revista teletime - 145 - julho 2011

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Ano 14 n 0 145 jul2011 www.teletime.com.br AMEAÇA OCULTA Smartphones começam a sofrer ataques de vírus e trojans. Especialistas recomendam sistemas de proteção similares aos do computador. ENTREVISTA Luciani conta como a TIM garantiu seu share com o serviço de voz STFC Concessionárias perdem 5,4 milhões de linhas, mas serviço cresce no País.

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Revista Teletime - 145 - Julho 2011

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ameaça ocultaSmartphones começam a sofrer ataques de

vírus e trojans. Especialistas recomendam sistemas de proteção similares aos do computador.

ENTREVISTALuciani conta como a TIM garantiu seu share com o serviço de voz

STFCConcessionárias perdem 5,4 milhões

de linhas, mas serviço cresce no País.

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O governo e as concessionárias de telefonia anunciaram as condi-ções de um termo de compro-misso para a oferta em nível nacional de banda larga a

R$ 35, por uma conexão de 1 Mbps. Foi o resultado do esforço de negociação que vem desde dezembro, quando se adiou a assina-tura dos contratos de concessão na perspec-tiva de se conseguir metas de banda larga. O resultado do esforço do governo pode ser considerado um primeiro passo positivo, mas é muito tímido em relação ao que as próprias empresas já oferecem hoje, e certa-mente será inexpressivo em relação ao que comercialmente estará disponível em 2014. Como já dissemos aqui, era evidente que a negociação, sem que o governo pudesse sinalizar com uma contrapartida mais atra-ente, seria pouco expressiva. O lado positivo do acordo é que ele ajudará a equalizar as ofertas de banda larga em todo o Brasil, acabando com grandes distorções em rela-ção aos valores mínimos cobrados. Do outro lado, o maior risco é acomodar as empre-sas, que podem não oferecer nada melhor do que isso por valores menores quando não houver competição. E é preciso lembrar que muita gente não tem R$ 35 sobrando para gastar em banda larga.

O acordo com as empresas não resolve o problema da banda larga no Brasil. O País ainda é muito deficiente em termos de infra-estrutura, tanto que as próprias concessio-nárias precisaram recorrer ao acesso 3G no compromisso firmado. A rede móvel é importante nesse cenário, mas no mundo da banda larga ela é complementar, já que as velocidades garantidas são insuficientes para aplicações mais relevantes de educa-ção, saúde e entretenimento online.

Um dos esforços do governo deveria ser, justamente, fomentar o desenvolvimento de novas redes de telecomunicações fixas, e de preferência redes competitivas onde hoje a concessionária é a única alternativa. Para isso, é preciso aprimorar as regras de com-partilhamento e oferta no atacado, é preciso desonerar investimentos em novas redes e é fundamental rever a questão dos direitos de passagem e uso da infraestrutura urbana.

Ao final das negociações com as teles, o ministro das Comunicações, Paulo

Bernardo, comemorou o fato de não ter sido incluído sequer um centavo do gover-no como parte do acerto. Isso mostra, por outro lado, que o governo ainda não enca-ra a infraestrutura de telecom como um investimento estratégico, como faz com a construção civil e energia, por exemplo. Isso é ruim. Em todos os outros grandes planos de banda larga do mundo há pesa-dos investimentos do Estado. Mesmo nos EUA, a destinação imediata dos fundos setoriais para o uso em projetos de banda larga está garantida. Aqui, não há nem perspectiva disso acontecer.

Por fim, é preciso agora ter todo o foco na atuação da Anatel. A garantia da qualida-de na banda larga que está sendo ofertada, o leilão das novas faixas, tudo isso passa pela agência reguladora. Seria saudável que a partir de agora a agência passasse a agir com mais transparência em suas decisões, que conversasse mais com a sociedade e que fosse mais célere em seus processos.

•Outro assunto que não pode deixar de

ser registrado é a iminência da entrada das empresas de telecomunicações no setor de TV a cabo. Seja pela aprovação do PLC 116 no Senado (que estava pendente no fecha-mento dessa edição, mas era cada vez mais concreta), seja pela “reforma regulatória” promovida pela Anatel, o fato é que tudo indica que nesse segundo semestre as teles poderão operar TV a cabo. De novo, caberá à Anatel e ao governo assegurar que essa entrada se reflita em uma infraestrutura melhor e de acesso mais barato, e no surgi-mento de novos competidores. Também será interessante ver como o PLC 116, se aprovado, se comporta na prática. Será que haverá produção de conteúdo suficiente para atender às cotas de programação sem que isso represente mais concentração no setor de conteúdo? Será que o acordo para que grupos de comunicação e empresas de telecomunicações se restrinjam aos seus mercados de origem, sem atuar na praia do outro, fará sentido no ambiente convergente e será respeitado? As teles levarão a oferta de TV por assinatura a pequenas e médias cidades também? São dúvidas que a prática do mercado logo tratará de responder.

Só o começo

.:editorial Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

Instituto Verificador de Circulação

Presidente Rubens Glasberg

diretores editoriais André Mermelstein Claudiney Santos

Samuel Possebon (Brasília)

diretor comercial Manoel Fernandez

diretor Financeiro Otavio Jardanovski

editorSamuel Possebon

editora adjunta e editora de Projetos especiais

Letícia Cordeiro

editor de mobilidade Fernando Paiva

redação Daniel Machado, Wilian Miron

Helton Posseti (Brasília)

consultor especial Cláudio Dascal

arte Edmur Cason (Direção de Arte);

Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica);

Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

departamento comercial Ivaneti Longo (Assistente)

assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente)

circulação Patricia Brandão (Gerente)

marketing Harumi Ishihara (Diretora)

Gisella Gimenez (Assistente)

administração Vilma Pereira (Gerente)

teletime é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401,

Conj. 603 - CEP: 01243-001 - Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910 - São Paulo, SP. Sucursal SCN - Quadra 02 Bloco D, sala 424 – Torre B - Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax:

(61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das

matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

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iluStraçÃo de caPa: thaNk You/alBert ZigaNShiN/ShutterStock/EDITORIA DE ARTE CONVERGE

StFcSacodindo a poeiraEnquanto as incumbents perdem grandes fatias de suas bases de assinantes, outras teles garantem o crescimento do serviço no País. Telefônica, no entanto, se reinventa e dá a volta por cima.

caPaMóveis e perigososMassificação dos smartphones cria um novo mercado: o de antivírus e outras ferramentas de segurança para celulares, o mais novo alvo dos cybercriminosos.

ForNecedoreSTragédia anunciadaSérie de equívocos e erros estratégicos da Nokia ao longo dos últimos anos coloca a liderança global da empresa em risco. Mas nem tudo parece estar perdido.

eNtreViStaO maestroConsiderado o líder da virada da TIM no País nos últimos anos, Luca Luciani revela as motivações e os resultados da ousada estratégia da empresa para retomar receita e market share.

tV Por aSSiNaturaCabo em crisePlataformas online de distribuição de vídeo, como Netflix, desencadeiam queda de faturamento das empresas de TV paga nos Estados Unidos.

iNterNetAs regras da banda largaSeminário TELETIME Broadband discute a regulação da Internet, a isonomia e os gargalos das redes e a oferta de serviços cada vez mais móveis e convergentes.

regulameNtaçÃoE agora?Governo bate o martelo com as teles para viabilizar a oferta nacional de banda larga popular. Oferta conjunta e franquia de tráfego geram controvérsia.

tecNologiaBits por hertzEnquanto novas faixas de espectro não vêm, operadoras buscam tecnologias capazes de extrair a melhor eficiência espectral possível com as faixas já existentes.

24

O maior evento de TV por assinatura e banda larga da América Latina.

Venha fazer parte do maior encontro sobre serviços convergentes da América Latina. A ABTA 2011 reúne os principais prestadores de serviços de TV por assinatura,

banda larga e telefonia, a última palavra em tecnologia e equipamentos para operações de cabo e satélite (DTH), com empresas de todas as partes do mundo, além de grandes

novidades em canais e programação. Confirme a presença da sua empresa.

w w w . a b t a 2 0 1 1 . c o m . b r

PARA PATROCINAR: (11) [email protected]

INSCRIÇÕES: 0800 77 [email protected]

9 A 11 DE AGOSTO DE 2011TRANSAMÉRICA EXPO CENTER, SÃO PAULO, SP

JEFF SHELL, chairman da NBC Universal International, braço internacional de um dos maiores grupos de programação do mundo, controlada pela Comcast, maior operadora de TV a cabo dos EUA.

GEOFF ROMÁN, CTO mundial da Motorola Mobility, responsável pelo desenvolvimento de tecnologias de set-top boxes, cable modems, smartphones e tablets da Motorola.

MARCEL FENEZ, principal executivo da área de mídia e entretenimento da PriceWaterHouse Coopers

PALESTRANTES INTERNACIONAIS: PRESENÇA CONFIRMADA DE ALGUNS DOS PRINCIPAIS LÍDERES DA INDÚSTRIA: • CONGRESSO INTERNACIONAL

• STAS• EXPOSIÇÃO DE SERVIÇOS

E TECNOLOGIAS • PRESENÇA DAS MAIORES

EMPRESAS DO SETOR • E MUITO MAIS.

EXPOSITORES CONFIRMADOSAS GRANDES OPERADORAS JÁ ESTÃO LÁ!

ÚLTIMASÁREAS

À VENDA!

ANTÔNIO JOÃO FILHO, diretor geral da Via Embratel

ALBERTO PECEGUEIRO, presidente da Globosat

JOSÉ FELIX, presidente da Net Serviços

PAULO CEZAR TEIXEIRA, presidente da unidade de mercado individual da Vivo/Telefônica

ARIEL DASCAL, diretor geral da OiTV

Publicações Oficiais Parceiros de MídiaRealizaçãoPatrocínio Congresso Organização Parceiros InstitucionaisPatrocínio STA

J O R N A L P R O P A G A N D A & M A R K E T I N G - E D I T O R A R E F E R Ê N C I A

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MARCEL FENEZ, principal executivo da área de mídia e entretenimento da PriceWaterHouse Coopers

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• STAS• EXPOSIÇÃO DE SERVIÇOS

E TECNOLOGIAS • PRESENÇA DAS MAIORES

EMPRESAS DO SETOR • E MUITO MAIS.

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ÚLTIMASÁREAS

À VENDA!

ANTÔNIO JOÃO FILHO, diretor geral da Via Embratel

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PAULO CEZAR TEIXEIRA, presidente da unidade de mercado individual da Vivo/Telefônica

ARIEL DASCAL, diretor geral da OiTV

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J O R N A L P R O P A G A N D A & M A R K E T I N G - E D I T O R A R E F E R Ê N C I A

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Engana-se aquele que acha que a telefonia fixa está com os dias conta-dos. É fato que

incumbents de todo o mundo, a cada ano, assistem doloro-samente à perda de fatias importantes de suas bases de assinantes. Mas isso é menos uma indicação de uma morte anunciada e mais o reflexo das mudanças do mercado, com compe-tidores trazendo ofertas mais atrativas em pacotes de serviços com banda larga e TV por assinatura. Tem-se observado também globalmente uma tendência de migração do fixo para o móvel, isto é, pessoas abrindo mão de ter um telefone fixo para ficar apenas com seu número celular. Mas essa migração está longe de ameaçar a longevidade dos serviços de telefonia fixa. Especialmente quando analisamos o mercado brasileiro.

Nos últimos cinco anos, enquanto as concessionárias do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) perderam um total de 5,4 milhões de assinantes, o total de linhas fixas em funcionamento no País cresceu 2,3 milhões de linhas, passando dos 39,8 milhões em dezembro de 2005 para 42,1 milhões em dezembro de 2010, segundo dados da Anatel. Telefônica, Oi (que une as áreas de con-cessão da Telemar e Brasil Telecom), Sercomtel e CTBC desceram do patamar dos 37,6 milhões de linhas em serviço para 32,1 milhões entre 2005 e 2010, enquanto no mesmo período a base de assinantes das operadoras autorizadas se expandiu de 2,2 milhões de linhas em serviço para cerca de 10 milhões de assi-nantes ao final do ano passado. Essa expansão se concentrou principalmente nas operações da Embratel/Net Serviços, com seus 6,38 milhões de linhas fixas em serviço ao fim de dezembro último (sendo 3,1 milhões Net Fone); da GVT, com sua base de 2,08 milhões de clientes fixos; e, em menor escala, da TIM/Intelig, que em 2010 totalizou 519 mil assinantes de telefonia fixa. Os números da Anatel

incluem linhas corporativas e residenciais em serviço.

Vários aspectos podem ter contribuído para o cenário. A falta de inovação na proposta de valor da telefo-nia fixa por parte das concessionárias é um deles. Não é difícil ouvir o argumen-to de que as incumbents estavam muito confortáveis com o seu mercado reser-vado, tendo a maior parte de suas recei-tas asseguradas pela assinatura básica dos telefones fixos num ambiente de pouca concorrência. O avanço da con-corrência, portabilidade numérica e pla-nos móveis mais agressivos, no entanto, começaram a fazer a diferença.

E o mercado pode crescer ainda mais se levarmos em consideração o fenômeno de ascensão de uma nova classe média, que ainda tem no telefo-ne fixo um objeto de status, e os esfor-ços do governo para massificar o ser-viço telefônico fixo com o novo AICE (Acesso Individual Classe Especial),

voltado especificamente para famílias de baixa renda, que fazem parte de planos sociais do governo.

“Nos últimos três anos o mercado de telefonia fixa ficou praticamente estável, com 41 ou 42 milhões de assinantes. Mesmo assim, se compararmos

esses dados com a quantidade de assi-nantes da época anterior à privatiza-ção, a quantidade de linhas instaladas no País teve aumento superior a 70%, um salto expressivo”, observa o diretor de marketing e produtos da GVT , Ricardo Sanfelice, ao analisar o merca-do desde 1998.

“Temos ganhado clientes mês a mês nas cidades onde atuamos. Para se ter uma ideia de como está este segmento para a GVT, podemos pegar como base a troca de clientes da por-tabilidade numérica: para cada cliente que a gente perde, seis entram em nossa base trazendo os números das operadoras antigas”, comemora Sanfelice. Ele explica que o modelo de negócios da GVT trabalha a telefonia fixa em conjunto com a banda larga, assim como ocorrem com os telefones da Embratel, que mantém parceria com a Net Serviços. “Quando o cliente assina a banda larga leva a linha tam-bém. Aí oferecemos pacotes de minu-tos vantajosos, não baratos, mas com boa relação custo/benefício e qualida-de. Segundo o executivo, de certa maneira os papéis se inverteram, e hoje o serviço de telefonia fixa está muito mais para um serviço de valor adicionado à banda larga na prática do que a classificação clássica original da banda larga como um serviço de valor agregado às redes fixas. “Como a GVT é uma empresa nova, com dez anos de mercado, nossas redes são mais novas e desenhadas para banda larga, vídeo e outras necessidades atu-ais. Não precisamos correr para atua-lizar a rede como as operadoras mais antigas, temos que nos preocupar ape-nas em ampliar a cobertura”, observa.

.:StFc Letícia Cordeiro*[email protected]

Morta, mas nem tantoMigração para os serviços móveis, competição e evolução tecnológica têm minado as bases de telefonia fixa das incumbents, mas o serviço ainda pode ter vida longa.

“para cada cliente que a gente perde, seis entram em nossa base, trazendo os números das operadoras antigas.”Ricardo Sanfelice, da GVT

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Linhas fixas em serviço

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Fonte: Anatel.

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de residência para conse-guir crédito ou abrir conta bancária”, detalha. Os agentes, muitas vezes, são pessoas da própria comuni-dade que podem explicar com calma o funcionamento e as vantagens tarifárias do serviço da TIM, como liga-ções gratuitas para telefo-nes móveis da operadora.

Segundo Marquez, esse contato direto de agentes é a melhor forma de divulgar o serviço. “Nossa es -tra tégia é das trincheiras. Vamos para a mídia para falar de móvel, mas na fixa é mais no corpo a corpo, além de usarmos nossas lojas físicas. Depois da aquisição da Intelig, passamos a usar a rede de canais de venda e o 0800 do televendas para oferecer o TIM Fixo”.

A aposta, que começou de forma efetiva em novembro de 2010, deu resultados e hoje 30% das vendas totais do serviço de telefonia fixa vêm desse tipo de ação. Vale destacar ainda que a maior parte das novas adições de tele-fonia fixa da TIM não vem da portabili-dade numérica. A maioria das vendas vem de pessoas que não tinham ou não trouxeram o número fixo. “Com a ascensão dessa nova classe média, o Brasil deixou de ser uma pirâmide social para virar um losango. Tem muita oportunidade de negócio para atacarmos, estamos vendendo muito smartphone para essa turma e é lá que estamos apostando no fixo. Não temos nada a perder, apenas a ganhar; e não há muita concorrência, estamos nadan-do de braçada”, pontua Marquez.

O serviço de telefonia fixa é visto com um cenário futuro muito próspero pela TIM. “Claro que há uma tendên-cia de que o mercado diminua em relação ao tamanho de hoje, principal-mente pela substituição fixo-móvel, da qual somos grandes incentivadores, mas ele não vai morrer”, enfatiza o executivo. Entre maio de 2010 e maio de 2011, a TIM afirma ter aumentado sua base de telefonia fixa em 65%. “E tenho certeza que este ano vai ser muito melhor para o nosso negócio fixo, com os canais da Intelig bem estruturados e mais vendedores na rede parceira. Vamos continuar baten-do muito nas concessionárias e aboca-nhando esse mercado com perspectiva de crescer ainda mais do que os 65% do último ano.”

infraestrutura tradicional de cobre – uma ótima oportuni-dade de negócios. “Com a licença STFC e usando nossa rede celular, conseguimos levar o telefone fixo a áreas mais remotas, sem assina-tura básica e com as tarifas diferencia-das da TIM, nos modelos pré-pago, sem compromisso de recarga mensal, e também no modelo Infinity Controle”, conta Marquez.

Assim, a TIM apostou na oferta do telefone fixo para comunidades menos favorecidas. “Começamos um trabalho no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, com vendedores por-ta-a-porta, e conseguimos socializar boa parte da comunidade na medida em que o telefone fixo significa a oportunidade de ter um comprovante

Sanfelice aponta também que, embora haja crescimento expressivo na telefo-nia celular, a linha fixa ainda é muito atraente por conta do preço. “O minuto da telefonia fixa pode chegar a custar R$ 0,20 ou menos, enquanto a tarifa na telefonia móvel pode superar R$ 0,60”.

De acordo com dados do balanço financeiro relativo ao primeiro trimes-tre, a GVT encerrou março com 4,7 milhões de acessos. No final de 2009 eram 2,8 milhões; e 4,2 milhões em dezembro de 2010, crescimentos de 68% e 12%, respectivamente. Nesses números, estão contabilizados linhas do serviço fixo tradicional, voz sobre IP, e também acessos banda larga. A Anatel, entretanto, contabilizava ao final de 2010, cerca de 2,1 milhões de linhas fixas para a operadora, que cobre cem cidades em todo o Brasil.

Quebrando paradigmasA TIM, que se estabeleceu desde o

início da abertura do mercado brasileiro como uma operadora móvel, decidiu se aproveitar do potencial e da conveniên-cia da plataforma celular para se lançar também no segmento de telefonia fixa.

“Aqui na TIM a gente tem o desa-fio de pensar fora da caixa e mesmo num mercado mais tradicional como o de telefonia fixa achamos um nicho e temos tido sucesso”, celebra o dire-tor de marketing da Intelig/TIM, Rafael Marquez.

