revista teletime 63 - novembro 2010

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Ano 13 n 0 138 nov2010 www.teletime.com.br ENTREVISTA Diretor da AEB reclama do atraso no satélite brasileiro e garante que não quer concorrer com as empresas REGULAMENTAÇÃO Disputa sobre o PGMU na Justiça mostra a dificuldade e os desafios de se universalizar a banda larga DESLANCHOU Serviço de TV por assinatura tem seu melhor ano em uma década, puxado pelo crescimento da banda larga e do DTH

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Revista Teletime 63 - novembro 2010

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ENTREVISTADiretor da AEB reclama do atraso no satélite brasileiro e garante que não quer concorrer com as empresas

REGULAMENTAÇÃODisputa sobre o PGMU na Justiça

mostra a dificuldade e os desafiosde se universalizar a banda larga

deslanchouServiço de TV por assinatura tem seu melhor ano em uma década,

puxado pelo crescimento da banda larga e do DTH

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PRA OI, NENHUM LUGAR ONDE OS BRASILEIROS ESTEJAM É LONGE DEMAIS.Telecomunicações na estação brasil eira da Antártica.

A Oi é a telefonia, a internet e a recepção de TV chegando até a Estação Antártica Comandante Ferraz pra ajudar os brasileiros que trabalham lá a desenvolver melhor suas pesquisas. Tudo isso pra levar conforto e praticidade aonde quer que os brasileiros precisem. Oi. De brasileiro pra brasileiro.

NBRJ3.232.013R-An Oi Futuro Brasilia 46x30.5 Rev Teletime.indd 1 11/12/10 3:48:16 PM

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PRA OI, NENHUM LUGAR ONDE OS BRASILEIROS ESTEJAM É LONGE DEMAIS.Telecomunicações na estação brasil eira da Antártica.

A Oi é a telefonia, a internet e a recepção de TV chegando até a Estação Antártica Comandante Ferraz pra ajudar os brasileiros que trabalham lá a desenvolver melhor suas pesquisas. Tudo isso pra levar conforto e praticidade aonde quer que os brasileiros precisem. Oi. De brasileiro pra brasileiro.

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As operadoras de telecomu-nicações juram que têm tudo planejado para evitar que, no futuro, elas se tor-nem apenas provedores de

banda larga. Falam em agregar servi-ços, valor ao cliente, qualidade de aten-dimento etc. Tudo isso ajudará a dar uma sobrevida aos modelos atuais, mas a verdade é que o serviço de telecomu-nicações do futuro será o acesso banda larga, e apenas isso. Todo o resto (vídeo, voz, aplicações etc) será provido em cima dessa rede de dados, por quem quer que seja. O papel de canos, quei-ram as operadoras ou não, parece cada vez mais inexorável. A questão é quanto tempo isso vai levar para acontecer. Um bom exemplo disso é o que está aconte-cendo com a Internet e com a Internet móvel, que se fundiram e hoje trafegam em cima das redes das operadoras de telecomunicações sem que elas tenham nenhum controle sobre os conteúdos, e com imensas dificuldades de voltar a rentabilizar conteúdos como ringtones, jogos e wallpapers que um dia geraram tanta receita.

Soma-se a isso o fato de que o preço da banda larga ao consumidor tem caído a cada ano, se medido em rela-ção à capacidade oferecida. Isso signi-fica que as operadoras estão precisan-do investir cada vez mais para tornar as suas redes preparadas para veloci-dades e volumes de tráfego maiores, sem que isso esteja necessariamente rendendo mais dinheiro a elas.

Nesse contexto, é natural que as operadoras busquem um debate sobre a questão da neutralidade de rede. Afinal, para elas o melhor dos mundos seria poder cobrar um pouco do Google para dar uma qualidade de acesso privilegia-

da aos conteúdos do YouTube. O pro-blema é que a Internet não nasceu assim, e será difícil vencer a resistência dos usuários, governos e dos próprios provedores de conteúdo contra essa política discriminatória.

Na reportagem de capa desta edição, destacamos o crescimento da TV por assinatura no mercado brasileiro. Parece estranho falar no crescimento de um serviço que no futuro pode ser simples-mente substituído pelo consumo online de conteúdos. O segredo da TV por assi-natura é que ela é simples. As pessoas pagam uma mensalidade e pronto, o conteúdo está lá disponível para elas. Se o preço estiver adequado e o produto interessar, haverá demanda. É isso o que a realidade do mercado brasileiro está mostrando. E nesse exemplo prosai-co do crescimento da TV por assinatura pode estar a resposta aos dramas que se prevêem para o mundo conectado: bas-taria vender o conteúdo de forma sim-ples, a um preço justo, que haveria interesse por isso. O problema é que essa nova lógica econômica abre espaço para novos players. Ao venderem conte-údos, empresas de telecomunicações disputarão espaço com empresas como Google, Apple, Amazon ou qualquer outra que venha a surgir nesse ambien-te digital. Operadoras de TV por assina-tura disputarão espaço com portais de Internet e lojas virtuais. Empresas de banda larga tomarão espaço de empre-sas de TV por assinatura, que por sua vez se tornarão provedoras de banda larga e assim por diante.

A disputa pelo fim da neutralidade de rede é, em essência, uma disputa pela preservação de espaços econômi-cos. E tudo indica que essa discussão será cada vez mais complexa.

Um futuro incerto

.:editorial Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

Instituto Verificador de Circulação

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diretores editoriais André Mermelstein Claudiney Santos

Samuel Possebon (Brasília)

diretor comercial Manoel Fernandez

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redação Daniel Machado, Fernando Paiva (Rio de Janeiro), Helton Posseti e

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Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

departamento comercial Rodrigo Arraes (Ger. de Negócios Online)

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Gerente de circulação Gislaine Gaspar

Marketing Gisella Gimenez

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teletiMe é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401,

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orga-systems.com.br

real-time convergent billingreal-time policy managementreal-time top-up and voucher

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editorial 4 | Produtos 40 | Ponto & contraPonto 42

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ilustraÇÃo de caPa: SERi

caPaTela quenteTV por assinatura apresenta seu melhor resultado da década. Expansão é de 21% apenas entre janeiro e setembro e revela um novo equilíbrio de forças.

MercadoO sertão vai virar modaPGR e PGMU põem telecomunicação rural na lista de prioridades. Falta as operadoras e o governo entrarem em acordo sobre novo modelo comercial e operacional.

entrevistaCabeça no céuO presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, questiona o atraso do Satélite Geoestacionário Brasileiro e garante que ele não concorrerá com as empresas.

reGulaMentaÇÃo iRevisão de modeloApós o grande crescimento das teles móveis, motivado pela Anatel, agência acena com a intenção de redução da VU-M, o que deve estimular também o crescimento das fixas.

reGulaMentaÇÃo iiBriga de gente grandePGMU III vira caso de Justiça entre governo e teles, que alegam perder R$ 8 bi com novas regras. Para teles, banda larga está sendo tratada como um ‘puxadinho’ do STFC.

certiFicaÇÃoSelo demoradoIndústria questiona modelo de certificação e homologação da Anatel. Principal queixa é da morosidade do processo, que prejudica o lançamento de produtos no mercado.

FornecedoresMicrofone abertoFuturecom vira palco de reclamações das empresas contra o governo. Neutralidade de rede, papel da Telebrás e MP 495 foram os temas que centralizaram os debates.

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Nunca antes na história deste país o mercado de TV por assinatura cresceu tanto. Pelo menos na última déca-da. A expansão acumulada

de janeiro a setembro de 2010 já é supe-rior a 21% e o mercado passou a marca de 9 milhões de domicílios com o serviço, podendo chegar a 9,5 milhões até o final do ano. Considerada a média de 3,5 habi-tantes por domicílio, conclui-se que a TV por assinatura afeta a vida de mais de 30 milhões de pessoas. Não é pouca coisa, ainda mais se considerarmos que não houve nenhuma das mudanças estrutu-rais previstas para o setor, como a revisão dos procedimentos para a outorga de novas concessões ou a alteração no marco legal, com a aprovação do PL 116/2010 (ex-PL 29), que altera a Lei do Cabo e permite a entrada de empresas de teleco-municações nesse segmento.

Então, qual a razão dessa expansão tão agressiva do mercado? A resposta é simples: com quase 40% de todos os novos assinantes conquistados pelas ope-radoras de TV paga no ano, a Via Embratel pode ser considerada como o principal motor do resultado deste ano. Operadoras como a Net e a Sky também cresceram significativamente, e recentemente pode ser observado um efeito positivo da ope-ração de DTH da CTBC. Mas as boas notícias param por aí. Outras operadoras e mesmo empresas de telecomunicações que em 2009 puxaram a indústria, este ano tiraram o pé do acelerador. A Oi cres-ceu pouco e a Telefônica, surpreendente-mente, perdeu base. Quando se olha para o que aconteceu com os operadores inde-pendentes, percebe-se que o impulso só se deu quando a CTBC começou a operar sua oferta de DTH, no meio do ano. De janeiro até junho, o mercado de pequenos e médios operadores crescia não mais do que 15 mil assinantes a cada trimestre. Com a entrada da CTBC no mercado, em junho, passou a crescer mais de 50 mil.

Esses dados levam a uma conclusão: a TV por assinatura só cresce quando existe esforço de venda e investimento. Não

.:caPa Samuel [email protected]

O ano da TV por assinaturaServiço tem o melhor ano da última década, passa dos 9 milhões de assinantes e revela uma nova distribuição de forças. Telefônica e Oi ratearam e foram as surpresas negativas.

existe mistério. Ao contrário da banda larga, que cresce impulsionada pela venda de PCs e pela popularização da Internet em todos os meios, TV por assinatura ainda é um produto que precisa ser mos-trado ao consumidor. É o que estão fazen-do agressivamente apenas Embratel, Net e Sky. A Net Serviços, registre-se, tem uma política agressiva de vendas desde pelo menos 2007, enfatizando sobretudo a banda larga e a oferta combinada de serviços. Mas a entrada da Via Embratel na disputa de mercado, ainda mais em se tratando de uma empresa que está vinculada a um acionista comum, a Embratel, fez com que a Net não alivias-se o esforço de crescimento. Ao contrário da Sky, que retomou sua trajetória com-petitiva apenas este ano, depois de ter passado 2009 praticamente com o mesmo número de assinantes.

Uma análise dos dados de crescimen-to mostra que entre junho de 2010 e setembro de 2010, a Embratel foi a ope-

radora que mais conquistou assinantes, com 237 mil novos clientes, chegando a um total de 893,2 mil assinantes, segun-do o acompanhamento da Anatel. Informações preliminares dão conta que a operadora passará a marca de 1 milhão de assinantes em dezembro. Em segundo lugar vem a Net Serviços, que com suas operações de cabo conquistou 186 mil clientes e chegou a setembro de 2010 com nada menos do que 4,056 milhões de assinantes de TV paga. A Sky também cresceu consistentemente no terceiro trimestre de 2010 e chegou a 2,333 milhões de clientes, um aumento de 155 mil assinantes no período. A ope-ração de cabo da TVA, segundo dados da Anatel, manteve os mesmos 166 mil clientes, mas as operações da Telefônica de DTH e MMDS foram de 469 mil assi-nantes para 465 mil.

Os dados de setembro da Anatel mostram uma discrepância em relação à Oi. Enquanto a própria operadora

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atuação geográfica. Havendo oportunidade, vamos estudar”, disse Felix. Ele destacou, con-tudo, que além da forte atua-ção no Sul e Sudeste, onde a Net já está, uma aposta da empresa é na região Norte. No Nordeste a Net também tem presença pequena. Felix desta-ca que a Net é uma das poucas operadoras que vem crescendo sem diminuir o ticket médio do usuário. Hoje, o ARPU (receita

média mensal por usuário) da Net está na casa dos R$ 137. Outro aspecto colo-cado pelo executivo é que não existe nenhuma intenção de diminuir o ritmo de vendas para 2011.

Mas é na competição direta frente às teles que a Net está ganhando espaço. Segundo fontes de mercado, o market share de banda larga da operadora onde sua rede está disponível e, portanto, onde ela pode vender, é superior a 70%, o que significa que a Net tem feito um estrago e tanto nos mercados em que atua.

Curiosamente, contudo, a empresa que mais sofre a concorrência da Net, a Telefônica, não está respondendo na mesma moeda. A Telefônica ainda atribui o compasso de espera no crescimento de sua base de DTH e cabo a uma decisão estratégica, tanto no que diz respeito à definição tecnológica quanto na questão regulatória. A empresa perdeu base de TV paga em 2010, o que é um feito impressionante em um ano em que o crescimento de toda a indústria foi recor-de. Isso não quer dizer que a operadora não tenha um produto competitivo. Quando lançou seu serviço de DTH, em 2008, a Telefônica teve um crescimento fortíssimo, que só foi interrompido com a crise no Speedy, em 2009, quando a empresa suspendeu todas as vendas de pacotes combinados.

Segundo revelou a esta reportagem Mariano de Beer, diretor geral da Telefônica, durante a Futurecom, está claro que a estratégia da empresa é que a expansão da oferta de TV paga está rela-cionada também à expansão da oferta da

rede de fibras, que é a prio-ridade estratégica da empre-sa para os próximos anos. A Telefônica tem hoje cerca de 400 mil domicílios em que a rede FTTH (fiber to the home) está disponível. O problema, além da expan-são desta rede, é conseguir

larga e telefonia, apostando que no futuro estas redes multisserviços oferecerão também TV por assinatura. A experiência da Net Serviços mostra que é possível ter índices elevados de penetra-ção destes três serviços na base. A Net, por exemplo, tem cerca de 75% de pene-tração dos serviços de voz em sua base de clientes, e mais de 80% de penetração dos serviços de banda larga.

Mas, de novo, essa é a realidade da Net, que não se reflete no restante do mercado de TV paga. Desconsiderando-se o total de assinantes da Net Serviços, vê-se que a penetração dos serviços de banda larga é de menos de 40% nas demais operações de cabo e MMDS. Mais precisamente, 38%, segundo dados da empresa de pesquisa PTS de junho de 2010. O DTH, por questões tecnológicas, não oferece ainda opções viáveis de banda larga. No caso do serviço de voz, pratica-mente só a Net Serviços tem números significativos de clientes.

José Felix, presidente da Net Serviços, comentou sobre as perspectivas de cres-cimento da operadora no ano de 2011, e descartou qualquer desaceleração. Ao se referir ao forte crescimento do DTH, disse que há mercado para diversas tec-nologias, mas que nas localidades com maior densidade demográfica, o cabo tem se mostrado a melhor opção. “Temos uma rede robusta e moderna, constituída de fibras ópticas e cabos coaxiais, com tecnologia que nos permite oferecer aces-so a 300 Mbps tão logo se identifique a demanda”, afirmou.

Sobre a possibilidade de expandir com novas outorgas, o que dependeria da Anatel, a Net recitou o mantra de todas as empresas quando falam de futu-

ro: “A Net está sempre interes-sada em expandir sua área de

divulga em seu relatório ter crescido 15 mil clientes no trimestre e chegado a setembro de 2010 com 280 mil assinan-tes, a Anatel aponta 371 mil clientes.

Já as demais operadoras de TV paga cresceram, no terceiro trimestre do ano, segundo levantamento da Anatel, 52 mil clientes, chegando a uma base de 789 mil assinantes. Ao todo, o mercado brasileiro de TV paga, segundo dados da Anatel, chegou a 9,073 milhões de assinantes em setembro de 2010.

Disputa domésticaA principal disputa do mercado, há

vários trimestres, se dá entre duas empresas irmãs. Net e Via Embratel mantêm o pé no fundo do acelerador desde o começo de 2009 e estão puxan-do a expansão do mercado. Ambas têm a Embratel como acionista. No caso da operadora de DTH Via Embratel, com controle total do negócio. No caso da Net Serviços, a Embratel tem 49% das ações de controle e já comprou quase a totali-dade das preferenciais. A transferência de controle (hoje com o grupo Globo) só poderá acontecer quando houver a mudança na legislação de cabo permitin-do que empresas estrangeiras controlem operações de cabo com mais de 49%, e a Embratel é controlada pelo grupo mexi-cano America Móvil, sofrendo, portanto, a restrição atual. Daí o desejo mais do que claro da Embratel de ver o PLC 116/2010 aprovado o quanto antes.

Por trás dessa disputa familiar entre Net e Via Embratel há uma outra variá-vel: a Via Embratel está construindo redes HFC (redes terrestres de fibra e cabo coaxial) em algumas localidades em que a Net não atua diretamente. Ou seja, a Embratel está construindo redes de cabo sem operar TV a cabo. Entre estas localidades estão Osasco e cidades na região metropolita-na de São Paulo, e mais recen-temente a capital paraense, Belém. Um dado curioso é que em Belém o grupo ORM, afilia-do do grupo Globo, opera com a franquia Net e programação Globosat. A estratégia da Via Embratel é ter uma forte infra-estrutura de acesso para banda

“Temos uma rede robusTa e moderna com Tecnologia que nos permiTe oferecer acesso a 300 mbps Tão logo se idenTifique a demanda”José Felix, da Net

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“Há um grupo com poder que cobra pela programação mais do que o razoável, e isso impacTa no preço do clienTe”

Amos Genish, da GVT

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fazer a instalação na casa do assinan-te. A Telefônica, depois de mais de um ano de aprendizado e melhoria dos pro-cessos, conseguiu treinar suas equipes para executar duas instalações por perío-do. Como são 200 equipes especializadas em instalar fibra na casa dos usuários, a operadora consegue instalar, no limite, 800 clientes por dia. A meta da operadora é chegar a 5 mil assinantes no final do ano. Segundo o presidente da Telefônica no Brasil, Antônio Valente, apenas agora a operadora está conseguindo instalar acesso por fibra em escala industrial. E entre as apostas do grupo para 2011 está justamente a expansão dessa rede de fibras e a aceleração da oferta de ser-viços de vídeo.

