empresas estão colhendo agora frutos de investimentos feitos no pas-sado; é uma fase natural de um ciclo; a carga tributária mascara os níveis reais de investimento... Tudo isso é verdade. Mesmo comparado a mercados internacionais, um nível de Capex entre 10% e 15% seria razo-ável. Mas o fato é que a qualidade dos ser-viços e a realidade brasileira indicam que as operadoras deveriam, de fato, fazer mais. A cobertura celular só este ano che-gou a 100% dos municípios, mas as áreas de sombra ainda são gigantescas, áreas menos populosas têm cobertura precária e serviços de dados ainda são limitados a poucos municípios. O mesmo em relação à cobertura de banda larga fixa. Apenas este ano a Oi terá o serviço de ADLS em todas as cidades. E nas grandes cidades (e mesmo assim apenas onde há concorrência) a ofer-ta de banda larga só agora começa a se aproximar de patamares internacionais de velocidade e preço.

As operadoras dizem que investem bastante no Brasil e ressaltam os R$ 180 bilhões aplicados desde a privatização. Mas o “bastante” das operadoras pode ser relativo. Na relação Capex/receitas em relação a outros países, poderia ser mais.

Em relação às necessidades de infraestru-tura do país, deveria ser muito mais. Mas em relação à viabilidade econômica e ao retorno do investimento, pode ser que o investimento das teles realmente seja generoso. O fato é que o Capex de qual-quer operadora é equacionado dentro de uma lógica de rentabilização dos acionis-tas e da competição enfrentada.

Ninguém é ingênuo a ponto de acredi-tar que os acionistas das operadoras abri-rão mão de margens em função dos inte-resses do país. Mas estes mesmos acionis-tas também precisam saber que o interes-se público do setor de telecomunicações, muitas vezes, tem que ser colocado acima de interesses econômicos.

Já o governo, desde a privatização, não têm, em tese, que se preocupar mais em investimentos em telecomunicações, a não ser que isso se torne parte de uma política pública. O que pode acontecer agora com o Plano Nacional de Banda Larga é um indício do que virá a ser essa política. Por enquanto, o governo está chamando para si a responsabilidade de universalizar a banda larga e promover a competição no setor. Os resultados serão medidos em alguns anos.

Mas a cada dia fica mais claro que um processo de aceleração do crescimento em telecomunicações precisa passar pelas operadoras caso se queira imprimir um ritmo mais intenso. O governo pode fazer isso reduzindo a carga tributária e agili-zando processos regulatórios (o que se sabe que é muito complicado, pois é pre-ciso pensar em todo o equilíbrio do estado e dos demais setores da economia) ou pode imprimir mais obrigações às conces-sionárias (o que também é complicado, pelas restrições contratuais). Qual o cami-nho, ou se haverá uma combinação de caminhos, é uma boa preocupação para o próximo governo.

Falta investimento?

.:editorial Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

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diretores editoriais André Mermelstein Claudiney Santos

Samuel Possebon (Brasília)

diretor comercial Manoel Fernandez

diretor Financeiro Otavio Jardanovski

editorSamuel Possebon

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coordenadora de projetos especiais Letícia Cordeiro

redação André Mermelstein, Daniel Machado, Victor

Hugo, Fernando Paiva (Rio de Janeiro), Helton Posseti e Mariana Mazza (Brasília),

Alexandro Cruz e Claudio Ferreira (Colaboradores)

arte Edmur Cason (Direção de Arte);

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Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

departamento comercial Rodrigo Arraes (Ger. de Negócios Online)

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gerente de circulação Gislaine Gaspar

gerente de marketing Patricia Soderi

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Conj. 603 - CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN - Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax:

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capa: EDITORIA DE ARTE/CONVERGE

capaLivre até quando?Regulamentação do backhaul, PNBL, Fórum Brasil Conectado e regulamento de neutralidade de rede colocam cada vez mais em dúvida o território livre e desregulado da Internet.

entrevistaSinal de alertaAluizio Byrro, executivo da Nokia Siemens e da Abinee, fala sobre a difícil situação dos fornecedores de equipamentos de telecom no país e as ações para reverter esse quadro.

Especial Mobilidade CorporativaAvanço da Internet móvel e crescimento do mercado de smartphones, tablets e demais dispositivos fazem com que empresas percebam importância estratégica das redes móveis.

serviÇos móveisCartas na mesaDiante da iminência de um regulamento permanente, as candidatas a operadoras virtuais de telefonia móvel começam a se mexer. E novos modelos são postos à mesa.

artigoFalta de métricas em mobile marketing: mito ou realidade?

FornecedoresChineses e globaisEncostando em tradicionais fornecedores de telecom americanos e europeus, Huawei e ZTE procuram se firmar como empresas inovadoras no cenário internacional

espectroO canal é nosso!Emissoras de TV preparam discurso para manter frequências sob seu controle após o desligamento do sinal analógico.

satéliteDe olho no céu Operadoras preparam lançamentos de satélites nos próximos quatro anos que trarão capacidade adicional ao mercado latinoamericano.

A Internet é um território livre e desregulado. A Internet é o ambiente da livre iniciati-va e do livre fluxo de infor-mações. A Internet é anár-

quica. Todas estas definições são verda-deiras e válidas na maior parte do mundo moderno. Mas também é verdade que a cada dia, no Brasil e em outros países, as relações econômicas que se desenvolvem sobre a rede e a importância social e política da conectividade fazem com que mercados e governos atuem no sentido de mudar essa realidade. No caso brasi-leiro, são vários os elementos que apon-tam no sentido de uma mudança nesse cenário: regulamentação do backhaul, Plano Nacional de Banda Larga, Fórum Brasil Conectado, regulamento de neu-tralidade e outras.

Desde 31 de maio de 1995, a Internet no Brasil é território livre de ação regula-dora do Estado. Foi quando o Ministério das Comunicações editou a Nor ma 004/1995, que selou o futuro da rede como um serviço de valor adicionado, definido na ocasião como aquele que “acrescenta a uma rede preexistente de um serviço de telecomunicações, meios ou recursos que criam novas utilidades espe-cíficas, ou novas atividades produtivas, relacionadas com o acesso, armazena-mento, movimentação e recuperação de informações”. Daquele momento em dian-te, toda a revolução provocada pela web e pelo mundo IP inerente à rede não seria mais regulada. Mas isso pode estar mudando, aos poucos.

O Plano Nacional de Banda Larga, edi-tado em maio, por exemplo, está provo-cando mudanças regulatórias importantes que podem significar a ruptura do para-digma de Internet desregulada. O princí-pio é simples: ao atuar para que a Internet se massifique, o governo precisa intervir no mercado e impor regras, e isso muda o quadro de livre desenvolvimento que vigo-rava desde 95.

E mais: até o final de 2013, como uma das metas de médio prazo do Plano Geral

.:capa Daniel Machado e Samuel [email protected] e [email protected]

Nem tão livre assimUma série de iniciativas recentes, da regulamentação do PGMU ao debate sobre neutralidade, indica que a Internet e sua exploração comercial serão cada vez mais controladas.

de Atualização da Regulamentação (PGR), a Anatel deverá editar a regulamentação específica para neutralidade de rede, o que, inevitavelmente, fará com que a Internet deixe de ser pensada apenas como um serviço de valor adicionado. A premissa colocada pela agência desde já nesse debate é “avaliar as condições de ofertas de facilidades incluindo capacida-de e velocidade da comunicação pelas prestadoras de serviços de telecomunica-ções aos usuários e a outras prestadoras de serviços de telecomunicações, com o objetivo de assegurar amplo acesso, com tratamento isonômico e não discriminató-rio ao tráfego cursado em suas redes”.

Por esta razão, é possível dizer que o primeiro abalo no princípio da Internet desregulada está sendo provocado pelo novo Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU). Na verdade, começou em 2008, quando o governo alterou o Decreto do PGMU para incluir o backhaul como parte da rede passível de compromissos de universalização.

Naquele momento, a sinalização foi clara: não apenas telefonia fixa, mas a rede (backhaul) que dá suporte à Internet também teria as suas metas. O momento seguinte foi quando o governo estabeleceu um regulamento para tabe-lar a comercialização dessa capacidade, no ano passado. E no começo de setem-bro deste ano a Anatel colocou em con-sulta pública o que deverá ser o Plano Geral de Metas de Universalização a vigorar entre 2011 e 2015. Esse último documento, chamado de PGMU III, ampliou as metas de backhaul que haviam sido propostas em 2008 e pro-curou ficar alinhado com as políticas do Plano Nacional de Banda Larga.

Diante de todos esses passos, cabe a pergunta: a Anatel deve avançar sobre esses territórios? Esse é um caminho inevitável? Está sendo feito da maneira certa?

A agência reguladora das telecomuni-cações está, na verdade, regulando ape-nas a infraestrutura de suporte à banda larga, o que já não é pouca coisa. Pelas regras da Anatel, a rede de dados, que deverá estar disponível em todos os municípios brasileiros até o final do ano, também chegará a boa parte das locali-dades com mais de mil habitantes em que exista telefone. E a capacidade míni-ma das redes disponíveis também está sendo ampliada. Mas a verdadeira mudança proposta no PGMU III é na forma de uso dessa rede (que a Anatel chama de backhaul): ele deverá ser ofe-recido sob demanda para os interessa-dos, ainda que a agência esclareça que apenas “empresas de telecomunicações” se qualifiquem para pleiteá-la; além disso, este backhaul será uma rede tari-fada, ou seja, com preço tabelado. O gerente geral de competição da superin-tendência de serviços públicos da Anatel, José Gonçalves Neto explicou, ao anun-ciar as propostas de novas regras, que nem todo o backhaul terá que ser ofere-cido nestas condições. Na verdade, os limites mínimos de capacidade de

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A discussão, contudo, é complexa do ponto de vista jurídico, conceitual e mer-cadológico. Até quanto o regulador pode estabelecer regras para o acesso banda larga e para a rede que dá suporte a esse serviço de valor adicionado? Indo mais longe: a banda larga pode ser vista como um serviço de telecomunicações? E a questão da neutralidade de rede, como deve ser tratada? São perguntas que TELETIME fez a diversos especialistas no último mês.

Para a advogada especialista em direitos do consumidor e ex-represen-tante do Idec, Estela Guerrini (ela se desligou da instituição após conceder esta entrevista), “a Internet é, na prática, um serviço de telecomunicações e preci-sa ser tratado como tal. Já passou há tempos de ser apenas um serviço de valor adicionado. Aliás, já está se tornan-do um dos principais serviços, que abre portas para outros. Se o provimento desse serviço só é possível por operar por outra rede (telefonia), acho que não vem ao caso. Quando se discute o serviço como um direito, é um serviço que deve ser considerado essencial e deve ter um tratamento similar a outros serviços con-siderados essenciais”, afirma.

Mas a questão não é simples. Para Ricardo Sanches, presidente Abrappit (Associação Brasileira dos Pequenos Provedores de Internet e Telecomu-nicações), “a Internet não é um serviço de comunicações, e isso é definido pela legislação e pela Justiça brasileira. Ir contra isso é ir contra o STF. Aliás, se fosse serviço de telecom, todos os impostos recairiam sobre ele, como o ICMS”, exemplifica. “Qual é o perigo de transformar a Internet num serviço de comunicações? Você verticaliza o mer-cado!”, diz.

Debate conceitualFora as nuances jurídicas, há uma

discussão conceitual de fundo igualmen-te relevante. Para Demi Getschko, dire-tor-presidente do Nic.br e um dos pio-neiros da Internet brasileira, a rede é “algo de telecom, mas não pode ser

Justiça e a liminar pedida pe la Abrafix para evitar a tarifação do backhaul foi

recusada. Mas o assunto ainda está pen-dente de julgamento de mérito.

Para Sundfeld, a estratégia da Anatel de tornar o backhaul um serviço tarifado e sujeito a obrigações de serviços públi-cos visa atender aos interesses da Telebrás. “A estatal é que vai acabar explorando essa rede das concessioná-rias a preços tabelados. E se não ela diretamente, os operadores que presta-rão o serviço de acesso para ela o farão”, reclama. Mas o juiz da 6ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, Márcio de França Moreira, que negou o pedido de liminar da Abrafix, acatou o argumento da Anatel, afirmando que “permitir a livre negociação da capacidade de backhaul decorrente do cumprimento da meta de universalização, sem qual-

quer regulação quanto aos valores máxi-mos que poderão ser praticados pelas concessionárias, dá ensejo a que o aces-so à banda larga seja inviabilizado a populações de municípios situados em locais mais afastados dos grandes cen-tros urbanos, esvaindo por completo a finalidade precípua desta meta de uni-versalização”.

Para Sundfeld, se a Anatel quer come-çar a regular o ambiente da Internet, pre-cisa dar os passos na ordem certa. “Existe um ordenamento jurídico para fazer o que a Anatel pretende. É preciso estabelecer que a Internet será um serviço regulado privado ou público, com um decreto presi-dencial, depois definir as condições para este serviço e selecionar os operadores interessados. Não pode, em uma solução incremental, em uma ‘gambiarra’, impor a operadores de STFC obrigações de um novo serviço”, diz o advogado.

backhaul estabelecidos no PGMU para cada município e localidade são o “teto” do que deve ser atendido em caráter público e com tarifas. Ao se atingir a capacidade (o atendi-mento se dá por ordem de chegada de pedidos), as con-cessionárias estão liberadas para comercializarem o backhaul como quiserem, no livre mercado, diz a agência. Consequência: alguns provedores terão aceso a uma infraestrutura pública, mais barata, e outros certamente terão que negociar condições comerciais no âmbito privado. Estas regras de negociação ainda devem ser regulamentadas, diz a Anatel.

Mas, afinal, o que é o tão famoso backhaul? TELETIME já tratou do tema pelo menos uma dezena de vezes em matérias e artigos, e ainda não existe cla-reza entre os especialistas e dentro da própria Anatel sobre o que seja esta por-ção da rede. A última explicação oferecida pela Anatel, que parece ser a mais destila-da e, por enquanto, definitiva, diz que o backhaul é simplesmente uma rede física (que pode ser um fio ou um link de rádio ou satélite) que liga o backbone ao prove-dor de acesso em última milha. Mas essa rede não trafega informação, a comercialização não envolve as portas IP necessárias à conexão com a Internet e nem o acesso aos roteadores da rede de dados.

Regulação indevidaÉ aí que começa a surgir o

primeiro impasse. Para o professor Carlos Ari Sundfeld, advogado especia-lista em telecomunicações, um dos auto-res da Lei Geral de Telecomunicações e, nessa questão do backhaul, parecerista da Abrafix, a Anatel está regulando como serviço público algo que já estava previsto contratualmente para ser trata-do na esfera dos serviços privados, que é a venda de linha dedicada (EILD). “Linha dedicada não é um serviço de telecomunicações, mas é um serviço prestado pelas empresas de telecomuni-cações de comercialização de uma capa-cidade excedente da rede de STFC. Isso está previsto nos contratos das conces-sionárias e não prevê cobrança tabela-da”, explica o advogado. Ele reforça que por mais que a Anatel diga que o backhaul não é a EILD, todas as suas características são de EILD. Vale lem-brar que a questão está inclusive na

“É preciso estabelecer que a internet será um serviço regulado privado ou público, com um decreto presidencial, depois definir as condições para este serviço e selecionar os operadores interessados” Carlos Ari Sundfeld, advogado

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a agência está, na verdade, regulando apenas a infraestrutura de suporte à banda larga, o que já

não É pouca coisa.

regulada como telecom. Você tem de deixar a Internet numa região livre. Veja o Twitter, que tem quatro anos e agora floresceu. Se você tentar trans-formar isso em algo mais regu-lado, corre o risco de evitar esse crescimento. As lan hou-ses, que prosperam tanto não, existiriam se fossem um servi-ço público. Haveria tantas res-ponsabilidades que não pode-riam se estabelecer, quero dizer, recai-riam sobre elas uma série de impostos, de burocracias”, diz. Para ele, tem de haver mecanismos de proteção ao usuá-rio. “Mas não gostaria que virasse um serviço público tradicional. Serviço de interesse público, mas não serviço públi-co”, ressalta Getschko.

Para Silvio Meira, pesquisador da UFPE e criador do instituto Cesar, “a definição é dinâmica. Em minha opinião estamos num ponto de troca de tempo, um ‘PTT’ que está transformando a Internet na infra de toda a comunicação e conectividade”, diz. “É importante não sair pegando qualquer definição simples e atribuir o que é a Internet. E não sair regulando qualquer coisa sem saber quais são as potenciais consequências disso. A Anatel vai ter de certificar as aplicações que rodam dentro dos celula-res. Em um passado recente você só poderia rodar um aplicativo de game se a Anatel certificasse”.

Na verdade, a Anatel está longe de entrar em uma seara de regulação de aplicativos e conteúdos que trafegam pela rede. O mais próximo desse debate talvez seja a discussão do Marco Civil da Internet no Congresso ou a discussão levantada pelos radiodifusores sobre a aplicação ou não do Artigo 222 da Constituição (que coloca limites de capi-tal estrangeiro a grupos de comunica-ção) também a portais de Internet.

Mas de imediato, a discussão, por enquanto, é tão somente com relação à cobertura das redes de backhaul que dão suporte à Internet. É importante ressal-tar, entretanto, que a rede de Internet é muito mais ampla e envolve infraestrutu-ra privada das empresas, totalmente livre de regulação. E é aí que está o próximo desafio da Internet: conciliar interesses comerciais dos detentores das redes e conteúdos com a liberdade e igualdade de acesso que até hoje caracterizou este ambiente. É onde se coloca a discussão de neutralidade de rede.

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RentabilizaçãoPara Fábio Coelho, presidente do iG,

empresa do grupo Oi que ocupa um importante papel na oferta de acesso e conteúdo à Internet, é preciso “ter respei-to às instituições, à gestão dos contratos”, mas também é bom lembrar que “há um investimento por trás dessas redes”. Ao falar no evento Captura de Valor e Identidade em um Mundo Globalizado, realizado no começo de setembro, ele usou o argumento das teles ao lembrar que há um investimento por trás das redes: “a AT&T investiu US$ 14 bilhões em sua rede somente no ano passado!”, disse. Vale lembrar que no começo de agosto, uma informação sobre um possí-vel acordo entre Google e Verizon para priorização de tráfego (quebra de neutra-lidade, portanto) gerou uma forte reação da FCC, o órgão regulador norteamerica-

no. A reação do regulador foi tão forte, inclusive ameaçando deixar de consultar as teles antes de regular, que as duas empresas propuseram então que o assun-to fosse tratado na esfera legal, pelo Congresso dos EUA.

A FCC já se envolveu em polêmica nesse campo ao decidir tratar Internet como serviço de telecomunicações, e não mais como um serviço de “informa-ção”, como vinha fazendo historicamen-te. Seria o equivalente no Brasil à Anatel deixar de tratar a Internet como serviço de valor adicionado para tratá-la como um serviço regulado. Na ocasião, a deci-são da FCC, tomada para atender a dificuldades jurídicas justamente de dar um tratamento regulatório para a ques-tão da neutralidade, fez com que prove-dores de rede protestassem. A agência

respondeu, prometendo ser “leve” na regulação.

LevezaNo mês passado, em entre-

vista à TELETIME, o presiden-te da Ancine, Manoel Rangel, já havia utilizado esse conceito de “regulação leve” ao se refe-rir à regulação de conteúdos em todas estas plataformas. Recentemente, declarou tam-

bém que entende a neutralidade como um dos princípios regulatórios básicos da Internet. “A neutralidade é o caminho mais adequado. Para alguém passar mais rápido, outro obrigatoriamente tem de passar mais devagar. O problema central é o prejuízo do outro diante de questões outras que são efetivamente econômicas”, disse.

Para Silvio Meira, é preciso “ter noção do que é neutralidade de rede”. Segundo ele, “precisamos primeiro discutir ampla-mente sobre por que é preciso estabele-cer uma rede neutra para todo mundo. E quais são os direitos e deveres antes de sairmos por aí dizendo que é preciso haver uma rede com QoS, onde cada um paga por qualidade. Se não discutirmos, quem está sentado lá atrás nos roteado-res pode manipular a vontade. Não adianta discutir o leão debaixo do tapete,

temos de chegar a um conjunto de enten-dimento sobre o que estamos discutindo antes de propormos uma solução”.