Ele explica que como a empresa é uma nova entrante, tem muito pouco a perder e qualquer receita nova é bem--vinda. “Como ainda não temos uma participação relevante nem uma recei-ta muito grande para defender, pode-mos nos arriscar e fazemos hoje um ataque duplo à ‘vaca leiteira’ das con-cessionárias: com os nossos custos de ligação por minuto, pacotes e promo-ções, trazemos não apenas muitos clientes da telefonia fixa para a base móvel como também para o nosso ser-viço de STFC, porque há aquelas pes-soas que não podem abrir mão de um número fixo”.

A TIM também encontrou no seg-mento que ainda não tinha telefone fixo – ou porque considerava o serviço caro ou porque faltava cobertura da

“Vamos continuar batendo muito nas concessionárias e abocanhando esse mercado com perspectiVa de crescer

ainda mais do que os 65% do último ano.”Rafael Marquez, da TIM

Concessionárias perdem base

42 41,843,6 44 44

35,2 34,7 33,832,7 31,3

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Fonte: Anatel.

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Sacode a poeiraA TIM não foi a primeira a adotar a

iniciativa de venda porta-a-porta. A estratégia foi implementada pela Telefônica ainda em março do ano pas-sado e foi, inequivocamente, o princi-pal fator para não apenas estancar a sangria de assinantes fixos da base da tele, mas fazê-la voltar a crescer. De acordo com diretor de marketing fixo da Telefônica, Henrique Freire Moraes, que liderou esse projeto da operadora no ano passado, a tele vinha perdendo em média 0,5% da planta de telefonia fixa ao ano nos últimos anos, isto é, cerca de 400 mil linhas fixas desconec-tadas ao ano. A tele colocou cerca de 700 vendedores nas ruas para fazer essa venda de porta em porta nas regi-ões mais periféricas das cidades. “Contratamos pessoas das próprias comunidades, para chamar o cliente no portão e explicar com calma as tarifas, os planos, e quando era mais conve-niente usar o fixo ou o celular”, conta Moraes. A venda porta-a-porta já representa de 25% a 30% das novas vendas de telefonia fixa da Telefônica.

Outra ação da concessionária foi investir na retenção dos atuais clientes com a melhoria da qualidade do serviço e da qualidade da venda, para que o

cliente entenda melhor o que comprou, não tenha susto com a conta no final do mês e não cancele o serviço. Sem reve-lar valores, o diretor de marketing fixo garante que isso garantiu à concessio-nária o menor índice de churn dos últi-mos cinco anos.

“Com a estratégia de venda porta-a--porta e os esforços para redução do churn ganhamos cerca de 100 mil novos acessos de abril a dezembro do ano pas-sado, o que nos garantiu um saldo positi-vo de 40 mil novas linhas fixas em 2010”, comemora Moraes. “Foi algo único. Das maiores incumbents do mundo, apenas a Telefônica conseguiu ampliar a base de telefones fixos”, acrescenta.

A mudança estratégica, como expli-ca o executivo, passou por uma mudança filosófica dentro da empre-sa. “A lógica seria aceitarmos a ten-dência de mercado de perda de base para a telefonia móvel, mas acredita-mos na convivência dos dois serviços e decidimos agir”, conta. Moraes afirma que muitos clientes que tinham apenas celular pré-pago não tinham linha fixa porque acreditavam ser algo muito caro para eles, que a assinatura básica era muito cara. “Alguns até tiveram telefone fixo, mas não tinham controle e se assustavam com as contas no final do mês. Assim, criamos planos alter-nativos para atender à demanda dos clientes, com um gasto fixo que cou-besse no seu bolso”, explica.

A Telefônica tem planos a partir de R$ 29 ao mês, com minutos locais de fixo para fixo inclusos; mas que necessi-tam de compra de créditos em separado para a realização de chamadas de longa distância ou para números móveis. “E o cliente não vê isso como uma restrição, mas sim como um controle sobre sua conta telefônica”, comenta.

Na visão do executivo, o futuro dos serviços fixos de voz é sólido: as pes-soas vão continuar falando ao telefone e esperam que o serviço seja confiável

.:StFc

Nos últimos anos, as companhias competitivas de telefonia que optaram por utilizar a tecnologia de voz sobre IP (VoIP) tive-ram que reinventar seu modelo de negócios e focar no público

empresarial para se manter no mercado. As operações, inicialmente focadas na venda de minutos de ligações de baixo custo para clien-tes residenciais, levaram as empresas deste nicho rapidamente a passar por dificuldades, por conta da pouca qualidade nas chama-das, quando utilizavam a rede pública de Internet, e pela chegada de gigantes como Skype, oferecendo comunicação gratuita entre os usuários pelo computador.

“O cliente pessoa física nem sempre está muito preocupado com a qualidade quando ele tem um serviço de graça, que pode atendê-lo em casos de ligações internacionais ou interurbano e, para o restan-te das ligações, ele pode conversar pelo telefone fixo comum”, afir-ma o diretor de marketing da GVT, Ricardo Sanfelice. Ele credita o fracasso do modelo de negócios de parte das primeiras empresas de VoIP do Brasil ao fato de elas terem vendido a tecnologia como ser-viço. “Muitas operadoras mantêm parte de suas redes de transporte com a tecnologia IP, mas você não precisa rotular como VoIP para vender outro serviço; para o usuário final o importante é ter a tele-fonia e realizar as chamadas”.

O presidente da TellFree, Daniel Duarte, observa que as baixas velocidades da banda larga brasileira também impediram o serviço de decolar no início da década. No entanto, Duarte faz prognósticos positivos para o VoIP, por conta da melhora na qualidade das redes. “O universo poderia ser melhor? Sim, mas com o avanço da banda larga e agora com os projetos de quarta geração (4G) da banda larga móvel, acredito que tem tudo para melhorar”. De acordo com ele, a saída das operadoras de telefonia IP foi se consolidar com

negócios voltados para prestação de serviços às pequenas e médias empresas. “Hoje, mais de 90% da nossa receita vem deste segmen-to”, comentou o executivo.

Para o diretor de marketing e produtos da Transit Telecom, Marco Jordan, a previsão de um novo ciclo de investimentos em redes para banda larga deve colocar o serviço novamente em evi-dência nos próximos anos. De olho na melhora dos acessos e na pos-sibilidade de oferecer ligações com qualidade melhor, há um ano a Transit projeta voltar à carga com a venda de VoIP para o usuário residencial. “O VoIP está voltando a ter importância no mercado por conta da melhora na qualidade dos acessos”, afirmou o executivo.

Frente à nova oportunidade de negócios, a empresa estuda relançar seu modelo de telefonia IP. “Recuamos um pouco com este serviço em meados de 2006, mas, com os avanços da qualidade do acesso e uma conexão cada vez mais parruda, estudamos voltar com a oferta a partir de setembro ou outubro”, revela Jordan.

De acordo com o executivo, o modelo de negócios do novo VoIP da Transit está em análise, “mas deve ser parecido com o serviço prestado hoje pela Skype”, adianta, referindo-se ao projeto que colo-cará a operadora como concorrente direta da antiga parceira na oferta de telefonia IP. Atualmente, Skype e Transit brigam pelos números locais dos usuários do SkypeIn, até então fornecidos pela Transit para recebimento de chamadas dos clientes Skype. Embora tenha evitado comentar diretamente o caso, o executivo disse que, nos últimos dias, a empresa criou um serviço de ‘call-me’ para aten-der gratuitamente aos usuários do serviço prestado anteriormente pela Skype. No entanto, Jordan não descarta a possibilidade deste projeto ser incorporado ao portfólio da Transit. “Está disponível por tempo indeterminado”. (WM)

VoIP se reencontrou no mercado corporativo

Acessos fixos em serviço

ConCeSSionária aCeSSoS

Oi 20.018.382Telefônica 11.308.448CTBC 620.790Sercomtel 163.246Total 32.110.866

Fonte: Anatel. Base: dez/2010.

Velocidade de fibra, alcance de satélite.

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.:StFce barato. Dessa forma, a receita é: “planos com con-trole para as classes menos abastadas e planos ilimita-dos com preços convenien-tes para classes mais altas”.

Além do empacotamen-to, a sinergia entre as plata-formas fixa e móvel, agora que a Telefônica tem o con-trole total da Vivo, tende a trazer benefícios para o con-sumidor. E agora, com os planos negociados com o governo para a oferta de banda larga popular, a Telefônica empacotará o serviço de voz e a banda larga de 1 Mbps por R$ 65, o que deve impulsionar a venda do serviço de telefonia.

CombosComo tem acontecido em todo o

mundo, a entrada da operadora de TV a cabo no mercado de telefonia se provou bem sucedida ao unir a oferta aos paco-tes de serviço de TV paga e banda larga de alta velocidade. A Net Serviços, que tem como acionista a Telmex/América Móvil, controladora da Embratel, lançou em parceria com a tele o Net Fone Via Embratel em maio de 2006, e ao final de 2010 o número de linhas fixas em servi-ço chegava a 3,1 milhões, crescimento de 23% em relação a 2009, com 596 mil novas linhas conquistadas. E, ao que tudo indica, esse crescimento não dá nem sinais de diminuição de ritmo. Com base em informações do balanço da hol-ding América Móvil é possível calcular que ao final do março a base de telefonia fixa da Net já alcançava cerca de 3,38 milhões de linhas em serviço.

“Quando entramos na telefonia fixa, o mercado coberto por nossas redes, essencialmente o de classes A e B, já estava saturado, com uma penetração alta do serviço, e tivemos que oferecer uma alternativa com produtos inovado-res e mais vantajosos, sem assinatura básica, com os serviços inteligentes sem custo adicional e vantagens nas tarifas para poder conquistar merca-do”, lembra o diretor de gestão e estra-tégia operacional da Net Serviços, Rodrigo Marques. “Ganhamos clientes porque nossa proposta de valor é boa”. Exatamente por conta dessa cobertura, a maior parte dos assinantes de telefo-nia da Net veio de outras operadoras. “Em geral, quando chegamos a um prédio novo ou a uma nova rua, as

pessoas já têm telefones fixos, e quando percebem as dife-renças dos planos e os bene-

fícios dos pacotes de serviço migram para a Net”. Há também alguns casos de clientes que decidiram ficar apenas com o telefone celular e, com a chegada da Net, voltaram a assinar um serviço de telefonia fixa. Na matemática da portabilidade, segundo Marques, para cada assinante que pede para sair da Net para outra operadora, dez assinan-tes portam seus números para a Net. “É a maior relação de portabilidade do mercado”, celebra o diretor.

A Net tem investido também na expansão da rede e dos serviços, saindo

das áreas mais nobres para áreas com poder aquisitivo menor. “Estamos cons-truindo rede em cidades onde não operá-vamos. São redes HFC, com muita capa-cidade para oferecer, num primeiro momento, banda larga de altíssima velo-cidade e telefonia, até que a gente consi-ga obter novas licenças de TV a cabo da Anatel”, pontua o executivo. Niterói, Recife e Salvador foram as primeiras cidades em que a Net ainda não tem licença de TV a cabo a receber as novas redes e os novos serviços.

O serviço de voz da Net funciona com base no protocolo IP, mas não se deve confundir com os serviços de voz sobre IP (VoIP) que trafegam pela rede pública de Internet.

“Hoje todas as operadoras usam voz sobre IP em algum nível do transporte da voz, mas o nosso serviço é oferecido em cima de uma rede privada, temos 100% do controle da rede e, por isso, conseguimos dar qualidade ao assinan-te”, explica Marques.

Na estratégia de pacotes de servi-ços, quanto maior o número de produ-tos adquiridos, maior a quantidade de benefícios que o cliente recebe, mas a Net também vende só o serviço de telefonia, se o cliente não quiser os demais produtos.

“Conectamos o serviço em nossa rede de dados através de um MTA e o cliente não precisa assinar a banda larga, se não quiser. É raro, mas temos alguns assi-nantes que só têm voz”, conta.

Para Marques, ainda é possível trazer muita inovação para o mercado de voz. “Podemos inovar não apenas com novos planos ilimitados e tarifas, mas também com uma integração maior entre produ-tos. Podemos fazer combinações entre telefonia fixa e móvel, como ‘home zones’, caixa postal unificada; encami-nhamento automático de chamada para a tela da TV, videoconferência com a televisão etc. Não podemos deixar o ser-viço perder o valor”, conclui.

*CoLaborou WiLian Miron

Acessos fixos em serviço

autorizada acessos

Embratel 7.063.433GVT 2.084.700TIM/Intelig 519.161Transit 157.440CTBC* 99.043Oi* 40.666Sercomtel* 20.843

Telefônica* 18.815

Tmais 6.504Local Telecom 5.341Global Crossing 5.205Engevox 3.022Trinn 2.637IDT 671DSLI 510Suporte 301BBS Options 179Aerotech 60Alpha Nobilis 45Total 10.028.576

* Inclui apenas os telefones fixos em serviço fora da área de concessão da incumbent. Fonte: Anatel. Base: dez/2010.

“podemos inoVar com uma integração maior, combinações entre telefonia fixa e móVel, caixa postal unificada, Videoconferência etc. não podemos deixar o serViço perder Valor.”Rodrigo Marques, da Net Serviços

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Nos últimos dois anos, pra-ticamente dobrou a quan-tidade de códigos malicio-sos (malwares) para dis-positivos móveis identifi-

cados por empresas de segurança de dados. Hoje, são mais de mil variantes espalhadas pelo mundo, entre vírus, trojans, worms, spywares e até bot-nets (veja glossário abaixo). Ou seja: as mesmas ameaças do mundo dos com-putadores estão migrando para smar-tphones e tablets. Conforme esses apa-relhos se popularizam e passam a armazenar ou trafegar dados valiosos de consumidores e corporações, o mundo móvel se torna um espaço cada vez mais atraente para crimes virtu-ais. Como resposta, os desenvolvedo-res de antivírus para PCs, como F-Secure, Kaspersky, McAfee e Symantec criaram versões para dispo-sitivos móveis e agora se esforçam para convencer os clientes da impor-tância de proteger seus aparelhos.

Os malwares para dispositivos móveis podem se espalhar de diversas formas, desde Bluetooth até mensa-gens de texto (SMS), mensagens multi-mídia (MMS) e e-mails. Os aplicativos móveis também se tornaram vetores de transmissão. Os malwares vêm dis-farçados de jogos e utilitários e, não raro, estão disponíveis para download em lojas de aplicativos renomadas. “Já encontramos casos de vírus para celu-lar disfarçados de jogos de poker e xadrez, mas também em aplicativos pornográficos e em utilitá-rios, como calculadoras”, relata Mikko Hypponen, diretor de pesquisas da F-Secure, na Finlândia. Um exemplo era um trojan para Android que vinha embutido em um aplicativo chamado “Google SSearch”, ou seja, quase o mesmo nome do sof-tware original do próprio Google.

.:caPa Fernando Paiva, de Helsinque*[email protected]

SmartvirusPopularização mundial de smartphones atrai cybercriminosos. Mais de mil diferentes vírus foram identificados. Mercado de antivírus e outras ferramentas de segurança para celulares está em franca expansão.

Quanto mais popular é um sistema operacional, mais malwares são escri-tos para atacar seus usuários. É assim no mundo dos desktops e no mundo dos celulares. Se para PCs a maioria dos vírus é criada para atingir o Windows XP, nos terminais móveis os alvos preferenciais até o momento foram Symbian e Java (veja quadro abaixo). Os vírus pioneiros para celu-lar foram descobertos em 2004, cria-dos para Symbian. Na época, tal como os primeiros malwares escritos para PCs, o objetivo não era econômico,

mas apenas chamar a aten-ção, ou provocar confusão. Um dos mais conhecidos foi

o CommWarrior, que infectou algumas dezenas de milhares de celulares Symbian Série 60 em 2005. O que ele fazia era enviar por MMS arquivos contidos na memória para todos os números da agenda.

Agora, o alvo preferencial começa ser o Android. Em razão do rápido crescimento de sua base de usuários, o sistema operacional do Google deve ocupar o primeiro lugar em quantida-de de ameaças dentro de alguns anos, preveem especialistas. O Android é uma das plataformas mais abertas existentes no mercado, o que facilita o trabalho dos cybercriminosos. Uma das brechas reside na possibilidade de os usuários baixarem aplicativos em lojas independentes. Todavia, nem mesmo o Android Market, loja de apli-cativos oficial do Google, está seguro. Em março deste ano foi descoberto um vírus chamado DroidDream, que esta-va escondido em mais de 50 aplicati-vos disponíveis para download no Android Market. O malware era capaz

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“estamos no limiar da reunião entre o crime digital e o crime real.”Claudio Martinelli, da Kaspersky

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ainda é pequeno. A baixa proteção aliada à massifica-ção do hábito de leitura de e-mails e o acesso a redes sociais em celulares e tablets representa uma porta escan-carada para a prática do phishing.

A privacidade também está em jogo, e a intercepta-ção de dados pessoais pode ser valiosa para os crimino-

sos virtuais. De acordo com o gerente de engenharia de sistemas da Symantec no Brasil, Vladimir Amarante, já foram encontrados dois casos de “snoopwares” para smartphones. “O snoopware é um sof-tware capaz de ligar a câmera ou o microfone do aparelho e transmitir seus dados sem o cliente perceber. Ou seja: o celular se torna um espião”, explica Amarante.

Contra-ataqueNão foram apenas os cybercrimino-

sos que se atualizaram e migraram para o mundo móvel. Os desenvolvedo-res de soluções de segurança correm atrás. F-Secure, Kaspersky, McAfee e

os cybercriminosos inter-rompem o serviço, apagam as pistas e partem para outra frente.

Outro golpe que começa a ganhar força em celulares é o phishing. Trata-se do envio de e-mails falsos com o objetivo de extrair informações pessoais, tais como senhas de banco ou de cartão de crédito. É uma ameaça que independe de sistema operacio-nal. “Golpes que envolvem engenharia social estão entre os mais comuns em dispositivos móveis no momento”, afirma Mariano Sumrell, diretor de marketing da AVG Brasil. Nos desktops as pessoas estão razoavelmente prote-gidas contra o phishing: se não pos-suem um firewall ou uma ferramenta antispam, às vezes o próprio navega-dor bloqueia o acesso a sites suspeitos. Nos dispositivos móveis, contudo, o uso de tais ferramentas de segurança

de enviar quaisquer dados contidos no aparelho para um servidor, inclusive os números que identificam o telefone (IMEI e IMSI), além de contro-lá-lo remotamente, o que é o indício de criação de uma botnet, ou rede de smartphones “zum-bis”, tal como acontece entre PCs. Essas botnets são utilizadas para dis-seminar spams ou sobrecarregar ser-vidores com múltiplos acessos simul-tâneos, com o objetivo de tirar um site do ar, tal como feito recentemente com as páginas de alguns órgãos governa-mentais brasileiros. O Google reconhe-ceu a falha, tirou os aplicativos mali-ciosos do Android Market e removeu remotamente os malwares dos apare-lhos infectados ao redor do mundo.

Já foram identificados malwares para Windows Mobile, mas a incidên-cia está diminuindo. Para iPhone, até agora só foram encontrados dois casos, mas ambos funcionavam somente nas versões crackeadas, tam-bém co nhecidas como jailbreak, do produto da Apple. A restrição de download de aplicativos apenas na App Store da fabricante torna mais difícil a proliferação de vírus, mas não impossível. “Todos os sistemas opera-cionais são igualmente vulneráveis. Se é possível escrever um programa para um OS, é possível também escrever um vírus para ele”, afirma Claudio Martinelli, gerente de vendas para o varejo na América Latina da Kaspersky.