Modelos opostosO problema da Telefônica é que a rede

de fibra é cara e visa um consumidor de alto poder aquisitivo, interessado também na ultra banda larga e em serviços con-vergentes. Mas o que tem impulsionado a venda de TV paga no Brasil são os paco-tes mais baratos, entre R$ 40 e R$ 70 por um pacote de vídeo. É com essa fórmula que Sky e Embratel estão avançando. No caso da Net, o valor é maior, mas já inclui banda larga e telefonia.

Uma das empresas que pode alterar esse jogo de forças entre Net Serviços, Via Embratel e Sky é a GVT, que já tem se mostrado muito competitiva na oferta de serviços banda larga. A operadora, con-trolada pelo grupo francês Vivendi, pre-tende entrar com serviço de TV paga em meados de 2011 baseada em um modelo que agregará ao DTH a interatividade dos serviços IPTV por meio de uma caixa (set-top box) híbrida, que recebe sinais de satélite para o broadcast e se conecta à banda larga para serviços adicionais. Mas a GVT queixa-se principalmente dos cus-tos de programação no país. “O custo do conteúdo no Brasil é absurdo, muito mais do que no exterior”, disse Amos Genish, presidente da operadora, durante a Futurecom. Para o executivo, não é possí-vel que no país um pacote simples chegue ao consumidor a R$ 100. “Há um grupo com poder que cobra mais do que razoá-vel, e isso impacta no preço do cliente”, disse, referindo-se ao grupo Globo.

Para Ricardo Sanfelice, diretor de marketing e produtos da operadora, existe uma forte demanda pelos conteú-dos Globo no mercado brasileiro, segun-do as pesquisas feitas pela GVT. “É esse conteúdo que as pessoas querem, mas

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também é o mais caro”. Ele lem-bra que outra dificuldade é que alguns modelos que a GVT pre-tende trazer ao país, como o catch-up TV e uma oferta grande de VOD (video on-demand), ainda não são comuns. “Existem amar-rações que são negativas porque eu não consigo inovar no empacotamento”. Sanfelice explica que, descontados os custos que a GVT poderá compartilhar com outros serviços, cerca de 80% do preço é de programação.

Programação é básicaA realidade que a GVT constatou em

suas primeiras rodadas de negociação com os programadores é algo conhecido no mercado de TV por assinatura desde o seu princípio. Programação é o insumo básico de qualquer TV por assinatura. Programação relevante custa mais ainda. E programação nacional relevante, então, é ainda mais cara. Some-se a isso um modelo consolidado em que a maior parte da programação nacional é produzida por um grande programador (Globosat), que já tem contratos estabelecidos com toda a indústria, e o resultado é uma negociação sempre complexa. Sabe-se que há operadores que chegam a deixar mais de 40% de suas receitas como custo de programação, o que pode soar insano para empresas de telecomunicações, acostumadas com as margens altas dos

serviços de voz e banda larga. Mesmo assim, os pacotes da GVT estão desenhados, revela Ricardo Sanfelice, mas ele admite que eles devem mudar muito até o lançamento, em junho de 2011. “Até lá, muitos canais HD devem chegar ao mercado, e queremos ter uma oferta ampla de HD nos nossos pacotes, trazendo esse tipo de conteúdo para a base da pirâmide, como fizemos com a banda larga”.

Do ponto de vista da infraestrutura, a GVT ainda está negociando com operado-res de satélites e fazendo as chamadas de

compra dos set-tops. Recentemente anunciou uma parceria com a Ericsson para os equipa-mentos da sua rede de vídeo. A novidade é que a GVT deve ser a primeira operadora brasileira a usar uma tecnologia de acesso condicional baseada em DRM, ou seja, totalmente gerenciada por software, o

que permite, em tese, muito mais flexibi-lidade na compra de pacotes.

Segundo Ricardo Sanfelice, a empresa optou por não utilizar a solução de distri-buição de sinais da Telefônica (adotada pela Oi, CTBC e pela própria Telefônica) pois quer ter flexibilidade na oferta de produtos. “Nossa premissa é sempre con-trolar a rede de distribuição”.

A oferta de TV por assinatura da GVT deve coincidir com a entrada da operado-ra no serviço de voz e banda larga na capital paulista, no final do segundo tri-mestre de 2011. Para a oferta de DTH da GVT falta ainda a liberação da autoriza-ção do serviço, já solicitada, e que deve ser feita pela Anatel até o final deste ano, na estimativa da empresa.

Aceleração lentaA Oi é outra operadora que deve, aos

poucos, acelerar a expansão dos seus serviços de TV por assinatura. Segundo Pedro Ripper, diretor de desenvolvimento tecnológico e estratégia da Oi, ao anun-ciar em outubro a expansão dos serviços de DTH para a região da Brasil Telecom, os primeiros movimentos da operadora no mercado mostraram “uma demanda

avassaladora”, o que fez com que a empresa diminuísse o ritmo para ajustar o lançamento do serviço em todas as cida-des. “Passamos pelo processo de fusão em 2009 e pelo processo de racionaliza-ção da companhia agora em 2010, e isso também impediu que a nossa estratégia para TV paga fosse intensificada”. Ele explica que para 2011 a expectativa é de retomada do crescimento do serviço. De qualquer maneira, recentemente a Oi vol-tou a adotar uma estratégia agressiva de preços e reduziu o seu pacote de entrada para R$ 34,90. A Oi optou, desde o come

Segundo Antonio Valente, da Telefônica, apenas agora a

operadora está conseguindo instalar acesso por fibra em

escala industrial

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programação é o insumo básico de qualquer Tv por assinaTura. programação relevanTe cusTa mais ainda. e programação nacional relevanTe, enTão, é ainda mais cara.

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poder aquisitivo. Nas demais, seguirá com DTH e eventualmente com IPTV, dependendo da capacidade da rede.

A Oi é uma das operadoras que mais vezes manifestou descontentamento com o fato de não ter acesso a concessões de TV a cabo, e foi em 2010 uma das que mais pressionaram o Congresso a apro-var o PL 29/2010 na Câmara. A partir do meio do ano, a Anatel sinalizou com a possibilidade de reabrir as concessões de cabo, o que deu esperanças à Oi de que teria, finalmente, acesso às conces-sões de cabo sem ter que esperar por um novo marco legal. Mas no final, o que parecia ser um movimento de aceleração da agência no sentido de abrir o merca-do de cabo acabou se tornando uma grande confusão, em que a opção da Anatel acabou sendo deixar o problema para depois. Ainda não se sabe se a agência, efetivamente, vai retomar o processo de concessões.

TV paga começou como uma forma de defesa da base de clientes de voz, mas ele acredita que esse é um mercado de forte potencial de crescimento de receitas. “Temos um foco convergente, nos quatro serviços, e é esse valor que pretendemos agregar aos nossos usuários”.

Mas a grande expectativa é em relação à oferta de serviços baseados em fibra óptica. Segundo fornecedores ouvidos por TELETIME, a Oi começa a sondar o mer-cado para a compra de um set-top box híbrido. Espera-se que a estratégia seja combinar DTH com banda larga, como faz a GVT. Mas há quem aposte que a Portugal Telecom, nova acionista da Oi e que terá participação ativa no processo de definição das tecnologias da operadora, influenciará a tele brasileira a adotar um caminho baseado em redes de fibra ópti-ca, como fez em Portugal. A Oi tem o acesso por fibra em seu roadmap, mas apenas para regiões de alta demanda e

ço, por ter uma programação sem conteúdos Globosat.

Entre as estratégias de preparação para um crescimento mais intenso nos serviços de TV paga, a Oi quer ter o servi-ço de DTH disponível em todo o Brasil a partir do primeiro trimestre de 2011, e isso incluiria São Paulo. Outro passo é integrar a oferta de serviços de vídeo ao Oi Conta Total, o pacote convergente de voz, dados e telefonia móvel da operadora.

Outra estratégia que deve ser imple-mentada a partir de 2011, possivelmente no primeiro semestre, é o serviço pré-pa-go, que está sendo testado em pequena escala e que deverá aproveitar a forte rede de recarga de celular pré-pago que a Oi já tem hoje.

Dos 280 mil clientes de TV paga da Oi, 75% deles estão na tecnologia DTH e cerca de 80% são assinantes também do serviço de telefonia fixa. Segundo Pedro Ripper, não é errado afirmar que a estratégia de

.:caPa

Em todo o mundo, a discussão que se coloca quando se fala em TV por assinatura é qual será o futuro do

serviço na era da banda larga, dos serviços over-the-top, da chegada de novos personagens como Google TV, Apple TV, Netflix, Hulu, Amazon e outras plataformas de busca, organização e comercialização de conteúdos não-lineares e sob demanda.

Esta programação sob demanda e não-linear, que têm provocado tantas mudanças nos modelos de TV por assinatura de mercados desenvolvidos, como os EUA, apenas começam a mostrar a cara no Brasil. E 2010 foi um ano que começou a dar indícios do que poderá acontecer nesse sentido por aqui. Mas, sobretudo, foi o ano da chegada das TVs conectadas ao Brasil.

LG, Samsung e Sony anunciaram, ao longo do ano, o desenvolvimento de aparelhos de TV com capacidade de rodar aplicativos e exibir conteúdos, inclusive de vídeo, diretamente da Internet. E essa é a plataforma pela qual empresas como Net Movies, Saraiva Digital e portal Terra pretendem distribuir conteúdos para telespectadores sem passar pela TV por assinatura, ou pelo menos sem passar pelos canais, já que a banda larga, muitas vezes ofertada pelas empresas de cabo, é indispensável em um mundo de TVs conectadas.

A Telefônica anunciou em agosto o seu serviço de vídeo sob demanda OnVideo, baseado em uma caixa que permite assistir, por streaming, alguns conteúdos online. Ainda não há

resultados numéricos. Do lado dos programadores, o canal ESPN desenvolveu uma plataforma de distribuição e consumo de conteúdo online, o ESPN 360, em princípio oferecido pela Telefônica como parte dos conteúdos do OnVideo, mas também acessível via PCs. A Net Serviços deve anunciar até o final do ano sua plataforma de distribuição sob demanda e trabalha na integração desse serviço com o iPad e o iPhone.

Iniciativas brasileiras como Net Movies e Saraiva Digital ainda têm acervos pequenos, não oferecem conteúdos em HD e não estão investindo pesadamente em marketing, mas apontam caminhos que podem repetir o sucesso de plataformas como a NetFlix, nos EUA, que aos poucos migra seu modelo de locação de DVDs por correio para um modelo de venda online.

E da mesma maneira que a oferta de conteúdos por meio da banda larga muda a perspectiva de modelo de negócios das grandes operadoras e altera a lógica da distribuição de programação, os fornecedores são obrigados a mudar.

Por exemplo, não faz mais sentido pensar que a TV por assinatura dependerá, indefinidamente, de um set-top box. A Motorola, por exemplo, é uma das maiores fabricantes de caixas para TV por assinatura no mundo, mas está aos poucos se reposicionando para atuar no que parece que será a questão crítica da oferta de conteúdos pagos no futuro: a integração entre diferentes plataformas.

“Estamos mudando rapidamente para um mundo IP e de padrões abertos”. Essa frase é de Robert McLaughlin, vice-presidente sênior de home business da Motorola Mobility, divisão da empresa norte-americana que hoje é responsável pelos ativos da área de celular e dispositivos domésticos (set-top, cable modems, MTAs etc). TELETIME acompanhou o evento Moto4You, organizado pela Motorola para os seus clientes operadores. E percebeu que o grande esforço da empresa é se posicionar para o mundo em que a TV por assinatura independerá da rede ou de um determinado set-top. “Primeiro é preciso lembrar que a oferta não-linear, por meio da banda larga, ainda é algo instável em relação à qualidade de serviços que temos hoje”, diz Buddy Snow, diretor de marketing sênior da Motorola para a divisão de home solution. Ele lembrou o episódio de um conteúdo over-the-top voltado à comunidade coreana de Nova York que simplesmente derrubou a rede de banda larga onde havia mais concentração de telespectadores.

“esTamos mudando rapidamenTe para um mundo ip e de padrões aberTos”Robert McLaughlin, da Motorola

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Desde a implementação do modelo atual de telecomuni-cações, em 1997, pouco ou nada foi feito em relação a uma política para atender às

regiões rurais. Dos mais de R$ 8 bilhões arrecadados no Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), ou dos cerca de R$ 180 bilhões investidos nos últimos doze anos pelas próprias ope-radoras, nada foi dedicado a políticas para o campo. O secretário de telecomu-nicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins, reconhece a res-ponsabilidade do governo e concorda que “a área rural está muda”. “Da privatiza-ção até hoje saímos de 4 milhões de celu-lares para quase 190 milhões de termi-nais e a área rural ainda não foi atendida. Ela é nossa prioridade”, diz.

Os números comprovam. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2008), do IBGE, a pene-tração da telefonia fixa não ultrapassa os 7% nos rincões do país, ao passo que 4,5% das residências dessas regiões pos-suem computadores e somente 2% têm acesso à Internet. Dados mais recentes,

de novembro de 2009, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br), apontam para algo em torno de 94% de domicílios rurais sem qualquer conexão com a rede. No Brasil, segundo dados do IBGE, há mais de 32 milhões de pessoas vivendo no campo, em cerca de 8,4 milhões de domicílios.

A situação nas escolas não é muito diferente disso: segundo o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), havia em 2008 um total de 86.654 esco-las rurais no país, entre as quais somen-te 22.796 (26,31%) com telefone fixo e 1.003 (1,16%) com banda larga. E é exa-tamente aí, segundo especialistas, que reside o primeiro obstáculo para a mas-sificação do acesso às telecomunicações nessas áreas rurais: a falta de infraestru-tura básica.

Dados do Pnad 2009 revelam que cerca de 41% dos domicílios não pos-suem sequer rede de esgoto, 31% não contam com canalização interna de água e aproximadamente 3,4 milhões de casas (45%) não têm rede de telefo-nia. “Instalar rede de esgoto, de ener-

gia, de saúde é uma prioridade. A par-tir daí se investe em comunicação. Se nossa banda larga está atrasada uns nove anos em relação aos países desen-volvidos, o que dizer então da área rural”, lamenta o diretor de Service Providers da Cisco, Anderson André.

Está na leiMas, se há carência de infraestrutura

no campo, regras é o que não faltam. A Portaria nº 431/2009, do Ministério das Comunicações, institui um Programa Nacional de Telecomunicações Rurais que, entre outras medidas, torna priori-tário o atendimento a propriedades rurais e a disponibilização de serviços de comunicação gratuita a todas as escolas públicas rurais (100% até 2014). No Plano Geral de Atualização da Regulamentação (PGR) há um item (prin-cípio III.6) que estabelece a regulamenta-ção, pela Anatel, da oferta de serviços de telecom a preços módicos para essas áreas; um outro (IV.3) que define a cria-ção e adequação de iniciativas para aten-dimento da população menos favorecida e residente em áreas rurais; e ações de

.:Mercado Daniel [email protected]

Campo dos sonhosUniversalização da telecomunicação rural ganha status de prioridade na pauta do governo. A tecnologia já existe, falta operadoras e governo entrarem em acordo sobre um modelo comercial e operacional.

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Page 16: Revista Teletime 63 - novembro 2010

Propostas e projeções políticas e regulatórias. O que muda com a posse do novo governo em 1º de janeiro.

Feira, Seminários, workshops e palestras discutem e analisam as tendências da WEB 2.0 no mais importante e completo evento do setor no Brasil.

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um determinado setor. No Brasil isso já acontece na área cultural e, mais recentemente, beneficiou as empresas que trabalharão na construção, ampliação e reforma dos está-dios de futebol da Copa do Mundo de 2014. Essas cons-trutoras deixarão de recolher R$ 350 milhões nos próximos

quatro anos, entre PIS/COFINS, IPI e imposto de importação nos bens adquiri-dos para os estádios da Copa.

Segundo Anderson André, no setor de telecomunicações há uma série de medidas inteligentes que podem ser tomadas, nas quais todas as parte envolvidas ganham. “O governo pode muito bem substituir uma parte dos impostos que recolhe em uma grande cidade pelo investimento de uma ope-radora em alguma determinada região rural”, exemplifica. Já Eduardo Neger destaca a iniciativa do governo austra-liano que, para universalizar o acesso das comunicações nas regiões rurais do país, estabeleceu um valor máximo mensal para o custo dos serviços. “Se a tele não conseguir oferecer o produ-to por esse preço não há problema, pois o governo local banca a diferen-ça”, explica.

O secretário Roberto Pinto Martins lembra que a Anatel está preparando um estudo de viabilidade econômica de prestação de serviços de telecomunica-ções no segmento rural. Vale lembrar que o novo Plano Geral de Metas de Universalização, que valerá para o perí-odo de 2011 a 2015 (PGMU III), prevê o atendimento rural, mas as metas ainda estão para ser definidas. Além disso, o Plano Nacional de Banda Larga, segun-do Martins, contribuirá para a viabiliza-ção dos negócios das prestadoras de serviços, sejam elas STFC, SMP ou SCM, nas áreas mais distantes por meio do backbone e do backhaul da Telebrás.