A discussão regulatória sobre neutra-lidade de rede ainda não foi colocada publicamente, ainda que ela esteja difusa no debate sobre o Plano Nacional de Banda Larga e políticas que estão sendo implantadas pelo governo. O único passo nesse sentido foi dado nas contraparti-das impostas à Oi para a fusão com a Brasil Telecom, no final de 2008, quando a agência exigiu que a operadora não praticasse nenhuma política de discrimi-nação de conteúdos em suas redes de acesso à Internet.

Classes de serviçosA Anatel deu uma ideia do que pode

estar pensando em fazer quando for tra

“não gostaria que (a internet) virasse um serviço público

tradicional. serviço de interesse público, mas não serviço público”

Demi Getschko, diretor-presidente do Nic.br

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a discussão regulatória sobre neutralidade de rede ainda não foi colocada publicamente, ainda que ela esteja difusa no debate sobre o plano nacional de banda larga e em políticas que estão sendo implantadas pelo governo.

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.:capatar da regulamentação da neutralidade de rede. “A neutralidade de redes diz respeito à não-discrimina-ção entre as aplicações que trafegam em uma rede, sejam aquelas providas pela detentora da infraestrutura, sejam serviços prestados por terceiros. A necessidade de as redes serem transpa-rentes em relação às aplica-ções é hoje considerada como uma regu-lamentação positiva, na medida em que é um estímulo permanente à inovação. Entretanto, a possibilidade de definição de diferentes classes de serviço não é incompatível com o conceito de neutrali-dade de redes”, disse Bruno Ramos, gerente geral de comunicações móveis da superintendência de serviços privados da Anatel. Por classe de serviços entenda-se criar camadas diferentes em que os servi-ços possam ser priorizados, sem que isso interfira na qualidade dos demais servi-ços. Na prática, já é o que acontece quan-do uma operadora de TV a cabo como a Net Serviços/Embratel, por exemplo, ofe-rece um serviço de voz sobre sua rede de banda larga, em que há um nível de QoS assegurado. E isso tende a se acentuar com a oferta, por parte dos provedores de banda larga, de serviços de IPTV, vídeo sob demanda e outros serviços que exi-jam parâmetros mínimos de qualidade. A rede da Telefônica, que oferece todos estes serviços, é um outro bom exemplo.

TelebrásMas o principal elemento de inter-

venção do governo no mercado de Internet tem sido, de fato, o Plano Nacional de Banda Larga e a recupera-ção da Telebrás, que passará a atuar no mercado de venda de capacidade no atacado, fomentando, em tese, a concor-rência na ponta do acesso final.

Para Demi Getschko, do Nic.br, é necessário separar a nova Telebrás do “estigma” que havia na época do mono-pólio estatal. “Não há nada de errado com as iniciativas privadas e nem con-

tra as estatais. Na Austrália, por exemplo, isso está aconte-cendo. Lá a meta é banda larga

para 95% dos australianos. Não pode-mos ser maniqueístas, há tons de cin-zas. Acho que a Telebrás veio no momento certo. Aliás, até atrasou. Mas se você não tem competição, como batalhar pela neutralidade? Como batalhar pelo custo baixo? É preciso haver minimamente competição”.

Para Silvio Meira, “universalização de acesso não se faz com palavras, mas com investimento”, e o que está acontecendo é “uma real intervenção no cenário de infraestrutura de conectividade no Brasil, com o PNBL e a recriação da Telebrás”. Para ele, “viu-se claramente que no mode-lo anterior não haveria condições exequí-veis de universalizar”, mas ele questiona a falta de planos para uma banda larga móvel universal e também o risco de que se crie uma dependência e um monopólio estatal em regiões mais pobres. “Daqui a quatro anos, você pode ter estatal sentada em cima de áreas que não quer entregar pra ninguém. É fácil regular iniciativa privada, difícil é regular o governo. Quando você cria uma empresa que pode ser completamente monopolista, é sem-pre mais complicado de regular que ini-ciativa privada monopolista, porque aí tem embate contra poder público contra iniciativa privada. E quem acaba perden-do é o cidadão”, diz.

DebatesParte do Plano Nacional de Banda

Larga é também o trabalho do Fórum Brasil Conectado (FBC), que reúne diver-sas entidades justamente para discutir os rumos das políticas de Internet no país.

Nas primeiras reuniões, realizadas em agosto, um dos temas em discussão foi justamente a qualidade dos serviços de banda larga. Os integrantes do FBC concordaram que há a necessidade de definição de algum tipo de parâmetro para que o consumidor seja melhor atendido. O problema é o que fazer.

Os representantes da Anatel decla-raram que estão trabalhando no assun-to, com a inclusão de critérios mínimos de atendimento da velocidade vendida ao consumidor e a possibilidade de estabelecer a obrigação de oferta de mecanismos de monitoramento da velocidade pelo próprio cliente nas regras da telefonia móvel.

Ainda assim, a impressão geral foi de que este é apenas um primeiro passo e é preciso avançar mais na regulamen-tação dos serviços de dados e de outros pontos estratégicos para o setor, como a neutralidade de rede, para que o consu-midor seja realmente atendido com qualidade. “A gente quer que tenha uma norma dizendo que a neutralidade de rede é um princípio básico e compulsó-rio, por exemplo”, declarou a advogada da ProTeste, Flávia Lefèvre, que partici-pou da discussão.

Outra discussão deve ser realizada nas próximas semanas para debater um tema ainda mais polêmico: a definição do que é a banda larga no Brasil afinal, em qual regime jurídico ela se enquadra e a eventual regulamentação específica da comunicação de dados no país. Este encontro também não tem data para ocorrer e partiu de uma iniciativa da ProTeste. “É preciso criar um serviço de

comunicação de dados. Há um vácuo hoje entre a LGT e a Anatel que precisa ser preen-chido”, afirmou ela.

De qualquer forma, são várias as iniciativas que tan-genciam um processo mais intenso de regulamentação da Internet. E ao que tudo indica, os dias de uma Internet sem regras está contado.

(CoLaboRou MaRiana Mazza)

“a neutralidade É o caminho mais adequado. para alguÉm passar mais rápido, outro tem de passar

mais devagar. há um prejuízo do outro diante de questões que são efetivamente econômicas”

Manoel Rangel, presidente da Ancine

“precisamos primeiro discutir amplamente o motivo de estabelecer uma rede neutra e sobre quais são os direitos e deveres antes de sairmos por aí dizendo que É preciso haver uma rede com qos, onde cada um paga por qualidade” Silvio Meira, pesquisador da UFPE e fundador do instituto Cesar

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.:entrevista Samuel [email protected]

Desde 2007, a balança comercial de equipamentos de telecomuni-cações vem apresentando aumen-tos no déficit, chegando no ano de

2009 a quase US$ 700 milhões. Esse movi-mento preocupa a indústria de equipamen-tos estabelecida no Brasil. A Abinee, que congrega estas indústrias, chegou a incluir ações específicas para o setor no seu rela-tório A Indústria Elétrica e Eletrônica em 2020 – Uma Estratégia de Desenvolvimento, cujo sumário atualizado foi apresentado em agosto. O coordenador desse trabalho de sistematização das propostas foi Aluizio Byrro, chairman da Nokia Siemens Networks para a América Latina e vice--presidente da Abinee/Sinaess. Trata-se de um dos mais experientes executivos da indústria de telecomunicações. Nessa entrevista, Byrro ajuda a construir um diagnóstico da indústria de fornecedores estabelecida no Brasil, os desafios de mer-cado e as ações que poderiam ser tomadas para reverter o quadro de sangria na balança comercial do setor.

TELETiME - Se observarmos a evolu-ção da balança comercial dos equipamen-tos de telecomunicações, percebemos que a cada ano aumenta o déficit. Por quê?

aluizio byrro - Vários setores têm sofri-do quedas nas exportações e aumento de importações. Mas desde a privatização, a área que mais sofreu queda entre aquelas ligadas à Abinee, depois de componentes, foi a de telecomunicações. Como um todo, o que vemos são as exportações caindo e as importações aumentando, o que levou o déficit de equipamentos eletroeletrônicos a patamares de US$ 20 bilhões. Isso porque o grosso das exportações são os hand-sets. Sem isso, as exportações computadas pela Abinee seriam muito menores. Essa é uma pre-ocupação, a ponto de termos fei-tos um estudo no ano passado

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sobre o que queremos para o ano de 2020 nos setores de componentes, telecomunica-ções, automação industrial, utilidades domésticas, informática e geração e trans-missão de energia. O objetivo era entender o que fazer para reduzir o déficit e fazer com que esses setores passassem a 7% do PIB, contra aproximadamente 4% hoje. Em paí-ses desenvolvidos, o faturamento da indús-tria eletroeletrônica é de 12%. Esse docu-mento foi distribuído e a principal ênfase foi dada à área de componentes, pois sem isso, continuaremos sendo montadores, com bai-xíssimo valor agregado.

É isso que causa o desequilíbrio na balança comercial do setor eletroele-trônico?

às vezes a gente passa quatro ou cinco meses sem nenhum pedido de compra, aí vem uma enxurrada de pedidos de uma vez, para ser atendido em quatro meses. o único jeito É importar, porque não há nem capacidade de produzir e instalar.”

O item “componentes” é o maior ofen-sor do déficit, é o que mais pesa. Em 2009 o saldo de exportações foi de US$ 7,4 bilhões, contra US$ 24 bilhões de importa-ção. Déficit de US$ 17,5 bilhões aproxima-damente e isso porque 2009 foi um ano fraquinho. Isso deve se repetir em 2010. Entre os principais itens, são US$ 8 bilhões em componentes eletroeletrônicos, ou seja, perto de 50% do déficit vem daí. Se não se atacar esse problema, vamos continuar montando equipamento aqui, sem valor agregado nenhum. O que fazemos é turis-mo de componente.

na área de montagem, temos alguma vantagem competitiva em relação aos países asiáticos?

Temos algumas vantagens que vêm da Lei de Informática. Temos o Processo Produtivo Básico (PPB), que exige que se produza aqui uma determinada quantida-de de módulos que compõem um equipa-mento. Entra-se com um projeto, que é analisado pelo Ministério do De sen-volvimento, para ver se existe um mínimo de produção local, mas o incentivo inde-pende da origem do componente, que pode ser importado de qualquer canto do mundo. O que propomos é o Processo Produtivo Avançado (PPA), em que se dá um incentivo ainda maior se o componen-te for feito no Brasil.

isso interessa às indústrias multina-cionais, que têm sedes e fábricas em outros países?

A maioria dessas indústrias não produz componente, elas compram de diversos fornecedores. O que interessa para

Aluizio Byrro

“O nível de investimentos está baixo”Aluizio Byrro, da Nokia Siemens Networks e da Abinee, fala sobre a dinâmica atual do mercado, as pressões econômicas e as medidas que poderiam ajudar a estimular a indústria no Brasil.

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não existe mais.

E depois da privatização não houve nenhuma política de transição desse modelo?

Nada, nenhuma política e nenhuma obrigatoriedade. O que as empresas hoje te dão é um contrato guarda-chuva que vale dois ou três anos, mas as ordens de compra são emitidas ao longo do tempo, mês a mês, uma hora sobe, outra desce... No meio do processo a empresa entende que precisa refazer o contrato, faz outra licitação, relici-ta quando o preço no mercado mundial cai... Assim é que tem sido, de certa forma, a vida dos fornecedores.

Sem nenhuma previsibilidade. Pouca previsibilidade, com uma varia-

ção muito grande de demanda. Às vezes a gente passa quatro ou cinco meses sem nenhum pedido de compra, aí vem uma enxurrada de pedidos de uma vez, para ser atendido em quatro meses. O único jeito é importar, porque não há nem capacidade de produzir e instalar.

Mas como ter mais previsibilidade em um ambiente de empresas privadas regi-das por regras de mercado?

Temos que mostrar que se elas querem que se produza aqui, se elas estiverem imbuídas desses espírito de se produzir aqui a custos competitivos, tem que ter mais previsibilidade. Vou te dar o exemplo de 2009. Ano passado, o Capex de todas as empresas de telecomunicações foi de R$ 17,5 bilhões, dos quais 50% a 60% vai para os grandes fornecedores de telecom, os

tradicionais. Esperávamos que em 2010 esse número fosse superior ao de 2009, porque em 2009 havia sido R$ 2 bilhões abaixo do patamar de 2008. Com a maro-linha em 2009, isso caiu, e esperávamos que em 2010 subisse de novo para uns R$ 20 bilhões. Por quê? Porque era um patamar já atingido, porque houve a crise em 2009 e porque em 2010 o Brasil está bombando, crescendo 7% ou 8%. Nossa expectativa da indústria era essa, mas não vai dar. Na melhor das hipóteses, o Capex das teles será R$ 17,5 bilhões, como o ano passado.

o problema foi a oi?É o que o pessoal fala, porque em

2009, dos R$ 17,5 bilhões de Capex total, ela tinha investido R$ 5,1 bilhões. Realmente ela tem um peso, mas dizer que ela é o problema é falacioso. Vamos tirar a Oi fora, vamos olhar o resto sem ela. Com isso, o Capex total de 2009 foi R$ 12,4 bilhões. No primeiro semestre desse ano, as empresas fizeram R$ 5 bilhões em investimentos, declarados no Guarujá (no encontro da Telebrasil). A Oi, no mesmo período, investiu R$ 800 milhões. Ou seja, o resto do mercado, fora a Oi, este ano, investiu R$ 4,2 bilhões. Para chegar aos R$ 12,4 bilhões de 2009, teria que fazer, no segundo semestre, duas vezes o que se fez no primeiro. Não vai fazer, e se fizer de uma vez, vai ser um tumulto para a indústria. De fato, a Oi está em uma situação pior. Ela fez R$ 800 milhões no primeiro semestre, e para chegar nos R$ 3,2 bilhões que ela prome-teu para esse ano, que já é bem menos do que os R$ 5,1 bilhões do ano passado, ela teria que fazer três vezes. É complicado para a Oi, mas não é só ela o problema. Todo mundo está com o pé no freio.

Qual a sua leitura? Qual a razão?É difícil dizer, primeiro porque elas

ainda estão dizendo que vão investir. A Oi, abertamente, justifica com os gastos da compra da Brasil Telecom, que teve um investimento muito alto. Algumas operadoras dizem que os fabricantes deram enormes descontos, mas não vejo nenhum desconto, que eu conheça, que justifique esse comportamento do merca-do. Elas dizem que vão ainda chegar perto dos R$ 17,5 bilhões, o tempo está passando, já estamos em setembro. A nossa expectativa para o ano é de R$ 16 bilhões em Capex. E em um ano em que o país está fervendo, o tráfego explodindo, todo mundo comprando. É incompreensí-

sos fornecedores. O que interessa para elas, no fundo, é quanto sai o produto final aqui. Se eu tiver um incentivo bom para comprar um componente fabricado aqui que barateie o produto final e o torne mais competitivo, então elas vão fazer. Se não for assim, não vai funcionar. Temos que analisar essa situação do ponto de vista dos diversos setores da economia. O gover-no, quando é comprador, pode optar por pagar mais em suas compras para assegu-rar a presença de uma determinada indús-tria no Brasil. Mas isso, por exemplo, não pode ser imposto à iniciativa privada, onde o mercado é competitivo.

Como é o caso do setor de telecomuni-cações, não é?

Pois é, como é que eu chego na Oi ou na Vivo e digo: “vocês terão que comprar equi-pamentos com componentes fabricados aqui”. Ele vai justificar que o cliente final, o consumidor de telecomunicações, não vai comprar dele porque determinado compo-nente é feito aqui, e sim se houver qualida-de mínima, preço e atendimento. O consu-midor não está nem aí se o produto é nacional ou não. É um grande desafio e é daí que a indústria nacional terá um grande problema para competir com o fabricante de fora, sobretudo da Ásia, que tem preço baixo e competitivo. Por isso não é fácil resolver essa questão.

Mas depois da privatização sempre houve, no discurso, alguma política de incentivo ao equipamento nacional. Parece que não deu certo então...

Cada ano que passa menos gente que viveu isso está aí para contar como foi. Eu sou uma dessas pessoas. Antes da priva-tização, havia uma política da Telebrás, na minha opinião bastante inteligente, para o setor de telecomunicações: havia um mercado monopsônico, em que só a Telebrás comprava, pelo menos 98% das compras eram delas, e ela exigia não só a fabricação local mas também o desenvol-vimento aqui. Foi montado o CPqD, cha-maram a indústria aqui estabelecida para participar do desenvolvimento com ela. Quando esse desenvolvimento não podia ser feito, a manufatura era aqui, e o for-necedor tinha um contrato de três ou quatro anos com a Telebrás, com o único comprador. Isso vinha depois de um intenso processo de negociação de preço, com um grupo altamente competente da Telebrás. Depois dessa negociação, saia uma lista de preço que vigia por um perí-odo até uma renegociação futura. Isso

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fábrica é importante, mas não tanto quanto outros setores. A manufatura em si gera pouco emprego. O ponto é que essa indús-tria de telecom não é de geração de empre-go significativa, não na manufatura. Infelizmente falar isso é lutar contra a cor-rente. O BNDES e o governo acham que precisa de uma política de fabricação local, porque acreditam que essa é a célula para a expansão de pesquisa e desenvolvimento.

Pelo seu diagnóstico, há então um problema dos operadores, que apertam cada vez mais os fornecedores. E há um problema estrutural, de uma política fis-cal e cambial. Qualquer solução é de longo prazo?

Sim, estamos falando de 2020, se as coisas começarem a ser mexidas agora, e mesmo assim não vai ser fácil. Na parte de componentes, tem que olhar os custos dos insumos, da matéria prima. Se não tem similar nacional, não tem porque cobrar imposto de importação. Na nossa indústria, temos a Lei de Informática, que reduz 80% de IPI em troca de uma obrigação de aplicar 4% sobre o faturamento dos produtos incen-

tivados em investimento em P&D, parte em centros próprios, parte em universidades e parte e determinadas regiões . A redução de IPI me permite reduzir meus preços ou melhorar a minha rentabilidade. Em geral a gente repassa para os preços. O problema é que os projetos são autorizados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia depois de uma análise, que pode levar de dois a qua-tro anos, e enquanto essa análise não acaba, é preciso deixar tudo provisionado em balanço porque a gente pode ter que devolver todo o incentivo se o projeto for negado. Isso gera uma grande incerteza.

Parece que toda a produção nacional de equipamentos de telecom está concen-trada no mercado de handsets. Por quê?

Porque o imposto de importação é altís-simo. As empresas se aproveitaram dessa situação, o Brasil tem um mercado interno importante, e nessas condições dá para fazer mais barato aqui. Só em handsets isso acontece. E 90% das exportações ainda são isso. Em software, são algumas dezenas de milhões de dólares exportados, se tanto, enquanto a Índia são uns US$ 3 bilhões ao

ano, mas é aí que dá para desenvolver, é mais fácil e vem com alto valor agregado. Agora, não quer dizer que não se deva fazer nada em manufatura. Mas o que precisamos é adensar a cadeia, e isso vem dos componentes. Temos que trabalhar as duas coisas paralelamente, mas o software dá resultado em curto prazo.

Você mencionou a concorrência chi-nesa quando falou da desindustrializa-ção do brasil na área de equipamentos de telecom. Essa foi a causa?

O principal motivo foi a fortíssima con-corrência dos equipamentos asiáticos a um nível de preço muito baixo. Some a isso a nossa estrutura de custo no Brasil e a nossa demanda, que apesar de alta, não é tão alta quanto a dos países asiáticos. Coloque ainda a imprevisibilidade dos con-tratos com os operadores e chegamos à situação atual. Mas o principal fator é custo Brasil e falta de volume.

no mundo inteiro os fornecedores europeus e norte-americanos sofreram com a entrada dos asiáticos. isso não é

exclusividade do brasil. Por quê?É verdade, no mundo inteiro esse

negócio de produção local está acabando. Quem é que fabrica nos EUA hoje? Ninguém. O que virou a indústria de tele-comunicações nos EUA? Software e con-cepção. É isso que a Apple, o Google fazem. Eles criam nos EUA, produzem na China e trazem de volta para os EUA. Às vezes isso me faz perguntar se a gente precisa mesmo buscar uma manufatura no Brasil tão extensa. Estamos lutando para ter, mas o valor vem hoje do softwa-re, não do hardware.

o que aconteceu com os fornecedo-res europeus e norte-americanos que não conseguiram enfrentar essa realida-de? a nortel fechou, a nokia e a Siemens se juntaram assim como a alcatel e a Lucent, a Motorola está se separando e vendendo uma parte. Por quê?