Segundo dados da F-Secure, até o momento 15% dos malwares identifi-cados pela empresa para dispositivos móveis foram criados com a finalidade de gerar lucro. Um dos golpes mais comuns é o código malicioso forçar o telefone a realizar ligações ou enviar mensagens de texto para serviços pre-mium, que depois vêm cobradas na conta telefônica. Aproveitando-se da desatenção das pessoas, que rara-mente checam a fatura com a devida atenção, geralmente esses malwares são programados para fazer ligações curtas ou enviar poucas mensagens por mês. Em vez de tirar muito dinhei-ro de uma só pessoa, preferem tentar tirar um pouco de muitas. No exterior, é fácil criar rapida-mente serviços de valor adicio-nado (SVA) com large accounts (grandes contas), inclusive usan-do laranjas. Ao menor sinal de que o esquema foi descoberto,

“Já encontramos casos de Vírus para celular disfarçados de

Jogos de poker e xadrez.”Mikko Hypponen, da F-Secure

GlossárioBotnet Rede de computadores “zumbis” controlados por terceiros sem que seus donos saibam. Essas redes são usadas comumente para envio de spams ou para sobrecarregar servidores, tirando sites do ar por excesso de requisições.

MalwareAbreviação de malicious software. Trata-se de um código malicioso desenvolvido para atacar sistemas, corrompendo seu funcionamento ou roubando dados. Vírus, trojans, worms e spywares são malwares.

PhishingTentativa de extrair dados sigilosos, como senhas de banco e números de cartão de crédito, enganando as pessoas por meio de emails falsos ou mensagens em redes sociais, geralmente tentando se passar por alguma instituição renomada.

SpywareMalware que coleta informações do computador infectado. Geralmente é instalado sem querer pelo usuário ou secretamente por alguém que deseja espioná-lo.

Trojan Horse (ou Cavalo de Troia) Malware que se disfarça de um software inofensivo para ser instalado pelo usuário em seu sistema. Uma vez dentro do computador, pode executar diversas ações indesejadas, como apagar ou roubar dados.

VírusMalware que se requer alguma ação do usuário para se disseminar. Entra em

determinado programa e os corrompe.

WormMalware que se espalha por conta própria dentro de uma rede de computadores, sem a necessidade de intervenção do usuário,

aproveitando-se de alguma vulnerabilidade do sistema.

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Symantec, dentre outros, já oferecem antivírus para diversos sistemas opera-cionais de smartphones, principalmen-te Android, Symbian e Windows Mobile. O iPhone é exceção: não há venda de antivírus na App Store por-que a Apple não libera uma API (appli-cation programming interface) que per-

.:caPamita vasculhar e analisar os arquivos dos iPhones.

A produção de vacinas para vírus de dispositivos móveis é feita de maneira bem similar àquela para PCs. Amostras são coletadas diariamente no mundo intei-ro, providas pelos próprios assinantes dos serviços ou por telefones que servem de isca. Uma primeira análise é realizada de maneira automatizada nos laboratórios. Se o malware for simplesmente uma variante de uma família previamente conhecida, prova-velmente já existe uma vacina disponí-vel. “Tal como a vacina da gripe nos protege contra três ou quatro cepas da doença, o mesmo vale para os vírus de computadores”, explica Martinelli, da Kaspersky. Se a amostra não se encaixar em nenhuma família conhecida, é preciso que um especia-lista humano analise o arquivo. Ainda assim, a solução costuma vir rapidamente, em ques-tão de horas, ou no máximo um ou dois dias. Somando as amos-tras relativas a ameaças para PCs, as empresas de antivírus costumam analisar algumas cente-nas de milhares de arquivos suspeitos diariamente.

No laboratório central da F-Secure, na Finlândia, foi montada uma sala especial para a análise de vírus para dispositivos móveis. Ela parece o cofre de um banco: suas paredes impedem a transmissão de dados em qualquer radiofrequência. Ali, em meio a diver-sos telefones, os cientistas podem rea-lizar os testes necessários.

A distribuição dos antivírus costuma ser feita através das lojas de aplicativos. Só no Android Market há mais de dez

opções, algumas gratuitas e outras, mais completas, pagas. Algumas já ultrapassa-

ram a marca de 250 mil downloads no mundo. O preço gira em torno de US$ 10.

Existe também a oferta por meio das operadoras móveis. Este é o mode-lo adotado pela F-Secure: sua ferra-menta de segurança é comercializada com a marca das teles. Neste caso, a

cobrança é feita por meio de uma assinatura mensal, que é dividida entre as partes. A Vivo foi a primeira operado-ra móvel brasileira a adotar a solução da F-Secure, no mês passa-do. Outras 36 operado-ras estrangeiras segui-ram o mesmo caminho.

Segurança extraA preocupação não

se limita ao risco de contaminação por malwares. Um dos maiores problemas rela-

tivos à segurança de dispositivos móveis não é virtual, mas real: a perda ou roubo do equipamento, repleto de dados pessoais e corporativos valio-sos. Uma pesquisa da Kaspersky indi-ca que 25% das pessoas que têm celu-lar no mundo já tiveram um aparelho perdido ou roubado. E mais de 50% não costumam proteger o terminal com senha, de acordo com pesquisa da McAfee, o que facilita o acesso a

seus dados.Pensando nisso, alguns

dos softwares de segurança disponíveis no mercado incluem ferramentas para localização, bloqueio e lim-peza de dados remotos de um celular roubado ou perdi-do. Geralmente os comandos são enviados por SMS de outro celular, mediante a inclusão de uma senha. Em

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“É necessário educar as pessoas, tal como feito no uso de pcs.”Mariano Sumrell, da AVG

Crime virtual, lucro real

Nos últimos 20 anos, o perfil dos desordeiros virtuais mudou. Se antigamente a maioria era de

garotos inteligentes com tempo ocioso à procura da fama, agora são aproveitadores cuja principal motivação é financeira. Muitos sequer conhecem programação de sistemas, mas contratam técnicos para aplicar seus golpes. Existem até mesmo sites mafiosos que se dispõem a pagar por computadores infectados das chamadas botnets, ou redes de computadores zumbis. “Dependendo da localização do computador, seu preço varia. Os mais valiosos são PCs dos EUA e da Europa Ocidental”, afirma Mikko Hypponen, diretor de pesquisas da F-Secure.

O objetivo mais comum é o roubo de dados de cartões de crédito. Uma vez detendo essas informações, os criminosos realizam uma triangulação de transações, para evitar serem pegos. Uma delas envolve portais de venda de mercadorias usadas, como o eBay. O bandido anuncia a venda de um determinado produto ainda novo, dentro da caixa, a um preço abaixo do praticado no mercado. Um incauto se interessa, faz um lance e ganha. O bandido então usa um cartão de crédito roubado para comprar o produto em uma loja virtual (Amazon, por exemplo) e bota como endereço de entrega a casa da pessoa que fez o lance no site de venda de usados. Fica combinado o seguinte: a pessoa só precisa pagar depois que receber. Alguns dias depois o produto é entregue, novo, na caixa, conforme prometido. O pagamento então é feito através de algum serviço de remessa internacional de dinheiro em espécie, como Western Union, por exemplo. O golpe é descoberto quando o dono do cartão recebe a sua fatura, reclama com a administradora, que reclama com a loja virtual, que dá o endereço do incauto que não sabia que sua compra foi feita na verdade com os dados do cartão de um terceiro. O golpe é feito em larga escala e mundialmente. Raramente os cybercriminosos são presos.

“com um snoopware, o celular se

torna um espião.”Vladimir Amarante,

da Symantec

o android É uma das plataformas mais

abertas existentes no mercado, o que facilita

o trabalho dos cybercriminosos.

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alguns casos, é possível até mesmo fazer com que o telefone roubado emita um alarme. Na versão da Kaspersky, se o bandido trocar o sim-card, o dono é informado do número novo. Há também opções de privaci-dade e de controle parental. É possível criar listas brancas ou negras de con-tatos e sites que podem ser acessados.

Mercado corporativoSegundo especialistas, o mercado

corporativo está mais ciente do que o consumidor final da necessidade de proteger os dispositivos móveis de seus funcionários. A preocupação cresce conforme aumenta a integração desses terminais com os sistemas de TI das grandes corporações. O quadro se agrava quando se leva em conta que boa parte dos empregados utilizam os celulares do trabalho também para fins pessoais, instalando aplicativos que podem representar uma ameaça para os sistemas da empresa. Isso abre outro nicho para os desenvolve-dores de antivírus: ferramentas de gestão e controle de dispositivos móveis corporativos. “Oferecemos soluções para as empresas aplicarem suas políticas de segurança em smar-tphones e tablets. Elas podem, por exemplo, bloquear o acesso a determi-nados sites ou a instalação de certos tipos de aplicativos”, explica José Antunes, gerente de engenharia de sistemas da McAfee.

Especialistas preveem que outros golpes ainda restritos ao mundo dos PCs migrem mais cedo ou mais tarde para dispositivos móveis. É o caso dos trojans sequestradores, ou ransom tro-jans, que codificam os dados do com-putador, tornando-o refém. Em troca

de uma chave para reaver seus dados, o usuário paga um resgate, ao preço de US$ 100, aproximadamente. Se não tiver backup, a única saída é aceitar a chantagem e desembolsar o dinheiro para o cybercriminoso. Hypponen, da F-Secure, acredita que uma versão de ransom trojan voltada para o sequestro de smartphones e tablets pode apare-cer a qualquer momento.

Outro perigo a se temer é a junção entre crimes reais e virtuais. “Estamos no limiar da reunião entre o crime digital e o crime real. Essa é nossa maior preocupação no momento. Já encontramos um malware que infor-ma onde você está pelo GPS”, comenta Martinelli, da Kaspersky.

É de se esperar também que os dispositivos móveis comecem a ser usados por “hacktivistas” e por gover-

nos, em guerras digitais, como já acontece hoje em computadores. Pior ainda será o uso por cyberterroristas.

A única saída é prevenir. Mas, para tanto, é preciso conscientizar os con-sumidores da necessidade de proteger seus smartphones e tablets contra esses ataques virtuais. “É necessário educar as pessoas, tal como feito no uso de PCs”, recomenda Sumrell, da AVG. Hypponen, da F-Secure, está confiante que isso acontecerá: “No futuro, todos teremos antivírus insta-lados em nossos celulares.”

* o jornaLiSTa viajou a ConviTe da F-SeCure

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Sala protegida contra transmissões sem fio no laboratório de análise de vírus para celulares da F-Secure

Tela de análise de código malicioso

Computadores usados para testar vírus recebem adesivo de alerta no laboratório da F-Secure, na Finlândia

Malwares identificados para dispositivos móveis

PLaTaForMa FaMíLiaS de MaLWareS varianTeS

J2ME 45 613Symbian 74 311Windows Mobile 16 54Android 7 15iPhone OS 1 2Total 143 995

Fonte: Kaspersky, relatório de dezembro de 2010

Classificação por tipo

Fonte: F-Secure, junho de 2011

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Há três anos, a Nokia vive um longo e tenebroso inverno. Depois de alcançar quase 40% de participação no mercado mundial de telefo-

nes celulares em 2008, a gigante finlan-desa viu seu market share cair para 25% no primeiro trimestre de 2011, de acor-do com dados do instituto Gartner. Sua liderança, que parecia incon-testável, agora está sob ameaça. Nesse período, o valor das ações despencou, o CEO foi trocado, houve demissões em massa e foram realizadas guinadas estratégicas. Em uma carta aberta aos funcionários que entrou para história do setor de telecomunica-ções, o novo CEO, Stephen Elop, com-parou a Nokia a uma “plataforma em chamas”. Os analistas mais otimistas acham que a Nokia está entrando nos eixos e logo reverterá essa situação. Os mais pessimistas, contudo, preveem um futuro mais negro, até mesmo com a venda da companhia.

A Nokia tem mais de 130 anos de existência, tendo exercido atividades diversas, de geração de energia à fabri-cação de galochas de borracha. A deci-são de concentrar sua atuação apenas em telecomunicações aconteceu em 1992, em um movimento que levou a companhia a se tornar uma das maiores multinacionais do planeta, com fatura-mento anual superior a 40 bilhões de euros e mais de 120 mil funcionários.

Sua marca foi alçada à lista das dez maiores do mundo, chegando a ocupar a quinta posição em 2008, quando valia US$ 35,9 bilhões, segundo estudo da Interbrands. Trata-se da principal empresa na economia finlandesa e era, até alguns anos, sinônimo de inovação no setor de telecom.

O sucesso foi conquistado durante a segunda geração (2G) de telefonia celu-lar e a introdução dos primeiros mode-los digitais, no final da década de 90. Enquanto a Motorola fiava a sua lide-rança de mercado no sucesso do StarTAC, um telefone móvel analógico que era campeão de vendas, a então

pouco conhecida Nokia surgiu com celulares digitais que logo caíram no gosto popular. Duas qualidades chama-vam a atenção dos aparelhos da Nokia na virada do novo milênio: a durabili-dade e, principalmente, o menu de navegação intuitivo e simples. Essa

fórmula de sucesso acompa-nhou a Nokia por quase dez

anos. Em seu auge, a empresa vendeu

472 milhões de terminais, em 2008. Para especialistas, o fato que marca

o começo do declínio da Nokia foi o lançamento do iPhone, em 2007. “O maior erro da Nokia foi sua falta de

habilidade de ser competitiva no seg-mento high end. O iPhone elevou o nível do que um smartphone deveria ser”, comenta Tuong Nguyen, analista do Gartner. O produto da Apple trazia a inovação da tela sensível ao toque, uma interface muito mais amigável que aquela da Nokia e o conceito de aplicati-vo móvel, trazendo a reboque um novo modelo de negócios, o das app stores. A Nokia não tinha nada disso em seu port-fólio e nem mesmo nas pranchetas. Enquanto isso, vários fabricantes, como Samsung, LG, Motorola e HTC percebe-ram rapidamente que o padrão Apple era o caminho a ser seguido. A Nokia demorou um pouco mais. “A Nokia superestimou sua própria marca, acre-ditando que poderia vender qualquer coisa, por mais feia que fosse”, critica

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O inverno da NokiaApós queda das ações, perda de market share e desvalorização da marca, empresa tenta se reerguer. Analistas avaliam os principais equívocos da companhia e os caminhos para voltar a crescer.

2004 - Lançou 36 telefones, a maioria já com tela colorida e câmera.

2005 - Lançou 42 modelos, dentre eles o seu primeiro “music phone”, o Nokia 3250. Registrou a venda de 40 milhões de telefones com MP3 player.

2006 - Lançou 39 modelos, entre os quais o N95 e o N93, seu primeiro com zoom óptico.

2007 - Lançou a marca Ovi e seu primeiro telefone dedicado a games, o N-Gage.

A evolução da marca

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da China. Huawei e ZTE estão brigando por espaço nessas fai-xas, trazendo para o mercado aparelhos cada vez mais bara-tos e incrementados. Junto com eles, vêm os chamados “white boxes”, terminais produzidos na China para levarem as marcas de terceiros, como operadoras móveis. Foram esses pequenos fabricantes que mais roubaram

participação da Nokia entre 2009 e 2010, segundo dados do Gartner. Enquanto nesse período o share da Nokia caiu de 36,4% para 28,9%, a par-ticipação de pequenos OEMs subiu de 16,5% para 30,6% (veja tabela abaixo).

Ao mesmo tempo, existe a competi-ção do mercado negro, que não aparece nos números do Gartner. Em países emergentes, como Brasil e Índia, há uma enxurrada de celulares contrabandeados com marcas falsas. Embora sejam frá-geis e de má qualidade, além de não oferecerem garantia ou suporte técnico, seus preços baratos agradam aos consu-midores de baixa renda, o que tira recei-ta dos players tradicionais. “Sabemos que existem cópias baratas da gente. Isso é um desafio. O importante é mantermos a qualidade dos nossos produtos”, comenta a vice-presidente de marketing da área de telefones móveis da Nokia, Blanca Juti (leia abaixo a entrevista com a executiva).

Mesmo na gama baixa a Nokia che-gou atrasada em certas tendências importantes, como os aparelhos dual SIMCard. Há mais de dois anos esse tipo de celular faz sucesso em merca-dos emergentes. Samsung e LG foram os primeiros a perceber. A Nokia entrou apenas em 2011. Sobre o atraso, Blanca explica: “Houve muitas razões. Uma delas é que temos um forte rela-cionamento com nossas operadoras

Entretanto, foi adotado em apenas um produto, o N900,

antes de se fundir com o Moblin, sistema operacional móvel da Intel, e se tornar o MeeGo. Novamente, muita esperança e investimento em pesquisa foram deposi-tados em uma nova plataforma móvel que talvez venha ao mundo natimorta. O N9, a ser lançado no fim deste ano, pro-vavelmente será o primeiro e último modelo da Nokia com MeeGo, já que a empresa tomou a decisão de adotar o Windows Phone como plataforma de seus próximos smartphones.

A Nokia também demorou a se acer-tar quanto ao conceito de loja de aplicati-vos. A sua versão, batizada de OVI Store, ainda não faz o mesmo sucesso das concorrentes. Um dos erros foi ter mistu-rado, em seu início, aplicativos com con-teúdos diversos, tais como ringtones e wallpapers. Houve também dificuldades na promoção da loja junto aos consumi-dores e na construção de um modelo de negócios atraente para os desenvolvedo-res. Enquanto os catálogos da App Store (Apple) e do Android Market ficavam cada vez mais cheios de novidades, a OVI Store avançava a passos lentos.

Low endAs ameaças não se limitam ao seg-

mento de smartphones. No mercado de celulares intermediários e básicos, onde a Nokia sempre foi forte, também há pressões. Neste caso, os inimigos vêm

Hartmut Leuschner, analista e editor-chefe de telecomuni-cações da empresa de pesqui-sas OTR Global. “A Nokia perdeu algumas das grandes tendências do mercado, dos aparelhos com flip às telas sensíveis ao toque, passando por tablets e terminais dual SIMCard”, completa o analis-ta. A fabricante tardou a lan-çar seu primeiro modelo touch screen e, quando o fez, optou pela tela com tecnologia resistiva, já ultra-passada e que deixa a desejar em ter-mos de experiência para o usuário, pois nem sempre o toque é captado.

Outro erro apontado por analistas foi ter persistido tanto tempo com o sistema operacional Symbian, enquanto o iOS da Apple e o Android da Google se mostra-vam superiores. “A Nokia não foi capaz de aperfeiçoar sua interface com o usuá-rio. O Symbian S60 não era competitivo”, afirma Nguyen, do Gartner. Desde então, houve várias reviravoltas na estratégia de desenvolvimento do Symbian, o que transmitia ao mercado a impressão de que a Nokia não sabia bem para onde ir. Primeiro a empresa tentou transformar o Symbian em uma plataforma aberta, passando seu controle para uma organi-zação sem fins lucrativos, a Symbian Foundation. Paralelamente, era acelera-da a criação das versões Symbian 3 e Symbian 4, que acabaram sendo adota-das em poucos terminais. Em novembro de 2010 o controle sobre a plataforma voltou para as mãos da Nokia e, alguns meses depois, em 2011, seu desenvolvi-mento foi terceirizado para a Accenture.

Como se não bastassem as idas e vindas do Symbian, a Nokia investia em outro sistema operacional, o Maemo. Este era mais avançado e prometia ser o futuro dos smartphones da companhia.

“a nokia perdeu algumas das grandes tendências do mercado, dos aparelhos com flip às telas sensíVeis ao toque.”Hartmut Leuschner, da OTR Global

2008 - Fechou acordo com a Qualcomm para fim dos litígios judiciais. Lançou o serviço Nokia Comes With Music. Adquiriu a Navteq.

2009 - Lançou o Nokia Life Tools na Índia e na Indonésia; o N900, seu primeiro smartphone com Maemo; o Nokia Booklet 3G,

seu primeiro netbook; e a Ovi Store, sua loja de aplicativos.

2010 - Lançou o N8, primeiro aparelho com Symbian 3. Liberou a navegação gratuita no OVI Maps. Stephen Elop foi escolhido como novo CEO.

2011 - Parceria com a Microsoft para uso do Windows Phone. Corte de gastos, e demissão 4 mil funcionários, lançamento do N9, seu primeiro terminal com MeeGo. Acordo com a Apple para fim dos litígios judiciais envolvendo quebra de patentes.