Demanda reprimidaO que para alguns pode

representar um problema, para outros é visto como oportunidade. Isso fica bem claro no segmento rural, que conta com aproximadamente 32 milhões de habitantes (16% da população brasileira) distribuídos em 8,4 milhões de domicílios e representa 23% do PIB do país. Mesmo

haver contrapartida do gover-no para “manter o modelo de negócios das teles em pé”, mas lembra que há também uma

compensação social por parte das teles nos contratos de concessão das outorgas e licenças de serviços. “As teles levaram o filet mignon, agora têm que levar um pedaço do osso também”, diz ele, referin-do-se ao segmento rural.

As operadoras rebatem e reivindi-cam a redução da carga tributária sobre os serviços, composta por PIS, COFINS, Fust e Funttel e, principal-mente, do ICMS. “A tributação inviabi-liza o processo, pois reduz a margem do prestador de serviço e propicia um custo muito alto para o usuário na ponta”, destaca o presidente da Associação Brasileira de Tele-comunicações Rurais, Eduardo Neger.

Na maioria dos estados, o ICMS cobrado sobre os serviços de telefonia fixa e móvel é de 25%. Em estados como Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Paraíba e Rondônia a alíquota varia de 30% a 35%. “Com um imposto alto assim fica compli-cado. A instalação de cada estação radio-base (ERB) no campo pode custar até R$ 500 mil para a operadora, ou seja, ela não vai instalar essa infraestrutura onde não for possível rentabilizar o investi-mento”, acrescenta Neger.

Renúncia fiscalEm um setor complexo e de baixa

atratividade como o rural, alguns espe-cialistas, como o diretor da Cisco, defen-dem a renúncia fiscal, medida que sus-pende a cobrança de impostos sobre serviços e produtos de

curto prazo (V.4), que ven-cem este ano, e que propõem a revisão dos contratos de concessão para atendimento das áreas rurais fora da Área de Tarifa Básica (ATB), item que se encontra em elabora-ção pela Superintendência de Serviços Públicos (SPB), da Anatel. A Portaria nº 178/2008 do Minicom determina à agên-cia que devem ser tomadas ações que assegurem a amplia-ção do acesso à Internet em banda larga, além da ampliação do acesso aos servi-ços de telecomunicações em áreas rurais. Sem falar do Fust, previsto também para o financiamento das telecomunicações rurais. “A dificuldade é que o fundo só pode ser utilizado para serviços de telefo-nia, mas isso também está em processo de mudança”, informa o secretário Roberto Pinto Martins. Acontece que quem acompanha a interminável saga em torno da utilização dos recursos do Fust sabe que esse dinheiro na prática não existe, já que tem sido utilizado para ajudar o governo fechar as contas.

Business planApesar da importância do fator

regulatório, de acordo com especialis-tas, essas leis, portarias e planos, por si só, não garantirão a universalização das comunicações no ambiente rural, ainda mais em um mercado como o de telecomunicações. Para isso é preciso que a ‘conta feche’, que haja modelo de negócios viáveis ou, como a maioria gosta de dizer, ‘business plan’. “Não existe almoço grátis, os investidores das operadoras colocam dinheiro somente em negócios com retorno garantido”, diz André, da Cisco.

As próprias operadoras assumem isso e não escondem que levar serviços de telecom às áreas rurais é uma tarefa complicada, por uma série de motivos, como a complexidade do atendimento, a grande dispersão geográfica, áreas de difícil acesso, carência de mão-de-obra especializada, distribuição do poder aquisitivo e peso da carga tri-butária. Além disso, há pouca diversidade de fornecedores de tecnologia/equipamentos vol-tados para o atendimento rural e quase nenhuma estatística setorial de demanda.

O secretário Martins, do Minicom, admite que é preciso

.:Mercado“as Teles levaram o fileT mignon, agora Têm que levar um pedaço do osso Também”Roberto Pinto Martins, do Ministério das Comunicações

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negócios com reTorno garanTido”Anderson André, da Cisco

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Page 19: Revista Teletime 63 - novembro 2010

Todo o mercado de telecomunicações ao alcance de suas mãos.O Atlas Brasileiro de Telecomunicações traz o panorama completo e atualizado do mercado, reunido em um único volume de alta qualidade gráfi ca e editorial, referência do setor. São centenas de mapas, incluindo backbones, redes, footprints de satélites, além de tabelas e gráfi cos detalhados dos serviços de TV por assinatura, banda larga, atendimento ao cliente, sendo combinados com dados sócioeconômicos.

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20 TeleTime nov_2010

assim, segundo dados do Pnad 2008, somente 2% têm acesso à Internet (6% segundo o Nic.br). E é aí que se encon-tra a oportunidade, pois estudo realizado no ano passado pelo Nic.br sobre o “Uso das Tecnologias de Informação e Co mu ni-cação (TICs) no Brasil” aponta que 50% dos domicílios da zona rural só não têm Internet por falta de disponibilida-de, enquanto 35% não assinaram o serviço por conta do custo elevado. De acordo com o mesmo levantamento, 71% dos domicílios teriam acesso à web de maior velocidade se houvesse a oferta, e 41% também o fariam se hou-vesse disponibilidade de outra rede na área, o que comprova que na região rural há grande demanda reprimida por serviços de telecomunicações.

Para a surpresa de muita gente, uma das conclusões do estudo é a de que um domicílio rural possui um gasto médio mensal no mínimo igual ao do urbano na telefonia fixa, enquanto na telefonia móvel o gasto médio, em todas as classes de renda, apresenta reduzida variação em relação às residências urbanas. “Há um mercado no campo que, se fosse bem explorado, geraria grandes receitas. Além do mais, o cliente rural é bom pagador, quase não apresenta problemas com inadimplência”, diz Eduardo Neger.

Há, de acordo com o Pnad 2008, 51% de moradores nas áreas rurais que recebem mensalmente de um a três salários mínimos e outros 20% que ganham de três a dez salários mínimos por mês, ou seja, um grande contingen-te com possibilidade financeira de assi-nar serviços de telecomunicações. “Nossas estimativas prevêem um cres-cimento mínimo da ordem de 20% ao ano. A internacionalização do agrone-gócio e a adoção de práticas sustentá-veis e rastreabilidade são fatores que impulsionam a adoção das TICs nos empreendimentos rurais”, conclui.

TecnologiaNo Brasil existem diversas tecnolo-

gias capazes de ampliar o acesso às comunicações nas áreas mais remotas do país, como o satélite, porém quando o assunto telecomunicações rurais entra em pauta, é inevitável falar sobre o CDMA450, padrão CDMA2000 utilizado na faixa de 450 MHz. A tecnologia foi eleita pela Anatel a melhor alternativa para levar os serviços de comunicação

para a área rural. O principal trunfo do CDMA 450 é ‘ilumi-nar’ uma área de 50 a 60 qui-lômetros com uma única ERB, enquanto a tecnologia GSM 800 MHz precisaria de três torres para cobrir o mesmo espaço; a GSM 1.800/1.900 MHz, 12 ERBs; e a faixa de 2.100 MHz, 16. Além disso, segundo informação da agência, há outras experi-ências internacionais bem sucedidas, como a do México, que buscam atender as áreas mais remotas com a faixa de 450 MHz, e o custo do terminal pode ser beneficiado com a escala da tecnologia, presente em mais de 75 países e 125 operadoras e utilizada por 120 milhões de assinantes. Outra vantagem é o fato de ser a única entre as concorrentes capaz de evoluir para o 1xEVDO e aten-der à exigência da Anatel de destinar subfaixas em caráter primário e secun-dário, dependendo do serviço prestado.

Não à toa, foi estabelecida pelo governo a Proposta de Regulamento sobre Canalização e Condições de Uso da Radiofrequência na Faixa de 450 MHz a 470 MHz, submetida a consulta pública em meados do ano passado e que aguar-da agora deliberação do Conselho Diretor da Anatel. O regulamento destina as subfaixas de radiofrequência de 451-458 MHz e 461-468 MHz ao STFC, SMP e SCM em caráter primário e sem exclusi-vidade. O documento enfatiza que o uso das referidas subfaixas deverá ser para o provimento de acesso aos serviços de telefonia e dados, preferencialmente.

Um dos principais problemas, e o que mais preocupa o Minicom e a Anatel, é a limpeza do espectro, que atualmente é utilizado por mais de 2,5 mil entidades, como Polícia Federal e Petrobrás. “Hoje as teles não podem usar os 450 MHz pois a faixa não está disponível”, reclama o secretário do Minicom. Também não está

claro como será a política de licenciamento destas faixas, mas a Anatel tem dado a entender que as concessioná-rias de telefonia que tiverem metas a cumprir em regiões rurais poderão utilizá-las sem ônus. No entanto, as próprias empresas desconfiam, e só apostarão nisso quando hou-ver clareza das regras.

Banda KaCom a carência de redes de telecomu-

nicações no segmento rural, a cobertura via satélite se consolidou ao longo do tempo na maioria desses lugares como a única opção de acesso a telefonia, Internet e TV. O custo do link satelital, no entanto, nunca foi dos mais baixos. “Um plano de 128 kbps custa em média R$ 500 por mês, com franquia de 1 Gb”, diz o presi-dente da Abrater.

No entanto, para Rafael Guimarães, diretor de marketing da Hughes Brasil, empresa de comunicação satelital, uma tecnologia deve causar uma revolução nessa área dentro dos próximos três anos: trata-se da banda Ka, link satelital de alta frequência que permite a utiliza-

ção de um equipamento mais compacto na casa do usuário. “As antenas de recepção terão dimen-sões muito menores do que as atuais, não só por conta do uso de frequên-cias mais elevadas, mas

também devido ao acréscimo de potên-cia introduzido pelo satélite Ka”, expli-ca. Em geral, essa tecnologia possui capacidade de operação de 70 Gbps, capaz de servir um milhão de usuários. “Esta solução de alta frequência traz uma série de benefícios técnicos que faz com que o custo do Mbps fique 100 vezes menor”. A tecnologia deve estar disponível no Brasil daqui a três anos, tempo de encomenda, fabricação e lan-çamento do satélite Ka. “Temos cerca de 550 mil assinantes de banda Ka no mundo. Nos Estados Unidos, já é uma realidade e a tendência é que, em longo prazo, se consolide como a maior comu-nicação satelital do mundo”, diz. Por isso, Guimarães acredita que o sucesso de um plano de universalização de comunicações no Brasil depende das soluções via satélite. “Não é possível enxergar o PNBL sem o uso maciço de satélite”, diz.

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sem o uso maciço de saTéliTe”Rafael Guimarães, da Hughes

dos mais de r$ 8 bilHões arrecadados no fusT, ou dos r$ 180 bilHões invesTidos nos úlTimos doze anos pelas operadoras, nada foi dedicado a políTicas para o campo.

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.:entrevista Samuel Possebon e Helton [email protected] | [email protected]

O presidente da Agência Es -pacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, não mede as pala-vras para criticar a burocra-

cia da administração pública e, indire-tamente, seus antecessores na presi-dência da AEB. De discurso afiado, Ganem classifica como uma “dantesca caixa de papéis” os primeiros estudos sobre a viabilidade do projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) e diz que quando assumiu a agência, em 2008, descobriu que eles eram “good for nothing”. Nesta entre-vista, ele assegura que o SGB não vai disputar mercado com as empresas, mas sim contribuir para que o País possa aprimorar suas previsões mete-orológicas, atender às demandas da Defesa e de comunicação do governo. Suas críticas, inclusive, atingem as empresas operadoras de satélites que atuam no Brasil. Ele afirma que existe sim a possibilidade de se produzir um lançador no Brasil e dispara: “mas isso não interessa à revista, não interessa ao seu público, porque quem gastou o que eles gastaram em lançadores de terceiros não está nem aí para a ban-deira brasileira”.

Teletime - O projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) vem sendo acompanhado pelo setor de telecom há algum tempo e existe a expectativa de como ele vai se colo-car no mercado. Ele teve alguns per-calços ao longo dos últimos anos, só agora saiu a consultoria para elabo-rar o projeto... Por que esse atraso?

Carlos Ganem - Na verdade, esse atraso tem dez anos. É uma vergonha para um País como o nosso, enorme, necessitadíssimo de um instrumento que lhe permita entender e interpre-tar o seu gigantismo. É o maior país se você considerar área integral incluindo todo o conjunto do território brasileiro mais a zona economicamente explo-rável, que corresponde a uma outra Amazônia. Eu estou

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falando de 8,4 milhões de km2, ou 13 milhões de km2 em área integral se e você considerar o mar produtivo no Atlântico Sul. De Oiapoque, limite norte com o nosso vizinho europeu Guiana Francesa, a Chuí, cidade irmã da Chuí uruguaia a partir da qual o Atlântico beija a Antártica. Então se você projetar o mar produtivo vai entender que na camada do pré-sal

a genTe não vai enTrar em segmenTos que Traduzam a razão de operação de companHias privadas. agora, isso não dá o direiTo de você simplesmenTe abrir mão de um projeTo de esTado”.

você não ficou nas bordas das 200 milhas náuticas, mas quase que dobrando isso para 350 milhas náuti-cas, a um mar de profundidade que vai desafiar a engenharia de cabea-mento e amarração bem sucedidíssi-ma da Petrobras. Lembre-se que estar a 700 km do continente é uma porta aberta para qualquer tipo de ação. Uma dessas ações é inviabilizar a qualquer preço a exploração do pré-sal brasileiro, simulando, em uma situação análoga, por exemplo, o que aconteceu no Golfo do México. Esse mundo não é para amadores.

No caso do espaço, muitas nações do planeta Terra não querem que o Brasil tenha um papel protagonista. O Brasil não tem o direito de postular e fazer o seu primeiro satélite geoesta-cionário genuinamente nacional. E quando eu falo genuinamente nacio-nal, entenda, estou falando de negó-cios nos quais a cooperação técnica, econômica e internacional é determi-nante. Ninguém hoje no mundo faz ação de desenvolvimento autônomo. A Coreia do Sul está namorando a França. A Índia namora a França, a França namora a Bélgica, a Bélgica namora o Brasil... Esse é um negócio de grandes parceiros. Quanto menos você depender de um grande parcei-ro, melhor. O que a gente não vai fazer é entrar em nichos e segmentos que traduzam a razão de operação de um conjunto de companhias priva-das, decorrentes de um modelo esco-lhido para as telecomunicações brasi-leiras. Agora, isso não dá o direito de você simplesmente abrir mão de um projeto protagonista, republicano e de Estado que leve em consideração a demanda que se estabeleceu possível

Carlos Ganem

Olhando para o altoCarlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira, critica o atraso do Satélite Geoestacionário Brasileiro e garante que ele não vai concorrer com as empresas.

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plataforma multi-missão. E, veja bem, é um satélite de observação da Terra, em órbita completamente distinta.

Mas esse satélite que o senhor está falando seria o SGB?

Nós aproveitaríamos o conhecimen-to da feitura de instrumentos satelitais e adequaríamos. Essa experiência foi adquirida primeiro com o Cbers - um satélite de observação que tem 23 anos - e depois com a plataforma de multi-missão. As empresas nacionais traba-lhando nesse projeto têm condições de responder algumas das demandas mais sérias que o segmento nos imporia.

O senhor considera que o Brasil hoje teria tecnologia para produzir o satélite, lançá-lo e produzir o veículo lançador?

Repare o seguinte. Eu não falei hora nenhuma em produzir foguetes. O foguete está sendo feito na Ucrânia. É da família mais bem sucedida. São 223 lançamentos do Cyclone 3 sem nenhum erro. Essa é a família de lan-çadores de cargas úteis mais bem sucedida do mundo. É ucraniana, não é russa e nem foi soviética. Com capa-

cidade de arrasto e carga de 1,5 tone-lada, que é um terço da carga dos satélites de comunicação mais usuais. Todo mundo sonha com satélites geo-estacionários de 4,5 toneladas que, no planeta, você vai depender de um grande lançador, muitas vezes maior do que um Cyclone 4, em sítios que não são nem Alcântara (MA), nem Barreira do Inferno (RN), que são dois dos sítios que foram recuperados pela minha gestão à frente da AEB.

Esse satélite na classe de 1,5 tonelada teria condições de atender às demandas nacionais de telecomu-nicações?

É aí que entra a questão do step by step. Vamos ter dois sítios lançadores dentro do centro lançador de Alcântara, um militar, que lançará o VLS já em 2011, e o outro civil, comercial e bina-cional da Alcântara Cyclone Space. Esse foguete virá da Ucrânia. Existem planos sim de se produzir no Brasil.

Mas isso não interessa à revista, não interessa ao seu público, porque quem gastou o que eles gastaram em lança-dores de terceiros não está nem aí para a bandeira brasileira.

Eu percebo que existe uma dico-tomia de interesses. De um lado o interesse comercial de fazer com que as coisas aconteçam o mais rapi-damente possível e em valores de mercado. E, de outro lado, você tem o interesse nacional de...

Deixa eu te corrigir. Os dois lados têm pressa, têm expectativa de poder encontrar caminhos para colocar no ar o primeiro satélite geoestacionário brasileiro. Ocorre que pela natureza das demandas que eu tenho condições de atender hoje, ele teria que ter pelo menos o viés de dois clientes impor-tantes para o Brasil. Um é a capacida-de de meteorologicamente ele me informar o que vai acontecer quando as chuvas se aproximarem de novo do Vale do Itajaí. Há dois anos morreram 108 pessoas porque eu sabia com três dias de antecedência que ia chover, mas eu não sabia que ia ser uma cabeça d’água. Com o satélite meteo-

rológico posso especificar a natureza do risco.