Custo. Privatizou, globalizou, caíram as barreiras porque era preciso ter competi-ção... Quando você tem certas barreiras, como é o caso do mercado de handsets no

vel para nós, fabricantes.Será que as operadoras não estão

simplesmente segurando investimentos?Não sei te dar uma resposta. Há, é claro,

o problema da rentabilidade, impostos ele-vadíssimos, taxa de financiamento eleva-das, taxas de retorno mais longas... Tudo isso sem dúvida pesa. Mas olhe-se a varia-ção do Capex em relação ao faturamento bruto ao longo do tempo. Estivemos, em 2001, em 36,8% de Capex em relação ao faturamento. Claro que era um momento diferente, tinha a antecipação de metas, mas já foi 16%, 13%, 10%. Esse ano, esta-mos prevendo níveis abaixo de 10% de Capex sobre faturamento bruto do setor.

Mas isso não pode ter a ver com a própria tecnologia, que oferece capacida-des maiores com menores investimentos, expansões mais simples, por software?

Sabe quantas ERBs instaladas há na Espanha? 100 mil ERBs. Sabe quantas há no Brasil? 75 mil. Só a Índia compra 90 mil ERBs por ano. Complicado, né? Esses números é que nos deixam surpresos. O nível de Capex sobre o faturamento em outros países é entre 10% e 15%, nunca 7% como estamos che-gando. E as tecnologias são as mesmas. Essa conta de Capex estamos fazendo sobre o fatu-ramento bruto. Se tirar os impostos, é claro que essa rela-ção sobe. Mas estamos com um baixo nível de investimento.

E como resolver esse problema dos investimentos? Porque se tudo depender de reforma tributária, de uma mudança estrutural desse tamanho, levaria anos.

Temos um problema de câmbio, que é um tremendo desafio. Falar em política industrial e em produção local com esse câmbio é inviável. O câmbio já foi R$ 3, R$ 2,5. Estamos em R$ 1,7 por dólar. Para exportar é inviável e para importar é uma festa. Essa política cambial incentiva impor-tação. Outra coisa: será que manufatura é o negócio? Sabe quanto é o processo indus-trial de uma empresa como a Nokia Siemens hoje? Quanto é de fabricação de hardware? 30%. O resto é instalação, network imple-mentation, serviços de valor agregado, ope-ração e manutenção. Isso mais software representa 70% do faturamento.

isso independe de política industrial?Pois é, por isso precisamos dar mais

ênfase e foco na área de software aqui no Brasil. O país precisa disso. Olhar o chão de

a nossa expectativa para o ano É de r$ 16 bilhões em capex. e em um ano em que o país está fervendo, o tráfego explodindo, todo o mundo comprando. É incompreensível para nós, fabricantes.”

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Brasil, protege-se o mercado por um tempo. Então a solução seria elevar as alíquotas para equipamentos de telecom? Sim e não, porque se ninguém produzir, o que vai acontecer é que todos vão importar na nova alíquota e o preço sobe para as operadoras que repassam para o consumidor. Se um resolver produzir localmente, os outros vão produzir também. Há quem diga que se isso acontecesse, se houvesse um aumento de alíquota de importação, nem todo mundo produziria aqui. Mas será que seria bom para o consumidor final? Ele vai pagar um pouco mais, mas vai se gerar emprego aqui. Hoje gera emprego na China. É uma equação muito complicada, não tem res-posta simples. Se perguntar a minha opi-nião, acho que o melhor é o meio termo: um pouco de barreira, mais incentivos e redução do Custo Brasil. Se cair a carga tributária, aumenta a demanda.

E a MP 495, de julho deste ano, que estabelece critérios de compras e contra-tações do governo, com prioridades para a indústria nacional? Como você avalia essa medida?

Sou completamente contra a MP como ela está colocada. É uma reserva de mercado para produto, porque ela obriga não apenas a produção local, mas também o desenvolvimento no Brasil, excluindo quem não faz as duas coisas. Isso desestimula uma empresa como a Nokia Siemens Networks, por exem-plo, que fez investimentos pesados em aquisições de empresas e tecno-logia. Para vender aqui precisa mostrar um DNA brasileiro, desen-volver de novo o que já foi feito.

Tecnologias de telecomunicações são cada vez mais globalizadas, inclusive com intensa troca de patentes. Tem como contornar isso?

Vamos ler a MP 495. O produto tem que ser desenvolvido e fabricado no Brasil para poder ser comprado pelo governo com 100% de redução de IPI e até 25% de prote-ção de preço. Somando tudo dá mais de 40%, o que é muita coisa. Se alguém com-provar que produziu e desenvolveu aqui, uma empresa que não esteja na mesma condição ou que use uma tecnologia desen-volvida lá fora está fora da licitação. Não existe desenvolvimento 100% em nenhum lugar do mundo, não existe DNA puro, e isso é bom para todo mundo. Pode-se fazer parte aqui, mas isso não basta. Em projetos como o Plano Nacional de Banda Larga, que já foi considerado estratégico pelo o gover-

no, eu não vou conseguir participar. Essa MP 495 é um desestímulo para a indústria de capital estrangeiro de um modo geral e mesmo para a brasileira que queira trazer alguma tecnologia de fora. E mesmo com os benefícios, com os 40% de redução de preço da MP, tem quem garanta que isso não bate o preço do equipamento chinês. Ou seja, os preços podem ser mais caros para o gover-no do que o mercado está pagando.

Supondo que nada mude, qual o futu-ro das empresas fornecedoras de teleco-municações no brasil?

Vamos ter que aumentar o percentual de nossa produção local. É uma política de governo que leva a isso, que não pode ser criticada como tal a priori. Só criticaríamos se isso for excessivo, se houver reserva de mercado, acomodamento, o que ainda não está acontecendo. Mas a política em si de aumentar o conteúdo local é positiva e necessária no médio prazo, talvez até no custo. Seja em software, seja em manufatu-ra de baixo valor agregado. Qualquer coisa que se faça aqui já dá para ter 15% de peças e componentes produzidos aqui, mas não 60%, 70%, como seria o ideal.

Mesmo sem compensações essa ampliação de conteúdo local na indústria brasileira aconteceria?

Acho que isso acontecerá com alguns benefícios para isso, como é a própria MP 495. Ela não é ruim em si, é só um deta-lhe que ela tem que mudar. Em vez de dizer que o produto tem que ser desenvol-vido e produzido no país, ela poderia dizer “desenvolvido ou produzido” no país, com benefícios escalonados para quem só produz e para quem produz e desenvolve. Isso leva a um processo de tropicalização, de reengenharia, enge-nharia adaptativa, nacionalização, como foi na época da Telebrás. Uma política inteligente de benefícios, não de proibi-ção, pode criar esse ambiente de indus-trialização, revertendo o déficit do setor.

Há um processo claro de concentra-ção entre as teles. isso é bom ou ruim para os fornecedores?

Quem define isso é o mercado. Se incentivarmos o mercado a ser mais con-sumidor, com redução de carga tributária para 30%, por exemplo, haverá mais demanda e espaço para um quinto player. Mas se não houver mais demanda, o caminho é de mais concentração. É essa atratividade que vai dizer o que acontece-rá. Já falei sobre isso no caso da fusão da Oi com a Brasil Telecom. A BrT era peque-na demais para viver e grande para mor-rer. O mesmo valia para a Oi. Nós fornece-

dores não queremos empresas doentes, que não comprem ou não paguem. Excesso de concorrência também mata. E quem regula isso é o mercado. Acho que o mercado está mais perto de ter cinco ope-radoras do que ter três.

E a Telebrás, onde entra?Está aí fazendo sombra para todo

mundo, mas é uma alternativa para seto-res do mercado. Ela também tem as suas vantagens, é uma estatal que pode pres-tar serviço nos lugares onde não há retorno ao capital. O governo financia onde for necessário, dá subsídios. Não pode ter vergonha de subsidiar, como é na área de energia elétrica. A Telebrás será bem vinda se vier para complemen-tar e atuar em parceria com a iniciativa privada. Não para atuar onde o mercado já é competitivo.

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em vez de dizer que o produto tem que ser desenvolvido e produzido no país, a mp 495 poderia dizer “desenvolvido ou produzido” no país, com benefícios escalonados para quem só produz e para quem produz e desenvolve.”

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EsPEcial mobilidade corporativa

Nesse suplemento Especial você encontrará um conjunto de matérias que dão uma visão panorâmica dos principais desenvolvimentos no universo da mobilidade corporativa.

com o avanço da internet móvel e com o crescimento do mercado de smartphones, tablets e celulares multimídia, mais e mais empresas percebem que as redes móveis são fundamentais em suas estratégias de marketing, relacionamento, vendas, gestão de negócios, monitoramento de equipes e logística. O mercado de comunicação máquina-máquina (machine-to-

machine, ou M2M), também apresenta um potencial gigantesco, que permitirá levar a conectividade não só aos consumidores, mas para todas as coisas que fazem parte do dia-a-dia dos clientes e dos processos produtivos. Esses e outros temas são

abordados nas matérias deste especial. aproveite e boa leitura.

máquinas NO cONTrOlE

EsPEcialMObilidadE cOrPOraTiva | M2M

iMPlaNTaçãO dE lOcalizadOrEs NOs auTOMóvEis FiNalMENTE sairá dO PaPEl. aléM dissO, O sETOr EléTricO dá iNíciO à TrOca dOs MEdidOrEs aNalógicOs, O quE aNiMa Os FOrNEcEdOrEs. sãO Os PriMEirOs PassOs ruMO aO MuNdO M2M - MachiNE-TO-MachiNE

Helton posseti | [email protected]

a comunicação entre máquinas (M2M) cresce a passos largos no brasil. Novas aplicações surgem a cada momento, e existem pelo menos dois segmentos que estão deixando os fornecedores desses tipos de soluções animados: a introdução de medidores

inteligentes de energia para clientes residenciais e a instalação de localizadores em veículos novos produzidos no brasil, de acordo com a resolução 245 de 2007 do contran (conselho Nacional de Trânsito).

depois de inúmeras idas e vindas, fixou-se para setembro o início da vigência da resolução contran aprovada em 2007, que tornou obrigatória a instalação de módulos de localização em todos os automóveis novos produzidos no brasil. a localização dos automóveis será via satélite (gPs), que oferece mais precisão que a triangulação de estações rádio-base (Erbs) das operadoras móveis. Mas a comunicação com o veículo será feita pela rede das operadoras. a expectativa das operadoras é que anualmente 5 milhões de veículos com rastreador cheguem ao

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mercado, ampliando as possibilidades de oferta de serviços de valor adicionado por parte das teles celulares. Os pacotes de dados necessários à manutenção dos serviços serão comercializados às seguradoras ou gerenciadoras de risco a preços diferenciados. O grande problema é que a carga tributária para este serviço ainda é a mesma do serviço de telefonia, e o pagamento da taxa do Fistel, que incide anualmente sobre todos os dispositivos móveis (inclusive módulos veiculares) também pode significar um forte gerador de custos aos operadores. há negociações entre operadoras e governos Estadual e Federal para tentar contornar esse problema.

a implementação da resolução 245 abre várias oportunidades para toda a cadeia de valor envolvida. de acordo com gibson Nagata, gerente de marketing da gemalto, fabricante de siMcards, na Europa, quando o automóvel se envolve em um acidente sério (o que pode ser sinalizado se o air bag for acionado, por exemplo) o módulo de localização faz uma chamada para o serviço de emergência. a aposta da companhia nessa área é grande. Em junho a gemalto adquiriu uma empresa especializada em módulo de comunicação M2M, a cinterion. de acordo com Nagata, dessa vez parece que não haverá mais adiamentos no prazo. isso porque o grupo de trabalho formado para dirimir as diversas dúvidas que surgiram entre os fabricantes de automóveis, as operadoras e as fabricantes dos módulos chegou a um entendimento. Espera-se que com o início da vigência da resolução 245, o custo do seguro de automóvel caia e surjam novos negócios para as operadoras celulares.

energiaa área de energia sempre foi uma potencial grande

consumidora de soluções M2M, e de fato é nesse mercado que estão as primeiras aplicações.

Tradicionalmente, o setor usa sensores de comunicação nas subestações de energia. O uso dos medidores digitais, que permitem a leitura remota para os clientes corporativos também não é algo novo, mas agora a solução começa a aparecer para os clientes residenciais também.

a Nokia-siemens, por

exemplo, participa de um teste de uma solução de smartmeetering junto com uma operadora celular. O medidor digital, neste caso, funciona como uma espécie de modem de banda larga, que recebe o sinal 3g. a ideia, explica Wilson cardoso, diretor de soluções para a américa latina da Nokia siemens, é que a banda larga larga ajude a viabilizar a modernização dos medidores. “se fosse fazer a substituição (dos medidores) só para a medição, a conta não fechava”, afirma. a expectativa da Nokia siemens é concluir o teste até o final do ano. segundo cardoso, o próximo passo para as concessionárias

de energia é levar o M2M aos transformadores das ruas e às casas dos clientes, uma vez que elas já usam essas soluções em ambientes controlados.

as plataformas lTE de quarta geração de telefonia celular, explica cardoso, serão usadas para aplicações críticas e que necessitem de comunicação em tempo real. com

o lTE, será possível, por exemplo, desligar um transformador que está entrando em curto-circuito em questão de milissegundos.

as aplicações para M2M são muito amplas. cardoso conta que nos Eua já existem alguns prédios em que o elevador funciona como serviço: o condomínio paga ao fabricante do elevador de acordo com a quantidade de pessoas que ele transporta, o que é medido por um sensor que envia as informações ao fabricante. Também nos Eua está sendo implantada uma solução que calcula a alíquota do seguro de automóvel com base na rotina de tráfego do veículo. Tudo monitorado pelas redes móveis.

hoje, grande parte dos acessos M2M no brasil está presente em monitoramento de frota e nas máquinas de cartão de crédito espalhadas pelo País. Estima-se que haja 3,8 milhões de máquinas, das quais 15% delas possuem comunicação via gPrs. “O crescimento virá da área de segurança, logística, monitoramento industrial, smartmeetering e smartgrid”, opina cardoso.

Em relação à automação da medição de energia elétrica, já é relativamente comum que condomínios tenham um agregador da

leitura de cada apartamento. assim, o funcionário da concessionária de energia vai até o condomínio e coleta os dados de todos os apartamentos de uma única vez. a evolução deste modelo, como explica Wagner bernandes, diretor de marketing e vendas da seal Tecnologia, é dispensar o trabalho humano

“O crescimento virá da área de segurança, logística, monitoramento industrial, smartmeetering e smartgrid”Wilson cardoso da nokia siemens

“A cada semana vem uma nova ideia para conectar uma nova máquina”

Wagner bernardes da seal tecnologia

a área de energia sempre foi uma potencial grande

consumidora de soluções m2m, e de fato é nesse mercado que estão as primeiras aplicações.

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do processo. Ou seja, os dados seriam transmitidos automaticamente para a empresa de energia. “Essa solução já está indo para o consumidor pessoa física. Não me assustaria se grandes condomínios adotassem uma solução com essa. O objetivo é não ter intervenção humana no processo”, afirma ele.

Outra área promissora é a automação das máquinas de venda em rua, que comercializam de refrigerantes a livros. “quase todas essas máquinas já tem uma eletrônica embutida. seria só acoplar o módulo”, explica. dessa forma, os donos dessas máquinas teriam o controle à distância do estoque de produtos e do troco de cada máquina. “a cada semana vem uma nova ideia para conectar uma nova máquina”, afirma ele.

a seal Tecnologia atua como integradora de soluções e trabalha preferencialmente com a operadora claro, que tem uma área exclusiva para cuidar de telemetria. Em fevereiro do ano passado, a seal anunciou uma parceria com a operadora visando a oferta de tecnologias de mobilidade para os segmentos de indústria, logística, varejo e serviços. com essa estratégia, a seal passou a fornecer soluções em conjunto com pacotes de dados da operadora.

Na prática, o projeto consiste na comercialização de coletores de dados e smartphones fornecidos pela seal juntamente com um plano de minutos para a internet, disponibilizado pela claro. “quanto mais os pacotes de dados caírem de preço, mais poderemos viabilizar esse tipo de solução”, afirma bernardes. a parceira com a claro nasceu da percepção de uma necessidade dos próprios clientes, segundo ele. “Eu fazia tudo isso, mas precisava estar debaixo de uma rede WiFi. Nós percebemos que os clientes queriam extrapolar as quatro paredes”, diz ele. a claro não quis se pronunciar sobre seus planos de M2M.

a seal Tecnologia acaba de lançar uma nova solução para monitorar o trabalho de equipes em campo: o seal Track, software online de localização de dispositivos móveis equipados com gPs, como celulares e smartphones. voltado para empresas de serviços, logística e outros setores que demandam o monitoramento de uma equipe externa, o sistema permite visualizar em um mapa a localização exata e em tempo real do

equipamento e de seu usuário, além de um histórico das últimas posições.

O seal Track é comercializado em parceria firmada há oito meses com a alemã Mecomo, desenvolvedora

EsPEcialMObilidadE cOrPOraTiva | M2M

da tecnologia e fornecedora de diversas soluções em mobilidade e localização. O objetivo é ter até o final de 2010 mais de 2,5 mil dispositivos móveis monitorados.

papel da operadoraao que parece, a claro dá um tratamento

diferenciado em relação a outras operadoras quando o assunto é M2M. além de ter uma área específica para o negócio, a operadora usa um chip especial fornecido pela gemalto. Esse chip tem o software otimizado para a comunicação entre máquinas e não tem menu de navegação.

renato improta, executivo sênior da área de mídia e telecom da accenture, explica que, basicamente, as operadoras têm dois caminhos a seguir. O primeiro é se posicionar como a fornecedora da rede apenas, indo ao mercado como sendo parte de uma solução formada por outras empresas. O segundo é agregarem uma solução completa. “Para que a operadora tenha um papel mais de destaque nesta cadeia de valor, é importante que o assunto tenha a prioridade necessária dentro das operadoras”, ressalta improta.

futurocomo virtualmente qualquer dispositivo pode ser

conectado à rede, a expectativa em torno desse mercado é imensa. a consultoria gartner, por exemplo, acredita que toda a cadeia vai gerar receita de 15 bilhões de euros em 2012. Wilson cardoso, da Nokia siemens, menciona outra pesquisa segundo a qual em 2013 para cada usuário na rede, haverá dez máquinas conectadas.

carla belitardo diretora de desenvolvimento de negócios e de mercado da Ericsson, explica que para a operadora, o ponto crucial não é o risco de o tráfego sobrecarregar a rede, mas sim desenvolver modelos de

negócio adaptados para o segmento. “a operadora tem um usuário conectado. agora ela vai passar a ter uma casa, um carro, um marcapasso. E por isso, ela precisa adaptar o seu modelo de negócio”, diz ela. a Ericsson projeta em 50 bilhões o número de dispositivos conectados até 2020 por meio de redes móveis.

“Para que a operadora tenha um papel mais de destaque nesta cadeia de valor, é importante que o assunto tenha a prioridade necessária dentro das operadoras”renato improta da accenture

“A operadora tem um usuário conectado. Agora ela vai passar a ter uma casa, um

carro, um marca-passo. E por isso, ela precisa adaptar o seu modelo de negócio”

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guerra dE aPlicaTivOs

EsPEcialMObilidadE cOrPOraTiva | aPlicaTivOs

ENquaNTO O MErcadO dE aPlicaTivOs sE dEsENvOlvE EM TOdO O MuNdO, MudaNça NOs sisTEMas OPEraciONais E Na EquaçãO dE cusTOs Faz cOM quE EMPrEsas avaNcEM sObrE EssE MErcadO. aNdrOid é O caMiNhO PrEFEridO.

victor Hugo alves | [email protected]

as soluções de mobilidade avançam de forma expressiva tanto no mercado corporativo quanto para o de consumo. uma amostra deste fato é o acelerado crescimento das vendas de smartphones, que devem somar 225 milhões de unidades neste ano, aumento de

21% ante 2009, taxa que tende a se manter acelerada pelos próximos anos, segundo consultorias como gartner e idc. Essa expansão intensa da venda de smartphones fez explodir o mercado de aplicativos móveis, que fechou 2009 com receita de us$ 4,23 bilhões e download de 2,51 milhões de aplicativos em todo o mundo, números que tendem a chegar em us$ 6,77 bilhões e 4,5 milhões neste ano, respectivamente, segundo o gartner. a consultoria estima que em 2013 serão baixados 21,64 milhões de aplicativos móveis para smartphones, movimentando quase us$ 29,5 bilhões.