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20 TeleTime jul_2011

parceiras e a maioria não tinha interesse em dual SIM”.

As consequências pelo acúmulo de erros vieram logo. Junto com a referida queda no market share, as ações da companhia desabaram. Entre 2007 e 2011, a desvalorização foi superior a 70%. Para se ter uma ideia, no dia 1º de outubro de 2007, o papel da Nokia na Bolsa de Nova Iorque fechou cotado a US$ 39,72. Em 1º de julho deste ano, estava valendo US$ 6,39.

No mesmo período, houve reflexos negativos no valor da marca Nokia. Em 2008, ela era a quinta mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 35,9 bilhões, segundo o Interbrands. Em 2010, caiu para a oitava

posição e teve uma desvalorização de 18%, valendo US$ 29,5 bilhões.

Em alguns mercados relevantes, a Nokia perdeu a liderança em market share no ano passado. Foi o caso do Brasil, onde a Samsung tomou a diantei-ra, segundo dados da GfK. O vice-presi-dente de telecomunicações da Samsung no Brasil, Silvio Stagni, lista os fatores que, na sua opi-nião, possibilitaram ultrapas-sar a Nokia: “Fomos os pri-

meiros a lançar Android no Brasil e temos o modelo mais barato com esse sistema operacional, o Galaxy 5, vendido a R$ 399. Além disso, trazemos todos os lançamentos mundiais no mesmo mês para o País.”

ordem na casaEmbora abalada, a Nokia não está

derrotada. Stephen Elop, o novo CEO, foi contratado no fim do ano passado para reverter o cenário negativo e pôr a empresa de volta nos trilhos. Uma de suas primeiras missões é cortar custos. O executivo tem como meta reduzir em 1 bilhão de euros os gastos operacionais anuais da empresa até 2013. Isso inclui medidas drásticas, como a demissão de 4 mil funcionários. Analistas de mercado viram com bons olhos as medidas, lem-brando outros casos de sucesso de revi-ravoltas em empresas de tecnologia nas quais houve troca de CEOs e significativo corte de gastos, como a Xerox, entre 2002 e 2005, e a HP, entre 2005 e 2008.

Como parte das mudanças, especu-la-se que a Nokia poderia vender sua

participação na Nokia Siemens Networks, empresa de infraestrutura de redes móveis. Há propostas de gru-pos de investidores sendo analisadas no momento. A ideia é concentrar seus esfor-ços em telefones móveis.

No segmento de smartpho-nes, o plano de Elop consiste em apostar todas as fichas na adoção do Windows Phone

.:ForNecedoreS

unidades vendidas em

2009

Market share em 2009 (%)

unidades vendidas em 2010

Market share em 2010 (%)

unidades vendidas no

1º tri de 2011

Market share no 1º tri de 2011 (%)

nokia 440,88 36,4 461,31 28,9 107,56 25,1

Samsung 235,77 19,5 281,07 17,6 68,78 16,1

LG 121,97 10,1 114,15 7,1 24 5,6riM 34,35 2,8 47,45 3 13 3apple 24,89 2,1 46,6 2,9 16,88 3,9Sony ericsson 54,96 4,5 41,82 2,6 7,92 1,9Motorola 58,48 4,8 38,55 2,4 8,79 2,1ZTe 16,03 1,3 28,77 1,8 9,83 2,3HTC 10,81 0,9 24,69 1,5 9,31 2,2Huawei 13,49 1,1 23,81 1,5 7 1,6outros 199,62 16,5 488,57 30,6 154,77 36,2Total 1.211,24 100 1.596,8 100 427,85 100

A Nokia em númerosreceita com celulares*

(em bilhões de euros)

Lucro operacional da unidade de celulares (em bilhões de euros)

nº de celulares enviados para lojas e operadoras

(em milhões)

2004 18,51 3,79 207,72005 20,81 3,6 2652006 24,77 4,1 347,52007 25,08 5,43 4372008 35,01* 5,81 4722009 27,85 3,31 431,82010 29,13 3,3 452,9

*A partir de 2008 as áreas de terminais e de multimídia foram unidas em uma unidade batizada de “Terminais e serviços”. Fonte: Nokia.

“o maior erro da nokia foi sua falta de habilidade de ser

competitiVa no segmento high end.”Tuong Nguyen, do Gartner

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Fonte: Gartner.

O mercado mundial de celulares (em milhões)

jul_2011 TeleTime 21

A Nokia divide seu portfólio de telefo-nes celulares em dois grandes grupos: smart devices e mobile phones. O primei-ro é composto por smartphones, com sistema operacional Symbian S60 ou superior. Os aparelhos de gama baixa e média e com preços de até 100 euros ficam concentrados na unidade de mobi-le phones. Blanca Juti, vice-presidente de marketing da unidade de mobile phones, falou à TELETIME sobre os planos da Nokia para esse segmento.

Teletime - a nokia está passando por um momento difícil. Qual é a sua avalia-ção da performance da empresa nesse segmento de gama baixa e média?

blanca juti - Tradicionalmente so -mos fortes nesse segmento. Estamos nele desde o começo. O que é fantástico é que Stephen Elop (CEO) reconhece a impor-tância desse mercado. Ele rearrumou a Nokia em três pilares: Nokia com Windows; o próximo um bilhão de pes-soas conectadas; e tecnologias futuras. Esses são os três caminhos que vamos seguir. Isso dá visibilidade à nossa unida-de, mas também nos pressiona.

no brasil, há forte competição por parte de celulares vendidos no merca-do negro, sem marca, geralmente con-trabandeados. Como a nokia está lidando com esse problema?

Sabemos que existem cópias bara-

tas da gente. Isso é um desafio. O importante é mantermos a qualidade dos nossos produtos. Nos mercados aonde vou, os consumidores dizem que preferem comprar um produto com mais qualidade, mesmo que custe mais caro. O celular é algo em que investem boa parte de sua renda, portanto, é algo que querem que dure.

a margem no segmento de gama baixa é pequena. Por isso, alguns fabricantes optaram por trabalhar apenas no high end, como Sony ericsson e Motorola. a nokia poderia seguir o mesmo caminho?

Isso não passa pela nossa cabeça. Vemos vantagem em ter escala e forte presença de marca. Mas é um segmento difícil e precisamos ser ágeis.

a nokia demorou muito a lançar seu primeiro modelo com dual SiMCard. Por que isso acon-teceu?

É verdade. Houve muitas razões. Uma delas é que

temos um forte relacionamento com nos-sas operadoras parceiras e a maioria não tinha interesse em dual SIM. Agora, em alguns mercados, as teles até gostam. Na Índia, percebemos que se não entrásse-mos perderíamos uma grande parcela do mercado. Lá, na faixa entre US$ 30 e US$ 35, 70% do mercado é dual SIM. No resto do mundo não chega a tanto, mas é um grande fenômeno na Ásia e agora está chegando à África. Na América Latina, é uma tendência mais restrita ao Brasil até agora. Sobre o lançamento na Índia, rece-bo mensagens a cada meia hora de nossa equipe lá dizendo que as pessoas estão adorando. O que elas veem de bom é o fato de ter o nome da Nokia. Elas estavam esperando por um Nokia dual SIM.

no brasil, há celular com três ou mesmo quatro entradas para SiMCards. a nokia não planeja um aparelho com mais de duas entradas?

Essa não é a ideia no momento. O foco está na faci-lidade de trocar de SIMCard no mesmo aparelho. No Nokia X1 você pode trocar o SIMCard sem desligar o dis-positivo. Chamamos isso de “easy swap”. Estamos focados em oferecer uma experiência fácil e simples.

Fernando Paiva

O desafio do bom e barato

“sabemos que existem cópias baratas da gente. isso É um desafio.”

Blanca Juti, da Nokia

como sistema operacional. Um dos argumentos para ter preterido o Android foi que já havia muitos fabricantes liga-dos à plataforma da Google e, portanto, a Nokia não agregaria tanto valor. Com o Windows Phone, a parceria é benéfica para ambos os lados: a Nokia trará escala para o OS da Microsoft que, por sua vez, dará um desconto significativo no preço de licenciamento para a Nokia. A decisão foi recebida com algum ceti-cismo pelo mercado. “Será um caminho difícil. É como um casamento: leva tempo para se ajeitar”, comenta Nguyen, do Gartner. Leuschner, da OTR Global, critica: “Talvez tivesse sido melhor adotar o Android no curto prazo e focar no Windows Phone no longo prazo”. Ele reconhece que a Microsoft possui ativos valiosos que podem ser

integrados com sua plataforma móvel, como o Xbox e o Bing.

Mas pelas previsões da Pyramid, a escolha pode ter sido acertada: a empresa projeta que o Windows Phone será o sistema operacional líder de mercado já em 2013.

Há mudanças à vista também na OVI Store. A loja trocará de nome, adotando a marca Nokia. A principal estratégia tem sido fechar acordos com as teles, para oferecer a cobrança através da conta tele-fônica. Tais acordos levaram tempo para serem negociados, mas começam a surtir efeito, principalmente em mercados emergentes, onde a penetração de cartão de crédito é baixa. Em junho a OVI Store alcançou a marca de 6 milhões de down-loads por dia, o que representa um cresci-mento de 300% em 12 meses. A loja tem

acordos de billing com mais de 120 ope-radoras ao redor do mundo.

Enquanto isso, a Nokia quer manter sua liderança nas gamas baixa e média. Para esse público, a fabricante divide seus aparelhos em três tipos: dual SIMCard, “toque e tecle” (terminais com tela sensível ao toque e teclado numérico tradicional), e qwerty (termi-nais com teclado alfanumérico comple-to), lista Blanca.

Para analistas, a Nokia continuará a perder share este ano e provavelmente no começo de 2012. Os efeitos da nova estratégia aparecerão em meados do ano que vem e se espera que sejam positivos. Caso contrário, o destino pode ser a venda da empresa. Ou, quiçá, trocar de ramo, como a Nokia fez outras vezes em seus mais de 130 anos de vida.

Fórum

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O Fórum de Saúde Digital discutirá a eficiência na cadeia de valor da saúde, que envolve a gestão hospitalar, troca de informações e transações entre hospitais, operadoras de saúde e laboratórios de análises clínicas, tanto para a área privada quanto pública, que exige uma série de procedimentos legais e de compliance.

Outro importante tema será o mobile health, onde soluções e integração com dispositivos móveis (tablets) estão cada vez mais sendo adotadas para administração de pacientes, serviços de home care e de atendimentos de emergências. Vai abordar ainda a integração dessas tecnologias com a de exames clínicos e laboratoriais.

Novas iniciativas de segurança e privacidade dos pacientes também estão em implantação, com uso de certificação digital.

O Fórum Saúde Digital também, abordará a gestão de documentos (paperless hospital), prontuário eletrônico do paciente, rastreabilidade de medicamentos, business intelligence, infraestrutura, soluções de relacionamento com pacientes e redes sociais para a área de saúde.

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INSCRIÇÕES: 0800 7715028 [email protected] PARA PATROCINAR: 11 [email protected]

MICHELE O’CONNOR é diretora sênior da prática de Healhtcare e Chief Privacy Officer da IBM. Tem mais de 15 anos de experiência em sistemas de informação de saúde, tanto em setores públicos como privados. MPA (Master Public Administration) pela Health Services Administration da Fairleigh Dickinson University (EUA). Professora convidada da AHIMA - American Health Information Management Association, onde já foi presidente em New Jersey e hoje atua como uma das lideres da entidade. Autora de vários artigos e apresentações sobre tópicos relevantes para profissionais de Sistemas de Informações de Saúde.

ENTRE OS DIVERSOS PALESTRANTES, ESTE ANO O EVENTO TRAZ A KEYNOTE SPEAKER DA IBM

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A TIM é a operadora de telefonia móvel brasileira que mais ino-vou em termos de planos de serviço, ao oferecer a possibili-

dade de o usuário pagar apenas pelo primeiro minuto e usar a rede por horas. A introdução do Infinity Web, uma opção pré-paga para acesso de baixo custo à Internet, é um fato comemorado por Luca Luciani, presidente da operadora, nesta entrevista exclusiva. Ele também destaca a importância que o Nordeste desempe-nha hoje nos planos de expansão da ope-radora, além da redução da VU-M. A recém-anunciada compra da AES Atimus, por R$ 1,6 bilhão, é mais um passo desta estratégia.

TeLeTiMe Como você avalia o desempenho da TiM nos últimos meses?

Luca Luciani Somos a empresa que tem crescido mais na Bolsa este ano. Crescemos 41% no primeiro semestre, que por coincidência é nosso código de longa distância. Esse crescimento decor-re do turn around que fizemos de popula-rizar o serviço, de um lado, e crescer na longa distância com o código 41.

a aposta da TiM nos últimos anos foi no básico, na operação de telefonia. a marca da TiM é ser uma operadora de apelo popular?

Se a gente vendesse um produto de luxo, chamar de popular seria uma coisa negativa. Mas como temos um produto de massa fundamental, como é hoje impossí-vel pensar o mundo moderno sem celu-lar, ser popular é alavancar as possibili-dades das pessoas. Nesse sentido, para mim, ser popular é a melhor coisa que existe. E, de verdade, esse foi o nosso DNA. Trouxemos o GSM com o roaming internacional, com o fim da clonagem, foi uma inovação incrível que a TIM trouxe, popularizou o chip, o roaming.

o que mudou, me parece, foi o estí-mulo ao uso do telefone. essa segue sendo a prioridade?

Foi transformar o recebedor em cha-mador. Essa é a missão que a gente tem.

Pegar a tecnologia e levar isso para todos, em voz, DDD, Internet, serviços adicio-nais e construir uma comunidade. O tele-fone móvel é um negócio de massa.

Houve algum modelo em que vocês tenham se inspirado? Porque a TiM foi no caminho oposto em relação às outras, que estavam priorizando o aumento do arPu e serviços mais caros.

Tomamos essa decisão porque já tínhamos vivido essa onda. Quando no começo de 2009 falávamos que o core era mais importante do que o roll-out do 3G, muitas pessoas entenderam que aquilo era um second best. Mas não foi isso. Fomos a primeira empresa na Europa a lançar 3G e já tínhamos vivido tudo aqui-

quando no começo de 2009 faláVamos que o core era mais importante do que o roll-out do 3g, muitas pessoas entenderam que aquilo era um second best.”

lo. Sabíamos que a componente core, de voz, era a mais importante. Ainda hoje, muitos anos depois do GPRS, EDGE, 3G, a receita de voz ainda é 75% das operado-ras na Europa. E se tirar os SMS, dados cai para 20% das receitas. No melhor dos casos, vai chegar a 30%. Ou seja, o negó-cio é, ainda, a componente da voz. Não nos inspiramos em ninguém, porque nin-guém estava fazendo isso. Estávamos só olhando os mercados maduros. Hoje, algumas operadoras copiam nosso mode-lo de negócio, que é venda de serviços por um lado e venda de produto desbloquea-do por outro. Nós inventamos isso porque vimos que o Brasil é grande, com muita demanda reprimida e onde as pessoas queriam falar muito. O consumo médio no Brasil era de 80 minutos por mês, contra 300 minutos no mundo. Aquela era a transformação que a gente tinha que acompanhar. Hoje temos 128 minu-tos por linha por mês.

vocês sentiram a falta de backhaul quando lançaram o 3G e agora existe um problema de rede que começa a aparecer, inclusive com decisões judi-ciais suspendendo as vendas em alguns locais no nordeste. São os efeitos nega-tivos desse crescimento?

Quero deixar claro que não existem aspectos negativos, e quero esclarecer umas coisas sobre essa questão da qua-lidade que você fala. Como a gente investiu de forma pesada na capacidade da rede 2G, temos a melhor rede do Brasil. Se olharmos as metas de rede da Anatel, temos 100% das metas ao longo de muitos meses, e mesmo com um crescimento de 11 milhões de clientes no ano, 128 minutos por mês por linha, mantemos a melhor qualidade pelos parâmetros da Anatel, pelas reclama-ções em call center, em que não houve crescimento, reclamações nos Procons,

Caminhos diferentesCom uma estratégia comercial agressiva e uma política diferenciada de roll-out, a TIM colhe os frutos de sua ousadia e, segundo seu presidente, se orgulha de ser popular.

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Luca Luciani

Samuel Possebon [email protected]

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que caíram 10% no ano de 2010. São 190 mil reclamações no nosso call cen-ter, para uma base de 55 milhões. E dessas reclamações só 9 mil são recla-mações de rede. Na Anatel há 1,5 mil reclamações de rede, e no Procon, 50. Os números não mostram um problema de rede. O que cresce é uma reclama-ção na Anatel sobre cobranças, que são 48% das ligações. Há situações mais complicadas no interior do Nordeste e Norte, onde somos como uma incum-bent, a principal operadora, sendo que não somos a concessionária. Depois tem a dispersão geográfica, e a cobertura nem sempre é suficiente.

nesses locais vocês são cobrados como se fossem a operadora fixa, é isso?

Isso. Do ponto de vista legal, não temos essa obrigação de cobertura, mas na percepção do cliente sim, então tere-mos que atender. Existem situações limi-tadas de qualidade de rede por conta da cobertura ainda insuficiente.

o que esse processo de cresci-mento da TiM mostrou sobre a realidade brasileira?

Acho que o Brasil está agora mostrando a sua realidade e sua possibilidade, para crescer três, cinco vezes em relação há alguns anos, sobre-tudo no Nordeste e Norte, que têm um crescimento de classe C e do PIB muito forte. Para acompanhar esse desenvol-vimento, temos que investir muito, investir mais. Investimos 45%, 50% da nossa capacidade no Nordeste e no Norte. Nos últimos dez anos essa região sofreu de falta de investimento geral. Não tinha infraestrutura de transmis-são compartilhada, a capilaridade era limitada. Agora temos que recuperar esse atraso. No País temos 11 mil ante-nas, 33 mil células. O Nordeste tem 5 mil células, excluindo Bahia e Sergipe. O Norte tem 2,4 mil células. A ideia é dobrar a capacidade de rede dessas regiões em dois anos.

no Sul vocês têm uma participação muito pequena. existe um plano?

Sim, porque se olharmos nossa situa-ção de participação total, é uma área com atraso. Em São Paulo tivemos um cresci-mento incrível na capital, mas tem espaço no interior. No Rio crescemos muito. O Rio Grande do Sul é o que está mais sofrendo, e para mudar colocamos uma regional dedicada; estamos investindo na cobertura e na rede comercial.

Como você sustenta um crescimento e rentabiliza o investimento na rede fazendo com que as pessoas falem muito tempo e pagando só o primeiro minuto?

Na realidade, temos um equilíbrio de três coisas com esse modelo. O consumi-dor ganha porque pode falar mais. Antes do Infinity, a duração média da chamada era de 46 segundos. Hoje é de 5 minutos, gastando um pouco mais do que gastava, mas agora tem longa distância, o que até um tempo atrás era inacessível ao usuá-rio de pré-pago. O segundo ganho é o nosso, porque antes só o pós-pago fazia DDD, e o pré-pago só recebia. Com o con-ceito de um País, uma tarifa, ganhamos a longa distância. O terceiro ganho é do setor, que tendo quatro ou cinco operado-ras não ganha valor com as estratégias tradicionais de subsídio, queda de tarifas. O que dá valor é trazer a longa distância. Quem pagou esse modelo nosso foi a rede fixa, que estava sentada numa posição confortável na longa distância,

sem concorrência. Transformamos o que era um mercado fixo-fixo em um mercado móvel-móvel. A longa distân-cia se tornou parte da telefonia móvel. Temos 50% a mais de tráfego de longa distância do que a Embratel e a diferen-ça segue aumentando.

a reação dos concorrentes não está mudando isso?