Mas hoje o Brasil tem satélites meteorológicos, não?

O Brasil hoje depende virtualmente de informações meteorológicas que são, eu diria, absolutamente depen-dentes de satélites de terceiros. Nós tivemos três satélites Cbers, o Cbers 1, o 2 e o 2b. O 3, que vai ser o quarto, será lançado o ano que vem, de um sítio chinês por um foguete de grandís-simo porte chamado Longa Marcha.

Por que não de Alcântara?Porque o nosso foguete não ficou

pronto. O nosso sítio ainda não está pronto e a gente passou dois anos guer-reando com pudores quilombólicos.

E esse satélite vai ser lançado para ocupar a posição...

O primeiro satélite geoestacionário brasileiro teria que ter, então, pela

para o primeiro satélite geoestacioná-rio brasileiro.

Como começou o projeto do SGB?Foi feito um estudo com recursos do

Funttel, pagos pela Finep, e estavam envolvidos três órgãos sob a liderança da Fundação Atech, mais a fundação Casimiro Montenegro e a Fundação CPqD. Isso custou R$ 10,08 milhões, do qual sobrou um pequeno resíduo, que sequer pôde ser aproveitado. Em 2006, como resultado dessa caixa de papéis, que é dantesca, o presidente que me antecedeu formatou um grupo de traba-lho para estudar e avaliar o satélite geoestacionário brasileiro, e a agência espacial à época delegou competência ao diretor de satélites e chamou o grupo de trabalho, representado pelos minis-térios da Defesa, Ciência e Tecnologia e Comunicações, chamou o Inpe, o comando das três forças, com ênfase na Aeronáutica. Quando eu cheguei aqui, em 2008, eu pedi notícias do estudo. Quando me disseram que o estudo era “good for nothing” (inútil) eu pedi notí-cias do que havia sido feito a posteriori e me disseram que foi constituído um grupo de trabalho. Grupo de trabalho é muito bom, mas o que resolveram? Produziram, de novo, dois gos-mados, duas atas de reunião e nada mais. Em 2008, ensande-cido, eu chamei a responsabili-dade daqueles membros do grupo antigo e lhes pedi a demanda de cada setor organizado. A demanda de cada setor organizado deveria suscitar, no nosso negócio - espaço -, um movimento pelo qual o Brasil pela primeira vez pudesse lançar seu satélite de um sítio próprio, de um foguete que, se não for próprio, tenha a cor da bandeira brasileira na socieda-de internacional constituída por Ucrânia e Brasil, denominada Alcântara Cyclone Space. Esse é um foguete com carga limitada, na classe geoestacioná-ria, a 36 mil km de altitude, e com capacidade de arrasto nessa órbita de 1,5 tonelada. Eu estou calculando que a gente tenha um foguete, um sítio e uma carga útil que pode ser brasileira. A diferença é que nos anos 80 e 90 o Brasil comprou de vários fornecedores, lançando de vários sítios, de vários foguetes, com 0% de tecnologia nacio-nal. A gente está tentando buscar um meio pelo qual se possa pegar uma parcela da tecnologia embutida na fei-tura dos 50% do satélite Cbers e da

ninguém veio a passeio. eu não sou engenHeiro nuclear e não sou engenHeiro aeronáuTico, eu sou moTorisTa de papel. eu vim organizar essa guerra”.

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que vai do Oiapoque ao Chuí e preciso de um satélite e tenho que importar”. É capital dele. Para falar de política de Estado, eu tenho que ter um marco,

primeiro regulatório, que me permita discutir uma linha de recursos entran-tes que advenha dos setores privados, tal como aconteceu, por exemplo, com o submarino nuclear brasileiro. Uma gigante do negócio de engenharia do País entrou na composição do capital de uma empresa inteligentemente bem formada, constituída com uma golden share nacional na mão de grupos que representam, no caso, a Marinha.

Por que não foi possível integrar o projeto brasileiro com o que a Oi sugeriu fazer no momento em que ela comprou a Brasil Telecom?

Essa é uma questão muito delica-da. Porque embora as discussões que levaram à aquisição do controle da Brasil Telecom tenham o viés comer-cial que tiverem, têm um viés estraté-gico também. Em nenhum momento a agência espacial foi chamada para discutir, qualquer que fosse o modelo.

E não sei se deveria ter sido, entenda bem. Agora um colega que foi meu chefe, ministro de Ciência e Tecnologia, autor do fundo espacial, autor de todos os fundos setoriais que colocaram dinheiro para a Ciência e Tecnologia de forma bas-tante adulta neste país, poderia per-feitamente passar a mão no telefone: “Ganem, meu filho, estamos aqui dis-cutindo um projeto estratégico impor-tante para o Brasil”. O satélite da Oi tem a mesma natureza de carga útil de 4,5 toneladas, só de combustível são 2 toneladas. A modelagem dele é um Hughes, um Hispamar. Ou vou estar, neste momento, admitindo que a pressa vai me fazer comprar ao invés de desenvolver. A pressa vai me fazer contratar lançador que não tem a bandeira do Brasil, e eu vou cair na mão do Ariane 5 - de acordo com a classe de tonelagem que está sendo projetada pela Oi. E, além disso, em sítio que não é o nosso. Por outro lado, o grupo Oi/Telemar é uma empresa brasileira no Brasil. Da mesma forma que o são os seus com-petidores no Brasil. Qual é o preceito

que me fará fazer com “A” e não com “B”? O que vai acontecer na hora em que eu disser para o mercado que, desprezando regras de competição, eu vou me associar ao grupo para produ-zir um satélite em detrimento das com-panhias satelitais concorrentes?

E qual a expectativa do senhor em relação ao governo Dilma Rousseff?

Eu acho que o governo do presi-dente Lula e, naturalmente, o gover-no que o sucederá, tem um mérito extraordinário de resgatar segmen-tos que estavam adormecidos, e eu estou usando “adormecidos” para ser simpático.

Sem falar nas descobertas do pré-sal...

O que está no pré-sal é provavel-mente um veio interessantíssimo do velhíssimo território representado pela fusão dos dois continentes,

limitação da coifa desse foguete, um tamanho mais reduzido. Como tal, ele tende a responder por comunica-ções governamentais, comunicações militares e uma parte das comunica-ções que hoje a gente tem amarradas aos satélites hegemonicamente com-prometidos com outras bandeiras. Então, eu tenho questões de Estado que estão para além da questão comercial “stricto sensu”. Não existe dicotomia, existe um sentimento de urgência que não pode calar e para o qual a gente quer dar solução, para não deixar que mais um governo... Política de espaço é um política de Estado, não é de partido nem de governo. No campo satelital, em dez anos você muitas vezes não botou no ar aquilo que é objeto da sua pesqui-sa.

Mas qual é a prioridade para o Estado brasileiro? É ter um satélite com grande capacidade de tráfego para observações meteorológicas ou....

Eu consultei o mercado, consultei o Ministério das Comunicações, os milita-res, o Ministério de Ciência e Tecnologia... E o mercado me disse: se a Agência Espacial Brasileira quer começar bem ela começa com comunicações de ordem governa-mental, comunicações militares em banda exclusiva de um lado e de outro um satélite meteorológico ver-dadeiro.

Então no mesmo aparelho é possí-vel atender a essas duas demandas?

Ou não, eu quero ter dois satélites. O problema é que o ritmo em que esse assunto se desenrola não é o ritmo Ganem de ser. Sou uma pessoa que a vida inteira transformou limão em limonada.

No caso dos satélites, o senhor acha que o Brasil teria condições tecnológicas de desenvolvê-los para colocá-los em órbita em tempo de atender todas essas demandas?

Não me faça essa pergunta, porque essa é uma pergunta capciosa. Tempo pode ser determinante para eu conti-nuar importando indiscriminadamen-te, por exemplo. O tempo pode ser uma maneira pela qual alguém se jul-gue no direito de amanhã dizer: “eu tenho uma banda de telecomunicações

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a defesa, no meu enTender de forma errada, esTá TraTando a quesTão dos saTéliTes como uma quesTão de esTraTégia de defesa. se misTuro a guerra nisso esTou arrumando uma encrenca anunciada”.

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América Latina e África. Não por acaso, no mar comercial explorável do Atlântico Sul vocês verão uma bandeira francesa no norte. E várias bandeiras britânicas. E a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não tem o que fazer mais no Atlântico Norte, então ela pode virar OTASA e nós, otários, se não tiver-mos satélites marítimos. Estamos conversados? Ninguém veio a pas-seio. Eu não sou engenheiro nuclear, eu não sou engenheiro aeronáutico, eu sou motorista de papel. Eu vim organizar essa guerra.

Mas o senhor acredita que o governo Dilma vai dar a prioridade que o senhor está mostrando ser tão necessária?

Eu espero que a presidente da República tenha a possibilidade de aplicar parte dos insumos que ela recebeu como recomendações para este segmento. Toda a parte relativa à balança comercial brasileira de produtos primários é satélite, e isso não é comunicação. Toda a parte relativa à plotação do petróleo, ao uso da melhor inteligência pró-cardumes do Atlântico Sul, é satélites. Toda a parte relativa a ensino à distância é satélite, emprego e uso da medici-na à distancia e da Rede Nacional de Pesquisa é satélite.

O senhor mencionou insumos que devem ser analisados pelo governo. O senhor está querendo dizer que a AEB produziu estudos e levantamentos...

Fizemos um documento e envia-mos para a Estratégia Nacional de Defesa e a Defesa, no meu entender de forma errada, está tratando a questão dos satélites como uma ques-tão de estratégia de defesa. Se esque-cendo que é por aí que as barreiras impositivas dos detentores de know how vão funcionar. No momento que isso virar um óbice concreto baseado em um instrumento confundido com a não-missão da agência: comercial, civil, plena e pacífica. Se misturo a guerra nisso, estou arrumando uma encrenca anunciada: a crônica da morte anunciada.

No começo, inclusive, o senhor mencionou que outros países não apoiam o projeto brasileiro e fazem

de tudo para que ele não saia.Existe um quantitativo de barrei-

ras enormes para impedir que nós lancemos e que nós possamos lançar em meia ação com um projeto como

o do Cyclone, por conta do parceiro que nós escolhemos. Alguns dos paí-ses protagonistas detestam a parce-ria sino-brasileira para imageamento da Terra, que deu origem à formação do satélite óptico Cbers, que tem a tarefa de imagear o Brasil e que está apagado agora. O seu último repre-sentante apagou; desapareceu em 10 de abril.

Acabou a vida útil?Ele simplesmente feneceu. A vida

útil dele já havia sido dada. Eles são caros, mas têm concepção para dois anos. Imagina eu tendo que utilizar peças e componentes não certifica-dos, como é que é isso?

Em toda a nossa conversa, o senhor não mencionou o que talvez seja o principal programa de infra-estrutura de telecomunicações do governo Dilma, o Plano Nacional de

Banda Larga. Existe uma sinergia muito grande com o projeto de satélite geoestacionário, já que para cobrir o Brasil inteiro é preci-so capacidade satelital.

Eu apenas não citei banda larga porque a banda larga é posterior aos estudos de 2008, quando o grupo de trabalho foi refeito. Depois disso fize-mos uma licitação para estudar um modelo a partir do qual o marco legal e contábil fosse aprovado do lado de uma parceira público-privada. Esses estudos estavam sendo providos por um consórcio que comprou o edital, se habilitou, disputou a concorrência e ganhou. A agência vai se manifestar com um laudo acerca do trabalho que está sendo desenvolvido.

Esse relatório foi apresentado quando?

Eu acredito que há dois meses. Tem um trabalho de avaliação que, no meu entender, tem que ser muito bem apreciado. Eu não estou contra-tando alguém para me dizer coisas que eu já sei. Estou contratando alguém para me trazer o inusitado, o novo, a modelagem que possa de fato

fazer jus e sentido para abarcarmos um novo modelo. Acho que a retoma-da de um Plano Nacional de Banda Larga reafirma o propósito de que educação é também uma atividade baseada em satélites.

Para produzir um satélite geoes-tacionário a estimativa era de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões. Mas isso é só o satélite ou o satélite mais o lançamento?

Um satélite geoestacionário vai custar hoje entre US$ 500 milhões a US$ 600 milhões para produzir e lan-çar. Ocorre que você faz um satélite desses em alguns anos. O que eu acho que o mercado tem que saber é: a AEB não quer o mercado de telecom. A AEB não é agente legítimo para estar no mercado de telecom, estamos combinados? Não nos temam, nós não estamos aqui para lhes roubar fatia. Agora, como protagonistas como

o que eu acHo que o mercado Tem que saber é: a aeb não quer o mercado de Telecom. a aeb não é agenTe legíTimo para esTar no mercado de Telecom, esTamos combinados?”

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Em praticamente todos os eventos públicos nos quais o alto escalão da Anatel é con-vidado a falar, a explosão da telefonia móvel na última

década é citada como o grande exemplo de que as privatizações deram certo. Motivo de orgulho da agência regulado-ra, os quase 200 milhões de celulares em operação no Brasil deram às empre-sas móveis o status de “reais promoto-ras da universalização”, possibilitando que milhões de brasileiros, especial-mente os de baixa renda, pudessem ser localizados a qualquer momento, em qualquer circunstância. Mas o que pouco se fala é que boa parte do pujante resul-tado da telefonia móvel foi obtida por meio de uma política de incentivo cujo pilar é uma sigla de todo desconhecida das grandes multidões: VU-M.

O Valor de Uso Móvel (VU-M), que nada mais é do que o preço que as demais empresas de telefonia pagam às operadoras móveis para completar as ligações feitas a um celular, é hoje importante combustível financeiro das empresas do Serviço Móvel Pessoal (SMP). Segundo dados apresentados pela TIM à Anatel, o fluxo financeiro gerado pela cobrança da VU-M repre-senta nada menos do que 33% do fatu-ramento global das operadoras móveis, em média. Considerando que o negócio de empresas de telecomunicações é a prestação de serviços à sociedade, a negociação de acesso à rede representar um terço dos ganhos das móveis é uma façanha e tanto.

Mas os dias de glória da VU-M podem estar perto do fim. Nos últimos dias de outubro a Anatel colocou em consulta pública uma proposta de redu-ção gradativa dos custos das redes móveis, usando como alavanca uma política de descontos pré-fixados na tarifa cobrada dos consumidores pelas chamadas entre fixos e celulares. Essa tarifa, chamada de Valor de Comunicação (VC), deverá sofrer dois cortes de 10% ao ano e parte dessa redução terá que ser, obrigatoriamente, absorvida pelas

empresas de telefonia móvel, com a consequente redução da VU-M.

A ação da Anatel atende a um antigo anseio das empresas de telefonia fixa, sobrecarregadas com os custos de inter-conexão com as móveis. Por isso mesmo, não é difícil imaginar que as móveis não estão nada felizes com a medida, apesar de a agência reguladora estar sendo bastante parcimoniosa com os percen-tuais sugeridos de redução. O problema está no tamanho do bolo que agora pode ser fatiado pela agência. As proje-ções são de que a VU-M renda R$ 17 bilhões às empresas de telefonia celular. Assim, em uma conta simples, o corte sugerido pela agência abocanhará R$ 3,4 bilhões das operadoras até 2012.

“Não é um corte suave de jeito nenhum. É uma manobra bruta que significa uma perda de R$ 1,7 bilhão ao ano para as empresas”, reclama o dire-tor de regulamentação da TIM, Mario Girasole. Obviamente, as móveis que-rem meios de compensar essa perda e pedem um programa mais amplo de corte de custos no setor de telecomuni-cações por parte da Anatel, atingindo também as redes fixas. Mas o papel da

Anatel no confronto entre móveis e fixas por conta do acesso às redes - talvez o mais antigo conflito pós-privatização - vai muito além da mediação nos dias atuais. O modelo imprimido pela agên-cia para fomentar as móveis há dez anos é, sem dúvida, o olho do furacão nessa briga. E o movimento atual da agência de promover uma redução da VU-M pode sinalizar muito mais do que uma simples redução de custos para o consumidor. O próprio modelo pode ser posto em xeque com uma alteração dessa taxa de interconexão e, com ele, os números da telefonia móvel que a Anatel tanto se orgulha.

Do controle à livre negociaçãoPara entender como a VU-M tornou-

se tão importante para o setor móvel é preciso analisar o passado das teleco-municações. Antes da privatização, em 1998, o serviço de telefonia celular estava engatinhando no Brasil. Para conseguir um aparelho móvel - os famosos “tijolões”, em referência ao tamanho dos equipamentos disponíveis na época - era preciso entrar em uma longa fila e ter um bom salário para dar

.:reGulaMentaÇÃo

Fim do sossegoDepois de anos estimulando as móveis, Anatel sinaliza intenção de reduzir a VU-M, atendendo um antigo pedido das empresas de telefonia fixa.

Mariana Mazza, de Brasí[email protected]

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conta das faturas no fim do mês. No processo de privatização, o governo resolveu apoiar o desenvolvimento desse tipo de telefonia, primeiro sepa-rando a operação da Telebrás em gru-pos móveis e fixos e, depois, gerencian-do o acesso a essas duas redes por meio de tarifas de interconexão.