Este movimento ascendente de mobilidade e dos aplicativos móveis está se tornando fator essencial também para o mercado corporativo, atualmente sendo um diferencial competitivo para as empresas. Mas a tendência é que estes se tornem itens obrigatórios na estratégia das companhias no curto prazo. Não à toa, as corporações globais devem cada vez mais destinar verbas orçamentárias superiores para o segmento de mobilidade, principalmente no que tange a smartphones e aplicativos móveis. Tanto que o número de empresas que usam aplicações móveis em nuvem deve chegar a 130 milhões em cinco anos, de acordo com estimativa mundial da abi research.

“acredito que a mobilidade vai ser essencial para as empresas. a adoção deste tipo de solução resulta em um ganho expressivo de produtividade e eficiência. Elas precisam desse fator para elevar sua competitividade. quem não utilizar essa estratégia poderá ficar para trás”, enfatizou bruno Neto, analista da indústria de telecomunicações da Frost & sullivan. Ele ressaltou que para se mostrar a dimensão da importância que as empresas concedem atualmente à mobilidade, em pesquisa realizada pela consultoria em meados do ano passado, 60% das empresas questionadas informaram, mesmo em meio à crise, que aumentariam os investimentos em soluções de mobilidade.

Na disputa pelo mercado global de aplicativos móveis, a apple, por meio do iPhone, lidera com folga a disputa, com a projeção de responder por 52% dos aplicativos baixados neste ano, sendo que o

android, do google, é seu principal rival, devendo fechar este ano com parcela de 24% sobre o total. Outras plataformas rivais como symbian, blackberry e Windows Mobile (atualmente chamado de Windows Phone) têm parcela inferior deste segmento.

Entretanto, quando a análise se dá exclusivamente no mercado corporativo brasileiro, a realidade é totalmente inversa e dividida em três mundos distintos, a começar pela estratificação das plataformas que atendem a cada parte das empresas.

No que se refere à alta gerência e diretoria, há um domínio absoluto da plataforma do blackberry, da research in Motion. quando se analisa a média gerência, o symbian, principalmente com celulares da Nokia, detém ampla participação. Já quando se desce

para as áreas de força de vendas e campo das corporações, há um domínio do Windows Mobile, com uma presença de symbian também. Os principais aplicativos móveis utilizados no mercado corporativo são os de e-mail, sistemas de gestão, crM, automação de força de vendas, localização e segurança dos dados.

de acordo com analistas, estas posições são determinadas devido a

algumas características. a liderança do blackberry nos cargos mais altos das empresas é devido à sua mais bem sucedida plataforma de e-mail e devido ao servidor próprio da riM, com forte apelo no quesito segurança e agilidade. a forte representatividade da symbian na média gerência está atrelada ao fato desta área das empresas também ter uma necessidade latente de uma boa ferramenta de e-mail, mas com custos menores. as empresas investem em soluções mais baratas como o symbian, que detém integração com a ferramenta de e-mail do lotus Notes, por meio de parceria com a ibM.

Já no que tange a força de vendas e campo, a presença muito expressiva do Windows Mobile se dá por dois fatores. Primeiro, por já ser um sistema legado dentro das empresas. Em segundo, devido ao sistema operacional da Microsoft ser propício a customização de aplicativos de gestão voltados para as ações da área de força de vendas e campo. Nesta divisão, os aparelhos que têm registrado maior penetração são os da hTc.

Mas as transformações que marcam o momento atual do mundo de mobilidade podem resultar em algumas mudanças no cenário do mercado corporativo nacional. isso porque analistas

o número de empresas que usam aplicações móveis em

nuvem deve cHegar a 130 milHões em cinco anos, de

acordo com estimativa mundial da abi researcH.

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destacam que a riM vem enfrentando a concorrência do iPhone, principalmente devido ao status e facilidade de uso que o aparelho representa, e também começa a sofrer impacto do android, por meio de aparelhos como o Milestone, da Motorola. Para não ficar de braços cruzados enquanto sua parcela da alta gerência e diretoria são ameaçadas, a riM resolveu atacar o segmento de média gerência, onde quer se rivalizar com o symbian. Para viabilizar essa estratégia, a riM se baseou em duas frentes: reduzir os custos do serviço de seu servidor, com uma solução mais barata e menos robusta batizada de blackberry Enterprise server Express (bEsExpress) e também lançando aparelhos com custos menores, principalmente devido ao início de sua produção no país, o que deve facilitar a oferta de aparelhos em comodato junto às operadoras. Por fim, devido à falta de alternativas de aparelhos e ao não lançamento do Windows Phone 7, a Microsoft tem sua liderança no segmento de automação de vendas ameaçada um pouco pelo symbian, mas principalmente pelo android.

“a guerra está sendo travada no quesito de qual será o melhor sistema operacional que gerará a maior facilidade para desenvolvimento de aplicativos e melhor experiência para a empresa”, afirmou João Paulo bruder, analista do mercado de telecomunicações da idc. Ele disse que atualmente cerca de 40% das médias e grandes empresas brasileiras já contam com alguma utilização de aplicativos móveis mais robustos.

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Julio Fabio, diretor de marketing da Mc1, observou que as plataformas dominantes para o desenvolvimento de soluções de negócio b2b são respectivamente o Windows Mobile e J2Me, sendo que nesta última tanto a plataforma blackberry quanto celulares baseados em symbian podem se utilizar quase que do mesmo desenvolvimento. “Porém, o android está vindo

com força total e com ganhos substanciais sobre as plataformas existentes. acredito que a grande barreira para o android ainda seja a quantidade de equipamentos já em uso, cujo ciclo de troca ainda será longo”, disse ele.

Mas a maior gama de aparelhos no mercado com custos menores, somado ao fato do sistema operacional ser de código aberto, o que facilita o desenvolvimento de

aplicativos e acarreta em despesas nulas no que tange a licenças, faz do android a principal ameaça à Microsoft neste segmento de automação de força de campo e vendas. “O Windows Mobile está perdendo fôlego. Minha gama de aparelhos com o Windows Mobile é muito pequena e muito inferior ao leque de android. Enquanto tenho dois modelos de Windows Mobile para oferecer às empresas, tenho de oito a nove aparelhos com android”, pontuou o diretor de Top clients da TiM, leonardo queiroz, frisando o fato de que o custo de operação do Windows Mobile ser mais alto do que o android é também um fator positivo para a google nesta disputa. queiroz

Alta gerência e diretoria

A realidade de hoje A nova realidade do mundo de mobilidade

Média gerência

Vendas e campo

Alta gerência e diretoria

Média gerência

Vendas e campo

“a guerra está sendo travada no quesito de qual

sistema operacional gerará a maior facilidade para

desenvolvimento de aplicativos”, diz João paulo

bruder, analista da idc.

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apontou que a TiM está implantando um grande projeto de substituição do parque de Windows Mobile por android na força de campo de uma grande empresa, já com aplicativos de gestão instalados. No total, o projeto envolve dois mil acessos. O nome da companhia não é revelado. O executivo ponderou que caso a Microsoft não responda a esse avanço do android, em três anos quase toda a base de maiores clientes corporativos da TiM deve migrar sua força de campo e vendas para a plataforma do google.

O gerente da divisão de soluções corporativas da vivo, alex de almeida, também apontou que a falta de opção de smartphones com Windows Mobile é um problema da empresa na oferta de soluções de aplicativos móveis de automação para a força de vendas e campo das corporações. Precisamos de uma alternativa maior de aparelhos para o Windows Mobile. as ofertas estão limitadas. O mercado como um todo ganha quando se tem mais opções, como com a redução de preço e aumento das funcionalidades. é muito ruim quando não há alternativas”, avaliou.

“a vantagem do android é de ser uma plataforma aberta e que deve proporcionar uma expansão muito grande de aplicativos. O Windows tem perdido espaço no mercado corporativo devido à questão de custo operacional. cerca de 80% das empresas preferem trocar o patrimônio existente por uma tecnologia com a qual tenham custo operacional menor”, ratificou Estevan bataglia, gerente comercial da binárioMobile.

Este cenário do avanço do android no que se refere a aplicativos móveis para o mercado corporativo brasileiro é ressaltado pela desenvolvedora Navita, que já coloca o sistema do google como o segundo mais demandando por seus clientes em projetos de aplicativos móveis. O diretor de operações da Navita, Fabio Nunes, informou que já foram implantados alguns projetos com o android, e pontua que as empresas estão intensificando o interesse no sistema, citando a grande gama de dispositivos diferentes como uma vantagem competitiva.

Entretanto, a questão de segurança é ainda um fator que inibe a maior presença do sistema do google no mercado de mobilidade corporativa, segundo os especialistas. além disso, outra desvantagem do android é ainda a falta de um leque expressivo de aplicativos corporativos mais robustos desenvolvidos para o sistema.

preçoa questão do custo também é um fator primordial na decisão das

empresas em investir em mobilidade e definir quais soluções disponíveis no mercado irão utilizar na sua estratégia. “a questão do preço ainda é uma barreira. Principalmente pelo fato das empresas ainda não conseguirem mensurar o retorno sobre os investimentos nos projetos de mobilidade”, enfatizou Neto.

Já o diretor de Top clients da TiM corrobora a mesma opinião, frisando que toda decisão das empresas é baseada no custo. “aparelhos mais baratos, com desenvolvimento mais fácil, e com baixo custo de operação e atualização devem ter a preferência das companhias”, comentou queiroz.

No mercado atual, a maior parcela dos aplicativos móveis

comprados pelas empresas é feita no modelo de desenvolvimento customizado e contratado junto a empresas especializadas neste segmento. almeida pontuou que na maioria das vezes até a operadora fica de fora da negociação, só sendo chamada para conversar após a conclusão do projeto de desenvolvimento do aplicativo. Ele avalia que o cenário perfeito seria o projeto ser desenvolvido juntamente entre a operadora, o desenvolvedor e o cliente, fato que facilitaria a criação de uma solução mais adequada e evitaria problemas de ajustes. O gerente da divisão de soluções corporativas da vivo acrescentou que neste modelo de negócios atual do mercado fica muito difícil para as pequenas empresas iniciarem estratégias de mobilidade, para as quais o melhor

caminho seria o de realizar downloads dos aplicativos.

uma das saídas apontadas por ele seria as operadoras criarem uma loja de aplicativos móveis, por meio da parceria com desenvolvedores, voltada exclusivamente para o segmento corporativo. “Esse é um filão de suma importância para as

operadoras e uma oportunidade em potencial. custos e funcionalidades são primordiais para as pequenas e médias empresas, que não têm capital suficiente para investir em projetos de mobilidade”, analisou almeida.

casea Marilan, uma das maiores indústrias alimentícias do País,

foi uma das empresas que apostou no investimento em soluções de mobilidade para melhorar o desempenho da sua equipe de vendas espalhada pelo brasil e aumentar o controle sobre o processo de venda. Para isso, a companhia investiu em um projeto de uso de smartphones e uma aplicação de automação de Força de vendas (sFa).

a solução foi oferecida pela TiM, em parceria com a desenvolvedora acácia consultoria. No total, são mais de 230 usuários da aplicação, entre vendedores, supervisores, gerentes e diretores da área de vendas, que passaram a ter acesso online ao banco de dados da Marilan de qualquer lugar que estejam. a TiM forneceu em comodato aparelhos hTc Touch dotados com a aplicação de sFa em substituição aos dois equipamentos que a equipe de vendas precisava utilizar. O sistema operacional do dispositivo é o Windows Mobile.

segundo a Marilan, um dos principais impactos positivos foi no processo produtivo da empresa, já que, com as informações das vendas recebidas diariamente, o planejamento da produção se tornou mais eficaz. a empresa afirmou que conseguiu centralizar todo o processo de venda, ganhando agilidade. O aplicativo móvel permite o gerenciamento eficiente de todo ciclo da venda, da checagem dos estoques da Marilan, passando pela consulta do histórico de cada cliente, preenchimento do pedido, entre outros.

alberto brunassi, gerente de Ti da Marilan, cita outros ganhos com a comunicação online, maior agilidade para atualização das informações, das políticas de descontos e das campanhas, além do acompanhamento dos roteiros de visitas.

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a questão do preço ainda é uma barreira. principalmente pelo fato das empresas ainda não

conseguirem mensurar o retorno sobre os investimentos

nos proJetos de mobilidade.

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no rumo cErTO

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O usO da sOluçãO dE lOcalizaçãO E MObilidadE crEscE MuNdialMENTE ENTrE Os usuáriOs quE buscaM iNFOrMaçõEs sObrE EMPrEsas E sErviçOs, Mas TaMbéM NO gErENciaMENTO dE EquiPEs E FOrça dE vENda

alexandro cruz | [email protected]

Nos últimos três anos a mobilidade apresentou um processo de evolução meteórico, e aquele simples ato de falar convergiu para um universo muito mais amplo de aplicações. hoje, a busca do fim das barreiras físicas e dos limites de tempo na oferta

de serviços eficientes aos clientes virou uma preocupação das empresas. dentro desse cenário é que surge o conceito de location intelligence, que se tornou essencial para as tarefas diárias das empresas, como questões de logística e procedimento de análises minuciosas de regiões, cujo intuito é aumentar o lucro e a credibilidade comercial.

O conceito location intelligence baseia-se na capacidade

de organizar e compreender fenômenos complexos por meio da utilização de relações geográficas existentes, alinhadas a todas as informações que existam no local escolhido e disponibilizadas em celular. com ele pode-se combinar os dados de um determinado bairro - como estabelecimentos comerciais ou demografia - com os de negócio (produtos, custo de vida, etc). Tendo esses elementos, as corporações podem otimizar seus processos comerciais e de relacionamento com o cliente, para melhorar o desempenho e os resultados.

as empresas passaram a querer conhecer melhor o perfil de seus clientes por região geográfica e saber o que oferecer a

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cada um deles. Essa ação cria novas oportunidades de negócio aos empresários, que passaram a dispor o acesso direto a conteúdos de dados e mapas personalizados, com a capacidade de integrá-los a outros sistemas, como ErP e logística.

Por exemplo: a Paulistana, distribuidora de produtos de marcas como gillete, Wella, ariel, Oral b, Pantene, ace, Pampers e Koleston, localizada em são Paulo, implantou o sistema da blink systems para o aperfeiçoamento do atendimento de 250 representantes de vendas. com o aplicativo é possível, através de um sistema de gPs, que a equipe tenha o roteiro de visitas monitorado e redução no tempo de visita em cada comprador, aumentado a possibilidade do vendedor realizar mais visitas durante o dia.

além disso, ela introduziu um recurso chamado “cesta de produtos”, que fez com que aumentasse a motivação dos clientes em adquirir novos produtos, pois o sistema identifica o que um determinado tipo de estabelecimento tem por hábito comprar e alerta o vendedor, caso os itens não tenham sido vendidos. segundo Flávio costa, diretor da blink systems, um dos pontos positivos do sistema foi uma fidelização dos clientes da empresa. “ganhamos uma melhoria da qualidade no atendimento do ponto de vendas e até a fidelização do cliente”.

evoluçãoNo entanto, a evolução do

location intelligence foi lenta por causa da barreira tecnológica, já que os celulares tinham pouca memória e a banda larga móvel era escassa. como solução, surgiu uma ação de empresas como Nokia, apple, riM - blackberry e google (mais recentemente), que fizeram um trabalho para desenvolver aparelhos e sistemas operacionais compatíveis com as novas demandas. as operadoras de telecomunicação, por sua vez, também investiram em melhorias de suas infraestruturas.

segundo o gerente de marketing de serviços da Nokia, vinicius costa, a fabricante possui como um dos parceiros o site apontador na inclusão do aplicativo de localização (mapa) em seus aparelhos. desenvolvedores e, posteriormente, as próprias empresas perceberam que com a evolução dos produtos seria possível simplificar a utilização destes serviços. “é a oportunidade de escolher um restaurante não só pela comida ou pela indicação de um bom guia gastronômico”, diz.

hoje, conforme pontua o vice-presidente da amdocs para o brasil, renato Osato, existe grande variedade de dispositivos de localização para cada necessidade e que atendem tanto o mercado corporativo quanto o uso pessoal. Para ele, o principal benefício da mobilidade e da localização origina-se das mudanças que tais tecnologias podem promover nos processos de negócio.

Junto à linha de raciocínio de Osato, o representante da

Nokia enxerga que houve mudanças

de paradigma em relação aos celulares e à mobilidade. além disso, com as redes sociais, as pessoas deixaram de usar o celular para informar em que lugar estavam e passaram a dizer o que estão fazendo.

No início, o mercado de localização móvel tinha como foco o setor empresarial, principalmente as empresas de logística, transportes e seguradoras. Porém, com o crescimento do consumo de smartphones e o preço mais acessível, os desenvolvedores passaram a ter oportunidade de vender aplicações para o varejo, tendo como ferramenta de auxílio as redes sociais. O google Maps é um exemplo, ao utilizar da

capacidade de processamento dos smartphones e do gPs para oferecer serviços.

vale ressaltar que ainda hoje, como exemplo, a venda de um serviço para uma pessoa física normalmente é um processo longo de negociação, passando pela apresentação do produto, entendimento das necessidades do cliente, avaliação de cenários,

convencimento, negociação e assinatura do contrato. “com o uso de Pdas ou netbook com conexão 3g, é possível reduzir o tempo de venda, porque em uma única reunião pode ser mostrado o produto (por meio de uma apresentação ou vídeo), coletar os dados do cliente, simular o custo e benefícios e, finalmente, imprimir uma cópia do contrato para assinatura imediata”, ilustra Osato.

além de aumentar os novos negócios, o difícil processo de gerenciamento à distância também passou a se beneficiar com o uso da location intelligence. com estes aplicativos, os desenvolvedores conseguem auxilio no controle de ativos e recursos, analisam o mercado ou a ações de risco, gerenciam operações de logística.

Mas em que situação o mercado de aplicativos de localização e mobilidade no País se encontra e qual o seu potencial? renato Osato avalia que o ecossistema atual para o setor empresarial já tem um conjunto expressivo de empresas que desenvolvem para outras corporações soluções de mobilidade para o uso da localização. “No varejo, as aplicações

“Apesar de existirem bons motivadores para serviços de localização, é essencial

que a aplicação e o aparelho (smartphone, tablet, etc) sejam bastante amigáveis.

Sem isso, não existe mercado”renato osato, da amdocs

o principal benefício da mobilidade e da localização

origina-se das mudanças que tais tecnologias podem

promover nos processos de negócio.

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são mais limitadas, mas alguns desenvolvedores já se utilizam bastante funcionalidades como gPs e lbs dos smartphones”, complementa. Na visão dos fabricantes, como é o caso do executivo da Nokia, “o mercado de aplicativos e serviço tem crescido muito para os dois segmentos”.

quanto ao processo de distribuição do valor faturado entre todos os participantes, o conceito de location intelligence ainda se encontra na fase de adaptação, já que nenhum acordo serve igualmente a todos os contratos. conforme exemplifica costa, da Nokia, muitos aplicativos são desenvolvidos, fornecidos gratuitamente e patrocinados por uma grande marca, como os guias gastronômicos que são financiados por empresas do setor alimentício. “há também o modelo que garante a receita para os desenvolvedores, de acordo com o que foi vendido diretamente ao consumidor”.

Também é possível realizar a aplicação corporativa sob medida, em que o desenvolvedor ganha da empresa para criar a solução, o fabricante de celular vende o smartphone para a empresa (e seus empregados) e a operadora vende seu serviço de banda larga. “Neste mesmo cenário, poderia haver um plano diferente: a operadora paga ao desenvolvedor para construir a aplicação e ela cobra mensalmente uma taxa pelo uso da aplicação e a banda larga”, diz Osato.