Se olharmos o setor de telecomuni-cações, as receitas são 50% móvel, 50% fixo. A tendência é que o País passe a ter mais receita móvel e que a relação fique 70/30, e boa parte disso vem da longa distância.

vocês têm levantado a bandeira da abertura das redes de transmissão. Por que isso é tão importante para a TiM? não valeria investir mais em rede própria?

Isso é fundamental para criar compe-tição. Aquela questão de qualidade de que falamos passa por isso também. Abrir as redes de transmissão, que são monopólios naturais, construídas com a contribuição dos clientes em regime de concessão, oferece a possibilidade de reduzir os gastos. Possibilita a necessi-dade de duplicar investimentos em rede.

Compramos a Intelig com 15 mil quilô-metros de rede, trocamos capacidade com Embratel e Oi e hoje temos 28 mil quilômetros. Para ter uma infraestrutu-ra boa de banda larga, todos precisam investir mais. É um absurdo que nós estejamos compartilhando nossa rede com todas, mas ainda não haver um processo de compartilhamento estrutu-rado de rede existente, no atacado. Se isso acontecer, o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) acelera, o rendimento total do setor cresce, o investimento cai em um terço, e quem ganha é o cliente. Todas as empresas que usam a grande estrutura construída no regime de con-cessão precisam ter garantias de quali-dade, precisam ter garantias de expan-são dessa rede e um custo daquela linha adequada a uma situação competitiva.

você acha que a reclamação da TiM está fazendo algum efeito? o cenário está mudando?

Muito mais do que nosso esforço é a pressão da deman-da reprimida por Internet. Ter um País com 26 milhões de pessoas que usam a Internet sem acesso próprio, que preci-sam ir a Lan-houses etc,

pagando R$ 1 por hora, é uma pressão terrível. O processo de abertura é uma forma inevitável de evolução de um setor que precisa oferecer Internet para todos.

Se vocês não tiverem essa abertura, vão construir a rede necessária?

Sem dúvida, e isso já está sendo feito. Assim como estamos fazendo consórcios com outras empresas para construir redes compartilhadas. Da nossa parte serão 4 mil quilômetros de rede compar-tilhada. Vamos construir 2 mil quilôme-tros de rede no interior da Amazônia e chegar até Manaus, e vamos comparti-lhar isso com outras operadoras. É uma fibra de 75 pares, com uma capacidade incrível, que fica pronta em 18 meses. Se ganharmos a disputa da AES Atimus (a entrevista foi dada antes da aquisição), teremos uma rede ainda maior em São Paulo. A postura de não compartilhar, de fechar o mercado de atacado, não pode prevalecer.

e o compartilhamento da infraestru-tura de acesso?

Vamos ampliar muito a cobertura de 3G, passando de 2 mil municípios nos próximos 20 meses. Além disso, tam-bém podemos compartilhar a rede de

nossa filosofia É coerente: qualquer coisa que pode compartilhar nós Vamos fazer. mVno É um exemplo. a intelig Já está alugando capacidade.”

26 TeleTime jul_2011

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o plano infinity Web é uma iniciativa nesse sentido?

A ideia foi de popularizar a Internet no pré-pago, por R$ 0,50 ao dia. É o maior programa de massificação de Internet no País. Temos hoje só no Infinity Web 8,5 milhões de usuários ativos. É um crescimento da ordem de 40% em seis meses. Isso será um case tão importante quanto a invenção do pré-pago, tenho certeza. E o mais impressionante é que a cada duas novas linhas de pré-pago, uma tem o Infinity Web. As duas concessioná-rias, Oi e Telefônica, têm menos de 8 milhões de usuários de banda larga fixa. O Infinity Web passa as duas. Somando os clientes pós-pagos, vamos a 11 milhões de clientes de Internet. E esses usuários ficam conectados muito tempo porque estão sempre ligados a redes sociais, o que é ótimo, porque o tráfego é baixo.

e o mercado de smartphones e tablets, qual a perspectiva para vocês?

A Vodafone declarou outro dia que a base de smartphone cresceu oito pontos percentuais em dois anos. A gente está crescendo isso em seis meses. Se olhar-mos o Globalmatrix da Merryl Lynch,

vemos média de 15% de penetração de smartphones em 2011. Queríamos passar de 18% no fim do ano, mas já chegamos nisso. E temos 85% dos clientes de smart-phones com pacote de dados, contando os que têm o Infinity Web. Temos smartpho-nes para a faixa médio-alta, mas a grande força são os smartphones de entrada, que estão chegando a R$ 200. Essa experiên-cia a gente trouxe da Ásia. Tudo com zero subsídio. O desconto no aparelho vem da escala com que compramos, de um milhão de handsets por mês.

o modelo de negócios da apple, agora replicado pelo Google, agrega alguma coisa para o operador móvel?

Temos que olhar de duas maneiras. De um lado, eles estão popularizando muito o conceito de Internet pelo celular, fazendo as pessoas usarem mais. Mas temos que fazer uma reflexão sobre o

impacto que isso tem na rede, porque existe um desafio. Acredito que haverá uma nego-ciação para que esse uso intenso da rede seja remunerado.

a entrada da apple e do Google fez a TiM mudar a estratégia de Serviços de valor adicionado?

O mercado de VAS é muito importan-te. O mundo do conteúdo vai ter um impacto forte, isso já está acontecendo. Redes sociais, mesma coisa. É impossí-vel ter um operador móvel que só vive de Internet, pois a voz é preponderante no mundo todo, exceto no Japão. Acreditamos que a grande força do desenvolvimento será a substituição do acesso fixo pelo móvel. A Internet será complementar. Temos como chegar a 30% da receita com dados e VAS depen-dendo do crescimento.

Por fim, não posso deixar de pergun-tar sobre interconexão. vocês ainda são dependentes da vu-M?

Não, na verdade não. A componente EBITDA dependente de interconexão era perto de 45% há dois anos. Agora é pouco mais do que 20%, a metade. Temos uma situação equilibrada como móvel puro. Tem que abaixar a VU-M? Sim, assim como tem que cair o custo de uma linha alugada no atacado. Tem que haver proporcionalidade. Tudo tem que ser junto: criar o mercado do ataca-do, baixar regras de qualidade e redu-zir a carga tributária.

acesso. Não estamos querendo compar-tilhar para cobrir o gap que hoje temos. Temos 11 mil antenas no País, mas precisamos de 30 mil antenas. Então a necessidade é muito grande e compar-tilhar faz sentido. Claro que isso precisa ser feito de forma simétrica, na qual os dois lados ganhem.

vocês não têm mostrado nenhuma resistência ao modelo de Mvnos, muito pelo contrário. a TiM aposta nesse mercado?

Nossa filosofia é coerente: qualquer coisa que pode compartilhar nós vamos fazer. MVNO é um exemplo. A Intelig já está alugando capacidade.

esse mercado de operadoras móveis virtuais pode ser rentável?

Acho difícil. Para nós sim, mas para uma MVNO, só se ela trouxer uma tec-nologia adicional, porque só para voz acho que não viabiliza. A pressão das margens é muito grande. Na Itália tem hoje 15 ou 20 casos de MVNO, mas o único grande é o correio, a Posta Italiana. Estamos conversando com o Ministério das Comunicações, como parceiros privile-giados do governo, e estamos acompa-nhando essa questão do compartilha-mento da infraestrutura e de um mode-lo de operador virtual para os Correios, e isso está avançado.

Como você avalia o acordo das con-cessionárias com o governo para a banda larga popular?

Acho que ainda não existe no con-trato um capítulo sobre como desen-volver o PNBL no futuro. Acho que essa discussão ainda demora um tempo. Mas vamos desenvolver com a Telebrás um produto de banda larga popular, estamos finalizando as con-versas. Vamos oferecer aquilo que for objetivo do governo. Há um ano, quan-do as concessionárias foram para a Justiça, nós não compartilhamos daquela visão. Essa postura de defesa não dá. A exigência do governo é muito importante, e temos que resolver isso. Se o sindicato não vai nesse caminho, nós vamos. Se o setor compartilha infraestrutura de base e oferece com-petição, dá para oferecer banda larga de 1 Mbps a R$ 35. Com essa visão é que nós assinamos com a Telebrás. Assim como oferecemos a voz para todos, vamos fazer isso para a Internet.

temos hoJe só no infinity web 8,5 milhões de usuários atiVos. as duas concessionárias, oi e telefônica, têm menos de 8 milhões de usuários de banda larga fixa.”

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28 TeleTime jul_2011

A TV por assinatura está em crise existencial em seu principal mercado, os EUA. E o maior sintoma disso é que a palavra mais

pronunciada durante o Cable Show, rea-lizado em junho em Chicago, foi NetFlix, cujo conceito operacional e crescimento vertiginoso, ao lado de outros serviços over-the-top (OTT), estão causando o maior estrago já visto nas mais de seis décadas desse mercado de cabo nos EUA. Apenas para contextualizar quem não é familiarizado com o cenário, o Cable Show é o maior evento de TV por assinatura do mundo, organizado há 60 anos pela NCTA, poderosa associação de TV a cabo norte-americana. O encon-tro reúne os principais grupos de mídia e os principais operadores e programa-dores de TV paga dos EUA.

Só a indústria de cabo fatura US$ 24 bilhões ao ano, sem contar pro-gramadores, fornecedores e operadores que operam em outras tecnologias. O cabo tem 65% do mercado de TV paga dos EUA (que por sua vez chega a 95% dos lares norte-americanos), e 60% do mercado de banda larga.

Já a NetFlix é uma empresa que em 2010 faturou US$ 2,1 bilhões, e tem como principal negócio o aluguel de con-teúdos. Começou como uma locadora de DVDs por correio, e hoje é pioneira na distribuição digital para PCs e, principal-mente, por meio de dispositivos conecta-dos, como televisores ligados à Internet, aparelhos de DVD e Blu-ray conectados, media centers e consoles de videogames. A NetFlix tem cerca de 23 milhões de clientes, que pagam US$ 8 ao mês para terem acesso ilimi-tado a filmes e episódios de TV. A NetFlix cresceu quase 3,5 milhões de clientes ape-nas no primeiro trimestre de 2011, enquanto as operado-ras de TV a cabo perdem assinantes seguidamente há dez anos, seja pela competi-ção com a TV paga via satéli-

te (DirecTV e Dish), pela disputa com empresas de telecomunicações e, agora, com a NetFlix.

novo modeloMais do que uma disputa pelo bolso

do consumidor, o que a NetFlix trouxe para o mercado norte-americano ao passar a distribuir conteúdos online foi um novo modelo de negócio, que apa-rentemente está agradando mais ao consumidor do que o tradicional mode-lo de TV por assinatura. Em lugar de contratar pacotes de canais, o usuário paga pelo conteúdo que quer ver, sob demanda. É claro que não são ainda modelos excludentes, já que a NetFlix não transmite eventos ao vivo de peso (esportes e notícias). Mas para o conteú-do “frio”, que pode ser assistido a qual-quer momento, como séries e fil-

mes, o modelo parece estar se sobre-pondo bem ao modelo tradicional. E para piorar, o intenso tráfego de dados na Internet gerado pela distribuição dos conteúdos da NetFlix está pesando dire-tamente sobre as redes de banda larga, boa parte delas operada pelas empre-sas de cabo.

Esse cenário tem gerado uma incer-teza latente sobre o futuro do modelo de TV paga nos EUA. Quem melhor sinte-tizou a situação foi o CEO da Cox, Patrick Esser, durante o debate de aber-tura do Cable Show 2011. “Nós criamos esse caos ao criar uma plataforma de banda larga. Esse caos cria oportunida-des. Temos que buscar novos modelos de negócio, os que já existem e os que não existem. Mas infelizmente não con-trolamos tudo. Só controlamos uns 60%

do que acontece nesse ambiente, e o resto não está conosco”, disse, ao comentar o fato de que a própria banda larga tra-zida pelos operadores de TV a cabo é quem mais está abrindo a oportuni-dade para empresas como Google, Amazon, Apple, NetFlix, Facebook e outras se tornarem pro-

.:tV Por aSSiNatura Samuel Possebon, de [email protected]

Cabo em crise (nos EUA)Modelo de TV por assinatura fica em xeque com a chegada de plataformas online de distribuição, como NetFlix. Debates entre programadores e operadores por novos modelos de empacotamento e menores custos ganham força.

Liz Claman, âncora do Fox Business Network, discutiu estratégias para futuro com os principais executivos da Comcast Cable Communications, Cox Communications, Viacom, News Corporation, Time Warner Cable e Time Warner.

“nós geramos esse caos ao criar uma plataforma de banda larga. esse

caos cria oportunidades. temos que buscar noVos modelos de negócio, os que Já existem e os que não existem.”

Patrick Esser, da Cox

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jul_2011 TeleTime 29

financeiros de TV paga. Mas para os principais executivos da indústria, esse fenômeno está mais ligado à recessão norte--americana e à diminui-ção no número de domi-cílios do que a uma mudança de hábito.

Para Glenn Britt, CEO da Time Warner Cable, “a quantidade de

pessoas que está se desconectando para pegar o conteúdo pela Internet é quase imensurável”, disse ele. Para Patrick Esser, da Cox, a explicação para a perda de base da TV a cabo registrada nos EUA, sobretudo no ano de 2010, é apenas a economia. Segundo ele, a economia está em um ambiente diferente de cinco anos atrás. “Isso afeta a disposição de gasto do consumidor”. Para Britt, da Time Warner Cable, nunca o mercado nor-te-americano viu um percentual tão grande de casas vazias em função da recessão. “E nosso negócio é conectar lares, então a perda de base era inevi-tável”, disse. Pode até ser que eles tenham razão, mas o tema preocupa. “Dois anos antes da crise de 2008, os bancos diziam que apenas 2% dos clientes de hipotecas estavam inadim-plentes e que 98% eram bons pagado-res. Mas era só o começo da crise imobiliária”, lembrou a jornalista Liz Claman, da Fox News Business.

Um outro motivo de preocupação dos operadores de cabo é que os dis-positivos domésticos estão ficando cada vez mais conectados e capazes de reproduzir conteúdos online. Brian Roberts, CEO da Comcast, não acredi-ta que o principal ponto de contato entre o operador e o consumidor, que é o set-top box, vá desaparecer e ser substituído por um simples aplicativo na TV, sem a necessidade de um inter-mediário. “O set-top continua necessá-rio para entregar o conteúdo de TV, ainda mais com o desejo crescente dos usuários pela possibilidade de grava-ção (DVR). O que acontecerá é que ele deve ser menor e mais barato com o tempo”, disse.

Pelo sim, pelo não, a corrida dos operadores de cabo é por ter alternati-vas a esse possível novo hábito de consumo por demanda que está sur-gindo. Mas para operadores de cabo, que há décadas oferecem seus conteú

100% focados em programação, pen-sando no consumidor”.

Não foi o que fez a programadora Showtime, que retirou os conteúdos da NetFlix quando se viu ameaçada por uma atuação concorrente, e não apenas de distribuição. Para Jeffrey Bewkes, CEO da Time Warner Inc. (programadora), a NetFlix está clara-mente inserida no contexto do mode-lo já conhecido de subscription VOD. “Isso existe em muitas plataformas de TV por assinatura, mas é fato que eles oferecem algo que o consumidor quer, o que é adequado para quem

não consegue pagar uma taxa de pro-gramação constante. Mas não ofere-cem conteúdos locais, o que o cabo oferece”, argumentou.

“O que as empresas de software como Apple e Amazon estão fazendo é buscar uma distribuição de conteúdos multiplataformas. É isso que precisa-mos fazer também”, disse Neil Smit, CEO da Comcast.

Cable cuttersOs operadores de TV a cabo ainda

desdenham da possibilidade de que alguns consumidores estejam optando por desconectar seus serviços de TV a cabo para ficar apenas com a banda larga, pela qual têm acesso às platafor-mas de conteúdos digitais. O fenômeno, chamado de cord cutters, ou cable cut-ters, foi identificado em algumas pes-quisas e é preocupação de analistas

vedoras relevantes de conteúdos para o consumidor final.

Confrontados com esse novo modelo de negócios, em que os conteúdos são vendidos individualmente e não mais em pacotes, e pressionados a dar uma resposta semelhante, os operadores de TV a cabo passaram a pressionar justa-mente os programadores para rever o modelo. Se para os programadores questões que no passado assustavam deixaram de ser um problema, como conteúdos gerados pelo usuário ou frag-mentação da audiência, por outro começou uma forte pressão pela redu-ção dos custos do conteúdo.

“O que a NetFlix oferece é um con-teúdo barato que as pessoas querem. É sem dúvida uma grande aplicação de banda larga, que realmente exige nossa infraestrutura e para nós é bom que as pessoas precisem da nossa rede”, disse Robert Marcus, COO da Time Warner Cable. Para ele, o conteú-do da NetFlix não compete ainda com a TV paga, pois não tem a mesma janela de conteúdo nem a programa-ção ao vivo e de esportes. “No momen-to em que os nossos conteúdos tam-bém forem distribuídos pelo NetFlix, eles terão que pagar os preços que nós pagamos, e não vão conseguir manter o mesmo modelo”, disse.

Modelo sólidoPara Philippe Dauman, CEO da

Viacom, o quadro, ainda assim, é posi-tivo: “A televisão é a fundação dos modelos que temos hoje, os programa-dores continuam com um papel funda-mental em engajar e envolver os con-sumidores”, disse, referindo-se à demanda ainda crescente por conteú-dos originais e de qualidade. Sobre a relação com os operadores, Dauman disse: “as duas partes da nossa indús-tria, programadores e operadores, fizeram a torta crescer, e estaremos juntos daqui para frente”.

Hoje empresas de distribuição digi-tal como NetFlix e Apple dependem do conteúdo dos grandes estúdios, mas recentemente sinalizaram, sobretudo a NetFlix, a possibilidade de criar conteú-dos originais. Para a Viacom, essa sina-lização não preocupa. “NetFlix é um serviço de acervo com quem temos uma relação de distribuição. A progra-mação original não é o negócio princi-pal deles e não é algo simples para eles fazerem. Da nossa parte, estamos

a netflix cresceu quase 3,5 milhões de clientes no primeiro trimestre de 2011, enquanto as operadoras de tV a cabo perdem assinantes há dez anos.

“o set-top continua necessário para entregar

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deVe ser menor e mais barato com o tempo.”

Brian Roberts, da Comcast

30 TeleTime jul_2011

dos empacotados e cobram muito por isso, mudar de paradigma não é sim-ples. A começar pela relação comercial com os programadores, que é baseada nesses modelos tradicionais.

“O conteúdo não vai ficar mais barato”, alertou o presidente e COO da programadora Starz, Bill Myers. “Com todas as mudanças que aconteceram nos últimos anos, uma coisa não mudou, que foi a necessidade de inves-

tir e aprimorar a programação de qua-lidade”, completou. Para ele, o desafio agora é encontrar uma forma de tornar esse conteúdo rentável em mais de uma plataforma. Bridget Baker, presi-dente da unidade de distribuição de TV da NBC Universal, concorda. Para ela, conteúdos de grande valor, como espor-tes e conteúdos em alta definição, são caros e não devem ficar mais baratos. “O que tende a cair de preço é o uso das

bibliotecas de conteúdos”, disse. A NBC Universal tem sido criticada pelos ele-vados preços pagos pelos direitos esportivos, sobretudo Jogos Olímpicos. Para Baker, esses valores se justificam. “Esses grandes eventos esportivos são uma oportunidade única de colocar milhões de pessoas em frente à TV ao mesmo tempo para uma experiência completamente única, e isso tem o seu preço”, justificou.

.:tV Por aSSiNatura

Se a indústria de cabo dos EUA vive um período complicado, em que os novos modelos de distribuição digital são um desafio aos operadores tradi-

cionais e à manutenção do modelo de TV paga tradicional, baseado em gran-des pacotes de canais, no Brasil o deba-te é esse e mais um pouco.