Foram criadas três tarifas: a TU-RL, para a rede fixa; a TU-RIU, para a rede interurbana; e a famosa VU-M, para as móveis. As três eram tabeladas pela Anatel, daí serem chamadas de tarifas, por serem controladas pelo governo. Esse controle público dos preços a serem cobrados entre as empresas vigo-rou até 2004, quando a agência decidiu que o setor móvel estava maduro para negociar sozinho a cobrança do acesso à rede. A transição foi completada em 2005 e, desde então, a VU-M não é mais tabelada, e sim livremente negociada entre operadoras móveis e companhias de telefonia fixa. Quando a negociação fracassa, a Anatel é chamada a arbitrar os valores.

Dois aspectos merecem destaque nessa transição. O primeiro é que, quan-do o setor móvel foi libertado do tabela-mento, a VU-M já era sensivelmente maior do que as demais tarifas de inter-conexão, como parte do incentivo a expansão das redes móveis. Segundo levantamento feito pela consultoria Telecom, o valor médio da TU-RL entre 2003 e 2004 era de R$ 0,052 e o da TU-RIU, de R$ 0,096. Por sua vez, as móveis recebiam, já nessa época, R$ 0,386 por minuto de tráfego na rede celular. Ou seja, a tarifa de uso da rede móvel em 2004, quando ainda era pre-cificada pela Anatel, era 642,31% maior do que a tarifa paga para uso das redes locais de telefonia fixa e 302,08% maior do que a preço de interconexão nas redes de longa distância.

Esse gritante descompasso de valo-res vigora até hoje e, segundo algumas empresas, teria se acirrado com o tempo. Mas há um segundo aspecto digno de nota. Até 2004, como o núme-ro de telefones fixos era bastante supe-rior ao de telefones móveis, existia uma regra de desbalanceamento de tráfego. Se o fluxo de chamadas entre as redes fixas e móveis fosse razoavelmente equilibrado, as empresas não pagavam nada entre si. O pagamento das tarifas só ocorria se um dos fluxos superasse 55% da troca de ligações entre as

redes. A partir de 2005 essa regra caiu, junto com a liberação da negociação da VU-M, e hoje as empresas têm que fazer um encontro de contas mensal para quitar as taxas de interconexão, método conhecido como full billing.

O fim da regra de desbalanceamento não seria um problema tão grande não fosse a nova realidade que o Brasil já enfrentava há cinco anos. Superando todas as expectativas dos agentes regu-ladores, os telefones celulares em 2006 já eram em maior número do que os fixos. Unindo essa explosão da telefonia móvel, a regra de full billing e o descom-passo entre a VU-M e as demais tarifas de interconexão tem-se a receita de como o acesso à rede virou o grande negócio das operadoras de telefonia móvel no Brasil.

Outro aspecto que merece nota tem relação estreita com o modelo de negó-cios adotado pelas operadoras móveis ao longo da última década. Com base nas receitas vindas da interconexão, as móveis decidiram “compartilhar” parte desses ganhos com os consumidores. Cada uma a seu jeito instituiu sistemas de subsídio, financiados pela VU-M que engordava a cada ano. O método mais comum é o financiamento dos aparelhos celulares. Usando o fluxo de VU-M como lastro, todas as empresas passaram a criar planos com cortes nos preços dos aparelhos. O mais famoso, sem dúvida, foi o programa instituído pela Claro, com a venda de celulares a R$ 1.

Desde então, o desconforto dos demais players do setor, sobretudo das operadoras fixas, com políti-cas como essa ficou evidente, dando início ao movimento de solicitação da queda da VU-M

que deságua agora na Anatel.

Cortes na EILDO movimento da Anatel de derrubar

a VU-M gradativamente pegou todas as empresas de surpresa, seja pelo momen-to escolhido para iniciar esse processo, seja pelo método adotado. No campo das móveis havia uma expectativa de que a agência só mexeria nos preços da interconexão após ter em mãos o mode-lo de custos para as telecomunicações. Há anos a Anatel promete produzir o tal modelo, mas só no mês passado a agên-cia reguladora iniciou o processo de contratação da consultoria internacional que produzirá o sistema de cálculo dos custos para fixas e móveis.

Na audiência pública sobre o projeto de redução da VU-M, a Vivo deixou

claro seu desconforto com o timing da Anatel, expres-so em uma pergunta pra lá de capciosa. A gerente de regulação da operadora, Kátia Pedroso, questionou os representantes da Anatel sobre o que a agên-cia pretende fazer se o modelo de custos, uma vez implantado, mostrar uma

realidade diferente da projetada pela Anatel para propor as quedas de 10% no VC. A questão é bastante interessan-te e, obviamente, ficou sem resposta.

O ponto-chave do problema talvez seja o peso da VU-M nas contas das móveis. Com uma demanda cada vez maior pelo serviço - intensificada pela oferta de banda larga móvel, pelos com-promissos de expansão impostos pela Anatel e a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil -, os custos de ampliação da cobertura das celulares devem pressionar as contas das empre-sas. E como garantir que tudo isso será feito com a agência propondo um corte em uma das mais importantes fontes de renda das companhias?

A TIM sugere uma solução: cortar também os custos de uso da rede fixa, cujo calcanhar de Aquiles é a Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD). O principal alvo de quem compra uma EILD hoje é a oferta de banda larga. Mas todos os que não possuem rede de fibra óptica reclamam do alto custo pelo acesso à rede. A Anatel já trabalha em novo regulamento para, ao

“o preço de varejo da fixa é muiTo alTo. é preciso uma queda de, pelo

menos, 15% no valor da eild”Luca Luciani, da TIM

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unindo a explosão da Telefonia móvel, a regra de full billing e o descompasso enTre a vu-m e as demais Tarifas de inTerconexão Tem-se a receiTa de como o acesso à rede virou o grande negócio das operadoras de Telefonia móvel no brasil.

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menos, organizar melhor a oferta compulsória da EILD pelas concessionárias. Mas o texto produzido pela agência, por enquanto, não indica reduções concretas de preço.

A proposta produzida pela Superintendência de Serviços Públicos (SPB), a qual esta reportagem teve acesso, pro-põe que os preços das EILDs sejam negociados livremente pelas concessionárias. A tabela de pre-ços de referência continuaria existindo, mas apenas como parâmetro para even-tuais arbitragens em caso de desacordo entre as empresas. A novidade está no fato de que esses preços poderão ser impostos cautelarmente enquanto a Anatel avalia os casos de arbitragem. Regras mais claras para limitar eventu-ais práticas anticompetitivas de grupos com Poder de Mercado Significativo (PMS) só devem ser fixadas no Plano Geral de Metas de Competição (PGMC).

Apesar de organizar um pouco melhor a oferta de EILD, a proposta em gestação na Anatel não atende aos pedi-dos bastante específicos das móveis. Para o presidente da TIM, Luca Luciani, a agência precisa agir de forma concreta, cortando os custos de acesso à rede fixa. “O preço de varejo da fixa é muito alto. É preciso uma queda de, pelo menos, 15% no valor da EILD”, afirma o executivo. Luciani diz que a ideia de fazer um corte na EILD assim como está ocorrendo com a VU-M tem sido discutida com a Anatel, mas por enquanto não há uma resposta da agência nesse sentido.

O executivo concorda que a queda na VU-M é uma tendência no mundo, mas insiste que é preciso encontrar uma forma de compensar as móveis nesse processo. “A VU-M é um tema do setor. O preço tende a ser reduzido, assim como o da linha dedicada. Faz sentido gerar uma dependência menor da VU-M, mas só se você juntar isso a uma aber-tura de mercado no atacado e redução de tributos.” O diretor de assuntos regu-latórios da TIM, Mario Girasole, reforça o discurso da empresa. “Não estamos dizendo que não se pode mexer na VU-M. O que estamos dizendo é que, se é pra mexer na receita, tem que mexer nos custos também, por meio da revisão

da EILD e do PGMC. O tripé regulatório, por enquanto, está com um pé só”, resume.

Com um discurso menos agressivo, mas igualmente preocupado, está a Vivo. Durante a Futurecom, Roberto Lima, presidente da operadora, lembrou que as empresas móveis estão comprometidas com metas de expansão das redes 3G e investindo pesado em backhaul. “Qualquer redução das recei-tas das operadoras pode ter consequên-cias importantes e, por isso, precisa ser feita com responsabilidade”, disse.

Felizes, mas nem tantoNa disputa em torno da VU-M, a TIM

acabou ganhando uma posição de des-taque entre as móveis simplesmente pelo fato de que a operadora não dispõe de um parceira fixa em seu grupo de

operação, extremando a dependência da interconexão. As demais operadoras móveis têm também um braço fixo local, fazendo com que o grupo econômico equilibre melhor as contas de acesso à rede. Mas se a TIM é protagonista em um extremo da batalha, no outro estão duas fixas: Oi e GVT.

Embora o propósito seja o mesmo, as duas companhias escolheram estra-tégias diferentes para tentar convencer a autoridade regulatória a reduzir o custo de acesso às redes móveis. A GVT partiu para batalha judicial e para a arbitragem. Há cinco anos a empresa trava uma briga nos tribunais contra a Vivo e o reajuste da VU-M. No caso da Oi, o caminho escolhido foi a diploma-cia. Executivos da companhia não per-dem uma oportunidade nos últimos anos para pedir a redução da VU-M. O lobby da maior concessionária fixa do Brasil parece ter funcionado melhor do

que a estratégia da concorrente.A Anatel não confessa que cedeu

aos apelos da Oi, mas no setor todos atribuem à concessionária o avanço da proposta de redução do preço da inter-conexão. Um indício está no método escolhido pela agência para iniciar o processo: derrubar o preço do VC para, colateralmente, reduzir a VU-M. Por mais de uma vez, executivos da Oi dis-seram aos técnicos da Anatel que esta-vam dispostos a “cortar na própria carne” para viabilizar a queda nos cus-tos da rede móvel. A carne, neste caso, se chama VC. Esse movimento foi esbo-çado pela primeira vez no começo de 2009 e foi objeto de reportagem de capa de TELETIME.

Por ser uma tarifa recolhida pela fixas, a redução no VC impacta nas contas das concessionárias. Acontece que a Anatel teria levado a sério demais a proposta da Oi. Um amortecedor colocado pela agência na transferência do corte dos valores de comunicação para a VU-M tem incomodado as empresas. A agência estabeleceu que apenas 85% do corte do VC impactará a interconexão. Isso, caso a negociação entre as empresas não funcione e o assunto acabe em arbitragem. Na prá-tica, as móveis continuam livres para negociar o valor que quiserem para a VU-M e, só se as fixas protestarem, a redução será transferida. E, ainda assim, de forma parcial.

“Fazer a redução via regulamento do VC a gente concorda, desde que não tenha esse fator redutor da transferên-cia para a VU-M. Do jeito que está pro-posto, a Anatel está punindo as conces-sionárias, que carregam as móveis até hoje nas costas”, avalia o diretor de assuntos regulatório da Oi, Paulo Mattos. O drama aqui é que a composi-ção do VC é bastante simples. Para chegar ao preço da tarifa, a agência soma o custo de interconexão (VU-M) a um valor tarifário que garanta a mar-gem mínima de lucro das concessioná-rias. Assim, se a queda da VU-M for restringida por um fator redutor, o res-tante da queda de 10% fixada pela

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as operadoras móveis, com exceção da Tim, Têm Também um braço fixo local, fazendo

com que o grupo econômico equilibre melHor as conTas de acesso à rede.

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Anatel para o VC terá que vir, necessa-riamente, do lucro das concessionárias.

Além dos aspectos jurídicos que transpassam a polêmica - pelos contra-tos, a Anatel só pode mexer na margem das concessionárias se elas concorda-rem expressamente - a decisão da agên-cia de limitar a transferência da redução confundiu ainda mais o setor. Superficialmente, a Oi continua enten-dendo que o movimento é positivo. “A Anatel fez um movimento importante porque é uma sinalização real e neces-sária de queda da VU-M, embora ainda seja muito tímida”, analisa Mattos. Mas o executivo admite que, da forma com que a Anatel pretende promover o corte, os resultados são praticamente inócuos, para dizer o mínimo. “Na verdade, a proposta não beneficia o consumidor final e prejudica as concessionárias. No caso das móveis, na melhor das hipóte-ses o corte as tira da zona de conforto em que elas estão há anos.”

Impacto nos consumidoresRealmente o impacto para o consu-

midor final é mínimo. Isso porque não está embutido no corte de 10% a corre-ção inflacionária anual das tarifas. Assim, se considerarmos uma inflação na casa dos 5%, o impacto real de redu-ção no VC será de apenas 5,5%. Em valores nominais, a queda ficará na casa dos R$ 0,07, valor muito pequeno para ser percebido pelos consumidores.

Por outro lado, a mudança na VU-M pode provocar efeitos negativos também para os clientes, especialmente os com planos pré-pagos. As móveis não fazem segredo de que o sucesso do modelo pré-pago está ancorado no fluxo garan-tido de receitas que esses celulares geram via interconexão. A lógica finan-ceira do modelo é evidente: mesmo um

celular que só recebe chamadas acaba remunerando a operadora móvel se parte dessas ligações vierem de telefo-nes fixos. Tudo por causa da VU-M. Na prática, as empresas fixas e mesmo as móveis pagam para que os milhares de celulares pré-pagos sejam viáveis eco-nomicamente mesmo sem fazer uma ligação sequer por mês.

Assim, uma redução na VU-M pode abalar o modelo do pré-pago no Brasil, com aumento do preço dos aparelhos e, até mesmo, uma retração na oferta de linhas para clientes que não têm um determinado perfil de consumo. Esse movimento preocupa a própria Anatel porque afetaria cabalmente o cresci-mento recorde que o setor móvel apre-

senta mês a mês, colocando em xeque o tão falado sucesso da telefonia celular no Brasil. Daí a opção por fazer um corte considerado mais suave em um primeiro momento, até que a agência tenha dados que mostrem a real dimen-são do eventual impacto da queda da VU-M no modelo de negócios do setor.

Mas a corrente em defesa de redu-ções fortes na VU-M continua em movi-mento. A GVT, por exemplo, alega que, sem um corte maior, a ação da Anatel não terá efeito concreto nas negociações entre as empresas. “A iniciativa da Anatel de reduzir o preço das chamadas fixo-móvel é excelente, mas ainda está

muito longe do necessário. Esperamos que, como resultado da consulta públi-ca, a Anatel retome a referência inicial, proposta originalmente pelas suas áreas técnicas, de reduzir a tarifa em 20% ao ano nos próximos dois anos”, declara-ram os executivos da empresa por meio de nota.

A proposta original à qual os execu-tivos da GVT referem-se foi desenhada pela Superintendência de Serviços Públicos da agência (SPB). A ideia era reduzir em 50% a VU-M nos próximos três anos, período que seria usado para elaborar o modelo de custos. Os cortes seriam feitos de forma escalonada, sendo 20% nos dois primeiros anos e mais 10% no terceiro ano, e começa-

riam já em 2010. Depois de discussões internas, a propos-ta foi alterada para apenas dois cortes de 20%. A redação apresentada na consulta pública, com dois cortes de 10%, foi produzida no Conselho Diretor, no voto do conselheiro Jarbas Valente.

À SPB sobrou o constran-gedor papel de defender publi-

camente uma redução abaixo daquela proposta originalmente, mesmo sob os ataques das fixas. O gerente-geral de Competição da SPB, José Gonçalves Neto, sustentou o discurso positivo de que, mesmo sendo um corte pequeno, o resultado para o setor será benéfico. “Nós temos a crença de que qualquer queda gera uma elasticidade na deman-da e isso beneficiará o consumidor e compensará eventuais queda de recei-ta”, avalia o técnico. Neto defende ainda a iniciativa da agência de agir antes mesmo da implantação do modelo de custos, já que, no caso da VU-M, o dese-quilíbrio está tão evidente.

as empresas fixas e mesmo as móveis pagam para que os milHares de celulares pré-pagos sejam viáveis economicamenTe mesmo sem fazer uma ligação sequer por mês.

Conheça as prioridades do governo Dilma Roussef para o setor de telecomunicações no principal encontro político-regulatório do ano.Os principais temas desse encontro você confere na página 35.

Page 32: Revista Teletime 63 - novembro 2010

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Existe uma regra de ouro na relação entre empresas de telecomunicações e Anatel: por mais que se brigue, as portas precisam ficar aber-

tas. Afinal, as empresas continuarão reguladas pela agência. Por isso ao longo da história da Anatel, poucas foram as vezes em que se viu alguma dessas dis-putas parar na Justiça. Já houve, sem dúvida, muitos casos envolvendo proces-sos de licitação, prazos, multas e dispu-tas societárias. Houve também casos mais específicos, como a disputa pela manutenção de direitos anteriores, como a investida das operadoras de cabo na questão do ponto extra. Mas também estes foram raros. Inédita mesmo é uma disputa sobre um regulamento inteiro, que pode afetar o contrato de concessão de empresas prestadoras do serviço público de telefonia fixa (STFC). Foi isso o que aconteceu quando o SindiTelebrasil, sindicato patronal e associação que reúne as empresas de telecomunicações, resol-veu, no final de outubro, entrar com uma ação judicial contra a Anatel em função do Plano Geral de Metas de Univer-salização, que valerá no período de 2011 a 2015, o chamado PGMU III.