Mesmo com certa indefinição sobre a melhor estratégia de distribuição do lucro, o mercado brasileiro se apresenta bastante otimista para esse segmento, auxiliado pelo crescimento da renda do consumidor e pelo aumento da oferta de smartphones - mais que a média mundial, sendo 1,06 milhão de aparelhos vendidos no terceiro trimestre deste ano no brasil conforme pesquisa do gartner. além disso, “os smartphones são a chave para a adaptação dessas soluções, porque eles se tornaram mais amigáveis e os comandos dos sistemas embarcados neles foram se tornando mais intuitivos e visíveis”, complementa Osato.

ainda tem que melhorarPara que os serviços de localização e mobilidade tenham

resultados eficientes, muitos investimentos ainda devem ser realizados pelo setor privado e órgãos do governo. como exemplo, há casos como o acesso à banda larga móvel ser ainda um dilema para os brasileiros, conforme mostra o

recente levantamento do idc em que a velocidade móvel existente no País representa um terço da rede fixa. “O tráfego de dados ainda é um serviço que, se não está atrelado a um plano convidativo, pode não ser barato, e quando o recurso for necessário para utilização de

um determinado serviço isso pode inviabilizar sua utilização”, enfatiza costa.

de acordo com o vP da amdocs, do ponto de vista corporativo, a grande preocupação é com a segurança. “é preciso avançar neste campo para que mais corporações possam adotar a mobilidade”.

Para rodrigo shimizu, diretor de gestão de empresas da vivo, a falta de uma regulamentação para o processo de “opt-in” faz com que ações voltadas para o segmento de marketing fiquem restritas, porque existe um risco no aumento de reclamações por parte do usuário final. “além disso, setores como o de rastreamento sofrem com a alta tributação. hoje não há diferenciação para taxas de um acesso de voz e um de dados. como a rentabilidade deste mercado M2M é muito baixa (pacotes de baixo volume de dados), os custos de Fust / Fistel são restritivos”, afirma.

Mesmo com os obstáculos existentes, o location intelligence existe e está disponível, com uma forte tendência de ser a ferramenta essencial para quem tem pressa de fechar os negócios ou mesmo fazer sua programação cultural antes de sair de casa. além disso, como avalia vinicius costa , “você pode ter a segurança de

saber onde seus filhos estão, sem ter que ficar rastreando-os, ligando ou mandando mensagens para eles”.

Porém, “apesar de existirem bons motivadores para serviços de localização, é essencial que a aplicação e o aparelho (smartphone, tablet, etc) sejam bastante amigáveis. sem isso, não existe mercado”, alerta renato Osato.

EsPEcialMObilidadE cOrPOraTiva | lOcalizaçãO

“O tráfego de dados, se não está atrelado a um plano convidativo, pode não ser barato, e quando o recurso for necessário para utilização de um determinado serviço, isso pode inviabilizar sua utilização”vinícius costa, da nokia

“os smartpHones são a cHave para a adaptação dessas soluções, porque eles se

tornaram mais amigáveis.”

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a próxima fronteira dE rElaciONaMENTO

EsPEcialMObilidadE cOrPOraTiva | M-MarKETiNg

cOrPOraçõEs cOMEçaM a dEscObrir quE O MuNdO MóvEl POdE PrOPiciar uMa NOva PlaTaFOrMa Para divulgar E PrOMOvEr O rElaciONaMENTO dE suas Marcas E gErar NOvas OPOrTuNidadEs dE NEgóciO

claudio ferreira | [email protected]

celular e equipamentos móveis, a fronteira final! a paráfrase ao clássico de ficção Jornada nas Estrelas bem poderia ser o lema das empresas que já acordaram para o potencial da mobilidade. ainda pouco explorado pelas empresas, o mundo

móvel e seus quase 190 milhões de usuários no brasil promete ter para o mercado corporativo o mesmo peso que teve a internet. as primeiras experiências são recentes, mas já existem cases que exploram marcas, produtos e serviços no ambiente móvel.

Todas de olho na previsão do mercado de mobile advertising, que de acordo com a eMarketeer deve movimentar mundialmente us$ 1,56 bilhão até 2013, sendo que o brasil pode abocanhar algo entre us$ 50 milhões e us$ 100 milhões. Outra projeção mundial, feita pela PriceWaterhousecoopers em 2009, indicou que nos próximos três anos cerca de 30% de todos os anúncios serão digitais, interativos, móveis ou colaborativos.

Promissor, não? Mas ainda há obstáculos. “ainda existe uma disparidade entre o usuário, o seu poder, o uso da plataforma e o que as corporações investem. Temos um grande volume de aparelhos, mas se aproveita pouco essa realidade. O celular é quase um Pc o dia inteiro na mão do usuário”, argumenta david reck, diretor da Enken comunicação digital. uma possível resposta para o reduzido uso das plataformas mobile nas ações de relacionamento e marketing das corporações seria o conservadorismo ou

ainda a centralização das campanhas de marketing em plataformas e veículos tradicionais. se a web ainda é o primo pobre (do mercado

publicitário), a mobilidade é a prima que ainda precisa de algo como um “bolsa-família”.

No duelo maturidade versus conservadorismo, existem opiniões divergentes. “acredito que não se trata de ser conservador ou não no investimento nesse tipo de plataforma. O mercado ainda não está maduro o suficiente para absorver todas as tecnologias existentes no mercado mundial. Porém, temos como tornar o mercado pujante no curto prazo”, diz ascold szymanskyj, diretor da comverse no brasil.

Mas a rápida expansão da internet móvel e a proliferação de smartphones está mudando esse quadro e mais empresas estão acordando para o universo da mobilidade como plataforma para marketing e relacionamento.

tinha uma pedra...Mas ainda existem diversas barreiras. Mesmo entre as

operadoras de celulares, que se beneficiam diretamente do maior uso do meio. Elas ainda estão mais preocupadas com a retenção do cliente final do que com a oferta de uma nova janela de marketing. ao mesmo tempo, a possibilidade de o usuário acessar a internet de seu aparelho retira um bom naco do poder das teles móveis.

Outra barreira é regulatória. a regulamentação que permitiu que os usuários registrem a recusa em receber sMs promocionais em seus celulares travou aquilo que já não era tão utilizado, porém há quem fale que o principal problema está centrado nas próprias operadoras. “a lei não é tão importante nessa equação quanto a falta de movimento das teles”, critica reck.

Pela natureza incipiente do mobile marketing, até mesmo algumas definições precisam se consolidar. “é

preciso encarar e entender o mobile muito mais como uma plataforma e menos como um veículo. Ele se presta a diversos fins de comunicação, como publicidade, promoção, ativação ou marketing direto. Nesse sentido, as empresas precisam complementar às suas estratégias de comunicação, seja off-line ou online, com o celular”, garante léo Xavier, cEO do grupo Pontomobi.

“Ainda existe uma disparidade entre o usuário, o seu poder, o uso da plataforma e o que as corporações investem. O celular é quase um PC o dia inteiro na mão do usuário”david reck, diretor da enken comunicação digital

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dentro desse princípio de complemento, como as corporações que já investem em mobilidade estão lidando com a plataforma? Para reck, existe tanto o investimento em campanhas ou projetos específicos como algo que se inicia no macro e acaba envolvendo o mundo móvel. “Temos as duas formas, porém o maior problema estratégico é a falta de continuidade mesmo, de projetos que começam e morrem rapidamente”, garante o executivo da Enken.

“n” possibilidadesa plataforma de mobile marketing parece viver o que

aconteceu com a web na década de 90, quando aquela forma de comunicação realmente ganhou significação e importância no mercado. No entanto, lembra Xavier, algumas empresas globais já trabalham de forma consistente em vários mercados mundiais. Ele cita unilever, dell, coca-cola, e Ford, entre outros. No brasil, o case do Jockey club também é emblemático (ver box).

Outro exemplo é o projeto 10k, da Nike, que uniu celular, mobilidade e redes sociais com o uso de um aplicativo da apple. Ou ainda projetos que apostam na interatividade, mesmo que baixa, como no big brother – com a votação por sMs – ou das promoções feitas pela globo na copa de 2006, que serviram como um pontapé inicial de uso da plataforma. Ou ainda sofisticados como o projeto da Enken com a gafisa, que disponibiliza um aplicativo móvel, um catálogo virtual, com uma série de recursos para uso no ambiente dos celulares e que serve para divulgar a marca e ainda fidelizar o cliente, mesmo que ele visite imóveis de outras corretoras.

Os formatos que essas empresas mais evoluídas utilizam são múltiplos e pensados em um grande número de equipamentos e na diversidade de sistemas operacionais existentes. blackberry, iPhone, android, Windows Mobile são algumas das plataformas, e os equipamentos vão de tablets a smartphones com capacidades de processamento e recursos diferentes, o que impõe mais um desafio às empresas que pensam em partir para a mobilidade em suas estratégias de marketing e relacionamento. Mas para o anunciante, mesmo que não padronizado, a efervescência do mercado é benéfica.

Mesmo a integração entre plataformas é algo que está na mira. recentemente, o grupo Pontomobi se associou à Newad na criação da primeira empresa de mídia indoor interativa do mercado, como a empresa enfatiza, a Newad.Mobi. “vamos levar interatividade mobile – sMs, qr-code, bluetooth e internet móvel – para cerca de 6 mil pontos distribuídos em 14 praças no mercado nacional”, projeta Xavier. como complemento, a empresa está criando a redemobi, uma rede de sites móveis e aplicativos composta por veículos de mídia como MTv, Jovem Pan aM, guia da semana e entre outros, que pretende ser um inventário de mídia ou uma rede de sites móveis para que as agências realizem campanhas nesse ambiente.

quem e quandoMas e o tal do usuário, como fica? “O mais importante agora

para as corporações é entender o que o usuário quer e precisa. E para os usuários, existe a preocupação adicional de se certificar que os serviços estarão funcionando”, aponta reck.

Para o anunciante, fica também a possibilidade, como acontece na web, de realizar um investimento em mídia com altíssimo grau de monitoramento. como promete a comverse. “Nossa plataforma mobile advertising agrega inteligência ao fazer o cruzamento de informações na base de dados a fim de garantir que o envio da mensagem seja feito para a pessoa correta, no momento preciso, dentro de um contexto e no formato mais adequado, via MMs, sMs, foto, video streaming, video download etc. Por meio do sistema é possível mapear diversas informações do usuário e de seu aparelho celular, como marca, se ele pode receber vídeo ou somente texto, se está ou não ligado, localização do cliente, seu perfil demográfico, entre outras funcionalidades”, garante szymanskyj.

E o futuro? Para reck, o foco deve ser o de ver a plataforma móvel como algo diferente da mídia tradicional. “E pouco importa o dispositivo, se um celular ou qualquer outra coisa. O ideal é não ter receitas prontas e empacotadas e explorar o que o meio oferece”, aconselha.

marca e business JuntosComo estimular as apostas nas tradicionais corridas de cavalos e ao

mesmo tempo criar uma forma de interatividade com os usuários de celulares e espectadores de TV, até mesmo com quem nunca viu ou mesmo irá ver uma corrida ao vivo, gerando assim resultado concreto e de marca? Esses eram alguns dos desafios do Jockey Club de São Paulo ao firmar uma parceria com o SBT e utilizar a plataforma móvel da Peopleway.

O trio é responsável pela promoção “Grande Páreo da Sorte”, que traz interatividade por meio de SMS. A ação consiste em premiar uma única aposta vencedora que apresentar os seis primeiros colocados de um páreo formado por 13 cavalos, em prova disputada no Hipódromo Paulistano. Para participar, o usuário deve enviar uma mensagem de texto com a letra P para o número 49700. Em seguida, recebe uma mensagem com uma sequência de seis números únicos e exclusivos que representam as indicações dos animais. O vencedor do prêmio é aquele cujo número coincidir com a indicação dos seis primeiros colocados na ordem correta.

O páreo é transmitido para todo o Brasil ao vivo, no “Programa do Ratinho”, no SBT, às segundas-feiras e o ganhador do prêmio recebe R$ 100 mil, que acumula se a rodada não apresentar um acertador. As apostas que acertam os cinco primeiros e os quatro primeiros colocados na ordem correta de chegada também são premiadas com R$ 20 mil e R$ 10 mil, respectivamente, rateados entre os ganhadores. Estes valores também podem acumular caso não haja vencedores. Para as empresas envolvidas o retorno também é palpável, ao custo de R$ 4 a aposta.

A tecnologia implantada na promoção é da Peopleway, empresa de soluções móveis responsável por todo o tráfego das mensagens e também pelo gerenciamento e controle do sistema de geração de apostas. Fundada na Dinamarca em 2001, a Peopleway está presente desde 2005 no Brasil. Entre as marcas atendidas pela empresa estão Nestlé, Kia Motors, Itaú, Avon, Sadia, Microsoft e Redecard.

“Através da nossa plataforma, integramos a comunicação entre o usuário e operadora, além de monitorar e controlar todas as apostas sem interferência humana, ou seja, todo o processo é informatizado o que garante segurança e credibilidade à promoção”, revela Marcel de Matos, diretor de interatividade da Peopleway. O executivo chama a atenção para a interatividade cross mídia com o participante por meio da televisão e celular.

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primeiros PassOs

EsPEcialMObilidadE cOrPOraTiva | M-cOMMErcE

aiNda TEMOs POucOs EXEMPlOs cONcrETOs dE OPEraçõEs dE cOMPras rEalizadas POr MEiO dE cElularEs, Mas EXisTEM casEs PrOMissOrEs cOMO O dO PãO dE açúcar dElivEry Ou O FONEshOP caPTura, da rEdEcard. vEJa EsTEs EXEMPlOs, cOMO O MErcadO TEM sE cOMPOrTadO E suas PErsPEcTivas

claudio ferreira | [email protected]

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ainda não há números precisos sobre o mobile commerce no brasil, até porque existem poucos cases em curso que propiciam que os usuários de equipamentos móveis, mais notadamente celulares, consigam fazer compras pela plataforma. da mesma

forma, ainda é difícil diferenciar o que é m-commerce e o que é e-commerce. No entanto, para se ter uma ideia na perspectiva dos Estados unidos, as transações realizadas por telefones celulares devem dobrar de tamanho neste ano, chegando aos us$ 2,4 bilhões, de acordo com projeção do instituto de pesquisa coda research.

O mesmo relatório apontou que 35% dos usuários de telefones celulares com acesso à internet entrevistados afirmaram que já fizeram m-commerce, dos quais 13% efetivaram a compra no celular. Em 2009, o mesmo índice era de 19%, com efetivação de 10%. dimensão que, claro, ainda demora para chegar em nossas praias.

Mas e o brasil, como fica neste contexto? “Outros mercados estão mais consolidados e o país está despertando agora, porém de forma rápida e com uma adoção acelerada. a venda de celulares como os smartphones cresceu acima da média mundial, 70% no segundo trimestre de 2010 em relação a 2009. Em números absolutos são mais de um milhão de equipamentos, e isso não pode ser desprezado”, garante Marcelo ramos, diretor-presidente da sterling commerce brasil.

em construçãoa adoção de modelos de m-commerce é heterogênea. como o

modelo que transforma o celular em um cartão, assim como a extensão para o equipamento móvel das mesmas funcionalidades que o usuário pode encontrar em websites – o projeto do Pão de açúcar delivery, também destacado adiante. “Entretanto, a possibilidade de convergência de compras com o débito na própria conta do aparelho ainda tem um gap nas possibilidades que temos em outros países”, admite ramos.

O executivo da sterling, empresa que atua fortemente em projetos de mobilidade, aponta que ainda existe a preocupação com outros gaps, o da infraestrutura que enfrentamos no brasil – mesmo com a privatização e novos players – e a barreira cultural do usuário. “O comércio eletrônico está se consolidando, mas os usuários ainda tem receio de usar o celular em operações acho que o impulso deve sair de uma combinação das teles com instituições financeiras e o varejo, os três juntos. O problema é que um fica esperando o próximo passo do outro. Mesmo assim, vejo uma curva de evolução”, garante.

até mesmo o velho fantasma da segurança das transações, até por ser uma plataforma relativamente nova nesse sentido, apesar das experiências que datam de oito ou dez anos, é minimizado por ramos. a sterling, aliás, aposta em uma aceleração das aplicações móveis, não apenas de m-commerce, claro, a ponto de colocar o brasil entre os seis maiores mercados para seus projetos, ao lado de Estados unidos, canadá, França, alemanha e inglaterra. se países como a imensa china e o evoluído Japão são mundos particulares nesse sentido, nosso país conseguiu se descolar dos demais emergentes, segundo o executivo.

direto da prateleiraFalando em projetos, o m-commerce chegou definitivamente

ao varejo. Em maio último o Pão de açúcar delivery e a Microsoft lançaram um serviço de compras pelo celular que utiliza um aplicativo disponível para os clientes que têm celular com sistema operacional Windows Mobile. com ele, o cliente pode fazer compras e ter acesso a todos os dados e funcionalidades disponíveis no website, como as listas prontas, listas pessoais e últimas compras, entre outros serviços (veja mais detalhes no box).

“é como se o cliente estivesse navegando no site do Pão de açúcar delivery, com os mesmos ícones”, conta João Edson

m-site em construçãoO aplicativo desenvolvido pela Tlantic teve como premissa básica oferecer

uma experiência de compra bastante semelhante à que o cliente já conhecia na Internet no website do Pão de Açúcar Delivery. A meta era disponibilizar todos os recursos para a realização de compras de forma prática, com o cliente podendo acessar e estar em qualquer lugar.

As principais funcionalidades migradas foram as seguintes:

Listas prontas Para comodidade e agilidade na compra, estão disponíveis listas de produtos selecionados para as principais necessidades do dia a dia do cliente. O cliente pode optar por incluir toda a lista no carrinho virtual ou somente os produtos que precisar. Listas pessoais O cliente pode também criar as suas próprias listas no site do Pão de Açúcar Delivery, que passa a estar acessível também para as compras pelo celular. ÚLtimas compras Com este recurso fica fácil incluir no carrinho os produtos que o cliente compra com frequência. Busca O cliente pode pesquisar todos os produtos que estão disponíveis no site. DaDos Do proDuto O cliente pode consultar a foto, os detalhes nutricionais e ingredientes da cada produto. carrinho virtuaL Permite que o cliente revise e altere o seu pedido antes de fechar a compra. JaneLa De entrega Escolha do dia e horário mais adequado para receber os produtos.enDereços De entrega O cliente pode escolher onde quer receber a sua compra, dentro dos endereços que foram cadastrados previamente no site. meios De pagamento É possível pagar com todos os cartões de crédito aceitos no site do Pão de Açúcar Delivery.

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gravata, diretor de operações da rede Pão de açúcar. Para acessar o delivery Mobile é preciso baixar a aplicação por meio do Windows Market Place for Mobile, a loja virtual da Microsoft que já vem pré-instalada em todos os celulares com o sistema operacional da Microsoft.

O aplicativo foi desenvolvido pela Tlantic, parceira da Microsoft escolhida em função da sua experiência em soluções para mobilidade e projetos de inovação, além de seu conhecimento no segmento de varejo. E o projeto foi feito em três meses em conjunto com a equipe de desenvolvimento do Pão de açúcar delivery e o acompanhamento da Microsoft. “a agilidade na construção da plataforma deu-se em função da utilização de serviços já existentes no website do serviço” comenta Joaquim garcia, diretor de tecnologia do grupo Pão de açúcar.

O projeto é encarado ainda pelo grupo Pão de açúcar como uma comemoração de seus investimentos virtuais. “No ano em que o Pão de açúcar delivery faz 15 anos estamos inovando com a operação mobile. agora, o primeiro supermercado online também está no celular”, entusiasma-se gravata. Mais recente, foi lançada a versão para o iPhone.

o livro, o celular e o cartãocom mais estrada, o Foneshop captura é utilizado, de

acordo com a redecard, por mais de 11 mil profissionais autônomos, entre taxistas, médicos, dentistas, vendedores porta a porta, fisioterapeutas e muitas outras categorias. O princípio do serviço é, por meio de um sistema, transformar o aparelho celular em uma maquininha de cartões virtuais, transformando o pagamento dos serviços em crédito. lançada em 2009, o volume financeiro movimentado por esta solução cresceu mais de sete vezes este ano, ultrapassando a casa dos milhões de reais transacionados. E o volume de transações

também cresceu expressivamente: mais de três vezes e meia.

E a redecard busca parcerias com cooperativas,

empresas e entidades de classe para alavancar o meio de pagamento. uma delas é com a abdl (associação brasileira de difusão do livro), para fomento às vendas porta a porta com o vendedor utilizando o Foneshop captura, que aceita pagamentos com cartão de crédito Mastercard e diners. E a operadora assegura que o modelo não traz risco de inadimplência para o vendedor e garante a segurança para o portador do cartão.