Por aqui, há vários anos já se ques-tiona, junto a programadores, o mode-lo de pacotes de canais cada vez maio-res e os custos de programação. Nos próximos dois anos, essa discussão deve se intensificar, porque a maior operadora de TV a cabo brasileira, a Net Serviços, começa a negociar a renovação de seus principais contra-tos de programação. Esse processo coincide justamente com o momento em que a Net e outras operadoras bus-cam alternativas de distribuição não--linear, como vídeo sob demanda e distribuição pela Internet. Mas coinci-de também com o momento em que as empresas de telecomunicações bus-cam se posicionar para entrar no mer-cado de cabo.

Quem está sofrendo com essa situ-ação, segundo fontes de mercado, é a GVT, que pretende entrar na TV por assinatura com um modelo pioneiro de empacotamento, muito mais flexível e próximo de uma venda de canais indi-vidualizada. Segundo apurou esta reporta-gem junto a progra-madores, as linhas gerais até avança-ram, mas está com-plicado fechar os contratos, ainda que

a GVT assegure ter 90% de seus acor-dos firmados. Nos 10% que faltam está justamente a dificuldade de acertar a vida com a Globosat, maior programa-dora brasileira e responsável por alguns dos conteúdos mais prestigia-dos, como os eventos esportivos.

A mesma coisa tende a acontecer com Oi e Telefônica no momento em que estiverem liberadas para entrar no setor de TV a cabo. Com a iminência de aprovação no começo de julho do PLC 116/2010, que cria novas regras para o mercado de TV paga, a entrada das teles no setor de cabo deve ser sacra-mentada e então as empresas de telefo-nia precisarão se posicionar com uma alternativa competitiva às ofertas tradi-cionais existentes hoje.

Esse deve ser um dos primeiros desafios de Francisco Valim, futuro presidente da Oi (ele assume em setembro) e que é um dos executivos mais experientes no mercado de TV a cabo (presidiu a Net Sul e a Net Serviços). Sem falar no fato de que a Portugal Telecom, nova controladora da tele, estabeleceu TV paga como prioridade número um nos negócios da Oi, a exemplo do que fez em Portugal. Para o governo, nas palavras do ministro Paulo Bernardo, “a aber-

tura do mercado de cabo é uma prioridade, porque são empresas que podem agregar muito ao merca-do de banda larga”.

Enquanto isso, a Anatel discute

uma nova regulamentação para o ser-viço, não sem enfrentar polêmicas.

Para o presidente da Net, José Antônio Félix, da forma como está escrito, o novo regulamento proposto pela Anatel “favorece abertamente a Oi”. Sua principal reclamação é contra o fato de a Net poder ser considerada uma empresa com poder de mercado significativo (PMS) em TV por assina-tura, o que a obrigará a cumprir uma série de metas de cobertura, enquanto as exigências para os novos entrantes serão mais leves. “Desse jeito, os novos entrantes poderão atacar apenas o filé mignon do mercado. Duvido que entrem em cidades pequenas ou mesmo de porte médio”, protestou. “Se temos PMS é porque fomos com-petentes vendendo TV por assinatura, o que as teles não foram”, acrescentou o executivo, referindo-se à oferta de TV paga por DTH que as teles já prati-cam. Ele disse não ter nada contra a competição nesse serviço, mas enten-de que o governo deveria estimular a entrada de novas operadoras de cabo de pequeno e médio porte, como é feito nos EUA.

Paulo Martins, diretor da Blue Interactive, controladora da operado-ra Viacabo, que opera em 15 cidades pequenas e médias, lembra que as teles são as donas dos links nas peque-nas cidades e têm acesso mais fácil aos postes de energia, o que lhes per-mite lançar o serviço de forma mais

rápida e até mais bara-ta que um pequeno competidor. “Temos que discutir questões estruturais do setor, como a questão dos postes”, afirma ele.

No Brasil, disputas no horizonte

“se temos poder de mercado significatiVo É porque fomos competentes Vendendo tV por assinatura, o que as teles não foram.”José Félix, da Net Serviços

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32 TeleTime jul_2011

A Internet está no centro do debate sobre os serviços de telecomunicações. Mas, curiosamente, ela em si não é definida sequer

como um serviço. Isso é um problema? Está na hora de rever esses conceitos?

Esta foi uma das polêmicas levanta-das no Seminário TELETIME Broadband, realizado no final de junho. E o debate sobre o futuro da regula-mentação acabou remetendo a uma questão passada não resolvida: como regular a Internet?

Para o procurador da Anatel, Marcelo Bechara, trata-se indiscutivel-mente de um serviço de valor adiciona-do, mas ele reconhece que, no futuro, será necessário voltar à discussão sobre a Norma 4/95, que regulamenta o uso de meios da rede pública de tele-comunicações para o acesso à Internet, de modo que se chegue a um ambiente normativo mais próximo da realidade atual, evitando que as diferenças de meios de transmissão impliquem regras diferentes.

A Norma 4 estabelece expressamen-te que Internet é serviço de valor adicio-nado, não serviço de telecom. Isso pas-sou a fundamentar a chamada “venda casada” de serviços de Internet entre os provedores de acesso e empresas de telecomunicações. “O modelo foi criado em 1995 e é válido apenas para as pres-tadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC). Defendo a norma, pois ela está em vigor, porém o mercado evoluiu e seria interessante uma ampla reavaliação por parte do Minicom, Ministério Público, órgãos de defesa do consumidor e outros setores diretamen-te interessados. Ou o modelo vale para todos ou para ninguém”, diz Bechara “Há algumas assimetrias aí. Além do mais, nenhuma norma é intocável”, acrescenta.

O presidente da UOL/Diveo, Gil Torquato, ratificou a posição do procurador da Anatel, mas para ele a revisão precisa ser no sentido de que a Norma 4/95

não fique restrita ao STFC. Para o exe-cutivo, ela é um instrumento jurídico importante, que garante isonomia, neu-tralidade de rede e acesso de empresas independentes das teles no mercado de acesso. É, portanto, uma regra funda-mental para o setor. “A empresa de telecom tem de se restringir ao seu negócio, que é a rede de telecomunica-ções. Foi por falta de uma regulação semelhante na Argentina que saímos de lá. O mercado (de acesso à Internet) ficou monopolizado entre o Speedy (Telefónica) local e a Telecom Italia, e não se desenvolve mais, ao contrário do mercado brasileiro”, revelou.

O que ninguém comentou foi que a Norma 4 gera discussão antes mesmo de sua aplica-ção. Baseados no princípio da “ordem escalonada”, há

advogados e juristas que questionam inclusive sua existência legal. Toda norma, para existir, dizem, precisa ser baseada em alguma lei. Como o Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/62) era o marco legal que dava sustentação à Norma 4 e foi revogado em parte pelo artigo 215 da Lei Geral de Te le comunicações, essa norma, segundo esses especialistas, “não existe mais” desde 1997. O governo não pensa assim e continua considerando a existência legal da Norma 4.

neutralidadeUm ponto consensual no seminário

foi a importância da neutralidade das redes de telecomunicações no fornecimento do serviço de Internet. Mas isso não signifi-ca reconhecer que não há problemas.

Recentes pesquisas apon-tam que nos Estados Unidos o volume de dados gerado somente pelo Netflix (locado-ra de filmes online) supera 50% do tráfego das redes das operadoras de cabo em horá-

.:iNterNet daniel [email protected]

O futuro da banda largaSeminário debate o PNBL e as condições técnicas, políticas e regulatórias para a expansão da banda larga no País.

“a empresa de telecom tem de se restringir ao seu negócio, que É

a rede de telecomunicações.”Gil Torquato, do UOL/Diveo

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tablet foi pratica-mente três vezes maior, mesmo sendo mais caro”, diz.

Mas os smartphones, segundo ele, continuarão em alta, principalmente com a queda de seu custo final. “Estimamos que cerca de um bilhão de pessoas pode comprar um smartphone atualmente. Dentro de quatro a seis anos, esse poder de compra vai se estender a até 4 bilhões de pessoas no mundo”.

E, segundo Rhode, a América La -tina é a região onde os serviços móveis crescerão mais no futuro.

Mais espectroAs operadoras móveis brasileiras

pedem mais espectro. Em sua palestra, o gerente de soluções e marketing da Alcatel-Lucent, Roberto Falsarella, diz que apenas isso não é suficiente. De acordo com ele, as teles precisam investir mais em cobertura e inteligên-cia de rede. “A questão passa por mais estações radiobase (ERBs), ainda em número muito pequeno se comparar-mos o Brasil a outros países de dimen-sões territoriais semelhantes, como os

com as teles. “Acho que a neutralidade de rede é uma virtu-de que deve ser pre-servada. Por outro lado, existe espaço para ofertas diferen-ciadas de qualidade de serviço quando isso fizer sentido”, finaliza. O Terra, vale lembrar, é con-trolado pela Telefônica.

FuturoSegundo Jesper Rhode, diretor de

inovação da Ericsson para a América Latina, um dado relevante do mercado de telecomunicações é que, somando--se as linhas fixas e móveis disponíveis no mundo, já se tem hoje uma penetra-ção mundial superior a 100%. “Há 5,5 bilhões de conexões celulares e cerca de 2 bilhões de linhas fixas”, lembrou.

Ele lembrou ainda, para exemplifi-

car o processo de transformação por que passa o mercado e que terá impac-tos significativos no mercado de banda larga, que em 28 dias, um milhão de iPads foram vendidos nos Estados Unidos. O iPhone levou 78 dias para chegar nisso. “Ou seja, a venda do

rios de pico. A média per capita mensal de seus usuários é de 11 horas. Outra operação over-the-top (OTT), o YouTube, alcança um pico de 30% do volume de dados nessas redes, com 140 milhões de usuários únicos por mês e média mensal de 2 horas e 23 minutos, por usuário.

Mesmo diante desses números, Torquato se manteve firme à favor da neutralidade de rede e disse que esses dados não devem servir de pretexto para as teles. “Se o negócio delas é telecom, que se preparem para o tráfe-go de dados”, resume.

Bechara também defende a neutra-lidade, porém lembra que as operado-ras e provedores de conteúdo estão livres para alinhavar acordos comer-ciais entre si. “Nenhuma barreira pode ser colocada à neutralidade, porém não há nenhum impedimento de parceria entre os dois. O tratamento (de utiliza-ção da rede) têm de ser isonômico; mas nada impede, do ponto de vista publici-tário, um acordo entre provedores e teles. Existe até oferta de teles remune-rando provedores”, acrescenta.

O executivo do UOL/Diveo mantém uma postura contrária à participação das teles no negócio dos provedores de conteúdo. “Cada um no seu quadrado. Penalizar a empresa (de conteúdo) por estar conseguindo um bom tráfego não faz sentido. Quem vai navegar muito é o usuário. Aumente, então, o preço final do consumidor”, acrescenta.

O diretor geral do Terra, Paulo Castro, acredita em ajustes na relação

nos eua, a netflix gera 50% do tráfego das redes das empresas de pay-tV nos horários de pico.

“defendo a norma 4, mas seria interessante uma

reVisão, pois o modelo hoJe É Válido somente para o stfc.”

Marcelo Bechara, da Anatel

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34 TeleTime jul_2011

Estados Unidos”, diz. Outra solução,

segundo Falsarella, é o uso de tecnolo-gias mais eficientes, que aproveitem o espectro em todo o seu potencial de transmissão, como os hotspots e femto-células. “Essas célu-las resolvem os pro-blemas a curto prazo nas regiões com alta demanda de dados e gargalos de transmissão. Algumas operadoras consomem de 6 Gbps a 10 Gbps por dia nesses tipos de área, o que representa um custo muito alto”, destaca o executivo, que também apontou as redes móveis vir-tuais (MVNO) como outra opção efi-ciente para a redução dos gargalos de transmissão.

O diretor da Alcatel-Lucent desta-cou ainda a necessidade de mais investimento por parte das operado-ras, mais qualidade nos serviços pres-tados e uma melhor engenharia de infraestrutura, que leve em considera-ção, entre outras coisas, o crescimento das sinalizações geradas pelos smar-tphones. “As redes precisam ser mais flexíveis e inteligentes”, finaliza.

Killer aplicationDe fato, é bom que as operadoras

coloquem a mão no bolso e invistam pra valer em suas redes, não apenas móveis como fixas.

Paulo Castro, do Terra, apresentou alguns dados sobre a audiência de ser-viços de vídeo no portal para exemplifi-car por que, do seu ponto de vista, essa continuará sendo a aplicação mais desafiadora para as redes de banda larga no futuro.

Segundo Castro, o Terra teve 1,5 milhão de usuários diferentes na América Latina que assistiram ao show de Paul McCartney transmitido pelo portal. Desses, 80% eram do Brasil. Aproximadamente 10% dos acessos vie-ram de dispositivos móveis, e mais de 50 mil pessoas assistiram ao show em um streaming HD. “Isso dá a dimensão da demanda por vídeo existente”, disse.

Ele lembrou ainda que já existem no Brasil mais de 2,5 milhões de televisores conectados comercializados, e que hoje o grande desafio para as redes de Internet é a ‘consumerização’ do tráfego. “Um cliente residencial hoje tem uma deman-da maior do que o de uma agência ban-cária, por exemplo”. Além disso, há o desafio do tráfego de upstream, provoca-do pelos conteúdos postados em redes sociais. “Cada vez mais as pessoas estão postando fotos e vídeos, e as redes não estão totalmente preparadas para o trá-fego nesta direção”, ponderou Castro.

O executivo também citou a questão dos dispositivos móveis e da pressão que eles exercem também sobre a rede de banda larga fixa. “Uma recente pes-quisa feita pela Telefónica na Espanha, Alemanha e Inglaterra mostrou que, surpreendentemente, 67% do tráfego de dados gerados por tablets e smartpho-nes acaba trafegando por redes Wi-Fi conectadas à rede fixa”. Ele lembrou ainda que um desafio às redes que no passado parecia mais ameaçador hoje parece estar sob controle. Trata-se do acesso P2P, que estacionou em 20% do tráfego das redes. “Por outro lado, o tráfego máquina-máquina tende a aumentar muito”.

CoLaborou SaMueL PoSSebon

.:iNterNet

A Rede Nacional de Pesquisa (RNP) está expandindo seu backbone no País. Contratada pelo Governo Federal para manter, operar e desenvolver a Internet nas áreas de pes-

quisa, educação e cultura, a RNP está investindo cerca de R$ 20 milhões em um projeto que envolve a expansão da cobertura e da capacidade de transmissão de rede e a integração de diversas instituições desses setores.

Segundo o diretor de pesquisa e desenvolvimento da RNP, Michael Stanton, em abril último foi concluída a primeira fase do projeto, de 29 mil quilômetros de fibra óptica, compartilhada com a Oi. “Até fevereiro, tínhamos quatro capitais com links de 10 Gbps e seis com 2,5 Gbps. O restante dispunha de redes SDH (abaixo de 200 Mbps)”, diz. A partir de agora, revela, a rede 10 Gbps (DWDM) da RNP está presente em 16 capitais brasileiras e outras nove capitais contam com links de 3 Gbps. As capitais Manaus (200 Mbps), Macapá (36 Mbps) e Boa Vista (20 Mbps) ainda dispõem de redes SDH. “A pre-sença das teles nessas

cidades do Norte ainda é precária”, diz. A RNP interliga 47 núcleos operacionais da Rede

Universitária de Telemedicina (Rute) e até o final de 2011 inclui-rá mais dez unidades. A rede metropolitana da instituição (Redecomep) também crescerá: seis redes operacionais se soma-rão às outras 21 redes até o final deste ano, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Alagoas, Piauí, Tocantins, Rondônia e Porto Velho, em um total de 1,65 mil quilômetros de cabos ópticos. Cerca de R$ 40 milhões estão sendo investidos neste projeto.

A integração do interior também está na pauta das expan-sões da RNP. A instituição atualmente interliga 470 campi e uni-dades de pesquisa. Só no interior, há 288 interligados e mais 70

links em contratação. E cerca de 323 universidades e institutos de pesquisa serão interconectados até o final de 2011.

Para Stanton, o grande desafio da banda larga de alta capacidade no Brasil, que hoje é a principal demanda da RNP, é conseguir che-gar além dos grandes centros. “Para as principais cidades, há capacidade no mercado, mas quan-do vamos para o interior, o proble-ma de infraestrutura de alta capa-cidade é crítico”. (D.M.)

RNP investe R$ 60 milhões em expansões e evolução de sua rede

“para as principais cidades há capacidade no mercado, mas quando Vamos para o interior, o problema de infraestrutura de alta capacidade É crítico.”Michael Stanton, da RNP

“cada Vez mais as pessoas postam fotos e Vídeos, e as redes não estão totalmente preparadas para o tráfego nesta direção (upload).”Paulo Castro, do Terra

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As operadoras de telefo-nia deverão iniciar a oferta de banda larga de 1 Mbps por R$ 35 até o final de setembro. O pro-

duto foi anunciado pelo governo como uma conquista da sociedade depois de meses de intensas negociações com as teles, que se recusavam a aceitar a ampliação do backhaul nas metas do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU III). De fato, é controversa a tese jurídica que com-prova que metas de ampliação do backhaul poderiam constar do PGMU III - documento vinculado ao Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC), que é prestado em regime público. Para contornar a questão, teles e Ministério das Comunicações (Minicom) concor-daram que as operadoras poderiam, através de ofertas voluntárias, aten-der às demandas do governo. Essa oferta voluntária se materializou em um termo de compromisso com ofer-tas para o atacado e varejo e acabou se tornando o pilar principal do PNBL. Mas será que o governo pode cantar vitória nessa queda de braço?

A mais nova “conquista da socie-dade”, como definiu o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ao falar do que foi acertado, vem carre-gada de restrições. A primeira delas, e talvez a mais relevante para o con-sumidor, são os limites de tráfego. No caso da Telefônica, a velocidade de 1 Mbps só é garantida até o cliente atingir 300 MM de tráfego, volume que será ampliado para 600 MB em 2012 e, finalmente, para 1 GB em 2013. Ultrapassado o limite, a empre-sa poderá reduzir a velocidade de conexão a patamares que “não impe-çam a fruição do serviço pelo consu-midor”. O texto vago comprova que o governo não conseguiu garantias fir-mes de que a velocidade não será reduzida drasticamente. Na oferta da Oi, o limite começa com 500 MB e é

ampliado para 1 GB. Na conexão móvel, em ambos os casos, os limite são metade dos da rede fixa. O curio-so é que a Vivo tem um plano de Internet móvel de 1 Mbps com fran-quia de 150 MM - a mesma, portanto, da sua oferta voluntária - que custa R$ 29,90.

A não inclusão de garantias mais firmes de velocidade demonstra o recuo do governo neste aspecto. Sabe-se que a presidenta Dilma exigia garantias de qualidade, mas acabou

aceitando que a Anatel estabelecesse posteriormente essas garantias. A Anatel, por sua vez, se comprometeu a regulamentar essa questão até 31 de outubro. Se a ideia for acabar com a prática do mercado de garantir ape-nas 10% da velocidade contratada, é certo que a agência deverá enfrentar resistência das teles para aprovar esse regulamento.

Através dos termos de compromis-so, as empresas se comprometeram a levar a banda larga a R$ 35 a todos os municípios do Brasil em uma escala de atendimento. Não se sabe os ter-mos exatos da proposta das teles por-que até o fechamento desta edição, o governo não havia divulgado os ter-mos de compromisso e nem as teles, especialmente a Oi, haviam anuncia-do seus planos detalhados. O crono-grama de atendimento das cidades também é tratado com sigilo pelo

governo e pelas empresas. A jus-tificativa é que as concessioná-rias pediram sigilo dos seus cro-nogramas para não revelar a chegada do plano de banda larga aos concorrentes. Há ainda no termo de compromisso a previ-são de uma oferta abrangente de

banda larga a 5 Mbps até 2014, mas sem metas ou preço estabelecidos.