A explicação para um ato simbolica-mente tão impactante é simples: dinhei-ro. Muito dinheiro. Mais precisamente, acima de R$ 6,4 bilhões para a Oi, quase R$ 1 bilhão para a Telefônica, outros cerca de R$ 200 milhões para a Embratel. Essas são as contas atualizadas apura-das por esta reportagem junto às empre-sas, com base nas interpreta-ções que elas estão fazendo das metas da Anatel. Ou seja, seriam quase R$ 8 bilhões no total. Esse é o tamanho do buraco que, segundo a alegação das concessionárias de telefonia, o novo plano de metas deixará em suas contas. Dizer se as premissas utilizadas pelas empresas para chegar a valores tão significativos estão corretas

é tarefa dos experts de parte a parte. Mas, simbolicamente, o problema está criado, ainda que o diretor geral do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, tenha rapidamente se apressado em dizer que a via judicial não encerra as negociações e que a ação é apenas uma proteção. “Essa decisão (judicial) pode demorar anos para acontecer. Não é bom para ninguém, mas fica registrado que as coi-sas estão indo por um caminho que não julgamos correto. Daqui a cinco anos alguém pode dizer que essas metas não

valem”, afirmou ao noticiário TELETIME News. Como prova de “boa fé” na negocia-ção, segundo ouviu esta

reportagem de advogados envolvidos no processo, está o fato de o SindiTelebrasil não ter pedido nenhuma liminar ou ação antecipada da Justiça no sentido de sus-pender o trabalho da Anatel.

No dia seguinte às declarações de Levy, contudo, a entidade ouviu uma resposta do assessor especial da Presidência da República Cezar Alvarez: “as concessionárias serão responsabili-zadas pelo prejuízo que trouxeram ao povo brasileiro no sentido de continuar atrasando a chegada da banda larga boa e barata na casa de todos. Nessa disputa judicial que eles estão travando conosco, o prejuízo será monetarizado e eles serão responsabilizados por isso”, afirmou. Segundo ele, o governo está aberto à negociação, mas as ações judiciais devem ser retiradas. Alvarez, apesar de não ser o ministro da área, é o coordenador do programa de inclusão digital do governo, onde se enquadra o Plano Nacional de Banda Larga. E o PGMU III é parte do PNBL. Daí a resposta dura em tom políti-co do assessor da Presidência. Considerando-se que boa parte das exi-gências do PGMU III veio do Planalto, conforme os próprios técnicos da Anatel contam às empresas (informação esta confirmada por conselheiros da agência), era esperado que fosse alguém como Alvarez a defender a política.

Segundo o procurador da Anatel, Marcelo Bechara, a iniciativa das empre-sas de buscarem a Justiça é mais uma iniciativa protelatória das concessioná-rias, para tentar ganhar tempo e evitar a vigência das metas logo no começo de 2011. Até o dia 17 de novembro, quan-do esta edição foi concluída, a Anatel não dava sinais de recuo. Apesar de

movimentos de algumas áreas técnicas no sentido de que se postergasse a aprova-ção do PGMU, outras áreas da agência, seguindo a orien-tação do governo, seguiam firme no propósito de apro-var o novo plano até o final

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Reforma ou puxadinho?Empresas vão à Justiça contra proposta da Anatel para novas regras de universalização do STFC e do backhaul de banda larga. Por trás da disputa está o futuro do PNBL e um buraco que, nas contas das empresas, pode chegar a R$ 8 bilhões.

Samuel Possebon e Mariana Mazza, de Brasí[email protected] e [email protected]

“a opção que Tem sido sinalizada é a de TraTar a banda larga como uma espécie de ‘puxadinHo do sTfc”Eduardo Levy, do SindiTelebrasil

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do ano, mesmo com a ação na Justiça.

ArgumentosHá diversos pontos na

argumentação do SindiTelebrasil a serem ana-lisados. Desde o fato de a Anatel ter feito a proposta de PGMU extemporanea-mente (a lei fala em 24 meses de antecedência da vigência, quando de fato a última propos-ta surgiu apenas em setembro último), passando pelo fato de as novas metas não terem sido analisadas previamente em conjunto com as empresas para que se testasse a sua viabilidade econômica (a regulamentação prevê esse trabalho de análise conjunta) até a falta de indicação clara de fontes de financiamento para as novas obrigações. Além disso, e esse é um aspecto central da discussão, as teles argumentam que o conceito de regulação do backhaul que está sendo adotado pela Anatel é, na ver-dade, uma maneira disfarça-da de transformar o serviço privado de oferta de banda larga (SCM) em um serviço público (STFC). O leitor atento de TELETIME recorda-se que essa polê-mica vem sendo tratada repetidamente aqui, começando em agosto de 2008, em uma matéria cujo título era, justamente, “O que é esse tal de backhaul?”.

“A opção que tem sido sinalizada é a de tratar a banda larga como uma espé-cie de ‘puxadinho do STFC’, ou obriga-ção acessória do STFC, o que certamen-te não é compatível com a LGT e com os contratos de concessão em vigor, e tam-pouco recomendável para a atração de investimentos privados, posto que tal concepção introduz profunda insegu-rança jurídica”, disse Eduardo Levy, presidente do SindiTelebrasil, em reu-nião do conselho consultivo da Anatel. A afirmação também está em carta entregue à agência. Além do medo de que um serviço privado passe a ser tra-tado como um serviço público, as empresas têm uma preocupação de longo prazo. “Todas as concessionárias sabem que a concessão de STFC termi-na em 2025, e elas se programaram para não precisar mais do STFC quando a concessão terminar. Mas se de uma hora para outra a Anatel começa a tra-tar a rede de banda larga como uma rede pública, reversível em 2025, aí essa projeção para o futuro vira um

grande problema”, diz um advo-gado de uma concessionária.

RecadoPublicamente, as operadoras estão

falando pouco sobre o tema, já que enten-dem que a causa é coletiva. Mas o presi-dente da Oi, Luiz Eduardo Falco, durante palestra na Futurecom, deu um bom ter-mômetro do clima criado, um dia antes de o SindiTelebrasil entrar na Justiça con-tra o PGMU. Falco lembrou que a rede do STFC, que cobre 100% do Brasil, “é fruto

dos ativos e recursos da privatização e é bem reversível”, mas enfatizou também que “o backhaul e a rede de banda larga foram construídas com recursos priva-dos”. Foi uma referência breve, mas sin-tomática, ao problema. Perguntado se ele temia que a Anatel pudesse considerar o backhaul uma rede pública e, portanto, reversível à União, Falco foi ríspido: “só se ela (Anatel) comprar (a rede)”.

O problema torna-se mais complexo quando se volta à sua origem. O procura-dor da Anatel, Marcelo Bechara, lembra que desde a troca das obrigações sobre Postos de Serviço de Telecomunicações pelas metas de backhaul, em 2008, as empresas já vêm cumprindo metas semelhantes às que estão colocadas agora. Ou seja, aceitaram que o backhaul de dados era parte do STFC e, portanto, era uma rede públi-ca e reversível. O problema é que agora a Anatel está expan-dindo estas obrigações para

cidades que não estão sendo “uni-versalizadas”, ou seja, cidades que já eram atendidas por uma rede privada de oferta de dados. As empresas, então, ficaram na seguinte situação: ou acei-tam que esta “rede

privada” se torne parte da rede reversí-vel, vinculada ao serviço público do STFC, ou constroem uma nova rede de dados, paralela à existente, para aten-der às metas de backhaul. Por isso os custos tão elevados apontados no início dessa reportagem.

Há ainda outro problema apontado pelas empresas no PGMU III: as metas que virão a ser estabelecidas no AICE (telefone popular, sem cobrança de assi-natura básica) e na prestação de serviços a localidades rurais, que, segundo a pro-posta do PGMU, virão em regulamentos específicos. Mas, segundo as concessio-nárias, essa função é exclusiva do presi-dente da República e não pode ser dele-gada. Dentro da Anatel, a leitura é que esse argumento é o mais frágil, pois bas-taria que a Anatel estabelecesse os regu-lamentos e encaminhasse a publicação dos mesmos por decreto.

Mas o ponto que realmente preocu-pa as empresas é a falta de uma defini-ção dos custos associados às novas metas. A agência tem uma conta, que vem sendo refeita em função das con-versas com as concessionárias. Essa conta, dizem as empresas, não fecha, e o buraco seria aquele de quase R$ 8 bilhões. A própria Anatel nunca deixou de reconhecer que as metas em si pode-riam ser individualmente deficitárias, mas apontava valores muito menores, na casa dos R$ 750 milhões em desfa-vor da Oi e cerca de R$ 100 milhões em desfavor da Embratel, e até mesmo um saldo positivo para a Telefônica. Mas sempre afirmou que o equilíbrio do con-

trato estaria garantido com os ganhos na exploração do ser-viço. As empresas discordam dessas projeções e querem que se aponte, como pede a regulamentação, quais serão estas fontes de financiamento, e isso precisa ser feito agora.

Não é a primeira vez que as empresas se dizem em risco financeiro em função de obri-gações colocadas pela Anatel.

o ponTo que realmenTe preocupa as empresas é a falTa de uma definição dos

cusTos associados às novas meTas.

“as concessionárias serão responsabilizadas pelo prejuízo que Trouxeram ao povo brasileiro no senTido de conTinuar aTrasando a cHegada da banda larga boa e baraTa na casa de Todos.”Cesar Alvarez, da Presidência da República

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No passado, as operadoras aceitaram que o backhaul de

dados era parte do STFC e, portanto, era uma rede pública

e reversível, afirma Marcelo Bechara, da Procuradoria Especializada da Anatel.

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Vale lembrar que quando o PGMU III começou a ser discutido, ainda no começo de 2009, a própria Oi circu-lou em Brasília com um PowerPoint em que apontava um custo de mais de R$ 13 bilhões com as regras que estavam sendo propostas. Depois, executivos da empresa reconhece-ram reservadamente que as contas estavam exageradas. Desta vez, contrata-ram a consultoria da PriceWa ter-houseCoopers para chegar a um número mais realista.

Contas divergentesJá ficou claro que as metodologias de

cálculo utilizadas pelas empresas diferem muito das usadas pela Anatel. A agência utiliza cotação de preços sem considerar os custos dos equipamentos instalados em operação, o que as empresas contes-tam. Esse ajuste já está sendo feito, mas existem premissas mais complicadas a serem harmonizadas.

A Anatel assume, por exemplo, que o programa Luz para Todos, que prevê a eletrificação de todas as localidades do

Brasil até 2010, estará concluído a tempo de ser considerado no planejamento téc-nico das empresas. Com isso, as teles não teriam que projetar suas redes com fontes alternativas de alimentação (energia solar, geradores etc). Mas as teles alegam que não podem fazer as contas levando isso em consideração, pois independente da oferta de energia elétrica nos diferentes municípios e localidades, as metas da Anatel terão que ser cumpridas.

Outra premissa da agência é que as teles poderão utilizar a faixa de 450 MHz para atender boa parte das metas coloca-das no PGMU III para STFC rural. Mais uma vez, as teles contestam, já que não há regulamentação para uso da faixa e não se sabe em que condições as licenças para uso do espectro serão concedidas, ainda que a Anatel tenha a intenção de liberar o uso da faixa para as concessionárias com metas de cobertura rural a cumprir. Mas não há ainda a garantia de que as conces-sionárias de STFC terão acesso à faixa de 450 MHz. Segundo fontes que participa-ram das reuniões com a agência, a Anatel reiterou as premissas de que haverá ele-trificação nas localidades a serem atendi-

das e de que as teles poderão usar a faixa de 450 MHz.

As concessionárias têm uma receita pronta para uma eventual negociação com a Anatel e com o governo:

1) Estabelecimento de um processo de encontro de contas pelo menos anual para verificar se os cálculos da Anatel de custo do PGMU batem com a reali-dade de implantação das metas;2) Indicação de fontes de financia-

mento para as metas, que podem vir do Fust, dotação orçamentária, deso-neração tributária ou mesmo redução de outras metas. Nas contas da Oi, por exemplo, a eliminação dos 2% sobre a receita pagos bianualmente a título da concessão já geraria uma economia de

R$ 800 milhões. A flexibilização de algumas metas de orelhões, com a diminuição da densidade e aumento do espaçamento entre eles, geraria uma economia de mais R$ 200 milhões às empresas, que poderiam ser troca-das por outras metas. 3) Não tarifar, e sim estabelecer uma

política de preço de referência para o backhaul. 4) Retirar as metas de backhaul de mercados já atendidos e onde há competição.Até o fechamento desta edição, nada

indicava que o governo cederia na ques-tão do backhaul e das fontes de financia-mento. As empresas sabem que será difícil fazer o governo ceder nesses dois pontos. No caso das fontes, porque isso abriria brecha para uso do Fust, o que criaria problema com o Tesouro. No caso das metas de backhaul, o problema é a centralidade desta política para o Plano Nacional de Banda Larga.

Adiamento complicadoSe o PGMU for adiado, significaria

dizer que as concessionárias assinarão os

novos contratos em 31 de dezembro de 2010 sem nenhuma garantia de que aceitarão alguma nova obri-gação. Ficam, portanto, em posição muito mais confortá-vel para barrar qualquer ini-ciativa futura do governo na Justiça. Pelo modelo em vigor, as metas de universali-zação são a garantia de que a concessionária investirá

em benefícios para a sociedade em troca da exploração de um serviço público.

A possibilidade de permitir que as concessionárias assinem os contratos sem um PGMU claramente definido pode tirar esse poder de barganha da União na criação das metas. Afinal, a parte que interessa as concessionárias já estaria garantida (o contrato em si), o que reduziria a disposição das teles em negociar as metas.

O SindiTelebrasil, no entanto, garante na carta enviada à Anatel que sua pro-posta tem apenas a intenção de abrir espaço para uma discussão mais ampla e frutífera sobre as obrigações sugeridas pela agência. “Com mais tempo e sereni-dade, acreditamos que será possível che-gar a um ponto de equilíbrio entre a Anatel e as concessionárias, tal como fizemos com a troca de metas do PST pelo backhaul no PGMU II e no acordo para execução do programa Banda Larga nas Escolas do Governo Federal.”

O advogado Floriano de Azevedo Marques faz um resumo da confusão que foi armada desde que a questão da banda larga começou a ser tratada no escopo das metas de universalização da telefonia fixa. “O problema é que estão chamando de STFC coisa que não é STFC. Tudo o que está sendo feito poderia ter sido feito de outra maneira”, analisa. Para o advo-gado, criar um serviço público para a banda larga é algo previsto na LGT e poderia ter sido feito, “até mesmo na forma de um SCM público”, sugere. Esse serviço poderia tratar de maneira diferen-te situações geográficas e realidades eco-nômicas diferentes, “sem esse discurso equivocado de que as tarifas têm que ser iguais para todo mundo”. Tal serviço, diz Marques, poderia ser prestado pelo gover-no ou por empresas privadas. “As ferra-mentas para fazer o que o governo quer sem confusão estão disponíveis, é só fazer. Mas obrigar alguém que é concessionário de um serviço a prestar outro, isso é mais complicado”, disse o advogado.

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“o backHaul e a rede de banda larga foram consTruídas com

recursos privados”Luiz Eduardo Falco, da Oi

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Vale lembrar que quando o PGMU III começou a ser discutido, ainda no começo de 2009, a própria Oi circu-lou em Brasília com um PowerPoint em que apontava um custo de mais de R$ 13 bilhões com as regras que estavam sendo propostas. Depois, executivos da empresa reconhece-ram reservadamente que as contas estavam exageradas. Desta vez, contrata-ram a consultoria da PriceWa ter-houseCoopers para chegar a um número mais realista.

Contas divergentesJá ficou claro que as metodologias de

cálculo utilizadas pelas empresas diferem muito das usadas pela Anatel. A agência utiliza cotação de preços sem considerar os custos dos equipamentos instalados em operação, o que as empresas contes-tam. Esse ajuste já está sendo feito, mas existem premissas mais complicadas a serem harmonizadas.

A Anatel assume, por exemplo, que o programa Luz para Todos, que prevê a eletrificação de todas as localidades do

Brasil até 2010, estará concluído a tempo de ser considerado no planejamento téc-nico das empresas. Com isso, as teles não teriam que projetar suas redes com fontes alternativas de alimentação (energia solar, geradores etc). Mas as teles alegam que não podem fazer as contas levando isso em consideração, pois independente da oferta de energia elétrica nos diferentes municípios e localidades, as metas da Anatel terão que ser cumpridas.

Outra premissa da agência é que as teles poderão utilizar a faixa de 450 MHz para atender boa parte das metas coloca-das no PGMU III para STFC rural. Mais uma vez, as teles contestam, já que não há regulamentação para uso da faixa e não se sabe em que condições as licenças para uso do espectro serão concedidas, ainda que a Anatel tenha a intenção de liberar o uso da faixa para as concessionárias com metas de cobertura rural a cumprir. Mas não há ainda a garantia de que as conces-sionárias de STFC terão acesso à faixa de 450 MHz. Segundo fontes que participa-ram das reuniões com a agência, a Anatel reiterou as premissas de que haverá ele-trificação nas localidades a serem atendi-

das e de que as teles poderão usar a faixa de 450 MHz.

As concessionárias têm uma receita pronta para uma eventual negociação com a Anatel e com o governo:

1) Estabelecimento de um processo de encontro de contas pelo menos anual para verificar se os cálculos da Anatel de custo do PGMU batem com a reali-dade de implantação das metas;2) Indicação de fontes de financia-

mento para as metas, que podem vir do Fust, dotação orçamentária, deso-neração tributária ou mesmo redução de outras metas. Nas contas da Oi, por exemplo, a eliminação dos 2% sobre a receita pagos bianualmente a título da concessão já geraria uma economia de

R$ 800 milhões. A flexibilização de algumas metas de orelhões, com a diminuição da densidade e aumento do espaçamento entre eles, geraria uma economia de mais R$ 200 milhões às empresas, que poderiam ser troca-das por outras metas. 3) Não tarifar, e sim estabelecer uma

política de preço de referência para o backhaul. 4) Retirar as metas de backhaul de mercados já atendidos e onde há competição.Até o fechamento desta edição, nada

indicava que o governo cederia na ques-tão do backhaul e das fontes de financia-mento. As empresas sabem que será difícil fazer o governo ceder nesses dois pontos. No caso das fontes, porque isso abriria brecha para uso do Fust, o que criaria problema com o Tesouro. No caso das metas de backhaul, o problema é a centralidade desta política para o Plano Nacional de Banda Larga.