“a cada ano, milhares e milhares de livros são comercializados e a profissão de vendedor de livros é uma das que mais cresce no mercado. Nosso vendedor está preocupado em formar leitores. Ele orienta famílias, sugere títulos, além de levar uma leitura agradável e até transformar a vida das pessoas”, declara luis antonio Torelli, atual presidente da abdl. a parceria com a redecard traz mais um alento para os vendedores do setor, estimulando a compra de livros e o aumento de seus negócios.

um exemplo que também se aproveita da ascensão econômica da classe c, mostrando que o m-commerce não é algo restrito aos públicos a e b que utilizam

celulares de última geração, com os vendedores efetuando transações a partir de equipamentos menos sofisticados. E outros exemplos devem surgir para aproveitar o momento e acelerar seus projetos visando a época do Natal.

“a agilidade na construção da plataforma deu-se em função da

utilização de serviços Já existentes no Website do serviço”.

Joaquim garcia, diretor de tecnologia do grupo pão de açúcar

“A venda de celulares como os smartphones cresceu acima da média mundial, 70% no segundo trimestre de 2010 em relação a 2009. Em números absolutos são mais de um milhão de equipamentos, e isso não pode ser desprezado”marcelo ramos, diretor-presidente da sterling commerce brasil

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Desde março deste ano, quando a Anatel recebeu as contribuições sobre o regulamento de operado-ras móveis virtuais, a

expectativa sobre a abertura desse mercado vem crescendo. Mas as incóg-nitas sobre a viabilidade do modelo ainda são grandes, e mesmo entre os maiores entusiastas do mercado de MVNO, há quem aposte que para o Brasil deverá acabar prevalecendo um modelo muito mais próximo do mobile--marketing do que um modelo de ope-radora virtual tradicional.

Entre aqueles que apostam no poten-cial brasileiro para o desenvolvimento estão empresas como a Everis, que hoje atua como consultora em projetos que envolvem MVNOs. Para Marco Galaz, sócio responsável por telecom na Everis, esse não deve ser um mercado para pequenas empresas. “O que a gente pode observar em experiências em todo o mundo é que apenas aqueles que investiram com um business plan sólido acabaram se dando bem no mercado de operadoras virtuais”.

O modelo brasileiro de MVNOs terá uma característica de ser dividido em dois níveis, pelo menos se for mantida a proposta que foi colocada em consul-ta pública em dezembro e cujo texto final deve ser aprovado em outubro pela agência.

A base do regulamento, explica Bruno Ramos, gerente geral de regula-mentação de comunicações móveis da superintendência de serviços privados da Anatel, deve ser a mesma da consulta pública. Ou seja, duas categorias de operado-res virtuais: os credencia-dos, que na prática fazem o papel de revendedores dos serviços para os operadoras tradicionais (também cha-mados de operadores de ori-gem), e os autorizados, que como o próprio nome diz, são autorizados pela Anatel

a operar como se fossem operadoras de fato. No caso das credenciadas, todo o trabalho de billing, atendimen-to, garantia de qualidade de serviço e responsabilidade técnicas são dos ope-radores que detém a rede. No caso das operadoras autorizadas, elas operam tudo e assumem toda a responsabili-dade perante a Anatel. Só não contro-lam a rede em si, que é alugada de uma operadora “real”.

Questões superadasDurante o processo de consulta

pública, no primeiro trimestre, uma série de questionamentos foram levan-tados contra o modelo da Anatel.

Um dos pontos questionados dizia respeito ao fato de que o operador vir-tual, seja credenciado ou autorizado, teria que estar atrelado a apenas uma operadora móvel real em cada área de registro. Ou seja, não poderá, em um mesmo mercado, utilizar um eventual poder de barganha para contratar capacidade de rede de diferentes ope-radoras e assim conseguir preços melhores. Esse é um dos pontos que devem estar mais claros na regulamen-tação definitiva, segundo apurou este noticiário, pois a intenção da Anatel é que no caso da operadora virtual auto-rizada, ela possa contratar minutos de quantas operadora de origem quiser. O que a Anatel não poderá permitir é que uma credenciada opere com mais de uma empresa, pois seria impossível fiscalizar a qualidade de serviço e cobrar responsabilidades nesse caso.

Segundo Bruno Ramos, a ideia da regulamentação é que ela não amarre o merca-do, mas ao mesmo tempo dê

segurança para que apenas empresas sérias e comprometidas entrem nesse mercado. “O que a Anatel constatou é que, no mundo todo, só os modelos em que todo o mundo ganha prosperaram”. Para a agência, há um filão grande de mercado, sobretudo para a exploração de nichos, com oferta de serviços de valor adicionado específicos para deter-minadas comunidades ou grupos de interesse, e também potencial de explo-ração comercial pelo varejo.

Para Maurício Giusti, analista de telecomunicações e sócio da consultoria PriceWaterhouseCoopers, o sucesso do modelo de operadoras virtuais depende da não-imposição de modelos e de uma atuação regulatória mínima. “Se houver imposição de modelos, não dá certo”. Ele ressalta que na negociação de con-tratos, o equilíbrio entre a operadora real e a virtual é muito delicado. Ele chama a atenção também para a ques-tão da interconexão, o que dificulta muito a negociação do airtime no ataca-do. “As operadoras têm pouca margem para negociar minutos com valores reduzidos”, disse. Giusti participou em setembro do Fórum Mobile+, realizado pela TELETIME e TI INSIDE.

“O mercado de MVNO começa a crescer quando o mercado tradicional deixar de crescer. O Brasil ainda tem muito crescimento de base de celular nas classes C e D, o que deve se manter pelos próximos dois anos”, analisa.

Entre as operadoras de telefonia celular, empresas como Claro, TIM e Vivo estão analisando com olhos mais atentos o desenvolvimento do mercado de MVNO, e tudo indica que elas estarão abertas a, pelo menos, negociar o com-partilhamento de suas redes.

negócio próprioMas a Oi, por exemplo, é

apontada pelo mercado como a operadora mais resistente. Segundo João Silveira, diretor de mercado da operadora, não é que a

.:serviÇos móveis

Do virtual ao realCom a perspectiva de uma regulamentação definitiva, as candidatas a operadoras virtuais de telefonia móvel (MVNOs) começam a se movimentar. E novos modelos são colocados na mesa.

“no mundo, apenas aqueles que investiram com um business plan sólido acabaram se dando bem”Marco Galaz, da Everis

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de a intenção de desenvolver um produto móvel, caso a regulamentação permita. O problema é que na primeira proposta de regulamentação que foi a consulta no começo do ano, empresas coligadas, afiliadas, controladas ou con-troladoras de operadoras reais não poderiam ser MVNOs. E a Net é coligada à Claro, já que ambas têm,

indiretamente, a América Móvil (con-troladora da Embratel) como acionista. A Anatel ainda não havia batido o mar-telo sobre essa questão de coligadas operando operadoras virtuais até o fechamento desta edição. A dúvida se devia ao fato de que se, por um lado, uma empresa como a Net pudesse ter grande força para operar, por outro isso poderia representar uma vanta-gem indevida, já que ela poderia ter facilidade na negociação com a Claro, por exemplo. Esta restrição, dependen-do da forma como for colocada, pode impedir também que operadoras como a CTBC e a Sercomtel, que hoje têm atuação limitada, expandam suas áreas de atuação como operadoras virtuais.

Outra possível interessada no merca-do de MVNO entre as operadoras de telecomunicações é a GVT, mas esta também é apontada como forte candi-data ao leilão da banda H, cujo edital deve ser publicado em outubro. A Copel, concessionária de energia do Paraná e com forte presença no mercado de tele-com, também é apontada como forte candidata a operadora virtual.

Modelos diferentesEntre as empresas de outros setores,

algumas, declaradamente, já disseram que estudam entrar no mercado de ope-radoras virtuais. O grupo Pão de Açúcar é um deles, seguindo o exemplo de outros grandes varejistas, como Carrefour e Walmart, que já operam operadoras virtuais em outros países. Bancos como o Bradesco e o Banco do Brasil também já analisam esse merca-do, segundo fontes do setor. Ambos já

seus colaboradores. Por exemplo, empresas com gran-des forças de venda ou manu-tenção em campo, ou empresas que precisam se relacionar com uma comu-nidade específica, como seguradoras. Atualmente, a Spring Wireless e a Abacomm, as duas principais integra-doras de serviços móveis para o merca-do corporativo, começam a trabalhar em projetos de MVNOs voltadas para o mercado empresarial.

Outro aspecto questionado durante a consulta de operadoras virtuais dizia respeito à incerteza sobre a possibili-dade ou não de se ter acesso às redes das operadoras de SMP. Segundo estas análises, não havia garantia no regu-lamento de MVNOs que desse ao potencial candidato a operadora virtu-al a segurança de que conseguirá o contrato com a operadora. Também não há nenhum critério que permita à agência avaliar se a razão de uma eventual recusa do operador de SMP em fazer negócio com operadores vir-tuais se deve a questões técnicas ou a um mero desinteresse comercial. O texto definitivo não deve trazer nenhu-ma obrigação de negociação, mas deve dar um prazo para que haja uma res-posta definitiva sobre o interesse ou não por parte do operador real de se associar a uma operadora virtual. E as condições deverão ser isonômicas.

Entre os grupos que têm interesse em entrar no mercado de operadoras virtuais estão empresas varejistas e outras com grandes bases de clientes, como operadoras de serviços de teleco-

municações sem redes móveis. Um bom exemplo é o da operadora de TV a cabo Net Serviços, que não escon-

Oi não esteja interessada em operadoras virtuais. Mas ele explica que há grandes dificulda-des para esse mercado se desen-volver no Brasil. “Vejo MVNOs como operadoras de nicho que deverão ter entre 3% e 5% de market share. Uma das dificul-dades é que o pré-pago já é muito forte no Brasil”, diz o executivo. Ele aponta também uma incompatibi-lidade entre o modelo que as operado-ras virtuais estão propondo e o modelo de venda da Oi. “Muitos me procuram e sugerem que eu venda minutos a um custo menor e, em troca, eu não teria mais o custo de venda dos chips. Mas hoje, a venda dos chips é uma fonte de renda, porque eu consigo vender minutos junto”, explica. A maior parte das vendas de chip da Oi é feita em bancas de jornal, e a operadora já repassa seus chips com minutos aos comerciantes, o que compensa com sobra o esforço de venda.

Para Marco Galaz, da Everis, gran-des empresas, que já tenham sistemas de billing e controle de clientes terão vantagens se optarem por explorar o mercado de operadoras virtuais. “Nos outros casos, a figura do viabilizador, a MVNE, é fundamental, porque é quem vai viabilizar uma operação dentro de uma estrutura que não foi pensada para operar telefonia móvel”. Do lado da operadora que proverá a rede, diz Galaz, a dificuldade é entender o modelo e fazer as contas para saber se um operador virtual poderá trazer redução de custos. “Depois disso, ele tem todo o trabalho de negociar inter-conexão, acertar os seus sistema e integrar as operações, o que não é simples em todos os casos”. Em com-pensação, o que ela pode ganhar é um crescimento significativo no volume de minutos comercializados e aumento no tráfego de SVA.

Algumas operadoras virtuais come-çam a surgir apenas no mode-lo de revenda de dados, por exemplo, indicando um cami-nho que pode começar a ser seguido por operadores virtu-ais no Brasil. Outro modelo são as operadoras virtuais vol-tadas ao mercado corporativo, em que uma empresa opta por ter a sua própria operado-ra para poder ter o controle total dos serviços voltados a

.:serviÇos móveis“o mercado de mvno começa a

crescer quando o mercado tradicional deixar de crescer”

Maurício Giusti, da PriceWaterhouseCoopers

“o nome do jogo É fechar parcerias com clientes agora para poder comprar e revender airtime no futuro, quando a legislação permitir”Marcelo Zylberkan, da Titans Group

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criaram contas correntes em que as despesas dos clientes com taxas são revertidas em créditos para assinantes. São experiências que podem ser embri-ões de operações móveis virtuais.

Para Marcelo Zylberkan, especialis-ta em operadoras virtuais e diretor do Titans Group, empresa que desenvolve produtos para a exploração de serviços móveis em mercados de nicho, o pro-blema da VU-M e das margens aperta-das dos operadores móveis de fato deve ser um grande entrave para a viabiliza-ção dos operadores virtuais no Brasil. “Por isso eu acho que um modelo de comercialização de chips e serviços para nichos específicos, mas sem sepa-rar as operações, me parece mais viá-vel”. Para ele, o modelo de operadores virtuais é mais viável para teles sem acesso móvel, como GVT, que têm necessidade estratégica de mobilidade mas não precisam desse mercado para seus resultados.

“Acho difícil que uma MVNO consiga baratear muito mais os minutos com-prados da operadora de origem. A regu-lamentação coloca limites e responsabi-lidades que têm custos, e as margens das operadoras no Brasil já são aperta-das”. Fora isso, diz Zylberkan, o proces-so de consolidação entre Embratel e Claro e entre Vivo e Telefônica deve concentrar grande parte dos esforços de desenvolvimento de sistemas dessas operadoras. “Será que elas terão tempo, nos próximos dois anos, a dedicar times para integrar sistemas com operadoras virtuais?”, pergunta.

O modelo que a Titans Group pro-põe é o modelo de recarga combinado com venda segmentada, marketing de nicho e SVA voltado para comunidades específicas. A primeira experiência da Titans foi com a CN Chama, do grupo Canção Nova, ligado à Igreja Católica, e com a operadora Claro (ver box). Atualmente, o principal projeto, nos mesmos moldes, é com o clube de fute-bol Corinthians, também com a Claro. Segundo Zylberkan, já houve a ativação de 20 mil linhas em 60 dias de serviço. Ao todo, foram distribuídos 100 mil chips para o varejo. Outros 100 mil foram encomendados para essa pri-meira fase do projeto. O foco são os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. As vendas dos chips estão sendo feitas na rede de lojas Poderoso Timão, assim como em sites de e-commerce e em revendedo-

res de recarga. Com cerca de 30 milhões de torcedores espalhados pelo País, o clube estima que poderia ativar até 5 milhões de linhas com seu SIMcard customizado. Na verdade, são todos clientes Claro, mas que ao adqui-rirem o chip do Corinthians, passam a ter acesso a serviços exclusivos e um atendimento personalizado para este produto. “É uma MVNO light: não com-pramos tráfego”, esclarece Marcelo Zylberkan. Enquanto a receita de voz fica toda com a operadora, o clube e a Titans recebem uma participação na venda de conteúdo móvel com a marca Corinthians, acessível tanto pelo menu do SIMcard quanto pela web. São ofe-recidos alertas de gol, notícias, vídeos, ringtones, dentre outros. São criadas também promoções para os usuários, todas envolvendo o time. “O grande desafio é montar uma oferta de conteú-do móvel que seja atrativa para o torce-dor”, explica Zylberkan. O investimento no projeto por parte da Titans girou entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões. O Chip do Timão é vendido apenas na

modalidade pré-paga, embora o cliente possa, se quiser, solicitar à Claro a troca para pós-pago depois. A Titans planeja entrar no mercado de venda de recargas especificamente para os usuá-rios do Chip do Timão a partir de novembro, usando os mesmos canais de vendas do SIMcard, além da web e do menu do chip. A empresa ganhará uma comissão da operadora, como qualquer outro revendedor de recarga.

No primeiro trimestre de 2011, a Titans promete lançar no mercado os chips de outros oito grandes clubes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. No mesmo período lançará projetos similares com um pro-grama de TV e com uma grande rede varejista, que estima vender até 2 milhões de chips nos primeiros 12 meses de operação. “O nome do jogo é fechar parcerias com clientes agora para poder comprar e revender airtime no futuro, quando a legislação permitir, se houver atratividade”, explica.

SaMuEL PoSSEbon(CoLaboRou FERnanDo PaiVa)

chama pioneira

U m dos primeiros embriões de algo que poderá vir a ser uma operadora virtual no Brasil é a experiência da CN Chama, ligada à Fundação João Paulo 2º, que também é responsável pela TV Canção Nova. O projeto,

iniciado há cerca de um ano, teve como objetivo comercializar chips de celular e serviços de valor adicionado para a comunidade católica. O projeto foi interrompido por questões contratuais nos primeiros meses de operação, pois a fundação não poderia ter uma empresa comercial como sócia (no caso, a Bel Mobile, do grupo Titans). Resolvida a questão, a CN Chama voltou a comercializar os chips há cerca de um mês. “A nossa missão é evangelizar usando todas as tecnologias, e o celular é uma delas”, diz João Paulo Ferraz Kruschewsky, gerente de tecnologia da CN Chama. O grupo atua também na TV, rádio e Internet, e tem cerca de 1,2 milhão de fiéis associados, que consomem os produtos Canção Nova. A expectativa é chegar a 100 mil SIMCards comercializados até o final do ano. “A tecnologia é um meio. O importante é o conteúdo que está sendo difundido pelo celular”, explica Kruschewsky. Entre os conteúdos estão mensagens religiosas, orientação para os colaboradores que fazem a venda de produtos. “O investimento é o equivalente a uma retransmissora de TV, mas a capacidade de interação com a base é muito maior”, explica o executivo. A CN Chama também é fruto de uma parceria com a Claro, primeira operadora a apostar nesse modelo de vendas de nicho.

Para Sandro Zamarioni, diretor da Triad Systems, que assessorou a CN Chama no desenvolvimento tecnológico do projeto, o primeiro passo de quem busca um projeto de operadora virtual é buscar uma MVNE (Mobile Virtual Network Enabler), que ajudará na integração e na definição dos parâmetros de operação com a operadora real. “O maior desafio é o ajuste das plataformas de billing e atendimento para uma operadora virtual completa”.

“a tecnologia É um meio. o importante É o conteúdo que está sendo difundido

pelo celular”João Paulo Ferraz

Kruschewsky, da CN Chama

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Já se fala e se faz mobile marketing no Brasil desde 2005. Contudo, é preciso pon-derar que apenas a partir de 2008 começamos a notar real

frequência de investimentos feitos por grandes agências e anunciantes.

Trata-se, portanto, de um merca-do muito novo e que, a exemplo do que aconteceu com TV a cabo ou Internet, ainda precisa se provar.

É bem verdade que a cadeia de valor desse mercado parece ser muito complexa, com operadoras, integra-doras, agregadoras, agências mobile e desenvolvedores. Além disso, tam-bém é necessário entender mobile muito mais como uma plataforma e menos como um veículo. Logo, é real-mente mais complexo entender as reais potencialidades do meio.

Ao mesmo tempo, nenhum outro meio é mais incensado que mobile. Agências e anunciantes afirmam em uníssono quão relevante mobile passa a ser em sua comunicação. Em todos eventos de comunicação (digi-tal ou não) mobile ocupa lugar de nobre destaque.

O que precisamos entender são as razões de os investimentos não acon-tecerem a contento. Para entender o porquê disso, temos que ouvir o que diz o mercado publicitário, e o que vejo surgir é um grande mito para explicar essa timidez em se movimen-tar em mobile: a falta de métricas.

Nada mais equivocado. O que ocorre, de fato, é uma absoluta confu-são entre falta de conhecimento e falta de métricas. Por um lado, trata--se de uma reação até certo ponto natural. Afinal, é mais fácil partir para o discurso cômodo da falta de métricas e formatos do que simples-mente assumir alguma falta de conhe-cimento do meio.

Isso é reflexo de um comporta-mento de renegar o não conhecido. Mais simples é minimizar a impor-tância do novo e abominar o que não

se domina. Assim, a culpa é do meio, e não de quem o desconhece.

O objetivo deste artigo é um só: derrubar esse mito. Quem já investiu numa campanha de mobile marketing sabe do que estou falando. Portanto, essa leitura é valiosa para aqueles que não investiram e se sentem pouco confortáveis em apostar num meio aparentemente sem métricas.

Peguemos por exemplo a Internet móvel. Quando comparada à Internet “PC”, ela entrega a mesma qualidade de métricas, como visitas, acessos, tempo de navegação e CTR (taxa de cliques). O que vale destacar aqui é que a taxa de cliques na Internet móvel chega a ser seis vezes maior que na Internet desktop. Isso ocorre por três principais fato-res. Como se trata de uma tela de celular, a taxa de dispersão tende a ser muito baixa. Alem disso, há certa exclusi-vidade no formato publicitário (banner) em sites móveis. Por fim, um banner num site móvel ocupa, proporcionalmente, uma área bastan-te relevante da tela. A somatória des-tes três fatores me faz acreditar que sempre teremos um CTR maior na Internet móvel. Ou seja, é um meio não só com muitas métricas, mas com resultados até mesmo superiores a um meio não-móvel.