Na verdade, o governo ainda não tem esse cronograma, porque como revelou o secretário-executivo do Minicom, César Alvarez, ele será apre-sentado 30 dias antes do início do cumprimento de cada fase anual. A disponibilização da oferta será acom-panhada, por amostragem, trimestral

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Um novo PNBLDepois de seis meses, governo firma compromisso com as teles para a oferta de banda larga de 1 Mbps por R$ 35. Franquia de tráfego e possibilidade de oferta conjunta são pontos negativos.

Helton Posseti e Samuel Possebon, de brasí[email protected] e [email protected]

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o texto Vago comproVa que o goVerno não conseguiu garantias firmes de que a Velocidade não será reduzida drasticamente.

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mente pela Anatel. Segundo Alvarez, as condições gerais para o escalona-mento do atendimento já foram defini-das: deverá haver uma “razoável” distribuição geográfica, equilíbrio entre cidades pequenas e grandes e entre cidades com 3G ou não.

A primeira fase começa em 90 dias, contados do dia 30 de junho, quando os termos foram assinados. Assim, as metas serão divididas anu-almente com vencimento em todo último dia de cada mês, sendo que ao fim de junho de 2014 a oferta deverá estar disponível a 100% dos municí-pios brasileiros.

Alvarez explica que a quantidade de cidades que determinada empresa não atender será transferida em dobro para o próximo período. Se a empresa insistir no descumprimento, haverá multa diária, cujo valor, na verdade, será usado na antecipação de investimentos.

Para a oferta de varejo foi estipu-lada multa de R$ 20 mil ao dia para cada localidade, com teto anual de R$ 25 milhões. Se o teto for ultrapassado, a empresa perde o direito de anteci-pação de investimentos. No atacado o sistema é o mesmo com multa de R$ 10 mil por dia e teto de R$ 25 milhões por ano.

O governo permite que as empresas ofereçam a banda larga popular em conjunto com outros serviços. O produ-to poderá ser oferecido, na rede fixa, acompanhado do telefone fixo, mas o preço não poderá ser superior a R$ 65. Esse valor não inclui os minutos de ligação nem serviços adicionais. Para garantir que não use só a rede móvel para fazer a oferta, a operadora terá que entregar a oferta popular pela rede SCM em 15% da base de assinantes residenciais do STFC, e a oferta deverá estar disponível em todas as localida-des em que já existe a oferta de serviço a 512 kbps. Mas as operadoras estão mesmo apostando na rede móvel como forma de entregar o que prometeram ao governo. Tanto é que a Telefônica, que já deu um pouco mais de detalhes sobre o que fará, já anunciou que a oferta apenas de banda larga a R$ 35 só acontece com o acesso móvel. A ofer-ta fixa será acompanhada do serviço e de telefonia e o

preço do pacote ficará em R$ 65.

atacadoA oferta de atacado das concessio-

nárias resume-se a um preço suposta-mente mais vantajoso para os peque-nos provedores. A Oi se comprometeu a vender um link de 2 Mbps por R$ 1,2 mil e a Telefônica, por R$ 1,1 mil. Nesse caso, não se trata apenas da conexão entre dois pontos (como é o caso da EILD), mas também da saída para a Internet. “Criamos um pacote em que o pequeno prove-dor vai ter tudo que ele precisa”, afir-ma Cesar Alvarez. A oferta nessas condições é válida para as empresas com licença de SCM optantes pelo Simples. É vedado a essas empresas revenderem capacidade, como fazem

algumas associações do setor. Alvarez afirma, entretanto, que não há restri-ções à compra de capacidade por consórcio de provedores.

Conforme apurou TELETIME junto a fontes que tiveram contato com os termos de compromisso, há limites de venda de capacidade de acordo com o tamanho do município. Em municí-pios com menos de 20 mil habitantes, a capacidade máxima que a conces-sionária se compromete a oferecer é de 32 Mbps, sendo não mais do que 20% da capacidade máxima ou 20 Mbps (o que for maior) para uma mesma empresa. Ou seja, consideran-do que cada empresa solicitante con-trate o mínimo de 2 Mbps, no máximo 16 empresas poderiam ser contem-pladas por esta oferta no atacado. Em

municípios com entre 20 mil e 40 mil habitantes, o teto é de

64 Mbps por município; em municí-pios até 60 mil habitantes, o teto é de 128 Mbps; e em municípios acima de 60 mil habitantes, o teto é de 256 Mbps por município. Numa cidade de grande porte, portanto, no máximo 128 empresas seriam contempladas pela oferta no atacado.

Telebrás Vale lembrar que a Telebrás cobra

cerca de R$ 150 pelo link de 1 Mbps. Alvarez, contudo, lembra que a rede da estatal ainda é muito restrita. “A Telebrás ainda não consegue atender à demanda de atacado nacionalmente, por isso precisamos da oferta das con-cessionárias”. Pelas estimativas do Minicom o preço do link de 2 Mbps no mercado gira em torno de R$ 1,8 mil.

O Minicom articula mudanças mais profundas no papel da Telebrás. As conversas ainda são preliminares, mas a determinação da presidenta é que se concentre a oferta estatal de rede de telecom em uma única empre-sa. “Sejam um único vendedor públi-co brasileiro”, teria dito a presidenta nas palavras de Cesar Alvarez. Provavelmente a empresa responsá-vel pela comercialização seria a Telebrás, segundo Paulo Bernardo.

A formatação jurídica e técnica desse arranjo ainda está em discus-são. “As engenharias para fazer isso são as mais diversas”, diz Alvarez, descartando a possibilidade da inje-ção pura e simples de recursos da Eletrobrás na Telebrás. A concretiza-ção do acordo, explica o secretário, seria uma maneira de viabilizar a utilização das demais fibras da Eletrobrás que estão apagadas. Ele lembra que também existem as redes estaduais de posse da Eletrobrás e as redes de comunicação da Petrobras, que também podem entrar no acordo. Sobre os acordos que a Eletrobrás já tem com as teles, Alvarez explica que, em se concretizando essas negocia-ções, “há uma tendência” de que eles fiquem com a Telebrás. Paulo Bernardo também colocou a possibili-

dade de ser criada uma empresa na qual a Eletrobrás e a tele estatal sejam sócias, ajudando nos investi-mentos em fibra necessários.

PGMuAs principais mudanças estabe-

lecidas pelo Executivo no texto final

as concessionárias pediram sigilo dos seus cronogramas para não reVelar a chegada

do plano de banda larga aos concorrentes.

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“criamos um pacote em que o pequeno proVedor Vai ter tudo que ele precisa.”César Alvarez, secretário executivo do Minicom

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do PGMU imposto às concessionárias de telefonia fixa referem-se a ques-tões do ajuste financeiro das metas. Também foram retirados os artigos do PGMU propostos pela Anatel que previam o acompanhamento dos cus-tos de implantação das metas rurais e a possibilidade de uso do ônus da concessão para cobertura dessas obrigações. Também caíram os arti-gos que previam a possibilidade de licenciamento da faixa de 450 MHz às concessionárias para ajudar no cum-primento das metas rurais.

Por outro lado, as metas rurais agora dependem do sucesso da licita-ção da faixa de 450 MHz, que pelo decreto do PGMU deverá acontecer até 30 de abril de 2012. O novo PGMU é claro ao dizer que todas as obriga-ções de cobertura rural das conces-sionárias só valem a partir do momen-to que a empresa detentora da outor-ga de 450 MHz completar a cobertura da área. Ou seja, se não houver inte-ressados na faixa de 450 MHz, não haverá cobertura rural compulsória por parte das teles.

O governo, contudo, está confiante de que haverá interessados pela faixa, mesmo com a obrigação de que parte dela seja cedida às concessionárias “a baixo custo” para que elas possam cumprir as metas de atendimento do campo. De acordo com o secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Mar ti-nhão, a atribuição da faixa definida pela Anatel em quatro portadoras de 1,25 MHz (a faixa tem 7 MHz + 7 MHz) permite destinar uma portadora ao cumprimento das metas do PGMU e as demais poderão ser exploradas comercialmente pelas vencedoras do leilão. “Em termos de capacidade, não há dúvida de que dá para fazer voz e banda larga”, afirma ele. Na tecnologia atual para a faixa, o CDMA 2000, a velocidade poderia chegar a 512 kbps, mas Martinhão diz que com a evolução da tecnologia a velocidade “no limite” poderia chegar a 1 Mbps.

Ele explica que o preço de aluguel de uma porção deste espectro à con-cessionária daquela região – no caso da faixa não ser adquirida pela pró-pria concessionária – será critério para a definição do vencedor do certa-me. Foi essa a engenharia encontrada para que os participantes sejam esti-mulados a baixarem o preço da cessão

de parte do espectro às concessioná-rias e assim a determinação de “baixo custo” seja cumprida. Toda a metodo-logia de cálculo de como isso vai acon-tecer será definida pela Anatel no edi-tal de licitação da faixa, bem como a divisão de áreas do leilão.

O Minicom não trabalha com a hipótese de não haver interessados pela faixa, o que colocaria em risco o cumprimento das metas de acesso

rural, que são vinculadas a ela. Martinhão lembrou dos suecos da Acces Industries, que recentemente se reuniram com o ministro Paulo Bernardo para mostrar como a empresa usa essa faixa para oferecer banda larga em áreas rurais em outros lugares do mundo.

Metas O decreto do PGMU apenas estabe-

lece que as concessionárias deverão disponibilizar acesso individual rural

em áreas distantes a menos de 30 quilômetros da sede do município atendido com STFC. Os prazos, metas de cobertura e outros detalhes serão definidos em regulamentação especí-fica, sendo que a concessionária tem até 31 de dezembro de 2015 para estar apta a atender todas as solicita-ções. Além disso, deverão ser atendi-das com banda larga todas as escolas públicas em área rural. Segundo o decreto, entretanto, essa meta só será exigível a partir da cobertura da área pela rede da empresa vencedora da faixa de 450 MHz.

O PMGU também traz a reformula-ção do Acesso Individual Classe Especial (AICE), que passa a ser um serviço voltado para os cidadãos ins-critos no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico). O preço do servi-ço, de acordo com proposta da Anatel que já passou por consulta pública, será de R$ 9,50 (sem impostos). Haverá também a redução da densi-dade de Terminal de Uso Público (TUPs) de 6 para 4 por mil habitantes. O Ministério das Comunicações e a Anatel, entretanto, preferem chamar de racionalização da teledensidade de orelhões, uma vez que ela passará a ser contabilizada por município e não mais por área do PGO, o que permiti-rá a realocação de terminais subutili-zados em áreas como shopping cen-ters, por exemplo.

de acordo com o noVo regulamento, se não houVer interessados na faixa de 450 mhz, não haVerá cobertura rural compulsória por parte das teles.

Telefônica atenderá 230 cidades este ano

A extensa cobertura da rede 3G da Telefônica/Vivo mostra-se de grande valor para o cumprimento do Termo de Compromisso assinado com o governo. A empresa tem o 3G em aproximadamente 1,4 mil municípios no Brasil e já tem

um plano de Internet móvel até mais vantajoso do que o assinado com o governo – 1 Mbps por R$ 29,90 e 150 Mb de franquia, a mesma do termo de compromisso. O presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valente, entretanto, descarta o interesse da empresa em ofertar formalmente o plano do PNBL fora da área de concessão da Telefônica (estado de São Paulo, com exceção de alguns municípios da região de Franca, que pertencem à Algar Telecom).

Segundo ele, serão atendidas até o final do ano 230 cidades. Em 2012 os planos são de chegar a 370, depois 531 em 2013 e, finalmente, 622 até o final de 2014. Valente disse que a Telefônica ainda não fechou a previsão de investimentos para esses compromissos, mas certamente haverá gastos. A maior incidência, contudo, não será em 2011 nem em 2012.

A oferta de banda larga popular da Telefônica, segundo comunicado emitido pela empresa, será feita independente de outros serviços apenas quando for ofertada na tecnologia 3G da Vivo. A oferta fixa, por meio de ADSL, custará R$ 35 e será combinada com a oferta de telefonia fixa de R$ 30, totalizando um custo de R$ 65 para o consumidor. No comunicado, a Telefônica não detalha como combinará essa oferta com o programa de banda larga popular que goza de isenção de ICMS já ofertado pela empresa.

Até o fechamento desta edição, a Oi ainda não havia divulgado o seu planejamento para cobrir as cerca de 5 mil cidades em que atua.

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Um dos principais desafios das operadoras móveis – se não o principal – cha-ma-se eficiência espectral. Em outras palavras, trans-

portar o maior número possível de bits por hertz pelo ar. E é fácil de se enten-der o porquê: o espectro radioelétrico é um bem universal finito que, como tal, não pode ser desperdiçado. Há um limite de concessão de faixas de radio-frequência por operadora e a Anatel estuda regras ainda mais rígidas para o uso eficiente desse espectro pelas empresas de telecomunicações.

Não é por acaso que cada pedaço do espectro gera debates sobre quem pode disputar a faixa, em que condi-ções e com que objetivos. No final do primeiro trimestre deste ano, a asso-ciação 4G Américas, que representa a família 3GPP de tecnologias, divulgou um relatório no qual destaca a urgên-cia da liberação de novas faixas para a banda larga móvel. Segundo a associa-ção, a implementação de uma nova alocação de espectro pode levar até cinco anos e, por isso, é necessário que o trabalho comece já. Uma das principais bandeiras da associação é o fim do limite de espectro para cada operadora, além da criação de licen-ças com maior largura de banda.

A solicitação se baseia no número de assinaturas para a banda larga móvel, que cresce constantemente e em 2008 ultrapassou o número de assina-turas da banda larga fixa. No fim de 2009, o serviço de banda larga móvel somou 640 milhões de assinaturas, enquanto a banda larga fixa tota-lizou 490 milhões. Segundo a Informa Telecoms & Media haverá 1,3 bilhão de assinaturas de banda larga móvel no mundo inteiro até o final de 2011, e 4,2 bilhões até dezembro de 2012. Es -

ti ma ti vas da Anatel apontam que para atender os novos serviços móveis e a crescente demanda por banda larga móvel serão necessários mais 980 MHz até 2015 e 1060 MHz até 2020.

Porém, mais do que vender faixas de frequência, é fundamental que o processo de licenciamento do espectro daqui para frente dê conta da comple-xidade do que significa o universo da banda larga wireless. Para que não se repita o que aconteceu com a terceira geração dos serviços móveis, em que o espectro ficou disponível, as operado-ras implementaram a tecnologia 3G mas planejaram mal o backhaul de

suporte para o serviço.

O segundo motivo é o alto custo das faixas de frequências. No último gran-de leilão, no final do ano passado, a Nextel desembolsou R$ 1,2 bilhão para arrematar onze lotes da banda H e se tornar a quinta operadora do Serviço Móvel Pessoal (SMP).

enquanto isso... Enquanto as licitações de novas

faixas de espectro, como as de 2,5 GHz e 3,5 GHz, caminham dentro da buro-cracia típica de leilões polêmicos, é preciso trabalhar com o que se tem. Por isso, para as teles, a eficiência espectral é bem mais do que uma exi-gência legal. É uma questão de sobre-vivência. Um estudo da Bell Labs revela que o volume de tráfego móvel agregado crescerá 30 vezes entre 2010 e 2015 (300 vezes a partir de 2005), com o serviço de vídeo representando 70% de toda essa vazão de bits nos próximos quatro anos. Já um levanta-mento da Ericsson estima que os ser-viços de Internet móvel crescem 92% ao ano. A mesma pesquisa revela que cada smartphone consome aproxima-damente 300 Mb por mês. E que em 2015 essa média será de 3 Gb. Se esti-ver certa a previsão da consultoria Parks Associates, de que nos próximos quatro anos 2 bilhões de pessoas terão smartphones no mundo, é só fazer as contas. “Se cada usuário gastar dez vezes mais bytes, é certeza de que a receita das operadoras não acompa-nhará esse crescimento”, diz Jesper Rhode, diretor de inovação da Ericsson para a América Latina.

O executivo acredita que mais espectro facilitaria muito a vida das operadoras, uma vez que elas não pre-cisariam ampliar tanto o número de estações radiobase (ERBs). “Neste caso, bastaria instalar mais equipa-mentos por site. É uma alternativa atrativa, pois apenas 15% dos custos de implantação de uma ERB vêm da base eletrônica. O restante é da loca-ção e preparo do terreno, estrutura da

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Driblando a falta de espectroO volume de tráfego móvel deve crescer trinta vezes no mundo entre 2010 e 2015. Enquanto novas faixas de espectro não são licenciadas, novas tecnologias móveis permitem extrair mais bits por MHz.

“se o usuário gastar dez Vezes mais bytes, É certeza que a receita das teles não acompanhará esse crescimento.”Jesper Rhode, da Ericsson

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uma redução de consumo aproximadamente dez vezes maior”, explica Roberto Falsarella, gerente de soluções e marketing da Alcatel-Lucent.

De acordo com o gerente, a solução também é interessante para áreas rurais e periféricas, onde a maioria das teles não se interessa tanto em atender. “Nestes casos, a operadora não precisa construir uma ERB, basta instalar o cubo no topo de um prédio ou no ponto mais alto da cidade. Dentro de uma ‘caixa de sapato’ você tem tudo”, compara. “E ainda é possí-vel alterar o formato de propagação dos sinais, direcionando o sinal de radiofrequência mais para a direita ou esquerda, de acordo com a demanda geográfica por banda. Tudo remota-mente”, diz.

Desenvolvida pelo Bell Labs, braço de pesquisa e desenvolvimento da Alcatel-Lucent, e com parcerias da HP e Freescale em áreas específicas, a solução LightRadio gerou mais de 200 novas patentes e três grandes opera-doras (China Mobile, Verizon e Orange) devem lançar serviços comerciais com a tecnologia ainda em 2011.

Essa gestão remota do espectro ocorre graças a uma tecnologia basea-da no conceito “software defined radio”. Embora não seja novo, o siste-ma tem evoluído bastante e vem ganhando muito espaço nas redes móveis ultimamente. Trata-se de um sistema de radiofrequência no qual alguns componentes (transceptores, filtros, modems), hardwares que antes eram instalados e gerenciados em

campo, são agora administra-dos via software, remotamente.

É exatamente essa moder-nização que a TIM iniciou no último mês de junho. Segundo Janilson Bezerra, gerente de inovação tecnológica da opera-dora, nos próximos três anos a empresa espera “virtualizar”

guês), no qual se utilizam várias porta-doras, com largura de 5 MHz cada, em paralelo”, lembra Jesper Rhode.

TecnologiasImpossível falar de eficiência espec-

tral sem citar as novas tecnologias que estão saindo dos laboratórios e aju-dando as teles a reduzir o custo por volume de bits, tanto para serviços de dados (3G) quanto para os de voz. Além do custo operacional propria-mente dito.

No início deste ano, a Alcatel-Lucent apresentou uma nova arquite-tura para a rede de acesso móvel que pretende reduzir consideravelmente o tamanho das torres celulares, princi-palmente as que poluem visualmente os grandes centros urbanos.