Adiamento complicadoSe o PGMU for adiado, significaria

dizer que as concessionárias assinarão os

novos contratos em 31 de dezembro de 2010 sem nenhuma garantia de que aceitarão alguma nova obri-gação. Ficam, portanto, em posição muito mais confortá-vel para barrar qualquer ini-ciativa futura do governo na Justiça. Pelo modelo em vigor, as metas de universali-zação são a garantia de que a concessionária investirá

em benefícios para a sociedade em troca da exploração de um serviço público.

A possibilidade de permitir que as concessionárias assinem os contratos sem um PGMU claramente definido pode tirar esse poder de barganha da União na criação das metas. Afinal, a parte que interessa as concessionárias já estaria garantida (o contrato em si), o que reduziria a disposição das teles em negociar as metas.

O SindiTelebrasil, no entanto, garante na carta enviada à Anatel que sua pro-posta tem apenas a intenção de abrir espaço para uma discussão mais ampla e frutífera sobre as obrigações sugeridas pela agência. “Com mais tempo e sereni-dade, acreditamos que será possível che-gar a um ponto de equilíbrio entre a Anatel e as concessionárias, tal como fizemos com a troca de metas do PST pelo backhaul no PGMU II e no acordo para execução do programa Banda Larga nas Escolas do Governo Federal.”

O advogado Floriano de Azevedo Marques faz um resumo da confusão que foi armada desde que a questão da banda larga começou a ser tratada no escopo das metas de universalização da telefonia fixa. “O problema é que estão chamando de STFC coisa que não é STFC. Tudo o que está sendo feito poderia ter sido feito de outra maneira”, analisa. Para o advo-gado, criar um serviço público para a banda larga é algo previsto na LGT e poderia ter sido feito, “até mesmo na forma de um SCM público”, sugere. Esse serviço poderia tratar de maneira diferen-te situações geográficas e realidades eco-nômicas diferentes, “sem esse discurso equivocado de que as tarifas têm que ser iguais para todo mundo”. Tal serviço, diz Marques, poderia ser prestado pelo gover-no ou por empresas privadas. “As ferra-mentas para fazer o que o governo quer sem confusão estão disponíveis, é só fazer. Mas obrigar alguém que é concessionário de um serviço a prestar outro, isso é mais complicado”, disse o advogado.

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recursos privados”Luiz Eduardo Falco, da Oi

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se o pgmu for adiado, significa dizer que as concessionárias assinarão os novos conTraTos em 31 de dezembro de 2010 sem

nenHuma garanTia de que aceiTarão alguma nova obrigação.

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24 DE FEVEREIRO DE 2011Auditório da Finatec/UnB, Brasília

O que muda com a posse do novo governo?VENHA PARTICIPAR DO PRINCIPAL ENCONTRO POLÍTICO-REGULATÓRIO DO ANO. REALIZADO EM BRASÍLIA E PROMOVIDO PELA REVISTA TELETIME E PELO CCOM DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, O DEBATE TRAZ AS PRIORIDADES POLÍTICAS DO GOVERNO DILMA ROUSSEFF NO SETOR DE COMUNICAÇÕES, A AGENDA REGULATÓRIA E A PERSPECTIVA DA NOVA LEGISLATURA DO CONGRESSO NACIONAL.

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DE COMUNICAÇÕES, TELECOM E MÍDIA

BALANÇO DO PLANO NACIONAL DE BANDA

LARGA E AS PERSPECTIVAS PARA 2011

AGENDA DE MÉDIO PRAZO DO PLANO GERAL

DE ATUALIZAÇÃO DA REGULAMENTAÇÃO (PGR)

AS PERSPECTIVAS DE UMA LEI DE COMUNICAÇÃO

ELETRÔNICA

PRINCIPAIS SESSÕES DE DISCUSSÃO:

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Há exatos dez anos a Anatel estabelecia diretrizes (Resolução 242/2000) que alteraram o modelo de cer-tificação e homologação dos

produtos e equipamentos de telecomuni-cações em operação no país. O regula-mento não somente alterou como aprimo-rou as exigências estabelecidas no Sistema Telebrás (NGT 004). Para se ter uma ideia, naquela época a Anatel demorava até seis meses somente para analisar um pedido de certificação, ou seja, só para analisar a documentação. Hoje esse pro-cesso não ultrapassa quatro semanas. Além disso, o próprio fabricante realizava os testes de certificação. Bastava para isso dispor somente do registro de um engenheiro. “O processo era quase que uma auto-declaração, e usávamos as informações fornecidas pelos fabricantes, não conferíamos. Não sabíamos sequer se o equipamento que estávamos homolo-gando havia sido aferido em um laborató-rio acreditado”, admite Haroldo Motta, gerente de gestão de processos da Gerência de Certificação da Anatel.

Diante da necessidade de terceirização da certificação, por se tratar de um merca-do de crescente demanda - 3 mil produtos homologados por ano - e com a preocupa-ção de não perder o controle de todo o processo, a Anatel criou os Organismos de Certificação Designado (OCDs), empresas que conduzem e gerenciam os processos de avaliação de conformidade técnica dos pro-dutos junto aos laboratórios e expedem os certificados de aprovação para a agência. De posse desta certificação, a Anatel expede a homologação do equipamento, o produto ganha o selo da agência e está pronto para ser comercializado legalmente no mercado. Todos os equipamentos que façam uso de meios de telecomunica-ções ou que se destinem a esse fim precisam passar por esse processo, de notebooks com Wi-Fi a equipamentos de trans-

missão de celular, passando por hand-sets, modems etc.

No Brasil há cerca de 13 OCDs e mais de 30 laboratórios designados para a realização de testes de equipamentos de categoria I (modems, cabos coaxiais, cabos telefônicos, celulares, telefones fixos etc.); categoria II (antenas para satélite, transponders, amplificadores de potência etc.); e categoria III (fibras ópticas, conectores ópticos, fios telefônicos DG, centrais de comutação digital etc.). “Há dez anos, nosso sistema de certifica-ção e homologação estava muito aquém quando comparado aos dos Estados Unidos e Comunidade Europeia, onde existe um cuidado muito grande com a segurança do usuário. Hoje estamos caminhando para algo muito próximo, o Brasil está quase em pé de igualdade em relação a esses paí-ses”, destaca Sônia Maria de Oliveira, pesquisadora de telecomunicações da Gerência de Certificação da Fundação do CPqD, um dos primeiros OCDs a serem estabelecidos no país.

No entanto, apesar de todos os avan-ços, o modelo de certificação e homologa-ção da Anatel está longe de ser unanimida-de entre os fabricantes e compradores de equipamentos de telecomunicações. Muitos deles se queixam principalmente dos lon-gos períodos de espera para conseguir a certificação de lançamentos ou de produ-

tos importados. No caso de um equipamento de consumo, como um celular, a demora pode representar o atraso do time to

market, tempo de lançamento do hand-set no mercado, e consequentemente prejuízo nas vendas de Natal, Dia das Mães etc. Em uma empresa como a Nokia, por exemplo, com presença em 190 países, a certificação demanda um complexo e importante cálculo logístico. “É preciso que o produto seja lançado logo e globalmente, pela questão do dese-jo do consumidor. O que se procura fazer é iniciar os processos de certificação (cada país tem o seu) com a antecedência necessária para o lançamento simultâ-neo”, explica o gerente de relações gover-namentais da Nokia, Carlos Lauria. Porém, segundo ele, “alguns testes são longos e podem afetar o time to market”.

Os testes de uma central telefônica, por exemplo, podem levar um ano e os da bateria de um celular podem chegar a até quatro meses e atrasar todo o cronograma de lançamento do equipamento. “Há pro-dutos que passam por até três laboratórios diferentes, pois nem todos são acreditados para aferir nível de absorção específica (SAR), compatibilidade eletromagnética e segurança elétrica, por exemplo, em um único espaço”, explica a pesquisadora do CPqD. Ela acredita que alguns testes reali-zados no processo de certificação chegam a ser desnecessários. “Em determinados

testes bastaria emitir um sinal eletromagnético acima dos valores especifi-cados e, se o equipamento não der choque, já está aprovado”, diz.

O diretor da Nokia, que também é coordenador do

.:certiFicaÇÃo

Sem selo de aprovaçãoModelo de certificação e homologação da Anatel para produtos de telecomunicações completa dez anos e celebra melhorias, mas indústria ainda se vê prejudicada pela demora do processo.

“em deTerminados TesTes basTaria emiTir um sinal acima dos valores especificados e, se o equipamenTo não der cHoque, esTá aprovado”Sônia Maria de Oliveira, do CPqD

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“iremos verificar Também se aquilo que já esTá sendo vendido esTá em conformidade com o que foi TesTado”Haroldo Motta, da Anatel

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nov_2010 TeleTime 37

certificação e homologação dos equipamentos de teleco-municações. “Há um ano consolidamos várias suges-tões que a indústria havia feito para a melhoria do pro-cesso e levamos à Anatel, para a melhoria constante do sistema. Temos tido um bom relacionamento com a agência”, elogia Lauria.

Entre as mudanças pro-postas que devem em breve

ser postas em prática, segundo o gerente da Anatel, está a certificação pós-venda dos equipamentos. “Vamos verificar se aquilo que já está sendo vendido está em conformidade com o que foi testado”, antecipa. Outra novidade, que deve demorar um tempo a mais para ser implantada, por não depender só da agência, prevê a negociação com a Receita Federal do recolhimento dos equipamentos importados que não foram homologados em seus países de origem. “Mesmo que esses produtos tenham entrado no país legalmente, pagando todos os impostos, devem passar pelo processo de certificação da agência, como todos os outros”, destaca. Esta, aliás, é uma das principais queixas da indústria local, sobretudo contra os produtos asiá-ticos. Isso terá sem dúvida um grande impacto para o consumidor, pois boa parte dos equipamentos eletrônicos importados encontrados no comércio popular nunca passou pela certificação da Anatel.

DANIEL MACHADO

segundo ele, de que o produto em operação tem as mesmas especifi-cações técnicas daquele que foi submetido aos testes. “Enviam um cabo ‘zero bala’ para os laboratórios, mas o ajuste de máquinas do processo produtivo pode ser outro”, questiona.

CustosPor ser a homologação um processo

meramente administrativo, a Anatel reco-lhe dos fabricantes um valor fixo de R$ 500 por produto. No entanto, o valor pago a um laboratório na certificação de um equipa-mento pode chegar a R$ 200 mil. “Se o produto apresentar algum item em não-conformidade nos testes, será necessária uma ação corretiva na linha de produção do fabricante, o que vai gerar outro custo para ele”, acrescenta Sônia, do CPqD.

Até por isso, para os clientes – ou fabri-cantes – o item “custo” está cada vez mais importante no orçamento para a escolha dos laboratórios, tanto quanto o tempo de realização das aferições dos produtos.

MelhoriasDe seis em seis meses a Anatel realiza

um Forum de Certificação, para colher informações e críticas sobre o processo de

Grupo de Certificação e Homologação da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) concor-da com a pesquisadora do CPqD e também sugere que nos processos de certificação sejam simulados somen-te os piores casos – ou situações – para os equipamentos.

Há ainda casos curiosos. Por exemplo, determinados equipamentos WiMax permitem mobilidade (802.11n) mas, como no Brasil não é permitida mobi-lidade no WiMax, o equipamento precisa ser adaptado, “travado” para não ser móvel, e só então receber a certificação. Ou seja, o produto perde artificialmente uma funcio-nalidade para atender às regras locais. Essas são algumas das situações relatadas por representantes da indústria de telecom, que preferem se manter em anonimato.

O gerente de engenharia da Copel Telecomunicações, Antônio Carlos Melo, é um que vem tendo experiências negati-vas nas licitações de compra de equipa-mentos para a expansão da malha óptica da companhia.

Ele relata que recentemente o início da operação de uma rede de mil quilômetros e 50 mil homes passed, em um total de 5 mil pontos de acesso na cidade de Curitiba, foi atrasado em 90 dias pois a certificação do fabricante da caixa de emenda óptica ainda não havia sido expedida pela Anatel. Segundo o engenheiro, isso acontece por-que a agência não trata o assunto com a devida prioridade.

Melo vai além e questiona o próprio processo de certificação e homologação da Anatel. “Atendemos à regulamentação direitinho na Copel, mas para mim ela não tem nenhum valor, é pura formalidade, puro delay”, opina. Para ele, às vezes o teste que a companhia realiza em fábrica com o fornecedor tem mais valor. “Confesso que não considero a certificação da Anatel como garantia de que um equipamento está adequado e dentro das especificações técnicas. No geral, acho até que atrapalha”, revela. E cita o exemplo de um processo de licitação da Copel para aquisição de cabo drop. “Realizamos uma análise técnica e o fornecedor que apresentou todas as especi-ficações foi exatamente o único sem homo-logação na agência”, diz. “Como não estava autorizado pela Anatel, instalamos um ‘drop’ mais espesso, para não ferir a regu-lamentação. Para nós, isso gera um impac-to na prestação de serviços”.

O gerente da Copel Telecom também questiona o recolhimento de amostras do processo de certificação. Não há garantia,

“o que se procura fazer é iniciar os processos de cerTificação com

a anTecedência necessária para não afeTar o Time To markeT”

Carlos Lauria, da Abinee e Nokia

Produzidos para imitar os produtos ‘badalados’ do momento, os celulares sem marca chineses se disseminaram no comércio e são uma pedra no sapato dos fabricantes de handsets, que movimentam US$ 1 trilhão ao ano no mundo. De acordo com a

consultoria Gartner, somente em 2009 foram vendidos 150 milhões de handsets informais – 12% do volume de unidades comercializadas – o que significa uma sangria de US$ 120 bilhões para o segmento. A participação desses produtos no Brasil pode ser ainda maior e atingir 20%, segundo a Nokia.

Uma das maiores queixas da indústria de telecom é a de que, além de não pagarem impostos, os contrabandos, na maioria das vezes, também não foram submetidos aos testes de certificação, o que pode pôr em risco a saúde dos usuários desses produtos. Isso porque, durante o processo de testes, os laboratórios especializados analisam um conjunto de experimentos ligados à segurança e à durabilidade dos equipamentos. As baterias de lítio de um celular, por exemplo, devem ser rigorosamente testadas, pois uma pequena rachadura pode fazer com que explodam. Os carregadores dos handsets também são submetidos a testes, pois podem provocar choques nos usuários. “Não é choro porque eles estão ganhando mercado, mas porque primeiro os usuários podem ser prejudicados e, claro, porque é injusto pagarmos todos os impostos e nos submetermos a um processo de certificação e alguns concorrentes não”, reclama Carlos Lauria, diretor da Nokia e coordenador do Grupo de Certificação e Homologação da Abinee.

Produtos da China

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38 TeleTime nov_2010

Cada empresa de telecomuni-cações tem uma bandeira diferente, e parece que elas não estão muito interessadas em unificar o discurso. Pelo

menos foi isso que se viu durante a Futurecom, realizada no final de outubro em São Paulo.

O primeiro ponto de divergência, que ficou claro logo na abertura do evento, é a questão da neutralidade de redes. O presidente da Telefônica, Antônio Valente, mencionou a impor-tância de que se faça este debate duran-te sua palestra na abertura do evento. Mais tarde, em coletiva de imprensa, detalhou sua visão: “há um descasa-mento sobre o crescimento de tráfego e o crescimento das receitas. É preciso rediscutir os modelos para que a presta-ção dos serviços se dê de forma equili-brada, mas não teríamos, nesse momen-to, nenhuma sugestão regulatória a colocar”, disse, ao ser indagado se a Telefônica desejaria que, do ponto de vista regulatório, houvesse o sinal verde para práticas comerciais não neutras.

Mas a GVT, por exemplo, mostrou uma visão diferente sobre o tema. “Não concordo que o usuário pague mais por mais uso. O usuário está pagando por velocidade. O que acontece é que tem operadora que cobra por 10 Mbps e faz traffic shaping. Se o assinante pagou por 10 Mbps, ele quer usar essa velocidade. Essa é a posição da GVT. Cobrar dife-rente por velocidades diferentes, não por volume”, disse Amos Genish, presi-dente da empresa. Hoje, a GVT não estabelece em contrato limites de uso a seus assinantes.

A GVT aproveitou o evento inclusive para anunciar um upgrade de todos os seus clientes que hoje têm o serviço a 1 Mbps para 5 Mbps sem aumento de assi-natura, e disse que o produto carro-chefe de 2011 será a oferta do serviço de 15 Mbps, contra o produto de 10 Mbps enfa-tizado este ano.

A posição da GVT não chega a ser

contrária à da Telefônica na questão da neutralidade, mas mostra que as diferen-tes visões comerciais existentes devem fazer com que o tema ainda demore a se tornar consensual.