Avançando com a argumentação, num aplicativo é possível medir o número de downloads, acessos a esse aplicativo, tempo por sessão e a região geográfica de acesso. Em recente aplicativo lançado pelo Pão de Açúcar Delivery, além de todas as métricas acima, pode-se também mensurar o volume de vendas. Logo, temos números de sobra para anali-sar e acompanhar o investimento na plataforma móvel.

Até mesmo quando analisamos o SMS, o questionamento sobre métri-cas cai por terra. Aqui é preciso entender o SMS com o papel de mídia, e com esta funcionalidade temos basicamente as mesmas métri-cas de uma ação tradicional de marketing direto. Controlamos os dis-paros e medimos uma resposta, que pode ser um estímulo a se clicar num link, ligar para um número ou resga-tar um benefício.

Um case interessante é da fabricante de computadores Dell, atualmente um dos maiores investidores de mobile advertising no Brasil. Ela faz disparos

SMS para a base opt--in de operadoras com ofertas de seus produtos. Os consu-midores são estimu-lados a ligar para um 0800 para aproveitar os descontos exclusi-vos. Tudo é absoluta-mente mensurável e comparável com outras mídias. Esses exemplos deixam muito claro que a

falta de métricas não passa um mito, uma falácia.

Portanto, faço um apelo para aqueles que estão do mesmo lado que eu do balcão, o de vendedor de mobi-le marketing. Fica aqui a nossa tarefa de casa: simplificar o processo de venda. Não há porque tornar comple-xo o entendimento do nosso merca-do. Quanto mais os compradores (agências e anunciantes) entenderem o meio, melhor para todos.

Mito se derruba com informação e fatos. Temos que investir juntos em educação e multiplicação de conhecimento.

*CEO do grupo Pontomobi e pio-neiro no mercado de serviços de valor adicionado e mobile marketing no Brasil.

Leo Xavier*[email protected]

É mais fácil partir para o discurso cômodo

da falta de mÉtricas e formatos do que

simplesmente assumir alguma falta de

conhecimento do meio

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As métricas e o mito

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26 TeleTime set_2010

No calendário chinês, 2010 é o ano do tigre. É com o apetite desse feroz ani-mal que os fabricantes chineses de teleco-

municações avançam mundo afora. Pelo andar da carrua-gem, a Huawei deve encostar na Ericsson em termos de faturamento global este ano, estando prestes a se tornar a segunda maior fabricante de telecomunicações do mundo em receita, atrás apenas da Nokia. Enquanto isso, sua compatriota ZTE comemora em 2010 a entra-da no ranking dos cinco maio-res fabricantes de handsets do planeta. Paralelamente, no campo macroeconômico, o PIB da China acaba de ultrapassar o japo-nês, ocupando a vice-liderança global. Mas nem tudo é motivo para come-morações na China: a pressão pela valorização da moeda local, as demandas trabalhistas por melhores salários, a desconfiança de alguns governos quanto à segurança nacio-nal em razão do uso de equipamentos de telecomunicações chineses e a difi-culdade de promoção de suas marcas junto ao consumidor final no Ocidente são obstáculos que Huawei e ZTE pre-cisam enfrentar para manter seu ritmo de crescimento. “Ainda somos vistos no mundo como uma empresa chinesa, não uma empresa global”, comenta em autocrítica o CFO da ZTE, Wei Zaisheng.

O sucesso dos fabricantes chineses está diretamente ligado à política industrial do governo daquele país, explicam analistas. “A China teve um plano de industrialização, com defini-ção de setores prioritários, entre os

quais o de eletroeletrônicos e teleco-municações”, comenta o consultor Newton Scartezini. Agregada a essa política nacional, há um enorme mer-cado consumidor interno, que alimen-ta a indústria local e lhe dá sustentação financeira para se arriscar no exterior. Para se ter uma ideia, o maior backbone de fibra óptica do mundo, de 20 mil km de

extensão, pertencente à China Mobile, foi construído com equipamentos da ZTE. A chegada da 3G no país tam-bém demandou intensos investimen-

tos das operadoras locais e todas elas incluíram os fabricantes chi-

neses entre seus fornecedores.Ao mesmo tempo, as

empresas chinesas contam com a ajuda dos bancos locais para seus projetos. Não se trata apenas de financiamento para o fabri-cante em si, mas para seus clientes, as operadoras internacionais. É comum

bancos chineses darem empréstimos a teles estrangei-

ras para ajudar na aquisição de equipamentos chineses. A facili-

dade de crédito é mais uma vanta-gem para Huawei e ZTE.

É comum atribuir o bom desempe-nho da China aos baixos preços de seus equipamentos. A afirmativa,

embora tenha sido verda-deira por muitos anos, começa a perder força por uma série de razões. Um dos principais moti-vos para os preços baixos é o câmbio controlado pelo governo, que man-tém a moeda local, o RMB, artificialmente des-

valorizado. Entretanto, há uma forte pressão internacional pela flexibiliza-ção do câmbio chinês. Também existe pressão interna, conforme aumenta o poder aquisitivo da população chine-

sa e, consequentemente, seu desejo de importar produ-tos. Os fabricantes estão cientes que a valorização do RMB é questão de tempo: “sabemos que o governo chinês quer globalizar o RMB. Nós estamos buscan-do ferramentas financeiras para evitar problemas com essa valorização. Mas é difí-cil dizer se é o RMB que está

.:Fornecedores Fernando Paiva, de Shenzhen, [email protected]

“ainda somos vistos no mundo como uma empresa chinesa, não uma empresa global”

Wei Zaisheng, da ZTE

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O ano do tigreHuawei e ZTE procuram se firmar como empresas globais, enquanto se preparam para mudanças na economia chinesa.

É inegável o esforço dos fabricantes chineses em melhorar a qualidade de seus produtos. tanto huawei quanto zte investem 10% de suas receitas em pesquisa e desenvolvimento.

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28 TeleTime set_2010

se valorizando ou se são o euro e o dólar que estão se desvalorizando”, alfineta o CFO da ZTE.

Outro fator que contribui para os preços baratos são os baixos salários da mão de obra na China. Mas isso também está mudando, vide as recen-tes greves em fábricas como a da Foxconn, que produz o iPhone no país. “Aquela história de chinês trabalhan-do por um prato de arroz já era”, afir-ma Scartezini. Ele acredita que a China seguirá os mesmos passos que o Japão do pós-guerra: “começaram fabrican-do bugigangas baratas e de qualidade duvidosa. Depois, os salários foram subindo e agora os produtos são de alta qualidade”.

Ainda sobre os preços, é impor-tante lembrar que alguns grandes fabricantes internacionais, como Ericsson e Nokia, montaram fábricas na China. “Com nossos competidores produzindo na China, esse diferen-cial de preço não existe mais. Nosso diferencial agora tem que ser inovação”, analisa o dire-tor de tecnologia da Huawei no Brasil, Marcelo Motta.

É inegável o esfor-ço dos fabricantes chineses em melhorar a qualidade de seus produtos. Tanto Huawei quanto ZTE investem 10% de suas receitas em pesquisa e desenvol-vimento. Dos 95 mil funcionários da Huawei, 43 mil são pesquisadores. Ambas as empresas têm centros de P&D espalhados por vários continen-tes. Em 2008, a Huawei foi a maior solicitadora de patentes do mundo, considerando todas as áreas do conhecimento. No ano passado, ficou em segundo lugar, atrás apenas da Panasonic.

Enquanto a área de P&D é tratada como prioridade, o mesmo não pode ser dito quanto ao marketing. As mar-cas Huawei e ZTE, embora cada vez mais respeitadas entre as operadoras, ainda são pouco conhecidas entre os consumidores finais, especialmente no Ocidente. E o marketing é determi-nante para o sucesso no mercado de handsets. “É preciso ter paciência. Samsung e HTC conseguiram firmar suas marcas no mundo, porque não conseguiríamos? A Nokia não era conhecida na China quando chegou aqui. Mas tem qualidade e ganhou

mercado. Vamos focar em qualidade primeiro”, explica o diretor de smartphones da ZTE, Ji Zhong Wei. A estratégia inicial de Huawei e ZTE no mercado de ter-minais tem sido o foco em datacards, ou dongles 3G, como são chamados no exterior. Nesse segmento, elas são líderes mundiais. Através da venda dos pequenos aparelhos, suas marcas começam a conquistar um espaço na mente dos consumidores. Já em celu-lares, as estratégias de Huawei e ZTE diferem. Enquanto a primeira optou por priorizar vendas em regime de OEM para operadoras internacionais, como T-Mobile e Orange, a ZTE

apostou em sua marca própria e con-seguiu superar a barreira de 4% de market share, disputando um espaço entre os cinco maiores do mundo. Em 2010, a empresa projeta vender 80 milhões de celulares. No ano que vem entrará no competitivo mercado de Internet tablets.

infraestruturaSe em celulares os chineses ainda

estão engatinhando fora de seu país natal, em infraestrutura de telecomu-nicações eles já se tornaram gigantes. Isso vale tanto para redes fixas quan-to móveis. A receita da ZTE em redes ópticas, por exemplo, mais que tripli-

cou de 2006 a 2010, pas-sando de US$ 264 milhões para US$ 1,02 bilhão. A empresa afirma ser a tercei-ra maior fornecedora de redes ópticas do mundo. A Huawei diz ser a líder, tendo ultrapassado a Alcatel-Lucent em 2009. Em DSLAMs, a Huawei também afirma ser a líder mundial, enquanto a ZTE se põe em

terceiro lugar, com 14% de participa-ção, tendo vendido mais de 54 milhões de equipamentos até hoje.

É em infraestrutura móvel que a Huawei se consolidou como um player global. Aproveitando a onda de lança-mentos de redes de terceira geração (3G) em países emergentes nos últi-mos três anos, como o Brasil, a com-panhia conquistou uma fatia signifi-cativa do mercado. A ZTE perdeu essa onda, e agora aposta suas fichas na quarta geração (4G), seja em LTE ou WiMAX. Ambas as fabricantes

estão participando de diversos testes ao redor do mundo e já conseguiram assinar alguns contratos importantes em 4G, como o da Huawei com a Telia Sonera.

Embora estejam conquistando espaço em redes de acesso, os chine-ses ainda têm dificuldade em conven-cer as operadoras a deixá-los entrar no core das redes, área mais sensível e onde não podem acontecer falhas. Especialistas acreditam que é apenas uma questão de tempo para as teles mudarem de ideia. O mesmo vale para a área de serviços gerencia-dos, onde os players ocidentais ainda são dominantes.

.:Fornecedores“aquela história de

chinês trabalhando por um prato de arroz já era”

Newton Scartezini, consultor

receita mundial em 2008

receita mundial em 2009

% da receita de fora da china em 2009

número de funcionários

Huawei us$ 18,3 bilhões us$ 21,8 bilhões 75% 95 mil

zte us$ 6,5 bilhões us$ 8,8 bilhões 49,6% 70,3 mil

huawei e Zte em números

as marcas huawei e zte, embora cada vez mais respeitadas entre as operadoras, ainda são pouco conhecidas entre os consumidores finais, especialmente no ocidente.

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30 TeleTime set_2010

GlobalizaçãoÉ indiscutível a globalização dos

fabricantes chineses. Na Huawei, desde 2005 a receita internacional é maior que a nacional, girando em torno de 75% atualmente. Na ZTE, o faturamento no exterior responde por metade do total. As duas companhias querem ser vistas como empresas globais e investem pesado na contra-tação de funcionários nativos nos países onde abrem escritórios. No Brasil, por exemplo, 75% dos funcio-nários da Huawei são brasileiros.

Como parte da estratégia de anga-riar a confiança internacional, a ZTE abriu capital seis anos atrás, sendo listada na bolsa de Hong Kong. “Com isso, aumentamos a confiança dos clientes e investidores na ZTE”, diz o CFO da empresa. A Huawei, por outro lado, permanece fechada.

Apesar dos esforços, ambas as empresas ainda se ressentem por serem vistas como chinesas, não como multina-cionais. Este ano tiveram problemas na Índia, país vizinho e com o qual a China enfrenta diversas disputas diplomáticas envol-vendo o traçado da fronteira. Alegando questões de segurança nacional, o governo indiano está exigindo que todos os fabricantes estrangeiros de telecomunicações abram documentos e especificações de seus equipamen-tos utilizados pelas teles da Índia. O imbróglio afetou o balanço da ZTE no

primeiro semestre, pois a Índia repre-senta 9% de sua receita total.

Pior acontece nos EUA. Os fabri-cantes chineses encontram forte resistência para conquistar espaço no mercado norte-americano. Em 2008, o governo dos EUA impediu a aquisi-ção da 3Com pela Huawei por razões políticas, alegando a suspeita de que a Huawei seria ligada ao exército e ao

serviço de inteligência chineses. Este ano, a Huawei perdeu a disputa pela área de redes da Motorola para a Nokia Siemens apesar de ter ofereci-do uma proposta mais alta, como revelou o site Rethink Wireless. Algumas fontes argumentam que a aparente preocupação norte-america-na com sua segurança nacional servi-ria, na verdade, para encobrir uma

política protecionista. Segundo Ross Gan, prin-

cipal executivo de comunica-ção da Huawei, o fato de a empresa não ter uma pre-sença relevante em um dos principais mercados do mundo, o da América do Norte, deve-se a uma demo-ra para se movimentar para esse mercado, mas também por uma resistência das ope-radoras norte-americanas,

que mantêm fortes laços com forne-cedores tradicionais da região como Motorola, Nortel e Lucent (hoje Alcatel-Lucent). Já o norte-america-no Ron Raffensperger, diretor de marketing da divisão de core network da Huawei, reconhece que uma das razões que certamente pesou para essa dificuldade foi a falta de conhe-

cimento em relação à estrutura da Huawei, o que gerou desconfiança no mercado. “Precisamos melhorar nesse quesito e mostrar mais trans-parência”, diz. Ross Gan ressalta que o fato de a empresa não ser listada em bolsa não significa que ela seja menos transparente ou que tenha algo a esconder, como por exemplo uma eventual participação do governo chi-nês em sua estrutura. “Simplesmente não somos listados em bolsa, mas somos uma empresa que funciona como uma cooperativa de funcioná-

rios, que são os sócios da Huawei, e nossos engenheiros têm uma atuação extrema-mente próxima dos clientes. Isso dá transparência à nossa atuação. De qualquer forma, estamos trabalhando em for-mas de padronizar e abrir mais informações para o mercado a cada ano”, diz. A empresa assegura que não tem participação do governo chinês e que é hoje uma empresa 100% privada.

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.:Fornecedores“com nossos

competidores produzindo na china, o

diferencial do preço não existe mais”Marcelo Motta,

da Huawei

Presente no Brasil há onze anos, completados este mês, a Huawei enfrentou dificuldades no começo. “Quando chega-mos, o Brasil era um mercado dominado por empresas

americanas e europeias e havia preconceito contra o produto chi-nês”, recorda Marcelo Motta, diretor de tecnologia da Huawei. A empresa ganhou força no País quando da migração para redes 3G. A fabricante calcula deter 40% de participação no mercado de infraestrutura móvel de terceira geração no Brasil, sendo a única fornecedora presente em todas as operadoras brasileiras. Em 2008 a Huawei assinou US$ 1 bilhão em contratos no Brasil. Em 2009, esse montante subiu para US$ 1,4 bilhão.

A entrada da ZTE em solo tupiniquim é mais recente, porém não menos corajosa. Embora tenha perdido a onda de contratos de infra 3G, a empresa vem se destacando na área de terminais, seja com modems USB ou com celulares. A empresa espera ven-der 3 milhões de telefones móveis no Brasil este ano, todos nos segmentos mid e high. Enquanto isso, avalia a ideia de abrir uma fábrica em São Paulo e estuda sua participação em licita-ções da Telebrás para o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

china no Brasil

apesar dos esforços, ambas as empresas ainda se ressentem por serem vistas como chinesas, não como multinacionais. este ano tiveram problemas na índia, país vizinho e com o qual a china enfrenta diversas disputas diplomáticas.

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32 TeleTime set_2010

O decreto presiden-cial que criou o Sistema Brasileiro de TV Digital esta-beleceu que cada

emissora de TV receberia um segundo canal consignado de 6 MHz, na faixa de UHF, em sua área de concessão, para a transmissão do sinal digital simultânea à transmissão ana-lógica, o chamado simulcast.

Esta situação se manterá, em tese, até 2016, quando o mesmo decreto estipula que serão suspensas as trans-missões analógicas (o chamado switch--off), devendo as frequências da TV analógica retornarem ao controle da União para serem realocadas.

No Congresso da SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão), em agosto, as emissoras começaram a construir um discurso para garantir que estas frequências sejam mantidas nas mãos dos radiodifusores. Pela pri-meira vez mencionou-se em público a possibilidade deste desligamento ser adiado, e discutiu-se os destinos das faixas a serem liberadas.

O consultor Paulo R. Balduíno, da Synthésis, apresentou dados de um estu-do que está sendo feito por encomenda da Abert (associação de radiodifusores liderada pela Globo) sobre os mercados de radiodifusão e telecomunicações. Segundo ele, o Brasil não pode ser com-parado a outros países neste aspecto, pois as necessidades são diferentes. “Nos EUA há uma grande demanda por banda, porque há conteúdo, como serviços de vídeo, telemedicina. No Brasil não há uma necessidade tão grande”, afirmou.

Segundo Balduíno, “a banda larga é importante e deve ser universalizada, mas sem prejudicar o desen-

volvimento da TV digital”. Ele demons-trou a preocupação da associação com a Consulta Pública 28 da Anatel, que prevê o uso secundário da faixa de 698 MHz a 806 MHz para serviços móveis. “Não deve-se permitir o uso desta faixa até pelo menos depois de 2016”, pontuou.

No mesmo painel, o diretor de enge-nharia da Globo, Fernando Bittencourt, disse que o Brasil discute em posição desfavorável na UIT (União Internacional de Telecomunicações) quando o tema é banda larga sem fio, porque nos países desenvolvidos a radiodifusão não teria tanta importância quanto aqui, e por-tanto as frequências seriam atribuídas a outros serviços. Está marcada para 2012 uma reunião na entidade para se discutir justamente a alocação destas faixas. Balduíno propôs que o Brasil se movimente para chegar com uma posi-ção forte a esta reunião, para defender a manutenção do espectro destinado à radiodifusão.

O mesmo estudo da Abert foi usado para apontar a possibilidade de atraso no desligamento da TV analó-gica. Balduíno lembrou que em vários países desenvolvi-

dos houve atraso no switch-off. “Os cronogramas estão sendo dilatados em todo o mundo. Mesmo nos EUA, só houve o desligamento das emissoras de alta potência. Para as de baixa potência ainda nem há data. No Canadá ainda há um milhão de casas sem TV digital, e no Japão, cujo desligamento está pre-visto para julho de 2011, 25% das resi-dências ainda estão de fora”, contou.

O estudo também propõe que o ser-viço de banda larga das operadoras wireless se desenvolva com tecnologias que permitam maior aproveitamento do espectro, como o uso de femtocells, e apregoa que as políticas para o uso do espectro devem usar, na avaliação de eficiência do uso, “fatores culturais, sociais e econômicos”.

Roberto Pinto Martins, secretário de Telecomunicações do Minicom, disse que não há ainda qualquer definição sobre como será ocupado o espectro liberado a partir de 2016 com o fim da TV analógi-ca. Afirmou que este é o momento de se começar a discussão, mas que ela só acontecerá mesmo no próximo governo. “Está em aberto, podem ser criados mais canais de TV, ou ser usado para outros serviços. A faixa dos 700 MHz é nobre, muita gente quer”, disse.

Bittencourt, da Globo, manifestou preocupação com a possibilidade da faixa ser compartilhada entre a radiodifusão e serviços mó -veis. Segundo ele, a convi-vência entre os serviços é inviável, pelas característi-cas técnicas das redes, e só seria possível se cada um ocupasse uma faixa comple-tamente separada.

.:espectro andré [email protected]

Direito adquiridoEmissoras de TV preparam o discurso para manter suas frequências após o desligamento das transmissões analógicas, em 2016.