Batizada de LightRadio, a solução consiste em um pequena caixa de rádio, de apenas 300 gramas, e outra, igualmente pequena, que realiza a função de processamento e que não precisa necessariamente estar no mesmo site. O dispositivo de rádio, internamente chamado de “cubo” pelos técnicos da Alcatel-Lucent, é capaz de transmitir em qualquer fre-quência de 400 MHz a 4 GHz e operar em padrões de 2G, 3G e 4G simultane-amente. “Dentro deste cubo está a antena e o rádio. Em uma ERB nor-mal, a antena muitas vezes se encon-tra no topo e o rádio na base da estru-tura, o que gera uma dissipação de energia de 1 mil a 1,5 mil watts, em

média. No LightRadio esses elementos estão a centíme-tros de distância, gerando

antena, ar condicionado etc.”, diz. Mas, mesmo assim, ele acredita que para evitar o gargalo nas redes móveis não basta mais espectro, é preciso também novas tecnologias de trans-missão de dados, mais estações radio-base (ERBs), mais capacidade e capila-ridade de backhaul, redes comple-mentares e uma gestão da planta mais flexível e inteligente.

espectroUm dos expedientes mais utiliza-

dos pelas operadoras para aproveitar ao máximo o espectro já existente é o conceito da alta modulação. Ou seja, com a mesma faixa de frequência amplia-se consideravelmente o throu-ghput (taxa de transferência de dados) apenas alterando a modulação de 16 QAM para 32 QAM ou até para 64 QAM. “Esse é um recurso comum, porém esbarra na disponibilidade de terminais. No Brasil ainda são poucos os aparelhos HSPA+, que suportam a modulação de 64 QAM”, explica Leonardo Ribeiro, gerente de marke-ting de redes móveis da Huawei.

Outra solução interessante para aproveitamento do espectro é conheci-da como MIMO (multiple-input, multi-ple-output). Traduzindo, é um sistema de múltipla transmissão e múltipla recepção que, na mesma faixa frequên-cia, transmite sinais diferentes. “Trata-se de um sistema de codificação que torna o sinal mais robusto e menos suscetível a interferências. Os sinais transmitidos pelas antenas são dife-rentes. É como se tivéssemos mais caminhos para a transmissão dos dados”, explica Fabbryccio Cardoso, pesquisador da área de redes sem fio do CPqD. “O sistema escolhe automati-camente entre o sinal mais robusto, se você está perto da ERB, ou aumento da vazão de dados, se estiver mais distante. Tudo isso é feito pelo modem da antena, digitalmente”, acrescenta.

Para Leonardo Ribeiro, da Huawei, a codificação MIMO é capaz de dobrar o throughput de 14 Mbps para 28 Mbps, tanto no downlink quanto no uplink. “Ou posso combinar os dois, a modula-ção 64 QAM com o sistema MIMO, para aí chegar em 42 Mbps”, diz. “Há também o sistema de multicarrier (multiportadoras, em portu-

“trata-se de um sistema de codificação (mimo) que torna o sinal mais robusto e

menos suscetíVel a interferências. É como se tiVÉssemos mais caminhos para a

transmissão dos dados.”Fabbryccio Cardoso, do CPqD

“somos pioneiros na Virtualização e centralização da rede em larga escala.”Janílson Bezerra, da TIM

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75% de todas as suas ERBs espalha-das pelo País, já considerando o crescimento da planta até lá. “A TIM é a pioneira na virtualização e cen-tralização da rede em larga escala”, comemora.

A TIM utiliza o sistema multi stan-dard radio (MSR), que permite a ativa-ção remota de tecnologias de trans-missão como GSM, WCDMA e UMTS (HSPA e HSPA+) sobre uma mesma infraestrutura. “É uma caixa plugada na ERB que se torna um grande servi-dor de aplicações, como o TRX (trans-ceptor), portadoras de terceira gera-ção, etc. Antes, para ampliar a capaci-dade de transmissão de determinado local, era preciso levar o TRX até o local, instalá-lo, configurá-lo, testá-lo e, ao final disso, liberar o acesso ao cliente. Agora basta ativá-lo de uma central de operações, remotamente, como um software”, diz.

E o especialista já prevê a próxima etapa do projeto de modernização da rede da TIM. “O próximo passo pode ser a implantação de soluções como o LightRadio (da Alcatel-Lucent), siste-mas de maior centralização de capaci-dade”, antecipa.

A Vivo tem uma estratégia de evo-lução semelhante à de sua concorrente em alguns pontos. Segundo o diretor de planejamento e tecnologia da Telefônica/Vivo, Leonardo Capdeville, 100% da planta já está preparada para o HSPA+, o próximo salto evolutivo antes da quarta geração de telefonia móvel (LTE), e todas as ERBs trabalha-rão com sistemas 2G e 3G. “Até o final de 2011, nossa cobertura 3G estará em 2.852 cidades. A ideia é que os smartphones utilizem Internet móvel em 3G e não mais em 2G, pois isso compromete os serviços de voz. Além disso, essa evolução melhora a experi-ência do nosso assinante”, explica.

No entanto, o diretor da Vivo se mostra mais conservador no que diz respeito a novas tecnologias de virtu-alização e centralização de rede. “Esses conceitos como o que a Alcatel-Lucent está trabalhando ainda são iniciais, carecem de estudo e aprofun-damento”, diz. Além disso, o executi-vo alerta que para o sistema funcio-

nar é preciso grande capacidade no backhaul para a interligação das ERBs. “Teria de separar o sistema de banda-base do modulador de radiofrequência para que houvesse essas pequenas caixas espalhadas. Mas para interligar essas duas partes é preciso fibra óptica, e essa instala-ção em larga escala é um trabalho de médio prazo, uns três anos mais ou menos”, destaca o executivo, que não considera isso conservadorismo, mas uma questão de “timing”.

Para Rhode, a estratégia de roll-out é essencial. “A gente enxerga clara-

mente a diferença entre as teles que se preparam bem para ter uma infraes-trutura robusta e parruda. É fácil ver a diferença. E uma das razões da falta de capacidade nas redes móveis se explica, entre outras coisas, por ser mais rentável para algumas teles pos-tergar certos investimentos, aguar-dando que os equipamentos mais avançados fiquem mais baratos”, diz o executivo da Ericsson.

Bezerra garante que este não é o caso da TIM. “As teles postergam investimentos, mas estamos fazendo diferente, apostando em uma rede à prova de futuro desde já. Hoje você encontra diferença de cobertura entre as operadoras, mas no futuro a ten-dência é que as coberturas se tornem idênticas. O que vai prevalecer é a estratégia de backhaul, de gestão de capacidade, a forma como você lida com a tecnologia, o que vai impactar diretamente no time-to-market e nos serviços prestados ao assinante”, diz.

Capdeville discorda frontalmente: “a cober-tura é o primeiro passo do jogo. Se não tiver grande cobertura, você não joga. A Vivo está chegando em 1,5 mil cidades com cobertura 3G. Meu concorrente mais próximo tem 400”, compara.

Outra tecnologia uti-lizada para melhorar a eficiência espectral é o rádio cognitivo. Apesar de seu conceito ter mais de dez anos, há pouco tempo vem sendo mais comentado no mercado. A solução possui inteligência para se reconfigu-rar e se adaptar ao meio ambiente, a fim de executar a tarefa necessária à sua função. Ele é capaz, por exemplo, de alocar o espectro geograficamente a usuários fixos, possibilitar uso com-partilhado em períodos determinados por diferentes usuários ou serviços (alocação dinâmica de espectro).

erbs, backhaul e subredes “A maior parte da demanda do

tráfego se dá via backbone e backhaul, por isso a necessidade de ampliar suas capacidades de transmissão”, diz Janilson Bezerra. Para Falsarella, da Alcatel-Lucent, também há um proble-ma sério de ERBs no País. “Temos de ampliar a quantidade de antenas no Brasil que, comparativamente a outros países de semelhante dimensão terri-torial, tem poucas ERBs”, diz.

Outra estratégia para aliviar o acesso é a utilização de femto, pico e micro células, antenas de menor porte. As femto células ainda dependem de questões regulatórias, pois ainda não se definiu se esta seria homologada como ERB ou terminal, uma vez que a antena seria instalada pelo próprio usuário, dentro de sua residência ou escritório. “Nas femto células, o backhaul utilizaria a banda larga fixa do usuário (xDSL ou cabo) como backhaul, o que aliviaria muito a rede. Nas pico e micro células, instaladas, por exemplo, no pavimento de um pré-dio ou em um poste na rua, utilizaria o mesmo sistema de transmissão das ERBs tradicionais”, explica Maurício Higa, gerente de marketing de redes móveis da Huawei.

danieL MaCHado

.:tecNologia“a operadora não precisa construir uma erb,

basta instalar o cubo no topo de um prÉdio ou no ponto mais alto da cidade. dentro de

uma ‘caixa de sapato’ Você tem tudo.”Roberto Falsarella, da Alcatel-Lucent

É preciso trabalhar com o que se tem. por isso, para as teles, a eficiência espectral É bem mais do que uma exigência legal. É uma questão de sobreViVência.

jul_2011 TeleTime 41

Uma polêmica foi levantada durante a consulta pública do edital da faixa de 3,5 GHz. Trata-se da inter-ferência provocada pelo

uso da faixa nas condições propostas pela Anatel sobre a recepção dos sinais da banda C dos satélites. Muitas pessoas ainda desconhecem o tema, mas esse é um assunto que tem grande impacto para a população brasileira.

Os satélites de comunicações são artefatos em órbita no espaço a serviço da humanidade há décadas. Funciona aqui no Brasil desde os anos 80, motiva-do pela nossa grande extensão territorial e também pela expansão das redes de TV. Nestes anos, milhões de aparelhos (antenas parabólicas domésticas e recep-tores via satélite) foram instalados, prin-cipalmente nas casas de consumidores finais, bancos, lotéricas, postos de gasoli-na, hipermercados, emissoras de rádio e televisão, escolas e pelo governo.

A conhecida banda C opera na fre-quência de recepção entre 3,4 GHz e 4,2 GHz, faixa que foi escolhida acertada-mente pelo Brasil, assim como em tantos outros países tropicais como o nosso.

As chuvas são mais intensas e fre-quentes nos países tropicais e podem prejudicar ou até interromper a recep-ção via satélite. Entretanto, a banda C tem se mostrado eficiente e mais robus-ta do que satélites que usam frequências mais altas (como na banda Ku, de 10 GHz a 12 GHz).

Com o avanço da tecnologia e da mobilidade, alguns países adotaram a tecnologia WiMAX para a transmissão da banda larga wireless justamente com as frequências de portadora igual a 3,5 GHz. Devido à proximidade das suas antenas omnidirecionais, instaladas em terra, terão maior amplitude de sinal se comparado àquele vindo dos satélites.

Assim, temos um conflito técnico de convivência se tais equipamentos de banda larga wireless (seja WiMAXou outras tecnologias) forem instalados indiscriminadamente, ou mesmo

iria pagar pelo produto e subir no telha-do de milhões de casas para instalar tal artefato?

Além disso, para complicar, temos também a frequência autorizada em banda estendida (abaixo de 3,7 GHz) e que opera ainda mais próxima das fre-quências dos canais de banda larga, sofrendo, portanto, maior interferência.

Os próprios canais públicos fede-rais (NBR, TV Senado e TV Câmara) serão diretamente prejudicados, pois transmitem sinal digital de TV nessa banda estendida.

Para sistemas de Rx analógicos, o conflito entre banda C e 3,5 GHz já é muito grande, visto que temos algumas estações de banda larga wireless funcio-nando e que ignoraram os testes práti-cos. Em se tratando de recepção de sinais digitais, o problema é ainda maior.

Se empresas de telecom querem de fato incluir um novo serviço em 3,5 GHz, deverão levar em conta que ganhando tais licitações para uso desse espectro devem se adaptar à realidade do mercado brasileiro local, e não o contrário, como apregoam. A realidade aqui é outra.

Com 25 milhões de parabólicas ins-taladas, o Brasil é um caso ímpar. É a maior base de recepção via satélite banda C do mundo em funcionamento. Com preços em torno de R$ 300, são cerca de 250 mil kits de recepção produ-zidos e vendidos mensalmente.

Acreditamos que Anatel e Minicom e seus bons profissionais terão o bom senso para reconsiderar a Resolução 537/2010. Esperamos que se apresen-tem publicamente testes comprobató-rios que demonstrem que não teremos prejuízos ou interferências indesejáveis nessa faixa de 3,5 GHz. Isso deve ser feito antes de se abrir a licitação.

Marcello Martins*[email protected].:PoNtodeViSta

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A faixa de 3,5 GHz e a banda C

forem autorizados a usar potência de transmissor de 2,4 watts ou 30 watts, como sugere a Anatel.

Alguns testes de campo no exterior (Austrália, Bolívia, Hong-Kong, In do -nésia, Paquistão, África Equatorial) já comprovaram isso. E inclusive no Brasil, em teste realizado em agosto de 2008 no INPE-LTE, em São José dos Campos, foi provado que existe o risco real de interferência.

Atualmente temos milhões de ante-nas parabólicas em funcionamento, que no geral funcionam com alto ganho, como característica intrínseca a esse refletor. Associado à antena está o LNBF (conversor e amplificador de microon-das), que é ligado no ponto focal dessas

antenas. Tal conjunto de dispositivos tem a função principal de aumentar em muito o ganho do baixo sinal provenien-te dos satélites geoestacionários sob a linha do equador e distantes da Terra a 36 mil quilômetros.

Vale lembrar que a antena e o LNBf foram projetados para trabalhar juntos (ambos somados têm altíssima sensibili-dade de recepção de sinais eletromag-néticos) nessa faixa de microondas.

Quando decidiram usar essa fre-quência de 3,5 GHz (Resolução 537/2010 da Anatel), permitindo o uso da faixa de 3,4 GHz a 3,6 GHz e maior potência de transmissão em relação aos sinais vin-dos dos satélites, criou-se certamente um conflito eletromagnético que nenhum filtro disponível poderá corri-gir/reparar adequadamente. E mesmo que houvesse um filtro “mágico”, quem

quando decidiram usar essa frequência, criou-se certamente

um conflito eletromagnÉtico que nenhum filtro disponíVel poderá corrigir ou reparar

adequadamente.

*Engenheiro eletrônico desde 1986, especializado em telecomunicações, com MBA na Inglaterra, membro da SET e associado ao Fórum SBTVD. Atualmente, é diretor industrial da Century.

42 TeleTime jul_2011

Temos duas concessionárias locais, Telefônica e Oi, as duas com operações móveis e de banda larga e com planos ambi-

ciosos para TV. As duas são também agentes para levar a banda larga popular a todos os lugares do Brasil, conforme acordo firmado recentemente entre elas e o Ministério das Comunicações.

São empresas convergentes, com proces-sos de fusão avançado, no caso da Oi, e no início, no caso da Telefônica, com diferentes abrangências no caso da telefonia fixa, mas com cobertura nacional móvel. Sua estraté-gia de levar banda larga de qualidade para todo o País deve se basear nas soluções móveis de terceira geração (3G), compromis-sos de cobertura aliás já pré-existentes quan-do do leilão da faixa de 3G.

Soma-se às metas já estabelecidas o com-promisso adicional que vem em contraparti-da de uma movimentação do governo de transformar em fatos a entrada da Telebrás, com a assinatura dos primeiros contratos de fornecimento de infraestrutura.

O fato é que muito precisa ser feito nos próximos anos, com o horizonte de 2020, para que possamos ter uma infraestrutura que alavanque o nosso desenvolvimento e a condição social do país. E, neste esforço, em muito deveria ser trabalhada a cooperação entre as partes, pois possivelmente, com o nível de retorno esperado para a banda larga popular, nenhuma entidade pública ou privada isoladamente pode enfrentar a demanda de investimentos. Um trabalho integrado e somando esforços deveria ser a tônica não apenas do lado público, com a anunciada cooperação entre Eletrobras e Telebrás, mas de todos os agentes envolvi-dos e os interessados em participar para que, em conjunto, se consiga atingir o auda-cioso objetivo que é dar banda larga decen-te a todo o mercado.

Se agora falamos de 1 Mbps, devemos pensar em 10 Mbps em dois a três anos e 100 Mbps para 2020. A questão de retorno destes investimentos também deve ser trata-da de forma global e cooperativa, não deven-do o poder público usar seu poder de barga-nha para apenas impor e exigir cumprimen-to de metas do setor privado, pois se isso fosse economicamente viável em termos de retorno, a iniciativa privada já o teria feito.

Assim, algo deve ser feito para viabilizar economicamente este plano, e ideias têm sido lançadas, mas não levadas a termo.

A mudança de cenário das organiza-ções com as fusões e aquisições ocorridas nos últimos dois anos, associadas às novas metas adquiridas com os compromissos do PNBL que estão sendo adicionadas às metas de cobertura 3G das operadoras móveis pré-existentes e o PGMU III fazem com que as então operadoras fixas e móveis, hoje operadoras convergentes com o mesmo acionista controlador, sejam leva-das à situação de que é preciso repensar as organizações, pois o atendimento destes objetivos pode passar por soluções multi-disciplinares diferentes, requerendo mudanças estruturais na Telefônica e no novo direcionamento gerencial da Oi com o novo acionista, a Portugal Telecom.

Neste repensar, o mais difícil é decidir por onde começar, para que as coisas façam sentido. A primeira conclusão, que pode parecer óbvia, é que as metas e obrigações devem ser analisadas à luz de todos os recur-sos e técnicas disponíveis, para que a soma das partes seja maior que o todo. Evitar a sobreposição de investimentos, que seria o caminho lógico de cada uma das operações, implica isoladamente numa visão integrada de planejamento e no desprendimento de soluções históricas ou pré-estabelecidas.

A Telefônica está começando um proces-so de reorganização com a integração da Vivo, cujo processo deve ser lento, mas deve caminhar na direção de oferta integrada múltipla de serviços em relação aos clientes, e que em termos de organização será mais complicada, pois a empresa não tem cober-tura nacional em todas as modalidades. Assim, mobilidade em 2G e 3G é ofertada para todos os mercados, enquanto que tele-fonia e banda larga fixa são ofertadas apenas no Estado de São Paulo e esporadicamente no resto do Brasil. Em termos de organiza-ção, São Paulo deve ter um tratamento dife-rente do resto do Brasil, e as questões de

investimentos e priorização seriam tratadas integradamente, com risco de se preterir iniciativas importantes para cada segmento, e introduzindo fatores não técnicos e econô-micos nas decisões de priorização.

Já a Oi tem uma situação geográfica inversa, pois tem uma extensa presença nacional de telefonia fixa com exceção ape-nas no Estado de São Paulo, onde tem o serviço móvel massificado e o serviço fixo apenas no segmento corporativo. O históri-co da Oi é diferente também, pois desenvol-veu sua presença na telefonia móvel ala-vancada sobre os clientes de telefonia fixa, com ênfase na penetração em detrimento do ARPU. Agora, depois da aquisição da Brasil Telecom e da entrada da Portugal Telecom, vem um momento de consolida-ção da organização e busca de maior renta-bilidade. Completar a oferta de serviços com televisão deve ser também uma priori-dade para a Oi nos próximos anos.

O fato é que depois de muitos anos de consolidação em várias etapas e níveis, primeiro na Brasil Telecom e na Telemar e nos últimos dois anos na Oi, o desafio é criar uma identidade de mercado, onde não basta uma marca forte, pois todas as marcas no mercado têm a sua força e mui-tas já com tradição.

É necessário montar uma equipe que esteja alinhada com o futuro, e não apegada ao passado, que é cheio de realizações, acer-tadas para aquele momento, mas os desafios de mercado, tecnológicos, a concorrência e as exigências dos clientes são diferentes agora. Além disso, é relevante entender outro aspecto: a dinâmica do negócio de celular, de banda larga, de TV por assinatu-ra e de infraestrutura de rede fixa são com-pletamente diferentes, e que o cliente é o mesmo e a concorrência é cada vez mais agressiva. Assim, tratar as decisões e priori-zações dos diferentes negócios dentro de uma mesma estrutura de planejamento fica muito complicado e exige novas cabeças e novas mentalidades, de preferência sem vínculo ou preferência por nenhum dos seg-mentos, e sem apegos ao passado. Num mercado aquecido e com falta de recursos, passa a ser uma tarefa difícil para os execu-tivos que estão aceitando este desafio. Resta saber se eles terão o tempo necessário e se os acionistas terão paciência.

.:PoNto&coNtraPoNto Cláudio dascalcartas.tele ti me@con ver ge com.com.br

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se agora falamos de 1 mbps, deVemos pensar em

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