À primeira vista, nenhuma empresa posiciona-se contra o conceito de neu-tralidade de rede, considerado um “princípio básico” do setor. Quem melhor resumiu a visão comungada pela maio-ria dos participantes foi o vice-presiden-te do UMTS Fórum no Brasil, Mário Baumgarten. O executivo disse que o conceito deve ser fracionado em duas linhas. Uma asseguraria o “acesso aber-to”, como ele classificou. Seria uma espécie de princípio de que “a rede

atende a todo mundo”. A segunda linha é a da “gerência de tráfego”.

Mesmo sendo frontalmente divergen-te do conceito geral de “neutralidade”, as teles entendem que um certo nível de gerenciamento do tráfego não fere o princípio da rede neutra e, inclusive, tra-ria benefícios para os usuários ao ampliar a qualidade da oferta do serviço.

Segundo Baumgarten, a garantia de que essas duas abordagens não entra-riam em choque - garantia de um aces-so aberto, mas controlado - seria a “transparência”, promovida por meio do estabelecimento de regras regulató-rias, que seriam amplamente divulga-das à sociedade. Diversos fabricantes

.:eventos Da redaçã[email protected]

Recados e incômodosEmpresas aproveitam o palco da Futurecom para trocar alfinetadas entre si e com o governo. Divergências em questões como neutralidade de rede, papel da Telebrás, MP 495, entre outros, não faltaram.

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nov_2010 TeleTime 39

disse acreditar que as restrições impos-tas pela MP 495 para a participação dos fornecedores estrangeiros nas compras da Telebrás podem ser contornadas com o “diálogo”. “Nosso ponto é o diálogo. Esse é um processo que tem que ser esclarecido. Esperamos que o governo possa encontrar um equilíbrio entre os diversos interesses e que possa aceitar os pontos colocados por nós”. Depois da Futurecom, contudo, o governo deu iní-

cio ao processo de compras da Telebrás sem mexer nas regras da MP 495. No primeiro leilão, para a rede DWDM, a Padtec foi a vence-dora, e apenas ZTE, Ericsson e Huawei participaram.

O tom amistoso de Foigel con-trasta com as críticas duras que a

medida recebeu de seus representantes na consulta pública para compra de equi-pamentos DWDM. A Alcatel-Lucent e outros fabricantes chegaram a dizer que a preferência à compra de equipamentos desenvolvidos no Brasil poderia privar a Telebrás do que existe de mais moderno na área.

Embora insatisfeita com a restrição a produtos não produzidos no Brasil, a companhia, por enquanto, não tem pla-nos de iniciar o desenvolvimento de equi-pamentos no País. Segundo Foigel, um projeto desse tipo demora de três a quatro anos, de forma que a fabricante não teria tempo de se adequar à preferência criada pela MP 495, pelo menos nessa fase inicial da revitalização da Telebrás, quando estão concentrados os melhores contratos.

um plano nacional, mas não é um plano para o País”.

Outro aspecto levantado por Otávio Azevedo foi a questão tributária. Ele ressaltou que essa discussão precisa se dar antes de a banda larga explodir no Brasil. “Antes de explodir a banda larga, é preciso levar a questão tributária ao Confaz. Essa questão não foi considera-da pelo governo anterior na implemen-tação do Paste e da privatização.

Perdemos a oportunidade naquela hora de fazer essa transição de impostos, mas temos essa oportunidade de novo”, disse. Segundo o executivo, se esse pro-jeto começar acelerado agora sem essa previsão tributária, vai fracassar, “por-que não tem quem pague. O governo não vai pagar essa conta”.

MP 495Como não poderia deixar de ser, a MP

495, que prevê prioridade a produtos desenvolvidos e produzidos no Brasil nas compras do governo, também era assun-to que, embora não tenha sido abordado em nenhum painel, estava presente nas rodas de conversa entre os executivos. Em conversa com jornalistas, Jonio Foigel, presidente da Alcatel-Lucent,

têm tecnologia que pode fazer essa diferenciação no tráfego. Umas das mais entusiastas, entretanto, é a Nokia-Siemens, que enxerga inclusive uma oportunidade para que as operadoras façam frente às empresas over the top, na medida em que podem oferecer ser-viço de conectividade com um certo grau de “valor agregado”.

PNBLCríticas ao PNBL (Plano Nacional de

Banda Larga) também sobraram duran-te a Futurecom. Elas existem desde que o governo começou o processo de recu-peração da Telebrás. O presidente da Telefônica adotou um discurso mais ameno durante o evento, talvez para despistar a ação judicial que as teles esta-vam preparando contra a Anatel naquela semana. “Não somos contra a Telebrás em si. Só achamos que ela tem que estar submetida às mesmas regras das com-panhias privadas”. Curiosamente, dois dias depois do discurso pacificador de Valente, o SindiTelebrasil questionaria na Justiça o fato de não ter havido uma licitação para a utilização das fibras da Petrobras e da Eletrobras. E ainda ques-tionou a exclusividade da Telebrás no atendimento ao governo.

Mas se a Telefônica tinha um discurso mais simpático sobre a Telebrás e o PNBL, críticas mais duras vieram dos acionistas da Oi, mais especificamente do presidente da Andrade Gutierrez, contro-ladora da tele, Otávio Marques de Azevedo. “Não há no Brasil um plano de banda larga. Temos uma política, mas não um plano”, disse ele. Segundo ele, existe uma decisão política, “mas um plano tem que levar em consideração quem será atendido, a que custo, com que financiamento, em que bases econô-micas”. Ele ressalta que para falar em realidade brasileira é preciso falar do mapa da pobreza no Brasil, “e esse mapa me parece incoerente com o que está sendo proposto no PNBL”, disse, indican-do que 72% da lista de cidades já previs-tas para serem atendidas pela Telebrás já têm quatro plataformas ofertadas de banda larga e 83% delas tem três plata-formas disponíveis. “Não basta isso, tem que ser para todos”.

Após sua participação no debate, o executivo explicou que o que existe hoje é um plano da Telebrás. “O que foi anunciado é o plano para a Telebrás oferecer banda larga. É o plano nacio-nal da Telebrás, assim como a Oi tem

Pouca gente sabe que a ilha de Formosa, posicionada ao lado do vizinho mais famo-so, a China, abriga um país com vocação para a produção de eletroeletrônicos. Taiwan exportou no ano passado um volume de US$ 99,3 bilhões em produtos ele-

troeletrônicos. O setor responde por 49% de toda a exportação do país, sendo que o país com quem mais faz negócios é a China.

Isabel Shi, diretora representante do departamento de exibições da Taiwan Electrical and Eletronic Manufactures’s Association (TEEMA), explica que a semelhança cultural e o fato de ambos os países falarem a mesma língua facilita a exportação para os chineses. “O mercado lá é muito grande e a infraestrutura ainda é pouca. Já em Taiwan, o mercado é muito pequeno por isso vamos muito para fora”, diz ela. A estratégia da associação para divulgar os produtos taiwaneses é realizar eventos pelo mundo. O Brasil, juntamente com a Índia, está no foco dos taiwaneses, mas a distância é um fator que pode ser decisi-vo na escolha dos próximos países para uma aproximação comercial.

Muitos países, explica Shi, procuram as empresas taiwanesas para chegar até o mer-cado chinês. Isso porque os dois países têm um acordo que isenta Taiwan do pagamento de taxas de exportação para a China, o Economic Cooperation Framework Agreement (ECTFA). Talvez por isso, boa parte dos expositores na maior feira de eletroeletrônicos de Taiwan, a Taitronics Show, sejam de fabricantes no modelo de OEM (Original Equipment Manufacturer) ou ODM (Original Design Manufacturer).

HElToN PoSSETiO REPóRTER VIAJOU A CONVITE DO TAIwAN TRADE CENTER DO BRASIL.

Taiwan quer se aproximar do Brasil

conTrolador da oi disse que o brasil não Tem um plano de banda larga porque, segundo ele, não se sabe quem será aTendido e a que cusTo.

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40 TeleTime nov_2010

Ferramenta de busca para call center

Reduzir em 50% o tempo médio por atendimento em um call center: essa é a promessa de uma plataforma criada pela Neoassist que unifica as bases de informação consultadas pelos atendentes. Na prática, o “Sistema Inteligente de Atendimento”, como foi batizado, é uma ferramenta de busca digital, que encontra rapidamente o que o funcionário escreve, dispensando a consulta a pastas separadas ou até a manuais impressos, como ainda é feito em alguns casos. Qualquer novo conteúdo é facilmente incluído na plataforma, que também gera relatórios para os coordenadores dos call centers, identificando, por exemplo, os assuntos mais buscados ou quais atendentes mais utilizaram o sistema. www.neoassist.com

.:ProdutosRaio-X nas redes WiFi

As redes WiFi em grandes corporações precisam estar em permanente acompanhamento pelos técnicos de TI. Estes profissionais contam com testadores de redes WiFi, como o AirCheck, recém lançado pela Fluke Networks no Brasil. O aparelho, que é pequeno e pode ser segurado por uma só mão, detecta redes 802.11a/b/g/n, checa a qualidade do sinal, acusa a presença de

pontos de acesso não autorizados, além de identificar problemas de cobertura, de interferência ou de sobrecarga de canais. Os dados são passados via USB

para um computador onde está instalado o software que acompanha o produto, o AirCheck Manager, que os

analisa e gera relatórios. O testador de WiFi da Fluke possui tela colorida LCD de 2,8 polegadas e pesa 400g.

www.flukenetworks.com

Número convergente

A Transit criou um novo serviço, chamado Five, que consiste em um número telefônico STFC que pode ser usado tanto em telefones fixos quanto em móveis - neste caso mediante a instalação de um aplicativo no celular. Trata-se de telefonia VoIP usando a plataforma do VoIP Group, parceiro tecnológico da Transit. Ao telefone fixo é preciso acoplar um adaptador (ATA). O usuário programa onde quer ser chamado quando ligarem para o número. O sistema pode ligar primeiro, por exemplo, para o fixo e, se a ligação não for atendida, tentar em seguida o celular e depois o computador, onde precisa estar instalado um softphone. O serviço inclui uma caixa postal virtual e envio de mensagem através de voicemail. Por enquanto, o aplicativo usado no celular é o Fring, disponível em vários sistemas operacionais, mas a Transit promete lançar sua própria app para o Five em breve.www.transit.com.br

Fernando [email protected]

Sistema de conciliaçãoAs operadoras de telefonia fixa e móvel costumam contratar serviços de clearing para checar seus bancos de dados e ter certeza de quanto precisam pagar ou receber de seus concorrentes por chamadas de interconexão. O problema é que o serviço de clearing nem sempre é tão rápido quanto gostariam e pode custar caro. A brasileira Triad Systems criou então um software, batizado de "Conciliador Full", que pode ser instalado nas operadoras, sendo vendido sob o modelo de licenciamento. Ele consegue processar cerca de 200 milhões de CDRs por hora, sendo mais ágil e mais barato do que soluções similares oferecidas como serviço. Além disso, o sistema oferece um diagnóstico automático que aponta eventuais problemas que possam gerar perdas de receita nos processos internos da operadora.www.triadsystems.com.br

Tablet AndroidO sucesso internacional do iPad da Apple provocou uma verdadeira corrida dos demais fabricantes para lançarem tablets touch screen para acesso à Internet. No mercado brasileiro, quem largou na frente foi a Samsung, com o Galaxy Tab, um tablet com o sistema operacional Android 2.2, conhecido como Froyo. Ele tem tela Super Amoled de 7 polegadas e pesa 379g. O Galaxy Tab tem conectividade a redes HSUPA e WiFi. Sua memória interna é de 16 Gb, expansível para 32 Gb com cartão microSD. Algumas de suas vantagens frente ao iPad são a possibilidade de conexão USB e a presença de duas câmeras, uma de 1.3 e outra de 3 megapixels. O aparelho vem com conteúdo nacional embarcado, incluindo diversos e-books, além de softwares de realidade aumentada e de reconhecimento facial. Lançado simultaneamente por Claro, TIM e Vivo, seu preço pode variar de acordo com o plano de dados escolhido pelo assinante. O preço cheio sugerido pela Samsung é de R$ 2.699.www.samsung.com.br

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Numa viagem de férias você tem a oportunidade de deixar a mente livre, e a capacidade de observar mesmo sem estar observando. E

embora minhas férias não tivessem como objetivo gerar matéria para a revista, algu-mas observações e reflexões acho que podem ser de interesse.

Na realidade foi uma viagem ao passado em busca de raízes na Europa do Leste, e de fato encontrei várias pequenas cidades com vestígios de meados do século XX, tanto em relação à paisagem quanto na utilização de meios de transportes mais rudimentares. Sem falar no que diz respeito à sobriedade, para não dizer tristeza, das construções e estruturas públicas, herança do regime sovi-ético ou similares. Vi também uma expecta-tiva de integração à Comunidade Europeia como perspectiva de crescimento econômico e de emprego. Encontrei pessoas qualifica-das e com formação submetidas a uma situação de subemprego.

Viajei por alguns países da Europa Oriental e depois, indo para Israel, a primeira coisa que saltou à vista foi a utilização massiva da Internet para todas as atividades e por uma gama ampla da população. A Internet como ferramenta de busca, com-pra de ingressos, reservas de hotéis e passagens aéreas e de trem é a primeira, e mui-tas vezes a única, alternativa. Se a tentativa é por telefone ou mesmo presença física, ela pode não dar certo. A Internet se incorporou à vida e ao modo de ser das pessoas, ferramenta de trabalho e de entretenimento, além de ser, através das redes sociais, a principal forma de relacionamento das faixas etárias mais jovens. Esta constatação parece sem novida-de, pois para nós que vivemos a tecnologia desde seu nascedouro, isto já está aconte-cendo em vários lugares, inclusive no Brasil. A novidade é que ao viajar por países que estavam até há pouco tempo dentro do regi-me soviético, alguns deles ainda conservan-do toda a austeridade e certo atraso em

vários aspectos, a universalização de uso da Internet é impactante. O divisor digital é uma realidade e só pode ser visto daqui para a frente quanto a sua cada vez maior univer-salização. É uma revolução tecnológica absorvida com impactos ainda não total-mente explorados na gestão de empresas e na democratização da informação e dos paí-ses, tendo como principal característica sua razoável imunidade ao controle por gover-nos ou pessoas.

Outra coisa que chama a atenção é a presença de telefones celulares nas cida-des e nos povoados mais distantes, onde se vê carroças com seus condutores falando ao celular, padres e monges tirando celula-res de suas batinas para tratar de assuntos mundanos após suas prédicas. A percep-ção rápida e em todos os lugares da conve-niência pela busca de tarifas mais vantajo-sas leva a uma adoção cada vez maior dos pacotes, com quantidades importantes de minutos grátis incluídos, mostrando que

neste mercado de varejo, a lealdade está sempre asso-ciada à melhor conveniên-cia para o usuário, e não necessariamente à marca. Mesmo na Europa e em Israel muitas pessoas man-têm mais de um telefone para utilizá-lo na situação que é mais conveniente. É um mercado de característi-cas globais bastante repeti-tivas, mas com nuances locais. O roaming interna-

cional está muito melhor, embora os cus-tos ainda deixem a desejar, e há muita oportunidade de melhora.

A universalização do acesso à banda larga ainda tem um longo caminho, e tanto a implantação de fibras ópticas está em marcha como a perspectiva de uso das redes celulares é concreta. Já existem redes 3G e a questão é conseguir criar para Internet pelo celular que sejam atrati-vos, ou incorporar aos planos existentes pacotes de dados que tornem o uso atrati-vo. É óbvio que este caminho vai requerer mais investimentos nas redes para dar

conta da explosão do tráfego de dados, o que afinal é apenas uma questão de conta de investimentos.

Só para constar e não deixar de regis-trar, o papo de que no Brasil as tarifas são as mais caras do mundo, se for feita a análise sem impostos, não é verdadeira. É que no Brasil os impostos fazem parte do preço e são muito mais altos (30% ou 40% do valor), enquanto no resto do mundo é imposto de valor adicionado e não faz parte do preço.

As pessoas que usam o celular, ao saber que temos algo a ver com a tecnologia, per-guntam o que vem depois, e ao comentar-mos sobre 4G, seja LTE ou WiMax, ficam querendo entender os benefícios ou que dife-rença isso vai fazer. Apenas a maior veloci-dade não basta, pois não chega a impactar o modo de vida. As inovações têm que ter um apelo de mercado para que tenham um sucesso de adoção massiva.

O que vem pela frente e que poderá de fato impactar, à semelhança do que foram nos últimos anos a mobilidade e o divisor digital? Arrisco-me a dizer que a chegada das redes domésticas inteligentes e a auto-matização associada devem ter um impacto na vida das pessoas. Sem dúvida as máqui-nas inteligentes são uma promessa de uma mudança mais radical ainda.

A minha viagem tinha como primeira escala um seminário sobre o futuro das tec-nologias, onde tive a honra e a oportunidade de fazer uma palestra para um grupo seleto de filósofos, engenheiros, religiosos e estu-diosos na área de ciências humanas. Ali se discutia a hipótese de computadores mais inteligentes que os homens e seus impactos na sociedade, na política e na religião. Algum dos cenários pareciam filmes de ficção cien-tífica. Como muito da ficção científica do Século XIX e da primeira parte do Século XX já virou realidade, não podemos desprezar o gênero. Mas podemos sim ter a convicção, embasada nas mudanças de comportamen-to e adaptação à mobilidade e à Internet, que o ser humano é mais complexo e tem uma capacidade de adaptar-se e estar um passo à frente das tecnologias, aprendendo a utilizá-las a seu serviço e na melhora das condições de vida para a sociedade.

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mudança mais radical ainda.

Viagem ao passado e uma visão de futuro

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