“está em aberto (o espectro que será liberado com o fim da tv analógica), podem ser criados mais

canais de tv, ou ser usado para outros serviços. a faixa dos 700 mhz É nobre, muita gente quer”

Roberto Pinto Martins, do Minicom

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porque há conteúdo, como serviços de vídeo, telemedicina. no brasil não há uma necessidade tão grande”Paulo R. Balduíno, da Synthésis

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34 TeleTime set_2010

O mercado latinoamericano de satélites vive uma fase aquecida. Fontes calculam que a taxa média de ocupa-ção dos cerca de 40 satéli-

tes que iluminam a região gire em torno de 85%. O percentual é alto, o que gera alguns problemas de falta de capacidade, especialmente em um cenário de demanda crescente em razão do lançamento de operações de DTH por operadoras de telefonia e do bom desempenho econômico de países como o Brasil. “Estamos brincando de ‘Escravos de Jó’ com os clientes: tira um, bota outro”, compara um executi-vo do setor. De acordo com um estudo interno da SES World Skies, a demanda por capacidade satelital na América Latina entre 2009 e 2015 crescerá em média 8,8% ao ano em banda Ku e 1,5% ao ano em banda C.

As operadoras estão atentas à ques-tão e garantem que não haverá um gargalo em capacidade satelital. “O setor de satélites nunca foi um freio para o crescimento econômico. Sempre estivemos preparados para atender a demanda”, afirma o presidente da Abrasat, a associação das empresas do setor, Manoel Almeida. “O mercado não está com capacidade sobrando como antigamente. Mas tampouco diria que esteja faltando. Pode haver uma demanda pontual que demore a ser atendida”, analisa Estevão Ghizoni, diretor de vendas da Intelsat para América Latina e Caribe.

Para evitar o estrangulamento futu-ro, várias operadoras prepa-ram lançamentos de satéli-tes que trarão capacidade adicional à região. Hispamar, Star One, Intelsat, SES World Skies e Telesat juntas plane-jam por em órbita sete saté-lites entre 2011 e 2013 com feixes sobre a América Latina. “O setor vive hoje um pico de investimento na região”, afirma Jurandir

Pitsch, vice-presidente de desenvolvi-mento de mercado para América Latina da SES World Skies. Para ele, os novos satélites darão conta do aumento da demanda, mas as taxas de ocupação continuarão altas. “Alguns satélites já sobem lotados”, destaca.

A maioria dos lançamentos substi-tuirá satélites existentes, acrescentan-do transponders. A princípio não há necessidade de licitação de novas posições orbitais para o Brasil. A ten-dência é aproveitar melhor as atuais, com satélites maiores e de grande capacidade. Para se ter uma ideia, o SES-6, da SES World Skies, com lança-mento previsto para janeiro de 2013,

terá 48 transponders em

banda Ku. Ele substituirá o 806 na posição de 40,5ºW, que possui apenas seis transponders em Ku, e ainda aumentará também a capacidade em banda C. Antes disso, em junho de 2011, a empresa lançará o SES-4, que ocupará o lugar do NSS7 em 22ºW, também trazendo capacidade adicio-nal nas bandas C e Ku.

A Intelsat, que tem 18 satélites cobrindo a América Latina, região que lhe proporcionou um faturamento de US$ 300 milhões no ano passado, pla-neja lançar até o fim de 2013 mais dois satélites que terão feixes cobrindo o Brasil: o IS-21 e o IS-27. O primeiro está previsto para entrar em órbita no segundo trimestre de 2012 e será o substituto do IS-9 na posição orbital de 302ºE. O IS-27, por sua vez, ocupa-rá a posição de 304,5ºE e deve ser lançado em 2013. Ambos terão capa-cidade maior que seus precedentes nas bandas C e Ku.

As brasileiras Hispamar e Star One não ficam atrás das estrangeiras. Depois de seu Amazonas 2 subir aos céus com mais de 40% da capacidade contratada, a Hispamar planeja agora o Amazonas

.:satélites

Céu estreladoSérie de lançamentos espaciais nos próximos quatro anos promete suprir demanda aquecida no mercado brasileiro.

“o setor de satÉlites vive hoje um pico de investimento na amÉrica latina”Jurandir Pitsch, da SES World Skies

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set_2010 TeleTime 35

tres. Para o Brasil, a Hughes está neste momento estu-dando possíveis parcerias para banda Ka no futuro.

Copa do MundoO atendimento à deman-

da para transmissão de vídeo durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas que acontece-rão no Brasil não preocupa

as operadoras. Alguns contratos, inclu-sive, já estão sendo negociados com emissoras estrangeiras. Nesses even-tos, há uma grande demanda temporá-ria para a transmissão de contribuições de TV do mundo inteiro, principalmen-te para a cobertura de treinos e entre-vistas coletivas. Para atendê-las, é comum se fazer um reposicionamento de feixes, aumentando a capacidade sobre o país-sede. Foi isso que aconte-ceu na África do Sul este ano, durante a Copa do Mundo. A Intelsat, por exem-plo, conseguiu aumentar em 900 MHz a sua oferta sobre a África do Sul no período do evento, atendendo emisso-ras de 19 países.

O único problema vislumbrado para a cobertura da Copa do Mundo no Brasil é a possível falta de veículos para a trans-missão via satélite (unidades móveis), alerta o diretor comercial da Hispamar, Sérgio Chaves. Ele entende que a frota atual existente em algumas regiões do País não será suficiente para atender aos pedidos de tantas emissoras de TV. Por isso, ele aconselha que esse segmento seja incentivado a crescer desde já, para evitar a escassez durante a Copa.

FERnanDo PaiVa

metem disponibilizar até 2013, existe a chance de a América Latina ter pela primeira vez transponders em banda Ka. O Amazonas 3, da Hispamar, provavel-mente terá capacidade nessa banda, cuja utilização é totalmente focada em acesso em banda larga. Na banda Ka, em vez de grandes feixes iluminando continentes inteiros, os satélites distri-buem pequenos spot beams, com raios de 200 km, geralmente direcionados a áreas densamente povoadas. Em banda Ka, a frequência é reutilizada, o que barateia o custo do tráfego por Mb, chegando a ser um décimo do preço da banda Ku, dependendo da configuração do satélite. A banda Ka tem usado os chamados High Throughput Satellites (HTS), com capacidade de até 100 Gbps, como o Júpiter, da Hughes, que está em cons-trução e será lançado em 2012 nos EUA. Lá, assim como em outros países desenvolvidos, a banda Ka já é larga-mente utilizada. A Hughes, por exem-plo, oferece o serviço nos EUA com velocidade de 1 Mbps por uma mensa-lidade de US$ 39. O sucesso tem sido grande nos subúrbios das grandes cidades e em outras áreas urbanas mal servidas por tecnologias terres-

3, que substituirá o Amazonas 1, com provável lançamento em 2013. A Star One, enquanto sustenta ao máximo a sobrevida dos antigos B1 e B2, manti-dos agora em órbita inclinada, prepara o C3, com 18 transponders equivalentes de 72 MHz na banda Ku e 28 de 36 MHz na banda C.

Tantos projetos só são possíveis porque as operadoras estão conse-guindo convencer seus acionistas de que o investimento dará um bom retorno. Para tanto, mostram não ape-nas as elevadas taxas de ocupação dos satélites atuais, mas também a alta do preço do MHz na América Latina, favorecido pela desvalorização do dólar nos últimos anos.

Uma demonstração de que o setor se sente tranquilo quanto à relação entre demanda e oferta para os próxi-mos anos está em seu lobby para participar do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). As operadoras têm conversado bastante entre si e em reuniões de suas entidades repre-sentativas sobre a possibilidade de apresentar uma proposta ao governo. Todas acreditam que a infraestrutura satelital será necessária para o suces-so do PNBL, principalmente na oferta de backhaul.

Vale lembrar que em outros países o satélite tem sido estimulado pelos governos a servir de acesso banda larga para o usuário final. Na Austrália, por exemplo, quando não há infraestrutura de banda larga ter-restre, o governo subsidia a compra de terminais via satélite. Nos EUA, como parte do Recovery Act, o gover-no federal concederá US$ 58,7 milhões à Hughes para subsidiar a compra de terminais via satélite para 260 mil assinantes em áreas rurais. “Em países com grande extensão ter-ritorial, como Índia, Rússia, EUA, Austrália e Brasil, o satélite é uma ferramenta para banda larga. Por mais que se estenda o backhaul e o backbone terrestres, uma parcela grande da população continua desa-tendida. Em locais com baixa densida-de populacional, o custo do atendi-mento com tecnologias terrestres fica caro”, comenta o diretor de marketing da Hughes no Brasil, Rafael Guimarães.

KaAlém da capacidade adicional nas

bandas C e Ku que as operadoras pro-

“a capacidade de oferta nunca foi um freio

para o crescimento econômico”

Manoel Almeida, da Abrasat

Lançamentos projetados até o fim de 2013 com cobertura no Brasil

quando satélite operadora posição

Junho de 2011 sEs-4 sEs World skies 22ºW

segundo semestre de 2011 Estrela do sul 2 Telesat 63ºW

primeiro semestre de 2012 c3 star One 75ºW

segundo trimestre de 2012 is-21 intelsat 302ºE

Janeiro de 2013 sEs-6 sEs World skies 40,5ºW

2013 is-27 intelsat 304,5ºW

2013 amazonas 3 hispamar 61ºW

fonte: Empresas

set_2010 TeleTime 36

.:produtosMódulo compacto

A Telit começou a fabricar no Brasil o que afirma ser o menor módulo GSM/GPRS do mundo. O GE865-QUAD mede apenas 22 x 22 x 3 mm. Ele é quadriband, o que permite o uso no mundo inteiro. É o primeiro da Telit a utilizar o chipset V2 Single da Infineon Technologies. Seu consumo de energia é mais baixo que a média, tornando-o atraente especialmente para o uso em bens móveis. Um mercado alvo para o GE865-QUAD é o de veículos automotivos, que a partir de 2011 deverão sair de fábrica no Brasil com equipamento de rastreamento embarcado.www.telit.com

Celular da terceira idadeEnquanto as crianças de hoje já nascem brincando com celulares, seus avós e bisavós encontram dificuldade em manusear as últimas novidades da telefonia móvel. Pensando no público da terceira idade, a ZTE trouxe para o Brasil o S302, celular cujas teclas são grandes e iluminadas. O telefone inclui um botão de emergência que, se pressionado por três segundos, dispara automaticamente ligações para quatro números pré-configurados até que um deles atenda, ativando em seguida o viva-voz. Paralelamente são enviadas mensagens de texto de alerta para os mesmos quatro números. O S302 tem ainda lanterna e rádio FM, ambos acionados por botões dedicados na lateral do aparelho. O telefone é GSM e opera em 900 MHz e 1800 MHz. Em stand-by, sua bateria dura até dez dias. O preço sugerido para o varejo é de R$ 169.www.ztebrasil.com.br

Novos roteadoresA Netgear lançou dois novos roteadores WiFi. Ambos operam nos padrões G e N, têm firewall duplo e botão para conexão em apenas um clique. O JWNR2000 trafega em até 300 Mbps e desliga-se automaticamente quando não está sendo utilizado, o que reduz o consumo de energia. Além disso, é 80% composto de material reciclado. O WNR612, por sua vez, alcança até 150 Mbps. De menor porte, esse roteador pode ser utilizado também como repetidor. Tal como o JWNR2000, ele também tem desligamento automático. Os preços sugeridos são R$ 299 para o JWNR2000 e R$ 119 para o WNR612.www.netgear.com.br

Fernando [email protected]

Talking headO custo de envio de reportagens em vídeo via satélite nem sempre é acessível para emissoras regionais ou de pequeno porte. Para atender esse mercado, a Inmarsat lançou uma opção com taxa de transmissão menor, de 176 kbps, dentro de seu serviço Bgan, que até então trabalhava apenas com a faixa de 384 kbps a 450 kbps. De acordo com a empresa, a velocidade de 176 kbps é suficiente para transmitir um plano com o rosto do repórter com fundo estático ou com pouco movimento, o que é conhecido como “talking head” no jargão da TV. O serviço é compatível com terminais Hughes HNS9201 e Thrane & Thrane Explorer 700. Para atrair as pequenas emissoras, a Inmarsat oferece também um novo modelo de cobrança, em que o cliente paga somente quando utilizar o serviço: a licença é ativada apenas em situações pontuais, quando necessário.www.inmarsat.com

Call center 2.0As redes sociais na Internet são um novo espaço para o relacionamento entre empresas e seus clientes. A Atento, conhecida por sua atuação como contact center e na oferta de terceirização de processos de negócios (BPO), criou uma solução que visa monitorar a percepção do consumidor sobre determinada marca ou produto através de redes sociais como Twitter, Orkut, Facebook etc. A solução auxilia no desenvolvimento de novos produtos, alerta para o início de eventuais crises e pode ser utilizada como canal para responder dúvidas e reclamações dos consumidores, além de ser integrada a ferramentas de CRM.www.atento.com.br

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Quantos milhões a sua empresa investe no monitoramento do mercado de Telecom? O Atlas brasileiro de telecomunicações traz o panorama completo e atualizado do mercado, reunido em um único volume de alta qualidade gráfi ca e editorial, referência do setor. São centenas de mapas, incluindo backbones, redes, footprints de satélites, além de tabelas e gráfi cos detalhados dos serviços de TV por assinatura, banda larga, atendimento ao cliente, entre outros fatos estatísticos.

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TELEFONIA FIXA• Market share das operadoras• Áreas de Numeração• Outorgas de Telefonia Fixa• Teledensidade• Perfi l dos grupos operadores

TELEFONIA MÓVEL• Market share das operadoras• Operadoras de SMP - números• Tecnologias• Redes móveis com serviços de dados• Competição• Cobertura

SEÇÕESINFRA-ESTRUTURA• Backbones submarinos• Redes Terrestres• Provedores de Backbones• Backbones de Longa Distância• Redes Metropolitanas

SATÉLITES• Demanda• Operadoras de Satélite no Brasil• Próximos lançamentos• Sistemas não-geoestacionários• Footprints

BANDA LARGA• Principais operações no Brasil• Serviço Residencial e So-Ho• Ranking• Provedores

TV POR ASSINATURA• Penetração• Presença de Operadoras - MMDS• Presença de Operadoras - CABO• Cobertura

38 TeleTime set_2010

O setor de telecomunicações corres-ponde a cerca de 7% do PIB brasilei-ro. É também o maior pagador individual de impostos aos estados

da União. Só estes dois fatores já justificam que houvesse uma preocupação de se criar uma política tecnológica e industrial que utili-zasse esta massa econômica para alavancar outros aspectos da cadeia produtiva do setor. Uma política voltada ao desenvolvimento tec-nológico e a uma atividade industrial que gerasse empregos de alto valor agregado e pudesse garantir o equilíbrio das contas exter-nas no longo prazo, e que fosse abrangente a todas as necessidades e contas do setor.

O tamanho do nosso mercado permite que tenhamos a ambição de sermos um pólo gera-dor de tecnologia e aplicativos para telecomu-nicações, e não apenas meros seguidores, como um mercado consumidor para desovar produção e produtos de outros mercados. Mas esta ambição requer um planejamento de longo prazo, com coordenação muito intensa entre diferentes ministérios, e não políticas casuístas e de curto prazo, muitas vezes feitas para atender interesses específicos. É preciso um projeto de governo com vistas a um país maior e melhor daqui a dez ou vinte anos.

Quando se fala em política industrial em telecomunicações, a tendência é sempre se fazer uma referência a equipamentos. Só que o perfil da indústria de equipamentos de tele-comunicações mudou drasticamente nos últi-mos quinze anos, transformando-se em sub-conjuntos de componentes com alta densida-de, muito software e uma linha de montagem e testes altamente automatizadas, requerendo pouca mão de obra para fazer quantidades muito maiores de equipamentos. Assim o con-ceito de montagem associado aos planos pro-dutivos básicos da indústria de informática está totalmente ultrapassado como forma de gerar emprego e manter o equilíbrio da balan-ça de pagamentos.

Para uma análise correta desta questão, deveríamos torná-la mais abrangente, incluin-do além de equipamentos, serviços, sistemas e software, que hoje têm um peso muito signi-ficativo nas contas do setor, pois só assim poderemos buscar um equilíbrio efetivo das contas. Por outro lado, não é possível falar em política industrial sem uma política para o

desenvolvimento tecnológico, sem a qual a ati-vidade industrial é apenas a montagem de componentes importados com pequeno valor agregado. E uma política industrial com alto valor agregado deve vir associada a uma políti-ca de desenvolvimento tecnológico para o setor em sistemas, softwares e serviços.

Em tempos passados, utilizavam-se como instrumento de política industrial as barreiras tarifárias, que tinham como principal objetivo o equilíbrio das contas externas através do controle de importações. Tais métodos não são mais aplicáveis em um tempo de globalização, em que os produtos são cada vez mais comodi-tizados, equivalentes e podem ser produzidos em fábricas globais localizadas estrategica-mente nos diferentes blocos continentais, valendo-se das vantagens tarifárias regionais e de mão de obra mais barata. Soluções casuísticas temporá-rias têm eficiência temporária e não de longo prazo, como estamos preconizando.

O nosso mercado é sem dúvida nosso melhor aliado para gerar a demanda que justifique investimentos. Ao mesmo tempo, este mesmo mercado é um grande atrativo para as importações, já que o custo Brasil é muito alto, o que torna os produtos produ-zidos aqui na maioria das vezes pouco competitivos em relação aos importados, quer seja pela alta carga tributária (entrando nesta conta tanto os custos trabalhistas que incidem sobre a mão de obra como aqueles sobre produtos aqui fabricados ou nos insumos importados necessários), ou ainda a maior competitivida-de de produtos feitos em fábricas globais para o mercado global.

Ou seja, o custo Brasil é alto e fabricar aqui já não faz tanta diferença para o merca-do, afetando apenas o equilíbrio da balança de pagamentos.

O poder de compra das operadoras contro-ladas pelo governo direta ou indiretamente, já que o dinheiro público está sendo usado para viabilizar sua própria existência, deveria ser utilizado também para favorecer a indústria e a tecnologia aqui desenvolvida. Não há nada de

errado nisso, lembrando que as operadoras controladas por empresas estrangeiras tomam suas decisões no exterior usando seu poder de compra global, visando apenas à redução de seus custos e ao interesse de seus acionistas.

Um planejamento integrado tem que con-templar também as definições regulatórias, pois a demora nestas definições acaba esva-ziando as oportunidades de exportação regio-nais e mesmo de desenvolvimento tecnológico de vanguarda, praticamente selando a nossa condição de seguidores, perdendo a condição de pioneiros para o Chile e México na região. Este efeito impactou as exportações de termi-nais 3G, pois ficamos com o cronograma atrasado em relação à região; no WiMax, várias empresas que tinham planos para investir na tecnologia acabaram retardando

os investimentos pela falta de definição regulatória no Brasil, perdendo espaço no cenário regional, além de outros exemplos.

Outro aspecto funda-mental para viabilizar a indústria e o desenvolvimen-to tecnológico é um melhor planejamento plurianual das operadoras, pois hoje vive-mos planos de investimento de afogadilho, ficando as operadoras meses, se não for anos, estudando o que fazer. E ao decidirem, as

implantações têm que ocorrer tão rapida-mente que não se viabiliza sequer a fabrica-ção ou montagem local.

Embora o primeiro indicador da necessi-dade de uma política industrial seja o desequi-líbrio da balança comercial do setor, se acres-cidas as contas de software e sistemas, servi-ços, dividendos e royalties, o cenário ficaria bem pior. Mas como o Brasil hoje tem excesso de reservas acumuladas e um fluxo de capitais positivo, cuidados em um pequeno desequilí-brio numa área industrial específica podem soar desnecessários. Mas a verdade é que a necessidade de um planejamento integrado para o setor de telecomunicações tem a ver com o papel de liderança regional e mesmo mundial que o Brasil quer desempenhar nos próximos dez ou vinte anos.

.:ponto&contraponto Cláudio Dascalcartas.tele ti me@con ver ge com.com.br

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um planejamento integrado para o

setor tem a ver com o papel de liderança regional e mesmo

mundial que o brasil quer desempenhar

nos próximos dez ou vinte anos

Benefícios de uma política industrial para o Brasil

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